Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

orouxinoldaresistencia

POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

orouxinoldaresistencia

27
Nov16

SAIBA O QUE FAZER QUANDO ENCONTRAR UM FILHOTE DE PASSARINHO FORA DO NINHO

António Garrochinho


Se você já encontrou um filhote de passarinho no chão, sabe que o principal instinto é o de ajuda. Porém, é importante saber que para ajudar, é necessário estar atento com algumas situações.
Pensando nisso, vimos essa dica diretamente no Facebook do Fabio Nunes, mestre em Ecologia e Recursos Naturais, e resolvemos compartilhar aqui. Olha só as orientações que ele deixou:
– Não leve o filhote para longe do local onde o encontrou, é ali que os pais irão procurá-lo e, mesmo fora do ninho, continuarão lhe dando comida.
– Tire o filhote do chão para não ser atacado por formigas ou devorado por predadores, o ideal é devolver o filhote ao alcance dos pais, em alguma árvore próxima onde poderia estar seu ninho.
– Cuidado onde colocar o animal, pois se você colocar em um galho ele provavelmente voltará a cair. Veja a dica abaixo:
passarinho cai do ninho 2
Foto: Fabio Nunes
– Você pode fazer uma improvisação do ninho com um recipiente forrado (furado embaixo para não acumular água) pendurado em uma árvore (escondido dos humanos), como mostra a foto abaixo. “Funciona muito bem e ele só sairá quando suas asas estiverem desenvolvidas”, explica.
Foto: Fabio Nunes
Foto: Fabio Nunes
– Para garantir, observe de longe se os pais encontram o filhote, pois eles são atraídos pelo chamado dele.
27
Nov16

António Domingues demitiu-se da Caixa

António Garrochinho


Antonio Domingues demitiu-se da presidência da Caixa Geral 
de Depósitos, apurou o PÚBLICO junto de fonte 
overnamental, já perto do limite temporal para que contestasse a 
necessidade de apresentar a declaração de Patrimonio junto 
do TC. 
O Ministério das Finanças já emitiu um comunicado, confirmando 
ter aceite a demissão.
Nos últimos dias, vários jornais deram conta de que Domingues 
aceitaria rever a sua posição, baseada num compromisso assumido 
com o Governo antes de aceitar o cargo e de convidar várias 
pessoas para que integrassem a sua administração.
Até ao momento não foi possível apurar os motivos invocados 
para a demissão, mas acontece depois de semanas de polémica por 
causa da obrigatoriedade, ou não, da apresentação das declarações 
de rendimentos no Tribunal Constitucional, e no final da semana 
em que o Governo adiou a recapitalização do banco público. 


A participação de Domingues nas negociações, em Bruxelas, da 
recapitalização da CGD num momento em que ainda era 
administrador do BPI foi a mais recente controvérsia política 
envolvendo o actual presidente da Caixa. 


Miguel Manso
Foto


27
Nov16

FRENESIM

António Garrochinho

oriundos de todo o rebanho
vacas loucas ovelhas com ranho
cães com raiva
porcos com febre
estes dias em frenesim
qual morrinha em coelho e lebre
que só com azeite água que ferve
se dá conta de coisa assim

António Garrochinho

27
Nov16

O cirurgião que opera com a mulher

António Garrochinho


Ele é um dos cirurgiões cardiotorácicos mais respeitados do país, ela uma das anestesistas mais prestigiadas. Juntos no bloco, já fizeram mais de sete mil cirurgias a corações de adultos e crianças. Conheceram-se há 46 anos, casaram-se e não mais se largaram.

Conheceram-se na fila de inscrições para o curso na Faculdade de Medicina de Lisboa e decidiram logo inscrever-se na mesma turma. «Ela estava atrás de mim e, já não sei bem como, combinámos ficar juntos», recorda José Fragata. Desde esse dia em 1970 nunca mais se separaram. Tornaram-se colegas, depois melhores amigos, apaixonaram-se e casaram-se no 6º ano da universidade, em 1976. «Antes de sermos médicos casámo-nos e depois, quando acabámos o curso, fomos juntos para os Hospitais Civis de Lisboa fazer o internato», diz Isabel. Já lá vão 46 anos e hoje, ambos com 63, continuam casados e a fazer operações, em equipa, a corações de adultos e crianças no Hospital de Santa Marta e no Hospital da CUF Infante Santo, ambos em Lisboa.
No bloco, ele como cirurgião e ela como anestesista, já realizaram juntos cerca de sete mil cirurgias.
«Fiz dez mil cirurgias, seis mil a adultos e quatro mil a crianças, e a Isabel esteve em dois terços», conta o médico. 
 .

A cumplicidade é tanta que pouco precisam de falar para comunicar. «Há uns anos, foi feito um trabalho científico para o jornal europeu de cirurgia cardiotorácica sobre o fluxo de comunicação no bloco operatório, e quando o trabalho que ia ser publicado estava a ser revisto, fui contactado porque queriam saber como é que era possível que, nas minhas operações, a pessoa com quem eu menos falava ser a anestesista. Menos de cinco por cento das comunicações eram com ela.» José Fragata explicou: «Disse-lhes que há 35 anos que trabalhava e vivia com a pessoa que estava a anestesiar os doentes.» «Há de facto muita cumplicidade», confirma Isabel, sublinhando que, apesar de se entenderem bem, às vezes também discordam no bloco.
 .
Passam dias inteiros um com o outro. E todas as manhãs vão juntos para o hospital no Porsche de José Fragata. Nunca trabalharam durante muito tempo em locais diferentes. Depois de fazerem o internato nos Hospitais Civis de Lisboa, ingressaram, em 1981, no Hospital de Santa Cruz, onde se especializaram em 1986. Pelo meio, tiveram duas filhas e foram, em 1984, viver para Inglaterra, onde estagiaram em Londres e Liverpool. As filhas ficaram em Portugal com os avós, o que levou Isabel a regressar mais cedo. José voltou a Lisboa de vez em 1987. Estiveram dez anos no Santa Cruz e, em 1998, quando o cirurgião se mudou para o Santa Marta, Isabel foi atrás. Os dois tornaram-se chefes de serviço e depois diretores das respetivas áreas.

Ao longo dos anos foram vivendo episódios dramáticos: uma das filhas teve de ser operada em Inglaterra na sequência de um problema cardíaco, com apenas 4 anos. «Sabemos o que os pais sentem e, por isso, quando estamos a operar, a Isabel manda sempre alguém falar com eles para ir dizendo o que se está a passar.»
É comum partilharem dias complicados, como aqueles em que têm de dizer aos pais que os filhos não sobreviveram, ou em que sentem a responsabilidade de ter a vida de um recém-nascido nas mãos.
«Um dia, um paquistanês trouxe o filho de um mês e meio que tinha de ser transplantado ao coração, passou-mo para os braços e disse-me em inglês: “Agora o filho é seu.”» Mas presenciam também momentos reconfortantes, como o que testemunharam quando em setembro passado fizeram um transplante a uma rapariga de 18 anos que tinham salvo quando era recém-nascida.
«Sem ela não teria a mesma confiança», garante ele. A mulher não lhe poupa elogios: «É um homem leal, corajoso e inspirador». Isabel sabe que muitas vezes foi envolvida em guerras de poder por ser casada com o cirurgião. «Mas não há nada que nos derrube.» Aliás, até já combinaram que vão retirar-se no mesmo dia. «Vamos reformar-nos ao mesmo tempo». Até lá, garante a anestesista, vão continuar a ser o que não têm dúvidas de que são: «Uma dupla imbatível.»

OPERAÇÃO
José Fragata fez, há dois meses, um transplante de coração a um recém-nascido, o doente mais novo da história da medicina em Portugal a submeter-se a esta cirurgia. A ajudá-lo, como anestesista, nessa operação delicada no Hospital de Santa Marta, esteve a mulher, Isabel.


27
Nov16

AOS ROGEIROS, FAFES, JUDÍCES, e todo o canil de “Yorkshire Terrier” televisivos

António Garrochinho




De todas as prostitutas políticas que têm vomitado o seu ódio à gloriosa Revolução cubana nos canais fascizantes de Portugal, houve um comentário que, confesso, jamais tinha ouvido esgrimir na barca das falsidades anti-cubanas.
Um matraquilho que é professor universitário (imagine-se o nível do carácter) fez notar um aspecto que, segundo ele, é muito pouco comentado: o racismo da população de Cuba. Será verdade? Perguntará, depois, a massa abúlica e cassetizada de uma população em decomposição cívica.
Vejamos os factos: nas últimas eleições, os negros e mestiços correspondem a 37% dos parlamentares. E já agora, informe-se essas putas de Miami, que as mulheres parlamentares correspondem a 48,86%.
Guilherme Antunes
27
Nov16

O QUE É O EMBARGO ECONÓMICO DOS EUA A CUBA !?

António Garrochinho


Por que os Estados Unidos romperam relações com Cuba?
Após a derrube do ditador Fulgencio Batista pelos rebeldes comandados por Fidel Castro, em 1959, as relações entre Cuba e Estados Unidos começaram a deteriorar-se. 
Apesar disso, o governo americano reconheceu como legítimo o novo regime cubano. Com a decisão de Fidel de nacionalizar uma série de empresas norte-americanas baseadas em Cuba, as relações pioraram significativamente. 

Ao longo do ano de 1960, os Estados Unidos pararam de comprar açúcar de Cuba, o principal produto exportado do país, e cessaram a venda de petróleo ao vizinho. 

A crise de energia causou graves efeitos na economia cubana. 

Com isso, Fidel passou a se aproximar da União Soviética, então a maior antagonista dos Estados Unidos. 

No auge da Guerra Fria, em outubro de 1960, a pequena ilha caribenha passou a ser abastecida pelos soviéticos. 

Em 3 de janeiro de 1961, os Estados Unidos romperam relações diplomáticas com Cuba, retiram todo pessoal do corpo diplomático da ilha e fecharam a embaixada em Havana.

O que é o embargo económico?
É uma interdição económica, financeira e comercial imposta pelos Estados Unidos ao governo cubano. 

Os norte-americanos bloquearam qualquer tipo de relação comercial, financeira ou económica com a ilha, onde o embargo é conhecido como “el bloqueo”. 

O objetivo era tentar fazer com que a população, privada do acesso a bens de consumo, e empresas, impedidas de realizarem negociações comerciais com as companhias norte-americanas, forçassem a queda de Fidel Castro.
O embarco é formalmente condenado pela Organização das Nações Unidas (ONU). 

A Assembleia Geral da ONU, em sua reunião deste ano, votou pela 23ª vez pela condenação do embargo. Ao todo, 188 países assinaram a resolução pelo fim das restrições.
– É proibido a empresas de terceiros países a exportação para os Estados Unidos de qualquer produto que contenha alguma matéria-prima cubana (A França não pode exportar para os Estados Unidos uma geleia que contenha açúcar cubano).
– É proibido a empresas de terceiros países que vendam a Cuba bens ou serviços nos quais seja utilizada tecnologia norte-americana ou que precisem, na sua fabricação, produtos dessa procedência que excedam 10% do seu valor, ainda quando os seus proprietários sejam nacionais de terceiros países.
– Proíbe-se a bancos de terceiros países que abram contas em dólares norte-americanos a pessoas individuais ou jurídicas cubanas, ou que realizem qualquer transação financeira em essa moeda com entidades ou pessoas cubanas, e que serão confiscadas. Isso bloqueia totalmente Cuba de utilizar o dólar em suas transações de comércio exterior.
– É proibido aos empresários de terceiros países realizar investimentos ou negócios com Cuba, sob o pretexto de que essas operações estejam relacionadas com prioridades sujeitas a reclamação por parte dos Estados Unidos. Os empresários que não se submeterem a essa proibição serão alvo de sanções e represálias como o cancelamento, ou não renovação, de seus vistos de viagem aos Estados Unidos.


27
Nov16

Em Cuba tudo é modesto…

António Garrochinho


Por  Adalberto Monteiro*



Em Cuba tudo é modesto:
A casa que abriga, a roupa que veste,
A caneta que escreve,
O hospital que acolhe e cura,
O prato que alimenta,
A escola que pesquisa e ensina,
O livro que ilumina;
Mas os filhos dos trabalhadores são doutores.
Em Cuba tudo é modesto,
Mas não se tropeça em seres humanos
Caídos, corroídos pela fome e pelo abandono,
No cimento das calçadas.
Tudo é modesto inclusive o vinho,
Mas o rum é maravilhoso.
Em Cuba tudo é modesto
Menos a beleza das mulheres,
Menos a sedução de Varadero.
Em Cuba tudo é modesto,
Menos a solidariedade que a fez, pela causa da liberdade,
Combater em Angola;
Que a faz enviar médicos e professores
Em missões humanitárias aos quatros cantos do mundo.
Em Cuba tudo é modesto,
Menos a música contagiante, a dança envolvente,
O cinema belo e inquietante.
Em Cuba tudo é modesto,
Menos a heroica jornada para conquistar
Uma pátria soberana
E construir uma nação de homens e mulheres livres.
*Adalberto Monteiro é  jornalista e poeta, editor da revista Princípios e secretário-geral da Fundação Maurício Grabois
Fonte: Blog do Renato Rabelo
27
Nov16

27 de Novembro de 1895: Alfred Nobel assina o seu testamento

António Garrochinho


Sem a fundação e os prémios concedidos anualmente em seu nome, é muito provável que ninguém se lembrasse do industrial sueco Alfred Bernhard Nobel, cujo testamento foi assinado em 27 de Novembro de 1895. 

Alfred Nobel era muito contraditório: sempre foi sueco até à medula, embora tenha vivido fora do país desde os nove anos de idade; ganhava dinheiro com explosivos e era afeiçoado a ideias pacifistas. Depois de perder um processo de patente, Nobel passou a suspeitar de todo tipo de formalismo e a desconfiar especialmente dos advogados.

 Por fim, Nobel tinha ideias próprias sobre dinheiro e património. Ele costumava dizer que as pessoas que herdam muito dinheiro  tornam-se parvas.

 

Com estas premissas, pode-se entender o testamento que ele assinou a 27 de Novembro de 1895 no Clube Sueco em Paris, homologado por quatro compatriotas seus. O documento continha alguns legados pequenos a algumas pessoas e acrescentava: "O resto do meu património deve ser usado da seguinte maneira: com o capital [...] deve ser criado um fundo e os seus juros anuais distribuídos em prémios para os que trouxerem os maiores benefícios à humanidade".

 

Deveriam ser contempladas com o prémio cinco áreas: física, química, fisiologia ou medicina, literatura e realizações que contribuíssem da melhor maneira possível para a fraternidade entre os povos, para a extinção ou redução de exércitos, bem como para a consecução ou propagação da paz. Além de dinheiro, o inventor da dinamite em pó tinha talento literário e ideias pacifistas.

 

O prémio deveria ser outorgado por instituições de renome: Real Academia Sueca de Ciências, Instituto Carolíngio Sueco de Medicina e Cirurgia, Academia Sueca de Literatura e uma comissão de cinco membros nomeada pelo parlamento norueguês.

 

Feito sem instrução jurídica, o testamento continha muitas falhas. Nobel legou a sua fortuna, mas a quem? Ele deixou escrito apenas que determinada corporação deveria distribuir o dinheiro dos juros em cinco prémios e não fez determinações sobre a administração do fundo. Ele estabeleceu apenas que as cinco instituições assumiriam a tarefa de distribuir os prémios. E o que deveria acontecer se elas recusassem?

A longa série de processos sobre o último desejo de Nobel começou com a questão sobre o lugar do seu domicílio. Seria a cidade sueca Bofors, onde ele estava registado como habitante quando morreu? Estocolmo, onde pagava impostos? Ou em Paris, onde viveu longos anos e gozava dos direitos de cidadania local, embora tenha mantido o seu passaporte sueco?

A questão era interessante não só por causa do imposto sobre herança, mas também para a validade jurídica do testamento. Por motivos formais, os tribunais franceses teriam declarado o documento inválido. Depois de processos em várias instâncias, foi decidido que o domicílio seria Bofors.

 

Num passo seguinte, o órgão estatal equivalente hoje ao Ministério da Justiça propôs a criação de uma fundação à luz do direito sueco para responsabilizar-se pelo património de Nobel. O governo real fez as alterações legais necessárias e pediu às instituições mencionadas no testamento que reconhecessem e assumissem as tarefas deixadas por Nobel.

Logo depois, três das quatro instituições deram sua resposta positiva e, ao mesmo tempo, fizeram sugestões para os estatutos da fundação e directrizes para a concessão dos prémios. A Academia Sueca de Ciências foi a única entidade que considerou essa tomada de posição inoportuna antes do fim de todos os processos.

Os testamenteiros, as instituições e parentes de Nobel negociaram durante um ano, após o que assinaram um acordo e encerraram todos os processos sobre o testamento. Só então começaram as negociações sobre os estatutos da Fundação Nobel.

Em Junho de 1900, ela foi finalmente confirmada e aprovada pelo governo sueco. Os primeiros prémios foram concedidos em 1901 e, na actualidade, o Prémio Nobel é uma das distinções mais famosas do mundo.

Fontes: DW
wikipedia (Imagem)
 
Nobel na juventude
 
 
 
Alfred Nobel, fotografado por Gösta Florman
Ficheiro:AlfredNobel adjusted.jpg
 
 
27
Nov16

"O impacto da sua morte não é o mesmo que seria há 15 anos"

António Garrochinho



Embaixadora de Cuba em Lisboa, Johana Tablada de la Torre, explica que Cuba inteira está de luto porque perdeu a personalidade mais influente da sua história

O que significa para os cubanos a morte da Fidel Castro?

Hoje [ontem] é o dia em que Cuba inteira chora. Acordámos todos tristes, porque Cuba perdeu a personalidade mais influente em toda a sua história e porque se Cuba é querida e admirada no mundo, isso tem que ver com Fidel. Hoje é um dia de pesar, mas também de muito orgulho. Pessoalmente sinto-me comovida, pelas chamadas que esperava e que não esperava, pelas mensagens que esperava e que não esperava, pelas demonstrações de carinho de todos.

Que impacto pode ter a sua morte em Cuba?

O impacto da sua morte não é hoje o mesmo que seria há 15 anos. Fidel está fora do governo de Cuba há dez anos, apesar de ter continuado a escrever e a dar a sua opinião quando tinha que o fazer. Continuava a ser uma personalidade muito grande. Nesse sentido, acho que não vai haver uma grande mudança porque vai ser muito difícil pensar em Cuba e não pensar em Fidel, mesmo que ele não esteja. De manhã, quando vi que tinha morrido e confirmei que era verdade, saiu-me do fundo do coração um "Viva Fidel". Porque são figuras que, quando morrem, continuam a viver. Há um ideal, um pensamento. O impacto em Cuba tem fundamentalmente que ver com o compromisso renovado das novas gerações para continuar a fazer de Cuba um país cada vez melhor, como ele sempre quis.

E nas relações com os EUA? Como será agora com Donald Trump?

A política de Raúl em relação aos EUA sempre foi a de Fidel, que defendia uma boa relação e lutou muito por isso. Em relação a Donald Trump, não sei. Mas acredito que como a mudança da política nos EUA não se deveu a um só homem, tenho a esperança que, seja qual for a atitude do novo governo, que contemple as aspirações transversais de toda a sociedade norte-americana, começando com a imigração cubana, e se incline a favor do restabelecimento das relações, o levantamento do bloqueio e de uma relação normal entre os nossos dois países. Não depende de nós. Da parte de Cuba posso assegurar que existe o compromisso e o interesse do nosso país em manter o que conseguimos. Todas as especulações de cataclismo e queda do nosso sistema são de pessoas que não conhecem o apoio dos cubanos à revolução. Se a revolução se manteve foi graças ao apoio popular, não pelo uso da força, pelo exército forte, pela repressão. Mantém-se por apoio popular e creio que com a morte de Fidel esse apoio não se deteriora, pelo contrário, nos une.

Fidel morreu, Raúl tem 85 e já disse que sai em 2018. A velha geração que fez a revolução está a desaparecer. A nova geração está preparada para assumir as rédeas?

Penso que sim. Em Cuba, mais de 50% dos líderes têm menos de 50 anos. Somos um país que fortaleceu as suas instituições e está a trabalhar muito forte para melhorar a sua economia. Mas onde há um projeto socialista que conta com o apoio da população e com o respeito do mundo. Porque foi esse sistema que nos permitiu, mesmo com o sistema de sanções unilaterais mais forte do mundo, conseguir indicadores de justiça e desenvolvimento humano que só se comparam com países do primeiro mundo. Funcionou para nós, não é um sistema perfeito, os primeiros críticos são os nossos líderes e nós também, e vamos continuar a melhorar a cada dia. Mas para responder à vontade dos cubanos, não para satisfazer as vontades dos grandes blocos económicos ou poderes internacionais ou de uma minoria de cubanos que lucrou muito com a política contra o meu país. Eu sinto confiança no meu país e no meu povo e penso que o desaparecimento físico de Fidel redobra o nosso compromisso em que não se perca o que Cuba conseguiu com esta revolução.

Conheceu pessoalmente Fidel?

Sim, em várias ocasiões. É algo com o qual ficarei para sempre, com muito orgulho e admiração. Conheci-o em eventos de estudantes, em que o ouvi falar como um de nós, com muita transparência, com uma paciência incrível para escutar-nos, éramos muito novos. Foi um líder muito próximo das pessoas. E também o conheci como diplomata. Não foi um homem dogmático, foi um patriota e um grande humanista. Deixa o mundo um bocadinho melhor do que o encontrou. O mundo inteiro ficou um bocadinho mais livre depois da revolução cubana.

www.dn.pt
27
Nov16

HOJE, FESTEJAM A “FREEDOM” E CELEBRAM A MORTE… AMANHÃ CONTINUARÃO A SER “PORCOS IMIGRANTES", COMO SEMPRE FORAM TRATADOS

António Garrochinho

Samuel Quedas
Tenho, enquanto cidadão de um país "produtor" de emigrantes, uma predisposição para compreender o ímpeto de sair de um país, para ganhar mais dinheiro, mesmo quando isso não corresponde a uma mais do que justa luta pela sobrevivência, mas sim à incapacidade para ser solidário com os seus concidadãos e com os ideais de dignidade e igualdade… e lutar por remover as razões externas que forçam esse país a não poder proporcionar um melhor nível de vida económico aos cidadãos, ainda que, como é o caso em Cuba, se tenha feito ao longo de décadas um gigantesco esforço para preservar a dignidade de todo um povo, garantir a sua educação, de nível superior, cuidados de saúde invejáveis, um festivo e comovente apego à cultura e uma formação cívica que faz destacar os cubanos e a sua solidariedade internacional, por entre a selva do mais triste egoísmo que impera no mundo.
Já para traidores e cúmplices de terroristas e assassinos, não tenho a menor tolerância… apesar de detestar a palavra que, neste caso, se aplica em toda a sua fealdade.
Estes imbecis, toldados pelo ódio à Revolução e a um dos seus maiores símbolos, Fidel… são um grupo de gente que não me provoca mais do que um saudável e higiénico asco. Repulsa. Nojo puro.
Ajudaram a eleger, nas últimas eleições dos EUA, Donald Trump e toda uma casta de adeptos da “supremacia branca” e demais grupos racistas e xenófobos.
Estou curioso em ver que festa farão estes pobres desgraçados e ignorantes, quando descobrirem que, para aqueles que ajudaram a eleger neste paraíso da “democracy”… continuarão a não passar de “porcos imigrantes” e a serem insultados, discriminados e ameaçados de expulsão, sempre que isso interessar a um qualquer político canalha e populista...
Claro que há sempre alguns que “se dão bem”… mas os bandidos, enquanto não são presos… dão-se sempre muito bem e têm sempre grandes recursos para exibir carrões e jóias pregadas nas mulheres e nas amantes… e demais quinquilharia que os seus crimes podem comprar.
27
Nov16

FIDEL - Em memória de um HOMEM! Deixei passar propositadamente o dia de ontem, registando o que foi por aí foi escrito e visto sobre Fidel de Castro!

António Garrochinho



Em memória de um HOMEM! Deixei passar propositadamente o dia de ontem, registando o que foi por aí foi escrito e visto sobre Fidel de Castro!
Registando com enorme indignação o que a poderosa máquina de propaganda imperialista consegue instilar até inesperadamente em muita gente, alguma que muito se tem indignado com Trump mas que, chegado o momento, não se distinguem de Trump. Nada de novo a oeste! Também nada de novo muita gente de esquerda perdida nos seus labirintos e sem encontrarem o fio de ariadne que os salvaria do minotauro e já sem sequer saber como fabricar as asas de Ícaro. Que poderia escrever sobre FIdel? Que música estou a ouvir por Fidel? Texto, o de Gabriel Garcia Marquez bem como a música de Dvorak aqui ficam.


A sua devoção pela palavra. O seu poder de sedução. Vai buscar os problemas onde estão. O Ímpeto e a inspiração são próprios do seu estilo. Os livros reflectem muito bem a amplitude dos seus gostos. Deixou de fumar para ter a autoridade moral para combater o tabagismo. Gosta de preparar as receitas de cozinha com uma espécie de fervor científico. Mantém-se em excelentes condições físicas com várias horas de ginástica diária e natação frequente. Paciência invencível. Disciplina férrea. A força da imaginação arrasta-o até ao imprevisto. Tão importante como aprender a trabalhar é aprender a descansar.
Fatigado de conversar, descansa conversando. Escreve bem e gosta de fazê-lo. O maior estímulo da sua vida é a emoção do risco. A tribuna de improvisador parece ser o seu meio ecológico perfeito.
Começa sempre com uma voz inaudível, com um rumo incerto, mas aproveita qualquer assunto para ir ganhando terreno, palmo a palmo, até que uma espécie de grande vaga se apodera da audiência. É a inspiração: o estado de graça irresistível e deslumbrante, que só o negam aqueles que não tiveram a glória do viver. É anti-dogmático por excelência. José Martí é o seu autor de cabeceira e teve o talento de incorporar o seu ideário à corrente sanguínea de uma revolução marxista.
Na essência do seu pensamento poderia estar a certeza de que para fazer trabalho de massas é fundamental ocupar-se dos indivíduos.
Isto poderia explicar a sua confiança absoluta no contacto directo.
Tem uma linguagem, para cada ocasião e um modo distinto de persuasão para cada interlocutor. Sabe situar-se ao nível de cada um e a sua informação casta e variada permite-lhe mover-se com facilidade em qualquer meio. Uma coisa é segura: esteja onde esteja, como esteja e com quem esteja, Fidel Castro está ali para ganhar.
A sua atitude perante a derrota, ainda que seja nos actos mínimos da vida quotidiana, parece obedecer a uma lógica privada: nem sequer a admitem e não tem um minuto de sossego enquanto não consegue inverter os termos e convertê-la numa vitória.
Ninguém consegue ser mais obsessivo quando se propôs chegar ao fundo de qualquer coisa. Não há projecto colossal e milimétrico, em que ele não se empenhe de uma forma apaixonada.
E em especial se tem que defrontar-se com a adversidade. Nunca como então parece com melhor disposição, Alguém que acredita conhecê-lo bem, disse-lhe: as coisas devem andar muito mal, porque você está esfusiante.
Insistir e aprofundar as coisas é uma das suas formas de trabalhar. Exemplo: o assunto da dívida externa da América Latina, apareceu pela primeira vez nas suas conversas há alguns anos, e foi desenvolvendo-se, ramificando-se, aprofundando-se. A primeira coisa que disse, como uma simples conclusão aritmética, era que a dívida era impagável. Depois apareceram as medidas escalonadas: As repercussões das dívida na economia dos países, o seu impacto politico e social, a sua influência decisiva nas relações internacionais, a sua importância providencial para uma politica unitária da América Latina... até chegar a uma visão totalizadora, a que expôs numa reunião internacional convocada para o efeito e que o tempo se encarregou de demonstrar.
A sua mais rara virtude de politico é essa capacidade de vislumbrar a evoluções dos factos até às suas consequências remotas... no entanto, não exerce esta faculdade por revelações, mas como resultado de um raciocínio árduo e tenaz. O seu auxiliar supremo é a memória que usa até ao abuso em conversas privadas com raciocínios espantosos e operações aritméticas de uma rapidez incrível.
Tudo isto, requer o auxílio de uma informação incessante e bem mastigada e digerida. A sua tarefa de acumulação informativa começa desde o momento em que acorda. Pequena almoça com mais de 200 páginas de notícias de todo o mundo. Durante o dia, fazem-lhe chegar informações urgentes, calcula que cada dia tem que ler 50 documentos, a esses têm que se somar as informações dos serviços oficiais e as conversas com os seus visitantes e tudo aquilo que possa despertar o interesse da sua curiosidade infinita.
As respostas têm de ser exactas, pois é capaz de descobrir a mais pequena contradição numa frase casual. Outra fonte vital de informação são os livros. É um leitor voraz. Ninguém consegue explicar como tem tempo nem qual é o método que utiliza para ler tanto e com tanta rapidez, ainda que ele insista que não tem nenhum talento especial para isso.
Muitas vezes levou um livro de madrugada e na manhã seguinte comenta-o. Lê inglês mas não o fala.
Prefere ler castelhano e a qualquer hora está disposto a ler o mais pequeno papel que lhe caia nas mãos.
É um leitor habitual de assuntos económicos e históricos. É um bom leitor de literatura que segue com atenção.
Tem o costume de interrogar os seus visitantes. Perguntas sucessivas até descobrir o porquê do porquê do porquê.
Quando um visitante da América Latina lhe deu um dado apressado sobre o consumo de arroz dos seus compatriotas, ele fez os seus cálculos mentais e disse-lhe: que estranho, quer dizer que cada um come quatro libras de arroz por dia.
Uma das suas tácticas é perguntar coisas que sabe para confirmar os seus dados. E em alguns casos para medir o calibre do seu interlocutor e tratá-lo em consequência.
Não perde ocasião para informar-se. Durante a guerra de Angola descreveu uma batalha com tantos pormenores e minúcia, numa recepção oficial, que foi difícil convencer o diplomata europeu de que Fidel Castro não tinha participado nela.
O relato que fez da captura e assassinato do Che, o que fez do assalto do quartel da Moneda e da morte de Salvador Allende ou o que disse dos estragos do ciclone Flora, davam grandes reportagens faladas.
A sua visão da América Latina e do seu futuro, é a mesma de Bolívar e de Martí, uma comunidade integral e autónoma, capaz de mover o destino do mundo. O pais do qual sabe mais depois de Cuba, os Estados Unidos. Conhece a fundo as características da sua gente, as suas estruturas de poder, as segundas intenções dos seus governo, e segundas intenções dos seus governos, e isto ajudou-o a contornas a tormenta incessante do bloqueio.
Numa entrevista de várias horas, detém-se em cada assunto, quando se aventura em temas menos conhecidos, nunca descuida a precisão, consciente que uma só palavra mal usada pode causar estragos irreparáveis. Jamais recusou responder a nenhuma pergunta, por mais provocadora que seja, nem perdeu nunca a paciência. Sobre os que escamoteiam a verdade para não lhe causar mais preocupações que as que tem: descobre-o. A um funcionário que o fez, disse-lhe: Ocultam-me verdades para não me preocupar, mas no fim, quando descobrir, morrerei pelo choque de enfrentar tantas verdades que me deixaram de dizer. As mais graves, no entanto, são as verdades lhe ocultam para encobrir erros e deficiências, pois ao lado dos enormes sucessos que sustentam a revolução – as conquistas politicas, científicas, desportivas e culturais – há uma enorme incompetência burocrática monstruosa que afecta toda a vida diária e em especial a felicidade doméstica.
Quando fala com a gente da rua, as conversas ganham expressividade e a franqueza crua dos afectos reais. Chamam-no: Fidel. Rodeiam-no sem riscos, tratam-no por tu, discutem, contradizem-no, protestam, como num canal de transmissão imediata por de onde circulam a verdade aos borbotões. É então que se descobre o ser humano insólito, que o resplendor da sua própria imagem não deixa conhecer: um homem de costumes austeros e ilusões insaciáveis, com uma educação formal à antiga, de palavras cautelosas e ténues e incapaz de conceber nenhuma ideia que não seja descomunal.
Sonha que os “seus” cientistas encontrem o remédio final contra o cancro e criou uma politica externa de potencia mundial, numa ilha 84 vezes mais pequena que o seu inimigo principal.
Tem a convicção que a conquista mais do ser humano é a boa formação da sua consciência e que os estímulos morais, mais do que os estímulos materiais, são capazes de mudar o mundo e empurrar a história.
Ouvi-o nas suas escassas horas de meditação à vida, evocar as coisas que poderia ter feito de outra maneira para ganhar mais tempo de vida. Ao vê-lo muito aborrecido pelo peso de tantos destinos de pessoas, perguntei-lhe o que quisera fazer neste mundo, respondeu-me de imediato: parar num local qualquer.
Gabriel Garcia Marquez in Rebellion

pracadobocage.wordpress.com

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

António Garrochinho

Links

  •