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POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

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16
Ago16

Os requintados detalhes das tradicionais esculturas em madeira de Dongyang

António Garrochinho


Há um par de anos descobrimos maravilhados uma escultura talhada em um tronco de uma árvore velha que durou quatro anos para ser finalizada. Feita pelo artista Zheng Chunhui, de Dongyang, na região central da província de Zhejiang, a obra era uma prova cinzelada da paciência e da capacidade do povo chinês com um escopro na mão. Com origens que remontam a antiquíssima Dinastia Tang (por volta do ano 700), as esculturas em madeira de Dongyang são consideradas por muitos como uma das formas mais elegantes de escultura em alto relevo do mundo e um tesouro nacional.



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Os requintados detalhes das tradicionais esculturas em madeira de Dongyang, na China 01
O ofício ainda é muito praticado em algumas oficinas da cidade, considerada como uma das quatro principais escolas de talha na China. Tanto que foi homenageada como a cidade natal da escultura de madeira desde os tempos antigos. As esculturas locais hoje embelezam e ornamentam mais comumente objetos do cotidiano, tais como caixas, armários, cadeiras, mesas, camas, etc.

Talvez a manifestação mais ambiciosa e espetacular das esculturas em madeira de Dongyang possa ser vista em enormes murais que são instalados como painéis de arte ou quadros, conforme mostrado na coleção que ilustra este post. As fotos de 12 a 18 mostram as instalações destas obras magníficas em hotéis, mansões, teatros e repartições públicas. Simplesmente glorioso!
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Os requintados detalhes das tradicionais esculturas em madeira de Dongyang, na China 02
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Os requintados detalhes das tradicionais esculturas em madeira de Dongyang, na China 17
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Os requintados detalhes das tradicionais esculturas em madeira de Dongyang, na China 18
Fonte: Michael Lai e Xdymd.

http://www.mdig.com.br
16
Ago16

22 incríveis esculturas feitas inteiramente de areia

António Garrochinho
Alguns artistas as vezes são capazes de nos surpreender de uma forma que não conseguimos explicar, o resultado fica simplesmente espetacular. Enquanto tentamos construir castelos de areia com baldes e pázinhas, esses caras fizeram verdadeiras obras de arte nas areias dessas praias.
São 22 esculturas feitas inteiramente de areia! Confira:
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Fonte: Collegehumor
supertela.net
16
Ago16

As esculturas de plantas no Jardim Botânico de Montreal

António Garrochinho


Mosaïcultures Internationales de Montréal é uma competição internacional com cerca de 50 obras deslumbrantes de plantas! Elas são criadas por horticultores-artistas, que são os competidores, de 25 países e ficam "expostos" no Jardim Botânico de Montreal 

Estas esculturas de plantas marcantes dá uma beleza maior ao caminho de 2,2 km por dentro do Jardim Botânico. Os coloridos, desenhos tridimensionais, esculturas e relevos, criam grande variedade e diversidade de esculturas.












brothersdescobrem.blogspot.pt
16
Ago16

BRASIL - Por 59 votos a 21, Senado aprova fim das férias, do 13º salário e privatizações

António Garrochinho
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O país soube no último final de semana que o interino Michel Temer (PMDB) e seu séquito de ministros provisórios foram delatados por receber propina da Odebrecht. Eles embolsaram, juntos, R$ 33 milhões de dinheiro sujo, segundo procuradores da Lava Jato.
Volto ao golpe desta madrugada. Evidentemente que esse resultado não é definitivo. Já era esperado nessa etapa. Os trabalhadores e o povo brasileiro ainda podem reagir e os senadores podem mudar o voto, como naquela votação dos destaques cujo placar foi 58 votos a 22.
Não é o afastamento de Dilma Rousseff que está em jogo, como foi dito aqui ontem. São os direitos sociais e a CLT — as leis protetivas dos trabalhadores — que correm risco de serem revogadas. Por isso a necessidade de afastar a presidente mesmo sem crime de responsabilidade.
Muita água ainda vai rolar debaixo dessa ponte até o início do julgamento do mérito, pelo mesmo Senado, até o fim deste mês. Tem senador que não quis revelar sua posição na votação desta madrugada, que, no juízo final, pode mudar…
Caso fique tudo como está, se consolide a cassação de Dilma, os movimentos sociais e sindicais que preparem o lombo para encarar a Lei Antiterror. O interino Michel Temer não se fará de rogado para utilizar dessa ferramenta antidemocrática visando a retirada de direitos sociais e trabalhista. Ele já deu mostras na Olimpíada quando censurou manifestações contra o golpe nas arenas dos jogos no Rio.
Paralelamente a perdas de direitos políticos, sociais e trabalhistas, se içado à condição de titular, Temer não titubeará para cassar partidos e criminalizar ainda mais a oposição para consolidar o golpe de Estado — contra os trabalhadores e o povo brasileiro.

www.brasil247.com
16
Ago16

Líbia pode se tornar o novo centro de operações do Daesh (Estado Islâmico)

António Garrochinho

A Líbia e algumas áreas no Egito podem se transformar em novo centro operacional do grupo jihadista Daesh, disse a especialista em assuntos de terrorismo do Centro de Inteligência Estratégica e Segurança (ESISC em inglês), com sede em Bruxelas, Evgenia Gvozdeva.

"Agora a maioria dos prognósticos dizem que se o Daesh for derrotado na Síria e Iraque a sua nova base de operações poderá se deslocar para a Líbia e talvez para algumas áreas no Egito e na península do Sinai", disse a analista à agência russa RIA Novosti.

Gvozdeva considera como "muito provável" que o Daesh queira criar no Sudeste Asiático – Indonésia, Filipinas, Tailândia e Malásia – um centro operacional semelhante ao que tem na Síria.

Para os terroristas se tornou bastante difícil organizar nestes países bases operacionais internacionais do ponto de vista da logística e de certas barreiras linguísticas, disse.
Nos últimos meses o Daesh perdeu uma grande parte dos territórios devido aos avanços das forças governamentais na Síria e no Iraque e da milícia, bem como dos ataques aéreos realizados pela Rússia e pela coalizão internacional liderada pelos EUA.

O grupo terrorista também perdeu seus bastiões na Líbia, país considerado como tendo a maior presença do Daesh fora da Síria e do Iraque.

As forças líbias lançaram uma ofensiva para recuperar Sirte em junho de 2016 e afirmaram terem liberado três quartos desta cidade ocupada pelos terroristas.

Em junho, o diretor da CIA John Brennan estimou o número de combatentes do Daesh no país entre 5 e 8 mil militantes.



Sputniknews


 

www.marchaverde.com.br
16
Ago16

HOJE VAMOS FALAR DOS GORILAS - No Reino dos Gorilas, o duelo dos reis

António Garrochinho


Gorilas são mamíferos primatas pertencentes ao gênero Gorilla, naturais das florestas tropicais do centro da África. Os gorilas compartilham de 98 a 99% do DNA dos humanos e isso faz deles um de nossos parentes mais próximos, logo depois dos bonobos e chimpanzés.


Agora iremos aprender mais sobre o maior dos primatas existente na atualidade.

Eles vivem em florestas tropicais e apesar da sua área de distribuição abranger apenas uma pequena parte da África, os gorilas distribuem-se por uma grande variedade de altitudes.

Gorila da Montanha.
Gorila do Ocidente
Os Gorilas da Montanha habitam as florestas montanhosas do Albertine Rift, existindo entre os 2.225 aos 4.267 metros acima do nível do mar. Já os Gorilas do Ocidente vivem em florestas tropicais densas e pântanos das terras baixas e marisma até o nível do mar.

Legenda: Em Laranja estão os Gorilas do Ocidente, e em Amarelo os Gorilas da Montanha.
Pra que você mensure melhor a força dessas criaturas, veja o vídeo abaixo, onde dois Gorilas de um Zoológico brigam entre si, veja a ferocidade desses animais enquanto duelam:

VÍDEO

 

Podem chegar a ter 2 metros de altura e pesar mais de 300 kg. Apesar de seu tamanho e aparência assustadora, sua alimentação é exclusivamente vegetariana.


Cada grupo de gorilas é liderado por um enorme macho adulto, conhecido como "costas prateadas", em razão de seu dorso peludo cinza-prateado. São animais muito inteligentes, sendo capazes de emitir no mínimo uns 16 gritos distintos de comunicação, que vão de um simples brado de alarme a grunhidos disciplinares e gritos entrecortados que parecem indicar curiosidade. E até a ausência de som também pode ser considerada como um poderoso sinal.

Além disso, são conhecidos por usar ferramentas na natureza. Chegaram até a fotografar um Gorila do Nouabalé-Ndoki National Park da República do Congo usando um pau para determinar a profundidade da água enquanto atravessava um pântano. Outra vez avistaram uma fêmea usando o toco de uma árvore como ponte e também para a suportá-la enquanto pescava no pântano.


O líder é o membro do grupo mais expressivo em termos vocais e físicos, e seu uivo significando "não se aproxime" é ouvido a quase um quilômetro e meio de distância. Ele consegue disciplinar um filhote ou decidir uma briga no grupo assumindo uma postura rígida e encarando com firmeza o agressor.

Mas quando tem de enfrentar o líder de um grupo rival, assume uma postura altamente intimidadora — empertiga-se, ergue a cabeça, grita e bate no peito. Se isso não bastar, o "costas prateadas" bate com o pé no chão e corre pela folhagem, arrancando ostensivamente os galhos. Essa exibição ritualística de força, geralmente afugenta o intruso indesejável.


A vida familiar do gorila-da-montanha é relativamente pacífica, embora o líder às vezes tenha que afastar intrusos interessados nas fêmeas. Porém, para o babuíno macho cor de oliva dominante, a concorrência existe dentro do próprio bando, onde os machos mais novos ameaçam constantemente usurpar seu monopólio de pai de todos os filhotes do grupo.

VÍDEO








Tanto a espécie da Planície quanto a da Montanha estão em perigo de extinção e têm sido sujeitas a intensa caça furtiva. As ameaças à sobrevivência dos gorilas incluem a destruição do seu habitat e o mercado de carne seca. Além disso, ainda sofrem de problemas como a eclosão do vírus ebola, que pode ter matado mais de 5.000 gorilas devido a surtos recentes do Ebola na África Central.

Esforços de conservação incluem o Great Apes Survival Project, uma parceria entre a Organização das Nações Unidas para o Meio Ambiente e a UNESCO; e ainda um tratado internacional, chamado Gorilla Agreement em inglês, concluído sob o auspício da Convenção sobre Espécies Migratórias. O Gorila Agreement é o primeiro instrumento legal apontado exclusivamente à conservação do gorila e entrou em funcionamento em 1 de Junho de 2008.



Curiosidades:

- Os gorilas alimentam-se principalmente de vegetais e frutos que encontram nas florestas;
- A fêmea do gorila gera apenas um filhote em cada gestação;
- Devido à caça predatória e à destruição das florestas tropicais africanas, os gorilas encontram-se em risco de extinção;
- Esses animais são extremamente fortes, podendo levar mais de uma tonelada usando os braços;
- Na natureza são tímidos e calmos, mas quando ameaçados podem ser agressivos e atacar qualquer animal, incluindo seres humanos.
- Vivem em bandos, compostos por apenas um macho adulto, que é o líder e o mais forte da trupe, mais as fêmeas e seus filhotes.
- O acasalamento dos gorilas não possui época do ano determinada.

Para fechar com chave de ouro, agora só falta assistir um documentário completo sobre os gorilas, de nome: No Reino dos Gorilas, o duelo dos reis.

VÍDEO

tudorocha.blogspot.pt
16
Ago16

CÁPSULAS DA HISTÓRIA

António Garrochinho


Dr. Julius Hallervorden (1882-1965) foi um médico neurocientista da Alemanha Nazi.

Em 1938, ele se tornou o chefe do Departamento do Instituto de Neuropatologia Kaiser Wilhelm, para avanço da Ciência. Julius era membro do partido nazista e praticou as maiores atrocidades para o estudo da Ciência.

Passou a colecionar cérebros dos judeus executados (ou a fazer experimentos com judeus ainda vivos). Em 1944, Julius tinha uma coleção de 697 cérebros humanos. Entre os seus favoritos, estava o de uma menina, cuja mãe fora envenenada acidentalmente enquanto estava grávida.

Julius Hallervorden descobriu a "Síndrome Hallervorden-Spatz (HSS)", hoje chamada de "Neurodegeneração associada a pantotenato quinase (PKAN)". É uma síndrome neurodegenerativa caracterizada por um acumulo anormal de pigmentos férricos no globo pálido e na substância nigra. É bastante rara, afetando apenas 1 a 3 crianças em cada milhão de habitantes.






Max von Laue (1879-1960) foi um físico alemão. Foi laureado com o Nobel de Física de 1914, pela descoberta da difração dos raios-X em cristais. Em 1898 estudou matemática, física e química na Universidade de Estrasburgo.


Ele odiava tanto o Nazismo que costumava sair de casa com dois embrulhos (um abaixo de cada braço), para não ter de fazer a saudação nazi.
16
Ago16

CÁPSULAS DA HISTÓRIA

António Garrochinho


Dr. Julius Hallervorden (1882-1965) foi um médico neurocientista da Alemanha Nazi.

Em 1938, ele se tornou o chefe do Departamento do Instituto de Neuropatologia Kaiser Wilhelm, para avanço da Ciência. Julius era membro do partido nazista e praticou as maiores atrocidades para o estudo da Ciência.

Passou a colecionar cérebros dos judeus executados (ou a fazer experimentos com judeus ainda vivos). Em 1944, Julius tinha uma coleção de 697 cérebros humanos. Entre os seus favoritos, estava o de uma menina, cuja mãe fora envenenada acidentalmente enquanto estava grávida.

Julius Hallervorden descobriu a "Síndrome Hallervorden-Spatz (HSS)", hoje chamada de "Neurodegeneração associada a pantotenato quinase (PKAN)". É uma síndrome neurodegenerativa caracterizada por um acumulo anormal de pigmentos férricos no globo pálido e na substância nigra. É bastante rara, afetando apenas 1 a 3 crianças em cada milhão de habitantes.





Max von Laue (1879-1960) foi um físico alemão. Foi laureado com o Nobel de Física de 1914, pela descoberta da difração dos raios-X em cristais. Em 1898 estudou matemática, física e química na Universidade de Estrasburgo.

Ele odiava tanto o Nazismo que costumava sair de casa com dois embrulhos (um abaixo de cada braço), para não ter de fazer a saudação nazi.
16
Ago16

ZUZU ANGEL O ASSASSINATO DO SEU FILHO PELA DITADURA MILITAR BRASILEIRA E A SUA MORTE MISTERIOSA

António Garrochinho









NOME: Zuleika de Souza Netto (54 anos) 

QUEM FOI: Estilista brasileira, mãe do militante político Stuart Angel Jones e da jornalista Hildegard Angel. Personagem notória do Brasil da época da ditadura militar, ficou conhecida nacional e internacionalmente não apenas por seu trabalho inovador como estilista de moda mas também por sua procura pelo filho, militante, assassinado pelo governo e transformado em desaparecido político, em que enfrentou as autoridades da época e levou sua busca a se tornar conhecida no exterior. Em 2014, a Comissão Nacional da Verdade recebeu de Cláudio Antônio Guerra, ex-agente da repressão que operou como delegado do Departamento de Ordem Política e Social do Espírito Santo (DOPS – ES), a confirmação da participação dos agentes da repressão na morte de Angel. Na virada dos anos 60 para os anos 70, Stuart Jones, filho de Zuzu e então estudante de economia, passou a integrar as organizações que combatiam a ditadura militar no Brasil, instaurada em 1964, filiando-se ao MR-8, grupo guerrilheiro de ideologia socialista do Rio de Janeiro. Preso em 14 de abril de 1971, Stuart foi torturado e morto pelo Centro de Informações da Aeronáutica (CISA) no aeroporto do Galeão e dado como desaparecido pelas autoridades. 

NASCIMENTO: 5 de junho de 1921 - Curvelo, MG, Brasil. 

MORTE: 14 de abril de 1976 - Rio de Janeiro, Brasil. 

CAUSA DA MORTE: Acidente de carro. 

OBS: A busca de Zuzu pelas explicações, pelos culpados e pelo corpo do filho só terminou com sua morte, ocorrida na madrugada de 14 de abril de 1976, num acidente de carro na Estrada da Gávea, à saída do Túnel Dois Irmãos (Estrada Lagoa-Barra), Rio de Janeiro, hoje batizado com seu nome. O carro dirigido por ela, um Karmann Ghia TC, derrapou na saída do túnel e saiu da pista, chocou-se contra a mureta de proteção, capotando e caindo na estrada abaixo, matando-a instantaneamente. Está sepultada no Cemitério de São João Batista, no Rio de Janeiro. Uma semana antes do acidente, Zuzu deixara na casa de Chico Buarque de Hollanda um documento que deveria ser publicado caso algo lhe acontecesse, em que escreveu:. "Se eu aparecer morta, por acidente ou outro meio, terá sido obra dos assassinos do meu amado filho".

mortenahistoria.blogspot.pt

VÍDEO








16
Ago16

A Revolta da Madeira

António Garrochinho


Revolta da Madeira, também referida como Revolta das Ilhas ou Revolta dos Deportados, foi um levantamento militar contra o governo da Ditadura Nacional (1926-1933) que ocorreu na ilha da Madeira, iniciando-se na madrugada de 4 de abril de 1931. A 8 de abril, o levantamento alastrou a algumas ilhas dos Açores e, a 17 de abril, alastrou, também, à Guiné Portuguesa. Existiram também tentativas de levantamento militar em Moçambique e na ilha de São Tomé, que falharam logo no início. Os levantamentos militares, planeados para o continente, nunca ocorreram.
Os militares revoltosos nos Açores, sem apoio popular, rendem-se logo sem luta, entre 17 e 20 de Abril de 1931. Já na Madeira, onde os revoltosos conseguiram apoio popular, aproveitando-se do descontentamento gerado pela política económica restritiva do Governo para minorar os efeitos da crise internacional de 1929, o levantamento só foi neutralizado a 2 de Maio, com a chegada de uma expedição militar que enfrentou as forças revoltosas durante sete dias de combate. Depois da neutralização do levantamento na Madeira, a 6 de Maio de 1931, os militares revoltosos na Guiné Portuguesa também se rendem.

Os primórdios da revolta

Dois meses antes da Revolta da Madeira tinha ocorrido um movimento popular, a chamada Revolta da Farinha, contra o governo da Ditadura Nacional. Para fazer face à Grande Depressão, iniciada em 1929, Salazar, então ministro das Finanças, tinha tomado algumas medidas que pretendiam atenuar os seus efeitos negativos sobre a economia portuguesa. A crise monetária europeia de 1931 e a interrupção das remessas de imigrantes decretada pelo Brasil, agravaram mais a situação, obrigando o governo a tomar medidas económicas e financeiras muito restritivas. Essas medidas tiveram um êxito global, mas geraram descontentamentos em sectores específicos. Uma dessas medidas, decretada a 26 de Janeiro de 1931, foi a centralização no Estado, da importação de cereais, como meio de controlar o seu comércio. Essa centralização levou à suspensão da importação da farinha e ao consequente aumento do preço do pão. A situação, agravada pela crise económica e pelo desemprego que afectava a Madeira, levou a várias greves e tumultos populares na ilha. Foram assaltadas várias moagens, sendo a situação explorada por várias organizações políticas. A situação volta, no entanto, à normalidade, alguns dias depois.
No entanto, o governo, enviou para a ilha um Delegado Especial do Governo da República, o coronel Feliciano António da Silva Leal, apoiado por um pequeno contingente militar. Foi naquele contingente militar que chegou à ilha o núcleo de oficiais que iria organizar, alguns meses depois, a Revolta da Madeira.

A revolta

Ao chegar o contingente militar vindo de Lisboa, já se encontravam deportados na Madeira alguns militares e políticos civis opositores ao regime, nomeadamente o general Sousa Dias, os coronéis Fernando Freiria e José Mendes dos Reis e o antigo ministro Manuel Gregório Pestana Júnior. O levantamento foi liderado pelos oficiais do contingente recém-chegado, chefiados pelo tenente médico Manuel Ferreira Camões, contando com a oposição inicial dos exilados.
O levantamento começou às 7h00 de 4 de Abril de 1931. A operação militar chefiada por Ferreira Camões leva à prisão das autoridades e à ocupação das repartições públicas. Perante o sucesso do levantamento os militares e políticos exilados aderem ao mesmo, sendo nomeada uma Junta Revolucionária presidida por Sousa Dias. Os revolucionários defendem a restauração da normalidade constitucional suspensa desde a Revolução de 28 de Maio de 1926. Os revolucionários aproveitam-se do descontentamento dos Madeirenses face à situação económica, para obterem apoio popular para fortalecimento da sua posição.
Depois do sucesso do levantamento na Madeira, um grupo de políticos e militares exilados nos Açores, consegue também realizar levantamentos nas ilhas de São Miguel, da Terceira, da Graciosa e de São Jorge. No entanto, ao contrário do que sucede na Madeira, nos Açores os revolucionários não conseguem apoio popular, permanecendo numa posição fraca. As restantes ilhas açorianas, mantêm-se sob controlo do governo.
Igualmente ocorrem levantamentos nas colónias. A 17 de Abril alguns militares opositores destacados na Guiné Portuguesa, também se revoltam, perdendo o governador da colónia. Em Moçambique e em São Tomé também são organizados levantamentos, que falham logo no início, sendo os revolucionários detidos.
O movimento revolucionário foi apoiado pela Liga de Paris, constituída por políticos da Primeira República maioritariamente exilados em Paris, que espera que os levantamentos alastrem a Portugal, o que permitiria que recuperassem o seu poder político.
O alastramento da revolta ao Continente acaba por não ter sucesso, não ocorrendo, aí, nenhum levantamento militar. Essa não alastramento do movimento revolucionário, leva a Liga de Paris a começar a defender uma suposta República da Atlântida, constituída pelos territórios em poder dos revolucionários. Ao defender esta ideia, a Liga será acusada de fomentar o separatismo insular, colocando os interesses políticos pessoais dos seus membros à frente dos interesses de Portugal.
Face ao não alastramento da revolta, a Junta Revolucionária e a Liga de Paris, que o governo não tenha capacidade militar para derrotar os revolucionários da Madeira, o que lhe quebraria a moral, abrindo caminho à sua deposição. Por outro lado, caso o governo conseguisse reunir uma força suficiente para retomar o controlo da ilha, que isso só conseguisse ser feito com o envio das tropas mais fortes para a Madeira, deixando o Continente desguarnecido o que facilitaria, aí, a eventual ocorrência de movimentos revolucionários.
Entretanto a Junta Revolucionária e a Liga de Paris, não conseguem apoio internacional, nomeadamente do Reino Unido. Pelo contrário o Reino Unido manifesta simpatias por Salazar e apoia a Ditadura Nacional que considera, apesar de não ser democrática, mais representativa do Povo Português que os governos supostamente democráticos da Primeira República.
Um grupo de cidadãos estrangeiros residentes no Funchal (especialmente Brasileiros, Britânicos e Norte-Americanos) estabelecem uma zona neutral em alguns hotéis da cidade. Igualmente, o Reino Unido envia uma força naval para as águas da Madeira. Essa força naval chega a desembarcar tropas na ilha, que, no entanto, não interferem no conflito.

O controlo da revolta

Com uma posição enfraquecida pelo, praticamente, nulo apoio popular, os revoltosos nos Açores rendem-se, sem lutar, a um pequeno contingente militar comandado pelo coronel Fernando Borges, instalado no Faial. Os vários núcleos das revolta, rendem-se entre os dias 17 e 20 de abril de 1931.
Na Madeira a situação é, contudo mais complicada. O apoio popular que dispõem, na ilha, os revolucionários faz prever que o controlo da revolta só poderá ser possível com uma intervenção em força. No entanto, o governo depara-se com um problema grave que é o fato da Marinha Portuguesa, graças à incúria dos governos da Primeira República, estar numa situação de quase "zero naval", dispondo de poucos navios militarmente capazes de participar numa expedição de retoma da Madeira[2]. A Ditadura Nacional também se depara com os problemas acrescidos, de uma possível intervenção militar estrangeira - sobretudo britânica - se a situação não fosse rapidamente normalizada e com a desguarnição militar do Continente se fossem enviadas as melhores tropas para a Madeira.
A inteligência e a eficiência dos líderes da Ditadura Nacional vai, no entanto, permitir ao governo a resolução da situação. A expedição militar à Madeira é organizada com um núcleo de tropas de elite, mas completada com tropas menos fortes, de modo a deixar algumas tropas fortes a guarnecer o Continente. O ministro da Marinha, comandante Magalhães Correia demonstra uma enorme eficiência ao conseguir mobilizar e organizar uma flotilha de navios civis - que incluía navios de passageiros, navios de carga e, até, barcos de pesca - que pode reforçar o pequeno número de navios de guerra existentes. Um cargueiro, o Cubango, foi até transformado em transporte de hidroaviões o que foi pioneiro na Marinha Portuguesa. A expedição larga de Lisboa, a 24 de abril de 1931, sob o comando do próprio Magalhães Correia, que embarca no paquete Nyassa, transformado em cruzador auxiliar.
26 de abril são iniciadas as operações, com uma tentativa de desembarque no Caniçal, que é infrutífera. No dia seguinte, realiza-se um desembarque com sucesso na ponta de São Lourenço. Ocorrem então sete dias de combates, enquanto as tropas leais ao governo, chefiadas em terra pelo coronel Fernando Broges, avançam para a capital da ilha. Depois da tomada de Machico, o avanço das tropas governamentais é dificultado pela destruição de várias pontes pelos revoltosos. No entanto, graças ao apoio dado por habitantes locais, que fornecem transportes e indicações às tropas, as mesmas conseguem prosseguir o avanço para o Funchal. Finalmente, a 2 de Maio, os revoltosos cessam a resistência, fugindo para bordo do navio de guerra HMS London que se encontrava a proteger os interesses britânicos na Madeira. Os Britânicos, no entanto, entregam o general Sousa Dias e mais de uma centena de militares revoltosos às autoridades portuguesas, que os enviam, imediatamente, para Cabo Verde.
Perante a resolução da situação na Madeira, a 6 de maio os militares revoltosos da Guiné Portuguesa enviam uma mensagem declarando a sua rendição.
pt.wikipedia.org





A foto mostra os canhoeiras IBO e BENGO na Baia de Machico o dia 2 de Abril de 1931.
16
Ago16

A HISTÓRIA DO HIDROVIÃO

António Garrochinho








Primeira travessia aéra do Atlântico Sul - 1922




A 30 de Março de 1922, Gago Coutinho e Sacadura Cabral partem, de Lisboa, a bordo do hidrovião Lusitânia, tendo por destino o Rio de Janeiro. Dão, assim, início à primeira travessia aérea do Atântico Sul.


Chegaram ao Rio de Janeiro em 17 de Junho de 1922.

Biografias por Fernando Reis

Sacadura Cabral (1881-1924)

Artur de Sacadura Freire Cabral nasceu a 23 de Maio de 1881 em Celorico da Beira. Era filho de Artur Sacadura Cabral e de Maria Augusta da Silva Esteves. Após os estudos primários e secundários assentou praça em 10 de Novembro de 1897 como aspirante de marinha, e frequentou a Escola Naval, onde foi o primeiro classificado do seu curso. Foi promovido a segundo-tenente em 27 de Abril de 1903, a primeiro-tenente a 30 de Setembro de 1911, a capitão-tenente em 25 de Abril de 1918 e, por distinção, a capitão-de-fragata em 1922.

Terminado o seu curso, seguiu em 1901, a bordo do S. Gabriel, para a Divisão Naval de Moçambique.

Navegou durante dois anos nas costas de Moçambique até que em 1905 foi deliberado pelo governo que se procedesse a um levantamento hidrográfico rigoroso da baía de Lourenço Marques (hoje Maputo), em preparação da modernização do porto. Sacadura Cabral foi um dos oficiais escolhidos para estes trabalhos hidrográficos e, em colaboração com o seu camarada guarda-marinha Bon de Sousa, fez uma carta hidrográfica do rio Espírito Santo e de trechos dos rios Tembe, Umbeluzi e Matola. Em 1906 e 1907 trabalhou como topógrafo na rectificação da fronteira entre o Transval e Lourenço Marques, serviço que foi feito em concorrência com os agrimensores ingleses do Transval.

Em 1907 chegou a Moçambique uma missão geodésica de que era chefe Gago Coutinho. No desempenho de missões geodésicas e geográficas, trabalharam juntos desde 1907 a 1910. Sacadura Cabral revelou nestes trabalhos as suas capacidades como geógrafo e astrónomo, bem como organizador.

Em 1911 concorreu aos serviços de Agrimensura de Angola, tendo sido nomeado para o lugar de subdirector destes serviços. Em Angola desempenhou vários serviços neste cargo, entre os quais observações astronómicas no Observatório de Angola e o reconhecimento da fronteira da Lunda. Em 1912 participou, com Gago Coutinho, na missão do Barotze, a fim de se delimitarem as fronteiras leste de, Angola, o que foi feito em mais de 800 Kms. Sacadura Cabral regressou à metrópole em 1915.

Entretanto o ‘Aero Club de Portugal’ procurava fazer propaganda da aviação e conseguiu que o governo abrisse um concurso para que os oficiais do exército e da marinha fossem enviados a várias escolas estrangeiras de aviação para nelas obterem o brevet de piloto aviador militar.

Sacadura Cabral foi para França e deu entrada na Escola Militar de Chartres. Em 11 de Novembro de 1915 realizou o seu primeiro voo como passageiro e a 16 de Janeiro de 1916 fez o seu primeiro voo como piloto. Em Março fez as provas de brevet com aprovação. Ainda em França seguiu para a Escola de Aviação Marítima de Saint Raphael, onde se especializou em hidroaviões. Frequentou ainda várias escolas de aperfeiçoamento e esteve na Escola de Buc, pilotando aviões Blériot e Caudron G3.

Terminada a sua aprendizagem em França, regressou a Portugal em Agosto de 1916. Nesta altura estava a ser organizada a Escola de Aviação Militar em Vila Nova da Rainha e Sacadura Cabral foi aí incorporado como piloto instrutor. Entretanto, tendo o governo resolvido enviar para Moçambique uma esquadrilha de aviação para cooperar com o exército, na região do Niassa, na defesa deste território em relação aos ataques alemães, Sacadura Cabral foi encarregado de adquirir em França o material necessário. Esta foi a primeira unidade de aviação constituída em Portugal.

Em seguida Sacadura Cabral foi encarregado de organizar a aviação marítima em Portugal, tendo sido nomeado, em 1918, director dos Serviços da Aeronáutica Naval e, a seguir, comandante da Esquadrilha Aérea da Base Naval de Lisboa. Em 1919 foi nomeado para fazer parte da Comissão encarregada de dar parecer sobre a melhor forma de pôr em prática um plano de navegação aérea.

Demonstrou, nesse mesmo ano, a viabilidade de vir a ser tentada a viagem aérea Lisboa-Rio de Janeiro, tendo sido nomeado para proceder aos estudos necessários para a sua efectivação. Foi então a Inglaterra e a França, a fim de escolher o melhor material para equipar a Aviação Marítima, e propor o tipo de aparelho em que poderia vir a ser tentada a viagem Portugal-Brasil. Enquanto esteve nestes dois países desempenhou as funções de adido aeronáutico. Em 1920 fez parte da Comissão Mista de Aeronáutica.

Em 1921 realizou, com Gago Coutinho e Ortins de Bettencourt, a viagem Lisboa-Madeira, para experiência dos métodos e instrumentos criados por ele e Gago Coutinho para navegação aérea que, em 1922, vieram a ser comprovados durante a 1ª travessia aérea do Atlântico Sul.

Em 1923 elaborou um projecto de viagem aérea de circum-navegação, que não conseguiu realizar por falta de meios materiais. Em 1924, convencido de que o Governo não correspondia ao esforço por ele levado a cabo para a eficiência da Aviação Marítima, apresentou o seu pedido de demissão de oficial da Marinha, pedido que foi indeferido. Ainda em 1924, foi nomeado para estudar uma proposta feita ao governo para o estabelecimento de carreiras aéreas com fins comerciais. Morreu a 15 de Novembro de 1924, quando pilotava um Fokker 4146 de Amesterdão para Lisboa, um dos cinco aviões que haviam sido adquiridos por subscrição pública, e que seriam utilizados no seu projecto da viagem aérea à Índia, uma vez fracassado o projecto de circum-navegação.

Actividade Científica

Juntamente com Gago Coutinho estudou um novo aparelho com o qual se viria a conseguir uma navegação estimada, e que viria a auxiliar e a completar a navegação astronómica por intermédio do sextante modificado por Gago Coutinho. Inicialmente este aparelho foi chamado Plaqué de Abatimento e mais tarde Corrector de Rumos – Coutinho-Sacadura.

Este aparelho foi experimentado na primeira viagem aérea Lisboa-Madeira realizada em 1921. Tendo obtido os melhores resultados na sua utilização, este aparelho foi apresentado ao Congresso Internacional de Navegação Aérea, realizado em Paris de 15 a 25 de Novembro de 1921, onde teve boa aceitação. A memória descritiva do ‘Corrector’ foi publicada nos Anais do Club Militar Naval

A preparação para a 1ª Travessia Aérea do Atlântico Sul é da iniciativa de Sacadura Cabral, que expôs o projecto a Gago Coutinho, o que motivou que este acelerasse a adaptação do sextante clássico de navegação marítima à navegação aérea. A travessia iniciou-se em 30 de Março de 1922, em Belém no hidroavião ‘Lusitânia’. A primeira escala foi nas Canárias, de onde partiram para S. Vicente, em Cabo Verde. Daqui partiram para o Penedo de S. Pedro, com problemas de consumo de combustível. Ao amarar uma vaga arrancou um dos flutuadores do ‘Lusitânia’, o que provocou o afundamento do avião. Tendo sido recolhidos pelo navio ‘República’. “O ‘Lusitânia’ acabara de realizar uma etapa de mais de onze horas sobre o oceano, sem navios de apoio, mantendo uma rota matematicamente rigorosa, o que mais uma vez veio provar a precisão do sextante modificado, pois os Penedos de S. Pedro podem considerar-se um ponto insignificante na enorme vastidão atlântica.

O governo enviou um outro hidroavião Fairey 16, cujo motor veio a avariar no percurso entre o Penedo de S. Pedro e a ilha de Fernando de Noronha. Foi pedido novo Fairey ao governo português, que foi enviado no ‘Carvalho Araújo’. Três dias depois partiram para o troço final, chegando à Baía de Guanabara e terminando a viagem no Rio de Janeiro a 17 de Junho, depois várias escalas.

Esta viagem aérea constituiu um marco importante na aviação mundial, pois veio comprovar a eficácia do sextante aperfeiçoado por Gago Coutinho, com a ajuda de Sacadura Cabral, que permitia a navegação aérea astronómica com uma precisão nunca antes conseguida.


Gago Coutinho (1869-1959)

Carlos Viegas Gago Coutinho, nasceu em Belém, Lisboa, em 17 de Fevereiro de 1869. Era filho de José Viegas Gago Coutinho e de Fortunata Maria Coutinho. Em 1885 concluiu o curso do Liceu e matriculou-se na Escola Politécnica para preparar a sua entrada na Escola Naval, um ano depois. Entrou para a Armada como aspirante em 1886. Em 1890 foi promovido a guarda-marinha, em 1891 a segundo-tenente, e em 1895 passou a primeiro-tenente. Em 1907 foi promovido ao posto de capitão-tenente e em 1915 ao posto de capitão-de-fragata. Em 1920 passou a capitão-de-mar-e-guerra. Em 1922 foi promovido ao posto de vice-almirante, e em 1958 a almirante.

Podemos dividir a actividade de Gago Coutinho em quatro áreas, que se sucedem cronológicamente enquanto áreas de actuação prioritária: marinha, sobretudo de 1893 a 1898, trabalhos geográficos, entre 1898 e 1920, navegação aérea, de 1919 a 1927, e história da náutica e dos descobrimentos, de 1925 a 1958.

O seu primeiro embarque prolongado foi na corveta “Afonso de Albuquerque”, de 7 de Dezembro de 1888 a 16 de Janeiro de 1891, em viagem para Moçambique e na Divisão Naval da África Oriental. Desta corveta passou à canhoneira “Zaire”, na qual esteve até 24 de Abril de 1891, viajando para Lisboa. Colocado na Divisão Naval da África Ocidental, embarcou sucessivamente na lancha-canhoneira “Loge”, que comandou, na canhoneira “Limpopo”, na canhoneira “Zambeze”, e na corveta “Mindelo”. Em serviço nesta corveta no Brasil em 1894 contraiu a febre amarela, pelo que foi internado no Hospital da Beneficência Portuguesa no Rio de Janeiro. De novo na Metrópole, esteve embarcado na canhoneira “Liberal” e na corveta “Duque da Terceira”. Fez nova viagem no Atlântico Norte na corveta “Duque da Terceira”. Viajou até Moçambique no transporte “Pero de Alenquer” e depois passou à corveta “Rainha de Portugal”, e em seguida à canhoneira “Douro”, que o trouxe para Lisboa. Embarcou depois na corveta couraçada “Vasco da Gama”, até 31 de Março de 1898, da qual transitou para a sua primeira comissão de geógrafo ultramarino, em Timor.

Desde Março de 1898 a maior parte da actividade de Gago Coutinho desenvolveu-se no âmbito da Comissão de Cartografia, nascida em 1883, primeiramente em trabalhos de campo de delimitação de fronteiras ou de geodesia processados em Timor, Moçambique, Angola, e S. Tomé, e a partir de 1919 como vogal, passando a presidir aos seus destinos em 1925, até à sua transformação na Junta de Investigações do Ultramar, em 1936.

Entre 27 de Julho de 1898 e 19 de Abril de 1899, Gago Coutinho esteve envolvido em trabalhos de campo, na delimitação de fronteiras de Timor e no levantamento da carta deste território. De regresso à metrópole, foi nomeado para a delimitação de fronteiras no Niassa, trabalho que decorreu entre 5 de Setembro de 1900 e 28 de Fevereiro de 1901. Partiu depois para Angola, onde se dedicou à delimitação da fronteira de Noqui para o rio Cuango, até fins de 1901. Em seguida trabalhou na delimitação de fronteiras no distrito de Tete, em Moçambique, entre 27 de Fevereiro de 1904 e 18 de Dezembro de 1905.

Foi nomeado chefe da Missão Geodésica da África Oriental, nela tendo trabalhado durante cerca de 4 anos, de Maio de 1907 até ao início de 1911. Foi nesta missão que conheceu Sacadura Cabral, com quem travou amizade e que viria a ser o mentor dos projectos futuros de navegação aérea. Em seguida foi escolhido para chefiar a missão portuguesa de delimitação da fronteira de Angola no Barotze, a qual só se constituiu definitivamente em 1912. Regressando à metrópole em 1914, foi nomeado em 1915 chefe da Missão Geodésica de S. Tomé.

Os seus trabalhos ao serviço da Comissão de Cartografia, foram interrompidos apenas pelos períodos em que esteve embarcado nas canhoneiras “Sado” na India e “Pátria” em Timor, de Setembro de 1911 a Agosto de 1912, e de Março de 1922 a Dezembro de 1923, quando da travessia aérea Lisboa-Rio de Janeiro.

Em meados de 1919, quando terminava os trabalhos relativos à missão geodésica de S. Tomé, Gago Coutinho, incentivado por Sacadura Cabral, começou a dedicar-se ao progresso dos métodos de navegação aérea. Tinham voado pela juntos pela primeira vez em 1917. Sacadura Cabral planeara já a viagem aérea ao Brasil, que pretendia fazer por altura da comemoração do centenário da independência desse país, em 1922. Gago Coutinho passou então a dedicar-se à resolução dos problemas que se punham à navegação aérea sem pontos de referência à superfície. Para experimentar os processos de navegação aérea em estudo, Sacadura Cabral e Gago Coutinho fizeram diversas viagens juntos, incluindo a primeira viagem aérea entre Lisboa e Funchal, em 1921, aperfeiçoando deste modo os métodos de observação em desenvolvimento. Estes estudos culminaram em 1922 com a realização da viagem aérea entre Lisboa e o Rio de Janeiro.

Foi membro de diversas associações científicas, entre as quais a Academia das Ciências, a Academia Portuguesa de História, a Sociedade de Geografia de Lisboa e várias Sociedades de Geografia do Brasil.

Actividade Científica

Gago Coutinho realizou muitos trabalhos de delimitação de fronteiras das colónias portuguesas, nomeadamente em Timor, Moçambique e Angola. Em Timor procedeu à demarcação da fronteira com a parte da ilha então ocupada pelos holandeses, nos anos de 1898 e 1899. Em Moçambique delimitou as fronteiras no Zambeze e no lago Niassa, no ano de 1900, estabelecendo também triangulações. Em 1901 e 1902 chefiou a equipa de delimitação de fronteiras no Norte de Angola, entre esta colónia e o Congo Belga. Entre 1907 e 1910 trabalhou de novo em Moçambique, para voltar a Angola em 1912 em trabalhos de delimitação da fronteira Leste com a Rodésia. Entre 1915 e 1918 chefiou a missão geodésica em S. Tomé, onde implantou marcos para o estabelecimento de uma rede geodésica da ilha, após o que fez observações de triangulação, medição de precisão de duas bases e numerosas observações astronómicas. No decurso destas observações comprovou a passagem da linha do Equador pelo Ilhéu das Rolas. A Carta resultante destas observações foi entregue em 1919 em conjunto com o Relatório da Missão Geodésica da Ilha de S- Tomé 1915-1918, que foi considerado oficialmente o primeiro trabalho de geodesia completo referente a uma das colónias portuguesas. Faleceu em Lisboa a 18 de Fevereiro de 1959.

O que celebrizou Gago Coutinho foi o seu trabalho científico pioneiro na navegação aérea astronómica e a realização, com Sacadura Cabral, da primeira travessia aérea do Atlântico Sul, entre Lisboa e o Rio de Janeiro. A partir do momento em que voou pela primeira vez com Sacadura Cabral, em 1917, Gago Coutinho tentou resolver os problemas que se punham à navegação aérea astronómica. Colocava-se o problema da dificuldade de definição da linha do horizonte a uma altura normal de voo. A dificuldade em efectuar medições precisas de posição em situação de voo com um sextante vulgar colocava problemas de natureza instrumental e metodológica.

Para resolver o problema de medição da altura de um astro sem horizonte de mar disponível Gago Coutinho concebeu o primeiro sextante com horizonte artificial que podia ser usado a bordo das aeronaves. Este instrumento, que Gago Coutinho denominou «astrolábio de precisão» permite materializar um horizonte artificial através de um nível de bolha de ar e é dotado de um sistema de iluminação eléctrico do nível de bolha que permite fazer observações nocturnas. Entre 1919 e 1938 Gago Coutinho dedicou-se ao aperfeiçoamento deste instrumento, que veio a ser fabricado e difundido pelo construtor alemão C. Plath com o nome de «System Admiral Gago Coutinho».

Em colaboração com Sacadura Cabral concebeu e construiu um outro instrumento a que chamaram «Plaqué de abatimento» ou «corrector de rumos», que permitia calcular graficamente o ângulo entre o eixo longitudinal da aeronave e o rumo a seguir, considerando a intensidade e direcção do vento.

Para comprovar a eficácia dos seus métodos e instrumentos, Gago Coutinho e Sacadura Cabral fizeram várias viagens aéreas, entre as quais uma viagem Lisboa-Funchal, em 1921, em cerca de sete horas e meia. Nesta viagem, Gago Coutinho executou 15 cálculos de rectas de altura e várias observações da força e direcção do vento.Segundo escreveu, os processos de navegação utilizados “eram os suficientes para demandar com exactidão qualquer ponto afastado da terra, por pequeno que fosse, recurso este que se tornava muito essencial numa projectada viagem aérea de Lisboa ao Brasil”. A viagem que finalmente demonstrou a todo o mundo o valor destes instrumentos e métodos foi a travessia aérea do Atlântico Sul, entre Lisboa e o Rio de Janeiro, entre 30 de Março e 17 de Junho de 1922.

Após esta viagem e as subsequentes homenagens e recepções oficiais, Gago Coutinho continuou a trabalhar na Comissão de Cartografia e passou a dedicar grande parte da sua atenção à história das viagens do descobrimento dos séculos XV e XVI, tendo publicado muitos textos em que analisava os métodos utilizados e procurava explicar como conseguiram os portugueses realizar as navegações a longa distância e ver terra nos séculos XV e XVI. A partir das suas experiências de navegação à vela em diversos navios em que prestou serviço procurou explicar como os portugueses utilizavam já então os métodos mais adequados para fazer face aos ventos e correntes contrárias.

Fez viagens em que praticou a observação com astrolábio semelhante aos que usavam os portugueses no século XV, comparando os seus resultados com os obtidos em sextantes e cronómetros com auxílio de sinal de rádio. Destes estudos concluiu que a experiência dos navegadores portugueses da época dos descobrimentos foi determinante para possibilitar a navegação astronómica, e que as viagens eram devidamente planeadas a partir da experiência e que as suas rotas de regresso não eram fruto das tempestades e outros imprevistos, como defendiam alguns historiadores. São de destacar os seus estudos sobre o regime de ventos e correntes no Atlântico Norte, que obrigava os navegadores portugueses a contornar pelo mar largo as correntes e ventos contrários, no regresso da Guiné ou da Mina. Esta manobra, chamada volta da Guiné ou volta da Mina, e que Gago Coutinho habitualmente chamava ‘volta pelo largo’, começou a ser praticada em meados do século XV, sendo no início do século XVI uma navegação de rotina.
arte-e-manhas-arte.blogspot.pt



hidroavião é um avião equipado para utilizar uma superfície aquática como pista de pouso e decolagem.
O hidroavião verdadeiro é um barco voador, com a própria fuselagem projetada para operar na água, mas a maioria dos aviões convencionais pequenos pode ser equipada com flutuadores, ao invés de rodas, e desta forma receberam a designação específica de hidroplanos.
Hidroavião
O primeiro hidroavião foi projetado pelo francês Alphonse Penaut (1876), mas nunca foi construído. Outro francês, Henri Fabre, realizou o primeiro vôo de hidroavião em Martigues, França (1910), mas foi o projetista de aviões norte-americano Glenn Curtiss que pilotou o primeiro hidroavião prático em San Diego, EUA, e transportou o primeiro passageiro, ambos os feitos realizados em 1911.
Nas décadas de 20 e 30, muitos países estavam construindo hidroaviões para uso civil e militar.
Na segunda metade dos anos 30 começou a era dos hidroaviões gigantes, iniciada pelo Dornier Do.X alemão, de 12 motores, que porém nunca chegou a entrar em serviço regular; o terreno foi dominado pelos enormes Sikorsky e Martin Clipper norte-americanos. Com o lançamento do Boeing 314 Clipper, em 1939, começou o transporte regular de passageiros unindo Europa e EUA.
Para projetar um hidroavião é necessário conhecer tanto aero como hidrodinâmica.
Os fatores aerodinâmicos são semelhantes aos dos aviões comuns, a não ser pela preferência em manter tanto quanto possível as asas, o leme horizontal e o motor afastados dos respingos de água.
O maior volume dianteiro do hidroavião obriga a uma maior área de leme de direção para garantir seu controle; o mecanismo de pouso necessita de atenções especiais, como flutualidade e estabilidade, resistência e leveza, além da sustentação hidrodinâmica com a menor quantidade possível de espelhamento de água.
A forma do casco deve ser projetada para que ele se desprenda rapidamente da água e passe a planar como uma lancha de corrida, até que seja atingida a velocidade de vôo.
Assim, o fundo do casco é desenhado de forma a empurrar a água para baixo: tem forma de V aberto de braços retos ou, algumas vezes, ligeiramente côncavos, para abafar o respingar da água e melhorar a sustentação.
HIDROAVIÃO
Os flutuadores aplicados aos aviões convencionais para transformá-los em hidroaviões são pouco mais que cascos estanques; sua eficiência é limitada pela necessidade de se conciliar a sustentação na água com a redução de peso e a aerodinâmica imprescindível para manter o avião em vôo. O mais comum é usar nessas aeronaves flutuadores gêmeos.
Embora não sejam comuns nos serviços de regulares de cargas e passageiros, nem por isso o número de hidroaviões tem decrescido no mundo.
Eles desempenham tarefas importantes em regiões dotadas de muitos lagos e portos e com acesso terrestre limitado; esse é o caso dos países nórdicos, da Rússia e do Alasca.
No Canadá são o único meio de transporte rápido possível para as regiões do norte, onde existem às centenas como táxis, cargueiros, ambulâncias e aviões-tanques no combate ao fogo florestal.
Fonte: br.geocities.com

O maior helicentro da América Latina inicia restauração do Hidroavião Jahú.

O Helipark , maior centro de serviços especializados para manutenção de helicópteros da América Latina, decide investir na cultura do país ao trazer para suas oficinas o hidroavião Jahú, primeiro avião a cruzar o Atlântico pilotado por um brasileiro e único “sobrevivente” mundial entre as 170 unidades produzidas na Itália durante a década de 20.
Hidroavião
Setenta e sete anos após a grande epopéia da história da aviação, o hidroavião Jahú ganha casa nova e começa a ser restaurado pelo Helipark , que presta assim uma homenagem a todos os mestres da aviação brasileira.
A restauração faz parte de um convênio firmado entre o Helipark , o Ministério da Aeronáutica (IV Comar), a Fundação Santos Dumont e a Aeronáutica Italiana, com apoio da família do piloto João Ribeiro de Barros, e do Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo).
O hidroavião Jahú esteve exposto por vários anos no Museu da Aeronáutica da Fundação Santos Dumont, no Parque do Ibirapuera, e hoje está em um dos hangares do Helipark , que já disponibilizou seis profissionais, entre engenheiros aeronáuticos e técnicos de manutenção, para iniciar a recuperação.
“Foi a paixão pela aviação que nos levou a investir na recuperação do hidroavião Jahú. Queremos contribuir para a preservação do patrimônio histórico brasileiro e também prestar uma homenagem ao piloto João Ribeiro de Barros”, declara João Velloso, proprietário do Helipark .
Segundo ele, deverão ser investidos mais de R$ 1 milhão no restauro total do hidroavião. “A previsão do Helipark é arcar com 20% deste valor com a locação do espaço, mão de obra e pintura. O restante virá pelo apoio da iniciativa privada”.
A restauração deverá ser finalizada no segundo semestre de 2006, às vésperas das comemorações do centenário do vôo do piloto brasileiro Santos Dumont.
“O Helipark quer devolver o Jahú restaurado para exposição ao público como um tributo à saga desses heróis quase esquecidos durante a comemoração deste centenário”, afirma Élson Sterque, diretor técnico do Helipark.
O Hidroavião Jahú e Sua História
Hidroavião
O brasileiro João Ribeiro de Barros, nascido em 1900 na cidade de Jaú, interior de São Paulo, tornou-se o primeiro aviador das Américas a cruzar o Oceano Atlântico no ano de 1927.
Saindo de Gênova e chegando, finalmente, em Santo Amaro (SP), Ribeiro de Barros e sua tripulação tornaram-se heróis nacionais depois de concluir a travessia de 12 horas sobre o mar sem escalas.
O ousado projeto não teve apoio do Governo brasileiro, que considerou a idéia absurda para a época. Assim, João Ribeiro de Barros comprou com recursos próprios o hidroavião italiano Savóia Marchetti, que mais tarde seria renomeado Jahú, em homenagem à sua terra natal.
Após alguns reparos e alterações de aerodinâmica no aparelho, Ribeiro de Barros prepara-se para a grande aventura: cruzar o Atlântico com seu hidroavião e sem navios de apoio.
Com quatro integrantes na tripulação, o navegador Newton Braga, o mecânico Vasco Cinquino e o co-piloto João Negrão, que se uniu ao grupo em Porto Praia, além do comandante Ribeiro de Barros, o Jahú partia, em 13 de outubro de 1926 para uma aventura que consumiria seis meses de esforço e obstinação.
A viagem foi marcada por muitos desencontros em seu trajeto como, por exemplo, sabotagens de ‘inimigos’ interessados em cumprir antes a travessia, surtos de malária e desentendimentos entre a tripulação.
Durante o percurso, o hidroavião fez diversas paradas para manutenção como, por exemplo no Golfo de Valência e Gibraltar e Porto Praia, na África, de onde o Jahú finalmente levantou vôo rumo a terras brasileiras.
Na madrugada de 28 de abril de 1927, voando a uma velocidade de 190km/h (recorde absoluto para a época), o Jahú permaneceu durante 12 horas no ar e, ao entardecer, mesmo com problemas em uma das hélices, o avião pousou vitorioso próximo a Fernando de Noronha.
A equipe teve ainda disposição para pilotar até Natal e Recife e, enfim Rio de Janeiro e São Paulo, terminando a viagem na represa de Santo Amaro, no dia 02 de agosto de 1927.
Hidroavião
Apesar de não ser o primeiro no mundo a fazer a travessia do Atlântico, João Ribeiro de Barros foi o primeiro comandante das Américas a completar esta façanha.
Muitos ainda atribuem, equivocadamente, a honraria a Charles Lindbergh que, na verdade, realizou um vôo solitário pelo Atlântico Norte em 20 de maio de 1927, 23 dias após o final da saga do Jahú.
Fonte: www.helipark.net
16
Ago16

SELEÇÕES IMORTAIS – PORTUGAL 1966

António Garrochinho


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Grande feito: Terceira Colocada na Copa do Mundo de 1966. Conquistou a melhor colocação na história da seleção portuguesa em mundiais.
Time base: José Pereira (Carvalho); Morais, Baptista, Vicente e Hilário; Jaime Graça e Mário Coluna; José Augusto, Eusébio, Torres e Simões.Técnico: Otto Glória.

“Os encarnados e sua Pantera”
Eles jamais haviam disputado uma Copa do Mundo. Mas, quando o fizeram, foram simplesmente brilhantes e por pouco, mas muito pouco, não levantaram a taça Jules Rimet em pleno estádio de Wembley sob possíveis olhares nada amistosos de sua majestade. Com um futebol exuberante, talentoso e puramente ofensivo, Portugal encantou o mundo na Copa de 1966. Os portugueses desfilaram pelos gramados ingleses com um poder de fogo alucinante e uma estrela acima da média: Eusébio, o Pantera Negra, maior jogador português de todos os tempos. Com nove gols, o atacante veloz, forte e com uma explosão digna do mais feroz felino merecia, como sua seleção, sorte melhor naquela Copa. Mas, assim como muitas outras equipes, Portugal sucumbiu para outro time nem tão brilhante assim, a Inglaterra, que mais tarde ficaria com o título. No entanto, Portugal deixou sua marca na história e alcançou o terceiro lugar, coisa que nem mesmo a geração de Rui Costa, Vítor Baía, Figo e Pauleta conseguiu. É hora de relembrar.

Organização e safra de ouro
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Antes mesmo de a Copa começar, Portugal já tinha muita esperança de classificação para o Mundial inglês de 1966. Ela morava no talento da geração de craques lusitanos naqueles anos 60 e na organização da federação portuguesa, que colocou no comando da equipe um técnico selecionador, Manuel de Luz Afonso, e outro técnico, de campo, o brasileiro Otto Glória, já famoso no país após títulos conquistados pelo Benfica, Os Belenenses e Sporting, além de ter sido o próprio Glória, lá no final dos anos 50, a ter começado a montar o maior time português de todos os tempos: o Benfica bicampeão europeu de 1961 e 1962, já sob comando do húngaro Béla Guttmann. Com dois comandantes fora das quatro linhas, a equipe começou a tomar forma e tinha como grande estrela o artilheiro Eusébio, tido pelos portugueses como o “novo Pelé” tamanha sua qualidade. Ele chutava bem, cabeceava melhor ainda, tinha uma velocidade alucinante e uma explosão até maior que o Rei. Era sublime e um espetáculo a parte ver aquele moçambicano de nascimento jogar. Outro craque de Moçambique (colônia portuguesa na época) fundamental naquele esquadrão era Mário Coluna, cerebral no meio de campo e capaz de organizar jogadas, dar lançamentos precisos e até mesmo marcar gols. A dupla era muito bem amparada por seus companheiros de Benfica no ataque como José Augusto, Torres e Simões, além dos defensores viris e seguros vindos em grande parte do Sporting, como Hilário, Morais e Baptista, além do goleiro José Pereira e Vicente, ambos d´Os Belenenses.
O técnico Otto Glória: mentor de um time histórico.
O técnico Otto Glória: mentor de um time histórico.

Com a base formada e um futebol ofensivo, Portugal foi à luta por uma vaga na Copa no grupo 4 das eliminatórias europeias ao lado de Romênia, Turquia e a então vice-campeã mundial Tchecoslováquia. O grupo não era fácil, mas os encarnados trataram de facilitar as coisas para eles mesmos. Na estreia, em Lisboa, goleada de 5 a 1 sobre a Turquia com três gols de Eusébio. Nos três jogos seguinte, Eusébio fez simplesmente todos os gols lusitanos no 1 a 0 sobre a Turquia fora de casa, no 1 a 0 sobre a Tchecoslováquia também fora de casa e no 2 a 1 sobre a Romênia em Lisboa. Em outubro de 1965, um empate sem gols contra a Tchecoslováquia no estádio das Antas garantiu Portugal em sua primeira Copa do Mundo. A equipe ainda disputou uma última partida pelas eliminatórias e perdeu para a Romênia, fora de casa, por 2 a 0. Mas a derrota não abalou nem um pouco os encarnados. Era hora de brilhar pela primeira vez no maior palco do futebol mundial.
A seleção portuguesa de 1966: com quatro homens na frente e Coluna na armação, o time era uma máquina de fazer gols.
A seleção portuguesa de 1966: com quatro homens na frente e Coluna na armação, o time era uma máquina de fazer gols.

O debute no “Teatro dos Sonhos”
Eusébio Portugal
Eusébio (à dir.) deixa seus marcadores húngaros no chão.

Em 13 de julho de 1966, Portugal fez sua estreia em uma Copa do Mundo. A equipe jogou diante de quase 30 mil pessoas no Old Trafford, em Manchester, conhecido como o “Teatro dos Sonhos”. E foi lá que começou a trajetória de ouro daquela equipe. Os húngaros, pobres adversários dos lusitanos, nada puderam fazer para conter o ímpeto ofensivo daquele forte time. José Augusto abriu o placar com apenas dois minutos de jogo. No segundo tempo, Bene empatou para a Hungria, mas foi mais por sorte que por talento. José Augusto, aos 20´, e Torres, em uma de suas cabeçadas características aos 44´, definiram o placar em 3 a 1. Na partida seguinte, Portugal mostrou outra vez seu poder de fogo e fez 3 a 0 na Bulgária, com um gol de Vutsov (contra) aos 17´ e Eusébio aos 38´do primeiro tempo e Torres, de novo de cabeça, aos 37´do segundo tempo. Com seis gols a favor, um contra e quatro pontos ganhos (na época, a vitória valia dois pontos), Portugal estava praticamente classificado. Apenas uma derrota de goleada tiraria a equipe da segunda fase. Mas seria preciso encarar um adversário poderoso e místico: o Brasil. Com Pelé.
O gigante Torres na bola aérea: letal.
O gigante Torres na bola aérea: letal.

“Pelé Português” 2×0 Pelé
portugal-1966 (1)
No estádio Goodison Park, em Liverpool, países intimamente ligados pela história se enfrentaram pela primeira vez em Copas num jogo marcante e decisivo. Portugal, acredite, era o favorito. O Brasil não era nem sombra do time bicampeão do mundo em 1962 e se apoiava, sobretudo, a Pelé, tanto é que o técnico de Portugal, Otto Glória, deixou bem claro na véspera do jogo que os brasileiros não eram tudo aquilo:
“O Brasil tem o melhor futebol do mundo, mas essa é uma de suas piores seleções”. Otto Glória.
Sabendo da fragilidade brasileira, Portugal tratou de marcar Pelé, o único que poderia desequilibrar pelo lado canarinho, e fez o que pôde para brecá-lo, nem que fosse à base da porrada – exatamente o que os defensores Vicente e Morais fizeram. Pelé sofreu várias faltas em sequência naquele jogo, sendo as mais ríspidas da dupla portuguesa, cruciais para destroçar o jogador brasileiro, que teve de se arrastar em campo (na época não havia substituições) e nada pôde fazer para ajudar o Brasil. Diante de um adversário com 10 homens, muito nervoso e sem talento algum, Portugal tratou de liquidar o jogo rapidinho. Simões, aos 15´, aproveitou uma bobeada do goleiro Manga e fez 1 a 0. Eusébio, aos 26´, ampliou. Rildo, aos 28´ do segundo tempo, diminuiu para o Brasil, mas Eusébio deixou mais um aos 40´e decretou a vitória portuguesa por 3 a 1. Os lusitanos comemoraram não só a vitória, mas também o triunfo de “seu Pelé” sobre o original. Naquele dia, o “Pelé português” venceu o brasileiro por 2 a 0. E ainda por cima eliminou de uma vez os campeões do mundo.
Eusébio (à esq.) consola um combalido Pelé.
Eusébio (à esq.) consola um combalido Pelé.

A virada mais espetacular das Copas
A única maneira que os norte-coreanos encontraram para deter Eusébio foi com falta. Melhor para Portugal.
A única maneira que os norte-coreanos encontraram para deter Eusébio foi com falta. Melhor para Portugal.

No mesmo Goodison Park, em Liverpool, Portugal jogou por uma vaga nas semifinais da Copa contra um adversário surpreendente: a Coreia do Norte, que havia eliminado de maneira épica a toda poderosa Itália com uma vitória por 1 a 0, gol de Pak Doo-Ik. Os norte-coreanos já eram a sensação do torneio e confirmaram a fama logo nos primeiros 25 minutos de jogo. Rápidos, alucinantes e frenéticos, os pequeninos coreanos marcaram três gols, um aos 1´, outro aos 22´e mais um aos 25´. Os 37.286 pagantes do estádio pareciam não acreditar no que viam. Como Portugal, uma seleção mais forte tanto tecnicamente quanto fisicamente, estava perdendo para aqueles baixinhos? Pois é, ninguém tinha a resposta. No entanto, uma pessoa em campo parecia bem tranquila e serena, apenas esperando a hora certa para dar o bote. Ou melhor, mostrar as garras: Eusébio. O Pantera Negra, a partir do terceiro gol norte-coreano, começou, sozinho, a reação mais espetacular das Copas do Mundo. Aos 27´, o craque marcou, de pênalti, o primeiro gol português. Aos 42´, outra vez de pênalti, o Pantera fez o segundo. Na etapa complementar, Eusébio continuou infernal e a dar arrancadas e mais arrancadas que nenhum daqueles pobres asiáticos podiam alcançar. Em uma delas, o craque avançou em direção ao gol e tocou por cobertura para fazer o gol de empate aos 12´. Apenas dois minutos depois, outro pênalti e mais um gol de Eusébio: 4 a 3. A torcida outra vez ficava incrédula, mas agora questionando o feito português. Como eles conseguiram virar um 0x3 para 4 a 3 em tão pouco tempo? Ora, bastava olhar em campo e ver o que jogava Eusébio e o que criava no meio de campo aquele outro ser sublime chamado Mário Coluna. Era um espetáculo. Aos 40´, José Augusto fechou as contas e decretou a espetacular vitória portuguesa: 5 a 3.
Eusébio, a estrela da Copa, no jogo contra a Coreia: um mito em solo inglês.
Eusébio, a estrela da Copa, no jogo contra a Coreia: um mito em solo inglês.

O estádio inteiro aplaudiu de pé a apresentação não só de Portugal, mas também da Coreia, dona de 25 minutos de protagonismo, mas que teve de ver Eusébio e companhia pegarem para si os outros 75. Uma divisão injusta, mas corretíssima para o bem do futebol, que ganhara mais um capítulo saboroso para sua história.

Pane geral
Coluna e Moore: Portugal abusou do cavalheirismo e perdeu a vaga na final.
Coluna e Moore: Portugal abusou do cavalheirismo e perdeu a vaga na final.

Portugal teve pela frente a anfitriã Inglaterra na semifinal. Era um páreo duro, mas plenamente possível de ser superado por conta da qualidade do time e do futebol apresentado nas partidas anteriores. Porém, vários fatores começaram a aparecer e Portugal foi perdendo a chance de fazer história ainda na véspera. O jogo estava marcado previamente para o estádio Goodison Park, o mesmo no qual Portugal havia vencido Brasil e Coreia do Norte. Porém, a FIFA alegou que a partida teria “grande interesse por parte do público” e decidiu, sem consultar os portugueses, mudar o local do jogo para o grandioso Wembley (palco de todos os jogos anteriores da Inglaterra). Além disso, Portugal não pôde contar com os defensores Morais e Vicente, machucados. E mais: a equipe, impressionada com as sanções aos times indisciplinados e os ataques dos jornais ingleses à “selvageria dos times sul-americanos” (aqui, lê-se Argentina, por conta do duelo contra os ingleses nas quartas de final), os portugueses trataram de tirar o pé e não foram tão viris como de costume naquele jogo tão importante. Tanto cavalheirismo só podia resultar em uma coisa: derrota. Bobby Charlton, craque da equipe da casa, marcou dois gols, Eusébio descontou, de pênalti, e a Inglaterra foi para a final, que seria vencida por 4 a 2 diante da Alemanha. Portugal não jogou absolutamente nada e teve um rendimento muito abaixo do esperado naquele dia. Parecia que a vibração havia acabado, a vontade de vencer esmaecido e o talento esquecido no hotel. Restava aos encarnados apenas a disputa do terceiro lugar, contra a URSS de Yashin.
Eusébio cai no choro: o Pantera merecia o título naquele ano.
Eusébio cai no choro: o Pantera merecia o título naquele ano.

O bronze (que poderia ser ouro)
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Na disputa pelo terceiro lugar, Portugal superou a URSS por 2 a 1, com gols de Eusébio (preciso falar que foi de pênalti?) e Torres, e alcançou o incrível bronze naquela Copa de 1966. Em sua primeira participação, a equipe conseguia um desempenho mais do que histórico. Porém, tanto nos torcedores quanto nos jogadores ficou aquele gosto de decepção. Afinal, com o futebol apresentado, os nove gols de Eusébio (artilheiro da Copa), e o poder de fogo daquele esquadrão, dava para ter abocanhado, sem dúvidas, a Taça Jules Rimet. Faltou ousadia e raça diante dos esnobes ingleses. Uma pena.

Seleção imortal
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Após a campanha memorável na Inglaterra, Portugal demoraria 20 anos para disputar uma nova Copa, só em 1986, no México. A equipe disputou ainda os mundiais de 2002 (21º lugar), 2006 (4º lugar), 2010 (11º lugar) e 2014 (18º lugar), mas sem conseguir superar ou igualar a posição alcançada por aquele esquadrão de 1966, que permanece como o maior e mais talentoso já formado pelo país em todos os tempos.

Os personagens:
José Pereira: não era um grande goleiro, mas até que foi bem nos jogos que disputou naquela Copa. No entanto, falhou no primeiro gol da Inglaterra na semifinal e prejudicou a equipe lusitana. Fez carreira no time d´Os Belenenses e jogou até os 35 anos de idade.
Carvalho: goleiro do Sporting na época, Joaquim Carvalho jogou algumas partidas antes da Copa pela seleção e o primeiro jogo da campanha bronzeada de 1966, mas depois foi substituído por José Pereira. Fez parte do Sporting campeão da Recopa Europeia de 1963-1964.
Morais: jogou mais de uma década no Sporting e conquistou quatro títulos pelo clube alviverde. Pela seleção, jogou entre 1966 e 1967 e ajudou o companheiro Vicente a “acabar” com Pelé no jogo decisivo da fase de grupos. Era bem baixo para um defensor (1,69m), mas tinha muita velocidade.
Baptista: zagueiro de muita qualidade técnica e elegância, Alexandre Baptista fez história no Sporting dos anos 60 e foi ídolo do clube. Pela seleção, fez uma ótima Copa e ajudou demais o sistema defensivo dos encarnados. Era um esportista completo e jogava, também, tênis, basquete e tênis de mesa.
Vicente: ao lado de Morais, Vicente Lucas fazia o “trabalho sujo” da zaga portuguesa com força e entradas mais duras. Pelé que o diga, pois foi vítima da dupla naquele fatídico jogo da fase de grupos. O zagueiro era um dos muitos jogadores nascidos na colônia de Moçambique e fez uma boa Copa do Mundo. Seu futebol de raça fez muita falta no jogo contra a Inglaterra.
Hilário: era um ótimo defensor e tomava conta do setor esquerdo da seleção portuguesa naquela Copa. Tinha muita força de vontade e se entregava como poucos em campo, mostrando amor à camisa e ao esporte. Era difícil passar por ele naqueles anos 60. Foi ídolo no Sporting.
Jaime Graça: Coluna armava as jogadas mais à frente, mas ele não seria o mesmo não fosse a proteção e segurança de Jaime Graça. O volante do Vitória de Setúbal era um dos grandes jogadores daquela equipe e transmitia muita confiança a todos os companheiros. Marcava muito bem, ajudava a zaga e cobria o meio de campo para o brilho de Coluna.
Mário Coluna: ficou conhecido como “Monstro Sagrado” pela incrível eficiência e técnica em campo. Mário Coluna foi um dos maiores jogadores da história do futebol português e mundial. Meio campista de extremo talento, com visão de jogo privilegiada, fôlego invejável e muita técnica, o craque foi referência do Benfica multicampeão de 1954 até 1970. Em 677 partidas pelo clube, marcou 150 gols. Foi o capitão de Portugal na campanha da Copa de 1966 e uma das maiores estrelas do mundial.
José Augusto: a seleção portuguesa abusava em ter ótimos jogadores ofensivos, e José Augusto era um deles. Muito técnico, driblador e goleador, Augusto foi outra peça marcante do time que encantou o mundo naquele ano de 1966. Brilhou intensamente no Benfica e marcou 138 gols em 308 jogos pelo clube vermelho.
Eusébio: o que dizer do “Pantera Negra”, maior jogador da história de Portugal, maior jogador da história do Benfica, artilheiro da Copa do Mundo de 1966 com 9 gols e maior ídolo do futebol português em todos os tempos? Eusébio é um mito do futebol e aterrorizou os adversários pela Europa por mais de uma década. Forte, rápido, habilidoso e muito, mas muito goleador, o craque é o maior artilheiro da história do Benfica com estrondosos 638 gols em 614 jogos pelo clube, uma fantástica média de 1,03 gols por jogo. Foi durante muitos anos o maior artilheiro, também, da seleção de Portugal com 41 gols em 64 jogos, até ser superado por Pauleta, que chegou aos 47 tentos. Eusébio é, também, o segundo maior artilheiro da história do Campeonato Português com 319 gols marcados. Vencedor de inúmeros prêmios na carreira e um mito em campo, Eusébio foi épico. E imortal.
Torres: ganhou o apelido de “O Bom Gigante” pela altura (1,91m) e pela ótima presença de área, principalmente no jogo aéreo. Jogou no Benfica de 1959 até 1971 e balançou as redes 226 vezes em 259 partidas, outro atacante com ótima média de gols no clube de Lisboa. Pela seleção, marcou 14 gols em 33 partidas. Outro que brilhou naquele mundial.
Simões: pequenino, mas pequenino mesmo, com apenas 1,58m de altura, António Simões virava gigante com a camisa da seleção e do Benfica. Muito rápido e habilidoso, fazia várias tabelas no ataque do time e ajudava muito na ótima média de gols do esquadrão português. Atuou em 46 jogos pela seleção, mas não teve destaque em número de gols: só anotou 3. Pelo Benfica, fez 90 gols em 611 jogos.
Otto Glória (Técnico): o técnico brasileiro fez história no futebol português ao comandar vários times vencedores e, sobretudo, a melhor seleção lusitana de todos os tempos. Conseguiu reunir todos os maiores craques do país num só grupo, não teve problemas com o entrosamento de jogadores de equipes rivais e diferentes como Sporting e Benfica e fez história. Só pecou na semifinal, quando não fez seu time jogar com raça e força contra os ingleses, o que acabou custando a classificação. Mesmo assim, teve méritos e ganhou um lugar na história.

VÍDEOS

Extras:
5×3 épico
Veja os gols da vitória histórica de Portugal sobre a Coreia do Norte.


Simplesmente Eusébio
Veja lances e jogadas marcantes de Eusébio naquela Copa.


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16
Ago16

WOODSTOCK, UM GRANDE FESTIVAL

António Garrochinho


No verão do hemisfério norte de 1969, os mais representativos cantores e músicos da juventude da época, subiram ao palco improvisado de uma fazenda próxima ao vilarejo de Woodstock, na cidade rural de Bethel, próxima a Nova York. O evento, feito para gerar divisas para os organizadores, recebeu mais de 500 mil pessoas, que quebraram as cercas isolantes da fazenda e dos costumes, fazendo do festival a imagem de uma geração mergulhada na contracultura e na essência do seu tempo. Mais do que um festival de música popular, Woodstock foi um grito aos costumes, às guerras e a um sistema velho e pernicioso que oprimia e matava em nome da ideologia limitada da Guerra Fria.
Em 1969, a disputa entre os Estados Unidos e a União Soviética pela hegemonia ideológica do planeta levou o homem a pisar na lua. A internet foi inventada para garantir a espionagem no mundo. Uma carnificina humana era travada nos campos do Vietnã. A pílula, símbolo da liberdade corporal da mulher e da sua opção entre a maternidade e o prazer, era condenada pelo papa Paulo VI. O amor livre, uma descoberta recente, que ia além dos princípios da procriação catequizadora, pulsava na sexualidade dos jovens. As velhas ideologias e costumes já não condiziam com a revolução sociológica que acontecia no mundo. Os costumes morais ocidentais entraram em colapso diante da hipocrisia que o sustentava. Em 1968, gritos de contestação assolaram o mundo, de Paris à Praga, fazendo tremer as ideologias da Guerra Fria.
Foi diante da quebra de costumes e tabus, que surgiram os hippies, herdeiros da Geração Beat, que com suas barbas e cabelos longos, pregavam a paz no mundo, o culto ao amor livre, à contracultura e à plenitude da alma humana, traduzida na essência psicodélica da música e no misticismo importado de divindade e gurus orientais.
Em Woodstock, do dia 15 a 18 de agosto de 1969, 500 mil jovens puderam viver a essência do comportamento hippie e o seu apogeu de idealizado. Regados de drogas que se legitimaram durante o festival, ouvindo a música dos seus ídolos, dançaram nus, fizeram amor, conviveram pacificamente. Durante quatro dias tudo foi permitido, 500 mil pessoas fizeram de Woodstock o maior e mais mítico dos festivais da história da música no planeta. Era o apogeu do movimento hippie, e também o seu grande final, o último fôlego de um sonho que mergulharia na psicodelia do inicio dos anos setenta, tendo vários dos seus ídolos tragados pela droga. Várias foram às vezes que se tentou repetir o festival, mas Woodstock foi único, ficou preso nos sonhos daqueles jovens cabeludos de roupas coloridas ou nus, que debaixo de chuva e lama, conseguiram fazer dos homens de ideais velhos, senhores de corações novos.

Da Geração Beat aos Hippies

A contracultura, que assolaria a segunda metade do século XX, teve o seu início demarcado pela publicação do poema “Howl”, de Allen Ginsberg, em 1956. Ginsberg foi o representante máximo do que ficou conhecido como a beat generation(geração beat) e pode ser considerado um dos progenitores do movimento hippie.
Os Beats usavam as palavras de forma que exprimissem as frustrações cotidianas e existenciais, servindo de protesto contra aquilo que consideravam estar errado no mundo. O movimento cresceu nos últimos anos da década de 1950, expandindo-se por clubes e cafés de jazz, onde os seus componentes juntavam-se para longas tertúlias e declamação de poesia. Neste ambiente de espaços intelectuais emergentes, homens de barbas, vestindo roupas informais caracterizadas, conhecidas como shabby; usando óculos escuros a qualquer hora do dia, passaram a ser conhecidos como os “Beatniks”.
Os beatniks tinham uma expressão freqüente com a qual se apresentavam: “I’m hip”. Com o seu modo “hip” de expressão, passaram a ser chamados de “hipsters”, de onde teria evoluído para o termo “hippies”, conforme o movimento entrava em decadência e fora dos modismos.
Nascido nos Estados Unidos, o movimento hippie espalhou-se pelo mundo, levando a contracultura aos jovens de todo o planeta nos últimos anos da década de 1960. A contracultura hippie atingia na sua essência, os jovens estudantes das universidades, que reprimidos entre os velhos costumes e conceitos judaico-cristãos da sociedade em que se inseriam, entre a ameaça de se ter que lutar e morrer pelos ideais da Guerra Fria nas batalhas do Vietnã; assumiam a utopia da paz, a contestação das funções da sexualidade, trocando o vazio deixado pelos preceitos falidos da igreja cristã pelo misticismo de crenças milenares de deuses hinduístas.

Faça Amor Não Faça Guerra

Jovens hippies abandonavam o conforto dos seus lares, que se revelava opressivo, rumando para os centros urbanos, principalmente para São Francisco, na Califórnia. A cidade da costa californiana tornara-se o maior centro do movimento hippie, onde se concentrou um imenso número de comunidades hippies. Foi em São Francisco que, em 1967, Scott Mc Kenzie gravou a canção “San Francisco”, de John Phillips, que se tornou o grande hino do movimento. A canção dizia, em seus versos de melodia suave e doce, para os que rumavam à cidade dos hippies: “Be sure to wear some flowers in your hair” (“Não te esqueças de usar algumas flores no teu cabelo”). Estava estabelecido o estilo hippie, seus integrantes vestiam-se com túnicas e roupas coloridas, traziam sandálias, cabelos compridos (homens e mulheres) e barba (homens). A flor passou a ser um dos símbolos do movimento, sendo chamado por alguns de movimento “Flower Power”.
Os hippies opunham-se às guerras; defendiam a paz e o amor no mundo; o amor livre e de todas as formas, quer no sentido de amar ao próximo e na forma mais libertária de praticar o sexo. Tudo era partilhado, os bens materiais, a comida, os companheiros, ninguém era de ninguém. A palavra de ordem do movimento ecoou pelo mundo: “Make Love Not War” (Faça Amor Não Faça Guerra).
Seguidores das filosofias orientais e pacifistas de Ghandi, as comunidades hippies utilizavam-se do consumo de drogas, em especial do então recém descoberto LSD, que na época não era considerado perigoso, não tendo o seu uso proibido. Através das drogas, os hippies achavam que a mente era aberta mais rapidamente.
Era através da música pop e do rock, movidas por baladas melodiosas e ritmos frenéticos, que a cultura hippie alcançava a sua expressão máxima. Feitas sob o efeito das drogas, as músicas que traduziam a filosofia hippie eram ouvidas por todos, que também drogados, assimilavam nas canções o princípio da mente sem amarras, libertada. Este momento lúdico produzido por químicos, foi chamado de psicodélico. O clima psicodélico estendeu-se da música para a arte, evidenciando-se na composição das capas dos discos e dos cartazes, muito coloridos, com letras fluídas e deformadas, com desenhos caleidoscópicos, reproduzindo a deformação e o alongamento de imagens que se refletiam durante o efeito de certas drogas. 
O professor universitário Timothy Leary tornou-se o grande líder espiritual do movimento hippie, resumindo os principais aspectos da contracultura daquela geração no slogan: “Turn On, Tune In, Drop Out”.
Turn On (ligar), significava, através do consumo das drogas, ligar a luz da mente, tornando-a uma grande dimensão libertária.
Tune In (sintonizar), era estar atento ao mundo e ao rompimento com o estabelecido, aderindo ao estilo de vida hippie.
Drop Out (sair, abandonar), era a palavra de ordem do movimento para que se abandonasse o estilo de vida tradicional, rompendo com os costumes morais da família, com as expectativas das carreiras estabelecidas. Foi nos meandros da filosofia drop out que se estabeleceu o movimento do desbunde no Brasil do início dos anos 1970.
Foram cerca de 500 mil desses jovens hippies que, no dia 15 de agosto, rumaram para o interior de Nova York, atrás de um festival de música que se intitulava como “Uma Exposição Aquariana”. Lá, quebraram as cercas da fazenda e, em um momento lúdico da expressão hippie e da música popular, entraram para a história com o mítico festival de Woodstock.

Projetando o Festival

Em 1969, John P. Roberts e Joel Rosenman, empresários em busca de um negócio que lhes trouxesse lucro, puseram um anúncio no “New York Times” e no “Wall Street Jounal”, sob o nome de Challenge International, Lda, que dizia: “Jovens com capital ilimitado buscam oportunidades legítimas e interessantes de investimento e propostas de negócio”. Michael Lang e Artie Kornfeld responderam ao anúncio. Estava formado o quarteto que iria realizar o lendário festival de Woodstock.
Após reunirem-se, Michael Lang, John P. Roberts, Joel Rosenman e Artie Kornfeld pensaram na criação de um estúdio de gravação em Woodstock. Aos poucos, a idéia foi sendo abandonada, evoluindo para a de um festival de verão de música e arte ao ar livre. Vencidas as dúvidas de Roberts, que procurava investir em um projeto lucrativo, e ao ludismo de Lang, que queria criar um evento atrativo e de diferente proposta juvenil, foram erguidas as bases para que se realizasse um festival de música ao ar livre no verão daquele ano.
Longe dos princípios da contracultura hippie, o projeto de Woodstock, embora arriscado, concebia um festival com fins lucrativos a favorecer quem o empresariasse. Para financiá-lo, foi criada a empresa “Woodstock Ventures”.
Inicialmente, foi agendado um concerto para ser realizado no Parque Industrial de Wallkill, Orange County, no nordeste de Middletown. O local chegou a ser alugado pela Woodstock Ventures durante a primavera, por cem mil dólares. Mas os moradores do lugar fizeram forte oposição, e as autoridades de Wallkill proibiram o concerto em julho de 1969.
Com a proibição, entrou em cena Eliot Tiber, que ofereceu a sala 80 do El Mônaco Motel, em White Like, Bethel, Nova York, para que o festival fosse realizado. Mas a idéia ficou inviável diante do tamanho do local. Tiber foi quem apresentou os produtores ao fazendeiro Max Yasgur, que concordou, em 20 de julho de 1969, em alugar, por setenta e cinco mil dólares, seiscentos acres da sua fazenda de produção leiteira, situada na vila rural de Bethel, em Sullivan County, a sudoeste do vilarejo de Woodstock, Nova York.
Estava definido o local que receberia o grande festival, inicialmente programado para um público máximo de duzentas mil pessoas.

Quase Meio Milhão de Pessoas Rumam para o Festival

Definido o local do festival, foram postos à venda antecipadamente, cerca de cento e oitenta mil bilhetes, vendidos em lojas de discos e na zona metropolitana de Nova York, ou ainda, através de uma caixa postal. Custavam dezoito dólares comprados antecipadamente e, vinte e quatro dólares adquiridos no dia nos portões do evento. Os cartazes anunciavam os três dias do festival 15, 16 e 17 de agosto de 1969, como um evento de música e arte de “Uma Exposição Aquariana” (An Aquarian Exposition).
As expectativas de juntar uma platéia de duzentas mil pessoas, foram absolutamente superadas, quando, imprevisivelmente acederam ao local cerca de quinhentas mil pessoas. Com eles vinha o furor da juventude hippie, os sonhos e os ideais da geração “Flower Power”, e todas as licitudes do que dantes parecia ser proibido.
Assim, no dia 15 de agosto de 1969, uma sexta-feira de verão no hemisfério norte, uma legião de jovens cabeludos assolou a fazenda de Max Yasgur. A primeira regra a ser quebrada foram as cercas da fazenda que ladeavam opalco, postas abaixo, tornando o evento gratuito. Mediante o acesso de tantas pessoas, as vias que ligavam Nova York ao local tornaram-se caóticas, intransitáveis, com um dos maiores congestionamentos da história da cidade. Bethel foi transformada em área de calamidade pública, diante da deficiência na infraestrutura logística, que não comportava tanta gente. Milhares de pessoas viram-se sem instalações sanitárias, preparos para que se efetuassem os primeiros socorros médicos a quem necessitasse, comida para todos, e, para piorar a situação, o local sofreu com uma grande tempestade, que fez do chão um rio de lama. As pessoas tiveram que enfrentar a fragilidade da higiene local, a chuva que caia sem perdão, e ainda racionar a comida.
Mesmo diante de uma catástrofe iminente, o festival trouxe um encontro pacífico, com jovens a enfrentar não somente as adversidades climáticas e de infraestrutura, como aos preconceitos e aos costumes da sociedade da sua época. Vestidos ou nus, receberam com um calor jamais repetido, aos ídolos que marcaram com brilho o nome da música popular do século XX. Entre a chuva e a música, jovens em busca de um sonho e de um tempo novo, derrubavam os costumes, faziam amor entre si, envoltos na psicodelia das suas mentes, que se abriam através da farta quantidade de drogas ingeridas e do prazer em quebrar os tabus.
No final do festival, após o susto da possível catástrofe, apenas duzentas pessoas foram presas no local, por ofensas menores e sem gravidades, profundamente minimizadas diante do estado incontestável do efeito das drogas por eles ingeridas. No meio da multidão, apenas duas mortes foram registradas, sendo uma delas em conseqüência de uma overdose de heroína; a outra envolveu um atropelamento de uma pessoa por um trator. No meio da psicodelia do festival, quatro abortos foram provocados; e dois partos foram efetuados, um dentro de um helicóptero de resgate, outro dentro de um carro preso ao grande congestionamento da principal via que conduzia a Nova York.
O festival entraria para a história não pelas pequenas catástrofes, quase insignificantes diante de meio milhão de pessoas juntadas em um local com condições precárias, mas pela empatia entre o artista e o público, que juntos acalentavam a ideologia contestadora dos anos de 1960, que quando consumada, traria aos costumes novos e definitivos códigos morais. A sexualidade seria desbravada, trazendo uma liberdade ao corpo que só seria freada com o surgimento da Aids no início da década de 1980. Mais do que um dos encontros mais ricos de grandes artistas da música, Woodstock desenhou um quadro de pintura realista diante de uma utopia, diante de um comportamento social de um público que por quatro dias, cumpriu com uma harmonia arrebatadora os seus sonhos de juventude e de um novo mundo.

O Festival e os Seus Bastidores

Grandes nomes compuseram o um mítico espetáculo, entre eles Jimi Hendrix, Richie Havens, Joan Baez, John Sebastian, The Who, Joe Cocker.
Alguns nomes históricos da música internacional ficaram de fora, muitos por motivos pessoais, como os The Doors, que inicialmente concordaram em fazer parte do festival. Conversas de bastidores apontam para o cancelamento de ultima hora da banda em razão de o espetáculo não ter sido feito no Central Park, e sim em um local rural. Outros dizem que foi devido ao medo de Jim Morrison, vocalista da banda, em cantar ao ar livre, pois a sua voz sairia inexpressiva. Há ainda a versão de que o vocalista, acometido por uma paranóia psicodélica, entrou em pânico, com medo de ser morto em público. Anteriormente, Morrison tinha sido preso em um show por postura indecente. Da mítica banda ausente, John Densmore, seu guitarrista, foi o único que compareceu ao festival.
Os Beatles não compareceram ao festival devido à produção não chegar a um acordo com John Lennon. Para levar a banda inglesa, Lennon exigiu que a Plastic Ono Band, da sua mulher Yoko Ono, também tocasse. A recusa dos produtores invalidou a presença dos Beatles.
Outra banda que declinou ao convite de última hora foi a canadense Lighthouse, pois temeram que o evento pudesse denegrir a sua imagem. Mais tarde, diante das evidências históricas do festival, alguns membros da banda declararam-se arrependidos de não terem ido.
Led Zeppelin também foi convidada para tocar no festival, mas Peter Grant, empresário da banda, declinou ao convite, por pensar que a apresentação não lhes traria lucros ou visibilidade, pois seriam mais um em uma extensa lista. Decidiram seguir em turnê.
O mesmo aconteceu a Frank Zappa e The Mothers of Ivention, que alegaram haver muita lama em Woodstock. The Jeff Beck Group teve que cancelar a sua apresentação, pois a banda terminou uma semana antes do festival. Os Iron Butterfly ficaram presos no aeroporto.
Assim, seja qual tenha sido a razão pela qual algumas bandas ou cantores declinaram de tocar em Woodstock, maior foi o arrependimento de não ter participado de um evento considerado como um daqueles que mudaram a história do rock.

O Primeiro Dia, 15 de Agosto (Sexta-Feira)
Assim, com uma platéia de cerca de quinhentas mil pessoas, com o som projetado por Bill Hanley, naquela tarde de verão de 1969, às 17h00, Richie Havens abria oficialmente o festival de Woodstock.
O primeiro dia teve como característica a apresentação de um elenco de músicos mais leves, em que se subiu ao palco a maior parte dos artistas folks convidados. Após a apresentação de Richie Havens, Swami Satchidananda deu a invocação ao festival. Country Joe McDonald tocou separado da sua banda, os The Fish.
Uma chuva incessante começou a cair durante a atuação de Ravi Shankar, que apresentou um repertório de cinco músicas debaixo da água. Joan Baez, grávida de seis meses, foi quem fechou o primeiro dia do festival.
Naquele dia apresentaram-se:

Richie Havens 

1 High Flyin’ Bird
2 I Can’t Make it Any More
3 With a Little Help from My Friends
4 Strawberry Fields Forever
5 Hey Jude
6 I Had a Woman
7 Handsome Johnny
8 Freedom / Sometimes I Feel Like a Motherless Child

Swami Satchidananda (invocação)

Country Joe McDonald

1 I Find Myself Missing You
2 Rockin All Around the World
3 Flyin’ High All Over the World
4 Seen a Rocket Flyin’
5 The Fish Cheer / I Feel Like I’m Fixin’ To Die Rag

John Sebastian

1 How Have You Been
2 Rainbows Over Your Blues
3 I Had a Dream
4 Darlin’ Be Home Soon
5 Younger Generation

Sweetwater

1 What’s Wrong
2 Motherless Child
3 Look Out
4 For Pete’s Sake
5 Day Song
6 Crystal Spider 
7 Two Worlds
8 Why Oh Why

The Incredible String Band

1 Invocation
2 The Letter
3 This Moment
4 When You Find Out Who You Are

Bert Sommer

1 Jennifer
2 The Road to Travel
3 I Wondered Where You Be
4 She’s Gone
5 Things are Going My Way
6 And When it’s Over
7 Jeanette
8 America
9 A Note that Read
10 Smile

Tim Hardin

1 If I Were a Carpenter
2 Misty Roses

Ravi Shankar

1 Raga Puriya-Dhanashri / Gat in Sawarital
2 Tabla Solo In Jhaptal
3 Raga Manj Kmahaj
4 Iap Jor
5 Dhun In Kaharwa Tal 

Melanie
1 Tuning My Guitar
2 Johnny Boy
3 Beautiful People

Arlo Guthrie

1 Coming Into Los Angeles
2 Walking Down the Line
3 Story About Moses and the Brownies
4 Amazing Grace

Joan Baez

1 Story About How the Federal Marshals Came to Take David Harris Into Custody
2 Joe Hill
3 Sweet Sir Galahad
4 Drugstore Truck Driving Man
5 Sweet Sunny South
6 Warm and Tender Love
7 Swing Low, Sweet Chariot
8 We Shall Overcome

O Segundo Dia, 16 de Agosto (Sábado)
No segundo dia, o festival foi aberto às 12h15 da tarde, com a banda Quill. A característica desse dia de sábado foi marcada pela apresentação dos principais artistas psicodélicos e de rock do festival.
Destaque para a apresentação da banda Grateful Dead, que enfrentaram problemas técnicos, como um pedaço do palco com o chão defeituoso. A banda tocou debaixo de chuva, o que levou dois dos seus integrantes, Jerry Garcia e Bob Weir a sofrerem com choques constantes todas às vezes que se encostavam às guitarras. Phil Lesh, o baixo, diz ter ouvido o rádio de transmissão de um helicóptero através do amplificador do contrabaixo enquanto tocava.
No seu repertório de uma hora, Moutain incluiu “Theme For Na Imaginary Western”, de Jack Bruce. Janis Joplin voltou em dois bis, “Piece of My Heart” e “Ball & Chain”.
As apresentações entraram pela madrugada. Os The Who começaram a tocar às 4h00 da madrugada, trazendo no seu repertório a ópera rock “Tommy”. O dia foi encerrado com a apresentação da banda Jefferson Airplane, que subiram ao palco às 6h00 da manhã, com oito músicas.
No sábado apresentaram-se:

Quill 
1 They Live the Life
2 BBY
3 Waitin’ for You
4 Jam

Keef Hartley Band

1 Spanish Fly
2 Believe in You
3 Rock me Baby
4 Medley
5 Leavin’ Trunk
6 Sinnin’ for Yoy

Santana
1 Waiting
2 You Just Don’t Care
3 Savor
4 Jingo
5 Persuasion
6 Soul Sacrifice
7 Fried Neckbones

Country Joe McDonald

1 The Fish Cheer

Canned Heat

1 A Change is Gonna Come / Leaving this Town
2 Going Up the Country
3 Let’s Work Together
4 Woodstock Boogie

Mountain 
1 Blood of the Sun
2 Stormy Monday
3 Long Red
4 Who Am I But You and the Sun
5 Beside the Sea
6 For Yasgur’s Farm
7 You and Me
8 Theme for an Imaginary Western
9 Waiting to Take You Away
10 Dreams of Milk and Honey
11 Blind Man
12 Blue Suede Shoes
13 Southbound Train

Janis Joplin

1 Raise Your Hand
2 As Good as You’ve Been to this World
3 To Love Somebody
4 Summertime
5 Try (Just a Little Bit Harder)
6 Kosmic Blues
7 Can’t Turn You Loose
8 Work me Lord
9 Piece of My Heart
10 Ball & Chain

Grateful Dead

1 St. Stephen
2 Mama Tried
3 Dark Star / High Time
4 Turn on Your Love Light

Creedence Clearwater Revival 

1 Born on the Bayou
2 Green River
3 Ninety-Nine and a Half (Won’t Do)
4 Commotion
5 Bootleg
6 Bad Moon Rising
7 Proud Mary
8 I Put a Spell On You
9 Night Time is the Right Time
10 Keep on Chooglin’
11 Suzy Q

Sly & The Family Stone

1 M’Lady
2 Sing a Simple Song
3 You Can Make it if Your Try
4 Everyday People
5 Dance to the Music
6 I Want to Take You Higher
7 Love City
8 Stand!

The Who

1 Heaven and Hell
2 I Can’t Explain
3 It’s a Boy
4 1921
5 Amazing Journey
6 Sparks
7 Eyesight to the Blind
8 Christmas
9 Tommy Can You Hear Me?
10 Acid Queen
11 Pinball Wizard
12 Abbie Hoffman Incidente
13 Do You Think It’s Alright? 
14 Fiddle About
15 There’s a Doctor
16 Go to the Mirror
17 Smash the Mirror
18 I’m Free
19 Tommy’s Holiday Camp
20 We’re Not Gonna Take It
21 See Me, Feel Me
22 Summertime Blues
23 Shakin’ All Over
24 My Generation
25 Naked Eye

Jefferson Airplane

1 Volunteers
2 Somebody to Love
3 The Other Side of This Life
4 Plastic Fantastic Lover
5 Won’t You Try / Saturday Afternoon
6 Eskimo Blue Day
7 Uncle Sam’s Blues
8 White Rabbit

O Terceiro Dia, 17 de Agosto (Domingo)

Programado para ser o último dia do festival, os eventos sofreriam um atraso de nove horas, o que fez com que as apresentações continuassem pela madrugada do dia 18, alcançando o pôr do sol, apesar da maioria do público já ter ido embora.
O festival abriu o dia às 14h00, com a apresentação antológica de Joe Cocker, que cantou entre outras músicas, o hino lisérgico “Let’s Go Get Stoned”. Após a apresentação de Joe Cocker, iniciou-se um forte temporal, o que levou à interrupção do festival por várias horas, só sendo reiniciado às 18h00, com a apresentação de Country Joe And The Fish.
Entre as curiosidades daquele dia, destaca-se a apresentação de Johnny Winter, que trouxe o irmão Edgard Winter a participar de duas canções. Crosby, Stills, Nash & Young começaram a apresentação por volta das 3h00 da manhã, com um set acústico e outro set elétrico, separados.
Mas o grande destaque do dia foi Jimi Hendrix, que fechou o festival. Graças aos imprevistos que levaram ao atraso das apresentações, Hendrix só pôde tocar na manhã da segunda-feira, para um público restante de apenas trinta e cinco mil pessoas. Durante a execução de “Red House”, uma corda da guitarra do artista quebrou, mas ele continuou a tocar com apenas cinco cordas.
No último dia, de 17 para 18 de agosto, apresentaram-se:

Joe Cocker 

1 Dear Landlord
2 Something Comin’ On
3 Do I Still Figure In Your Life
4 Feelin’ Alright
5 Just Like a Woman
6 Let’s Go Get Stoned
7 I Don’t Need a Doctor
8 I Shall Be Released
9 With a Little Help From My Friends

Country Joe And The Fish

1 Rock and Soul Music
2 Thing Called Love
3 Love Machine
4 The Fish Cheer / I Feel Like I’m Fixin’ To Die Rag

Ten Years After

1 Good Morning Little Schoolgirl
2 I Can’t Keep From Crying Sometimes
3 I May Be Wrong, But I Won’t Be Wrong Always
4 Hear me Calling
5 I’m Going Home

The Band
1 Chest Fever
2 Tears of Rage
3 We Can Talk
4 Don’t You Tell Henry
5 Don’t Do It 
6 Ain’t No More Cane
7 Long Black Veil
8 This Wheel’s on Fire
9 I Shall Be Released
10 The Weight
11 Loving You is Sweeter Than Ever

Blood, Sweat & Tears

1 More and More
2 I Love You More Than You’ll Ever Know
3 Spinning Wheel
4 I Stand Accused
5 Something Comin’ On

Johnny Winter

1 Mama, Talk to Your Daughter
2 To Tell the Truth
3 Johnny B. Goode
4 Six Feet in the Ground
5 Leland Mississippi Blues / Rock me Baby
6 Mean Mistreater
7 I Can’t Stand It – Com Edgard Winter
8 Tobacco Road – Com Edgard Winter
9 Mean Town Blues

Crosby, Stills, Nash &Young

Set Acústico

1 Suite: Judy Blue Eyes 
2 Blackbird
3 Helplessly Hoping
4 Guinnevere
5 Marrakesh Express
6 4 + 20
7 Mr. Soul
8 Wonderin’
9 You Don’t Have To Cry

Set Elétrico

1 Pre-Road Downs
2 Long Time Gone
3 Bluebird
4 Sea of Madness
5 Wooden Ships
6 Find the Cost of Freedom
7 49 Bye-Byes

Paul Butterfield Blues Band

1 Everything’s Gonna Be Alright
2 Driftin’
3 Born Under a Bad Sign
4 Morning Sunrise
5 Love March

Sha-Na-Na

1 Na Na Theme
2 Yakety Yak
3 Teen Angel
4 Jailhouse Rock
5 Wipe Out
6 Book of Love
7 Duke of Earl
8 At the Hop 
9 Na Na Theme

Jimi Hendrix

1 Message to Love
2 Hear My Train a Comin’
3 Spanish Castle Magic
4 Red House
5 Mastermind – Cantada por Larry Lee
6 Lover Man
7 Foxy Lady
8 Jam Back At the House
9 Izabella
10 Fire
11 Gypsy Woman / Aware of Love - Medley cantado por Larry Lee
12 Voodoo Child (Slight Return) / Stepping Stone
13 The Star-Spangled Banner
14 Purple Haze
15 Woodstock Improvisation / Villanova Junction
16 Hey Joe

Jimi Hendrix encerrava com chave de ouro o mítico festival. O cantor teria, brevemente, a vida ceifada pela droga. Outros, como Janis Joplin, seguiriam o mesmo destino trágico.
As imagens históricas do evento foram transformadas em um documentário, “Woodstock”, lançado no ano seguinte, em 1970. O evento também foi registrado em disco, numa trilha sonora dos melhores momentos. Quatro décadas depois de ter ocorrido, Woodstock representa um movimento que se extinguiu, mas que deixou uma marca indelével nos costumes morais e sociais da sociedade que se construiu nos últimos anos do século XX.



16
Ago16

EDITH PIAF - O PEQUENO PARDAL DE PARIS

António Garrochinho
VÍDEOS










Nascida em Paris, Edith Piaf tornou-se um dos maiores nomes da canção francesa e universal. Amada por um público que nunca deixou de ser renovado através das gerações, ela é o símbolo do amor cantado e vivido em sua essência visceral. Trazia no rosto a expressividade dos sentimentos, na voz a força de um canto dilacerante, que fazia da tragédia humana a beleza da sua arte.
Após a Segunda Guerra Mundial, Edith Piaf tornou-se a voz da França em todo o mundo. Sua vida foi construída em estradas sinuosas, muitas vezes cobertas pelas neblinas dos mistérios e da sobrevivência. No fim da guerra, o canto de Edith Piaf traduzia aquele momento de um país em escombros. Aquela mulher de expressões densas, muitas vezes vertidas em gestos dramáticos, era como a França renascida das dores, da humilhação e da vergonha que lhe impregnara a República de Vichy. Piaf era trágica, mas fascinante, de uma beleza artística infindável. Sua voz era a calmaria, seu corpo o terremoto, o seu canto a sedução da arte e do amor.
Conhecida como “La Môme Piaf” (Pequeno Pardal), a cantora saiu dos salões de música para os grandes palcos franceses. Não chegou aos cinqüenta anos, mas viveu com uma intensidade dilacerante, rasgando a juventude através da sua arte e dos seus amores . Seu rosto foi sendo esculpido e dilapidado pelo tempo, pelas paixões, pelas tragédias, pelo álcool e pelos barbitúricos. Próxima da morte, trazia um semblante envelhecido e sugestivamente demarcado pela dor, pela tristeza que refletia nos olhos.
Edith Piaf cantou o amor, a paixão, a França. Deixou sucessos imortalizados, como “La Vie En Rose”, canção que se tornou a imagem do seu país no pós-guerra; “Hymne à L’Amour”, que em 1949 refletiu o abandono e a solidão que a morte do amante, o boxeador Marcel Cerdan, atirou-a; a clássica “Non, Je Ne Regrette Rien”, de 1960, ou “Milord”, de 1959. No estilo francês da chanson, ninguém brilhou tanto como ela.
Na sua casa Edith Piaf recebeu e promoveu encontros entre jovens talentos que se tornariam grandes nomes da música francesa e universal, tais como Gilbert Bécaud, Jacques Pills, Louis Amade, Yves Montand, Jacques Plante, Jean Broussolle, Charles Aznavour, Francis Lemarque e Jacques Prévert. Seu nome está indelevelmente ligado a estes gigantes da fonografia da França.
La Môme Piaf calou-se para sempre, em 10 de outubro de 1963. Não tinha completado 48 anos. Deixou um vazio imenso na arte francesa. Tornou-se um mito, que atravessou as fronteiras do seu país, arrebatando uma legião de fãs pelo mundo. Quase cinco décadas depois da sua morte, Edith Piaf, o mito, é um ícone do mundo contemporâneo, conhecida e reverenciada internacionalmente. Ainda hoje, o seu canto fascina e emociona o ser humano, transformando em arte e beleza a dor da existência e das paixões.

A Infância Vivida em Um Bordel

Edith Giovanna Gassion, reza a lenda, teria nascido na calçada da Rue de Belleville, em Paris, em 19 de dezembro de 1915. Sua certidão diz que nasceu no Hospital Tenon, que atendia aos moradores de Belleville, bairro de grande concentração de imigrantes em Paris.
Apesar de várias biografias escritas, há fases da vida de Edith Piaf que permanecem guardadas no desconhecido, envoltas por mistérios. Era filha de Louis-Alphonse Gassion, um contorcionista de circo de ascendência franco-italiana, que teve uma breve passagem pelo teatro; e, de Annetta Giovanna Maillard, uma cantora de ruas e de cafés, que tinha uma ascendência ítalo-cabila. A mãe de Edith Piaf usava o pseudônimo de Line Marsa quando cantava nos cafés de Paris.
A infância da pequena Edith foi marcada pela mais absoluta miséria e por graves doenças. Louis-Alphonse seguiria para as trincheiras da Primeira Guerra Mundial, servindo o seu país. Impossibilitada de criar o bebê, Annetta deixaria a filha com a mãe, Emma Said, com quem viveria um curto período de tempo. A mãe de Annetta era uma mulher alcoólica, escrava da bebida, não tinha cuidados de higiene com a neta. Encontrando a filha doente e coberta de eczema, na casa da avó materna, na Kabila, Louis-Alphonse levou o bebê, entregando-o à sua mãe, em 1916, voltando a seguir, para as trincheiras.
A avó paterna da pequena Edith dirigia um bordel na Normandia. Já bem cedo, a cantora teve contacto com as prostitutas e, reza algumas biografias, teria ela própria tornado-se uma. O ambiente de prostíbulo, com a sua moral duvidosa, influenciaria para sempre o universo de Edith Piaf, a sua forma de ver o mundo. Ali, a criança começou a compreender a malícia ambígua da vida . Em um ambiente hostil, a pequena conquistou as atenções da prostituta Titine, que lhe adquiriu amor, passando a tratá-la com muita ternura.
Quando aos sete anos, a menina perdeu momentaneamente a visão em conseqüência de uma ceratite, foi Titine quem cuidou dela. A dedicação da prostituta foi tanta, que ela foi ameaçada de ser expulsa do bordel por não cuidar da clientela. Com a ajuda das outras prostitutas, Titine promoveu uma peregrinação a Lisieux, onde fez uma promessa a Santa Thérèse de Lisieux para que a pequena voltasse a enxergar. Dez dias depois, a menina recuperava a visão, como se fosse acometida de um milagre. Ela tornar-se-ia devota da santa pelo resto da vida.

Os Primeiros Amores da Juventude

Somente em 1929, o pai voltou a procurá-la. Edith é uma jovem mulher de 14 anos. Louis-Alphonse Gassion retoma as atividades de artista, voltando a ser contorcionista. O normando apresentava-se nas ruas, sendo acompanhado pela filha. Mais tarde ingressaria em pequenos circos itinerantes, sempre tendo a companhia da jovem. É nesta ocasião que Edith descobre a sua vocação artística. Subitamente, começa a cantar sozinha pelas ruas.
Três anos depois, no auge dos seus 17 anos, a jovem Edith, sem a presença do pai, cantava sozinha pelas ruas de Paris, tirando dali os ganhos para sobreviver. Cantava com freqüência na Rue Pigalle e nos subúrbios da capital francesa.
Na ocasião, ela apaixonou-se profundamente por Louis Dupont, um entregador de lojas. Com Dupont teria a sua única filha, Marcelle. Assim como a mãe, a jovem tinha dificuldades em cuidar da criança, deixando-a com Dupont quando estava a cantar nas ruas da cidade. A pequena Marcelle viveria apenas dois anos de idade, morrendo vítima de uma meningite.
A jovem artista de rua apaixonou-se, em seguida, por Albert, um gigolô, com quem passou a ter um relacionamento. Albert levava uma comissão do dinheiro que Edith conseguia cantando nas ruas. Com isto, ela impedia que o namorado a forçasse a prostituir-se. Quando ela terminou o relacionamento, Albert quase a matou com um tiro.

Surge o Nome Edith Piaf
Aos vinte anos, em 1935, Edith é descoberta nas mediações da Rue Pigalle, por Louis Leplée, proprietário da casa noturna Le Gerny, situada nos Champs Élysées, em Paris. Era uma casa de grande movimento, freqüentada por pessoas de todas as classes sociais da cidade.
Diante de uma mulher de baixa estatura, Leplée passou a chamá-la de “La Môme Piaf”, expressão francesa que significa Pequeno Pardal. A alcunha seguiria a cantora para o resto da vida, tornando-se parte do seu nome artístico. Foi pelas mãos do empresário que ela tirou os vícios adquiridos nas ruas, perdeu o grande nervosismo e aprendeu a cantar nos palcos. A pedido de Leplée, Edith passou a usar vestido preto quando no palco, que se iria tornar uma marca registrada da cantora. Vinda das ruas de Paris, nascia a cantora Edith Piaf.
Louis Leplée investiu na nova cantora, fazendo uma enorme campanha publicitária antes da estréia. Os esforços de Leplée resultaram na presença de várias celebridades na noite de estréia de Edith Piaf no Lê Gerny, entre elas o ator e cantor Maurice Chevalier.
Longe das ruas, as apresentações da cantora nos palcos das casas noturnas, resultaram na possibilidade da gravação dos seus primeiros dois discos, fato acontecido no ano de 1936; sendo o primeiro, lançado pela Polydor, “Le Mômes de la Cloche”, que se tornaria um sucesso imediato . Um dos discos teve as canções escritas pela compositora Marguerite Monnot, que se tornaria presença imprescindível na carreira da cantora. As duas desenvolveriam uma amizade que duraria toda a vida, fazendo várias canções em parceria, como a mítica “Hymne à L’Amour”.
Mas resquícios de um passado marginal vivido pela cantora nas ruas de Paris, vieram à tona, ainda em 1936, quando, em 6 de abril, Louis Leplée foi morto em seu domicílio. O empresário foi assassinado por marginais ligados às drogas, que no passado tiveram ligações com a cantora. Edith foi interrogada e acusada de cumplicidade, mas conseguiu provar a sua inocência, sendo absolvida.
A morte de Louis Leplée atingiu dramaticamente a imagem e a carreira incipiente da cantora. Para reabilitar a imagem, ela chamou Raymond Asso, com quem viveria um romance. Asso começou por mudar o nome artístico da cantora, de La Môme Piaf para Edith Piaf. Em seguida, encomendou a Marguerite Monnot canções que retratassem o passado da cantora pelas ruas de Paris.

A Ascensão da Estrela

Já como Edith Piaf, ela marcou a sua estréia como cantora de música de salão, em 1937, tornando-se uma estrela da Chanson Française, sendo tocada incessantemente pelas rádios, arrebatando um público que passou a idolatrá-la. No fim daquela década, ela triunfa absoluta na famosa casa parisiense Bobino.
Em 1940, Jean Cocteau escreve uma peça para Edith Piaf, “Le-Bel Indifferent”, onde contracenava com o seu então companheiro, o ator Paul Meurisse. O mundo de Edith Piaf expandiu-se, fazendo com que se relacionasse com os maiores talentos da França. Ela também descobriu jovens talentos, como Yves Montand, que se tornaria uma celebridade, além de ser seu amante e parceiro por alguns anos.
No decorrer dos anos, Edith Piaf começa a escrever as suas canções, sendo auxiliada por compositores famosos.
Em 1944 a França era libertada da invasão nazista, que por quatro anos fizera do país uma nação submetida ao regime de Berlim. Em 1945, a Segunda Guerra Mundial chegava ao fim, trazendo a liberdade que se iria construir em cima dos escombros que assolavam a Europa. Neste ano, Edith Piaf escreveu aquela que se tornaria a mais famosa das suas canções, “La Vie en Rose”, que seria lançada em 1946, percorrendo os quatro cantos do mundo, tornando-se um clássico.
Após a Segunda Guerra Mundial, Edith Piaf saiu da imensa fama que tinha na França, alcançando-a pelo mundo. Tornar-se-ia a voz internacional do seu país, sendo idolatrada por milhares de fãs que conquistou pelo mundo. Apresentar-se-ia com grande sucesso em grandes casas noturnas da Europa, Estados Unidos e América do Sul. A apresentação da cantora nos Estados Unidos foi vista por muitas celebridades, entre elas a atriz Marlene Dietrich, de quem se iria fazer amiga para o resto da vida.
Como estrela máxima da música francesa naquele conturbado século XX, a cantora apresentou-se nos maiores palcos do mundo, do mítico Paris Olympia Concert Hall ao Carnegie Hall. Piaf tornar-se-ia um ícone do seu país e da canção universal. A menina que quase ficara cega quando morava em prostíbulo, que vivera nas ruas de Paris todo o clima da marginalidade, sobrevivendo como cantora, era um mito, o mito Edith Piaf.

Edith Piaf e Marcel Cerdan – Um Hino ao Amor
A vida de Edith Piaf foi marcada por grandes paixões. Amores fugazes compuseram a alma da cantora, demarcando momentos felizes e de grandes tragédias. Dos romances vividos, os mais conhecidos foram os que envolveram celebridades como Charles Aznavour, Yves Montand, Marlon Brando, Théo Sarapo, Georges Moustaki e Marcel Cerdan.
De todos os homens que passou pela vida atribulada da cantora, o pugilista Marcel Cerdan foi considerado o seu grande amor. Um amor vivido pelas limitações da sociedade, visto que Cerdan era casado, e pelo desfecho da tragédia, quando este morreu em um acidente de avião, em 1949.
Marcelino Cerdan, que entrou para a história como o maior pugilista da França e um dos maiores do mundo, nasceu em Sidi Bel Abbes, então Argélia Francesa, em 22 de julho de 1916. Era quase um ano mais novo do que Edith Piaf.
Marcel Cerdan teve uma vida intensa, marcada por grandes conquistas esportivas, por um estilo de vida que despertava as atenções dos holofotes e, finalmente, pela tragédia que lhe ceifou a vida, no auge da sua essência de homem e de ídolo.
Marcel Cerdan trazia um corpo másculo, um semblante de galã, uma força de touro, uma sensualidade viril à flor da pele, que fazia dele um homem desejado pelas mulheres e admirado pelos homens. Ainda aos dezoito anos, em 1934, Cerdan estreou-se profissionalmente no boxe, em Meknes, no Marrocos. A partir de então ele iniciou uma carreira brilhante, acumulando, no princípio, 47 vitórias consecutivas, só perdendo pela primeira vez, em 1939. Na sua carreira gloriosa, que até hoje causa orgulho à França e aos franceses, Cerdan participou de 117 lutas, tendo vencido 113 vezes, sendo 66 vitórias por nocaute, acumulando apenas 4 derrotas.
As vidas de Marcel Cerdan e Edith Piaf seriam cruzadas em Nova York, quando a cantora fazia uma turnê pelos Estados Unidos, no verão de 1948. Ambos eram celebridades idolatradas na França e no resto do mundo. A paixão foi fulminante. Irresistível. Edith Piaf viu-se perdidamente atrelada ao pugilista.
Apesar de Marcel Cerdan ser um homem casado e com filhos, residindo com a família em Casablanca, no Marrocos; ele iniciou com Edith Piaf um tórrido romance, que abalaria a vida emocional da cantora para sempre. Desafiando a todos os obstáculos, os dois apareceram juntos em fotografias espalhadas pela imprensa do mundo inteiro. Apareciam felizes, apaixonados. Há fotografias ao lado de Piaf, que o pugilista mostra as marcas deixadas pelas lutas pesadas que travava nos ringues, estando algumas vezes com o rosto inchado ou com algum dente partido.
A fragilidade de artista de Edith Piaf fundiu-se com a força bruta indomável do pugilista, desenhando um retrato de amor divulgado nas páginas dos jornais. Os escândalos sempre fizeram parte da vida de Piaf, um novo não afetava o seu modo de ver o mundo, que lhe fora delineado no bordel da avó na Normandia, e, nas ruas de Paris.
Em outubro de 1949, Edith Piaf sentia-se sozinha em Nova York. Para aliviar a sensação de vazio, ela telefonou para o amante pugilista, pedindo que a viesse ver. Marcel Cerdan, que vinha de uma derrota em uma luta travada com o norte-americano Jake LaMotta, em Detroit, tinha assinado um contrato para outra luta de revanche. Para que pudesse ser devidamente preparado para um novo confronto, teria que ficar confinado em um acampamento. Antes de ir para o acampamento, Cerdan acede ao pedido da amada e parte ao seu encontro em Nova York, embarcando no Lockheed L-749 Constellation, da Air France. No meio do oceano Atlântico, o avião colidiu contra o Monte Redondo, na Ilha de São Miguel, nos Açores, matando todos os 11 tripulantes e 37 passageiros que estavam a bordo, entre eles Marcel Cerdan. 
Naquele trágico 27 de outubro de 1949, Edith Piaf recebeu, algumas horas antes de subir ao palco, a notícia de que o avião em que Marcel Cerdan viajava caíra em uma ilha dos Açores. Mesmo abalada pela notícia, Edith Piaf não cancelou o espetáculo. Quando subiu ao palco, dedicou aquela noite ao grande amor da sua vida. Movida pela dor da emoção, a cantora soltou a voz. Ao final da quinta canção, ela desmaiou no palco.
Para suportar a imensa dor da morte de Marcel Cerdan, e as dores físicas que se apoderavam do corpo frágil da cantora, provocada por crises reumáticas, ela recorreu à morfina, receitada pelos médicos, que na época consistia no mais poderoso analgésico disponível. Iniciava-se um processo de dependência química que debilitaria a saúde da cantora para sempre.
Em homenagem a Marcel Cerdan, considerado por Piaf o seu maior amor, a cantora dedicou-lhe um dos seus mais belos clássicos, “Hymne à L’Amour”, que ela tinha composto com Marguerite Monnot, e cantado pela primeira em 1949. A música, literalmente um hino ao amor, foi lançada em 1950, registrando o momento sublime da paixão vivida por uma cantora e um pugilista.

O Pequeno Pardal Cala-se Para Sempre

Desde a morte de Marcel Cerdan, arrasada pelo sofrimento, Edith Piaf passou a aplicar no corpo fortes doses de morfinas. O álcool, os barbitúricos, tudo serviu para a debilitação da saúde da cantora, fazendo com que envelhecesse rapidamente aos olhos dos milhares de fãs que a idolatravam pelo mundo.
Em 1952, ela ainda tenta recomeçar a vida amorosa, casando-se com o famoso cantor francês Jacques Pills. Mas o casamento não vai além dos quatro anos, terminando em divórcio, em 1956.
Após o divórcio, um novo amor bateu à porta da cantora, Georges Moustaki, o Jo, que ela lançaria no cenário da música francesa, e de quem gravaria a canção “Milord”. Ao lado de Moustaki, ela sofreu um grave acidente de automóvel, em 1958. Maiores doses de morfina foram aplicadas na cantora, fazendo com que a sua saúde, já bastante debilitada, deteriorasse-se rapidamente, e o seu corpo definhasse.
Mesmo debilitada, doente e drogada, Edith Piaf casou-se com Théo Sarapo, cantor de ascendência grega, vinte anos mais jovem do que ela. Nesta época fez a sua última grande apresentação no Olympia de Paris. Em abril de 1963, ela gravaria a sua última canção, “L’Homme de Berlin”. Logo a seguir, refugiou-se para descansar na Riviera Francesa.
No dia 10 de outubro de 1963, aos 47 anos, morria Edith Piaf, em Plascassier, Riviera Francesa. Coincidentemente, ela faleceu no mesmo dia do seu amigo Jean Cocteau. Encerrou-se naquele dia de outono, uma vida impar, escrita nas profundezas do sofrimento humano e na beleza da arte que movia uma grande mulher.Théo Sarapo transportou o corpo da cantora clandestinamente, da Riviera a Paris, para que os seus fãs pensassem que ela tinha falecido na sua cidade natal. A notícia da sua morte só foi divulgada oficialmente em 11 de outubro, quando o corpo já estava naquela cidade. Embora o arcebispo de Paris lhe negasse o réquiem do funeral, por condenar o estilo de vida da cantora, a marcha fúnebre da sua despedida atraiu milhares de pessoas às ruas de Paris, que marcharam até o cemitério do Père-Lachaise. Desde então, o seu túmulo é um dos mais visitados do mundo. O sepultamento da cantora reuniu cerca de cem mil pessoas. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial que não se assistia a tamanha concentração de pessoas nas ruas de Paris. A cidade despedia-se da sua maior voz, da mais parisiense dos seus mitos, La Môme Piaf. Edith Piaf.



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16
Ago16

SPARTACUS - Um dos maiores clássicos do cinema épico

António Garrochinho

SPARTACUS - STANLEY KUBRICK

Um dos maiores clássicos do cinema épico, “Spartacus”, de Stanley Kubrick, é talvez, o filme que traz diálogos e estruturas mais elaboradas, sem fugir do maniqueísmo imposto pelo gênero, mas não se atendo a ele de forma indelével. Feito na seqüência de “Ben-Hur”, trazia a responsabilidade de repetir o sucesso do seu antecessor, sendo o primeiro filme épico a se distanciar do cristianismo primitivo, com a sua trama datada em 71 a.C.
Adaptação do livro homônimo de Howard Fast, o filme conta a saga de Espártaco, ou Spartacus em latim, escravo e gladiador de origem trácia, que liderou a maior revolta de escravos do Império Romano, conhecida como “Terceira Guerra Servil”. Reconstrói com perfeição os movimentos em campo de batalha das legiões romanas, em cenas memoráveis, como a derrota dos escravos pelos romanos.
Kirk Douglas, produtor executivo do filme, toma para si a pele do herói imaculado, com personalidade vincada na crueza dos gladiadores, no sangue vertido nas arenas, ou na lamina da espada, que corta em lâmina a opressão em nome da liberdade.
Spartacus” é o filme que menos traduz o estilo de Stanley Kubrick, mas não se deixa de assinalar a sua genialidade. Quando lançado nos Estados Unidos, em 1960, em plena guerra fria, foi acusado de comunista, visto que os escravos representavam o proletariado moderno, e os nobres romanos os opressores capitalistas. Visão simplista e ambígua, “Spartacus” é um épico em sua mais pura confecção, feito nos moldes da emoção do melodrama, para levar as platéias às lágrimas, e fazer com que ela saia de lá na certeza que viu um grande espetáculo. Cinco décadas após a sua estréia, permanece intacto em sua beleza visual, sem a tecnologia de “Gladiador”, de Ridley Scott, mas com uma consistência grandiosa superior, mantida por um roteiro coeso, com histórias paralelas vividas magistralmente por um elenco luxuoso. Inesquecível a beleza bíblica de Jean Simmons como a escrava Varinia ou a crueldade humanizada de Crassus, refletida numa interpretação impar de Laurence Olivier.
Spartacus” teve uma versão mais recente, em 2004, sem a grandiosidade épica do filme de Stanley Kubrick. Vários foram os filmes sobre gladiadores, mas nenhum o superou. Drama, história, grandes batalhas, elenco apurado, personagens carismáticas, sensível beleza estética, direção primorosa, fazem de “Spartacus” uma excelente redescoberta, mesmo diante do teor do melodrama, não deixa de fascinar o mais exigente do espectador, fazendo acreditar na verdadeira magia do cinema como entretenimento universal e atemporal.

Bastidores da Preparação do Filme

Reza a lenda que Kirk Douglas fez grande campanha para ganhar o papel título do épico “Ben-Hur”, sendo preterido por Charlton Heston. Diante da frustração, comprou os direitos autorais do romance histórico de Howard Fast, “Spartacus”, e decidiu ele próprio produzir e interpretar o seu épico.
Inspirado em uma personagem real, Espártaco (120 a.C. – 70 a.C.), escravo e gladiador que foi responsável por uma das maiores revoltas contra a classe dominante da Roma antiga, o livro de Howard Fast não é uma biografia, acrescentando personagens fictícias aos fatos históricos. O mesmo acontecendo ao filme, que segue em seu roteiro a adaptação cabal do romance. Mesmo feito para grandes platéias, o roteiro não se priva de trazer um texto inteligente e bem acabado, escrito por Dalton Trumbo. É importante que se assinale este momento, pois marca a volta de Dalton Trumbo como roteirista, após uma perseguição de quase uma década pelo Macartismo, movimento anticomunista que incluiu numa lista negra o nome de vários atores, roteiristas e diretores de Hollywood, tidos como suspeitos, impedidos de trabalhar na indústria do cinema. A volta de Dalton Trumbo encerrava este triste período, chancelando a mensagem do filme, um claro grito contra a opressão do poder e à escravização do homem e dos seus sonhos de liberdade.
Na pré-produção do filme, os estúdios da Universal temiam o investimento, pois seria o primeiro no gênero das grandes produções épicas a não trazer histórias ligadas ao cristianismo primitivo, tema que tanto fascinava as platéias. Os escravos retratados não trazem a conversão religiosa como símbolo de luta, mas a contundente luta do homem pela liberdade, pelo fim do domínio de classes, pela convicção que se pode derrubar os grilhões através do grito da rebeldia.
Anthony Mann foi o escolhido para a direção do filme. Chegou a iniciar as filmagens, mas desentendimentos com os produtores fizeram com que se afastasse, gerando um sentimento de frustração no elenco. Para substitui-lo, Kirk Douglas contratou um jovem diretor, quase que principiante na época, Stanley Kubrick.
Nos relatos de bastidores, a experiência de Kubrick ao dirigir “Spartacus” teria sido traumática, visto que não pôde imprimir muito do seu estilo, pois Kirk Douglas, o produtor executivo do filme e a quem cabia a última palavra, não o permitia. Talvez isto explique o maniqueísmo latente que pouco se encontra na filmografia do diretor. “Spartacus” não é considerado como obra-prima de Kubrick, mas não deixa de ter a grandiosidade da sua genialidade, e serve como consolidação de carreira, demonstrando a versatilidade que ele tinha em transformar temas dos mais diversos numa produção de qualidade. O filme marcaria o rompimento do diretor com os grandes estúdios, fazendo-o optar por produções independentes.
Kubrick teve vários dissabores durante as filmagens, desde não poder mexer no roteiro de Dalton Trumbo, a discussões constantes com o fotógrafo Russell Metty, que não gostava quando o diretor interferia no posicionamento da câmera e na iluminação. Kubrick impôs o seu estilo, fazendo com que o filme recebesse o Oscar de melhor fotografia no ano seguinte. Também a sua amizade com Kirk Douglas ficou bastante arranhada. Mesmo diante das adversidades, o diretor apresentou um filme de magnífica qualidade, fazendo-o o maior dentro da temática dos gladiadores, insuperável cinco décadas depois de ser realizado.

No Sofrimento do Gladiador Surge o Rebelde

O filme narra a evolução do caráter e dos princípios rebeldes de Spartacus (Kirk Douglas), um escravo de origem trácia, que se apresenta como um homem que sobrevive à sua condição cativa, usando da força natural que traz no corpo. No início da sua saga, serve como escravo em uma mina de sal na Líbia, província romana do norte da África. Na sua rebeldia intuitiva pela sobrevivência, defende-se de uma humilhação sofrida, mordendo ferozmente um guarda, sendo por este motivo condenado à morte.
O destino de Spartacus é mudado quando o ianista Lentulus Batiatus (Peter Ustinov) o vê. Grande negociador e treinador de gladiadores, Batiatus enxerga em Spartacus a força bruta própria de um grande lutador das arenas do império romano. O escravo é comprado por Batiatus, livrando-se da pena capital. É levado para a escola de gladiadores em Cápua, onde será treinado para os combates.
Entre os combatentes treinados são estabelecidos princípios de respeito e admiração mútua. Princípios que se tornam frágeis diante da condição de cativos, que são ameaçados pelo perigo iminente do sangue vertido nas arenas.
A rispidez dos combates, a violência sanguinária que os conduz, é abrandada pelo surgimento da bela Varinia (Jean Simmons), escrava que conquista o coração de Spartacus. Jean Simmons consegue dar o tom sofrido à personagem, fazendo da sua beleza bíblica o ponto de encontro com o carisma da alma. Ingrediente essencial para gerar a humanização romântica do filme, o amor entre os dois será o fio que conduzirá os mais ínfimos atos da trajetória de ambos. Varinia virá a ser a esposa do gladiador. A personagem foi introduzida por Howard Fast, sem a comprovação de que tenha existido como é apresentada aqui.
Roma era na época de Spartacus o centro do mundo. Mantinha o seu poderio por todos os reinos da antiguidade através da sua verve guerreira, das grandes legiões de soldados e da desenvolvida estratégia de guerra. Sendo um povo belicoso, não se pode estranhar que a luta de gladiadores fosse o principal espetáculo que fascinava tanto os nobres quanto à plebe. Com o passar do tempo, os espetáculos foram ficando cada vez mais sofisticados e sanguinários. Os mais aplaudidos eram aqueles que os gladiadores combatiam até a morte, arrancando aplausos da platéia e dando fama ao vencedor.
Será no contexto das regras do espetáculo sanguinário que Spartacus terá a sua consciência ideológica despertada. O fato acontece quando a escola de Cápua é visitada por dois imponentes patrícios vindos de Roma, o presidente do senado Sempronius Gracchus (Charles Laughton) e, o general Marcus Licinius Crassus (Laurence Olivier), acompanhados por suas esposa e noiva, respectivamente. As duas mulheres pedem para que lhes seja oferecido um espetáculo de gladiador. Mas não querem uma luta comum, exigem um combate mortal, em que só o mais forte irá sobreviver. Curiosamente, a mulher, lado frágil e sensível dentro das tramas, é quem maldosamente exige o sangue e a morte como apoteose do espetáculo que desejam fervorosamente assistir.
Spartacus é o gladiador escolhido para o combate. Terá que lutar contra o negro Draba (Woody Strode). A superioridade física de Draba é visivelmente gritante diante de Spartacus. Estabelecido o combate, Draba vence. Mas contrariando os que se lhe aplaudem e pedem o sangue do vencido, o negro mostra que a sua ética é maior do que a sua força colossal. Draba recusa-se a matar Spartacus. Como resposta aos que se lhe gritam para que derrame o sangue do vencido, o gladiador atira o seu tridente contra a tribuna onde se encontravam os romanos. O seu gesto de rebeldia e ética incontestável custa-lhe a vida. Draba é morto por desobedecer aos caprichos do público.
Sobrevivente da compaixão de Draba, Spartacus é atingido por um grande sentimento de revolta. Sabia bem que se fosse o contrário, não teria poupado a vida de Draba. O gesto do gladiador negro provoca uma convulsão nos princípios de Spartacus, que até então eram regidos pela necessidade de sobreviver. A partir de então, passa a existir pelo princípio de querer ser livre, nem que para isto tenha que desafiar todo o império romano, reescrever as leis e fazer de cada escravo um homem liberto. Não será a sede pelo poder que conduzirá a luta de Spartacus, mas a vontade de ser livre.
Após a morte de Draba, nada será igual para Spartacus e para Crassus. A partir daquele momento, os seus destinos estão interligados. O primeiro rebela-se, liderando uma revolta de escravos, tornando-se comandante de um grande exército de homens cativos, enquanto que o segundo sonha em ascender ao poder absoluto dentro da poderosa Roma, para isto liderará a legião de soldados romanos, que assim como em uma feroz arena, combaterão até que se tenha apenas um lado vencedor.

O Núcleo dos Patrícios Romanos

Iniciada a revolta, Spartacus refugia-se no monte Vesúvio, construindo ali uma cidadela que abriga gladiadores e escravos fugitivos. Durante três anos, o exército de escravos cresce. A rebelião incita a todos os cativos do grande império, que fogem dos seus amos, agregando-se aos combatentes. Sob o comando de Spartacus, os rebeldes derrotam dois exércitos de Roma, conquistando todo o sul da península Itálica. Sucessivamente, derrota outras três milícias romanas.
Paralelamente, o filme apresenta o núcleo dos patrícios romanos. Neste ponto, o maniqueísmo do filme é totalmente dissipado. Enquanto os escravos são mostrados como íntegros, alegres e distantes da falta de princípios morais, os patrícios são dissecados em toda a sua verve humana. Não se portam como simples vilões antagonistas, mas como homens na essência da luta para que não se lhe roubem o poder, sem apegos ao moralismo inexistente que se estabeleceria somente após a propagação da moral judaico-cristã, um século depois. Talvez a falha do filme seja esta, a moralidade judaico-cristã respingando sobre o núcleo de escravos antes mesmo da sua existência. No núcleo dos patrícios não ocorre a falha, o que faz o grande equilíbrio do filme.
Enquanto Spartacus lidera o seu exército de escravos, gerando grandes batalhas, vamos acompanhando os bastidores do poder romano, através do embate pelo poder entre Gracchus e Crassus. Gracchus, uma excepcional atuação do memorável Charles Laughton, procura uma solução para a rebeldia, sem que se traga transtorno e ameace o seu poder de senador do maior império do mundo. Crassus ao contrário, vê na rebelião o grande momento da sua ascensão política, derrotá-la era obter um passaporte para o poder ilimitado. No jogo pelo poder entre Gracchus e Crassus, excelentes diálogos são travados. Para desacreditar o general Crassus, Gracchus indica Marcus Glabrus (John Dall), protegido e pupilo do seu opositor, como comandante da guarda romana, enviando-o contra o exército de Spartacus, sabendo que ele não tem condições para garantir uma vitória e, como era previsto, volta derrotado. A humilhação de Glabrus é também a de Crassus. Gracchus não protegeu Spartacus, mas a si mesmo, ao seu poderio.
Crassus é a personagem que mais se explora toda a uma vertente humana. Laurence Olivier entrega-se sem medo às complexidades do instigante general romano. Traz uma interpretação de fôlego, calcada por uma frieza ligeira, que se não lhe consegue apagar uma explosão dramática persistente, quase a flor da pele, e, uma sensualidade homoerótica latente. Crassus é tomado por uma obsessão sem limite para derrotar Spartacus. É a sua oportunidade de ascender politicamente, tornando-se um líder absoluto de Roma. Sua obsessão inclui Varinia, a mulher de Spartacus. Não percebe, ou não quer ver, como uma mulher pode desprezar um homem de grande prestigio e poder como ele. O que não enxerga é que Spartacus atingiu o mesmo poder, tornando-se um rebelde lendário. Também a sua sexualidade é dúbia. Sutilmente aceita os sentimentos e desejos do afetado Glabrus, tornando-o seu pupilo. O equilíbrio é quebrado quando Glabrus é derrotado por Spartacus, e Crassus já não vê fascínio no protegido, enxergando-lhe apenas a afetação, que se lhe trará grande repulsa por Glabrus. Também o culto e sensível Antoninus (Tony Curtis), a quem torna seu escravo particular, exerce uma irresistível atração sobre ele. Mas também Antoninus é perdido para Spartacus. O escravo foge para se juntar ao exército rebelde. Stanley Kubrick dirigiu uma insinuante cena de banho entre Crassus e Antoninus, criando uma acirrada polêmica na época. A ousadia sofreria a mão da censura, que cortou a cena. Em 1991 o filme teve uma versão restaurada lançada, tendo treze minutos a mais do que o original. A cena de Crassus e Antoninus na banheira pôde finalmente ser vista. O ator Anthony Hopkins dublou a voz de Laurence Olivier na cena, uma vez que este tinha falecido em 1989.
Antoninus, sensível interpretação do ator Tony Curtis, em uma participação especial, é responsável por um dos grandes momentos de lirismo do filme, quando recita um poema, aludindo ao retorno para casa, dando a visão de um desejo de liberdade que condição cativa alguma pode destruir dentro do ser humano.

A Batalha Final

O ápice do filme converge para a batalha final entre o exército romano e a rebelião liderada por Spartacus. Após sucessivas derrotas, o senado romano percebe a gravidade do alastramento da rebelião de escravos, mandando-lhe ao encalce todo o seu poderio militar. Chega o fatídico dia, quando Spartacus é cercado na região de Reggio di Calábria, pelas tropas comandadas por Crassus. Antes da batalha propriamente dita, há momentos épicos únicos, com vários minutos mostrando a movimentação das tropas, conduzindo a uma frenética atmosfera de tensão absoluta. Mais de 8.500 figurantes foram utilizados nas tomadas das cenas da batalha final. Um dos momentos mais marcantes do filme é quando, sob intensa tensão, ouve-se o som da multidão a gritar:
Spartacus, Spartacus”.
A batalha final é um marco na história do cinema mundial, com cenas de grande realismo, que cinco décadas depois, ainda deixam o espectador sem fôlego. Acossados, os rebeldes põem-se em fuga. Spartacus é perseguido por Crassus, tendo o seu exército finalmente derrotado na Lucania.
O final do filme foge ao que se sucedeu de fato a Spartacus, que após ser derrotado, teria sido retalhado. No filme o herói rebelde é crucificado, dando uma conotação cristã a uma história que veio antes da existência de Jesus Cristo. A morte de Spartacus não é instantânea, é lenta, sem glória, humilhado e pendurado em uma cruz. O encontro final entre ele e Varinia atinge todos os níveis do melodrama, fazendo com que a platéia se banhe em lágrimas. Diante do marido crucificado, ela faz o seu último pedido:
Por favor, meu amor, morra logo.
As palavras de Varinia ecoam pela beleza cênica e trágica do filme. Ao pé da cruz, ela abraça-se às pernas do marido, antes de uma sofrida despedida final. Jean Simmons tem um dos mais belos momentos da sua carreira, traduzindo a dor da mulher diante de uma cruz, numa espécie de antecessora de Maria.
Spartacus definha-se na cruz. Desde a primeira cena que o escravo estava destinado para ser morto. Primeiro ao ser condenado sem grande razão, por morder um soldado romano. Outra vez pelo tridente do negro gladiador que o derrotou na arena. Finalmente, por todos os motivos do mundo, por desafiar a hierarquia do maior império da antiguidade, e conclamar um grito de liberdade que só seria possível mediante o fim da própria concepção que sustentava o império. Spartacus olha de cima de uma cruz o fim dos seus sonhos. Morrer lentamente é o pior castigo para os que atingiram a glória heróica. Só a morte poderá perpetuar o mito de Spartacus e apagar-lhe a humilhação final. Assim como um homem oriundo de uma pequena cidade na Palestina, que nasceria 70 anos depois, Spartacus dá o último suspiro na cruz. Um épico daquela época não poderia deixar de fazer esta conexão com o cristianismo, mesmo que ela seja historicamente falsa. Encerrava-se assim, um dos maiores épicos de Hollywood, que mesmo depois de cinqüenta anos da sua produção, continua a ser classificado como um dos cem melhores filmes de todos os tempos.
Spartacus” ganhou o Globo de Ouro como melhor filme, além de ser indicado para as categorias de melhor direção (Stanley Kubrick), melhor trilha sonora original, melhor ator (Laurence Olivier) e melhor ator coadjuvante (Peter Ustinov). Apesar de não ser indicado para o Oscar de melhor filme e de melhor direção, teve seis indicações, levando quatro estatuetas, a de melhor ator coadjuvante para Peter Ustinov, de melhor direção de arte, de melhor figurino e o de melhor fotografia. Recebeu ainda a indicação de melhor filme da Academia Britânica de Cinema e Telvisão, no Reino Unido.

Ficha Técnica:

Spartacus

Direção: Stanley Kubrick
Ano: 1960
País: Estados Unidos
Gênero: Épico/ Drama Histórico/ Aventura
Duração: 183 minutos / Cor
Título Original: Spartacus
Roteiro: Dalton Trumbo, baseado no livro de Howard Fast
Produção: Edward Lewis
Produção Executiva: Kirk Douglas
Música Original: Alex North
Direção de Fotografia: Russell Metty
Direção de Arte: Eric Orbom
Produção de Design: Alexander Golitzen
Decoração de Set: Russel A. Gausman e Julia Heron
Figurino: Bill Thomas e Valles
Maquiagem: Bud Westmore e Larry Germain
Edição: Robert Lawrence
Efeitos Visuais: Peter Ellenshaw e Ditta Peruzzi
Som: Joe Lapis, Ronald Pierce, Murray Spivack e Waldon O. Watson
Estúdio: Universal Pictures / Bryna Productions
Distribuição: Universal Internacional
Elenco: Kirk Douglas, Laurence Olivier, Jean Simmons, Charles Laughton, Peter Ustinov, Tony Curtis, John Gavin, Nina Foch, John Ireland, Herbert Lom, Charles McGraw, John Hoyt, Woody Strode, Frederick Worlock, John Dall, Joanna Barnes, Harold Stone, Peter Brocco, Paul Lambert, Nick Dennis, Jim Sears, Tom Steele
Sinopse: Spartacus (Kirk Douglas), é um escravo que ao servir em uma mina na Líbia, é condenado a morte por morder um soldado. Visto por um negociador e treinador de gladiadores, tem o seu destino mudado quando este se interessa por ele, comprando-o, levando-o em seguida para ser treinado em uma escola de gladiadores. Numa visita de poderosos patrícios romanos à escola, é escolhido para entretê-los em um combate mortal com um negro. Ao derrotar Spartacus, o negro recusa-se a matá-lo, atirando o seu tridente contra a tribuna. O negro é punido com a morte pelo seu ato, gerando a revolta de Spartacus. O gladiador vencido lidera uma rebelião de escravos, formando um grande exército de cativos rebeldes. Ignorando a força dos revoltados, legiões romanas são enviadas para conter a rebelião, sendo por eles derrotados. Diante da gravidade, o senado de Roma envia uma poderosa legião para pôr fim à insurreição dos escravos.

Stanley Kubrick

Considerado um dos maiores cineastas de todos os tempos, Stanley Kubrick nasceu em Nova York, Estados Unidos, em 26 de julho de 1928. Aluno pouco brilhante, passou a infância no conhecido bairro do Bronx. Logo cedo desenvolveu grande aptidão pela fotografia, recebendo do pai a sua primeira máquina fotográfica. Ainda adolescente, empregou-se como fotógrafo na conceituada revista “Look”. O futuro cineasta atingiu a visão de um grande fotógrafo, o que lhe deu uma perspectiva estética de beleza impar, sintetizada em sua obra cinematográfica.
Aos vinte e dois anos Kubrick já fazia filmes de curta-metragem. Em 1953, com a ajuda financeira do pai, empenhou a casa e produziu o seu primeiro longa-metragem, “Fear and Desire”, filme que foi exibido poucas vezes, mesmo depois da fama do cineasta. A sua carreira só começou a ser vista a partir do filme “O Grande Golpe” (The Killing), em 1956. No ano seguinte, com a ajuda do ator Kirk Douglas, fez o filme “Horizontes de Glória” (Paths of Glory). A presença de um astro como Kirk Douglas foi fundamental para que o filme tivesse boa repercussão, mas a polêmica gerada em torno da produção, fez com que fosse proibido em alguns países, entre os quais a França.
A experiência com Stanley Kubrick, levou Kirk Douglas a convidá-lo para substituir Anthony Mann, em 1960, na direção do épico “Spartacus”. O filme gerou um desgaste na amizade com Kirk Douglas, produtor executivo, trazendo um rompimento informal na amizade dos dois. “Spartacus”, considerado um dos maiores épicos de todos os tempos, consolidou a carreira de Stanley Kubrick, que viria a ser uma das mais singulares do cinema norte-americano e mundial.
Diante das limitações que teve em participar da concepção final de “Spartacus”, Kubrick decidiu não voltar a trabalhar para um grande estúdio, só aceitando dirigir projetos que pudesse ter liberdade criativa. A partir de então, o cineasta construiu uma galeria de grandes obras do cinema, como “Lolita”, em 1962. Em 1968, os cinemas assistiriam à estréia de “2001: Uma Odisséia no Espaço(2001: A Space Odyssey), inspirado no livro homônimo de Arthur C. Clarke, considerado por muitos o maior filme de ficção científica. O filme trazia efeitos especiais inovadores para a época, garantindo o Oscar na categoria.
Em 1971, viria o mais complexo filme de Kubrick, “Laranja Mecânica” (A Clockwork Orange), inspirado no livro homônimo de Anthony Burgess. Nunca a violência da juventude foi tão alegoricamente retratada como aqui.
Em 1999 Kubrick realizaria o seu último filme, “De Olhos Bem Fechados” (Eyes Wide Shut), tendo como protagonistas o então mais poderoso casal de Hollywood, Tom Cruise e Nicole Kidman. Um ataque cardíaco enquanto dormia, em 7 de março de 1999, mataria o cineasta, que não viu a estréia da sua última produção, sendo poupado da frieza com que o filme foi recepcionado tanto pela crítica quanto pelo público.

Filmografia de Stanley Kubrick:

Longa-Metragem

1953 – Fear And Desire
1955 – Killer’s Kiss (A Morte Passou Perto)
1956 – The Killing (O Grande Golpe)
1957 – Paths of Glory (Glória Feita de Sangue)
1960 – Spartacus (Spartacus)
1962 – Lolita (Lolita)
1964 – Dr. Strangelove or: How I Learned to Stop Worrying And Love the Bomb (Dr. Fantástico)
1968 – 2001: A Space Odyssey (2001: Uma Odisséia no Espaço)
1971 – A Clockwork Orange (A Laranja Mecânica)
1975 – Barry Lyndon (Barry Lyndon)
1980 – The Shining (O Iluminado)
1987 – Full Metal Jacket (Nascido Para Matar)
1999 – Eyes Wide Shut (De Olhos Bem Fechados)

Curta-Metragem

1951 – Flying Padre: An RKO-Pathe Screenliner
1951 – Day of the Fight
1953 – The Seafarers

16
Ago16

SECOS & MOLHADOS

António Garrochinho




VÍDEOS


SANGUE LATINO




ROSA DE HIROSHIMA




SECOS & MOLHADOS - O GATO PRETO CRUZOU A MPB

No segundo semestre de 1973, o Brasil foi assolado por uma banda irreverente e original, chamada de Secos & Molhados. Ostentando um visual glitter rock, a banda trazia um repertório jovial, mesclando a musicalidade da época com rock progressivo, baião, folk, poesia e folclore português.
Os Secos & Molhados, com as suas caras pintadas e coreografias sensuais, quebraram os preconceitos, driblaram a censura naquele que tinha sido o seu ano mais claustrofóbico, tomaram as atenções da mídia, instalaram-se nas paradas de sucesso, conquistaram o Brasil, tornando-se um fenômeno de vendas de discos e de público.
Na banda estavam: o luso-brasileiro João Ricardo, fundador e principal mentor dela; um ator pouco conhecido, um certo Ney Matogrosso, com uma voz bela e exoticamente feminina, jamais ouvida em um cantor brasileiro; e o mais discreto, mas não menos talentoso, Gerson Conrad. O álbum de lançamento, que levava o nome da banda, vendeu em dois meses, trezentas mil cópias, chegando a um milhão, algo só conseguido até então, por Roberto Carlos.
Crianças, adolescentes, adultos, jovens ou velhos, todos se deixaram seduzir pelo som e pela presença da banda. Seus shows lotaram os teatros do Rio de Janeiro e de São Paulo, obrigando-os a dar um concerto no Maracanãzinho, previsto para trinta mil pessoas, deixando noventa mil de fora do estádio.
Os mais conservadores coraram com os rebolados de Ney Matogrosso. O cantor trazia uma sensualidade latente, aguçada pelas fantasias exóticas que lhe deixavam o torso ornado por pêlos naturais à mostra. Considerados demasiados provocativos, alguns programas de televisão foram obrigados pela censura a filmá-los ao longe e, em grandes tomadas, somente os seus rostos deveriam ser mostrados. Mas o carisma da banda venceu todas as limitações morais de uma sociedade em mutação, e atraíram para si os holofotes e aplausos da fama.
Musicalmente, deixaram sucessos que até hoje nos seduz, como “O Vira”, “Sangue Latino” e “Rosa de Hiroshima”. O álbum “Secos & Molhados” é uma jóia rara da Música Popular Brasileira. Alegre, apaixonante, delicado, com canções reunindo a beleza de grandes poetas como Manuel Bandeira, Cassiano Ricardo, Vinícius de Moraes e João Apolinário, traduzidos numa sofisticada poesia musical.
À luz do tempo, os Secos & Molhados, que pareciam uma vanguarda momentânea, escreveram uma importante página da história da MPB que se fez nos anos setenta, com uma consistência perene. Na sua proposta audaciosa, jamais houve outros como eles. Se João Ricardo e Gerson Conrad, apesar de sempre trazerem trabalhos novos, não se tornaram grandes ícones da música, Ney Matogrosso é a própria MPB das últimas três décadas, um presente ao Brasil dos inesquecíveis Secos & Molhados.

A Formação dos Secos & Molhados

No início da década de 1970, João Ricardo, um jovem jornalista nascido em Portugal e vindo para o Brasil em 1964, começava a compor músicas. Filho do escritor e crítico de teatro português João Apolinário, que esteve exilado no Brasil durante a ditadura salazarista, João Ricardo teve por intermédio do pai, contato com grandes personalidades do teatro brasileiro.
Em setembro de 1970, João Ricardo, em férias em Ubatuba, numa casa de secos e molhados onde comia, cria o nome “Secos & Molhados”. No ano seguinte, em abril, conhece Antonio Carlos, o Pitoco, e Fred, formando com eles a primeira composição dos Secos & Molhados, fazendo apresentações no bar Kurtisso Negro, no Bixiga, em São Paulo. Na época surgiu o primeiro convite para que a banda gravasse um disco na Som Livre, feito por Solano Ribeiro. Mas Pitoco decide abandonar a banda e prosseguir com carreira a solo.
João Ricardo queria um cantor de voz diferente, de preferência com experiência teatral. Em agosto de 1971, conheceu através da cantora e compositora Luli, um jovem e desconhecido cantor de voz aguda, Ney de Souza Pereira, a quem convidou para ser vocalista da sua banda.
Ainda em 1971, o diretor teatral Antunes Filho pediu a João Ricardo uma música para o monólogo “Corpo a Corpo”, de Oduvaldo Vianna Filho, interpretado por Juca de Oliveira. Ele cria a canção “Vôo” (João Ricardo – João Apolinário). Em novembro, Ney que vivia no Rio de Janeiro, volta para São Paulo, para gravar a música para a peça. O cantor adota o nome artístico de Ney Matogrosso. “Vôo” seria gravada mais tarde, em 1974, pelos Secos & Molhados.
Em janeiro de 1972, o músico flautista Sérgio Rosadas, o Gripa, juntou-se ao grupo e, algum tempo depois, foi formalizada a entrada de Gerson Conrad, vizinho de João Ricardo. Estava feita a composição clássica dos Secos & Molhados.
Na sua formação clássica, o grupo apresentava-se no bar e restaurante “Casa de Badalação e Tédio”, no Teatro do Meio do Ruth Escobar, em São Paulo.
A banda entraria em estúdio no dia 23 de maio de 1973. Durante quinze dias, gravaram o seu primeiro disco no estúdio Prova, da Continental. Os produtores esperavam que vendessem mil e quinhentas cópias em um ano, venderam trezentas mil em dois meses.
Em setembro de 1973, o recém criado programa “Fantástico”, da TV Globo, que trazia uma proposta de fazer um jornalismo musical e original, apresentava uma banda experimental e exótica para os padrões da época, os Secos & Molhados. O público assistia pela primeira vez, uma banda brasileira aos moldes do glam rock, movimento de origem inglesa, também chamado de glitter rock, nascido no fim dos anos 1960, sendo difundido pelo mundo de 1971 a 1973. Vestiam-se de forma andrógina, com trajes extravagantes, além de vistosas maquiagens no rosto, com cílios postiços, batom. A novidade não chamaria tanto a atenção, não fosse a voz aguda e feminina de Ney Matogrosso, algo inédito no cenário musical; o jeito explosivo e elétrico do cantor despejava uma forte energia sexual. A banda refletia propositalmente uma ambigüidade sexual. Após a apresentação do “Fantástico”, a banda explodiu pelo Brasil. O álbum passou a ser vendido aos milhares. Na época, a crise do petróleo causava a falta de vinil no mercado. A Continental passou a comprar velhos discos e derretê-los para que pudesse ser feitos novas cópias, e atender à demanda do fenômeno Secos & Molhados.

Secos & Molhados, o Disco

Secos & Molhados”, primeiro álbum da banda homônima, foi lançado oficialmente em 6 de agosto de 1973, com um show no Teatro Aquarius, em São Paulo. A capa era, por si só, uma provocante obra de arte. Com fotografias de Antonio Carlos Rodrigues e layoutde Décio Duarte Ambrósio, ela traz Ney Matogrosso e João Ricardo à frente, Gerson Conrad e um quarto elemento, o baterista Marcelo Frias, atrás; com as cabeças servidas em pratos, tendo ao redor, produtos secos e molhados, como vinho, feijão, pão... Os quatro (mais tarde, Marcelo Frias iria recusar-se a fazer parte da banda), estão com os rostos pintados. A originalidade da capa fez com que ela fosse eleita uma das mais originais e perfeitas dos discos da MPB. Produzido por Moracy do Val, o álbum traz treze faixas. São canções com duração pequena, algumas com pouco mais de um minuto. Com toques de rock and roll, folk, rock progressivo, baião e jazz, tudo isto arrematado por poemas musicalizados de autores modernistas.
Miticamente, o álbum abre com “Sangue Latino” (João Ricardo – Paulinho Mendonça). Canção com letra forte, de um existencialismo típico do desbunde, com um leve travo da fatalidade do fado português, o que lhe identifica o latino absoluto, tanto lusitano como sul-americano. É o grito do homem diante das trapaças da vida, pronto para sobreviver, sem olhar os seus mortos. 

“Minha vida meus mortos
Meus caminhos tortos
Meu sangue latino
Minh’alma cativa
Rompi tratados
Traí os ritos”

A tortura existencialista da primeira faixa dá passagem para a alegre e mexida “O Vira” (João Ricardo – Luli). A canção foi o maior sucesso do disco, tocando exaustivamente na mídia da época. Ela recupera mitos e sons do folclore português, numa ligeira adaptação tropical. Uma geração inteira dançou ao som da canção, que sintetizava perfeitamente a proposta dos Secos & Molhados.

“O gato preto cruzou a estrada
Passou por debaixo da escada
E lá no fundo azul
Na noite da floresta
A lua iluminou a dança, a roda, a festa”

Um dos momentos de profundidade latente do disco, “O Patrão Nosso de Cada Dia” (João Ricardo), destila o homem moderno, preso entre o progresso e os seus próprios sentimentos, diluídos pela existência dos dias e das suas frustrações. 1973 foi o ano que o Milagre Brasileiro chegou ao fim, com ele o fim do apogeu econômico de uma geração. Restavam os sentimentos, a vida, presa à senha da sobrevivência e dos erros dos sentidos difusos.

“Eu vivo preso a sua senha
Sou enganado
Eu solto o ar no fim do dia
Perdi a vida”

Leve, suave e pulsante, “Amor” (João Ricardo – João Apolinário), combina a beleza da poesia de João Apolinário e a música de João Ricardo, pai e filho respectivamente. O amor, sentimento maior, na sua leveza sedutora, disfarçando a paixão, é na verdade algo complexo, que de suave coisa tem apenas a ilusão. A canção encantou os jovens da época, já sobreviventes do desbunde.
O ano de 1973 foi o mais feroz da censura militar, com várias obras amputadas e proibidas, em especial as de Milton Nascimento e de Chico Buarque. Mas os censores eram gente sem muita qualificação cultural, o que justifica “Primavera nos Dentes” (João Ricardo – João Apolinário), ter passado sem ser percebida na sua mensagem implícita. Grande parte da canção é só musical, o que faz com que o ouvinte pense que ela é instrumental. Para o fim, o poema de João Apolinário é despejado como um cântico doce, de mensagem dilacerante, cantado a três vozes, encerrado bruscamente por um grito agudo e passional de Ney Matogrosso.
Assim Assado” (João Ricardo), foi um grande sucesso entre os adolescentes e as crianças da época. Sua proposta lúdica, a lembrar histórias em quadrinhos, dá o tom jovial que fascina o público juvenil, que mergulha em uma deliciosa aventura sem sentido, sem pretensões explícitas.
Mulher Barriguda” (João Ricardo – Solano Trindade), escandalizava o público, quando Ney Matogrosso explodia a canção, de vertente moral, aos movimentos frenéticos dos seus quadris. Se ao olhar para uma mulher grávida, a pergunta se haveria guerra ainda quando ela crescesse era a mais cabível naquele ano. Logo a seguir ao lançamento do disco, uma guerra sangrenta foi deflagrada no Oriente Médio, entre Israel e os países árabes, o petróleo foi usado pela primeira vez, como arma de guerra, gerando uma grande crise mundial. O ano era nebuloso. E a pergunta da música veio como um sopro na esperança.

“Haverá guerra ainda?
Tomara que não
Mulher Barriguda?
Tomara que não”

El Rey” (João Ricardo – Gerson Conrad), é uma das menores faixas do disco, tendo apenas um minuto. Novamente o folclore lusitano mostra as suas influências sobre João Ricardo, em uma metáfora quase que em forma de galope medieval. Implicitamente, faz referência a celas cheias e a mortes de centenas. O ano era de 1973, celas, prisões e mortes eram normais nos porões da ditadura. A canção seria uma alegoria àqueles tempos sombrios? Talvez, mas os Secos & Molhados eram, supostamente alegres e leves para que se identificasse mensagem assim.
O disco atinge o seu ápice em “Rosa de Hiroshima” (Gerson Conrad – Vinícius de Moraes), a partir desta faixa, nada mais precisa brilhar. A poesia de Vinícius de Moraes é reluzida na beleza da canção de Gerson Conrad. Ressalta a dor da bomba atômica atirada sobre Hiroshima durante a Segunda Guerra Mundial. Se hoje o fato parece distante, como um filme de efeitos especiais, no inicio dos anos de 1970 ainda estava latente na dor do planeta. A voz de Ney Matogrosso, no seu esplendor jovial, transmite uma emoção ímpar, delineando a paisagem da tragédia. A canção tornou-se um clássico da MPB e símbolo de lutas pela vida em movimentos nacionais. É a única faixa do disco a não levar a assinatura de João Ricardo. Ressentido, ele declararia mais tarde, que Gerson Conrad era autor de uma música só.

“Pensem nas feridas como rosas cálidas
Mas oh! Não se esqueçam da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa estúpida e invalida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada”

Prece Cósmica” (João Ricardo – Cassiano Ricardo) é mais uma canção que mostra a sofisticação literária musical dos Secos & Molhados, poucas vezes observada pelos fãs ou mesmo pela crítica. Cantada a três vozes, os agudos de Ney Matogrosso são aqui fulminantes, quase metálicos. A melodia dá luz às palavras, e a poesia acende o seu esplendor, como um vinho a aquecer o coração.
Rondó Capitão” (João Ricardo – Manuel Bandeira), é uma suave e deliciosa balada que se inspira em uma velha ciranda infantil. A canção tem pouco mais de um minuto, deixando um gosto de querer mais. Toda a delicadeza de Manuel Bandeira é captada pela voz de Ney Matogrosso, aqui graciosa e contida, quase etérea.
E a viagem pelo mundo dos poetas é encerrada com a faixa “As Andorinhas” (João Ricardo – Cassiano Ricardo), com apenas um minuto, a canção revela um Ney Matogrosso emotivamente melancólico, numa interpretação que se sustenta pela grandiosidade da voz e arranjos perfeitos. A condensação da letra lembra o experimentalismo dos tropicalistas, em 1968.
Quem pensa que já passou por todas as surpresas do álbum, chega à sua última faixa, “Fala” (João Ricardo – Luli) com mais uma extasiante surpresa. Canção intimista, contida em um Ney Matogrosso que pulsa emoções, com arranjos geniais de Zé Rodrix, que beiram ao psicodélico. Definitiva, a música parece encerrar de vez os resquícios do desbunde e criar uma nova geração, maliciosamente chamada de “bicho grilo”. “Fala” encerrava um grande disco, e explodia para o Brasil uma grande e mítica banda.

“Eu não sei dizer
Nada por dizer
Então eu escuto
(...)Fala”

O esplendor dos Secos & Molhados duraria apenas um verão. Após encherem o Maracanãzinho em fevereiro de 1974, extasiarem os mexicanos em uma excursão àquele país, eles entraram em estúdio para a gravação do segundo álbum. Entretanto, os componentes da banda já não se entendiam. Em agosto de 1974, apresentavam no “Fantástico” um novo disco ao Brasil, cantando “Flores Astrais” (João Ricardo – João Apolinário), e, ao mesmo tempo, anunciando o fim da banda.
Ney Matogrosso seguiu a solo, construindo uma das mais bem sucedidas carreiras da MPB. Gerson Conrad nunca deixou de cantar e compor, mas passou longe do sucesso. João Ricardo, após um período sozinho, fez várias e diferentes composições dos Secos & Molhados, mas nenhuma delas repetiu o sucesso e a magia daquela que encantou e seduziu o Brasil em 1973.

Ficha Técnica:

Secos & Molhados
Continental 
1973

Produzido por: Moracy do Val
Direção Musical: João Ricardo
Direção Artística: Júlio Nagib
Coordenação de Produção: Sidney Morais
Arranjos: Secos & Molhados e Zé Rodrix
Estúdio: Prova
Gravação de Estúdio: Luís Roberto Marcondes e Luizio de Paula Salles Jr
Fotos: Antonio Carlos Rodrigues
Lay Out: Décio Duarte Ambrósio
Arte Final: Oscar Paolilo

Músicos Participantes:

Flauta Transversal : Sergio Rosadas
Flauta de Bambu: Sergio Rosadas
Piano: Zé Rodrix e Emílio Carrera
Guitarras: John Flavin
Bateria: Marcelo Frias
Acordeom: Zé Rodrix
Percussão: Marcelo Frias
Baixo: Willie Verdaguer
Sintetizador: Zé Rodrix
Ocarina: Zé Rodrix

Secos & Molhados:

Ney Matogrosso – Vocal
João Ricardo – Vocal, Violões de 6 e12 cordas e Harmônica de Boca
Gerson Conrad – Violões de 6 e 12 cordas e Acompanhamento vocal

Faixas:
1 Sangue Latino (João Ricardo – Paulinho Mendonça), 2 O Vira (João Ricardo – Luli), 3 O Patrão Nosso de Cada Dia (João Ricardo), 4 Amor (João Ricardo – João Apolinário), 5 Primavera Nos Dentes (João Ricardo – João Apolinário), 6 Assim Assado (João Ricardo), 7 Mulher Barriguda (João Ricardo – Solano Trindade), 8 El Rey (Gerson Conrad – João Ricardo), 9 Rosa de Hiroshima (Gerson Conrad – Vinícius de Moraes), 10 Prece Cósmica (João Ricardo – Cassiano Ricardo), 11 Rondó do Capitão (João Ricardo – Manuel Bandeira), 12 As Andorinhas (João Ricardo – Cassiano Ricardo), 13 Fala (João Ricardo – Luli)

16
Ago16

TORRE EIFFEL - UM SÍMBOLO DE PARIS

António Garrochinho

Nascida das comemorações do centenário da Revolução Francesa, a Torre Eiffel foi inaugurada em 31 de março de 1889. Na época, era vista como uma desconcertante estrutura de aço, que fazia os parisienses temerem que poluísse o panorama clássico e histórico da cidade.



Feita para ser uma estrutura temporária, sob o projeto do engenheiro Gustave Eiffel, a torre foi, aos poucos, tornando-se parte da paisagem de Paris. Por cerca de duas décadas esteve ameaçada de ser desmontada, mas o seu uso como torre de rádio e de estudos meteorológicos fez com que se tornasse imprescindível, e que se tomasse a decisão de não demoli-la.
Vencendo os preconceitos iniciais, a torre passou a ser chamada de Eiffel, uma homenagem ao seu criador. Passou a anunciar uma nova era na engenharia e na arquitetura. Cortou com a arquitetura clássica e tradicional de Paris, mostrando-se elegante e industrial, ao mesmo tempo, simbolizando a era que ficou conhecida como Belle Époque, que cobria de beleza e inovação à arte arquitetônica que resplandecia na virada do século XIX, entrando definitivamente no século XX.
Com os seus 324 metros de altura, a Torre Eiffel ergue-se majestosa no Champ-de Mars (Campo de Marte), no centro de Paris. Por mais de quatro décadas reinou como a construção mais alta do planeta, só perdendo o título em 1929, quando foi construído o prédio da Chrysler, em Nova York. Se a sua estrutura metálica constrangeu os parisienses no início, hoje se tornou um símbolo não só da cidade, mas de toda a França. Possuí três plataformas, onde se pode ter uma vista panorâmica de 360 graus sobre Paris, atraindo milhares de visitantes de todos os países.
A Torre Eiffel é um ícone da arquitetura universal, sendo conhecida em todo o planeta. Ir à França e não subir na torre é não ter visto Paris. Tornou-se o monumento mais visitado do mundo, com mais de seis milhões de pessoas a desfrutarem da sua vista panorâmica ao ano. 120 anos após a sua inauguração, a Torre Eiffel, chamada por alguns franceses de a “Dama de Ferro”, ergue-se majestosa às margens do rio Sena, é um símbolo de orgulho da França, da sua representatividade no mundo, sendo o principal cartão postal de Paris.

Sobre Protestos e Críticas, Ergue-se a Torre

No fim do século XIX, o governo da França planejou uma exposição mundial, sendo a sede do que foi chamada de Exposição Universal de 1889. A data servia para conclamar os cem anos da Revolução Francesa. Para sediar a exposição, o Comitê do Centenário realizou, em 1884, uma competição de projetos arquitetônicos para a construção de um monumento no Campo de Marte (Champ-de Mars), no centro de Paris. Mais de cem projetos foram submetidos ao concurso, sendo escolhido o do engenheiro Gustave Eiffel.
Assim, as obras de base da torre foram iniciadas em 26 de janeiro de 1887, sob fortes protestos da população e de intelectuais, durando cinco meses. Vários artigos e panfletos foram distribuídos pela França em 1886, manifestando-se contra a construção da torre. No dia 14 de fevereiro de 1887, já com as obras em andamento, o jornal “Le Temps” publicava o “Protesto Contra a Torre do Senhor Eiffel”, assinado por nomes influentes da literatura e das artes da França, como Guy de Maupassant, Ernest Meissonier, Alexandre Dumas Junior, Charles Gounod, François Coppée, Victorien Sardou, William Bouguereau, Leconte de Lisle, Sully Prudhomme, Charles Garnier e outros. No artigo, o monumento era acusado de ser uma grande chaminé de aço, e como um ciclope, trazia uma mancha bárbara e humilhante aos monumentos e à beleza de Paris. Gustave Eiffel defendeu-se publicamente, e ante as acusações de mau gosto, após o término das bases, iniciou a montagem dos pilares da torre em 1 de julho de1887.
Mesmo sobre fortes protestos, a torre foi erguida em dois anos, dois meses e cinco dias, e inaugurada no dia 31 de março de 1889, pairando seu estilo inspirador sobre Paris, na condição de não sobreviver ao decorrer dos anos, sendo apenas uma estrutura temporária, a ser desmontada após a Exposição Universal de 1889 e, posteriormente, à exposição de 1900.
Quando da sua inauguração, a torre, com a sua estrutura metálica, causou um grande impacto nas pessoas, que não entendiam a obra, não sabendo se a admiravam o se a odiavam. Ao mesmo tempo em que desconcertava os habitantes de Paris, ela era aclamada o monumento mais alto do mundo construído pelo homem, superando duas vezes a pirâmide de Quéops, no Egito, com os seus 137,16 metros de altura e com quase cinco mil anos de existência.

Gustave Eiffel

Gustave Eiffel nasceu em 15 de dezembro de 1832, em Dijon, na Borgonha. Foi um notável construtor de pontes metálicas para ferrovias, fazendo projetos para várias cidades do mundo. Em 1855, ano que Paris sediou a primeira Feira Mundial, graduou-se na Ecole Centrale des Arts et Manufactures, em engenharia química, tendo desde cedo, dedicado-se à metalurgia e às estruturas metálicas.
Gustave Eiffel passou vários anos da vida no Sudoeste da França, sendo supervisor de trabalho da grande ponte ferroviária de Bordéus. Construiu uma carreira notável, sendo o responsável pela construção do viaduto Maria Pia, no rio Douro, na cidade do Porto, Portugal, em 1876; pelo viaduto de Garabit, em 1884; pela estação ferroviária de Budapeste, na Hungria; pela cúpula do observatório de Nice, na França; pela estrutura interna da Estátua da Liberdade, em Nova York; e, principalmente, pela construção e inauguração da Torre Eiffel, em 1889, sua maior obra, que teve o seu desenho escolhido entre 700 propostas.
Com o fracasso do Canal do Panamá, Eiffel encerrou a sua carreira grandiosa, dedicando-se ao funcionamento da torre que levaria o seu nome, sendo o responsável pelos estudos que culminariam com a instalação da antena de rádio no topo da torre. Gustave Eiffel morreu em 27 de dezembro de 1923.

A Torre Eiffel Permanece Para Sempre

A idéia de que a torre fosse uma estrutura temporária, persistiu até a entrada do século XX, quando ainda se esperava que fosse desmontada. A necessidade de comunicações sem fio salvou a torre de virar sucata, e ela passou a ser chamada de Torre Eiffel, graças ao seu criador.
Em 1898 Eugène Ducretet transmitiu com sucesso, os primeiros sinais de rádio entre o Panteão e a Torre. Em 1901 surgiu a idéia de transformar a torre em uma antena de rádio de longa distância. Em 1903, foi feita uma ligação de rádio da torre com as bases militares em torno de Paris, alargando-se um ano depois, para o leste da França. A estação de rádio permanente foi instalada na torre em 1906, o que iria assegurar, definitivamente, a sua sobrevivência, quando em 1909, o contrato de vinte anos do terreno da exposição mundial de 1889 expirou, e a torre quase foi demolida. Só não aconteceu por causa do seu valor como antena de transmissão de rádio. A antena de rádio nos últimos vinte metros da torre foi adicionada posteriormente, aumentando-lhe a altura.
As primeiras tentativas de utilizar a torre para a transmissão de televisão remontam a 1921, sendo que, as primeiras transmissões regulares começaram em 1935. Nos dias atuais, o topo da torre foi totalmente transformado, abrigando dezenas de antenas de todos os tipos de comunicação, incluindo a televisão. De 1910 a 1957, a estrutura da torre foi utilizada com exclusividade para a rádio e a televisão francesa.
Em novembro de 2000, uma nova antena de rádio e televisão instalada na cúpula, fez com que a “Dama de Ferro” aumentasse mais cinco metros de altura, passando de 319 para 324 metros. A altura primitiva era de 312 metros.
Para proteger tão imponente monumento da oxidação do tempo, visto que é feito de ferro, é obrigatório que seja pintada com várias camadas de tinta. Sessenta toneladas de tinta são necessárias para cobrir a superfície da torre, sendo realizada uma pintura de sete em sete anos. Durante a sua existência, a Torre Eiffel mudou de cor várias vezes, passando do vermelho para o amarelo ocre, castanho, e, finalmente, para o bronze atual. A pintura faz com que a torre tenha uma duração eterna, protegendo-a da oxidação. Esta prevenção foi legada pelo próprio Gustave Eiffel, que dizia sobre a importância da pintura: “É o elemento essencial para a sua conservação.”
Nos dias atuais, a principal função da Torre Eiffel é o turismo. Por ela passam 6,9 milhões de turistas por ano, sendo o monumento mais visitado do mundo. Ela abriga vários restaurantes, museu, um pequeno apartamento situado no topo, que era usado por Eiffel, e outros atrativos que asseguram um passeio agradável aos visitantes. Mas o que mais fascina é a esplendorosa vista de 360 graus sobre a cidade de Paris.

Os 72 Nomes Gravados na Torre

Quando Gustave Eiffel inaugurou a Torre, ele prestou uma homenagem a setenta e dois cientistas, engenheiros e outros profissionais franceses notáveis, gravando os seus nomes nos quatro lados do colossal monumento metálico.
A lista, assim como a construção da própria Torre, jamais foi consenso entre os franceses, sendo fervorosamente criticada por excluir o nome de Sophie Germain, física e matemática francesa, que teve no seu trabalho sobre a teoria da elasticidade, uma contribuição essencial para a construção da torre. Muitos autores e biógrafos insistem em afirmar que a exclusão do seu nome deve-se ao simples fato de ser uma mulher, sendo vítima de um preconceito machista.
Com o passar dos anos e com as várias intervenções de pintura que a Torre sofreu, os nomes gravados foram, a partir do início do século XX, cobertos, desaparecendo totalmente. Coube à “Societé Nouvelle d’Exploitation de La Tour Eiffel”, restaurar as gravações entre 1986 e 1987, estando hoje visíveis ao público, sendo eles:



Nomes do Lado do Trocádero (Oeste da Torre – 18 nomes)
01. Seguin (Mecânico) 
02. Lalande (Astrônomo)
03. Tresca (Engenheiro e Mecânico)
04. Poncelet (Agrimensor)
05. Bresse (Matemático)
06. Lagrange (Agrimensor)
07. Belanger (Matemático)
08. Cuvier (Naturalista)
09. Laplace (Astrônomo)
10. Dulong (Física)
11. Chasles (Agrimensor)
12. Lavoisier (Químico)
13. Ampéres (Matemático e Físico)
14. Chevreul (Químico)
15. Flachat (Engenheiro)
16. Navier (Matemático)
17. Legendre (Agrimensor)
18. Chaptal (Engenheiro Agrônomo e Químico)

Nomes do Lado Grenelle (18 nomes)
19. Jamin (Físico)
20. Gay-Lussac (Químico)
21. Fizeau (Físico)
22. Schneider (Industrial)
23. Le Chatelier (Engenheiro)
24. Berthier (Mineralogista)
25. Barral (Engenheiro Agrônomo, Químico, Físico)
26. De Dion (Engenheiro)
27. Gouin (Engenheiro e Industrial) 
28. Jousselin (Engenheiro)
29. Broca (Cirurgião)
30. Becquerel (Física)
31. Coriolis (Matemático)
32. Cail (Industrial)
33. Triger (Engenheiro)
34. Giffard (Engenheiro)
35. Perrier (Geógrafo e Matemático)
36. Sturm (Matemático)

Nomes do Lado do Campo de Marte (18 nomes)

37. Cauchy (Matemático)
38. Blegrand (Engenheiro)
39. Regnault (Químico e Físico)
40. Fresnel (Físico)
41. De Prony (Engenheiro)
42. Vicat (Engenheiro)
43. Ebelmen (Químico)
44. Coulomb (Físico)
45. Poinsot (Matemático)
46. Foucault (Físico)
47. Delaunay (Astrônomo)
48. Morin (Matemático e Físico)
49. Haüy (Mineralogista)
50. Combes (Engenheiro e Metalúrgico)
51. Thenard (Químico)
52. Arago (Astrônomo e Físico)
53. Poisson (Matemático)
54. Monge (Agrimensor)

Nomes do Lado à Panorâmica de Paris (Leste da Torre – 18 nomes)

55. Petiet (Engenheiro)
56. Daguerre (Pintor e Físico)
57. Wurtz (Químico)
58. Le Verrier (Astrônomo)
59. Perdonnet (Engenheiro)
60. Delambre (Astrônomo)
61. Malus (Físico)
62. Breguet (Físico e Construtor)
63. Polanceau (Engenheiro)
64. Dumas (Químico)
65. Clapeyron (Engenheiro)
66. Borda (Matemático)
67. Fourier (Matemático)
68. Bichat (Anatomista e Fisiologista)
69. Sauvage (Mecânico)
70. Pelouze (Químico)
71. Carnot (Matemático)
72. Lame (Agrimensor)

A Torre Eiffel em Números

Possuindo três plataformas, a Torre Eiffel é uma estrutura metálica gigante, erguendo-se onipotente sobre o Campo de Marte, ao lado do rio Sena, sendo o maior mirante panorâmico de Paris.
Esta dimensão pode ser resumida pelos dados abaixo:

Altura Primitiva: 312 metros
Altura atual: 324 metros (com antena)
Fundações: Profundidade de 15 metros a norte e oeste. Cada um dos 4 pilares da torre é apoiado por alvenaria maciço.
Peso Total: 10.100 toneladas
Aço Estrutural: 7.300 toneladas
Peças de Aço: 18.038
Área da Primeira Plataforma: 4.415 m2
Área da Segunda Plataforma: 1.430 m2
Área da Terceira Plataforma: 250 m2
Altura da Primeira Plataforma: 57 metros
Altura da Segunda Plataforma: 115 metros
Altura da Terceira Plataforma: 276 metros
Degraus: 1.652 até o topo
Iluminação: 336 projetores (lâmpadas de sódio), com potência de 600 watts
Número de Lâmpadas Flicker: 20.000
Número Total de Rebites: 2.500.000
Pintura: 60 toneladas de tintas usadas a cada pintura
Freqüência das Pinturas: Total a cada 7 anos
Número de Elevadores: Do solo ao segundo piso, 5. Do segundo piso para o topo, 2 baterias duolifts
Velocidade dos Elevadores: 2 m/segundo
Velocidade e Capacidade dos Elevadores: Norte: 920 pessoas/hora. Leste: 650 pessoas/hora. Oeste: 650 pessoas/hora. Duolifts: 1.140 pessoas/hora. Jules Verne: 10 pessoas/subida. Pilar Sul: 50 pessoas ou 4 toneladas/subida.
Número de Trabalhadores da Torre: Serviços de Assistência Turística: 280 pessoas.Restaurantes: 240 pessoas. Lembranças: 50 pessoas. Diversos: 50 pessoas aproximadamente
Número Canais de TV Analógicos: 6
Número Canais de TNT livres: 18
Número Canais de TNT pagos: 30
Número Estações de Radio: 31
Número Escritórios:120
Tempo de Construção: 2 anos, 2 meses e 5 dias (1887-1889)
Data Conclusão Primeiro Piso: 1 de Abril de 1888
Data Conclusão Segundo Piso: 14 de Agosto de 1888
Data Conclusão Terceiro Piso: 31 de Março de 1889
Custo Total da Construção: 7.799.401,31 francos ouro (1889)

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16
Ago16

COMO É QUE ESTE ANIMAL FOI AQUI PARAR !? NO FIM DEU TUDO CERTO !

António Garrochinho

Sabe aquela história da tartaruga em cima do poste? Então... você está dirigindo pela estrada e de repente olha para cima e vê uma cabra dependurada em uma linha aérea. Definitivamente deve ser um desses momentos em que você tem que se beliscar para certificar-se que não está maluco. Ao que parece a cabra estava pastando e, sabe se lá como, subiu na árvore atrás de uma folhagem mais verde. Acabou acidentalmente enroscando seu chifre no cabo elétrico. Ao tentar se livrar ela acabou lançada em um tirolesa pendurada pelo chifre, completamente impotente.

Felizmente, em algum lugar da Grécia alguém via viu a cabra encrencada e pediu ajuda. As equipes de resgate penaram um bocado para retirar o animal dali. Mas ao fim deu tudo certo.

VÍDEO

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16
Ago16

Como o “Salto Fosbury” mudou o salto em altura para sempre

António Garrochinho

Até 1968, todos faziam o salto em altura de duas maneiras distintas: o salto tesoura e preferivelmente o straddle que você vai ver no vídeo. Mas aí apareceu um cara chamado Ricahrd "Dick" Fosbury e mudou tudo. Ele deixou a plateia boquiaberta ao revolucionar o salto em altura criando uma nova técnica ao saltar de costas; salto que passou então a levar seu nome: Salto Fosbury.

Quando ainda criança começou a praticar os salto em altura, ele não gostava do estilo prevalente até então, ostraddle, e para desgosto de seu treinador saltava com o já arcaico tesoura. Mas um dia, quando tinha 16 anos decidiu inventar, saltou de costas e nunca mais olhou para trás.

Em 1968 ele venceu o campeonato da Associação Atlética Colegial Americana, assim como as seletivas olímpicas, utilizando sua nova técnica. Nas Olimpíadas da Cidade do México, no mesmo ano, ele não apenas ganhou a medalha de ouro senão que consolidou um novo recorde olímpico quando saltou 2,24m. Pese que o coletivo do salto comunidade do Salto em altura tenha torcido nariz, a princípio, para sua técnica, nos Jogos Olímpicos de 1972, em Munique, 28 dos 40 saltadores já utilizavam-se da técnica de Fosbury.

VÍDEOS


Em 2013 se tornou viral um vídeo que mostrava estudantes quenianos participando de um Campeonato Colegial de salto em altura. Muitos diziam que este era um salto criado pela escola queniana de atletismo, mas me parece que é uma variante do salto tesoura. Veja:


Pois se resta alguma dúvida sobre os vários tipos de saltos, este vídeo compila todos eles. Inclusive com a presença do recorde de Javier Sotomayor, de 2m45, que já dura quase 25 anos.


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16
Ago16

Sindicato emitiu hoje um comunicado STRUP denuncia situação do Metro

António Garrochinho


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O STRUP afasta dos trabalhadores as responsabilidades pela degradação do serviço prestado pelo Metropolitano de Lisboa. Em comunicado, o sindicato critica a preparação, nos últimos quatro anos, para a privatização da empresa.


O sindicato afasta dos trabalhadores as responsabilidades pela degradação do serviço
 
O Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos de Portugal (STRUP) emitiu hoje um comunicado sobre a degradação do serviço público prestado pelo Metropolitano de Lisboa, onde afirma que os trabalhadores não são responsáveis pela situação da empresa e denuncia a preparação para a privatização que aconteceu nos quatro anos de governação do PSD e CDS-PP.
«Empurraram-se mais de 300 trabalhadores para “rescisões amigáveis” e para o desemprego, descapitalizaram a Empresa, encerraram 18 postos de vendas, diminuíram o número de carruagens na linha verde, aumentaram o tempo de intervalo entre comboios, diminuíram a velocidade de circulação de 60 para 45 km/h, degradaram a manutenção e a limpeza de comboios e estações. Passou-se de uma exploração comercial onde raramente se registavam atrasos, interrupções ou supressões, para o seu oposto, com incidentes de exploração todos os dias.»
O comunicado relaciona também o aumento do número de acidentes e de doenças ligadas ao trabalho com a menor quantidade de maquinistas (menos 45) para uma oferta igual ou mesmo para um percurso maior. Dos oito postos de tracção existentes, que são importantes para apoio e garantia de segurança, chegam a estar encerrados quatro. O menor número de efectivos no Posto de Comando Central e Energia e na fiscalização são outras críticas apontadas pelo sindicato. São igualmente referidas falhas ao trabalho da Medicina do Trabalho, num quadro em que é sabido o risco de desenvolvimento de doenças crónicas em quem trabalha no subsolo.
O comunicado recusa ainda o argumento do Conselho de Administração, segundo o qual na origem da degradação da oferta nos meses de Junho e Julho está o absentismo dos trabalhadores. Recorrendo a gráficos o STRUP demonstra que a ausência de trabalhadores no mês de Julho não apresenta alterações significativas em relação aos meses de Janeiro e Março (o absentismo dos maquinistas até foi menor no mês passado). Quanto à concentração de férias, o sindicato afirma que alertou para a situação quando estas foram sendo recusadas pela empresa, que é quem as organiza e impõe.

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16
Ago16

Os feriados neste momento são pagos a 50% Trabalhadores da Panrico há três anos em greve aos feriados

António Garrochinho


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Os trabalhadores da Panrico, concentraram-se ontem à porta da empresa exigindo o cumprimento do Contrato Colectivo de Trabalho que salvaguarda o pagamento dos feriados a 200%.


Trabalhadores da Panrico concentraram-se exigindo o cumprimento do Contrato Colectivo de Trabalho
 
Os trabalhadores da Panrico concentraram-se ontem à porta da empresa do sector de alimentação em Mem-Martins, pelo pagamento do trabalho em dia de feriado conforme o Contrato Colectivo de Trabalho.
Os trabalhadores estão em greve nos feriados há três anos, altura em que o trabalho ao feriado deixou de ser pago a 200% e passou a ser remunerado apenas a 50%.
Os trabalhadores reclamam que a empresa volte a cumprir o Contrato Colectivo de Trabalho assinado entre o Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal (SINTAB) e a associação patronal Ancipa, da qual a Panrico faz parte, reinvindicando que os feriados voltem a ser pagos a 200%.

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16
Ago16

"A BELA ADORMECIDA": CONHEÇA A MÚMIA MAIS BEM PRESERVADA DO MUNDO (COM VIDEO)

António Garrochinho

Conheça a múmia mais bonita do mundo. Chamam-lhe, precisamente, A Bela Adormecida porque é considerada a múmia mais bela e mais bem preservada do mundo. Rosalia Lombardo foi uma criança que morreu de pneumonia no ano de 1920 com a tenra idade de 2 anos. A sua família nunca a esqueceu e quis preservar a sua memória eternamente optando por embalsamar o seu corpo. O embalsamador responsável chamava-se Alfredo Salafia, um professor de química siciliano, que depois da tarefa concluída colocou o corpo em repouso num caixão de vidro que, ainda hoje, permanece nas Catacumbas dos Capuchinhos de Palermo, Itália.




Se não fosse o talismã oxidado da Virgem Maria que repousa no seu manto, dir-se-ia que esta criança morreu há poucos dias atrás. Pouco é sabido acerca da vida de Rosalia e, até recentemente, pouco se sabia acerca dos métodos de preservação de Salafia. 


O embalsamento é um método de preservação que serve como forma de prestar homenagem aos mortos e que data desde o Antigo Egito 3200 anos AC. Durante este período os embalsamadores removiam os órgãos internos do corpo através de um corte no lado. O coração – reconhecido como o centro da inteligência e força da vida – era mantido no lugar, mas o cérebro era retirado através do nariz e jogado fora. Os órgãos remanescentes eram armazenados em jarras de canopo. Em seguida, o corpo era empacotado e coberto com natro, um tipo de sal, e largado para desidratar durante 40 dias. Então era empacotado com linho ensopado de resina, natro e aromáticos e as cavidades do corpo eram tapadas. Finalmente, era coberto de resina e enfaixado, colocando-se amuletos entre as camadas. Todo o processo – acompanhado de orações e encantos – levava cerca de 70 dias mas preservava os corpos durante milhares de anos.


As diferentes técnicas de embalsamamento foram sendo modificadas ao longo dos séculos. No entanto o método do Prof. Salafia permanecia um mistério. Isto é até Dario Piombino-Mascali, um antropólogo biólogo italiano do Instituto de Múmias e do Homem do Gelo em Bolzano, ter descoberto alguns parentes de Salafia que tinham na sua posse uma série de manuscritos seus. Nas suas notas o embalsamador revelou que injetou em Rosália uma mistura de sais de zinco, formaldeído, álcool, ácido salicílico e glicerina. Foi este último ingrediente que evitou que o corpo de Rosália secasse demasiado. Os sais de zinco fizeram com que o seu corpo permanecesse rígido e impediu que as suas bochechas e cavidades nasais esmorecessem. 


Quase 100 anos depois da sua morte, a múmia Rosalia parece permanecer viva. Todos os anos as Catacumbas são invadidas por milhares de visitantes, atraídos pela, também chamada Boneca da Morte. Armados com câmaras fotográficas e iPhones, todos querem captar uma imagem da criança adormecida no caixão de vidro. 

Assista ao video produzido pelo Canal História:

VÍDEO
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16
Ago16

Armas falsas e estratégias de enganação na Segunda Guerra Mundial

António Garrochinho



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Durante a Segunda Guerra Mundial enganar o inimigo poderia ser tão decisivo quanto vencê-lo numa batalha. Para isso os contendedores usavam a criatividade para iludir seus oponentes e criar falsas impressões, tendo utilizado meios para enganar através de objetos e cenários falsos. A malandragem de guerra envolvia a elaboração de sofisticados artifícios como veículos insufláveis, armas que não tinham efetividade destrutiva, soldados e até cidades “fake”. Os exemplos eram curiosíssimos.


Canhão inflável: A única explosão que poderia causar seria dele mesmo caso a borracha fosse rompida ou enchido demais.
Canhão inflável: A única explosão que poderia causar seria dele mesmo caso a borracha fosse rompida ou enchido demais.

Além de tanques e outros veículos de borracha que serviam para criar a ilusão de que os comboios militares eram maiores do que realmente costumavam ser (o gif acima demonstra criações do exército dos EUA), valiam outras armações como sistemas de som que reproduziam estrondos de explosões e ruídos de veículos terrestres e aviões inexistentes, que provocavam terror entre os inimigos que achavam que estavam diante de forças que não poderia enfrentar ou conter (clique e confira).
Até em ataques aéreos os Aliados empregavam paraquedistas falsos para influenciar uma perspectiva enganadora do volume da ofensiva através do emprego de bonecos (que os norte-americanos chamavam de Oscar e os britânicos chamavam de Rupert). E, claro, é conhecido o emprego em larga escala de navios falsos para despistar os nazistas por ocasião da execução estratégica do Dia D.
Outra curiosa aplicação da falsidade foi realizada para esconder as instalações da Boeing (que produzia significativa parte das aeronaves de guerra dos EUA), em Seattle. Com receio de um bombardeio alemão, uma cidade falsa de 25 hectares foi inteiramente foi montada sobre a fábrica.


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16
Ago16

CURIOSIDADES - FUTEBOL

António Garrochinho




Sheffield Football Club: o time mais antigo da história.
Sheffield Football Club: o time mais antigo da história.

– O clube de futebol mais antigo do mundo é o Sheffield Football Club, da Inglaterra, fundado em 24 de outubro de 1857.
– O primeiro jogo de futebol, entre seleções, realizado no mundo ocorreu em Glasgow, capital da Escócia. Realizado em 30 de novembro de 1872, a Escócia empatou com a  Inglaterra pelo placar de 0 a 0.

– O primeiro campeonato do Mundo de Futebol foi realizada no Uruguai em 1930. O Uruguai foi campeão após vencer a Argentina pelo placar de 4 a 2.
– Foi somente a partir da Copa do Mundo de 1950 que os jogadores começaram a usar números nas camisas.
– O primeiro campeonato oficial de futebol ocorreu na Grã-Bretanha em 1863. A seleção inglesa foi campeã.

– O jogador mais velho a disputar uma partida de futebol oficial foi o inglês Neil McBain. Aos 52 anos e quatro meses, ele disputou uma partida oficial no ano de 1947.
– Foi somente na Copa do Mundo de 1970 que os árbitros de futebol começaram a usar os cartões vermelho e amarelo.
– Numa partida de futebol profissional, um jogador de linha anda e corre entre 10 e 14 quilômetros.

16
Ago16

De Dion Runabout – O Carro mais Antigo do Mundo

António Garrochinho

o carro mais antigo do mundo
De Dion Runabout foi produzido em 1884 – 130 anos de História
A indústria automobilística é, sem dúvidas, um dos setores mais importantes da economia mundial e um dos melhores exemplos de desenvolvimento tecnológico. Com origem no fim do século XIX, seu crescimento foi influenciado pelo aumento da necessidade e do fascínio dos homens por essas máquinas. E mesmo com modelos cada vez mais modernos, oscarros antigos continuam a causar encantamento, como o De Dion Runabout. Quer saber mais sobre ele? Leia as informações a seguir.

Características do automóvel

Produzido em 1884, na França, pela De Dion-Bouton, o veículo foi um dos primeiros automóveis a serem fabricados no mundo. Por isso, os 6 exemplares que ainda existem são considerados os carros mais antigos do planeta. Na época, o modelo foi representou uma inovação para a indústria em geral, e não somente para a automobilística.
Bastante simples, o De Dion Runabout transportava somente o motorista e não possuía sistema de suspensão. O fato mais curioso é que ele era movido a vapor d’água, pois os motores a combustão ainda não existiam. A movimentação do veículo era garantida por uma caldeira e uma fornalha localizadas na frente do banco do condutor. Nesse local, a lenha era armazenada e queimada para esquentar a água e, consequentemente, gerar o vapor.
O automóvel alcançava até 55 quilômetros por hora e oferecia uma autonomia de 32 quilômetros. Depois disso, era necessário inserir mais lenha na fornalha para fazê-lo andar. Mesmo com essas limitações, o veículo participou da primeira corrida de automóveis, realizada em Paris, no ano de 1887.
De Dion carro mais antigo do mundo
Aparições do De Dion Runabout – Veículo era movido a lenha e fazia em média 55 km/h

Unidades exclusivas

Não há registros exatos sobre a quantidade de exemplares que foram fabricados. Todavia, como o sistema de produção era quase artesanal, acredita-se que o número de carros desse tipo tenha sido bem pequeno.

Leilão do automóvel

Um dos seis modelos que ainda existem no mundo foi leiloado nos EUA em outubro de 2011. O exemplar de 130 anos, que pertencia ao renomado colecionador John O’Quinn, foi arrematado  pelo incrível valor de 4,62 milhões de dólares, o que equivale a aproximadamente 10 milhões de reais.
O novo proprietário, que não teve o nome divulgado, adquiriu uma verdadeira relíquia da história da indústria automobilística e certamente vai poder divertir-se com o carro, afinal, ele ainda funciona perfeitamente.
Já imaginou ver um De Dion Runabout pelas ruas hoje em dia? Seria no mínimo inusitado, não é mesmo?
Veja o vídeo do Leilão onde o De Dion foi vendido:

VÍDEO
 Créditos Youtube – Canal Jordantacc
nacionaltransportes.com
16
Ago16

15 fatos históricos que as escolas preferem não ensinar

António Garrochinho
Você deve estar cansado de saber alguns fatos históricos comuns, sobre o País, nossa cultura e costumes, e a história que nos fez chegar à época atual como somos hoje. Bom, pelo menos você deveria saber isso, já que esses são todos fatos históricos relatados nos livros de história e insistentemente repetidos pelos professores durante a escola.
O problema, no entanto, é que a maioria das pessoas não sabem sobre alguns outros fatos históricos mais “cabeludos”, digamos assim. Isso porque, devido à natureza impura desses relatos que aconteciam à séculos atrás, as escolas preferem não ensinar.
No final das contas, as pessoas se formam e jamais tomam conhecimento de fatos históricos, no mínimo, polêmicos, como o fato das mulheres reais, durante séculos, terem plateias para colocar seus filhos no mundo; ou porque aconteceu a primeira condenação à morte nos Estados Unidos (acredite, é de ficar de queixo caído!).
Outro dos fatos históricos que a maioria de nós não toma consciência é sobre a malícia dos nobre do século 18, o que inspiravam até mesmo a criação de quartos secretos, destinados à “atividades nada inocentes”. Isso, sem contar os fatos históricos reais que levaram à invenção dos confessionários fechados, pela Igreja (tenso).
Bom, se você também faz parte da grande maioria que não sabe sobre nada disso, fique sabemos que teremos prazer em compartilhar com você, caro leitor, um dose de verdade sobre alguns fatos históricos. A gente só espera que você não fique muito chocado!

Confira, abaixo, alguns fatos históricos que as escolas preferem não ensinar:

1. Anne Frank era muito curiosa sobre suas partes íntimas e escreveu várias páginas sobre menstruação e masturbação em seus escritos originais.


A versão de seu diário, conhecida e trabalhada hoje em dia em algumas escolas, é editada. Quase tudo sobre esses assuntos foi deixado de fora da publicação.
2. O presidente Warren Harding, que governou os Estados Unidos entre os anos de 1921 e 1923, trocou mais de 1000 páginas de cartas eróticas com sua amante de 15 anos, Carrie Phillips.

Embora ninguém mencione esse é um dos fatos históricos mais escandalosos do País, já que as cartas do então presidente incluíam convites à menina para ficar “molhadinha” e várias referências ao seu amigo “Jerry”, nome carinhoso pelo qual Harding chamava seu órgão.
3. Por séculos, mulheres da família real, na Europa, davam à luz em frente a vários espectadores.


Esse foi um forte costume entre os franceses por séculos. Dizem até que Marie Antoinette quase morreu quando uma multidão de plebeus invadiu seu quarto, em Versailles, quando o médico gritou “o bebê está chegando!”.
4. Na verdade, confessionários foram inventados pela Igreja não para dar privacidade aos fiéis que queriam confessar seus pecados aos padres, mas para impedir que os sacerdotes tivessem contato físico e até mesmo relações sexuais com as jovens que costumavam frequentar as confissões.


O tal problema ficou conhecido como “solicitação” e forçou a Igreja a decretar que “mulheres devem ser ouvidas somente através de grades de confessionários fechados ou em barracas abertas, no corpo da igreja, ou mesmo em capelas abertas e muito bem iluminadas”.
5. Catarina, A Grande; imperatriz da Rússia durante o século 18, tinha uma “sala de sexo” secreta, cheia de móveis decorados com órgãos masculinos eretos, pernas femininas abertas, bocas de mulheres “ocupadas” (se é que vocês entendem) e assim por diante. Tudo, claro, finamente decorado com folhas de ouro.


O tal quarto ficou em segredo por muito tempo, até que os soldados soviéticos o descobriram durante a Segunda Guerra Mundial.
6. Silphium era o nome de uma planta, usada pelos antigos romanos, como contraceptivo natural. Ela era tão valiosa que sua imagem e a imagem (à direita) de sua semente (à esquerda) foram impressas em moedas de pratas correntes na época.


Aliás, historiadores acreditam que o formato da semente da silphium deu origem ao formato que conhecemos hoje como o de um coração.
7. A primeira exibição pública de um filme projetado aconteceu em 28 de dezembro de 1895. Menos de um ano depois foi lançado o primeiro e mais antigo filme pornô do mundo, Le Coucher de la Mariée.


8. Mozart escreveu um cânone chamado “Leck Mich im Arsch”, que quer dizer, basicamente, “Lamba minha bun..”. Essa aliás, foi apenas uma das várias peças “sujas” que ele compôs.


9. Gandhi conduziu experimentos bizarros sobre castidade, durante os quais meninos e meninas tomavam banho e dormiam juntos, mas eram punidos por qualquer conversa ou contato físico.


Aliás, o próprio Gandhi dormia e tomava banho com seu assistente pessoal, mas alegava que não havia nada indecente entre os dois, já que nos momentos considerados inapropriados, ele mantinha os olhos fechados…
10. O filósofo Jean-Jacques Rousseau ficou tão obcecado pela ideia de ser espancado que ele admitiu que abaixava as calças em público e perseguia as mulheres que passavam pela rua.


Rousseau admitiu, em sua autobiografia, Confissões, essa tara por palmadas eróticas.
11. Durante a ocupação nazista na Noruega, combatentes da resistência se infiltraram em uma fábrica de sardinhas e encheram as latas com óleo de cróton, um poderoso laxante.



As sardinhas alteradas, então, foram normalmente enviadas á tripulação dos submarinos alemães que, com certeza, viveu maus momentos depois de consumir os peixes.
12. Em 7 de setembro de 1642, Thomas Granger se tornou o primeiro condenado à morte dos Estados Unidos. Ele foi julgado e condenado por zoofilia e atos obscenos contra uma vaca, duas cabras, ovelhas, dois bezerros e um peru…

13. Durante uma entrevista, o então presidente dos Estados Unidos, Lyndon B. Johnson, se sentiu tão pressionado por um jornalista que perguntava a ele repetidas vezes porque as tropas americanas estavam no Vietnã, que o político simplesmente abriu o zíper, puxou seu órgão e disse: “É por isso!”.


O incidente foi relatado pelo biógrafo Robert Dallek e, aparentemente, depois disso, o repórter parou de fazer a mesma pergunta.
14. Mulheres que tinham desejos, por muitos anos, foram diagnosticadas com “histeria”. O tratamento da “doença” consistia em um “trabalho manual” dos médicos.


O serviço dos médicos era tão requisitado que, temendo a saúde de seus punhos, eles acabaram inventando uma “máquina capacitada” para substituí-los, também chamada de vibrador.
15. Quando o País de Gales se tornou parte do Reino Unido, a punição a uma pessoa que molestava um carneiro, por exemplo, era menos grave que o castigo dado a um ladrão. No primeiro caso, tinha-se um dedo cortado. No segundo, por outro lado, perdia-se toda a mão.



segredosdomundo.r7.com
16
Ago16

RIA FORMOSA: CONTRA A DEGRADAÇÃO AMBIENTAL NA AREA DA RIA FORMOSA

António Garrochinho


A PALP, reúne um conjunto de associações, que se têm manifestado contra a exploração de petróleo e gaz natural em todo o País e muito particularmente na costa algarvia.
Ao longo do tempo, os governos, que negoceiam nas costas do Povo, vêm assinalando avanços e recuos, sem ter uma posição definida sobre esta matéria, dados os interesses envolvidos, de tal forma que até instituições como o Turismo de Portugal estão caladas que nem uns ratos, embora saibam dos riscos que a exploração de hidrocarbonetos pode trazer ao sector.
Também se sabe que as contrapartidas oferecidas ao Estado são de tal forma diminutas que fazem suspeitar de negócios pouco claros e transparentes, tanto que não raras vezes a nossa classe politica sai do governo para se instalar nas empresas contempladas com os benefícios do Estado, auferindo ordenados pornográficos, enquanto os lesados estão cada vez mais na miséria.
E por falar em lesados, não podemos esquecer que estas estruturas são acompanhadas de uma faixa de protecção onde é interdita a pesca, não bastando já as áreas roubadas pela aquicultura; a mortandade do peixe provocada pelos rebentamentos utilizados na perfuração horizontal; as pequenas gotícolas de crude  libertadas que passam despercebidas à generalidade das pessoas e que só se dá por elas quando se acumularem nas praias; os gazes; os sismos numa zona já de si propensa à actividade sísmica.
E quais as contrapartidas para os lesados? ZERO! Não há qualquer cobertura de riscos!
Os recuos não serão tanto dos governos, mas mais das empresas exploradoras, porque com o preço do crude em baixa, e tendo em conta que as jazidas não permitem a extracção de quantidades que viabilizem a exploração.
De qualquer das formas, torna-se necessário levar o governo a cancelar definitivamente as concessões oferecidas, já que não foram salvaguardadas a protecção ambiental da costa algarvia, a salvaguarda dos riscos para pessoas (quebra de rendimentos) e bens (casas) e até mesmo do Estado.
Por isso a PALP, vai estar presente na Fuzeta, entre os dias 16 a 21 de Agosto, pelas 20:00 horas com uma barraca/banca, com exposição de fotos e documentos alusivos à protecção ambiental.
Sendo assim, e por entendermos ser esta uma luta justa dos algarvios, apelamos à participação de todos, comparecendo e trocando opiniões com os anfitriões.


NÃO À EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO E GAZ NA COSTA ALGARVIA!


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16
Ago16

Série poderosa mostra como um grupo de garotas está usando a amizade pra lidar com a anorexia

António Garrochinho


Em um mundo em que somos constantemente bombardeados com imagens de mulheres extremamente magras – muitas com sua silhueta ajustada através de programas de edição de imagens – é normal que as adolescentes sintam uma pressão interna para se equiparar a estes padrões inatingíveis de “beleza”. É aí que começa o problema: muitas vezes, essas meninas não sabem qual o limite da perda de peso e acabam incorrendo em distúrbios alimentares, como a anorexia.
Quando a vontade de ficar mais magra chega a esse ponto, ela já é um risco à saúde. Em casos extremos a doença pode levar a problemas no coração e até a morte. Na Polônia, um centro de tratamento para jovens que sofrem com o transtorno localizado na pequena cidade de Malawa ajuda meninas a se recuperar através de esquemas rígidos que incluem horas certas para comer e pouco acesso à tecnologia
Conhecido como Drzewo Zycia, o centro serviu de cenário para as fotografias de Marie Hald, que mostra como as adolescentes estão batalhando para se livrar da doença. A amizade entre elas parece ser um fator fundamental para a recuperação.
Espia só:
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Todas as fotos © Marie Hald


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16
Ago16

Fotógrafa documenta como os nova-iorquinos inovam na hora de se vestir da cintura pra baixo

António Garrochinho


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Como sempre os “newyorkers” estão dando um show de estilo! Não é à toa que as principais fotografias e tendências da moda saem da ilha de Manhattan. E para dar uma diversificada nos cliques, uma fotógrafa foi criativa e resolveu mostrar só os membros inferiores – e fashions – desse pessoal.
A fotógrafa e editora Stacey Baker focou toda a sua atenção nas partes baixas para a série intitulada de New York Legs  – ou seja, Pernas de Nova York. Começou em 2013 quando ela parou uma mulher e capturou a incrível combinação. Entre calças, saias, botas e sandálias ela encontrou um novo recorte para a cidade.
E aqui o estilo é sempre preservado acima de tudo. Cores vibrantes, combinações inusitadas e autênticas têm o foco. Chega de papo que você já deve estar ansioso – e não é para menos. Dá só uma olhada:
*E se você gostar, saiba que uma coletânea delas já está disponível para pre-order na Amazon*
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Todas as fotos © Stacey Baker


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Ago16

Incêndios "queimam" produção de mel

António Garrochinho

Ainda é cedo para apresentar números, mas a quebra na produção de mel, no próximo ano, está confirmada.

Os incêndios que assolaram a zona centro do país queimaram centenas de colmeias e largos milhares de hectares de floresta que serviam de alimentação para as abelhas.



O jornalista Miguel Midões falou com apicultores para saber como a produção de mel será afetada pelos incêndios
À forte quebra que já existiu este ano, por causa das condições atmosféricas desfavoráveis, a Associação de Apicultores do Litoral Centro prevê que o próximo ano seja igualmente mau ou pior.

Na aldeia de Barrô, no Luso, António Laranjeiro viu o fogo queimar-lhe sete colmeias. "Em termos de abelhas, na altura da primavera há cerca de 40 mil abelhas por cada colmeia, por isso multiplicando por sete estamos a falar de cerca de 150kg de mel", diz o produtor ao fazer as contas àquilo que vai colher a menos no próximo ano.

E estas são as contas de apenas um produtor, que diz ser "dos pequenos". Para as abelhas que escaparam aos incêndios, o cenário não é o mais favorável. "Está tudo queimado. Elas, se tiverem necessidade, vão a uma distância de cinco quilómetros, mas se tiverem pasto mais perto andam só 500 metros fazendo mais transportes para a colmeia. Se vão mais longe, fazem menos viagens".

REGISTO AUDIO



E menos viagens representam menos mel

As dezenas de hectares queimados vão levar a uma quebra na produção do próximo ano. "Ainda não temos o registo feito, porque nem todos nos contaram a situação. Mas, os que já contaram mostra que vai refletir-se no registo anual das abelhas", confirma João Cristóvão, presidente da Associação de Apicultores do Litoral Centro.

Na perspetiva dos apicultores vai demorar anos até que a floresta seja reposta e a produção volte a normalizar. "Durante dois ou três anos vai ser muito fraca [a produção de mel], de certeza. Porque o eucalipto ardeu, demora sete anos a crescer, e a flor só aparece quando o eucalipto já está crescido", acrescenta.

E mesmo assim, João Cristóvão teme que parte da reflorestação seja feita com eucaliptos híbridos, ou seja, nem sequer dão flor para que as abelhas se possam alimentar.

A colheita de mel deste ano já foi fraca, pior que a do ano passado. Avizinha-se nova quebra no ano que vem. Informações recolhidas na 18ª edição da Feira do Mel, na vila do Luso, organizada pela Associação dos Apicultores do Litoral Centro, que abrange 13 municípios do centro do país, entre eles Águeda, Anadia e Mealhada, fortemente fustigados pelas chamas nos últimos dias.

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16
Ago16

Há proprietários que "disparam tiros de caçadeira para assustar pilotos"

António Garrochinho


A Proteção Civil está preocupada com a sucessão de casos em que os helicópteros são impedidos de recolher água em tanques e reservatórios.



A Autoridade Nacional de Proteção Civil levanta, esta segunda-feira, a voz para denunciar uma situação grave. Há proprietários de terrenos onde existem tanques e reservas de águas chegam a disparar tiros de caçadeira para impedir o abastecimento dos helicópteros que combatem as chamas.


A denúncia é feita na TSF pelo Adjunto Nacional de Operações da Proteção Civil, Miguel Cruz.


REGISTO AUDIO


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16
Ago16

Dados do INE confirmam subida no sector Turismo de vento em popa no início de 2016

António Garrochinho


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O sector registou no primeiro semestre uma subida no número de dormidas e nas receitas, em comparação com o período homólogo.


Número de dormidas e receitas da actividade turística cresceram acima dos 10% nos primeiros meses do ano
 O número de dormidas em estabelecimentos hoteleiros nos primeiros seis meses do ano cresceram 11,2% em relação ao mesmo período de 2015. Os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) apontam para 23 milhões, dos quais 16,8 milhões correspondem a não residentes em Portugal e 6,3 milhões a residentes no País.
A receita total da actividade turística atingiu no primeiro semestre do ano os 1163,5 milhões de euros, mais 16,5% do que em igual período de 2015 e a taxa de ocupação média subiu para 43,1%, mais 2,7 pontos percentuais do que em igual período de 2015.
O INE tornou públicos os resultados preliminares da actividade turística do mês de Junho esta manhã. No documento, reconhece que o número de dormidas e as receitas podem ter sido beneficiadas pelsituação de instabilidade de países concorrentes.

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16
Ago16

16 de Agosto de 1900: Morre o escritor e diplomata português José Maria Eça de Queiroz, autor de "Os Maias"

António Garrochinho


Escritor português, José Maria Eça de Queirós nasceu a 25 de novembro de 1845, na Póvoa de Varzim, filho de um magistrado, também ele escritor, e morreu a 16 de agosto de 1900, em Paris. É considerado um dos maiores romancistas de toda a literatura portuguesa, o primeiro e principal escritor realista português, renovador profundo e perspicaz da nossa prosa literária.

Entrou para o Curso de Direito em 1861, em Coimbra, onde conviveu com muitos dos futuros representantes da Geração de 70, já então aglutinados em torno da figura carismática de Antero de Quental, e onde acedeu às recentes ou redescobertas correntes ideológicas e literárias europeias: o Positivismo, o Socialismo, o Realismo-Naturalismo, sem, contudo, participar ativamente na que seria a primeira polémica dessa geração, a Questão Coimbrã (1865-1866).

Terminado o curso, iniciou a sua experiência jornalística como redator do jornal O Distrito de Évora (1866) e como colaborador na Gazeta de Portugal, onde publicou muitos dos textos - indiciadores de uma nova estilística imaginativa - postumamente reeditados no volume das Prosas Bárbaras. Em 1867 fundou o jornal O Distrito de Évora. No final desse ano, formou-se o "Cenáculo", de que viriam a fazer parte, nesta primeira fase, além de Eça, Jaime Batalha Reis, Ramalho Ortigão, Oliveira Martins e Salomão Saragga, entre outros. Após uma viagem pelo Oriente, para assistir à inauguração do canal de Suez como correspondente do Diário Nacional, regressou a Lisboa, onde participou, com Antero de Quental e Jaime Batalha Reis, na criação do poeta satânico Carlos Fradique Mendes e escreveu, em 1870, em parceria com Ramalho Ortigão, o Mistério da Estrada de Sintra. No ano seguinte, proferiu a conferência "O Realismo como nova expressão da Arte", integrada nas Conferências do Casino Lisbonense e produto da evolução estética que o encaminha no sentido do Realismo-Naturalismo de Flaubert e Zola, com influência das doutrinas de Proudhon e Taine. No mesmo ano, iniciou, novamente com Ramalho, a publicação de As Farpas, crónicas satíricas de inquérito à vida portuguesa. Em 1872, iniciou também a sua carreira diplomática, ao longo da qual ocuparia o cargo de cônsul sucessivamente em Havana (1872), Newcastle (1874), Bristol (1878) e Paris (1888). O afastamento do meio português - aonde só ia muito espaçadamente - não o impediu de colaborar na nossa imprensa, com crónicas e contos, em jornais como A Atualidade, a Gazeta de Notícias, a Revista Moderna, o Diário de Portugal, e de fundar a Revista de Portugal (1889), dando-lhe um critério de observação mais objetivo e crítico da sociedade portuguesa, sobretudo das camadas mais altas. Aliás, foi em Inglaterra que Eça escreveu a parte mais significativa da sua obra, através da qual se revelou um dos mais notáveis artistas da língua portuguesa. Foi, pois, com o distanciamento crítico que a experiência de vida no estrangeiro lhe permitiu que concebeu a maior parte da sua obra romanesca, consagrada à crítica da vida social portuguesa, de onde se destacam O Primo Basílio (1878), O Crime do Padre Amaro (2.ª edição em livro, 1880), A Relíquia (1887) e Os Maias (1888), este último considerado a sua obra-prima. Parte da restante obra foi publicada já depois da sua morte, cuja comemoração do seu centenário teve lugar no ano 2000.

Na obra deste vulto máximo da literatura portuguesa, criador do romance moderno, distinguem-se usualmente três fases estéticas: a primeira, de influência romântica, que engloba os textos posteriormente incluídos nas Prosas Bárbaras e vai até ao Mistério da Estrada de Sintra; a segunda, de afirmação do Realismo, que se inicia com a participação nas Conferências do Casino Lisbonense e se manifesta plenamente nos romances O Primo Basílio e O Crime do Padre Amaro; e a terceira, de superação do Realismo-Naturalismo, espelhada nos romances Os Maias, A Ilustre Casa de Ramires e A Cidade e as Serras.

Bibliografia: Da imensa bibliografia de Eça de Queirós salientam-se O Mistério da Estrada de Sintra, 1870 (romance); O Primo Basílio, 1878 (romance); O Crime do Padre Amaro, 2.ª ed., 1880 (romance); O Mandarim, 1880 (conto); A Relíquia, 1887 (romance); Os Maias, 1888 (romance); Uma Campanha Alegre, 1890-1891 (crónicas); A Correspondência de Fradique Mendes, 1900 (romance, edição póstuma); A Ilustre Casa de Ramires, 1900 (romance, edição póstuma); Prosas Bárbaras, 1903 (crónicas, edição póstuma); Cartas de Inglaterra, 1905 (folhetins, edição póstuma); Ecos de Paris, 1905 (folhetins, edição póstuma); Notas Contemporâneas, 1909 (crónicas, edição póstuma); Últimas Páginas, 1912 (crónicas, edição póstuma); A Capital (romance, edição póstuma)

Eça de Queirós. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2011.
wikipedia (Imagens)


Eça de Queirós, c.1882
Ficheiro:Os Maias Book Cover.jpg


Capa da primeira edição do volume I, em 1888


VÍDEO



16
Ago16

Termina hoje fidelização obrigatória das operadoras de telecomunicações

António Garrochinho


  • Entrar / Registar
As novas regras passam a estar disponíveis a partir de hoje. Uma delas faz com que alterações de pacote não impliquem uma refidelização automática.


A NOS é uma das operadoras que passa a estar obrigada a aplicar as
novas regras
As alterações à Lei das Comunicações Electrónicas entraram em vigor no passado dia 17 de Julho, mas só a partir de hoje é que as operadoras de telecomunicações põem em prática algumas delas. Estas passam a ter de disponibilizar, em todo o serviço comercial, contratos sem qualquer tipo de fidelização ou com uma fidelização de meio ano e um ano, para além dos dois anos (período máximo). Uma outra mudança diz respeito ao fim dos contratos: se o cliente quiser terminar, vai deixar de ter de pagar os restantes meses da fidelização – o valor a ser pago passa a estar limitado por lei.
Segundo Paulo Fonseca, da Deco, em declarações à Lusa, esta alteração obriga «todas as operadoras a disponibilizar vários tipos de fidelização para toda a sua oferta comercial». Até aqui, os consumidores eram obrigados pelas operadoras a fidelizar-se por dois anos para terem outros serviços para além do serviço-base.
A refidelização só poderá ir até aos 24 meses, caso as alterações nos contratos impliquem a actualização dos equipamentos ou infraestruturas tecnológicas, e só se houver uma autorização expressa. Os aumentos de velocidade na internet não implicarão, por si só, refidelização, nem a uma alteração no pacote de serviços não corresponderá uma refidelização automática.
De acordo com o Jornal de Negócios, «as mensalidades cobradas podem quase duplicar e o custo de instalação dos serviços chega aos 300 euros». Uma medida esperada por parte das operadoras, numa tentativa de manter as margens de lucro. Um dos exemplos é o da NOS, cujos lucros, relativos ao primeiro semestre de 2016, foram de 50,9 milhões de euros, um aumento de 7,6% face ao período homólogo de 2015.

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16
Ago16

Terrorismo de Estado e seus cúmplices

António Garrochinho

De Hollande a Obama, de Clinton a May, de Merkel a Renzi, a frente do combate «contra o terrorismo» é inexpugnável. No meio deles, Benjamin Netanyahu funciona como uma referência dessa grande confraria democrática e pacifista.
O parlamento do Estado de Israel, «a única democracia do Médio Oriente» de acordo com a credenciada informação que se acha de referência, acaba de aprovar um dispositivo legal que permite ao poder judicial aplicar penas de prisão a crianças a partir dos 12 anos. Esta medida profilática contra «o terrorismo», inegavelmente de grande alcance pedagógico e humanitário, vem pôr cobro a situações incómodas como aquela a que foi sujeito Mohammed Suleiman, detido, espancado e torturado quando tinha 13 anos e que foi obrigado a esperar na cadeia até perfazer 14 anos, para então ser condenado a 15 anos de prisão, pena que agora cumpre por «atirar pedras». Tudo isto porque a lei israelita em vigor não permitia levar garotos com menos de 14 anos a julgamento.
Agora o processo torna-se muito mais transparente: as crianças podem ser condenadas logo aos 12 anos, embora saibamos que nada impede que sejam detidas, espancadas e torturadas aos 10 ou 11 anos e tenham de aguardar em prisão até terem a nova idade para serem julgadas. Afinal, é uma evolução natural no Estado que é exemplar na «luta contra o terrorismo», segundo alguns dos mais cotados e democráticos jornalistas de referência.
Esta inovadora medida legislativa viola todos os conceitos de Estado de direito, normas e convenções internacionais e, claro está, os direitos humanos. Nada que trave os dirigentes e legisladores israelitas na sua saga contínua para erradicação do «terrorismo», isto é, de todos os actos de luta e resistência contra a criação do Estado palestiniano, cuja existência os principais dirigentes mundiais dizem exigir enquanto tudo permitem para a impedir.
Aos que parecem sempre prontos a criticar Israel, e que, por isso, logo recebem a chancela de anti-semitas, lembre-se que esta lei tem salvaguardas, porque afinal não ameaça todas as crianças. As medidas nela contidas são aplicáveis apenas a jovens palestinianos, os únicos que sofrem da doença «terrorista», ilibando imediatamente os adolescentes israelitas, ainda que participem em assaltos ou actos de latrocínio e destruição promovidos pelos colonos. Não é uma lei universal, é feita de encomenda para uma parte da sociedade.
Dir-se-á que existe em tudo isto um vício racista ou segregacionista, mas trata-se de um comportamento tão entranhado e enraizado na sociedade israelita que já ninguém repara, principalmente os chefes mundiais, mesmo quando os seus olhos embatem em assombrosos muros de separação ou nas jaulas que os complementam e onde são desnudados, revistados e sujeitos a humilhantes interrogatórios e contagens os cidadãos palestinianos que apenas pretendem trabalhar ou deslocar-se para visitar familiares.
Procurem-se reacções a esta lei por parte das sãs consciências mundiais, sempre tão zelosas com alguns direitos humanos, e não as descobrimos, ouvimos ou vemos. É normal: o chefe dos espiões militares israelitas faz declarações em defesa e apoio do terrorismo do Isis ou Estado Islâmico e ninguém se incomoda; o primeiro-ministro israelita visita mercenários da Al-Qaida que são tratados em hospitais israelitas e nenhum dirigente mundial toma conta da ocorrência; dia sim, dia não, os dirigentes israelitas anunciam a construção de novas centenas de habitações em colonatos, e assim inviabilizam o Estado palestiniano cuja bandeira ondula, não se sabe bem para quê, nos mastros da sede da ONU. Mais prosaicamente, as autoridades israelitas impedem a realização da final da Taça da Palestina em futebol e a FIFA finge que nada se passou; os serviços israelitas proíbem o chefe da delegação olímpica palestiniana de viajar de Gaza para o Rio de Janeiro e o tão severo Comité Olímpico Internacional não mexe uma palha – certamente mais ocupado com as malhas do doping, para que capturem a leste o que deixam passar às escâncaras a oeste.
Aliás, por que razões o combate de Israel contra o «terrorismo» e o envio de crianças para as masmorras sionistas deveriam merecer reparo, se essa divindade intocável da globalização conhecida como Google omite dos seus mapas – que funcionam como guias universais – qualquer alusão a territórios palestinianos ou da Palestina? Assim sendo, a Palestina não passa de uma entidade virtual, uma espécie de pokémon por identificar.
De Hollande a Obama, de Clinton a May, de Merkel a Renzi, a frente do combate «contra o terrorismo» é inexpugnável. No meio deles, Benjamin Netanyahu funciona como uma referência dessa grande confraria democrática e pacifista. Ele não hesita em usar a guerra e o terrorismo contra «o terrorismo», nem que tenha de arrasar a vida de crianças, sustentar bandos de criminosos, «islâmicos» ou não, ou fazer gato-sapato do direito internacional e dos mais elementares direitos humanos.
Quando os principais dirigentes mundiais dizem que estão «em guerra contra o terrorismo» ou são favoráveis à existência de dois Estados na Palestina, mentem com quantos dentes têm na boca. E são cúmplices, disso não haja qualquer dúvida, com o terrorismo de Estado tal como é praticado por Israel.

16
Ago16

Cooperativa defende plantação de medronheiros nas áreas ardidas

António Garrochinho


A Cooperativa Portuguesa do Medronho (CPM), com sede em Proença-a-Nova, defende o cultivo do medronheiro e de outras espécies autóctones nos espaços florestais destruídos pelos incêndios.
medronheiro
«O medronheiro surge com uma das espécies mediterrânicas mais bem adaptadas ao nosso clima e aos nossos solos», disse o biólogo Carlos Fonseca, presidente da direção da CPM.
Nas áreas ardidas, o medronheiro (Arbutus unedo) «é das primeiras espécies nativas que se regenera, protegendo também desta forma o solo», acrescentou.
«Enquanto espécie nativa mediterrânica, é uma das plantas mais bem adaptadas ao fenómeno dos incêndios, a par do sobreiro e de alguns carvalhos, além de ser uma planta rústica, que tanto tolera a falta de água como o frio», afirmou, frisando que a sua existência em Portugal, há milhões de anos, «permitiu uma coevolução num ecossistema em que os fogos naturais são uma realidade».
À passagem do fogo, «o medronheiro é geralmente uma das espécies que mais rapidamente recupera e regenera, rebentado desde a base do tronco ou da raiz e contribuindo para a proteção e reabilitação do solo», segundo Carlos Fonseca, professor da Universidade de Aveiro.
«O fomento de espécies como o medronheiro, em consociação ou não com outras espécies arbóreas e arbustivas, representa um positivo contributo para a sustentabilidade ecológica e ambiental dos ecossistemas mediterrânicos e para a valorização económica dos nossos territórios e funciona, sem dúvida, como uma solução contracorrente nos tempos pós-incêndios que se avizinham», preconizou.
Face à calamidade dos incêndios florestais, que «invade ciclicamente o país de norte a sul», são cada vez mais «as vozes que evidenciam a necessidade urgente de melhor e mais eficaz ordenamento e gestão florestais», ajudando à prevenção dos fogos.
«Anualmente, são milhares os hectares de floresta e matos destruídos no nosso país pelos incêndios, tornando mais pobres os solos, a paisagem, a biodiversidade e parte das pessoas que vivem nos territórios ardidos», sublinhou o presidente da Cooperativa Portuguesa do Medronho.
Ano após ano, as estatísticas «demonstram que é nas regiões de minifúndio que ocorrem mais ignições e onde os incêndios são maiores» em termos de área queimada.
«Também as espécies de rápido crescimento, quase todas exóticas, são as mais devastadas pelos incêndios, enquanto as espécies nativas, arbustivas e arbóreas são as menos afetadas», sublinhou.
Defendendo que importa «entender o que irá acontecer no pós-incêndios», o biólogo disse que Portugal «apresenta fundamentalmente dois padrões em termos de dimensão da propriedade rústica»: o latifúndio, associado a parte da Beira Baixa, Ribatejo e Alentejo, e o minifúndio, que predomina no resto do país.
«Mais recentemente, o medronheiro tem vindo a ser encarado pelos proprietários rurais de várias regiões do país, com especial destaque para o Centro e o Algarve, como uma mais-valia económica à qual se associa um elevado valor ecológico e ambiental», enfatizou.
As plantações de medronheiro, com diferentes áreas, «funcionam como autênticos mosaicos de fragmentação de manchas florestais contínuas, contribuindo por si só para a descontinuidade florestal» e para a prevenção dos fogos.
«O medronheiro é uma das espécies arbustivas que atualmente apresenta um maior potencial económico, principalmente devido às múltiplas utilizações do seu fruto», disse.
Carlos Fonseca enumerou a importância do medronho na produção de bebidas e derivados, o consumo como fruto fresco ou sumo, além da sua aplicação em iogurtes, compotas, pastelaria, cosmética, medicina e nutricionismo, entre outras utilizações.
Fonte: Lusa
www.agronegocios.eu


16
Ago16

Avião Russo causa pânico na zona do Rio Minho

António Garrochinho


12,499
No final desta manhã, os moradores da zona ribeirinha do Rio Minho perto de V.N.Cerveira, foram surpreendidos com o abastecimento de um avião russo de combate a incêndios. O pânico terá sido causado pelo facto de se tratar de um avião de maiores dimensões e muito semelhante a um avião comercial.
As autoridades receberam várias chamadas de alerta por parte de alguns populares, que alarmados com a situação, julgaram tratar-se da queda de um avião no Rio Minho.
O avião está em Portugal a combater alguns incêndios de maior dimensão, ao abrigo do protocolo de proteção civil assinado entre os dois países, tal como já tinha ocorrido há dez anos atrás, para combater fogos em Portugal.
Os Beriev Be-200 são aviões anfíbios e uma das mais pesadas aeronaves de combate aos fogos, com capacidade para transportar 12 toneladas de água, quase o dobro dos também aviões pesados Canadair.

www.altominho.tv

16
Ago16

HOJE VAMOS FALAR DAS CRIATURAS MAIS MORTAIS DA AMAZÓNIA

António Garrochinho


A floresta tropical da Amazônia é um ecossistema gigante que fornece habitat a criaturas tão extraordinárias e maravilhosas quanto jaguares, sapos venenosos e serpentes.


Mas esses não são os únicos seres que habitam essa 
floresta. Conheça agora criaturas terríveis e sedentas 
de sangue, os seres mais mortais da Amazônia.



VÍDEO


E agora fique com mais fotos dessas criaturas 
espetaculares, e saiba mais um pouco do que elas são 
capazes de fazer:

10) Jacaré-Açu



O Jacaré-Açu normalmente se alimenta de pequenos 
animais como tartarugas, peixes, capivaras e veados. 
Mas os adultos também são capazes de predar qualquer 
outro animal de seu habitat, inclusive outros predadores 
do topo da cadeia alimentar como onças, pumas, jiboias 
e sucuris se forem surpreendidos por esses animais.

9) Sucuri



A Sucuri é a maior serpente do mundo e pode viver 
até 30 anos, podendo ultrapassar os 10 metros 
com 30 cm de diâmetro. Existem muitas narrativas 
sobre ataques dessas serpentes a seres humanos, no 
entanto em sua maioria os casos são fictícios, principalmente 
no que se diz a respeito do tamanho real do animal.

Entretanto já foram documentados ataques reais com 
vítimas humanas, como de um menino índio de 
12 anos que foi devorado por uma sucuri de grande porte 
nos anos 80 e de adultos nativos que estavam embriagados 
a beira do rio e foram sufocados e afogados antes de serem 
devorados pela cobra.

8) Arapaima



A Arapaima ou Pirarucu é um peixe amazônico que 
mede cerca de 3 metros de comprimento e pode pesar
mais de 180 kg. Ainda possui uma incomum qualidade para 
um peixe, a capacidade de respirar ar.

Essa façanha é possível graças a um pulmão primitivo que 
os pirarucus possuem em conjunto com um sistema de 
emalhar, que lhes permite respirar debaixo d'água. 
Esses peixes desenvolveram essa função porque 
normalmente vivem em cursos d'água pobres em oxigênio.


7) Ariranha

Não se engane com esses olhinhos serenos e fofos dessa 
criaturinha que mede cerca de 180 cm de comprimento, dos 
quais 65 cm compõem apenas sua cauda. As ariranhas em geral comem peixes como bagres e piranhas, mas em momentos 
de escassez de alimentos podem caçar até jacarés e 
cobras como as sucuris. Um bando é capaz de 
devorar um jacaré inteiro, incluindo os ossos em menos 
de 1 hora.

6) Candiru



O Candiru é encontrado no Rio Tocantins, no Rio 
Madeira e nos seus afluentes e tem uma péssima 
reputação entre os nativos da região por ser o peixe 
mais temível naquelas águas, até mais que uma piranha.

A espécie cresce até dezoito centímetros e tem 
forma de enguia, tornando-o quase invisível na água. 
O candiru é um parasita e nada até as cavidades das 
guelras dos peixes e se aloja lá, se alimentando de sangue 
nas guelras, recebendo assim o apelido de "peixe-vampiro".

O peixe tenta localizar seu hospedeiro seguindo 
naturalmente o fluxo da água, com cheiro ou temperatura 
diferentes, por isso urinar ao se banhar aumenta as 
chances de uma penetração involuntária desse predador.

5) Tubarão-Touro


O Tubarão-Touro se alimenta de peixes 
[incluindo outros tubarões], raias, caranguejos, lagostas, 
polvos e lulas. Eles vivem nas profundezas do Oceano, mas 
são capazes de ficar vivos na água doce dos rios. 
Os seus dentes afiados bem visíveis na boca do animal 
dão a ele um aspecto bem ameaçador, mas na 
verdade foram registrados poucos ataques contra humanos.


Como são predadores de topo, tendem a ter uma grande 
vantagem em relação a outros animais da cadeia 
alimentar, tendo poucos predadores naturais, e como 
qualquer tubarão eles possuem receptores perto da narina 
que ajudam a detectar sua presa através de pequenas 
vibrações que elas emitem dando a exata localização dela.

4) Enguia Elétrica


Podendo chegar aos 3 metros de comprimento e pesar 
cerca de 30 kg, a Enguia Elétrica ou Poraquê é capaz de gerar uma descarga elétrica que varia de cerca de 300 volts e 0,4 
Amperes até cerca de 1.500 Volts e 3 Ampares, o suficiente 
para matar até um cavalo.

Essas descargas são produzidas por células 
musculares especiais [eletrócitos]. Cada célula nervosa 
típica gera um potencial elétrico de cerca de 0,14 Volt. 
Essas células estão concentradas na cauda, que ocupa 
quatro quintos do comprimento total do peixe.

A maior parte desta energia expressiva é canalizada para 
o ambiente, não afetando o indivíduo, o qual possui 
adaptações especiais em seu corpo, ficando assim, como 
que isolado de sua própria descarga.

3) Piranha de Barriga Vermelha


Esses peixes habitam as bacias do Rio Amazonas, 
Paraná e São Francisco, possuem coloração avermelhada, 
com cabeça e dorso acinzentados e chegam a medir 
até 30 cm de comprimento, mas nem por isso deixam de 
ser um dos peixes de água doce mais ferozes do mundo com 
seus dentes afiados capazes de arrancar pedaços de 
suas presas e outros animais mortos com facilidade.

As Piranhas de Barriga Vermelha costumam viver em rios 
e lagoas de águas barrentas em cardumes que variam de 
poucos até centenas de indivíduos. É uma espécie 
piscívora e como forma grandes cardumes podem ser 
muito perigosas em determinadas situações.

2) Payara


Também conhecida como o peixe vampiro no Brasil, e 
com razão, a Payara [ou Pirandira] é um peixe 
verdadeiramente feroz, capaz de devorar peixes de até 
metade do seu tamanho, tendo em conta que podem 
crescer 1,2 metros de comprimento.

Grande parte da sua dieta é composta de piranhas, o que 
nos dá a ideia de quão duro esses inimigos dentuços 
podem ser. Seu nome vem de suas presas que brotam 
de seu maxilar inferior, que podem crescer até 15 cm de 
comprimento e que usam facilmente para empalar a 
presa depois de violentamente se lançar contra elas. 
Seus dentes são tão grandes, de fato, que eles têm 
buracos especiais em sua mandíbula superior para 
evitar que se espetem.

1) Tambaqui

Sim, essa se parece mais com uma dentição
humana, mas é do Tambaqui mesmo!
Também conhecido como Pacu Vermelho, é um peixe de 
água doce e de escamas com corpo romboidal, nadadeira 
adiposa curta com raios na extremidade e dentes 
molariformes que mais se parecem com os dentes de um 
ser humano.

É um peixe nativo da Amazônia, podendo pesar até 55 kg 
e até pouco tempo era encontrado apenas por lá. 
No entanto a piscicultura [criação de peixes] espalhou 
estes animais pelo mundo e há cada vez mais 
relatos de Pacus-Comedores-de-Testículos sendo 
pescados em ambientes naturais do mundo todo.


tudorocha.blogspot.pt
16
Ago16

A outra cara da Finlândia: suicídios, álcool e violência de género

António Garrochinho

































São donos do melhor sistema escolar do mundo. Seu desenvolvimento e crescimento econômico dos últimos anos parecem dar uma luz de esperança dentro do que hoje é o mundo. Seus políticos são muitas vezes realmente respeitáveis. Então, por que razão não são felizes? Essa é a pergunta que muitos se fazem sobre a Finlândia, considerada modelo de sociedade avançada, mas que guarda um lado muito, mas muito escuro, e não me refiro precisamente à grande quantidade de bandas de Black Metal que emergem dessas geladas paisagens.

A Finlândia é hoje um exemplo de desenvolvimento, mas ao mesmo tempo deve lidar com as mais altas taxas de suicídios, homicídios, e violência de gênero, vinculados ao excessivo consumo de álcool entre a população. Este país conquanto não é o número um em alcoolismo, sim está dentro dos que mais bebem. Por que isso acontece?

Segundo seus próprios habitantes, existe algo bem como uma dupla moral na Finlândia: por um lado não há problema em que você encha a cara a cada fim de semana, já que caso contrário, você não é um autêntico homem. Se alguém não bebe, recebe as pressões do restante. 

Mas sim essa pessoa começa a sofrer problemas com o álcool, então é abandonado e assinalado como um perdedor, e esses mesmos que lhe animaram a beber até cair recusarão que a sociedade pague seu tratamento.

O fator principal deste gosto pelo álcool é a busca da desinibição e as ruptura com as barreiras emocionais próprias do caráter finlandês. Também há fatores externos como a localização geográfica, as baixas temperaturas e a falta de luz solar que afetam o estado de humor da população. Os invernos são gelados e decorrem lentamente, às vezes não há luz do sol durante 51 dias seguidos e se a isso somarmos temperaturas mínimas de 40 graus abaixo de zero, então que mais fazer do que beber?

- "Temos uma forte tradição de beber nos sábados. Se você fizer bem o seu trabalho e cuidar de sua família, então tem direito a uma boa dose. Isto significa que beber se transforma, quase por definição, em algo que deve denotar respeito e maturidade", diz Antti Maunu, diretor de uma associação contra o alcoolismo.




O problema com o consumo indiscriminado do álcool também gerou um aumento no nível de violência dos finlandeses, segundo conta Mari Hietala, uma fisioterapeuta ocupacional.

- "Há muitos homens que maltratam suas mulheres em casa. Toda a comunidade sabe do que está acontecendo, mas ninguém fala nada."

O preocupante é que não é só um tema psicológico, senão que traz muito problemas físicos. Sem ir mais longe, ao redor de 25% dos pacientes dos hospitais finlandeses estão ali por problemas com o álcool. A despesa fiscal atinge os 21 bilhões de reais ao ano, e, se acrescentados os custos indiretos, a soma ascende aos 36 bilhões. A cifra cobra sua verdadeira dimensão ao ser comparada com o orçamento do país de 180 bilhões.

O que dizem as autoridades? Atualmente, as políticas da Finlândia estão orientadas em investir em prevenção ao mesmo tempo de tratar aos doentes que já sofrem os efeitos colaterais do abuso do álcool. Mas trata-se de uma decisão complexa, pois estimam que verão os resultados apenas em 15 anos. Ademais, ao estar em momentos de crises, os finlandeses decidiram cortar as áreas especializadas em alcoolismo. Eles justificam dizendo que os problemas são de responsabilidade dos alcoólatras e que como nação não corresponde a eles tratar esse problema.

Ao que aparece, como em outros lugares do mundo nem tudo que brilha é ouro na Finlândia; e mais, quase nada brilha por lá e é por isso que bebem em excesso. Tudo bem que tenham sistema de gestão, econômicos e administrativos que o resto do mundo deveria se espelhar, mas dá para notar que há algo de muito podre com a República da Finlândia.




comunidademib.blogspot.pt

16
Ago16

O QUE MATOU OS NEANDERTAIS?

António Garrochinho



Fortes evidências sugerem que homo sapiens teriam 

cruzado com neandertais. E foi aí que tudo complicou.

Tendo início há cerca de 400.000 anos, os neandertais passaram a 

se mover em toda a Europa e ÁsiaOcidental. Eles andavam 

amplamente durante centenas de milhares de anos.

Então algo aconteceu cerca de 45.000 anos atrás. Foi quando 

uma nova e invasiva espécie apareceu em cena, os 

homo sapiens – nossos ancestrais diretos. Este grupo 

começou a migrar por toda a África e para a Europa.

Ondas deles foram e se espalharam. E o resto tem sido um mistério para a ciência moderna. 5.000 anos depois, os neandertais desapareceram. Ninguém sabe por que.Mas uma nova descoberta dá um passo mais perto de uma resposta definitiva.
Uma coisa a notar é que o processo de extinção é muito complexo, e é difícil de entender por que algumas espécies desaparecem hoje, imagine então dezenas de milhares de anos atrás.
Dito isto, há muitas teorias. Alguns têm postulado que os nossos antepassados mataram os neandertais em disputas sobre recursos preciosos.
Outros acreditam que os dois se casaram. Na verdade, um pouquinho de DNA neandertal foi encontrado no genoma humano, e reside dentro de qualquer pessoa cuja ascendência se encontra fora da África, um lugar onde os neandertais nunca puseram os pés.
Outra teoria é que uma aliança entre lobos e seres humanos lhes deu uma vantagem competitiva sobre os seus primos hominídeos.
Até agora, uma das principais teorias era que as alterações climáticas e da concorrência foram definitivas. Neandertais eram especializados para caçar grandes animais da Era do Gelo. Quando a última Era do Gelo rescindiu, estes animais morreram, e os neandertais foram com eles.
Também é entendido que os homo sapiens desenvolveram rotas comerciais ao longo de grandes distâncias, lhes dando acesso a alimentos e outros recursos em épocas de escassez.
Agora, um novo estudo colaborativo, publicado no American Journal of Physical Anthropology, acrescentou outra teoria.
Homo sapiens teriam levado doenças tropicais com eles para fora da África, infectando os neandertais e acelerando a sua aniquilação.

Um belo neandertal. | O que matou os neandertais? Você pode não gostar da resposta.
Um belo neandertal.

Pesquisadores das universidades de Cambridge e Oxford Brookes, na Inglaterra, propuseram esta teoria. Eles o fizeram depois de encontrar evidências genéticas de que as doenças infecciosas eram dezenas de milhares de anos mais velhas do que antes fora suposto.
Uma vez que ambas as espécies eram hominídeos, teria sido fácil que patógenos saltassem de um para o outro.
Os investigadores examinaram o DNA de patógenos humanos encontrados em fósseis antigos, e o DNA dos próprios fósseis, para chegar a estas conclusões.
Fortes evidências sugerem que o homo sapiens teria cruzado com os neandertais. Ao fazê-lo, teria transmitido genes associados com a doença.
Desde que há evidências de que o vírus passou de outros hominídeos para o homo sapiens na África, faz sentido que estes poderiam, por sua vez, terem transmitido aos neandertais, que não tinham imunidade a eles.
Dr. Charlotte Houldcroft foi uma das pesquisadoras envolvidas com este estudo. Ela vem da Divisão de Antropologia Biológica de Cambridge. Houldcroft chamou os homo sapiens que migraram para fora da África de reservatórios da doença tropical.
Ela disse que muitos agentes patogênicos, tais como tuberculose, vermes, úlceras estomacais, mesmo os dois diferentes tipos de herpes, podem ter sido transmitidos de humanos adiantados aos neandertais. Estas são doenças crônicas que teriam enfraquecido populações de neandertais substancialmente.
Podemos nos lembrar do rescaldo da Columbus e como a varíola, sarampo e outras doenças devastaram os habitantes do chamado Novo Mundo. Mas Houldcroft diz que esta comparação não é precisa.
“É mais provável que, dentre pequenos grupos de neandertais, cada um tinha seus próprios desastres de infecção, enfraquecendo o grupo e desequilibrando a balança contra a sobrevivência”, disse ela.

Os primeiros seres humanos. | O que matou os neandertais? Você pode não gostar da resposta.
Os primeiros seres humanos.

Esta descoberta foi possível através de novos métodos de extração de DNA de fósseis para procurar vestígios de doença, bem como novas técnicas para decifrar nosso código genético.
Dr. Simon Underdown foi outro pesquisador cujo trabalho ajudou a formular esta teoria. Ele estuda a evolução humana na Oxford Brookes University.
Dr. Underdown escreveu que os dados genéticos de muitos destes patógenos sugerem que eles podem ter “co-evoluído com os seres humanos e os nossos antepassados durante dezenas de milhares a milhões de anos.”
Teorias anteriores afirmam que epidemias de doenças infecciosas eclodiram no início da revolução agrícola, cerca de 8.000 anos atrás. Naquele tempo, as populações anteriormente nômades começaram a se estabelecer com o seu gado.
Muitos patógenos sofreram mutação e passaram para os humanos dos animais. Estes são conhecidos como “zoonoses”. Esta mudança dramática no estilo de vida cria o ambiente perfeito para epidemias ocorrerem.
A última pesquisa sugere, porém, que a propagação de doenças infecciosas sobre uma área ampla antecede os primórdios da agricultura inteiramente.
Para dar um exemplo, pensava-se que a tuberculose saltou do gado para o homo sapiens. Após uma investigação aprofundada, sabemos agora que os animais do rebanho foram infectados através do contato consistente com os seres humanos.
Embora não haja nenhuma evidência direta de que as doenças infecciosas foram transmitidas de humanos para neandertais, a forte evidência de cruzamento leva os investigadores a acreditar que isso deve ter ocorrido.
Enquanto os seres humanos adiantados, com doenças africanas, teriam se beneficiado do cruzamento com neandertais, como eles iriam adquirir imunidade a doenças trazidas da Europa, os neandertais teriam sofrido com a transmissão das doenças africanas para eles.
Embora esta teoria não coloque completamente o mistério para descansar, de acordo com Houldcroft “é provável que uma combinação de fatores tenha causado o desaparecimento dos neandertais, e as provas estão dizendo que a propagação da doença foi um passo importante.”
Para saber mais sobre a extinção de neandertais, assista ao vídeo abaixo:
ano-zero.com

16
Ago16

Um exame aos exames

António Garrochinho

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É curioso verificar como a direita fala nos exames, como se estes trouxessem a igualdade ao submeterem todos os alunos a uma mesma prova. Se formos rigorosos, o que os exames fazem é potenciar as desigualdades que existem entre os alunos.


Os estudantes e as universidades esperam pelos resultados do concurso de acesso ao ensino superior
 
Estamos numa altura cara para todos os estudantes: uns preparam-se para regressar às aulas, entre Setembro e Outubro; outros ainda estão à espera de resultados para saber se poderão progredir nos seus estudos. É o caso dos alunos que terminaram o 12.º ano e aguardam os resultados da primeira fase do concurso nacional de acesso ao ensino superior, que serão divulgados a 12 de Setembro.
Para este ingresso é necessário ter em conta, entre outros elementos, exames nacionais que pesam entre 35 e 50% no cálculo da nota de candidatura, juntamente com a nota final do secundário. Para além destes, há os exames que são obrigatórios em cada disciplina, no 11.º e 12.º anos, que valem 30% na nota final, à semelhança do que se passa no 9.º ano.
Os exames no sistema de ensino nacional foram objecto de um debate aceso ainda este ano, depois de o Ministério da Educação ter acabado com os exames nacionais do 4.º e 6.º anos. A medida foi criticada pela direita, que viu nela um «facilitismo» e uma forma de deixar os alunos menos preparados para a vida, não só académica como profissional.
Um dos argumentos usados para rebater esta visão foi a idade dos examinados, na esmagadora maioria dos casos com idades compreendidas entre os 9 e os 13 anos. Mas há bons motivos para acabar com os exames, independentemente do ano em que são feitos. Aqui abordaremos dois deles: a avaliação contínua e a desigualdade.
Quanto ao primeiro, é difícil encontrar alguém que não reconheça a sua importância, embora haja discordância quanto ao valor que deve ter para a nota final. Neste tipo de avaliação há, como o próprio nome indica, uma continuidade ao longo do ano e pode incluir elementos tão diversos como assiduidade, desempenho na sala de aula, trabalhos de grupos e testes.
É curioso verificar como a direita fala nos exames, como se estes trouxessem a igualdade ao submeterem todos os alunos do País a uma mesma prova. Se formos rigorosos, o que os exames fazem é potenciar as desigualdades que existem entre os alunos. Fará sentido falar em igualdade quando os exames são feitos por alunos com condições tão diferentes como o acesso a aulas particulares, explicações, livros de especialidade?... E há, claro, a questão do ambiente propício e conveniente ao estudo, algo que não está desligado das condições sociais e económicas das famílias.
Poderá argumentar-se que esta desigualdade está presente também na avaliação contínua. De facto está, mas é precisamente este tipo de avaliação que pode garantir a todos os alunos um acesso ao conhecimento, um acompanhamento por parte do professor, uma interacção com os colegas... Assim se dêem aos professores condições e se dotem as escolas de ferramentas. As públicas, que são para todos.

www.abrilabril.pt
16
Ago16

OPINIÃO O «Benefício» é a pedra-angular desta região demarcada do Douro João Dinis

António Garrochinho

Da parte dessas grandes empresas comerciais/exportadoras trata-se de atingirem, completamente, aquele objectivo de controlarem todo o processo do Vinho do Porto «da cepa ao cálice»… e, acrescentamos nós, até dentro da «goela» dos consumidores concretos…


O vinho do Porto é produzido nas margens do rio Douro Foto de Feliciano Guimarães
Quando o leitor estiver a preparar-se para saborear um cálice de Vinho do Porto ou mesmo de um Vinho de Mesa do Douro – «DOC» (Denominação de Origem Controlada) – comece a pensar nas estórias mais reais que estão condensadas, por assim dizer, dentro de cada garrafa que tem à sua frente… Sim, tente imaginar a imensa trabalheira que esses Vinhos deram por lá, por aqueles socalcos tão (de)cantados, até chegarem, ali, à sua frente, disponíveis para a sua «sede» de coisas boas.

É uma imensa trabalheira, afinal descendente de outras e ainda mais imensas – e seculares – trabalheiras. Para quem conhece essas estórias, o Douro é uma região vitivinícola em que o Vinho «sabe» – muito – a sangue, a suor e a lágrimas de gerações de seres humanos! Aliás, acreditem que, hoje, esse trabalho e essas vidas – que fazem o Douro todos os dias – continuam a sobreviver à base do sacrifício e, acreditem também, isso não tem que ser assim! Na verdade, para os Durienses, e para os Vitivinicultores em especial, a Região Demarcada do Douro (RDD) – escultural; bela; forte; saborosa – afinal, não é (só) aquilo que parece… aos olhos de quem a visita ou de quem lhe saboreia os Vinhos, assim, estilo turista…

Neste complexo sistema que é esta RDD, sistema forjado em conjunto pela natureza e por homens e mulheres, consideramos o chamado «Benefício», a pedra-angular da estrutura sócio-económica de toda esta prodigiosa Região e suas heróicas Gentes.

O «Benefício» é um direito/autorização para produzir Vinho Generoso/Porto com controlo. É uma espécie de «quota» geral (anual) de transformação de Mostos de Uvas do Douro em Vinho «Generoso» (ou Vinho Fino), basicamente através da adição (benefício) de Aguardente Vínica aos mostos normais ainda em fermentação. Enfim, a bitola é a adição de entre 100 a 120 litros de Aguardente em cada Pipa que vai dar os tais 550 litros de Vinho Generoso.

Desse quantitativo anual de Vinho com «Benefício» se estabelecem, a seguir, as «quotas» de Produção (autorizada) de cada Lavrador e de cada Empresa Durienses. É um laborioso e complicado processo com definição e controlo hoje a cargo do chamado «Interprofissional do IVDP – Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto» e deste Instituto (público) como tal.

Processo que tem várias componentes interligadas e interactivas como a das expectativas que haja para cada «Campanha» (colheita anual das Uvas) e para o escoamento do Vinho Generoso/Porto mais ou menos nesse mesmo período de tempo.

Saliente-se que a RDD tem uma área total na ordem dos 45 mil hectares de Vinha e, dessa área, apenas uns 25 mil hectares têm Vinhas, com direito a «Benefício», agrupadas por 6 categorias, por «letras» sequenciais – A, B, C, D, E, F («medidas» de baixo para cima do terreno, a partir do nível das águas do Douro) –, sendo a Vinha classificada em letra «A» (mais ao nível das águas do Douro), a Vinha melhor para o «Generoso», logo a «letra» que tem mais quota, específica, de «Benefício».

Lá está um aspecto (e apenas um dos aspectos…) da complexidade deste «engenhoso» e interdependente processo que é esta RDD…

«O eventual fim do "Benefício" também seria o fim, incontornável, da grande maioria dos mais de 25 mil pequenos e médios Viticultores Durienses!»
Ainda assim, repete-se, consideramos o «Benefício» como a pedra-angular desta RDD. Atente-se que uma Pipa de Vinho «Generoso» (consideremo-lo Vinho quase Porto), pode ser comprada à Produção a cerca de 1000 euros cada (no Douro, uma Pipa são 550 litros) e uma Pipa de Vinho de Mesa anda a ser comprada entre 100 a 150 Euros cada uma, o que são Preços baixos (nesta Campanha de 2015/2016, há a expectativa das Uvas e dos Vinhos atingirem melhores Preços à Produção).

É certo que o Vinho Generoso tem que levar muita Aguardente (a grosso modo, ¼ de Litro de Vinho do Porto é Aguardente adicionada) e esta anda cara para o Produtor de Generoso… mas, ainda assim, a diferença de preços compensa: de 800 a 1000 Euros a Pipa de Generoso para de 100 a 150 Euros a Pipa de Vinho de Mesa…

O eventual fim do «Benefício» também seria o fim, incontornável, da grande maioria dos mais de 25 mil pequenos e médios Viticultores Durienses!

Nota: quem quiser aprofundar conhecimentos sobre este processo da fixação do «Benefício» no Douro, poderá fazê-lo na net e, a seguir, «pedir explicações» complementares porque o assunto é mesmo complexo…

Não é certamente por acaso que os maiores produtores de «Generoso» – que hoje são quase todos eles grandes comerciantes/exportadores de Porto e de Vinhos «DOC», Douro – já assumem, publicamente, que deve acabar o direito a produzir o Vinho com «Benefício» ou seja, acabar com as «quotas» anuais...

Para eles, as respectivas «marcas» das suas (grandes) empresas e o dito «mercado» (que eles determinam…) é que devem passar a reinar ainda mais do que já reinam…

Da parte dessas grandes empresas comerciais/exportadoras – que eram e ainda são conhecidas como as «Casas Exportadoras de Gaia», embora algumas delas já estejam a «migrar» para dentro da RDD – trata-se de atingirem, completamente, aquele objectivo de controlarem todo o processo do Vinho do Porto «da cepa ao cálice»… e, acrescentamos nós, até dentro da «goela» dos consumidores concretos… Acontece que, como já se disse, quase todas elas também já são grandes, grandes produtoras…



www.abrilabril.pt


16
Ago16

Com o país arder, onde estão os serviços florestais? Ah, é verdade, foram extintos pelo PSD/CDS!

António Garrochinho
FERNANDO SANTOS PESSOA 


As Áreas Protegidas não servem apenas para proteger o lobo, o lince, etc; elas deviam ser modelos de economia social e exemplo para o restante território.

Assuntos aparentemente menores, que não ocupam grandes espaços da comunicação social, seja escrita ou audiovisual, e por isso têm pouco impacte na opinião pública, podem porém ser matérias da maior importância em termos de futuro, de longo prazo – aspectos de que as governanças portuguesas são pouco adeptas. O curto prazo é muitas vezes mais importante que uma decisão sábia de longo termo. E os fogos são exemplo disso.

A extinção dos Serviços Florestais levada a cabo pelo Governo PSD/CDS não levantou qualquer reacção pública; o afastamento entre os cidadãos e a res publica, desejado e promovido pelas derivas liberais daqueles partidos, conduziu ao encolher de ombros da maior parte das pessoas.

Os Serviços Florestais, no entanto, eram um organismo que vinha desde o séc. XIX, e não há país nenhum no mundo, com uma grande área florestal, que não possua o seu Serviço Florestal, muitas vezes até transformado em ícone da Administração Publica.

Já antes, num governo socialista, tinha começado o desaire – a extinção do Corpo de Guardas Florestais, com a passagem do pessoal para a GNR. Foi uma medida gravosa que, tanto quanto me lembro, passou ao lado da opinião pública e ninguém com estatuto público relevante debateu o assunto.

Os guardas florestais e em especial os velhos Mestres Florestais, eram depositários de sabedoria e de bom senso que hoje em dia seriam tão preciosos; eles não eram meros polícias para serem pura e simplesmente incorporados na GNR – eram agentes da defesa e da protecção das matas, vigiavam o estado de limpeza, obrigavam os proprietários a procederem a limpezas, e por isso não deveriam receber ordens de qualquer tenente ou sargento da GNR, sem desprimor para estes, é claro, mas precisavam de ser enquadrados pelos engenheiros florestais que com eles formavam uma cadeia de conhecimentos e de atitudes de intervenção no território.

Esta sabedoria dos velhos Mestres, perdeu-se e mais uma vez devemos ser o único país do mundo com florestas que não tem um Corpo específico de Guardas Florestais, e essa medida insere-se no pensamento liberal que desde o “socialismo liberal” até hoje tem vindo a dominar a vida pública.

 Bastava que surgisse uma pequena coluna de fumo no horizonte e havia quase sempre um posto de guarda florestal que a avistava, o que permitia atacar os incêndios das matas e impedir que assumissem grandes dimensões. E hoje? Bem, parece que esta prevenção dos incêndios causava grande transtorno aos lobbies dos negócios dos meios aéreos e outros que movem muitos milhões de euros, e envolvem gente graúda. O Corpo de Guardas Florestais e a rede de postos florestais eram incompatíveis com a “liberalização” do Estado – menos Estado melhor Estado, como se tem visto …

Não tenho dúvida que era a mais eficaz e mais barata forma de prevenção dos fogos florestais, e só a falta de peso “lobista” dos florestais possibilitou o seu fim.

E então houve um génio da política, que já ficara conhecido por causa do queijo limiano, que chegou a Secretário de Estado daquilo que, presume-se, ele devia saber mais – florestas, natureza, etc…- e resolve retirar os Serviços Florestais do Ministério da Agricultura onde sempre esteve e com o beneplácito dos outros governantes, todos eles interessadíssimos nestas coisas, enfiou-os no ICN, o organismo que sucedeu ao Serviço Nacional de Parques, Reservas e Património Paisagístico que, desde a Revolução de Abril de 74, incarnava a mudança de conceitos nas políticas portuguesas, fazendo da Conservação da Natureza não um simples ornamento de qualquer Ministério, mas antes um dos pilares fundamentais das políticas de Ambiente e de Ordenamento do Território…

Com estas jogadas, passou-se o encargo dos ordenados dos guardas florestais para o orçamento da GNR e mataram-se dois coelhos com a mesma bengalada : por um lado facilitou-se o negócio do combate aos fogos florestais, sem a intromissão dos tais vigias que não deixavam que os fogos progredissem, por outro diluiu-se o poder de intervenção do ICN dando a impressão que até aumentava a sua importância. Instalou-se nele a confusão e ingovernabilidade, mas qualquer funcionário que fale nisso pode ter problemas. Já não há PIDE mas há quem escute e informe os chefes, escolhidos a dedo como convém.

www.publico.pt
16
Ago16

Paulo Portas é convidado no congresso do MPLA

António Garrochinho

Paulo Portas encontrou-se com José Eduardo dos Santos em 2014


O ex-líder do CDS foi uma voz contra a "judicialização" das relações entre Portugal e Angola. Partidos portugueses também se fazem representar ao mais alto nível no congresso

O ex-vice primeiro-ministro português, Paulo Portas, vai ser um dos convidados especiais no congresso do MPLA, que começa amanhã em Luanda.

Entre os convidados pelo presidente do Movimento Popular de Libertação de Angola e chefe do Estado angolano, José Eduardo dos Santos, poderão ainda estar mais algumas personalidades portuguesas fora dos partidos, mas o DN não conseguiu apurar quais nem quantas.

No que diz respeito às delegações partidárias, as forças políticas nacionais fazem-se representar ao mais alto nível: Carlos César e Ana Catarina Mendes, respetivamente presidente e secretária-geral adjunta do PS; Marco António Costa e José Matos Rosa, vice-presidente e secretário-geral do PSD; Rui Fernandes, membro da comissão política do PCP; Luís Queiró, presidente do congresso do CDS e responsável pelas relações internacionais do partido.

Esta participação mostra como os partidos portugueses com representação parlamentar - à exceção do Bloco de Esquerda - dão importância às relações com o poder instalado em Luanda e sobretudo um ano antes de novas eleições gerais em Angola.

Eleições que poderão marcar uma nova etapa na vida política daquele país africano, já que José Eduardo dos Santos, presidente do MPLA e chefe de Estado angolano há 36 anos, fez saber que tenciona deixar o poder em 2018, quando completa 76 anos. É pois provável que o seu sucessor se perfile neste congresso.

José Filomeno dos Santos e Welwistchea dos Santos, filhos do presidente angolano, integram a lista de nomes propostos para o Comité Central do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), ficando de fora Isabel dos Santos.

O convite endereçado a Paulo Portas para participar no congresso é fruto das boas relações que o ex-líder do CDS sempre procurou manter com Angola. Portas visitou o país mais do que uma vez, na qualidade de ministro dos Negócios Estrangeiros e vice-primeiro-ministro. Uma dessas visitas aconteceu em 2013, em pleno clima de desconfiança de Luanda em relação a Lisboa devido a investigações criminais de que estariam a ser alvo personalidades importantes do regime angolano e que foram notícia.

Ainda chefe da diplomacia portuguesa, Paulo Portas fazia uma visita de 48 horas à capital angolana e defendia a "relação bilateral" que, disse, "passa por uma boa relação dos órgãos de soberania de Angola, que nós não só respeitamos, como tratamos com amizade".

Na altura dizia esperar que as oito mil empresas portuguesas que trabalhavam para o mercado de Angola, os mais de cem mil portugueses que estavam a viver naquele país e os mais de 2,6 mil milhões de euros de exportações portuguesas para o mesmo destino fossem considerados pelas autoridades locais.

Portas voltou a Angola, já como vice-primeiro-ministro, em 2014 e em julho de 2015 e mostrava-se convicto de que os dois países tinham ultrapassado as dificuldades.

Em março deste ano, em Gondomar, no congresso do CDS que marcou a sua saída da liderança do partido e da vida política, Paulo Portas fez um apelo aos órgãos de soberania para evitarem a "tendência para a judicialização" das relações entre Portugal e Angola, considerando-a "um caminho sem retorno" e procurarem "em todas as frentes um compromisso".

O apelo foi feito "com a autoridade de quem trabalhou muito para melhorar as relações com Angola": "Sabendo que Portugal é importante para os angolanos e que Portugal não está em condições de substituir Angola na sua política externa, pelo número de portugueses que lá vivem e que merecem o nosso respeito, pelas duas mil empresas que estão em Angola e que merecem a nossa proteção, pelas dez mil empresas que exportam para Angola e que nós não podemos esquecer, pela interpenetração das duas economias e dos investimentos dos dois países", disse, a introduzir o apelo.

Estas palavras não caíram em saco roto em Luanda. Poucos dias depois, o Jornal de Angola elogiava em editorial a postura de Paulo Portas. O diário estatal angolano - que escreveu vários editoriais muito críticos para Portugal, alguns cáusticos mesmo - citou o apelo do ex-líder do CDS.

Uma semana antes de ter elogiado Portas, o Jornal de Angola tinha publicado um outro editorial intitulado "A vingança do colono", no qual denunciava a instrumentalização da justiça portuguesa, que estaria a lançar lama contra o nome de dirigentes angolanos.


 www.dn.pt

16
Ago16

Os casamentos mais curtos das celebridades

António Garrochinho

Até que a morte os separe? Ou não. De 55 horas a oito meses, reunimos os 12 casais de Hollywood cujo casamento não durou mais de um ano. Kim Kardashian e Eddie Murphy fazem parte da lista.



Diferenças irreconciliáveis, arrependimentos e traições. Eis as razões que levaram Kim Kardashian, Britney Spears e Ali Landry a separarem-se dos seus parceiros quase depois das núpcias. Bastou uma questão de dias (ou mesmo horas) para estas conhecidas celebridades de Hollywood perceberem que não estavam felizes com a sua vida amorosa.

O ator Eddie Murphy, por exemplo, divorciou-se da empresária Tracey Edmonds alegando que o casamento realizado em Bora Bora não foi legal e, muito menos, oficial. Já o músico Fred Armisen, por sua vez, chegou à conclusão que era um “marido terrível” e divorciou-se de Elisabeth Moss oito meses depois da lua-de-mel. Hoje em dia ambos ainda descrevem a experiência como “extremamente traumática, feia e horrível”.

Em fotogaleria, conheça os 12 casa