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POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

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22
Nov16

HOMENS CRUÉIS NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

António Garrochinho


Durante os anos de 1939 a 1945, período em que se passou a Segunda Grande Guerra, cerca de 60 milhões de vidas humanas foram ceifadas. Sempre que falamos sobre o tema, os primeiros nomes que surgem na cabeça de muitos são o de Adolf Hitler, Joseph Stalin, Benito Mussolini e mais algumas figuras de destaque.
No entanto, é impossível imaginar que esses homens sozinhos tenham causado tantas mortes. Aqui você confere uma relação de nomes menores nas páginas da história do conflito, mas que nem por isso foram menos perversos na hora de cometer verdadeiros massacres sob as ordens de seus líderes.

Odilo Globocnik, líder austríaco da SS

Odilo Globocnik foi general da SS (SchutzStaffel - Tropa de Proteção, em alemão) na Áustria e teve papel importante na Operação Reinhard, o plano para exterminar os judeus europeus da Polônia ocupada pelo Governo Geral do partido nazista.
Durante seu mandato, mais de 1,5 milhão de judeus foram mortos nos campos de concentração de Treblinka, Sobibor, Belzec e Majdanek – instalações que ele mesmo ajudou a organizar e supervisionar. Historiadores acreditam que ele se inspirou nos programas nazistas de eutanásia quando teve a ideia de usar câmaras de gás.
Corrupto e completamente sem escrúpulos, ele explorou judeus e não judeus como mão de obra escrava em seus campos de trabalhos forçados. Mais tarde na guerra, ele foi transferido para a Itália ocupada pelos alemães, na Zona Operacional do Litoral Adriático (OZAK, na sigla em alemão).
Lá, converteu um antigo moinho de arroz em um centro de detenção equipado com um crematório. Milhares de judeus, prisioneiros políticos e guerrilheiros foram interrogados, torturados e assassinados. Globocnik foi capturado pelos aliados em 31 de maio de 1945, mas cometeu suicídio no mesmo dia, ao ingerir uma pílula de cianeto.

 General Mario Roatta, a “Besta Negra” da Itália

Apelidado de “Besta Negra” por seus próprios homens, o general italiano fascista Mario Roatta mandou matar milhares de cidadãos iugoslavos e enviou outros milhares para a morte em campos de concentração. Historiadores afirmam que a taxa anual de mortes no campo de concentração de Rab, na Croácia, era maior que o nível médio de mortalidade em Buchenwald.
Em 1942, Roatta implementou uma política de “terra arrasada” nos territórios da Iugoslávia em um esforço para limpar etnicamente a região. Ele ordenou a seus homens que matassem famílias inteiras, seja por meio de agressão física ou do uso de armas de fogo.
Como muitos criminosos de guerra italianos, a Besta Negra nunca foi a julgamento após a guerra, e viveu em Roma até 1968, quando faleceu.

Dr. Josef Mengele, “O Anjo da Morte”

Josef Mengele não foi o único médico nazista a cometer atrocidades, mas certamente é o mais famoso deles, por sua frieza, comportamento isolado, crueldade nos procedimentos que realizava, e principalmente por nunca ter sido capturado.
Como adepto fervoroso da pseudociência nazista, usou sua posição em Auschwitz para desenvolver suas pesquisas em experiências com cobaias humanas – muitas vezes com completo desprezo pelo bem-estar de seus pacientes e em completa violação aos princípios científicos.
Ele acreditava piamente na teoria da superioridade racial alemã. Para prová-la, se engajou em diversos experimentos que buscavam comprovar a falta de resistência dos judeus e ciganos a diversas doenças, que ele mesmo introduzia no organismo de seus pacientes, assim como extraía e colecionava amostras de tecido e de partes do corpo de suas vítimas para estudos posteriores.
Muitos dos seus “objetos de estudo” morriam durante os procedimentos desumanos que o nazista realizava ou eram assassinados para facilitar os exames que seriam feitos após a morte deles.
Depois da guerra, Mengele fugiu para a América do Sul, passando por Argentina e Paraguai até se estabelecer no Brasil, onde morreu afogado na praia de Bertioga, no litoral paulista, em 1979.

Generais Iwane Matsui e Hisao Tani, os “Açougueiros de Nanquim”

Algumas fontes históricas consideram que a Segunda Guerra Mundial começou oficialmente em 1937, com a invasão da China pelo Exército Imperial Japonês. Mais tarde naquele ano, depois de as tropas japonesas lançarem um ataque massivo à cidade de Nanquim, soldados chineses recuaram para o outro lado do rio Yangtze.
Durante as seis semanas seguintes, tropas japonesas cometeram o que hoje é conhecido como o Estupro de Nanquim – episódio particularmente terrível da guerra em que um número entre 200 mil e 300 mil soldados e civis chineses foram mortos e mais de 20 mil mulheres foram estupradas.
Depois da guerra, o general Iwane Matsui foi julgado e considerado culpado por “deliberada e imprudentemente” ter se evadido de seu dever legal de “tomar medidas adequadas para assegurar a observância e prevenir qualquer brecha do cumprimento da Convenção de Haia (tratado internacional sobre leis e crimes de guerra)”.
Da mesma forma, o general Hisao Tani foi considerado culpado pelo Tribunal dos Crimes de Guerra de Nanquim, sendo sentenciado à morte. Outros líderes do exército japonês que participaram da ação morreram antes do fim da guerra.

 Marechal do ar Arthur Harris e General Curtis LeMay

Uma das vantagens de se ganhar uma guerra é o benefício de não ter que prestar contas por todas as coisas hediondas necessárias para que isso acontecesse. É o caso do marechal do ar britânico Sir Arthur "Bombardeiro" Harris e do general da Força Aérea americana Curtis LeMay, ambos responsáveis por campanhas de bombardeio a territórios civis que resultaram em milhares de mortes na Alemanha e no Japão, com resultados bastante questionáveis.
Durante a Segunda Guerra Mundial, Harris dirigiu o Comando Aliado de Bombardeio. Convencido de que o conflito por ar poderia ser decisivo, ele certa vez declarou: “Os nazistas entraram na guerra sob a ilusão infantil de que eles iriam bombardear todo mundo, e ninguém os bombardearia. Em Roterdã, Londres, Varsóvia e meia centena de outros lugares eles puseram sua ingênua teoria em operação. Eles semearam vento, e agora vão colher o turbilhão”.
Seu tom era indubitavelmente de vingança. Ele acreditava que bombardeios em massa sobre civis faria com que a população alemã se voltasse contra Hitler. Seu “turbilhão” daria fim à guerra em meses e, com esse objetivo, organizou diversos ataques, incluindo os feitos às cidades de Colônia, Hamburgo e Berlim, e o mais controverso deles, que atingiu Dresden quando a guerra já estava praticamente vencida pelos aliados.
Em suas memórias, o marechal do ar nunca fraquejou em suas convicções: “Levando-se em consideração tudo o que aconteceu... o bombardeio se provou um método relativamente humano”.
Sobre o Pacífico, o general Curtis LeMay perpetrava sua própria campanha brutal contra alvos civis. Seis meses antes da rendição do Japão, os ataques de bombardeiros ordenados por LeMay resultaram em estimadas 500 mil mortes e o deslocamento de 5 milhões de habitantes.
O mais infame desses bombardeios aconteceu entre 9 e 10 de março de 1945, quando investidas sobre a cidade de Tóquio mataram aproximadamente 100 mil civis, o que é hoje considerado o mais brutal ataque único a civis da história da Segunda Guerra.
No entanto, diferente de Harris, o general americano estava plenamente ciente de sua própria brutalidade, declarando depois que o conflito acabou: “Matar japoneses não me incomodava muito na época... Eu suponho que se tivéssemos perdido, eu seria julgado como um criminoso de guerra”.

 Oskar Dirlewanger, Comandante especial da SS

Mesmo se considerarmos toda a brutalidade do regime nazista, o comandante especial da SS, Oskar Dirlewanger, ainda é considerado uma das pessoas mais depravadas a vestir um uniforme alemão durante a guerra. Ele era alcoólatra, viciado em drogas, pedófilo e tinha forte tendência à violência, e sua unidade era considerada a mais sanguinária de todas dentro da SS.
Em 1940, Heinrich Himmler colocou Dirlewanger como responsável por uma Brigada de Caça formada inteiramente de criminosos condenados, todos eles ex-caçadores. Quando ficaram arregimentados na Bielorússia, Dirlewanger e seus homens enfrentaram guerrilheiros na região, mas também mataram civis que moravam em vilas que estavam “no lugar errado, na hora errada”.
Seu método de execução em massa favorito era prender a população local dentro de um celeiro, atear fogo à estrutura e atirar com metralhadoras em todos que tentassem fugir. Credita-se a ele a morte de pelo menos 30 mil pessoas, isso somente no tempo que passou na Bielorússia. Ele foi preso em 1º de junho de 1945 e espancado até a morte por seus captores poloneses.

Hans Frank, “O Açougueiro da Polônia”

Amplamente ignorado pela história, Hans Frank governou e aterrorizou a Polônia ocupada entre 1939 e 1945. Como ex-advogado de Hitler, ele tentou espelhar o seu estilo de governo no do próprio führer.
Conhecido como o “Açougueiro da Polônia”, milhões de vidas foram tiradas sob seu julgo, e, apesar de não se considerado um dos homens mais poderosos do terceiro Reich, ele foi um dos principais responsáveis pelo reino de terror alemão sobre a Polônia durante toda a guerra.
Sua indiferença ao sofrimento humano não conhecia limites. Em 1940 ele teria dito: “Em Praga, grandes cartazes vermelhos estavam expostos, e neles podia-se ler que sete tchecos foram fuzilados naquele dia. Eu disse para mim mesmo, ‘Se eu tivesse que colar um cartaz para cada sete polacos fuzilados, as florestas da Polônia não seriam suficientes para manufaturar tanto papel’”.
Frank foi um dos 10 criminosos de guerra enforcados em Nuremberg em 1946.

 Dr. Shiro Ishii, Líder da Unidade 731

Antes da guerra, o governo japonês pôs o Dr. Shiro Ishii como encarregado do “Departamento de Purificação e Abastecimento de Água Para o Combate de Epidemias”, mais conhecido como Unidade 731.
Na verdade, o órgão servia de fachada para uma unidade de pesquisa e desenvolvimento de armas químicas e biológicas. Localizada perto da cidade de Harbin, na China, a instalação empregava cerca de 3 mil funcionários.
Ishii certa vez afirmou que a missão que os deuses deram aos médicos é a de bloquear e tratar doenças, mas ele fez questão de deixar bem claro que o trabalho que realizaria naquele local seria o exato oposto desse princípio.
Durante a guerra, ele presidiu um time de cientistas que experimentou algumas das doenças mais terríveis do mundo – antraz, peste, gangrena gasosa, varíola, botulismo, entre outras – em cobaias chinesas e até mesmo em alguns prisioneiros de guerra aliados, que eram obrigados a inalar e ingeriresses agentes patogênicos e até receber injeções que os contaminariam.
Estima-se que mais de 200 mil chineses tenham morrido em experimentos de guerra bacteriológica, enquanto muitos outros sucumbiram por causa de pragas relacionadas aos testes realizados pelos membros da Unidade 731.
Ao fim da guerra, o Dr. Ishii simulou sua própria morte e se escondeu das forças americanas de ocupação, mas sua farsa foi descoberta e ele foi capturado. Ao ser interrogado, inicialmente negou ter feito experiências com cobaias humanas, mas depois fez um acordo para revelar todos os resultados de suas descobertas em troca de anistia total por seus crimes de guerra.
Os militares aceitaram a barganha, em busca das informações que eles mesmos não conseguiram desvendar, mas os dados do médico japonês se provaram de pouco valor. Mesmo assim os Estados Unidos mantiveram sua parte no trato e Ishii nunca foi julgado por seus crimes, tendo morrido como um homem livre em 1959.Heinrich Himmler, Reichsführer da SS
Heinrich Himmler serviu a Adolf Hitler como reichsführer da SS – cargo mais alto dentro da organização, equivalente à patente de marechal de campo – e foi um importante membro do partido nazista.
Longe da imagem de lunático geralmente associada a ele, Himmler era a força ideológica e organizacional por trás da ascensão da SS. Contudo, em meio às suas múltiplas atividades, a mais lembrada é o seu papel no planejamento e na implementação da “Solução Final” para o “problema judeu”, função dada a ele pelo próprio führer. Em 4 de outubro de 1943, Himmler fez seu discurso mais famoso, em uma reunião de generais da SS na cidade de Poznan.
Ele justificou o genocídio dos judeus na Europa com as seguintes palavras: “Aqui diante de vocês, eu quero tratar explicitamente de um assunto muito sério... Quero dizer aqui... a aniquilação do povo judeu... Muitos de vocês saberão o que isso significa quando houver 100 corpos deitados um ao lado do outro, ou 500 ou 1 mil... Essa página de glória em nossa história nunca foi escrita e nunca será escrita... Nós temos o direito moral, nós somos obrigados para com nosso povo a matar as pessoas que queriam nos matar”.
Para esse fim, Himmler formou o Einsatzgruppen (grupo de intervenção, em alemão) e ordenou a construção dos campos de extermínio. Junto a Adolf Eichmann e Reinhard Heydrich, ele supervisionou o assassinato de 6 milhões de judeus, entre 200 mil e 500 mil ciganos, além de integrantes de várias outras etnias.
Ele foi capturado em 1945, tentando se passar por um policial alemão, e teve marcada a data de seu julgamento por crimes de guerra, mas se suicidou engolindo uma pílula de cianeto antes de ser interrogado.

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Nov16

TERRORISTAS FAMOSOS SÉCULO XX

António Garrochinho

 Ze’ev JabotinskyUcrânia


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Os Maiores Terroristas do século 20 - Zeev JabotinskyUcraniano nascido em Odessa, o judeu Ze’ev Jabotinsky foi o chefe supremo da Irgun Zvai Leumi (Organização Nacional Militar), fundada em 1937 com objetivo de estabelecer um estado judeu-fascista na Palestina. Apesar de judeu, Jabotinsky compartilhava das mesmas ideias racistas que o austríaco Adolf Hitler colocaria em prática anos depois. Em “A muralha de ferro”, livro escrito por ele em 1926, Jabotinsky diz: “Nunca poderemos permitir coisas como o matrimônio misto porque a preservação da integridade nacional só é possível mediante a pureza racial, e para tal, temos de ter esse território onde nosso povo constituirá os habitantes racialmente puros.” Em 1946, o Irgun Zvai Leumi explodiu parte do hotel Rei Davi, sede do poder britânico em Jerusalém, matando 91 pessoas. No mesmo ano, um ataque a bomba no escritório do governo britânico em Jerusalém deixou nove mortos. O terror continuou no restante da década com vários assassinatos de lideranças britânicas na Palestina, policiais, soldados e civis.
Zeev Jabotinsky

Shoko AsaharaJapão


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Shoko AsaharaO acupunturista Shoko Asahara foi o fundador do Aum Shinrikyo (Ensinamento da Verdade Suprema). Fundado em 1984, o movimento prega o fim do mundo através de um Armagedom nuclear; a raça humana será destruída exceto aqueles que se juntarem ao Aum Shinrikyo. Aos seus seguidores, Asahara dizia ter poderes sobrenaturais tais como levitar e ler mentes. Além disso, sua urina era vendida como bebida mágica. O Aum Shinrikyo é o responsável pelo pior ataque terrorista da história do Japão, quando em 1995 lançou o gás letal Sarin no metrô de Tóquio, matando 13 pessoas e intoxicando mais de seis mil. Mais de mil pessoas ficaram com sequelas, que vão desde a cegueira a problemas de locomoção. Antes do ataque ao metrô, o Aum havia assassinado um advogado e toda sua família e testado o gás Sarin em uma cidade rural matando oito pessoas. Asahara foi condenado à pena de morte em 2006 e aguarda execução. Vinte anos depois do ataque, o apocalipse pregado pelo guru ainda não aconteceu.
Shoko Asahara

Timothy McVeighEstados Unidos


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Timothy McVeighTimothy James McVeigh, ex-fuzileiro das forças armadas dos Estados Unidos, foi um excelente soldado, tendo ganho a medalha de bronze por seus feitos na Guerra do Golfo em 1990. Durante sua estadia no exército, era notória sua disposição para aguentar a dor nos mais terríveis exercícios impostos por seus superiores; o que para os outros era uma tortura, para Timothy, era um prazer. Depois de deixar o exército, começou a destilar sua raiva contra o governo americano que acusava de tirano. Escreveu cartas para jornais acusando o governo americano de roubar seu próprio povo através dos altos impostos. Em 1995, arquitetou e executou sozinho o segundo pior ataque terrorista da história dos Estados Unidos: deixou um caminhão bomba em frente ao edifício Alfred P. Murrah na Cidade de Oklahoma. A explosão matou 168 pessoas. Ele esperava, com esta ação, inspirar uma revolta contra o governo americano. Acusado de 11 crimes federais, McVeigh foi executado com uma injeção letal no dia 11 de junho de 2001, apenas quatro anos após receber a pena de morte.
Timothy McVeigh - Os Maiores Terroristas do Século 20

 Theodore Kaczynski (Unabomber)Estados Unidos


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Ted KaczynskiTheodore Kaczynski, o Unabomber, escritor, ativista político e brilhante matemático norte-americano graduado pela Universidade de Harvard. Tinha PhD em matemática e era especialista na “teoria da função geométrica”. Em sua tese de PhD, um membro da banca chegou a dizer: “Provavelmente apenas 10 pessoas em todo país entenderiam essa tese“. Em 1969, aos 26 anos, abandona o posto de professor na Universidade de Berkeley para iniciar segundo ele: “A guerra contra o desenvolvimento da sociedade industrial”. Segundo Kaczynski, a Revolução Industrial e suas consequências foram um desastre para a raça humana, roubando das pessoas a autonomia e infligindo no mundo natural danos irreversíveis. Em sua cruzada para tentar reverter essa situação, enviou dezenas de bombas para cientistas nos EUA, deixando um rastro de medo, mortes e amputações. Seu alvo preferido eram cientistas da computação e geneticistas. Foi preso em 3 de abril de 1996 após uma denúncia do seu irmão. Foi condenado a prisão perpétua. 
Unabomber
22
Nov16

Einstein, a bomba e o FBI

António Garrochinho
por Jean Pestieau [*]












Albert Einstein (1879-1955) é considerado o físico mais importante do século XX pelas descobertas revolucionárias que levou a cabo entre 1905 e 1925 [1] . Residente nos Estados Unidos desde 1933 até 1955, o seu prestígio foi-se ampliando até chegar ao grande público, não apenas pela sua notoriedade científica mas principalmente pelas suas tomadas de posição e acções no domínio politico-moral. No presente artigo, iremos considerar (a evolução da) a posição de Einstein relativamente ao armamento nuclear dos Estados Unidos entre 1939 e 1955. Pelo seu combate antifascista e anti-racista e sobretudo pela sua rejeição evidente do anticomunismo, aliada à sua oposição determinada face ao armamento nuclear dos Estados Unidos, Einstein tornou-se, depois de 1945, na sombra negra de Edgar Hoover, o chefe do FBI, a polícia federal dos Estados Unidos. Edgar Hoover por esta altura tinha já constituído um dossier secreto de 1800 (mil e oitocentas) páginas [2] contra Einstein, com o intuito de o desacreditar, e até mesmo, de o expulsar dos Estados Unidos!



Durante a Primeira Guerra Mundial, Einstein estava na Alemanha, e rejeitava firmemente a guerra, que ele via como uma vasta matança dos povos. Era pacifista e tido como um inimigo para belicistas de toda a espécie.

Contudo, com a escalada de agressividade fascista e principalmente com a tomada do poder pelos nazis na Alemanha em 1933, a sua posição muda: era agora necessário resistir ao fascismo fazendo uso das armas. Durante a Guerra Civil de Espanha (1936-1939), ele alia-se claramente às forças republicanas espanholas na luta contra as forças fascistas de Franco. Einstein é um partidário ardente da brigada internacional dos Estados Unidos, a Brigada Abraham Lincoln – organizada pelos comunistas – que havida partido para a Espanha para combater do lado republicano.

Franco tomou o poder em 1939 porque recebeu ajuda militar de Mussolini e de Hitler enquanto as grandes potências ocidentais (França, Reino Unido e Estados Unidos) poucos esforços faziam, impedindo os Republicanos de serem devidamente auxiliados pelos comunistas e pelos antifascistas do mundo inteiro. Em 10 de Novembro de 1938 é a "Noite de Cristal" na Alemanha, noite em que trinta mil judeus são presos e enviados para os campos de concentração de Dachau, Oranienburg-Sachsenhausen e Buchenwald. Aí, eles juntam-se a comunistas, sindicalistas, socialistas e outros antifascistas. Em final de 1938, os Nazis têm a Checoslováquia nas mãos. A França, o Reino Unido e os Estados Unidos não mexem uma palha. Simultaneamente, eminentes físicos nucleares sabem, a partir de descobertas (fissão nuclear e possibilidade de reacções em cadeia) feitas em finais de 1938, nomeadamente na Alemanha, que em princípio será possível conceber uma bomba nuclear milhares de vezes mais poderosa que uma bomba clássica. Einstein fica ainda mais alarmado quando sabe que o urânio extraído das minas da Checoslováquia fora retirado do mercado e retido pela Alemanha. Consequentemente, conclui que a exclusividade do armamento nuclear não podia ser deixada aos nazis, e sente-se perseguido pela questão: até onde os Estados Unidos permitirão que [a bomba] seja feita na Alemanha de Hitler? É assim que em 2 de Agosto de 1939, Einstein resolve enviar uma carta ao presidente dos Estados Unidos, Roosevelt, com o intuito de o persuadir a encetar um programa de desenvolvimento de uma bomba nuclear antes que os alemães construíssem a deles. Roosevelt recebe esta carta apenas em Outubro. Vendo que não há reacção, Einstein envia uma nova carta alarmante ao presidente Roosevelt em 7 de Março de 1940. Somente em Outubro de 1941 – os Estados Unidos entram na Segunda Guerra Mundial em Dezembro de 1941 – é que Roosevelt dá luz verde ao lançamento do programa nuclear. A administração americana não apresenta uma posição antifascista firme durante a Segunda Guerra Mundial, e Einstein está farto de esperar. Em Setembro de 1942, por exemplo, no início da Batalha de Stalingrado, ele escreve: "Porque é que Washington ajudou a estrangular a Espanha lealista [republicana]? Porque é que Washington tem um representante oficial na França fascista? (…) Porque é que Washington mantém relações com a Espanha franquista? Porque é que não é feito qualquer esforço para ajudar a Rússia que é a mais necessitada? Este governo é controlado em larga escala por banqueiros cuja mentalidade se aproxima do estado de espírito fascista. Se Hitler não se encontrasse em pleno delírio, ele poderia ter tido excelentes relações com as potências ocidentais." [3]

Quando o gigante nazi, aparentemente imbatível, é travado em Stalingrado, Einstein declara: "Sem a Rússia, estes cães sanguinários alemães poderiam ter atingido os seus fins ou, em todo o caso, estariam muito perto disso. (…) Nós e os nossos filhos temos uma enorme dívida de gratidão para com o povo russo que suportou tão grandes perdas e sofrimento."






"A maneira como a Rússia dirigiu a sua guerra provou a sua excelência em todos os domínios da indústria e da técnica. (…) Nos sacrifícios sem conta e na abnegação de cada um, eu vejo uma prova de determinação geral em defender o que eles ganharam (…) finalmente, um feito que se reveste de uma importância particular aos nossos olhos, a nós os judeus. Na Rússia, a igualdade de todos os povos e de todos os grupos culturais não é palavra vã: ela existe verdadeiramente na realidade. (…)" [4]

Porque razão foi Einstein afastado do programa de aperfeiçoamento da bomba? 

O facto de Einstein ter sido afastado do programa de desenvolvimento das primeiras bombas nucleares não se deveu propriamente ao facto de ser considerado pelo FBI e pelas autoridades militares americanas como antifascista e promotor da amizade e ajuda à URSS. Na verdade, vários físicos conceituados que trabalharam na bomba partilhavam das mesmas posições políticas de Einstein. Sem eles, a bomba não poderia ter sido concluída em tempo recorde.

Um outro argumento avançado por um dos principais responsáveis pela finalização da bomba, Hans Bethe (Prémio Nobel da Física 1967), é o seguinte: "tínhamos necessidade de peritos em física nuclear e em explosivos. Einstein, ainda que seja o maior físico do século nunca trabalhou nesses domínios." [5] Este argumento não é válido, se pensarmos que Einstein, na mesma época, resolveu diversos problemas no domínio dos explosivos clássicos para a Marinha dos Estados Unidos. A verdade é que o FBI e as autoridades militares suspeitavam, e com razão, que Einstein queria a Bomba americana somente para um único fim: impedir Hitler de aterrorizar o mundo inteiro com a sua própria Bomba. De outro modo, Einstein era determinadamente contra a Bomba. Se Einstein tivesse sido membro da equipa que construiu as primeiras bombas nucleares, com o seu enorme prestígio, ele poderia ter empatado o projecto de utilizar a Bomba para outros fins que não aquele de confrontar a possível Bomba de Hitler. Quando, no final de 1944, se soube que Hitler não possuía a Bomba, vários cientistas antifascistas que haviam trabalhado no aperfeiçoamento da Bomba dos Estados Unidos pediram que esta não fosse utilizada contra o Japão ou qualquer outro país. Mas eles estavam subjugados e condicionados pelos seus dirigentes militares. Não foram além do protesto intelectual e continuaram a trabalhar lá. Apenas o físico nuclear britânico J. Rotblat (Prémio Nobel da Paz em 1995) teve coragem de não mais colaborar no projecto. Uma vez mais se Einstein tivesse feito parte da equipa, ele poderia ter prejudicado os projectos da Administração, do FBI e da Armada dos Estados Unidos. Deste modo, Einstein foi deixado numa ignorância quase completa sobre o aperfeiçoamento da Bomba até ao bombardeamento de Hiroshima (6 de Agosto de 1945) e de Nagasaki (9 de Agosto de 1945).

Einstein, depois de Hiroshima e Nagasaki 

Einstein condenou imediatamente o bombardeamento nuclear do Japão, atribuindo esse desastre à política estrangeira anti-soviética do presidente Truman que, em Abril de 1945, tinha substituído o presidente Roosevelt entretanto falecido. Durante a guerra, ele havia apoiado com entusiasmo a aliança de Roosevelt com Moscovo contra o nazismo [6] .

Em Maio de 1946, é constituído o "Comité de Emergência de Cientistas Atómicos" (Emergency Committe of Atomic Scientists – ECAS). A sua missão é, desde logo, a de recolher fundos para outros grupos antinucleares. À excepção de Einstein, todos os outros membros do ECAS haviam trabalhado na construção da Bomba. Entre eles estavam os prémios Nobel, Harold Urey, Linus Pauling, Hans Bethe. O apoio da opinião pública americana à arma nuclear, mal assegurado desde o início, declina consideravelmente durante os anos que se seguem a Hiroshima. Em Outubro de 1947, uma sondagem da Gallup mostra que a tendência a favor da bomba tinha descido de 69% em 1945 para 55%, e que o sentimento antinuclear havia mais que duplicado, passando de 17% para 38%. [7]

Em 23 de Junho de 1946, Einstein declara ao New York Times: "Muitas pessoas noutros países olham agora a América com grande desconfiança, não apenas por causa da bomba mas porque temem que esta se torne imperialista; (…) Nós continuamos a fabricar bombas (atómicas), e as bombas fabricam o ódio e o medo. Nós guardamos os segredos (da fabricação da bomba) e os segredos alimentam a desconfiança".

A partir do início da Guerra Fria (1946), a histeria anticomunista e a caça às bruxas não cessou de aumentar, alimentada nomeadamente pela surpreendente notícia anunciada em 1949 de que a URSS possuía igualmente a Bomba, e pela Guerra da Coreia (1950-1953). Quem estava contra a arma nuclear era automaticamente suspeito de trabalhar contra os Estados Unidos.

Em 12 de Fevereiro de 1950, Einstein aparece na televisão fazendo advertências contra a construção da bomba de hidrogénio (também chamada de bomba H ou bomba termonuclear) pelos Estados Unidos. Ele declara que esta bomba será mil vezes mais destruidora que a bomba atómica. [8] Esta emissão põe em furor anticomunistas belicistas americanos como Edgar Hoover.

Em 1952, a bomba de hidrogénio é finalmente testada pelos Estados Unidos. Segue-se a vez da URSS em 1953, perante a estupefacção dos Estados Unidos. A pretensão americana de ter direito absoluto de vida e de morte nuclear sobre o mundo havia acabado. A virulência anticomunista tinha agora longos anos à sua frente. Em 10 de Março de 1954, Einstein – com a idade de 75 anos – escreve a propósito deste assunto: "A meu ver, a 'conspiração comunista' é sobretudo um slogan (…) que torna as pessoas completamente indefesas. De novo, sou obrigado a pensar na Alemanha de 1932, cujo corpo social democrático tinha já sido enfraquecido por meios similares, dando a Hitler a possibilidade de aplicar o seu golpe fatal. Estou convicto de que aqui se passará o mesmo, a menos que pessoas informadas e capazes de sacrifício intervenham em nossa defesa." [8]

Em 28 de Março de 1954, ele escreve à rainha Elisabete da Bélgica: "Tornei-me uma espécie de 'enfant terrible' na minha nova pátria, e tudo isto por causa da minha incapacidade de guardar o silêncio e engolir tudo o que se passa aqui. Cada vez mais, acho que as pessoas mais velhas que não têm praticamente nada a perder deveriam ter vontade de se expressarem a favor dos jovens e daqueles que estão submetidos a tantos constrangimentos. Gosto de pensar que isso os poderá ajudar". [9]

Einstein inquieta-se com o facto de a maioria dos intelectuais ocidentais permanecerem sem reacção simultaneamente perante a História e perante o resto do mundo: "Nada mais me espanta do que a constatação de que a memória do ser humano é tão curta quando se trata de acontecimentos políticos" (Carta à rainha Elisabete da Bélgica, 2 de Janeiro de 1955) [10] Imediatamente antes da sua morte (18 de Abril de 1955), Einstein assina o célebre Manifesto pela paz Russell-Einstein [ver anexo]

Nota: o termo "bomba atómica" foi colocado em circulação, em 1945, pelos militares americanos com a intenção de a fazer aceitar pela opinião pública. O termo exacto é, na verdade, "bomba nuclear", mas isso pareceria demasiado rebarbativo!
[*] Professor de física teórica na Universidade de Católica de Lovaina. 

[1] Jean Pestieau et Jean-Pierre Kerckhofs, Einstein, "La personnalité du 20e siècle", 7 mars 2005, http://www.ecoledemocratique.org/article.php3 ?id_article=249 - 42k .
[2] Fred Jerome, "Einstein ... Un traître pour le FBI. Les secrets d'un conflit", Editions Frison-Roche, Paris, 2005. A leitura deste livro é recomendada em especial. Fred Jerome, The Einstein File : J. Edgar Hoover's Secret War Against the World's Most Famous Scientist, St.Martin's Griffin Edition, New York, 2003, http://www.theeinsteinfile.com/
[3] Fred Jerome, "Einstein ... Un traître pour le FBI. Les secrets d'un conflit", p.58
[4] ibidem, p.175
[5] ibidem, p.70
[6] ibidem, p.80
[7] ibidem, p.87
[8] ibidem, p.179
[9] ibidem, p.282
[10] ibidem, p.178

Manifesto Russell – Einstein

Na situação dramática em que se encontra a humanidade, achamos que os cientistas se deveriam reunir em conferência para analisar conjuntamente a extensão dos perigos criados pelo desenvolvimento de armas de destruição maciça e examinar um projecto de resolução cujo espírito será o do projecto abaixo mencionado. 

Não é em nome de uma nação, de um continente ou de uma fé em particular que nós tomamos hoje a palavra, mas sim enquanto seres humanos, enquanto representantes da espécie humana cuja sobrevivência se encontra ameaçada. Os conflitos abundam em todas as partes do mundo… 

Cada um de nós, ou pelo menos, a maioria, por pouco consciente que seja politicamente, tem opiniões bem definidas sobre uma ou várias questões que agitam o mundo; pedimo-vos, todavia, que se possível, se abstraiam dos vossos sentimentos e que se considerem exclusivamente como membros de uma espécie biológica que tem atrás de si uma história excepcional e da qual nenhum de nós pode desejar o desaparecimento. 

Esforçar-nos-emos por não dizer nada que possa constituir um apelo a determinado grupo em detrimento de outro. Toda a humanidade está em perigo, e talvez, se tomarem consciência disso, possam conseguir livrar-se colectivamente. 

Temos de aprender a pensar de uma nova forma. Temos de aprender não a questionarmo-nos sobre qual a maneira de assegurar a vitória militar do grupo da nossa preferência, porque isso já não é possível, mas antes como impedir um afrontamento militar cujos resultados não poderão ser senão desastrosos para todos os protagonistas. 

O grande público, e muitos entre aqueles que exercem o poder, não compreenderam plenamente o que implica uma guerra nuclear. O grande público raciocina ainda em termos de cidades destruídas. Ele sabe que as novas bombas são mais poderosas que as antigas, e que se uma bomba A foi suficiente para riscar Hiroshima do mapa, uma única bomba H poderá apagar as principais metrópoles: Londres, Nova Iorque ou Moscovo. 

É certo que numa guerra no decurso da qual se utilize a bomba H, as grandes cidades desaparecerão da superfície da terra. Mas isso seria apenas um desastre menor para a humanidade. Mesmo se a população inteira de Londres, Nova Iorque e Moscovo fosse exterminada, o universo poderia, em alguns séculos, recuperar. Mas nós sabemos a partir de agora, em particular depois do ensaio de Bikini, que o efeito destrutivo das bombas nucleares pode estender-se por zonas muito mais vastas do que aquilo que se tinha pensado no início. 

Sabe-se de fonte autorizada que a partir de agora é possível fabricar uma bomba 2500 vezes mais poderosa do que aquela que destruiu Hiroshima. Uma tal bomba, ao explodir perto do solo ou debaixo de água, projecta partículas radioactivas até às camadas superiores da atmosfera. Essas partículas caem depois lentamente sobre a superfície da Terra sob a forma de poeira ou de chuva mortais. Foi essa poeira que contaminou os pescadores japoneses e as suas capturas. 

Ninguém sabe até onde se poderá estender essa nuvem mortal de partículas radioactivas, mas as personalidades com mais autoridade no campo são unânimes em afirmar que uma guerra no decurso da qual sejam utilizadas bombas H poderá sem dúvida marcar o fim da raça humana. O que mais se teme é que se várias bombas H forem utilizadas, toda a humanidade encontrará a morte, morte súbita para uma minoria apenas, mas a lenta tortura da doença e da desintegração para a maioria. 

As advertências não faltaram por parte dos maiores sábios e especialistas em estratégia militar. Nenhum deles chega a afirmar que o pior é certo. O que eles afirmam é que o pior é possível e que ninguém pode dizer que ele não se produzirá. Nunca constatámos que a opinião dos peritos sobre este ponto dependesse de alguma forma das suas posições políticas ou dos seus preconceitos. Essa opinião depende apenas, por aquilo que as nossas pesquisas nos permitem afirmar, daquilo que cada perito sabe. O que nós constatámos é que aqueles que sabem são os mais pessimistas. 

Tal é assim, na sua terrível simplicidade, o dilema que nós vos apresentamos: iremos nós pôr um fim à raça humana, ou irá a humanidade renunciar à guerra? Se os indivíduos se recusarem a encarar esta alternativa, isso significa que é imensamente difícil abolir a guerra. 

A abolição da guerra exigirá limitações desagradáveis para a soberania nacional. Mas o que, acima de tudo, impede talvez uma verdadeira tomada de consciência da situação é que o termo "humanidade" é sentido como algo de vago e abstracto. As pessoas têm dificuldade em imaginar que são elas próprias, os seus filhos e netos que estão em perigo, e não apenas uma humanidade confusamente vislumbrada. Elas têm dificuldade em apreender que elas próprias e aqueles que elas amam se encontram em perigo imediato de morrer no final de uma longa agonia. E é por essa razão que elas esperam que a guerra possa eventualmente continuar a existir, desde que os armamentos modernos sejam proibidos. 

Essa é uma esperança ilusória. Sejam quais forem os acordos de não-utilização da bomba H que estaria concluída em tempo de paz, eles não seriam mais considerados impeditivos em tempo de guerra, e os dois protagonistas apressar-se-iam a fabricar bombas H desde o início das hostilidades; na verdade, se apenas um deles fabricasse bombas e o outro se abstivesse de o fazer, a vitória iria necessariamente para o primeiro. 

Um acordo através do qual os partidos renunciassem às armas nucleares no quadro de uma redução geral de armamentos não resolveria o problema, mas teria uma utilidade relevante. Em primeiro lugar, de facto, todo o acordo entre Oriente e Ocidente é benéfico na medida em que contribui para o apaziguamento. Em segundo lugar, a supressão das armas termonucleares, na medida em que cada um dos protagonistas esteja convencido da boa fé do outro, diminuirá o medo de um ataque súbito ao estilo daquele que se deu em Pearl Harbour, medo que é actualmente mantido pelos dois protagonistas num estado de constante apreensão nervosa. Um tal acordo deverá então ser considerado como desejável, ainda que represente apenas um primeiro passo. 

A maioria de nós não é neutra nas suas convicções, mas enquanto seres humanos, nós temos que nos lembrar que, se os problemas entre Oriente e Ocidente deverão ser resolvidos de modo a oferecer alguma satisfação a quem quer que seja, comunistas ou anticomunistas, asiáticos, europeus ou americanos, brancos ou negros, então esses problemas não devem ser resolvidos através da guerra. Temos que desejar que isso seja compreendido tanto a Oriente como a Ocidente. 

Depende de nós progredir sem cessar na direcção da felicidade, do conhecimento e da sabedoria. Iremos nós, em vez disso, escolher a morte só porque somos incapazes de esquecer as nossas querelas? O apelo que nós lançamos é de seres humanos para seres humanos: lembrai-vos que sois da raça humana e esqueçam o resto. Se conseguirdes fazer isso, um novo paraíso se abrirá; senão, estareis a provocar o aniquilamento universal. 

Resolução 

Convidamos o presente congresso e, por seu intermediário, os cientistas do mundo inteiro e o grande público, a subscrever a seguinte resolução: 

Tendo em conta que no decurso de futuras guerras mundiais as armas nucleares irão certamente ser utilizadas e que essas armas põem em perigo a sobrevivência da humanidade, apelamos veementemente aos governos do mundo que compreendam e admitam publicamente que não procurarão mais atingir os seus objectivos através de uma guerra mundial, e pedimos-lhe ainda veementemente que, em consequência disso, utilizem meios pacíficos para resolver todos os seus diferendos.

23 de Dezembro de 1954

Este texto foi subscrito por: 

  • Professor Max Born (professor de física teórica em Berlim, Frankfurt e Göttingen, e professor de filosofia da natureza em Edimburgo; Prémio Nobel de física) 
  • Professor P. W. Bridgman (professor de física na Universidade de Harvard; Prémio Nobel de física) 
  • Professor Albert Einstein 
  • Professor L. Infeld (professor de física teórica na Universidade de Varsóvia) 
  • Professor J. F. Joliot-Curie (professor de física no Colégio de França; Prémio Nobel de química) 
  • Professor H. J. Muller (professor de zoologia na Universidade de Indiana; Prémio Nobel de fisiologia e de medicina) 
  • Professor Linus Pauling (professor de química no Instituto de Tecnologia da Califórnia; Prémio Nobel de química) 
  • Professor C. F. Powell (professor de física na Universidade de Bristol; Prémio Nobel de física) 
  • Professor J. Rotblat (professor de física na Universidade de Londres; Medical College of St Bartholomew's Hospital) 
  • Bertrand Russell 
  • Professor Hideki Yukawa (professor de física teórica na Universidade de Kyoto; Prémio Nobel de física)

  • A versão em francês do manifesto encontra-se em
    http://radio-canada.ca/par4/_Notas/manifeste_russell_einstein.htm
    O original do artigo encontra-se em
    http://www.ecoledemocratique.org/article.php3?id_article=270
    Tradução de Rita Maia. 


    Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
    22
    Nov16

    A Venezuela, desapareceu dos media…

    António Garrochinho


    A Venezuela, desapareceu dos media…

    Parece estranho como um tema que ocupava reportagens e comentários se evaporou do espaço mediático. É estranho mas comum, ignoraram as eleições na Rússia, como na Bulgária e na Moldava que deu a vitória a gente alinhada com a Rússia e à esquerda e em que  partidos pró UE se afundaram. É a censura globalizada a funcionar…
    O que aconteceu na Venezuela foi que os protofascistas do neoliberalismo apoiados pelos EUA e pelo clã social-democrata desta UE falharam o golpe.
    A sabotagem económica teve resposta firme do governo bolivariano. O presidente Maduro em vez de se render radicalizou posições no sentido da mobilização e esclarecimento populares, combateu a sabotagem económica e aumentou o controlo sobre as redes de distribuição.
    As manifestações da direita/extrema-direita que pretendiam mais uma daquelas “revoluções laranja” fomentadas à força de dólares tinham cada vez menos adeptos, descredibilizando-se pela violência, ódios instilados e suas consequências. Pelo contrário a mobilização das forças populares foi determinante atingindo uma dimensão e entusiasmo que fez calar a reação e frustrou o seu objetivo de “tomar o palácio presidencial”.
    A oposição aceitou então a proposta do governo de se sentar à mesa das negociações e foi estabelecido um acordo.
    Claro que face a isto os propagandistas da desinformação tiveram de se calar. Falavam em “presos políticos”, mas agora a oposição considera que apenas existem “pessoas presas”. Falavam que as deficiências do abastecimento e o mercado negro eram um exemplo “da falência do socialismo” e dos partidos “das prateleiras vazias”. Agora a oposição reconhece que existe uma guerra económica e compromete-se a combater também a sabotagem da economia.
    Os comentadores falaram no caos que o sector público tinha lançado na distribuição. Agora a oposição aceita as políticas de cooperação entre o sector público e privado na distribuição de bens.
    Mas a direita aceita também a demissão de três dos seus deputados eleitos fraudulentamente. As eleições vão ser repetidas numa província. Lá ficaram os media sem os argumentos para a “ditadura bolivariana” mantida no poder por “ações arbitrárias e fraudes”.
    A legalidade constitucional venceu e com ela a Revolução. Porém as contradições permanecem. A derrota nas eleições legislativas deveu-se a fragilidades do processo revolucionário, como não ter estabelecido o controlo público sobre os sectores estratégicos – distribuição por exemplo – concessões à burguesia, corrupção e desvios nas próprias fileiras. A perda nas eleições parlamentares deveu-se mais à abstenção do lado bolivariano do que a ganhos da direita. É certo que camadas antes pobres foram também seduzidas pela propaganda da direita do consumismo, da liberdade de escolha e da calúnia instituída como é sua norma de estratégia .
    O governo bolivariano ultrapassou esta luta porque soube ir buscar energias revolucionárias onde de facto existem: ao povo.

    foicebook.blogspot.pt

    22
    Nov16

    Petição contesta visita do papa a Fátima - Subscritores defendem que milagre de Fátima "é um embuste".

    António Garrochinho


    Subscritores defendem que milagre de Fátima "é um embuste". 

    O músico Pedro Barroso, o advogado Carlos Tomé e o padre Mário de Oliveira, da Lixa, são algumas das pessoas que promoveram uma petição contra a ida do papa a Fátima para credibilizar o milagre de há 100 anos. 

    "Não é uma crítica religiosa, cada um acredita naquilo que acredita, mas é evidente que o milagre é um embuste, uma farsa, uma má encenação com cem anos, tempo já para ter sido desmascarado e que hoje em dia se tornou um negócio", justificou esta terça-feora à agência Lusa Pedro Barroso. Intitulada 

    "Contra a credibilização do 'milagre' de Fátima", a petição é dirigida ao bispo de Leiria, ao Patriarcado de Lisboa, ao núncio apostólico e à Conferência Episcopal Portuguesa. Entre os primeiros subscritores estão também os antropólogos João Carlos Lopes e Carlos Simões Nuno, o professor do Instituto Politécnico de Tomar Luís Mota Figueira, o antigo coordenador da CGTP no distrito de Santarém Valdemar Henriques, o engenheiro João Saramago e o jornalista André Nuno Lopes. 

    "O que nós achamos é que o papa, ao visitar Fátima, credibiliza, ratifica a situação, que começou por ser uma mentira e que hoje em dia é essencialmente um negócio", explicou Pedro Barroso. 

    O músico esclareceu que nada os move contra qualquer tipo de religião e que não são "os detentores do conhecimento", apenas entendem que "já era tempo de se discutir, de uma forma menos apaixonada e mais pragmática, aquilo tudo que aconteceu".


    O papa Francisco tem sido uma personalidade que nos merece algum respeito por muitas atitudes em prol de uma igreja mais moderna, uma igreja da verdade, uma igreja católica de grande responsabilidade e com intervenções até muitas vezes sociais e públicas de grande valor. Como é que ele agora vem credibilizar uma anedota destas?", questionou. Segundo Pedro Barroso, como já vários papas se deslocaram a Fátima, Francisco "está metido num beco de onde provavelmente não há uma saída airosa". "Queremos chamar a atenção do papa Francisco, já que tanto insiste em vir a Fátima: venha mas traga o chicote, como fez Jesus Cristo para expulsar os vendilhões do templo, porque isto está convertido num circo de oportunismos variados, já não estamos a falar dos religiosos, mas sobretudo dos comerciais", frisou. 

    Na petição, os subscritores referem que "o chamado 'milagre dos três pastorinhos' não passa de um autêntico embuste, algo que mereceu até hoje a atenção de estudiosos sobre o que realmente aconteceu em maio de 1917 e sobre o processo contínuo e imparável de exploração religiosa montado sobre tão ingénua encenação". "Quem se informar sobre este caso, fica a conhecer facilmente a forma como os acontecimentos na época foram urdidos, planeados e tramados - entre a dúvida inicial e a posterior complacência da Igreja Católica - numa era de grande obscurantismo cultural e com evidente aproveitamento dessa rústica ignorância", acrescenta. 

    Os subscritores da petição consideram que "não é preciso grande esforço para chegar a esta conclusão, nem grande erudição teológica para analisar o caso" e que "a evidência do logro fica bem clara, bastando, no essencial, ler alguns documentos oficiais e livros de pessoas - algumas assumidamente católicas - com autoridade na matéria sobre o chamado 'milagre' de Fátima, para concluir pela sua total inconsistência". Exemplos desses livros são "Fátima Nunca Mais" (1999) e "Fátima SA" (2015), do padre Mário de Oliveira, que assina a petição. Por isso, entendem que, "em coerência com a postura de seriedade" que tem tido, "o melhor serviço que o papa Francisco prestaria à verdade histórica seria não vir a Fátima, assim desmistificando o chamado 'milagre dos pastorinhos', recusando colaborar com ele ou dar-lhe o seu aval". 

    O papa deverá estar em Portugal a 12 e 13 de maio de 2017, por ocasião do centenário das aparições. Francisco será o quarto papa a visitar Portugal, depois de Paulo VI - 50 anos das aparições -, João Paulo II (12-15 de maio de 1982, 10-13 de maio de 1991 e 12-13 de maio de 2000) e Bento XVI (11-14 de maio de 2010). O papa João Paulo II cumpriu ainda uma escala técnica no aeroporto de Lisboa, em 1982, a caminho da América Central.


     http://www.cmjornal.pt/

    22
    Nov16

    ESTA JOVEM SEM ABRIGO E QUE FALA INGLÊS FOI ENCONTRADA EM ROMA E JÁ FOI CONFUNDIDA COM TRÊS RAPARIGAS DESAPARECIDAS INCLUSIVE COM MADELEINE MACCANN

    António Garrochinho

    Uma jovem loira que fala inglês foi encontrada como sem-abrigo em Roma, Itália, e há quem acredite tratar-se de Maddie. A jovem chamou a atenção por não pedir dinheiro e pela sua forma "educada" de comer, revela o Daily Mail. A mulher não tem passaporte nem nada que a identifique e, por isso, tem sido chamada de Maria. Não percebe italiano e "parece confusa". Está a decorrer um pedido de ajuda na internet para que ‘Maria’ encontre a família e passe o natal em casa. ‘Maria’ tem sido associada a várias raparigas desaparecidas como Amanda Adlai, raptada em Michigan em 2008, Maria-Brigitte Henselmann que desapareceu na Alemanha em 2008, e até com Madeleine McCann.



    22
    Nov16

    Capitalismo? o extraordinário negócio de fabricar Pobres

    António Garrochinho


    "Não é a consciência dos homens que determina a sua existência, pelo contrário, é a sua existência social que determina a sua consciência" (Karl Marx)  

    “Apenas como personificação do capital o capitalista consegue parecer respeitável. Como tal, ele compartilha com o avarento uma ânsia absoluta pelo auto enriquecimento. Mas o que no avarento se evidencia como a mania de um individuo é no capitalista o efeito de um mecanismo social em que ele é apenas uma peça de engrenagem. Ademais, o desenvolvimento da produção capitalista torna necessário aumentar constantemente o capital desembolsado em determinado empreendimento; e a competição subordina todo o capitalista individual às leis emanentes da produção capitalista, passando a ser leis externas e coercivas” (Karl Marx) 
    “Dado que uma sociedade, segundo Adam Smith, não é feliz quando a maioria sofre... é necessário concluir que a meta da economia política é pôr termo à infelicidade na sociedade. Mas as únicas engrenagens accionadas pela economia política são a avidez pelo dinheiro e a guerra entre aqueles que padecem do mal da concorrência entre capitalistas” (Karl Marx) 
    22
    Nov16

    MÚSICO INTERPRETA "STAR WARS" NO MAIOR ORGÃO DO MUNDO

    António Garrochinho
    Jelani Eddington é o nome do músico que se sentou em frente a um dos maiores órgãos clássicos que ainda estão ativos no mundo, o Wurlitzer 5/80. Este majestoso instrumento que não está em uma galáxia muito muito distante, senão na fundação Sanfilippo, Barrington, Illinois, nos Estados Unidos, foi ocupado para deleitar o mundo com o tema principal de Star Wars. Jelani disse que precisou de horas e horas para transcrever a partitura original e adaptar o arranjo para este órgão.

    VÍDEO


    Seu nome, Wurlitzer 5/80, se deve ao fato de que atrás do palco existem cinco câmaras contendo 80 fileiras de tubos, além de percussões, reguladores de vento e controles em uma área de quatro andares de altura. Ele é considerado o mais versátil órgão orquestral de tubos já construído.
    Músico surpreende com canção de Star Wars no que seria o maior órgão do mundo
    O piano de cauda conectado ao órgão de tubulação é um Grand Knabe, um dos mais famosos modelos de piano americano com mecanismo de reprodução da Ampico (American Piano Company), outra empresa antiga famosa do segmento.
    Músico surpreende com canção de Star Wars no que seria o maior órgão do mundo
    O órgão é conectado a um computador, que grava a reprodução do organista em um computador, pronto para ser reproduzido a qualquer momento. Projetores e outros efeitos de iluminação também podem ser gravados, pelo que as alterações de iluminação durante um concerto podem ser "reproduzidas" com a música.
    Músico surpreende com canção de Star Wars no que seria o maior órgão do mundo
    Mas Jelani não foi o único que se propôs semelhante desafio de tocar o grande órgão da fundação Sanfilippo, senão que muitos outros artistas do teclado realizaram covers de algumas das canções sinfônicas e do cinema, mais famosas do mundo.

    VÍDEO
    www.mdig.com.br
    22
    Nov16

    Governo paga antecipadamente ao FMI mais de 10% do resgate financeiro

    António Garrochinho


    Quando se pensava que o Estado português poderia atrasar os pagamentos antecipados, foi feito uma amortização que representa o maior valor devolvido ao FMI numa única entrega.


    A estratégia de substituição de dívida com taxas elevadas por dívida com juros mais baixo continua a ser uma das grandes armas do Governo para ganhar margem de liquidez. Esta manhã, o Secretário de Estado Adjunto, do Tesouro e das Finanças anunciou a devolução antecipada de mais de dois mil milhões de euros ao FMI, um valor que representa 11% do valor ainda devido à instituição liderada por Christine Lagarde.

    "O valor deste pagamento totaliza cerca de 2.068 mil milhões de euros (SDR 1.621 mil milhões) e foi realizado em duas tranches, com data-valor de 21 e 22 de novembro, representando 11% do empréstimo remanescente do FMI a Portugal (equivalente a cerca de 18,853 mil milhões de euros)", detalha o Ministério das Finanças em comunicado oficial enviado à redação do Economia ao Minuto.
    "Os reembolsos agora antecipados correspondem às amortizações de capital que originalmente eram devidas entre setembro de 2018 e fevereiro de 2019, permitindo reduzir as necessidades de financiamento da República Portuguesa nesses anos."
    Em declarações ao meios de comunicação social, Ricardo Mourinho Félix revelou as poupanças estimadas pelo Governo com o pagamento antecipado: "Dado que estamos a falar de taxas de juro de 4%, estamos a falar de poupanças que rondam os 80 milhões de euros por ano".
    Até agora, Portugal já pagou 42,6% do dinheiro emprestado pelo FMI durante o resgate da troika.
    "Este reembolso antecipado insere-se no Programa de Financiamento da República Portuguesa para o ano de 2016 e beneficiou da implementação do plano de emissão de Obrigações do Tesouro em linha com o planeado, assim como do financiamento obtido no âmbito do programa de emissão de Obrigações do Tesouro de Rendimento Variável, iniciado em 2016", explica o Ministério das Finanças.

    www.noticiasaominuto.com
    22
    Nov16

    22 de Novembro de 1963: Morre Aldous Huxley, autor de "Admirável Mundo Novo"

    António Garrochinho


    Em 22 de Novembro de 1963, morre em Los Angeles, aos 69 anos, um dos maiores escritores ingleses. Autor de não menos que 47 livros, Aldous Huxley partiu no mesmo dia em que o presidente Kennedy foi assassinado. Tornou-se conhecido do grande público especialmente por Admirável Mundo Novo, a sua quinta obra, escrita em 1931 e publicada no ano seguinte.

    Huxley nasceu em 26 de Julho de 1894 em Godalming in the Surrey, numa família de conhecidos cientistas. Dois dos seus três irmãos, Julian e Andrew,  tornar-se-iam eminentes biólogos e um avô, Thomas Huxley, foi um famoso e controverso naturalista apelidado de “Bulldog de Darwin”.

    Nos seus romances e ensaios, Huxley posicionava-se como observador crítico de ideais, normas sociais, costumes e tradições arreigadas. Nos seus textos mostrava-se preocupado com as aplicações potencialmente prejudiciais do progresso científico para a humanidade. Em 1911 foi afectado por uma estranha doença que o deixou praticamente cego. Devido a essa circunstância, não pôde prosseguir as experiências científicas que o atraiam, voltando-se então para a literatura. A falta de visão que o perseguiu toda a vida não o impediu de conquistar alguns dos mais ambicionados prémios em literatura inglesa.

    Por um breve período em 1918, trabalhou como funcionário no Ministério da Aeronáutica. Convenceu-se de que essa não era sua vocação. Como resultado, a necessidade de dinheiro levou-o a explorar o seu talento literário. Nessa época, tornou-se amigo do consagrado escritor D.H. Lawrence. Huxley terminaria o seu primeiro romance (que jamais seria publicado) aos 17 anos e o segundo aos 20. Já nessa idade, foi jornalista e crítico literário. Isso permitiu-lhe frequentar e acompanhar viagens de intelectuais e artistas europeus. Huxley mostrava-se profundamente preocupado com as visíveis mudanças que estavam a ocorrer na civilização ocidental, o que o preparou para escrever importantes romances nos anos 1930 sobre as ameaças representadas pela combinação de poder e progresso técnico. Escreveu contra a guerra e o nacionalismo como em Sem Olhos em Gaza (1936)

    O mais conhecido e seguramente o mais importante dos seus romances foi Admirável Mundo Novo. Escreveu-o em apenas quatro meses. É importante notar que, na época, Hitler ainda não estava no poder e os expurgos na União Soviética estavam longe de ter início. Não obstante, imaginou uma sociedade que usaria a genética e a clonagem a fim de condicionar e controlar indivíduos. Nesta sociedade do futuro, todas as crianças seriam concebidas em provetas. Seriam geneticamente condicionadas para pertencer a uma das cinco categorias, da mais inteligente à  inferior.

    Admirável Mundo Novo iria delinear o que se pareceu com uma perfeita ditadura. Teria a aparência de uma democracia, mas seria basicamente uma prisão sem grades da qual os detidos nem sonhavam em escapar. Seria essencialmente um sistema de escravatura em que os escravos, por meio do entretenimento e do consumo, “adorariam a sua escravatura”. O título do livro veio de A Tempestade, ato 5, cena1, de Shakespeare.

    Em 1937 escreveu um livro de ensaios chamado Despertar do Mundo Novo, no qual explora alguns dos mesmos temas: “uma democracia que deflagra ou mesmo se prepara para uma guerra científica e moderna cessa necessariamente de ser democrática. Nenhum país pode realmente preparar-se bem para uma guerra moderna a menos que seja governado por um tirano, à frente de uma altamente treinada e perfeitamente obediente burocracia.”

    Em 1958 Huxley publicaria Regresso ao Admirável Mundo Novo, uma colectânea de ensaios em que exporia um pensamento crítico sobre a ameaça da superpopulação, excessiva burocracia bem como sobre algumas técnicas de hipnose. Tornou-se particularmente interessado na parapsicologia e no misticismo sobre o que escreveria bastante. Em decorrência disso, tornou-se em 1938 amigo do filósofo religioso Jiddu Krishnamurti, considerado por muitos como um místico, devido principalmente à sua ligação com a Sociedade Teosófica, da qual mais tarde se afastaria. De todo modo, Huxley tornou-se admirador dos seus ensinamentos e  encorajou-o a colocar em texto as suas reflexões.

    Em 1937, mudou-se para a Califórnia, tornando-se um dos guionistas favoritos de Hollywood. Ao mesmo tempo continuou a escrever romances e ensaios, inclusive sátiras como Também o Cisne Morre (1939) e O Macaco e a Essência (1948). Em 1950, a Academia Americana de Artes e Letras  distinguiu-o com o prestigiado Prémio ao Mérito para Romance, que havia sido igualmente conquistado por autores ilustres como Ernest Hemingway e Thomas Mann.

    Huxley chegou a escrever um ensaio sobre o meio ambiente que inspirou ulteriores movimentos ecológicos. Nos anos 1950, experimentaria drogas como o LSD e a mescalina, que lhe inspirou uma série de ensaios chamado As Portas da Percepção. O livro inspirou hippies e o famoso cantor Jim Morrison (1943 - 1971). Foi daí que decidiu intitular a sua banda de “The Doors”.


    Fontes: Opera Mundi
    wikipedia (imagens)
     Aldous Huxley

    "Admirável Mundo Novo"
    22
    Nov16

    22 de Novembro de 1890: Nasce Charles De Gaulle, militar e estadista francês, herói da Resistência e presidente da França.

    António Garrochinho


    Militar e estadista francês, Charles André Joseph Marie de Gaulle nasceu a 22 de novembro de 1890, em Lille, emorreu a 9 de novembro de 1970, em Colombey-Les-Deux-Églises. Passou a maior parte da sua infância emParis, onde também estudou. Aos catorze anos de idade decidiu dedicar-se a uma carreira militar, tendo entrado,em 1908, para a Escola Militar de Saint-Cyr.

    Já como tenente, participou ativamente na Primeira Guerra Mundial, lutando contra os alemães. Foi capturado efeito prisioneiro, sendo libertado apenas em novembro de 1918, por altura do Armistício.

    Em 1940, depois de a Alemanha invadir a França, de Gaulle partiu para a Grã-Bretanha. Opositor da políticacolaboracionista de Philippe Pétain com os alemães e do armistício assinado por este, organizou , entre 1940 e1944, em Londres, a Resistência francesa na luta contra os nazis.

    Após a vitória dos Aliados, foi chefe do governo provisório de 1944 a 1946. Em 1958, face à crise da Argélia,voltou ao poder; adotou um sistema presidencial, mudando a Constituição e fundando a V República Francesa, deque foi o primeiro presidente.

    Maio de 68 surgiu como uma oposição por parte da juventude e das forças sociais face ao conservadorismo doregime. De Gaulle reprimiu violentamente esta manifestação, conseguindo vencer as eleições desse mesmo ano.Renunciou todavia ao cargo em 1969, quando a sua política em relação à regionalização e à reforma do Senadofoi derrotada em referendo.



    Charles de Gaulle. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013.
    wikipedia (Imagens)

    Ficheiro:De Gaulle-OWI.jpg
    Charles de Gaulle


    File:De Gaulle - à tous les Français.jpg

    Apelo aos franceses para resistirem à ocupação alemã
    Líderes da França LivreHenri Giraud e Charles de Gaulle, com Franklin Roosevelt e Winston Churchill, durante a Conferência de Casablanca, em 14 de Janeiro de 1943.

    22
    Nov16

    22 de Novembro de 1928: Estreia de "Bolero", de Maurice Ravel, em Paris.

    António Garrochinho


    O Bolero, obra musical criada pelo compositor Maurice Ravel, estreou em 22 de Novembro de 1928 em Paris, na Ópera Garnier. Ballet dedicado à bailarina Ida Rubinstein, o seu imediato êxito e rápida difusão universal  converteram-no não somente na mais famosa obra do compositor, como também num dos expoentes da música do século XX.

    Ravel pretendia que o ballet fosse montado numa área exterior, com uma fábrica ao fundo, numa alusão à Carmen de Bizet, ópera que admirava. No entanto, a montagem situou a acção num obscuro café de Barcelona, iluminado apenas por uma lâmpada. A bailarina começa a dançar sobre uma grande mesa enquanto uma vintena de homens  jogar às cartas.


    Ida Rubinstein representava o papel da bailarina de flamenco, numa coreografia sensual que despertou escândalo. O crítico René Chalupt assim a descreveu: “Movimento orquestral inspirado numa dança espanhola, que se caracteriza por um ritmo e um tempo invariáveis, com uma melodia obsessiva, em dó maior, repetida uma e outra vez sem nenhuma modificação, salvo efeitos orquestrais, num crescendo que, in extremis, termina com uma modulação em mi maior e uma coda estrondosa.”


    Apesar de Ravel tê-lo considerado como um simples estudo de orquestração, o Bolero esconde grande originalidade e, na sua versão de concerto, chegou a ser uma das obras musicais mais interpretadas a ponto de permanecer, até 1993, em primeiro lugar na classificação mundial de direitos da Sociedade dos Autores, Compositores e Editores de Música .


    Em 1928, Ravel só compôs o Bolero, antes que uma estranha enfermidade o condenasse ao silêncio. Todavia, compôs no ano seguinte obras importantes como o Concerto para a mão esquerda (1929–30), para o pianista amputado Paul Wittgenstein, o Concerto em sol maior (1929–31) e as três canções de "Dom Quixote e Dulcineia" (1932–33).


    A história do Bolero remonta a 1927. Ravel acabara de terminar a Sonata para violino e piano e firmara contrato para uma digressão nos Estados Unidos e no Canadá. Pouco antes de partir, a bailarina russa Rubinstein encomendou-lhe um “ballet de carácter espanhol”, pois queria montar a sua companhia “Les Ballets Ida Rubinstein”. 


    Ravel não havia composto música para ballet desde “La Valse”, em 1919, e aceitou com muito interesse a encomenda. Tinha 52 anos e, desde a morte de Claude Debussy, era reconhecido como o maior compositor francês vivo. Para facilitar a tarefa, decidiu orquestrar seis peças extraídas da suíte Iberia, do compositor espanhol Isaac Albeniz. Porém, ao regressar da digressão norte-americana, quando já havia começado o trabalho, foi advertido que os direitos de Iberia, propriedade da editora Max Eschig, tinham sido cedidos com exclusividade ao compositor espanhol Enrique Arbós, antigo aluno de Albeniz.

    Ravel passara curtas férias no verão de 1928 na sua cidade natal de Ciboure, no País Basco francês. Foi então que teve a ideia de somente utilizar um tema e um contra-tema repetidos, em que o único elemento de variação proviria dos efeitos de orquestração que sustentariam um imenso crescendo ao longo de toda a obra. Foi ao piano e tocou o tema com apenas um dedo.


    Finalizou rapidamente a peça a qual deu o nome de Fandango. No entanto, para o ritmo de sua obra, o fandango pareceu-lhe uma dança demasiado rápida e  substituiu-o por um bolero, outra dança tradicional andaluza que suas viagens a Espanha lhe permitiram conhecer.


    Ravel aceitou, relutante, a montagem de Benois, porém solicitou ao seu amigo Léon Leyritz, o escultor que esculpiu o busto de Ravel que adorna o vestíbulo da Ópera de Paris, que preparasse outro cenário. Essa produção viria à luz, mas já não seria em vida de Ravel.


    Gravou-o pela primeira vez, em Janeiro de 1930, com a orquestra dos “Concerts Lamoureux”. Os regentes, que viam na obra um terreno fértil e uma fonte fácil de glória, logo se ocuparam do Bolero. Alguns tentaram deixar a sua marca. 


    O Bolero foi  interpretado em muitas transmissões radiofónicas. Finalmente, em 1934, o estúdio Paramount produziu um filme, protagonizado por Carole Lombard e George Raft, intitulado Bolero, em que a música desempenha importante papel. A fama da obra já não podia ser travada.




    Fontes: Opera Mundi
    wikipedia (imagens)

    Maurice Ravel em 1925

    Ida Rubinstein, a inspiração para Bolero. Retrato pintado por Valentin Serov


    VÍDEO
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    Nov16

    22 de Novembro de 1963: O presidente norte-americano John F. Kennedy é assassinado em Dallas.

    António Garrochinho


    Presidente dos Estados Unidos da América (1961/1963), nasceu a 29 de maio de 1917 em Brookline,Massachusetts e morreu a 22 de novembro de 1963 em Dallas. Foi o 35.º presidente eleito dos Estados Unidos,tendo sido também o primeiro a pertencer à Igreja Católica. Em 1941 alistou-se na Marinha e esteve no Pacífico durante a Segunda Guerra Mundial. Foi eleito para o Congresso pelo Partido Democrático em 1946, e para o Senado em 1952. Em 1957 ganhou o Prémio Pulitzer com Profiles in Courage, uma biografia de oito senadores que preferiram sacrificar as suas fortunas a trair as suas ideias. Em 1960 derrotou Nixon nas eleições presidenciais, em parte devido aos bem sucedidos debates televisivos e ao auxílio de académicos e intelectuais de Washington. O seu programa de reformas internas designava-se New Frontier e foi executado a título póstumo por Lyndon Johnson. Enquanto presidente adotou uma atitude favorável à integração racial, sendo partidário da descolonização e do apaziguamento das relações leste-oeste. A sua administração durou 1037 dias. Enfrentou um conjunto de crises externas, especialmente em Cuba e em Berlim. Assumiu-se como único responsável pelo insucesso da invasão da Baía dos Porcos (Bahía de los Cochinos). Conseguiu a proeza de ver assinado o Tratado da proibição de ensaios nucleares pelo presidente soviético Nikita Khrushchev e pelo primeiro-ministro inglês Harold Macmillan; aprovou a Aliança para o Progresso, consolidação das relações entre os Estados Unidos e aAmérica Latina; atravessou a crise de Berlim, tendo proferido a célebre frase «Eu também sou um berlinense»,num discurso em frente ao fatídico muro. Era um presidente imensamente popular na América e no estrangeiro.Enquanto visitava o Estado do Texas, na cidade de Dallas, fazendo-se transportar numa limousine descapotável,Kennedy foi subitamente atingido por um tiro assassino na Praça Dealey, disparado a 22 de novembro de 1963 por Lee Harvey Oswald (1939/1963). À volta do assassinato do presidente surgiram muitas teorias que foram investigadas por uma comissão especial liderada pelo chefe da Justiça americana Earl Warren. Na altura, os investigadores determinaram que Oswald teria atuado isoladamente, mas mais tarde foi ventilada a hipótese de o assassinato ter resultado de uma conspiração.

    John Fitzgerald Kennedy. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2012.
    wikipedia

    Ficheiro:John F. Kennedy, White House color photo portrait.jpg
    John F. Kennedy , 35º Presidente dos E.U.A.Ficheiro:JFK and family in Hyannis Port, 04 August 1962.jpg
    John  F. Kennedy e a família em 1962

    Ficheiro:Coche de Kennedy.jpg
    O carro presidencial momentos antes do assassinato




    File:JFK-poster.png
    22
    Nov16

    Fatos interessantes sobre Bruce Lee: como ele passou de um Gang Street Fighter a uma lenda de Hollywood

    António Garrochinho

    Bruce Lee é mais conhecido actor por trazer Kung Fu para Hollywood.Ele morreu com apenas 32 anos de idade, mas seu legado permanece. Aqui estão 50 fatos  interessantes sobre a incrível vida do  talentoso Bruce Lee.

    Seu nome completo é Lee Jun-ventilador. O nome homophonically significa "voltar", e foi dado a Lee por sua mãe, que achava que ele voltaria aos Estados Unidos .

    O nome Inglês "Bruce" é pensado ter sido dado pelo hospital de atendimento médico, o Dr. Mary Glover.

    Ele nasceu em 27 de Novembro de 1940, em Chinatown, San Francisco, CA.


    Seu pai Lee Hoi Chuen, um cantor de ópera Hong Kong, mudou-se com sua esposa, Grace Ho, e três filhos para os Estados Unidos em 1939; quarto filho de Hoi Chuen, Bruce nasceu enquanto ele estava em turnê em San Francisco.

    Bruce não era puro chinês - ele era, na verdade, uma parte alemão (o avô do lado de sua mãe era meio alemão).

    A futura estrela apareceu em seu primeiro filme na idade de 3 meses, quando ele serviu como o stand-in para um bebê americano em Golden Girl Gate (1941).

    Bruce Lee não estava interessado na escola. Depois da escola primária, Bruce entrou La Salle College, uma escola de língua Inglêsa 

    Em Hong Kong, onde muitas vezes ele começou a ter problemas. Bruce foi expulso do La Salle para o comportamento rebelde.

    Em adolescente, ele foi insultado pelos estudantes britânicos por seu lado chinês e mais tarde se juntou a um gangue de rua. Em 1953, ele começou a aprimorar suas paixões em uma disciplina, estudando Kung Fu (referido como "Kung Fu" em cantonês) sob a tutela do Mestre Yip Man.





    Lee se mudou para os Estados Unidos com a idade de 18 anos para receber o seu ensino superior, da Universidade de Washington, em Seattle e foi nessa época que ele começou a ensinar artes marciais.


    Enquanto na Universidade de Washington, ele se formou em filosofia com foco nos princípios filosóficos de técnicas de arte marcial.

    Ele foi um dos principais filosofia na Universidade de Washington

    (Foto: Photobucket) Ele foi um grande filosofia na Universidade de Washington

    Ele também estudou dança, vencendo a concorrência no estilo cha-cha de Hong Kong, em 1958


    Lee também escrevia poesia
    A forma de verso livre da poesia de Lee refletem sua famosa frase "Seja sem forma ... disforme, como a água."
    Em 1964, Bruce começou a ensinar artes marciais na Califórnia. Até este ponto, kung fu tinha sido um segredo bem guardado ensinado somente aos chineses. Bruce, no entanto, pensou que esta modalidade deveria ser compartilhada com os outros. Por estas razões, Bruce deu aulas a estudantes caucasianos e pretos.
    Através de seu ensinamento, Lee conheceu Linda Emery, com quem se casou em 1964.
    Lee Tinha "(1,71 m) de altura.
    Em 1964, Bruce foi convidado para um campeonato de karate em Long Beach, Califórnia. Lá, ele realizou seu famoso "One Inch Punch," onde ele iria entregar um golpe devastador a partir de apenas uma polegada de distância, enviando o seu adversário voando de volta. Assista ao vídeo abaixo:

    VÍDEO


    1. Bruce Lee e sua esposa Linda logo se mudaram para a Califórnia, onde Lee abriu mais duas escolas em Oakland e Los Angeles.
    2. Ele ensinou principalmente um estilo que ele chamou Jeet Kune Do, ou "O Caminho do punho .
    3.  O casal teve dois filhos - Brandon, nascido em 1965, e Shannon, nascido em 1969.
      Bruce Lee com seu filho Brandon em 1966
      (Foto: Wikipedia) Bruce Lee com seu filho Brandon em 1966
    4. Lee atraiu grande atenção de pessoas famosas que queriam treinar com o mestre de kung fu. Entre seus alunos famosos eram celebridades como Steve McQueen, Joe Lewis, Chuck Norris, James Coburn, e Kareem Abdul-Jabbar.  Bruce foi uma vez até à Suíça para dar aulas particulares para Roman Polanski.
    5. Bruce Lee tinha a capacidade de roubar um centavo na palma da mão aberta de uma pessoa antes que eles pudessem fechá-la.
    6. Os socos de Bruce eram realmente muito rápidos para serem vistos na câmera. O problema foi finalmente resolvido  simplesmente pedindo a Lee para socar e chutar mais lento.
    7. Até o fim de 1972, Lee foi uma grande estrela de cinema na Ásia. Ele foi co-fundador com Raymond Chow sua própria empresa, Concord Productions, e tinha lançado a sua primeira longa metragem como diretor, Return of the Dragon.
    8. O programa de televisão foi para o  ar durante 26 episódios entre 1966 e '67.
    9. último filme de Bruce "Enter the Dragon" custou$ 600.000 em 1973. Até à data, já arrecadou mais de US $ 300.000.000.
      Foto de Bruce Lee como Kato, da série de televisão The Green Hornet.
      (Foto: Wikipedia) Foto de Bruce Lee como Kato, da série de televisão The Green Hornet.
    10. Depois de ser desafiado para uma luta particular, ele lutou com ele, batendo-o em 30 segundos.
    11. Lee poderia realizar  flexões usando apenas o polegar do dedo indicador.
      Bruce Lee como um homem jovem.
      (Foto: Creative Commons / Fun Thrill) Bruce Lee como um homem jovem.
    12. Bruce Lee era tão forte que ele poderia tomar em um braço uma barra de 75 lb a partir de uma posição em pé 
    13. Bruce foi capaz de explodir 100lb sacos com um sidekick simples.
    14. Bruce poderia jogar grãos de arroz para o ar e depois pegá-los em pleno vôo usando pauzinhos.
      Uma foto de arquivo de Bruce Lee durante uma cena de luta.
      (Foto: Getty Images) Uma foto de arquivo de Bruce Lee durante uma cena de luta.
    15. Uma estátua de Bruce Lee foi colocada em Mostar, Bósnia porque era algo que todas as etnias gostavam e poderiam concordar. A estátua foi posteriormente vandalizada e destruída.
    16. Bruce Lee era um fã de A Grande Gama, o único lutador invicto no mundo. 
    17. Depois de ficar famoso, muitas pessoas pensaram que poderiam vencer Bruce - eles iriam caminhar até ele, tocar-lhe no pé no chão (simbolizando um desafio) 
    18.  Suas influências incluem Taoísmo, Jiddu Krishnamurti, e budismo.
    19. Bruce Lee foi votado como o lutador do grande filme de sempre em 2014 pelo Houston Boxing Hall Of Fame. O HBHOF é um corpo votante de desportos de combate composta exclusivamente por lutadores atuais e antigos e artistas marciais.
    20. Em 10 de maio de 1973,  Lee entrou em colapso durante uma sessão de ADR para Enter the Dragon no Golden Harvest em Hong Kong. Sofrendo de convulsões e dores de cabeça, ele foi imediatamente levado para Hong Kong Baptist Hospital, onde os médicos diagnosticaram edema cerebral.Eles foram capazes de reduzir o edema, através da administração de manitol. A dor de cabeça e edema cerebral, que ocorreu em seu primeiro colapso foram posteriormente repetidos no dia da sua morte.
    21. Lee morreu em 20 de julho de 1973, em Kowloon Tong.
      SYDNEY, AUSTRÁLIA - 13 DE AGOSTO: A figura de cera do ator chinês, Bruce Lee é visto no Jardim Chinês da Amizade em 13 de Agosto, 2013, em Sydney, Austrália.  A figura de cera Bruce Lee vai estar em exibição no Madame Tussauds Sydney para marcar o 40º aniversário da morte do ator.
      (Foto: Mark Metcalfe / Getty Images) SYDNEY, AUSTRÁLIA - 13 DE AGOSTO: A figura de cera do ator chinês, Bruce Lee é visto no Jardim Chinês da Amizade em 13 de Agosto, 2013, em Sydney, Austrália. A figura de cera Bruce Lee vai estar em exibição no Madame Tussauds Sydney para marcar o 40º aniversário da morte do ator.
    22. Ele tinha apenas 32 anos de idade no momento da sua morte.
    23. Em 15 de outubro de 2005, produtor Raymond Chow declarou em uma entrevista que Lee morreu de uma reação alérgica ao meprobamato tranquilizante, o principal ingrediente de Equagesic, que Chow descrito como um ingrediente comumente usado em analgésicos.
    24. A esposa de Lee Linda voltou para sua cidade natal, Seattle
    25. Steve McQueen, James Coburn e Chuck Norris estavam entre os pallbearers no funeral de Bruce Lee.
    26. Bruce Lee estava filmando Game of Death quando morreu .
    27. Bruce Lee foi nomeado pela revista Time como uma das 100 pessoas mais influentes do século 20.
    28. Uma estátua de Bruce Lee foi erguida em Los Angeles Chinatown, em 15 de junho de 2013. .
      estátua de Bruce Lee em Hong Kong
      (Foto: Wikipedia) estátua de Bruce Lee em Hong Kong

    29. Bruce Lee está enterrado ao lado de seu filho Brandon em Lakeview Cemetery, Seattle.
      (Foto: Wikipedia) Bruce Lee está enterrado ao lado de seu filho Brandon em Lakeview Cemetery, Seattle.

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    Nov16

    O outro lado da história de Martin Luther King: Provas gravadas de suas infidelidades conjugais e a vida dupla de um santo demasiado humano

    António Garrochinho

    * Do icônico discurso I Have A Dream (Tenho um Sonho) foi celebrado semana passada

    * As afirmações de que o ativista dos direitos humanos vivia uma vida dupla e era um mulherengo inveterado

    * Ele se casou com a ativista Coretta Scott em 1953 e teve quatro filhos

    * Investigação do FBI teria descoberto detalhes de que o pregador dormia com mulheres que eram membros de sua congregação

    Ele foi, sem dúvida, um dos maiores heróis dos Estados Unidos. Um homem valente, eloquente inspirador, cujos discursos emocionantes causam forte impacto até hoje.
    Não é surpresa que no aniversário da famosa Marcha sobre Washington, na qual ele realizou seu discurso I Have a Dream (Tenho um Sonho), o presidente americano e ex-presidentes — Barack Obama, Bill Clinton e Jimmy Carter — se reuniram na semana passada para homenagear Martin Luther King.
    Mas Washington nem sempre teve a mesma opinião sobre o pregador da igreja batista e ativista de direitos humano de Atlanta, no estado da Georgia.
    Casamento feliz? Martin Luther King se casou com Coretta Scott em 1953, mas teria traído a esposa ao longo do casamento
    Motivados pela convicção equivocada do chefe do FBI, J. Edgar Hoover, de que King era um comunista perigoso, agentes federais instalaram microfones nos seus quartos de hotel. O que descobriram, e tentaram utilizar contra ele em uma viciosa chantagem, não era evidência de comunismo, mas de adultério.
    Com uma das mais surpreendentes vidas duplas da história, King era não apenas um pastor e defensor dos direitos humanos, mas um homem que nunca largou do vício do adultério com várias mulheres.
    A vida sexual secreta de King se tornou assunto na Casa Branca a tal ponto que entrevistas recentemente publicadas com Jackeline Kennedy revelaram que até ela sabia disso.
    A ex-primeira-dama confirmou como seu cunhado Bobby Kennedy lhe contou que o FBI fez gravações de King tentando organizar uma orgia na noite da véspera da Marcha sobre Washington em março de 1963.
    “Não consigo olhar para uma foto de Martin Luther King sem pensar que ele é um homem terrível”, disse Jackeline. Bobby lhe disse que King “estava ligando para várias mulheres e organizando uma festa de homens e mulheres, tipo uma orgia”.
    O fato de que King era viciado em sexo (embora provavelmente não pior que o marido de Jackeline Kennedy, John F. Kennedy), há muito tempo ele é motivo de vergonha para os EUA que abertamente o declararam um santo.
    O segredo mais bem guardado dos EUA: Herói americano e líder dos direitos humanos teria tido vida sexual similar a do notório mulherengo JFK (segundo da direita para a esquerda)
    Embora seja fora de questão que ele era charmoso, incansável e corajoso, também é indiscutivelmente verdade que esse homem brilhante tinha um lado obscuro, como um dos seus aliados mais próximos confirmou.
    O ativista de direitos humanos e reverendo Ralph Aberthany foi o homem que segurou King no dia em que ele foi assassinado com um tiro em Memphis, Tennessee, em 1968.
    Mas em 1989, Aberthany — que havia sucedido King como líder do movimento — sofreu a fúria de aliados e foi acusado de traição depois de ter confirmado que os rumores de longa data sobre o apetite sexual desenfreado de seu velho amigo eram verdade.
    Em sua autobiografia, Aberthany relata que King — cujo casamento com Coretta Scott em 1953 gerou quatro filhos — tinha uma “fraqueza por mulheres”.
    Na estrada: King viajou pelo país para pregar. De acordo com o velho amigo Rev. Ralph Aberthany, ele teve relações com mulheres durante as viagens.
    King, um pastor na época com 25 anos, “entendia e acreditava na proibição bíblica do sexo fora do casamento”, disse seu amigo. “O problema era que ele tinha uma dificuldade muito grande com essa tentação”.
    E isso eufemisticamente falando. O pastor relata um caso extraordinário que indica que King passou as últimas noites de sua vida recebendo a atenção de não uma, mas duas amantes, seguido de um encontro com uma terceira que ele teria agredido em seu quarto de motel.
    A noite fatídica havia começado com King proferindo seu discurso histórico I’ve Been To The Mountaintop (Estive no Pico da Monhanha [da glória de Deus]) em no Templo Maçônico em Memphis, no qual ele parecia prever a própria morte.
    Depois disso, Aberthany, King e outro ativista, o Rev. Bernard Lee, foram à casa de uma das amigas de King para uma ceia.
    Aberthany disse que ele e Lee tiraram um cochilo na sala depois da refeição. Ele acordou à 1h da manhã e viu King saindo com a mulher do quarto.
    Vista grossa: Quando Coretta Scott King recebeu uma fita do FBI contendo detalhes contando as proezas sexuais do marido, ela a ignorou.
    Eles então retornaram aos seus aposentos em um motel, onde uma política local negra estava esperando para vê-lo. Aberthany deixou o casal e foi ir dormir no quarto que dividia com King.
    Entre 7h e 8h da manhã, King entrou no quarto parecendo assustado, relata o pastor. King precisava da ajuda do amigo para acalmar uma terceira mulher que estava, segundo ele, “nervosa comigo. Ela entrou no quarto hoje de manhã e encontrou a minha cama vazia”.
    Conforme argumentou um comentarista do livro de Aberthany na época, a insinuação do autor era óbvia. “King, um homem casado, havia sido infiel mesmo na sua infidelidade”.
    O drama não acabou por aí. Quando a terceira mulher apareceu no quarto, a briga com King ficou tão intensa que ele “perdeu a cabeça e a derrubou na cama com um tapa”.
    Na onda de indignação do movimento dos direitos humanos que se seguiu às suas alegações, vários dos envolvidos nessa agitada noite apareceram para desmentir a versão de Aberthany.
    Adjua Abi Naantaanbuu, dona de um salão de beleza em Memphis, disse que preparou a ceia naquela noite, mas que não houve sexo. Ela também não era amiga de King, somente uma ativista de direitos humanos a quem pediram para dar uma refeição aos visitantes.
    Inesperado: Visto como uma inspiração e um salvador para muitos, é difícil acreditar que King foi gravado dizendo: “Estou f*****o por Deus! Hoje eu não sou um negro!”
    Georgia Davis Powers, senadora do estado de Kentucky que fez a visita a King tarde da noite no motel, disse que ficou acordada com ele conversando até às 4h da manhã. Bernard Lee argumenta que o conto de Aberthany foi inventado e que ele “traiu uma grande confiança... por dinheiro”.
    Mas Aberthany reafirmou a história até sua morte. “Com toda honestidade e justiça, foi o que aconteceu”, disse.
    Estariam os críticos de Aberthany se unindo para proteger o legado de um gigante? O problema para eles era que Aberthany não foi o único a trazer tais acusações.
    Embora o assunto nunca chegue às discussões bajuladoras da mídia televisiva ou do jornal New York Times, a traição habitual do pregador foi abordada em uma série de aclamadas biografias.
    De acordo com o biógrafo David Garrow, vencedor de um prêmio Pulitzer, era um segredo aberto entre os ativistas, que chegavam a alertar King que controlasse seu “atletismo sexual compulsivo”.
    Mas ele não mostrava nenhum arrependimento, dizendo a um amigo: “Eu fico fora de casa de 25 a 27 dias por mês. F***r mulheres é uma forma de reduzir a ansiedade”.
    Embora ele não tenha dado nomes, Garrow disse que três mulheres em especial se tornaram mais que romances passageiros.
    King ficou muito próximo de uma delas, que acredita-se ser uma colega de Atlanta. Em determinado ponto, ele a via quase todos os dias, embora, acrescenta Garrow, “isso não eliminasse os casos sexuais casuais que eram comuns nas viagens de King”.
    Claramente não era apenas o ativista recebendo fundos. Um assistente de King lembra ter visto uma mulher atrás da outra se insinuando para King em uma festa para arrecadar fundos no subúrbio de Nova York.
    Magnetismo: King teria atraído inúmeras mulheres com sua abordagem encantadora, cortês e polida.
    “Não conseguia acreditar no que estava vendo nas mulheres brancas de Westchester”, relata. “Elas chegavam até ele e lambiam os lábios sinuosamente, passavam bilhetinhos... Depois do que vi naquela noite, não o culpo”.
    Era evidente que King se dava ao luxo de ser seletivo nas suas traições. De acordo com um velho amigo da família: “As mulheres que ele ‘namorava’ pareciam modelos... altas... todas geralmente claras, nunca negras”. Ele acrescenta que King “era um Casanova”, mas mantinha uma “dignidade discreta” e era respeitador com suas muitas conquistas.
    Era um segredo extraordinário para um homem que costumava usar a mensagem dos Evangelhos em seus discursos, e que dizia aos entrevistadores que “o sexo é basicamente sagrado... do qual nunca se pode abusar”.
    Silêncio: Coretta Scott King disse que não discutia infidelidade com seu marido porque: “Eu não iria sobrecarregá-lo com algo tão trivial”.
    Mas como até seus amigos mais próximos atestavam, King era um chauvinista que insistia que sua esposa (uma dedicada ativista de direitos humanos) ficasse em casa e criasse os filhos enquanto ele viajava pelos Estados Unidos com seus discursos incendiários.
    Uma vez ele disse a Coretta que estava ocupado demais para discutir em que escola deveriam colocar sua filha. Nos poucos dias que King passava em casa, estava continuamente ao telefone.
    Não ajudava o fato de que quando ele estava na estrada com seus colegas pregadores no início do movimento pelos direitos humanos, estava entre semelhantes. Comentaristas dizem que o charme sexual desses pastores era parte fundamental do seu apelo nas congregações.
    Dormir com mulheres da própria igreja era regra, e não exceção, e o próprio King admitia não conhecer um único pregador negro que era casto.
    Conforme comentou delicadamente o ativista veterano Michael Harrington, o movimento não era de todo um esforço “ranzinza e farisaico”.  “Todo mundo estava fazendo sexo”. Ou tentando.
    Um dos mais célebres biógrafos de King, Taylor Branch, revelou como, durante a viagem de King à Noruega para receber seu prêmio Nobel em 1964, membros da sua comitiva foram vistos correndo atrás de prostitutas nuas ou seminuas no hotel em Oslo, onde estavam hospedados. Somente uma súplica desesperada à segurança do hotel os poupou de serem expulsos.
    Branch revelou também como agentes do FBI instalaram microfones no quarto de hotel de King em Washington em janeiro de 1964 e o pegaram em plena atividade. “Estou f*****o por Deus! Hoje eu não sou um negro!” Podia-se escutá-lo gritando.
    No mesmo ano, o FBI anonimamente enviou a King uma fita editada com vários “momentos” dos seus gemidos sexuais e piadas indecentes, junto com uma mensagem escrita: “Você acabou. Só há uma saída para você. É melhor você tomá-la antes que sua personalidade nojenta, anormal e fraudulenta seja exposta à nação”.
    King interpretou isso como um chamado para que cometesse suicídio, embora fontes do FBI tenham dito mais tarde que eles buscavam simplesmente sua renúncia do movimento pelos direitos humanos.
    O FBI também enviou provas incriminadoras aos seus colegas, políticos e grandes agências de mídia (que, por razões desconhecidas, se recusaram a publicá-las).
    Parte do que essas cartas anônimas alegavam, como a queda de King por prostitutas brancas e o uso de ofertas e dízimos da igreja para custear orgias sexuais regadas a bebida alcoólica, tem sido fortemente debatido, até pelos que admitem as aventuras sexuais de King.
    Abernathy insistia que seu amigo “nunca foi atraído por mulheres brancas e não tinha nada com elas”, mesmo que tivesse oportunidades.
    Mas há outro mistério: por que, tendo juntado as provas, o governo dos EUA nunca tirou proveito maior das gravações incriminatórias? Muitos membros dos altos escalões do governo, principalmente o formidável J. Edgar Hoover, teriam exposto King sem pestanejar.
    Mas, de acordo com Taylor Branch, embora o presidente Lyndon Johnson tenha se sentido traído por King por sua oposição pública à Guerra do Vietnã, ele hesitou em usar o dossiê do FBI contra ele.
    Não ficou claro por que seu predecessor, John Kennedy, também conteve a mão, mas considerando seu próprio envolvimento com adultérios e casos sexuais, talvez tenha pensado que seria hipócrita.
    Quando ele recebeu a fita, King ficou surpreso em saber que o FBI sabia tanto sobre sua vida privada, mas ele também disse aos amigos que isso não era da conta deles. A fita do FBI também foi enviada a Coretta: ela alegou não conseguir identificar o que estava acontecendo nas gravações e ignorou o fato.
    Mais tarde ela admitiu nunca ter discutido sobre infidelidade com King, dizendo: “Eu não iria sobrecarregá-lo com algo tão trivial... todos os outros assuntos não tinham lugar no nosso bom relacionamento”.
    Conforme Ralph Abernathy destacou: “As mulheres sempre foram atraídas por um herói”. E King certamente o era.
    Charmoso, polido, amigável e perfeitamente bem educado, King “as atraía aos montes, mesmo quando não queria”, acrescenta.
    Por todas as suas falhas tão humanas, ele era um homem de imensa bondade, que inverteu a maré contra o fanatismo racial na América. Somente quatro homens na história americana têm um monumento nacional e apenas um, King, tem um feriado em sua honra.
    Mas é de se imaginar o que ele iria pensar da adulação quase devota que recebe hoje.
    Sua mulher e seus amigos dizem que ele era atormentado pela culpa por suas falhas pessoais. Ele achava desconfortável ser colocado em um pedestal quando tudo o que ele queria era acabar com a injustiça da segregação.
    Aos domingos, na sua Igreja Batista Ebenezer em Atlanta, King costumava dizer à sua congregação, sem ser muito específico, que ele era um “pecador”.
    E acrescentava: “Há um monstro em cada um de nós... você não precisa sair por aí esta manhã dizendo que Martin Luther King é um santo”.
    22
    Nov16

    Quando o Governo PSD/CDS não quis discutir reformas

    António Garrochinho



    Já saiu o novo Caderno do Observatório sobre Crises e Alternativas, dedicado à Concertação Social que será debatido amanhã, 4ªf, dia 23, pelas 16h30 na Casa do Alentejo, na Rua das Portas de Santo Antão, com a participação Manuel Carvalho da Silva, António Saraiva presidente da CIP e Arménio Carlos secretário-geral da CGTP.

    Ideia chave:


    Enquanto as políticas e as orientações de acção definidas pelas instituições da UE representaram 70% dos tópicos discutidos na Comissão Permanente da Concertação Social entre Março de 2010 e Dezembro de 2015, as questões estratégicas de grande relevo socioeconómico para o país, reformas de fundo – todas elas consideradas relevantes pelas confederações – foram desconsideradas na actividade da CPCS. Do total dos tópicos abordados nesse período, estas medidas representaram apenas 11% do total.

    O caderno faz um balanço das entorses criadas desde a criação em 1984 do corpo institucional da Concertação Social e acrescenta diversos aspectos - novas entorses - observadas desde 2009, através da leitura da totalidade das actas da Comissão Permanente da Concertação Social.

    É o caso de:


    1) A imposição de uma agenda centrada na legislação laboral que desvaloriza ou anula os pontos de vista específicos das confederações patronais e sindicais, ou imposição de um ritmo de discussão acelerado que tem como objetivo obter rapidamente compromissos passíveis de serem exibidos nas instituições da UE como prova da adesão dos parceiros sociais às suas políticas impostas;

    2) O agendamento de numerosas sessões dedicadas às medidas ativas de emprego, que muitas vezes se traduzem em formas indiretas de financiamento público às empresas, atribuídas a título compensatório da aceitação de outras medidas, a par da fuga à discussão de uma estratégia de crescimento económico e de criação de emprego – objetivo que em vários momentos foi partilhado por todas as confederações;

    3) A imposição da aplicação estrita do Memorando de Entendimento como uma obrigação (necessária), condicionando o diálogo social e transformando-o numa falsa concertação social. Neste processo são promovidas reuniões bilaterais entre Governo e confederações, cujo conteúdo não é publicitado;

    4) A utilização da comunicação social por parte do governo, como forma de experimentação de propostas junto da sociedade, das medidas ainda não minimamente discutidas, donde resulta uma forte pressão sobre as confederações;

    5) A divulgação tardia, ou mesmo a ausência, de estudos preparatórios sobre as políticas ou as propostas em discussão; a adoção de medidas sem avaliação da eficácia de outras semelhantes já aplicadas no passado; a divulgação de estudos sem a profundidade requerida e/ou sem serem discutidos em concertação, cujo conteúdo nunca poderá, por isso, ser incorporado nas avaliações dos parceiros sociais. Tais práticas propiciaram a adoção acrítica de posições pré-definidas pelos governos ou a legitimação de resultados de encontros bilaterais à margem da CPCS, entre o Governo e certas confederações;

    6) Discussões interrompidas por suposta dificuldade de agendamento, ou pela necessidade dos membros do Governo se ausentarem, permanecendo os debates sem a profundidade necessária ou tornando-se mesmo inconclusivos; apresentação de iniciativas legislativas em cima da hora, sem grande margem de negociação, resultando em verdadeiros factos consumados.

    ladroesdebicicletas.blogspot.pt
    22
    Nov16

    O ideólogo da treta de Passos Coelho

    António Garrochinho




    Vale a pena ler Rui Ramos, quando um dos ideólogos desta direita extrema e chique recorre ao incidente da queda da estátua, no Museu de Arte Antiga, como argumento ideológico em defesa de Passos, diz tudo sobre a total falta de argumentos. Tudo o resto na sua escrita é mentira e manipulação sem grande consistência. Pobre Passos Coelho, não é com ideólogos como este que vai longe.

    “O problema de Passos é comercial. Passos, quando anuncia o “diabo”, fala para o público em geral, em nome do bem comum.”

    Não, quando Passos anunciam o diabo não está pensando no bem de ninguém, quem prevê ou deseja um desastre nas contas públicas não deseja o bem de ninguém.

    “Durante o ajustamento, Passos governou para todos e para ninguém em especial.”

    Mentira, durante muito tempo os alvos da austeridade foram os funcionários, opção explicada por gente do governo como sendo eleitoralistas, Passos optou por concentrar a austeridade naqueles que mais odiava e continua a odiar. Mais tarde alargou a austeridade a alguns pensionistas e só adoptou a sobretaxa para financiar a descida do IRC, quando falhou o golpe sujo da TSU.

    “A austeridade foi transversal, perdoando apenas, na sua incidência directa, os rendimentos mais baixos.”

    Mais uma mentira, para além de todos os cortes nos apoios sociais e antes de adoptar qualquer medida de austeridade transversal, Passos aumentou o IVA nos bens alimentares de primeira necessidade e na electricidade.

    “Entre 2011 e 2015, não negligenciou apenas a comunicação e o “networking”. Desprezou a ideologia, para aumentar impostos.”

    Mentira, a tese da desvalorização fiscal é ideológica e levou a que alguns rendimentos que suportam o IRC financiassem das descidas na TSU. Na hora das eleições, em 2015, Passos montou uma mega fraude fiscal com o intuito simular a mentira do reembolso da sobretaxa.

    “Enganou-se: a folga que ele deixou está a ser gasta por Costa para fazer precisamente o que Passos julgou que tinha acabado.”

    A “folga” que Passos deixou foram reembolsos por fazer no IVA, em resultado da fraude eleitoral do reembolso da sobretaxa e o exagero de retenções na fonte de IRS que tiveram de ser reembolsadas em 2016. 2016 não foi um ano de folga mas sim de redução do défice.

    “Na oposição, Passos continua a falar para todos, em nome do bem público.”

    Mentira, Passos continua a falar apenas para os que não odeia e é por isso que chega a dizer que com ele os capitalistas gostariam mais de investir.

    “Nos seus discursos, mesmo quando os escreve, Passos cita estatísticas, raciocina, é didáctico.”

    Quando é que isto sucedeu, as únicas estatísticas que Passos citou foram as que supostamente seriam divulgadas em Setembro e que ninguém percebeu quais eram, talvez porque o seu golpe fiscal falhou.

    “Podem os sábios vir ensinar que o crescimento económico é metade do espanhol, ou que os juros da dívida estão a subir. Podem os jornais notar que o Metro de Lisboa circula no Terceiro Mundo, ou que há estátuas derrubadas no Museu de Arte Antiga."

    A dívida nunca foi pequena, os juros nunca foram baixos e o Metro começou a ser miserável com a gestão de Passos. Quanto à queda da estátua só revela a pouca inteligência de Ramos.

    “Quem quer saber disso, se os funcionários vão ser aumentados, e os “precários” entrar no quadro?”

    Os funcionários não foram aumentados, deixaram de perder tanto e ao contrário do que sucedeu em Espanha não foram ressarcidos do que lhes foi tirado.


    jumento.blogspot.pt
    22
    Nov16

    Um partido bicéfalo

    António Garrochinho



    Os media ditos de referência engendraram um novo partido. As quatro siglas tornaram-se rotineiras, e os patrões das notícias sabem que a rotina mata. Os leitores, ouvintes e telespectadores exigem novos ícones, novas siglas e outras cores, já chega de PSD, CDS, PS e BE.

    A comunicação associal lançou no mercado mediático, uma nova sigla partidária o BE/pcp. O partido bicéfalo!

    Talvez porque se confunde com o BCP, escrevinhadores e locuteiros têm dificuldade em referir por escrito ou verbalmente “PCP”, assim, porque estas letras referem um partido com quase cem anos de luta e é sustentáculo do governo, sempre que têm dificuldade em o ignorar e  necessitam de o referir, colam-lhe o BE. P. ex., o Partido Comunista propõe seja o que for, a notícia surge: “o BE e o PCP” propuseram. 

    Os comunistas discordam, pois bem, somos informados que o “BE e PCP discordaram”, os comunistas estão de acordo, logo a pastilha elástica vem colada à bota do PCP: o “BE e o PCP estão de acordo com…”.
    O BE sem os media não existia,  n ã o  e x i s t i a, e existirá enquanto lhes interessar, tal como aconteceu a TODOS os outros com a mesma origem.

    Mas, por favor,  colem a pastilha elástica a outro sapato.



    Via: as palavras são armas http://bit.ly/2gbq4bv
    abrildenovomagazine.wordpress.com
    22
    Nov16

    Como na ficção, eles “comem-se” uns aos outros

    António Garrochinho

     estrelaserrano@gmail.com



    comentador Marques Mendes “encerrou” este domingo o assunto das declarações dos administradores da Caixa Geral de Depósitos com a afirmação peremptória de que eles “vão entregar ao Tribunal Constitucional as suas declarações de rendimentos e património, pedindo que estas não sejam tornadas públicas“. Assim mesmo, fala quem sabe.
    Os jornalistas nem pestanejaram. Abriram telejornais e noticiários radiofónicos com as afirmações do comentador, os jornais deram-lhe gás  e foram ver se podiam  acrescentar qualquer coisinha  mas Mendes esgotou o assunto.
    Foi também assim da primeira vez quando Mendes “descobriu” que os gestores se preparavam para não  apresentarem as declarações de rendimentos e de património. E até os mandou “desamparar a loja”.
    E foi também assim quando Lobo Xavier disse na “Quadratura do Círculo”, quinta-feira passada, que existe um acordo escrito entre o Governo e o presidente da Caixa a garantir que não haveria declaração de rendimentos e de património.
    Os partidos entraram em polvorosa cada vez que estes comentadores falaram sobre o assunto, Passos Coelho engrossou a sua bela voz e disse do Governo o que Mafona não disse do toucinho; “despudor total”, “brincar com as pesoas” etc., etc. e Dona Cristastambém fez cara de má. O governo veio então pela voz do Secretário de Estado do Tesouro e Finanças  esclarecer  que não há documento nem acordo sobre esse assunto mas isso pouco importa, o que vale é o que dizem os comentadores.
    E chegámos a isto: as notícias importantes são dadas pelos comentadores políticos, que não precisam, é claro,  de identificar as suas fontes nem de exercer o contraditório já que ninguém os incomoda com essas “chinesisses”, uma vez que não são jornalistas. the-walking-dead-glenn-zombieFazem lembrar os “mortos-vivos” da série televisiva The Walking Dead”. Estes estão mortos mas andam e até mordem os vivos. Os políticos comentadores são comentadores mas dão notícias e “mordem” os jornalistas.
    Nesta mixórdia onde é que estão os factos, as opiniões, o spin, a contra-informação? Onde é que está a verdade? Não sabemos,, mas, vendo bem, nem isso é importante. A “pós-verdade” é a palavra do ano!

    vaievem.wordpress.com
    22
    Nov16

    Por que uma nova esquerda é necessária

    António Garrochinho

    (Por Christophe Vieira, in Outras Palavras



    Vitória de Trump abala projeto neoliberal, mas leva ao poder direita autoritária. Quem lutará, agora, por justiça, igualdade e soberania popular?

    A eleição de Donald Trump – cuja primeira explicação é a rejeição, no seio das classes populares, de Hillary Clinton, a encarnação do pior conluio entre dinheiro e política – confirma o “momento populista” mundial [1].

    O que se percebe por trás desse “momento” intensamente politico?

    O deslocamento de nossas democracias. Em direção a quê? A regimes tipo “autoritários identitários” [2], se a esquerda não trabalhar, pelo menos nas lutas que a caracterizam, em favor de uma “radicalização da democracia” [3], que esteja a serviço de três ideias: soberania, igualdade e justiça. Três marcadores progressivamente abandonados pela esquerda realmente existente, em especial nos Estados Unidos e na Europa.

    Populismo de direita: “entre nós, e todos contra nós”

    Não há esperança, mas uma nova gestão social e política do desespero. Esta é, no fundo, a magia obscura proposta pelo populismo de direita. Compreendamos que o sujeito político chamado Donald Trump cristaliza e condensa a energia incandescente e negativa de numerosas cóleras populares – especialmente a das categorias socioeconómicas devastadas pelos efeitos do livre mercado e da desregulação financeira durante o ciclo Reagean-Bush-Clinton-Obama/Hillary. Bruto, revoltado e violento, o levante Trump ocorre quando as populações dominadas e abandonadas à tirania dos donos do mundo não vêem alternativas a sua condição. Elas assumem, em resposta, uma relação de desconfiança legítima, não somente diante da representação política, mas do próprio sistema político. Donald Trump é o produto negativo de suas exigências democráticas e sociais desprezadas e massacradas por muito tempo, especialmente pelos partidos – os democratas, neste caso – que supostamente as representariam. Essas populações encontraram, na falta de uma esperança, o meio passageiro de assustar o sistema introduzindo, no coração de seu quartel-general, uma granada de mão pronta para ser detonada. E isso, por meio dos próprios mecanismos eleitorais desse sistema que permite que se possa tornar presidente sem haver ganho a maioria dos votos.

    Donald Trump é um objeto político sofisticado e bem sucedido. Ele conseguiu incendiar as paixões populares, construir um “povo” no meio da população, isto é, uma nova aliança sociopolítica formada além das filiações partidárias tradicionais, que funcionavam até então em favor do equilíbrio de uma ordem política e social com a qual a maioria da sociedade ainda consentia.

    A vitória de Donald Trump indica a ruptura desses equilíbrios e uma recomposição. O populismo – ainda que de direita – indica e encarna uma transição entre um desequilíbrio e um novo equilíbrio, uma nova ordem da sociedade. O alcance e a natureza do que se desenhará no decorrer desse processo depende das orientações desse populismo, de sua capacidade de mudar a economia, manter a coesão de seus apoiantes, produzir instituições que acabarão por superar e mudar as relações de força na sociedade.

    No caso de Donald Trump, a aliança forjada encontrou seu cimento eleitoral no ressentimento contra todas as elites – especialmente a esquerda intelectual empoleirada em seu conforto universitário e mediático – e uma classe política “Coca-Cola – Pepsi-Cola” que pratica as mesmas políticas e defende os mesmos interesses. Uma classe política incapaz de resolver os problemas concretos das pessoas, pela simples e boa razão de que esses problemas não podem ser solucionados aceitando o quadro e as estruturas da globalização econômica e financeira – especialmente o livre mercado, que desindustrializa os países do Norte, proletariza os do Sul, devasta o ambiente e oferece liberdade sem restrições ao capital e às finanças. Tudo isso impossibilita qualquer controle democrático do poder econômico e mina toda possibilidade de políticas de redistribuição social.

    Brexit, fracasso dos acordos comerciais, vitória de Trump: as revoltas cegas [orig. “jacqueries”] contra a globalização e seus poderes mundiais e nacionais propagam-se e se sistematizam. As sociedades gritam, de modo cada vez mais violento, “não” à globalização, território econômico e financeiro sem equivalente político e democrático possível.

    Donald Trump foi quem – cúmulo da ironia – colocou no coração da campanha (assim como Bernie Sanders) as questões econômicas e sociais e conseguiu encarnar a vontade de um poder público que volte a controlar a economia – posição oposta ao consenso entre os dois partidos de governo.

    Trump venceu sobre as cinzas do “establishment” de seus próprio campo e dos anos Obama, que desembocaram em promessas não mantidas – especialmente junto às classes populares –, guerras intermináveis, agravamento das desigualdades sociais e pauperização crescente de dezenas de milhões de pessoas nos Estados Unidos.

    Trump não é, ele próprio, um ganhador da mundialização? Sem dúvida alguma. Mas ganhou as eleições afirmando que, no seio do reino em perigo, desafiava a política do rei e de seus principais vassalos. Afirma que é preciso ajustar as leis fundamentais da globalização aos interesses de seu país – separado aqui do “business” americano – mal conduzidos desde 2008 (e desde o início dos anos 2000, com o crescente poder da China e de outros novos atores mundiais). Como? Refreando o ritmo e o avanço da globalização financeira e econômica – para não mais sofrer suas consequências e desordens. Posicionando os Estados Unidos, a tempo, no coração da competitividade fiscal mundial (reduzir os impostos das empresas para atrai-las e fixá-las no país). Criando as condições para um novo ciclo geopolítico de retirada e reequilíbrio estratégico.

    Deste ponto de vista, há forte ressonância com as orientações lançadas pelos discursos da nova primeira ministra britânica Theresa May. Trinta e cinco anos depois de Ronald Reagan e Margaret Thatcher, um novo pulso anglo-saxão de dimensão mundial parece estar sendo preparado. Desta vez, visa conduzir a globalização a um rumo cujos marcos são perceptíveis. Maior controle estatal sobre o poder financeiro e bancário. Criação de mastodontes capitalistas em todos os setores estratégicos da economia e das indústrias por meio da multiplicação de processos de fusão/aquisição. Protecionismo (em plano nacional mas igualmente no quadro dos clubes de afinidades do país diante dos outros). Fechamento das fronteiras nacionais para gerir os fluxos migratórios mundiais. Em outras palavras, uma reorganização da sociedade – não um recuo, mas uma reorganização – para reposicionar os Estados Unidos (e o aliado britânico) aos postos avançados da concorrência capitalista mundial… que coloca o mundo inteiro contra a parede.

    Se confirmado, esse projeto beneficiaria os eleitores de Trump? Ou os que, na França e em outros países europeus, votam ou são tentados a votar nos candidatos populistas de direita? Não, porque o novo presidente americano – ou Marine Le Pen na França – não têm como projeto a emancipação do “povo” que eles criam e mobilizam. O que pretendem é estabelecer controles e promessas de um alívio cosmético, obtido graças à repressão interna de outras partes da população (especialmente os imigrantes).

    Seu projeto é, ao fim das contas, a radicalização do sistema que eles pretendem desafiar. As forças “populistas” de direita – a Frente Nacional francesa, de Marine Le Pen, oferece a matriz mais avançada da Europa – conseguiram reconstruir um povo mobilizando um discurso do tipo “eles querem o pouco que temos; eles não vão ficar”. Esse discurso procura, com sucesso, mobilizar alguns setores da sociedade contra outros (notadamente os imigrantes e os pobres) em período de escassez de trabalho e de recursos do Estado para financiar o sistema social — porque esses Estados tornaram-se prisoneiros de seu endividamento nos mercados financeiros, de suas escolhas fiscais e de suas políticas de austeridade.

    Redistribuir a riqueza e conceder benefícios sociais, sim, mas em pequenas quantidades e para os nacionais. Como? Reposicionando o país a seu favor na competição internacional. Mantendo a exploração econômica dos trabalhadores que vivem ali (mas praticada por um patronato nacional revitalizado). Reduzindo os direitos dos grupos mais desprotegidos da população (estrangeiros, pobres, mulheres etc). Eis, em resumo, o projeto de sociedade proposto por cada um dos “populismos” de direita.

    De qualquer modo, cada um entre si todos contra todos. Agindo assim, o populismo de direita elabora um discurso mobilizador da defesa das identidades tradicionais (a cristandade, a região, a comunidade étnica etc.) — que ele ajuda a manter – para unificar os setores aos quais ele se dirige contra a “elitocracia”.

    Esse projeto é vão pois não modifica as causas das dificuldades das populações e contribui com a sobrevivência de um sistema em perigo que, in fine, recorre aos populistas de direita para que sejam mais um dos tantos corta-fogos que o defendem – especialmente diante dos riscos de desordem social. Hoje os migrantes, os estrangeiros instalados. Amanhã as mulheres, os sindicatos, as associações. Cada um de nós monitorado por sua tela, seu telefone, seu computador.

    De qualquer forma, o triunfo de Donald Trump nos Estados Unidos não deixa de ser um novo golpe contra a esquerda em todo o mundo. tragicamente, o magnata novaiorquino toca exatamente em seu oposto: justiça, igualdade e soberania não são possíveis nos limites da globalização financeira e econômica. Todos os meios que permitiram à esquerda, antes da globalização, lutar por seus objetivos no quadro de um capitalismo industrial submetido a controle nacional estão ultrapassados, no cenário de um capitalismo altamente financeirizado e pós-industrial

    Populismo de esquerda: (re)construir um “povo pela emancipação”

    Que políticas a esquerda atual propõe para enfrentar a despossessão global das sociedades? Por meio de que estratégias e mediações ela concebe reconstruir seu “povo” – ou seja, uma nova aliança formada a partir de sujeitos políticos e sociais heterogêneos e com múltiplas aspirações? Estas questões constituem desafios e concentram diversas dificuldades.

    Mas é preciso ter em mente que a energia da cólera captada pelos populista de direita é líquida. Ela pode produzir outros efeitos. Outro “populismo” e outras identidades coletivas são possíveis Abandonar o medo imposto por aqueles que determinam as regras do jogo e ditam os termos da batalha intelectual permite enxergar que a noção de “populismo” é, antes de tudo, expressão de uma nova disponibilidade para a política. O “populismo” não é, em si, nem de esquerda, nem de direita; nem reacionário, nem progressista. Ele torna-se uma coisa ou outra, ao redefinir e reorganizar as fronteiras e as clivagens políticas anteriores, apagadas (élisés) e desviadas (dévoyés) pelo consenso e a prática dos partidos instalados no centro do dispositivo de poder.

    Para citar a frase famosa do geógrafo anarquista Elisée Reclus (1830-1905) – “o homem é a natureza que toma consciência de si mesma” –, poderíamos afirmar que “o populismo é a política (re)tomando consciência de si mesma”. O “populismo” traduz um estado de tensão na organização da sociedade. É expressão dos “murmúrios” das populações subalternas. Revela uma situação de difusão (diffusion”) em toda a extensão da sociedade, de descontentamento diante do bloqueio dos canais tradicionais por onde transitavam normalmente das demandas e exigências lançadas às instituições (partidos, imprensa, sindicatos, empresas etc). O “populismo” não é um projeto político em si e não pode sê-lo. É um processo de mobilização por meio do qual se reconstroem, na ordem política, uma cidadania de intervenção refratária ao mundo como ele é e uma estratégia de conquista do poder.

    É por esta razão que cabe à “esquerda” a responsabilidade de não renunciar à construção de um povo pela emancipação, e de fecundar com suas melhores tradições o “populismo” que está em formação.

    Nesse processo, a defesa e promoção da soberania popular será o núcleo de uma batalha singular. Tal ideia de soberania foi literalmente desvertebrada devido ao fato de que a maior parte das questões econômicas e monetárias que determinam a vida concreta e quotidiana dos indivíduos é tratada for a do campo da deliberação coletiva.

    No quadro da economia globalizada, defender a soberania popular pode servir a dois projetos antagônicos. A serviço das forças da ordem estabelecida – e de seu cão de guarda de extrema direita – esta defesa constitui uma técnica de desumanização [4] da sociedade, para favorecer a eclosão de um projeto autoritário que estimulará múltiplas competições no interior dos povos. Significará dividi-los e discipliná-los, num cenário de luta global contra as outras “unidades-países” do sistema.

    Mas esta mesma ideia de soberania popular pode tornar-se chave para a humanização da sociedade, da economia e do mundo. Para isso, é preciso um projeto e um discurso voltados à construção política de um país melhor – e não à mera administração daquele em que vivemos sob as lógicas atuais. Para isso, é preciso retomar os princípios de justiça social e de inclusão dos setores hoje subalternos, por meio de políticas que promovam a redistribuição efetiva de riquezas.

    Relocalizar a economia na esfera da soberania política [5], a serviço da justiça e da distribuição de riquezas é o mapa do caminho para um “populismo” de esquerda. A perspectiva de um populismo de esquerda induz a construção de um discurso capaz de unir vários setores em torno dos paradigmas do comum, da justiça e da redistribuição como motores de prosperidade coletiva e individual. A estes paradigmas deve se remeter uma estratégia de ações pacientes, capaz de articular a esquerda politica, social e intelectual em torno das demandas múltiplas e específicas que partem da sociedade.

    Trata-se da agir a favor do desenvolvimento de solidariedades concretas com as populações e de pensar, a partir daí, as mediações (daí o papel da liderança) e os instrumentos que permitam aumentar os níveis de organização popular, tendo em vista a (re)construção progressiva do povo da emancipação

    O povo é uma aliança. Cabe a nós construí-la.


    estatuadesal.com
    22
    Nov16

    ACHO ISTO MUITO ESTRANHO !

    António Garrochinho

    PORQUE NÃO SE QUESTIONA A MINISTRA DA JUSTIÇA SOBRE A LIBERTAÇÃO DOS SKIN HEADS NAZIS ALGUNS DELES JÁ COM CADASTRO POR AGRESSÕES DO TIPO RACISTA, RELIGIOSO, SEXUAL E IDEOLÓGICO !?
    NAS BUSCAS FORAM ENCONTRADAS ARMAS E DROGA E ALGUNS DELES SÃO SUSPEITOS DE HOMICÍDIO.
    VOLTO A REPETIR !
    PORQUE NÃO SE QUESTIONA A MINISTRA ?
    ELA EXISTE OU NÃO ?


    22
    Nov16

    Pedras parideiras de Arouca ( Pedras que “dão à luz” )

    António Garrochinho


    Pedras Parideiras são um fenómeno geológico raro, um tipo de pedras que brotam de uma rocha-mãe



    A cerca de 70 km da cidade do Porto, em pleno coração do planalto da serra da Freita, é possível observar um fenómeno que, até hoje, é considerado único no mundo e ponto de paragem obrigatório para quem visita esta região.


    Na aldeia da Castanheira, em Arouca, existe um afloramento granítico com cerca de um quilómetro de extensão, onde discos de pedra, designados de nódulos biotíticos, se soltam de rochas de granito, como se delas nascessem: são as pedras parideiras.



    Pedras-Parideiras-1024x768.jpg
    As Pedras Parideiras simbolizam a fertilidade na tradição ancestral da região, esta tradição está ainda presente nas populações locais. Acredita-se que dormir com uma pedra parideira debaixo da almofada aumenta a fertilidade.




    Como na generalidade das rochas, os nódulos têm um núcleo de quartzo, revestido a feldspato, moscovide e biotite (mica preta).

    Porém, aqui a biotite predomina no exterior das formações, permitindo assim, identificar quais as próximas rochas que se vão desprender.

    Os nódulos soltam-se devido à erosão do granito mãe e às condições climatéricas da região.
    Por serem pretos, no verão, os nódulos absorvem mais calor do que o granito onde se encontram, dilatando-se.
    Por outro lado, no inverno, em particular nos dias mais frios, a água que escorre na rocha aloja-se entre o granito e o nódulo e, quando gela acaba por causar o desprendimento e dar origem a uma nova pedra.


    Dada a importância estratégica desta área para a região, o afloramento integra o Geoparque de Arouca, bem como a rede de Geoparques da Europa.
    Desde 2012 dispõe de um espaço dedicado ao estudo científico do fenómeno e ao turismo, a Casa das Pedras Parideiras.
    O espaço, que integra um antigo palheiro, dispõe de uma zona coberta e outra a céu aberto, onde se podem observar estas formações.
    A ideia deste local é preservar o espaço e a entidade da região, por isso pense duas vezes quando resolver levar alguma pedra para casa.







    22
    Nov16

    PCP contra "municipalização" da Carris

    António Garrochinho



    O PCP/Lisboa manifestou-se hoje contra "a municipalização" da Carris e criticou a Câmara de Lisboa por não ter consultado os vereadores da oposição antes de assinar com o Governo o memorando que transfere a transportadora para a autarquia.

    Numa nota hoje divulgada, a Direção da Organização da Cidade de Lisboa do PCP considerou "inaceitável que os vereadores e os deputados municipais tenham tido conhecimento deste memorando apenas pelo convite para a cerimónia de assinatura".

    O PCP/Lisboa considerou, ainda, "inadmissível" a assinatura do memorando "sem haver apreciação e deliberação dos órgãos municipais, remetendo-o para ratificação posterior" na Câmara e Assembleia Municipal de Lisboa.

    Para o Partido Comunista Português, "é ao Governo que cabe assegurar uma Carris pública, de qualidade, ao serviço dos trabalhadores e da população da cidade e da região de Lisboa" e salientou que a "municipalização" tem sido o primeiro passo para a concessão dos transportes a privados.

    Para os comunistas, a Carris deve manter-se na esfera do sector empresarial do Estado, recebendo através do Orçamento do Estado os "recursos necessários à manutenção de uma empresa que tem de prestar um serviço de qualidade aos utentes", porque "falta à Câmara Municipal uma estrutura, nomeadamente financeira, para que possa ser prestado um serviço aos utentes com rapidez, segurança e custo social".

    "Os custos de exploração são, só por si, um volume de verbas incomportável por qualquer município", sublinhou o PCP.

    Por outro lado, argumentou que o serviço de transportes prestado pela Carris vai além das fronteiras do Município de Lisboa, pelo que não pode "ser gerido tendo em conta apenas os interesses da capital, esquecendo todos aqueles que trabalhando, ou deslocando-se a Lisboa, têm fora do município o seu ponto de origem ou destino".

    O PCP/Lisboa defendeu que "é a partir da responsabilidade da administração central do Estado que terá que ser encontrada uma solução que envolva a Área Metropolitana de Lisboa e os municípios que a compõem".

    O Governo e a Câmara Municipal de Lisboa (CML) assinaram hoje um memorando da passagem de gestão da rodoviária Carris para a autarquia, a partir de 01 de janeiro de 2017.

    O presidente da CML, Fernando Medina, anunciou um reforço de 250 novos autocarros nos próximos três anos para a cidade, num investimento de 60 milhões de euros, a diminuição em 40% das emissões poluentes, a contratação de 220 motoristas e a criação de 21 novas linhas.

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