Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

orouxinoldaresistencia

POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

orouxinoldaresistencia

02
Nov16

HUMOR - EXPLICANDO O CAPITALISMO COM VACAS

António Garrochinho

Capitalismo Americano: você tem duas vacas. Vende uma e força a outra a produzir leite de quatro vacas. Fica surpreso quando ela morre. Então você invade um país árabe dizendo que eles ameaçam a democracia mundial porque têm armas de destruição em massa, e rouba as vacas deles.


Capitalismo Francês: você tem duas vacas. Entra em greve porque quer três.


Capitalismo Canadense: você tem duas vacas. Usa o modelo do capitalismo americano. As vacas morrem. Você acusa o protecionismo brasileiro e adota medidas protecionistas para ter as três vacas do capitalismo francês.

Capitalismo Japonês: você tem duas vacas. Redesenha-as para que tenham um décimo do tamanho de uma vaca normal e produz 20 vezes mais leite. Depois cria desenhinhos de vacas chamados Vaquimon e os vende para o mundo inteiro.


Capitalismo Italiano: você tem duas vacas. Uma você mata, quando tenta forçar ela a fabricar queijo diretamente da teta e com a outra você resolve experimentar salame de vaca. Vende o salame de vaca para todo o mundo e fica rico.

Capitalismo Britânico: você tem duas vacas. As duas são loucas.


Capitalismo Holandês: você tem duas vacas. Elas vivem juntas, não gostam de touros e tudo bem.


Capitalismo Alemão: você tem duas vacas. Elas produzem leite regularmente, segundo padrões de quantidade e horário previamente estabelecido, de forma precisa e lucrativa. Mas o que você queria mesmo era criar porcos.


Capitalismo Russo: você tem duas vacas. Conta-as e vê que tem cinco. Conta de novo e vê que tem 42. Conta de novo e vê que tem 12 vacas. Você para de contar e abre outra garrafa de vodca. 


Capitalismo Suíço: você tem 500 vacas, mas nenhuma é sua. Você cobra para guardar as vacas dos outros.


Capitalismo Espanhol: você tem muito orgulho de ter duas vacas.


Capitalismo Polaco: você tem duas vacas. Seu equipa de futebol perde, você bebe, briga com as duas e as mata.

Capitalismo Português: você tem duas vacas. E reclama porque seu rebanho não cresce...


Capitalismo Chinês: você tem duas vacas e 300 pessoas tirando leite delas. 


Capitalismo Hindu: você tem duas vacas. Ai de quem tocar nelas.


Capitalismo Mexicano: você tem duas vacas, sobe  numa e vai ilegal para os EUA.


Capitalismo Etíope: você não tem duas vacas.


Capitalismo Sul-Coreano: você tinha duas vacas, com a divisão das Coreias, você passou a ter apenas uma. Então os Americanos doam 3 mil vacas para você fazer inveja no seu vizinho do norte.


Capitalismo Porto-Riquenho: você não tem duas vacas, mas é cidadão estadunidense.


Capitalismo Judeu: você tem duas vacas. Vende uma, recebe o dinheiro e não a entrega. Quando o comprador vai reclamar, você o chama de anti-semitista, nazista e continua com a vaca.


Capitalismo Iraquiano: você tinha duas vacas. Com a invasão dos EUA você perde uma. Então troca sua única vaca por um carro bomba e mata aqueles filhos da puta.


Capitalismo Gaúcho: você tem duas vacas. As vende e compra carne de vaca argentina.


Capitalismo Argentino: você tem duas vacas. Você se esforça para ensinar as vacas mugirem em inglês. As vacas morrem. Você vende uma delas para os gaúchos, e com a outra você faz um churrasco de final de ano pros diretores do FMI.


Capitalismo Brasileiro: você tem duas vacas. Uma delas é roubada. O governo cria a CCPV-Contribuição Compulsória pela Posse de Vaca. Um fiscal vem e te autua, porque embora você tenha recolhido corretamente a CCPV, o valor era pelo número de vacas presumidas e não pelo de vacas reais. 

A Receita Federal, por meio de dados também presumidos do seu consumo de leite, queijo, sapatos de couro e botões, presumia que você tivesse 200 vacas e você vende a vaca restante para pagar as multas e os acréscimos legais e ainda adere ao programa do governo chamado REFIS para parcelar o restante da dívida com atualização da TR mais juros por 120 meses.

desciclopedia.org
02
Nov16

Militar americano da Base das Lajes suspeito de violação e tentativa de homicídio

António Garrochinho


Sargento é suspeito de ter violado e tentado matar uma mulher de nacionalidade portuguesa. Já foi detido pela PJ

A Polícia Judiciária (PJ) anunciou hoje a detenção na ilha Terceira, nos Açores, de um homem de 27 anos suspeito de ter violado e tentado matar uma mulher. O coordenador da PJ nos Açores, João Oliveira, confirmou ao DN que o indivíduo é um militar norte-americano, sargento na Base das Lajes, destacado na ilha Terceira há cerca de um ano. A vítima tem nacionalidade portuguesa.

As autoridades dos EUA estão disponíveis para colaborar com a PJ no caso.

Segundo o Departamento de Investigação Criminal de Ponta Delgada da PJ, "os factos ocorreram na ilha Terceira, tendo o autor tirado vantagem do facto de conhecer a vítima, a quem convenceu a aceitar uma boleia no seu veículo automóvel, levando-a, contra a sua vontade, para local isolado, onde a agrediu e violou".

"Seguidamente, levou-a para um outro local, junto à orla costeira, onde a voltou a sujeitar a violação, tendo-a agredido com arma branca e tentado matar por afogamento, no intuito de evitar que ela denunciasse os crimes de que foi vítima", acrescenta o comunicado das autoridades.

O coordenador da PJ nos Açores, João Oliveira, adiantou à Lusa que "havia uma relação entre o agressor e a vítima" e que o suspeito "foi detido na noite de terça-feira em Angra do Heroísmo". "Os factos ocorreram no concelho da Praia da Vitória", referiu. De acordo com o responsável, "a vítima conseguiu escapar e pediu ajuda a uma terceira pessoa que estava nas proximidades".

O homem, suspeito prática dos crimes de violação, rapto, ofensas à integridade física e homicídio na forma tentada, ainda vai ser presente durante o dia de hoje ou na quinta-feira a primeiro interrogatório judicial, para aplicação das medidas de coação tidas por adequadas.

www.dn.pt

02
Nov16

Gestores da CDG ameaçam bater com a porta se obrigados a apresentar rendimentos

António Garrochinho





Membros da equipa de António Domingues estarão prontos para sair caso sejam obrigados a apresentar rendimentos

PSD e Bloco de Esquerda apresentam esta quarta-feira propostas no Parlamento para baixar os salários da administração da Caixa Geral de Depósitos e obrigar os gestores a apresentar as declarações de rendimentos no Tribunal Constitucional, conforme avançou o DN. Apesar de, nesta altura, só o Tribunal Constitucional poder notificar presidente e restantes administradores do banco público para que apresentem os rendimentos, perante as pressões políticas, haverá já quem ameace bater com a porta.

Segundo o Jornal de Negócios, a equipa de António Domingues na CGD mantém a posição de que a lei está a ser respeitada de forma escrupulosa, e há gestores que admitem renunciar aos cargos caso sejam mesmo obrigados a apresentar a declaração de rendimentos no Constitucional. Os responsáveis não têm qualquer intenção de, voluntariamente, entregar a declaração de rendimentos para travar a crescente pressão dos partidos nesta matéria, acrescenta o jornal.

O prazo para que fosse entregue a declaração de rendimentos e património dos gestores da Caixa Geral de Depósitos no Tribunal Constitucional terminou na passada segunda-feira e só os juízes poderão esclarecer se existe obrigatoriedade de o fazer. Mas ainda não é certo que se pronunciem sobre a interpretação da lei em vigor, ainda que o próprio primeiro-ministro já tenha dito que cabe ao Tribunal Constitucional decidir se a administração do banco do Estado tem mesmo de prestar contas.

www.dn.pt


02
Nov16

Secretário de Estado quer que IKEA de Loulé use águas residuais para aquecimento e refrigeração

António Garrochinho

Carlos Manuel Martins


secretário de Estado do Ambiente quer que o novo centro comercial do grupo IKEA, que está a nascer no concelho de Loulé, venha a utilizar águas residuais das ETAR para o seu sistema de aquecimento e refrigeração.

O governante, à margem do lançamento da primeira pedra da ETAR Faro/Olhão, revelou aos jornalistas que lançou «a ideia que as instalações que estão a ser feitas, com uma grande área comercial [IKEA], perto de Faro, possa vir a fazer o seu aquecimento e refrigeração com águas residuais».
Segundo o secretário de Estado, o grupo IKEA «fá-lo noutro local perto de Lisboa, a partir da ETAR de Frielas, onde fui gestor. Essa é das instalações, do ponto de vista ambiental, mais eficientes desse grupo».
Esta ideia que Carlos Manuel Martins quer aplicar à superfície comercial é, no entanto, mais abrangente. «Temos uma elevada expetativa que os efluentes que saem das futuras ETARs [Faro/Olhão e Companheira] possam ser reutilizados em usos urbanos. Nesse aspeto, já temos uma diligência concreta com o Município de Portimão. Limpeza de ruas, jardins, limpezas de contentores e, no limite, rega de campos de golfe, pode ser feita com esta água».
Carlos Manuel Martins adiantou que «a Águas do Algarve está a fazer esses estudos. Quando passei por aqui dinamizei esse processo, que espero que possa ser continuado».


www.sulinformacao.pt
02
Nov16

Castro Marim celebrou o seu sal e homenageou os salineiros na 2ª Festa da Safra

António Garrochinho



A 2ª Festa da Safra, que se realizou na Casa do Sal no passado dia 31 de Outubro, prestou homenagem ao sal e aos salineiros de Castro Marim, contando «com casa cheia».

Aquele que é, no entender da autarquia castromarinense, «o melhor sal do mundo» tem, em Castro Marim, «o núcleo mais representativo da salicultura tradicional, não só por ser uma unidade geográfica bem definida, mas também porque aqui persiste a maior comunidade de salinicultores artesanais», explica a Câmara de Castro Marim.

Neste certame também se assinalaram o fim dos trabalhos do documentário «Os Dias do Sal», realizado por Ivan Dias, que deverá estrear em 2017.

«O orgulho castromarinense, profundamente ligado à “vida do sal”, é o âmago do documentário “Os Dias do Sal», diz a Câmara de Castro Marim. Esta festa contou também com a organização de um almoço no ambiente das salinas, no «Armazém Salmarim».

A autarquia castromarinense destaca, ainda, o facto de o «ouro branco» com selo castromarinense já «ser um produto reconhecido além-fronteiras», apesar de o grande objetivo ser «competir nos mercados internacionais e viabilizar economicamente a profissão de salineiro, estando para isso a ser conduzidos esforços no sentido da reativação da atividade para aumentar os níveis de exportação».


Neste sentido, a Câmara Municipal está ativamente empenhada no processo de Denominação Origem Protegida de Castro Marim, como fator diferenciador.

«Esta festa é para as pessoas que dão corpo e alma ao sal de Castro Marim. Vocês são os engenheiros do produto e os arquitetos da paisagem. Ainda estamos muito longe do nosso sonho, que é não só a dignificação da profissão, mas também que as vossas famílias possam viver dignamente desta atividade e que os vossos filhos e netos se possam orgulhar das vossas vidas de sal», realça, por sua vez, a vereadora da Câmara Municipal Filomena Sintra.

Esta iniciativa contou com a colaboração do representante da marca «Salmarim» e da unidade hoteleira «Praia Verde Boutique Hotel».


www.sulinformacao.pt

02
Nov16

PORTIMÃO - «Carolina Teixeira» é o novo navio palangreiro lançado ao mar no Algarve para pescar no Atlântico Norte - VEJA FOTOGALERIA

António Garrochinho


Só à terceira vez, e com o armador a ajudar a madrinha, a garrafa de espumante se esmagou em mil pedaços contra o casco do «Carolina Teixeira», batizando assim o novo navio palangreiro lançado ao mar no Algarve, que representa um investimento de 1,3 milhões de euros da algarvia Pescarade Sociedade de Pesca do Arade SA.

A cerimónia de batismo deste que é o terceiro navio dedicado à pesca do atum e do espadarte pertencente à empresa do armador algarvio António Teixeira e aos seus filhos André e João teve lugar no porto de pesca de Portimão, no sábado. Presentes estiveram o secretário de Estado das Pescas, a presidente e o vice presidente da Câmara portimonense, a vereadora da Câmara de Lagoa, o diretor regional de Agricultura e Pescas do Algarve, além de representantes de outras entidades oficiais e bancárias, fornecedores, clientes e muitos, muitos amigos.
Em declarações ao Sul Informação, o armador António Teixeira recordou ter começado a sua empresa de pesca, que hoje tem três navios a percorrer os mares do Pacífico, do Atlântico Sul e do Atlântico Norte, «com uma lancha, a Claudinha», de pesca local, matriculada em Ferragudo. «A Pescarade é um projeto que comecei com a minha mulher já há muitos anos», que entretanto deu «muitos dissabores, mas também muitas alegrias».
Este terceiro navio palangreiro, revelou, é um «sonho realizado» de uma empresa que resulta «de muito trabalho e muito esforço, pensado entre mim e a minha mulher».
O novo navio de pesca chama-se «Carolina Teixeira» precisamente «em homenagem às duas mulheres da minha vida, uma que já faleceu, outra que nasceu, a minha mulher e a minha neta», acrescentou o armador, emocionado, durante o almoço que se seguiu.
O navio, que resulta da remodelação completa e modernização de uma embarcação de pesca já existente e matriculada em Vigo, na Galiza (Espanha), tem uma autonomia de três meses e capacidade para 120 toneladas de pescado, ultracongelado mal é capturado nos seus porões frigoríficos. A tripulação é composta por 14 homens, na sua maioria de nacionalidade indonésia.


António Teixeira (em mangas de camisa), com José Apolinário 
Enquanto o «Alma Lusa», o maior navio da Pescarade (e do país) para a pesca do palangre (com anzóis), anda pelas águas dos oceanos Pacífico e Índico e o «Príncipe das Marés» navega no Atlântico Sul, o «Carolina Teixeira» irá pescar nas zonas da Madeira, dos Açores e um pouco mais acima, mas já em águas internacionais do Atlântico Norte.
Os 14 tripulantes, que já partiram para a primeira faina com a nova bandeira, vão estar agora três meses no mar (ou até encherem os porões frigoríficos), pescando com anzóis que têm bóias com GPS. Os aparelhos, iscados com cavala, são lançados ao mar durante a tarde, ao longo de uma zona com cerca de 50 a 70 milhas, e recolhidos no dia seguinte. O pescado – atum, espadarte e até tubarão – é arranjado de imediato e ultracongelado no próprio navio.
A Pescarade, que produz atum e espadarte «100% para exportação para a Europa», capturava até agora «1000 a 1200 toneladas por ano». «Com este novo navio, passamos para as 1500 toneladas/ano», disse António Teixeira ao Sul Informação.
O «Carolina Teixeira» está equipado com o mais moderno equipamento eletrónico de navegação e de pesca, mas conta com outras ajudas de peso: na sala de comando, estão em evidência as imagens de Nossa Senhora de Fátima, da Nossa Senhora da Conceição e do Sagrado Coração de Jesus.
«Temos de ter fé para ultrapassar os momentos difíceis», explicou António Teixeira. Aliás, o novo barco foi devidamente benzido pelo Padre Miguel, de Ferragudo, que, a pedido do armador, lançou água benta não só no exterior da embarcação, como na sala de comando e nos motores e porões frigoríficos.
Nestas coisas do mar, a tecnologia é muito importante, mas não se pode esquecer a força de vontade dos homens e a sua é…







 CAROLINA (A VERDADEIRA)  QUE DEU N OME AO BARCO NETA DO ARMADOR



















































Fotos: Elisabete Rodrigues|Sul Informação

www.sulinformacao.pt
02
Nov16

"Quero executar todos os pedófilos", diz deputado do UKIP Candidato ao partido independente do Reino Unido não é estreante em declarações polémicas.

António Garrochinho



O candidato à liderança da UKIP, John Rees-Evans, surpreendeu todos quando alegou que um dos seus objetivos, caso seja eleito, é votar pela pena de morte para os pedófilos.

“Votarei pela pena de morte para os assassinos de crianças e pedófilos”, disse na antena da radio LBC.
Após a afirmação, o jornalista questionou-o sobre se isso significa que executaria todos os pedófilos. E o deputado parlamentar não hesitou em responder que "sim".
Esta não é a primeira vez que o político John Rees-Evans faz declarações polémicas.
Anteriormente havia sido notícia por alegar que um "burro gay tinha tentado violar-lhe um cavalo".


www.noticiasaominuto.com
02
Nov16

O cão pequeno Shih Tzu

António Garrochinho

Shih Tzu (cão-crisântemo cão-leão) — é uma das raças mais antigas do mundo. Com o seu nome chinês (Shih Tzu, Shijie) é traduzido como «leão». Em russo, eles também podem às vezes chamado Merdas ou shih TSU. Homeland dos cães — China. Até o início do século XX, a raça do cão é cães tabu corte imperial.
História da raça shih-tzu
Por tradição, o Shih Tzu é considerado as raças de cães chineses. De acordo com uma versão, sua terra natal — Tibet. Sabe-se que v1653, um Dalai Lama do Tibete deu de presente ao imperador alguns destes cães, que fez esta exclusão da raça, que é para ele próprio só poderia família imperial. De acordo com alguns documentos, pode presumir-se que em Tibet desta raça veio de Bizâncio no final do século VI, que é da Europa. No entanto, não onde eles eram de fato conhecido.
Na Europa, o Shih Tzu reapareceu pelo embaixador norueguês para o fim dos anos trinta do século XX, que na China recebeu uma cadela Shih Tzu com Leydza apelido. Usando suas conexões, o embaixador foi capaz de comprar um par de cães para a produção de descendência, e após seu retorno à Europa, ele começou a criação desta raça previamente desconhecida dos europeus.
A origem do Shih Tzu
A origem exacta desta raça não está estabelecida. De acordo com várias hipóteses e os resultados da investigação genética, acredita-se que o Shih Tzu foi obtido como um resultado do cruzamento de Pekingese e Lassa Apso. Há outras hipóteses, mas credível não é reconhecido por qualquer um. Shih Tzu pode ser chamado de uma das raças mais antigas do mundo. Cães, leões são chamados por causa de seu nome chinês, que representa os leões-cães e crisântemos — porque a localização da lã deles no focinho tem a forma de uma flor de crisântemo.



Caráter Shih Tzu
Estes cães pequenos, apesar de olhar bonito e brinquedo, que é tão bem, realmente não é uma pedra decorativa. Shih Tzu — é essencialmente um cão de companhia, e é diferente tipo de personagem. Por exemplo, se uma família vive algumas pessoas, eles não têm um proprietário específico, shih tzu divide sua atenção entre todos. Shih Tzu não gosto de ficar sozinha e ir para seus mestres nos saltos onde quer que vá. Mesmo que o cão dorme — é como se uma pessoa está indo para algum lugar, o Shih Tzu não é preguiçoso demais para se levantar e ir para ele. E Shih Tzu muito ligado às pessoas que muitas vezes pagam mais atenção para as pessoas do que outros cães. Esta afeição por pessoas faz esta raça um excelente companheiro para as pessoas solitárias e idosas.
Shih Tzu não pode ser chamado de fraco, eles têm abundância de constituição forte e eles podem arrastar e soltar um pouco grande em comparação com o seu peso. No entanto, a sua utilização como cães de guarda não é apropriada, porque eles são de carácter pequeno e macio.
Não deixe que cães filhotes e jovens de brincar com crianças pequenas — os cães sentem-los como sua própria espécie, e ansioso para jogar com toda a energia disponível para eles que pode ferir uma criança. Shih Tzu pode ser mantido em casa sem avisar na rua, o que é especialmente importante na medida em que na idade adulta eles regrown cabelo longo pode interferir grandemente com uma caminhada e os proprietários e os próprios cães. Shih Tzu facilmente acostumados com a bandeja. Embora muitas vezes falar sobre eles como uma raça em silêncio Shih Tzu pode latir alto, muitas vezes a partir de uma idade muito precoce. Se eles são deixados sozinhos, os cuidados do proprietário, que podem ser acompanhados por chorar e lamentar-se por alguns minutos, mas não são susceptíveis de ser latindo. Na maioria das vezes, Shih Tzu tem alta actividade e pode jogar e correr ao redor por um longo tempo sem se cansar.





Aparência
Este é um pequeno cão com cabelos longos. Como o maltês e Afghan Hound tem o cabelo mais longo em comparação com a constituição.
Shih Tzu pode ser uma côr diferente, na maioria das vezes é uma mistura de cores marrom, vermelho, branco e preto. Ocasionalmente há indivíduos quase totalmente preto, e às vezes você pode ver um branco Shih Tzu com um pequeno toque de baunilha, algumas pessoas até confundi-los com os malteses. Shih Tzu, completamente coberto de branco, não acontece.

VÍDEO



02
Nov16

Vingança Viking - A Temida Águia de Sangue

António Garrochinho


Com base no texto da Smithsonian Magazine

Desde a década de 1960, os Vikings e muito de sua cultura passaram por uma espécie de filtro revisionista que suavizou a sua violenta fama.

Até então, as estórias mais frequentes a respeito dos povos da Dinamarca e Noruega no curso da Idade das Trevas, os apresentava como guerreiros sanguinários, que matavam, destruíam e pilhavam outros povos. Se eles não estavam cultuando seus deuses pagãos, estavam navegando em seus navios de batalha para saquear monastérios, estuprar virgens e conquistar um lugar de destaque na história, como homens ferozes e obstinados.

Mas as coisas começaram a mudar a partir da publicação do influente livro "The Age of Vikings" de Peter Sawyer em 1962 que redimiu, ao menos em parte, os vikings. Atualmente, muitos historiadores continuam afirmando que a fama desses povos como guerreiros ferozes, dados a estuprar e assassinar, é um exagero que encobre o fato deles serem na verdade comerciantes e exploradores. As realizações dos povos escandinavos são muito laureadas - eles navegaram até a América e alguns acadêmicos chegaram ao ponto de apontá-los como agentes que estimularam a economia, que foram "vítimas de inimigos em maior quantidade", e até (como um estudo da Universidade de Cambridge sugeriu) "homens que preferiam se embelezar, a pilhar", que chegavam a carregar instrumentos para remover a cera dos ouvidos. Para citar o arqueólogo Francis Pryor, eles "se integravam em comunidade" e "aceitavam o sistema de propriedade" nas nações que invadiram.

Ivar Boneless, um dos mais temidos guerreiros 

















Os Vikings realmente construíram uma civilização, eles possuíam fazendas e trabalhavam metal com habilidade. Mas, como aponta o medievalista Jonathan Jarrett, as evidências históricas também demonstram que eles capturavam milhares de escravos e mereciam sua reputação como temíveis guerreiros e mercenários. Eles podiam ser  inimigos implacáveis e gananciosos, e ao longo dos séculos levaram vários reinos fortes e ricos (como, por exemplo, a Inglaterra Anglo-Saxã) a beira do colapso. Na maior parte do tempo, os mesmos homens que trabalhavam nas fazendas e na metalurgia eram também responsáveis por estuprar e matar - afinal era um imperativo que eles tivessem de buscar outras fontes de sustento, no caso pilhando, sobretudo quando o solo pobre de sua terra não rendia bons resultados. Finalmente, como Jarrett destaca, se embelezar e ainda assim continuar sendo um soldado brutal, não é uma contradição. Um dos guerreiros vikings morto na Batalha de Stamford Bridge em 1066 por exemplo, atendia pelo nome de Olaf, the Flashy (Olaf, o Espalhafatoso).

Sempre foi um problema para os historiadores, que defendem terem os vikings sido um povo "incompreendido", explicar a inclinação deles - pelo menos da forma como eles são retratados em sagas e crônicas - para sangrentos Rituais de Morte. Entre as muitas vítimas iminentes dessas práticas, nós podemos citar o Rei Saxão Edmund, o Mártir - que morreu em 869, amarrado a uma árvore, após ser cruelmente açoitado e servir de alvo para arqueiros dinamarqueses que "o cobriram com tantas flechas, que ele teria ficado parecido com um porco-espinho". Outro que sofreu nas mãos dos vikings foi Aella, Rei da Northumbria, que em 867 passou pela mais terrível das provações impostas pelos povos Vikings aos seus inimigos, o ritual conhecido como "Águia de Sangue".

Não é preciso procurar muito para encontrar descrições explícitas sobre que tipo de execução medonha era a águia sangrenta. Em sua versão mais elaborada, ilustrada por Sharon Turner em History of the Anglo-Saxons (1799) ou por J.M. Lappenberg em seu History of England Under the Anglo-Saxon Kings (1834), o ritual envolvia vários estágios distintos:

A temível Águia Sangrenta
Primeiro a vítima era amarrada e imobilizada, com a face para baixo e as costas esticadas; em seguida, a forma de uma águia com as asas abertas era desenhada nas suas costas com carvão ou com a lâmina de uma faca. Depois disso, as costelas eram quebradas com um machado, uma por uma, os ossos e a carne puxados para trás a fim de criar a imagem do que parecia ser um par de asas brotando nas costas do sujeito. A vítima, segundo relatos, poderia muito bem sobreviver a essa tortura, experimentando uma agonia, nos termos de Turner, "ampliada pelo sal", - uma vez que sal grosso era esfregado dentro da enorme ferida. Depois disso, os pulmões expostos eram puxados para fora do corpo e esticados sobre as "asas", oferecendo às testemunhas uma ilusão de que elas estariam batendo, a medida que os pulmões se enchiam de ar e se esvaziavam, até finalmente a vítima expirar.

No século XIX, muitos historiadores aceitavam que a águia sangrenta além de ser profundamente desagradável, era muito real. De acordo com o eminente medievalista J.M. Wallace-Hadrill, é possível que não apenas Aella da Northumbria mas também Halfdán, o filho de Harald Finehair, Rei da Noruega, e o Rei irlandês Maelgualai de Munster; e em algumas interpretações até mesmo Edmund, o Mártir possam ter sofrido esse mesmo destino.

Para colocar essas alegações em um contexto, é necessário salientar que todos esses nobres morreram no final do século IX e início do século X, e que pelo menos dois deles Aella e Edmund - foram mortos por Ivarr the Boneless (Ivar, sem Ossos), o mais temido Viking de sua época. Ivarr, era filho do igualmente notório Ragnarr Loðbrók, cujo nome pode ser traduzido como "Ragnar Calças Peludas". Ragnarr foi supostamente o viking que saqueou Paris em 845, e - ao menos de acordo com o documento medieval islandês Þáttr af Ragnars sonum (Tale of Ragnar’s Sons - A História dos Filhos de Ragnar) ele morreu após seu barco naufragar na costa do reino Anglo-Saxão da  Northumbria. Capturado pelo monarca local, ele teria sido executado de forma incomum: lançado em uma cova repleta de víboras venenosas.

Analisando esse background compreende-se que a horrível morte de Aella parece ter sido motivada por vingança, uma vez que era ele o governante que capturou Ragnarr Loðbrók. Talhando a águia de sangue nas costas de Aella, Ivarr estava vingando a morte de seu pai. Mais que isso, os Vikings demonstraram a sua fúria com a morte de Ragnarr aparecendo na Inglaterra com um enorme exército nessa mesma época. Uma vez que esse exército e a depredação que ele causou no país foram o motor de alguns dos episódios vitais na história Anglo-Saxã - nada menos que a ascensão do Rei Alfred, o Grande, não é de surpreender que muitos respeitados acadêmicos aceitaram a realidade histórica, como o eminente Patrick Wormald, que chamou essa forma de execução de "ritual feroz de sacrifício".

O trágico destino de Ragnarr





























Talvez, o mais proeminente defensor da "Águia de Sangue" como um ritual verdadeiro tenha sido Alfred Smyth, o controverso especialista irlandês sobre a história dos Reis da Escandinávia nas Ilhas Britânicas no século IX. Para Smyth, a cova das víboras preparada pelo Rei Aella da Northumbria soa como um exagero (uma conclusão sensata, dada a escassez de serpentes venenosas na Inglaterra), enquanto a águia de sangue soa perfeitamente plausível:  

É difícil acreditar que os detalhes sobre essa carnificina tenham sido inventados por copistas medievais noruegueses... os detalhes explicam precisamente do que trata a águia de sangue... [e] de fato o termo bloðorn existe como um conceito no idioma nórdico antigo, indicando uma forma de justiça pelas próprias mãos. 

Para amparar a sua tese, Smyth cita a Saga de Orkneyinga - um relato islandês do final do século XII escrito pelos Condes de Orkney, no qual outro famoso líder Viking, Earl Torf-Einar, entalha a Águia de Sangue nas costas de seu inimigo Halfdán Long-legs (Halfdán Pernas Longas) “usando sua espada nas costas e na coluna, destroçando suas costelas e virando-as em seu lombo, e arrancando para fora seus pulmões.” Smyth vai mais longe ao sugerir que ambos Halfdán e Aella foram sacrificados para os Deuses Nórdicos: “Um sacrifício pela vitória,” ele explica, “era um traço característico do Culto de Oðinn [Odin].”

A existência de alguns problemas nessas reivindicações não surpreende nenhum estudioso desse período histórico, fontes do século IX e X na Escandinávia são poucas, muitas tardias e abertas a interpretações. A identificação de Smyth de várias vítimas sujeitas a águia de sangue sem dúvida é passível de objeções. Alex Woolf, o autor de um registro completo sobre a história da Escócia durante esse período, conclui que a Saga Orkneyinga é um trabalho fictício, não verdadeira história, enquanto o destino de Maelgualai de Munster foi contado apenas séculos mais tarde later. Segundo o Cogadh Gaedhel re Gallaibh (The Wars of the Irish with the Foreigners - As Guerras dos Irlandeses contra os Estrangeiros,  escrito no final do século XII), Maelgualai teria morrido em 859 quando “sua coluna foi partida por um pedregulho” - um ato que  Smyth insiste implica em alguma modalidade de ritual de execução que “remete a águia de sangue no que diz respeito ao procedimento.” Mas a narrativa fornecida por outro cronista irlandês, no Annals of the Four Masters (Anais dos Quatro Mestres) - relata que Maelgualai foi meramente “atingido por uma pedra lançada pelos nórdicos – o que é igualmente verossímil.

De fato, os relatos sobre a águia de sangue geralmente foram escritos no séculos XII e XIII, com base nas sagas nórdicas e islandesas, que por sua vez decorrem de poesias do período. As Sagas são contadas na forma de grandes estórias, que soam sedutoras aos historiadores, que dispõem apenas evidências fragmentadas sobre o período. Mas como é difícil reconcilia-las a crônicas, elas se tornaram bem menos criveis do que registros históricos. Além disso, se Halfdán Long-legs e  Maelgualai não estão na lista daqueles que sofreram a morte pela águia de sangue - e se nós aceitarmos as sugestões de que Edmund tenha sido morto com flechadas (ou, conforme The Anglo-Saxon Chronicle, tenha simplesmente morrido em combate) - resta apenas a morte do Rei Aella como vítima dessa forma de execução ritualística.


Nesse ponto é importante citar a publicação de Roberta Frank no English Historical Review. Frank - uma acadêmica de língua inglesa e literatura escandinava, não apenas debate a fonte original da morte do Rei Aella, como salienta que “o procedimento da águia de sangue varia de texto para texto, tornando-se mais lúgubre, pagã e ritualizada com o passar do tempo.” Ela aponta que as únicas fontes a respeito da águia de sangue são trechos de poesia, aberta a várias interpretações. 

Para vários acadêmicos, o ponto central é que o ritual da águia de sangue é, e para sempre será, passível de dúvida quanto a sua existência de fato. Isso ao menos até que alguma prova documental possa ser encontrada, o que é pouco provável.

Visto dessa perspectiva, não causa surpresa - ao menos enquanto tantos acadêmicos continuarem  a tratar os vikings como fazendeiros, que ocasionalmente lutavam - que nós sejamos encorajados a duvidar da realidade da águia de sangue. É provável, entretanto, que quando a roda da história girar, como provavelmente ela o fará, não nos surpreenderemos ao ouvir historiadores mais uma vez argumentando que os guerreiros da Escandinávia sacrificavam suas vítimas aos seus deuses pagãos.

mundotentacular.blogspot.pt
02
Nov16

Nazistas no Tibete - A Expedição Schäfer (1938) encontra artefato inestimável

António Garrochinho



Parece uma daquelas estórias fantásticas tiradas de um conto ou de uma aventura de Indiana Jones, mas é a mais pura verdade.

Uma estátua budista antiga, recuperada por uma expedição nazista em 1938 foi recentemente analisada por uma equipe de cientistas liderados pelo Dr. Elmar Buchner, do Instituto de Planetologia da Universidade de Stuttgart. 

A estatueta, que tem provavelmente 1.000 anos de idade é chamada de "Homem de Ferro" e representa o Deus Vaisravana. Acredita-se que ela faça parte da cultura pré-budista Bon que surgiu no século XI. Por muito tempo a estátua ficou em poder de colecionadores privados, até ser leiloada em 2007.

Análises geoquímicas realizadas pela equipe de pesquisa germânica-austríaca revelou que a inestimável objeto foi esculpido a partir de um fragmento de ataxiteuma liga muito rara de ferro, níquel e cobalto, que combina com a composição de outros pedaços de meteoro.

Acredita-se que a estátua que mede pouco mais de 24 centímetros e pesa aproximadamente 10 quilos seja a mais antiga figura humana esculpida em material proveniente de fora da Terra.


A estátua foi esculpida a partir de um fragmento de um grande meteoro que caiu em Chinga uma área na fronteira entre a Mongólia Sibéria há cerca de 15.000 anos atrás. Os primeiros detritos foram descobertos oficialmente em 1913 por garimpeiros que faziam prospecção na área. É provável que esse fragmento individual tenha sido recolhido muitos séculos antes, forjado e moldado artisticamente por volta do século XI.

Qual seria o interesse dos nazistas nessa estatueta e por que levá-la até a Alemanha? E a propósito, o que nazistas estavam fazendo no Tibete, para começo de conversa?

A estatueta foi descoberta por uma expedição de cientistas alemães liderados pelo renomadozoólogo Ernst Schäfer. A expedição visava oficialmente realizar um levantamento completo sobre a fauna, topografia, clima e antropologia do Tibete. Os membros da expedição, entretantoestavam diretamente subordinados ao temido Heinrich Himmler - Chefe da SS e homem de confiança de Hitler. A verdadeira missão da expedição, mantido em segredo, era encontrar as raízes do povo ariano, que segundo a doutrina nazista, constituía a raça superior que teria dado origem aos povos nórdicos e germânicos.

Os alemães dedicavam enorme importância a esse tema e criaram a Ahnenerbe, um órgão oficial, especializado em assuntos raciais e de herança cultural. Seu propósito era "defender a raça alemã" e garantir sua "pureza". Outra atribuição da Ahnenerbe era organizar expedições de cunho científico à diferentes regiões do mundo. 
Vários arqueólogos e antropólogos eram forçados a se tornar membros da SS, a fim de tomar parte nas expedições, garantindo assim total lealdade dos envolvidos. 

A base da ArqueologiaNazista, constituía um eficaz instrumento de propaganda, usado para perpetuar o orgulhonacionalista dos alemães e fornecer justificativas científicas para suas conquistas. Afinal, se os alemães fossem realmente descendentes de uma "raça superior", era seu direito natural governar os outros povos.

A Ahnenembe acreditava que a raça ariana descendia da mítica Atlântida e que essa civilização extremamente avançada havia sido destruída por um cataclismo cósmico, possivelmente o choque de um planeta milênios atrás. 
A partir dessa tragédia, o povo ariano que habitava a Atlântida teria se espalhado pelo mundo, colonizando diferentes regiões do planeta. 
A Ahnenerbe afirmava que os arianos teriam deixado indícios de sua presença e que estes ainda poderiam ser encontrados.

Dessa forma, tentavam desenterrar artefatos perdidos e conduziam escavações na Islândia,Tróia e no Oriente Médio. 
Os pesquisadores, no entanto, supunham que uma das mais prósperas colónias de arianos teria se estabelecido no coração da Ásia: nas Montanhas do Tibete. Para provar essa teoria, uma audaciosa expedição foi organizada com o intuito de explorar uma das regiões mais misteriosas do planeta. Até essa época, o Tibete se encontrava fechado para estrangeiros e os poucos viajantes que cruzaram suas fronteiras contavam estórias sobre uma terra exótica de incríveis riquezas e elaborados costumes. 
A cidadela de Llasa, no topo do mundo, era seu centro de poder.


Liderados por Schäfer a expedição partiu de navio em 1937, mas encontrou obstáculos logo ao chegar a costa da India onde pretendia desembarcar. 

As autoridades britânicas desconfiavam das verdadeiras intensões da expedição e negaram acesso aos portos sob seu controle. Schäfer e Himmler ficaram furiosos e fizeram uma queixa formal. Temendo um incidente diplomático, o Primeiro Ministro britânico Neville Chamberlain garantiu um salvo conduto para que a Expedição prosseguisse.

O grupo rapidamente comprou equipamento e provisões, marchando rumo ao Norte com uma caravana de 50 mulas, guias sherpas e uma multidão de carregadores. Levavam ainda rifles, morteiros, explosivos e a bandeira nazista que tremulava como um estandarte de conquistador. 

Durante o caminho tiravam fotos, faziam mapas, recolhiam espécimes animais e da vegetação, tudo isso sem esquecer sua principal meta. Existem filmagens que mostram antropólogos medindo o tamanho do crânio dos tibetanos e examinando criteriosamente sua anatomia a fim de comparar os resultados com as supostas medidas dos arianos. Foram feitas dezenas de máscaras de gesso com as feições de nativos também para efeito de comparação e dizem cemitérios foram violados em busca de amostras de ossos.

Outro aspecto curioso da Expedição é que ela buscava aprofundar a compreensão sobre o misticismo tibetano. 

De fato, Himmler, era fascinado pelo ocultismo e acreditava em várias doutrinas herméticas. Acredita-se que ele próprio era um mago e que recorria a tradições antigas adaptadas de cerimônias pagãs que passaram a fazer parte da filosofia da SS. 

A expedição devia pesquisar a religião local e seus muitos rituais. De enorme interesse eram as práticas de meditação, cura e viagem psíquica, Himmler também desejava saber mais sobre reencarnação.    

Não era a primeira vez que os nazistas se interessavam pelos ensinamentos orientais. Dezoito anos antes, o partido havia adotado a suástica como sua insígnia oficial. 

A suástica, um símbolo que remonta ao período Neolítico foi encontrado pela primeira vez nas civilizações do Vale do Indo naÍndia. 

Mais tarde, foi utilizada no hinduísmo, budismo, jainismo para simbolizar boa sorte. 

Outros significados do símbolo incluíam "fazer o bem", "ser superior", e mesmo "eternidade". 

Os nazistas cooptaram a suástica, invertendo sua posição usando-a para simbolizar arianismo, anti-semitismo e impulso para a frente em moto-perpétuo (progresso contínuo). 

Ela se tornou nos anos seguintes o símbolo universal do ódio e intolerância - uma corrupção completa de seu significado original.

Olhando para trás, e voltando a expedição de 1938, só podemos imaginar a alegria dos nazistas, quando a equipe de Schäfer descobriu a estátua de ferro com uma grande suástica adornando o peito da figura esculpida. 


Cegos pela ideologia e interpretações bizarras, eles esperavam reescrever a história.

























Não é possível dizer exatamente como Schäfer e seus homens obtiveram a estátua, os detalhes se perderam no pós-guerra, mas supõe-se que os nazistas tenham se aproximado de contrabandistas e saqueadores de tumbas oferecendo a eles recompensas por tais tesouros. 

Também é possível que a estátua tenha sido dada de bom grado por algum líder tribal ou chefe regional que relacionou o símbolo na estátua com a bandeira que aqueles estrangeiros carregavam orgulhosamente.

A expedição estabeleceu relações cordiais com os nativos e conseguiu inclusive permissão para adentrar a cidade sagrada de Llasa. 

Tal honra raramente era concedida a estrangeiros, ainda mais ocidentais. 

A visita foi documentada em várias fotografias e filmagem. Schäfer ofereceu ao Regente de Llasa vários presentes e recebeu em troca uma cópia da Enciclopedia do Budismo Tibetano (livro central na filosofia budista, um dos três únicos exemplares oferecidos a ocidentais na história).  

Além do "homem de ferro", a expedição recolheu inúmeros outros artefatos levados clandestinamente para a Alemanha no interior de caixotes contendo espécimes da fauna e da flora local. Uma indumentária que teria sido usada por um dalai-lama foi ofertada como presente ao Führer Adolf Hitler

A expedição tirou mais de 20 mil fotografias em preto e branco e 2 mil coloridas, reuniu máscaras e um dossiê completo sobre o povo tibetano foi reunido para ser analisado.

Schäfer retornou a Alemanha em Agosto de 1939, sendo recebido como herói em Munique. 

Himmler em pessoa o condecorou com o anel da S.S. e a adaga de honra. Com o início da guerra ele trabalhou no escritório central da Ahnenerbe. Após a derrota, Schäfer conseguiu fugir e imigrou para a Venezuela.  

Ele voltou a Europa em 1954 e foi acessor do Rei Leopold III da Bélgica.

































Ernest Schäfer terminou sua carreira como curador de um Museu na Saxônia. 

Até o final da vida ele alegou que sua ligação com a SS havia sido uma imposição política.

É um exercício ao mesmo tempo curioso e assustador tentar imaginar como a história da humanidade poderia ter sido reescrita caso os nazistas tivessem vencido a guerra. 

Com certeza, as conclusões no dossiê obtido pela Expedição Schäfer teriam sido usados como prova inconstestável das teorias da Ahnenerbe.

Tudo leva a crer que os nazistas jamais tenham suspeitado que o material usado para esculpir a estatueta do "Homem de Ferro", tenha vindo do espaço

Mas é uma idéia incrivelmente tentadora supor que membros dentro da SS soubessem desse detalhe e justamente por isso cobiçassem a estatueta. Talvez eles acreditassem que a estátua tivesse propriedades desconhecidos dada a sua origem incomum e que aquele que a detivesse ganharia algum poder especial. Com as estranhas crenças da SS e da Ahnenerbe quem pode afirmar que não era esse o caso? 

Por vezes, o mundo real oferece farto material para a ficção.

Aqui está um vídeo com imagens originais dessa expedição:  VÍDEO


02
Nov16

PATRÍCIA CAMPBELL HEARST - Patricia Campbell Hearst era o que a cultura popular descreve hoje como "patricinha", uma integrante da burguesia que vivia rodeada de todo o luxo e que jamais precisara fazer o mínimo esforço em sua vida para a satisfação

António Garrochinho
PERSONALIDADES

Uma Patricinha pelo proletariado

Por Cristiano Alves

Quando o assunto é fascismo e jornalismo marrom, muito se tem ouvido falar do nome de William Randolph Hearst, responsável pela associação do jornalismo à palavra "prostituição". Hearst sempre foi na América considerado por liberais, comunistas, democratas, anarquistas, socialistas e meros sindicalistas como o "fascista número 1 da América". Boas razões para seguir este ideal genocida ele tinha, visto que enriqueceu às custas da bajulação de Hitler e Mussolini, chegando a dedicar matérias especiais para o tirano italiano. Em uma famosa foto, inclusive, ele chega a aparecer ao lado de quatro representantes da Alemanha hitlerista, que lhe encomendaram várias matérias originalmente publicadas em jornais nazistas alemães, inclusive a famosa estória do "Holodomor". Ninguém jamais imaginaria, entretanto, que o sobrenome "Hearst" viria um dia a ser associado a uma revolução marxista.

William Randolph Hearst(1863-1951), renomeado fascista e magnata americano, avô de Patrícia, ao lado de famosos nazistas

Patricia Campbell Hearst era o que a cultura popular descreve hoje como "patricinha", uma integrante da burguesia que vivia rodeada de todo o luxo e que jamais precisara fazer o mínimo esforço em sua vida para a satisfação de suas necessidades materiais, básicas ou supérfluas. Era a herdeira do império erguido pelo magnata fascista, cujo inventário envolvia mansões, ações em grandes jornais e revistas, e até castelos, como um no oeste americano cuja opulência é tão grande e suas estruturas tão fortes, que seria capaz de resistir a um terremoto com as mais fortes escalas possíveis e ainda durar centenas de anos sem ninguém para conservá-lo. Sua vida, entretanto, mudaria aos seus 19 anos de idade, quando perderia seu papel patético comparável ao de milhões de jovens da mesma idade que vemos na sociedade brasileira dentre a chamada "classe média".

Em 4 de fevereiro de 1974, "Patty" Hearst e seu namorado foram sequestrados pelo Exército Simbionês de Libertação(por alguns conhecido por "Exército de Libertação Americano"), um grupo que se apresentava como "vanguarda revolucionária". Defendiam o estabelecimento do socialismo nos Estados Unidos, para isso adotando idéias de Herbert Marcuse, Karl Marx, Mao Tsé Tung e Che Guevara, para citar alguns nomes cujas idéias mais influenciaram o movimento. Embora Mao Tsé Tung pregasse a guerrilha rural, o ESL optou por um tipo de guerrilha urbana, então em alta naqueles anos, cujas concepções encontram em Carlos Marighella seu pai. Adotando por símbolo a naga, da mitologia indiana e do Sri Lanka, guardiã das águas, as idéias do Exército Simbionês de Libertação defendiam a emancipação dos negros, nos EUA, e chamava suas prisões de campos de concentração, tinham ainda por pilares 7 virtudes: Umoja (unidade), Kujichagulia (auto-determinação), Ujima (trabalho coletivo e responsabilidade), Ujamaa (economia cooperativa), Nia (propósito), Kuumba (criatividade) e Imani (fé). Apesar de sua inclinação pró africana, a maioria de seus membros eram brancos.

As primeiras exigências para a libertação de Patricia Hearst foi a doação, pela família Hearst, de US$ 70,00 para cada família carente da Califórnia, o que ao todo custaria 400 milhões de dólares. O pai de Patricia, entretanto, limitara-se a gastar apenas 6 milhões em doações para os pobres de Bay Area, região da Califórnia. Ressalte-se que todo o patrimônio da família Hearst foi construído a partir do estelionato ideológico, apresentando notícias falsas ao público de boa-fé, num jornalismo marrom contra seu concorrente Joe Pulitzer, assim como em acordos com nazi-fascistas. O ESL, entretanto, logo verificou que a família Hearst descumpriu com o acordo, uma vez que teria entregue comida de péssima qualidade e não teria atingido o valor exigido, razão pela qual decidiu manter Patricia em cativeiro.

Após a família Hearst falhar no atendimento às exigências, apareceu na imprensa uma fita de áudio gravada que surpreenderia os Estados Unidos e abalaria tudo aquilo que eles conheciam a respeito do assunto, uma fita onde Patricia Campbell Hearst explicava as razões pelas quais havia se juntado à causa revolucionária, lá ela constatava, inclusive, que seu pai poderia ter feito melhor. A fita fora analizada por vários especialistas e ficara constatado que a voz era realmente a da antes "patricinha" americana, lá ela explicava por que decidiu se seguir o caminho revolucionário, ao invés do reacionário.

   
   Patricia Hearst em uma ação do Exército Simbionês de Libertação, foto da câmera de segurança

Se ainda restava alguma dúvida de que "Tanya", como agora era conhecida a Hearst comunista, havia se juntado ao Exército Simbionês de Libertação, com a divulgação de imagens de câmeras de vídeo onde esta expropriava bancos de grandes capitalistas, junta a seus camaradas, a dúvida havia sido agora sepultada. Uma vez que o ESL enfrentava dificuldades financeiras, este havia resolvido expropriar bancos que guardavam todo o dinheiro que os capitalistas americanos pilharam de países como Vietnã, Laos, Nicarágua, Guatemala, dentre outros, às custas do sangue e do genocídio de milhões de pessoas, especialmente mulheres e crianças. Essas ações, que possibilitavam a aquisição de fundos para a compra de armamentos e munições, aumentaram a perseguição dos órgãos de segurança do Império contra os simbioneses. Em um dos confrontos entre o ESL e os lacaios do imperialismo americano chegou a haver forte tiroteio envolvendo armas pesadas, para o qual foi enviado o Departamento de Polícia de Los Angeles(LAPD), SWAT, FBI e mesmo chegou-se a enviar tropas do Exército Americano.

             
              "Tanya", em foto oficial do ESL(aqui, com o símbolo da naga)

A captura de Tanya, entretanto, se deu quando em setembro de 1975 ela e seus companheiros foram surpreendidos num apartamento em Los Angeles, tendo sido presos então. Quando levada a julgamento, Patricia tentou desvincular-se de seu passado revolucionário, a fim de evitar a prisão, o que foi infrutífero. Lá, ainda chegou a manifestar alguns sentimentos nostálgicos quanto a seu passado revolucionário. As condições materiais que cercaram Tanya, entretanto, a impediram de seguir no caminho, assim como a repressão ferrenha que o governo americano viria a manifestar contra outros movimentos revolucionários(vindo, por exemplo, a desmantelar o Partido dos Panteras Negras e a prender Angela Davis). Em razão de sua origem social, entretanto, Patricia veio a obter um tratamento melhor do que outros presos confinados em campos de concentração.

 
Fichamento policial de Patricia "Tanya" Hearst

Tendo sido perdoada pelo então presidente William "Bill" Clinton, Patricia Hearst hoje leva uma vida que apenas condiz com suas condições materiais opulentas. Ainda que quisesse voltar para o caminho revolucionário, isto é de certa forma quase impossível, em razão da derrota de seu movimento, isto, entretanto, de forma alguma apaga seu legado e as principais lições que podem ser retiradas da história de seu movimento. A primeira, certamente, é que o ESL cometeu o mesmo erro de grandes revolucionários como Che Guevara, do General Varennikov ou dos alemães da Fração do Exército Vermelho, isto é, a idéia de que "um grupo de intelectuais armados podem sozinhos fazer a revolução sem o apoio das massas", filosofia essa que levou à derrota de vários movimentos revolucionários; a outra lição é, sem dúvidas, a comprovação de que mesmo sendo o anticomunismo uma doença, ela tem cura e Tanya foi a cura para essa doença genética que Patrícia Hearst, a comunista, herdou de William Hearst, o fascista.

Hoje Patricia Hearst é atriz holywoodiana, nenhum de seus filmes é exibido na TV aberta no Brasil.

                                        
                                           Patricia Hearst, em foto no Internet Movies Database(IMDB)
02
Nov16

OS SEGREDOS DO LAGO BAIKAL

António Garrochinho


Baikal: nas profundezas deste lago encontra-se um quinto da água doce de todo o planeta.
Desde tempos imemoráveis as tribos siberianas de Buryatia acreditavam que estas águas eram dotadas de poderes mágicos.

“O sudeste da Sibéria é um local composto por uma natureza luxuriante em torno do Lago Baikal.
Ele é tão profundo e tão grande que as pessoas aqui chamam-lhe mar. Mas a sua água é pura e fresca e um quinto da agua doce de toda o planeta encontra-se aqui. O Lago Baikal é também conhecido como a pérola da Sibéria”. Esta zona é habitada por centenas de espécies animais e vegetais. Aqui existem duas espécies de aves únicas no mundo. Apesar de ameaçadas, o lago consegue preservar a sua pureza, graças à um turismo moderado.
Mikhail Ovdin, Baikal parque nacional:
“Temos aproximadamente 30 mil visitantes por ano, a grande maioria prefere este tipo turismo extremo porque as nossas estradas e os nossos hotéis não estão suficientemente desenvolvidos.
As pessoas encontram aqui qualquer coisa de especial, qualquer coisa de familiar.
Alguns vêm admirar a unicamente a natureza, outros procuram a pesca, outros vêm para estudos científicos Os objetivos são diferentes para cada um”.
Antes de atingirmos a borda, temos de parar à entrada como num santuário para acalmar os espíritos que guardam as águas e dar-lhes peixe, leite e vinho.
A existência de Deus e de espíritos maléficos que povoam o mundo invisível é a base da crença do Xamanismo inerente ao povo do Buryatia.
Nos seus rituais, o Shaman entra em transe para comunicar com esse mundo e pede proteção aos espíritos e receber as orientações do reino além.
Bair Zyrendorzhiev, “Tengeri Buryat Shaman association” :
“O xamanismo é a crença natural do nosso povo, do povo Buryatia, que os nossos antepassados transmitem desde os tempos imemoriais e que os nossos filhos, creio eu, vão continuar depois da nossa morte. O Baikal é um dos lugares mais sagrados do xamanismo da Sibéria. A natureza e as águas do lago estão cheias de energia que liga qualquer pessoa aos seus antepassados, às forças do universo, da terra e dos povos”..
No inverno, o lago é sagrado, e a sua superfície, que equivale à área da Bélgica, está coberta de gelo. Ainda é possível vê-lo até finais de maio, mas a frescura pode sentir-se o ano inteiro, situação ideal para a Fauna e flora, muita diversificada.
O lado do lago que se estende o longo da falha tectónica é pontuado de fontes de agua quente.
São águas muito conhecidas pelos seus poderes curativos, elas atraem milhares de curiosos desde há séculos.
A tranquilidade e a serenidade destes sítios ressoam também numa outra religião do Buryatia
O budismo tibetano coexiste com o cristianismo e com o xamanismo um pouco por toda a república e mesmo na capital Ulan-Ude.
Anatoliy Zhalsarayev, especialista em religião :
“É claro que existem conflitos de interesse entre xamanistas e budistas ao nível dos dirigentes da organização. Mas para a maior parte das pessoas, isso não interessa muito. Elas vêm aqui quando precisam de conselhos. O mais importante para eles agora é viver em harmonia coletiva.”
AS tradições e as crenças antigas influenciam os rituais budistas que surgiram aqui por volta do século 17.
Hoje os budistas de Buryatia veneram a natureza virgem e intacta de Baikal, como um local sagrado da humanidade.
AS tradições e as crenças antigas influenciam os rituais budistas que surgiram aqui por volta do século 17.
Hoje os budistas de Buryatia veneram a natureza virgem e intacta de Baikal, como um local sagrado da humanidade.
Denis Loktev, Euronews :

VÍDEO
02
Nov16

MISTÉRIOS DA LONGEVIDADE

António Garrochinho



Foi publicada uma notícia sobre o mistério da longevidade saudável. Segundo as pesquisas atuais no tema, ainda não foi possível determinar um padrão (seja de comportamento ou alimentação) que proporcione mais anos de vida, muito menos que garanta uma velhice saudável. O artigo é bem interessante e por isso colei-o abaixo:

Cientistas tentam encontrar chave para uma vida mais longa

Estudos com pessoas que chegaram aos 100 anos em boa forma ainda não desvendaram o mistério da longevidade saudável
Helen Faith Keane Reichert tem 108 anos. Detesta saladas e tudo que esteja associado a um estilo de vida saudável. Gosta de hambúrgueres, chocolate, coktails e da vida noturna de Nova York. Também gosta de fumar. “Fumo há mais de 80 anos, o dia todo, todos os dias. Foram muitos cigarros”, admite ela, que tem o apelido de Feliz desde criança.
Depois de um derrame, há cinco anos, sua pronúncia se tornou levemente arrastada. Mas sua mente está alerta, a curiosidade, forte como sempre, e a memória muitas vezes se mostra melhor que a de sua acompanhante filipina de 37 anos.
Helen, nascida em 1901 em Manhattan e filha de imigrantes judeus da Polônia, é psicóloga, especialista em moda, ex-apresentadora de TV e professora emérita da Universidade de Nova York. Foi casada com um cardiologista e não teve filhos. Quando o marido morreu, há 25 anos, ela decidiu dar a volta ao mundo. Visitou Irlanda, Espanha, Itália, Turquia, Egito, China, Japão e Austrália. Foi sua forma de superar a perda.
Feliz, a mulher indestrutível, atraiu a atenção dos cientistas, junto com os irmãos Irving, 104, e Peter, 100, e a irmã Lee, que morreu em 2005 aos 102. Os quatro deram amostras de sangue e foram entrevistados por pesquisadores do envelhecimento de Boston e Nova York. Tais estudos querem descobrir como alguns indivíduos chegam aos 100 anos ou mais saudáveis e ativos.
O médico israelense Nir Barzilai, do Instituto de Pesquisas do Envelhecimento da Faculdade de Medicina Albert Einstein, de Nova York, que coordenou as entrevistas, afirma que “não há padrão” no comportamento que conduz à velhice saudável.
Mas ele não perde tempo em dizer que as pessoas não devem começar a questionar a importância de um estilo de vida saudável. “Mudanças no estilo de vida implementadas hoje podem determinar se a pessoa vai morrer aos 85 anos e não aos 75.” Mas o pesquisador diz que, para chegar aos 100, é preciso ter uma composição genética especial.
“Essas pessoas envelhecem de outra forma. Mais lentamente. Morrem das doenças que vitimam a todos, só que 30 anos mais tarde que o esperado, num processo mais rápido, sem sofrer por período prolongado.”
A obesidade, o tabagismo e a falta de exercício certamente prejudicam a saúde.Mas as entrevistas não revelaram uma fórmula mágica que determinasse nossa alimentação e comportamento para que cheguemos com boa saúde a uma idade avançada. “Nenhum dos centenários optou por se alimentar com uma dieta de algas”, indica Stefan Schreiber, de 48 anos, chefe de um grupo de pesquisa sobre envelhecimento saudável da Universidade de Kiel, na Alemanha, que também estudou centenários. Schreiber reparou em algo que os centenários têm em comum: “Muitos só beijaram uma pessoa em toda a vida. Quem sabe não seja esse o segredo?”
(Fonte: Der Spiegel/Estadão)
Apesar do artigo enfocar uma genética “especial” como sendo uma parte essencial do “mistério” da longevidade, na verdade já foram publicados estudos que afirmam que o nosso corpo deveria durar, de modo saudável e ativo, pelo menos 140 anos. Então é realmente muito estranho que a expectativa de vida mais alta do mundo seja de apenas 86 anos (das mulheres japonesas). Não dá para tirar o crédito de uma genética forte, em alguns casos, mas sinceramente discordo dos especialistas consultados quando eles afirmam que é “preciso uma genética especial”. Teoricamente, pelo menos, a maioria de nós já possui essa genética. Então porque continuamos a morrer “prematuramente”?
Se nos basearmos no artigo acima, pelo exemplo de Helen, a ideia do que “contribui para a saúde” pode se tornar um problema. Eu já ouvi falar, por exemplo, de pessoas com mais de 70, 80 anos, trabalhadores rurais, que apenas tomam café com leite o dia inteiro – praticamente nada de água pura (pura no sentido de nada misturado a ela – café, suco etc) – durante boa parte de suas vidas, e que nunca precisaram de hospital ou de remédios. Inclusive saiu uma notícia há algumas semanas a respeito de uma indiana (esse tipo de notícia se não é da Índia ou é da Tailândia ou do Japão!!!) de 92 anos, que afirmou que não bebia um copo de água pura desde os 14 anos de idade. Ela vive a base de duas xícaras de café por dia, frutas secas e arroz, há 78 anos! E antes que alguém pense que “café vai água”, saiba que é muito diferente de tomar água pura, e a quantidade de água ingerida pela indiana, pelo café e o arroz, mesmo assim é muito pouca para o que se considera “saudável”. Tanto que os nutricionistas recomendam tomar pelo menos 1 litro de água pura para cada 25kg do peso corporal (aproximadamente) e sucos e outras bebidas, como o café, não contam como substitutos nessa recomendação básica… Se nós formos pensar ainda em alguns monges, yogues e outros que “vivem de luz”, que passam meses meditando sem se alimentar ou beber água, (Indiano que diz viver há 70 anos sem comida está sob estudo) bem… acho que podemos dizer que é tudo muito relativo ao seu modo de entender o seu corpo e a sua vida (as suas crenças). Particularmente não tenho a menor dúvida de que uma crença inabalável faça milagres. Ou a perda de uma…
Narasamma, a velhinha que diz viver muito bem sem tomar água há 78 anos
Narasamma, a velhinha que diz viver muito bem sem tomar água há 78 anos
Mas voltando à longevidade… Segundo Aubrey de Grey, um cientista inglês, gerontologista famoso e controverso, conhecido como o “Profeta da Imortalidade”, a velhice é uma doença que pode ser combatida.
Aubrey de Grey
Segundo ele, os seres humanos poderiam viver 1.000 anos. A teoria  defendida por Grey é que o nosso envelhecimento é causado por radicais livres mitocondriais, e para combater/prevenir esse dano ao DNA mitocondrial ele criou um plano de terapias chamado SENS (Estratégias para Reparar Envelhecimento Insignificante). Para entender melhor as ideias desse excêntrico investigador, coloquei abaixo uma pequena palestra dele (para abrir as legendas clique em “View Subtitles” e desça a barra até “Portuguese”):
É claro que o Dr. de Grey é um grande entusiasta da tecnologia e ele aposta suas fichas em tratamentos médicos futuristas. Para ele, a cura do envelhecimento é um “problema de engenharia”. Mas existem seres humanos que não precisaram da “Ciência moderna” para desafiar o envelhecimento e a morte…
E é sobre um dos maiores mistérios da longevidade já conhecidos no Ocidente que irei falar agora nesse post.
li ching yun

O senhor da foto ao lado é Li Ching Yun (ou Yuen), nascido na região de Kaihslen, província chinesa de Szechwan. Li Ching Yun foi um mestre taoísta, herbalista e praticante de Chi Kung (exercícios para o cultivo da energia). Algumas fontes dizem ainda que foi artista marcial e professor de artes marciais.
Segundo registros de documentos oficiais chineses, acredita-se que Li tenha morrido aos inacreditáveis 256 anos.
Os obituários de 1933 publicados na revista norte-americana “Time” e no “The New York Times” relatam que Li Ching Yun “enterrou 23 esposas e teve 180 descendentes”.
A morte de Li aconteceu em 6 de maio de 1933, mas o seu nascimento é ainda um mistério que provavelmente nunca será desvendado (pelo menos não de modo irrefutável para as mentes ocidentais).
Segundo o obituário publicado no New York Times, o próprio Li afirmou que havia nascido em 1736 e que portanto, na data de sua morte, teria 197 anos. A história dos 256 anos surgiu com o chefe do departamento de Educação da Universidade Minkuo, o Professor Wu Chung-chien que disse ter encontrado registros mostrando que Li havia de fato nascido em 1677 e que o Governo Imperial Chinês havia congratulado-o tanto em seu aniversário de 150 anos, como no de 200 anos.

Um correspondente do NYT escreveu em 1928 que muitos dos vizinhos mais velhos de Li afirmaram que seus avôs o tinham conhecido quando eram meninos, mas que Li já era um homem adulto.
De acordo ainda com o artigo de 1933 do NYT, “muitos que haviam visto ele (Li) recentemente declararam que sua aparência facial não era diferente da de uma pessoa dois séculos mais jovem.”
A bem da verdade, não se sabe muito sobre a infância e juventude de Li. O que se sabe é que ele nasceu e morreu na mesma província, que foi alfabetizado até os 10 anos e que viajou por Kansu, Shansi, Tibete, Annam, Siam e Manchúria coletando ervas. A foto acima é a única foto tirada (conhecida) de Li. Data de 1927, e foi tirada durante a sua visita ao seu amigo pessoal,o general Yang Sen, na província de Sichuan. Yang Sen estava muito interessado no segredo de Li, já que este, apesar da extrema idade, aparentava juventude e vigor. A dita foto mostraria Li na idade de 250 anos. A Wikipedia em Inglês traz também que o mestre taoísta Liu Pai Lin, que viveu em São Paulo de 1975 à 2000, tinha uma outra foto do Mestre Li Ching-Yun exposta em sua sala de aula, que é desconhecida ao Ocidente. Segundo essa fonte, Liu conheceu o mestre Li pessoalmente, na China, e com ele aprendeu técnicas do Qigong.
Além disso, o que se sabe é que durante cem anos Li passou vendendo ervas coletadas por ele, para depois passar a vender ervas coletadas por outros. Diz-se que no tempo que esteve com sua vigésima quarta esposa, de apenas 60 anos, Li já havia passado dos 200 anos.
Mesmo que Li não tenha vivido 256 anos, mas os 197 que ele afirmava – e aqui podemos especular que ele mesmo possa ter perdido a conta de seus anos… ou não – , mesmo assim é muito tempo, principalmente se levarmos em conta que Jeanne Louise Calment, a francesa com o recorde de idade mais avançada já conhecido, viveu “somente” até os 122 anos.
A essa altura você deve estar se perguntando… mas afinal o que ele fez para viver tanto tempo? Qual o segredo?
Essa mesma pergunta foi feita pelo comandante militar Wu Pei-fu a Li, que respondeu o seguinte:
Manter o coração calmo,
sentar como uma tartaruga,
andar vigorosamente como um pombo
e dormir como um cão.
E Li explica o “coração sempre calmo”, em uma entrevista feita em 1920 (e publicada nos anos 1950 na revista Domestic and Foreign Magazine):
Penso que a razão pela qual eu vivi tanto tempo e ainda estou perpetuamente saudável é porque nada me irrita desde os meus 40 anos. Por isso, meu coração é muito calmo, pacífico e divinamente tranquilo. É por isso que eu estou livre de qualquer doença, e sempre saudável e feliz.
Além disso, Li tinha em sua dieta diária principalmente três ervas:  ginsengHe Shou Wu (Polygonum multiflorum) e Gou Qi Zi (fruta goji). É dito que utilizava também Gotu Kola (Centella asiatica) e Alho.
gojipGoji
gotukola
Gotu Kola
ginseng
Panax Ginseng
heshou
He Shou Wu
A dieta também apresenta versões… alguns dizem que era estritamente vegetariana, sendo que ele consumia predominantemente plantas e frutas silvestres. Diz-se também que há evidência de que Li comia peixe com regularidade e ocasionalmente carne (duas vezes por ano). Outras fontes trazem ainda que sua dieta era fundamentalmente de arroz e do vinho feito a partir desse cereal. A única erva que aparece em todas as fontes pesquisadas por mim é o ginseng.
No que diz respeito ao preparo das ervas, há mais versões. Com o ginseng e o fo-ti (He Shou Wu) ele fazia chás. O goji era comido cru, assim como a Gotu Kola, que era ingerida tanto como salada, como preparada como chá. De acordo com outras fontes, há também algumas evidências de que ele pode ter também colocado essas quatro ervas (juntamente com Dang Gui e Gan Cao) num licor forte como uma tintura e que bebia um gole ou dois a cada dia.
Agora surge outra pergunta… de onde ele tirou a ideia dessa dieta?
Segundo relatos do mestre de Tai Chi Chuan Da Liu, que foi discípulo de Li Ching-Yun, Li  conheceu um eremita muito velho que vivia numa montanha. Foi esse ancião que lhe deu recomendações sobre alimentação e o uso de ervas medicinais, assim como lhe ensinou práticas de respiração e movimentos coordenados com sons (Qigong). Naquela entrevista de 1920 que mencionei anteriormente, o próprio Li comenta que tinha 50 anos (no relato de Da Liu, Li já tinha 130 anos) quando conheceu o eremita, e que apesar de ele não aparentar ser um homem “sobrenatural”, o velho conseguia dar passos enormes, como se voasse no ar. Por mais que Li tentasse, não conseguia acompanhar o ancião. Por isso, pediu a ele que lhe ensinasse seus segredos. Segundo o relato de Li, a única coisa que o eremita fez foi lhe entregar algumas frutas silvestres (as gojis) e lhe disse que era a única coisa que comia. A partir de então, Li passou a comer 15 gramas de gojis todos os dias e por causa disso se tornou mais saudável e ágil. Segundo ele, a dieta possibilitava que andasse 50km sem que se cansasse.
Na verdade, histórias como a de Li, de monges e eremitas do Oriente com poderes aparentemente “sobrenaturais”, ou de longevidade “absurda” não são novidade. O próprio Peter Kelder comenta alguns relatos brevemente em “A fonte da juventude“, assim como essas “lendas” (no sentido de histórias antigas relatadas por testemunhas oculares) são novamente resgatadas em “A fonte da juventude 2“. Uma outra autora relativamente conhecida que também relata casos semelhantes (testemunhados e até mesmo vividos por ela), é Alexandra David-Neel.  Alexandra, nascida na França em 1868 (morreu um pouco antes de completar 101 anos, em 1969) foi uma mulher a frente do seu tempo: exploradora, reformadora, viajante, erudita e independente; ela foi a primeira mulher européia a ser consagrada lama(um mestre/professor de darma). Publicou mais de 40 obras sobre o budismo e suas viagens pelo Oriente. Em seus relatos, por exemplo, ela comenta dos monges corredores (mensageiros) “lunggompa” do antigo Tibete. Esses monges podiam correr a uma velocidade extraordinária, a ponto de parecer que estavam voando.  Podiam correr mais de 300km por dia, ou correr por vários dias, sem parar ou se cansar. O treinamento que possibilita tal feito envolve muita meditação (sentado), grande ênfase no controle da respiração e técnicas de visualização. Inclusive ela comenta que quando observou um desses monges passar correndo por ela, notou que a expressão facial dele era extremamente relaxada, e ele olhava fixamente algum objeto imaginário que parecia estar muito longe.
Alexandra David-Neel
Alexandra David-Neel
Observando um monge lung-gom-pa
Observando um monge lung-gom-pa
Mas voltando à história de Li, penso que muito mais do que a ingestão de alimentos e plantas específicos, a tal “calma inabalável”preconizada por ele seja o verdadeiro grande segredo de sua longevidade. As ervas certamente contribuíram muito, isso é certo, mas sabemos empiricamente, por exemplo, que de nada adianta uma alimentação excelente ou exercícios regulares quando se mantém um estado mental ou de espírito constantemente perturbado ou nervoso. De nada adianta seguir dieta vegetariana, ingerir ginseng diariamente e/ou fazer exercícios físicos se interiormente me mantenho rancorosa, raivosa, irritada, intolerante, mesquinha; enfim, se normalmente vivo identificada com estados emocionais negativos. Sofrimento envelheceO que se passa nos bastidores da mente é apresentado no palco do corpo. Uma alimentação especial (como a mencionada nesse post) ou exercícios específicos (como os Cinco Ritos Tibetanos, ásanas de Yoga, artes marciais etc) são complementos excelentes (talvez essenciais) para quem busca a longevidade com saúde e vigor. Mas em si mesmos não fazem “milagre”. O “milagre” reside na “mente”…
Assim como é em cima, é embaixo. Assim como é no interior, é no exterior.
P.S.: Nesse momento você pode estar pensando… então como que outros mestres, lamas, budas, enfim, morreram antes dos 100 anos? Bem, o curso de sua vida é a causa secreta de sua morte... Todos eles viveram o suficiente para cumprirem suas missões aqui nessa Terra. Alguns levam mais tempo, outros menos. A sua missão é o propósito de vida que você escolheu. O tempo que você vai precisar para cumpri-ladepende mais de você do que você pode imaginar… 😉

inconscientecoletivo.net
02
Nov16

02 de Novembro de 1906: Nasce o cineasta italiano Luchino Visconti, realizador de "O Leopardo".

António Garrochinho


Realizador italiano, Luchino Visconti nasceu a 2 de novembro de 1906, em Milão, no seio duma família de aristocratas e morreu a 17 de março de 1976, em Roma. Teve uma educação eclética, tendo estudado violoncelo no Conservatório de Milão. Após uma curta carreira militar, decidiu tornar-se cenógrafo e encenador, tendo sido o primeiro a encenar peças de Jean Cocteau em Itália. Jean Renoir convida-o para seu assistente de realização,tendo efetuado uma sólida aprendizagem. Em 1943, decide aventurar-se como realizador, adaptando um romance de James M. Cain: Ossessione (Obsessão, 1943), o primeiro título neo realista do cinema italiano com uma visão crítica da realidade social através da história duma relação adúltera entre uma jovem esposa de um proprietário de uma estalagem e um jovem vagabundo que planeiam o assassinato do estalajadeiro. O filme foi mal recebido pelo público, não habituado a esta nova visão cinematográfica. Seguiu-se uma ficção rodada em jeito de documentário com uma equipa de atores amadores: La Terra Trema (1948), sobre uma comunidade piscatória do Sul de Itália.Visconti rodeou-se duma equipa de assistentes extremamente jovem, da qual se destacam Franco Zeffirelli e Francesco Rosi que mais tarde seguiriam carreira na realização. Após o sucesso de Bellissima (Belíssima, 1951)onde Anna Magnani deu um show interpretativo como mãe dominadora que tenta empurrar a sua filha para uma carreira artística, Visconti assinou um dos títulos mais emblemáticos da sua carreira: Senso (Sentimento, 1954).Este título, protagonizado por Alida Valli e Farley Granger, é uma brilhante história de amor e de adultério entre uma condessa casada e um tenente do exército que se aproveita do seu amor para lhe extorquir dinheiro para se livrar do serviço militar. O drama psicológico La Notti Bianche (Noites Brancas, 1957) passaria quasedespercebido apesar de contar no seu elenco com nomes como Marcello Mastroianni, Jean Marais e Maria Schell.Já Rocco e i Suoi Fratelli (Rocco e os Seus Irmãos, 1960) foi premiado em diversos certames italianos e foi um relato pleno de emotividade sobre uma família rural que parte para Milão e procura a sua adaptação. É também uma história de amor entre dois irmãos (desempenhados por Alain Delon e por Renato Salvatori) por uma prostituta (Anne Girardot). O filme mereceu a censura em diversos países europeus (inclusive Portugal), o que dificultou a sua distribuição internacional. Depois de ter colaborado no filme por segmentos Boccaccio'70 (1962),assinou a sua obra-prima: Il Gattopardo (O Leopardo, 1963), o retrato da decadência duma família aristocrática napolitana em finais do século XIX, protagonizada por Burt Lancaster, Alain Delon e Claudia Cardinale. O êxito retumbante deste título impeliu-o a colocar em prática um projeto de cariz pessoal: a adaptação da tragédia grega Electra. O resultado foi algo dececionante em termos comerciais: Vaghe Stelle Dell'Orsa (1965) não conseguiu convencer o público. Seguiram-se Lo Straniero (1967) e La Caduta Degli Dei (Os Malditos, 1969), uma adaptação do MacBeth de Shakespeare transposto para o ambiente da Alemanha nazi de 1933. Outra obra polémica foi Morte a Venezia (Morte em Veneza, 1972), adaptado da obra homónima de Thomas Mann sobre a obsessão dum homem de meia-idade pela beleza de um jovem rapaz. Até à morte, Visconti ainda assinou obras emblemáticas como Ludwig (1972) e L'Innocente (Os Inocentes, 1976).

Luchino Visconti. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013. 
wikipedia (Imagens)


Arquivo: Luchino Visconti 5.jpg
Luchino Visconti 

O Leopardo
Arquivo: O Leopardo ballo01.jpg
VÍDEO 






02
Nov16

Plano e Orçamento da CME aprovados com votos a favor da CDU, contra do PSD e abstenção do PS

António Garrochinho



A Câmara de Évora vai ter em 2017 o orçamento mais baixo dos últimos nove anos, no valor de 61,5 milhões de euros.
Em relação ao de 2016, o orçamento do próximo ano representa menos cerca de 30 milhões de euros.
O plano e o orçamento da Câmara de Évora para 2017 foram aprovados ontem (dia 31/10) em reunião pública de câmara.
Os quatro eleitos da CDU votaram favoravelmente, enquanto o PS absteve-se e a coligação PSD/CDS-PP votou contra.
O presidente do município, Carlos Pinto de Sá, diz que a redução do valor do orçamento deve-se à "melhoria substancialmente da situação económica e financeira" da autarquia.
"Já conseguimos ter em 2017 um orçamento mais próximo da realidade do que tínhamos em anos anteriores, evitando termos que o engordar por causa da dívida que transitava", sustenta.
Outra das "novidades" do documento mais importante do município é a redução do imposto municipal sobre imóveis.
O IMI passa de 0,5% para 0,45%, revela Pinto de Sá, indicando que as mexidas no imposto implicam uma redução da receita "em mais de 700 mil euros".
O autarca realça que, apesar de o município estar sujeito às regras do Programa de Apoio à Economia Local (PAEL), a descida do IMI é permitida devido à proposta do Governo para o Orçamento do Estado para 2017.
No próximo ano, a câmara prevê avançar com o programa de revitalização do centro histórico e a requalificação de escolas, pagar dívidas às juntas de freguesia e aos fornecedores locais.
A contratação de trabalhadores, a ampliação de habitação social, a construção da ligação pedonal e ciclável entre o centro histórico e o Bacelo, a melhoria da limpeza e higiéne da cidade e o reforço dos apoios sociais e ao movimento associativo são outras das medidas previstas.
Do lado da oposição, o vereador do PS Silvino Costa justifica a abstenção dos socialistas por não se reverem nas opções do plano e orçamento da maioria CDU.


www.cincotons.com
02
Nov16

Islândia

António Garrochinho


Os resultados das eleições legislativas islandesas foram algo diferentes das sondagens aparecidas até então, Sete partidos elegeram deputados. Em 63 deputados eleitos, 30 são mulheres. O fenómeno anunciado da vitória do Partido Os Piratas, um partido anti-sistema,  não se verificou.

Assim em primeiro lugar com 29% dos votos ficou o Partido da Independência (21 dep), de direita. Em 2.º lugar, o Movimento Esquerda-Verdes com 16% (10 dep). Em 3.º lugar com os mesmos 10 deputados, o Partido os Piratas (14,5%) , O 4.º Partido é o Partido Progressista do anterior Primeiro Ministro com 11,5% e somente 8 deputados. Segue-se um partido centrista e liberal com 7 deputados (Renascimento) . Outras duas formações da área da esquerda elegem deputados: Futuro Brilhante (4 dep) e Social-Democratas (3 dep).

Uma ampla coligação de Esquerda com 43,3% dos votos e 27 dep é possivel para governar. Uma aliança governativa da Esquerda com o Centro, igualmente possível, teria a maioria absoluta dos deputados. O futuro decidir-se-á com compromissos.

CR
02
Nov16

Cortes na educação ou tentativas de desinformação?

António Garrochinho


À semelhança do que sucedeu na discussão do OE de 2016, tentou-se nos últimos dias alimentar a ideia de que o governo se está a preparar para proceder a cortes no orçamento da educação, próximos dos 100M€. Ou seja, perante uma estimativa de execução de 6.122M€ em 2016, o executivo estaria a propor uma dotação de apenas 6.023M€ para 2017 (que significa uma variação orçamental de -1,6%).

1. Se aceitarmos por momentos como válido este raciocínio - comparar propostas de orçamento com dados de execução orçamental - chegamos a resultados muito interessantes: nos anos em que Nuno Crato foi ministro ter-se-ia verificado na educação um corte de 6,5% entre 2012 e 2013 (-418M€); de 7,6% entre 2013 e 2014 (-475M€); e de 11,3% entre 2014 e 2015 (-704M€). Se a direita quer colocar as coisas nestes termos, então tem que assumir os valores acabados de referir. E é a partir deles que deve avaliar o alegado corte orçamental em curso. Acusar o atual governo de cortar na educaçãotorna-se, no mínimo, patético.

2. Sucede porém que é absurdo comparar propostas de orçamento com dados de execução orçamental. Por três razões essenciais: porque uma proposta de orçamento antecede o debate orçamental (que o pode obviamente alterar); porque uma proposta de orçamento consagra a intencionalidade política de um governo (refletida nas áreas setoriais em que se aposta e nas áreas em que se desinveste); e porque a execução orçamental reflete a gestão orçamental ao longo do ano, incorporando dotações provisionais (que tornam sistematicamente negativa qualquer comparação. Propostas de orçamento comparam-se portanto com propostas de orçamento; execuções orçamentais comparam-se com execuções orçamentais.

3. Portanto, se compararmos o que é comparável chegamos às conclusões a que faz sentido chegar. Constata-se, por um lado, que o ano de 2016 assinala uma clara inversão da tendência para reduzir consecutivamente o orçamento da educação: dos cerca de 6,2 mil milhões de euros propostos em 2012 para os cerca de 5,5 mil milhões em 2015 (menos 700 milhões), passa-se para 5,8 mil milhões em 2016 e regressa-se ao patamar de 6 mil milhões em 2017. E o mesmo sucede em termos de execução, cuja quebra sucessiva se interrompe em 2016 (quase mais 200M€), sendo naturalmente expectável uma nova recuperação do investimento em educação em 2017.

A tentativa de transformar aquilo que é um investimento efetivo em alegados cortes não é, de facto, nova. O que é novo, face à discussão do orçamento da educação de 2016, é a amplificação mediática que foi desta vez dada a este artifício argumentativo. Por falta notícias? Por simples replicação pavloviana? Por preguiça em olhar com cuidado para os dados e para os argumentos? Por deliberada intenção de desinformar? Isso é que já não sabemos...

ladroesdebicicletas.blogspot.pt
02
Nov16

Ai que o tríptico de Bosh nos vai cair na cabeça, em jeito de comentário ao “Before the Flood” de Leonardo di Capri

António Garrochinho


Como prevíramos, a RTP1 transmitiu ontem o filme de Leonardo di Capri “Before the Flood” (“Antes do Dilúvio”), sob os auspícios de Ban ki-Moon, e com referência a uma reprodução do tríptico de Bosh “O Jardim das Delícias Terrestres” que Leonardo tinha pendurada no seu quarto de criança.


O vínculo estreito a Al Gore e à sua “Verdade inconveniente “, de 2005…ficou explicitado de início. Ele afirma que o que Al Gore previra está agora a acontecer, mas não diz o que está a acontecer. O percurso narrativo e de breves depoimentos são diferentes. As imagens são semelhantes e têm uma sequência de critérios exclusivamente estéticos sem qualquer fundamento em evidências científicas, excepto a de um académico que mostrou um gráfico com um pico enorme em determinada altura para voltar aos valores anteriores (e?…).

Curiosamente a crítica a uma afirmação, a poucos dias das eleições nos EUA , de Donald Trump (“Onde está esse aquecimento global? Aqui estão 21 graus…”) parece ser a única justificação para o aparecimento agora deste filme com a projecção universal que está a ter, e que a RTP1 fez seguir de um debate (?) onde poucas foram as presenças cientificamente habilitadas a validar o catastrofismo do filme que ameaça que o 3º tríptico de Bosh nos caia pela cabeça abaixo.

As previsões desta vez são:

·         que a Gronelândia desapareça, que muitas cidades serão inundadas;

·         que a China vai continuar a ser o principal poluidor, com convulsões sociais internas, apesar de não poder deixar de reconhecer que a China está a mudar de paradigma energética, (ele não disse, mas digo eu, com a execução e planeamento de drásticos cortes na energia resultante da queima de combustíveis fósseis fosseis e correspondente adopção de energias alternativas não poluentes);

·         que os EUA, que reconhecem ser o principal poluidor, já não poderão mudar de paradigma mas que todos devem ajudar a que mudem o dos países em vias de desenvolvimento que já estão (como a India que referiu, não referindo, por exemplo…), ou irão estar se prosseguirem o seu crescimento económico, entre novos grandes poluidores;

·         que periga a sobrevivência das ilhas do Pacífico, por aumentar o nível das águas;

·         que dentro de 30 anos, 50% dos corais estrão mortos;

·         que a má gestão da floresta vai continuar, por exemplo, em Sumatra, com a desmatação para produzir o óleo de palma sem garantir a biodiversidade;

·         que se deve reduzir o consumo da carne de vaca (Quem vai reduzir? Os EUA que até já combinam a gordura da vaca com o gasóleo para alimentar a rede ferroviária nacional?) por isso estar a reduzir a floresta em favor de um solo agrícola apenas aplicado na produção de “beef”;

·         que deve ser aprovada uma taxa do carbono, com que John Kerry, aparecendo de repente parece concordar;

·         que devem ser aplicadas novas tecnologias para conter o aquecimento global, isto pela boca de Obama, também aparecido de repente, que afirma que o “aquecimento global” passou a ser questão de segurança nacional;

·         que se tem que ir além dos Acordos de Paris, dos finais de 2015, que  precisam de ser seguidos por medidas concretas (?).


Via: antreus http://bit.ly/2fCf1bv

02
Nov16

O Manholas” - VÍDEO: Poema lido pelo escritor e antifascista Domingos Lobo e por Manuel Diogo - Participantes do Encontro-convívio em Peniche contra a concessão do forte para fins turísticos

António Garrochinho


VÍDEO

Poema lido pelo escritor e antifascista Domingos Lobo e por Manuel Diogo
abrildenovomagazine.wordpress.com


Participantes do Encontro-convívio em Peniche contra a concessão do forte para fins turísticos

Convivio FortePeniche 1















O encontro-convívio estava marcado para a tarde de 29 de Outubro. Seis centenas de pessoas, sobretudo ex-presos políticos e familiares, vindas de todo o país, foram ao Forte de Peniche dizer que estão contra a concessão da fortaleza a privados.

Juntaram-se no pátio do forte - onde se encontravam também outros antifascistas e democratas e até alguns visitantes ocasionais e turistas - e aprovaram, com emoção, algumas lágrimas e muitas palmas, o "Apelo ao Governo em defesa da Fortaleza de Peniche símbolo da repressão e da luta contra o fascismo".

convivio forte peniche 2
















Segundo o documento, "o respeito pela memória de milhares de portugueses que deram o melhor das suas vidas, e muitos a própria vida, por um Portugal livre e democrático, exige a preservação do Forte de Peniche como símbolo da resistência e da luta contra o fascismo".

José Pedro Soares, antigo preso político, presidiu ao "Encontro - Convívio de ex-Presos Políticos, Familiares e Amigos", e contou aos presentes os anos de prisão e as brutais torturas a que foi submetido. O orador contestou veementemente a intenção tornada pública pelo governo em concessionar a Fortaleza de Peniche a entidades privadas para fins turísticos.


convivio forte peniche 4














No apelo, os presentes reclamaram "que se ponha fim a tal projecto, que, a ser concretizado, seria mais um passo na política de fazer esquecer que o fascismo existiu com todo o seu cortejo de crimes e representaria um atentado à democracia, conquista inseparável da resistência do povo português à ditadura".

Para Domingos Abrantes, o preso vivo com maior número de anos em detenção no forte, tornar o Forte de Peniche numa unidade hoteleira onde os turistas vão ter vista para o Atlântico "é um insulto à memória" daqueles que aí estiveram detidos e que nem o mar conseguiam ver.

convivio forte peniche 6














"O projecto de privatizar a Fortaleza de Peniche deve ser considerado um atentado contra a própria democracia e a violação do dever de qualquer governo democrático de honrar a memória de todos aqueles que deram a própria vida para que o povo português pudesse ter liberdade", declarou Domingos Abrantes.

Num testemunho emocionado – as intervenções foram intercaladas com poemas lidos pelo escritor e antifascista Domingos Lobo e por Manuel Diogo -, Eulália Miranda, filha do ex-preso Dinis Miranda, falou da sua experiência de criança, lembrando que percorria com a família "muitos quilómetros com grandes dificuldades financeiras para visitar durante uma hora duas ou três vezes por ano o seu pai, após "horas de espera" à porta.
convivio forte peniche 5














Depois de José Amador, que deu a visão dos habitantes da vila de Peniche, falou o Capitão Mar-e-guerra Machado dos Santos, um dos militares que dirigiu as operações de libertação dos presos de Peniche no 25 de Abril, encarregado pela Junta de Salvação Nacional, que para além de contestar a decisão, recordou as dificuldades da libertação dos presos, devido à resistência ainda existente após a revolução, sendo que o primeiro saiu só à meia-noite do dia 27.

Marília Villaverde Cabral, coordenadora da União de Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP), organização que apoiou a iniciativa desde a origem, apelou para que "o Museu da Resistência não seja descaracterizado, mas, pelo contrário, com um maior investimento, seja mais valorizado".

convivio forte peniche 3















"A URAP, através do Protocolo com a Câmara de Peniche que dura há anos e que que foi renovado no último 25 de Abril, numa cerimónia aqui, neste mesmo local, tem organizado visitas de estudantes e seus professores, a maior parte das vezes, acompanhados por vós, companheiros, que aqui estiveram presos", lembrou.

Depois de referir que a URAP "se juntou imediatamente à onda de protesto dos democratas, dos antifascistas, que não aceitam esta decisão", confirmou que a organização já promoveu a Petição Pública "Forte de Peniche, Defesa da Memória, Resistência e Luta", que na altura em que foi entregue ao gabinete do primeiro-ministro e à Assembleia da República contava com mais de 5.000 assinaturas.

convivio forte peniche 7











"A URAP, herdeira da Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos, vai tudo fazer para que este forte, onde tanto se sofreu, possa ser um Museu que seja também ponto de encontro para todos aqueles jovens que procuram enriquecer as suas teses de mestrado e doutoramento, sobre a Memória destes anos negros do fascismo. Jovens que, com o seu trabalho, não deixam que esta parte da História, com os seus heróis, seja esquecida", disse Marília Villaverde Cabral.

O Governo anunciou no início de Outubro a intenção de entregar à iniciativa privada, a fim de serem reabilitados, cerca de 30 edifícios históricos, entre os quais o Forte de Peniche, que serviu de prisão política entre 1934 e 1974.

O actual museu, que os presentes querem ver ampliado e melhorado, foi criado no início da década de 80. Um dos três pavilhões do forte passou a estar aberto ao público como museu municipal, onde foi reconstituído o ambiente como prisão política e se podem visitar parlatórios e celas individuais, como a que ocupou o secretário-geral do PCP Álvaro Cunhal.




www.urap.pt
02
Nov16

HISTÓRIA - 1966: África do Sul perde o protetorado da Namíbia

António Garrochinho

1966: África do Sul perde o protetorado da Namíbia



A resolução nº 2145, aprovada pela Assembleia Geral da ONU no ano de 1966, revogava o mandato de protetorado da África do Sul sobre o Sudoeste Africano (hoje, Namíbia). Em Pretória, o governo sul-africano ignorou, no entanto, esta decisão.
A Namíbia, antiga colônia alemã, era muito cobiçada em função de seu vasto potencial econômico. "O país é o maior produtor de diamantes do mundo, além de possuir cobre, prata, zinco e ainda urânio", explicou o comissário da ONU, Sean McBride.
A riqueza da Namíbia foi provavelmente uma das razões pelas quais a África do Sul não quis abrir mão do seu poder sobre o país, após o fim da Segunda Guerra Mundial.
Depois da dissolução da Liga das Nações, o governo sul-africano deveria passar a tutela da região para as Nações Unidas. Embora isso não fosse obrigatório, a África do Sul foi conclamada explicitamente a transferir para a ONU o mandato de protetorado da Namíbia, que tinha sido conferido ao governo de Pretória, em 1920, pela Liga das Nações. O pedido, no entanto, não foi acatado.
Apartheid estendido à Namíbia
A começar pela resolução nº 65, a Assembleia Geral da ONU renovou o apelo quase todos os anos. Em 1959, foi constatado "que a administração do território tem sido conduzida de forma cada vez mais contrária à Carta da ONU, à Declaração Universal dos Direitos do Homem, aos pareceres dos tribunais internacionais e à resolução da própria Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas".
A África do Sul havia começado a implantar suas leis do apartheid também na Namíbia, o que provocou uma série de violações dos direitos humanos na região. Em 1960, a Etiópia e a Libéria, Estados africanos independentes, entraram com uma ação contra a África do Sul, que foi então obrigada a responder perante o Tribunal Internacional de Haia, na Holanda, pela violação dos estatutos de tutela do Sudoeste Africano.


A capital da Namíbia, Windhoek


 
As tribos da Namíbia depositaram grandes esperanças no processo. David Witbooi apresentou em Haia as principais questões colocadas pelo povo namíbio: "Nós nascemos sob essa prisão infindável. Será que devemos passar nossa vida sob esse domínio e simplesmente fechar nossos olhos? Será que somos uma geração amaldiçoada porque nossos líderes lutam pela liberdade do seu povo, da sua nação?"
Tutela direta da ONU
A sentença do Tribunal foi proferida somente seis anos mais tarde, em 1966. Para as tribos namíbias, o resultado foi uma amarga decepção. Com a maioria de apenas um voto, o Tribunal Internacional indeferiu a ação por razões formais.
Apesar da sentença proferida em Haia, a Assembleia Geral da ONU exigiu ainda no mesmo ano que os sul-africanos deixassem Namíbia, colocando a região sob a tutela direta das Nações Unidas.
A África do Sul, mais uma vez, não acatou a decisão, deixando no país as suas tropas, que passaram a combater a população local. O movimento namíbio de resistência foi liderado por Sam Nujoma.
Em outubro de 1975, a África do Sul iniciou incursões militares também em Angola, contando com que receberia o apoio de tropas norte-americanas. O Congresso dos EUA vetou, no entanto, o apoio do país a qualquer das partes em conflito. Com isso, a África do Sul acabou isolada no cenário político mundial.
A exigência do comissário da ONU, Sean McBride, era clara: "Usar a Namíbia como base militar para ataques a Angola é absolutamente inaceitável. A África do Sul tem que retirar as suas tropas de Angola e da Namíbia". Essa exigência só foi cumprida no início da década de 1980.

operamundi.uol.com.br
02
Nov16

Protagonista de escândalo político, amiga e 'guru' da presidente da Coreia do Sul é presa

António Garrochinho


Rumores de corrupção e nepotismo envolvendo a presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye, culminaram na prisão preventiva da conselheira Choi Soon-sil


Acusada de manipular a presidente da Coreia do Sul e ter tido acesso a informações confidenciais, Choi Soon-sil, amiga e conselheira da chefe de Estado Park Geun-hye, foi detida de forma preventiva nesta terça-feira (01/11), em meio ao escândalo de corrupção no país.

Segundo a agência de notícias local Yonhap, Choi negou todas as acusações, mas um agente da promotoria declarou que há a preocupação de que ela possa destruir provas ou fugir, já que Choi não possui residência permanente na Coreia do Sul, segundo o jornal americano Washington Post.
Park veio a público admitir ter recebido aconselhamento de Choi Soon-sil na terça-feira passada (25/10), o que levou milhares de manifestantes às ruas durante o fim de semana, exigindo a renúncia da presidente. A chefe de Estado já demitiu vários de seus conselheiros em uma tentativa de diminuir a pressão sob o cargo. Choi, por sua vez, prestou depoimento nesta segunda (31/10) em Seul, onde pediu desculpas pelo ocorrido e disse “merecer a morte [como punição]”.


Choi Soon-sil, acusada de corrupção e nepotismo, prestou depoimento nesta segunda



Reações ao escândalo
A agência de notícias estatal norte-coreana não tardou em criticar a presidente Park Geun-hye, qualificando seu governo de "anormal" e "estúpido" pelo grande escândalo suscitado no país após a revelação de que sua amiga e confidente pode ter interferido em assuntos de Estado.
O governo de Kim Jong-un definiu o escândalo como um "horrível caso de corrupção sem precedentes na história da Coreia do Sul, que comoveu os cidadãos em seu conjunto e causou um grande furor", segundo um editorial do jornal Rodong, do Partido dos Trabalhadores.
Além das manifestações de repúdio à presidente, nesta terça-feira um homem de 45 anos destruiu com uma escavadora a porta do edifício onde Choi está detida. De acordo com a agência Yonhap, o homem declarou que queria “ajudar Choi Soon-sil a morrer, já que ela disse que havia cometido um pecado punível com a morte”.


Autoridades tentam conter homem que atacou o prédio da promotoria em Seul, onde Choi está detida
Para o analista político Shin Yool, da Universidade Myongji, há apenas duas formas para Park sair da situação em que se encontra: “propor uma grande coalizão de governo [para retirar de sua pessoa o poder de tomada de decisões] ou prometer renunciar”.
“Sempre houve corrupção cercando o poder durante toda a história política sul coreana, mas sempre envolveram membros da família ou pessoas próximas ao presidente, mas nunca o próprio presidente”, disse Shin ao jornal norte-americano Washington Post, apesar de ainda não ter sido confirmado o envolvimento de Park com os esquemas de corrupção de Choi.
Relação entre Park e Choi remonta a mais de quatro décadas
Choi, que é filha do mentor de Park e líder religioso Choi Tae-min, apesar de não exercer nenhum cargo público, opinava em decisões que variavam da cor das roupas que a presidente usava até discursos e grandes decisões políticas, tendo, segundo denúncias, até acesso a informações confidenciais. Ela teria, inclusive, criado uma espécie de “clã” para auxiliar a presidente, o grupo das “Oito Fadas”.
No entanto, de acordo com Park, Choi a teria aconselhado, editando seus discursos, apenas em 2012, durante sua campanha presidencial, e em 2013, pouco após a hoje presidente assumir o cargo.


Protestos convocados contra a presidente Park Geun-hye tomaram o país durante o fim de semana
Corrupção e nepotismo
Choi também estaria envolvida em esquemas de corrupção e nepotismo: ela teria se aproveitado de sua proximidade com a presidente para conseguir cerca de US$ 70 milhões (aproximadamente R$ 222 milhões) em doações da Federação de Indústrias Coreanas para duas ONGs e teria desviado parte desse dinheiro, ainda que não se saiba quanto e tampouco esteja claro o envolvimento da presidente Park nestes casos.
Além disso, existem alegações de que Choi teria novamente se aproveitado de sua condição para fazer com que a Universidade para Mulheres Ewha, uma das melhores do país, mudasse suas regras para que a filha de Choi, que não possuía as notas necessárias para entrar na instituição, fosse admitida. No último dia 19, dois dias após a mídia coreana descobrir esta primeira etapa dos escândalos envolvendo Choi Soon-sil, a diretora da Ewha, Choi Kyung-hee, renunciou ao cargo.
operamundi.uol.com.br

02
Nov16

COLONIALISMO PORTUGUÊS - MASSACRE DE WIRIAMU TEVE ASPECTOS DE GENOCÍDIO

António Garrochinho


Mustafah Dhada é o autor de um livro sobre o massacre em Moçambique, em Dezembro de 1972. Em entrevista diz que "estas violências em massa eram parte inerente do sistema fascista colonial português".
No massacre de Wiriamu, em Moçambique, ocorrido a 16 de Dezembro de 1972, morreram centenas de civis assassinados por tropas portuguesas. A repercussão internacional do caso, divulgado em meados de 1973 com a colaboração dos padres missionários, abalou o regime então liderado por Marcello Caetano e contribuiu para o derrube do mesmo no ano seguinte. No entanto, apesar de não restarem dúvidas quanto à existência de um massacre, a escassez de informações dificultou o apuramento das razões e dos pormenores dos acontecimentos daquele dia. Essas são as lacunas que o investigador Mustafah Dhada pretende suprir com O Massacre Português de Wiriamu, livro que é publicado agora pela Tinta-da-China.
Em 2012, os investigadores portugueses Bruno Cardoso Reis e Pedro Aires Oliveira publicaram um artigo na revista Civil Wars com o título “Cutting Heads or Winning Hearts: Late Colonial Portuguese Counterinsurgency and the Wiriamu Massacre of 1972”. A primeira frase dava conta das dificuldades em investigar um acontecimento sobre o qual não foi realizado nenhum inquérito independente e sobram poucos registos oficiais: “Quase quarenta anos depois, continua a ser difícil determinar com exatidão os acontecimentos ocorridos a 16 de Dezembro de 1972 em várias povoações próximas entre si no centro de Moçambique.” Contudo, os autores concluíam pela existência de provas suficientes da “ocorrência de um massacre […] em resultado da tortura e de execuções sumárias levadas a cabo por uma companhia de Comandos portugueses [a 6ª Companhia de Comandos de Moçambique].”
Massacre Português de Wiriamu
“O Massacre Português de Wiriamu”, de Mustafah Dhada (Tinta-da-China)
O artigo de Cardoso Reis e Aires Oliveira defendia quatro pontos fundamentais: que o massacre de Wiriamu tinha resultado de uma estratégia de provocação bem sucedida por parte da Frelimo; que a regra de “dividir para reinar”, neste caso as populações locais, era, nestes contextos, aplicada quer pela contrasubversão, quer pelos insurgentes; que a estratégia de deslocação de populações, essencial para o sucesso da contrasubversão, se revelou ineficaz naquela região de Moçambique (perto de Tete); que o fracasso dos serviços de informação que operavam naquela área foi agravado pela abordagem mais musculada do general Kaúlza de Arriaga, o responsável pelas operações militares em Moçambique desde 1970, o que terá contribuído bastante para a matança indiscriminada de civis em áreas suspeitas de apoiar a Frelimo.
Estas teses implicavam necessariamente uma leitura sobre duas das questões mais polémicas no debate sobre Wiriamu: a responsabilidade do Estado português nos acontecimentos e se o massacre poderia ser classificado como genocídio. A questão sobre se a acção de Portugal nas antigas colónias podia ser classificada como genocídio foi levantada de forma inequívoca pela comissão de descolonização das Nações Unidas, no seguimento da divulgação internacional do massacre de Wiriamu. O padre Adrian Hastings, que desempenhou um papel decisivo na publicação da matéria sobre Wiriamu pelo London Times afirmou nas Nações Unidas que o massacre era “a mais horrível de todas as atrocidades da história moderna colonial”, acusando o governo português de uma política de genocídio.
Marcelino dos Santos, dirigente da Frelimo que estava presente na sessão em que o padre Hastings prestou aquelas declarações, diria mais tarde que as “atrocidades cometidas pelos militares portugueses, apesar do horror e barbárie que as caracterizaram, expressam a verdadeira natureza do regime colonial fascista português, da mesma maneira que as câmaras de gás dos campos nazis […] expressaram a verdadeira natureza de Hitler e do nazismo”. Harold Wilson, na altura líder dos trabalhistas ingleses e que já tinha sido e seria novamente primeiro-ministro britânico, também comparou a atuação dos portugueses com a do regime nazi.

VÍDEO

Cardoso Reis e Aires Oliveira concluíram que “nas orientações formais de contrasubversão de Portugal não havia qualquer recomendação geral para uma abordagem oficial de retaliação sistemática ou de uma política de terra queimada do tipo da que se verificou nas atrocidades de Tete” e que não se podia falar em genocídio, mas sim em atrocidades, visto que apesar de se registarem matanças em que ninguém era poupado essas ações não eram sistemáticas e visavam povoações suspeitas de servir de bases de apoio aos insurgentes, ou seja, no contexto particular de contrasubversão.
Este artigo serviu de impulso a Mustafah Dhada, professor moçambicano de História de África na California State University, para finalizar o projeto no qual trabalhava há muito tempo: uma investigação académica que, recorrendo às fontes impressas e a testemunhos orais de sobreviventes e perpetradores do massacre, constituísse um retrato completo não apenas dos acontecimentos daquele dia mas também da vida das populações naquela região antes do conflito, do papel dos missionários na formação de um consciência política entre os africanos e da narrativa e contranarrativa erguidas nos meses que se seguiram à divulgação do massacre. Ao contrário do que Cardoso Reis e Aires Oliveira tinham afirmado, para Dhada a “história das matanças é muito mais clara do se que poderia supor”, como escreveu na resposta ao artigo publicada na mesma revista. “O Massacre Português de Wiriamu”, agora publicado pela Tinta-da-China, é a tentativa de contar essa história ao pormenor.
O autor, Mustafah Dhada
O autor, Mustafah Dhada
Um dos impulsos para publicar esta obra foi um artigo da autoria de dois investigadores portugueses. Li o artigo e não me pareceu que em algum momento estivessem a negar a ocorrência do massacre, mas o que lhe queria perguntar é se a escassez de documentação não permitiu a contra-narrativa das autoridades portuguesas na época mas também uma certa desvalorização ao longo dos anos daquilo que tinha sucedido?
Enquanto historiador, se não tens informações, tens a responsabilidade pública de recusar ou de saber quem são as pessoas que estão a fazer a investigação. Não estou interessado em atacar esses dois autores. Para mim, isso é um diálogo de surdos. Estou mais interessado em analisar o texto. O texto tem lacunas gigantescas, de metodologia e de informação. Se tens escassez de informação não podes estender a análise fora do âmbito das possibilidades que provavelmente serão vistas como impossibilidades. Não conheço os autores. Para mim é uma tristeza que o artigo tenha sido publicado. Todos os historiadores do mundo, académicos, temos de ter oportunidade de falhar na nossa metodologia, só assim é que podemos aprender e avançar na nossa disciplina. Eu limitei-me a corrigir alguns conceitos errados. Com isto não estou a dizer que esses historiadores não estão bem informados ou seguem uma política revisionista, mas que o texto, per se, tem essa implicação. Podem não ter tido essa intenção, mas eu estava muito mais interessado no texto, é tudo o que me interessa porque afinal convivo com esta história há mais de 40 anos.
Como é que começou o seu processo de investigação do massacre de Wiriamu?Cheguei a Londres a 16 de agosto de 1972, às 14h30, e a história de Wiriamu rebentou no Times no ano seguinte. Eu estava lá como estudante e senti um choque porque Wiriamu ficava relativamente perto da aldeia onde cresci e também era perto no sentido emocional e foi isso que despertou o primeiro interesse para saber o que se tinha passado em Wiriamu. A primeira fase foi a de recolha dos dados indiscutíveis sobre Wiriamu. A história estava muito quente naquela altura e eu estava a fazer a minha formação enquanto historiador, em Oxford.
Começou logo a pensar em investigar o tema?Em Oxford fiz as primeiras tentativas de investigação sobre Wiriamu, mas entre 1977 e 1984 a situação em Moçambique alterou-se rapidamente e eu não pude ir lá para fazer uma obra de história oral. Naquele tempo, o meu supervisor e mentor, Lord Bullock [o historiador Alan Bullock], disse-me que eu deveria mudar de tema de tese porque o assunto ainda estava quente, não tinha possibilidade de ir a Moçambique e descobrir documentos, se os houvesse, e então mudei de tema e fiz uma tese sobre Amílcar Cabral, que depois foi publicada comoWarriors at Work. Durante esse tempo, até 1994 ou 1995, continuei a recolher documentos sobre Wiriamu mas o projeto estava adormecido. Em 1995, tive uma oportunidade, através de uma bolsa do Programa Fulbright, de ir a Moçambique. Aquele era o momento para ir a Moçambique e investigar porque o país estava em paz. Essa foi uma fase mais intensiva, de oito meses. Entrevistei quase todas as pessoas que tinham sido afetadas pelo massacre.
Entrevistou quantas pessoas?
Eram à volta de 260 famílias e cada família tinha dois ou três sobreviventes ou pessoas que tinham presenciado os acontecimentos. Houve vários desafios. O primeiro é que não podíamos fazer apenas uma história dos sobreviventes porque havia também os perpetradores e tínhamos que lhes dar um espaço para falarem.
E isso foi possível?
Foi um enorme desafio mas por fim consegui fazê-lo. Então a primeira fase foi de entrevistas aos sobreviventes e a segunda fase foi aos comandos. Wiriamu tinha uma importância não só internacional mas que teve um impacto interno ao provocar uma fissura no regime de Caetano e catalisar a queda do sistema fascista português.
"Não há nenhuma dúvida, e eu não sou o único historiador a dizê-lo, que estas violências em massa eram parte inerente do sistema fascista colonial português. Se pensarmos no massacre de Mueda, ou em Luanda ou Cabinda, vemos que se trata de uma metodologia do sistema colonial português."
Considera que a divulgação do massacre foi decisiva para criar o ambiente que conduziu ao 25 de Abril?
Absolutamente. Essa não é apenas a minha opinião. O próprio Marcello Caetano falou sobre isso. Houve vários membros do exército envolvidos no 25 de Abril que perceberam isso. E com a divulgação, a comunidade internacional finalmente percebeu o modus operandi do regime. Foi impossível tapar e abafar essa história. Depois havia outra parte do desafio que era a de recolher os documentos da igreja e testemunhos orais dos padres que assistiram e ajudaram à divulgação nas páginas do Times.
Em relação à natureza deste massacre, creio que uma das teses do livro é a de que este não foi um caso isolado, mas que representava a “verdadeira natureza do regime colonial fascista”. Também diz que, ao contrário do massacre de My Lai [massacre cometido pelas tropas norte-americanas no Vietname, em março de 1968, no qual terão sido assassinados até 500 civis], com o qual se estabeleceram desde logo comparações, aqui houve envolvimento direto das altas chefias militares.
Não há nenhuma dúvida, e eu não sou o único historiador a dizê-lo, que estas violências em massa eram parte inerente do sistema fascista colonial português. Se pensarmos no massacre de Mueda, ou em Luanda ou Cabinda, vemos que se trata de uma metodologia do sistema colonial português. Mas eu tenho que dizer isto, que os próprios portugueses foram vítimas de uma violência estrutural semelhante, não de violência em massa, mas estrutural. A diferença é que em Portugal era possível resistir via emigração ou através de uma resistência passiva. O único elemento que resistiu não necessariamente com violência, mas com uma consciência ideológica pura nos últimos anos de Caetano, foi a Igreja, que nessa época desempenhou um papel muito importante em Portugal. Quanto à comparação entre Wiriamu e My Lai era uma comparação que não tinha uma base histórica significativa. O que aconteceu é que o editor-executivo do Times naquele dia, Louis Heren, tinha estado em Washington quando se estava a discutir o caso de My Lai. Só que agarrar nesta teoria para racionalizar o que se passou é fazer da história uma farsa. Quero dizer isto de forma categórica: para nós enquanto historiadores é fácil racionalizar e dizer “Wiriamu foi uma aberração e não houve qualquer ordem para limpar”. Mas as provas que reuni sugerem que isto foi planeado, já estava decidido, que às 6h30 a ordem dada a Antonino Melo [o alferes miliciano que comandou a operação] foi “vais ali e limpas aquilo tudo”. Isto não era uma aberração. Só que não há documentos que confirmem isto.
Ao mesmo tempo que diz que esta era uma prática de alguma forma generalizada também realça a importância da figura do general Kaúlza de Arriaga numa mudança da estratégia militar em Moçambique [Kaúlza de Arriaga esteve em Moçambique entre 1969 e 1973, primeiro como comandante das Forças Terrestres e depois como comandante em chefe das Forças Armadas]. Até que ponto o papel por ele desempenhado foi determinante para o que veio a suceder nesse período?
Kaúlza de Arriaga era um engenheiro, tinha formação em contra-insurgência, tinha contactos na NATO, teve acólitos e militares que se formaram à sombra dele, um desses era o [Armindo Martins] Videira [nomeado governador militar de Tete em 1972]. Era um militar mas cujo pensamento ideológico estava em total acordo com o sistema fascista. Acreditava que era possível ganhar a guerra colonial. E ele tinha razão no sentido em que no sistema colonial fascista português não havia quaisquer restrições.
António Mixone, sobrevivente do ataque a Chaworha, 1973
António Mixone, sobrevivente do ataque a Chaworha, 1973
Ao contrário dos norte-americanos não tinha de prestar contas à opinião pública.
Por isso ele tinha razão quando dizia “nós não somos os americanos, nós podemos ganhar esta guerra”. Ele era impermeável a refletir sobre os pensamentos estratégicos e táticos dos adversários. Muito diferente de Spínola. Esse era um cavalheiro visionário, que sabia os limites do império colonial português e sabia por onde é que o império podia ruir. Depois havia a questão das ambições políticas de Kaúlza. Antes de ele ir em 1969 para Moçambique, negociou uma carta branca financeira para a operação “Nó Górdio” [a maior campanha militar realizada pelas forças portuguesas em Moçambique que visava a destruição total das bases da guerrilha]. Como havia diferentes lideranças militares para cada um dos territórios havia uma competição por recursos financeiros para operacionalizar as ideias de cada um. Havia um combate subterrâneo entre uma personalidade ideologicamente impermeável [como era Kaúlza de Arriaga] e o Spínola, um general carismático, que sabia como as ideologias pluralistas podiam modificar o império, sem necessariamente o destruir. O jogo colonial era composto de várias camadas: militar, de recursos, política e ideológica. Portanto, havia aqueles que queriam reforçar o poder de Caetano e outras chefias que tinham visões pluralistas.
Mas o que lhe queria perguntar era se aquilo que aconteceu em Moçambique naquele período se deveu ao excesso de poder do general Kaúlza de Arriaga ou se as coisas teriam acontecido de igual forma com outra liderança. Sei que lhe estou a pedir um exercício de história contra-factual, mas é para tentar perceber qual é, na sua opinião, o peso de alguém com aquela personalidade e visão do conflito armado em desfechos como os de Wiriamu. Foi ou não determinante?Essa é uma questão anti-histórica. E a resposta é esta: todos esses chefes tinham as mãos sujas. Eles não se podem eximir de responsabilidades e atribuir as responsabilidades aos comandos que executaram o massacre, dizendo que isso estava fora da autoridade legal, que era uma aberração. O que devemos pensar é porque é que Wiriamu teve um peso histórico maior quando outros massacres ocorridos antes e depois não tiveram o mesmo peso internacional. Esta é uma questão importantíssima. E tem uma explicação que remonta aos tempos do Marquês de Pombal quando ele se apercebeu que havia a emergência de um novo poder, o dos Jesuítas, e resolveu erradicá-lo. Portugal nunca mais recuperou do desaparecimento dos Jesuítas. Quando foi assinada a Concordata entre Salazar e o Vaticano, em 1940, o regime salazarista ainda acreditava que era possível que a igreja “portugalizasse” as colónias, só que isso era impossível. Não havia padres suficientes para cumprir essa missão. Aqui o papel determinante foi desempenhado por um bispo visionário que percebeu que não era possível à igreja “portugalizar” Moçambique, que foi o bispo Soares de Resende [bispo da Beira]. Ele chegou a Moçambique como um conservador, do ponto de vista ideológico, mas entendeu rapidamente que não havia qualquer possibilidade de portugalizar os indígenas sem importar padres de outros países.
Padres que vieram a ter um papel determinante na denúncia dos massacres.
Exatamente. Isto é um prazer para um historiador. Aqui está uma figura que é enviada pela Igreja Católica para portugalizar as populações e entende imediatamente que isso não é possível sem importar os Padres Brancos, os Veronas e principalmente os Padres de Burgos. Porquê os Burgos? Era simples, pela proximidade da língua espanhola, e todos os Burgos tinham uma experiência na América Latina e, ainda mais importante, tinham trabalhado em Espanha com os que tinham sofrido na pele o sistema fascista de Franco. A tradução desta experiência para Moçambique, em Tete, era fácil. Aqui está outra tese importantíssima. A ideia de que a Frelimo foi mobilizar as pessoas em Tete é também uma ficção.
"Aproveitando o facto de termos um ex-primeiro-ministro como Secretário-Geral das Nações Unidas, não deveria Portugal liderar a discussão sobre a violência em massa nos antigos impérios europeus? Com o único objetivo de determinar a veracidade daquilo que aconteceu. Esta é a liderança que acho que Portugal devia assumir."
Esse trabalho de criação de consciência política e social foi feito pela igreja, pelos missionários?
Claro. Não com um objetivo político…
Mas com esse efeito secundário.
Claro. A história de Wiriamu tem uma importância tectónica e estrutural. Estas coincidências sincrónicas entre os Burgos – que disseram “não nos vamos calar com isto” –, a ligação entre eles e o bispo do Porto que foi para o exílio [D. António Ferreira Gomes], o acaso que permitiu que a história fosse publicada no Times porque calhou que o editor naquela noite era alguém com uma sensibilidade para casos como aquele. Por um lado, temos uma fissura tectónica que vai dar origem a que, dali a alguns meses, o regime caia, por outro temos um copo. O editor-chefe do Times saiu para ir beber um copo e no seu lugar ficou alguém que tinha começado como tipógrafo, que tinha estado em vários países e depois em Washington, que tinha uma sensibilidade para esses temas e que recebeu do padre Hastings uma história relevante.
Em relação ao massacre propriamente dito, no livro refere também o papel desempenhado pelos elementos moçambicanos da DGS, como Chico Cachavi. Qual foi o papel desempenhado por esses elementos?
No livro essa é mais uma das sub-histórias de Wiriamu. A PIDE-DGS era uma força destinada a impor o sistema fascista. Em vez de investigações subtis utilizava a força e a violência. Mas podemos culpá-los por aquilo? A verdade é que nem em Portugal, nem nas colónias, havia uma classe média com educação suficiente para entrar nas organizações e recolher as informações e analisá-las.
Acha que essa incapacidade para recolher informação também contribuiu para o massacre?
Mas essa era a solução aplicada em Angola ou na Guiné-Bissau. Ou mesmo em Portugal. Devemos abrir aqui uma exceção colonial? Porque os próprios portugueses enfrentavam a mesma situação, só com menos intensidade porque não estavam em guerra. Penso que é uma das razões, as falhas do serviço de informações. Mas também devemos entender o seguinte, houve poucas pessoas nas colónias que se tivessem tentado encaixar e tentassem entender o ritmo sócio-cultural da vida local para transformar aquelas sociedades e enriquecer também as suas próprias culturas.
Na sua opinião isso devia-se a uma falta de recursos ou a uma falta de vontade política para conhecer a fundo essas sociedades?
São duas coisas que estão ligadas. Na última fase da guerra colonial, houve estudos antropológicos e sociais, mas não houve uma vontade de pegar nessa informação e dizer “é preciso mudar as coisas”. Não houve nada. A mudança não era concebível. O fascismo é, por definição, um contexto mono-ideológico, “quem não está comigo, está contra mim”. Não havia espaço para o pluralismo. Por outro lado, as aldeias na zona de Wiriamu viviam o pluralismo. Conto o caso da filha do chefe que regressa a casa do pai por ser vítima de violênca doméstica e o pai diz-lhe para ela ficar ali enquanto eles vão negociar. É uma micro-prova de que aquele era um contexto de pluralismo.
Wiriamu_monumento em memória dos heróis
Monumento em memória dos heróis
Na altura, o líder do Partido Trabalhista inglês, Harold Wilson, comparou o que se estava a passar nas colónias portuguesas aos crimes do nazismo. Na sua opinião é lícito afirmar que aquilo que aconteceu durante a guerra colonial, ou melhor, alguns dos acontecimentos se podem classificar como genocídio?
[pausa]
Porque em certos momentos houve violência indiscriminada sobre civis.Se usarmos essa definição de genocídio, então, sim. Tenho de consultar a minha biblioteca para me informar melhor. Eu diria que casos como os de Wiriamu e Mueda eram casos de violência em massa cuja dimensão e intensidade teve aspetos de genocídio. Não sei se posso afirmar categoricamente do ponto de vista historiográfico que assim é. Mas o mais importante é pensar o que Portugal deve fazer.
O que pode fazer agora, neste momento?
Sim.
Essa era uma das perguntas que lhe queria fazer.
Aqui está uma coisa em que tenho pensado muito e que nos dará, a nós, portugueses, uma oportunidade de rearrumar os nossos sentimentos históricos sem negar a responsabilidade dos nossos atos nas colónias.
Essa responsabilidade deveria ser assumida pelo Estado português?
Sem dúvida nenhuma. Se o Estado ou o povo português disserem que a responsabilidade era apenas dos comandos isso equivale a uma negação da responsabilidade de um império que teve épocas gloriosas, do ponto de vista da história portuguesa, não necessariamente do ponto de vista dos que foram subjugados. Quando me entrevistaram o ano passado no lançamento deste livro em inglês, eu disse que provavelmente Portugal devia fazer o que fizeram os franceses, os belgas e os alemães, que foi pedir desculpa. Por outro lado, penso que pedir desculpa serve apenas para fechar a porta da nossa consciência.
Só serve para apaziguar a consciência?
É isso mesmo. Penso que temos oportunidade como império do passado de abrir pró-ativamente um programa que teria dois momentos: o primeiro seria o de criar um memorial público de Wiriamu, em Lisboa ou noutro lugar qualquer, apenas para não apagarmos aquilo que fizemos, e dar uma oportunidade para que a sociedade civil possa lembrar a outra face do colonialismo. Este foi um projeto que eu pensei há uns dias. Acho que não nos devemos limitar a fazer o que os outros fizeram. Como império que durou quase quinhentos anos devemos fazer uma coisa diferente. Se se fez o Portugal dos Pequenitos, em Coimbra, para celebrar o império, pensei para mim mesmo se não poderíamos ter um Wiriamu dos Pequenitos para dizer às pessoas que a história que foi silenciada agora está viva. Isso criaria um sentimento permanente de consciência em relação ao que se passou. A outra coisa era a seguinte: aproveitando o facto de termos um ex-primeiro-ministro como Secretário-Geral das Nações Unidas, não deveria Portugal liderar a discussão sobre a violência em massa nos antigos impérios europeus? Com o único objetivo de determinar a veracidade daquilo que aconteceu. Esta é a liderança que acho que Portugal devia assumir. Seria uma mensagem para todo o mundo. Portugal assumiria a liderança e já que a comissão de descolonização foi desmantelada agora seria criada uma comissão para analisar estes assuntos pós-coloniais. Não para fazer acusações mas para analisar. Acho que a liderança de Portugal devia passar por aí.
Bruno Vieira Amaral é crítico literário, tradutor e autor do romance “As Primeiras Coisas”, vencedor do prémio José Saramago em 2015


observador.pt
02
Nov16

AS MULHERES COMO SER INFERIOR PARA A IGREJA -Igreja Católica jamais ordenará mulheres, reitera Papa

António Garrochinho


Depois de se associar às comemorações da Reforma Protestante, na Suécia, Francisco insistiu que se trata de uma posição definitiva.

Não é novidade que a Igreja de Roma rejeita a ordenação das mulheres e que o papel de sacerdote está reservado aos homens. E questionado nesta terça-feira, a bordo do avião que o levava de regresso ao Vaticano, o Papa Francisco deu mostras de que essa posição será eterna. Questionado por uma jornalista sueca, depois da participação de Francisco nas comemorações dos 499 anos da Reforma que deu origem à Igreja Luterana – que aceita ordenar mulheres –, o chefe da Igreja Católica invocou um documento de 1994, redigido pelo então Papa João Paulo II, para sublinhar que acredita que essa rejeição será para sempre.
"O Santo Papa João Paulo II teve a última palavra sobre este assunto, foi muito claro, e essa palavra mantém-se", referiu Francisco, aludindo ao referido documento, que fecha a porta à ordenação das mulheres na Igreja Católica.
Na Suécia, o Papa Francisco foi recebido por uma mulher, que chefia a Igreja Luterana 
A jornalista, que seguia a bordo o avião papal, vincou que o chefe da Igreja Luterana que o recebera na Suécia é uma mulher e insistiu na pergunta: "Mas será para sempre? Nunca, nunca [aceitarão mulheres]?". Francisco respondeu: "Se lermos com cuidado a declaração do Santo Papa João Paulo II, é nessa direcção que vai [a posição católica]".
No passado, recorda a agência Reuters, a propósito desta viagem à Suécia, onde Francisco tentou estreitar relações com os protestantes da Igreja Luterana, o Papa Francisco já havia dito que essa porta estava fechada, mas aqueles que propõem uma alternativa, com a ordenação de mulheres, ainda mantêm a esperança de que isso possa acontecer e, talvez, até ajudar a lidar com o decréscimo do número de homens que são ordenados padres.
No catolicismo, a norma é a de que só os homens podem ser ordenados porque Jesus Cristo esclheu apenas homens para seus apóstolos. Aqueles que apoiam uma mudança de sentido, sustentam que Jesus estaria apenas a seguir as normas do seu tempo.
Em Agosto deste ano, o Papa Francisco constituiu uma comissão para estudar o papel das mulheres no início do cristianismo, o que terá ajudado a suscitar renovadas esperanças entre os que defendem uma maior igualdade dentro de uma confissão com 1200 milhões de fiéis em todo o mundo.

www.publico.pt

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

António Garrochinho

Links

  •