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POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

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29
Ago16

IRONIA "ESMAGADORA"

António Garrochinho

A Igreja Católica Portuguesa, uma pequena sucursal da poderosíssima empresa multinacional que é a Igreja oficial do Estado do Vaticano, está preocupada com as alterações que uma qualquer mudança de política fiscal no IMI possa introduzir na sua "complexa" contabilidade e na possível quebra dos lucros expectáveis.
Como qualquer empresa que "trabalha" os seus planos fiscais, está reunida para combinar uma resposta ao Estado Português, concertada entre todas a dioceses, na defesa do seus interesses.
A tal "ironia esmagadora" de que falo no título, é o facto de terem decidido reunir-se em FÁTIMA… exactamente o "balcão" da empresa em que o negócio é mais escuro, mais opaco, mais fraudulento… com MILHÔES de euros a entrar, sem parar e sem qualquer controlo, sem qualquer contrapartida de recibos, facturas… o que quer que seja que registe a entrada das fortunas que sabemos, em dinheiro, ou em peças de ouro, nos cofres da empresa/igreja.
Só os impostos sonegados às Finanças por este processo, apenas no "balcão" de Fátima e dando de barato as "esmolas" que milhares de crentes "depositam", igualmente sem qualquer recibo e diariamente, nas igrejas, igrejinhas e capelas do país, fazem o coitado do IMI parecer uma brincadeira de adolescentes!

Samuel Quedas
Os responsáveis pelas finanças das dioceses reúnem-se em Fátima. Em causa as notificações do fisco para pagarem o IMI relativo a bens e equipamentos que estão isentos pela Concordata.
TSF.PT|DE TSF

29
Ago16

DAS LEIS NECESSÁRIAS

António Garrochinho


Foi hoje publicado o Decreto-Lei n.º 58/2016 que determina que em todas as entidades “públicas e privadas, singulares e colectivas que prestem atendimento presencial ao público” as pessoas com deficiência, grávidas, com crianças pequenas e idosos passam a ter direito, agora em forma de lei, a atendimento prioritário.


Vejamos o seu artigo 3º.

Dever de prestar atendimento prioritário
1 — Todas as pessoas, públicas e privadas, singulares e colectivas, no âmbito do atendimento presencial ao público, devem atender com prioridade sobre as demais pessoas:
a) Pessoas com deficiência ou incapacidade;
b) Pessoas idosas;
c) Grávidas; e
d) Pessoas acompanhadas de crianças de colo.
2 — Para os efeitos estabelecidos no presente decreto-lei, entende -se por:
a) «Pessoa com deficiência ou incapacidade», aquela que, por motivo de perda ou anomalia, congénita ou adquirida, de funções ou de estruturas do corpo, incluindo as funções psicológicas, apresente dificuldades específicas susceptíveis de, em conjugação com os factores do meio, lhe limitar ou dificultar a actividade e a participação em condições de igualdade com as demais pessoas e que possua um grau de incapacidade igual ou superior a 60 % reconhecido em Atestado Multiusos;
b) «Pessoa idosa», a que tenha idade igual ou superior a 65 anos e apresente evidente alteração ou limitação das funções físicas ou mentais;
c) «Pessoa acompanhada de criança de colo», aquela que se faça acompanhar de criança até aos dois anos de idade.
3 — A pessoa a quem for recusado atendimento prioritário, em violação do disposto nos números anteriores, pode requerer a presença de autoridade policial a fim de remover essa recusa e para que essa autoridade tome nota da ocorrência e a faça chegar à entidade competente para receber a queixa nos termos do artigo 6.º

Algumas notas.

Idealmente, uma sociedade desenvolvida, eticamente saudável e atenta a todos os seus elementos e às suas necessidades não deveria precisar de leis desta natureza. No entanto, de há muito que aprendi que a realidade não é a projecção dos meus desejos apesar de muitos discursos de lideranças políticas definirem o que é a realidade por maior que seja a diferença entre o que dizem e o que vemos e sentimos.

Esta questão e sobretudo o disposto no ponto 3 recordou-me um episódio passado não há muito tempo num evento realizado numa cidade alentejana e dedicado às questões da inclusão, em particular das pessoas com deficiência e no qual colaborei.
Uma das pessoas presentes, que se desloca em cadeira de rodas, contou uma história interessante e elucidativa.

Ao deslocar-se de automóvel para uma zona comercial da cidade onde vive e quando se preparava para estacionar no espaço reservado a pessoas com deficiência, estava a estacionar um cidadão sem deficiência a quem o nosso amigo chamou a atenção para a sua condição e para o facto de aquele ser um espaço reservado.
Sintetizando a história, acabou por ouvir do "cidadão" que "tinha sorte em ser deficiente porque se o não fosse as coisas não ficavam assim". Esclarecedor.

O meu amigo, homem que entende não dever resignar-se procurou um agente da autoridade para apresentar queixa da ameaça e da infracção.
O agente da autoridade aconselhou o nosso amigo a não se "chatear" só por causa de um lugar de estacionamento. O nosso amigo não aceitou o conselho e continuou a reclamar os seus direitos. Acontece que é brasileiro e o agente da autoridade acabou por achar que ele devia era estar no país dele em vez de andar por aqui a chatear cada um.
Creio que é dispensável comentar quer a atitude do "cidadão", quer a atitude e comportamento do "agente da autoridade".

Por este tipo de coisas e a regularidade com que acontecem, o nosso amigo que usa a cadeira de rodas dizia que mais do que o "peso" da cadeira de rodas é difícil suportar as dificuldades criadas pelas atitudes e valores de muitas pessoas.
É só um exemplo do muito que está por fazer.
Assim sendo, que se protejam legalmente os direitos das pessoas bem como se regulamentem os deveres. Pode ser que contribua para a mudança de comportamentos.

atentainquietude.blogspot.pt
29
Ago16

QUE GRANDES BANDIDOS E ASSASSINOS PRIMEIRO APOIAM E DEPOIS LAVAM AS MÃOS - O Pentágono considera “inaceitáveis” e “fonte de profunda preocupação” os relatos de combates a sul de Jarablus entre “forças armadas turcas, grupos da oposição e

António Garrochinho



No norte da Síria, a ofensiva apoiada pela Turquia começou a provocar críticas da parte dos Estados Unidos, aliado de Ancara na NATO.
O exército turco lançou, na semana passada, a operação “Escudo do Eufrates”, que tem por alvo o autoproclamado Estado Islâmico, mas também os curdos das Unidades de Proteção do Povo (YPG), que são apoiados por Washington no combate aos jihadistas.
O Pentágono considera “inaceitáveis” e “fonte de profunda preocupação” os relatos de combates a sul de Jarablus entre “forças armadas turcas, grupos da oposição e unidades ligadas às SDF (Forças Sírias Democráticas)”, lideradas pelos curdos.

DOD: We want to make clear that we find these clashes -- in areas where #ISIL is not located -- unacceptable and a source of deep concern.

Ancara assumiu pela voz do vice-primeiro ministro, Numan Kurtulmus, que a operação em curso visa também impedir a formação de um corredor controlado pelos curdos, a oeste do Rio Eufrates, ao longo da fronteira da Síria com a Turquia.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Turquia, Mevlut Cavusoglu, acusa mesmo as milícias curdas YPG de estarem a levar a cabo na zona uma “limpeza étnica, incluindo de curdos que não pensam como eles”.
Jarablus foi conquistada ao Daesh na semana passada e desde essa altura a ofensiva apoiada por Ancara tem visado essencialmente áreas controladas pelas chamadas Forças Sírias Democráticas. A Turquia considera as milícias curdas que lideram esta aliança como uma organização terrorista.


29
Ago16

HISTÓRIA COM FOTOS - Convair, o carro voador, 1946

António Garrochinho




O ConvAirCar foi um protótipo criado na década de 1940 que carregava o sonho do ser humano de unir a paixão por dirigir com o desejo de poder realizar voos particulares por qualquer um. 

O primeiro protótipo do Convair Model 116, fez 66 voos de teste. O carro tinha motor de 130 cavalos e chegava a 177 km/h em voo e 100 km/h em terra. O plano inicial era a produção comercial de mais de 100 mil unidades. Mas em um dos testes da segunda versão do carro voador, o Convair Model 118, foi preciso fazer um pouso forçado e o veículo ficou destruído. O projeto foi cancelado logo em seguida.


historiacomfotos.blogspot.pt

29
Ago16

Fectrans apresenta reservas à municipalização da Carris

António Garrochinho


A Fectrans demostra receio de que a Câmara Municipal de Lisboa subconcessione a Carris, afirmando ainda que a municipalização não contribui para um sistema integrado de transportes de toda a área metropolitana.

A Fectrans considera que a municipalização da Carris pode comprometer a visão do sistema de transportes em toda a área metropolitana Foto de Tiago Petinga / Agência LUSA
A Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (Fectrans) comunicou à imprensa que tem «imensas reservas» quanto à municipalização da Carris, demonstrando também receio que a Câmara Municipal de Lisboa possa subconcessionar a empresa.

«Preocupa-nos esta questão. Levanta-nos muitas dúvidas. Até na questão dos meios financeiros. A Câmara de Lisboa já subconcessionou outras empresas precisamente com o argumento da falta de condições financeiras e não há uma garantia de que algo não aconteça no futuro», afirmou Manuel Leal, dirigente sindical.

Depois de ter suspendido o processo de concessão das empresas públicas de transporte iniciado pelo Governo do PSD e do CDS-PP, o actual Governo do PS decidiu entregar a gestão da Carris à Câmara Municipal de Lisboa.

Manuel Leal afirmou que a Fectrans tem muitas reservas em relação à questão da municipalização, defendendo que esta «não vai contribuir para a criação de um sistema integrado de transportes de toda a Área Metropolitana de Lisboa».

O sindicalista defendeu que devia ser criado um sistema integrado de transportes de toda a Área Metropolitana de Lisboa, «com a construção de uma Autoridade Metropolitana de Transportes a ter competências de gestão e de organização do serviço público das diversas empresas».

Segundo Manuel Leal, a municipalização da Carris pode «comprometer essa visão do sistema de transportes em toda a área metropolitana, vai criar problemas na oferta de transportes na cidade e vai tornar apelativa a utilização do transporte privado».

www.abrilabril.pt
29
Ago16

“Nós temos um sistema fiscal injusto e bárbaro”- A Grécia está para Bruxelas como o Chile para Kissinger, um laboratório de extorsão e opressão.

António Garrochinho


A Grécia está para Bruxelas como o Chile para Kissinger, um laboratório de extorsão e opressão.
Desde 1 de janeiro de 2016 que os gregos estão obrigados a declarar às finanças todo o seu património (ver aqui), a partir de outubro deste mesmo ano, os contribuintes gregos deverão declarar ao fisco não só os seus rendimentos, mas também o dinheiro em espécie que têm na sua posse, bens pessoais, como objetos de valor (joias, obras de arte, etc.) e mesmo mobiliário doméstico. A que já estavam obrigados.
De acordo com o jornal grego TO VIMA, citado dia 18 pelo site RT, o projeto inicial só sujeitava a declaração bens superiores a 15 mil euros. Este patamar foi entretanto reduzido para o valor de cem euros, abrangendo virtualmente todos os cidadãos.
As declarações devem ser entregues até ao final de Dezembro, devendo ser renovadas sempre que a situação fiscal se altere. O governo prepara-se para introduzir uma taxa única a incidir sobre este património.

O próprio Ministro das Finanças Suplente Tryfon 

Alexiadis (29-8-2016) citado no mesmo jornal:


“Nós temos um sistema fiscal injusto e bárbaro”


E os bárbaros assim se afirmam, sem pudor!
 
Via: as palavras são armas http://bit.ly/2cmwEvP
29
Ago16

A FALSIDADE E A MENTIRA DO HOLODOMOR (TRÊS VÍDEOS)

António Garrochinho




VÍDEOS


Na primeira parte, vimos que as fotos atribuídas ao chamado "Holodomor" são falsas, porém, ainda assim são exibidas em exposições, jornais, revistas, documentários televisivos e inclusive sites oficiais do governo ucraniano e de suas embaixadas no exterior.
Na segunda parte você verá como construiu esse mito, da imprensa nazista até a do renomado magnata fascista americano Wiliam Hearst, passando pelo McCarhismo, Reagan e os neonazistas ucranianos.



29
Ago16

DOCUMENTÁRIO VÍDEO - QUEM FOI KAFKA

António Garrochinho


Franz Kafka (1883 — 1924)

VÍDEO


Escritor tcheco, considerado pelos críticos como um dos escritores mais influentes do século XX.
É frequente o recorrer da filosofia à Kafka, sua atualidade é extremamente vigorosa. Muitos filósofos debruçaram-se sobre seus escritos: Hannah Arendt, Walter Benjamin, Theodor Adorno, Giorgio Agamben e tantos outros.
Pertinente, portanto, é aqui perguntarmos: “Quem foi Kafka?” (documentário: Wer War Kafka)

29
Ago16

O documentário português “…além da sala de espera” foi selecionado para o TrueDoc Documentary Festival, um festival internacional de cinema na Ucrânia que irá decorrer em setembro de 2016.

António Garrochinho


O filme, da autoria do jornalista José Paulo Santos, já conta com participações em pelo menos dez festivais internacionais, entre os quais o Chinese American Film Festival, o 4th Delhi International Film Festival e o CreActive International Open Film Festival.

Em território português, “…além da sala de espera” também não passa despercebido, tendo no seu histórico uma menção honrosa no festival Art & Tur, a atribuição de um certificado de excelência em Nova Delhi e ainda um voto de louvor por parte da autarquia de Vila Real. Além da participação no Art & Tur, também participou nos festivais portugueses RIOS e no Caminhos Film Festival.

«Onde começa essa visão mística e criadora de ideal, se não na Eremitagem, com a natureza espiritual? Longe do tédio, uma das piores mortes do ser humano.»



VÍDEO 
A história é focada em dois eremitas: o Feliz e a Maria Feliz. Ele, um eremita assumido, é dono de um pensamento profundo debruçado em temas filosóficos. Ela, uma curandeira, promove e investiga a medicina popular. Ambos levam uma vida pacata e pacífica longe da azáfama das grandes cidades, mostrando que um modo de vida calmo e espiritual acaba por ter as suas vantagens em relação a uma rotina intensa.

www.cinemaplanet.pt
29
Ago16

VÍDEO - A DESCOBERTA DO LSD (em português)

António Garrochinho

A droga foi muito visada em pesquisas; psiquiatras e demais estudiosos do tema a testaram em si mesmos para melhor entender desordens severas por que pacientes eram acometidos, pois segundo teorias e dadas experiências era possível simular a esquizofrenia sob seu efeito, entre outras condições semelhantes. 

Após certa experimentação e maior divulgação na comunidade científica, tornou-se prática frequente seu uso clínico em sessões de psicoterapia, pois acreditava-se que o subconsciente tornava-se intensamente acessível por meio do LSD, ajudando o paciente a chegar a uma nova percepção acerca das questões que envolvem seu universo psico-afetivo. 

Stanislav Grof, psiquiatra tcheco, ganhou renome mundial com o pioneirismo desta prática nos Estados Unidos, mas teve de abandoná-la oficialmente e procurar alternativas após a ilegalidade do LSD.



VÍDEO

29
Ago16

29 de Agosto de 1842: O Tratado de Nanquim encerra a primeira Guerra do Ópio entre chineses e britânicos

António Garrochinho


No dia 29 de Agosto de 1842, o Tratado de Nanquim pôs fim à primeira Guerra do Ópio entre a China e a Grã - Bretanha. Algumas décadas antes, em 1793, o grande imperador Qianlong havia rejeitado as tentativas britânicas de aumentar o comércio com o Império do Meio.

Os mercadores da Companhia Inglesa das Índias Orientais e o governo de Londres receberam muito mal a indisposição do imperador em encontrá-los. Não deixaram de difundir fortemente em toda a Europa o desprezo que lhes inspirava essa China, outrora tão elogiada, hoje arcaica, imóvel, voltada para si mesma.

O seu despeito era ainda maior visto que continuavam a comprar à China o chá que os britânicos consumiam bastante, bem como muitos outros produtos de luxo – porcelanas, pedrarias e sedas.

Para tentar equilibrar uma balança comercial pesadamente deficitária, a Companhia das Índias pôs em acção um “comércio triangular” tão pouco recomendável quanto era o tráfico de escravos. A companhia desenvolveu nas Índias a cultura do pavot – toda planta papaverácea do género Papaver, agrupando diversas espécies que produzem flores indo da papoila (Papaver rhoeas) ao pavot a ópio (Papaver somniferum) — e de modo totalmente ilegal, inicia os chineses no consumo do ópio.

As vendas ilegais de ópio na China passaram de 100 toneladas para 2.000 toneladas em 1838.

Em 1839, o novo governador de Cantão, exasperado, manda apreender e queimar 20 mil caixas de ópio. Em resposta, os ingleses bombardeiam Cantão enquanto uma esquadra sobe o rio Yangzi Jiang  obrigando o imperador Daoguang a capitular.

Esta “diplomacia através dos canhões” desembocou no Tratado de Nanquim pelo qual os vencedores ganharam o direito de comercializar livremente em cinco portos chineses. A Grã - Bretanha obtém, a ilha de Hong Kong na foz do rio das Pérolas e a riquíssima região de Cantão.

Cúmulo da humilhação, o imperador teve de conceder um privilégio de extra-territorialidade aos britânicos e pagar-lhes 21 milhões de libras esterlinas. Os franceses e norte-americanos apressaram-se em exigir vantagens equivalentes.

A humilhação sofrida pelos chineses com o Tratado de Nanquim está na origem dos levantamentos populares contra a dinastia manchu dos Qing, o mais notável deles a insurreição de Taiping.


Fontes: Opera Mundi
wikipedia (imagens)
Assinatura do Tratado de Nanquim
29
Ago16

29 de Agosto de 1915: Nasce a actriz sueca Ingrid Bergman

António Garrochinho


Actriz sueca, nasceu em 29 de agosto de 1915, em Estocolmo, e faleceu em Londres a 29 de agosto de 1982,vitimada por um linfoma. Foi uma das actrizes mais conceituadas do Mundo, especialmente durante os anos 40,quando estava no auge da sua beleza natural. Órfã de mãe com apenas dois anos, foi graças à herança deixada pela sua progenitora que se inscreveu no curso de Interpretação da Academia Real Dramática de Estocolmo.Depois dum início de carreira no teatro, interpretou o seu primeiro papel cinematográfico com uma figuração em Landskamp (1932). Gradualmente, passou a ser uma das actrizes mais conceituadas da Escandinávia,especialmente depois do sucesso da primeira versão de Intermezzo (1936), de Gustav Molander, onde interpretou uma jovem pianista que se apaixona por um homem casado. O filme despertou a atenção de David O. Selznick,que a convenceu a fazer um remake em Hollywood da mesma película, ao lado de Leslie Howard. O sucesso foi imediato e a rápida adaptação de Ingrid à língua inglesa impeliu-a a voos mais altos. Numa altura em que Greta Garbo se retirava da vida artística activa, Hollywood parecia ter encontrado outra rainha nórdica. Depois dum breve regresso à Suécia, voltou aos Estados Unidos para interpretar uma série de títulos que a tipificaram brevemente num registo de mulher atormentada em Rage in Heaven (Tempestade, 1941) e Adam Had Four Sons(Os Quatro Filhos de Adão, 1941). No ano seguinte, arrancou um dos desempenhos mais memoráveis da sua carreira, quando personificou Ilsa Lund no mítico Casablanca (1942). O par romântico que fez com Humphrey Bogart baseado numa noção de amor impossível comoveu plateias e provou que Ingrid era uma actriz plena de versatilidade. No seu título seguinte, protagonizou momentos inesquecíveis ao lado de Gary Cooper,desempenhando Maria, uma camponesa espanhola em For Whom the Bell Tolls (Por Quem os Sinos Dobram,1943), tendo cortado o cabelo especialmente curto para ser fiel à personagem criada por Hemingway. A Academia brindou-a com uma nomeação para o Óscar de Melhor Actriz, tendo-o perdido para Jennifer Jones. Mas os cinéfilos sabiam que era uma questão de tempo até a Academia a premiar e não tiveram que esperar muito. Pelasua personagem Paula Alquist, que é quase levada à insanidade pelo seu marido (Charles Boyer) em Gaslight(Meia-Luz, 1944), de George Cukor, venceu o Óscar para Melhor Actriz. Até ao final da década, ainda receberia mais duas nomeações na mesma categoria: por The Bells of Saint Mary's (Os Sinos de Santa Maria, 1945), onde desempenhou com brilhantia uma Madre Superiora, e por Joan of Arc (Joana D'Arc, 1948), onde voltou a rapar o cabelo para interpretar a heroína nacional francesa. Em 1950, foi vítima dum escândalo que quase lhe arruinaria a carreira. Durante as rodagens de Stromboli (1950), apaixonou-se pelo realizador Roberto Rossellini, tendo engravidado, apesar de estar ainda casada com o primeiro marido, um médico. Stromboli foi proibido em muitos países e Bergman deixou Hollywood para ir morar em Itália com Rossellini. Da paixão, nasceu Isabella Rossellini,que, após uma carreira de modelo, viria a seguir as pisadas da mãe. Ingrid ainda foi dirigida pelo marido em Europa 51 (1952), Viaggio in Italia (Viagem à Itália, 1953) e o magnífico La Paura (Medo, 1954). Em 1956,separou-se de Rossellini e passou brevemente por França, onde filmou, sob a orientação de Jean Renoir, Elena etles Hommes (Helena e os Homens, 1956). De regresso a Hollywood, aceitou protagonizar Anastasia (Anastásia,1956), a história verídica duma mulher amnésica que acreditava ser a princesa-herdeira do trono russo. Em boa hora o fez, pois recebeu o segundo Óscar para Melhor Actriz da sua carreira. A década seguinte foi pautada por um interregno, tendo a atriz trabalhado apenas esporadicamente. Ressurgiu em força, inserida no elenco de luxo de Murder on the Orient Express (Crime no Expresso do Oriente, 1974), no papel de missionária. Num registo incrivelmente dramático, voltou a provar as suas qualidades interpretativas, ganhando o terceiro Óscar da sua  carreira, desta vez na categoria de Melhor Actriz Secundária. Ainda seria nomeada por uma última vez, na única ocasião em que trabalhou sob a orientação de Ingmar Bergman: Höstsonaten (Sonata de outono, 1978). Os seus últimos anos foram bastante penosos devido a um cancro da mama que lhe foi diagnosticado em 1978. Ainda teve forças para encarnar a primeiro-ministro israelita Golda Meir, na série televisiva A Woman Called Golda (1982).


Ingrid Bergman. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2012. 
wikipedia (Imagens)
Ingrid Bergman com 14 anos


Arquivo: IngridBergmanportrait.jpg

Arquivo: Ingrid Bergman em Notorious Trailer.jpg

Com Cary Grant em Notorious


VÍDEO


29
Ago16

O raro Morcego-panda

António Garrochinho






morcego-panda (Niumbaha superba) é um animal descoberto em 2013 que ficou conhecido pela sua coloração diferente entre espécies de morcegos comuns: ele possui listras pretas e brancas, daí o nome ‘panda’.























Após a sua descoberta, o gêneroNiumbaha foi criado para o animal. A descrição do gênero foi publicada no periódico científico “Zookeys”. O exemplar recentemente coletado foi encontrado por uma cientista da Universidade Bucknell, nos Estados Unidos, e sua equipe, na África.

Após retornar aos Estados Unidos com um exemplar do morcego, os pesquisadores perceberam que o animal era similar a outro capturado na República Democrática do Congo em 1939, batizado como Glauconycteris superba. Contudo, os pesquisadores avaliaram que o animal novo não se encaixava ao gênero ao qual estava “alocada” a antiga espécie.

O nome Niumbaha significa “raro” em zande, língua do povo na região onde o morcego foi encontrado.

29
Ago16

A incrível história do japonês que permaneceu em combate na Segunda Guerra Mundial até 1974

António Garrochinho

Hiroo_Onoda
Hiroo Onoda em 1944
Duas datas e ocasiões são referências para o fim da Segunda Guerra Mundial em 1945. A primeira é o dia 8 de maio, fim do conflito na Europa e a segunda é o dia 2 de setembro, quando encerraram os embates na Ásia com a rendição do Japão. Enfim, a guerra havia acabado, mas não para todos os combatentes, pois o japonês Hiroo Onoda, que era descendente de uma tradicional família de samurais, continuou firme em seu posto de combate até 1974, pois não tomou notícia do fim da guerra.


Ele cumpriu por tempo demais sua missão em Lubang, nas Filipinas, onde deveria integrar a chamada Brigada Sugi, que tinha como propósito estratégico causar danos em pelotões norte-americanos que também estavam presentes na ilha e para isso o grupo de Onoda estava preparado para atuar em ações de guerrilha e na realização de atos de sabotagem. Onoda tinha treinamento como integrante da inteligência tática do Exército Imperial e por isso atuar em condições severas era normal para ele e seus homens, mas sua missão não foi exitosa e a brigada acabou sendo derrotada em combate, sendo forçada à rendição em 28 de fevereiro. Mas o tenente Onoda, o cabo Shoichi Shimada e os soldados Kinsshichi Kozuda e Yuichi Akatsu resolveram resistir, seguindo um plano de retirada para as montanhas e permaneceram lá sem tomar conhecimento dos fatos além da ilha do arquipélago filipino.


Os norte-americanos sabiam que ainda havia soldados japoneses em Lubang e em outras localidades nas Filipinas e passaram a tentar alertar aos desavisados a respeito do fim da guerra através de panfletos que eram jogados a partir de aviões, por mensagens de rádio e alto-falantes. O grupo de Onoda se recusou a levar os avisos em consideração, duvidando do teor das mensagens. Nem a divulgação pelos mesmos métodos da ordem do general-comandante Tomoyuki Yamashita convenceu o teimoso grupo, pois eles consideraram que a mensagem era um estratagema dos norte-americanos para frustrar a missão que levaram até o fim.


Até o final de 1949 os quatro resistiram sobrevivendo de frutas, gado roubado e caça, vivendo basicamente acampados, mas o soldado Akatsu achou que aquilo era demais para ele e resolveu se entregar aos filipinos, encerrando sua prolongada participação na guerra. A desistência do companheiro acirrou ainda mais a disposição de resistir dos demais, que recuaram ainda mais para a selva para continuar combatendo, agora contra os oponentes que encontravam pela frente: a polícia e civis que não tinham nada a ver com a missão dos guerreiros sem guerra. A ação dos japoneses contra as vítimas que continuavam fazendo alarmou as autoridades filipinas, que iniciaram uma caçada combatentes que concluíram que a reação era uma prova de que a guerra ainda não havia acabado.


O próprio governo japonês continuou a tentar fazê-los desistir, e em 1952 foram jogados sobre a selva fotos e mensagens dos parentes que imploravam para que desistissem da missão, mas nem isso bastou, pois eles insistiam acreditando que era armação dos inimigos. O cabo Shimada chegou a ser baleado na perna num tiroteio contra pescadores em junho de 1953, mas sobreviveu até se envolver numa briga quase um ano depois. Em outra briga, em outubro de 1972, o soldado Kozuda acabou sendo assassinado, o que deixou Onoda sozinho e ainda acreditando na continuidade da guerra, apesar de várias outras tentativas de convencimento sobre os fatos. Mesmo sem companheiros Onoda seguiu com sua missão de sabotagem por meio da provocação de incêndios, rouba de gado e outras ações que prejudicavam camponeses e causavam constrangimentos ao governo japonês, que recebia reiteradas queixas por parte dos filipinos.


O aventureiros Norio Suzuki acabou adotando o propósito de encontrar e convencer Onoda sobre o fim da guerra e fazer com que ele finalmente se rendesse. Após uma exaustiva busca Suziki finalmente encontrou o compatriota em 20 de fevereiro de 1974, mas sua capacidade de argumentação não foi suficiente e Onoda manteve-se firme em sua disposição de resistir sozinho até receber ordens de um oficial superior. A recusa fez com que Suzuki voltasse para o Japão, encontrasse o major Yoshimi Taniguchi, antigo comandante de Onoda, para levá-lo a Lubang para ordenar a rendição e finalmente em 9 de março – 29 anos após o fim da guerra – o guerreiro teimoso acabou reconhecendo a derrota.


Para o governo filipino isso foi um alívio e considerando a condição mental de Onoda o presidente Ferdinand Marcos o anistiou dos crimes cometidos (que incluíam vários homicídios).
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Rendição: Onoda entregando sua espada ao presidente filipino
Onoda voltou para Japão, onde foi consagrado como herói de guerra, mas depois resolveu se mudar para o Brasil, se estabelecendo numa colônia no interior do Mato Grosso e vivendo como fazendeiro. Voltou posteriormente ao seu país e acabou virando professor de técnicas de sobrevivência.
Hiroo-Onoda-in-2010
Foto de 2010
O herói japonês morreu em Tókio no 16 de janeiro de 2014, aos 91 anos de idade. Familiares do tenente Onoda ainda vivem no Brasil, país que continuou visitando e onde foi condecorado pela Força Aérea com a Medalha do Mérito Santo Dumont.



historiablog.org
29
Ago16

Museo Atlantico é o primeiro museu subaquático na Europa

António Garrochinho




Lembra-se do Museo Subacuático de Arte (MUSA), um museu no México que só pode ser visitado com equipamento de mergulho? O conceito chega pela primeira vez à Europa com o Museo Atlantico, localizado na costa de Lanzarote, em Espanha.
Ao todo, são cerca de 400 esculturas da autoria do artista britânico Jason deCaires Taylor, o mesmo que criou as esculturas que podemos visitar no MUSA.
As esculturas estão localizadas a 12 metros de profundidade, e pretendem trazer "um diálogo entre a arte e a natureza," enquanto aumentam o interesse pela ilha de Lanzarote e a sua riqueza cultural. 
Taylor esculpiu as peças que estão expostas, e cada uma delas pretende criar conversação. Uma das séries, intitulada The Raft of Lampedusa, inclui esculturas que pretendem alertar para "a responsabilidade coletiva que temos na agora comunidade global," fazendo referência à crise de refugiados e as vidas que se perderam no mar. 
Além da questão social, a construção deste museu pode funcionar também como uma forma de preservar a fauna do local. As esculturas servem como um recife artificial, onde os peixes locais podem encontrar abrigo e alimento, relembrando para os perigos que a vida dos oceanos enfrenta atualmente.
Para isso, Taylor utiliza um material específico para construir as suas esculturas.













querosaber.sapo.pt
29
Ago16

História mundial - José Ibrahim: uma vida dedicada aos trabalhadores

António Garrochinho


 

André Cintra e Carolina Maria Ruy*


Em 1968, com apenas 20 anos, José Ibrahim (1947-2013) liderou um dos mais audaciosos protestos contra a ditadura militar. Foi preso, torturado e perseguido. Desde então, seu nome esteve sempre na linha de frente do movimento sindical brasileiro.
Por sua natureza, os movimentos organizados da sociedade – como o sindical, o estudantil e o comunitário – não são espaços privilegiados para consagrações individuais. Quando a associação de pessoas com objetivos comuns leva a conquistas e avanços, o que sobressai é justamente a força da união – o princípio do “herói coletivo”. A despeito disso, certas lideranças chegam a protagonizar batalhas tão singulares, tão marcantes, que acabam por personificar uma determinada luta, um momento histórico, o sentido de seu movimento.
Este foi o caso de José Ibrahim, que morreu em 2 de maio último, depois de se dedicar por quase 50 anos à causa dos trabalhadores e do povo brasileiro. Em 1968, ao liderar uma audaciosa e surpreendente greve contra o regime militar (1964-1985), Ibrahim deixou de ser “apenas” o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e se converteu num dos inimigos declarados da ditadura. Com apenas 20 anos, estava no centro da luta política nacional. Mas sua vida pública começara anos antes, entendendo-se até 2013. “Continuo de esquerda, com minha visão de socialismo democrático”, afirmou há dois anos. “Não abro mão dos princípios da luta pela justiça, pela igualdade, pelo direito de todos os brasileiros à cidadania.”
Quando Ibrahim nasceu, em 3 de setembro de 1947, sua terra natal, Osasco, ainda era um bairro de São Paulo. Aos poucos, a região passou a se destacar como polo industrial e a buscar sua emancipação. Foi em meio a esse processo que, em 1961, aos 14 anos, Ibrahim ingressou na maior fábrica metalúrgica local, a Cobrasma (Companhia Brasileira de Materiais Ferroviários). O tempo de Ibrahim era dividido entre o trabalho na indústria e os estudos no Ginásio Estadual de Presidente Altino. Segundo ele, sua formação política se baseou na influência de professores de esquerda no curso colegial.
Em 1962, um plebiscito selou a vitória do movimento emancipacionista de Osasco, que se tornou um município. No ano seguinte, era fundado o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Osasco. Lideranças da nova entidade frequentavam o bar do pai de Ibrahim – o que aproximou o jovem metalúrgico do movimento. Ibrahim circulou entre grupos políticos de esquerda de Osasco, como o Partido Comunista, o antigo PTB e correntes progressistas da Igreja Católica. Quando ocorreu o Golpe de 1964, já era sócio do sindicato, embora realizasse, conforme suas próprias palavras, um trabalho de “formiguinha”. 
Sob a ditadura, o sindicato – que nasceu combativo, com forte perfil político – foi uma das primeiras entidades a sofrer intervenção e ter suas lideranças presas. Ibrahim percebeu que era preciso juntar o “Grupo de Esquerda de Osasco” e reagir. O sindicato estava vigiado, e o grupo teria de pensar novas formas de representação dos trabalhadores. “Como os metalúrgicos tiveram de esperar para retomar o sindicato, a saída foi a comissão de fábrica. A primeira delas surgiu em 1965, na Cobrasma, e foi presidida por mim. Depois vieram embriões de comissões em outras fábricas de Osasco”, resumiu.
Em 1967, já havia comissões atuantes na Braseixos e na Lonaflex, entre outras empresas. O próximo passo foi disputar o comando do sindicato. A gestão conservadora de Henos Amorina não ousava enfrentar a ditadura. No mesmo ano, o Grupo de Esquerda lançou uma chapa de oposição, que quase venceu a disputa já no primeiro turno – faltaram apenas 60 votos. Mas, antes do segundo turno, Amorina retirou sua chapa da disputa, e oposição, encabeçada por Ibrahim, assumiu o sindicato.
A conjuntura, entretanto, não era favorável. Sedes de entidades estavam destruídas ou tomadas, e lideranças eram substituídas à força por dirigentes alinhados ao regime. A lei nº 4330/64, conhecida como Lei da Greve, dificultava paralisações de qualquer natureza. Sindicalistas eram enquadradas como “subversivos” na Lei de Segurança Nacional. Ainda assim, havia meses que Ibrahim vislumbrava a deflagração de uma greve contra o regime. Várias organizações – entre elas, a dos metalúrgicos de Osasco – já haviam criado o Movimento Intersindical Anti-Arrocho (MIA).
Foi então que irrompeu 1968 – o ano em que, segundo a filósofa Olgária Mattos, “o desejo revolucionário era maior que a situação revolucionária”. Em março, uma paralisação mobilizou 16 mil metalúrgicos de Contagem (MG), enquanto o enterro do estudante Edson Luís, assassinado pelo regime, levou mais de 100 mil às ruas do Rio de Janeiro. Já em 1º de maio, a celebração do Dia do Trabalhador na Praça da Sé, em São Paulo, acabou em confronto – o governador Abreu Sodré teve de sair às pressas do ato.


A greve em Osasco foi, enfim, marcada para 16 de julho, com o apoio de diversos sindicatos – como os metalúrgicos de São Paulo, da Baixada Santista, do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, além dos estivadores do Rio. Àquela altura, 3 mil metalúrgicos de Osasco já estavam organizados no local de trabalho, por meio das comissões de fábrica. Além do contrato coletivo de trabalho e do reajuste salarial, o movimento cobrava liberdade sindical e o fim da Lei de Greve. “Depois do Golpe de 1964, os sindicatos não combatiam nem a empresa, nem o regime”, afirmava Ibrahim.
Às 8h45 do dia 16, quando a sirene tocou, a histórica greve de Osasco teve início, com a ocupação da Cobrasma. Iniciada entre os funcionários de limpeza e acabamento, a paralisação atingiu, em poucos minutos, outros setores da fábrica — e, na sequência, mais empresas de Osasco. Para coibir a ação policial, os manifestantes impediram a saída de 15 engenheiros e 30 chefes de serviço. Logo no início da ocupação, o governo contatou o Comando Geral da Greve, e a negociação parecia fluir. Mas, no mesmo dia, a greve foi declarada ilegal pela Delegacia Regional do Trabalho. Quando anoiteceu, a polícia cercou o sindicato e invadiu as empresas ocupadas. Nos confrontos, houve feridos dos dois lados e mais de 30 manifestantes presos. Três dias depois, o ministro do Trabalho, Jarbas Passarinho, indicou os novos interventores do sindicato, que liquidaram as comissões de fábrica.
A exemplo de dezenas de outras lideranças, Ibrahim foi perseguido e torturado, teve a casa invadida e passou para a clandestinidade. No final de 1968, o governo baixou o Ato Institucional nº 5 (AI-5) e endureceu o regime, com o fechamento do Congresso e a proibição de manifestações políticas. Acolhido pela Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), Ibrahim foi instalado num “aparelho” em São Paulo. Em sigilo, ia por diversas vezes ao sindicato – até ser preso, em 1969, no DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna). De lá só sairia em setembro, quando foi um dos 15 presos políticos libertados em troca do fim do sequestro do embaixador americano no Brasil, Charles Elbrick. Poucos dias depois de completar 22 anos, partiu para o exílio, permanecendo por dez anos fora do País.


Vivia-se um período sombrio. De 1964 a 1979, houve intervenção militar em 1.206 entidades. Cerca de 10 mil lideranças sindicais foram presas, torturadas, destituídas ou cassadas. A situação começou a mudar apenas em 1978, com as greves lideradas pelo presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Luiz Inácio Lula da Silva. Na primeira delas, em maio, 3 mil funcionários da Scania se mobilizaram. Em duas semanas, já eram 50 mil operários de 30 empresas de São Bernardo. Passado um mês, mais de 500 mil trabalhadores tinham aderido em todo o estado. “Mas não haveria essa movimentação no ABC se não fosse aquela greve em Osasco”, dizia Ibrahim.
O fato é que o povo pressionava cada vez mais a ditadura. Além da efervescência sindical, o Movimento contra a Carestia também ganhava adesões. As ruas estavam tomadas, e o regime teve de ceder, suspendendo o AI-5 e promulgando a Lei da Anistia. Em 1979, as novas condições viabilizaram a volta de Ibrahim ao Brasil. Mais de 5 mil companheiros foram ao Aeroporto de Congonhas para esperar seu desembarque – que, por razões de segurança, foi transferido para Viracopos, em Campinas. “Quando voltei do exílio, o Henos Amorina – que ainda era presidente do sindicato – alugou alguns ônibus para levar o pessoal de Osasco me recepcionar”, relatou Ibrahim.
Na bagagem, o sindicalista trouxe um trunfo: “Eu tinha nome e trânsito no movimento sindical internacional. Em dez anos no exílio, trabalhei muito com centrais sindicais, principalmente da Europa. Era bastante conhecido e tinha o respeito das centrais desses países – França, Portugal, Itália, Espanha, Bélgica, etc.”. De vota ao Brasil, Ibrahim se aliou a Lula e a outros sindicalistas, com os quais ajudou a fundar o PT em 1980 e a CUT em 1983. As divergências, porém, levaram ao rompimento em 1986. 
Ibrahim – que, ainda nos anos 1980, se aproximou do PDT e do ex-governador Leonel Brizola – queria algo novo. “Existiam condições de a gente criar uma opção para o movimento sindical fora dessa dicotomia ‘revolucionários x pelegos’. Havia espaço – e uma necessidade – de construir outra via.” Junto ao presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Luiz Antonio Medeiros, e outras lideranças, articulou, entre 1990 e 1991, a Força Sindical, que propunha o chamado o “sindicalismo de resultados”.
Com a fundação da central, Ibrahim foi seu primeiro secretário de Relações Internacionais. A simpatia do presidente Fernando Collor de Mello pela Força fez de Ibrahim uma das lideranças mais atacadas. Mas ele não desistiu, nem mesmo quando foi o encarregado de debater os rumos do sindicalismo com ex-companheiros de CUT, como Jair Meneguelli e Vicentinho, que o acusavam de capitulação. “Eu os encarava e dizia: ‘Meneguelli, você nasceu ontem. Vicentinho, você nasceu ontem. Onde é que vocês estavam quando havia ditadura aí? Eu tinha 20 anos e estava brigando – já era presidente do sindicato. Onde é que vocês estavam escondidos?’. Eles queriam morrer.”
Às vésperas da fundação da Força, Ibrahim reencontrou, ainda, o coronel Jarbas Passarinho, ministro da Justiça. O mesmo homem que tanto perseguiu Ibrahim em Osasco agora queria tomar um café com sua vítima – e na presença de Collor. Ibrahim topou, mas não passou recibo:
– Presidente, este rapaz era um menino na época e agitou tudo aquilo. Foi ele que me deu um trabalho, que ocupou as fábricas em Osasco – disse Passarinho.
– E o senhor foi quem me cassou! – rebateu Ibrahim.
– Mas, naquela época, tinha a lei...
– Eu sei. Era da ditadura, mas era a lei que existia. Mas eu não aceitava aquela legislação arbitrária. Essa era a questão. E me confrontei com os governos, com a lei. Não tínhamos liberdade sindical, ministro. Você sabe disso.
– Isso foi numa época passada, e eu te respeito muito. Agora vocês estão aí construindo essa central, e nós queremos ter um diálogo permanente com vocês.
Na década passada, depois que uma dissidência da Força deu origem à UGT (União Geral dos Trabalhadores), Ibrahim mudou, mais uma vez, de central. Na nova entidade, assumiu a função de secretário de Formação Política. Em 2011, filiou-se ao recém-fundado Partido Social Democrático (PSD) – a legenda idealizada pelo então prefeito paulistano, Gilberto Kassab.
Mas o tema que mais parecia lhe motivar, nos últimos meses de vida, era a memória do movimento sindical e, particularmente, o grupo de trabalho “Ditadura e Repressão aos Trabalhadores e ao Movimento Sindical”, instituído pela Comissão Nacional da Verdade. “Deram um jeito, aprovaram essa proposta e até me indicaram: ‘Já que você deu a ideia e é um dos caras que passaram pela repressão, fica você de coordenador’. Eu falei: ‘Está certo. Só que vamos entrar em contato com as outras centrais e com outros grandes sindicatos para fazer um trabalho unitário’”.
Ao mesmo tempo, Ibrahim lutava pelo resgate da história de sua primeira entidade – o Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco. “Foi só recentemente que se fez um levantamento sério com quem participou do período, as comissões de fábricas, os dirigentes sindicais que foram cassados em 1968. Chamaram todo mundo para tomar depoimentos e fizeram um vídeo muito bonito, muito bem-feito. Isso está documentado lá, mas só foi feito agora, porque eu e outros companheiros fizemos pressão também.”
Em 28 de abril passado, Ibrahim foi à casa de Gilberto Kassab, ao lado do presidente da UGT, Ricardo Patah, para um ato simbólico, em que o ex-prefeito lhes entregou as chaves da nova sede do PSD Movimentos. Três dias depois, participou 1º de Maio Unificado, na Praça Campo de Bagatelle, zona norte paulistana. A celebração do Dia do Trabalhador foi seu último compromisso público – sua derradeira atividade sindical. Na madrugada de 2 de maio, José Ibrahim faleceu enquanto dormia, aos 65 anos. Sua excepcional trajetória em defesa dos trabalhadores e do Brasil havia chegado ao fim.
* André Cintra, jornalista e escritor, fez parte da equipe do Portal Vermelho. Carolina Maria Ruy, jornalista e pesquisadora, é coordenadora de projetos do Centro de Memória Sindical


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29
Ago16

Quatro feridos em explosão numa garagem na Pontinha

António Garrochinho



Uma explosão, seguida de incêndio, ocorrida hoje de madrugada numa garagem na Pontinha, concelho de Odivelas, provocou dois feridos graves e dois ligeiros, disse à Lusa fonte do Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Lisboa.

Segundo a mesma fonte, o alerta foi dado cerca das 04:00 e os feridos foram todos transportados para o Hospital Beatriz Ângelo, em Loures.

Os dois feridos ligeiros são bombeiros da corporação da Pontinha. Contactado pela Lusa, o comandante dos Bombeiros Voluntários da Pontinha, Paulo Rocha, adiantou que um dos feridos ligeiros "já teve alta" e o outro "está no hospital em observação e deverá sair ao final do dia".

O caso foi entregue à Polícia Judiciária.

De acordo com a edição online do jornal Correio da Manhã, a garagem serve de apoio a uma bomba de gasolina e o incidente terá ocorrido numa tentativa de assalto.

O diário refere ainda que os dois feridos graves são os alegados assaltantes.

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29
Ago16

CNA teme custos acrescidos para os agricultores - Sistema de recolha de animais mortos foi suspenso

António Garrochinho

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A CNA defende que com esta suspensão os agricultores não devem ser penalizados, considerando que devem ser o Estado e a UE a suportar os respectivos custos.

A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) emitiu um comunicado, no dia 26, sobre a suspensão do Sistema de Recolha de Cadáveres de Animais Mortos na Exploração (SIRCA), declarada no dia anterior pela Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV). A Confederação informa que para esta decisão foram invocados «problemas de pagamentos e a negociação do novo contrato», e a consequente recusa de a empresa prestadora do serviço em continuar a operar.
Para além do problema da saúde pública, esta decisão pode ter também repercussões para os agricultores. A não-recolha dos cadáveres «acarreta um aumento de custos para os Produtores Pecuários, nomeadamente para os pequenos e médios agricultores que vão passar a enterrar, à responsabilidade e a expensas suas, os animais mortos». Por isso, a CNA entende que esta situação deve ser resolvida o mais rapidamente possível, «de forma a não haver custos acrescidos a recair sobre os agricultores».
O comunicado informa que os agricultores já pagam uma «taxa nos matadouros», e considera «inaceitáveis quer o aumento quer a introdução de quaisquer Taxas a aplicar aos Produtores Pecuários». A Confederação considera ainda que a DGAV e o Ministério da Agricultura devem encontrar alternativas e que não podem ficar reféns do consórcio privado de empresas que «detém um monopólio».

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29
Ago16

TRANSPORTES CP reduz prejuízos para 74 milhões de euros no primeiro semestre

António Garrochinho
Serviços de longo curso ajudam CP a ganhar mais passageiros no primeiro semestre. 
Empresa transportou mais passageiros, sobretudo nas ligações de longo curso  

O grupo CP – Comboios de Portugal reduziu os prejuízos para 74,18 milhões de euros no primeiro semestre. 

Este resultado compara com os 118,585 milhões de euros registados no mesmo período do ano passado, refere o relatório e contas divulgado esta segunda-feira junto da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). A entidade liderada por Manuel Queiró assinala que “num cenário de ausência de indemnizações compensatórias, contribuiu essencialmente a melhoria do resultado financeiro, motivada pela redução do passivo financeiro e dos encargos com juros e gastos similares suportados pela empresa, a redução das provisões constituídas e o crescimento dos proveitos de tráfego”. 

A CP refere que estes elementos permitiram compensar o “menos volume de serviços prestados à Medrail (ex-CP Carga), na sequência de transferência de material circulante para aquela empresa.” As vendas e serviços prestados para a Medrail caíram 74% para os 2,596 milhões de euros. A empresa nota ainda o “impacto negativo”, em “2,6 milhões de euros, decorrente da não aprovação da adesão da CP ao regime de ativos por impostos diferidos”. A CP registou um aumento de 665 mil passageiros (+1,2%) no primeiro semestre, dos 55,41 para 56,075 milhões de utentes. Os maiores ganhos registaram-se no serviço de longo curso (Alfa Pendular a Intercidades), com uma subida de 10%, para os 2,85 milhões de clientes. 

Os serviços urbanos de Lisboa e do Porto registaram ganhos mais modestos, de 0,8% e de 2,2%. A empresa apenas perdeu clientes no serviço regional. As viagens de comboio foram mais rentáveis, com um aumento de receita de 4,6% para os 109,83 milhões de euros. Todos os serviços geraram mais vendas, assinala a CP no relatório de contas. Passivo diminui A CP assinala ainda uma redução de 9% no passivo para os 3,555 mil milhões de euros no primeiro semestre face ao final de 2015. Ainda assim, o capital próprio da empresa era negativo em 2,856 mil milhões de euros no final de junho, porque os ativos correspondiam a apenas 698,9 milhões de euros.

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29
Ago16

China prepara metro 100% automático para 2017

António Garrochinho


China quer apostar na renovação da indústria. 

A linha automática vai dispensar o recurso a técnicos de manutenção e maquinistas A China vai juntar-se em 2017 à lista de países com linhas de metropolitano totalmente automáticas, adianta esta segunda-feira o portal El Economista, que cita o Diário do Povo. O novo serviço de transporte vai ser instalado na cidade de Pequim, através da abertura de uma nova linha de metro, Yanfang, que vai unir o subúrbio de Yanshan – zona industrial da capital chinesa – com a linha de Fangshan. 

Os passageiros poderão chegar a Pequim através de outras ligações. 

A linha automática vai dispensar o recurso a técnicos de manutenção e maquinistas e começou a ser desenvolvida em 2010, com tecnologia totalmente chinesa. O projeto está atualmente em fase de testes. Loucura ou genialidade? 

 Em caso de sucesso, estes serviços podem ser aplicados na renovação de quatro linhas de metro e na ligação entre o centro de Pequim e o aeroporto. 

A China pretende que haja 300 quilómetros de metro 100% automático até 2020. 

Esta é uma das medidas enquadradas na estratégia do Governo local “Made in China 2025” e que procura renovar a base industrial do país, tornando-a mais tecnológica e com menor recurso a mão-de-obra.

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29
Ago16

amizade

António Garrochinho
Amizade
Cada novo amigo que ganhamos no decorrer da vida aperfeiçoa-nos e enriquece-nos, não tanto pelo que nos dá, mas pelo que nos revela de nós mesmos.


Miguel de Unamuno
29
Ago16

PCP confronta Governo com a irresponsabilidade e a ilegalidade que pautaram a sua resposta à greve de 27 de Agosto dos APA

António Garrochinho


20160827 113054O Grupo Parlamentar do PCP, cumprindo o compromisso assumido no sábado na concentração de trabalhadores no Aeroporto de Lisboa, confrontou hoje três Ministérios com os acontecimentos de sábado: o Ministério das Infraestruturas, questionando o que vai fazer o governo para satisfazer as justas reivindicações dos APA e impedir as multinacionais (Vinci, Prossegur, Securitas) de abusarem das concessões públicas; o Ministério da Administração Interna, questionando as ordens dadas à PSP e a falta de preocupação com a segurança aeroportuária; o Ministério do Trabalho para saber que fez a ACT face às ilegalidades cometidas pelo patronato durante a greve.
Ler Requerimentos ao M. Infraestruturas, ao MAI e ao M. Trabalho



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29
Ago16

HISTÓRIA - Cronologia 1970-1974: Da intensificação da luta armada à Revolução dos Cravos

António Garrochinho





A partir de 1970, a luta armada dos independentistas intensifica-se. O regime do Estado Novo, a mais antiga ditadura europeia, acabaria por ser deposto a 25 de abril de 1974, abrindo caminho para a descolonização.
Cartaz da FRELIMO publicado por ocasião da "Operação Nó Górdio", com a qual o general Kaúlza de Arriaga pretendia evitar a progressão da luta armada (1970)

1 de julho de 1970

Operação “Nó Górdio” em Moçambique
Lançada pelo general Kaúlza de Arriaga, comandante-chefe das Forças Armadas Portuguesas em Moçambique, a mais dispendiosa campanha militar portuguesa nesta província ultramarina ficou conhecida como operação “Nó Górdio.” Durou sete meses e mobilizou 35 mil militares. Inspirando-se na expressão “cortar o nó górdio”, que significa resolver um problema complexo de forma simples e eficaz, a campanha visava destruir as bases dos guerrilheiros independentistas, numa altura que se intensificava a atividade militar da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO). A operação termina com o desmantelamento de grande parte das bases e dos campos da FRELIMO no Planalto dos Macondes, no norte, mas não elimina o movimento independentista, que expandiu as suas ações mais a sul.

27 de julho de 1970

Morte de Salazar
A 27 de julho, morre em Lisboa, com 81 anos de idade, António de Oliveira Salazar, o principal responsável pelo regime fascista que durou 41 anos em Portugal. Estava doente há cerca de um ano e meio e já não podia desempenhar as funções de Presidente do Conselho de Ministros. No início de julho, o Papa Paulo VI recebeu os dirigentes do Movimento Popular para a Libertação de Angola (MPLA), do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e da FRELIMO, respetivamente Agostinho Neto, Amílcar Cabral e Marcelino dos Santos, no termo da “Conferência Internacional de Solidariedade com os Povos das Colónias Portuguesas”, que decorreu em Roma.
Funeral com honras de Estado de Oliveira Salazar. Chegada do féretro à Igreja de Santa Maria de Belém (Mosteiro dos Jerónimos), em Lisboa

1971

Ação Revolucionária Armada
Em março, a Ação Revolucionária Armada (ARA), braço militar do Partido Comunista Português (PCP), liderado por Álvaro Cunhal, destruiu 16 helicópteros e 11 aviões na Base Aérea de Tancos. Em outubro do mesmo ano cometeu um atentado contra o Comando Ibero-Atlântico da NATO (COMIBERLANT) em Oeiras nos arredores de Lisboa. A repressão política continua a aumentar em Portugal. É reforçada a censura à imprensa e realizado um grande número de detenções.
Álvaro Cunhal, conhecido resistente ao Estado Novo, dedicou a sua vida ao Partido Comunista Português (PCP)

Maio de 1972

Encontro de Spínola e Senghor
Depois de uma tentativa falhada de derrubar o Governo da Guiné-Conacri de Saliu Touré, aliado do PAIGC, em 1970, António de Spínola procura negociar com os países vizinhos. Com a autorização de Marcello Caetano, encontra-se com o então Presidente do Senegal, Léopold Senghor. Esboçam um plano que previa a descolonização durante dez anos da Guiné-Bissau sob controlo da ONU, mas o Governo de Lisboa rejeita a proposta e opta pela continuação da guerra. A partir de meados de 1973, o PAIGC ganha supremacia na guerra com a utilização de mísseis terra-ar do tipo SAM-7 (também conhecidos por Strella) que lhe permitiu abater aviões, enfraquecendo, dessa forma, as Forcas Aéreas e a proteção de soldados portugueses no terreno.
O Presidente do Senegal, Léopold Sédar Senghor (à dir.), saúda o Presidente da Tanzânia, Julius Nyerere (à esq.). depois de um encontro em Dakar, capital do Senegal

Agosto de 1972

Novo mandato de Américo Thomaz
O almirante Américo Thomaz é confirmado pela Ação Nacional Popular (ANP) como Presidente da República por mais sete anos. É promulgada a nona revisão da Constituição Política da República Portuguesa aprovada em 1933. Marcello Caetano introduz mudanças referentes ao Ultramar. Para dar maior autonomia aos territórios portugueses em África, o Estado português passa a ter regiões autónomas.
Américo Thomaz (à dir.) foi o décimo terceiro Presidente da República Portuguesa, último do Estado Novo português

Novembro de 1972

ONU reconhece legitimidade da luta armada
Numa resolução aprovada a 14 de novembro, a Assembleia Geral da ONU (foto) reconhece a legitimidade da luta armada em África contra Portugal. “Os movimentos de libertação nacional de Angola, da Guiné-Bissau e Cabo Verde e de Moçambique são os representantes autênticos das verdadeiras aspirações dos povos destes territórios”, afirmava. Portugal repudia a resolução. Países ocidentais como a Alemanha Ocidental (RFA) continuam a apoiar Portugal, mas cresce a pressão de grupos de defesa dos direitos humanos. Os representantes dos movimentos nacionalistas das colónias portuguesas já tinham sido recebidos pelo Conselho de Segurança, em fevereiro, altura em que esteve reunido pela primeira vez em África. Foi também autorizado o envio de uma missão de visita às regiões libertadas na Guiné-Bissau.
A legitimidade da luta armada contra Portugal em África é reconhecida pela Assembleia Geral da ONU a 2 de Novembro de 1972

Dezembro de 1972

Massacres em Moçambique
Depois do massacre perpetrado em Mucumbura, perto de Tete, em 1971, o Exército português leva a cabo os massacres de Chawola, Wiriyamu e Juwau, em Moçambique. Ficam para a História como três dos massacres mais graves ocorridos durante a guerra colonial. Em Wiriyamu foram assassinados 400 civis, entre os quais muitas mulheres e crianças. O padre inglês Adrian Hastings, que denunciou o ocorrido nas páginas do jornal britânico The Times, apresentou detalhes dos acontecimentos perante o Comité de Descolonização da ONU. Durante a sua visita a Londres, o chefe do Governo português, Marcello Caetano, é recebido com manifestações de protesto contra a guerra colonial. No final de 1972, um grupo de católicos progressistas e de não católicos inicia uma vigília e uma greve de fome na Capela do Rato, em Lisboa, e aprova uma moção que critica o envolvimento da Igreja Católica na guerra, que condenam.
Os massacres do Exército português em Moçambique ficam para a História como alguns dos mais graves ocorridos durante a guerra colonial

20 de janeiro de 1973

Amílcar Cabral é assassinado
Amílcar Cabral (foto), líder do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), é assassinado em Conakry a 20 de janeiro em circunstâncias não esclarecidas. O fundador do PAIGC defendia a união entre Cabo Verde a Guiné-Bissau, o pan-africanismo e uma linha africana do socialismo. Nesse ano, na cidade da Beira, surge o Grupo Unido de Moçambique (GUMO), criado por negros da classe média como alternativa à FRELIMO. Pede maior autonomia e o fim da discriminação racial.
Amílcar Cabral foi assassinado em Conakry

9 de setembro de 1973

Fundação do Movimento dos Capitães
Numa reunião clandestina no Monte Sobral (Alcáçovas) é fundado o Movimento dos Capitães, que daria origem ao Movimento das Forças Armadas (MFA). Um dos motivos para a sua criação foi o descontentamento crescente no seio da elite “tradicional” com as novas regras para as promoções nas Forças Armadas, que tornaram mais fácil ascender na carreira militar. Em Portugal também teve lugar em setembro a primeira reunião importante entre o Partido Socialista (PS) e o Partido Comunista Português (PCP). Em comunicado conjunto, os dois partidos (na ilegalidade) declaram a necessidade de “liquidação da ditadura fascista, conquista das liberdades democráticas, fim da guerra colonial e negociações com vista à independência completa e imediata dos povos de Angola, Guiné-Bissau e Moçambique.”
Vasco Lourenço, que mais tarde seria um dos líderes do Movimento das Forças Armadas (MFA), na Guiné-Bissau (foto do ano de 1969)

24 de setembro de 1973

Guiné-Bissau proclama unilateralmente independência
No dia 24 de setembro de 1973, o PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde) proclama unilateralmente a independência da Guiné-Bissau nas matas de Madina Boé, uma das regiões libertadas no leste do país. O novo estado é reconhecido internacionalmente por muitos países, mas não por Portugal, que continua com a guerra. No dia 2 de novembro, a Assembleia Geral da ONU saúda a independência numa votação que teve 93 votos a favor, 30 abstenções e apenas sete votos contra (Portugal, Brasil, Espanha, África do Sul, EUA, Grã-Bretanha e Grécia).
Reunião do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) com a população guineense

22 de fevereiro de 1974

Spínola contesta política colonial
O general António de Spínola publica o livro “Portugal e o Futuro”, onde advoga que a continuação da guerra do Ultramar, que se prolongava há já 13 anos, não é a solução para o problema colonial. Além de contestar a política colonial, o ex-governador da Guiné-Bissau defende ainda a criação de uma federação da qual fariam parte, além de Portugal, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. Após a publicação da obra, Marcello Caetano chegou a pedir a demissão ao Presidente da República, mas este não a aceitou. No dia 9 de abril, as Brigadas Revolucionárias (BR), grupo de luta armada, colocam uma bomba a bordo do Niassa, navio que transportaria soldados para a Guiné-Bissau.
"Portugal e o futuro", livro da autoria de António de Spínola, ex-governador da Guiné-Bissau, foi publicado pela Editora Arcádia no dia 22 de Fevereiro de 1974

25 de abril de 1974

Revolução dos Cravos
A 25 de abril de 1974, um golpe de Estado conduzido pelo Movimento das Forças Armadas (MFA), composto na sua maior parte por capitães que tinham participado na guerra colonial, depõe o regime do Estado Novo, a mais antiga ditadura europeia, no poder desde 1933. A população adere em massa ao golpe. O general António de Spínola preside à Junta de Salvação Nacional, a quem é entregue o poder político até à formação de um Governo Provisório Civil. Democratizar, descolonizar e desenvolver são os objetivos principais do programa apresentado pelo MFA. A Revolução dos Cravos abriu, assim, caminho para a independência das então províncias ultramarinas.
O Movimento das Forças Armadas (MFA) liderou o golpe de Estado que depôs o regime do Estado Novo a 25 de abril de 1974

15 de maio de 1974

Spínola nomeado Presidente da República
A 15 de maio, o general Spínola é nomeado Presidente da República e Adelino da Palma Carlos assume o cargo de primeiro-ministro. Spínola defende que o destino do Ultramar teria de ser decidido “por todos aqueles que chamam e chamaram aquela terra sua”. O PAIGC propõe negociações, desde que Portugal reconheça a independência da Guiné-Bissau. Poucos dias depois, representantes de Portugal e do PAIGC começam a dialogar em Londres. As delegações são chefiadas por Mário Soares e Pedro Pires. Spínola não consegue impor-se e a descolonização avança.
Tomada de posse do I Governo Provisório. O Presidente da República, António de Spínola, com os membros do Governo liderado por Adelino da Palma Carlos

6 de junho de 1974

“Abraço de Lusaka”
Lusaka, na Zâmbia, é palco de um encontro entre as autoridades portuguesas e a FRELIMO, que abriu caminho para um acordo de descolonização. O encontro ocorrido no dia 6 de junho ficou conhecido como “abraço de Lusaka” depois do abraço trocado entre Mário Soares, na altura ministro dos Negócios Estrangeiros do primeiro Governo português provisório, e Samora Machel, futuro Presidente de Moçambique e líder da FRELIMO. Mário Soares volta à Zâmbia três meses meses depois para a assinatura dos Acordos de Lusaka entre o Estado português e a FRELIMO a 7 de setembro de 1974.
Samora Machel (esq.) e Mário Soares em Lusaka, onde em junho de 1974 se iniciaram as negociações com a FRELIMO para a independência de Moçambique

25 de junho de 1974

Proclamação da independência da República Popular de Moçambique
25 de junho de 1975 é a data escolhida para a proclamação da independência da República Popular de Moçambique. Samora Moisés Machel, que será o primeiro Presidente do páis, faz o pronunciamento. Marcelino dos Santos, também da FRELIMO, assumiu o cargo de Vice-Presidente.Mas Portugal ainda não reconhece a independência de Moçambique. Ainda em junho, as negociações das autoridades portuguesas com o PAIGC prosseguem em Argel. Portugal e a UNITA chegam a acordo para pôr fim às hostilidades em Angola. Um total de 8.290 soldados portugueses morreram nos 13 anos de guerra colonial nas varias regiões da África lusófona.
Pintura alusiva a fundação da República Popular de Moçambique no centro de Lichinga, na província nortenha do Niassa


BIBLIOGRAFIA:
Afonso, Aniceto/Gomes, Carlos de Matos, Os Anos da Guerra Colonial - 1961.1975, Lisboa, Quidnovi, 2010.
Cervelló, Josep Sánchez, A Revolução Portuguesa e a sua Influência na Transição Espanhola (1961-1976), Lisboa, Assírio & Alvim, 1993.
Marques, A. H. Oliveira, Breve História de Portugal, Lisboa, Editorial Presença, 2006.
Rodrigues, António Simões (coordenador), História de Portugal em Datas, Lisboa, Temas e Debates, 2000 (3ª edição).

Agradecimento especial:
Casa Comum (Fundação Mário Soares)
www.dw.com
29
Ago16

CONTRA O ESQUECIMENTO…

António Garrochinho


 
Até ao outro lado da sala de paredes nuas e brancas contavam-se 18 passos. Rafael sabia a distância de cor. Fazia o mesmo caminho, para um lado e para o outro, centenas de vezes por dia. Indefinidamente. Além de uma mesa, duas cadeiras e dois falsos quebra-luzes que escondiam microfones e altifalantes, nada mais havia naquele espaço. Quando virava as costas ao pide que o vigiava para o impedir de dormir e se dirigia para o outro lado, andava o mais vagarosamente que conseguia. Naqueles 18 pequenos passos, um pé logo a seguir ao outro, fechava os olhos e dormitava. Na sua cabeça, a contagem não podia parar. Ao 17º sabia que estava a pouco mais de dois palmos da parede. Andava mais um, batia ao de leve no cimento frio, abria os olhos e iniciava o caminho contrário.

Foi assim durante 31 dias e 31 noites. Quando viu pela primeira vez a sombra das grades reflectida na parede, ao nascer do Sol, sentiu-se invadido pelo vazio. Depois, “por defesa e por sobrevivência”, habituou-se.

A sensação de dominar o espaço dava-lhe algum conforto. O conforto possível num pesadelo. Quando o mudaram para outra sala de interrogatório, sentiu que lhe destruíam a casa. “Era quase rigorosamente igual, mas havia pormenores como uma mancha no chão ou uma racha na parede que não o eram exactamente.” Não estavam no mesmo sítio onde era suposto estarem, no sítio que ele já conhecia e sabia indicar de olhos fechados. Nem eram exactamente 18 os passos que separavam as duas paredes e lhe permitiam, por um minuto, adormecer. 

A mudança, que se tornou frequente, arrasava a réstia de equilíbrio e lucidez que tanto se esforçava por manter. Nesses momentos, as alucinações assaltavam-no; mais do que nunca, dominavam-no.

Das tomadas de electricidade via sair gases de várias cores que se acumulavam no chão, uns ao lado dos outros, sem se fundirem. Com medo de sufocar e morrer intoxicado, Rafael agitava a perna no ar e dava pontapés naquelas nuvens para que se esfumassem e desaparecessem. As paredes transformavam-se em enormes engrenagens, máquinas de destruição prestes a esmagarem os que lhe eram mais próximos. Amigos e familiares tentavam, em vão agarrar-se ao que podiam, mas as mãos escorregavam-lhes e eles caíam desamparados nas turbinas metálicas que, lenta e dolorosamente, os faziam desaparecer. Tudo se passava à frente dos seus olhos e ele, desesperado, assistia. 
Correu para a parede e tentou parar as máquinas com as próprias mãos. Com os dedos, arranhou o cimento até as unhas lhe sangrarem. Gritava, pedia ao pide que o ajudasse a salvar os que morriam. Nada acontecia. Impotente perante o sofrimento dos amigos, Rafael desejou que também ele fosse engolido. Com a força que lhe restava, atirou-se de cabeça. “Acordou” da alucinação com dois inspectores a agarrarem-no para que não se matasse, tal era a violência com que, uma e outra vez, batia com o crânio na parede.

Nos primeiros dias de tortura, Rafael “estava constantemente a levar tareia”. Ao início, todos os dias. Várias vezes ao dia. Queimaram-lhe as mãos com pontas de cigarro e “faziam quase um concurso para ver quem batia da forma mais cruel, com chicotes, fios eléctricos, cassetetes e matracas”. A um dos inspectores, com pronúncia alentejana, sempre com sapatos de tacão e calças demasiado curtas, ganhou um ódio particular. Nos interrogatórios, os pides revezavam-se em turnos. O alentejano chegava muitas vezes bêbedo. Dava-lhe pontapés no tendão de Aquiles e um dia deslocou-lhe o joelho esquerdo. Rafael esteve seis dias sentado numa cadeira com um inchaço na perna que o impedia de andar.

Ganhou-lhe uma raiva descontrolada. Uma vez, mal o inspector entrou na sala para começar o turno, correu para ele, deitou-o no chão e apertou-lhe a garganta. Perante os gritos, outros agentes correram em auxílio. Agarraram-no, tentaram tirá-lo de cima do outro, mas não conseguiram. Rafael parecia possuído por uma força sobre-humana. “Estava capaz de o comer vivo.” Sem meios para travar o ataque, os outros partiram-lhe uma cadeira na cabeça. Caiu para o lado, inanimado, e só assim o largou.

Não tinha o mesmo ódio a todos os agentes. “Havia os pides velhos, de cinquenta e tal anos, muito brutos, fanáticos e terríficos, mas havia alguns mais novos que pareciam não ter sido ainda completamente convertidos. Os rudes nunca interrogavam. Entravam só para bater.”
Menos de uma semana depois de ser preso, no final de Setembro de 1973, os inspectores Santos Costa e Inácio Afonso, dois dos mais temidos, arrastaram-no uma noite, […] para um carro, com mais dois agentes, e seguiram pela Marginal até à Boca do Inferno, em Cascais. […] e ameaçaram atirá-lo se insistisse em não falar. Rafael continuou calado. A pergunta, repetida vezes sem conta, era sempre a mesma. Onde estava Palma Inácio, o fundador e líder da LUAR (Liga de União e de Acção Revolucionária), uma das mais importantes organizações de luta armada a surgir em Portugal para combater o Estado Novo.
Carismático e misterioso, Hermínio da Palma Inácio era, para muitos, uma figura quase mítica. E, para a PIDE, um dos principais alvos a abater. Em 1961, o ex-militar da Força Aérea desviou um avião da TAP que fazia a ligação Casablanca- Lisboa, sobrevoando a baixa altitude várias cidades do país, incluindo a capital, para lançar perto de cem mil panfletos de apelo a uma revolta popular contra a ditadura. Participou, também, no assalto à delegação do Banco de Portugal da Figueira da Foz, onde foram roubados cerca de trinta milhões de escudos para financiar as operações de luta contra o regime.

Preso em 1968, quando tentou tomar a cidade da Covilhã, com outros cinquenta operacionais da LUAR, Palma Inácio foi condenado a 15 anos de prisão, mas conseguiu evadir-se da cadeia do Porto nove meses depois, numa fuga particularmente humilhante para a PIDE. Palma Inácio serrou as grades com lâminas que a irmã conseguiu fazer-lhe passar e que a polícia política, apesar de avisada de que existiam, nunca conseguira encontrar nas sucessivas revistas à cela.

Para Rafael Galego, Palma Inácio era um líder mas também um amigo. Rafael envolveu-se no combate à ditadura muito antes de o conhecer. A luta estava-lhe no sangue. Cresceu em Trás-os-Montes, no concelho de Montalegre, junto à fronteira com a Galiza, para onde o pai foi destacado como encarregado de obra na construção de uma barragem. Viviam isolados de povoações, num bairro construído apenas para os trabalhadores da obra. Solidária com a oposição, a família ajudou muitas vezes emigrantes clandestinos e refugiados políticos a darem o salto para Espanha. Davam-lhes farnel e dormida, escondendo-os da polícia. Em 1958, tinha Rafael 8 anos, o pai participou activamente na campanha de Humberto Delgado para as eleições presidenciais. Ao irmão, nascido nesse ano, deu o nome do candidato para o homenagear.

Como grande parte da população naquela época, Rafael acabou a 4ª classe e deixou os estudos. Aos 12 anos começou a trabalhar na barragem como “pinche”, um aprendiz de mecânica. Três anos depois, a construção acabou e a família mudou-se para Alverca. De dia, o miúdo magro e de corpo franzino trabalhava como metalomecânico na fábrica da Mague; à noite, frequentava um curso de formação para serralheiros. Nessa altura, ainda adolescente, juntou-se ao PCP. Pouco depois, com 19 anos, e como tantos que a família tinha ajudado em Trás-os-Montes, saltou a fronteira para fugir à guerra. Chegou a França sem dinheiro, sem conhecer ninguém, nem falar francês. Dormiu ao relento em bancos de jardim ou escondido no metro, nas noites mais frias. Sem conseguir arranjar trabalho, juntou-se a outros portugueses e partiu para o Luxemburgo. “Nem sequer sabia onde ficava o país.”

Desta vez, no entanto, a experiência correu bem. Alugou um quarto, encontrou emprego numa fábrica e juntou-se a um sindicato, ajudando a criar uma secção portuguesa na confederação de trabalhadores do Luxemburgo. Um dia, em 1971, foi abordado por um membro da LUAR para se juntar à organização. Rafael hesitou. “Mentalmente ainda estava ligado ao PCP.” Poucos dias depois, Palma Inácio encontrou-se com ele para o convencer. A amizade começou aí. Ganhou-lhe uma admiração e um respeito profundos. Foi-lhe fiel até ao fim.

Palma Inácio mudou-lhe o nome, deu-lhe um passaporte e uma carta de condução falsos e ensinou-lhe “tudo o que um guerrilheiro tem de saber”. Em França, para onde voltou a mudar-se, clandestino, Rafael era periodicamente chamado para treinos operacionais. Embrenhado no Bosque de Bolonha, aprendeu a lidar com radiotransmissores, teve formação em falsificação de documentos e treino de explosivos. Essa era, para ele, a parte mais fácil. Em miúdo, quando trabalhou com o pai na construção da barragem, já várias vezes tinha mexido em detonadores. Desta vez, no entanto, os professores não eram trabalhadores das obras, iletrados e pobres, mas “revolucionários profissionais”, como ele também queria ser.
 
 
No início de 1973, Rafael e outros quatro jovens que, com ele, tinham recebido treino estavam prontos. Sentiam-se preparados para qualquer missão que a Organização decidisse atribuir-lhes. Cansados do treino e dos simulacros, queriam actuar. Pediram a Palma Inácio para os deixar ir para Portugal. A luta pela democracia fazia-se lá. Não a dois mil quilómetros de distância, “em guerrilhas de café”. Em Julho desse ano, a LUAR decidiu enviá-los. Rafael e um controleiro, o chefe do grupo, foram de carro, transportando todo o equipamento: pistolas, metralhadoras, radiotransmissores, detonadores eléctricos e cargas explosivas. Os outros quatro meterem-se num comboio até Salamanca, onde o grupo voltou a reunir-se. Numa serra junto à cidade espanhola, abandonaram o carro e distribuíram uma pistola a cada um, escondendo o resto do material em sacos de mão. A ideia era saltarem a fronteira e entrarem em Portugal a pé, como tantos outros emigrantes.

O plano era esse, mas não foi o que aconteceu. Na aldeia raiana de Navasfrías, a poucos quilómetros de Portugal, foram interceptados pela polícia espanhola e encaminhados até ao posto para se identificarem. Era meio-dia e o calor apertava. Nas mãos, cada vez mais transpiradas pela temperatura e pela ansiedade, levavam sacos carregados de armamento. À entrada da esquadra, tiveram de pousá-los. Nesse momento, um dos agentes baixou-se e abriu o primeiro saco. Lá dentro estavam embrulhos que escondiam os detonadores. Não havia tempo para pensar. Antes do polícia ver o que era, Rafael puxou da pistola que trazia escondida nas calças. Foi tudo demasiado rápido. Assustados, os polícias fugiram para dentro do posto, onde o controleiro e um dos elementos do grupo estavam a ser identificados. Rafael e os restantes quatro fugiram, cada um na sua direcção.

Dois foram apanhados. O outro encontrou Rafael algumas centenas de metros à frente. Juntos, afastaram-se o mais que puderam da povoação e subiram uma montanha. Durante horas andaram perdidos no meio da serrania, sem mapas nem bússolas. Já a noite ia alta quando encontraram um pequeno cemitério isolado. Pelos nomes e pelas inscrições gravadas nas lápides, aperceberam-se de que já estavam em Portugal. Aliviados e exaustos, deitaram-se junto às campas.

Na manhã seguinte, caminharam até uma aldeia com casas de pedra, perdida no meio da serra da Malcata. Não viam ninguém. A aldeia parecia deserta. Junto a uma casa de dois andares, com o gado guardado no piso térreo, viram estacionado um carro com matrícula francesa, provavelmente, de um emigrante de visita à terra, nas férias de Verão. Podia ser a solução para um dos seus problemas mais imediatos. No bolso, Rafael tinha quinhentos francos que conseguira graças à sua guitarra, que vendera em Paris, antes de rumar a Portugal. O companheiro não tinha nada. Precisavam de trocar os francos por escudos para comprar um bilhete de comboio ou de camioneta até Lisboa. Traçaram uma história convincente para contar e combinaram que seria Rafael a fazer a conversa.

“Ó da casa!”, chamou. A senhora veio à porta e convidou-os a entrar. Ao emigrante, filho da dona, explicou que tinham planeado ir viver para França e que já tinham trocado o dinheiro para francos quando os avisaram de que o país estava a travar a entrada de novos emigrantes. Desistiram, mas ficaram com aquele dinheiro que em Portugal não lhes servia de nada. O emigrante aceitou, sem reservas nem perguntas, fazer-lhes o câmbio. Serviu-lhes café e pôs na mesa pão, presunto e queijo.

Não comiam há mais de um dia e “estavam mortos de fome”. Quando Rafael se preparava para se servir, o filho do emigrante, uma criança irrequieta com 2 ou 3 anos, simpatizou com ele e foi sentar-se ao seu colo. Rafael tinha a pistola escondida nas calças, entre a cintura e o fecho. Teve medo de que a criança, que não parava quieta, a descobrisse. Pôs uma mão sobre a arma e com a outra agarrou o miúdo. Não sobrava nenhuma para tirar uma fatia de pão. Ao seu lado, o companheiro não parava de comer. A dona da casa via-o com gosto a deliciar-se e insistiu para que também Rafael se servisse. Ele não tinha como. Agradeceu, mas recusou, dizendo que estava sem fome.

Deixou a casa de barriga vazia. Sempre por caminhos afastados da estrada, continuaram até encontrarem uma linha de comboio. Seguiram os carris até à estação e compraram dois bilhetes para o Porto. Para despistar a polícia, saíram na Guarda e apanharam outro comboio rumo a Lisboa. Quando chegaram à capital “eram dois pardalitos isolados, clandestinos e sem forma de entrar em contacto com a Organização”. Era o mais importante. Tinham urgência em avisar Palma Inácio da prisão dos companheiros em Espanha. Foram bater à porta de um padre que Rafael sabia pertencer à LUAR e que já tinha sido preso uns anos antes. Contou-lhe que o grupo fora desmantelado e que só restava ele e outro companheiro. Pediu-lhe para ir a França avisar o líder e dizer-lhe que ficaria a aguardar o contacto para uma nova missão. Separou-se do amigo, que partiu para a Covilhã, de onde era natural, e rumou a Alverca, que conhecia bem.

Nunca chegou a ser chamado para outra operação. Foi preso pouco tempo depois, em 23 de Setembro de 1973, exactamente um mês após o desaire de Navasfrías. Sabendo, pela vida que levava, que o mais provável era ser apanhado, Rafael tinha pedido há muito a Palma Inácio e a outros ex-presos políticos pertencentes à Organização para lhe descreverem, ao pormenor, as torturas e os métodos da PIDE. Quando foi capturado, julgava saber o que o esperava, mas foi, afinal, muito pior do que antecipara e do que as descrições o tinham feito imaginar. Esteve um mês em privação de sono, considerada uma das mais difíceis, dolorosas e perturbadoras formas de tortura. Um mês sem se lavar, a andar aos círculos numa sala, à mercê de alucinações agoniantes e espancamentos periódicos.

Durante todo esse tempo, trazia nas palmilhas 11 folhas de serrote para tentar escapar. Há muito que andavam com ele, dentro dos sapatos, para o caso de um dia ser preso e precisar. No primeiro mês, no entanto, estivera sempre vigiado por um pide, pelo menos. Quando, ao fim de 31 dias de tortura, o tiraram da sala de interrogatório e o levaram em ombros para uma cela no reduto norte, onde o depositaram e o fecharam sozinho, já não tinha como as usar. Destruído, meio louco, sem força e sem fé, era uma amostra de homem com 52 quilos, que mal conseguia pôr-se em pé.
Mas estava orgulhoso. Conseguira resistir. Mal sabia que ainda não tinha acabado. Depois de dois dias a dormir, quando pensava que o calvário chegara ao fim, arrastaram-no, novamente, para mais seis dias e seis noites de tortura do sono. Implorou para o mataram. “Era preferível morrer. Já não encontrava sentido para o sofrimento” em que se encontrava. Lembrava-se das ameaças na Boca do Inferno e desejava que o levassem outra vez e que o atirassem ao mar ou que acabassem com ele ali mesmo, com um tiro certeiro e misericordioso. “Estava capaz de contar a vida toda, o que sabia e o que não sabia. Mais um minuto e teria falado.” Nesse instante, porém, foram buscá-lo e levaram-no ao gabinete do chefe de brigada. Entrou e viu pendurado num cabide um casaco de flanela aos quadrados que tão bem conhecia. De imediato, percebeu que todo o sacrifício fora em vão. Palma Inácio, o seu líder, o amigo a quem jurou ser sempre fiel, tinha sido apanhado.


Joana Pereira BastosOS ÚLTIMOS PRESOS DO ESTADO NOVO,
tortura e desespero em vésperas do 25 de Abril

luardejaneiro.blogs.sapo.pt
29
Ago16

FOTOGALERIA - SAGRADO MARFIM - Desde a proibição do comércio internacional de marfim, em 1989, centenas de milhares de elefantes foram abatidos e milhões de dólares foram negociados em virtude desta exploração ilegal.

António Garrochinho


Sagrado Marfim

brent stirton god's ivory (1)
Guarda-florestal retirando a presa de um elefante abatido no Amboseli National Park, Quênia. O marfim foi salvo dos contrabandistas. O elefante, como podem ver, não teve esta sorte.
Desde a proibição do comércio internacional de marfim, em 1989, centenas de milhares de elefantes foram abatidos e milhões de dólares foram negociados em virtude desta exploração ilegal.
O curioso é que um grande mercado explorador de marfim tem escapado das críticas: a religião. Católicos, budistas, muçulmanos, entre outras crenças, manifestam sua fé por meio de artefatos de marfim. Estes ícones são abençoados por monges e padres e presenteados entre chefes de Estado. Jamais algum chefe de tráfico de marfim foi pego e incriminado, o que mantém este comércio secular inabalável. Cada item de marfim comprado representa um elefante morto.
O fotojornalista Brent Stirton, da National Geographic, trabalhou com o jornalista Bryan Christy, da agência Getty, durante três anos. O trabalho fotojornalístico recentemente recebeu um prêmio no 49º Wildlife Photographer of the Year, na categoria Wildlife Photojournalist (veja aqui outros vencedores do concurso). Brent e Bryan percorreram países da África e da Ásia para retratar o comércio ilegal, os abatimentos, colecionadores de marfim e religiosos que ostentam os objetos como ícones sagrados. A reportagem foi veiculada em outubro de 2012, no site da National Geographic.
Para combater este mercado negro e proteger os elefantes, há o Kenya Wildlife Service (KWS), mas pouquíssimos recursos são destinados ao serviço, o que torna impossível diminuir o ritmo dos caçadores. A população de elefantes africanos está em torno de 500 a 700 mil e os abatimentos ultrapassam o número de 25 mil ao ano. Já a população de elefantes asiáticos não passam de 50 mil.
Abaixo algumas das fotos feitas por Brent Stirton. O trabalho do fotógrafo pode ser melhor apreciado em seu site oficial: brentstirton.com.
brent stirton god's ivory (7)
O maior crucifixo de marfim das Filipinas, pendurado em um museu em Manila. A escultura, com 30 centímetros de comprimento, foi esculpida a partir de uma única presa. A peça data do início dos anos 1600, quando galeões espanhóis começaram a trazer artesanato de marfim da Ásia para a Espanha e para o Novo Mundo.
brent stirton god's ivory (6)
“Eu não vejo um elefante, eu vejo o Senhor”, diz um filipino colecionador de ícones religiosos de marfim.
brent stirton god's ivory (2)
Um dos maiores ataques da história. Mais de 300 elefantes foram mortos com granadas e tiros de AK-47. A carnificina aconteceu no Bouba Ndjidah National Park, em Camarões.
brent stirton god's ivory (3)
Trabalhadora na maior fábrica de esculturas de Marfim, na China. Em 2008, o país comprou 73 toneladas de marfim da África.
brent stirton god's ivory (4)
A Tailândia é suspeita de ser o principal caminho de tráfico de marfim entre a África e a China. São objetos sagrados e utilizados por budistas.
brent stirton god's ivory (5)
Marcial Bernales faz esculturas de marfim há 45 anos nas Filipinas. Já esculpiu centenas de objetos, todos de cunho religioso.
brent stirton god's ivory (9)
Elefantes em Tsavo, Quênia.
Uma única presa pode ser vendida no mercado negro por até 6 mil dólares. O suficiente para sustentar um queniano durante 10 anos.
brent stirton god's ivory (8)
Uma apreensão de contrabando de Marfim, no Quênia. Presas pequenas significam que elefantes jovens foram mortos.
OCIOSO
29
Ago16

embora os meus olhos sejam

António Garrochinho
Embora os meus olhos sejam
os mais pequenos do mundo
o que importa é que eles vejam
o que os homens são no fundo
Que importa perder a vida
na luta contra a traição
se a razão mesmo vencida
não deixa de ser razão
Vós que lá do vosso império
prometeis um mundo novo
calai-vos que pode o povo
querer um mundo novo a sério
Eu não tenho vistas largas
nem grande sabedoria
mas dão-me as horas amargas
lições de filosofia
António Aleixo
Foto de António Garrochinho.

29
Ago16

As Brutais Atrocidades Belgas na África (E o "Grande Esquecimento")

António Garrochinho


Essa postagem é de autoria de Rusmea , dos blogs curionautas.com.br  rusmea.com



Leopoldo II nascido em Bruxelas, a 9 de abril de 1835 morto em Laeken, a 17 de dezembro de 1909, foi o segundo rei dos belgas. Era o segundo filho do rei Leopoldo I, a quem sucedeu em 1865, permanecendo rei até sua morte. Foi irmão da imperatriz Carlota do México e primo-irmão da rainha Vitória do Reino Unido.

Os escravos que eram considerados "preguiçosos", estavam sujeitos a uma punição brutal.



O regime da colônia africana de Leopoldo II, o Estado Livre do Congo, tornou-se um dos escândalos internacionais mais infames da virada do século XIX para o XX. O relatório de 1904, escrito pelo cônsul britânico Roger Casement, levou à prisão e à punição de oficiais brancos que tinham sido responsáveis por matanças a sangue frio durante uma expedição de coleta de borracha em 1903 (incluindo um indivíduo belga que matou a tiros pelo menos 122 congoleses).


Leopold acreditava fervorosamente que colônias ultramarinas foram a chave para a grandeza de um país, e trabalhou incansavelmente para adquirir território colonial para a Bélgica. Leopold, eventualmente, começou a adquirir uma colônia de modo privado, como um cidadão comum. O governo belga emprestou-lhe dinheiro para este empreendimento.

Leopoldo II 


Em 1868, quando Isabel II foi deposta como Rainha da Espanha, Leopold tentou tirar proveito de seu plano original para adquirir as Filipinas. Mas sem fundos, ele não teve sucesso. Leopold então concebeu outro plano mal sucedido como estabelecer as Filipinas como um Estado independente, o que poderia, então, ser governado por um belga. Quando ambos os planos fracassaram, Leopold mudou suas aspirações de colonização para a África.
Mapa Belga do Congo de 1884


Em 1876 Leopold organizou uma companhia privada disfarçada como uma associação científica e filantrópica internacional, o que ele chamou de Sociedade Internacional Africana, ou a Associação Internacional para o Estudo e Civilização do Congo.

Incontáveis mulheres e crianças tiveram seus braços cortados fora, simplesmente porque suas famílias não conseguiram bater a cota de trabalho.


Em 1878, ele contratou o famoso explorador Henry Stanley para explorar e estabelecer uma colônia na região do Congo. Grandes manobras diplomáticas resultaram na Conferência de Berlim de 1884-1885 sobre assuntos africanos, em que representantes de catorze países europeus e os Estados Unidos, reconheceram Leopold como soberano da maior parte da área para a qual ele e Stanley haviam reinvidicado. Em 05 de fevereiro de 1885, o Estado Livre do Congo , uma área 76 vezes maior do que a Bélgica, foi estabelecido sob as regras pessoais e exército privado de Leopold II, a "La Force publique".

Escravos seguram as mãos de quem havia acabado de ser amputado. (Aparentemente, forçados a segurarem as mãos, apenas para tomarem a foto. NDT. ONE)




Leopold, em seguida, acumulou uma enorme fortuna pessoal através da exploração do Congo. O primeiro foco econômico da colônia era o marfim, mas esta não deu os níveis esperados de receita. Quando a demanda global por borracha explodiu, as atenções se voltaram para o trabalho intensivo de coleta de seiva de seringueiras.

Braços cortados.


Abandonando as promessas da Conferência de Berlim na década de 1890, o governo do Estado Livre restringiu o acesso externo e forçou os nativos a trabalharem como escravos. Abusos, especialmente na indústria da borracha, incluído a efetiva escravização da população nativa, espancamentos, assassinatos generalizados, e frequente mutilação de homens, mulheres e crianças quando as cotas de produção não eram cumpridas.

Um escravo observa com tristeza, a mão e o pé amputado da própria filha.


O autor e jornalista norte-americano Adam Hochschild, em seu livro King Leopold's Ghost, escreveu que houve um "grande esquecimento" depois que o rei transferiu a posse de sua colônia à Bélgica. Ele cita várias linhas de investigação, pelo antropólogo Jan Vansina e outros, que analisaram fontes locais (registros policiais, registros religiosos, tradições orais, genealogias, diários pessoais, e "muitos outros"), que geralmente concordam com a avaliação da comissão do governo belga de 1919: cerca da metade da população pereceu durante o período de Estado Livre.

Esta menina teve a mão e o pé amputados.


Hochschild lembra que, em sua visita ao Museu Real da África Central na década de 1990, nada era mencionado a respeito das atrocidades cometidas no Estado Livre do Congo. Outro exemplo dado por Hochschild é o monumento, em Blankenberge, de um colono "trazendo a civilização" com uma criança negra aos seus pés, ilustrando mais o chamado "grande esquecimento". Adam Hochschild dedicou um capítulo inteiro do seu livro ao problema da estimativa do total de mortes...Chegando a um número aproximado de 10 milhões de pessoas.
Nem sempre os que não cumpriam com a cota de produção, tinham as mão amputadas, mas invariavelmente quebravam os seus braços. 


 
Mesmo meninas, tinham suas mãos cortadas fora como forma de punição. 

Governante humilhando uma congolesa nua.

Crianças de tenra idade, também estavam sujeitas a mesma punição, caso não cumprissem com a sua cota diária de coleta de seiva.

Esta foto da Wikipédia possui a seguinte legenda na própria imagem: "A foto se infiltrou em todos os lugares"

Muitas famílias de escravos eram mantidos presos com correntes para evitar que fugissem.

Acorrentados com cadeados.

A foto mostra um membro de "La Publique Force", aplicando uma punição a um escravo.

Escravos acorrentados com os soldados de "La publique force".

Com vergonha, este homem oculta os braços amputados.

Como podem ver no homem à direita, a punição Belga se estendia a amputação de narizes e orelhas também.





Durante o governo Belga, o povo congolês viveu na miséria






ONE
china.com
en.wikipedia.org/wiki/Leopold_II_of_Belgium

www.omundoreal.com
29
Ago16

De Charlot a Chaplin

António Garrochinho


Escrito por Orlando Vitorino




1. Há quem prefira o Charlot, palhaço, mudo, sempre extremamente indignado com a injustiça dos poderosos, das máquinas e das organizações, sempre extremamente enternecido com a variada inocência das crianças, das adolescentes virginais e da natureza. Mas há nessa preferência qualquer coisa de saudade de nós próprios, de uma infância perdida, de que Charlot foi, para a maior parte dos nossos contemporâneos, o último boneco ou o último brinquedo.

2. Até quando pôde, Chaplin deixou-se ser esse boneco articulado e mudo, até quando o cinema fez sentir o maquinismo no momento das personagens e para mais do que até quando as suas personagens não tinham voz.

Mas na infância perdida se esquece e se deixa a natural inocência que só a palavra pode substituir e transcender. O boneco sabiamente, fez-se homem, o palhaço cedeu ao actor como a pantomima à representação, e às situações extremas do riso e das lágrimas, da farsa grotesca e da tragédia melodramática substituiu-se a serena ironia intelectual quando se trata da inocência (veja-se a discussão entre o rei e a criança no colégio de Nova Iorque), ou a radical negatividade do humor quando se trata da injustiça (que é o que domina, veja-se, todo o «M. Verdoux»).

3. Fora de uma «carpintaria» espectacular ninguém se lembrará de refutar a superioridade da ironia e do humor sobre o melodrama e a farsa. No que consiste tal superioridade é nisso mesmo, de estas últimas dispensarem a palavra enquanto aquelas só pela palavra se podem manifestar. Compare-se uma cena de farsa e uma cena de ironia em seus exemplos extremos: a farsa do polícia que ensina a um professor as regras do trânsito rigorosamente deverá evitar o uso de palavras; a ironia de Sócrates que ensina ao escravo Ménon a ignorância e a ciência, só pode exprimir-se através da palavra: «Repara, Ménon, que nada mais faço senão interrogar».

4. Não pode, porém, o escravo ser interrogado sobre a sua situação de escravo (ou sobre a injustiça que é o assunto de metade da obra e da figura de Charlot) porque a interrogação se dirige, precisamente, ao homem livre ou, em termos socráticos, ao que no homem é livre, ao conhecer-se ignorante para poder conhecer-se a si mesmo.

Substituindo o palhaço pelo actor, o boneco mudo pela personagem que fala, Chaplin substituiu, ou, melhor, desenvolveu a luta contra a injustiça na luta pela liberdade. Diríamos para cá, entre nós, que o socialista cedeu ao anarquista se C. Chaplin não fosse, sobretudo, como desde Sócrates todos os ironistas, um mestre da libertação psicológica, anímica, reflexiva.

5. O monstro que, em defesa da liberdade, Chaplin combate neste «Rei em Nova Iorque» , é a propaganda, e conduz tal combate através da destruição dos sofismas que a constituem. Esses sofismas consistem no seguinte: a propaganda começa num juízo a que se não dá nem pode dar qualquer fundamento. Por exemplo: esta pasta de dentes é a melhor do mundo. Porque não tem fundamento, este juízo é indiscutível ou seria vão discuti-lo; e porque se não pode discutir, é um juízo definitivo, ou seja, inapelável.

Da propaganda não viria grande mal ao mundo se o seu inicial juízo apenas se referisse a pastas de dentes ou a coisas como pastas de dentes. Mas os seus sofismas alargam-se a outros domínios e pretendem atingir até aquela liberdade que o escravo Ménon possuía. O próprio Chaplin nos tem dado outros exemplos da mesma propaganda. Este: se desço o passeio com o pé esquerdo. Logo nos EUA haverá quem judique: este homem é comunista, se desço o passeio com o pé direito, logo na Rússia haverá quem judique: este homem é fascista. Assim se obtém o juízo final, e como o descer do passeio o não possibilita, trata-se de um juízo sem fundamento, logo indiscutível, logo inapelável.

Em Portugal (queremos dar um exemplo nosso, mas como havemos de o dar ironicamente?) é a vida cultural que está sendo sujeita ao processo da propaganda. Por motivos de grupo dominante ou homogéneo, de amizade ou de hostilidade política de ser da extrema-direita (que entre nós se considera direita), e de ser da direita (que entre nós se considera esquerda), por motivos, portanto, que não são fundamentos, judica-se: este livro é o melhor, este autor ganha o prémio, este livro é o pior, este autor silencia-se. Alberto de Lacerda, há dias, sem se referir ao filme de Chaplin, comparava os escritores portugueses às vedetas de Hollywood.

6. Proibida a discussão, proclama-se como atributo da verdade isso mesmo de não ser discutida. E o que nos ocorre é o «Ensaio sobre a Liberdade», de Stuart Mill: «Os que julgam defender a liberdade impedindo os homens de a discutir, o que conseguem é apenas transformá-la em superstição» (in Diário de Notícias, ano 98, n.º 34607, Lisboa, 1960, pp. 76-82).









liceu-aristotelico.blogspot.pt
29
Ago16

AQUI HÁ GATO !

António Garrochinho

HÁ ANOS QUE ANDA POR AÍ MUITA GENTE A FALAR NA REDUÇÃO DOS DEPUTADOS.
É PRECISO ANALISAR QUEM TRABALHA E QUEM OCUPANDO O LUGAR SERVE A POPULAÇÃO, O POVO.
HÁ OS QUE SÓ LÁ ESTÃO PARA ENCHER AS ALGIBEIRAS, AS SUAS PRÓPRIAS E AS DOS QUE EXPLORAM E ROUBAM OS PORTUGUESES.
SERIA BOM QUE O MÉTODO DE ELEIÇÃO DOS DEPUTADOS NÃO FOSSE INJUSTO E ALDRABÃO COMO É.
ISSO SIM SERIA JUSTO !
António Garrochinho
29
Ago16

ESSA DE IR MORAR PARA MARTE É QUE ME FAZ COMICHÃO NA CABEÇA ! SERÁ DOS PIOLHOS DA PROPAGANDA ? TALVEZ O PRÓXIMO CIENTISTA ESTEJA MORRENDO DE FOME NA ETIÓPIA

António Garrochinho


Neil deGrasse Tyson (Bronx, EUA, 1958) é um dos divulgadores científicos mais reconhecidos do mundo. Este astrofísico assumiu o lugar de Carl Sagan à frente da nova versão da série Cosmos, programa de sucesso que despertou vocações científicas no mundo inteiro. Tyson estudou no Instituto de Ciência do Bronx (Nova York), um centro público de ensino médio muito seletivo e especializado em matemática e ciência. Ao final do curso, o próprio Carl Sagan o chamou para que fosse visitá-lo, com a intenção de contratá-lo para sua universidade, Cornell. Tyson preferiu Harvard, mas diz que descobriu em Sagan “o tipo de pessoa em que queria me transformar”.
O cientista comparece pela primeira vez ao festival Starmus, realizado até sábado em Tenerife (ilhas Canárias), na Espanha, onde concedeu esta entrevista ao EL PAÍS.

Pergunta. Acha que os humanos estão ficando cada vez mais irracionais, mais fanáticos?

Resposta. A primeira coisa que você pode pensar é em culpar as pessoas que se comportam dessa forma, mas eu sou um educador e tenho uma visão um pouco diferente. Acredito que haja comunidades inteiras que se sentem totalmente esquecidas. Há um grupo de pessoas perfeitamente formadas inventando coisas, ganhando mais riqueza por terem inovado. Se você não era bom nas suas aulas de matemática e ciências, se as rejeitava ou simplesmente foi formando outros valores, a primeira reação é rejeitar tudo isso, pensar: “Vocês estão todos equivocados, são meus inimigos”. Isso é muito humano. Isso nos leva a uma mudança no sistema educacional para ensinar às pessoas o que é a ciência e como e por que funciona. Não é só um conjunto de informações que você pode ignorar ou afastar porque assim decide. A ciência é a vida! Há ciência em toda parte, em tudo que nos rodeia, nos materiais, nos tecidos, nos telefones, nos automóveis… Seu celular se comunica com satélites GPS para que você saiba onde fica a casa de sua avó, e que precisa virar à esquerda para chegar. Isso nos lembra que precisamos envolver todo mundo nas novas descobertas tecnológicas, não criar um planeta onde alguns têm acesso a elas e outros não. Porque estes últimos as rejeitarão.

P. E o fato de que se ensine religião nas escolas?

R. Há dois tipos de verdades neste mundo. As pessoais, coisas que você sabe que são reais porque as sente. E há as verdades objetivas, essas que existem independentemente do que você sentir a respeito delas. E=mc2, essa é uma verdade objetiva. Não importa se você está ou não de acordo com ela, é uma verdade. As religiões são verdades pessoais. Para conseguir que alguém esteja de acordo com sua verdade pessoal, é preciso doutrinar ou convencer pela força, pela ameaça de morte. Houve muitíssimas guerras na história porque algumas pessoas tinham uma verdade pessoal diferente das de outrem. Não havia meio de resolver o conflito de forma objetiva, então se mataram para ver quem acabava dominando quem. Isto é ruim para a civilização. O melhor é que você guarde a sua verdade pessoal só para você. E, se conseguir chegar a ser chefe do Estado, ou alguém pode e deve ditar novas leis, numa sociedade livre você não deveria baseá-las nas suas verdades pessoais, porque as estaria impondo a outros que possivelmente não as compartilham. Se você vive em um país com católicos, protestantes, muçulmanos e hindus, e faz uma lei que não se baseia numa verdade objetiva, então isso se torna uma receita para a guerra. É o começo de uma teocracia, não de uma democracia. É o princípio do final de uma democracia bem informada.

P. Como civilização, você acha que evoluiremos até um ponto em que deixemos de nos exterminar mutuamente?

R. Vivemos no tribalismo. Os antropólogos sabem que os humanos são tribais por natureza. Existem a minha família e o meu povo, e se você estiver de fora é meu inimigo. Você pode se perguntar que tamanho deseja que a sua tribo tenha. Inclui todo mundo sobre a Terra? Todos os seres humanos? Essa é provavelmente a melhor solução para a sociedade. Mais do que a minha família, minha idade, as pessoas que falam meu idioma, as que têm o meu aspecto… E assim você toma decisões que beneficiam a todos e não são excludentes. Para isso precisamos que a nossa civilização evolua, como você diz.

P. Stephen Hawking acredita que não duraremos outro milênio neste planeta. Concorda?

R. Não estou de acordo com a utilidade dessa ideia. Pode ser que destruamos este planeta e tenhamos de ir morar em Marte. Mas antes será preciso transformá-lo para que seja como a Terra, e enviar alguns bilhões de pessoas para lá. Se tivermos a capacidade de transformar Marte dessa forma, também podemos mudar a Terra para que volte a se parecer com o que era. Não há necessidade de ir embora. É possível arrumar as coisas aqui em vez de reformar outro planeta. Então, a solução de Hawking funciona muito bem como manchete, mas na prática ninguém faria isso, simplesmente consertaríamos a Terra.

P. Antes, você falou da desigualdade como razão da rejeição à ciência e raiz do radicalismo. Estamos melhorando ou piorando nesse aspecto?

R. A educação é chave: ter líderes bem formados, ilustrados, não corruptíveis. Em muitas nações em desenvolvimento, é a própria corrupção que impede que o país todo cresça como deveria. A gente poderia ver isso a partir de uma postura muito egoísta e dizer que o próximo Einstein talvez esteja morrendo de fome na Etiópia, e a gente nunca saberá, porque é uma criança sem comida. Como cientista, quero que seja dada uma oportunidade a todo aquele que tiver a chance de pensar em como melhora nossa civilização. Se Isaac Newton tivesse nascido na África, acho que nunca teria conseguido chegar aonde chegou. Iria só se preocupar em não morrer. É verdade que ele se mudou para o campo a fim de evitar a peste em Londres, então sabia, sim, o que fazer para sobreviver nesse contexto. Mas, se perdermos gente assim na infância, estaremos reprimindo o avanço da nossa própria civilização. Uma das grandes tragédias da atualidade é que nem todo mundo tenha a oportunidade de ser tudo o que pode.

P. A Espanha (e outros países) atravessa uma crise econômica que levou a cortes de muitos investimentos em ciência e conhecimento. O que diria ao próximo presidente do Governo da Espanha se lhe pedisse um conselho?

R. Não, minhas palavras não seriam para o presidente, e sim para os que o elegeram. É preciso que entendam por que um político deveria ou não tomar certas decisões. Achamos que seria suficiente falar com o líder do Governo porque ele está no comando, mas suponhamos que seu presidente diga: “Sim, investiremos mais em pesquisa e desenvolvimento”. E que o público diga: “Não, espere, tenho fome agora, sou pobre.” Então isso deixa de funcionar. As políticas não conseguem se tornar realidade. Precisamos entender o valor da pesquisa e do desenvolvimento. Assim, quando o Chefe de Governo decidir fazê-lo, todo mundo o apoiará, não haverá discussão, pois todos entenderão a importância da iniciativa. Se você implementa uma série de investimentos, esperando que alguns tenham rentabilidade no curto prazo, outros no médio e outros no longo prazo, sempre haverá um fluxo de descobertas que você poderá apontar como resultados dos investimentos. Isso poderia funcionar. Sempre haveria algo do que falar, algo inventado na Espanha, uma nova máquina, um novo tratamento médico, tecnologias… Essas são as economias que vão liderar a civilização ao longo do século XXI.

P. Você diz que do Instituto do Bronx (Nova York), onde estudou, saíram oitoprêmios Nobel, a mesma quantidade obtida por toda a Espanha, por exemplo – cuja maioria não é de ciência, mas de literatura. O que isso significa?

R. O Nobel de Literatura é algo muito bom. Comunicação, ideias, histórias. É uma parte fundamental do ser humano: compartilhar histórias de outros. Mas vocês precisam se perguntar se na Espanha se conformam com isso ou se querem mais. Se as pessoas não querem mais, está bem, mas então não podem se queixar de que a economia não seja tão competitiva como outras da Europa ou do resto do mundo. Eu perguntaria: vocês têm feiras de ciência onde os estudantes fazem seus projetos e recebem reconhecimento por pensar de forma científica sobre o mundo? Por exemplo, agora estamos no festival Starmus. Eu me pergunto onde estão as grandes empresas que deveriam estar apoiando um evento assim. Possivelmente, acreditam que isso não é importante. Estão erradas. Isso é importante para todo mundo, para seu futuro, incluído o econômico. Você pode escolher não fazê-lo, mas irá a reboque do resto do mundo, dos que inventam. Suas doenças serão curadas graças aos esforços de pesquisa de outros países. Não há nada de ruim nisso, mas você terá de pagar o preço.

P. Os empresários também pensam que não há um retorno econômico nesse tipo de iniciativa…

R. Ah, claro, o retorno não virá neste trimestre, nada no balanço anual. É algo que chegará muito depois. A rainha Isabel, a Católica, sabia disso. Quando ela enviou Colombo à sua expedição, não estava pensando em recuperar o investimento no ano seguinte. Sabia que apostava no longo prazo, no futuro da Espanha. E, neste caso em particular, podemos discutir se o império espanhol foi algo bom ou ruim, mas certamente foi algo, refletia uma visão de país. Portanto, se você não reinvestir seus lucros em pesquisa, verá como eles cairão…

P. Que questões da astrofísica lhe interessam mais na atualidade?

R. Amamos o desconhecido. Estou interessado nas ondas gravitacionais, na matéria escura, na energia escura, na busca por vida. Há um multiverso? Podemos criar um buraco de minhoca? Há vida em Europa, uma das luas de Júpiter? E em Marte? Adoro todas essas perguntas. Mas a que eu mais gosto é dessa que nem sequer sei como formular ainda.

Fonte: El PAÍS

mundogeografico.com.br
29
Ago16

Igreja quer evitar pagamento de IMI para os seus imóveis

António Garrochinho



Ecónomos das dioceses foram convocados para Fátima. Conferência Episcopal diz que apoia todas as dioceses contra Fisco  

Dioceses reúnem-se hoje para preparar resposta ao fisco e tentar anular total ou parcialmente pagamento de imposto sobre imóveis

Os responsáveis pelas finanças das dioceses da Igreja Católica portuguesa foram convocados para uma reunião, hoje em Fátima, para acertarem em conjunto uma "reclamação graciosa" junto da Autoridade Tributária, por esta estar, alegadamente, a cobrar "contra a lei" - ou seja, contra a Concordata de 2004 - o imposto municipal sobre imóveis (IMI).

Na reunião de hoje, promovida pelo ecónomo (responsável financeiro da diocese) do Patriarcado de Lisboa, Álvaro Bizarro - com quem o DN tentou insistentemente falar, sem sucesso - deve ser encontrada uma resposta comum para aquilo que este padre classificou, em declarações à Rádio Renascença, "forma sôfrega com que se tenta cobrar impostos por tudo e por nada e em todo o lado".

As queixas de várias paróquias que estariam a ser notificadas para pagar IMI foram conhecidas a 19 de agosto, noticiadas pelo Jornal de Notícias. O porta-voz dos bispos portugueses, Manuel Barbosa (que também esteve incontactável ontem), antecipava nesse dia à Agência Ecclesia que "a Conferência Episcopal [Portuguesa] apoia naturalmente todas as dioceses, que têm os elementos, têm a lei, têm minutas, têm os documentos necessários mas naturalmente dá trabalho tentar responder a uma notificação que não é justa, que não faz sentido".

"Prédios não afetos ao culto"

No mesmo dia 19, o vigário-geral da diocese de Lisboa, Francisco Tito (que também não respondeu ao DN), fez seguir uma carta para os seus colegas párocos do Patriarcado - a que o DN teve acesso - em que notava que "a repartição de Finanças da área da paróquia veio requerer o pagamento de IMI dos prédios registados em nome da Fábrica da Igreja que não seja[m] afetos ao culto".

É aqui que reside o diferendo. A Concordata estabelece (ver caixa), como argumenta o Ministério das Finanças, num esclarecimento enviado ao DN, que a isenção fiscal se limita "aos imóveis diretamente afetos a fins religiosos (incluindo as dependências ou anexos daqueles imóveis destinadas a uso de IPSS)".

Segundo o gabinete de Mário Centeno, "a Igreja Católica (ou, mais precisamente, as pessoas jurídicas canónicas), quando também desenvolva atividades com fins diversos dos religiosos, assim considerados pelo direito português, como, entre outros, os de solidariedade social, de educação ou cultura, além dos comerciais e lucrativos, ficam sujeitos ao regime fiscal aplicável à respetiva atividade".

Nas declarações públicas feitas - quer por Álvaro Bizarro quer por Manuel Barbosa - os responsáveis sustentaram que o fisco está a extravasar as isenções definidas pelo texto concordatário. "As instituições de solidariedade social estão todas isentas de IMI. E os edifícios que são, por exemplo, pertença da Fábrica da Igreja, de outra pessoa jurídica canónica ao serviço de uma entidade social ou ao serviço de uma atividade de cariz social, mesmo que não seja oficialmente uma IPSS, mas seja equiparada pelo que faz, estão isentos", argumentou Bizarro na RR, especialista em direito canónico e que participou nas negociações do texto de 2004 (ver fotolegenda).

Estes casos não são de agora, reconhecem os dois padres. "Não é de agora, já em tempos recentes isto aconteceu, e essas notificações têm sido contestadas e tem-se obtido resposta positiva no sentido de não se pagar. Agora segundo algumas informações de dioceses, tem havido uma avalanche, uma extensão maior e uma insistência destas notificações", explicou Barbosa.

Não houve instruções, diz governo

O governo nega que tenha existido alguma instrução particular dada aos serviços. "Este governo não introduziu qualquer alteração legislativa nesta matéria nem emitiu qualquer orientação no sentido de serem retiradas quaisquer isenções previstas na Concordata. No âmbito das suas funções, os serviços da Autoridade Tributária identificam e corrigem quaisquer eventuais isenções que estivessem a ser aplicadas sem apoio legal, desde logo em incumprimento da Concordata aprovada em 2004", responderam as Finanças ao DN.

Igreja quer anular atos tributários

Hoje os responsáveis eclesiásticos que se reúnem em Fátima devem definir uma estratégia para pedir a "reclamação graciosa", que "visa a anulação total ou parcial dos atos tributários por iniciativa do contribuinte", como previsto no Código de Procedimento e de Processo Tributário.

Na carta do vigário-geral do Patriarcado de Lisboa pede-se que os párocos prestem "atenção ao correio" - porque "é dado o prazo de 15 dias para reclamar e estamos no mês de agosto!", escreve Francisco Tito - para que, mal recebam as notificações das Finanças, vejam "a que se referem os artigos matriciais e contacte[m] de imediato o Patriarcado para se preparar a "reclamação graciosa"".

O Ministério limitou-se a informar que, "em caso de discordância quanto à não aplicação de uma isenção em sede de IMI, qualquer contribuinte pode reclamar nos termos legais".


www.dn.pt
29
Ago16

OLHA QUE DOIS !TERESA GUILHERME PROCESSA SALGADO POR 3 MILHÕES

António Garrochinho

Apresentadora da TVI avançou com ação cível no dia 23 de agosto.

Teresa Guilherme interpôs uma ação cível em tribunal contra Ricardo Salgado, o BES em liquidação, o Haitong Bank (ex-BESI) e a Gnb - Sociedade Gestora de Fundos de Investimento Mobiliário (antiga ESAF - Espírito Santo Ativos Financeiros).

O processo deu entrada no Tribunal Cível de Lisboa a 23 de agosto, segundo revela a distribuição de processos existente no site do portal Citius. Com esta iniciativa, a apresentadora da TVI tenta recuperar os cerca de três milhões de euros que, segundo apurou o CM, terá aplicado em produtos financeiros do Grupo Espírito Santo (GES), como papel comercial.

Teresa Guilherme interpôs a ação cível em conjunto com duas empresas: a Teresa Guilherme - SGPS, SA e a Teresa Guilherme, SA, das quais a apresentadora e produtora de TV é a administradora única.

Contactada pelo CM, Teresa Guilherme escusou fazer comentários sobre o assunto

www.flashvidas.pt
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29
Ago16

INSECTOS - AS MORDIDELAS MAIS DOLOROSAS

António Garrochinho


Existem muitas criaturas no mundo que podem morder você e lhe causar uma dor imediata, mas em algumas delas essa dor vai bem além e a dor chega a ser terrível.


Conheça agora as 10 criaturas que possuem as picadas e mordidas mais doloridas do mundo. Então, se for possível faça de tudo para evitar se encontrar com elas, caso contrário sofrer um hematoma será o menor de seus problemas.

Primeiro fique com mais este vídeo incrível do Canal #Refúgio Mental:

 

Abelha do Suor
Escala de dor Schmidt: Nota 1,00.

As Abelhas do Suor são uma grande família de abelhas de tamanho médio que possuem cores em preto, metálico, amarelo bronze, ou até cores verdes brilhantes.

Essas abelhas não são agressivas, e muitas vezes as picadas são acidentais pois elas são atraídas pelo suor natural humano. Ao espanta-las, ocorre as picadas. Dependendo da quantidade de picadas pode até matar um ser humano.

Descrição: Dor Leve, efêmera, quase frutada. Como uma pequena faísca que chamusca um único fio de pelo em seu braço.

Formiga Lava-pés
Escala de dor Schmidt: Nota 1,20.

Essa é uma designação comum dada a diversas espécies de formigas de pequeno porte, geralmente avermelhadas, cuja ferroada é dolorosa.

Essas formigas constroem grandes formigueiros que se caracterizam pelo amontoado de partículas finas de terra na entrada. Também são conhecidas pelos nomes caga-fogo, formiga-brasa, formiga-de-cemitério, formiga-de-defunto, formiga-de-fogo, formiga quente, formiga-doceira, formiga-lava-pés, formiga-malagueta, formiga-ruiva, itaciba, jequitaia, jiquitaia, lava-pé, mordedeira, mossoró, queima-queima, pititinga, pixixica, taciba, taçuíra, taviriri, taçuva e uaiatu.

Formiga Acácia-de-chifre-de-Búfalo
Escala de dor Schmidt: Nota 1,80.


Essa formiga do gênero Pseudomyrmex têm um corpo em torno de 3 mm de comprimento e olhos muito grandes. Sua picada pode causar grande dor. 

Descrição da Dor: A picada dela é descrita por Schmidt “como se alguém cravasse um grampo em sua bochecha”.

Vespão Dolichovespula Maculata
Escala de dor Schmidt: Nota 2,00.


São insetos grandes com marcações brancas ou creme no abdômen e na parte da frente da cabeça, uma aparência que contribui e muito para o nome deles. Esses insetos atacam agressivamente qualquer intruso, o que torna difícil se livrar deles.

Descrição da Dor: É uma picada calorosa, pulsante ou rica. O fato de ainda ter veneno faz a picada machucar e o indivíduo ainda vai inchar durante as próximas 24 horas.

Vespa Jaqueta Amarela
Escala de dor Schmidt: Nota 2,00.


As vespas são insetos pertencentes à ordem dos himenópteros responsáveis pela polinização de diversas espécies de plantas. Dividem-se nas subordens Apocrita e Symphyta. As larvas da subordem Apocrita são usualmente carnívoras ou parasitóides, enquanto que as da Symphyta são herbívoras. No Brasil, também são chamadas de marimbondos (ou maribondos) as vespas da família Vespidae, Pompilidae ou Sphecidae.

Essa vespa pode picar seu alvo várias vezes sem morrer. Ela também possui fortes mandíbulas que imobilizam suas vítimas. 

Descrição da Dor: A dor é descrita “como apagar um charuto em sua língua”.

Abelha Honey
Escala de dor Schmidt: Nota 2,00.


Essas abelhas não o atacarão a menos que um intruso os ameace ou se a colmeia delas estiver em perigo. Uma vez que a abelha lançou o ferrão, o veneno é capaz de trabalhar seu caminho mais profundamente na pele, tornando crítico, por isso se deve remover o ferrão tão rápido quanto possível.

Descrição da Dor: A picada dessa abelha soa como uma sensação semelhante a um fósforo aceso e queimando a pele.

Vespão Europeu
Escala de dor Schmidt: Nota 2,00.


Essa vespa é nativa da Europa, Norte da África e Ásia e é considerada como uma praga na Austrália. São muito agressivas e podem picar várias vezes, especialmente quando seus ninhos são perturbados.

Descrição da Dor: A dor causada por esse inseto é semelhante a da Abelha Honey, mas ao invés de deixar seu ferrão como a abelha o Vespão morde, o sentimento é parecido como se uma cabeça de fósforo acesa fosse apagada diretamente pela sua pele.


Formiga Vermelha
Escala de dor Schmidt: Nota 3,00.


A formiga vermelha é uma das melhores candidatas para viver em uma fazenda, provando que não é uma praga urbana.

Descrição da Dor: A picada dessa formiga é vigorosa e impiedosa, como se alguém usasse uma broca para escavar sua unha encravada.


Vespa-do-Papel
Escala de dor Schmidt: Nota 3,00.


Elas normalmente constroem seus ninhos em áreas descobertas, com populações atingindo até 200 trabalhadoras, mas ao contrário das vespas nativas, elas também irão defender até as cavidades inferiores de seus ninhos.

Descrição da Dor: cáustica e ardida como fogo. Distintamente pungente e dolorosa no final. Como derramar um copo de ácido clorídrico em um corte na pele feito com papel. 


Vespa Tarântula-Falcão
Escala de dor Schmidt: Nota 4,00.


A vespa caçadora é o inseto que tem uma das picadas mais dolorosas conhecidas da humanidade. O tormento dura apenas três minutos, mas parece uma eternidade.


Descrição da Dor: A dor, avaliada como nível quatro no Índice de Dor de Ferroadas de Schmidt (o mais alto), é melhor descrita como “ferozmente elétrica”. Especialistas e pessoas que passaram por esse inferno reivindicam que é como ser eletrocutado.

Felizmente, o veneno dessas vespas, apesar de produzir dor intensa a curto prazo, carece de toxicidade significativa. Em outras palavras, a picada da vespa não é mortal, mas é tão dolorosa que te faz querer morrer.

Formiga de Cabo Verde

Escala de dor Schmidt: Nota 4,00 ou mais.

Em inglês o nome dessa formiga pode ser traduzido como Formiga-Bala [Bullet Ant] e ela não recebe esse nome por acaso. De acordo com o Índice de Dor de Picadas de Schmidt possui a picada mais dolorosa do mundo, que dura de 12 a 24 horas[ou mais]. A única coisa que alivia aqui é que elas costumam viver em florestas e por isso é difícil ter contato com elas.

Descrição da Dor: Pura, intensa e brilhante. Como andar sobre carvão aceso com uma agulha de 7 centímetros cravada no seu pé.


tudorocha.blogspot.pt
29
Ago16

BOMBA NO INSTITUTO DE CRIMINOLOGIA EM BRUXELAS

António Garrochinho

O Instituto de Bruxelas de Criminologia em 29 de agosto.

The National Forensic Institute Bélgica foi alvo de um incêndio na noite de domingo para segunda-feira, anunciou segunda-feira, 29 de Agosto de advogados Bruxelas. O prédio estava vazio e não houve vítimas eram lamentável , disseram.

tribunal não sabe que  explosivos foram usados ??no ataque, ao contrário do que relatou rádio belga RTL. O promotor Ine Van Wymersch declarou:
"Foi incêndio criminoso deliberado contra o laboratório da Polícia Federal. O incêndio causou explosões, mas ainda não foram encontrados vestígios de explosivos

Nenhuma evidência ainda para mostrar uma causa terrorista

  Acreditamos mais em incêndio sob o crime organizado " , ela disse.
Dois suspeitos foram presos. Mas o juiz ressaltou que eles não era necessariamente os autores do incêndio.
Na parte da manhã, o rádio RTL belga informou que uma bomba explodiu na noite antes dos laboratórios do Instituto Nacional de Criminologia e Forense (NCIC), localizado no norte de Bruxelas.
RTL adicionou um carro que forçou a entrada do parque de estacionamento do pequeno Institut antes de 2: 30 pm, passando por três cercas e um ou mais suspeitos seguida, fizeram explodir uma bomba perto do laboratório, que assumiu fogo após a explosão.

"Danos significativos"

O instituto é o principal centro da justiça cientista belga. Entre as tarefas atribuídas a ele, há a identificação e análise de vestígios de suspeitos, bem como a análise do funcionamento do sistema penal.
"O dano é significativo , disse um porta-voz dos bombeiros. A explosão foi muito violenta. janelas de laboratório foram destruídas e projectadas a várias dezenas de metros.

www.lemonde.fr
29
Ago16

Sobre a Festa do Avante! Um programa que «incide na variedade»

António Garrochinho


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AbrilAbril entrevistou Ruben de Carvalho, da direcção da Festa do Avante! e com um vasto percurso na área da cultura musical, para nos falar do programa cultural da Festa do Avante! e das expectativas para a 40.ª Festa que está aí à porta.

Ruben de Carvalho tem um longo percurso em várias áreas, nomeadamente ligadas à cultura e à política. É jornalista desde 1963 e autor de diversas publicações no domínio do Fado, bem como noutros universos da Música Popular, de programas de rádio (por exemplo Crónicas da Idade Mídia), e diversos artigos neste âmbito em jornais e revistas.
Foi chefe de redacção de Vida Mundial, redactor coordenador n'O Século e chefe de redacção do semanário Avante!, órgão central do PCP, a partir do primeiro número da série legal, director da rádio local Telefonia de Lisboa, membro do Conselho de Opinião da RTP, em 2002, e responsável pelo Avante!, de Abril de 1974 a Junho de 1995.
Foi membro do executivo da Comissão Democrática Eleitoral de Lisboa, membro executivo da Comissão Executiva das Festas de Lisboa e da Comissão Municipal de Preparação de LISBOA 94 – Capital Europeia da Cultura, deputado à Assembleia da República eleito pelo distrito de Setúbal e membro do Executivo da Comissão Organizadora da Festa do Avante! desde 1976.
Além de membro do Comité Central do Partido Comunista Português, foi também vereador da Câmara Municipal de Lisboa desde as autárquicas de 2005 e responsável nesta autarquia pelo Roteiro do Anti-fascismo.
AbrilAbril falou com ele, em particular sobre a Festa do Avante! que decorre já nos próximos dias 2,3 e 4 de Setembro, e mais especificamente sobre o programa cultural, desta e de outras Festas, no ano em que se celebra a 40.ª Festa do Avante!, e no contexto em que Ruben de Carvalho está envolvido na organização do seu programa cultural desde a primeira, em 1976, na FIL.
«Chegámos à conclusão que ao longo destes anos já passaram pela Festa do Avante!, entre nacionais e estrangeiros, com uma clara predominância de artistas portugueses, 20 a 30 mil artistas...»
São 40 Festas do Avante!. Foram muitos os programas culturais e os artistas a passar pela Festa. O que mais destaca destes anos?
Sobretudo a diversidade. Se fizermos contas, apesar da importância das Festas não se medirem a metro, o que tu tens são 40 anos, e falando apenas em dois palcos – o 25 de Abril e o 1.º de Maio – tens normalmente 34, 36, 37 espectáculos por Festa. Portanto, se para simplificar considerarmos 35 vezes 40, são 1400 espectáculos. Agora, se considerares que são raros os grupos apenas com um .elemento, e fizeres a média de três, já multiplicamos isso por três. Depois acrescenta a isto os outros palcos – Palco  Novos Valores, Arraial, o teatro, etc . – e grupos com pessoas como as orquestras, que podem ter 90 elementos. Em contas que fizemos noutro dia, por brincadeira, chegámos à conclusão que ao longo destes anos já passaram pela Festa do Avante!, entre nacionais e estrangeiros, com uma clara predominância de artistas portugueses, 20 a 30 mil artistas...o que quer dizer qualquer coisa. Esta dimensão é acompanhada com uma grande variedade.
Como se consegue num programa cultural agradar a tantos tipos de público, como acontece na Festa do Avante!?
Isso é, passo lá a presunção, trabalho de organização e de concepção. Demora um ano inteiro a organizar a Festa, a estar atento ao que as pessoas ouvem, a consultar as publicações, a ouvir a rádio, a ouvir opiniões, a pedir opiniões, a ouvir sugestões e a ter em conta as sugestões. Nós este ano ouvimos 400 propostas que nos foram feitas, e ouvimos tudo, onde encontrámos a maior diversidade possível. É para nós motivo de orgulho que os grupos e os artistas considerem um motivo de valorização virem à Festa do Avante!, o que significa que os próprios consideram que o critério de selecção, de programação da Festa do Avante! é um critério de qualidade, de rigor e de resposta favorável por parte do público.
Festa do Avante!
O que destaca do programa cultural da 40.ª Festa do Avante!?
Não é fácil, até porque foi dos mais difíceis de fazer. Acho que, por exemplo, o concerto de sexta-feira foi talvez o mais difícil de conceber. Por exemplo, tu resolveste fazer um concerto em que assinalaste o aniversário da estreia da Sagração da Primavera de Stravinsky, pronto, tá feito. Do ponto de vista do trabalho, dá o trabalho de fazer, de optar, de ter a ideia, e está feito, está arrumado. Agora, num momento em que tu querias que se celebrassem os 40 anos, encontrar um programa suficientemente variado, mas com as características de qualidade que respondessem a essa exigências, é mais difícil. Terás de tudo – tens estreias em Portugal, há peças que vão ser tocadas na sexta- feira que eu penso que nunca foram tocadas em Portugal. Depois, tens também uma presença que não é comum, que é a do flamenco. Só tivemos curiosamente em 40 anos, tirando um grupo português, de resto muito bom, os Ciganos d'Ouro, de flamenco andaluz só tivemos um grupo há muitos anos, 30 e tal anos. E este homem – Juan Pinilla – ganhou um concurso do estilo de flamenco (concurso internacional Minas de La Unión, com o prémio Lámpara Mineira, considerado o mais importante no mundo do flamenco), que de certa forma está mais ligado à classe operária, com os mineiros, que são as canções flamencas ligadas ao trabalho nas minas, no sul de Andaluzia. Incide de facto na variedade. Desde o Paulo de Carvalho com os Xutos e Pontapés, até à componente lusófona, que me parece particularmente importante, e grupos novos, porque em 40 anos muita coisa mudou, muita coisa nova apareceu, muita coisa desapareceu. E, por exemplo, há vários anos que não havia tantos grupos que vêm pela primeira vez à Festa, e isto foi tanto mais significativo, quanto não foi um ano particularmente produtivo do ponto de vista da música popular portuguesa –  e às vezes nos cartazes de alguns festivais de Verão, para ver um grupo português é preciso «andar com uma lanterna». De forma que eu destacaria esses aspectos de variedade. Depois coisas que mudaram ao longo destes 40 anos, a qualidade que adquiriu e que criaram alguns sectores, como por exemplo o fado. Sempre houve fado na Festa do Avante!, contra aquilo que as pessoas pensam, na primeira Festa na FIL houve um restaurante de fado. Hoje, do ponto de vista local apareceram grandíssimos interpretes, homens e mulheres de fado, e do ponto de vista musical, instrumental, por exemplo, o que se passa com os guitarristas, com a viola, é um caso de gente verdadeiramente genial.
«Terás de tudo – tens estreias em Portugal, há peças que vão ser tocadas na sexta-feira que eu penso que nunca foram tocadas em Portugal»
Este ano há um novo espaço, a Quinta do Cabo. Na sua perspectiva, o que pode trazer de novo à Festa?
Isso vai ter que se ver com o tempo, não é de um dia para o outro. Mas desde logo trará algumas coisas que não havia, porque não existia espaço, ou este era muito reduzido, como por exemplo no caso dos espaços para crianças. Mas principalmente, e acho que isso o futuro acentuará, trará mais conforto, mais bem-estar, melhores condições de funcionamento da Festa, melhores condições de trabalho, toda uma série de melhores condições de armazenamento. Enfim, isto crescia, crescia, crescia, e no fim já não se sabia onde pôr a casa e por isso impunha-se, de facto… ou se dava uma grande volta nisto que era um «bico d'obra» muito complicado.
Hoje existem vários Festivais que adquiriram alguns elementos já usados há muitos anos na Festa do Avante!. Podemos dizer de alguma forma que a Festa do Avante! foi um modelo seguido, pela sua diversidade?
Não tenho dúvidas nenhumas. E o caso mais evidente é o do Rock in Rio. A primeira versão do Rock in Rio é a Festa do Avante! passada a papel químico. Na distribuição de palcos, nos equipamentos ...a grande diferença que há, é evidentemente, a meu ver, uma diferença no critério de qualidade. Faz sentido na própria existência, nós somos os primeiros. Não fomos rigorosamente, porque se fez o Vilar de Mouros uns anos antes, mas a partir de 1976, fomos os primeiros, e numa altura em que não havia o mínimo de condições em Portugal para fazer um festival com estas dimensões. Para fazermos a Festa na Ajuda tivemos que ir buscar equipamento a Inglaterra, não havia cá equipamento para o palco, luzes e som. Só em 1989 é que fizemos pela primeira vez o palco 25 de Abril com companhias portuguesas. E juntámo-las todas  – quatro companhias. Por nossa iniciativa deu-se a circunstância – elas tinham-se reequipado, as exigências eram compatíveis e nós propusemos que se juntassem todas e fizessem.
«Nós este ano ouvimos 400 propostas que nos foram feitas, e ouvimos tudo, onde encontrámos a maior diversidade possível. É para nós motivo de orgulho que os grupos e os artistas considerem um motivo de valorização virem à Festa do Avante!»
A Festa têm vários espaços e iniciativas características da cultura portuguesa, como provavelmente nenhum festival tem. Foi uma adaptação natural às aspirações dos visitantes e construtores da Festa?
Eu julgo que esse é dos aspectos que eu diria mais positivos no panorama dos festivais em Portugal. Porque nós somos o único caso, em rigor, onde tens expressões de música popular tradicional, de rock, de jazz, de música clássica, etc. Mas no entanto, é preciso dizer que tens em Portugal uma grande oferta de espectáculos. Os de grande dimensão são de uma forma geral à volta do pop rock, mas depois tens espectáculos com muito interesse e culturalmente valiosos do ponto de vista de defesa do património e de divulgação do património. A Festa do Avante! acaba por ser um bocadinho a âncora desta coisa toda, até porque muitas coisas de organização dos festivais portugueses são feitas como um impresso da Festa do Avante!. Até impressos de mapas de vias, mapas de transportes, há muitos festivais que usam os nossos, que nós criámos. Face aos problemas inventámo-los!
O Castendo
Pessoalmente, nos vários anos de "Festas", qual o momento que mais destaca?
Digamos que há grandes espectáculos. Há um conjunto de grandes espectáculos e é um bocado dificil estar a dizer se uns foram melhores que outros… Mas houve um espectáculo que para nós teve um significado, um peso muito importante, que foi o primeiro concerto de música sinfónica, o concerto do Tchaikovsky, que foi o primeiro...foi uma aventura...quando aquilo chega ao fim e vemos o público todo de pé aos gritos, num reboliço, e nunca mais acabava, e encores… Foi um risco grande, diga-se, nós nunca tinhamos feito. E com aquelas características foi a primeira vez que se fez em Portugal. Também tivemos que mandar vir microfones de Inglaterra – hoje as técnicas já são diferentes, mas neste primeiro espectáculo, todos os microfones foram micados, o técnico de som que veio era inglês. E, digamos, a amplificação é uma amplificação de características diferentes, a munição também tem características completamente diferentes, e evidentemente foi um risco muito grande. Nós fizemos o espectáculo com um coro espanhol e uma orquestra portuguesa, e é uma coisa que para nós é um motivo de orgulho. Quando fizemos o primeiro concerto, a orquestra tinha doze músicos portugueses, e o resto eram estrangeiros, no ano passado tinha 12 músicos estrangeiros e o resto eram portugueses.
Que banda gostaria de ter trazido à Festa, que ainda não tenha conseguido?
Digo Bruce Springsteen, sem gaguejar nada! Com a «E Street Band». O agente do Springsteen, aqui há 20 anos talvez, quando o viu pela primeira vez, ainda era muito novo, disse a frase que ficou célebre: «O rock and rolltem futuro e eu vi-o, chama-se Bruce Springsteen». E eu disse: onde é que assino? Assino por baixo! Seria um espectáculo digno da Festa. Ainda não desisti. As coisas também não se têm proporcionado por desconhecimento. Se conseguisse sentar-me na sala do Springsteen e projectar-lhe um filme da Festa do Avante!, eu garanto que trazia o Springsteen! Depois se conseguia por toda a gente na Festa, isso é um problema que me inquieta, mas logo se via como se resolvia o problema! (risos)

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29
Ago16

SINAIS DE FUMO

António Garrochinho

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Situações excepcionais, como este período de incêndios, não nos poderão fazer esquecer que a missão das Forças Armadas não é apagar fogos!


Vivemos a chamada «época dos incêndios» e, em muitos casos, conhecemos ou partilhámos a aflição de muitas pessoas e famílias que por esse país fora, em particular no interior, viram as suas casas, haveres e, em alguns casos, as próprias vidas postas em risco pela brutalidade das chamas. Assistimos à exploração desenfreada dessas imagens por parte das televisões, procurando, em muitas situações, mais do que informar, mexer com as emoções dos telespectadores e manipulá-las.
É também nestas situações que percebemos como os nossos governantes não fizeram os trabalhos de casa nem projectaram atempadamente as soluções para prevenir e minimizar catástrofes como as que temos vivido com os incêndios. Daí que surjam, com a naturalidade de quem tem as chamas à porta, o apelo das populações para a intervenção das Forças Armadas (FA) no combate a esta calamidade, o que de resto se insere no âmbito do cumprimento das suas missões de interesse público.
Mas essas situações excepcionais não nos poderão fazer esquecer que a missão das FA não é apagar fogos e que bons militares não serão, seguramente, bons bombeiros porque não é para isso que estão preparados e treinados. Isto, para além de se saber que sucessivos governos, sucumbindo a outros interesses, não só alienaram os meios militares que poderiam, por exemplo na Força Aérea, contribuir para esse esforço como, no caso do ministro Aguiar Branco, não se decidiram no sentido de repor, no todo ou em parte, esses meios.
Aliás, é nestes momentos que, quais sinais de fumo, os discursos, as opiniões e os palpites se cruzam num emaranhado em que parecendo estarem todos a dizer a mesma coisa, efectivamente não estão. Clarifiquemos: os militares nem são bombeiros nem são policias. Podem os militares colaborar no combate a fogos sob a direcção da Autoridade Nacional de Protecção Civil e podem colaborar com as forças de segurança no estrito respeito e limite do consagrado constitucionalmente? Podem! Mas, as Forças Armadas não podem exercer, de qualquer forma, missões de segurança pública, como a vigilância da floresta, que são atribuição das forças policiais.
Neste quadro, atendamos às recentes declarações do Chefe do Estado-Maior da Armada sobre a importância de Portugal «poder contar com uma capacidade acrescida para o exercício da soberania sobre as ilhas Selvagens», no momento da partida para as referidas ilhas de dois elementos da Polícia Marítima. Eis um exemplo acabado da tentativa de militarização de uma força policial tratada como se fossem militares da Armada.
A confirmar-se por estes dias a visita do Presidente da República às ilhas Selvagens, esperemos que o também constitucionalista Marcelo Rebelo de Sousa dê sinais de que não teremos militares a fazerem de polícias e polícias a fazerem de militares!

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29
Ago16

Os inquinados Jogos do Rio

António Garrochinho


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A revista do Expresso de 20 de Agosto, no auge dos Jogos Olímpicos,  encheu a capa com a fotografia da nova estrela do nosso futebol, Renato Sanches que, apesar de merecer a honra, não participou nos Jogos. Seria desejável que, por uns dias, o «desporto-rei» não esmagasse os desportos olímpicos nas atenções da nossa comunicação social.
As olimpíadas estão, em Portugal, para essas outras modalidades desportivas, como o carnaval para os brasileiros: uns dias de folia e o resto do tempo a penar.
De quatro em quatro anos, uma multidão de fãs do chuto acorda da letargia e exige medalhas de atletismo, canoagem, judo, ou seja lá do que for, porque menos que isso, não serve. Estar entre os dez ou vinte melhores atletas do mundo, é pouco. Se a televisão dedicasse às modalidades olímpicas as horas que gasta a transmitir a excitante visão das esquinas dos autocarros dos três grandes do futebol nas viagens do hotel até ao estádio, talvez tivéssemos mais atletas e mais medalhas.
Tirando a falta de medalhas, para os nossos jornalistas tudo correu pelo melhor. Os Jogos do Rio foram um abraço de toda a Humanidade e um hino à união dos povos.
O «presidente» Temer, símbolo do golpismo e da corrupção, bateu logo o primeiro recorde – o dos apupos – na cerimónia de abertura, mas o esplendor e o fogo de artifício quase conseguiram ofuscar a miséria das favelas vizinhas. E, pela primeira vez, desfilou uma selecção «de refugiados», como se houvesse um país chamado Refúgio, o que, na Europa e nos USA, que os criaram e agora os enxotam, parece cada vez mais difícil de criar.
Nesses truques para anestesiar consciências, nada melhor do que almofadar culposas tragédias, integrando-as no artificial sentimentalismo de um espectáculo à Hollywood. Talvez por isso, pensei poder ver «refugiados» a disputarem corridas de velocidade ou de obstáculos, os 400 metros barreiras, o salto à vara, os 50 quilómetros de marcha ou a canoagem em K-500, aproveitando a experiência adquirida na travessia do Mediterrâneo, nas fronteiras muradas da Polónia e da Bulgária ou a fugir da «Selva» de Pas de Calais.
«Se houve "refugiados" a mais, faltou a delegação da Palestina, e nem uma palavra houve sobre isso. Israel, país ocupante e sitiante, não a deixou sair do cerco, o que o COI aceitou sem protesto.»
Decididamente, os «refugiados» estão na moda, embora isso de pouco lhes valha. Nunca os da Indonésia de Suharto, do Haiti de «Papa» Doc, do Chile de Pinochet ou da Argentina e do Brasil das ditaduras militares, tiveram tal atenção do Comité Olímpico Internacional (COI).  
Acredito, no entanto, que estes, bondosamente bombardeados pelo «Ocidente» que os quis fazer estoirar de democracia, tenham uma maior resistência atlética após as provas por que passaram para chegar às costas do Sul da Europa. Para a fotografia. Para a expulsão. Para serem pendurados ao peito nas olimpíadas do Rio.
Se houve «refugiados» a mais, faltou a delegação da Palestina, e nem uma palavra houve sobre isso. Israel, país ocupante e sitiante, não a deixou sair do cerco, o que o COI aceitou sem protesto. Talvez uma «questão de vistos», como aconteceu à Coreia do Norte em Londres. Ora os palestinos têm bastante treino nas modalidades «para refugiados», excepto, julgo eu, na canoagem K-500 com afundanço, em que os do Iraque, da Líbia e da Síria parecem continuar a dar cartas.
Mas se agora é o regime sionista de Israel que os persegue pregando a superioridade judaica, tempos houve em que eram os judeus «os refugiados» perseguidos pelo regime nazi. Eram eles os «seres inferiores e maldosos», proibidos de frequentar recintos ou clubes desportivos (leis de Nuremberga de 1933), expulsos da selecção alemã nas Olimpíadas de Berlim, em 1936.
Nesse tempo de sombras, face ao protesto da opinião pública e de muitos atletas que ameaçaram boicotar os Jogos se fossem na capital alemã, a Comissão Olímpica Americana (COA) e o seu presidente, Avery Brundage, fizeram as maiores pressões para que os Jogos se mantivessem em Berlim, alegando não quererem meter a política no assunto. Brundage, contudo, não se esqueceu de dizer que havia «muito a aprender com a Alemanha» e que a ideia de boicote tinha sido orquestrada «por agitadores judeus e comunistas». Outros membros do COA acharam que «os judeus nunca tinham sido bons atletas» e, «se tinham sido excluídos, era por não terem o nível exigido».
Com cruzes gamadas por todo o estádio e as SS a desfilarem na abertura, os nazis afrouxaram a propaganda anti-semita, e uma única atleta alemã de descendência judaica, que vivia nos USA e fez a saudação nazi, pôde participar nos Jogos como testemunho da não descriminação.
« A ausência de toda a equipa russa de atletismo pouco afectou a comunicação social portuguesa, habitualmente tão ciente da "verdade desportiva"»
Hitler, apesar da vitória da propaganda, teve de engolir as medalhas de ouro dos atletas negros norte-americanos, como o famoso Jesse Owens, depois apresentadas como uma vitória da América sobre o racismo germânico, esquecendo que também nela se segregavam os negros e se defendia a supremacia branca. Quanto à Rússia (então União Soviética), não esteve com lérias e não pôs os pés em Berlim.
Agora, e apesar de não haver guerra fria e a Rússia já  não ser vermelha, foi o seu atletismo a ser excluído dos Jogos, depois de uma enviesada mas conseguida campanha da agência anti-doping dos USA e do Canadá para a sua expulsão, que despertou veementes protestos do Presidente da Comissão Olímpica Europeia (COE), Pat Hickey.
 A ausência de toda a equipa russa de atletismo pouco afectou a comunicação social portuguesa, habitualmente tão ciente da «verdade desportiva», com a honrosa excepção do comentador da RTP que denunciou a arbitrariedade e a motivação política do COI.
De resto, o exótico conceito de «doping de toda uma selecção», não se focou em processos ou análises individuais – como confirmou ao The Observer,Richard McLaren, autor de relatório que baseou a exclusão («It has not been to establish antidoping-rule violation cases against individual athletes»).
A expulsão da Rússia, constituiu assim uma inédita e injusta punição colectiva que atingiu atletas «limpos» ou mesmo diferentes dos que competiram nas provas que motivaram a suspeição.                    . 
Como em Berlim, também no Rio houve uma excepção, para dar um ar de rigor à polémica decisão: a saltadora russa Darya Klischina, que treina nos Estados-Unidos, acabou por poder participar nos Jogos. Pelo contrário, Yulia Stepanova, suspensa, em 2013, por dopagem, e que, anos depois, resolveu denunciar o alegado «doping de Estado» com promessas de reintegração por se ter portado bem, acabou por ser excluída.
 O ex-presidente da Comissão de Laboratórios da Agência Mundial Antidoping (WADA), o português Luís Horta, actualmente contratado como consultor da Agência Brasileira de Controlo da Dopagem, alegou um extraordinário princípio: «Eu penso que o que temos de levar em conta é o principio da proporcionalidade. Pensar se, punir todos os atletas de um país, é proporcional a defender a legitimidade dos Jogos Olímpicos. E, nesse caso, eu penso que é», disse.
Um espanto.
Fazendo um balanço das medalhas, o Público de 22/8/16, dia seguinte ao encerramento dos Jogos, referia: «Um domínio avassalador dos norte-americanos, com quase o dobro das medalhas dos seus rivais. De resto, destaque para a queda da Rússia (56 medalhas) que conseguiu bastante menos presenças no pódio que em 2012 e 2008».
É a vida!, como diria o outro. Será, pelo menos, uma engenhosa maneira de tratar dela, assegurando uma evidência: não podem ganhar os que nem sequer estão presentes.
Venceram os que mereciam? Ora!...Como se costuma papaguear nos concursos de miss Universo, o que é preciso é Paz e união da Humanidade.
Para apimentar o ambiente, um dos membros do COI, o presidente da Comissão Olímpica da Irlanda, foi preso no Rio a traficar bilhetes, e as atletas norte-americanas da estafeta 4X100m tiveram a inusitada possibilidade de repetirem a prova sozinhas, depois de serem excluídas por um encontrão de uma atleta brasileira. Como fizeram um bom tempo a sós, eliminaram a China, passaram à final e venceram. Uma invulgar forma de corrigir injustos acidentes, o que também sucederia se fosse com Portugal, as Seychelles ou...a Rússia. Não acreditam?
Talvez o nosso canoísta Fernando Pimenta devesse repetir a final em que ficou preso nas algas, e Vanderlei Lima, o famoso maratonista brasileiro que transportou a tocha olímpica na cerimónia de abertura, e que, em 2004, perdeu o ouro nas Olimpíadas de Atenas por causa de um espectador maluco que o agarrou, pudesse repetir a prova e acabasse em primeiro...
Enfim. Os Jogos Olímpicos do Rio «correram bem». Pelo menos para os felizes «refugiados» escolhidos e para os participantes «normais» que não foram impedidos de lá estar.  E o mesmo ou pior se espera para os Paralímpicos com a Rússia também excluída.
Apesar de tudo, a alegria da festa de encerramento com atletas de todas as raças a dançarem juntos num grande arraial colectivo, transmite uma mensagem de fraternidade e de esperança que faz acreditar que um mundo melhor é possível. Mas até esse tipo de emoções costuma ser explorado com frieza e cinismo por interesses menos atreitos a fragilidades do coração.
E parece-me ouvir a voz rouca de Louis Armstrong a cantar «What a wonderful world», enquanto os seus irmãos de cor são afectuosamente espancados pela polícia e os refugiados docemente se afogam no Mediterrâneo e nos mares da Austrália...

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29
Ago16

Estados Unidos pretendem instalar uma base militar na fronteira da Argentina com o Brasil e o Paraguai

António Garrochinho

Os EUA, prosseguindo a ofensiva para recuperar o controlo da América Latina, pretendem criar uma base militar na estratégica fronteira da argetina com o Brasil e o Paraguai, em Iguaçu. Seria mais uma a reforçar a rede de bases instaladas em diferentes países do Hemisfério. Protestando contra o projeto imperialista, organizações argentinas empenhadas na defesa da soberania nacional enviaram à comunicção social o comunicado que abaixo publicamos.

«Em Puerto Iguazú Misiones, no ponto Argentino da tríplice fronteira, constitui-se a “Multissetorial pela Soberania do Território Nacional e Regional” com as organizações e cidadãos independentes abaixo assinados. A mesma nasce ante a crescente ameaça sobre a instalação de bases militares norte-americanas na região. Entendemos esta possibilidade como real, baseando-nos em informação certeira sobre um acordo entre o governo nacional argentino e o Departamento de Defesa dos EUA e o Pentágono. Compreendemos esta intenção como a criação de um novo território colonial e como um grave atentado à soberania nacional e regional e à consequente autodeterminação dos povos.
Contamos com os antecedentes de diferentes bases na América Latina, que se apresentam de diversas formas: seja como bases militares tradicionais ou como ajuda humanitária, ajuda por desastres naturais, auxílios para combater o narcotráfico, pandemias, etc. Também se apresentam disfarçadas de bases científicas, oferecendo falsos benefícios para as comunidades locais. Porém, de fato, são bases militares. Em todos os lugares onde estão presentes, não se registra nenhum tipo de benefício para a comunidade, mas, muito pelo contrário, são atores importantes de violações aos direitos humanos. Estas bases, em suas distintas formas, sejam tradicionais ou encobertas, se encontram na América Central e no Caribe, Colômbia, Peru, Chile; sempre nas proximidades de recursos naturais, como terra fértil, água doce, recursos minerais, hidrocarburetos, biodiversidade.
A agitação de falsos fantasmas na chamada “tríplice fronteira” acerca da presença de possíveis terroristas no quarto maior reservatório de água doce do mundo (o Aquífero Guarani) – compartilhado por Argentina, Uruguai, Brasil e Paraguai –, é mais uma mostra das verdadeiras intenções da instalação das bases.
Esta multissetorial se encontra absolutamente comprometida na defesa de nosso espaço nacional e regional, e dos recursos naturais e estratégicos que o mesmo possui, denunciando como um dos principais objetivos da instalação das bases o aproveitamento de ditos recursos.
É por isso que nos encontramos em estado de alerta e constante organização, ao mesmo tempo em que convocamos o restante dos setores a somar-se a esta iniciativa totalmente horizontal e aderir à mesma, pela defesa dos nossos interesses e contra os dos colonialistas e imperialistas.

Comisión Barrio Las Orquídeas
FRE.PO.I Frente Popular Iguazú
Asociación de Artesanos de Puerto Iguazú
Grupo de Teatro Cosa Nostra
C.A.U. (Club Atlético Universitario) Puerto Iguazú
Los Irrompibles.
Movimiento Nacional Alfonsinista.
Peronismo Militante
Cámpora
A.T.E. Puerto Iguazú
Movimiento Evita (Puerto Iguazú)
MNCI Movimiento Nacional Campesino Indígena
UES Unión de Estudiantes Secundarios
Asociación de Graduados de Cuba en Misiones
Veteranos de Malvinas
Agrupación de familiares de Estudiantes Argentinos en Cuba Misiones.

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