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POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

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26
Set16

Hollande promete desmantelar a "selva" de Calais até ao final do ano

António Garrochinho


A “selva” de Calais será completamente desmantelada “até ao final deste ano”. A promessa de encerrar definitivamente o campo de migrantes onde vivem pelo menos 7.000 pessoas em condições miseráveis foi feita pelo presidente francês, que visitou a região, esta segunda-feira, mas não chegou a entrar no campo.
Segundo François Hollande, “se queremos assegurar dignidade humana, solidariedade e proteção, temos de desmantelar o campo de Calais (…) porque é no interesse de todos”.
O sonho dos migrantes é chegar ao Reino Unido e por isso Hollande reiterou a sua “determinação em ver as autoridades britânicas cumprirem com a sua parte no esforço humanitário que a França tem realizado e continuará a realizar”.
Hollande planeia colocar os migrantes em centros de acolhimento um pouco por todo o país e para isso procura criar 9.000 vagas nesses centros até ao final deste ano. A oposição considera que o plano do presidente irá criar “míni acampamentos” por toda a França.

26
Set16

Incentivo ou benesse?

António Garrochinho




























Faz precisamente este mês sete anos de vigência do regime fiscal dos residentes não habituais.

Segundo dados oficiais remetidos ao Ladrões de Bicicletas, o regime conta com 4765 pessoas. Houve 7921 pedidos, foram deferidos 5653 e estão em análise 1754, supondo-se que 888 pessoas tenham abandonado o regime e que 514 tenham sido recusados. Mas o Ministério das Finanças não facultou o valor da “despesa fiscal”, ou seja, quanto é que o Estado está a dar de “benefício fiscal” a essas pessoas.

Ora, o regime foi criado em 2009 (decreto-lei 249/2009) como "um novo espírito de competitividade da economia portuguesa", um "factor de atracção da localização dos factores de produção, da iniciativa empresarial e da capacidade produtiva no espaço português". Pretendia-se incentivar a residência em Portugal profissões de “elevado valor acrescentado, com carácter científico, artístico ou técnico”, de investidores e também de pensionistas.

O incentivo fiscal corresponde a uma taxa de IRS de 20%, independentemente do valor do rendimento, aplicável durante 10 anos e renováveis a partir daí, ou seja, eternamente. E definia-se as profissões abrangidas foram definidas pelaportaria 12/2010. Foi o caso dos arquitectos, engenheiros, artistas plásticos, actores e músicos, auditores, médicos e dentistas, professores, psicólogos, profissões liberais várias – como arqueólogos, consultores e programadores informáticos, jornalistas – mas também investidores, administradores e gestores.

Mas, após sete anos, o regime não parece que seja um sucesso. Sobretudo, quando este regime foi invocado pelos opositores a um agravamento da tributação sobre imóveis acima de elevado montante, como sendo contraditória com o espírito deste regime. O número de aderentes está bem longe de ser uma “deslocação maciça de novos residentes para Portugal”. Ou um paraíso para ricos que afluíram a esta parte graças à redução no IRS. Ou um forte “um forte íman de atracção a Portugal” de profissionais qualificados. O número de aderentes está longe do objectivo e longe ainda de ser a prova de que um agravamento da tributação do imobiliário pode constituir a razão para uma fuga de cérebros que degrade as condições competitivas do país.

O Ministério não facultou a sua desagregação por profissões ou situação. Serão profissionais livres? Artistas? Pensionistas? Ou quadros de multinacionais? A diferença não é despicienda. Se forem quadros de multinacionais ou empresas multinacionais de consultoria, é muito provável que os recursos dessas multinacionais paguem os quadros considerados necessários e, nesse caso, o Estado estaria a subsidiar postos que sempre existiriam.

Sabe-se apenas que nos últimos 3 anos, houve uma subida significativa a partir de 2014. Nesse ano, como se escrevia no Público, eram apenas 1014 os inscritos e havia 433 processos em análise. Nessa altura, segundo números facultados pela secretaria de Estado dos Assuntos Fiscais – resta saber se correspondiam à realidade - cerca de 70% eram trabalhadores de elevado valor acrescentado (95% com rendimentos de trabalho dependente e apenas 5% com trabalho independente) e 30% reformados.

Mas esta subida em três anos pode não significar uma progressiva adesão. Ela surge depois de o governo PSD/CDS ter resolvido (em 2012) um considerável número de litígios - tomando o partido dos contribuintes queixosos. Dado o atraso na aprovação da portaria, o regime apenas foi aplicado a partir de 2010. Até ao final de 2011, o acesso ao benefício esteve definido no Código do IRS, mas sobretudo na circular 2/2010 da Autoridade Tributária. Esta circular definiu que o benefício poderia ser aplicado aos rendimentos de 2009, desde que o pedido tivesse sido apresentado após a publicação do decreto-lei. De qualquer modo teriam de reunir três condições: serem fiscalmente residentes em Portugal, comprovarem a anterior residência no estrangeiro e, finalmente, não terem em qualquer dos cinco anos anteriores sido tributados como residentes em sede de IRS.

Estas condições geraram diversos processos de litígio com o Fisco, em largas dezenas, senão centenas de casos que envolveram diversos escritórios de advogados. Entre os quais o escritório Garrigues & Associados – de onde veio o actual secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, o centrista Paulo Núncio – Ricardo Palma Borges & Associados, Deloitte e PWC.

Vários motivos estavam na base desse litígio. Desde os requisitos exigidos que não estavam na lei (como certificados de tributação efectiva e comprovativos de residência no estrangeiro) ao limite do prazo de pedido. Nem na lei nem na circular se especificava um prazo. O entendimento do Fisco era a de que esse prazo era de 31 de Dezembro, dado ser a data em que os elementos da relação tributária em IRS se cristalizavam na definição de o contribuinte ser fiscalmente residente. Do lado dos contribuintes requerentes, defendia-se que o contribuinte apenas poderia aferir se era fiscalmente residente a 31 de Dezembro, ou seja, quando o prazo já passado, levando ao chumbo por apresentação fora de prazo.

Face a esse contencioso, o Governo – como escreveu na altura a Elisabete Miranda do Jornal de Negócios (cujo link já não encontro) - tomou o partido dos contribuintes. “As regras que a circular (9/2012) mandava executar foram cozinhadas no Orçamento do Estado para 2012 e, depois, novamente limadas no Rectificativo de Maio de 2012 (Lei 20/2012), mas passaram despercebidas. Os próprios serviços do Fisco não chegaram a aplicá-las, por entender não haver instruções internas para o efeito. Na prática, a partir de agora, têm de aceitar várias coisas. Em primeiro lugar, conceder o estatuto de residente fiscal não habitual a todos os requerimentos que vinham sendo chumbados por apresentação fora de prazo.”

A lei do orçamento rectificativo acabou por conferir eficácia interpretativa à alteração ao Código do IRS que introduziu, com a consequente eficácia retroactiva. Ou seja, isso implicou que fossem tributadas a partir de 2009 como residentes não habituais pessoas que optaram por residir em Portugal anteriormente à entrada em vigor desse regime. Acresce - como se disse - que o estatuto de residente não habitual é praticamente vitalício. Tem o prazo de 10 anos e pode ser renovado sem limite.

“Outra alteração passa pela burocracia. Até aqui os candidatos eram obrigados a apresentar um certificado de residência no estrangeiro, para aceder a este benefício fiscal. Doravante, quem quiser candidatar-se a este estatuto terá apenas de declarar que não reúne condições para ser tributado como residente. Só se o Fisco desconfiar que o contribuinte está a mentir é que fica autorizado a exigir-lhe um comprovativo de residência no exterior, uma prova que é mais simples, uma vez que pode ser emitida "por qualquer entidade oficial de outro Estado" ou simplesmente constituir um meio "idóneo que evidencia a existência de relações pessoais e económicas estreitas com um outro Estado".

Mas numa nota divulgada na altura desdramatizava-se a questão afirmando-se que as alterações respeitavam “unicamente à clarificação de aspectos de ordem meramente procedimental e administrativa de um regime criado em 2009”. Na nota, afirmava-se que Paulo Núncio apresentara uma declaração de conflito de interesses e, por isso, o secretário de Estado “considerou-se impedido de se pronunciar sobre as referidas propostas da AT e remeteu-as para apreciação do Senhor Ministro de Estado e das Finanças”. Vítor Gaspar autorizou-as, bem como “à consequente alteração” da posição da AT em circular aos serviços, “sem qualquer intervenção do SEAF”. E que “a proposta de alteração legislativa", referia-se, “teve por base as propostas apresentadas pela Autoridade Tributária e Aduaneira”.

Na verdade, a alteração tirou o tapete à Autoridade Tributária e caiu muito mal dentro do Fisco. Claro que os advogados e peritos de multinacionais de consultoria aplaudiram a medida como uma forma de desbloquear contenciosos com o Fisco, de evitar novos litígios e de ser mais atractiva a quem pode beneficiar desse benefício fiscal.

Na altura, o ex-fiscalista da PwC e consultor fiscal Pedro Amorim, ouvido pelo Público, foi na altura bastante peremptório. “Admito que, nos tempos mais recentes, tenha aumentado o outsourcing legislativo em matéria fiscal, ainda que tais tarefas sejam cometidas a certas sociedades de advogados ou consultores de uma forma quase sempre informal, o que a torna muito difícil, senão impossível, de controlar e avaliar. Os forte aplausos que mereceram certas medidas recentes (exemplo, os residentes não habituais, tributação efectiva em IRC, arbitragem, etc.) parecem pelo menos indiciar que a influência de certos consultores fiscais e advogados junto da Secretaria de Estado dos Assuntos Fiscais terá aumentado significativamente nos últimos tempos”.

Veremos o que acontecerá a este regime.

ladroesdebicicletas.blogspot.pt
26
Set16

PCP aponta "situação controlada" na execução orçamental

António Garrochinho



O vice-presidente da bancada comunista António Filipe referiu hoje a "situação controlada" e "dentro daquilo que era previsto", ao comentar dados da execução orçamental, no parlamento.


"Há que assinalar que, em termos de execução orçamental, a situação está, de facto, controlada e dentro daquilo que era previsto", resumiu, embora frisando a necessidade de renegociação da dívida.
Antes, o Ministério das Finanças tinha anunciado que o défice das administrações públicas atingiu 3.990 milhões de euros até agosto deste ano em contas públicas, menos 81 milhões de euros do que o registado no mesmo período de 2015 e que a redução face aos primeiros oito meses do ano passado foi "conseguida através de um aumento da receita de 1,3%, superior ao crescimento de apenas 1% da despesa"

Verifica-se que, de facto, tem havido uma evolução da execução orçamental mais favorável do que a do ano anterior. Há um comportamento da execução, em matéria fiscal da parte da receita, em linha com a do ano anterior, mas importa recordar que houve antecipações de reembolsos de IVA e IRC que não se verificaram este ano, caso contrário haveria uma evolução francamente mais favorável", continuou o deputado do PCP.
Para António Filipe, "o aumento da despesa que se verificou foi ao nível dos juros da dívida compensada por uma insuficiência do investimento público", sendo "um dos problemas com que a economia portuguesa se confronta é com os juros incomportáveis da dívida pública".
"Era preferível que houvesse um aumento da despesa por via do investimento público, necessário para a economia e o desenvolvimento, mas a dívida pública é um garrote e a principal responsável pelo aumento da despesa. Não compromete os objetivos que o Governo assumiu relativamente ao défice, mas é uma situação indesejável e temos vindo sucessivamente a alertar para a necessidade de renegociar a dívida para a economia crescer", afirmou.
Entretanto, a Direção-Geral do Orçamento, na sua síntese da execução refere que o Estado arrecadou mais de 25 mil milhões de euros em impostos até agosto, um valor praticamente inalterado face ao período homólogo de 2015, resultado do aumento da receita dos impostos indiretos e da queda da dos diretos.

www.noticiasaominuto.com
26
Set16

COMO FAZER EM CASA UM ROLO DE OVO PERFEITO

António Garrochinho



Há um par de anos, um vídeo despertou a curiosidade de muita gente ao demonstrar como são fabricados os eierrolle (rolo de ovo). O caso é que se você gosta de cozinhar, sabe como é importante uma boa apresentação para conseguir que seus pratos pareçam apetitosos e atraiam a atenção do comensal. Para conseguir aprendemos a cortar tomate em flor, cozinhar ovo com forma de coração, ou criar desenhos com uma salada de legumes e verduras para decorar uma bandeja. Nesse vídeo ensinam como fazer o rolo de ovo em casa e nem é tão complicado assim.
VÍDEO


Diferente da sua versão industrial, que tem gosto de algodão velho molhado, esse ai feito em casa deve ser bem melhor. O eierrolle é um produto vendido em países da Europa Central, como Alemanha, Áustria e Dinamarca. O processo de automatização da separação de claras e gemas, centrifugação, aglutinação e cozimento, causa uma estranha satisfação ao telespectador.

VÍDEO

www.mdig.com.br
26
Set16

Poema para José Dias Coelho Assassinado pela PIDE em 19 de Dezembro de 1961

António Garrochinho

A JOSÉ DIAS COELHO


Seja minha a tua força, irmão
seja meu o teu braço, camarada
Sejam estes muros não um paredão
sejam uma ponte ou mesmo uma estrada.
Seja nela meu o teu anseio, irmão
seja minha a luta que na tua terra travas
seja ela o fruto das coisas que amavas.
Sejam essas coisas, as mesmas, irmão
sejam as que amo aqui nesta cela
seja para sempre a minha na tua mão
seja para todos uma vida bela
seja nela o trigo com a sua cor dourada
sejam as papoilas vermelhas de querer
seja sempre o dia que sucede à madrugada
seja outro o sentido da palavra morrer.
Sejam os mortos aqui ao nosso lado
sejam os seus também os nossos passos
seja em luta o ódio acumulado
sejam retesados nossos membros lassos.
Sejam as colinas de vontade erguidas
seja a sua força a que do amado vem
sejam nossas as tuas palavras queridas
seja minha a tua vontade também.
E não há muros, bombas ou insultos
que detenham as árvores ao nascer da terra
nem façam brotar flores de pensamentos estultos
nem parar o sol. E não será a guerra
com que os lobos sonham em noites de orgia
que impedirão que nasçam.
Das auroras por nascer
das estruturas por erguer
dos caminhos por andar
das flores por brotar
estendem-se as mãos do futuro
que envolvem teu corpo de bandeira.
(Alda Nogueira, Prisão de Caxias, 1963)
Foto de António Garrochinho.

26
Set16

Em 27 de Setembro de 1979, na herdade Vale do Nobre, pertencente à UCP Bento Gonçalves, foram barbaramente assassinados a tiro de metralhadora pela GNR, António Maria Casquinha, de 17 anos de idade, e José Geraldo (Caravela), ambos da UCP Joaquim Salv

António Garrochinho

Esta operação criminosa, durante o governo de Maria de Lurdes Pintasilgo, tem lugar quando uma força da GNR – comandada pelos capitães Matias, Faria e sargento Maximino, conhecidos pela sua fúria contra a Reforma Agrária e os seus trabalhadores – envolvida com agrários e funcionários do Ministério da Agricultura e Pescas, como Avelino Delicado Couceiro Braga e Cortes Correia, procurava roubar um rebanho de vacas da UCP Bento Gonçalves. Nesta luta em defesa do rebanho de vacas estavam envolvidos dezenas de trabalhadores de outras UCP que foram em solidariedade com a UCP Bento Gonçalves.
As forças repressivas, raivosas, como não conseguiram roubar as vacas, abriram fogo sobre os trabalhadores. Caíram mortos Casquinha e “Caravela”! Vários outros ficaram feridos.
Estes odiosos assassinatos custaram uma profunda revolta e dor, não só no concelho de Montemor-o-Novo como em todo o País. O funeral destes dois trabalhadores envolveu milhares de pessoas. Os responsáveis nunca foram tornados públicos nem julgados!
(Extracto de artigo publicado na edição n.º 1715 do Avante!)


Foto do funeral de Casquinha e "Caravela"
Foto de António Garrochinho.

26
Set16

Campus Trail traz Campeonato Nacional Universitário a Faro

António Garrochinho

Faro vai acolher a prova principal do Campeonato Nacional Universitário de Trail no dia 23 de Outubro, no âmbito do evento «Faro Campus Trail», que se realiza no dia 23 de Outubro no Campus das Gambelas da UAlg e nos trilhos do Pontal e da mata Ludo.
Esta iniciativa vai ter dois percursos – um trail de 25 quilómetros e um mini trail /caminhada com 10 quilómetros. O percurso de 25 quilómetros faz parte do Circuito de Trail do Algarve 2016 e contará para o Campeonato Nacional Universitário 2016/2017.
A partida para ambas as provas será dada em frente à Biblioteca das Gambelas da Universidade do Algarve. O trajeto da prova será feito no interior do Campus de Gambelas e nas matas adjacentes do Pontal e do Ludo.
De acordo com os critérios definidos para as provas de trail em Portugal, o Trail 25 quilómetros está classificado como um Trail Longo com um grau de dificuldade de Nível 1. O Mini-trail 10 quilómetros é um Trail Curto com grau de dificuldade de Nível 1.
Faro Campus Trail é organizado pela Universidade do Algarve e pela Altimetria Associação Desportiva, e conta com a  colaboração da Câmara de Faro e do Gabinete de Desporto da Associação Académica (AAUalg).  O grande objetivo é «promover a corrida e a prática desportiva em trilhos no Algarve».
As inscrições podem ser feitas até 14 de Outubro aqui.

www.sulinformacao.pt

26
Set16

Contra o ascenso do fascismo na Europa Milhares de finlandeses manifestaram-se contra o racismo e o fascismo

António Garrochinho
Milhares de pessoas protestaram, em Helsínquia, contra o racismo e o fascismo, na sequência de um ataque mortal de um neonazi a um homem de 28 anos



Mais de 15 mil pessoas manifestaram-se este sábado, em Helsínquia, contra o racismo e a violência da extrema-direita, após a morte de um homem que foi atacado numa concentração neonazi.

 
Milhares de pessoas mobilizaram-se em várias cidades da Finlândia para reclamar a paz e «romper o silêncio da sociedade finlandesa», que, no entender dos organizadores, «permite e fomenta o crescimento do racismo e da violência da extrema-direita no país», referem o The Guardian e aHispanTV. A maior mobilização teve lugar na capital, Helsínquia.
«O principal objectivo desta manifestação é dizer “basta” e exigir às autoridades mais acções contra o fascismo e o racismo, porque até agora não fizeram o suficiente para travar este fenómeno», afirmou Kaari Mattila, presidente da Federação Finlandesa dos Direitos Humanos, presente em Helsínquia e citada pela HispanTV.
Por seu lado, uma manifestante que disse chamar-se Rosa declarou ao The Guardian que «as pessoas aqui sentem mesmo que não se fala o suficiente sobre o racismo; há muita negligência; todos nós devíamos ser mais assertivos contra o racismo, incluindo os nossos líderes».
Com a chegada de refugiados – cerca de 32 mil o ano passado, na sua maioria provenientes do Iraque –, a Finlândia endureceu as políticas de imigração e estreitou os critérios para a concessão de asilo. Em simultâneo, o sentimento anti-imigração e o extremismo de direita têm vindo a crescer, e o primeiro-ministro, Juha Sipila, tem sido criticado pela excessiva cautela nos seus comentários sobre os movimentos de extrema-direita.
Neste sábado, Sipila participou na mobilização anti-racista que se realizou na cidade de Kuopio, tendo afirmado que «as pessoas estavam ali por uma causa justa» e revelado que o governo tinha intenções de avançar com legislação «mais apertada» no que diz respeito a movimentos extremistas e ao discurso de ódio.
Ataque de grupo neonazi
No início deste mês, um homem de 28 anos foi agredido durante uma concentração e marcha do Movimento de Resistência Finlandês (SVL, na sigla finlandesa), no centro de Helsínquia.
De acordo com testemunhas, o jovem cuspiu para o chão quando passava junto à concentração do grupo neonazi e foi violentamente atacado por um dos seus membros. Levado para um hospital, o agredido veio a falecer uma semana mais tarde.
Há uma semana, a Polícia deteve um membro do SVL, de 26 anos, suspeito de ser o autor das agressões e acusado de homicídio. O ano passado, alguns membros deste grupo de extrema-direita foram presos quando participavam numa manifestação no Centro do país, sendo acusados de atacar transeuntes.

www.abrilabril.pt

26
Set16

INSTRUMENTOS MUSICAIS - A ARPA E A FLAUTA

António Garrochinho
Flauta e harpa são dois instrumentos musicais que surgiram na época das pirâmides. Isoladamente ou em conjunto, podiam se associar à voz e às palmas. A verdade é que os egípcios sempre gostaram de música. Amavam-na bem antes da invenção de qualquer instrumento, quando ainda só sabiam bater com as mãos ao ritmo da voz. Com o decorrer dos séculos passaram a contar com instrumentos musicais variados e bem desenvolvidos. A ilustração acima nos mostra, por exemplo, um grupo de jovens com seus respectivos instrumentos: uma harpa, um alaúde, uma flauta dupla e uma lira. A importância que os egípcios davam à música no seu cotidiano é atestada pela grande quantidade de instrumentos musicais que foram encontrados pelos arqueólogos, a maioria cuidadosa e individualmente embrulhada em tecido, frequentemente gravados com os nomes de seus proprietários e que hoje podem ser vistos em museus de todo o mundo.
Os relevos nas paredes de templos e túmulos de todos os períodos da história egípcia mostram numerosos tipos e formas de instrumentos musicais, a técnica com a qual eles eram tocados e afinados e, ainda, músicos atuando em conjunto. Uma imagem do Império Antigo (c. 2575 a 2134 a.C.), por exemplo, mostra um flautista, um harpista, quatro dançarinos e dois cantores. Em uma figura do Império Médio (c. 2040 a 1640 a.C.) aparece uma longa flauta e uma grande harpa acompanhando um homem que canta com a mão esquerda posta em concha na orelha; outro desenho mostra três cantores acompanhados por duas harpas, um sistro e um chocalho. Uma pintura do Império Novo (c. 1550 a 1070 a.C.) indica que havia certas salas do palácio real de Tell el-Amarna que eram destinadas à música.
Algumas cenas são tão detalhadas que nos permitem ver as mãos do harpista percutindo certas cordas, ou os tocadores de instrumentos de sopro emitindo determinados acordes. As distâncias dos trastos do alaúde mostram claramente que os intervalos correspondentes e as escalas podem ser medidas e calculadas. As posições das mãos dos harpistas nas cordas indicam claramente relações como as de quarta, quinta, e oitava, revelando um conhecimento inquestionável das leis que governam a harmonia musical. A execução dos instrumentos musicais é controlado pelos movimentos das mãos dos quirônomos, o que também nos ajuda a identificar certos tons, intervalos e relações entre os sons.
HARPA CURVA




















As harpas, um dos mais antigos instrumentos musicais do mundo, idealizadas a partir dos arcos de caça, foram usadas desde o Império Antigo em forma de arco e seu nome egípcio era benet. Nesse período eram os únicos instrumentos musicais de cordas existentes no Egito. Consistia de uma caixa sonora unida a uma haste curva circundada por presilhas, uma para cada corda. 

As cordas se estendiam entre suas presilhas e uma barra de suporte que ficava em contato com a caixa de som. Quando as presilhas eram giradas, a tensão e, consequentemente, a afinação da corda atada a ela mudava. 

A maioria destas harpas curvas tinha menos de dez cordas e algumas chegavam a ter apenas três. Acima vemos uma harpa de madeira do Império Novo, conservada no Museu Britânico de Londres. 


Harpas triangulares surgiram em época posterior, vindas da Ásia. Nesse caso uma haste reta ficava presa em um buraco de uma caixa sonora oblonga, resultando a formação de um ângulo agudo entre a haste e a caixa. 

As cordas, possivelmente feitas de cabelo ou de fibras vegetais, eram presas, de um lado, à caixa e, de outro, amarradas ao redor do braço do instrumento. 

Como no modelo anterior, elas também eram afinadas afrouxando-se ou apertando-se os nós que as seguravam. Os instrumentos normalmente tinham de oito a doze cordas e homens e mulheres tocavam-nos sentados, em pé, ou ajoelhados, em festas, reuniões sociais e eventos cerimoniais. Geralmente eram feitos de madeira, freqüentemente enfeitados e provavelmente não ecoavam muito longe.
A partir de 1550 a.C., quando se inicia o Império Novo, os recursos instrumentais progridem e as harpas, segundo informa o egiptólogo Pierre Montet, passam a ser mais volumosas. O corpo sonoro redobra de volume e as cordas passam a ser mais numerosas. Fabricavam-se harpas portáteis, harpas de grandeza média providas com um pé e harpas monumentais que são verdadeiras obras de arte, cobertas com ornamentos florais ou geométricos, enriquecidas com uma cabeça de madeira dourada que encava na extremidade superior ou se adapta à base. Com relação ao luxo de tais harpas sabemos, por exemplo, que o faraó Amósis (c. 1550 a 1525 a.C.) possuia uma feita de ébano, ouro e prata. Nesse período elas podiam medir até dois metros de altura e possuir 19 cordas. Alguns autores chegam a citar a existência de harpas com até 29 cordas. Uma inscrição referente à coroação de Tutmósis III (c. 1479 a 1425 a.C.) dá bem uma idéia da sofisticação que um desses instrumentos podia alcançar:
Minha Majestade fez uma esplêndida harpa forjada com prata, ouro, lápis-lazúli, malaquita, e toda pedra preciosa brilhante.
As pinturas do túmulo de Ramsés III (c. 1194 a 1163 a.C.) mostram muitas harpas em forma de arco.
A lira, um instrumento de cordas com o formato de uma letra U, com braços retos ou curvos de comprimentos diferentes, é originária da Ásia. Algumas eram portáteis, extremamente elegantes e com não mais do que cinco cordas. Outras podiam ser grandes e possuir um pé de apoio. Seus instrumentistas aparecem representados muitas vezes como nômades estrangeiros. A primeira representação de uma lira na arte egípcia aparece no Império Médio e o instrumento tornou-se bastante comum cerca de 500 anos mais tarde, já no Império Novo. 

Ela era tocada com um longo plectro seguro com a mão direita, todas as cordas sendo tangidas em conjunto, enquanto os dedos da mão esquerda silenciavam as cordas que não se desejava que soassem. Como regra o instrumento era segurado horizontalmente, com a travessa afastada do executante. Liras gigantes foram populares durante o reinado de Akhenaton (c. 1353 a 1335 a.C.) e algumas eram tão grandes que podiam ser executadas a quatro mãos. Depois do ano 1000 a.C. foi introduzida no Egito, também vinda da Ásia, uma lira simétrica menor, com braços paralelos e que era segurada na posição vertical.
ALAÚDE


Outro instrumento de corda também de origem asiática, conhecido atualmente como alaúde e semelhante ao bandolim, parece ter sido introduzido no Egito no Império Novo, tendo ganho grande aceitação. Era uma pequena caixa de ressonância oblonga, com seis ou oito orifícios, chata dos dois lados ou no formato de metade de uma pera e munida de um longo cabo ornado de bandeirolas, sobre o qual se estendiam quatro cordas. As cordas eram presas em cavilhas laterais e produziam som quando esfregadas ou tangidas. 

A caixa de ressonância era necessária para amplificar o som do tremor das cordas, o que se conseguia pela vibração do ar dentro da caixa. Uma palheta, ou seja, um pequeno e fino pedaço de metal ou osso usado para ferir as cordas, ficava presa no pescoço do instrumento por uma fita. No instrumento de madeira acima, provavelmente do Império Novo, apenas três cordas foram preservadas. 

A estatueta de uma jovem tocando um alaúde grande, mas com um braço curto, foi encontrada em uma tumba da XX dinastia (c. 1196 a 1070 a.C.) pela equipe do arqueólogo Flinders Petrie. Finalmente, um instrumento classificado como violão pelo fato de possuir, além das cordas, a parte posterior plana e os lados curvos, pode não ter sido muito parecido com um violão moderno. Ele deve ter sido aperfeiçoado — se não inventado — pelos egípcios.
FLAUTA

No capítulo dos instrumentos de sopro podemos citar as flautas que, aliás, estão entre os primeiros instrumentos musicais utilizados, aparecendo já representadas em cacos de louça do Período Pré-dinástico (c. 3000 a.C.), o que nos leva a pensar que talvez tenham sido inventadas pelos próprios egípcios. Normalmente havia de três a cinco orifícios para os dedos. Podiam ter palhetas ou não e ser formadas por um único tubo ou por dois tubos paralelos ajustados um contra o outro. 

Posteriormente os tubos foram separados e colocados em um ângulo agudo. No princípio, esses instrumentos eram feitos de canas, mas evoluíram para tubos manufaturados em bronze. Eles podiam ser curtos e tocados na posição horizontal, ou alcançar até o comprimento de quase um metro, sendo tocados, nesse caso, numa posição verticalmente inclinada. Tais flautas ainda são usadas no Egito atual. Na figura acima vemos um par de flautas simétricas unidas, feitas de madeira, sem a embocadura que se perdeu, e provavelmente datadas do Império Novo.


Os vários tipos de tubos diferiram na construção da extremidade que era levada à boca. As flautas simples, as quais eram tocadas na posição horizontal, tinham uma cunha afiada que permanecia do lado de fora dos lábios. As flautas duplas, instrumentos tocados na posição vertical, tinham bocal solto, de encaixe, fornecido com palhetas vibratórias simples, no caso de tubos paralelos, ou duplas, a exemplo do que ocorre com os modernos oboés, no caso de tubos colocados em ângulo agudo. 

Os arqueólogos nunca encontraram esses bocais. Entretanto, sabe-se que oboés duplos já eram conhecidos, aproximadamente, desde 2800 anos antes de Cristo. Tinham dois tubos de comprimento desigual, sendo que o mais longo era usado para produzir sons contínuos e monótonos, ou para tocar notas que o tubo mais curto não conseguia alcançar. Nas cenas militares, por sua vez, frequentemente são mostrados trompetes. Pelo menos dois trompetes de Tutankhamon (c. 1333 a 1323 a.C.) e um terceiro do Período Ptolomaico (304 a.C. a 30 d.C.) foram encontrados pelos arqueólogos. Embora não tenham sido encontrados relevos mostrando instrumentos feitos de chifres de animais, deve-se notar que existem modelos em terracota de tais instrumentos datados do Império Novo.


Entre os instrumentos de percussão havia o pandeiro, os crótalos e os sistros. O primeiro, tocado com as mãos, podia ser redondo ou quadrado, entrou em uso durante o Império Novo e era empregado em banquetes e reuniões sociais, bem como nas festas populares e religiosas. Figura bastante nas mãos de mulheres em rituais religiosos, quando elas participam em danças sagradas e procissões ou tocam diante das divindades femininas. 

O som metálico dos címbalos do pandeiro tem poder protetor, pois espanta os espíritos maléficos, os inimigos em geral e os efeitos do mau olhado. Os outros dois instrumentos eram indispensáveis em festas religiosas, já que eram consagrados a Hátor, deusa dos festins e da música.
CRÓTALOS

Os crótalos eram formados por duas placas iguais, geralmente de marfim ou de madeira, apresentando um formato curvo como se fossem aspas. Batendo-se as duas metades entre si produzia-se o som. Costumavam ter um desenho entalhado nelas como, por exemplo, mãos, um relicário, uma cabeça de mulher ou, mais comumente, a cabeça de Hátor. Pares de diferentes formas e tamanhos foram encontrados em diversos sítios arqueológicos egípcios. Os que apresentavam formato de mãos parece que estavam relacionados com Hátor no seu papel de mão do deus, ou seja, a mão de Atum, o qual, segundo o mito heliopolitano sobre os primórdios da criação, havia gerado Shu e Tefnut se masturbando. 

Acima vemos um destes instrumentos, de marfim, exposto no Museu Britânico de Londres. 
Um modelo de origem não egípcia, provavelmente oriúndo da Fenícia, tinha o formato de uma pequena bota de madeira cortada pela metade no sentido longitudinal e sulcada na parte correspondente à perna, enquanto que a parte cônica correspondente ao pé servia como cabo. Alguns modelos de tamanho pequeno ficavam escondidos na palma das mãos dos músicos, de maneira que não podem ser percebidos nas ilustrações. Acredita-se que nos relevos nos quais a mão do dançarino aparece como um punho, provavelmente isso significa que ele está segurando esse crótalo menor, correspondente às nossas atuais castanholas.
SISTRO

O sistro era uma espécie de chocalho, frequentemente feito de bronze, e apresentava uma cabeça de Hátor colocada no extremo de um cabo com formato de haste de papiro. No lugar dos chifres da deusa, e muito mais compridos do que eles, havia um arco metálico cruzado horizontalmente por três ou quatro pequenas hastes também de metal que atravessavam pequenos címbalos, igualmente metálicos. 

Cada uma das hastes era freqüentemente feita de material diferente e interpretadas como representações dos quatro elementos que formam o mundo vivo: a terra, o ar, o fogo e a água. Os sistros com apenas três hastes, como este ao lado datado do Período Tardio (c. 712 a 332 a.C.), simbolizavam as três estações: cheia, semeadura e colheita. 

Ao se agitar o sistro, as peças soltas soavam em conjunto. Um certo grau de afinação era possível e enquanto alguns dos instrumentos produziam um som rouco enervante, outros emitiam sons descritos como "de doce fascínio". Essa forma do instrumento começa a surgir no Império Médio. 



Anteriormente, porém, desde o Império Antigo, existia uma outra forma de sistro, menos barulhenta. Sempre com cabo em forma de papiro, apresentava um recipiente fechado e lindamente decorado com a cabeça da deusa, dentro do qual sementes produziam sons semelhantes aos de juncos de papiro agitando-se. O receptáculo costumava ter a forma de uma pequena capela representando o espaço sagrado no qual o primeiro som que criou o universo aconteceu. 

O relicário pode simbolizar também a casa de canas construída para abrigar Hátor quando ela deu à luz a seu filho, Ihy, um deus-criança da música. O próprio nome de Hátor significa casa de Hórus e a imagem do falcão aparece freqüentemente aninhado em cima do relicário do sistro.


Também instrumento da deusa gata Bastet era, nesse caso, encimado por um rosto de gato ou por um gato sentado em cima do relicário. No caso do primeiro modelo, o gato aparecia se espreguiçando por sobre o topo do arco metálico. Quando usados como amuletos de casamento, os sistros mostravam cestas de gatinhos presas nas laterais do arco, caso em que os gatinhos representavam a prole. Com o tempo o cabo passou a ser feito não apenas de bronze, mas também de faiança ou prata embutida com esmaltes e aparecia com frequência na forma do deus anão Bes. Outra forma que o cabo do sistro podia tomar era a do chamado pilar Djed, objeto que foi interpretado como a coluna vertebral do deus Osíris. No culto de outros deuses, como Ptah e até mesmo Aton, os sistros também foram utilizados.


A origem do instrumento parece ter sido a Núbia, onde surgiu como componente dos ritos de fertilidade locais, ou talvez tenha evoluido de um ritual arcaico que consistia em cortar brotos de papiro com caules longos, secá-los, segurá-los em forma de arco e sacudi-los rítmicamente para abrir o coração da pessoa à deusa Hátor. Os brotos de papiro secos contêm um certo número de sementes soltas que produzem um som sibilante musical quando são chacoalhadas. 

A palavra egípcia seshesh, que significa sussurrar, deu origem ao nome egípcio do instrumento, seshest, onomatopaico, lembrando uma das mais protetoras e antigas deusas do Egito, a deusa-naja Wadjit, que se acreditava pudesse ser chamada sussurrando sons e encantada através de música rítmica. Alguns dos sistros mais antigos apresentam hastes na forma de serpentes, reminiscência dos velhos rituais de colheita.


Agitando-se o sistro pelo cabo produzia-se um som agudo e prolongado muito apropriado para acompanhar ou ritmar o canto. Acreditava-se que ele tivesse virtudes de apaziguamento, aliviasse as mulheres no parto, afastasse os malefícios e abrandasse os modos das pessoas. Eram sempre tocados em momentos de alto significado religioso como, por exemplo, quando chegavam os que estavam de luto, quando o faraó e a rainha apareciam, quando as cantoras começavam a cantar. 

As sacerdotisas de Hátor e as de Bastet costumavam agitá-los como parte dos rituais que realizavam e, ao que parece, supunha-se que eles estimulavam a fecundidade. A própria forma do instrumento tinha conotações com a junção das energias masculina e feminina: sua parte superior continha as sementes ou címbalos, simbolizando o ventre da mulher e o cabo alongado simbolizava o falo do homem. 

Quando se manifestava sob a forma da deusa Nebethetepet, conhecida como Senhora da Vulva, Hátor era representada como um sistro com o desenho de um relicário incorporado nele.


Nos festivais, os músicos, cantores e dançarinos andavam em procissão no exterior dos templos e os sacerdotes transportavam um relicário que abrigava a estátua da divindade. Frequentemente o que se pretendia não era produzir música agradável, mas um som rítmico que criasse um estado de êxtase religioso, ou simplesmente bastante barulho para espantar os espíritos nocivos. Os crótalos e os sistros eram dois instrumentos bastante úteis para tal propósito. 

Outro instrumento da mesma categoria são os címbalos, constituídos por um par de pratinhos metálicos. Ligeiramente côncavos, eles possuem saliências no centro de suas partes superiores, nas quais são amarrados atilhos curtos que os prendem aos dedos. 

Eram usados aos pares em cada mão, um deles preso na primeira junta do polegar e o outro atado no dedo médio. Sons vibrantes são produzidos golpeando-se os címbalos diretamente um contra o outro, ou batendo-se com um deles na borda do outro. Ainda hoje eles são usados nas apresentações de dança do ventre. 

No Período Tardio (c. 712 a 332 a.C.) surgiram pratos maiores, com cerca de 15 centímetros de diâmetro, formados por um par de discos côncavos e preso cada um deles a uma das mãos dos músicos por meio de correias de couro. Também na mesma época aparecem pequenos sinos.
Ainda no capítulo da percussão havia os tambores, percutidos com as mãos, usados tanto com funções religiosas quanto em desfiles militares. 

Uma mulher tocando um tambor redondo era o símbolo para "alegria" entre os egípcios. Deusas como Hátor, Ísis e Sekhmet, ou deuses como Bes e Anúbis foram representados várias vezes tocando tambores. Na maioria das ilustrações que mostram cenas da corte ou dos grandes templos, aparecem mulheres como tocadoras de tambor. Os homens costumam aparecer mais como tocadores de tambores militares. Havia basicamente dois tipos de tambores. 

Um dos modelos tinha o formato de pandeiros, mas bem maiores e sem os címbalos metálicos na lateral, redondos ou retangulares, com armação de madeira, cujo diâmetro é muito maior que sua profundidade. Esse instrumento talvez tenha sido desenvolvido por mulheres que usavam peneiras para limpar os grãos. 

Suas formas são as mesmas e desde a antiguidade se acredita que a peneira para grãos e esse tipo de tambor compartilhem uma origem comum. Um dos nomes mais velhos registrados para esse instrumento é do antigo idioma sumério, no qual a palavra que o designa também significa "peneira de grãos". O outro modelo de tambor tinha o formato de barril, inicialmente feitos com troncos de árvores escavados e que se tornaram populares em bandas militares. 

Até hoje nenhuma imagem foi encontrada que mostre os tambores, de qualquer modelo, sendo tocados com baquetas. A batida do tambor era comparada ao pulsar da vida, semelhante ao som da batida do coração que nós ouvimos no útero materno. O instrumento também era relacionado com a lua e a fertilidade.


Do ponto de vista cronológico, os tambores só apareceram de fato a partir do Império Médio. Primeiro surgiram os de formato de barril. Uma das mais antigas representações de tambor em um contexto religioso pode ser vista na tumba de Kheruef, um funcionário da corte de Amenófis III (c. 1391 a 1353 a.C.), Ali existe uma cena na qual duas mulheres, provavelmente sacerdotisas, tocam tambores enquanto um pilar djed é erguido ritualmente em um festival. 

Foram encontradas algumas das peles destes tambores pintadas com cenas simbólicas. Duas delas, do Império Novo, achadas em Tebas, mostram Ísis dando vida a Osíris. Hátor e Bes aparecem na figura entre um grupo de mulheres que tocam tambores. Isso ilustra o poder do tambor de invocar criação e ressurreição e seu uso em rituais relacionados com tais atos. Outras duas peles, estas do Período Ptolomaico, mostram sacerdotisas que tocam tambor diante de Ísis que aparece sentada em seu trono. Cena parecida existe em um relevo em pedra da XIX dinastia (c. 1307 a 1196 a.C.) no qual quatro mulheres, identificadas como sacerdotisas no texto que acompanha a cena, tocam tambores diante de Hátor e Mut.


Uma função bastante prática exercida pelos tambores era a de marcar com sua batida o ritmo dos remadores nos barcos que velejavam pelo Nilo. Essa missão também lhes era confiada na esfera divina: frequentemente são mostradas sacerdotisas tocando tambores no acompanhamento dos barcos sagrados das deidades em procissões rituais. 
E ainda mais: na viagem diária que Rá fazia velejando pelas águas celestiais, uma mulher toca tambor em seu barco, marcando os ritmos naturais do universo. Durante séculos e séculos os tambores continuaram a ser usados em cerimônias religiosas. Não apenas na época dos Ptolomeus, mas também no Período Romano (30 a.C. a 395 d.C.) o instrumento continuou figurando em cenas de culto. 

Podemos vê-lo tocado por sacerdotisas no templo de Hátor em Dendera, no templo de Mut em Karnak, no templo de Hórus em Edfu, no templo de Ísis em Philae e em outros ainda. As paredes das tumbas mostram com constância mulheres tocando tambor ao receberem o morto no além. 

O instrumento figurava entre os pertences funerários enterrados com o defunto e, por exemplo, a mãe de Senenmut, o arquiteto da rainha Hatshepsut (c. 1473 a 1458 a.C.), foi enterrada junto a seu tambor.


Finalmente devemos citar um utensílio curioso: um misto de instrumentoHÁTOR E SETI I musical e colar denominado menat. Eram largos e pesados colares feitos com pérolas ou contas coloridas de cerâmica, pedra dura ou metal precioso, montadas em semicírculo formando um grande crescente. A borda externa podia ou não ser guarnecida por pingentes. Eram dotados de longos contrapesos, os quais equilibravam seu peso considerável quando eram colocados no dorso do portador. 

Ao serem agitados nas festividades produziam o ruído característico do choque das miçangas. Esse som transmitia vida e poder, tornava as jovens mulheres fecundas, mas também favorecia o renascimento espiritual do ser no além-túmulo. É com esse objetivo que a deusa Hátor oferece um destes colares ao faraó Seti I (c. 1306 a 1290 a.C.), como mostra a figura acima.


Esses instrumentos também eram empunhados e agitados principalmente pelas sacerdotisas de Hátor, sendo que as mais experientes dentre elas tocavam o crótalo com uma mão e o menat com a outra. 

A executante podia usar o colar no pescoço ou, levando-o nas mãos, apresentá-lo à pessoa a quem desejasse oferecer boas vibrações. 

Diversos estudiosos concordam que o menat simbolizava prazer e júbilo, tanto do ponto de vista da fertilidade, quanto da perspectiva da satisfação sexual. As suas fileiras de contas e o contrapeso de aparência fálica parecem combinar os princípios feminino e masculino em ação. 

Ele evocava a união de Ísis e Osíris na criação de Hórus e ao ser oferecido aos mortos, o instrumento permitia a revitalização deles no outro mundo. Em uma pintura tumular do Império Médio podemos ver que um grupo de dançarinas, musicistas e cantoras entrega omenat ao dono da tumba em meio a uma festa. Elas balançam o instrumento e dizem:
Para aumentar sua vitalidade, o colar de Hátor. Que ela o abençoe... Para aumentar sua vitalidade, as gargantilhas de Hátor. Que ela prolongue sua vida para o número de dias que você desejar...
Embora estejamos tratando de cada instrumento individualmente, é óbvio que eles podiam ser usados em conjunto. Harpa e flauta, por exemplo, eram usadas juntamente com vários instrumentos de sopro, com e sem palhetas, feitos de madeira ou metal. No Império Antigo, época na qual as orquestras eram quase sempre formadas por homens, um grupo podia ser formado por cantores, tocadores de crótalos, algumas harpas, um flauta horizontal e outra vertical, para ficarmos apenas em uma das combinações possíveis. Um conjunto bem grande é mostrado numa tumba do Império Médio pertencente justamente a um professor de canto chamado Khesuwer. Ali ele aparece treinando dez tocadoras de sistro e dez executantes de crótalos, organizadas em fileiras, o que indica um desempenho altamente disciplinado. O Império Novo nos oferece o espetáculo de orquestras femininas. As instrumentistas marcam o compasso batendo palmas e tocam os vários instrumentos, ora em pé, ora sentadas. Numa cena de dança encontrada em Amarna podemos ver dez jovens, algumas com pandeiros e outras com crótalos nas mãos. Generalizando um pouco, podemos dizer que a música ritual dos templos era em grande parte constituída pelo chocalhar do sistro, acompanhado por canto, às vezes também contando com a participação de harpa e/ou de percussão. Cenas de reuniões sociais e de festivais religiosos mostram conjuntos de instrumentos, tais como liras, alaúdes, flautas simples e duplas, crótalos, tambores e a presença, ou não, de cantores, em uma variedade de situações. Provavelmente a primeira notícia que temos de uma orquestra completa executando um concerto é datada de cerca de 250 a.C. O evento ocorreu em um festival para o faraó Ptolomeu II (285 a 246 a.C.), no qual 600 músicos tocaram simultaneamente.

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26
Set16

10 imagens que mostram a vida dos japoneses nos campos de concentração da Segunda Guerra

António Garrochinho


Depois que os japoneses atacaram a base de Pearl Harbor, nos Estados Unidos, em dezembro de 1941, os americanos entraram de vez na guerra e sofreram várias mudanças sociais e políticas em sua rotina. Numa delas, o presidente Franklin D. Roosevelt assumiu uma postura oficial de preconceito e assinou uma decisão que ordenava que todos os japoneses ou descendentes vivendo na costa oeste do país deviam ser encaminhados para campos de concentração.
Os japoneses só puderam levar o que conseguiam carregar em suas bagagens e perderam casas, fazendas e até mesmo negócios que tiveram que ser abandonados durante a realocação. Alguns conseguiram negociar as propriedades antes da saída, mas outros perderam tudo, sem saber se algum dia voltariam para suas residências originais. Em alguns casos, os japoneses tiveram seus fundos e contas bancárias bloqueados antes do envio para os campos de concentração, deixando as famílias sem renda e condições de negociar qualquer bem.
Mesmo que o governo não tivesse provas de que alguns desses japoneses tivesse envolvimento com a guerra ou com espionagem dentro dos Estados Unidos, mais de 110 mil pessoas foram levados a dez campos de concentração localizados na Califórnia e em outros estados da costa oeste durante a guerra. Cerca de 60 por cento das pessoas que viviam ali eram cidadãos norte-americanos, apesar das origens japonesas.
Apesar dos campos terem sido fechados após o fim da guerra, alguns fotógrafos conseguiram registrar a vida nos locais. Ainda que não fosse dura como nos campos de concentração de judeus na Alemanha, os japoneses viviam por trás de cercas e regras rígidas, sob constate vigia.




Família japonesa com identificação nas roupas e malas esperando alocação

Deixando pra trás toda a vida pregressa, alguns japoneses tentaram carregar o máximo que podiam



Os japoneses foram transportados em vagões de trem lotados, sem estrutura para sentar ou deitar durante a viagem


Quando a decisão foi tomada, nem todos os campos estavam completos e vários japoneses foram colocados em abrigos temporários

Apesar da dificuldade de viver em condições precárias, os concentrados tentavam viver uma vida normal, encontrando tempo para atividades de lazer


Além do lazer, vários japoneses precisavam trabalhar, sendo utilizados como fonte de mão de obra para o governo





As casas dos campos de concentração eram pequenas e podiam abrigar uma ou duas famílias




Parte do sofrimento da vida nos campos estavam em não se enxergar mais como cidadão livre




Mesmo com dificuldades, as crianças concentradas ainda recebiam educação




Crianças com origem japonesa que viviam em orfanatos na costa oeste dos EUA também foram levadas para campos de concentração



Ao fim da guerra, os campos de concentração japoneses foram fechados e seus moradores restabelecidos na sociedade como livres cidadãos. Ainda assim, a comunidade oriental precisou enfrentar o preconceito em razão de sua etnia por muito tempo.

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26
Set16

CONHEÇA A HISTÓRIA DE JE T´AIME MOI NON PLUS

António Garrochinho

Em 1968, Serge Gainsbourg compôs "Je t'aime... moi non plus", uma canção explicitamente erótica que ele gravou com Brigitte Bardot. Com o fim da relação entre os dois, Bardot pediu a Gainsbourg que não divulgasse a gravação que haviam feito, e ele, um perfeito gentleman, atendeu o seu desejo.
No entanto, em 1969, fez uma nova gravação de "Je t'aime... moi non plus", dessa vez com Jane Birkin, e que foi lançada no álbum "Jane Birkin & Serge Gainsbourg". A letra erótica de Gainsbourg, tendo ao fundo os suspiros apaixonados de Birkin, causou um grande escândalo na época. A imprensa conservadora atacou a mensagem obscena contida na canção, muitas estações de rádio a baniram de suas listas de execuções e o Vaticano publicou uma nota condenando a sua natureza imoral.
Isso tudo, porém, trouxe uma grande publicidade gratuita para a canção, que vendeu um milhão de cópias em poucos meses. Protagonistas do escândalo do ano, Gainsbourg e Birkin tiveram as vidas e a relação entre ambos intensamente investigadas pela mídia. Na atualidade, pode-se dizer que "Je t'aime... moi non plus" ainda é um hit, pois o vídeo dessa canção, inserido no YouTube há apenas dois anos, já está prestes a alcançar os três milhões de acessos.

VÍDEO



26
Set16

Shunka en – Museu de Kunio Kobayashi

António Garrochinho


Aqui uma galeria de fotografias do museu de Kunio Kobayashi. O nível de qualidade e acabamento de suas árvores é impressionante. O seu museu Shunka en fica no distrito de Edogawa Nihori, em Tóquio

O Shunka en é um dos principais centros de bonsais do Japão. Construído em 2002, ele agora exibe mais de 2.000 espécies. O “en” do seu nome sugere “jardim”, e essa é a impressão inicial que o visitante tem quando entra no espaço com muralhas feitas com pedras pretas da região de Nachiguro, embutidas em argamassa. Seu jardim japonês tradicional sinaliza a transição de uma esfera para seu espaço com bonsais.

Shunka-en é o trabalho de uma vida com bonsai, do mestre Kunio Kobayashi. Seu avô era um padre, seu pai, um florista, o horticultor comparava a arte do bonsai a uma pintura, o bonsaísta troca as tintas por folhas e troncos poderosos, além de ramos de formas parecidas com as linhas monocromáticas, criadas por pinceladas . O que define o cultivo de bonsai de forma diferente, é que é uma colaboração entre o homem e a natureza, sendo moderado pela lenta passagem do tempo.

Esse relacionamento com o temporal pode se estender por séculos. Um dos mais importantes exemplares de bonsai Shunka-en do mestre Kobayashi é um exemplar de quase 1.500 anos de idade. Essa raridade veio de sua propriedade original do Iemitsu Shogun Tokugawa (1604-1651). Kobayashi disse: “Quando você está na frente de uma árvore que viveu por 1500 anos, você sente que o importante com a idade é perceber a sua própria mortalidade. Você deve se curvar à natureza”, acrescentando: “Em última análise, este respeito pela natureza é a base do bonsai . “

No Shunka-en existem árvores envasadas em muitos estados de existência. As raízes vigorosas de um bonsai estilo ishi-tsuki parecem dominar as rochas, cobrindo as com suas raízes, enquanto um outro bonsai, em um estado chamado “sabakan,”  onde ele quebrou  e expos troncos, com suas superfícies secas, como cartilagem. A combinação de formas seca no bonsai é uma representação estética da dramatização budista, da impermanência de todas as coisas.

Depois de ter examinado o bonsai, a sua atenção provavelmente vai se voltar para a riqueza de detalhes em Shunka-en. Kobayashi formou um ambiente muito na tradição jardim japonês, com estruturas de madeira, galerias interiores, alcovas e uma casa de chá, tudo feito com os melhores materiais.



































26
Set16

ILHA DE PÁSCOA - AS ESTÁTUAS DE RAPA NUI TÊM CORPO!

António Garrochinho

ilha de páscoa


Localizada no Oceano Pacífico, essa ilha vulcânica foi descoberta pelo navegador holandês Jakob Roggeveen, no domingo de Páscoa no ano de 1722, e mais tarde tornou-se posse do Chile, em 1888. Muitos mistérios cercam a Ilha de Páscoa que é famosa por suas incríveis estátuas chamadas Moais e que estão ao redor de toda a ilha que tem uma área equivalente a 6 vezes a Ilha do Mel, no litoral do Paraná.

illha de páscoa

A descoberta, não tão nova, mas que aumenta o mistério sobre quem as esculpiu, quem vivia na ilha, como elas foram parar lá é o fato de que as estátuas da Ilha de Páscoa têm corpos!  Isso mesmo, as cabeçonas gigantes são estátuas completas, cuja maior parte está enterrada e correspondem a corpos e mãos.


ilha de páscoa
Um grupo de pesquisa privado tem escavado recentemente as estátuas da Ilha da Páscoa e está estudando as escrituras nos corpos das mesmas.


ilha de páscoa

ilha de páscoa

A dúvida agora é por que estes gigantes de pedra tiveram seus corpos enterrados? As estátuas sempre foram assim ou com o tempo ficaram dessa maneira?

ilha de páscoa

Uma das teorias sobre o desaparecimento dos habitantes originais de Rapa Nui foi a superpopulação que levou a conflitos internos e falta de alimentos. Agora surge outra hipótese: um enorme deslizamento pode ter varrido a ilha e sua civilização. Isso aniquilou a população e fez com que as estátuas ficassem com boa parte do seu corpo sob a terra.


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26
Set16

Animais recrutados para a guerra

António Garrochinho


Os seres humanos têm recrutado animais para ajudar a combater as suas batalhas há muito tempo, e os militares de hoje usam uma gama ainda maior de criaturas para todo tipo de tarefa. Isso pode parecer estranho, considerando que cães, cavalos e outros animais certamente não evoluíram para essa finalidade. No entanto, a natureza certamente não só foi útil como também inspirou os engenheiros a criarem imitações mecânicas.
Observe na lista abaixo algumas das criaturas que se tornaram recrutas inconscientemente, tanto nas antigas quanto nas modernas guerras.
10) Bombas de morcego
Os mamíferos voadores tornaram-se parte de um experimento bizarro durante a Segunda Guerra Mundial. Um cirurgião-dentista americano propôs anexar minúsculas bombas incendiárias a morcegos. Dessa forma, as criaturas incendiariam as cidades japonesas quando voassem para alojarem-se nos telhados de edifícios. Mas a ideia fracassou logo após ter recebido aprovação do presidente Roosevelt. Muitos morcegos não cooperativos simplesmente caíram no chão como pedras ou voaram para longe, apesar do exército americano ter testado 6.000 mamíferos em seus experimentos. Ainda assim, as bombas-morcego conseguiram atear fogo a uma aldeia simulada japonesa, um hangar do exército americano e um carro. Atualmente, os cientistas estudam como a mecânica de voo do morcego poderia inspirar futuros modelos de aeronaves e robôs-espiões.
9) Cavalaria de camelos
Camelos foram muito utilizados no deserto do Norte de África e do Oriente Médio durante os tempos antigos, dada a sua capacidade de sobreviver em condições duras e muitas vezes sem água. O cheiro dos camelos teria causado medo à cavalaria do inimigo, mesmo que eles não fossem tão úteis em um choque de tropas. Alguns povos equipavam seus camelos com armaduras, artilharia, etc. Mas eles não se saíam tão bem fora de seus limites naturais, onde os cavalos se tornaram os preferidos para montaria em batalhas. O papel de combate dos camelos diminuiu rapidamente com o desenvolvimento de armas de fogo em 1700 e 1800, mas ainda foi útil em algumas situações, como para as forças árabes durante a Primeira Guerra Mundial.
8 ) Abelhas zangadas
Abelhas com seus ferrões podem ser armas poderosas quando provocadas. Antigos gregos e romanos as usaram para deter tropas inimigas, catapultando colmeias inteiras em cima delas.  Uma utilização mais direta de abelhas furiosas ocorreu durante os cercos em castelos na Idade Média, bem como durante a Primeira Guerra Mundial e a Guerra do Vietnã.
7) Patrulha de leões marinhos
Leões marinhos têm uma visão excelente mesmo com pouca luz, ouvem bem debaixo d’água, podem nadar a 40 km/h e fazem mergulhos repetidos de até 300 m. A Marinha americana os treina para localizarem e marcarem minas. Um cinto especial atado aos leões marinhos carrega câmeras de vídeo que fornecem uma visão do fundo do mar ao vivo.
6) Pombos-correio
Os pombos estiveram entregando mensagens durante a maior parte da história humana, por causa de suas habilidades de navegação, que lhes permitem voltar para casa depois de viajar centenas de quilômetros. E ganharam muita fama militar durante a Primeira Guerra Mundial, quando as forças aliadas usaram cerca de 200.000 deles. Um pombo chamado Cher Ami ganhou um prêmio francês pela entrega de 12 mensagens (sendo que a última foi entregue mesmo após o coitado ter sofrido ferimentos graves de bala) além de ter sido creditado por salvar um batalhão americano perdido, e que havia sido cercado por forças alemãs. Outro grupo de 32 pombos ganhou uma medalha britânica durante a invasão do Dia D na Segunda Guerra Mundial, quando os soldados aliados fizeram silêncio no rádio e usaram os pombos para transmitir mensagens. Hoje, por causa dos avanços tecnológicos em comunicação, os pombos se aposentaram do serviço militar.
5) Golfinhos da Marinha
Os golfinhos têm servido, ao lado de leões-marinhos, patrulhando os mares desde 1960. Seu sistema de sonar sofisticado pode ser usado para pesquisa de minas com base no conceito de ecolocalização. Um golfinho envia uma série de “cliques” que são refletidos pelos objetos e retornam para o golfinho, permitindo que eles obtenham uma imagem mental do objeto. Dessa forma, eles comunicam ao seu manipulador humano, usando o mecanismo de resposta “sim ou não”. O manipulador acompanha a resposta, e pode, se receber um “sim”, enviar o golfinho para marcar o local do objeto com uma boia. Essa habilidade de marcar minas foi útil tanto durante a Guerra do Golfo quanto na Guerra do Iraque. Golfinhos também podem marcar nadadores inimigos, mas a Marinha americana nega rumores sobre treinar golfinhos para usar armas contra humanos…
4) Elefantes de guerra
Os maiores mamíferos terrestres deixaram sua marca na guerra como criaturas capazes de devastar formações de tropas inimigas. Os elefantes podem atropelar os soldados, perfurá-los e até mesmo lançá-los para longe com suas trombas. Antigos reinos na Índia podem ter sido os primeiros a domar elefantes, mas essa prática logo se espalhou para os persas, gregos, cartagineses e romanos. Os cavalos temem a visão e o cheiro dos elefantes, e os soldados também tiveram que lidar com o terror psicológico de enfrentar os enormes animais. O advento de canhões no campo de batalha acabou com seu papel em combates, e eles foram usados para transporte de carga e de materiais até a Primeira Guerra Mundial.
3) Mulas militares
Mulas têm desempenhado um papel crucial nas guerras, carregando alimentos, armas e outros suprimentos necessários, e se tornaram preferência para o transporte de cargas devido à sua maior resistência. Várias legiões e exércitos usaram mulas, e elas continuam a ser úteis até hoje, como nas forças especiais americanas, onde fuzileiros navais e soldados dependem dos animais para abastecer postos remotos nas montanhas do Afeganistão.
2) Cachorros de guerra
Os cães participam de guerras há anos. As raças grandes serviram como cães de guerra no campo de batalha e como sentinelas para diversos povos. Os romanos equiparam alguns dos seus cães com coleiras perfurantes e armaduras, e os conquistadores espanhóis também utilizaram cães armados durante a conquista da América do Sul. A guerra moderna reduziu seu papel para mensageiros, farejadores, batedores e sentinelas. Os militares americanos treinaram seus cães como farejadores para trabalhar no Iraque e no Afeganistão.
1) Cavalos
Talvez nenhum outro animal tenha desempenhado um papel tão grande na história da guerra como o cavalo. Os homens os domesticaram há muito tempo, e logo foi usado nas guerras em grande escala. Os antigos egípcios e chineses usavam cavalos puxando charretes como plataformas estáveis para lutar, antes da invenção de uma sela eficaz. A estabilidade proporcionada pela combinação de sela e estribo permitiu que os mongóis lutassem eficientemente e disparassem flechas de cima dos cavalos, o que os ajudou a conquistar a maior parte do mundo conhecido de então. E a utilização de cavalos de combate veio até a era da guerra moderna, quando os tanques e metralhadoras entraram na briga.

Fonte:
Hypescience.com

26
Set16

Estas fotos parecem normais, mas dê uma olhada e você notará algo bizarro

António Garrochinho



À primeira vista, se você olhar para a imagem abaixo, você vai pensar que é apenas uma fotografia normal de sua mãe e filha. Mas você não notou algo estranho?


Na verdade, esta fotografia é um retrato memorial que significa que um deles está morto, e no caso é a menina. Por mais assustador que possa parecer, tirar fotos dos mortos era normal durante a era vitoriana. Este tipo de prática era muito popular.
Aparentemente, as fotografias post-mortem eram feitas para servir como lembranças, para manter memórias dos falecidos entes queridos vivas.
Pessoas vitorianas fotografavam os mortos antes de realizar quaisquer tipos de serviços funerários.
Fotógrafos pretendiam fazer as pessoas mortas parecerem vivas, o máximo possível. 
Alguns faziam truques como segurar o corpo. Observe a posição da cortina atrás do rapaz
Mas fotógrafos bem experientes tinham suas próprias maneiras de fazer os mortos parecerem vivos. Agora, qual é qual?
Algumas fotos vão definitivamente enganar sua mente.
Nesta foto, este homem morto parece estar em uma profunda reflexão. Muito inteligente!
Na maioria das vezes, eles tentavam fazer parecer que a pessoa morta estava apenas dormindo.
Você consegue identificar qual é o cadáver?
Que tal esta?
Outras vezes não era possível fazer os mortos parecerem vivos. 
As imagens muitas vezes são de partir o coração.
Basta imaginar o quão difícil é posar com o bebê morto.
De alguma forma, as fotografias realmente parecem muito estranhas 
Via: Wereblog
 misteriosdomundo.org
26
Set16

Reciclagem à portuguesa

António Garrochinho



Aqui segue o desabafo de um leitor sobre o negócio da reciclagem em Portugal. “No país em que se apela à reciclagem e aos bons costumes ambientais, não custa não pedir ao comum cidadão que contribua. Até porque os lucros estão nas empresas que fazem o tratamento do lixo, e ainda nos cobram mensalmente em taxas por este mesmo serviço. Ou seja, se pensarmos numa linha de montagem, só o cidadão (área mais importante desta linha de montagem) é que não recebe nada em troca. Recentemente vi um vídeo interessantíssimo, de um cidadão português na Alemanha. Os ganhos são por demais evidentes, quanto mais não seja em toda a estrutura montada para a recolha de lixo, e na diminuição brutal de lixo na via pública. Tem de começar por alguém, e achei que o vosso blogue seria um bom ponto de partida.” 

VÍDEO




Obrigado pela contribuição!


madespesapublica.blogspot.pt
26
Set16

PCP não acompanha governo na legalização da Uber e Cabify

António Garrochinho


O dirigente comunista Vasco Cardoso considerou esta segunda-feira que o projeto de diploma para regular a atividade das plataformas de transportes de passageiros é "uma inaceitável cedência às intenções das multinacionais" e uma "ameaça à sobrevivência" do setor do táxi.

Em declarações à agência Lusa, Vasco Cardoso, da comissão política do PCP -- que esta semana vai apresentar um documento no parlamento sobre o reforço das medidas dissuasoras da atividade ilegal no transporte em táxi --, sublinhou que esta decisão do Governo "vem prejudicar" o setor do táxi e "favorecer" as multinacionais, sobretudo estrangeiras.



"Não acompanhamos esta decisão do Governo. Vamos contestá-la e apelamos à mobilização do setor do táxi para que, com a sua intervenção, lute e não permita que esta decisão vá adiante", disse à Lusa Vasco Cardoso.

No entender de Vasco Cardoso, com esta atuação, o Governo está a "abrir a porta à liquidação" de um setor estratégico em Portugal que envolve largos milhares de pequenas e médias empresas, "entregando o transporte individual de passageiros às multinacionais, com todos os riscos associados".

"Entendemos esta decisão do Governo como uma cedência às imposições e interesses das multinacionais, que confronta claramente o país e coloca em risco milhares de empregos num setor que, tendo muito para melhorar, é predominantemente de base nacional", argumentou.

O ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, revelou a vários jornais que o Governo tem pronto o decreto-lei que regula a atividade das plataformas eletrónicas de transporte de passageiros, como a Uber ou a Cabify, e que o diploma segue esta semana para os parceiros do setor, para um período de consulta pública.

Na opinião do dirigente do PCP, o setor do táxi tem "razão para ver o seu futuro com muita preocupação".

"O que se exigia neste momento não era a legalização da Uber, mas que a sua atividade ilegal fosse impedida de ser realizada no nosso país. O que assistimos nos últimos anos foi a uma instalação no nosso país por parte da Uber em confronto com a lei, com a legalidade, passando por cima de qualquer regra ou legislação do setor e com a conivência do anterior e [do] atual Governo", explicou.

O dirigente salientou, ainda, que as multinacionais "vão capturar em poucos anos" todo o mercado que existe em Lisboa, Porto e Faro, em detrimento dos pequenos e empresários e com custos significativos.

"É inaceitável que se admita a possibilidade da intervenção da Uber em Portugal sem qualquer limitação, quer ao nível do contingente, quer de preços", disse.

Neste contexto, o PCP vai na sexta-feira apresentar no parlamento um documento "que reforça os mecanismos de regulação e de equilíbrio dentro do setor do táxi".


http://www.jn.pt
26
Set16

O capital fictício, como a finança se apropria do nosso futuro

António Garrochinho



















por Daniel Vaz de Carvalho


"O capital fictício é tanto um acelerador do desenvolvimento capitalista como fator de crises, esta ambivalência dá aos seus zeladores no dizer de Marx "o caracter híbrido de escroques e profetas". (p. 63) Grandes bancos manipularam em seu benefício durante mais de duas décadas as taxas Libor e as taxas de câmbio das principais moedas. A procura do desempenho a qualquer custo teve como corolário a fraude, a vigarice. "Os delitos estão presentes desde sempre no mercado e raramente são objeto de procedimento judicial" (B. Madoff, ex-presidente da NASDAQ) (p. 17). "

"A reconfiguração do tecido produtivo alinha-se em função do interesse dos acionistas em termos de rendimento a curto prazo. Consiste em "reestruturar e distribuir", isto é reduzir o emprego e separar-se de atividades menos rentáveis, estabelecendo subcontratos. O reforço do poder dos acionistas e a globalização afetou negativamente o investimento estabelecendo uma norma de rentabilidade mínima aquém da qual os projetos produtivos são eliminados. (p. 170) Esta reconfiguração visa libertar mais-valias bolsistas e dividendos, mais que o aumento da eficiência económica, modificando a relação de forças entre acionistas, gestores e trabalhadores (p. 158, 159). É uma lógica predadora: trata-se de garantir que o capital fictício seja sempre convertível em dinheiro, isto é, bens e serviços (p. 188). "

A crise de 2007-2008 com as "políticas de rigor" e "reformas estruturais" fez cair a máscara à social-democracia. (…)  A soberania dos mercados sobrepõe-se à dos povos . Cédric Durand

1 – Natureza do capital fictício. 

A austeridade já tem sido considerada como o "vírus capitalista". É uma imagem. Na realidade, trata-se do remédio errado, como uma seringa infetada. O capitalismo está de facto atacado de uma doença letal: o capital fictício. Sem eliminar este "vírus" nenhum remédio será verdadeiramente eficaz. É isto que Cédric Durand nos evidencia. 

A importância deste livro reside na análise de um tema fundamental do marxismo, o capital fictício, aliado a uma linguagem simples, mas absolutamente rigorosa e factual, em que os dogmas do neoliberalismo são totalmente desmontados. Só a escandalosa censura existente impede a divulgação e discussão destas análises até nas universidades. 

A natureza do capital fictício reside em que os títulos financeiros são apenas promessas de valorização real, o que destrói o mito da autonomia do sistema financeiro como variável determinante do sistema económico. O capital fictício é uma ilusão e um desvio de recursos. (p. 56, 57) Tem consistido no aumento vertiginoso da quantidade de valor validado por antecipação à produção de mercadorias. (p. 90)

O capital fictício, é de facto um produto de contradições económicas e sociais insolúveis. (p. 7) Encarna valor, mas não resulta da produção de valor, resulta de transferências de rendimentos a partir de atividades produtivas, isto é, rendimentos do trabalho e lucros tirados da produção de bens e serviços. (p. 105) 

Marx identifica três formas de capital fictício: a moeda crédito, os títulos de dívida pública e as ações. Cédric Durand desenvolve este conceito aplicando-o à realidade atual, apresentando-o como uma apropriação da mais-valia produzida na esfera produtiva, desmontando o aparente enigma dos lucros sem acumulação, resultantes das operações financeiras e do controlo das redes produtivas internacionais. (p. 178) 

Podem ser caracterizados como lucros financeiros os juros, os dividendos e as mais-valias realizadas com a venda de ativos. Como fontes dos juros distinguem-se os resultantes do endividamento das famílias para terem acesso ao consumo (lucros de alienação); os resultantes do endividamento das empresas, que se tornam críticos nos períodos de crise; os lucros políticos de dívida pública. (p. 106-112) 

São também fontes de lucros financeiros a atividade como intermediários; o chamado lucro dos fundadores (diferença entre o preço dos ativos e valorização no mercado bolsista); os lucros políticos obtidos com recapitalização, nacionalização dos prejuízos, benefícios fiscais, etc. (p. 119, 123) 

Nos EUA a parte dos 1% mais ricos na detenção de dívida pública passou de 16 para 40% entre 1970 e 2010. Em 1970 a dívida dos 11 países mais ricos representava 30% do PIB, em 2012, nos EUA 114%, no Reino Unido 137%. O valor financeiro obtido por antecipação do processo de valorização futura não cessou de aumentar (p. 75) 

Um estudo sobre subvenções públicas implícitas nos lucros das grandes instituições financeiras concluía que existia uma subvenção implícita de 233 mil milhões de euros em 2012, 1,8% do PIB da UE e montantes da mesma ordem desde 2007. Sem isto os bancos registariam prejuízos consideráveis. Os seus lucros são portanto subvencionados. A privatização dos benefícios das atividades financeiras é, pois, perfeitamente ilegítima. (p. 122) 

2 – A financeirização e os "mercados eficientes" 

A liberalização financeira conduziu à alta dos lucros financeiros, donde a uma taxa mínima de rentabilidade nos investimentos, ao aumento dos dividendos entregues aos acionistas, à diminuição dos lucros retidos pelas empresas e consequentemente ao abrandamento da acumulação, à sobreprodução e ao desemprego. (p. 154) A financeirização não conduziu (como propagandeado) ao aumento do investimento, ao "crescimento e emprego", mas ao seu declínio (p. 50). Os países da OCDE de rendimento elevado detinham em 1990, 80% do PIB mundial, em 2012 reduzira-se para 61% (p. 8, 9). 

Numa estrutura Ponzi (especulativa) o fluxo de rendimento acaba por não permitir reembolsar nem os juros nem o principal da dívida. Por conseguinte, o endividamento não pode senão aumentar e conduzir a falências (p. 40). Algo de semelhante se passa com os Estados. Heyman Minsk passou a maior parte da carreira a defender a tese de que os sistemas financeiros estão por natureza sujeitos a acessos especulativos. Foi considerado um "radical" (p. 37). 

O otimismo na financeirização, ao qual não foram poupados os reguladores, levou ao abrandamento das normas prudenciais e à desregulamentação, potenciando os riscos. O paradoxo da intervenção pública como tem sido realizada consiste em que os operadores financeiros são tanto mais inclinados a assumir riscos quando sabem que o banco central tudo fará para impedir o risco sistémico de se concretizar (p. 42, 43). 

Os defensores da linha de Hayek de que o mercado é um processo de revelação de conhecimento disperso aplicável aos mercados financeiros, negligenciam a dinâmica da criação e preservação do capital fictício e os efeitos de distorção de informação que daí decorrem (p. 138). O que conduz a má apreciação dos riscos e más decisões de investimento. Desde 1980 a desregulação financeira, criou períodos de expansão financeira que terminaram sempre em crise (p. 45). 

O capital fictício é tanto um acelerador do desenvolvimento capitalista como fator de crises, esta ambivalência dá aos seus zeladores no dizer de Marx "o caracter híbrido de escroques e profetas". (p. 63) Grandes bancos manipularam em seu benefício durante mais de duas décadas as taxas Libor e as taxas de câmbio das principais moedas. A procura do desempenho a qualquer custo teve como corolário a fraude, a vigarice. "Os delitos estão presentes desde sempre no mercado e raramente são objeto de procedimento judicial" (B. Madoff, ex-presidente da NASDAQ) (p. 17). 

A Golman Sachs que reconheceu ter cometido práticas fraudulentas, teve em 2010 uma multa de 550 milhões de dólares, cerca de 14 dias dos lucros desse ano (p. 19). Os sistemas de crédito paralelo contornam as normas sobre reservas obrigatórias, representam canais de difusão das crises a que as avaliações das agências de rating acrescentam riscos (p. 82). 

A legitimação do liberalismo financeiro foi apoiada por economistas e universitários. Larry Summers [1] havia recebido 20 milhões de dólares em anos em que defendeu incansavelmente o liberalismo financeiro. Verificou-se que 19 eminentes universitários diretamente implicados nas reformas financeiras estavam também ligados ao sector privado sem nunca o terem declarado (p. 33). 

Como aprendizes de feiticeiro os agentes financeiros foram apanhados na sua própria armadilha e não anteciparam o desastre. Porém (para eles) tudo continua como se nada se tivesse passado, continuando a serem considerados racionais e omniscientes, A cegueira ao desastre e ao conformismo dominam o sistema financeiro (p. 24). 

3 – A vingança dos rentistas 

O aumento dos lucros financeiros poderia sugerir que a vingança dos rentistas era a explicação para o paradoxo dos lucros sem acumulação. Porém as (grandes) empresas também obtiveram rendimentos crescentes das suas atividades financeiras (p. 158). No entanto, em prejuízo da sua atividade produtiva, em detrimento do "crescimento e emprego", a fórmula com que a direita e a social-democracia procuram iludir as camadas proletárias. 

A reconfiguração do tecido produtivo alinha-se em função do interesse dos acionistas em termos de rendimento a curto prazo. Consiste em "reestruturar e distribuir", isto é reduzir o emprego e separar-se de atividades menos rentáveis, estabelecendo subcontratos. O reforço do poder dos acionistas e a globalização afetou negativamente o investimento estabelecendo uma norma de rentabilidade mínima aquém da qual os projetos produtivos são eliminados. (p. 170) Esta reconfiguração visa libertar mais-valias bolsistas e dividendos, mais que o aumento da eficiência económica, modificando a relação de forças entre acionistas, gestores e trabalhadores (p. 158, 159). É uma lógica predadora: trata-se de garantir que o capital fictício seja sempre convertível em dinheiro, isto é, bens e serviços (p. 188). 

Nas vésperas da crise atual, 147 sociedades controlavam 40% do valor do conjunto das TN, sendo elas próprias dominadas por 18 entidades financeiras (p. 114). Estabelece-se uma hierarquia de capitais, na qual os centros capitalistas diretamente ligados aos mercados financeiros dispõem de um poder de mercado que lhe permite transmitir os choques conjunturais às empresas da periferia com o objetivo de atingir e ultrapassar os rendimentos garantidos aos acionistas. A pressão traduz-se na degradação das condições salariais (p. 163). 

O parasitismo dos países mais avançados estabelece como que um tributo aos países mais fracos, sob a forma de produtos, recursos naturais e lucros, verificando-se naqueles países uma parte crescente de lucros recebidos do estrangeiro (p. 181). Porém, simultaneamente cresce o peso de atividades cuja dinâmica tende a reduzir-se, crescendo aquelas em que a produtividade estagna (p. 173). 

4 – Uma transferência de riqueza organizada a nível global 

Os grandes bancos de investimento e os fundos especulativos organizam a transferência de riqueza a nível global. Com a estabilidade financeira visa-se fazer prevalecer as exigências do capital financeiro sobre as aspirações das populações (p. 124). 

Nos EUA os 1% mais rico apoderaram-se de 95% dos ganhos entre 2009 e 2013, aumentando os seus rendimentos em 31,4%. O total dos montantes despendidos pelos Estados para apoiar o sector financeiro (recapitalizações, compra de ativos, nacionalizações", garantias, injeções de liquidez) em 2008 e 2009 foi avaliado pelo FMI em 50,4% do PIB mundial! (p. 51) 

Outro aspeto é a liberalização do comércio e dos fluxos de capitais, estabelecendo um exército de reserva do trabalho a nível global. A troca desigual proporciona a capacidade das TN dos países dominantes para remunerar os seus agentes financeiros através dos ganhos provenientes das relações mercantis assimétricas com os seus fornecedores dos países dominados (p. 128). 

Com o enfraquecimento do movimento operário o imperialismo e a oligarquia financeira reforçaram o seu poder (p. 184). Em 2006 havia 66 milhões de trabalhadores, em países ou zonas em que impostos e regulamentações são quase inexistentes, em particular as do trabalho, com fiscalização submetida aos interesses e exigências do patronato e salários de 1 € por dia (p. 177). 

Para Hayek as crises não são produzidas por excesso de produção mas por excesso de consumo (p. 60). Justificando assim os planos de austeridade que não são mais que créditos sobre os montantes futuros dos impostos dos quais a finança se apropria (p. 66). 

Ganha, pois, uma atualidade nova a famosa afirmação de Marx segundo a qual "numa certa fase do seu desenvolvimento, as forças produtivas materiais entram em conflito com as relações de produção existentes, ou, o que não é senão a sua expressão jurídica, com as relações de propriedade no seio das quais tinham existido até então. De formas de desenvolvimento das forças produtivas estas relações tornam-se no seu entrave" (p. 133). 

Perante as crises o sistema tem necessidade de relançamento para um rápido aumento dos lucros, recorrendo a choques exógenos, como guerras, contrarrevoluções, derrota dos assalariados, descoberta de novas fontes de matérias-primas (Ernest Mendel) (p. 139). 

Esta política não conhece limites e só pode ser posta em causa pela combatividade das camadas populares (p. 190). Eis o que resume as mensagens que propomos reter do livro de Cédric Durand.[1] Antigo presidente da Universidade de Harvard, conselheiro de Obama e secretário do Tesouro de Clinton. 



Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .




Capital fictício

– Verbete da Grande Enciclopédia Soviética
por L. N. Krasavina



Capital Fictício — Capital investido em títulos de crédito (acções, obrigações), o qual dá aos possuidores o direito de se apropriarem regularmente de uma parte dos lucros na forma de dividendos ou de juros. Sendo o papel contrapartida do capital real, o capital fictício tem um movimento especial externo ao capital existente. Como uma mercadoria específica, ele é comprado e vendido num mercado especial — a bolsa de valores — e adquire um preço. Mas uma vez que os títulos de crédito não possuem valor [intrínseco], as flutuações no seu preço de mercado não coincidem (e isso acontece com frequência) com mudanças no capital real. 

O preço do capital fictício é o rendimento capitalizado a ser derivado dos títulos de crédito. Ele é directamente proporcional ao nível de rendimento dos títulos de crédito e inversamente proporcional à taxa de juro bancária num dado país. Exemplo: se o rendimento anual de um título de crédito for de US$20 e a taxa de juro bancária for de 5 por cento, então o preço deste título de crédito será (20 x 100)/5 = US$400. A diferença entre os montantes de capital fictício e o capital existente constitui o lucro promocional. Um método utilizado na obtenção deste lucro é a emissão de acções num montante que excede significativamente o capital realmente investido na empresa. 

Na era do imperialismo, a emissão de títulos de crédito cresce numa escala enorme; ao mesmo tempo, o crescimento do capital fictício ultrapassa o aumento do capital existente. Este crescimento rápido é provocado pelo uso generalizado de acções para financiar empresas, pelo crescimento da dívida nacional surgida de aumentos em despesas improdutivas pelos estados burgueses com a militarização e a guerra, e pela intensificação da inflação. No decorrer do ciclo de negócios, o capital fictício expande-se durante períodos de ascensão e contrai-se durante períodos de crise. 

O capital fictício distingue-se também do capital de empréstimo. Os títulos de crédito constituem uma área de investimento para o capital de empréstimo. O capital fictício quantitativamente excede o capital de empréstimo e os movimentos dos dois tipos de capital não coincidem. 

O desenvolvimento ulterior do fetichismo e do parasitismo das relações de produção capitalistas reflecte-se na categoria capital fictício. A fonte de rendimento com capital fictício é totalmente ocultada. Para os seus possuidores, os títulos de crédito parecem gerar rendimento por si mesmos. O parasitismo do capital fictício torna-se especialmente aparente no caso de empréstimos governamentais quando o governo gasta improdutivamente os fundos que levantou. Esta forma especial de capital fictício não só é destituída de valor como também, em muitos casos, não representa capital real. O juro de títulos governamentais é pago na sua maior parte através de receitas fiscais. 

Na época da crise geral do capitalismo, têm-se verificado mudanças na estrutura do capital fictício. Com a expansão do sector estatal na economia e o aumento na dívida nacional, o mercado de títulos de crédito tornou-se cada vez mais saturado com títulos de crédito do governo. A coalescência de monopólios e governo pode ser vista em transacções conjuntas envolvendo capital fictício. Com frequência crescente, o governo entra no mercados de títulos de crédito como devedor, credor e fiador, além disso, em contraste com empresas privadas, o governo ocupa um posição privilegiada uma vez que pode emitir títulos de crédito à vontade e pode oferecer vantagens fiscais aos investidores e garantias contra uma queda no valor de investimentos. Esta conexão entre o capital fictício e o crédito e as garantias do governo agrava a inflação. O controle monopolista do Estado sobre transacções com capital fictício permite a este capital ser utilizado para atender necessidades do tesouro de títulos de crédito adicionais, aumentando portanto o montante do capital sob o controle de oligarquias financeiras.


Referências 

Marx, K. Kapital , vol. 3, chs. 29 and 30. In K. Marx and F. Engels, Soch ., 2 nd ed., vol. 25, part 2. 

Lenin, V. I. Imperializm, kak vysshaia stadiia kapitalizma . In Poln. sobr. soch ., 5th ed., vol. 27. 

Trakhtenberg, I. A. Kreditno-denezhnaia sistema kapitalizma posle vtoroi mirovoi voiny . Moscow, 1954. 

Anikin, A. V. Kreditnaia sistema sovremennogo kapitalizma . Moscow, 1964. 

Shenaev, V. N. V. N. Banki i kredit v sisteme finansovogo kapitala FRG. Moscow, 1967. 

Krasavina, L. N. Novye iavleniia v denezhno-kreditnoi sisteme kapitalizma: Na materialakh Frantsii . Moscow, 1971. 

Traduções adoptadas: 

Securities: Títulos de crédito; Bonds: Obrigações; Income: Rendimento; Revenues: Receitas; Rent: Renda; Earnings: Ganhos 


O original é um verbete da Great Soviet Encyclopedia, 3 rd Edition (1970-1979), The Gale Group, Inc., transcrito em http://encyclopedia2.thefreedictionary.com/Fictitious+capital . Este texto é anterior à explosão dos derivativos, o paroxismo absoluto do capital fictício. Tradução de JF.




Este verbete encontra-se em http://resistir.info/ .



26
Set16

Sapatos! Tendências Primavera Verão 2017

António Garrochinho



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Sandálias com salto quadrado e plataforma, tendência total!

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Você usaria? Achei uma graça para as meninas!

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O salto médio quadrado é confortável e prático

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As cordas aparecem em sandálias, rasteirinhas abertas e fechadas, anabelas...

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Oxfords

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Oxfords metalizados e muitas outras tendências

OXFORD EM JEANS E COURO TERRA

O Oxfords também vem nesta versão com plataformas, no estilo anabela . Modelo da Luiza Barcelos

SCARPIN FLORAL COM CRISTAIS

O scarpin não poderia ficar de fora, porque é um clássico da moda. Ele vem florido, metálico, em tons vibrantes e vai arrasar nos seus pés! Este modelo é Luiza Barcelos

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Os sapatos do verão 2017 em 11 peças chaves, tendências e dicas de marcas   Especial Francal

O bordado, a corda, tiras, aplicações que vão aparecer em sapatilhas, rasteirinhas, sandálias

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A cara do verão!

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Olha que charme!

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Muito elegante!

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Mules abertos e metalizados...vão bombar nas próximas estações
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Mule fechado na frente excelente para combinações fashions e elegantes!

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As franjas firmes e forte há três ou quatro estações

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Quem foi que disse que o básico está fora de moda? As mudanças acontecem a cada estação , mas o básico continua em alta sempre.

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O jeans está presente em várias marcas e modelos de calçados. Este modelo é da Arezzo

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Rasteirinhas com pedras e bordados coloridos para deixar seus pés mais bonitos!

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Sandália anabela faz sucesso nós pés de toda mulher.
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Não importa a textura, os recortes, o material usado, a sandália anabela virou um clássico e está presente em quase todas as estações do ano.


Imagens: Google ,  Passarela, Arezzo e Luiza Barcelos
Texto: Paula Rempel
lindonarem.blogspot.pt
26
Set16

Um caso de amor que surpreendeu o mundo: o príncipe africano que abdicou de trono para se casar com britânica

António Garrochinho


Ruth e Seretse tiveram quatro filhos; um deles, Ian,
foi eleito presidente de Botswana en 2008

Na década de 40, Seretse Khama já sabia o que o futuro lhe aguardava. Ele se tornaria um rei da tribo Bamangwato, no então protetorado britânico de Bechuanalândia, atual Botsuana, no sul da África.





Mas antes de assumir o trono, ele foi estudar Direito na Universidade de Oxford, no Reino Unido - em uma viagem que mudaria sua vida totalmente.

Na faculdade, ele ficou amigo da britânica Muriel Williams, que, em 1947, o apresentou para sua irmã, Ruth.

Ruth era branca, de classe média e trabalhava para uma empresa de seguros.

Seretse deveria voltar para casa assim que se formasse, se casar com alguém da sua etnia e ser coroado líder. Mas ele se apaixonou por Ruth.

"Era surpreendente ver como eles tinham tanto em comum, mesmo vindo de contextos tão diferentes", disse Muriel, a irmã de Ruth, ao programa da BBC Witness (Testemunha).

"Eles se conectaram desde o primeiro momento. É difícil descrever, mas claramente havia uma atração ali."

Na época, a questão racial era bastante complicada em Londres, segundo lembra Muriel. "Os brancos e os negros não saíam juntos no Reino Unidos. Muito menos uma mulher branca e um homem negro."

  • Noiva branca

Como o pai de Seretse havia morrido, ele havia sido criado por seu tio, Tshekedi Khama, que desaprovava seu envolvimento com a britânica. Rechaçava a ideia de um chefe tribal ter uma noiva branca.

"Mas Ruth era muito corajosa e Seretse também", contou Muriel. E o casal seguiu adiante com seus planos de se casar.

Vetados de se casarem no religioso, Seretse conseguiu obter uma licença de casamento civil e um contrato de núpcias com Ruth em 1948 - ele tinha 27 anos e ela, 25.

A união desatou uma polêmica internacional.

Houve protestos no país vizinho, a África do Sul, onde os casamentos inter-raciais eram proibidos pelo apartheid.

Winston Churchill, premiê britânico durante a Segunda Guerra e de 1951 a 1955, disse, apesar de desaprovar a união, que os dois formavam um casal muito corajoso.

Para saber ser Seretse seria um rei adequado para os bamangwato, o governo britânico enviou uma representação especial a Bechuanalândia. Mas esta não encontrou pontos que indicassem o contrário.

Mesmo assim, o Reino Unido manteve Seretse exilado por seis anos e ele só pôde retornar à sua terra natal, com sua esposa, em 1956, depois de renunciar a seus direitos tribais.

  • Novo líder

Seretse Khama morreu quando ainda ocupava a
Presidência de Botswana, em 1980
No entanto, ele encontrou um caminho para liderar seus compatriotas: a política.

Seretse percorreu todo o país e fundou o Partido Democrático de Bechuanalândia. E em 1965 ele foi eleito primeiro-ministro.

No ano seguinte, quando o protetorado teve sua independência do Reino Unido e passou a se chamar Botsuana, ele se tornou o primeiro presidente do país e Ruth, a primeira-dama.

O líder foi reeleito como mandatário até 1979 - e morreu em 1980, quando ainda estava no cargo.

Muriel conta que o compromisso dois dois era muito sólido. Ela lembra de uma ocasião, quando Seretse estava percorrendo seu país durante a fundação de seu partido, em que o carro em que viajavam quebrou. E foi Ruth quem conseguiu consertá-lo. "Definitivamente me casei com a mulher certa", disse o líder africano, de acordo com sua cunhada.

comunidademib.blogspot.pt

26
Set16

Aborígenes australianos são os humanos vivos mais antigos

António Garrochinho


O maior estudo genético de populações humanas mostra que os australianos provêm de uma migração africana anterior às demais


Há populações humanas que até agora estavam pouco representadas nos estudos genômicos, como os primeiros povoadores da Austrália. Muito ruim, porque a primeira leitura do genoma de 83 aborígenes daquele continente, e outras 25 pessoas de Papua-Nova Guiné, resultou em um tesouro científico. Os aborígenes australianos diferem entre si tanto como um brasileiro de Rondonia difere de um chinês de Pequim. Isso significa que os aborígenes ocuparam a Austrália há muito, muito tempo, tanto que são a população viva mais antiga do planeta, e que saíram da África antes do resto da humanidade.


O professor Eske Willerslev fala com idosos 
aborígenes no sudoeste da Austrália..
Saber quantas vezes a humanidade saiu da África, quando ocorreram essas migrações e o que ocorreu com elas é uma das perguntas essenciais sobre o passado da nossa espécie. Os cientistas apresentam agora na Nature, em quatro pesquisas, a melhor resposta que permite o conhecimento atual. O chefe de um dos trabalhos, Eske Willerslev, da Universidade de Copenhague, garante que a pesquisa “foi fascinante porque os aborígenes australianos são a população viva mais antiga”.



A comparação dos genomas aborígenes com os do restante da humanidade, incluídos seus vizinhos asiáticos e oceânicos mais próximos, mostra que “emigraram da África antes” dos demais humanos modernos, há 60.000 anos ou mais, quando as atuais Austrália e Papua-Nova Guiné estavam unidas em um só continente. Muitos milênios depois, quando a elevação do nível do mar isolou a Guiné da Austrália, os dois grupos interromperam seu fluxo genético –deixaram de fazer sexo–, o que fez com que sua distância genética se tornasse similar, hoje, à que separa europeus e asiáticos orientais.
Mas a migração dos aborígenes nem sequer foi a primeira de humanos modernos fora da África. Em outra pesquisa, Luca Pagani e seus colegas do Biocentro Estoniano de Tartu mostram que os atuais habitantes de Papua-Nova Guiné portam em seu genoma sinais apreciáveis (mais de 2% do DNA) de uma população humana mais antiga ainda, um grupo humano que se separou dos africanos antes que os eurasiáticos o fizessem.


Os cientistas estonianos deduzem que esses fragmentos genômicos provêm do sexo que deve ter ocorrido entre os ancestrais dos papuanos e uma migração que fez o mesmo percurso antes: uma migração que havia saído da África há uns 120.000 anos. As quatro pesquisas apresentadas na Nature são assinadas por equipes de investigação genômica de 35 países, incluindo a Espanha. Revelam a crescente complicação que a genômica está imprimindo à história do Homo sapiens, como já tinha feito previamente com nossos ancestrais hominídeos.

Os aborígenes australianos diferem entre si tanto como um espanhol de Cádiz difere de um chinês de Pequim

Prossigamos com as grandes perguntas: de onde viemos? A resposta é a África. Os primeiros ossos iguais aos nossos já estavam ali há 150.000 ou 200.000 anos. Mas, então, por que só saímos da África dezenas de milênios depois, talvez até 100.000 anos depois? Isso é um tempo enorme, muito mais que a totalidade de nossa existência fora do continente que nos viu nascer. É que aqueles Homo sapiens originais só se pareciam conosco na aparência? Seu cérebro ainda tinha de evoluir até nossos padrões? Foram extintos aqueles primeiros humanos “anatomicamente modernos”, como se costuma chamá-los para ressaltar que eram mais burros que nós?

Os humanos atuais começaram a se diferenciar há 200.000 anos

Parece que não. David Reich, daUniversidade Harvard, e seus colegas apresentam também na Nature os genomas de 300 pessoas de 142 populações que, como os aborígenes australianos, tinham estado pouco ou nada representados nos estudos da variedade humana. Seu principal achado é muito notável: demonstra que os humanos atuais começaram a se diferenciar há 200.000 anos. Isso se encaixa à perfeição com a data estabelecida dos primeiros crânios iguais aos nossos. E confirma que nossos primeiros país não se extinguiram, mas continuam vivendo em nosso genoma.
A equipe de Harvard –um clássico na curta história da genômica humana– exibe sua sofisticação matemática com um dado assombroso: que a velocidade de mutação genética aumentou em 5% desde que saímos da África. A explicação é bem curiosa: o tempo entre gerações diminuiu, ou seja, temos filhos quando somos mais jovens que nossos ancestrais africanos. Quanto mais o ser se reproduz, mais oportunidades de mutação dá à descendência. Daí que os vírus sejam os mestres da evolução na Terra.


A ESPÉCIE QUE FUGIA DO FRIO


A teoria original out of Africa (fora da África) postulava que toda a humanidade atual que vive fora desse continente provém de um pequeno grupo de Homo sapiens que saiu dali há uns 50.000 anos. Os cientistas pensam agora que não houve uma, mas quatro migrações para fora da África que ocorreram ao longo dos últimos 120.000 anos. E que as quatro tiveram relação com as mudanças climáticas associadas às variações da órbita terrestre.
Segundo o modelo construído por Axel Timmermann e Tobias Friedich, da Universidade do Havaí, em Honolulu, as migrações representam quatro ondas associadas às grandes glaciações desse período, que abarcaram estes quatro intervalos: 106.000-94.000, 89.000-73.000, 59.000-47.000 e 45.000-29.000 anos atrás. Os resultados de seu modelo se encaixam muito bem com os dados paleontológicos e arqueológicos.
O destino da humanidade parece estar, depois de tudo, escrito nas estrelas, como diria um poeta antigo. Porque esses ciclos gelados são causados diretamente por alterações periódicas da órbita terrestre. Outras mudanças climáticas de menor escala se associam a migrações de população de um caráter mais local.~

brasil.elpais.com
26
Set16

10 plantas incríveis do Mundo

António Garrochinho


Se você acha que plantas são em geral sem graça, está muito enganado.

Da planta capaz de ressuscitar, à planta que cresce mais de 1 metro por dia, conheça aqui algumas das espécies mais incríveis da flora ao redor do mundo.

1 - A planta mais resistente do mundo

Ela pode não ser nem de perto a planta mais bonita do mundo, mas a Welwitschia mirabilis é certamente a mais resistente. Comum na Namibe (Angola), essa planta ao invés de ganhar altura deixa seu caule engrossar. Com vida útil de 400 a 1,5 mil anos, ela pode sobreviver até incríveis cinco anos sem chuva.


2 - A Vênus carnívora

Dionaea muscipula é conhecida como a “Vênus carnívora”. Ela é a mais famosa entre as plantas carnívoras e você provavelmente já a viu em algum desenho animado por aí. Ela come pequenos insetos, desde formigas até aracnídeos e sua armadilha é bastante veloz, fechando em menos de um segundo.


3 - A flor mais larga do mundo

Rafflesia arnoldii é a flor mais larga do mundo, além de ser uma das mais exóticas e raras. Ela pode ter um metro de diâmetro e pesar de 6 a 11 Kg. 


Apesar de parecer linda, você não vai querê-la em seu jardim. Ela exala um odor fétido semelhante ao de carne podre. Por isso, recebe o apelido de “planta cadáver” na Indonésia, seu país de origem.


4 - A planta da vergonha

A mimosa pudica é conhecida como a “planta da vergonha”, porque ela parece tímida. Quando suas folhassão tocadas, elas se dobram para dentro, e voltam a abrir-se alguns minutos depois.


A espécie é nativa do Brasil e pode ser encontrada em toda a América do Sul e Central.

5 - A planta da ressurreição

Elaginella lepidophylla é uma das plantas mais fantásticas do mundo. Ela habita no deserto da Chihuahua e pode ficar centenas de anos esperando por uma boa chuva. Assim que é exposta à umidade, ela “renasce” e se desenrola. As gotas que caem da chuva espalham suas sementes para a reprodução.


6 – A maior carnívora do mundo

Fique tranquilo, a maior planta carnívora do mundo não é capaz de meter medo em nenhum humano. ANephentes rajah chega a meio metro de altura e devora moscas com bastante apetite. Essas plantas vivem nas úmidas florestas da ilha de Bornéu, na Ásia.


7 – A maior árvore do mundo

As sequoia-gigantes são as maiores árvore do planeta. Uma delas, conhecida pelo apelido de General Sherman, está registrada no livro dos recordes como a de maior volume. Ela foi encontrada na Califórnia, nos Estados Unidos, medindo 82,6 metros de altura, 1.814 toneladas e 25,9 metros de diâmetro. Sua idade estimada é de 2.100 anos.


Para se ter ideia do seu volume absurdo, com sua madeira, seria possível produzir cerca de 5 bilhões de fósforos.

8 – A árvore que parece que saiu de um filme

Em português, esta árvore é conhecida como “dragoeiro”, mas seu nome em inglês é bem mais divertido: Dragon's Blood Tree (Árvore de Sangue de Dragão). 


Assim como o nome, sua aparência também parece ter saído de um filme de ficção na era medieval. Seu nome se deve à cor da sua seiva, que depois de oxidada por exposição ao ar, forma uma substância de cor avermelhada, comercializada na Europa com o nome de sangue-de-dragão.


9 - A planta que cresce mais rápido

Se você quer plantar algo que cresce bem rápido, tente essa espécie de bambu chamada Phyllostachys edulis. Ela pode crescer até 1,12 metros em um único dia.


O segredo do crescimento do bambu é que ele não cresce apenas nas pontas, como a maioria dos vegetais. O bambu estica entre um gomo e outro, acelerando seu processo de crescimento.

10 - A árvore mais gorda

O Cipreste-mexicano conhecido como Árvore de Santa Maria Del Tule, localizada em Oaxaca, no México, é a planta mais gordinha do planeta. Seu tronco tem 58 metros de circunferência e 14 metros de diâmetro. Com altura de 42 m, o seu volume fica em torno de 817m3 e o peso em 636 toneladas.


bio-orbis.blogspot.pt
26
Set16

"É inacreditável que hoje se passeiam mais os cães do que as crianças"

António Garrochinho


Carlos Neto é professor e investigador da Faculdade de Motricidade Humana de Lisboa 

Há mais de 40 anos que o investigador Carlos Neto trabalha com crianças e está preocupado com o sedentarismo. "Há pais que já não têm prazer em brincar com os filhos"

A falta de autonomia das crianças é culpa das famílias ou das escolas que também as ocupam demasiado tempo?

Eu diria que temos de encontrar um conjunto de fatores para explicar o fenómeno, porque não se pode pôr culpas a ninguém em particular. Veja-se a cidade de Lisboa e o inferno que é às seis da tarde e às oito da manhã e a maneira como as famílias têm de se encarregar de distribuir a vida dos filhos no tempo escolar e para além da escola. Por outro lado, não há uma política habitacional pensada do ponto de vista de criar uma mobilidade saudável no crescimento e no desenvolvimento dos jovens. Só dessa maneira é que se pode compreender o que é que está a acontecer com o baixo índice de mobilidade que temos em Portugal. Os estudos que fizemos em 16 países demonstram que ficámos em 14.º lugar. Muito abaixo dos países escandinavos, onde essa mobilidade é muito elevada, onde têm uma autonomia muito grande e vivem a natureza e o território da cidade de forma plena. Em Portugal, e nos países do Mediterrâneo, a situação é muito complexa, porque há perigos diversos e depois há medos que se instalaram na cabeça dos pais.

Mas esses perigos não existem também nos países nórdicos?

Eles têm uma filosofia de organização do tempo e do espaço completamente diferente. Significa que os nossos jovens e crianças têm muita dificuldade em ter essa autonomia desde muito cedo, porque encontram diversos constrangimentos. Desde o trânsito, o fenómeno da urbanização, a maneira como o tempo escolar e o tempo de trabalho dos pais está organizado. Por outro lado, ganhou-se um medo enorme de as crianças andarem autónomas na rua. A rua desapareceu, está em extinção como local de jogo, de brincadeira, de encontro de amigos. O problema da socialização é uma das questões mais importantes que se colocam hoje na nossa juventude e nas culturas de infância. Temos aqui um problema muito sério que só pode ser resolvido com medidas corajosas e arrojadas do ponto de vista político.

Isso significa facilitar os transportes, criar espaços verdes?

Espaços verdes, política habitacional mais adequada à política educativa e também à gestão do tempo de trabalho dos pais. Está tudo demasiadamente formatado e as crianças e jovens precisam que isso seja desconstruído para a vivência do corpo em situações mais espontâneas e mais naturais, do espaço construído e do espaço natural da cidade. Quando falamos em índice de mobilidade baixa, isso significa que temos de atuar em várias frentes para tornar mais sustentável uma vida feliz e com sucesso das crianças e jovens porque elas merecem. E acima de tudo uma perspetiva de não repressão do corpo em movimento porque o sedentarismo não é só físico, é também mental, social e emocional. A investigação científica tem demonstrado claramente que quem mais faz atividade física, mais brinca na infância, mais tem relação com os amigos, são crianças que normalmente têm mais sucesso no futuro, mais rendimento escolar e obviamente têm um índice de felicidade e de empatia muito maior.

Mas hoje as crianças quase só se relacionam com as outras em atividades organizadas.

Praticamente está tudo organizado quer do ponto de vista das atividades no meio escolar quer nas atividade extraescolares. Se isto ainda não bastasse têm depois uma cultura de ecrã muito agressiva. É muito natural ver crianças à volta de uma mesa de café e não se falam, estão todas a olhar para o iPhone. O corpo em movimento é fundamental para todo o desenvolvimento, não só emocional, também cognitivo, social e emocional. A escola tem de urgentemente mudar o modelo de funcionamento, quer na organização curricular quer na forma como as crianças são mais ou menos participativas. Temos de dar uma espécie de um trambolhão na sala de aula, no sentido de tornar as aulas mais ativas por parte das crianças.

Falta uma política de brincadeira?

Há alguns sinais interessantes do Ministério da Educação de tentar que a vida na escola não seja uma coisa tão formal e tão séria, isto é, de ter tempos mais disponíveis para expressão dramática, educação física, música, dança ou um conjunto de atividades que consigam que o corpo disponibilize maior capacidade expressiva, de empatia, de modo a tornar os cidadãos mais cultos, com maior capacidade de ética e de cidadania e portanto não estar apenas centrado nos rankings. Está provado cientificamente que crianças com maior nível de atividade física e relacional no recreio aprendem mais na sala de aula. Portanto, não podemos querer crianças sedentárias ou a ouvir um conhecimento que muitas vezes não lhes interessa. O ensino não pode ser isto no século XXI.

"Temos que dar uma espécie de trambolhão na sala de aula, para as aulas serem mais ativas"
A gestão do tempo da família também tem de mudar?

Temos de dar um ar fresco a este país, este país não pode estar com esta depressão enorme em que temos pais e professores esgotados, porque as crianças reparam em tudo. Há pais que já não têm prazer em brincar com os filhos, e há professores que já não têm capacidade de perceber a importância dessa atividade espontânea do que é correr atrás de uma bola, subir a uma árvore, fazer um jogo de grupo no recreio ou pura e simplesmente subir o muro e tentar descobrir o que está do lado de lá. Ou ter locais secretos. Como é que nós promovemos a saúde pública e mental numa perspetiva de maior cidadania, de maior empreendedorismo e de maior grau de felicidade? É isso que está em causa quando falamos em promover o corpo em movimento. Nunca foi tão importante o papel dos pais e da família na educação dos filhos no que diz respeito à implementação deste tipo de atividades. Sair com as crianças para a rua e brincar, desfrutar a natureza. Os pais têm de ter mais tempo disponível para fazer este tipo de atividades. É inacreditável que hoje se passeiem mais os cães do que as crianças. Inacreditavelmente faz-se hoje um esforço inadmissível de tornar os robôs mais humanos e ao mesmo tempo estamos a robotizar o comportamento humano.

www.dn.pt
26
Set16

"O dote de 66 bilhões e o oligopólio mundial" Comunicação do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA)

António Garrochinho
















"Apesar da distância geográfica, as semelhanças entre as empresas se tornavam cada vez maiores, não por se basearem em produções laboratoriais, a décadas uma “química” começa a rolar entre ambas, talvez seja pelas suas semelhanças, que além do gosto nefasto pelo lucro e pela devastação, Monsanto e Bayer compartilham uma trajetória similar, as duas tiveram seus impérios edificados por guerras e governos, escondem e negam mortes, extermínios e trabalho escravo, no ultimo século conformaram um pequeno grupo de grandes empresas que controlam toda produção química, e agroindustrial do mundo, lucram milhões, bilhões, fornecem o veneno, e o antídoto paliativo para os problemas causados pelo veneno! (Não é um baita negócio?)."

Era uma vez na Alemanha, um grande cartel de empresas químicas, que lá pelos anos 30 resolveu patrocinar com 400 mil marcos alemães a campanha de um sujeito chamado Adolf Hitler que desejava (não só) ser chanceler, daquele país europeu. Tempos depois com a acensão fascista do sujeito patrocinado por esse cartel, as empresas decidiram que precisam de uma retribuição pelo patrocínio, foi ai que Hitler decidiu convidar esse clube de empresas para produzir técnicas e tecnologias usadas para propagar a dor e ódio fascista, com muitos cientistas Eureca, as empresas invetaram armas como Ziklon-B, um gás utilizado em câmaras de extermínio, em algumas dessas câmaras eram assassinadas a cada dia 4,5, 6 mil pessoas, todas mortas por serem diferentes ou se oporem ao regime patrocinado por esse clube de empresas.

Além de ter essa marca em sua testa essas empresas utilizavam trabalhadores forçados como cobaias em seus experimentos com novos medicamentos e vacinas, com a derrocada de seu patrocinado, o o grande cartel ruiu, no entanto retoma suas atividades agora com o nome de Bayer, de lá para cá se fortaleceu vendendo suas porcarias tecnológicas em todo o mundo, desde venenos a antídotos, ou melhor do Sal de Amônio de Glifosato até o Ácido Acetil Salicílico, ficou assim milhares de vezes maior que o antigo cartel que a originou, nessa guerra se o patrocinado perdeu, o patrocinador saiu vitorioso.

A União entre as gigantes do agro é considerada um matrimônio dos infernos para pesquisadores.

Do outro lado do oceano, nas terras do Tio San, borbulhava uma outra empresa, um tanto quanto nefasta, também do ramo da química, dos ácidos, tubos de ensaios e explosões, que como a empresa alemã, recebera sua alcunha a partir de um sobrenome familiar, entra nessa história, a Monsanto, mostra-se feroz, com a produção de químicos e depois pesticidas “clorados”, entupiu os campos e os pratos com substâncias venenosas, que acarretaram milhares de mortes, não iguais as do Ziklon-B, essas foram gradativas, aos poucos. 

Mas foi em outra guerra, que essa empresa mostrou seu lado mais sombrio, no final do anos 50 o exército do Tio San, decidiu mostrar seu poder bélico e sua potência na ásia, decidi invadir a Nação Vietnamita, e foi nessa guerra mais covarde e assimétrica da história, onde a Monsanto despejou literalmente seu pior produto, o Agente laranja, uma mistura de dois tóxicos poderosos o ácido Triclorofenoxiacético e o ácido Diclorofenoxiacético, também conhecido com 2,4-D.

A Monsanto não estava só, diversas empresas também produziam esse químico, no entanto, o que saía de seus laboratórios era considerado o mais violento, pois continha níveis muito maiores desses elementos. O Agente laranja era utilizado pelo militares do Tio San para desfolhar as árvores da selva tropical do Vietnã, onde os soldados e a população vietnamita se escondia. Novamente uma história parecida acontece, mais uma vez o patrocinado sai derrotado e humilhado desse conflito, e o patrocinador emerge vitorioso, o exército do Tio Sam é obrigado a se retirar perante um povo de fibra e guerreiro que defendeu seu território, enquanto a Monsanto se fortalece no ramo químico mundial, se dedicando mais do que nunca para os venenos utilizados na agricultura.

A ferida que essa empresa deixou no povo Vietnamita segue aberta até hoje, pois os produtos dessa empresa, são responsáveis diretos por além das mortes pela intoxicação com o químico, também é causadora de milhares de abortos, e mais de 500 mil crianças nascidas no Vietnã com deformidades ligadas ao agente laranja despejado sobre seu país, no entanto por mais que cientistas sérios provem isso, a empresa e tão pouco o Tio San assumem o crime.

Apesar da distância geográfica, as semelhanças entre as empresas se tornavam cada vez maiores, não por se basearem em produções laboratoriais, a décadas uma “química” começa a rolar entre ambas, talvez seja pelas suas semelhanças, que além do gosto nefasto pelo lucro e pela devastação, Monsanto e Bayer compartilham uma trajetória similar, as duas tiveram seus impérios edificados por guerras e governos, escondem e negam mortes, extermínios e trabalho escravo, no ultimo século conformaram um pequeno grupo de grandes empresas que controlam toda produção química, e agroindustrial do mundo, lucram milhões, bilhões, fornecem o veneno, e o antídoto paliativo para os problemas causados pelo veneno! (Não é um baita negócio?).

Rasgaram os protocolos das nações unidas, no que se diz respeito a vida, aos direitos a alimentação, e a cultura dos povos, seus produtos destroem pessoas e ignoram leis, por último agora chegaram a ignorar um certo dito popular, que diz que “ os opostos se atraem”, as duas gigantes químicas que de oposto já não tinham nada, resolvem-se, conformar um enlace , que para manter o rito e a tradição, precisou-se de um convite que partindo de uma empresa das empresas, juntamente com um modesto dote de 66 bilhões de dólares, formalizaram uma união, oligopólica, resultado de um amasiamento histórico.



Comunicação do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA)





26
Set16

A verdade por trás da “zona morta” entre o Mississipi e o Golfo de México

António Garrochinho


Esta imagem surpreendente corresponde à faixa de água em que o rio Mexesses encontra o Golfo do México. A fotografia ficou bastante famosa, ainda que pelos motivos errôneos. Quase sempre que vemos esta fotografia, o mais provável é que venha acompanhada de uma frase que costuma conter informação falsa: "é um fenômeno natural", "estas águas nunca chegam a se misturar", "não há uma explicação para este fenômeno"... Bem, pois sim que há uma explicação, e não é precisamente um fenômeno natural.

A verdade por trás da “zona morta” entre o Mississippi e o Golfo de México
A triste realidade é que este fenômeno é devido à poluição e, por muito bonita que nos pareça a imagem, é um problema bastante grave. O rio Mexesses é um do maiores do mundo e, provavelmente, o mais importante dos EUA. 41% do território americano acaba desembocando nele. A maioria das terras próximas ao Mexesses estão destinadas à agricultura. Isto faz com que todos os fertilizantes, pesticidas e demais produtos utilizados acabem chegando inevitavelmente ao rio.

Doze milhões de pessoas vivem em núcleos urbanos próximos ao Mexesses e as águas residuais de todos eles desembocam também no rio. Todos estes desagues contêm grandes quantidades de nitrogênio e fósforo que favorecem o aparecimento do fitoplâncton, que por sua vez aumenta o zooplâncton, já que os segundo se alimenta do primeiro.

O resultado final de tudo isto é um leito marinho coberto de uma imensa quantidade de resíduos de fitoplâncton e zooplâncton. Ao decompor-se, esta matéria consome uma grande quantidade de oxigênio da água e acontece o que chamamos de zonas hipóxicas de água, que resultam em uma menor biodiversidade em suas águas.

A Zona Morta, como é conhecida esta faixa de água, é uma prova a mais de que as ações do homem têm sérias consequências em certos meios. Por conseguinte, a próxima vez que ver uma imagem destas águas, seguramente que achará menos bela.

VÍDEO
www.mdig.com.br

26
Set16

MAIS UM ! - Última Hora Homem armado abre fogo em centro comercial nos EUA

António Garrochinho


Pelo menos sete pessoas ficaram feridas, esta segunda-feira, quando um homem armado abriu fogo num centro comercial de Houston, nos EUA.

O atirador foi morto a tiro pelas autoridades, revela a televisão local ABC13.

A polícia julga ter a situação controlada, mas pede à população para se manter em casa e evitar aquela zona. No parque de estacionamento do centro comercial foi montado um centro de triagem.



http://www.jn.pt

26
Set16

O CONFLITO SÍRIO VAI AGRAVAR A RUPTURA EUA/UE?

António Garrochinho


1 -  O agravamento da crise síria, com o ataque aéreo dos Estados Unidos a uma unidade do Exército do regime de Bashar Al Assad no leste do país (Deir ez-Zor),  onde os islamistas wabadistas o procuram cercar, ataque este ocorrido, propositadamente, em pleno vigor de cessar-fogo, irá certamente ter repercussões na União Europeia.

O ataque norte-americano não foi acidental, nem produto de falta de coordenação.

Não. Teve um objectivo preciso impedir – ou, pelo menos, limitar – uma inversão de posições que o regime sírio e a Rússia, Irão e hizbolá libanês estão a empreender na parte nordeste daquele país, com uma derrota dos seus aliados *combatentes da liberdade*, que proliferam nas organizações militares financiadas e municiadas por Washington, como o Exército Islãmico, Al Qaeda/Frente al Nusra, Exército Livre Sírio, Ajnad al-Sham, Fatah al-Islam ou Ansar al-Islam.
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O que se vislumbra no conflito sírio é o progressivo e desconjuntado recuo do apoio «no terreno» das forças oposicionistas armadas à ofensiva conjunta do Exército de Damasco e as forças armadas iranianas e chiitas libanesas, - que igualmente operam juntamente com o Exército de terra do Iraque – e a supremacia aérea russa.

Ora, os EUA estão, pois, os acossados, cada vez mais enrodilhados, num conflito estratégico que os está a afundar, não só militarmente, mas, principalmente, em termos económicos.

A reacção a esta senda de recuo pode levar o complexo militar industrial financeiro norte-americano a reagir sem pés e cabeça.

E aqui a guerra será generalizada.

Mas, se apostarem nesta solução, os seus aliados europeus não se irão precipitar.

Então poder-se-á aprofundar a clivagem, já mais que evidente, entre a União Europeia e os Estados Unidos da América.

Para o sistema político-económico norte-americano, o afastamento «afectivo» da UE face aos EUA é contabilizado em primeiro lugar em termos comerciais.

Então o que está em jogo?

2 – Justamente, o mercado europeu.

A UE é, apesar da próxima saída do Reino Unido, a principal potência comercial do Mundo, e, até hoje o  principal aliado americano na luta concorrencial com as outras potências económicas e militares, nomeadamente, a Rússia e a China. Além de conter um território com perto de 500 milhões de pessoas.

A sobrevivência da Europa, como unidade política,depende, portanto, por um lado da superação da crise em que está envolvida, refazendo a cooperação, o mais harmónica possível, entre os países e nações que a compõem, por outro, a unificação da sua política externa, assente na sua própria capacidade de defesa, ou seja um Exército único, que sirva de cobertura para que o apoio à sua evolução no sector exportador.


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Este é, para mim, o seu grande desafio.


Este desafio somente irá avante se tiver a pressão constante dos movimentos sociais e dos partidos e organizações revolucionárias.

O que obriga, assim o penso, à elaboração de um programa revolucionário europeu que seja a alternativa à política capitalista que domina a Comissão Europeia, o Conselho Europeu, o Eurogrupo e o próprio Parlamento Europeu.

Esta alternativa advém do facto de o capitalismo financeiro dominante no Mundo, mas especialmente, nos seus centros mais pujantes (EUA e UE), se encontrar numa encruzilhada que o pode fazer colapsar ou avançar para formas violentas de resolver essa crise.

3 – Pode argumentar-se: certo, há uma crise internacional do capitalismo, mas os EUA ainda são a potência hegemónica económica e militar. 
São eles que determinam os destinos do Mundo.

Sim é real, os EUA ainda são uma grande potência económica, o dólar ainda é a principal moeda de troca a nível internacional, as suas Forças Armadas estendem a sua manápula por mais de 80 países.

O que se tem de analisar é o que mudou, de maneira evidente, desde os chamados atentados das Torre Gémeas, em Nova Iorque.

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A China emergiu como potência económica. A Rússia reestruturou a sua economia, depois de cerca de 10 anos de estagnação e retrocesso, no pós desagregação da URSS, e, acima de tudo, impos uma nova capacidade tecnológica e reforço da estratégias castrenses. Institucionalizaram-se os BRICS, como parceria geo-estratégica em confronto com os EUA.

O dólar já não é a moeda omnipotente nas relações comerciais e financeiras internacionais. A UE, com as suas debilidades actuais, continua a ter uma unidade monetária, o euro, que se está também a impor como referência. A China em parceria com a Rússia organiza trocas comerciais sem a interferência do dólar.

E acima de tudo, a economia norte-americana entrou em estagnação, a situação social interna regrediu. A política «proteccionista» de Donald Trump, que pode ser o próximo Presidente norte-americano, é a bússola indicativa de que irá haver uma *reestruturação* interna da actividade produtiva (com regresso de empresas deslocalizadas, apostas declaradas em novas indústrias, possivelmente até com um confronto entre o capitalismo +cristão+ em ascenso e o capitalismo +judaico+ dominante).

Esta realidade da vida societária interna tem, pois, os seus reflexos, de maneira evidente, na esfera militar.

A supremacia militar internacional norte-americana não se impõe, actualmente, nos principais focos de disputa nos diferentes pontos do globo, desde o Médio-Oriente ao Golfo Pérsico, passando pelo Mar da China ou mesmo no leste da Ucrânia. 

É, justamente, no conflito afegão-sírio-iraquiano que mais se nota as contradições e fraquezas dos EUA na sua concepção militar.

Incendiaram o norte de África e o Próximo e Médio-Orientes, procurando impor o seu «modo de vida», mas armando e financiando o sector mais retrógrado do wabadismo como +força ideológica+ para destruir +as ditaduras nacionalistas+.

Os seus «filhos», combatentes da sua liberdade, estão a roer-lhes a corda, obrigando-os caminhar, lenta, mas paulatinamente, na estratégia delineada pela Rússia.

4 – Será, pois, na UE que se vai concentrar o esforço norte-americano para não perder a suserania sobre esse enorme mercado e ao mesmo território de «contenção» com o concorrente militar russo.

Se os EUA têm na sua estratégia a derrota da reemergência mundial da Rússia como superpotência militar, através da utilização do «tampão» europeu, que poderá servir de campo de batalha, a UE parece ter despertado, finalmente, do +abraço+ económico-político-castrense de Washington, seguindo uma via de conseguir a coesão europeia.

E tal via pressupõe, portanto, o corte com a supremacia de Washington.

Neste caso, a Rússia, porque é continuidade territorial europeia, pode servir de +aliado táctico+ numa fase mais distendida.

Moscovo, igualmente, necessita da UE para impulsionar a sua tecnologia e interagir com o sistema económico europeu para receber produtos em melhores condições de mercado e exportar, particularmente, as suas principais matérias-primas.

Os indícios de um agravamento das relações EUA/EU são dados por episódios recentes:  o ataque aparentemente pessoal a Durão Barroso, ex-presidente da Comissão Europeia, por ter passado, com armas e bagagens, para os quadros dirigentes do Goldma Sachs, o banco de Wall Street, que fomentou em grande parte a crise financeira da Europa; as multas cruzadas entre Washington e Bruxelas sobre as grandes empresas multinacionais (Apple, Google, Volkswagen, Deustche Bank); a suspensão, praticamente corte, das negociações em torno do Tratado de Comércio e Investimento Transatlântico (TTIP), e, principalmente, o recomeço dos projectos de Forças Armadas e de Segurança da União.

Os próximos tempos vão ser, na minha opinião, pois, de tensão crescente nas relações EUA/EU, naturalmente, em muitos casos essa tensão andará pelos bastidores.


Vamos esperar para ver as mudanças geopolíticas que se vão dar.



tabancadeganture.blogspot.pt
26
Set16

So long, Mariana Mortágua

António Garrochinho


Manuel Carvalho


Se o anti-capitalismo do Bloco vingasse, se o Governo desatasse a tributar a eito fortunas, a opção do país por um regime que o vincula à Europa, à democracia e à modernidade estariam em causa.

As milícias que fazem a guarda do Governo tiveram esta semana uma lista de alvos políticos para abater com a facilidade com que se caçam os patos.A polémica desencadeada pelo anúncio de um novo imposto sobre o património imobiliário deu lugar a uma emboscada que fulminou sem piedade os delírios dos partidos da direita e concedeu ao tripé que sustenta o Governo um novo fôlego para camuflar as suas divergências internas.Nesta escaramuça liderada por Mariana Mortágua houve de tudo: de devaneios à demagogia ou da dissimulação à meia-verdade, pelo que sobrou pouco espaço para três questões essenciais: porquê um imposto sobre os que têm mais riqueza patrimonial num país onde, diz o Governo, não há austeridade? O que levou o Bloco a cavalgar o imposto e a convocar o PS na sua luta contra o demónio do capital? Por que razão reagiram o PSD e o CDS como se em causa estivesse o fim do mundo?
Comecemos pelo fim. Pela reacção destemperada da direita. As profecias sobre um novo “saque” fiscal, sobre a chegada de um novo PREC ou os pavores panfletários sobre o fim da economia de mercado são estúpidas e risíveis. Cedo se percebeu que um imposto sobre o património dos mais ricos faz afinal parte dos compromissos social-democratas que (o perigoso estalinista) Pedro Passos Coelho tinha defendido no último Congresso do PSD. De imediato se constatou que, afinal, Portugal está entre os países da OCDE que menos tributam o património. No auge da crise, em 2011, (o perigoso trotskista) Miguel Cadilhe propôs “uma contribuição de 3 ou 4% sobre o património líquido” dos portugueses mais ricos sem que os fundamentos da civilização ocidental tivessem abalado. Ou seja, como seescrevia nesta coluna no último domingo, num quadro de crise “vale mais taxar património imobiliário acima do meio milhão de euros do que voltar a sobrecarregar o IRS ou o IVA” ou de que “cortar nas prestações sociais”.
Perante um cenário destes, o discurso da direita sobre o advento dos papões atravessou a tal linha vermelha a partir da qual os políticos tentam “fazer de nós parvos”, como escrevia esta sexta-feira David Pontes no JN. A parvoíce tem, no entanto, uma origem e uma explicação. Que nos obriga a regressar ao início da polémica. Ao modo como o imposto foi anunciado e ao contexto que o anúncio criou. Primeiro, ninguém consegue entender por que há-de o Governo inventar impostos quando se mantém firme e hirto nas suas convicções sobre o cumprimento do défice este ano e no próximo e quando recusa dar ouvidos ao Conselho das Finanças Públicas, à Unidade Técnica de Apoio Orçamental, à Comissão Europeia ou ao FMI sobre a necessidade de adoptar medidas adicionais para controlar o monstro. A menos que… haja por aí uma armadilha. Uma manobra de propaganda que rende de impostos talvez 60 milhões mas traz dividendos políticos muito mais valiosos. É aqui que entra a estrela da semana. Mariana Mortágua.
O facto de ser uma deputada de um partido que não integra o Governo a anunciar o imposto é o mal menor da história - bem sabemos que o Governo é uma construção sobre estacas cuja consistência exige a partilha de protagonismo. O que é notícia é o que se segue, quando Mariana Mortágua contextualiza o super-IMI num discurso que nos faz regressar aos esplendorosos devaneios da extrema-esquerda. Ao dizer que, "do ponto de vista prático, a primeira coisa que temos de fazer é perder a vergonha de ir buscar a quem está a acumular dinheiro", Mariana Mortágua recupera o facciosismo da luta de classes e regressa ao doentio nós contra eles – “os ricos que paguem a crise”, dizia-se no auge do PREC. Depois, ao convocar o PS para pensar “até onde está disposto a ir para constituir uma alternativa global ao sistema capitalista", desenterrou os espantalhos de uma esquerda petrificada e enterrada pela História – e pelos votos dos portugueses. Não havendo nem a China de Mao nem a URSS de Estaline a servir como modelo, não se sabe bem o que é essa “alternativa global”. Há quem diga, com maldade, que o modelo é a Venezuela. Não será com certeza uma alternativa onde a democracia liberal se possa encaixar. 
O Bloco sempre defendeu estas posições e as suas teses nunca tiraram o sono a ninguém. Com a apologia de Mariana Mortágua, as coisas mudaram um pouco. A sua inteligência aguda e a sua competência embrulhada numa pose blasée tornaram-na numa qualificada herdeira de uma ortodoxia anticapitalista bafienta que pode encontrar na crise terreno fértil para medrar – como na Grécia ou na Espanha. Quando alguém com este perfil anuncia um novo imposto em nome de um Governo ao qual não pertence e depois o enquadra numa mundividência que a maioria esmagadora dos portugueses recusa, temos um caso. Podemos recear a contaminação do Governo que, sejamos justos, tem governado o país com o programa eleitoral do PS. O Bloco (e o PCP) limitou-se a aparecer na sua história a protagonizar o lobo que veste a pele do cordeiro e agora tirou a pele.  
É neste mapa que se montou a cilada à direita. Mariana Mortágua lança o engodo com o imposto e desata a dar porrada nos malandros dos ricaços instalados nas sinecuras do capitalismo. Quem a escuta recebeu na última semana notícias sobre a desigualdade dos rendimentos, ouviu falar sobre o acréscimo da carga fiscal aos mais desfavorecidos e nem lhe passa pela cabeça pagar mais IRS ou mais IVA. O discurso de Mariana faz todo o sentido. Funciona. Para sorte do Governo e para azar da direita, a maioria dos portugueses quer lá saber das ameaças jacobinas e esquerdizantes. Como disse o Presidente numa notável repetição do seu antecessor, a ideologia acaba onde começa a realidade. Se um dia o Bloco chegar ao poder, lá terá de meter o rabo entre as pernas como o Syriza. A única forma de combater as fantasias do Bloco é através da racionalidade e da inteligência, bens que, como se sabe, escasseiam na direita. A direita poderia insistir que, no momento actual, o país precisa desesperadamente de um discurso amigo das empresas e do investimento. Mas não. O PSD e o CDS falaram do papão do comunismo.  
Mariana ouviu de tudo, não tremeu e consolidou-se como a nova musa do delírio esquerdizante. O povo adora ilusões ciciadas em voz doce. O vazio da oposição ajuda-a. Se o anti-capitalismo do Bloco vingasse, se o Governo desatasse a tributar a eito fortunas, a opção do país por um regime que o vincula à Europa, à democracia e à modernidade estariam em causa. Mas isso pouco importa. Num país onde a riqueza é um pecado, tirar aos ricos para dar aos pobres é uma mensagem condenada ao sucesso. Daí o incómodo do PCP. Daí a irritação do PS moderado. Daí o sucesso de Mariana. A patuleia com a fibra de Maria da Fonte e a ousadia de Zé do Telhado sabe o que quer e sabe o que faz. Enquanto o PS bater palmas, esperem por muito mais. So long, Mariana.

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26
Set16

26 de Setembro de 1849: Nasce o fisiologista russo Ivan Petrovich Pavlov, Prémio Nobel da Medicina em 1904.

António Garrochinho


Fisiologista russo, de seu nome completo, Ivan Petrovich Pavlov, nascido em 1849, em Ryazan, na Rússia, e falecido em 1936, em Leninegrado, atual São Petersburgo. Embora tendo iniciado os seus estudos num seminário, acabou por renunciar à carreira religiosa e formou-se na Universidade de São Petersburgo na área de Ciências e Medicina. Foi diretor do Departamento de Fisiologia do Instituto de Medicina Experimental. Aqui iniciou as suas investigações sobre as secreções gástricas. O seu nome é associado sobretudo à teoria do Reflexo Condicionado. Realizou neste sentido várias experiências com animais, sobretudo com cães. Apercebe-se, no decorrer dessas experiências que o cão salivava não só quando via o alimento - reflexo inato - mas também a sinais associados, por exemplo, o som de uma campainha. Designou este comportamento por reflexo condicionado. Esta teoria influenciou o desenvolvimento das teorias comportamentais da psicologia até às primeiras décadas do século XX. Assim, em 1904, foi laureado com o Prémio Nobel da Fisiologia e da Medicina pelo trabalho que desenvolveu sobre os atos reflexos e as secreções digestivas. Recebeu o doutoramento Honoris Causa pela Universidade de Cambridge e a atribuição da Ordem da Legião de Honra por recomendação da Academia de Medicina de Paris. As suas principais obras foram A atividade das glândulas digestivas (1900) e Reflexos Condicionados(1927).

Fontes: Infopédia
wikipedia (imagens)
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Ivan Petrovich Pavlov

26
Set16

26 de Setembro de 1968: Marcello Caetano é nomeado presidente do Conselho de Ministros

António Garrochinho


Deputado especialista de Direito, jornalista e político, de seu nome completo Marcello José das Neves Alves Caetano, nasceu em 1906 e faleceu em 1980. Produziu uma obra vasta de investigação no domínio do Direito administrativo, do Direito constitucional e da história do Direito em Portugal, para além do Direito corporativo, o que aliás se casava intimamente com as suas responsabilidades e opções políticas. É, de resto, autor do projeto do Código Administrativo de 1936, e o primeiro docente universitário a leccionar Direito corporativo em universidades portuguesas. De facto, tendo-se iniciado na política como seguidor do Integralismo Lusitano,aderiu ao Estado Novo criado por Salazar e ocupou numerosos cargos de alta responsabilidade, a nível partidário (presidente da Comissão Executiva da União Nacional), na direcção dos organismos miliciais do regime (Comissário Nacional da Mocidade Portuguesa), em estruturas essenciais das forças de apoio político ao regime (procurador, vice-presidente e presidente da Câmara Corporativa) e ainda a nível governamental(foi Ministro das Colónias e Ministro da Presidência).O seu relacionamento com Salazar nem sempre foi pacífico, mas tal não obstou a que fosse reconhecido como seu mais que provável sucessor na chefia do Governo. Algumas situações mesmo houve em que os dois se encontraram em conflito aberto ou latente:quando, por exemplo, Marcello se demite de reitor da Universidade Clássica de Lisboa, como forma de protesto pela repressão violenta sobre os estudantes universitários de Lisboa (1962), ou quando o general Botelho Moniz o procurou associar ao seu frustrado golpe de Estado (1961).Ascendeu efectivamente à chefiado Governo, mas por escolha do presidente da República, almirante Américo Thomaz, após se verificar a incapacidade de Salazar para continuar no exercício de funções. Entre 1968 e 1974, procura construir uma política de "evolução na continuidade", concedendo alguma abertura política à oposição, admitindo mesmo no seio da União Nacional (rebaptizada Acção Nacional Popular) um grupo de jovens liberais com forte espírito crítico e grande dinamismo. Tentou, sem sucesso, uma política de equilíbrio entre uma facção de duros defensores do regime, partidários de posições intransigentes no campo da defesa da "ordem" interna e da continuação da guerra colonial, e uma tendência de certo modo reformista, mais liberal e europeísta. As suas hesitações, ao tentar singrar entre as duas correntes, enfraqueceram-no e retiraram-lhe margem de manobra. Cairia, por fim, em resultado da conspiração que iria dar origem ao 25 de Abril de 1974, após o qual foi autorizado a seguir para o exílio, no Brasil, onde se dedicou à docência e revelou, em livros de carácter memorialístico, o seu grande azedume perante a evolução dos acontecimentos em Portugal.  

   

 Marcello Caetano. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013. 
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Marcello Caetano
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26
Set16

21 Set Inaugurado o mais colossal elevador de barcos do mundo: 3.000 toneladas e 113 metros de desnível

António Garrochinho


As megaconstruções de engenharia chinesa estão atingindo um nível difícil de igualar e sem dúvida é digno de elogio. Desta vez construíram na famosa Represa das Três Gargantas (outra bestialidade artificial em si mesma) o maior elevador de barcos do mundo: é capaz de transportar barcos de 3.000 toneladas de deslocação, 280 metros de comprimento e sua altura é colossal: 113 metros. Vê-lo em vídeo recorda cenas de grandes estações espaciais de ficção científica.


Cada viagem acima ou abaixo no elevador requer entre 30 e 40 minutos, toda uma economia com respeito às 3 ou 4 horas necessárias para superar o mesmo desnível através das comportas convencionais. Devido a peculiaridade de sua elevação ademais funciona tanto se há uma variação de 12 metros no nível da água na parte inferior ou até 30 metros na superior. Ainda que o desnível que superam os barcos é de 113 metros as torres sobre as quais estão instalados os mecanismos são bem mais altas, 195 metros ao todo.

VÍDEO

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26
Set16

Robert Smalls, o escravo que foi herói da Guerra de Secessão e comprou a casa de seu amo

António Garrochinho
Robert Smalls foi um escravo de uma plantação de algodão em Beaufort, no estado americano da Carolina do Sul, propriedade dos McKee. Graças a sua mãe conseguiu aprender a ler e a escrever, algo que seria fundamental para seu futuro. Depois de algumas más colheitas e com necessidade de rendimentos extras, Henry McKee decidiu alugar alguns de seus escravos para trabalhar na cidade e um dos eleitos foi Robert. Com só 12 anos, Robert foi enviado a Charleston onde começou a trabalhar em um hotel.

Robert Smalls, o escravo que foi herói da Guerra de Secessão e comprou a casa de seu amo
Após vários empregos, ele teve a ocasião de trabalhar no porto como estivador e ali começou seu romance com o mar. Depois de um tempo, e graças aos ensinos de sua mãe, conseguiu chegar a ser timoneiro.

Já no começo da Guerra de Secessão foi recrutado pelos confederados como timoneiro do Planter, um antigo barco à vapor algodoeiro transformado em navio de transporte de tropas e armamento. Robert não deixar de aproveitar aquela oportunidade, junto a outros escravos que faziam parte da tripulação do Planter, e após estudar durante um tempo os movimentos dos oficiais ao comando -logicamente, brancos-, criaram um plano para fugir e algo mais...

Robert se deu conta que após uma longa viagem os oficiais gostavam de descer ao continente e desentorpecer seus castigados corpos com álcool e com algumas raparigas do lugar, descumprindo as ordens que obrigavam a pelo menos permanecer um oficial sempre a bordo.

Na noite de 13 de maio de 1862, depois de regressar de uma longa travessia, os oficiais abandonaram o barco e as famílias de Robert e do restante de escravos, que estavam escondidas no porto à espera da chegada do barco, subiram a bordo. Robert pôs um uniforme de capitão e o chapéu de palha que sempre levava a bordo e dirigiu o barco à saída do porto.

Para poder sair ainda tinham que passar o controle estabelecido em Fort Sumter, um forte situado em uma ilha bem na entrada da baía de Charleston e cujo bombardeio, por parte dos confederados em 12 de abril de 1861, foi o primeiro ato da Guerra de Secessão. Ao amparo da noite, com a roupa do capitão e conhecedor dos sinais oportunos, os sentinelas franquearam a passagem ao grito de: "Planter saindo!"

Mar adentro, as famílias dançavam e cantavam, mas Robert sabia que ainda estavam em perigo por causa do bloqueio da União. Em 19 de abril de 1861, Abraham Lincoln estabeleceu o bloqueio naval da costa dos estados confederados para impedir a passagem de armas e fornecimentos.

Robert então mudou a bandeira confederada por um lençol branco com a esperança de que os barcos da União não disparassem. O primeiro barco que encontraram foi o Onward que decretou que se rendessem. Quando o capitão do Onward subiu a bordo, Robert rendeu o barco à União com todo seu conteúdo: quatro peças de artilharia e um livro de códigos de mensagens secretas.

Ademais, informou de todas as defesas do porto de Charleston e das forças com as quais contavam os confederados naquela zona. Este era o plano de Robert, conseguir a liberdade e, ademais, entregar o barco à União. Rapidamente mudaram a bandeira do barco e todos os escravos e suas famílias obtiveram a liberdade.

A façanha de Robert Smalls acabou sendo o empurrão definitivo para que o exército da União aceitasse os afroamericanos para combater como soldados -até esse momento só se ocupavam de trabalhos de intendência e transporte-.

Quando terminou a guerra, e com a gratificação econômica recebida por seu ato heróico, Robert voltou a Beaufort, comprou casa que tinha sido de seu amo Henry McKee, e mudou com sua família e sua mãe para lá. Jane McKee, esposa de Henry (então viúva), por não ter aonde ir, acabou vivendo na casa como membro da família Smalls até sua morte.

Em 1865, após ocupar vários cargos políticos, tornou-se um republicano e foi eleito para a Câmara dos Representantes da Carolina do Sul. Mais tarde, em 1871 foi eleito senador, e um membro do Congresso dos EUA em 1884.
Fonte: War History Online.
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26
Set16

Arquitetos italianos transformam antiga caverna em um oásis moderno

António Garrochinho
As cavernas de Matera, também conhecidas como Sassi, estão localizados no sul da Itália e estão sendo usadas desde os tempos do Paleolítico, quando os habitantes começaram a esculpir na pedra macia para criar casas. Com a tarefa do desafio de criar um convidativo interior acolhedor, com um toque moderno, o escritório de arquitetura Manca Studio, dirigido pelos irmãos Alfredo e Marina, habilmente misturou a história com contemporâneo contratados pelo hotelDimora di Metello. Em seu primeiro projeto de hotel, eles adotaram as curvas do espaço, criando quatro suítes confortáveis, uma área comum, terraço e um spa distribuído por 300 metros quadrados.


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As paredes de pedra quente nos quartos abraça os visitantes, dando uma sensação de segurança e calor sem que se sintam claustrofóbicos. Os arquitetos utilizaram paredes brancas para dividir o espaço e maximizar a luz natural, e de alguma forma conseguiram criar luz e interiores luminosos de algo que ninguém poderia pensar possível em um ambiente de caverna.

Desde a sua designação como Patrimônio Mundial da UNESCO em 1993, as cavernas de Matera tornaram-se um estúdio moderno de como revitalizar um espaço. Depois de seu uso original como habitações trogloditas, as cavernas foram quase continuamente habitadas até a década de 1980, quando saíram de moda.

Mais recentemente, um grande esforço foi feito para transformar as cavernas em hotéis, restaurantes e centros culturais. Demonstrando uma forte capacidade para prestar o respeito ao passado enquanto abraça a modernidade, os designers permitiram que a textura áspera das paredes de tufo resultantes da cinza vulcânica fluam naturalmente para o gesso branco italiano suave. As novas instalações são a prova inconteste de que é possível relaxar num ambiente algar, enquanto desfruta do luxo moderno.
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26
Set16

Relatórios que Ligam Hillary Clinton à Estranha Morte do Advogado Vince Foster Desaparecem Misteriosamente

António Garrochinho

O Daily Mail informa que diversos relatórios de agentes do FBI, que ligariam Hillary Clinton com o suspeito suicídio do advogado Vince Foster durante o mandato de Bill Clinton, desaparecem dos arquivos nacionais.

Os documentos desaparecidos correspondem aos relatórios apresentados pelos agentes do FBI, Coy Copeland e Jim Clemente, que afirmaram que Hillary provocou o "suicídio" de Foster ao humilhá-lo publicamente perante seus amigo, somente alguns dias após sua morte.

Vince Foster, foi o mentor de Hillary quando trabalharam juntos no Rose Law Firm em Little Rock, Arkansas e serviu como assessor jurídico da Casa Branca quando Bill Clinton se tornou presidente dos EUA.

Foster foi encontrado morto em Fort Marcy Park, em um aparente "suicídio" como consequência de um disparo de um revólver calibre 38.


Leia mais: http://www.anovaordemmundial.com/
26
Set16

Assobio polifónico: sibilando duas notas ao mesmo tempo

António Garrochinho



Nós já falamos algumas vezes da beleza do canto polifônico, uma técnica dos mongóis que possibilita que ressoem uma nota longa e de baixa frequência, enquanto cantam notas altas.Pois ao que parece existe também o assobio polifônico e é simplesmente fantástico. Enquanto no canto dos harmônicos o som gutural de baixa frequência seja muito pobre -musicalmente falando- no assovio harmônico as duas notas são emitidas realmente em perfeita harmonia musical, como se fosse um dueto, onde o segundo assovio emite uma das outras duas notas do acorde não utilizadas pelo assovio principal.

Em termos mais fáceis de entender é como se fosse uma segunda voz das música sertanejas, só que realizadas por uma pessoa apenas. A maioria das pessoas ficam felizes o suficiente apenas por conseguir assobiar uma nota desafinada, mas Steve Wiles, um trompetista e diretor de banda, vem assombrando a audiência faz anos por elevar o assobio ao próximo nível. Talvez você tenha que aumentar um pouco o som pois a gravação do som não foi bem feita.

VÍDEO


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26
Set16

O jovem mais alto do mundo mede 2,37 metros, e segue crescendo 15 centímetros ao ano

António Garrochinho
Broc Brown é o nome deste jovem de 19 anos oriundo de Michigan que está crescendo a um ritmo de 15 centímetros por ano e que segundo os médicos, talvez, nunca deixe de fazê-lo. O que significa que, após estabelecer o recorde de adolescente mais alto do mundo, se seguir crescendo também poderia estar perto de ser o homem mais alto do mundo. Ainda assim dificilmente superará o maior homem que já pisou a terra, o simpático e doce gigante Robert Wadlow, que alcançou a inacreditável estatura de 2,74 metros em decorrência da acromegalia.

O jovem mais alto do mundo mede 2,37 metros, e segue crescendo 15 centímetros ao ano
Aos 5 anos foi Broc foi diagnosticado com a Síndrome de Sotos, quando disseram a sua mãe que não superaria a adolescência.
O jovem mais alto do mundo mede 2,37 metros, e segue crescendo 15 centímetros ao ano
Também conhecida como gigantismo cerebral, esta doença é uma desordem genética que afeta uma pessoa em 15 mil. E no caso de Broc, também trouxe consigo outros problemas como dificuldades de aprendizagem, tensão em seu coração, uma curvatura na coluna vertebral e uma estreitamento da medula espinhal
O jovem mais alto do mundo mede 2,37 metros, e segue crescendo 15 centímetros ao ano
Broc também nasceu só com um rim, motivo pelo qual não pode tomar analgésicos que o ajudem a lidar com a constante dor nas costas. Ele espera que algum dia os médico possam resolver este problema.
O jovem mais alto do mundo mede 2,37 metros, e segue crescendo 15 centímetros ao ano
Outros dos grandes problemas que teve que superar é caro custo que resulta vestir uma pessoa tão grande.
O jovem mais alto do mundo mede 2,37 metros, e segue crescendo 15 centímetros ao ano
A família de Broc inclusive realizou campanhas de arrecadação de fundos para poder custear sua roupa que é praticamente toda feita à medida, bem como também sua cama e sua cadeira, que foi fabricada para ele por um especialista.
O jovem mais alto do mundo mede 2,37 metros, e segue crescendo 15 centímetros ao ano
Apesar do que prognosticaram em princípio, os médicos acham que agora Broc poderá ter uma vida normal. Sobretudo o Dr. Bradley Schaefer, um doutor especializado na Síndrome de Sotos, que foi capaz de assegurar-lhes que Broc teria que viver com algum tipo de dor de costas durante toda sua vida, mas que fora isso poderia viver sem problemas.
O jovem mais alto do mundo mede 2,37 metros, e segue crescendo 15 centímetros ao ano
A notícia deixou Broc muito contente, já que seus planos agora incluem ter seu próprio trabalho e seguir desfrutando com sua família.
O jovem mais alto do mundo mede 2,37 metros, e segue crescendo 15 centímetros ao ano
Muitos apostam que Broc poderia no ano que vem superar a altura do turco Sultan Kosen, o homem mais alto do mundo com 2,49 metros de estatura. Mas se o médico afirma que a partir de agora ele terá uma vida normal quer dizer que ele parará de crescer.
O jovem mais alto do mundo mede 2,37 metros, e segue crescendo 15 centímetros ao ano
Na verdade existe alguma coisa estranha com este diagnóstico. Segundo leio em alguns prontuário médicos a Síndrome de Sotos se manifesta apenas nos primeiros anos de vida e depois a taxa de crescimento fica normal. No caso de Broc, alguma coisa está fora dos padrões conhecidos pela doença.
O jovem mais alto do mundo mede 2,37 metros, e segue crescendo 15 centímetros ao ano
Mas vamos torcer para que pare mesmo de crescer e que em fim tenha uma vida (quase) normal. Pois como disse certa vez Leonid Stadnyk, o segundo homem mais alto que já pisou o planeta: - "Recorde Guinness não paga minhas contas e nem custeiam minhas despesas médicas". Leonid pode sim ter superado Robert Wadlow em altura e ter se tornado o homem mais alto da terra, mas nunca vamos saber. A última vez que fez uma medição, seis anos antes de morrer, estava com 2,60 metros e sua cirurgia endoscópica para remoção de tumor de hipófise não foi bem sucedida, d emodo que continuo crecendo. Depois que brigou com a organização do Guinness nunca mais permitiu que alguém se aproximasse dele com uma fita métrica.

VÍDEO

Fonte: Daily Mail.
Fotos: Ruaridh Connellan
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26
Set16

A história da sanguinária vampira mexicana

António Garrochinho

Um vampiro é, de acordo com o folclore de vários países, uma criatura que se alimenta da essência vital de outros seres vivos, geralmente sob a forma de sangue, portanto, mantenha-se alerta. Em algumas culturas orientais americanas aborígenes, o vampiro é uma divindade demoníaca ou um deus menor que faz parte do lado sinistro de suas mitologias. Na cultura europeia e ocidental, bem como na cultura global contemporânea, o protótipo de vampiro mais popular é de origem eslava, e consiste em um ser humano que após a morte se tornou um cadáver ativo predador e sanguessuga.

É provável que o mito do vampiro no folclore de muitas culturas, desde tempos imemoriais, originalmente vem da necessidade de personificar a "sombra", um dos arquétipos primários no inconsciente coletivo, de acordo com conceitos de Carl Gustav Jung, representando os instintos ou impulsos humanos mais primitivos e reprimidos.
Magdalena Solis foi uma serial killer e líder sectária mexicana, conhecida como "A Grande Sacerdotisa de Sangue". Ela foi responsável por pelo menos oito assassinatos, mas de acordo com algumas fontes o número real de vítimas ascendeu a quinze pessoas. Esses atos foram cometidos na pequena comunidade de "Yerba Buena", perto da cidade de Monterrey, no estado mexicano de Nuevo Leon.

É um dos poucos casos documentados de assassinos em séries que tiveram uma motivação carnal clara. Era uma assassina organizada, visionária, sedentária, predatora erótica e que assassinava em grupo. Pouco depois de entrar na seita, Magdalena assumiu o comando. Depois disto, 2 adeptos das práticas malignas, cansados dos abusos, quiseram deixar a seita. A condenação de Solis foi clara: pena de morte.
Magdalena era oriunda de uma família pobre e, muito provavelmente, disfuncional. Aparentemente, ela começou a praticar a profissão mais antiga do mundo em idade precoce, ocupação na qual permaneceu até a sua união, junto com seu irmão Eleazar Solis, na seita de Santos e Cayetano Hernández em 1963. Depois de sua admissão na seita, Magdalena Solis desenvolveu uma grave psicose teológica. Ela passou a ser uma fanática religiosa que sofria delírios religiosos e de grandeza.
Isso se expressava com o consumo de sangue de suas vítimas e o terrível sadismo com que realizava seus crimes. Há uma banda de rock belga que possui o nome desta assassina.
Após seus dois primeiros assassinatos, como é típico em assassinos em série, seus crimes evoluíram, tornando-se mais violentos. Entediada com as crueldades simples, ela começou a exigir sacrifícios humanos. Ela concebeu um "ritual de sangue." O sacrificado, que era sempre de um membro desistente, golpeava brutalmente a vítima, a queimava, e exigia que todos os membros do culto a cortassem e esquartejassem. Mais tarde, ela começou a praticar a sangria, na qual a vítima sangra até a morte.
O sangue era depositado em um cálice e misturado com sangue de galinha. O ritual também incluía sacrifícios de animais e uso de narcóticos, como a peiote. Solis bebia do cálice e, em seguida, o passava para os sacerdotes que, finalmente, passava para os outros membros e isto supostamente lhes dava poderes paranormais.

E isto tudo com base em elementos da mitologia asteca. O sangue era considerado o único alimento digno para os deuses, por isso o ritual preservava a sua imortalidade. Sendo assim, "a deusa" precisava beber sangue para permanecer eternamente jovem. Magdalena era supostamente a reencarnação da deusa asteca Caotlicue. A carnificina durou seis semanas consecutivas no ano de 1963, um período em que quatro pessoas morreram desta forma terrível. Nos últimos sacrifícios chegaram a dissecar o coração das vítimas vivas.
Magdalena Solis e Eleazar foram condenados a 50 anos de prisão por apenas dois homicídios, pois não se pôde comprovar suas participações nos outros seis assassinatos, já que todos os membros do culto presos se recusaram a depor.  

Fonte: Starstock/ Wikipedia
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26
Set16

Ay Carmela!

António Garrochinho

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As canções dos revolucionários são a banda sonora da História, desde a Revolução Francesa à Unidade Popular do Chile, da Revolução de Outubro à de Abril, aqui connosco.

Desta Espanha aqui ao lado, houve um tempo em que soprou bom vento (bons casamentos sempre os houve), enchendo de entusiasmo popular a bandeira tricolor da República. E de canções. O golpe foi profundo para uma Europa capitalista em perda dos impérios coloniais e a ver sair às ruas os ideais do socialismo e do comunismo. Então, como agora, o Capital não se deitou a dormir e, como sempre quando se levanta o sopro da tal «terra sem amos», armou-se fascismo e caiu com a máxima violência em cima da República de Espanha e dos republicanos do mundo inteiro. No Alentejo dos nossos dias ainda há quem se lembre daquele tempo de maus ventos mas bons casamentos – os republicanos fugidos aos fascistas de Franco para a protecção das gentes de Ficalho e de outros lugares de consciência colectiva, a PIDE a entregar os que encontrava aos pelotões de fuzilamento.
«Ay Carmela!» permaneceu símbolo desse tempo, memória já de si memória de outro tempo em que a Espanha se defendia dos exércitos de Napoleão e a canção se chamava «El Paso del Ebro» ou «El Ejército del Ebro». O texto original cedia por vezes o lugar ao de «Viva la Quince Brigada», com palavras de homenagem à Brigada de combatentes comunistas da Guerra Civil. Fosse com que letra fosse esta era uma das canções da República Espanhola, por quem deram a vida milhares de espanhóis e de revolucionários de todo o mundo nos anos em que a Espanha era a trincheira antifascista da Europa Ocidental. Eram estas as palavras:


El Ejército del Ebro/ ¡Rumba la rumba la rum bam bam!/ Una noche el río pasó,/ ¡Ay, Carmela, ay, Carmela!/ Y a las tropas invasoras/ ¡Rumba la rumba la rum bam bam!/ Buena paliza les dio,/ ¡Ay, Carmela, ay, Carmela!/  
El furor de los traidores/ ¡Rumba la rumba la rum bam bam!/ Lo descarga su aviación,/¡Ay, Carmela, ay, Carmela!/ Pero nada pueden bombas/ ¡Rumba la rumba la rum bam bam!/ Donde sobra corazón,/ ¡Ay, Carmela, ay, Carmela!/
Contrataques muy rabiosos/ ¡Rumba la rumba la rum bam bam!/ Deberemos combatir,/ ¡Ay, Carmela, ay, Carmela!/ Pero igual que combatimos/ ¡Rumba la rumba la rum bam bam!/ Prometemos resistir,/ ¡Ay, Carmela, ay, Carmela!//

Para ver e ouvir «Ay Carmela!»:




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26
Set16

O capitalismo Drácula

António Garrochinho


– "Os pólos financeiros disciplinam os estados que por sua vez disciplinam os trabalhadores"

por Jorge Beinstein [*]  entrevistado por Red Roja

"Agora encontramo-nos diante da tentativa sinistra de travar essa descida acentuando ao extremo o saqueio de recursos naturais e submetendo centenas de milhões de trabalhadores à super-exploração. Para conseguir esses objectivos é empregue uma variedade de instrumentos que vão desde as intervenções militares directas e os chamados golpes suaves até a imposição autoritária por parte de governos pseudo democráticos de planos econômicos que produzem desemprego e quedas dos salários reais. Mas ao por em andamento esses remédios agravam a crise do sistema, estendem o caos, expandem os espaços sociais ingovernáveis, deterioram as instituições burguesas. Pretendem afastar o desastre mas na realidade ampliam-no.

RR: Após quase uma década de crise, como vê a saúde do capitalismo e da sua tentativa de reverter a queda da taxa de lucro? 

JB: Na realidade a crise do sistema começou muito antes de 2008 – teríamos que retroceder até os anos 1970 ou, como assinalava Mandel, para fins dos anos 1960. A partir desse período começou a descer tendencialmente a taxa de crescimento real do Produto Global Bruto, processo motorizado pela desaceleração das grandes economias centrais como as dos Estados Unidos, Japão, Inglaterra ou Alemanha (neste momento Alemanha Federal) e também a expandir-se a chamada financiarização do capitalismo. 

O ano de 2008 foi um ponto de inflexão que assinalou o esgotamento da financiarização que fora a droga dinamizadora do capitalismo, seu euforizante e ao mesmo tempo seu parasita. Se tomarmos o caso dos "produtos financeiros derivados", a espinha dorsal do sistema financeiro (em consequentemente do capitalismo mundial), constatamos que pelo ano 2000 chegavam aproximadamente aos 100 milhões de milhões de dólares, equivalentes a umas três vezes o Produto Global Bruto; em 2008 atingiam os 685 milhões de milhões, quase umas 11 vezes do PGB. Mas nesse ano verificou-se a grande crise financeira e a massa nominal de derivados deixou de crescer, manteve-se numa espécie de estagnação instável. Em Dezembro de 2013 chegavam aos 710 milhões de milhões (umas 9 vezes o PGB) e em 2014 começou o desinchar: por alturas de Dezembro de 2015 haviam caído para uns 490 milhões de milhões de dólares (seis vezes o PGB). Em apenas dois anos evaporaram-se 230 milhões de milhões de dólares, que representaram algo menos de três vezes o PGB de 2015[NR] . O desinchar dessa hiperbolha, na realidade a mãe de todas as bolhas, golpeou duramente os preços e os investimentos. As economias centrais estancaram-se, tiveram crescimentos baixos ou entraram em recessão. 

Como sabemos, em 2014 verificou-se a queda dos preços das matérias-primas e a generalização do que costuma ser qualificado como crise deflacionária global. O motor financeiro deixou de cumprir o papel euforizante e passou a ser um factor depressivo que empurra para baixo o conjunto do capitalismo. Neste ano de 2016 a situação piorou e certamente vai-se agravar proximamente, numerosos sinais assim o indicam. 

Quando se olha com mais profundidade percebe-se que por baixo do fenómeno, desde os anos 1970 até hoje, surge o acentuar da tendência para o declínio da taxa de lucro que de maneira irregular, com algumas melhoras efémeras seguidas por fortes quedas, vai encurralando um sistema enfermo. As melhoras passageiras dessa taxa foram obtidas principalmente graças à maior exploração dos trabalhadores e/ou à depredação dos recursos naturais da periferia. Exemplo: a entrada no mercado capitalista mundial de milhões de operários industriais chineses e de outras zonas da periferia permitiu às grandes empresas deslocalizar suas instalações e assim produzir com salários reduzidos. Graças à aplicação de tecnologias mineiras e agrícolas altamente destrutivas do meio ambiente as economias imperialistas obtiveram matérias-primas baratas (e super lucros). Vemos então como a curva representativa da taxa de lucro deixava de cair e até subia durante alguns períodos entre os anos 1980 e 2000. Mas esses remédios não conseguiram superar o problema e no século actual a trajectória em baixa é irresistível. 

Agora encontramo-nos diante da tentativa sinistra de travar essa descida acentuando ao extremo o saqueio de recursos naturais e submetendo centenas de milhões de trabalhadores à super-exploração. Para conseguir esses objectivos é empregue uma variedade de instrumentos que vão desde as intervenções militares directas e os chamados golpes suaves até a imposição autoritária por parte de governos pseudo democráticos de planos económicos que produzem desemprego e quedas dos salários reais. Mas ao por em andamento esses remédios agravam a crise do sistema, estendem o caos, expandem os espaços sociais ingovernáveis, deterioram as instituições burguesas. Pretendem afastar o desastre mas na realidade ampliam-no. 

RR: Que papel desempenha a dívida como elemento disciplinador? Por que devemos reclamar seu não pagamento? 

JB: O endividamento estatal e privado foi um grande dinamizador do capitalismo a partir das últimas décadas do século passado. Em países como os Estados Unidos o grosso dos salários crescia muito pouco, estagnavam e em alguns caíam – mas o crédito permitia manter o consumo. O Estado podia continuar a gastar em guerra ou obras públicas, aumentando sua dívida. E as dívidas cresceram cada vez mais até que atingiram o tecto. Em 2008 verificou-se o descalabro financeiro porque uma massa significativa de devedores privados não podia continuar a pagar e explodiu a bolha imobiliária. O ciclo de crescimentos com base em dívidas esgotou-se e iniciou-se um ciclo oposto de estancamentos, recessões e crescimentos anêmicos. Antes o endividamento era um mecanismo que permitir crescer desacelerando salários. Agora surge como um factor que impõe restrições de gastos sociais do estado, reduções salariais reais e aumento do desemprego. Os pólos financeiros disciplinam os estados que por sua vez disciplinam os trabalhadores. 

Mas quanto tempo pode durar essa degradação? Não muito mais. A referida deterioração a médio prazo torna as sociedades ingovernáveis. A decadência do sistema generaliza-se, já não afecta apenas as suas estruturas económicas mas também as suas reproduções institucionais, ideológicas, políticas, etc. As super dívidas, dados os seus volumes, são impagáveis, só podem ser atendidas com mais dívidas que por sua vez provoca mais estancamento económico e desintegração social. Não existe a fórmula mágica capaz de resolver o problema preservando o funcionamento do sistema. E isto por uma razão muito simples: a super-dívida não é senão a expressão da decadência do sistema, não é a sua causa e sim o seu resultado, é um dos seus efeitos visíveis. 

Como demonstrou o caso grego, onde o governo "progressista" propunha continuar a pagar "de outra maneira" e melhorar a situação económica geral, o sistema não oferece essa possibilidade. E não pagar a dívida significa romper com o sistema, com o centro financeiro de um capitalismo global completamente financiarizado. Para os progressistas fazer isso seria "irracional", seria apartarem-se do "mundo", pelo que aceitam a irracionalidade profunda do sistema que nos está a levar ao desastre. Também identificam o "mundo" com as elites dominantes. Em suma, pagar e pagar empobrecendo-se cada vez mais quando é perfeitamente possível melhorar as condições de vida da maioria da população dados os recursos técnicos disponíveis – desde que saquemos de cima o parasitismo, ou seja o sistema, ou seja o capitalismo tal qual existe na realidade. O que existe na realidade nada tem a ver com os capitalismos imaginários que nos propõem progressistas e conservadores simpáticos. 

RR: O que opina da acentuação das contradições inter-imperialistas entre EUA, Alemanha, Rússia, China, ...?

JB: Como assinalei antes, o capitalismo central – basicamente as economias dirigentes da União Europeia mais os EUA e o Japão – precisa saquear a periferia para travar, ainda que seja durante algum tempo, sua decadência econômica. Trata-se de uma mega estratégia imperialista global, agora em curso. Quando falo de periferia estendo o conceito tradicional não só à Rússia e à China como também às economias submetidas da Europa centro-oriental e do sul. 

Mas essa grande ofensiva imperialista desencadeada com o derrube da URSS terminou por se atolar na Ásia. Pior ainda: o próprio mecanismo de reprodução global do sistema, ao fomentar o desenvolvimento capitalista subordinado da China, contribuiu de maneira decisiva para a criação das condições que possibilitarão a ascensão e consolidação de uma classe dirigente que é uma combinação de burgueses e altos burocratas civis e militares, a qual foi ganhando uma crescente autonomia política, económica e tecnológica. Um capitalismo de Estado com traços estruturais e culturais muito surpreendentes que conforma a segunda potência económica do planeta e agora também científico-tecnológica. Segundo a National Science Foundation, em 2016 os Estados Unidos gastaram em Investigação e Desenvolvimento 27% do total global, seguidos pela China com 20%. E entre 2009 e 2013, enquanto os EUA incrementaram 7% suas despesas de I+D, a China o fez em 78%. Extrapolando esses ritmos, por volta de meados da próxima década a China passaria a ser a primeira potência científico-tecnológica do planeta. Em termos reais talvez o seja antes, uma vez que os gastos estado-unidenses são realizados sobre um aparelho científico velho, praguejado de zonas cinzentas, burocracias, etc ao passo que os gastos chineses aplicam-se a um aparelho jovem, muito dinâmico, em rápida expansão. 

No caso russo, aqueles que nos anos 1990 prognosticavam a desintegração da Rússia conforme o que havia acontecido com a URSS equivocaram-se completamente. O Estado e em especial seu componente industrial-científico-militar recompôs-se, o núcleo duro das elites dirigentes aproveitou o auge das exportações energéticas, recuperou tradições nacionalistas que haviam atravessado (e deformado) a URSS e que remontam às próprias origens da identidade russa que não podem ser assumidas sem integrar às glórias do século XX. Exemplo: a vitória soviética sobre o nazismo que custou ao país 27 milhões de mortos, o maior sacrifício militar de um povo ao longo de toda a história humana. Isso não se apaga facilmente. Também ali forjou-se um capitalismo de Estado que se foi autonomizando. 

Em ambos os casos o que não devemos fazer é cair no reducionismo económico. É necessário ampliar a visão ao conjunto da história das referidas nações. Desse modo podemos chegar a entender tanto as suas resistências à hegemonia ocidental como suas numerosas contradições e debilidades. 

Ambos os capitalismos dependem das suas exportações às grandes potências tradicionais. Existem complexos laços financeiros globais a que estão atados, mas existe também a ameaça dos Estados Unidos, suas agressões, pretendendo colonizá-los. Alguns analistas simplificadores previam há alguns anos que jamais ocorreriam confrontações militares dos Estados Unidos com a Rússia ou a China. Diziam isso assinalando que a globalização económica havia engendrado uma espécie de trama burguesa transnacional que sobre determinava o comportamento dos grandes estados cujas rivalidades passavam então a um segundo plano. Certas pessoas pensavam algo semelhante antes da Primeira Guerra Mundial quando vislumbravam a instalação de uma super burguesia mundial acima dos estados. Mas a guerra chegou, desmentindo essa fantasia. 

Em síntese: integrações, interdependências de todo tipo entre grandes potências, mas ao mesmo tempo rivalidades, guerras. 

RR: Que papel desempenha a guerra imperialista hoje? Está o capitalismo na sua etapa senil? 

JB: A guerra, o aparelho militar, seus prolongamentos industriais e financeiros, suas articulações mafiosas, constitui actualmente o núcleo central das elites dominantes dos Estados Unidos que formam um conglomerado de redes muito concentradas voltadas maioritariamente para práticas parasitárias. Parasitismo, imperialismo e militarismo são conceitos decisivos quando se trata de descrever o comportamento do império. Estes traços do amo explicam por sua vez a dinâmica dos seus sócios-vassalos (Alemanha, França, Japão, etc). 

Os capitalismos centrais tradicionais para sobreviver necessitam – assim como Drácula precisava de sangue e mais sangue – de super-explorar os recursos naturais e massas trabalhadoras da periferia, o que o converte numa gigantesca força tanática de alcance planetário. 

Os Estados Unidos, apoiado em certos casos por outras potências ocidentais, destruiu países como o Afeganistão, Iraque, Líbia ou Síria, tenta cercar militarmente a Rússia, afundar a sua economia, está começando a fustigar militarmente a China, encontra-se embarcado na recolonização integral da América Latina à qual reserva um destino mexicano. 

Trata-se da guerra dos Estados Unidos e seus sócios vassalos contra o resto do mundo, "guerra de quarta geração" que combina uma ampla variedade de formas (militar convencional, mediática, financeira, etc) cujo objectivo final é a transformação desses "resto do mundo" numa vasta zona cinzenta, como semi-estados falidos, sociedades desarticuladas, caóticas, indefesas perante o saqueio desmesurado. 

Mas querer não é poder, ainda mais quando as retaguardas imperialistas, seus espaços nacionais, se encontram em franca decadência. Suas economias crescem cada vez menos. Algumas delas já estão em recessão e sem possibilidades de recuperação, armadilhadas por suas tramas parasitárias. Nesse sentido o conceito de senilidade é sumamente útil para entender o que está a acontecer, tanto do ponto de vista produtivo-tecnológico como ideológico. A proximidade da morte, a perda de vitalidade, não promovem a resignação serena do velho crápula e sim a sua irracionalidade, sua tentativa desesperada de conservar o existente e inclusive aumentar seus privilégios. À medida que avança a perda de vitalidade exacerbam-se seus delírios. A RAND Corporation, a mais importante consultora norte-americana em temas militares, acaba de publicar um estudo onde se desenvolvem cenários de uma hipotética guerra entre os Estados Unidos e a China. Ali se medem possíveis "perdas" de cada contendor, etc. Circulam documentos semelhantes quanto a uma eventual guerra com a Rússia. 

RR: Acredita que o capitalismo possa "reformar-se", como sustenta a social-democracia? 

JB: A reforma produtivista e social do capitalismo, como apregoa a social-democracia, é na melhor das hipóteses uma simples expressão de desejos. Na realidade trata-se de um engano que oculta a natureza real do capitalismo tal como existe hoje. Para alcançar esse suposto capitalismo com rosto humano seria necessário erradicar seus centros financeiros hegemônicos. Dito de outra maneira, para salvar o enfermo seria preciso extirpar seu coração e seu cérebro para a seguir melhorar o que restasse. O capitalismo do século XXI está completamente financiarizado e esse facto é o resultado de um longo processo histórico de carácter global, não efeito indesejado de um desvio reversível. É o resultado do prolongado declínio tendencial da taxa de lucro e em consequência da irrupção do seu salva-vidas financeiro, do achatamento dos investimentos produtivos, dos modelos tecnológicos centrados na depredação de recursos naturais e na poupança de custos laborais. 

O capitalismo só nos oferecer viver cada vez pior, não tem outra possibilidade, não pode reproduzir-se como sistema global sem aumentar seu parasitismo e, em consequência, a super-exploração das suas vítimas às quais a marcha da história vai conduzindo a dois cenários contrapostos: o da insurgência anti-capitalista e o da degradação prolongada. 



[NR] A categoria marxista que designa o fenómeno assinalado é "capital fictício".

[*] Doutorado de Estado em Ciências Econômicas (França), especialista em prognósticos econômicos. Foi consultor de organismos internacionais e de governos, dirigiu numerosos programas de investigação e foi titular de cátedras de economía internacional e prospectiva tanto na Europa como na América Latina. É professor titular das cátedras livres "Globalização e Crise" nas Universidades de Buenos Aires e Córdoba (Argentina) e de La Habana (Cuba), e Director do Centro de Prospectiva y Gestión de Sistemas (Cepros). Sua página web é beinstein.lahaine.org/



O original encontra-se em beinstein.lahaine.org/?p=537



Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .


Mafarrico Vermelho

26
Set16

AS ARTES NUM IMPASSE - da farsa em que está mergulhada muita arte contemporânea, travestindo-se de modernaça mas que é substantivamente conservadora e reaccionária.

António Garrochinho




O último fim de semana em Serralves, O Museu Performance, foi a demonstração cabal de como uma superlativamente intitulada arte é o apogeu da farsa em que está mergulhada muita arte contemporânea, travestindo-se de modernaça mas que é substantivamente conservadora e reaccionária.

Houve de tudo. Vídeos medíocres, música de quem não sabe sequer o que é uma nota, representações que qualquer actor de um sofrível teatro amador faz melhor, uma suposta cantora lírica que nem para cantar a tomar banho serve, um gajo que decide tomar enfrentar uma mangueira de bombeiros, porque sim estava calor mas aquilo era um desperdício de água, uma trupe anarco-queer que diz ir enfrentar o futuro mas fica pela rasteira representação kitsch e mais umas quejandas actuações-efeito que condensam, como os slogans, a vontade que temos de não pensar, a propensão para nos quedarmos no terreno pantanoso da idiotia esplendorosa de alguma arte actual. Nos antípodas do que Manuel Gusmão, com a clareza habitual, expôs num texto em que defendia que as artes nos fazem humanos.

Também nos devemos interrogar porque é que aquela gente não aprende a filmar, a representar, a cantar, a compor, enfim a aprender aquelas coisas básicas que se deve exigir a quem diz querer transgredir os cânones. O mínimo dos mínimos para tão rarefeitas ideias, sem um grão de inovação e descoberta. Tudo requentado e ruminante.

O que se assistiu, o que foi dado ver é de uma banalidade confrangedora. Bolas de sabão que nem chegam a ter dimensão ou cor por logo rebentarem. Rebentam em silêncio contando com a cumplicidade dos assistentes atónitos, paralisados por aquele abundante desvalimento mental que acaba por alastrar e contaminar.

Claro que há uma conversa de treta que envolve todas aquelas performances e que nem sequer são embrulhadas em papel de estanho a imitar papel de prata. Nada de novo. A normalidade do estado da arte em que quanto mais indigentes são as obras mais «inteligentes» são os textos que as apresentam ou justificam. Os estupendos curadores, do alto da sua empáfia, proclamam que naqueles dois dias, os espaços iam perder a sua aparência usual para serem «ocupados por trabalhos que apelam a outros sentidos, revelando arquitecturas invisíveis e abalando o normal fluxo do tempo da visita do museu» para que o museu deixe de ser espaço de mera contemplação para ser «um lugar onde coisas acontecem, espaço em estado de fluxo permanente, um museu em permanente performance».

Nem percebem que com aquele tipo de actividades degradam o conceito de arte e prolongam o conceito de museu como um espaço onde se penduram quadros, encerram esculturas, recepcionam instalações e performances. Onde os espectadores entram para se encontrarem com os paradoxos das experiências artísticas. Um «cubo branco», leia-se O’Doherty, onde o espectador se isola, para ver os objectos classificados como arte num meio em que o tempo histórico não se rege por instrumentos de medida. Espaços comparáveis às igrejas medievais, espaços sagrados intocáveis, onde o comportamento dos visitantes é igual ao dos fiéis: de adoração, sacralidade e intemporalidade. Onde se codificam preconceitos e reforça a imagem de uma classe média e média-alta. Onde a estética é transformada em elitismo através do pretensiosismo social, financeiro e intelectual. Local onde o artista é um individuo comercial, disfarçado. O que se assistiu foi à traficância do trabalho criativo a que a arte se deve obrigar. Tudo foi tão óbvio, tão simplória e mediocremente criativo que só pelo receio de ser tomado por ignorante é que aquilo não foi varrido a sonoras e saudáveis gargalhadas. Alinhando com a predominância do títulos em inglês, coleccionaram-se Bullshit.

Tudo em linha com a situação actual em que as imagens, artísticas ou documentais, estão dotadas de fortíssimo impacto emocional, interagem com as da moda, do cinema, da televisão, da internet, do grafismo, da publicidade do design, dando lugar a um imaginário social caracterizado pela provocação. A resultante é uma procura de novidade e do efeito, perseguida por si-próprias, o que implica uma rápida usura e obsolescência que obriga a que tudo seja continuamente substituído por algo dotado com maior força de impacto ou capaz de despertar a atenção. Nesse embaraço a arte tende a dissolver-se na moda, a qual embota e apaga a força do real, dissolve a radicalidade, normaliza e homogeneíza todas as coisas num espectáculo generalizado. Uma fábrica de provocações frustres procurando assombrar uma burguesia entediada com o seu próprio tédio, uma burguesia insusceptível de se escandalizar num mundo inenarrável por demasiado ligeiro, demasiado absurdo, onde nada se repete porque é meramente casual onde, dirá Kundera, tudo está já perdoado e por isso cinicamente permitido.

O outro lado da questão é a posição dominante que os intermediários culturais têm no mundo das artes actual. Bourdieu fez uma análise lúcida desse novo grupo social, «correia de transmissão do gosto típico das classes superiores, do bom gosto, enquanto membros de um novo tipo de pequena burguesia (…) São os encarregados de uma subtil actividade de manipulação nas empresas industriais e na gestão da produção cultural (…) a sua distinção é uma forma de capital incorporado – porte, aspecto, dicção e pronúncia, boas maneiras e bons hábitos – que, por si, garante a detenção de um gosto infalível o que sanciona a investidura social de um decisor do gosto, de modo bem mais significativo do que o faz o capital escolar, de tipo aca-démico (…) a ambiguidade essencial e a dupla lealdade caracteriza o papel desses intermediários colocados numa posição instável na estrutura social como o baixo clero de outras épocas (…) são os mercadores de necessidades que também se vendem continuamente a si próprios, como modelo e garantes do valor dos seus produtos, são óptimos actores, apenas porque sabem dar boa imagem de si acreditando ou não no valor daquilo que apresentam e representam». É essa gente que legitima e certifica os produtos artísticos, manipula os valores do mercado, passa diplomas e hierarquiza os artistas. Uma espécie de baixo clero pós-moderno que torna a arte e os artistas dependentes dos seus critérios. Fora desse circuito a criação artística é residual. Um quadro que exige um processo de desmistificação, de desmascaramento do desmascaramento com que se ilude essa realidade.

Porque a dura realidade é que desnudar, desvendar os mecanismos económicos e institucionais em que se funda o estado actual das artes não tem comprometido nem a sua credibilidade cultural nem a sua credibilidade comercial e mundana, como Mario Perniola extensamente teorizou no magnifico ensaio A Arte e a sua Sombra. Essas desmistificações por mais sérias e credenciadas que sejam, são sistematicamente remetidas para nichos onde se espera fiquem sepultadas. Raramente ultrapassam os muros que defendem a rede de interesses económicos que domina o mercado e impõe, com arrogância ou manhosamente, os seus ditames. O debate estético e cultural está praticamente reduzido a zero, submetido à ditadura dos intermediários culturais, sejam curadores, directores de museus ou marchands. Aliás o trânsito é intenso e não sai dos carris.

O que se torna alarmante é que o vazio criativo dessas práticas ditas artísticas onde vale tudo, tem um aliado objectivo nos que contestam alacre e imbecilmente toda a arte contemporânea, há um vídeo particularmente asqueroso a correr na internet, concorrendo ambos, por caminhos aparentemente opostos, para o descrédito das artes. Um impasse que é urgente e necessário ultrapassar rapidamente.

Manuel Augusto Araujo

(publicado em Abril Abril 24/09/2016)

26
Set16

OS FARSANTES

António Garrochinho



VÍDEO




Um autocarro parado num descampado com passageiros selecionados, um helicóptero presidencial com seguranças q.b., um presidente que se mistura com o povaréu, é filmado e vai à vida.
Recordei Bush no Iraque com o peru de plástico na bandeja.
É assim que os trastes representam farsas à sua medida.



Via: as palavras são armas http://bit.ly/2cTdI5b

26
Set16

As armadilhas da televisão

António Garrochinho
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Semiótica da Televisão
As armadilhas da “representação” televisionada
Nos modos de produção de “sentido” televisual, o problema do seu caráter representativo ou participativo tem também muita influência. Ao já de si odioso modelo de gestão dos “tempos televisivos” afogado pelo império da publicidade e do fundamentalismo de mercado, há que juntar o modelo intermediarista que a televisão comercial tomou como seu para nos impor o seu discurso, os seus gostos, os seus valores e dejeções ideológicas. Uma verdadeira calamidade.
A única coisa que pretendem é impor-nos alguém ou algo que “explica” tudo, com os seus meios e modos, a seu bel-prazer e conveniência. Leem-nos as notícias por eles seleccionadas e que dizem (com exagerado ênfase) ser “o mais importante”. Dizem o que devemos comprar, a que preço, com que “virtudes” e à custa de que condições. A crédito ou a pronto. Dizem-nos quem e o que é “belo”, “sedutor”, “sensual”, “atrativo”, “elegante” ou de ”sucesso”… impõem-nos os seus prazos e ritmos.
Manipulam-nos o dicionário, o vestuário, o imaginário e o relógio. Em tempo real.
Há sempre um explicador para tudo, vendedor ou condutor… empenhado em ser o simpático, o eficiente, o esclarecido ou o iluminado. Disposto a levar-nos ao paraíso dos seus interesses políticos, ideológicos e comerciais. Principalmente comerciais. A televisão mercantil é uma máquina de guerra ideológica cravejada de intermediários que a tempo inteiro estão prontos para nos esvaziar a cabeça de qualquer ideia, de toda a possibilidade e oportunidade de participação autónoma. Há sempre alguém que conta anedotas por nós, há sempre alguém que canta canções por nós, que dança, que informa, que cozinha, que “sabe”, que “entende”, que “diz”, que “sorri”, que “saúda”… por nós e sem a nossa autorização ou prévio acordo. É o “mundo” deles que dizem “representar-nos”. E nós pagamos.
Os mais “espertos” apercebem-se da sua ditadura na representação e nos fingimentos e sabem assumir a forma de ”participação” que lhes convier, usando as pessoas como decoração, como meros figurantes de ocasião em encenações “democráticas” ou “populares”, quando tal lhes dá jeito. Dizem que “o público opina”, “participa” quando eles dizem, como eles dizem, até o que eles decidem. Democracia cronometrada. Não poucas televisões públicas estão infetadas com este veneno ideológico televisivo “representativo” que cansa, que dói, que ofende e humilha os povos “de todas as cores e latitudes”.
Não temos uma verdadeira Televisão Participativa. Salvo casos incipientes e dolorosamente incompreendidos, como a VIVE TV da Venezuela – no seu início – algumas televisões comunitárias que se conseguem salvar de intermediários parasitas de todo o tipo (igrejas, ONGs, partidos políticos oportunistas, Messias…) A Televisão Participativa, como Democracia Participativa, está por construir. É necessário muito trabalho e muita atenção crítica para eliminar das nossas cabeças (e das estações televisivas que os povos dirijam) o perigo de repetir o discurso burguês, o discurso do patrão nos écrans. Como se fosse nosso. São necessárias agudeza e experiência, desconfiança prática e vigilância científica, para não ser vítima da inoculação ideológica que nos representa como lhes convém.
A luta de classes também se expressa nos écrans. Não nos vamos cansar de insistir na urgência de romper com os modelos burgueses de comunicação, aproveitando criticamente só aquilo que seja aproveitável (fundamentalmente tecnológico) e rejeitando tudo o que de mais odioso tem um modelo de “produção de sentido” em Televisão, especializada como ela está em apagar dos olhos dos povos os próprios povos e em criminalizar os líderes sociais e as lutas sociais que desenvolvem esforços inimagináveis de participação na criação de um mundo novo, justo, sem guerras, sem fomes, sem classes e à vista de todos. Acabemos com a propriedade privada da televisão e com os monopólios. Uma Televisão Participativa é possível, é necessária e urgente.
Fernando Buen Abad
Tradução CS/APS
Via: as palavras são armas http://bit.ly/2d7ajxk


26
Set16

Entre o golpe e a palavra em suspenso

António Garrochinho


(Por Rosemberg Cariry, in Blog OutrasPalavras, 24/09/2016)
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Nota: Depois de ler o texto abaixo, e rememorando mentalmente a lista de atrocidades que ele elenca, a conclusão que me assomou ao espírito foi só esta: se o capitalismo for o melhor sistema económico que a Humanidade consegue por em marcha, não conseguindo implementar outro que seja mais eficiente, a Humanidade não tem futuro e o homem é uma espécie animal em vias de extinção a prazo não muito longo.
(Estátua de Sal).

Há momento em que o desânimo chega, e, diante de um mundo que se desfaz, a necrofilia triunfa como bandeira do grande mercado, e a ideologia da direita e do neoliberalismo triunfam ante a fraqueza e os erros dos homens de bem. De que valeram todas as lutas dos trabalhadores pelas significações do trabalho e da vida? De que valeram todas as lutas pela libertação da mulher? De que valeram todas as lutas contra as intolerâncias e os racismos? De que valeram os sangues derramados por todas as bandeiras da justiça, se o que hoje vemos é o triunfo do ódio, da ganância capitalista, da guerra, da violência e da morte? De que valeram os milhares de sacrificados se, por fim, triunfou a estupidez, a intolerância, o fundamentalismo, seja ele da Bolsa de Valores, do Grande Mercado, da Grande Imprensa, do Estado Islâmico ou das Igrejas Neopentecostais que pregam as novas cruzadas, as novas guerras religiosas, em nome de um Deus capitalista e insensível aos direitos humanos, à diversidade cultural e às liberdades básicas dos povos?
Em momentos assim, o desejo é calar, é reconhecer a derrota. Mas, se olhamos a história, não podemos calar. É preciso lembrar que o capitalismo nascente usava mulheres trabalhando nos teares 18 horas por dia, por um salário de fome. Crianças de apenas cinco anos eram usadas nas minas, para atingir os buracos mais estreitos, onde não chegavam nem mesmo os mineiros mais magros. O tempo médio de vida-uso dessas crianças? Dois a três anos. Contra o capitalismo, Jonathan Swift escreveu uma sátira devastadora na época, intitulada Uma modesta proposta para prevenir que, na Irlanda, as crianças dos pobres sejam um fardo para os pais ou para o país, e para as tornar benéficas para a República. A obra propõe aos grandes capitalistas europeus que mais produtivo e eficiente seria a engorda dessas crianças e a industrialização das suas carnes macias para fazer salsichas. Afinal, não só importava o lucro? Na computação dos lucros, que importava mesmo a morte desses pequenos escravos? Se morriam milhares, esgotados pela exploração patronal, outros milhares os substituíam. Tudo em nome do lucro e doprogresso. As empresas de comunicação, caso dos jornais, no início do século XX, exploravam crianças miseráveis até os últimos centavos, nas vendas avulsas, pelas ruas. Houve registros até de uma greve de crianças contra o trabalho escravo imposto pelos jornais (que se consideravam as “trombetas” da liberdade – para os burgueses, mas se esqueciam de dizer que escravizavam crianças).
As primeiras greves foram recebidas com balas, a Comuna de Paris foi recebida com balas, a ideia da liberdade foi recebida com bala. Tudo em nome do lucro e da ordem. A fome e a miséria das massas eram “condições naturais”, e quem se erguesse contra esse estado de coisas era assassinado. Por isso, cada pequena conquista social, cada pequena conquista do espírito, cada pequeno avanço na humanização do homem, custou centenas de milhares de mortos, milhares de milhões. A razão burguesa, baseada na legenda positivista da ordem e do progresso, marcharia sobre os povos e estabeleceria os colonialismos com suas devastações étnicas, culturais e ecológicas ilimitadas. Diziam os capitalistas que a humanidade caminhava em linha reta, subindo as escadas da evolução. No topo da pirâmide (da evolução), estavam, claro, os homens brancos, burgueses, capitalistas. Enquanto isso, no mundo, estabelecia-se o horror, de forma tão assombrosa que, apenas no século XX, as guerras capitalistas geraram mais de trezentos milhões de mortos. Se na grande exposição de Paris (em 1900) comemorava-se o apogeu da razão e da técnica – com os trens cortando os continentes e os navios a vapor cortando os mares, o telégrafo ligando os povos, e a psicanálise desvendando a alma do homem – os demônios que dormiam nos porões do inconsciente preparavam-se para reinar na nova era das devastações.
Não tardaria a eclodir a I Grande Guerra Mundial – um exemplo tenebroso da capacidade destrutiva do ser humano. Nenhum profeta do velho testamento foi capaz de imaginar um inferno de tamanho horror. Nas trincheiras, milhões de homens apodreciam na lama fétida, entre ratos e podridões. Entre gases, balas e o vazio das filosofias, o mundo esfacelou-se, e a razão burguesa mostrou a sua face necrófila. A Segunda Grande Guerra não passaria de um ato contínuo daquela primeira guerra, após breve intervalo. Os horrores de hoje alimentam-se dos horrores desse passado, mesmo que sejam bem mais sofisticadas as tecnologias e mais numerosas as mortes. Sem a mediação da ética, dominada pelo mercado, cada vez mais, a ciência mostra-se ao lado do lucro e da morte. O genocídio concentracionário nazifascista não é uma exceção na construção da modernidade, antes é um experimento biopolítico (conceito de Foucault) posto em prática pela modernidade. Os experimentos realizados nos campos-da-morte continuam a ser usados pela ciência, pela comunicação, pela política, pela psicologia de massas, pela economia neoliberal e globalizada, sob outros rótulos e outros pretextos políticos, econômicos e científicos. Inclusive no discurso cego da eficiência, da hierarquia e da ordem. O “socialismo real”, que tentou seguir o modelo de um capitalismo de estado, fracassou diante dos mesmos horrores.
Hoje, vemos o mundo estilhaçado. Como diziam os velhos Marx e Engels: “Tudo que é sólido se desmancha no ar”. Essa percepção da tragédia que ameaça toda a humanidade em nada evita que o capitalismo em crise continue em busca de mercados para as suas armas, envenene os alimentos, a terra e as águas com seus agrotóxicos, empurrando milhões de seres humanos (mais de dois terços da humanidade) para a mais completa ruína e degradação. Todo esse desastre é bem louvado na grande imprensa (em nome do grande deus-mercado), recebe as benesses dos intelectuais a serviço da ideologia da dominação, é alimentado por políticos que beiram a insanidade. Os bancos e as bolsas de valores comemoram os lucros de uma economia que se desligou do homem e do destino da humanidade, a tudo aprisionando e degradando. Tudo o que disso discorda passa a ser visto como retrógrado, marginal, subversivo, perigoso. “Do rio que tudo arrasta se diz que é violento. Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem” (Brecht).
Olhando esse quadro de ruínas, que mais se completa com a destruição dos estados e das nações (inclusive a brasileira, com o desastre do governo Temer), pode vir o desânimo. No entanto, é nesse momento que devemos encontrar em nós mesmos a melhor força, a chama acesa da esperança, a utopia da construção de um mundo de maior justiça e solidariedade, e, junto com os que não se renderam, continuar a luta necessária. Se ser homem é um projeto em construção, o verdadeiro humanismo só virá com a afirmação da liberdade, da solidariedade, da espiritualidade, do triunfo da poesia sobre a brutalidade do capitalismo e do processo de globalização dos mercados. Um humanismo que compreenda que o planeta Terra foi feito para a vida de todas as espécies e que só o equilíbrio da natureza pode garantir o futuro. Sim, é preciso afirmar a vida, apesar dos conglomerados-multinacionais-de-comunicação (indústrias perversas de manipulação de consciências), banqueiros, empresários, corporações e biopolíticas neofascistas, postos em movimento, com suas pulsões de destruição e de morte.
Vejamos o que acontece com a nossa infância… Dezenas de milhares de crianças e jovens pobres – a maioria de ascendência afro-brasileira – são assassinadas por policiais, pelo tráfico e pelas organizações criminosas, nas periferias das grandes cidades, sem que nada seja feito. O que nos revela um verdadeiro genocídio! Em vez de mais presídios e redução da maioridade penal, deveríamos ter mais escolas, cultura, esportes, artes e condições de vida dignas. As favelas precisam se libertar do fardo das misérias herdadas das senzalas, nesse país que mantém ainda uma elite de espírito escravagista, que perpetua a tirania e os desrespeito aos mais elementares direitos humanos. A situação em todo o mundo não é menos grave, temos mais de vinte milhões de crianças em situação de refugiados e muitos outros milhões padecem de fome, de doenças, de violências e de misérias crônicas.
A situação também é terrível para os nossos índios que são assassinados, brutalizados, alcoolizados, contaminados, prostituídos, expulsos de suas terras pelo agronegócio, pelas madeireiras, pelas mineradoras, pelos bancos, pelas multinacionais. Toda essa economia de commodities, voltada para a exportação, tem por meta transformar o Brasil numa neocolônia, produtora da monocultura da soja, assim como nos séculos XVIII e XIX, fomos a colônia exportadora do açúcar ou do café. Triste destino. Só quem viajou por 150 quilômetros de plantações de soja, situadas no coração do cerrado devastado, pode compreender a tragédia que se anuncia.
A violência contra a mulher atinge índices insuportáveis até mesmo para a mais perversa das sociedades. Uma onda misógina toma conta do país. No entanto, aí estão os novos donos dos poderes, com apoio do Congresso Nacional, incentivando o preconceito contra a mulher, dando golpes contra a democracia, cortando as verbas dos programas sociais, acabando com as escolas públicas e os programas de cultura e de pesquisas, subsidiando o agronegócio e as mineradoras, militarizando a vida, criminalizando a pobreza, cercando as favelas, incentivando o trabalho escravo, matando os índios e dizimando a infância pobre. Se nos calarmos, voltaremos a trabalhar 18 horas por dia, com salários de misérias? Seremos condenados a nos aposentar com 70 anos ou mais, recebendo metade um salário mínimo, se sobrevivermos à dura exploração, às doenças, às químicas alimentares e aos agrotóxicos? Diante de tão grandes ameaças, estaremos condenados a não mais pensar?
Calar ou não calar é uma questão de vida e morte. Se não falamos estamos condenados, se falamos estaremos, da mesma forma, condenados pelas represálias que virão. O que fazer então? Como resposta, lembro um trecho de um poema de Torquato Neto: “Leve um homem e um boi ao matadouro o que berrar primeiro é o homem, mesmo que seja o boi”. Assim, haverá sempre um homem berrando, um discurso feito para os peixes ou um profeta pregando no deserto.

 estatuadesal.com

26
Set16

DÁ-LHE BATATA DOCE !!!! - Marcha da Batata Doce Quarteira 2016 com 1000 participantes (FOTOGALERIA)

António Garrochinho


Cerca de 1000 pessoas participaram na manhã de hoje, dia 25 de setembro (domingo), na Marcha da Batata Doce Quarteira 2016, inserida no Calendário Regional do Algarve do Programa Nacional de Marcha e Corrida do IPDJ e na Semana Europeia do Desporto. Mas também nas comemorações do “Dia Mundial do Coração”.
Antes da partida, teve lugar um período de aquecimento proporcionado pela instrutora Sónia Melo.
No final, foi proporcionado um convívio com distribuição das batatas-doces e águas.
A organização, partilhada entre a Junta de Freguesia de Quarteira (JFQ) e a associação Free Challenge, contou com uma equipa de cerca de 80 voluntários a apoiar os participantes e outras tarefas logísticas; uma ambulância e uma equipa da Cruz Vermelha Portuguesa; baias e cartazes sinalizadores; e distribuição de águas e clementinas durante o percurso.
Em declarações ao PlanetAlgarve, Telmo Pinto, sustenta que a junta “pretende que esta Marcha-Corrida seja uma prova de referência do Programa de Marchas-Corridas do IPDJ (Instituto Português do Desporto e Juventude)”.
Por outro lado, Telmo Pinto destaca “a importância do voluntariado em Quarteira. As pessoas estão sempre disponíveis para colaborar connosco nas nossas iniciativas. Este ano, para além dos voluntários anónimos, contamos ainda com um grupo dos Escuteiros de Quarteira, uma turma da Escola Secundária Dr.ª Laura Ayres, o BTT do Quarteirense, o CDQ – Centro Desportivo de Quarteira, o Grupo Motard de Quarteira e o Centro de Apoio à Criança de Quarteira, onde foram confecionadas as batatas-doces. São cinergias que temos criado ao longo deste nosso mandato em que nos ajudamos mutuamente”.
Para além dos voluntários, Telmo Pinto destaca igualmente “a parceria da Free Challenge na organização, o apoio da Câmara Municipal de Loulé, IPDJ, BE ACTIVE, Desporto para Todos, Plano Nacional de Ética no Desporto e Programa Nacional de Marcha e Corrida”.
Por: Jorge Matos Dias / PlanetAlgarve









































































































planetalgarve.com
26
Set16

Revelados documentos que comprometem Durão Barroso no caso Goldman Sachs

António Garrochinho



Foram revelados documentos que provam que Durão Barroso manteve contactos próximos com responsáveis do Goldman Sachs enquanto foi presidente da Comissão Europeia. Há cartas e emails que dão a entender que os banqueiros influenciaram as políticas europeias através de Barroso.
O Público teve acesso a 11 documentos que incluem emails, cartas e mensagens que comprovam a relação próxima entre Durão Barroso e elementos do seu gabinete, quando estava na presidência da Comissão Europeia (CE), com responsáveis do banco de investimentos norte-americano Goldman Sachs.
A publicação atesta que “os banqueiros faziam chegar ‘confidencialmente’ ao gabinete de Barroso sugestões de alteração às políticas da UE, que os seus conselheiros liam ‘com grande interesse’”.
Haverá “emails e cartas” que comprovam que o Goldman Sachs estava “encantado” com algumas das posições assumidas por Barroso, refere o mesmo jornal.
O Público cita, em particular, uma carta de 30 de Setembro de 2013 que o CEO do Goldamn Sachs, Lloyd Blankfein, enviou a Barroso agradecendo-lhe “por ter conseguido roubar tempo à sua agenda” para ir ao banco e realçando o prazer que teve com a “discussão produtiva sobre as perspectivas económicas mundiais” que mantiveram.
Na mesma missiva, Blankfein agradecerá ainda a Barroso por se ter reunido com os senior partners da instituição, com a salvaguarda de que acharam “a sessão extremamente enriquecedora”.
Nos outros documentos a que o Público teve acesso, haverá referências a encontros entre elementos do gabinete de Durão e representantes do banco, mas na CE não haverá qualquer registo dos mesmos.
Nem sequer as alegadas deslocações de Durão ao Goldman Sachs, em Nova Iorque, constarão das agendas de trabalho enquanto foi presidente da CE.
A contratação de Barroso pelo Goldman Sachs, para exercer o cargo de presidente não-executivo do banco, gerou muita polémica e já levou Jean-Claude Juncker, o actual presidente da CE, a anunciar que ele passaria a ser recebido na instituição como um “lobista”.
26
Set16

Luz verde para a bomba

António Garrochinho


A escalada dos EUA em direcção à guerra prossegue e acelera, com a decisão de avançar com o fabrico de novas armas nucleares, boa parte das quais a instalar na Europa. Cada uma dessas bombas terá uma potência média 4 vezes superior à da que arrasou Hiroxima. Mais do que uma modernização das suas antecessoras, representam uma nova arma, que torna mais provável o início de um ataque nuclear. A principal potência imperialista pretende encurralar a humanidade inteira entre a servidão e a aniquilação.
A nova bomba atómica estado-unidense que deve substituir a B-61, actualmente instalada em Itália e em outros países europeus, acaba de receber a «autorização oficial» da National Nuclear Security Administration (NNSA), o organismo do Departamento de Energia dos EUA encarregado de «reforçar a segurança nacional através da aplicação da ciência nuclear no sector militar».
Ao cabo de 4 anos de projectos e experimentação, a NNSA dá luz verde à fase de “engenheirização” que prepara a produção em serie da nova bomba atómica estado-unidense, denominada B61-12. Os numerosos componentes do novo artefacto são projectados e submetidos a ensaio nos laboratórios de Los Alamos e Albuquerque (Novo México) e de Livermore (Califórnia), e são fabricados (utilizando partes da B61, ou seja do modelo anterior) em diversas instalações dos Estados de Missouri, Texas, Carolina do Sul e Tennessee. Depois á adicionada a parte da cauda e o sistema de guia de precisão, fabricado pela Boeing.


As novas bombas atómicas estado-unidenses B61-12, cujo custo se calcula em 8 000 e 12 000 milhões de dólares para fabricar entre 400 e 500 bombas, começarão a fabricar-se em série durante o ano fiscal de 2020, que se inicia no 1º de Outubro de 2019. E substituirão então as actuais B-61. 
Segundo as estimativas da Federação de Cientistas estado-unidense (FAS, sigla em inglês), os EUA têm actualmente 70 bombas atómicas B61 em Itália (50 na base de Aviano e outras 20 na de Ghedi Torre), 50 mais na Turquia e outras 60 na Alemanha, na Bélgica e nos Países Baixos (20 em cada um destes Estados), o que representaria um total de 180 bombas atómicas estado-unidenses instaladas na Europa.
Mas ninguém sabe exactamente quantas há na realidade. Em Itália, a base de Aviano dispõe de 18 búnqueres com capacidade para armazenar mais de 70 dessas bombas. E tanto em Aviano como na base de Ghedi foram realizados importantes trabalhos de alteração, como pode ver-se nas fotos de satélite publicadas pela FAS. Preparativos similares estão em andamento nas demais bases da Europa e Turquia.


A NNSA confirma oficialmente que a bomba nuclear B61-12, definida como «um elemento fundamental da tríade nuclear dos EUA» [1] substituirá as actuais B61-3, B61-4 e B61-10. Com isso confirma o que já tínhamos anteriormente documentado.
A B61-12 não é somente uma versão modernizada da sua predecessora. É uma nova arma: dispõe de uma cabeça nuclear com 4 opções diferentes de potência seleccionáveis; com uma potência media equivalente a 4 bombas como a utilizada contra Hiroxima; inclui um sistema de guia que permite lança-la sem ter que sobrevoar o objectivo; é capaz de penetrar no solo para destruir os búnqueres dos postos de comando num ataque de surpresa. Em resumo, as novas bombas atómicas que os EUA se dispõem a instalar em Itália e em outros Estados de Europa – no quadro da sua escalada contra a Rússia – são novas armas que tornam mais provável o inicio de um ataque nuclear.


31st Fighter Wing, ou seja a esquadrilha de caças-bombardeiros estado-unidenses F-16 instalada na base de Aviano (Itália), mantém-se 24 horas do dia em disposição operacional para iniciar um ataque nuclear. E, como o documentou a FAS, pilotos italianos também treinam para realizar ataques nucleares, sob as ordens dos EUA, a bordo dos caças-bombardeiros Tornado localizados na base de Ghedi, na expectativa de que a força aérea italiana receba os F-35 que – segundo anuncia a força aérea dos EUA – estão concebidos para transportar a nova bomba atómica B61-12. 


Nos EUA, a primeira esquadrilha de F-35, com sede na base de Hill (Estado de Utah), já foi oficialmente declarada «combat ready» (pronta para combate). A US Air Force diz que ainda não tem previsto quando poderá essa esquadrilha de F-35 ser declarada «combat proven» (com experiência de combate), mas afirma que é «provável o seu destacamento [fora de EEUU] em princípios de 2017».
A ministra [italiana] da Defesa, Roberta Pinotti, espera que essa esquadrilha seja instalada em Itália, já «escolhida» pelos EUA para a instalação do MUOS [2] que «outras nações teriam desejado».

Com as novas bombas nucleares estado-unidenses B61-12 instaladas em território italiano, mais os F-35 e o MUOS, o que é seguro é que o país atacado terá a Itália como alvo prioritário das represálias nucleares.
________________
Notas
[1] Referencia ao armamento nuclear das forças terrestres, navais e aéreas dos EUA. Nota da Rede Voltaire.
[2] O MUOS, sigla de Mobile User Objective System é um sistema estado-unidense de comunicação militar via satélite destinado a garantir a direcção das operações das tropas dos EUA através do mundo. Para mais informação sobre o MUOS ver «“Seguridad” garantizada por Lockheed Martin», por Manlio Dinucci, Red Voltaire, 26 de Julho de 2013.
Il Manifesto / Red Voltaire

26
Set16

STCP entregue a autarquias em janeiro, metro do Porto alargado em 2018

António Garrochinho



No final de julho, o Presidente da República vetou o diploma do parlamento que altera os estatutos da STCP e da Metro do Porto por "vedar, taxativamente, qualquer participação de entidades privadas"
 
O ministro do Ambiente garante que o programa de alargamento da rede do metro do Porto será conhecido até ao final do ano, depois de concluída a fase de estudo e o debate sobre as linhas prioritárias. E anunciou que a gestão da STCP será entregue às autarquias logo no início de janeiro.

Matos Fernandes defende que a gestão dos transportes pela Área Metropolitana do Porto é um “belíssimo exemplo” de descentralização após receber a “herança de uma estrutura que nunca deu certo”. “A entidade coordenadora dos transportes para a Área Metropolitana do Porto, quando era tutelada pela administração central, nunca funcionou bem”, afirmou o governante para quem “o problema era mesmo um problema de liderança, um problema de liderança à distância que não fazia qualquer sentido”.

Sobre o Metro, adiantou que os estudos "vão ser conhecidos ao longo deste ano", começou por indicar, "o que significará que mais no final do ano, mas ainda durante 2016, será pública e discutida publicamente aquilo que é a expansão da rede de metro do Porto”.

“As prioridades em termos de início de obra resultam dos estudos que estão neste momento a ser concluídos” e será a partir deles, e do debate com a Área Metropolitana do Porto, que serão anunciadas “quais são as linhas que irão avançar em primeiro lugar”, explicou ainda Matos Fernandes, citado pela Lusa, no final da cerimónia de alargamento do sistema intermodal Andante, que permite viajar em vários tipos de transportes públicos no Grande Porto.

“2017 não será ano para começar obra [mas para] fazer projeto e para lançar concurso de obra [a iniciar em 2018]".

No início de julho, a Assembleia da República aprovou por unanimidade uma proposta do PCP que recomenda ao Governo o prolongamento das linhas do Metro do Porto em Gaia, Gondomar e Trofa.

A recomendação defendia o início da construção da ligação do ISMAI à Trofa, no prolongamento da Linha C, até ao final de 2017 e “que sejam tomadas as medidas necessárias para a planificação que conduza ao prolongamento da Linha D (Amarela) até Vila D’Este (Vila Nova de Gaia” e da Linha F (Laranja) até Gondomar.

De fora ficou a chamada linha ocidental do Porto, que ligará a Estação de São Bento e Matosinhos via Campo Alegre e Parque da Cidade e que a autarquia considera prioritária.

O Plano Nacional de Reformas prevê uma expansão total de nove quilómetros nas redes nas áreas metropolitanas do Porto e de Lisboa, num investimento total de 400 milhões de euros.

Suspensa pelo Governo em 2011, a segunda fase de expansão da Metro do Porto integra cinco linhas com quase 38 quilómetros de extensão e com um custo global de cerca de mil milhões de euros.

Em maio, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, revelou ter sido informado pelo Governo de que estão reservados 240 milhões de euros para expandir o metro na Área Metropolitana.

STCP entregue às autarquias em janeiro

José Pedro Matos Fernandes disse ainda que está tudo a ser feito para que no dia 1 de janeiro de 2017 a Sociedade de Transportes Coletivos do Porto passe a ser gerida pelas seis autarquias onde opera: “Irá a Conselho de Ministros muito em breve o decreto-lei que permite a celebração do contrato de gestão e do contrato interadministrativo que foram combinados em julho”.

Estamos a trabalhar dentro do calendário para que no dia 1 de janeiro a Área Metropolitana do Porto, e concretamente as seis autarquias onde a STCP presta serviços, sejam as gestoras”.

No final de junho, o Governo liderado por António Costa assinou, no Porto, com os seis municípios da Área Metropolitana do Porto (Gaia, Gondomar, Maia, Matosinhos, Porto e Valongo) onde opera a STCP um memorando de entendimento relativo ao novo modelo de gestão desta empresa.

A 9 de junho, o parlamento aprovou em votação final global a revogação dos decretos-lei do anterior executivo para a subconcessão dos transportes públicos de Lisboa e do Porto, com os votos contra do PSD e do CDS-PP.

A subconcessão das empresas públicas de transporte urbano foi lançada pelo Governo de Passos Coelho (PSD/CDS-PP), que tinha atribuído à espanhola Avanza a exploração da Carris e do Metro de Lisboa, à britânica National Express, que detém a espanhola Alsa, a STCP (rodoviária do Porto), e à francesa Transdev o Metro do Porto.

Já no final de julho, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, vetou o diploma do parlamento que altera os estatutos da STCP e da Metro do Porto por "vedar, taxativamente, qualquer participação de entidades privadas".

www.tvi24.iol.pt

26
Set16

O ANTRO SOCRATISTA E O ANTRO PS - Sócrates acusa direção do PS de o querer afastar e calar

António Garrochinho




O antigo primeiro-ministro José Sócrates anunciou, este sábado, que vai lançar em outubro um livro de teoria política, que "não é de mexericos nem paranoico".

José Sócrates discursou durante um almoço de apoio que decorreu, este sábado, em Lisboa, no qual anunciou que no mês de outubro vai publicar um livro que resulta das suas reflexões dos últimos meses.

O primeiro objetivo era isolar-me da sociedade portuguesa. Porventura conseguiram esse objetivo com a direção do PS
"Queria sossegar-vos quanto a uma coisa: nem é um livro de mexericos nem é um livro de um paranoico. É um livro que pretende ser de teoria política. Pus de lado tudo o que escrevi sobre este processo. Não é o momento, mas lá chegará", disse, em declarações registadas pela SIC, numa crítica implícita do livro do ex-diretor do Expresso e do Sol, José António Saraiva.

No debate quinzenal de quinta-feira, o primeiro-ministro, António Costa, tinha utilizado também a expressão "mexericos" para se demarcar do presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, que tinha sido convidado (mas que entretanto cancelou) para apresentar o livro de José António Saraiva: "nem nos distraímos a ler livros de mexericos de que fomos convidados para apresentar".


José Sócrates aproveitou o momento para relatar a primeira participação, sexta-feira, num evento institucional do PS desde que foi constituído arguido na Operação Marquês, a Universidade de Verão do Departamento Federativo das Mulheres Socialistas da Federação da Área Urbana de Lisboa: "as pessoas levantaram-se, aplaudiram e começaram a gritar PS, PS".

"Muitos quiseram afastar-me. Detemos-te, pomos-te na prisão, não dás entrevistas. O primeiro objetivo era isolar-me da sociedade portuguesa. Porventura conseguiram esse objetivo com a direção do PS, mas quero dizer-vos que não conseguiram afastar-me do coração dos militantes", assegurou.

Sócrates avisa que não vai "admitir que façam o banimento da vida pública querendo fazer essa condenação sem julgamento" e que vai "lutar contra isso".

Vou continuar a aceitar todos os convites que me fizeram
"Eu já bebi o meu próprio sangue e estou com mais força do que nunca. Vou continuar a aceitar todos os convites que me fizeram. Fui a muito sitio neste último ano e vou continuar a ir. Tenho o maior gosto em falar em público", disse, em jeito de aviso.

Sócrates voltou a criticar o sistema judicial devido ao processo que o envolve. "O que está em causa é o objetivo que eles têm. Sabem qual é? É cometer o ato mais abjeto que vocês possam imaginar: é querer condenar alguém sem direito a julgamento. Não é na praça pública, é sem direito a julgamento", condenou, deixando claro "a essas pessoas que não vão conseguir".

http://www.jn.pt
26
Set16

Uber legalizada e taxistas mantêm direitos e deveres

António Garrochinho


O projeto de diploma do governo que vai tornar legais as plataformas do setor está pronto e chega hoje às mãos dos parceiros

Portugal vai legalizar as plataformas de transportes como a Uber e o Cabify já em novembro. O projeto de diploma do governo que vai tornar legais as empresas que angariam clientes através de aplicações de telemóvel já está pronto e chega hoje às mãos dos parceiros para um período de discussão de dez dias. A nova lei, que mantém o regime dos táxis sem qualquer alteração, deve entrar em vigor um mês depois e será uma das primeiras a regular esta área em toda a Europa.

Segundo informações a que o DN teve acesso, o documento do Ministério do Ambiente dita os limites do funcionamento de empresas como a Uber que, ao contrário dos taxistas, não vão ter acesso às vantagens fiscais de serem consideradas de interesse público. Além disso, os concorrentes dos táxis têm de passar fatura eletrónica - as faturas dos taxistas são em papel - e ficam impedidos, por exemplo, de utilizar a faixa bus ou praças fixas. A angariação dos seus clientes só pode ser feita através de apps. Quanto aos taxistas, mantêm os mesmos direitos e deveres, nomeadamente maior carga burocrática para ter uma licença, mas que é compensada pelos benefícios fiscais.

O objetivo da nova lei, sabe o DN, é dar liberdade de escolha ao utentes - reconhecendo que marcas como a Uber e o Cabify têm altos níveis de aceitação entre os portugueses - e estimular a concorrência nesta área do transporte ligeiro de passageiros. O governo até abre a porta a que os taxistas entrem mais no negócio daquilo que o diploma designa como transporte em veículo descaracterizado a partir de uma plataforma eletrónica. Algo que aliás já acontece com apps, como o Mytaxi.

Mas a discriminação positiva que ficará em letra de lei não deve, ainda assim, acalmar as críticas dos taxistas, que têm mais uma manifestação anti-Uber marcada para dia 10 de outubro (ver fotolegenda). Estes empresários reclamam contra a flexibilização das regras para as plataformas de transporte, como defendeu em audição parlamentar no início do mês o presidente da Federação Portuguesa do Táxi (FPT), Carlos Ramos. "O Governo quer alterar as regras do jogo para acomodar outro tipo de transportadores. Obriguem-nos a cumprir as regras do jogo".

Agora, entregue o projeto de diploma, a audição dos parceiros nesta área decorrerá durante um prazo de 10 dias, após o que os contributos serão ponderados e eventualmente integrados no documento final. Deverá depois entrar no processo legislativo, esperando o governo que possa ser enviado para promulgação do Presidente da República ainda em outubro, o que significa que pode entrar em vigor em novembro.

O documento que hoje chega às mãos dos parceiros resulta dos contributos de um grupo de trabalho criado pelo governo, coordenado pelo Instituto da Mobilidade e dos Transportes, que contou com a presença de associações privadas ligadas ao setor dos transportes e de representantes de variados ministérios e entidades públicas nacionais e locais.

Ao encontro da Comissão Europeia

A Uber está presente em cerca de 400 cidades de mais de 60 países e é mais notícia pelos processos judiciais que lhe são levantados por concorrência desleal do que por leis que a enquadrem, como é agora o caso em Portugal. Estados americanos como o Nevada e países como a Hungria e a Tailândia baniram completamente as operações da empresa, enquanto a França ou a Alemanha o fizeram de forma parcial.

O nosso país é agora dos primeiros na Europa a criar legislação que vai ao encontro do que a Comissão Europeia defende em matéria de concorrência - também o Reino Unido, a Finlândia e estados Bálticos têm desenvolvido regras de regulação para enquadrar estas novas plataformas. Isto depois de também Portugal ter sido palco de lutas judicias nesta área, com o Tribunal da Relação de Lisboa a aceitar em junho um recurso da Uber que contrariou uma decisão do Tribunal Cível de Lisboa que proibia a atividade da empresa no nosso país.

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António Garrochinho

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