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POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

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03
Out16

Jerónimo de Sousa afirma, na entrevista ao Diário de Notícias e à TSF, que há abertura do governo e cobertura nos saldos atuais da Segurança Social para avançar com um aumento generalizado das pensões

António Garrochinho


PCP negoceia com o governo dez euros de aumento para todas as pensões

Dez euros. É este o valor que o Partido Comunista Português está a negociar para todas as pensões e reformas.

O secretário-geral do PCP diz que a Europa não gosta da solução política encontrada pela esquerda em Portugal e que, por isso, faz permanentes chantagens e ameaças. Seja como for, os comunistas avisam o PS: se o governo ceder a Bruxelas e inverter a política tem um problema para resolver.

vídeo






Pode escutar na íntegra, aqui, a entrevista a Jerónimo de Sousa
Jerónimo garante que o problema dos comunistas não é o Bloco de Esquerda, é o PS, porque é o PS que governo com o seu programa. O líder do PCP vai mais longe e garante que nem Fernando Medina pode contar com o apoio dos comunistas em Lisboa, nem qualquer outro candidato socialista em qualquer lugar do país, porque os comunistas vão ter candidato próprio em todas as autarquias. É que Jerónimo não quer que confundam a solução política encontrada no Parlamento com a afirmação que o partido tem de fazer nas eleições municipais.

Sobre a liderança do partido, Jerónimo de Sousa mostra-se satisfeito com a solidariedade que tem recebido de todos os membros do Comité Central e revela que se vai manter no lugar. Quanto à possibilidade de voltar a existir um secretário-geral adjunto, Jerónimo diz que essa ideia nunca esteve em cima da mesa e ri-se com a criatividade que a comunicação social revela ao colocar esse tema no debate mediático.

SOM AUDIO

Ouça aqui a entrevista completa

www.tsf.pt
03
Out16

O contrabandista de brinquedos

António Garrochinho

Há cinco anos que Rami Adami viaja para Alepo e Idlib, na Síria, para levar alegria às crianças que tudo perderam. Em conversa com a TSF, conta que tudo começou com brinquedos mas agora é muito mais.



Nos últimos cinco anos Rami Adami viajou 28 vezes para a Síria. Ele nasceu em Alepo mas vive há muito na Finlândia. Quando a guerra começou não hesitou em ajudar. Decidiu dizer aos filhos que ia à terra natal ajudar todas as famílias que pudesse e que existiam muitas crianças como eles que precisavam de ajuda.

som áudio






A jornalista Margarida Serra entrevistou o contrabandista de brinquedos
A filha de três anos sugeriu que ele levasse brinquedos mas ele disse que não podia porque existiam muitas crianças e acabou por ser ela que doou todos os presentes que o pai levou. E assim começou uma missão que hoje lhe consome grande parte da vida. Ele passou a ser conhecido como o contrabandista de brinquedos.

A província de Alepo continua a ser o destino final, pelos menos as zonas controladas pelos rebeldes. Há cinco dias dias regressou da Síria e pela primeira vez desde 2012 não conseguiu entrar em Alepo.


Rami Adami não perdoa ao mundo ter virado as costas aos sírios e pede-nos que falemos com Cristiano Ronaldo porque em Alepo todas as crianças o adoram e gostariam de ouvir uma palavra dele.

Infelizmente todos os contactos que fizemos na tentativa de contactar o jogador não tiveram sucesso. Nem a federação, nem a Gestifute, nem ontem na inauguração de um hotel em Lisboa nos deixaram aproximar de Cristiano Ronaldo.


www.tsf.pt
03
Out16

RASPUTIN MORTO

António Garrochinho




RASPUTIN MORTO 

DATA DA FOTO: 1916 
FOTÓGRAFO: Desconhecido. 
LOCAL: São Petersburgo, Rússia. 
FONTE: www.pinterest.com 

Seu nome era Grigoriy Yefimovich Rasputin, foi um místico russo, figura politicamente influente no final do período czarista. Por volta de 1905, a sua já conhecida reputação de místico introduziu-o no círculo restrito da Corte imperial russa, onde, segundo se dizia, Rasputin teria salvado a vida de Alexei Romanov, o filho do czar, que era hemofílico. Perante este acontecimento, a czarina Alexandra Feodorovna dedicar-lhe-á uma atenção cega e uma confiança desmedida, denominando-o mesmo de "mensageiro de Deus". 

Com esta proteção, Rasputin passa a influenciar a Corte e principalmente a família imperial russa, colocando homens como ele no topo da hierarquia da poderosa Igreja Ortodoxa Russa. Todavia, o seu comportamento considerado dissoluto, licencioso e devasso (com supostas orgias e envolvimento com mulheres da alta sociedade) justificará denúncias feitas por políticos, dentre os quais se destacam Piotr Stolypin e Vladimir Kokovtsov. 

O czar Nicolau II se afasta então de Rasputin, mas a czarina Alexandra mantém a sua confiança absoluta no decadente monge. Rasputin foi envenenado em uma festa mas não morreu. 

Seus inimigos o seguiram e deram-lhe tiros (inclusive um na cabeça). Amarraram seu corpo e jogaram no rio Neva, um rio gelado em Petrogrado. Rasputin foi encontrado morto e a autópsia revelou que o monge morrera de hipotermia (inclusive as mãos apareceram desamarradas, o que prova que não morreu nem com o veneno e nem com os tiros). Existe um relato de que, após o seu corpo ter sido recuperado, foi encontrada água nos pulmões, dando apoio à ideia de que ele ainda estava vivo quando jogado no rio parcialmente congelado. 

Na primeira imagem, aparece Rasputin congelado, mas com as mãos claramente desatadas, ou seja, mesmo jogado no rio desacordado, ele conseguiu despertar e tirar as amarras, mas não resistiu às águas congelantes. (ele tinha 47 anos e 1,93m de altura).

fotonahistoria.blogspot.pt
03
Out16

Comunicação e democracia – Aram Aharonian

António Garrochinho


 


Treze temas a levar em conta
Há vários temas a ter em conta para analisar a realidade comunicacional de nossas novas ou renovadas democracias:

1) Nosso principal problema é que temos estado cegos de nós mesmos: sempre nos temos visto com olhos estrangeiros. E o seguimos fazendo: copiando formas e conteúdos. Recitamos “sul”, declamamos “integração”, porém a realidade é que sequer nos conhecemos.
Para começar a ver-nos com nossos próprios olhos é necessário visibilizar às grandes maiorias, à pluralidade e diversidade de nossas nações e regiões, recuperar nossa memória, nossas tradições. Porque um povo que não sabe de onde vem, dificilmente sabe aonde ir, e, assim, o destino sempre lhe será imposto desde fora
2) É necessária a mudança de paradigmas. Temos sido treinados para pensar que imprensa alternativa significa comunicação marginal. Hoje sabemos que a única forma de propor a batalha das ideias é com uma estratégia comunicacional massiva, que seja realmente alternativa ao bombardeio constante, hegemónico, que nos chega desde o Norte.
Temos sido treinados para crer na imparcialidade e na objetividade: sim devemos ser objetivos (não entendido como neutros) porém nunca imparciais. O jornalismo é propaganda objetiva, quer dizer, com checagem de fontes. Sem este último requisito estaríamos ante uma simples propaganda em sentido amplo ou outro tipo de relato.
Os meios comunitários são um passo no caminho à democratização, porém, por si mesmos não são suficientes. Podemos ter centenas de meios comunitários, porém se 90% da audiência e dos meios está controlada por uma estrutura monopólica dos meios corporativos comerciais, pouco será o que teremos avançado na direção da democratização.
3) Precisamos ter consciência de que a batalha contra o terrorismo midiático é parte da guerra cultural, da batalha das ideias. É uma guerra que não se esgota em palavras de ordem, mas para a qual há que se preparar adequadamente, e abandonarmos o voluntarismo. Para isso devemos nos apropriar da tecnologia, aprender a usá-la melhor – ou tão bem – como o inimigo e, sobretudo, ter claro para que queremos estas armas, a fim de que, definitivamente, não se somem ao arsenal hegemônico contra os nossos próprios povos. Capacitação e profissionalização são as palavras de ordem e por isso devem ser democratizados os programas de formação em comunicação em todos os níveis, incluindo mudanças curriculares nas universidades para ajustá-los às realidades da região e para fortalecer a integração e a unidade.
4) Há mais de 25 anos o informe Mc Bride da UNESCO sublinhava a necessidade de tomar medidas jurídicas eficazes para: a) limitar a concentração e a monopolização; b) conseguir que as empresas transnacionais acatem os critérios e as condições específicas definidos na legislação e na política de desenvolvimento nacionais; c) inverter a tendência à redução do número de responsáveis quando está aumentando a eficácia da comunicação e a dimensão do público; d) reduzir a influência da publicidade sobre a redação e os programas de radiodifusão; e e) aperfeiçoar os modelos que permitem fortalecer a independência e a autonomia dos órgãos de informação em matéria de gestão e de política de redação, independentemente que sejam privados ou públicos. Este diagnóstico, lamentavelmente, se mantém três décadas depois.
5) Os direitos humanos não podem existir sem a liberdade de palavra, de imprensa, de informação, de expressão. A transformação destas liberdades em um direito individual ou coletivo mais amplo a comunicar é um princípio evolutivo no processo de democratização.
6) É fundamental a proteção e o fomento da pluralidade de opiniões e da diversidade cultural e linguística, a democratização dos meios de comunicação, e a defesa e divulgação dos bens comuns de conhecimento mundial, como parte do domínio público.
A variedade de culturas e idiomas que se conservam ou transmitem através da tradição oral ou de diversos meios de expressão, nutrem as sociedades da informação e a comunicação e contribuem para o acervo do conhecimento que é a herança do ser humano e a origem da criação de toda nova descoberta.
7) A digitalização por si mesma não significa a democratização do espectro televisivo ou radioelétrico, se não se muda o sistema de concessões de frequências. A implementação destas mudanças não depende somente de reconversões tecnológicas, mas principalmente de decisões políticas. Por isso é necessário assegurar o acesso e utilização universal das tecnologias da informação.
8) O espectro radioelétrico é um patrimônio da humanidade e os Estados são soberanos em sua administração, em função do interesses nacional e geral. É uma falacia a ideia de que são proprietárias do espaço radioelétrico as empresas, nacionais ou trasnacionais, que têm a concessão de uma frequência. Diante disso, é necessário lutar para que o espaço radioeléctrico se divida em três partes: uma para o estado, outra para os meios comerciais e uma para os movimentos sociais, as universidades, os sindicatos, para isso que chamamos o espaço público.
9) A luta pela democratização passa pela reconstrução do espaço público, que foi privatizado e esvaziado durante décadas na ofensiva neoliberal. O espaço público é aquele que reúne os meios estatais, regionais, educativos, universitários, legislativos e comunitários, e que aposta não à formação de consumidores ou cordeirinhos políticos ou religiosos, mas que contribui à formação de uma cidadania e identidade comum latino-americana.
10) A comunicação é fator articulador chave para o reencontro e a solidariedade de nossas nacionalidades, que implica no reconhecimento de um destino comum por cima de rivalidades reais ou forjadas.
Por isso se torna indispensável formular uma estratégia de cooperação específica entre os povos para os âmbitos da informação, comunicação, cultura e conhecimento, contemplando acordos para potencializar as redes regionais de informação e comunicação pública e cidadãs, com um sentido de equidade em a respeito dos meios de comunicação.
11) É cada vez mais necessária a auditoría social dos meios comerciais (e talvez também dos estatais) de comunicação social, que se converteram no principal poder, por cima dos outros três clássicos – executivo, legislativo e judiciário. É necessária a criação do quinto poder, o do cidadão, para fiscalizar os quatro anteriores.
12) Para ostentar políticas de comunicação adequadas, os movimentos sociais e sindicais devem ter claro para que os querem, assumir quem são os destinatários das mensagens e capacitar-se tecnológica e profissionalmente para criar conteúdos com formas e vocabulários que visibilizem os trabalhadores, suas vidas, suas memórias, com especial atenção às mulheres como atrizes. Os sindicatos são reativos aos acontecimentos a nível social ou político, porém em general carecem de uma proposta (de solução).
Se deve passar da imprensa-propaganda a produzir comunicação, e isso somente se logra com capacitação e profissionalização. Para dentro, uma comunicação útil e formadora não somente em temáticas reivindicatórias, para fora uma nova imagem de sindicalismo, como ator político e social, de classe, e uma recuperação de valores como a igualdade, a solidariedade, a justiça, o esforço coletivos, frente aos valores neoliberais como o consumismo, o individualismo, a mercantilização dos próprios valores…
Os sindicatos devem e podem exercer uma nova liderança intelectual e política e têm todo o direito (e até a obrigação) de usar todas as plataformas comunicacionais: dos cartazes às redes sociais, a rádio e a televisão. O uso das tecnologías permite aos trabalhadores superar o anonimato e o desconhecimento de muitas realidades sociais. Há novas técnicas, como o protesto virtual, o videossindicalismo, o ciberativismo, a formação online e a informação digital, que estão à ordem do dia no cardápio que deve ser proposto.
13) De nada serve ter meios novos, novas emissoras de rádio e televisão, se não tivermos novos conteúdos, se seguimos copiando as formas hegemônicas. De nada servem se não acreditamos na necessidade de nos vernos com nossos próprios olhos. Porque lançar meios novos para repetir a mensagem do inimigo, é ser cúmplice do inimigo. Temos de trabalhar para criar fábricas de conteúdo, que nutram a rádios e televisoras do Sul. Se não, estaremos condenados a ver as comédias enlatadas e Walt Disney pelo resto dos nossos dias…
Via: GPS & MEDIA http://bit.ly/2dvFQwR
abrildenovomagazine.wordpress.com
03
Out16

Na Índia, a maior greve geral do mundo: 180 milhões cruzaram os braços

António Garrochinho


 


No dia 2 de Setembro espalhavam-se na Ásia notícias sobre a maior greve geral que já havia ocorrido no continente. Dias depois, os números: 180 milhões de trabalhadores paralisaram os seus trabalhos e cruzaram os braços na Índia. Trata-se da maior paralisação da classe no mundo.



Desde que a Índia adotou a sua nova política econômica em 1991, o país viveu uma onda de greves. Neste mês de setembro, chegou a 17ª greve geral desde então. O diferencial é o número: 180 milhões cruzaram os braços desta vez, fechando as fábricas, o transporte público, universidades, e ocupando as ruas.


Os grandes meios de comunicação do país — que não são favoráveis à greve — informaram que o número de grevistas superou 150 milhões de trabalhadores. Porém, segundo os sindicatos, o número chega a 180 milhões de pessoas que abandonaram o trabalho. Trata-se da maior greve geral já registrada na história do mundo.


Porém, essa mobilização quase não teve eco nos meios de comunicação. Poucos artigos de primeira página, ainda menos fotos de trabalhadores manifestando-se  — seja nas fábricas ou nos bancos, plantações de chá ou estações de comboio. A sensibilidade dos jornalistas raramente consegue passar por cima do muro de cinismo, construído pelos proprietários da imprensa. Para eles, a luta dos trabalhadores é um inconveniente para o dia-a-dia.
Uma das principais empresas de consultoria de negócios internacionais informou que 680 milhões de indianos vivem na pobreza. Estas pessoas — metade da população da Índia — são privadas dos fundamentos da vida, como alimentos, energia, habitação, água potável, saneamento, saúde, educação e segurança social. A maioria dos trabalhadores e camponeses indianos estão entre os pobres. Cerca de 90% dos trabalhadores da Índia estão no sector informal, onde a protecção no local de trabalho é mínima e o direito a formar sindicatos praticamente inexistente.


Estes trabalhadores existem nas condições actuais justamente pela necessidade ideológica e económica do governo do país. Em 2002, a Comissão Nacional do Trabalho concluiu que “a principal fonte de trabalho futuro para todos os indianos seria o sector informal, que já produz mais da metade do Produto Interno Bruto”. O futuro da mão-de-obra indiana é, então, o sector informal com poucos direitos reconhecidos ocasionalmente para evitar violações grotescas da dignidade humana. A melhora das condições dos trabalhadores da Índia simplesmente não faz parte da agenda de prioridades actuais do país.


O primeiro-ministro Narendra Modi não prestou atenção à paralisação. O seu objectivo é aumentar a taxa de crescimento da Índia, que — a julgar pelo exemplo de quando era primeiro-ministro do Estado de Gujarat — se pode conseguir mediante a canibalização dos direitos dos trabalhadores e das condições de vida dos pobres. A venda de bens do Estado, as concessões enormemente lucrativas para as empresas privadas, e a abertura da economia da Índia ao investimento directo estrangeiro são os mecanismos escolhidos para aumentar a taxa de crescimento. Nenhuma destas estratégias, como até o Fundo Monetário Internacional reconhece, contribuirá para a igualdade social. Esta estratégia de crescimento provoca uma maior desigualdade, menos poder para os trabalhadores e mais privações.


Apenas 4% da força laboral da Índia está sindicalizada. Se estes sindicatos apenas lutassem para defender os seus débeis direitos, o seu poder diminuiria ainda mais. O poder sindical sofreu muito desde que a economia da Índia se liberalizou em 1991, com as sentenças do Supremo Tribunal contra a democracia sindical e com a cadeia de produção mundial lançando os trabalhadores indianos contra os trabalhadores de outros países. O grande mérito dos sindicatos indianos é que têm feito suas — em diferentes alturas — as condições de trabalho e de vida dos trabalhadores e dos camponeses no sector informal. O que resta de poder sindical só poderá aumentar fazendo o que já estão fazendo. Isto é, virar-se para a imensa massa de trabalhadores e camponeses informais e atraí-los para a cultura dos sindicatos e da luta de classes.


Na Índia, a primeira greve ocorreu em abril e maio de 1862, quando os trabalhadores ferroviários da estação de comboio de Howrah pararam para reivindicar o direito a uma jornada de 8 horas. Os inconvenientes que a greve possa ter para a classe média têm que ser ponderados com os ‘inconvenientes’ quotidianos que os trabalhadores sofrem como consequência da maior parte da sua produtividade ser apropriada pelos capitalistas. Aqueles trabalhadores, em 1862 não queriam turnos intermináveis de dez horas porque os deixavam sem tempo para ter vida própria. A sua greve permitiu-lhes dizer: não vamos trabalhar mais de oito horas. 

Os que criticam as greves vão argumentar, certamente, que há outras maneiras de conseguir que a sua voz seja escutada. Mas os trabalhadores não têm nenhuma outra, porque não têm nem o poder político para fazer lobby, nem o poder económico para controlar os meios de comunicação. Não lhes resta mais do que o silêncio, à excepção dessa festa da classe trabalhadora que é a greve.


O que a greve expressa é que os trabalhadores da Índia continuam a ser um sujeito activo na luta de classes. Não se renderam à ‘realidade’. Em 1991, quando o governo decidiu abrir a economia aos turbulentos interesses do capital global, os trabalhadores rebelaram-se. Em agosto de 1992, os trabalhadores têxteis de Bombaim saíram à rua, porque a nova ordem queria deixá-los na miséria. O seu gesto simbólico é a realidade actual.


*Vijay Prashad é professor de relações internacionais no Trinity College em Hartgord, Connecticut, EUA; publicado originalmente no site Alternet
Fonte:
www.odiario.info

03
Out16

PCP reafirma posição contra as demolições na Ria Formosa e anuncia Tribuna Pública para o dia 8 de Outubro em Olhão

António Garrochinho

Face ao anúncio realizado pelo Ministro do Ambiente do Governo PS em prosseguir com o processo de demolições na Ria Formosa, o PCP considera o seguinte:1- Contrariando legítimas expectativas por parte das populações das ilhas-barreira da Ria Formosa de ver o actual Governo romper com o processo de demolições que havia sido desenvolvido pelo anterior Governo PSD/CDS, o Ministro do Ambiente, veio esta semana confirmar as intenções de prosseguir com esta medida que é, em boa verdade, um processo de expulsão daqueles que vivem e trabalham neste valioso território para o entregar mais à frente aos grandes interesses ligados ao sector imobiliário e turístico.Trata-se de uma decisão tão mais inaceitável quanto, ainda no decorrer do presente ano, a Assembleia da República aprovou recomendações no sentido de uma reavaliação deste processo e, sobretudo, face ao intenso e participado processo de luta que as populações têm desenvolvido.2- Ao mesmo tempo que o Ministro de Ambiente afirmava na Assembleia da República que nada estava decidido sobre as demolições, a Sociedade Ria Formosa Polis Litoral, à revelia da tutela, avançava com essas demolições. Uma situação de tal forma grave que levou o Grupo Parlamentar do PCP a requerer, com carácter de máxima urgência, a audição do Ministro do Ambiente na Comissão de Ambiente, Ordenamento do Território, Descentralização, Poder Local e Habitação, pedido esse que já deu entrada na Assembleia da República e que será apreciado na próxima semana. Face a esta situação põe-se a seguinte questão: ou o Presidente da Sociedade Pólis agiu por conta própria e então não tem condições de continuar, ou o Ministro faltou à verdade na Comissão de Ambiente da Assembleia da República.As declarações posteriores do Ministro do Ambiente, onde fica clara a intenção de proceder no imediato à demolição de 81 casas (ficando em aberto outras demolições) nada se afastam dos objectivos do anterior governo PSD/CDS, mesmo que sejam anunciados, como já eram anunciados antes, alguns milhões de euros para investir neste território. Para o PCP, o investimento e requalificação dos núcleos habitacionais da Ria Formosa – Praia de Faro, Farol, Hangares, Culatra, Armona – agora anunciados não são, nem podem ser, uma contrapartida às demolições, mas uma necessidade que decorre da própria responsabilidade dos poderes públicos na melhoria das condições de vida das populações.Duas notas ainda sobre as intenções anunciadas:- Para o PCP, a questão não está também na armadilha da “primeira ou segunda habitação”, pois é um facto que estas comunidades, até pelas próprias realidades em que trabalham, há muito que desenvolvem a sua vida quer nas “ilhas” quer na parte continental dos concelhos de Faro e de Olhão.- A falta de consistência das alternativas apresentadas quanto ao realojamento é tanta que foi adiantada a hipótese de parte do realojamento dos moradores da praia de Faro, que viessem a ser expulsos das suas casas, ser feito no Parque de Campismo, opção inaceitável, que conduziria à destruição do único parque de campismo do concelho de Faro.3- Todo este processo a ir por diante confirmaria a opção do Governo PS de nesta matéria não enfrentar os interesses dos grupos económicos apostados na chamada “naturalização” destes territórios, invocando para tal critérios ambientais duvidosos. Mas confirma também as hesitações das maiorias PSD na Câmara Municipal de Faro e PS na Câmara Municipal de Olhão com o processo das demolições, sendo incapazes de, numa atitude de clara transparência, rejeitarem a chantagem que procura ser feita em torno das verbas para a requalificação da frente ribeirinha de Olhão ou da Praia de Faro.4- Fiel aos seus compromissos com as populações das ilhas-barreira, cuja luta desenvolvida pelas suas associações tem sido de uma enorme persistência e coragem, o PCP não deixará de continuar a intervir, denunciando este crime contra os interesses das populações da Ria Formosa e mostrando a sua solidariedade para com a sua luta para travar as demolições e apostar na valorização destes territórios. Neste sentido, realizará no próximo dia 8 de Outubro, pelas 10 horas no Mercado de Olhão, uma Tribuna Pública contra as demolições que contará com a participação de Paulo Sá, deputado do PCP na AR, dos vereadores da CDU nas câmaras municipais de Faro e Olhão e de representantes de várias associações de moradores das ilhas-barreira.Faro, 30 de Setembro de 2016O Secretariado da Direcção da Organização Regional do Algarve do PCP

03
Out16

Empresários admitem convocar manifestação contra lei laboral

António Garrochinho


Em entrevista conjunta à Antena 1 e ao Jornal de Negócios, António Saraiva afirmou que a CIP só aceita o aumento do salário mínimo para os 557 euros em 2017 se o Governo não mexer na legislação laboral.

António Saraiva garante que a Confederação Empresarial de Portugal (CIP) vai combater as medidas propostas para a legislação do trabalho com tudo o que estiver ao seu alcance e coloca mesmo a hipótese de que um dia haja uma manifestação de empresários, porque considera tratar-se "questões que são da sobrevivência das próprias empresas".
Em entrevista conjunta à Antena 1 e ao Jornal de Negócios, o presidente da CIP revelou que só aceita o aumento do salário mínimo para os 557 euros em 2017 se o Governo não mexer na legislação laboral e propõe a criação de um fundo que absorva o mal parado da banca.
"A CIP está disponível para absorver um valor de salário mínimo de acordo com aquilo que possa ser a vontade do Governo, se houver a garantia real de que não há novas reversões e que estes temas que lhe disse não verão a luz do dia".
Esses temas são "linhas vermelhas", que o presidente da CIP considera que o Governo não pode ultrapassar, como o banco de horas e as férias, sob pena de pôr em causa a sobrevivência das empresas, chegando mesmo a colocar a hipótese de uma futura manifestação de empresários.
"As medidas que este Governo tomou quando entrou em funções, de imediatamente retirar os feriados que tinham sido escolhidos em sede de concertação, de fazer reversões nas privatizações, de anunciar que estava disponível para aumentar os dias de férias para 25 dias, falava-se nas 35 horas de trabalho, que já estão aplicadas na pública, e há rumores, que espero que essa tontearia nunca venha a ver a luz do dia, das 35 horas na privada, a questão do banco de horas individual", afirmou.
O responsável lembra que pela aplicação dos indicadores económicos, o salário mínimo não subiria para os 557 euros que constam do acordo do PS com o BE, pelo que só com contrapartidas é que os patrões poderão aceitar.
Assim, António Saraiva entende que "se o Governo quer, como mostrou, um acordo em sede de concertação social, então estará seguramente disponível para pagar algum preço para a obtenção desse acordo". O empresário sublinhou que não coloca estas exigências por questões de ideologia, mas da "situação real" da economia.
Saraiva exige criação de fundo que absorva mal parado da Banca
Para o próximo Orçamento do Estado, António Saraiva exige a criação de um fundo que absorva o mal parado da Banca e permita ao sistema renegociar a dívida das empresas.
"Um dos quatro pontos que a CIP aponta como uma obrigatoriedade a ver contemplada no próximo Orçamento do Estado é a criação de um veículo que reestruture a dívida das empresas ou transforme parte dela em capital e, simultaneamente, ao fazer-se esta operação sob o ponto de vista da reestruturação da dívida das empresas, também se alivie o mal parado da banca", defendeu o patrão dos patrões.
Ainda no âmbito do próximo Orçamento do Estado, António Saraiva considera que uma descida do IRC seria vantajosa e uma boa contrapartida para alcançar um acordo.
Segundo o responsável, "os investidores querem previsibilidade" e a retoma da reforma do IRC de redução gradual até aos 18%/19%, com a condição de permanência no tempo, duas legislaturas pelo menos, é uma das possibilidades, porque "é isto que dá confiança aos investidores".
António Saraiva deixa ainda ficar um alerta: se, tal como está previsto nas Grandes Opções do Plano, as garantias bancárias forem executadas, as consequências terão uma "dimensão incalculável" com as empresas a encerrarem portas e a deixaram muitas pessoas no desemprego.
"O Governo nas Grandes Opções do Plano recomenda que a banca se liberte rapidamente do mal parado que tem, executando o mais possível as garantias que tem disponíveis. Isso leva a que muitas das empresas não podendo, como não podem, honrar esse compromisso vão fechar e vão provocar desemprego", afirmou.

rr.sapo.pt
03
Out16

DEMOLIÇÕES RIA FORMOSA

António Garrochinho


No dia 19 de março de 2016, numa manifestação contra as demolições de habitações nas ilhas-barreira da Ria Formosa, um deputado do PS (na foto) empunhava um cartaz onde se dizia: "O prometido é devido". Este mesmo deputado do PS, escreveu ontem na sua página do Facebook. "Em vez de 369 casas a demolir estamos a falar de 81 [nos Hangares e no Farol]". Ocorre-me a seguinte pergunta: O que é que o PS prometeu ao ilhéus (e que agora é devido)? Demolir 81 casas nos Hangares e no Farol?

Paulo Sá (facebook)
03
Out16

O que acontecerá com o acordo de paz após a vitória do 'não' no plebiscito na Colômbia?

António Garrochinho


Um dos principais pontos afetados é o desarmamento dos guerrilheiros e a participação política das FARC; entenda:

A vitória do “não” na consulta popular que fez a seguinte pergunta aos colombianos: “você apoia o acordo para o término do conflito e construção de uma paz estável e duradoura?” pegou a maior parte do país e da comunidade internacional de surpresa. Mas e agora? O que vai ocorrer com a negociação entre o governo e as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), realizada ao longo de seis anos?

Diante da decisão popular, há alguns cenários possíveis e que estão sendo traçados por meios de comunicação e analistas colombianos. Todos os analistas ressaltam, no entanto, a importância do compromisso entre as partes de manter o cessar-fogo bilateral e a disposição de seguir no caminho para a paz.

O primeiro efeito do referendo é que, com a decisão, o presidente Juan Manuel Santos não poderá implementar os acordos negociados com a guerrilha em Havana, Cuba, tal como definiu a Corte Constitucional em agosto.


Muitos colombianos reagiram com tristeza ao resultado
Com a decisão da Corte, todos os processos jurídicos anteriores à assinatura do acordo, firmado na última segunda-feira (26/09), ficam sem efeito.
Assim, o Ato Legislativo para a Paz, que foi habilitado para ser de rápida tramitação, através de projetos e reformas constitucionais, fica sem efeito. Tal medida dava ao presidente Santos faculdades extraordinárias para aprovar projetos com força de lei em temas relacionados à paz.
A decisão da Corte diz, no entanto, que Santos tem a prerrogativa de seguir buscando um acordo para a paz, apesar de uma possível derrota na consulta popular – como veio a ocorrer. O presidente pode, então, buscar um acordo diferente e submetê-lo ou não à referendação popular. Isso porque a decisão de realizar a consulta era facultativa e foi uma escolha do líder colombiano.
Diz o texto que “ante à negativa do povo, é possível realizar uma nova convocatória às urnas com condições diferentes às que inicialmente foram pactuadas e fruto de uma renegociação do acordo anterior ou com a assinatura de um novo, inclusive com grupos armados ilegais diferentes das FARC”.
Há o entendimento, desta forma, que o presidente poderá modificar o acordo rechaçado nas urnas, o que significará, necessariamente, uma retomada do processo de diálogos com a guerrilha. Tal processo já estaria em andamento, visto que Santos, no discurso que fez após o resultado, afirmou que amanhã (segunda-feira 03/10) uma equipe será enviada a Havana para conversar com as FARC.

Senador e ex-presidente Álvaro Uribe foi o grande impulsionador do "não" no referendo
O mandatário sinalizou, no entanto, que iniciará uma abertura de diálogo também com as partes da sociedade que votaram “não” à negociação.
Deposição de armas
Um dos principais pontos afetados pela decisão deste domingo é a questão do desarmamento dos guerrilheiros que integram as fileiras das FARC.
Apesar de as partes terem ressaltado o compromisso com o cessar-fogo, questões práticas colocam em xeque essa possibilidade.
Isso porque o aparato armamentista das FARC deveria começar a ser desmontado com a supervisão da ONU imediatamente após a ratificação do acordo. Assim, os guerrilheiros seriam agrupados em zonas de normalização e em acampamentos, o que não deve mais ocorrer.
Além disso, como o governo não dará recursos às FARC para esse processo, o que torna provável que a guerrilha tenha que recorrer a outros métodos de financiamento, como a cobrança de pedágio para narcotraficantes, mineração não legalizada, etc. Como efeito colateral, tal movimento pode provocar a ação das forças públicas e, consequentemente, a reativação de embates entre as partes.
Participação na política
Ao que as primeiras análises indicam, o principal ponto de desacordo entre os colombianos para aceitar a negociação de paz é a justiça transicional, que implicaria na participação política das FARC como partido e com direito a cadeiras no Parlamento.


Pesquisa da empresa Ipsos mostrou que 88% dos colombianos consideram que os líderes guerrilheiros deveriam ser presos e 75% disseram não querer que o grupo possa participar da política do país.
Esse ponto é sensível porque é inegociável pelas FARC, o que fica evidente na declaração da Décima Conferência da guerrilha, na qual consta que “não contemplamos em absoluto a renegociação de um acordo fechado e construído com tanto cuidado. Não há outro possível”.
Agência Efe

Abstenção superou 60% e muitas regiões tiveram participação impactada pela passagem do furacão Matthew
Soma-se a isso o fato de que todo o diálogo construído até aqui foi baseado na ideia de “trocar armas por votos”.
Assembleia Constituinte
Uma das alternativas que vem sendo sinalizadas no país é a realização de uma assembleia constituinte para tratar o tema.
Para o ex-magistrado Augusto Ibáñez, em declarações ao jornal El Espectador, essa é a única saída: uma assembleia com todos os setores da sociedade. “Agora corresponde voltar a sentar a negociar e voltar a avaliar as opções”, explicou.
A opinião é compartilhada pela ex-senadora e ativista colombiana Piedad Córdoba. Para ela, trata-se de uma oportunidade de despolarizar o país, de “chegar a um acordo com setores da sociedade e grupos partidários. Isso é um sinal para escutarmos uns aos outros”.
Para ela, agora é possível visualizar “algo que estamos dizendo há muito tempo: a realização de uma assembleia nacional constituinte” que produza no país “reformas fundamentais, de fundo. A paz por só se dá com reforma, com acordos. A Assembleia é o grande diálogo nacional e essa é a proposta que temos que levar adiante”, disse em declarações à emissora multiestatal 
operamundi.uol.com.br

03
Out16

A incrível estrada francesa que desaparece duas vezes por dia

António Garrochinho


https://scontent-gru2-1.xx.fbcdn.net/v/t1.0-9/14433196_1777888332487587_8532148409492742137_n.jpg?oh=c99de656326607ec45dd2d84eae1b730&oe=586D743B
Os pouco mais de 4 quilômetros que ligam o Golfo de Burnëf à ilha de Noirmoutier, na França, formam uma das estradas mais peculiares e arriscadas do mundo. Feito fosse algo misterioso, como um desafio aos viajantes mais corajosos, só é possível atravessar a estrada conhecida como Passage Du Gois duas vezes por dia por somente algumas horas; no resto do tempo, a estrada simplesmente desaparece.
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Trata-se, porém, de fenômeno oposto ao sobrenatural: cercada de água por ambos os lados, a estrada funciona somente durante as baixas da maré que, no resto do tempo, cobre a estrada de água ao ponto dela realmente desaparecer no mar.
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Quando a maré está baixa e a estrada própria para ser cruzada, o caminho não oferece perigos especiais. Uma série de painéis nas laterais da via informam se atravessar a Passage du Gois está seguro ou não naquele momento. É evidente, contudo, que anualmente muitos aventureiros acabam presos, capturados pela velocidade por vezes intensa com que a maré sobe.
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É por isso que existem uma porção de torres elevadas ao longo do caminho, que permite que o motorista as suba com facilidade para esperar pelo resgate. O único porém é que é preciso dar adeus ao seu carro que, diferentemente da Passage du Gois, provavelmente não reaparecerá intacto assim que a maré baixar.
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© fotos: divulgação

vivimetaliun.wordpress.com
03
Out16

Forte de Peniche. A fuga de Cunhal e a história do guarda que o ajudou

António Garrochinho


O autor do livro "Porta para a Liberdade", Pedro Prostes da Fonseca, descreve os detalhes da fuga que mais marcou o Forte de Peniche, agora em polémica. Como Cunhal fugiu. E como um guarda o ajudou.
Forte de Peniche, que o Governo pretende concessionar para hotel, ficará para sempre ligado ao dia 3 de janeiro de 1960, quando se deu a mais importante evasão coletiva de presos políticos em Portugal. Eram “só” alguns dos mais importantes quadros do PCP, com Álvaro Cunhal à cabeça. Uma fuga possível graças à cumplicidade do soldado Jorge Alves.

A vida no forte: Chicharro ao almoço, chicharro ao jantar

A noite já caiu e pingos de chuva soltam-se do céu de inverno. Um homem fuma desesperadamente enquanto bate com as suas botas no empedrado do velho Forte de Peniche. É um soldado da GNR e está ali, roído de nervos, para dar fuga a Álvaro Cunhal e a outros nove camaradas. É o final do dia 3 de janeiro de 1960, um domingo que ficará para sempre marcado na história da fortaleza, seja qual for o destino que venha a ter.
Cunhal está preso em Peniche há quase quatro anos, desde que, no dia 27 de julho de 1956, deixou a Penitenciária de Lisboa, levando no “currículo” duas outras passagens pelas cadeias de Salazar (em 1937 e 1940). Já vai com 11 anos ininterruptos atrás das grades.
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Em 1960, Álvaro Cunhal, líder histórico comunista (aqui numa fotografia muito mais recente), já tinha cumprido os anos de sentença a que tinha sido condenado. Era provável que o regime fosse prolongando indefinidamente a sua sentença
O líder comunista está detido numa cela individual, junto à dos guardas, onde pinta, escreve e lê. Destrói os olhos pelos esforços que faz na penumbra e à conta disso virá a acabar a vida praticamente cego. Uma vida que, contra toda a lógica, prolongará até 2005, e que bem poderá dever-se ao gesto do soldado Jorge Alves.
Quando Cunhal chegou a Peniche, já cumprira os anos de sentença a que fora condenado. Uma habilidade na lei permitia que, de três em três anos, os presos políticos fossem inquiridos para se perceber se estavam “regenerados”. Se chumbassem neste “exame”, teriam de esperar mais três anos por nova avaliação. Era uma “disciplina” que Cunhal não conseguia ultrapassar – não era do seu ADN colaborar com o inimigo – e o mais natural é que, se não acontecesse a fuga, fosse ficando preso ad eternum, até o regime cair (e se vivesse até lá). Isto, apesar de organizações internacionais intensificarem esforços pela sua libertação.
Se não fosse a fuga espetacular do Forte de Peniche com a cumplicidade de Jorge Alves, o soldado da GNR que o PCP subornou, o destino de Álvaro Cunhal poderia ter sido muito diferente.
A humidade no forte é o pior pesadelo para os presos de Peniche. O mar encapelado de inverno galga as velhas pedras e entra pelas frinchas das janelas da fortificação seiscentista, que desde 1934 é cadeia oficial de segurança máxima do Estado Novo, após ter sido presídio durante as invasões francesas, sanatório para tuberculosos no início do século 20 e depósito de antifascistas na sequência do golpe de 1926. Com o Atlântico a servir de guarda, é uma prisão especialmente segura. Só não totalmente porque Dias Lourenço provara, em 1954, que há sempre forma de escapar quando a vontade se junta à coragem. Bom nadador, atirou-se ao oceano em pleno dezembro e combateu com sucesso o mar revolto até chegar a terra.
Embora tivessem colocado Álvaro Cunhal no terceiro piso de uma ala recentemente construída, e onde a água do mar não chegava, o frio fazia-se sentir de forma implacável, pondo à prova a resistência física de quem desde jovem passou a vida a desafiar o regime. As refeições não ajudavam: “Chicharro ao almoço, chicharro ao jantar”, recordará António Borges Coelho – um dos poucos presos que não alinham na escapadela.

Guarda subornado com 150 contos e um exílio atrás da Cortina de Ferro

No dia 3 de junho de 1960, é também a chuva que se faz sentir. Nada de especial e até dará jeito, pensará Jorge Alves, enquanto, no exterior do espaço prisional, continua insistentemente a dar o sinal para o interior com o bater das botas. Finalmente, a porta de ferro – que poucos metros à frente tem uma guarita da GNR – abre-se. Os presos cumprem com sucesso a missão de anular um guarda prisional que chegara tarde para a rendição. Com a ajuda de um pano embebido em éter, roubam-lhe a chave da porta que dá para o exterior. O crucial posto de sentinela está deserto porque o soldado Alves tomara conta dela em troca de subornos.
Jorge Alves, o GNR que deu a fuga a Cunhal e a todo o grupo de comunistas que se evadiu de Peniche. Ele não fazia ideia que eram tantos e entrou em pânico
Jorge Alves, o GNR que deu a fuga a Cunhal e a todo o grupo de comunistas que se evadiu de Peniche. Ele não fazia ideia que eram tantos e entrou em pânico
Alves havia sido recrutado pelos operacionais do PCP que estavam presos com Cunhal – os mais perigosos, politicamente falando, segundo o parecer das autoridades. Gosta de beber, tem ódio à GNR por nunca conseguir trepar de posto, apesar de ser sempre o melhor nos testes escritos. Além do mais, confidencia à família que sente pena dos reclusos. Argumentos que pesam para se deixar levar pelo canto da sereia feito por um dos prisioneiros, Joaquim Gomes.

A polémica concessão do Forte de Peniche

O Forte de Peniche faz parte de uma lista de 12 monumentos que o Governo tenciona concessionar a privados por períodos que vão de 30 a 50 anos. Ana Mendes Godinho, secretária de Estado do Turismo, disse esta semana que em causa está o “desenvolvimento de atividades económicas a partir do património existente”. A governante chegou a dizer que não esperava reações negativas por causa da antiga prisão do Estado Novo ser transformada em unidade hoteleira: “Penso que todos temos a noção de que o património não pode estar sem uso e só temos a ganhar com o facto de ser requalificado e usado por todos”.
Mas houve já muitas manifestações públicas contra esta decisão. Apesar do presidente da câmara de Peniche — um independente eleito em listas da CDU — ser a favor da concessão, o PCP reagiu argumentando que “a política do património não pode estar sujeita ou subordinada ao ‘mercado’ e à política de turismo”. Em comunicado, os comunistas acusaram o Governo de ignorar o “simbolismo” e a “importância histórica e cultural daquele espaço”. Socialistas como Manuel Alegre e Francisco Assis concordaram em denunciar a mesma medida. Já existe, também, uma petição online a circular contra a transformação da fortaleza em hotel.

Em Estórias e Emoções de uma vida de Luta (edições Avante!, 2001), Joaquim Gomes recordará essa “sedução”: “No começo de cada comissão mensal de serviço, os guardas da GNR, pelo menos no Forte de Peniche, costumavam fazer, em grupo, uma espécie de reconhecimento, com o propósito de verem a cara dos presos e, possivelmente, também para os presos verem a sua. Num dia em que isto se repetiu, estando nós na chamada hora de recreio, os olhares que os guardas nos lançavam eram frios e distantes, para não dizer inamistosos. Porém, dessa vez, pareceu-me e creio também a um outro camarada, que no olhar de um dos guardas haveria algo diferente em relação a nós. Considerada esta situação no organismo responsável, e como não havia nada a perder, decidiu-se tentar dirigir a palavra ao dito guarda (…). Por ter fixado o guarda e porque a cela em que me encontrava estava bem situada para o fazer, coube-me a mim fazê-lo. Iniciei o contacto com um simples cumprimento, a que o guarda, de seu nome Alves, respondeu prontamente. Às minhas curtas palavras de apresentação, ele correspondeu amistosamente, tendo acabado por manifestar a sua discordância por haver em Portugal presos e perseguidos por motivos políticos, declarando a sua admiração por Álvaro Cunhal e informando ainda que tinha apoiado a candidatura de Humberto Delgado, razão pela qual se considerava perseguido pelos superiores, especialmente no que respeitava à sua promoção. Neste período mensal de serviço ainda voltámos a falar uma ou duas vezes. A partir destas curtas conversas foi-se reforçando a confiança entre nós (…) e foi decidido propor-lhe um contacto com um camarada no exterior, o que ele aceitou, ainda que manifestando as suas preocupações quanto à confiança que podia ter na pessoa que o viria a contactar. Garantindo-lhe toda a confiança, só então nos deu o seu nome e morada”.
Jorge Alves está comprado e a partir daí monta-se a estratégia de fuga. No exterior, a operação era comandada por Joaquim Pires Jorge; no interior, por Jaime Serra. São-lhe prometidos 150 contos e a saída para um país da cortina de ferro. A família – mulher e dois filhos menores – é incluída no “negócio”. Alves escolhe a Roménia, por lá se falar algo mais semelhante ao português.
Até 3 de janeiro, o soldado ainda irá criar dores de cabeça ao aparelho comunista no exterior, ao ponto de se discutir se se deve ou não abortar a operação. Com o dinheiro do suborno e bem bebido gaba-se nas tabernas de que vai libertar Cunhal. Sorte a dos comunistas de ninguém lhe dar crédito.

Guarda cúmplice entra em pânico. Cunhal grita para GNR se controlar

Jorge Alves está às 19 horas em ponto na hora e sítio previstos: junto da porta que dá acesso ao terceiro piso da nova ala prisional. Como previamente combinado, compete-lhe passar os presos debaixo do seu capote, um a um, por uma rampa, até um muro onde uma velha figueira servirá de escada para um terreno que terá de ser transposto, em corrida desenfreada, pelos fugitivos. O primeiro a sair lança uma corda – que ficará presa para uso dos seguintes –, por onde todos irão descer pelos 20 metros da muralha até chegarem à rua. Dois carros os esperam, com Lindim Ramos e Carlos Plácido de Sousa agarrados aos volantes.
Durante a fuga, Álvaro Cunhal perde parte do manuscrito de um romance que tinha criado na prisão: A Mulher do Lenço Negro. Viria a ser publicado com o título: Até Amanhã, Camaradas.
Tudo começa por correr bem. O primeiro a ver-se fora da prisão é Jaime Serra. O segundo, Álvaro Cunhal. Leva consigo um manuscrito num bolso interior do casaco, mas na precipitação da fuga perde parte dele. É um romance com o nome A Mulher do Lenço Negro – que após a revolução será publicado com o título Até Amanhã, Camaradas.
Continuam a sair presos. O terceiro é Guilherme Carvalho, que se fere numa perna por ter largado a corda cedo demais. Grita de dores, mas o som desfaz-se no barulho do mar. Meio livro perdido e uma perna a sangrar… o balanço poderia ser pior. E esteve para sê-lo, quando o quarto fugitivo, Joaquim Gomes, sai da ala prisional. Alves percebe que foi enganado. Haviam-lhe falado em três homens e continuam a aparecer cabeças. Francisco Miguel, Pedro Soares, Rogério de Carvalho, Francisco Martins Rodrigues, Carlos Costa e José Carlos estão impacientes na fila (Jaime Serra e Carlos Costa são os únicos do grupo que ainda estão vivos).
Corredor no 3º andar do Forte de Peniche. Ao fundo fica o refeitório. Numa das celas laterais, os fugitivos encarceraram um dos guardas
Corredor no 3º andar do Forte de Peniche, onde Jorge Alves ajudou os dez comunistas. Ao fundo, ficava o refeitório
O soldado entra em pânico, larga a sua missão e começa ele próprio a descer pela corda, fazendo um barulho enorme com as botas a bater nas paredes da muralha. Já na rua corre pela vila para se entregar, mas, perseguido por Joaquim Gomes, acaba por ser travado. Enfiam-no num carro onde já está Cunhal e para o sossegar dão-lhe a beber uma garrafa de vinho.
Este contratempo gera algum caos. Um dos carros, o conduzido por Carlos Plácido de Sousa, arranca cheio. Cunhal ainda tem de gritar para que Alves se controle. O automóvel de Lindim Ramos segue com dois passageiros a menos, mas todos conseguem escapar. Um verdadeiro milagre, presenciado por moradores das casas de Peniche próximas ao forte.
Descoberta a fuga, as horas que se seguem são de grande alvoroço. As operações stop que de imediato são mandadas erguer nas saídas de Peniche já de nada servem. Cunhal irá passar essa noite em São João do Estoril, em casa de Pires Jorge.
Oliveira Salazar reúne-se com o ministro da Presidência, Pedro Teotónio Pereira, na manhã do dia 5. Quer saber a razão da fuga e o porquê de a polícia não ter conseguido capturá-los.
Muralha exterior do Forte de Peniche, por onde os evadidos devem ter descido por lençóis
Muralha exterior do Forte de Peniche, por onde os evadidos desceram através de cordas. Outro dos muros que tiveram de ultrapassar desceram por lençóis
A imprensa portuguesa, coagida pela censura, só no dia 7 faz eco da evasão, sem referir nomes — dois dias depois de o diário francês L`Humanité, conhecedor da situação por um comunicado emitido pelo Partido Comunista Português, dar a notícia, embora ainda de forma cautelosa: “Corre o rumor em Lisboa que uma dezena de prisioneiros políticos, entre os quais o secretário-geral do Partido Comunista clandestino, Álvaro Cunhal, ter-se-ão evadido da fortaleza de Peniche, onde estavam detidos.Nenhuma confirmação pôde até agora ser obtida das autoridades. Mas é um facto que a polícia efetuou buscas domiciliárias em Peniche, como nos arredores, nas últimas 48 horas”.
Percebe-se rapidamente, pelo seu desaparecimento, que Jorge Alves está metido ao barulho, e a sua família é de imediato “apertada” na sede da PIDE, na rua António Maria Cardoso (hoje condomínio de luxo…).

O exílio e o suicídio de Jorge Alves. Cunhal fica para a história como o herói

A mulher e os cunhados do guarda cúmplice dos fugitivos serão mesmo detidos durante três meses, por terem encoberto o dinheiro que o PCP dera a Alves. Nesse período, Cunhal refugia-se numa casa na aldeia do Penedo, arredores de Sintra, com Isaura Moreira — com quem terá uma filha. Por razões de segurança acabará por abandonar esse local e residir uns meses em Lisboa, seguindo depois para o Porto.
Quanto a Jorge Alves, só em maio é “passado” para Espanha, depois para França e finalmente escala na Checoslováquia para chegar ao destino final: Bucareste. Irá ter a companhia da família em outubro do ano seguinte, quando Cunhal – que entretanto é efetivamente eleito secretário-geral do PCP (março de 1961) – já está a salvo na União Soviética, onde é recebido como herói. Afinal, não é todos os dias que um alto dirigente comunista consegue escapar de uma prisão “fascista”.
Em Bucareste, na Roménia, Jorge Alves continua alcoólico e é agressivo para a mulher. A vida do antigo GNR acabará em tragédia. Depois do 25 e Abril, durante um Governo Provisório, a viúva será recebida friamente por Cunhal em São Bento.
Em Bucareste, Jorge Alves acentua a sua condição de alcoólico e torna-se agressivo para Emília, a mulher, que se queixa ao controlador do partido comunista romeno. A situação assume tamanha gravidade que Cunhal vê-se forçado a ir a casa de Alves meter-lhe juízo. Diz-lhe: “Ó meu amigo, ou você entra na linha ou levamos a sua família”. Alves promete que doravante se portará bem, mas reincide no comportamento agressor.
Com a ajuda do aparelho romeno, num dia de 1967 a família de Jorge Alves escapa para uma outra localidade do país. Alves não suporta a separação e acaba por lançar uma corda ao ramo de uma árvore eenforca-se num jardim central de Bucareste.
Jorge Alves, aqui mais velho, acabaria por se suicidar no centro de Bucareste, capital da Roménia
Jorge Alves, aqui mais velho, acabaria por se suicidar no centro de Bucareste, capital da Roménia
A mulher e os filhos ainda ficam na Roménia até 1970, sempre amparados com trabalho e dinheiro, partindo depois para França onde têm familiares.
Já a seguir ao 25 de abril, é Álvaro Cunhal ministro Sem Pasta do I Governo Provisório, Emília dá uma entrevista ao jornal O Século, publicada na edição de 7 de junho de 1974. Queixa-se ao repórter de ter ido a São Bento e de Cunhal não a ter querido receber.
O líder comunista sabe da entrevista e decide chamá-la. “No seu gabinete de São Bento, Álvaro Cunhal cultivava um ar respeitoso, quase religioso. Falava-se a meia voz e andava-se como que em bicos de pés”, relataria Carlos Brito em Álvaro Cunhal – Sete Fôlegos de um Combatente (Edições Nelson de Matos, 2010).
Emília não se impressiona com o ambiente e é sem rodeios que lhe pede casa e trabalho. Cunhal, de semblante carregado, nega-lhe as pretensões, alegando que, após a família ter deixado a Roménia para um país ocidental, o contrato cessou e que o PCP nada lhe deve.
No último dia de agosto de 1974, Cunhal regressa a Peniche, agora como homem livre. Num comício com cerca de cinco mil pessoas (estimativa dos jornais da época), agradece a quem viu a fuga e não deu o alarme, e acaba a dar uma palavra “ao corajoso militar que arriscou a liberdade e a vida” para ajudá-lo a alcançar a liberdade.
Nunca profere o nome Jorge Alves e não esclarece a importância decisiva que o soldado teve na fuga. O herói é um e é só ele: Álvaro Barreirinhas Cunhal.
Pedro Prostes da Fonseca é jornalista e autor do livro “A Porta para a Liberdade”, sobre a importância do guarda Jorge Alves na fuga de Álvaro Cunhal do Forte de Peniche .

observador.pt
03
Out16

PCP quer aumento de 10 euros para todas as reformas e pensões

António Garrochinho

Jerónimo de Sousa defendeu a medida em entrevista ao DN e TSF, e garantiu que o Governo estava a analisá-la. Desmentiu a criação de um secretário-geral adjunto no congresso que viesse a suceder-lhe.


O PCP propôs ao Governo “um aumento geral extraordinário de dez euros para todas as reformas e pensões”, assumiu este domingo Jerónimo de Sousa, secretário-geral comunista, numa entrevista ao Diário de Notícias e à TSF. “Consideramos curta e bastante limitada esta ideia das reformas mais baixas. Há que valorizar pensões, reformas de 600, 800 euros…”, defendeu.

Como em 2016 não houve “qualquer aumento significativo” nas reformas e pensões, o PCP considera que “é chegado o momento em que tem de haver alguma justiça”. Jerónimo de Sousa vai mais longe e diz mesmo que o ministro Vieira da Silva”está a considerar” aumentos desse montante, e insiste que há “uma consideração inacabada em relação à proposta do PCP”, por parte do Governo. Nas contas dos comunistas, que o secretário-geral do PCP não diz se são partilhadas pelo Governo, há folga para este tipo de aumento: “Acho que os saldos atuais da Segurança Social permitem uma visão mais aberta sobre essa proposta”

Quando faltam apenas dois meses para a realização do XX Congresso do PCP, Jerónimo de Sousa procura acabar com as especulações. Vai continuar como secretário-geral. E não vai ser reaberto qualquer lugar para número dois e eventual sucessor, como tem sido especulado, e como as próprias teses provisórias ao congresso pareciam indicar. “É importante afirmar que a questão do secretário-geral não vai ser tratada em congresso”, disse Jerónimo na entrevista DN/TSF.

Em relação a essa ideia de um secretário-geral adjunto, eu quero aproveitar a oportunidade para dizer [risos] — com uma nota bem humorada — que a comunicação social ainda tem capacidade de me surpreender, na medida em que essa ideia nunca, sublinho, nunca esteve em cima da mesa. É uma questão que não tem fundamento.”
“Não existirá nenhum secretário-geral adjunto”, adiantou ainda o líder comunista, garantindo que permanecerá no cargo: “O que sinto por parte dos meus camaradas do comité central é uma profunda confiança e uma profunda solidariedade”.

Em relação à competição do PCP com o Bloco de Esquerda no quadro da viabilização da atual solução governativa, Jerónimo foi incentivado a comentar o artigo do líder parlamentar João Oliveira, que criticou os bloquistas na sequência da questão do novo imposto sobre o património, dizendo que enquanto uns juntam com o bico, outros espalham com as patas. “Eu percebo o BE e a sua vontade de protagonismo [risos]. É compreensível, mas muitas vezes precipitado”, respondeu Jerónimo de Sousa.

observador.pt
03
Out16

HÁ 220 MIL CASAS COM TV PIRATA

António Garrochinho


Crise potenciou recurso dos portugueses a expedientes ilegais para poder ver mais canais. Estima-se que o crescimento se esteja a fazer à velocidade de 10 mil por ano.
A crise veio potenciar o negócio ilegal dos sistemas de televisão pirata, os quais oferecem por cerca de dez euros o serviço que as operadoras legais cobram por mais de 50.

 http://www.jn.ptk
03
Out16

CGTP defende aumento do salário mínimo e mexidas na lei laboral

António Garrochinho



Arménio Carlos considera que CIP tem uma "conceção retrógrada" das relações do trabalho.

O secretário-geral da CGTP defendeu hoje o aumento do salário mínimo nacional e a revogação das "normas gravosas" da lei laboral, acusando a Confederação Empresarial de Portugal (CIP) de ter uma "conceção retrógrada" das relações do trabalho.

Em declarações à agência Lusa, Arménio Carlos reagiu à entrevista que António Saraiva deu no domingo à Antena 1 e ao Jornal de Negócios e na qual este revelou que só aceita o aumento do salário mínimo para os 557 euros em 2017 se o Governo não mexer na legislação laboral.

"Temos de mexer na legislação laboral, ao contrário do que diz o presidente da CIP, que defende os seus interesses, os dos grandes empresários. A CIP continua a funcionar com uma conceção retrógrada daquilo que devem ser as relações de trabalho entre trabalhadores e empresas e também por aquilo que deve ser o futuro do país e que passa pelo progresso e justiça social", advogou.

Arménio Carlos insistiu também na necessidade do aumento do salário mínimo nacional no próximo ano.

"É inevitável o aumento do salário mínimo nacional porque ele é um instrumento de investimento com retorno que melhora os rendimentos dos trabalhadores e das suas famílias e ajuda a dinamizar a produção e a criação de emprego e os negócios das pequenas e médias empresas", sublinhou.

No entender de Arménio Carlos, o aumento geral dos salários é determinante para a evolução da economia.

"Quanto à legislação laboral, é evidente que hoje é reconhecido que, com o memorando da Troika e o acordo assinado entre as confederações patronais e o anterior governo, verificou-se que há um desequilíbrio das relações laborais, uma generalização da precariedade e aposta nos baixos salários por isso é necessário revogar as normas gravosas", explicou.

Segundo o secretário-geral da CGTP, é preciso pôr travão à norma da caducidade que é responsável pelo bloqueio da contratação coletiva e pelo facto de haver milhões de trabalhadores que não veem atualizados os seus salários anualmente porque a contratação coletiva está bloqueada.

Em entrevista conjunta à Antena 1 e ao Jornal de Negócios, António Saraiva afirmou que a CIP só aceita o aumento do salário mínimo para os 557 euros em 2017 se o Governo não mexer na legislação laboral.

"A CIP está disponível para absorver um valor de salário mínimo de acordo com aquilo que possa ser a vontade do Governo, se houver a garantia real de que não há novas reversões e que estes temas que lhe disse não verão a luz do dia".

Esses temas são "linhas vermelhas", que o presidente da CIP considera que o Governo não pode ultrapassar, como o banco de horas e as férias, sob pena de pôr em causa a sobrevivência das empresas, chegando mesmo a colocar a hipótese de uma futura manifestação de empresários.

www.dn.pt

03
Out16

Cavaco terá pago metade do IMI durante 15 anos

António Garrochinho






Valor patrimonial da casa no Algarve foi atualizado e quase duplicou

Segundo o jornal Público, os dados que o ex- Presidente da República enviava para as finanças "não eram verdadeiros". Eram "dados errados quanto à casa, a sua área e características, que fizeram cair para perto de metade os impostos por ele devidos", escreve o jornal.

A avaliação da casa de Cavaco Silva, na praia da Coelha em Albufeira, em 2009 fixou um valor patrimonial de 199.469 euros. No ano passado, e após reavaliação das Finanças, o valor passou para 392.220 euros.

Segundo o Público, os dados fornecidos ao fisco para inscrição na matriz "foi fixado pelas Finanças muito abaixo do que devia ter sido se os dados fornecidos fossem os reais".

O ex-presidente da República, contactado pelo mesmo jornal, não respondeu às perguntas que lhe foram enviadas.


www.dn.pt
03
Out16

António Costa: “O único banco que será sempre português é a Caixa”

António Garrochinho

Em entrevista ao “Público” esta segunda-feira, o primeiro-ministro deixa muitas novidades: o Orçamento de Estado para 2017 vai aumentar novos impostos indiretos e o polémico escalão para o IMI sobre imóveis de luxo também vai avançar, apesar de ainda não serem conhecidas todas as condicionantes. Os trabalhadores da função pública só terão novos aumentos em 2018


“O único banco que nós sabemos que será português sempre é a Caixa Geral de Depósitos e por isso a quisemos 100% pública”, afirma António Costa em entrevista ao “Público” esta segunda-feira, quando questionado sobre a possibilidade de o Novo Banco ficar em mãos portuguesas.
Em declarações ao matutino, o primeiro-ministro deixa algumas novidades e muitas confirmações: o Orçamento de Estado para 2017 vai aumentar novos impostos indiretos e o polémico escalão para o IMI sobre imóveis de luxo também vai avançar, apesar de ainda não serem conhecidas todas as condicionantes. E Os trabalhadores da função pública só terão novos aumentos em 2018. “É sabido que o nível de inflação está baixo e que em 2018 temos previsto retomar as atualizações, bem como encarar as questões de fundo relativamente às carreiras”, diz. Já o IRS, irá manter-se sem mudança de escalões.

ECONOMIA DEVERÁ CRESCER POUCO MAIS DE 1% EM 2016

Costa assume o fraco desempenho da economia portuguesa. Esta deverá crescer pouco mais de 1% em 2016, admite. “Tudo converge para termos um crescimento acima de 1%, mas esse nível de crescimento só demonstra que temos de prosseguir a reposição de rendimentos e a criação de condições para poder haver investimento”, sublinha.
O Orçamento do Estado para 2016 tinha por base uma previsão de crescimento de 1,8%. Contudo, em julho, no relatório que enviou à Comissão Europeia com os argumentos para travar as sanções por défice excessivo, o Governo já tinha revisto esta estimativa para 1,4%.

COSTA E A POSSIBILIDADE DE QUE NO FUTURO SE “REGULEM AS PENSÕES MÍNIMAS ATRIBUÍDAS PELA SEGURANÇA SOCIAL”

O primeiro-ministro assume na mesma entrevista ao “Público” que é favorável a que no futuro se regulem as pensões mínimas atribuídas pela Segurança Social, uma posição “pessoal” sua que não deverá ter reflexo no próximo Orçamento de Estado. Segundo ele, tem-se “generalizado a ideia, que não é correta, de que todas as pensões mínimas correspondem a baixos rendimentos”, explica.
Neste momento, esta ideia não está na agenda. “Nós não podemos fazer mudanças estruturais no sistema de Segurança Social de um momento para o outro, têm que ser feitas com tempo, com serenidade, de forma a que não tenham efeitos indesejados”, diz.

“É PROVÁVEL QUE NO PRÓXIMO ANO HAJA TAMBÉM OUTRA TRIBUTAÇÃO INDIRETA”

Em 2017, alguns impostos indiretos vão subir. Mas ainda não foram decididos quais. “O país tem que fazer escolhas. Queremos baixar a tributação sobre o trabalho ou não queremos? Queremos tributar mais o investimento ou tributar menos o investimento? É verdade que a tributação sobre o consumo tem um impacto regressivo, mas também depende de que tipo de imposto estamos a falar”, diz ao “Público”.
António Costa confirma ainda que haverá mesmo “uma alteração relativamente à tributação do património imobiliário de luxo”, em termos que serão precisados mais tarde; já as tributações de ações e investimentos – sugestão do PCP – deverão ficar de fora. “Não vejo que seja oportuno, num momento em que é necessário fazer um esforço grande para criar condições de capitalização das nossas empresas”, avança.
Para o líder do Governo, é preciso abandonar a “obsessão de andar a ver o que é que sobe e o que é que desce, mês a mês, trimestre a trimestre”. Qualquer que seja a resposta, terá sempre de ser ao nível estrutural. “Se nos dermos ao cuidado de olhar para as séries longas, aquilo que verificamos é que temos um problema estrutural que remonta ao ano 2000 e que nos tem feito alternar entre períodos de recessão e de crescimento medíocre”, afirma.

“HÁ UM EXCESSO DE MITOS QUE PREJUDICA A IMAGEM DO PAÍS”

Quanto aos resultados da execução de 2016, o Governo está “tranquilo”, garante Costa, recusando a ideia de que possa ter medo que as contas no final do ano não venham a bater certo.
O primeiro-ministro faz questão de frisar que o “investimento aumentou, o desemprego baixou, as exportações têm vindo a subir, a execução orçamental tem vindo a subir…” Porquê esta repetição? “Há um excesso de mitos que foram construídos através de uma leitura simplificada das estatísticas que importa ser desmontada, porque tem um efeito pernicioso. Não é para o Governo. Tem um efeito pernicioso para a imagem do país no exterior. Tem um efeito pernicioso na motivação dos empresários”, diz.
Ainda na mesma entrevista, António Costa deixa críticas à oposição de Pedro Passos Coelho. “Uma oposição perdida em si própria, porque é uma oposição que a única coisa que tem para prometer ao país é o anúncio de uma desgraça que, felizmente, nunca acontece. É uma oposição que desiste de ser uma alternativa relativamente ao futuro”, descreve.
Já quanto ao CDS, a perspetiva é quase oposta. “Com a mudança de liderança, tem procurado libertar-se do lastro do seu passado e procurar ter os olhos de alguma forma postos no seu futuro - nem sempre com sucesso”, avalia.

expresso.sapo.pt
03
Out16

Mega operação policial cerca bairro da Torre em Camarate

António Garrochinho


PSP e Polícia Judiciária realizam esta manhã uma mega operação no bairro da Torre, em Camarate, local de onde tinham saído os três homens que na sexta-feira não respeitaram uma ordem de paragem da GNR que terminou com um suspeitos morto e dois detidos.

O bairro da Torre, constituído por casas abarracadas, está cercado: não entra nem sai ninguém. As autoridades não clarificaram quantos operacionais estão envolvidos e não foi avançado se há ou não mandados de buscas, segundo avança a CMTV.

Na sexta-feira dois homens foram detidos no Porto Alto, depois de não terem acatado ordem de paragem. Iniciou-se uma perseguição policial que terminou com um dos suspeitos abatido depois de troca de tiros com as autoridades e dois detidos. Um militar foi alvejado na perna e no braço.

Na viatura foi encontrada uma arma de calibre de guerra, que as autoridades suspeitam ter sido comprada no mercado negro.

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António Garrochinho

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