Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

orouxinoldaresistencia

POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

orouxinoldaresistencia

31
Ago16

Grupo de baleias quase encalha em ilha espanhola

António Garrochinho



Na mitologia grega acreditavam que as baleias e os golfinhos se suicidavam porque, segundo eles, tinham sido expulsos do mar por Netuno, deus dos mares. Hoje graças aos estudos sobre o comportamento desta espécie, existem diversas teorias a respeito do suicídio em massa. Uma expõe que os grupos de mamíferos marinhos são afetados por alguma infecção que danifica seu sistema de navegação baseado no eco. No entanto, a maioria dos pesquisadores coincidem na teoria da desorientação, dado porque os cetáceos são gregários, transladam-se pelos oceanos guiados por um líder que, se perde ou fica doente, fazendo com que o resto do grupo imite sua conduta.

Muito provavelmente foi isso que aconteceu, quando banhistas em uma praia em Lanzarote, na Espanha, uma das ilhas Canárias ao largo da costa da África Ocidental, foram surpreendidos por um grupo de baleias-piloto desorientado, que começou a se aproximar da costa até que várias delas quase ficaram encalhadas.

Nesse ponto, em face de uma situação de emergência óbvia, todas as pessoas presentes intervieram da única maneira que podiam, que era através da criação de uma espécie de corrente humana que impediu as baleias de alcançar a praia, enquanto suave e lentamente foram de moevendo em direção ao mar. No final, eles conseguiram realizar esta tarefa difícil!

VÍDEO


www.mdig.com.br
31
Ago16

UM VÍDEO ESPECTACULAR - CARANGUEJO EREMITA RESOLVE MUDAR DE CONCHA E LEVA O SEUS AMIGOS ANTES HOSPEDADOS NO EXTERIOR DA SUA ANTIGA CASA

António Garrochinho


O caranguejo-ermitão é um bicho bem vulnerável: seu abdômen é frágil e não possui carapaça protetora. Por isso ele sempre busca uma concha vazia de outro animal e passa a usá-la como seu abrigo. Acontece que muitas vezes ele também muda de casa e quando isso acontece ele leva tudo que lhe pertence como em uma mudança comum. Como podemos ver neste impressionante e raro vídeo, capturado por Jonathan Bird para sua terceira temporada de Blue World, que mostra um comportamento raramente registrado, quando este crustáceo leva também as anêmonas para a nova concha.




Os dois tem relações mutuamente benéficas e sabem que sobrevivem melhor juntos do que sozinhos. Ao colocar uma anêmona-do-mar em sua carapaça, o ermitão sabe que terá uma camada extra de camuflagem e se protegerá de ataques de predadores como os polvos, que não gostam muito do sabor dos cnidários. O vídeo não tem legendas, mas é auto-explicativo por si só.

VÍDEO

www.mdig.com.br

31
Ago16

UM VÍDEO ESPECTACULAR - CARANGUEO EREMITA RESOLVE MUDAR DE CONCHA E LEVA O SEUS AMIGOS ANTES HOSPEDADOS NO EXTERIOR DA SUA ANTIGA CASA

António Garrochinho


O caranguejo-ermitão é um bicho bem vulnerável: seu abdômen é frágil e não possui carapaça protetora. Por isso ele sempre busca uma concha vazia de outro animal e passa a usá-la como seu abrigo. Acontece que muitas vezes ele também muda de casa e quando isso acontece ele leva tudo que lhe pertence como em uma mudança comum. Como podemos ver neste impressionante e raro vídeo, capturado por Jonathan Bird para sua terceira temporada de Blue World, que mostra um comportamento raramente registrado, quando este crustáceo leva também as anêmonas para a nova concha.




Os dois tem relações mutuamente benéficas e sabem que sobrevivem melhor juntos do que sozinhos. Ao colocar uma anêmona-do-mar em sua carapaça, o ermitão sabe que terá uma camada extra de camuflagem e se protegerá de ataques de predadores como os polvos, que não gostam muito do sabor dos cnidários. O vídeo não tem legendas, mas é auto-explicativo por si só.

VÍDEO

www.mdig.com.br

31
Ago16

10 animais que se camuflam muito bem

António Garrochinho

A arte de se camuflar e passar despercebido por um predador ou para ser despercebido por suas presas, é de muito valia no mundo animal, sendo uma característica moldada ao longo da evolução e que eu admiro muito. Afinal, como estes animais puderam adquirir essas características, se camuflando tão facilmente no ambiente onde se encontram? Isso é bem simples de entender, quando você ver este post sobre a Seleção Natural: Como funciona?.


Veremos abaixo os animais que se camuflam perfeitamente no ambiente em que vivem.

1º – Polvos
Estes animais são incrivelmente habilidosos e passam tranquilamente despercebidos por predadores. Veja abaixo um vídeo em que um polvo está em repouso, de tal forma que pareça fazer parte dos corais, como se fosse uma “rocha”.

VÍDEO

Veja também este outro polvo que está se camuflando em uma outra “rocha” de corais. No começo do vídeo você nem faz idéia de onde ele esteja, porém somente quando ele se move é possível identificá-lo.

VÍDEO

É importante ressaltar também que os polvos quando ameaçados soltam uma “fumaça” na água para escapar, deixando o possível predador confuso, perdendo-o de vista.




2º – Anuros
Anuros são também animais que se camuflam muito bem no ambiente em que se encontram. Algum também fazem mimetismo (se parecem com animais venenosos ou com outros animais que indicam perigo, veja este post Mimetismo – Adaptações Especiais), e ao invés de se parecer com o ambiente, eles se destacam com cores chamativas, como azul, vermelho, amarelo. Veja esta espécie de anuros que se parece com folhas:

Sapo-de-chifre que se parece com macrófitas aquáticas

Anuro da família Microhylidae
Rã camuflando-se entre folhas secas


3º – Camaleão
Outro mestre do disfarce é o camaleão. Alguns podem mudar suas cores para os mais variados tons, como o camaleão pantera, e outros podem “ajustá-las” para tons que o deixem o mais camuflado possível. Existem muitas espécies de camaleão, com os mais variados padrões de coloração, formato e tamanho.




4º – Lagartas
Os invertebrados também tem vez nessa história de se camuflar. Muitas espécies de borboletas e mariposas quando em processo de metamorfose (fase de lagarta) possuem colorações e formatos de cabeça/corpo propiciando um disfarce perfeito, o que evita a sua predação.






5º Bicho-pau
O bicho-pau também é extremamente habilidoso na arte de se camuflar. Por se movimentar lentamente e se parecer muito com o ambiente que vive (galhos, troncos) ele também tem um imenso sucesso o que garante que não seja predado tão facilmente, aumentando as chances de reprodução mantendo a espécie viva.



6º Peixes
Os peixes também conseguem se esconder de seus predadores de forma muito eficaz, ou até mesmo se esconde de suas presas para dar o bote certeiro e capturá-las rapidamente. Existem várias espécies de peixes que se camuflam, tendo as mais variadas formas e cores, podendo ser peixes ósseos ou cartilaginosos como raias e tubarões.

Linguado se camuflando em meio a areia no fundo d’água
Raia (peixe cartilaginoso) se camuflando na areia


7º – Urutau
O Urutau é uma ave brasileira mestra na camuflagem também. Ela fica parado, estático em troncos secos, com os olhos fechados de tal forma que se não olharmos com atenção, ele fica imperceptível. É uma ave muito habilidosa nessa arte. A camuflagem em aves é algo que não ocorre muito, sendo o urutau um ícone neste caso.






8º Leões
Os leões são os reis da selva nas savanas e isso não ocorre só porque caçam em bandos e são fortes, ocorre também porque a coloração deles é extremamente parecida com a coloração da vegetação de pequeno porte nas Savanas. Sendo assim, podem facilmente chegar até uma presa despercebidos, aliando a habilidade em caminhar suave (típico de todos os felinos) juntamente com a coloração perfeita. Um ataque preciso!



9º – Borboletas e Mariposas
Estes pequenos invertebrados também possuem incrível capacidade de mimetizar outros animais, como aquelas que possuem “olhos” nas asas, o que parece imitar uma coruja ou ave parecida. Porém elas também podem ser despercebidas, ao contrário do mimetismo, camuflando-se perfeitamente.





10º – Louva-Deus
O louva-deus possui cores incríveis que também lhe propicia a camuflagem. Como em qualquer outro animal,  a camuflagem dos louva-deus é ideal para protegê-los contra a predação das aves, pois ficam expostos e não se escondem. Alguns ficam em flores, outros em folhas e galhos.





www.euquerobiologia.com.br
31
Ago16

Utentes da Carris falam de uma degradação acelerada do serviço Sentados à espera do autocarro

António Garrochinho


  • Entrar / Registar
O desinvestimento e a má gestão da Carris provocam o aumento dos tempos de espera e o desespero dos passageiros. Trabalhadores pedem inversão do caminho traçado pelo PSD e pelo CDS-PP.



«Vão sendo retiradas carreiras sem qualquer justificação», denuncia Cecília Sales
A continuada falta de investimento nas empresas públicas de transportes acarreta sérios prejuízos para os utentes a quem muitas vezes também falta informação. Quem o diz é Cecília Sales, da Plataforma das Comissões de Utentes da Carris. De acordo com esta responsável, tempos de espera de 17 minutos passam por vezes para 45 e os utentes nem sequer são avisados. «As coisas pioraram muitíssimo nestes últimos dois anos e os tempos de espera são desta ordem», afirma.
Tudo se complica em freguesias grandes ou com uma população envelhecida. Cecília Sales dá o exemplo da freguesia dos Olivais, uma das maiores da cidade de Lisboa mas com uma rede da Carris cada vez menor. «Vão sendo retiradas carreiras sem qualquer justificação, nem sequer a justificação geográfica porque a freguesia está dividida entre o norte e o sul, e os utentes para saírem da freguesia e irem ao centro da cidade têm que fazer alguns transbordos», alerta.
«Por mais que argumentássemos que essa carreira servia o hospital de rectaguarda da freguesia (Curry Cabral), a Carris fez ouvidos moucos e cortou-a
CECÍLIA SALES
Entre a fundamentação utilizada pela Carris para a supressão das carreiras está o argumento de que, sempre que possível, as pessoas devem usar o metro em combinação com a Carris. Uma medida que causa alguns transtornos, especialmente a uma população cada vez mais envelhecida. De resto, a responsável alerta para a progressiva degradação do serviço prestado pelo metro, com registos de perturbações nas linhas e tempos de espera aumentados.
Desde 2008 e até 2011, a Carris foi encurtando as carreiras sem aviso prévio. Cecília Sales recorda que «em 2011 tivemos a previsão de várias supressões mas devido a movimentações [dos utentes], como cortes de estrada e bloqueios de autocarros, suprimiu-se apenas a carreira 21 que passava pelo meio da freguesia. Mas, por mais que argumentássemos que essa carreira servia o hospital de rectaguarda da freguesia (Curry Cabral), a Carris fez ouvidos moucos e cortou-a.»
Na próxima semana, a Plataforma prevê uma mobilização junto aos terminais do metro para alertar sobre a degradação dos serviços públicos de transportes.
«As empresas de transportes têm que ser públicas»
Segundo José Manuel Oliveira, coordenador da Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (Fectrans), «há anos que temos vindo a denunciar na Carris as consequências que a falta de trabalhadores traz do ponto de vista da oferta de transportes».
O que acontece é que em cada carreira há cada vez menos autocarros a circularem durante o dia, o que leva a um aumento dos tempos de espera. José Manuel Oliveira afirma que tudo resulta do desinvestimento dos últimos anos e que os efeitos começam a tornar-se cada vez mais visíveis para os passageiros do ponto de vista da oferta de transporte.
«Para nós é importante a reposição dos quadros de pessoal de modo a que os trabalhadores não sejam sujeitos ao aumento dos horários de trabalho»
JOSÉ MANUEL OLIVEIRA
A questão foi objecto de discussão numa reunião que os trabalhadores tiveram recentemente com o ministro do Ambiente, na qual defenderam que não basta que as empresas sejam públicas, é preciso que elas prestem serviço público.
«Para nós é importante a reposição dos quadros de pessoal de modo a que os trabalhadores não sejam sujeitos ao aumento dos horários de trabalho, não sejam impedidos de utilizarem os seus dias de férias, conforme está contratualmente consagrado, e também para que o nível de oferta possa ser reposto de modo a que haja um sistema de transportes públicos, neste caso concreto da Área Metropolitana de Lisboa», evitando-se a utilização do transporte individual e todas as consequências que acarreta.
Os trabalhadores defendem que as empresas de transportes têm que ser públicas e justificam porquê. «Sendo públicas estão na posse do Estado que pode definir as políticas de mobilidade que a região necessita, o que não tem acontecido, nomeadamente no governo anterior». E acrescenta, «apesar das empresas serem públicas toda a lógica de gestão era privada. O que interessava eram os resultados, levando à redução drástica dos postos de trabalho e ao desinvestimento de modo a tornar mais fácil e apetecível o processo de privatização».


www.abrilabril.pt

31
Ago16

Gente suja e criminosa

António Garrochinho
A CORJA GOLPISTA QUE AFASTOU DILMA DA PRESIDÊNCIA TERÁ AGORA MAIS TEMPO PARA FAZER A LAVAGEM DAS VIGARICES E CRIMES COM QUE A MAIORIA DOS GOLPISTAS ESTÁ COMPROMETIDA.
GENTE FASCISTA E SAUDOSISTA DA DITADURA MILITAR E DO FASCISMO QUE COM O APOIO DO CAPITALISMO INTERNO E TAMBÉM DO CAPITALISMO E IMPERIALISMO IANQUE MANOBROU NO SENTIDO DE DERROTAR O POVO E A DEMOCRACIA.
GENTE QUE ANDA DE MÃOS DADAS COM TRAFICANTES DE ARMAS E DE DROGA E ELES PRÓPRIOS GERINDO O MUNDO DO CRIME.
GENTE QUE NÃO PRESTA, GENTE QUE É COMO O CU QUE MESMO ESTANDO LIMPO É SEMPRE SUJO.
O POVO BRASILEIRO TERÁ QUE LUTAR E ESTOU CONFIANTE QUE VENCERÁ !
António Garrochinho
Foto de António Garrochinho.

31
Ago16

Factos interessantes sobre a Primeira Guerra Mundial

António Garrochinho


-Os alemães usaram lança-chamas na Primeira Guerra Mundial. Seus lança-chamas poderia lançar chamas a 40 m

-Mais de 65 milhões de homens de 30 países lutaram na Primeira Guerra Mundial. Cerca de 10 milhões morreram. Aliados  perderam cerca de 6 milhões de soldados. A Tríplice Aliança perdeu cerca de 4 milhões de soldados.

-Na Primeira Guerra Mundial, havia mais de 35 milhões de soldados e civis afetados. Mais de 15 milhões de mortos e 20 milhões de feridos.

-Quase dois terços das mortes ocorreram nas primeiras batalhas. Em conflitos anteriores, a maioria das mortes foram devidas a doenças.

-Durante a Primeira Guerra Mundial, cerca de um terço de todas as vítimas da guerra morreram da gripe espanhola.

-As forças Armadas russas foram a maior  força do Mundo, tinham 12 milhões de homens, por isso foi o maior exército na guerra. Mais de três quartos foram mortos, feridos ou desaparecidos.

-Em agosto de 1914, soldados alemães mataram 150 civis em Arshote. Os assassinatos eram parte de uma estratégia conhecida como Schrecklichkeit ("intimidação"). Seu propósito era intimidar os cidadãos dos territórios ocupados, a fim de evitar revoltas.

-"Little Willie", foi o primeiro protótipo do tanque na Primeira Guerra Mundial. Construído em 1915, ele poderia ter uma equipe de três pessoas e estava se movendo a uma velocidade de 4,8 kmh

-Fogo de artilharia e minas criaram um barulho incrível. Em 1917, os bombardeios da linha de frente alemã na batalha de Ypres no rio Messinian na Bélgica foram ouvidas em Londres, a  (220 km) de distância.

-Pool of the World - é a profundidade do lago de (12 m), localizados em Messina, na Bélgica. Ele é uma a cratera, o que foi resultado de uma explosão em 1917, quando os ingleses usaram 45 toneladas de explosivos.

-Os cães de guerra foram usados ??como mensageiros, eles transferiram as ordens para a linha de frente em cápsulas ligados ao corpo. Além disso, os cães utilizados para colocar os fios do telégrafo.

-Pela primeira vez, os tanques foram utilizados na Batalha da flor-Kurselet (1916).
Inicialmente, os tanques foram chamados de "navios da terra". No entanto, os britânicos decidiram dar-lhes um nome de código de "tanques".

-O piloto de caça de maior sucesso foi Ritmeyster von Richthofen (1892-1918). Ele abateu 80 aviões, mais do que qualquer outro piloto na guerra. Ele morreu depois de ter sido derrubado por Amiens. O mais bem sucedido piloto de caça aliados foi o francês René Fonck (1894-1953), que derrubou 75 aviões inimigos.

-Margaret Selle (1876-1917), também conhecida como Mata Hari era uma dançarina exótica holandesa condenado por espionagem dupla. Embora ela sempre negou ser um espião, foi executada em 1917.

-Pouco antes da morte do Tenente Francês Alfred Joubert escreveu sobre a Primeira Guerra Mundial, em seu diário: "O mundo ficou louco! Você tem que ser louco para fazer o que está acontecendo. O que um massacre ... Que cena de horror e carnificina! Eu não consigo encontrar as palavras para transmitir minhas impressões. Mesmo inferno não pode ser tão terrível! As pessoas são loucas! "

-Para os EUA, a Primeira Guerra Mundial custou US $ 30 bilhões.

-Após o conflito deixou de existir quatro impérios: o Otomano, Austro-húngaro, alemão e russo.

-A Primeira Guerra Mundial durou de 1914 até 1918, a batalha teve lugar em todos os oceanos e em quase todos os continentes. Grande parte dos combates, no entanto, teve lugar na Europa.

-O grupo terrorista de Sarajevo foi responsável pelo assassinato de Franz Ferdinand chamado de Mão Negra.


-O slogan da campanha do segundo mandato de Woodrow Wilson diz o seguinte: "Ele nos salvou da guerra." Cerca de um mês mais tarde, depois que ele ganhou o gabinete presidencial, 6 de abril de 1917 os Estados Unidos declararam guerra à Alemanha.

-A Primeira Guerra Mundial - a sexta maior causa de morte de conflitos na história mundial.

-A Primeira Guerra Mundial foi um catalisador para a transformação da Rússia para a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Foi a criação do primeiro Estado comunista do mundo e a abertura de um novo marco na história do mundo. Os historiadores notaram que o surgimento da União Soviética foi a conseqüência mais marcante e importante da Primeira Guerra Mundial.

-Após a Primeira Guerra Mundial, Finlândia, Estónia, Letónia, Lituânia e Polónia foram declaradas Estados independentes.
-
A guerra deixou milhares desfigurados e deficientes. Para corrigir lesões faciais os médicos recorreram à cirurgia plástica, e para cobrir as deformidades mais terríveis, usava uma máscara. Alguns dos soldados ficaram em hospitais por toda a sua vida.


www.avidabloga.com
31
Ago16

UMA LENDA CHEROKEE

António Garrochinho



"Existe uma antiga história dos índios cherokee sobre o cacique de uma grande aldeia. Um dia, o cacique decidiu que era hora de orientar o seu neto favorito sobre a vida. Ele o levou para o meio da floresta, fez com que se sentasse sob uma velha árvore e explicou:- “Filho, existe uma batalha sendo travada dentro da mente e do coração de todo ser humano que vive hoje. Embora eu seja um velho e sábio cacique, o líder da nossa tribo, essa mesma batalha é travada dentro de mim. Se você não souber dessa batalha, ela o fará perder o juízo. 

Você nunca saberá que direção tomar. As vezes vencerá na vida e, depois, sem entender o porquê, perceberá que está perdido, confuso, com medo, arriscado a perder tudo o que trabalhou tanto para ganhar. Você muitas vezes achará que está fazendo a coisa certa e depois descobrirá que fez as escolhas erradas. Se você não entender as forças do bem e do mal, a vida individual e a vida coletiva, o verdadeiro eu e o falso eu, você viverá a vida todo num grande tumulto”.“E como se existissem dois grandes lobos vivendo dentro de mim; um é branco e o outro é preto. O lobo branco é bom, gentil e não faz mal a ninguém. Ele vive em harmonia com tudo à sua volta e não se ofende se a intenção não era ofender. 

O lobo bom, sensato e certo de quem ele é e do que é capaz, briga apenas quando essa é a coisa certa a fazer e quando precisa se proteger ou à sua família, e mesmo então ele faz isso da maneira certa. Ele toma conta de todos os outros lobos da matilha e nunca se desvia da sua natureza”.“Mas existe o lobo preto também, que vive dentro de mim, e esse lobo é bem diferente. Ele é ruidoso, zangado, descontente, ciumento e medroso. Basta uma coisinha para que ele se encha de fúria. Ele briga com todo mundo, o tempo todo, sem nenhuma razão. Ele não consegue pensar com clareza, porque a sua ganância para ter sempre mais e a sua raiva e a sua ira são grandes demais. 

Mas trata-se de uma raiva infrutífera, filho, porque ela não muda nada. Esse lobo só procura confusão aonde quer que vá, e por isso sempre acaba achando. Ele não confia em ninguém, por isso não tem amigos de verdade.”O velho cacique ficou sentado em silêncio durante alguns minutos, deixando que a história dos dois lobos penetrasse na mente do jovem neto. Então ele lentamente se curvou, olhou fixamente nos olhos do menino e confessou:- “As vezes, é difícil viver com esses dois lobos dentro de mim, pois eles brigam muito para dominar o meu espírito”.Cativado pela história do ancião sobre essa grande batalha interior, o menino puxou a tanga do avô e perguntou, ansioso:- “Qual dos dois lobos vence, vovô?”


E com um sorriso cheio de sabedoria e uma voz firme e forte, o cacique disse:- “Os dois, filho. Veja … se eu escolho alimentar só o lobo branco, o preto ficará à espreita, esperando o momento em que eu sair do equilíbrio ou ficar ocupado demais para prestar atenção às minhas responsabilidades, e então atacará o lobo branco e causará muitos problemas para mim e nossa tribo. Ele viverá sempre com raiva e brigará para atrair a atenção pela qual tanto anseia. Mas, se eu prestar um pouquinho de atenção no lobo preto, compreendendo a sua natureza, se reconhecê-lo como a força poderosa que ele é e deixá-lo saber que eu o respeito pelo seu caráter e o usarei para me ajudar se um dia eu ou a tribo estivermos em apuros, ele ficará feliz, e o lobo branco ficará feliz também, e ambos vencerão. Todos venceremos”.Sem entender direito, o menino perguntou:- “Não entendi, vovô. Como os dois lobos podem ganhar?”O cacique continuou a explicação:- “Veja, filho, o lobo preto tem muitas qualidades importantes de que eu posso precisar, dependendo das circunstâncias. 

Ele é feroz, determinado, e não se deixará subjugar nem por um segundo. Ele é inteligente, astuto e capaz dos pensamentos e estratégias mais tortuosos, o que é importante em tempos de guerra. Ele tem os sentidos aguçados e superiores que só aqueles que olham através da escuridão podem apreciar. Em meio a um ataque, ele poderia ser o nosso maior aliado”.O cacique então tirou da sua bolsa alguns pedaços de carne defumada e colocou-os no chão, um à direita e o outro à esquerda. Ele apontou para a carne e disse:- 

“À minha esquerda está a comida para o lobo branco e à minha direita está a comida para o lobo preto. Se eu optar por alimentar os dois, eles não brigarão mais pela minha atenção, e eu poderei utilizar cada um deles como precisar. E como não haverá guerra entre eles, poderei ouvir a voz da minha sabedoria profunda e escolher qual dos dois pode me ajudar melhor em cada circunstância. Se a sua avó quer uma carne para fazer uma refeição especial e eu não cuidei disso como deveria, posso pedir para o lobo branco me emprestar a sua magia e consolar o lobo preto da sua avó, que estará zangada e faminta. O lobo branco sempre sabe o que dizer e me ajudará a ser mais sensível às necessidades dela”.“Veja, filho, se você compreender que existem duas grandes forças dentro de você e respeitar a ambas igualmente, as duas sairão ganhando e haverá paz. A paz, meu filho, é a missão dos cherokees – o propósito supremo da vida. Um homem que tem paz dentro de si tem tudo. Um homem dividido pela guerra em seu íntimo não tem nada. Você é um jovem que precisa escolher como vai lidar com as forças opostas que vivem no seu interior. A sua decisão determinará a qualidade do resto da sua vida. E quando um dos lobos precisar de atenção especial, o que acontecerá às vezes, você não terá do que se envergonhar; poderá simplesmente admitir isso para os anciãos e conseguirá a ajuda de que precisa. 


Quando isso for de conhecimento público, aqueles que já travaram essa mesma batalha podem oferecer-lhe a sua sabedoria”.Essa história simples e pungente explica como é a experiência humana. Cada um de nós está em meio a uma batalha contínua, em que as forças da luz e da escuridão competem pela nossa atenção e pela nossa submissão. Tanto a luz quanto a escuridão habitam dentro de nós ao mesmo tempo. Verdade seja dita: existe uma matilha inteira de lobos dentro de nós – o lobo amoroso, o lobo bondoso, o lobo esperto, o lobo sensível, o lobo forte, o lobo altruísta, o lobo generoso e o lobo criativo. Junto com esses aspectos positivos existem o lobo insatisfeito, o lobo ingrato, o lobo autoritário, o lobo desagradável, o lobo egoísta, o lobo indecente, o lobo mentiroso e o lobo destrutivo. Todo dia temos a oportunidade de reconhecer todos esses lobos, todas essas partes de nós mesmos, e escolher como iremos nos relacionar com cada um deles. Será que continuaremos condenando alguns e fingindo que eles não existem ou vamos tomar posse de toda a matilha?Por que sentimos a necessidade de negar a matilha de lobos que vive em nós? A resposta é fácil. Ou achamos que ela não existe ou que não deveria existir. Tememos que, se admitirmos todos os diferentes “eus” que ocupam espaço na nossa psique, de algum modo seremos rotulados de esquisitos, diferentes, prejudiciais ou psicologicamente fragmentados. Achamos que devemos ser pessoas boas e “normais”, dentro das quais só mora um único “eu”. Mas existem muitos “eus” e a recusa em entrar em acordo com eles é um grave erro – que nos levará a cometer atos estúpidos e temerários de auto-sabotagem.Eis o grande segredo: 
existem muitos “eus” contidos dentro do nosso “eu”, pois dentro de cada um de nós existem todas as qualidades possíveis. 

Não há nada que possamos ver e nada que possamos julgar que não exista dentro de nós. Todos somos luz e escuridão, santos e pecadores, pessoas adoráveis e abomináveis. Somos todos gentis e calorosos, mas também frios e cruéis.Dentro de você e dentro de mim existem todas as qualidades conhecidas pela espécie humana. Embora possamos não estar conscientes de todas as qualidades que possuímos, elas estão adormecidas dentro e nós e podem despertar a qualquer momento, em qualquer lugar. A compreensão disso nos permite entender por que todos nós, que somos “bons”, somos capazes de fazer coisas ruins e, mais importante, por que às vezes nos tornamos os nossos piores inimigos."
FONTE: Debbie Ford

3fasesdalua.blogspot.pt
31
Ago16

Uma belíssima voz feminina começa a cantar, mas quando baixa a cortina... muda tudo!

António Garrochinho


É uma pena que a capa deste vídeo seja um grande spoiler, pois seria igualmente surpreendente ver como os jurados do programa de talentos romeno "Next Star" sentem calafrios quando uma explêndida voz feminina se eleva por trás de um véu, com as notas da canção "Je t'aime" de Lara Fabian. Mas o efeito surpresa esta assegurado com o que acontece logo depois: todos os presentes no cenário têm que que mudar de opinião quando se revela um jovem chamado Valentin Poenariu. O vídeo é de 2013, mas somente recentemente criou tendência com mais de 3 milhões de views.

VÍDEO



www.mdig.com.br
31
Ago16

CHURRASCO SIM ! MAS .......

António Garrochinho


Caramba! Se isso acontecesse comigo eu não acho que iria reagir de forma diferente. Douglas Wong e sua família filmaram o momento espetacular em Melbourne, Austrália. O falcão está dando rasantes voando sobre o rio Yarra e a família apenas reparava em como ele ia e vinha, até que de repente ele mergulha e pega algo na relva e, sem que esperassem, ele se aproxima rapidamente na direção deles e deixa cair uma cobra enorme em seu churrasco. Todos eles imediatamente começam a correr enquanto a cobra desliza em direção ao mato.

Douglas disse ao Daily Mail que seu tio, tia e primo lhe faziam uma visita:

- "Há muito tempo eles não vinham aqui e ficaram animados quando viram um falcão, que simplesmente desceu e pegou algo. Nós não sabíamos que era uma cobra até que ficou muito perto e meu tio saiu correndo."

Algumas pessoas acham que o vídeo é falso, mas Wong jura que foi apenas um incidente bizarro.

- "Eu só peguei no meu celular e gravei, então eu realmente não tenho como provar para as pessoas que estão duvidando, mas eu estou pouco me importando", disse ele.

Falcões são considerados aves muito inteligentes e com um grande senso de visão. O que não ficou claro é se a ave tentou assustar a família ou se deixou a cobra cair acidentalmente.

VÍDEO
www.mdig.com.br

31
Ago16

“A raça portuguesa degenerou? Ou mantém as suas qualidades primitivas?” -a propósito da entrada de Portugal na I Guerra Mundial, forçada pela declaração entregue em Lisboa pelo embaixador alemão a 9 de março de 1916.

António Garrochinho
Soldados portugueses na frente ocidental britânica
NATIONAL LIBRARY OF SCOTLAND

Vestido de negro, de sobrecasaca e chapéu alto, o embaixador alemão chega ao Ministério português dos Negócios Estrangeiros numa carruagem de praça. Esteve 20 minutos com o ministro para lhe declarar guerra e pedir oito passaportes. Foi no 9 de março de 1916


"Uma larga paz de cem anos acaba de ser interrompida por uma declaração de guerra com o maior império", é assim que o jornal "A Vanguarda" introduz a questão "A raça portuguesa degenerou? Ou mantém as suas qualidades primitivas?", a propósito da entrada de Portugal na I Guerra Mundial, forçada pela declaração entregue em Lisboa pelo embaixador alemão a 9 de março de 1916. A iniciativa ficou por ali, mas o povo confirmou ser "fadado para as apoteoses e para os sacrifícios".
O "jornalista vigoroso" e "erudito investigador das coisas de história", Rocha Martins, foi quem "A Vanguarda" escolheu para escrever sobre a última vez em que os portugueses se bateram pela pátria, isto é, ao lado do imperador francês Napoleão, em 1809, quando este dominava a península ibérica. "A luta era de extermínio. O imperador queria forçar os ingleses a abaterem o seu predomínio comercial... As guerras não têm nunca como origem senão isso... O resto são coisas retóricas... A Inglaterra, nesse período, apenas aconselhou uma medida: o embarque da família real... Assim se fez... O Povo, porém, queria bater-se. A política não deixou. O exército era pequeno mas treinado na guerra."
O jornal - crítico do governo de Afonso Costa, que estava ao lado de Inglaterra desde 1914, quando os impérios austro-húngaro e alemão arrastaram o mundo para um conflito violento - deu na primeira página duas colunas de alto a baixo ao assunto e mais uma na página seguinte. A questão foi lançada já Portugal entrara na I Guerra Mundial. A reflexão data de 22 de março e não do dia em que Friedrich Rosen, envergando sobrecasaca e chapéu alto negros, se dirigiu numa carruagem de praça ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, onde já não ia há ano e meio.
A declaração entregue pelo ministro plenipotenciário alemão ao ministro dos Negócios Estrangeiros português, no dia 9 de março de 1916
A declaração entregue pelo ministro plenipotenciário alemão ao ministro dos Negócios Estrangeiros português, no dia 9 de março de 1916
DR
Nesse dia 9 de março de 1916, em que os portugueses serão levados à guerra, o ministro plenipotenciário da Alemanha esteve 20 minutos reunido com Augusto Soares, mas sobre o encontro só se soube rumores. E na manhã seguinte o "Diário de Notícias" ainda não publicava certezas: "Consta-nos que o motivo da ida do sr. barão de Rosen ao ministério dos estrangeiros foi para fazer entrega de uma nota do governo alemão, na qual se dão como rotas as relações entre a Alemanha e Portugal, e em que a Alemanha faz a sua declaração de guerra".
"O Século", no entanto, já no dia 9, no editorial "Rompimento?", apesar de mostrar incerteza, dizia ser possível que à hora em que o jornal chegava às mãos dos leitores já estivesse "oficialmente definida pelo governo alemão a respetiva situação dos dois países". Noutro artigo de primeira página, intitulado "As nossas relações com a Alemanha", pressupunha: "As informações fornecidas pelo nosso ministro em Berlim, sr. Sidónio Pais, e a abalada, em massa e rápida, da colónia alemã aqui residente - injustificada no caso de simples interrupção de relações - levam-nos a crer que a Alemanha responderá ao nosso governo com uma nota de declaração de beligerância".
O ministro da Guerra, Norton de Matos, que andará pelas trincheiras e em 1919 será um dos delegados portugueses à Conferência da Paz, disse ao século, que o procurou já perto da meia-noite de dia 9, que nada havia a recear: "O país deve confiar absolutamente no seu exército, que saberá cumprir o seu dever em qualquer emergência". Soube cumprir, mas com grandes custos: oito mil mortos, 16.607 feridos, 13.645 feridos e desaparecidos. No total foram mobilizados para a guerra na Europa e em África 105.542 homens.
Pintura de autor desconhecido da batalha de Wagram, na qual os portugueses se destacaram em 1809
Pintura de autor desconhecido da batalha de Wagram, na qual os portugueses se destacaram em 1809
WIKIPÉDIA
Grande confiança nos militares portugueses parece que também Napoleão Bonaparte tinha. Conta Rocha Martins, na defesa da "raça" lutadora, que "na batalha de Wagran, sob a nascente do Danúbio, uma divisão do corpo comandada por Oudihot [Nicolas Charles Oudinot, marechal e duque de Reggio] pôs-se em debandada ante o fogo terrível das baterias austríacas... Os portugueses que ali estavam ficaram a bater-se... Esse punhado de valentes concorreu imenso para a vitória...".
Bonaparte, após ordenar promoções e condecorações com a Legião de Honra, terá dito ao conde de Ega, Aires José Maria de Saldanha Albuquerque Coutinho Matos e Noronha, cuja mulher era amante do comandante francês Junot, invasor de Portugal, "senhor conde, estou muito satisfeito dos vossos portugueses - eles combateram sempre com muita galhardia nesta guerra e decerto na Europa não há melhores soldados do que eles!...". Remata Rocha Martins: "Isto é absolutamente histórico. E sente-se sem querer um orgulho nacional ante as palavras do Homem dos Séculos aos nossos avós.... Vale por uma bandeira".
Histórico foi, sem qualquer dúvida, o encontro oficial entre Rosen e Soares, iniciado pelas 18h há precisamente 100 anos. Não houve qualquer violência física, nem meça de forças: o alemão entregou o documento ao ministro dos Negócios Estrangeiros e pediu passaportes. "O Século" montou guarda na sua rua, pelas 21h viu à porta da legação "um automóvel fechado e de cortinas corridas", observou Rosen sair com o filho, caminharem até ao Alto de Santa Catarina e entrarem no palacete de Alfredo da Silva, industrial milionário fundador da CUF que, anos mais tarde, apoiará o Estado Novo e o ditador Oliveira Salazar. A despedida demorou uma hora. A partida ficou marcada para o dia seguinte num comboio especial.
O ministro dos Negócios Estrangeiros de então, Augusto Soares, num desenho de António Carneiro
O ministro dos Negócios Estrangeiros de então, Augusto Soares, num desenho de António Carneiro
HEMEROTECA DIGITAL DE LISBOA
Friedrich Rosen, de 60 anos, há cerca de quatro em Lisboa vindo de Bucareste, diplomata de carreira tido por especialista em questões árabes e que depois da guerra será ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, tinha passado a tarde, segundo "A Capital" apurou de "fonte segura", "na legação a queimar muitos papéis, tendo mandado retirar os aparelhos telefónicos do palácio Pombal, na rua do Século, antiga casa do marquês e hoje imóvel de interesse público à espera de melhores dias". De manhã recebera a visita do embaixador e da embaixatriz dos Estados Unidos e de alguns seus conterrâneos, e deslocara-se à legação de Espanha, país neutro que passará a representar Portugal perante a Alemanha...
No dia 10, pelas 14h20, o ministro alemão partiu do Rossio, vestido de castanho, acompanhado da mulher e do filho e ainda de outros elementos da legação. A hora fora mantida em segredo, desnecessariamente, já que não houve a mais leve manifestação de desagrado, só um grande silêncio, e alguns amigos portugueses na gare. O jornalista do "Diário de Notícias" esteve a vigiar o palácio desde as 07h. A dada altura, o alemão resolveu sair de automóvel e o fotógrafo avançou de "kodak em punho", mas foi impedido pelo próprio de disparar a máquina. "Não faça! Não faça!", disse em português.
Entretanto, uma polémica irá arrastar-se por algum tempo nos jornais - a das pessoas que se foram despedir do diplomata alemão. "A Vanguarda" tomou nota de um protesto do jornal "O País" publicado no dia 20: "A Capital e O Mundo quase esgotaram a sua indignação de envolta com turvas insinuações contra o sr. [Tomás] Mello Bryner, por ir ao bota fora do sr. Rosen, ministro alemão em Lisboa, mas bem lhes deve ter custado tomar conhecimento da carta digníssima que o visado enviou aos jornais, pondo o caso no seu verdadeiro pé e restringindo-se a um simples dever quase profissional de um médico na carta em sua defesa, explicava que fora médico da família, criara uma natural amizade, por isso, lhe fora dizer adeus. Quando acabará esta nossa eterna mania de tudo malsinar, de tudo tirar conclusões deprimentes para a honorabilidade e inteireza de carácter de qualquer? Quando?". E "A Vanguarda" comentava: "Tem razão O País. Mas que fazer, se, nem mesmo nos períodos da reconciliação, se poupam os homens de boa conduta".
Friedrich Rosen, tido por especialista em questões árabes, esteve quatro anos em Lisboa. Em 1921 será ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha
Friedrich Rosen, tido por especialista em questões árabes, esteve quatro anos em Lisboa. Em 1921 será ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha
WIKIPÉDIA

O ÊXODO ALEMÃO

Antes da entrega oficial da declaração de guerra, na véspera e nesse dia já outros seus concidadãos tinham partido. Portanto, antes de se saber... já se sabia. Desde o dia 23 de fevereiro, data da apreensão dos navios alemães surtos no Tejo, que se esperava a retaliação da Alemanha. Após uma breve troca de reações, e de reação às reações, terá sido no dia 8 que o ministro plenipotenciário português em Berlim recebeu a nota de declaração de guerra, pelo menos foi o que contou ao seu colega em Paris, João Chagas.
Nesse dia, já cidadãos alemães a viver em Portugal abandonavam o país. "O Século" noticiou a 9 de março: "No rápido de Madrid das 16h30 partiram ontem muitas famílias alemãs, a ponto de o ministro da Rússia, que pretendia ir assistir aos funerais do embaixador do seu país em Madrid, não poder embarcar por falta de lugar nesse comboio. Entre os indivíduos de nacionalidade alemã que partiram notámos o sr. Otto Marcus, chefe da casa Marcus & Harting, e o sr. Schmiede, antigo proprietário de um colégio alemão".
"Ontem, nos comboios da manhã e da tarde, seguiram em 1ª classe nove súbditos alemães, e em 3ª um", lê-se no "Diário de Notícias" de 10 de março. Também alguns dos germânicos residentes no Porto e em Vila Nova de Gaia não esperaram pela oficialização e, na véspera, viajaram para Espanha. O "El Mundo" de dia 9 de março noticiava a chegada de "numerosos alemães", os quais, "ao serem interrogados, declararam que se lhes indicou conveniência de abandonarem este país".
O jornal "A Capital", por sair à noite, contava quase tudo no dia 9, até a possibilidade da demissão do governo para se constituir um executivo de união nacional, como viria a acontecer dias depois, embora não fizesse afirmações sobre o que se passava entre Portugal e a Alemanha porque "nas estações oficiais" nada conseguiram "apurar de positivo". E falou com alguns dos alemães residentes em Lisboa e verificou que alguns já tinham partido, como os srs. Weinstein com escritório na Rua do Comércio, ou Otto Ziemms, Burmester e Moss, "preparando-se ainda para sair os srs. Henrich Danardht, Zickerman e Muller e outros importantes negociantes alemães que entre nós desfrutavam de uma magnífica situação".
"Na oficina de fotogravura de 'O Século' têm trabalhado três artistas alemães. Um deles partiu hoje, com destino ao seu país, tendo ficado ainda os dois restantes, dos quais um é o sr. Kramef, chefe da referida oficina", fazia ainda notar "A Capital". O jornalista percorreu várias casas comerciais, onde se trabalhava "sob uma grande atmosfera calma, aparentando, ao menos, não dar ouvidos às notícias alarmantes de que a cidade inteira se faz eco". No seu escritório da rua da Prata, Herold, "um dos potentados da colónia alemã", a viver em Lisboa há 44 anos, dizia-se "no firme propósito" de ficar no país, a não ser que o governo português o obrigasse a sair. Na casa Antunes & Orey o problema era outro. "Peço-lhe que desfaça a lenda de que nós somos alemães. Somos portugueses, genuinamente portugueses, aqui nascidos e educados, tendo até entrado no recenseamento militar português." Semelhante discurso ouviram, por exemplo, a Carlos Ahrens.

OUTRA DECLARAÇÃO NO MESMO DIA

O "Diário de Notícias", que acreditava que "só quem não for português pensará ou procederá diversamente", resume bem o pensamento que atravessou os jornais na sua edição de 10 de março: "Em todos os editoriais dos diversos jornais políticos vimos com íntima satisfação que a nota dominante é pouco mais ou menos a mesma, isto é, reconhecendo estas folhas a gravidade e o excecional melindre das presentes circunstâncias, opinam que nesta conjuntura devem congregar-se todos os esforços e juntar-se todas as energias para se conseguir um único e capitalíssimo fim – manter com honra a dignidade e a autonomia de Portugal, responder com hombridade a quaisquer
ameaças ou agravos e prepararmo-nos sem desfalecimentos nem desuniões para as eventualidades de qualquer ataque ou agressão".
A declaração de guerra, apesar de muitos temerem o seu efeito, foi recebida com algum entusiasmo - como dizia Rocha Martins, "este povo é fadado para as apoteoses e para os sacrifícios". A opinião pública favorável fez-se ouvir mais alto, os germanófilos começaram a ser olhados de lado e as manifestações organizadas para alimentar o patriotismo tinham sempre muitos adeptos. No entanto, o povo sofria com a miséria, a falta de bens essenciais e a perda dos seus homens na guerra.
Nos jornais, outra declaração datada de 9 de março de 1916 causou impacto, a do "Caso do Hotel Aliança do Porto", mais precisamente emitida pela empresa Simões, Carmo & Comandita para atestar a honestidade do seu gerente. Porquê? Tinham desaparecido 260 escudos ao mesmo tempo que se dera "uma fita representada por Adelina Magalhães". O anúncio não contava, porém, o que é que se passara em concreto. Resumindo, o caso dera que falar porque a amante de Raimundo Martins, conhecido gerente da loja no Porto, fora encontrada no quarto do hotel, amarrada e amordaçada, dizendo-se vítima de roubo. Adelina terá depois confessado à polícia ter sido ela quem, depois do amante sair, lhe arrombara a mala e retirado um envelope com dinheiro, tendo gasto apenas cinco escudos num par de sapatos. E, depois, atara-se a si própria...


expresso.sapo.pt
31
Ago16

HISTÓRIA DO PALÁCIO DA FONTE DA PIPA, OU BANCO SANCHO - LOULÉ (repetição)

António Garrochinho


Palácio da Fonte da Pipa OU BANCO SANCHO - Loulé (POR SE DIZER ASSOMBRADO O PALACETE MANTEM-SE ATÉ HOJE AO ABANDONO)

Por me ter deslocado recentemente ao Algarve para fotografar a fabulosa "Casa do Pai", cujo projecto pretende torná-la na mais faustosa casa algarvia do século XXI, onde nada se poupou em requintes de "bemvadez" que fará corar um xeique das arábias...
Aproveitei  a oportunidade uma vez que me encontrava na vizinhança, para fotografar também a mais faustosa casa do Algarve do século XIX... o Palácio da Fonte da Pipa, em Loulé... foi um dia em cheio!
Quando iniciei este projecto, pesquisei no cibernético espaço alguns potenciais candidatos que justificassem uma ruinosa reportagem, e encontrei um manancial de oportunidades que exigiam um  enorme esforço logístico pela distância a que se encontravam... 
Fui ainda várias vezes avisado por leitores deste nosso blogue da existência desta autêntica pérola, este palácio era um dos mais apetecidos troféus que finalmente consegui conquistar.
A sua imerecida fama prende-se essencialmente em histórias de assombração, tendo sido alertado várias vezes por populares, dos "perigos" que poderia encontrar, mas ninguém me avisou do vislumbre que iria testemunhar...
Segundo se conta, à laia de mito urbano, a filha de um proprietário terá falecido na quinta e há quem a tenha visto à janela da torre, na minha opinião é mais uma história da carochinha para afastar os curiosos, sem ter algum fundamento... 
Há também outra versão que terão sido sepultadas na propriedade, vítimas da gripe espanhola, a tenebrosa pneumónica nos anos de 1916-18, e hoje ainda deambulam as suas penadas almas por este aprazível local.
À semelhança da "Casa do Pai", o seu construtor não se fez rogado em conceber uma residência digna das mil e uma noites, materializando a sua cultura e fortuna através de uma opulenta morada.
Foi em 1875, após uma viagem pelo Norte da Europa, que Marçal de Azevedo Pacheco se inspirou, e aqui erigiu a sua casa de sonho, com a intenção de receber a régia visita de El Rei D. Carlos, que acabou por ficar em Estói.
Marçal de Azevedo Pacheco, foi um homem de estado, Presidente da C. M. de Loulé, deputado do Partido Regenerador pelo circulo de Macedo de Cavaleiros, Par do Reino,  Sub-Director Geral do Ministério da Justiça, Presidente do Tribunal do Contencioso Administrativo do distrito de Lisboa, entre outros importantes cargos, foi também tio de um dos nossos melhores ministros das Obras Públicas, o Engº Duarte Pacheco.
Esta propriedade, foi na altura crismada como Quinta da Esperança, embora esse nome nunca tenha vingado por este local já há muito ser conhecido por Fonte da Pipa, por aqui haver uma antiga fonte que saciava os mais sedentos louletanos.
Para executar com a arte necessária tão elaborada obra, cumprindo rigorosamente cada cómodo como uma verdadeira obra prima de pintura decorativa, foi contratado para o efeito, José Pereira Júnior (Pereira Cão).
Pereira Cão era um pintor e ceramista que já tinha dado provas de raras habilidades artísticas, aquando a sua intervenção no Real Palácio da Ajuda, restaurando e decorando-o, pela ocasião do casamento do príncipe D. Luís.
Pelo esmero da construção e decoração, o tempo decorreu sem pressas e a obra estava ainda inacabada no ano de 1896, quando faleceu o seu ilustre proprietário vitimado por uma grave doença, nunca chegando a tirar partido deste local de sonho.
Foi em 1920 adquirido por Manuel Dias Sancho, um abastado cidadão de S. Brás de Alportel, que detinha na altura uma casa bancária com o seu nome. A casa foi então acabada tendo sido introduzidas melhorias ao projecto inicial.
A decoração dos jardins e a electrificação do palácio foram então a sua prioridade. Seguindo um estilo  inspirado nos mosaicos de Gaudi, utilizando conchas, porcelanas, cascas de caracol entre outros elementos decorativos, como incrustações nos bancos e mobiliários de jardim.
A crise financeira que abalou o mundo em 1929, e a crise política que na altura grassava em Portugal levou muitas empresas à insolvência tendo feito graves mazelas nos bolsos de muita gente, ditando a sorte deste senhor, cuja fortuna foi severamente abalada.
Viu as suas propriedades serem confiscadas para cobrir os prejuízos da sua casa bancária, e esta ser absorvida pelo Banco do Algarve, tal como o palácio aqui retratado.
O palácio foi então adquirido a este banco, por Francisco Guerreiro Pereira, um rico proprietário algarvio que edificou em 1935, na cidade de faro, o Palacete Guerreirinho, um dos mais belos projectos de Norte Júnior.
A dedicação a uma das suas maiores paixões, resultou num grande contributo à Fonte da Pipa,  o enriquecimento do jardim com plantas exóticas que ainda hoje existem e subsistem, fazendo do matagal envolvente uma notável colecção arbórea.
Por morte deste último proprietário, em 1948 a quinta foi herdada pelo seu filho primogénito, o Dr. António Guerreiro Pereira Júnior, um eminente médico de Faro, que a manteve até 1981, ano em que a vendeu à sociedade "Quinta da Fonte da Pipa, Urbanizações, Lda".
Esta sociedade idealizou para aqui um projecto cultural e centro de congressos, onde chegaram a acontecer algumas exposições e outros eventos, que tiveram na altura um sucesso imediato. Para poder explorar a propriedade em pleno, foi proposto um projecto que previa a construção de uma série de infra-estruturas no terreno de 30 hectares, o que ainda não teve aprovação desde 1981... desde então que os actuais proprietários impacientemente aguardam que o seu avultado investimento consiga gerar emprego, cultura, e quiçá alguns euros... enquanto assistem impotentes à degradação desta magnífica casa.
Até que aconteça algo neste País à beira mar abandonado, muitas jóias como estas estão condenadas ao marasmo e à ruína. Há autênticos "burrocratas", que ou não querem ter trabalho, ou não querem ver Portugal a prosperar.

ruinarte.blogspot.pt
31
Ago16

Alterações na lei para bolseiros com limitações - A limitação da abrangência e os contratos a prazo são alguns dos problemas colocados

António Garrochinho
Manuel Heitor, ministro da Ciência e do Ensino Superior 


Foi publicado o Decreto-Lei que adopta um regime jurídico de estímulo à contratação de investigadores doutorados. No entanto, são levantadas algumas preocupações sobre os problemas que se mantêm para os investigadores.


No início desta semana foi publicado o Decreto-Lei nº 57/2016 acerca da contratação de investigadores doutorados nas instituições de investigação científica, que altera o panorama para vários bolseiros, mas que continua a colocar algumas preocupações sobre a precariedade no trabalho científico.

A realidade até hoje nas instituições mostra que há substituição de muitos contratos de trabalho por bolsas de investigação. A instabilidade laboral que o vínculo precário imprime na segurança dos bolseiros obriga-os a «saltar» de bolsa em bolsa, e a recearem que em cada prazo de renovação estejam perante o termo da sua relação contratual.

Viver de bolsa em bolsa passou a ser um regime banalizado, aplicando-se ao trabalho de gestão e de comunicação de ciência, à área administrativa e até em trabalhos como o de electricista e pedreiro, como ocorreu no Instituto Superior de Agronomia em Lisboa (noticiado em 2014). Da impossibilidade de acesso a um contrato de trabalho, resulta a impossibilidade de acesso a uma segurança social condizente com o nível da função desempenhada, sem direito à devida assistência ou protecção social, nem no presente nem após o termo da bolsa.

Pode ler-se no Decreto-Lei que este «adopta um regime jurídico de estímulo à contratação de investigadores doutorados, que visa reforçar o emprego científico bem como potenciar o impacto da investigação científica no ensino superior», afirmando ainda que «a realização de contratos para investigadores doutorados será feita de forma progressiva ao longo da legislatura».

Estes contratos são, no entanto, no máximo, de seis anos, estando os investigadores assim sujeitos a sucessivos contratos a prazo. O ministro da Ciência e do Ensino Superior, Manuel Heitor, diz esperar chegar aos 400 contratos de doutores, e estima que serão contratados cerca de 3000 doutorados até 2020, parte deles directamente pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), em concursos anuais inseridos num programa de estímulo ao emprego científico. Outros poderão ser integrados em projectos de investigação científica que recebem financiamento da FCT ou de instituições europeias.

No imediato, a norma transitória do Decreto-Lei estabelece que as instituições «devem proceder à abertura de procedimentos concursais para a contratação de doutorados (…) que desempenham funções em instituições públicas há mais de três anos». São cerca de 329 pessoas que se encontram nestas condições.

O novo Decreto-Lei substitui o regime do Investigador FCT, criado pelo anterior governo do PSD e do CDS-PP, que atribuía a cientistas contratos de cinco anos em instituições científicas portuguesas. Para Manuel Heitor, a avaliação das candidaturas ao Investigador FCT baseava-se principalmente na quantidade de publicações científicas do candidato, e segundo diz, no novo regime a base da avaliação vai ser mais diversificada.

O ministro afirma ao jornal Público que a avaliação das instituições científicas também passará pela contratação dos doutorados. «Não haverá instituições com excelente ou muito bom se não tiverem em conta o regime de contratação», dizendo que pretende iniciar uma nova avaliação aos centros de investigação do país já em 2017 que incluirá este factor, tentando assim estimular a «dignificação do trabalho científico».

Associações e sindicatos colocam, no entanto, várias preocupações sobre problemas que não consideram resolvidos.

Preocupações sobre a precariedade no trabalho científico continuam

Nos últimos meses, sindicatos e associações foram ouvidos pelo Ministério da Ciência e do Ensino Superior sobre este Decreto-Lei. Em Julho, a Associação de Bolseiros de Investigação Científica (ABIC), em comunicado, considerava que, ainda que reconhecendo o «mérito» à iniciativa, por prever a contratação de investigadores, existiam neste projecto «várias fraquezas que devem ser eliminadas». Uma delas era a não consideração da integração na carreira, crítica também apontada na altura pelos sindicatos que representam os docentes e investigadores universitários. Os bolseiros indicavam ainda a exclusão dos «candidatos a doutoramento, assim como outros bolseiros, como os que trabalham no âmbito de projectos de investigação» como outra das insuficiências da proposta.

Nesta fase, criticava-se ainda a proposta por estabelecer apenas contratos temporários e contratos a tempo incerto, em que a instituição podia pôr fim ao contrato quando quisesse ou perpetuar a situação de contratos a prazo. Além disso, referenciava-se a tabela de remuneração, com limites mínimos e máximos amplos e com critérios de aplicação vagos, o que poderia permitir à entidade empregadora pagar o menos possível. Estas medidas da proposta mantiveram-se no Decreto-Lei agora publicado.

Em declarações ao AbrilAbril, João Pedro Ferreira, da direcção da ABIC, reafirma que uma das preocupações deste Decreto-Lei é que «não revoga o estatuto de bolseiro», podendo as instituições manter a prática de contratação por bolsas, pois é permitido que continuem a fazê-lo. Para além disto, salienta que os contratos consagrados são a prazo, deixando incerteza para o futuro.

O dirigente da ABIC afirma ainda que esta medida continua a deixar «muitos bolseiros de fora», que se irão deparar com os mesmos problemas, uma vez que inclui apenas os doutorados e se limita aos que desempenham funções há mais de três anos.

www.abrilabril.pt
31
Ago16

COLECTÂNEA DE VÍDEOS - 35 músicos que despertaram o sentimento latino-americano nos brasileiros

António Garrochinho

jornalggn.com.br

 Alí primera | Venezuela. 1941-1985
Músico, ativista, poeta e militante do Partido Comunista venezuelano. Em “Casas de Cartón” faz uma ode à moradia digna e traça um paralelo entre a vida das crianças sem teto e os cachorros da burguesia que recebem educação para animais.




 Atahualpa Yupanqui | Argentina. 1908-1992
Estava pré-destinado, "Yupanqui" na língua indígena Quíchua significa: Aquele que vem de terras distantes para dizer algo. Atahualpa foi poeta, compositor mas, especialmente, um incrível “captador” do universo indígena-camponês e da opressão nos latifúndios do norte argentino. 

Calle 13 | Porto Rico
A banda de reggaeton da dupla Residente e Visitante, levou suas músicas e discurso contestatário até o mainstream. A repercussão do seu trabalho entrou como cavalo de tróia na indústria discográfica e seus patrocínios publicitários. Em 2013, a banda gravou uma música dentro da embaixada do Equador na Inglaterra, com o ciberpunk detido Julian Assange.

 Carlos Puebla | Cuba. 1917-1989
O criador da música dedicada ao revolucionário Ernesto Guevara. Hoje, a música tem ganhado milhares de versões e virou quase um hino no continente.

 Chabuca Granda | Perú. 1920-1983
Cantora e compositora tradicional do Perú. Suas músicas chegaram até o Brasil, principalmente com “Fina Estampa” , que foi tema da novela do mesmo nome e “La Flor de la Canela” que ganhou uma versão do Caetano Veloso. 

 Charly Garcia | Argentina. 1951
O mito vivo do rock argentino. Criador de músicas como Los Dinosaurios, que marcaram o fim da ditadura militar que deixou 30.000 desaparecidos nesse país.    

 Chavela Vargas | México-Costa Rica. 1919-2012
Percursora da música “ranchera” do México, Chavela podia surpreender no cenário com tabaco, bebidas e até um revólver para parodiar os homens da sua terra. 

 Compay Segundo | Cuba. 1907-2003
Músico de ventos e cordas, autodidata, criador de instrumentos e, como ele assume, fumador desde os 5 anos. Compay é uma das maiores lendas da música cubana.

Daniel Viglietti | Uruguai. 1939
Cantor e compositor uruguaio, sua obra ainda hoje é essencial na inspiração dos movimentos sociais. Viglietti foi presso pela ditadura no seu país em 1972 e na campanha por sua libertação participaram figuras como Jean Paul Sartre, Oscar Niemeyer, Julio Cortazar e François Mitterand. 

 Eduardo Falú | Argentina. 1923-2013
Violinista e compositor argentino, reconhecido no mundo inteiro por suas obras e a difusão de gêneros de sua terra como o Chamamê, Chacarera e Zamba.

Eva Ayllon | Perú. 1956
Eva Ayllon é uma das embaixadoras da “Música Criolla” do Perú e soube misturar no seu repertório ritmos afro-peruanos, “lándos” e “festejos”.

 Facundo Cabral | Argentina. 1937-2011
Compositor, cantor e escritor argentino que levou suas músicas de protesto por todo o planeta. Cabral foi assassinado em Guatemala junto com seu representante em 2011, após vários disparos de um grupo de homens armados com fuzis. 

 Fito Paez | Argentina. 1963
O rosarino Fito Paez é referência da música ibero-americana e também gravou versões de Águas de Março, Construção, além de ter cantado com Paralamas do Sucesso.  Em “Yo vengo a oferecer mi corazón” a conexão Argentina-Cuba com Pablo Milanés, deixa uma versão memorável:  

 Inti-Illimani | Chile. 1967
Conjunto pertencente ao movimento “Nueva Canción Chilena” que atravessou o socialismo, ditadura militar pinochetista e volta à democracia. Resgata sons com raízes andinas e letras baseadas na luta social e resistência dos setores oprimidos do Chile.

 Jorge Drexler | Uruguai. 1964
Cantor, compositor, médico e recentemente ator. Jorge e sua guitarra ganharam reconhecimento com músicas como "Al otro lado del río", que forma parte da trilha sonora do filme "Diários de motocicleta", sobre a viagem do Che Guevara pela América Latina.




 Liliana Herrero | Argentina. 1948
Se existe alguém que pode tirar um pouco da saudade de Mercedes Sosa é ela. Filósofa, intérprete e cantora, Liliana Herrero tem uma marca que a distingue. Tem destaque seu resgate de músicas da região río Paraná e, como ele, a voz de Liliana é cada dia diferente.

 Los Gaiteros de San Jacinto | Colombia
Banda tradicional do litoral colombiano que usa cumbias e outros ritmos e instrumentos típicos da região para musicalizar histórias resgatadas da oralidade.

 Los Jaivas | Chile. 1963
Banda histórica originária da capital chilena, Santiago. Incorporam nas suas músicas instrumentos e ritmos latino-americanos em gêneros que vão até o rock progressivo. Musicalizaram obras do poeta Pablo Neruda e interpretaram músicas de Violeta Parra e Victor Jara. 

 Los kjarkas | Bolívia. 1965
Banda tradicional que levou a música andina boliviana aos ouvidos do mundo inteiro:



 Mercedes Sosa | Argentina. 1935-2009
“A Negra”, nasceu em Tucumán e durante o exíio forçado pela ditadura argentina divulgou as músicas originárias de sua terra. Sua incansável mensagem  unificadora da região se reflete na “Canción con todos”:

Nicomedes Santa Cruz | Perú. 1925-2002
Poeta e cantor percursor na difusão dos ritmos afro-peruanos. Seus poemas em décimas e cantos ao som do “cajón peruano” trazem um conteúdo de crítica ao sistema colonialista e latifundista no Perú. 

. Pablo Milanés | Cuba. 1943
Pianista, guitarrista e cantor fundador da “Nueva Trova” cubana junto com Silvio Rodriguez e Noel Nicola. Difundiu a mensagem do revolucionário José Martí e também foi crítico do regime instaurado pela revolução cubana.

 Quilapayun | Chile.  1965
Conjunto chileno com nome de origem Mapuche, criado pelos irmãos Eduardo e Julio Carrasco e com uma grande formação de integrantes. Como Inti-Illimani, a banda atravessou com consciência social as mudanças políticas no Chile até a atualidade. 

 Santiago Feliú | Cuba. 1962-2014
Cantor e compositor cubano recentemente morto, que formou parte da “Nuevísima Trova”. Aluno de Silvio Rodrigues, desertor do exército cubano e admirador de movimentos de guerrilhas como o M-19 colombiano e o EZLN do México.

 Silvio Rodriguez | Cuba. 1946
Integrante da onda de músicos que surgem com a revolução cubana. Silvio é um dos máximos exponentes dos sons da ilha e sua figura é reconhecida no mundo inteiro. 

 Soema Montenegro | Argentina
Soema é nova, mas seu resgate traz instrumentos autóctonos, e sua voz renova o grito das veias abertas da América Latina.

Sofia Viola | Argentina.
Da nova geração de artistas argentinas que quebram a parafernália elétrica ocidental com velhos sons da América Latina. A música  “Me han robado el mar”, é o grito do povo boliviano pela recuperação da saída até o mar, perdida para o Estado Chileno na Guerra do Pacífico (1879-1993). 

 Susana Baca | Perú. 1944
Limenha, cantora, compositora e difusora dos ritmos afro-peruanos. Em 2011, foi nomeada Ministra da Cultura no governo de Ollanta Humana e Presidente da Comissão de Cultura da OEA.



Victor Jara | Chile. 1932-1973
O músico, cantor, compositor, professor de teatro e ativista político, foi a voz da resistência contra a ditadura de Augusto Pinochet no Chile. 
Momentos após o golpe militar que derrocou o governo de Salvador Allende, Victor Jara foi detido, torturado e assassinado pelos militares no antigo Estádio Chile, que hoje leva seu nome. 

 Violeta Parra | Chile. 1917-1967
Musa inspiradora das cantoras da América Latina e de uma longa tradição de poetas no Chile. Pesquisadora das raízes indígenas e da memória oral, pintora, poeta, escultora, bordadora, ceramista e também revoltada. A Violeta colocou os olhos do mundo no profundo da Cordilheira dos Andes.







Alfredo Zitarrosa | Uruguai. 1936-1989
Poeta, cantor, compositor e militante político no partido Frente Ampla de Pepe Mujica. Com o Rio de La Plata no sangue, Zitarrosa caminhou a América do Sul junto a seu violão, milongas e grandes histórias libertárias do seu pequeno país.


 León Gieco | Argentina. 1951
León Gieco levou o protesto social para o rock argentino. Influenciado por Bob Dylan e utilizando sons dos povos originários da América Latina, hoje músicas como “Sólo le pido a Dios” ganharam versões em muitos idiomas.



 Lila Downs | México. 1968
Cantora, compositora e atriz mexicana que em suas músicas, além de usar o castelhano e o inglês, também aposta nos idiomas nativos da sua terra. Em “Dignificada”, a luta pelos direitos da mulher ganha força na voz da mexicana Lila Downs: 




 Luis Alberto Spinetta | Argentina.


Poeta surrealista que mudou o rock argentino com mensagens libertárias. Em “Barro tal vez” a influência do folclore do norte argentino, tem como companheira de palco nada menos que Mercedes Sosa. 



Toto La Momposina



31
Ago16

O maior ícone pop do folk, Woody Guthrie

António Garrochinho


Woody Guthrie foi a voz dos oprimidos e dos retirantes. Ele tornou-se um dos maiores ídolos e influência do cantor Bob Dylan / Divulgação

Woody Guthrie foi a voz dos oprimidos e dos retirantes. 

Ele tornou-se um dos maiores ídolos e influência do cantor Bob Dylan



De Leste a Oeste dos Estados Unidos, o cantor e compositor folk Woody Guthrie terá hoje seu nome lembrado e sua música mais conhecida, This land is your land, entoada país afora. Woodrow Wilson Guthrie faria cem anos neste 14 de julho. Nascido em Okemah, Oklahoma, ele foi uma espécie de Luiz Gonzaga americano, guardadas as devidas proporções. A comparação pelo domínio que ambos detiveram da música folk de seus respectivos países, por serem cantores do povo e deixado uma obra caudalosa, além de uma influência que aumentou à medida que os anos se passaram.
Para o tempo que viveu, 56 anos, Guthrie compôs uma quantidade impressionante de canções, cerca de 3 mil (e ainda restam centenas de letras inéditas), além de peças e livros de poesia e ficção. A pé, de carona ou dirigindo, ele viajou pelos Estados Unidos denunciando injustiças, cantando para operários, enfrentando a polícia, arrebanhando causas, sendo a voz dos retirantes. Nos anos 1940, ele formou o Alamanc Singers, grupo tão importante para a música americana quanto o encontro de Luiz Gonzaga com Humberto Teixeira.
Semana passada, comentou-se muito sobre o lançamento de uma novela inédita de Guthrie, House of heart, que será editada pelo ator Johnny Depp. Os originais foram concluídos em 1947 e achados pelo escritor Dcouglas Brinkle, enquanto pesquisava para um trabalho sobre bob Dylan, admirador confesso do cantor folk, a ponto de ir para Nova Iorque no início dos anos 1960. Chegando lá, encontrou seu ídolo internado, em consequência de uma doença rara, ainda pouco conhecida - o Mal de Huntington, doença degenerativa hereditária, cujos sintomas foram confundidos com problemas mentais, levando Guthrie a várias internações até o fim de sua vida.
A influência de Guthrie foi tão grande que Bob Dylan dedicou a ele a única canção autoral do seu disco de estreia, lançado aos 21 anos, há meio século - Song to Woody. Foi inspirado no cantor folk, também, que Dylan forjou a sua biografia espalhada pela imprensa quando começou a se tornar famoso.
This land is your land é hoje um segundo hino dos Estados Unidos. Em 2009, o presidente Barak Obama cantou com Bruce Sprinsgteen e Peter Seeger está música que é, grosso modo, uma Asa branca americana.
jconline.ne10.uol.com.br
VÍDEO



31
Ago16

QUEM FOI ?

António Garrochinho
ONTEM LI QUE O CHEFE DA PROPAGANDA DO DAESH TINHA SIDO ABATIDO PELAS FORÇAS AMERICANAS NA CIDADE DE ALEPO.
HOJE EM VÁRIOS SITES INTERNACIONAIS ALGUNS DELES BASTANTE CREDÍVEIS LEIO QUE AFINAL FOI A AVIAÇÃO RUSSA QUE ABATEU UMA DEZENA DE TERRORISTAS ENTRE ELES O TAL CHEFE DE PROPAGANDA.
MAS AINDA PODE TER SIDO O ROBIN HOOD O HERÓI DE TAL FEITO.
AG
31
Ago16

Casal passa 24 anos construindo incrível ilha flutuante para viver isolado do mundo

António Garrochinho


Sem estradas, ruas e apenas tendo a água como percurso eles construíram um cantinho muito amor! Há 25 anos, o casal de artistas Catherine King e Wayne Adams tomaram a decisão radical de fazer a própria ilha. E foi na costa de Vancouver que esse sonho foi realizado, há apenas 45 minutos da cidade. Conhece a casa flutuante chamada de “Freedom Cove” (enseada da liberdade).
A ilha é completamente móvel e feita de 12 grandes blocos que incorporam quatro estufas/jardim, salas de estar, uma cozinha, oficina, galeria de arte, um farol e até mesmo uma pista de dança. Adams estima que a estrutura pese cerca de 500 toneladas e conta no vídeo abaixo que tudo foi construído com um serrote e martelo – sem o auxílio de ferramentas de poder.
É muito amor, olha só:

VÍDEO









Todas as imagens © Great Big Story

vivimetaliun.wordpress.com
31
Ago16

Barreiras

António Garrochinho
SÃO MUITAS AS DIFICULDADES QUE O BLOGUER, O TWITTER COLOCAM AOS INTERNAUTAS QUE DIFUNDEM OS SEUS BLOGUES NO GOOGLE E NA REDE SOCIAL TWITTER PARA NÃO FALAR DO FACEBOOK.
CENSURA, LIMITE DE PUBLICAÇÕES, CORTES INDISCRIMINADOS, AVISOS DE QUE OS BLOGS CONTÉM CONTEÚDO MALICIOSO PARA DESVIAR OS VISITANTES ETC ETC.
QUALQUER DIA OS BLOGUERS TERÃO QUE PAGAR PARA INFORMAR, PARA ENTRETER, PARA DIVULGAR CULTURA ,OU TERÃO QUE OPTAR PELO LIXO DAS AGÊNCIAS NOTICIOSAS DA VOZ DO DONO E DA ENCHURRADA ANTI COMUNISTA E DOS SITES DE INFORMAÇÃO RELIGIOSOS QUE SÃO UM ANTRO DE LAVAGEM E PODRIDÃO PARA QUEM CAIA NA RATOEIRA DE OS VISITAR.
ISTO TUDO E AINDA A ALICIAMENTO À PUBLICIDADE NOS BLOGUES PESSOAIS QUE NÃO ESTÃO INTERESSADOS EM AJUDAR A VENDER A TRALHA ENGANOSA QUE LHES PROPÕEM.

António Garrochinho
31
Ago16

Rede Globo: Herança da Ditadura

António Garrochinho

«A Rede Globo não tem formalmente o monopólio das comunicações no país. Mas na prática detém esse monopólio com suas empresas e pela grande rede de emissoras afiliadas. Domina o entretenimento com novelas, filmes e programas. Controla, por seu poderio econômico, importantes aspectos culturais do país, como o carnaval e o futebol. Seu jornalismo pauta os demais jornais e TVs. Na TV por assinatura controla 61 canais. Mas a história da Rede Globo é repleta de ilegalidades, favorecimentos, defesa da ditadura empresarial-militar implantada em 1964 e apoio aos setores burgueses pró-imperialistas.[1]»




A partir do fim da Segunda Guerra Mundial, e principalmente na segunda metade da década de 1950, o Brasil recebeu investimentos estrangeiros de grande monta. Em todas as áreas possíveis e permitidas pela legislação brasileira. Gigantes norte-americanos das comunicações buscavam meios de penetrar no país, embora fosse vedada por lei qualquer associação com estrangeiros nas comunicações (art. 160 da Constituição). Várias tentativas foram realizadas sem sucesso no setor televisivo. Em plena Guerra Fria, o controle das comunicações ganhava grande importância na propaganda do modo de vida capitalista e na luta ideológica contra o socialismo.


Em 1961, a Rádio Globo conseguiu a concessão de uma emissora de TV. A concessão era feita pessoalmente pelo Presidente da República, sem observar nenhum critério, seja técnico, seja de viabilidade econômica, ou outro qualquer. Em 1962, a TV Globo Ltda. assinou dois contratos com o grupo norte-americano Time-Life (das revistas “Fortune”, “Time” e “Life”), ultraconservador e próximo ao Partido Republicano, o que era ilegal. E a Globo passou a receber milhões de dólares. Uma série de artimanhas contratuais procurava escamotear as irregularidades, como, por exemplo, um contrato de locação que tinha como locatária a Globo e como locador o Time-Life num terreno que pertencia à TV Globo. Houve até invasão do Cartório onde estava a escritura dessa transação, sendo arrancada do livro a folha que constava esse documento. Isso tudo com a “vista grossa” das autoridades.


O jornal O Globo sempre defendeu os setores mais reacionários das classes dominantes. Fez campanha contra o Governo Goulart e apoiou intransigentemente o Golpe de 1964. Com a ditadura empresarial-militar implantada, as Organizações Globo sentiram os ventos favoráveis da impunidade. Mas as contradições no seio dos setores golpistas com relação à economia e à política vieram à tona. E a sociedade Globo-Time-Life sofreu denúncias na Câmara de Deputados e nos órgãos do governo. As irregularidades eram tão flagrantes que a ABERT (Associação Brasileira de Empresas de Rádio e Televisão), presidida pelo deputado federal João Calmon, diretor dos “Diários Associados”, e o golpista Carlos Lacerda, governador do Estado da Guanabara, fizeram denúncias contra a TV Globo, que iniciou suas transmissões em 1965. Calmon e Lacerda não eram personagens acima de qualquer suspeita e muito menos nacionalistas, mas procuravam preservar seus espaços de atuação.


Com os milhões de dólares do grupo Time-Life, a TV Globo adquiriu equipamentos modernos e contratou os melhores diretores administrativos, diretores de TV, técnicos e artistas de outras emissoras brasileiras. Uma concorrência desleal e predatória. Executivos da Time-Life trabalhavam como assessores na TV Globo, tanto na parte administrativa quanto no setor artístico. O grupo Time-Life tinha participação em 3% do faturamento da TV Globo, um valor considerado muito alto por especialistas. 

Do lado institucional, a CONTEL (Conselho Nacional de Telecomunicações) e o Ministério da Justiça contemporizavam a favor de Roberto Marinho, evidenciando que os setores da burguesia pró-imperialista ditavam as regras do novo regime político. O Ministro do Planejamento Roberto Campos, conhecido como “Bob Fields” pelo seu norte-americanismo, foi um dos suportes da Globo nesse processo. Roberto Marinho retribuía bajulando Campos em seu jornal.


Mesmo com uma Câmara de Deputados depurada dos políticos ligados à esquerda e aos setores nacionalistas, as denúncias contra a TV Globo provocaram a instalação de uma CPI para apurar as irregularidades em 1966. A CPI era composta em sua maioria por partidários da ditadura. Em depoimento à Comissão, o presidente da ABERT, João Calmon afirmou: “Entretanto, se perdemos neste episódio, o Brasil deixará de ser um país independente para virar uma colônia, um protetorado. É muito mais fácil, muito mais cômodo e muito mais barato, não exige derramamento de sangue, controlar a opinião pública através dos seus órgãos de divulgação, do que construir bases militares ou financiar tropas de ocupação” (13/04/1966). Lacerda, que seria cassado pela ditadura tempos depois, percebendo que seus projetos políticos não seriam viáveis com os rumos trilhados pelo regime militar, afirmava na CPI, abordando a atuação do IPES (organização da burguesia pró-imperialista) e do General Golbery, chamado por ele de Dr. Goebels: “Estavam estimulando no Brasil a formação de um controle de opinião pública, de um controle sobre a opinião, de tal modo que a meus olhos, como aos de outros informados, encontra-se o perigo progressivo e crescente de, dentro em breve, não saber mais o povo o que lhe interessa saber, mas o que pelo menos a outro povo interessa. O povo não vai formar a sua opinião segundo os tópicos, as agendas, as ordens-do-dia, os assuntos, os temas, os problemas, as soluções que no livre debate se apresentem ao país, mas, sim, segundo as tendências, os interesses criados ou por criar daqueles que tenham de fora para dentro interesses aqui.”


A CPI Globo-Time-Life, concluindo seus trabalhos, condenou essa associação: “Os contratos firmados entre TV Globo e Time-Life ferem o artigo 160 da Constituição … por isso, sugere-se ao Poder Executivo aplicar à empresa faltosa a punição legal pela infringência daquele dispositivo constitucional.” Ocorre que a ditadura não tomou nenhuma atitude. O ditador Castelo Branco protelou e, em fim de governo, passou o pedido de reconsideração da questão feita pela Globo para o próximo ditador, o Marechal Costa e Silva, que em setembro de 1968, aceitou as alegações de legalidade da Rede Globo. A partir da sociedade Globo-Time-Life, as organizações Globo cresceram vertiginosamente, com várias concessões de rádios e TVs. Os investimentos da ditadura no sistema de telecomunicações (Embratel) facilitaram as ações da Globo em construir sua rede via satélite. Por outro lado, a Rede Globo retribuía essas benesses com a defesa e propaganda da ditadura empresarial-militar. Em seus telejornais e programas o país vivia seus melhores dias. Nenhuma crítica, pelo contrário. Nos anos 60, o programa “Amaral Neto, o repórter”, do deputado udenista e golpista, era o espaço de defesa ufanista das realizações do regime militar. Em 1975, a TV Globo fez um programa especial sobre os onze anos da “revolução”, com o título “Brasil: ontem, hoje e amanhã”, no qual faz uma escancarada defesa do Golpe de Estado, com severas críticas ao governo Goulart e aos movimentos sociais, alardeando as grandes conquistas econômicas e sociais do regime, prevendo um futuro brilhante para o país. 

(vídeo disponível no youtube:https://youtu.be/eoJOraGa0ZU)


A trajetória da Rede Globo é rica em exemplos de manipulação da opinião pública em defesa dos interesses políticos das classes dominantes, do sistema capitalista-imperialista e dos regimes políticos que sustentam essa dominação. Vamos apenas citar os casos mais graves, que tiveram grande influência na política brasileira. O caso das bombas do Riocentro no primeiro de maio de 1981 é um claro exemplo de distorção da verdade em benefício político da ditadura.[2] A política de “abertura democrática” da ditadura, que acenava com eleições para governadores em 1982, encontrava forte oposição dos setores militares ligados aos órgãos de repressão, a chamada “linha dura”. Numa demonstração de força desses setores, foi articulado um ato terrorista contra o show do 1º de maio, Dia do Trabalhador, organizado por sindicatos e partidos de esquerda, com a presença de artistas de renome no cenário musical do país. Tudo foi feito para facilitar a ação terrorista: mudança da chefia de segurança do Riocentro e redução do seu pessoal. Estimava-se a presença de 20 mil pessoas no evento. O objetivo da ação militar era dar um recado dos setores duros ao governo e provocar pânico e mortes no show promovido por “esquerdistas”, já que as saídas de emergência estavam trancadas. Uma bomba explodiu perto da casa de força, sem afetar o fornecimento de energia. Outra bomba explodiu num carro (Puma), no colo de um sargento, que morreu na hora, tendo ao seu lado um capitão do exército, que ficou gravemente ferido. Apesar do forte isolamento da área feita por militares, as primeiras equipes de imprensa que chegaram ao Riocentro identificaram mais de uma bomba dentro do Puma. 

Na edição de 06/05, O Globo informava: “O laudo pericial sobre as explosões ocorridas no Riocentro confirma que foram encontradas e desativadas por peritos, mais duas bombas dentro do Puma”. Ocorre que neste mesmo dia, o diretor-redator-chefe Roberto Marinho foi recebido pelo Comandante do Iº Exército, General Gentil Marcondes Filho. No dia seguinte, O Globo informava: “Fontes ligadas ao Iº Exército asseguraram ontem a O Globo que o laudo sobre as bombas do Riocentro declara haver apenas duas: a que explodiu na casa de força e a que explodiu no carro”. Estava montado o esquema para acobertar a participação de militares no ato terrorista. Um IPM foi aberto pelo Exército para apurar os fatos e concluiu que os militares foram vítimas de um atentado de uma organização de esquerda. A farsa era tão gritante que só idiotas acreditaram. Mas a Rede Globo cumpriu seu papel de guardiã dos interesses das classes dominantes mais reacionárias do país, porque naquele momento era preciso preservar politicamente os militares.


Outro caso foi a campanha pelas Diretas Já em 1984. A Rede Globo ignorou solenemente os primeiros comícios pelas eleições diretas para presidente da república. As equipes da TV Globo que cobriam os comícios, cujas reportagens não iam ao ar, eram hostilizadas pelos manifestantes: “O povo não é bobo, abaixo a Rede Globo”. Somente quando setores políticos mais conservadores deram sinais de apoio à campanha, a Rede Globo passou a transmitir reportagens dos comícios que ocorriam em todo o país. Quando a emenda Dante de Oliveira foi derrotada e a saída política das forças burguesas democráticas conservadoras se inclinava para a disputa no Colégio Eleitoral da ditadura, a Globo assumiu a sua defesa. A Globo, sempre sendo o termômetro político do país, expressava os interesses das classes dominantes. A “transição democrática”, a “Nova República”, que estava assentada em acordos políticos para garantir que não haveria grandes mudanças socioeconômicas e nem retaliações contra os militares, foi entusiasticamente apoiada pela Rede Globo. A não derrubada da ditadura empresarial-militar é responsável pelos grandes problemas políticos e econômicos que vivemos atualmente, dos quais o monopólio da Rede Globo é um dos mais graves.


A primeira eleição direta para presidente, em 1989, ocorreu numa conjuntura econômica e política bem conturbada. A inflação galopante, de 80% ao mês, anunciava um legado econômico desastroso para o novo presidente. A burguesia mais conservadora estava dividida e lançou vários candidatos, porém com pouco lastro eleitoral (Paulo Maluf, Afif, Caiado, Ulisses, Aureliano e Covas). A burguesia mais progressista tinha Brizola de um lado e Lula do outro, com a Frente Brasil Popular, uma aliança dos setores populares com a pequena burguesia. Correndo por fora e por um pequeno partido, um representante das oligarquias nordestinas, Collor de Mello, travestido de político moderno. Político ligado à ditadura, governador de Alagoas e dono de TV afiliada à Globo, Collor ficou popular como o “caçador de marajás”, por sua campanha contra os servidores públicos de altos salários, campanha esta que foi amplamente apoiada pela neoliberal Rede Globo. Diante desse quadro político-eleitoral, a burguesia brasileira associada ao imperialismo, temendo uma possível vitória de Lula ou Brizola, apostou todas as fichas em Collor de Mello, tido como o único capaz de derrota-los nas urnas. No segundo turno das eleições, as pesquisas apontavam um grande equilíbrio entre Collor e Lula, que contou com o apoio de Brizola. É neste momento que a Globo entra em cena. No último debate, o executivo-mor da Rede Globo assessorou Collor, procurando torna-lo um candidato mais popular. O debate aconteceu tarde da noite, não sendo visto por grande parte da população. No dia seguinte, em horário nobre, no Jornal Nacional, a Rede Globo transmitiu um compacto de seis minutos do debate, do tipo melhores momentos, assistido por 66% da audiência. Só que com os melhores momentos do Collor e os piores momentos do Lula. Uma manipulação descarada que foi reconhecida por jornalistas da própria Rede Globo, que foram, por isso, demitidos. Para muitos especialistas em campanhas eleitorais esse compacto contribuiu em muito para a vitória de Collor (sobre esse assunto e outros casos da Rede Globo 

veja o vídeo “Muito além do cidadão Kane”, disponível no youtube: https://youtu.be/s-8scOe31D0).


O episódio mais recente da influência da Rede Globo na política está bem vivo em nossa memória. Foi o processo de impeachment da presidenta da república. Com a derrota nas eleições de 2014, a burguesia associada ao imperialismo começou a se articular para criar as condições para derrubar o lulapetismo. Para o imperialismo, a crise capitalista iniciada em 2008 passou a exigir, para a sua superação, para recompor e ampliar os lucros do Capital, um violento ataque aos direitos da classe trabalhadora e às economias nacionais dos países capitalistas periféricos como o Brasil. As medidas neoliberais contrárias aos interesses dos trabalhadores dos governos petistas nos últimos 13 anos não bastaram para sanha por lucros da burguesia brasileira e do imperialismo. Era a hora de afastar intermediários pequeno-burgueses e colocar um governo puro-sangue burguês, totalmente afinado com o imperialismo. Mal começa o segundo mandato, a mídia brasileira, comandada pela Rede Globo, desencadeia uma campanha sistemática contra o governo petista, municiada pelas informações privilegiadas da Operação Lava-jato. Esta operação, comandada por um grupo de promotores e juízes treinados pelos EUA, com acesso a informações dos órgãos de inteligência norte-americanos e com a Polícia Federal a seu serviço, virou vedete nos meios de comunicação do país. O mote da luta contra a corrupção ganhou a classe média, sempre facilmente atraída e ludibriada por esse tema. De acordo com o que era veiculado pela mídia, parecia que o PT e seu governo inventaram a corrupção no honesto Brasil. Sem entrar na questão específica da corrupção, o objetivo político da burguesia associada ao imperialismo era derrubar o lulapetismo, colocar em prática sua política econômica neoliberal, atacando as conquistas dos trabalhadores e as empresas estatais, e inviabilizar o PT do ponto de vista político-eleitoral, principalmente para 2018. Ou seja, evitar a qualquer custo um possível retorno da política pequeno-burguesa petista ao governo. As manifestações contra o governo do PT eram praticamente convocadas pelo jornalismo da Rede Globo. Com amplas coberturas, inclusive ao vivo, essas manifestações passavam para a população uma percepção de que o país inteiro apoiava o impeachment da presidenta. Até a imprensa imperialista registrou essa escandalosa manipulação da opinião pública. O desfecho disso tudo todos sabemos.


Como vimos, o monopólio da Rede Globo é muito prejudicial aos interesses da classe trabalhadora e dos setores populares. A manipulação ideológica da informação está presente em todos os aspectos na programação das empresas privadas de telecomunicações. A radical democratização dos meios de comunicação é um imperativo para a classe trabalhadora. Mas a democratização radical dos meios de comunicação só ocorrerá quando as massas tomarem o poder, constituindo o Poder Popular. As empresas de comunicação devem estar sob controle dos trabalhadores e submetidas aos organismos populares construídos no processo da luta revolucionária pelo Socialismo.



[1] Sobre o processo de formação da TV Globo nos anos 1960, baseamo-nos no livro de Daniel Herz, A história secreta da Rede Globo, de 1987, da Editora Tchê!
[2] Informações colhidas do livro de Belisa Ribeiro, Bomba no Riocentro, de 1981, da editora Codecri.
________________________________________
* Professor da rede pública de Nova Friburgo, Estado do Rio de Janeiro
Este artgo foi publicado pelo portal do PCBrasileiro

www.odiario.info
31
Ago16

Manhã atribulada no aeroporto da cidade de Frankfurt que foi evacuado depois de um passageiro ter entrado numa zona de segurança sem completar o controlo.

António Garrochinho


Manhã atribulada no aeroporto da cidade de Frankfurt que foi evacuado depois de um passageiro ter entrado numa zona de segurança sem completar o controlo. A esta hora a polícia federal diz não saber ainda se a entrada na zona de segurança foi intencional por parte do passageiro ou se este carregava algum objeto proibido. Há um suspeito a ser interrogado.

VÍDEO


rtp. (facebook)
31
Ago16

O muro do apartheid de Israel pode ser visto do espaço mas não no Google

António Garrochinho


  • Entrar / Registar
Acusado de eliminar a Palestina da sua app Maps, o Google acabou por admitir, após um protesto mundial, que este território nunca foi assim designado, apesar de 136 membros da ONU o reconhecerem como Estado independente.


Aspecto do Muro do Apartheid israelita, que atravessa a Margem Ocidental ocupada
 
O Google Maps está novamente envolvido em polémica, afirma o Middle East Monitor. Desta vez, a questão prende-se com o Muro do Apartheid de Israel – eufemisticamente designado como «barreira de separação» e que serpenteia pelas terras palestinianas da Margem Ocidental ocupada. O muro, que pode ser visto do espaço, não é visível no Google; não aparece em nenhum dos mapas fornecidos pelo motor de busca.
A Grande Muralha da China e a Muralha de Adriano (no Norte de Inglaterra) aparecem no Google Maps, e o mesmo se passa com o relativamente modesto Muro Ocidental, de 500 metros, em Jerusalém. Já o muro de betão de 700 quilómetros de comprimento e oito metros de altura que atravessa a Palestina desaparece do sistema de mapas electrónicos do Google.
Em virtude desta situação, o deputado europeu Alyn Smith (Partido Nacional Escocês) lançou uma petição em que se insta o Google a mostrar o Muro do Apartheid na sua totalidade, incluindo postos de controlo, torres de vigia e outros elementos instalados pelo Estado sionista. O Google, insiste Alyn Smith, deve ser obrigado a mostrar o muro e a entender que a sua prática actual é inaceitável.
O muro foi iniciado em 2000, com o argumento de que protege os cidadãos de Israel de bombistas suicidas. No entanto, esta estrutura configura-se como uma violação do direito dos palestinianos a deslocarem-se sem entraves na sua terra histórica, sublinha o Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM), acrescentando que «o muro é inteiramente construído bem dentro da terra palestiniana» e que «se trata de um roubo de terra em grande escala».
O Tribunal Internacional de Justiça classificou o muro como ilegal e a Assembleia Geral da ONU instou Israel a respeitar a sentença (com 150 votos a favor e seis contra). Mas o Estado de Israel é especialista em desprezar resoluções das Nações Unidas (cerca de 180), e esta foi, como as demais, ignorada ou violada, refere o MPPM.

www.abrilabril.pt
31
Ago16

Uma história de amor - Carla Romualdo

António Garrochinho



Carla Romualdo  Uma história de amor

história de amor.jpg
 (Fotografia de autor desconhecido)


   Conheci-os na enfermaria e, no que a estas linhas diz respeito, decidi chamar-lhes Maria e António. Ela já fez 80 anos, a ele falta-lhe pouco para lá chegar. São casados há muito tempo, tanto que ela já não recorda a vida sem ele. Ele deixou de saber como se chama, onde está, quem ela é, e passa boa parte do dia agitado, a tentar mover os dedos crispados pela artrose e a murmurar palavras ininteligíveis, e foi isso que me chamou a atenção, ainda antes de conhecê-la a ela. Tantas horas passadas a tentar falar, um tão grande esforço para articular palavras, que poderá ter ele para dizer-nos? Importar-lhe-á se conseguimos decifrá-las ou não? Sorrio-lhe, fraco consolo, sou tão desconhecida para ele como aqueles com quem passou a vida, não entendi uma palavra de todas as que ele pronunciou, e duvido que ele veja esse sorriso do lado de lá da névoa que lhe cobriu os olhos.
Só mais tarde a conheci a ela, uma mulher de passos inseguros, parece hesitar antes de pousar cada pé no chão. É bonita, tem um olhar inteligente e essa avidez de conversa de quem passa os dias só. Vivem um com o outro, sem filhos, e é ela quem trata dele, com a ajuda de uma cuidadora do centro de dia local.
Observo a destreza com que ela o cuida. Os complicados procedimentos para alimentá-lo pela sonda, os cuidados de higiene, o esmero irrepreensível dos pijamas que lhe traz de casa. As enfermeiras ensinam-na com paciência, lamentando ter de ensiná-la, lamentando ter de pedir-lhe o que não deveria ser-lhe exigido, mas ela não se queixa e presta atenção ao que lhe explicam. Dentro de dias, estará de novo sozinha e será ela a responsável, mais uma vez. Mas pelo menos, diz ela, pelo menos já não tem de fechar a porta à chave para que ele não fuja de casa, e di-lo como se fosse uma dádiva pela qual deve estar grata.
Há dias, ouvi uma conversa entre ela e as enfermeiras. Passar tempo numa enfermaria, ainda que nos curtos períodos de visita, é uma forma de vida comunitária, não podemos deixar de ouvir conversas que não nos dizem respeito, ficamos a conhecer os problemas dos outros, metemos inevitavelmente conversa, às tantas damos por nós a interessar-nos como se os conhecêssemos de há muito. As enfermeiras disseram-lhe que a situação dele era estável, a Maria perguntou se ele ia melhorar. Elas não podiam afirmá-lo. Mas a Maria assentiu com a cabeça e afirmou “Oxalá que sim, que melhore.”
E parecia tão sincera no que dizia, nenhuma sombra de hipocrisia, não o dizia por ser isso o que dela se esperava, mas porque era isso que sentia deveras. Oxalá que ele melhore. E não pude deixar de olhar de novo para ele, a respirar com oxigénio, preso à cama, despojado da sua memória, incapaz de alimentar-se, um terrível peso para uma mulher que em breve, se não já, precisaria que a cuidassem a ela. Não era evidente para quem os via que ela estaria melhor sem ele? Que era uma injustiça deixá-la sozinha com ele, que um país decente teria mais, muito mais a oferecer a dois velhos sozinhos que uma visita fugaz de alguém que tem a seu cargo dezenas de casos semelhantes? Quem poderia culpá-la se ela lhe desejasse a morte? Mas ei-la a regressar para o pé dele, e a aconchegar-lhe a colcha, e a recolocar-lhe uma farripa de cabelo grisalho que lhe tombara sobre a testa, com a mesma paciência de sempre, a mesma resignação, como tantas outras mulheres que dedicaram a vida a maridos que às vezes eram admiráveis e outras vezes uns canalhas, mas jamais deixaram de tê-las a seu lado.
Os consultórios, os hospitais estão cheios de mulheres assim, a empurrar as cadeiras de rodas deles, a tirar das malas os resultados das análises que eles teriam perdido, o cartão de diabético, as caixas de comprimidos, a alisar-lhes as calças, a censurar a nódoa que eles deixaram cair sobre o pulôver, e nada revolve mais as tripas do que ouvir os gritos e grosserias que alguns ainda lhes dedicam, às suas escravas devotadas. E há nelas paciência, resignação, e ainda espaço para um gesto amoroso, um aconchegar do casaco, um alisar do cabelo para que eles estejam mais bonitos quando entrarem no consultório, uma inesgotável capacidade de cuidar, seja ela reconhecida e retribuída ou não.
Quero acreditar que o António não era assim, que foi um homem atento e recíproco, e não serei eu a perguntar-lhe nada a ela sobre isso, por respeito mas também para não ter de ouvir o que não quero e lamentar ainda mais a sorte dela, tão lúcida e paciente, tão inteira na sua missão. Talvez ela o queira manter mais tempo por cá pela companhia que ele ainda lhe faz, porque com ele ao lado ela sempre pode fingir que ele a escuta e que a entende, e até pode distrair-se e fazer-lhe uma pergunta, para logo abanar a cabeça, que disparate, que cabeça a minha, a fazer-lhe perguntas, coitadinho. Ou talvez seja amor, talvez não imagine a vida sem ele, ainda que aquele já não seja exactamente o homem que existiu e ali tenha ficado apenas um corpo exausto, sem memória. Mas ele é ainda o mesmo, ou o que dele resta fora da memória dela, e é por isso que ela prefere que ele fique, como puder, ainda que sem autonomia, ainda que sem consciência, que da parte dela não haverá lugar a queixumes. É amor e numa das suas formas mais nobres e dilacerantes. E basta um dia em que o António lhe aperte a mão, como às vezes ainda faz, para que ela sinta que tão grande esforço vale a pena.
Agora despeço-me da Maria com dois beijinhos. Se calhar, ainda lhe peço o número de telefone antes que uma de nós vá embora.

jardimdasdelicias.blogs.sapo.pt
31
Ago16

Crimes de guerra cometidos pelos Estados Unidos

António Garrochinho


A maioria dos americanos gosta de pensar que suas forças armadas são uma ferramenta para a preservação da liberdade e do bem-estar das pessoas de todo o mundo. Gerações de soldados norte-americanos tem, de fato, realizado façanhas nobres e heróicas em defesa desses valores.  No entanto, desde os primórdios da nação, encontrar-se com os militares dos Estados Unidos  quase sempre significou morte e destruição, em vez de liberdade e justiça. Desde a Revolução Americana até a atual  guerra contra o terror, os soldados americanos tem participado em inúmeras  atrocidades, de uma forma ou de outra, como veremos a seguir.


10 – O massacre de Balinga

Durante a Guerra Hispano-Americana, em 1898, as forças americanas capturaram as Filipinas. De certa maneira, os americanos foram vistos como libertadores, já que os filipinos vinham lutando contra o imperialismo espanhol durante anos; contudo, eles não estavam dispostos a servir novamente a outra nação estrangeira. Seguiu-se então a Guerra Filipino-americana.
Depois de sofrer pesadas baixas nas mãos de insurgentes filipinos na província de Samar, o General Jacob H. Smith buscou vingança contra a população civil. Ele ordenou aos seus soldados:  "Eu não quero nenhum prisioneiro. Desejo que todos sejam mortos e queimados, quantos mais vocês matarem e queimarem, mais ficarei satisfeito. "
As tropas do General Smith iniciaram uma campanha de genocídio. Todos os nativos com mais de dez anos de idade e capazes de portar armas foram executados, outros milhares foram levados para  campos de concentração.
Infelizmente, essas ações foram apenas um microcosmo da gigantesca brutalidade que foi a ocupação das Filipinas pelos americanos. Estima-se que pelo menos 34 mil filipinos  morreram como resultado direto da guerra, e outros 200.000 pela epidemia de cólera que se espalhou entre os refugiados e os jogados em campos de concentração.


9 – O massacre de No Gun  Ri
No-Gun-Ri-Massacre
Quando as forças norte-coreanas lançaram um ataque surpresa contra a Coréia do Sul em 25 de junho de 1950, soldados americanos mal treinados que estavam aquartelados em Tóquio foram levados para a península. A invasão criou uma enorme crise de refugiados, com milhares de  civis fugindo dos exércitos que se aproximavam. Temendo a infiltração de espiões que poderiam se apresentar como civis, o comando americano ordenou que nenhum civil coreano fosse autorizado a atravessar as linhas de batalha.
No mesmo dia que essas ordens foram emitidas, cerca de 400 refugiados que se encontravam em uma ponte, perto da aldeia de No Gun Ri, foram indiscriminadamente massacrados por forças americanas.
Os americanos  inicialmente negaram qualquer envolvimento no incidente, afirmando que suas tropas não estavam nas proximidades no momento do massacre. No entanto, mais detalhes do caso tem surgido nos últimos anos, graças aos depoimentos tanto de sobreviventes quanto de perpetradores do massacre. Como um veterano americano lembra: "Havia um tenente gritando como um louco, fogo em todos, matem todos ...  "
Infelizmente, este foi apenas o primeiro de muitos massacres realizados pelas forças americanas na Coréia, massacres que só vieram à tona nos últimos anos. Não houve justiça para os sobreviventes coreanos. A única pessoa a enfrentar acusações por crime de guerra na Coréia, o capitão Ernest Medina, foi absolvido pela corte marcial.


8 -  O massacre de  Gnadenhutten
Viver como colono na fronteira durante a Revolução Americana, era viver em um lugar isolado, brutal e violento. Linhas de frente eram inexistentes e não havia cavalheirismo na guerra de fronteira. Há certamente inúmeras atrocidades que a história nunca descobrirá, mas uma que se destaca é o massacre de Gnadenhutten.
Em 8 de março de 1782, 160 milicianos da Pensilvânia cercaram a aldeia de Gnadenhutten, no leste de Ohio. Os moradores da vila eram índios, cristãos, pacíficos e neutros na luta. No entanto, os milicianos os acusaram de conduzir ataques em toda a Pensilvânia e estavam dispostos a executar cada habitante da aldeia.
Os índios foram divididos em duas cabanas, uma para os homens e outra para as mulheres e crianças, e, em seguida, espancados até a morte antes de serem escalpelados. Ao todo, noventa e seis, dos cem índios,  foram escalpelados e mortos; toda a aldeia foi incendiada. Um sobrevivente se escondeu na mata, outros  três sobreviventes conseguiram avisar as aldeias vizinhas.


7 - O campo de prisioneiros em Andersonville



Você pode pensar que esta imagem seja a de um prisioneiro recém-libertado dos campos de concentração nazistas. Mas este homem, na verdade era um soldado da União, aprisionado no campo de prisioneiros em Andersonville, Geórgia, durante a Guerra Civil Americana.
A vida para os soldados de ambos os lados do conflito era uma experiência angustiante, não importa onde estivessem estacionados. No entanto, sem dúvida, o pior lugar para se estar em toda a guerra era a prisão militar do Acampamento Sumter, em Andersonville. Sendo a maior prisão da Confederação, o campo havia sido projetado para uma capacidade máxima de 10.000 prisioneiros. Em agosto de 1864, o número de presos chegara a 33.000.
As condições no campo eram um pesadelo. Os confederados estavam desesperadamente sem provisões para si mesmos, o que significava que os prisioneiros de guerra ficavam quase sem nada. Os homens não tinham abrigo do sol durante o verão escaldante ou da chuva fria de inverno. O pequeno riacho que corria através do campo tornou-se tanto um banheiro comum bem como a única fonte de água potável. Consequentemente, o número de mortes por doenças e fome subia drasticamente. Dos 45.000 homens mantidos na prisão, cerca de 12 mil morreram e foram enterrados em valas comuns ao redor do acampamento.

Quando a guerra terminou, Henry Wirz, o comandante de Andersonville,  foi preso, julgado por um tribunal militar e enforcado. Ele foi a única pessoa de ambos os lados do conflito, executada por crimes de guerra durante a Guerra Civil Americana.


6 – O massacre de Dachau
dachau-massacre
O campo de concentração de Dachau, na Baviera, foi um dos campos de extermínio mais infames da II Guerra Mundial. Pelo menos 32 mil assassinatos documentados ocorreram lá, junto com milhares de vítimas desconhecidas que entraram no campo sem registros. Quando chegaram ao campo em 12 de abril de 1945, os soldados americanos se depararam com centenas de corpos espalhados por todos os lugares, o horror da cena levou muitos a perder o controle.

Durante o curso de libertação do campo, os soldados americanos mataram pelo menos cinqüenta guardas alemães. Alguns foram mortos tentando fugir, outros foram sumariamente executados. Embora esses assassinatos sejam obviamente indefensáveis dentro das regras modernas de guerra, essa atrocidade é sem dúvida a mais compreensível nesta lista. Ela é apenas um dos muitos casos de americanos que executam prisioneiros nazistas durante a invasão aliada, nenhum soldado foi processado por participar nessas mortes.


5 – O ataque à aldeia de Azizabad
Desde 2001, o Afeganistão tem visto constantemente mortes de civis nas mãos das forças americanas, seja por terra, por aviões de guerra e por ataques de drones. Um dos casos mais divulgados ocorreu na aldeia de Azizabad, na Província de Helmand, em 22 de agosto de 2008.
As forças americanas receberam informações de que Mullah Sidiq, um comandante talibã, estava a caminho de Azizabad, depois de ter emboscado tropas americanas. Durante a noite, aviões de guerra  AC-130  realizaram um ataque mortal na vila. As bombas mataram cerca de noventa civis, muitos dos quais eram crianças. Embora os Estados Unidos alegassem ter matado Sidiq no ataque e que a maioria das vítimas eram militantes do Talibã, Sidiq mais tarde surgiu ileso e investigações independentes concluíram que  se houvessem, eram poucos os militantes talibãs na aldeia.
Apesar da carnificina do evento, nenhum americano foi sequer processado por seu papel no ataque aéreo. No entanto, um afegão chamado Mohammed Nader foi condenado à morte pelas autoridades afegãs por ter fornecido informações  à OTAN que levaram ao ataque.


4 – O massacre de Kandahar

Este ataque é diferente, porque, ao contrário de outros na lista, foi realizado por um único soldado americano. Nas primeiras horas do dia 11 de março de 2012, o sargento Robert Bales sorrateiramente saiu de sua base no bairro de Panjawi, na província de Kandahar, e entrou em uma casa nas proximidades. Ele atirou em todos os dez residentes, matando seis. Bales retornou brevemente para a base antes de sair novamente para outra casa nas cercanias, onde ele matou mais doze e feriu outros dois. Das dezoito pessoas mortas naquele dia, nove eram crianças.
Após os assassinatos, Bales supostamente voltou para a base e prontamente confessou a seus superiores, simplesmente dizendo, "eu fiz isso."  Ele se declarou culpado em um tribunal militar, sendo, em agosto de 2013, condenado à prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional.


3 – A prisão de Abu Ghraib
Semelhante a do Afeganistão, a ocupação americana do Iraque também testemunhou incontáveis atrocidades por parte das forças americanas. O mais conhecido desse  crimes foi o tratamento dado aos prisioneiros em Abu Ghraib. De outubro a dezembro de 2003, soldados norte-americanos, com pouca experiência em administrar uma prisão, realizaram atos incrivelmente sádicos sobre aqueles que lhes competia guardar. Muitos detidos foram humilhados, torturados, violados, sodomizados, e alguns até forma mortos nas mãos dos guardas.

Apesar de que houvesse atividades semelhantes ocorrendo em outras prisões iraquianas e afegãs, os abusos em Abu Ghraib só vieram à tona, tornando-se um escândalo mundial, em grande parte por causa da evidência fotográfica da tortura ( Cuidado: imagens chocantes ). Estas imagens de abuso foram amplamente divulgadas; publicações como The New Yorker  e 60 minutos denunciaram detalhadamente o crime. Como resultado, onze soldados foram condenados a penas de prisão, mas muitos dos soldados e empreiteiros privados supostamente envolvidos nos abusos nunca enfrentaram  julgamento.


2 – O massacre de Wounded Knee

Esta lista inteira poderia ser feita de injustiças horríveis perpetradas pelo governo dos Estados Unidos contra a população nativa americana do país. Uma das mais significativas foi o massacre de Wounded Knee. Este incidente na reserva Pine Ridge  foi o último grande conflito das Guerras Indígenas. Vinte  soldados foram agraciados com a Medalha de Honra após o massacre, mais do que em qualquer outra batalha única na história americana.
Em 29 de dezembro de 1890, a sétima cavalaria cercou um grupo de dacotas, incluindo mulheres e crianças, no Wounded Knee Creek. Os soldados exigiram que os dacotas entregassem suas armas, e estavam recolhendo-as quando a violência começou. Não está claro quem disparou primeiro, mas logo, um combate isolado entre os alguns nativos e militares americanos se transformou no caos, com o acampamento sendo atingido pelo fogo indiscriminado dos soldados. Os tiros de rifle e  dos canhões Hotchkiss ecoaram, ceifando centenas de vidas, soldados montados matavam à fio de espada os que tentavam fugir.
No momento em que tudo acabou, pelo menos 150 homens, mulheres e crianças do povo dacota tinham sido mortos e 51 feridos (4 homens, 47 mulheres e crianças, alguns dos quais morreram mais tarde); algumas estimativas colocam o número de mortos em 300. Vinte e cinco soldados americanos  também morreram e 39 ficaram feridos (seis dos feridos morreram mais tarde). Acredita-se que muitos tenham sido vítimas de fogo amigo, já que o tiroteio ocorreu em uma estreita faixa e em condições caóticas.


1 – O massacre de My Lai
my_lay
O massacre de My Lai é o crime de guerra mais famoso dos Estados Unidos e tornou-se uma espécie de referência com a qual todos os atos de selvageria militar americanos são comparados.
Em 16 de março de 1968 os homens da Companhia Charlie entraram na aldeia de My Lai, no Vietnã do Sul, para realizar uma missão de  "busca e destruição". Embora não houvesse sinais de tropas inimigas, os soldados receberam ordens para entrar na aldeia atirando. O incidente rapidamente transformou-se em violência e caos, com os homens da Companhia Charlie abrindo fogo contra os moradores desarmados da aldeia. Entre os aldeãos estavam muitas mulheres, crianças e velhos. Estima-se que mais de 300 civis foram mortos a tiros ou à baionetadas durante o curso de várias horas.
Apenas um soldado, William Calley Jr., foi condenado por participação no massacre. Ele cumpriu três anos e meio em prisão domiciliar. Talvez ainda mais perturbador do que a falta de punição pelo massacre de My Lai seja o fato de que o comportamento da Companhia Charlie foi aceito como normal entre as tropas americanas no Vietnã.  O coronel Oran Henderson comentou certa vez que “quase todas os soldados das companhias ansiavam por uma My Lai nas profundezas do seu coração” .

kid-bentinho.blogspot.pt
31
Ago16

Êxodos dantescos e guerras imperialistas: Crimes do capitalismo

António Garrochinho











































"Tenta-se esconder que o saqueio e as denominadas “guerras humanitárias” perpetradas pela UE e os Estados Unidos contra a África, têm como lógica consequência o êxodo massivo. Os grandes capitalistas impõem midiaticamente uns bodes expiatórios para ocultar as verdadeiras causas do êxodo. Responsabilizam pela contínua tragédia do Mediterrâneo e do Atlântico as supostas “máfias” de transporte de pessoas, quando se sabe que em muitas ocasiões o suposto “mafioso” não é outra coisa que um pescador que já não pode sobreviver da pesca em um mar saqueado pela ação das grandes transnacionais; um pescador reconvertido em condutor de embarcações que, clandestinamente, tentam passar pelas fronteiras da Europa-Fortaleza. Inclusive, ainda que muitos transportadores destas viagens clandestinas se aproveitem das pessoas em situação de êxodo, não podem ser tidos como os responsáveis por esta tragédia, por estes crimes de lesa humanidade, a menos que se queira encobrir os verdadeiros responsáveis. Na ONU apresentaram como “solução” outro plano militar. O fascismo avança como ferramenta para a manutenção do capitalismo."


Continua o crime de lesa humanidade que o capitalismo e a UE estão perpetrando contra dezenas de milhares de pessoas forçadas a migrar, gerando uma terrível catástrofe, ante a qual não podemos ficar calados, e ante a qual não podemos cometer a obscenidade de adotar por certas as teorias falaciosas que tentam culpar supostas “máfias” pelo drama.

Culpar as supostas “máfias de migrantes” é tentar encobrir os verdadeiros responsáveis. O capitalismo é o responsável por esta tragédia: os que lucram com o suor alheio e com o saqueio do planeta. As transnacionais ampliam suas fortunas na base da tortura dos povos: viabilizam o saqueio mediante guerras imperialistas e o paramilitarismo. 85 multimilionários possuem uma riqueza igual à riqueza compartilhada pela metade da população do planeta (1); 3.570 milhões de pessoas que sobrevivem exploradas em buracos, tendo que comer os lixos, tendo que vender seus órgãos ou seu sangue, tendo que prostituir-se desde a infância, ou tendo que empenhar-se em êxodos terríveis, cujo resultado não será outro que a morte por afogamento em vida, tendo que padecer com a exploração extrema na Europa-Fortaleza, em caso de sobreviver à viagem.

1. Uma catástrofe descomunal: uma crise de refugiados do saqueio capitalista e das guerras imperialistas

Milhares de pessoas perderam a vida no Mediterrâneo só no ano de 2015 na tentativa de chegar à Europa: concretamente, trinta vezes mais em comparação com o mesmo período do ano passado. A Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) estima em 137.000 o número de migrantes que chegaram durante os seis primeiros meses de 2015 às costas europeias, após cruzar o Mediterrâneo. Em 2014, a Itália resgatou não menos que 170.000 pessoas; um aumento de 277% a respeito de 2013 (2). “A grande maioria das milhares de pessoas que fez a perigosa viagem por mar nos seis primeiros meses de 2015, fugia da guerra, do conflito ou da perseguição. Isso converte a crise no Mediterrâneo em uma crise dos refugiados”, expressou a ACNUR em seu último informe (3). “Os óbitos aumentam significativamente no segundo semestre do ano, durante os meses do verão; se espera que continuem aumentando” (Ibid.). Aproximadamente 90 mil pessoas cruzaram a Europa entre 1° de julho e 30 de setembro de 2014 e, ao menos, 2.200 perderam a vida.

As vítimas “registradas” são somadas às desaparecidas, aquelas cujos cadáveres não são encontrados. E as vítimas do êxodo por saqueio que falecem no Mediterrâneo precisam ser somadas às milhares de vítimas no deserto. A elas somam-se as vítimas assassinadas nas cercas de Ceuta e Melilla e nos centros de “internamento”.

Existe um aumento no êxodo, com tragédias como a das mil mortes em uma semana, no mês de abril de 2015 (4). São pessoas fugindo da miséria na qual o saqueio é perpetrado pelo grande capital, que submete a África. Seguem a rota que previamente seguiram as imensas riquezas extraídas de seus países. O continente africano padece novas perdas com esta tragédia: perde juventude com tudo que isso implica para a sociedade. Os familiares das vítimas nunca saberão o que ocorreu com seus entes queridos, pois nem todos os cadáveres são recuperados, e os que são recuperados são enterrados como indigentes na maior parte das vezes.

2. A desculpa das “máfias”: cai como uma luva para encobrir os saqueadores

Tenta-se esconder que o saqueio e as denominadas “guerras humanitárias” perpetradas pela UE e os Estados Unidos contra a África, têm como lógica consequência o êxodo massivo. Os grandes capitalistas impõem midiaticamente uns bodes expiatórios para ocultar as verdadeiras causas do êxodo. Responsabilizam pela contínua tragédia do Mediterrâneo e do Atlântico as supostas “máfias” de transporte de pessoas, quando se sabe que em muitas ocasiões o suposto “mafioso” não é outra coisa que um pescador que já não pode sobreviver da pesca em um mar saqueado pela ação das grandes transnacionais; um pescador reconvertido em condutor de embarcações que, clandestinamente, tentam passar pelas fronteiras da Europa-Fortaleza. Inclusive, ainda que muitos transportadores destas viagens clandestinas se aproveitem das pessoas em situação de êxodo, não podem ser tidos como os responsáveis por esta tragédia, por estes crimes de lesa humanidade, a menos que se queira encobrir os verdadeiros responsáveis. Na ONU apresentaram como “solução” outro plano militar. O fascismo avança como ferramenta para a manutenção do capitalismo.

3. Nova operação militar europeia contra a Líbia, com um pretexto banal

A operação militar europeia leva o nome EUNAVFOR MED e atua pela OTAN (5). Possui um orçamento de 11,82 milhões de euros para os dois primeiros meses e, a princípio, se manterá durante um ano (6). Cinco navios de guerra, dois submarinos, seis aviões e helicópteros, dois Drones e aproximadamente 1.000 militares europeus começam a avançar pelas águas internacionais próximas à Líbia (Ibid.).

Trata-se da primeira missão militar que a UE coloca em marcha sob o pretexto de “desmantelar as máfias que traficam com migrantes”. Os ministros europeus aprovaram o projeto militar em junho. No momento, esta nova agressão europeia contra a Líbia não conta com uma resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que permita entrar no território líbio, graças ao fato da Rússia ter se mantido firme em sua oposição a uma nova intervenção na Líbia e à destruição militar de barcos. A Rússia exige obter a solicitação prévia de um Governo de unidade líbia. O enviado especial das Nações Unidas para a Líbia, Bernardino León, há meses tenta, porém os líbios resistem em dar um aval para uma nova invasão. “Fontes da diplomacia europeia confiam na possibilidade de darem o aval à operação na Líbia com o Governo de Tobruk” (Ibid.), internacionalmente reconhecido para que sirva a estes fins belicistas. Uma dezena de Estados europeus participará da operação contra a Líbia, entre eles: Espanha, Reino Unido, Alemanha, França e Itália. Os militares estão preparados para passar da “coleta de informações” à etapa de apreensão de barcos em águas internacionais e na zona territorial líbia. Em uma terceira fase, “inutilizariam” barcos sob o pretexto de ser de supostos “traficantes”. Tudo isso permitiria uma nova presença militar em território líbio.

Várias vozes se elevam contra esta operação militar, como a de vários sindicatos: “Não estamos de acordo com medidas de tipo militar como o bombardeio das embarcações. Além de colocar em risco a vida dos migrantes, cerceia o direito de escapar de uma situação dramática e solicitar o status de refugiado” (7). Reclamam: “Voltar a implantar o programa humanitário e de resgate Mare Nostrum 1 (*), desta vez com o apoio logístico e econômico dos países da UE. (…) É preciso criar corredores humanitários para os migrantes que fogem de situações de violência, perseguição e guerra, priorizando a atenção às pessoas que solicitam o status de refugiado” (Ibid.).

4. O Atlântico: a maior dificuldade imposta nas rotas migratórias, maior quantidade de desaparecidos

Esta iniciativa militar contra a Líbia é alheia a Frontex, que agora conta com um orçamento triplicado para os dois programas do Mediterrâneo (Tritão e Poseidon): estes programas têm um enfoque repressivo, de “defesa” das fronteiras europeias, que torna mais difícil as rotas de migração, aumentando assim a periculosidade das mesmas.

Por causa da repressão, nas rotas do océano Atlântico as saídas de embarcações se fazem cada vez mais ao sul; saindo agora do Senegal, quando antes saíam do Marrocos ou Mauritânia, o que aumenta os dias de viagem em alto mar e submete as pessoas migrantes a um perigo ainda maior de ser arrastadas pelas correntes marítimas. O oceano Atlântico é outro imenso cemitério de mulheres e homens falecidos tentando buscar uma saída para sobreviver às condições de miséria causadas pelo saqueio capitalista: ali os desaparecimentos são dantescos, dado que as pessoas são arrastadas à metade do Atlântico, falecendo de sede e fome, nas condições de tortura a que são obrigadas pelas novas rotas migratórias que impõe a Europa-Fortaleza (8). A Ditadura do Capital obriga as pessoas a empreender êxodos terríveis, em condições de perigo extremas.

5. A agressão contra a Líbia em 2011: a serviço do Grande Capital Transnacional

A tragédia do falecimento de milhares de pessoas oriundas da Líbia é também uma das consequências da invasão contra a Líbia, perpetrada pela OTAN em 2011. A invasão da Líbia foi uma intervenção a serviço do Grande Capital Transnacional, empreendida com a ajuda de mercenários paramilitares infiltrados na Líbia a partir dos serviços secretos europeus e estadunidenses. Esta invasão se articulou com a total cumplicidade do aparato midiático do capitalismo transnacional, que chamavam os paramilitares mercenários de “rebeldes” com a finalidade de justificar a invasão e genocídio contra o povo líbio e seu governo de então. Durante o governo de Kadaffi, a Líbia era o país com o maior nível de vida da áfrica; razão pela qual na Líbia se estabeleceram muitíssimos africanos de outras regiões. Estes africanos hoje se somam aos que tentam chegar à Europa-Fortaleza: a essa UE que saqueia as riquezas da África, porém depois não quer as pessoas.

A Líbia foi o alvo da cobiça capitalista por várias razões: tem em sem solo um petróleo dos mais leves do mundo e um potencial produtivo estimado em mais de 3 milhões de barris diários. Desde 2009, Kadaffi adiantava um plano para nacionalizar o petróleo líbio. O plano de nacionalização foi impedido por opositores no próprio seio do governo. Muitos destes opositores à nacionalização assumiram o papel de “chefes rebeldes” a serviço dos interesses transnacionais.

Além de a Líbia possuir uma imensa reserva hídrica subterrânea estimada em 35.000 quilômetros cúbicos de água, que constitui o Sistema Aquífero Núbio de Arenito (NSAS, sigla em inglês), a maior reserva fóssil de água do mundo. Nos anos oitenta, a Líbia iniciou um projeto de grande escala de abastecimento de água: o Grande Rio Artificial da Líbia, considerado um dos maiores projetos de engenharia, que provinha água a partir dos aquíferos fósseis. O sistema uma vez finalizado cobriria a Líbia, Egito, Sudão e Chade, potencializando a segurança alimentar de uma região afetada pela escassez de água para cultivos. Isso evitaria que esses países recorressem aos fundos do FMI: algo que se oporia à aspiração do monopólio global dos recursos hídricos e alimentares por parte do Ocidente.

Por outro lado, a Líbia possuía 200 bilhões de dólares de reservas internacionais que foram confiscados por seus agressores.

Depois da agressão imperialista, a Líbia ficou destruída, sem infraestrutura aquífera nem rodoviária, nem escolas, nem hospitais, já que até estes foram bombardeados. Antes da invasão imperialista, na Líbia as mulheres viviam com muito mais liberdade que em outros países da região; após a invasão, uma das primeiras medidas do governo de mercenários enaltecido pela OTAN, foi decretar a lei da Sharia, atrozmente cruel com as mulheres, tudo sob os aplausos da UE e dos EUA. Outra das consequências da invasão à Líbia é o surgimento de grupos de terrorismo paramilitar em diferentes países da região: os mercenários empregados pelos serviços secretos europeus e estadunidenses se reciclam em outras operações do terror. Destas operações surge o Estado Islâmico.

A Líbia foi torturada pelo que a falsa mídia teve o cinismo de chamar de “bombardeios humanitários”. Uma absurda operação do imperialismo com vistas à apropriação dos recursos líbios.

6. As 10 pessoas mais ricas da Europa, a capitalização da riqueza e a fábula das “ajudas

A riqueza das 10 pessoas mais ricas da Europa equivale a 217 bilhões de euros e supera a “ajuda” total que a Europa diz dar aos países empobrecidos (8). Países empobrecidos precisamente pela ação de multinacionais que saqueiam e exploram sob a proteção de regimes mantidos mediante a repressão e o extermínio dos opositores políticos, quando não de golpes e genocídios impulsionados diretamente dos serviços secretos e militares dos Estados Unidos e da UE. Multinacionais cujos maiores acionistas não são outros que os detentores dessas grandes fortunas da Europa e do mundo. Resta dizer que muitas dessas grandes fortunas se consolidaram graças à deportação e escravização de africanos, graças ao saqueio colonial e graças ao atual saqueio imperialista.

E quanto à suposta “ajuda”, falta dizer que essa “ajuda” provavelmente é ineficiente: posto que as somas são dirigidas a investimentos decididos pelos que as outorgam, destinando-as, na maioria das vezes, a quebrar o campesinato local, a fortalecer mecanismos de submissão econômica e de dependência, a financiar grandes contratos que reinvertem as somas no capitalismo metropolitano (mediante a aquisição de maquinário cujas peças criam vínculos de dependência, mediante a aquisição de sementes transgênicas, mediante a introdução de costumes alimentares que contribuam para quebrar toda soberania alimentar, mediante a imposição de modelos produtivos, etc). A suposta “ajuda” também é destinada a fortalecer projetos cívicos articulados para amparar projetos militares, projetos funcionais de cooptação política, a fortalecer ONGs em detrimento da luta popular, e a fortalecer especificamente certas ONGs em detrimento de outras, sendo sempre um condicionante para que estas se dobrem a adoção das linhas impostas pelos think tanks funcionais à manutenção do sistema capitalista. Isso para não mencionar os interesses de grande parte da “ajuda”.

7. Dramáticos êxodos populacionais: consequências do sistema capitalista

Os êxodos populacionais, tanto da África e da Ásia para Europa, como da América Latina para os Estados Unidos (essencialmente), continuarão aumentando enquanto permanecer o saqueio capitalista. Milhões de seres humanos se veem obrigados a migrar para que suas famílias possam sobreviver. E a este drama da desintegração familiar e da remoção forçada, se somam as perigosíssimas condições do êxodo, produto das políticas migratórias dos países para os quais se dirigem as populações em êxodo que, não por acaso, são os mesmos países destinatários das riquezas saqueadas dos países de origem dos migrantes. As pessoas não vão para o “sonho” europeu ou estadunidense, fogem do pesadelo no qual as transnacionais se converteram em todo o planeta: continuam a rota que previamente seguiram as imensas riquezas extraídas de seus países. Porém, os países da metrópole capitalista querem as riquezas, mas não as pessoas.

Este sistema funciona na base do saqueio e da exploração, e produz incessantes guerras imperialistas e regimes a serviço do grande capital que não vacilam em agredir as populações das zonas cobiçadas, mediante seus exércitos oficiais, ou a implantação do paramilitarismo (ferramenta do Terrorismo de Estado). E são as lógicas inerentes ao capitalismo as que produzem leis migratórias cínicas e desumanas, e que produzem também grupos que se aproveitam das pessoas em situação de extrema vulnerabilidade. Já abordamos o exagerado tema das “máfias”, assinalando que muitos transportadores não são outra coisa que pescadores sedentos por redes de arrasto, que também colocam suas vidas em perigo. Apontamos que, inclusive considerando os transportadores que exploram os migrantes nessas rotas do êxodo, se deve incluir o fenômeno no contexto que o gera e não usá-lo como bode expiatório para isentar os verdadeiros responsáveis por este drama. O fenômeno de exploração dos migrantes é inerente ao próprio sistema. Existem grupos criminosos que sequestram migrantes na rota que passa pela América Central para os Estados Unidos, para pedir recompensas a suas famílias, para escravizá-los sexualmente ou extrair órgãos para o tráfico de órgãos. A cumplicidade da polícia não é casualidade: o “negócio” é o que prima no sistema capitalista. Da mesma forma abundam os exploradores dos imigrantes uma vez na Europa: aproveitando-se de sua condição de “ilegais” para cobrar aluguéis inflacionados, explorando-os com salários mais miseráveis ainda que o dos “legais”, ou em troca de comida pelo modo de escravidão, explorando-os sexualmente, etc. Toda essa barbárie é inerente ao capitalismo.

É importante lutar contra um sistema que produz barbárie. E é um imperativo ético combater o uso de bodes expiatórios para viabilizar mais guerras imperialistas e ocultar os verdadeiros responsáveis pelo colapso humanitário: os grandes capitalistas. É hora de compreender onde estão as causas e onde estão as consequências, e deixar de aceitar a obscenidade que consiste em tentar inverter virtualmente as causas e as consequências. Milhares de olhos de mulheres, homens e crianças estão nos olhando da espuma do mar: vítimas do sistema capitalista, de uma barbárie que se tenta cobrir e perpetuar com cinismo.



Cecilia Zamudio, 

mafarricovermelho.blogspot.pt
31
Ago16

QUE VERGONHA !

António Garrochinho

POLÍCIA MARÍTIMA APREENDE 210 BOLAS DE BERLIM POR NÃO ESTAREM EM CAIXA ISOTÉRMICA.
O PRODUTO ESTAVA EM PERFEITAS CONDIÇÕES DE CONSUMO MAS O QUE ELES QUEREM É DAR CABO DA VIDA DE QUEM TRABALHA E SACAR DINHEIRO COM MULTAS.
ENQUANTO ANDAM A LAMBER O CU AOS VIGARISTAS PARA QUE POSSAM ROUBAR O POVO AO MESMO TEMPO QUE ARRECADAM MILHÕES E MILHÕES LEVANDO À MISÉRIA E AO DESESPERO OS QUE TRABALHAM, OS ZELOSOS REPRESENTANTES DA LEI AINDA PUBLICAM IMAGENS DAS "CRIMINOSAS APREENSÕES".
Foto de António Garrochinho.

31
Ago16

O festival de Glastonbury

António Garrochinho

O MAIOR FESTIVAL DE MÚSICA DA GRÃ BRETANHA


Glastonbury em 40: os jovens no acampamento improvisado no Festival Pop de Glastonbury.
O primeiro festival Glastonbury teve lugar em 1970. 
Glastonbury em 40: homem e mulher nua

Glastonbury em 40: Festival Glastonbury: palco Pyramid
Junho de 1971
Glastonbury em 40: os jovens no acampamento improvisado no Festival Pop de Glastonbury.
Cerca de 10.000 pessoas que participaram do festival em 1971.
Glastonbury a 40: Três homens vestidos como padres que andam no campo Tent

Os primeiros dias de Glastonbury, representado neste quadro por três padres e (possivelmente) um Deus muito mal-humorados e olhar frio 
fotografia: Daily Mail / Rex Features / Rex Features
Glastonbury em 40: Foto de MULTIDÕES
Em 1982, o festival tinha juntado forças com CND, o palco Pyramid recebeu uma reforma e, a julgar pelos numerosos jumpers estampados no meio da multidão, muitas pessoas descobriram a importância de roupas quentes o festival 
fotografia: David Corio / Redferns
Glastonbury em 40: Festival de Glastonbury, GRÃ-BRETANHA - junho 1983 Glasto
E aqueles sem roupas quentes recorreram à pirotecnia para o calor (1983) 
Fotografia: Nils Jorgensen / Rex recursos
Glastonbury em 40: Glastonbury Festival
Esta foto, tirada em 1983 no  festival, representa o momento exato em que alguém começou com a tendência de bandeiras em festivais
Glastonbury em 40: Festival de Glastonbury, GRÃ-BRETANHA - junho 1983 Glasto
 (1983) 
Glastonbury em 40: Festival Glastonbury, Inglaterra - Junho 1984 Glasto
E a partir deste dia em diante, em 1984, as drogas eram desconhecidas em Glastonbury 
Glastonbury em 40: Glastonbury Festival, Grã-Bretanha - Junho 1984
O nome de Billy Bragg tem estado no line-up Glastonbury todos os anos desde 1725 
Fotografia: Nils Jorgensen / Rex Features / Rex recursos
Glastonbury em 40: festival de Glastonbury: Poster BNP
Um cartaz BNP com o objetivo de suscitar controvérsia contra o festival de Glastonbury com uma imagem que retrata a libertinagem  e os bêbados.
Glastonbury em 40: Glastonbury Music Festival
1986 um adolescente no festival
Glastonbury em 40: Glastonbury Festival

Glastonbury em 40: Glastonbury Festival, Grã-Bretanha de 1995
Damon Albarn desfruta de um delicioso (e gratuito)  almoço em Glastonbury  1995 
Fotografia: Brian Rasic / Rex Features
Glastonbury em 40: Glastonbury Festival
Aqui está uma visão rara em Glasto: foliões protegendo-se do sol (1995) 
Fotografia: Mick Hutson / Redferns
Glastonbury em 40: Festival de música Glastonbury, Inglaterra, 1997
1997,
Glastonbury em 40: festival de Glastonbury: Um par de festivaleiros

Glastonbury em 40: Glastonbury Music Festival
Em 2002, a comida em Glastonbury parecia ter caído no ch
Fotografia: Martin Godwin / Guardião
Glastonbury em 40: Festival Glastonbury: John Peel
John Peel mostra seu senso de humor divertido com este sinal de protesto (2003) 
Fotografia: Rowan Griffiths / Rex recursos
Glastonbury em 40: Lost Vagueness.  Fat Boy Slim realizando com o legendery Dançarinos de Cancan
Fatboy Slim e alguns podem podem dançarinos aproveitar a folia no campo Perdido Vagueness em 2004 
Fotografia: Barry Lewis / Corbis
Glastonbury em 40: STOCK
Em 2005, a qualidade de tendas tinham melhorado dramaticamente ... 
Foto: Jon Kent / Rex Features
Glastonbury em 40: Glastonbury Festival
.
Glastonbury em 40: Festival de Glastonbury festivalgoers na lama
as famosas lutas na lama  (2005) 
Fotografia: Martin Godwin / Guardião
Glastonbury em 40: Foto de GLASTONBURY

Glastonbury em 40: bongs de vidro coloridos para a venda na tenda
 Em 2005, eles ainda tinham esses vasos coloridos encantadores à venda
Glastonbury em 40: foliões se sentar na lama e chuva
 (2007) 
Glastonbury em 40: Um frequentador do festival é repreendido pela polícia no festival de Glastonbury
 repreendido pela polícia em Glastonbury 2007.
Glastonbury em 40: Antena Glastonbury
Uma vista aérea do festival em 2007 
Glastonbury em 40: Glastonbury Festival

Glastonbury em 40: Glastonbury Festival 2007: festivalgoers em um montanhês no por do sol

Glastonbury em 40: Festival Glastonbury: Michael Eavis

Glastonbury em 40: festival de Glastonbury: Os festivaleiros utilizar mictório feminino do 'She-Pee "
Festivalgoers utilizam mictório feminino do 'She-Pee "em 2007 
Fotografia: David Levene / Guardião
Glastonbury em 40: Glastonbury Festival 2008: festivalgoers relaxar no campo Tipi
Bandeiras, bandeiras, tanto quanto os olhos podem ver, bandeiras (2008) 
Fotografia: Linda Nylind / Guardião
Glastonbury em 40: Festival de Glastonbury, GRÃ-BRETANHA - 24-26 junho 2005

Glastonbury em 40: vocalista do Kaiser Chief Rickey Wilson
Kaiser Chiefs vocalista Ricky Wilson realiza alguns movimentos enérgicos em 2007. 
Glastonbury em 40: foliões vestidos como um pos festa de casamento
Uma noiva e damas de honra em seu dia feliz, em 2009. Onde estão os padres quando você precisa deles? 
Foto: AFP / AFP
Glastonbury em 40: Festival de Glastonbury, Somerset, Inglaterra - 26 de junho de 2009
A multidão goza de um raro momento de sol em Glastonbury!
Glastonbury em 40: Jay-Z apresenta no Glastonbury Festival 2008
 Jay-Z 'polêmico' 
Glastonbury em 40: Festival de Glastonbury, Somerset, Inglaterra - Jun 2009
Damon Albarn, de volta com Blur em 2009 para um dos slots de manchete mais memoráveis ??da história. 

www.wrongmog.com


2016

5 dias no festival de Glastonbury: 27 fotos da vida na lama


Edição deste ano do festival inglês foi a mais chuvosa de sempre, mas os festivaleiros não se fizeram rogados. Houve muita lama... e até uma “tomatina” à espanhola




























blitz.sapo.pt



31
Ago16

Como nasce e morre uma estrela? (VÍDEO)

António Garrochinho


Alguma vez você já parou pra pensar qual será o 

destino do nosso Sol, por exemplo? 

Quando ele irá expirar seu prazo de validade, o que 

acontecerá?


O fim do Sol é o único fim certo da humanidade que 

conhecemos, mas ... pra nossa felicidade isso só 

acontecerá daqui a bilhões de anos.


Saiba então o que acontece com uma estrela quando 

finalmente finda sua vida através dessa excelente 

matéria do Canal Fatos Desconhecidos:

VÍDEO

tudorocha.blogspot.pt
31
Ago16

Os desafios futuros à nova administração da CGD

António Garrochinho


por Eugénio Rosa [*]
O conselho de administração da CGD que esteve em funções no período 2010/2016 vai ser substituído por uma nova administração que brevemente tomará posse. Parece-nos ser este o momento adequado para fazer um balanço da gestão da administração que agora finda o seu mandato, e com base nele identificar os principais desafios que se colocam à nova administração, a qual será naturalmente avaliada pela capacidade que revelar em os enfrentar e resolver. É o que vamos procurar fazer, embora de uma forma sintética, utilizando dados dos relatórios e contas do período que vai de 2010 ao fim do 1º semestre de 2016, com os quais se construiu o quadro 1, que se encontra em anexo.
UM BALANÇO DA GESTÃO DA ADMINISTRAÇÃO DA CGD NO PERÍODO 2010-2016, CUJO MANDATO TERMINOU, E OS DESAFIOS QUE SE COLOCAM À NOVA ADMINISTRAÇÃO
Com base nos dados do quadro 1, que constam dos relatórios e contas da CGD, portanto dados públicos e divulgados pela própria CGD, é possível tirar as seguintes conclusões e identificam-se os desafios futuros que seguidamente se apresentam.
No período 2010–1ºSem.2016, o Ativo liquido consolidado da CGD reduziu-se de 125.862 milhões € para 99.355 milhões €, ou seja, o valor do Ativo liquido do grupo CGD diminuiu 21,1%, portanto pode-se dizer, com propriedade, que o grupo Caixa “encolheu” significativamente (uma parcela deste encolhimento foi devida à venda de ativos e outro devido à quebra do negócio bancário), em que o fecho de 140 agências bancárias em Portugal e a venda das áreas seguradora e saúde são os exemplos mais visíveis. Portanto, conter a continuação deste “encolhimento” da CGD, que ameaça destroná-la de líder do mercado (atualmente a CGD detém uma quota de mercado de 21,8% no crédito, 28,2% nos depósitos e 27,8% nos ativos) , para uma posição secundária, reduzindo o seu papel na economia e na sociedade portuguesa, e facilitando o domínio ainda maior da banca privada, é o desafio futuro importante que se coloca à nova administração.
No mesmo período, o crédito bruto concedido diminuiu de 84.517 milhões € para 70.674 milhões € (-16,4%), e ocrédito líquido reduziu-se de 81.907 milhões € para 65.284 milhões € (-20,3%), ou seja, verificou-se uma redução do credito às empresas e famílias, portanto aumentar o credito à economia e às famílias e, consequentemente, aumentar o negócio bancário é outro desafio que se coloca à nova administração até porque a CGD, apesar da cota de mercado de empresas ter aumentado no 1º semestre de 2016, ela continua baixa(18,1% de cota de mercado de empresas do país).
No período 2010–1º sem.2016, o rácio de crédito em risco aumentou de 4,2% para 12,2%, ou seja, quase triplicou, o que revela a existência de elevado mau crédito (NPL), consequência não só da crise que aumentou o incumprimento mas também da concessão de credito em que não existiu uma avaliação correta de risco, nomeadamente créditos para fins que não se enquadram na missão da CGD, como foram créditos elevados para adquirir ativos financeiros, de que são exemplos os concedidos a Manuel Fino para adquirir ações da CIMPOR, a Joe Berardo para adquirir ações do BCP e, recentemente, a Isabel dos Santos para adquirir a EFACEC. Portanto o desafio futuro que se coloca à nova administração é reduzir este rácio e não cometer estes atos de má gestão.
Entre 2010 e o 1º sem.2016, os recursos de clientes (depósitos) aumentaram de 67.680 milhões € para 72.442 milhões € (+7%), apesar da redução das taxas de juro pagas ( entre 2010 e 2015, diminuíram de 2,68% para 0,32%), um indicador de confiança na CGD. Portanto o desafio futuro que se coloca à nova administração é consolidar esta posição.
rácio de transformação da CGD (quociente entre o crédito líquido e os recursos de clientes), diminuiu, entre 2010 e 1º sem.2016, de 121% para 90,1%, o que significa que, em 2016, a CGD por cada 100€ de depósitos que recebe empresta apenas 90,1€. Portanto o desafio futuro que se coloca à nova administração é alcançar uma posição mais equilibrada o que se consegue com o aumento do negócio bancário.
Entre 2010 e o 1ºsem.2016, o Estado recapitalizou a CGD com 100 milhões € em 2011, e com mais 750 milhões € em 2012. E isto para além dos Cocos (900 milhões € em 2012, pelos quais a CGD paga um juro muito elevado: 9% em 2016), o que é uma consequência dos prejuízos acumulados pela CGD. Portanto o desafio futuro que se coloca à nova administração é inverter a necessidade de continuar recapitalizações, e passar para uma situação em que a CGD seja uma fonte de receitas para o O.E. como aconteceu até 2010 (só no período 2000-2010 os dividendos pagos pela CGD somaram 2.646 milhões€).
No período 2010-1ºsem.2016, os Capitais Próprios (Situação Liquida) da CGD (diferença entre o Ativo e o Passivo), diminuíram de 7.840 milhões € para 5.745 milhões €, portanto uma redução de 2.095 milhões €. No entanto a perda real de capitais próprios atingiu 2.945 milhões €, pois ao valor anterior há a acrescentar as entradas do Estado para o capital social da CGD que atingiram 850 milhões €. Portanto, o desafio futuro à nova administração é inverter esta delapidação continuada dos capitais próprios.
Entre 2010 e 2015, a margem financeira diminuiu de 1.415 milhões € para 1.114 milhões € (-21,3%). Esta redução da margem financeira resultou de uma quebra de -32,6% nos juros recebidos por crédito concedido e de uma redução de -38% nos juros pagos pelos recursos obtidos, ou seja, no custo do “funding”. Portanto o desafio futuro para a nova administração será aumentar a margem financeira através do aumento do negócio bancário pois a redução do custo do “funding” tem limites.
No mesmo período, as comissões líquidas aumentaram de 502 milhões € para 511 milhões € (+1,8%). E isto apesar da quebra verificada no negócio bancário. Portanto o desafio futuro colocado à nova administração será aumentar as comissões liquidas através do aumento do negócio bancário e não à custa de sobrecarregar mais os atuais clientes da CGD com subidas das comissões que já têm de pagar.
Como consequência do referido anteriormente, entre 2010 e 2015, o chamado “Produto bancário core”, ou seja, o negócio por excelência, recorrente e repetível da banca (Margem financeira + comissões liquidas) , diminuiu de 1.918 milhões € para 1.625 milhões € (-15,3%). Portanto o desafio futuro que se coloca à nova administração é aumentá-lo o que se consegue com o aumento do negócio bancário.
Entre 2010 e 2015, os custos operacionais da CGD (custos com pessoal + gastos gerais administrativos + amortizações) diminuíram de 1.967 milhões € para 1.392 milhões € (-29,2%). E dentro destes, os custos com pessoal desceram de 1.047 milhões € para 820 milhões €, ou seja, em 227 milhões €. Esta redução nos custos operacionais foi conseguida fundamentalmente através do fecho de 140 agências e à custa deredução significativa do número de trabalhadores que, a nível do grupo CGD, diminuiu em 7.026 (passou de 23.083 para 16.058), e a nível da CGD-Portugal a redução foi de 1.262 trabalhadores (entre 2010 e 2015 passou de 9.672 para 8.410), o que coloca como desafio futuro para a nova administração a necessidade de não continuar a utilizar o corte nas despesas com pessoal o instrumento preferencial para reduzir custos e equilibrar as contas da CGD. Não deixa de ser estranho que o coordenador da Comissão de Trabalhadores da CGD tenha afirmado, já por duas vezes, em entrevista à SIC, que a redução de trabalhadores não era um problema pois a CGD já o tinha feito no passado sem problemas, dando assim cobertura às reestruturações sucessivas da CGD que estão a reduzi-la cada vez mais e a fazer que ela perca importância e capacidade como instrumento fundamental para a recuperação económica e desenvolvimento do país.
O rácio “custos operacionais” a dividir por “produto bancário core”, que é um indicador importante da eficiência de uma instituição financeira, já que mede a capacidade desta para gerar rendimento no seu “core business” suficiente para cobrir os seus custos operacionais, entre 2010 e 2015, diminuiu na CGD de 102,6% para 85,7%, o que mostra que, em 2015 contrariamente ao que sucedia em 2010, o “produto bancário core” já era mais que suficiente para cobrir os custos operacionais. Portanto o desafio futuro que a nova administração tem é melhorar ainda mais esta relação (em 2015, no BPI os custos de estrutura corresponderam apenas a 70,6% do seu “produto bancário core”, e no BCP a 55,5%).
A quebra do negócio bancário tem levado a banca a entrar com força numa área, que não é o seu “core business”, a especulação financeira(operações financeiras) , o que tem aumentado significativamente o risco da atividade bancária perante a passividade do supervisor (BdP). A CGD não fugiu a isso, tendo aumentado significativamente as aplicações financeiras com o objetivo de obter mais-valias, que são resultados não recorrentes e que envolvem elevados riscos. E isto com o objetivo de compor os fracos resultados obtidos na sua atividade “core”. No período 2010-1ºsemestre de 2016, as mais-valias obtidas pela CGD, através de operações financeiras, somou 1.667 milhões €. Portanto o desafio futuro é tornar a CGD menos dependente deste tipo de receitas que envolve elevados riscos e não constitui a sua atividade “core” até porque uma parcela significativa dos prejuízos da CGD no 1º sem.2016 teve como causa precisamente os elevados prejuízos registado nas operações financeiras, como vamos mostrar.
“produto bancário e segurador”, entre 2010 e 2015, diminuiu de 3.099 milhões € para 2.042 milhões € (quebra de -34,1%) , portanto superior à quebra verificada no negócio bancário, que reflete também os efeitos negativos da venda da área seguradora e de saúde. Portanto o desafio futuro para a nova administração é aumentá-lo.
Como consequência o “cost-to-income” (quociente dos custos operacionais pelo produto bancário), uma medida da eficiência de um banco, entre 2010 e 2015, aumentou de 63,5% para 68,2%, o que significa que uma parcela crescente do produto bancário tem de ser utilizada para cobrir os custos operacionais, portanto o desafio futuro é melhorar esta relação (aproximá-lo de 50%) , o que exige o aumento do negócio bancário.
No período 2010-2015, a CGD contabilizou “imparidade de crédito liquidas” no montante de 4.737 milhões €, e se somarmos a estas as“imparidades de outros ativos” , aquele valor sobe para 6.892 milhões €, que são perdas enormes, sendo umas resultado do agravamento da crise e do aumento do incumprimento a que está inevitavelmente associada, o que aconteceu com todas as instituições financeiras; e outras , resultam claramente de má gestão e da utilização da CGD para a concessão de credito em clara violação do que deve ser a sua missão e os seus objetivos e também violando uma gestão adequada de risco. Portanto o desafio futuro para a nova administração é alterar profundamente este tipo de gestão passando a CGD a ser um instrumento ao serviço da recuperação e do desenvolvimento do país, respeitando um rigoroso controlo do risco do credito concedido , pois 94,3% dos recursos da CGD são recursos alheios (fundamentalmente de depositantes) e o restante foi financiado pelos contribuintes.
A quebra do negócio bancário e o aumento enorme das imparidades determinou que, no período 2010–1ºsem.2016, a CGD tenha acumulado prejuízos no montante de 1.932 milhões de prejuízos , o que delapidou muito os seus capitais próprios que, por isso, sofreram um redução importante, como já se referiu, e acabou por se refletir negativamente nos rácios de capitais. Portanto inverter esta situação de degradação continuada constitui também um objetivo para o futuro da nova administração.
Entre 2010 e 2015, o rácio de capital total diminuiu de 12,3% para 11,2% e, entre 2012 e o 1º sem.2016, o CET 1 caiu de 11,1% para apenas 10%. Os rácios que aumentaram significativamente foram os rácios de liquidez : entre 2013 e 2016, o LCR subiu de 112,9% para 193,5% (valor mínimo exigido pelo BdP é 70%), e o NSFRaumentou de 110% para 135,9% entre 2013 e 2015, o que revela, por um lado, a elevada confiança que os portugueses depositam na CGD e, por outro lado, a solidez desta instituição financeira. Portanto, o desafio futuro será melhorar os primeiros e consolidar os últimos.
A análise realizada mostra, com base nos dados divulgados pela CGD, qual foi a evolução da CGD durante o mandato da administração que terminou, quais as áreas em que se registou um agravamento e são criticas, quais as áreas sensíveis que merecem um grande atenção e quais as áreas em que situação melhorou, bem como alguns dos desafios que se colocam no futuro que exigem acompanhamento e avaliação para se poder ficar a saber se a nova administração está à altura desses desafios.
A SITUAÇÃO DA CGD NO 1º SEMESTRE DE 2016
Como aconteceu com as restantes instituições financeiras, a CGD acabou de divulgar o seu relatório e contas consolidado referente ao 1º semestre de 2016. Interessa analisá-lo de uma forma detalhada porque permite ficar com uma informação mais concreta e atualizada da situação da CGD neste momento. É o que vamos fazer utilizando os dados mais importantes desse relatório que constam também do quadro 1 em anexo.
No 1º semestre de 2016 , quando comparado com o semestre homólogo de 2015, registou-se uma melhoria da Margem Financeira em +5,5% (+29,8 milhões €), o que foi conseguido fundamentalmente por meio da redução acentuada do custo do “funding” (depósitos) que foi de -17,5% (-171,6 milhões €) muito superior à diminuição registada nos “juros das operações ativas” (crédito concedido) que foi de -9,3% (-141,8 milhões €), esta última uma consequência da quebra verificada no negócio bancário.
Apesar do aumento da Margem Financeira conseguida fundamentalmente à custa da redução do custo do “funding” registou-se no 1º semestre de 2016 uma diminuição muita significa do “Produto bancário” , quando comparado com o do período homólogo de 2015, pois passou de 1.154 milhões € em 2015 para apenas 754,6 milhões € em 2016 (-349,4M€). Esta diminuição do “Produto bancário” teve como causa fundamental osresultados obtidos em operações financeiras que foram de +301,9 milhões € (positivos) no 1º sem.2015 e -47,4 milhões €(negativos) no 1º sem.2016 , portanto um desvio negativo de -349,4 milhões €, o que corresponde a 87,5% da quebra do “Produto bancário”. Tal facto mostra de uma forma clara o risco elevado e a volatilidade dos resultados das operações financeiras, o que desaconselha a sua utilização como instrumento importante de gestão para atenuar os efeitos negativos a nível do negócio bancário. Apesar deste elevado risco, no fim do 1º semestre de 2016, a CGD tinha em “aplicações de títulos” 20.137 milhões €, mais 1.151 milhões € do que em Dez.2015, o que aumentou ainda mais o risco, sendo um dos desafios futuros da nova administração reduzir esta elevada exposição da CGD aos mercados financeiros pois tal politica de risco elevado não se enquadra, a nosso ver, na missão de um banco público.
Embora o credito tanto bruto como liquido tenha continuado a diminuir este ultimo teve a seguinte evolução; Jun.2015: 66.639 milhões €; Dez.2015: 66.178 milhões €; Jun.2016: 65.284 milhões €) , no entanto a quota de mercado de empresas da CGD aumentou de 17,7% em Dez.2015 para 18,1% em Jun.2016 ;
Os recursos de clientes aumentaram em Jun.2016, quando comparados com os existentes em Jun.2015, em mais 2.199 milhões e (passaram de 70.242 milhões € para 72.442 milhões €) , o que reflete a confiança que os portugueses têm na CGD, no entanto quando a comparação é feita com Dez.2015 (73.426 milhões €) consta-se uma redução de – 984 milhões € nos últimos 6 meses, o que dá bem a ideia da sensibilidade das instituições financeiras a eventos que afetam o seu nível de confiança, como foram os que CGD foi sujeita nos últimos meses(atrasos na nomeação da nova administração, inquérito parlamentar, etc.).
Um aspeto importante é o contributo positivo da atividade internacional para o “resultado bruto de exploração” (+203 milhões € no 1º sem.2015, e +205,3 milhões € no 1º sem.2016) , enquanto o contributo da “atividade doméstica” caiu muito (passou de +243,4 milhões € no 1º sem.2015, para -83,6 milhões€ no 1º sem.2016). Portanto a venda de todos os ativos da atividade internacional, incluindo os da CGD em França e Macau, como parece prever o plano de reestruturação negociado pelo governo com Bruxelas, poderá criar dificuldades à CGD e reduzir a sua capacidade para apoiar as empresas.
As imparidades do credito liquidas de reversões aumentaram significativamente no 1ºsem.2016 pois, entre o 1º sem. 2015 e o 1º sem.2016, passaram de 235,8 milhões € para 302,5 milhões €, ou seja, em mais 28,3% (+66,7 milhões €), o que é preocupante pois revela a existência de um volume elevado de credito malparado, nomeadamente grandes créditos o que poderá determinar a necessidade de constituir mais imparidades elevadas no futuro próximo (embora o credito em risco tenha diminuído entre Jun.2015 e Dez.2015 pois passou de 12,4% para 11,5%, no entanto em Jun.2016 tornou a aumentar para 12,2%)
A CGD continuou a encolher pois, entre Jun.2015 e Jun.2016, o valor do seu Ativo Liquido passou de 100.238 milhões € para 99.355 milhões € (em Dez.2015 era 100.901M€), e número de agencias neste período diminuiu a nível do grupo Caixa de 1.225 para 1.221 (-4), mas em Portugal a redução foi maior pois passou de 760 para 729 (-31);
Como consequência da continuação da quebra do negócio bancário, de elevadas imparidades e de elevadas perdas nas aplicações financeiras (menos valias) os prejuízos foram elevados, pois passou de um resultado líquido positivo de +47 milhões € no 1º sem.2015 para um resultado liquido negativo de -205,2 milhões € no 1º sem.2016.
Como consequência destes resultados líquidos negativos, e da diminuição do valor das “reservas de justo valor”(saldo de mais e menos valias de ativos não realizados que vão diretamente à conta de capital – pode ser temporariamente –, não passando pela conta de resultados que, entre o 1ºsem.2015 e o 1ºsem.2016, diminuiu de 201 milhões€ para 111 milhões€) os Capitais Próprios da CGD sofreram uma importante redução neste período pois, entre Jun.2015 e Jun.2016, diminuíram de 6.391 milhões € para 5.745 milhões €, portanto sofreram uma redução de 646 milhões € (entre Dez.2015 e Jun.2016 diminuíram em 439 milhões€, um valor elevado) o que causou a redução dos rácios de capital.
Assim, o Commom equity tier 1 (CET 1) teve a seguinte evolução: Jun.2015: 11%; Dez.2015: 10,9%; Jun.2016: 10%. E o Rácio Total:Jun.2015: 12,5%; Dez.2015: 12,3%; Jun.2016: 11,2% . No entanto o rácio de liquidez imediata (LCR) , que é vital, já que um banco implode é fundamentalmente por falta de liquidez, teve, no mesmo período, a seguinte evolução: Jun.2015: 135,9%; Dez.2015: 143,1%; Jun.2016: 193,5% (valores muito superiores ao valor mínimo exigido pelo BdP que é 70%) , e o mais elevado na banca a operar em Portugal, o que mostra a solidez da CGD e a confiança nela depositada.
A redução dos rácios de capital verificada no 1º sem.2016 exigia a rápida recapitalização da CGD para que esta pudesse apoiar a economia e as famílias. Por cada aumento de 1 ponto percentual nos rácios de capital são necessários cerca de 600 milhões €. Consequentemente, a transformação dos Cocos (900M€) em capital e a entrada de, pelo menos, mais 2.500 milhões € faria aumentar o CET1 para mais de 14% , e o Rácio total para mais de 15% , portanto valores muito acima da media do setor (em Jun.2016;o Novo Banco: 12%; a CEMG: 10,3% e o BPI 11%; em Mar. 2016: BCP-Millennium: 11,5%), por isso aquele valor era, para nós, suficiente que está próximo do aprovado por Bruxelas.
A RECAPITALIZAÇÃO E A NECESSIDADE DO GOVERNO DEFINIR A MISSÃO DA CGD
Os media divulgaram em 24/8/2016 que a Comissão Europeia aprovou a transformação dos Cocos (900M€) em capital, e ainda a recapitalização direta da CGD com mais em 2.700 milhões €, tendo o governo se comprometido em lançar uma emissão de obrigações subordinadas (divida subordinada) de mais 1.000 milhões € a ser adquirida por privados , pagando juros elevados. Como o valor do Ativo ponderado pelo risco (RWA) da CGD ronda os 60.282 milhões €, a entrada de dinheiro fresco na CGD (recapitalização direta) no montante de 2.700 milhões € fará aumentar os rácios de capital da CGD em cerca de 4,4 pontos percentuais o que colocará os rácios de capital da CGD muita acima da média do setor (o CET 1 da CGD passará dos 10% atuais para mais de 14,4%, superior aos dos outros bancos). Tal aumento de capital, a concretizar-se, determinará que a CGD poderá já acomodar facilmente o risco de um aumento importante de crédito à economia e às famílias, sendo esse o desafio futuro da nova administração pelo qual terá de ser avaliada. A divida subordinada (obrigações subordinadas) desde que seja emitida respeitando as normas de Basileia III (não existirem incentivos ao reembolso antecipado)conta para os fundos próprios do nível 2 (Tier2), mas não para os fundos próprios do nível 1 (CET1), mas aumenta o Rácio de Capital Total e, consequentemente, a solvabilidade da CGD e capacidade para apoiar as empresas e as famílias.
Um aspeto importante a saber é se a recapitalização da CGD está ligada à imposição pela C.E. de uma profunda reestruturação da CGD (a comissária da C.E, Vestager , fala de um “Plano que prevê mudança muito profunda na CGD” aceite pelo governo, mas que ninguém ainda conhece completamente em concreto mas que pode ter consequência graves para a CGD encolhendo-a ainda mais e reduzindo a sua capacidade de intervenção) , que inclui a saída de 2.500 trabalhadores e o fecho de 300 balcões já divulgados pelos media. Os custos totais desta reestruturação têm que ser registados à cabeça (no ano em que for aprovada e não à medida que for executada) , segundo as normas internacionais de contabilidade (IAS 37), o que poderá determinar prejuízos elevados no ano em que for feita a sua contabilização.
Mas todo este esforço poderá ser inútil se o governo não definir com clareza e precisão a missão e os objetivos na fase atual para a nova administração da CGD para que esta não possa fazer mais uma vez, como aconteceu no passado, o que quiser (autogestão) e depois fiscalizar. É o que se espera que faça rapidamente.
25/Agosto/2016
cgd_25ago16_1
LEGENDAS: As áreas a vermelho revelam zonas criticas que merecem uma atenção redobrada e um esforço grande para sair delas, e onde se localizam os maiores desafios futuros; as áreas a amarelo são aquelas que exigem também muita atenção pois são áreas muto sensíveis; e as zonas a verde são aquelas em que a evolução da situação foi positiva, e a situação atual é favorável.
[*] Email
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
31
Ago16

O Iémen a ferro e fogo da Arábia Saudita

António Garrochinho


  • Entrar / Registar
Exposto a uma guerra em que os interesses do Irão e da Arábia Saudita estão presentes, atormentado pela Al-Qaeda, e dividido por disputas tribais e um movimento de secessão, apesar de tudo, o Iémen tem sobrevivido.

As dezenas de mortos no atentado à bomba de domingo passado junto de uma unidade de recrutamento de militares do Iémen, que a comunicação social tem atribuído ao Daesh, integra-se na continuada agressão através de bombardeamentos da Arábia Saudita e da «Força de Intervenção Rápida» do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG).
Este Conselho é composto por um conjunto de países árabes ricos. De entre eles, os Emiratos Árabes Unidos (EAU) são uma confederação de sete monarquias retrógradas como o Dubai e o Abu Dhabi. Foi formado com o aconselhamento discreto dos EUA e de Israel.
Segundo o Expresso, de dia 27, «o atentado acontece dias depois de o Governo iemenita e os rebeldes terem reagido positivamente a uma nova iniciativa de paz anunciada na semana passada pelos Estados Unidos e sob a qual os houthis aceitam abandonar a capital, Sanaa, e dar início a conversações para formar um Governo de unidade.
«Este Conselho [de Cooperação do Golfo] é composto por um conjunto de países árabes ricos. (...) Foi formado com o aconselhamento discreto dos EUA e de Israel.»
Os rebeldes dizem estar preparados para retomar as negociações suspensas no início de Agosto no Kuwait apenas se a coligação liderada pelos sauditas parar de atacar os seus bastiões no Iémen e acabar com o cerco aos territórios sob o seu controlo».
Algo salta à vista sobre a forma como esta guerra foi vendida aos membros do CCG, em que só Omã se recusou a participar. Para a população dos Emiratos Árabes Unidos, foi a promessa da «Cidade Luz» (Al-Noor, Djibuti e Iémen) que poderia incentivar o comércio no Oceano Índico e abrir este ao Leste da Ásia, apesar de se manter sob a administração do Dubai. Para os sauditas, as promessas ainda foram mais aliciantes, com o controlo uniforme da «quarta parte vazia» (Rub’al-Khali), lendárias jazidas de petróleo e gás que os EUA tinham mantido inexploradas no subsolo… enquanto se mantivesse o governo iemenita!
Esta guerra é a prática habitual de construção e destruição de sociedades e governos por bombardeamentos de precisão contra uma população que depende da importação de alimentos. Uma vitória tão contundente na Península Arábica punha-a sob o controlo da Arábia Saudita, que, rápida e publicamente, celebraria uma paz com Israel.
Responsáveis sauditas já referiram em Junho do ano passado, na presença de responsáveis norte-americanos e israelitas, que esta jazida Rub’Al-Khali obrigaria os países do CCG e o Iémen a cooperarem para proteger o seu rendimento e que a esta união se devia seguir um modelo de Constituição como a que uniu a América e lhe conferiu a sua democracia… Segundo esses mesmos responsáveis sauditas, quanto à promissora jazida de petróleo de Ogaden, na Etiópia, ela permitiria unificar países sob a sua direcção. E ainda propuseram que se deveria construir uma ponte entre o continente africano e a Península Arábica, a ponte Al-Noor que ligaria a cidade de Al-Noor, no Djibuti, à cidade Al-Noor, no Iémen.
Exposto a uma guerra em que os interesses do Irão e da Arábia Saudita estão presentes, atormentado pela Al-Qaeda, e dividido por disputas tribais e um movimento de secessão, apesar de tudo, o Iémen tem sobrevivido.
Antes, no início do século XX, o Iémen foi dividido entre os Impérios Britânico e Otomano. O Reino Zaydi Mutawakkilite do Iémen foi criado depois da 1.ª Guerra no Iémen do Norte. Passou a República Árabe do Iémen em 1962, ficando o Sul como protectorado britânico até 1967. Os dois estados iemenitas acabaram por se unir e criar a República do Iémen em 1990.
O Iémen é um país em vias de desenvolvimento e o país mais pobre do Médio Oriente. Até há pouco tempo era uma ditadura dirigida pelo Presidente Ali Abdullah Saleh e um dos países com mais elevados índices de corrupção em todo o mundo. Na ausência de instituições do Estado fortes, tinha uma forma de governação informal, com representações tribais rivais, religiosas e interesses políticos, dirigida pelo Presidente, que controlava o Estado, pelo major-general Ali Mohsen al-Ahmar, que controlava a maior parte do Exército, e pelo xeique Abdullah al-Ahmar, que dirigia o partido islamita Islah. A Arábia Saudita garantia o pagamento a estes quadros políticos e aos xeiques tribais, controlando desta forma as decisões políticas dos dirigentes.
Para entender o derrube, em 2012, do governo pelo movimento rebelde xiita Houthi, importa lembrar as origens deste movimento, em 1991, quando foi criado para proteger o ziadismo, uma forma de xiismo, face à invasão de islamitas sunitas.
Depois do 11 de Setembro, os EUA atribuíram à luta do movimento uma dimensão geopolítica, porque os seus combatentes se opuseram à decisão do Iémen em colaborar com os Estados Unidos e em reforçar a cooperação entre serviços secretos.
«Os EUA e a Grã-Bretanha têm sido os principais fornecedores de armas da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos»
De 2004 a 2010, o grupo conduziu seis guerras contra o Governo iemenita e teve mesmo escaramuças com a Arábia Saudita. No entanto, nunca conseguiu expandir o seu alcance para além da sua fortaleza no Norte do país. Isso mudou em 2011, quando os protestos populares e o caos político resultante da Primavera Árabe conduziram à paralisia institucional generalizada, levando a que os Houthis regressassem a uma postura militar que tinham abandonado. Os protestos na rua eram contra a pobreza, o desemprego, a corrupção e contra o plano do Presidente Saleh emendar a Constituição da República para se poder eternizar no poder. Os seus poderes foram transferidos para o vice-presidente Abd Rabbu Mansour Hadi, que seria formalmente eleito presidente em Fevereiro de 2012, não se tendo apresentado mais nenhum candidato, o que não garantiu consistência à transição. Este processo foi interrompido por conflitos provocados pelo partido Islah contra os Houthis e pelo aparecimento da Al-Qaeda. Em Setembro de 2014, a capital, Saná, caiu nas mãos dos Houthis, que assumiram o governo. Desde então, a guerra foi introduzida no país pela Arábia Saudita e Aliados do Golfo.
Os bombardeamentos ao Iémen pelo CCG têm contado, em geral, com o silêncio da imprensa ocidental. Apesar da desproporção de forças, o Iémen ousou no início deste ano resistir à invasão, matando em Marib militares da coligação liderada pelos sauditas. Seguiu-se um massacre por bombardeamentos sauditas, que testam aqui equipamentos militares para novas guerras (o Iémen já tinha servido de laboratório para os drones americanos).
Os EUA e a Grã-Bretanha têm sido os principais fornecedores de armas da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos, países que não dispõem de indústria militar mas que pretendem ser potências regionais, sendo, sem dúvida, os principais envolvidos na agressão ao Iémen, mas também no recrutamento, detenção e violência sexual de menores, responsáveis pela morte de crianças, bem como por ataques a hospitais e ataques e ameaças contra pessoal protegido, como reconheceu a ONU.
Um cessar-fogo acordado entre as forças houthis e as do governo apoiado pela Arábia Saudita – que desde 19 de Março do ano passado desencadeia uma agressão no território – entrou em vigor num domingo, dia 10 de Abril, mas não durou muito tempo.
Agora, sob a designação «Daesh», os agressores do costume mataram no atentado mais de 60 pessoas.

www.abrilabril.pt
31
Ago16

A LINDA E COMPLICADA HISTÓRIA DAS TATUAGENS JAPONESAS

António Garrochinho
A tatuagem foi usada para fins decorativos pelo povo do Japão antigo durante séculos antes de cair em desuso no século VII, quando as autoridades adotaram o costume chinês de usar tatuagens como forma de punição criminal. Por aproximadamente um milênio, os indivíduos tatuados foram rotulados como párias por suas marcas -geralmente no rosto ou braços- evidenciando as transgressões passadas. A tatuagem punitiva, eventualmente, caiu em desuso, mas as tatuagens permaneceram associadas com a criminalidade, mesmo quando a tatuagem decorativa e pictórica começou a ressurgir.

01
A linda e complicada história das tatuagens japonesas 01
Em 1805, foi lançado uma tradução japonesa do romance chinês Suikoden. O livro era ilustrado com pródigas xilogravuras coloridas de seus heróis, que eram tatuados com motivos florais elaborados, animais e figuras míticas. A novela era tremendamente popular, e estimulou a demanda por tatuagens semelhantes.

Apesar desta popularidade, a tatuagem estava oficialmente banida por ser prejudicial para a moral pública. Isto foi rigorosamente aplicada na era Meiji, quando temiam que as tatuagens fizessem com que os japoneses parecessem bárbaros para os ocidentais.

Mas muitos japoneses continuaram a fazer tatuagem em salões subterrâneos, e a arte tornou-se associada com gângsteres da Yakuza para quem receber uma tatuagem dolorosa e ilegal era considerado uma prova de sua coragem e lealdade para com o estilo de vida fora da lei.

Longe de vê-los como bárbaros, muitos ocidentais ficaram fascinados pelas tatuagens locais. Em visitas ao país, o futuro rei George V e Czar Nicolau II fizeram tatuagens de dragão em seus braços.

Embora a tatuagem não seja ilegal no Japão, continua a ser um assunto espinhoso. Muitos ainda associam a arte corporal com criminalidade, e banhos públicos e nascentes de água quente, muitas vezes não permitem a entrada de clientes tatuados.

As fotos compiladas neste post foram feitas entre o ano 1860 e 1890.
02
A linda e complicada história das tatuagens japonesas 02
03
A linda e complicada história das tatuagens japonesas 03
04
A linda e complicada história das tatuagens japonesas 04
05
A linda e complicada história das tatuagens japonesas 05
06
A linda e complicada história das tatuagens japonesas 06
07
A linda e complicada história das tatuagens japonesas 07
08
A linda e complicada história das tatuagens japonesas 08
Fonte: Universal History Archive via Getty Images.
www.mdig.com.br
31
Ago16

Governança - Ao contrário do que afirmam Passos Coelho, Assunção Cristas e Maria Luís Albuquerque, se a política do anterior governo tivesse prosseguido a situação seria bem pior.

António Garrochinho

A pressão ilegítima sobre Portugal, por parte de instituições europeias como o BCE, continua 

No última edição do Expresso, Nicolau Santos chama a atenção para o facto de que «ou a tendência inverte ou isto acaba mal» e sublinha, como outros o têm feito, que o Governo está nas mãos do Banco Central Europeu (BCE) e da agência internacional de notação DBRS, a única que classifica a dívida portuguesa acima do lixo, portanto elegível, permitindo assim ao BCE continuar a comprar os nossos títulos de dívida pública. Se o BCE fechasse a torneira os juros dos futuros empréstimos disparariam ficando o pais numa grave situação.

Como é sabido, o BCE tem uma grande influencia na DBRS pelo que não se pode deixar de considerar uma pressão ilegítima, para não se dizer chantagem, da parte do BCE, as afirmações da DBRS de que, embora a notação – rating – da dívida portuguesa se mantenha estável, tem aumentado a tendência negativa devido às fracas perspectivas de crescimento para a nossa economia.

Estas fracas perspectivas devem-se, sobretudo, à queda das exportações para Angola, Brasil, Venezuela e à falta de investimento público, pois o privado anda sempre na cola deste. Também parece não haver dúvidas, ao contrario do que afirmam Passos Coelho, Assunção Cristas e Maria Luís Albuquerque, de que se a política do anterior governo tivesse prosseguido a situação seria bem pior devido, nomeadamente devido à quebra do consumo interno.

Ora, o investimento publico não arranca porque para isso era necessário uma folga no défice, tal como aconteceu em Espanha, que está com um crescimento de 3,2 mas com um défice de 5%, beneficiando da compreensão da Comissão Europeia que agora até lhes deu mais tempo para o reduzir, ao contrário do que faz com Portugal, num claro apoio a Rajoy.

Não podemos aumentar o investimento público porque aumenta o défice e a Comissão Europeia não deixa. Sem investimento não há crescimento e sem crescimento a DBRS diz que aumenta a pressão sobre a nossa notação pois não criamos riqueza para pagar a dívida. Como consequência, os mercados, leia–se os grandes bancos, companhias de seguros e fundos de aplicação de capitais aproveitam e exigem mais juros na rotação dos empréstimos.

É a «democracia» da União Europeia a funcionar, com entidades não eleitas (BCE e Comissão) a pressionar e a chantagear com a sua governança. Assinalam alguns, como refere Susan George em Os Usurpadores, que «se governança se pode definir como a arte de governar sem governo» então é precisamente o que fazem a Comissão e o BCE, ao serviço das grandes potências e da alta finança.

www.abrilabril.pt
31
Ago16

Ministro do turismo indiano aconselha mulheres a não usarem saias

António Garrochinho



Por dia, 92 mulheres são violadas na Índia, um valor estatístico tido como modesto face à realidade

O ministro do turismo da Índia aconselhou as mulheres que visitam o país a não usarem saias ou vestidos curtos e a evitarem sair à noite sozinhas para que não coloquem em risco a sua própria segurança.

"São pequenos conselhos como: não se devem aventurar à noite em cidades mais pequenas ou vestir saias e devem fotografar a matrícula do táxi e enviá-la para alguns amigos", explica o governante no The Guardian.

À chegada à Índia, as turistas recebem um kit de boas vindas que incluiu múltiplos conselhos como estes e que devem ser seguidos para que não se arrisque a segurança. Esta foi uma das medidas introduzidas em 2015 face à deterioração dos níveis de turismo feminino (resultante da amplamente mediatizada violação de uma estudante de medicina por um gangue) e ao número crescente de ataques a visitantes mulheres.

"A cultura indiana é diferente da ocidental", sublinha o ministro, realçando que é sobretudo nas vilas e cidades mais pequenas, onde a tradição é mais forte, que o perigo está mais latente. O governante nega, contudo, estar a impor um código de vestuário às mulheres.


"O problema são os homens e os rapazes da Índia", comenta Ranjana Kumaria, diretora do Centro para a Pesquisa Social, um grupo de investigação dedicada à igualdade de géneros, neste país. "[As declarações do ministro] refletem o síndrome da culpabilização das mulheres", acrescenta.

Num país onde, todos os dias, em média, 92 mulheres são violadas (uma estatística tida como modesta face à realidade), Ranjana diz ser importante punir os criminosos e parar com assédio de que são vitimas as mulheres. "Porque devem as raparigas visitar a Índia quando a Índia se está a tornar famosa por não ser segura para elas?", deixa a investigadora a questão.

www.dn.pt

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

António Garrochinho

Links

  •