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POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

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30
Ago16

GRANDES REIS E RAINHAS DA ÁFRICA

António Garrochinho


HATSHEPSUT

A Rainha mais habilidosa de uma Antiguidade Distante (1503 - 1482 A.C.)
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Hatshepsut subiu ao poder depois que seu pai, Thutmose I, estava com paralisia. Ele designou Hatshepsut como sua principal ajudante e herdeira para o trono. Enquanto vários rivais masculinos buscavam o poder, Hatshepsut resistiu aos desafios deles para permanecer líder daquela que era até então a principal nação do mundo. Para ajudar a aumentar sua popularidade com o povo do Egito, Hatshepsut teve vários templos espetaculares e pirâmides erguidas. Algumas das altíssimas estruturas ainda hoje permanecem como uma lembrança da primeira governante real de uma nação civilizada. Ela realmente foi " A Rainha mais Habilidosa de uma Antiguidade Distante" e permaneceu assim durante trinta e três anos.

TAHARQ

Rei de Nubia (710 - 664 A.C.)
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Com dezesseis anos, este grande Rei de Nubia conduziu seus exércitos contra os assírios que invadiam seu aliado, Israel. Esta ação lhe deu um lugar na Bíblia (Isaias 37:9, 2 Reis 19:9). Durante os 25 anos de seu reinado, Taharqa controlou o maior império da África antiga. Seu poder só foi igualado pelos assírios. Estas duas forças sempre estavam em conflito, mas apesar da guerra contínua, Taharqa pôde iniciar um programa de construção ao longo do império que estava subjugando em extensão. Os números e a majestade de seus projetos eram legendários, com o maior sendo o templo a Gebel Barkal no Sudão. O templo foi escavado da pedra viva e enfeitado com imagens de Taharqa com mais de 100 pés de altura.

ANÍBAL

Dirigente de Cartago (247 - 183 A.C.)
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Considerado um dos maiores generais de todos os tempos, Aníbal e seus poderosos exércitos africanos conquistaram as porções principais da Espanha e da Itália, e estiveram muito perto de derrotar o superpoderoso Império Romano. Nascido em Cartago, país ao norte da África, Aníbal tornou-se general do exército aos vinte e cinco anos. Seus audaciosos movimentos como marchar com o exército em elefantes africanos de guerra pelos Alpes traiçoeiros para surpreender e conquistar o norte da Itália, e seu gênio tático, foram ilustrados pela batalha de Cannas onde seu exército, aparentemente capturado, com inteligência cercou e destruiu uma força romana muito maior, lhe rendeu um reconhecimento que se expandiu por mais de 2000 anos.

CLEÓPATRA VII

Rainha do Egito (69 - 30 A.C.)
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A mais famosa das sete matriarcas com este nome, Cleópatra subiu ao trono aos dezessete anos. A jovem rainha é freqüentemente retratada de forma errada como uma caucasiana (raça branca), porém ela tinha descendência grega e africana. Dominando vários idiomas diferentes e vários dialetos africanos, ela foi um importante instrumento além das fronteiras do Egito. Se esforçando para dar ao Egito a supremacia mundial, Cleópatra recrutou os serviços militares de dois grandes líderes romanos. Ela persuadiu Júlio César e, depois, Marco Antônio para renunciar as submissões romanas deles para lutar em nome do Egito. Porém, cada um conheceu a morte assim que os sonhos de conquistas de Cleópatra se realizaram. Desanimada, Cleopatra se matou, colocando um fim na vida da rainha africana mais célebre do mundo.

TENKAMENIN

Rei de Gana (1037 - 1075)
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O país de Gana alcançou a altura de sua grandeza durante o reinado de Tenkamenin. Através de sua administração cuidadosa do comércio de ouro pelo deserto do Saara na África Ocidental, o império de Tenkamenin floresceu economicamente. Mas sua maior força estava no governo. Todo dia ele ia a cavalo e escutava os problemas e preocupações de seu povo. Ele insistiu que a ninguém fosse negada uma audiência e que lhes permitissem permanecer em sua presença até que a justiça fosse feita.

MANSA KANKAN MUSSA

Rei de Mali (1306 - 1332)
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Líder extravagante e uma figura do mundo, Mansa Mussa se distinguiu como um homem que fez de tudo em uma grande escala. Homem de negócios realizado, ele administrou vastos recursos para beneficiar seu reino inteiro. Ele também era um estudante, e importou notáveis artistas para levantar a consciência da cultura de seu povo. Em 1324 ele conduziu seu povo no Hadj, uma peregrinação santa de Timbuktu para Mecca. Sua caravana consistia em 72,000 pessoas que ele conduziu seguramente pelo Deserto do Saara a uma distância total de 6,496 milhas. Tão espetacular era este evento, que Mansa Mussa ganhou o respeito de estudantes e comerciantes ao longo da Europa, e ganhou prestígio internacional por Mali como um dos maiores e mais ricos impérios do mundo.

SUNNI ALI BER

Rei de Songhay (1464 - 1492)
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Quando Sunni Ali Ber chegou ao poder, Songhay era um pequeno reino no Sudão ocidental. Mas durante seu reinado de vinte e oito anos, esse reino se transformou no maior e mais poderoso império da África Ocidental. Sunni Ali Ber organizou um exército notável e com esta força feroz o rei guerreiro ganhou várias batalhas. Ele derrotou os nômades, aumentou as rotas de comércio, conquistou aldeias, e ampliou seu domínio. Ele capturou Timbuktu, trazendo para o império de Songhay um centro mais amplo de cultura de comércio, e bolsa de estudos muçulmano.

JA JA

Rei de Opobo (1464 - 1492)
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Jubo Jubogha, filho de um membro desconhecido do povo Ibo, foi forçado a escravidão aos 12 anos, mas ganhou a liberdade ainda jovem e se tornou um comerciante independente (conhecido como Ja Ja pelos europeus). Ele tornou-se chefe de seu povo e da cidade oriental nigeriana de Bonny. Ele mais tarde se tornou rei de seu próprio território, Opobo, uma área perto do rio oriental da Nigéria, mais favorável ao comércio. Com o passar dos anos, governos europeus, principalmente o britânico, tentaram controlar o comércio da Nigéria. A resistência feroz de Ja Ja a qualquer influência externa acabou o levando ao exílio aos 70 anos pelos britânicos, para as Índias Ocidentais. O maior chefe Ibo do século XIX nunca mais viu seu reino.

MOSHOESHOE

Rei de Basutoland (1518 - 1568)
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Por meio século, o povo de Basotho foi governado pelo fundador de sua nação. Moshoeshoe foi um rei sábio e justo que era brilhante em diplomacia quando estava em batalha. Ele uniu diversos grupos , desarraigados pela guerra, em uma sociedade estável onde a lei e a ordem predominaram e as pessoas puderam criar suas colheitas e seu gado em paz. Ele sabia que a paz tornava a prosperidade possível, e ele freqüentemente evitava conflitos através de hábeis negociações. Hoshoeshoe solidificou as defesas de Basotho em Thaba Bosiu, sua inconquistável capital montanhosa. Deste lugar seguro ele obteve várias vitórias sobre forças superiores.

IDRIS ALOOMA

Sultão de Bornu (1580 - 1617)
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Dois séculos antes de Idris Alooma se tornar Mai (o Sultão) de Bornu, Kanem era uma terra separada onde as pessoas tinham sido expulsas por seus primos nômades, os Bulala. Isto fez com que um dos mais extraordinários governantes africanos reunisse os dois reinos. Idris Alooma era um muçulmano devoto. Ele substituiu a lei tribal pela lei muçulmana, e no começo de seu reinado fez uma peregrinação a Mecca. A viagem tinha um significado tanto militar como religioso, de onde ele retornou com armas de fogo turcas e depois comandou um exército inacreditavelmente forte. Eles marchavam rapidamente e atacavam de repente, esmagando tribos hostis em campanhas anuais. Finalmente Idris conquistou Bulala, estabelecendo domínio sobre o império de Kanem-Bornu e uma paz que durou meio século.

SHAMBA BOLONGONGO

Rei Africano da Paz (1600 - 1620)
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Saudado como um dos maiores monarcas do Congo, o Rei Shamba não teve desejo maior do que preservar a paz, que é refletida em uma comum citação sua: "Não mate nenhum homem, nem mulher, nem criança. Eles não são as crianças de Chembe (Deus), e eles não têm o direito de viver? " Ele freqüentemente viajava para aldeias distantes que usavam sua faca com lâmina de madeira, reconhecida como um meio exclusivo de armamento do estado. Shamba também era notável em promover artes e barcos, e por projetar uma forma complexa e extremamente democrática de governo que caracteriza um sistema de empecilhos e equilíbrios. O governo era dividido em setores que incluíam o exército, filiais judiciais e administrativas que representavam todas as pessoas de Bushongo.

OSEI TUTU

Rei Ashanti (1680 - 1717)
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Osei Tutu foi o fundador e o primeiro rei da nação de Ashanti, um grande reino da floresta ocidental africana onde agora é Gana. Ele conseguiu convencer meia dúzia de chefes desconfiados a juntarem seus estados sob a liderança de Osei quando, de acordo com lenda, o Tamborete Dourado desceu do céu e permaneceu nos joelhos de Osei Tutu, significando sua escolha pelos deuses. O Tamborete Dourado se tornou um símbolo sagrado da alma da nação que estava especialmente destinada desde que o ouro era a principal fonte de riqueza de Ashanti. Durante o reinado de Osei Tutu, a área geográfica de Ashanti triplicou em tamanho. O reino tornou-se um poder significante que, com a coragem militar e sua política como um exemplo, se sustentaria durante dois séculos.

SHAKA

Rei dos Zulus (1818 - 1848)
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Khama distinguiu seu reinado como sendo altamente considerado como um governante pacífico com o desejo e habilidade para extrair inovações tecnológicas dos europeus enquanto resistia às tentativas deles para colonizar seu país. Tais avanços incluíram a construção de escolas, alimentos científicos para gado, e a introdução de um corpo de exército policial montado que praticamente eliminou todas as formas de crime. O respeito para Khama foi exemplificado durante uma visita a Rainha Victoria da Inglaterra para protestar contra a permanência inglesa em Bechuanaland em 1875. Os ingleses honraram Khama, confirmado seu apêlo para a continuação da liberdade para Bechuanaland.

SAMORY TOURE

O Napoleão Negro do Sudão (1830 - 1900)
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O ascendência de Samory Toure começou quando sua terra natal Bissandugu foi atacada e sua mãe levada capturada. Depois de insistentes apelos, Samory teve permissão para assumir o lugar da mãe, mas depois fugiu e se alistou no exército do Rei Bitike Souane de Torona. Seguindo uma elevação rápida pelos graus do exército de Bitike, Samory voltou a Bissandugu onde logo foi instalado como rei e desafiou expansionismo francês na África lançando uma conquista para unificar a África Ocidental em um único estado. Durante o conflito de dezoito anos com a França, Samory continuamente frustrou os europeus com suas táticas e estratégias militares. Esta astuta coragem militar incitou alguns dos maiores comandantes da França para intitular o monarca africano de " O Napoleão Negro do Sudão ".

MENELIK II

Rei dos Reis da Abissínia (1844 - 1913)
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Descendente da lendária Rainha de Sheba (ou Sabá) e do Rei Salomão, Menelik foi a figura principal naqueles tempos na África. Ele converteu um grupo de reinos independentes em um império forte e estável conhecido como os Estados Unidos de Abissínia (a Etiópia). O feito dele em reunir vários reinos que freqüentemente se opuseram fortemente uns aos outros, lhe deu um lugar como um dos grandes estadistas de história africana. As realizações adicionais dele na cena internacional lidando com os poderes mundiais, culminou com a vitória atordoante da Etiópia em cima da Itália em 1896 na Batalha de Adwa (uma tentativa para invadir o país) o colocou entre os grandes líderes da história mundial e manteve a independência do país até 1935



Fonte: O fascinante universo da História

www.joseferreira.com.br
30
Ago16

Os 10 maiores desertos do mundo

António Garrochinho


Aproximadamente 20% da superfície continental da Terra são desérticos. O solo do deserto é principalmente composto de areia, e dunas podem estar presentes.

mapa dos desertos do mundo

As maiores regiões desérticas do globo situam-se na África (deserto do Saara) e na Ásia (deserto de Gobi).
Confiram a lista dos 10 maiores desertos do mundo

1º - Deserto da Antártida (Antártida) – 14.000.000 km²
Deserto da Antártida
É o continente mais frio, mais seco, com a maior média de altitude e de maior indíce de ventos fortes do planeta. A temperatura mais baixa da Terra (-89,2 °C) foi registrada na Antártica. A altitude média da Antártica é de aproximadamente 2.000 metros. Ventanias com velocidades de aproximadamente 100 km/h são comuns e podem durar vários dias. Ventos de até 320 km/h já foram registrados na área costeira.


2º - Deserto do Saara (África) – 9.000.000 km²
Deserto do Saara
É o maior deserto quente do mundo, e oficialmente é o segundo maior deserto da Terra. Localizado no Norte da África, tem uma área equiparável à da Europa. O deserto do Saara compreende parte dos seguintes países e territórios: Argélia, Burkina Faso, Chade, Egipto, Líbia, Marrocos, Saara Ocidental, Mauritânia, Mali, Níger, Senegal, Sudão, e Tunísia. Vivem cerca de 2,5 milhões de pessoas na área do Saara.


3°- Deserto da Arábia (Ásia) – 1.300.000 km²
Deserto da Arábia
O Deserto da Arábia está localizado em terras da Arábia Saudita, Síria, Jordânia, Omã, Iraque e Iêmen.


4°- Deserto de Gobi (Ásia) – 1.125.000 km²
Deserto de Gobi
O Deserto de Gobi é um extenso deserto situado na região norte da República Popular da China e região sul da Mongólia.
Gobi tem as seguintes dimensões: 1600 km de leste a oeste e 800 km de sul a norte, ocupando uma de área do tamanho do estado brasileiro do Amazonas.


5° - Deserto do Kalahari (África) – 580.000 km²
Deserto do Kalahari - África
O Kalahari, Calaari ou Calaári é um deserto localizado no Sul da África, distribuídos por Botswana, Namíbia e África do Sul.


6° - Grande Deserto Arenoso (Austrália) – 414.000 km²
Grande Deserto Arenoso - Austrália
O Grande Deserto Arenoso estende-se pelo noroeste da Austrália. Faz parte de uma vasta e plana região conhecida como Deserto do Oeste.

7°- Deserto Kara kum (Ásia) - 350 000 km²
Deserto Kara kum - Ásia
O deserto de Karakum está localizado na Ásia Central, no Turquemenistão. A população é esparsa, com uma média de uma pessoa a cada 6,5 km².


8° - Deserto Taklamakan Shamo (Ásia) – 344.000 km²
Deserto Taklamakan Shamo - Ásia
Está localizado na Ásia, na Bacia do rio Tarim, na Ásia Central, em Xinjiang Uigure, na República Popular da China.


9° - Deserto da Namibia (África) – 310.000 km²
Deserto da Namibia - África
O Deserto da Namíbia está situado na Namíbia e no sudoeste da Angola e faz parte do Namib-Naukluft National Park, a maior reserva de caça em África[. estende-se por 1600 km ao longo do litoral do Oceano Atlântico no sul de Angola e na Namíbia. A sua largura leste-oeste varia de 50 a 180 km.


10° - Deserto Thar (Ásia) – 260.000 km²
Deserto Thar - Ásia
O deserto do Thar ou Grande Deserto Indiano é uma extensa região de deserto arenoso situada na região noroeste da Índia e região oriental do Paquistão.

VÍDEO


gigantesdomundo.blogspot.pt
30
Ago16

Porta-voz do Estado Islâmico terá sido morto em Alepo

António Garrochinho


Porta-voz do grupo terrorista foi morto na Síria, anuncia a agência Amaq, ligada ao grupo terrorista.


O porta-voz do autoproclamado Estado Islâmico, Abu Mohammad al-Adnani, foi morto em Alepo, na Síria, avançou esta terça-feira a BBC.
A agência Amaq, ligada ao grupo terrorista Estado Islâmico, diz esta terça-feira que o porta-voz do grupo morreu na cidade síria "enquanto inspeccionava as operações para repelir campanhas militares contra Alepo", informa o grupo SITE Intel, que monitoriza a acção de jihadistas na internet.
Abu Muhammad al-Adnani aparece em vídeos do Estado Islâmico desde 2011 e era um dos que mais chamava para acção os chamados “lobos solitários”, de acordo com o SITE.
A directora do SITE, Rita Kataz, diz que a morte de al-Adnani é "um grande golpe" para o EI, "especialmente depois da morte do líder militar de alta patente Omar Shishani".

rr.sapo.pt
30
Ago16

NOTA DO GABINETE DE IMPRENSA DO PCP - Tendo sido questionado por diversos órgãos de comunicação social sobre a questão das isenções de IMI, o PCP esclarece:

António Garrochinho



Os partidos políticos só beneficiam de isenção de IMI nas instalações de sua propriedade destinadas à actividade partidária. Todo o restante património dos partidos é tributado como se pode confirmar pelos cerca de 29 mil euros pagos de IMI pelo PCP, referentes a 2014 e que estão reflectidos nas contas de 2015 entregues no Tribunal Constitucional. O papel reconhecido constitucionalmente aos partidos e à sua actividade política deve continuar a ter expressão no regime tributário. O PCP considera que a sua actividade e objectivos inteiramente postos ao serviço dos trabalhadores e do povo justificam esse reconhecimento. O juízo que outros partidos façam da sua própria intervenção a eles dirá respeito.
Considerando que entidades diversas que realizam uma actividade de interesse público podem beneficiar de isenção, em função dessa actividade, o PCP entende que, qualquer revisão ao regime de isenções de IMI deve ser considerada no quadro do universo das cerca de duas dezenas de categorias de instituições e entidades que dela beneficiam, rejeitando linhas discriminatórias ou persecutórias.
Sobre a questão suscitada relativamente à Igreja Católica, no quadro da apreciação global já acima referida, o PCP sublinha que devem ser respeitados os termos da Lei de liberdade religiosa e da Concordata com as isenções que comportam.


www.pcp.pt
30
Ago16

Retratos de índios norte-americanos

António Garrochinho



 No início de 1900, o fotógrafo Edward Curtis, em Seattle começou a trabalhar em um grande projeto, que foi financiado pelo banqueiro John Morgan. Curtis tinha que ir para o Velho Oeste para documentar as vidas de americanos nativos. Ao longo dos próximos 20 anos, o fotógrafo visitou mais de 80 tribos. Durante este tempo, ele fez mais de 40.000 imagens, gravadas em cilindros de cera cerca de 10.000 faixas, e também escreveu vários ensaios e esboços.

 Graças Curtis o material coletado foi publicado em edição de 20 volumes em "índios da América do Norte» («O índio norte-americano»), ilustrado por duas mil fotografias. Um século após a publicação do primeiro volume de Curtis as fotografias não só recebeu o maior elogio, mas as críticas. O valor documental deste trabalho é inegável, mas os críticos se queixam de que em seu fotógrafo retratos encenado imortalizou a imagem mítica do "bom selvagem". Neste conjunto são apenas algumas dezenas de milhares de pessoas que viram através da lente de sua câmera Curtis.
 Esquerda: Apache indiana, cerca de 1906. Direita: A velha maneira de trançar cabelo no índios Blackfoot. (Biblioteca de S. Curtis Congresso / Edward)
 Retrato de um índio com o nome de Big Head, de 1905. (Biblioteca de S. Curtis Congresso / Edward)

 Esquerda: não Perce indiano chamado Touro Amarelo. Direita: Um índio Hopi, cerca de 1905. (Biblioteca de S. Curtis Congresso / Edward)

Seis índios Navajo, a cavalo, cerca de 1904. (Biblioteca de S. Curtis Congresso / Edward)

 Esquerda: Mojave índio vestido em pele de coelho, cerca de 1907. Direita: Um jovem indiano em Yakima brincos feitos de conchas, por volta de 1910. (Biblioteca de S. Curtis Congresso / Edward)

 Índio da reserva Selavik, Alaska, cerca de 1929. (Biblioteca de S. Curtis Congresso / Edward)

Esquerda: Navajo indiano em traje cerimonial divindade Nayenezgani. Direito: Indian traje deus da guerra Tobadzischini, cerca de 1904. (Biblioteca de S. Curtis Congresso / Edward)

Esquerda: índio chamado de cabelo preto, cerca de 1905. Direita: índio chamado Nuvem Vermelha, 26 de dezembro de 1905. (Biblioteca de S. Curtis Congresso / Edward)

 Esquerda: Hidatsa indiano chamado  Coruja Sentado, cerca de 1908. Direita: o índio Taos, cerca de 1905. (Biblioteca de S. Curtis Congresso / Edward)

 Esquerda: Cheyenne Índico, cerca de 1910. Direito: Corvo indiano, cerca de 1908. (Biblioteca de S. Curtis Congresso / Edward)
 Esquerda: Indian Kwakiutl em um terno de pele, luvas grandes e uma máscara de Hami ("criatura perigosa") durante uma cerimônia Numhlim, cerca de 1914. Direito: Indian Kwakiutl durante a cerimônia da Dança de inverno. (Biblioteca de S. Curtis Congresso / Edward)

 Esquerda: Indian com a Island Nunivak Ilha de chapéu de madeira em forma de aves, cerca de 1929.

Direita: Mojave indiano chamado Mosa, cerca de 1903. (Biblioteca de S. Curtis Congresso / Edward)


 Esquerda: A esposa de Henry Modoc tribo indígena Kamata, 30 de junho de 1923. Direita: nenhum indiano Perce chamado Três Eagles, por volta de 1910. (Biblioteca de S. Curtis Congresso / Edward)

 Esquerda: bip Índico, cerca de 1910. Direita: indiano com a paz de tubo (à direita), por volta de 1905. (Biblioteca de S. Curtis Congresso / Edward)


 Esquerda: bip Índico, cerca de 1910. Direita: Navajo curador, sobre 1904. (Biblioteca de S. Curtis Congresso / Edward)

Kwakiutl índios estão flutuando em uma canoa para o casamento, British Columbia, em 1914. (Biblioteca de S. Curtis Congresso / Edward)

 Esquerda: índio chamado Pah Toi (White Clay), Taos, Novo México, cerca de 1905. Direita: Kato Índico, cerca de 1924. (Biblioteca de S. Curtis Congresso / Edward)

 Esquerda: índio chamado Ben orelha longa, cerca de 1905. Direita: Navajo curador, sobre 1904. (Biblioteca de S. Curtis Congresso / Edward)

Esquerda: Indian Dakota esposa indiano chamado Touro lenta, cerca de 1907. Direita: ajuda indiana, Califórnia. (Biblioteca de S. Curtis Congresso / Edward)

www.avidabloga.com
30
Ago16

Problema dos últimos anos ainda não foi resolvido - Ainda faltam 6000 funcionários nas escolas

António Garrochinho

Faltam 6000 funcionários em escolas, denuncia a Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais. Exigem que o Governo resolva este problema e acabe com as situações de precariedade.

Continuam a faltar funcionários nas escolas. Existiram nos últimos anos vários protestos do pessoal não docente
Continuam a faltar funcionários nas escolas. Existiram nos últimos anos vários protestos do pessoal não docente Foto de Guimarães Digital
Com o início do ano lectivo próximo, a Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais (FNSTFPS) denunciou hoje em comunicado que faltam cerca de 6000 funcionários nas escolas, acusando o Governo de continuar a recorrer à contratação precária para resolver problemas permanentes. Afirmam-se ainda disponíveis para todas as formas de luta.

A FNSTFPS afirma que a falta de pessoal não docente nas escolas básicas e secundárias públicas «permanece neste ano lectivo, demonstrando a persistência na linha de continuidade das políticas de ilegalidade e precariedade dos anteriores governos». Esta situação, muito sentida nos últimos anos, segundo a federação, pode levar a que em muitos períodos as escolas funcionem «com pavilhões encerrados por falta de pessoal».

A federação sindical afirma ter recebido do Ministério da Educação a garantia de que iriam ser tomadas medidas políticas para combater o recurso ao trabalho precário, mas que continuam a ser celebrados contratos para um ano lectivo, havendo mesmo «largas centenas de trabalhadores a quem são pagos 3,49 euros por hora, por períodos diários de trabalho que variam entre as três horas e meia e as quatro horas».

No comunicado, a FNSTFPS denuncia ainda o recurso ao Quadro de Requalificação, para «ir aí buscar algumas dezenas de trabalhadores colocados na mobilidade e que há muito deveriam estar em funções, nos serviços de onde foram dispensados».

Os sindicatos reiteram a exigência de que a gestão do pessoal não docente seja exclusiva do Ministério da Educação e que seja definitivamente abandonada a municipalização do sector. O descongelamento de vagas para a celebração de novos contratos (contrariando a medida do anterior governo do PSD e CDS-PP) e a transformação de contratos a prazo em vínculo aos quadros são reivindicações que mantêm.


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30
Ago16

Nota divulgada pelo Ministério da Educação - Mais 500 professores colocados este ano

António Garrochinho


O concurso de professores deste ano colocou mais de 7000 professores nas escolas, mais 500 em relação ao ano anterior, em contratação inicial e mobilidade interna.

Ministério da Educação anuncia contratação de mais 500 professores em relação ao ano passado
Ministério da Educação anuncia contratação de mais 500 professores em relação ao ano passado
O Ministério da Educação divulgou hoje que este ano serão colocados 7306 professores nas escolas. Este número representa um aumento de 500 professores em relação ao ano anterior. O número de professores que não têm colocação é ainda desconhecido, sendo que o ano passado foram cerca de 24 mil.

O concurso em contratação inicial permite preencher os horários das escolas e correspondem a «necessidades transitórias», segundo a Lusa. Já a mobilidade interna abre a possibilidade aos professores dos quadros de mudarem de escola ou agrupamento, o que faz com que possam ficar mais perto do local de residência.

Um relatório sobre o Perfil do Docente, publicado no final do mês de Julho pela Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e Estatística, confirmava o abandono do ensino de cerca de 31 mil professores entre 2011 e 2015.


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30
Ago16

Sindicato apresentou queixa à PGR - GNR questionou guardas-florestais sobre a greve

António Garrochinho


A GNR questionou os guardas-florestais sobre a greve, o que motivou protestos da parte da estrutura sindical e a apresentação de queixa formal por esta «violação das normas».

Os guardas florestais farão greve e uma manifestação em Lisboa, no dia 8 de Setembro
Os guardas florestais farão greve e uma manifestação em Lisboa, no dia 8 de Setembro
Os guardas-florestais foram abordados pela Guarda Nacional Republicana (GNR), que «deu instruções aos Comandos Territoriais para que até hoje, 29 de Agosto, fossem feitas chegar informações, àquele comando, sobre o número de guardas-florestais que irão aderir à Greve Nacional, convocada pela Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais (FNSTFPS), para o próximo dia 8 de Setembro».

A FNSTFPS fez saber, num comunicado emitido ontem, que este procedimento «é uma forma de coacção», e uma «clara violação das normas do Código do Trabalho» (CT). O artigo 540.º do CT consagra que «é nulo o acto que implique coacção, prejuízo ou discriminação de trabalhador por motivo de adesão ou não a greve».

Os representantes dos guardas-florestais já apresentaram queixa «à ministra da Administração Interna, à Inspecção-Geral da Administração Interna, à Inspecção-Geral de Finanças e à Procuradoria-Geral da República» (PGR).

No dia 8 de Setembro os guardas-florestais farão uma greve em protesto contra a extinção da carreira e exigindo suplementos remuneratórios. Está também marcada uma manifestação para esse dia, em Lisboa, entre o Largo do Carmo e o Terreiro do Paço.

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30
Ago16

Casos Insólitos da História de Portugal! - Com quase 900 anos de existência, Portugal detém um passado rico em História. Mas existem outros tipos de histórias que assombraram ou escandalizaram a história de Portugal: as histórias insólitas. Aquel

António Garrochinho

 Casos Insólitos da História de Portugal!


Com quase 900 anos de existência, Portugal detém um passado rico em História. Mas existem outros tipos de histórias que assombraram ou escandalizaram a história de Portugal: as histórias insólitas. Aqueles episódios caricatos, rocambolescos, novelescos, escandalosos que não são contados nas escolas, nem nos livros de História tradicionais mais preocupados com a conjuntura, ciclos económicos ou os grandes acontecimentos. Mas a história do nosso país é também feita de pessoas de carne e osso, com defeitos e virtudes, ambições e tristezas.


D. Mécia tornou-se a primeira rainha raptada da História de Portugal, também tivemos reis enfeitiçados pelo amor como D. Pedro IV, o mesmo que batia na mulher D. Leopoldina que terá morrido graças aos maus-tratos do marido. Reis bígamos, impotentes, demasiado castos ou homossexuais. Milagres inventados à pressão para bem da nacionalidade.Confrontos familiares que deram em morte. Assassínios descarados como o de D. Diogo, pelas mãos do seu cunhado, o rei D. João II que o esfaqueou. Atentados mal sucedidos, como o que foi vítima D. João IV, ou mortes misteriosas que criaram comoção na corte da época, como a do marquês de Loulé.Escândalos financeiros, como a criação da Patriarcal de Lisboa, que provocou um rombo nos cofres do Estado. Construções megalómanas, de custo elevado para o erário público, ou os gastos de rainhas em jóias e roupas.D. Sancho I (1185-1211): segundo filho varão de D. Afonso Henrique, 1º rei de Portugal. D. Sancho I chamava-se Martinho (como o santo do dia em que nasceu), mas o nome não era nobre e quando o irmão mais velho, Henrique, morreu, teve de mudar.D. Dinis I (1279-1325): o Milagre das Rosas, atribuído à Rainha Santa Isabel, mulher de D. Dinis, é exactamente igual ao que a sua tia-avó, Rainha Isabel da Hungria, protagonizou anos antes.D. Afonso IV (1325-1357): num combate contra Castela, o rei percebeu que o grito de guerra que tinha combinado com os seus militares era o mesmo do inimigo “Santiago”. Em cima da hora, improvisou gritando “São Jorge”. D. João I, seu neto, proclamou este santo padroeiro de Portugal.D. Fernando I (1367-1383): antes de casar com D. Leonor Teles, comprometeu-se com outras duas Leonores: Leonor de Aragão (depois de fazer uma aliança com o pai dela) e Leonor de Castela (depois de assinar um tratado de paz com o pai dela). Desonrou os dois compromissos.D. João I (1385-1433) e a sua Arvore Genealógica Complicada:D. João, Mestre de Avis (1357-1433), casou com a inglesa D. Filipa de Lencastre. Juntos tiveram 9 filhos: 
- Um deles, João, Infante de Portugal, casou com Isabel de Barcelos, e teve 4 filhos, entre os quais estava Isabel de Portugal. 

- Primeiro facto: Isabel de Portugal era neta legítima do rei D. João I, pela parte do pai.

- Segundo facto: Isabel de Portugal também era bisneta bastarda do mesmo rei.
D. João I teve várias amantes e filhos ilegítimos:
- Da relação com Inês Pires Esteves nasceu um rapaz e uma rapariga. O rapaz foi baptizado de Afonso e teve uma filha: Isabel de Barcelos. A mesma Isabel de Barcelos que casou com D. João I, Infante de Portugal, e deu à luz Isabel de Portugal. 
Isabel, neta e bisneta de D. João I, casou-se com D. João II de Leão e Castela, e tornou-se rainha de Espanha.A rainha D. Filipa de Lencastre instituiu hábitos requintados na corte: comer à mesa usando apenas três dedos, ter oficiais régios para provar a comida antes dos reis e levar água e uma toalhita aos convidados para eles lavarem as mãos.D. Duarte (1433-1438): teve uma depressão que descreveu como “doença do humor melancólico”.D. Manuel I (1495-1521): recebeu um rinoceronte da India. Organizou uma luta entre o rinoceronte e o elefante, porque tinha lido histórias romanas antigas, que falavam do ódio mortal entre as espécies. O elefante morreu.D. João III (1521-1557): teve 9 filhos ilegítimos e todos morreram antes dele. Também teve um bastardo que reconheceu em 1543. Depois de ser apresentado na corte, este morreu de um ataque de bexigas.D. Filipe III (1621-1640): ficou noivo quando tinha 7 anos de idade, e teve mais de 30 filhos, entre legítimos e bastardos.D. Pedro II (1656-1683): casou com a mulher do irmão, D. Francisca de Sabóia, que foi rainha duas vezes.D. José I (1750-1777): a mulher, D. Mariana Vitória de Bourbon, era tão ciumenta que todas as peças que estrearam na casa de espectáculos Ópera do Tejo (que ruiu completamente no terramoto de 1755) só contaram com actores masculinos, mesmo nos papéis de mulheres.D. Maria I (1777-1816): anualmente enviava 40.000 cruzados (uma fortuna para a época, equivalente a 320 milhões de euros nos dias de hoje), para a conservação dos Lugares Santos em Jerusalém.D. Maria II (1826-1853): ficou conhecida como a Educadora, mas dava erros ortográficos. O pai escreveu-lhe numa carta: “Se em lugar de passares na cama as segundas-feiras tu estudasses, então a tua carta não traria erro algum”.












Outras Curiosidades:

A Rainha Isabel de Castela fechou a sua Aia no Baú!


Durante o seu reinado, a rainha de Castela, D. Isabel de Portugal, estava farta de ver todos os homens deslumbrados com a sua aia Beatriz da Silva. Já não bastava ter condes e duques espanhóis a querer casar com ela, também o seu marido, D. João II de Leão e Castela, parecia gostar da aia. De acordo com alguns biógrafos, um dia a rainha ciumenta não aguentou mais a humilhação e mandou trancar a camareira dentro de um baú. Três dias depois, foi obrigada a voltar atrás: D. João de Menezes, tio da Beatriz, apareceu para uma visita. Quando abriu o baú, a rainha ficou surpreendida: a aia não estava morta, nem apresentava sinais de fraqueza. Pelo contrário, parecia mais bonita do que nunca. E tinha uma história para contar: a aparição da Virgem Maria, a quem prometeu fundar uma ordem religiosa dedicada à Imaculada Conceição. Nesse mesmo ano, Beatriz retirou-se para um mosteiro, onde viveu durante 30 anos com a cara coberta por um véu, para que a sua beleza não causasse mais ódio. Com a ajuda da filha da rainha que a tentou matar, fundou o Mosteiro da Imaculada Conceição e a ordem com o mesmo nome. Foi canonizada pelo Papa Paulo VI em 1976, tornando-se assim a primeira santa portuguesa.


A Infanta que passou por Frade!


O príncipe D. João Manuel, herdeiro do trono de Portugal, de D. João III, não resistiu à diabetes juvenil e morreu com 17 anos.Na época, os médicos atribuíram a morte a outra causa: o casamento prematuro com D. Joana quando era apenas um adolescente de 15 anos. O casal teria uma actividade sexual excessiva: “Demasiada comunicação e amor”, lê-se na certidão de óbito do infante.A princesa estava grávida quando o marido morreu e teve um rapaz, 18 dias depois da tragédia. Abandonou-o passados 4 meses, partindo para Espanha, e entregando-se à Igreja. Usou o pseudónimo masculino e roupa de homem e conseguiu entrar para a Ordem dos Jesuítas. De acordo com o que Sérgio Luís Carvalho conta no livro “O Rei Embevedado de Amor”, o próprio Santo Inácio de Loyola intercedeu para que fosse clandestinamente ordenada frade jesuíta. D. Joana nunca mais viu o filho, D. Sebastião “O Desejado”.O

Ermita que se disfarçou de D. Sebastião!


Na Ericeira, era conhecido como o Ermitão. Depois de abandonar o Convento de Santa Cruz, Mateus Álvares refugiou-se numa gruta em São Julião, onde viveu durante anos. Era magro, ruivo e parecido com D. Sebastião. Tão parecido que a população começou a espalhar o boato: talvez ele fosse o rei regressado em segredo, numa noite de nevoeiro, de Álcacer-Quibir.O homem alinhou na história e reclamou o trono. Casou com Ana Susana, filha de um lavrador, e coroou-a com a tiara roubada de uma imagem religiosa. Exigia que lhe beijassem a sua mão e gostava de ser tratado como rei. Reuniu um exército pequeno, desorganizado e mal armado.A ambição levou-o à morte: apesar de os seus militares amadores terem ganho pequenas batalhas contra o ocupante espanhol, o inimigo acabou por capturar Mateus Álvares e entrega-lo ao rei Filipe II. O falso D. Sebastião disse antes de ser decapitado e esquartejado, para os seus membros ficarem expostos em local onde os portugueses pudessem ver.

Rei que queria ser Papa!


Subiu ao trono com 66 anos de idade. Apesar de ser filho, irmão e tio-avô de reis, D. Henrique não queria a coroa. Restava-lhe pouco tempo de vida e tinha outras ambições.Revelou vocação religiosa cedo:- Aos 10 anos de idade já era Prior de Santa Cruz;- Aos 11 anos, Abade de São Cristóvão de Lafões e Prior de São Jorge;- Aos 21 anos, Administrador do Arcebispo de Braga;- Aos 27 anos, Arcebispo e Inquisidor-Mor.Faltava-lhe conquistar o Vaticano. Ainda foi candidato a Papa, tendo conseguido no conclave de 1549, um total de 15 votos. Perdeu para um romano.Quando D. Sebastião, seu sobrinho-neto, morreu, D. Henrique foi aclamado rei de Portugal e começou a preocupar-se com a sucessão. Decidiu que tinha de casar e ter filhos. Mas antes precisava de obter uma dispensa papal de celibato.O livro “Histórias Secretas de Reis Portugueses” de Alexandre Borges, conta em detalhe a intervenção nesta história de Monsenhor António Maria Sauli, enviado especial do Papa Gregório XIII, a Lisboa. Sauli falou com o rei português e partiu para Roma com o pedido de D. Henrique para casar. 
A viagem foi sucessivamente atrasada pelos espanhóis, que viam no impasse a oportunidade para ficarem com a coroa portuguesa: 
- Problemas protocolares prenderam-no durante dias em Madrid; - Em Barcelona esteve um mês à espera de transporte para Itália; - Em Génova recebeu autorização de um Cardeal para ficar a descansar da viagem.Quando chegou a Roma, a mensagem de Sauli já não tinha significado para o Papa: D. Henrique tinha morrido. Padre sem mulher e sem sucessores directos.


O Rei que morreu de Piolhos!






























D. Filipe II de Espanha e I de Portugal, tinha a alcunha de El Rey de los Papeles, tal era a obsessão pela organização. Era um burocrata que passava horas fechado no gabinete: escrevia tudo, anotava cada detalhe dos negócios do império, acumulava resmas de papel. Só a gota o impedia de tomar mais apontamentos: a doença causava-lhe tantas dores que ficava com as mãos imobilizadas. Também sofria de febres terçãs (picos de febre a cada três dias, típica da malária) e um edema prendia-o à cama durante dias: diz-se que até foi preciso abrir um buraco no colchão para que os seus fluidos corporais saíssem. O espanhol não tinha uma saúde forte, mas não foi de nenhuma doença grave que acabou por morrer; foi de piolhos. Na madrugada de 13 de Setembro de 1598, um ataque de pitiríase causado por uma invasão de parasitas matou o rei mais poderoso do planeta.


O Rei Arruaceiro e Homossexual!

















No restaurante imundo no centro de Lisboa, um grupo de homens dá nas vistas: falam alto, gritam obscenidades aos empregados e clientes, comem peixes fritos com as mãos e entornam jarros de vinho. Quando saem, dirigem-se a um bordel e só voltam a ser vistos de manhã, ainda mais bêbedos do que antes. A festa continua: a caminho do Paço Real, param para apedrejar janelas, assediar senhoras, meter-se com vagabundos e pontapear os que dormem na rua. Uma das vítimas não aceita o desaforo e lança-se ao rebelde com aspecto mais frágil: um jovem coxo, de olhos claros – era o rei D. Afonso VI. O vagabundo dá-lhe murros e pontapés enquanto os outros assistem a rir-se. O rapaz já a deitar sangue, só encontra uma forma de se libertar: grita que é o Rei de Portugal.D. Afonso VI tinha fama de ser um desordeiro. Apesar da paralisia parcial do lado direito do corpo, do excesso de peso e da bulimia, gostava de sair à noite com um grupo de amigos de reputação duvidosa. Muitas vezes acabavam na esquadra, mas nunca sofriam represálias.Um dos seus companheiros era o comerciante genovês de cintos, meias e adornos femininos, António Conti, que rapidamente passou a frequentar o Paço, com acesso directo ao quarto real. Levava prostitutas e rapazes e embebedava-se, mas conseguiu uma comenda, um título de fidalguia e o hábito da Ordem de Cristo.Farta do comportamento inadequado do filho e do amigo, D. Luísa de Gusmão mandou deportar Conti para o Brasil. O rei passou a levar um estilo de vida mais discreto, mas nunca deixou de receber rapazes. De acordo com o livro “Reis que Amaram como Mulheres”, coleccionou amantes do sexo masculino.D.

João V e os seus Amores Ilícitos! 
























D. João V teve os cognomes de “O Magnânimo” e “O Rei-Sol Português”, e alguns historiadores recordam-no também como “O Freirático”. “O Magnânimo”, dada a generosidade com que abriu mão de enormes fortunas, tanto para engrandecer a coroa como para satisfazer os seus caprichos pessoais. Além de monumentos como o Convento de Mafra e o Aqueduto das Águas Livres, que ainda hoje recordam o seu nome, gastou os proventos do Império na Guerra da Sucessão de Espanha, na batalha do Cabo Matapan contra os turcos, e na obtenção do Patriarcado para Lisboa, que incluiu a célebre embaixada ao papa Clemente XI, em 1716.D. João V era tão esbanjador que um dia mandou fazer uma banheira em Inglaterra para oferecer a uma das suas amantes. A banheira pesava 100 kg, era dourada, tinha pés em forma de golfinhos e sereias, e um enorme Neptuno com um tridente na mão à cabeceira. Custou 3500 guinéus (equivalente a 4200 euros actuais). O rei português mandava vir roupas de França, mas o ouro e os diamantes que chegavam do Brasil não davam para tudo.Um dia, em 1731, a sua mulher rainha Maria Ana teve de regressar a pé de um passeio porque os cocheiros recusaram-se a transportá-la. O motivo: o rei não lhes pagava o ordenado há cinco anos.Senhor de uma vasta cultura, bebida na infância com os padres Francisco da Cruz, João Seco e Luís Gonzaga, todos da Companhia de Jesus. Falava línguas, conhecia os autores clássicos e modernos, tinha boa cultura literária e científica e amava a música. Para a sua educação teria contribuído a própria mãe, que o educou e aos irmãos nas práticas religiosas e no pendor literário.Mas D. João V tinha outra faceta: perdia a cabeça por todas as mulheres, mas a sua verdadeira paixão estava em Odivelas, no ninho da madre Paula.A verdade é que nesse tempo a vocação era uma das últimas razões para as mulheres irem para freiras e as visitas aos conventos faziam parte da etiqueta social:- O convívio proporcionava intimidade;- Os relacionamentos amorosos eram conhecidos e desde que praticados com discrição, aceites. - Era frequente, um nobre ter a sua freira, com quem se correspondia, a quem visitava no convento onde se trocavam presentes. As celas transformavam em alcovas ou bordeis. A troca de presentes que era muitas vezes poemas por doces conventuais deu origem à Marmelada de Odivelas e o Pudim da Madre Paula que ainda hoje têm má fama.O exagero dessa prática, denunciada, com objectivos opostos, por moralistas e libertinos, tomou-se escandaloso. Odivelas era um local assiduamente frequentado pela nobreza da corte na época em que Paula se tornou freira, e não faltariam, portanto, oportunidades para D. João V e os titulares que o rodeavam se deslocarem ao local. Terá sido por esta altura que começaram os encontros entre o rei e Paula Teresa da Silva. Sobre a forma como se conheceram, existem versões sem grande credibilidade. Da relação com a madre Paula, o rei D. João V investiu uma enorme riqueza para transformar uma modesta cela conventual em aposentos dignos de uma rainha.O Palácio Pimenta, no Campo Grande, onde hoje está instalado o Museu da Cidade de Lisboa, foi mandado construir por D. João V para a mesma amante. Os relatos que corriam na corte sobre o luxo da madre Paula, as suas mobílias preciosas, as roupas e as jóias impressionaram o viajante suíço César de Saussure, que referiu a ligação do rei e da freira no livro sobre a sua visita a Portugal, em 1730.Mas D. João V teve filhos ilegítimos:- D. António, filho de uma francesa de nome desconhecido, mas que, segundo outros historiadores, seria filho de D. Luísa Inês Antónia Machado Monteiro. Doutorou-se em Teologia e veio a ser Cavaleiro da Ordem de Cristo.- D. Gaspar, filho de uma religiosa, D. Madalena Máxima de Miranda (Madalena Máxima da Silva Miranda Henriques). Veio a ser Arcebispo Primaz de Braga.Este dois filhos ilegítimos, juntamente com D. José, filho da religiosa madre Paula de Odivelas (Paula Teresa da Silva), e que exerceu o cargo de Inquisidor-mor, ficaram conhecidos pelos “Meninos de Palhavã”.A expressão deriva do facto de terem habitado no palácio do marquês de Louriçal, na zona de Palhavã, na altura arredores de Lisboa mas que hoje se situa em plena cidade (o edifício denominado Palácio da Azambuja, é hoje a Embaixada de Espanha em Lisboa, ou "Palácio dos Meninos de Palhavã"). Receberam educação em Santa Cruz de Coimbra sob o preceptorado de Frei Gaspar da Encarnação para se fazerem religiososSemiclandestinos, semiescandalosos, os amores ilícitos de D. João V produziram, além dos "Meninos de Palhavã", D. Maria Rita, que não foi reconhecida, e acabou por ir para freira. Era filha de D. Luísa Clara de Portugal, que passou à história com o cognome da sua casa. A Madre Paula sobreviveu 35 anos ao amante, sempre tratada com a maior consideração. No século XX, o convento de Odivelas foi transformado em colégio feminino, para as filhas de oficiais das Forças Armadas.A obsessão de D. João V pelo sexo levou-o ao uso descontrolado de afrodisíacos, designadamente cantáridas, que lhe minaram a saúde e apressaram a morte. O Rei faleceu em 31 de Julho de 1750 após quase meio século de governo. Jaz no Panteão dos Braganças, ao lado da esposa, no Mosteiro de São Vicente de Fora em Lisboa.

A Amante que lançou um feitiço ao Rei! 



D. Pedro II (1683-1706), envolveu-se com aristocratas, meretrizes, mulheres negras e até uma criada do Paço. Teve 2 casamentos, 8 filhos legítimos, 3 bastardos e um número desconhecido de amantes. Começou cedo, quando era apenas um infante de 15 anos e apaixonou-se por Francisca Botelha, uma cortesã que viva perto do Terreiro do Paço. Mas ela estava determinada a ter privilégios na relação, e recorreu a uma feiticeira chamada Francisca de Sá. Mas como a feitiçaria era um crime, a feiticeira Francisca de Sá foi condenada à morte pela Inquisição.A Rainha que morreu Virgem! Em Abril de 1858, o rei D. Pedro V e a rainha D. Estefânia casaram-se por Procuração, mas só se conheceram um mês depois. Voltaram a casar no dia 18 de Maio. Mas a noite de núpcias foi difícil para o rei que não demonstrou interesse. D. Pedro V era um puritano e queixava-se da futilidade das raparigas da corte. No entanto, depois de conhecer D. Estefânia tudo mudou: o casal parecia apaixonado, passeavam de mãos dadas pelos jardins de Sintra e Benfica. Mas falta a rainha engravidar. Um ano depois do casamento, a rainha sentiu-se mal e foi internada. O marido ficou à cabeceira da sua cama, sem dormir, durante dois dias inteiros. D. Estefânia que tinha acabado de completar 22 anos de idade, não resistiu a uma angina diftérica.Os médicos da casa real fizeram uma autópsia, mas o seu resultado só foi tornado público 50 anos mais tarde num artigo do famoso médico Ricardo Jorge: a rainha morreu virgem!




Monarca de Dia/Dr. Tavares à Noite!




O rei D. Luís I era bem diferente do seu irmão e antecessor, D. Pedro V: apreciava clubes nocturnos, mulheres, tabaco e boa comida. Mesmo depois de subir ao trono, manteve uma vida dupla: de dia era Rei, marido de D. Maria Pia de Sabóia e pai de Carlos e Afonso; à noite, Dr. Tavares.O rei preferia não ser reconhecido, e acompanhado do seu amigo, Dr. Magalhães Coutinho, que era médico, adoptava o pseudónimo Dr. Tavares para percorrer a noite de Lisboa. A primeira amante terá sido a actriz Rosa Damasceno.D. Maria sabia das traições do marido, mas não fazia escândalo. Vingava-se de outras formas:- O marido apreciava a pontualidade, e ela atrasava-se para tudo: jantar, ir à ópera, sair para um passeio ou visita oficial.- O marido fumava e gostava de acompanhar as refeições com pão com manteiga, ela queixava-se do fumo e da falta de cuidado com a dieta no palácio.A maior desforra reflectia-se nos gastos: Maria Pia adorava jóias e roupas caras, demorava dias a desembalar as compras que fazia em Paris. Quando a criticavam, respondia: “Querem rainhas? Paguem-nas!”.





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30
Ago16

Actores e actrizes famosos e seus duplos

António Garrochinho


Todos sabemos que o cinema é uma fábrica de ilusões, mas ilusões consentidas que adoramos. E muito dessas "mentiras" se devem aos dublês que substituem os mega stars em cenas de perigo, principalmente. A profissão de dublê é quase tão antiga quanto a de ator de cinema. 
Johnny Depp com seu dublê Tony Angelotti em "Piratas do Caribe"

Carrie Fisher e sua dublê Tracey Eddon tomando sol 
durante as filmagens de "Star Wars: O Retorno de Jedi"

Hugh Jackman e seu dublê Richard Bradshaw em "X-Men: O Confronto Final"

Robin Williams Com seu dublê Mike Mitchell em "Uma Noite no Museu 3"

Ken Stott e seu dublê Peter Dillon em "O Hobit"

Bruce Willis e seus dublês em "Tiras em Apuros"

Emma Watson com suas dublês em "Harry Potter"

Dublês de "Game Of Thrones"

Gwendoline Christie E Rory McCann com seus dublês em "Game Of Thrones"

Lynda Carter com sua dublê Jeannie Epper no seriado "Mulher Maravilha"

Elijah Wood com seu mini dublê Kiran Shah em 
"O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel"
30
Ago16

Qual é a profundidade do oceano?

António Garrochinho


O oceano é um lugar incrível, cheio de vida e curiosamente, pouco explorado pelos humanos. Para se ter uma ideia, nós só conhecemos pouco mais de 1% do que existe nos nossos mares e muitos lugares do fundo do oceano ainda são praticamente descobertos pela ciência.


Então fica aí a pergunta. Qual é a profundidade do oceano? Confira esse post e saiba um pouco mais sobre as profundezas de nosso planeta.

Para começar assista a esse vídeo do Marcelo Machado que explica de forma bem simples e criativa o que pode ser encontrado a medida que descemos no fundo do oceano.

VÍDEO

 

Nosso planeta é 80% coberto por mar, e destes, a maior parte tem cerca de 3 mil metros de profundidade. Da área oceânica pouquíssimo é conhecido pela ciência. Aqui existem muitas coisas para serem descobertas, como montanhas submarinas, muitos tipos de ambientes e uma biodiversidade exuberante que até a pouco tempo atrás ainda era desconhecida pela comunidade científica.


O ponto mais fundo do oceano é a fossa das Ilhas Marianas, localizada no Oceano Pacífico, cerca de 2.500 km a leste das Filipinas. É uma espécie de vale submarino e está, na sua parte mais profunda, 11.500 metros abaixo da superfície do mar, o que equivale a sete vezes o tamanho do Grand Canyon, nos Estados Unidos.

Já o recorde de profundidade em mergulho foi obtido por Jacques Piccard, oceanógrafo suíço, e Donald Walsh, tenente da Marinha americana. “Ambos comandaram o submersível Triest I, que desceu 35.800 pés.


A medida em que vamos nos aprofundando no oceano, deixamos para trás as águas iluminas e cheias de vida da superfície, onde aos poucos o oxigênio e a luz vão ficando cada vez mais escassos e a pressão começa a aumentar, chegando ao ponto em que facilmente esmagaria um ser humano, nesse lugar encontramos o mundo misterioso do oceano profundo.

O fundo do mar tem 300 vezes o tamanho do espaço habitado pelas espécies de terra. É de um frio inimaginável e envolto em escuridão quase total. No entanto, a escuridão está viva, cheia de exércitos incalculáveis de criaturas fantásticas.

Algumas são ridiculamente grandes, algumas possuem corpos cintilantes, outras são mais assustadoras que o mais temido bicho-papão que já imaginamos quando éramos crianças. Confira como são algumas das espécies que habitam esse local:



























A profundeza do oceano é basicamente um mundo alienígena relativamente acessível se comparado a outros planetas do Sistema Solar. É a fronteira final do nosso planeta.


tudorocha.blogspot.pt
30
Ago16

A serra voltou a descer ao mar para tomar um Banho Santo na Manta Rota

António Garrochinho


Fazem-se ao mar envergando camisas de noite, cullotes, ceroulas e até camisas interiores e é já bem frescos que se sentam nas mantas, estendidas no areal da praia da Manta Rota, para comer os petiscos que trouxeram consigo da serra.
A tradição do Banho Santo de 29 de Agosto voltou a cumprir-se esta segunda-feira naquela localidade do litoral de Vila Real de Santo António, com direito à recriação histórica que a associação A Manta promove há cerca de 20 anos, para manter viva a memória de uma iniciativa que ninguém sabe exatamente quando começou, mas que já terá mais de um século.
«Estas devem ser as festas mais antigas do concelho. Eu conheci sempre isto e já o meu avô falava delas», enquadrou Romano Justo, 69 anos, presidente da associação A Manta. E é com um brilho de alegria nos olhos que ajuda a reviver uma tradição que insiste em dar a conhecer a outros.
«Antigamente, as dificuldades das pessoas para vir eram muitas, mas elas vinham com os animais que tinham: burros, cavalos, mulas e machos. Chegavam no dia 28 e pernoitavam aí nas eiras das quintas daqui da Manta Rota. A 29, era o Banho Santo. Eles davam três banhos, um ao amanhecer, outro a meio do dia e o último ao pôr-do-sol», recorda Romano Justo.
As pessoas que vinham de longe acreditavam que o banho, tomado no dia de São João da Degola, era purificador e capaz de afastar todos os males. E até os animais eram levados para dentro de água.


Nascido na Manta Rota, o presidente d’A Manta, como outros jovens desta localidade litoral, aguardava ansiosamente pela romaria das gentes da serra. Isto porque era uma oportunidade que os rapazes tinham de ver “melhor” as raparigas, já que, na altura, quando se tratava de ir ao banho, estar tapado não significava estar menos exposto. Antes pelo contrário.
«Hoje em dia, toda a gente usa fato de banho, mas, na altura, não traziam nada por baixo, era tudo ao natural. O linho, quando está seco, não se vê nada, mas quando está molhado vê-se tudo. Via-se a paisagem toda (risos). Nós, os marítimos, fazíamos covas na areia e enterrávamos a roupa das raparigas, para que elas demorassem mais tempo à procura e nós termos mais tempo para apreciar», recordou, divertido, Romano Justo.
Hoje em dia, há sempre um fato de banho a proteger de olhares mais indiscretos. O que se mantém são os burros, cavalos e mulas, que se juntam a acompanhar as dezenas de pessoas  que participam na recriação histórica desta tradição. Mas os animais já não entram na praia, como mandam as regras de saúde pública.
De resto, mantém-se o banho, seguido de um repasto com muitos enchidos, queijos e vinho, como se fazia antigamente. A mesa também é farta em boa disposição, que contagia os muitos curiosos que se juntam para assistir à iniciativa, nomeadamente turistas que, por estes dias, são aos milhares nesta praia do Sotavento.
A dada altura, este ritual deixou de se fazer, até pelos acidentes que aconteciam com alguma regularidade. «Quem vinha era malta que estava habituada a ir a banhos nos pêgos. E, por vezes, chegavam cá, principalmente quando estava Levante, e não estavam a contar com a corrente. Acabou por morrer muita gente e deixaram de se fazer estas festas», explicou.
Mas, há 20 anos, um grupo de habitantes locais fez questão de reeditar esta tradição, acabando por criar a associação A Manta, para melhor manter viva esta e outra memórias.























Fotos: Hugo Rodrigues e Pedro Lemos|Sul Informação
30
Ago16

Retrato de Novembro – Mário de Andrade - Os trabalhadores protestam na rua, Excelência. Não me incomodam! Como?!

António Garrochinho



Retrato de Novembro
I
Os trabalhadores protestam na rua, Excelência.
Não me incomodam!
Como?!
Não vou sair para essas bandas!
Querem avistar-se com Vossa Excelência.
Não os conheço!
Já estão a fazer barulho.
Manda-os embora!
Não abalam.
Manda-os calar!
Não nos escutam, Excelência.
Bom, somos um país livre!
Mas a gritaria vai-nos incomodar.
Fecha as portas e as janelas!
Mesmo assim os ouviremos.
Tapa os ouvidos!
Também não resulta, Excelência.
Então, ignora-os!
Como?!
Finge que não existem!
Vai ser difícil, Excelência.
Mas não impossível!
II
E os massacres no Alentejo, Excelência?
Oh nada de extraordinário a assinalar
Senão os coveiros já teriam reclamado
Horas suplementares!



Via: voar fora da asa http://bit.ly/2bznuWv
30
Ago16

Curiosidades Para o Vestibular: Você conhece a localização atual das principais localidades antigas?

António Garrochinho



Se tem uma coisa que pega muita gente em provas no geral e até em vestibular, é saber a localidade de certas cidades antigas. A verdade é que as principais cidades que estudamos em História, seja na idade antiga, idade média ou idade moderna, somente poucas continuam com o nome dado originalmente, e outras até perdem parte de seu território para algum império inimigo.
Uma coisa que ajuda bastante você a matar certas charadas em algumas questões é você saber a localidade de certo império. Você pode não saber do que a pergunta está falando, mas caso você saiba a localidade da onde a questão está te levando, você pode matar essa questão sem nem mesmo saber do que se tratava o assunto. Isso ajuda muito em questões de atualidades, e você pode explicar certos conflitos, ideologias e religiões em determinado local somente sabendo que povos viveram ali em épocas mais antigas.
E pensando nisso eu resolvi montar esse post, onde eu cito as principais cidades e localidades estudadas em História e do que foi feita delas hoje.
Esparta – Localizado na península no Peloponeso, Esparta foi uma das cidades mais importantes da Grécia Antiga. Com uma formação totalmente militar, os cidadãos de Esparta eram educados desde o início para serem soldados fiéis ao governo espartano (uma política importante para impedir que o povo tivesse ‘conhecimento’). Hoje a antiga cidade de Esparta é a capital da unidade regional da Grécia – chamada Lacônia – cuja capital é a antiga Esparta.

Cartago – Localizada no norte da África, a cidade de Cartago foi fundada por povos fenícios, muito conhecidos por terem sido os primeiros povos a usarem o alfabeto (considerado um ancestral dos alfabetos modernos) e por seu intenso comércio marítimo, devido sua localização (o Mar Mediterrâneo). O que antes foi Cartago, hoje é um espaço dentro da cidade de Túnis, capital da Tunísia. Hoje as ruínas da antiga cidade fenícia é um dos principais pontos turístico da cidade e considerada umas das mais importantes da antiguidade.

Constantinopla – Localizada no noroeste da Turquia, a cidade de Constantinopla foi uma das cidades mais importantes da Idade Antiga e Idade Média por conta de seu acesso privilegiado entre oriente e ocidente. Apesar da queda do Império Romano do Ocidente em 476 d.C, a cidade continuou forte até 1261, quando deu indícios de declínio devido a fortes investidas de impérios inimigos. A cidade foi capital do Império Romano do Oriente, mais tarde Império Bizantino, até sua tomada pelos turcos otomanos em 1453 (data do marco do fim da Idade Média). Hoje Constantinopla é a atual Istambul, a maior cidade da Turquia (confundida muitas vezes como atual capital da Turquia; vale lembrar que Ancara é sua capital)

Pérsia – Localizado ao leste da Mesopotâmia, a Pérsia foi um vasto império da Idade Antiga que se envolveu em muitas guerras de conquistas e reconquistas com a civilização Grega. Esse império que contou com várias etnias, foi um dos mais expressivos da época, e até hoje, muito estudado por conta de sua incrível arquitetura. Hoje a localidade desse antigo império se encontra no atual Irã.

Mesopôtamia – Localizada na famosa Crescente Fértil, a Mesopôtamia (“Terra entre Rios”) é muitas vezes confundida por uma localidade de apenas uma etnia, sendo que na verdade a Mesopôtamia foi formada por vários povos (Sumérios, Assírios, Caldeus, Amoritas e Acadianos). Por não ser uma cidade e sim uma denominação de uma localidade, hoje a maior parte de suas terras (donde se localiza os rios Tigre, Eufrates e Nilo) estão localizadas no atual Iraque (maior parte), Síria, Turquia e Egito.

Lusitânia – Localizada na península Ibérica, foi um território onde viviam os povos lusitanos desde o Neolítico. Um povo de origem indo-europeia e com pouca história por falta de registros nativos, foram conquistados pelos Romanos logo no início da expansão Romana, que manteve o território agora romano com o mesmo nome. A Lusitânia corresponde ao atual Portugal, e por essa razão nos também podemos chamar os portugueses de ‘lusos’ ou ‘lusitanos’.

Babilônia – Localizada na Mesopôtamia, foi uma cidade-Estado dominada por povos acadianos e amoritas. Muito conhecida por possuir uma das sete maravilhas do mundo antigo, os Jardins Suspensos da Babilônia, (um templo erguido durante o reinado de Nabucodonosor) que infelizmente, tudo que temos dessa grandiosidade são relatos e estudos arqueológicos de como fora esses jardins. Hoje o que nos restou foi um poço fora do comum que parece ter sido usado para bombear água. A antiga cidade atualmente se localiza na atual Al-Hillah, Iraque.

Machu Picchu – Localizada ao sudeste do atual Peru, essa cidade foi uma das principais cidades do Império Inca, tendo o governante Pachacuti como responsável pela construção da cidade. A cidade foi praticamente feita sob medida, com terras absurdas para a agricultura local e a maravilhosa distribuição de maneira organizada para casas, templos e ruas, bem ao meio das montanhas. Atualmente, a cidade antiga dos incas, Machu Picchu, fica no vale do rio Urumamba, Peru, onde se recebe milhões de pessoas todos os anos em turismo.

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30
Ago16

As Caravelas

António Garrochinho


estaleiro construcao caravela
estaleiro construcao caravela
A construção das caravelas eram executadas a beira do Tejo na Ribeira das Naus junto ao Palácio Real, onde trabalhavam os mestres de carpinteiros os quais não se serviam de planos, nem de desenhos técnicos.
Porém com suas experiências, sabiam exatamente as medidas mais equilibradas e como deviam proceder para que o navio funcionasse com perfeição. Eles dirigiam equipes que eram compostas de aprendizes de carpinteiros e os calafates a quem competiam a aplicação de betume entre as tábuas para suas impermeabilidade, os ferreiros e fundidores que fabricavam as peças e objetos de metais, os veleiros que fabricavam as velas, os cordeiros que fabricavam os cabos e cordas e os tamoeiros que cuidavam da fabricação das pipas para o transporte da água, dos vinhos, dos alimentos e a maior parte da carga.
O material empregado na construção da caravela eram os seguintes: para o casco eram utilizada as madeiras de pinho, carvalho, castanheiro e sobreiro, para a calafetagem do casco era empregado estopa, breu, pez, resina e alcatrão, para os mastros eram empregado as madeiras de pinho do norte da Europa, as velas eram confeccionada em linho ou lona, as cordoarias eram feitas com esparto ou linho e as peças fundidas eram empregado os seguintes matérias como o ferro, aço, chumbo, estanho, cobre e latão.
caravela
caravela
[4] Convés Pavimento entre a Proa e o Castelo da Popa, [5] Proa,
[6] Popa ou Ré, [7] Castelo da Popa, [8] Tolda pavimento do
Castelo da Popa, [9] Mastro Grande, [10] Verga, [11] Vela
Latina Grande, [12] Leme [13] Amarras, [14] Âncora, [15]
Cabos, [16] Amurada, [17] Mastro da mezena, [18] Vela Latinada mezena
A caravela possuía um casco estreito e fundo, com isto ela possuía uma grande estabilidade, por baixo do convés havia um espaço que servia para transportar os mantimentos, o castelo que era os aposentos do capitão e do escrivão se localizava na popa do navio, porém a grande novidade deste navio foi a utilização das velas triangulares em mar aberto, as quais permitiam que a caravela avançasse em zig-zag mesmo com ventos contrários, as caravelas não possuíam os mesmos tamanhos, as pequenas levavam entre vinte e cinco a trinta homens e as maiores chegavam a levar mais de cem homens a bordo, geralmente a tripulação era formada por marinheiros muitos jovens, os capitães podiam ser rapazes de vinte anos de idade eles eram o chefe máximo, que tinham a competência de organizar a vida a bordo e tomar as decisões sobre as viagens, o escrivão tinha a competência de registrar por escrito o rol da carga.
Quadrante Mural Coimbra Portugal
Quadrante Mural Coimbra Portugal
Bussola madeira
Bussola madeira
astrolabio
astrolabio
O piloto encarregava-se da orientação do navio, geralmente viajava na popa do navio com os seguintes instrumentos, uma bússola, um astrolábio e um quadrante, ele orientava aos homens do leme que manejavam o navio de acordo com as instruções do piloto e do capitão e em dia de mar revolto era necessário dois homens ao leme do navio, o homem da ampulheta era o marinheiro que vigiava o relógio de areia para saberem as horas, os marinheiros a bordo das caravelas tinham que fazer todos os tipos de serviços, desde içar, manobrar e recolher as velas, esfregar o convés, carregar e descarregar a carga e outras fainas a bordo, os grumetes eram constituído em sua maioria por rapazes de dez anos de idade que iam a bordo para aprender e fazer as rotinas das viagens

www.hirondino.com
30
Ago16

Há uma cidade perdida debaixo de Coimbra, mas pouca gente sabe disso!

António Garrochinho


Esta cidade que se localiza por baixo de Coimbra tem milhares de anos, mas mesmo assim é desconhecida pela maioria. Chamavam-lhe Aeminium, e hoje, é um vestígio apenas.

Aeminium foi um importante entreposto comercial, a residência dos monarcas D. Henrique e D. Teresa, o local de nascimento do primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques, e, finalmente, cidade universitária e do conhecimento.

A antiga Aeminium deixou vestígios no presente. Um deles é o criptopórtico romano, localizado no Museu Machado de Castro. Os vestígios mais antigos de Aeminium datam da era romana, quando aquele povo fundou a cidade, em colaboração e sempre protegida pela vizinha Conímbriga, a apenas 16 quilómetros de distância, na localidade de Condeixa-a-Nova.



Contudo, quando os Suevos saquearam e destruíram Conimbriga, em 465 e 468 d.C., os seus habitantes tiveram de fugir para Aeminium, aumentando a população local e ajudando a cidade a prosperar e a crescer.


O mais importante destes vestígios é o criptopórtico, uma galeria de túneis subterrâneos com vários arcos no topo, construído para suportar o Fórum Romano da antiga Aeminium. Durante a Idade Média, o palácio de um membro do clero foi construído sobre o fórum, edifício que actualmente alberga o Museu Machado de Castro e que esconde o criptopórtico, que pode ser visitado entrando no museu.

A plataforma artificial que suportava a estrutura manteve-se inalterada até aos dias de hoje e permite que, pela primeira vez na história, o público tenha total acesso ao fórum, uma experiência que pode ser enriquecida pelas recentes descobertas.



www.altamente.org

30
Ago16

Rafael Bordalo Pinheiro: Perfil de um português genial

António Garrochinho

Foi o inventor do Zé-Povinho, mas também jornalista da gravura, folhetinista do lápis, cronista gráfico, ceramista falido, cartoonista antes do tempo. Aguerrido republicano, ferozmente anticlerical, patrioticamente antibritânico, pelas suas pioneiras caricaturas satíricas se podem seguir todos os 35 dos convulsionados anos no final do século XIX, em Portugal. Nos 170 anos do seu nascimento, a VISÃO recorda um dos mais saudados e amados lisboetas da época: Rafael Bordalo Pinheiro. Tão destemido quanto temido, tão provocador quanto carinhoso. Um humorista que soube rir dos outros – tanto quanto de si próprio












Pedimos aos acontecimentos a fineza de nos fazerem cócegas, ao menos uma vez por mês”, escreveu Rafael Bordalo Pinheiro (1846-1905) num dos jornais que fundou. E isto, que é afinal o que todos os humoristas – do desenho ou da palavra – pedem, resume muito da personalidade e do génio do artista. Pedia aos “figurões” que derrapassem, aos governantes que dessem o flanco, aos portugueses que se deixassem ridicularizar – mas solicitava-o, e “com fineza”. Rafael era uma espécie de gato Pires, o seu adorado bichano de estimação, que comparecia (à imagem do mestre e dono, podia apresentar-se de cartola e monóculo) nos seus desenhos naturalistas e satíricos, por vezes grotescos, quase sempre mordazes, muitas vezes absurdos. O “alter-gato-ego”, chama-lhe o editor e escritor João Paulo Cotrim, ex-diretor da Bedeteca, autor da fotobiografia de Bordalo. Também João Botelho, diretor do Museu Bordalo Pinheiro, que faz uma visita guiada à VISÃO, através da obra exposta (o museu completa agora 100 anos de existência e tem uma exposição temporária que releva as afinidades entre Paula Rego e este artista,) assinala a presença de gatos nos seus desenhos, em especial nas autocaricaturas em que o gato Pires, instigador de unhadas, figura na sombra. E muito particular num duplo autorretrato (Bordalo era muito frequentemente personagem – ou a vítima – dele mesmo): ele em velho, barrigudo, decaído, pede lume a si mesmo, com menos 20 anos, em novo, vigoroso, em pose altaneira – nas sombras dos dois Bordalos lá estão dois gatos, um cansado, enrolado sobre si próprio, o outro travesso e zombeteiro. Talvez Bordalo se encarnasse neste animal, meiguinho mas indomável. Nas palavras de Osvaldo Macedo, historiador de arte, especializado em humor e caricatura, produtor de exposições internacionais de cartoon: “Ele cortou com essa forma cúmplice de viver ronronando no regaço da burguesia, cortou com a segurança de uma vida estável para fazer uma jornada toda em luta pelo seu quinhão de carapau do gato, pelo seu quinhão de sol nos telhados…”
Rafael tinha, como tantos outros artistas plásticos, uma paixão pelos gatos, não só pelas ergonomias felinas – o “design” de um gato é irresistível para quem desenha – mas também pela sua personalidade: rapinante, esquivo, emboscado para apanhar a vítima, predador, tal como o caricaturista, comenta Osvaldo, “caçador de falhas, de deslizes, de momentos, de atitudes, de atos”. E sobretudo livre: “Tanto podia ir à Ribeira comer uma sardinha, como ir a um salão aristocrático deliciar-se com um manjar faustoso.” O artista tinha este sonho louco: transformar o Rossio numa atração turística cheia de gatos, como os pombos da Praça de São Marcos, em Veneza, e distribuir-se-iam carapaus à hora certa para reunir toda a gataria de Lisboa… Talvez por amar tanto os gatos não se servia deles enquanto alegoria, nos seus célebres zoomorfismos – até na cerâmica era raro. Nunca aparecerá um gato em forma de político ou essa gente de má fama. A política era a grande porca, as finanças um cão esfaimado, a economia a galinha choca, a retórica parlamentar o papagaio. Rafael e suas “garras satíricas”, à solta pela cidade, “adorava a noite para descobrir os segredos do dia, gostava do dia para desvendar as curiosidades da noite”. E, continua o historiador, “o humor para ser respeitado necessita de um pouco de unha afiada, uma dor que nos obrigue a pensar, já que uma arranhadela no amor próprio não mata, apenas desperta”.

VIVER COM GARRA

Raphael Augusto Prostes Bordallo Pinheiro nasceu em Lisboa, terceiro de 12 irmãos (sobreviveram 9), numa família com tradições nas leis, mas também nas artes. Foi do pai que herdou os dotes artísticos – ele, o irmão pintor Columbano (um dos expoentes da pintura nacional) e uma irmã Maria Augusta (renovadora da indústria das rendas de Peniche)... O pai ainda lhe tentou arranjar um lugar de amanuense na câmara dos pares, onde também trabalhava, mas desde cedo o pequeno Rafael dava sinais de uma perspicácia irónica, o tal espírito de gato matreiro dos telhados. Mau aluno, fascinou-se pelo teatro, chegou a atuar no Teatro Garrett, não resistiu ao apelo plástico e inscreveu-se na Academia de Belas-Artes, mas poucas aulas terá frequentado. As primeiras “notícias” do sucesso dos seus desenhos vêm-lhe desses tempos, de caricaturas de professores espalhadas nas paredes da Academia. Observa Osvaldo Macedo: “As suas obras buscavam o naturalismo pitoresco, onde o grotesco e a ironia eram mais uma qualidade estética do que uma opção de género.” As primeiras “tropelias caricaturais” foram precursoras de desenhos de personalidades da cultura (dando origem ao primeiro álbum de caricaturas editado em Portugal) e, em 1870, fica marcado como “o ano da revolução satírica na carreira de Rafael”. Nem ele sonhava que havia de ser “o reformador do desenho satírico de imprensa em Portugal, projetando-a para o âmbito das artes maiores e da estética”. Na série de jornais satíricos que funda (A Berlinda, O Binóculo e mais tarde, em 1879, o famoso António Maria, “em honra” do mais importante político da época – o chefe do governo António Maria Fontes Pereira de Melo, figura assídua nas suas páginas), Rafael mostra a sua acutilante atenção à atualidade política e o seu papel de artista de intervenção política, jornalística e estética: “Quem tiver olhos que veja; quem não quiser ver, que durma.” O humor da sociedade portuguesa é colocado à prova.
E os portugueses estranham, mas rapidamente se rendem, apesar dos muitos dissabores que sobram para Rafael. É na Lanterna Mágica (de Guerra Junqueiro e Guilherme Azevedo) que aparece, pela primeira vez (a 12 de junho de 1875), a sua mais popular figura: o Zé-Povinho, ícone de um povo, adotado imediatamente por toda nação. Figura campónia, ar boçal, patilhas e “barba passa-piolhos”, maltrapilho, talvez embriagado, sempre carregando a albarda de burro... Teve cerca de 300 aparições na sua obra – também na cerâmica. Curiosamente, no papel nunca aparece a fazer o célebre manguito. “As outras nações criaram ícones do seu orgulho nacionalista, enquanto Portugal preferiu um símbolo degradante de um povo de brandos costumes, sempre recetivo às albardas que lhe adoçam no lombo, sempre submisso à miséria de políticos que ele deixa governar este país”. Num desenho coloca-o, estendido, a dormir, qual Gulliver, com as figurinhas das dinastias de reis em cima dele. Na legenda lê-se: “Levantar-se-á?”
Viajou, passou pelo Brasil, mas os caciques, capangas e jagunços não se riam das suas sátiras. Regressou, o Chiado continuaria a ser o umbigo do seu mundo. O caricaturista tornou-se famoso e de todos os poderosos – ministros, o rei Dom Carlos, clérigos, jesuítas – ninguém ficou a salvo do seu sarcasmo corrosivo. Entre bengaladas, farpas e processos judiciais, corre afiado o lápis observador de Rafael.
Julgado por ter desenhado uma Última Ceia com Zé-Povinho no lugar de Cristo,entre membros do Partido Reformador e os do Progressista, não se atemoriza pelo contratempo da prisão. Reincide na paródia da Última Ceia, e enquanto apóstolos estão polícias, juízes e carcereiros, desta vez ao centro está ele próprio: Rafael. No lugar central da mesa. No lugar central da sátira. Ria-se de si próprio. Reconhecia os seus ridículos, o seu envelhecimento, a sua bronquite crónica, fazia da sua tragédia clínica uma piada.

DELÍRIOS DE BARRO

Desiludido com a política e sobretudo com a falta de solidariedade e inveja dos colegas jornalistas, Rafael dedica-se à cerâmica. “Eu não pertenço ao ajuntamento dos jornalistas por isso que estou sozinho e não há ajuntamentos de uma só pessoa; eu não pertenço ao grupo monárquico porque este me chama revolucionário; eu não pertenço ao partido republicano porque este me alcunha de vendido”. Faz-se então, afirma, “operário”. E mete literalmente a mão na massa. Investe todas as suas energias, toda o seu entusiasmo e criatividade na cerâmica – e também as suas economias numa fábrica, nas Caldas da Rainha. Não tinha qualquer relação com a terra, mas, com a ajuda do irmão Feliciano, foi aí que encontrou o melhor material, o melhor barro e os melhores barristas, e funda, em 1883, a Fábrica de Faiança das Caldas da Rainha. Instala o seu atelier – uma cabana de cortiça bastante exótica e excêntrica, como não poderia deixar de ser – em pleno bosque, no meio da natureza, dos animais que adora, do macaco Basílio. “Onde estivesse Rafael Bordalo acontecia fantasia”, diz João Paulo Cotrim. Rodeia-se de operários e aprendizes, de maquinaria moderna, e do seu barro começa a sair uma torrente de peças delirantes, reassumindo o gosto, já demonstrado na caricatura, pelo antropomorfismo e animalismo. Exuberantemente carregado de pormenores, de uma minúcia miniaturista, de dimensões às vezes drásticas, com um especial apego pelos répteis e pela botânica – em especial a da horta que poderia ser a do Zé-Povinho: legumes, couves, abóboras, pimentos, nabos, alhos, uvas, cereais, flores, frutos e algas. Os animais são representados vivos: andorinhas em voo, aves de capoeira, insetos, peixes, batráquios, lagartos... Mas também mortos e manifestando o apreço gastronómico de Rafael: bacalhau seco, enguias, mexilhão, sardinhas ou animais de caça.
Para além das peças de uso doméstico, Rafael envereda também pelas suas figuras, como a do Zé-Povinho ou da Maria da Paciência (talvez a mulher do Zé-Povinho), velha de lenço preto e capote – agora a três dimensões e até com movimentos pendulares –, e traz a intervenção política para a cerâmica. É famoso o penico ou escarrador com as feições de John Bull, figura icónica de Inglaterra, uma provocação demolidora àquele país, depois da humilhação do Ultimato.
As peças decorativas são delicadas e, ao mesmo tempo, delirantes, barrocas, megalómanas. A mais representativa desta desmesura é a Jarra Beethoven (um dos compositores preferidos de Bordalo), que a conseguiu compor e esculpir contra todas as expectativas técnicas de modelá-la e cozê-la integralmente. Delírio barroco, a jarra não cabe sequer no salão a que se destinava. A sua fama chega novamente ao outro lado do oceano. Rafael transporta a sua obra para o Brasil, em 1899, com intenções de a vender, mas apesar de tão admirado e apreciado, o ambicioso e monumental jarrão acaba por não lhe render nada. Oferece-a ao Presidente do Brasil, Campos Sales, e ainda hoje está no museu do Rio de Janeiro.
Como bom artista, Rafael não percebe nada de finanças, esbanja, são proverbiais, comenta João Paulo Cotrim, os seus “repastos pantagruélicos”. E a sua aventura na tridimensionalidade prossegue, de crise em crise, até à falência final.
A fábrica de cerâmica nas Caldas acabou por descambar em falência, mas havia de receber a visita da rainha, D. Maria Pia, dando provas do seu fair-play, menos impressionada com os seus ataques à monarquia do que com a orgia de répteis, sapos, flores, lagartos, lagostas que ele sacava do barro.

UMA OBRA OCEÂNICA

Na sua vasta obra, contam-se, para além das caricaturas e cerâmicas, também ilustrações e capas de livros, figurinos de revista, rótulos e menus, a decoração do Pavilhão de Portugal na Exposição Universal de Paris (em 1889), a ornamentação do carro funerário de Eça de Queirós, escritor que muito admirava e assim o quis homenagear. São dele os magníficos azulejos, sapos em delírios dançantes, que forram a Tabacaria Mónaco, no Rossio, vilipendiados pelos seus proprietários, sem que ninguém faça nada para os proteger ou resgatar. João Paulo Cotrim chama-lhe “escritor de imagens”: texto e desenho juntam-se numa caligrafia única; nas composições narrativas revelam-se uma imensidão de pequenos pormenores, inesperados, recantos inovadores e muito além da sua época. Se certas páginas parecem banda desenhada, noutras ele explora o movimento do desenho animado. Rafael não mostra apenas, ele conta.
Também ele, ainda em vida, foi alvo de uma homenagem grandiosa, um banquete onde toda a gente, até os próprios caricaturados, compareceu. Caricaturar, dizia, “é o mesmo que pregar um prego no estuque novo de uma casa, com o protesto do senhorio”. Com o seu riso, comenta Cotrim, Bordalo “fazia buracos nas paredes”. Boémio, provocador, incorrigível. Tumultuoso, brilhante, indisciplinado, estouvado até, subversivo, prezava acima de tudo a liberdade. Na sua não muito longa vida – morreu em 1905, aos 58 anos –, não cultivou rancores, não colecionou ódios, não se alimentou de insolências e grosserias. Era fina a sua sátira, e ser caricaturado por ele já era uma grande honra – porque não se fazem caricaturas dos insignificantes. Lembra João Botelho, ele não caricaturava o homem, mas sim o político. Depois da realização do tal banquete, em 1903, e por iniciativa da Associação de Jornalistas, no Teatro Dona Maria, a que ninguém faltou à chamada (mais de 200 comensais), aplaudido dos camarotes, lamentou-se, com a ironia de sempre, a Raul Brandão: “Veja a minha desgraça! Daqui a pouco não posso fazer a caricatura de ninguém!”

ZÉ-POVINHO

É daquelas figuras que precisava tanto de ser inventada que permaneceu para sempre, identificada por todos, ícone de um povo submisso e explorado, e que, até nos dias de hoje, aparece em cartazes de campanha política. Ao contrário dos outros países que usam figuras heroicas para representar um povo, Rafael escolheu este ser campónio, de ar boçal, esfarrapado, sempre agarrado à albarda do burro. Ao longo da sua obra, a figura, criada a 12 de junho de 1875, teve mais de 300 aparições, mas só na cerâmica aparece a fazer o célebre manguito.

PAULA REGO E BORDALO: DIÁLOGO IMPROVÁVEL?

Paula Rego sempre mencionou Rafael Bordalo Pinheiro como uma referência. Conhecia bem os seus desenhos de ver os jornais em casa dos avós. E a caricatura, o grotesco, os bichos transfigurados de humanos (ou vice-versa), os temas de atualidade, a crítica social, subversiva e provocatória, impregnadas de um humor sarcástico, sempre tão presentes na sua obra, sugerem afinidades. Ou mesmo confluências óbvias, como no quadro em que convoca o magnífico peru preto de cerâmica, quase como uma sentinela (que zela ou ameaça) a mulher que descansa na cama (Primeira Missa no Brasil, 1993). Mas é na hibridez das figuras (meio humanos, meio animais), e dos ambientes (meio realidade, meio sonho), na presença dos animais domésticos – em especial o gato, claro –, na leitura narrativa que se faz das suas obras, que se descobrem estas ressonâncias e este diálogo improvável.
Ambos denunciam o amor pelas artes de palco – no caso de Paula Rego, mais o bailado, e, no de Bordalo, mais o teatro. O historiador de arte Pedro Bebiano Braga salienta “a escala das personagens e dos objetos, que obedece a uma lógica emotiva ou reativa, por um lado, de brincadeira geradora de riso, por outro”. E acrescenta: “Se existe a sugestão de humor irónico nestas obras [de Paula Rego], não tenhamos ilusões, por detrás de uma primeira abordagem está um mundo de enigmática violência, tal como por detrás do humor de Rafael Bordalo está, muitas vezes, uma profunda tristeza.” A exposição Diálogos Imaginados pode ser vista até 29 de setembro no Museu Bordalo Pinheiro.

VÉNIA

Depois de uma homenagem que reuniu mais de 200 pessoas num banquete, entre elas muitos políticos, alvos de estimação da ironia de um lápis sempre corrosivo, mas que nunca lhe ganharam rancor, Rafael agradece, junto com os seus animais

A PERFEIÇÃO DO TRAÇO

Vários exemplos de como Bordalo, de forma mais trágica ou mais risonha, narrava o quotidiano. Ou as alegorias com animais, ou o baile macabro dos sapos (nos azulejos da Tabacaria Mónaco, o célebre duplo autorretrato, em novo e em velho e aquela que é considerada uma das suas mais belas pinturas: “A indiferença mascara a miséria”

ETAPAS DA VIDA

Nem nas fotos domésticas Rafael esconde o seu apurado sentido performativo e de autoironia. A pintura em pose foi feita pelo irmão Columbano. Escapou à tentação de uma pacata vida burguesa. Preferiu sempre o bulício, a polémica e aventuras arriscadas (como a sua fase de artesão falido na Fábrica das Caldas). À direita, com a mulher Elvira, a filha Helena e o filho, Manuel Gustavo, o seu melhor discípulo, e que haveria de o substituir no traço e nas caricaturas, mas não com o mesmo sucesso

FASCINAÇÕES

Gatos - Rafael era fascinado por estes bichos. Nas suas autocaricaturas, aparece rodeado pelo seu “alter-ego-gato”, o seu felino de estimação, o gatoPires
Outros animais - Podiam ser mamíferos, como este elefante, ou meros insetos ou mesmo batráquios, Rafael usava-os não só na cerâmica, mas como alegorias políticas nos seus desenhos satíricos
Botânica - Foi quando, fungindo às mundanidades do Chiado, Rafael se instalou num chalet, junto à Fábrica das Caldas, rodeado de plátanos e ulmeiros, que a flora entra com toda a pujança na suas faianças, e nem os pormenores dos veios das plantas são descurados

MULTIFACETADO

Caricatura - Ser caricaturado por Rafael era uma honra. No Álbum das Glórias, o artista retratou 42 rostos das artes, entre eles Camilo e Eça de Queirós, um seus escritores preferidos
Cerâmica - Rafael transportou as suas obsessões, a sua loucura boa, para a cerâmica, celebrada pela minúcia dos pormenores e também pelo absurdo ou sobredimensão das peças
Autorretrato - Se caricaturava os outros, não se deixava a si de fora. Pelo contrário, Rafael comparecia nos desenhos, enquanto observador e personagem, com todas as suas imperfeições exageradas (acompanhado pelo gato Pires)


visao.sapo.pt
30
Ago16

Azulejo Português

António Garrochinho


A palavra azulejo vem do árabe azzelij, que significa pequena pedra polida usada para desenhar mosaico bizantino do Próximo oriente. É comum, no entanto, relacionar-se o termo com a palavra azul (termo persa لاژور lazkward, lápis-lázuli) dado grande parte da produção portuguesa de azulejo caracterizar-se pelo emprego maioritário desta cor, mas a real origem da palavra é árabe.



Este termo designa uma peça de cerâmica de pouca espessura, geralmente, quadrada (originalmente fabricada nas medidas 15×15 ou menores formatos), em que uma das faces é vidrada, resultado da cozedura de um revestimento geralmente denominado como esmalte, que se torna impermeável e brilhante. Devido a essa impermeabilidade era, geralmente, usado em áreas molhadas também pelo seu baixo custo e pela resistência. Esta face pode ser monocromática ou policromática, lisa ou em relevo. O azulejo é normalmente, utilizado em grande número como elemento associado à arquitectura em revestimento de superfícies interiores ou exteriores ou como elemento decorativo isolado. Os temas oscilam entre os relatos de episódios históricos, cenas mitológicas, iconografia religiosa e uma vasta gama de elementos decorativos espalhados em muitos temas (geométricos, vegetarianos etc) aplicados à parede, pavimentos e tectos de palácios, jardins, edifícios religiosos (igrejas, conventos), de habitação e públicos. Nas igrejas, o azulejo reveste todas as superfícies, mesmo tectos e abóbadas, e observa-se um complemento estético entre a talha dourada do período barroco português e as molduras ondulantes do azulejo.




Com diferentes características entre si, este material tornou-se um elemento de construção divulgado em diferentes países, assumindo-se em Portugal como um importante suporte para a expressão artística nacional ao longo de mais de cinco séculos, onde o azulejo transcende para algo mais do que um simples elemento decorativo de pouco valor intrínseco. Este material convencional era usado além do seu baixo custo, pelas suas fortes possibilidades de qualificar, esteticamente, um edifício de modo prático. Mas nele se reflecte, além da luz, o repertório do imaginário português, a sua preferência pela descrição realista, a sua atracção pelo intercâmbio cultural. De forte sentido cenográfico descritivo e monumental, o azulejo é considerado hoje, como uma das produções mais originais da cultura portuguesa, onde se dá a conhecer, como num extenso livro ilustrado de grande riqueza cromática, não só a história, mas também a mentalidade e o gosto de cada época. Antigamente, o azulejo era material exclusivo de áreas molhadas como cozinha, banheiro, e demais áreas que continham instalações hidráulicas, porém, actualmente é muito usado como elemento decorativo e estético em detalhes de construção e decoração.



Em Lisboa, o Azulejo ultrapassou largamente a mera função utilitária ou o seu destino de Arte Ornamental e atingiu o estatuto transcendente de Arte, enquanto intervenção poética na criação das arquitecturas e das cidades.



No Brasil, alguns painéis em azulejo mostram que as marcas do colonialismo português ficaram por todos os lados. Na culinária, na moda, no idioma e nas paredes.
Nos principais núcleos urbanos, os belos azulejos portugueses ornamentam importantes edificações, como a Ordem Terceira de São Francisco de Salvador (Bahia) e a Igreja do Outeiro da Glória (Rio de Janeiro). Em Portugal, a arte da azulejaria é tão valorizada que ganhou um museu próprio: o Museu Nacional do Azulejo, instalado em 1980 no Convento da Madre de Deus, em Lisboa.

A sede do Colégio 2 de Julho, imponente casarão em Salvador, abriga uma relíquia artística única no país. Espalhados por vários cômodos, 21 painéis retratam, com riqueza de detalhes, o estilo neoclássico.
Em Campinas temos influência Portuguesa em alguns imóveis mais antigos, um exemplo de imóvel importante e tombado é o Palácio dos Azulejos, que tem suas origens no apogeu da economia cafeeira paulista. Trata-se de um patrimônio histórico e arquitetônico tombado tanto pelo Iphan, como pelo Condephaat e Condepacc, ou seja, nas instâncias nacional, estadual e local.

Na sua construção, em 1878, grande parte do material foi importada da Europa, como era o costume da época. O Palácio dos Azulejos foi usado como residência até 1908 e, daí até 1968, foi sede do governo municipal, passando depois a ser sede da Sanasa. Em 1996, seu uso foi transferido para a Secretaria de Cultura, e, desde então, abriga a sede do MIS (Museu da Imagem e do Som).




fonte: mondomoda
http://portugalglorioso.blogspot.com/

30
Ago16

PM atacou com violência manifestantes anti-golpe em São Paulo

António Garrochinho


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A Polícia Militar do Estado de São Paulo (PM) atacou de forma «arbitrária e violenta» os manifestantes que, esta segunda-feira, protestavam na Avenida Paulista contra o processo de destituição de Dilma Rousseff.

Milhares de pessoas vieram, ontem, para as ruas de várias cidades brasileiras denunciar o processo de impeachment movido contra a presidente eleita, Dilma Rousseff, e aquilo que consideram ser um golpe de Estado em curso.
As mobilizações, convocadas pelas frentes Povo sem Medo e Brasil Popular, tiveram lugar precisamente no dia em que a presidente afastada assumiu a sua defesa no Senado, no âmbito do julgamento político que enfrenta.
Em São Paulo, a mobilização de apoio a Dilma decorria de forma pacífica na Avenida Paulista, mas foi atacada de forma violenta pela PM quando os manifestantes se aproximaram da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), uma organização que, para os promotores da marcha, é «patrocinadora do golpe».
De acordo com o Brasil de Fato, o Corpo de Intervenção [Tropa de Choque] da PM bloqueou a passagem aos manifestantes argumentando que «grupos pró-impeachment estariam no local e que a instituição que não havia sido informada do trajecto». E atirou bombas de gás lacrimogéneo para o meio da multidão.
«Isso é um sinal de que, consumado o golpe amanhã ou depois, virá um processo duro de repressão aos movimentos sociais, inclusive colocando em risco nosso direito de se manifestar, garantido na Constituição. É uma violência o que eles estão fazendo», afirmou o coordenador da Frente Brasil Popular, Raimundo Bonfim, citado pelo Brasil de Fato. Para Bonfim, o papel exercido pela PM ontem à noite foi o de «proteger a Fiesp, onde tem meia dúzia de golpistas».
Entoando palavras de ordem mais fortes contra o presidente interino, Michel Temer, e a Polícia Militar, os manifestantes tentaram reorganizar a mobilização e os coordenadores das duas frentes tentaram renegociar o trajecto com o comandante da operação, mas este informou-os que a manifestação não seguiria pela Avenida Paulista.
Então, ergueram-se barricadas para retardar a acção da PM, que continuou a atacar os manifestantes com balas de borracha, bombas de gás lacrimogéneo e jactos de água. Muitos manifestantes ficaram feridos e um foi detido, informa o Brasil de Fato, que dá conta também de agressões a jornalistas que cobriam a manifestação.
Dilma Rousseff assumiu a sua defesa
Afastada temporariamente do cargo desde 12 de Maio último e submetida agora a um julgamento político por decisão do Senado Federal, a presidente eleita do Brasil e a sua defesa denunciaram, desde o início, que o processo se configura como um golpe de Estado.
Para que o mandato de Rousseff seja interrompido de forma definitiva é necessário que dois terços do plenário do Senado (54 dos 81 senadores) considerem que a presidente é «culpada». Se mais de 27 senadores votarem a favor de Dilma, esta reassumirá a chefia do Estado mal seja publicada a sentença de absolvição.
O julgamento político da presidente, que está a decorrer em Brasilia, prossegue, hoje, com mais intervenções da acusação e da defesa, prevendo-se que a votação final tenha lugar na madrugada desta quarta-feira, refere aPrensa Latina.
Ontem, Dilma assumiu a sua defesa no plenário do Senado e, numa sessão que se prolongou por mais de 13 horas, insistiu que não cometeu o crime de responsabilidade, desmontando de forma exaustiva os elementos em que a acusação se baseia.
A presidente sublinhou, para além disso, que qualquer processo deimpeachment que avance sem a existência do crime de responsabilidade constitui «um ataque claro e integral à Constituição» e «um golpe de Estado».
«Estamos a um passo da concretização de um verdadeiro golpe de Estado», disse, destacando ainda o facto de este processo ter tido início na chantagem explícita do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.

www.abrilabril.pt
30
Ago16

Manifestantes param São Paulo em repúdio ao golpe contra Dilma

António Garrochinho



Nas horas que antecedem o julgamento do Senado pelo afastamento da presidenta Dilma, manifestantes pararam a maior capital do país nas primeiras horas do dia de hoje, bloqueando as principais avenidas de acesso à cidade.

Centenas de manifestantes tomaram as principais rotas de acesso à São Paulo e armaram barricadas, colocando fogo em pneus. Os congestionamentos de veículos passaram de 2 horas.

As manifestações foram realizadas por trabalhadores urbanos de São Paulo. Nos próximos dias as manifestações devem se realizar por todo o país, através da mobilização do MST - Movimento dos Sem Terras.

No Senado continua o circo armado pela quadrilha de Eduardo Cunha, onde os políticos mais corruptos do país se somam aos interesses antipopulares de fazendeiros, industriais, usineiros, todos empenhados em derrubar um governo eleito pela maioria do povo brasileiro. 

O governo Dilma que governou para os mais pobres está sendo derrubado para favorecer a roubalheira e o entreguismo das riquezas naturais do Brasil ao governo dos EUA, entreguismo do Pré-Sal e submissão da economia ao sistema financeiro internacional.

www.marchaverde.com.br




30
Ago16

SIMPLES E SINGELO

António Garrochinho

O GOVERNO PS NEM SÓ SE DEVERIA ENTENDER COM OS PARTIDOS QUE O APOIAM NA A.R MAS SIM E TAMBÉM COM O POVO QUE VOTOU NA ESQUERDA E QUE PERMITIU A ANTÓNIO COSTA GOVERNAR E AFASTAR OS FASCISTAS QUE ESTAVAM MATANDO OS PORTUGUESES.
António Garrochinho
30
Ago16

A reunião dos bispos

António Garrochinho


O normal quando um contribuinte discorda de uma decisão do fisco é recorrer a quem percebe da matéria e eventualmente recorrer do que considera ser uma decisão que viola a lei. É assim com os contribuintes, é assim com as empresas e deveria ser assim com as igrejas. Mas há uma Igreja que enquanto agente económico tem um estatuto especial e que beneficia de uma concordata que condiciona as leis do país.

Enquanto agente económico a Igreja Católica abandona o estatuto de igreja e apela à sua condição de católica, apostólica, romana, invocando os privilégios decorrentes do estado com sede na Cidade do Vaticano. Enquanto igreja fez uma primeira tentativa de influenciar a opinião pública, invadindo as televisões numa actuação conjugada que visava assustar o governo, a ideia era tentar travar o fisco.
  
Parece que a opinião pública não reagiu da forma mais favorável, o que era de esperar, depois da austeridade brutal a que o país foi sujeito nem os mais devotos sacristães iriam defender que a Igreja Católica devia ficar isenta dos impostos que por lei devem ser aplicados ao património , não se distinguindo uma igreja de um apartamento arrendado ou que serve de residência a eclesiásticos.

Face a esta reacção pouco simpática por parte do povo o clero opta por uma nova estratégia, evita a praça pública e reúne em segredo. Os argumentos que foram usados nas televisões dão lugar a posições privadas, falhada a estratégia religiosa os nossos bispos passam a actuar como uma empresa. A esta hora estarão a estudar o código do IMI, o texto da concordata e, muito provavelmente, a ler os pareceres que lhe terão sido enviados por devotos fiscalista.

Foi uma decisão lúcida dos nossos bispos, tardou mas perceberam que em matéria fiscal não são as homilias que contam, é a lei, sendo mais lógicos que raciocinem como empresários, porque também o são, do como párocos de aldeia. De um ponto de vista económico a Igreja Católica é uma empresa multinacional que é propriedade do Vaticano, uma espécie de EDP do Vaticano que em vez de alimentar os aparelhos eléctricos obtém lucros alimentando almas mais carentes de um lugar no Céu.

Resta agora esperar que os nossos bispos se deixem de manipulações e se comportem dignamente como representantes locais dos negócios do Vaticano e percebam que a lei fiscal é analisada nos tribunais e não nas sacristias.


jumento.blogspot.pt
30
Ago16

VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO - Privatização pode levar à deterioração das condições de trabalho - Trabalhadores e população manifestam-se contra privatização da recolha de resíduos

António Garrochinho

Para a população e trabalhadores da autarquia de Vila Real de Santo António a entrega da recolha de resíduos e limpeza urbana a privados levará à degradação de serviços e ao aumento de encargos.


A Cấmara de Vila Real de Santo António pretende privatizar a recolha de resíduos e limpeza urbana
Os trabalhadores da autarquia e a população do concelho de Vila Real de Santo António protestaram hoje na Praça Marquês de Pombal contra a decisão da Câmara Municipal privatizar a recolha de resíduos e a limpeza urbana.

A Câmara Municipal de Vila Real de Santo António prepara-se para entregar a empresas privadas o serviço público de recolha de resíduos do concelho, incluindo a recolha de «monstros» ou «monos», os resíduos verdes, a lavagem de contentores e a limpeza urbana, de praias e ribeiras. A autarquia pretende efectuar uma concessão por oito anos, propondo-se pagar a privados o montante de 10,4 milhões de euros ao longo daquele período. Nos planos da autarquia está igualmente a privatização da Sociedade de Gestão Urbana (SGU), empresa municipal de água e saneamento, em cujas redes o município investiu 60 milhões de euros nos últimos anos.

O Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local e Regional, Empresas Públicas, Concessionárias e Afins (STAL) condena estas decisões e alerta para os perigos da degradação da qualidade dos serviços, aumento dos encargos para o município e a população, bem como para a deterioração das condições de trabalho e a proliferação da precariedade e do emprego sem direitos.

O protesto foi realizado ao mesmo tempo que decorria uma reunião da Câmara Municipal para discutir procedimentos das concessões. Foi entregue por parte dos manifestantes uma moção à Câmara que reiterava as suas reivindicações.

www.abrilabril.pt
30
Ago16

Pescador encontra pérola de 34 kg avaliada em 100 milhões e guarda debaixo de sua cama

António Garrochinho
O que esconde o mar poucos sabem. Existem lendas aos montes, monstros marinhos, lulas gigantes, barcos, pérolas ou sereias. Todo um mundo por descobrir. Mas resulta que algumas existem realmente. E a história deste pescador filipino demonstra as maravilhas que estão ocultas sobre as águas marinhas. Ele encontrou uma enorme pérola de 34 quilos de peso em frente à costa da ilha de Palawan. Sem saber do que se tratava e muito menos de seu valor levou para casa e jogou debaixo da cama pois achou aquela coisa bonita, mas não sabia aexatamento que fazer com ela.

Um pescador encontra uma pérola de 34 kg avaliada em 100 milhões e guarda debaixo de sua cama
- "Mantive-a em casa sem saber de seu valor e minha mulher muitas vezes mandou jogare aquela porcaria fora", disse o homem.

A pérola, que tem 66 centímetros de comprimento, 30 de largura e chega aos 34 quilos, é quase 6 vezes maior que a de Allah. O antigo recorde era de 6,4 kg e custava 35 milhões de dólares.
Um pescador encontra uma pérola de 34 kg avaliada em 100 milhões e guarda debaixo de sua cama
Cynthia Amurao, oficial de turismo, explicou como ocorreu o achado.

- "O pescador jogou a âncora depois ficou preso em uma rocha logo após uma tempestade. Quando deu-se conta disso, mergulhor para tentar desenroscar a âncora. Na descida encontrou a peça, que decidiu guardar em sua casa durante toda uma década, com recorrentes pedidos da esposa para jogar fora."
Um pescador encontra uma pérola de 34 kg avaliada em 100 milhões e guarda debaixo de sua cama
A explicação de manter guardado algo assim durante 10 anos é porque não era consciente do que valia e o manteve escondido em sua casa como um simples amuleto de boa sorte. Mas quando o pescador apareceu com seu achado, todos ficaram emudecidos. Inclusive correram atrás de especilistas para certificar corretamente o alcance de seu valor. Na verdade ainda estão à espera que o Instituto de Gemologia e outras autoridades internacionais certifiquem esta pérola gigante.
Um pescador encontra uma pérola de 34 kg avaliada em 100 milhões e guarda debaixo de sua cama
Outro dos benefícios desta história é para Porto Princesa, a maior cidade da província de Palawan, que tem muitas probabilidades de ganhar outro título de prestígio e o recorde de ter a maior pérola gigante natural do mundo a partir de uma amêijoa gigante.
Um pescador encontra uma pérola de 34 kg avaliada em 100 milhões e guarda debaixo de sua cama
Não só seu tamanho é alucinante, senão que seu brilho e beleza apaixonaram a todos. A natureza a cada vez surpreende-nos mais com histórias como esta.
Fonte: Fishki.
www.mdig.com.br
30
Ago16

TAIWAN DISPAROU MÍSSIL POR "FALHA HUMANA"

António Garrochinho


Taiwan admitiu que o disparo de um míssil, num exercício militar no mês passado, correu mal. 

O míssil matou apenas uma pessoa, um pescador, e feriu três outras, mas o balanço podia ter sido bem pior: Tratava-se de um míssil supersónico e de longo alcance. 

O ministério da Defesa da Formosa diz que se tratou de uma falha humana e que os militares não cumpriram o protocolo de segurança. 

O míssil for disparado por engano de um navio da Marinha e atingiu o barco de pescadores sem explodir.


VÍDEO




pt.euronews.com
30
Ago16

Festa do Avante!

António Garrochinho

por Amato
É uma pena a Festa do Avante! durar apenas três dias. É uma pena que o seu espírito não se propague pelo país e pelo mundo como um indomável fogo.

Quem passa a vida a articular conceitos como liberdade ou democracia, igualdade ou fraternidade, devia passar por lá, pela Quinta da Atalaia, pelo menos uma vez em vida. Toda a artificialidade dos seus conceitos cairia por terra e, então, seriam capazes de ter uma ideia mais clara, um pouco mais aproximada, do que realmente é isso de liberdade, democracia, igualdade ou fraternidade.

Pela minha parte, não tenho certezas nenhumas sobre as definições, mas sei que os conceitos estão lá e encontram-se por toda a parte, sinto-os à flor da pele, na Festa do Avante!.

VÍDEO


 portodeamato.blogs.sapo.pt
30
Ago16

30 de Agosto de 1821: Nasce Anita Garibaldi

António Garrochinho


Ana Maria de Jesus Ribeiro da Silva, também conhecida como Anita Garibaldi, foi  esposa do herói italiano Giuseppe Garibaldi. Nasceu no município de Laguna, em Santa Catarina. Os seus pais eram descendentes de imigrantes dos Açores. Depois de falecer o pai, casou-se, aos 15 anos, por insistência da mãe, com Manuel Duarte Aguiar. Esse casamento sem filhos foi um fracasso e durou pouco tempo.


Em 1837, durante a Guerra dos Farrapos, Giuseppe Garibaldi, a serviço da República Rio-Grandense, tomou a cidade portuária de Laguna, transformando-a na primeira capital da República Juliana. Ali, conheceu Anita - e desde então permaneceram juntos. Entusiasmada com os ideais democráticos e liberais de Garibaldi, ela aprende a lutar com espadas e usar armas de fogo, convertendo-se na guerreira que o acompanharia em todos os combates. 

Durante a batalha de Curitibanos, o casal separa-se, inadvertidamente, e Anita é capturada pelo exército imperial. Presa, os oficiais informam-na que Garibaldi morreu. Anita, que estava grávida, pede então que a deixem procurar o corpo de seu companheiro entre os mortos. Sem encontrá-lo, e suspeitando que estivesse vivo, ela aproveita-se de um descuido dos soldados, salta sobre um cavalo e foge dos seus perseguidores. Poucos quilómetros depois, depara-se com o rio Canoas e, sem hesitar, lança-se nas águas. A perseguição cessa, pois os soldados acreditaram que ela estivesse morta. Mas Anita passa para a outra margem e reencontra os rebeldes e, na cidade de Vacaria, une-se novamente a Garibaldi. Poucos meses depois nasceria o primeiro filho dos quatro que tiveram. 


Anita e Garibaldi casaram-se em 26 de Março de 1842. Em 1847, Garibaldi enviou Anita a Itália, como sua embaixadora, a fim de preparar o terreno para o retorno aquele país acompanhado por um exército de mil homens. Garibaldi pretendia desembarcar em Itália para lutar na primeira guerra da independência italiana, contra a Áustria. Depois da chegada de Garibaldi, seguem para Roma, onde se proclama a República Romana. A cidade, contudo, é atacada por tropas franco-austríacas, e Anita, grávida do quinto filho, luta ao lado de Garibaldi na batalha de Gianicolo. Obrigados a bater em retirada, o casal foge acompanhado de um exército de quase quatro mil soldados. São perseguidos, contudo, por forças francesas, napolitanas e espanholas. Durante a fuga, quando chegam a San Marino, que também  se havia  libertado dos austríacos, Garibaldi e Anita não aceitam o salvo-conduto oferecido pelo embaixador norte-americano e decidem prosseguir na fuga. Anita, entretanto, contrai febre tifoide e não resiste. Falece perto de Ravenna, a 4 de Agosto de 1849.

wikipedia (Imagens)

Ficheiro:Anita Garibaldi - 1839.jpg
Retrato de Anita Garibaldi - Gaetano Gallino

Ficheiro:Giuseppe e Anita Garibaldi trovano rifugio a San Marino.JPG

Garibaldi e Anita buscam refúgio em San Marino

Ficheiro:Garbaldieanita.jpg

Garibaldi e Anita, ferida, fogem de San Marino, 1849 (quadro de anónimo, século XIX)

File:GaribaldiFam1878.jpg

A Família Garibaldi em 1878
30
Ago16

30 de Agosto de 1797: Nasce a escritora britânica Mary Shelley, autora de "Frankenstein".

António Garrochinho


Mary Wollstonecraft Godwin nasceu a 30 de Agosto de 1797 em Londres e faleceu a 1 de Fevereiro de 1851. É geralmente lembrada por uma única obra de grande sucesso, intitulada "Frankenstein". Mary Shelley foi autora de contos, dramaturga, ensaísta, biógrafa e escritora de literatura de viagens. Ela também editou e promoveu os trabalhos do seu marido, o poeta romântico e filósofo Percy Bysshe Shelley.


Mary Shelley era filha de Mary Wollstonecraft, considerada uma das primeiras feministas e que, faleceu dez dias após o nascimento da filha. Ela ficou conhecida pela publicação das obras “A Reivindicação dos Direitos da Mulher (1792)” e “Os Erros da Mulher”. O pai de Mary Shelley, William Godwin, era jornalista, escritor e teórico anarquista. Publicou a obra “Uma Investigação Concernente à Justiça Política” (1793).


Mary publicou o seu primeiro poema aos dez anos de idade e aos dezasseis fugiu de casa para viver com Percy Bysshe Shelley, apenas cinco anos mais velho, mas já bastante famoso .Poeta romântico, Percy tinha casado em primeiras núpcias com Harriet Westbrook com quem tivera dois filhos. Após o suicídio de Harriet, Mary e Percy  casaram-se, em 1816 e Mary adoptou o sobrenome do seu marido passando a chamar-se Mary Wollstonecraft Shelley.

A fuga de ambos  levou-os a  encontrarem-se com Lord Byron em Genebra, com quem manteriam bastante contacto e que teria sido o responsável por instigar Mary a escrever a sua obra mais famosa. Mary e Percy Shelley, Claire Clairmont e Lord Byron estavam juntos na Suiça quando Byron propôs a Mary que escrevesse a mais terrível história que pudesse. Encorajada por Percy, um ano depois Mary publicaria a sua obra intitulada “Frankenstein, ou  O Moderno Prometeu”.

Mas, ao contrário do que muitos pensam, e do que se tornaram os filmes que, mais tarde, tentariam reproduzir a belíssima história de Mary Shelley, Frankenstein não é uma história de terror. Frankenstein fala da história de um cientista (Victor Frankenstein) que obcecado por tentar recriar a vida, fica horrorizado ao ver que cometera um erro. A dada altura da narrativa o cientista reflecte sobre a sua responsabilidade em relação ao que fizera e à criatura a quem dera  vida.

Os Shelleys deixam a Grã-Bretanha em 1818 e foram para a Itália, onde o segundo e o terceiro filhos do casal morreram antes do nascimento do seu último e único filho sobrevivente. Em 1822, Percy Shelley  afogou-se na baía de  Spezia, próximo de Livorno. Mary retornou a Inglaterra e dedicou-se a publicar as obras do seu marido, sem contudo deixar de escrever.

Algumas obras de Mary Shelley foram “Faulkner” (1937), “Mathilde” (publicada em 1959), “Lodore” (1835), “Valperga” (1823) e “O Último Homem” (1826), considerada pela crítica como sua melhor obra e que teve grande influência sobre a ficção científica. 

wikipedia (Imagens)

Arquivo: RothwellMaryShelley.jpg
Retrato de Mary Shelley - Richard Rothwell
Arquivo: Retrato de Percy Bysshe Shelley por Curran, 1819.jpg
 Percy Bysshe Shelley
Ficheiro:FrankensteinDraft.jpg
Manuscrito de  Frankenstein
30
Ago16

Lisboa, 1936. - Jornalista, escritor, militante do Partido Comunista inglês, biógrafo de Marx e Gengis Cã, Ralph Winston Fox (1900-1936) notabilizou-se como combatente na Guerra Civil de Espanha

António Garrochinho



 
Ralph Fox (1900-1936)
 
 
 
Jornalista, escritor, militante do Partido Comunista inglês, biógrafo de Marx e Gengis Cã, Ralph Winston Fox (1900-1936) notabilizou-se como combatente na Guerra Civil de Espanha, tendo morrido na Batalha de Lopera, em finais de 1936. Com tradução de Rui Lopes, prefácio de José Neves e ilustrações de António Paredes, a Tinta-da-china publicou em 2006Portugal Now. Um espião comunista no Estado Novo http://www.bulhosa.pt/livro/portugal-now-um-espiao-comunista-no-estado-novo-ralph-fox/, livrinho de Ralf Fox em que este conta a sua passagem por Portugal. Um breve extracto:   
 
Lisboa, Avenida da Liberdade, 1936
Fotografia de Eduardo Portugal
 

Se alguma vez considerar a hipótese do exílio, voluntário ou involuntário, terá à escolha muitos sítios piores do que Lisboa.
         A cidade é limpa e pitoresca, banhada por uma luz dourada, suave e encantadora, que apaziguará a tristeza do exílio; também não há pobreza à vista, o que nos poupa a remorosos quando nos sentamos à mesa num dos três hotéis confortáveis de Lisboa.
         É certo que esta ausência de pobreza é um mero acidente arquitectónico, pois os pobres, como em qualquer outra cidade, são a maioria da população, mas encontram-se convenientemente afastados e arrumados nas ruas íngremes e estreitas que as largas avenidas centrais não cruzam.
         Apesar de tudo, até mesmo a pobreza parece suportável sob a doce luz de Lisboa, e como a moeda nacional está alegremente desvalorizada, a vida parece barata – mesmo que não o pareça aos nativos.
         O terceiro factor indispensável ao ambiente do exílio também aqui se encontra – uma atmosfera cosmopolita.
         É verdade que a maioria dos habitantes são obstinadamente portugueses, mas os exilados são todos espanhóis, os exportadores de vinho são ingleses, os comboios são alemães, o gás e a electricidade são franco-belgas; os eléctricos, os telefones, os marcos de correio e os capacetes dos polícias são também ingleses; por outro lado, a política do governo é italo-alemã.
         Este governo exemplar criou recentemente uma estância para estrangeiros, situada no topo de uma falésia por cima de uma faixa atlântica de praia, a uns trinta quilómetros de Lisboa. É verdade que eles não fizeram o Estoril motivados por sentimento de pura hospitalidade, mas eis que ele ali está agora, e não vale a pena esconder a gratidão por isso.
         De facto, o Estoril é um local único em todo o mundo, pois é a única estância de recreio que foi criada directamente pela crise económica mundial. Eis a razão para este paradoxo. Os portugueses, tal como os irlandeses, são uma nação de camponeses pobres que depende dos familiares ricos da América para obter o dinheiro que lhes permite viver. O orçamento português, tal como o camponês português, sempre dependeu em grande medida dessas remessas mensais do Brasil. Com a crise, elas começam a diminuir. Então, o astuto ditador Salazar, que tinha desvalorizado a moeda, indexando-a depois à libra inglesa – que também já estava desvalorizada –, lembrou-se de construir o Estoril para atrair turistas estrangeiros.
         Há uma esplanada encantadora sobre a praia, um casino luxuoso, e um belíssimo hotel com um bar muito moderno. Sally, que tinha sido o primeirobarman nesse local, afiança a qualidade do bar. Ele contou-me que o primeiro habitante do Hotel Palace – e, durante duas semanas, o único hóspede – foi Chiappe, o ex-prefeito da Polícia de Paris. Não sei se Chiappe foi também o primeiro visitante a jogar no casino, pois Sally só gosta de jogar dados, e com os dados ele é um mestre.
         Além do mais, Sally joga sempre para ganhar e, tendo em conta que Chiappe é conhecido por ter a mesma fraqueza, Sally não terá provavelmente demonstrado qualquer interesse por uma tal faceta do seu hóspede.
         O Estoril está ligado a Lisboa por uma boa estrada e por uma linha de comboio. É o paraíso de um exilado. Os grandes de Espanha, os condes, marqueses e duques apaixonaram-se pelo Estoril. Enchem o casino todas as noites, nas suas elegantes roupas inglesas; sentam-se na esplanada à tarde, apanham banhos de sol (sem as roupas inglesas) de manhã.
         (…)
         De tempos a tempos, os salões dos hotéis agitavam-se com a chegada romântica de refugiados estrangeiros ricos. Lembro-me de um desses casos: uma lânguida senhora espanhola com passaporte dinamarquês, presenteando um exportador de vinho inglês com a descrição dos horrores da vida entre os anarquistas de Barcelona. Ela tinha fugido para a Alemanha, e depois para a Escandinávia. Agora ia regressar a Espanha, para se juntar ao seu marido, seguro atrás das linhas rebeldes.
         Estava tudo preparado para ela. O cônsul dinamarquês tinha visado o seu passaporte junto dos rebeldes e enviara telegramas dela para o marido, que se encontrava em Ayamonte, na fronteira de Espanha. Em Ayamonte, disse o exportador de vinhos, os ingleses estariam pronto a abençoar pessoalmente a reunião desta família. Não tinha o seu apartamento em Barcelona sido revistado por brutos que procuravam jóias? Na sua presença, um cavalheiro sentia-se instintivamente um Pimpinela Escarlate.
         Por vezes, nos salões dos hotéis, ouviam-se conversas de grandes negócios. Pode ouvir-se (como se ouviu uma vez) um francês que tenta vender munições e um judeu inglês que tenta vender máscaras de gás, ao mesmo tempo representante de Burgos. Uma vez ouvi alguém a preparar uma deslocação dos seus negócios de Espanha para Portugal.
         Que estava disposto a iniciar a sua produção em Portugal, dizia ele ao pequeno funcionário do governo português, tímido e servil, se conseguisse usar petróleo em vez de electricidade. Em breves momentos, ouviram-se referências a grandes nomes: Shell, Rio Tinto, Rotschild, um banco inglês.
         Tudo isto representa o outro lado da contra-revolução. Quando lemos acerca do homens e das mulheres que lutam desesperadamente para serem livres em Espanha, das tropas africanas e dos legionários estrangeiros, dos massacres de prisioneiros e do bombardeamento de crianças, não esqueçamos Lisboa, ou o quadro ficará incompleto.
 
Ralph Fox 

malomil.blogspot.pt 
30
Ago16

Burgueses – NICOLÁS GUILLÉN

António Garrochinho




Burgueses


Não me dão pena os burgueses
vencidos. E quando penso que vão a dar-me pena,
aperto bem os dentes e fecho bem os olhos.
Penso em meus longos dias sem sapatos nem rosas.
Penso em meus longos dias sem abrigos nem nuvens.
Penso em meus longos dias sem camisas nem sonhos.
Penso em meus longos dias com minha pele proibida.
Penso em meus longos dias.
– Não passe, por favor. Isto é um clube.
– A relação está cheia.
– Não há vaga no hotel.
– O senhor saiu.
– Deseja uma mulher.
– Fraude nas eleições.
– Grande baile para cegos.
– Caiu o Prêmio Maior em Santa Clara.
– Loteria para órfãos.
– O cavalheiro está em Paris.
– A senhora marquesa não recebe.
Enfim, toda recordação.
E como toda recordação,
que droga me pede você para fazer?
Além disso, pergunte-lhes.
Estou seguro
de que também eles recordam.




burgueses

No me dan pena los burgueses
vencidos. Y cuando pienso que van a darme pena,
aprieto bien los dientes y cierro bien los ojos.
Pienso en mis largos días sin zapatos ni rosas.
Pienso en mis largos días sin sombrero ni nubes.
Pienso en mis largos días sin camisa ni sueños.
Pienso en mis largos días con mi piel prohibida.
Pienso en mis largos días.
—No pase, por favor. Esto es un club.
—La nómina está llena.
—No hay pieza en el hotel.
—El señor ha salido.
—Se busca una muchacha.
—Fraude en las elecciones.
—Gran baile para ciegos.
—Cayó el Premio Mayor en Santa Clara.
—Tómbola para huérfanos.
—El caballero está en París.
—La señora marquesa no recibe.
En fin, que todo lo recuerdo.
Y como todo lo recuerdo,
¿qué carajo me pide usted que haga?
Pero además, pregúnteles.
Estoy seguro
de que también recuerdan ellos.


Tomado de La rueda dentada, en Obra poética 1920-1972, La Habana, Instituto Cubano del Libro, 1972.
Via: voar fora da asa http://bit.ly/2ca0OB9
30
Ago16

A notícia de que o BPN pode custar ao Estado mais de 9000 milhões de euros não provocou nenhum sobressalto nem no PSD nem no CDS-PP!

António Garrochinho


O ex-presidente do BPN, Oliveira Costa, arguido por abuso de confiança, burla qualificada, falsificação de documentos, branqueamento de capitais, infidelidade, fraude fiscal qualificada e aquisição ilícita de acções Foto de Miguel A.Lopes / Agência LUSA
A imprensa revelou na passada semana o que alguns já previam (o PCP já tinha avançado a estimativa de mais de 7000 milhões) e muitos adivinhavam: o BPN pode custar ao Estado mais de 9000 milhões de euros. Esta notícia, que se saiba, não provocou nenhum sobressalto nem no PSD nem no CDS-PP, que, aparentemente, andam muito mais preocupados com a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos (CGD).

9000 milhões!

9000 milhões é um Orçamento anual da saúde!

E, na verdade, ninguém ouviu a Passos Coelho ou a Assunção Cristas uma palavra sobre esta questão do BPN preferindo, para desviar as atenções, falar da CGD.

Ora, quando falam da CGD, ambos procuram fazer esquecer as responsabilidades do anterior governo na gestão do banco público. O governo de Passos Coelho, durante quatro anos, não tomou qualquer medida para conter as necessidades de capital da Caixa, nem para detectar eventuais problemas na concessão de crédito. O que já não aconteceu no que diz respeito à nomeação dos novos administradores para a CGD, um processo que decorreu na linha do «pataca a ti, pataca a mim» entre PSD e CDS-PP.

Mas PSD e CDS-PP também não querem ouvir falar nos casos Banif e Novo Banco, nem sobre quem foram os grandes beneficiários e responsáveis pelo afundamento do BPN!

A propósito, é sempre bom relembrar que o dinheiro com que o Governo vai recapitalizar a Caixa fica no Estado, ao contrário dos 9000 milhões do BPN, muitos dos quais foram parar aos bolsos de alguns «barões» que continuam a passear a sua impunidade...

Daí, não queremos nem podemos esquecer a factura dos 9000 milhões que vamos continuar a pagar, com graves reflexos nos orçamentos, por exemplo, do Serviço Nacional de Saúde e da Educação.


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30
Ago16

Segurança já leva turistas a trocarem França por Portugal

António Garrochinho




Com a instabilidade provocada pelos ataques terroristas, turistas fogem de países como França ou Turquia. Portugal recebe mais

Conseguir um alojamento de última hora no Algarve pode não ser uma tarefa fácil. 

Depois da enchente no mês de agosto, espera-se um novo crescimento no número de turistas em setembro. 

Isto porque Portugal tem estado a lucrar com a fuga aos destinos sob ameaça de terrorismo, entre os quais a Turquia, onde as reservas de voos para os próximos meses caíram 52% face ao ano passado. A novidade é que a ameaça também atinge a França, onde a quebra prevista é de 20%. Portugal, Itália e Espanha beneficiam. 

Por cá, representantes do setor do turismo do Algarve e da Madeira acreditam que este poderá ser um dos melhores verões de sempre.

Uma tentativa de golpe de estado e uma série de ataques terroristas fizeram que a Turquia sofresse perdas consideráveis no setor do turismo. De acordo com um estudo da consultora Forward Keys, citado pela BBC, as reservas de voos caíram 15% entre junho de 2015 e julho de 2016, sendo esperada uma quebra de 52% entre setembro e dezembro, relativamente ao ano passado. Já na França, os ataques terroristas, do Charlie Hebdo ao Bataclan, provocaram uma diminuição de 5,4% nas reservas de voos para o país entre agosto de 2015 e julho de 2016, perda que chegou aos 7,5% em Paris.

A instabilidade provocada pelo terrorismo tem favorecido países como Portugal, Espanha e Itália, vistos como mais seguros. Perante um aumento na procura de voos, nos primeiros sete meses deste ano, a oferta de lugares disponíveis para Portugal subiu 12%, uma vez que no Reino Unido e em Espanha o crescimento chegou aos 19%.

"As taxas de ocupação subiram todos os meses, particularmente entre janeiro e maio. Estou convicto de que este vai ser o melhor ano de sempre em termos de atividade turística na região", disse ao DN Desidério Silva, presidente do Turismo do Algarve, destacando as temperaturas elevadas que se têm feito sentir no Sul, as noites quentes e a temperatura da água do mar, que chegou aos 26 graus. "Este verão foi um grande cartaz de visita para o próximo ano." Desidério não esconde que o Algarve tem beneficiado da instabilidade de outros destinos, mas frisa que a região "tem sabido criar condições para ser competitiva".

Até ao final do mês de junho, o número de ingleses - turistas em maior número no Algarve - a viajar para a região aumentou 16,3% face a igual período do ano passado. "Além do Reino Unido, os principais mercados estrangeiros - Alemanha, Holanda e Irlanda - apresentaram subidas muito interessantes", adiantou ao DN Elidérico Viegas, presidente da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA). Em termos de ocupação, a subida foi de 8,5% no primeiro semestre deste ano, algo que já era esperado pelos responsáveis pelo setor. "Não era difícil de prever, face à instabilidade na concorrência, nomeadamente na Turquia", o "concorrente mais direto", mas também "no Egito e na Tunísia".

Em julho, a taxa de ocupação média no Algarve foi de 88%, tendo chegado aos 95% em agosto. Ainda sem dados definitivos, Elidérico Viegas fala em crescimentos na ordem dos 2%, uma vez que são meses em que grande parte dos hotéis já têm taxas próximas dos 100%. "Esperamos que o crescimento possa chegar aos 5% em setembro. Acreditamos que será possível atingir os 85% a 86%", revelou.
Em Lisboa, a tendência também é de crescimento. No primeiro trimestre deste ano, a capital até ultrapassou o Algarve em número de hóspedes e receitas de hotelaria: 5,2 milhões de hóspedes e proveitos de 772 milhões de euros.

Melhor verão na Madeira

Na Madeira entraram 654 mil turistas nos primeiros seis meses deste ano, que originaram 3 milhões e 438 mil dormidas na hotelaria regional, um aumento de 12,9% e de 11,1%, respetivamente, face a 2015. "Somando crescimentos consecutivos em todos os seus indicadores de produção, a Madeira segue em frente naquele que deverá ser o seu melhor ano de sempre, uma vez ultrapassados que estão, até agora, os recordes atingidos em 2015", diz ao DN Eduardo Jesus, secretário regional da Economia, Turismo e Cultura. Ao que tudo indica, não deverá sentir-se o impacto dos incêndios. De acordo com o gabinete do secretário regional, este verão registou-se um aumento de 10% nas reservas face a 2015.

No Porto e Norte de Portugal, os indicadores de maio apontam para um crescimento de 15,5% relativamente ao mesmo mês do ano anterior. "O crescimento do turismo, embora reforçado obviamente nas cidades do Porto e Vila Nova de Gaia, estende-se a todo o território Porto e Norte de Portugal", frisa Melchior Moreira, presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal, acrescentando que são os espanhóis que mais procuram o norte.

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30
Ago16

O DIA EM QUE OS BEATLES DERAM O ÚLTIMO CONCERTO (VÍDEOS)

António Garrochinho


Há 50 anos, os Beatles subiam pela última vez a um palco para um concerto - pelo menos um com bilhetes à venda. Estavam fartos de serem as únicas pessoas sãs à face da Terra.

The Remains, Bobby Hebb, The Cyrkle e The Ronettes já tinham atuado. Os relógios marcavam 21h27 quando os quatro membros dos Beatles subiram ao palco. John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr interpretaram 11 temas. A atuação durou cerca de meia hora. E foi isto.
A 29 de agosto de 1966, há meio século, os fab four deram o derradeiro concerto na carreira da banda — última excetuando a aparição no telhado do edifício da editora Apple, em 1969, em Londres, que marcou o fim da rodagem daquele que seria o seu último filme, Let It Be, e a gravação daquela que seria a última peça da discografia, embora a penúltima a ser registada, lançada após Abbey Road.
O concerto de Candlestick Park, em São Francisco, na Califórnia, era o ponto final da terceira digressão pelos Estados Unidos. Desta vez, os Beatles tinham cumprido 15 compromissos. Duas prestações em Toronto, no Canadá, outras duas em Nova Iorque e as restantes em diversos locais do país, de norte a sul, de este a oeste, de Chicago a Los Angeles, sob a pressão de horários apertados e esgotantes. O ânimo da banda em relação às longas e intensas digressões estava em baixa. Ninguém quis fazer o anúncio oficial de que os Beatles jamais voltariam a pisar um palco, mas havia um acordo tácito entre os quatro músicos de que aquela vida na estrada tinha chegado ao fim.

Um momento histórico sem anúncio formal

Todos sentiram que se tratava de um momento histórico nas suas carreiras. A caminho do recinto onde costumava jogar a equipa de baseball San Francisco Giants, Paul McCartney perguntou a Tony Barrow, assessor de imprensa dos Beatles, se transportava o gravador de cassetes portátil que costumava levar para os concertos. Barrow respondeu afirmativamente. Enquanto a banda tocava, o colaborador dos Beatles colocar-se-ia no meio do relvado, entre o palco e as bancadas, com um braço levantado a segurar um microfone. O som é pobre, mas o evento ficou registado, tal como McCartney desejava.
[perto de 28 minutos. E é tudo. Com um som péssimo]

Sobre os amplificadores, os elementos dos Beatles colocaram as máquinas fotográficas que levaram para o estádio. Nos intervalos entre cada tema, fotografaram-se, de costas para o público, captando imagens que hoje em dia seriam qualificadas como selfies. Ringo Starr descia do estrado em que estava instalada a bateria para poder ficar nas fotografias. Nenhuma decisão formal tinha sido tomada, mas todos pareciam estar conscientes de que o circo tinha de parar. E que, muito provavelmente, como acabou por suceder, iria parar naquele dia.

Música? Qual música?

O que levou os Beatles a abdicarem das aparições ao vivo quando eram a banda de maior sucesso do mundo? Em primeiro lugar, a música. “Houve ocasiões em que as nossas vozes estavam tão más que nem conseguíamos sequer cantar. E ninguém dava por nada porque havia imenso ruído”, explicou John Lennon, citado no livro The Beatles Anthology, que conta, em discurso direto, a história da banda por quem melhor a conheceu, isto é, os próprios Beatles.
A gritaria das fãs abafava o som dos instrumentos e das vozes que chegavam através das colunas. Lennon, McCartney, Harrison e Starr nem conseguiam ouvir o que tocavam e sentiam que estavam a tocar cada vez pior, pormenor tanto mais frustrante quando sabiam que os alicerces da banda tinham sido construídos através de inúmeras atuações ao vivo. Uma prática que lhes permitia estarem sempre bem oleados e ensaiados, ao ponto de conseguirem gravar um álbum inteiro em menos de 24 horas, como sucedeu com o disco de estreia, Please Please Me.

Vêm aí novidades dos Beatles

O título é “Eight Days a Week, The Touring Years” e o filme é realizado por Ron Howard. Trata-se de um documentário, com estreia internacional marcada para 15 de setembro, que retrata as digressões realizadas pela banda de Liverpool entre 1962 e 29 de agosto de 1966, data do concerto realizado em Candlestick Park. Howard terá tido acesso a imagens inéditas que mostram os bastidores dos espetáculos, a vida de hotel em hotel e o contacto com os seguidores da banda. Mas esta não é a única novidade prevista para os próximos meses. O disco “The Beatles at the Hollywood Bowl”, gravado ao vivo em 1964 e 1965, vai ter uma edição remasterizada que chegará às lojas físicas e digitais a 9 de setembro.
“Lennon Report”, que estará acessível a partir de 7 de outubro, é outro filme e conta a história do assassinato de John Lennon, em Nova Iorque, a 8 de dezembro de 1980. Centra-se nos depoimentos da equipa médica que tentou salvar o músico. Médicos, enfermeiros, agentes policiais e outros pacientes do Roosevelt Hospital, onde Lennon foi declarado morto. O crime já foi tema de “Capítulo 27” (2008), filme centrado na figura de Mark Chapman, autor do homicídio, interpretada por Jared Leto.
“Ninguém escutava a música durante os concertos”, confirma Ringo Starr no mesmo livro. No princípio, os Beatles achavam alguma graça. Era uma novidade, o arranque da beatlemania. Depois, o barulho ensurdecedor que chegava da audiência transformou-se num pesadelo. “Estávamos a tocar realmente mal e a razão pela qual eu me juntei aos Beatles foi porque eles eram a melhor banda de Liverpool”. Para o baterista, aquilo que era mais importante estava claro: “nós éramos músicos, cantores, compositores e performers” e “o meu plano era o de continuar a tocar boa música”. Posto isto, “as digressões tinham de acabar em breve porque já não estavam a funcionar”.
O contraste entre a progressiva sofisticação do trabalho de estúdio e a forma como a banda soava ao vivo começou a ser demasiado evidente. No início de agosto de 1966, os Beatles tinham lançado um dos grandes álbuns do seu percurso.Revolver testemunhava a banda a explorar as possibilidades de um trabalho mais demorado, a experimentar caminhos novos. O disco acabou por marcar o início de uma nova era, aquela que, a breve prazo, com a banda dedicada à composição e ao apuramento dos arranjos, iria abrir as portas à edição de Sgt Pepper’s Lonely Hearts Club Band,que, para muitos apreciadores, é o álbum que assinala o auge da carreira dos fab four e o melhor disco de sempre na história da música pop/rock. O tema que fecha Revolver, “Tomorrow Never Knows”, é um dos exemplos mais fortes, com a utilização deloops e de efeitos destinados a alterar a voz de John Lennon.
[“Tomorrow Never Knows”, uma das pérolas de Revolver]

Nada neste processo de evolução ajudava à qualidade dos concertos. Começava a ser impossível, para os quatro músicos, reproduzirem ao vivo aquilo que tinham registado durante o tempo passado em estúdio. E, se o conseguissem fazer, quem iria escutar? Não será por acaso que o alinhamento adotado para as atuações agendadas durante a última digressão, incluindo aquela que os Beatles cumpriram em Candlestick Park, não inclui qualquer tema de Revolver. Pelo contrário, foi uma mistura de “clássicos” do repertório e de algumas canções mais recentes que os Beatles interpretaram no concerto de “despedida”: “Rock And Roll Music”, “She’s A Woman”, “If I Needed Someone”, “Day Tripper”, “Baby’s In Black”, “I Feel Fine”, “Yesterday”, “I Wanna Be Your Man”, “Nowhere Man”, “Paperback Writer” e “Long Tall Sally”E, ainda assim, executados de forma medíocre, de acordo com os membros da banda.

Quartos de hotel ou celas?

Ninguém poderá dizer se canções imortais como “Strawberry Fields Forever” e “Penny Lane”, gravadas e lançadas em single alguns meses depois do concerto de Candlestick Park, teriam sido editadas tal como as conhecemos caso os Beatles tivessem prosseguido mergulhados numa agenda dura de concertos. Mas, se a vontade de aperfeiçoar a música foi decisiva para travar o rodopio, não foi a única razão para explicar a opção drástica. Outros motivos foram-se acumulando.
A fama, o sucesso e a fortuna dos Beatles provocaram inveja? Acontece que a vida de Lennon, McCartney, Harrison e Starr não terá sido particularmente interessante enquanto decorria aquele período em que, segundo George, “parecia que todo o Mundo tinha enlouquecido e que os Beatles eram as únicas quatro pessoas sãs que sobravam à face da Terra”. E 1966 ia ser um ano de sustos e de perigos.
Entre o final de junho e os primeiros dias do mês seguinte, a banda andou em digressão pelo Extremo Oriente. Para Tóquio, estavam agendadas três datas, concertos que iriam decorrer no Budokan. O local tinha um lugar especial entre os habitantes e os Beatles viram-se atraídos para o centro de uma polémica que agitou a cidade. As vozes mais conservadoras consideravam que o recinto estava destinado às artes marciais e não era adequado para a música pop. No fim, os críticos foram forçados a ceder e tudo correu de acordo com os planos. Mas havia outro problema.
[os Beatles ao vivo em Tóquio]

A segurança era apertada, as autoridades policiais vigiavam permanentemente os quatro elementos da banda e não era suposto poderem sair do hotel. Para os Beatles, verem-se enclausurados nos quartos era uma situação demasiado penosa. Apenas tinham autorização para sair às horas dos concertos. Quando as atuações terminavam, eram de imediato conduzidos de regresso ao hotel. A agenda era controlada ao minuto. “Eles gostavam que nós saíssemos dos quartos às 7h14, para entrarmos no elevador às 7h15, que demorava um minuto e oito segundos a descer para entrarmos nos carros, e por aí fora. Quando batiam à porta, nunca estávamos prontos. Furámos completamente aqueles horários”, disse Ringo Starr.
“Eu e o John conseguimos escapar do hotel às escondidas. E o Paul e o Mal [Evans, manager das digressões] também. A segurança apanhou o Paul e o Mal, mas eu e o John conseguimos ir até a um mercado e foi ótimo. Sentimos um enorme alívio por termos conseguido sair”, contou Neil Aspinall, amigo dos tempos da escola de McCartney e de Harrison, que viria a ser administrador executivo da editora Apple. A polícia acabou por apanhá-los e recambiou-os para o hotel.
Para passarem o tempo, os Beatles organizavam atividades, como vulgares reclusos a quem era negada a liberdade de se movimentarem para onde quisessem. “No quarto do hotel fizemos uma pintura comunitária. Cada um de nós começou a pintar num dos cantos do papel e fomos avançando até ao centro, onde os nossos desenhos se encontraram”, recordou Paul McCartney em “The Beatles Anthology”. No Japão, a rigidez ameaçou os nervos dos quatro músicos. Nas Filipinas, iria ser bem pior.

Assim que aterraram começaram as “más notícias”

A loucura dos fãs apostados em tocar nos Beatles ou, simplesmente, em aproximarem-se o suficiente para verem e fotografarem de perto os seus ídolos implicava fortes medidas de segurança. Nos aeroportos, os aviões que transportavam os membros da banda aterravam e deslocavam-se até a um dos extremos da pista onde os quatro e a respetiva bagagem eram recolhidos por automóveis, enquanto Neil Aspinall tratava das formalidades.
Em Manila, foi diferente. “Assim que aterrámos, começaram as más notícias”, contou George Harrison. Os músicos foram enfiados num carro, sob a ordem de não levarem as malas, dada por polícias e militares de “ar ameaçador” que estavam por todo o lado. Sem quaisquer explicações, foram transportados até ao porto da cidade e levados para um barco que estava ancorado ao largo, onde foram, surpresa, fechados num quarto, impedidos de comunicar com Neil Aspinall, Mal Evans ou Brian Epstein, o manager dos Beatles. Para melhorar as perspetivas, o convés estava apinhado com homens armados, o que reforçava a ideia de que jamais se deviam ter metido na aventura de ir fazer um concerto nas Filipinas.
Duas horas depois de terem sido sequestrados, os Beatles foram libertados. Mas as peripécias não iriam terminar. Brian Epstein tinha recebido um convite para que Lennon, McCartney, Harrison e Starr participassem numa receção destinada a fãs da banda, em que a anfitriã era Imelda Marcos, primeira-dama das Filipinas, consumidora compulsiva de sapatos e mulher do ditador Ferdinand Marcos que mandou nos destinos do arquipélago entre 1965 e 1986. Epstein respondeu com uma negativa: os Beatles, pelo menos na época, não se envolviam em política. O “não” foi insuficiente para demover Imelda.
[os fab four descrevem as peripécias em Manila]

Enquanto a mulher do ditador aguardava pelos fab four no palácio presidencial, os Beatles permaneciam no hotel e gozavam uma folga antes do concerto que estava agendado para a capital filipina. Viram, pela televisão, as imagens do evento a que era suposto comparecerem, mas mantiveram a recusa, mesmo quando lhes começaram a bater à porta e a exigir, em tom ameaçador, que se deslocassem até à receção onde eram esperados. As represálias não demoraram.
Para começar, o serviço do hotel em que estavam instalados sofreu uma forte deterioração, o que se refletiu na falta de qualidade da comida que passou a ser-lhes servida. E, para terminar em beleza, foram alvo de tentativas de agressão quando se deslocaram para o aeroporto com o objetivo de, uma vez cumpridas as duas atuações ao vivo previstas, perante cem mil pessoas, escaparem daquele inferno. Fizeram a viagem praticamente sem escolta, depois de terem enfrentado dificuldades em arranjar automóveis que os conduzissem até ao aeroporto. Por todo o lado havia gritos e ameaças, numa manhã em que as manchetes dos jornais acusavam os Beatles de terem dado uma “banhada” à primeira família do país.
No aeroporto, os empurrões e os socos começaram a chover, embora dirigidos, sobretudo, aos membros da comitiva dos Beatles. Ainda assim, os quatro decidiram esconder-se por detrás de um grupo de freiras. “É um país católico, não vão bater nas freiras”, pensaram, de acordo com Ringo. Finalmente, entraram no avião, mas, antes de o aparelho levantar voo, Brian Epstein, Mal Evans e Tony Barrow ainda foram retirados da cabine para lhes ser extorquida uma taxa de saída do país, qualificada como exorbitante. No essencial, de acordo com George Harrison, tratou-se de uma forma de as autoridades filipinas recuperarem o dinheiro ganho pelos Beatles em contrapartida pelos concertos que deram em Manila.
Para que tudo acabasse em grande durante a digressão de 1966, a John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr só faltava colocarem os pés em solo norte-americano e terem de enfrentar uma fúria de inspiração religiosa.

Mais famosos do que Jesus Cristo? Que atrevimento

Uma declaração feita durante uma entrevista pode passar despercebida no momento em que é publicada. Mas também pode ressuscitar mais tarde e provocar reações inesperadas. John Lennon passou por esta experiência. Numa conversa entre os Beatles e Maureen Cleave, para o “Evening Standard”, religião foi um dos temas abordados. E Lennon declarou: “Neste momento, somos mais populares do que Jesus”. O contexto era o de que a Igreja Anglicana fazia pouco para conquistar crentes, estava a atravessar um processo de decadência, e o músico revelava as suas dúvidas sobre quem sobreviveria mais tempo, se o rock and roll ou o cristianismo.
Durante meses, ninguém refilou. Mas quando os Beatles aterraram nos Estados Unidos, os ânimos estavam exaltados. Havia manifestações de repúdio pelas afirmações de John Lennon e eventos em que o objetivo era, simplesmente, o de queimar material relacionado com os Beatles, incluindo discos da banda. O Ku Klux Klan também estava envolvido no assunto, membros da organização chegaram a exibir um disco da banda de Liverpool pregado numa cruz, e houve rádios a proibir a passagem de canções. Em Memphis, as autoridades locais tentaram cancelar uma atuação. Um artigo publicado em março, em Inglaterra, tinha sido recuperado pela revista Datebook e dado à estampa nos Estados Unidos pouco tempo antes de os Beatles regressarem para a última digressão da carreira.
[fãs queimam material dos Beatles, no Alabama, em 1966, e as explicações de John Lennon]

A pressão foi enorme. Todos os membros dos Beatles receberam ameaças de morte, não apenas o autor da declaração que incendiou a atmosfera que rodeava a banda naqueles dias.Contrariado, convicto de que as suas afirmações tinham sido interpretadas de forma enviesada, John Lennon acabou por dar explicações e pedir desculpa.
Quando não eram as chamas das fogueiras ateadas para destruir álbuns e singles dos Beatles, surgiam as tempestades. Nalguns recintos onde os Beatles iriam tocar, a chuva caía sobre o equipamento e ameaçava eletrocutar os músicos. Em Cincinnati, quando Mal Evans chegou, pronto para montar o sistema de som, não encontrou uma fonte de energia. O organizador local do evento julgava que se tratava de uma banda que tocava guitarras, sim, mas acústicas.
Candlestick Park tinha capacidade para acolher 42,5 mil espectadores, mas o último concerto dos Beatles em que foram cobrados bilhetes apenas atraiu 25 mil pessoas. O cansaço parecia não estar apenas a pesar sobre os ombos dos quatro membros da banda. Provavelmente, quem estava interessado na música preferia ficar em casa a escutar os discos, em vez de se sujeitar a uma barragem de gritos.
A cassete de Tony Barrow durava 30 minutos e a última canção do concerto, “Long Tall Sally”, tema de que é co-autor Little Ricard, ficou cortada. O local da atuação, onde Paul McCartney regressou para dar um concerto a 14 de agosto de 2014, foi demolido. Os Beatles voltaram ao estúdio em novembro de 1966. Gravaram “Strawberry Fields Forever”, “Penny Lane” e “When I’m Sixty Four”. Os três temas deveriam fazer parte de um novo álbum, na altura ainda sem título, mas apenas o último fez o seu caminho até ao alinhamento de Sgt Pepper’s Lonely Hearts Club Band. As duas outras canções ocuparam os dois lados de um single que foi lançado a 17 de fevereiro de 1967 no Reino Unido e quatro dias antes nos Estados Unidos. Concentrados no trabalho de estúdio, os Beatles estavam prestes a demonstrar que o melhor ainda estava para chegar.
[veja as imagens da demolição de Candlestick Park, em 2015]



observador.pt
30
Ago16

cuidado com a reaça !

António Garrochinho
Quem nas algibeiras do povo mete a pata
defende a Concordata
quem na política é aldrabona e defende o magnata
defende a Concordata
quem defende o vigarista e o facho
sente saudades do tacho
quem vive só de mentiras e tem muita lata
defende a Concordata



30
Ago16

Governo incentiva criação de limites de renda para classe média e média baixa

António Garrochinho



Novo modelo de "senhorio de cariz social" vai dar benefícios aos proprietários que tornem as rendas mais acessíveis

O Governo quer criar o estatuto de "senhorio de cariz social" através da atribuição de benefícios aos proprietários que arrendem imóveis por valores limitados às famílias de classe média e média baixa.

A intenção do executivo é avançada pelo secretário de Estado Adjunto e do Ambiente, José Mendes, numa entrevista ao Público de hoje em que aponta para "um quadro legislativo de incentivo aos senhorios que passa por coisas como benefícios fiscais e seguros de renda".

"No fundo, o que queremos criar é todo um quadro de incentivos legislativos para que os privados possam aderir a este estatuto de senhorio de cariz social e, em troca disso, pratiquem rendas com valores limite, de forma a poderem ser suportadas pelo tal segmento das famílias de classe média e média baixa", precisa o membro do governo de António Costa.

José Mendes afirma ao Público que "entre os agregados que estão na habitação social e aqueles da classe média que estão bem alojados e podem pagar renda, há uma gama de famílias que, sobretudo nos últimos anos em que estiveram sujeitas a fortes restrições no seu rendimento disponível, têm dificuldades em suportar uma renda numa casa compatível com as suas necessidades".

O Governo está a "trabalhar para perceber qual é a dimensão desse segmento e quais seriam as rendas admissíveis para esse segmento da população", explicou.

Na entrevista, José Mendes admite que o modelo preconizado pelo executivo "aproxima-se um bocadinho" daquele que é praticado no Norte da Europa", mas alerta que "tem de ser feito de forma gradual e implica trabalhar com o mercado de arrendamento, que foi relançado a partir do momento em que se acabou com o congelamento das rendas".

"Para este processo, temos de chamar os senhorios, mas acreditamos que há espaço para trazer alguma normalização ao mercado de arrendamento, a pensar nestas famílias com dificuldades em suportar rendas para habitação condigna e compatível com as suas necessidades", salienta.

Rendas congeladas mais cinco anos para alguns inquilinos

A entrevista é divulgada no dia em que o Correio da Manhã (CM) noticia, na sua manchete, que as rendas vão ficar congeladas mais cinco anos, indicando que o Governo, o PS e o Bloco de Esquerda chegaram a acordo para rever o Novo Regime de Arrendamento Urbano (NRAU) alterado pelo executivo de Passos Coelho em 2011.

De acordo com o CM, "o período transitório de proteção dos inquilinos é de cinco anos e termina em 2017, mas vai ser alargado para dez anos".

O jornal refere que "os inquilinos com mais de 65 anos, os portadores de deficiência com um grau de incapacidade igual ou superior a 60% e ainda os inquilinos de lojas e entidades com interesse histórico e cultural vão estar protegidos durante mais cinco anos contra o aumento das rendas". Caso este prolongamento não fosse efetuado, afirmou o deputado do BE, Pedro Soares, haveria um "significativo aumento" das rendas.

"Atendendo à permanência e gravidade de algumas situações, foi reconhecido que é importante desde já, e a curto prazo, prolongar o período transitório de cinco para dez anos previsto no NRAU", disse ao CM Pedro Soares, que preside à comissão parlamentar de Ambiente.

www.dn.pt
30
Ago16

Lucros da Mota-Engil quintuplicaram

António Garrochinho




A venda de mais de metade da Indáqua e do negócio portuário fizeram disparar os resultados da Mota-Engil, num período em que as receitas diminuíram 3,6%.

A Mota-Engil fechou o primeiro semestre com um lucro de 72,56 milhões de euros, o que representa um aumento de 477% face aos 12,57 milhões de euros registados em igual período do ano passado, revelou esta terça-feira, 30 de Agosto, a construtora em comunicado emitido para a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Estes números superaram as estimativas do CaixaBI que apontava para um lucro de 56 milhões de euros.

A contribuir determinantemente para os resultados obtidos pela empresa liderada por Gonçalo Moura Martins (na foto) esteve a venda de 50,06% da Indáqua, que levou a um encaixe de 60 milhões de euros, bem como a venda da Mota-Engil Logística e da Tertir (negócio de portos e logística) que permitiu um encaixe de 275 milhões de euros.

No período em análise, as receitas caíram 3,6% para 1,03 mil milhões de euros, num período em que à excepção da América Latina todos os mercados registaram quebras. Na Europa a queda de receitas foi de 10% e em África de 12%. Já na América Latina verificou-se um aumento de 19%. Com esta evolução este último mercado passou a ser responsável por 33% do total das receitas geradas pelo grupo, ainda que seja a Europa que tem maior peso (35%).

Já o EBITDA – resultados antes de impostos, juros, depreciações e amortizações – da Mota-Engil aumentou 3% para 149 milhões de euros, enquanto a margem de EBITDA estabilizou nos 14%. Nesta rubrica apenas a Europa registou uma queda de 2%, enquanto África e América Latina observaram aumentos no EBITDA. O mercado africano continua a gerar mais de metade do EBITDA do Grupo (78 milhões de euros), ainda que por uma diferença estreita.

No que respeita à dívida da Mota-Engil, esta caiu 2% para 1.221 milhões de euros, o que corresponde a "uma diminuição de cerca de 234 milhões de euros face a 31 de Dezembro de 2015, justificada, essencialmente, pelo encaixe resultante da alienação do Negócio Portuário e de Logística e da Indáqua", explica a empresa no comunicado.

A empresa adianta ainda que a carteira de encomendas "ascendia a cerca de 4,6 mil milhões de euros, dos quais cerca de 3,7 mil milhões de euros em mercados fora da Europa, representando cerca de 81% do total da carteira." Destaque ainda para o facto de "já depois do fecho do primeiro semestre de 2016, o grupo ganhou um conjunto de obras totalizando mais de 400 milhões de euros."

www.jornaldenegocios.pt
30
Ago16

PSP e GNR obrigadas a partilhar dados com secretas e PJ

António Garrochinho


Com o fim de várias antenas dos serviços secretos no estrangeiro, ministra quer garantir que há cruzamento de informação

Todos os relatórios policiais escritos pelos oficiais de ligação do ministério da Administração Interna (MAI) no estrangeiro passaram a ter que ser partilhados regularmente com a Polícia Judiciária (PJ), o Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP) e o ministérios dos Negócios Estrangeiros. A ordem foi dada pela Ministra Constança Urbano de Sousa, através de um despacho, assinado em junho, que já entrou em vigor.

Até aqui, estes oficiais de ligação apenas enviavam os seus relatórios - que passaram a ser obrigatoriamente mensais - à respetiva hierarquia e ao Ministério dos Negócios Estrangeiros. A ministra "quis acabar com a ideia das "capelinhas" e fazer sentir que cada um destes oficiais de ligação, apesar de serem da GNR, da PSP ou o SEF, quando são colocados no estrangeiro, estão ao serviço do país e de todas as autoridades que trabalham sobre matérias de segurança", assinalou fonte autorizada do gabinete de Constança Urbano de Sousa.

Esta decisão foi recebida com grande satisfação nas secretas e entre os investigadores da Judiciária. "A ministra percebeu, e bem, que uma parte significativa das matérias criminais tratadas a partir destes países dizem respeito a matérias da competência da PJ e também acompanhadas pelos serviços de informações, como é o caso de toda a criminalidade organizada transnacional, tráfico de droga e o terrorismo", salienta fonte da judiciária. Alguns dos oficiais de ligação já enviavam informações para estas autoridades, mas não estava sistematizado e o seu envio era aleatório. Com as novas regras o trabalho dos oficiais de ligação passa a ter uma atenção ao mais alto nível da investigação criminal complexa e isso exigirá também algum esforço destes polícias para a qualidade do seu trabalho, pelo maior alcance do escrutínio que terá. As secretas têm cerca de meia dezena de "antenas" no exterior e reduziram para cerca de metade nos últimos anos. A PJ não tem nenhum oficial de ligação.

Salários elevados: 12 mil euros

Neste momento o MAI tem 17 oficiais de ligação em vários pontos do mundo e são os "olhos" da nossa segurança interna no exterior (ver coluna ao lado). Com os interesses de Portugal em mente, Constança Urbano de Sousa manteve todos estes postos, que funcionam nas embaixadas no estrangeiro, mas decidiu alargar as competências e as áreas cobertas por quatro dos oficiais de ligação, evitando mais despesas. O oficial de ligação em Espanha estará também acreditado em Andorra; o de Argélia acumula Tunísia; o de Marrocos fica também com a Mauritânia; e do de Moçambique "anexa" a Suazilândia.

Estes postos são os mais cobiçados nas forças e serviços de segurança: em média 12 mil euros de salário mensal durante a comissão de serviço de três anos. A tal ponto estes lugares são ambicionados pelos oficiais da GNR e PSP e pelos inspetores do SEF, que até diretores e quadros superiores os ocupam. O ex-Diretor Nacional Paulo Gomes e o ex-Diretor Nacional Adjunto da PSP Paulo Lucas, estão em Paris e Maputo, respetivamente. Este mês foi nomeado para oficial de ligação de imigração em Angola o ex-Diretor Nacional Adjunto do SEF, José Van Der Kellen.

A ministra também impôs desde o início do ano novos critérios de seleção. Cada força apresentará uma short list de três nomes, com a justificação sobre a sua escolha e todo o perfil. Constança terá a última palavra. A nova metodologia acabou também com a prorrogação destas comissões de serviço - só pode ser mesmo os três anos - e determina a rotatividade entre GNR e PSP.

China volta a ser prioridade

Para a Imigração e a pensar nos fluxos de refugiados, está em fase de criação um novo posto na Grécia, com extensão à Turquia, o qual, segundo a mesma fonte oficial do MAI, "apenas aguarda a validação do ministério das Finanças". Para não aumentar os custos do Estado foi decidido fechar o posto da Rússia, cujo oficial de ligação do SEF tinha cessado funções em junho passado. Como para estes postos de imigração existe financiamento europeu disponível (os que existem agora já beneficiam desses fundos), Constança Urbano de Sousa tem preparado um conjunto de candidaturas a esse financiamento, de acordo com uma lista de prioridades. A primeira é, precisamente, a Rússia, seguindo-se a Índia (com extensão ao Bangladesh e ao Nepal), o Paquistão, a China, Timor-Leste, Nigéria, Irão, Moçambique e África do Sul.

O gabinete da ministra frisa que esta seleção "não é determinada por laços especiais de Portugal com esses países, mas antes pelos riscos e pressão dos fluxos associados à imigração irregular". A China já tinha estado na lista de prioridades do anterior Governo, mas o processo de criação deste posto em Pequim acabou envolvido na operação "Labirinto" que investigou a concessão dos "vistos gold". Os chineses são a grande maioria dos candidatos às oficialmente designadas "Autorizações de Residência para Investimento" e este facto, associado ao grande fluxo turístico que tem vindo daquele país, justifica um maior controlo e o apoio especializado do SEF junto à embaixada portuguesa.

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António Garrochinho

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