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POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

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27
Set16

COISAS DA VELHA DO ARCO - COINCIDÊNCIAS

António Garrochinho


 
De há uns tempos para cá, tenho andado atenta a alguns anúncios ou pequenas notícias lidas em jornais ou aqui ou ali, ou ouvidas na TV, quase sempre no telejornal. Delas retenho pormenores que me têm chamado a atenção e despertado o sorriso, perante as partidas que as palavras nos pregam, a originar a ironia e a graça, consoante a forma de lhes descobrir o absurdo, a incongruência ou a coincidência que levam ao humor. Basta um pouco de atenção para encontrarmos com facilidade estes pequenos «tesouros» que as palavras, sabiamente, nos oferecem.
Fica um breve resumo:
 
Nomes e Profissões:
 
Pedro Pinheiro – assentador de soalhos

Elisa Salpico – empregada a dias

José Bulha – advogado

Carlos Bacalhau – ginecologista

António Faísca – electricista

Pedro Escuto – repórter de guerra (TV)

Alexandre Gallo – elemento da comissão de investigação sobre o nitrofurano nos aviários (TV)

Pena dos Reis – delegado do Ministério Público

José Cura – maestro argentino (colaborou no programa de apoio aos doentes com leucemia)
 
Pequenas Notícias:
 
Em Matos, Cheirinhos, os habitantes queixam-se de maus cheiros devido a uma empresa de transformação de lixos (telejornal).
 
Um médico, durante a consulta, deu uma bofetada a um menino de cinco anos que lhe chamou «totó». A criança chama-se Nuno Ladino.
 
Na noite de ontem registaram-se facadas e desordem na Rua do Crime, em Faro (telejornal).
 
A acidentada, Custódia Perfeita, era surda (telejornal).
 
Caiu uma placa na Rua da Firmeza (telejornal).
 
Nos Açores, houve uma inundação na Rua da Ribeira (telejornal).
 
Durão Barroso recebe o grande Cancelário da Confraria do Vinho do Porto. A esposa, Margarida Sousa Uva, ligada a uma família de produtores de vinho, acompanhou-o durante a cerimónia.
 
Em Mesão Frio, por motivo das baixas temperaturas, muitos automobilistas ficaram retidos na estrada devido ao gelo (telejornal).
 
 
A terminar, palavras para quê?
 
 
É um anúncio à portuguesa, com certeza…



sarrabal.blogs.sapo.pt
27
Set16

Escultura de Rodin vendida por preço recorde

António Garrochinho


Eternal Springtime.jpg
L'eternel printemps, a primavera eterna, de August Rodin, o escultor francês, alcançou o preço recorde de 20.4 milhões de dólares num leilão de Arte Impressionista e Moderna da Sotheby's de Nova York.

Segundo os peritos, a escultura de 80 cm de largura por 66 cm de altura, foi talhada a partir de um único bloco de mármore e é uma variante de O beijo, outra escultura do mestre francês, exposta no Museu Rodin de Paris. 

A obra terá sido concebida em  1884 e esculpida entre 1901 e 1903.

François-Auguste-René Rodin, nasceu em Paris a 12 de novembro de 1840 e morreu em Meudon, a 17 de novembro de 1917.



blogarcodavelha.blogs.sapo.pt
27
Set16

COISAS DA BÍBLIA

António Garrochinho


1. Cortar cabelo e fazer a barba
Não cortareis vosso cabelo dos lados da cabeça, nem aparareis as pontas da barba.
– Levítico 19:27
2. Comer carne de porco
Tereis como impuro o porco porque, apesar de ter o casco fendido, partido em duas unhas, não rumina.
Não comereis da carne deles nem tocareis seu cadáver, e vós os tereis como impuros.
– Levítico 11:7-8
3. Acreditar nos horóscopo/videntes
Não vos voltareis para os que consultam os espíritos dos mortos nem para os que adivinham o futuro, porquanto eles vos contaminariam. Eu Sou Yahweh,vosso Deus.
– Levítico 19:31
4. Coito interrompido
Ora, Onã tinha consciência de que o filho que nascesse não seria considerado como seu. Por isso, cada vez que tinha relações sexuais com a viúva do seu irmão, ele deixava que o esperma caísse no chão para que seu irmão não tivesse descendentes por meio dele.
O SENHOR ficou irado com a atitude desobediente e egoísta de Onã e o matou também.
– Génesis 38:9-10
5. Colocar piercings e fazer tatuagens
Não fareis cortes no corpo como sinal de lamento pela morte de alguém, também não fareis nenhuma tatuagem. Eu Sou Yahweh.
– Levítico 19:28
6. Ter animais de estimação em casa, diversas flores no jardim ou até roupas com tecidos diferentes.
Guardareis os meus estatutos. Não colocareis dois animais de espécies diferentes para cruzarem entre si; também não semearás no teu campo duas espécies diferentes de sementes e não usarás veste de duas espécies de tecido.

– Levítico 19:19
7. Divorciar-se
Por esta razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua esposa, e os dois se tornarão uma só carne’. Dessa forma, eles já não são dois, mas sim uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, não o separe o ser humano!.
Mais tarde, quando estavam em casa, uma vez mais os discípulos indagaram Jesus sobre o mesmo assunto.
Então Ele lhes explicou: “Todo homem que se separar de sua esposa e se unir a outra mulher, estará cometendo adultério contra a sua esposa.
Da mesma maneira, se uma mulher se divorciar de seu marido e se casar com outro homem, estará igualmente caindo em adultério”.

– Marcos 10:7-12
8. Entrar na igreja sem os genitais intactos – ou sem o nome do pai na certidão de nascimento
Homem algum poderá tomar a mulher de seu pai, para não descobrir o leito paterno.
Nem o castrado nem o que for mutilado sexualmente serão admitidos na assembleia do SENHOR.
– Deuteronómo 23:1-2


9. Sendo mulher, orar com tranças, brincos de ouro ou roupas caras – ou ensinar as Escrituras.
Semelhantemente, recomendo que as mulheres se vistam com decência, modéstia e discrição, não com tranças; nem com ouro ou pérolas, nem com roupas muito caras, mas que se vistam de boas obras, como convém a mulheres que professam servir ao Senhor.
A mulher deve aprender em silêncio, com toda a reverência.
E não permito que a mulher ensine, nem exerça autoridade sobre o homem. Esteja, portanto, em silêncio.
– Timóteo 2:9-12
10. Comer marisco
Contudo, todos os animais que não têm barbatanas e escamas, nos mares e nos rios, todos os animaizinhos que infestam as águas e todos os seres viventes que nela se encontram, vós os tereis como imundos.
Serão para vós imundos, não comereis sua carne de modo algum e abominareis seus cadáveres.
– Levítico 11:10-11

11. Pegar nas bolas de outro homem para defender seu marido.

Quando dois homens se puserem à bulha um com o outro, e a mulher de um deles intervier para libertar o marido do que está a agredi-lo, pegando pelas partes genitais do adversário,
cortarás a mão dela, sem piedade alguma.
– Deuteronónio 25:11-12

12. Comer carne mal passada
É, portanto, para todos os vossos descendentes uma lei perpétua, em qualquer lugar onde habitardes: não comereis gordura nem sangue.
– Levítico 3:17

13. Fazer sexo antes do casamento.
Mas, se a acusação for verdadeira e não houver provas da virgindade da donzela,
levarão a donzela até à entrada da casa de seu pai e os habitantes da sua cidade apedrejá-la-ão até que morra, porque cometeu uma infâmia em Israel, desonrando a casa de seu pai. Assim extirparás o mal do teu meio.
– Deuteronómio 22:20-21

27
Set16

lavar, lavar

António Garrochinho
lavar o cérebro
não esquecer
com qualquer detergente
o que houver
lavar, lavar
o nicho
para afastar o lixo
desta vida imunda
que me inunda
lavar, lavar as entranhas
das mentiras, das atitudes estranhas
desta gente
que evolue ?
que só polue
e vive de armadilhas
de patranhas


António Garrochinho
Foto de António Garrochinho.

27
Set16

De onde vêm as expressões idiomáticas que falamos ?

António Garrochinho

Existem milhares de expressões em cada idioma que existem por algum motivo inicial e que ao longo do tempo foram se incorporando à própria língua da pátria que a experimentou. 

Fila indiana
Significado: Enfiada de pessoas ou coisas dispostas uma após outra.
Origem: Forma de caminhar dos índios da América que, deste modo, tapavam as pegadas dos que iam à frente.
Mal e porcamente
Significado: Muito mal; de modo muito imperfeito.
Origem: «Inicialmente, a expressão era “mal e parcamente””. Quem fazia alguma coisa assim, agia mal e eficientemente, com parcos (poucos) recursos. Como parcamente não era palavra de amplo conhecimento, o uso popular tratou de substituí-la por outra, parecida, bastante conhecida e adequada ao que se pretendia dizer. E ficou” mal e porcamente”, sob protesto suíno.»
in A Casa da Mãe Joana, de Reinaldo Pimenta, vol. 1 (Editora Campus, Rio de Janeiro)
Andar à toa
Significado: Andar sem destino, despreocupado, passando o tempo.
Origem: Toa é a corda com que uma embarcação reboca a outra. Um navio que está “à toa” é o que não tem leme nem rumo, indo para onde o navio que o reboca determinar.
Ave de mau agouro
Significado: Diz-se de pessoa portadora de más notícias ou que, com a sua presença, anuncia desgraças.
Origem: O conhecimento do futuro é uma das preocupações inerentes ao ser humano. Quase tudo servia para, de maneiras diversas, se tentarem obter esse conhecimento. As aves eram um dos recursos que se utilizava. Para se saberem os bons ou maus auspícios (avis spicium) consultavam-se as aves. No tempo dos áugures romanos, a predição dos bons ou maus acontecimentos era feita através da leitura do seu voo, canto ou entranhas. Os pássaros que mais atentamente eram seguidos no seu voo, ouvidos nos seus cantos e aos quais se analisavam as vísceras eram a águia, o abutre, o milhafre, a coruja, o corvo e a gralha. Ainda hoje perdura, popularmente, a conotação funesta com qualquer destas aves.
Acordo leonino
Significado: Um «acordo leonino» é aquele em que um dos contratantes aceita condições desvantajosas em relação a outro contratante que fica em grande vantagem.
Origem: «Acordo leonino» é, pois, uma expressão retórica sugerida nomeadamente pelas fábulas em que o leão se revela como todo-poderoso.
Gatos-pingados
Significado: Tem sentido depreciativo usando-se para referir uma suposta inferioridade (numérica ou institucional), insignificância ou irrelevância.
Origem: Esta expressão remonta a uma tortura procedente do Japão que consistia em pingar óleo a ferver em cima de pessoas ou animais, especialmente gatos. Existem várias narrativas ambientais na Ásia que mostram pessoas com os pés mergulhados num caldeirão de óleo quente. Como o suplício tinha uma assistência reduzida, tal era a crueldade, a expressão “gatos pingados” passou a denominar pequena assistência sem entusiasmos ou curiosidade para qualquer evento.
Memória de elefante
Significado: Ter boa memória; recordar-se de tudo.
Origem: O elefante fixa tudo aquilo que aprende, por isso é uma das principais atrações do circo.
Erro Crasso
Significado: Erro grosseiro.
Origem: Na Roma antiga havia o Triunvirato: o poder dos generais era dividido por três pessoas. No primeiro destes Triunviratos, tínhamos: Caio Júlio, Pompeu e Crasso. Este último foi incumbido de atacar um pequeno povo chamado Partos. Confiante na vitória resolveu abandonar todas as formações e técnicas romanas e simplesmente atacar. Ainda por cima, escolheu um caminho estreito e de pouca visibilidade. Os partos, mesmo em menor número, conseguiram vencer os romanos, sendo o general que liderava as tropas um dos primeiros a cair. Desde então, sempre que alguém tem tudo para acertar, mas comete um erro estúpido, dizemos tratar-se de um “erro crasso”.


Coisas do arco-da-velha
Significado: Coisas inacreditáveis, absurdas, espantosas, inverossímeis.
Origem: A expressão tem origem no Antigo Testamento; arco-da-velha é o arco-íris, ou arco-celeste, e foi o sinal do pacto que Deus fez com Noé: “Estando o arco nas nuvens, Eu ao vê-lo recordar-Me-ei da aliança eterna concluída entre Deus e todos os seres vivos de toda a espécie que há na terra.” (Génesis 09h16min) Arco-da-velha é uma simplificação de Arco da Lei Velha, uma referência à Lei Divina. Há também diversas histórias populares que defendem outra origem da expressão, como a da existência de uma velha no arco-íris, sendo a curvatura do arco a curvatura das costas provocada pela velhice, ou devido a uma das propriedades mágicas do arco-íris – beber a água num lugar e enviá-la para outro, pelo que velha poderá ter vindo do italiano bere (beber).
Dose para cavalo
Significado: Quantidade excessiva; demasiado.
Origem: Dose para cavalo, dose para elefante ou dose para leão são algumas das variantes que circulam com o mesmo significado e atendem às preferências individuais dos falantes. Supõe-se que o cavalo, por ser forte; o elefante, por ser grande, e o leão, por ser valente, necessitam de doses exageradas de remédio para que este possa produzir o efeito desejado. Com a ampliação do sentido, dose para cavalo e suas variantes é o exagero na ampliação de qualquer coisa desagradável, ou mesmo aquelas que só se tornam desagradáveis com o exagero.
Lágrimas de crocodilo
Significado: Choro fingido.
Origem: O crocodilo, quando ingere um alimento, faz forte pressão contra o céu da boca, comprimindo as glândulas lacrimais. Assim, ele chora enquanto devora a vítima.
Passar a mão na cabeça
Significado: Perdoar ou acobertar erro cometido por algum protegido.
Origem: Costume judaico de abençoar cristãos-novos, passando a mão pela cabeça e descendo pela face, enquanto se pronunciava a bênção.
Corredor Polonês
Significado: é uma expressão comumente utilizada para denominar uma passagem estreita formada por duas fileiras de pessoas que se colocam lado a lado, uma defronte à outra, com a intenção de castigar quem tenha de percorrê-la.
Origem: A expressão faz referência à região transferida por parte da Alemanha para a Polônia ao fim da Primeira Guerra Mundial, em virtude da assinatura do Tratado de Versalhes. O Corredor Polonês dividiu a Alemanha ao meio, isolando a Prússia Oriental do resto do país. Através de uma extensão de 150 quilômetros e largura variável entre 30 a 80 quilômetros, permitiu que os poloneses circulassem livremente em território alemão, bem como possibilitou o acesso da Polônia ao Mar Báltico. Posteriormente, tanto o Corredor quanto a Prússia foram incorporados ao território polonês. A disputa pela região do Corredor Polonês provocou inúmeros atritos entre os dois países. Em 1939, durante a invasão da Alemanha à Polônia, os poloneses foram encurralados pelos alemães, os quais se posicionavam dos dois lados do Corredor e atiravam contra os poloneses, que estavam no meio.
Voto de Minerva
A expressão tem sua origem em uma história pertencente à mitologia grega. Agamenon, o comandante da Guerra de Troia, ofereceu a vida de uma filha em sacrifício aos deuses para conseguir a vitória do exército grego contra os troianos. Sua mulher, Clitemnestra, cega de ódio, o assassinou. Com esses crimes, o deus Apolo ordenou que o outro filho de Agamenon, Orestes, matasse a própria mãe para vingar o pai. Orestes obedeceu, mas seu crime também teria que ser vingado. Em vez de aplicar a pena, Apolo deu a Orestes o direito a um julgamento, o primeiro do mundo. A decisão, tomada por 12 cidadãos, terminou empatada. Chamada pelos gregos de Atenas (Minerva era seu nome romano), a deusa da sabedoria proferiu seu voto, desempatando o feito e poupando a vida de Orestes. Eis a razão da expressão Voto de Minerva (também conhecida como “voto de desempate” ou “voto de qualidade”).

Fonte:
Fontes de imagens: http://standdown.blog.br/2011/01/fotos-da-semana-4.html,http://www.robotcompanions.eu/blog/2012/10/rehabilitation-robot-requires-cognitive-skills/walking-around-testimonial/http://www.vipcloset.com.br/marcas/the-mountain/camiseta-the-mountain-pig-face,http://anistia.multiply.com/reviews/item/433http://blog.newsok.com/television/2008/09/08/lions-loose-in-okc/,http://www.marygibney.com/Watercolors.htmlhttp://woltal.activerain.com/post/767138/the-two-sides-to-elephant-memoryhttp://sumtinprecious.blogspot.com.br/2012/11/what-mistake-can-you-turn-into-miracle.html,http://elborak.blogspot.com.br/2012/05/is-that-aarp-card-in-your-pocket.html,http://dressagewannabes.blogspot.com.br/2010/06/summer-survival-tips.html,http://natna.wordpress.com/2010/08/20/crocodile-tears/http://www.lindseysam.com/finley/200405_mothersday/,http://tremdos7.wordpress.com/2012/11/06/ditados-e-expressoes-populares/,http://tertuliadasminervas.blogspot.com.br/2009/10/queridas-minervas-do-meu-coracao.html


- Acabar em Pizza
Uma das expressões mais usadas no meio político é “tudo acabou em pizza”, empregada quando algo errado é julgado sem que ninguém seja punido.
O termo surgiu por meio do futebol. Na década de 60, alguns cartolas palmeirenses se reuniram para resolver alguns problemas e, durante 14 horas seguidas de brigas e discussões, estavam com muita fome.
Assim, todos foram a uma pizzaria, tomaram muito chope e pediram 18 pizzas grandes. Depois disso, simplesmente foram para casa e a paz reinou de forma absoluta. Após esse episódio, Milton Peruzzi, que trabalhava na Gazeta Esportiva, fez a seguinte manchete: “Crise do Palmeiras termina em pizza”. Daí em diante o termo pegou.

- Casa da Mãe Joana
A expressão se deve a Joana, rainha de Nápoles e condessa de Provença que viveu na Idade Média entre 1326 e 1382. Em 1346, a mesma se refugia em Avignon, na França. Aos 21 anos, Joana regulamentou os bordéis da cidade onde vivia refugiada. Uma das normas dizia: “o lugar terá uma porta por onde todos possam entrar.” Transposta para Portugal, à expressão “paço-da-mãe-joana” virou sinônimo de prostíbulo. Trazida para o Brasil, o termo paço, por não ser da linguagem popular, foi substituído por casa. Assim, “casa-da-mãe-joana” passou a servir para indicar o lugar ou situação em que cada um faz o que quer, onde impera a desordem e a desorganização.

- Dar com os burros N’Água
A expressão surgiu no período do Brasil Colonial, onde tropeiros que escoavam a produção de ouro, cacau e café precisavam ir da região Sul a Sudeste sobre burros e mulas. O fato era que muitas vezes esses burros, devido à falta de estradas adequadas, passavam por caminhos muito difíceis e regiões alagadas e muitos morriam afogados. Daí em diante o termo passou a ser usado para se referir a alguém que faz um grande esforço para conseguir algum feito e não consegue obter sucesso.

- De mãos abanando
Na época da intensa imigração no Brasil, os imigrantes tinham que ter suas próprias ferramentas. As “mãos abanando” eram um sinal de que aquele imigrante não estava disposto a trabalhar. A partir daí o termo passou a ser empregado para designar alguém que não traz nada consigo. Uma aplicação comum da expressão é quando alguém vai a uma festa de aniversário sem levar presente.


- Dor-de-cotovelo
A expressão “dor-de-cotovelo”, muito usada para se referir a alguém que sofreu uma decepção amorosa tem sua origem na figura de uma pessoa sentada em um bar e com os cotovelos em cima do balcão, enquanto toma uma bebida e lamenta a má sorte no amor. De tanto o apaixonado ficar com os cotovelos apoiados sobre balcão, os mesmo deveriam doer. Esta é a ideia por trás desta expressão.

- Entrar com o Pé Direito
A tradição de entrar em algum lugar com o pé direito para dar sorte é de origem romana. Nas grandes celebrações dos romanos, os donos das festas acreditavam que entrando com tal pé, evitariam agouros na ocasião da festa. A palavra “esquerda” significa do latim, sinistro, daí já fica óbvio a crença do lado obscuro dos inocentes pés esquerdos. Foi a partir daí que a crença se espalhou por todo o mundo.

- Fazer nas coxas
A expressão “fazer nas coxas” surgiu na época da colonização brasileira. As telhas usadas nas construções da época, feitas de barro, eram moldadas nas coxas dos escravos. Assim, algumas vezes ficavam largas, outras vezes finas, nunca com um tamanho uniforme. Foi desta forma que surgiu a expressão, utilizada para indicar algo mal feito.

- Fazer Vaquinha
A expressão “fazer vaquinha” surgiu na década de 20 e tem sua origem relacionada com o jogo do bicho e o futebol. Nas décadas de 20 e 30, já que a maioria dos jogadores de futebol não tinha salário, a torcida do time se reunia e arrecadava entre si um prêmio para ser dado aos jogadores. Esses prêmios eram relacionados popularmente com o jogo do bicho. Assim, quando iam arrecadar cinco mil réis, chamavam a bolada de “cachorro”, pois o número cinco representava o cachorro no jogo do bicho. Como o prêmio máximo do jogo do bicho era vinte e cinco mil réis, e isso representava a vaca, surgiu o termo popular “fazer uma vaquinha”, ou seja, tentar reunir o máximo de dinheiro possível para um fim específico.

- Guardado a sete chaves
No século XIII, os reis de Portugal adotavam um sistema de arquivamento de joias e documentos importantes: um baú que possuía quatro fechaduras. Cada uma destas chaves era distribuída a um alto funcionário do reino. Portanto, eram apenas quatro chaves. O número sete passou a ser utilizado em razão de seu valor místico, desde a época das religiões primitivas. Foi assim que se começou a utilizar o termo “guardar a sete chaves” para designar algo muito bem guardado.

- Jurar de Pés Juntos
A expressão surgiu através das torturas executadas pela Santa Inquisição, nas quais o acusado de heresias tinha as mãos e os pés amarrados (juntos) e era torturado até dizer a verdade. Até hoje, o termo é empregado para expressar a veracidade de algo que uma pessoa diz.

- Lágrima de Crocodilo
Quando dizemos que uma pessoa está chorando “lágrimas de crocodilo”, estamos querendo dizer que ela está fingindo, chorando de uma forma falsa. Tal expressão, utilizada no mundo inteiro, veio do fato de que o crocodilo, quando está devorando suas presas, faz uma pressão muito forte sobre o céu da boca e estimula suas glândulas lacrimais, dando a impressão de que o animal está chorando. Obviamente, o animal não “chora”, por isso surgiu à expressão popular.


- Motorista Barbeiro
No século XIX, os barbeiros faziam não somente os serviços de corte de cabelo e barba, mas também tiravam dentes, cortavam calos, entre outras coisas. Por não serem profissionais, seus serviços mal feitos eventualmente geravam marcas. A partir daí, desde o século XV, todo serviço ruim passou a ser atribuído ao barbeiro, por meio da expressão “coisa de barbeiro”. Este termo veio de Portugal, contudo, a associação de “motorista barbeiro”, ou seja, um mau motorista é tipicamente brasileiro.


- OK
A expressão inglesa “OK” (okay), mundialmente conhecida para significar algo que está tudo bem, teve sua origem na Guerra da Secessão, nos EUA. Durante o conflito, quando os soldados voltavam para as bases sem nenhuma morte entre a tropa, escreviam em uma placa “0 Killed” (nenhum morto), expressando sua grande satisfação. Foi assim que surgiu o famoso “OK”.

- Onde Judas perdeus as botas
A expressão “onde Judas perdeu as botas” é usada para designar um lugar distante, desconhecido e inacessível. Existe uma história não comprovada que relata que após trair Jesus, Judas enforcou-se em uma árvore sem nada nos pés, já que havia posto o dinheiro que ganhara por entregar Jesus dentro de suas botas. Quando os soldados viram que Judas estava sem seus sapatos, saíram em busca dos mesmos e do dinheiro da traição. Nunca ninguém ficou sabendo se tais botas foram achadas. Acredita-se que foi assim que surgiu tal expressão.

- Pensando na Morte da Bezerra
A história mais aceitável para explicar a origem do termo é proveniente das tradições hebraicas, nas quais os bezerros eram sacrificados para Deus como forma de redenção de pecados. Um filho do rei Absalão tinha grande apego a uma bezerra que foi sacrificada. Assim, após o animal morrer, ficou se lamentando e pensando na morte do mesmo. Após alguns meses o garoto morreu. Foi desta forma que surgiu tal expressão.

- Para inglês ver
A expressão surgiu por volta de 1830, quando a Inglaterra exigiu que o Brasil aprovasse leis que impedissem o tráfico de escravos. No entanto, todos sabiam que essas leis não seriam cumpridas, assim, as mesmas teriam sido criadas apenas “para inglês ver”. Foi assim que surgiu a expressão.

- Rasgar Seda
Tal expressão, utilizada quando alguém elogia exaustivamente outra pessoa, surgiu através da peça de teatro do teatrólogo Luís Carlos Martins Pena. Na mesma, um vendedor de tecidos usa o pretexto de sua profissão para cortejar uma moça e começa a elogiar exageradamente sua beleza, até que a mulher percebe a intenção do rapaz e diz: “Não rasgue a seda, que se esfiapa.” Foi assim que surgiu a expressão.

- Tirar o cavalo da chuva
No século XIX, quando uma visita iria ser breve, deixavam o cavalo ao relento, em frente à casa do anfitrião. Caso a visita fosse demorar, colocavam o animal nos fundos da casa, em um lugar protegido da chuva e do sol.
Contudo, o convidado só poderia colocar seu cavalo protegido da chuva se o anfitrião percebesse que a visita estava boa e dissesse: “pode tirar o cavalo da chuva”. Depois disso, a expressão passou a significar a desistência de alguma coisa.
por: Ivaneide Costa
www.opiniaosa.com.br
27
Set16

SABIA QUE .....

António Garrochinho

SOBRE O ACREDITAR QUE ACHAR UMA FERRADURA É SINÓNIMO DE SORTE
É geralmente conhecida a crença popular de que uma ferradura abandonada traz felicidade ou acrescidos favores a quem a encontre. 
Qual será, e de onde veio, a origem dessa crença do povo?
O costume de ferrar os cavalos remonta, sabe-se, a muitos séculos antes da era cristã. Na Roma antiga, porém, era hábito de alguns homens ricos, mandar ferrar os seus corcéis com ferraduras de prata, ou mesmo de ouro. A surpresa era, portanto, bem agradável para aqueles que achavam um desses objectos, perdidos no pó das estradas.
Provém daí a sorte em achar uma ferradura.
Curioso referir, a propósito, que quando Duncaster, embaixador da Inglaterra em França, fez a sua entrada em Paris, em Março de 1626, ordenou que o seu cavalo, calçado de prata, fosse tão mal ferrado que, de vez em quando, uma das ferraduras se perdesse. Um ferrador, que figurava no séquito de Duncaster, imediatamente aplicava nova ferradura ao cavalo. O lord queria, desse modo, mostrar à população parisiense que eram vastos os seus haveres e larga a sua generosidade
Foto de António Garrochinho.

27
Set16

PREGAR

António Garrochinho
QUEM PREGA SERMÕES BONITOS
PARA CONVENCER OS AFLITOS
SEM NADA FAZER PARA OS CUMPRIR
TARDE OU CEDO LHE ACONTECE
TER A PAGA QUE MERECE
COM O SEU PREGAR SE FERIR


António Garrochinho
Foto de António Garrochinho.

27
Set16

GEÓRGIA: DEPUTADOS PASSAM DAS PALAVRAS AOS ATOS DURANTE FRENTE-A-FRENTE NA TV

António Garrochinho

Os argumentos não bastam na campanha para as legislativas de 8 de Outubro na Geórgia.

Um frente a frente televisivo terminou em violência física e lançamento de projéteis, depois de Polad Khalikov, do partido Bloco Industrial ter insultado Vepkhia Gurgenishvilli, do partido Democrata.

Os argumentos não bastam na campanha para as legislativas de 8 de Outubro na Geórgia.

Um frente a frente televisivo terminou em violência física e lançamento de projéteis, depois de Polad Khalikov, do partido Bloco Industrial ter insultado Vepkhia Gurgenishvilli, do partido Democrata.

Uma estranha forma de passar das palavras aos atos.

VÍDEO


pt.euronews.com
27
Set16

Jerónimo de Sousa apela a alargamento de passe social em Lisboa e Porto

António Garrochinho


O secretário-geral do PCP apelou hoje ao alargamento do passe social intermodal a todos os transportes públicos das áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, com a aprovação no parlamento de um projeto-lei do partido em 28 de outubro.


   
"Esta proposta está avaliada, ponderada em termos de custos, e nós consideramos que todos ganhariam se este projeto-lei fosse concretizado. Todos ganhariam no sentido que, mesmo o aumento da oferta, levaria inevitavelmente a outros ganhos", assinalou Jerónimo de Sousa, em declarações à Lusa, numa ação na estação dos comboios de Alverca.



O líder comunista defendeu a criação de "melhores condições para que os utentes dos transportes públicos vejam a sua vida facilitada", apelando à aprovação do diploma apresentado pelo seu partido na Assembleia da República.

O projeto-lei do PCP para alargar a utilização do passe social intermodal a todos os transportes públicos das áreas metropolitanas de Lisboa e Porto baixou na sexta-feira à comissão parlamentar especializada, estando agora agendada a votação para dia 28 de outubro no plenário da Assembleia da República.

Para Jerónimo de Sousa, esta iniciativa pretende igualmente que existam "mais utentes nos transportes públicos", o que passa, necessariamente, pela "baixa de preços".

O líder dos comunistas frisou que o projeto-lei já esteve em apreciação em 17 câmaras municipais da Área Metropolitana de Lisboa e em mais de 54 freguesias, nas quais houve "um grande consenso e apoio".

Jerónimo de Sousa desafiou os mesmos autarcas a estarem presentes na Assembleia da República a 28 de outubro para assistirem à votação, sublinhado que num primeiro debate, realizado a 20 de setembro último, nem PS, nem Bloco de Esquerda, ou os partidos da direita, "subscreveram esta iniciativa legislativa, ao contrário do que aconteceu com as autarquias da área metropolitana".

"De qualquer forma, vamos insistir. Demonstrem que não temos razão e que a proposta não é credível, nem viável", exortou o líder comunista, lembrando que o abaixo-assinado que decorreu esta manhã na estação da CP de Alverca foi "uma demonstração cabal de que é uma iniciativa ponderada, justa e necessária".

Hoje, na ação do PCP, recolheram-se, entre as 07:30 e as 08:30, cerca de 200 assinaturas de apoio à causa do passe social intermodal para que este seja alargado a todos os operadores de todas as carreiras de toda a área metropolitana de Lisboa.

À Lusa, Lígia Justino, uma das subscritoras do abaixo-assinado em defesa do passe social intermodal, revelou que "é uma boa iniciativa juntar todos os títulos num só passe", sublinhando que se deve lutar por isso, já que poderá beneficiar todos os utentes.

Também Susana Arnault explicou à Lusa que usa o comboio todos os dias e que o percurso que fazia até à estação de Alverca demorava anteriormente 40 minutos e hoje demora uma hora e meia.

"Todos os dias isto. É muito complicado. Há uma vasta descentralização, é bom que haja esta relação entre as várias forças para ficarmos a ganhar a todos os níveis, incluindo o ambiental", contou, sublinhando que está a tentar utilizar os transportes públicos, apesar de ter concluído que, feitas as contas, gastaria menos fosse para o trabalho no seu carro, que é económico e amigo do ambiente.

"As pessoas, se calhar, vão dizer que vão aumentar ainda mais [os preços dos passes] para terem uma relação qualidade/preço. Penso que não há essa necessidade. As linhas já existem, as infraestruturas também, convém é mantê-las e, ao haver um investimento e ao convidar mais pessoas para as usar, conseguimos todos ter uma melhor qualidade e todos podemos usufruir", concluiu.

www.noticiasaominuto.com

27
Set16

CDS-PP, PSD e BE são os partidos com menor independência financeira Financiamento dos partidos: nem todos são dependentes do Estado

António Garrochinho
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A capacidade de angariar receitas próprias parece tarefa difícil para os partidos, cuja dependência do Estado chega aos 97%. O PCP é excepção – o peso das subvenções estatais ronda 10% das receitas totais.


Passos Coelho e Belmiro de Azevedo (dono do Grupo Sonae) em acção de campanha nas eleições legislativas de 2011
O financiamento público aos partidos políticos em Portugal representou, em média, nos últimos cinco anos, mais de 70% das suas receitas. Mas as contas dos partidos com representação na Assembleia da República mostram situações muito díspares.
Analisando apenas as contas dos cinco maiores partidos entregues no Tribunal Constitucional (TC), aqueles que tiveram receitas superiores a 1 milhão de euros nos últimos cinco anos, os valores oscilam entre os 10 e os 97% do total das receitas arrecadadas, excluídas as contas das campanhas eleitorais, cujo financiamento tem um enquadramento próprio.
O campeão do financiamento público é o CDS-PP, com valores sempre acima dos 90%. Apesar de as contas entregues não discriminarem essa componente das outras fontes de receita, os relatórios que a Entidade das Contas e Financiamentos Políticos, que funciona junto do TC e tem competência para as fiscalizar, mostram que, em 2011, o peso dos dinheiros públicos nos cofres do Largo do Caldas foi de 96,25%. Mas, o valor recorde dos últimos cinco anos é alcançado no ano seguinte, já com o CDS-PP instalado no governo, em que as transferências de dinheiros públicos totalizaram 97,22%. Os relatórios das contas de 2013 a 2015 não estão ainda disponíveis, mas pelo valor declarado de receitas, é possível concluir que o valor não terá descido dos 90%.

Peso percentual das subvenções públicas no total de receitas arrecadadas pelos partidos



Os valores em euros representam a média do total de receitas entre 2011 e 2015, de acordo com as contas enviadas para o Tribunal Constitucional. No caso do CDS-PP, os dados referem-se à média dos anos de 2011 e 2012, já que as contas de 2013 a 2015 não discriminam esta fonte de receita.

10 438 433€
10 331 972€
7 855 842€
82,7%
69%
1 892 502€
1 188 237€
96%
11,2%
78,8%
PSD
PS
CDS-PP
BE
PCP
Em contraste, o PCP surge como o partido que menos depende das subvenções partidárias para a sua actividade. O valor mais elevado registou-se em 2012, com 12,75% das receitas provenientes dos cofres do Estado. Foi a única vez nos últimos cinco anos em que o valor ultrapassou os 12%. O ano seguinte foi aquele em que o financiamento público teve a menor influência, 9,9% do total de receitas. Em todo o período, os comunistas demonstraram uma capacidade muito superior de recolha de quotizações e contribuições dos seus militantes, mais do dobro do que PS e PSD, e muitas vezes mais que o BE e o CDS-PP.
O PSD terminou o ano passado com mais de 7 milhões de euros de subvenções públicas, mais de 80% do total das suas receitas. O ano de 2013 foi o único em que o peso desta fonte de receitas desceu abaixo dos 80%. O PSD viu as suas receitas caírem em 2015, fruto do corte da subvenção aos partidos que a Assembleia Legislativa Regional da Madeira concede. Até então, o partido recebia anualmente cerca de 2,5 milhões de euros, o que representava cerca de um quarto do total de financiamento público – mais do que o CDS-PP, o PCP e o BE recebem anualmente.
O PS é o partido em que o financiamento público teve as maiores variações. Se em 2012 representou 56%, em 2011, 2013 e 2014 rondou os 75%. No último ano, em que o partido chegou ao governo, o valor desceu para 65%, fruto de um aumento do valor cobrado em quotas e outras contribuições de militantes. Ainda assim, muito longe da capacidade do PCP – nas contas do PS de 2015, o peso desta rúbrica foi de 21,5%, enquanto nas contas dos comunistas representou um terço do total.
A evolução das contas do BE mostra uma crescente dependência das subvenções públicas ao longo dos últimos cinco anos. No ano da chegada da troika e da redução do seu grupo parlamentar para metade, o partido dependia em 75% do dinheiro público que entrava nas suas contas, valor que até desceu ligeiramente em 2012. No ano seguinte, o valor saltou para perto dos 80% e, no último ano, chegou mesmo a ultrapassar os 86%.

www.abrilabril.pt
27
Set16

( vídeo receita) Cozido de Grão com Pêra -Ti Rosa

António Garrochinho





VÍDEO

Designação: Cozido de Grão com Pêra - Ti Rosa
Freguesia: Cachopo
Concelho: Tavira
Distrito: Faro
Data de recolha:2014
 
Dados de inventário
  • Cozido de Grão com Pêra
  • Os cozidos, ou jantares, constituem uma parte importante da dieta da serra algarvia. A simplicidade e baixo custo desta comida contribui para a sua presença quotidiana nas mesas da população destas regiões. Uma comida que se renova de acordo com a disponibilidade dos produtos agricolas da época na comunidade.
    O grão, a batata-doce o tomate e o pimento são alguns dos elementos preponderantes deste tipo de jantares que incorporavam muito pouca proteína de origem animal apesar se serem a base de sustento quotidiana para trabalhadores agrícolas e suas famílias.
Caracterização
  • Ingredientes:
    Para cerca de 4 pessoas
    ½ Abóbora-menina, 1 Batata-doce média, 3 Batatas redondas, ½ Kg Carne de porco, Cebola (1 branca e 1 roxa), ½ Kg de Grão, 3 Pêras, 2 Pimentos vermelhos compridos, 1 Tomate grande.
    Azeite e sal.

    Preparação:
    Numa panela funda colocam-se as peras inteiras, só com os talos cortados.
    Em camadas sucessivas dispõem-se os restantes ingredientes: grão, carne de porco temperada com alho, pimento (vermelho comprido), batata-doce cortada em pedaços médios tal como a batata redonda, a abóbora (com casca) e o tomate. Antes de repetir as camadas acrescenta-se cebola, sal e mais pimento. Enche-se a panela até acima. Por fim rega-se com um pouco de azeite e água suficiente para a cozedura.
    Tapa-se a panela que vai ao lume até cozer.
    Nalguns locais cortam-se fatias de pão duro que se dispõem no fundo de uma travessa e despeja-se o cozido por cima.

  • Os cozidos, ou jantares, constituem uma parte importante da dieta da serra algarvia. A simplicidade e baixo custo desta comida contribui para a sua presença quotidiana nas mesas da população destas regiões. A escassez de proteínas animais na dieta diária da população pobre da serra algarvia produziu algumas variantes do jantar de grão tradicional. É o caso desta receita de cozido de grão com pêra que a Ti Rosa partilhou com a nossa equipa. Desde criança que a Ti Rosa se lembra da mãe fazer esta receita que é uma das suas comidas favoritas. Na região do Cachopo não encontrámos mais ninguém que tivesse conhecimento desta variante. Parece-nos importante registar e divulgar esta versão que ilustra a diversidade da cozinha tradicional, onde pequenas variações são criadas e experimentadas. No caso da Ti Rosa, que tem um pequeno restaurante na serra, esta receita familiar inspirou-a para incorporar a pêra noutros pratos tradicionais.
    Outro dos alimentos essenciais ao jantar de grão é a batata-doce, cultivada há séculos no Algarve onde está muito presente na comida tradicional. O jantar incorpora uma multitude de produtos hortícolas que variam conforme a sazonalidade da produção agrícola. O figo seco também era usado com frequência para colmatar a falta de proteína animal nesta receita.
    Hoje, a abundância de proteínas animais faz com que se incorpore nesta receita carne de porco, de borrego ou de cabrito.
Identificação
  • Domínio
    • Competências em processos e técnicas tradicionais
  • Cozido de Grão com Pêra
  • Ti Rosa
  • 1941
  • Cozinheira
Contexto de produção
  • Não se aplica
  • Não se aplica
Contexto territorial
  • Cabeça Gorda
Contexto temporal
  • Esporádica
Manifestações associadas
  • Dieta Mediterrânica.
    A Dieta Mediterrânica envolve um conjunto de saberes baseados na proximidade e na sazonalidade. Estes saberes aplicam-se à agricultura, à alimentação e à organização social. A sua zona natural de ocorrência é a bacia mediterrânica. Os produtos da época, o azeite, o pão e os vegetais são predominantes nesta dieta.
  • Utensílios de cozinha.

  • Serra Algarvia
Contexto de transmissão
  • Estado de transmissão
    • activa
  • Círculos familiares.
Direitos Associados
  • Os direitos colectivos são de tipo consuetudinário.
  • Colectivo/Comunidades
Acções de Salvaguarda
  • Esta receita continua ser confeccionada em diversas localidades da Serra Algarvia, não se identificando situações de risco. São, no entanto, as gerações mais velhas que mais vezes preparam a receita.
  • A transmissão geracional é feita no meio familiar. As acções de salvaguarda da Dieta Mediterrânica vieram dão destaque a estas receitas.
Equipa responsável
  • Filomena Sousa
  • José Barbieri
  • José Barbieri
  • José Barbieri
Arquivo
  • Não se aplica
  • 4/Tavira
www.memoriamedia.net

27
Set16

CDU critica Rui Moreira por usar site da Câmara para "ataque político"

António Garrochinho


A CDU criticou hoje o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, pelo uso da página da internet da autarquia, "paga pelos contribuintes", para fazer um "ataque político" aos comunistas, a propósito da concessão dos parcómetros da cidade.



Em comunicado, a CDU do Porto nota que o "ataque" do autarca àquele partido, a propósito da concessão do estacionamento, "é ainda mais grave tendo em conta que [Moreira] utilizou, mais uma vez, o sítio de Internet da autarquia, pago pelos contribuintes, divulgando uma notícia com o título "Quem inventou o parquímetro?", sem possibilitar qualquer contraditório à força política visada".
"Será que Rui Moreira vai deixar de usar o sítio da autarquia para atacar as forças políticas que divergem das suas opções, o que revelaria bom senso? Irá permitir que a CDU responda às suas acusações através do sítio da autarquia, o que seria de elementar justiça democrática? Ou vai continuar a preferir 'debater' sozinho?", questionam os comunistas.
De acordo com a CDU, o ataque de Rui Moreira "pretende confundir as pessoas e desviar a atenção do essencial", ou seja, da opção do autarca de "transformar o estacionamento na via pública num mero negócio, numa "caça ao euro" em que vale quase tudo".
A CDU critica a "expansão de novos lugares sem limite, a fiscalização por agentes não credenciados pelas autoridades competentes, os valores de 'taxas agravadas' sem fundamento legal, a criação de novos lugares em locais assinalados com linha amarela e a tentativa de obrigar à inserção dos dados das matrículas sem autorização prévia da Comissão Nacional de Proteção de Dados".
As críticas surgiram a propósito de declarações de Rui Moreira, publicadas no site da Câmara do Porto, na qual o autarca diz, entre outras coisas, não compreender a oposição do PCP à concessão do estacionamento.
"Taxar o estacionamento é uma medida protetora dos residentes, comum a quase todas as cidades do mundo, promotora do transporte coletivo e defensora do ambiente", sustentou o autarca.
Para a CDU, "Rui Moreira, de facto, como afirma, não inventou os parquímetros, mas, tirou da cartola uma privatização que cada vez mais portuenses rejeitam".
"Perante o descontentamento generalizado que esta medida [privatização do estacionamento] está a gerar, numa prática que se tem vindo a repetir sucessivas vezes, o presidente da Câmara do Porto optou por desferir mais um ataque político à CDU, sistematizando um conjunto de elementos sem rigor, com meias-verdades e até mentiras, ao invés de procurar explicar as alegadas vantagens do novo sistema", acrescentam.
No início de março, a Câmara do Porto concessionou a gestão dos parcómetros a um privado e, no início de setembro, aprovou, em reunião do executivo, alargar o estacionamento pago a mais de 20 novas ruas da cidade até ao final do ano.
Em maio, a concessão do estacionamento gerou polémica entre a CDU e Rui Moreira.
A CDU acusou o presidente da autarquia, Rui Moreira, de "difamação", "falta de sentido democrático", "ataque à comunicação social" e conivência "com eventual extorsão de dinheiro".
As críticas surgiram depois de um comunicado da autarquia acusar os comunistas de estarem "do lado dos infratores, contra a cidade do Porto".
Contatado pela Lusa, Pedro Lobão, do gabinete de comunicação da autarquia, disse não ter nenhuma reação sobre o comunicado de hoje da CDU.
www.noticiasaominuto.com

27
Set16

A história bizarra que deu origem à Síndrome de Estocolmo

António Garrochinho



Imagine que você está na fila para ser atendido em uma pequena agência bancária. De repente, um assaltante invade o estabelecimento, com capuz na cabeça e armado. A maioria das pessoas consegue fugir, mas você e dois funcionários não têm a mesma sorte e acabam servindo como reféns. A polícia chega logo, e as negociações começam.
No final das contas, tudo dura muito mais tempo do que o necessário e vocês acabam passando alguns dias sob o comando do criminoso. As primeiras horas são do mais completo pânico, você tem medo de falar, de olhar para o lado, de morrer, de tudo. Os outros reféns também estão apavorados, e o criminoso, por ter de lidar com a polícia e a grande comoção ao redor do prédio, também não é a mais calma das criaturas.
No segundo dia, no entanto, você pensa em acalmar o sequestrador e resolve conversar, atitude seguida também pelos outros dois reféns. Depois de algumas horas, estão todos mais calmos e conversando sem muito nervosismo e, de repente, você passa a sentir uma espécie de carinho por aquele homem, ainda que ele represente uma ameaça à sua própria vida. Sim, isso acontece.
Coisa de filme? Que nada! Trata-se de um típico caso da chamada síndrome de Estocolmo, que nada mais é do que esse sentimento de ternura que se tem por um agressor. O termo, aliás, teve origem com uma história parecida com essa que fizemos você imaginar.
Há 43 anos, em Estocolmo, na Suécia, um assalto a banco deu origem ao nome da síndrome. Na ocasião estavam um assaltante, Jan-Erik Olsson, um presidiário e quatro funcionários da agência bancária, que permaneceram juntos durante seis e, com o passar do tempo, acabaram desenvolvendo uma forte relação afetiva.
Tudo começou com Olsson entrando com uma metralhadora e explosivos na agência bancária que ficava na região central da cidade. Olsson disparou contra o teto e imediatamente fez três funcionários como reféns para tentar, em troca da liberdade deles, conseguir uma boa quantia em dinheiro com a polícia e, assim, fugir do país.
Negociações e afeto



Outra exigência: um de seus amigos, Clark Olofsson, que era um dos bandidos mais famosos da Suécia, e que Olsson tinha conhecido na prisão, deveria ser levado ao banco para fazer parte do esquema e conseguir fugir também. A polícia acabou aceitando o acordo e Olofsson foi levado ao banco. A essa altura, um funcionário que tinha conseguido se esconder foi descoberto e se juntou ao grupo de reféns.
Alguns agentes policiais conseguiram entrar em um departamento da agência, e, a partir daí, os reféns e os bandidos ficaram escondidos em um espaço bem menor. Para passar o tempo, eles começaram a conversar e a jogar baralho – a partir daí, todo mundo já era praticamente amigo de infância.
As negociações com a polícia eram feitas pelo telefone, por meio de dois reféns: Olof Palme e Kristin Enmark, ambos com 23 anos na época. Nas ligações deles com a polícia, ficou bastante claro: tanto Palme quanto Enmark estavam do lado dos sequestradores. Kristin chegou a dizer que confiava plenamente nos sequestradores e que viajaria com eles como refém sem o menor problema, se fosse o caso.
Todo mundo ficou bem

Depois de três dias de sequestro, os policiais entraram no banco por meio de um buraco e conseguiram se mostrar aos reféns que estavam lá, mas logo foram descobertos pelos sequestradores também, que ameaçaram os reféns e atiraram contra os policiais. Depois de seis dias, a polícia utilizou gás lacrimogêneo, o que fez com que os dois sequestradores se rendessem, sem que os reféns ficassem feridos.
A despedida entre sequestradores e reféns foi calorosa, com trocas de abraços apertados. Uma das funcionárias do banco, que ficou presa durante esses seis dias, disse que sabia que era estranho, mas que não gostaria que nada de ruim acontecesse aos sequestradores.
O responsável por batizar a síndrome foi Nils Berejot, criminologista que trabalhou com a polícia durante o famoso sequestro. Basicamente, ela é descrita como uma tentativa de a vítima se conectar com o criminoso, para tentar diminuir os riscos do crime. De forma inconsciente, é uma maneira de a vítima agradar o bandido para que, uma vez que ele tenha simpatia por ela, não a faça mal.
Quando soube da existência da síndrome, Olsson disse que não acreditava nela e que a amizade que desenvolveu com seus reféns era verdadeira, tanto que dois deles estiveram em seu casamento na prisão. Ele ficou dez anos na detido e, depois de ser libertado, nunca mais teve problemas com a Lei. Já Olofsson foi absolvido em segunda instância, mas se envolveu com problemas com a polícia diversas vezes em sua vida.

www.pavablog.com
27
Set16

CICLISMO FEMININO NA COLÔMBIA

António Garrochinho
Esta é a equipa colombiana de ciclismo feminino, e têm um equipamento que tem deixado todo o mundo de boca aberta! O equipamento que elas vestem tem sido algo de inúmeras criticas e muita controvérsia pela internet. O equipamento é pago e patrocinado pela cidade de Bogotá.
Sinceramente, não consigo entender o porquê de tanto ruído com isto, parece-me um equipamento como outro qualquer.



27
Set16

Arranque da Semana de Luta da CGTP-IN

António Garrochinho
cgtp


A semana de luta da CGTP-IN arrancou, em Santo Tirso, com os trabalhadores da Endutex. Os trabalhadores estão em luta pela reposição dos feriados de Carnaval e Municipal que a empresa retirou, em 2016. Arménio Carlos, secretário-geral da CGTP-IN esteve presente e em declarações ao Porto Canal disse que é preciso impedir que a direita volte ao Governo e por isso o actual Executivo tem de continuar com o trabalho de reposição dos direitos dos trabalhadores. Afirmando que é preciso melhorar as condições salariais e de vida dos trabalhadores e dos pensionistas.

VÍDEO


Via: Entrada – CGTP-IN http://bit.ly/2d2ZcLd
27
Set16

Tem cabeça de passarinho? Isso já não é assim tão mau. Ora veja

António Garrochinho



VÍDEO







A partir de agora devemos repensar seriamente na utilização do termo cabeça de passarinho como algo depreciativo.

Os pombos são muitas vezes comparados a “ratos voadores” mas estas aves são mais espertas do que podemos pensar. Pelo contrário, de acordo com umestudo, estes animais são de tal modo inteligentes que até conseguem ler.

Num novo estudo, publicado no jornal National Academy of Sciences, os cientistas treinaram pombos para que estes conseguissem distinguir palavras reais por gibberish, isto é, linguagem não percetível, comunicada com recurso a diferentes sons. Assim, utilizaram 308 palavras com quatro letras, as mesmas que babuínos já tinham aprendido numa pesquisa anterior.

Com esta experiência, algumas aves aprenderam a identificar dezenas de palavras, tendo o pombo mais bem-sucedido reconhecido 58 delas.

“o desempenho dos pombos consegue ser mais comparável ao dos humanos do que os próprios babuínos”

As aves foram estudadas com recurso a diferentes estímulos, os quais, por vezes, passavam apenas pelo aparecimento de uma palavra juntamente com o surgimento de uma estrela no ecrã. Quando a estrela aparecesse os pombos deveriam, automaticamente, bater no ecrã com o bico, acertando na estrela. Caso respondessem corretamente, os pombos eram recompensados com “guloseimas”, por outras palavras, com alimentos que os tratadores lhes davam.

Quatro pombos destacaram-se no teste de reconhecimento de palavras, por isso, os cientistas fizeram treinos mais intensivos com eles. Os quatro pombos mais avançados conseguiram, assim, distinguir as palavras soletradas corretamente das que tinham carateres reorganizados, como “vrey” ao invés de “very” (muito em português), ou de palavras que tinham mesmo erros ortográficos.

No caso do teste de erros ortográficos, “o desempenho dos pombos consegue ser mais comparável ao dos humanos do que os próprios babuínos”, afirmam os cientistas no seu estudo.

Este estudo é o primeiro a identificar uma espécie de “não primatas” a ter estas capacidades ortográficas. Os cientistas explicaram que, ao estudar a capacidade dos pombos para aprender palavras, os animais poderiam dar-nos pistas sobre as funções e origem da linguagem.

Para determinar se os animais estavam de facto a aprender a distinguir as palavras de “não palavras”, em vez de memorizar somente as respostas corretas, foram introduzidas novas palavras ao longo de todo o estudo. De acordo com os pesquisadores, os pombos identificam de facto as novas palavras como palavras, com uma taxa de significância que mostra que tal não foi um mero acaso.

“Esta transferência mostra que, durante o treino, os pombos derivam algum conhecimento estatístico geral sobre a combinação das letras que distinguem as palavras de “não palavras”, escrevem os cientistas na sua tese.

Os investigadores sugerem que os pombos evidenciaram a probabilidade de certos pares de letras, tal como “PT” e “AL”, serem mais suscetíveis de ser associados tanto a palavras como a “não palavras”. Um dos autores do estudo, o neurocientista Onur Güntürkün de Ruhr University Bochum, da Alemanha, referiu ser notável a capacidade que os pombos têm de reconhecer as palavras visualmente.

“Estes pombos, separados por 300 milhões de anos da evolução do ser humano e tendo arquiteturas cerebrais diferentes, mostram imensa habilidade com o processamento da ortografia, é fantástico”, conclui Bochum.

Este estudo é o primeiro a identificar uma espécie de “não primatas” a ter estas capacidades ortográficas. Os cientistas explicaram que, ao estudar a capacidade dos pombos para aprender palavras, os animais poderiam dar-nos pistas sobre as funções e origem da linguagem.

Esta pesquisa destaca ainda a inteligência dos pombos que, como referiu o coautor da pesquisa, Michael Colombo (professor de psicologia da Universidade de Otago, na Nova Zelândia), tal pode desencadear a necessidade de “repensar seriamente o uso do termo cabeça de passarinho como algo depreciativo”.

www.dinheirovivo.pt


27
Set16

Este foi o último mês de salários com corte na função pública

António Garrochinho

 O processamento dos salários dos funcionários públicos de setembro já está concluído e foi a última vez que foram pagos ainda com corte.


Quando, no próximo dia 20 de outubro, os trabalhadores dos ministérios das Finanças, Segurança Social, Negócios Estrangeiros e Presidência do Conselho de Ministro, receberem o seu salário, o valor que lhes cairá na conta será semelhante ao de dezembro de 2010. 
Cumprindo o calendário previsto e acordado com os partidos que lhe dão apoio político, o governo procederá em outubro à reversão integral do corte salarial que a partir de 2011 passou a ser aplicado às remunerações dos funcionários públicos que superassem os 1500 euros. 

Este corte, que oscilava inicialmente entre os 3,5% e os 10%, começou a ser eliminado em 2015, tendo o anterior governo decidido devolver um quinto desta redução salarial. Já pela mão do executivo liderado por António Costa foi decidido reverter os 80% restantes ao longo de 2016, ao ritmo de 25% por trimestre. Perante esta calendarização, setembro foi o último mês em que os salários ainda foram pagos com alguma redução. 

Resolvida esta questão do corte salarial, que foi alvo de forte contestação e esteve na origem de várias greves na função pública, as atenções dos sindicatos viram atenções para 2017 e para o conjunto de medidas que entendem que devem ser colocadas em cima da mesa. 

Entre o caderno de reivindicações colocam o descongelamento das progressões nas carreiras e da atribuição de prémios, a reposição do regime de créditos (que está ligado à avaliação de desempenho), aumentos salariais e uma subida dos que estão no nível mais baixo da carreira remuneratória, para que não sejam prejudicados com os aumentos do salários mínimo nacional.

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27
Set16

SALDO DE CONTA DO SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE AGRAVOU-SE PARA 372 MILHÕES

António Garrochinho



O saldo de conta do Serviço Nacional de Saúde (SNS) agravou-se para 372 milhões de euros, face à estimativa inicial de 112 milhões, segundo dados da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) hoje divulgados.
De acordo com o documento publicado no site da ACSS, que apresenta os principais resultados da Conta final do Serviço Nacional de Saúde de 2015, “o SNS apresenta em Dezembro de 2015, de acordo com a metodologia das contas nacionais , um saldo de -371,8 ME que compara com um saldo de -248,9 M€ registado em igual período do ano anterior”.
De acordo com a ACSS, a receita até dezembro foi de 8.653,5ME, “com um incremento face ao ano anterior de 30,4 ME (+0,4%), suportado, essencialmente, pelo crescimento das transferências da Administração Central, que constituem 91% do financiamento do Serviço Nacional de Saúde”.
“Destacam-se os aumentos das rubricas de receita própria do SNS relativos a receitas dos jogos sociais e taxas moderadoras, bem como as provenientes do Acordo com a APIFARMA”, refere a ACSS.
A despesa até dezembro totaliza 9.025,3 milhões de euros e regista, face a igual período do ano anterior, um aumento de 153,3 M € (+1,7%), sobretudo por causa da aquisições de produtos farmacêuticos (medicamentos), produtos vendidos em farmácias, meios complementares de diagnóstico e terapêutica, parcerias público-privadas e despesas de capital.
As despesas com Pessoal (que representam 38% da despesa do SNS) registam um ligeiro aumento de 2,4 milhões de euros (+0,1%) face ao período homólogo, apesar da reposição de 20% dos cortes nos salários no ano de 2015.
“No que respeita às aquisições de produtos farmacêuticos e material de consumo clínico (compras de inventários), o crescimento de cerca de 186 M€ (+12,5 %) resulta maioritariamente da introdução de novos medicamentos para Hepatite C, que não estavam previstos inicialmente em sede de orçamento, nem no ano anterior”, explica a ACSS.
Relativamente aos fornecimento e serviços externos, os encargos com os Hospitais em Parceria Público-Privado (PPP) ficaram em dezembro nos 448,7 milhões de euros, um aumento de 19,2 milhões (+4,5%), os produtos vendidos em farmácias (representam 14% da despesa do SNS) registaram um aumento de 14,4 milhões (+1,2%).
Já os meios complementares de diagnóstico e terapêutica e outros subcontratos registaram, face ao período homólogo, um aumento da despesa de 41,6 M€ (+3,7%), “que se deve essencialmente aos Meios de Diagnóstico (análises, radiologia e gastroenterologia), ao SIGIC (programa combate às listas de espera da atividade cirúrgica), aos internamentos (Rede Nacional de Cuidados Continuados) e a outros acordos”, refere ainda ACSS.

24.sapo.pt
27
Set16

O fascismo salazarista nas curvas da guerra

António Garrochinho



Nos anos 20 em toda a Europa vivia-se um período de grande crise social e política. Os grupos sociais e financeiros dominantes queriam reconstituir e reforçar o seu poder, abalado com a 1.ª Grande Guerra (1914-18). As camadas populares, com os trabalhadores na primeira linha, procuravam o reconhecimento dos seus direitos sociais e económicos, com um ânimo em grande parte estimulado pelo avanço desses direitos na Rússia, com a revolução soviética de 1917. E o anticomunismo foi a bandeira que as forças políticas mais reaccionárias ergueram para fundamento da sua expressão mais agressiva que então começava crescendo no mundo: o nazi-fascismo.

A maré reaccionária que alastrava na Europa chegou a Portugal em 1926, pela mão da ditadura militar implantada pelo golpe de Estado de 28 de Maio. E a ditadura militar encontrou em Salazar a pessoa que se tornou a face visível, o orientador e o organizador do novo regime de opressão, repressão e exploração - a que chamaram «Estado Novo».

Salazar apoia as ambições do nazismo hitleriano

No período que antecede a guerra, a posição do fascismo português é de claro apoio perante as ambições territoriais e revanchistas de Hitler e de aplauso e incentivação a todas as cedências da Inglaterra e da França. Toda a acção de Salazar vai no sentido de apoiar as negociações entre as potências ocidentais e Hitler, de forma a que cedam perante as suas reivindicações, e de contrariar todo e qualquer acordo entre elas e a URSS no sentido de travar o nazismo.
No mesmo dia em que Hitler anexava a Áustria (11 de Março de 1938) perante o silêncio cúmplice da França e da Inglaterra, Salazar proferia aos «legionários» um violento discurso anticomunista e anti-soviético. Dias depois, perante a fina-flor dos dirigentes da União Nacional, não disfarçava o seu contentamento pelo «espírito de colaboração» nas relações internacionais fora das «simpatias dos governantes pelos sistemas políticos», isto é, por terem aceite passivamente a acção nazi contra a Áustria.
Para Salazar, a anexação da Checoslováquia «foi apenas um episódio ou incidente». E expressava mais uma vezo seu apoio às ambições de Hitler: «É insensato supor que a Alemanha poderia indefinidamente resignar-se a viver numa espécie de menoridade que violentava a consciência nacional», aplaudindo uma Alemanha que «criou um imenso poderio militar que em plena paz lhe permitiu alargar as fronteiras do Império.»
Salazar não escondeu também o seu regozijo pelo novo rumo das relações internacionais a seguir ao vergonhoso Pacto de Munique, em que Chamberlain e Daladier entregaram a Hitler a Checoslováquia. Não esquecendo na ocasião de fazer rasgado elogio ao seu guia e mestre Mussolini, exaltando entusiasmado a «indiscutível glória de Chamberlain, a quem o chefe do governo italiano deve ter dado a colaboração decisiva do seu génio político». O ditador fascista não disfarçava o seu entusiasmo ao apontar quem, segundo ele, considera ter sido derrotado em Munique: «E até a Rússia soviética, aliás directamente interessada na contenda, teve de ser afastada como indesejável para ser possível alcançar a paz. Grande derrota e para muitos duríssima lição.»
A Europa caminhava a passos velozes para a guerra. A Inglaterra e a França, ajudadas pela teimosia dos coronéis polacos, também amigos de Hitler, não se decidem a um acordo político-militar a sério com a URSS, capaz de travar Hitler.
Mas a Inglaterra e a França gozaram por pouco tempo a ilusão de terem empurrado a Alemanha nazi contra a URSS. Aperceber-se-ão rapidamente que os planos de Hitler eram mais vastos.

O fascismo português antes da guerra


Em 1 de Setembro de 1939, quando a Alemanha invade a Polónia sem lhe declarar guerra, o governo português publica uma nota oficiosa de autoria de Salazar em que «prevê» as mais graves consequências «pelo facto de irem defrontar-se na luta algumas das maiores nações do nosso continente, nações amigas» e define a posição portuguesa como de neutralidade. Trata-se, no fundo, do que melhor serve, naquele momento, os interesses da Alemanha nazi e da Inglaterra. É o próprio Salazar que o diz (9 de Outubro): «A Alemanha fez--nos saber que está na disposição de respeitar a integridade de Portugal e das suas possessões ultramarinas em caso de neutralidade, a Inglaterra nada pedirá em nome da Aliança que nos obrigasse a entrar no conflito.»
Mas Salazar vai avisando que em qualquer momento pode mudar de posição, iniciando o longo ziguezaguear até vislumbrar um vencedor.
Para o fascismo português, uma guerra entre os dois dos seus mais importantes aliados (Inglaterra e Alemanha) era um quebra-cabeças. À Inglaterra, grande potência marítima, colonial, imperialista, ligava o fascismo a sobrevivência do império colonial. Na Alemanha atraiam-lhe as afinidades ideológicas e a ideia da aliança com a grande potência «do futuro», como dizia Salazar.

A falsa neutralidade de Salazar


Enquanto proclamava em 1939 a neutralidade e reafirmava a aliança com a Inglaterra, o fascismo português colaborava intensamente com a guerra desencadeada pelos nazis. Tratava-se da continuação lógica de relações que vinham de trás e que se tinham consolidado na ajuda a Franco.
À Alemanha nazi não interessava a participação do pequeno e mal preparado exército português. O que lhe interessava era o enorme auxílio em minérios para a indústria de guerra (volfrâmio, estanho, cobre, etc.), em munições e explosivos, em abastecimentos de géneros alimentícios (sardinhas de conserva, peixe fresco, cereais, óleos, etc.) e malhas destinadas às tropas da frente soviética, botas militares, correias de transmissão, capacetes, etc, que, a coberto da «neutralidade», o governo fascista de Salazar fornecia à máquina de guerra hitieriana. Numerosos telegramas entre a embaixada alemã em Lisboa e o governo nazi em Berlim demonstram de forma irrefutável que a Alemanha era de facto privilegiada com acordos secretos mesmo quando a sorte de guerra passou a inclinar-se para os aliados e demonstram que o governo de Salazar cobria totalmente as ilegalidades cometidas por alemães no «mercado negro», mas agia imediatamente perante as queixas alemães sobre «compras ilegais» dos aliados.
Um dos aspectos mais importantes do apoio de Salazar ao exército nazi foi a exportação de grande parte dos poucos géneros com que o povo português podia contar para a sua alimentação. Os géneros alimentícios saíam diariamente de Portugal por Vilar Formoso, Marvão, etc., para Espanha ou Suíça de onde seguiam para a Alemanha.
A «neutralidade» do Portugal de Salazar e da Espanha de Franco foi, de facto, uma cunha aberta no bloqueio à Alemanha, para fornecimento de alimentos e matérias-primas importadas em muitos casos dos próprios países em guerra com a Alemanha.
Nos primeiros anos de guerra o «jogo» vai ser fácil para Salazar. Hitler parece imparável.
Em Junho de 1940, Hitler já está em Paris. Os seus exércitos avançam em todo o lado. Salazar aguarda. Remodela o governo, autonomeia-se também ministro da Guerra, faz discursos a militares, ao funcionalismo.
A Inglaterra, entretanto, procura não perder o «velho» aliado, que sabe que tem o coração com Hitler. Em 19 de Abril de 1941 conferem a Salazar o título de doutor honoris causa pela Universidade de Oxford...

A Quinta Coluna nazi em Portugal


Portugal sob regime fascista foi, antes de mais, um centro de espionagem de primeiro plano que protegeu e serviu de base à actividade de milhares de espiões nazis. Milhares de alemães, disfarçados de comerciantes, turistas, etc., dedicavam-se, com o apoio das polícias de Salazar, à espionagem. De Lisboa partiam informações para afundamento de barcos aliados (e neutrais) que saíam dos portos portugueses. Altos funcionários portugueses eram autênticos espiões ao serviço de Hitler, fornecendo informações à Embaixada alemã. Portugal converteu-se numa base de conspiração diplomática hitleriana. O governo de Salazar tornou-se uma peça
da máquina hitieriana para as suas campanhas anticomunistas e anti-soviéticas e para as suas manobras tendentes a dividir os aliados. O próprio irmão do rei de Inglaterra veio a Portugal, depois da invasão da URSS, para tentar negociar com os alemães uma «paz separada».
A Legião Portuguesa era a tropa de choque dos quinta-colunistas nazis em Portugal.
Os afundamentos de barcos mercantes portugueses pelos submarinos alemães eram recebidos com indiferença pelo governo. Os jornais fascistas e, em especial, o jornal oficioso Diário da Manhã, a Emissora Nacional, os discursos de fascistas responsáveis, enalteciam os «feitos de armas» hitierianos.
Os quinta-colunistas portugueses praticavam também a repressão contra refugiados antifascistas alemães. Segundo o presidente do Comité Internacional de Auxílio aos Refugiados, em declaração lida em 1-11-1941 nos EUA, «vários refugiados alemães antifascistas têm desaparecido de Portugal, por terem sido entregues pela PIDE à Gestapo, que os tem assassinado ou enviado para campos de concentração». E Salazar deu aos cônsules portugueses na Europa ordens no sentido de proibir dar vistos a passaportes de israelitas de qualquer nacionalidade; ordens que o cônsul em Bordéus, Aristides de Sousa Mendes, não cumpriu, salvando assim muitas vidas contra a vontade do governo salazarista.

«A voz do Fuhrer»

A propaganda nazi em Portugal foi intensa. Era feita através do sistema propagandístico de Salazar e pelos próprios alemães. A imprensa portuguesa alinhava pela bitola nazi. O tema mais glosado era o antibolchevismo do regime de Hitler.
Os jornais portugueses publicavam integralmente as «Proclamações» do Führer e circulavam livremente livros «clandestinos» dos serviços de propaganda nazi.
A rádio foi, no entanto, a principal força dos serviços de propaganda nazi.
Um relatório alemão de 29-5-1941 refere que «a embaixada chegou a acordo com a mais forte rádio particular portuguesa, o Rádio Clube Português (dirigida pelo fascista Botelho Moniz), segundo o qual esse posto pede aos ouvintes que escutem, às 21,30 h, a emissão alemã em língua portuguesa. Esta decisão causou sensação e representa uma excelente propaganda para a rádio alemã», sublinhava o telegrama do embaixador.
Mas a mais descarada posição pró-nazi das emissoras portuguesas foi dada pela Rádio Renascença. Em 1-3-1941, um «Relatório sobre propaganda em Portugal» referia que «a influência já exercida sobre a Rádio Renascença, será acelerada pela Embaixada alemã em Portugal».
Quase dois meses depois numa acta de uma reunião em Berlim sobre as emissões para Portugal referia-se: «o Sr. Volker informou que se conseguiu alugar a Rádio Renascença de modo a ficarem todas as emissões à nossa completa disposição. A direcção está nas mãos do Sr. Roth.»
Esta acção de intoxicação pró-nazi utilizava também palestrantes portugueses, nas várias emissoras: Costa Leite Lumbralles, João Ameal, Luís Supico, Domingos Mascarenhas, que difundiam os princípios do nacional-socialismo hitieriano e procurava enfraquecer o espírito antifascista e a luta do povo português.
O ascenso da luta popular antifascista em Portugal durante a Segunda Guerra, com a acção fundamental do PCP, provou que o nazismo não conseguiu o mínimo apoio da parte do povo português.

A agressão à URSS
e as reacções dos salazaristas


Em Junho de 1941 a Alemanha invade a URSS. Salazar e os fascistas portugueses rejubilam e manifestam abertamente a sua alegria.
Em 10 de Julho de 1941, a Legião Portuguesa, cujo presidente da Junta Central era o ministro das Finanças Costa Leite Lumbrales, declarava em ordem do dia: «A grandeza das forças que hoje enfrentam o comunismo russo não carece de colaboração nossa na frente da batalha, mas devemos considerar-nos mobilizados e prontos a travar combate, logo que seja necessário, neste extremo ocidental da Europa.»
Mas quando a Inglaterra e a URSS estabelecem acordos de cooperação e quando soviéticos, americanos e ingleses assinam em Moscovo acordos de fornecimentos militares, para Salazar, campeão do anticomunismo, é de mais!
Salazar levanta a voz «contra os perigos de tal cooperação» referindo «a inegável perturbação dos espíritos causada pela aliança anglo-russa e a dolorosa inquietação que se pressente por toda a parte em virtude da solidariedade emprestada pelas democracias inglesa e americana ao governo soviético».
Para o fascismo português o momento é de hesitação. As dúvidas quanto ao futuro são grandes. Mas Salazar não desiste de pensar na vitória do aliado ideológico. Salazar adverte do perigo, tem a percepção do significado das derrotas nazis na URSS e da entrada dos EUA na guerra, com todo o seu potencial económico, e das possíveis consequências dos crescentes entendimentos entre os anglo-americanos e a URSS. Ele teme as consequências de uma vitória democrática.
Salazar reconhece, num discurso de 25 de Junho de 1942, que «há muitos interessados em fazer da eventual vitória inglesa uma vitória ideológica». Ele sabe que uma derrota de Hitler representa um grave perigo para a sobrevivência do regime.
Como contrapartida a esse aspecto na evolução da guerra, que acentuou o caracter ideológico da guerra e continha fortes factores potencialmente revolucionários, Salazar reforça a propaganda fascista. A Emissora Nacional inicia a «Campanha anticomunista», dirigida por Costa Leite Llumbralles.

As derrotas nazis na Frente Leste
e a viragem na guerra


Em 1943, as derrotas nazis começam a avolumar-se. Os aliados ocidentais retardam a abertura da 2.ª frente, deixando que os nazis concentrem toda a sua força militar contra os soviéticos, que continuam a arrostar com o grosso do potencial militar nazi. Mas os soviéticos resistem heroicamente em Moscovo, Leninegrado e Stalinegrado, detendo a ofensiva da Wermacht e demonstrando que os exércitos nazis não eram invencíveis. E depois da derrota alemã em Stalinegrado, onde é vencido e aprisionado um dos mais poderosos exércitos hitlerianos, regista-se uma viragem na guerra.
Prosseguem as ofensivas soviéticas em todas as frentes. A 10 de Julho os anglo-americanos desembarcam na Sicília. Mussolini cai. Importantes cidades alemãs, Hamburgo, Berlim, são duramente bombardeadas. As resistências nacionais antinazis ganham força.
E quando as sortes da guerra começam a inclinar-se em sentido antinazi, o governo salazarista sente a necessidade de exibir medidas militares e reforça o seu potencial militar e repressivo.
Em 1 de Agosto, há uma parada militar em Lisboa e, numa nota oficiosa de 2 de Setembro de 1943, o governo vem justificar «as recentes aquisições e recepção de material de guerra em quantidades apreciáveis».
Para que são as armas? Diz o governo: «Tanto podem ter de servir contra inimigos externos como contra os veículos internos de desagregação nacional.»

O PCP alerta para a viragem de campo
do fascismo salazarista


O PCP denunciou imediatamente o ensaio de «reviravolta».
De facto, o discurso de Salazar de Abril de 1943 foi considerado pelo Avante! logo a seguir, em Maio, como «a reviravolta» de Salazar. E no Avante! n.º 34, de Junho de 1943, podia ler-se: «Sim, é possível uma "reviravolta" de Salazar para o lado de Inglaterra mas apenas para tentar fazer sobreviver o domínio fascista de Salazar, mesmo no caso de derrota hitieriana».

As angústias salazaristas de 43/44


Em Outubro de 1943, Salazar cede aos ingleses «facilidades nos Açores em troca de auxílio militar britânico» para o Exército português.
As derrotas nazis sucediam-se, e a Itália assinava o armistício com os anglo-americanos e declarava a guerra à Alemanha.
Em 14-30 de Outubro de 1943, realiza-se em Moscovo a Conferência Tripartida anglo-americano-soviética. Em fins de Novembro realiza-se a Conferência dos Três Grandes em Teerão. As tropas soviéticas avançavam, o desembarque anglo-americano no ocidente era marcado para Maio-Junho de 1944. A sorte de Hitler estava ditada.
É neste quadro em movimento e anunciador de alterações que o fascismo salazarista é obrigado a procurar novos apoios. O coração balançava-lhes para o lado de Hitler. Mas desse lado já não podiam esperar os necessários suportes.
O que preocupava Salazar era a sobrevivência do regime. Ele sabia desde 1939 que o regime estaria em perigo entrando na guerra. Mas agora também o está, não entrando.
Salazar começa a pensar no pós-guerra e nas formas de se salvar. «Espera-se uma nova ordem, dependendo precisamente do desfecho da guerra saber-se quem a definirá» dizia ele em 27 de Abril de 1943.
O ano de 1943 é sem dúvida de grande preocupação quanto ao desfecho da guerra. O primeiro semestre deve ter sido negro para o ditador pelos constantes desastres dos amigos com as derrotas em Stalinegrado e em Itália. O segundo semestre marcará o início das grandes opções, certamente dolorosas para Salazar, mas necessárias para salvar o regime.
O fascismo português na aproximação agora mais nítida à Inglaterra e aos EUA procura justificar as anteriores relações económicas e de fornecimentos militares com Hitler dizendo que «tem procurado «comerciar com uns e com outros».
Salazar não se poupa a esforços para convencer agora os americanos da sua sinceridade na dinamização da aliança, sobretudo porque ele sabe que as posições do seu governo foram entendidas no passado como coniventes com Hitler.
Até à última hora, Salazar permaneceu de coração ao lado da Alemanha hitleriana. E, pela morte de Hitler, prestou-lhe a última homenagem decretando luto nacional. Os acontecimentos foram, porém, mais fortes que os desejos de Salazar.
Em 25 de Maio de 1944 Salazar reconhece pela primeira vez de forma explícita, num discurso público, «a hipótese da guerra terminar por inequívoca derrota alemã» e já só pensa na salvação do regime no pós-guerra.
Salazar sabe (e di-lo) que a Inglaterra e os EUA são as potências que virão a ter grande papel no pós-guerra, prevê o seu confronto com a URSS e prepara-se para tomar posições no que viria a chamar-se guerra fria, onde espera que o seu anticomunismo assegure a sobrevivência do seu regime fascista.
Como de facto aconteceu. 



Aurélio Santos
www.avante.pt

27
Set16

A Casa das Miçangas

António Garrochinho


Quem passar pela paisagem cinza da cidade de Detroit (Michigan, EUA) e se deparar com o complexo espelhado e colorido do MBAD African Bead Museum pode ter uma experiência reveladora. Ali, algo em torno de mil metros quadrados de área são o palco da expressão artística e dos sonhos de um homem chamado Olayme Dabls. Um cara que, ao invés de ficar reclamando que sua cidade era suja e feia, resolveu pôr as mãos à obra e tentar mudar alguma coisa.
Artista plástico mais do que completo, como vocês verão nesta matéria, Dabls começou a colecionar miçangas em 1980, após profunda pesquisa sobre o significado iconográfico destas pedrinhas na cultura africana.
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Em 1985, parte da ideia de expor uma variedade de miçangas ao público norte-americano mais como uma valiosa expressão cultural em termos étnicos, históricos e até mágicos do que um simples artefato, e funda o MBAD.
MBAD está localizado na parte oeste de Detroit, e possui um acervo incrível de arte africana que inclui escultura, tecidos e poesia, além da infindável quantidade de miçangas feitas a partir devidro, pedra, osso, madeira e chevron - as verdadeiras pedras preciosas de seu proprietário.
Mas sua graça não está nem nisso. É que, além de comportar obras de arte dentro, o edifício em si já é uma instalação artística - meticulosamente ornamentada por pedaços de espelho, ferro oxidado, madeira, pregos, e muitas miçangas. Dizem que o MBAD muda de cor, brilha e escurece conforme o clima de Detroit. As contas e espelhos da fachada refletem a luz dos dias, o breu da noite, a chuva e a neve quando chega, tornando cada vez que se observa a casa, única.
Ambos os materiais responsáveis por esse visual têm significados marcantes na cultura africana. Enquanto o espelho é visto como um receptáculo de energias e permite que o homem veja o que há por trás dele, as contas e miçangas são utilizadas para proteger crianças ou como amuletos de alguns grupos: "As chevron são as mais notórias do Continente, em alguns países apenas reis e nobres podem usá-las" - explica Dabls neste vídeo.
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Sem verba suficiente para tornar este museu uma instituição pública de funcionamento diário, Dablsteve de mexer seus pauzinhos novamente em 2010 para ampliar sua visibilidade.
Com o auxílio de amigos - tais quais Efe Bes, um artista bem doido que faz o "som ambiente" do museu em uma salinha adjacente tocando percussão - e uma turma de alunos de Arquitetura da Universidade de Michigan, Dabls dá início ao processo que a mídia de Detroit apelidou de "embelezamento" da área do MBAD. Com pouca grana, na cara e na coragem o resultado foi esse que vocês estão vendo.
IRON TEACHING ROCKS HOW TO RUST
Em suma, conforme vi numa matéria da HOUR DETROIT, a reforma estética do MBAD teve 5 frentes: nova fachada externa, o plantio de uma horta atrás da casa, a ocupação de um depósito abandonado, a pintura de um grande muro com frases escritas em diferentes línguas nativas africanas e culmina com a instalação externa Iron teaching Rocks How to Rust (em português livre "O ferro ensinando as pedras a enferrujar") - que é um exemplo físico para os argumentos de Dabls em sua trajetória.
Iron teaching rocks... simula uma sala de aula com pedras "sentadas" nas carteiras, supostamente, a ouvir uma aula ministrada por uma escultura de ferro enferrujado. Ao redor, um carro grafitado simboliza o transporte dos alunos até a escola e duas estruturas fazem as vezes de "diretoria" do colégio. Explica Dabls que, nesta metáfora, o ferro tenta ensinar as pedras a serem ferro (algo que elas não podem ser) e, só quando as pedras protestam, adquirem liberdade para serem o que realmente são, crescerem e triunfarem.
Esta metáfora de professor/aluno estaria atrelada aos processos da colonização européia na África e ao resgate da identidade cultural de um povo cujos ensinamentos riquíssimos ficaram à margem por muito tempo e, em muitos lugares do mundo, ainda passam batido. Não se esquece também de que o ferro é um derivado da pedra - e essa inversão de papéis tão característica do nosso tempo só vem à tona quando escancarada mesmo... Isso, quem me ensinou foi o Olayme Dabls.
www.ideafixa.com
27
Set16

UMA ARTE DA ESSÊNCIA OCULTA

António Garrochinho
Por Ola Balogun

Tradução Marco Aurélio Luz

Pesquisa de imagens e epígrafes Marco Aurélio Luz

 
"O escultor africano interpreta uma visão coletiva do mundo"
(Ola Balogun)

As formas da arte africana não se caracterizam de nenhum modo por uma unidade de estilos, e seria um erro pensar que todas elas têm um alcance e uma orientação idênticas. Toda cultura é resultado de múltiplas correntes, por vezes inclusive aparentemente contraditórias, e a arte africana não é uma exceção à regra.
Então, embora não exista uma única forma de arte que se possa definir como estritamente africana,todavia existe sim, em troca um amplo conjunto de estilos e de formas que constituem a arte africana.


Painel com diversos estilos de esculturas


Por seu ambiente e por sua motivação, esta arte não se parece com nenhuma outra. As formas de arte africanas, raramente tem por finalidade tão somente divertir. Embora às vezes apresentem uma parte de diversão não é esse seu aspecto mais importante. Nas cerimônias que se utilizam de “máscaras” o essencial é o caráter ritual da representação. Isto não impede que a própria dança, ou às vezes a perseguição simulada dos espectadores por entidades ou personagens “mascarados”, introduzam um elemento recreativo. Todavia a prática da dança não se limita a esse fim de pura diversão a não ser quando surge em certas festas ou celebrações.

Comparando, os elementos dramáticos das cerimônias rituais nunca se apresentam independentemente do contexto do qual fazem parte e cujo objetivo principal não consiste certamente em divertir.
A única exceção notável desta regra talvez se refira à arte dos narradores e dos cantores ambulantes que buscam manifestamente o objetivo de distrair o público em troca de uma remuneração. Mas, inclusive nesse caso longe de serem puras distrações, os contos e epopéias procuram tratar, sobretudo de expor princípios morais ou relatar feitos importantes.
As formas de arte mais correntes na África são a escultura (madeira ferro, pedra, bronze, barro cozido etc.), a arquitetura, a música, a dança, os ritos de caráter dramático, a literatura oral, etc. São pois, muito mais diversas e numerosas do que se supõe. São também mais complexas e mais diversificadas do que se desprende dos estudos etnológicos em geral. O exemplo das “máscaras” por um lado, e a dança dos ritos de caráter dramático, por outro, podem ajudar-nos a compreender sua significação.
A escultura (em madeira ou em outros materiais) é um dos pilares da arte africana ao mesmo tempo em que é a que mais foi divulgada no estrangeiro. As esculturas de madeira mais notáveis são as “máscaras” que integram as cerimônias.
Essas esculturas foram objeto de muitas interpretações errôneas, sobretudo porque pretenderam julgá-las aplicando os critérios estéticos da Europa ocidental.
O melhor exemplo desta confusão é de quem afirma que a arte africana é “primitiva”, baseando-se na teoria de que se os escultores africanos são incapazes de fazer uma cópia exata das formas naturais, de acordo ao estilo greco-latino clássico. Daí se deduz um corolário que carece também de todo fundamento, qual seja que em sua evolução a humanidade passou por uma fase de arte “tosca” antes de chegar por fim a perfeição formal da arte greco latina.
Este raciocínio é evidentemente falso. Em primeiro lugar os critérios estéticos não incorporam obrigatoriamente a idéia de imitação das formas naturais. Em segundo lugar,somente uma visão etnocêntrica de mundo permitiria afirmar que a inexistência de uma concepção estética análoga a surgida na Europa ocidental significa uma falta de perfeição formal.

O juízo estético que cabe formular a respeito das “máscaras” deve correr paralelo com uma perfeita compreensão de sua finalidade. Convém então analisar o caráter das cerimônias africanas cujos participantes convivem com as “máscaras” e o clima geral em que se desenrolam.



O Rosto do Divino- Na maioria das culturas africanas a “máscara” não constitui um disfarce, mas sim uma representação do divino. Assim o mito e a “máscara” estão indissoluvelmente unidos. As reproduzidas são da Costa do Marfim./ Foto de Fulvio Roiter in Correio da UNESCO.Essa epígrafe consta no Correio da UNESCO.

Estas cerimônias sagradas, obedecem em geral a um ritual destinado a invocar as
 entidades ou a estabelecer uma comunicação entre elas e a coletividade, e ao mesmo tempo, pretendem recordar à seus membros os vínculos que os unem com as forças não humanas do Universo. Daí que as considerem como a manifestação material de uma força inacessível, como uma encenação temporal de algo que ultrapassa os limites humanos. Todavia, se trata de uma manifestação que exige para se produzir a participação dos humanos. As entidades estão presentes com a participação dos humanos cujos rituais dramáticos, incluem a presença inclusive de “máscaras”. Mas há também situações que o sacerdote deixa de ser humano, para se converter num avatar da divindade ou do ancestral cuja presença se invoca. Deve pois, distinguir-se dos demais seres humanos por um signo ou um conjunto de signos.
Inclusive quando existe uma forma convencional, o que o escultor aspira alcançar é uma essência oculta, e não uma aparência exterior. O estilo do escultor de “máscaras” tem sua origem em uma certa concepção, que lhe vem do sistema de crenças religiosas e do âmbito conceitual em que ele vive e trabalha. No limite muito geral das crenças e convenções da comunidade, há sempre uma ampla margem de liberdade e improvisação. Se a divindade cuja “máscara” invoca  presenças que provoquem espanto, não se exigirá ao artista que copie fielmente as “máscaras” de acordo aquelas em que a divindade já foi representada, mas sim que evoque a idéia de uma presença temível, desde que se mantenha fiel às regras e convenções artísticas locais.
Um dos principais elementos de tal transformação é a “máscara”. Somente nos aprofundando é que poderemos perceber que a função essencial da “máscara” (e do traje ritual em geral), consiste em sugerir e demonstrar a presença do sobrenatural, e pode-se compreender então o marco teórico em que trabalha o escultor. Os artistas da Europa ocidental nos quais sucede a influência da arte africana, não parecem ter percebido nela senão a intenção de representar formas naturais de um modo abstrato, abstração que o cubismo e outros movimentos levaram ao extremo. Portanto, se tratava de um erro de interpretação, que obedecia a um desconhecimento do contexto intelectual próprio do escultor de “máscaras” na África.


Elemento do culto aos ancestrais Fang, que é um povo presente no norte do Gabão, ao sul do Cameroun e na Guiné Equatorial


Em muitos sentidos, as “máscaras” africanas manifestam um perfeito domínio, perfeito amplamente estudado das técnicas da criação. Um dos aspectos mais notáveis desta arte é quem sabe a capacidade de realizar assombrosas simplificações plásticas a partir de formas naturais.
Diante da maioria das “máscaras”, temos a impressão de que o escultor quis ultrapassar a simples aparência exterior das formas naturais para apreender a sua essência e que a partir dessa apreensão se criou novas estruturas. Se tomarmos como exemplo essas obras mestras que são as “máscaras” bambaras conhecidas com o nome de tyiwara, as quais se inspiram na forma e na graça do antílope, observamos que o que fica deste animal, como forma visível, se reduz a uma mera sugestão de seus atributos essenciais: suas linhas lisas e seu aspecto gracioso, a que se somam alguns elementos decorativos. Contemplando uma dessas esculturas, transcendemos a forma exterior para aprofundar no ser do animal mítico, simbolizado, em sua essência, pela forma do antílope.


Tiy-wara, o tema do antílope é característico do povo Bambara que vive no Mali, e também na Guiné, Burkina Faso e Senegal.

http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/sala_de_aula/geografia/geografia_geral/africa/geral_africa_2_cultura_material_e_arte


A simplificação dos motivos naturais percebidos, incita por vezes, o escultor a elaborar uma concepção geométrica do objeto que constitui a fonte de sua inspiração. Em tal caso, os olhos se convertem em círculos ou em quadrados perfeitos, ou simples linhas oblíquas, e essas formas permanecem equilibradas, em intervalos, com outros traços concebidos da mesma forma.
As célebres “máscaras” basongues, originárias da bacia do Congo oferecem um exemplo notável a esse respeito. Não somente se dispõe as feições em torno de um conjunto geométrico constituído por quadrados (que são os olhos), mas, além disso, toda uma série de linhas curvas e em relevo sulca a superfície da máscara e acentuam seu caráter.


Escultura de estilo de povo da bacia do Congo


Este modo de manejar as formas geométricas, leva a introduzir elementos rítmicos no campo da plástica, graças aos efeitos de simetria e de assimetria obtidos mediante a disposição dos diversos elementos. Em muitas “máscaras” congolesas e gabonesas, a repetição de curvas regulares que representam certos traços do rosto como, por exemplo, as sobrancelhas, os olhos e os lábios, criam uma série de ritmos que recordam os ritmos musicais.
Mais surpreendente ainda, é a concepção arquitetônica de muitas “máscaras” esculpidas inclusive quando é concebida para ser levada verticalmente diante do rosto, a “máscara” raramente consiste em uma superfície plana. Na maioria dos casos vai muito mais além de sugerir formas de duas dimensões, da realidade e tentar encaixar num espaço tridimensional.
Pode-se utilizar o espaço de três dimensões plenamente no caso da “máscara” para cabeça, que se leva horizontalmente sobre esta. È o caso da “máscara” bambara (tyi-wara) ou de certas “máscaras” baules, senufos, (Costa do Marfim), e iyos (Nigéria meridional). As primeiras representam espíritos de búfalo, e os demais espíritos da água. Durante a dança o dançarino lhe apresenta aos espectadores (conforme o lugar que ocupam) desde os diversos ângulos, o qual produz em cada posição, um efeito visual
diferente. E, efetivamente, o aspecto da máscara contemplada de frente é totalmente distinto da que se apresentam quando se olha de perfil, e o dançarino ao baixar a cabeça, se observa que também a parte de cima está concebida de um modo distinto. O focinho e os dentes do personagem mítico podem perceber-se como a parte mais importante quando se olha de frente, e as orelhas e os chifres quando é contemplado de perfil. Olhando desde cima, o focinho e os dentes desaparecem do todo e somente são visíveis as formas geométricas construídas em torno dos traços da cara.
As características das formas – A “máscara” de cara e a “máscara” de cabeça – podem estar associadas (as “máscaras” geledes dos yorubas da Nigéria meridional costumam cobrir o rosto e a cabeça). A cara da “máscara” pode representar o rosto humano, embora a cabeça e a coroa representem personagens ou animais esculpidos em relevo e ilustrando diversas atividades: leopardos, guerreiros, cavalos ou soberanos sentados sobre seu trono. Em certas versões recentes aparecem inclusive automóveis e aviões.

Gelede- elemento estético ritual do culto Gelede muito afamado no reino de Ketu, Nigéria. O rosto traz uma coroa adornada com motivo de quatro pássaros aludindo à simbologia das Iya mi as mães ancestrais e aos valores dos princípios de sociabilidade de colaboração e repartição. Acervo e foto M.A.Luz

O escultor africano procura deleitar a vista do espectador sobre tudo com esses acréscimos ornamentais. Os elementos decorativos que utiliza mais comumente consistem em formas geométricas ou em pequenos motivos repetidos num certo número de vezes em temas distintos e novos que venham a somar com a cultura original. Em último caso uma cara humana poderá aparecer coroada, por exemplo, por um pássaro ou por qualquer outro elemento estranho, acrescentado também uma finalidade decorativa.


Acréscimos ornamentais, desenhos geométricos

No campo da plástica é difícil superar a audácia de certas “máscaras” africanas. Em uma “máscara” bachamam (Camerun), que representa em forma muito estilizada um rosto humano, as bochechas são estruturas cônicas salientes cuja parte superior, ligeiramente arredondada, serve de suporte aos olhos, que se situam em um plano horizontal. Debaixo das sobrancelhas as órbitas são transformadas em superfícies verticais alargadas que dominam os olhos como a parte superior de uma concha de ostra em que estão apoiadas.
A influência da arte africana que demarca o aparecimento da “arte moderna” está patente na pintura célebre de Picasso “Les Demoiselles D`Avignon”.


Um tratamento tão audaz das superfícies (o movimento cubista se desenvolveu precisamente através da influência direta desse estilo) seria inimaginável sem uma concepção muito avançada e sem um domínio total dos fatores e plásticos. Em certo sentido, a “máscara” é um instante de eternidade petrificado, mas os movimentos da dança lhe darão nova vida e a submergirão em um ritmo da existência humana.
Por um estranho paradoxo, o artista consegue uma liberdade completa em seu modo de tratar as formas precisamente porque suas próprias preocupações estéticas cedem ao ritmo e a função que desempenha a “máscara”.

Com efeito, a finalidade de seu trabalho consiste freqüentemente em sugerir formas e materiais, e não em copiar diretamente da natureza.

A arte da decoração se manifesta de modo ainda mais evidente em objetos puramente decorativos de uso doméstico. Muitos objetos pequenos do mobiliário têm elementos decorativos, que vão desde formas geométricas até personagens ou outros acréscimos ornamentais, às vezes de tamanho natural.

A arte africana, tanto profana quanto sagrada, dá sempre amostra de um grande refinamento. O escultor sabe imprimir no objeto doméstico, o utensílio de uso cotidiano a mesma nobreza, a mesma graça que se destaca na estátua ritual ou o elemento de relicário. Exemplo disso é essa escultura de estilo luba (sul do Zaire) cujo suporte está formado por um homem e uma mulher que se acariciam com pudor e ternura./foto Willy Kerr Coleção Particular, Bruxelas in Correio da UNESCO
A semelhança das “máscaras”, a maioria dos objetos esculpidos africanos é de madeira. Não se trata de objetos concebidos com finalidades estéticas e para serem apresentados como tais. A maior parte dessas esculturas africanas são objetos mágicos ou representações simbólicas de antepassados ou de entidades e por conseqüência, sua finalidade essencial é representar essa função. O escultor procura antes de tudo  adaptar seu estilo a ela, ajustando-se por sua vez às tradições artísticas que herdou. Assim, quase nunca tentará reproduzir as feições naturais e criar uma obra realista. Daí se deduz que seja raro encontrar estátuas de tamanho natural ou inclusive que respeitem as proporções dos seres vivos reais.
Talismã de fecundidade – um homem e uma mulher sentados apresentam  mutuamente uma menina. Com esta escultura também de arte luba, se procura invocar a força vital que incrementa a família./foto W. Hugentobier, Museu de Etnografia de Neuchatel, Suíça, in Correio da UNESCO.

Precisamente porque o escultor não concebeu sua obra com a única finalidade de criar formas agradáveis à vista, suas esculturas chegam a ser tão impressionantes que podem parecer um paradoxo a um ocidental.
Entre os tipos de esculturas mais conhecidos cabe citar as estatuetas comemorativas dos antepassados e as estatuetas rituais de entidades colocadas em relicários. Essas esculturas antes de tudo são “objetos dotados de um poder”, e sua eficácia no plano religioso depende tanto da destreza do escultor como dos ritos com que estão relacionadas.
Uma obra executada sem destreza, ou que muito se afaste dos cânones estéticos sagrados tradicionais do estilo próprio de uma comunidade ou de um grupo de comunidades em que foi criada, não será admitida.
A escultura, com suas características próprias, está pois estreitamente relacionada com todo o contexto sociocultural. Por essa razão, tentar fomentar a produção comercial de obras de arte desse tipo, pensando que vão poder conservar simplesmente as aparências exteriores que lhes confere seu estilo próprio, seria seguramente um fracasso.
As características estilísticas da escultura sagrada e as soluções técnicas que essas características trazem aos problemas e preocupações puramente artísticos, na verdade são elementos de um amplo conjunto que engloba um sistema religioso que transcende o artista como indivíduo.
Esse tipo de escultura é obra coletiva de toda uma civilização, e o compromisso do artista consiste em servir de intermediário, encarregado de materializar a visão e as crenças coletivas.


Escultura em Marfim do povo do antigo império do Benim. Está no Museu Britânico e foi escolhida como símbolo do II Festival Mundial  de Arte e Culturas Negras e Africanas, realizado em Lagos Nigéria no ano de 1977.

É preciso ter sempre presente que o escultor não se contenta em reproduzir detalhadamente as formas que impõe a tradição a essas estatuetas mas sim que utiliza o modelo tradicionalmente admitido como uma fonte de inspiração a partir da qual pode dar rédeas soltas a sua capacidade criadora. As cópias executadas maquinalmente com fins puramente comercias e para satisfação dos turistas carecem de vida e são estéreis desde o ponto de vista artístico, enquanto que as obras atuais aprofundam suas raízes no respeito às tradições socioculturais continuam tão vigorosas como as obras de arte do passado.  
NOTAS

 1-Ola Balogun cineasta e escritor  da Nigéria, foi especialista da UNESCO em matéria de formação de pessoal cinematográfico. Dirigiu numerosos filmes e também documentários, como Vivir (1975) e Musik Man (1976) dentre muitos outros. Participou do corpo de jurados do Festival do Filme Pan-africano de Cartago (Tunísia). Autor de várias obras de teatro (Xangô. O rei elefante), escreveu para a UNESCO vários estudos sobre cinema, a arte e a cultura da África.

2-Nesta tradução tomamos a liberdade de colocar entre aspas na palavra “máscara”. Essa opção, se deve ao fato de não encontrarmos uma palavra que realmente reflita as características essenciais das esculturas e adornos rituais na bacia semântica dos símbolos na cultura africana.
3-Esse artigo traduzido pelo nosso colaborador Marco Aurélio Luz, pode ser encontrado no Correio da UNESCO (publicação mensal)maio de 1977,ano XXX,ps 12-26.

blogdoacra.blogspot.pt
27
Set16

Algarve posiciona-se como destino de referência para acolher estágios desportivos

António Garrochinho

Marcando presença no maior evento especializado em negócios de futebol do mundo
A oferta de um conjunto diversificado de infraestruturas desportivas de excelência aliada a outros aspetos como o clima, a gastronomia e a segurança, entre outros pontos que caracterizam as mais-valias turísticas da região, fazem do Algarve o destino ideal para o acolhimento de estágios desportivos de diferentes modalidades. Esta é a mensagem que a Associação Turismo do Algarve (ATA), a agência responsável pela promoção externa da região, tem vindo a divulgar durante a sua participação na Soccerex Global Convention.
A decorrer em Manchester, de 26 a 28 de setembro, a Soccerex Global Convention é o maior evento especializado em negócios de futebol do mundo, reunindo, em cada edição, os principais líderes e agentes decisores desta modalidade em torno do debate, do estabelecimento e da definição de parcerias de negócio.
Neste contexto, a ATA decidiu, pela segunda vez, marcar presença nesta convenção, com o objetivo de alavancar o posicionamento do Algarve como destino de referência para receber equipas de todo o mundo. Infraestruturas desportivas, programas diferenciados de treino e de relaxamento são alguns dos temas em destaque no stand da região, onde a ATA está presente em conjunto com alguns dos seus associados.
Contando com a participação de mais de 150 expositores e de cerca de 3.000 delegados, a Soccerex Global Convention é, dada a sua visibilidade e projeção internacionais, uma montra privilegiada para o Algarve divulgar a sua oferta e todas as suas valências junto deste segmento de mercado.

planetalgarve.com


27
Set16

QUARTEIRA - Marina de Vilamoura agora com táxi aquático

António Garrochinho

A Marina de Vilamoura disponibiliza agora um serviço de táxi aquático – V-Water Táxi -, disponível para todos os que usam a marina e as praias de Vilamoura.
Com o objetivo de melhorar a experiência de quem frequenta a marina e vai às praias, o V-Water Táxi foi concebido para permitir um melhor acesso às praias, por exemplo, à Praia da Falésia, onde poderá visitar o imenso areal, restaurantes, snack-bares, pequenos passeios pedestres e, para além disso, irá também ser importante para quem pratica desportos aquáticos. O acesso à receção da Marina de Vilamoura, assim como ao Estaleiro Naval, também irá beneficiar deste serviço.
O V-Water Táxi, pertencente à Just Charters, vai estar disponível todos os dias, de segunda a domingo, em quatro zonas diferentes da Marina de Vilamoura.
Este serviço tem um custo associado de 2€ por pessoa e para as crianças com idade inferior a 3 anos é gratuito.
A diretora da Marina de Vilamoura, Isolete Correia, refere que “o V-Water Táxi vai permitir uma melhor circulação dentro da Marina e no acesso às praias de Vilamoura. Este novo serviço integra-se dentro do plano de reestruturação que a Marina tem vindo a desenvolver com o objetivo de criar as melhores instalações e serviços para todos os que residem e visitam Vilamoura”.





planetalgarve.com
27
Set16

27 de Setembro de 1810: Batalha do Buçaco. Portugueses e ingleses enfrentam as forças de Napoleão.

António Garrochinho


Com a ascensão de Napoleão Bonaparte ao poder, em 1799, Portugal passa a ser visto como território estratégico para os interesses comerciais dos franceses sobre o Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda. Portugal, juntamente com a Espanha (já aliada à França) motivada por interesses que passariam pela repartição do reino português em unidades políticas futuramente sujeitas à dupla governação francesa e espanhola, teria de se juntar ao Bloqueio Continental decretado pela França contra o Reino Unido da Grã-Bretanha. Deveria, para isso, fechar os seus portos à navegação britânica, declarar guerra aos ingleses, sequestrar os seus bens em Portugal e aprisionar todos os ingleses residentes. Ora, foram justamente estas as exigências apresentadas, em Julho de 1807, pelos representantes de França e de Espanha ao príncipe regente de Portugal e que, doravante, viriam a transformar o território português numa peça menor, embora ardilosa, na liça das ambições do imperador francês.

A Batalha do Buçaco (ou Bussaco, de acordo com a grafia de então), integrada na última das três invasões napoleónicas a Portugal (com início em Julho de 1810 e termo em Abril de 1811), foi uma das inúmeras batalhas travadas entre os exércitos francês e anglo-luso, no entanto, os antecedentes relativos à sua preparação, bem como as consequências de um só dia de confronto (27 de Setembro de 1810), elevam-na a um plano operacional de enorme conceito militar, não só pelo que ela representa nos seus termos mais objectivos – derrota das brigadas do comandante supremo Marechal André Masséna -, mas principalmente pelo que ela representou na preparação de um confronto seguinte que decidiria o enfraquecimento definitivo do invasor francês nas Linhas de Torres Vedras. 

A frustração das derrotas da primeira e segunda invasões (entre 1807 e 1809), levou a que Napoleão Bonaparte nomeasse para comandante do novo «Exército de Portugal» o marechal André Masséna, um dos mais reputados marechais franceses. Foi justamente sob as ordens deste marechal, e com o maior exército dos que já tinham invadido Portugal (efectivo total de cerca de 65.050 homens) que se deram os confrontos no Buçaco entre o exército anglo-luso (organizado em Divisões, somava cerca de 61.452 homens) comandado pelo Tenente-General Arthur Wellesley, Visconde de Wellington e futuro duque de Wellington, e os Corpos das brigadas francesas, de entre os quais o 8º corpo militar organizado pelo experiente General Andoche Junot, Duque de Abrantes.

Para avançar sobre Portugal, foi necessário dominar a Praça Forte de Almeida afastando a Divisão Ligeira de Craufurd. O Combate do Côa, a 23 de Julho de 1810, foi o primeiro confronto em território português entre as forças de Wellesley e os franceses, terminando na retirada do Brigadeiro-General Robert Craufurd. A este último, e com o objectivo de chegar o mais rapidamente possível a Lisboa, seguir-se-ia Coimbra com passagem por uma excelente posição defensiva entre Penacova e Luso, isto é, o Buçaco. Ora, Masséna, depois do Cerco de Almeida, retomou a marcha a 15 de Setembro de 1810 rumo à íngreme Serra do Buçaco, com cerca de 15km de comprimento, onde já o aguardava, o General Wellesley. 

Vindos de Mortágua para Coimbra, os franceses avançaram até ao Buçaco e aí se travou a batalha. Um resultado de cerca de 5000 baixas para os invasores e cerca de 1300 baixas para os aliados anglo-lusos, a Batalha do Buçaco passaria a significar um exemplo fulcral de tática defensiva em contexto militar. A retirada das brigadas francesas deixou para trás um campo de batalha devastado. A invasão, prosseguiria em direcção a sul, onde o invasor haveria de encontrar as Linhas (de Torres Vedras) que poriam um travão definitivo ao Marechal Masséna bem como à consistência militar dos exércitos desmoralizados de Napoleão Bonaparte.

wikipedia (Imagens)
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Gravura de Thomas Sutherland 1785-? que representa a Batalha do Buçaco 

Ficheiro:Andre-massena.jpg
O Marechal André Masséna
Ficheiro:Wellington by Daw.jpg
General Sir Arthur Wellesley, Duque de Wellington
27
Set16

27 de Setembro de 1917: Morre o pintor francês Edgar Degas.

António Garrochinho


Pintor francês, nascido a 19 de julho de 1834 e falecido a 27 de setembro em 1917, ligado à geração do Impressionismo, mas que dificilmente pode ser considerado um verdadeiro impressionista. Assimilou a lição das obras dos velhos mestres, nas viagens por Itália, e conservou a admiração por Ingres, no traço e no estilo linear. Degas apreciava tudo o que era fora do comum. Chocava por uma paleta discordante, nos dizeres do público da época, em que era capaz de colocar lado a lado um violeta intenso e um verde ácido. A escolha dos temas era frequentemente pouco convencional. Influenciado pela estética naturalista, retratou a vida parisiense,nos seus vícios, como em O Absinto (1876-77), e costumes. A frequência da vida noturna de Paris, e principalmente da Ópera, levou-o a multiplicar os ângulos de visão e os enquadramentos insólitos, que mais tardeo cinema e a fotografia iriam banalizar. Em A Bailarina (1876), Degas exprime a beleza fugidia da dança, e neste aspeto pode considerar-se que está a ser "impressionista". Embora a bailarina se encontre completamente à direita, a composição é assimetricamente equilibrada pela mancha escura do que será o chefe do corpo de baile.

Tradicionalmente, a arte ocidental respeita a unidade de composição. As formas surgem ligadas a outras formas,criando um movimento ou um conjunto de linhas no espaço. A arte oriental, pelo contrário, baseia essa relação no acentuar de certos grafismos ou cores e levando em linha de conta o espaço "entre", o vazio. Degas não deixou de tomar conhecimento da exposição de gravuras japonesas realizada em Paris em 1860, assimilando o delicado traço das composições. Os objetos deixam de ser olhados como objetos em si, a retratar fielmente, mas são representados pelas qualidades pictóricas que podem emprestar ao conjunto do quadro. Nas numerosas versões de Depois do Banho, é desenvolvido o tema de mulheres fazendo a toilette. O pintor experimenta vários processos técnicos: a aguarela, o pastel, a água-forte, a litografia, o monotipo. Nos últimos anos, devido às dificuldades de visão, trabalhou quase exclusivamente com cera, pastel e barro. A sua paleta ganhou mais força e luminosidade, enquanto as formas se simplificaram.


Edgar Degas. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2012.
wikipedia (Imagens)



Arquivo: Degas, Edgar, par Carjat, álbum Manet, BNF Gallica.jpg
Edgar Degas (1860)
Arquivo: Edgar Degas auto-retrato 1855.jpeg
Auto retrato - Edgar Degas

Arquivo: Hilaire Germain Edgar Degas 021.jpg
A Aula de Dança - Edgar Degas
Ficheiro:Edgar Degas Place de la Concorde.jpg
Place de la Concorde - Edgar Degas





O Absinto - Edgar Degas



VÍDEO


27
Set16

27 de Setembro de 1915: Morre Ramalho Ortigão, escritor e jornalista português, um dos principais nomes da geração de 70, autor de "As Farpas" e de "O Mistério da Estrada de Sintra", com Eça de Queiroz.

António Garrochinho

Homem de letras português, um dos vultos mais destacados da Geração de 70, José Duarte Ramalho Ortigão nasceu a 24 de Outubro de 1836, no Porto , e morreu a 27 de Setembro de 1915, em Lisboa . Oriundo de uma família abastada da burguesia portuense e filho de um combatente pela causa liberal, Ramalho conviveu durante a infância com o ambiente rural da casa da avó materna, tendo sido criado, como confessa, "como um pequeno saloio". Na adolescência, enquanto convalescia de uma febre, tomou contacto com as Viagens na minha Terra , obra que o impressionou tanto que foi a partir da sua leitura que compreendeu que "tinha de ser fatalmente um escritor". Frequentou o curso de Direito na Universidade de Coimbra e, aos dezanove anos, começou a leccionar francês no Colégio da Lapa, dirigido pelo seu pai, onde teve como aluno Eça de Queirós, futuro amigo e companheiro de lides literárias. Durante a década de 60, colaborou em vários periódicos, como a Gazeta Literária do Porto , a Revista Contemporânea e o Jornal do Porto , de que foi redactor. Foi precisamente neste último que, em 1866, publicou o folheto Literatura de Hoje , com que intervém na Questão Coimbrã . Ramalho, que, quatro anos antes, a propósito da polémica suscitada pela Conversação Preambular de Castilho inserta no poema D. Jaime , de Tomás Ribeiro, se manifestara contra o chamado "Grupo do Elogio Mútuo", não deixa aqui de ser crítico para com o autor das Cartas de Eco a Narciso , mas acusa Antero e Teófilo de desrespeitarem o velho escritor. Como consequência, Antero desafiou e venceu Ramalho em duelo, datando curiosamente desse episódio o início da amizade entre os dois escritores e a aproximação gradual de Ramalho a esse grupo de novos intelectuais, que se traduziria na frequência do Cenáculo e na adesão às correntes ideológicas que marcaram essa geração, como o positivismo de Comte e o socialismo utópico de Proudhon. Depois de uma viagem a Paris, por ocasião da Exposição Universal de 1867, Ramalho publicou, no ano seguinte, as suas primeiras notas de viagem, Em Paris . Ainda no mesmo ano, mudou-se para Lisboa, onde assumiu o lugar de oficial de secretaria da Academia das Ciências e reencontrou o seu amigo Eça, já formado em Direito pela Universidade de Coimbra. Em 1870, publicaram ambos O Mistério da Estrada de Sintra . Em 1871, não participando directamente nas Conferências do Casino Lisbonense , iniciou com Eça um novo projecto, que pretendia retomar a intenção crítica e de reforma social que norteou as Conferências: As Farpas . O início da redacção de As Farpas é, aliás, tido pelos críticos (entre os quais o próprio Eça, numa carta publicada na revista portuense A Renascença ) como um marco de transição na escrita de Ramalho, que teria passado de "folhetinista diletante" a "panfletário ilustre". Após a partida de Eça para Cuba, como cônsul, em 1872, Ramalho tomou nas mãos a redacção desses folhetins satíricos, cuja publicação até 1888 entremeou com a edição de livros de viagens: Pela Terra Alheia (1878-1880), A Holanda (1883), John Bull (1887) e, inspirados pelas viagens em Portugal, Banhos de Caldas e Águas Minerais (1875) e As Praias de Portugal (1876). Em todas estas obras, embora as imagens da França e da Inglaterra e os progressos das suas civilizações sejam contrapostos à decadência portuguesa, manifesta-se um apego à tradição nacional e a crença na possibilidade de regeneração. A partir de 1888, Ramalho começou a fazer parte das reuniões do grupo dos Vencidos da Vida. Em 1895, tornou-se bibliotecário do Palácio da Ajuda. Nos textos escritos perto do fim da vida e já depois de instaurada a República, que serão postumamente reunidos no volume Últimas Farpas , Ramalho manifestou a sua descrença no novo regime político. 
Dotado de um espírito cosmopolita, dândi, mundano, e simultaneamente, arreigado às tradições nacionais, Ramalho procurou sinceramente educar e civilizar a sociedade do seu tempo. A variedade dos seus escritos, o diletantismo do seu discurso, a leveza e propriedade do seu estilo, oscilando entre as notações estéticas, as digressões líricas, os apontamentos humorísticos espelham a fidelidade ao preceito de escrita e de vida enunciado na sua "Autobiografia" (in Costumes e Perfis ): "Maçar o menos possível que seja o meu semelhante, procurando tornar para os que me cercam a existência mais doce, o mundo mais alegre, a sociedade mais justa, tem sido a regra de toda a minha vida particular. O acaso fez de mim um crítico. Foi um desvio de inclinação a que me conservei fiel. O meu fundo é de poeta lírico."

Fontes: Ramalho Ortigão . In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013.
wikipedia (Imagens) 


Ramalho Ortigão
Excerto de "As Farpas"





"Aproxima-te um pouco de nós, e vê. O país perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada, os carácteres corrompidos. A práctica da vida tem por única direcção a conveniência. Não há pprincipio que não seja desmentido. Não há instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Ninguém crê na honestidade dos homens públicos. Alguns agiotas felizes exploram. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente. O desprezo pelas ideias em cada dia. Vivemos todos ao acaso. Perfeita, absoluta indiferença de cima abaixo! Toda a vida espiritual, intelectual, parada. O tédio invadiu todas as almas. A mocidade arrasta-se envelhecida das mesas das secretárias para as mesas dos cafés. A ruína económica cresce, cresce, cresce. As quebras sucedem-se. O pequeno comércio definha. A indústria enfraquece. A sorte dos operários é lamentável. O salário diminui. A renda também diminui. O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo. Neste salve-se quem puder a burguesia proprietária de casas explora o aluguer. A agiotagem explora o lucro. A ignorância pesa sobre o povo como uma fatalidade. O número das escolas só por si é dramático. O professor é um empregado de eleições. A população dos campos, vivendo em casebres ignóbeis, sustentando-se de sardinhas e de vinho, trabalhando para o imposto por meio de uma agricultura decadente, puxa uma vida miserável, sacudida pela penhora; a população ignorante, entorpecida, de toda a vitalidade humana conserva unicamente um egoísmo feroz e uma devoção automática. No entanto a intriga política alastra-se. O país vive numa sonolência enfastiada. Apenas a devoção insciente perturba o silêncio da opinião com padre-nossos maquinais. Não é uma existência, é uma expiação. A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências. Diz-se por toda a parte: o país está perdido! Ninguém se ilude. Diz-se nos conselhos de ministros e nas estalagens. E que se faz? Atesta-se, conversando e jogando o voltarete que de norte a sul, no Estado, na economia, no moral, o país está desorganizado-e pede-se conhaque!"



in Farpas, por Eça de Queiroz e Ramalho Ortigão, com publicação em Junho de 1871


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estoriasdahistoria12.blogspot.pt
27
Set16

A polícia de Houston, no Texas, está a investigar os motivos que levaram um advogado a abrir fogo sobre os transeuntes, junto a um centro comercial, ferindo nove pessoas antes de ser abatido.

António Garrochinho

Em conferência de imprensa, as autoridades não quiseram identificar o suspeito do tiroteio, mas adiantaram que o sujeito “envergava um uniforme militar” e que tinha consigo e em casa “alguns emblemas nazis”, mas também outros acessórios militares que “remontam ao tempo da guerra civil”, nos Estados Unidos.
A polícia encontrou também 2600 munições e uma espingarda no carro do advogado e a imprensa norte-americana afirma que o suspeito atravessava dificuldades financeiras e tinha problemas no escritório onde trabalhava.
Dos nove feridos, um está em estado crítico e outro em estado grave, mas nenhum corre perigo de vida, segundo as autoridades.

pt.euronews.com
27
Set16

Geringonça à portuguesa, (não) Geringonça à espanhola: por quê?

António Garrochinho



Agora que toda a gente anda a investigar a pré-história da Geringonça (em exercícios sem dúvida interessantes, mas em alguns casos revelando uma táctica memória selectiva, não sei se das fontes se dos investigadores), vale a pena fazer um paralelo com Espanha, o PSOE e a repetição sucessiva de eleições sem saída evidente. E a pergunta pode ser: o que falta lá que tenha havido cá?

Bom, vários elementos de resposta podem ser legitimamente apontados. A profundidade estratégica e política de António Costa explica que cá se tenham feito certas coisas que não se fazem noutras latitudes. A preponderância do PODEMOS na esquerda espanhola e a distância que vai entre a sua realidade concreta e a "esquerda da esquerda" que temos por cá, contribui também para explicar a diferença de processos. Mas... Há sempre um "mas"...

Há um elemento crucial no processo português que claramente o líder do PSOE nunca pôs em funcionamento e cuja falta faz toda a diferença. É que, por cá, a rejeição do governo de Direita, a recusa de um potencial segundo governo Passos/Portas, esteve clara e explicitamente ligada à construção da maioria de esquerda capaz de garantir uma solução de governo que não deixasse o país em suspenso. O PS só votou o chumbo do programa de governo PSD/CDS, e o seu consequente derrube, depois de estarem firmes as "posições comuns" com PCP, BE e PEV, acordos esses que traduziam a possibilidade concreta de uma alternativa real e viável de governo. O PS nunca se colocou na posição de bloquear a Direita sem estar em condições de apresentar pela positiva uma solução.
Isso é o que não acontece em Espanha: o PSOE deixou-se colocar numa posição em que parece infinitamente disposto a bloquear uma fórmula de governo, mesmo sem ser capaz de oferecer concretamente uma alternativa.
Note-se que, em Portugal como em Espanha, essa ligação entre "recusar uma solução" (de Direita) e "construir uma alternativa" (de Esquerda), seria (como foi cá) essencial para os socialistas nunca serem apanhados numa posição inconsequente de mera rejeição de uma governação sem proposta alternativa.
Foi, aliás, esta lógica de "moção de censura construtiva" que António Costa enunciou logo na noite das eleições (assumindo que não poria em causa a governabilidade nem contribuiria para um vazio) e que permitiu ao PS conduzir o período de negociações em plena autonomia estratégica, deixando a Direita sem capacidade de reacção adequada (porque o PSD e o CDS, embora temendo que Costa não estivesse para eles virado, não encontraram maneira de se desenvencilhar do laço, já que corriam o risco de serem responsabilizados pela ruptura com o PS). E, no que toca à relação com a Esquerda, o PS apresentava aos seus potenciais parceiros a obrigação de resultados: se falhasse o acordo, estariam a oferecer a salvação a Passos e Portas, algo que nenhum dos eleitorados à esquerda compreenderia.

Diga-se. de passagem, que esta ligação entre os processos de recusar a Direita e de avançar para a Esquerda, sendo processos simultâneos, deu a António Costa o tempo e a margem suficientes para fazer a necessária pedagogia dentro do próprio PS, mostrando passo a passo que era possível algo que simplesmente assustava muitos dirigentes. Está aí, em ser ou não ser capaz de fazer essa pedagogia dentro do próprio partido, outra especificidade do caso português na comparação que estamos a fazer.   

Há, portanto, razões estratégicas muito claras para haver Geringonça em Portugal e não haver em Espanha. Mas, sejamos claros, essas razões estratégicas assentam em razões políticas profundas. É que, convém não esquecer, este problema esteve claramente equacionado desde a moção que António Costa apresentou às Primárias do PS, com reafirmação na moção ao congresso nacional que se seguiu, quando a recusa do "arco da governação" e a equação das responsabilidades das outras esquerdas ficou escrita preto no branco. Hoje compreendemos que, apesar de alguns (muitos) distraídos terem demorado a perceber, não se vai longe sem se vir de longe.



maquinaespeculativa.blogspot.pt
27
Set16

Noite de terror!

António Garrochinho



Ver o debate entre Hillary Clinton e Donald Trump, esta madrugada, foi como ter um pesadelo que nos faz acordar em sobressalto.
Se Donald Trump vencer as eleições de Novembro com aquele discurso nihilista, onde não há sequer uma ponta de política, devemos todos estar preparados para o pior. É que no meio daquele vazio, descortina-se em Trump um profundo ódio e um desprezo absoluto pelas pessoas. Independentemente da raça.
Hillary Clinton, por  sua vez, também não dá quaisquer garantias de vir a ser a presidente que os Estados Unidos precisam. Ter um  discurso político estruturado não é suficiente para dirigir a maior potência do mundo. Debitou alguns slogans  que empolgaram a assistência, mas não foi assertiva em nenhuma das matérias do debate. E deixou a pairar no ar a hipótese de retomar as negociações do TIPP - o que é uma péssima notícia.


cronicasdorochedo.blogspot.pt
27
Set16

REINO UNIDO CONTINUARÁ A OPOR-SE À IDEIA DE CRIAR UM EXÉRCITO DA UNIÃO EUROPEIA

António Garrochinho


À entrada para a reunião informal dos ministros da Defesa da União Europeia, em Bratislava, onde se discutem formas de melhorar a cooperação militar, o Reino Unido reiterou que irá opor-se a qualquer plano para formar um exército europeu.

França e Alemanha negam que o ambicioso plano de defesa comum que estão a apresentar aos parceiros tenha como objetivo a criação de um exército da União Europeia, mas os britânicos, que vão abandonar o bloco, desconfiam:

“Concordamos que a Europa precisa de reforçar-se para enfrentar os desafios do terrorismo e das migrações, mas vamos continuar a rejeitar qualquer ideia de um exército da União Europeia ou de um quartel-general do exército que apenas iria debilitar a NATO”, afirmou o ministro da Defesa do Reino Unido, Michael Fallon.

As propostas franco-germânicas vão no sentido de reforçar os gastos em missões, desenvolver equipamento militar em conjunto, na Europa, ou ainda melhorar a segurança no ciberespaço e os dois países garantem que uma Europa mais forte na defesa irá também fortalecer a NATO.

VÍDEO


pt.euronews.com
27
Set16

Novas empresas algarvias também podem aceder aos vales de incubação

António Garrochinho


As novas micro e pequenas empresas algarvias também podem aceder à medida Vale Incubação, criada no âmbito da estratégia nacional para o empreendedorismo, designada de StartUP Portugal.
A medida Vale Incubação visa dinamizar a capacidade empreendedora e fomentar as condições para a aceleração e o sucesso de novas empresas, apoiando o desenvolvimento do negócio por via da contratação de serviços de Incubação.
Esta medida destina-se a projetos de novas empresas (micro e pequenas empresas), geradas por um empreendedor ou equipa de empreendedores, em atividades relacionadas com indústrias criativas e culturais, e/ou setores com maior intensidade de tecnologia e conhecimento e de valor acrescentado.
O objetivo específico deste concurso consiste em conceder apoios a projetos simplificados de empresas com menos de 1 ano na área do empreendedorismo, através da contratação de serviços de incubação prestados por incubadoras de empresas acreditadas pelo Portugal 2020.
O CRESC Algarve 2020 (Programa Operacional do Algarve ) dispõe de dotação financeira de 500 mil euros para este concurso, que se encontra aberto até 30 de Dezembro.
Os incentivos a conceder no âmbito deste aviso são calculados através da aplicação às despesas consideradas elegíveis de uma taxa máxima de 75%, com o limite máximo de 5 mil euros de incentivo não reembolsável.
Para informações mais detalhadas, clique aqui para consultar o aviso de concurso.



Incubadoras acreditadas no Algarve:
Associação do Comércio e Serviços da Região do Algarve – ACRAL
Universidade do Algarve
EMPET – Parques Empresariais de Tavira

www.sulinformacao.pt
27
Set16

(fotogaleria) Secretária de Estado do Turismo veio «avaliar para corrigir» os problemas da Ecovia

António Garrochinho

  
«Avaliar para corrigir» os problemas da Ecovia do Algarve foi o objetivo da secretária de Estado do Turismo Ana Mendes Godinho, que, esta segunda-feira, pedalou seis quilómetros, num troço dessa via ciclável, entre a Torre d’Aires, na Luz de Tavira, e a Fuzeta (Olhão).

Chegou de carro – e sem vestimentas próprias para andar de bicicleta – mas rapidamente trocou de roupa. Com uma camisola verde a dizer “Algarve”, de calças de fato treino e com sapatilhas calçadas, a secretária de Estado esteve sempre na frente do pelotão.

Integrada no projeto Cycling & Walking Algarve, e em vésperas de se celebrar o Dia Mundial do Turismo, esta iniciativa, além de querer avaliar as falhas da Ecovia para as corrigir, teve o objetivo de mostrar um «outro Algarve, onde há mais para fazer do que sol e praia», nas palavras de Ana Mendes Godinho.

Quanto ao facto de a Ecovia do Algarve não ligar toda a região, havendo municípios por onde ainda não passa, a governante afirmou que se vai «aproveitar o que já se tem e fazer a ligação com o que falta, para ter trajetos contínuos em todo o Algarve». «Vim pôr as Câmaras Municipais a trabalhar em conjunto», acrescentou.

Sempre sorridente, a secretária de Estado garantiu que o dinheiro não será problema. «Temos é de perceber o que é preciso fazer. Tanto a ANA, como o Turismo de Portugal, o Turismo do Algarve e empresários estão neste projeto. O que queremos é construir um produto que funcione no seu todo, desde a parte hoteleira, que tem de ter capacidade para ter bicicletas, passando também pelo Aeroporto», concluiu.

Apesar de não ter participado no passeio de bicicleta, por ter tido um percalço no seu início, o presidente da Região de Turismo do Algarve (RTA) também está ligado a este esforço de tentar criar uma Ecovia que ligue a região do Barlavento ao Sotavento. «Posso assegurar que faremos pressão – e sensibilização – com algumas autarquias para que a ligação seja feita», garantiu Desidério Silva.

«O Algarve, no Outono e Inverno, tem grandes potencialidades para a prática do walking e do ciclismo. Esta ação também quer promover esta realidade, quer a nível nacional, como internacional», acrescentou.


Nesse sentido, a presença da secretária de Estado nesta iniciativa não surge por acaso, já que têm havido «conversas para eles, enquanto governo, nos ajudarem a ter um Algarve durante todo o ano», referiu Desidério Silva, já no fim do percurso, junto à Ria Formosa, na zona ribeirinha da Fuzeta, onde Ana Mendes Godinho confessou estar «maravilhada com a paisagem».

Enquanto foi presidente da Câmara de Albufeira, Desidério Silva lembra que «tentou que fosse feita uma ligação ciclável e pedonal entre os Salgados e Vilamoura». «Temos tido algumas dificuldades, não só com os autarcas, mas também devido a constrangimentos relacionados com os Planos de Ordenamento, ou com o POOC, mas são fatores que estamos a tentar ultrapassar», disse.

Nesta iniciativa também participaram deputados, como António Eusébio, Fernando Anastácio e Luís Graça, do PS, ou José Carlos Barros do PSD, e, ainda, Delmino Pereira, presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo, a comissária do Programa de Apoio às Artes no Algarve Dália Paulo, Élio Vicente, do Zoomarine, ou o empresário responsável pela empresa algarvia MegaSport, que forneceu as bicicletas, bem como autarcas e outros responsáveis, empresários e técnicos.

A blogger brasileira Naiara Back, que anda a fazer a Ecovia do Algarve, também acompanhou o passeio de seis quilómetros. Em conversa com o Sul Informação, a blogger ciclista, já com mais de centena e meia de quilómetros de Ecovia nas pernas, revelou que «há falhas que precisam de ser melhoradas» nessa via ciclável.
































Fotos: Pedro Lemos|Sul Informação e Assis Coelho
27
Set16

A guerra na Síria e o ISIS-Daesh Quem hesita está perdido e a Rússia hesitou

António Garrochinho
por Paul Craig Roberts


O governo russo enganou-se a si próprio com a sua crença fantástica de que Moscovo e Washington têm uma causa comum no combate ao ISIS. O governo russo avançou mesmo a pretensão de que os vários grupos ISIS a operarem sob vários nomes eram "rebeldes moderados" que poderiam ser separados dos extremistas, ao mesmo tempo que concordava diversas vezes com o cessar-fogo quando estava à beira da vitória de modo a que Washington pudesse reabastecer o ISIS e preparar-se para introduzir forças dos EUA e da NATO no conflito. O governo russo aparentemente também pensou que devido ao golpe contra Erdogan, o qual se dizia implicar Washington, a Turquia estava em vias de cessar o apoio ao ISIS e cooperar com a Rússia.

















Infelizmente, os russos desejavam tão fervorosamente um acordo com Washington, ou talvez eu devesse dizer febrilmente, que se enganaram a si próprios. Se a informação de Finian Cunningham for correcta, Washington aproveitou-se da insistência da Rússia no sentido de, juntamente com a Turquia, se juntar ao ataque ao ISIS pela invasão do Norte da Síria sob o pretexto do "combate ao ISIS".

A Síria foi agora segmentada e os pretensos ou falsos "rebeldes moderados" podem ser fortalecidos dentro das áreas ocupadas pelos EUA/Turquia e a guerra contra a Síria continuará em andamento enquanto Washington quiser. Os media prostituídos(presstitutes) do ocidente informarão que as forças turco-americanas a ocuparem áreas da Síria não são invasores mas estão, sim, a atacar o ISIS.

Com os EUA, turcos e, sem dúvida, dentro em breve outras tropas da NATO a operarem dentro da Síria, os neoconservadores terão oportunidades para provocarem um conflito com a Rússia diante do que esta terá de recuar ou replicar com força. No caso de uma vitória presidencial de Trump, os neocons querem assegurar que este fique embrulhado numa guerra que impedirá uma acomodação com a Rússia.

Não está claro que o esforço do secretário de Estado Kerry para conseguir um cessar-fogo sírio foi sincero e ele foi desautorizado (sandbagged) pelo Pentágono e pela CIA. Pouco importa se Kerry foi sincero. Ele obviamente é incapaz de resistir aos neocons, pois o Departamento de Estado está sob a influência de Victoria Nuland e outros belicistas.

Obama é igualmente fraco, razão pela qual foi escolhido pela oligarquia como presidente. Uma pessoa sem experiência e conhecimento é uma ferramenta excelente para a oligarquia. Americanos negros e liberais brancos acreditaram realmente que um candidato sem experiência e sem uma organização própria poderia fazer diferença. Aparentemente, a credulidade da maioria dos americanos é infinita. Esta característica americana da credulidade é a razão pela qual um punhado de neoconservadores pode tão facilmente conduzir os carneiros a guerras sem fim.

Os americanos idiotas têm estado em guerra há 15 anos mas os atrasados mentais não têm qualquer ideia do que foi alcançado. Os loucos estão inconscientes de que os EUA nas suas longas décadas de acumulação de fraquezas agora enfrentam duas importantes potências nucleares: a Rússia e a China.

Os americanos têm sido instruídos pelos presstitutos ao serviço do complexo militar/segurança de que a guerra nuclear não é tão diferente da guerra comum. Vejam Hiroshima e Nagasaki, dois alvos de bombas atómicas americanas. Hoje, sete décadas depois, as cidades estão florescentes, assim qual é o problema com armas nucleares?

As bombas atómicas que Washington lançou sobre estes centros civis indefesos quando o governo japonês tentava render-se eram meras armas de brinquedo em comparação com as armas termo-nucleares de hoje. Um SS-18 russo liquida três quartos do estado de Nova York durante milhares de anos. Cinco ou seis destes "Satans", como são conhecidos pelos militares estado-unidenses, e a Costa Leste dos Estados Unidos desaparece.

A Rússia tinha nas mãos uma vitória para a Síria e para a democracia, mas faltou a Putin a firmeza decisiva de um Napoleão ou de um Staline e deixou a sua vitória fugir-lhe devido a falsas esperanças de que poderia confiar em Washington. Agora uma vitória russa/síria exigiria conduzir os turcos e os americanos para fora da Síria.

Se a Rússia atacasse dura e rapidamente poderia ter êxito utilizando a mentira de Washington e afirmando pensar que as forças estado-unidenses e turcas eram do ISIS, assim como Washington o fez quando intencionalmente atacou uma posição conhecida do Exército Sírio.

Se a Rússia realmente aniquilasse as forças turca e estado-unidense, o que a Rússia poderia ter feito facilmente, a NATO entraria em colapso porque nenhum país europeu quer ser destruído na III Guerra Mundial. Mas a Rússia não provocarão o colapso da NATO por acção decisiva. Os russos não combaterão até que a guerra seja absolutamente e totalmente imposta sobre eles. Nessa altura pagarão um enorme preço pela sua indecisão baseada na crença louca de que a Rússia tem interesses comuns com Washington. O único interesse comum que a Rússia exige que esta se renda. Se a Rússia se render, ela pode alcançar a aceitação de Washington e dos agentes de Washington. Os atlantistas integracionistas russos poderão dominar a Rússia para Washington. 
24/Setembro/2016


Ver também:
 
  • US-Turkey Lurch to World War in Syria , Finian Cunningham
  • U.S. Coalition Intelligence "Operations Room" Inside Syria, Destroyed by Russian Missile Attack: Thirty Israeli, American, British, Turkish, Saudi, Qatari Intelligence Officials Killed , Michel Chossudovsky, 22/Set
  • All Out Fight for Aleppo Begins: Major Offensive by Syrian SAA Forces. “US Directly Assisting the Terrorist Units” , Joaquin Flores, 25/Set
  • Lavrov Makes History: “Ceasefires” were Bogus. Accuses Washington of Flagrant Violations and Support of ISIS-Al Qaeda , Joaquin Flores, 24/Set
  • Expect the Worst in US’ War against Russia , Leonid Reshetnikov, 25/Set
  • No more unilateral concessions in Syria , RT, 25/Set
  • Rusia ante la ONU: "Devolver la paz a Siria se ha convertido en una tarea casi imposible", RT, 25/Set 


  • O original encontra-se em www.globalresearch.ca/... 

    Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
  • 27
    Set16

    7 praias inspiradoras para conhecer pelo mundo

    António Garrochinho


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    O mundo é repleto de praias maravilhosas e badaladas, mas todo viajante de carteirinha – incluindo empreendedores e nômades digitais – adora conhecer lugares pouco explorados e fora do ‘circuito todo mundo que eu conheço já foi’. Para uma viagem que vai além de simplesmente turistar, escolher um destino inspirador pode fazer toda diferença.
    Pensando nisso, separamos uma lista de destinos praianos maravilhosos e pouco conhecidos pela maioria das pessoas. Estes lugares, que vão da Jamaica a Taiwan, possuem cenários paradisíacos capazes não apenas de refrescar o corpo e a mente, mas também de garantir momentos inspiradores para quem, muitas vezes, usa o mundo todo como cenário para a vida e para o trabalho.
    Todos os destinos selecionados possuem variadas opções de hospedagem disponíveis no site Booking.com, líder mundial em conectar viajantes do mundo inteiro com a mais diversificada oferta de acomodações. No site, é possível utilizar a ferramenta ‘Busca por Paixões’, com base em seus interesses. Nela, é possível ver os principais destinos de praia, por exemplo.
    Confira a lista!

    1. Negril, Jamaica

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    A Jamaica é repleta de lugares paradisíacos e Negril faz parte da lista. A cidade, localizada a 240 km da capital Kingston, mistura natureza, tranquilidade e musicalidade. Uma das praias mais bonitas é a de Bloody Bay, uma baía de águas calmas, areia muito branca e um dos principais cartões postais da Jamaica. A praia de 7 Mile também é perfeita para quem pretende relaxar e curtir a natureza.

    2. Nungwi, Zanzibar

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    Nungwi é um vilarejo localizado no extremo norte da ilha de Zanzibar. Com uma população de pouco mais de cinco mil pessoas, Nungwi era tradicionalmente uma vila de pescadores, mas se tornou um destino turístico popular com inúmeros resorts, restaurantes, bares, lojas. Nungwi é considerada uma das praias mais lindas da ilha de Zanzibar.

    3. Conil de La Frontera, Espanha

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    Pôr do sol dourado, águas azuis e areia quente… Você quase pode sentir o sol em sua pele só de pensar em Conil de la Frontera. Esta encantadora cidade à beira-mar, com suas casas brancas empilhadas em direção ao céu, tem belíssimas praias perfeitas para o banho de mar. Quem gosta de esportes aquáticos pode conhecer a praia Fuente de Gallo, ideal para kitesurf. Se a ideia é conhecer algo mais tranquilo ou se aventurar ao longo das enseadas e recantos, Calas de Roche ou Cala de Poniente não decepcionam.

    4. Taganga, Colômbia

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    Taganga é uma vila de pescadores no distrito de Santa Marta, Colômbia. O local possui cerca de três mil habitantes e é cercado por montanhas. A orla da praia é bem estruturada com restaurantes, bares e alguns hostels bem próximos. Para comer, quiosques à beira mar e restaurantes, principalmente na rua da praia e na Calle 5, oferecem boas opções de cardápio, agradando inclusive aos vegetarianos.

    5. Rimini, Itália

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    Há muito tempo que Rimini é um dos destinos de férias preferidos dos italianos, especialmente devido às suas extensas praias: quase 1.600 km de areia. Este parque recreativo do Adriático oferece muito mais do que apenas sol, areia e um glorioso mar.

    6. Bol, Croácia

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    Se você está à procura de águas cristalinas e muita beleza, Bol é o destino perfeito. Seu maior atrativo é Zlatni Rat, uma praia de seixos que muda de forma de acordo com as correntes do mar Adriático em ambos os lados.

    7. Kenting, Taiwan

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    Kenting é conhecida por ter as melhores praias para a prática de surf e por ter os melhores lugares para fazer snorkeling. Localizado na ponta sul de Taiwan, o Parque Nacional de Kenting é banhado pelo Oceano Pacífico. As praias de Kenting são famosas pela areia branca e água límpida.
    Se você curtiu as dicas acima e quer conhecer mais destinos para se inspirar, vale a pena conferir a ferramenta Busca por Paixões da Booking, onde é possível filtrar a busca de acordo com o que você mais gosta, pelos melhores preços. No site, é possível encontrar mais de um milhão de propriedades com mais de 23 milhões de quartos, incluindo 7,2 milhões opções em aluguéis de temporada e outros tipos de acomodações menos tradicionais. As opções variam de pequenas e independentes às cinco estrelas de luxo.
    vivimetaliun.wordpress.com
    27
    Set16

    Governo prepara seguro de responsabilidade civil para alojamento local

    António Garrochinho



    Em entrevista à TSF e ao DN no dia mundial do Turismo, a secretária de Estado Ana Mendes Godinho revela que quer fazer "afinações" à lei do alojamento local. Preocupações com segurança e higiene


    Até ao final do ano, Ana Mendes Godinho quer criar um seguro de responsabilidade civil, de forma a controlar os requisitos de segurança dos alojamentos, e garantir melhores condições de higiene.

    som audio




    "Como qualquer fenómeno que cresce, precisa sempre de alguns ajustes", reconhece Ana Mendes Godinho, que identifica incongruências na lei. Ainda assim, garante que não tem qualquer problema com o fenómeno e entende que Lisboa "está a anos-luz" de Barcelona e outras cidades europeias no que diz respeito a constrangimentos provocados pelo turismo.

    som audio





    A secretária de Estado sublinha que, nos últimos anos, os centros históricos de Lisboa e Porto foram reabilitados porque houve um aumento da atividade turística no país.

    www.tsf.pt

    27
    Set16

    Lacaios do Grande Capital…

    António Garrochinho








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    Category: Tribuna Popular


    Na história abundam «deuses», de criação humana, feitos à 
    imagem dos preconceitos e desígnios de uma realidade e 
    temporalidade concreta, e cujo saldo de percurso na 
    super-estrutura social e nas misérias do mundo é hediondo.
    É o caso do episódio bíblico do «bezerro de ouro», recém 
    recuperado por José Saramago no romance Caim, que 
    mostra como a adoração dum totem, obviamente 
    falso, a que se sacrificam os princípios, na esperança de 
    todas as riquezas do mundo, termina no morticínio 
    sangrento de milhares de inocentes.
    É o caso do «bezerro de ouro» desta fase de domínio 

    imperialista do mundo, o deus «mercado» – dito 
    omnipresente, omnisciente e omnipotente -, ou seja, o 
    capital financeiro multinacional «globalizado» a quem se 
    imolam as economias mais débeis, como a nossa.
    O resultado é a destruição da produção, das pequenas 
    empresas e do mercado interno, o roubo do património do 
    país, dos salários, direitos e prestações sociais, o desemprego, o 
    assalto aos serviços públicos e funções sociais do 
    Estado, a imolação dos dinheiros públicos – cujo défice é 
    pretexto da rapina – e da soberania nacional.
    À média de duas vezes por semana, o deus «mercado» 
    ameaça e chantageia com terríveis catástrofes e é 
    «aplacado» com novos sacrifícios, sempre dos mais fracos. 
    E lá estão os seus sumo-sacerdotes e lacaios para garantir 
    o repasto à infindável gula do «mercado», com a 
    promessa de que desta feita o sofrimento terminará.
    Os sumo-sacerdotes do «bezerro de ouro» são figuras 
    como Krugman, Prémio Nobel norte americano, para quem 
    os salários dos países da periferia da UE precisam de 
    cair 30%, relativamente à Alemanha, ou o Presidente do 
    BCE, que garante não existir qualquer ataque 
    especulativo, mas apenas países prevaricadores das 
    contas públicas que é necessário sancionar, ou um tal 
    Barroso ou uma Albuquerque , ex-papagaios de Merkel, que 
    não se engasgaram ao dar voz à proposta de censura 
    prévia da Comissão Europeia aos orçamentos de (certos) 
    estados-membros.
    E os lacaios do «bezerro de ouro» PSD e CDS, e não 
    só, que entregam à morte a independência económica e a 
    soberania nacional, no altar do capital financeiro sem pátria 
    e das grandes potências do directório federalista do Euro. 
    Numa verdadeira traição nacional. A que um dia se fará 
    justiça.
    Adaptado – OC 2010
    27
    Set16

    Durão, o discriminado

    António Garrochinho

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    Durão tem razão quando reclama por justiça: a sua carreira ao serviço da finança já começou há longos anos e nunca ninguém se queixou quando era presidente da Comissão Europeia. Pelo contrário!
    Já muito se escreveu sobre a contratação de Durão Barroso como o novo cromo político da Goldman Sachs. A sua «ascensão ao Olimpo» do dinheiro nada tem de novo: segue as pisadas de tantos outros que transitaram entre as instituições europeias e a sombria instituição financeira, de Carlos Moedas a Mario Draghi.
    Quando Durão e os seus mais acérrimos defensores clamam por justiça para com o pobre português que tenta fazer pela vida, numa coisa têm razão. Ele está a ser discriminado.
    O problema é que a discriminação não se explica só pelos outros que, antes dele, palmilharam a estrada entre a política e a finança. A verdade, por indizível que seja para os responsáveis europeus, é que a única coisa que mudou nas últimas semanas foi o contrato estar assinado. Durão sempre foi um fiel lacaio dos grandes grupos económicos.
    Um trabalho recente do Público mostra como a Goldman Sachs foi chamada para ajudar a privatizar o sector energético, enquanto Durão foi primeiro-ministro, assim como a proximidade nos anos de Durão, presidente da Comissão Europeia. O homem defende-se: «Eu tinha encontros com muita gente, não foi por ter feito algum favor especial que os meus patrões me contrataram.»
    De facto, olhando para os seus dois anos como primeiro-ministro e para os seus dez anos como presidente da Comissão, ele foi um agente do capital transnacional e dos grandes grupos económicos e financeiros, que a Goldman Sachs tão bem representa. A coroação de Barroso no mundo da finança mais não é que um justo reconhecimento dos seus serviços, que, aliás, começaram bem antes da sua chegada a São Bento. 
    Muitos dos que hoje se indignam com a contratação são os mesmos que o ajudaram no seu percurso, o elogiaram e acompanharam no caminho de aprofundamento das imposições europeias.
    Durão tem razão para reclamar a retirada dos privilégios de ex-presidente da Comissão em Bruxelas para ser tratado como um lobista. É que, se alguma coisa o fez chegar ao topo da hierarquia europeia, foi a sua capacidade para influenciar a política em favor da finança. Não é por agora ter passado isso a contrato que Durão mudou: foi como que uma medalha pelo tempo de serviço.

    abrilabril.pt
    27
    Set16

    Texto inédito de Humberto Delgado é um “romance feminista”

    António Garrochinho

    Descoberto há poucos meses, vai ser publicado em Portugal em fevereiro de 2017. Uma história de carácter “afectivo, sentimental e sexual”, diz o editor.

    Os protagonistas do romance escrito por Humberto Delgado são uma mulher, Elsa, e um militar, Armando Dias

    O livro ainda não existe, mas a edição vai começar a ser preparada já esta semana e prevê-se que saia em fevereiro de 2017, segundo Manuel S. Fonseca, responsável pela editora Guerra & Paz.
    O que existe, por enquanto, é um conjunto de 185 páginas em formato A4, datilografas, sob o título Elsa – Romance de Costumes Políticos Portugueses. Trata-se de um romance inédito do general Humberto Delgado (1906-1965), destacado opositor do salazarismo.
    humberto delgado folhas
    Não é a única obra ficcional que se lhe conhece. Acredita-se que tenha sido terminada em 1962, durante o exílio de Delgado no Rio de Janeiro, depois de ter concorrido às eleições presidenciais de 1958, em cuja campanha proferiu a célebre frase “obviamente, demito-o” – quando questionado sobre o que faria com Oliveira Salazar, caso fosse eleito presidente.
    De acordo com Frederico Delgado Rosa, neto do general e seu biógrafo, o romance começou a ser escrito ainda em Lisboa, entre janeiro e abril de 1959, período em que o general esteve refugiado na embaixada do Brasil em Portugal.
    “Sei dessa informação por via familiar, porque enquanto esteve na embaixada Humberto Delgado foi visitado pela minha mãe e pela minha avó e elas sabiam que ele tinha começado a escrever o romance”, explica Frederico Rosa. “Mais tarde, já no Brasil, ele dá uma entrevista à imprensa, a uma publicação cujo título não tenho presente, na qual fala do romance”, acrescenta.
    Exemplar único, só viria a ser descoberto por volta de 2005, quando a professora brasileira Luísa Moura o fez chegar à herdeira da secretária de Delgado no Brasil, Arajaryr Campos.
    Nesse mesmo ano, chegou a Lisboa, à Fundação Humberto Delgado, dirigida pela filha do general, Iva Delgado. A fundação viria a ser extinta em 2013 – “porque se considerou que estava cumprida a missão de passar a memória de Delgado para o século XXI”, segundo Frederico Rosa – e o documento veio a ser doado ao Arquivo Histórico da Força Aérea, onde se encontra depositado.
    A decisão de publicar o romance foi tomada pelos herdeiros de Humberto Delgado, em conjunto com a Guerra & Paz e a Sociedade Portuguesa de Autores. O acordo foi divulgado oficialmente pela editora nesta segunda-feira.
    A capa do livro será criada nos próximos meses pelo designer gráfico Ilídio Vasco, que trabalha habitualmente para a editora. “A capa deverá destacar a faceta central do romance, isto é, a protagonista feminina”, refere Manuel S. Fonseca. Ainda não está definida a tiragem da edição.
    Descrito pela editora como um romance “preocupado com a condição feminina e com o papel central da mulher”, Elsa narra a relação entre um militar, Armando Dias, e a protagonista, uma jovem de origem humilde, filha ilegítima de uma criada. “O que se encontrou foi um texto acabado, pronto para publicação, tem até a palavra ‘fim’”, explica Manuel S. Fonseca.
    “Poderíamos estar perante um romance que resultasse de um hobby, e por isso pudesse ser menos interessante, mas não. É um texto muito bem construído em termos dramatúrgicos, com um caráter afetivo, sentimental e sexual”, descreve o editor. “Surpreende a forma como as personagens femininas são tratadas, atendendo aos padrões da época. Nesse sentido, espelha um feminismo avant la lettre, ao mesmo tempo que apresenta um reconhecimento das complicações que a masculinidade suscita”, diz Manuel S. Fonseca.
    “É quase um romance feminista”, reforça o neto do autor. “Está escrito sob o prisma das mulheres e de como elas são maltratadas, mas é também um romance político, porque a história pessoal da protagonista se cruza com a de um militar que participa num golpe contra o regime de Salazar.”
    Documentos inéditos do “general sem medo”, alcunha com que Humberto Delgado passou à história, têm vindo a ser publicados nos últimos anos pela família. “É possível que no futuro publiquemos mais alguns”, revela Frederico Rosa. Em 2006, saiu o livro Uma Brasileira Contra Salazar, com descrições dos anos de exílio no Brasil, da autoria de Arajaryr Campos.
    Em 2008, o neto de Delgado assinou uma extensa biografia, com base em documentação nunca antes publicada. O livro continha uma referência breve a este romance, que passou despercebida.
    “É muito evidente que o original foi dactilografado por Arajaryr Campos”, assegura Frederico Rosa. “O método de trabalho do Humberto Delgado consistia em ditar para máquina de escrever ou então escrever à mão para que o texto fosse depois datilografado. Neste caso, é notório ter sido Arajaryr a passar o texto à máquina, o que se nota pela existência de palavras na grafia brasileira.”
    Na década de 40, Delgado escreveu três peças de teatro radiofónico, transmitidas pela então Emissora Nacional: “28 de Maio”, “A Marcha para as Índias” e “Mariana Alcoforado, a Freira de Beja. Assinou igualmente a peça para palco “Asas”, que se estreou no Teatro da Trindade, em Lisboa, em 1942.

    observador.pt
    27
    Set16

    PCP reconhece “situação financeira insustentável” nas teses ao Congresso

    António Garrochinho

    Nas teses que leva a congresso, o PCP reafirma compromisso com o "Governo minoritário do PS", critica o BE, insiste na saída do Euro e assume dificuldades na tesouraria: €1 milhão de prejuízos anuais.

    "A solução política alcançada não responde naturalmente ao indispensável objetivo de rutura com a política de direita"


    A locomotiva comunista continua a preparar o caminho para reunião do partido, com data marcada para os dias 2, 3 e 4 de dezembro. Nas teses que vão levar ao Congresso, aprovadas pelo Comité Central do PCP e que são, na prática, a base da resolução política do partido, os comunistas passam em revista as conquistas e limitações da “geringonça”, falam sobre o futuro da solução política, fazem críticas aos compagnons de route — PS e Bloco de Esquerda — e reafirmam a urgência de preparar o país para a saída do Euro.
    Por entre considerações sobre a situação internacional e o “impacto negativo” das derrotas da URSS e do socialismo no Leste da Europa, os comunistas olham para dentro de casa e reconhecem que o PCP enfrenta uma “situação financeira insustentável”. Nas 102 páginas que vão levar ao congresso, os comunistas parecem deixar pistas sobre um eventual reforço da direção. Número dois de Jerónimo na calha?

    Governo socialista dura enquanto o PS quiser (ou puder)

    É uma das mensagens deixadas pelo Comité Central do PCP: a “durabilidade” da solução política encontrada depende “diretamente da adoção de uma política que assegure a inversão do rumo de declínio e retrocesso imposto pelo governo anterior” e que “corresponda aos interesses e aspirações dos trabalhadores e do povo”.
    O aviso não é novo. Os comunistas vêm repetindo que, enquanto António Costa conseguir manter o equilíbrio entre a necessidade de cumprir as regras do euro e do Pacto Orçamental — com as quais o PCP não concorda — e a urgência de devolver rendimentos e repor direitos sociais, não serão os comunistas a contribuir para o fim da “geringonça”. Se o Governo socialista recuar no que quer que seja, ou for forçado a fazê-lo, a corda romper-se-á.
    Esse é o compromisso assumido desde o primeiro momento pelo PCP e os comunistas sabem o que isso significa: continuar a contribuir ativamente para uma solução política que apresenta numerosas “contradições” e “limitações”. Esta é uma evidência que o Comité Central volta a notar nas teses que vai levar ao Congresso do partido:
    A solução política alcançada não responde naturalmente ao indispensável objetivo de rutura com a política de direita e à concretização de uma política patriótica e de esquerda. Tem como expressão política o grau de compromisso correspondente ao nível de convergência alcançado entre PCP e PS, limitado pelas óbvias e afirmadas diferenças programáticas e de percurso, inscrita na Posição Conjunta do PS e do PCP sobre solução política”, escrevem os comunistas.
    Tal como fizera Jerónimo de Sousa no comício de encerramento da 40ª edição da Festa do “Avante!”, o Comité Central do PCP volta a frisar que a solução política encontrada não se reflete na formação de um Governo ou de uma maioria de esquerda, mas sim na “entrada em funções de um Governo minoritário do PS com o seu próprio programa”. “O PCP mantém total liberdade e independência políticas“, assegura o órgão máximo do partido entre congressos. Orçamento do Estado para 2017 incluído.

    As críticas à direita (e não só) e o aviso ao PS: palavras leva-as o vento

    Na análise ao quadro político e partidário que resultou das eleições legislativas de 2015, o PCP não hesita em lançar duras críticas ao PSD: “O instrumento privilegiado para o aprofundamento da política de direita e a força política com a qual mais se identificam os círculos mais reacionários do capital monopolista e do diretório da União Europeia”. Mas também ao CDS. “Mantém uma intervenção determinada pela instrumentalização populista de setores e temas sociais para procurar iludir a sua profunda natureza reacionária e a sua agenda orientada para o ajuste de contas com Abril“.
    No entanto, bloquistas e socialistas não passam incólumes às observações do Comité Central do PCP. Primeiro, o Bloco de Esquerda. Escrevem os comunistas: “O BE, que continua a beneficiar de uma promoção e proteção mediáticas [uma crítica feita desde a fundação do Bloco] cultiva uma agenda e um posicionamento assentes num verbalismo que não altera o seu caráter social-democratizante“.
    Ainda que reconheçam que existem, “em várias matérias”, “zonas de convergência”, o PCP não deixa de notar que, mesmo essas convergências, “não anulam diferenças nítidas, quer no plano da União Europeia e das conceções federalistas que o norteiam [ao Bloco], quer nas políticas, e nas prioridades de ação no plano nacional”.
    Sobre o PS, os comunistas relembram as responsabilidades daquele partido no “Pacto de Agressão” e a “conivência com a ação do governo PSD/CDS” e repetem o recado: o facto de os socialistas estarem agora a inverter a política seguida pelo anterior Executivo não significa que se tenham transformado num partido de esquerda. Além disso, de boas intenções está o inferno cheio, vão sugerindo os comunistas: é preciso passar de proclamações aos atos.
    O PS, ainda que com hesitações e contradições, acabou por contribuir para se abrir uma nova fase na vida política nacional. Posição que não transforma o PS num partido portador de uma política de esquerda. (…) [A] caracterização do posicionamento do PS não decorre das suas afirmações mas sim da prática concreta face à necessária rutura com a política de direita”, argumentam.
    E nem o PAN escapa às críticas: “Exacerbação populista“, clama o PCP. “O PAN, centrando fundamentalmente a sua acção na problemática da defesa dos animais, não raras vezes por via de uma ação geradora de dispersão e da exacerbação populista de algumas matérias, procura consolidar a sua base eleitoral de apoio.”

    A inevitabilidade de preparar a saída do Euro e o controlo público da banca

    São, há muito tempo, bandeiras do PCP, pelo que a inclusão destas ideias nas teses a levar ao Congresso não representa surpresa: os comunistas acreditam que o país precisa de se preparar para a saída do euro para regressar a uma moeda própria. A renegociação da dívida da pública, “nos seus prazos, juros e montantes”, e o controlo público da banca surge como passo obrigatório neste caminho de recuperação da autonomia do país, defendem.
    Portugal precisa de se libertar do Euro e dos constrangimentos da integração monetária. Precisa de uma moeda adequada à realidade e às potencialidades económicas do País, aos seus salários, produtividade e perfil produtivo, que concorra para os promover, ao invés de os desfavorecer. Precisa de uma gestão monetária, financeira, cambial e orçamental autónoma e soberana, ajustada à situação.
    Sobre o sistema financeiro, a conclusão do PCP é simples: a banca nacional, “tal como outros setores estratégicos, ou é pública ou não é nacional“. Ponto final.

    Contas do partido e redução de militantes preocupam o PCP

    O número de militantes e o estado das contas do partido também são passados minuciosamente em revista. Os comunistas reconhecem que a situação da tesouraria do PCP está longe de ser a mais animadora: entre 2008 e 2012, o prejuízo médio anual cifrava-se nos 200 mil euros; entre 2012 e 2015 esse valor médio anual passou a ser deum milhão e 82 mil euros, “o que representa um agravamento que não permitiu ultrapassar a situação financeira insustentável identificada no último Congresso”.
    O órgão máximo do partido entre congressos reconhece que só com o recurso às “receitas extraordinárias e institucionais” (“gestão de património, subvenções, entre outras”), que aumentaram desde 2012, “foi possível fazer face à situação deficitária, obtendo-se um resultado financeiro global nos quatro anos de 1 milhão e 261 mil euros”.
    Sinais preocupantes, que os comunistas não ignoram: uma das prioridades do partido passa pelo equilíbrio das contas, através, sobretudo, de “contenção de despesas”, “rentabilização do património” do partido e por umacampanha de regularização das quotas em atraso.
    Esta última prioridade é, de resto, uma das maiores preocupações do PCP: de acordo com as estimativas dos comunistas, apenas “43% dos membros do partido estão a pagar quotas” e “continua por clarificar a situação de dezenas de milhares de inscritos anteriores a 2003”.
    O Comité Central do PCP também não ignora a redução do número de militantes desde o último levantamento: o partido tem hoje “54 280 membros” — em 2012, o partido contava com 60 484 militantes filiados. “Uma redução indissociável do esclarecimento de situações no âmbito da ação de contacto com os membros do partido”, assumem.

    Número dois de Jerónimo na calha?

    A 27 de novembro de 2015, em entrevista ao Expresso, Jerónimo de Sousa admitia publicamente que o congresso comunista poderia significar uma “alteração de responsabilidades”. Uma assunção que, aliada aos rumores insistentes sobre um movimento interno que pretendia antecipar o Congresso, foi interpretada como um sinal de que Jerónimo estaria de saída da liderança do PCP.
    No entanto, o papel indispensável de Jerónimo de Sousa nos arranjos parlamentares de suporte ao Governo e o desempenho da “geringonça” nos primeiros meses de rodagem parecem ter desmentido uma inevitabilidade que, há um ano, parecia óbvia: o Congresso comunista ia representar a passagem de testemunho no PCP.
    Aparentemente afastado esse cenário, como explicava aqui o Observador, as palavras de Jerónimo de Sousa podem encerrar em si mesmo uma pista importante para o futuro do partido: os comunistas podem começar a desenhar a sucessão de Jerónimo de Sousa já neste congresso, elegendo um secretário-geral-adjunto, algo não existe na estrutura do partido.
    A figura de secretário-geral-adjunto nem sequer é nova na história do PCP. Em 1990, Carlos Carvalhas foi eleito número dois de Álvaro Cunhal quando o histórico líder comunista preparava já o caminho para a próxima geração.
    Nas teses preparadas pelo Comité Central do PCP para este congresso há várias referências à necessidade de reforçar a direção do partido — o que, por si só, não significa que os comunistas se estejam a preparar para reeditar o modelo deixado por Cunhal.
    Defendem os comunistas: “Tendo em conta a situação e as exigências que se colocam, o XX Congresso aponta orientações prioritárias para o reforço do Partido: no plano do trabalho de direção, densificando meios e capacidades, afirmando e reforçando o trabalho coletivo, a responsabilidade individual, a iniciativa, coordenação e disciplina; no plano dos quadros, assegurando mais camaradas com responsabilidades permanentes“.
    Sugestões como esta vão-se repetindo ao longo do texto. “O trabalho de direção nos últimos anos foi de particular exigência. (…) A complexidade e exigência de uma tal situação comprovou a capacidade de análise, resposta e iniciativa e evidenciou aspetos que são em si caminhos para o indispensável reforço do trabalho de direção”, defendem os comunistas. Agora, com no novo quadro político que o partido atravessa, “as exigências que estão colocadas são muito grandes”. Nesse sentido, dizem, é “indispensável reforçar estas estruturas [Comité Central e órgãos executivos], promover um melhor aproveitamento dos meios existentes e assegurar uma mais eficaz coordenação”.
    Num partido que não costuma deixar espaço para coincidências, mesmo que seja prematuro falar num número dois de Jerónimo de Sousa, são sinais que não devem ser ignorados.

    observador.pt
    27
    Set16

    Veto à vista: Marcelo trava esta semana lei do fim do sigilo bancário

    António Garrochinho


    Governo de Costa não está disposto a comprar uma guerra com o Presidente, que está prestes a vetar a lei do sigilo bancário. Marcelo avisou que vetava e já tem os pareceres dos juristas de Belém.


    Está à vista o terceiro veto da era Marcelo. O Presidente da República avisou no final de agosto que uma lei que permitisse ao fisco levantar o sigilo bancário “não teria acolhimento algum”. Houve alterações ao projeto inicial — como recair apenas sobre contas acima dos 50 mil euros — mas estas não terão convencido Marcelo, que deve esta semana travar o diploma.

    Ao que o Observador apurou, o decreto-lei — que chegou à Presidência na sexta-feira — já foi analisado pelo gabinete jurídico de Belém, estando agora já nas mãos de Marcelo Rebelo de Sousa. O chefe de Estado estará assim munido de argumentos para não promulgar a lei, ao que se somam as suas reservas iniciais.

    O Presidente deverá redigir um veto explicativo, como é seu hábito, utilizando pareceres de entidades como o da Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD), que já emitiu um parecer este ano em que defende que uma lei deste tipo “abala decisivamente o sigilo bancário em relação ao Estado” e “não é suficiente para definir restrições e condicionamentos ao direito à proteção de dados pessoais e à reserva da vida privada, nos termos (…) da Constituição.” Ou seja: é inconstitucional.

    Embora tenha 40 dias para promulgar (ou, neste caso, vetar) e oito dias para pedir a fiscalização preventiva (opção menos provável), Marcelo deverá manter a média de tomar a decisão em quatro ou cinco dias úteis. Está para breve.

    As alterações que o Governo fez em setembro não terão sido suficientes para convencer Marcelo, que manterá na base o que pensava no verão quando ficou “apreensivo” e até considerou “boa notícia” quando pensou que o Governo tinha desistido do diploma.

    Desistir é algo que, de acordo com o Público, o executivo de António Costa deverá fazer em caso do Presidente vetar o diploma. O primeiro-ministro podia sempre fazer a medida seguir por via da Assembleia da República, através de uma proposta de lei do Governo ou com um projeto de lei da bancada socialista, mas aí precisaria sempre do apoio do Bloco de Esquerda e do PCP. Mas os comunistas são contra a medida. Nas palavras do secretário-geral comunista: “A devassa total não é acompanhada pelo PCP”. O líder comunista abre, no entanto, margem para que haja “uma definição de sigilo bancário que procure evitar fugas e fraudes que quotidianamente são denunciadas.”

    Só mesmo com a “geringonça” a funcionar é que o Governo poderia encurralar Marcelo, já que o Presidente até pode vetar uma uma primeira vez um diploma aprovado no Parlamento, mas à segunda – que poderia ocorrer sem qualquer alteração – seria forçado a promulgar. Costa parece, no entanto, pouco interessado em afrontar Marcelo nesta matéria.

    A confirmar-se este será o terceiro veto de Marcelo em meio ano de mandato. Até agora o Presidente da República vetou, em maio, um decreto que introduzia a possibilidade de recorrer à gestação de substituição (promulgando depois, já com alterações) e, em julho, travou o diploma que alterava os estatutos e as bases de concessão da STCP e da Metro do Porto.

    observador.pt


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