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POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

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25
Nov16

Sarah Baartman: a chocante história da africana que virou atração de circo

António Garrochinho

Mulher foi levada da África do Sul para apresentar-se em feiras de 'fenómenos humanos' e virou símbolo de racismo colonial.


Em outubro de 1810, Sarah Baartman foi levada da África do Sul à Grã-Bretanha para aparecer em espetáculos (Foto: SPL)Em outubro de 1810, Sarah Baartman foi levada da África do Sul à Grã-Bretanha para aparecer em espetáculos (Foto: SPL)
Há dois séculos, Sarah Baartman morreu após passar anos sendo exibida em feiras europeias de "fenômenos bizarros humanos". Agora, rumores de que sua vida poderia ser transformada em um filme de Hollywood estão causando polêmica.
Sarah Baartman morreu em 29 de dezembro de 1815, mas o show, sob uma perspectiva ainda mais macabra, continuou.
Seu cérebro, esqueleto e órgãos sexuais continuaram sendo exibidos em um museu de Paris até 1974. Seus restos mortais só retornaram à África em 2002, após a França concordar com um pedido feito por Nelson Mandela.
Ela foi levada para a Europa, aparentemente, sob promessas falsas por um médico britânico. Recebeu o nome artístico de "A Vênus Hotentote" e foi transformada em uma atração de circo em Londres e Paris, onde multidões observavam seu traseiro.
Hoje em dia, ela é considerada por muitos como símbolo da exploração e do racismo colonial, bem como da ridicularização das pessoas negras muitas vezes representadas como objetos.
Boatos
Recentemente, começou a correr um rumor de que a cantora Beyoncé estaria planejando escrever e protagonizar um filme sobre Baartman.
Os representantes da artista negaram essa informação, mas o burburinho foi suficiente para provocar preocupação.
Jean Burgess, chefe do grupo khoikhoi- a etnia de Baartman - disse que Beyoncé não conta com "a dignidade humana básica para ser digna de escrever a história de Sarah, menos ainda para interpretá-la". Ela justificou que via com "arrogância" a suposta ideia de Beyoncé de "contar uma história que não pertence a ela" e sugeriu que a atriz fizesse um filme sobre indígenas americanos.
Já Jack Devnarain, presidente do Sindicato de Atores da África do Sul, disse que os cineastas têm "direito de contar a história de pessoas que as fascinam e não devemos nos opor a isso".
Ao negar qualquer vínculo com o filme, o representante de Beyoncé ponderou que "esta é uma história importante que deve ser contada".
Charges políticas foram feitas com figura de Baartman  (Foto: British Museum/BBC)Charges políticas foram feitas com figura de Baartman (Foto: British Museum/BBC)
História
A vida de Baartman foi marcada por penúrias.
Acredita-se que ela tenha nascido na Província Oriental do Cabo da África do Sul em 1789.
Sua mãe morreu quando ela tinha dois anos e seu pai, um criador de gado, morreu quando ela era adolescente.
Ela começou a trabalhar como empregada doméstica na Cidade do Cabo quando um colono holandês assassinou seu companheiro, com quem havia tido um bebê que também morreu.
Em outubro de 1810, apesar de ser analfabeta, ela supostamente assinou um contrato com o cirurgião inglês William Dunlop e o empresário Hendrik Cesars, dona da casa em que ela trabalhava, que disse que ela viajaria para a Inglaterra para aparecer em espetáculos.
Atração
Quando ela foi exibida em um estabelecimento em Piccadilly Circus, em Londres, causou fascinação.
"É preciso lembrar que, nesta época, nádegas grandes estavam na moda, e por isso muitas pessoas invejavam o que ela tinha naturalmente", diz Rachel Holmes, autora de A Vênus Hotentote: vida e morte de Saartjle Baartman.
O motivo para isso é que Baartman, também conhecida como Sara ou Saartjie, tinha esteatopigia, uma condição genética que faz com que a pessoa tenha nádegas protuberantes devido à acumulação de gordura. Essa condição é mais frequente em mulheres e principalmente entre aquelas de origem africana.
Mas a própria palavra é motivo de debate, porque, para muitos, seria racista o fato de ela sugerir que se uma mulher tem nádegas grandes e é negra, sofre de uma doença.
Já para as nádegas pequenas a palavra é 'calipigia", em referência à famosa estátua romana Vênus Calipigia - que significa 'a Vênus das nádegas belas".
Toda uma Vénus
No espetáculo, Baartman usava roupa justa e da cor da sua pele, contas e plumas, e fumava um cachimbo.
Clientes mais abastados podiam pagar por demonstrações privadas em suas casas, em que era permitido que os convidados a tocassem.
Os "empresários" de Baartman a apelidaram de "Vênus Hotentote" porque, nesta época, esse era o termo que os holandeses usavam para descrever os khoikhois e aos san, os principais membros de um importante grupo populacional africano, os khoisans.
Atualmente, o termo 'hotentote' é considerado pejorativo.
Livre ou assustada?
Nesta época, o império britânico já havia abolido o tráfico de escravos (em 1807), mas não a escravidão.
Mesmo assim, ativistas ficaram horrorizados com a forma como os empresários de Baartman a tratavam em Londres.
Eles foram processados judicialmente por deter Baartman contra sua vontade, mas foram declarados inocentes. A própria Baartman testemunhou a favor deles.
"Ainda não se sabe se Baartman foi forçada, como os defensores da abolição e os ativistas humanitários alegavam, ou se atuou por livre arbítrio", diz o historiador Christer Petley, da Universidade de Southampton, na Inglaterra.
"Se eles a estavam obrigando a trabalhar, é possível que tenha se sentido intimidada demais para dizer a verdade no tribunal. Nunca saberemos."
"O caso é complexo e a relação entre Baartman e seus chefes definitivamente não era igualitária."
A caminho de Paris
Holmes destaca que o show de Baartman incluía dança e interpretação de vários instrumentos musicais, e diz que um público "sofisticado" em Londres - uma cidade em que as minorias étnicas não eram raras - não teriam se encantado por muito tempo com ela apenas pela sua cor.
De qualquer forma, com o tempo, o show da Vênus foi perdendo seu caráter de novidade e popularidade entre o público da capital, e por isso ela saiu em tour pela Grã-Bretanha e Irlanda.
Em 1814, foi para Paris com seu empresário, Cesars, e outra vez virou uma celebridade, que tomava coquetéis no Café de Paris e ia às festas da alta sociedade.
Cesars voltou para a África do Sul e Baartman caiu nas mãos de um "exibidor de animais" cujo nome artístico era Reaux.
Ela bebia e fumava sem parar e, segundo Holmes, "provavelmente foi prostituída por ele".
'Grotesco'
Eventualmente, Baartman aceitou ser estudada e retratada por um grupo de cientistas e artistas, mas se recusou a aparecer completamente nua na frente deles.
Ela argumentava que isso estava além de sua dignidade: nunca havia feito isso em seus espetáculos.
Foi neste período que teve início o estudo que chegou a ser chamado de "ciência da raça", diz Holmes.
Baartman morreu aos 26 anos de idade.
A causa foi descrita como "uma doença inflamatória e eruptiva". Desde então, cogita-se que tenha sido resultado de uma pneumonia, sífilis ou alcoolismo.
O naturalista Georges Cuvier, que dançou com Baartman em um das festas de Reaux, fez um modelo de gesso de seu corpo antes de dissecá-lo.
Além disso, preservou seu esqueleto, pôs seu cérebro e seus órgãos genitais em frascos, que permaneceram expostos no Museu do Homem de Paris até 1974, algo que Holmes descreve como "grotesco".
De volta para casa
"A dominação dos africanos foi explicada com ajuda da ciência, estabelecendo que os khoisan eram um grupo menos nobre no progresso da humanidade", escreveu Natasha Gordon-Chipembere, editora de "Representação e feminilidade negra: o legado de Sarah Baartman".
Após sua eleição em 1994 como presidente da África do Sul, Nelson Mandela solicitou a repatriação dos restos mortais de Baartman e o modelo de gesso feito por Cuvier.
O governo francês acabou aceitando o pedido e fez a devolução, em 2002.
Em agosto do mesmo ano, seus restos mortais foram enterrado em Hankey, província onde Baartman nasceu, 192 anos após ela sair com destino à Europa.
Vários livros já foram publicados sobre a maneira como ela foi tratada e sua transcendência cultural.
"Ela acabou se tornando um molde sobre a qual se desenvolvem múltiplas narrativas de exploração e sofrimento da mulher negra", escreveu Gordon-Chipembere, que acha que, me meio à tudo isso, Baartman, "a mulher, permanece invisível".
Em 2010, o filme Black Venus e o documentário The Life and Times of Sara Baartman contaram a história dela. Em 2014, a revista Paper botou na capa uma foto da celebridade americana Kim Kardashian balançando um copo de champanhe sobre suas nádegas avantajadas. Vários críticos reclamaram que a imagem lembrava desenhos retratando Baartman.
No ano passado, uma placa no local em que ela está enterrada em Hankey foi vandalizado com tinta branca. Isso ocorreu na mesma semana em que a Universidade da Cidade do Cabo retirou, após protestos, a estátua de Cecil Rhodes, um empresário e político do século 19, que declarou notoriamente que os britânicos seriam "a primeira raça no mundo".
"As pessoas estão resolvendo sobre como querem lidar com essas questões", diz Petley. "Muitas vezes elas foram ocultadas e chegou a hora de reavaliá-las"
.
g1.globo.com
25
Nov16

Welcome to Jazz Cabaret!

António Garrochinho





E agora, vamos conhecer um pouquinho mais sobre esta dança? As aulas de Jazz Cabaret  baseiam-se na criação de coreografias inspiradas nos antigos filmes hollywoodianos, bem como nos famosos musicais da Broadway. Portanto, é importante conhecer a história do jazz dance, suas origens e principais representantes:



A origem do Jazz Dance tem raízes populares, surgindo no final do século passado, evoluindo paralelamente à jazz music norte-americana. Suas influências são obviamente na cultura negra e suas características mais marcantes são visivelmente inspiradas nas DANÇAS AFRICANAS, com trabalho de isolação muscular, marcação de quadril, ritmo pulsante e balanço.



Durante a época da escravidão, quando os navios negreiros viajavam da África para a América, os negros eram obrigados a dançar para manterem sua saúde. Para isso, imitavam os brancos e suas danças tradicionais da época (polca, valsa) e faziam desta imitação uma forma de ridicularizar seus opressores, mas também misturavam a isso suas danças tribais.



Por volta de 1740, quando os tambores foram proibidos no Sul dos EUA, os negros passaram a executar sua música e sua dança de outras formas, e para isso se utilizaram do som de suas palmas, do banjo e do sapateado. Por volta de 1900, as danças afro-americanas começaram a se propagar pelo país e a entrar nos salões de baile, sofrendo assim novas influências.



Logo esta dança passou a ser dançada por negros e brancos, e a tomar conta dos palcos, se transformando no que era chamado antigamente de Comédia Musical, que nada mais era do que os primeiros passos da dança que hoje conhecemos como Jazz.



Esta dança é hoje considerada uma forma de expressão pessoal baseada no improviso, embora muitos dos trabalhos nesta modalidade sejam coreograficamente montados, principalmente no Jazz-Teatro.



O grande triunfo desta dança nos EUA é visto principalmente nos espetáculos da Broadway. Já houve grande preconceito quanto à esta modalidade, sendo até mesmo considerada uma arte menor em qualidade coreográfica, mas atualmente o crescimento do interesse e da qualidade de bailarinos e coreógrafos faz com que muitos confundam suas peças com trabalhos de dança moderna.



O primeiro grande mestre do Jazz foi Jack Cole, mais conhecido como O Pai do Jazz.



Começou pela dança moderna, com Ruth Saint Dennis e Ted Shawn, e durante a era da depressão norte-americana, trocou a dança moderna pela dança comercial, passando a fazer shows em nightclubs, posteriormente passando a trabalhar nos musicais da Broadway.



O jazz dance já era conhecido naquela época, mas faltava técnica apropriada, e Cole foi o primeiro bailarino desta modalidade a fundir as técnicas da dança moderna aos movimentos "populares" do Jazz.



A técnica Cole trabalha com pliés profundos, explosão dos movimentos, isolação muscular, sincopação, deslizes em trabalho de solo, ou seja, características ainda hoje mantidas no jazz e comuns em todas as aulas e à todas as diversas técnicas que foram posteriormente criadas. Cole também foi pioneiro em fundir à esta modalidade movimentos das danças orientais, seguindo a linha de seus professores em dança moderna da Dennishawn School.



Jack coreografou diversos musicais na Broadway e também chegou à Hollywood, trabalhando como coreógrafo para cinema, em películas como Eles Preferem as Loiras, com Marilyn Monroe. Trabalhou também com outras estrelas da época como Humphrey Bogart, Rita Hayworth, Gwen Verdon, Matt Mattox e Mitzy Gaynor.



Um dos grandes nomes do jazz estilo cabaret foi Bob Fosse.



Fosse desenvolveu um estilo de dança de jazz que foi imediatamente reconhecido e caracterizado por seu ar sensual. Outras distinções notáveis eram seus joelhos internos, ombros arredondados e isolações do corpo. Com a influência de Fred Astaire, ele usou como acessórios chapéus côco, barras e cadeiras.



Aclamado no teatro, onde foi várias vezes premiado, Bob Fosse ganhou também no cinema um Oscar em 1972 pelo filme "Cabaret", além de várias homenagens na TV pelo especial com a atriz e cantora Liza Minelli, "Liza com Z".



As filmagens de "Cabaret" tiveram uma característica específica: lembravam Vaudeville e burlesque.



ladyburly.blogspot.pt
25
Nov16

25 Novembro o golpe contra-revolucionário - fascista- O golpe militar em preparação

António Garrochinho

25 Novembro o golpe contra-revolucionário - fascista

excerto do blog página um





1- O golpe militar em preparação
O 25 de Novembro foi um golpe militar inserido no processo contra-revolucionário. A sua preparação começou muito antes das insubordinações e sublevações militares do verão quente e de Outubro e Novembro de 1975 .

Talvez que as mais esclarecedoras informações dessa preparação em curso muitos meses antes de Novembro sejam as que dá o comandante José Gomes Mota no seu livro, esquecido ou guardado nas estantes, A Resistência. O Verão Quente de 1975 , Edições jornalExpresso , 2ª ed., Junho de 1976.

Segundo José Gomes Mota, o golpe foi preparado pelo «Movimento», que define por ser contra o que chama «os dissidentes», — nomeadamente «os gonçalvistas» e o PCP. Fala em «novas estruturas reorganizadas». Diz que o «Movimento» deveria ter presença activa no Conselho da Revolução ( ob. cit. , p. 93) e aceitar a «manutenção formal dos órgãos de cúpula do Movimento — Conselho da Revolução e Assembleia do MFA» ( ob. cit. , p. 95).

O «Movimento» chamava a si a preparação e decisão do golpe militar, mas, «preservando e garantindo a legitimidade revolucionária do Presidente da República» ( ob. cit. , p. 94). Segundo José Gomes Mota, a cúpula efectiva era o «Movimento», que dispunha de dois grupos dirigentes.

Um «militar», «inicialmente constituído por Ramalho Eanes, Garcia dos Santos, Vasco Rocha Vieira, Loureiro dos Santos, Tomé Pinto e José Manuel Barroso». A sua «tarefa» principal era a «elaboração de um plano de operações» ( ob. cit. , p. 99), tarefa que «cumpriu rigorosamente», tendo «para isso muito contribuído a liderança de Ramalho Eanes» ( ob. cit. , p. 100).

Outro «político», de que faria parte o «Grupo dos Nove», «veio a desempenhar o papel de um verdadeiro estado-maior de Vasco Lourenço», que «assumira a chefia do Movimento» ( ob. cit. , p.100).

O livro encerra muitas contradições e obscuridades sobre o «Movimento». Diz que «a iniciativa [de um confronto militar] teria de partir sempre dos «dissidentes» ( ob. cit. , p. 93), que o «Movimento» tinha por objectivo «evitar qualquer possibilidade de uma guerra civil» e a criação da «Comuna de Lisboa» ( ob. cit. , p. 94). Mas o facto, que importa sublinhar, é a revelação de um efectivo centro político-militar a preparar um golpe ao longo do verão quente .

Melo Antunes, por seu lado, fala da acção militar do «Grupo dos Nove» na preparação para o golpe: «Além das acções legais ou semilegais a que deitámos mão para obter a supremacia militar, também desenvolvemos acções clandestinas para nos prepararmos para uma confrontação que eu julgava inevitável.[...] Tínhamos uma organização militar em marcha. » ( Vida Mundial , Dezembro de 1998, p. 50.)

A preparação do golpe «para pôr fim a uma situação insustentável» vinha pois de longe.

Foi ulteriormente dado a conhecer que, no verão quente , muitos Comandos «deixaram os postos civis e se alistaram de novo para estarem operacionais».

A colocação de Pires Veloso no Norte em Setembro de 1975, substituindo Corvacho, que Freitas do Amaral intitula de «famigerado Brigadeiro» «afecto ao PCP» ( O Antigo Regime e a Revolução , ed. cit., pp. 245 e 406), fazia parte dessa preparação. Não foi por acaso que, no 25 de Novembro, vieram ajudar o golpe várias Companhias do Norte, que depois levaram os presos para Custóias.

O papel de Ramalho Eanes é sublinhado nas valiosas informações que, no 20º aniversário do golpe, revela Vasco Lourenço, designado em 22 de Novembro e confirmado a 24 Comandante da Região Militar de Lisboa em substituição de Otelo Saraiva de Carvalho.

Segundo Vasco Lourenço, Eanes , « responsável por organizar o plano de operações», «desempenhou papel fundamental» , e «acabou por ser o principal comandante operacional », não cedendo às pressões dos militares mais radicais (artigo «Não aconteceu o pior», in Revista História , nº 14, Novembro de 1995, pp. 37-38).

Também Jaime Neves, sublinhando que se tratou de «um golpe contra o PCP», confirma o papel de Eanes: « Conspirávamos [...] e o Eanes [...] passou a ser ele a coordenar as coisas. » (Entrevista à revista Indy , 21-11-1997.)

O papel de Eanes expressou-se aliás publicamente, logo após a vitória do golpe, em factos tão significativos como a sua ascensão a Chefe do Estado-Maior do Exército (interino em 27-11-1975 — posse em 9-12-1975) e ulteriormente a Presidente da República eleito.

Está mais que provado, assumido e confessado, que se tratou de um golpe militar contra-revolucionário há muito em preparação num turbulento processo de arrumação e rearrumação de forças.

Cerca das 10 horas da própria manhã do dia 25, prontos para desencadear as operações, os conspiradores — numa diligência conjunta do «Grupo dos Nove», Eanes, Jaime Neves e oficiais dos Comandos da Amadora — procuraram e conseguiram obter a aprovação e cobertura institucional do Presidente da República, Costa Gomes (entrevista de Costa Gomes a Maria Manuela Cruzeiro, in Costa Gomes, o Último Marechal , Editorial Notícias, 3ª ed., Lisboa, 1998, p. 357; e in revista Indy, 27-11-1998).

Para a compreensão do golpe e do que dele resultou é necessário ter em conta que, na sua preparação, participaram forças muito diversas associadas num complexo enredo de alianças contraditórias.

Todas estavam aliadas para pôr fim à influência do PCP e ao processo revolucionário, restabelecer uma hierarquia e disciplina nas forças armadas e extinguir o MFA insanavelmente em vias de destruição pelas suas divisões e confrontos internos. Mas, como resultado do golpe relativamente ao poder político e às medidas concretas a tomar, havia importantes diferenças.

Na grande aliança contra-revolucionária, internamente muito fragmentada, participavam fascistas declarados e outros reaccionários radicais, que visavam a instauração de um nova ditadura, que tomasse violentas medidas de repressão, nomeadamente a ilegalização e destruição do PCP. Participava também oGrupo dos Nove, de que alguns membros, receosos da possibilidade de saírem vitoriosas do golpe as forças mais reaccionárias, pretendiam a continuação de um regime democrático.

Da parte dos fascistas e neofascistas, a ilegalização e repressão violenta do PCP era, não apenas um desejo mas um objectivo que pretendiam fosse alcançado no imediato.

As organizações terroristas deviam também participar. Paradela de Abreu diz que «sempre tinha estado convencido de que o Plano Maria da Fonte só deveria ser desencadeado no seu «programa máximo — um programa de violência ou de guerra — em ligação com um golpe militar » ( Do 25 de Abril ao 25 de Novembro , ed. cit., p. 204), intervindo com «muitos grupos capazes de executar quem quer que fosse» ( ob. cit. , p. 197). Na noite de 25 de Novembro foi-lhe comunicado para não avançar com o «Plano» ( ob. cit. , p. 208).

Este objectivo de desencadear uma vaga repressiva de extrema violência já na altura era abertamente proclamado nas campanhas anticomunistas. E muitos anos volvidos, mais claramente o dizem, nas suas confissões, alguns dos participantes.

Jaime Neves, num jantar em sua homenagem realizado em Janeiro de 1996, declarou que « o "problema" seria resolvido "muito simplesmente com a prisão do líder do PC", Álvaro Cunhal » ( Público , 11-1-1996). O seu estado de espírito é transparente, ao dizer que, se «havia uma manifestação realizada pelo Partido Comunista, eu recusava-me a ir com a tropa para a rua se não fosse para prender o dr. Álvaro Cunhal» (entrevista ao Semanário , 26-11-1983).

Alpoim Calvão, operacional nº 1 da rede bombista, não deu por definitivamente derrotada a extrema direita depois do 25 de Novembro. Num encontro com Pinheiro de Azevedo (então Primeiro-Ministro), solicitou que fosse permitido o regresso a Portugal de Spínola e de todos os spinolistas exilados. Não são conhecidos os termos em que colocou o problema. Pedido? Exigência? O que diz é que uma tal decisão seria «uma solução pacífica», porque, apesar do 25 de Novembro, « muitos queriam pegar em armas e vir por aí abaixo matar comunistas » (entrevista a Eduardo Dâmaso, publicada no seu livro A Invasão Spinolista , Círculo de Leitores, 1997, p. 98). É o que teriam feito, pelo que se vê, se tivessem sido eles a impor o resultado.

No próprio dia 25, não estando ainda certo como o golpe iria terminar política e militarmente, todos envolvidos num objectivo geral comum anticomunista, cada qual pretendia que o resultado correspondesse aos seus próprios objectivos.

Mário Soares e o PS tinham representado um papel importante na acção política preparatória do 25 de Novembro. Mas o golpe do 25 de Novembro não foi o que projectaram. Nenhum dos seus três objectivos centrais imediatos se concretizou. Nem a liquidação da dinâmica revolucionária e das suas conquistas. Nem o esmagamento militar do PCP, do movimento operário e da esquerda militar, nem, como resultado do golpe, ser Soares o vencedor, aquele que teria salvado a democracia de um golpe e de uma ditadura comunista e que por isso assumiria naturalmente de imediato, no poder do Estado, as responsabilidades daí decorrentes. Tal operação foi tentada mas falhou. Não é por isso exagero dizer-se que Soares ficou de fora do 25 de Novembro .

Os fascistas e neofascistas, participantes na preparação e no golpe, não conseguiram tão-pouco o que pretendiam.

Quanto ao «Grupo dos Nove», Melo Antunes (tal como Eanes e Costa Gomes) defendia uma solução política da crise. Indo no dia 26 à televisão declarar que «a participação do PCP na construção do socialismo era indispensável», deu importante contribuição para a defesa da democracia.

Como na altura considerámos, essa atitude expressava um objectivo político e uma apreensão: o objectivo de assegurar um regime democrático para o que considerava indispensável o contributo do PCP e a apreensão de que, se a extrema direita desencadeasse a repressão contra o PCP, ele e seus amigos acabariam também por ser reprimidos.

Poucos dias depois, o chefe do EMGFA, general Costa Gomes, enviou aos três ramos das Forças Armadas uma directiva na qual se afirmava que «só os militares [...] estão em condições de servir o projecto de construção da sociedade proposta pelo Movimento do 25 de Abril, sociedade onde não seja mais possível a exploração do homem pelo homem» ( Jornal de Notícias , 2-12-1975).

E, ao tomar posse como Chefe do Estado-Maior do Exército, no dia 6 de Dezembro, Ramalho Eanes, então promovido a general, declarou como «objectivos políticos prioritários a independência nacional e a construção de uma nova sociedade democrática e socialista.» ( Jornal de Notícias , 7-12-1975)


pagina--um.blogspot.pt
25
Nov16

Faz hoje 41 anos

António Garrochinho

Os acontecimentos de 25 de Novembro de 1975 surgem na sequência de um intenso “verão quente”, da queda do V Governo Provisório e do afastamento do General Vasco Gonçalves dos cargos e estruturas superiores das Forças Armadas e do Movimento das Forças Armadas, objectivo há muito perseguido pela social-democracia, sob a batuta da direcção do PS, pelas forças de direita e por outros reaccionários radicais e fascistas
25
Nov16

Um pouco antes de escrever

António Garrochinho

(Baptista Bastos, in Jornal de Negócios, 25/11/2016)

As coisas, por vezes, não me percorrem: assaltam-me e sinto-me muito só e magoado. Sempre vivi entre a premonição da fuga e o desgosto de estar só.

O sol bate em cheio no prédio em frente e ouço fragmentos de conversas que provêm da rua. Gosto muito desta hora da tarde e, antes de me sentar à frente do computador, tenho por hábito colocar-me por trás do vidro amplo e observar quem passa na rua. Não faço juízos de valor, mas, às vezes, invento histórias sobre quem passa lá em baixo. Vivo há quase vinte anos nesta casa perfumada com os perfumes dos corpos de quem a habita. Nunca vivi tão bem. A casa é ampla, tem um corredor que vai dar à porta, e os ruídos do interior e da rua embalam o meu coração desassossegado.
Escrevo devagar, acerca de coisas com as quais sonho ou junto das quais vivi. Nesta etapa da vida, a ideia da presença dos meus três filhos e dos meus dois netos é quase impositiva. As coisas, por vezes, não me percorrem: assaltam-me e sinto-me muito só e magoado. Sempre vivi entre a premonição da fuga e o desgosto de estar só. É quando escrevo. Não escrevo acerca de tudo, mas é o suficiente para que me entendam. Ou para quem me queira entender.
Aprendi que a vida não é um mar de rosas e que, por vezes, ia a escrever e, ocasionalmente, aconteciam-me e ainda me acontecem coisas dilacerantes. Mas passo logo adiante. Restam-me as memórias, os factos e os acontecimentos, e essas e esses não são nunca sepultados. Comecei logo de muito novo a ter de conhecer e de enfrentar a solidão. Foram as ruas e os amigos de então, o Descasca Milho, os irmãos Baltazar, o Daciano, outros, que ajudaram a sepultar a minha dor. Mas eu não sentia essa dor: nem sequer a adivinhava.
Há muitos anos, escrevi sobre eles: estava a envelhecer e precisava de os lembrar como uma espécie de salvação interior. E também recordei as miúdas que me haviam animado e querido. Sei o nome de todas ou de quase todas. Tinha esquecido os seus nomes, mas eles regressaram, com episódios por mim julgados abandonados e sepultos. Aprendi que nada, nenhum facto, nenhum episódio, dito ou feito, é olvidado para sempre. Regressam sempre. De um modo ou de outro, basta a ideia de uma voz antiga para a memória desbobinar o assunto que lhe diz respeito.
Ninguém está só e ninguém, no fundo, morre: o cérebro possui reservas por vezes inexploradas, que se reavivam, e, em certas alturas e ocasiões, suportam a nossa dor. Por exemplo, à minha frente está o último retrato de solteira da minha mãe, a Vicência, morreu nova e espantada com o que lhe estava a acontecer. Por vezes, dá-me a impressão de que sorri longamente para mim. E eu quase a esqueci, nem sei o tom e a tonalidade da sua voz. Houve uma altura, há muitos, muitos anos, que acordava sobressaltado, parecia ouvi-la. Nunca contei isto a ninguém: só agora e não sei porquê.
Lembro-me mais da minha avó e do meu tio Zé Inácio, casado com a minha tia Lucinda. Tudo guardado e resguardado na memória. Não perdoo muitas coisas, nem muitas pessoas pertencem ao rol dos meus afectos. Esqueci-as. Só de vez em quando as revejo, sem desprezo e sem afecto. Quando me sinto muito só revivo alguns desses factos antigos e desses acontecimentos nefastos. Talvez um dia escreva sobre eles. Talvez. Agora, tenho de escrever a crónica habitual da semana.
25
Nov16

PROPRIETÁRIO DA CERVEJA "CORONA" DEIXOU MAIS DE 178 MILHÕES DE EUROS À ALDEIA ONDE NASCEU

António Garrochinho
O proprietário da empresa que produz a cerveja Corona deixou uma herança de quase 170 milhões de euros à aldeia onde nasceu e cresceu, em Espanha. Cerezales del Condado vai ter um futuro diferente, sobretudo os seus 80 habitantes, que receberam cada um mais de dois milhões de euros.
Antonino Fernández, que morreu em agosto aos 98 anos, cresceu em Espanha e apenas se mudou para o México quando já tinha 32 anos.
25
Nov16

Conheça a história do médico que socorreu mais de 6 mil vítimas da bomba de Hiroshima

António Garrochinho

Há 71 anos a cidade de Hiroshima foi devastada pela primeira bomba atômica da História. Cerca de 80 mil pessoas foram mortas instantaneamente após o ataque aéreo de 6 de agosto de 1945. Shuntaro Hida, médico do exército japonês, sobreviveu quase que por acaso e é até hoje homenageado pela sua coragem e dedicação ao cuidar de mais de 6 mil vítimas da bomba.
medico-hiroshima

Na época com apenas 28 anos, Shuntaro Hida foi chamado na noite do dia anterior para atender a uma emergência médica em uma vila a poucos quilômetros de Hiroshima. O médico foi acordado por um fazendeiro que buscava ajuda para a sua neta. Ele já havia tratado da menina uma outra vez, quando esteve de passagem pela vila de Hesaka. Na garupa de uma bicicleta, Hida então se dirigiu para a casa do homem, que acabou salvando a sua vida. Se tivesse passado a noite no hospital, teria morrido junto com os seus colegas na manhã do dia 6, quando “Little Boy” (como foi apelidada a bomba) caiu na cidade.
Shuntaro testemunhou o exato momento em que a bomba atingiu Hiroshima. Pouco depois das oito horas da manhã, da janela da casa do fazendeiro, enquanto preparava uma injeção com remédios para a criança, ele viu um clarão forte o suficiente para deixá-lo tonto. Só para ter uma noção de como os efeitos da bomba foram longe: ele estava a quase 7km de distância do epicentro do ataque. O médico logo percebeu que aquela era uma situação bem fora do comum. Pediu a bicicleta emprestada e voltou correndo para o hospital. Pelo caminho, viu dezenas de pessoas feridas e mortas, muitas se arrastando em busca de ajuda. Em suas memórias, publicada pelo site WCPeace (http://wcpeace.org/Hida_memoir.htm), ele conta os tempos de terror que se seguiram após a bomba.
O médico ajudou a cuidar de mais de 6 mil pacientes no hospital. Infelizmente, nenhum deles sobreviveu até o fim daquele ano. Hida pensou em largar a medicina após isso, mas continuou tratando dos sobreviventes em Hiroshima e dedicou sua vida em pesquisas e na luta contra as bombas nucleares. Hoje, aos 98 anos, ainda dá entrevistas sobre sua experiência como testemunha do ataque.

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VÍDEO
25
Nov16

Os países mais ricos do mundo

António Garrochinho


Os suíços são o povo mais rico do mundo enquanto os britânicos ficam em décimo lugar nessa classificação.
Global Wealth Report do Credit Suisse descobriu que o país alpino é de longe o mais rico do mundo.
A riqueza por adulto supera os 500 mil dólares (400 mil libras esterlinas), uma marca com a qual nenhum outro país se compara.
O Reino Unido, em contrapartida, registou uma riqueza de 288 mil dólares (232 mil libras) por adulto.
A França, conseguiu o décimo quinto lugar com 244 mil dólares, ou 196 mil libras por adulto.


10. Suíça
A Suíça é oficialmente o país mais rico do mundo (Rex)


9. Islândia
A Islândia ficou em segundo lugar com uma fortuna pessoal de 328 mil libras (Getty)


8. Austrália
Os australianos aparecem depois com 300 mil libras (Getty)


7. Estados Unidos da América
Os EUA ficam com o quarto lugar, com 276 mil libras (Gordon Donovan/Yahoo News)


6. Bermudas
A vida realmente é um paraíso nas praias das Bermudas, que aparecem em quinto lugar, com uma riqueza de 270 mil libras por pessoa adulta. (Rex)


5. Groelândia
É provável que a maior surpresa dessa lista seja a Groelândia, que acaba muito bem colocada ao lado das Bermudas. (REUTERS/Alister Doyle)


4. Luxemburgo
O pequeno país europeu ficou com a sétima colocação, com 254 mil libras (AP Photo/Paul Ames, File)


3. Noruega
A Noruega confirmou seu status como um dos países mais ricos do mundo, com uma fortuna de 250 mil libras por pessoa (PHOTO: Getty Images)


2. Nova Zelândia
A Nova Zelândia ficou em nona posição, com 239 mil libras per capita (Stephen Brashear/Getty Images)


1. Reino Unido
O Reino Unido ficou em décimo, com uma riqueza por adulto de 231 mil libras, desbancando Singapura pela posição (Getty)

yahoo-noticias-br-international.tumblr.com
25
Nov16

Drogas: 5 mil anos de viagem

António Garrochinho


O homem tem uma longa história de convivência com psicotrópicos - há milênios eles são usados desde em ritos indígenas até animadas festas romanas. Conheça a trajetória das principais drogas na nossa cultura._

Há cerca de 5 mil anos, uma tribo de pigmeus do centro da África saiu para caçar. Alguns deles notaram o estranho comportamento de javalis que comiam uma certa planta. Os animais ficavam mansos ou andavam desorientados. Um pigmeu, então, resolveu provar aquele arbusto. Comeu e gostou. Recomendou para outros na tribo, que também adoraram a sensação de entorpecimento. Logo, um curandeiro avisou: havia uma divindade dentro da planta. E os nativos passaram a venerar o arbusto. Começaram a fazer rituais que se espalharam por outras tribos. E são feitos até hoje. A árvore Tabernanthe iboga, conhecida por iboga, é usada para fins lisérgicos em cerimônias com adeptos no Gabão, Angola, Guiné e Camarões.
Há milênios o homem conhece plantas como a iboga, uma droga vegetal. O historiador grego Heródoto anotou, em 450 a.C., que a Cannabis sativa, planta da maconha, era queimada em saunas para dar barato em freqüentadores. “O banho de vapor dava um gozo tão intenso que arrancava gritos de alegria.” No fim do século 19, muitos desses produtos viraram, em laboratórios, drogas sintetizadas. Foram estudadas por cientistas e médicos, como Sigmund Freud.
Somente no século 20 é que começaram a surgir proibições globais ao uso de entorpecentes. Primeiro, nos EUA, em 1948. Depois, em 1961, em mais de 100 países (Brasil entre eles), após uma convenção da ONU. Segundo um relatório publicado pela entidade em 2005, há cerca de 340 milhões de usuários de drogas no planeta. Movimentam um mercado de 1,5 trilhão de dólares. “Ao longo da história, as drogas tiveram usos múltiplos que alimentaram e espelharam a alma humana”, diz o professor da USP Henrique Carneiro, autor de Pequena Enciclopédia da História das Drogas e Bebidas. Elas deram origem a religiões, percorreram o planeta com o comércio, provocaram guerras, mudaram a cultura, música e moda. Acompanhe agora uma viagem pela história das substâncias mais famosas.

 

Ayahuasca
Índios da bacia Amazônica tomam esse chá alucinógeno há mais de 4 mil anos – um hábito que chamou a atenção de portugueses e espanhóis assim que eles desembarcaram por aqui, no século 16. Ao chegarem à Amazônia, padres jesuítas escreveram sobre o chá da “poção diabólica” e as cerimônias que os indígenas realizavam depois de consumir o ayahuasca. Durante todo esse tempo, a bebida provavelmente teve a mesma receita: um cozido à base de pedaços do cipó Banisteriopsis caapi.
O nome quem deu foram os índios quíchuas, do Peru. Ayahuasca quer dizer “vinho dos espíritos” – segundo eles, o chá dá poderes telepáticos e sobrenaturais. Mas os quíchuas são apenas um dos 70 povos na América Latina que tomam o chá com freqüência. Na maioria dos casos, o chá é visto como uma divindade. Mas a ayahuasca também serve ao prazer: ao final dos rituais, muitos índios transam com suas parceiras.
No século 20, a fama do chá correu o mundo. Escritores viajavam para a América do Sul, enfrentavam o calor e a umidade e dormiam em aldeias para ter experiências alucinógenas. Entre os pirados estavam o poeta beatnik William Burroughs. Burroughs esteve no Brasil e na Colômbia, em 1953. Quando voltou aos EUA escreveu o livro Cartas do Yagé (yagé é outro nome do chá, tomado na periferia de Bogotá). “Uma onda de tontura me arrebatou. Brilhos azuis passavam em frente de mim”, escreveu. Depois, recomendou a bebida ao amigo Allen Ginsberg, que veio para a Amazônia em 1960. Hoje o chá é tão divulgado na internet (mais de 400 mil sites) que existem até pacotes turísticos vendidos por entidades clandestinas. A pessoa paga hotel, avião e visitas a tribos que fazem o culto. O custo: entre 1 000 e 1 300 dólares.
Cacto peiote
Cerca de 10% das mais de 50 espécies de cacto têm propriedades alucinógenas. A mais conhecida é a Lophophora williamsi, que brota em desertos no sul dos EUA e norte do México. É usada em rituais há 3 mil anos e cerca de 50 comunidades indígenas a consideram sagrada. Os huichois, do norte do México, chegam a fazer uma peregrinação anual de mais de 400 km para colhê-la. Quando a encontram, fazem um ritual: em silêncio, agem como se estivessem diante de um cervo, até lançarem uma flecha na planta. Quando voltam com o peiote para a tribo, organizam rituais e celebrações sob efeito da droga.
Algumas tribos da região, no entanto, descobriram os poderes do peiote somente no século 19. “Depois da Guerra Civil Americana, os índios comanches e os navajos viveram uma terrível crise com o extermínio dos seus búfalos e os massacres que sofreram”, conta o pesquisador da USP Henrique Carneiro. Para amenizar a fase difícil, “aderiram ao consumo religioso do peiote”. Numa das cerimônias, chamada “dança fantasma”, os índios dançavam alucinados e diziam se comunicar com os mortos.
O escritor inglês Aldous Huxley tomou a mescalina, substância do cacto. Descreveu as viagens no livro As Portas da Percepção: “Foi como tirar férias químicas do mundo real”. Mas nem só o underground era seduzido pela droga. O físico inglês Francis Crick – que em 1953 descobriu a estrutura do DNA – provou o peiote várias vezes e gostou. Em 1967, quando lançou o livro Of Molecules and Men (“Sobre Moléculas e Homens”, sem tradução em português), o cientista colocou na epígrafe a frase “Este é o poderoso conhecimento, sorrimos com ele”, tirada do poema Peyote Poem, do escritor e doidão Michael McClure.
Cocaína

Quando chegaram à América, os espanhóis perceberam que os índios da região tinham adoração pela folha da coca. Pragmáticos, passaram a distribuí-la aos escravos para estimular o trabalho. Acontece que os brancos também tomaram gosto pela coisa. E as folhas foram parar na Europa.
No Velho Continente, a planta era utilizada na fabricação de vinhos. Um deles, o Mariani, criado em 1863, era o preferido do papa Leão 13, que deu até medalha de honra ao produtor da bebida. Foi nessa mesma época que o químico alemão Albert Niemann isolou o alcalóide cloridrato de cocaína. Como tantos outros cientistas que você vai conhecer nesta reportagem, ele usou o corpo como cobaia: aplicou a droga na veia e sentiu a força do efeito.
O psicanalista Sigmund Freud investigou o uso da droga. Achava que ela serviria como remédio contra a depressão e embarcou na experiência: “O efeito consiste em uma duradoura euforia. A pessoa adquire um grande vigor”. Até que um dos pacientes, Ernst Fleischl, extrapolou e morreu de overdose. Freud, então, abandonou a droga.
Era normal laboratórios fazerem propaganda sobre a cocaína. Dizia-se que era “excelente contra o pessimismo e o cansaço” e, para mulheres, dava “vitalidade e formosura”. Somente no começo do século 20 é que políticos puritanos começaram a lutar pela proibição da droga, que praticamente sumiu do país. Só voltaria no fim da década de 1970, quando a cocaína refinada na Bolívia e Colômbia entrou nos EUA. E, mesmo proibida, não saiu mais.
Crack
Feita pela mistura da pasta de cocaína com bicarbonato de sódio, leva em segundos a um estado de euforia intenso que não dura mais do que 10 minutos. Assim, quem usa quer sempre repetir a dose. O nome crack vem desse efeito rápido, que surge como estalos para o usuário.
O consumo de crack explodiu no meio dos anos 80, como alternativa barata à cocaína. Mas a droga aparecia também em festas de universitários e até de políticos. Um desses casos ficou famoso. Em janeiro de 1990, o prefeito de Washington, Marion Barry, foi preso numa operação do FBI quando estava num quarto de hotel com uma antiga namorada, cooptada pelos policiais. Assim que ele começou a usar crack, os agentes entraram no lugar e o prenderam. Barry renunciou e ficou detido por 6 meses numa prisão federal.
Em São Paulo, o crack ainda hoje é a droga mais vendida em favelas e entre os sem-teto. No Rio, demorou muito mais para circular. “A disseminação do crack é fruto de ação do vendedor de cocaína no varejo, que produz as pedras em casa. No Rio, a estrutura do tráfico não permitia essa esperteza”, afirma Myltainho Severiano da Silva, autor de Se Liga! O Livro das Drogas. Quem vendia crack era assassinado. Mas, em crise por causa de apreensões de drogas pela polícia, os chefões do tráfico passaram a permitir a venda de crack no Rio no fim da década de 1990.
Cogumelos

Existem cerca de 30 mil tipos de cogumelos no mundo, mas só 70 provocam viagens. São os cogumelos alucinógenos, com alcalóides que, quando ingeridos, dão barato. Um segredo, aliás, há tempos conhecido pelo homem: 5 mil anos atrás o cogumelo Amanita muscaria já era colhido ao pé de carvalhos no norte da Europa e na Sibéria. Quando não o encontravam, os nativos da região bebiam até a urina de renas que comiam o cogumelo, para assim conseguir o efeito entorpecente.
No Império Romano, o cogumelo utilizado era outro, o caesarea, consumido com vinho em festas que terminavam em orgias. Outra espécie, Claviceps pupurea, que nasce de parasitas do centeio, fez sucesso por acaso em regiões da Itália durante a Idade Média. Em algumas aldeias, os pães eram feitos com farinha do centeio onde o fungo crescera. Sob o efeito do cogumelo, as pessoas dançavam sem parar em festas. Os sábios, que não sabiam que era o pão que dava barato, diziam que a euforia era causada pela picada de uma aranha. Deram a essa sensação o nome de “tarantismo” (de tarântula). Dessas festas teria surgido uma dança famosa – a tarantela.
No hemisfério sul, a variedade mais comum é o psilocybe que nasce nas fezes do gado. A mesma espécie aparece na América Central, onde arqueólogos encontraram esculturas em forma de cogumelo misturadas com figuras humanas. Datam de 500 a.C. e estão em El Salvador, Guatemala e México.
Maconha

A Cannabis sativa, originária da Ásia Central, é consumida há mais de 10 mil anos. Os primeiros sinais de uso medicinal do cânhamo, outro nome da planta, datam de 2300 a.C., na China, numa lista de fármacos chamada Pen Ts’ao Ching – um estudo encomendado pelo imperador Chen Nong (a maconha servia tanto para prisão de ventre como para problemas de menstruação). Na
Índia, por volta de 2000 a.C., a Cannabis era considerada sagrada.
A planta apareceu no Brasil com escravos africanos, que a usavam em ritos religiosos. O sociólogo Gilberto Freyre anotou isso no clássico Casa Grande & Senzala, de 1933: “Já fumei macumba, como é conhecida na Bahia. Produz a impressão de quem volta cansado de um baile, mas com a música nos ouvidos”. No Brasil, até 1905, podia-se comprar uma marca de cigarros chamada
Índios. Era maconha com tabaco. Na caixa, um aviso curioso: “Servem para combater asma, insônia e catarros”.
No século 19, a erva foi receitada até para a rainha inglesa Vitória. Ela fez um tratamento à base de maconha contra cólicas menstruais, indicado pelo médico do palácio. Hoje, há uma cultura em torno da droga que se mantém com revistas especializadas, sites e ongs defendendo seu uso. A maconha tem até torneio anual, na Holanda: a Cannabis Cup, que avalia a qualidade da droga de todos os continentes. O país, aliás, não permite o comércio livre da erva. A droga pode ser vendida apenas nos coffee shops e o limite por pessoa é de 5 gramas – suficiente para 5 cigarros.
Haxixe
A pasta formada pelas secreções de THC, princípio ativo da maconha, é consumida há milênios na Ásia – na China, foram encontrados registros de seu uso medicinal em 2500 a.C. Mas foi o comércio de especiarias que fez do haxixe uma droga “global”. Acredita-se que por volta de 2 d.C. a substância seguiu para o norte da África e Oriente Médio pelas mãos de comerciantes que iam ao Oriente em busca de especiarias. Eles recebiam haxixe como cortesia nas operação de compra e venda.
O nome, no entanto, vem do árabe – hashish significa “erva seca”. Ficou conhecido assim quando Hassan bin Sabbab, líder de uma seita xiita da Pérsia no século 11, reuniu seguidores numa fortaleza para matar soldados das Cruzadas. Antes de entrar em ação, usavam a droga. Os homens de Hassan, conhecido como Velho da Montanha, eram chamados de aschinchin – alguém sob influência do haxixe. Daí derivou a palavra assassin, ou assassino.
A droga se espalhou pela Europa no século 18. O poeta francês Charles Baudelaire e seus amigos escritores Alexandre Dumas e Victor Hugo se reuniam para fumá-la. Baudelaire gostava tanto de haxixe que fazia parte de uma ordem, a Club des Haschichiens. Nos encontros, além de usar haxixe, os participantes tinham um estranho ritual: exaltar Hassan bin Sabbab. Todos vestiam roupas árabes e um dos integrantes era eleito o Velho da Montanha.
Ecstasy
Em 1912, um químico que investigava moderadores de apetite para a empresa alemã Merck desenvolveu uma droga de nome impronunciável: metilenedioxianfentamenia, ou MMDA. Experimentou, sentiu uma leve euforia, mas arquivou a descoberta. Na década de 1960, o cientista americano Alexander Shulguin procurava um remédio que estimulasse a libido. Encontrou os papéis da pesquisa da Merk e incluiu o MMDA na lista de mais de 100 substâncias que ele testou em tratamentos psiquiátricos. A que fez mais sucesso foi justamente a MMDA, que ganhou a fama de “droga do amor”. Os pacientes diziam que ela os ajudava a ser mais carinhosos – hoje, sabe-se que a droga estimula a produção de serotonina no cérebro, responsável pela sensação de prazer.
Não surpreende, portanto, o nome que fez a substância famosa: “ecstasy”, de êxtase mesmo. Em 20 anos, as pastilhas da droga estavam circulando nas ruas. Eram combinadas com o som da música eletrônica em festas chamadas raves, que atravessavam o dia e só terminavam à tarde. Em 1988, o êcstasy foi a febre no verão inglês, que acabou batizado de Summer of Love, ou “verão do amor” , mesmo nome que os hippies deram ao ano de 1967, quando eles se entupiram de LSD. A comparação não era exagerada: as duas drogas estiveram por trás de boa parte da produção cultural jovem de suas épocas.
Heroína
A substância foi descoberta em 1874, a partir de um aprimoramento na fórmula da morfina. Os trabalhos de pesquisa nessa área já haviam levado, por exemplo, à invenção da seringa, criada em 1853 por um cientista francês que procurava maneiras de melhorar a aplicação da morfina. Batizado de heroína, o novo remédio começou a ser vendido em 1898 para curar a tosse. A bula dizia: “A dose mínima faz desaparecer qualquer tipo de tosse, inclusive tuberculose”. O nome fazia referência às aparentes capacidades “heróicas” da droga, que impressionou os farmacêuticos do laboratório da Bayer.
Logo descobriram também que, injetada, a heroína é uma droga de efeito veloz, poderoso e que provoca dependência rapidamente. Viciados em crise de abstinência têm alucinações, cólicas, vômitos e desmaios. Assim, a heroína teve sua comercialização proibida em 1906, nos EUA. Em 1913, o fabricante alemão parou de produzi-la, mas ela manteve intensa circulação ilegal na Europa e, principalmente, na Ásia. A droga voltou a aparecer nos EUA somente no começo dos anos 70, quando soldados servindo na Guerra do Vietnã começaram a consumi-la com asiáticos. Estima-se que cerca de 10% dos veteranos voltaram para casa viciados. .
LSD
O químico alemão Albert Hofmann trabalhava no laboratório Sandoz, em 1938, investigando um medicamento para ativar a circulação. Testava a ergotamina, princípio ativo do fungo do centeio, que ele sintetizou e chamou dietilamida. Tomou uma dose pequena e sentiu um efeito sutil. Somente em 19 de abril de 1943 Hofmann resolveu testar uma dose maior. O químico, então com 37 anos, voltou para casa de bicicleta. Teve a primeira viagem de ácido de que se tem notícia: “Vi figuras fantásticas de plasticidade e coloração”, contou. Apresentou o LSD (iniciais em alemão de ácido lisérgico) a amigos médicos. Hofmann hoje tem 100 anos e é um dos integrantes do comitê que escolhe o Prêmio Nobel.
O americano Timothy Leary se encarregou de ser um dos embaixadores do LSD pelo mundo. Doutor em psicologia clínica de Harvard, ministrava a droga para seus pacientes e a recomendava a alunos do campus – até ser expulso pela universidade, em 1963. Na época a cidade de São Francisco começava a se tornar capital da cultura hippie. Uma das principais atrações eram shows de rock para uma platéia encharcada de ácido fabricado em laboratórios clandestinos. Os freqüentadores pregavam o amor livre, a vida em comunidade e veneravam religiões orientais. O lema deles você conhece: “paz e amor”.
Em 1967, o movimento era capaz de reunir até 100 mil pessoas num parque. As farras lisérgicas muitas vezes acabavam em sexo coletivo. Não é à toa que o ano tenha entrado para história como Summer of Love, o “verão do amor”.
Ópio
O suco leitoso tirado da papoula branca é consumido há cerca de 5 mil anos no sudoeste da Ásia, em ilhas do Mediterrâneo e no Oriente Médio. Fez parte até da mitologia grega – era usado para venerar a deusa Demeter. A lenda dizia que, após ter sua filha Proserpina raptada, Demeter passou a procurá-la. Encontrou e comeu sementes de papoula, diminuindo a dor da perda. A imagem da deusa, então, ficou ligada à papoula – e rituais em sua homenagem incluíram o uso da droga. O nome ópio vem do grego opin, ou suco. A chegada da civilização romana não diminuiu a sua popularidade, inclusive para fins medicinais. “O ópio era a aspirina de seu tempo. No ano 312, havia na cidade de Roma 793 estabelecimentos que o distribuíam”, afirma Antonio Escohotado, em O Livro das Drogas.
Na época das navegações, a Inglaterra chegou a monopolizar a venda mundial de ópio. Entre os principais importadores estava a China, apesar de o produto ser proibido lá desde 1729. A luta contra o contrabando levou a um conflito militar entre os dois países, que durou de 1839 a 1842 e ficou conhecido como Guerra do Ópio. Os ingleses venceram e obrigaram a China a permitir o comércio da droga. Ficaram também com o território de Hong Kong, que só foi devolvido em 1997.


super.abril.com.br
25
Nov16

REIS E RAINHAS CRUÉIS DA HISTÓRIA (VÍDEO)

António Garrochinho

 

Reis e rainhas que foram péssimas pessoas não existe só em filmes e séries, como Game of Thrones por exemplo. A antiguidade esconde histórias chocantes...



VÍDEO
mixciclo.com.br
25
Nov16

The Doors

António Garrochinho







"I'm the lizzard king, I can do anything..."

Famosas palavras proferidas pelo homem que graças a elas ficou conhecido pelo Rei Lagarto. Falo, claro está, de Jim Morrison, uma das personagens mais carismáticas do século passado, uma voz que marcou "A Geração". A história dos Doors confunde-se um pouco com a do seu vocalista. Aliás isto acontece sempre que uma banda tem um lider com uma personalidade bastante vincada e forte. O lider da banda deixa de ter vida a partir de um determinado momento, passando a ser uma verdadeira lenda. Vamos então contar a história desta banda, recheada de poesia, sexo, drogas, rock n' roll, mitos, e até teorias da conspiração...
Jim Morrison era um estudante de cinema na Universidade da Califórnia. Um jovem impressionado com histórias místicas, psicadelismo, e poesia (essencialmente William Blake). Certo dia num encontro com o seu amigo Ray Mazarek, decide mostrar-lhe os seus poemas. A qualidade da sua escrita impressiona o seu amigo e ambos decidem então formar um banda. A estes juntaram-se John Densmore e Robby Kruger amigos de Ray.
Decidem chamar à sua banda The Doors, vão buscar referência a um livro de poesia de Aldous Huxley "The Doors of Perception", que por sua vez tinha retirado o título a um verso da poesia de Blake que dizia:
"Se as portas da percepção estevessem abertas, tudo parecia ao homem assim como é: infinito."
A banda adoptou uma forma de trabalhar com base no colectivo, Mazarek e Densmore tratavam da parte musical e ritmica, e Kruger e Morrison escrivam as letras, se bem que a maior parte das letras eram escritas por Morrison.
A banda começa a actuar em pequenos bares de LA, mas depressa se destaca muito graças ao animal de placo que Jim Morrison se começa a demonstrar. E em 1967 sai o primeiro com o título The Doors.
Provavelmete este foi um dos melhores disco de estreia da história da música. Nunca nada tinha soado tão fresco, tão diferente, tão inteligente, tão sexual e claro tão polémico. À primeira audição deste disco logo duas coisas se destacam: a impressionante voz e líricismo de Morrison, e os teclados sonhadores, psicadélicos e com uma pitada de flamenco de Mazarek.
Muito se pode dizer da música, pois ela tem de tudo um pouco. Tem rock, tem psicadelismo, tem flamenco, tem morte, tem sexo. Tudo misturado dá origem a um som que mais ninguém tem, teve ou terá. Dá origem ao som caracteristico dos Doors, dos sons mais inconfundiveis da história. Este disco tem músicas rock tão simples como Break on Trough, tem músicas ácidas como Light My Fire, e outras inclassificaveis recheadas de morte, psicologia e drogas como The End. Depressa estas canções se tornaram hinos para uma juventude com sangue na guelra, disposta a contrariar a sociedade e revolucinar o mundo. Foi uma época que mudou a América e o mundo para sempre. Depois deste disco os Doors colocaram-se no epicentro de todo este movimento contra-cultura.
Com o sucesso adquirido com o primeiro disco, os Doors tornaram-se o centro das atenções. Jim Morrison era convidado para todas as festas e discotecas, mas apenas comparecia se todos os elementos da banda fossem convidados. Aliás a amizade que Jim tinha pelos seus colegas de banda sempre foi grande, apesar de algumas quezílias no início (principalmente com Kruger), Jim sempre lhes disse:"o que seria eu sem vocês?"
Os seguintes discos embora bons não conseguem atingir o nível do primeiro, extraem-se bons singles mas pouco mais. Albuns como Strange DaysWaiting for The Sun e The Soft Parade perdem-se um bocado na história ficando apenas na memória alguns excelentes singles.
Até que em 1970 sai Morrison Hotel, para recolocar a banda no foco. Retirado de algum experimentalismo dos LP's anteriores e acrescentado um pouco de blues o album foi um verdadeiro sucesso.
Um depois sai L.A. Woman o último albúm, onde os blues dominam por completo. Nota-se uma espécie de redenção em Morrison que muda o visual. Deixa crescer a barba e engorda alguns quilos. Nota-se nas letras verdadeiros apelos e orações para exorcisar demónios, mais própriamente as drogas que o consumiram por completo entre o primeiro disco e este último. Afasta de si os títulos de Xamã Sexual de outros tempos. Enche-se da fama de tudo que ela transporta. Durante muitos anos Morrison levou um estilo de vida destrutivo e alienado, e finalmente fartou-se disso tudo. Especial atenção para a música Riders on the Storm que encerra o albúm, muitas destas coisas aparecem lá explicadas.
Depois de lançado o disco Morrison parte para Paris com a mulher e com o intuito de escrever poesia. Lá recupera o vício da bebida, a morte não tardaria.
A 3 de Julho de 1971 o corpo de Jim Morrison foi encontrado na banheira, tinha apenas 27 anos. A "causa oficial" da morte foi ataque cardíaco, embora isto tenha gerado uma série de teorias de conspiração. Nunca foi feita nenhuma autópsia. Suspeitava-se de overdose de heroina embora Morrison nunca tenha sido consumidor dessa droga, ao contrário da sua namorada. Chegou-se a especular de conspiração governamental, sendo que o próprio Morrison referiu que seria o terceiro a morrer sobre "circunstâncias" suspeitas, após Jimmi Hendrix e Janis Joplin.
O seu corpo foi enterrado num cemitério de Paris.

Ainda hoje os Doors tocam com restantes menbros da banda ainda activos, mas a aura da banda desapareceu com Morrison. Recordam-se poemas, músicas e histórias, e este é o seu legado para toda a gente incomformada e inconformista. Deixo aqui uma das letras mais belas e famosas do Sr. Morrison, que embora ele tenha dito que não tem um significado específico, aquela última estrofe explicará muito.

The Doors - Moonlight Drive

Let's swim to the moon, uh huh
Let's climb through the tide
Penetrate the evening
That the city sleeps to hide
Let's swim out tonight, love
It's our turn to try
Parked beside the ocean
On our moonlight drive

Let's swim to the moon, uh huh
Let's climb through the tide
Surrender to the waiting worlds
That lap against our side
Nothin' left open
And no time to decide
We've stepped into a river
On our moonlight drive

Let's swim to the moon
Let's climb through the tide
You reach your hand to hold me
But I can't be your guide
Easy, I love you
As I watch you glide
Falling through wet forests
On our moonlight drive, baby
Moonlight drive

Come on, baby, gonna take a little ride
Down, down by the ocean side
Gonna get real close
Get real tight
Baby gonna drown tonight
Goin' down, down, down

Valete Frates
dareparamorrer.blogspot.pt
25
Nov16

O Conflito Árabe - Israelita

António Garrochinho



Um dos conflitos mais dramáticos do Oriente Médio tem sido o conflito árabe- israelense, cujas origens remontam ao período que segue à Primeira Guerra Mundial. 

Com a derrota dos turcos e a desintegração de seu império, a Liga das Nações aprovou, em, 1922, a Declaração Balfour, proposta em 1917 pelo chanceler inglês Lord Balfour, que colocou a palestina sob o governo da Inglaterra. Comprometendo-se a criar o Estado Nacional judeu na região, a tutela inglesa ativou a emigração judaica entre judeus e árabes.

Em 1947, no final da Segunda Guerra Mundial, diante dos crescentes conflitos entre judeus emigrantes e palestinos árabes, a ONU foi incitada a intervir, decidindo pela divisão da Palestina em duas áreas: a judaica , representando 57% de sua área e a palestina, com 43% da área, que provocou o protesto dos países vizinhos.

Com a retirada da Inglaterra e a criação em 1948, do Estado de Israel, aumentou a tensão na região. Os países da liga Árabe - Egipto,, Iraque Transjordânia (atual Jordânea), Líbano e Síria - invadiram a região desencadenado a Primeira Guerra Árabe- Israelense (1948 - 1949), vencida por Israel, que ampliou seu domínio territorial sobre a Palestina. 

Como conseqüência, quase um milhão de palestinos fugiram ou foram expulsos da região, tendo a situação dos refugiados, que se instalaram em regiões vizinhas desencadeando a Questão Palestina, isto é, a luta dos árabes palestinos pela recuperação territorial. 

Em 1956, os crescentes atritos de fronteiras entre Egipto e Israel e o reconhecimento do Canal de Suez como egípcio, desencadearam a Segunda Guerra Árabe- israelense, também conhecida como guerra de Suez. 

Apesar de o presidente egípcio Gamal Abdel Nasser ter contado com com ajuda militar soviética, Israel, apoiado pela Inglaterra e França, sairam novamente vitoriosos, conquistando a península do Sinai. Sob pressão dos Estados Unidos e da União Soviética, a ONU enviou à região forças de paz, que obrigaram Israel a abandonar o Sinai, restabelecendo as fronteiras de 1949.

Em 1967, a tensão na região culminou com a Guerra dos Seis Dias, a Terceira Guerra Árabe-Israelense, pois a recém-criada Organização para a Libertação da Palestina (OLP) tentava, desde 1964, recuperar o território ocupado por Israel por meio de guerrilhas. 

A situação agravou-se com a retirada das tropas da ONU e colocação de soldados egípcios na fronteira, bloqueando o acesso aos portos israelenses. A vitória israelense levou à ocupação de Gaza e Cisjordânea, ampliando o êxodo palestino, com mais de um milhão e seiscentos mil refulgidos.

Apesar da intervenção da ONU, Israel não acatou a decisão de retirada do territórios ocupados, tendo essa nova investida israelense provocando, em 1973, a Quarta Guerra Árabe-Israelense - a Guerra do Yom Kippur -, assim chamada por ter sido iniciada em um dia sagrado para os judeus, Dia do Perdão. 

O conflito iniciou-se com o ataque simultâneo da Síria e do Egito contra Israel. Com a intervenção do presidente dos Estado Unidos, Richard Nixon , do secretário da União Soviética, Leonid Brejnev, a guerra terminou, com a assinatura de um acordo de paz de paz.

Em 1979, o presidente egípcio Anuar Sadat e o dirigente israelense Menahem Begin, num encontro promovido pelo presidente norte-americano Jimmy Carter, assinaram os acordos de Camp David, pelos quais o Egipto recuperava o Sinai e inaugurava uma nova fase de relacionamentos e negociações.

A questão palestina, entretanto, sobrevivia, pois os refugiados seguiam lutando pela obtenção de um Estado palestino e pela devolução dos territórios da Cisjordânia e Gaza, ocupados por Israel.

Foi somente no início dos anos 90 que ganhou forças a via política diplomática, levando às negociações entre as partes nas região, substituído a confrontação militar constante. Em grande parte possível devido ao fim da Guerra Fria, à neutralização do Iraque e à pressão norte-americana contra o radicalismo israelense, os encontros diplomáticos proporcionaram o reconhecimento mútuo entre Israel e OLP e, em 1993, a assinatura da paz em Washington, entre os representantes de Israel, Yitzhak Rabin, e da Palestina, Yassser Arafat.

Outro foi a derrota eleitoral de Shimon Peres, em 1996, vencido por Likud de Benjamim, defensor de uma política externa com os vizinhos árabes.
hid0141.blogspot.pt
25
Nov16

Freddie Mercury e Mary Austin: uma história de amor muito além do sexo

António Garrochinho

freddie-mary-close-10


.Procurando vídeos bacanas, pra falar dos 20 anos da partida de Freedie Mercury, encontrei um cheio de romantismo e nostalgia da Mary Austin, falando da relação que teve com Freddie…

Ela e Mercury namoraram e viveram juntos durante muitos anos na Inglaterra, na primeira fase do Queen, quando ele ainda não tinha bigode, pintava as unhas, tinha cabelos femininos e usava roupas espalhafatosas.

Foi uma longa e forte relação de amor, segundo ela conta, que terminou quando a bissexualidade de Freddie deu espaço apenas à homossexualidade.

Mas o que quero destacar aqui não é qualquer bandeira gay.

É a mudança de uma relação mantendo o mesmo sentimento e o respeito, em dias que pessoas rompem, ficam sem se falar, se agridem física e verbalmente, ou até se matam em nome de um suposto “amor”, ou traições.
Foto: reprodução

Fotos: reprodução
A relação marido e mulher de Freddie e Mary deu lugar a um amor exemplar, igualmente grande e poderoso: a amizade.
No vídeo abaixo, infelizmente sem legendas, Mary diz que a relação dos dois era extraordinária. E que de amantes, os dois se tornaram unidos como irmãos.
O curioso é que foi ela quem esteve ao lado de Freddie nos últimos dias de vida, isolado, enfraquecido e debilitado pela Aids.
O início
Eles se conheceram em 1970 numa loja de roupas chamada Biba, em Londres, local com estilo vintage. Mary era uma das consultoras e usava um batom cor de vinho e vestido minissaia naquele dia.
Ela tinha 19 anos na época e ele 23. Mary era de família modesta, tinha pais deficientes auditivos, que se comunicam na Língua de Sinais e leitura labial.
Mercury queria na namorar, mas Mary evitou o vocalista durante 6 meses, até que cedeu aos encantos do jovem.
“Demorou cerca de três anos para eu realmente sentir que amava Freddie. “Mas eu nunca me senti assim com ninguém”, revelou.
Mary apaixonou por Freddie, no dia em que o grupo se reuniu para escolher o novo nome da Banda.
“Eu via Freddie discutindo movendo sua juba preta e sexy, animado e com alto grau de convencimento que no final convenceu a todos  que Queen era o melhor nome.
Neste dia Freddie conseguiu duas proezas: convencer o grupo com o novo nome e conquistar o coração de Mary. Eles seriam Queen e King para sempre.
A partir desse dia, eles se tornaram namorados e amantes. Nesta data Freddie compôs a musica “Love of My Life” dedicada a Mary, lançada posteriormente no Álbum “A Nigth at Opera”.
A gente tem que brindar esse amor de verdade e dizer que ele existe sim.
Fotos: reprodução

freddie-Mary-close-2
Foto: FamilyQueen

VÍDEO
www.sonoticiaboa.com.br

25
Nov16

Freddie Mercury e Mary Austin: uma história de amor muito além do sexo

António Garrochinho

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.Procurando vídeos bacanas, pra falar dos 20 anos da partida de Freedie Mercury, encontrei um cheio de romantismo e nostalgia da Mary Austin, falando da relação que teve com Freddie…

Ela e Mercury namoraram e viveram juntos durante muitos anos na Inglaterra, na primeira fase do Queen, quando ele ainda não tinha bigode, pintava as unhas, tinha cabelos femininos e usava roupas espalhafatosas.

Foi uma longa e forte relação de amor, segundo ela conta, que terminou quando a bissexualidade de Freddie deu espaço apenas à homossexualidade.

Mas o que quero destacar aqui não é qualquer bandeira gay.

É a mudança de uma relação mantendo o mesmo sentimento e o respeito, em dias que pessoas rompem, ficam sem se falar, se agridem física e verbalmente, ou até se matam em nome de um suposto “amor”, ou traições.
Foto: reprodução

Fotos: reprodução
A relação marido e mulher de Freddie e Mary deu lugar a um amor exemplar, igualmente grande e poderoso: a amizade.
No vídeo abaixo, infelizmente sem legendas, Mary diz que a relação dos dois era extraordinária. E que de amantes, os dois se tornaram unidos como irmãos.
O curioso é que foi ela quem esteve ao lado de Freddie nos últimos dias de vida, isolado, enfraquecido e debilitado pela Aids.
O início
Eles se conheceram em 1970 numa loja de roupas chamada Biba, em Londres, local com estilo vintage. Mary era uma das consultoras e usava um batom cor de vinho e vestido minissaia naquele dia.
Ela tinha 19 anos na época e ele 23. Mary era de família modesta, tinha pais deficientes auditivos, que se comunicam na Língua de Sinais e leitura labial.
Mercury queria na namorar, mas Mary evitou o vocalista durante 6 meses, até que cedeu aos encantos do jovem.
“Demorou cerca de três anos para eu realmente sentir que amava Freddie. “Mas eu nunca me senti assim com ninguém”, revelou.
Mary apaixonou por Freddie, no dia em que o grupo se reuniu para escolher o novo nome da Banda.
“Eu via Freddie discutindo movendo sua juba preta e sexy, animado e com alto grau de convencimento que no final convenceu a todos  que Queen era o melhor nome.
Neste dia Freddie conseguiu duas proezas: convencer o grupo com o novo nome e conquistar o coração de Mary. Eles seriam Queen e King para sempre.
A partir desse dia, eles se tornaram namorados e amantes. Nesta data Freddie compôs a musica “Love of My Life” dedicada a Mary, lançada posteriormente no Álbum “A Nigth at Opera”.
A gente tem que brindar esse amor de verdade e dizer que ele existe sim.
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Foto: FamilyQueen

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25
Nov16

AS PROSTITUTAS NA HISTÓRIA - De deusas à escória da humanidade

António Garrochinho


A prostituição já foi uma ocupação respeitada e associada a poderes sagrados. Mas, com o surgimento da sociedade patriarcal, a independência sexual e económica das mulheres restringiu-se e as meretrizes passaram a ser mal-vistas

POR PATRÍCIA PEREIRA
Toulousse-Lautrec foi um dos pintores que melhor retratou as mulheres e os bordéis franceses do fi nal do século XIX. Na imagem, uma cena do salão da rue des Moulins, em Paris (1894)
Que a prostituição é popularmente conhecida como a profissão "mais antiga do mundo", todos sabem. E, desde que o mundo é dito civilizado, sempre houve prostitutas pobres e prostitutas de elite. O lado desconhecido dessa história é que a imagem a respeito delas nem sempre foi a que temos atualmente. As meretrizes já foram admiradas pela inteligência e cultura, e também já foram associadas a deusas - manter relações sexuais com elas era necessário para conseguir poder e respeito. As "mulheres da vida" sempre tiveram um lugar na História, mas, ao longo dos anos, seu status passou de respeitável à condenável.
Maria Regina Cândido, professora de graduação e de pós-graduação em História, e coordenadora do Núcleo de Estudos da Antiguidade (NEA), da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), explica que a conotação de ser ou não bem-vista pela sociedade é um olhar de nosso tempo sobre as prostitutas. "Na antiguidade, elas tinham seu lugar social bem definido. Era uma sociedade que determinava a posição de cada um, que precisava cumprir bem o seu papel em seu espaço e não migrar de função", diz Maria Regina.
Lá atrás, no período da pré-história, a mulher era associada à Grande Deusa, criadora da força da vida, e estava no centro das atividades sociais, explica Nickie Roberts, no livro As Prostitutas na História. Com tal poder, ela controlava sua sexualidade. Nessas sociedades pré-históricas, cultura, religião e sexualidade estavam interligadas, tendo como fonte a Grande Deusa, conhecida inicialmente como Inanna e mais tarde como Ishtar. Os homens, ignorantes de seu papel na procriação, não eram obsessivos pela paternidade. Foi essa preocupação com a prole que, mais tarde, levou ao surgimento das sociedades patriarcais, com a submissão da mulher.
Por volta de 3.000 a.C., tribos nômades passaram a criar gado e tornaram-se conscientes do papel masculino na reprodução. As sociedades matriarcais da deusa começaram a ser subjugadas. As primeiras civilizações da era histórica desenvolveram-se na Mesopotâmia e no Egito, e nasceram desse levante. Novas formas de casamento foram introduzidas, especificamente destinadas a controlar a sexualidade das mulheres, afirma a escritora. "Foi nesse momento da história humana, em torno do segundo milênio a.C., que a instituição da prostituição sagrada tornouse visível e foi registrada pela primeira vez na escrita", explica Nickie.
Acima, a vaidade feminina é retratada pelo fotógrafo E.J. Bellocq, que possui uma série de fotografias das prostitutas de Nova Orleans (1918). Abaixo, cena explícita de sexo no Egito Antigo: o ato sexual e o prazer sempre foram documentados ao longo da História

AS PRIMEIRAS PROSTITUTAS DA HISTÓRIA
As grandes cidades da Mesopotâmia e do Egito continuaram centralizadas nos templos da Grande Deusa. As sacerdotisas dos templos, que participavam de rituais sexuais religiosos, ao mesmo tempo mulheres sagradas e meretrizes, foram as primeiras prostitutas da História, conta Nickie Roberts. O status dessas mulheres era elevado. Os reis precisavam buscar a benção da deusa, por meio do sexo ritual com as sacerdotisas, para legitimar seu poder. "Nessa época, as prostitutas do mais alto escalão do templo eram, por direito nato, agentes poderosas e prestigiadas; não eram as meras vítimas oprimidas dos homens, tão protegidas pelas feministas modernas", escreve Nickie Roberts.

"AS CORTESÃS, nós as temos para o prazer; AS CONCUBINAS, para os cuidados de todos os dias; 
AS ESPOSAS, para ter uma descendência legítima e uma fiel guardiã do lar."


DEMÓSTENES
Na Grécia antiga, as mulheres viviam em um confinamento físico e mental. Mas aquelas que se tornavam meretrizes desfrutavam de liberdade sexual e econômica. O diálogo a seguir, entre a viúva ateniense Crobil e sua filha, a virgem Corina, narrado pelo escritor clássico Luciano de Samósata (125 d.C. - 181 d.C.), mostra que a prostituição era vista como uma maneira de conquistar a independência:

CROBIL: Tudo o que você tem de fazer é sair com os rapazes, beber com eles e dormir com eles por dinheiro.
CORINA: Do jeito que faz Lira, filha de Dafne!
CROBIL: Exatamente!
CORINA: Mas ela é uma prostituta!
CROBIL: Bem, e isso é uma coisa assim tão terrível? Significa que você será rica como ela é, e terá muitos amantes. Por que você está chorando, Corina? Não vê quantos homens vão atrás das prostitutas, e mesmo assim há tantas delas? E como elas ficam ricas! Olhe, eu posso me lembrar de quando Dafne estava na penúria. Agora, olhe a sua classe! Ela tem montes de ouro, roupas maravilhosas e quatro criados.
Vaso da Grécia Antiga mostra cortesã se despindo para um cliente durante um banquete
Foi nesse período, quando os homens começaram a tomar o poder, que também surgiu a hierarquia entre as mulheres do templo, com um escalão de prostitutas de classe alta, que mantiveram seus antigos poderes e privilégios. As harimtu, que trabalhavam fora dos templos, foram as primeiras prostitutas de rua. Ainda assim, a conexão entre sexo e religião persistia, pois as meretrizes da rua continuavam a ser vistas como sagradas, protegidas de Ishtar.
A divisão das mulheres em prostitutas e esposas vem desse início da história patriarcal. Foi na antiga Suméria, por volta de 2.000 a.C., que surgiram as primeiras leis segregando as duas. "Nessa época, já começava a ampliar a lacuna entre as 'boas'- dóceis e obedientes - esposas e as 'más' - sexualmente autônomas - prostitutas", diz Nickie.
A autora explica que a forma patriarcal de casamento, em que o marido literalmente é dono da esposa e dos filhos, aprofundou mais ainda o abismo entre a esposa e a prostituta, na medida em que as instituições religiosas e políticas masculinas foram crescendo. "Ao mesmo tempo, as leis que cercavam as prostitutas e o seu trabalho tornaram- se mais opressivas", conta Nickie. Segundo ela, durante toda a história da Mesopotâmia e do Egito, o sexo era ainda considerado sagrado e, apesar das leis, não havia uma moralidade puritana a estigmatizar as mulheres que se sustentavam vendendo sexo.

A Suméria criou a segregação feminina ao colocar em lados opostos a esposa obediente e a prostituta má
Julio Gralha, professor do NEA/UERJ, lembra que a visão sobre as prostitutas da época é pouco documentada de forma escrita, mas pode ser inferida pelas imagens das iconografias. "Pela análise da iconografia, a prostituta existia no Egito e atuava de forma remunerada. Há contos iconográficos, cômicos, em que a prostituta é vista como poderosa, o homem não agüenta. Como aparecem o colar e outros símbolos ligados à deusa, elas são vistas como protegidas. A prostituição não era algo repulsivo ou condenado pela religião", diz Gralha.
O pintor Lambert Sustris retratou sua Vênus e o amor (1550). Na Roma Antiga, a deusa era símbolo de adoração e religiosidade, sendo considerada a protetora das prostitutas

UM NEGÓCIO ORGANIZADO NA GRÉCIA
Com o passar do tempo, a independência sexual e econômica da prostituta tornou-se uma ameaça à autoridade patriarcal. Por isso, a religião da deusa foi combatida pelos sacerdotes hebreus e, aos poucos, suprimida. Os rituais sexuais viraram pecados graves e as sacerdotisas, pecadoras. "As principais religiões patriarcais que se seguiram - o cristianismo e o islamismo - reconheceram o impacto devastador do estigma da prostituta na divisão e regulamentação das mulheres", explica Nickie Roberts.
A Grécia antiga foi uma típica sociedade patriarcal. As mulheres não podiam participar da vida política e social. No entanto, como aconteceu a todas as sociedades antigas, os primeiros habitantes da Grécia foram povos adoradores da deusa, afirma Nickie. Os deuses masculinos só vieram mais tarde, por volta de 2.000 a.C., com os invasores indo-europeus. As duas culturas fundiram-se e produziram o híbrido que chegou até nós. Basta lembrar que Zeus, divindade suprema indo-européia, casou-se com Hera, poderosa deusa sobrevivente do culto anterior.
A negação total do poder da mulher na sociedade grega é decorrente do governo de uma série de ditadores homens. Sólon, que governou Atenas na virada do século VI a. C., foi o principal deles, tendo institucionalizado os papéis das mulheres na sociedade grega. Passaram a existir as "boas mulheres", submissas, e as outras.


SÍMBOLO ÀS AVESSAS
Segurando duvidosamente um crucifixo, o quadro Madalena penitente, de Francesco Hayez (1825), mostra Maria Madalena fugindo da morte e culpada, por intermédio da religião
Maria Madalena, famosa prostituta arrependida da Galiléia, representa que, para ser salva, a mulher precisa abandonar a profissão
Conhecida como a ex-prostituta da Galiléia, Maria Madalena foi uma das mais fiéis seguidoras de Jesus Cristo. De acordo com a Bíblia, ela estava presente em sua crucificação e em seu funeral. Foi ela quem encontrou vazio o túmulo de Jesus, ouviu de um anjo que ele havia ressuscitado e foi dar a notícia aos apóstolos.
Prostituta com papel de destaque na história de Cristo - foi, inclusive, canonizada pela igreja católica -, Maria Madalena poderia ter se tornado um símbolo na luta pela aceitação da atividade. Mas o que ocorreu foi o contrário: como personificou o estereótipo de "prostituta arrependida", acabou por disseminar uma imagem negativa sobre a prostituição, ao reforçar a idéia de que é preciso abandonar a atividade para redimir-se dos pecados e ser perdoada por Deus.
Durante a Idade Média, as prostitutas atuantes eram excomungadas da igreja católica. Mas as que se arrependiam eram perdoadas e aceitas pela sociedade. Houve até um movimento de conversão, em que a igreja estimulou fiéis a "recuperar" prostitutas e casar-se com elas. Também surgiram comunidades monásticas de ex-prostitutas convertidas, que receberam o nome de "Lares de Madalena". Elas proliferaram pela Europa, tendo sido financiadas, em sua maioria, pelo clero. Além de Maria Madalena, a igreja enalteceu diversas outras prostitutas que salvaram suas almas pelo arrependimento, como Santa Pelágia, Santa Maria Egipcíaca, Santa Afra e outras.
O curioso é que nenhuma passagem na Bíblia afirma que Maria Madalena foi prostituta. Os textos sagrados a mencionam como pecadora, de quem Jesus expulsou sete demônios, mas não especificam qual seria seu passado. Provavelmente, o que a levou a ser vista como prostituta foi a identifi- cação com um relato de Lucas (7:36-50) sobre uma pecadora anônima, descrita de forma a sugerir ser uma prostituta, que em certa passagem unge os pés de Cristo. O relato de Lucas, a respeito de tal mulher arrependida, antecede a citação nominal de Maria Madalena. No Ocidente cristão, a versão de que Maria Madalena seria essa mulher foi a mais difundida. No Oriente, a mulher anônima e Maria Madalena são vistas como pessoas diferentes.

Foi também Sólon quem, percebendo os lucros obtidos pelas prostitutas - tanto as comerciais quanto as sagradas -, organizou o negócio, criando bordéis oficiais, administrados pelo Estado. Neles, havia grande exploração das mulheres, que eram praticamente escravas. Junto com os bordéis oficiais, muitas meretrizes independentes exerciam o seu comércio, apesar da legislação de Sólon. "Pela primeira vez na História, as mulheres estavam sendo cafetinadas - oficialmente. (...) Assim, de mãos dadas, nasceram a cafetinagem estatal e privada", afirma Nickie.
Maria Regina Cândido, historiadora da UERJ, lembra que foi a pressão sobre a terra, com o grande aumento da população grega, que levou Sólon a criar os primeiros bordéis. Isso porque ele trouxe para a região estrangeiros ceramistas, com o intuito de ensinar à população excedente uma nova atividade, já que a agricultura não absorvia mais a todos. "Para que os estrangeiros não molestassem as esposas e filhas de cidadãos gregos, ele criou um espaço de prostituição oficial na periferia da cidade, os bordéis", explica a coordenadora do NEA. Segundo Maria Regina, as prostitutas ficavam em frente ao cemitério, na região do cerâmico, onde estavam instaladas as oficinas dos ceramistas, e também na região do Porto do Pireu, onde eram chamadas de pornes, daí vem a palavra pornografia.
As prostitutas dos bordéis eram estrangeiras, trazidas para a Grécia exclusivamente para cumprir esse papel. Mas muitas mulheres gregas, depois de casamentos desfeitos por suspeita de traição ou outros desvios de comportamento, não viam outro caminho a não ser prostituir-se. Essas, estigmatizadas, juntavam-se às estrangeiras nos bordéis oficiais.

As prostitutas do templo de Afrodite deixaram de ser vistas como sacerdotisas e viraram escravas
Muitas prostitutas eram cultas e instruídas, e cumpriam o papel de entreter os líderes daquela sociedade. Cobravam alto preço por sua companhia e podiam ou não ceder aos desejos sexuais do cliente. São as hetairae, amantes e musas dos maiores poetas, artistas e estadistas gregos, explica Maria Regina. "As hetairae conduziam seus negócios abertamente em Atenas, trabalhando independentemente tanto dos bordéis do Estado quanto dos templos", diz Nickie.
A prostituição sagrada também sobreviveu, embora timidamente, durante o período da Grécia clássica. Havia templos em toda a Grécia, especialmente em Corinto - dedicado à deusa Afrodite. As prostitutas do templo não mais eram vistas como sacerdotisas, eram tecnicamente escravas. Mas, por serem consideradas criadas da deusa, mantinham a aura de sacralidade e eram homenageadas pelos clientes. "Demóstenes pagava caro por essas prostitutas. Ele ia de Atenas até Corinto só para ter relações sexuais com elas", diz Maria Regina.
Sob os olhos de dezenas de homens e escondendo o rosto, mulher grega é julgada, talvez por traição: motivo que estigmatizava esposas infiéis, que optavam viver como prostitutas. Tela de Jean-Léon Gérome (1861)

LIVRES NO IMPÉRIO ROMANO
frei São Tomás de Aquino, por Fra Angélico: em sua vasta obra filosófica e moral do século XIII, ele defendeu a existência da prostituição, argumentado esse ser um "mal necessário"
Roma foi diferente da Grécia. Até o início da República, a prostituição não era tão disseminada no território romano. "Roma ainda era muito provinciana, fechada", explica Ronald Wilson Marques Rosa, historiador e pesquisador do NEA/UERJ. A prostituição apenas se difundiu com a expansão militar do império romano e a conquista de escravos. Antes desta expansão, há indícios de que entre os primeiros romanos, que eram povos agrícolas, existia a antiga religião da deusa, diz Nickie Roberts. Ela também afirma que, em tempos posteriores, a prostituição religiosa estava ligada à adoração da deusa Vênus, que era considerada protetora das prostitutas.
Após a expansão militar e territorial, "os escravos eram os prostitutos, tanto homens quanto mulheres. E não havia estigmatização, não era algo mal-visto. Era normal o uso comercial do escravo para a prostituição. E, muitas vezes, eles usavam esse dinheiro para conseguir a liberdade", diz Ronald Rosa.
De acordo com Nickie, Roma foi uma sociedade sexualmente muito permissiva. "Eles escarneciam de qualquer noção de convenção moral ou sexual e desviavam-se de toda norma que houvesse sido inventada até então", afirma. A grande expansão urbana favoreceu o crescimento da prostituição. A vida era barata, e o sexo, mais barato ainda, diz a autora. Prostituição, adultério e incesto permearam a vida de muitos imperadores romanos.
"Falando de modo geral, a prostituição na antiga Roma era uma profissão natural, aceita, sem nenhuma vergonha associada a essas mulheres trabalhadoras", comenta Nickie. A vida permissiva levava mulheres a rejeitar o casamento, a ponto de o imperador Augusto estabelecer multas para as moças solteiras da aristocracia em idade casadoira. Muitas se registraram como prostitutas para escapar da obrigação. O sucessor de Augusto, Tibério, proibiu as mulheres da classe dominante de trabalhar como prostitutas.
Diferente da Grécia, os romanos não possuíam e nem operavam bordéis estatais, mas foram os primeiros a criar um sistema de registro estatal das prostitutas de classe baixa. Isso resultou na divisão das prostitutas em duas classes, explica Nickie: as meretrices, registradas, e as prostibulae (fonte da palavra prostituta), não registradas. A maior parte não se registrava, preferia correr o risco de ser pega pela fiscalização, que era escassa.

"Suprimir a prostituição e a luxúria caprichosa VAI ACABAR COM A SOCIEDADE. "


SANTO AGOSTINHO
Na imagem à esquerda, o pintor alemão Nicolaus Knupfer retrata soldados embriagados e rendidos aos prazeres mundanos como a bebida, a música e o sexo em um bordel

Grupo de prostitutas de elite, em Yokohama, no Japão do início do século XX: a sobriedade da imagem esconde a devassidão permitida entre quatro paredes


CONDENADAS NA IDADE MÉDIA
Com o declínio do Império Romano, começou a Idade Média. Os invasores, guerreiros bárbaros, organizam a vida não mais em grandes cidades e sim em aldeias agrícolas, que não favoreciam a prostituição como a vida urbana. "As artes civilizadas do amor, do prazer e do conhecimento - o erótico e os demais - desapareceram durante a Idade das Trevas. (...) a antiga tradição de uma sensualidade feminina orgulhosa e exaltadora desapareceu para sempre", afirma Nickie Roberts. A igreja cristã perpetua-se e reprimi a sexualidade feminina, ao censurar a prostituição.
Apesar de condenada, a prostituição foi tolerada pela igreja, que a considerou "uma espécie de dreno, existindo para eliminar o efluente sexual que impedia os homens de elevar-se ao patamar do seu Deus", explica Nickie. A igreja condenava todo relacionamento sexual, mas aceitava a existência da prostituição como um mal necessário. De acordo com Jacques Rossiaud, autor de A Prostituição na Idade Média, "pode-se afirmar, sem receio de erro, que não existia cidade de certa importância sem bordel".
Nas duas imagens, a mulher é tratada de maneira diferente ao olhar e ao julgamento masculino. À esquerda, a tela holandesa do século XVIII mostra mulheres sendo transportadas para fora da cidade. Ao lado, o pintor Vermeer mostra, no século XVII, uma mulher que satisfaz aos desejos de homens em troca de dinheiro
Havia bordéis públicos, pequenos bordéis privados e também casas de tolerância - os banhos públicos. Além disso, continuavam a existir as prostitutas que trabalhavam nas ruas. Em tese, o acesso aos prostíbulos públicos era proibido para homens casados e padres, mas eles encontravam meios de burlar a legislação. Rossiaud escreve que as prostitutas não eram marginais na cidade, mas desempenhavam uma função. Nem eram objeto de repulsão social, podendo, inclusive, ser aceitas na sociedade e casar-se depois que deixassem a vida de prostituta.
A liberdade sexual só era tolerada para os homens. As mulheres casadas e suas filhas, de boa família, deviam temer a desonra. Mas, de acordo com Rossiaud, essa liberdade masculina não sobreviveu à "crise do Renascimento". Houve uma progressiva rejeição da prostituição, que revelava nas comunidades urbanas a precariedade da condição feminina. "Lentamente, a mulher conquistou uma parte do espaço cívico, adquiriu uma identidade própria, tornou-se menos vulnerável", explica Rossiaud. E houve uma revalorização do casal.
Prostituição e violência aparecem pela primeira vez associadas, devido a brigas, disputas e assassinatos nos locais públicos. Autoridades municipais, apoiadas pela igreja, passaram a coibir a prostituição que, a partir de então, "aparecia como um flagelo social gerador de problemas e de punições divinas", afirma Rossiaud. Um após outro, os bordéis públicos foram desaparecendo. "A prostituição não desapareceu com eles, mas tornou-se mais cara, mais perigosa, urdida de relações vergonhosas", diz Rossiaud. Para o autor, foi o "duplo espelho deformante do absolutismo monárquico e da Contra-Reforma" que fizeram parecer "decadência escandalosa o que era apenas uma dimensão fundamental da sociedade medieval."

"A PROSTITUIÇÃO NAS CIDADES É COMO A FOSSA NO PALÁCIO: tire a fossa e o palácio vai se tornar um lugar sujo e malcheiroso."


SÃO TOMÁS DE AQUINO
Prostituta de Nova Orleans é fotografada, no início do século XX, pelo fotógrafo E.J. Belloq

UMA PATOLOGIA PARA A MODERNIDADE
Na modernidade, segundo Margareth Rago, professora titular do departamento de História da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e autora de Os Prazeres da Noite, a prostituição ganhou feições diferenciadas. Isso porque as mulheres conquistam maior visibilidade e atuação na sociedade. Surgiram novas formas de sociabilidade e de relações de gênero, com a criação de fábricas, escolas e locais de lazer e consumo. "Foram outros modos de vida, nos quais a mulher vai ter maior participação", diz Margareth.

Apesar da modernização dos costumes, a sociedade ainda é conservadora em relação às prostitutas
Nesse contexto, nasceu o feminismo e a mulher reivindicou o direito de trabalhar e de estudar. O discurso sobre a prostituição ficou forte nesse período e virou debate médico e jurista. "Há um uso, não consciente, da prostituição para dizer que mulher direita não fuma, não sai de casa sozinha, não assobia na rua, não goza. O médico vai dizer que a mulher não tem muito prazer sexual, ela tem desejo de ser mãe. Já o homem tem e, por isso, precisa da prostituta", afirma Margareth.
De acordo com Margareth, é nessa época que as prostitutas passam a ser condenadas como anormais, patológicas, sem-vergonhas; uma sub-raça incapaz de cidadania. E a justificativa vai vir de teorias médico-científicas. "O que acontece é que a medicina do século XVIII usa os argumentos misógenos de Santo Agostinho e de São Paulo, e fundamenta cientificamente o preconceito contra a prostituta", explica Margareth. "Diz que a prostituta é um esgoto seminal, uma mulher que não evoluiu suficientemente. São pessoas que têm o cérebro um pouco diferente, o quadril mais largo, os dedos mais curtos. Criam toda uma tipologia", diz Margareth.
Para a autora de Os Prazeres da Noite, podemos diferenciar a imagem que se construiu da prostituta na modernidade para a visão que temos dela hoje em dia: "Nos últimos 40 anos, mudou muito. O sexo está deixando de ser patológico, de estigmatizar o que pode e o que não pode. Não sei se acontecem mais coisas na cama de casados ou de uma prostituta. A revolução sexual transformou os costumes. Mas a sociedade ainda é conservadora e há forte preconceito contra essas mulheres", diz Margareth.

REFERÊNCIAS
ROSSIAUD, Jacques. A Prostituição na Idade Média. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1991. 224 pág.
RAGO, Margareth. Os Prazeres da Noite: prostituição e códigos da sexualidade feminina em São Paulo (1890-1930). São Paulo: Paz e Terra, 2008. 360 pág.

Revista Leituras da Historia
historianovest.blogspot.pt
25
Nov16

licor

António Garrochinho

Das uvas, o precioso licor
que é criado nas matas
dá-me forças, dá-me calor
até me faz andar de gatas


25
Nov16

Quer saber onde comer em Faro? A Eating Algarve faz-lhe a visita guiada

António Garrochinho
António Guerreiro e Joana Cabrita Martins na baixa de Faro – Filipe Farinha/Stills
A aventura começa no Mercado Municipal de Faro, com uma bifana do Snack-bar da Xica à frente, e só acaba cinco pratos e quatro bebidas depois, na Vila-Adentro.
A jovem empresa Eating Algarve – Food Tours vai começar a promover viagens gastronómicas pelas ruas e estabelecimentos da capital algarvia este sábado, passeios que pretendem dar uma oportunidade aos turistas de conhecer a cidade, locais onde comer iguarias típicas e alguns dos seus sítios emblemáticos.
António Guerreiro e Joana Martins, os promotores desta ideia, são ambos algarvios e partilham a paixão pela gastronomia, de preferência da genuinamente portuguesa, mas também pelo património da sua cidade e da região. Com a empresa que criaram, esperam transmitir o mesmo “bichinho” a quem visita o Algarve.
«O nosso modelo de negócio é fazer tours gastronómicos e culturais, guiados por uma pessoa que é apaixonada por comida e por património. Tentamos trabalhar de perto com empresas familiares e associações regionais. Aquilo que pretendemos é mostrar, a quem nos visita, aquilo que de melhor fazemos e que é tradicional, em termos gastronómicos, mas também ao nível da enologia, porque queremos incluir os vinhos algarvios», explicou António Guerreiro.
Apesar da alma farense (e algarvia) dos dois promotores do negócio, a ideia de criar uma empresa que proporcionasse rotas gastronómicas em Faro surgiu a milhares de quilómetros de distância.


António Guerreiro e Joana Cabrita Martins na baixa de Faro – Filipe Farinha/Stills







«Há uns anos, fiz um food tour em Londres, na zona Este da cidade, que pretendia mostrar o que de melhor lá havia, em termos gastronómicos. E pensei: isto podia ser adaptado para Portugal, focando na gastronomia tradicional, incorporando visitas a património, apoiados por historiadores e associações locais», explicou António.
A partir da ideia até à criação do negócio, «o processo foi longo». «O António convidou-me para fazer parte deste projeto em Agosto de 2015. Pouco depois disso, soubemos que havia um programa para financiamento de portugueses que estavam a viver no estrangeiro e tivemos de fazer uma candidatura no espaço de uma semana, à distância, pois eu estava cá e ele estava em Barcelona», contou Joana Martins.
Durante vários meses, enquanto decorria o processo de seleção do programa e iam passando a diferentes fases, Joana e António maturaram a ideia. «Esse programa de financiamento fez-nos desenhar todo o projeto, até à etapa final, uma apresentação em Lisboa, em que ficámos em 5º lugar, obtendo o financiamento», contou. Isto aconteceu em Fevereiro e permitiu a António Guerreiro regressar a Portugal, para lançar a empresa.
A partir daqui, os jovens empreendedores algarvios depararam-se com outro tipo de problemas, alguns deles naturais num processo de constituição de um negócio, outros nem por isso.
«Temos uma história fantástica com o senhor do Snack-bar da Xica. Nós somos clientes há muito e eu, um dia, abordei o senhor com a nossa ideia, dizendo que queríamos incluir o seu estabelecimento no nosso tourgastronómico. Mas ele não viu a coisa com bons olhos. Eu dizia-lhe que ia trazer mais clientes e ele respondia que não queria ter mais clientes. Que ia ter estrangeiros e ele que não sabia falar inglês e que não queria», contou António Guerreiro, durante o V Seminário da Dieta Mediterrânica, no qual os fundadores da Eating Algarve foram dar o seu testemunho.
«Percebi que teria de ganhar a confiança do senhor e passámos a ir lá todos os dias, dar uns dedos de conversa, até que ele acedeu», acrescentou.
Outro problema que surgiu e que leva a que, neste momento, ainda não seja possível comprar online o serviço, ou mesmo oferecer, de forma fácil, um tour gastronómico a outras pessoas – as reservas têm de ser feitas por email -, foi a desistência súbita da pessoa que era responsável pela elaboração do site.
Mesmo sem esta valência no site, que já está online e a funcionar (quase) em pleno, e numa fase em que se prepararam para começar a divulgação do negócio em força, António e Joana já angariaram clientes e vão promover um tour já este sábado, para 30 pessoas.
Do portefólio da Eating Algarve, nesta fase inicial, constam duas propostas de rota gastronómica, o Tour do Pescador, com produtos mais ligados à herança marítima de Faro, e o Tour do Petisco, ideal para quem gosta de “picar”.
Em ambos os casos, as experiências incluem a degustação de seis pratos, noutros tantos locais de Faro. No Tour do Petisco, fazem, igualmente, parte do pacote a degustação de quatro bebidas, entre cerveja artesanal e vinhos algarvios, bem como a visita a quatro locais de interesse histórico. No Tour do Pescador, são oferecidas três bebidas distintas e visitados dois monumentos.


www.sulinformacao.pt

25
Nov16

O consumidor pode solicitar a sua insolvência? Quais são as consequências?

António Garrochinho


Delegação Regional do Algarve
CONSULTÓRIO DO CONSUMIDOR / DECO
logo_deco
A DECO INFORMA…
Quando as dívidas são muitas, a entrega da casa ao banco não resolve o problema, não há perspectivas de a situação financeira se alterar a curto prazo nem existem mais bens para penhorar, só resta ao devedor pedir a declaração.
O processo de insolvência pode evitar que uma pessoa sobre-endividada fique para sempre com dívidas que não consegue pagar e recuperar financeiramente, mas esta solução não é fácil!
O tribunal decreta a venda dos bens do devedor com o objetivo de saldar as dívidas. Se o dinheiro obtido com esta venda for insuficiente para pagar todas as dívidas, o devedor continuará a ser responsável pelas dívidas remanescentes após o encerramento do processo de insolvência.
Para não ficarem responsáveis por estas dívidas, as pessoas singulares, podem fazer um pedido de exoneração do passivo. A exoneração traduz-se no perdão da dívida remanescente e o pedido tem que ser no requerimento de apresentação à insolvência no tribunal. Caso a exoneração seja concedida, durante cinco anos o insolvente fica obrigado a pagar uma quantia aos credores, calculada em função do seu rendimento e determinada pelo administrador de insolvência, nomeado pelo tribunal. Como todos os rendimentos são entregues ao administrador, passará a viver de uma “mesada” definida pelo tribunal, que corresponderá ao que o tribunal considerar necessário para o sustento minimamente digno do devedor e do seu agregado familiar, e para o exercício da atividade profissional.
Findo o prazo de 5 anos, se o perdão da dívida tiver sido concedido, será libertado da obrigação de pagar o que ficou por saldar e poderá recomeçar uma “nova vida”. Do perdão de dívida estão excluídos as dívidas ao Fisco, multas, coimas e outras sanções pecuniárias devidas por crimes ou contraordenações, pensão de alimentos ou indemnizações. É obrigado a pagá-los, mesmo que seja declarado insolvente.
Este processo só pode ser requerido junto do tribunal requisitando os serviços de um advogado. Caso não tenha meios económicos para o efeito, poderá recorrer ao Apoio Judiciário junto da Segurança Social.

planetalgarve.com
25
Nov16

Cresce de Forma Alarmante a Censura na Internet no Mundo Todo

António Garrochinho


censura na Internet está cada vez maior e diariamente somam-se mais irregularidades. Atualmente, 67% da população mundial vive sob alguma classe de censura institucional da rede, segundo um estudo da Freedom House.

Pelo sexto ano consecutivo, reduziu-se a porcentagem de países que não colocam limitações a seus internautas.

Cada vez mais instituições estão perseguindo os usuários de redes sociais e de apps de comunicação para impedir a propagação de informação, especialmente de protestos contra o governo, destaca o texto.

A censura do Google, Facebook ou Twitter é algo tão habitual em países como a China, a qual conta com suas próprias versões de alguns destes serviços ou com versões censuradas especificamente para o país.

No entanto a perseguição aos usuários no WhatsApp ou Telegram, apps de mensagem que podem difundir informação de forma rápida e segura, aumentou durante 2016.



"Além de restringir o acesso aos meios de comunicação social e aos aplicativos de comunicação, as autoridades estatais, frequentemente prendem os usuários por suas mensagens e o conteúdo destas (...). Os usuário de alguns países foram postos atrás das grades por um simples "Like" em material ofensivo no Facebook, ou por não denunciar mensagens críticas que outros lhe enviaram. As ofensas que levaram a prisões que variam de zombar da cachorra de estimação do rei da Tailândia até propagar o ateísmo na Arábia Saudita. O número de países onde ocorrem tais detenções aumentou em mais de 50% desde 2013", ressalta a publicação.

O estudo analisa 65 países e cobre 88% do total de internautas do mundo. Segundo aponta, a China encabeça a lista dos estados que mais censuram o conteúdo na Internet, seguida pela Síria e Irã, que compartilham o segundo posto.

No extremo oposto estão a Estônia, Islândia e o Canadá, como os países que mais permitem liberdade online segundo suas leis.

Por outro lado, países como o Brasil ou Turquia perderam seu status como países livres entre 2015 e 2016, ao endurecer suas leis e seu controle da Internet. O Brasil bloqueou o WhatsApp quando a empresa não cedeu os dados para investigações criminais, e a Turquia bloqueou várias redes sociais em momentos de tensão e protestos contra o governo.



Ambos os países têm casos de jornalistas e blogueiros assassinados por fazer seu trabalho. "A censura das imagens - a diferença da palavra escrita - se intensificaram, provavelmente devido à facilidade com que os usuários podem compartilha-las agora, e o fato de que talvez sirvam como provas convincentes da má conduta oficial", diz a publicação.

O texto conclui enumerando os benefícios das ferramentas digitais, as que têm contribuído para salvar vidas em numerosas partes do planeta e fez um chamado "aos cidadãos do mundo todo para lutarem por seus direitos".


http://www.anovaordemmundial.com
25
Nov16

São jovens, vivem numa ilha remota e não querem mudar

António Garrochinho

O que significa ser jovem e viver numa ilha onde habitam cinco mil pessoas? 

Os jovens adultos que Laetitia Vançon (@laetitiavancon, no instagram) fotografou nas ilhas Lewis and Harris e North Uist, na periferia da Escócia, resistem a uma economia decandente e à claustrofobia insular e escolhem permanecer no local onde nasceram. Porquê? 

Segundo a fotógrafa francesa, os jovens sentem "um enorme orgulho na sua identidade e cultura". 

"Heranças culturais como as tradições religiosas, a língua e música gaélicas, as danças tradicionais, desportos como o Shinty, fazem parte daquilo que os torna tão diferentes e únicos. A maioria dos jovens tem consciência disso e aprecia essa diferença." 

Frequentar a universidade ou ter formação profissional implica uma mudança para uma grande cidade, mas apesar da melhor oferta profissional e cultural dos grandes centros urbanos, a maioria decide regressar. "Eles têm sempre de optar entre ter uma carreira ou viver na ilha." 

O turismo, a agricultura, a pesca e a tecelagem são as principais actividades na região, considerada pelo Reino Unido como uma "área de fragilidade", por registar um défice na balança comercial que ronda os 160 milhões de libras (perto de dois milhões de euros). Existem também actividades ligadas à extracção de petróleo e ao sector público, mas com menor peso. 

"As comunidades são extremamente reduzidas. Todos os habitantes estão ligados por laços familiares, de amizade ou vizinhança. Basicamente, todos se conhecem. Vivem para falar sobre quem fez o quê, com quem, quando e como... Uma pessoa não pode simplesmente ir a um restaurante ou a uma festa acompanhada de um amigo ou amiga, ou mesmo ter um encontro amoroso, sem ter de lidar com todas as questões que surgirão por parte da comunidade. É complicado, notei." 

Apesar de todas as desvantagens, os dois meses que Laetitia Vançon passou na companhia destes jovens revelaram "personalidades fortes e afastadas do cinismo, do medo, da impotência, da imaturidade e infantilidade que caracteriza a juventude ocidental actual". 

O projecto chama-se "At the End of the Day", "Aig Deireadh an Latha", em gaélico. "Durante o período em que estive lá, conheci muitos jovens que demonstravam uma grande maturidade, que distinguiam claramente a sua vida interior do mundo exterior. São jovens que sabem exactamente quem são, onde querem ir, o que querem fazer. 

Achei isso interessante por eu não ser, com a idade deles, capaz de saber e ser tudo isso. Acho que essa maturidade poderá estar relacionada com a relação estreita que têm com a natureza e com os laços fortes que mantêm com a comunidade e com a família (é comum que uma ou duas gerações partilhem o mesmo tecto ou que vivam lado a lado). Estes, acredito, são pilares que lhes transmitem uma sensação de bem-estar."































p3.publico.pt

25
Nov16

Multas e parquímetros ajudam a pagar a Carris

António Garrochinho


O Presidente da Câmara de Lisboa garante que vai saber gerir uma empresa historicamente deficitária. E já encontrou as receitas necessárias.


A oposição acusa-o de ter feito um mau negócio e de se preparar para aumentar impostos, multas e o valor dos parquímetros para financiar a Carris. Fernando Medina responde com as contas da Câmara que garante "têm superavit" e promete ter a receita perfeita para melhorar o serviço da empresa e torná-la financeiramente viável.

Fernando Medina fala das receitas que serão utilizadas para financiar a Carris
"Temos que encontrar outras fontes de receita para além da bilhética", explica o Presidente da Câmara Municipal de Lisboa. A estratégia passa por aumentar as fonte de receita da empresa, que deixou um passivo superior a 800 milhões de euros no Estado, através das receitas do estacionamento, das multas e das taxas de circulação. E chega? Fernando Medina garante que sim e não prevê que sejam necessárias "medidas adicionais para tornar a Carris sustentável".

A empresa, que deve passar para a gestão da Câmara de Lisboa no dia 1 de janeiro do próximo ano, gera um défice anual de cerca de 10 milhões de euros. Para a presidência da Carris, Fernando Medina escolheu Tiago Farias, até agora Presidente da Transportes de Lisboa.

www.tsf.pt
25
Nov16

São Brás de Alportel aprova Orçamento Municipal para 2017 | 11.760.676€

António Garrochinho


O Município de São Brás de Alportel  aprovou o Orçamento Municipal para 2017,  por maioria, com votos a favor pela bancada do PS e da CDU e a abstenção dos eleitos pelo PPD/PSD,  esta quarta-feira, dia 23, em reunião de Assembleia Municipal.
Vítor Guerreiro - Presidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel
Vítor Guerreiro – Presidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel
O Orçamento Municipal para o próximo ano apresenta um montante global de 11.760.676€ e obedece a princípios de prudência e equilíbrio, dando continuidade à política de rigor, com o objetivo de manter a boa saúde financeira do município, garantia de uma eficaz gestão e investimento em prol do desenvolvimento e qualidade de vida dos munícipes.
As linhas orientadoras, apresentadas em Assembleia Municipal por Vítor Guerreiro, Presidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel referem  que o Orçamento Municipal para 2017 visa “fazer cumprir o projeto de desenvolvimento que assumimos com os são-brasenses e dar continuidade à execução do programa de ação que temos vindo a incrementar, direcionado para o progresso do município e para a promoção da qualidade de vida e bem-estar das populações. É um orçamento que olha para as pessoas, para as suas necessidades e interesses. É um orçamento ambicioso e exigente que aposta na continuação da melhoria das infraestruturas rodoviárias, de saneamento e de abastecimento de água, bem como a ampliação da rede de equipamentos municipais, sem descurar as necessárias e adequadas respostas sociais à comunidade”.
Este orçamento vem reforçar os compromissos sociais, a equidade e a coesão social na construção de uma sociedade mais digna e solidária, mediante apoios que visam atenuar o impacto de algumas fragilidades ainda sentidas. A redução da taxa geral de Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) e a aplicação das deduções máximas permitidas por Lei, para os agregados familiares com dependentes; o reforço na educação e igualdade de oportunidades com o contínuo investimento no Plano de Apoio à Família, Vale + educação e Vale+ Natalidade, são exemplos desta estratégia.
A Educação, uma das prioridades assumida desde sempre pelo executivo apresenta um investimento superior a 400.000€ de modo a garantir condições de sucesso para as novas gerações; o Plano Vale + Educação atribuído a todas as crianças do 1º e 2ºciclos, ao incentivo escolar mediante prémios aos melhores alunos e bolsas de mérito, o apoio ao desenvolvimento de atividades extracurriculares ou a transportes escolares, entre muitas outras medidas que contribuem diariamente para que a comunidade escolar beneficie de condições de excelência  e todo o Parque Escolar esteja à altura dos desafios de hoje.
Em São Brás de Alportel, a aposta na Saúde é também muito relevante envolvendo um montante estimado de 128.576,00€ e onde se inclui a aquisição de uma nova Unidade Móvel de Saúde de Proximidade, bem como o Plano de Medidas de Apoio à Família – Vale + Natalidade e a próxima medida a implementar Vale + Saúde.
área social é há muito uma área de especial atenção, dada a necessidade de dar resposta a quem mais precisa. Neste âmbito o atual Orçamento reforça o Programa “Não Amiga” destinado a apoiar melhorias em habitações de agregados familiares vulneráveis; as verbas para a Loja Social também são reforçadas tendo em vista o apoio alimentar prestados às cerca de 200 famílias acompanhadas, bem como o valor disponibilizado para o Fundo Social de Emergência. Nesta área destaca-se ainda o investimento ao jovem na criação de novos fogos de habitação social, mediante uma nova parceria com a Santa Casa da Misericórdia. Estas e muitas outras medidas implicam um investimento global de 256.905,00€, que é assegurado tendo em consideração as reais necessidades da população.
Desporto, Recreio e Lazer também é uma área em destaque, dando continuidade a uma política de saúde e bem-estar associada ao incentivo da prática desportiva regular, mediante a oferta de equipamentos e atividades diversificadas; a aquisição e manutenção de equipamentos, o apoio às associações e coletividades desportivas e ainda a promoção de eventos desportivos.
Segurança, Proteção Civil e Luta contra Incêndios assume uma preponderância muito significativa com um conjunto de medidas preventivas que importam no valor de 513.007,00€. Este é um investimento que visa garantir condições de segurança e acessos, particularmente na zona serrana, e minimizar potenciais risos e defender o bem comum.
Abastecimento de Água e Saneamento apresenta um valor de 1.176.005,00€ sendo destinado à ampliação da rede de abastecimentos de água e das redes de saneamento, bem como às despesas inerentes à rede de abastecimento de água e respetiva conservação, aos custos associados ao tratamento de águas residuais entre outras despesas regulares.
A área do Ambiente e Gestão de Resíduos garante diversos serviços de manutenção e tratamento de espaços verdes, recolha de resíduos e respetivo tratamento e deposição em aterro, a limpeza urbana, entre muitos outros serviços prestados que garantem a qualidade ambiental do município.
No Desenvolvimento Económico, o Orçamento reforça os investimentos chave para impulsionar a competitividade e reconhecimento do município, nomeadamente a Feira da Serra, o Stock Out, a dinamização regular do Mercado Municipal, a promoção turística do município ou ainda iniciativas como a Noite Vermelha e Noite de Prata, transversais à vertente da Cultura onde a Recriação histórica vai marcar presença e a Feira da Serra mantém o estatuto de maior certame cultural e económico do concelho e um dos maiores da região.
Importa ainda evidenciar os investimentos em termos do Património com o forte investimento  na requalificação urbana do centro histórico, há muito desejada pela comunidade são-brasenses, e que se tornará mais um elemento relevante na atratividade do concelho, quer em termos de visitas turísticas, quer na esfera da captação de novos investimentos privados. A implementação das operações integradas no PARU (Plano de Ação de Regeneração Urbana) entretanto aprovado irão dar mais vida e ritmo ao núcleo mais antigo da sede deste concelho, com dignidade, respeito pela história e sentir da comunidade.
Muitas das obras a serem executadas em 2017 serão objeto de financiamento com verbas comunitárias, evidenciando mais uma vez, o aproveitamento eficiente dos programas comunitários pela autarquia são-brasense o que permite potenciar e gerar um efeito multiplicador no Orçamento Municipal aprovado.
Neste âmbito, o Orçamento Municipal de São Brás de Alportel dá continuidade ao trabalho desenvolvido por Vítor Guerreiro, pautado pelo rigor e transparência, de uma forma conciliada entre as diferentes áreas de intervenção, com vista a alcançar um objetivo maior: a qualidade e a sustentabilidade do município em prol dos seus habitantes.

planetalgarve.com

25
Nov16

E A NA AMÉRICA A SAGA DE VIOLÊNCIA CONTINUA ! ~EUA. Tiroteio faz 2 mortos e 4 feridos em Louisville

António Garrochinho

Um tiroteio, esta quinta-feira à tarde, no Shawnee Park, em Lousville, Estados Unidos, fez dois mortos e quatro feridos.


Um tiroteio no Shawnee Park, em Louisville, no estado norte-americano de Kentucky, fez dois mortos e quatro feridos, avançou a Reuters depois do incidente ser confirmado pela polícia. O tiroteio ocorreu quando o parque estava cheio de famílias para o torneio anual de futebol juvenil Juice Bowl, uma tradição do Dia de Ação de Graças, que foi depois cancelado.
As vítimas mortais são ambas homens e os quatro feridos são ligeiros e foram, imediatamente, reencaminhados para o hospital. As autoridades ainda não têm informações sobre o autor do tiroteio, nem as suas motivações.
25
Nov16

Homem armado invade mosteiro em França e faz pelo menos um morto

António Garrochinho

Um homem armado invadiu um mosteiro, localizado no sul de França, onde vivem 70 monges. Há pelo menos um morto, a zeladora da residência, e um ferido. O suspeito continua em fuga.


Um homem armado invadiu uma casa de repouso em França e fez pelo menos um morto e um ferido. A vítima mortal é uma mulher, a zeladora do edifício. De acordo com informações avançadas pelo procurador francês Christophe Barret, o perfil do assassino ainda não é conhecido e as motivações que o levaram a atacar o centro de retiro Monferrier-sur-Lez são também desconhecidas.
Os 59 monges que viviam no centro de retiro, localizado no sul de França, foram retirados do local em segurança.
O local esteve cercado e a polícia tomou logo controlo do edifício, um centro de retiro de Monferrier-sur-Lez, no sul de França. O suspeito continua em fuga.
O homem, cujas motivações ainda não são conhecidas, estava “encapuçado e armado com uma faca e uma espingarda de canos serrados”, quando invadiu a residência. O ataque aconteceu à noite, perto das 23 horas locais (menos uma hora em Lisboa). Ao contrário do que foi avançado inicialmente, não chegou a existir tomada de reféns.
O indivíduo manietou e amordaçou uma mulher, mas esta conseguiu libertar-se, saindo ilesa, e chamar a polícia para dar o aviso da ocorrência. A vítima mortal foi encontrada pelas autoridades e terá sido esfaqueada até à morte. A vítima era a porteira da casa e que vivia no rés-do-chão de um edifício com mais três andares. De acordo com uma fonte citada pela agência Reuters, nada indica que este ataque esteja relacionado com atividade terrorista.
Uma hora depois do primeiro alerta, chegava a notícia de que as autoridades francesas já tinham assegurado a segurança de todos os 70 residentes. Já o atacante continua em parte incerta.
O retiro em causa pertence à Sociedade das Missões Africanas, uma congregação missionária fundada em 1856, que participa em missões em vários países africanos, como Gana, Costa do Marfim, Quénia ou Zâmbia. Tem ainda uma forte presença na Europa, em países como França, Espanha ou Itália, e nos Estados Unidos.
De acordo com a AFP, a idade média dos habitantes é significativa, perto de 75 anos, e alguns têm mais de 90 anos. O edifício tem cerca de trinta quartos em cada andar.

observador.pt
25
Nov16

Redes sociais entristecem

António Garrochinho
Saiu um estudo, daqueles encomendados a que já estamos fartos de ler onde se diz que as redes sociais entristecem quem as utiliza.
Sim ! há alguma verdade nisso ! realmente entristece conhecer as mentiras, a gatunice de que somos vítimas a cada minuto e claro discuti-las torna-se por vezes doloroso.
Seria "melhor" comprar-mos os jornais, ver a televisão onde eles sem o mínimo de vergonha nos aldrabam,escondem, deturpam e gozam com a gente e com o nosso dinheiro já que somos nós que pagamos para eles nos darem a facada da traição e encherem as algibeiras ao patrão..
TALVEZ SEJA POR ISSO QUE ÚLTIMAMENTE TEM APARECIDO ESTE AZEDUME CONTRA AS REDES SOCIAIS,
NÃO SERÁ ?
António Garrochinho
25
Nov16

Salário mínimo: as negociações seguem dentro de momentos

António Garrochinho


Governo e parceiros sociais não chegaram a acordo sobre o aumento do salário mínimo nacional. Voltam a reunir-se em dezembro


A reunião desta quinta-feira entre o Governo e os parceiros sociais para discutir a atualização do salário mínimo nacional (SMN) foi inconclusiva, tendo agora as confederações patronais e sindicais uma semana para enviarem as respetivas propostas ao executivo.

"Vamos continuar a trabalhar [para alcançar um acordo]. A certeza é de que haverá um SMN novo em janeiro de 2017, continuará a haver Concertação Social e debate na Concertação Social, agora, ninguém pode garantir que haverá um acordo e isso dependerá de muitos fatores e da disponibilidade dos parceiros", afirmou o ministro do Trabalho, Viera da Silva.

O ministro da tutela, que falava aos jornalistas no final de uma reunião de cerca de três horas com os parceiros sociais, para discutir a atualização do SMN, reconheceu a dificuldade em alcançar um acordo entre executivo, patrões e sindicatos, mas disse que as negociações vão prosseguir e que os parceiros têm até ao dia 02 de dezembro para apresentarem as suas propostas.

No entanto, e numa tentativa de alcançar um equilíbrio entre as partes, Vieira da Silva deixou um aviso a patrões e sindicatos: "É certo que o SMN é decidido pelo Governo, é isso que a lei diz, depois de ouvida a Concertação Social. Não é definido pela Concertação Social, ouvido o Governo. O que a lei diz é o contrário".

"Temos essa vontade que o 'ouvir' da Concertação Social não seja apenas 'ouvir', mas negociar", insistiu o membro do Governo.

Se, por um lado, as centrais sindicais defendem uma subida do salário mínimo acima do valor proposto pelo executivo, e o Governo se comprometeu com a sua atualização para os 557 euros em 2017, as confederações patronais estão contra e defendem um valor inferior ao traçado pelo executivo, em linha com a produtividade, com a competitividade, com a inflação, e com contrapartidas para as empresas.

"A CIP não admite fazer nada que ponha em causa o acordo que está em vigor. Se o Governo tiver um valor diferente, terá de nos explicar qual o racional para chegar a esses valores", afirmou o presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), António Saraiva, que defende uma atualização para os 540 euros no próximo ano ou, em alternativa, uma acordo de médio prazo que inclua outras matérias para além do SMN.

Na mesma linha, a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), rejeita os 557 euros propostos pelo Governo, correspondentes a uma subida média anual de 5%.

"Nós não aceitamos fixar valores para vários anos seguidos sem os indexar aos indicadores da economia", vincou o presidente da CCP, João Vieira Lopes.

Já as centrais sindicais defendem valores superiores aos do Governo: a CGTP defende a atualização do SMN para os 600 euros no próximo ano e a UGT para os 565 euros em janeiro.

"O objetivo do Governo é um acordo de médio prazo e há um teto que é o dos 600 euros em 2019. Se não forem os valores fixados [pelo Governo], então quais são? A diferença até aos 600 euros são 70 euros. Em três anos, tem de haver uma atualização", referiu o secretário-geral da UGT, Carlos Silva.

O secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, afirmou, por seu turno, que a proposta da Inter é de 600 euros já em janeiro e que aceita negociar, mas com condições: "Não pode haver uma proposta do Governo abaixo dos 557 euros para iniciar negociações. Tudo o que tem a ver com a redução da Taxa Social Única (TSU) para as empresas, a CGTP diz não".

O tema do salário mínimo tem estado no centro do debate nas últimas semanas, tendo o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, recebido os parceiros sociais na semana passada, para auscultar patrões e sindicatos sobre a possibilidade de um acordo de médio prazo em sede de Concertação Social que abranja outras matérias, além do SMN.

O Governo comprometeu-se a aumentar o salário mínimo nacional de forma progressiva, de modo a que este atinja os 600 euros em 2019.

O salário mínimo foi fixado nos 530 euros este ano, devendo chegar aos 557 euros em 2017 e aos 580 euros em 2018, antes de chegar aos 600 euros em 2019.

expresso.sapo.pt


25
Nov16

7 ANOS DEPOIS A TELENOVELA CONTINUA ! A PROTEÇÃO AOS RICOS ARRASTA-SE ESCANDALOSAMENTE - Duarte Lima vai ser julgado em Portugal por homicídio

António Garrochinho


Sete anos depois da morte de Rosalina Ribeiro, a Justiça brasileira decidiu que o ex-deputado deve ser julgado em Portugal. Caso contrário, há risco de sair impune.


A Justiça brasileira não tem dúvidas de que Duarte Lima cometeu crime de homicídio, no caso da morte de Rosalina Ribeiro, em 2009. Mas decidiu transferir o processo para Portugal, caso contrário o ex-deputado português poderá sair impune do crime de que é acusado.

“Foi decidido por unanimidade em dar provimento ao recurso para transferir o presente processo criminal para Portugal”, afirma a juíza desembargadora que assina o acórdão, Suimei Cavalieri, citada pelo Correio da Manhã.

“O arguido viajou de Portugal para o Brasil e aqui assassinou Rosalina Ribeiro, atraindo-a para uma emboscada num local ermo à beira de uma rodovia e lhe desferindo disparos de arma de fogo na cabeça e no peito (…)”, acusa a juíza.

A transferência do processo justifica-se porque “o acusado é cidadão português, o que inviabiliza a concessão de pedido de extradição pelo Brasil, e está em Portugal, onde tem domicílio. Evadiu-se do Brasil, havendo o risco de livrar-se impune caso seja aqui [no Brasil] condenado: é impossível assegurar o seu retorno ao país com o qual não possui qualquer vínculo”.

O jornal i, que traz a mesma notícia, escreve que Duarte Lima se opôs sempre a este desfecho, que foi desenhado pelo Ministério Público brasileiro daquele país e aceite pelo Tribunal do Rio. Segundo o mesmo jornal, que teve acesso aos autos, o ex-deputado alegou que preferia um julgamento em Saquarema porque a justiça do Brasil lhe dá mais garantias que a de Portugal – no fundo, uma inversão àquilo que tinha sido o discurso da defesa de Duarte Lima, que passava por uma crítica constante às autoridades brasileiras.

Todos os autos e provas do processo vão ser transferidos para a Secretaria de Cooperação Internacional da Procuradoria-Geral da República, acrescenta o Correio da Manhã.


observador.pt
25
Nov16

Opinião Tempos sombrios em França

António Garrochinho



Em Portugal, andamos distantes daquilo que se passa na política francesa, mas qualquer dia a realidade entra-nos estrondosamente pelos olhos. Porque aquilo que se passa hoje no hexágono terá fortes repercussões na Europa. Tempos intranquilos, estes.
A França política anda inquieta. O Eliseu tem um inquilino inábil em gerir o mais alto cargo de uma nação. François Hollande chega ao fim do seu quinquénio como presidente com índices de popularidade baixíssimos. Por este tempo, fez editar um livro que mais parece uma iniciativa de opositores perspicazes. Durante longos meses, conversou aberta e demoradamente com dois jornalistas sobre os mais diversos tópicos, atirando imponderados vitupérios em múltiplas direções, embora tivesse escolhido como alvo preferencial das suas críticas Nicolas Sarkozy com quem pensava disputar as eleições presidenciais do próximo ano. Os autores da obra elegeram para título dessa insólita publicação "Um presidente não deveria dizer isso" e essa opção tem funcionado como um ricochete no próprio. Até mesmo aquele que se constituiu como mote de todas as censuras já não pertence ao atual xadrez político. François Hollande parece não acertar em nada.
Nicolas Sarkozy vive agora igual tormenta. O partido que refundou, Os Republicanos, expulsou-o impiedosamente de cena no último fim de semana. Na primeira volta das primárias para escolher o candidato do partido de Direita à Presidência, os quatro milhões de votantes optaram por François Fillon (uma verdadeira surpresa) e Alain Juppé (o candidato apontado como preferido) para disputar a segunda fase. O primeiro somou 44 por cento e o segundo 28,5 por cento dos votos. O resultado final do próximo domingo não é difícil de prever, mas isto de diagnósticos eleitorais é um cálculo cada vez mais arriscado. Perante o atual cenário político, é provável que as eleições presidenciais do próximo ano sejam disputadas entre os candidatos dos partidos Os Republicanos e Frente Nacional. E isso não são boas notícias para a Europa.
Com intenções de voto entre os 20 e os 30 por cento, Marine Le Pen impõe-se progressivamente para as urnas gaulesas de 2017. Aqui a incógnita é quem poderá ir com ela a jogo, pois o seu nome converte-se cada vez mais numa certeza em caso de segunda volta. Ora, com um Partido Socialista mergulhado numa colossal dificuldade em apresentar uma candidatura forte, a alternativa terá de surgir da Direita.
As primárias do próximo domingo poderão ditar Alain Juppé, o candidato mais diferenciador de Le Pen, mas com uma idade que não lhe permite grande fôlego e, acima de tudo, com um passado político pouco recomendável, na medida em que foi condenado em 2004 por uso indevido de fundos públicos como poderão impor François Fillon, o candidato de Direita mais conservador que é contra o casamento homossexual, a legalização do aborto e a imigração. Ontem, "L"OBS" apresentava-o como um ultraliberal, próximo das políticas de Trump e amigo de Putin... Marine Le Pen terá certamente dificuldade em distanciar-se deste perfil e o eleitorado também não conseguirá explicar porque votaria num ou noutra...
Há ainda outros candidatos. Emmanuel Macron é aqui o mais bem posicionado. O truculento ministro da economia de François Hollande saiu antecipadamente do Governo para dinamizar o movimento "Em marcha" que já anunciou mais de cem mil adesões. Jogando ao Centro, eis alguém que ambiciona subtrair votos à Direita e capitalizar os que estão ao Centro. Más notícias para Os Republicanos e mesmo para a Frente Nacional. Envolvido numa dinâmica campanha para a sua candidatura ao Eliseu, Macron visitará proximamente Nova Iorque e, a 10 de dezembro, estará em Paris para um grande comício, no dia em que fontes não identificadas do Partido Socialista asseguram o anúncio da recandidatura do atual presidente. Eis uma corrida incerta para todos. E o desfecho do escrutínio ditará igualmente um futuro imprevisível para uma Europa em crise.


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25
Nov16

QUANDO O PS SE APANHAR EM TERRA FIRME O QUE FARÁ COM OS PARTIDOS DE ESQUERDA QUE O APOIAM ? É PRECISO REFORÇAR A ESQUERDA VERDADEIRA ! - PS próximo da maioria absoluta e PSD perto de mínimo histórico

António Garrochinho

O PS cresce à custa dos partidos de Esquerda (BE e PCP) e Direita (PSD e CDS), diz sondagem da Universidade Católica para o JN.

Um ano depois de estrear uma solução de Governo inédita e controversa, António Costa passa com distinção o teste da opinião pública. Se as eleições fossem hoje, segundo uma sondagem da Universidade Católica, os socialistas ficariam muito próximos de uma maioria absoluta (43%), crescendo tanto à custa dos partidos de Esquerda que apoiam a "geringonça" (BE e PCP), como à custa da oposição à Direita (PSD e CDS).

De acordo com a barómetro do Centro de Estudos e Sondagens de Opinião (CESOP) da Universidade Católica para o JN, o DN, a Antena 1 e a RTP, o PS ganha nove pontos percentuais relativamente ao último inquérito, realizado em dezembro do ano passado, poucos dias depois de António Costa ter sido empossado primeiro-ministro. Relativamente aos resultados das últimas eleições legislativas (outubro de 2015), o salto é de 11 pontos percentuais. Os atuais 43% de estimativa de resultados eleitorais quase igualam os 45% com que António Costa se estreou nas sondagens da Católica, em outubro de 2014, pouco depois de tomar o poder no PS e afastar António José Seguro.

NUNCA HOUVE UM POLÍTICO TÃO POPULAR QUANTO MARCELO

Os resultados dos socialistas estão em linha com a avaliação que os portugueses fazem do primeiro-ministro: consegue uma nota de 12,3 e 81% de avaliações positivas, feito que Passos Coelho, enquanto chefe do Governo, nunca igualou. Costa só é ultrapassado na avaliação dos portugueses por um estratosférico Marcelo Rebelo de Sousa.

Os únicos travões a uma possível euforia socialista resultam, quer do elevado número de indecisos - 21% contra os 15% de dezembro do ano passado -, quer do facto de os "outros partidos" (os que não têm representação parlamentar) marcarem apenas 2%, quando nas últimas Legislativas somaram 5,5%. Ora, "em contexto de eleições, seria de esperar uma subida dos partidos com menos visibilidade, o que provavelmente implicaria uma descida do PS", explica João António, do CESOP da Católica.

Esquerda perde mais

Quando se analisa a soma dos resultados dos partidos que formam a "geringonça", os resultados também são positivos: dos 51% de votos conseguidos nas eleições do ano passado, passam agora para uma estimativa de 57%. Mas essa não é necessariamente uma boa notícia para o BE e para o PCP.

Se é certo que os socialistas mostram potencial para roubar votos à Esquerda e à Direita, não é menos que bloquistas e comunistas perdem mais do que PSD e CDS, quando se comparam os resultados desta sondagem com os votos das últimas Legislativas: os dois partidos da Direita perdem, em conjunto, "apenas" dois pontos e meio, enquanto BE e PCP perdem quatro pontos e meio relativamente a outubro de 2015 (e quatro relativamente à última sondagem). Sendo que o fenómeno é mais agudo para os comunistas, que perdem mais de dois pontos (um relativamente à última sondagem). Um desgaste que parece confirmar os resultados do barómetro de dezembro do ano passado, que dava conta de que era entre o eleitorado comunista (por comparação com socialistas e bloquistas) que havia um menor entusiasmo com a solução governativa a que se tinha chegado.

Relativamente aos partidos da Direita, a principal conclusão deste estudo é que foram claramente ultrapassados pelo PS, perdendo cinco pontos relativamente à última sondagem (dois pontos e meio relativamente às eleições legislativas). Por outro lado, se se comparar com a última vez que foram testados em separado (sondagem de outubro de 2014), ambos crescem dois pontos: o PSD de 28% para 30% e o CDS de 4% para 6%.

FICHA TÉCNICA



Esta sondagem foi realizada pelo CESOP-Universidade Católica Portuguesa para o Jornal de Notícias, a Antena 1, a RTP e o Diário de Notícias nos dias 19 a 22 de novembro de 2016. O universo alvo é composto pelos indivíduos com 18 ou mais anos recenseados eleitoralmente e residentes em Portugal Continental. Foram selecionadas aleatoriamente dezoito freguesias do país, tendo em conta a distribuição da população recenseada eleitoralmente por regiões NUT II e por freguesias com mais e menos de 3200 recenseados. A seleção aleatória das freguesias foi sistematicamente repetida até que os resultados eleitorais das últimas eleições legislativas nesse conjunto de freguesias (ponderado o número de inquéritos a realizar em cada uma) estivessem a menos de 1% dos resultados nacionais dos cinco maiores partidos. Os domicílios em cada freguesia foram selecionados por caminho aleatório e foi inquirido em cada domicílio o próximo aniversariante recenseado eleitoralmente na freguesia. Foram obtidos 977 inquéritos válidos, sendo 57% dos inquiridos do sexo feminino, 34% da região Norte, 23% do Centro, 29% de Lisboa, 6% do Alentejo e 8% do Algarve. Todos os resultados obtidos foram depois ponderados de acordo com a distribuição de eleitores residentes no Continente por sexo, escalões etários, região e habitat na base dos dados do recenseamento eleitoral e das estimativas do INE. A taxa de resposta foi de 70%*. A margem de erro máximo associado a uma amostra aleatória de 977 inquiridos é de 3,1%, com um nível de confiança de 95%.

* A taxa de resposta é estimada dividindo o número de inquéritos realizados pela soma das seguintes situações: inquéritos realizados; inquéritos incompletos; e recusas.



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25
Nov16

USA - TEXAS - UM GRUPO DE INSPIRAÇÃO COMUNISTA LEVANTA-SE EM ARMAS CONTRA O RACISMO

António Garrochinho


Homens armados patrulham as ruas de Texas. Eles estão carregando bandeiras comunistas com os seus rostos cobertos. Eles querem "assustar racistas".
imagem ilustrativa
Imagem ilustrativa Sputnik

Um grupo de inspiração comunista chamado Red Guard Austin  no estado americano do Texas respondeu contra uma manifestação do movimento racista "brancas Vidas Matter", carregando bandeiras comunistas e rifles, com o rosto coberto  com a frase "Contra o pânico racista de novo "para parafrasear o slogan da campanha de Donald Trump ," Faça América grande de novo "(Faça América grande outra vez).

Este é um grupo determinado a lidar com as ondas de racismo que ocorreram nos  Estados Unidos após a vitória de Donald Trump nas últimas eleições, convencido de que é necessário lutar contra o fascismo.
O confronto nas ruas, que ainda não chegou a episódios violentos, mas existe nas redes sociais, com comentários raivosos e ameaças. 
Atualmente não consistem incidentes graves, mas sua mera presença armada nas ruas de Texas aumenta a tensão social nos USA desde a vitória eleitoral de Trump.
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