Rainha de Castela, Isabel nasceu a 22 de Abril de 1451 em Madrigal de las Altas Torres, Ávila. Foi responsável no seu reinado por uma política que favoreceu os descobrimentos e a expansão territorial, bases da formação do império espanhol. Filha de João II de Castela e de Isabel de Portugal, quando tinha três anos, o seu meio-irmão Henrique IV ascendeu ao trono e ela foi posta sob sua custódia.
Henrique IV reconheceu-a como herdeira do trono de Castela pelo pacto dos Toros de Guisando, contra as pretensões de Joana, a Beltraneja, filha do próprio Henrique IV. Assumiu o trono, após uma guerra civil contra Joana, decorrida depois da morte de Henrique. Casou-se com o seu primo em segundo-grau, o príncipe Fernando de Aragão e, devido ao seu parentesco próximo, tiveram de pedir permissão ao Papa. Com a morte de João II de Aragão, Fernando, marido da rainha, assumiu o trono aragonês, unindo-se assim os dois reinos. É conhecida como Isabel, a Católica, título que lhe foi concedido a ela e ao marido pelo papa Alexandre VI mediante a bula Si convenit no dia 19 de Dezembro de 1496.
A expansão territorial de Castela sob o mando dos Reis Católicos, iniciou-se com a anexação do arquipélago das Canárias e terminou (1492), com a conquista de Granada, último reino muçulmano da península ibérica. O evento mais marcante do seu reinado foi a descoberta da América por Cristóvão Colombo, no qual participou activamente do financiamento da viagem e, depois, da evangelização e implantação da igreja nas novas terras.
O seu reinado também favoreceu a pecuária ovina em Castela e o comércio de lã, centralizou e fiscalizou as operações mercantis com as Índias e saneou a moeda castelhana. Politicamente fortaleceu as instituições reais, aumentou o controle sobre as ordens militares, a fazenda real, as Cortes, a justiça. No campo religioso e cultural, efectuou uma extensa reforma do clero, com a ajuda do cardeal Francisco Jiménez de Cisneros, e terminou o processo de unificação religiosa, com a expulsão dos judeus não-convertidos (1492) e a imposição do cristianismo à população árabe. Para fiscalizar o cumprimento dessas medidas, fortaleceu o tribunal da Inquisição. Isabel criou uma escola palaciana, que elaborou a primeira Gramática castelhana (1492). Morreu em Medina do Campo, Valladolid, a 26 de Novembro de 1504. No seu testamento, reflexo de uma concepção patrimonial do reino, não legou os direitos sucessórios a Fernando, mas à filha Joana a Louca, mãe do futuro imperador Carlos V (I da Espanha), que deu início a uma nova dinastia espanhola, a dinastia dos Habsburgos.
Enquanto isso todos têm a vã ilusão de que as coisas irão mudar sem que mexam os braços, sem que lutem para melhorar a sua vida e a dos seus esperando que se o seu candidato for eleito não precisarão lutar jamais. Não conseguem vislumbrar que a força está nos seus braços, na unidade de todos para combater as esparrelas de poucos.
A LUTA SERÁ SEMPRE ENTRE EXPLORADOS E EXPLORADORES E O CONFRONTO TEM QUE EXISTIR SENÃO FICA SEMPRE TUDO NA MESMA.
Senão houver desobediência, revolta contra as leis. as práticas de exploração, passando quase despercebido enquanto nos vamos digladiando, o ‘sistema’ lucra, e lucra muito e nós perdemos muito até perder tudo.
Sonny Boy Williamson foi, de muitas maneiras, a última lenda do blues. Na época de sua morte, em 1965, ele havia tido tempo suficiente para ter tocado com Robert Johnson no início de sua carreira e com Eric Clapton, Jimmy Page, e Robbie Robertson ao final da mesma. Neste hiato, ele bebeu muito uísque por todo os Estados Unidos, teve um programa de rádio de grande audiência por 15 anos, excursionou pela Europa com grande sucesso e simplesmente escreveu, tocou e cantou alguns dos maiores blues de todos os tempos gravados em vinil. Suas canções eram cheias de humor mordaz, com letras em grande parte autobiográficas. Embora ele tenha “emprestado” seu nome artístico de outro gaitista muito conhecido, ninguém realmente tocava como ele. Era tido como mal-humorado, como um homem amargo e suspeito, e ninguém teve mais confusão e desinformação sobre sua vida como Sonny Boy Williamson II. Mesmo a sua data de nascimento (ou 1897 ou 1909) e nome verdadeiro (Aleck ou Alex ou Willie “Rice” Miller ou Ford) são fatos que não podem ser verificados com certeza absoluta. De seus dias de infância no Mississippi absolutamente nada se sabe. O certo é que, por meados dos anos 1930, ele estava viajando para trabalhar sob o pseudônimo de “Little Boy Blues”, com lendas do blues como Robert Johnson, Nighthawk Robert, Robert Lockwood Jr. e Elmore James como intercambiáveis ??parceiros de palco. Ao início dos anos 1940, ele foi a estrela da KFFA, uma rádio de blues com apresentações ao vivo. Como um dos principais artifícios para entrar de vez na história do blues, seu patrocinador sentiu que poderia vender mais seus produtos se associasse sua marca com Miller posando como a estrela de Chicago, John Lee “Sonny Boy” Williamson. Hoje em dia onde todo mundo sabe tudo, é difícil pensar que tal idéia funcionasse e muito menos prosperasse. Afinal, o Sonny Boy real era uma estrela discográfica nacional, e Millers tinha um estilo vocal e gaita que de nenhum modo derivava dele. Mas naquele tempo bastava Williamson não ir ao Sul para que a “farsa” não fosse descoberta. Quando John Lee foi assassinado em 1948 em Chicago, Miller tornou-se finalmente, em suas próprias palavras, “o Sonny Boy original.” Entre seus colegas músicos, ele geralmente era ainda referido como Rice Miller, mas para o resto do mundo ele, de fato, tornou-se o “verdadeiro” Sonny Boy Williamson.
Outra contribuição importante para a história do blues ocorreu quando Sonny Boy trouxe como convidado o ator Elmore James ao estúdio para uma sessão. Com Williamson na gaita e um baterista, Elmore gravou a primeira versão do que viria a ser sua canção de assinatura, de Robert Johnson, “Dust My Broom”. Neste momento, Sonny Boy tinha se divorciado de sua primeira esposa (irmã do bluesman Howlin “Wolf”) e se casou com Mattie Gordon. Em duas ocasiões diferentes Sonny Boy se mudou para Detroit e contribuiu para fazer a terra tremer com solos ao lado de Warren em 1954.
Para um artista de renome nacional, Williamson tinha uma propensão notável em desaparer por meses. Às vezes, quando as reservas de shows em Chicago ficavam muito magras, ele voltava para o Arkansas, para fazer programas de rádio patrocinados, por períodos breves. Em 1963 ele estava indo para a Europa pela primeira vez, como parte do Festival American Folk Blues. O boom da música popular norte americana estava em pleno andamento e os europeus estavam trazendo mais e mais artistas de blues, para enfrentar plateias brancas pela primeira vez. Sonny Boy lançou mão de seu saco de truques e roubou o show a cada noite. Ele amava a Europa e ficou na Grã-Bretanha quando a turnê acabou. Começou a trabalhar no circuito de clubes adolescentes, turnês e gravações com os Yardbirds e da banda de Eric Burdon, a quem ele sempre se referia como “Mammimals”. Nos passeios da Folk Blues, Sonny Boy era sempre muito digno e descontraído. Mas no cenário Beat Club, com bandas jovens de brancos, ele usava todos os truques juke-venture que possuia. “Help Me” se tornou um hit surpresa na Grã-Bretanha e na Europa. Em seus meados dos anos 1960 (ou possivelmente mais), Williamson foi verdadeiramente apreciado e teve toda a atenção do público, então se mudou para a Europa de forma permanente. Mas depois de receber sapatos arlequim de dois tons e terno de cavalheiro da cidade (com chapéu-coco, guarda-chuva enrolado e uma maleta cheia de gaitas), ele voltou para os Estados Unidos e foi ao Chess Studios para algumas sessões finais. Quando retornou à Inglaterra em 1964, era como um herói conquistador. Uma de suas gravações finais, com Jimmy Page na guitarra, foi intitulado “I’m trying make London my home”
Em 1965, ele finalmente voltou para casa, no Mississippi, pela última vez. Ainda vestindo o terno feito sob medida ele regalou os locais com histórias de suas viagens por toda a Europa. Alguns ficaram impressionados, outros que o conheciam há anos sabiam que poderia ter muito bem substituído o nome da Europa por “Marte”, para explicar suas façanhas, tão habituados que estavam aos contos fantasiosos de Sonny Boy.
Quando Ronnie Hawkins e seus ex-companheiros de banda, os Hawks, foram tocar na área, ele fez questão de procurar Sonny Boy e passou uma noite inteira apoiando-o, pois Sonny Boy tinha problemas nas articulações. Durante toda a noite, Williamson continuava cuspindo em uma lata de café ao lado dele, e quando Robbie Robertson se levantou para sair do palco durante uma pausa, ele percebeu que a lata estava cheia de sangue. Em 25 de maio de 1965, Curtis e Stackhouse estavam esperando nos estúdios da KFFA para Sonny Boy fazer sua transmissão diária, mas Williamson não apareceu, Curtis então dirigiu-se à pensão onde ele estava hospedado e o encontrou deitado na cama, morto, vítima de um aparente ataque cardíaco Ele foi enterrado no Cemitério Whitfield em Tutwiler, MS, e seu funeral foi à altura de seu renome nacional.
Ele foi eleito para a Blues Foundation Hall of Fame em 1980. Seu legado e seu talento inconfundível ficaram para sempre marcados na alma dos verdadeiros amantes da Blues Music.
Os instrumentos musicais populares portugueses pertencem à tradição organológica europeia. Para a sua descrição, de acordo com a classificação de C. Sachs e Hornbostel, todas as espécies existentes estão agrupadas em quatro categorias, conforme a natureza do elemento vibratório.
Membranofones
Adufe
Os tambores portugueses são de um tipo comum. Bimembranofones de caixa de ressonância cilíndrica, e de peles tensas por meio de cordas ou parafusos que apoiados em aros esticam uniformemente as duas peles.
Bombos - Podem ter até cerca de 80 cm de diâmetro. São tocados na vertical, geralmente só numa das peles com uma masseta. Não têm bordões nas peles o que lhes dá uma sonoridade profunda e são mais tocados no Centro.
Adufe - Bimembranofone de forma quadrangular. As peles são cosidas entre si e no seu interior são colocadas sementes, grãos de milho ou pequenas soalhas, a fim de enriquecer a sonoridade.
Caixa e Tamboril - A Caixa é tocada com duas baquetas em posição horizontal. Sobre a pele inferior tem geralmente um ou mais bordões, geralmente feitos de tripa. O tamboril caracteriza-se pelo fuste cilíndrico alongado e pela existência de bordões em ambas as peles. É tocado juntamente com flauta e percutido por uma só baqueta.
Sarronca - É um membranofone de fricção composto de um reservatório, geralmente uma bilha, que serve de caixa de ressonância, cuja boca é tapada com uma pele esticada que vibra quando se fricciona um pequeno pau ou cana preso por uma das pontas no seu centro.
Cordofones
Viola da terra ou de arame
Trata-se dos instrumentos cujo elemento vibratório é uma corda ou mais cordas esticadas.
Viola Toeira - Também conhecida por viola de Coimbra, região onde durante muito tempo animou festas e romarias, a viola toeira é uma das 6 violas tradicionais portuguesas. É hoje uma espécie já completamente extinta, semelhante à viola braguesa em dimensões. Tem a abertura central sempre em forma oval deitada. No entanto, tem doze cordas, organizadas também em cinco ordens, sendo as três primeiras duplas e as duas últimas triplas. A viola Toeira é uma viola de arame.
Viola de Arame - São semelhantes à viola braguesa, mas de boca redonda na Madeira, e nos Açores com duas formas distintas. A de tipo micaelense com a boca em forma de dois corações, e a terceirense com a boca redonda.
Braguinha - É um tipo de cavaquinho da ilha da Madeira. É tocado de rasgado pelos grupos de bailhos que existem em algumas zonas rurais da ilha. Na cidade do Funchal aparecia integrado em tunas, dedilhado com uma palheta. Este instrumento terá sido levado para o Hawai nos fins do século passado por emigrantes madeirenses tornando-se aí um instrumento muito popular com o nome de Ukulele. Enquanto alguns dizem ser originário de Braga (cidade), o autor do Elucidário Madeirense afirma que o seu nome advém dos antigos trajes, denominados bragas que, outrora, eram usados pelos camponeses do sexo masculino do arquipélago Madeira. O seu som saltitante e alegre distingue-se dos demais instrumentos de cordas tradicionais/ populares da Madeira e Porto Santo. Instrumento de solo, (cantante ou ponteado, como vulgarmente é denominado pelo nosso povo) alegre e gracioso foi, em outros tempos, de grande estima das damas e donzelas madeirenses.
Viola Campaniça - É a maior das violas portuguesas. De enfranque muito pronunciado, tem também cinco ordens de cordas. As três primeiras duplas e as duas últimas triplas. É tocada de dedilho apenas com o dedo polegar.
Viola Braguesa - Com 5 ordens de cordas duplas metálicas. Tem a abertura central em forma de boca de raia. É tocada de rasgado, isto é, correndo todas as cordas ao mesmo tempo, ora com cinco dedos todos juntos, ou só com o polegar e o indicador. Mas os bons tocadores, ao mesmo tempo que tocam de rasgado, destacam sobre as primeiras cordas, mais agudas, a linha do canto.
Viola Amarantina - É muito semelhante à viola braguesa, tendo no entanto a boca em forma de dois corações.
Viola Beiroa - É um instrumento muito ornamentado. Além das cinco ordens de cordas, tem duas cordas mais agudas e presas a um cravelhal suplementar junto da caixa, e que eram sempre tocadas sem serem pisadas.
Cavaquinho - Da família da viola, mas de forma muito mais reduzida. Tem quatro ordens de cordas simples. Toca-se de rasgado.
Rabeca Chuleira - Espécie de violino, mas de braço muito curto e escala muito aguda, afinando urna oitava acima do violino.
Guitarra Portuguesa - A guitarra portuguesa é um instrumento de grande importância na música tradicional de Portugal. De corpo piriforme tem seis ordens duplas, é tocado com uma técnica especial em que o tocador usa unhas postiças para poder tirar melhor sonoridade do instrumento.
Violão - Com seis ordens de cordas simples serve de acompanhamento à guitarra portuguesa ou à viola nos grupos das rusgas e chulas minhotas.
Idiofones
Juntamente com os instrumentos mais importantes existem outros, geralmente idiofones que têm funções diversas, e que segundo Ernesto Veiga de Oliveira são divididos nas seguintes categorias:
- Instrumentos para marcar o ritmo e acompanhar a dança:
Castanholas, Ferrinhos, Bilha com Abano, Reque-reque
- Instrumentos da Semana Santa, Carnaval, Serração da Velha, etc:
Matracas, Zaclitracs
- Instrumentos próprios de certas profissões e modos de vida, para avisar por exemplo o começo de determinados trabalhos:
Gaita de Amolador, Cornetas, Assobios de Caça, Cornos, Búzios
- Instrumentos de passatempo individual:
Ocarina, Harmónica de Boca, Gaitas de Palhas
Aerofones
Gaita de fole galega
Trata-se dos instrumentos cujo elemento vibratório é o ar accionado de modo especial pelo instrumento.
Gaita de Fole - É um aerofone composto por dois tubos ligados a um saco feito de pele de cabrito. Um dos tubos é cilíndrico e composto por três secções tendo na extremidade uma palheta simples de cana, produzindo sempre a mesma nota. É o chamado bordão ou roncão. O outro tubo mais pequeno é de secção cónica com oito orifícios, de palheta dupla e toca a melodia. O fole cheio de ar através de um outro pequeno tubo munido de uma válvula, é pressionado pelo braço o tocador, obrigando o ar a sair, pondo as palhetas a vibrar.
Palheta - É um instrumento de palheta dupla, tipo oboé. O tubo melódico tem cinco orifícios, e termina em forma de campanula.
Flauta - Existem três tipos de flautas: a) as de tamborileiro, que são de bisel, com corpo cilíndrico ou ligeiramente cónico e com três furos. São executadas simultaneamente com um tambor, conhecido vulgarmente por tamboril; b) a flauta de bisel, geralmente feita de cana e sabugueiro. É usada no Minho e no Douro. e Algarve, c) a flauta travessa geralmente feita de cana na faixa ocidental do país no Minho, Estremadura e Algarve, e de sabugueiro no interior, nomeadamente na Beira Baixa. Tem seis furos além do insuflador. No Entre-Douro-e-Minho, ocasionalmente surgem exemplares construídos em buxo torneado e desmontáveis em três peças, similares às de construção galega.
Concertina - É um aerofone de palhetas livres que são accionadas por meio de um fole que une os dois teclados (um do lado direito com 1,2ou 3 carreiras e um do lado esquerdo geralmente com 2 carreiras).
O trovador é uma figura em desuso nos dias atuais. A era moderníssima, dos supercomputadores interligados em tempo real, com comunicação on line, entre pessoas próximas ou distantes (fisicamente ou não), certamente, não nos permite imaginar um trovador romântico, a percorrer ruas enluaradas, a enaltecer o amor ou a lamentar a ausência dele.
Hoje se comemora o dia do trovadorismo, que já foi popular em Portugal, espalhou-se pela Europa e influenciou artistas em diversos países, o Brasil inclusive. Catulo da Paixão cearense era um menestrel convicto, capaz de transformar em versos qualquer paixão vivida, ou até mesmo os desamores sentidos.
Evaldo Gouveia e Jair Amorim encarnaram o espírito do artista trovador. Chegaram a compor uma marcha-rancho com o nome de Trovador, que reproduzo abaixo na bela voz de Altemar Dutra – outro que ajuda a perpetuar esse espírito trovadoresco. E como falei de Catulo, tem Rolando Boldrin a declamar a história do Lenhador (ontem foi dia de preservação das Florestas).
O trovador, na verdade, está na nossa alma, no sangue que herdamos dos portugueses. Camões foi um grande trovador, a cantar os feitos e as conquistas de seu povo por mares nunca dantes navegados.
No Brasil de hoje, existem associações que procuram preservar a figura do trovador. Algumas delas são propostas interessantes, que merecem respeito e precisam ter apoio do poder público e da iniciativa privada.
Valorizar nossas raízes culturais e não deixar que elas desapareçam é uma boa política. A frase de Jorge Amado sobre o a importância da trova e do trovador é simplesmente definitiva:
"Não pode haver criação literária mais popular e que mais fale diretamente ao coração do povo do que a Trova. É através dela que o povo toma contato com a poesia e por isto mesmo a Trova e o Trovador são imortais".
Eu, cá com meus botões, fiz algumas quadras em forma de Trova - apenas para ajudar nesse esforço de preservação da nossa cultura.
A X Feira do Cogumelo e do Medronho vai animar São Barnabé, no concelho de Almodôvar, nos dias 26 e 27 de Novembro. O certame vai contar com cerca de 50 expositores.
Segundo a Câmara de Almodôvar, esta feira «apresenta-se como um dos pontos altos de dinamização turística e de valorização dos produtos endógenos do concelho».
Para a autarquia, «esta é uma oportunidade de dar a conhecer a quem visita o certame, o melhor que se faz no concelho, em torno destes dois produtos endógenos, o cogumelo e o medronho, mas também dar a conhecer as diversas valências de outros produtos da nossa serra».
Ao mesmo tempo, segundo o município alentejano, «criam-se oportunidades de negócio, dinamiza-se a economia local, o comércio, a restauração e o turismo».
A iniciativa é promovida pelo Município de Almodôvar, em parceria com a Junta de Freguesia de São Barnabé e “A Medronheira – Associação de Defesa do Património de São Barnabé”. O certame conta ainda com a colaboração do programa Altamente Almodôvar – CLDS 3G e com o financiamento do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP).
quero ter-te. dançar-te. usar-te na cadência do teu corpo ao meu ritmo. vai e vem de ancas. braços e pernas. bocas. línguas. dedos. toca-me. toco-me.
puxar e empurrar. entrar. andamento lento primeiro. allegro depois. vivace.
dedilha-me. manipula-me. instrumenta-me o desejo. embala-me docemente neste faz-te voar. conheço a melodia. nota a nota repito acordes nos lugares que já sei de cor. eu sei-te de cor. tu sabes-me tocar. sem nunca errar.
repito uma e outra vez o que é bom de usar.
com cada nota soltam-se gemidos. e palavras. poucas. a letra da nossa música.
sinfonia de sons.
e nesta coreografia de prazer cabe tanto por dizer.
Helena Pato foi presa em junho de 1967. Tinha 28 anos e já era viúva. Alfredo morrera um mês depois de ser detido pela PIDE. O seu 25 de Abril chegou dois dias depois, quando o segundo marido saiu da prisão de Caxias. Foi professora do secundário e sabe que os mais novos querem conhecer a História. Foi esta uma das razões que a levaram a criar a página “Antifascistas da Resistência” no Facebook, que já tem 400 biografias e milhares de seguidores
Helena Pato soubesse que a ditadura do Estado Novo ia cair uma semana depois, nunca teria deitado rolos e rolos de documentos proibidos pela janela. O ambiente andava agitado, “o Zé receava ter sido denunciado e decidimos sair uns dias de Lisboa” para aliviar a pressão: “Fomos a Londres, passámos lá o aniversário dele [12 de abril] e regressámos a 17, porque nos disseram que até essa altura não tinha havido denúncias. Nesse dia, decidimos limpar tudo o que estivesse em casa e nos pudesse comprometer; fizémos uma queima de papéis na casa de banho, enrolámos jornais clandestinos e cartazes e atámos uma batata a cada rolo para ganhar peso e velocidade... deitámos os rolos pela janela porque não fomos capazes de destruir aqueles materiais que tinham dado trabalho a imprimir, a fazer”.
A chuva de rolos e batatas sobre o Bairro das Colónias durou até tarde. Com a casa ‘limpa’ de papéis comprometedores, Helena e o marido, o historiador José Manuel Tengarrinha, dirigente do MDP/CDE, acreditaram que poderiam dormir descansados. Eram 6H00 da manhã quando a campainha da porta os acordou com alvoroço. A PIDE entrou e virou a casa do avesso. Ao fim de muitas horas de buscas, Tengarrinha foi para Caxias, sob prisão.
Lisboa 1974: Helena Pato no primeiro comício do PCP, no Campo Pequeno
“O telefone começou a tocar porque nessa madrugada tinham sido presos outros dirigentes do MDP; eu achei que ele ia ter pela frente uns anos em Peniche”. Apesar da angústia, nesse 18 de abril, Helena, não teve muito mais tempo para pensar nisso: “Tínhamos dois filhos pequenos, que tinham ficado a dormir em casa dos meus pais... e eu fazia anos no dia seguinte. O meu filho já ligava à ideia dos anos e [também] por causa dos meus pais decidi fazer o jantar de família”. A crise obrigava-a a reagir, andar para a frente, como uma tocha que ilumina o caminho, ou não fosse esse o significado do seu nome em grego.
Mesmo para esta mulher de combate, que resistitu seis meses em regime de isolamento na cadeia de Caxias, foi estranha e azeda a celebração do seu 35º aniversário. “A primeira visita ao Zé estava agendada para as 11h00 de quinta-feira, 25; ficou logo marcada no dia em que o levaram. Eu ainda fui uma vez a Caxias levar roupa e comida, e recebi uma carta dele. Uma carta muito curiosa, extensa” que Tengarrinha sabia que iria ser lida pela PIDE. Em vez de se queixar da prisão, o historiador escreveu sobre o século XIX. “Quase que fez o plano de um livro”, diz Helena, que ontem [24 de abril] ofereceu este documento ao Museu do Aljube.
1969: casamento de Helena Pato (4ª da fila da frente da esquerda para a direita) com José Manuel Tengarrinha (à sua direita)
DR
Por volta das 4h30 da madrugada de dia 25, o telefone tocou na residência do casal Pato/Tengarrinha. Helena pegou no auscultador e ouviu alguém dizer: “Houve uma revolução e o seu marido vai sair da cadeia”. Não respondeu. Pousou o auscultador sem dar qualquer resposta e, depois de desligar, falou sozinha: “Provocadores.... fazem isto para provocar, nem me deixam dormir durante a noite”.
Minutos depois o telefone voltou a tocar. Desta vez foi a empregada que ajudava Helena a cuidar dos filhos, quem respondeu e anunciou eufórica: “Houve uma revolução ... o senhor doutor vai ser libertado!”.
Atordoada, Helena que passara a noite anterior a cozinhar para levar comida ao marido preso, deve ter ligado a rádio como todos os portugueses que já estavam acordados aquela hora. As informações eram poucas, o telefone continuava a tocar: “Arranjei-me e fui para a Av. do Uruguai, para uma reunião em casa da Julieta Correia e do marido, o jornalista Fernando Correia que creio que também estava preso, para me encontrar com familiares de outros presos políticos e combinarmos o que iríamos fazer”.
Por ironia do destino, Helena não foi capaz de festejar a Revolução no dia em que ela aconteceu. Foram dois dias de grande tensão; só conseguia pensar no marido e nos outros presos... que só deixariam a prisão de Caxias no dia 27.
Caxias: Jorge Sampaio, Pereira de Moura, Salgado Zenha e Francisco e Miguel Sousa Tavares juntaram-se aos familiares dos presos políticos para aguardar a sua libertação
A reunião na Av. do Uruguai serviu para distribuir tarefas. Helena e a sua camarada do PCP, Aida Magro, começaram por se deslocar ao Rádio Clube Português, ocupado pelos militares do MFA. Daí seguiram para o exterior da prisão de Caxias onde passaram o resto do dia.
Ao princípio da noite Helena decidiu voltar a casa; queria saber dos filhos, comer, tomar banho. Telemóveis eram coisa que não existia nem em sonhos, e as cabines telefónicas não estavam propriamente à porta da cadeia...
Veio com a sua amiga Luísa Amorim. “No meu bairro havia um clima de festa ... e de acampamento. As escadinhas ao lado da minha casa, que dão para o Bairro das Colónias, estavam cheias de soldados sentados de metralhadora” em punho. Era tarde, estava frio, “e eu e a Luísa ficámos com pena deles e decidimos fazer café e umas sandes e ir lá levar-lhes. Eu levei uns cobertores ... e só três dias depois é que dei conta que tinha ficado sem cobertores em casa”. Quem viveu a Revolução sabe que aconteceram coisas destas e que ninguém prestava atenção a minudências ... como cobertores, por muita falta que eles façam numa casa.
Na véspera dos 42 anos da queda da ditadura em Portugal, Helena colocou este post na sua página pessoal do Facebook, onde recorda os soldados a quem deu os cobertores; raramente coloca notas de caráter privado na sua página do Face.
VÍDEO
ANTIFASCISTAS DA RESISTÊNCIA TÊM QUASE 5 MIL LIKES
Há dois anos, quando estava prestes a deixar a direção do movimento cívico Não Apaguem a Memória, Helena constatou que havia muitos professores e alunos que procuravam material sobre a resistência à ditadura. Se os arquivos da PIDE e outros, os jornais, etc, fornecem elementos, há uma parte da história que vive de outro tipo de informações e testemunhos.
Enquanto militou no Não Apaguem a Memória [fundado em 2006 para contestar a transformação da sede da PIDE em condomínio de luxo], verificou que havia muita gente que era esquecida pelas formas convencionais de preservar a memória: “Há muitas biografias escritas sobre dirigentes, mas existiram muitos homens e mulheres, heróis anónimos da resistência, pessoas que tiveram vidas muito difíceis, de quem ninguém sabe nada”. E foi assim, para lembrar o papel destes heróis anónimos, que surgiu no Facebook o grupo “Fascismo nunca mais”, que tem quase 10 mil membros.
Aos 77 anos sabe que as redes sociais podem a ajudam a conquistar os mais novos para a História da luta contra a ditadura. Helena Pato e seu amigo computador...
TIAGO MIRANDA
“A ideia era criar um grupo aberto; mas eu cliquei numa opção para grupo fechado e quando dei conta reportei para o Facebook. Nunca responderam e não foi possível reverter a situação. O grupo ficou mesmo fechado, e criámos uma outra página no Facebook, “Antifascistas da Resistência”, onde estão as biografias”. Esta página é pública e tem quase cinco mil seguidores
Militante do Partido Comunista durante 29 anos [1962 - 1991], Helena faz questão de fazer biografias de “gente de todas as áreas que esteve envolvida em ações de resistência. E convidei para colaborarem comigo na administração das páginas, duas mulheres de outras áreas políticas: Inês de Castro, professora de História e a Benedita Vasconcelos que é de Direito”.
Nos comentários, “não são permitidas agressões que sirvam para denegrir o passado dos antifascistas”, e é uma forma de evitar querelas entre pessoas de tendências e fações diferentes.
Itália, 1964: Helena Pato com o seu primeiro marido, o jornalista e dirigente estudantil, Alfredo Nolaes, que morreu em 1965 de cancro, um mês depois de ser detido pela PIDE no regresso ao país... porque queria morrer em Portugal
DR
Maria Helena Martins dos Santos Pato Noales Rodrigues, é este nome que está escrito nas fotos da prisão que se vêem no vídeo que abre este trabalho, foi presa em junho de 1967. Tinha 28 anos e já era viúva. O marido, o jornalista e dirigente estudantil, Alfredo Noales Rodrigues, com quem casara em 1960, saiu do país em 1962 para não ser preso pela PIDE. Foi para Paris e Helena foi ter com ele logo que pode; ainda não tinha acabado o curso, mudou a matrícula para a Universidade de Coimbra [muitos estudantes que tiveram ‘problemas’ com a polícia política utilizaram esta solução para acabar os cursos noutras universidades portuguesas] e vinha a Portugal uma vez por mês, de comboio – a viagem durava quase 30 horas – para tentar acompanhar as matérias e fazer exames.
Em 1964, nesta foto do jovem casal que o Expresso publica, Alfredo está visivelmente mais magro no que nas fotos que vimos do seu casamento com Helena em 1960.
Quando tiraram a foto, Helena ainda não sabia que o marido estava doente. Nem ela nem ele, porque o linfoma ainda não tinha sido diagnosticado. Na década de 1960, o tratamento das doenças oncológicas estava menos avançado do que hoje e Alfredo foi definhando. Exilado político, tinha o desejo de vir morrer a Portugal, no país onde nasceu e perto dos pais e restante família. Foram feitas diversas diligências junto da polícia política, pedindo que Alfredo pudesse sem regressar sem correr o risco de ser detido. A resposta era invariavelmente a mesma: “Poderá regressar quando houver uma declaração médica que garanta que não tem mais do que 30 dias de vida. Claro que nenhum médico poderia passar uma declaração destas…”, porque nunca se sabe qual é a verdadeira evolução do cancro em termos de tempo. Nem hoje, nem naquela época.
Alfredo voltou em novembro de 1965. Saiu do avião em cadeira de rodas, os pais estavam à espera dele… e foi detido pela PIDE para interrogatório. Morreu um mês depois, em dezembro desse ano.
Assembleia da República, janeiro de 2014: Helena Pato na abertura da sessão de homenagem aos advogados dos presos políticos
A maioria dos portugueses não conhece a história de vida de Alfredo Noales. E também não conhece o papel de Belmira Cruz, Manuela Bernardino, Cândido Capilé, Gina Azevedo, Manuel Baridó e Olímpia Brás, e muitos mais, que Helena vai juntando no grupo fechado [por engano dela…] do Facebook “Fascismo nunca mais” e na página aberta “Antifascistas da Resistência” e no blogue com o mesmo nome, que conta com a ajuda informática de Eduardo Brissos. “Quis dar a conhecer a vida dos heróis anónimos, de pessoas com quem me cruzei, que me tocaram. Houve uma mulher que foi presa mais ou menos na mesma altura em que eu, uma operária corticeira, a Olívia, que enfrentou a ditadura com uma força extraordinária, e é quase desconhecida. Foi uma mulher que me ajudou muito…”, diz Helena, a ex-professora de Matemática que recorda nas redes sociais a história de pessoas que mal sabendo ler – ou não sabendo de todo – começaram a trabalhar por volta dos oito anos em troco de 10$00 [5 cêntimos] por mês “para pagar o pão que comiam”.
Autora de dois livros em que recorda a luta contra a ditadura, “Saudação, Flausinas, Moedas e Simones” e “Já uma estrela se levanta”, nunca gostou muito da ideia de existirem quotas na política, apesar de ter sido uma das fundadoras do Movimento Democrático das Mulheres, em 1969: “As mulheres têm de se afirmar pelas suas qualidades… e afirmam-se desde que lhes sejam dadas condições” para que isso aconteça.
Aos 77 anos, tem o projeto de “reescrever um romance guardado há anos. É um romance de amor, a história de um quadrado amoroso, e tenho uma certa má consciência de ter abandonado aquelas personagens de que gosto tanto à sua sorte. Só que também gostava de fazer um blogue que funcione ao contrário da maior parte dos blogues… e acho que a net vai ganhar (risos). Um blogue onde começaria por recordar histórias da minha infância e ia enchendo de histórias, reescrevendo algumas para não me andar a repetir, até à atualidade em que começaria a escrever crónicas” sobre o que se passa. “Já disse à minha filha que quando eu ainda for viva mas não for capaz de escrever… ela pode escrever o que lhe contei, e depois de eu morrer também”.
Quanto às biografias, tem dois tabus: “Não as publico em livro, já tive uma proposta mas está fora de questão; estas biografias estão bem para a função que cumprem de divulgar histórias de pessoas, mas não têm rigor” científico. “E nunca escreverei a minha própria biografia para colocar na página. Se alguém o fizer, vou lá e PUF!”. É assim Helena, a mulher que aos 28 anos observava a vida das formigas e o nascimento das florzinhas no muro da prisão de Caxias, para enganar o regime de isolamento a que fora condenada: “Não podia ir ao recreio, não me deram os livros que pedi, nem jornais, nem papel, nem linhas, lã, agulhas para fazer tricô, ou qualquer coisa para me ocupar”. expresso.sapo.pt
Perante o falecimento do camarada Fidel Castro, o Comité Central do Partido Comunista Português expressa os seus sentimentos de profundo pesar e transmite ao Comité Central do Partido Comunista de Cuba e por seu intermédio a todos os comunistas, ao povo de Cuba, ao camarada Raúl Castro e restante família de Fidel os sentidos pêsames e a solidariedade dos comunistas portugueses. Neste momento de tristeza para os comunistas, revolucionários e progressistas de todo o mundo, o PCP presta homenagem à sua excepcional figura de patriota e de revolucionário comunista evocando o exemplo de uma vida inteiramente consagrada aos ideais da liberdade, da paz e do socialismo em que, com os seus companheiros de armas, numa epopeia que passou por Moncada e pela heróica guerrilha da Sierra Maestra, libertou Cuba de uma cruel ditadura e que, enfrentando a agressão e o bloqueio dos EUA, uniu e mobilizou a energia criadora dos trabalhadores e do povo na construção de uma nova sociedade liberta da exploração e da opressão imperialista, uma sociedade socialista, solidária com a luta libertadora de todos os povos do mundo. A luta, a acção e a palavra inspirada de Fidel animaram e continuarão a animar a luta das forças progressistas e revolucionárias de todos os continentes. Fidel deixa-nos num momento em que, depois de importantes avanços de soberania e progresso social na América Latina e Caraíbas, inseparáveis do exemplo e da solidariedade internacionalista de Cuba, o imperialismo e a reacção passaram à contra-ofensiva, procurando a todo o custo reverter conquistas e recuperar posições perdidas. Mas é nossa profunda convicção de que, confiando no papel das massas populares e da sua luta organizada, e inspirados pelo exemplo de Fidel e da Revolução Cubana, os projectos imperialistas serão derrotados. A melhor forma de honrar a memória do camarada Fidel Castro, é prosseguir a luta pelos ideais e o projecto a que se consagrou até ao fim da sua vida, é fortalecer a solidariedade com Cuba e a sua revolução socialista exigindo o incondicional respeito pela soberania da Ilha da Liberdade, o imediato fim do criminoso bloqueio norte-americano e a restituição ao povo cubano de Guantanamo.
A TVI NEM NO DIA DA MORTE DE FIDEL É CAPAZ DE TER RESPEITO PELO POVO CUBANO E O SEU LÍDER.
O ANTI COMUNISMO VIRULENTO, ALDRABÃO, BANDIDO, E RAIVOSO ESTÁ SEMPRE PRESENTE NESTA ESTAÇÃO AO SERVIÇO DE INTERESSES OBSCUROS ESCONDENDO TODOS OS DIAS ASSASSINATOS PRATICADOS PELO IMPERIALISMO AMERICANO, PELOS SIONISTAS E PELO CAPITAL
TUDO O QUE CHEIRE A ESQUERDA DESPERTA O ÓDIO A ESTA CORJA QUE SE AUTO ROTULA DE JORNALISMO INDEPENDENTE MAS QUE NÃO PASSAM DE VERMES RASTEJANTES AO SERVIÇO DOS DONOS DO MUNDO
A TVI, UMA FOSSA DE MERDA QUE TRESANDA POR TODO O PAÍS.
O estudo ontem apresentado na Fundação Calouste Gulbenkian, no segundo dia do fórum «Crises Socioeconómicas e Saúde Mental: da Investigação à Acção», não deixa margem para dúvidas. Como sublinha José Caldas de Almeida, que coordenou o trabalho, «os determinantes económicos e financeiros têm uma influência muito grande na saúde mental das pessoas», observando-se «uma maior prevalência de problemas» em situações de «diminuição de rendimentos e de dificuldades financeiras para aceder a bens essenciais».
De facto, entre 2008 e 2015 registou-se um aumento muito significativo da prevalência de doenças mentais na população portuguesa (de 20 para 30%), com um acréscimo particularmente expressivo nos casos mais graves (em cerca de 5 pontos percentuais). De acordo com os dados do estudo, a frequência de perturbações foi maior em pessoas que «assumiram não ter rendimentos suficientes para pagar as suas despesas», numa percentagem idêntica (40%) à dos inquiridos que declararam uma descida dos seus rendimentos desde 2008 (em quase metade dos casos devido ao «corte de salários e pensões, 14% por desemprego, 6% por mudança de emprego e 5% porque se reformaram»).
Sinal da relação estreita entre crise económica, políticas de austeridade e a degradação da saúde mental é também o facto de terem sobretudo aumentado as perturbações depressivas e as perturbações de ansiedade, verificando-se igualmente uma redução do peso relativo da incidência em pessoas mais velhas (que tendem sempre a ser mais afetadas por doenças mentais), em resultado de «um aumento crescente no escalão dos mais novos, dos 18 aos 34 anos». E embora tenham sido recolhidos dados relativos ao consumo de álcool e a suicídios, a investigação não é ainda, nesta fase preliminar, conclusiva. Certo é, contudo, que a venda de psicofármacos disparou entre 2008 e 2015 (sobretudo antidepressivos e ansiolíticos), num país que já era líder europeu no consumo destes medicamentos.
Como lembra muito oportunamente o António Rodrigues, os resultados deste estudo dão inteira razão ao então líder da bancada social-democrata, Luís Montenegro, quando afirmou, em fevereiro de 2014, que «a vida das pessoas não está melhor mas o país está muito melhor».
PARA OS BANDALHOS DA POLÍTICA É DIFÍCIL FALAR DE FIDEL.
A SUA ESTRUTURA MORAL, A SUA CORAGEM E TENACIDADE. A SUA VIDA DE REVOLUCIONÁRIO NUNCA SE DOBRANDO ÀS PATAS DO SUJO E SANGUINÁRIO IMPERIALISMO AMERICANO DEIXA OS FANTOCHES QUE HOJE COMANDAM MUITOS GOVERNOS NA EUROPA E NO MUNDO COMPLETAMENTE APAGADOS.
ENQUANTO HOJE SE ASSASSINAM CRIANÇAS EM TODO O MUNDO E MILHARES VIVEM NAS RUAS SEM PÃO, SEM ABRIGO EM CUBA ISSO NÃO EXISTE.
ENQUANTO SE DESTROEM ESCOLAS E HOSPITAIS EM CUBA AVANÇA-SE NA CULTURA E NOS CUIDADOS MÉDICOS.
EM CUBA NENHUMA CRIANÇA VIVE NAS RUAS. EM CUBA O ANALFABETISMO NÃO EXISTE.
SE ISTO NÃO CHEGA PARA DESMASCARAR AS POLÍTICAS CAPITALISTAS E DESUMANAS DOS PAÍSES CHAMADOS MODERNOS E DESENVOLVIDOS QUE MAIS EXEMPLOS SE PODERÃO DAR ?
OS GOVERNANTES ACTUAIS MATAM PARA ENRIQUECER EXPORTANDO ARMAS PARA QUE O TERROR POSSA REINAR. CUBA ENVIA MÉDICOS PARA AJUDAR AS VÍTIMAS DOS CARRASCOS DA HUMANIDADE E AS PESSOAS POBRES QUE NÃO TÊM ASSISTÊNCIA MÉDICA EM PAÍSES RICOS.
O QUE SE MENTE, SE DETURPA, O QUE SE INVEJA NO POVO CUBANO É SIMPLESMENTE A RAIVA E INVEJA, A INCAPACIDADE DE FAZER IGUAL. O INSTINTO RUIM E BANDIDO ESTÁ ENRAIZADO NA DIREITA, NOS NEO LIBERAIS QUE SÓ VIVEM E VALORIZAM O LUXO, O DINHEIRO E NÃO O SER HUMANO
Tristeza e consternação em Havana após o anúncio da morte de Fidel Castro. O desaparecimento de “El Comandante” mereceu igualmente a reação de inúmeros chefes de Estado que enviaram mensagens publicadas no ‘Twitter’ entre os quais Nicolás Maduro que afirmou que o líder cubano e o venezuelano Hugo Chávez “deixaram aberto o caminho” para a libertação dos povos.
Fidel Castro morreu na noite de sexta-feira e o seu corpo vai ser cremado hoje.
Os cubanos exprimem surpresa: “A morte do Comandante surpreendeu-me, não posso acreditar, era um homem tão poderoso, tão forte … é realmente difícil”.
“É um processo normal da vida. Foi uma notícia que ninguém esperava receber.
“Bem, eu me sinto um pouco abalada, não entendo. Ele era um rosto público e todo mundo gostava dele e o respeitava”.
Fidel Castro “encarnou a Revolução Cubana” suas “esperanças” e “desilusões” e o seu legado ficará para a história que o irá julgar.
Contra el líder revolucionario, que murió a los 90 años, se planearon más de medio millar de asesinatos.
El líder de la Revolución Cubana, Fidel Castro, falleció en La Habana a la edad de 90 años. El longevo político podría no haber vivido tantos años de no haber burlado los más de 600 complots magnicidas que se urdieron para eliminarlo. Este día merece recordar algunos de ellos.
"90 años. Nunca se me había ocurrido la idea"
Las balas, los explosivos, el veneno ni ningún otro medio logró quitarle la vida: desde el inicio de la Revolución Cubana, Fidel Castro se convirtió en objetivo de centenares de ataques de la CIA, la Agencia Central de Inteligencia estadounidense, y tras el triunfo del movimiento revolucionario en Cuba la Administración de Washington pasó a considerarlo la principal amenaza para los intereses de EE.UU. en América Latina.
Pero el propio Fidel hizo otros comentarios sobre sus posible peor enemigo: en 1995, en una entrevista en la misión cubana de las Naciones Unidas para la cadena Telemundo, Castro comentó: "¿Mi peor enemigo? Yo creo que no tengo enemigos peores, porque creo que todos los enemigos se pueden vencer".
Los intentos para lograr su "desaparición física" comenzaron desde el mismo momento en que encabezó la triunfante Revolución Cubana en 1959, y dieron inicio a una lista de 638 atentados. El último fue en 2008.
En su último discurso el 19 de abril de 2016 ante el Séptimo Congreso del Partido Comunista de Cuba, el propio Castro anunció: "Pronto deberé cumplir 90 años, nunca se me había ocurrido tal idea y nunca fue fruto de un esfuerzo, fue capricho del azar".
Castro en el libro de los Récords Guinness: la persona a la que más veces han intentado asesinar
Para asesinar al famoso líder –según varias fuentes– fueron consideradas varias ocasiones y medios, desde francotiradores, explosivos colocados en sus zapatos o veneno inyectado en un puro, hasta una pequeña carga explosiva dentro de una pelota de béisbol, entre otras variantes. Las más peculiares son las siguientes:
Supuestamente la CIA habría tratado de eliminar a Fidel Castro usando un explosivo envuelto en un puro durante la visita de Castro a las Naciones Unidas en septiembre de 1960. La CIA también habría contemplado la posibilidad de gasear una emisora de radio donde Castro estaba dando un discurso en directo con un aerosol que contenía una sustancia similar al LSD. El plan consistía en que Fidel enloqueciera mientras se dirigía en vivo a la nación. Un poco más tarde tuvo lugar un caso digno de una película de James Bond, cuando Marita Lorenz, amante de Castro, presuntamente fue contratada por los estadounidenses para envenenar al líder cubano, aunque en el último momento decidió no hacerlo. Un método que no debía terminar con la vida de Fidel pero sí hacerle perder la barba era poner sal de talio en sus zapatos o en los puros que fumaba. Este producto químico que se utiliza en soluciones depilatorias debía provocarle la caída del vello facial y demostrar a los cubanos que su presidente era débil y falible.
Además, el comandante sobrevivió atentados perpetrados con bacterias mortales colocadas en su pañuelo, una bomba bajo una caracola en una playa, un batido envenenado y muchos otros. 'El que debe vivir'
La vida atípica y abundante en peligros de Castro dio suficiente material para que la televisión cubana rodara una serie titulada 'El que debe vivir', que contaba la historia de los ataques contra Castro. El proyecto fue dirigido por Rafael Ruiz Benítez.
"Como es una serie histórica, acudimos a una mezcla de géneros para auxiliarnos de ellos y dar más información al espectador alrededor de los hechos", dijo Ruiz Benítez ante los oficiales cubanos y miembros del equipo artístico al presentar la primera entrega.
Los servicios de inteligencia cubanos calcularon que hasta 2007 se habían planeado un total de 638 intentos de asesinatos contra Fidel Castro, de los que fueron ejecutados más de un centenar. Los intentos partieron tanto del Gobierno estadounidense como de opositores cubanos. El famoso comandante es indudablemente el primero en la lista de mandatarios cuya vida ha sido puesta en peligro mediante atentados. Los otros mandatarios que más intentos de magnicidio han sufrido por detrás de Castro son todos presidentes de Estados Unidos: Ronald Reagan (197), Richard Nixon (184), Lyndon Baines Johnson (72), James Carter (64) y John Kennedy (42), quien murió asesinado.
Antes da vitória de Trump nas eleições dos EUA, segundo sondagens, Portugal era o país do mundo onde o candidato republicano era mais rejeitado. Afinal, se calhar, as sondagens também não estavam correctas. Alguns dos que antes diziam que Trump era um maluco, racista, misógino, etc., agora dizem: “Deixa lá ver o que é que ele vai ser. Se calhar, até é um tipo fixe.” Tudo o que Trump disse até agora leva uma esponja por cima e vamos partir do zero. É o tipo de proposta que a Melania pode aceitar, porque tem uma boa mesada, mas para mim não chega. Basta olhar para os canais americanos de TV, e para alguma da nossa comunicação social, parece que deitaram um amaciador de nazis nos media. É um momento estranho, este que atravessamos. Há um partido de extrema-direita, que apoia Trump, e que se sente à vontade para reclamar a supremacia branca (e que questiona se os judeus serão realmente seres humanos) e alguns media têm medo do politicamente correcto e chamam-lhes “alt-right” e nacionalistas em vez de lhe chamarem nazis, não vão eles ficar ofendidos. Como o lobo já nem se dá ao trabalho de se disfarçar de ovelha, resolvem amanteigar o lobo. “Alt-right” é só um nome moderno para o mais feio que há no mundo desde que o mundo existe com gente. Se o Hitler aparecesse agora, diria que não era nazi – “Sou Jew-delete.” Vamos lá ser claros. Quem é que faz manchete, como se fosse grande surpresa, “Extrema-direita celebra vitória de Trump com saudações nazis!”?! São nazis. Se festejassem com balões, é que era esquisito. O jornal online Observador fez a melhor tradução de sempre de “Heil Trump” – “Avé Trump!” Fica meiguinho. Parece a procissão das velas. Há neonazis a uns quarteirões da Casa Branca (e até há alguns lá dentro), mas a atitude de alguns media e comentadores perante as imagens de malta a festejar a vitória de Trump com saudações nazis, e outro tipo de manifestações xenófobas que temos visto, anda ali entre o “não é bem isso que ele queria dizer” (talvez por medo de enfrentar o horror) e o tentar justificar o injustificável. Dá para imaginar um diálogo entre um desconfiado e um trumpista “bem intencionado” enquanto assistem às imagens do comício dos trogloditas do “Alt-right”: – Mas eles estão a fazer a saudação nazi?!! – Não, isto é o final, são alongamentos. – Mas…, mas eles, agora, gritaram “Heil Trump!” – O Lone Ranger também dizia “Heil Silver!” – Acho que era “Hi-Yo”, Silver… – É a mesma coisa. – Ele disse: devemos questionar se os judeus são mesmo pessoas?! – A que horas é o jogo? – Eia, olha para aquilo! Eles estão a desenhar uma suástica! – Parece, mas não é. É um jogo do galo para disléxicos. – Mas está ali um busto do Hitler! – É do Chaplin a fazer de Adolfo. São saudosistas do cinema mudo. – Se calhar, tens razão, não são nazis. Vamos à festa dos anos 80? – Não dá. Já tenho marcada uma dos anos 30. top 5 Making America uber alles again 1. Ben Carson convidado para a Administração de Trump – mas tem de se maquilhar de mimo. 2. Wi-Fi gratuito em todos os autocarros e eléctricos de Lisboa no primeiro semestre 2017 – autocarros vão viajar no tempo, de modo a chegar a horas. 3. Terrorista detido em França tentou recrutar em Portugal para o Daesh – mas não conseguiu. Neste país, ninguém quer fazer nada. Até para arranjar quem apanhe azeitona é uma maçada. 4. Rampas de garagem pagam taxa em estradas nacionais – é pôr escadas e comprar um todo-o-terreno. 5. Restaurantes portugueses ganharam nove estrelas Michelin – antes isso que de Davi, que só iam trazer chatices. (João Quadros, in Jornal de Negócios, 25/11/2016)
Quando, há um ano, António Costa anunciou a sua equipa ministerial, aqui a chamámos “um governo teso” – pelo óbvio duplo sentido coloquial. Teso porque sem dinheiro para investimento público que seria necessário; teso porque rijo politicamente para o que seria inevitável. Assim foi. Mas num governo em que centraliza a gestão de todos os dossiês difíceis, o mais teso foi mesmo António Costa. A estabilidade política no final do ano foi conseguida à custa de uma instabilidade permanente ao longo desse ano, resultante de duas mesas de negociação que estiveram sempre abertas, cada uma delas com forças contrárias à da outra. Na mesa interna, a negociação permanente com o PCP e com o Bloco de Esquerda; na mesa externa, a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu. No primeiro ano, Costa venceu porque prevaleceu: as negociações foram feitas à custa de cedências, mas também de compatibilização de divergências. Um ano depois, as relações do governo com todos os protagonistas mantêm a tensão, mas uma tensão amistosa. Sanções de Bruxelas, dossier Caixa Geral de Depósitos e Orçamentos do Estado, primeiro para 2016 e depois para 2017 foram as principais ameaças à estabilidade. O governo superou todas. Não houve sanções a Portugal, o programa de capitalização e de reestruturação da Caixa Geral de Depósitos foi aprovado, ambos os Orçamentos passaram na Assembleia. Mas os processos foram longos, demoraram meses, sempre com a oposição a desferir ataques que prenunciavam o falhanço iminente. A iminência foi passando sem falhanço. E a vinda do “diabo” que Passos Coelho calendarizou para setembro não aconteceu ainda à entrada de dezembro. O mau presságio fez como o boomerang e virou-se contra Passos. Um ano depois, as sondagens mostram todas um crescimento do PS, não do PSD. Passos não pega como líder da oposição e despega como líder do PSD, onde há pequenos desafios, como uma rebeldia da Distrital de Lisboa na preparação das autárquicas, e ameaças latentes, incluindo a de Rui Rio, que deu os primeiros passos numa caminhada que não sabe ainda (ou não se sabe ainda) se ganhará galvanização para uma possível sucessão depois das eleições autárquicas de 2017. Até lá, é o próprio PS que diz que Passos é um “seguro de vida” para Costa. A perceção é a de que as balas do líder do PSD não furam o colete do primeiro-ministro. Nem, pelo menos por enquanto, na polémica da nomeação da nova administração da Caixa Geral de Depósitos. Se Passos não foi o pior inimigo de Costa, Marcelo Rebelo de Sousa revelou-se o seu melhor amigo. Ao contrário do que aconteceu no início do mandato do governo com Cavaco Silva, que não disfarçou o seu desagrado (e o seu desgosto?) com a formação de um Executivo por um partido que não ganhara as eleições, o Presidente da República eleito este ano assumiu uma posição colaborante com a estabilidade política, apoiando quase sempre o governo e nunca o pondo em causa. Marcelo e Costa são pois os personagens principais de um ano em que o mapa político mudou radicalmente em Portugal, com o envolvimento inédito do BE e do PCP numa solução de poder. O CDS mudou de líder. O PSD não mudou, nem de líder nem de discurso, porque acredita que o diabo mais tarde ou mais cedo virá. O diabo é um regresso da austeridade mais dura depois de uma subida dos juros pagos pelo Estado português que parta de problemas na banca ou resulte da combinação explosiva entre um crescimento económico fraco e uma dívida pública elevada. Essa é a maior ameaça que pode vir de fora a Portugal e que tem vários gatilhos possíveis: um corte do “rating” da DBRS, a alteração da política monetária do BCE ou um choque nos mercados de dívida resultante da situação política internacional, depois da eleição de Donald Trump nos Estados Unidos e antes de um ano com diversas eleições nacionais importantes na Europa, incluindo a França e a Alemanha. Um choque externo teria (ou terá) sempre consequências políticas e sociais. Se ele não se verificar, então internamente as relações com o Bloco de Esquerda e com o PCP, bem como o apoio de Marcelo, parecem garantir mais um ano com sobressaltos mas sem assaltos ao poder. Nas autárquicas, tudo depende das coligações dos vencedores e vencidos. E logo depois delas haverá um novo Orçamento do Estado para aprovar. Mas isso já é futuro. Do passado reza um terço mais tranquilo do que muitos previam e sem desgaste pessoal do primeiro-ministro, que se envolveu diretamente em todas as frentes negociais mais difíceis. E isso fortaleceu um governo cuja força política não se revelou grande espingarda, embora alguns dos seus membros tenham sido essenciais. Essencial foi Costa, inclusive para proteger ministros politicamente mais fracos (como Manuel Caldeira Cabral) ou mais atacados (como Tiago Brandão Rodrigues). Eis o primeiro-ministro António Costa, que se mete em tudo e é implacável com quem se mete com ele. Otimista, sim, mas otimista também por desígnio da mensagem, para que confiem nele como portador de boas notícias. O governo continuará a viver mês a mês. Não se tem dado mal.
(Pedro Santos Guerreiro, in Expresso Diário, 25/11/2016) estatuadesal.com
OE2017. Jerónimo de Sousa avisou que se "vai estreitando o caminho" dada a submissão à União Europeia e ao Euro O líder do PCP salientou as diferenças com o PS em matéria europeia mas sublinhou que a posição conjunta assinada pelos dois partidos mantém toda a validade. "Pormo-nos de fora desse compromisso não seria entendido. Estamos de acordo em manter a convergência", assegurou. "O balanço que fazemos da discussão efetuada permite, desde já, anunciar que o PCP, em votação final global, votará a favor do OE2017", disse o líder do PCP, que tinha remetido até agora um posicionamento final dependente do curso dos trabalhos em sede de especialidade. O líder do PCP sublinhou a necessidade de rutura com a política de direita, que abra caminho a uma política alternativa patriótica e de esquerda". "É uma questão que se vai colocar ao país e aos portugueses quotidiana e diariamente. Se olharmos para o superavit da nossa economia de cinco mil milhões de euros, onde nem um cêntimo vai ser para o aumento do investimento e desenvolvimento e vão direitinhos não para a dívida, mas para o serviço da dívida, percebemos que, assim, existe muita dificuldade em encontrar soluções duradouras. É uma batalha que haveremos de perseguir", afirmou, defendendo a renegociação da dívida. Relativamente às diferenças para com o PS, sobretudo ao nível do posicionamento face à Europa, o secretário-geral comunista declarou que "este ano [de Governo socialista] vincou bem estes dois elementos": "Avanços significativos na reposição de direitos e rendimentos do povo, a par da colisão com os constrangimentos, amarras, imposições e até chantagem que existe no plano externo, em relação à União Europeia e ao Fundo Monetário Internacional". "Achamos que [o PS] devia ser mais audaz [em Bruxelas]. Sei que o PS confia numa posição inteligente. Creio que só inteligência não chega", continuou Jerónimo de Sousa. Segundo o líder do PCP, o partido vai estar de acordo com "tudo o que se trate de repor direitos e rendimentos", mas "tudo aquilo que condicionar o futuro, naturalmente, terá uma posição negativa". Antes, Jerónimo de Sousa aproveitou para elencar uma série de medidas positivas constantes do OE2017, nomeadamente o aumento de pensões e reformas, contemplando "98% dos pensionistas e aumentos extraordinários de seis euros para as pensões mínimas e de 10 euros para reformados com carreiras contributivas e pensões até 638 euros, abrangendo 2,5 milhões" daquelas prestações sociais. "O aumento do subsídio de refeição dos trabalhadores da administração pública, a reposição da contratação coletiva no setor público empresarial, o combate à precariedade e o início do descongelamento das carreiras" foram outros pontos sublinhados. Jerónimo de Sousa salientou também o alargamento da gratuitidade dos manuais escolares a "370 mil crianças do 1.º ciclo" de escolaridade, o "reforço do abono de família", "avanços no regime contributivo dos trabalhadores a recibo verde". "É ainda de referir que foi possível, finalmente, encontrar uma solução que elimina a sobretaxa de IRS para 91% dos contribuintes já em 2016, desaparecendo para os restantes 9% em final de 2017", afirmou, congratulando-se ainda com a redução do valor do Pagamento Especial por Conta para micro, pequenos e médios empresários e a redução dos custos de energia para famílias e empresas, especialmente nos setores da pesca e agropecuária. O OE2017 já foi aprovado na generalidade por PS, BE, PCP e PEV, com a abstenção do PAN e votos contra de PSD e CDS-PP. As mais de 400 propostas de alteração de todas as forças políticas à proposta de lei do Governo socialista continuam a ser debatidas e votadas na especialidade até segunda-feira. A sessão magna de encerramento e votação final global realiza-se na terça-feira. www.dn.pt
"O comandante-chefe da revolução cubana morreu esta noite às 22:29". Foi assim que o Presidente Raúl Castro anunciou a morte do histórico líder cubano Fidel Castro. 'El Comandante' morreu aos 90 anos.
1. Procedente de uma família de sete filhos, Fidel Castro nasceu no dia 13 de agosto de 1926 em Birán, na atual província de Holguín, da união entre Ángel Castro Argiz, rico proprietário de terras espanhol oriundo da Galícia, e Lina Ruz González, cubana.
2. Aos sete anos, ele se muda para a cidade de Santiago de Cuba e vive na casa de uma professora encarregada de educá-lo. Ela o abandona à própria sorte. “Conheci a fome”, lembraria Fidel Castro e “minha família tinha sido enganada”. Um ano depois, ele entra no colégio religioso dos Irmãos de la Salle, em janeiro de 1935, como interno. Deixa a instituição para ir para o colégio Dolores, aos 11 anos, em janeiro de 1938, depois de se rebelar contra o autoritarismo de um professor. Segue sua escolaridade com os jesuítas no Colégio de Belém em Havana, de 1942 a 1945. Depois de uma graduação brilhante, seu professor, o padre Armando Llorente, escreve no anuário da instituição: “Distinguiu-se em todas as matérias relacionadas às letras. Excepcional e congregante, foi um verdadeiro atleta, defendendo sempre com valor e orgulho a bandeira do colégio. Soube ganhar a admiração e o carinho de todos. Cursará a carreira de Direito e não duvidamos de que encherá de páginas brilhantes o livro de sua vida.”
3. Apesar de se exiliar em Miami, em 1961, por causa das tensões entre o governo revolucionário e a Igreja Católica cubana, o padre Llorente sempre guardou uma lembrança nostálgica de seu antigo aluno. “Me dizem: ‘o senhor sempre fala bem de Fidel’. Eu falo do Fidel que eu conheci. Inclusive, [ele] uma vez salvou a minha vida e essas coisas não podem ser esquecidas nunca”. Fidel Castro se jogou na água para salvar seu professor, levado pela correnteza.
4. Em 1945, Fidel Castro entra na Universidade de Havana, onde cursa a graduação de Direito. Eleito delegado da Faculdade de Direito, participa ativamente das manifestações contra a corrupção do governo do presidente Ramón Grau San Martín. Não vacila, tampouco, em denunciar publicamente gangues vinculadas às autoridades políticas. Max Lesnik, então secretário-geral da Juventude Ortodoxa e colega de Fidel Castro, lembra-se desse episódio: “O comitê 30 de setembro [criado para lutar contra as gangues] fez o acordo de apresentar a denúncia contra o governo e os gângsteres no plenário da Federação Estudantil [Universitária]. No salão, mais de 300 alunos de diversas faculdades se apresentaram para escutar Fidel quando alguém [...] gritou: ‘Aquele que falar o que não deve, falará pela última vez’. Estava claro que a ameaça era contra o orador da vez. Fidel se levantou de sua cadeira e, com passo lento e firme, se encaminhou ao centro do amplo salão, [...] e começou a ler uma lista oficial com os nomes e todos e de cada um dos membros das gangues e dos dirigentes da FEU que haviam sido premiados com suculentas ‘garrafas’ [cargos] nos distintos ministérios da administração pública.”
5. Em 1947, aos 22 anos, Fidel Castro participa, com Juan Bosch, futuro presidente da República Dominicana, de uma tentativa de desembarque da [expedição de] Cayo Confites para derrubar o ditador Rafael Trujilo, então apoiado pelos Estados Unidos.
6. Um anos depois, em 1948, participa do Bogotazo, revolta popular desatada pelo assassinato de Jorge Eliécer Gaitán, líder político progressista, candidato às eleições presidenciais da Colômbia.
7. Graduado em Direito em 1950, Fidel Castro atua como advogado até 1952 e defende as pessoas humildes, antes de se lançar na política.
8. Fidel Castro nunca militou no Partido Socialista Popular (PSP), partido comunista da Cuba pré-revolucionária. Era membro do Partido do Povo Cubano, também chamado Partido Ortodoxo, fundado em 1947 por Eduardo Chibás. O programa do Partido Ortodoxo de Chibás é progressista e se baseia em vários pilares: soberania nacional, independência econômica pela diversificação da produção agrícola, supressão do latifúndio, desenvolvimento da indústria, nacionalização dos serviços públicos, luta contra a corrupção e justiça social por meio da defesa dos trabalhadores. Fidel Castro reivindica seu pertencimento ao pensamento “martiano” (de José Martí), chibasista (de Chibás) e anti-imperialista. Orador de grande talento, se apresenta às eleições parlamentárias como candidato do Partido do Povo Cubano em 1952.
9. No dia 10 de março de 1952, a três meses das eleições presidenciais, o general Fulgencio Batista rompe a ordem constitucional e derruba o governo de Carlos Prío Socarrás. Consegue o apoio imediato dos Estados Unidos, que reconhecem oficialmente a nova ditadura militar.
10. O advogado Fidel Castro apresenta uma denúncia contra Batista por romper a ordem constitucional: “Se existem tribunais, Batista deve ser castigado, e se Batista não é castigado [...], como poderá depois este tribunal julgar um cidadão qualquer por motim ou rebeldia contra esse regime ilegal, produto da traição impune?”. O Tribunal Supremo, sob as ordens do novo regime, recusa a demanda.
11. No dia 26 de julho de 1953, Fidel Castro se coloca à frente de uma expedição de 131 homens e ataca o quartel Moncada na cidade de Santiago, segunda maior fortaleza militar do país, assim como o quartel Carlos Manuel de Céspedes, na cidade de Bayamo. O objetivo era tomar o controle da cidade – berço histórico de todas as revoluções – e lançar um chamado pela rebelião em todo o país para derrubar o ditador Batista.
12. A operação é um fracasso e 55 combatentes são assassinados depois de brutalmente torturados pelos militares. De fato, apenas seis deles morreram em combate. Alguns conseguiram escapar graças ao apoio da população.
13. Fidel Castro, capturado alguns dias depois, deve a vida ao sargento Pedro Sarría, que se negou a seguir as ordens de seus superiores e executar o líder de Moncada. “Não disparem! Não disparem! Não se deve matar as ideias!”, exclamou para seus soldados.
14. Durante sua histórica alegação, intitulada “A História me Absolverá”, Fidel Castro, encarregado de sua própria defesa, denuncia os crimes de Batista e a miséria na qual se encontra o povo cubano, e apresenta seu programa para uma Cuba livre, baseado na soberania nacional, na independência econômica e na justiça social.
15. Condenado a 15 anos de prisão, Fidel Castro é liberado em 1955, depois da anistia que o regime de Batista lhe concedeu. Funda o Movimento 26 de Julho (M 26-7) e declara seu projeto de seguir lutando contra a ditadura antes de se exilar no México.
16. Fidel Castro organiza ali a expedição do Granma com um médico chamado Ernesto Guevara. Não foi muito trabalhoso para Fidel Castro convencer o jovem argentino, que recordava: “O conheci em uma dessas frias noites do México e lembro-me de que nossa primeira discussão foi sobre política internacional. Poucas horas depois, na mesma noite — de madrugada — eu era um de seus futuros expedicionários.”
17. Em agosto de 1955, Fidel Castro publica o Primeiro Manifesto do Movimento 26 de Julho, que retoma os pontos essenciais de “A História me Absolverá”. Trata de reforma agrária, da proibição do latifúndio, de reformas econômicas e sociais a favor dos deserdados, da industrialização da nação, da construção de habitações, da diminuição dos aluguéis, da nacionalização dos serviços públicos de telefone, gás e eletricidade, de educação e da cultura para todos, da reforma fiscal e da reorganização da administração pública para lutar contra a corrupção.
18. Em outubro de 1955, para reunir os fundos necessários para a expedição, Fidel Castro realiza uma turnê pelos Estados Unidos e se reúne com os exilados cubanos. O FBI vigia de perto os clubes patrióticos M 26-7 fundados em diferentes cidades.
19. No dia 2 de dezembro de 1956, Fidel Castro embarca no porto de Tuxpán, no México, a bordo do barco Granma, com capacidade para 25 pessoas. Os revolucionários são 82 no total e navegam rumo a Cuba com o objetivo de desatar um guerra de guerrilhas nas montanhas de Sierra Maestra.
20. A travessia se transforma em pesadelo por causa das condições climáticas. Um expedicionário cai ao mar. Juan Almeida, membro do grupo e futuro comandante da Revolução, lembra-se do episódio: “Fidel nos disse o seguinte: ‘Daqui não nos vamos até que o salvemos’. Isso comoveu as pessoas e animou a combatividade. Pensamos: ‘com esse homem não há abandonados’. O salvamos, correndo o risco de perder a expedição.”
21. Depois de uma travessia de sete dias, em vez dos cinco previstos, no dia 2 de dezembro de 1956 a tropa desembarca “no pior pântano jamais visto”, segundo Raúl Castro. Os tiros da aviação cubana a dispersam e 2 mil soldados de Batista, que esperavam os revolucionários, a perseguem.
22. Alguns dias depois, em Cinco Palmas, Fidel Castro volta a se encontrar com seu irmão Raúl e com outros 10 expedicionários. “Agora sim ganhamos a guerra”, declara o líder do M 26-7 a seus homens. Começa a guerra de guerrilhas que duraria 25 meses.
23. Em fevereiro de 1957, a entrevista com Fidel Castro realizada por Herbert Matthews, do New York Times, permite que a opinião pública estadunidense e mundial descubra a existência de uma guerrilha em Cuba. Batista confessaria mais tarde, em suas memórias, que graças a esse golpe jornalístico, “Castro começava a ser um personagem lendário”. Matthews suavizou, entretanto, a importância de sua entrevista. “Nenhuma publicidade, por mais sensacional que fosse, poderia ter tido efeito se Fidel Castro não fosse precisamente o homem que eu descrevi.”
24. Apesar das declarações oficiais de neutralidade no conflito cubano, os Estados Unidos concedem seu apoio político, econômico e militar a Batista e se opõem a Fidel Castro até os últimos instantes. No dia 23 de dezembro de 1958, a uma semana do triunfo da Revolução, enquanto o Exército de Fulgencio Batista se encontra em plena debandada, apesar de sua superioridade em armas e homens, acontece a 392ª reunião do Conselho de Segurança Nacional [dos Estados Unidos], com a presença do presidente [Dwight D.] Eisenhower. Allen Dulles, então diretor da CIA, expressa claramente a posição dos Estados Unidos. “Temos de impedir a vitória de Castro.”
25. Apesar do apoio dos Estados Unidos, de seus 20 mil soldados e da superioridade material, Batista não pôde vencer uma guerrilha composta de 300 homens armados durante a ofensiva final do verão de 1958, que mobilizou mais de 10 mil pessoas. Essa “vitória estratégica” revela, então, a genialidade militar de Fidel Castro, que havia antecipado e derrotado a operação Fim de Fidel lançada por Batista.
26. No dia 1 de janeiro de 1959, cinco anos, cinco meses e cinco dias depois do ataque ao quartel Moncada, em 26 de julho de 1953, triunfou a Revolução Cubana.
27. Durante a formação do governo revolucionário, em janeiro de 1959, Fidel Castro é nomeado ministro das Forças Armadas. Não ocupa a Presidência, ocupada pelo juiz Manuel Urrutia, nem o posto de primeiro-ministro, entregue ao advogado José Miró Cardona.
28. Em fevereiro de 1959, o primeiro-ministro Cardona, que se opõe às reformas econômicas e sociais que considera demasiadamente radicais (projeto de reforma agrária), apresenta sua demissão. Manuel Urrutia chama Fidel Castro para ocupar o cargo.
29. Em julho de 1959, frente à oposição do presidente Urrutia, que recusa novas reformas, Fidel Castro renuncia a seu cargo de primeiro-ministro. Imensas manifestações populares têm início em Cuba, exigindo a saída de Urrutia e o retorno de Fidel Castro. O novo presidente da República, Osvaldo Dorticós, volta a nomeá-lo primeiro-ministro.
30. Os Estados Unidos se mostram imediatamente hostis à Fidel Castro ao acolher com braços abertos os dignitários do antigo regime, incluindo vários criminosos de guerra que tinham roubado as reservas do Tesouro cubano, levando 424 milhões de dólares.
31. Não obstante, desde o princípio, Fidel Castro declara sua vontade de manter boas relações com Washington. Entretanto, durante sua primeira visita aos Estados Unidos, em abril de 1959, o presidente Eisenhower se nega a recebê-lo e prefere ir jogar golfe. John F. Kennedy lamentaria o ocorrido: “Fidel Castro é parte do legado de Bolívar. Deveríamos ter dado ao fogoso e jovem rebelde uma mais calorosa acolhida em sua hora de triunfo”.
32. A partir de outubro de 1959, pilotos procedentes dos Estados Unidos bombardeiam Cuba e voltam para a Flórida sem serem perturbados pelas autoridades. No dia 21 de outubro de 1959, lançam uma bomba sobre Havana que provoca duas mortes e fere 45 pessoas. O responsável pelo crime, Pedro Luis Díaz Lanza, volta a Miami sem ser perturbado pela justiça e Washington se nega a extraditá-lo para Cuba.
33. Fidel Castro se aproxima de Moscou somente em fevereiro de 1960 e apenas adquire armas soviéticas depois de os Estados Unidos rejeitarem fornecer o arsenal necessário para a sua defesa. Washington também pressiona o Canadá e as nações europeias solicitadas por Cuba com a finalidade de obrigar o país a se dirigir ao bloco socialista e assim justificar sua política hostil em relação a Havana.
34. Em março de 1960, a administração Eisenhower toma a decisão formal de depor Fidel Castro. No total, o líder da Revolução Cubana sofreria nada menos que 637 tentativas de assassinato.
35. Em março de 1960, a sabotagem, comandada pela CIA, do barco francês La Coubre, carregado de armas no porto de Havana, provoca mais de cem mortes. Em seu discurso em homenagem às vítimas, Fidel Castro lança o lema: “Pátria ou morte”, inspirado no [lema] da Revolução Francesa, “Liberdade, igualdade, fraternidade ou morte.”
36. No dia 16 de abril de 1961, depois dos bombardeios dos principais aeroportos do país pela CIA, prelúdio da invasão da Baía dos Porcos, Fidel Castro declara o caráter “socialista” da Revolução.
37. Durante a invasão da Baía dos Porcos por 1400 exilados financiados pela CIA, Fidel Castro faz parte da primeira linha de combate. Infringe uma severa derrota aos Estados Unidos e esmaga os invasores em 66 horas. Sua popularidade chega ao topo em todo o mundo.
38. Durante a crise dos mísseis, em outubro de 1962, o general soviético Alexey Dementiexv estava ao lado de Fidel Castro. Conta suas lembranças: “Passei junto a Fidel Castro os momentos mais impressionantes de minha vida. Estive a maior parte do tempo a seu lado. Houve um instante em que considerávamos próximo o ataque militar dos Estados Unidos e Fidel tomou a decisão de colocar todos os meios em [estado] de alerta. Em poucas horas, o povo estava em posição de combate. Era impressionante a fé de Fidel em seu povo, e de seu povo, e de nós, os soviéticos, nele. Fidel é, sem discussão, um dos gênios políticos e militares deste século.”
39. Em outubro de 1965, cria-se o Partido Comunista de Cuba (PCC), substituindo o Partido Unido da Revolução Socialista (PURS), surgido em 1962 (que substituiu as Organizações Revolucionárias Integradas — ORI —, criadas em 1961). Fidel Castro é nomeado primeiro-secretário.
40. Em 1975, Fidel Castro é eleito pela primeira vez para a Presidência da República depois da adoção da nova Constituição. Seria reeleito até 2006.
41. Em 1988, a mais de 20 mil quilômetros de distância, Fidel Castro dirige de Havana a batalha de Cuito Cuanavale em Angola, na qual as tropas cubanas e angolanas infringem uma retumbante derrota às forças armadas sul-africanas que invadiram Angola e que ocupavam a Namíbia. O historiadora Piero Gleijeses, professor da Universidade John Hopkins, de Washington, escreve a respeito: “Apesar de todos os esforços de Washington [aliado ao regime do apartheid] para impedir-lhe, Cuba mudou o rumo da história da África Austral [...]. A proeza dos cubanos no campo de batalha e seu virtuosismo à mesa de negociações foram decisivos para obrigar a África do Sul a aceitar a independência da Namíbia. Sua exitosa defesa de Cuito foi o prelúdio de uma campanha que obrigou a SADF [Força de Defesa Sul-Africana, as então Forças Armadas oficiais da África do Sul, por sua sigla em inglês] a sair de Angola. Essa vitória repercutiu para além da Namíbia.”
42. Observador lúcido da Perestroika, Fidel Castro declara ao povo em um discurso premonitório do dia 26 de julho de 1989, que, no caso do desaparecimento da União Soviética, Cuba deveria resistir e prosseguir na via do socialismo. “Se amanhã ou qualquer outro dia despertássemos com a notícia de que se criou uma grande guerra civil na URSS, ou até se despertássemos com a notícia de que a URSS se desintegrou [...], Cuba e a Revolução Cubana seguiriam lutando e seguiriam resistindo.”
43. Em 1994, em pleno Período Especial, conhece Hugo Chávez, com quem estabelece uma forte amizade, que duraria até a morte dele, em 2013. Segundo Fidel Castro, o presidente venezuelano foi o “melhor amigo que o povo cubano teve”. Ambos estabelecem uma colaboração estratégica com a criação, em 2005, da Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América, que agrupa atualmente oito países da América Latina e do Caribe.
44. Em 1998, Fidel Castro recebe a visita do papa João Paulo II em Havana. Ele pede que “o mundo se abra para Cuba e que Cuba se abra para o mundo”.
45. Em 2002, o ex-presidente dos Estados Unidos James Carter realiza uma visita histórica a Cuba. Faz uma intervenção ao vivo pela televisão: “Não vim aqui interferir nos assuntos internos de Cuba, mas estender uma mão de amizade ao povo cubano e oferecer uma visão de futuro aos nossos países e às Américas. [...] Quero que cheguemos a ser amigos e nos respeitemos uns aos outros [...]. Devido ao fato de os Estados Unidos serem a nação mais poderosa, somos nós que devemos dar o primeiro passo.”
46. Em julho de 2006, depois de uma grave doença intestinal, Fidel Castro renuncia ao poder. Conforme a Constituição, é sucedido pelo vice-presidente, Raúl Castro.
47. Em fevereiro de 2008, Fidel Castro renuncia definitivamente a qualquer mandato executivo. Consagra-se, então, à redação de suas memórias e publica regularmente artigos sob o título “reflexões.”
48. Arthur Schlesinger Jr., historiador e assessor especial do presidente Kennedy, evocou a questão do culto à pessoa [de Fidel] depois de uma permanência em Cuba em 2001. “Fidel Castro não incentiva o culto à [sua] pessoa. É difícil encontrar um cartaz ou até um cartão postal de Castro em qualquer lugar de Havana. O ícone da Revolução de Fidel, visível em todos os lugares, é Che Guevara.”
49. Gabriel García Márquez, escritor colombiano e Prêmio Nobel de literatura, é amigo íntimo de Fidel Castro. Esboçou um retrato dele e ressalta “a confiança absoluta que desperta no contato direto. Seu poder é de sedução. Busca os problemas onde eles estão. Sua paciência é invencível. Sua disciplina é de ferro. A força de sua imaginação o empurra até os limites do imprevisto.”
50. O triunfo da Revolução Cubana no dia 1 de janeiro de 1959, dirigida por Fidel Castro, é o acontecimento mais relevante da História da América Latina do século XX. Fidel Castro continuará sendo uma das figuras mais controversas do século XX. Entretanto, até seus mais ferrenhos detratores reconhecem que fez de Cuba uma nação soberana e independente, respeitada no cenário internacional, com inegáveis conquistas sociais nos campos da educação, saúde, cultura, esporte e solidariedade internacional. Ficará para sempre como o símbolo da dignidade nacional que sempre se colocou do lado do oprimidos e que deu seu apoio a todos os povos que lutavam por sua emancipação