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orouxinoldaresistencia

POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

orouxinoldaresistencia

15
Nov16

Os mais estranhos tratamentos de beleza do mundo

António Garrochinho



Saúde e Beleza sempre foram duas preocupações importantes para a espécie humana desde os tempos pré-históricos. E hoje em dia isso é ainda mais verdadeiro. No oriente e no ocidente, de norte a sul, as pessoas estão perseguindo loucamente todos os tipos de terapias para realçar a beleza e a saúde. Métodos primitivos, assim como sofisticados são igualmente bem-vindos, mais bem-vindo ainda se eles tiverem a tag ‘natural’ em anexo. Alguns são tratamentos tradicionais de grupos menos conhecidos, alguns são bem conhecidos e comercializados com nomes atraentes, como “Apiterapia” ou “Ultimate Total Body Resurfacing Hydra Dermbrasion”. 
Aqui estão exemplos de tratamentos de beleza muito estranhos em diferentes partes do mundo.

01 – Massagem com caracóis africanos
Um funcionário faz uma massagem médico-cosmética para uma cliente usando caramujos africanos em um salão de beleza na cidade da Rússia siberiana de Krasnoyarsk. O salão de beleza é o único na região usando o método dos moluscos, que acredita-se, ajuda a acelerar a regeneração da pele, eliminando rugas, cicatrizes e sinais de marcas de queimaduras, de acordo com a proprietária Alyona Zlotnikova. 

02 – Máscara com ouro 24 quilates
Uma mulher recebe o “Tratamento Facial de Ouro” em Tóquio, Japão. Seu rosto foi coberto com uma máscara feita com folhas de ouro de 24 quilates, que dizem ser um eficaz anti-envelhecimento, se funciona eu não sei, mas tenho certeza de que não deve ser nada barato fazer este tipo de tratamento.

03 – Peixes que eliminam pele morta
Esta terapia é feita em alguns spa’s de Tel Aviv, Israel. Os clientes sentam-se com os pés em um tanque cheio  de peixes que retiram toda a pele morta ao mordiscar e sugar os pés.

04 – Proteína de sêmen de touro para os cabelos
Em Londres, um especialista em tratamento de salão de beleza , aplica um tratamento de sêmen em uma cliente. Este tratamento é considerado novo, alternativo e intenso em salões de beleza ingleses. O cabeleireiro usa sêmen orgânico da raça de touros “Angus“, que vêm fresco da Fazenda Brooklet em Cheshire. Proteína pura, a substância, combinada com katera, uma outra proteína extraída da raiz de plantas, penetra em cada fio e profundamente nutre o cabeloNo Brasil acho que isso ficaria conhecido como cabelo gozado… 

05 – Veneno de abelhas
Um paciente recebe tratamento com veneno de abelha em uma clínica em Xian, no norte da China. A Apiterapia tem uma história de 3.000 anos na China, utilizando veneno de abelha para  tratamentos de saúde. Apiterapia é o uso de produtos da colméia, incluindo o mel, pólen, própolis, geléia real e veneno de abelha. Ela tem sido usada desde os tempos antigos para tratar a artrite, reumatismo, dor nas costas, doenças de pele e atualmente como uma terapia alternativa para tratar a esclerose múltipla. 

06 – Sanguessuga Terapia – Expurgação de sangue
Uma enfermeira coloca sanguessugas sob a orelha do paciente iraniano Manouchehr Najafi em uma clínica médica tradicional em Teerã. O uso de sanguessugas para tratamentos de saúde remontam os tempos antigos e ainda sobrevivem em algumas partes do mundo, como pode se ver.

07 –  Banho de cerveja
Vestindo apenas um colar de ouro e segurando um grande caneco, o empresário russo Andrei relaxa voluptuosamente em sua banheira cheia de cerveja na República Tcheca. O banho de cerveja à base de plantas é oferecido como tratamento de beleza em spa’s do país. “Nós russos adoramos produtos naturais. Aqui, a cerveja é de  melhor qualidade, fabricada no velho estilo, sem produtos químicos”, explica ele. Proprietários da cervejaria Chodovar, continuam a produzir ao longo dos anos as linhas artesanais e lançaram os banhos de cerveja com a meta de atrair mais turistas ao seu novo hotel, em vez de aumentar a produção.  

08 – Banho de lama profundo: para os nervos e articulações 
Um grupo de pessoas desfruta de uma sessão de terapia na lama, onde são enterrados até o pescoço, em um sanatório em Anshan, província de Liaoning, nordeste da China, O tratamento, que remonta à dinastia Tang, diz que traz alívio da dor para várias doenças, incluindo artrite reumatóide, traumatismos e desordens do sistema nervoso.

socoisaestranha.wordpress.com
15
Nov16

FEZ - A CIDADE DOS CURTUMES

António Garrochinho
Estou em Fes-el-Bali, a Velha Fez. A cidade medieval,qualificada como Património Mundial pela Unesco, é uma das mais bem preservadas da África do Norte. Suas vielas intrincadas e seus labirintos estonteantes fazem com que apenas pessoas e burricos (e algumas insolentes motos) possam trafegar pelos estreitos caminhos. Com mais de 150 mil habitantes, a medina amuralhada, a Velha Fez, pode ser considerada como o maior distrito sem tráfego de carros do mundo.
Fez possui outros superlativos. Fundada ao redor dos anos 800, a capital espiritual e cultural do Marrocos alberga a mais antiga universidade da planeta, Al Karaouine. No século XII, durante a dinastia dos Almoadas (que então dominavam o sul da península ibérica), Fez floresceu como polo comercial e, com seus 200 mil habitantes, teria sido a maior metrópole do planeta na ocasião.
Caminho pelas mesmas ruelas da medina que há 30 anos e não vejo muita diferença – a não ser algumas irritantes motos. Quando passo por Derb Chouwara, sinto um cheiro familiar,embora desagradável: uma mistura de ácidos e elementos putrefatos. Este odor penetrante me dá a certeza de onde estou: o bairro do curtume!
O melhor ponto de vista para observar o trabalho dos artesãos do couro é do alto de qualquer prédio que circunde o espaço. Estrategicamente, os comerciantes que vendem produtos de couro adquiriram quase todos os imóveis na redondeza. Aproveitando da curiosidade nata do turista, os comerciantes convidam o visitante a entrar na loja e subir até o último andar, onde terão a melhor vista – de verdade – dos poços onde o couro é curtido e tingido. (Depois da visita. é hora da venda e da barganha.)
O espectáculo é extraordinário. Três grandes quadriláteros (em forma de um L) comportam mais de 300 poços circulares. Em cada reservatório, de cerca de um metro de profundidade, há um líquido de uma cor diferente. A grande maioria tem a coloração marrom, em suas mais diversas matizes. Um terço do espaço contem uma poção esbranquiçada. Alguns poucos, que chamam logo a atenção, possuem dentro uma tinta vermelha ou amarela. Difícil saber por onde começo a fotografar…
As peles dos diversos animais – cabra, ovelha, vaca e até camelo – passam primeiro pelas tinas esbranquiçadas, onde uma mistura de cal – com excrementos de pombas e urina de vaca –amolecem o couro e destroem os pelos dos bichos. Após ficarem de molho durante vários dias, as peças passam por um processo de limpeza e de enxague.
Até algumas décadas, o tingimento era feito com colorantes vegetais. Para o amarelo usava-se o açafrão-da-terra (cúrcuma ou turmérico), para o vermelho a papoula, para o azul o índigodos tuaregues e para o preto o antimónio. Mas hoje, os corantes industrializados tomaram conta do mercado, mesmo se os marroquinos preferem negar a mudança. Uma vez tingidos, os couros são, então, expostos ao sol para secagem.
Texto: Haroldo de Castro, Revista Época
Fotografias: JMPhoto

cxnegra.wordpress.com
15
Nov16

colchão no penteado

António Garrochinho

Chaves na mão, melena desgrenhada,
batendo o pé na casa, a Mãe ordena
que o furtado colchão, fofo e de pena,
a filha o ponha ali, ou a criada.

A filha, moça esbelta e aperaltada
Lhe diz co´a doce voz que o ar serena:
- Sumiu-se-lhe o colchão, é forte pena!
Olhe não fique a casa arruinada...

- Tu respondes assim? Tu zombas disto?
Tu cuidas que, por teu pai embarcado,
já a mãe não tem mãos? E dizendo isto,

Arremete-lhe à cara e ao penteado;
Eis senão quando – caso nunca visto! –
Sai-lhe o colchão de dentro do toucado.


Nicolau Tolentino


15
Nov16

Balada do não me chateiem

António Garrochinho

Quando religiões, seitas e afins
tentam colonizar a minha opinião.
eu utilizo o golpe de rins
e bato com eles no chão
e depois de tombados, caídos
de sua retórica esvaídos
começo eu a falar
seus falsos profetas, vendilhões
eunucos, capados cabr....
porque me vêm chatear
não será melhor ò tristes
que vós com os cornos em riste
marrassem no que devem marrar
vão lá investir com paredes
curem vossos males, febres e sedes
os delírios tresloucados
eu sou filho da água do ar
do sol pra me alimentar
e não de deuses castrados
António Garrochinho

15
Nov16

FILHOS DE EMIGRANTES JÁ NÃO SONHAM COM AS FÉRIAS NA ALDEIA PORTUGUESA

António Garrochinho
-





Nem todos os portugueses que vivem em França passam o ano a sonhar com as férias na terra, em Portugal, nem com a viagem de longas horas num carro abarrotado de bagagens, nem com os bailes da aldeia ao ritmo do “Meu Querido Mês de Agosto” de Dino Meira.
Léa Ribeiro Pedro ainda se lembra “das viagens que duravam vinte horas de carro” quando tinha entre 12 e 16 anos, com destino a Alenquer, no distrito de Lisboa, e hoje não consegue imaginar passar todo o mês de agosto em Portugal.
“As férias são para viajar para os Estados Unidos ou para a Ásia, visitar outros continentes e ver outros países”, disse à Lusa a advogada de 37 anos, que admitiu, porém, que nos últimos dois anos vai de férias a Portugal 15 dias porque os pais foram “de vez” para Portugal passar a reforma.
A advogada francesa Léa Ribeiro Pedro, filha de portugueses, já não sonha com as férias na aldeia




A advogada francesa Léa Ribeiro Pedro, filha de portugueses, já não sonha com as férias na aldeia








Léa nasceu em França, viveu em Portugal dos cinco aos doze anos, mas acabou por regressar a Paris com os pais e só voltar a atravessar a Espanha nos verões, como descreveu em português fluente.
“Ao princípio, quando chegava a Portugal, incomodava-me aquela imagem do português um bocado analfabeto que não tem estudos, que vive em dez metros quadrados em França e que tem casas muito grandes com piscina em Portugal e carros muito bons”, diz Lé.
“Hoje as coisas mudaram, vivemos de uma maneira completamente diferente dos nossos pais e não temos a mesma ideia de regresso a Portugal”, acrescenta a advogada, cujo escritório está ao pé do Consulado português num dos bairros mais chiques de Paris.
Léa Ribeiro Pedro é membro da Confraria dos Financeiros de Paris, um “think tank” que congrega a segunda geração de portugueses em França, presidido por Roger Carvalho, também presidente da SPTEC Advisory, uma consultora independente na indústria do petróleo e gás natural em África e no Médio Oriente.
Filho de portugueses que se instalaram em França nos anos 70, Roger nasceu em terras gaulesas, e admite que até vai de férias a Amarante “no mês de agosto” porque é o único momento em que se reúnem “primos e tios espalhados pelo mundo”, mas garante que não fica o mês todo na terra da 
família.

Roger Carvalho ainda vem a Portugal todos os anos
Roger Carvalho ainda vem a Portugal todos os anos




“Passo lá uns dias, mas depois vou para o Porto, Lisboa, Braga, Algarve… Dei a volta completa a Portugal, de norte a sul, de lés-a-lés. Tive numa das aldeias mais típicas de Portugal, em Viseu, onde a eletricidade só chegou em mil novecentos e noventa e pico”, conta Roger.
“Estive em sítios perdidos no norte de Portugal, onde muitas pessoas nunca tinham saído da terra. Fui a Castelo Branco saber o que é uma bica, que não é um café”, descreve, em português, sem quaisquer atropelos gramaticais.
A descoberta de Portugal, graças às férias e aos dois anos em que viveu no país, não chegam para pensar em comprar uma casa na terra dos avós porque “herdar é uma coisa, mas não faz sentido nenhum comprar nessas terras. É uma perda de dinheiro. Faz sentido investir em Lisboa ou no Porto, fora daí é completamente ineficiente“.
Alda Pereira-Lemaître também começou, recentemente, a pensar na possibilidade de investir em “Lisboa, Coimbra ou numa cidade com vida e oferta cultural”, mas nem lhe passa pela cabeça comprar na aldeia de Vales do Rio, no concelho da Covilhã, onde nasceu.
Os seus pais trocaram a miséria e a ditadura de Salazar pela esperança de uma vida melhor em França, e Alda emigrou com apenas três anos, em 1968, tendo mesmo passado por um bairro de lata em Nanterre, na periferia de Paris.


Alda Pereira-Lemaître foi presidente da câmara de Noisy-le-Sec. Vemuma vez por ano à Figueira da Foz - nunca no Verão
Alda Pereira-Lemaître, presidente da câmara de Noisy-le-Sec.  
Vem uma vez por ano à Figueira da Foz – nunca no Verão





Muitos anos depois abraçou a política, foi eleita presidente da câmara de Noisy-le-Sec (2008-2010) com as cores socialistas e hoje é a líder do Parti de Gauche na cidade.
“Há cerca de oito anos que não vou à aldeia onde nasci. Fui sempre enquanto os meus avós estavam vivos. Agora, quando vou a Portugal, quero descobrir outras terras. Tenho a curiosidade que os nossos pais não tinham porque eles iam só para o local onde tinham deixado a família”, conta.
Os pais de Alda arrendaram a casa de Vales do Rio e a casa de família passou a ser um apartamento na Figueira da Foz, onde Alda tenta ir uma vez por ano, mas raramente no verão.
“Claro que há o risco de se perder um pouco de história. É preciso manter um elo que permita o respeito pela memória dos nossos pais e pela nossa própria história”, admite, em francês, a língua que adotou como materna, para ela e para os filhos.
zap.aeiou.pt

15
Nov16

FILHOS DE EMIGRANTES JÁ NÃO SONHAM COM AS FÉRIAS NA ALDEIA PORTUGUESA

António Garrochinho



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Nem todos os portugueses que vivem em França passam o ano a sonhar com as férias na terra, em Portugal, nem com a viagem de longas horas num carro abarrotado de bagagens, nem com os bailes da aldeia ao ritmo do “Meu Querido Mês de Agosto” de Dino Meira.
Léa Ribeiro Pedro ainda se lembra “das viagens que duravam vinte horas de carro” quando tinha entre 12 e 16 anos, com destino a Alenquer, no distrito de Lisboa, e hoje não consegue imaginar passar todo o mês de agosto em Portugal.
“As férias são para viajar para os Estados Unidos ou para a Ásia, visitar outros continentes e ver outros países”, disse à Lusa a advogada de 37 anos, que admitiu, porém, que nos últimos dois anos vai de férias a Portugal 15 dias porque os pais foram “de vez” para Portugal passar a reforma.

A advogada francesa Léa Ribeiro Pedro, filha de portugueses, já não sonha com as férias na aldeia
A advogada francesa Léa Ribeiro Pedro, filha de portugueses, já não sonha com as férias na aldeia
Léa nasceu em França, viveu em Portugal dos cinco aos doze anos, mas acabou por regressar a Paris com os pais e só voltar a atravessar a Espanha nos verões, como descreveu em português fluente.
“Ao princípio, quando chegava a Portugal, incomodava-me aquela imagem do português um bocado analfabeto que não tem estudos, que vive em dez metros quadrados em França e que tem casas muito grandes com piscina em Portugal e carros muito bons”, diz Lé.
“Hoje as coisas mudaram, vivemos de uma maneira completamente diferente dos nossos pais e não temos a mesma ideia de regresso a Portugal”, acrescenta a advogada, cujo escritório está ao pé do Consulado português num dos bairros mais chiques de Paris.
Léa Ribeiro Pedro é membro da Confraria dos Financeiros de Paris, um “think tank” que congrega a segunda geração de portugueses em França, presidido por Roger Carvalho, também presidente da SPTEC Advisory, uma consultora independente na indústria do petróleo e gás natural em África e no Médio Oriente.
Filho de portugueses que se instalaram em França nos anos 70, Roger nasceu em terras gaulesas, e admite que até vai de férias a Amarante “no mês de agosto” porque é o único momento em que se reúnem “primos e tios espalhados pelo mundo”, mas garante que não fica o mês todo na terra da família.

Roger Carvalho ainda vem a Portugal todos os anos
Roger Carvalho ainda vem a Portugal todos os anos
“Passo lá uns dias, mas depois vou para o Porto, Lisboa, Braga, Algarve… Dei a volta completa a Portugal, de norte a sul, de lés-a-lés. Tive numa das aldeias mais típicas de Portugal, em Viseu, onde a eletricidade só chegou em mil novecentos e noventa e pico”, conta Roger.
“Estive em sítios perdidos no norte de Portugal, onde muitas pessoas nunca tinham saído da terra. Fui a Castelo Branco saber o que é uma bica, que não é um café”, descreve, em português, sem quaisquer atropelos gramaticais.
A descoberta de Portugal, graças às férias e aos dois anos em que viveu no país, não chegam para pensar em comprar uma casa na terra dos avós porque “herdar é uma coisa, mas não faz sentido nenhum comprar nessas terras. É uma perda de dinheiro. Faz sentido investir em Lisboa ou no Porto, fora daí é completamente ineficiente“.
Alda Pereira-Lemaître também começou, recentemente, a pensar na possibilidade de investir em “Lisboa, Coimbra ou numa cidade com vida e oferta cultural”, mas nem lhe passa pela cabeça comprar na aldeia de Vales do Rio, no concelho da Covilhã, onde nasceu.
Os seus pais trocaram a miséria e a ditadura de Salazar pela esperança de uma vida melhor em França, e Alda emigrou com apenas três anos, em 1968, tendo mesmo passado por um bairro de lata em Nanterre, na periferia de Paris.

Alda Pereira-Lemaître foi presidente da câmara de Noisy-le-Sec. Vemuma vez por ano à Figueira da Foz - nunca no Verão
Alda Pereira-Lemaître, presidente da câmara de Noisy-le-Sec.  Vem uma vez por ano à Figueira da Foz – nunca no Verão
Muitos anos depois abraçou a política, foi eleita presidente da câmara de Noisy-le-Sec (2008-2010) com as cores socialistas e hoje é a líder do Parti de Gauche na cidade.
“Há cerca de oito anos que não vou à aldeia onde nasci. Fui sempre enquanto os meus avós estavam vivos. Agora, quando vou a Portugal, quero descobrir outras terras. Tenho a curiosidade que os nossos pais não tinham porque eles iam só para o local onde tinham deixado a família”, conta.
Os pais de Alda arrendaram a casa de Vales do Rio e a casa de família passou a ser um apartamento na Figueira da Foz, onde Alda tenta ir uma vez por ano, mas raramente no verão.
“Claro que há o risco de se perder um pouco de história. É preciso manter um elo que permita o respeito pela memória dos nossos pais e pela nossa própria história”, admite, em francês, a língua que adotou como materna, para ela e para os filhos.
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15
Nov16

A GUERRA DOS APACHES

António Garrochinho


«...vi apodrecer muitos corpos humanos, mas nunca fui capaz de ver a parte a que se chama espírito; não sei o que seja; nunca fui capaz de perceber essa parte da religião cristã.» 
Jerónimo na sua auto biografia, citada por Manuel João Gomes, Jornal de Letras 25-08-1986


Manuel Cintra Ferreira
Expresso, 27-05-1994

Jerónimo (Guiyatle), Apache. 1898. Frank A. Rinehart. Foto de commons.wikimedia.org


«OS PASSAGEIROS de um comboio que cruza o Novo México e o Arizona encontram no percurso uma pequena povoação de nome Jerónimo. É um dos muitos vestígios que, numa região bem conhecida dos cinéfilos por ser invariavelmente palco de «westerns», testemunham a presença do último povo guerreiro a enfrentar a máquina de guerra da jovem nação EUA, formada nos territórios dos americanos nativos (Chiricahua Mountains, Chiricahua Peak, Apache Pass, etc.), após a sua expulsão por levas sucessivas de emigrantes europeus.
Vindos do Norte, os povos que formaram as várias famílias de apaches (que a si próprios se chamavam «dineh», o povo, sendo o termo «apache» de criação espanhola, inspirado num vocábulo do dialecto zuni que significava inimigo) ocuparam há alguns milhares de anos uma região de fronteiras fluídas, que iam de parte do Arizona de hoje até ao Norte do México. O primeiro contacto com o «homem branco» fez-se com os «conquistadores» espanhóis, que buscavam as sete cidades de Cibola, o mítico El Dorado. Encontro pacífico e, de certo modo, proveitoso, na medida em que foram os espanhóis que trouxeram uma das suas bases de alimentação e indústria futura, os carneiros, além do cavalo. Se as relações rapidamente perderam o carácter pacífico, a norte do Rio Grande os conflitos geravam-se apenas com tribos inimigas, os kiowas, em especial, que na sua família incluíam também uma tribo de origem apache, adversária dos seus irmãos de língua do Sul.

Prisioneiros Apache, a caminho de Fort Marion, incluindo Jerónimo (primeira linha, terceiro da direita), sentados em um barranco fora do vagão de trem, perto de Nueces Rio, no Texas. 1886. Arizona. Foto de commons.wikimedia.org

Até meados do século XIX. Os apaches encontram os americanos pela primeira vez em 1848, aquando da guerra destes com o México. É chefe dos apaches mimbrenos Dasodahe, a quem os mexicanos deram o nome de Mangas Coloradas. O encontro é pacífico, pois aquela guerra nada tem a ver com os apaches. Pacífica é também a recepção de uma companhia de dragões americanos (soldados de infantaria) em 1856, que cruzavam o Arizona na sua expansão para o Pacífico. Cochise — que mais tarde dirá «quando eu era jovem andava por todo este território e nunca vi outro povo além dos apaches» — recebe os intrusos de forma cordial. A paz, porém, é breve. Atrás dos soldados vêm pioneiros e pesquisadores que ameaçam os índios que se aproximam dos seus acampamentos.
Em 1861, Cochise é atraído a uma emboscada para ser preso acusado falsamente de rapto de uma criança. Evade-se, mas os seus companheiros não têm tanta sorte. Começa então a primeira guerra apache, com Mangas Coloradas chefiando os seus, a que se juntam os chiricahuas de Cochise. O combate mais importante tem lugar em Apache Pass (a 15 de Julho de 1862), em que 300 soldados americanos caem numa emboscada. O Governo americano procura utilizar com estas aguerridas tribos a táctica aplicada com sucesso nas tribos das planícies: a força e a negociação para os colocar em reservas. Em 1863, Mangas Coloradas é assassinado na prisão (espicaçado com baionetas em brasa na prisão, Mangas é forçado a reagir, sendo de seguida abatido com quatro tiros na cabeça «por tentativa de evasão»). Cochise toma a liderança tendo como braço-direito um outro chefe famoso, Vittorio dos Mescaleros. Junta-se-lhes outro guerreiro chiricahua que irá dar que falar, Goyathlay, conhecido pelo nome espanhol de Jerónimo.

Grupo de Apaches a sul do Arizona, fotografados (antes de 1886) enquanto estavam sendo perseguidos por um terço do Exército dos EUA (20.000 homens) e mais 3.000 soldados mexicanos. Esta é a única fotografia existente de uma força americana nativa em luta contra o Exército dos EUA. Totalizando cerca de 39 homens, mulheres e crianças, este grupo de Apaches incluia Naiche, filho de Cochise (a cavalo) e Jerónimo (em pé na frente de Naiche).  Foto LIFE Archive.

Até 1872 os apaches resistem num território cada vez mais reduzido, explorando a seu favor a fronteira  com  o México (a Sierra Madre será em 1885 e 1886 o último refúgio de Jerónimo), Nesse  ano, Cochise rende-se graças aos esforços do general O.O. Howard e de Tom Jeffords, que tinha a confiança de Cochise. Se tal foi possível deve-se também ao impacte que teve na imprensa de Leste o massacre da reserva de Camp Grant, em Abril de 1871, quando a população de uma região próxima massacrou mais de uma centena de pacíficos apaches aravaipa que ali viviam da agricultura. O Presidente Grant quer ver o problema apache resolvido e envia para a região o general Crook. A táctica deste militar consistiu na busca de uma alternativa para a solução militar, com criação de reservas e tentativas de aproximação aos resistentes para negociações. A rendição de Cochise foi o primeiro resultado. Crook recorreu a outro método para esta aproximação e combate: o uso de apaches «assimilados». Estes revelar-se-ão úteis na campanha de 1873/4 contra os apaches tontos, dirigidos por Delshay, que terminou com a morte deste e a sua cabeça exposta à entrada da reserva.
Em 1875 a maior parte dos apaches estão encerrados em reservas, vivendo em condições precárias, apesar do esforço de brancos bem intencionados (Jeffords e John Clum, responsável pela reserva de San Carlos) e de apaches cansados de guerra, como Taza, um dos filhos de Cochise, que toma a chefia da tribo após a morte do pai em 1874. Taza não tem o carisma de Cochise e a reserva começa a agitar-se devido às dificuldades de vida. Em companhia de Jeffords, Taza vai a Washington interceder pelo seu povo junto do Presidente, mas morre de uma febre, levantando suspeitas no seu irmão Naiche. Em San Carlos, incapaz de impedir os atropelos às suas tentativas de auxílio aos índios, John Clum demite-se. A agitação aumenta e Vittorio evade-se com a tribo de White Spring.

A partir da esquerda: Yahnozah (irmão de Jerónimo), Chappo (filho de Jerónimo), Fun (segundo primo de Jerónimo) e Jerónimo, Tombstone, Arizona.  Foto tirada no acampamento antes da rendição ao general George Crook em 27 de marco de 1886. Foto encontrada em hem.passagen.se

De 1877 a 1880 decorre a nova «guerra apache», com Vittorio refugiado no México e lançando a partir daí mortíferos ataques-surpresa. A 14 de Outubro de 1880 tem lugar o massacre de 3 Castillos, desta vez a cargo dos mexicanos. Vittorio morre em combate ao lado de 78 apaches. Nana, outro dos chefes, consegue escapar com 30 sobreviventes, tomando a direcção da guerrilha. As suas operações provocam agitação nas reservas de White Mountain e San Carlos, da qual se evadem Jerónimo, Naiche e mais 70, que se refugiam na Sierra Madre. Em 1882, Jerónimo regressa a San Carlos e leva consigo outros apaches. Enquanto isso, os soldados mexicanos atacam o refúgio matando mulheres e crianças. Jerónimo com os seus junta-se a Nana. O general Crook, que entretanto fora enviado para combater os índios da planície, regressa em 1882 com ordens para acabar de vez o conflito. Crook consegue, ao fim de várias tentativas, chegar a Jerónimo, convencendo-o a render-se, na Canon de los Embudos. Jerónimo aceita desde que possam voltar a San Carlos e não irem para a Florida. Para sua surpresa, Crook aceita. Porém, o Governo não esteve pelos ajustes, e o compromisso de Crook não passou das palavras.
Inicia-se a última fase do drama apache. Descontentes com o resultado, mas também manipulados por comerciantes que procuravam um pretexto para correr com os índios, embriagando-os e lançando boatos, Jerónimo e Naiche fogem de Forte Bowie com 34 homens e uma centena de mulheres. Outro chefe, Chato, recusa-se a segui-lo, e será, mais tarde, um dos auxiliares do exército na última perseguição ao velho guerreiro. Outro será Alchise, um dos filhos de Cochise. A sua evasão leva o Governo a demitir Crook; substituindo-o pelo general Nelson Miles. Entre os fugitivos, há também dissenções: Jerónimo procura levar o seu povo para a Sierra Madre sem combates, o que provoca a separação de outro chefe, Chihuahua, cujos ataques na região serão atribuídos a Jerónimo.
Durante 1886, Miles vai utilizar forças incríveis para perseguir o pequeno bando: 42 companhias do exército americano, 500 batedores, milicianos e não regulares, para além dos mais modernos instrumentos de comunicação em uso, enquanto do outro lado da fronteira 4000 soldados mexicanos perseguem o mesmo objectivo. Mas, mais uma vez, será apenas através de enviados (o oficial Gatewood e dois apaches) que conseguirá chegar a Jerónimo.

Jerónimo e Naiche, (filho de Cochise, líder dos Apaches), a cavalo, ladeados por Chappo (filho de Jerónimo), à direita e um homem não identificado (segurando um bebê). 1881-1885. Local e fotógrafo desconhecidos. Foto de otrwjam.files.wordpress.com


Jerónimo rende-se a Gatewood na Sierra Madre e desta vez o seu destino será a Florida. Preso o último chefe segue-se a limpeza: todos os apaches, mesmo os colaboradores e os pacíficos aravaipas são enviados para os pântanos da Florida em 1886. Os velhos amigos dos apaches, Crook, John Clum e Hugh Scott desencadeiam uma campanha para ajuda. Agora que o perigo passara, os corações de Leste comovem-se. Os aravaipa regressam a San Carlos, enquanto velhos inimigos dos apaches, os kiowas e os comanches oferecem ao povo de Jerónimo parte da sua reserva em 1894.
Em Forte Still, em 1909, morre Jerónimo, já uma lenda, mas vivendo os últimos dias da venda de postais seus e de recordações aos turistas, deixando uma autobiografia escrita em colaboração com S.M. Barrett, e dedicada ao Presidente Theodore Roosevelt (apesar de inicialmente proibida pelo War Department), que se encontra editada em português pelas edições Antígona. Em 1912, o cinema apoderava-se da sua imagem com o filme Geronimo's Last Stand.
Em 1866 o Governo americano promulgara a lei dos Direitos Cívicos reconhecendo a igualdade de negros e brancos (em consequência da vitória do Norte). Aos americanos primitivos não foi sequer reconhecido o direito de existirem como cidadãos. A política do Departamento dos Índios só viria a ser alterada na década de 30 deste século. Até então, eram prisioneiros na sua terra. Durante a Primeira Guerra, os americanos primitivos que prestaram serviço militar voltaram como prisioneiros para as reservas após o conflito.»

Manuel Cintra Ferreira
Expresso, 27-05-1994

Como Jerónimo viu o Cinema


"Particularmente significativa é a  reacção de Jerónimo ao contacto com a civilização americana, depois de se ter rendido e submetido ao cativeiro. Os carcereiros levaram-no mais de uma vez a assistir e participar em manifestações mais ou menos espectaculares e artísticas, ao cinema, à exposição internacional de Saint-Louis, onde pôde vender, autografadas, fotografias suas, com o que ganhou muito dinheiro (2 dólares diários, no princípio do século, não era pouco). Aqui fica como ele viu o cinema:"  «Um dia fomos ver um outro espectáculo e, mal entrámos, fez-se noite. Era noite a sério, porque senti a humidade do ar; às tantas começou a trovejar e a relampejar. Os  relâmpagos eram verdadeiros, porque o estrondo era mesmo por cima das nossas cabeças. Protegi-me e quis fugir, mas não sabia como havia de sair dali.(...) Diante de nós apareceram então pessoas pequenas e estranhas; depois tornei a olhar para o ar e vi que as nuvens tinham desaparecido e que brilhavam já as estrelas. As pessoas pequenas pareciam levar pouco a sério o que faziam e eu fiz troça delas. Mas as pessoas que estavam ao meu lado pareciam fazer troça de mim.»
Jerónimo na sua auto biografia, citada por Manuel João Gomes, Jornal de Letras 25-08-1986

Os últimos guerreiros


Os Apaches, vistos por John Ford. Foto do filme Forte Apache (1948), encontrada em cockeyedcaravan.blogspot

«JUNTAMENTE com os índios das grandes planícies, em especial os Sioux e os Comanches, os Apaches são a presença mais frequente no cinema. Ainda antes do «western» se constituir como género, a figura do seu último chefe, Goyathlay (Jeronimo), seria objecto de uma abordagem em Geronimo’s Last Stand (1912). Contudo, a imagem que vemos raramente corresponde à realidade, pelo menos até há bem pouco tempo. Os seus intérpretes (secundários e figurantes) misturam mexicanos, brancos e índios de outras tribos (John Ford, por exemplo, usava os Navajos, tribo próxima, mas culturalmente diferente, para os Apaches de A Cavalgada Heróica e Forte Apache). Quanto aos intérpretes principais, quando a história o requeria, cabiam geralmente a actores brancos maquilhados, mesmo nos tempos em que começou a mudar o olhar sobre o americano primitivo, a década de 50: Jeff Chandler ou John Hodiak, como Cochise, Burt Lancaster em O Ultimo Apache, Jack Palance em O Apache Branco, Michael Pate, em Hondo, Rock Hudson (!) em Herança de Honra, mais tarde Chuck Connors no Geronimo de Arnald Laven e Charles Bronson como Chato em Desforra Apache. Mesmo o Geronimo de Walter Hill é interpretado por Wes Studi, um Cherokee. Foram, aliás, estes «biopics» que marcaram a revisão da imagem do Apache no cinema: Cochise aparece em três filmes (A Flecha Quebrada, Cochise, Gigantes da Planície), Jerónimo tivera já direito a «biopic» em 1938 (mas na faceta de «inimigo público»), Taza em Herança de Honra, Vittorio em Hondo, o agente dos índios John Clum, interpretado por Audie Murphy, em As Fronteiras do Orgulho.

A rendição dos Apaches por John Ford em Forte Apache (1948). Foto encontrada em www.doctormacro.com

De qualquer modo, a imagem do Apache percorre o cinema de Hollywood ao longo de dezenas de «westerns», na esmagadora maioria apresentados como irredutíveis selvagens. As excepções encontram-se a partir de 1950, mas o olhar sobre eles enferma de uma visão simplista, invertendo de súbito a situação: o guerreiro passa a vítima. Se a intenção é «boa», o resultado é o apagamento de uma das suas maiores qualidades: o arreigado amor liberdade e a luta implacável que levaram a cabo para a preservar. Esta visão «rousseauniana», que marca grande parte dos «westerns» dos anos 50 (de A Última Caçada a O Caçador de Indios) e se prolonga nas décadas seguintes (As Brancas Montanhas da Morte, O Pequeno Grande Homem), tem algumas surpreendentes excepções que resultam menos das intenções dos filmes do que da leitura que deles se faz: Forte Apache (1948), O Apache Branco e A Fuga de Forte Bravo ambos de 1953, Ulzana, o Perseguido (1972), podendo-se também ter em consideração O Ultimo Apache, de 1954. Os dois últimos, dirigidos por Robert Aldrich, colocam-se já fora do que se chamou «apacheria»: são resistentes individuais, sobre os quais é lançado o mesmo olhar que depois se deitou aos últimos pistoleiros. O Ultimo Apache fica viciado por um «happy-end» imposto pela companhia: Masai (Lancaster) é deixado em paz quando lhe nasce o filho. O argumento original terminava com o índio abatido pela patrulha que o perseguia. Ulzana, o Perseguido, é mais irredutível: Ulzana lança-se numa guerra privada para recuperar o filho capturado pelos brancos, e o argumento não procura justificações ou alibis humanistas.

Dustin Hofman em O Pequeno Grande Homem de Arthur Penn; um outro olhar sobre os índios. Foto encontrada em www.toutlecine

É também este o olhar de John Ford no filme que primeiro retratou o americano primitivo com dignidade: Forte Apache. Se a história do filme é outra, a presença dos Apaches é feita em traços fortes, expondo-se as razões que os levam para a luta sem tréguas, e dando-se-lhes a dignidade do guerreiro à altura dos seus inimigos.
O Apache Branco, dirigido por Charles Marquis Warren e A Fuga de Forte Bravo, de John Sturges, são verdadeiros choques quando hoje se vêem com um novo olhar (foram recentemente exibidos no pequeno ecrã). No primeiro não há conciliação possível entre as forças em presença: é uma guerra total. Se a posição do filme era (e é) extremamente racista, mostra, porém, que o índio, para combater o invasor da sua terra, precisa de conhecer os seus métodos e as suas armas: o chefe, interpretado por Jack Palance, vai para a escola dos brancos, não para assimilar a sua cultura, mas para possuir o saber para os combater. A acção de A Fuga de Forte Bravo decorre num forte do Arizona durante a guerra entre os Estados, o que significa que as operações de guerrilha dos Apaches são de Mangas Coloradas ou Cochise, revelando uma impecável estratégia de divisão e aniquilamento do pequeno grupo de brancos: cercados no deserto, é traçado à sua volta um círculo de lanças, que é a «mouche» para as nuvens de flechas rigorosamente disparadas das colinas próximas, indo a pouco e pouco abatendo os seus ocupantes. Nestes filmes clássicos, sem preocupações de rigor histórico, se encontra, no fim de contas, um maior respeito pelos últimos guerreiros que se opuseram aos americanos no interior do território dos EUA.»

Manuel Cintra Ferreira
Expresso,  27-05-1994


«Quando  Usen criou os apaches, criou também o território deles no oeste. Deu-lhes sementes, frutos e caça, porque eles precisavam de comer. Para se curarem quando a doença os afligia, fez crescer plantas diversas. Ensinou-lhes a encontrar estas ervas e o modo de as transformarem em remédios. Ofereceu-lhes um clima ameno e o necessário para se vestirem estava ao alcance das suas mãos. Assim era no princípio, os apaches e o seu território, este criado para aqueles pelo próprio Usen. Quando eles são arrancados do seu território, ficam fracos e morrem. Quanto tempo faltará para deixar de haver apaches?» (Jerónimo)


«Se fosse possível realizar este meu desejo, creio que seria capaz de esquecer todas as injustiças  que me fizeram na minha velhice e morreria feliz e contente.(...) Se em vida minha não se fizer o que peço, se tiver de morrer no cativeiro, desejo que se conceda aos sobreviventes da tribo apache, quando eu  desaparecer, o privilégio que eles pedem: o  regresso ao Arizona.» (Jerónimo)

«...fora do seu ambiente, em Fevereiro de 1909, Jerónimo morreria no cativeiro, sem ver cumpridos os seus últimos desejos: o regresso do seu povo, praticamente extinto, ao Arizona natal:  Não lhe fizeram nenhuma dessas vontades. A bem da democracia.» 


Manuel João Gomes, Jornal de Letras 25-08-1986

citizengrave.blogspot.pt

15
Nov16

A PITEIRA DO ALGARVE

António Garrochinho




Esta planta, muito usada para fins decorativos em Portugal, origina do México e curiosamente não é considerada um cacto pelos botânicos. Segundo reza a lenda, só floresce aos 100 anos, apesar de hoje sabermos que, estranhamente, a sua longevidade é proporcional á aridez do solo. É uma planta que vive para sofrer - o seu único propósito é acumular nutrientes para depois gerar um espigão enorme e cheio de "flores", que espalharão as suas sementes aos 4 ventos, matando a planta e reiniciando um processo que certamente já deve ocorrer desde o tempo dos dinossauros :)

Mas podemos impedir o espigão de crescer - se o cortarmos antes das flores aparecerem, o caule da planta fica saturado de uns açúcares muito especiais. De seu nome científico "inulina" (não confundir com a insulina dos diabéticos!), o açúcar desta planta é um derivado saudável da frutose, comercializado sob a marca "fructosan" como um substituto do açúcar, produto com popularidade crescente nos tempos que correm.

Este facto já era conhecido dos antigos povos americanos, que lhe chamavam "água mel", e que até o fermentavam para fazer vários tipos diferentes de bebidas!
O "pulque" - uma espécie de cerveja - o mezcal, licor genérico, e a conhecidíssima tequilha, nome reservado para um derivado do mezcal, mais forte, e que pode conter extractos de outras plantas, fabricado principalmente á volta da cidade chamada... Tequila.

Mais interessantemente ainda, as suas fibras são também aproveitadas para aplicar padrões decorativos a objectos de couro - como por exemplo, este belo cinto.




diasquevoam.blogspot.pt
15
Nov16

ESPECIAL - A SURPREENDENTE HISTÓRIA DA FAMÍLIA RUAH

António Garrochinho
















Um fotógrafo de reis, vários médicos, um líder da comunidade israelita em Lisboa, uma Grã-Mestre da Maçonaria Feminina, uma atriz de sucesso. Esta é a história de uma família de judeus que se fixou em Portugal após a abolição da Inquisição, em 1821.

São uma das famílias mais influentes da comunidade judaica nacional. O médico Samuel Ruah costumava ser chamado à residência de Salazar e o seu primo Joshua foi o clínico de Álvaro Cunhal. O clã conta ainda com a atriz Daniela e com uma ex-grã-mestra da maçonaria feminina. Mas há muitas outras personagens fascinantes: um grande fotógrafo e um vendedor de pedras preciosas.


QUANDO, COM 17 ANOS, a sua família se instalou em Faro, no Algarve, deixando para trás a vida que tinham em Marrocos, não perdeu tempo. Começou logo a negociar em cortiça, que ia comprar ao Alentejo. Movimentava-se numa mula, na qual levava sempre alguns tachos pendurados. Era um religioso conservador e cumpria à risca as regras da comunidade judaica a que pertencia: as panelas serviam para cozinhar a sua comida segundo o ritual judaico (kosher), que só permite ingerir carne de animais ruminantes e abatidos de certa forma e obriga a eliminar o máximo de sangue colocando-a em água durante algumas horas. O jeito para o negócio levou-o depois a viajar para os EUA, para vender azeite e cortiça. Aos 20 anos, em dezembro de 1859, ele, Moysés Bento Ruah, apaixonou-se e casou com Ester Abitbol.
Anos depois foram para Lisboa, acabando por residir no 4º andar direito do nº 6 da Rua Ivens, no Chiado, onde morava a filha. Um apartamento de 14 divisões que se tornou o ponto de encontro de uma das mais importantes famílias judaicas do país e com grande destaque na sociedade portuguesa.
Foi nesta espaçosa casa que viveu o prestigiado fotógrafo da família real, Joshua Benoliel, casado com Simi Ruah, filha de Moysés e Ester, e onde residiu também Joshua Ruah, o conhecido urologista que veio a ser o médico de Álvaro Cunhal e que liderou durante 18 anos a comunidade israelita em Portugal. Além disso, aquele 4º andar era o local onde, em festas ou outros eventos, se cruzavam vários membros desta família judia, como o otorrino Samuel Ruah, avô da atriz Daniela Ruah, que durante o Estado Novo privou com António de Oliveira Salazar.
A história dos Ruah está cheia de surpresas e de personagens fascinantes, resultado do casamento de Moysés e Ester e dos seus sete filhos. Abraão, Hassan, José, Isaac, Simi, Jacob e Samuel. Só estes dois últimos não tiveram descendentes, segundo o livro Genealogia Hebraica, de José Maria Abecassis.
A vida dos irmãos foi dividida entre Faro e Lisboa, pois uns permaneceram no Algarve e outros optaram por se estabelecer na capital. O mais velho, Abraão, casou com uma senhora da alta sociedade de Faro, Francisca Maria Assis, e ficaram com os três filhos pelo Sul. Foi o último judeu a ser enterrado, em 1932, no cemitério daquela cidade algarvia, que foi usado pela primeira vez pelos judeus em 1838, época em que a comunidade hebraica se instalou em força no país. (Em 2011, abriu-se uma exceção para enterrar neste cemitério Ralf Pinto, que promoveu o restauro do local.)
Depois de terem sido expulsos da Península Ibérica no século XV, e de terem emigrado para o Norte de África, muitos judeus regressaram a Portugal no século XIX. Entre eles estavam os Ruah, que foram dos primeiros a fixarem-se em Faro, após a abolição da Inquisição em 1821.
Nessa altura, integravam a comunidade judaica local, composta por 60 famílias que se dedicavam em grande parte ao comércio, tendo de dia para dia cada vez mais poder, fruto da capacidade financeira e do jeito para o negócio, o que era facilitado por muitos falarem cinco línguas.

Raquel Delmar e Isaac Bentes Ruah, bisavós de Daniela Ruah, com Joshua Beloniel, encostado à parede, Simi, em frente a Joshua, e a filha destes, Ester, mãe de Joshua Ruah.

Raquel Delmar e Isaac Bentes Ruah, bisavós de Daniela Ruah, com Joshua Beloniel, encostado à parede, Simi, em frente a Joshua, e a filha destes, Ester, mãe de Joshua Ruah.
Com os anos, os Ruah foram mudando para Lisboa. E quando, em 1932, Abraão Ruah morreu, restavam poucos judeus no Algarve: só o seu filho, José Ruah, permaneceu pelo Sul. Montou uma loja de velharias e, excêntrico, vivia de noite. Muitas vezes só abria o seu negócio à meia-noite. Será em honra dele, acreditam os seus descendentes, o nome dado a um café que ainda hoje existe em Faro – O Cantinho do Ruah, na Rua do Alportel. José acabou por vir para a capital quando já tinha mais de 80 anos, ficando próximo da família.
De todos os filhos de Moysés Ruah, o negociador de cortiça que andava de mula, Isaac Bentes Ruah foi o que mais herdou o talento para o negócio. Quando tinha pouco mais de 20 anos, foi para o Brasil trabalhar na recolha de borracha feita pelos índios que habitavam perto do rio Amazonas. Depois mudou-se para Manaus, onde se tornou dono de uma ourivesaria, passando a negociar com pedras preciosas, como rubis, diamantes, esmeraldas e safiras. Voltou para Faro, continuou no negócio e pouco depois foi a Tânger casar-se com Raquel Delmar, 17 anos mais nova. Foram os dois viver para Lisboa, sem sonhar que iriam começar uma família da qual faria parte um dos médicos mais prestigiados do país e próximo de António de Oliveira Salazar e uma atriz reconhecida internacionalmente.
Daniela Ruah é uma das bisnetas do vendedor de pedras preciosas. E o otorrino Samuel Ruah um dos três filhos de Isaac e Raquel. Nenhum quis seguir o negócio familiar e ele, Samuel, preferiu ser médico, em parte pelo facto de o seu irmão mais velho, Moisés, ter morrido de febre tifóide aos 17 anos, pouco antes de entrar em Medicina.

O médico Samuel Ruah, ao centro, com o filho Carlos Ruah, à esquerda, e o primo Joshua Ruah, à direita.

O médico Samuel Ruah, ao centro, com o filho Carlos Ruah, à esquerda, e o primo Joshua Ruah, à direita.
Samuel formou-se em 1944, quando tinha 24 anos, mas pouco depois ficou doente com tuberculose e teve de ser internado no sanatório da serra da Estrela, onde estava também internada, com a mesma doença, uma judia que conhecia do centro israelita, Ester Buzaglo. Apaixonaram-se e quando tiveram alta saíram e casaram-se em 1949. Durante anos, Samuel dedicou-se à profissão, sendo especialista ainda não tinha 27 anos. Foi médico do irmão do então cardeal-patriarca António Cerejeira e os dois passaram várias horas juntos no quarto do Hospital Dona Estefânia onde D. Manuel Cerejeira esteve internado vários meses. O cardeal sabia que Samuel era judeu, daí nunca lhe ter beijado a mão e o anel, como era costume.
Através de uma doente, que lhe pediu um favor, acabou por se aproximar também de António Oliveira Salazar. Maria Livia Nosolini, mulher do embaixador no Vaticano, amigo próximo do ditador, veio à consulta acompanhada de uma senhora mais velha e de uma criança, que suspeitavam ter problemas nos adenoides e queriam saber a opinião do médico. Mas o otorrino percebeu que a criança tinha problemas motores e outros e sugeriu que fosse vista por pedopsiquiatras. Descobriu pouco depois que a senhora mais velha era afinal Dona Maria, a governanta de Salazar, e a pedido deste último passou a coordenar tudo o que dizia respeito aos assuntos clínicos da criança. Foi por isso várias vezes à residência oficial do presidente do Conselho e foram muitas as conversas que mantiveram ao longo dos anos, tendo até trocado ideias sobre a Guerra do Sinai em 1967. A sua proximidade a Salazar terá sido um dos motivos que o levaram a ser alvo de processos no pós-25 de Abril. «Durante anos fui perseguido. Os radicais da altura atacaram-me por ter sido médico de doentes “fascistas”», contou Samuel Ruah num depoimento que fez a José Freire Antunes para o livro Os Judeus em Portugal. «Mas no fundo sentia que havia um certo antissemitismo contra um judeu que chegara a diretor dos hospitais, abrira um clínica e adquirira prestígio», dizia. Samuel Ruah, que morreu em janeiro passado, foi diretor de serviço de otorrinolaringologia do Hospital Dona Estefânia entre 1965 e 1990, data em que saiu por limite de idade.
Conseguiu modernizar o serviço e, para isso, segundo contou aos mais próximos, ficou horas a fio durante vários dias sentado na antecâmara do gabinete do então ministro da Saúde, para este o receber e o ajudar a lançar um novo edifício para o serviço. Dos seus cinco filhos, só Carlos sentiu a mesma vocação e optou pela carreira de otorrino. Mas, desiludido com Portugal, foi viver para os EUA, onde ficou nove anos e onde nasceu a sua filha mais velha, Daniela Ruah.
«O que é giro é que quando eu era mais novo o meu pai, Samuel, gostava imenso de ver comigo as séries policiais na televisão, como os Vingadores e depois, mais tarde, estávamos a ver uma série do mesmo género, mas com a Daniela a representar», conta Carlos Ruah à NOTÍCIAS MAGAZINE. «O meu pai era o fã número um da Daniela. Não perdia um episódio e guardava tudo o que saía escrito sobre ela.»
A filha, garante, sempre teve veia artística. Daniela vive nos EUA e é hoje a estrela da série televisiva Investigação Criminal – Los Angeles. Casou-se com um duplo norte-americano e tem um filho, River Isaac, a quem tenta passar algumas das tradições judaicas, especialmente a celebração «de algumas datas mais importantes», diz. É o caso da Páscoa, que se festeja durante oito dias, período em que não se pode comer nada fermentado, usando-se para isso o pão ázimo. Nessa altura, à mesa, o patriarca deve contar a história sobre o êxodo do Egito, lendo um livro chamado Hagadá.
Daniela sempre sonhou ser atriz. Na sua infância, recorda, em casa dos Ruah, fazia teatrinhos para a família ver: «Preparava um “espetáculo” na sala com os meus primos e obrigava os tios todos a ver.» Conviveu com primos e tios da família do avô paterno, Samuel Ruah, já a família do avô materno, Max Korn, morreu quase toda no Holocasto. Quando era mais nova frequentava o centro israelita e nunca escondeu que era judia. Nas gravações das novelas percebiam que era essa a sua religião quanto tirava o fiambre das sanduíches, por não poder comer porco. E, por coincidência, o primeiro papel que teve, aos 16 anos, na novela Jardins Proibidos, da TVI, era o de uma jovem judia. Foi depois estudar para Londres, regressou a Portugal, mas em 2007 foi de vez para os EUA . Ser atriz, acredita, até é capaz de estar no seu ADN: «Sempre ouvi histórias das peças de teatro em que os meus pais e avós participavam em novos. Uma avó fez de monstro em A Bela e o Monstro, cheguei a ver fotos. A outra avó foi chamada para ir para Hollywood por um produtor americano, quando tinha 14 anos. A minha bisavó não deixou!» E até o pai «cantou ópera com uma conhecida professora, até entrar para a faculdade».
Muitos dos Ruah casaram-se entre si, com primos. Hassan, outro dos sete filhos de Moysés, o comerciante que andava de mula pelo Alentejo, escolheu como noiva a sua prima Sol Benchayal, com quem teve uma rapariga e dois rapazes. Um deles, Judah Ruah, um engenheiro eletrotécnico, acabou por, sem querer, deixar a sua marca na história religiosa portuguesa. Foi ele quem acompanhou o então conceituado jornalista Avelino de Almeida, do jornal O Século, à Cova da Iria para fazer a reportagem sobre o milagre de Fátima, a 13 de outubro de 1917. Isto porque o seu tio Joshua Benoliel, fotógrafo daquele jornal, não pôde ir cobrir o evento e pediu-lhe que o substituísse. Por isso, foi Judah quem acabou por captar as imagens que no dia 15 de outubro saíram nas páginas do diário.
Judah Ruah, um engenheiro eletrotécnico, acabou por, sem querer, deixar a sua marca na história religiosa portuguesa. Foi ele quem acompanhou o então conceituado jornalista Avelino de Almeida, do jornal O Século, à Cova da Iria para fazer a reportagem sobre o milagre de Fátima, a 13 de outubro de 1917. Isto porque o seu tio Joshua Benoliel, fotógrafo daquele jornal, não pôde ir cobrir o evento e pediu-lhe que o substituísse. Por isso, foi Judah quem acabou por captar as imagens que no dia 15 de outubro saíram nas páginas do diário.
«Tem graça ter sido um judeu a fotografar o milagre de Fátima», diz Joshua Ruah, que foi líder da comunidade israelita e descende de um outro filho de Moysés, o vendedor de cortiça: José Bento Ruah. Este chegou a ter um café em Faro, mas em 1925, depois da morte acidental da filha aos 6 anos, mudou-se para São Tomé e Príncipe, onde comprou uma roça de café. «O meu avô foi viver para África, mas o meu pai, também chamado Moisés, ficou em Portugal e casou com uma prima direita, a Ester, filha da minha tia Simi. Ou seja, o meu avô paterno (José Bento Ruah) e a minha avó materna (Simi Ruah Benodiel) eram irmãos», explica Joshua, sem lhe fazer qualquer confusão: «É normal os judeus, e os Ruah, casarem-se uns com os outros.» Joshua Ruah nasceu em 1940 e cresceu na casa da Rua Ivens, em Lisboa, e, tal como o pai, seguiu a carreira de urologista.
Aliás, os dois chegaram a ter um consultório juntos. Licenciou-se em Medicina em 1967, na Faculdade da Universidade Clássica de Lisboa, e rapidamente tornou-se um dos médicos mais conceituados do país. Foi ele quem seguiu Álvaro Cunhal nos últimos 14 anos e meio de vida do ex-líder comunista. Estava no Hospital do Barreiro quando um dia lhe ligou um dos seus doentes, Octávio Pato, também do PCP, a perguntar se podia ir ver o seu camarada. «A partir daí, passei a tratar o Dr. Cunhal», conta Joshua Ruah, recordando: «Era uma pessoa espantosa. Além de uma enorme capacidade intelectual, era humilde e tinha um humor fora de série. Em privado, não tinha nada que ver com aquela imagem dura da política.» Conversavam sobre tudo e ficaram amigos «Um dia estava no cinema com os meus netos e ele ligou-me. Estava aflito e sozinho em casa e pediu que lá fosse. Peguei nos miúdos e fomos todos ter com o Dr. Cunhal. Os meus netos ficaram fascinados.»
Joshua chegou a ser convidado para aderir ao PCP, em 1974, mas recusou e optou por ser antes militante do PS, em 1975. Foi candidato pelo partido em autárquicas, legislativas e ao Parlamento Europeu, mas sempre em lugares não elegíveis. E mais recentemente foi um dos promotores da candidatura de Maria de Belém para a Presidência da República. Pelo meio, em 1986, entrou na maçonaria pela mão do amigo José Vacondeus. Primeiro esteve na Grande Loja Legal de Portugal e depois no Grande Oriente Lusitano, onde foi um dos fundadores de uma das mais poderosas lojas maçónicas do país, a Universallis. Também a sua mulher, Mery Ruah, com quem se casou em 1963, entrou na maçonaria feminina e, entre Setembro de 2012 e setembro de 2015, foi a líder da Grande Loja Feminina de Portugal, obediência exclusiva para mulheres.
Quanto se tornou maçon, Joshua Ruah liderava a comunidade israelita de Lisboa. Integrou a direção como vogal em 1963, mas em dezembro de 1978 tornou-se presidente num primeiro período até 1992. Depois, em 1995, voltou a comandar os judeus portugueses até 2001. Durante os seus mandatos teve de enfrentar a polémica nacional em torno da primeira visita de Yasser Arafat a Portugal, o receio causado com o atentado contra o embaixador israelita em Lisboa, reivindicado por extremistas palestinianos, e a questão do ouro nazi, tendo feito parte de uma comissão de inquérito nomeada por António Guterres.
Hoje continua ligado à Comunidade Israelita, sendo presidente da assembleia geral, e frequenta a sinagoga, fundada em 1904, onde há cerimónias à sexta à noite ou ao sábado de manhã. E na sua residência mantém alguns hábitos judaicos, como o de receber sempre os filhos à sexta-feira à noite. A refeição começa com uma «bênção ao vinho e ao pão».
Estas tradições foram-lhe transmitidas pelos pais e avós, que naquele apartamento da Rua Ivens se juntavam todos ao jantar. A casa era do seu avô Joshua Benoliel, o famoso fotógrafo português, e da sua avó Simi, a única filha mulher de Moysés, o negociador de cortiça. Joshua e Simi casaram-se em 1899. Ele tinha 26 anos e ela 21. Joshua era despachante de Alfândega, mas um ano antes do seu casamento conseguiu publicar as suas primeiras fotografias na revista Tiro Civil – retratavam as «Regatas do Centenário», que comemoravam os 400 anos da viagem de Vasco da Gama à Índia. Mas o talento fez que poucos anos depois deixasse a sua anterior profissão para se dedicar em exclusivo à fotografia.

Quando morreu em 1932, com 59 anos, na casa da Rua Ivens ficaram empilhados mais de 50 mil negativos das suas fotos. Deixou-os aos seus filhos, Judah, também fotógrafo e fundador do jornal Diário Popular; David, um dos quatro primeiros anestesistas portugueses; e Ester, que gostava de conviver, resultado dos anos em que o pai tornou a casa no Chiado num centro de encontro familiar e intelectual.

 Leah Ruah, Vasco Ruah, Carlos Ruah, Simi Ruah, Joshua Ruah e Luna Ruah Benoliel juntaram perto da mítica casa da Rua Ivens, no Chiado, para a Notícias Magazine. (Fotografia de Gerardo Santos/Global Imagens)

Leah Ruah, Vasco Ruah, Carlos Ruah, Simi Ruah, Joshua Ruah e Luna Ruah Benoliel juntaram perto da mítica casa da Rua Ivens, no Chiado, para a Notícias Magazine. (Fotografia de Gerardo Santos/Global Imagens)
E hoje, quando os Ruah mais velhos se juntam, muitas das recordações que partilham são precisamente daquele apartamento. «As festas eram todas nessa casa», lembra Luna Ruah Benoliel, filha de David e neta do fotógrafo. «Sim, sim, e muitos dos casamentos foram feitos lá», acrescenta Joshua Ruah, que, apontando para outra sua prima direita, Lea Ruah, filha de Salomão (irmão do seu pai), recorda: «Tu até nasceste lá em casa.» Estão todos juntos a almoçar numa quarta-feira do passado mês de março, e não conseguem parar de rir das brincadeiras que o clã Ruah fazia no Chiado, em especial Joshua e o seu primo direito, Vasco, que ficou a morar também na casa da Rua Ivens, quando o seu pai foi para África.
Já da geração mais nova, muitos dos Ruah estão agora a viver no estrangeiro, como Daniela, espalhando pelo mundo o nome de família, que em hebraico significa «vento». A atriz admite que fica contente por poder «propagar a imagem positiva» do apelido Ruah: «Tenho orgulho no meu nome.»

Joshua Beloniel é considerado o pai do fotojornalismo português. Casou com Simi Bento Ruah e é o avô do médico Joshua Ruah.

Joshua Beloniel é considerado o pai do fotojornalismo português. Casou com Simi Bento Ruah e é o avô do médico Joshua Ruah.
JOSHUA BENOLIEL«É PARA O SÉCULO. É PARA O SÉCULO.»Quando nas ruas de Lisboa se ouvia a frase «É para O Século. É para O Século», todos sabiam que andava por ali Joshua Benoliel, o fotógrafo do matutino, para o qual começou a trabalhar em 1903. Fez dezenas de reportagens fotográficas e é considerado o pai do fotojornalismo português. Com a sua máquina registou os principais acontecimentos da época: as viagens do rei D. Carlos e de D. Manuel ao estrangeiro, a revolução de 1910, as revoltas monárquicas, a partida, em 1917, do Corpo Expedicionário Português para a Flandres e a vida das tropas lusas na I Guerra Mundial. «Só falhou duas fotos: a do milagre de Fátima, pois pediu a um sobrinho para ir no seu lugar por estar doente, e a do assassínio do rei D. Carlos», diz o neto, Joshua Ruah, recordando o que se passou no dia em que o monarca foi morto. «O meu avô estava no Terreiro do Paço a fotografar o desembarque da família real, que regressava de Vila Viçosa. Sabendo que iam para as Necessidades, meteu-se na tipóia para lá estar antes e fotografá-los a chegar. Mas, na esquina, quase ao pé do destino, o rei e o príncipe herdeiro foram mortos com tiros.»

A atriz Daniela Ruah, fotografada por Gerardo Santos/Global Imagens


Atriz Daniela Ruah, fotografada por Gerardo Santos/Global Imagens
DANIELA RUAHA AGENTE KENSI BLYE COMEÇOU NUMA NOVELA DA TVIQuando Daniela Ruah tinha 2 anos, os pais perceberam que tinha jeito para ser artista. «Sempre que a mãe dela começava a bater ovos numa tigela ela, com o som que ouvia, começava logo a dançar. Nós achávamos imensa graça», conta o pai da atriz, Carlos Ruah. Daniela, que cresceu nos EUA, onde esteve até aos 6 anos, com os dois pais médicos, começou a aprender sapateado e depois em Portugal ainda teve aulas de ballet. «Mas sempre nos disse que o que queria era representar», conta Carlos Ruah. Em 2000 estreou-se como a jovem Sara, numa novela da TVI, mas nove anos depois já estava nos EUA, tornando-se a agente especial Kensi Blye na série policial Investigação Criminal Los Angeles, da CBS. Pelo meio fez alguns papéis em filmes, como Red Tails, de George Lucas. «Tenho sorte que o meu trabalho tenha tido visibilidade mundial», diz Daniela Ruah.

 http://www.noticiasmagazine.pt
15
Nov16

A batalha da memória

António Garrochinho


O fascista Carneiro Pacheco e a Mocidade portuguesa





















A batalha da memória


"Na nossa época, marcada pelo aprofundamento da crise global do capitalismo, em que as liberdades, os direitos dos trabalhadores, as conquistas sociais, a independência dos povos, a própria dignidade humana, estão a ser postos em causa pela voracidade dos grandes interesses financeiros, de novo a pulsão fascista desponta, com outros métodos e roupagens."


Têm-se multiplicado ultimamente as edições, em destaque no escaparate das livrarias e das grandes superfícies, que revisitam o tempo histórico de marca fascista. Grande parte com base em trabalhos académicos, a pretexto de efemérides, ou correspondendo à curiosidade sobre episódios de bastidores ou detalhes da vida privada de protagonistas, num «voyeurismo» muito fomentado, a história vai sendo reescrita, à feição dos interesses da classe dominante.

Há, sem dúvida, relevantes e valiosas excepções, mas a tendência mais forte, mais divulgada, e promovida pelos mercados da comunicação, é a do discurso que branqueia o passado de opressão, violência e submissão que o fascismo representa.

Abundam os registos biográficos de Salazar e de Caetano, da autoria de serventuários e epígonos, tendo alguns textos chancela universitária, relatos e «cronologias» da época, onde se pretende historiar a polícia política e mesmo alguns torcionários, a par de amáveis descrições do quotidiano, em todos se identificando traços comuns: suavizar as brutalidades, humanizar os seus responsáveis, omitir as causas, desideologizar o curso histórico, recuperar o bem do passado por oposição ao mal do presente.



Eles também sabem que não há futuro sem memória. Nada melhor, pois, para a direita do que apagar e manipular a memória para condicionar o presente e modelar o futuro.


1. Uma das abordagens mais comuns é a de que a ditadura de Salazar não era fascista.Tratar-se-ia antes de um regime autoritário, musculado, mas longe das características do fascismo italiano ou alemão.
Deixemos de parte o facto de o retrato de Mussolini ornar a sua secretária, bem visível em dias de entrevista, e de ter sido decretado luto nacional de três dias pela morte de Hitler.

Na verdade, o Estatuto do Trabalho Nacional, assim como o Fuero del Trabajo, imposto por Franco, ou a Charte du Travail, assinada por Pétain, máximo responsável do governo colaboracionista de Vichy, entre outros, inspiram-se em lei idêntica da Itália de Mussolini, a Carta del Lavoro, na sua pretensão de decretar a «paz social» e reduzir os sindicatos à obediência. Modelo idêntico foi o da corporativização da actividade económica.

Na verdade, a Legião Portuguesa, corpo armado e uniformizado, foi criada para expressamente enfrentar a «ameaça» comunista, tal como as suas congéneres alemã e italiana e, como estas, depois dos ímpetos iniciais, foi-lhe cerceada a autonomia e subordinada à cadeia de comando militar.

Na verdade, os partidos políticos foram oficialmente extintos – o PS aceitou a sua auto-dissolução em 1933, assinada por Ramada Curto. Só o Partido Comunista Português recusou tal desígnio e continuou a luta na clandestinidade. Foi criada a União Nacional, ganhadora folgada e por vezes concorrente única de todas as «eleições». Nas ditaduras coevas, além da italiana e da alemã, ainda antes da Grande Guerra, era esse o modelo, na Áustria, de Dolfuss e depois de Schuschnigg, bem como na Polónia, de Pilsudsky, na Grécia, de Metaxas, na Hungria, de Horty, na Espanha, de Franco, todos oficiais generais (como em Portugal o Presidente Carmona, candidato único, legitimado inicialmente em eleição directa). Como foi esse o modelo na França do Marechal Pétain, na Roménia, do Marechal Antonescu, ou nas entidades nacionais criadas pelos nazis, de que são exemplo a Croácia, de Ante Pavelic, ou a Eslováquia, presidida por Monsenhor Tiszo.

Na verdade, foi criada a censura permanente sobre todas as publicações, em geral exercida por militares, como nas outras ditaduras, e que Salazar explicava com a necessidade de «antes de tudo evitar preventivamente que os meios de publicidade causem dano social.»(1)
 Ou seja: nos anos 20 e 30, correspondendo ao ascenso da luta dos trabalhadores e à consolidação da União Soviética, irromperam em toda a Europa ditaduras de carácter fascista, protectoras dos interesses do grande capital, com idêntica organização do Estado, com um fundo doutrinário de apelo mais nacionalista ou mais cruamente racista, utilizando as hierarquias religiosas e militares. (2)

No entanto, apesar destes traços comuns serem determinantes, encontra-se numa recente biografia de Salazar esta pérola teórica:
«Equiparar Estado Novo e fascismo suscita dificuldades óbvias: entre outras, destacam-se a ausência de uma mobilização de massas, a natureza moderada do nacionalismo português, a selecção cuidadosa e, em última análise, apolílica da elite restrita que liderava o País, a inexistência de um movimento forte da classe trabalhadora e a rejeição da violência como meio de transformação da sociedade». 
(3)

Se tivermos presente as aparatosas e massivas manifestações, mobilizadas por legionários e caciques, com recurso a modernas técnicas de propaganda, que marcaram as primeiras décadas da ditadura; a legislação colonial que oprimia os «indígenas» africanos; a selecção ideológica dos governantes, todos fiéis do regime, onde nunca se vislumbrou um «puro tecnocrata», a par da demissão compulsiva de professores democratas da Universidade; a brutal e permanente repressão dos movimentos de trabalhadores dos campos e das fábricas; a prisão de milhares de pessoas, a tortura e a morte de tantos portugueses, bem se pode dizer que nem um dos argumentos colhe...

 

 Curiosamente, são de Salazar as palavras:
«Não sou nem posso considerar-me um ditador.»(4)
«Vós sabeis que este regime a que ainda hoje chamam Ditadura, e agora carregado com o apodo de fascista, é brando como os nossos costumes, modesto como a vida da Nação, amigo do trabalho e do povo». (5)

Dir-se-ia que o biógrafo se aproxima do biografado na caracterização do regime que oprimiu Portugal durante 48 anos.
 

Mas só num regime totalitário se poderia escrever uma afirmação como esta (Decreto n.º 21103, de 15/4/32, Ministério da Instrução Pública): «O Estado, sem se arrogar a posse exclusiva de uma verdade absoluta, pode e deve definir a verdade nacional – quer dizer, a verdade que interessa à Nação» (6)

2. Outra abordagem, que ganhou notariedade, defende que a ditadura portuguesa não era tão brutalmente repressiva como a de Hitler, de Mussolini ou de Franco.
 
Em vários autores, em geral universitários, que têm analisado a actividade da PIDE, se podem ler avaliações assim:
«O regime português conseguiu um resultado óptimo ...//... com um número exíguo de assassínios políticos e de prisões»;
«O sistema caracteriza-se por um nível relativamente baixo de violência política ...//... e a revelar um elevado grau de racionalidade política nesta esfera, tentando alcançar um óptimo de terror, e não um cru máximo de terror»...;
«A repressão, embora sistemática, era comedida e racional, no sentido de bem proporcionada às necessidades e aos fins»;
«..., não foi uma repressão de massas, limitando-se a atingir opositores»...
«(A PVDE) era mais uma arma preventiva... que só quando se revelava ineficaz a sua capacidade persuasiva e educadora é que intervinha, em último recurso, de forma punitiva, castigando o que era considerado prevaricador, desencorajando outros actos de desobediência, instalando o medo e convidando ao silêncio e à resignação»;
«O Regime era autoritário e não totalitário»; 
(7)
«Um elemento da PIDE/DGS 'confessou' que quando entrava ao serviço se modificava, esquecendo crenças, valores, amizades»;
«...Adelino Tinoco era um bom pai, Henrique Sá e Seixas um marido terno para a sua mulher cega e José Sacchetti... era um dandy perfumado, frequentador da melhor sociedade de Coimbra».
 (8)

Poder-se-ia continuar as citações, mas todas conduzem a duas linhas de fundo: que a PIDE era uma polícia mais preventiva do que repressiva e que a repressão, em Portugal, estava longe de ser tão violenta como em outros países de regime fascista.
 
Trata-se duma mistificação e duma falsificação histórica como é evidente, mas que vai fazendo o seu percurso.
 
A realidade foi outra: medo generalizado na população, uma extensa e intimidatória rede de informadores, seis milhões de cidadãos fichados ao longo de 48 anos, dezenas de milhares de presos políticos, a maior parte seviciados e torturados, um sem número de mortos e dos que perderam a saúde para sempre. As cadeias de Caxias, Aljube, Angra do Heroísmo, Peniche, as sedes da PIDE, em Portugal, e nas colónias a Machava, em Moçambique, o Campo de S. Nicolau, em Angola, o Tarrafal, mais tarde designado por Chão Bom, em Cabo Verde, entre outras, constituem um universo de crimes e de terror ainda pouco conhecido e muito esquecido.

A violência foi utilizada na proporção das necessidades da ditadura.

O fascismo mais não é do que «a ditadura terrorista do capital financeiro». (9)


3. Nesta historiografia difusa que incide sobre o passado fascista, somam-se os livros de recorte biográfico de alguns protagonistas, Salazar, Caetano, entre outros, da autoria de investigadores, mas também de compartes ou simples fâmulos. Encontram-se livros com centenas de páginas, de extensas e minuciosas descrições da vida dos ditadores e seus áulicos, centradas nos indivíduos, nas suas características pessoais, na árvore genealógica, nos jogos de poder e nas circunstâncias da vida, sem uma única vez as correlacionar com os interesses de classe em conflito, a evolução económica, a vida do povo, sem uma única referência às lutas operárias, camponesas, estudantis, ao mundo da cultura e à intervenção marcante de escritores e artistas, ou às farsas eleitorais.

Nesta tendência individualizante, hoje corrente, será útil lembrar um texto de Marx e Engels:
«A produção das ideias, das representações e da consciência está antes de tudo directa e intimamente ligada à actividade material dos homens. É a linguagem da vida real. As representações, o pensamento, o comércio intelectual dos homens surgem, ainda aqui, como a emanação directa do seu comportamento material ...//... São os homens os produtores das suas representações, das suas ideias, mas os homens reais, actuantes, tal como estão condicionados por um desenvolvimento determinado das suas forças produtivas e das relações que lhes correspondem, incluindo as formas mais vastas que essas forças e relações podem tomar. A consciência nunca pode ser outra coisa senão o ser consciente (das bewusste Sein) e o ser dos homens é o seu processus de vida real.» 
(10).


4. Na luta das ideias a memória é um factor estruturante. Não é um campo neutro e por isso tantos se ocupam a apagar, a rasurar, a reescrever, a desrespeitar e a violentar a verdade histórica.


Tantas vidas, tantos sonhos, tantas lutas pela emancipação humana e social, merecem de todos nós mais do que indignação, exigem um papel mais activo.

Na nossa época, marcada pelo aprofundamento da crise global do capitalismo, em que as liberdades, os direitos dos trabalhadores, as conquistas sociais, a independência dos povos, a própria dignidade humana, estão a ser postos em causa pela voracidade dos grandes interesses financeiros, de novo a pulsão fascista desponta, com outros métodos e roupagens.

Há uma batalha da memória por fazer.


Notas
(1) Entrevista a Le Figaro, 2 e 3 de Setembro de 1958, in «Discursos», Volume VI.
(2) Na mesma época se ergueu o militarismo japonês e se multiplicaram as ditaduras na América Latina.
(3) «Salazar», de Filipe Ribeiro de Menezes, ed. D. Quixote, p. 187.
(4) «Discursos», Volume VI, p. 38.
(5) Entrevista ao Daily Telegraph em 5 de Agosto de 1936, reproduzida na mesma data no Diário de Notícias.
(6) Citado em «O nosso século é fascista – o mundo visto por Salazar e Franco», de Manuel Loff.
(7) Afirmações colhidas em obras de Hermínio Martins, Manuel de Lucena, Manuel Braga da Cruz e Maria da Conceição Ribeiro, citadas em «A História da PIDE», de Irene Flunser Pimentel, ed. Temas e Debates, pp. 18-20.
(8) «Biografia de um inspector da PIDE», de Irene Flunsen Pimentel, ed. A Esfera dos Livros, p. 17.
(9) In «Dicionário Filosófico», de M. M. Rosental e P. F. Iudin, ed. Estampa, 1972.
(10) «A Ideologia Alemã», de Marx e Engels.




Texto publicado originalmente na Revista O Militante


15
Nov16

A DÉCADA DE 30 E O TERROR FASCISTA

António Garrochinho


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A 7 de Junho  do ano (2014), noticiou-se o falecimento de José Barata, 97 anos, o último sobrevivente da Revolta dos Marinheiros de 1936, contra o fascismo português.
Grandes dores padecem os portugueses que guardam memória da noite fascista, enquanto outros esquecem e branqueiam a Ditadura nascida em 1926, à qual portugueses esclarecidos fizeram frente, até pagando com a sua vida.
  A década inicial da Ditadura Fascista, anos 30, foi um período de extrema violência e eliminação sistemática de opositores de diferentes matizes (republicanos, sindicalistas, comunistas, anarquistas, militares, etc.).
  Em 1932, Salazar, «o Salvador da Nação» é nomeado Presidente do Conselho, aprova uma Constituição, chama ao seu governo de estado novo, concentra em si todos os poderes, cria um único partido, limita os direitos e liberdades, censura e cria em 1933 uma polícia política.
   Entre 1932 e 1943 existiram em Portugal cerca de 12000 presos políticos que foram sujeitos a tortura, viram sua vida privada violentada e dezenas deles foram mortos. Em 1931-32 foram deportados para as ilhas/colónias 1421 opositores: 220 oficiais, 190 sargentos, 257 praças e 114 civis.
  Desde a instauração da Ditadura, em 1926 que ocorreram uma série de revoltas, greves «revolucionárias» e movimentos contra o regime, havendo em 1937 um atentado contra Salazar. Todas essas ações eram violentamente reprimidas: em Agosto de 1931, um desses movimentos focado em Lisboa resulta em 40 mortos, 200 feridos e 600 prisioneiros; a revolta da Marinha Grande, o 18 de Janeiro de 1934, coordenada por sindicatos, acabou de forma sangrenta, com a prisão de bastantes sindicalistas e resistentes: «fomos interrogados, fomos torturados, fomos julgados (…) e deportados para Angra do Heroísmo» (depoimento de António Estrela).
  Em 1936, os marinheiros antifascistas ocupam três navios de guerra para se juntarem à armada republicana espanhola, tentam sair do Tejo, sem sucesso. Serão estes homens que irão inaugurar o então recém-criado Campo de Concentração do Tarrafal/C. Verde (Dipl.ª 23/4/1936). Entre eles José Barata, deportado, condenado a 15 anos de prisão, cumprindo aí 11 anos e depois de operado, cumprindo o resto da pena no Forte de Peniche.
 De 1926 a 1939, foram presos 11 628 opositores: 1511 foram deportados; mortos em combates/lutas contra a Ditadura, 210; mortos nas cadeias, 24 humanos; feridos em combate/lutas 990 portugueses.
 Cândido de Oliveira, recordado pela opinião pública portuguesa como desportista e diretor de «A Bola» foi preso, torturado e deportado para o Tarrafal em 1943. Em jeito de «balanço», legou-nos o seguinte testemunho: nome de deportados que já haviam cumprido o seu tempo de condenação, entre eles, Alfredo Caldeira, que morre lá 4 anos depois de expirada a pena de 2 anos; o nome de vários presos que permaneciam há sete anos nesse campo de morte sem julgamento ou acusação; identifica portugueses deportados, sem julgamento, que haviam combatido o fascismo em Espanha. Segundo Cândido de Oliveira, em 1943, estavam presos no Tarrafal 220 presos, 102 homens sem julgamento ou condenação, 27 deles há mais de 6 anos, 9 há mais de 7 anos. Havia também um «quadro impressionante e inacreditável» de presos que já haviam cumprido a sua pena, quase 50%; nesses Manuel Alpedrinha, condenado a 2 anos de prisão correcional estava enclausurado há 12 anos e 6 meses. ( Testemunho e números disponíveis na «História Contemporânea de Portugal», dir. de João Medina).
  Esse campo de morte, como era conhecido pelos presos, recebeu em Outubro de 1936, os primeiros 150 presos, entre eles, Militão Ribeiro, Francisco Belchior, Francisco José Pereira, Francisco Quintas, Cândido Barja, Augusto Costa. Segundo testemunhos, um médico do campo informou «não estou aqui para curar mas para passar certidões de óbito». Faleceram nesse campo, entre outros, Bento Gonçalves (1942), Mário Castelhano (1940), Alfredo Caldeira (1938), António Guerra (1948), Francisco Pereira, Pedro Matos Filipe, Francisco Esteves, José Alves dos Reis, Damásio Martins Pereira, Edmundo Gonçalves. Em 1939, a polícia do estado criou a «Brigada Brava», destinada a abater presos, no Tarrafal. Em 1949, a Oposição pede a extinção do Tarrafal. Em 1953 o ultimo preso, Francisco Miguel Duarte é transferido para Caxias. Em 1961, o campo da morte, reabre com presos de Angola e Guiné, entre eles Luandino Vieira.
J.Augusto
Bibliografia:
História Contemporânea de Portugal», dir. de João Medina
Presos Políticos Algarvios, Maria Duarte
HistóriaAA.VV
Publicado originalmente no nº 262 do Jornal “A Batalha” (Novembro-Dezembro de 2014)
r_marinheiros_1cinza
colectivolibertarioevora.wordpress.com

15
Nov16

Para mais crescimento há que "romper com imposições da União Europeia"

António Garrochinho


Partido Comunista defende que crescimento da economia é “reflexo das medidas de recuperação de rendimentos aplicadas no último ano”.


O deputado Paulo Sá comentou em nome do Partido Comunista a notícia sobre os dados económicos do Instituto Nacional de Estatística (INE) para o terceiro trimestre do ano.

Segundo a estimativa rápida do organismo de estatística português, a economia cresceu 1,6% no terceiro trimestre do ano em termos homólogos e 0,8% face ao trimestre anterior, acima das previsões dos analistas.
Números que, para o PCP, “revelam uma clara e efetiva melhoria”, sendo “reflexo das medidas de recuperação de rendimentos aplicadas no último ano”.
“Para levar esta política mais longe é necessário romper com os constrangimentos externos, nomeadamente aqueles que resultam da imposições da União Europeia e da dívida externa”, exaltou Paulo Sá em declarações aos jornalistas na Assembleia da República.
Segundo o INE, "o crescimento mais intenso do PIB [Produto Interno Bruto] refletiu principalmente o aumento do contributo da procura externa líquida, verificando-se uma aceleração mais expressiva das exportações de bens e serviços" face à das importações de bens e serviços, além do contributo da procura interna para a variação homóloga do PIB no terceiro trimestre, em resultado da "aceleração do consumo privado".

www.noticiasaominuto.com
15
Nov16

É urgente que o governo passe das declarações de intenção de combate à pobreza aos atos

António Garrochinho

Eugénio Rosa1

Neste estudo, utilizando dados oficiais, mostramos que:

  • 1 - Durante o governo PSD/CDS e “troika” 484.050 portugueses, a esmagadora maioria deles pobres, perderem o direito a prestações sociais (261.545 crianças perderam o direito ao abono de família; 69.107 idosos pobres perderam o direito ao CSI; 119.184 pobres perderam o direito ao RSI, e 34.212 desempregados perderam o subsidio de desemprego);
  • 2 - Como consequências destes cortes significativos que atingiram os mais pobres o governo PSD/CDS reduziu, entre 2010 e 2015, a despesa com prestações sociais em 1.244,1 milhões €, reduzindo desta forma o défice orçamental à custa aumentando a pobreza;
  • 3 - Nos 9 meses de governo PS (Dez.2015-Set.2016) a redução dos beneficiários de prestações sociais, com exceção dos que recebem RSI, não foi invertida, pois o número de beneficiários do abono de família, do Complemento Solidário de Idoso, e de subsidio de desemprego continuou a diminuir em 2016. E não é com campanhas de dinamização que resolve esta situação dramática, como alguns dizem. A situação dos desempregados em Set.2016 era dramática, pois apenas 27 em cada 100 é que recebem subsidio de desemprego, e a “medida extraordinária de apoio aos desempregados de longa duração” em vigor em 2016, e prorrogada em 2017 (artº 86º da proposta de Lei do OE-2017), já mostrou a sua ineficácia;
  • 4 - Enquanto isto sucede, e enquanto também o governo se recusa a aumentar em 10€ os reformados e aposentados com pensões mínimas, que são pensões de miséria, a Segurança Social acumula elevados excedentes. Segundo a “Síntese da execução orçamental mensal” divulgada pela DGO, só no período de Jan-Set. 2016, a Segurança Social acumulou um excedente de 1.152,9 milhões €, que serviu para reduzir o défice orçamental.

«Um dos instrumentos utilizados pelo governo PSD/CDS e pela “troika” para reduzir o défice orçamental foi um corte brutal nas prestações sociais de combate à pobreza em Portugal, o que atingiu dramaticamente os mais pobres, como revelam as estatísticas divulgadas pela Segurança Social no seu “site”.»

Prestações sociais 2007-2016
SS pobreza 2010-2015
Pobreza governo PS
Excedentes SS 2015-2017
ocastendo.blogs.sapo.pt
15
Nov16

A arte da sombra na fotografia

António Garrochinho


A fotografia é basicamente sobre capturar a luz, mas também a ausência dela. Nestas imagens os fotógrafos se aproveitam da sombra sobreposta para compor as fotografias, criando desenhos e padrões únicos de luz e sombra. 


















www.fotografiaessencial.com.br
15
Nov16

NÃO ! NÃO SÃO PINTURAS ! SÃO TATUAGENS A 3 DIMENSÕES

António Garrochinho
O artista Arlo DiCristina produz pinturas hiperrealistas em uma tela improvável: a pele humana. Com uma incrível atenção aos detalhes e uma imaginação ativa, o artista americano do Colorado cria incríveis retratos que se fundem em outras formas, como cityscapes, barcos, flores, figuras de fantasia. Cada retrato tem a sensação distinta de que foi pintado com um pincel em vez de agulhas, já que a abordagem de Arlo favorece o sombreamento dramático sobre os contornos, dando a impressão que o resultado parece incrivelmente tridimensional.

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Artista cria tatuagens 3D surreais com profundidade e definição incríveis 01
Para realizar sua definição artística de alto nível, a inspiração para as tatuagens de Arlo DiCristina vão beber em outros tipos de arte.

- "Eu me inspiro por muitos artistas, fotógrafos e escultores"disse ele à Inked- "Adoro ver as coisas incríveis que as pessoas inventam. A maior satisfação que tenho é criar algo novo, mas sei bem o impacto que a inspiração do trabalho de outros artistas afetou o meu."

Sua miríade de interesses ainda mergulha na pintura a óleo, aerografia e no desenho à base da queima de madeira. Veja na segunda foto, uma gif animada, como a arte de Arlo parece ter a capacidade de pular diretamente da pele.
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15
Nov16

AINDA NÃO FIM DOA NO MAS VÁ-SE HABITUANDO E VEJA ESTA BATERIA DE FOGOS DE ARTIFÍCIO EM MALTA

António Garrochinho



Todos estão postando somente a parte final deste vídeo a partir de 1:30 na linha do tempo, mas acho que perde toda a graça e por isso compartilho o vídeo todo. A queima de fogos começa como qualquer outra do gênero. Bonita, mas mais do mesmo, mas o que acontece no final é digno de visualização. O vídeo mostra parte da celebração da Festa de Santa Catarina de Malta, o arquipélago situado no Mar Mediterrâneo, na noite de 3 de setembro de 2016. O último rojão pesava absurdos 260 kg. Espere só para ver isso!


VÍDEOS


À vista de drone é ainda mais espetacular!

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15
Nov16

ELA RETRATA BORDANDO

António Garrochinho
A artista da cidade do Cabo, Danielle Clough retrata amigos e entes queridos (e também animais), adaptando fotografias em preto e branco em obras multicoloridas e cheias de energia alucinante. As obras resultantes muitas vezes não estão ligadas às cores reais senão que são a pura expressão da alegria surreal vibrante com laranjas, púrpuras e azuis brilhantes. A maior parte das obras apresentadas neste post foram produzidos por Danielle para o próximo livro "Queer Africa II", uma coleção de novas histórias sobre o amor no continente africano.

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Os coloridos retratos bordados de Danielle Clough 01
Os editores do referido livro ficaram interessados no trabalho de Danielle por causa da ligação conceitual de seu fio em camadas com as narrativas pessoais contadas no livro, pois acreditam que metaforicamente acrescentam significado e fala para a natureza ziguezagueante de natureza humana.

O livro será lançado no próximo mês através dos Livros da MaThoko e estará disponível on-line através da Amazon e na African Books Collective. Você pode ver mais obras de Danielle em seu Instagram, e também aprender o processo de seus bordados em seu blog.
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15
Nov16

OS MÉDIA, O JORNALIXO, LEVAM A VIDA A SERVIR A DIREITA E O CAPITAL E DEPOIS ARMADOS EM INGÉNUOS LAMENTAM QUANDO A EXTREMA DIREITA IGUALMENTE DEFENSORA DA EXPLORAÇÃO E ESCRAVIDÃO ASSALTA O PODER -E agora, segue-se Le Pen?

António Garrochinho


Faz sempre bem ouvir os sábios: Zygmunt Bauman, decano dos sociólogos europeus e observador implacável do nosso mundo, analisa na revista italiana L’Espresso a vitória eleitoral de Trump. Assim: diz que “é um sintoma alarmante, reflete o divórcio entre poder e política, do qual resulta um vazio propício para ser ocupado por aqueles que, com base na retórica populista, prometem soluções fáceis e imediatas para problemas que são complexos”. Bauman, com a sabedoria profunda de uma vida de 91 anos vivida a estudar e investigar, analisa que Trump triunfou por ter aparecido como um antídoto para as incertezas do nosso tempo, mas, de facto, esse antídoto também é um veneno.
O mundo tem hoje um exército de indignados porque a realidade do dia-a-dia destas pessoas piora continuadamente e as suas esperanças estão num beco sem saída. A revolta é plenamente justificada, está à solta nas redes sociais e irrompe no voto. É assim que em sucessivas eleições ou referendos o voto tem sido sobretudo um voto de protesto – votam mais para estar contra do que por adesão a ideias.
Há meia dúzia de meses, associar o termo Presidente ao nome de Donald Trump era algo que só os fiéis do multimilionário levariam mesmo a sério. Agora, a seis meses das eleições presidenciais e legislativas em França, será imaginável que a cruzada de Marine Le Pen a leve à presidência da república francesa? Já percebemos que o que antes parecia ridiculamente impossível se torna plausível. O vazio que o reputado Bauman reconhece nos EUA também parece instalado em França.
Nos EUA, tivemos uma dupla desconexão: uma entre os políticos tradicionais e grande parte dos cidadãos eleitores, e outra entre os media e a opinião pública. Na América, o jornalismo não foi capaz de calibrar a magnitude do fenómeno social que o magnate soube capitalizar a seu favor. Foram cometidos muitos erros de análise. Por exemplo, o Huffington Post começou por recusar noticiar as atividades de Trump na secção política: “é um espetáculo, não vamos morder esse anzol, quem quiser saber o que ele diz vai encontrar essa informação na secção people, ao lado das histórias sobre a família Kardashian”, argumentou então o editor-chefe Ryan Grim. Veio depois a emendar a mão.

É generalizado, hoje, o mea culpa dos media por não terem percebido a vaga social que atrelou a Trump, mas também há críticas ao jornalismo por ter sido por muito tempo porta-voz acrítico dos discursos da personagem que dizia barbaridades no circo da campanha. Gregory J. Wallance, em The Hill, compara a campanha Trump com a cruzada anti-comunista do senador McCarthy nos anos 50. Wallance lembra-nos que McCarthy foi desmascarado por um valente jornalista, Edward R. Murrow, que desmontou as mentiras no discurso do poderoso senador. Agora, conclui Wallance, faltou quem tenha a coragem de Murrow (a propósito: esta é uma boa ocasião para revermos Good Night, and Good Luck, o filme realizado por George Clooney em 2005, sobre como Murrow se atreveu a desafiar o poder de McCarthy naquele obscuro tempo americano de caça às bruxas).
Trump é o tal que instalou a suspeita sobre se Obamapreenchia os requisitos para ser presidente dos EUA por, dizia ele, não estar provado que tenha nascido nos Estados Unidos. E disse tantos disparates mais, tratados com um sorriso displicente ou frívolo.
Agora, os americanos já disseram o que queriam. Antes, os britânicos também tinham votado pela saída da Europa. Num lado e no outro, com grande revolta de quem ficou surpreendido, até com gente a falar em mudar de país.
Segue-se a França na lista de grandes países com votos no horizonte. Hollande, apesar de alguns gestos de grandeza, pôs os socialistas em maus lençóis. Parece evidente que a França vai virar à direita. Será interessante seguir já nesta quinta-feira o confronto na televisão entre Juppé, Sarkozy e Fillon. É o debate entre os candidatos da direita do sistema tradicional. Tenho para mim que Alain Juppé, moderado e cosmopolita, com longa história política, é a opção preferível no atual quadro francês. Mas, na finalíssima da eleição presidencial, então a dois, o candidato do centro-direita vai, parece evidente, ter de enfrentar a populista e extremista Marine Le Pen. A sua Frente Nacional já chegou aos 24,8% dos votos entrados nas urnas, correspondendo a relevantes seis milhões de votos, nas eleições europeias de 2014. Será que agora ela pode saltar a barreira dos 50% de votos nas urnas numa finalíssima em que a esquerda, uma vez mais, não deve conseguir meter um candidato?
Trump nasceu do vazio que estava criado e foi hábil a explorar a imagem de outsider, frente às elites da política nos EUA. Le Pen é uma guerrilheira contra os consensos instalados na elite política francesa: ela assume-se feroz contra a imigração, contra o comércio livre, contra a União Europeia, contra a França multiétnica e contra a tolerância religiosa. Le Pen, tal como Trump, é poderosa a comunicar e eficaz a usar as redes sociais como instrumento para doutrinar. Não é prudente arriscar que Juppé vai arrasar Le Pen. Pode repetir-se o episódio de Hillary com Trump.
José Pacheco Pereira disse na Quadratura do Círculo e escreveu no Público que não tem a mínima simpatia por Trump, mas tem imensa simpatia pela vontade de mudar, que tanta falta faz nos dias de hoje nas democracias esgotadas na América e na Europa. Pois. O problema é quando a mudança nos confronta com o abismo, como alerta Jorge Sampaio no corajoso e magnífico ensaio que publicou no Público.
Já estamos a ver o que acontece à liberdade quando há o poder autoritário de um Erdogan a liderar um país como a Turquia – e consegue fazê-lo com apoio popular. Também sabemos como são os regimes de Al Sisi, de Putin, de Chavez/Maduro, de Duterte, de Orban e de outros. Como seria a Europa com Le Pen a comandar a França? A história do século XX mostra-nos como algumas eleições foram trampolim para regimes terríveis.
O problema instalado é sério e grave. O ressentimento que se tornou tão forte tende a ser inimigo da inteligência. Leva ao efeito boomerang, vira-se contra cada um de nós. Corremos o risco de ficar nas mãos de traficantes de futuros. Faz-nos falta uma revolução que trate o ressentimento social com exigência política e estratégia solidária. Que saiba juntar e fazer avançar dois mundos até aqui separados, o dos esquecidos ou deixados de fora pela política na condição de expropriados do direito a vida feliz e o dos que vão sendo chamados de elites, embora não o sejam.
Por agora, o que está pela frente é um território desconhecido. Há que não ter medo e procurar a alegria.

15
Nov16

OS MÉDIA, O JORNALIXO, LEVAM A VIDA A SERVIR A DIREITA E O CAPITAL E DEPOIS ARMADOS EM INGÉNUOS LAMENTAM QUANDO A EXTREMA DIREITA IGUALMENTE DFENSORA DA EXPLORAÇÃO E ESCRAVIDÃO ASSALTA O PODER -E agora, segue-se Le Pen?

António Garrochinho


Faz sempre bem ouvir os sábios: Zygmunt Bauman, decano dos sociólogos europeus e observador implacável do nosso mundo, analisa na revista italiana L’Espresso a vitória eleitoral de Trump. Assim: diz que “é um sintoma alarmante, reflete o divórcio entre poder e política, do qual resulta um vazio propício para ser ocupado por aqueles que, com base na retórica populista, prometem soluções fáceis e imediatas para problemas que são complexos”. Bauman, com a sabedoria profunda de uma vida de 91 anos vivida a estudar e investigar, analisa que Trump triunfou por ter aparecido como um antídoto para as incertezas do nosso tempo, mas, de facto, esse antídoto também é um veneno.
O mundo tem hoje um exército de indignados porque a realidade do dia-a-dia destas pessoas piora continuadamente e as suas esperanças estão num beco sem saída. A revolta é plenamente justificada, está à solta nas redes sociais e irrompe no voto. É assim que em sucessivas eleições ou referendos o voto tem sido sobretudo um voto de protesto – votam mais para estar contra do que por adesão a ideias.
Há meia dúzia de meses, associar o termo Presidente ao nome de Donald Trump era algo que só os fiéis do multimilionário levariam mesmo a sério. Agora, a seis meses das eleições presidenciais e legislativas em França, será imaginável que a cruzada de Marine Le Pen a leve à presidência da república francesa? Já percebemos que o que antes parecia ridiculamente impossível se torna plausível. O vazio que o reputado Bauman reconhece nos EUA também parece instalado em França.
Nos EUA, tivemos uma dupla desconexão: uma entre os políticos tradicionais e grande parte dos cidadãos eleitores, e outra entre os media e a opinião pública. Na América, o jornalismo não foi capaz de calibrar a magnitude do fenómeno social que o magnate soube capitalizar a seu favor. Foram cometidos muitos erros de análise. Por exemplo, o Huffington Post começou por recusar noticiar as atividades de Trump na secção política: “é um espetáculo, não vamos morder esse anzol, quem quiser saber o que ele diz vai encontrar essa informação na secção people, ao lado das histórias sobre a família Kardashian”, argumentou então o editor-chefe Ryan Grim. Veio depois a emendar a mão.

É generalizado, hoje, o mea culpa dos media por não terem percebido a vaga social que atrelou a Trump, mas também há críticas ao jornalismo por ter sido por muito tempo porta-voz acrítico dos discursos da personagem que dizia barbaridades no circo da campanha. Gregory J. Wallance, em The Hill, compara a campanha Trump com a cruzada anti-comunista do senador McCarthy nos anos 50. Wallance lembra-nos que McCarthy foi desmascarado por um valente jornalista, Edward R. Murrow, que desmontou as mentiras no discurso do poderoso senador. Agora, conclui Wallance, faltou quem tenha a coragem de Murrow (a propósito: esta é uma boa ocasião para revermos Good Night, and Good Luck, o filme realizado por George Clooney em 2005, sobre como Murrow se atreveu a desafiar o poder de McCarthy naquele obscuro tempo americano de caça às bruxas).
Trump é o tal que instalou a suspeita sobre se Obamapreenchia os requisitos para ser presidente dos EUA por, dizia ele, não estar provado que tenha nascido nos Estados Unidos. E disse tantos disparates mais, tratados com um sorriso displicente ou frívolo.
Agora, os americanos já disseram o que queriam. Antes, os britânicos também tinham votado pela saída da Europa. Num lado e no outro, com grande revolta de quem ficou surpreendido, até com gente a falar em mudar de país.
Segue-se a França na lista de grandes países com votos no horizonte. Hollande, apesar de alguns gestos de grandeza, pôs os socialistas em maus lençóis. Parece evidente que a França vai virar à direita. Será interessante seguir já nesta quinta-feira o confronto na televisão entre Juppé, Sarkozy e Fillon. É o debate entre os candidatos da direita do sistema tradicional. Tenho para mim que Alain Juppé, moderado e cosmopolita, com longa história política, é a opção preferível no atual quadro francês. Mas, na finalíssima da eleição presidencial, então a dois, o candidato do centro-direita vai, parece evidente, ter de enfrentar a populista e extremista Marine Le Pen. A sua Frente Nacional já chegou aos 24,8% dos votos entrados nas urnas, correspondendo a relevantes seis milhões de votos, nas eleições europeias de 2014. Será que agora ela pode saltar a barreira dos 50% de votos nas urnas numa finalíssima em que a esquerda, uma vez mais, não deve conseguir meter um candidato?
Trump nasceu do vazio que estava criado e foi hábil a explorar a imagem de outsider, frente às elites da política nos EUA. Le Pen é uma guerrilheira contra os consensos instalados na elite política francesa: ela assume-se feroz contra a imigração, contra o comércio livre, contra a União Europeia, contra a França multiétnica e contra a tolerância religiosa. Le Pen, tal como Trump, é poderosa a comunicar e eficaz a usar as redes sociais como instrumento para doutrinar. Não é prudente arriscar que Juppé vai arrasar Le Pen. Pode repetir-se o episódio de Hillary com Trump.
José Pacheco Pereira disse na Quadratura do Círculo e escreveu no Público que não tem a mínima simpatia por Trump, mas tem imensa simpatia pela vontade de mudar, que tanta falta faz nos dias de hoje nas democracias esgotadas na América e na Europa. Pois. O problema é quando a mudança nos confronta com o abismo, como alerta Jorge Sampaio no corajoso e magnífico ensaio que publicou no Público.
Já estamos a ver o que acontece à liberdade quando há o poder autoritário de um Erdogan a liderar um país como a Turquia – e consegue fazê-lo com apoio popular. Também sabemos como são os regimes de Al Sisi, de Putin, de Chavez/Maduro, de Duterte, de Orban e de outros. Como seria a Europa com Le Pen a comandar a França? A história do século XX mostra-nos como algumas eleições foram trampolim para regimes terríveis.
O problema instalado é sério e grave. O ressentimento que se tornou tão forte tende a ser inimigo da inteligência. Leva ao efeito boomerang, vira-se contra cada um de nós. Corremos o risco de ficar nas mãos de traficantes de futuros. Faz-nos falta uma revolução que trate o ressentimento social com exigência política e estratégia solidária. Que saiba juntar e fazer avançar dois mundos até aqui separados, o dos esquecidos ou deixados de fora pela política na condição de expropriados do direito a vida feliz e o dos que vão sendo chamados de elites, embora não o sejam.
Por agora, o que está pela frente é um território desconhecido. Há que não ter medo e procurar a alegria.

15
Nov16

15 de Novembro de 1924: O aviador Sacadura Cabral desaparece no Mar do Norte

António Garrochinho


Oficial da Armada e aviador português, Artur de Sacadura Freire Cabral Júnior nasceu a 23 de Maio de 1881 emCelorico da Beira e morreu de desastre no Mar do Norte em Novembro de 1924, quando voava em direcção aLisboa, pilotando um avião que se despenhou.  No dia 15 de Novembro de 1924, Sacadura Cabral, e o seu mecânico Pinto Correia, morreram quando, enfrentando condições climatéricas muito adversas, o seu avião caiu (por causas ainda hoje desconhecidas) algures no Mar do Norte, após a saída de Amesterdão e quando se dirigia para Lisboa. Foram mobilizados meios imensos para encontrar e resgatar os seus corpos, no entanto todos os trabalhos foram infrutíferos. 

Sacadura Cabral era filho primogénito de Artur de Sacadura Freire Cabral e de Maria Augusta da Silva Esteves de Vasconcelos.  Após os estudos primários e secundários assentou praça em 10 de Novembro de 1897 como aspirante de marinha e frequentou a Escola Naval, onde foi o primeiro classificado do seu curso. Foi promovido a segundo-tenente em 27 de Abril de 1903, a primeiro-tenente a 30 de Setembro de 1911, a capitão-tenente em 25 de Abril de 1918 e, por distinção, a capitão-de-fragata em1922. Terminado o seu curso, seguiu em 1901, a bordo do São Gabriel, para a Divisão Naval de Moçambique. Serviu nas colónias no decurso da Primeira Guerra Mundial. Foi um dos primeiros instrutores da Escola Militar de Aviação, director dos serviços de Aeronáutica Naval e comandante de esquadrilha na Base Naval de Lisboa. Unanimemente considerado um aviador distintíssimo, pelassuas qualidades de coragem e inteligência, notabilizou-se a nível mundial, ultrapassando as insuficiênciastécnicas e materiais que na época se faziam sentir. Realizou diversas travessias aéreas memoráveis,notabilizando-se especialmente em 1922, ao efectuar, juntamente com Gago Coutinho, a primeira travessia aéreado Atlântico Sul. Gago Coutinho e Sacadura Cabral foram aclamados, em Portugal e no Brasil, por este feito,tornando-se objecto de múltiplas homenagens. Uma das mais significativas, mas ocorrida já postumamente, foi ainiciativa do Banco de Portugal de colocar as efígies dos dois navegadores em papel-moeda.

Sacadura Cabral. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013. 
wikipedia (Imagens)

Ficheiro:ArturDeSacaduraFreireCabral1.jpg


Gago Coutinho (dir.) e Sacadura Cabral (esq.) a bordo do "Lusitânia", 1922


Placa em homenagem a Sacadura Cabral e Gago Coutinho na Estação São Bento (Porto)
15
Nov16

Da 'syrização' da esquerda à 'trumpetização' da direita

António Garrochinho

Esperemos que esta senhora nunca vá fazer uma visita política a um Circo

Aquando do acordo entre o PS e os partidos à sua esquerda falou-se muito da 'Syrização' do PS, Assis chegou a promover um levantamento dos seus militantes organizando um jantar na Mealhada, dizia-se representante de metade dos seus eleitores. A direita parecia estar mais procurada com o futuro do PS do que o futuro dos seus próprios partidos, todos previam e diziam recear o fim do PS, à semelhança do que ocorria noutros países europeus.

Parece que os que receavam a 'syrização' do PS enganaram-se. Na esquerda há várias correntes, desde a esquerda mais moderada à esquerda mais conservadora. Curiosamente, foi na direita que ocorreu um fenómeno do tipo 'syrização', hoje não há uma direita moderada, dominados por uma extrema-direita chique ou por uma extrema-direita monárquica e ultra conservadora, uns escondem-se atrás da social-democracia, outros escondem-se debaixo da batina dos bispos.

A direita portuguesa não só está a sofrer um fenómeno que designaram de 'syrização' como está a perder identidade, com os seus líderes a orientar o discurso mais em função das circunstâncias do qu edos seus valores, os programas partidários deram lugar à mentira e as falsas preocupações, se é a austeridade que dá votos pede-se austeridade, se é o fim da austeridade decreta-se o fim da austeridade.

Num dia a líder do CDS vai ao alfaiate.-se vestir-se como a mais rica das amazonas dos latifúndios ribatejanos para se exibir na feira da Golegã, no dia seguinte vai com uma comitiva da cMT filmar-se junto aos pobres, como se fosse a versão lusa da Madre Teresa de Calcutá. Na Golegã manifesta-se preocupada com a falta de subsídio aos grandes proprietários agrícolas, em Lisboa ignora as regras e os tribunais e insurge-se contra o despejo de uma casa ocupada, com um discurso já inspirado em Trump.

Os partidos da direita deixaram de ter programas, os seus programas são utopias como o é a ditadura do proletariado para os movimentos comunistas, não têm sem qualquer relação com o que gostariam e ver a curto prazo. CDS e PSD são hoje na direita o que eram na esquerda a UDP e o PSR antes de se juntarem no BE. O seu modus operandi político é rigorosamente o mesmo, as causas são escolhidas segundo critérios políticos, o discurso é primário e elaborado para conquistar votos de ignorantes e em vez de uma visão para o país, anda-se em buscas de labaredas para onde soprar, na esperança de incendiar o país.

A ida de ontem de Assunção Cristas a um bairro para tirar partido de uma ação de despejo, acompanhada da CMT, para depois falar três minutos sobre o assunto, como se fosse uma mana extremista da deputada Mortágua diz muito sobre a 'syrização' da nossa direita que também se pode classificar como um processo de trumpetização. Só é pena que esta Trumpete da política portuguesa s´se preocupe com a escolha da indumentária quando vai à Festa de São amrtinho na Golegã, masd tenho a esperança que quando volte ao Bairro do Padre Cruz, em Lisboa, leve um traje de empregada doméstica, desenhado pelos melhores costureiros da capital


jumento.blogspot.pt

15
Nov16

PELA DISSOLUÇÃO DO NEOFASCISTA PARTIDO NACIONAL RENOVADOR.

António Garrochinho

 
Constituição da República Portuguesa.

ARTIGO 41.º (Liberdade de consciência, de religião e de culto)
1. A liberdade de consciência, de religião e de culto é inviolável.
2. Ninguém pode ser perseguido, privado de direitos ou isento de obrigações ou deveres cívicos por causa das suas convicções ou prática religiosa.
3. Ninguém pode ser perguntado por qualquer autoridade acerca das suas convicções ou prática religiosa, salvo para recolha de dados estatísticos não individualmente identificáveis, nem ser prejudicado por se recusar a responder.
4. A igrejas e outras comunidades religiosas estão separadas do Estado e são livres na sua organização e no exercício das suas funções e do culto.
5. É garantida a liberdade de ensino de qualquer religião praticado no âmbito da respetiva confissão, bem como a utilização de meios de comunicação social próprios para o prosseguimento das suas atividades. 6. É garantido o direito à objeção de consciência, nos termos da lei. 

rupturavizela.blogs.sapo.pt
15
Nov16

Um post em forma de supônhamos...

António Garrochinho


 


Suponha que esta foto é  capa de um jornal.
Recorra à sua fértil imaginação e suponha que esta notícia de primeira página de um jornal que diz ser sério, anunciada como exclusiva, é verdadeira

Sendo um jornal, é suposto que (pelo menos na primeira página) não aldrabe os leitores.
Mas como a foto não é de um jornal, mas sim da "folha de couve" de uma empresa que contratou meia dúzia de palhaços com carteira de jornalista  para lançar uns ataques direccionados a alvos pré determinados, qualquer coisa que se leia ali é, no mínimo, suspeita.
Neste caso, o objectivo é provocar  a ira dos leitores contra duas irmãs que militam no BE e, supostamente, fogem aos impostos, porque não pagam IMI. Mas será verdade? É. Mas também não é. Passo a explicar:
Mariana Mortágua vive em casa de uma amiga e quem paga o IMI é, obviamente, a amiga.
Joana Mortágua vive numa casa de família, a qual também paga IMI.
Dada esta explicação, suspeita-se que a malta que escreve no CM é um grupo de canalhas com uma agenda política e que não está nada interessada em fazer jornalismo, mas sim política rasca e tão mal cheirosa como a redacção daquela espelunca.
A suspeição aumenta quando se sabe que a empresa ( Cofina), proprietária da folha de couve e  de um canal de TV,  está penhorada por dívidas ao Fisco e à Segurança Social, no montante de 12,5 milhões de euros.
Esmiuçando, ficamos a saber que a dívida era bastante superior mas, em 2014, o governo da transparência perdoou à empresa proprietária da folha de couve que se autoproclama jornal, uma dívida de 5,7 milhões de euros.
Passe agora da imaginação à realidade. Vai concluir que, afinal, aquela coisa que está na foto é um jornal. Associando dívidas, perdões e outras considerações ( como jornalistas entre aspas) você liga A+B conclui que está diante de uma foto que retrata o trabalho diário de um grupo de jagunços  aldrabões, com uma agenda própria que nada tem a ver com informação ou jornalismo, mas que as pessoas "compram" como tal.
Last, but not the least,  descobre que aquela coisa que está na foto é a mais lida em Portugal e conclui que afinal não é fácil encontrar uma explicação para o elevado número de votantes no PSD.

cronicasdorochedo.blogspot.pt
15
Nov16

Este novo sistema coreano de guard-rail poderá salvar milhões de vidas

António Garrochinho


Uma empresa coreana desenvolveu um produto para reduzir os impactos severos de guard-rails  e salvar mais vidas.
De acordo com a Federal Highway Administration, o guard-rail pode funcionar para levar o veículo sem controle de volta para a pista, ou diminuir a velocidade do mesmo até parar por completo, ou ainda dependendo da velocidade, o veículo pode passar direto pelo guard-rail.
”O tamanho e a velocidade do veículo pode afetar o desempenho do guard-rail.” Explica.
Geralmente, os guard-rails são compostos por chapas de aço e não podem garantir “a segurança do motorista”. Guard-rails mais suaves protegem os motoristas de choques e dão assim, mais oportunidade para salvar suas vidas.

VÍDEO
Para minimizar o número de acidentes, a empresa chamada ETI (Evolution in Traffic Innovation) projetou  um “sistema de guard-rail com rolamento”.Os guarda-rail com rolamentos absorvem a energia do impacto. Eles convertem essa energia de impacto em energia rotacional para a propulsão do veículo para a frente em vez de parar imediatamente o veículo .
O produto tem um tambor rotativo que tem o poder de absorção de choque, o mesmo vem com uma cobertura reflexiva que auxilia da visibilidade.
A nova barreira – feita em EVA, um material bem leve e flexível, que é feito a partir da utilização de uma espuma sintética –  tem uma melhor flexibilidade e elasticidade em comparação com outras resinas de polietileno e tem muitas características semelhantes à borracha. Na verdade, é mais leve do que a borracha e mais elástica do que uretano. Em suma, não é facilmente danificada.

engenhariae.com.br

15
Nov16

CHAROLAS 2017 - FREGUESIA DE SANTA BÁRBARA DE NEXE

António Garrochinho
ESTÃO A MEXER AS CHAROLAS 2017.
APESAR DE MUITA VONTADE EM MANTER ESTA TRADIÇÃO NA FREGUESIA DE SANTA BÁRBARA DE NEXE NA MINHA OPINIÃO OS GRUPOS CHAROLEIROS DEVEM SER MAIS AUTÊNTICOS E PRESERVAR DETERMINADOS ASPECTOS CULTURAIS E POSTURA NO COMEMORAR DE MAIS UM ANO QUE SE APROXIMA.
INOVAR SIM NA FORMA ORGANIZATIVA MAS NUNCA
PERDER A SUA AUTENTICIDADE, RAÍZES, MÉTODOS DE CANTO ETC.
A TODOS BONS ENSAIOS E VIVA A TRADIÇÃO CHAROLEIRA !


15
Nov16

Hillary perdeu para Trump porque o Partido Democrata traiu a classe trabalhadora industrial! - Marcos Doniseti!

António Garrochinho



Trump fez uma forte campanha em quatro estados que passaram por um processo muito intenso de desindustrialização e que tradicionalmente votavam nos Democratas (Ohio, Michigan, Pensilvânia e Wisconsin) explorando a insatisfação da classe trabalhadora dos mesmos. Deu certo. Ele derrotou Hillary nos quatro estados.

Hillary teve, nesta eleição, quase 10 milhões de votos a menos do que Obama conquistou em 2008.
E o que esse excelente artigo do El País Brasil mostra é que grande parte destes eleitores recusou-se a votar em Hillary porque o Partido Democrata traiu a sua base política e eleitoral fundamental, ou seja, os membros da classe trabalhadora industrial, principalmente em estados como Ohio, Michigan, Pensilvânia e Wisconsin.
Estes estados formavam, antigamente, o chamado 'Cinturão da Ferrugem', ou seja, eram estados com economia essencialmente industrializadas e que, portanto, possuíam uma numerosa classe trabalhadora que votava maciçamente nos Democratas.
Por isso mesmo é que estes quatro estados deram a vitória para Obama em 2008 e em 2012.
Pois nesta eleição, Trump venceu nos quatro estados (O-M-P-W).
Será que a população destes quatro estados se tornou racista e passou a odiar mulheres, imigrantes e muçulmanos apenas quatro anos depois de ter eleito um Presidente negro e cuja família tem origem africana e que possui muitos integrantes que são muçulmanos?
Claro que não. Isso é ridículo.
Michael Moore explicou, em Julho, porque Donald Trump era o favorito para vencer a eleição presidencial. Ele acertou em cheio.

O que levou estes estados a virar as costas para os Democratas é o que está nestes trechos dessa ótima matéria do El País Brasil:
1) "Desde o New Deal da era Roosevelt, foram nestes trabalhadores que o Partido Democrata apostou para construir a máquina política mais robusta da história americana e dominar através dela, por décadas e décadas, a vida política do país.
Em contrapartida, aos trabalhadores foram prometidos direitos, respeito e uma vida digna. Eles acreditaram no american dream e no Partido Democrata.
Ao contrário dos agricultores racistas do Sul, o chamado "Cinturão da Ferrugem" não abandonou o Partido Democrata depois da desagregação promovida pelo partido dos anos 60. Mesmo com fortes valores conservadores, esses trabalhadores não se deixaram seduzir pelo discurso cada vez mais focado em religião do Partido Republicano.
E mesmo depois que o NAFTA assinado pelo presidente Clinton começou a acelerar o fechamento definitivo de suas fábricas e a destruição das suas comunidades, continuaram votando nos democratas.
Ficaram cada vez mais pobres. Com seus filhos obrigados a procurar emprego em outras regiões, se tornaram também menos, mais velhos e mais isolados. O flagelo das drogas tomou conta de muitos que não souberam lidar melhor com o seu desespero. E mesmo assim, a esperança de que o contrato social do passado continuasse vigorando levou eles a votar pelo primeiro presidente negro da história do país. Acreditaram no Obama e torceram pelo “Yes, we can!
EUA passam por um processo de aumento da concentração de renda e das desigualdades sociais.: A participação dos mais ricos na renda nacional está aumentando desde a década de 1970, enquanto que a classe média e os pobres tiveram queda na sua participação.

2) Por décadas, o Cinturão da Ferrugem ficou cada vez mais pobre enquanto o país ficou cada vez mais rico. Não se trata de um exagero ou de uma medida relativa. Em Michigan, por exemplo, a família mediana ganhava 49.041 dólares por ano em 1984. Até 2015, este valor havia caído para 48.801dólares: 30 anos sem aumento. E isso enquanto o PIB per capita do país cresceu em mais de 70%. Quem foi que absorveu este 70% de crescimento? As elites urbanas das grandes cidades, que se beneficiaram com os lucros gigantescos das grandes corporações multinacionais e do mercado financeiro.".
É isso.
E depois a Hillary vem a público dizer que perdeu a eleição por culpa do FBI?
Que piada.
O Partido Democrata adotou, internamente, uma política neoliberal que foi imensamente prejudicial aos trabalhadores industriais destes quatro estados, que foram desprezados por Hillary em sua campanha eleitoral.
Exemplo disso, diz o El País, é que ela não foi uma única vez a Wisconsin e somente apareceu em Michigan na véspera da eleição.
Provavelmente os Democratas contavam que esses estados eram favas contadas para eles. Enquanto isso, Trump apostou fortemente nestes quatro estados, fazendo um discurso anti-livre comércio e anti-globalização neoliberal, prometendo trazer de volta os empregos industriais perdidos durante as décadas anteriores.
Deu no que deu...
Moral da história: Nunca traia o seu eleitorado pois, mais cedo ou mais tarde, ele lhe dará o troco.
Atualmente, a Dívida Pública dos EUA é maior do que o PIB, chegando a 104% do mesmo.

Links:
A vingança da ferrugem:
Michael Moore explicou, em Julho, porque Donald Trump era o favorito:
BCE alerta para era de protecionismo e incerteza com vitória de Trump:

guerrilheirodoentardecer.blogspot.pt
15
Nov16

Ministro da Economia russo detido por suspeita de suborno

António Garrochinho



Alexey Ulyukayev é suspeito de ter recebido dois milhões de dólares em subornos

As autoridades da Rússia anunciaram hoje a detenção do ministro da Economia, Alexey Ulyukayev, por ser suspeito de ter recebido um suborno de dois milhões de dólares num negócio que envolve a petrolífera estatal Rosnet.

Alexey Ulyukayev foi detido no âmbito de um inquérito relacionado com corrupção em grande escala, segundo um comunicado do Comité de Investigação da Rússia, o principal órgão de investigação da federação russa e que reporta diretamente ao Presidente do país, Vladimir Putin.

O ministro é suspeito de ter recebido dois milhões de dólares (mais de 1,8 milhões de euros) em troca da aprovação da aquisição pela Rosnet de uma participação em outra petrolífera russa, a Bachneft, acrescenta a mesma nota.

Ulyukayev é o mais alto cargo da Rússia a ser detido desde a tentativa de golpe de estado de 1991, segundo as agências de notícias internacionais.

A porta-voz do Comité de Investigação da Rússia, Svetlana Petrenko, afirmou que o ministro "foi detido quando aceitava um suborno", na segunda-feira, e é suspeito de "extorsão e ameaça a representantes da Rosneft".

Alexy Ulyukayev pode ser condenado a uma pena de prisão de entre oito e 15 anos.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou que "as acusações ao ministro são muito graves e devem ser fundamentadas com provas contundentes". "De qualquer forma, só um tribunal pode decidir", acrescentou.

Quando o Governo russo ponderou a venda de 50% da pretrolífera Bashneft, Ulyukayev afirmou que, à partida, a compra dessa participação por outra empresa estatal era incoerente, por ambas serem públicas.

No entanto, em setembro, disse que a Rosneft estava interessada na operação e que a mesma era legalmente possível. Em outubro, a Rosneft acabou por comprar 50% da Bashneft.


www.dn.pt
15
Nov16

OS QUE SE DEFENDEM DOS MARGINAIS SÃO IMPEDIDOS DE ENTRAR PARA GOVERNAR A VIDA HONESTAMENTE - Turco que se defendeu com faca de kebab diz estar impedido de voltar a Portugal

António Garrochinho





Dono do Palácio do Kebab diz estar retido na Turquia porque a embaixada portuguesa não lhe concede visto para regressar a Lisboa

Mustafa Kartal, o turco de origem curda dono do restaurante Palácio do Kebab, que ficou conhecido por ter enfrentado uma "invasão de jovens" com uma faca de cozinha no passado mês de abril, estará impedido de regressar a Portugal.

Segundo o Correio da Manhã, Mustafa está há três meses na Turquia sem conseguir que a embaixada portuguesa em Ancara lhe conceda o visto para regressar a Lisboa, onde abriu o restaurante. Ao CM, o turco contou que viajou em julho para o país natal, para visitar a família, e que desde agosto se desloca todas as semanas à embaixada portuguesa. "Pedem-me um documento, eu entrego e depois dizem-me para esperar. Depois pedem-me outro papel qualquer e a situação repete-se", frisou.

Mustafa Kartal estava em Portugal há cerca de quatro anos e garante que, enquanto empresário, tem tudo em dia: "Tenho tudo legal, os impostos em dia, Segurança Social paga. Não percebo porque não me deixam voltar".



Os funcionários que vão mantendo aberto o Palácio do Kebab dizem que a falta do proprietário começa a fazer-se sentir e admitem fechar portas se a situação não se resolver. O pai de Mustafa está em Portugal com visto turístico e terá de regressar em breve à Turquia. Diz que está a tentar "segurar o negócio", mas tem pouco tempo para esperar pelo filho.



www.dn.pt

15
Nov16

VAMOS LÁ VER COMO É QUE É !? HOJE À NOITE NA RTP 1 - RTP1: Paulo Dentinho entrevista Bashar al-Assad

António Garrochinho




A RTP1 emite hoje à noite uma entrevista ao líder do governo sírio, a segunda que dá a um órgão de comunicação social português

Pela segunda vez, o diretor de informação da RTP entrevista o presidente da Síria, Bashar al-Assad, numa conversa exclusiva que será exibida amanhã, às 21.00, depois do Telejornal.

Em março de 2015, Paulo Dentinho conseguiu a primeira entrevista ao líder do governo sírio a um órgão de comunicação social em língua portuguesa. Um conversa que levou três anos até ser concretizada, tal como revelou ao DN nessa altura o responsável pela informação da estação pública. À época, a entrevista foi realizada no Palácio Presidencial em Damasco e submetida a regras estritas. A conversa foi gravada com os meios disponibilizados pelo país sírio para evitar algum tipo de "manipulação" das respostas e a RTP foi obrigada a exibi-la, numa primeira transmissão, na íntegra. O jornalista ainda recebeu um pedido curioso: o governo sírio "fez questão" que Paulo Dentinho usasse gravata durante a conversa.

Paulo Dentinho está na Síria com o repórter de imagem Carlos Pinota.



www.dn.pt

15
Nov16

AS PROPOSTAS ALGUMAS (POUCAS) SÃO APROVADAS, TORNAM-SE LEIS, E DEPOIS NÃO SE CUMPREM ! - Famílias pobres à espera de receber dinheiro de manuais

António Garrochinho



Ministro Tiago Brandão Rodrigues esteve numa escola básica da Amadora, na abertura do ano letivo, a entregar livros 

Ministério da Educação reconhece demora nos reembolsos e garante que está a regularizar todos os pagamentos

A um mês do fim do primeiro período, há famílias carenciadas que foram obrigadas a adiantar a verba para comprar os manuais escolares e ainda não receberam qualquer quantia. Isto porque as escolas estão à espera dos pagamentos de Ação Social Escolar (ASE) por parte do Ministério da Educação, razão pela qual também há agrupamentos que ainda não pagaram às livrarias que, em alguns casos, cedem os manuais mediante a apresentação de um vale. De acordo com os diretores de agrupamentos ouvidos pelo DN, há escolas que podem ter desviado outras verbas para reembolsar as famílias, mas a maioria ainda está à espera das transferências. Ontem, o Ministério da Educação assegurou que "todos os pagamentos de ASE estão em processamento e ficarão concluídos nos próximos dois dias", isto é, até amanhã.

No ano em que o Governo anunciou manuais escolares gratuitos para todos os alunos do 1º ano do 1º ciclo, mantém-se o atraso no reembolso do valor das comparticipações dos manuais às famílias carenciadas. "Os pais que pagaram do próprio bolso e que beneficiam de Ação Social ainda não receberam", confirmou ao DN Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), acrescentando que "as escolas ainda não receberam do Ministério" as verbas destinadas à ação social. Para o representante, "o dinheiro deveria ser entregue quase automaticamente", até porque estão em causa famílias com dificuldades financeiras. "O que se pedia aos governantes é que fossem mais céleres na ação social. Para muitas famílias, este montante é muito importante", sublinha.

Este é um dos modelos que existe para as famílias mais pobres terem acesso aos manuais. Há escolas que se responsabilizam pelo pagamento posterior dos livros às livrarias e outras que entregam diretamente os manuais aos alunos, mas há casos em que os encarregados de educação pagam os livros, sendo depois reembolsados pelas escolas. Só que a maioria tem de receber primeiro as transferências da ASE, o que provoca atrasos no pagamento das comparticipações.

"Infelizmente, é uma situação recorrente", lamenta Manuel Pereira, presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE), acrescentando que "uma grande parte das escolas ainda não conseguiu dar resposta a estas situações". "Infelizmente, as escolas estão afogadas em encargos aos quais ainda não conseguem dar resposta por falta de liquidez", explica. Um problema "que é transversal ao País inteiro" e que espera que "até ao final de dezembro possa estar resolvido". A escola onde trabalha, prossegue, "não deve aos pais mas deve às livrarias".

Ao DN, Arshad Gafar, da papelaria Isabsa, em Lisboa, disse que continua "à espera" do pagamento dos manuais por parte das escolas. "Mas a demora já é normal", adiantou. A empresa "vai recebendo à medida que as escolas podem pagar" e até já recebeu uma parte, mas não a totalidade da dívida. "Sabe-se que é certo, mas não há data prevista para o pagamento. Para empresas que não tenham fundo de maneio, pode ser complicado", referiu. O proprietário de uma outra livraria de Lisboa confirmou que também ainda não recebeu qualquer verba das escolas. "Há pais que trazem uma requisição, levam os livros e depois é a escola que nos paga. A maioria das vezes só recebemos entre novembro e dezembro", afirmou.

O Ministério da Educação garante que irá concluir os pagamentos relativos à ação social escolar até amanhã. "Mesmo os casos que necessitaram de verificação financeira estarão resolvidos neste prazo", é assegurado em resposta ao DN por e-mail.

No ano de 2012/13, quase 438 mil alunos beneficiavam de ASE. Para além de pedir maior celeridade nas transferências, Filinto Lima considera que o apoio devia "abranger mais famílias" e ser maior. "No 7º ano, os livros custam perto de 300 euros e o que as famílias recebem quase não dá para pagar nem metade".

www.dn.pt


15
Nov16

Mais um que ao longo dos anos tem "engordado" fazendo política para os seus bolsos em pura demagogia mas nunca com medidas para quem tem direitos mas que são negados, o povo. Quem tem feito políticas na europa, no mundo para que a extrema direita e o

António Garrochinho



O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, alerta para as semelhanças "flagrantes" de hoje com "a atmosfera europeia" das décadas de 1920 e 1930, falando na "mesma pulsão extremista" e em risco de "hegemonia do populismo".

"As similitudes com a atmosfera europeia dos anos de 1920 e 1930 são flagrantes, com a mesma confusão de valores, a mesma incapacidade de valorizar as alternativas ao centro, o mesmo desprezo pela convivência pacífica, a mesma pulsão extremista, a mesma busca de um qualquer grupo que possa expiar todas as culpas", escreve o ministro num artigo de opinião publicado hoje no jornal Público.
"A verdade é que, hoje, ninguém pode descartar o pior cenário - que a Europa significaria o triunfo da retração nacionalista e a hegemonia do populismo", acrescenta.
Santos Silva diz que há um "padrão que ninguém deve ignorar" nos resultados das eleições e referendos desde 2014 (quando houve votação para o Parlamento europeu).
"O padrão existe e é muito perturbador. Os eleitorados demonstram um enorme mal-estar, que projetam sobre as instituições, os grupos e os compromissos que lhes parecem longínquos ou estranhos. (...) Os mecanismos de racionalização do debate público e escrutínio da informação caíram numa profunda crise, permitindo campanhas políticas vitoriosas fundadas no preconceito e na mentira", escreve.
Santos Silva defende uma "ação firme em favor dos valores, das instituições e da cultura democrática".
"Temos uma batalha muito difícil pela frente, que opõe outra vez a sociedade aberta aos seus inimigos e separa outra vez os que querem virar as nações umas contra as outras e os que entendem ser a cidadania e o mercado comum o único caminho para o desenvolvimento harmonioso da Europa. As armas ao nosso dispor, nessa batalha, são as ideias: os valores e os princípios que os consubstanciam", conclui.

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