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POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

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20
Nov16

Havia na CUF uma "aristocracia operária" dos filhos do Barreiro

António Garrochinho

Por LUÍS VILLALOBOS

Ana Nunes de Almeida fez da CUF e seus operários a base para a sua tese de doutoramento. E ficou impressionada como é que esta experiência gigantesca, até pelos padrões europeus, viveu tão discretamente no Portugal de Salazar.
Quais foram os principais impactos da implementação da CUF no Barreiro?
O Barreiro passou a ser a CUF. O impacto foi de tal maneira grande que a CUF invadiu a comunidade e a vida das pessoas que lá viviam. Houve claramente um Barreiro antes e depois da CUF. E como investigadora fez-me impressão verificar como é que aquela experiência gigantesca, até pelos padrões europeus, vive tão discretamente no Portugal de Salazar.
Alfredo da Silva também nesse aspecto jogou muito bem, porque a instalação das fábricas de adubos coincide com a Campanha do Trigo, com a ideia de semear o Alentejo de trigo, etc. E isso convinha a Salazar. Mas a partir daí começa a desenvolver-se a indústria têxtil, porque eram precisas sacas para o adubo, etc., e dá-se toda a expansão.
Mas a implementação no Barreiro é muito anterior ao Estado Novo. O que é que o fez escolher esta região?
Acho que ele teve uma visão estratégica. Tinha a fábrica em Alcântara, e precisava de espaço para se expandir. O Barreiro beneficiava, por um lado, da vinda de trabalhadores de todo o país por causa do caminho-de-ferro, e, por outro lado, o estuário do Tejo era uma fantástica via de comunicação para o exterior. E foi comprando antigas fábricas de cortiça e terrenos que ali estavam disponíveis.
De onde vieram os trabalhadores da CUF?
Eram pessoas vindas da Beira, Alentejo e Algarve. Mas não podemos esquecer os filhos do Barreiro. Há uma espécie de sedimentação de várias condições operárias.
Temos os filhos do Barreiro, que eram filhos de antigos corticeiros, pescadores, etc. Sobretudo no caso de filhos de antigos corticeiros, são eles que são chamados para as indústrias de ponta, principalmente a metalurgia. E vão dar origem à aristocracia operária. Porque os que surgem de fora vêm para os trabalhos mais desqualificados, em determinadas zonas de produção da química, tecelagem ou mesmo da metalurgia, ou vêm encher a enorme massa anónima que se colocava diariamente à frente do portão da CUF à espera de serem empregues por um dia. Eram chamados os "trabalhadores". Eu, enquanto investigadora, não podia usar a palavra "trabalhador" quando me referia aos operários...
Era quase um insulto?
Era. O trabalhador faz qualquer coisa, não tem uma obra. Um operário tem uma obra. O trabalhador é o indivíduo completamente desqualificado, que está descalço em frente ao portão. É quem entra e sai nos "balões" [os grandes despedimentos] e quem é escolhido pelo encarregado ao início da manhã.
Esse tipo de mão-de-obra é absorvido?
É. Não tive conhecimento de incidentes, até porque eles não vêm tirar o lugar aos operários, que estavam ligados à ideia de progresso industrial. Eles têm um orgulho extraordinário por terem trabalhado naquelas máquinas.
Até as desgraçadas das tecedeiras, que trabalhavam com dois e quatro teares ao mesmo tempo, têm orgulho em falar do seu trabalho operário. Havia de facto um fosso entre os operários e os trabalhadores. E estes últimos é que tinham uma vida de exploração total. Imagine o que era estar a fazer a safra dos adubos, a encher os sacos, a mexer nos químicos com as mãos e a entrar-lhes para os olhos, sem roupas adequadas, e com a angústia permanente de saber se ficavam ou não empregados.
A entrada de um operário na CUF era sempre uma entrada com referência. Porque é alguém do local, numa espécie de segunda etapa de condição operária, porque os pais já eram corticeiros.
Depois, na CUF, dava-se prioridade aos filhos dos operários. Não quer dizer que fossem para a mesma oficina ou que fossem iniciados pelos pais, mas tinham acesso a essa condição privilegiada porque o pai trabalhava lá. Havia uma divisão sexual muito grande do trabalho, com os têxteis a serem universos femininos e as metalúrgicas universos masculinos.
Havia uma gestão algo paternalista...
Alfredo da Silva dava ênfase ao recrutamento a filhos da pessoas da CUF -- o que aumentava os laços de dependência em relação à fábrica --, e diversas infra-estruturas de apoio, para enquadrar totalmente o quotidiano dos seus operários. Mas acho que esse enquadramento total nunca ocorreu, porque no Barreiro houve imensas sociedades recreativas completamente autónomas, e que eram frequentadas por operários da CUF, havendo assim locais alternativos de sociabilidade.
O que é que resta hoje da CUF no Barreiro?
A memória. Uma das coisas que me chocou imenso foi que, sendo aquela experiência industrial única, nunca se tivesse aproveitado alguns dos edifícios fabris para se fazer um museu da indústria em Portugal.
Também acho que se poderia fazer um arquivo de memórias operárias, como há em outros países. Porque a história de vida destas pessoas é extremamente rica, mas vai-se perder.
20
Nov16

A MENTIRA QUE REINA E QUE CONFUNDE.

António Garrochinho

ANDAM TODOS A FALAR NO COMBATE AO ESTADO ISLÂMICO ENQUANTO O APOIAM E PROMOVEM PARA DESTRUIR A SÍRIA.
OS MEDIA NAZIS SÃO OS PARCEIROS DO SIIONISMO ISRAELITA, DOS USA E DA POLÍTICA CAPITALISTA E IMPERIALISTA DO TIO SAM E DOS FANTOCHES EUROPEUS.
SÃO UMA PARTE FUNDAMENTAL NA DESINFORMAÇÃO FAZENDO CRER QUE TÊM SIDO OS ESTADOS UNIDOS QUE TÊM DERROTADO O ESTADO ISLÂMICO QUANDO O MUNDO SABE QUE FORAM PRECISAMENTE OS YANKEES OS NZIS/SIONISTAS E A ARÁBIA SAUDITA QUE O CRIARAM E QUE O APOIAM.
A TODO O CUSTO TENTAM ESCONDER E DENEGRIR O PAPEL DA RÚSSIA NOS AVANÇOS CONTRA OS ASSASSINOS E MERCENÁRIOS QUE JÁ FIZERAM MILHARES E MILHARES DE VÍTIMAS INOCENTES.

SE O MUNDO ABRIR OS OLHOS TERÁ QUE COLOCAR NO BANCO DOS RÉUS ESTA CANALHA QUE SE DIZ JORNALISTA E QUE TEM TIDO UM PESO CRIMINOSO E ENORME NAS POLÍTICAS QUE DESTRUÍRAM PAÍSES PRÓSPEROS E QUE NÃO REPRESENTAVAM AMEAÇAS PARA O MUNDO. FORAM ESTES POVOS AS VÍTIMAS DA DESTRUIÇÃO, SAQUE E CHACINA A MANDO DO FASCISMO INTERNACIONAL.

OS MEDIA SÃO ASSASSINOS TAL COMO AS BESTAS QUE NO TERRENO PRATICAM A BARBÁRIE .
PAGARÃO POR ISSO.

António Garrochinho
20
Nov16

Geringonça Maybach S650 Cabriolet

António Garrochinho



É a notícia da semana. Portugal foi o país que mais cresceu na Zona Euro no terceiro trimestre do ano! Pronto, está decido, vou dedicar-me ao Satanismo.
Foi a surpresa geral. O PIB cresceu 1,6% no terceiro trimestre, em termos homólogos e a economia cresceu 0,8% no terceiro trimestre em cadeia. Centeno marcou um golo à Ederzito. A poderosa Alemanha apresentou 0,2% de crescimento no trimestre em cadeia e 1,7% de crescimento homólogo. A "geringonça" venceu a corrida com um Mercedes. Estes alemães são uns calões. Já não bastava termos sido campeões europeus de futebol, agora somos o motor da Europa. 

Às 7h21 da manhã de terça-feira, os jornais anunciavam - a economia deverá ter crescido 0,3% no terceiro trimestre e 1,1% em termos homólogos, segundo a média de previsões de analistas. Às 9h32 saíam os números oficiais do INE - "PIB cresceu 1,6% em termos homólogos e a economia cresceu 0,8% no terceiro trimestre em cadeia", ou seja, fazendo fé na média das previsões dos analistas, em duas horas crescemos uma brutalidade!!! Passámos de 0,3% e 1,1% para 0,8% e 1,6% entre as sete e meia da manhã e as nove e meia. Só pode ter sido milagre. Ou então, isto só se justifica porque às sete da manhã estamos todos muito maldispostos e somos muito pessimistas.

É curioso ver que a Universidade Católica tinha previsto um crescimento económico de 0,2% em cadeia e de 1% em termos homólogos. Não adianta vir com a desculpa de que Jesus Cristo não sabia nada de finanças. De 0,2% para 0,8% vai uma margem de erro que queima a reputação de qualquer analista e pode trazer problemas com a GNR e o balão. Fica mal à Universidade Católica prever números tão distantes da realidade. É mau exemplo para os alunos. Com que autoridade vão poder chumbar um aluno que diz que os apóstolos eram três. Na verdade, ficamos com a sensação de que se fartaram de rezar para que os números fossem estes. Foi uma questão de fé. Os economistas da Católica não são Velhos do Restelo, são os avós dos Velhos do Restelo. Os trisavôs do Restelo. 
Não sendo analista, não prevejo que Teodora Cardoso vá aparecer com trancinhas, numa atitude positiva e um sorriso que anuncia - "Olha, de repente, estamos na média de crescimento da UE!" - não espero isso. Teodora Cardoso é daquelas pessoas que acha que a ida do homem à Lua é mentira. 

Perante estes números, juntamente com notícias sobre a luz verde de Bruxelas ao Orçamento do Estado para 2017, sem medidas adicionais, e a decisão de não suspender os fundos comunitários, e revendo a sua entrevista à SIC em Março, Passos Coelho irá cumprir a promessa de votar PS, BE ou PCP se a estratégia da "geringonça" funcionar. Ou seja, se a estratégia da "geringonça" continuar a funcionar, Passos vota em todos menos no Rui Rio.

www.jornaldenegocios.pt
20
Nov16

Não se pode ser de esquerda apenas em parte

António Garrochinho

Não se pode ser de esquerda apenas em parte

por Amato
Por mais do que uma vez, tenho escrito que não se pode ser de esquerda apenas em parte, que a esquerda não é algo que se possa materializar numa sociedade em porções, nem que seja capaz de cobrir por camadas as injustiças, uma por uma. Quem interpreta a esquerda deste modo, o que está a fazer, com efeito, é a criar novas injustiças, substituindo, quanto muito, as existentes. Quando o paradigma liberal, capitalista, permanece intacto e acorremos a cada injustiça com uma panaceia que nos parece apropriada, apenas semeamos novas injustiças que as gerações seguintes tratarão de colher.

Veja-se, a título de exemplo, o caso das pensões mais baixas que, ao que parece, verão um aumento concreto ao longo do próximo ano, por ação da esquerda parlamentar. É evidente que as pensões mais baixas são objetivamente insuficientes para uma sobrevivência minimamente decente seja para quem for. É evidente. Por ser evidente, deixemos a evidência de lado. Importa refletir sobre a razão pela qual tais pensões são as mais baixas e a razão é óbvia: são pensões atribuídas a quem durante a vida toda pouco ou nada descontou para o sistema. Ora, quando pensamos no assunto deste modo, a evidência anterior, não perdendo por completo a sua natureza, começa a abandonar alguma da sua robustez.

Não é muito justo que o Estado acorra em auxílio de quem viveu uma vida inteira à margem do sistema. Estou a generalizar, claro. É certo que, muitas vezes, não se trata de uma opção voluntária. Outras tantas vezes, todavia, é.

É aqui que se separa o trigo do joio. É aqui que se vê o que é esquerda do que é mera alquimia política.

Se entendemos que o estado deve ser assistencialista e deve acudir a todos os casos e garantir um mínimo de rendimento a todos, pois então o sistema de redistribuição da riqueza deve ser equitativo, justo, ponderado, e globalmente transversal. Devem ser claras as transferências de verbas das classes economicamente superiores para os estratos mais baixos.

Se assim não for, isto é, se formalmente a sociedade permanecer esboçada segundo a arte liberal, se se continuar a permitir a concentração de riqueza, o estabelecimento de monopólios económicos e se se continuar a proteger a burguesia, a classe dominante, então quem acaba por pagar todos estes aumentos são sempre os mesmos explorados do costume, aqueles que trabalham de dia e de noite, aos sábados e feriados, só porque foi essa a educação que lhe deram e porque veem no trabalho uma especial virtude. Porque não conseguiriam viver de uma outra forma, de mão estendida, por muito explorados que sejam.

Com a intenção de desfazer injustiças, a esquerda agudiza injustiças já existentes ou cria outras totalmente novas. Isto não é esquerda, é outro tipo de exploração dos trabalhadores.

Porque não existe esquerda aos bocados.

Porque não se pode ser de esquerda apenas em parte.

portodeamato.blogs.sapo.pt
20
Nov16

20 de Novembro de 1945: Início dos Julgamentos de Nuremberga

António Garrochinho


Poucos meses após o fim da Segunda Guerra Mundial e o suicídio de Adolf Hitler, alguns dos seus principais colaboradores sentaram-se no banco dos réus, a 20 de Novembro de 1945, para serem julgados por crimes de guerra.

Nuremberga, Novembro de 1945. A cidade na qual Hitler e seus cúmplices eram celebrados anualmente nas convenções do partido nazi está destruída, como a maioria dos centros urbanos alemães. O edifício da Justiça na rua Fürther Strasse, no entanto, mal fora danificado. Ali, na sala 600 do Tribunal do Júri, reuniu-se de 20 de Novembro de 1945 a  1 de Outubro de 1946 o Tribunal Militar Internacional.

Já durante a guerra os Aliados haviam decidido levar a elite nazi ao banco dos réus quando o conflito terminasse. Desde Outubro de 1942, a Comissão de Crimes de Guerra das Nações Unidas juntava provas e documentos e elaborava uma lista de crimes.

"Quando eu comecei, no ano de 1942, a trabalhar neste assunto nos Estados Unidos, os meus colegas americanos perguntavam-me: 'Então, é tudo verdade? Podemos provar isto?' E eu respondia que podíamos comprovar 100%. Em Nuremberga, pude ver mais tarde que as coisas não eram 100%, mas 105%. Eles mesmos deixaram por escrito, a começar por Hermann Göring", recorda Robert Kempner, um jurista, que actuou na acusação em Nuremberga.

Lista de acusados

Em 20 de Novembro de 1945, a audiência contra os principais criminosos de guerra foi aberta. A lista de acusados era um "quem é quem" do regime de Hitler: Hermann Wilhelm Göring, Rudolf Hess, Joachim von Ribbentrop, Robert Ley, Wilhelm Keitel, Ernst Kaltenbrunner...

Vinte e dois acusados proeminentes, entre eles três do estreito grupo de líderes em torno de Hitler: Martin Bormann, desaparecido desde o fim da guerra, Hermann Göring e Rudolf Hess, assim como os militares Keitel, Jodl, Raeder e Dönitz, e os ministros Ribbentrop, Frick, Funk e Schacht. A relação prosseguia: Alfred Rosenberg, que comandava a região leste ocupada, Hans Frank, governador-geral da Polónia, Arthur Seyss-Inquardt, comissário do Reich para a Holanda ocupada, Fritz Sauckel, que distribuía os escravos do regime  nazi, e Albert Speer, que como ex-ministro da Munição e das Armas recrutou vários trabalhadores forçados para as indústrias alemãs do sector.

Abertura

"O presidente do Tribunal abre a secção. Então, passa a palavra ao principal promotor americano. A sua voz soa como se estivesse distante. Os intérpretes murmuram atrás da divisória envidraçada. Todos os olhos estão voltados para os acusados... Agora estão sentados, no banco dos réus, a guerra, o pogrom, o rapto de pessoas, o assassinato em massa e a tortura. Gigantescos e invisíveis, eles estão sentados ao lado das pessoas acusadas", descreveu o escritor Erich Kästner nas  suas impressões. Ele foi um dos poucos alemães admitidos como observadores no julgamento.

A acusações são resumidas em quatro pontos:

Conspiração contra a paz mundial;

Planeamento, início e condução de guerra;

Crimes e violações ao direito de guerra;

Crimes contra a humanidade.

Encerrada a leitura do libelo acusatório, os réus foram questionados se consideravam-se "culpados" ou "inocentes". Hermann Göring tentou dar uma longa declaração, mas foi interrompido pelo juiz.

Göring: "Antes que eu responda à pergunta do tribunal se eu me considero culpado ou inocente..."

Juiz: " Deve declarar-se culpado ou inocente..."

Göring: "No espírito da acusação, eu considero -me inocente".

Os demais acusados também alegaram inocência, dentro do "espírito da acusação". Todos declararam ter apenas obedecido a ordens, não ter conhecimento dos crimes e empurraram toda a responsabilidade para o ditador morto. Nenhum defendeu a ideologia em nome da qual milhões foram atacados, escravizados e assassinados.

Fontes: DW
wikipedia (Imagens)
Ficheiro:Nuremberg-1-.jpg
Julgamento de Nuremberga. À frente, de cima para baixo: Hermann Göring, Rudolf Hess, Joachim von Ribbentrop, Wilhelm Keitel. Atrás, de cima para baixo: Karl Dönitz, Erich Raeder, Baldur von Schirach, Fritz Sauckel.
Ficheiro:Defendants in the dock at nuremberg trials.jpgVista do banco dos réus no tribunal de Nuremberga.
20
Nov16

20 de Novembro de 1910: Morre o escritor russo Leon Tolstoi, autor de "Anna Karenina" e "Guerra e Paz"

António Garrochinho

O conde Lev Nikolaievitch Tolstoi nasceu a 09 de setembro de 1828, em Isnaia Poliana, na Rússia central. Os seu pais pertenciam a famílias distintas da nobreza russa. Órfão bastante cedo, é colocado com os seus irmãos sob a tutela de familiares. Sentindo necessidade de uma vida regrada, segue a carreira militar, o que não o impede de publicar várias narrativas autobiográficas. Infância, o seu primeiro trabalho, aparece na revista O Contemporâneo,em 1852. Seguem-se Adolescência (1854) e Juventude (1855). Entre 1852 e 1856 publica igualmente narrativas sobre as suas experiências militares. Estas novelas trazem-lhe a celebridade. Defende os valores da autenticidade, do natural, presentes na vida dos camponeses, em oposição aos valores artificiais das classes privilegiadas. Posiciona-se como um liberal moderado, o que não o impede de se colocar a favor da abolição da servidão dos camponeses e desenvolve mesmo métodos pedagógicos de educação popular. Em 1862 casa-se com Sofia Andreevna Bers e instala-se na sua propriedade em Isnaia Poliana. Termina Os Cossacos em 1863 e nesse mesmo ano inicia o projeto de Guerra e Paz (1863-69). Para o autor, não são os grandes nomes que fazem a História e que comandam os acontecimentos; é ao povo, enquanto guardião da verdade e fiel aos seus instintos,que compete representar o papel principal no desenrolar dos factos históricos. O romance Ana Karenine (1873-77)relata o amor trágico de uma mulher sob fundo de emancipação feminina e de mudanças sociais profundas. Nos anos seguintes, uma grave crise moral e psicológica, relatada no ensaio Confissão (1879), leva-o a encetar umabusca da essência da mensagem espiritual, resumida nos princípios cristãos de amor a Deus e ao próximo. A rutura com a Igreja será irreversível em 1901, com a sua excomunhão, o que não deixa de o tornar popular entre a juventude intelectual. Entretanto, nos últimos romances, a condição humana é analisada através de uma lucidez sombria; o ser humano só pode resgatar-se pela conversão espiritual. A Morte de Ivan Ilitch (1886), A Sonata a Kreutzer (1890), Ressurreição (1889-99) e Hadji Mourat (1890-1904) fazem parte deste período. Escreve igualmente ensaios em que condena as sociedades modernas baseadas na procura do supérfluo e evidencia uma exigência moral que resultará num conflito interior extremo. É alvo de todas as atenções quando apenas procura a simplicidade e a renúncia. A sua autoridade, a celebridade que conquistou, tornam-se um obstáculo à sua questa espiritual. Em fuga, acaba por encontrar a morte a 20 de novembro de 1910, na estação de caminhos de ferro de Astapovo.


Leão Tolstoi. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2012.

Fonte Fotografia: Wikipédia



Tolstoi com 20 anos


Única fotografia a cores de Tolstoi, em Yasnaya Polyana (1908).


VÍDEO




20
Nov16

HOJE VAMOS CONHECER UM INSECTO INTERESSANTE - UMBONIA SPINOSA

António Garrochinho


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A espécie Umbonia spinosa , vulgarmente conhecido como bug espinho, perfeitamente imita a coluna de algumas plantas para camuflar-se e sobreviver. é uma espécie de Membracidae (também conhecido como membracídeos ).Spinosa Umbonia pode ser encontrado no México, Guatemala, Honduras, El Salvador, Costa Rica, Panamá, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname, Peru e Brasil.Alimenta-se da seiva das plantas, geralmente a família Fabaceae .
As fêmeas colocam seus ovos no interior dos novos ramos das árvores e permanecer com eles até que choquem. Mais tarde também proteger as ninfas.É considerada uma espécie prejudicial em frutas e plantas ornamentais.Este hemíptero tem um tamanho de entre 12 e 16 milímetros. Sua cor varia do amarelo ao verde com um pronotum com seis linhas vermelhas.Um exemplo perfeito de mimetismo . Neste caso, imitando a parte menos atraente para os herbívoros história: suas espinhas.
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vivimetaliun.wordpress.com
20
Nov16

BAGÃO, O QUE ANDA AO SABOR DA MARÉ ! - Mais vale tarde que nunca: Bagão Félix sobre Mário Centeno, Passos Coelho, Fernando Medina e António Costa

António Garrochinho

 estrelaserrano@gmail.com

bagao-felix-dnBagão Félix ,hoje, ao Diário de Notícias: (Dinheiro Vivo)
“(…) Acho que o ministro das Finanças é uma pessoa muito preparada tecnicamente e parece uma pessoa muito séria e decente. Mas isto na CGD prejudicou-o profundamente. Às vezes parece-me uma pessoa excessivamente ingénua e pouco política. (…)”
“(…) Acho que este governo, não gosto de chamar gerigonça, em alguns pontos tem mostrado que há ou que parece haver uma aparência de alternativa. De fato António Costa tem sido muito hábil. (…)”
“(…) Passos Coelho tem um problema. Ele personifica e encarna a política brutal de austeridade, do brutal aumento de impostos. Concorde-se ou não, seja justo ou não, ele transporta objetivamente esse fardo. (…)”
“(…) Durão Barroso não deveria ter aceitado o cargo no Goldman Sachs (…)”
“(…) em relação à câmara de Lisboa, tenho a dizer que gosto do atual presidente Fernando Medina. É um jovem, competente, parece uma pessoa muito bem intencionada, e está a fazer. Esta coisa das obras, por exemplo. Se ele não estivesse a fazer obra era criticado por não estar a fazer. Lisboa precisava delas. Acho que é um jovem com valor, culturalmente muito positivo, muito dialogante e com experiência governativa. Acho que a câmara está bem entregue. (…)”

 vaievem.wordpress.com
20
Nov16

MARCELO E AS TÁGIDES – Natália Correia

António Garrochinho





MARCELO E AS TÁGIDES


Marcelo, em cupidez municipal
de coroar-se com louros alfacinhas,
atira-se valoroso – ó bacanal! –
ao leito húmido das Tágides daninhas.
Para conquistar as Musas de Camões
lança a este, Marcelo, um desafio:
Jogou-se ao verso o épico? Ilusões!…
Bate-o Marcelo que se joga ao rio.
E em eleitorais estrofes destemidas,
do autárquico sonho, o nadador
diz que curara as ninfas poluídas
com o milagre do seu corpo em flor.
Outros prodígios – dizem – congemina:
ir aos bairros da lata e ali, sem medo,
dormir para os limpar da vil vérmina
e triunfal ficar cheio de pulguedo.
Por fim, rumo ao céu, novo Gusmão
de asa delta a fazer de passarola,
sobrevoa Lisboa o passarão
e perde a pena que é de galinhola.
 
in INÉDITOS 1979/91

Via: voar fora da asa http://bit.ly/2eS4cly
20
Nov16

Trump, Presidente Apesar do Clube Bilderberg

António Garrochinho

Na última reunião do Clube Bilderberg em Dresden, Alemanha, celebrada em meados de junho passado, havia dois temas urgentes sobre a mesa: parar o Brexit e impedir o triunfo de Donald Trump e fracassaram em ambos miseravelmente.

Um dos primeiros a avisar do descontentamento do seleto clube, o denominado "governo mundial das sombras", em relação à candidatura do magnata à Casa Branca, foi o repórter do site Infowars, Paul Joseph, segundo reconheceu o jornal The Huffington Post.

Tornou-se notícia o apoio à senadora anti-Trump, Lindsey Graham, um sinal óbvio que o Bilderberg estava planejando evitar que Trump derrotasse Hillary Clinton, a candidata eleita pelo seleto clube.

O motivo

O Bilderberg estava seguro de que Clinton poderia livrar-se de seus adversários republicanos, mas a campanha autofinanciada de Trump e sua opinião pública sobre certos acordos comerciais internacionais como o Tratado de Livre Comércio da América do Norte (TLCAN, NAFTA), ou o Acordo Transpacífico de Cooperação Econômica (TPP), surpreendeu e deixou nervosos os elitistas Bilderberg. Isso sem falar de suas palavras sobre as mudanças da OTAN.

Entre os temas sobre a mesa dessa reunião também estavam a Rússia, as palavras conciliadoras de Trump a respeito de Moscou e sua liderança que alarmaram e logo foram usadas na campanha de medo, com altas doses de russofobia.


Por isso não é de se estranhar que toda a maquinaria foi posta em marcha: a maioria da imprensa mundial e em especial os meios de comunicação mainstream, atacaram o magnata, criando o pânico entre os eleitores e publicando uma cascata de denúncias de supostos casos de abuso sexual e um vídeo de uma conversação informal com comentários obscenos contra as mulheres. Alardearam cada vez que ele lançava impropérios contra os mexicanos ou muçulmanos. Os grandes editores estavam tão satisfeitos e convencidos de seu sucesso que até a revista Newsweek mandou imprimir sua edição com a capa da vitória de Hillary Clinton, e que tiveram que mandar retirar com caráter de urgência. Abaixo um twiite que denunciou a polêmica publicação e, por favor, repare na data.



Uma das pessoas que melhor pode definir em poucas linhas o que era que estava acontecendo foi o economista espanhol e assessor da campanha de Trump, Roberto Centeno, quem em outubro publicou em seu blog:

"O que é mais relevante para decidir quem deve ser o presidente da nação mais poderosa da Terra? Um discurso machista, profano e vulgar pronunciado diante de um grupo de amigos há 11 anos ou os e-mails - revelados pelo WikiLeaks - nos quais Hillary disse uma coisa em público e a contraria em privado, como os dirigidos às elites de Wall Street, de quem recebeu mais de 30 milhões de dólares por conferências nos últimos três anos, as quais garantiu defender seus interesses "acima das pessoas de fora" - o povo americano - ou a desastrosa Primavera Árabe que mergulhou a Líbia, a Síria e o Iraque em caos absoluto, criado o ISIS (Estado Islâmico) e apoiado a Al Nusra, o grupo terrorista da Al-Qaeda? Para o New York Times, o Washington Post, CNN, CNBC e todos os meios a serviço das elites que ostentam o podem, o mais importante é o primeiro. O resto, eles escondem".

Outra lição

Trump triunfou sobre o Clube Bilderberg e os grandes meios do Ocidente por um motivo básico: "Por falta de objetividade", como bem diagnosticou em sua página do Facebook a porta-voz do Ministério de Assuntos Exteriores da Rússia, María Zajárova.

Uma nova era começa, mas Edward Snowden marca sua trilha: "Não podemos esperar um Obama e não devemos temer um Donald Trump, temos que construir tudo nós mesmos", e não deixar que os governos controlem seu próprio poder.

Snowden disse da Rússia, através de uma conferência celebrada nos Países Baixos, que a única resposta válida ante os resultados das eleições dos EUA, é encarar os problemas da privacidade, unindo-se a causas favoráveis a isto, ajudando em movimentos, e fazendo algo para evitar o controle do governo nesta área.

Sempre acreditei no valor das palavras, fazer um bom uso delas é a alavanca necessária para mover o mundo.

 http://www.anovaordemmundial.com
20
Nov16

Não andará tudo ligado?*

António Garrochinho




Um acontecimento recente preencheu páginas de jornais e horas de transmissões televisivas. Mas a nenhum jornalista de serviço ocorreu colocar um elemento de contexto: a desertificação humana das zonas em causa. Pode não ser notícia, mas é um dos mais nítidos traços da devastação causada por quatro décadas de política de direita.



Um homem anda durante 28 dias em fuga e pode conjecturar-se se assim não continuaria se não se tivesse entregado. Tranquilize-se entretanto quem esteja a ler, porque não se trata aqui de opinar sobre uma matéria à qual um órgão da estatura do Correio da Manhã tem dedicado tanto esforço informativo.

A questão suscitada é outra: é olhar para a demografia da área geográfica desta fuga. Uma das razões possíveis por ser tão difícil encontrá-lo é porque havia muito pouca gente que o pudesse ver. Terá andado por Arouca (67,9 hab/km2), por S. Pedro do Sul (10,3 hab/km2), por Aguiar da Beira (26,4 hab/km2), por Sátão (61,6 hab/km2). E se, eventualmente, se terá arriscado a lugares mais densamente habitados (como os modestos 136,4 hab/km2 de Vila Real, 230,4 hab/km2 de Amares, 264,7 hab/km2 de Marco de Canaveses), rapidamente regressou aos quase desertificados concelhos de onde partiu.


É este o panorama demográfico de uma enorme mancha de um Portugal nem sequer muito interior. A desertificação humana de boa parte dos concelhos do País é um dos traços mais evidentes das extremas desigualdades que caracterizam o Portugal de hoje. E é um dos mais veementes libelos acusatórios contra as políticas há quatro décadas levadas a cabo por sucessivos governos.
Nestes lugares onde não existe ninguém para ver um homem que foge não há também ninguém, por exemplo, para detectar um incêndio que deflagra. Só este ano 1075 hectares ardidos em Viseu, 1077 em Vila Real. Com uma particularidade significativa: neste tipo de distritos a área de mato ardida é sempre superior à área ardida de povoamentos florestais. Bem pode o actual Governo pretender substituir a gente que falta pela vídeo vigilância na detecção de fogos: o problema não é só saber onde arde, é arder em zonas totalmente ao abandono e inacessíveis.
E outro dado: Portugal é o país da UE com a mais elevada percentagem de população em risco de pobreza nas áreas de mais baixa densidade populacional, 23,4 por cento segundo o Eurostat (dados de 2009, o que significa que a situação actual será ainda pior). O dobro da percentagem em áreas densamente povoadas, 11,9 por cento.

Ao contrário do homem em fuga, os responsáveis por esta situação não estão a contas com a Justiça.


*Este artigo foi publicado no “Avante!” nº 2242, 17.11.2012

abrildenovomagazine.wordpress.com

20
Nov16

As portas giratórias do grande capital

António Garrochinho

















As portas giratórias do grande capital
por Miguel Viegas

"Mas como já estamos habituados, os órgãos de comunicação social ao serviço do capital e as instituições políticas da UE, com especial destaque para o Parlamento Europeu, optam, de forma não inocente, por pegar nestes assuntos de forma totalmente superficial, privilegiando o tratamento personalizado, o caso isolado desta ou daquela personalidade política, como se estivéssemos em presença de um caso de excepção, ou de uma situação de abuso, passível de ser resolvida com uma pequena melhoria do acervo regulatório.

Não pretendemos aqui minorar o caso concreto do ex-presidente da Comissão Europeia. O que nos parece relevante é colocá-lo no quadro mais amplo da completa permeabilidade existente entre a Comissão Europeia e o grande capital, de que Durão Barroso é naturalmente um exemplo paradigmático. E já agora, é bom referir que, para além da Goldman Sachs, Durão Barroso passou igualmente a fazer parte do conselho diretivo do Grupo Bilderberg e foi nomeado presidente do comité de honra do European Business Summit, duas organizações onde estão representados os lóbis mais poderosos do grande capital europeu e norte-americano. Curiosamente (ou talvez não) esta informação não passou na comunicação social."


Na sequência da passagem de Durão Barroso da Comissão Europeia para a Goldman Sachs, a expressão «portas giratórias» (do inglês «revolving doors») passou a fazer parte do quotidiano jornalístico. A expressão aplica-se ao fluxo habitual de dirigentes políticos ou altos funcionários das instituições europeias para as grandes empresas multinacionais e vice-versa e indicia uma relação promíscua entre o poder político e os interesses privados.

Mas como já estamos habituados, os órgãos de comunicação social ao serviço do capital e as instituições políticas da UE, com especial destaque para o Parlamento Europeu, optam, de forma não inocente, por pegar nestes assuntos de forma totalmente superficial, privilegiando o tratamento personalizado, o caso isolado desta ou daquela personalidade política, como se estivéssemos em presença de um caso de excepção, ou de uma situação de abuso, passível de ser resolvida com uma pequena melhoria do acervo regulatório.

Não pretendemos aqui minorar o caso concreto do ex-presidente da Comissão Europeia. O que nos parece relevante é colocá-lo no quadro mais amplo da completa permeabilidade existente entre a Comissão Europeia e o grande capital, de que Durão Barroso é naturalmente um exemplo paradigmático. E já agora, é bom referir que, para além da Goldman Sachs, Durão Barroso passou igualmente a fazer parte do conselho diretivo do Grupo Bilderberg e foi nomeado presidente do comité de honra do European Business Summit, duas organizações onde estão representados os lóbis mais poderosos do grande capital europeu e norte-americano. Curiosamente (ou talvez não) esta informação não passou na comunicação social.

A Comissão Europeia representa um órgão central da União Europeia. Os comissários são percepcionados pelos cidadãos como dirigentes de topo na hierarquia europeia. São remunerados como tal, com um salário mensal superior a 20 mil euros (25 mil para o presidente) e beneficiam de chorudas indemnizações em final de mandato. Pelas funções que desempenham, seria de esperar uma total isenção política, e uma dedicação orientada exclusivamente pelo bem comum e pela melhoria das condições de vida dos cidadãos dos estados membro da UE e não apenas de alguns. Acompanhar o percurso dos ex-comissários ajuda-nos a aferir se assim é, tentando perceber a quem serve esta União Europeia.

Assim, na primeira comissão Barroso (2004-2010), cinco dos 13 comissários passaram a integrar directamente as fileiras do grande capital. Antigos comissários responsáveis por pastas econômicas e financeiras estão hoje nos conselhos de administração de vários impérios financeiros como a seguradora alemã Munich RE, o banco BNP Paribas ou ainda a seguradora belga Credimo 1. Apenas dois exemplos concretos e sugestivos: Charlis McCreevy, irlandês, antigo membro da Comissão Barroso I (2004-2010), responsável pela pasta do mercado interno e dos serviços, dirige hoje o departamento de produtos derivados da sociedade mundial de investimentos BNY Mellom. É membro do conselho de administração da Ryanair e da Sentenial, empresa especializada em serviços de pagamentos. Günter Verheugen, antigo comissário alemão (2004-2010) com a pasta das empresas e da indústria criou a sua própria empresa de consultadoria com a sua antiga chefe de gabinete (European Experience Company). Integra os quadros da FleishmanHillard, outro gigante do ramo da consultadoria, e ainda faz um perninha no Royal Bank of Scotland chefiando o departamento das actividades na Europa, Médio Oriente e África.

Um fenómeno estrutural

Analisando agora a segunda Comissão Barroso (2010-2014), nove dos 26 comissários (mais de um terço) desempenham hoje cargos em grandes empresas ou organizações representativas dos seus interesses. A lista é longa e envolve grandes empresas tal como a Agfa-Gevaert, o Bank of America Merrill Lynch, a Proximus (ex-Belgacom) a Enel ou a Syngenta. Vemos igualmente muitos destes ex-comissários a participar como membros permanentes em fóruns internacionais destinados a defender os interesses do grande capital como a «Friends of Europe» ou a «Central European Strategy Council».

Estamos portanto em presença de um fenômeno que é estrutural e que se estende muito para lá da Comissão Europeia. Em toda a hierarquia de altos funcionários, temos um vaivém constante de quadros que, ora são colocados nas instituições para servirem de submarinos ao serviço do grande capital, ora transitam dessas instituições directamente para os conselhos de administração das grandes empresas onde colocam ao seu serviço toda a informação acumulada ao longo do seu mandato em Bruxelas. Note-se que até hoje nunca nenhum pedido de autorização feito ao abrigo do código de conduta da Comissão Europeia foi objecto de indeferimento. Numa altura em que muitos advogam uma revisão do regime de incompatibilidades e conflitos de interesses, o PCP reafirma que esta UE não é reformável porque representa de facto um instrumento de classe ao serviço do capital. A outra Europa que defendemos há-de ser construída sobre os seus escombros. 


1 Dados retirados das organizações Corporate Europe Observatory e LobbyControl



Fonte: Avante



Mafarrico Vermelho

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