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POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

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03
Set16

SE FOSSE NO VATICANO !!!!

António Garrochinho


Três turistas provocaram a ira de moradores de Roma ao se banhar na Fontana dell'Acqua Paola, que tem 400 anos, na capital italiana.
Fotos registando a "invasão" foram feitas e postadas na web por uma testemunha. As três turistas usavam roupa de banho.
Nas redes sociais da internet, a temperatura de 32 graus em Roma não foi aceite como desculpa para o banho "impróprio".
"Está muito quente, mas a fonte não pode se tornar uma piscina. Roma merece mais respeito!", escreveu no Twitter a conta da revista "Trastevere".
A fonte romana foi transformada em 'piscina pública'A fonte romana foi transformada em 'piscina pública' |
A nacionalidade (ou nacionalidades) das turistas é desconhecida. Muitos acreditam quem sejam sejam originárias da Inglaterra ou da Alemanha.
No ano passado, um grupo de seis arquitetas inglesas foram vistas de topless na fonte de Naiads, na capital italiana, no que muitos moradores classificaram como "uma orgia", contou o "Daily Mail".


03
Set16

Morreu Maria Isabel Barreno, uma das “Três Marias” - Foi uma das autoras de Novas Cartas Portuguesas, uma das obras mais perseguidas pela ditadura e que abriu caminho para o debate sobre a igualdade de género.

António Garrochinho

A investigadora e escritora Maria Isabel Barreno, que foi uma das "Três Marias" juntamente com Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa, morreu este sábado, aos 77 anos. A notícia foi avançada pelo Expresso, sem citar fontes, e confirmada ao PÚBLICO por uma amiga. A cerimónia de cremação está marcada para este domingo, às 17h, no cemitério dos Olivais.

Apesar da sua obra prévia, foi com as Novas Cartas Portuguesas, que escreveu a seis mãos com com Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa, em 1972, que Maria Isabel Barreno se tornou um nome incontornável da literatura portuguesa. O livro, acusado de pornografia e perseguido pelo Estado Novo, viria a estar no centro do processo que ficou conhecido como as "Três Marias". O julgamento durou dois anos e foi seguido de perto pela imprensa e pelos movimentos feministas internacionais, que organizaram manifestações de protesto juntos às embaixadas e consulados portugueses em Londres, Paris e Nova Iorque. A conclusão do caso ocorreu já depois da Revolução de 25 de Abril de 1974 e as três escritoras foram absolvidas.

Maria Teresa Horta (à esquerda) e Maria Isabel Barreno (à direita), em 2010

"Quando escrevemos as Novas Cartas Portuguesas, sabíamos que a obra em si já era uma ousadia, independentemente do vocabulário que viéssemos a usar – mas era o que nos interessava escrever naquela altura e por isso fomos para diante", recordava Maria Isabel Barreno ao PÚBLICO em 2009. A ideia de o livro acabar em tribunal, no entanto, não lhe passara pela cabeça: "Nunca pensei que o regime – até porque estávamos em pleno marcelismo e havia a ideia de que a abertura era outra – caísse na asneira de nos levar a tribunal. O destino mais comum dos livros era serem apreendidos, e até havia livrarias especializadas em livros proibidos, ninguém imaginava que o regime voltasse a cometer o erro que tinha cometido anos antes com a Natália Correia [condenada a três anos de prisão, com pena suspensa, pela publicação da Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica, em 1966]."

“Nas novas cartas que as três Marias escreveram anonimamente, diversas vozes falam da condição da mulher, da sua submissão à ordem patriarcal e burguesa, de violência doméstica e de género, de aborto, violação, incesto, pobreza, censura, e de expressão sexual feminina”, escreveu o PÚBLICO em 2010, a propósito da reedição da obra em Portugal.

As Novas Cartas Portuguesas adquiriram o estatuto de tratado sobre os direitos das mulheres em Portugal, mas acabaram por extravasar essa intenção inicial. “É um libelo contra todas as formas de opressão”, dizia ao PÚBLICO a escritora Ana Luísa Amaral, autora das anotações à obra na reedição de 2010.

Mas do ponto de vista do feminismo, que Maria Isabel Barreno inscreveu insistentemente na sua obra literária, a autora tem uma outra obra de referência: A Morte da Mãe. Escrito ao longo da década de 1970, o livro veio a ser publicado apenas em 1989. É um importante estudo sociológico e filosófico sobre a evolução histórica da situação da mulher na sociedade. O editor da Caminho, Zeferino Coelho, considera que é o melhor da escritora, merecendo "figurar numa biblioteca do século XX”, disse ao PÚBLICO. É um “livro extenso e muito inteligente sobre a condição da mulher”, onde Maria Isabel Barreno faz “uma revisão de toda a problemática da mulher com muita inteligência” e com “uma escrita que serve essa inteligência”. Foi isso que mais impressionou o editor que o publicou, embora não fosse dele a primeira edição.

Também o editor João Rodrigues, da Sextante, que em 2009 publicou aquele que viria a ser o último livro da autora, Vozes do Vento, sublinha que Maria Isabel Barreno “foi mais do que uma das 'Três Marias'": "Era uma ficcionista com uma voz própria muitíssimo interessante, de uma sobriedade enorme. O romance e os contos são excepcionalmente bons”, disse ao PÚBLICO.

Maria Isabel Barreno nasceu em Lisboa em 1939. A leitura foi, como dizia, uma paixão precoce, motivada por uma doença aos seis anos. Começou por escrever poemas, que nunca publicou. Licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, trabalhou no Instituto Nacional de Investigação Industrial, foi jornalista (chegou a ser chefe de redacção da edição portuguesa da revista Marie Claire) e conselheira na área cultural da embaixada portuguesa em Paris, onde se radicou, tendo terminado funções com o Governo de Durão Barroso.

www.publico.pt

03
Set16

OPERÁRIAS - Carl Sandburg

António Garrochinho


OPERÁRIAS

As raparigas operárias que de madrugada vão para
     o trabalho, caminham em longas filas entre as
     lojas e as fábricas da cidade baixa. São milhares.
     Trazem debaixo do braço o almoço embrulhado
     em papel de jornal.
Todas as manhãs, quando me cruzo com este rio de
     jovens vidas femininas, pergunto a mim mesmo
     para onde vai ele, para onde vão faces aveludadas
     de juventude, risos de lábios róseos e recordações,
     nos olhos, das danças da noite anterior, de
     brincadeiras e passeatas.
Verdes e cinzentas correntes vão lado a lado no
     mesmo rio: também aqui há sempre as outras,
     as que já concluíram a vida, as que conhecem
     o fim do jogo que é a vida, o sentido que ela tem,
     o nó do problema, o como e o porquê das danças
     e dos dedos que lhes acariciaram os cabelos.
Passam caras e nelas está escrito: "Sei tudo, sei onde
     vão acabar a frescura e o riso. Tenho as minhas
     recordações", e caminham com pés mais
     vagarosos: mostram experiência em lugar da
     beleza que as outras ostentam.
Assim o verde e o cinzento correm misturados, de
     manhãzinha, pelas ruas da cidade baixa.

trad. Alexandre O'Neill
1878 - 1967

voarforadaasa.blogspot.pt
03
Set16

No Avante!, não há “uma cara num dia e outra” no seguinte – o acordo é para manter

António Garrochinho

Vários militantes e simpatizantes do PCP, de diferentes idades, estão satisfeitos com o acordo para viabilizar o Governo. Porque afastou a direita, e mudou as políticas. Esperam e acreditam que António Costa não recuará no rumo.








Nos 40 anos da Festa do Avante!, a pergunta aos militantes e simpatizantes que estão na Quinta da Atalaia, no Seixal, é incontornável: o que pensam do acordo do PCP com o PS para viabilizar, com outros partidos da esquerda, o actual Governo? De uma forma geral, as respostas são favoráveis ao entendimento, que afastou a direita do poder. Quem está na festa da Atalaia apoia a solução, e acredita que os socialistas de António Costa não se desviarão do rumo da reposição de salários, rendimentos e direitos.

A conversa entre Francisco Cruz, que faz 73 anos na segunda-feira, e a mulher, Maria Silva, 62, é ilustrativa deste sentimento. Cruz, militante desde 1974, apresenta-se como Chico Cruz. Mas a mulher, militante desde 1980, corrige-o: “Chico? Francisco.” Estão casados há 42 anos, vivem em Almada e sempre participaram na festa do Avante!. Ajudam a construí-la, trabalham nela. “A minha filha telefonou-me. Esteve a ver uma reportagem na RTP Memória em que me entrevistaram em 1998”, conta Maria Silva com orgulho.

Sobre o acordo, pensam o mesmo: ainda bem que foi feito, afastou a direita do Governo, e mudou o rumo das políticas no país. Mais: os dois estão confiantes que o PS não recuará e manterá a inversão do caminho traçado pelas políticas de austeridade. Mas não deixam de avisar: “Estamos a apoiar, enquanto eles se portarem bem. Se o Orçamento do Estado for favorável a quem trabalha, com certeza que se vai manter o apoio ao PS. Nós não temos uma cara num dia e outra no dia seguinte”, diz Francisco Cruz. Maria Silva pensa o mesmo, que “enquanto o PS fizer uma política patriótica e de esquerda, a favor dos trabalhadores, se não houver uma mudança de rumo”, o acordo é para manter.

As palavras do casal reproduzem as dos cartazes e faixas espalhados pela Quinta da Atalaia, nos quais se lê: “Política patriótica e de esquerda. Mais força ao PCP”; “Mais direitos, mais futuro, não à precariedade.” Até a precariedade que, embora continue a assustar os jovens, parece agora menos ameaçadora, por causa da nova maioria parlamentar de esquerda e dos acordos assumidos para viabilizar o Governo.

É o que dizem os primos Jéssica Dias e Renato Gomes, ambos com 20 anos, do Porto, os dois acampados no recinto. Nenhum deles é militante, são simpatizantes do partido. “Comecei a vir à festa há seis anos, o meu pai é que é militante, já vem à festa há muito tempo”, diz Jéssica que concorreu para o curso superior de Enfermagem no Porto.

Sobre o acordo, a jovem defende que “vai trazer novas melhorias e abrir novas possibilidades e portas”. É nisso que acredita. O primo, embora desempregado há cerca de dois anos, também crê. Renato, que fez um curso profissional de multimédia, continua a enviar currículos para empresas, mas até agora, não conseguiu emprego. Mas está satisfeito com o acordo feito entre o PCP e o PS, assinado em 10 de Novembro do ano passado. “Vai defender mais os jovens e dar mais estabilidade no trabalho”, diz Renato Gomes, na Atalaia pela terceira vez.

Festa sempre “diferente”

Festa que, garante quem a frequenta, nunca é igual: “A festa do Avante! é diferente todos os anos. Os novos jovens que entram, que participam na construção imprimem sempre novidades. Há amigos que vêm pela primeira vez e que dão mais um bocadinho à festa”, diz Cristina Gonçalves, 56 anos, técnica de informática, residente em Lisboa e militante desde 1976, ainda com tinta nas pernas por ter andado a ajudar a montar o evento. 

Na mão segura uma bandeira do PCP. Está na Quinta da Atalaia com os filhos, um com 16 anos, ainda a estudar; outra com 31, que fez o 2.º ano de Jornalismo, já emigrou, e está desempregada. “No 25 de Abril, tinha 14 anos. Saí para a rua e nunca mais de lá saí. Saí para lutar pelos direitos que os meus pais tinham conquistado com a revolução, tinha 14 anos quando entrou manteiga pela primeira vez em minha casa”, recorda Cristina Gonçalves. “Continuo a apoiar as decisões do meu partido. Enquanto conseguirmos acordos para melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores, cá estaremos. Caso contrário, estaremos na rua como se sempre estivemos e onde estamos”, diz sobre o apoio do PCP ao Governo de Costa.

Mais ambíguo sobre o actual estado da política é Fernando Santos. Sublinha que o acordo é um assunto “complexo”, tem algumas dúvidas sobre as “condições reais e políticas” para que o PCP apoie o Governo, mas dá a entender que é a solução que tem de ser. Fernando Santos tem 90 anos, mas parece muito mais novo. Por isso chamam-lhe Quim boy. Quem vai passando, cumprimenta-o: “Então, Quim boy?”


Fernando Santos, militante comunista 

O partido farta-se de trabalhar para o povo e para os trabalhadores. Quem luta pelos trabalhadores e pelo povo em Portugal, é ou não o nosso partido?

Fernando Santos - que teve, entre outros ofícios, o de caldeireiro e de soldador em Portugal e na África do Sul - veste calças de ganga, t-shirt vermelha ao ombro e boné com a foice e o martelo na cabeça. Cabelo branco, bigode bem aparado, e umas grandes sobrancelhas como as que tinha o “camarada” Álvaro Cunhal, que recorda com tanto carinho que quase chora: “Sou militante e de que maneira. Sei lá há quanto tempo, antes de o PCP ser legal já trabalhava clandestinamente, no tempo do nosso camarada Álvaro. Falei muitas vezes com ele”, diz, com a voz já embargada.

Quando a pergunta é sobre o acordo e o apoio ao Governo, Fernando Santos dá algumas voltas na conversa, diz que a “política está em guerra”, e acaba sempre a falar “no seu partido”. “O partido farta-se de trabalhar para o povo e para os trabalhadores. Quem luta pelos trabalhadores e pelo povo em Portugal, é ou não o nosso partido?” E lá volta o nó na garganta a dar sinais na voz embargada.

No recinto, a festa continua. Crianças agitam bandeiras vermelhas do PCP. Há gente de todas as idades. Os cartazes com os slogans comunistas: “Basta de chantagem e submissão” ou “Emprego - Direitos - Produção - Soberania”. As músicas misturam-se, cortadas de quando em vez pela voz que, aos altifalantes, anuncia o programa. A noite já está a chegar, as luzes verdes, azuis, brancas, amarelas e vermelhas da roda gigante distinguem-se ao longe. Há pessoas sentadas na relva, outras em volta das mesas a comer petiscos das várias regiões do país. E sempre as faixas espalhadas pela Quinta da Atalaia: “O sonho tem partido. Dê mais força ao PCP”.



www.publico.pt
03
Set16

LEVITAÇÃO

António Garrochinho
SERÁ UM GATO EM LEVITAÇÃO
CAEM BEM, NÃO COREM PERIGO
NÃO MEUS AMIGOS, NÃO
ESTÁ EM CIMA DA MESA DE VIDRO
António Garrochinho
Foto de António Garrochinho.

03
Set16

BRASIL - A revolta comunista de 1935

António Garrochinho
 OLGA BENÁRIO ESCOLTADA PELA POLÍCIA


  
A revolta comunista de 1935
Em março de 1935 foi criada no Brasil a Aliança Nacional Libertadora (ANL), organização política cujo presidente de honra era o líder comunista Luis Carlos Prestes Inspirada no modelo das frentes populares que surgiram na Europa para impedir o avanço do nazi-fascismo, a ANL defendia propostas nacionalistas e tinha como uma de suas bandeiras a luta pela reforma agrária. Embora liderada pelos comunistas, conseguiu congregar os mais diversos setores da sociedade e rapidamente tornou-se um movimento de massas. Muitos militares, católicos, socialistas e liberais, desiludidos com o rumo do processo político iniciado em 1930, quando Getúlio Vargas pela força das armas, assumiu a presidência da República, aderiram ao movimento.
Com sedes espalhadas em diversas cidades do país e contando com a adesão de milhares de simpatizantes, em julho de 1935, apenas alguns meses após sua criação, a ANL foi posta na ilegalidade. Ainda que a dificuldade para mobilizar adeptos tenha aumentado, mesmo na ilegalidade a ANL continuou realizando comícios e divulgando boletins contra o governo. Em agosto, a organização intensificou os preparativos para um movimento armado com o objetivo de derrubar Vargas do poder e instalar um governo popular chefiado por Luís Carlos Prestes. Iniciado com levantes militares em várias regiões, o movimento deveria contar com o apoio do operariado, que desencadearia greves em todo o território nacional.
O primeiro levante militar foi deflagrado no dia 23 de novembro de 1935, na cidade de Natal. No dia seguinte, outra sublevação militar ocorreu em Recife. No dia 27, a revolta eclodiu no Rio de Janeiro, então Distrito Federal. Sem contar com a adesão do operariado, e restrita às três cidades, a rebelião foi rápida e violentamente debelada. A partir daí, uma forte repressão se abateu não só contra os comunistas, mas contra todos os opositores do governo. Milhares de pessoas foram presas em todo o país, inclusive deputados, senadores e até mesmo o prefeito do Distrito Federal, Pedro Ernesto Batista.
A despeito de seu fracasso, a chamada revolta comunista forneceu forte pretexto para o fechamento do regime. Depois de novembro de 1935, o Congresso passou a aprovar uma série de medidas que cerceavam seu próprio poder, enquanto o Executivo ganhava poderes de repressão praticamente ilimitados. Esse processo culminou com o golpe de Estado de 10 de novembro de 1937, que fechou o Congresso, cancelou eleições e manteve Vargas no poder. Instituiu-se assim uma ditadura no país, o chamado Estado Novo, que se estendeu até 1945.






03
Set16

O IMPÉRIO DA AMÉRICA: GOLPE, PILHAGEM E DUPLICIDADE

António Garrochinho



O regime Barack Obama, em coordenação com seus aliados serviçais, relançou uma virulenta campanha de âmbito mundial para destruir governos independentes, cercar e finalmente subverter competidores globais, e estabelecer uma nova ordem mundial centrada nos Estado Unidos-União Europeia.
Prosseguiremos com a identificação dos “ciclos” recentes da construção do império estadunidense; os avanços e recuos; os métodos e estratégias; os resultados e perspectivas. Nosso foco principal é na dinâmica imperial que conduz os EUA rumo a maiores confrontações militares, até e incluindo condições que podem levar a uma guerra mundial.


Ciclos imperiais recentes.

A construção do império estadunidense não tem sido um processo linear. As décadas recentes apresentaram amplas evidências de experiências contraditórias. Sumariamente podemos identificar várias fases nas quais a construção do império experimentou avanços amplos e recuos drásticos – com as devidas cautelas. Estamos a examinar processos globais, nos quais também há contra tendências limitadas. Em meio a avanços imperiais em grande escala, regiões particulares, países ou movimentos resistiram com êxito ou mesmo reverteram a investida imperial. Em segundo lugar, a natureza cíclica da construção do império de modo algum põe em dúvida o carácter imperial do estado e da economia e seu implacável impulso para dominar, explorar e acumular. Em terceiro lugar, os métodos e estratégicas que dirigem cada avanço imperial diferem de acordo com mudanças nos países alvo.
Ao longo dos últimos trinta anos, podemos identificar três fases na construção do império.


O avanço imperial da década de 1980 a 2000.

No período aproximadamente de meados da década de 1980 ao ano 2000, a construção do império expandiu-se a uma escala global.

A) Expansão imperial nas antigas regiões comunistas. Os EUA e a UE penetraram e hegemonizaram a Europa do Leste; desintegraram e pilharam a Rússia e a URSS; privatizaram e desnacionalizaram centenas de milhares de milhões de dólares do valor de empresas públicas, meios de comunicação social e bancos, incorporaram bases milhares por toda a Europa do Leste na Nato e estabeleceram regimes satélites como cúmplices voluntários em conquistas imperiais na África, Médio Oriente e Ásia.

B) Expansão imperial na América Latina. A partir do princípio da década de 1980 até o fim do século, a construção do império avançou por toda a América Latina sob a fórmula de “mercados livre e eleições livres”.
Desde o México até a Argentina, regimes neoliberais, centrados no império, privatizaram desnacionalizaram mais de 5000 empresas públicas e bancos, beneficiando multinacionais dos EUA e da UE. Líderes políticos alinharam-se com os EUA em fóruns internacionais. Generais latino-americanos responderam favoravelmente a operações militares centradas nos EUA. Banqueiros extraíram milhares de milhões em pagamentos de dívida e lavaram muitos milhares de milhões mais de dinheiro ilícito. O “North American Free Trade Agreement”, com a amplitude do continente e centrado nos EUA, pareceu avançar de acordo com o programa.

C) Avanços imperiais na Ásia e na África. Regimes comunistas e nacionalistas deixaram cair suas políticas de esquerda e anti-imperialistas e abriram suas sociedades e economias à penetração capitalista. Em África, dois países “de esquerda”, Angola e a África do Sul pós apartheid adotaram “políticas de mercado livre”.

Na Ásia, a China e Indochina moveram-se decisivamente em direção a estratégias capitalistas de desenvolvimento; investimento estrangeiro, privatizações e exploração intensa do trabalho substituíram o igualitarismo coletivista e o anti-imperialismo. A Índia e outros estados capitalistas, como Coreia do Sul, Formosa e Japão, liberalizaram suas economias. Avanços imperiais foram acompanhados por maior volatilidade econômica, um aguçamento da luta de classe e uma abertura do processo eleitoral para acomodar facções capitalistas competidoras.

A construção do império expandiu-se sob o slogan de “livres mercados e eleições justas” – mercados dominados por multinacionais gigantes e eleições, as quais asseguram os êxitos da elite.


Recuos e reveses imperiais: 2000-2008.

Os custos brutais do avanço do império levaram a uma contratendência global, uma onda de levantamentos antineoliberais e de resistência militar a invasões dos EUA. Entre 2000 e 2008 a construção do império esteve sob sítio e em recuo.


Rússia e China desafiam o império.

A construção do império estadunidense cessou a sua expansão e conquista em duas regiões estratégicas: a Rússia e a Ásia. Sob a liderança do presidente Vladimir Putin, o estado russo foi reconstruído; a pilhagem e desintegração foram revertidas. A economia foi aparelhada para o desenvolvimento interno. Os militares foram integrados num sistema de defesa nacional e segurança. A Rússia mais uma vez tornou-se um grande ator na política regional e internacional.
A viagem da China foi acompanhada por uma presença dinâmica do estado e um papel direto na promoção do crescimento a dois dígitos durante duas décadas: a China tornou-se a segunda maior economia do mundo, deslocando os EUA como o grande parceiro comercial na Ásia e na América Latina. O império econômico dos EUA estava em retirada.


América Latina: o fim do império neoliberal.

O neoliberalismo e a integração centrada nos EUA levou à pilhagem, crises econômicas e grandes levantamentos populares, provocando a ascensão de novos regimes de centro-esquerda e esquerda. Administrações “pós-neoliberais” emergiram na Bolívia, Venezuela, Equador, Brasil, Argentina, América Central e Uruguai. Os construtores do império estadunidense sofreram várias derrotas estratégicas.

Os esforços dos EUA para assegurar um acordo de livre comércio de âmbito continental foram deixados de lado e substituídos por organizações de integração regional que excluem os EUA e o Canadá. Em substituição, Washington assinou acordos bilaterais com o México, Colômbia, Chile, Panamá e Peru.

A América Latina diversificou seus mercados na Ásia e na Europa: a China substituiu os EUA como seu principal parceiro comercial. Estratégias de desenvolvimento extrativo e altos preços das commodities financiaram maior despesa social e independência política.

Nacionalizações seletivas, regulação estatal acrescida e renegociações de dívida enfraqueceram a impulsão dos EUA sobre as economias latino-americanas. A Venezuela, sob o presidente Hugo Chávez, desafiou com êxito a hegemonia dos EUA no Caribe através de organizações regionais. Economias do Caribe alcançaram maior independência e viabilidade econmica através da adesão à Petrocaribe, um programa através do qual recebiam petróleo da Venezuela a preços subsidiados. Países da América Central e andino aumentaram a sua segurança e comércio através da organização regional Alba. A Venezuela proporcionou um modelo de desenvolvimento alternativo à abordagem neoliberal centrada nos EUA, na qual os ganhos da economia extrativa financiaram programas sociais em grande escala.

Desde o fim da administração Clinton até o fim da administração Bush, o império económico estava em recuo. O império perdeu mercados asiáticos e latino-americanos para a China. A América Latina ganhou maior independência política. O Médio Oriente tornou-se “terreno contestado”. Um estado russo revisto e mais forte opôs-se a novas intrusões nas suas fronteiras. A resistência militar e derrotas no Afeganistão, Somália, Iraque e Líbano desafiaram a dominância estadunidense.


Ofensiva imperial: Avança o império de Obama.

Todo o mandato do regime Obama tem sido dedicado a reverter o recuo da construção do império. Para este fim Obama desenvolveu primariamente uma estratégia militar de (1) confrontação e envolvimento da China e da Rússia, (2) derrubada de governos independentes na América Latina e imposição de regimes clientes neoliberais, e (3) lançamento encoberto e assaltos militares abertos a regimes independentes por toda a parte.
A ofensiva de construção do império do século 21 difere daquela da década anterior em vários aspectos cruciais: As doutrinas econômicas neoliberais estão desacreditadas e os eleitorados não são tão facilmente convencidos dos benefícios de cair sob a hegemonia dos EUA. Por outras palavras, os construtores do império não podem confiar na diplomacia, em eleições e na propaganda do livre mercado para expandir o seu braço imperial como faziam na década de 1990.

Para reverter o recuo e avançar a construção do império no século 21, Washington percebeu que tinha de confiar na força e na violência. O regime Obama destinou milhares de milhões de dólares para financiar armas para mercenários, salários para combatentes de ruas e despesas de clientes empenhados em desestabilizar campanhas eleitorais adversárias. Duplicidade diplomática e acordos rompidos substituíram ajustes negociados – numa grande escala.

Ao longo de todo o mandato de Obama nem um único avanço imperial foi assegurado através de eleições, acordos diplomáticos ou negociações políticas. A presidência Obama procurou e assegurou a massificação da rede de espionagem global (NSA) e os assassinatos quase diários de adversários políticos através de drones e por outros meios. Operações encobertas de assassinos das US Special Forces expandiram-se por todo o mundo. Obama assumiu prerrogativas ditatoriais, incluindo o poder de ordenar o assassinato arbitrário de cidadãos dos EUA.

O desdobramento do esforço global do regime Obama para deter o recuo imperial e relançar a construção do império foi montada quase exclusivamente sobre instrumentos militares: serviçais armados, assaltos aéreos, golpes e tomadas de poder. Brutamontes, populaça, terroristas islâmicos, militaristas sionistas e uma mixórdia de retrógrados assassinos separatistas foram as ferramentas do avanço do império. A escolha de serviçais imperiais variou conforme o momento e as circunstâncias políticas.


Confrontando e degradando a China: Envolvimento 

militar e exclusão econômica.


Confrontado com a perda de mercados e os desafios da China como competidor global, Washington desenvolveu duas importantes linhas de ataque: Uma estratégia econômica destinada a aprofundar a integração de países asiáticos e latino-americanos num pacto de livre comércio que exclui a China (o Trans Pacific Trade Agreement); e um plano militar concebido pelo Pentágono de Batalha Ar-Mar, o qual tem a China continental como alvo com um assalto aéreo e com mísseis em plena escala se a atual estratégia de Washington de controlar o comércio marítimo vital da China falhar (FT, 10/Fev/14). Apesar de a estratégia de ofensiva militar ainda estar na mesa de desenho do Pentágono, o regime Obama está a acumular uma armada marítima a escassas milhas da costa chinesa, a expandir suas bases militares nas Filipinas, Austrália e Japão e a apertar o nó em torno das rotas marítimas estratégicas da China para importações vitais como petróleo, gás e matérias-primas.

Os EUA estão a promover ativamente uma aliança militar indo-japonesa como parte da sua estratégia de envolvimento da China. Manobras militares conjuntas, coordenação militar em alto nível e reuniões entre oficiais militares japoneses e indianos são encaradas pelo Pentágono como avanços estratégicos no isolamento da China e reforço do controle dos EUA sobre rotas marítimas da China para o Médio Oriente, o Sudeste Asiático e mais além. A Índia, de acordo com um dos seus principais semanários, é encarada “como um parceiro júnior dos EUA. A Indian Navy está a tornar-se rapidamente o chefe de polícia do Oceano Índico e a dependência militar indiana do complexo militar-industrial dos EUA é crescente” (Economic and Political Weekly (Mumbai), 15/Fev/14, p. 9.

Os EUA também estão a escalar o seu apoio a movimentos separatistas violentos na China, nomeadamente os tibetanos, uighurs e outros islamistas. A reunião de Obama com o Dalai Lama foi emblemática dos esforços de Washington para fomentar inquietação interna.

A grosseira intervenção política do embaixador estadunidense cessante, Gary Locke, na política interna chinesa é uma indicação de que a diplomacia não é o principal instrumento de política do regime Obama quando se trata da China. O embaixador Locke encontrou-se abertamente com separatistas uighurs e tibetanos e menosprezou publicamente os êxitos económicos e o sistema política da China enquanto encorajava abertamente a oposição política (FT, 28/Fev/14, p. 2).

A tentativa do regime Obama de promover o império na Ásia através da confrontação militar e de pactos militares, os quais excluem a China, levou este país a desenvolver sua capacidade militar para evitar o estrangulamento marítimo. A China responde à ameaça comercial dos EUA avançando sua capacidade produtiva, diversificando suas relações comerciais, aumentando seus laços com a Rússia e aprofundando seu mercado interno.

Até à data, a temerária militarização do Pacífico pelo regime Obama não levou a uma ruptura aberta nas relações com a China, mas o caminho militar para avançar o império a expensas da China ameaça uma catástrofe econômica global ou pior, uma guerra mundial.


Avanço imperial: Isolando, cercando e degradando a 

Rússia

Com a vinda do presidente Vladimir Putin e a reconstituição do estado e da economia russa, os EUA perderam um cliente vassalo e uma fonte de pilhagem de riquezas. Os construtores do império de Washington continuaram a procurar a “cooperação e colaboração” russa minando estados independentes, isolando a China e prosseguindo suas guerras coloniais. O estado russo, sob Putin e Medvedev, procurou acomodar os construtores de império estadunidenses através de acordos negociados, os quais promoveriam a posição da Rússia na Europa, reconheceriam fronteiras estratégicas russas e reconheceriam preocupações russas de segurança. Contudo, a diplomacia russa conseguiu poucos ganhos e transitórios ao passo que os EUA e a UE obtiveram grandes importantes ganhos com a cumplicidade e passividade russa.

A agenda não declarada de Washington, especialmente com o impulso de Obama para relançar uma nova onda de conquistas imperiais, era minar o ressurgimento da Rússia como um ator importante na política mundial. A ideia estratégica era isolar a Rússia, enfraquecer sua crescente presença internacional e retornar ao status de vassalo do período Yeltsin, se possível.

Desde a tomada da Europa do Leste pelos EUA-UE, dos estados dos Balcãs e Bálticos e sua transformação em bases militares da Nato e estados capitalistas vassalos no princípio da década de 1990, até a penetração e pilhagem da Rússia durante os anos Yeltsin, o primeiro objetivo da política ocidental tem sido estabelecer um império unipolar sob dominação estadunidense.

A UE e os EUA atuaram para desmembrar a Jugoslávia em 
“mini estados” subservientes. Eles então bombardearam a Sérvia a fim de tomar o Kosovo, destruindo um dos poucos países independentes ainda aliados à Rússia. Os EUA então avançaram a fomentar levantamentos na Geórgia, Ucrânia e Chechênia. Eles bombardearam, invadiram e posteriormente ocuparam o Iraque – um antigo aliado russo na região do Golfo.

A estratégia condutora da política estadunidense era envolver e reduzir a Rússia ao status de potências fracas, marginal, e minar os esforços de Vladimir Putin para restaurar a posição da Rússia como uma potência regional. 

Em 2008 o regime fantoche de Washington na Geórgia testou a têmpera do estado russo ao lançar um assalto à Ossécia do Sul, matando pelo menos 10 russos das forças de manutenção da paz e ferindo centenas (para não mencionar milhares de civis). O então presidente russo, Medvedev, respondeu com o envio das forças armadas russas para repelir tropas georgianas e apoiar a independência da Abcazia e da Ossécia do Sul.

Os acordos diplomáticos dos EUA com a Rússia têm sido assimétricos – a Rússia devia concordar com a expansão ocidental em troca de “aceitação política”. A duplicidade vencia a diplomacia aberta. Apesar de acordos em contrário, bases e instalações de mísseis dos EUA foram estabelecidas por toda a Europa do Leste, apontando à Rússia, sob o pretexto de que estavam “realmente a apontar ao Irão”. Mesmo quando a Rússia protestos pela ruptura de acordos pós Guerra Fria, o império ignorou queixas de Moscovo e o envolvimento avançou.

Num novo desastre diplomático, a Rússia e a China assinaram no Conselho de Segurança das Nações Unidas um acordo de autoria estadunidense para permitir à Nato efetuar “voos humanitários” na Líbia. A Nato imediatamente tomou isto como o “sinal verde” para atacar e converter a “intervenção humanitária” numa devastadora campanha de bombardeamento aéreo que levou ao derrube do governo legítimo da Líbia e à sua destruição como estado viável e independente na África do Norte. Ao assinar na ONU o acordo “humanitário”, a Rússia e a China perderam um governo amigo e um parceiro comercial na África! 

Anteriormente, os russos haviam permitido aos EUA transportar armas e tropas através a Federação Russa para apoiar a invasão do estadunidense do Afeganistão, sem nenhum ganho recíproco (exceto talvez uma ainda maior inundação de heroína afegã).
Diplomatas russos concordaram com sanções econômicas da ONU, contra de autoria de sionistas dos EUA, contra o não existente programa de armas nucleares do Irã, minando um aliado político e um mercado lucrativo. Moscovo acreditou que ao apoiar sanções dos EUA contra o Irão e conceder rotas de transporte para o Afeganistão no fim de 2001 receberia algumas “garantias de segurança” dos americanos em relação a movimentos separatistas no Cáucaso. O governo americano “retribuiu” com novo apoio a líderes separatistas chechenos exilados nos EUA apesar das campanhas de terror em curso contra civis russos – até e mesmo depois da carnificina chechena de centenas de escolares e professores em Beslan em 2004.
Com os EUA sob Obama a avançarem no seu envolvimento da Rússia na Eurásia e no seu isolamento na África do Norte e Médio Oriente, Putin finalmente decidiu traçar uma linha com o apoio ao único aliado remanescente da Rússia no Médio Oriente, a Síria. Putin pretendeu assegurar um fim negociado à invasão mercenária de Damasco apoiada por monarquias pró-ocidentais do Golfo. Com pouco proveito: Os EUA e a UE aumentaram carregamentos de armas, treinadores militares e financiamentos aos 30 mil mercenários islâmicos com base na Jordânia quando eles se empenhavam em ataques transfronteiriços para derrubar o governo sírio.

Washington e Bruxelas continuaram seu impulso imperial rumo ao centro da Rússia ao organizarem e financiarem uma violenta tomada de poder (putsch) na Ucrânia ocidental. O regime financiou uma coligação de combatentes de rua neonazistas armados e políticos neoliberais, ao custo considerável de 5 mil milhões de dólares, para derrubar o regime eleito. Os putschistas quiseram acabar com a autonomia da Crimeia e romper tratados com acordos militares de longo prazo com a Rússia. Sob enorme pressão do governo autônomo da Crimeia e da vasta maioria da população e enfrentando a perda crítica das suas instalações navais e militares no Mar Negro, Putin, finalmente, vigorosamente deslocou tropas russas num modo defensivo na Crimeia.

O regime Obama lançou uma série de movimentos agressivos contra a Rússia para isolá-la e escorar seu vacilante regime fantoche em Kiev: Sanções econômicas e expulsões estavam na ordem do dia – a tomada da Ucrânia por Obama assinalou o começo de uma “nova Guerra Fria”. A captura da Ucrânia faz parte da grande estratégia em curso de Obama de avanço do império.
O sequestro do poder na Ucrânia assinalou o maior desafio geopolítico para a existência contínua do estado russo. Obama procura estender e aprofundar a varredura imperial através da Europa até o Cáucaso: o violento golpe no regime e a subsequente defesa do regime fantoche em Kiev são elementos chaves na hora de minar um adversário chave – a Rússia.

Depois de pretender “parceria” com a Rússia, enquanto talhava seus aliados nos Balcãs e no Médio Oriente durante as décadas anteriores, Obama fez o seu movimento mais audacioso e mais imprudente. Jogando fora todas as desculpas de coexistência pacífica e acomodação mútua, o regime Obama rompeu um acordo de poder partilhado com a Rússia sobre a governação da Ucrânia e apoiou o putsch neonazistas.

O regime Obama assumiu que tendo assegurado anteriormente a anuência da Rússia face ao avanço do poder imperial no Afeganistão, Iraque, Líbia e região do Golfo, os construtores de império de Washington tomaram a fatídica decisão de testar a Rússia na sua mais estratégica região geopolítica, uma região que afeta diretamente o povo russo e seus ativos militares mais estratégicos. A Rússia reagiu na única linguagem entendida em Washington e Bruxelas: com uma importante mobilização militar. O avanço de Obama com “tácticas de construção de império via salame” e duplicidade diplomática está a aproximar-se do fim.


O avanço do império no Médio Oriente e América Latina.

O avanço imperial da década de 1990 chegou ao fim nos meados a primeira década do novo milênio. Derrotas no Afeganistão, retirada do Iraque, a morte de regimes fantoches no Egito e na Tunísia, perda de eleições na Ucrânia e a derrota e afundamento de regimes neoliberais pró-EUA na América Latina foram exacerbadas por uma crise econômica profunda nos centros imperiais da Europa e da Wall Street.

Obama tinha poucas opções econômicas e políticas para avançar o império. Mas o seu regime estava determinado a acabar com o recuo e avançar o império; ele recorreu a tácticas e estratégias mais parecidas com as do século 19 colonial e de regimes totalitários do século 20.
Os métodos foram violentos – o militarismo foi o eixo a política. Mas numa época de exaustão imperial interna, novas tácticas militares substituíram forças invasoras em grande escala sobre o terreno. Mercenários armados por procuração ganhara o centro do palco no derrube dos regimes alvejados pelos EUA. Afinidades políticas e ideológicas foram submetidas ao eufemismo genérico de “rebeldes”. Os mass media alternavam entre pressionar por maior escala militar e endossar o nível existente de guerra imperial. Todo o espectro político na Europa e nos EUA comutou para a direita – mesmo quando a maioria do eleitorado rejeitou novos compromissos militares, especialmente guerras no terreno.

Obama escalou tropas no Afeganistão, lançou uma guerra aérea que derrubou o presidente Kadafi e transformou a Líbia no estado arruinado e fracassado. Guerras por procuração tornaram-se a nova estratégia para o avanço imperial na construção do império. A Síria foi alvejado – dezenas de milhares de extremistas islâmicos foram recrutados e financiados por regimes imperiais e monarquias despóticas do Golfo. Milhões de refugiados fugiram, dezenas de milhares foram mortos.

Na América Latina, Obama apoiou o golpe militar em Honduras derrubando o governo liberal eleito do presidente Manuel Zelaya, no Paraguai reconheceu um golpe do Congresso que expulsou o governo eleito de centro-esquerda enquanto se recusou a reconhecer a vitória eleitoral do presidente Maduro na Venezuela. Face à vitória de Maduro na Venezuela, Washington apoiou durante vários meses de violência nas ruas numa tentativa de desestabilizar o país.

Na Ucrânia, Egito, Venezuela e Tailândia, “a rua” substituiu eleições. Os objetivos estratégicos imperiais de Obama centraram-se na reconquista e pilhagem da Rússia e no seu retorno ao status de vassalo dos anos Boris Yeltsin, no retorno da América Latina aos regimes neoliberais da década de 1990 e na China à docilidade da década de 1980. A estratégia imperial tem sido “conquistar a partir de dentro” estabelecendo o cenário para a dominação a partir de fora.


A avançar o império: Israel e o desvio do Médio Oriente.


Um dos grandes paradoxos históricos do recuo imperial dos EUA no século 21 foi o papel desempenhado pela influência de Israel e sua Quinta Coluna Sionista incorporada dentro da estrutura de poder político estadunidense. As guerras de Washington e as sanções no Médio Oriente foram em grande medida sob as ordens de influentes “Israel Firsters” na Casa Branca, Pentágono, Tesouro, Conselho de Segurança Nacional e Congresso.

Foi em grande medida porque os EUA estavam empenhados em guerras no Iraque e no Afeganistão que Washington “deixou de lado” as crescentes proezas econômicas da China. Ao concentrar-se nas “guerras por Israel” no Médio Oriente, os EUA não estavam em posição de desafiar a ascensão do nacionalismo e populismo na América Latina. As prolongadas “guerras por Israel” esgotaram a economia dos EUA e o entusiasmo do público americano por novas guerras terrestres algures.

Ideólogos sionistas, alcunhados “neoconservadores”, foram instrumentais em moldar a abordagem global militarista para a construção do império e em marginalizar a sua construção sob orientação do mercado, favorecida pelas multinacionais e pelos gigantes da indústria extrativa.

A tentativa de Obama de travar o recuo do império, inspirada pelo militarismo sionista, não frutificou. Seu esforço para cooptar sionistas e pressionar Israel a parar de fomentar novas guerras no Médio Oriente é um fracasso. O seu “eixo na Ásia” transformou-se numa estratégia cerco militar bruto da China. Suas aberturas ao Irão foram frustradas pelo bloco de poder sionista no Congresso pela imposição de termos de negociação ditados por Israel. Todo o “avanço do projeto de construção do império”, o qual devia definir o legado de Obama, foi enfraquecido pelo enorme custo de atender aos conselhos e diretivas dos leais a Israel dentro da sua administração. Israel, uma das mais brutais potências coloniais, paradoxalmente e não intencionalmente desempenhou um grande papel na minagem dos esforços de Obama para reverter o declínio do império e avançar as dimensões diplomáticas e econômicas da construção do império.


Resultados e perspectivas: Fazer avançar o império no 

período pós-neoliberal.


O temerário esforço de Obama para avançar o império na segunda década do século 21 é muito mais perigoso que o dos seus antecessores no fim do século 20. A Rússia recuperou-se. Já não é o estado em desintegração que Bush e Clinton desmembraram e pilharam. A China já não é mais uma economia de mercado em ascensão tão ansiosa para comerciar com os EUA enquanto fazia vista grossa a incursões americanas em águas territoriais chinesas. Hoje a China é uma grande potência econômica, exercendo uma alavanca econômica na forma de US$3 milhões de milhões em bilhetes do Tesouro dos EUA. A China já não tolera interferência dos EUA na sua política interna – está desejosa de suprimir separatistas étnicos e terroristas apoiados pelos EUA.

A América Latina, incluindo a Venezuela, desenvolveu organizações regionais autônomas, diversificou seus mercados para a Ásia e estabeleceu um poderoso consenso pós-neoliberal. A Venezuela transformou seu militares, outrora o instrumento favorito de golpes engendrados pelos EUA, numa fortaleza da ordem democrática existente.

O caminho eleitores para a construção do império estadunidense foi fechado ou exige duro “supervisão” imperial para assegurar “resultados favoráveis”. A nova política escolhida por Washington é a violência: recrutar a ralé para ações, extremistas mercenários, terroristas islamistas e uighures, neonazistas e toda a escumalha do mundo para o seu serviço.

O balanço de seis anos de “avanço do império” sob Obama é duvidoso. A derrubada violenta do presidente Kadafi não levou a um regime cliente estável: a destruição total e o caos na Líbia solaparam a presença imperial. A Síria está sob ataque, mas por islamistas fanáticos antiocidentais. A derrota de Assad não “avançará o império” na medida em que expandirá o poder do Islã radical (incluindo a Al Qaeda).

O regime fantoche na Ucrânia, de neoliberais e neonazistas, está literalmente em bancarrota, dilacerado por conflitos internos e enfrentando profundas divisões regionais. A Rússia está ameaçada, mas seus líderes adotaram ação militar decisiva para defender seus aliados da Crimeia e suas bases militares estratégicas.

Obama provocou e ameaçou adversários, mas não assegurou muito em termos de aliados válidos ou de clientes. Seus esforços para replicar os avanços imperiais da década de 1990 fracassaram porque mudaram as correlações de força entre a Europa e a Rússia, o Japão e a China, a Venezuela e a Colômbia. Mandatários, drones predadores e as US Special Forces não são capazes de reverter o recuo. A crise econômica cortou demasiado profundamente; a exaustão interna com o império é demasiado generalizada. O custo de sustentar Israel é demasiado alto. Avançar o império nestas circunstâncias é um jogo perigoso: arrisca uma guerra nuclear maior para ultrapassar a adversidade e o recuo.

Autor: James Petras – professor aposentado (emérito) de Sociologia da Universidade de Binghamton, Nova York e professor adjunto da Universidade de Saint Mary, Halifax, Nova Escócia, Canadá, publica sobre questões políticas da América Latina e Oriente Médio.
Fonte: Pravda.ru
dinamicaglobal.wordpress.com
03
Set16

FOBIAS

António Garrochinho

SOU CONTRA A ISLAMOFOBIA, CONTRA A HOMOFOBIA, DETESTO FALTA DE AR, DE ESPAÇO, A CLAUSTROFOBIA.
HÁ POR AÍ TANTAS FOBIAS A DAR COM UM PAU, UMAS PODERÃO SER DO FORO HIPOCONDRÍACO, OUTRAS TERÃO FUNDAMENTO E NÃO AS QUERO OU DESEJO A NINGUÉM.
DE TODAS AS "IAS" ADORO A ALEGRIA, A SIMPATIA, A MARESIA, A CALMARIA.
TAMBÉM NÃO SUPORTO A MANIA, E A ANTIPATIA DOS HIPÓCRITAS E DEMAGOGOS QUE ESSES TENHO EU COM FARTURA LOGO AQUI ARRUMADO AOS CALCANHARES.
DÃO-ME AZIA !
António Garrochinho

Foto de António Garrochinho.

03
Set16

CUIDADO ! VOCÊ PODE GANHAR UMA LUXAÇÃO SÓ DE VER O TREINO DESTE HOMEM

António Garrochinho

Dançarinos profissionais, especialmente breakdancers, precisam treinar sua força, resistência e velocidade, não só para executar com precisão os seus truques e acrobacias, mas também para se proteger de lesões. Nascido em Melbourne, Simon Ata, mais conhecido sugestivamente como "Simonster" (e você já vai entender o motivo) realiza vídeos de seus treinos que são uma obra de arte em si. Ao vê-lo fazendo diferentes flexões sem que as pernas toquem o chão você inferirá que ele tem a força de um gorila e a flexibilidade do Homem-Borracha.

VÍDEO


breakdancer australiano diz que seu objetivo é executar os diversos movimentos do break com a melhor consciência corporal possível e para tanto pratica uma rotina de exercícios extrema, muitos com base na calistenia, todos os dias, faça sol ou faça chuva. O cara realmente é um monstro!

VÍDEO
www.mdig.com.br
03
Set16

FUJAM TODOS VEM AÍ CALAMIDADE ! (VÍDEO)

António Garrochinho



Este vídeo de forma lapidar, desmonta as manobras que a Direita, com o apoio dos meios de comunicação social, a começar pelo Expresso, levou a cabo para evitar que o actual Governo visse a luz do dia. Foram avisos sobre avisos, pragas sobre pragas, cataclismos sobre cataclismos.
O curioso é que Passos Coelho, apesar de nenhuma das calamidades antecipadas se ter realizado, continua com o mesmo discurso.
Mas claro, é como na história de Pedro e o Lobo. Tantas vezes se avisou que o lobo vinha, não tendo ele aparecido, que já ninguém acredita em tanta desgraça anunciada, como as sondagens mais recentes demonstram.
03
Set16

"Rosita" e o império como objecto de desejo

António Garrochinho


Entre esta multiplicidade de exibições - em que ainda acrescia o divertimento de uma feira popular e um comboio para que o público não se cansasse da viagem entre Angola e Moçambique -, as “representações etnográficas” acabaram por ser as mais populares. Em 1933, o ministro das colónias, Armindo Monteiro, escrevera uma carta a todos os governadores das colónias portuguesas a pedir-lhes que enviassem para o Porto os “seus nativos” para serem alojados “em aldeia ou habitações típicas”. Trezentos e vinte e quatro mulheres, homens e também crianças, provenientes de Cabo Verde, Guiné, Angola, Moçambique, Índia, Macau e Timor, estiveram expostos no Porto. Entre eles, o grupo de balantas da Guiné-Bissau foi o mais fotografado pela câmara oficial de Domingos Alvão. Os seus retratos foram dos mais reproduzidos nos populares postais fotográficos que se compravam comosouvenirs, bem como os que mais atenção mereceram da parte da imprensa, que multiplicou os públicos da exposição com a sua cobertura exaustiva do evento.
'Beleza Bijagoz, Guiné', fotografia de Domingos Alvão, postal fotográfico da 1ª Exposição Colonial Portuguesa
'Beleza Bijagoz, Guiné', fotografia de Domingos Alvão, postal fotográfico da 1ª Exposição Colonial Portuguesa

















A Exposição Colonial Portuguesa de 1934 foi emblemática de uma nova fase do colonialismo português - mais centrado em África, interessado na emigração de portugueses para territórios africanos, e empenhado em afirma-se numa Europa também ela colonizadora. O modelo adoptado pela iniciativa portuense, tanto pela inspiração estética como ideológica, fora em parte o da Exposition Coloniale de Paris em 1931.
Numa ilha no meio de um lago, onde uma fonte luminosa vinha dar um toque de modernidade, qual metáfora do empreendimento português em África, instalaram-se umas dezenas de guineenses, que viviam o seu quotidiano numa aldeia de palhotas, sob o olhar dos visitantes portugueses. O público da exposição podia assim ocupar, mesmo que temporariamente, o olhar e o lugar do colonizador. Um colonizador que, na segurança oferecida por um parque no centro do Porto, podia já beneficiar dos resultados das “campanhas de pacificação” em África. Mesmo a da Guiné-Bissau, uma das mais tardias. Assim designadas pelos portugueses porque visavam eliminar a resistência africana à ocupação portuguesa, estas campanhas militares não faziam, naturalmente, parte do discurso expositivo. O que se anunciava em 1934 era uma outra fase da colonização portuguesa - a ocupação dos territórios africanos por colonos portugueses. O evento, de carácter didáctico e propagandístico, procurava relembrar ao povo português que “Portugal não era um país pequeno”. A dimensão, excessiva, do espaço imperial, precisava de quem o ocupasse e trabalhasse. Para que Portugal pudesse voltar a ser aquilo que já tinha sido. O tal passado que a exposição evocava de muitas formas, para aqueles que sabiam ler e para a maioria que só sabia ver. É que a ideologia das exposições deve ser analisada lado a lado com outros espaços de uma cultura visual bem circunscrita: da fotografia aos postais, dos jornais ilustrados ao cinema, dos museus de antropologia aos livros de propaganda colonial.
O desejo de um império
E como voltar a transformar o império num objecto de desejo? Como incentivar os “fortes portugueses que navegam”, cantados por Camões, a voltar a partir? A exposição era ela própria uma ode às possibilidades coloniais do futuro, um balanço daquilo que se fizera recentemente, e um anúncio de um Portugal do além-mar que seria central à ideologia política e colonial do Estado Novo. As exposições de “nativos”, e sobretudo de “nativas”, tornaram-se o símbolo mais concreto dessa erotização de um império onde a virilidade lusa devia voltar a semear riqueza. As metáforas de género já desde há muito faziam parte da linguagem colonialista portuguesa, tal como da francesa ou britânica. Os espaços coloniais surgiam feminizados, selvagens e feitos da natureza desordenada que a masculinidade imperial europeia iria controlar. A conquista territorial era descrita com o vocabulário da conquista sexual, onde o colonizador branco masculino exercia duplamente o seu domínio sobre a mulher colonizada - domínio étnico e domínio de género iam, por isso, a par. Esta linguagem, banalizada na prolixidade da escrita produzida nos contextos imperiais europeus do século XIX, manifestara-se graças às possibilidades reprodutivas da fotografia. Inventada quase em meados de oitocentos, a tecnologia fotográfica desenvolveu-se em paralelo com a consolidação dos impérios coloniais e tornou-se um dos seus mais importantes instrumentos de propaganda colonial, juntamente com as exposições.
'Palácio das Colónias, Trecho da Representação das Missões Religiosas do Ultramar', fotografia de Domingos Alvão reproduzida no Álbum Fotográfico da 1ª Exposição Colonial Portuguesa

'Palácio das Colónias, Trecho da Representação das Missões Religiosas do Ultramar', fotografia de Domingos Alvão reproduzida no Álbum Fotográfico da 1ª Exposição Colonial Portuguesa

O “objecto” mais descrito, fotografado e reproduzido na Exposição Colonial de 1934 foi uma mulher, negra e nua. A Rosa, Rosinha, ou Rosita, nome com certeza mais fácil do que o seu verdadeiro nome islâmico, era uma mulher balanta, da Guiné recentemente “portuguesa” (ver artigo de Isabel Morais no livroGendering the Fair). Fotografada por Alvão em várias poses encenadas já pelos códigos visuais de um erotismo feminino, por vezes com os braços levantados para melhor revelar o peito, a Rosinha personificou aquilo que o império deveria ser - o lugar das mulheres disponíveis sexualmente para os homens portugueses que a exposição queria incentivar a partir. Como eram negras podiam estar nuas e podiam ser observadas num espaço familiar e domingueiro de lazer aceitável. Não transgrediam a moral vigente porque não eram brancas como as mães, mulheres e irmãs dos homens que as observavam - dos visitantes do evento aos que organizaram a exposição ou promoveram os discursos de miscigenação além-mar.
Sempre implícita na ideia de miscigenação - tão implícita que nem tinha de ser afirmada - estava uma relação entre os homens colonizadores brancos e as mulheres colonizadas africanas. Nunca, naturalmente, a possibilidade - o tabu - de uma relação sexual entre uma mulher branca e um homem negro. Mais tarde, a miscigenação conheceu no “luso-tropicalismo” do antropólogo brasileiro Gilberto Freyre a mais legítima das suas teorizações. Mas já era apresentada como uma característica do colonialismo português desde que Afonso de Albuquerque promovera, na Goa do século XVI, os casamentos com mulheres hindus convertidas ao cristianismo.
A ideia de miscigenação
Como poderão ser consideradas excepcionais todas estas políticas coloniais? Todos os impérios coloniais europeus de oitocentos legitimaram as suas empresas com a afirmação do seu “excepcionalismo” e da sua menor violência em relação às práticas coloniais dos outros. Se os portugueses alegavam a sua capacidade de mistura com os nativos (leia-se “as nativas”) face a uns britânicos que faziam da separação racial uma das suas bandeiras, os últimos denunciavam a violência religiosa dos portugueses, em contraste com sua própria tolerância em relação ao hinduísmo. Ou, mais tarde, já no principio do século XX, os britânicos denunciavam as práticas de trabalho forçado nas roças de São Tomé, numa altura em que a “escravatura” supostamente já não existia. Os “outros” colonizadores eram sempre piores e por isso não mereciam as colónias que tinham. Tentar ler as políticas de mistura - e, relembramos, de mistura de homens brancos com mulheres dos territórios colonizados -, que pontuaram a colonização portuguesa, em diferentes contextos e por razões distintas, como um sinal do “não-racismo dos portugueses” é reproduzir acriticamente os próprios discursos colonizadores. E é, sobretudo, também não ter em conta a profunda desigualdade entre os géneros que, à partida, estava implícita nestas relações.
'O Banco de Angola na Exposição Colonial', em 'A Província de Angola' (número extraordinário dedicado à Exposição Colonial Portuguesa), cortesia da Biblioteca Pública Municipal do Porto
'O Banco de Angola na Exposição Colonial', em 'A Província de Angola' (número extraordinário dedicado à Exposição Colonial Portuguesa), cortesia da Biblioteca Pública Municipal do Porto
Na base destas políticas de colonização e interacção com os locais estava a distinção entre, em primeiro lugar, a sexualidade masculina, livre de escolher o seu objecto de desejo, cá ou lá (embora mais lá do que cá), e onde estava implícita uma superioridade; em segundo lugar, a sexualidade feminina da mulher branca, regulada pelas prescrições legais, culturais e sociais de uma sociedade patriarcal. Em terceiro lugar, estava a sexualidade da mulher negra, uma mulher que surgia como passiva e sem poder, apresentada como disponível para o homem branco que, ao ocupar o lugar do homem negro, estava também, metafórica e literalmente, a dominá-lo.
Mas o sexo não chega. E o colono português também teria de andar bem alimentado e bem vestido. Num outro pavilhão da exposição colonial, um enorme diorama com figuras de tamanho natural mostrava as mulheres negras a aprender a cozinhar e a coser sob o olhar paciente das freiras missionárias portuguesas. Expunham os progressos da evangelização portuguesa em África através do encontro de dois tipos de mulheres. Um encontro também de valores religiosos e domésticos, aqueles que as mulheres, brancas ou negras, podiam viver no império.
Apesar de também ter opositores, até entre antropólogos prestigiados, a miscigenação tornou-se uma ideologia central do regime, e a Rosinha estava ali para a ilustrar: o nome português, provavelmente da conversão ao cristianismo, para a tornar mais próxima e até casadoira; o diminutivo de “inha” ou “ita” para a familiarizar; e a sua sexualização, usada e abusada no contexto expositivo, para que o império também pudesse ser imaginado como uma conquista sexual. Os homens guineenses que vieram com a Rosinha foram entrevistados. Mas as mulheres, não. Não se julgou necessário ouvir a sua voz. Vê-las era mais importante do que as ouvir. Aqui, como em muitos outros casos, “raça” e “género” não são conceitos dissociáveis. Inseparável da cor da pele era o seu género feminino, e era nessa combinação que se reificava uma dupla hierarquia - a do branco sobre o negro, a do colonizador, neste caso, português, sobre a colonizada, neste caso proveniente da Guiné-Bissau e, finalmente, a de um homem sobre uma mulher, onde o domínio patriarcal e sexual era assumido. O espaço da exposição encenava, de um modo lúdico e legítimo, o projecto colonial. Entre partir e tornar-se colono havia um oceano pelo meio. No jardim portuense, apenas um lago os separava de África. E de uma África que nada tinha de ameaçador.
A colonização do corpo
As notícias de jornal e as fotografias, popularizadas em postais fotográficos, multiplicaram os discursos escritos e visuais da exposição, fazendo-a chegar também àqueles portugueses que não tinham ido ao Porto. Um livro publicado em Luanda em 1934, celebrava a província de Angola e a sua presença na 1.ª Exposição Colonial. Na página dedicada ao Banco de Angola, duas fotografias do “magnífico e luxuoso stand próprio, lindamente decorado”, partilhavam a página com duas fotografias de mulheres seminuas: Uma “beleza negra da Huíla”, de boca semiaberta e braços levantados como os da Rosinha, a erguer o peito desnudo, não disfarçava a sua óbvia conotação erótica; a “preta Mucancala” inscrevia-se num outro tipo de imagem, também muito popular desde a segunda metade do século XIX - a da fotografia “etnográfica”, realizada ao ar livre no lugar de origem (ou, muitas vezes, nas encenações recriadas nas exposições europeias, coloniais ou universais). O texto a legendar a imagem descrevia o oposto do Portugal moderno e inovador que se queria transplantar para os trópicos: aquela “curiosa tribu” angolana era “uma das mais baixas espécies da escala da humanidade”.
A mulher negra desnuda - quer na sua versão “sexualizada” quer na sua versão “primitiva” - contrastava com a prosperidade e modernidade do Banco de Angola e ao mesmo tempo reificava as distinções de género tão explícitas na documentação colonial, a masculinização do colonizador, neste caso daquele que geria a riqueza da exploração colonial, e a feminização da colónia, neste caso, numa “preta” e numa “negra”, sem nome e sem roupa.
Na fronteira ténue entre o espectáculo e a antropologia, a cultura popular e a cultura científica, os zoos humanos serviram diferentes discursos coloniais. Expuseram também práticas de um racismo e de um sexismo que hoje subsistem sob outros formatos
Os “jardins zoológicos humanos” foram um fenómeno muito popular, sobretudo na Europa e nos Estados Unidos, entre 1840 e 1940. Consistiam em grupos de “selvagens” ou “nativos”, como eram designados, expostos em jardins zoológicos, jardins de aclimatação, exposições universais e coloniais ou circos itinerantes. O contexto colonial europeu deste período foi especialmente propício a estes eventos e foram poucas as vozes contemporâneas que os condenaram.
“Vieram à exposição mais de um milhão de portugueses. Muitos - possivelmente a maioria - vieram em ar de festa, com o mesmo espírito alegre e descuidado com que vão ao arraial e ao teatro, aos touros e ao futebol. Diziam alguns: vamos ver os pretos!” Um ano depois da primeira (e última) Exposição Colonial Portuguesa, que teve lugar no Porto em 1934, fazia-se o balanço, positivo, do evento. Um álbum comemorativo publicado em 1935 descrevia a exposição e o sucesso alcançado entre os públicos de “todas as classes”. Tinham sido atraídos pelas novidades - sobretudo a encenação de uma aldeia de “indígenas guineenses” -, mas tinham acabado “comovidos” e “orgulhosos” dos feitos coloniais portugueses que ali se tornaram visíveis através das mais variadas tecnologias expositivas e visuais.
'Mulher balanta, Rosita', fotografia de Domingo Alvão reproduzida no Álbum Fotográfico da 1ª Exposição Colonial Portuguesa

'Mulher balanta, Rosita', fotografia de Domingo Alvão reproduzida no Álbum Fotográfico da 1ª Exposição Colonial Portuguesa
O jardim do Palácio de Cristal, da mais industrial das cidades portuguesas, fora temporariamente ocupado por reproduções de monumentos de Goa e de Macau, exemplares da fauna africana, cinema com exibição de filmes sobre as colónias, desfiles militares com soldados moçambicanos, a banda militar de soldados angolanos, uma livraria destinada à venda e propaganda de livros coloniais, a mostra industrial com 600 expositores - incluindo produtos portugueses de interesse para o mercado colonial, produtos coloniais passíveis de interesse metropolitano, e muitas outras exposições, a mostrar artesanato africano ou os resultados mais recentes da colonização portuguesa, na área da educação, transportes ou medicina.
No contexto das discriminações raciais da Europa da década de 1930, como já no século XIX, o corpo da mulher negra podia ser exposto, legitimamente, de muitas formas, num claro contraste com o corpo nu da mulher branca, remetido para as fotografias transgressivas de uma pornografia para consumo privado masculino. O corpo nu da mulher negra estava disponível visualmente, porque imperava uma ideologia legitimada por um racismo científico que o inferiorizava, e que lhe retirava voz e poder. Os lugares desta exposição legítima do corpo eram inúmeros: nas exposições universais e coloniais, nos postais fotográficos que jogavam com a ambiguidade entre a legitimidade científica da antropologia e o erotismo; ou em imagens de jornal a ilustrar os costumes de povos “estranhos e distantes”.
Uma consciência crítica desenvolvida sobretudo desde os anos 1960 veio questionar a violência com que os corpos das mulheres negras foram transformados em objectos e desumanizados, ao longo da história. De Saartjie Baartman - a chamada Vénus de Hotentote que em princípios do século XIX circulava tanto nos meios científicos como nos de entretenimento, entre Londres e Paris - até às muitas mulheres e homens que, ao longo da segunda metade do século XIX, foram apresentados como “selvagens” ou “nativos” e expostos no jardim de aclimatação de Paris, nas exposições europeias ou no circo itinerante do norte-americano Barnum. Este mesmo fenómeno, central para se compreender a ideologia colonial deste período, foi desprezado pela academia durante muitos anos. Porém, desde há cerca de vinte anos que os “zoos humanos” têm sido estudados na perspectiva da história do colonialismo, racismo e cultura visual.
Que continuidades e cisões subsistem, hoje, na cultura visual contemporânea que caracteriza o nosso contexto nacional? Uma muito maior consciência anti-racista - incentivada tanto pelos debates do pós-colonialismo como por políticas de direitos humanos mais democráticas - tornaria impensáveis muitos dos textos e imagens do colonialismo português dos séculos XIX e XX. No entanto, ainda subsistem entre nós muitas formas contemporâneas de racismo associado ao género. O que é que a sexualização das mulheres africanas ou brasileiras, no contexto português - no humor machista, em conversas masculinas não escritas, na formulação de estereótipos primários -, diz sobre os preconceitos enraizados de tantos portugueses? Outras perguntas são inevitáveis e também têm sido objecto de estudo nas últimas décadas. Como é que o corpo da mulher, independentemente da cor da pele - sexualizado sob um ponto de vista masculino, anónimo, e passivo -, continua a ser tão utilizado acriticamente na visualidade contemporânea? Se é certo que tais corpos já não servem para propagandear projectos coloniais, nem promessas de uma vida melhor nos grandes territórios de um país pequeno, continuam a ser usados para vender automóveis, cerveja e tudo o resto. Sobretudo, vendem a ilusão de que o desejo do olhar de um público - que se assume como sendo masculino - pode desresponsabilizar eticamente aqueles que detêm o poder sobre os discursos do visível.

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03
Set16

Top 10 maiores estátuas do mundo

António Garrochinho




O homem sempre gostou de grandes monumentos. Prova disso é que muitas nações têm estátuas gigantes e simbólicas em suas principais cidades, como o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, ou a Estátua da Liberdade, em Nova York.

No Brasil, a estátua mais alta é uma réplica da Estátua da Liberdade, que mede 57 metros de altura e está exposta na loja de departamentos Havan, em Barra Velha, Santa Catarina. Para matar a curiosidade dos leitores, o famoso Cristo Redentor, do Rio, tem apenas 30 metros de altura e está longe de ser uma das estátuas mais altas do mundo.

Confira agora o Top 10 das maiores estátuas da Terra:


1 - Dai Kannon of Kita – Essa estátua está localizada na cidade de Hokkaido, no Japão. Ela tem 88 metros de altura.
Dai Kannon of Kita


2 - Grande Buda da Tailândia – A estátua fica em Ang Thong, na Tailândia, e tem 92 metros de altura.
Grande Buda da Tailândia


3 - Pedro, o grande – Essa estátua fica em Moscou, na Rússia. Ela tem exatamente 96 metros de altura.
Pedro, o grande


4 - Sendai Daikannon – A estátua está localizada em Sendai, no Japão. Ela tem 100 metros de altura.
Sendai Daikannon


5 - The Motherland (A mãe pátria) – Estátua que fica em Kiev, na Ucrânia. Ela tem102 metros.
The Motherland (A mãe pátria)


6 - Imperadores Yan e Huang – Estátua localizada em Zhengzou, na China. O monumento tem 106 metros.
Imperadores Yan e Huang


7 - Guan Yin of the South Sea of Sanya – Estátua que fica na cidade de Sanya, na China. Ela tem 108 metros.
Guan Yin of the South Sea of Sanya


8 - Laykyun Setkyar – Estátua de Monywa, em Myanmar. Ela tem 116 metros de altura.
Laykyun Setkyar


9 - Ushiku Daibutsu – Fica na cidade de Ushiku, no Japão, e tem 120 metros de altura.
Ushiku Daibutsu


10 - Templo do Buda da Primavera – Está localizado em Henan, na China. Tem 153 metros de altura.
Templo do Buda da Primavera

03
Set16

MARQUÊS DE SADE, O HOMEM MAIS DEPRAVADO DA HISTÓRIA

António Garrochinho


Donatien Alphonse François, o polêmico Marquês de Sade, nasceu em 1740 e suas condutas certamente deixariam de cabelo em pé até o mais moderninho dos indivíduos do mundo contemporâneo. Considerado uma das pessoas mais sexuais de todos os tempos, Marquês de Sade é lembrado também pela sua rebeldia – o termo “sadismo” foi criado graças a ele, por sinal.
Escritor, intelectual e amante do sexo, Marquês de Sade teve uma vida nada comum. Filho único, ele foi abandonado pelos pais quando ainda era criança e criado por um tio que tinha desvios sexuais semelhantes aos que ele mesmo desenvolveu ao longo da vida. Na verdade, quem cuidava do garoto Sade eram os empregados do tio, por isso se pode afirmar que ele cresceu sem muito afeto.
Ainda assim, todos os seus caprichos eram atendidos, e Sade cresceu sendo mimado e com um temperamento bastante peculiar. Aos 10 anos de idade, foi mandado para um colégio jesuíta em Paris – lá, era frequentemente humilhado e apanhava dos professores em frente aos outros alunos. Essa fase de sua vida acabou sendo citada em sua defesa, quando anos mais tarde precisou responder em Justiça por ter realizado atos perversos.
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Desde cedo


Os traumas de infância fizeram brotar em Sade um desejo cada vez maior pelas relações sexuais que envolvessem dor, violência e humilhação. Aos 15 anos, foi convocado a prestar serviço militar e ficou em treinamento por 20 meses até se tornar oficialmente um soldado francês.
Com bom rendimento no exército, Sade chegou a ser coronel e participou da Guerra dos Sete Anos, fato que contribuiu também para que ele se familiarizasse com a violência.
Após o fim da guerra, Sade se envolveu com a filha de um rico magistrado, que não aceitou o relacionamento dos dois e propôs que ele ficasse com sua filha mais velha. O novo casal acabou dando certo, e Sade se orgulhava ao dizer que a esposa também apreciava atos de sodomia – além, é claro, de afirmar sempre que a havia ensinado a gastar sua fortuna.

Crise conjugal


Com o passar do tempo, no entanto, Sade ficou entediado em seu casamento e costumava pular a cerca, relacionando-se tanto com homens quanto com mulheres – não se sabe se sua esposa sabia disso ou não. O fato é que orgias eram mais do que comuns em seu castelo, e, quando sua cunhada foi morar com o casal, Sade acabou mantendo relações sexuais com ela também – a relação proibida foi responsável pelo fim de seu casamento.
Sade também fazia sexo com muitas prostitutas, e praticamente todas elas saíam da experiência assustadas – inclusive muitas iam à polícia denunciar os atos do Marquês. Nos relatos policiais, consta que ele usava chicotes, bengalas e cera quente como instrumentos de tortura, e, além disso, introduzia os mais diversos objetos por via vaginal e anal. A partir daí, esse comportamento só aumentaria.
Com o passar do tempo, ele se tornou ainda mais violento e não tinha prazer sexual sem causar algum tipo de sofrimento, sem ver sangue ou ouvir gritos de dor de seus parceiros. Com o aumento de denúncias a respeito de seu comportamento, Sade acabou indo a julgamento e sendo condenado à morte por “crimes não naturais”.

Fuga


Após a sentença, Sade acabou fugindo para a Itália com um de seus empregados de confiança. Foi durante esse período que começou a escrever seus romances eróticos como “120 Dias de Sodoma” e “Os Infortúnios da Virtude”.
Depois de algum tempo, voltou para a França e ofereceu “trabalho” a uma moradora de rua que acabou aceitando a proposta e, assim que chegou no castelo de Sade, foi torturada, teve suas roupas rasgadas, as pernas amarradas aos pés e vários cortes feitos pelo corpo, sobre os quais Sade jogou cera quente enquanto a espancava. Depois de uma noite inteira de tortura, a jovem conseguiu escapar do castelo por uma janela.
Durante todo esse tempo, Sade contava com a ajuda de Latour, um criado que o ajudava a enganar prostitutas que, uma vez sob seu domínio, eram embriagadas com um afrodisíaco conhecido comoSpanish Fly – Sade e Latour também mantinham relações sexuais.
A parceria dos dois não demorou em ser denunciada e, mais uma vez, eles foram condenados à morte por tentativa de homicídio e por sodomia. De novo, foram para a Itália. Eis que, diferente da última fuga, os dois dessa vez foram capturados e presos na França, mas conseguiram escapar depois de quatro meses de prisão.

Até o fim


Após a fuga, ele conseguiu voltar para o seu castelo, milagrosamente, e, a partir daí, cada nova empregada contratada fugia assim que era abusada, o que não demorava nada para acontecer. Certa vez um homem, que era pai de uma das empregadas do castelo, foi tirar satisfações com Sade e, quando descobriu o que acontecia com a sua filha, tentou atirar contra o Marquês, mas a arma falhou e Sade saiu ileso, mais uma vez.
O escritor foi preso novamente devido a uma ordem de Napoleão Bonaparte, que ficou chocado com suas produções literárias – “Justine” e “Juliette” –, que retratavam cenas grotescas de orgias, estupros e outros crimes.
Após a longa trajetória cheia de escândalos, denúncias, condenações e depoimentos aterrorizantes das pessoas que estiveram sob seu domínio por algum motivo, Sade foi declarado insano pela própria família e passou o resto de seus dias em um sanatório, em uma solitária, sem ao menos seus materiais para a escrita.
O Marquês ainda conseguiu se envolver com uma adolescente de 14 anos, filha de um dos funcionários do estabelecimento onde estava confinado. Lá, ele permaneceu por quatro anos e morreu em 1814, aos 74 anos de idade.

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03
Set16

TEORIAS DA CONSPIRAÇÃO, UMAS VERDADE, OUTRAS NÃO

António Garrochinho



Em muitas rodas de conversa e, principalmente, fóruns da internet, as teorias da conspiração são alguns dos assuntos mais comentados pelas pessoas, que desfiam suas opiniões sobre os mais diversos mistérios e acontecimentos.
Muitas delas são falsas e comprovadas como tal. No entanto, existiram algumas que acabaram por, no fim, serem de verdade e não apenas imaginação ou mesmo mentira que partiu de uma pessoa ou grupo. Confira abaixo algumas delas:

1 – O incidente do Golfo de Tonkin

Imagem capturada do USS Maddox em 2 de agosto de 1964, mostra barcos de patrulha norte-vietnamitas
A teoria da conspiração: o incidente do Golfo de Tonkin, o motivo que levou ao envolvimento dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã, nunca realmente ocorreu.
É isso mesmo. O incidente envolveu o destroier (um tipo de navio de defesa e espionagem) norte-americano USS Maddox, que teria sido supostamente atacado por três torpedeiros da marinha norte-vietnamita, respondendo ao fogo com a ajuda de aviões da força tarefa a que ele pertencia.
Prontamente, o Presidente dos Estados Unidos, Lyndon B. Johnson, elaborou a Resolução do Golfo de Tonkin, que se tornou a justificação legal (e o pretexto perfeito) de seu governo para entrar definitivamente na guerra do Vietnã. O problema é que o evento nunca de fato aconteceu.
O governo vietnamita assegurou que não houve ataque. Tanto que, em 2005, documentos secretos da Agência de Segurança Nacional (NSA) norte-americana foram revelados, divulgando o fato de que a presença dos torpedeiros norte-vietnamitas nos ataques nunca foi realmente confirmada.
Mas, então, o USS Maddox atirou em que? Curiosamente, em 1965, o presidente Johnson comentou: "pelo que eu saiba, a nossa Marinha estava atirando em baleias por lá".
Vale destacar que o próprio historiador da NSA, Robert J. Hanyok, escreveu um relatório afirmando que a agência tinha deliberadamente distorcido os relatórios de inteligência em 1964. Ele também declarou: “Os paralelos entre a inteligência defeituosa no golfo de Tonkin e a inteligência manipulada usada para justificar a Guerra do Iraque tornam ainda mais interessante a reexaminar os acontecimentos de Agosto de 1964".

2 – O experimento da sífilis Tuskegee

A teoria da conspiração: entre 1932 e 1972, o Serviço de Saúde Pública dos Estados Unidos realizou um estudo clínico em homens afro-americanos rurais que tinham contraído sífilis. O serviço nunca informou esses homens que tinham uma doença sexualmente transmissível, nem mesmo ofereceram o tratamento, mesmo depois de a penicilina tornar-se disponível como uma cura na década de 1940.
Infelizmente, é verdade. Ao invés de receber tratamento, os sujeitos desses estudos foram informados de que tinham "sangue ruim". Quando a Segunda Guerra Mundial começou, 250 dos homens registrados para o projeto (e apenas esses) foram informados pela primeira vez que eles tinham sífilis. Mesmo assim, o serviço negou-lhes o tratamento.

No início da década de 1970, 128 dos originais 399 homens já tinham morrido em decorrência das complicações relacionadas com a doença, enquanto 40 de suas esposas também tinham a condição e 19 de seus filhos nasceram com sífilis congênita.
Um experimento semelhante, realizado em prisioneiros, soldados e pacientes de um hospital psiquiátrico na Guatemala, infectou os indivíduos e os tratou com antibióticos.

3 – Projeto MK Ultra

A teoria da conspiração: a CIA (A Agência Central de Inteligência) executou experimentos secretos de controle mental sobre cidadãos norte-americanos da década de 1950 até 1973.
Sim, isso aconteceu, sendo que foi tão verdade que, em 1995, o presidente Clinton realmente emitiu um pedido formal de desculpas em nome do governo dos Estados Unidos.
Essencialmente, a CIA usou drogas, eletrônicos, hipnose, privação sensorial, abuso verbal e sexual, e tortura para conduzir experimentos de engenharia comportamental experimentais. O programa dividiu centenas desses projetos em mais de 80 diferentes instituições, incluindo universidades, hospitais, prisões e empresas farmacêuticas.
A maior parte foi descoberta em 1977, quando a Lei de Liberdade de Informação expôs 20 mil documentos previamente classificados e desencadeou uma série de audiências no Senado. Como o diretor da CIA, Richard Helms, destruiu a maioria dos arquivos mais contundentes do MK Ultra em 1973, grande parte do que realmente ocorreu durante esses experimentos ainda é desconhecida e, obviamente, nem uma única pessoa foi levada à justiça.
A título de curiosidade, há uma crescente evidência de que Theodore Kaczynski, conhecido como Unabomber, foi um indivíduo que participou do projeto MK Ultra enquanto estava na Universidade de Harvard na década de 1950 e 1960.
Além disso, qualquer referência do MK Ultra com a “Ultraviolência” citada no filme Laranja Mecânica, dirigido Stanley Kubrick (da adaptação do livro de Anthony Burgess), além dos esquemas de tortura de Alex, talvez não seja mera coincidência.
Anthony Burgess trabalhou para a inteligência britânica e, de acordo com um biógrafo, ele testemunhou os experimentos do MK Ultra, enchendo o seu livro com algumas pinceladas sobre o projeto.

4 – Operação Northwoods

A teoria da conspiração: a Joint Chiefs of Staff dos militares dos Estados Unidos elaborou e aprovou planos para a criação de atos de terrorismo em solo norte-americano, a fim de influenciar a opinião pública nacional em apoiar uma guerra contra Cuba.
É verdade e os documentos que comprovam a teoria existem. Felizmente, o presidente Kennedy rejeitou o plano maligno, que incluía: americanos inocentes sendo mortos a tiros nas ruas, barcos com refugiados de Cuba sendo afundados em alto mar, uma onda de terrorismo violento que seria lançado em Washington, Miami, e em outros lugares, pessoas sendo acusadas de atentados que não cometeram e aviões sendo sequestrados.
Além disso, a Joint Chiefs of Staff, liderada pelo presidente Lyman Lemnitzer, planejava fabricar provas que implicaria Fidel Castro e refugiados cubanos em estarem por trás dos ataques.
Talvez uma das “metas” mais assustadoras foi a que Lemnitzer planejou um incidente “minuciosamente encenado” em que um avião cubano iria atacar e abater um avião cheio de estudantes universitários norte-americanos.

5 – Tráfico de drogas da CIA em Los Angeles

A teoria da conspiração: durante os anos 1980, a CIA facilitou a venda de cocaína para gangues de rua de Los Angeles e canalizou milhões em lucros do tráfico a um exército de guerrilha da América Latina.
É complicado e complexo, mas é verdade. O livro de Gary Webb Dark Alliance: The CIA, the Contras, and the Crack Cocaine Explosion descreve como os “Contras” — grupos de oposição ao governo da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) na Nicarágua, que surgiram a partir de 1979 —, apoiados pela CIA contrabandearam cocaína para os Estados Unidos e, em seguida, distribuíram crack para gangues de Los Angeles, embolsando os lucros.
A CIA ajudou diretamente os traficantes de drogas a arrecadar dinheiro para os Contras em troca de informações. Segundo o que Gary Weeb escreveu em um artigo de 1996, “essa rede de drogas abriu também espaço para os cartéis da Colômbia e os bairros negros de Los Angeles”.
Vale destacar que, em 10 de dezembro de 2004, Webb se suicidou em circunstâncias suspeitas, pois foram usadas duas balas para atirar na própria cabeça. Tenso!

6 – Operação Mockingbird

A teoria da conspiração: no final de 1940, quando a Guerra Fria estava começando a se desenvolver, a CIA lançou um projeto secreto chamado Operação Mockingbird. Seu objetivo era comprar influência e controle entre os principais meios de comunicação.
De fato, eles também planejavam colocar jornalistas e repórteres diretamente na folha de pagamento da CIA, o que alguns afirmam estar em curso até hoje. Os arquitetos deste plano foram Frank Wisner, Allen Dulles, Richard Helms e Philip Graham (editor do The Washington Post), que planejavam se alistar organizações de notícias americanas para se tornar basicamente espiões e propagandistas.
Sua lista de agentes acabou por incluir jornalistas nas grandes redes ABC, NBC, CBS, Time, Newsweek, Associated Press, United Press International (UPI), Reuters, Hearst Newspapers, Scripps-Howard, Copley News Service, entre outras. Na década de 1950, a CIA havia se infiltrado nas empresas de mídia e universidades, com dezenas de milhares de agentes de plantão.

7 – COINTELPRO

A teoria da conspiração: um programa do FBI foi realizado para desestabilizar grupos de protestos, de esquerda, ativistas e dissidentes políticos dentro dos Estados Unidos.
Verdade. A COINTELPRO foi uma série de projetos clandestinos, ilegais do FBI, que se infiltraram em organizações políticas nacionais para desacreditá-las e difamá-las. Isto incluiu os críticos da guerra do Vietnã, líderes dos direitos civis como o Dr. Martin Luther King e grande variedade de ativistas e jornalistas.
Os atos cometidos contra eles incluíram guerra psicológica, calúnia usando documentos falsos e falsos relatos na mídia, assédio, prisão ilegal e, segundo alguns, a intimidação e, possivelmente, violência e assassinato. Táticas semelhantes e, possivelmente, mais sofisticadas são usadas ainda hoje, incluindo o monitoramento da NSA.

8 – Operação Branca de Neve

A teoria da conspiração: durante os anos 1970, a Igreja da Cientologia roubou os arquivos confidenciais do governo sobre eles e sobre o seu fundador (L. Ron Hubbard ) para limpar registros desfavoráveis em dezenas de agências governamentais. Essa ação criminosa foi chamada de Operação Branca de Neve.
De fato, aconteceu. Este projeto incluiu uma série de infiltrações e furtos de 136 agências governamentais, embaixadas e consulados estrangeiros, bem como as organizações privadas da Cientologia, que foram realizadas em mais de 30 países.
Foi a maior infiltração no governo dos Estados Unidos na História, envolvendo até cinco mil agentes secretos, que eram membros da igreja, funcionários públicos corruptos ou chantageados e investigadores particulares.
Onze executivos da Igreja altamente colocados, incluindo Mary Sue Hubbard (esposa do fundador), declararam-se culpados ou foram condenados em um tribunal federal por obstrução da justiça, roubo de escritórios, de documentos e de propriedades do governo.

9 – Espionagem do governo dos EUA em seus próprios cidadãos

Edward Snowden
A teoria da conspiração: o governo americano espiona toda a sua população.
Esse tipo de informação costumava ser ridicularizado como uma fantasia derivada de imaginação fértil e uma desconfiança juvenil do governo. Porém, mesmo depois de ter sido revelado que a NSA (Agência de Segurança Nacional) tem feito escutas ilegais em grande parte dos norte-americanos, coletando ainda dados de celular por mais de uma década, as pessoas tentam se enganar que isso não acontece.
Sim, eles analisam tudo isso (além de dados transmitidos pela internet), mas é sob a “égide da segurança nacional”. Usando os acontecimentos de 11 de setembro de 2001 como desculpas, eles afirmam que certas liberdades devem ser sacrificadas em prol da segurança. Certo?
Não só não existe nenhuma evidência de que a NSA tem protegido a população contra o terrorismo, como há cada vez mais evidências de que ela a torna mais vulnerável.
Graças às revelações sobre a NSA e seu projeto Prism (de vigilância global, que foi revelado pelos documentos de Edward Snowden), sabemos que o âmbito da espionagem da NSA vai além do que muitos teóricos da conspiração originalmente acreditavam.
No início de junho de 2014, o The Washington Post relatou que quase 90% dos dados que estão sendo coletados pelos programas de vigilância da NSA são de usuários de Internet sem conexão com atividades terroristas. De acordo com a American Civil Liberties Union, esta é uma clara violação da Constituição. Nessa coisa toda, até o Brasil entrou na dança, tendo milhares de usuários espionados, incluindo a presidente Dilma.

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03
Set16

A MARIA ANTONIETA BRASILEIRA

António Garrochinho










A nova primeira-dama Marcela Temer gasta com prazer o dinheiro dos outros. Ela ocupa em sua residência 50 empregados. Às custas do Estado.

Marcela Temer, desde a última quarta-feira primeira-dama do Brasil, poderia ter saído de um catálogo de desejos cunhado por uma publicação voltada para o público masculino. Foi descrita por uma revista como "bela, recatada e do lar". E isso entendido como elogio.

O afastamento da presidente de esquerda Dilma Roussef por Michel Temer divide o país. A esposa de Temer, Marcela, aprofunda o abismo. Para seus críticos, ela incorpora o caráter reacionário do novo governo, ocupado apenas por homens brancos, grisalhos e ricos.

Marcela escolheu o caminho mais rápido para subir: ela casou-se com um homem branco, grisalho e rico. E tinha apenas 19 anos, quando encontrou Michel Temer. Ele tinha 62. Marcela cresceu como filha de classe média em uma cidade do interior de São Paulo. Além de carregar o título de vice-rainha-da-beleza, trabalhava na recepção de um jornal local, quando, em 2002, acompanhou parentes a um evento do PMDB. Foi onde viu Michel Temer, milionário conhecido e há muitos anos deputado pelo PMDB. Ela pediu para tirar uma foto com ele, o que de fato ocorreu. E pediu também seu número de telefone. A mãe acompanhou-a no primeiro encontro e um ano depois eles já se casavam. Foi uma festa secreta, pois o abismo de 43 anos entre os dois não era exatamente apresentável.

"bela, recatada e do lar"
(...)
Marcela desfrutava da riqueza. Na residência oficial do vice-presidente, ela mandou executar reformas milionárias "para que seu filho se sentisse em casa". A família de três membros ocupa 50 funcionários, entre eles quatro empregadas, que cuidam apenas de lavar e passar roupas. Tudo isso pago pelo Estado. Além disso, Marcela viajou ao lado da mãe e de uma irmã, em voo de primeira classe rumo a Nova York e Miami, para fazer compras durante um dia – o que ela própria documentou alegremente na internet. Durante um encontro de cúpula da ONU, cujo tema era a sustentabilidade, ela mandou organizar um desfile de moda de jóias.
(...)

Os críticos encontraram a quem comparar Marcela Temer: Maria Antonieta. A rainha francesa ostentava, enquanto o povo governado por seu marido passava fome.

Jornal suíço "Tagesanzeiger"

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03
Set16

Taxistas de “Merda” - PARTILHEM PF

António Garrochinho

Antes de partilhar o decadente e repudiante episódio de que hoje fui protagonista por parte de um taxista, o meu primeiro apelo é que PARTILHEM ESTE TRISTE, INQUALIFICÁVEL E DEGRADANTE EPISÓDIO O MAIS POSSÍVEL. Peço-vos porque é quase um dever cívico fazê-lo! A sociedade civil, representantes da classe e até Governo precisam ter conhecimento deste triste acontecimento.
Não vou dizer o meu nome, não por covardia, mas por uma questão de auto defesa.
Sou jornalista jornalista profissional há mais de 20 anos, passei por publicações como “O Comércio do Porto”; “24 Horas” (fundadora), revista Focus, Directora de Informação e Dirctora Geral de uma rádio”; fui freelancer para agências de comunicação espanholas, directora de comunicação de diversas instituições desde Santas Casas a Ordem dos Advogados como Câmaras Municipais, grande repórter e, até, assessora de autarcas.
A conjuntura da “crise” e da economia, uma promessa de trabalho da um dos poderosos da nossa Economia que me fez ir de malas e bagagens para o Brasil para um cargo promissor no grupo “Ruas” (que na véspera do primeiro dia de trabalho acabou por não se concretizar por não estarem reunidas e terminada a alegada nova fábrica), a diminuição drástica ao recurso a colaboradores externos, fez-me “fazer-me à vida” em todas as frentes.
Como qualquer comum mortal tenho de sobreviver, contas a pagar, etc.
Tirei CAP de formador de formadores (custo monetário elevadíssimo sem resultados, ainda que tenha termindo com Muito Bom), tomei conta de idosos (mudando fraldas e afins), barmaid, entre tantas coisas que culminei na formação de CAP – Motorista de Táxi, por ter a sorte de ter um amigo ligado á área que me covenceu a fazê-lo, porque “facilmente me arranjaria emprego”.
Trabelhei para uma empresa de taxis, para a qual fui admitida no momento da entrevista. Arranjei protocolos com hoteis, permiti que muito tivessem ganho dinheiro com viagens de turismo particulares ( Santiago de Compostela, Lisboa, Mira, Vimeiro, Nazaré,...).
Despedi-me por falta de pagamento de salários, apesar de ter sido escrava de uma empresa que punha motoristas a trabalhares 14/17 horas, o que fosse preciso, dias a fio, sem horas de sono, obrigando-os todos os dias a cometer crimes de especulação, roubando descarada e diariamente clientes, em particular estrangeiros.
Fiquei envergonhada de pertencer a essa classe de pessoas que se auto denominam motoristas de táxi, que ainda hoje insistem em discutir no trânsito com clientes dentro do carro, a serem rudes com tudo e todos, a fumar dentro dos carros, a limparem os carros com jornal em plenas posturas, entrando de seguida com as mãos pretas de jornal para a próxima viagem, a escarrarem janela fora, a vestirem roupa imunda e mal cheirosa, a transportarem clientes como se lhes estivessem a fazer um favor, enfim, e por aí fora. Podia continuar a escrever sem fim.
Fui tentada por um anúncio de uma com alvará de turismo, que tem um acordo com a Uber: Chauffer.
Que orgulho! Pauta-se pela excelência, prima e exige educação, boa apresentação de todos os motoristas e postura irrepreensível.
Já foram muitas as viaturas estragadas taxistas (não motoristas de táxi) na frota da empresa, à pedrada, à patada, inclusive vidros partidos com clientes dentro, motoristas agredidos (homens e mulheres) e insultos constantes e diários.
O Governo considera legal a actividade da Uber em Portugal.
Os taxistas estão a provar do seu próprio veneno, porque ao longo dos tempos se recusaram a evoluir, a civilizar-se e assim permitiram que serviços de qualidade superior e transparente pudessem entrar no mercado.
O meu ex-chefe disse-me, textualmente um dia: "Vais ao Íbis de Gaia buscar uns estrangeiros para levar ao aeroporto e essa viagem tem de dar 40 euros".
Como esta, foram muitas outras instruções semelhantes.
Desde que trabalho na Chauffeur, embora os carros sejam descaracterizados, os taxistas conhecem todas as matrículas. Há uns tempos, frente aos correios dos Aliados, um passou por mim enquanto eu esperava por um cliente e disse: "vou dar a volta. Se quando passar estiveres aqui parto-te o carro todo".
Há cerca de uma semana, estava eu numa fila nos Lóios,e um outro aproximou-se de mim e pediu-me que desse um recado a um colega. De peito feito fez questão de dizer que era o 518 da Rádio Taxi e terminou dizendo: "se não fosses mulher...".
Ontem, subia a rua do Campo Alegre, e no stop do Beco do Campo Alegre, uma dessas figuras, mesmo com um cliente dentro do carro, abriu a janela e apontou-me o dedo do meio.
A meio da tarde, para quem quis ver, na Rua da Estação, frente a uma esplanada, parava para apanhar uns estrangeiros,e um taxista chegou a pé primeiro que eles ao pé de mim e ameaçou: "não vais fazer esta corrida".
Assustada, arranquei de imediato e subi a rua Pinto Bessa, enquanto ele falava com os estrangeiros com ar ameaçador. Eles, pegaram nas mochilas e começaram a subir a rua em minha direcção, acenando para eu parar, com ar completamente atónito. Eu parei e o taxista, para mim um perfeito animal, continuava atrás deles sempre a falar. Chegou á minha janela e atirou para dentro do carro um frasco de bosta, desculpem o termo mas era literalmente merda, que hoje só consigo compreender não ser humana: já tomei mais de 10 banhos com diferentes aromas de gel de banho, usei esfoliante no corpo todo, esfreguei todo o corpo e cabelo com borra de café e vinagre. O cheiro do meu corpo e cabelo é nauseabundo. Estou no cabeleireiro, acabei de rapar o cabelo a pente 1 e o cheiro parece que aumenta. Estou com tinta a ver se o odor amoniacal da tinta abafa o cheiro a estrume.
Não consegui dormir e não consigo conter as lágrimas. Não tenho memória, mesmo durante mais de 20 anos de jornalista, de tal acto desumano, humilhante, decadente. Nem sei como o qualifique. Nem a um animal selvagem e mau isto se faz!
O cheiro está empregnado na minha pele, nos meus óculos, no meu telefone, no meu relógio, nas sandálias, vestido, colar, sei lá...
Só apelo à uma coisa: partilhem. Alguém, alguma autoridade competente, alguma força judicial, policial ou governamental tem de fazer algo.
Ontem fui eu quem levou com merda é um carro novo seguiu para a sucata. Esperamos o quê? Que morra alguém?
E note-se bem:
Muitos desses senhores deviam ter vergonha de andarem com carros a cair de podres quando o estado lhes oferece regalias fiscais para a aquisição de viaturas;
E mais gritante ainda, hilariante até: são os maiores traidores entre eles. São os que mais concorrência desleal fazem entre eles, dentro da própria classe. São às dezenas, centenas, se calhar, os industriais (alguns até elementos de associações representantes dos táxis), que passando por cima da lei, vão a pequenas terriolas comprar alvarás/licenças, por meia dúzia de tostões. Compram carros (às vezes até o mesmo do detentor do alvará), ignoram a sua zona de actividade concelhia para a qual a licença foi atribuída, e rumam para cidades como o Porto ou Lisboa e assim "tomam conta" do mercado". Fácil: usam a letra C, andam em contrato, a roubar clientes aos colegas que pagaram 10/100/1000 vezes mais pela sua licença ser do Porto ou de Lisboa.
Fazem os preços que querem, roubam os clientes até mais não, pagam comissões milionárias a hotéis e outros, deixando, assim, os colegas devidamente legalizados horas a fio nas posturas sem nada para fazer.
Depois, à portuga, toca a gamar o mais possível o cliente, ora dando voltas desnecessárias, indo a Marrocos para chegar a Portugal, ora cobrando suplementos que não existem, ou a ligarem o taxímetro antes da entrada do cliente na viatura ou numa tarifa mais cara.... Bem, então se for estrangeiro é que o taxista fica feliz porque o dia está ganho!
E a Uber ou outros é que têm regalias? E são estes os responsáveis pela concorrência desleal?
Mais: o consumidor não tem o direito de escolher o serviço que quer? Se tem melhor e mais barato porque há-de entrar num carro cujo condutor o rouba e lhe presta um mau serviço?
Façam-me um favor: olhem bem para estas fotografias e façam o vosso juízo. E se não forem egoista se preguiçosos, não se calem, partilhem e façam boicote!
Obrigada pelo tempo que me dedicaram

Patrícia Madurera Guimarães (facebook)
03
Set16

OS DIAS DA SEMANA - Perde-se nos anos a origem da divisão do tempo em semanas.

António Garrochinho



Perde-se nos anos a origem da divisão do tempo em semanas. Com precisão, sabe-se que os povos antigos inspiraram-se na duração das fases lunares para demarcar o período semanal de sete dias (“septmana” – semana).
A origem do nome de cada dia da semana deve-se aos deuses ou aos astros das religiões precedentes ao cristianismo. Com exceção da língua portuguesa, que aboliu os nomes primitivos dos dias da semana, todos os outros países cristãos conservam a nomenclatura pagã, onde cada dia era dedicado a um astro ou a um deus da mitologia local de cada cultura.
Na língua portuguesa, os nomes dos dias da semana seguem a liturgia católica desde que Martinho de Braga tomou a iniciativa de abolir os nomes pagãos, no século VI, denominando-os na semana da Páscoa de dias santos, que não se deveria trabalhar, assim, durante àquela semana, acrescentar-se-ia a palavra “feriae“, originando-se os nomes litúrgicos que se estenderiam não só na semana santa, mas durante todo o ano.
Mesmo diante da cristianização do ocidente, é pela nomenclatura pagã que cada dia da semana é chamado pela maioria dos povos, não importando a língua. Deuses ou astros, os dias, ainda hoje, representam o marco do tempo pelo homem, o seu encontro com um calendário imaginário que o situa na história, revelando-lhe as origens, as religiões primitivas diretamente ligadas ao céu dos astros.

Os Dias a Partir dos Astros




























Demarcada pelas fases da Lua, a origem dos dias da semana estava diretamente ligada aos fenômenos astronômicos e climáticos, além dos conceitos religiosos de cada povo. Na concepção judaica, Deus criara todas as coisas em seis dias, no sétimo descansara, portanto o homem como imagem do criador, também deveria contar os dias em sete.
É na época da expansão do Império Romano que a definição dos dias da semana encontram-se com diversas culturas. Na antiguidade os planetas conhecidos, por ordem decrescente da distância da Terra eram: Saturno, Júpiter, Marte, Vênus e Mercúrio, que formavam cinco esferas, acrescidas a elas vinham mais duas esferas: uma que continha o Sol e outra, a Lua. Tendo como referência os sete astros, iniciando a contagem pela Lua (sempre em ordem decrescente) e pondo o Sol ao centro do sistema, deparar-nos-emos com esta ordem astrológica: Saturno, Júpiter, Marte, Sol, Vênus, Mercúrio e Lua.
Além das sete esferas formadas pelos astros citados acima, havia uma oitava, a das estrelas. No centro dos sete astros e das estrelas encontrava-se a Terra, com os seus quatro elementos: terra, ar, água e fogo. Quatro são os ventos, quatro são as divisões da Terra, quatro são os elementos. Assim, o quadrado era o símbolo da perfeição, sendo sempre igual de qualquer lado que é visto. A partir da perfeição do quadrado simbólico, voltando à ordem astrológica descrita acima, conta-se até quatro, a partir de Saturno (incluindo-o na contagem), até chegar ao Sol e temos o primeiro dia (Sunday); a partir do Sol (incluindo-o), conta-se até quatro e chega-se à Lua (Monday, Lunes, Lundi, Lunedi); seguindo a contagem de quatro a partir da Lua, chega-se a Marte (Mardi, Martes, Martedi); conta-se quatro a partir de Marte e chega-se a Mercúrio (Miércoles, Mercoledi, Mercredi); a partir de Mercúrio conta-se quatro e chegamos a Júpiter (Jeudi, Jueves, Giovedi); conta-se quatro a partir de Júpiter e chega-se a Vênus (Vendredi, Viernes, Venerdi); e, finalmente, conta-se quatro a partir de Vênus e chegamos a Saturno (Saturday).
Uma vez feita a identificação, temos a origem dos nomes dos dias da semana, ou seja, Domingo é o dia do Sol, Segunda-Feira o da Lua, Terça-Feira o de Marte, Quarta-Feira o de Mercúrio, Quinta-Feira o de Júpiter, Sexta-Feira o de Vênus e, Sábado, o de Saturno.
Com a cristianização, como já foi dito, só Portugal aboliu à nomenclatura pagã. Apenas dois dias foram abolidos desta nomenclatura pelos outros países de origem de língua latina (Espanha, França e Itália), o Sábado e o Domingo. O Sábado, de Sabbatum, é um nome de origem do hebreuShabbat, o dia sagrado para o povo judeu, considerado o dia em que Deus descansou da sua obra grandiosa. O dia de Saturno foi substituído peloShabbat hebreu (Sábado, Samedi e Sabato nos restantes países latinos). O Domingo, instituído pelo imperador Flavio Constantino após a sua conversão ao cristianismo, deixou de ser o dia do Sol em todas as línguas de origem latina, sendo denominado Dominica Dies, que evoluiu para Dominus Dei (Dia do Senhor), evoluindo para Domingo, Dimanche e Domenica.


A Concepção dos Dias a Partir do Concílio de Nicéia


Com a conversão de Constantino (280-337 d.C.) ao cristianismo, Roma passa a repudiar o paganismo milenar disseminado pelo seu império. Esta conversão aconteceu na época do Papa Silvestre I. É a partir daí que são organizados os registros de datas como chegaram aos dias atuais.
Em 325 d.C., Constantino convocou o Concílio de Nicéia, à revelia do Papa Silvestre I, que dele não participou. A partir de então foram definidas inclusive as datas do dia de Natal e da Páscoa, esta última deixando definitivamente de ser associada à data comemorativa dos judeus. Constantino mudou o nome litúrgico do antigo dia do Sol, agoraPrima Feria, para Domenica Dies, que evoluiria para Dominus Dei, dando origem ao nome Domingo, em português. Desde então, o Domingo passou a ser o primeiro dia da semana do calendário cristão, tornando-se o dia de reunião de fé e de mercado, até então compartilhadas no sábado entre judeus e cristãos.
Era interesse tanto de Constantino, quanto de Silvestre I, que todos os povos abolissem a nomenclatura pagã relativa aos dias da semana. Na época a Páscoa era comemorada por toda a semana, dando origem a sete feriados consecutivos. Durante a Páscoa, os dias eram chamados de “feriae” no latim (traduzido para “feira” no português), a semana adotava a nomenclatura: Prima-Feira, Segunda-Feira, Terça-Feira, Quarta-Feira, Quinta-Feira, Sexta-Feira e Sábado.
Silvestre I tentou que esta nomenclatura fosse adotada para além da Páscoa. Mas ela logo foi esquecida e, à exceção do Sábado e do Domingo, os antigos nomes pagãos continuaram a fazer parte do cotidiano dos povos cristãos, jamais sendo abolidos, prevalecendo as tradições, não a nova fé que se assumia comum aos reinos europeus.


Origem da Nomenclatura dos Dias da Semana em Inglês


Os nomes dos dias da semana, tanto em inglês, como em alemão e outras línguas do norte da Europa, têm a sua origem na mitologia nórdica e na adoração dos seus deuses pagãos, marcados principalmente pela força e bravura guerreira.
Em inglês o dia de Saturno continuou a vigorar, Saturday, mesmo depois da cristianização, assim como o dia do Sol, Sunday, e o dia da Lua (moon), Monday, substituindo-se os outros dias pelo nome dos deuses nórdicos.
Marte, deus da guerra dos romanos, foi substituído pelo deus Tyw, divindade maneta, senhor da força e da guerra. A Terça-Feira foi consagrada a este deus, ficando denominada Tuesday.
Mercúrio, o astuto deus dos comerciantes e dos ladrões, mensageiro dos deuses, foi substituído por Odin ou Wedin, deus da mitologia escandinava, ou Wotan, o mais poderoso dos deuses entre os germanos, com equivalência ao Zeus grego. A Quarta-Feira ficou denominada Wednesday (do deus Wedin).
Se a Quinta-Feira era na mitologia romana, consagrada ao poderoso Júpiter, aqui ele é substituído pelo deus escandinavo Thor, também ele deus do trovão, sendo Thursday o “dia de Thor”. Na literatura germânica o deus do trovão é traduzido por Donner, daí a designação de Donnerstag para a Quinta-Feira.
Finalmente a Sexta-Feira, consagrada à deusa do amor e da beleza, Vênus, era destinada à deusa Freya, a bela esposa de Odin, deusa do amor, da juventude e da morte na mitologia nórdica, daí a designação de Friday em inglês, e, Freitag em alemão (tag em alemão significa dia).


Os Dias da Semana em Português


Como já foi dito, Portugal foi o único país do mundo que adotou os dias da semana com a nomenclatura surgida no Concílio de Nicéia, derivados do latim eclesiástico. Sendo o português a última das línguas romanas a se formar, isto ajudou a que a língua não adotasse a nomenclatura pagã de outros povos.
Em 563 Martinho de Dume (ou Martinho de Braga), reuniu o Concílio de Braga, em Braga (hoje cidade portuguesa). Considerando ser indigno dos bons cristãos que se continuasse a chamar os dias da semana pelos nomes latinos de deuses pagãos, decidiu que se usaria a terminologia eclesiástica para os designar. Assim ficaram registrados: Feria Secunda, Feria Tertia, Feria Quarta, Feria Quinta, Feria Sexta, Sabbatum, Dominica Dies; evoluindo para a nomenclatura atual: Segunda-Feira, Terça-Feira, Quarta-Feira, Quinta-Feira, Sexta-Feira, Sábado e Domingo, constituindo assim, caso único nas línguas novilatinas, que substituiu integralmente a terminologia pagã pela terminologia cristã.
A “Feriae” (dia de descanso), termo latino, evoluiu para “feira”, vindo a ser usada a designação não só na semana da Páscoa, mas durante todos os dias do ano. Com exceção do Sábado, derivado do Shabbat hebreu, e do Domingo (então Prima Feria na semana da Páscoa), todos os outros dias em língua portuguesa vieram da derivação do latim eclesiástico.
Quanto ao dia considerado santo, ou tido como feriado, ele diverge entre as três principais religiões monoteístas do mundo contemporâneo, o islamismo, o judaísmo e o cristianismo. Se o conceito da criação divina do mundo não tem divergências entre as três, vários outros conceitos de fé fizeram com que os dias de reuniões de fé e de descanso fossem diferentes, sendo a Sexta-Feira (muçulmanos), o Sábado (judeus) e o Domingo (cristãos), os dias assinalados e consagrados pelos monoteístas.

jeocaz.wordpress.com
03
Set16

A Revolta dos Marinheiros

António Garrochinho


Há oitenta anos o nosso Tejo foi palco da célebre “Revolta dos Marinheiros”, que colocou as duas margens do rio em polvorosa, pelos muitos tiros disparados e pela agitação nas águas, provocada pela fuga dos militares revoltosos. Na imagem podem ver o estado em que ficou um dos navios ocupados.
Embora o texto que se segue, seja um pouco extenso, achei que era importante saberem o que realmente aconteceu...




«A Revolta dos Marinheiros, de 8 de Setembro de 1936, foi uma das primeiras grandes agitações sociais promovidas com o apoio directo do Partido Comunista Português, através da ORA (Organização Revolucionária da Armada), a sua célula no interior da Marinha de Guerra Portuguesa, que começara a ter alguma força junto dos marinheiros, ao ponto de assustar os comandos da nossa Armada.
Esta revolta teve algumas singularidades, a maior das quais, ter sido desencadeada apenas por marinheiros e grumetes, com idades entre os dezoito e os vinte e dois anos.
As comemorações do décimo aniversário da revolução do 28 de Maio de 1926, que tiveram o ponto alto na Praça do Comércio que se encheu de gente, fruto da presença de uma grande massa de representantes dos sindicatos e trabalhadores obrigados a comparecer, transportados em camionetas fretadas pelos patrões, com a ameaça de desemprego para todos aqueles que se recusassem a participar na festa, marcariam o início da revolta.



As intimidações aos operários para engrandecerem a festa do Estado Novo também chegaram ao navio que prestava honras militares às altas individualidades do poder. A sua guarnição recebera ordens superiores para levantar os braços em frente do Cais das Colunas e soltar urras de aclamação. Mas os marinheiros fizeram ouvidos de mercador e quando passaram junto ao cais não fizeram qualquer gesto, permanecendo apenas em sentido. Essa atitude louvável fez com que o comando, e até a própria PIDE, começassem a ter alguns marinheiros debaixo de olho.
Com o começo da Guerra Civil Espanhola, o NRP Afonso de Alburquerque partiu para o país vizinho, com a missão de escalar alguns portos a sul e recolher os portugueses radicados nessas paragens que quisessem regressar a Portugal.
Quando o navio chegou a um porto ocupado pelas forças governamentais, foram dadas ordens superiores, proibindo toda a guarnição de sair para terra.
Os problemas surgiriam, dias depois, quando atracaram noutro porto, sob o domínio das tropas de Franco e foram concedidas licenças.



As praças recusaram-se a sair, como protesto pela dualidade de critérios do comando, provocando mau estar a bordo. O comandante do navio ao constatar que parte da sua guarnição simpatizava com o governo da Frente Popular Espanhola, eleito democraticamente pelo povo, fez a respectiva denúncia ao poder central.
A denúncia foi tal que mal o navio entrou no Tejo, já a PIDE estava plantada no cais, à espera dos prevaricadores. Quase toda a guarnição sofreu penas disciplinares, embora a fatia maior coubesse a 17 dos marinheiros envolvidos, que foram imediatamente expulsos da Marinha, sem direito a qualquer defesa.
A atitude injusta e prepotente da chefia da marinha semeou no seio da classe de praças um ambiente de indignação e de revolta que os levou a planearem uma acção de luta armada, que ficaria conhecida para a história como a “Revolta de Setembro”.


O grande objectivo era ocupar os três navios fundeados no Tejo e sair à barra, fora do alcance das peças de artilharia, ameaçando disparar contra a Assembleia da República, exigindo a libertação dos camaradas que ainda se encontravam presos.
A revolta acabou por ser reprimida sem dó nem piedade pelas forças afectas ao Estado, a que nem a aviação faltou.
O plano de sabotagem abortou devido à traição de alguns elementos que fingiram estar ao lado dos revoltosos.
Nessa noite de 8 de Setembro de 1936, em que estiveram envolvidas 200 praças, resultaram: 5 marinheiros mortos nos confrontos; 92 julgados em tribunal militar; 82 condenados a penas entre os 2 e os 16 anos de prisão; 34 dos quais foram inaugurar o Campo do Tarrafal (5 pereceram aos maus tratos e ao clima agreste da Ilha de Santiago).
O governo levantou logo o boato de que os marinheiros eram uns traidores que queriam entregar os navios à vizinha Espanha.
A ditadura tremeu com este acto de coragem. A prova foi a repressão que se seguiu no interior da Armada portuguesa.
Como os fascistas não se poupavam a meios para se manterem no poder, escolheram os marinheiros mais incómodos para estrearem o presidio do Tarrafal que ficou conhecido internacionalmente como o “Campo da Morte Lenta”.»

In "Almada e a Resistência Antifascista", de Luís Alves Milheiro

casariodoginjal.blogspot.pt
03
Set16

Acto de Abertura da 40ª Festa do «Avante!»

António Garrochinho
Jerónimo de Sousa
Franqueadas as portas da quadragésima edição da Festa do Avante!, permitam-me que vos saúde a todos, participantes, convidados nacionais e internacionais e em particular os obreiros da Festa, os que projectaram e organizaram, os que a construíram, que a transformaram numa realização humana ímpar, num acontecimento político, cultural, de convívio, de fraternidade e solidariedade, acrescentando sempre melhores condições de acolhimento a quem a visita e nela participa.
Há um ano atrás daqui anunciámos que estávamos a meio da Campanha Nacional de Fundos com o objectivo de alcançar as metas traçadas e, consequentemente, concretizar os compromissos resultantes da aquisição da Quinta do Cabo. Era um desafio audacioso! Mas com o empenhamento da organização do Partido com a contribuição militante, de muitos amigos do Partido e da Festa, de muitos democratas e patriotas, concretizámos e ultrapassámos o objectivo a que nos propúnhamos.
Podemos hoje, aqui, afirmar que a Quinta do Cabo tal como a Atalaia é nossa!
Integrá-la harmoniosamente na Festa era uma labuta a começar de raíz. Roçar e limpar mato, abrir valas, condutas, fazer arruamentos, infraestruturas de água, saneamento, estender cabos eléctricos e de comunicações, plantar novas árvores e embelezar o espaço, convocou muitos e muitos camaradas e amigos que realizaram milhares de horas de trabalho militante.
Sim sabemos, é uma tarefa inacabada que necessita do fazer e refazer permanente. Mas também foi assim no espaço da Atalaia onde ao fim de 26 anos se repetem em todos os anos as obras de melhoramentos e embelezamento da Festa.
Temos uma Festa maior e melhor! Uma Festa onde se prepara o futuro.
Também aqui há um ano atrás num quadro em que os trabalhadores e o povo português eram confrontados com um ataque em grande escala desencadeado pelo governo PSD-CDS ao longo de 4 anos do seu mandato, determinado em arrasar salários, rendimentos e direitos, serviços públicos, executando o Pacto de Agressão a toque de caixa dos centros de decisão da União Europeia, aparentemente de pedra e cal com a sua maioria na Assembleia da República, no Governo e sob o mandato protector do então Presidente da República, com os poderosos megafones da comunicação social dominante a proclamarem as inevitabilidades, o conformismo, o desvalor da luta, arrancámos para a batalha das legislativas.
Os trabalhadores e as populações, os pequenos e médios empresários e agricultores, os homens, as mulheres da cultura e das artes, os reformados e pensionistas, os elementos das forças de segurança, muitos democratas e patriotas, sistematicamente confrontados com as medidas gravosas para as suas vidas, lutaram, resistiram e definiram como objectivo derrotar o governo PSD/CDS e vê-lo fora das suas vidas.
Fomos para a batalha das legislativas com a consciência que tinha de se aliar o voto à luta.
E no dia 4 de Outubro a maioria do povo português aplicou uma derrota pesada ao PSD/CDS deixando-os em minoria na Assembleia da República. Uma derrota, também, dessa mistificação das eleições para 1º Ministro, que não existem.
Foi com base na alteração da composição na Assembleia da República, quando a direita se preparava para transformar uma derrota numa vitória, continuar no governo para dar cabo do resto e acelerar a política de exploração e empobrecimento, que o PCP avançou com a possibilidade de uma solução política.
Sim, tínhamos consciência que com um Governo do PS e o programa do PS as questões de fundo e os problemas estruturais dificilmente encontrariam as respostas necessárias.
Mas havia duas questões urgentes!
Em primeiro lugar impedir que o governo PSD/CDS prosseguisse a sua política de terra queimada e em segundo lugar, com a nova fase da vida política nacional, que fosse encetado um caminho de reposição de salários, rendimentos e direitos, reposição de horários de trabalho, salvar serviços públicos como a Saúde, a Escola Pública, o carácter universal da Segurança Social, travar privatizações anunciadas ou em curso, suster a sangria da emigração, devolver feriados roubados e abonos de família, eliminar taxas moderadoras, suster a pobreza e o número crescente de pobres.
Medidas, sem dúvida, limitadas e insuficientes sabendo que os estragos da política de direita dos sucessivos governos e de forma particularmente brutal nos 4 anos de Governo PSD/CDS deixaram o País num estado crítico, com feridas sociais expostas, mais dependente do estrangeiro, em particular da União Europeia.
Mas, com essas limitações e insuficiências, há um elemento de carácter subjectivo que ressurgiu, diríamos assim como que uma janela de esperança e a real possibilidade de nos libertarmos como País e como povo da política de exploração e empobrecimento, das amarras e constrangimentos que nos querem impor, de dependência a que nos querem submeter.
Se na situação actual há que não voltar atrás e prosseguir a reposição de salários, rendimentos e direitos, nós consideramos ser incontornável a necessidade de uma política alternativa, patriótica e de esquerda, que nos liberte das grilhetas que nos amarram, potencie os nossos recursos, ponha Portugal a produzir, dê valor ao trabalho com direitos, combata o desemprego e a precariedade, defenda o direito à saúde, o acesso ao ensino, proteja socialmente a infância e a velhice.
Essa necessidade é inseparável da possibilidade. Sim é possível!
O PCP, mantendo os compromissos e a palavra dada, não regateará nenhum esforço na sua acção e intervenção, na sua proposta para que se concretize uma nova política.
Mas certo e seguro é que sem a luta dos trabalhadores e do povo, sem o reforço do PCP, sem a convergência dos democratas e patriotas, mais tempo demorará a concretizar a possibilidade real de uma vida melhor num País que terá tanto mais futuro quanto mais soberano for e mais for o povo a decidir!
Está aberta a quadragésima Festa do Avante!
Partido Comunista Português Intervenção de Jerónimo de Sousa, Secretário-Geral Acto de Abertura da 40ª Festa do «Avante!» 2 Setembro 2016, Atalaia, Amora,…
PCP.PT

03
Set16

DILMA ALERTA: PRIMEIRO CEGAM UMA MENINA, DEPOIS MATAM ALGUÉM

António Garrochinho



“As pessoas vão para as ruas e vem a repressão. Cegam uma menina. Depois, matam alguém, como foi com o estudante Edson Luís (1968). Então dizem que a culpa é do manifestante, pois a violência partiu deles. Isso que ninguém da minha geração pode compactuar. O terrorismo do Estado é gravíssimo. O poder dele para reprimir é muito forte. Assim começam as ditaduras. Não precisam ser militares, podem ser civis disfarçadas”, afirmou a presidente afastada Dilma Rousseff, fazendo referência à jovem Deborah Fabri, que perdeu a visão do olho esquerdo ao ser atingida por uma bala de borracha

Da Rede Brasil Atual – “É a segunda vez que votam meus direitos políticos. Fui condenada três vezes na ditadura (1964-1985). Ontem, como hoje, ilegítimo”, definiu a ex-presidenta Dilma Rousseff, em entrevista concedida ontem (2) para a imprensa internacional. Ao traçar paralelos entre os golpes, mostrou preocupação sobre o futuro: “Prefiro a voz surda das ruas do que os silêncio das ditaduras (…) sei como começa e como termina a história”.

“As pessoas vão para as ruas e vem a repressão. Cegam uma menina. Depois, matam alguém, como foi com o estudante Edson Luís (1968). Então dizem que a culpa é do manifestante, pois a violência partiu deles. Isso que ninguém da minha geração pode compactuar. O terrorismo do Estado é gravíssimo. O poder dele para reprimir é muito forte. Assim começam as ditaduras. Não precisam ser militares, podem ser civis disfarçadas”, afirmou em referência às recentes ações violentas da Polícia Militar contra atos contrários ao governo de Michel Temer (PMDB).

Ao lado de seu advogado e ex-ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, Dilma respondeu aos jornalistas de forma descontraída, sem deixar de lado a seriedade do momento. “Temos que debater. Não é possível o tipo de repressão que estamos vendo. Não é possível que não se possa falar o que quiser, como 'Fora, Temer'. Quando começamos a ter medo das palavras, começa a arbitrariedade. Temer as palavras leva a isso. Veja, jamais tivemos medo das palavras, conheço uma ditadura na pele”, disse.

Em relação ao processo de impeachment, Dilma lamentou que, junto com ela, “foi julgada a democracia”. “Acho gravíssimo que um programa não eleito nas urnas seja executado. Parte da sociedade vai entender isso progressivamente. Infelizmente perdemos e espero que saibamos como reconstruir a democracia. Também espero que sejamos capazes de ter a clareza de que isso nunca mais pode acontecer”, disse. “O golpe parlamentar atua como um parasita que corrói a democracia”, completou.

Dilma argumentou que, com alterações na economia mundial, o Congresso arquitetou formas de desestabilizar seu governo. Além do impeachment, as ações do Legislativo aprofundaram a crise. “A crise econômica começa no final de 2014 nos países emergentes (…) No Brasil, o maior componente foi a crise política. Ela impede sistematicamente a retomada do crescimento econômico. Ao longo de 2015, tivemos todos os projetos negados pela Câmara ou aceitos com alterações. Também tivemos as pautas-bomba”.

“O segundo ponto importante foi a ação do ex-presidente da Casa e deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Ele é o grande articulador do golpe. Houve uma deliberada tentativa de desestabilizar o meu governo. Além de não aprovar o que mandávamos, eles ampliaram os gastos. Chegamos ao ponto de R$ 130 bilhões em estoque de pautas-bomba no Congresso. Em 2016 piorou: o Legislativo não funcionou. Do dia da abertura, até cinco dias antes de meu afastamento, nenhuma comissão funcionou na Casa”, disse a petista.

Dilma criticou o argumento para sua deposição e ressaltou pontos positivos das gestões petistas nos últimos 13 anos. “Senadores do PSDB e do DEM dizem que os motivos pelo impeachment e as causas da crise são o Plano Safra e os decretos de crédito suplementar. Isso é ridículo, é subestimar a inteligência das pessoas (…) Hoje, o Brasil tem fundamentos sólidos: US$ 378 bilhões em reservas, quando o FHC deixou o governo tinha US$ 34 bilhões. Nossa dívida não é mais denominada em dólares, e sim em reais. Isso significa que controlamos nossa economia, diferente nos tempos anteriores, onde qualquer crise no exterior causava uma corrida contra o real”, argumentou.

Mudanças
Dilma reafirmou seu apoio à convocação de eleições diretas e afirmou que mudanças são necessárias no modelo político brasileiro. “Não existe uma ação homogênea de partidos no Brasil. Por isso, quando propusemos um plebiscito para chamar eleições, falamos de reforma política. Precisamos criar governabilidade. Veja, o FHC precisou de três partidos para obter maioria simples no Congresso e quatro para a composta. Lula precisou de oito e 11. Eu precisei de 14 e 20. Isso, além de que os partidos não tem unidade, na hora de votação, atuam por interesses”, disse.

“Temos que trabalhar para aprofundar o caráter programático dos partidos. Ninguém terá uma governabilidade que não seja 'toma lá, dá cá'. É difícil conviver neste sistema se você tiver convicções. Por isso me chamam de dura, porque recuso e recusei (negociatas). Ora, Cunha queria que três deputados do PT votassem contra sua cassação para que não passasse o impeachment. Não é porque me retiraram da presidência que este processo amenizou”, completou.

Questionada sobre atuações futuras, Dilma disse que nunca deixou a política de lado, mesmo sem atuar em cargos eletivos. “Sempre fiz política sem ter mandato. Não fui presa durante a ditadura enquanto parlamentar. Fui militante e presidente. Não tenho nenhum projeto muito claro, mas para mim, a política é quando me coloco a questão: 'O que acho correto, o que posso fazer para o conjunto de homens e mulheres que dividem comigo este tempo histórico?'. Política é a obrigação de pensar nos outros, não apenas (de forma) partidária”, concluiu.

www.marchaverde.com.br
03
Set16

CHARLIE HEBDO...UMA NOJICE CRIMINOSA

António Garrochinho
HÁ UMA ENORME ONDA DE REVOLTA POR PARTE DO POVO ITALIANO CONTRA OS "HUMORISTAS" DO CHARLIE HEBDO QUE CONFORME JÁ ONTEM PUBLIQUEI, O JORNAL FRANCÊS PUBLICOU UM CARTOON DE MUITO MAU GOSTO SOBRE AS VÍTIMAS DO TERRAMOTO EM ITÁLIA.
ÀS PESSOAS FERIDAS E MORTAS OS VENENOSOS DO FAMIGERADO JORNAL CHAMAM-LHES GENTE DE PELE GRATINADA, GENTE COM MOLHO DE TOMATE E LASANHA À PILHA DE CADÁVERES VÍTIMAS DO TERRAMOTO.
NÃO APRENDERAM NADA ESTES PULHAS E CONTINUAM ESPALHANDO O ÓDIO PELO MUNDO P...
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Foto de António Garrochinho.

03
Set16

A DÉCADA DE 30 E O TERROR FASCISTA

António Garrochinho


 marinheiros_jose_barata_2
A 7 de Junho do presente ano (2014), noticiou-se o falecimento de José Barata, 97 anos, o último sobrevivente da Revolta dos Marinheiros de 1936, contra o fascismo português.
Grandes dores padecem os portugueses que guardam memória da noite fascista, enquanto outros esquecem e branqueiam a Ditadura nascida em 1926, à qual portugueses esclarecidos fizeram frente, até pagando com a sua vida.
  A década inicial da Ditadura Fascista, anos 30, foi um período de extrema violência e eliminação sistemática de opositores de diferentes matizes (republicanos, sindicalistas, comunistas, anarquistas, militares, etc.).
  Em 1932, Salazar, «o Salvador da Nação» é nomeado Presidente do Conselho, aprova uma Constituição, chama ao seu governo de estado novo, concentra em si todos os poderes, cria um único partido, limita os direitos e liberdades, censura e cria em 1933 uma polícia política.
   Entre 1932 e 1943 existiram em Portugal cerca de 12000 presos políticos que foram sujeitos a tortura, viram sua vida privada violentada e dezenas deles foram mortos. Em 1931-32 foram deportados para as ilhas/colónias 1421 opositores: 220 oficiais, 190 sargentos, 257 praças e 114 civis.
  Desde a instauração da Ditadura, em 1926 que ocorreram uma série de revoltas, greves «revolucionárias» e movimentos contra o regime, havendo em 1937 um atentado contra Salazar. Todas essas ações eram violentamente reprimidas: em Agosto de 1931, um desses movimentos focado em Lisboa resulta em 40 mortos, 200 feridos e 600 prisioneiros; a revolta da Marinha Grande, o 18 de Janeiro de 1934, coordenada por sindicatos, acabou de forma sangrenta, com a prisão de bastantes sindicalistas e resistentes: «fomos interrogados, fomos torturados, fomos julgados (…) e deportados para Angra do Heroísmo» (depoimento de António Estrela).
  Em 1936, os marinheiros antifascistas ocupam três navios de guerra para se juntarem à armada republicana espanhola, tentam sair do Tejo, sem sucesso. Serão estes homens que irão inaugurar o então recém-criado Campo de Concentração do Tarrafal/C. Verde (Dipl.ª 23/4/1936). Entre eles José Barata, deportado, condenado a 15 anos de prisão, cumprindo aí 11 anos e depois de operado, cumprindo o resto da pena no Forte de Peniche.
 De 1926 a 1939, foram presos 11 628 opositores: 1511 foram deportados; mortos em combates/lutas contra a Ditadura, 210; mortos nas cadeias, 24 humanos; feridos em combate/lutas 990 portugueses.
 Cândido de Oliveira, recordado pela opinião pública portuguesa como desportista e diretor de «A Bola» foi preso, torturado e deportado para o Tarrafal em 1943. Em jeito de «balanço», legou-nos o seguinte testemunho: nome de deportados que já haviam cumprido o seu tempo de condenação, entre eles, Alfredo Caldeira, que morre lá 4 anos depois de expirada a pena de 2 anos; o nome de vários presos que permaneciam há sete anos nesse campo de morte sem julgamento ou acusação; identifica portugueses deportados, sem julgamento, que haviam combatido o fascismo em Espanha. Segundo Cândido de Oliveira, em 1943, estavam presos no Tarrafal 220 presos, 102 homens sem julgamento ou condenação, 27 deles há mais de 6 anos, 9 há mais de 7 anos. Havia também um «quadro impressionante e inacreditável» de presos que já haviam cumprido a sua pena, quase 50%; nesses Manuel Alpedrinha, condenado a 2 anos de prisão correcional estava enclausurado há 12 anos e 6 meses. ( Testemunho e números disponíveis na «História Contemporânea de Portugal», dir. de João Medina).
  Esse campo de morte, como era conhecido pelos presos, recebeu em Outubro de 1936, os primeiros 150 presos, entre eles, Militão Ribeiro, Francisco Belchior, Francisco José Pereira, Francisco Quintas, Cândido Barja, Augusto Costa. Segundo testemunhos, um médico do campo informou «não estou aqui para curar mas para passar certidões de óbito». Faleceram nesse campo, entre outros, Bento Gonçalves (1942), Mário Castelhano (1940), Alfredo Caldeira (1938), António Guerra (1948), Francisco Pereira, Pedro Matos Filipe, Francisco Esteves, José Alves dos Reis, Damásio Martins Pereira, Edmundo Gonçalves. Em 1939, a polícia do estado criou a «Brigada Brava», destinada a abater presos, no Tarrafal. Em 1949, a Oposição pede a extinção do Tarrafal. Em 1953 o ultimo preso, Francisco Miguel Duarte é transferido para Caxias. Em 1961, o campo da morte, reabre com presos de Angola e Guiné, entre eles Luandino Vieira.
J.Augusto
Bibliografia:
História Contemporânea de Portugal», dir. de João Medina
Presos Políticos Algarvios, Maria Duarte
HistóriaAA.VV
Publicado originalmente no nº 262 do Jornal “A Batalha” (Novembro-Dezembro de 2014)
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03
Set16

Ministra diz que há "um elevado número de sindicatos na polícia"

António Garrochinho


Ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, e o Presidente da República visitaram recentemente a Direção Geral da PSP  


32 mil dias de dispensa gozados por dirigentes dos 15 sindicatos da PSP levam governo a ponderar alterar a lei

Quinze sindicatos, 2740 dirigentes e delegados, 32 mil dias de dispensas gozadas num ano. É este o atual cenário na PSP e que está a atingir o seu ponto mais crítico na gestão dos recursos humanos: todos os meses, nove mil escalas de serviço (turnos) são obrigadas a alterações por causa da concessão dos créditos sindicais - cada dirigente tem direito a gozar quatro dias por mês e os delegados 12 horas.

Questionada pelo DN sobre a atual situação e as medidas que podem ser tomadas, Constança Urbano de Sousa não abriu totalmente o jogo, mas levantou a ponta do véu dando um sinal para as suas intenções: "A existência de um elevado número de sindicatos na PSP, alguns com muita reduzida representatividade, conduz a uma diluição do peso negocial na defesa de interesses coletivos, em prejuízo destes, da liberdade sindical e do funcionamento da instituição", sublinha.

A ministra admite assim que "é necessário pensar seriamente no aperfeiçoamento dos mecanismos legais de representatividade socioprofissional da PSP, que permita manter os princípios subjacentes à liberdade sindical e o direito de negociação coletiva, garantindo ao mesmo tempo o seu genuíno exercício em benefício do interesse público e dos interesses dos associados".

E até o secretário-geral da CGTP diz: "Não conheço nenhum outro setor assim". Para Arménio Carlos. "a vida já demonstrou que a proliferação de sindicatos fragiliza o poder negocial e nada tem trazido de vantagens aos trabalhadores, neste caso aos polícias. Além de que as entidades patronais, neste caso o governo, sabem bem aproveitar essas divisões contra os interesses dos profissionais".

Dados a que o DN teve acesso em exclusivo são conhecidos por algumas das estruturas sindicais da PSP, que concordam com a situação "insustentável" que resulta no "descrédito" do movimento sindical desta força de segurança. Cada vez que inicia um processo negocial - está agora a decorrer o relativo ao Regulamento Disciplinar da PSP - a ministra da Administração Interna tem que fazer 15 reuniões, uma com cada sindicato, chegando a maior parte das vezes às 30 sempre que há segundas rondas negociais. Constança Urbano de Sousa, tal como outros antecessores, tem vontade de acabar com os excessos e abusos, mas trata-se de uma matéria altamente sensível.

A ministra já auscultou informalmente sindicatos em relação a uma possível alteração legislativa, conforme confirmaram ao DN algumas destas estruturas. A solução pode passar, não pela limitação do número de sindicatos que seria inconstitucional, mas pela limitação dos créditos obrigando a que fossem proporcionais à representatividade das organizações.

O governo precisa dos seus aliados de esquerda para uma mudança desta natureza e sabe que terá sempre como limite não por em causa o sindicalismo na polícia. O PCP não afasta esse apoio, embora, ainda não tenha formado uma posição oficial. No entanto, afiança o deputado António Filipe, "é evidente que toda esta divisão e proliferação de sindicatos é prejudicial aos próprios polícias".

José Teixeira é presidente de um dos mais recentes sindicatos, o 14º, criado em fevereiro deste ano, o Sindicato de Polícia pela Ordem e Liberdade (SPPOL). Tem 261 sócios, dos quais 249 são dirigentes e delegados. Ao DN reconhece "com muita tristeza" que "se créditos sindicais forem limitados, mais de 50% dos sócios vão embora" e o seu sindicato "tal como muitos outros pequenos vão colapsar". Mas compreende que "não pode haver abusos, se se quiser levar o sindicalismo a sério. Infelizmente há muita gente que só vem para os sindicatos para ter folgas".

Os 32 mil dias de dispensa que foram concedidos em 2015 tiveram um impacto em toda a gestão e organização do trabalho em cada esquadra, equivalendo em cada um desses dias a menos quatro turnos de patrulhas que podiam ter sido feitas. O presidente do Sindicato Nacional dos Oficiais de Polícia, Henrique Figueiredo, que representa grande parte dos comandantes, tem essa noção clara. "Há unidades onde não se asseguram os mínimos (atendimento e carro patrulha) porque a quantidade de dirigentes e delegados é tal que não há gestão que aguente. Há unidades em que metade do efetivo é dirigente ou delegado. Em mais do que a gestão dos comandantes, o principal impacto é nos colegas, que veem os seus horários alterados em cima da hora para taparem os "buracos" deixados pelos que estão a gozar os créditos sindicais", assinala.

www.dn.pt

03
Set16

UM POUCO DE HISTÓRIA DA PESCA DO BACALHAU

António Garrochinho
I - A EXPANSÃO


A nau de um deles tinha-se perdido
no mar indefinido.
O segundo pediu licença ao Rei
de, na fé e na lei
da descoberta, ir em procura
do irmão no mar sem fim e a névoa escura.

Tempo foi. Nem primeiro nem segundo
volveu do fim profundo
do mar ignoto à pátria por quem dera
o enigma que fizera.

Então o terceiro a El-Rei rogou
licença de os buscar, e El-Rei negou.










Carta de doação de D. Manuel I
a Gaspar Corte Real, em 1500






Pormenor do planisfério anónimo português dito de "Cantino", de 1502

O “terceiro” era Vasqueanes Corte Real. D. Manuel I não permitiu que fosse em busca dos irmãos e chamou a si essa responsabilidade.
A importância crescente da pesca do bacalhau levou o rei, em 1506, a reservar para si o dízimo dos proventos da pesca da Terra Nova nos portos de Aveiro e Viana do Castelo.
Gaspar Corte Real descobriu a Terra Nova por volta do ano 1500. Que significa “descobrir”? Estas paragens foram provavelmente visitadas, séculos antes, por vikings e por pescadores islandeses. Uma ilha, ou a costa de um continente, só pode considera-se descoberta quando quem lá chegar saiba como voltar, e o transmita. Em termos práticos, tal acontece quando é assinalada num mapa e se conhece a latitude, o rumo a seguir e uma estimativa da longitude, uma vez que esta coordenada só ganhou precisão muito tempo mais tarde.
A primeira evidência dessa descoberta é o planisfério “Cantino”. Assinale-se que, nas primeiras cartas, a posição da Terra Nova foi convenientemente deslocada para Leste, de forma a caber na parte do mundo que o Tratado de Tordesilhas reservara aos portugueses.
Não se pode falar dos mares que banham as costas do Canadá sem referir os nomes de Giovanni Cabotto, cujo nome foi anglicizado para John Cabot, e de João Fernandes Lavrador. Ambos partiram do porto de Bristol e navegaram ao serviço de rei Henrique VII de Inglaterra, embora Lavrador tivesse obtido antes do rei D. Manuel autorização para explorar ilhas e terra firme. As viagens do português que deixou o nome ligado à costa do Labrador, terão sido efectuadas após Cabotto desaparecer no mar, em 1498.
A importância do pescado na alimentação fazia-se sentir desde há muito e aumentou com o crescimento demográfico que ocorreu durante o século XV. Não abundavam, na Europa, as fontes de proteínas. Ainda por cima, a igreja católica proibia o consumo de carne nos dias de abstinência, que eram quase 150 por ano.
Os ingleses pescavam bacalhau nos mares da Islândia. Secavam-no a bordo, consumiam-no e comercializavam-no. Portugal tinha bom sal que exportava para a Europa. O intercâmbio com os pescadores ingleses terá começado desse modo. Bascos, portugueses e bretões habituaram-se também a pescar naquelas águas.
A situação geo-estratégica modificou-se. As lutas pelo domínio das áreas geográficas onde existem recursos importantes são tão velhas como as Nações. As áreas de pesca não escaparam aos conflitos. Em 1478, as autoridades dinamarquesas encerraram aos estrangeiros os pesqueiros da Islândia, que então controlavam.
Os pescadores tiveram de procurar outras zonas de pesca. Os portugueses deram com a “terra nova dos baccalhaos”. Dizia-se que havia tanto peixe nos seus bancos que os cardumes chegavam a impedir o avanço dos barcos.


A notícia da abundância de pescado propagou-se e a Terra Nova passou a ser procurada por pescadores de várias nacionalidades. Os portugueses foram os primeiros a instalar colónias fixas na Terra Nova e no Labrador a partir de 1506. O mapa de Cantino de 1502 assinala com nomes portugueses diversos pontos da costa.
As nações europeias foram dando conta da necessidade de povoar as terras recentemente descobertas. A pressão do crescimento demográfico fez--se sentir. Ingleses, franceses e bascos foram tomando posições na região. De início, instalaram-se em torno do estreito de Belle Isle.
A pesca era fonte considerável de riqueza. Companhias bascas e portuguesas exportavam, para a Inglaterra e Irlanda, bacalhau e sal de Setúbal.


Cerca de 1530, um grupo de portugueses partiu de Viana do Castelo em direcção à Terra Nova. Pretendia-se reforçar a colónia que controlava boa parte do litoral da região. O financiamento era feito por comerciantes de Aveiro e da Ilha Terceira. A colónia manteve-se, pelo menos, até 1579, como demonstra a nomeação de um descendente dos Corte Real para a Capitania da Terra Nova. A ocupação era essencialmente sazonal.
Nos primeiros anos do século XVI saíam anualmente, só de Aveiro, 60 navios pesqueiros com destino à Terra Nova. Em 1550, o seu número rondava os 150. Os bacalhoeiros tinham pequena tonelagem. Cada um era tripulado por 20 a 30 homens. A campanha ocupava a Primavera e o Verão. No resto do ano, os barcos eram rentabilizados na navegação de cabotagem.

Referências:

Canas, António José Duarte.
Guerreiro, Inácio.
Matos, Luís Jorge Semedo de.
Salgado, A. Alves. 


Varela, Consuelo. (traduzida do espanhol por Eduarda Pinto Basto).
Todos em: Revista Oceanos, nº 45, Janeiro/Março 2001.

Gravuras e fotografias: idem.

Também publicado em Milhafre.







03
Set16

Uma pintura do Porto

António Garrochinho


  Atenção ! algumas imagens permitem a ampliação é só carregar nelas
Nota- No excelente e incontornável blogue Gandalf's Gallery foi publicada em 31 de Julho uma imagem do Porto, uma pintura de Gustave Bourgain com o título de Dourando a Figura de Proa. 
bour1fig. 1 - Gustave Bourgain (1856-1921) – Dourando a Figura de Proa (Gilding the Figurehead), Porto 1886 óleo sobre tela 75 x 105 cm. colecção particular.
Gustave Bourgain (1856-1921) pintor e ilustrador francês ligado à revista L'Illustration, foi enviado a Alexandria no Egipto com a expedição inglesa. Expõe pela primeira vez no Salon de 1884 com uma cena da guerra anglo-egipcia.
 
Torna-se pintor oficial da Marinha. Dedicando-se à pintura histórica, pinta um conjunto de quadros sobre a campanha do Egipto por Napoleão entre os quais dois quadros de Bonaparte no Cairo. Participa na Exposição Universal de 1900 com uma celebrada aguarela leVengeur retratando o combate do navio francês com o navio inglês Brunswick em 1794.
O quadro divide-se em duas partes.
bour2fig. 2 – O quadro com a parte esquerda escurecida.
bour3fig. 3 – Pormenor mostrando o cais de Gaia. Do lado esquerdo Bourgain 86
O lado esquerdo numa zona mais sombria, mostra a proa de um navio atracado ao cais de Gaia, onde dois marinheiros se atarefam na manutenção e lavagem do navio.
bour4fig. 4 – Pormenor dos marinheiros na manutenção do navio.
No centro do quadro uma outra personagem, um artista, (repare-se na diferença do vestuário), paleta na mão, está dourando a figura de proa (a carranca), que explica o título da pintura. A carranca representa um guerreiro romano encavalitado no talhamar (a peça da frente da proa) sob o gurupés (o mastro horizontal da proa).
bour6fig. 5 – Marcação do centro do quadro.
bour5fig. 6 - Pormenor mostrando o artista dourando a carranca.

Na parte direita do quadro, mais luminosa, o Douro onde navegam diversos barcos salientando-se um escaler e um barco rabelo
bour7fig. 7 – Pormenor do escaler que se dirige para a Ribeira do Porto.
bour8fig. 8 – Pormenor do barco rabelo.
Dirigindo-se para jusante, um navio da rota das Índias (indiaman), sem pavilhão e por isso de nacionalidade desconhecida.
bour10fig. 9 – Pormenor do navio.
O navio é semelhante aos representados por Manoel Marques d’Aguilar na gravura da entrada da barra do Douro de 1790.
bour9fig. 10 - Perspectiva da entrada da Barra da Cidade do Porto e Fortaleza que a defende. Dedicada ao Ulmo. e Exmo. Senhor José de Seabra e Silva, Secretário d'Estado de Sua Magestade Fidelíssima da Repartição dos Negócios do Reyno. 1790, gravura a água-forte 44 x 28 cm.
bour9afig. 11 – Manoel Marques d’Aguilar (1767-1816) Pormenor da Perspectiva da Entrada da Barra da Cidade do Porto e Fortaleza que a defende 1790.
Ao fundo a cidade do Porto onde junto da muralha se encontram ancoradas diversas embarcações.
Como o quadro está datado de 1886, e Bourdain pinta sobretudo temas históricos, a cena situa-se nos finais do século XVIII e inícios do século XIX.
bour11fig. 12 – Pormenor da cidade do Porto do convento de S. Bento da Vitória até ao cubelo da muralha fernandina.
Por isso a cidade do Porto, com luz de poente e onde se distingue o morro da Vitória, o morro da Sé, a igreja dos Grilos, o Paço Episcopal, a muralha e o casario e o cais da Ribeira, é provavelmente inspirada na gravura de George Vivian do álbum Scenery of Portugal & Spain, publicado em Londres em 1839. Note-se o pormenor do Palácio Episcopal e dos barcos rabelos.
bour12fig. 13 – Pormenor da Sé e do Paço Episcopal.
bour13fig. 14 – George Vivian(1798-1873) Oporto from Villa nova litografia de Louis Haghe (1806-1885) inScenery of Portugal & Spain, 14 Pall Mall, East P. and D. Colnaghi and Com. London 1839.
Bourgain aproveita alguns detalhes dos navios para esconder a Torre dos Clérigos e a Ponte das Barcas. (Na data da pintura já a ponte Luís I estava em conclusão e na data que o quadro pretende evocar existia a Ponte das Barcas).
bour14fig. 15 – Dois pormenores que “escondem” à esquerda a Torre dos Clérigos e à direita a Ponte das Barcas.

 doportoenaoso.blogspot.pt
03
Set16

Quadros da Armada Real Portuguesa

António Garrochinho




Quadros da Marinha Real Portuguesa

Sargentos e Praças

A tripulação dos navios era formada por profissionais, havia a classe dos Sargentos:
Sargento-Mor, Sargento-Chefe, Sargento-Ajudante, Primeiro-Sargento, Segundo-Sargento, Sub-sargento, Segundo-Sub sargento.

Dos Praças: Primeiro-Marinheiro, Segundo-Marinheiro, Primeiro-Grumete, Segundo-Grumete (com a especialidade concluída) e o Segundo-Grumete.

Depois havia os recrutas: contratados (a maioria obrigados), e gente provindo das principais ruas das cidades do Reino (a bem ou a mal).


Nas Esquadras da Marinha Real a vida nos navios que partiam para alto-mar era muito dura. Sargentos e Praças espremem-se em espaços exíguos, enfrentam os perigos dos mares e padecem de doenças terríveis. A principal causa de mortalidade, além dos naufrágios, é o mal das gengivas, um flagelo das tripulações. A tripulação se ressente da falta de alimentos frescos. Os oficiais têm permissão para embarcar animais vivos, como galinhas, cabritos e porcos, mas essa carga geralmente é consumida nos primeiros dias de viagem. A partir daí, a principal comida a bordo são os 'biscoitos da regra', feitos de farinha de trigo e centeio. Cada tripulante tem direito geralmente a 400 gramas diários de biscoito, a ração básica de sobrevivência no mar. A má conservação dos alimentos é um problema grave. Armazenada em paióis pouco arejados, quentes e húmidos, a comida apodrece rapidamente. Os navios vivem infestados de ratos, baratas e carunchas. Insectos e vermes disputam com os homens o alimento escasso e comprometem as já precárias condições de higiene. Os temperos fortes são usados para disfarçar o gosto dos alimentos deteriorados. Peixes frescos são uma raridade (além de difíceis de pescar em alto-mar, a tripulação prefere não gastar o pouco alimento disponível como isca de resultados incertos).


As refeições são preparadas num fogão a lenha existente no convés e cuidadosamente vigiado para evitar incêndios. À noite os fogões ficam apagados. A água, transportada em grandes tonéis, também apodrece pelo acumulo de algas e parasitas. Quando ela escasseia, nas longas viagens, o racionamento aumenta e cozinha-se com água do mar. Talvez venham daí as febres e diarreias que atormentam a todos. Os navios funcionam como organizações militares, com hierarquia e tarefas bem definidas, o que não tem impedido motins e rebeliões. Não é só os praças que se manifestam-se nos momentos de desespero. A elite da tripulação é composta de representantes da nobreza e profissionais altamente especializados na arte de navegar. O posto mais alto é o do capitão. Depois os sargentos-chefes, e primeiros-sargentos, responsáveis pela contratação dos marujos e pela rotina de bordo. O tenente-piloto é o comandante das operações náuticas. Deve conhecer a posição do navio o tempo todo, definir seu curso, saber ir e retornar em segurança. O escrivão, representante directo da coroa, encarrega-se de fazer os relatos da viagem no livro de contabilidade. O restante da tripulação é dividido em três categorias. Os marinheiros são profissionais do mar com experiência em viagens anteriores. Nesse grupo estão os carpinteiros, calafates, tanoeiros, meirinhos, despenseiros, cozinheiros, e os navios levam ainda a gente de guerra, os soldados e artilheiros equipados com os canhões que tanto efeito causam no além-mar. Os grumetes são aprendizes de marinheiros, novatos de primeira viagem. Aprendem a içar e recolher as velas, operar as bombas para drenar o navio e outras rotinas náuticas. Os que mostram aptidão são promovidos a marinheiros.


Só os oficiais têm aposentos próprios. A maioria da tripulação vive esparramada pelo convés e dorme em lugares improvisados. Expostos ao sol, ao frio e à chuva, muitos marinheiros morrem de doenças pulmonares. Não há 'casas de banho'. As necessidades são feitas directamente no mar, com a ajuda de pequenos assentos pendurados sobre a amurada. O uso de urinóis à noite e durante as tempestades aumenta a pestilência a bordo. O responsável pelos raros cuidados com a higiene da tripulação é o médico-cirurgião e o barbeiro. Seu estojo é composto de seis navalhas e de duas pedras de limar, e a do barbeiro duas tesouras, uma pedra de limar, dois espelhos, dois pentes, uma bacia de barbear e outra para se lavar. Nos médicos também inclui apetrechos parar curar feridas e uma farmácia de bordo com uns unguentos, óleos aromáticos, purgantes, água destilada e ervas medicinais. A função do médico é tão importante que ele é dos poucos tripulantes com o privilégio de dividir a mesa de jantar com o capitão e o piloto. Na longa solidão dos mares, as viagens são intermináveis e tediosas. O jogo de cartas constitui uma das poucas actividades de lazer a bordo, mas é mal visto pelos padres. Embora seja muito pequeno o número dos tripulantes instruídos nas letras, os padres também se opõem à leitura de livros profanos. Em seu lugar, distribuem obras que contam histórias de santos. A actividade religiosa a bordo é intensa. Os padres promovem rezas, ladainhas e representações teatrais de episódios religiosos, como o Mistério da Paixão. A adesão da tripulação é entusiasmada. Desde tempos imemoriais, os marinheiros demonstram grande fervor religioso, quando não superstição pura e simples. Sua profissão de alto risco explica esse apego.

(Marinheiro preparando a ancora

(Marinheiros a puxar a ancura)

(Marinheiro a enrolhar a vela do mastro)

A partir de 1793 os navios mercantes e de viagem passaram a navegar em comboios escoltados por uma Esquadra até a um determinado ponto e no regresso eram escoltados a partir de um lugar pré combinado. Nos comboios da Carreira da Índia, e principalmente para o Estado do Brasil, a bordo dos Navios Mercantes, podiam embarcar até 800 passageiros, o que acarretava uma grande disciplina a bordo, facto que implicava muito rigor e metodologia. As crianças representavam 10% numa viagem, eram alistadas pelos pais que recebiam o seu soldo, estes faziam os piores trabalhos, costurar velas, limpar excrementos, entre outros. Na marinha de guerra a má formação e tipo de personalidade dos marinheiros e dos mais elementos da tripulação contribuíam para haver uma grande disciplina a bordo. Na maioria dos casos estes marinheiros eram homens rudes que se faziam ao mar muitas vezes contrariados ou iludidos por um sonho ou aventura. Por isso os castigos a bordo eram frequentes, a disciplina era essencial para o bom funcionamento dos navios da armada.


A disciplina na Marinha Real nos séculos XVIII e inícios do XIX, é muitas vezes visto como um código severo e inflexível de 'começar', com o chicote e acabar com um enforcamento.  Mas para tirar a punição fora do contexto por vezes é perder a comparação entre a vida na terra e vida no mar durante o período. O código de justiça georgiana era conhecido, com razão, como o código de sangue.  Em terra, a um homem podia ser dada uma sentença de prisão longa ou transportado para um navio para a vida por crimes relativamente menores, ele pode ser enforcado por roubar tão pouco como um lenço.  A prisão rotineiramente era mantida por 20 presos a uma cela que media 20 pés por quinze anos. No mar as regras que os homens obedeceram eram conhecidos como os Artigos de Guerra.  Um homem só poderia ser enforcado por traição, motim, ou deserção. Sodomia era também uma ofensa capital, mas poucos homens foram processados ou enforcados por isso, e parece provável que tenha sido uma ocorrência rara em um navio de guerra. O espaço aberto dos homens oferecia poucas oportunidades de privacidade. No mar, a disciplina era relativamente fácil de manter. Os marinheiros sabiam que suas vidas dependiam de trabalhar em conjunto para evitar o naufrágio do navio, ou ser tomada pelo inimigo. Isso pode explicar em parte que eram necessários ter pelo menos 20 anos para comandar um navio de marinheiros experientes, desde que o capitão não comprometesse a sua segurança a tripulação estava disposta a trabalhar para ele.

No porto o trabalho era mais difícil, e muitas vezes oficiais superiores pensariam duas vezes antes de ir abaixo ao convés. A privacidade e o espaço era dono dos marinheiros que tinham a oportunidade de estar com a família e por todas as “contas em dia”. Havia a punição da ‘partida’ os ‘mestres’ batiam nas costas com uma bengala de vime ou com uma corda curta normalmente construída pelo ‘companheiro’. Era usada quando um marinheiro não estava a puxar o seu peso ou a mover-se rápido o suficiente depois de uma ordem dada O Almirantado Britânico proibiu seu uso em 1809, após o corte marcial do Capitão Robert Corbett. Na verdade a maioria dos capitães já haviam deixado a prática até então. O Chicote, em teoria um capitão de um navio só poderia pedir um máximo de 12 chicotadas, mais deveria ser tratado por uma corte marcial. Esta regra foi quebrada rotineiramente abertamente, com capitães escrevendo em seus diários o número de chicotadas concedidos para cada flagelação. Até 72 chicotadas seria improvável para atrair a atenção do Almirantado. Os homens aceitaram isso, as punições distribuídas por corte marcial tendem a ser muito mais grave. O limite de chibatadas que um capitão foi removido em 1806, e a nova regulamentação afirmou que um capitão não dava a ordem punição "sem motivo suficiente, nem mesmo com maior severidade do que a ofensa deve realmente merecer." O açoite era um castigo que parece ter sido bastante ineficaz, era frequente um homem ser flagelado pelo mesmo crime novamente. Um capitão sádico poderia fazer das tripulações a vida uma miséria, e de navios de guerra tendia a haver um aumento de deserções. A aplicação do castigo era realizada pelo ‘companheiro’ com um chicote de nove caudas. O castigo era geralmente realizada um dia após o crime, e o ‘companheiro’ faz um novo gato para cada flagelação.  O gato em si era mais pesado que a versão utilizada no Exército, feito de uma alça de corda com cerca de dois metros de comprimento e uma polegada de diâmetro para que os nove caudas da linha fossem anexos. A linha era uma polegada de diâmetro e cerca de dois metros de comprimento. Uma vez concluído, ele era colocado em um saco de baeta vermelha até ser necessário. A flagelação começava com toda tripulação se reunir a ré para testemunhar a punição.


O homem que era julgado era geralmente amarrado a uma grade arrebitado. Os ‘policias’ ficavam de lado em uniforme de gala e os fuzileiros alinhados à ré.  O capitão iria ler o artigo de Guerra que o agressor tinha quebrado e, em seguida a ordem seria dada para serem dadas a dúzia de chicotadas. Se mais de uma dúzia era ordenado, em seguida, um segundo companheiro dos mestres dava as doze próximas. A força dos golpes pode ser demonstrado pelo fato de que um gato padrão de nove caudas foi facilmente capaz, quando empunhada por um homem médio, de fazer grandes estragos ás costas de um homem. O efeito sobre as vítimas foi dito que se assemelhava a carne queimada e enegrecida. A forma mais grave de flagelação foi uma rodada de flagelação da frota. O número de chicotadas foi dividido pelo número de navios no porto e o agressor foi remado entre navios para que cada navio testemunhar a punição. A aceitação de flagelação pelos marinheiros para manter a disciplina, é difícil de medir. Nos motins 'Grande', no 'Nore' e 'Spithead', o açoitamento não foi mencionado na lista de queixas dos marinheiros. Um marinheiro só podia ser enforcado por traição, motim, ou deserção. Os enforcamentos, (possivelmente devido à escassez de homens), foram eventos raros. Um amotinado seria enforcado do braço Quintal do navio. Se ele fosse bem visto pelos seus companheiros de equipe o enforcamento era rápido e o suficiente para quebrar o pescoço. Ocasionalmente, um homem pulava ao mar para evitar o estrangulamento lento do laço. Para um ladrão a punição era ‘correr para o desafio’. Os ladrões foram particularmente impopulares com os homens, que não tinham onde trancar suas posses. O autor do furto caminhava lentamente através de duas linhas de homens que estavam armados com cordas com um nó no final. Então, eles batiam no homem quando ele passava para baixo da linha. O roubo importante era punido com açoites, e somente para este crime foi o gato atado com nós, três em três intervalos de polegada. Se os meninos dos navios que foram apanhados os problemas que poderiam ter feito para "beijar a filha dos artilheiros". Eles estavam inclinados sobre um canhão e chibatados na parte traseira. O artilheiro era o oficial encarregado do bem-estar dos ‘meninos’. Um homem também podia ser levado até ás mortalhas, onde era amarrado no aparelhamento e deixados à mercê do tempo, por quanto tempo o oficial que ordenou o castigo devia permanecer lá.


A hora da refeição constituía um dos momentos mais importantes, e, um dos mais confusos. O problema da alimentação a bordo vai ser uma constante ao longo dos séculos XVIII e XIX, uma vez que se mantêm as mesmas deficiências na armazenagem dos alimentos, ou seja a mesma cupidez dos feitos responsáveis pelo abastecimento dos navios e a mesma falta de higiene do vasilhame. Além dos ajustes de horário das refeições, às condições de navegação, havia também as naturais limitações produzidas pelo próprio acanhamento dos navios e riscos implicados pelos fogos e lumes advidos das cozinhas.


A bordo havia 2 fogões, situados no convés, um de cada lado do navio, na proa e outro na popa a ré, dos quais todos tinham de se servir. Principais alimentos o biscoito, enchidos de toda a espécie, bolachas, vinho tinto, queijo, bacalhau, azeite, vinagre, sal, arroz, grão-de-bico, presunto, carnes e peixes, conservas, frutos secos (damasco, figos, ameixas, amêndoas, avelãs, e nozes), ervas aromáticas, alho, cebola, picante, louro, mostarda, orégão, entre outros. Para conservar alguns destes alimentos mantinha-se as barricas cheias de sal. Um dos principais problemas da alimentação a bordo, residia na qualidade da água, pois a falta de escalas na viagem fazia com que os navios usassem em todo o percurso a água do primeiro abastecimento em Lisboa, ou então quando se faziam escalas abasteciam-se os navios.

               
A partir do Séc. XVIII demonstrou-se que a ração alimentar com frutos cítricos (laranja e limões) evitavam o escorbuto, no Séc XIX foi determinado que a ingestão de arroz integral (em substituição do arroz polido) prevenia a ocorrência de beribéri. Os víveres são embarcados consoante o planeamento da viagem, rota e tipo de embarcação. As Naus de Linha e principalmente as Naus de viagem, transportavam animais vivos, tais como, galinhas, coelhos, carneiros, entre outros. Todos os navios levavam um capelão “ Se queres aprender a orar, entra no mar”. A maneira como os navios eram habitados, navegados e comandados resumia o pequeno universo da sociedade Portuguesa da época, onde os religiosos embarcados cuidavam de manter o enorme poder que a igreja detinha em Portugal. A bordo, a assistência religiosa era assegurada pelos padres que asseguravam todos os preceitos religiosos incluindo todas as cerimónias. As missas e os terços celebravam-se várias vezes ao dia e cumpria-se as dedicações do calendário litúrgico.


O aparato religioso, fazia-se representar pelas alfaias religiosas e por um altar colocado no castelo de proa. Na verdade havia muitos estímulos para manter a bordo uma vida religiosa, pois os perigos eram eminentes e a morte permanente. Às Sextas Feiras, dia de abstinência, suspendia-se a carne, trazendo o peixe para a mesa. Os preceitos pascais eram de um modo geral cumpridos como se de uma aldeia se tratasse. Há muitas notícias de procissões e de solenidades religiosas em que não faltava o 'lava-pés'. Estas ocorriam com alguma frequência. Acção de Graças, Rações Diárias, Laudes, Vésperas, Completas, Ladainhas etc. Entre os actos de assistência espiritual a bordo figuravam as confissões. As várias viagens para outros continentes, traz ao país novas doenças e problemas médicos. As doenças manifestavam-se com certa facilidade e decorriam de duas situações principais, falta de condições higiénicas e alimentação deficiente. É facilmente compreensível que o navio representa, pelas suas dimensões, um excelente meio de transmissão de agentes patológicos de vária ordem. Ninguém se lavava, pois o banho era considerado nocivo à saúde


Os Navios Mercantes, e as Naus de Viagem, eram um amontoado de capoeiras, dispensas, caixas, tonéis e canastros. Esta desorganização por falta de espaço contribuía para a proliferação de ratos e baratas, que disputavam com os homens os alimentos comprometendo as condições e a higiene a bordo. A doença estava indivisível da crença, antes da partida eram frequentes as doações em benefício das casas religiosas em troca de dádiva divina. Os passageiros estavam entregues a si próprios, muitos inconscientes da aventura que os esperava. As reparações dos navios eram apresadas, os excessos de carga o alterar das rotas e o desrespeito pelas condições climatéricas faziam com que o número dos naufrágios fosse enorme, o reduzido espaço a bordo era compartilhado por animais, barris, fardos, passageiros, o frio insuportável e o calor abrasador, chuva abundante que inundava toda a embarcação, as condições sanitárias, a carência de géneros alimentares frescos a deterioração da carne e peixe, a falta de água, os abrigos para dormir faziam com que a dureza, fome, sede, doença, o risco de naufrágios, o temor de um ataque inimigo estivessem presentes. Em busca de novos horizontes de riqueza e aventura, todos os anos partiam passageiros rumo à Índia e ao Brasil. Estavam entregues a si próprios inconscientes da aventura que os esperava, sem o mínimo de informação sobre os riscos destas longas viagens. Em relação à marinha mercante, atendendo chegar em primeiro lugar com as suas mercadorias, os capitães viajavam para fora da época aconselhada, desrespeitando as monções e alterando as rotas. Apressavam as reparações nos navios, colocavam-lhes um excesso de carga reduzindo ao mínimo o espaço destinado ao alojamento das provisões e ao descanso dos tripulantes. Os naufrágios tornaram-se a principal causa da morte em Portugal, calcula-se que 40% dos navios nunca chegara ao destino “…enormes, super carregados e mal arrumadas os navios mercantes portugueses eram presa fácil de corsários franceses, e dos temporais…”.

      

Os passageiros amontoavam-se misturados com fardos, barris de carga e animais vivos que seriam consumidos durante a viagem. Por vezes uma chuva abundante, inundava a embarcação. As condições sanitárias eram as piores possíveis. Os passageiros vomitavam e faziam as suas necessidades uns sobre os outros, numa atmosfera nauseabunda sendo a falta de limpeza a causa de inúmeras doenças e mortes. As carências de géneros alimentares frescos, a deterioração da carne e peixe conduziam rapidamente a fome. A falta de água era um terrível pesadelo estas carências eram devidas quer a poupança e ambição dos armadores, quer à degradação dos alimentos pelas condições climatéricas. Doenças, o risco de naufrágio, o temor de ataque inimigo estavam sempre presentes. Havia inúmeros casos de depressão e outras doenças do foro psiquiátrico. Na verdade a maioria das embarcações a falta de recursos médicos era uma constante. Esta carência era devida a vários factores. A ignorância própria de uma época acerca das doenças e dos seus tratamentos. A existência de uma sociedade fortemente modelada pela religião e também pela falta de motivação na pratica da arte medica que era mal remunerada. A importância de ter um médico a bordo causou que alguns capitães começassem a pedir ao rei que pelo menos em alternativa aos físicos equipem as armadas com um barbeiro.


As hipo-avitaminoses, como são conhecidas as doenças causadas pela falta de vitaminas, são pragas conhecidas há muito tempo pelo homem, o escorbuto foi uma das primeiras doenças que começou a matar intensamente as Naus de Longo Curso, ficavam meses em mar sem tocar terra, privava-se o acesso dos marinheiros a alimentos que contêm vitaminas. A alimentação a bordo, era constituída basicamente de bolachas secas, agua, vinho e carne salgada. A vitamina C era totalmente ausente. Os marinheiros caiam doentes depois de um ou dois meses, as gengivas ficavam inflamadas e inchadas apodrecendo com um tremendo mau hálito, os dentes caiam todos, apareciam feridas e hemorragias nas mucosas e na pele, sobre-vinha a fraqueza, a anemia, e gradualmente a morte. Sintomas eram causados pela acção de vitamina C que é essencial para cicatrização de feridas e a formação de colágeneo (proteínas importante para pele, tendões, ossos e tecidos conjuntivo). A sua deficiência crónica leva à formação defeituosa de colágeneo o que dá sintomas de clássicos de escorbuto. O escorbuto conhecido também por mal de Lunda ou mal dos marinheiros, era a doença mais temida e porventura a mais repulsiva, manifestava-se em dores nas juntas, inchaço nas extremidades, retardando o crescimento da criança, anemia dispneia (dificuldades de respiração). Susceptibilidade aumentada ás infecções. A ignorância a respeito das causas e do tratamento do escorbuto, ate 1753, James Lind, médico naval escocês descobriu que o consumo de laranjas, lima, limões e toranjas evitava o escorbuto. Inflamação nervosa. A Beribéri (fraqueza extrema em Senegalês) é uma forma de polineunte (inflamação de bainha dos nervos) causada por falta de vitamina B1 ou tiamina, a adição de vegetais peixe e carne à dieta dos marinheiros eliminou totalmente a beribéri entre eles. Os sintomas do beribéri incluem perda de apetite, extrema fraqueza, problemas digestivos, diminuição da sensibilidade nas extremidades, atrofia progressiva dos nervos longos, dos músculos da perna e dos braços e edema (causado por insuficiência cardíaca). Outras doenças, tais como as febres, tremores, cuja causa se atribuía às grandes variações de temperatura, e ainda havia o problema com o Paludismo, Cólera etc. Em muitos navios as doenças propagavam-se com tanta facilidade que era difícil encontrar gente capaz e com robustez física para assegurar a manobra ou a defesa do mesmo. 


Para passar longos períodos de lazer os passageiros e a tripulação dedicavam-se a alguns divertimentos, uma vez que o clima a bordo era pesado, daí inventarem-se divertimentos, transferindo-se para o mar hábitos de terra, tentando, assim aliviar a pressão existente. O jogo mais procurado, embora condenado sempre pelo padre que seguia a bordo eram os jogos de azar. O lazer era proibido pelos padres que condenavam os jogos de cartas e dados, apesar das advertências dos religiosos, a jogata a bordo era uma constante. Nestes jogos trocavam-se bens e benefícios e faziam-se promessas a cumprir aquando da chegada. A pesca e a contemplação do ambiente que os envolvia eram outro dos passatempos preferidos da tripulação. A passagem de bandos de aves, de cardumes de peixes, de peixes voadores, golfinhos e de baleias, são muitas vezes comentados em qualquer relação. Por vezes pescavam tintureiras que matavam com grande divertimento à paulada no navio depois de recolhidas. Quando assim não sucedia atavam-lhes objectos flutuantes, voltavam a atira-las ao mar e ficavam regalados a ver o animal tentar, sem capacidade, poder mergulhar. Também das tintureiras faziam o seu maior espectáculo. Consistia em recriar com estas, no convés do navio, as tão apetecidas touradas, muito ao gosto da época. O teatro era igualmente levado à cena, nomeadamente em algumas ocasiões de solenidades religiosas.

      

03
Set16

Vaticano, Constantino e seus segredos…

António Garrochinho


vaticano

A atual cidade do Vaticano é um estado sacerdotal monárquico, governada pelo Papa , onde reside  desde 1929, quando a cidade foi oficialmente criada pelo Tratado de Latrão . A residência papal nem sempre foi lá, o Papa vivia no palácio de Latrão na colina Célio, localizada no lado oposto de Roma,  o local foi dado ao papa Milcíades em 313 por Constantino (falaremos dele em breve)  . Na época, Constantino  forneceu liberdade religiosa  pelo Edito de Milão, o que pode ter sido algo muito importante ,  contribuindo para o crescimento do cristianismo e ouso dizer que também para o crescimento do poder da igreja.

Segue um trecho do Edito de Milão:

“Havemos por bem anular por completo todas as retrições contidas em decretos anteriores, acerca dos cristãos – restrições odiosas e indignas de nossa clemência – e de dar total liberdade aos que quiserem praticar a religião cristã”.

Acho que todos já ouviram falar do poder da Igreja pela história … mas poucos sabem sobre o  tratado de latrão em si.  Tudo que foi  “acordado lá” só nos revela o poder que  essa instituição religiosa alcançou ao longo de anos e anos em nome de “Cristo” . No tratado há três documentos que resumem bem tudo o que quero dizer. Os documentos descrevem:

  1. Um reconhecimento total da soberania da Santa Sé no estado do Vaticano.

  2. Uma concordata regulando a posição da religião católica no Estado .

  3. Uma convenção financeira acordando a liquidação definitiva das reivindicações da Santa Sé por suas perdas territoriais e de propriedade

O tratado de Latrão foi assinado pelo ditador fascista Benito Mussoline ,então chefe do Governo italiano, e o cardeal Pietro Gasparri, secretário de Estado da Santa Sé. Este Tratado formalizou a existência do Estado do Vaticano (cidade do Vaticano), Estado soberano, neutro e inviolável, sob a autoridade do papa, e os privilégios de extraterritorialidade do palácio de Castelgandolfo e das três basílicas de São João de Latrão, Santa Maria Maior e São Paulo Extramuros. Por outro lado, a Santa Sé renunciou aos territórios que havia possuído desde a Idade Média e reconheceu Roma como capital da Itália.
O acordo também garantiu ao Vaticano o recebimento de uma indenização financeira pelas perdas territoriais durante o movimento de unificação da Itália. O documento estabeleceu normas para as relações entre a Santa Sé e a Itália, reconheceu o catolicismo como religião oficial desse país, instituiu o ensino confessional obrigatório nas escolas italianas, conferiu efeitos civis ao casamento religioso, aboliu o divórcio, proibiu a admissão em cargos públicos dos sacerdotes que abandonassem a batina e concedeu numerosas vantagens ao clero.

Algumas coisas mudaram desde 1929, mas não muito … o poder do Vaticano e do Papa ainda são inquestionáveis e muitos dos seus arquivos são INASCESSÍVEIS.

Bom, Mussoline dispensa apresentações, mas Constantino e suas relações com a igreja e o cristianismo merece nossa atenção:

Pode-se dizer que um dos responsáveis diretos pela criação da Bíblia foi o imperador romano, Constantino, o Grande. Constantino foi pagão a vida inteira, batizado apenas poucas  horas antes de sua  morte (e ainda assim, sua conversão é questionada até hoje).
Constantino apoiou o cristianismo , mas vale lembrar que na época de Constantino, a religião oficial de Roma era o culto de adoração ao Sol– o culto do Sol Invictus, ou do Sol Invencível -, e o imperador supramencionado era o sumo sacerdote.
Há rumores de que Constantino fora instruído por uma família aristocrática, “Os Pisos” – Carlpunius Piso – a não só “aceitar”e a “autorizar” a prática do cristianismo e a fundação  definitiva da igreja como também foi essa família que influênciou  a criação do Novo testamento baseando-se em personagens babilônicos antigos. Só para constar, Os Pisos eram estóicos, e como tal , eles sabiam que as pessoas são motivadas pelo medo e pela esperança.

Rumores a parte,  o fato é que  Roma estava passando por um momento crítico em relação à “religião” . Nessa época,  estava ocorrendo uma “revolução religiosa”. Trezentos anos após a ” crucificação” de Cristo, muitas pessoas estavam se convertendo ao cristianismo, resultando em uma luta entre cristãos e pagãos. O conflito chegou ao ponto de dividir Roma ao meio, forçando Constantino a tomar uma atitude. O imperador, em 325 d.C. resolveu unificar Roma sob uma única religião: o cristianismo. Foram utilizadas várias estratégias para converter os pagãos adoradores do Sol em cristãos: fundindo símbolos, datas, rituais pagãos com tradição cristã em ascensão, ele gerou uma espécie de religião híbrida aceitável para ambas as partes. Ou seja, sincretismo.

Não concordo muito com Brown e tenho inúmeras suspeitas dele mas algo ele observou e repito aqui:

“Os vestígios da religião pagã na simbologia cristã são inegáveis. Os discos solares egípcios tornaram-se as auréolas dos santos católicos. Os pictogramas de Ísis dando o seio a seu filho Hórus milagrosamente concebido tornaram-se a base para nossas modernas imagens de Virgem Maria com o Menino Jesus no colo. E praticamente todos os elementos do ritual católico – a mitra, o altar, a doxologia e a comunhão, o ato de “comer Deus”, por assim dizer – foram diretamente copiados de religiões pagãs místicas mais antigas.”
E quando ele quer dizer MAIS ANTIGA, ele se refere ao EGITO ANTIGO e a BABILÔNIA-SUMÉRIA..

Pode-se, portanto, concluir que nada é original no cristianismo, não existindo nem sequer um simbologista especializado em símbolos cristãos.

Nas palavras de Brown (2004):

“O Deus pré-cristão Mitra – chamado o Filho de Deus e a Luz do Mundo – nasceu no dia 25 de dezembro, morreu, foi enterrado em um sepulcro de pedra e depois ressuscitou em três dias. O dia 25 de dezembro é também o dia de celebrar o nascimento de Osíris, Adônis e Dionisio. O recém-nascido Krishna recebeu ouro, incenso e mirra. Até mesmo o dia santo semanal dos cristãos foi roubado dos pagãos. Originalmente a cristandade celebrava o sabá judeu no sábado, mas Constantino mudou isso de modo que a celebração coincidisse com o dia em que os pagãos veneram o Sol. Até hoje, a maioria dos fiéis vai à Igreja na manhã de domingo sem fazer a menor idéia de que estão ali para pagar tributo semanal ao deus Sol, e por isso em inglês o domingo é chamado deSunday, “dia do Sol”.”

Portanto, os cristãos vão a igreja no domingo, dia do Sol – conhecido na lingua inglesa como Sunday

e os Judeus praticam o sábado – Saturday – Dia do Saturno. Saturno, O SENHOR DOS ANÉIS (Também portador do anel do poder supremo do cosmo ), é o nome popular para ENLIL, o deus Saturno. Curiosamente, Enlil é o Senhor do Sétimo planeta (contando pelos sumérios, do Sol para “fora”), mas curiosamente, os  Anunnakis, em seu épico da criação diz que Enlil é o Senhor do sétimo planeta que, de fora para dentro, é a TERRA. (a contagem suméria inclui a lua).

Para “cristalizar” a nova tradição cristã, Constantino realizou o Concílio de Nicéia ( a primeira tentativa de obter um consenso da igreja através de uma assembleia representando toda a “cristandade” ),  basicamente  uma reunião ecumênica. Durante essas reuniões, muitos aspectos foram debatidos e receberam votação, como a data da Páscoa, o papel dos bispos e a administração dos sacramentos, “além, naturalmente, dadivindade de Jesus”, como aponta Brown . Pois  Jesus, anteriormente, era visto pelos seus discípulos como um mero profeta mortal (considerado assim até hoje pela maçonaria), não passando de apenas um homem. Jesus passou a ser conhecido como “Filho de Deus” quando o Concílio de Nicéia propôs tal título, ocorrendo a aprovação por votação. Ou seja, “a divindade de Jesus foi resultado de uma votação”, afirma Brown (2004).

Provavelmente foi aí que “Jesus ” perdeu a sua essência.
Abro um parênteses aqui: registros maçonicos nunca descartaram a existência de Jesus, mas não o descrevem como conhecemos. Até onde eu  pesquisei e tive a oportunidade de “ouvir” algumas coisas, Jesus , um homem comum, que descobriu, digamos, o caminho do “meio” e do equilibrio, existiu e foi possivelmente  crucificado (prática comum à epoca) . Mas o que me chamou a atenção é que, até onde eu pude concluir, ele foi morto ( talvez)  por falar demais , ao ensinar o que não devia aos pobres manipulados …. Em muitos dos livros que li, a associação aos essênios se faz perceptível, sendo que os essênios, bom, eram como os maçons de hoje em dia ( Existia toda uma iniciação e tal ..) .e curiosamente, onde os essênios viviam, foram achados inúmeros pergaminhos que se referem a AKENATHON , FARAÓ CLARAMENTE ENLIITA.  Mas inegavelmente, os ensinamentos e escrituras  se arremetem (alembrando …rsrsrs)  a Thoth (filho de ENKI),  …. Portanto , claramente o novo testamento, em minha opinião é uma mistura de verdades , muito bem manipulada e simbólica que alcançou seu objetivo : confundir a todos que buscam entender a verdade e levar a humanidade a adorar ao Deus SOL, O MESMO DE SEU CONSTANTINO …

Voltando as palavras de Brow:

“Jesus não passava de um homem que sabia a chave para obter pensamentos pacíficos e utilizá-los para espalhar bondade e amor, resultando em paz e equilíbrio. Para conseguir unificar novamente o Império Romano e para lançar as bases do novo poderio do Vaticano, bastava declarar Jesus, o homem que todos veneravam, como um homem de origem divina. Deste modo, todos seguiriam suas palavras, até das mais absurdas, elaboradas por Constantino e o Concílio.”

“Isso não só evitava mais contestações pagãs à cristandade, como os seguidores de Cristo  poderiam se redimir através do canal sagrado estabelecido – a Igreja Católica Romana. Tudo não passou de uma disputa de poder. Cristo, como Messias, era fundamental para o funcionamento da Igreja e do Estado. Muitos estudiosos alegam que a Igreja Católica Romana literalmenteroubou Jesus de seus seguidores originais, sufocando sua mensagem humana ao envolvê-la em um manto impenetrável de divindade e usando-a para expandir seu próprio poder”.
Constantino aproveitou que todos respeitavam e veneram Cristo, e o usou para conseguir colocar ordem em Roma novamente. Para conseguir manter seu poder, utilizou como base algumas palavras de Jesus e construiu a Bíblia, resultando em um livro onde se encontra o que seria o certo e o errado segundo a ótica do Imperador. Pode-se dizer que “Constantino moldou a face da cristandade como a conhecemos hoje em dia”, diz Brown (2004).
Porém há milhares de documentos contendo crônicas da vida de Jesus como umhomem mortal, pois Constantino o nomeou como divindade quase quatro séculos após a crucificação. A Bíblia feita por Constantino “omitia os evangelhos que falavam do aspectohumano de Cristo e enfatizada aqueles que o tratavam como divino. Os evangelhos anteriores foram considerados heréticos, reunidos e queimados”, aponta Brown (2004).

Convém dizer que a pessoa era considerada herege ao escolher os evangelhos proibidos ao invés da Bíblia Cristã (e foi assim por muito tempo, vide a santa inquisição). Neste momento da história surgiu, portanto, a palavra herege. Como diz Brown (2004): “A palavra latina hereticus significa “escolha”. Aqueles que “escolheram” a história original de Cristo foram os primeiros hereges do mundo.”

  Um dos manuscritos do Mar Morto encontrado perto da caverna Qumran.

Entretanto, para a felicidade de alguns historiadores, conseguiu-se preservar alguns evangelhos que Constantino tentou extinguir. Em 1945 foram encontrados manuscritos coptas em Nag Hammadi. Também foram encontrados no deserto da Judéia na década de 50 os manuscritos do mar Morto em uma caverna perto do Qumran.

Qumran – onde foram encontrados os manuscritos.

Os principais manuscritos não são acessíveis, estão sob posse  de Israel, de um dos museus relacionados a FAMÍLIA ROCKEFELLER!!!!

Museu de Israel

A única coisa que nos resta de novo são as palavras de Brown:
“Além de contarem a verdadeira história do Graal, esses documentos falam do mistério de Cristo em termos muito humanos. Naturalmente, o Vaticano, mantendo sua tradição de enganar os fiéis, tentou com todas as forças evitar que esses manuscritos fossem divulgados. E por quê? Acontece que os manuscritos apontam certas discrepâncias e invencionices históricas, confirmando claramente que a Bíblia moderna foi compilada e revisada por homens com um objetivo político – promover a divindade do homem Jesus Cristo e usar Sua influência para solidificar a própria base de poder desses mesmos homens.”

“O famoso livro sagrado para muitos são os olhos da verdade
Hipnotizados por suas palavras enganosas, o defendem até o fim dos tempos
Libertem-se do mundo escuro e cheio de patranhas!
As verdadeiras histórias são mais belas às embustes histórias sagradas
Não tomem como verdade o que lhes é mais dito
E sim, resgatem os segredos escondidos nas entrelinhas da história da
humanidade!”.

“Não há ninguém mais doutrinado do que o próprio doutrinador”, diz Brown (2004).

E pra terminar,  curiosamente, vamos falar rapidinho das origens possíveis do nome Vaticano, com destaque a um citado, no livro Os segredos da Capela Cistina:
O próprio nome “Vaticano” tem uma origem surpreendente. Não vem do latim ou do grego, nem tem origem bíblica. Na verdade, a palavra que associamos à Igreja tem origem pagã. Há mais de 28 séculos, antes mesmo da lendária fundação de Roma por Rômulo e Remo, havia um povo chamado de etrusco. Muito do que pensamos ser da cultura e civilização romanas na verdade vem dos etruscos, e apesar de ainda estarmos tentando compreender sua língua complexa, já descobrimos muito a respeito deles. Sabemos que, assim como os hebreus e os romanos, os etruscos não enterravam seus mortos dentro dos muros de suas cidades. Por este motivo, eles construíram um cemitério enorme em uma encosta de uma colina fora dos limites de sua antiga cidade, no local que posteriormente se tornaria a cidade de Roma. O nome da deusa etrusca pagã que protegia sua necrópole, ou cidade dos mortos, era Vatika.
Curioso , não? Realmente curioso …
Outros significados para Vaticano vão também de desde “O deus dos Romanos” a “Oráculo ou vidente” em dicionários latinos e católicos.

Percebe-se que até o nome Vaticano pode ter sido originado do paganismo que levou o vaticano a matar milhares de pessoas. Às vezes eu me pergunto se eles fizeram isso com medo de alguém descobrir a verdade … só que ,  a verdade não pode ser escondida por muito tempo e eu acho que  já foi tempo demais …

“Aos filhos de Gandhi
Morrendo de fome

Aos filhos de Cristo

Cada vez mais ricos”

Cazuza


Fontes usadas :
 
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Vaticanohttp://www.montfort.org.br
Livro : As origens egípcias do cristianismo
As origens ocultas da maçonaria
Código da Vince , Dan Brown 2004
Os mistérios dos pergaminhos  de cobre de Qurman
Site  onde vc encontra alguns  do pergaminhos liberados pelo Museu de Israel :
http://dss.collections.imj.org.il/

clovismoliveira.wordpress.com
03
Set16

10 Cidades subterrâneas que estiveram escondidas do mundo! Algumas de origem desconhecida!

António Garrochinho










Será que já tiveste a oportunidade de conhecer alguma delas? Algumas são tão misteriosas que ninguém sabe quem as construiu , outras serviram de abrigo em alturas de guerra. Cidades subterrâneas impressionantes que provavelmente desconhecias a sua existência.
Sobreviver debaixo da terra não é só uma ideia dos tempos da Guerra Fria, quando o perigo de um ataque nuclear incitou governos e particulares a construir bunkers subterrâneos. Há verdadeiras cidades subterrâneas que ainda são utilizadas e outras muito procuradas por turistas.

1. Minas de Sal de Wieliczka.



Localizadas no sul da Polónia, na área de Cracóvia, são as mais antigas minas de sal do Mundo ainda em funcionamento. Recebe visitas turistícas pelo menos desde o século XVI, quando Nicolau Copérnico passou por lá. Património da Humanidade desde 1978, estas minas incluem espaços para eventos sociais, desde casamentos a provas desportivas, bem como um sanatório para doentes de alergias respiratórias. 

2. Derinkuyu, Capadócia (Turquia).



As origens da cidade subterrânea de Derinkuyu, na região da Capadócia, na Turquia, remontarão a milhares de anos antes de Cristo – uns defendem 4.000, outros 9.000 – e o seu abandono só ficou concluído no século VIII. Escavada em rocha vulcânica, em 20 níveis, a cidade inclui cisternas para guardar azeite, armazéns, cozinhas, poços de água, locais de culto, estábulos e um sistema de ventilação completo. Poderia albergar 100 mil habitantes e está ligada, por túnel com cerca de 8km, a outra cidade subterrânea, Kaymakli. A região terá 36 cidades subterrâneas. 

3. Túneis de Shangai, em Portland (EUA).



Os denominados túneis de Shangai são uma rede de passagens subterrâneas que ligam a zona costeira da cidade do Oregon à antiga zona de Chinatown de Portland, através das caves dos edifícios. Entre 1850 e 1940, foram utilizados no tráfico de pessoas, desde agricultores a trabalhadores civis, que eram raptados e transportados através dos túneis para serem vendidos a capitães de navios que os escravizavam. No auge do tráfico, pelo menos 1500 pessoas por ano eram levadas através dos túneis. Durante a Lei Seca, foram ainda utilizados para armazenamento de bebidas proibidas. Hoje, são local de excursão turística. 

4. Cavernas de Edimburgo, Reino Unido.



Não são cavernas naturais, mas antes “cofres” ou câmaras construídas pelo Homem no final do século 18. Durante três décadas, as cavernas de Edimburgo, situadas na Escócia, foram utilizadas como locais de armazenamento de material proibido, incluindo corpos mortos por assassinos em série que eram depois utilizados em experiências médicas. Abandonados no início do século 19 e deteriorados pela humidade e má ventilação, foram redescobertos em 1985 com sinais terem sido habitados. Durante a revolução industrial, os sem-abrigo ocuparam aquelas cavernas. Hoje, apesar dos relatos de atividade paranormal nas cavernas, há espaços onde se realizam casamentos, concertos e outros eventos, além de pubs.

5. Dixia Cheng, Pequim (China).



Esta cidade subterrânea de Pequim é também apelidada de Grande Muralha Subterrânea, visto que foi construída com o mesmo fim de defesa em caso de ataque. A diferença é que foi terminada nos anos de 1970. Mas será também grandiosa, pela descrição: contém cerca de 100 portas secretas, escolas, hospitais, dormitórios… Acabou por nunca ser usada e, no ano 2000, foi aberta a turistas. Desde 2008 que tem estado em obras de renovação e encerrada a visitas. 

6. RÉSO, Montreal (Canadá).



RÉSO é uma rede complexa de labirintos subterrâneos sob a cidade canadiana de Montreal, construída nos anos de 1960 para ajudar a resolver os problemas de trânsito da Baixa. Com a entrada em funcionamento do metro, em 1966, a rede foi sendo ampliada até aos atuais 32 km de túneis com mais de 120 pontos de acesso no exterior. Lá em baixo, outra cidade prospera, cheia de lojas, restaurantes, hotéis, cinemas, biblioteca e, até, apartamentos. .

7. Setenil de las Bodegas (Espanha).



Este pueblo situado no Sul de Espanha não é subterrâneo, mas está construído dentro e debaixo das paredes de um desfiladeiro imenso. O objetivo é claro: protege as casas do calor, no Verão, e do frio, no Inverno. A aldeia é, hoje, um local de peregrinação turística, não só devido à arquitetura impressionante, mas também pelas tapas com chouriço, azeite e vinho Andaluz servidos nos pequenos cafés locais. 

8. Pilsen, República Checa.


A cidade subterrânea histórica de Pilsen data do século XIX e inclui um labirinto de 20km de passagens, caves e poços construídos debaixo da cidade de Pilsen, na zona oeste da República Checa. Inicialmente, serviram de esconderijo para comida e barris de cerveja, em tempo de pilhagens, podendo também ser utilizada como via de evacuação em caso de ataque. Hoje há visitas guiadas através dos subterrâneos, terminando no Museu da Cerveja. 

9. Tunéis de Moose Jaw (Canadá).



No centro do Canada, a província de Saskatchewan tem histórias de gangsters para contar e os túneis de Moose Jaw são famosos graças a um dos mais conhecidos bandidos da História: Al Capone. Construída por volta de 1908, a rede de túneis liga os edifícios da Baixa da pequena cidade rural. Foi utilizada por trabalhadores chineses que trabalhavam na construção dos caminhos de ferro para escaparem à extraditação ou ao pagamento de impostos. Na década de 1920, durante a Lei Seca nos EUA, foram utilizados para o armazenamento de rum que depois seguia em comboio para o país vizinho, bem como para jogo ilegal e prostituição. O famoso Al Capone visitou Moose Jaw várias vezes e a figura é hoje aproveitada nas visitas turísticas aos túneis, que abriram no ano 2000. 

10. Burlington Bunker, Reino Unido.



Também conhecido como sede de guerra do governo central, Burlington Bunker é um complexo de 97 hectares construído a 37 metros de profundidade nos arredores de Londres. Datado dos anos 50, ficou concluído em 1961 e ainda foi utilizado durante 30 anos. Com um quilómetro de comprimento e 200 metros de largura, tinha capacidade para 4000 membros do governo e funcionários públicos, incluindo agências de segurança e pessoal doméstico. Inclui enfermaria, duas grandes cozinhas e uma padaria, lavandaria, arrumos, escritórios, dormitórios, oficinas e locais de carregamento para os veículos elétricos do bunker. Só em 2004 foi desativado enquanto bunker, pelo que pode agora ser visitado por turistas



www.muitobom.com
03
Set16

OS ALDRABÕES, OS LACAIOS, OS MANIPULADORES DA MENTE

António Garrochinho

OS "JORNALISTAS" O JORNALIXO, SÃO OS MAIORES DETRACTORES, OS QUE SE PUDESSEM, ACABAVAM COM AS REDES SOCIAIS E A INFORMAÇÃO DA INTERNET.
HOJE TAMBÉM SE SERVEM DELA PARA ESPALHAR A MENTIRA, O SENSACIONALISMO, O VENENO.
EM TODO O LADO HÁ MENTIRA, MAS NAS REDES SOCIAIS HÁ MAIS POSSIBILIDADE DE ESCOLHA E ACESSO AO QUE SE PASSA NO MUNDO E É MAIS RÁPIDO CHEGAR LÁ.
NA INTERNET O CIDADÃO VULGAR, PODE PUBLICAR, PODE DENUNCIAR, MESMO COM A CENSURA JÁ EXISTENTE.,

NO JORNALIXO LEVAMOS COM TODA A MERDA DOS ARGUMENTISTAS E FAZEDORES DE OPINIÃO QUE É SEMPRE A LINGUAGEM E O LUCRO DO PATRÃO QUE DE HÁ MUITOS ANOS DEIXOU DE INFORMAR E ABANDONOU A DEONTOLOGIA DO QUE DEVE SER O VERDADEIRO JORNALISMO, A VERDADE, A INDEPENDÊNCIA, O RESPEITO PELOS QUE PAGAM PARA LER OS JORNAIS, A TELEVISÃO, A RÁDIO.
António Garrochinho
03
Set16

SEM PAPAS NA LÍNGUA

António Garrochinho

O POVO NÃO QUER O FASCISMO, O NEO LIBERALISMO MERDOSO E FALSO DOS DISCURSOS MENTIROSOS, A AUSTERIDADE.
O QUE TRABALHA, O QUE PRODUZ HONESTAMENTE ESTÁ FARTO DE PAGAR POR TUDO E POR NADA, E VIVE AGONIADO E SUBMISSO POR NÃO TER TRABALHO, POR NÃO CONSEGUIR CUMPRIR COM A RENDA DA CASA, O PÃO NA MESA, O DINHEIRO PARA A CONSULTA MÉDICA, A ESCOLA DOS FILHOS, A VELHICE.
ACORDEM !
O POVO É QUE PODE MUDAR O RUMO DA AUTO ESTRADA DA GATUNICE E DA CORRUPÇÃO E DA TRAIÇÃO.
NÃO PRECISAMOS DE REIS, DE PRESIDENTES, DE LÍDERES DEMAGOGOS DE BARRIGA CHEIA ONDE A AUSTERIDADE, A FOME, A MISÉRIA NUNCA LHES BATEU À PORTA.
O JOGO É JÁ BASTANTE CONHECIDO ! ELES COMEM TUDO E SE PUDEREM NÃO DEIXAM NADA !
António Garrochinho
03
Set16

DISCURSO DIRECTO

António Garrochinho

NESTA EUROPA DESUMANA, HIPÓCRITA, FALSA E SUJA NA MENTE DOS SEUS GOVERNANTES E COMPARSAS O QUE FUNCIONA SEMPRE É A AGENDA ELEITORAL.
O QUE ME ESPANTA É QUE O RUÍDO DO POVO É MUITO, MAS NADA MUDA !
O QUE ESCREVE, O QUE ENALTECE FEITOS HISTÓRICOS, O QUE É REVOLUCIONÁRIO E QUER ADAPTAR A VIDA AOS TEMPOS ACTUAIS DE MANEIRA LÓGICA E JUSTA É ESCORRAÇADO.
SE OS QUE SE MANIFESTAM TEATRALMENTE DE BRAÇOS NO AR EM TOM DE REVOLTA, FOSSE VERDADEIRO, HÁ MUITO QUE OS QUE PRODUZEM E TRABALHAM ,TERIAM DEIXADO DE SOFRER.
O FASCISMO, A GANÂNCIA DOS DORMEDÁRIOS EXPLORADORES , SANGUINÁRIOS, AO LONGO DOS TEMPOS TÊM VINDO A APERFEIÇOAR AS SUAS TÁCTICAS E ESTRATÉGIAS PARA CHUPAR O SANGUE FRESCO DA MANADA.
É CERTO QUE TÊM PODER, TÊM A COMUNICAÇÃO SOCIAL, AS POLÍCIAS, A IGREJA, E O DINHEIRO, MAS TODOS SABEMOS QUE SÃO COVARDES.PAGAM SEMPRE A OUTROS PARA MANTER OS SEUS LUXOS, PECÚLIOS, E EXERCEM O SEU MANDO LONGE DE AMEAÇAS E PERIGOS, RODEADOS DE GUARDA COSTAS E GORILAS QUE SÓ APRENDERAM A PRÁTICA DA VIOLÊNCIA ESTRANHAMENTE PARA CIMA DO SEU PRÓPRIO POVO.
PORQUE QUE É QUE ISTO NÃO MUDA SE AS MAIORIAS E ALGUMAS MINORIAS SÃO AS ETERNAMENTE EXPLORADAS E SOFREM A CADA SEGUNDO TODOS OS MALES DO MUNDO.
PORTANTO ALGO ESTÁ ERRADO !
QUEM SE ANDA A ENGANAR SÃO OS ESCRAVOS, OS EXPLORADOS, OS TRISTES, OS QUE NÃO TÊM PINGO DE CORAGEM NOS BOLSOS (VAZIOS) E NÃO TÊM TOMATES PARA MUDAR NADA.
SLOGANS, PALHAÇADAS, ARDIS, VIGARICES VERBAIS E OUTRAS PORCARIAS, REMETEM O POVO (PAGAMOS TODOS)
A UM JULGAMENTO QUE TRATA TODOS PELA MESMA BITOLA E NÃO SEPARAM (NÃO LHES É RENTÁVEL) A CHARLATANICE, A TRAIÇÃO DE CLASSE, O AMOR À LIBERDADE, À JUSTIÇA, À DIGNIDADE, DA VERBORREIA ENGANOSA DAS INÚMERAS INSTITUIÇÕES CONSTITUCIONAIS, DOS GOVERNOS, DAS MESAS DE CAFÉ E AFINS.
António Garrochinho
03
Set16

LADRÕES DE BICICLETAS, UM BLOGUE QUE MERECE SER LIDO

António Garrochinho

Ladrões em Agosto

Para lá da consolidação da tendência de crescimento (pelo quarto mês consecutivo o número de visualizações foi superior a 100 mil), o Ladrões atingiu um novo recorde, superando pela primeira vez a centena de milhar de visitas em Agosto, um mês particularmente crítico para a blogosfera. Mais uma razão, portanto, para que não deixemos de pedalar.

www.blogger.com

03
Set16

Antes e depois das principais cidades do mundo

António Garrochinho


1 - Nova Iorque, EUA, 1876-1932-1988-2013



2 - Long Beach, EUA, 1953-2009



3 - Dubai, EAU, 1990-2013



4 - Los Angeles, EUA, 1970-2004



5 - Kuala Lumpur, Malásia, 1990-2014



6 - Shenzhen, China, 1980-2011



7 - Singapura, 1990-2014



8 - Jacarta, Indonésia, 1965-2005



9 - Atenas, Grécia, 1860-2010



10 - Toronto, Canadá, 1930-2014



11 - Cidade do Panamá, República do Panamá, 1930-2010



12 - Hong Kong, 1920-2000



13 - Fortaleza, Brasil, 1975-2011



14 - Xangai, China, 1990-2014



15 - Paris, França, 1900-2012



16 - Veneza, Itália, 1970-2010



17 - Tóquio, Japão, 1945-2013


www.ulige.com.br
03
Set16

Governo garante que colocação a 60 km de casa será voluntária

António Garrochinho


Secretária de Estado assegurou nesta sexta-feira que nenhum funcionário público ficará em inactividade e que todos têm lugar no Estado.
É com os que já estão dentro da Administração Pública que contamos”, referiu a secretária de Estado, Carolina Ferra 

O Governo garante que nenhum funcionário público excedentário ficará, no futuro, em inactividade ou com cortes nos salários e vai incentivar a sua colocação em serviços mais distantes de casa. Essa mobilidade será, contudo, voluntária e dependerá do acordo do trabalhador, sempre que estiverem em causa serviços a mais de 60 quilómetros da residência.
A primeira versão do diploma que cria o sistema de “valorização profissional” dos trabalhadores do Estado (para substituir a requalificação), enviado aos sindicatos no início da semana, aplica aos excedentários, “com as necessárias adaptações”, um artigo da Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas que permite que, em situações excepcionais, os trabalhadores podem ser obrigados a ir, durante um ano, para serviços a mais de 60 quilómetros de casa. E acrescenta um novo ponto, onde se prevê que, passado esse ano, o funcionário pode ser integrado, se quiser, no serviço para onde foi deslocado, atribuindo-lhe vários incentivos.
Nesta sexta-feira, depois de uma reunião com os sindicatos para discutir a proposta de diploma, a secretária de Estado da Administração Pública, Carolina Ferra, garantiu que essa mobilidade será voluntária “logo no primeiro ano” e não apenas na fase posterior.
Esta foi, de resto, uma das reivindicações que os sindicatos levaram para as reuniões desta sexta-feira com a governante, que se mostrou disponível para melhorar a proposta. José Abraão, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública (Sintap), destaca que este esclarecimento é “positivo”, mas alerta que “é preciso ponderar também incentivos para os trabalhadores, quando estão em causa distâncias inferiores a 60 quilómetros”. O sindicalista garante que esta será uma das propostas que fará chegar ao Governo a tempo da próxima reunião.  
Também Ana Avoila, dirigente da Frente Comum, saiu do encontro com a ideia de que o trabalhador “não será obrigado” a ir para serviços distantes. Contudo, é uma questão que vão continuar a “aprofundar” nas próximas reuniões e não abdicarão de propor uma melhoria dos incentivos.
Helena Rodrigues, presidente do Sindicatos dos Quadros Técnicos do Estado (STE), acredita que “há margem para uma aproximação a soluções mais vantajosas para os trabalhadores e para a Administração Pública" e mostrou-se de acordo com os objectivos do novo regime.

Todos têm lugar na Administração Pública

O Governo, pela voz de Carolina Ferra, garante que não estão em cima da mesa processos de reestruturação de serviços com objectivos deliberados de cortar pessoal. O objectivo, diz, é o contrário: recolocar os trabalhadores excedentários nos serviços onde há falta de pessoal, o mais depressa possível.
“Com este mecanismo queremos formar pessoas, num tempo curto, mas formar para as colocar efectivamente em posto de trabalho. É isto que nos distingue, porque todos são precisos na Administração Pública que, neste momento, tem muitas necessidades. É com os que já estão dentro da Administração Pública que contamos”, referiu a secretária de Estado, numa tentativa de contrariar a imagem associada aos modelos que antecederam esta "valorização profissional".
O Governo prometeu a Bruxelas continuar a reduzir o número de trabalhadores do Estado e recuperou a regra que apenas permite a contratação de um funcionário por cada dois que saem. É este constrangimento que explica a necessidade de aproveitar ao máximo todos os recursos, evitando novas contratações.
A proposta de diploma que está em cima da mesa revoga algumas normas da requalificação – nomeadamente a aplicação de cortes salariais aos trabalhadores excedentários e a possibilidade de alguns serem despedidos – e cria um novo mecanismo de gestão dos trabalhadores que sejam considerados excedentários na sequência de processos de reorganização, fusão ou extinção de serviços ou de racionalização de efectivos.
Com o sistema agora proposto, os trabalhadores que no futuro venham a ser colocados em valorização terão um período de formação de três meses, para serem reintegrados noutros serviços onde façam falta, reforçando-se os mecanismos de mobilidade geográfica. Mas têm a garantia de que não haverá cortes no seu salário mesmo que, após estes três meses, não encontrem colocação, sendo integrados no mapa de pessoal das secretarias-gerais dos ministérios a que pertenciam.

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