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POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

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01
Ago16

18 de Janeiro de 1934 – Os dias em que Silves parou

António Garrochinho


Artigo publicado na edição nº 64, janeiro de 2006
Instalado no poder, um dos objectivos de Salazar, foi o de tentar dissolver os sindicatos livres existentes, substituindo-os por sindicatos nacionais, controlados pelo regime. Contra esta medida levantou-se em Portugal um amplo movimento de contestação, que culminaria com a decisão dos trabalhadores em organizar uma Greve Geral.
A 18 de Janeiro de 1934 a greve geral tem início, em várias localidades do País, com destaque para a Marinha Grande, Silves, Barreiro e Almada.

Reprimida duramente, a greve geral resultou em várias prisões e encerramento de fábricas. Salazar, que no final do ano anterior, em 1933, atirara já para a prisão os principais opositores ao regime, incluindo militares, não hesita com os operários.
Após o 25 de Abril, a importância do 18 de Janeiro de 1934 começou a ser realçada, sobretudo na Marinha Grande, onde foi construído um monumento evocativo da data.
Em Silves, no entanto, esta data tem sido ignorada, não estando também devidamente estudado o papel dos operários corticeiros da cidade na greve de 1934. Mas alguns trabalhos recentes de investigadores universitários confirmam que os acontecimentos na cidade corticeira foram do maior relevo para a história nacional e do movimento de resistência ao fascismo.
Dia 18 de Janeiro
Na altura dos acontecimentos, Silves conta com cerca de 10 mil habitantes e constitui um importante centro corticeiro, onde se encontravam instaladas fábricas rolheiras e de recortes, cuja produção se destinava quase exclusivamente aos mercados externos, em particular aos de França e Alemanha. Existiriam então 23 empresas, de pequena dimensão, já que só uma ultrapassa a centena de trabalhadores, e cerca de 880 corticeiros.
È em finais de 1933 que se inicia a preparação do movimento grevista que, em Silves, é organizado por dois grupos diferentes. Por um lado, estão vários operários ( e não só), militantes ou simpatizantes do Partido Comunista; do outro, o grupo de libertários e anarquistas. Apesar das suas diferenças de opiniões e do combate que travam nos sindicatos para o seu domínio, ambos os grupos apoiam a realização da greve geral, a “Greve Geral Revolucionária”, como fica conhecida.
Comunistas e anarquistas reúnem-se na noite do dia 17 de Janeiro, separadamente, para prepar as acções do dia seguinte. Mas, enquanto os comunistas decidem esperar o sinal de que a greve se está a concretizar em todo o País, o grupo de anarquistas empreende sozinho a sua acção.
No dia 18 de madrugada, avançam para a primeira operação: o derrube de postos telegráficos e telefónicas, com o consequente isolamento de Silves. Mas seja porque uma parte dos que estão destacados para tal missão falham, seja porque se atrapalham os postes de um dos lados da cidade ficam por derrubar. De qualquer forma, o corte das comunicações marca o desencadear do movimento na cidade.
A não chegada do comboio a Silves às 7 horas da manhã, é outro dos momentos decisivos. Convencidos de que os ferroviários também tinham aderido a greve, os anarquistas passam à fase seguinte. Grupos de anarquistas, alguns deles armados de pistolas, revólveres e bombas, percorrem as fábricas de Silves instigando os operários a abandonar o trabalho.
Quando os líderes sindicais entram nas fábricas e apelam à greve, o operariado que entrara à hora habitual abandona os postos de trabalho de forma unânime. Quando as notícias dos acontecimentos chegam ao governo, é para informar que em Silves “todos os operários” estavam em greve. Ou seja, a greve, além de envolver os operários da indústria da cortiça, teria alastrado a outros sectores.
Esvaziadas as fábricas, enchem-se as praças e as ruas mais importantes de Silves. É para a sede da antiga Associação de Classe dos Operários Corticeiros que dirigentes e grevistas se dirigem.
A presença dos grevistas na ruas leva a GNR a estabelecer um serviço de patrulha, forças de cavalaria e infantaria são colocadas nas ruas, sem que isso intimide os operários. Na posse de um respeitável arsenal, os anarquistas preparam-se para uma das acções que haviam projectado: o ataque ao quartel da GNR.
No entanto, essa intenção é perturbada pela entrada na estação do comboio que deveria ter chegado a Silves às 7 horas da manhã. A sua chegada significa que a greve não está a ter a amplitude que os grevistas imaginavam.
Também a GNR se apercebe da implicação da chegada do comboio, “passando logo ao ataque, a bater e a prender as pessoas”. A repressão é imensa. Aos trabalhadores não resta outra solução senão a de abandonarem as ideias de sublevação, mantendo-se apenas em greve.
Ao fim do dia o administrador do concelho manda afixar um edital em que intimida os operários a retomarem o trabalho, no dia seguinte, dia 19, pede aos proprietários do comércio que reabram os seus estabelecimentos e impõe o recolher obrigatório a toda a população a partir das 21 horas. Tal como sucedeu na Marinha Grande e em Almada, os patrões são notificados para que laborem normalmente no dia 19 e para que forneçam às autoridades não só a identificação dos operários que abandonaram o trabalho no dia 18, como a dos que vierem a fazê-lo no dia 19.
A noite chega com a polícia no encalço dos principais responsáveis pela greve.
O outro dia
No dia 19 de Janeiro, as fábricas abrem as suas portas como de costume mas cedo se verifica uma situação insólita: cerca de duas centenas de operários não comparecem ao trabalho.
Ao início da tarde, a situação torna-se ainda mais estranha quando os operários que tinham comparecido na parte da manhã, resolvem abandonar o seu posto de trabalho. Às 14h30, um telegrama informa o ministro do Interior de que parte dos operários que em Silves tinham retomado o trabalho voltaram a abandoná-lo.
No mesmo dia reúne o Conselho de Ministros a fim de fazer o ponto da situação, sobretudo das que se vivem em Almada e Silves, e o governador civil de Faro recebe ordens para nomear elementos militares a fim de conduzirem as investigações. Assim, enquanto a manutenção da ordem pública, as buscas e as prisões, continuavam a cargo da GNR, a direcção das investigações passa para foro militar.
A 20 de Janeiro de 1934 Silves acorda “sob rigorosa vigilância militar”, a secção da GNR é reforçada com elementos vindos de Faro e Monchique.
Perante esta situação, as autoridades esperariam decerto que os operários regressassem às fábricas. Mas, surpreendentemente, os corticeiros de Silves não comparecem nas fábricas.

O jornal “Século” noticia: “ As fábricas de Silves continuam paralisadas e estão inactivos cerca de mil operários”, afirmando que se “mantém paralisadas desde quinta –feira, por não terem comparecido ao trabalho os respectivos operários, as várias fábricas de cortiça desta cidade”.
E mais não diria o jornal nos próximos dias, em virtude da censura.
Mas em Silves a situação continua complicada. No dia 21, por ser domingo, não se trabalha nas fábricas, mas no dia 22 de Janeiro, os operários mostram-se dispostos a regressar às fábricas. Mas agora são os patrões que estão impedidos de os aceitar, por imposição do governo que pretende castigar os grevistas, determinando que não possa voltar a trabalhar quem tenha participado da greve. O problema é que em Silves a greve teve a adesão de todos, pelo que não há quem os substitua.
De facto, o governo escolhe Silves para dar o exemplo, sendo aqui muito mais rigoroso do que fora noutras localidades como Barreiro, Sines e Almada.
E as fábricas em Silves continuam fechadas.
Cria-se assim uma situação insustentável para os operários, que não recebem os seus salários, e para os industriais que não podem abrir as suas fábricas. Descontentes, os patrões enviam uma delegação ao ministro do Interior, mostrando que as ordens governamentais originaram o “encerramento de todas as fábricas”, que a “substituição desses operários se torna praticamente impossível num meio pequeno como é Silves” e que dessa “paralisação de trabalho resultam para a indústria prejuízos graves” e que estão impedidos de cumprir “sérios compromissos tomados tanto no País como no estrangeiro”.
Não obstante estes apelos, o governo está disposto a castigar os grevistas de Silves sem contemplações, e até finais de Janeiro a situação permanece inalterada.
Finalmente, ao fim de 21 dias de encerramento, o que correspondia à mesma quantidade de dias sem trabalho e sem salário, o governo permite que as fábricas reabram, cedendo aos variadíssimos apelos dos industriais.
Os presos da greve
Como resultado da repressão, são presos muitos operários. A prisão, que na altura era no Castelo de Silves, enche-se, mas por pouco tempo. Levados a julgamento, 35 trabalhadores de Silves, pertencendo 12 ao grupo comunista e 23 ao grupo anarquista, são considerados culpados e transferidos para Angra do Heroísmo. A maioria, que na altura dos acontecimentos é muito jovem, cumprirá 12 anos de cadeia, em condições absolutamente inumanas que trarão a morte e a doença a muitos.
Entre os operários de Silves destacam-se, António Estrela, Joaquim dos Santos Caetano, José Gonçalves Rita, Manuel Simão, Abatino da Luz Rocha, António Feodor, Miguel Chucha, Domingos Passarinho, Daniel Pincho, Casimiro da Silva, Carlos Maria, Francisco Marques, António Baptista, Virgílio Aço, Manuel Pessanha, Pedro Baptista, Virgílio Barroso, José do Carmo, José Passarinho.
Mas para o governo a prisão não era castigo suficiente. Um exemplo disso foi o que aconteceu aos operários que foram presos mas posteriormente absolvidos pelo tribunal. Ao regressarem a Silves, às suas casas, foram impedidos de o fazer pelo administrador local, Salvador Gomes Vilarinho, pelo que tiveram de abandonar a cidade com as suas famílias procurando trabalho noutros locais.
Por outro lado, o governo fascista nunca esqueceria a grandeza da greve de 1934 em Silves e empregou todos os meios ao seu dispor para levar as empresas corticeiras a abandonarem a cidade ou a fecharem as portas, como aconteceu com a firma J.A. Duarte, Lda, que empregava 500 operários e cuja falência foi praticamente imposta pelo governo.
Progressivamente, a pressão governamental foi produzindo os seus efeitos e a maioria dos operários acabaria por se deslocar para outros centros corticeiros como Cova da Piedade, Barreiro, Alhos Vedros, onde persistem até hoje grandes comunidades de silvenses.
Mas a resistência em Silves, essa, não acabou com as prisões de 1934. Apesar do governo ter destruído praticamente o grupo de anarquistas, um novo grupo de resistentes, liderados pelo PCP, encabeçou a luta dos operários e a resistência antifascista, que foi sempre permanente nesta cidade, apesar das sucessivas prisões, até ao 25 de Abril de 1974.

Nota: Para escrever este artigo, foi necessário consultar várias fontes, nem sempre coincidentes em números, nomes, e relato dos acontecimentos, pelo que não é de excluir alguma falha, pela qual antecipadamente peço desculpa. Penso que muito haverá ainda por descobrir, estudar e divulgar no que respeita à história do operariado de Silves e do restante concelho, e este artigo não tem qualquer pretensão além a de dar a conhecer aos nossos leitores os acontecimentos da greve de 18 de Janeiro de 1934 em Silves.
Agradeço particularmente a Edmundo Estrela que me facultou um vasto dossier, com os artigos de José Luís Cabrita “ Silves – Lutas sindicais e anti-fascistas”; a parte respeitante a Silves do livro “Sindicatos contra Salazar – A revolta do 18 de Janeiro de 1934”, da investigadora Fátima Patriarca; o artigo de Alfredo Canana publicado no Diário de Lisboa em 1980, “ A propósito de uma efeméride que se aproxima – O 18 de Janeiro em Silves”; bem como ampla documentação pertencente a seu pai, António Estrela, um dos operários que interveio na greve e que esteve preso durante 12 anos; assim como as fotos e fichas policiais que aqui se reproduzem.

01
Ago16

18 de Janeiro de 1934 – Os dias em que Silves parou

António Garrochinho


Artigo publicado na edição nº 64, janeiro de 2006presos de silves
Instalado no poder, um dos objectivos de Salazar, foi o de tentar dissolver os sindicatos livres existentes, substituindo-os por sindicatos nacionais, controlados pelo regime. Contra esta medida levantou-se em Portugal um amplo movimento de contestação, que culminaria com a decisão dos trabalhadores em organizar uma Greve Geral.
A 18 de Janeiro de 1934 a greve geral tem início, em várias localidades do País, com destaque para a Marinha Grande, Silves, Barreiro e Almada.

Reprimida duramente, a greve geral resultou em várias prisões e encerramento de fábricas. Salazar, que no final do ano anterior, em 1933, atirara já para a prisão os principais opositores ao regime, incluindo militares, não hesita com os operários.
Após o 25 de Abril, a importância do 18 de Janeiro de 1934 começou a ser realçada, sobretudo na Marinha Grande, onde foi construído um monumento evocativo da data.
Em Silves, no entanto, esta data tem sido ignorada, não estando também devidamente estudado o papel dos operários corticeiros da cidade na greve de 1934. Mas alguns trabalhos recentes de investigadores universitários confirmam que os acontecimentos na cidade corticeira foram do maior relevo para a história nacional e do movimento de resistência ao fascismo.
Dia 18 de Janeiro
Na altura dos acontecimentos, Silves conta com cerca de 10 mil habitantes e constitui um importante centro corticeiro, onde se encontravam instaladas fábricas rolheiras e de recortes, cuja produção se destinava quase exclusivamente aos mercados externos, em particular aos de França e Alemanha. Existiriam então 23 empresas, de pequena dimensão, já que só uma ultrapassa a centena de trabalhadores, e cerca de 880 corticeiros.
È em finais de 1933 que se inicia a preparação do movimento grevista que, em Silves, é organizado por dois grupos diferentes. Por um lado, estão vários operários ( e não só), militantes ou simpatizantes do Partido Comunista; do outro, o grupo de libertários e anarquistas. Apesar das suas diferenças de opiniões e do combate que travam nos sindicatos para o seu domínio, ambos os grupos apoiam a realização da greve geral, a “Greve Geral Revolucionária”, como fica conhecida.
Comunistas e anarquistas reúnem-se na noite do dia 17 de Janeiro, separadamente, para prepar as acções do dia seguinte. Mas, enquanto os comunistas decidem esperar o sinal de que a greve se está a concretizar em todo o País, o grupo de anarquistas empreende sozinho a sua acção.
No dia 18 de madrugada, avançam para a primeira operação: o derrube de postos telegráficos e telefónicas, com o consequente isolamento de Silves. Mas seja porque uma parte dos que estão destacados para tal missão falham, seja porque se atrapalham os postes de um dos lados da cidade ficam por derrubar. De qualquer forma, o corte das comunicações marca o desencadear do movimento na cidade.
A não chegada do comboio a Silves às 7 horas da manhã, é outro dos momentos decisivos. Convencidos de que os ferroviários também tinham aderido a greve, os anarquistas passam à fase seguinte. Grupos de anarquistas, alguns deles armados de pistolas, revólveres e bombas, percorrem as fábricas de Silves instigando os operários a abandonar o trabalho.
Quando os líderes sindicais entram nas fábricas e apelam à greve, o operariado que entrara à hora habitual abandona os postos de trabalho de forma unânime. Quando as notícias dos acontecimentos chegam ao governo, é para informar que em Silves “todos os operários” estavam em greve. Ou seja, a greve, além de envolver os operários da indústria da cortiça, teria alastrado a outros sectores.
Esvaziadas as fábricas, enchem-se as praças e as ruas mais importantes de Silves. É para a sede da antiga Associação de Classe dos Operários Corticeiros que dirigentes e grevistas se dirigem.
A presença dos grevistas na ruas leva a GNR a estabelecer um serviço de patrulha, forças de cavalaria e infantaria são colocadas nas ruas, sem que isso intimide os operários. Na posse de um respeitável arsenal, os anarquistas preparam-se para uma das acções que haviam projectado: o ataque ao quartel da GNR.
No entanto, essa intenção é perturbada pela entrada na estação do comboio que deveria ter chegado a Silves às 7 horas da manhã. A sua chegada significa que a greve não está a ter a amplitude que os grevistas imaginavam.
Também a GNR se apercebe da implicação da chegada do comboio, “passando logo ao ataque, a bater e a prender as pessoas”. A repressão é imensa. Aos trabalhadores não resta outra solução senão a de abandonarem as ideias de sublevação, mantendo-se apenas em greve.
Ao fim do dia o administrador do concelho manda afixar um edital em que intimida os operários a retomarem o trabalho, no dia seguinte, dia 19, pede aos proprietários do comércio que reabram os seus estabelecimentos e impõe o recolher obrigatório a toda a população a partir das 21 horas. Tal como sucedeu na Marinha Grande e em Almada, os patrões são notificados para que laborem normalmente no dia 19 e para que forneçam às autoridades não só a identificação dos operários que abandonaram o trabalho no dia 18, como a dos que vierem a fazê-lo no dia 19.
A noite chega com a polícia no encalço dos principais responsáveis pela greve.
O outro dia
No dia 19 de Janeiro, as fábricas abrem as suas portas como de costume mas cedo se verifica uma situação insólita: cerca de duas centenas de operários não comparecem ao trabalho.
Ao início da tarde, a situação torna-se ainda mais estranha quando os operários que tinham comparecido na parte da manhã, resolvem abandonar o seu posto de trabalho. Às 14h30, um telegrama informa o ministro do Interior de que parte dos operários que em Silves tinham retomado o trabalho voltaram a abandoná-lo.
No mesmo dia reúne o Conselho de Ministros a fim de fazer o ponto da situação, sobretudo das que se vivem em Almada e Silves, e o governador civil de Faro recebe ordens para nomear elementos militares a fim de conduzirem as investigações. Assim, enquanto a manutenção da ordem pública, as buscas e as prisões, continuavam a cargo da GNR, a direcção das investigações passa para foro militar.
A 20 de Janeiro de 1934 Silves acorda “sob rigorosa vigilância militar”, a secção da GNR é reforçada com elementos vindos de Faro e Monchique.
Perante esta situação, as autoridades esperariam decerto que os operários regressassem às fábricas. Mas, surpreendentemente, os corticeiros de Silves não comparecem nas fábricas.

O jornal “Século” noticia: “ As fábricas de Silves continuam paralisadas e estão inactivos cerca de mil operários”, afirmando que se “mantém paralisadas desde quinta –feira, por não terem comparecido ao trabalho os respectivos operários, as várias fábricas de cortiça desta cidade”.
E mais não diria o jornal nos próximos dias, em virtude da censura.
Mas em Silves a situação continua complicada. No dia 21, por ser domingo, não se trabalha nas fábricas, mas no dia 22 de Janeiro, os operários mostram-se dispostos a regressar às fábricas. Mas agora são os patrões que estão impedidos de os aceitar, por imposição do governo que pretende castigar os grevistas, determinando que não possa voltar a trabalhar quem tenha participado da greve. O problema é que em Silves a greve teve a adesão de todos, pelo que não há quem os substitua.
De facto, o governo escolhe Silves para dar o exemplo, sendo aqui muito mais rigoroso do que fora noutras localidades como Barreiro, Sines e Almada.
E as fábricas em Silves continuam fechadas.
Cria-se assim uma situação insustentável para os operários, que não recebem os seus salários, e para os industriais que não podem abrir as suas fábricas. Descontentes, os patrões enviam uma delegação ao ministro do Interior, mostrando que as ordens governamentais originaram o “encerramento de todas as fábricas”, que a “substituição desses operários se torna praticamente impossível num meio pequeno como é Silves” e que dessa “paralisação de trabalho resultam para a indústria prejuízos graves” e que estão impedidos de cumprir “sérios compromissos tomados tanto no País como no estrangeiro”.
Não obstante estes apelos, o governo está disposto a castigar os grevistas de Silves sem contemplações, e até finais de Janeiro a situação permanece inalterada.
Finalmente, ao fim de 21 dias de encerramento, o que correspondia à mesma quantidade de dias sem trabalho e sem salário, o governo permite que as fábricas reabram, cedendo aos variadíssimos apelos dos industriais.
Os presos da greve
Como resultado da repressão, são presos muitos operários. A prisão, que na altura era no Castelo de Silves, enche-se, mas por pouco tempo. Levados a julgamento, 35 trabalhadores de Silves, pertencendo 12 ao grupo comunista e 23 ao grupo anarquista, são considerados culpados e transferidos para Angra do Heroísmo. A maioria, que na altura dos acontecimentos é muito jovem, cumprirá 12 anos de cadeia, em condições absolutamente inumanas que trarão a morte e a doença a muitos.
Entre os operários de Silves destacam-se, António Estrela, Joaquim dos Santos Caetano, José Gonçalves Rita, Manuel Simão, Abatino da Luz Rocha, António Feodor, Miguel Chucha, Domingos Passarinho, Daniel Pincho, Casimiro da Silva, Carlos Maria, Francisco Marques, António Baptista, Virgílio Aço, Manuel Pessanha, Pedro Baptista, Virgílio Barroso, José do Carmo, José Passarinho.
Mas para o governo a prisão não era castigo suficiente. Um exemplo disso foi o que aconteceu aos operários que foram presos mas posteriormente absolvidos pelo tribunal. Ao regressarem a Silves, às suas casas, foram impedidos de o fazer pelo administrador local, Salvador Gomes Vilarinho, pelo que tiveram de abandonar a cidade com as suas famílias procurando trabalho noutros locais.
Por outro lado, o governo fascista nunca esqueceria a grandeza da greve de 1934 em Silves e empregou todos os meios ao seu dispor para levar as empresas corticeiras a abandonarem a cidade ou a fecharem as portas, como aconteceu com a firma J.A. Duarte, Lda, que empregava 500 operários e cuja falência foi praticamente imposta pelo governo.
Progressivamente, a pressão governamental foi produzindo os seus efeitos e a maioria dos operários acabaria por se deslocar para outros centros corticeiros como Cova da Piedade, Barreiro, Alhos Vedros, onde persistem até hoje grandes comunidades de silvenses.
Mas a resistência em Silves, essa, não acabou com as prisões de 1934. Apesar do governo ter destruído praticamente o grupo de anarquistas, um novo grupo de resistentes, liderados pelo PCP, encabeçou a luta dos operários e a resistência antifascista, que foi sempre permanente nesta cidade, apesar das sucessivas prisões, até ao 25 de Abril de 1974.

Nota: Para escrever este artigo, foi necessário consultar várias fontes, nem sempre coincidentes em números, nomes, e relato dos acontecimentos, pelo que não é de excluir alguma falha, pela qual antecipadamente peço desculpa. Penso que muito haverá ainda por descobrir, estudar e divulgar no que respeita à história do operariado de Silves e do restante concelho, e este artigo não tem qualquer pretensão além a de dar a conhecer aos nossos leitores os acontecimentos da greve de 18 de Janeiro de 1934 em Silves.
Agradeço particularmente a Edmundo Estrela que me facultou um vasto dossier, com os artigos de José Luís Cabrita “ Silves – Lutas sindicais e anti-fascistas”; a parte respeitante a Silves do livro “Sindicatos contra Salazar – A revolta do 18 de Janeiro de 1934”, da investigadora Fátima Patriarca; o artigo de Alfredo Canana publicado no Diário de Lisboa em 1980, “ A propósito de uma efeméride que se aproxima – O 18 de Janeiro em Silves”; bem como ampla documentação pertencente a seu pai, António Estrela, um dos operários que interveio na greve e que esteve preso durante 12 anos; assim como as fotos e fichas policiais que aqui se reproduzem.

01
Ago16

Negativo: a história de um Palacete algarvio abandonado em fotografias

António Garrochinho





Escrito por Marco Nunes
O sol algarvio é gracioso. Segundo Gaudi, um famoso arquitecto catalão, a luz mediterrânea encontra facilmente um eixo médio e harmonioso, capaz de enaltecer os detalhes mais peculiares. A beleza da luz natural faz parte do encanto da região, assim como o seu clima, que cede frequentemente céus azuis. Contudo, no interior de um Palacete abandonado, a vegetação que se ergue sobre as paredes ameaça ocultar o interior do esplendor da luz.




Sobre uma ampla mesa de madeira, iluminada por uma pequena janela, restam fragmentos encobertos pela escuridão. Um vulto move-se entre as sombras e acende as velas espalhadas pela mesa, percorrendo com a mão gestos delicados. Uma vez acesas, as velas põem à descoberta documentos, jornais, negativos, cartas e desenhos, despejados pela sala. Os traços inscritos em papel tornam-se visíveis, demonstrando desenhos de cariz arquitectónico, bem como uma carta escrita em inglês em que se lê “I love you and I will let you know how”. O vulto volta a aproximar-se das chamas para acender um cigarro que segura firmemente entre dedos vaidosos.


Uma segunda figura desloca-se pelo caos, dirigindo-se ao centro da mesa. O contorno do seu corpo é humano mas a forma da sua cabeça indecifrável, assemelhando-se a um capacete em forma de cápsula. No lugar dos olhos, surge um visor que emite uma luz azul incandescente. As mãos da figura seguram recipientes de vidro e um sistema improvisado de tubos que servem possivelmente para preparar estupefacientes. Contudo, o objecto mais bizarro de toda a sala é o crânio de um animal que fora convenientemente colocado numa posição central de adorno.




ARDINAS apresenta Negativo, uma homenagem ao Palacete Fonte da Pipa, uma edificação do século XIX que faz parte do património cultural de Loulé, contada através de uma fusão intemporal de fotografias.
O imaginário colectivo do povo louletano, os mistérios e superstições, as contribuições pessoais dos diversos proprietários e restauradores, as marcas corrosivas dos visitantes indesejados e a ostentação e fantasia dos admiradores clandestinos ganham vida em visões surreais, incandescentes, adulteradas, perversas, belas e desgastadas, em tons de azul e laranja contrastantes, características das imagens gravadas em filme fotográfico encontradas no interior do Palacete.




O cenário de culto obscuro descrito anteriormente integra a história do Palacete, na medida em que constitui um presságio intemporal, alimentado pelo imaginário colectivo do povo Louletano, que tanto temeu pelo futuro do seu património, como também teve receio dos mistérios que foram nascendo, desde da edificação do Palacete, iniciada por volta de 1874.
No final do século XIX, a febre tifóide deflagrava na região. A Quinta da Fonte da Pipa apresentou-se como um local ideal para a improvisar uma enfermaria de apoio a Loulé e, para muitos doentes, foi uma última morada. A falta de conhecimentos médicos sobre a doença levou a que várias pessoas, em estado catatónico, fossem enterradas vivas. Quando os caixões foram inspeccionados, o povo veio a constar que os corpos tinham mescido, dando origem a superstições e relatos paranormais. Curiosamente, essas histórias desempenham, ainda hoje, o papel de afastar os curiosos das imediações, o que protege indirectamente a integridade da estrutura.
As contribuições pessoais dos proprietários foram imensas ao longo do tempo: a pessoa que sonhou pela primeira vez nos terrenos da Quinta Fonte da Pipa, Marçal Pacheco, um viajante inspirado, que mandou construir o seu Palacete à semelhança dos Castelos do Loire;
Pereira Cão, um homem muito distinguido nos círculos artísticos de Lisboa, responsável pelas pinturas tropicais exuberantes em trompe l’oil;
Dias Sancho, que mandou construir os muros e bancos do jardim envolvente, num estilo Kitch burguês, na mesma linha de Gaudi, fazendo uso de fragmentos de porcelana, cerâmica, conchas, cascas de caracol e pedaços de coral, para a decoração;






Francisco Pereira que trouxe sementes exóticas de Brasil e África para os jardins do Palacete, que ainda hoje florescem nas propriedades da quinta;
E, por fim, Leonor de Sousa, quer pela sua atenção ao presente projecto fotográfico, quer pelo papel instrumental que teve durante a restauração dos espaços do Palacete. O seu trabalho permitiu a dinamização do Palacete como um centro cultural de exposições e acontecimentos sociais, durante a década de 90. Os rostos opacos que surgem em Negativo são, coincidentemente, amigos e familiares de Leonor de Sousa, com especial destaque para o casamento da sua irmã, que foi celebrado no Palacete Fonte da Pipa.
A natureza é um elemento com uma forte presença na estrutura do Palacete: das pinturas tropicais no interior do edifício ao jardim exótico do exterior. A fonte de água que dá o nome à propriedade corre ainda hoje, imune ao tempo, saciando a sede de uma terra há muito esquecida.


01
Ago16

Simone de Beauvoir no Algarve - um episódio nas relações luso-francesas

António Garrochinho



José Carlos Vilhena Mesquita

Há cerca de vinte e sete anos atrás publiquei no vespertino lisboeta «Diário de Notícias» um artigo em que recordava uma controversa visita de Simone de Beauvoir ao nosso país, a qual teve como particular ponto de referência a província do Algarve, e em especial a cidade de Faro. Nessa altura, o artigo pareceu-me oportuno e, talvez por isso, se justifique o bom acolhimento que recebeu da parte da comunidade literária. Estava, porém, longe de supor que a escritora francesa lhe sobrevivesse tão pouco tempo. Talvez por essa infeliz circunstância se possa explicar o facto da Biblioteca Nacional – numa exposição bibliográfica realizada logo após o desaparecimento da escritora – ter apresentado numa das suas vitrinas o artigo que pouco tempo antes lhe dedicara.
Tomando em consideração os anos decorridos e o interesse de que se reveste o próprio tema para a história cultural do Algarve, achei que deveria exumar o artigo das páginas do jornal para assim perpetuar a memória de uma das mais célebres escritoras da cultura europeia contemporânea. As relações culturais luso-francesas, que tantas tradições tiveram no Algarve na década de quarenta, constituem, por outro lado, um dos objectivos fundamentais deste despretensioso artigo.
Longe vai da memória dos presentes a meteórica passagem pelo Algarve da escritora francesa Simone de Beauvoir, nascida em Paris a 9-1-1908 e falecida na mesma cidade a 14-4-1986. 
Ocorreu este feliz episódio em Março de 1945, por força de um convite que lhe fora oficialmente enviado pelo Instituto Francês em Portugal e pela sua delegação em Faro. Raras referências se tem feito a este acontecimento e a única excepção que conheço pertence ao Prof. Doutor João Medina, que no seu inteligente livro Salazar e França (Lisboa, Ed. Ática, 1977), lhe dedicou um capítulo intitulado «Simone de Beauvoir no Algarve» (Idem, pp. 144-l46), o qual aparece precedido duma extensa antologia retirada das obras A Força das Coisas e de Os Mandarins. Num estilo biográfico-memoralista, Simone de Beauvoir recorda a amarga impressão que lhe causou o clima Salazarista e a consequente situação económico-social, francamente desfavorável ao proletariado rural e fabril, materializada na fossilização dos conceitos de liberdade de expressão e de associação política. Um país pobre com sete milhões de habitantes, onde setenta mil comiam demasiado, enquanto os restantes passavam fome - afirmava e repetia Simone de Beauvoir nos seus livros. Sujo ocaso (“Sale hasard”) desabara sobre Portugal – parece ser a sua conclusão relativamente ao Estado Novo. Tamanhas “heresias” e “vitupérios” valeram-lhe a distinção de ver os seus livros proibidos no mercado livreiro português.

Familiares no Algarve

A principal razão da sua vinda ao nosso país prendia-se a motivações de ordem familiar, interligada com factores de ordem cultural. Efectivamente, estamos em crer que o convite formulado pelo Instituto Francês fora sugerido pelo seu cunhado Lionel de Roulet, casado com Hélène de Beauvoir, ambos refugiados no nosso país pouco antes do colapso militar da França, em 1939. Colocado em Lisboa, como membro directivo do referido Instituto, em breve Lionel de Roulet se transferiria para o Algarve, procurando na amenidade do clima o eficaz tratamento para uma, presumível, tuberculose óssea. Certamente não seria essa a sua doença, mas o certo é que igualmente para aqui o atraíam a mãe, Hélène Laure de Coninck, e o padrasto, o pintor Carlos Porfírio, intelectual da mais fina têmpera, antigo companheiro e amigo de Almada Negreiros, Fernando Pessoa, Amadeu de Sousa Cardoso, Santa Rita Pintor e tantos outros, que em 1917 aparecerá distinguido com as honras de Director e Fundador da revista Portugal Futurista – um dos marcos miliários do movimento modernista português.
Com efeito, Carlos Porfírio[1] numa das suas estadias em Paris consorciara-se, em segundas núpcias com Hélène Laure de Coninck, mãe de dois filhos: Lionel e Chantal. Esta senhora, de esmerada cultura e delicada educação, que era irmã da mãe de Simone de Beauvoir[2], viria a falecer ao Faro, em Dezembro de 1964.
Lionel de Roulet era um homem culto – suponho que fora aluno de Jean-Paul Sartre no Liceu do Havre e do mestre do Existencialismo traduzira o conto Estátuas Volantes, dado à estampa pela Editorial Inquérito. À frente da delegação do Instituto Francês, em Faro, viria a relacionar-se com os mais proeminentes intelectuais algarvios desse tempo, na sua maioria republicanos, de índole pacifista e contemporizadora, que formalmente se declaravam oposicionistas ao regime de Salazar.

O Círculo Cultural de Camões em Faro.

Decorria, então, a época áurea da Comemoração dos Centenários e com ela nasceu a ideia de fundarem um organismo cultural onde se pudessem reunir e implementar na comunidade farense o apreço pelas Humanidades e pela Ciência em geral.[3]
Deram-lhe o nome de Círculo Cultural de Camões e sediaram-se na Praça Alexandre Herculano, nos baixos do “Palácio das Lágrimas”, curiosa designação cuja origem não vale a pena aqui explicar.[4]
Rapidamente se elaboraram os Estatutos, que foram aprovados pelas entidades oficiais em 1940. As actividades culturais iniciaram-se nos finais desse ano na sede do Instituto Francês. A situação financeira do Círculo dependia dum subsídio da Junta de Província, que inclusivamente lhes prometera cinco salas no edifício que então se construía no chamado Largo da Pontinha, hoje designado por Largo da Liberdade. Esta situação de dependência, aliada a outros factores de carácter particular, ditou mais tarde a sua extinção, de cujas cinzas nasceria em 1943 o actual Círculo Cultural do Algarve. Vem, contudo, a talho de foice revelar que António Ferro fizera sigilosas reuniões numa conhecida estalagem próxima de Faro com intelectuais afectos ao regime, propondo a conversão daquele organismo aos ideais vigentes. Felizmente, nem todos viram no Círculo Camões o perigo “reviralhista” que se lhe pretendeu atribuir, recusando-se, portanto, a tomar parte em quaisquer manobras de boicote ou de apropriação ilegal.

Patrocínio Cultural da França.

Apesar de todas as dificuldades o Círculo Camões promoveu ou participou em várias iniciativas culturais que marcaram a época e não deixaram no olvido a sua, ainda que efémera, existência. Assim, registe-se a vinda ao Algarve do célebre coro infantil «La Manécanterie des Petits Chanteurs à la Croix de Bois», dirigidos pelo Abade Maillet e patrocinados pelo Instituto Francês. O grupo coral chegou a Faro a 29-12-1940 e no dia imediato realizou um concerto cujo produto revertia a favor dos pobres. A recepção fez-se com grande aparato na Câmara Municipal, onde discursaram os Drs. Justino de Bivar Weinholtz, Joaquim Magalhães, Lionel de Roulet, Abade Maillet e Francisco Guerreiro Barros. Para anunciar o espectáculo, que decorre no Cine-Teatro Farense, foram afixados interessantes cartazes da autoria de Hélène de Beauvoir e do artista algarvio Tóssan.[5] O êxito foi retumbante e as instalações do Teatro foram insuficientes para conter as largas centenas de espectadores.[6]
Outras iniciativas se seguiram, todas elas organizadas ou patrocinadas pelo Instituto Francês, visto que o Círculo Camões era uma espécie de sua filial.
Assim, decorreu entre 1941 e 1943 nas instalações do Círculo Camões vários cursos de línguas vivas, francês, inglês e alemão, embora suponha que este último nunca chegou a funcionar. Em Março de 1941, o crítico e professor de arte, Myron Malkiel Jirmounsky, pronunciou uma interessante conferência, no salão nobre da Câmara Municipal, subordinada ao tema «O Problema dos Primitivos Portugueses». No mesmo ano, Lionel de Roulet orientou no Círculo um curso de Literatura Francesa. A 14-11-1941 visitou o Algarve o ministro francês François Gentil, demorando-se nesta província três dias, tendo o Círculo Camões, de parceria com o Instituto, promovido algumas conferências daquele político, assim como um banquete de despedida nas instalações do Clube Farense. Por intermédio do mesmo ministro deslocou-se depois a Faro, em 9-12-1941, a pianista Reine Gianoli, aproveitando o Círculo para realizar alguns concertos pelo Algarve. Em Janeiro de 1942, Armand Guibert – conhecido tradutor de Fernando Pessoa – pronunciou uma palestra sob o patrocínio do Instituto Francês. Em Março, Lionel de Roulet inicia uma série de conferências sobre literatura francesa no séc. XIX. Em Maio, Bernard Michelin dava um concerto no Clube Farense, etc, etc. Não vale a pena continuar a enunciar as iniciativas conjuntas do Instituto Francês e do Círculo Cultural Camões, pois tornar-se-ia num vasto e enfastiante rol de concertos, conferências, exposições, cursos intensivos e outras manifestações culturais, que em Faro obtiveram assinalável êxito e muito contribuíram para o desenvolvimento cultural da região.

A revista «AFINIDADES»


Para além de tudo quanto ficou dito, merece especial destaque a publicação da revista «Afinidades», de cultura luso-francesa, que saiu em Setembro de 1942 sob a direcção do médico e musicólogo Dr. Francisco Fernandes Lopes e tendo como chefe da redacção Lionel de Roulet.[7]
A imprensa local acolheu com satisfação a nova revista[8] (de que se publicaram vinte números até Novembro de 1946), na qual colaboraram, entre outros, Joaquim Magalhães, Fernandes Lopes, Lionel de Roulet, Cândido Guerreiro, Abel Salazar, Ardré Gide, Moisés Amzalak, Paul Teyssier, Adolfo Casais Monteiro, Mário Dionísio, Saint-Exupéry, Albert Camus, Joel Serrão, Manuel da Fonseca, André Malraux, Jaime Brasil, Tomás Kim e Simone de Bauvoir, que assina um trabalho intitulado «D'un Novel Humanisme Français», que suponho ser o texto da sua conferência pronunciada em Faro. A capa foi desenhada por Hélène de Beauvoir e apresentava no centro uma vinheta com dois vultos medievais abraçados, como símbolo das afinidades existentes entre as culturas lusa e francesa. Aliás, desta talentosa pintora encontram-se em Faro, na sede da Alliance Française, dois painéis alegóricos, representando um a geografia literária da França e o outro a sinopse da história algarvia no contexto da História de Portugal. Em Fevereiro de 1943, Hélène de Beauvoir realizou no Secretariado de Propaganda Nacional uma exposição de pintura com 50 quadros, que mereceu da crítica grandes elogios.

Simone de Beauvoir no Algarve.

Como já disse, a escritora Simone de Bauvoir esteve na capital algarvia em Março de 1945, demorando-se no nosso país cerca de vinte dias. Dessa visita resultaram algumas das impressões que inspiraram não só os seus livrosA Força das Coisas e Os Mandarins, como ainda uma série de artigos, publicados sob pseudónimo, no jornal «Le Combat»[9], os quais provocaram grande celeuma nos meios políticos e nos órgãos de informação nacional.
A sua conferência, pronunciada a 9 de Março pelas 21,30 na sede do Instituto Francês em Faro[10], obteve da imprensa local elogiosas referências. Vejamos um exemplo:
«Na Delegação do Instituto Francês em Faro, sob a presidência do Sr. Governador Civil (Dr. Antero Cabral) ladeado pelas autoridades locais, realizou a sua anunciada conferência sobre “A Vida Literária em França, da Ocupação à Libertação”, a distinta professora e publicista Simone de Beauvoir que foi apresentada pelo Prof. Lionel de Roulet.
A conferente que durante duas horas teve o condão de prender a atenção do auditório, sem o fatigar, fez uma brilhante prelecção e conseguiu comover e emocionar o seu numeroso auditório. O Sr. Governador Civil, agradecendo, extraiu o significado da lição de patriotismo dada pela França e posta em relevo pela conferente.
No final houve uma recepção íntima nas dependências da Pensão Sota, sendo exibidos bailados regionais algarvios e trocados afectuosos brindes».[11]
O clima hostil aos ideais democráticos que se vivia no país deve ter, pelo menos parcialmente, comedido a agressividade política da sua palestra. Simone de Beauvoir vinha distinguida como primeira enviada intelectual duma França renovada e livre, e apesar de se confrontar com uma audiência aburguesada, acomodada e protectora do Estado Novo, nem por isso deixou de atacar a ferocidade nazi e o demoníaco holocausto perpetrado nos campos de concentração:
«... não me amedrontava falar; mas havia uma distância, que por vezes me desencorajava, entre a experiência que evocava e o público. Este vinha escutar-me por ociosidade, snobismo e frequentemente, com malevolência: muitos auditores conservavam total afeição pelo fascismo; a sala manteve-se gelada; ninguém queria acreditar nos campos, nas execuções e nas torturas; quando me levantei, o agente consular disse-me:Pois bem, agradeço-lhe por ter contado estas coisas, que ignorávamos completamente».[12]
A ideia que Simone de Beauvoir levou do nosso país não foi a mais favorável e embora se referisse ao Algarve com algum pictorismo, o certo é que também não lhe escaparam os pormenores de desolação e pobreza que então grassavam nas classes rurais, por serem as mais desprotegidas:
«...Vi uma terra de cores africanas, florida de mimosas e eriçada de agaves, falésias abruptas chocando com um oceano tranquilizado pela doçura do céu, aldeias caiadas de branco, igrejas de um barroco mais circunspecto que o de Espanha; (...) De longe a longe avistava grupos de homens e mulheres curvados para o solo, que sachavam num movimento ritmado: vermelhas, azuis, amarelas, laranja, as roupas brilhavam ao sol. Mas já não me deixava iludir; havia uma palavra que começava a medir o peso: a fome. Sob os tecidos coloridos, aquelas pessoas tinham fome; andavam descalças, cara fechada; e nas aldeias falsamente graciosas, reparei nos seus olhares hebetados; debaixo do sol esmagador, queimava-os um desespero selvagem».[13]
Durante a sua estadia percorreu o país de norte a sul. Gostou do Minho, apreciou os nossos vinhos, o artesanato, os costumes etnográficos, as feiras, o mar e a gastronomia. Mas por todo o lado o seu olhar forasteiro tecia impiedosas críticas à frugalidade em que viviam as camadas populares. Impressionaram-na os inúmeros pedintes, na sua maioria crianças que apresentavam sinais de evidente desnutrição. «O povo era deliberadamente mantido na porcaria e na ignorância»[14], conclui Simone de Beauvoir.
De qualquer modo, a visita foi compensadora para a escritora francesa, mercê da compensação financeira de que foi dotada a sua deslocação, podendo assim dar-se ao luxo de adquirir imenso vestuário, algum calçado e saborear pitéus, que em França o clima de guerra tornara de todo impensáveis.
Ao longo das suas memórias denota não só um acerado espírito crítico – por vezes injusto e até exagerado – como também um intrínseco burguesismo (chegou inclusivamente a comprar um casaco de peles, sapatos de fina pelica e meias de vidro), atitude que contrariava as suas ideias políticas, mas que se devem desculpar a uma mulher que, apesar de tudo, não gostava que lhe chamassem vaidosa. 
Os tempos passaram e com eles despontou o reconhecimento público do seu inigualável talento literário, demonstrado pela sua numerosa lista de obras, que lhe granjearam desafogados meios de sobrevivência, um carisma e uma invejável celebridade. Após o desaparecimento de Jean-Paul Sartre (seu marido à hora da morte), viveu despreocupadamente os anos que ainda lhe restavam, de certo modo já afastada daquela atribulada e sensacional vida cultural, que pela sua obra deixou vincadas marcas na intelectualidade francesa e nas gerações europeias contemporâneas.
Mas no remanso da sua acolhedora residência, preenchida de fabulosas recordações dum passado a todos os títulos brilhante, certamente já não se lembrava daquela auspiciosa primavera de 1945, nem daquele deslumbrante Algarve de «falésias abruptas chocando com um oceano tranquilizado pela doçura do céu». E o Algarve esta hoje tão diferente... A vida passa... mas ficam as recordações.


NOTAS

[1] Pintor e cineasta, Carlos Filipe Porfírio nasceu em Faro a 29-3-1895 e faleceu nesta cidade a 25-11-1970. Herdou os seus dotes de artista do pai, José Filipe Porfírio (pintor, decorador e conservador do Teatro Lethes), estudou nas Belas Artes e conviveu de perto com os homens do «Orpheu». Em 1917 surge na direcção da revista «Portugal Futurista», cuja edição de 10.000 exemplares foi em grande parte apreendida pela polícia. Viajou pela Europa e fixou-se em Paris, onde estudou com artistas famosos. Em 1918 realizou em Faro um exposição de parceria com Jorge Barradas, Lyster Franco e Raul Carneiro. Foi o mentor da página futurista do jornal farense «O Heraldo», dirigido pelo pintor Lyster Franco. No salão da «Ilustração Portuguesa» realizou ao 3-2-1923 uma exposição de assinalável êxito. Com o enteado Lionel de Roulet fundou o Círculo Cultural Camões, em Faro, e já em Lisboa notabilizar-se-ia como cineasta ao realizar os filmes Um Grito na Noite, que obteve grande sucesso, e Sonho de Amor. Entretanto em 1940, por ocasião das Comemorações dos Centenários, promoveu a memorável Exposição Regional Algarvia. Mas a sua obra imortal foi, sem sombra de dúvida, o excelente Museu Etnográfico por ele instituído em Faro e para o qual pintou excelentes quadros retratando as lendas algarvias, os costumes populares e as festas religiosas. Acometido por grave enfermidade na garganta, passou os últimos anos de vida completamente afónico e impossibilitado de comunicar com os seus inúmeros amigos e admiradores. Faleceu vítima de um enfarte do miocárdio.

[2] Não tenho a certeza desta filiação, muito embora o Prof. João Medina, baseado em informações cedidas pelo Dr. Joaquim Magalhães, a dê como certa e verosímil.

[3] Neste centro de cooperação intelectual e de formação cultural pretendiam-se atingir objectivos à escala regional, nacional e universal:
«Sur le plan régional il s'appliquera à mieux faire connaître tout ce qui concerne l'Algarve, tous les traits qui font sa personnalité géographique et historique. Il créera une ambiance favorable capable de stimuler les créateurs ou les chercheurs qui se trouvent dans cette province. Il pourra même avoir un certain rôle social (...)
Sur le plan national, il s'agira surtout de faire connaître à la province les personnalités qui font la gloire de la science des lettres ou des arts portugais, au moyen des conférences, d'expositions, de concerts, etc...
Le plan de l'information en général concerne toutes les questions d'ordre culturel. Mais sont spécialement prévus: des cours de vulgarisation scientifique sur le thème: "Histoire des découvertes qui firent le monde modern; lumière électrique, photographie, T.S.F., aviation, etc" et des conférences destinées à procurer une représentation de l'Univers conforme aux derniers données de la science: astronomie, physique, etc...»
Institut Français au Portugal, Le Cercle Culturel Camoens Faro, s/l, Ed. du Bulletin d'Etudes Portugaises, 1941, p. 2.

[4] Aproveito para explicar agora essa origem. Segundo reza a tradição, naquela casa viveu o compositor Militão Coelho que sendo um musicólogo verdadeiramente genial, era também uma pessoa muito livre e atreita a compromissos ou a qualquer tipo de sujeição. Por vezes ficava dias sem sair á rua, outras vezes saía de Faro e só aparecia passados vários meses. Ora aconteceu que em determinada altura ficou noivo de uma senhora de Faro, de boas famílias, com a qual casou talvez um pouco precipitadamente. Pelo seu feitio, livre e distraído, parece que não fazia a senhora muito feliz. Até que um dia, sem que nada o fizesse prever, foi para Lisboa e nunca mais voltou para a sua casa de Faro. Numa cidade provinciana este exemplo de abandono do lar conjugal causou o maior escândalo. Não sei se com verdade ou se por pena da esposa preterida, o certo é que o povo deu em chamar àquela belíssima residência no antigo Largo da Alagoa, como o “Palácio das Lágrimas”, pois que supostamente a senhora passava os seus dias a carpir a chamada “viuvez de vivo”.

[5] O cartaz de Hélène de Beauvoir apresentava ao centro uma criança a cantar, ladeada por três anjos e três jovens tambores, enquanto o de Tóssan mostrava uma criança ajoelhada com a seguinte legenda: «Meu Deus faz com que o papá me compre um bilhete para ir ouvir os pequenos cantores».

[6] Vieram a Faro camionetas de Loulé (duas), Olhão e São Braz de Alportel. O espectáculo que contou com a presença do bispo D. Marcelino Franco, foi apresentado pelo Dr. Mário Lyster Franco, que pronunciou um brilhante discurso, e a organização esteve a cargo do Dr. Joaquim Magalhães, Aleixo da Cunha, Carlos Porfírio e Lionel de Roulet.

[7] Vide José Carlos Vilhena Mesquita, História da Imprensa do Algarve, 2 vols. , Faro, Ed. da Comissão de Coordenação da Região do Algarve, 1988-1989, vol. I, pp. 102-104.

[8] «Em Faro, capital do sul, acaba de nascer uma revista que se propõe exprimir as afinidades profundas de Portugal e da França. E, por isso, escolheu o título “Afinidades”. Entre outras actividades propõe-se esta revista manter o público ao corrente dos mais recentes movimentos literários, artísticos e científicos franceses e relacionar oportunamente o passado cultural comum aos dois países. Nas grandes crises espirituais que periodicamente nos arrancam à nossa quietude, habituamo-nos a voltar-nos para a França (...) Qual será a contribuição francesa para o novo humanismo em formação ? É este o inquérito que “Afinidades” tem como próximo e primacial objectivo.
E é neste espírito que trabalha um grupo de colaboradores portugueses e franceses. O Dr. Fernandes Lopes, que dirige a revista, é um notável exemplo destes homens, cuja cultura é tão vasta que abrange as riquezas espirituais de duas nações. Este primeiro número é um êxito completo.
Sob a capa cor de creme, ornada de uma vinheta de estilo medieval, símbolo da amizade luso-francesa, encontramos uma apresentação agradável e variada com belas gravuras, sugestivas reproduções e 96 páginas de texto...»
In «Correio do Sul», semanário de Faro, n.º 1333 de 1-11-1942.


[9] Cf. A Força das Coisas, Amadora, Livraria Bertrand, 1978, p. 41.

[10] Vide «Correio do Sul», n.º 1451 de 8-3-1945.

[11] In «O Algarve», de 25-3-1945.

[12] In A Força das Coisas, op. cit., pp. 39-40.

[13] In Idem, p. 38.

[14] In Idem, p. 40.
01
Ago16

A Rua de Santo António, em Faro

António Garrochinho


Foi durante o último século o centro nevrálgico da cidade de Faro, e ainda hoje quando nos referimos à baixa da cidade estamos a falar da Rua de Santo António.
Postal antigo da antiga Rua do Rego, actual D. Francisco Gomes
Consiste na continuação da mui antiga e tradicional Rua do Rego, que existe na baixa da cidade desde os longínquos tempos medievais. Os limites da cidade terminavam nessa época praticamente na chamada Horta da Mouraria, que fechava a antiga Rua do Rego, cuja orientação aponta para na direcção da colina fronteira à cidade, no sopé da qual corre a estrada de Olhão, e em cujo alto se erigiu a ermida de St.º
António. Quando nos meados do século XIX a autarquia decidiu esventrar ao meio a Horta da Mouraria, para abrir uma nova artéria a régua e esquadro, não havia então um nome para se lhe atribuir, ficando sob o baptismo popular de "Rua a Santo António do Alto". 
Quando em 1895 se comemorou a nível nacional o Centenário de Santo António, a autarquia decidiu homenagear o grande taumaturgo nacional, atribuindo-lhe o nome à artéria mais moderna da cidade, onde já estavam a concentrar-se algumas importantes empresas comerciais e casas de câmbios. A notoriedade da nova rua tornara-se visível a partir do último quartel do séc. XIX, quando algumas famílias da nobreza e da alta burguesia começaram a construir as suas residências na popular Rua a Santo António do Alto, designação pela qual era popularmente designada. 
Rua de Santo António nos anos sessenta
Entre as famílias que decidiram assentar arraiais na nova rua, destacava-se a dos Pantojas, a dos Carvalhal de Vasconcelos, e outros. As suas residências nobres, quase apalaçadas, de imponente traço arquitectónico, ainda hoje se distinguem na volumetria original da rua de Stº António.
A antiga Horta da Mouraria ocupava quase metade da rua, e, mais ou menos no sítio onde ficava a casa dos rendeiros agrícolas, se encontra hoje todo o complexo arquitectónico do Cine-Teatro Farense.
A Rua de Santo António adquiriu grande notoriedade e indisfarçável proeminência a partir dos finais da década de quarenta do século passado, quando o comércio e as filiais bancárias se transferiram da antiga Rua Direita (actual Rua Manuel Bivar) para a Rua de Santo António. Devido à abertura da nova entrada na cidade, através da actual Rua Teófilo da Trindade, o trânsito automóvel passou a orientar-se na direcção da baixa da cidade, confluindo na Rua de Santo António, como centro nevrálgico da actividade económica da cidade.
Mais tarde, nos anos setenta, a rua de Santo António seria encerrada ao trânsito, cobrindo o seu piso de calçada portuguesa e convertendo o seu traçado original num espaço de circulação pedonal. Foi um sucesso para as actividades mercantis da cidade praticamente até ao encerramento do século XX.
Presentemente, devido ao pagamento de estacionamento na baixa da cidade, assim como à construção fora da cidade de um enorme centro comercial (Fórum Algarve), moderno e espaçoso, onde se pode encontrar diversos tipos de actividades mercantis, e mesmo lúdicas, a Rua de Santo António, assim como a generalidade da cidade, perdeu o seu atractivo natural de espaço de convívio e de referência na vida quotidiana dos cidadãos farenses.


promontoriodamemoria.blogspot.pt
01
Ago16

Afinal o que 'passam as passas do Algarve'?

António Garrochinho



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Já todos ouvimos a expressão 'passar as passas do Algarve', faz parte do dicionário de ditados populares. Mas afinal por que 'passam as passas do Algarve'? Quisemos saber de onde vem a expressão.
Diz o dicionário de Língua Portuguesa, que a expressão 'passar as passas do Algarve' significa "Estar em grande sofrimento ou em dificuldades", o mesmo é dizer que se está a sofrer. Será que as 'passas do Algarve' sofrem? Sim. Recorremos à história agrícola da região para perceber como se formou a expressão.
Da união dos produtos agrícolas que tão bem se dão na região, como o figo, a amêndoa, a alfarroba e também a uva, que noutros tempos teve uma produção considerável, e do clima temperado, de longos dias de sol e pouca frequência de chuva, nasceu a produção de frutos secos, de que a região é grande produtora e cuja qualidade se mantém. Desconhece-se a origem histórica do início da produção, mas sabe-se que está intrinsecamente ligada à actividade agrícola que decorre na região há séculos.
A preparação dos frutos secos requeria muita atenção e, à falta da maquinaria dos dias de hoje, era a mão de obra manual que ia virando as passas para que secassem de forma uniforme. Era um processo demorado, endurecido pelo tempo, difícil também para quem o executava, que só terminava quando os frutos já feitos passas eram expedidos pelas 'embalagens' de folha de palma, outro recurso abundante na região.
Foi deste processo moroso, que nasceu a expressão 'passar as passas do Algarve' ou 'as passinhas', usado de forma genérica sempre que queremos a referir-nos a alguém que está a passar por uma grande provação ou sofrimento.
Há ainda outra curiosidade sobre a expressão: a repetição sonora, e de certa forma redundante, 'passar as passas', que pretende enfatizar o processo de sofrimento.



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01
Ago16

Mais de 27 mil automobilistas aderiram ao Easytoll no fim de semana

António Garrochinho


easytoll_portagens eletrónicas

A Infraestruturas de Portugal registou mais de 27 mil adesões ao sistema de pagamento de portagens eletrónicas Easytoll no passado fim de semana.

Segundo a empresa, trata-se de um «ligeiro crescimento», de cerca de 3%, face aos valores registados no período homólogo de 2015, em que houve 26.361 adesões.

Este fim de semana que antecede o mês de Agosto é «aquele em que é expectável que se verifique o maior volume de entradas de condutores de veículos com matrícula estrangeira, principalmente dos nossos emigrantes no regresso a Portugal para o gozo das merecidas férias».

Acautelando a grande afluência esperada, a Infraestruturas de Portugal reforçou o apoio aos clientes nos pontos de venda do sistema Easytoll, localizados junto à fronteira nas autoestradas A22 (Vila Real Santo António), A24 (Chaves), A25 (Vilar Formoso) e A28 (Viana do Castelo).

Como resultado deste reforço, e apesar da grande a afluência aos locais de adesão, a resposta do sistema foi «bastante positiva, não se assistindo a grandes filas de espera, mesmo nos momentos de maior procura».

Sábado, 30 de Julho, com 10.631, foi o dia com maior volume de adesões.



vends easytoll

A A25 é a principal autoestrada de entrada dos emigrantes no regresso a Portugal, sendo por isso «natural ser precisamente no ponto de venda localizado na fronteira em Vilar Formoso que se verificaram mais de 50% do total adesões, com 13.630 nestes três dias».

Destaque também para a A24, outra importante entrada dos emigrantes, com 33% do total.

Em todos os pontos de venda, o crescimento do número de adesões foi significativo, demonstrando, segundo a empresa Infraestruturas de Portugal, que, «cada vez mais, o Easytoll é conhecido de turistas e emigrantes que visitam o nosso país e circulam em veículos de matrícula estrangeira, e reconhecido como um sistema cómodo, simples e seguro de pagamento de portagens eletrónicas».

Desde o início do mês de Julho, está colocado nas quatro praças Easytoll (localizadas na A22, A24, A25 e A28), um total de 27 colaboradores da IP, junto aos pontos de adesão, no sentido de informar e ajudar os clientes.

Estes colaboradores prestam apoio diariamente entre as 08h00 e as 20h00 (à exceção da A28, onde o apoio é prestado de sexta-feira a domingo), sendo a sua função no local a de promover o esclarecimento e auxílio na rápida adesão ao sistema de pagamento e garantia de adequadas condições de circulação e fluidez do tráfego nas praças de portagem.

Além do auxílio no local, foi reforçada, entre as 8h30 e as 00h30, a equipa de atendimento do Call Center, um serviço que funciona 24H/dia. Em www.portugaltolls.com está disponível, em português, inglês, francês e castelhano, toda a informação sobre o pagamento de portagens eletrónicas.

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01
Ago16

Orquestra de Jazz do Algarve & Selvis Prestley dão 3 concertos de homenagem a Elvis Presley

António Garrochinho

  
 Don’t be Cruel, I Got a Woman, Always On My Mind são alguns dos temas, entre tantos outros, que serão interpretados pela Orquestra de Jazz do Algarve & Selvis Prestley nos três concertos «Jazz n’Roll», de homenagem a Elvis Presley.

Elvis Presley é o Rei do Rock, um título merecido no estilo que pouco antes tinha sido iniciado por Chuck Berry. O Rock & Roll substituía assim o Jazz tradicional no entretenimento, já que o Jazz seguiu outros caminhos após os anos 40.

Dois dos mais emblemáticos concertos de Elvis são os de Las Vegas, em 1970, e do Havai, em 1973 – o primeiro concerto no mundo a ser transmitido via satélite.



É na inspiração destes concertos, que a Orquestra de Jazz do Algarve convida Elvis, perdão, Selvis Prestley, para reviver um artista e a sua carreira, que todos toca, ainda hoje.

O Algarve recebe assim três concertos, todos com início marcado para as 22h00: no dia 12 de Agosto, na Praça do Mar, em Quarteira, no dia 14, no Palco da Doca, em Faro, e a 15 de Agosto, na Praia do Carvoeiro, em Lagoa.

Este último concerto, que marca o final da mini digressão, contará ainda com um espetáculo de fogo-de-artifício sincronizado.

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01
Ago16

França e o terrorismo - A luz e a sombra

António Garrochinho



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Para o governo de Hollande como para a direita francesa, a melhor solução é manter a comunidade franco-magrebina ou árabe (e semelhantes), continuamente sob suspeita, mais policiada, mais revistada, mais interrogada, mais humilhada, mais desempregada, mais revoltada e, finalmente, mais presa ou mais expulsa.




A 14 de Julho, Dia Nacional de França, uma data carregada de simbolismo político, um atropelamento criminoso de mais de uma centena de pessoas foi levado a cabo por um francês de origem tunisina que ali vivia e vendia gelados, um «métèque», termo depreciativo de emigrante sem direitos imortalizado nos anos 70 pelo cantor Georges Moustaki. Contudo, ao contrário dos autores dos atentados de Paris, este «fundamentalista», comia carne de porco sem ligar a rituais islâmicos, mais virado para a bebida e o sexo, com cadastro na polícia por violência doméstica e delitos comuns, tendo andado em tratamento psiquiátrico. De resto, não deixou citações do Islão ou berros de Allahu Akbar, nem sequer um rabisco escrito contra infiéis de qualquer espécie, parecendo reflectir a fúria patológica de uma mente perturbada por outras causas.
Seguiu-se uma sequência de actos de terror na Alemanha, que pareceram reproduzir um mimetismo doentio e desviante de jovens emigrantes ou descendentes (muçulmanos ou não), que mereceram reservas, do governo alemão, quanto à ligação com organizações terroristas. Quer o emigrante afegão, que agrediu à machadada passageiros de um comboio na Baviera, quer o germano-iraniano mentalmente perturbado, alvo de bullying na escola e recém-convertido ao cristianismo, que matou a tiro jovens inocentes em Munique, parecem enquadrar-se melhor em atentados isolados de mentes desestruturadas, «à americana», e não são ainda claros os contornos do atentado do emigrante sírio que se fez explodir num restaurante em Ansbach, também ele com graves problemas psiquiátricos que já o tinham levado anteriormente a duas tentativas falhadas de suicídio.
E antes mesmo do mais recente e bárbaro assassinato, em França, do padre Jacques Hamel, executado por dois jovens que se declararam seguidores do Daesh, um deles com «um grande historial de perturbações psiquiátricas», já o governo francês tinha dado passos para acelerar o ambiente de  guerra ao melhor estilo de Bush, «islamizando» o acto enlouquecido do «métèque» pouco religioso de Nice (a quem foi atribuída uma tão ridícula como súbita radicalização express), aproveitando para anunciar o prolongamento do estado de emergência e mais bombardeamentos que, nos dias seguintes, e segundo o governo Sírio, provocaram a morte de, pelo menos, 150 civis.
Na realidade há uma base patológica em muitos destes actos brutais, reflectindo a existência de grande tensão e revolta nas mais jovens gerações de árabe-descendentes. É essa revolta que aflora no traço comum de perturbações psíquicas orientadas para uma suicidária vindicta contra os países onde nasceram e/ou onde vivem. E é a essa complexa instabilidade e mal-estar que o governo francês se propõe responder com menos liberdades, menos direitos, menos democracia e mais bombas.
Parece pois haver uma firme vontade de usar o medo do terrorismo (patológico ou «verdadeiro») para prolongar o ambiente de tensão, seguindo uma estratégia facilitadora de uma deriva ainda mais autoritária da direita.  
«Alguns antecedentes bastante esquecidos da "Liberté, Égalité, Fraternité" vivida por esses franceses de segunda, poderão, talvez, contribuir para uma melhor compreensão da violência actual.»
Sarkozy, que propõe a detenção de centenas de pessoas de uma nebulosa «lista S» e a deportação de cerca de 10 mil «suspeitos» constantes de outra mais abrangente, fazendo lembrar os tempos mais negros do anti-semitismo europeu, é bem a demonstração deste jogo perigoso em que o «centro» e direita dita «moderada» acabam por fazer a mesma política da Frente Nacional de Le Pen, que tanto afirmam combater. Assim, para o governo de Hollande como para a direita francesa, a melhor solução é manter a comunidade franco-magrebina ou árabe (e semelhantes), continuamente sob suspeita, mais policiada, mais revistada, mais interrogada, mais humilhada, mais desempregada, mais revoltada e, finalmente, mais presa ou mais expulsa.
Pode-se perguntar se não será essa uma lógica virada do avesso. Se não é exactamente por serem marginalizados, humilhados e perseguidos, que jovens de origem árabe ou magrebina se tornam mais atraídos pelo Daesh e/ou atreitos a acessos de loucura.
Alguns antecedentes bastante esquecidos da Liberté, Égalité, Fraternité vivida por esses franceses de segunda, poderão, talvez, contribuir para uma melhor compreensão da violência actual.
Um artigo de Ludo Simbille, de 2013 – Bavures policières mortelles: trente ans de quasi impunité?, analisa um inquérito à actuação da polícia francesa: «Em quatro décadas, 500 a 1000 pessoas morreram directa ou indirectamente na sequência de operações policiais. Perfil-tipo dos mortos: jovens dos bairros populares, de origem magrebina ou do norte de África».
Segundo os autores, encontram-se facilmente notícias de casos de asfixia, pancadas na cabeça, balas nas costas, mas também de utilização brutal de «armas não letais» como gás e o taser (uma pistola de choque eléctrico) e interrogatórios agressivos, causando mortes apresentadas, por vezes, como consequência de doenças «naturais». Como o caso, denunciado pelo movimento Vérité et justice pour Ali Ziri, de um velho magrebino de 68 anos, morto em Argenteuil em 2009 durante um interrogatório com a técnica de pliage (com o preso ajoelhado e as mão algemadas atrás, a cabeça é forçada a flectir até aos joelhos, o que o impede de gritar e respirar), cuja autópsia indicou «paragem cardio-circulatória multifuncional» e 27 hematomas em diversas partes do corpo. Ou o de Mahamadou Marega, morto em 2010 durante uma intervenção policial após ter sido encharcado de gás lacrimogéneo num elevador e electrocutado com 17 choques de taser.
Inúmeras queixas, ao longo dos anos, por mortes que ficam impunes, despertam manifestações de raiva no seio de comunidade magrebina e árabe. Mas para perceber que é o próprio aparelho de estado francês a deixar marcas de revolta na memória dessas minorias, é útil recuar mais.
A 17 de Outubro de 1961, em Paris, vinte mil argelinos ou com «aspecto mediterrânico» (a polícia guiou-se apenas pelo aspecto) que viviam na região, manifestam-se contra um recolher obrigatório só a eles dirigido, decretado pelo então chefe da polícia, Maurice Papon, nomeado pelo governo de De Gaulle. A manifestação é ferozmente reprimida, milhares de manifestantes são presos no Palácio dos Desportos e no Estádio Pierre Coubertin e aí espancados. Centenas (entre 150 e 400) são mortos a tiro, à pancada, afogados no Sena ou enforcados. Dias depois ainda há cadáveres a boiar no Sena.
O  massacre é abafado pelos media e passa a ser um tabu do regime. Um livro de Paulette Péju e um documentário de Jacques Paniel sobre o massacre são apreendidos e retirados do mercado. Em 1966, De Gaulle aprova uma amnistia para «os actos cometidos na área de operações policiais», impedindo que se venha a fazer justiça.
Papon, condecorado com a Legião de Honra, só trinta anos depois será condenado, num outro processo, por ter cometido crimes contra a Humanidade, deportando Judeus para campos de extermínio nazi  (ver Wikipedia – Massacre de Paris 1961).
A verdade é que por trás dos atentados contra vítimas inocentes que têm atingido algumas cidades europeias, existe um quotidiano de humilhação e violência, de discriminação social e económica de minorias étnicas, que corta cerce qualquer sentido de integração no país onde vivem, afectando mais as camadas mais jovens que se sentem sem referências nem raízes. É aí que a extrema-direita islâmica encontra terreno fácil para eventuais recrutamentos. É também num tecido social desestruturado que a extrema-direita «branca» arranja militantes e fomenta a violência e a xenofobia.
Travar esse círculo vicioso criado por políticas reaccionárias, socialmente desintegradoras  e responsáveis por sucessivas guerras de agressão neo-colonial é a única forma de combater eficazmente o terrorismo. E essa é, também, a melhor manifestação de respeito para com as suas vítimas.

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01
Ago16

Corrida ao ouro no Alentejo

António Garrochinho



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Há novas concessões de exploração de ouro, prata e outros elementos em todo o Alentejo. Conhecer os recursos mineiros e alargar o mapeamento geológico são objectivos apontados pelo Governo.




Pulo do Lobo, Serpa

Foram anunciados oito novos contratos de concessão mineira em todo o País. No Alentejo, os concelhos de Moura, Serpa, Vidigueira, Portel, Alcácer do Sal, Monforte, Elvas e Campo Maior fazem parte de uma lista de cerca de três dezenas de concelhos onde vão decorrer os trabalhos de prospecção.
As novas concessões para exploração mineira atribuídas pelo Governo juntam-se a outros cinco contratos já assinados nos últimos meses. Esta decisão pretende «dinamizar o sector» e «criar oportunidades de investimento para as empresas, num processo de envolvimento simultâneo das populações e respectivas autarquias», revela a edição semanal do Diário do Alentejo, de Beja, da passada sexta-feira.
Com estes contratos, o Governo prevê «obter informação detalhada sobre o território, de modo a caracterizar o potencial da Base Nacional de Recursos Mineiros e superar o actual défice de conhecimento». Este processo integra-se no Programa Nacional de Cartografia Geológica, sob a responsabilidade do Laboratório Nacional de Energia, e pretende alargar o mapeamento geológico.
Entre os restantes concelhos do País que serão alvo de prospecção, contam-se os de Arouca, Castro D’Aire, Vale de Cambra, Mirandela, Vila Flor e Freixo de Espada-à-Cinta.

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01
Ago16

UM VÍDEO DE 23 MINUTOS COM COISAS MUITO INTERESSANTES

António Garrochinho


Alguns vídeos na internet estão aí não para nos informar; não foram realizados para trazer novidades nem notícias, mas para fazer cócegas no cérebro. Eles são hipnotizantes e fazem grudar os olhos na tela, e com um estranho senso de satisfação ficamos esperando para ver onde aquilo vai dar. Gente habilidosa, pessoas arriscando a vida, animais inteligentes e invenções malucas: tudo reunido numa compilação de vídeos que lhe completam daquilo que não lhe falta!

VÍDEO

www.mdig.com.br
01
Ago16

O sistema antimísseis na Europa Oriental, o THAAD no Sudeste Asiático e as disputas no Mar do Sul da China

António Garrochinho


1. Fortemente contrariados pela China, os EUA e a República da Coreia do Sul concordaram em instalar o sistema THAAD(1), no território deste último, como reacção à suposta “ameaça nuclear” da Coreia do Norte, quando, na verdade, este sistema tem como alvo a China.
Esta iniciativa faz parte da instalação de sistemas de defesa de mísseis dos EUA na Ásia Oriental – uma região de importância estratégica para os EUA – onde a China é considerada uma ameaça ao seu “DLP” (domínio, liderança e primazia). Os EUA definiram a China como alvo da sua estratégia de “rebalanceamento da Ásia”. O sistema THAAD é um componente indispensável desse “rebalanceamento”. E testes destes mísseis foram já realizados (2).


Vários autores neocon (3) têm publicado na revista Foreign Affairs (4), que reflecte a política externa da administração americana, vários artigos sobre a estratégia de “rebalanceamento na Ásia”, como uma “estratégia superior” a ser aplicada pelos Estados Unidos na Ásia Oriental e também na Europa Oriental. Estes teóricos neoconservadores assinalaram que seria provável que a China “procurasse a hegemonia na Ásia” e que os EUA teriam que esforçar-se para “prevenir que tal não possa acontecer”. O “rebalanceamento da Ásia” deverá apoiar-se nos governos locais para conter a China. Se isso falhar, os EUA poderiam agir de forma mais musculada com esses países.


O THAAD irá comprometer o equilíbrio estratégico regional da Ásia Oriental e criar mais obstáculos ao resolver da questão nuclear da península coreana. Quando o equilíbrio de uma região é quebrado, é dado o início a uma corrida às armas, as disputas começam a despoletar e os conflitos a intensificarem-se.
Para os chineses os EUA estão habituados a terem poder hegemónico em toda a parte e, apesar de terem advogado a globalização, não se conformam que ela tornou os países mais interdependentes. A China estabeleceu com um conjunto de países acordos para o crescimento económico destes que, por sua vez, estabeleceram acordos de defesa com os EUA. Se os EUA impuserem a estes países integrarem-se numa estratégia ofensiva contra a China, não sobreviverão nem o crescimento económico nem a segurança regionais.

2  2. Paralelamente a esta questão, os EUA envolveram as Filipinas numa acção com vista a negar a soberania territorial e os interesses marítimosda China sobre o Mar do Sul da China. O pretexto foi a China ter começado a construir ilhas artificiais nesse mar com vista ao reforço da sua defesa e a servirem de apoio a rotas comerciais.
Daí ter surgido uma decisão de um tribunal arbitral internacional a que os EUA recorreram para contestar os direitos da China. Os países da ASEAN (5)  inclinam-se para não aceitar esta decisão arbitral e retomar om processo negocial deles com a China. A China já tinha
quase 14 anos de negociações com os países da ASEAN. Em 2002, a China e os países membros da ASEAN assinaram a Declaração sobre a Conduta das Partes no Mar do Sul da China (DOC, em inglês), que serve como base comum para a resolução pacífica das disputas e têm vindo a realizar consultas no âmbito do Código de Conduta no Mar do Sul da China (COC) sob a estrutura da DOC.
Num seminário realizado em Singapura, no passado 18 de Julho, com a participação dos países que contactam este mar,as partes envolvidas na questão do Mar do Sul da China deverão retomar conversações no sentido de resolver as disputas por meio de negociações e de esforços conjuntos que promovam a colaboração e o desenvolvimento regional. Por outro lado, a ASEAN sempre prometeu manter uma posição neutra nessa questão e não interferir nas disputas. A China é o maior estado costeiro do Mar do Sul da China. A manutenção da paz e da estabilidade e o desenvolvimento próspero da região corresponde aos interesses do país. A China deseja realizar uma cooperação de benefício mútuo com os países da ASEAN.

3. O cerco com mísseis aos territórios da Rússia e da China fazem parte de uma estratégia que Obama aprovou e Hillary Clinton ainda não confessou.
Para além dos esforços de ambos os países e aliados mais directos em conduzir processos de paz e de crescimento económico favorável a esses desígnios pacíficos, estes países não podem ignorar os riscos e, por isso, tem actualizado de forma adequada o seu armamento.
À ameaça que surge com a configuração da NATO, ambos os países que têm expresso o seu superior nível de cooperação, designando-a frequentemente como uma “aliança” poderão ter que criar uma aliança político-militar que confronte a NATO. O fim do Pacto de Varsóvia há quase vinte anos poderá ser seguido – ironia das ironias! – por um novo pacto entre duas potências que há quarenta anos eram adversárias: a China e a Rússia.
Estes países não revelam medo e essa será uma das formas de conter o ímpeto guerreiro da outra parte.
Todos esperamos que a paz e o fim do terrorismo seja o resultado de tantos esforços.
(1) Terminal High Altitude Area Defense (THAAD) é um sistema de mísseis anti-balísticos dos EUA projectado para abater mísseis balísticos de diferentes dimensões na sua fase terminal, usando uma abordagem do tipo atingir para abater (hit-to-kill). Os mísseis não transportam carga mas recorrem à energia cinética do impacto para destruir um míssil disparado de outro ponto. Sendo conhecido como sistema de defesa, é de facto de ataque porque impede uma reacção a mísseis de dimensão variável que sejam resposta a um ataque de mísseis comcargas convencionais ou nucleares. O sistema foi desenhado, construído e integrado pelo Lockheed Martin Space Systems.
(3) Neo-conservadores. Corrente ultraliberal com expressão em partidos conservadores mas também sociais-democratas

(5) Association of Southeast Asian Nations (ASEAN) é uma organização regional composta pelos estados do Sudeste Asiático, integrados economicamente. Formada em 1967 pela Indonésia, Malásia, Filipinas, Singapura e Tailândia, viria a ser alargada ao  Brunei, Laos, Myanmar (Birmânia), e Vietname.
Via: antreus http://bit.ly/2aqwAHK
01
Ago16

A Origem da Palavra Lenda

António Garrochinho


A palavra lenda provém do baixo latim legenda, que significa “o que deve ser lido”. No princípio, as lendas constituíam uma compilação da vida dos santos, dos mártires (Voragine); eram lidas nos refeitórios dos conventos. 

Com o tempo ingressaram na vida profana; essas narrações populares, baseadas em fatos históricos precisos, não tardaram a evoluir e embelezar-se. 

Atualmente, a lenda, transformada pela tradição, é o produto inconsciente da imaginação popular. 

Desta forma o herói sujeito a dados históricos, reflete os anseios de um grupo ou de um povo; sua conduta depõe a favor de uma ação ou de uma idéia cujo objetivo é arrastar outros indivíduos para o mesmo caminho.



Bibliografia: Livro "História das Lendas" de Jean-Pierre Bayard - Editora Ridendo Castigat Mores (www.jahr.org)

Fonte:
http://www.e-farsas.com/lendas_folclore.htm


01
Ago16

O CONCEITO DA REDISTRIBUIÇÃO

António Garrochinho
O termo distribuição é formado pelo prefixo re que significa repetição, como também voltar a fazer algo. A palavra distribuição indica que há uma divisão em função de algum critério. Assim, a redistribuição seria uma nova distribuição de algo.


A ideia de redistribuição obedece a uma necessidade: algumas questões devem ser organizadas ou dividas segundo uma avaliação. Existem diversos campos que utilizam esse termo, tais como economia, política, direito, etc.


Redistribuição da riqueza


No contexto da administração do estado, é possível falar sobre redistribuição de riqueza. A mesma está baseada na arrecadação de tributos que a partir disso ativam políticas de igualdade dando acesso e proporcionando certos níveis de bem-estar (como saúde, educação, cooperação ou ajudas sociais) para os mais desfavorecidos da sociedade. Neste sentido, o conceito redistribuição pretende corrigir as desigualdades sociais e promover a igualdade de oportunidades.


Justiça Social

Este tipo de política está enquadrado dentro de uma ideia geral: a conveniência de uma justiça social. Deve-se levar em conta que há grupos que partem de uma situação desigual, por exemplo, os deficientes físicos e algumas minorias sociais. Para que esses grupos não se encontrem em uma situação de permanente marginalidade é preciso impulsionar ações redistributivas. Isso significa que certos indivíduos contribuem com mais impostos do que outros e que a administração do estado tem a função de proteger aqueles indivíduos ou grupos mais desfavorecidos para melhorar sua posição social.


Cada sociedade tem seus cuidados com a redistribuição


Todas as sociedades têm critérios de redistribuição da riqueza. Inclusive as sociedades primitivas incorporam necessidades de organizar os bens adquiridos segundo uma ideia de justiça e equidade. Vamos pensar num pequeno grupo de seres humanos primitivos. Os homens caçam, as mulheres se ocupam de alimentar as crianças, os idosos realizam tarefas que exigem menor esforço físico e há pessoas com limitações físicas.

O alimento obtido por esse grupo social é repartido de alguma maneira e, nesta repartição, há um critério de redistribuição que é avaliado como justo, injusto, equilibrado ou de outra forma qualquer. Sendo assim, este exemplo ultrapassa os limites de qualquer organização humana por mais complexa que pareça, onde é necessário introduzir uma ordem de repartição da riqueza para que uma comunidade tenha um mínimo de coesão social entre seus membros.

http://queconceito.com.br
01
Ago16

CONHEÇA O "INDICADOR INDICADOR" O PÁSSARO QUE GUIA OS HUMANOS ATÉ ÀS COLMEIAS DE MEL

António Garrochinho


Zoólogos documentaram pela primeira vez a incrível cooperação entre pássaros selvagens e um grupo humano em Moçambique. Juntos, osIndicador indicador e o povo de Yao procuram por mel, e dividem o que encontram.
Usando uma série de cantos especiais, os humanos e pássaros conseguem trocar informações para encontrar colmeias carregadas de mel. Enquanto o interesse dos humanos é no mel, os pássaros querem mesmo é comer a cera das colmeias, mas não conseguem romper suas paredes externas sozinhos. Por isso, pedem ajuda aos seres humanos.
A comunicação entre pássaro e pessoa acontece de forma recíproca. Algumas vezes são os pássaros que encontram a colmeia e em seguida procuram uma pessoa para guiar até o local; outras vezes são as pessoas em busca das colmeias que reproduzem o canto especial para chamar os pássaros, que em seguida os direcionam para o ponto correto.



Esta é uma bela relação mutualística que acontece há pelo menos 500 anos, mas que só agora chamou atenção de pesquisadores. O canto especial, que soa mais ou menos como “brr-hm”, tem sido passado de geração para geração através dos anos.

Comunicação especial



Enquanto não é incomum para os seres humanos se comunicarem com pássaros domesticados ou outros animais de estimação, é mais difícil encontrar seres humanos que conseguem “conversar” com animais selvagens. O mais raro, porém, é encontrar animais selvagens que respondam voluntariamente.
Outro fator que impressiona é que esses pássaros não foram treinados pelo povo Yao. A pesquisadora envolvida no estudo, Claire Spottiswoode, acredita que pássaros com essa habilidade provavelmente foram selecionados naturalmente através dos séculos. Afinal de contas, os animais que conseguem se comunicar têm mais acesso ao alimento, e conseguem ter vidas mais longas e se reproduzir mais vezes, passando o comportamento adiante.

Experimento



Para entender melhor essa troca de favores, Spottiswoode tentou descobrir se o canto produzido pelas pessoas realmente faz diferença no comportamento dos pássaros.
Para verificar essa informação, ela pediu à comunidade Yao que saísse para procurar mel, mas usando três cantos diferentes: o “br-hm”, uma palavra aleatória e um canto de pássaro não relacionado ao Indicador indicador.
Os três sons foram reproduzidos por uma pequena caixa de som a cada sete segundos enquanto o grupo procurava por colmeias.
Os resultados foram impressionantes. “O tradicional ‘brr-hm’ aumentou a chance de ser guiado por um Indicador indicador de 33% para 66% quando comparado com os outros sons-controle”, diz a pesquisadora.

Mistério

Uma questão que tem dado dor de cabeça aos pesquisadores é: como os pássaros aprendem o comportamento se não são criados por suas mães? Isso acontece porque o Indicador indicador não cria seus próprios filhotes. Assim como o famoso cuco, as mães botam os ovos nos ninhos de outros pássaros, que cuidam dos filhotes.
Outra informação curiosa é que em outras regiões da África, comunidades diferentes usam cantos diferentes para chamar pássaros da mesma espécie. “Por exemplo, o trabalho do nosso colega Brian Woods mostra que os coletores de mel Hadza, na Tanzânia, produzem um assobio com mais melodia para recrutar o mesmo pássaro”, diz Spottiswoode.

Comunicação consciente

A pesquisa foi publicada na revista Science, e a conclusão é que existe um claro sinal de que a comunicação entre os pássaros e os seres humanos é consciente.
“Esses resultados mostram que um animal selvagem relaciona corretamente o significado do sinal humano e consegue responder apropriadamente. Este é um comportamento associado anteriormente apenas com animais domésticos, como cães”, diz a publicação.

Golfinhos brasileiros

A mesma relação de cooperação entre animais selvagens e seres humanos foi observada apenas em uma outra situação: entre os pescadores e golfinhos do sul do Brasil, da espécie Tursiops truncatus, que “pastoreiam” peixes na direção dos homens. 

[Science Alert]
hypescience.com

01
Ago16

CONHEÇA O ANIMAL QUE VIVE 11000 ANOS

António Garrochinho

As pessoas que nasceram em 2015 têm expectativa de vida global de 71,4 anos. Enquanto isso representa uma ótima melhora em relação aostempos pré-medicina moderna, 71 anos não é nada comparado com a expectativa de vida desse alguns animais.




Entre os mamíferos, a baleia-da-groenlândia é o que mais velas teria em seu bolo: ela vive mais de 200 anos. Segundo Don Moore, o diretor do Oregon Zoo (EUA), essa longevidade toda faz sentido: ela vive nas águas geladas da região polar, e o metabolismo funciona de forma mais lenta em um ambiente gelado. Um metabolismo lento significa menos danos aos tecidos, diz Moore.


Já entre os animais terráqueos, o mais ancião conhecido pelos seres humanos é Jonatha.n, uma tartaruga gigante de 183 anos que vive na mansão do governador de St. Helena, uma ilha no oeste da África


O pássaro selvagem mais velho do mundo é um albatroz-de-laysan, ave marinha que vive no Pacífico Norte. Seu nome é Wisdom, e ela tem 65 anos. Além de ter contrariado a crença de que essa espécie vive apenas até os 40 anos, Wisdom até hoje bota ovos e cria filhotes saudáveis.

Grandes aves como os albatrozes amadurecem mais tarde e têm menos filhotes, enquanto pequenos pássaros são sortudos se viverem cinco anos. Por isso, eles se reproduzem o mais rapidamente possível, na tentativa de criar o maior número de herdeiros genéticos possíveis.

O ancião entre os anciões



O animal com vida mais longa do mundo, porém, costuma ser ignorado por muitos. As pessoas simplesmente esquecem que esponjas são animais. Sua expectativa de vida pode variar entre espécies, mas algumas delas chegam a milhares de anos. Um estudo da revista Aging Research Reviews menciona uma esponja chamada Monorhaphis chini, que vive em grandes profundidades , e pode chegar a 11 mil anos de vida.

[National Geographic]
hypescience.com

01
Ago16

GÉNIOS LOUCOS

António Garrochinho
Os cientistas são um grupo notoriamente diferente. Afinal, ser um pouco diferente ajuda a perseguir ideias que outros não acreditam, e isso fez com que muitos tivessem personalidades excêntricas, ou fossem complexos demais para níveis intelectuais mais limitados. E um bom número deles passou a extremos em sua busca por conhecimento, com resultados às vezes terríveis, às vezes hilários.
Aqui estão 10 dos mais estranhos fatos sobre cientistas e matemáticos dos mais famosos do mundo:

10. Não aos feijões!




Você pode agradecer ao matemático grego Pitágoras pela contribuição à geometria básica, o teorema de Pitágoras. Mas algumas de suas ideias não resistiram ao teste do tempo. Por exemplo, Pitágoras defendia uma filosofia vegetariana, mas um dos seus princípios era uma proibição completa de tocar ou comer feijão. Diz a lenda que feijões eram parcialmente culpados pela morte de Pitágoras. Depois de ser expulso de sua casa por invasores, ele se deparou com um campo de feijão, onde supostamente decidiu que preferia morrer do que entrar no campo – e assim os invasores cortaram sua garganta. (Os registros históricos não mostram uma razão clara para os ataques).

9. Quando você tem que ir, mas não vai…




O astrônomo dinamarquês Tycho Brahe, do século 16, foi um nobre conhecido por sua vida e morte excêntricas. Ele perdeu o nariz em um duelo na faculdade e usava uma prótese de metal permanente. Adorava festas: teve sua própria ilha, e convidou amigos para ir a seu castelo e depois partir em aventuras selvagens. Ele fez com que os hóspedes vissem um alce que ele tinha domesticado e um anão chamado Jepp que manteve como um “bobo da corte”, fazendo-o se sentar permanentemente debaixo da mesa, onde Brahe ocasionalmente lhe dava restos de comida. Mas a sua paixão por postura política pode ter sido inadvertidamente a causa de sua morte. Em um banquete em Praga, Brahe insistiu em ficar na mesa quando precisava muito ir ao banheiro, porque deixá-la seria uma violação de regras de etiqueta. Isso foi uma má jogada; Brahe desenvolveu uma infecção renal e sua bexiga estourou 11 dias mais tarde, em 1601.

8. O herói desconhecido




Nikola Tesla foi um dos heróis desconhecidos da ciência. Ele chegou nos EUA vindo da Sérvia em 1884 e rapidamente passou a trabalhar para Thomas Edison, fazendo avanços importantes em rádio, robótica e eletricidade, alguns dos quais Edison tomou o crédito por. Mas Tesla não era obcecado apenas em sua busca científica. Ele provavelmente tinha transtorno obsessivo compulsivo (TOC), recusando-se a tocar em qualquer coisa suja, mesmo que apenas um pouquinho. Também não tocava em cabelos, brincos de pérola ou qualquer coisa redonda. Além disso, ele se tornou obcecado com o número 3. E em cada refeição, ele usava exatamente 18 guardanapos para polir os utensílios até que brilhassem.

7. Professor distraído


Werner Heisenberg pode ser um brilhante físico teórico, mas com a cabeça nas nuvens. Em 1927, o físico alemão desenvolveu as famosas equações de incerteza envolvidas na mecânica quântica, regras que explicam o comportamento em pequenas escalas de minúsculas partículas subatômicas. No entanto, ele quase não conseguiu seu doutorado, porque não sabia quase nada sobre as técnicas experimentais. Quando um professor particularmente cético em sua banca examinadora perguntou-lhe como uma bateria funcionava, ele não tinha nem ideia.

6. Prolífico polímata



O físico Robert Oppenheimer era um polímata (aquele com conhecimento muito amplo em mais de uma área), fluente em oito idiomas e interessado em uma ampla gama de assuntos, incluindo poesia, linguística e filosofia. Como resultado, Oppenheimer às vezes tinha dificuldade para entender as limitações das outras pessoas. Por exemplo, em 1931 ele pediu a seu colega da Universidade da Califórnia em Berkeley, Leo Nedelsky, para preparar uma palestra para ele, observando que seria fácil, porque tudo estava em um livro que Oppenheimer indicou. Mais tarde, o colega voltou confuso porque o livro estava inteiramente em holandês. Eis a resposta de Oppenheimer: “Mas holandês é tão fácil!”.

5. Documentado até a morte



O arquiteto e cientista Buckminster Fuller é mais famoso por criar a cúpula geodésica, visões sci-fi de cidades futuristas e um carro chamado Dymaxion em 1930. Mas Fuller também foi um pouco excêntrico. Ele usava três relógios que mostravam o tempo em vários fusos horários quando voava por todo o mundo, e passou anos a dormir apenas duas horas por noite, atitude que ele apelidou de sono Dymaxion (ele finalmente cedeu porque os seus colegas não podiam fazer o mesmo, ou seja, manter-se sem dormir). Mas o gênio também passou muito tempo narrando sua vida. De 1915 a 1983, quando ele morreu, Fuller manteve um diário detalhado que ele atualizava religiosamente em intervalos de 15 minutos. O registro resultante está em pilhas de 82 metros de altura e está alojado na Universidade de Stanford.

4. Matemático sem-teto


Paul Erdös era um teórico matemático húngaro tão dedicado ao seu trabalho que nunca se casou. Vivia apenas com uma mala. Muitas vezes, aparecia na porta de seus colegas sem aviso prévio, dizendo: “Minha mente está aberta”, e divagava sobre problemáticas numéricas nas quais iria trabalhar a seguir. Em seus últimos anos, ele bebia café e tomava pílulas de cafeína e anfetaminas para ficar acordado, trabalhando de 19 a 20 horas por dia. Erdős usava o termo “partir” para pessoas que tinham morrido, e o termo “morrer” para pessoas que tinham parado de fazer matemática. Seu foco único parece ter valido a pena: o matemático publicou cerca de 1.500 documentos importantes, recebeu vários prêmios e a comunidade de matemáticos que trabalhou com ele criou em sua honra o Número de Erdős.

3. O físico brincalhão



Richard Feynman foi um dos físicos mais prolíficos e famosos do século 20, envolvido no Projeto Manhattan, o esforço americano ultrassecreto para construir uma bomba atômica. Mas o físico também foi um grande brincalhão. Se entediado do Projeto Manhattan, em Los Alamos, Feynman supostamente passava seu tempo livre abrindo fechaduras e cofres para mostrar a facilidade com que os sistemas podiam ser quebrados. No caminho para o desenvolvimento de sua teoria vencedora do Prêmio Nobel em Eletrodinâmica Quântica, ele saiu com showgirls de Las Vegas, tornou-se um especialista na língua maia, aprendeu canto gutural tuvano (Tuva é um Estado da Rússia) e explicou como anéis de borracha levaram a explosão da nave espacial Challenger, em 1986.

2. Móveis pesados

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O matemático e engenheiro eletricista britânico Oliver Heaviside desenvolveu técnicas matemáticas complexas para analisar circuitos elétricos e resolver equações diferenciais. Mas o gênio autodidata foi chamado de “esquisito de primeira linha” por um de seus amigos. O engenheiro mobiliou sua casa com blocos de granito gigantes, pintava suas unhas com cor rosa brilhante, passava dias bebendo apenas leite e pode ter sofrido de hipergrafia, uma condição que causa no cérebro um impulso irresistível de escrever.

1. A guerra dos ossos



Durante a grande corrida de dinossauros dos anos 1800 e início de 1900, dois homens usaram uma série de táticas cada vez mais sombrias para superar um ao outro em busca de fósseis. Othniel Charles Marsh, um paleontólogo do Museu Peabody, da Universidade de Yale, e Edward Drinker Cope, que trabalhava na Academia de Ciências Naturais da Filadélfia, Pensilvânia, começaram de forma amigável o suficiente, mas logo tornaram-se inimigos. Em uma viagem de “caça aos fósseis”, Marsh subornou os guardas do sítio arqueológico para desviar qualquer descoberta potencial do caminho do rival. Em outra expedição, Marsh enviou espiões ao longo de uma das viagens de Cope. Corriam rumores de que eles dinamitaram camas um do outro para evitar suas descobertas. Eles passaram anos publicamente humilhando um ao outro em artigos acadêmicos e acusando-se mutuamente de crimes financeiros e inaptidão nos jornais. Ainda assim, os dois pesquisadores fizeram grandes contribuições para o campo da paleontologia: dinossauros emblemáticos como os estegossauros, tricerátopos, diplódocos e apatossauros foram todos descobertos graças aos seus esforços. 

[livescience]
hypescience.com
01
Ago16

CURIOSIDADES - Fenómenos naturais e locais históricos

António Garrochinho



Fenómenos da natureza, belas obras do homem, locais históricos ou cantos desconhecidos do planeta fazem parte das atrações que a revista Lonely Planet selecionou e publicou recentemente num livro com as 1000 coisas que merecem ser vistas. O Terra apresenta 20 delas para você.

Léptis Magna, Líbia
A 120 quilômetros de Tripoli, capital da Líbia, a antiga cidade de Léptis Magna tem ruínas que remontam ao século 1 . A cidade é um dos mais belos exemplos de arquitetura romana, já que foi muito desenvolvida pelo imperador Septimio Severo, que queria honrar sua cidade natal. Hoje, as ruínas incluem templos, casas, estátuas e até o velho porto, muito bem preservado



Grande Fonte Prismática, Estados Unidos
O Parque Nacional de Yellowstone, situado nos estados americanos de Wyoming, Montana e Idaho, no norte dos Estados Unidos, tem muitas belezas naturais como gêiseres, florestas e cascatas. Mas a mais famosa delas é a Grande Fonte Prismática, uma fonte termal com cores diversas, começando por um azul intenso no centro, indo para tons de amarelo, vermelho e laranja em volta
Foto: Yellowstone NP/Divulgação 

 Jardins do Palácio de Verão de Pequim, China
O nome original do Palácio de Verão de Pequim é Yiheyuan, que significa em chinês Jardim da Harmonia Cultivada. O suntuoso palácio combina perfeitamente com os jardins que cobrem uma área de 3 quilômetros quadrados entre lagos, estátuas e pavilhões, onde a obra da natureza e do homem combinam, justamente, em plena harmonia

 

 Rafflesia, Bornéu

A rafflesia é uma flor única, encontrada principalmente nas florestas de Bornéu e Sumatra, na Indonésia, além de outros lugares como Malásia e Tailândia. No estado de Sabah, em Bornéu, o Centro de Informações da Rafflesia leva os turistas a ver de perto a beleza desta flor que pode chegar a pesar 10 quilos e ter mais de um metro de diâmetro

 


Fontes de Landmannlauger, Islândia
A Islândia é um país com incontáveis belezas naturais. A região de Landmannalaugar, no sul da ilha, é acessível apenas de 4x4, com belas paisagens, em trilhas incríveis que levam a fontes termais cercadas por paisagens vulcânicas , montanhas, geleiras e cachoeiras
Foto: Arctic-Images, Ragnar Th. Sigurðsson/Divulgação 

 Sequóia General Sherman, Califórnia
A sequóia-gigante, conhecida como Sequoia General Sherman, é uma das maiores e mais antigas árvores existentes no planeta. A árvore mede 83 metros de altura, pesa mais de 1200 toneladas e tem uma idade estimada a mais de 2200 anos. A General Sherman encontra-se no Sequoia National Park, no condado de Tulare, centro da Califórnia
Foto: Sequoia & Kings Canyon NP/Divulgação

 Museu do Apartheid, África do Sul
No regime do apartheid, que durou até 1994, pessoas eram segregadas por raça na África do Sul. Esta triste época da história, que terminou com a eleição de Nelson Mandela, é lembrada no Museu do Apartheid de Joanesburgo, com mostras permanentes e temporárias
 

 Palácio de Versalhes, França

A menos de 20 quilômetros de Paris, o palácio de Versalhes é uma mostra da exuberância da antiga monarquia francesa. Versalhes, antiga moradia dos reis Luís 14, Luís 15 e Luís 16, virou residência oficial da corte em 1682, e se estende por 63 mil metros quadrados decorados com muita elegância e móveis da época, além de mais de 700 hectares de belos jardins
Foto: ATOUT France/Divulgação

 Ópera de Sydney, Austrália

Símbolo da cidade, a Ópera de Sydney foi inaugurada em 1973 após quatorze anos de construção. Com sua arquitetura inconfundível frente à baía de Sydney, o edifício faz a alegria de turistas em busca de uma foto com um dos principais cartões postais do planeta, tanto quanto de amantes de ópera e música clássica

Paradise Harbour, Antártida

A Antártida é um dos territórios mais inóspitos e inacessíveis do planeta, mas reserva também algumas das paisagens mais impressionantes. Geleiras se encontram com as águas e botes tem que desviar de icebergs para percorrer a beleza da baía de Paradise Harbour, um dos pontos mais visitados pelos poucos que chegam este ponto extremo da Terra
Foto: Liam Q./Divulgação

Vale dos Gêiseres, Rússia

Com mais de noventa gêiseres espalhados ao longo de seis quilômetros, o Vale dos Gêiseres é a segunda maior concentração destes fenômenos no planeta. Situado dentro da Reserva Natural de Kronotsky, na península de Kamchatka, extremo leste da Rússia, o vale tem belas paisagens, cercadas por vulcões e colinas verdes
Foto: Robert Nunn/Divulgação

 
Sagrada Família, Barcelona

O arquiteto catalão Antônio Gaudí marcou para sempre a identidade de Barcelona com seus prédios e parques de formas surpreendentes. Mas Gaudí morreu sem ver terminada sua obra prima, a catedral da Sagrada Família. Começada em 1882, ainda está em construção e só deveria ser terminada na década de 2020
Foto: stock.xchng/Divulgação

Chrysler Building, EUA

Os 381 metros do Empire State fazem com que os 319 metros do Chrysler Building, construído entre 1928 e 1930, pareçam "pequenos" no céu de Nova York. Mas se o Empire State é puro tamanho e força, o Chrysler Building se destaca por ter uma arquitetura mais delicada
Foto: stock.xchng/Divulgação

Parque Nacional de Purnululu, Austrália
No noroeste da Austrália, o Parque Nacional de Purnululu, tem uma área de mais de 3 mil quilômetros quadrados e é famoso por suas imponentes estruturas geológicas de pedra vermelha, que atingem quase 600 metros de altura. Inscrito no Patrimônio Mundial pela Unesco em 2003, oferece paisagens surpreendentes do deserto australiano
Foto: Tourism Australia/Divulgação

Buraco Azul de Dean, Bahamas

Buraco azul é o nome dado a formações geológicas dentro do mar, grandes buracos submarinos que formam lugares únicos para mergulhadores. O Buraco Azul de Dean, na ilha de Long Island, nas Bahamas, é o maior do conhecido pelo homem e chega a mais de 200 metros de profundidade em meio às águas calmas do Caribe

Aurora Boreal, Islândia

A aurora boreal é um fenômeno óptico visto principalmente perto do Círculo Polar Ártico. À noite, luzes coloridas aparecem no céu, formando um visual impressionante. A Islândia é um dos melhores pontos para se avistar a aurora boreal, mas, apesar do fenômeno ser mais frequente entre os meses de setembro e outubro e de março a abril, é impossível prever o momento exato para observá-lo
Foto: Arctic-Images, Ragnar Th. Sigurðsson/Divulgação

Cavernas de Pathet Lao, Laos
No meio da selva do Laos, no nordeste do país, as Cavernas de Pathet Lao têm mais do que a beleza de formações geológicas. Numa área considerada como uma das mais bombardeadas da História, durante a guerra do Vietnã, as mais de 480 cavernas foram usadas por civis e guerrilheiros para se proteger. Hoje, as cavernas viraram um atrativo do pequeno país da Ásia do sudeste
Foto: Peter Garnhum/Divulgação 


Abu Simbel, Egito

A 230 quilômetros do sudeste de Assuã, o sítio arqueológico de Abu Simbel é um dos mais importantes vestígios da época dos faraós egípcios. Formado por um templo principal e um templo menor, Abu Simbel foi inteiramente desmontado e montado em outro local para evitar sua destruição decorrente da construção de uma represa na década de 60

Pagode Swedagon, Birmânia

Os pagodes da Birmânia nada têm a ver com o gênero musical que conhecemos no Brasil. Pagodes são locais espirituais para os budistas, também conhecidos como "stupas", belas construções em forma de torre. O pagode de Swedagon, maior centro budista da Birmânia, conta com uma grande estrutura central dourada de quase 100 metros de altura, com mais de setenta outras stupas em volta

Desfile de Halloween de Nova York, Estados Unidos
Halloween é uma das datas festivas mais importantes dos Estados Unidos, quando pessoas de todas as idades se fantasiam e saem às ruas no dia 31 de outubro. Em Nova York, o desfile de Halloween de Greenwich Village já virou uma tradição inevitável, com pessoas usando fantasias criativas, bandas musicais e shows de dança, e é acompanhado de dentro ou de fora por pessoas da cidade inteira

jacintafreitas.blogspot.pt
01
Ago16

Sequestro de sogra de Bernie Ecclestone termina ao fim de nove dias

António Garrochinho

Polícia encontrou a vítima amarrada. Dois suspeitos foram detidos

Após nove dias de sequestro, a polícia conseguiu detetar e libertar Aparecida Schunck Flosi Palmeira, 67 anos, sogra de Bernie Ecclestone, presidente da empresa que administra a Fórmula 1. A vítima estava amarrada numa casa na cidade de Cotia, na região de São Paulo. Dois homens foram detidos.

A operação policial que pôs fim ao sequestro decorreu ontem ao final da tarde. Sem qualquer ferimento, Aparecida foi encaminhada para a esquadra, onde se encontravam já à espera uma das filhas e outros familiares.

Mãe de advogada brasileira Fabiana Flosi, de 38 anos, que se casou com Ecclestone em 2012, Aparecida foi sequestrada a 22 de julho, em casa. Os suspeitos ter-se-ão feito passar por funcionários de uma empresa de entregas. A empregada abriu-lhes a porta e estes, depois de a terem imobilizado, fizeram a vítima sair de casa a conduzir o seu próprio carro.




Ecclestone e Fabiana Flosi estão casados desde 2012
Os sequestradores pediam um resgate superior a 33 milhões de euros, o que traduz a maior verba alguma vez reclamada por raptores no Brasil para libertarem alguém. De acordo com a polícia nenhuma quantia foi paga aos sequestradores.

Pedido de resgate recorde ensombra vésperas dos Olímpicos

De acordo com o portal G1, a investigação levou a um primeiro suspeito, o qual acabou levar as autoridades até ao local do cativeiro. Durante a operação policial, dois homens foram detidos. Outros estavam a ser procurados.

www.dn.pt

01
Ago16

Faro desceu à Baixa para ver o velhinho Aliança como novo

António Garrochinho

  
Reabertura do Café Aliança 2016_

O Café Aliança só abriu por duas horas, para uma cerimónia de reinauguração aberta à cidade, mas parecia que toda a cidade tinha dado um salto à Baixa, para testemunhar com os próprios olhos o renascer deste ex-libris da capital algarvia.

Na esplanada e dentro do café, as pessoas aproveitaram para se sentar às novas mesas, sentados nas novas cadeiras e nos novos bancos corridos. Aliás, tudo parece novo, apesar de não se deixar de sentir que se entrou no mesmo Aliança de sempre, muito por culpa da manutenção da traça do edifício e das fotos na parede, entre outros elementos.



Veja as fotos da reabertura do novo Café Aliança:















(Fotos: Hugo Rodrigues/Sul Informação)
01
Ago16

ALGARVE - FARO - Palmas, assobios, contradições e consensos: o petróleo esteve em debate

António Garrochinho

  

O debate, promovido pela Plataforma Algarve Livre de Petróleo (PALP), fez-se em torno de uma pergunta: “Exploração de petróleo no Algarve?”. E o Clube Farense foi pequeno de mais para acolher tantos interessados.

Ninguém quis perder a oportunidade de participar «nesta expressão de cidadania». Foi assim que todos os representantes dos partidos com assento parlamentar, uns deputados, outros não, presentes no debate, apelidaram a iniciativa da PALP.

Foi também da PALP que veio uma das grandes novidades da noite: a plataforma, que tem sido uma das mais aguerridas na luta contra a exploração de hidrocarbonetos, afirmou-se contra os contratos assinados, fossem eles de que fonte de energia fossem: «mesmo que tivessem sido assinados para outras fontes de energia renovável, como a eólica, a solar ou a das ondas, nós não iríamos concordar com estes contratos», disse Rosa Guedes, apelidando-os de «extremamente ruinosos».

Se na rua a noite estava quente, no Clube Farense o cenário não foi diferente: o debate foi acesso, com palmas, gritos, assobios, contradições, mas também consensos. Aliás, um grande consenso: a falta de informação que ainda existe acerca da questão dos hidrocarbonetos.

«Há uma grande deficiência: a falta de informação sobre todo o processo», disse, por exemplo, Paulo Sá, deputado do PCP, eleito pelo círculo de Faro. «Os contratos que estão em vigor no Algarve, quer no mar, quer em terra, foram contratos assinados sem que houvesse o necessário debate público», complementou. 

A questão dos contratos acabou por ser o ponto central do debate. Para Cristóvão Norte e Patrícia Fonseca, deputados do PSD e CDS, respetivamente, os contratos não asseguram a exploração de hidrocarbonetos, mas apenas a sua prospeção. «No entendimento do CDS, a aposta nas energias renováveis e na prospeção, conhecimento e eventual exploração de petróleo, são duas atividades compatíveis», acrescentou, inclusive, Patrícia Fonseca.

A deputada centrista, que foi das mais contestadas pela assistência ao debate, defendeu mesmo que as atividades de exploração de hidrocarbonetos «não são incompatíveis com a qualidade ambiental». Deu mesmo o exemplo da Noruega, para falar da conciliação entre exploração de petróleo e defesa do ambiente.


Já o deputado do PSD, eleito pelo círculo do Algarve, Cristóvão Norte, confessou ser contra o petróleo no Algarve, mas deixou alguns reparos, apresentando um parecer, pedido pelo governo, da Procuradoria Geral da República, acerca desta questão. «A Procuradoria foi muito clara: tem de haver uma decisão política do Estado para permitir a exploração. Os contratos são apenas de prospeção e pesquisa, não asseguram a exploração», disse, com o parecer nas mãos.

Opinião diferente teve Joaquim Correia, em representação do partido “Os Verdes”, que relembrou aquilo que o deputado do Bloco de Esquerda, Pedro Soares, também presente no debate, ou mesmo Elsa Cunha (PAN), já haviam dito: o compromisso que Portugal assinou na COP21 de redução de gases com efeito de estufa. «O facto de Portugal ser signatário da COP21 vem no sentido totalmente contrário àquilo que vem definido nestes contratos.», disse. E acrescentou: «Os contratos preveem a pesquisa, desenvolvimento e produção. Isto está escrito».
O debate promovido pela PALP fez-se um dia depois de ter sido conhecida a decisão do consórcio GALP/ENI de adiar a pesquisa de petróleo na Costa Vicentina. Este facto não passou ao lado dos intervenientes.

Apesar das críticas de Cristóvão Norte ao desfasamento de opinião entre as declarações do secretário de Estado da Energia e dos ministros do Mar e do Ambiente, o deputado Luís Graça, do PS, saiu em defesa do governo.

«O governo tem tido uma posição responsável. Não baixamos a cabeça; não queremos isto e dizêmo-lo. Esta decisão [da GALP/ENI] não é estranha, porque a pressão tem sido muito grande», concluiu.


www.sulinformacao.pt

01
Ago16

01 de Agosto de 1914, Primeira Guerra Mundial: A Alemanha declara guerra à Rússia

António Garrochinho


No dia 1 de Agosto de 1914, quatro dias após a Áustria-Hungria ter declarado guerra à Sérvia, outras duas grandes potências – Rússia e Alemanha – declaram guerra uma à outra. No mesmo dia, a França ordena a mobilização geral das suas forças armadas. A chamada Grande Guerra, que estava a começar, iria resultar num conflito de perdas de vida e destruição sem precedentes na história: cerca de 20 milhões de soldados e civis mortos e devastação física de boa parte do continente europeu. 

  

O acontecimento, amplamente reconhecido como o que levou à eclosão da Primeira Guerra Mundial ocorreu no dia 28 de Junho de 1914, quando o arquiduque Francisco Fernando, herdeiro do trono do Império Austro-húngaro foi assassinado, pelo nacionalista bósnio-sérvio Gavrilo Princip em Sarajevo. 


Nas semanas subsequentes, a Áustria-Hungria acusou o governo sérvio do ataque, esperando valer-se do incidente como forma para resolver o problema do nacionalismo eslavo na tumultuada região dos Balcãs. Contudo, como a Rússia apoiava a Sérvia, a declaração de guerra da Áustria-Hungria foi retardada até que os seus líderes recebessem garantias do Kaiser Guilherme II de que a Alemanha respaldaria a sua causa na hipótese de uma intervenção russa. 


As garantias chegaram em 5 de Julho. Em seguida, a Áustria-Hungria enviou um ultimato ao governo sérvio em 23 de Julho, exigindo que o aceitasse dentro de 48 horas, sob pena de iniciar as operações militares. Embora a Sérvia tivesse concordado com quase todas as condições do ultimato e a Rússia declarasse a sua intenção de apoiar a Sérvia em caso de conflito, a Áustria-Hungria foi adiante com a sua declaração de guerra contra a Sérvia em 28 de Julho, exactamente um mês após o assassinato do arquiduque. 

Com esta declaração, a ténue paz existente entre as grandes potências europeias foi por água abaixo. A Alemanha advertiu a Rússia, ainda apenas parcialmente mobilizada, que se entrasse em mobilização total contra a Áustria-Hungria, isto significaria guerra com a Alemanha. Enquanto insistia com a Rússia que deveria suspender imediatamente a sua mobilização, a Alemanha deu início à sua própria mobilização. 

Quando a Rússia recusou as exigências alemãs, Berlim declarou guerra ao império czarista em 1 de Agosto. No mesmo dia, a França, aliada da Rússia, que há muito suspeitava de uma agressão germânica, também decretou a sua própria mobilização, instando o Reino Unido – o terceiro membro da Tríplice Aliança, ao lado de França e Rússia – a declarar o seu apoio. Um dividido governo britânico evitou fazê-lo inicialmente, mas os acontecimentos logo levaram Londres a encaminhar-se para o confronto bélico. Em 2 de Agosto, as primeiras unidades do exército alemão atravessaram o Luxemburgo como parte da estratégia germânica, há muito planeada, de invadir a França pela neutral Bélgica. França e Alemanha declararam-se mutuamente em guerra a 3 de Agosto. Naquela noite, a Alemanha invadiu a Bélgica, levando o Reino Unido a declarar guerra à Alemanha. 


A população de boa parte da Europa saudou a eclosão da guerra com júbilo. A grande maioria das pessoas estava convencida que o seu país sairia vitorioso em poucos meses e não anteviam a possibilidade de um conflito mais longo. 

Os partidos ligados à social-democracia e socialistas aprovaram fundos especiais para a guerra. No final de 1914, porém, mais de um milhão de soldados das várias nacionalidades já tinham morrido nos campos de batalha da Europa e não havia vitória final à vista, nem para os Aliados, nem para as Potências Centrais.

Fontes: Opera Mundi
wikipedia (imagens)
O Imperador da Alemanha, Guilherme II

Participantes da Primeira Guerra Mundial:
  Tríplice Entente e os Aliados (alguns entraram na guerra e a abandonaram mais tarde)
  Colónias, domínios ou territórios ocupados pelos Aliados
  Impérios Centrais (Tríplice Aliança)
  Colónias ou territórios ocupados pelos Impérios Centrais
  Países neutros
01
Ago16

01 de Agosto de 1936: Início dos Jogos Olímpicos de Berlim, na Alemanha de Adolf Hitler

António Garrochinho


Os Jogos Olímpicos de 1936 foram realizados em Berlim, Alemanha, entre 1 e 16 de agosto, reunindo cerca de quatro mil atletas de 49 países. 

Estes Jogos não se podem dissociar da ideologia nazi imposta na Alemanha pelo ditador Adolf Hitler, que chegara ao poder três anos antes. Hitler sentiu que as Olimpíadas eram o acontecimento ideal para demonstrar a superioridade da raça ariana e tentar convencer o mundo a seguir essa ideologia. Assim, os Jogos de 1936 foram uma grande exposição de propaganda nazi. A bandeira oficial da Alemanha era a bandeira nazi, havia mais suásticas (símbolo da ideologia nazi) ao longo do estádio do que bandeiras olímpicas e cada vitória de atletas alemães era celebrada como uma manifestação de superioridade. Os únicos fotógrafos permitidos eram alemães e, mesmo assim, todas as fotos passavam antes pelas mãos da Censura. A Alemanha encabeçou o quadro de medalhas com um total de 89.

Tentando camuflar a política anti semita e os planos de expansão territorial, o regime nazi alemão explorou os Jogos para fazer passar a imagem de uma Alemanha desenvolvida e tolerante. Ao rejeitar a proposta de boicote aos Jogos de Berlim, os Estados Unidos da América e outras democracias ocidentais perderam a oportunidade de denunciar, já naquela altura, a tirania de Hitler e criar uma espécie de resistência internacional às suas políticas. Até porque, após a conclusão das Olimpíadas, a política expansionista e de perseguição aos judeus encetada pela Alemanha culminou no desencadear da Segunda Guerra Mundial e do holocausto.

Apesar disso, Hitler viu a sua teoria da superioridade da raça ariana contrariada por um negro norte-americano, Jesse Owens, que conquistou as vitórias nas provas de atletismo dos 100 e 200 metros, salto em comprimento e estafeta de 4x100 metros. Hitler retirou-se do estádio aquando da entrega das medalhas ao atleta americano.

Os Jogos de 1936 bateram o recorde de atletas (3963) e países participantes (49) até então e foram os primeiros transmitidos pela televisão. Outra inovação foi a tocha olímpica, transportada em estafeta desde Olímpia, na Grécia, até à capital alemã. Portugal conquistou uma medalha de bronze neste Jogos Olímpicos, na prova de obstáculos em hipismo, denominada Prémio das Nações. José Beltrão, Domingos de Sousa Coutinho e Luís Mena e Silva foram os autores da proeza, numa comitiva portuguesa composta por 19 atletas concorrentes.


Jogos Olímpicos de Berlim, 1936. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2011.
www.tutoriart.com.br
wikipedia (Imagens)  

Arquivo: Berlin36-2.jpg
Estádio Olímpico de Berlim em 1936
Arquivo: Bundesarchiv Bild 146-1976-116-08A, Olympische Spiele, Fackelläufer.jpg
A chama olímpica a caminho do estádio

01
Ago16

RIA FORMOSA: MUITA PROPAGANDA, POUCA OBRA!

António Garrochinho



Esta manhã, ao abrir a caixa do correio, deparei-me com a última publicação da Sociedade Polis Litoral da Ria Formosa, ou seja da sua mais obra de propaganda para enganar freguês.
À revista em causa, foi atribuído o numero seis, para oito anos de actividade, o que diz bem da "farta" obra que fizeram ao longo deles, sem que alguma vez tivessem travado sorvedoiro de dinheiro em que se constituiu a gestão da Parque Expo, a empresa de capitais públicos, falida se não houvessem estas negociatas.
Na imagem de cima, anuncia-se que as empreitadas de valorização e mitigação de riscos nas ilhas barreira estão concluídas, pelo menos aqui para as nossas bandas, já que esta zona da Ria Formosa a parecer filha de um deus menor.
Assim, na intervenção 1 - Tavira, propagandeia-se o reforço do cordão dunar da Ilha de Cabanas com dragados dos canais de Cabanas, Stª Luzia e delta de vazante da Barra de Tavira. Isto é o que diz a propaganda. Não diz é que naquela zona já fizeram três intervenções (dragagens) que sendo justas, mereciam uma outra avaliação.
É que sendo válido o argumento invocado para reforço do cordão dunar por risco de galgamento, mais válido seria o da recuperação do cordão dunar da Península de Cacela que em 2010 foi vitima de galgamento oceânico com espraiamento das areias para o interior da Ria. Claro que Cacela não tem o mesmo impacto turístico que Tavira e muito menos tem, quem junto do Poder político, possa influenciar a uma intervenção urgente.
Por outro lado, a ausência de uma intervenção para reposição da Península de Cacela mostra também que os objectivos prioritários não são os da preservação ambiental da Ria Formosa ou das populações nativas, mas antes os interesses turisticos e económicos a eles associados.
Já quanto à propagandeada valorização hidrodinâmica temos a dizer que as dragagens de deltas de vazante por si só não melhoram aquela hidrodinâmica, porque os deltas de enchente, e no caso da Barra da Armona, as condutas de agua e esgotos depositados no leito da barra, são um obstáculo à renovação das aguas em metade do ciclo de maré.
Anuncia-se de igual modo, novas empreitadas da chamada valorização hidrodinâmica com reforço do cordão dunar na Ilha de Tavira, na Praia da Fuzeta e na Península do Ancão.
Sobre a situação de vulnerabilidade e risco para as Parias da Ilha da Culatra, não há uma única palavra e ainda menos dinheiro para gastar, porque por aqui, é mais importante que seja o mar a fazer o trabalho que de outro modo pertence ao camartelo, mesmo que isso ponha em risco pessoas e bens.
Assim temos dois tipos de zonas, as com maior potencial turístico e onde são aplicados dinheiros públicos e aquelas onde há menos turismo a serem abandonadas ao sabor dos tempos, ou seja, dinheiros públicos ao serviço dos interesses económico turísticos porque para os restantes a gastar-se algum, será apenas para correr com os nativos.

olhaolivre.blogspot.pt

01
Ago16

Time-sharing: Não deixe que as suas férias de sonho se tornem num pesadelo

António Garrochinho


Durante o período de férias é frequente o aumento de ofertas de time-sharing, também conhecido como direito real de habitação periódica. Aliciados por campanhas comerciais agressivas e pela suposta oferta de fins-de-semana em empreendimentos turísticos, muitos consumidores acabam por assinar contratos, que não conhecem devidamente e, na maior parte dos casos, nem lhes interessa.
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Na verdade, ao celebrar um contrato de time-sharing o consumidor apenas compra o direito de ocupar, durante um período de tempo pré-definido, um determinado local de férias, sendo que o preço a pagar depende de um conjunto de fatores, entre os quais o estado de conservação, a lotação, o tipo de alojamento e a época escolhida.
Muitos destes contratos são celebrados com recurso a práticas comerciais desleais, situações em que o consumidor é confrontado com informações incompletas e nada esclarecedoras, informações enganosas e pressionado a assinar o contrato no momento.
Deve estar preparado para desconfiar de ofertas fantásticas, informações de que tem a possibilidade de gozar o período de férias quando quiser sem qualquer encargo, ou quando são apresentadas só facilidades para o caso de no futuro pretender cancelar o contrato.
Antes da celebração do contrato, o vendedor deve entregar, de forma gratuita, informações exatas, claras e adequadas sobre o empreendimento turístico, bem como os direitos e as obrigações decorrentes do contrato.
O consumidor deve ser informado de todas as condições contratuais, nomeadamente: preço total a pagar; a descrição dos serviços incluídos no preço e os serviços não incluídos e que devem ser pagos à parte; a descrição dos encargos periódicos que o consumidor terá de pagar durante a vigência do contrato; informação relativa à existência de sistemas de troca com indicação dos respetivos custos; informações sobre o modo e os prazos do exercício do direito de livre resolução e deve ser entregue um formulário de livre resolução, que pode ser usado pelo consumidor caso pretenda terminar o contrato.
O consumidor deve exigir, sempre, toda a documentação disponível e um exemplar do contrato para ler atentamente, refletir e colocar todas as dúvidas que entenda. Deve, ainda, confirmar se as informações prestadas verbalmente pelo vendedor correspondem ao que está escrito no contrato.
Se o consumidor pretender resolver um contrato de time-share pode fazê-lo, sem necessidade de indicar motivo e sem quaisquer encargos, nos 14 dias seguintes à data da celebração do referido contrato, ou à data em que lhe é entregue a cópia desse contrato ou da entrega do formulário de resolução. É proibida a cobrança de qualquer quantia enquanto durar este período de reflexão. O consumidor somente tem de enviar uma carta registada com aviso de receção, comunicando o seu interesse em terminar o contrato, podendo ou não utilizar o formulário para o efeito.
Caso o conflito persista, poderá apresentar a sua reclamação junto da DECO, do Turismo de Portugal, IP e junto da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica.
A Direção da Delegação Regional do Algarve da DECO

planetalgarve.com
01
Ago16

COROAS DESLUMBRANTES EM ROSTOS BONITOS

António Garrochinho


Coroas de flores podem ser um grampo para festivais e festas extravagantes,e Chelsea Shiels está embelezando o mundo com cocares incrustados de madrepérola diz ela de inspiração nas sereias. Os desenhos brilhantes são carregados com pequenas conchas, cristais e detalhes em ouro que farão qualquer uma mulher usá-los e sentir como uma Princesa 

Ariel. Shiel mistura e combina cores e texturas para criar multifacetadas obras, wearable - arte que têm uma vibração moderna.
A  inspiração veio da necessidade de cobrir uma cicatriz que tinha na sua testa desde  bebê. "Eu me preocupava muito, então eu comecei a fazer minha própria headwear porque eu não conseguia encontrar nenhum que gostasse"Isto levou Shiels-que também é uma florista a começar a fazer coroas de flores. 
Shiel vende suas criações florais e seashelled através de sua loja Etsy .
www.mymodernmet.com
01
Ago16

NA FLORESTA COM A COMUNIDADE ARCO ÍRIS

António Garrochinho


Todos os anos, durante algumas semanas no verão, uma confederação de almas afins chamada a família do arco-íris de luz viva tranquilamente converte um local da floresta num um espaço comum para milhares de pessoas. Parques de campismo são estabelecidos, latrinas são escavadas, e um sistema de filtragem de água elaborada é erguido para trazer água dos riachos próximos. Embora a origem do grupo seja pouco conhecida, é geralmente aceite que o primeiro '' encontro oficial "da família do arco-íris foino Colorado em 1972. Este verão, eles se reuniram em Mt. Tabor, Vt. --By Jessica Rinalddi

1
A reunião da família do arco-íris desenha espíritos livres de todo o país, incluindo este homem vestido como uma árvore do "O Senhor dos Anéis" no evento deste ano, realizada em florestas públicas perto do Monte Tabor, Vermont. (Jessica Rinaldi / Boston Globe)


2
Algumas pessoas vêm para ver o sentido de comunidade, alguns por uma chance de entrarem outras para a festa. Outros são viajantes - vagabundos modernos que buscam um espaço seguro para baixar a guarda. Após as refeições, os participantes muitas vezes comemoram dançando com tambores, cantando e tocando instrumentos. 
(Jessica Rinaldi / Boston Globe)


3
Um pequeno sinal de paz pendurado em uma árvore marca o caminho que leva a uma clareira cheia de redes chamados Seguro Swingin 'onde Kamali, um viajante, pendura em uma rede ao lado de seu cão, Petra, e alguns amigos. É um lugar tranquilo, situado ao lado de um córrego e suficientemente longe do prado para ser um refúgio do barulho . (Jessica Rinaldi / Boston Globe)


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Os membros da família do arco-íris de mãos dadas antes de uma refeição comunal. 


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As pessoas dançam e cantam em um círculo de tambores 


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Os membros da família do arco-íris a banhar-se 


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Crianças em Kid Vila


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Um membro da família do arco-íris toca gaita. As pessoas são livres para se expressar. (Jessica Rinaldi / Boston Globe)


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Uma mulher nova joga com uma aro na borda do prado. No encontro, o objetivo é deixar o mundo exterior e todas as suas armadilhas para trás. (Jessica Rinaldi / Boston Globe)


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Os membros da família do arco-íris


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Os membros da família do arco-íris 


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John desempenha o papel de mensageiro, levando mensagens para os participantes. (Jessica Rinaldi / Boston Globe)


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Um Arco-íris mais velho da família diamante Dave (centro) recolhe doações de alimentos com o "chapéu mágico." No encontro deste ano perto da cidade de Monte Tabor, Vermont, nenhum dinheiro é trocado, com exceção de que cai na "chapéu mágico '' aprovada em refeições comunais. (Jessica Rinaldi / Boston Globe)


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O ponto culminante do encontro anual tem lugar ao meio-dia o quarto de julho, quando milhares se reúnem para quebrar a sua meditação silenciosa, levantando as mãos para deixar sair um coletivo "Om" e enviando uma oração pela paz. 
(Jessica Rinaldi / Boston Globe)


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As pessoas se reúnem em torno de uma fogueira para dançar e cantar na última noite da semana de duração do encontro anual. (Jessica Rinaldi / Boston Globe)

www.bostonglobe.com
01
Ago16

A CASA DE BONECAS MAIS CARA DO MUNDO

António Garrochinho
Avaliada em US $ 8,5 milhões, o Astolat Dollhouse Castelo custa mais do que um condomínio totalmente mobiliado em Nova York. Mas então, esta não é uma casa de bonecas comum. Tem nove pés de altura, tem 29 quartos, pesa 800 libras e está decorado com 10.000 peças em miniatura, incluindo mobiliários extravagantes, lareiras, vitrais, pinturas a óleo, espelhos, jóias em miniatura de ouro, tapetes finos e tecidos, e até mesmo -mini-livros com mais de 100 anos de idade. Tudo isto foi meticulosamente trabalhado por artesãos de todo o mundo.

A casa de bonecas foi criada principalmente por uma  miniaturista com sede no Colorado Elaine Diehl, ela foi inspirada por poemas de Alfred Tennyson sobre a Dama do Lago. Durante um período de 13 anos, entre 1974 e 1987, Elaine Diehl construiu o castelo, tendo a ajuda de especialistas e artistas em miniatura de todo o mundo.


















Curadora Dorothy Globus Twining (para a exposição de Nova York) em pé ao lado do castelo de 9 pés de altura

www.varietyden.com
01
Ago16

COMO É REALIZADO UM SALTO MACIÇO DE PARAQUEDISTAS MILITARES

António Garrochinho

O canal AiirSource Militar cobre eventos e missões das forças armadas americanas e neste vídeo decidiram mostrar como é feito o treinamento do salto em grupo dos paraquedistas da 101ª Divisão Aerotransportada, utilizando a linha estática de saltos, que abre o paraquedas no momento do salto, em uma área de testes na região do forte Bragg, Carolina do Norte, nos Estados Unidos. É curioso como nenhum paraquedas se enrosca em outro. Mas se caso isso acontecer, os saltadores devem se livrar do principal e acionar o reserva.

VÍDEO

www.mdig.com.br

01
Ago16

GOSTA DE ANIMAIS !? TEM AQUI 10 VÍDEOS PARA SE DIVERTIR

António Garrochinho


Mesmo antes do Youtube se tornar a plataforma que é hoje (no começo ninguém acreditava que ia dar certo por casa do preeço que suscitava o tráfego web de vídeos) os primieros protagonistas do site foram os animaios de estimação e ver vídeos ddivertidos das bolas de pelo se tornou um dos passatempos predileto de muitos. Aqueles vídeos repetidos a exaustão em programas da televisão, como o do Faustão, acabaram perdendo a graça devido ao grande volume de material inédito fornecido pelos frequentadores do Youtube, de cães e gatos fazendo todo tipo de travessuras e alguns já são clássicos da fofura, como os seguintes.

1. Este gato que literalmente está suplicando.


2. Este cão vaidoso que desfruta seu corte de cabelo como ninguém neste mundo.


3. Este gatinho que tem uma estranha relação com as cócegas.


4. Este cão que decidiu ser o melhor amigo de um pintinho.


5. Este gato que quer a este bebê como mais um de sua ninhada.


6. Este cão com um talento especial: girar sua cabeça.

7. Este gato que em realidade é um cão.


8. Este cão que resolveu todas suas diferenças com o gato.

9. Este gato que não está satisfeito com as carícias dadas por sua humana e pede mais.


10. Este cão salva-vidas que faz tudo para resgatar o amigo.

www.mdig.com.br
01
Ago16

Função Pública recupera 55 euros por mês

António Garrochinho


Recuperam 41 euros dos cortes e 14 da sobretaxa de IRS. Por 

Os funcionários públicos vão recuperar em média, este ano, 55 euros ilíquidos por mês: 41 euros do alívio nos cortes salariais e 14 euros com a descida da sobretaxa de IRS, segundo um estudo do economista da CGTP Eugénio Rosa, elaborado com base em estatísticas da Direção-Geral da Administração e Emprego Público (DGAEP). 

Em outubro, o Ministério das Finanças fará a eliminação integral dos cortes salariais dos funcionários públicos. 

A reposição significa, para o Estado, uma despesa bruta de 447 milhões de euros. Mas, descontando o IRS e a taxa da Segurança Social, o valor desce para 297 milhões. 

Todavia, nem todos os 662 mil funcionários públicos vão sentir um aumento de rendimentos. Segundo Eugénio Rosa, "existem 258 mil trabalhadores (39% do total) que praticamente não têm qualquer reposição porque o seu ganho médio é inferior a 1500 euros por mês". 

Os cortes foram aplicados a salários a partir de 1500 euros por mês, o que exclui grande parte dos assistentes operacionais, assistentes técnicos e agentes da PSP. 

Em contrapartida, a reposição salarial dos representantes do poder legislativo (deputados e governantes) chega, em média, aos 247 euros por mês. 

Quanto à sobretaxa de IRS, que este ano caiu de 3,5% para 1,75%, é eliminada no próximo ano. 

Assim, o valor da remuneração média da sobretaxa é estimado em 14 euros ilíquidos. As Finanças já deram instruções aos serviços para congelarem os salários na Função Pública em 2017, no âmbito da elaboração do Orçamento do Estado. 

Este ano, os funcionários públicos recuperaram também alguns direitos, como a reposição das 35 horas semanais de trabalho – menos cinco horas por semana. 

O que significa que aumenta também o valor da hora de trabalho.



http://www.cmjornal.xl.pt
01
Ago16

Sismo de 4,0 na escala de Richter a 110 quilómetros a sul de Faro

António Garrochinho


Um sismo com magnitude 4,0 na escala de Richter foi registado a cerca de 110 km a sul de Faro, mas não há informação de que tenha sido sentido, informou o Instituto Português do Mar e da Atmosfera.


Em comunicado, o instituto informou que o sismo ocorreu às 4h48 desta segunda-feira e foi registado nas estações da Rede Sísmica do Continente com uma magnitude de 4,0 na escala de Richter. O epicentro localizou-se a cerca de 110 quilómetros a sul de Faro.
O IPMA indicou ainda não ter recebido quaisquer informações de que o sismo tenha sido sentido pela população.
Na nota, o instituto salientou que a “localização do epicentro de um sismo é um processo físico e matemático complexo que depende do conjunto de dados, dos algoritmos e dos modelos de propagação das ondas sísmicas” e, por isso, “agências diferentes podem produzir resultados ligeiramente diferentes”.

observador.pt
01
Ago16

NA MINHA FAINA COM ELA

António Garrochinho

Nas águas do Sado, as mulheres vão à pesca com os homens. É uma vida dura que Ermelinda Carvalho, uma das mais antigas pescadoras da Carrasqueira, encara com uma boa disposição de fazer inveja.
Sentada sobre um balde de plástico virado ao contrário, Ermelinda Carvalho vai lentamente libertando os chocos do emaranhado das redes. “Este trabalho que eu estou a fazer agora sentada, antes fazia-se em pé”, atira a rir-se a pescadora, mãos calejadas pelos anos que já leva nesta arte. Ainda é cedo. Muito cedo. O sol só agora começou a aparecer timidamente sobre as gruas da Setenave, mas a família Carvalho já tem as mãos sujas há mais de uma hora.
Às primeiras horas do dia recolhem-se as redes atiradas ao rio no dia anterior e enche-se o convés da Nau do Sado de chocos e da tinta que eles libertam. Nada disto é estranho para Ermelinda Carvalho. Nas águas sadinas, a mulher não fica em casa a suspirar pelo homem que se faz à faina logo às primeiras horas do dia. Elas vão com eles, elas trabalham como eles. “Não me deem outra vida. Eu gosto é disto”, diz Ermelinda, 60 anos, avental de oleado no corpo, chapéu de ceifeira na cabeça, boa disposição a horas em que a maioria das pessoas estaria rabugenta.
Rabugice não faz parte da rotina de Ermelinda e do marido Joaquim. Há décadas que se levantam muito antes de qualquer galo pensar sequer em cantar, pelo que as más disposições matinais há muito que ficaram ultrapassadas. “É só o despertador tocar e pés ao chão”, atira a pescadora pouco depois de fazer a visita guiada à Nau do Sado, a pequena traineira que dá o sustento à família. Não é um passeio muito grande. Ermelinda levanta uma tampa do convés, aponta lá para dentro e diz: “Aqui é o quarto.” Vê-se uma manta entesada pelo sal, amarrotada sobre umas tábuas de madeira. Logo ao lado, nova tampa: “Aqui é a cozinha.” Também não é divisão que impressione. Ninguém disse que esta vida era fácil.
No verão, Joaquim e Ermelinda levantam-se todos os dias às quatro e meia da manhã para não deixar escapar nenhum choco. (Fotografia: LUÍS FRANCISCO RIBEIRO)

As cabanas da Carrasqueira

Ermelinda fala o suficiente por ela, pelo marido e pelo filho, que também vai a bordo e praticamente nasceu na água. “Sabe com quantos dias este começou a vir ao mar? Dezanove dias!” Rodrigo, agora com 31 anos, pelos vistos não enjoou de ter vindo tão cedo. Mal se despachou da escolaridade obrigatória, veio para aqui. Um pouco à semelhança da mãe, que, mesmo quando viveu longe do Sado, nunca deixou de o ter em pensamento.
Joaquim, Ermelinda e Rodrigo nasceram na Carrasqueira, uma vila da península de Tróia virada ao estuário do rio que banha Setúbal. A terra pouco tem de pitoresco, pelo menos nos dias que correm. O porto palafítico, todo em madeira, é a principal atração desta localidade que sempre se dividiu entre o trabalho no campo e a pesca. Ermelinda lembra-se de, ainda menina, ir com o pai apanhar amêijoas e canivetes à outra margem do Sado. A Carrasqueira, onde hoje os designers da moda vão fotografar coleções e os recém-casados vão eternizar a felicidade de um dia, era então muito diferente. “Era mais cabanas, mais à base de palhotas” e o porto não tinha nem metade do tamanho atual, “era umas estacazinhas, umas tábuas”.
Já depois da faina, enquanto os chocos aguardam nos baldes pela compradora que os há de levar aos restaurantes das redondezas, Ermelinda senta-se à mesa de um café para falar um pouco mais dessa Carrasqueira de outros tempos. “Antigamente, uma cabana era para os pobres. Hoje é para os ricos.” Na vila já são raras as palhotas. À medida que os pescadores foram amealhando, as casas passaram a ser de tijolo e cal. “Vendi a minha cabana por um conto e quinhentos”, ri-se Ermelinda. Quando ela de lá saiu, acabada de casar, a cabana só tinha duas divisões — cozinha e quarto –, o chão era de areia e a iluminação ainda era garantida por candeeiros de petróleo. “Hoje vive lá uma médica.”
Ermelinda, Rodrigo e Joaquim a bordo do Carvalhinho, com a Nau do Sado ao fundo. Em certos dias, o caniche Panda acompanha-os à pesca. (Fotografia: LUÍS FRANCISCO RIBEIRO)

Pescadores de histórias

A Nau do Sado não é um barco particularmente grande, mas mesmo assim é maior do que os que ocupam habitualmente os cais do porto palafítico da Carrasqueira. Só muito raramente, quando a maré está suficientemente alta, é que a Nau do Sado lá pode estar. Por isso, antes de se lançar ao rio, a família Carvalho tem de ir da Carrasqueira até a um aldeamento turístico próximo de Tróia, onde a traineira dorme nas águas calmas e profundas do enorme estuário.
Para chegar à Nau, Rodrigo enfia-se no bote Pateta e rema até a uma barcaça maior, Carvalhinho. Vem à costa, apanha os pais e faz-se ao largo, onde está a Nau. Mal a embarcação começa a roncar e a dirigir-se para o meio do rio, Ermelinda veste o avental de oleado e, entre o balanço das ondas, desbobina historietas da faina. Como a que envolve uma turista alemã que, certo dia, quis ir ver como se pescavam chocos. Lá foi, mas deu-lhe a vontade de ir à casa de banho a meio da viagem. Ermelinda arranjou-lhe um balde e a alemã lá se desenrascou. “Jogou a urina à água. Conforme joga o balde, o vento estava de norte, o chichi vai parar todo à cara do meu marido.” Ermelinda dá grandes gargalhadas, Joaquim só encolhe os ombros.
Outros momentos foram mais duros. Quando Rodrigo e o irmão eram bebés, os pais não tinham outro remédio se não levá-los no barco com eles. Nessa altura, Ermelinda ainda fazia pesca no mar (hoje não, só se dedica ao rio), onde a jornada de trabalho durava a noite toda. Enquanto Joaquim e Ermelinda trabalhavam, as crianças deitavam-se naquele quarto do porão, cuja tampa ficava frequentemente bloqueada, pois não havia mais espaço para pôr as redes. “Aí é que doía, aí é que custava muito. Eles lá todos mijados e cagados a chorarem e a gente sem poder lá ir.”
Ermelinda costumava fazer isto de pé, mas a idade já pesa. Ainda assim, não há choco que volte ao mar. (Fotografia: LUÍS FRANCISCO RIBEIRO)
E, claro, há as partidas que o mar prega. “No mar, não se vê uma mulher”, explica Ermelinda, que durante muitos anos foi a única da Carrasqueira a arriscar sair para o Atlântico. As outras só vão ao Sado. “Os homens chegavam a dizer ao meu marido ‘eh! Você quer matar a sua mulher!'” E várias vezes julgou Ermelinda que se ficava lá no mar. “Isto agora é uma brincadeira, mas quando há chuva e vendavais…”

Uma nau para toda a obra

Não é que precisássemos que ela o dissesse para percebermos, mas Ermelinda — Minda para as amigas — é daquelas mulheres que faz a festa sozinha. É ela que, com a cunhada, organiza anualmente a procissão em honra de Nossa Senhora dos Navegantes; é ela que tem lugar cativo em todas as excursões da freguesia e da paróquia para animar as hostes; foi ela que juntou um grupo de gente para ir ao “Preço Certo” há uns anos. Conhecer o apresentador Fernando Mendes era um sonho, mas a experiência ainda foi melhor, porque Minda arrebanhou a montra final. “Levei-lhe uma santola. O homem nunca tinha visto um trabalho daqueles. Aquilo foi uma festa! Mas depois foi uma guerra viva, toda a gente queria coisas.”
A Nau do Sado é instrumento de trabalho, mas também casa. (Fotografia: LUÍS FRANCISCO RIBEIRO)
Junho já não é grande altura para a pesca do choco. Os meses de abril e maio são os que mais fartura dão: uma ida ao Sado pode render uns 70 ou 80 quilos do bicho, apreciado por estas bandas frito, grelhado, em caldeirada, como calhar. Agora, um dia em que se consiga vinte quilos já é bom. “Pelo São João é altura em que há pouco peixe, mas é quando ele está mais caro”, diz Joaquim. De pé dentro da cabine, este homem de poucas falas mas sorriso franco vai controlando o destino da Nau enquanto Rodrigo, lá atrás, volta a atirar as redes à água. Ermelinda, entretanto, lava o convés do excesso de tinta e esmaga com uma marreta os últimos caranguejos não comestíveis que por ali ficaram. “Não há sábados, não há domingos, não há feriados. A gente se não vem, não ganha.”
Em agosto, a Nau do Sado vai para o estaleiro. “Este barco já teve as cores do Vitória”, diz Joaquim. Do Vitória de Setúbal, pois claro. Agora já não. O verde e o branco ainda dão cor ao casco, mas também há uns apontamentos vermelhos aqui e ali. A Nau é testemunha dos milhares de horas que os Carvalhos já passaram lá dentro. Vê-se um braseiro, baldes de praia, maços de tabaco vazios e, no topo da cabine, uma bandeira portuguesa toda esfarripada.
No pico do verão, esta zona do Sado junto a Tróia costuma estar repleta de iates. Quando eles chegarem, a Nau já não poderá navegar aqui. (Fotografia: LUÍS FRANCISCO RIBEIRO)

Filha de peixe sabe nadar

Apesar da boa disposição, Ermelinda Carvalho faz questão de dizer a cada passo que esta vida não é pera doce e que, para as mulheres, pode ser ainda mais cansativa do que para os homens. Até Rodrigo o admite. Consertar redes? “É o inverno da minha mãe”, diz, entre um sorriso amarelo e um encolher de ombros. Minda explica a rotina dos dias de inverno. “É ir ao mar, apanhar umas amêijoas, fazer a lidazinha da casa a fugir e ir logo remendar as redes.” É um trabalho de paciência, que ocupa todas as tardes dos meses frios e chuvosos em que o peixe se apanha no mar, não no rio.
Quando era mais nova, Ermelinda ia ao mar com o marido. “A nossa vida era dormir no barco. Abalava aí pelas oito da noite e só voltava a casa ao meio-dia.” Depois ainda fazia o almoço, saía para apanhar umas amêijoas no rio e ia vender. E recomeçava tudo outra vez. “Foi aí que eu dei cabo da coluna, dos rins…”
Os queixumes são legítimos, mas filha de peixe sabe nadar. Ermelinda começou a ir com o pai para a faina em criança e, mal se despachou da quarta classe, quis fazer disto vida — mas não conseguiu logo. “Fui gaiata para Lisboa tomar conta de três crianças e limpar uma casa. Só voltei para casar.” E não mais abalou, porque isto era destino. E Lisboa não a atrai. “Só aquilo cansa. O trânsito. Não era capaz de viver assim. Quando lá vou até fico a pensar ‘como é que as pessoas conseguem?’. Eu gosto mesmo é de água. O marido é Aquário, o filho é Peixes e eu sou Caranguejo!”, ri-se.

observador.pt

01
Ago16

31 de Julho de 1944: Antoine de Saint-Exupéry, autor de "O Principezinho" desaparece durante um voo sobre a costa francesa

António Garrochinho



Aviador e escritor francês, Antoine-Marie-Roger de Saint-Exupéry nasceu no dia 29 de junho de 1900, em Lyon,oriundo de uma família antiga da nobreza rural. O pai, um executivo de uma companhia de seguros, faleceu em 1904 vítima de apoplexia, o que terá levado a mãe, mulher de sensibilidade artística, a mudar-se com os filhos para Le Mans, em 1909. O jovem Antoine passaria portanto os seus anos de meninice no castelo de Saint Maurice de Rémens, rodeado das atenções das irmãs, tias, primas, amas e amigas da família.
Deixaria o castelo para estudar nos colégios jesuitas de Montgré e Le Mans e, na Suíça, entre os anos de 1915 e1917, num colégio interno dirigido por padres marianos, em Fribourg. Após ter sido reprovado no exame final dos preparatórios para a universidade, ingressou na Escola de Belas-Artes como estudante de Arquitetura.
Em 1921 começou o cumprimento do serviço militar, às ordens do Segundo Regimento de Caçadores mas, como havia antes, aos doze anos de idade embarcado pela primeira vez num avião, foi enviado para Estrasburgo com a finalidade de receber treino como piloto. Fez o seu primeiro voo desacompanhado a 9 de julho de 1921 e, no ano seguinte, com a obtenção do brevet, recebeu uma proposta de adesão à Força Aérea francesa. Acabaria por recusar, cedendo às pressões da família da sua noiva, a romancista Louise de Vilmorin, e tentou estabelecer-se em Paris, trabalhando num escritório e escrevendo em simultâneo.
A vida de aspirante a homem de família em Paris não se revelou muito proveitosa para Saint-Exupéry. Assim,após ter calcorreado sucessivos empregos, de guarda-livros a caixeiro-viajante, viu romper-se o noivado, e decidiu retomar a sua carreira na aviação.
Numa época em que a aviação postal dava os seus primeiros passos como séria concorrente às expedições por via marítima e férrea, Antoine de Saint-Exupéry passou a pertencer, com a assinatura de um contrato com a Aéro postale, ao grupo de pioneiros cuja coragem desafiava os limites da razão e da segurança, batendo recordes de velocidade para entregar o que o escritor gostava de considerar como cartas de amor.
Em 1926 publicou, na revista literária Le Navire d'Argent, o seu primeiro conto, L'Aviateur.
Fazendo a ponte aérea entre a França e o Norte de África durante três anos, e escapando à morte por diversas vezes, Saint-Exupéry ascendeu, em 1928, ao cargo de diretor do aeródromo de Cap Juby, no Rio de Oro, situado no deserto do Sara. Aí, não só se sentiu fascinado pela aridez da paisagem, como encontrou tempo e disposição para escrever Courrier-Sud (1929), o seu primeiro romance, em que tratava o fracasso da sua relação com Louise contraposto à bravura dos pilotos da aviação postal.
Ainda no mesmo ano, Saint-Exupéry mudou-se para a América do Sul, onde foi nomeado diretor da companhia Aeroposta Argentina. Pilotando aviões de correio, voou através dos Andes, amealhando experiências que lhes serviram como material para o seu segundo romance, Vol de Nuit (1931, Voo na Noite), que logo se tornou um  sucesso de vendas internacional, tendo ganho o prémio literário Femina e sido adaptado para cinema em 1933,com nomes como Clark Gable e Lionel Barrymore no elenco. Na obra, Rivière, um chefe de aeroporto calejado,perdeu todas as perspetivas de chegar à reforma, tendo aceite o trabalho de pilotagem de voos postais como o seu destino.
Em 1931, Antoine de Saint-Exupéry contraiu matrimónio com uma viúva, Consuelo Gómez Castillo, cujasamizades compreendiam figuras literárias como Maurice Maeterlinck e Gabriele d'Annunzio, e que viria a descrever o escritor, nas suas memórias, como uma criança ou um anjo caído do céu. Consuelo, apesar da adoração que sentia por Saint-Exupéry, viveu com ele um casamento conturbado, repleto de ausências, ciúmes e infidelidades de ambas as partes.
Com o encerramento do correio aéreo na Argentina, Saint-Exupéry regressou à Europa, onde passou a fazer aponte aérea entre Casablanca e Port Étinne, bem como a exercer a profissão de piloto de ensaios para a Air France e outras companhias de aviação. Deu contribuições para o periódico Paris-Soir e chegou mesmo a fazer a cobertura dos acontecimentos do May-Day em Moscovo e a escrever uma série de artigos sobre a Guerra Civil de Espanha.
Em 1935, aos comandos de uma aeronave experimental ao serviço da Air France, despenhou-se quando sobrevoava o Norte de África e, tendo sobrevivido, teve que caminhar pelo deserto durante alguns dias, até ter sido salvo por uma caravana. Dois anos depois, pilotando o mesmo modelo, escapou à morte com ferimentos graves quando o avião caiu sobre a Guatemala.
Durante o período de convalescença, foi fortemente encorajado pelo amigo e escritor André Gide a escrever sobre a sua profissão. Terre des Hommes (Terra dos Homens) seria publicado em 1939, ano em que arrebataria os prémios da Academia Francesa para Romance e o National Book Award nos Estados Unidos.
Com a ocupação da França pelas tropas Nacional-Socialistas alemãs, em 1940, Saint-Exupéry alistou-se e,embora acabasse por ser considerado como inapto para a aviação militar por causa dos seus ferimentos, chegou a pilotar alguns voos de ousadia, que lhe valeram a condecoração Cruz de Guerra. No mês de junho do mesmo ano, e após a assinatura do armistício pelo Marechal Pétain, Saint-Exupéry mudou-se para a França livre com a irmã, de onde partiu para os Estados Unidos. Publicaria, em 1942, na cidade de Nova Iorque Pilote de Guerre,romance em que descrevia a sua fuga da pátria ocupada, e que seria banido pelas autoridades alemãs em França.
Juntar-se-ia de novo, em 1943, à Força Aérea francesa baseada no Norte de África e, depois de uma aterragem duvidosa, seria declarado pelo seu comandante como demasiado velho para pilotar. Não obstante, conseguiria posterior autorização para prosseguir os seus voos militares. No mesmo ano publicaria a sua obra mais  conhecida, Le Petit Prince (O Principezinho), uma fábula infantil para adultos, traduzida para quase meia centena de línguas, das quais se inclui o Latim. O narrador da obra é um piloto que é forçado a aterrar de emergência no deserto, onde encontra um rapazinho, que se revela ser um príncipe de outro planeta. O principezinho conta-lhe as suas aventuras na Terra e fala-lhe da preciosa rosa que possui no seu astro natal. Acaba, no entanto por ficar desiludido ao saber que as rosas são bastante comuns na Terra e é aconselhado, por uma raposa do deserto, a continuar a amar a sua rosa rara. O principezinho regressa ao seu próprio planeta, tendo, contudo, encontrado um sentido para a sua vida.
Descolando da ilha da Sardenha a 31 de julho de 1944, em missão de reconhecimento, Saint-Exupéry nunca chegaria ao destino no Sul de França. Restam dúvidas quanto às possibilidades de ter sido abatido, ter tido uma falha técnica ou cometido suicídio. Deixou em terra o manuscrito inacabado de La Citadelle (1948, Cidadela), em que refletia o seu crescente interesse pela política.
Em 1998, a cerca de 100 milhas marítimas ao largo da costa de Marselha, um pescador local encontrou no mar uma pulseira com o nome de Saint-Exupéry e de Consuelo Gómez Castillo, a qual suscita ainda incertezas quanto à sua autenticidade.


Antoine de Saint-Exupéry. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2012.
wikipedia (Imagens)
Arquivo: 11exupery-inline1-500.jpg
Antoine de Saint-Exupéry em Toulouse (1933)
Pulseira de Saint-Exupéry  encontrada em 1998
01
Ago16

Cristas Anda há muitas semanas Assunção Cristas com uma terrível angustia .

António Garrochinho


Anda há muitas semanas Assunção Cristas com uma terrível angustia . Não há intervenção em que não pergunte : mas a capitalização da caixa vai ao défice ou vai à divida .
O primeiro ministro não lhe responde , o ministro das finanças também não e  a angustia aumenta .
"Vai ao défice ou vai à dívida " repete em cada iniciativa do Partido em doloroso sofrimento.
Não há uma alma caridosa que lhe diga que em qualquer caso o dinheiro para capitalizar a Caixa fica no Estado  , no património público e os lucros da Caixa também revertem para o Orçamento de Estado e não para os banqueiros privados e suas famílias , como aconteceu no BANIF , BPP , BPN...
Esta é a grande diferença que Cristas faz de contas que não percebe ou não percebe mesmo.
Como estamos em época estival talvez a leitura de Luís Stau Monteiro , Angustia para o jantar lhe aliviasse o sofrimento


foicebook.blogspot.pt
01
Ago16

JOGOS OLÍMPICOS DO RIO TERÃO EQUIPE DE REFUGIADOS

António Garrochinho
O primeiro dia dos Jogos Olímpicos dos Rio de Janeiro, dia 5 de agosto, ficará marcado por uma novidade: desfilará, pela primeira vez, na História dos Jogos, uma equipa totalmente composta por atletas refugiados, juntamente com as outras 205 delegações.
São 10 os atletas que compõem esta delegação, que reflete a situação que se vive atualmente em diferentes zonas do globo, com diversos conflitos regionais de longa duração. O grupo participará em provas nas modalidades de Atletismo, Natação e Judo. O Comité Olímpico Internacional espera que a iniciativa tenha um certo “peso simbólico” e que “funcione como um símbolo de esperança para os refugiados em todo o mundo e que chame a atenção para a dimensão da crise dos refugiados a nível mundial.”
A delegação inclui cinco corredores do Sudão, dois judokas congoleses e dois nadadores sírios.
A bandeira escolhida para a delegação foi a bandeira olímpica. Para Yusra Mardini, uma nadadora síria, ela e os companheiros “representam a mais importante de todas as bandeiras, a que representa todos os países.”
É certo que, normalmente, a histórias dos percursos dos diferentes atletas olímpicos são apaixonantes, carregadas de sacrifício e, muitas vezes, de dor, e, quase sempre, de superação. Mas esta equipa, a equipa dos refugiados, recorda que há um grupo de atletas que passou por um conjunto de situações pessoais realmente difíceis, tendo feito um esforço excecional até chegar ao Rio de Janeiro. Enfrentaram guerras, ataques, tiroteios, situações de extrema violência e de um intenso desgaste físico e emocional durante meses e mesmo durante anos. Mas nunca desistiram.
Mardini, por exemplo, usou as suas excelentes capacidades como nadadora para fugir à guerra na Síria. Tudo porque o barco em que se encontrava com outros 19 migrantes afundou no mar Mediterrâneo. Agora, diz que nunca mais quer voltar a nadar no mar. Apenas em piscinas.
Super exited to see history in the making! Can't wait to cheer on the @RefugeesOlympic! Supporting you with love from Canada!🇨🇦 #Rio2016
Yolande Mabika participa nas provas femininas de judo, na categoria de 70kg. Começou a praticar a modalidade num orfanato em Kinshasa, a capital da República Democrática do Congo. Depois de emigrar para o Brasil, foi apadrinhada pelo quatro vezes campeão Olímpico Geraldo Bernardes. Bernardes tinha experiências anteriores no treino de atletas com histórias de vida complicadas, como foi o caso da campeã do mundo de 2013, Rafaela Silva, que cresceu numa das favelas cariocas.
Mabika diz estar concentrada nos Jogos, não só por ela, mas por toda a equipa. Este evento, diz, é mais do que uma competição desportiva. “Não é só a batalha nas provas, é também a batalha pela vida. Vou lutar pela minha vida.”
For the Olympics I will of course support @TeamGB but I will also be supporting & cheering loudly for @RefugeesOlympic ❤️#HOPE
Todos os atletas da delegação foram escolhidos pelo Comité Olímpico Internacional (IOC, pela sigla em língua inglesa), que se encarregou de identificar atletas que vivessem fora dos seus países e que tivessem demonstrado capacidades e prestações a nível de competição Olímpica.
Cada um destes desportistas foi, de certa forma, acolhido pelo Comité Olímpico Nacional (NOC, pela sigla em língua inglesa) do país onde se encontravam no momento. James Chiengjiek, Yiech Biel, Paulo Lokoro, Rose Lokonyen E Anjelina Lohalith são oriundos do recentemente independente Sudão do Sul, mas foram escolhidos para participar nos Jogos pelo NOC do Quénia, país onde encontraram refúgio depois do começo da guerra civil no país deles.

Para além da delegação olímpica composta por desportistas refugiados, o IOCdecidiu que Ibrahim al-Hussein, um refugiado sírio residente em Atenas, transportará a chama Olímpica durante parte do seu percurso. O jovem atleta de 27 anos disse que o convite era para ele “uma honra.”

pt.euronews.com
01
Ago16

A Ermelinda e... a Festa

António Garrochinho



A Ermelinda é uma camarada minha. A Ermelinda é, de certo modo a imagem do meu Partido. Desde o rigor de análise até ao sorriso. E como é belo o sorriso de Ermelinda. Para ela, como para todos nós, começa cedo a Festa. Lá estava ela, liderando a cozinha. É esforçada a Ermelinda. E raramente falta a uma jornada. E foram hoje muitos os que na Quinta foram servidos pela Ermelinda.
Lá atrás, olho-a e não posso deixar de pensar que ela, tal como eu, temos a ideia de que um dia o País poderá ser uma Festa como esta.
E como vai a sua construção?
Teve esta semana um avanço grande! É que a Ermelinda não anda sozinha, ela faz parte de um grande colectivo!
Hoje foram muito os que responderam ao apelo:

01
Ago16

Morreu Moniz Pereira, o "senhor atletismo"

António Garrochinho

Morreu, este domingo, Mário Moniz Pereira, antigo atleta, treinador e dirigente, ligado durante décadas ao atletismo e ao Sporting.

Foi o clube de Alvalade que informou o falecimento de Moniz Pereira, através das redes sociais.


Moniz Pereira tinha 95 anos.

UMA HISTÓRIA DE VIDA QUE SE CONFUNDE COM O ATLETISMO

A história da vida de Moniz Pereira confunde-se com a do atletismo, que amava como ninguém, e também com a do fado. Mesmo depois de fazer "quatro vezes vinte mais dez", como gostava de dizer, manteve o sorriso de felicidade e citava o refrão do fado que o celebrizou: "Valeu a pena".

"Uma vida repleta de bons exemplos"



"Na véspera dos Jogos Olímpicos, o seu exemplo reforça ainda mais a vontade de todos os desportistas nacionais de se superarem e obterem resultados que o honrem e o recordem como grande motivador do nível que o nosso atletismo e nosso desporto têm atingido", assinala o texto.













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António Garrochinho

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