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orouxinoldaresistencia

POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

orouxinoldaresistencia

07
Nov16

O pró-Sionismo alemão relaciona Wagner com o Nazismo

António Garrochinho
No filme Lisztmania é um vampiro que suga o sangue aos melómanos. Com o titulo "O Génio Louco" o semanário Der Spiegel fez capa com Richard Wagner, debitando, mais ou menos traduzida a frase-chave:


O mais controverso Compositor alemão. A sua música continua a intoxicar as pessoas, e elas ainda acham difícil adoptá-la, porque os Nazis se intoxicaram com ela. Quem se sente pertença de Richard Wagner?"

Que justifica o estigma? A Alemanha derrotada em 1945 converteu-se no pós guerra numa colónia do imperialismo norte-americano, ocupada imagine-se por que lobye. 

Basta relembrar a Acta do Chanceler assinada secretamente em 1949. Como aliás ainda admite o nosso ex-ministro Luis Amado (convidado Bilderberg 2012 e actual gestor de Banco) num livro de entrevistas por Teresa de Sousa que anda por aí: "Por razões de segurança persiste na Alemanha o estacionamento de forças militares aliadas ocidentais" (pp). Segurança contra o quê? medo que algo desagradável aconteça a mais de metade do imobiliário e do capital constante na Alemanha hoje propriedade de judeus norte-americanos e israelitas? que o motor capitalista da economia europeia deixe de pagar as chorudas indemnizações de guerra que vão direitinhas para financiar a politica religiosa, racista e sionista do Estado de Israel?



"Para se saber quem governa, basta saber quem é que não se pode criticar” (Voltaire)

Richard Wagner escreveu ensaios literários em maior número que propriamente obras musicais. "Arte e Revolução" e "A Obra de Arte no Futuro" (1849), "O Judaísmo na Música" (1850), "Ópera e Drama" (1851, “O que é Ser Alemão?" (1865) e "Arte e Religião" (1880) entre outras. Wagner foi um revolucionário! Contudo 130 anos após a sua morte persiste um estigma contemporâneo que invalida tudo o resto. A obra quase desvanecida num cinzento clarinho foi assim descrita numa recente série de conferências na Culturgest: "foi uma coisa tão infeliz que mais valia que Wagner nunca a tivesse escrito, passemos adiante"...  De que se trata então olhando retrospectivamente? no artigo publicado sob pseudónimo (para evitar ser arrastado para questões pessoais) na revista Neue Zeitschrifft für Musik, Wagner descrevia os judeus como: "ex-canibais, agora treinados para ser agentes de negócios da sociedade (...) judeus que corromperam a língua do país onde vivem desde há gerações. 

A sua natureza torna-os incapazes de penetrar na essência das coisas. 

Os judeus que vivem na Alemanha devem abandonar a prática do judaísmo e integrar-se totalmente na cultura alemã". Apesar de, por esta opinião, Wagner ser geralmente acusado de "anti-semitismo" ( uma expressão criada por William Marr só 30 anos depois, em 1881) , Wagner sempre teve amigos e colaboradores judeus durante a sua vida inteira, como o judeu e amigo de longa data Hermann Levi que foi o maestro na estreia do teatro de Bayreuth. Nem havendo uma única referência explícita aos judeus em nenhuma das óperas de Wagner, que é o que mais importa (1).



Estamos na época inicial da explosão dos nacionalismos. 

A Europa central está ainda pulverizada numa infinidade de pequenas Monarquias, Ducados, Principados e Estados onde cada familia de oligarcas reina incondicional- mente sobre os súbditos invocando como autoridade o nome de Deus pelo qual tinham sido empossados - "o liberalismo encontra porém expressão nos regimes saídos da revolução francesa e belga (depois de 1832) no entanto evitava o problema da participação politica dos cidadãos ao limitar esses direitos apenas aos homens que possuiam propriedades, bens e educação adquirida (um bem caro, logo escasso, de descendência aristocrática, ou seja, a cultura está no sangue)" (2). 

Quando o povo de Dresden se levanta em armas contra a repressão Wagner era um desses aristocratas liberais que nas revoluções europeias de 1848 milita com o anarquista russo Mikhail Bakunin, o lider revolucionário August Róckel, integra o movimento "Jovem Alemanha" onde pontifica o judeu-alemão Heinrich Heine, enfim com o seu grande mentor na filosofia da "vontade de um povo" Arthur Schopenhauer, igualmente amicissimo de uma vida de Friedrich Nietzsche, o filósofo que tinha declarado a morte de Deus (logo do Poder dos tronos terrenos).



Karl Marx não escreveu nada de muito diferente n`"A Questão Judaica": "os Judeus, esses alienigenas do Lucro só poderiam ser redimidos renunciando ao Judaismo (como prática que mistura religião e especulação com dinheiro) e integrando-se nas comunidades para onde, por séculos, tinham escolhido emigrar, ou seja, como judeus de nacionalidade alemã, praticantes religiosos ou não, como quaisquer outros cidadãos livres - assim, "atingida a idade da Razão, tarefa da história, depois do desaparecimento do Além da verdade, a Verdade deste mundo. 

Isto é principalmente a tarefa da filosofia, que está ao serviço da história, uma vez desmascarada a forma sagrada da auto-alienação do homem, para desmascarar a auto alienação nas suas formas não sagradas . A crítica do céu transforma-se, assim, na crítica da terra, a crítica da religião na crítica do direito, a crítica da teologia na crítica da política" (3).



Embora contemporâneos e ambos alemães Marx e Wagner nunca se conheceram. 

Percebe-se porquê. Nesses anos de revolução enquanto Marx (com Engels) publica o "Manifesto do Partido Comunista" (1848) em nome da classe operária, Wagner pertence a outra classe social, a grande paixão da sua vida é Mathilde Wesendonck casada com um negociante rico de Zurique e um segundo casamento é com a Condessa Francesca Gaetana Cosima Listz von Bülow (que desabafa "essa coisa do Socialismo é uma moda passageira" (4) por fim, depois da revolução falhada, delfim do Rei Ludwig II da Baviera que, apaixonado pela sua música, lhe passa a conceder os patrocinios financeiros.



Richard Wagner é um revolucionário, mas da revolução burguesa em ascenção, pensa mudar o mundo com a verdade e as lições da sua grande música, mas na perspectiva da sua classe social. Insurge-se contra os vendedores de música em espectáculos de divertimento como os da Ópera de Paris, então o centro europeu das Artes onde a burguesia se aperaltava de luxo mais para se verem uns aos outros nos seus privilegiados camarotes do que propriamente para adquirir cultura. E quem são os maiores mestres neste tipo de espectáculo de opereta na Europa? - para além dos clássicos italianos, precisamente dois compositores judeus-alemães: Meyerbeer, nascido Jacob Liebmann Beer (adoptando depois o nome italianizado de "Giacomo" Meyerbeer..."



...e Jakob Ludwig Felix Mendelssohn-Bartholdy, filho do Banqueiro Abraham Mendelssohn, e sobrinho de Jakob Ludwig Salomon que tinha adquirido o apelido cristão-luterano "Bartholdy" pelo casamento com a irmã de Abraham, e era diplomata, proprietário de latifúndios e grande patrono das Artes... e ainda, neto do filósofo judeu-alemão Moses Mendelssohn, precisamente quem se tinha encarregado de transcrever e adaptar a filosofia das Luzes da revolução francesa para a lenga-lenga religiosa judaica. Esta foi a crítica contra a perniciosa influência do judaismo na Música (5).

Por isso Wagner associou o teatro comercial aos interesses dos judeus, e nos seus ensaios teóricos em que inclui todas as disciplinas e Artes advoga para si a plena liberdade face aos condicionalismos do lucro, afirmando que o artista deve levar a cabo as suas criações livre do regime de salariato artístico. A Arte só pode ser colectiva, produzida em nome do Povo, aqueles que sofrem as privações em comum, e não na forma de espectáculo de alienação cultural e religiosa.

vamos então aos factos relevantes:

VÍDEO


  


notas:
(1) Óperas que não são simples óperas – são Dramas sobre as mais variadas áreas da vida, Dramas do Amor (Tristão e Isolda), Dramas da Morte (Parsifal), Dramas sobre o Heroismo (Rienzi) Dramas sobre as Origens (o Mito dos Nibelungos) e o Destino dos Homens (Götterdämmerung), os Dramas da Religião, etc.
(2) Eric Hobsbawm, "A Questão do Nacionalismo"
(3) Karl Marx, "Contribuição à Crítica da Filosofia do Direito de Hegel" (1844)
(4) "Autobiografia de Wagner", publicada apenas em 1911. 
(5) Ao contrário do panorama de sucesso dos autores judeus nas "artes" românticas na Europa, a representação do "Tannhauser" de Wagner em Paris foi boicotada, mesmo depois das alterações exigidas pelos empresários do gosto burguês dominante, às quais Wagner respondeu com uma provocação, introduzindo-lhe uma cena de bacanal.

  xatoo.blogspot.pt
07
Nov16

Previsões, cartas e búzios

António Garrochinho
O cromo lambedor ao serviço dos neo liberais laranja auto-proclamado expert do sabe tudo, que vive fazendo previsões políticas, económicas e outros jogo de cartas e búzios, quase sempre têm uma média de acerto nas suas verborreias pior do que qualquer pessoa sem conhecimentos de economia e minimamente atenta ao que o rodeia.
A ELE O QUE IMPORTA É O DINHEIRO QUE LHE PAGAM PARA CONFUNDIR E ATERRORIZAR OS QUE AINDA PERDEM TEMPO EM OUVI-LO
Para os seus próprios erros, o cromo sempre têm uma série de explicações generosas e plausíveis que vai arremessando para que o tacho não acabe. Modera-te moço e espera sentado que com sorte (para o povo) não irás ter no futuro o tacho que há muito persegues. O que tens já ele é mal empregado e custa muito dinheiro saído das algibeiras do povo estejas tu na privada ou na pública. Era melhor na retrete
António Garrochinho
Foto de António Garrochinho.

07
Nov16

E QUE TAL UM EXORCISMO POPULAR

António Garrochinho

PARA MUITOS IGNORANTES O VOTO COMO É SECRETO, É O DIABO, ENTRA NELES COMO SE FOSSE COISA MALDITA E COMO POSSUÍDOS PELO BRUXEDO NA MASSA ENCEFÁLICA ATACADOS DE ALZHEIMER. COM OS SINTOMAS DA DIARREIA MEDROSA OU MERDOSA, NÃO CONSEGUEM ENCONTRAR A MESA DE VOTO.

O PÂNICO DE SEREM IGUAIS, O MEDO DE SE COMPROMETEREM COM A LUTA POR DIAS MELHORES TIRA-LHES A FORÇA MENOS NA LÍNGUA E É VÊ-LOS SE ESFORÇANDO ATÉ À EXAUSTÃO FALANDO DE DEMOCRACIA REPRESENTATIVA, DESTE OU DAQUELE PAÍS ONDE TUDO É BOM E TUDO CAI DO CÉU PARA OS FELIZES MORTAIS.

CONHECI ALGUNS DA DEMOCRACIA DIRECTA QUE FALAVAM MUITO EM CIDADANIA, EM PLATAFORMAS CÍVICAS E DEMÓCRÁTICAS BLA BLA BLA E ERAM FÃS DE SALAZAR.

ISTO É VERDADE ! CHEGUEI A FALAR DISSO AQUI NO "LIVRO DAS CARAS". (facebook)

ALGUNS GABAM-SE DE SER INTELIGENTES DESCONHECENDO OU VOLUNTARIANDO-SE ESTAREM A SER POSSUÍDOS PELO VAMPIRISMO FASCISTA E POR QUEM O REPRESENTA.

PRECISAM DE SER EXORCIZADOS PARA NÃO CHUPAR O RESTO DO SANGUE À MANADA ! REMÉDIOS HÁ MUITOS ! AI NÃO QUE NÃO HÁ !
António Garrochinho
07
Nov16

os manhosos da ronha egoísta e da sacanice

António Garrochinho

Há pessoas que fazem tudo para esconder as suas ideias e raramente se mostram em actos que tenham carácter político salvo se por lá meter determinados poderes, os ricos, o padre, gente
fina !

Julgam assim alcançar o reino dos céus ou pelo menos não se chatearem enquanto andam cá na terra. Só que a vida sempre demonstrou ao contrário pois por muitos caldos de galinha e cautelas em não se comprometerem com as gentes iguais e que lutam, esses os que fogem com o rabo à seringa acabam por ser detestados pelos seus próprios amigos, companheiros de trabalho, conterrâneos. Nada que a muitos preocupe, pois consciência de classe, dignidade são valores que eles detestam. São coisas que não se encontram nas lojas das modernices e do supérfluo que é aquilo a que muitos dão valor.

Emfim ! uma mão cheia de covardolas que sem dar a cara vão sempre usufruindo da luta de outros, sejam os ganhos poucos ou muitos, eles não deitam fora aquilo que recebem mesmo sem terem mexido uma palha.

Oportunistas, manhosos, sem carácter que se julgam os tais xicos espertos tão afamados no seio do povo.

Só que esses os com a mania de serem espertos às vezes quando caem não têm ou não irão ter no dia de amanhã muita gente à volta para lhes dar a mão porque já os conhecem.


António Garrochinho
07
Nov16

O EROTISMO E A SENSUALIDADE NA PINTURA DE ZENO SANSUSTE ZAPATA

António Garrochinho




Zeno Sansuste Zapata nasceu em 1962 em Prov Bustilos. Pintor e escultor têm mais de 50 exposições individuais e inúmeras exposições coletivas nacionais e internacionais.

Sansuste realmente tem uma liberdade artística incrível, suas pinceladas parecem ser depositadas com maestria porque suas pinturas são incrivelmente perfeitas e vivas!

Quase sempre podemos observar seu fascínio pelo nu feminino, porém, sem ser agressivo e pejorativo, ao contrário tem um ar misterioso e jovial em suas expressões.


muito sensual


eu amo


cores são fortes e as pinceladas me parecem suaves


Embora suas expressões mostrem grande sensualidade e erotismo às cores das suas expressões é suave isso dá leveza às pinturas.


forte sensualidade e erotismo


incrível


Claro que infelizmente ainda vivemos em um país preconceituoso e que se assusta com este tipo de arte figurativa, porém quero mais uma vez deixar claro a importância do blog em divulgar arte, pode ser que você goste ou despreze, porém é importante que apreendamos a respeitar as expressões de todos!



www.magriniartes.com.br












07
Nov16

ENTRE A MITOLOGIA E A FICÇÃO CIENTÍFICA NA OBRA DE HEIDI TAILLEFER

António Garrochinho


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Encontrar a obra de Heidi Taillefer foi uma grande e saborosa surpresa, a artista canadense que vive em Montreal realiza um trabalho incrível e muito bem executado com fusão em pinturas figurativas, surrealismo, realismo contemporâneo, clássico e mitologia combinados com tradições populares que vão do romantismo vitoriano à ficção científica. Fascinada pela estranheza, sua arte retrata temas curiosos, de seres híbridos à filosofia humana como a essência expansiva da máquina, vislumbrando um novo paradigma numa possível redefinição do que significa ser humano.
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www.blckdmnds.com
07
Nov16

SEMPRE A TRAIR E MENTIR

António Garrochinho
SE NÃO SÃO SOCIALISTAS PORQUE O DIZEM 
QUE SÃO ?

PORQUE NÃO ASSUMEM A SUA SOCIAL DEMOCRACIA OS POUCOS QUE AINDA O PODERÃO SER !?

NEM TODOS OS PORTUGUESES GOSTAM QUE LHES ENFIEM PELAS ORELHAS E PELOS OLHOS DENTRO TODA A RETÓRICA DETURPADORA DO QUE É O SOCIALISMO. O VERDADEIRO, A SUA ORIGEM, AS SUAS METAS.

ATÉ O PPD DE ENTÃO JUROU DEFENDER O SOCIALISMO PELA CONVENIÊNCIA QUE LHE DAVA IR ENGANADO O MÁXIMO DE ELEITORES, MAS FOI O PS QUE ATÉ AOS DIAS DE HOJE MAIS DENEGRIU, TRAIU E CONSPORCOU O IDEAL SOCIALISTA, PELO SIMPLES FACTO QUE DESDE A ERA DE MÁRIO SOARES NUNCA O TER PRATICADO , NEM TENTADO.

NOS SUCESSIVOS GOVERNOS QUE FORMOU E NÃO FORAM POUCOS, EM QUE ATÉ HOJE TEVE LÁ OS SEUS DIRIGENTES E FIGURAS POLÍTICAS, GOVERNOU SEMPRE, SEMPRE, À DIREITA, E É, SERÁ, UM DOS RESPONSÁVEIS PELA RECUPERAÇÃO DO CAPITAL QUE CONTINUA NA AGENDA DE QUEM DIZ UMA COISA E FAZ AO CONTRÁRIO DO QUE DIZ.

A HISTÓRIA VAI DANDO RAZÃO AOS QUE CEDO VIRAM O PERIGO DA CORJA CAMALEÓNICA QUE PELA FRENTE FALA BEM DOS TRABALHADORES (ALGUNS NEM ISSO) E POR TRÁS ESPETA-LHE A FACA NAS COSTAS.
António Garrochinho
07
Nov16

O SUBSOLO COLORIDO DE ESTOCOLMO

António Garrochinho

Debaixo das ruas de Estocolmo, como em toda grande cidade, existe uma enorme rede de linhas de metro. A capital sueca, no entanto, não é como as outras cidades: mais de 90 das 100 estações vêm sendo decoradas com pinturas, instalações, mosaicos e esculturas por 150 artistas nas últimas sete décadas.
Após passar algumas semanas explorando a região, o fotógrafo britânico Conor MacNeill registou o universo colorido que existe embaixo das ruas da cidade, e o resultado você confere abaixo:

  • www.readability.com
07
Nov16

Protesto sentado em El Aaiún dispersado pelas forças de ocupação

António Garrochinho

 

As centenas de manifestantes saharauisque se reuniram em protesto sentados no passado dia 4 de Novembro em El Aaiun (ver noticia: http://porunsaharalibre.org/pt/2016/11/cientos-saharauis-protesta-pacifica-aaiun/) foram dispersados à força pelas autoridades de ocupação.


Apesar das tentativas de reagrupamento da população em protesto, não foi possível continuar a manifestação devido à presenças massiva de forças de ocupação que isolaram a área.
Os manifestantes tiveram que fugir para ruas secundárias sendo perseguidos pela policia e forças auxiliares.
Os ocupantes marroquinos perseguem e detêm quaisquer cidadãos saharauis quando estão em grupo de 3 ou mais pessoas.
Em meio de um cenário de devastação devido às chuvas torrenciais acresce o reforço de militares, policias e forças auxiliares, não para ajudarem na reconstrução a apoio às vitimas das cheias, mas sim para reprimir ainda mais a população saharaui.
07
Nov16

Será que as pessoas não fazem nada, acatam e não refilam?

António Garrochinho

25 Maio 2013 Lisboa_6
São muitas as lutas, mas escassa a sua cobertura mediática. Com algumas excepções, as lutas dos trabalhadores e populações recebem pouca atenção, ou atenção pouco esclarecedora.
Num momento em que se confirma o papel determinante da luta de massas para a reposição, defesa e conquista de direitos, importa valorizar a luta dos trabalhadores, das classes e camadas anti-monopolistas e destaca as acções:
  • dos trabalhadores não docentes em várias escolas do ensino público básico e secundário;
  • dos trabalhadores do SEF, dos professores, da administração local, a greve dos enfermeiros;
  • as acções levadas a cabo pelos trabalhadores da Valorsul, Amarsul, Resistrela e Valnor, do centro de contacto da EDP, da EMEF e outros trabalhadores dos transportes, a luta dos trabalhadores despedidos dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo;
  • a luta no consórcio de empresas de manutenção da refinaria de Sines da Petrogal, da Solnave, da Panrico, da Groz-Beckert, da Riberalves, da Endutex, da Sinaga, dos centros hospitalares do Oeste, Setúbal e Lisboa Ocidental;
  • da VA Atlantis;
  • do Clube Praia da Oura;
  • da Empresa Gráfica Funchalense, a luta dos trabalhadores da segurança privada, as manifestações de reformados pensionistas e idosos promovidas pelo MURPI;
  • a luta do sector do Táxi;
  • as lutas dos utentes do Metro de Lisboa e da TST, a luta das populações pela reparação do IC1;
  • das populações da Ria Formosa, de Ferreira do Zêzere, do Montijo, da Moita, do Barreiro, de S. Bartolomeu de Messines, de Mourão em defesa dos seus interesses;
  • a luta dos estudantes dos ensino secundário e superior;
  • As centenas de acções e lutas desenvolvidas nas empresas, locais de trabalho e nas ruas dinamizadas no âmbito da semana de esclarecimento, reivindicação e luta promovida pela CGTP-IN que decorreu entre 26 de Setembro e 1 de Outubro;
  • A luta pelo aumento dos salários, incluindo do Salário Mínimo Nacional para 600 euros a partir do início do próximo ano, contra a precariedade e a desregulação dos horários de trabalho, pela revogação das normas gravosas da legislação laboral, na defesa e valorização da contratação colectiva e dos direitos que ela consagra.
1 Maio 2016 Lisboa04
Via: O CASTENDO http://bit.ly/2ethlg3
07
Nov16

PORQUE SERÁ ?

António Garrochinho
PORQUE SERÁ QUE AS ESPOSAS, AS LEGÍTIMAS, DOS CANDIDATOS À PRESIDÊNCIA DOS EUA NUNCA FICAM ABORRECIDAS QUANDO SE RELATAM, SE MOSTRAM NA TELEVISÃO AS AVENTURAS, O TRATO QUE ELES TÊM PARA COM AS AMANTES, AS OUTRAS MULHERES !?

HILLARY NÃO SE CHATEOU COM A MÓNICA, A MÓNICA É QUE PARECE QUE SIM, MAS GANHOU UMAS MASSAS COM O LIVRO E COM AS CONFERÊNCIAS. E SABE-SE LÁ COM QUE MAIS,

TUDO SE PERDOOU ENTRE ELA, O INSTRUMENTO E A SENHORA CLINTON E VIVEM FELIZES PARA SEMPRE COMO NOS CONTOS DE FADAS.

NÃO HÁ TÉDIO, CIÚME, HISTERIA OU BIRRA QUE LHES CHEGUE ! É OBRA !

JÁ ERA ASSIM COM A JACQUELINE E O SEU MARIDO KENNEDY QUANDO DAS SUAS CONHECIDAS AVENTURAS E DEVANEIOS.
JACQUELINE CONTINUOU A SUA SENDA COM OUTRO PARECIDO, O ONASSIS TAMBÉM ELE UM COLECCIONADOR DE "AMORES".

A MULHER DE TRUMP CONTINUA FELIZ E ACONCHEGADA AO LOBISOMEM. 
PORQUE SERÁ !?

DEVE SER POR CAUSA DAQUELA FRASE: A BEM DA NAÇÃO !

AGarrochinho

Foto de António Garrochinho.

07
Nov16

Quando querem passar por virgens púdicas - opinião: Carlos Carvalhas

António Garrochinho


Querem-nos fazer crer que acreditavam piamente que a União Europeia é uma união entre iguais, tal como acreditam no pai natal!

Jean-Claude Juncker, François Hollande e Durão Barroso. Os três protagonistas do «acordo secreto»Créditos/ EPA
A confissão de Hollande no livro «Un Président de devrais pas dire ça» sobre o acordo secreto que fez com o impoluto Barroso e o não menos impoluto Junker para maquilhar as contas do défice Orçamental francês, deixando a França de fora de um processo de défice excessivo, causou um vivo repúdio de europeístas comentadores e até de deputados europeus da direita como se nunca tivessem dado conta dos dois pesos e duas medidas, uma para os grandes países e muito especialmente para os do Directório e outra para os pequenos e da periferia. 
Querem-nos fazer crer que acreditavam piamente que a União Europeia (UE) é uma união entre iguais, tal como acreditam no pai natal! Querem agora mostrar o seu patriotismo com pública e prolixa indignação. Os europeístas socialistas também gostariam de fazer o mesmo número mas estão mais contidos.
Coitadas destas almas que pensavam, na sua boa fé, que Portugal era na UE um país soberano e independente! Ainda não tinham dado conta que o presidente da Comissão Europeia já tinha afirmado que a «França é a França», como ainda não tinham reparado na longa condescendência para com a Espanha, com um défice muito superior ao de Portugal, o que lhe tem permitido aumentar o investimento e o crescimento para dar chances a Rajoy e ao PP espanhol.
Nunca repararam nas diferentes posições tidas pela UE em relação aos referendos realizados na Irlanda, Dinamarca, França e com o Brexit na Grã Bretanha. Mas estes paladinos da democracia o que no fundo lamentam é que Hollande tenha tornado público o dito acordo.
No Público de domingo passado, Teresa de Sousa diz-nos que «Hollande reconhece que deu ordem aos serviços secretos, para matarem quatro pessoas». E esta irrelevante confissão, esta caridosa banalidade, citada no meio do texto tem este magnífico comentário, certamente em nome dos «Direitos do Homem»: «Não é que não haja decisões deste género em democracia, desde que fiquem mesmo secretas».
Leram bem? Não esfreguem os olhos. 
Na democracia deles mandar os serviços secretos matar quatro pessoas, os jagunços à mão, é aceitável desde que fique, «mesmo», atenção, «mesmo secreto».
Por mim ponto final.
Está tudo dito.

07
Nov16

Negociações em directo

António Garrochinho


Desculpem o atraso, mas vinha partilhar aqui as minhas dúvidas em relação ao jornalismo. E isto a propósito da manchete do Expresso, deste sábado.

Expliquem-me, por favor, qual é a notícia de um texto cujo título “Administração em risco de cair”. Por quê escolher “em risco de cair” e não “poderá ficar”? E que o lead da notícia seja: "A administração da CGD está em risco de cair, caso o Tribunal Constitucional delibere a entrega obrigatória de declarações de rendimentos e património de administradores, sabe o Expresso"

Esta formulação de o jornal "saber" é muito usada - eu já a usei. Utiliza-se muito quando os jornalistas estiveram em contacto com uma fonte altamente colocada, mas que pediu o anonimato. E daí um título - que eu próprio já usei também - de algo que não se sabe que vai acontecer, mas que é tão provável que ocorra, como o seu contrário...

Lendo o texto, entende-se muito bem que a fonte daquele texto pode ser duas: o próprio António Domingues, que passou um recado ao Expresso, em que a figura do presidente da República é usada como camufllagem noticiosa (algo que é completado pelo facto de a notícia em baixo – sobre os 700 mil euros que Domingues terá perdido em futuros – parecer a versão explicativa dele; ou é o próprio presidente da República, dando conhecimento ao Expresso do que, eventualmente, se passara na cabeça de António Domingues. Ou os dois.

Em qualquer das duas, não parece um grande serviço ao jornalismo. É uma manchete que contribui para que se torne realidade, porque se trata - no fundo - de uma ajuda do Expresso a uma das partes envolvidas na negociação em curso.

Mais a mais, quando o problema de fundo que se coloca neste imbróglio todo é o que vai acontecer ao acordo de capitalização da CGD. Ou seja, até que ponto é que a Comissão Europeia – com o PSD a posicionar-se à boleia - conseguirá impor uma abertura do capital do banco público, quando o Governo declarou que isso nunca iria acontecer.

É, aliás, interessante verificar que a coluna de opinião do João Vieira Pereira no suplemento de Economia é sobre o quanto é importante preservar a CGD como banco público, e que toda esta questão está a ofuscar aquilo que é urgente: uma visão para esse banco.

ladroesdebicicletas.blogspot.pt
07
Nov16

A INFIDELIDADE ENTRE PINGUINS PODE ORIGINAR LUTAS VIOLENTAS (VÍDEO)

António Garrochinho


76% dos pinguins se acasala com o mesmo parceiro durante toda sua vida. No entanto, como pode reagir um pinguim quando seu casal é infiel com outro? A sangrenta imagem dessa reação é o que podemos ver neste documentário realizado pela Nat Geo a respeito das confrontos que se produzem entre animais. No vídeo vemos como um macho chega para brigar com o Ricardão que está instalado em seu antigo ninho. Um vídeo que, por verdade, já se tornou viral pelas semelhanças que guarda com algumas cenas de ciúmes entre seres humanos.

Depois da batalha com as poderosas asas e bicos, os dois machos decidem chamar a fêmea para que ela decida, mas ela escolhe com seu novo amante. O cornudo não fica nada contente, e persegue o casal até o ninho e, na entrada, a porrada come solta de novo.

Mas finalmente a fêmea sai do ninho e volta a escolher a seu novo amante de novo. Agora sim o ex-esposo resignado vai buscar um refúgio onde passar a temporada de acasalamento ou talvez encontre outro pinguim traído e formem uma dupla sertaneja.

VÍDEO
www.mdig.com.br

07
Nov16

A descoberta da Europa - a migração dos kurgans - A descoberta da Europa Em busca de um novo mundo, povos do leste partiram rumo ao desconhecido. No caminho, encontraram uma gente atrasada, que comia com as mãos e mal dominava a agricultura. Ao lugar q

António Garrochinho



TÍMULO KURGAN



Mapa das migrações indo-européias a partir de c. 4000 a 1000 a.C. de acordo com o modelo Kurgan. A migração anatólia (indicada com uma seta tracejada) pode ter ocorrido através do Cáucaso ou através dos Bálcãs. A área púrpura corresponde ao suposto Urheimat (cultura Samaracultura Sredny Stog). A área em vermelho corresponde à região que deve ter sido colonizada por povos falantes de indo-europeu depois de c. 2500 a.C., e a área em laranja em torno de 1000 a.C.

A descoberta da Europa

Em busca de um novo mundo, povos do leste partiram rumo ao desconhecido. No caminho, encontraram uma gente atrasada, que comia com as mãos e mal dominava a agricultura. Ao lugar que descobriram, hoje chamamos Europa


Numa terra praticamente virgem, homens, mulheres e crianças viviam em bandos de 60 ou 100 indivíduos. Isolados uns dos outros, os maiores podiam chegar a 400 pessoas. Alimentavam-se do que conseguiam com uma agricultura muito rudimentar, da caça e do que simplesmente catavam no mato. Eram seminómadas, ou seja, ficavam num lugar apenas tempo suficiente para comer o que estava ao seu alcance, aí levantavam acampamento e iam embora. Suas vilas eram mesmo pouco mais que isso: acampamentos. Não construíam muita coisa além de totens ou amontoados de pedras. Não criaram escrita. Não tinham sistema político e seus líderes eram uma mistura de patriarca com guia espiritual. Viviam como selvagens. E eram europeus.
Estamos em 3000 a.C. e, nessa época, o centro do mundo não é a Europa. A 5 mil quilómetros dali, na Mesopotâmia, região entre os rios Tigre e Eufrates, no atual Iraque, vicejam cidades com mais de 10 mil habitantes. Lá os sumérios desenvolvem leis e códigos para orientar a vida em sociedade. No norte da África, o Baixo e o Alto Egito se unem para formar um dos maiores impérios do mundo antigo, capaz de erguer colossos, como a enorme esfinge de pedra a espiar a planície de Gizé. Eles constroem canais e dominam os ciclos de cheia do rio Nilo. No Extremo Oriente, pequenos reinos vivem sob um só signo: o dragão. A China está prestes a despertar, mas já domina a matemática e a agricultura. Nos três cantos, a pré-história ficou para trás. Eles inventaram a escrita. E com ela preenchem notas fiscais, escrevem livros sagrados, assinam recibos, contratam serviços, registam casamentos e filhos. Fazem cálculos e poesia. Inauguram a história.
E no sul de onde hoje fica a França e ao longo do rio Danúbio, na região que agora chamamos Alemanha, ainda há gente morando em cavernas. Mas esse mundo está prestes a mudar. O agente dessa transformação ainda é um mistério, alvo de muita polémica entre especialistas, mas definitivamente algo grande aconteceu entre 3500 e 3000 a.C. que transformou a vida na Europa. Algo que causou um salto tecnológico sem precedentes e do qual as marcas se percebem em povos tão diferentes quanto celtas e aqueus, irlandeses e gregos. Segundo o arqueólogo Dinc Sarac, da Universidade de Bilkent, na Turquia, esse algo mais foi a chegada de um povo vindo do leste (de uma região entre a atual Ucrânia e o sul da Rússia), em levas migratórias que durou séculos. “Essa teria sido a ‘descoberta’ da Europa, uma viagem épica só comparável à chegada dos europeus na América, 4 500 mil anos depois”, afirma Sarac, que pesquisa as migrações transcaucasianas e suas influências sobre o povoamento europeu.
Especialistas como Sarac chamam esses descobridores de indo-europeus primitivos e acreditam que, em algum momento entre o quarto e o terceiro milénio antes de Cristo, eles deram início a sucessivas ondas migratórias que os fragmentou em diversos grupos linguísticos. Uns tomaram o rumo da Índia, influenciando e formando novos povos como os arménios, indo-iranianos, tocarianos e hititas. Outros seguiram para a Europa, onde mais tarde dariam origem aos eslavos, celtas, itálicos, aqueus, jónios, eólios e germânicos. “Eles não formavam uma única sociedade, sólida e organizada, tampouco uma civilização comum. Cada grupo evoluiu de maneira independente, em diferentes épocas e para diferentes lugares, num movimento que chegou a levar séculos”, diz Sarac.
Na verdade, os indo-europeus não tinham sequer um nome para designá-los. O único que receberam surgiu apenas em meados do século 20, quando a antropóloga e arqueóloga lituana Marjia Gimbutas elaborou uma teoria que deu nova luz à origem dos povos da Europa. Além de algumas hipóteses ainda hoje questionadas pelo meio científico (mas amada pelo neopaganismo new age – religiões que na virada do milénio praticam rituais xamãnicos e adoram entidades da natureza), como a idéia de que se tratava de uma sociedade matriarcal, Gimbutas baptizou os primeiros indo-europeus de Cultura Kurgan. Eram assim chamados porque enterravam seus mortos em covas profundas, um método não muito convencional para a época e que caracteriza, segunda ela, esse período e seria um traço comum aos povos que migraram para a Europa nesse período.
Outra coisa em comum é a língua. Em turco, a palavra “kurgan” quer dizer túmulo, sepultura. O mesmo significado que ela tem em eslavo. “De fato, a língua é a chave mais importante nesse tipo de pesquisa que procura revelar a origem tão distante de civilizações tão díspares. Ela mostra que povos que hoje são separados por milhares de quilómetros têm ancestrais comuns. O idioma dos tocarianos (que viveram numa região próxima à China), por exemplo, tem uma forte ligação com o dos germânicos”, diz o antropólogo americano Roger Pearson, editor e fundador do The Journal of Indo-European Studies.
Segundo o antropólogo Jos Stepahnek, checo de nascimento, mas radicado na Universidade de Atenas, na Grécia, essas coincidências linguísticas são, ainda, um forte indício da presença de um elemento novo, que se impôs e se espalhou por todo o continente.

O invasor
Mas afinal, quem eram os kurgans? Stepahnek diz que eles eram politeístas que acreditavam num deus principal e cultuavam divindades da natureza, como a Lua e a aurora. Não eram tão avançados quanto as civilizações que começavam a se formar nos vales dos rios Nilo, Tigre e Eufrates. Não chegavam nem perto disso. Mas estavam à frente dos povoados que já existiam na Europa. Tinham domesticado o cavalo, usavam carroças de duas ou quatro rodas feitas de madeira maciça, produziam objectos de cobre (facas, adagas e punhais) e possuíam utensílios de ouro e prata, como vasos, contas de colares e anéis.
Diversos animais faziam parte de seu dia-a-dia. Criavam porcos, ovelhas e cabras, mas o cavalo era o mais importante de todos. Além de servirem como meio de transporte, alguns especialistas sugerem que os kurgans sacrificavam cavalos em rituais de sepultamento. Nos sítios arqueológicos da Rússia e da Ucrânia, os ossos dos equinos eram os mais numerosos. Mas também foram achados ossos de cervos, alguns dentro dos túmulos de crianças. Sobras de caças? Não exactamente. É certo que os primeiros indo-europeus não foram caçadores e nem grandes agricultores. Então, o que os ossos faziam na tumba dos pequenos kurgans? Provavelmente, não passavam de simples regalos da vida terrena, pois funcionavam como uma espécie de dado em inocentes jogos de apostas.
Para os adultos, os ossos serviam apenas como ornamentos e pequenos utensílios (furadores, talhadeiras e polidores, por exemplo). Suas armas já estavam em outro estágio de evolução, embora o tipo e o grau de desenvolvimento também dividem os pesquisadores. É certo que eles possuíam objectos de cobre e conheciam o estanho, mas ainda não dominavam as técnicas de fundição do bronze, o que só viria a acontecer alguns séculos mais tarde, quando já estavam na Europa. “Os primeiros indo-europeus não eram guerreiros. Além disso, poucos povos dominavam a metalurgia do bronze no terceiro milénio antes de Cristo”, diz o antropólogo italiano Brunetto Chiarelli, professor da Universidade de Firenze.
Para Stepahnek, no entanto, os povos da cultura kurgan já possuíam espadas quando começaram a migrar para lugares mais distantes, levando sua cultura às populações menos avançadas. “Eles conheciam o bronze e produziam armas. Foi assim que resistiram aos conflitos entre vizinhos em seu próprio território, coisa que era muito comum e que, em determinado momento, pode até ter contribuído para que migrassem rumo à Europa”, diz Sarac. “Porém, não foi encontrado nada que indique que a ocupação da Europa tenha sido feita à força. Nada parecido com os indícios de massacres da América. Parece que, embora eles não fossem essencialmente guerreiros – ao contrário, o pastoreio era a principal actividade – sabiam se defender muito bem.”
Além dos vizinhos, eles tinham outro inimigo no Cáucaso: as baixíssimas temperaturas, que chegavam fácil, fácil nos 20 graus negativos. Para eles, qualquer pontinho acima do zero grau já era lucro. Por isso, suas casas tinham fundações de pedra e eram semi-subterrâneas – ou seja, metade debaixo da terra, metade em cima. Nada muito diferente do que acontecia em terras arménias até pouco tempo atrás e que ainda hoje existe no deserto de Gobi. Os kurgans moravam em dois tipos de povoados. Os mais simples não passavam de pequenos vilarejos, sempre ao lado de rios ou córregos, e tinham de dez a 20 casas rectangulares, com telhados sustentados por toras finas de madeira. Todas as moradias possuíam pelo menos uma lareira, geralmente feita de pedra. As vilas maiores chegavam a pouco mais de 200 casas e também ficavam perto de rios e florestas. As vilas eram bem protegidas e cercadas por muros de pedra, que podiam chegar a três metros de altura.
Quando chegaram à Europa, os kurgans não mantiveram uma unidade social. Alguns grupos foram rechaçados, outros, a maioria, foram incorporados pelas comunidades locais. Eles trocaram influências e deram origem a outros povos. Alguns se estabeleceram na parte setentrional, outros foram para o norte, uma leva foi para o sul e alguns chegaram até a Grã-Bretanha. Obviamente, esse processo não aconteceu da noite para o dia. Séculos e séculos de migrações e miscigenações se passaram. No meio do caminho, muitos povos resultantes dessa miscigenação simplesmente desapareceram sem deixar qualquer rastro. Outros sofreram tantas mudanças que a principal herança dos antepassados manteve-se presente apenas na língua – e, mesmo assim, com muitas transformações.
Mas essas interações originaram subgrupos que mais tarde atingiram um alto grau de desenvolvimento. Os celtas, por exemplo, estão entre os mais antigos e espalharam-se por boa parte da Europa até serem conquistados pelos romanos. Hábeis na fabricação de objectos de bronze, foram um dos povos europeus mais importantes nos séculos que antecederam a supremacia de Roma. Acredita-se que sua terra de origem seja a região onde hoje ficam a Suíça, Áustria e Alemanha, mas eles chegaram até a Grã-Bretanha e a Península Ibérica.
Outro grupo descendente dos kurgans que viveu dias de glória foram os aqueus. Eles chegaram aos Bálcãs por volta de 2000 a.C. e fundaram diversas cidades, como Micenas e Tirinto. Cinco séculos depois, invadiram a ilha de Creta e assimilaram sua cultura. Aperfeiçoaram sua agricultura, navegação, comércio e construção de armas. Foi aí que nasceu a civilização creto-micénica, que serviu de base para a sociedade grega.
No oriente, os indo-europeus chegaram praticamente até a China e deram origem a povos como os hititas e indo-iranianos. Mas esta já é outra história. Agora, é melhor voltar para o século 21.






Tese é polémica

Ainda há muito a ser descoberto
Já faz mais de 200 anos que o linguista inglês William Jones descobriu a surpreendente afinidade entre o grego, o latim e o sânscrito. Na época, observou que muitas palavras destas línguas tinham o mesmo radical e, por consequência, poderiam ser derivadas de um mesmo idioma. Alguns anos mais tarde, no início do século 18, outro inglês, chamado Thomas Young, batizou esta língua comum de indo-europeu. Assim, nasciam as primeiras teses sobre a origem e a expansão destes povos. Ainda hoje, a unidade linguística é um dos principais fundamentos das teorias sobre os ancestrais dos europeus. Mas muita coisa mudou nas últimas décadas.
O primeiro grande salto ocorreu no século passado, com a teoria da antropóloga lituana Marjia Gimbutas, segundo a qual a origem dos indo-europeus seria a actual Ucrânia, entre o Cáucaso e o mar Negro. Baseada em achados arqueológicos, ela afirmou que estes povos já haviam domesticado o cavalo e possuíam armas de bronze, um grande avanço para a época. Eles teriam começado a migrar para a Europa por volta de 3000 a.C., assimilando as comunidades locais e dando origem a vários povos que, séculos depois, formariam as grandes civilizações do mundo antigo. Ainda hoje, a teoria de Gimbutas é a mais aceita entre os estudiosos, mas com algumas mudanças importantes. O americano James Mallory, professor da Universidade da Califórnia, acredita que as migrações começaram em 4000 a.C. – ou seja, antes da época apontada pela antropóloga lituana. Já o arqueólogo inglês Colin Renfrew, professor da Universidade de Cambridge e um dos maiores especialistas no assunto, sugere que os primeiros indo-europeus começaram a migrar para a Europa a partir da atual Turquia por volta de 7000 a.C. Para Renfrew, eles eram agricultores em busca de novas terras.
As teorias, aparentemente contraditórias, podem se completar. “Como não temos provas escritas, dificilmente chegaremos a uma verdade absoluta. Mas existe um consenso entre parte dos estudiosos acerca das teorias de Gimbutas e Renfrew”, diz o antropólogo americano Roger Pearson, fundador do The Journal of Indo-European Studies.
Outros, porém, crêem numa terceira via: a Teoria da Continuidade do Paleolítico, que diz que os europeus evoluíram de comunidades neolíticas. A principal evidência seriam estudos que mostram que 80% dos genes dos actuais europeus conferem com as análises de DNA dos povos locais no Paleolítico. Mas isso não convence os que acreditam nas ondas migratórias. “Uma pandemia acabou com diversos povoados do neolítico e não podemos afirmar que eles são nossos ancestrais diretos", diz o antropólogo italiano Brunetto Chiarelli, da Universidade de Firenze. 


Longa estrada da vida

As ondas migratórias duraram mais de 2 mil anos
4400 – 4200 a.C.
Os indo-europeus partiram da região do Cáucaso por volta do ano 4000 a.C., em direção à Europa e à Índia. Foi a primeira de uma série de ondas migratórias, que mudaram a história dos povos antigos

3500 – 3000 a.C.
As migrações eram muito lentas. Podiam demorar séculos e até milénios. Por volta do ano 3000 a.C., os indo-europeus estavam próximos aos Bálcãs. Mas chegaram de vez à região apenas 500 anos depois

3000 – 2500 a.C.
Os povos das estepes russas chegaram à Europa Setentrional por volta de 2500 a.C. Depois de assimilar e influenciar as culturas locais, acredita-se que deram origem aos eslavos, germânicos e celtas

Migrações sucessivas
Apesar da unidade linguística, os indo-europeus continuaram migrando de maneira independente, em diferentes épocas e para diferentes lugares. Eles nunca formaram uma sociedade sólida e organizada 


Passado europeu

Vestígios de pedra e de barro. De ferro e cerâmica
8000 – 3500 a.C. - Neolítico
As comunidades iniciam um período de desenvolvimento económico, social e tecnológico. Surgem os indo-europeus em 5 000 a.C., no Cáucaso, provavelmente. Mil anos depois,começam as migrações. A estatueta ao lado, encontrada no Líbano, data dessa época
3000 – 1100 a.C. - Idade do Bronze
O uso cada vez mais comum de utensílios de cobre muda as formas de organização econômica e social em algumas regiões da Ásia Ocidental. Estas técnicas de metalurgia logo chegam à Europa, pela Península Balcânica. No início dessa época, as ondas migratórias indo-europeias estavam em pleno funcionamento
5000 – 3000 a.C. - Kurgan
Foram os primeiros indo-europeus. Moravam nas estepes das atuais Rússia e Ucrânia e eram pastores nómadas que deram origem às principais civilizações clássicas. Eram mais avançados que os povoados europeus, mas estavam distantes dos mesopotâmios e egípcios
3000 a.C. - Mesopotâmia
Enquanto outros povos não passavam de comunidades agrícolas, a Mesopotâmia já possuía cidades, havia inventado a escrita cuneiforme e uma organização político-social jamais vista na história
3000 a.C. - Egípcios
Na época em que os indo-europeus estavam engatinhando, os egípcios davam os primeiros passos para a formação de uma civilização organizada. Já dominavam técnicas avançadas de irrigação e construção de canais e haviam criado a escrita hieroglífica
2000 – 1500 a.C. - Gregos
Sofreram intensa influência dos povos indo-europeus chamados aqueus. Eles dominaram a região dos Bálcãs no século 15 a.C., após invadirem e assimilarem a cultura da ilha de Creta, uma das civilizações mais avançadas da época 

Saiba mais

Livros
Proto-Indo-European Culture: the Kurgan Culture During the 5th to the 3rd Millennia B.C. , de Marija Gimbutas, New and Updated, 1970 - A gênese das teorias sobre os indo-europeus está neste livro, publicado pela antropóloga romena. É o ponto de partida de qualquer estudo, abrangente ou não, sobre a origem destes povos.
Archaeology and Language. The Puzzle of Indo-European Origins, de Colin Renfrew, Cambridge University Press, 1996 - Um dos maiores especialistas no assunto no mundo faz uma espécie de leitura atualizada da teoria de Gimbutas.
Origini delle Lingue d’Europa – La Teoria della Continuità, de Mario Alinei, Il Mulino, 2000 - Defende teoria da continuidade, coloca em xeque as idéias mais aceitas hoje em dia. Em dois volumes.

Sites
www.jies.org - Página do The Journal of Indo-European Studies, traz artigos recentes e é o melhor complemento de qualquer leitura sobre o assunto. Mas é preciso pagar para ter acesso aos textos
www.continuitas.com - É o site oficial dos defensores da Paleolithic Continuity Theory, o principal contraponto às hipóteses mais aceitas pelo meio científico atualmente



http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/descoberta-europa-433867.shtml?utm_source=redesabril_jovem&utm_medium=facebook&utm_campaign=redesabril_avhistoria

07
Nov16

BRASIL - AS OCUPAÇÕES E O GOLPE

António Garrochinho


apresentacao1
Governo golpista quer fazer AI-5 parecer brincadeira de criança.
Todos os indivíduos e organizações que lutam contra as mazelas do sistema capitalista, de reformistas a revolucionários, são da esquerda e suas lutas sempre serão alvos de ataques da direita. O exemplo das ocupações de escolas e a repressão a elas é emblemático neste momento atual, em que vivemos um golpe de Estado. Os inimigos da classe trabalhadora alçaram o poder sem uma mínima base popular. Quem manda no país hoje é um vice-presidente usurpador cujo projeto não foi o escolhido pelos eleitores nas urnas, um Judiciário que atua sem nenhum consentimento popular e a imprensa corporativa, todos a serviço do capital imperialista. Esses atuais donos do poder sabem que são rejeitados pelo povo pois, por mais manipulações que façam na imprensa, não conseguem esconder seus planos de atacar tudo o que foi conquistado pelos trabalhadores.
Vivenciamos o fim do Estado de direito, ou seja, de um Estado minimamente controlado pela lei. O que temos agora no Brasil é um verdadeiro vale-tudo em que o governo tem o apoio da Justiça para fazer o que bem entender, passando por cima da Constituição e dos interesses do povo.
Somente estando cientes dessa situação podemos nos preparar para enfrentar as investidas da direita contra as lutas sociais neste momento. A Polícia Militar sempre foi o braço armado do Estado contra a população e a imprensa, a porta-voz da burguesia. Neste ano, porém, o congresso nacional e o governo, golpistas e reacionários,  estão ampliando as medidas repressivas através de leis e arbitrariedades. Esse reacionarismo que se expressa no movimento Escola sem Partido, na ideologia meritocrática e tecnicista e nas ações de estudantes fascistas e obscurantistas organizados pelo MBL (Movimento Brasil Livre), mostra a que veio: formar a tropa de choque do imperialismo para coibir todas as lutas contra seus planos de ajustes. Eis que surgem as milícias mercenárias.
Polícia, Justiça, milícias e burocratas
Em São Paulo, a polícia do golpista Geraldo Alckmin, do PSDB, desde o início de outubro, desocupou, sem nenhum mandado de reintegração de posse, quase dez escolas estaduais ocupadas pelos estudantes contra a reforma do ensino médio e a PEC 241. Ao todo mais de cem estudantes foram detidos em ações policiais sem qualquer base legal.
Recentemente, um ofício da Secretaria de Educação profissional e Tecnológica do Ministério da Educação – SETEC/MEC, ordenou às direções dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IFES), a identificação dos estudantes que promovem as ocupações nessas instituições.
O juiz Alex Costa de Oliveira, da Vara da Infância e Juventude do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), autorizou, no último dia 30, o uso de técnicas de tortura para “restrição à habitabilidade” das escolas, com objetivo de convencer os estudantes a desocupar os locais. Entre as técnicas estão cortes do fornecimento de água, luz e gás das unidades de ensino; restrição ao acesso de familiares e amigos, inclusive que estejam levando alimentos aos estudantes; e até uso de “instrumentos sonoros contínuos, direcionados ao local da ocupação, para impedir o período de sono” dos adolescentes. O juiz ainda ressalta que tais medidas ficam mantidas, “independentemente da presença de menores no local”.
No Paraná, o governo de Beto Richa, PSDB, além de contar com o apoio da justiça burguesa, como no caso da Juíza Patrícia de Almeida, que determinou a desocupação de 25 escolas estaduais com o uso da Polícia Militar, financia capangas do MBL (Movimento Brasil Livre) para provocar violência e forçar as desocupações. O MBL é um grupo direitista mercenário, financiado pelos grandes capitalistas norte-americanos, que usa o discurso fascista antipartidário para atrair jovens despolitizados, mas não consegue esconder o apoio que recebe dos partidos golpistas.
Em Taguatinga, cidade-satélite de Brasília, durante a madrugada do dia 1º, um grupo invadiu ilegalmente o Centro de Ensino Médio Ave Branca (Cemab), e chegou a jogar bombas caseiras e coquetéis molotov nas salas de aula, para expulsar os alunos da ocupação. A ação violenta precedeu a ação policial no cumprimento do mandado de desocupação da escola. Os alunos saíram pacificamente do local.
É importante entender também, como aconteceu em inúmeros casos durante as ocupações de escolas em São Paulo no ano passado, que os governos tucanos contam com o apoio de diretores e outros detentores de carguinhos burocráticos, para atacar estudantes e descaracterizar as ocupações como movimentos legítimos de luta. São vários os relatos de diretores que chamam a PM contra os estudantes, tentam permitir a entrada do MBL na escola para evitar a ocupação, fazem terrorismo com os alunos, etc.
Tudo isso confirma que estamos vivendo um estado de exceção. É o Estado e seus soldadinhos mercenários contra o povo. Neste cenário, é preciso intensificar a luta contra as medidas de destruição dos direitos sociais como uma luta política contra o golpe e os golpistas. A proposta de Reforma do Ensino Médio faz parte de um conjunto de medidas cujo objetivo é privatizar toda a educação pública – creches, escolas, universidades e Institutos Federais. Querem  fazer a população pagar pela crise. Acabar com o ensino público para reduzir os gastos públicos e  abrir mercado para os empresários do sistema privado.
Os estudantes devem unir sua luta à luta de toda a classe trabalhadora contra a política de destruição e privatização de todos os serviços públicos, contra a entrega das riquezas nacionais, contra a privatização das empresas estatais.
antigolpe.wordpress.com
07
Nov16

Família e sexualidade na sociedade primitiva

António Garrochinho


[...] Ao se tornar dependente da carne, o Homo erectus se transformou num parasita das manadas desse jogo - e, portanto, precisava segui-las ou explorar novos territórios onde procurá-las - e era mais provável se estabelecer e se multiplicar em alguns locais do que em outros. Assim, foram estabelecidas as bases de moradia. [...]

A família que vivia na base de moradia também se desenvolvia. A existência desta base já tornou mais provável que a futura família humana fosse muito diferente das famílias animais. Isto ficou mais evidente quando os antecessores do Homo sapiens se tornaram maiores. Por exemplo, cabeças maiores, necessárias para acomodar cérebros maiores, significavam que as crianças seriam maiores antes do nascimento e isto se refletia em mudanças na pelve feminina que permitiram o nascimento de bebês com crânios maiores e também foi necessário um período mais longo de crescimento depois do nascimento para que as crianças amadurecessem. Nenhuma mudança fisiológica na fêmea podia fornecer aos fetos acomodação que os protegesse até a maturidade física. Em consequência, as crianças humanas - diferentes da maioria dos mamíferos, cujos filhotes amadurecem em meses - necessitam de cuidados maternos até bem depois do nascimento. Uma infância prolongada, dependência e apoio às crianças pela família e pela sociedade durante a imaturidade significava que as famílias humanas se desenvolveram de forma muito diferente das famílias dos outros animais. Em parte isto era resultado de uma seleção genética: grandes ninhadas deixaram de ser a maneira pela qual se assegurava a sobrevivência das espécies. Em vez disso, as sociedades humanas aprenderam a dar atenção maior e mais demorada à proteção, à alimentação e ao treinamento dos seus jovens [...]. Apareceram diferenças mais agudas entre os padrões de vida de machos e fêmeas. As mães hominídeas eram muito mais tolhidas do que as mães de outros primatas e os pais passaram a se envolver mais na provisão de comida por meio da caça, o que demandava uma atividade árdua e prolongada da qual as fêmeas não podiam participar facilmente.


Idade da Pedra: o festim, Viktor M. Vasnetsov

Outro resultado da infância prolongada foi que o aprendizado e a memória se tornaram cada vez mais importantes. Com o Homo erectus parece que ultrapassamos outra etapa. O aprendizado consciente e a reflexão sobre o meio ambiente substituíram de alguma forma a programação genética dos antecessores da humanidade. Em algum lugar [...] aconteceu uma mudança, onde a tradição e a cultura - as coisas que os membros de uma comunidade aprendem um dos outros - assumem o lugar da herança fisiológica como fator de seleção evolucionária. É óbvio que a herança fisiológica ainda permanece muito importante. Por exemplo, é claro que importou muito para a futura forma da sociedade humana que um grupo genético particular há muito tempo ainda tenha dado à nossa espécie uma característica sexual única. Entre todos os outros mamíferos, tanto a atração sexual exercida pela fêmea sobre o macho quanto a sua fertilidade restringiam-se a certos períodos. Diz-se que nestas épocas os animais estão "no cio" e nessa condição as suas vidas ficam muito desintegradas. Se precisassem tomar conta de filhos, com certeza não poderiam continuar a alimentá-los. As fêmeas humanas não funcionam assim, e isto é muito importante. Se fossem como os outros animais, os filhotes, de amadurecimento vagaroso, teriam sido negligenciados na infância e dificilmente sobreviveriam. Pode ter levado um milhão de anos mais ou menos para surgir um grupo genético com características sexuais que dispensassem o "estro", como se diz, mas quando isto aconteceu foram enormes as consequências para o futuro desenvolvimento da humanidade, o que afetou a nossa maneira de viver muito mais do que admitimos. O fato de as fêmeas humanas atraírem continuamente os machos humanos (e não apenas em períodos em que cada sexo era regido por mecanismos automáticos de atração) deve ter transformado a escolha individual num fator muito mais importante no acasalamento. É o começo de uma estrada muito longa e obscura que leva a noções posteriores de amor sexual. Junto com a infância mais longa e a menor dependência, possibilitadas por melhor coleta de alimentos, também aponta para uma unidade familiar humana mais estável e mais duradoura - pai, mãe e prole - que permanecem juntos e constituem uma verdadeira comunidade. [...]

[...] A cultura e a tradição pouco a pouco assumiram o lugar da mutação genética e da seleção natural como fonte primária de mudança entre os hominídeos - ou, em outras palavras, o que era aprendido estava se tornando tão importante para a sobrevivência quanto o que era biologicamente herdado. Os grupos com melhor "memória" de meios eficientes de fazer coisas e com crescente poder de refletir sobre elas levariam adiante a evolução humana com mais rapidez. [...]

[...] Tudo o que podemos dizer é que a vida do Homo erectus se parece mais com a dos humanos do que a dos pré-humanos. Fisicamente, o cérebro da criatura era de uma ordem de magnitude comparável à nossa, mesmo que o seu crânio fosse ligeiramente diferente na forma. O Homo erectus fabricou ferramentas de diferentes estilos e em diferentes locais, construiu abrigos, tomou posse de refúgios naturais explorando o fogo e dali saiu para caçar e coletar comida. Fez isto em grupos, mostrando alguma disciplina, e foi capaz de transmitir ideias por meio da fala, fundou uma base de moradia e uma distinção entre as atividades de machos e de fêmeas. Pode ter havido outras especializações: portadores de fogo ou criaturas mais velhas cujas memórias os transformavam em "bancos de dados" das suas "sociedades", e que talvez tenham sido, até certo ponto, sustentados pelos outros.

[...] Quando o Homo sapiens evoluiu a partir de uma ou mais subespécies do Homo erectus, já estavam à sua disposição um novo tipo físico, grandes realizações e uma herança. Os indivíduos chegaram nus ao mundo, mas a humanidade não. Ela trouxe consigo do passado tudo o que a constitui.

ROBERTS, J. M. O livro de ouro da história do mundo. Rio de Janeiro: Ediouro, 2001. p. 34-7.
oridesmjr.blogspot.pt
07
Nov16

O MUNDO PODRE EM QUE VIVEMOS

António Garrochinho

QUEM MANDA NA AMÉRICA, DENTRO DA AMÉRICA !?

NO FOLCLORE DA CAMPANHA ELEITORAL PARA AS ELEIÇÕES DE AMANHÃ, NA TERRA DO TIO SAM NINGUÉM SABE LÁ DENTRO E CÁ FORA QUEM MANDA NO PAÍS DOS SONHOS. EU DIRIA O PAÍS DOS PESADELOS PARA A MAIORIA DE QUEM LÁ VIVE QUE NÃO TENHA NASCIDO COM A ESTRELA NA TESTA, SALVO A SIONISTA ,A ESTRELA SIONISTA DE DAVID !
O FBI ATROPELA OS TRIBUNAIS, OS TRIBUNAIS ESTÃO RECHEADOS DE GENTE DO KLU KLUX KLAN ASSIM COMO A POLÍCIA.
A CIA O CÃO MAIS FIEL DA POLÍTICA ASSASSINA E CONSPIRATIVA DOS YANKEES JÁ É UMA PEQUENA PEÇA NO TABULEIRO ONDE SE DIZ QUE OS "ILLUMINATI" SÃO A MAIOR FORÇA. SE NÃO SÃO ELES SERÃO OUTROS COM UMA QUALQUER SIGLA SECRETA, OS QUE MEXEM OS CORDELINHOS.

OS JUDEUS RICOS, OS TAIS QUE NEM UM SÓ ESPÉCIME ESTAVA NAS TORRES QUE FORAM ABAIXO, OS CAPITALISTAS FEROZES DAS SEITAS, REEGAN, BUSH, FORD, CLINTON,E KENNEDY JÁ NÃO CONTROLAM NA TOTALIDADE OS CORDELINHOS MAFIOSOS DA POLÍTICA IMPERIALISTA, RACISTA E FASCISTA DOS DONOS DO MUNDO.

ESTAS ELEIÇÕES NÃO DEVERÃO FUGIR DO MODELO E DOS ESCÂNDALOS QUE TODO O MUNDO VIU MAS NÃO TEM TOMATES PARA ALTERAR QUE FORAM ÚLTIMAS DE MÁ MEMÓRIA, E QUE SÓ ACABARAM QUANDO FOI ELEITO O QUE PREVIAMENTE ESTAVA ESTABELECIDO PARA GANHAR.
DIZIA EU, ESTAS ELEIÇÕES ANTES DE ACONTECEREM JÁ SÃO O QUE DE MAIS ABSURDO HÁ NO MUNDO EM MATÉRIA DE ESCOLHER DIRIGENTES ATRAVÉS DE VOTOS.

TEM SIDO ASSIM AO LONGO DOS TEMPOS POIS A DEMOCRACIA E TRANSPARÊNCIA NA POLÍTICA NORTE AMERICANA É MENTIRA ! E SÓ SE TORNA "VERDADE" ATRAVÉS DO QUE ESCREVEM OS LACAIOS QUE LAMBEM O CU AOS AMERICANOS E QUE ESTÃO ESPALHADOS POR TODO O MUNDO.

O SISTEMA ELEITORAL AMERICANO É O MAIS TRAFULHENTO E MAIS MEDIEVAL DO PLANETA, NADA DE ADMIRAR!

FICA-LHES BEM ! ASSENTA QUE NEM UMA LUVA A ELES PRÓPRIOS E À SUA ATITUDE PARA COM O RESTO DO MUNDO.

OS QUE LHE RESISTEM SÃO TERRORISTAS, GENTE QUE É PRECISO LEVAR COM OS DRONES, OS OBUSES, ATÉ QUE SE AJOELHEM.

QUANDO NÃO DÃO CONTA DO RECADO INVENTAM TERRORISTAS A TODOS OS CANTOS E SÃO IMITADOS NA EUROPA PELOS FANTOCHES E PALHAÇOS QUE TROUXERAM A MISÉRIA E O DERRAMAMENTO INOCENTE DE SANGUE AO MUNDO. INCENDIARAM O MUNDO E VÃO FAZENDO A RAZIA A GENTE QUE POR VEZES NÃO É CRIMINOSA E SÓ QUER O PÃO E A PAZ.

AS PROVAS FORJADAS, O ASSASSINATO, A TEIA, APANHA GENTE QUE APESAR DE SER DE OUTRA RELIGIÃO NÃO É TERRORISTA NEM ATENTA CONTRA A VIDA DE OUTROS.

HÁ QUE CRIAR O TERROR E NA CONFUSÃO E DESINFORMAÇÃO, LEVAR NA MESMA ENXURRADA DE MORTES TODOS OS QUE NÃO CONCORDEM COM O FASCISMO,O COLONIALISMO, A ESCRAVIDÃO E O IMPERIALISMO.

QUEM SÃO OS PRINCIPAIS PROTAGONISTAS ? USA, ARÁBIA SAUDITA, ISRAEL, ALEMANHA, FRANÇA, INGLATERRA E DEPOIS O RESTO DE PEQUENOTES OS TAIS CÃEZINHOS DE MORDER OS TESTÍCULOS VÃO FAZENDO O RESTO

HOUVE QUEM CONFIASSE EM OBAMA, OS NEGROS, MUITOS, POR EXEMPLO, MAS OBAMA SÓ É NEGRO POR FORA !

AGORA HÁ QUEM SE DESPEDACE A PROMOVER HILLARY CLINTON AQUELA QUE PERDOOU O SAXOFONE A BEM DE UMA VIDA RECHEADA DE PODER E LUXO. AQUELA QUE É UMA COBRA VENENOSA E SIBILINA, DESEJOSA DE INCENDIAR O MUNDO.
OUTROS IDOLATRAM O TRUMP O QUE TEM NOME DE MERDA E É UMA MERDA DA MAIS FEDORENTA DO PLANETA, UM ANIMAL RACISTA, BELICISTA MOLDADO AO QUE REALMENTE TODOS ELES, OS AMERICANOS SÃO.

POUCO ME IMPORTARIAM AS ELEIÇÕES AMERICANAS SE A POLÍTICA DELES NÃO SAÍSSE DAS SUAS FRONTEIRAS (ROUBADAS). ELES, OS PORCOS DE PÉ, NAZIS, FANÁTICOS CRIACIONISTAS, ASSASSINOS E EXTERMINADORES DE CRIANÇAS E GENTE INOCENTE, SE MATASSEM A ELES PRÓPRIOS O QUE ACONTECE COM FREQUÊNCIA EM UNIVERSIDADES, ESCOLAS, SUPERMERCADOS, DERIVADO AO SEU CULTO E O SEU AMOR PELAS ARMAS.

António Garrochinho
07
Nov16

SÓ ASSIM SE VENCE !

António Garrochinho

Em Portugal um dos países capitalistas (de fascismo moderno) desta Europa podre, a adopção das "receitas" das recomendações da União Europeia, do FMI, a que conscientes do desastre os políticos desonestos nos conduziram, enganando e traindo os portugueses, têm gerado as maiores diferenças sociais e criado abismos criminosos lesando e fazendo sofrer sem necessidade o nosso povo.
OS GATUNOS DE COLARINHO BRANCO, OS PARASITAS E XULOS DA POLÍTICA NEO LIBERAL, OS INSTALADOS NO PODER AO LONGO DE QUATRO DÉCADAS TERÃO QUE PAGAR PELOS SEUS CRIMES.
E essa luta, essa justiça não cabe a mais ninguém a não ser aos explorados, aos roubados, e aos que ainda lhes reste honra e coragem.
António Garrochinho
07
Nov16

História do Mundo Volume II - O Período Moderno

António Garrochinho


A. Z. Manfred


Capítulo I - A Revolução Burguesa Inglesa, o Absolutismo Feudal na Europa dos séculos XVII e XVIII


capa
Ao mesmo tempo que estavam a aparecer características capitalistas nas relações de produção feudais, aumentou a riqueza e a influência da burguesia como classe capitalista. Nos países em que o capitalismo se desenvolveu com maior rapidez a burguesia deixou logo de se contentar com a protecção e a ajuda das monarquias absolutas da era feudal. A burguesia começou a aspirar ao poder para se assegurar de que todo o aparelho de coacção estatal estaria ao serviço dos interesses do capitalismo e privaria os senhores feudais, que os capitalistas consideravam parasitas ociosos, do poder de que tinham desfrutado como membros da classe dominante nos estados governados por monarquias absolutas. Tinham sido feitas tentativas várias para alcançar o poder, como se viu no volume anterior, no século XVI. Assim se interpretam, no fundo, a Reforma e a Guerra dos Camponeses na Alemanha. A primeira revolução burguesa bem sucedida foi a revolta dos Países-Baixos contra o domínio espanhol. Em ambos estes países a questão fundamental era a transferência do poder das mãos dos proprietários feudais para a burguesia e ao mesmo tempo o triunfo de um novo sistema social, o do capitalismo, sobre a antiga sociedade feudal, a transição revolucionária de uma ordem social para outra mais progressista.
Na história da Europa, e na verdade na história do Mundo, teve papel preponderante nesta questão, a revolução realizada em Inglaterra em meados do século XVII. O poder crescente da burguesia e dos sectores da nobreza que tinham interesses semelhantes, juntamente com a liquidação dos últimos vestígios dos padrões feudais da agricultura e da indústria, fizeram da Inglaterra nos séculos XVII e XVIII um país progressista e uma grande potência mundial, com muitas possessões coloniais que estavam todas a ser exploradas no interesse dos capitalistas, comerciantes e empresários ingleses e, no século XVIII, no interesse dos donos das fábricas inglesas. Foi na Inglaterra que surgiu pela primeira vez a sociedade capitalista, antes de se tomar um fenómeno mundial. Por isso a Revolução burguesa inglesa foi de grande significado para todo o curso da história mundial e os historiadores soviéticos marxistas consideram este acontecimento como marcando o início da história moderna, isto é, a história da Sociedade capitalista.
Prelúdio à Revolução Inglesa
À medida que se ia tornando mais poderosa, a burguesia inglesa começou a exprimir o seu descontentamento em relação ao poder absoluto do rei em termos ainda mais contundentes. Entretanto o Rei e os seus leais seguidores não compreenderam que, com o êxito do desenvolvimento da nova economia capitalista e o aparecimento da classe burguesa, o feudalismo estava condenado.
Os primeiros reis da nova dinastia StuartJaime I (1603 - 1625) e Carlos I (1625- 1649), lutaram, apesar da pressão do Parlamento, para afirmar o seu poder ilimitado de reis absolutos.
A sua política financeira foi recebida com a maior frieza.
De acordo com uma lei datada no século XIV só se podiam introduzir novos impostos com o consentimento do Parlamento e em mais de uma ocasião este recusou-se a aprovar novos impostos. No reinado de Carlos I (filho de Jaime I) o conflito entre a Coroa e o Parlamento atingiu o auge. Em 1628, o Parlamento apresentou uma Petição dos Direitos ao Rei, que o dissolveu no ano seguinte e não voltou a reuni-lo durante onze anos. O principal conselheiro de Carlos era na altura Thomas Wentworth, Conde de Strafford, que o aconselhou a desafiar o Parlamento e a constituir um governo pessoal recorrendo às suas prerrogativas de rei. Ora isto só teria sido possível se não acontecesse que o Rei não tinha, nem o direito de introduzir novos impostos sem o consentimento do Parlamento, nem o controlo absoluto do exército.
Para obter o controlo do exército, Carlos enviou o seu favorito, o Conde de Strafford, à Irlanda como Lord Deputy, em 1631, com o encargo de reunir um exército, a pretexto de esmagar uma revolta Irlandesa.
Numa tentativa para obter dinheiro, em 1635, Carlos reintroduziu o imposto lançado sobre a construção de navios, imposto que tinha sido decretado antes de existir Parlamento, quando se exigia dinheiro aos habitantes das regiões costeiras principalmente para ajudar a repelir os ataques dos Normandos. O rei também tentou cobrar outros impostos, mas encontrou firme oposição do Parlamento.
Em 1631 estalou uma revolta na Escócia em resposta à tentativa do rei Carlos para estender o absolutismo inglês aquela parte do Reino, e de introduzir lá a Igreja anglicana que era leal à Coroa, ao passo que naquela época o calvinismo, na sua forma escocesa, o presbiterianismo, se tinha enraizado na Escócia.
Desde o início da revolta que a situação parecia extremamente grave para o rei Carlos. Como tinha pouco dinheiro e não dispunha de exército foi obrigado a convocar o Parlamento. Em Abril de 1640, reuniu-se o Parlamento após um intervalo de onze anos: contudo, não só o novo Parlamento se recusou a dar dinheiro ao Rei como também continuou a entravar exigências no sentido de diminuir o poder real, e entrou mesmo em negociações secretas com os Escoceses. O rei dissolveu o Parlamento uma vez mais, passadas poucas semanas, e este Parlamento acabou por ser conhecido por «Pequeno Parlamento».
O rei entretanto continuava com más finanças e a revolta ganhava terreno, de maneira que em Novembro do mesmo ano Carlos foi obrigado a convocar mais uma vez o Parlamento. Desta vez encontrou uma oposição ainda mais firme do que anteriormente. Consciente da difícil posição do Rei, o Parlamento insistiu em que ele acatasse as suas exigências.
Logo as paredes de Londres se cobriram de slogans revolucionários e o governo teve medo de dissolver o Parlamento, que na verdade estava destinado a tornar-se o Parlamento da Revolução burguesa inglesa. Veio a ser chamado Longo Parlamento, pois não foi dissolvido durante doze anos.
O Parlamento conseguiu condenar o Conde de Strafford, por uma lei de proscrição, à pena de morte como traidor. Não muito tempo depois, ia acontecer o mesmo a outro campeão do absolutismo, o arcebispo Laud. O Parlamento aboliu os tribunais especiais e o direito de o Rei lançar impostos sobre a construção de barcos, reafirmou o seu direito a controlar a cobrança de impostos e em Novembro de 1641 impôs o «grande protesto», em que apresentava uma lista dos actos ilegais do Rei e exigia que todos os postos importantes do Reino fossem ocupados por pessoas «em quem daí em diante o Parlamento tivesse razões para confiar».
Enraivecido, o Rei apareceu no Parlamento e ordenou que fossem presos os chefes da oposição, mas estes já se tinham escondido na City (as principais casas comerciais e bancos que pertenciam à burguesia estavam situadas na City e mantinham-se firmemente do lado da oposição). A agitação espalhou-se pela cidade. Grandes grupos de marinheiros vieram das docas para defender os chefes da oposição. Em Janeiro de 1642 o Rei deixou Londres em direcção ao noroeste e começou a reunir os seus sequazes leais. Em Agosto declarou guerra ao Parlamento.
O Começo da Revolução
Os proprietários feudais do economicamente atrasado Noroeste reuniram-se em volta da Coroa. O Sudeste e Londres, mais desenvolvidos, a burguesia e a parte da nobreza com interesses semelhantes apoiaram o Parlamento. Desde o início da Grande Rebelião, a Marinha esteve do lado do Parlamento e isto serviu para proteger a Inglaterra de interferências por parte das monarquias absolutas do Continente. A Igreja de Inglaterra apoiou o Rei, enquanto os puritanos eram leais defensores do Parlamento e os nomes dos vários grupos deste período provinham mesmo das várias tendências do movimento Protestante.
O partido da burguesia rica que desempenhava o papel principal no Parlamento era conhecido como sendo o dos Presbiterianos que defendiam a Igreja calvinista unida e administrada por um conselho de anciãos. O partido da nobreza inferior e da burguesia eram os Independentesque defendiam a independência religiosa de todas as congregações religiosas. Quando a guerra começou, o Rei tinha 0 poder. Os senhores que lutaram a seu lado eram lutadores profissionais e a sua cavalaria era disciplinada e experimentada. As forças reunidas pelo Parlamento, estavam insuficientemente organizadas e eram mal equipadas. Além disso, os comandantes do exército parlamentar vinham predominantemente da classe dos pequenos proprietários e tomavam parte na campanha com pouco entusiasmo, sempre dispostos a uma rápida reconciliação com o Rei. Os presbiterianos do Parlamento, que eram a maioria, contavam também com tal reconciliação.
A política hesitante do Parlamento e os revezes sofridos pelo seu exército deram origem ao descontentamento entre os sectores radicais da sociedade inglesa, que desde logo cerraram fileiras e apoiaram os independentes. Os Independentes eram chefiados por Oliver Cromwell (1599-1658), lavrador de meios modestos, e reuniram um exército de cavalaria que incluia camponeses, artesãos e vários representantes da pequena burguesia ao lado dos firmes e ardentes adeptos do Calvinismo: os Independentes. A disciplina de aço que reinava na cavalaria de Cromwell (os seus homens vieram a ser chamados «braços de ferro») conseguiu obter a primeira vitória sobre o Rei, em Marston Moor, em Julho de 1644. Depois disto, o Parlamento permitiu a Cromwell reformar o Exército em geral e o seu novo exército modelo infligiu o último golpe à causa do Rei, na batalha de Naseby em 1645. Foram feitos muitos prisioneiros, e foi confiscada toda a artilharia dos Realistas, uma grande parte das suas outras armas e a correspondência diplomática do Rei. Esta correspondência revelou que, enquanto o Rei entabulava negociações com o Parlamento para um armistício, correspondia-se também com os governos europeus pedindo-lhes ajuda, e descrevia em cartas a amigos os cruéis castigos que aplicaria aos «rebeldes» se a sua causa saísse vitoriosa. Estas cartas foram publicadas e suscitaram indignação geral. Em consequência disso, a autoridade do Rei sofreu um duro golpe.
Depois da batalha de Naseby, Carlos sofreu mais algumas derrotas. Em Março de 1646 quase todas as posições realistas se tinham rendido, e o exército e o Rei tinham fugido para a Escócia. Contudo, os Escoceses, que tinham recebido 400 000 libras pela ajuda que as suas tropas tinham prestado ao exército de Cromwell, entregaram o Rei aos Ingleses, em Janeiro de 1647.
Durante a guerra, o Parlamento promulgou várias reformas com o objectivo de liquidar parcialmente as práticas feudais. Parte das terras da Coroa e da Igreja, e as terras que pertenciam aos que apoiavam o Rei, foram confiscadas e vendidas. A abolição das casas senhoriais, em 1646, teria também importantes consequências. Todas as obrigações relacionadas com os proprietários destas casas foram revogadas e as terras que pertenciam à nobreza transitaram para a posse da classe média. Entretanto, embora os bens da classe média ficassem livres de todos os vestígios de vassalagem feudal, as terras dos camponeses continuaram sujeitas às antigas condições, ficando obrigados a pagar toda a espécie de impostos e de prestar serviços aos senhores, e assim nada ganharam com a Revolução. A Grande Rebelião foi uma luta entre a burguesia, aliada à classe média do campo, contra a monarquia, os senhores poderosos e a Igreja estabelecida.
A Segunda Guerra Civil
Depois de o Rei ter sido entregue ao exército como prisioneiro, os presbiterianos consideraram no Parlamento que a revolução tinha acabado e estavam prontos a negociar uma paz com o Rei. Contudo, o ardor revolucionário das massas populares que não tinham ganhado nada com os cinco anos de guerra, ainda não estava acalmado. Os soldados rasos do exército preferiram continuar a lutar e surgiu um novo partido, que ficou sob a designação de levellers. Chefiado por John Lilburne (1618 - 1657), que exigia o sufrágio universal,a abolição da monarquia e a volta da terra interdita aos camponeses. O poder político ficou desde logo nas mãos do exército e o Parlamento resolveu licenciá-lo a pretexto de que a guerra tinha acabado. Este decreto provocou indignação no exército e os regimentos procederam à eleição dos seus representantes agitadores para formarem conselhos de representantes de soldados, que exigiram acção decisiva dos Grandes (nome por que eram conhecidos entre os soldados rasos os oficiais ou chefes militares Independentes). Para manter os soldados sob controlo, Cromwell formou o Conselho Geral do Exército, no qual os soldados estavam sob a vigilância dos seus oficiais. Pouco depois o exército ocupava Londres e dominava praticamente o país.
No entanto, ia estalar agora um conflito no exército. Os oficiais e Levellers não chegavam a acordo quanto à natureza da futura estrutura política do Estado. Os Grandes temiam o sufrágio universal, alegando que os pobres podiam alcançar o poder e acabar com a propriedade privada.
Este conflito de interesses levou os levellers e os soldados rasos à revolta. Cromwell esmagou a revolta e desmantelou o Conselho do Exército permitindo apenas o Conselho de Oficiais.
Surgiram então elementos contra-revolucionários, que se aproveitaram deste conflito de interesses dentro do exército. Os Presbiterianos do Parlamento fizeram um acordo com os Realistas e o Rei conseguiu escapar e refugiar-se entre os senhores escoceses que reuniram um exército de 20 000 homens e marcharam sobre a Inglaterra para se defrontarem com o exército de Cromwell.
Bem conscientes do perigo da situação, os Grandes e os Levellers cerraram mais uma vez fileiras e o exército de Cromwell conseguiu derrotar os Escoceses. O Rei foi preso e chamado a justificar todo o derramamento de sangue feito por sua ordem e os prejuízos que tinha trazido à causa de Deus e da pobre Nação Inglesa. O exército expulsou os Presbiterianos do Parlamento, e os Independentes, que continuaram nas suas funções, condenaram o Rei à morte por alta traição. Em 30 de Janeiro de 1649 o Rei foi decapitado e a Inglaterra foi proclamada República sem Rei nem Câmara dos Lordes.
Cromwell dissolvendo o que restava do Longo Parlamento
Em 1653, Cromwelldissolveu o que restava do Longo Parlamento e em 1654 foi proclamado Lorde Protector da República, tomando-se assim único chefe da Inglaterra. Enquanto esteve no poder tratou cruelmente tanto a oposição leveller como a oposição realista. Esmagou revoltas na Irlanda e na Escócia e declarou estas regiões partes integrantes do Estado inglês para sempre (1654). Cromwell obteve também alguns êxitos em política externa. Depois de derrotar a principal rival do comércio Inglês, a Holanda, e de a obrigar a reconhecer o Acto de Navegação que fora elaborado em 1651 e segundo o qual as mercadorias vendidas em Inglaterra, estas só podiam ser trazidas para os portos ingleses por navios ingleses ou pelos navios do país que as produzisse. O Acto de Navegação infligiu um golpe desastroso no comércio holandês. Cromwell tomou à Espanha a ilha da Jamaica, que era na altura o centro do comércio de escravos, e Dunquerque nos Países Baixos, aos Espanhóis.
Em 1658, Cromwell morreu no auge do poder. Contudo, a burguesia, nova classe dominante, temendo uma nova vaga revolucionária e o envolvimento de largas massas do povo, tratou logo de restaurar a monarquia, na pessoa de Carlos II (1660-1695), a quem sucedeu Jaime II (1685-1688). Quando estes últimos reis Stuarttentaram voltar à política dos seus antecessores, a burguesia expulsou a dinastia de uma vez para sempre, por meio daquilo que ficou a chamar-se a Gloriosa Revolução, quando, sem qualquer derramamento de sangue, Guilherme de Orange e sua mulher Maria, parentes próximos dos Stuarts, foram convidados a subir ao trono. Este acontecimento marcou a vitória final do Parlamento, que tornou possível um reflexo mais realista do jogo dos interesses de classe no país, do que o fizera o absolutismo dos Stuart.
A Revolução Inglesa eliminou os últimos vestígios do feudalismo e deu origem a uma nova monarquia cujos poderes foram limitados pelo Parlamento. A essência do sistema parlamentar estava em que o país era governado pelo partido que obtivesse a maioria dos votos em eleições parlamentares. Os ministros eram escolhidos de entre os líderes do partido maioritário e o governo era responsável perante o Parlamento. Isto significava que se não fosse dado ao governo o apoio do Parlamento, este seria obrigado a abandonar o poder. No entanto, os partidos dominantes no Parlamento estavam longe de representar os verdadeiros interesses do povo, dado que mais não eram que um pequeno sector da população, homens de nascimento nobre ou de meios, que gozavam do direito de votar.
De um pequeno país que no século XV tinha tido uma população de não mais de 3,5 - 4 milhões e não tinha sob o seu jugo nem a Irlanda nem a Escócia, a Inglaterra transformara-se agora numa grande potência europeia, que dominava não só todo o território das Ilhas Britânicas mas também vastos territórios na América do Norte e toda a Índia.
No século XVI, a Inglaterra conseguiu vitórias sobre a Espanha; no século XVII, sobre os Holandeses; no século XVIII sobre a França. Este aumento do poder da Inglaterra foi uma consequência directa do desenvolvimento capitalista do país.
A Revolução Inglesa foi a primeira revolução burguesa com repercussões que se fariam sentir muito para além das suas fronteiras e que marcariam um ponto de viragem na história. Contudo, muito tempo tinha ainda de passar antes de a economia capitalista e os governos burgueses se espalharem por toda a Europa.
O Absolutismo em França
Entretanto, em França, onde os elementos capitalistas tinham aparecido logo no final do século XV e as manufacturas se haviam desenvolvido no século XVI, outros cento e cinquenta anos haviam de passar-se antes do advento da Revolução burguesa (1789). A revolução em Inglaterra deu-se durante o apogeu da monarquia absoluta em França, isto é, durante o reinado de Luís XIV, «Le Roi Soleil», como os seus contemporâneos lisonjeiramente lhe chamavam. Luís XIV subiu ao trono em 1643 quando tinha apenas 5 anos. Tomou as rédeas do governo em 1661 e iria reinar por mais de meio século (1661 -1715). «Serei o meu próprio ministro», declarou o jovem rei, e na verdade ele ia ser um chefe todo-poderoso, cuja vontade determinava o destino de todos os seus súbditos, em todo o reino.
Durante muito tempo, o dito L'état c’est moi foi atribuído a Luís XIV e embora nos nossos dias a afirmação seja considerada mais como lenda do que como um facto, este sentimento provém de um reflexo do estado das coisas na França daquele tempo. O rei e a sua «entourage» imediata na corte tinham tal poder e viviam no meio de um tal luxo, que lhes deve ter parecido que a vida deste grande Estado começava e acabava nos magníficos salões e câmaras da Corte.
Ao tempo de Luís XIV chamou-se «la grande époque» ou «le siècle de Louis le Grand». Durante o seu reinado foi construído um novo palácio real em Versalhes que, pela sua extravagância, luxo e brilho, fazia todas as outras residências reais da Europa parecerem insignificantes. Ora muitos dos cortesãos nobres seguiram o exemplo do rei e construíram por sua vez magníficas residências e castelos. Durante o reinado de Luís, a França ia travar guerras incessantes contra a Espanha, a Holanda, a Inglaterra, a Suécia e a Áustria, nas quais as tropas francesas obtiveram muitas grandes vitórias e os chefes franceses alcançaram grande reputação. A França de Luís XIV parecia aos olhos de todo o mundo, o mais poderoso estado da Europa.
Contudo, à medida que passavam os anos e as décadas desta «grande era», o povo comum, os camponeses e artesãos (em resumo, aqueles cujo trabalho ia alimentar e vestir a nobreza, o clero, o exército, a corte e o próprio rei) acabaram por compreender que as suas condições de vida estavam a piorar e que o país estava a empobrecer e que cada novo dia trazia novos e mais pesados fardos para eles. Estalaram então revoltas populares em várias partes do reino, que só com grande dificuldade foram dominadas, o que serve para ilustrar a verdadeira atitude do povo francês para com Louis le Grand. Quando este morreu, em 1715, o seu funeral teve de ser feito em segredo para evitar uma grande revolta.
Durante o reinado de Luís XV (1715 - 1774) o estado de coisas nesta sociedade feudal absolutista tomou-se ainda mais crítico. A nobreza dominante e, particularmente, os seus escalões superiores, isto é, o rei e os seus cortesãos, preferiram ignorar a situação desesperada das tropas arrasadas pela guerra, o facto de as suas extravagantes despesas irem muito além dos meios do Tesouro Público, os sofrimentos do campesinato que morria de fome e o descontentamento da burguesia, e passavam o seu tempo em bailes dispendiosos, grandes orgias, recepções e caçadas. As enormes despesas da Corte e dos palácios da alta e da baixa nobreza, as distracções e um sem-número de frivolidades não conheciam limites. Não se pensava no futuro. Diz-se que Luís XV afirmou: «Après nous le déluge». O Rei, os seus cortesãos e a maior parte da nobreza viviam a sua vida de acordo com este código, e todos esperavam não sobreviver à Idade de Ouro.
A única fonte de rendimentos desta nobreza parasita era a exploração do campesinato e os impostos sobre a burguesia. O roubo ávido do campesinato levou ao empobrecimento e a uma crise geral da agricultura francesa. Os extremos a que se chegara com o objectivo de intensificar a exploração feudal do campesinato no século XVIII demonstram que a nobreza ia cavando a sua sepultura debaixo dos próprios pés.
A maré do descontentamento generalizado subiu rapidamente. Os camponeses não queriam nem podiam continuar a viver como até então. No decurso de todo um século, e particularmente nos meados desse século e na sua segunda metade, grandes revoltas camponesas haviam abalado a estrutura da monarquia francesa. Os trabalhadores empobrecidos das cidades saíram também para a rua em várias ocasiões, atacando os celeiros e os depósitos de alimentos. A burguesia, que nesta altura constituía a classe mais instruída e economicamente mais poderosa, não estava disposta a aceitar quer a sua falta de direitos quer o poder arbitrário da corte e da nobreza. Todas as classes exploradas e não privilegiadas, todo o oprimido terceiro-estado se juntaram para se oporem à minoria privilegiada.
O Iluminismo
O descontentamento entre as fileiras da burguesia e as massas populares encontrou expressão gráfica nos escritos filosóficos, políticos e económicos e na literatura do Iluminismo do século XVIII, verdadeira Idade de Ouro da cultura francesa.
Os escritores do Iluminismo não representavam um grupo unido, e distinguiam-se até pela sua própria diversidade. Um dos primeiros, o simples padre rural Jean Meslier (1664-1729), manter-se-ia sempre obscuro. Foi só muitos anos depois da sua morte que o manuscrito do seu «Testamento» começou a circular clandestinamente. Nesta obra, ele exprime ideais materialistas, criticando o Estado e a opressão feudal.
Ao contrário de Meslier, os iluministas da velha geração. Montesquieu (1689- 1755) e Voltaire (1694- 1778) ganharam muita fama ainda em vida. Montesquieu falou como severo e profundo crítico do despotismo e do poder arbitrário do rei absoluto nos seus escritos políticos e filosóficos, Cartas Persas e O Espírito das Leis. Pôs em relevo as injustiças da França despótica, para as comparar com ideais de Liberdade, sobretudo de liberdade política. Montesquieu é justamente considerado como o pai do liberalismo burguês.
Voltaire, escritor de brilhante ironia e espírito, foi autor de tragédias, poesias, escritos históricos, romances filosóficos, poemas satíricos, tratados e artigos políticos. Foi um corajoso e inveterado inimigo da Igreja e líder do anti-clericalismo e desprezava a moral e os dogmas da sociedade feudal, e a desordem e o vício inerentes ao absolutismo. Contudo, no seu construtivo programa de reformas, e na sua atitude para com o povo, era reservado e moderado. Mas o seu papel no Iluminismo foi enorme e devido não tanto às suas opiniões políticas como ao seu espírito livre de investigação e ao cepticismo que inspirou à nova geração, levando-a assim directa ou indirectamente para o caminho da luta revolucionária.
Filósofos deste movimento foram também o médico Julien de la Mettrie (1709- 1751), autor do livro L’Homme Machine, que tanta sensação fez no seu tempo; Denis Diderot (1713- 1784), principal editor e iniciador da famosa Enciclopédia em muitos volumes e de algumas obras filosóficas e políticas; Helvetius (1715-1771) que no seu livro De l’Esprit, criticou a fé religiosa e a Igreja, e o despotismo; e Holbach (1723-1789), autor do penoso Système de la Nature. O materialismo destes filósofos ainda continha várias incoerências e era ainda do tipo mecanicista. Mesmo assim, desempenharam um papel importante e positivo no desenvolvimento cultural daquela época, lutando contra o obscurantismo e a ignorância, divulgando audaciosamente novas ideias e desafiando a religião estabelecida e as doutrinas medievais.
Os economistas QuesnayTurgot e Du Pont de Nemours, que depois conhecidos por fisiocratas, pronunciaram-se a favor da liberdade ilimitada de iniciativa económica, ideias que correspondiam aos interesses da burguesia.
A par destes escritores e iluministas cujos escritos reflectiam tão claramente a ideologia da burguesia jovem e revolucionária daquele período, havia outros cujas obras faziam eco das aspirações e sonhos das massas populares. O escritor autodidacta Jean Jacques Rousseau (1712-1778) ia exercer uma influência extremamente forte sobre a nova geração, e, no entanto, foi obrigado a passar toda a vida como um vagabundo sem casa e sem dinheiro. Apesar das contradições dos romances, da poesia e dos escritos filosóficos e políticos de Rousseau, eles teriam um efeito revolucionário entre os seus contemporâneos. Duas ideias principais estavam no fulcro da sua atracção: a ideia da igualdade, que Rousseau tratou como um fenómeno não só político mas também social, e a ideia do poder do povo. O seu sonho de uma república ideal onde impera a igualdade, república igualitária de pequenos produtores-proprietários que não conheciam pobreza nem riqueza, era, é claro, pouco realista, mas reflectia as velhas aspirações do campesinato, ansioso pela terra que lhe fora tirada pelos senhores feudais, os sonhos dos trabalhadores de uma outra sociedade mais justa de que eles próprios tinham uma consciência ainda pouco nítida.
As mal definidas aspirações sociais das camadas mais baixas da sociedade daquele tempo também encontraram expressão nos escritos dos comunistas utópicos: Morelly, autor de um tratado intitulado Le Code de la Nature, e o Padre Mably, autor de numerosas obras políticas. Tanto Mably como Morelly submeteram todo o sistema social baseado na propriedade privada a uma dura crítica. Mas esta ordem comunista ideal, «natural» — a Idade de Ouro da Humanidade — era considerada por eles como ligada ao avanço do Iluminismo.
Apesar de a diversidade de expressão, as ideias dos homens do Iluminismo tinham em comum uma ousada resolução de submeter a uma crítica impiedosa todas as instituições sociais, dogmas e cânones da já obsoleta sociedade feudal da idade absolutista. Esta barragem ideológica havia de preceder o ataque furioso revolucionário directo das massas.
O Iluminismo desempenha um papel ainda mais dramático em França durante o século XVIII, altura em que já não era um fenómeno exclusivamente francês, mas um movimento que abrangia toda a Europa, a Alemanha, a Rússia, a Itália e a Espanha, ou seja todos os países onde fermentava a luta contra o absolutismo feudal que impedia o progresso.
As Monarquias da Europa Oriental
Enquanto em França o desenvolvimento capitalista pelo menos progredia, embora muito mais lentamente do que na Inglaterra, na Europa Oriental o modo feudal de produção e os estados feudais estavam ainda profundamente entrincheirados e as ideias revolucionárias, mesmo no tempo da Revolução Francesa, teriam ali pequena repercussão. Contrastando com o que se passava em Inglaterra, os desenvolvimentos capitalistas que ocorriam nos países progressistas da Europa, iam dar, na Europa Ocidental, origem a uma vaga de reacção feudal. No Nordeste e no Sudeste do continente surgiram dois grandes estados — a Prússia e a Áustria — cujas economias se baseavam nos latifúndios da nobreza, que por sua vez se apoiava no trabalho dos camponeses ligados às suas terras. Isto implicou um regresso às formas mais primitivas de exploração feudal explicado pelo facto de que os países Europeus a leste do Elba se tornaram fontes abastecedoras de produtos agrícolas para os mercadores da Europa ocidental, onde o capitalismo já se afirmava. Os proprietários prussianos, polacos e austríacos expulsaram os camponeses das suas antigas terras arrendadas, alargaram a área de terra arável, utilizando a prestação obrigatória de trabalho dos camponeses, ligando-os às grandes propriedades para sempre e privando-os de toda a liberdade pessoal. Os latifundiários que vendiam os seus produtos em grande quantidade no Ocidente, enriqueceram com os lucros, entrincheirando-se mais na sua posição de sector privilegiado da sociedade. Estes Estados representavam um bastião do feudalismo e da reacção na Europa oriental e tratavam continuamente guerras agressivas. Com este objectivo continuaram a aumentar os seus exércitos, que eram comandados por membros da nobreza (na Prússia pelos junkers) criados numa atmosfera formada por séculos de hostilidades contra os povos da Europa Oriental, alguns dos quais conseguiram submeter. Alargando o seu território à custa dos pequenos Estados alemães, os interesses prussianos e austríacos em breve colidiram, quando um e outro tentaram unificar a Alemanha sob a sua hegemonia. Nenhum deles teve êxito nesta aventura e não voltaram a ser feitas novas tentativas até ao século XIX.
A Polónia foi um caso especial. Aqui, como na Prússia, tinha-se desenvolvido uma agricultura baseada na prestação de trabalho dos camponeses e poucas cidades se tinham tornado centros industriais importantes. Além disso, os habitantes das cidades na sua actividade económica mostravam-se muito dependentes do sistema agrícola existente e apoiavam os nobres polacos e a ordem feudal, por razões políticas e económicas. A audaciosa independência política dos nobres polacos significava que a Polónia só nominalmente era uma monarquia, enquanto na prática todas as grandes propriedades eram entidades independentes e o país era mais uma república do que uma monarquia. Todas as questões de Estado eram decididas pelos sejms (conselhos de representantes eleitos da nobreza), mas todos os nobres polacos tinham o direito de rejeitar os decretos dos sejms e mesmo de usar a força contra a ordem existente. Em tais condições, o Estado não podia esperar manter a sua unidade, e no final do século XVIII deixou de existir, sendo a Polónia repartida entre a Áustria, a Prússia e a Rússia.
07
Nov16

Provocar uma guerra nuclear através dos media

António Garrochinho



 John Pilger 

Há muito que os grandes media internacionais deixaram de ser verdadeiros órgãos de informação. Hoje são uma peça essencial nas estratégias do imperialismo, e os exemplos acumulam-se à medida que a agressão imperialista sobe de tom. Cada vez mais é necessário lê-los como os portugueses liam a imprensa do regime fascista: se informam de uma coisa, é porque é mentira; se atacam alguém, provavelmente é apenas porque esse alguém os incomoda.



Um homem acusado do pior dos crimes (genocídio) foi declarado inocente. O assunto não fez manchetes. Nem a BBC nem a CNN deram cobertura ao caso. O The Guardian permitiu um breve comentário. Um reconhecimento oficial raro, como este, foi enterrado ou suprimido, compreensivelmente. Explicaria muito bem como governam os governantes do mundo.

O Tribunal Penal Internacional para a antiga Jugoslávia (TPIAJ), em Haia, absolveu discretamente o malogrado presidente sérvio, Slobodan Milosevic, dos crimes de guerra cometidos durante a guerra da Bósnia de 1992-1995, incluindo o massacre de Srebrenica.

Longe de ter conspirado com o líder bósnio-sérvio condenado Radovan Karadzic, na verdade Milosevic “condenou a limpeza étnica”, opôs-se a Karadzic e tentou impedir a guerra que desmembrou a Jugoslávia. Escondida quase no fim de um veredicto de 2 590 páginas sobre Karadzic em Fevereiro passado, esta evidência destrói a propaganda que justificou o massacre ilegal da NATO na Sérvia em 1999.

Milosevic morreu de ataque cardíaco em 2006, sozinho na sua cela em Haia, durante o que se revelou um julgamento fantoche num “tribunal internacional” inventado pelos americanos. Foi-lhe negada uma cirurgia cardíaca que poderia ter-lhe salvo a vida, a sua condição deteriorou-se e foi monitorizada e mantida sem segredo por oficiais dos EUA, como o Wikileaks revelou.

Milosevic foi vítima da propaganda de guerra que hoje corre pelos nossos ecrãs e jornais como uma torrente e representa grande perigo para todos nós. Ele era o protótipo do demónio, vilipendiado pelos media ocidentais como o “carniceiro dos Balcãs” responsável pelo “genocídio”, especialmente na província separatista do Kosovo. Afirmou-o o Primeiro-ministro Tony Blair, que invocou o Holocausto e instou à tomada de medidas contra “este novo Hitler”. David Scheffer, o embaixador itinerante dos EUA para os crimes de guerra [sic], declarou que cerca de “225 000 homens de etnia albanesa”, com idades entre os 14 e os 59” poderão ter sido assassinados pelas forças de Milosevic.

Foi esta a justificação para o bombardeamento da NATO, liderado por Bill Clinton e Tony Blair, que matou centenas de civis em hospitais, escolas, igrejas, parques e estúdios de televisão e destruiu a infra-estrutura económica da Sérvia. A motivação foi claramente ideológica; numa célebre “conferência pela paz” em Rambouillet, Milosevic foi confrontado por Madeleine Albright, a Secretária de Estado norte-americana, que observou, de forma infame, que as mortes de meio milhão de crianças iraquianas valeram “a pena”.

Albright fez chegar a Milosevic uma “oferta” que nenhum líder nacional poderia aceitar. A não ser que aceitasse a ocupação militar estrangeira do seu país, com as forças de ocupação “fora do processo legal”, e a imposição de um “mercado livre” neoliberal, a Sérvia seria bombardeada. Esta informação constava dum “Apêndice B”, que os media não leram ou suprimiram. O objectivo era esmagar o último estado independente “socialista” da Europa.

Quando a NATO começou o bombardeamento, houve uma debandada de refugiados kosovares “fugindo de um holocausto”. Quando acabou, equipas internacionais de polícias foram ao Kosovo exumar as vítimas do “holocausto”. O FBI não conseguiu encontrar uma única vala comum e retirou-se. A equipa forense espanhola fez o mesmo, com o seu chefe denunciando, irritado, “uma pirueta semântica por parte das máquinas de propaganda de guerra”. A contagem final dos mortos no Kosovo foi de 2 788. Este número incluiu combatentes de ambos os lados e sérvios e Roma assassinados pela Frente Nacional do Kosovo, que era pró-NATO. Não houve genocídio. O ataque da NATO foi uma fraude e um crime de guerra.

Apenas uma fracção dos apregoados misseis de “precisão” dos EUA atingiu alvos militares e não civis, incluindo os estúdios noticiosos da Rádio Televisão Sérvia, em Belgrado. Dezasseis pessoas foram assassinadas, incluindo operadores de câmara, produtores e uma maquilhadora. Blair descreveu os mortos, de modo obsceno, como parte do “comando e controlo” da Sérvia. Em 2008, o procurador do TPIAJ, Carla Del Ponte, revelou que tinha sido pressionada para não investigar os crimes da NATO.

Foi este o modelo de Washington para as subsequentes invasões do Afeganistão, Iraque, Líbia, e, de modo oculto, a Síria. Todas são “crimes maiores”, de acordo com os padrões de Nuremberga. Todas dependem da propaganda mediática. Enquanto o jornalismo dos tablóides desempenhava o seu papel tradicional, o jornalismo mais eficaz era o jornalismo liberal sério e credível; a promoção evangélica de Blair e das suas guerras pelo The Guardian, as mentiras incessantes sobre as não existentes armas de destruição maciça no Observer e no New York Times, e os persistentes tambores da propaganda governamental da BBC no silêncio das suas omissões.

No momento mais intenso do bombardeamento, Kirsty Wark, da BBC, entrevistou o General Wesley Clark, comandante da NATO. A cidade sérvia de Nis acabara de ser varrida com bombas de fragmentação norte-americanas, matando mulheres, velhos e crianças numa feira e num hospital. Wark não fez uma única pergunta sobre isto, ou sobre quaisquer outras mortes de civis. Outros foram mais descarados. Em Fevereiro de 2003, um dia depois de Blair e Bush terem posto o Iraque em chamas, Andrew Marr, o editor de política da BBC, estava em Downing Street e proferiu praticamente um discurso de vitória. Disse entusiasticamente aos espectadores que Blair “afirmara que seriam capazes de tomar Bagdad sem um banho de sangue e que, no fim, os iraquianos iriam celebrar. E em ambos os casos ele está comprovadamente certo.” Hoje, depois de um milhão de mortos e com uma sociedade em ruínas, as entrevistas da BBC com Marr são recomendadas pela embaixada dos EUA em Londres. Os colegas de Marr prontificaram-se a perdoar Blair. O correspondente da BBC em Washington, Matt Frei, afirmou “Não há dúvida de que o desejo de trazer o bem, levar os valores americanos ao resto do mundo, e em especial ao Médio Oriente … está agora cada vez mais ligado ao poder militar.”

Esta reverência aos EUA e seus colaboradores como uma força benigna que “traz o bem” está profundamente enraizada no jornalismo mainstream ocidental. Ela garante que a responsabilidade da actual catástrofe na Síria é atribuída exclusivamente a Bashar al-Assad, que o Ocidente e Israel há muito conspiram para derrubar, não por quaisquer preocupações humanitárias, mas para consolidar o poder agressivo de Israel na região. As forças jihadistas aproveitadas e armadas pelos EUA, a Inglaterra, a França, a Turquia, e os representantes de “coligação” servem este objectivo. São eles que distribuem a propaganda e os vídeos que se tornam notícia nos EUA e na Europa e dão acesso a jornalistas e garantem uma “cobertura” unilateral dos acontecimentos na “Síria”.

A cidade de Alepo está nas notícias. A maior parte dos leitores e espectadores não saberão que a maioria da população de Alepo vive na parte ocidental da cidade controlada pelo governo. Que sofrem bombardeamentos diários de artilharia da al-Qaida, patrocinada pelo Ocidente, não vem nas notícias. A 21 de Julho, bombardeiros norte-americanos e franceses atacaram uma aldeia governamental na província de Alepo, matando cerca de 125 civis. Isto foi relatado na página 22 do The Guardian; sem fotografias.
Tendo criado e mantido o jihadismo no Afeganistão nos anos 1980 como a Operação Ciclone (uma arma para destruir a União Soviética), os EUA estão a fazer algo semelhante na Síria. Como os mujahidins afegãos, os “rebeldes” sírios são os soldados rasos dos EUA e da Inglaterra. Muitos lutam pela al-Qaida e pelas suas variantes; alguns, como a Frente Nusra, reviram a sua imagem para não ferir susceptibilidades nos EUA por causa do 11 de Setembro. A CIA vai governando-os com dificuldade, tal como governa jihadistas em todo o mundo.

O objectivo imediato é destruir o governo em Damasco, que, de acordo com a sondagem mais credível (YouGov Siraj), a maioria dos sírios apoia, ou pelo menos procura por protecção, apesar das barbaridades por que é responsável. O objectivo de longo prazo é negar à Rússia um aliado fundamental no Médio Oriente como parte de uma guerra de desgaste contra a Federação Russa que eventualmente a destrua.

O risco nuclear é óbvio, apesar de suprimido pelos media em todo o “mundo livre”. Os editores do Washington Post, tendo promovido a ficção das armas de destruição maciça, pedem a Obama que ataque a Síria. Hillary Clinton, que publicamente exultou com o seu papel de carrasco durante a destruição da Líbia, repetiu que, como presidente, irá “mais longe” que Obama.

Gareth Porter, um jornalista clandestino a trabalhar em Washington, revelou recentemente os nomes de pessoas que provavelmente integrariam um gabinete de Clinton, que planeiam um ataque à Síria. Todas têm histórias beligerantes durante a guerra-fria; o antigo director da CIA, Leon Panetta, afirma que “o próximo presidente terá de considerar acrescentar mais forças especiais no terreno”.

O que é mais notável acerca da propaganda de guerra actual é o óbvio absurdo e a familiaridade. Tenho visto imagens de arquivo de Washington nos anos 1950, quando diplomatas, funcionários públicos e jornalistas foram alvo de uma caça às bruxas e arruinados pelo Senador Joe McCarthy, por desafiar as mentiras e paranóia sobre a União Soviética e a China. Como um tumor em recidiva, o culto anti-Rússia voltou.

Em Inglaterra, Luke Harding, do The Guardian, dirige os opositores à Rússia do seu jornal numa série de paródias jornalísticas que atribuem a Vladimir Putin todas as iniquidades à face da Terra. Quando a fuga de informação dos Panama Papers foi publicada, a primeira página referia Putin, e publicou uma fotografia de Putin; pouco importa o facto de Putin não ter sido mencionado em parte alguma nos documentos.

Tal como Milosevic, Putin é o demónio número um. Foi Putin quem abateu um avião malaio que sobrevoava a Ucrânia. Manchete: “Tanto quanto me diz respeito, Putin assassinou o meu filho.” Sem provas. Foi atribuído a Putin o derrube, pelo qual Washington foi responsável (e pelo qual pagou), como está documentado, do governo eleito em Kiev, em 2014. A subsequente campanha de terror por milícias fascistas contra a população russa de fala ucraniana foi o resultado da “agressão de Putin”. Impedir a Crimeia de se tornar uma base de mísseis da NATO e proteger a população maioritariamente russa que votou num referendo voltar a juntar-se à Rússia (da qual a Crimeia fora anexada) foram mais exemplos da “agressão” de Putin. A difamação mediática transforma-se inevitavelmente em guerra mediática. Se a guerra com a Rússia rebentar, planificada ou por acidente, os jornalistas terão muita responsabilidade.
Nos EUA, a campanha anti-Rússia foi elevada a realidade virtual. O colunista do New York Times Paul Krugman, um economista com o Prémio Nobel, chamou a Donald Trump o “candidato siberiano” porque Trump é, afirma, o homem de Putin. Trump atrevera-se a sugerir, num raro momento de lucidez, que a guerra com a Rússia poderia ser uma má ideia. De facto, ele foi mais longe e retirou carregamentos de armas norte-americanas para a Ucrânia da plataforma republicana. “Seria óptimo se nos entendêssemos com a Rússia”, afirmou.

É por esta razão que o establishment liberal beligerante o odeia. O racismo de Trump e os seus devaneios demagogos nada têm que ver com isso. O racismo e o extremismo de Bill e Hillary Clinton vão muito mais longe que os de Trump. (Esta semana assinala o 20º aniversário da “reforma” da segurança social de Clinton, que lançou uma guerra contra os afro-americanos). Quanto a Obama, enquanto a polícia dos EUA dispara sobre os seus congéneres afro-americanos, esta grande esperança da Casa Branca nada fez para os proteger, nada para aliviar o seu empobrecimento, enquanto travava quatro guerras de rapina e uma campanha de assassinatos sem precedentes.
A CIA exigiu que Trump não seja eleito. Os generais do Pentágono exigiram que ele não seja eleito. O belicista New York Times, fazendo uma pausa na sua contínua campanha contra Putin, exige que ele não seja eleito. Alguma coisa se passa. Estes tribunos da “guerra perpétua” estão cheios de medo de que o negócio da guerra de muitos biliões de dólares, através do qual os EUA mantêm o seu domínio, seja ameaçados se Trump fizer um acordo com Putin, e depois com Xi Jinping, da China. O seu pânico perante a possibilidade, mesmo que altamente improvável, da grande potência mundial discutir a paz, seria a mais negra das farsas, se o assunto em causa não fosse tão preocupante.
“Trump teria adorado Stalin!”, vociferou o vice-presidente Joe Biden num comício por Hillary Clinton. Com Clinton acenando com a cabeça, gritou, “Nós nunca nos curvamos. Nunca nos dobramos. Nunca ajoelhamos. Não pedimos. A meta é nossa. É isso que somos. Somos a América!”
Na Inglaterra, Jeremy Corbyn foi também alvo de histeria dos belicistas no Labour Party e duns media que se dedicam a destruí-lo. Lord West, antigo almirante e ministro do trabalho, pôs bem a questão. Corbyn tomou uma “escandalosa” posição antiguerra “porque isso faz as massas não pensantes votarem nele”.
Pressionado para dizer se autorizaria a guerra contra a Rússia “se tivesse de o fazer”, Corbyn respondeu: “não quero a guerra; o que quero é que possamos ter um mundo em que não precisemos de nos envolver em guerras.”
O tipo de perguntas deve muito à ascensão dos belicistas liberais ingleses. O Partido Trabalhista e os media há muito que lhes oferecem oportunidades de carreira. Durante um tempo. Durante algum tempo, o tsunami moral do grande crime iraquiano deixou-os em dificuldades, as suas distorções da verdade deixaram-nos temporariamente embaraçados. Apesar de Chilcot e da montanha de factos incriminadores, Blair permanece a sua inspiração, porque foi um “vencedor”.

O jornalismo e a investigação independentes têm sido sistematicamente banidos ou apropriados, e as ideias democráticas esvaziadas e preenchidas com “políticas de identidade” que confundem género com feminismo e o protesto público com libertação e ignoram deliberadamente a violência de estado e o negócio das armas que destrói vidas incontáveis em locais distantes como o Iémen e a Síria e acenam à guerra nuclear na Europa e em todo o mundo.
A agitação de pessoas de todas as idades em torno da espectacular ascensão de Jeremy Corbyn contraria este aspecto até certo ponto. Ele passou a sua vida a chamar a atenção para os horrores da guerra. O problema para Corbyn e os seus apoiantes é o Partido Trabalhista. Nos EUA, o problema para os milhares de apoiantes de Bernie Sanders era o Partido Democrático, para não mencionar a sua maior traição, da sua grande esperança branca. Nos EUA, pátria dos grandes movimentos pelos direitos civis e antiguerra, são movimentos como o Black Lives Matter e o Codepink que criam as raízes duma versão moderna.
Porque apenas um movimento que se afirme em cada rua e além-fronteiras e que não desiste pode parar os belicistas. No próximo ano, fará um século desde que Wilfred Owen escreveu estes versos. Todos os jornalistas deveriam lê-los e lembrar-se deles…

Se puderes ouvir, em cada abalo, o sangue
Gargarejando dos pulmões em espuma,
Canceroso, acre e regurgitado,
De feridas torpes, incuráveis, em línguas inocentes,
Meu amigo, não dirias com esse entusiasmo,
A crianças que ardem por uma glória desesperada,
A velha mentira: Dulce et decorum est
Pro patria mori [1]

[1] Nota do tradutor: versos do poeta latino Horácio: “Doce e glorioso é morrer pela pátria”.

Tradução de André Rodrigues

www.odiario.info
07
Nov16

"A palavra de um comunista vale tanto como um papel assinado", diz João Oliveira

António Garrochinho


É preciso aclarar o acordo para que se possa falar numa alternativa a este Governo, defende o PS.

Já o líder parlamentar do PCP, João Oliveira, não avança quando vai ser apresentado o acordo dos partidos à esquerda, nem a forma que vai assumir, mas garante que a palavra do PCP vale tanto como um papel assinado.

As negociações sobre um acordo à esquerda continuam e o entendimento só deve ser apresentado depois do debate do programa PSD/CDS marcado para 9 e 10 de novembro.

Nesse debate podem vir a ser apresentadas moções de rejeição dos três partidos à esquerda. Mas, como apurou a Antena 1, a ideia de uma moção conjunta continua a ser uma opção.

Som áudio

www.rtp.pt

07
Nov16

NEM SENDO SANTOS ESTÃO LIVRES DOS DESASTRES NÓS AUSENTES DE SANTIDADE CAÍMOS NOS BURACOS DOS PASSEIOS E NINGUÉM NOS LIGA NENHUMA - MUSEU NACIONAL DE ARTE ANTIGA Visitante derruba escultura do Museu de Arte Antiga

António Garrochinho
Visitante derrubou uma escultura do séc. XVIII no Museu de Arte Antiga. Ministério da Cultura emitiu comunicado a estancar a polémica da falta de vigilância porque estava um segurança na sala.

Imagem retirada de um utilizador do Facebook com o perfil público

Uma escultura de madeira do século XVIII de São Miguel Arcanjo foi este domingo derrubada por um visitante no Museu de Arte Antiga, que tem entrada livre nos primeiros domingos de cada mês. Segundo uma fonte oficial do museu, o turista estava a tirar uma fotografia e, ao caminhar para trás, derrubou a figura de São Miguel Arcanjo. Este incidente reacende uma discussão com menos de dois meses.
O Ministério da Cultura enviou um comunicado às 21h45 a esclarecer as circunstâncias sem que se deu o “acidente”, que dão conta da presença de um vigilante, ou seja, esvaziando assim a polémica de que poderia haver falta de pessoal na segurança:
O acidente correu quando o visitante, estando a fotografar uma outra obra, recuou sem olhar, não parou apesar dos alertas do vigilante, e foi contra a peça que se encontrava em cima de um plinto”.
Nos próximos dias, avança o comunicado, “a Direção Geral do Património Cultural avaliará em detalhe os danos e a necessidade de alterar a musealização da exposição, que foi inaugurada este verão, por forma a prevenir acidentes”.
As primeiras informações, disponibilizadas pelo museu, indicavam que tinha sido “um turista brasileiro que, a tirar uma fotografia, andou de costas e bateu na escultura”, que estava no piso 3. A sala foi encerrada. Ninguém se magoou. “Os técnicos de restauro já foram avisados e já estão em cima do acontecimento”, disse ao Observador uma fonte oficial do museu.
Uma fonte oficial do Ministério da Cultura, liderado por Luís Filipe Castro Mendes — com quem o diretor do museu teve uma polémica recente por causa das necessidades de vigilância — disse entretanto ao Observador que receberá um relatório em breve: “O que aconteceu, de acordo com os relatos que temos, foi um acidente, como tal difícil de prevenir. Aguardamos o relatório da ocorrência, que chegará nos próximos dias”.

A polémica da falta de vigilantes

O diretor do Museu de Arte Antiga, António Filipe Pimentel, afirmou no início de setembro, na Escola de Quadros do CDS, em Peniche, que se andava a “brincar ao património” e que “de certeza absoluta que um destes dias há uma calamidade no museu”. Pimentel queixava-se que havia apenas 64 pessoas, que englobavam técnicos superiores, conservadores, investigação, biblioteca, gestão, comunicação e vigilantes, para 82 salas. Era pouco. Havia pouca vigilância, dizia — o museu conta com 20 vigilantes e seriam necessários 50, segundo o diretor.
As nossas necessidades de vigilância são focadas essencialmente nas áreas mais nevrálgicas e vamos abrindo e fechando [salas] durante todo o verão”, disse o diretor do Museu de Arte Antiga ao Público. “O museu não abrandou o seu nível de segurança mas a oferta pública vai reduzindo cada vez mais. Se temos 20 vigilantes como operacionais para 82 salas, o que se pode esperar?”
As declarações não caíram bem junto do ministro da Cultura, que se disse “perplexo”. “Qualquer ocorrência concreta que possa ter provocado este sinal de alarme que perpassa nas declarações proferidas esta quinta-feira pelo diretor do MNAA, pelo que caberá ao Dr. António Filipe Pimentel contextualizar e concretizar as suas afirmações”, disse Luís Filipe Castro Mendes, aqui citado pelo Expresso.
Incidente no Museu de Arte Antiga foi publicado nas redes sociais por Nuno Miguel Rodrigues, que tem perfil público no Facebook
António Filipe Pimentel enviou depois uma carta a pedir desculpas ao ministro, pelos acontecimentos “infelizes”, contou o Diário de Notícias. O diretor do museu desculpou-se dizendo que as declarações foram proferidas “num contexto de aula”, no qual os professores falam “academicamente de casos práticos”, contou o Público. Castro Mendes confirmou a receção da carta e não teceu quaisquer comentários.

Acidente no mesmo piso da Adoração dos Magos, de Domingos Sequeira

A escultura agora destruída estava no terceiro piso do museu, renovado entre janeiro e julho deste ano. É o mesmo piso onde se encontra A Adoração dos Magos, de Domingos Sequeira, a pintura adquirida através de um peditório público de grande repercussão.
A localização sugere que a escultura foi restaurada há pouco tempo. Todas as cerca de 200 novas obras de pintura e escultura que estão no terceiro piso desde julho estavam guardadas há anos no depósito do museu e foram intervencionadas antes de expostas.
O facto de a escultura ser em madeira fez com que danos não tivessem sido maiores. A madeira absorveu o choque, o que não aconteceria com a porcelana ou outros materiais mais delicados, explicou este domingo à noite ao Observador um especialista em conservação e restauro que conhece bem o Museu Nacional de Arte Antiga e que pediu para não ser identificado.
O presumível acidente, diz o mesmo especialista, pode ser uma oportunidade para se estudar melhor a obra em causa. As lascas que ficaram no chão e até mesmo os elementos que se separaram do corpo central podem agora vir a ser estudados pelo laboratório de conservação que funciona junto do museu e que tem ao serviço técnicos residentes.
Para já, explica a mesma fonte, a recuperação desta imagem de São Miguel Arcanjo deverá começar por um estudo de uma equipa multidisciplinar de marceneiros, conservadores de escultura, entalhadores, químicos e outros especialistas.
Caberá à direcção do MNAA decidir se o trabalho é entregue ao próprio laboratório do museu ou ao Laboratório José de Figueiredo, que pertence à Direção-Geral do Património Cultural.
“Não se trata de uma tela, é uma escultura, por isso vai ser preciso fazer uma análise bidimensional, o que implica desde logo perceber a dimensão do estrago. A análise de fotografias da peça, que certamente se encontram no arquivo do museu, facilita esse reconhecimento”, diz o especialista contactado pelo Observador.
“Depois será preciso um restauro por dentro, para recuperar a estrutura, e ainda um trabalho de recuperação cromática”, acrescenta.
Não é de esperar que a escultura volte a ser exibida antes de 2018, segundo a mesma fonte, que dá o exemplo de tapeçarias danificadas, cuja recuperação chega a demorar cerca de um ano com um ritmo de trabalho diário.
observador.pt
07
Nov16

Os ciganos na Europa: uma história de discriminação e segregação

António Garrochinho





Hoje, na seção Mulheres pelo Mundo, Renata Neder, assessora de Direitos Humanos da AMnistia Internacional , fala sobre o preconceito sofrido pelo povo cigano.

Livros cuidadosamente desenhados e decorados e cadernos preenchidos de textos escritos com letras caprichadas restavam destruídos em meio aos escombros das casas demolidas. Esse cenário é o que restou depois da remoção de famílias ciganas de suas casas, sem aviso prévio. Móveis, roupas, utensílios de cozinha, tudo se perde quando os tratores avançam sobre as casas. As crianças não puderam nem salvar seu material escolar. No fim, ficaram apenas os escombros, e nenhum lugar onde morar. 
Isso não é ficção. É uma cena real que, infelizmente, tem acontecido com frequência. Hoje, alguns países da Europa aprofundam a política de remoção forçada de ciganos de suas casas e destruição de seus assentamentos.
Na periferia de Roma, o assentamento cigano Tor de’ Cenci surgiu há uns 15 anos atrás e já estava bastante consolidado, tinha até sistema de esgoto. Grande parte da comunidade de 400 pessoas é oriunda da Bósnia ou Maceónia. Mas as crianças já são nascidas na Itália, frequentavam regularmente o colégio e viviam, de certa forma, uma inserção maior na sociedade. Tinham mais acesso a serviços e direitos básicos, como saúde e educação.
Mas, desde 2008, o contexto mudou. O governo de Silvio Berlusconi declarou “emergência nôómada” dando poderes especiais a alguns oficiais para lidar com os assentamentos de ciganos. A medida abriu portas para uma série de ações locais discriminatórias contra os ciganos.
A administração de Roma, por exemplo, anunciou um novo “plano nómada” que previa, dentre outras coisas, a remoção do assentamento Tor de’ Cenci. Os moradores seriam transferidos para um novo campo chamado La Barbuta, inaugurado em junho deste ano.
La Barbuta foi construído fora da cidade de Roma e é totalmente rodeado de cercas e câmeras. A maioria das pessoas não quer ser transferida para lá. Alí, ficarão totalmente isolados, segregados, excluídos da vida normal da cidade. Mas parece que a intenção das novas políticas voltadas para os ciganos é mesmo essa: segregar, expulsar da cidade.
Desde então, os moradores de Tor de’ Cenci vivem a apreensão do despejo iminente, que acabou acontecendo nos últimos dias de setembro. 
A remoção e segregação dos ciganos em campos específicos não sai barato. Em Roma e Milão, algo em torno de 1.000 assentamentos ciganos foram removidos desde 2007. Cada remoção pode custar algo em torno de 10 a 20 mil Euros. Faz as contas… Outros 10 milhões de Euros foram usados para construir o campo de La Barbuta.
E a pergunta que fica é: porque todo esse recurso não é utilizado para proporcionar moradia adequada e integrar os ciganos à cidade? Provavelmente, a resposta reside em antigos (antigos?) preconceitos e discriminação.
Os ciganos, em geral, são vistos como um povo que é nômade e não quer se fixar. Ainda são tratados como forasteiros indesejáveis que não merecem um futuro digno, que não merecem sequer serem ouvidos. Mas, na verdade, a esmagadora maioria dos quase 170 mil ciganos da Itália não são nômades e desejam se integrar à sociedade.
Essa política de remoção e segregação é discriminatória e uma clara violação de direitos humanos, inclusive o direito à moradia adequada. E não é uma prática isolada da Itália. Acontece também na França, na República Tcheca, na Sérvia, na Roménia.
Atualmente, são mais de 10 milhões de ciganos morando na Europa. Em geral, tem pouco acesso à educação e saúde e vivem em condições precárias. Dezenas de milhares moram em assentamentos isolados sem eletricidade ou água. Com frequência, são removidos de suas casas e não recebem qualquer alternativa. Quando são reassentados, geralmente é em campos isolados e segregados, localizados em áreas desvalorizadas e inadequadas (próximos a lixões, sem saneamento e água potável).
Hoje, a discriminação, na lei e na prática, impede que os ciganos usufruam de seus direitos. Isso é uma dura realidade. E não basta a gente se indignar ao ler as notícias ou ao ver as imagens. A indignação, sozinha, não muda essa realidade. Chegou a hora da gente fazer alguma coisa para acabar com a discriminação contra os ciganos na Europa e no mundo.


07
Nov16

"Têm de apresentar a declaração de rendimentos. A lei de 83 diz isso mesmo" - Pedro NUno santos, secretário de estado dos assuntos parlamentares - entrevista

António Garrochinho



Pedro Nuno Santos, secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, garante que António Domingues, CEO da CGD, está subordinado à lei do controlo dos rendimentos.

Entregou a sua declaração de rendimentos e de património ao Tribunal Constitucional (TC). Para que fique claro de uma vez por todas: António Domingues deve fazer o mesmo?

A minha sim, claro que foi entregue, se não tivesse sido neste momento não poderia estar a exercer as funções que estou.

Tal como de resto todos os gestores públicos.

Como todos os detentores de cargos públicos, isso é sabido. Este Governo preza obviamente o cumprimento da legislação, da lei e por isso aquela que obriga a apresentação de declaração de rendimentos também, como é óbvio.

E portanto o seu entendimento é que António Domingues deve apresentar a sua declaração?

Aprovamos legislação que cria exceções em matéria da aplicação dos estatutos de gestor publico aos administradores da Caixa Geral de Depósitos (CGD), porque nós queríamos ter uma equipa profissional contratada no setor, portanto, uma equipa profissional, qualificada, com experiência mas nós não alteramos a lei que impõe a apresentação da declaração de rendimentos, portanto, este governo preza, como eu dizia, o cumprimento da legislação.

Essa foi, também para que fique claro, uma exigência da equipa de António Domingues, a despensa de apresentação da declaração de rendimentos ou não?

Não tenho conhecimento disso e os detalhes sobre essa matéria devem pressionados obviamente ao ministro das Finanças, mas é como lhe digo. Se fosse essa a nossa intenção tínhamos alterado a legislação que implica a apresentação e entrega da declaração de rendimentos.

Há uma ligação entre o plano de recapitalização e os nomes que compõem a equipa de gestão desse plano?

Já que fala nisso, relevante foi a vitória que o país conseguiu na matéria de capitalização da CGD com capital exclusivamente público contra aquilo que era o entendimento de toda gente. Essa é a vitória que nós temos de realçar e agora é importante que todo o processo de capitalização corra bem. É sabido que o Banco Central Europeu (BCE) exigiu administradores com experiência no setor. Não é um setor qualquer, é um setor que exige experiência e para nós não era sequer preciso o BCE [exigi-lo]. A CGD é o maior banco português, é um banco exclusivamente de capitais públicos, nós queremos que continue de capitais públicos e nós queremos que seja bem gerido, não só para que não seja um peso para o erário publico mas para que, sobretudo, financie a economia portuguesa. Isso implica termos administradores qualificados, com experiência e que portanto sejam contratados no setor. Nós não queremos administradores políticos na CGD, queremos administradores qualificados e com experiencia.

Perguntando de outra forma: a negociação com a Comissão Europeia mantém-se válida na eventualidade de António Domingues e a restante equipa saírem?

Essa eventualidade não existe. Temos hoje uma administração da CGD profissional, altamente qualificada, com experiência no meio e provas comprovadas. É um motivo de serenidade para todos nós.

Não há portanto sinais de que a administração liderada por António Domingues possa não aceitar, no fundo, entregar a declaração de rendimentos e na sequência disso sair?

Não há nenhum sinal de saída ou de demissão dos administradores da CGD, antes pelo contrário.

Há notícias de que o ministro das Finanças pode sair em janeiro. Que comentário faz?

Essas notícias não têm qualquer fundamento, aliás, o primeiro-ministro já teve oportunidade de o desmentir. O governo tem muita confiança no ministro das Finanças. Temos um ministro das Finanças que é qualificado, cuja competência é reconhecida e tem sido comprovada. O dossier da CGD é muito complexo, não é à toa que o Governo anterior o varreu para baixo do tapete e deixou para este governo. Este Governo não foge aos problemas, não os varre para baixo do tapete e está a dar-lhes resposta mas, obviamente é um dossier complexo. A verdade é que o ministro Mário Centeno teve uma vitória nesse dossier que ninguém acreditava que fosse possível, fazer capitalização da CGD com capitais exclusivamente públicos. Temos uma CGD que vai ser capitalizada e que vai continuar a ser 100% público e a grande vitória, o principal responsável por essa vitória, chama-se Mário Centeno, o nosso ministro das Finanças.

O Governo e o PS já disseram duas coisas diferentes. O Governo disse que não tinha sido lapso eles ficarem apenas sujeitos às regras dos banqueiros privados (escrutínio do Banco de Portugal) agora o PS diz que afinal têm que ficar sujeitos ao escrutínio do TC. As duas coisas são contraditórias e as duas coisas foram ditas pelo governo e pelo PS. O que é que se passou aqui?

Estamos a falar de coisas diferentes. Aos gestores da CGD não se aplica o Estatuto de Gestor Público mas eles têm de apresentar a declaração de rendimentos porque a lei de 83, aliás invocada pelo Presidente da República ainda na sexta-feira, diz isso mesmo e essa não foi alterada e portanto há um conjunto de outras matérias, nomeadamente do ponto de vista remuneratório que não se aplica.

O PCP acordou com o Governo um determinado quadro de aumento de pensões que vem na proposta do OE 2017. Mas Jerónimo de Sousa já anunciou que o PCP vai propor o alargamento daquele aumento de dez euros também às pensões mínimas. Como é que é possível um partido acordar uma coisa e depois dizer que afinal vai propor mais alguma coisa do que isso? O Governo sente-se confortável com esta iniciativa do PCP?

Absolutamente confortável. O sucesso desta solução governativa é exatamente os partidos que compõem a maioria parlamentar não se anularem, não perderem a sua autonomia e a autonomia que lhes permite diferenciarem-se uns dos outros ou nos diferenciarmos uns dos outros. Aquilo que for de encontro à nossa visão, ao nosso programa de Governo, que não puser em causa a margem orçamental, não será problema para nós.

O problema é que desta vez o PSD vai existir no debate na especialidade, ao contrário do que aconteceu no ultimo orçamento em que se absteve em relação a todas as propostas de alteração. A proposta do PCP, independentemente do que o PS vote ou não, pode ser aprovada com conjugação do PCP, do PSD e do CDS. Ora isto cria mais despesa. É um problema ou não?

Parece-me sobretudo um problema para o PSD. O que me está a dizer é que o PSD, depois de dizer tantas vezes e repetir que a Segurança Social está em pré-falência e que é preciso uma reforma urgente para a qual desafiam todos os dias o PS, vão aprovar uma proposta que implica aumento de pensões e aumento da despesa da Segurança Social? Isso não parece ter o mínimo sentido e portanto nem sequer vou [comentar]. Essa proposta [do PCP] como sabe não existe, nós não conhecemos a posição do PSD e sinceramente parece-me tão descabido que o PSD o fizesse que não ouso sequer partir do princípio que essa questão se vai colocar. O PCP, se apresentar a proposta vai apresentar uma proposta dentro daquilo que tem apresentado sempre, portanto não há nenhuma novidade para nós sobre essa matéria, não é nenhuma surpresa. Se o PCP apresentou sempre, a surpresa era não apresentarem agora. Aquilo que me está a dizer é outra coisa diferente, aí sim, verdadeiramente grave, que é o PSD sistematicamente dizer que a Segurança Social está em pré falência e depois viabilizarem uma proposta que implica aumento da despesa com as pensões quando ainda, por exemplo, a Bruxelas apresentaram um programa de estabilidade que previa uma poupança de 600 milhões de euros com pensões. Isso não tem qualquer sentido.

O que está a dizer na prática é que não acredita que essa proposta do PCP passe porque o PSD vai votar contra.

Não acredito que o PSD e o CDS tenham perdido completamente o mínimo de decência também no que diz respeito ao exercício de oposição.

Pode haver novas causas para a plataforma de esquerda nesta legislatura, uma forma de renovar nestas legislaturas os acordos com outros dossiers, com outras causas, ou não?

Eu lia hoje que havia a possibilidade de novas posições conjuntas. Esta maioria tem conseguido renovar essas posições conjuntas todos os dias, muito do trabalho que fizemos ao longo do ano de 2016, entre orçamentos, não consta das posições conjuntas, foram matérias sobre as quais nós temos trabalhado numa base quase diária para conseguirmos promover entendimentos.

http://www.dn.pt/
07
Nov16

Declaração amigável de acidente vai ser feita através de uma aplicação no telemóvel

António Garrochinho


Condutores vão poder declarar acidentes através de um telemóvel

Preencher uma declaração amigável em caso de acidente vai ser muito mais simples. A Associação Portuguesa de Seguradores (APS) está a trabalhar numa aplicação para o telemóvel, a lançar ainda antes do final do ano, que vai permitir aos condutores declararem diretamente as circunstâncias do acidente e, até, captar e enviar fotografias do local e das viaturas envolvidas no sinistro.
A nova aplicação faz parte de um conjunto de medidas que a APS quer implementar de modo a tornar o trabalho das seguradoras mais célere, segundo anunciou o presidente desta associação ao Jornal de Negócios. José Galamba de Oliveira afirma que esta aplicação para o telemóvel vai libertar os clientes das seguradoras de uma série de burocracias. “Poderia até falar-se num simplex para o mundo segurador, que estas novas tecnologias podem ajudar a trazer para a mesa”, diz.
O responsável admite que possam haver mais mudanças no setor onde persistem, ainda, processos “muito manuais e mediadores.”

observador.pt
07
Nov16

Poon Lim, o homem que sobreviveu 133 dias em uma balsa de madeira

António Garrochinho


Poon Lim era um chinês que trabalhou como mordomo em um navio britânico durante a Segunda Guerra Mundial, o qual viajava desde a Cidade do Cabo até Suriname. Os alemães interceptaram o barco a cerca de 1200 km a leste da Amazônia e um par de torpedos afundou o barco em dois minutos. Lim foi o único homem dentre os 53 a bordo que sobreviveu ao ataque. Ele bateu o recorde como o homem que sobreviveu por mais tempo em uma jangada no mar como um náufrago. Ele nasceu em Hainan, no maior arquipélago do Mar do Sul da China e foi para a escola, não como a maioria das crianças da sua idade, graças ao dinheiro enviado por seus irmãos que trabalhavam em fábricas.
Quando Lim tinha 16 anos, seu pai, acreditando que a vida seria melhor em qualquer lugar e impulsionado pelo medo de ter que enviar seu filho para a luta contra os japoneses, enviou Lim com um de seus irmãos em um barco de passageiros britânicos para trabalhar como garçom. 
Leia para saber sua história fascinante e não se esqueça de clicar em “Página seguinte” para continuar.
O navio no qual embarcou Lim, o Ben Lomond, estava armado, mas movia-se lentamente e navegava sozinho e sem rota da Cidade do Cabo até o Suriname. O barco alemão U-172 o interceptou em 23 de novembro e o bombardeou com dois torpedos. Enquanto o navio estava afundando, Poon Lim pegou um colete salva-vidas e saltou ao mar antes que as caldeiras do navio explodissem. Após cerca de duas horas na água, ele encontrou um quadrado de madeira de dois metros quadrados e meio e pousou sobre ele.
A balsa tinha várias latas de biscoitos, uma garrafa de 40 litros de água, um pouco de chocolate, um saco de torrões de açúcar, dois pacotes de fumo e uma lanterna. À princípio, Poon Lim se manteve vivo bebendo a água potável e comendo os alimentos encontrados na balsa, mas, em seguida, começou a se manter através da pesca e da água da chuva, a qual ele recolhia com a lona de seu colete salva-vidas.
 
Ele não nadava muito bem e às vezes amarrava uma corda em seu pulso, a qual prendia ao barco, para caso ele caísse no oceano. Ele utilizou o cabo da lanterna para fazer um gancho e usou uma corda para a linha. Ele também pregou pregos ao longo da balsa de madeira e os dobrou em forma de ganchos para capturar peixes maiores. Quando capturava peixes, ele os abria com uma faca que tinha sido criada a partir de uma lata de biscoitos e afiada e secada com o cânhamo da balsa. Uma vez, uma grande tempestade o alcançou e levou consigo tudo aquilo que ele possuía à bordo. Poon, que mal se mantinha vivo, caçou um pássaro e bebeu seu sangue para sobreviver.
Quando via tubarões, não fugia. Em vez disso, ele tentava pegá-los. Ele utilizou os restos do pássaro que havia caçado como isca. O primeiro tubarão que mordeu a isca não media mais que um metro. O tubarão agarrou a isca e puxou a linha de pesca muito fortemente, mas, anteriormente, Poon havia trançado a linha de corda a deixando mais espessa e resistente. Além disso, ele envolveu as mãos em uma lona para pegar o animal.
 
Uma vez, um tubarão o atacou quando ele conseguiu montar na balsa e usar a garrafa de água, já preenchida com água do mar, como uma arma. Depois de capturar o tubarão, Poon Lim o cortou, o abriu e bebeu o sangue de seu fígado. Não tinha chovido por dias e ele não possuía água. Sendo assim, o sangue acalmou sua sede. Ele cortou vários bifes e os secou ao sol, uma iguaria de Hainan. Além disso tudo, Poon também teve de lidar com queimaduras solares, o mar dos mares e a agonia de ver alguns barcos passando à distância. Na primeira vez, um carregador passou não muito longe de onde estava, mas não o viu. Em seguida, também assistiu a uma patrulha de aviões dos Estados Unidos passando por ali.
Poon acreditava não ter sido resgatado por ser chinês. Ele também sabia que era típico dos navios alemães deixar náufragos para emboscar seus inimigos. Um barco alemão chegou a ver o pobre Poon, mas não o salvou. Poon contou os dias fazendo nós em uma corda, mas depois de passar tanto tempo em alto mar decidiu que era inútil contar os dias e começou a contar as luas cheias. No entanto, após 133 dias no mar, três pescadores brasileiros descobriram a jangada.

Ele havia perdido 9 kg e passou quatro semanas em um hospital, onde se recuperou totalmente. Até hoje ninguém sobreviveu tanto tempo em uma jangada no mar. É um registro de um recorde… Como disse Poon em seu testamento antes de morrer: “Espero que ninguém precise quebrá-lo.” O Rei George VI concedeu-lhe a Medalha do Império Britânico e a Marinha Real incorporou sua história nos manuais de sobrevivência. Após a guerra, Poon Lim decidiu emigrar para os Estados Unidos, mas a quota de imigrantes chineses já tinha sido ultrapassada.
No entanto, por causa de sua fama e a ajuda do senador Warren Magnuson, recebeu tratamento especial e ganhou cidadania dos Estados Unidos. O que você achou da sua história? Ele realmente se armou de coragem para permanecer vivo… 


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