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POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

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03
Dez16

Sargento admite que corrupção na Força Aérea dura há 30 anos

António Garrochinho



Militar foi escutado a revelar contornos históricos do esquema de sobrefaturação da alimentação e pagamento de comissões

O esquema de corrupção nas messes da Força Aérea investigado pela Polícia Judiciária dura há mais de 30 anos. Pelo menos esta foi a informação recolhida pela investigação da Operação Zeus junto de um sargento da Base Aérea de Sintra que, ao telefone, terá confidenciado com o seu interlocutor os contornos do esquema de sobrefaturação de compras e posterior distribuição de comissões pelos militares envolvidos. O mesmo sargento terá adiantado ainda estar envolvido no esquema e que, por essa razão, até tinha pedido para não ser transferido.
 .
Este é um dos dados que consta da Operação Zeus, processo que no início do mês levou à detenção de seis militares da Força Aérea e que envolve mais de 40 suspeitos, e que foi transmitido aos arguidos pelo juiz de instrução que os interrogou. No despacho, o juiz declarou que o esquema de sobrefaturação nas messes "tem-se revelado universal" a quase todas as bases do país, com a exceção de Ovar e Açores, sendo que os principais militares envolvidos no esquema já tinham manifestado "preocupação" pelo facto de os responsáveis daquelas duas bases da Força Aérea não terem aderido, uma vez que isso poderia trazer problemas, caso o valor das compras de alimentos fosse comparado.

A tal comparação só não aconteceu porque, continuou o juiz, houve um "acordo entre os responsáveis das messes", que faziam as aquisições, e "quem fiscaliza". Havendo quase - continuou o magistrado - um clima de aliciamento de militares para o esquema baseado na "obediência hierárquica solidamente instituída".

Para "furar" o regime da tal obediência hierárquica e sigilo à volta do esquema, a Unidade Nacional contra a Corrupção da Polícia Judiciária teve durante vários meses os militares sob escuta. As conversas ouvidas foram, posteriormente, complementadas com "a realização de inúmeras vigilâncias", bem como, explicou o juiz de instrução, "meios especiais de investigação", levados a cabo "no interior de uma das bases". Isto tudo "permitiu perceber o modus operandi da organização", concluiu o juiz do Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa.

E como funcionava? Em termos práticos e simples, os fornecedores entregavam determinadas quantidades de alimentos. No final do mês, quando apresentavam a fatura, esta apresentava um valor três vezes superior ao volume de alimentos entregue. "A diferença entre o valor faturado e dos produtos realmente entregues", sintetizou o juiz de instrução, "corresponde ao lucro a dividir pelos elementos do grupo".

Só na base aérea de Monte Real, a investigação apurou que, em onze meses, cinco militares com responsabilidades diretas na gestão da messe terão dividido 130 mil euros. O elevado número de militares envolvidos, aliás, levou o juiz de instrução a considerar existir um "enraizamento da conduta por todos os elementos das messes".

No início do mês de novembro, recorde-se, e depois de ouvir os seis detidos, o juiz decretou-lhes a prisão preventiva, considerando existir perigo de "perturbação do decurso do inquérito e de continuação da atividade criminosa". Todos foram conduzidos para a prisão militar de Tomar.
Entretanto, um dos detidos, um major, pediu para ser novamente interrogado pelo Ministério Público, o que aconteceu esta semana. Depois de se ter remetido ao silêncio quando foi sujeito a primeiro interrogatório judicial após ter sido detido com outros cinco militares, a 3 de novembro, este oficial da Força Aérea, que está em prisão preventiva, resolveu prestar declarações ao procurador titular do processo.

O objetivo do interrogatório, segundo uma fonte citada pela agência Lusa, é que o magistrado do Ministério Público promova uma alteração da medida de coação junto do juiz de instrução criminal. Do depoimento, a mesma fonte admitiu que poderiam resultar "novos elementos de prova" suscetíveis de "mudar radicalmente a investigação".

O esquema fraudulento, ainda de acordo com a PJ, terá lesado o Estado em cerca de 10 milhões de euros, segundo uma projeção da Polícia Judiciária, que, neste processo, investiga crimes de corrupção ativa e passiva, falsificação de documento e associação criminosa. No início do mês de novembro, a Operação Zeus envolveu 180 buscas em simultâneo em 12 bases militares, em 15 empresas e em diversas casas, tendo sido apreendidas elevadas quantias em dinheiro, que os investigadores presumem ser o produto da prática dos crimes. O processo é da 9.ª secção do Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa.

http://www.dn.pt/
03
Dez16

Racismo e insanidade, histórias que o mundo prefere esquecer - Parte 1

António Garrochinho


racisin topo1Das dunas do deserto da Namíbia, na África, um segredo terrível está começando a emergir. Estes restos mortais são das primeiras vítimas do primeiro campo de extermínio do mundo. Um lugar onde os africanos foram exterminados pelo exército alemão, 30 anos antes de os nazistas chegarem ao poder. Estes restos mortais estão esquecidos nessas dunas a mais de 100 anos. Mas este lugar terrível não é o único. Espalhados pelo mundo, existem locais de massacres e genocídios do imperilialismo onde milhões morreram num episódio da história colonial que a europa sempre prefere esquecer. Essas pessoas foram vítimas da verdade por trás do mito do fardo do homem branco.

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Ao longo do século 19, cientistas, escritores e filósofos europeus desenvolveram idéias para justificar os assassinatos em massa da época do império. Essas mesmas teorias continuaram a inspirar alguns dos horrores e da selvageria que iria consumir a europa no século 20.
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O século 19 iria terminar com um dos maiores crimes do império, mas ele começou com um grande momento de otimismo. Nos anos de 1830 nas grandes plantações colonias do Caribe, a Grâ Bretanha preparava-se para acabar com a escravidão. 750 mil escravos, Caribe a fora, iriam ser libertados e como a Grâ Bretanha se gabava de sua benevolência nacional, presumia-se que os escravos agradecidos iriam se transformar em camponeses trabalhadores e cristãos.
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A luta contra a escravidão tinha sido liderada do púlpito por uma aliança de abolicionistas e missionários cristãos. Eles defenderam esta campanha em suas igrejas e salas de reuniões. Nos anos 1830 era a visão deles que dominava o debate nacional sobre raça.
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"Quando a escravidão foi finalmente abolida, houve uma enorme sensação de júbilo e conquista por parte dos abolicionistas. Não esqueçamos que esta era uma campanha de 50 anos, a partir de 1787, envolvendo centenas de milhares de indivíduos britanicos comuns, petições, etc. Então, quando a escravidão foi abolida os abolicionista tiveram uma certa sensação de triunfo. Acho que eles também sentiram que aquela pergunta: Não são homens e nossos irmãos? Tinha sido respondida."
A resposta dos abolicionistas a essa grande questão foi que, embora homens e irmãos, os negros eram homens e irmãos... inferiores.
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"Acho que naquele momento a perpectiva dominante era da ordem racial hierárquica, mas como uma questão de cultura e civilização. Nesta época, com certeza, os abolicionistas não achava que o povo negro era igual a eles. Acham que talvez, em algum ponto no futuro, eles possam vir a ser iguais."
A missão para elevar os negros e morenos do mundo a um nível supostamente superior dos ingleses brancos não ficaria confinada aos antigos escravos. Essa era para ser a grande tarefa que iria justificar a expansão do império britânico.
Prof. David Badydeen: "Os abolicionistas satisfizeram o aspecto de sua tutela e seu controle dos negros por terem lutado e conseguido a liberdade deles. O próximo passo era mandar suas tropas, os missionários, para a África e o Caribe para terminar o trabalho, por assim dizer. Aqueles eram os pagãos que precisavam ser trazidos para os braços do cristianismo. Essa noção de dar valores e compartamentos civilizados a outro povo é a ideologia em que se baseia o império."
No império que os missionários e abolicionistas partiram para criar, os povos indígenas iriam ver suas culturas destruidas, suas religiões erradicadas e mesmo assim tudo isso parece benigno quando comparado a realidade cruel em que se torno o imperialismo. Por que durante o século 19 esse sonho foi gradualmente sobrepujado por outra visão que alegava que as raças escuras não poderiam ser civilizadas e deveriam, em vez disso, ser exterminadas. O fato que iniciou o lento colapso da visão dos missionários aconteceu perto de um pequeno posto avançado do vasto e crescente império da Grâ Bretanha.
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Esta é a Tasmânia, na costa sul da Asutrália. O que os britânicos fizeram nessa pequena ilha iria repercutir por toda a era vitoriana. Quando os britânicos começaram a colonizar a Tasmânia em 1803, encontraram os antigos povos aborígenes da ilha. Apenas 5000 indivíduos vivendo em isolameno completo havia 10 mil anos, a margem do mundo habitável. Os colonizadores viam essas pessoas pelo prisma de idéias trazidas da europa.
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"Logo houve expressões de nojo e choque pela forma com que os tasmanianos viviam. Para os europeus parecia que os tasmanianos não tinham cultura, nao tinham religião, não tinham um deus. Assim eles os viram como gente que tinham ficado para trás na história e também os ligaram a uma idéia muito popular no século 18, a da grande cadeia do ser. Várias raças do gênero humano foram arranjadas em ordem hierárquica e na qual os tasmanianos eram singularmente selvagens e primitivos, portanto podiam ser tratdos quase como animais."
Os britanicos construiram uma nova capital e colonizaram as áreas rurais ao redor, terra que por milênios tinha sido o campo de caça dos aborígenes. Nesses campos e pastos, longe do controle das autoridades, os colonizadores ficaram livres para desalojar e maltratar os nativos.
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"A partir de 1820, grandes quantidades de terras são tomadas de seus donos e há uma luta enorme entreo o povo aborígene e povo branco. Claro que é muito difícil documentar muito da violência dos conquistadores porque eles sabiam que era contra a lei matar o povo nativo. A eles foi dito que os nativos eram súdito britânicos, mas com certeza eles revelam em seus diários e anotações o desejo de eliminar esse povo."
O que ficou conhecido como guerra negra foi um conflito oculto. A paisagem em si foi a única testemunha. Os colonizadores britanicos matavam todos os aborígenes que encontravam. Grupos inteiros eram massacrados. Raptos e violência viraram lugar comum. Os nativos atacavam regularmente os colonizadores para defender deseperadamente a sua terra e enquanto o número de mortes subia, o medo fundia-se com a raiva.
Prof. Henry Reynolds, Universidade da tasmânia: "Em tais circunstâncias era muito fácil, nos dois lados sem dúvida, ver o outro lado como sendo totalmente subhumano. Não tenho ´duvida de que os aborígenes achavam que os europeus não tinham moralidade alguma ou comedimento algum. Igualmente os europeus passaram rapidamente a ver aquelas pessoas como animais selvagens. Em uma sociedade tão racialmente dividida o conflito deriva facilmente para um sentimento de ódio."
O número de mortos da guerra negra teve implicações apavorantes para os aborígenes tasmanianos. Os britanicos que chegavam em quantidades cada vez maiores podiam substituir os mortos, os aborígenes (apenas 5000 indivíduos antes da guerra) não. E ao fim da década de 1820 eles corriam o risco de ser totalmente aniquilados. o único homem que tinha esperança de que a violência parasse era o governador colonial Jorge Arthur.
Prof. Henry Reynolds, Universidade da tasmânia: "O governador da Tasmânia é evangélico, conhece Wilderforce, e está ciente de que o seu futuro e sua reputação dependem, acima de tudo, de como irá lidar com esse problema. No fim dos anos 1820 ele ja tinha sido avisado pelo governo britânico de que o rápido declínio do número de aborígenes sugeria que eles poderiam acabar exterminados e que se isso acontecesse seria uma mancha indelével no império britânico. Além disso, por implicação, seria desastroso para sua carreira."
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O governador Arthur partiu para salvar os aborígenes da violência dos colonizadores e para convencêlos de suas boas intenções, mandou fazer cartazes que foram afixados em árvores na terra natal aborígene. Os cartazes mostravam uma fantasia de união interracial, falavam da justiça britânica, prometiam igualdade perante a lei. Um matador branco de um aborígene seria enforcado, mas se um aborígene matasse um colonizador, ele seria enforcado. Os cartazes também propagaram a mentira que os britânicos queriam integrar-se com os nativos. isso foi uma ficção e um completo fracasso, ja que nos campos continuavam as mortes dos dois lados.
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Robinson
Após anos de guerrilha, as ultimas centena dos 5000 nativos originais tinham aprendido a esconder-se no mato. Determinado a salva-los e tomar suas terras para a colonização branca o governador recorreu a um missionário Jorge Augustos Robinson. Ele era o líder de um grupo de aborígenes convertidos e tinha sido contratado para ir aos campos buscar os aborígenes remanescentes.
Prof. Henry Reynolds, Universidade da tasmânia: "Robinson recebeu a mensagem de que o governo queria chegar a algum tipo de acordo, uma negociação, um tratado de paz. Robinson e seus intermediários convenceram os nativos de que eles deveriam ir, temporariamente, para uma ilha, onde seriam cuidados e alimentados e que depois voltariam para sua terra natal."
A ilha chamava-se Flinders e 300 aborígenes recolhidos por Robinson foram transportados para la. Robinson foi com eles no papel de protetor chefe dos aborígenes. Foi construido um ascentamento completo para eles com casas, terras para cultivar e uma capela. Robinson o chamou de "Ponto de civilização". E um artista local foi trazido para pintar os retratos dos últimos tasmanianos.
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Um deles, Jeany, tinha sido capturada por Robinson logo após a quase aniquilação de seu povo pelos colonizadores.
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Unrad tinha sido chefe até sua comunidade ser eliminada por um vírus europeu.
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Outro líder local Malalarquena fora atraido para a ilha Flinders com a promessa de que os presos que atacaram seu povo seriam levados a justiça.
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E havia Tregalili, cujo marido tinha sido assassinado diante dela.
Todos eles tinha visto sua cultura sendo quase extinta. O pouco que restou, Robinson agora tentava apagar. Porque "ponto civilização" não éra apenas um acentamento, era essencialmente uma fábrica para transformar os chamados selvagens em cristãos civilizados.
Prof. Henry Reynolds, Universidade da tasmânia: "Ele acredita que para ser um cristão bem sucedido era preciso se ascentar, morar em uma vila. Ele quer mandar as crianças para a escola, quer ensina-las a arar, semear e torna-las agricultoras."
Forçados a adotar um modo de vida estrangeiro e confinados a uma ilha a centenas de quilometros de casa, os aborígenes começaram a sucumbir a doenças européias e ao que o médico local chamava de "espíritos deprimidos".
Prof. Bain Attwood, Universidade Monash: "Eles morrem, um a aum, não nascem crianças e deve ter havido um trauma imenso para eles. Um povo que ja tinha sido forte, saudável e sofre esse declínio enorme no período de uma geração."
Jorge Robinson. um suposto salvador dos aborígenes, ficou reduzido a um planejador dos seus futuros túmulos.
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Prof. Henry Reynolds, Universidade da tasmânia: "Frequentemente ele chora pelos enlutados porque esta muito comovido com o destino deles. Mas depois diz: "é melhor morrerem aqui tendo aprendido a mensagem dos evangelhos do que nos campos assassinados pelos colonizadores. Ele acha um jeito de aliviar a própria consciência. para que suas próprias crenças os proteja do relato total do que, em parte, era sua responsabilidade."
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Dos 300 aborígenes que foram atraidos para a ilha Flinders, na metade dos anos 1840, cerca de 260 estavam mortos. Jeany, Malalarquena e Unrad, todos sucumbiram. Tregalini foi uma das poucas sobreviventes, ela viveu até a velhice. Quando finalmente morreu em 1876 foi considerada por alguns como a última tasmaniana de sangue puro. Um povo cuja história pode remontar a 10 mil anos tinha sido, no período de uma única vida, quase exterminado.


Um crime que não era nada raro

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O que aconteceu na Tasmânia estava longe de ser um fato raro. Mundo afora, povos indígenas estavam sendo empurrados para a beira da extinção. No caso sul-africano, os povos khoisan foram retirados de suas terras, escravizados e mortos aos milhares por colonizadores britânicos e pelos Bôeres, um grupo de fazendeiros de origem holandesa lutou contra o domínio dos ingleses em territórios africanos. As mesmas força também atacaram os antigos bosquímanos do Calaari, caçando-os como se fossem animais.
Na região do norte do Canadá os povos Biotuquis, nativos, tinham sido totalmente dizimados pelos europeus. E na Améria do sul, guerras de extermínio, permitidas pelo governo argentino, estavam inrrompendo contra os índios pampas. Parecia que por toda a parte, colonizadores brancos estavam destruindo povos indígenas. E nesses mesmos anos o velho racismo que tinha nascido na era da escravidão começou a ressurgir.
Após a abolição, a concorrência dos novos produtores de açucar começa a minar as outrora poderosas plantações de cana-de-açúcar britânicas, e enquanto sua propriedades apodreciam os antigos donos de escravos começou a culpar o povo que os tinha deixado ricos, por sua ruina.
Prof. David Badydeen, Universidade de Warnick: "Quando as plantações caribenhas começam a perder muito dinheiro, eles cairam no estriótipo do negro indolente. Os donos de terras então puderam dizer para os abolicionistas e para os britânicos: "agora estamos arruinados porque não temos mais a liberdade de forçar os negros a trabalhar", Essas pessoas são intrinsecamente preguiçosas, vocês argumentos que eles são seres humanos, irmãos, mas na verdade não são. Ainda estão no nível das bestas."
Os que argumentaram que a abollição tinha sido um fracasso, devido a preguiça e selvageria dos escravos, agora alegavam que a visão cristã de um império civilizador também estava com os dias contados.
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"Pode se dizer que o impuso moral fugiu do movimento aboliciionista. As pessoas viram que aquelas raças não estavam se tornando civilizadas. Havia alguma coisa "difícil", elas resistiam,pareciam não aprender tão rápido quanto se apreciaria a ser mais dóceis. O otimismo cristão pela difusão da civilização e a cristianização mundo a fora dos povos de cor começou a se esvair."
Se as raças não brancas pareciam rejeitar a mensagem dos missionários, alguns britânicos começaram a perguntar se eles poderiam chegar a ter alguma civilidade. Certas idéias novas sobre raça na era vitoriana, tiraram sua evidência do mundo dos mortos. Baseado no estudo de cadáveres e esqueletos, a ciência burguessa da anatomia, fixou as bases de um novo racismo científico. Na Gra Bretanha, o mais importante cientista racial era um cirurgião de Edimburgo, agora esquecido. Arruinado por um escândalo de roubo de cadáveres nos anos 1820 ele fugiu da Grã Bretanha em desgraça, mas nos anos 1840 o Dr Robert kNox ressurgiu com a publicação de um novo livro: The Races of Man: A Fragment (As raças do homem: um fragmento)
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"A RAÇA É TUDO! LITERATURA, CIÊNCIA, ARTE.... EM UMA PALAVRA, A CIVILIZAÇÃO DEPENDE DELA. AS RAÇAS NEGRAS PODEM SER CIVILIZADAS? EU DEVO DIZER QUE NÃO. A RAÇA SAXÔNICA JAMAIS AS TOLERARÁ, JAMAIS SE MISIGENARÃO, JAMAIS VIVERÃO EM PAZ. É UMA GUERRA DE EXTERMÍNIO."
Prof James Moore, Instituto Durham de Estudos Avançados: "Ele via conflito racial e extermínio, acontecendo no mundo todo. Era natural para ele acreditar que os tipos raciais nasceram para lutar e que as raças superiores iriam dominar as naturalmente inferiores."
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Robert Knox não era uma voz solitária. Nos EUA um grupo liderado pelo renomado craniologista Samuel George Morton tinha começado a recolher crânios de diversas raças e a commpara-los.
Os crânios eram escolhidos para serem medidos, porque se reconhecia que crânio continha a parte mais importante do corpo humano, o cérebro. Quanto maior o crânio, maior o cérebro. O formado do crânio, o formato do cérebro. A escola norte americana de cientistas raciais concluiu que as raças, medidas por seus crânios, eram tão diferentes quanto as de espécies animais distintas.
Tasmanianos, africanos, índios americanos não eram raças mais baixas, talvez nem chegassem a ser totalmente humanas. Um escritor comparou o extermínio dessas raças por colonizadores brancos como sendo o derretimento da neve diante dos avanços dos raios do sol. Mas a teoria que teria mais impacto sobre a raça não veio dos anatomistas ou das medidas dos crânios, mas do trabalho de uma das maiores mentes do século 19.
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"A origem das espécies realmente jogou uma granada antes de tudo na ciência. Ela inventou a ciência da biologia, depois da religião e depois na sociedade. De certo modo o que Darwin fez foi dar um alibi para ser juiz. Se a evolução tinha mudado as raças e as espécies do mundo porque nao fez o mesmo com os humanos?"


www.oarquivo.com.br
03
Dez16

Refugiados: Mão de obra barata para o Ocidente “humanitário”

António Garrochinho




"Segundo um comunicado de imprensa do presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, “estamos explorando a criação de zonas econômicas especiais (ZESs, em inglês) e investimentos alentadores em projetos municipais e trabalhos que demandem muita mão de obra”. Segundo a propaganda do Banco Mundial, a meta é ajudar a aliviar as dificuldades a que fazem frente os refugiados na Jordânia, desenvolvendo cinco zonas econômicas especiais ao longo da fronteira síria. “Estamos utilizando uma abordagem holística para dirigir a afluência de refugiados para o desenvolvimento do setor privado”, disse um porta-voz do Banco Mundial citado por Lazare. No entanto, como fez notar Lazare, apesar de suas múltiplas tentativas de obter mais informação do Banco Mundial sobre as ZESs propostas, os detalhes específicos continuam sendo escassos. Além disso, denunciou a história das zonas econômicas especiais existentes na Jordânia (operadas “muitas vezes por companhias de serviço dos EUA sob uma variedade de nomes”), fustigadas pelo tráfico humano, pela tortura e pelo furto do salário."

70 milhões de habitantes de todo o mundo são agora refugiados devido a conflitos em suas nações de origem, segundo a Agência para os Refugiados da ONU.

O informe publicado em junho de 2015 indicou que, em 2014, uma a cada 122 pessoas era um refugiado, um deslocado interno ou um solicitante de asilo; e mais da metade destes refugiados eram crianças.

Enquanto os refugiados sírios explicam o seu maior aumento (estimado em 11,5 milhões), em outras localidades como a Colômbia, parte da África subsaariana e Ásia existem grandes populações de refugiados que não aparecem em nenhum informe. Segundo Antonio Guterres, alto comissionado da ONU para os Refugiados até a data do informe: “estamos presenciando uma mudança de paradigma, uma explosão descontrolada em uma era em que se multiplica a escala de deslocamento global forçado, assim como se restringe claramente a resposta agora requerida, algo nunca visto antes”.

Ainda que a expansão da crise global de refugiados seja coberta pelos meios hegemônicos (incluindo, por exemplo, New York Times e Washington Post), a exploração dos refugiados foi menos coberta. Em fevereiro de 2016, Sarah Lazare publicou um artigo no AlterNet, onde advertiu que o deslocamento seria a solução para a crise da empresa privada e do Banco Mundial. “Sob uma aparência de ajuda humanitária, o Banco Mundial está estimulando as empresas ocidentais a colocar em marcha ‘novos investimentos’ na Jordânia para beneficiar-se da mão de obra dos refugiados sírios. Em um país onde os trabalhadores emigrantes fazem frente à servidão forçada, tortura e furto, existem razões para suspeitar que esta ‘solução’ da crise crescente de deslocamento estabelecerá fábricas onde se explorará o trabalhador fazendo expressamente dos refugiados um alvo de guerra para a hiper exploração”, escreveu Lazare.

Segundo um comunicado de imprensa do presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, “estamos explorando a criação de zonas econômicas especiais (ZESs, em inglês) e investimentos alentadores em projetos municipais e trabalhos que demandem muita mão de obra”. Segundo a propaganda do Banco Mundial, a meta é ajudar a aliviar as dificuldades a que fazem frente os refugiados na Jordânia, desenvolvendo cinco zonas econômicas especiais ao longo da fronteira síria. “Estamos utilizando uma abordagem holística para dirigir a afluência de refugiados para o desenvolvimento do setor privado”, disse um porta-voz do Banco Mundial citado por Lazare. No entanto, como fez notar Lazare, apesar de suas múltiplas tentativas de obter mais informação do Banco Mundial sobre as ZESs propostas, os detalhes específicos continuam sendo escassos. Além disso, denunciou a história das zonas econômicas especiais existentes na Jordânia (operadas “muitas vezes por companhias de serviço dos EUA sob uma variedade de nomes”), fustigadas pelo tráfico humano, pela tortura e pelo furto do salário.

“Nesta era de deslocamentos de massas humanas pelas guerras em curso, devemos fazer perguntas difíceis sobre as implicações políticas de animar as companhias ocidentais a apontar e a beneficiar-se do trabalho das pessoas desarraigadas violentamente de seus lares”, escreveu Lazare. O programa do Banco Mundial “desperta perguntas mais profundas sobre a responsabilidade global de dirigir o dano humano a grande escala sobre a Síria, onde o Ocidente desempenhou o papel de desencadeá-lo”.

Myriam Francois, uma jornalista e investigadora associada a SOAS (School of Oriental and African Studies), Universidade de Londres, disse a Lazare que o desenvolvimento de ZESs na Jordânia “transformará acampamentos de emergência para refugiados e respostas temporárias a uma crise, em acordos muito permanentes. As ofertas de ZESs são menos sobre necessidades sírias e mais sobre a custódia de refugiados sírios fora da Europa criando (apenas) condições sustentáveis dentro dos campos que, então, trariam demandas ao asilo muito mais duras de reconhecer”, disse Myriam Francois.

Descrevendo como “trato entre diabos” o acordo entre Turquia e a União Europeia (UE) de impedir a entrada de milhões de refugiados na Europa, Glen Ford, do Black Agenda Report, disse que a Turquia “cobrou dinheiro pelas pessoas desamparadas que ajuda a se refazer”. Como divulgou Al Jazeera, a Turquia aceitou 3,3 bilhões de euros da União Europeia “em troca de controlar o fluxo de refugiados através do Mar Egeu”. A Turquia, segundo informações, pediu para dobrar essa soma para cobrir os custos de traficar com os refugiados. Antes, em março de 2016, Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, advertiu aos refugiados da Ásia e da África que “não venham à Europa… É tudo para nada”.

Observando que “a grande quantidade dos refugiados na Turquia é vítima do papel turco na guerra contra a Síria, em aliança com a Europa, Estados Unidos e as aristocracias reais petroleiras do Golfo Pérsico”, Ford descreveu que o tráfico humano na Turquia avança “a uma escala não vista desde o comércio de escravos pelo Atlântico”.

Além do dinheiro da UE, a Turquia também visa buscar a admissão à União – e com isto, o direito a que 75 milhões de turcos entrem na Europa sem restrição de visto – como uma condição para controlar sua população de refugiados. Assim, segundo Ford, a Turquia engatou “em uma enorme estafa de proteções”, acordando efetivamente proteger a Europa contra outras incursões “de pessoas antes colonizadas, cujo trabalho e terras fez engordar durante meio milênio a Europa e seus estados colonialistas brancos”. Dessa forma, concluiu Ford, “os europeus nunca aceitarão a Turquia porque é muçulmana e não-muito-branca”.

A exploração corporativa da crise global dos refugiados foi subutilizada pela imprensa e apresentada com uma cobertura pró-empresa, como um artigo do Wall Street Journal de setembro de 2015 sobre o número de pequenas empresas e grandes corporações que estão encontrando maneiras de beneficiar-se da inundação de imigrantes. Diferente do informe de Lazare no AlterNet, a cobertura do Journal somente focou nos sírios que conseguiram manejar imigrantes aos países europeus. Segundo o Journal, grupos privados de equidade perseguiam através da Europa a criação de campos e serviços para refugiados como uma nova oportunidade de investimento “com promessas de crescimento potencial orgânico e aquisitivo”. O artigo do Journal citou Willy Koch, fundador aposentado da companhia suiça ORS Service AG, dizendo “As margens são muito baixas. Certamente, o volume é uma das chaves”.


Notas:

– Jennifer Baker, “Global Refugee Crises Reaches an Unprecedented 60 Million,” Revolution News, June 24, 2015, http://revolution-news.com/global-refugee-crises-reaches-an-unprecedented-60-million/.

– Sarah Lazare, “World Bank Woos Western Corporations to Profit from Labor of Stranded Syrian Refugees,” AlterNet, February 24, 2016, http://www.alternet.org/labor/world-bank-woos-western-corporations-profit-labor-stranded-syrian-refugees.

– Glen Ford, “Turkey and Europe: Human Trafficking on a Scale Not Seen since the Atlantic Slave Trade,” Black Agenda Radio, Black Agenda Report, broadcast March 8, 2016, transcript, http://www.blackagendareport.com/turkey_europe_human_trafficking.

– Student Researchers: Mark Nelson (Sonoma State University), Sean Donnelly (Citrus College), and Elizabeth Ramirez (College of Marin)

– Faculty Evaluators: Anne Donegan (Santa Rosa Junior College), Andy Lee Roth (Citrus College), and Susan Rahman (College of Marin)



Ernesto Carmona Ulloa





Fonte em português: Partido Comunista Brasileiro (PCB)



03
Dez16

Tribos Urbanas – Movimento Hippie: História, roupas, personagens

António Garrochinho



Movimento de juventude que nasceu na Califórnia, na América do Norte em 1966. Hip significa zombar e melancolia. Pacifista, pregava a filosofia do amor (filosofo significa amigo do saber). Jovens estudantes reuniram-se para expor ao ridículo a guerra do Vietnã. Foi um ato de zombaria que revelou o desencantamento de uma juventude sem ideal.
O traje desse movimento era composto de calças de jeans, pantalonas com boca de sino, e no lugar de camisas e blusas, ambos os sexos usavam batas indianas, como apego a culturas distantes deste mundo massificado e corrompido pela guerra e pela sociedade de consumo. A estética hippie é também conhecida como a estética da flor e do amor.
Tribos Urbanas   Saiba tudo sobre o Movimento Hippie: História, roupas, personagens (Parte 1/4)
A característica básica dessa moda foi o uso da cor. Introduziu o estilo unissex e seu gosto pelo colorido estava associado à cultura psicodélica. As roupas eram, em geral estampadas e faziam alusão aos símbolos do movimento: paz e amor, além de flor e motivos orientais. Moços e moças usavam cabelos longos, repartidos ao meio com ar angelical. Os sapatos e bolsas tinham aspectos artesanais, próprios de culturas não industrializadas. Houve grande valorização de adornos de origem folclórica.
Sobre a revolução que estava começando pregavam que questionaria não só a sociedade capitalista como também a sociedade industrial. Para eles a sociedade de consumo deveria morrer de forma violenta. A sociedade da alienação deveria desaparecer da história.
Estavam inventando um mundo novo e original, e com a imaginação estavam tomando o poder. Estas eram as palavras do manifesto afixado à entrada da tradicional Universidade de Sourbonne, durante as manifestações estudantis que abalaram Paris e o mundo em maio de 68. Suas palavras poderiam figurar em qualquer texto de qualquer canto do planeta nos anos 60.
A guerra fria se acirrava por meio da obsessiva corrida armamentista e espacial.. Neste contexto, ganhava o centro das atenções à revolução socialista em Cuba. A ofensiva do Tio Sam disseminou o vírus das ditaduras militares .
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Che Guevara
 Guerra do Vietnã
Outras manifestações do jogo da guerra fria foi a guerra do Vietname, onde morreram milhares de jovens americanos, crianças, jovens e velhos vietnamitas, em nome da absurda causa alheia, somando-se também a isso o assassinato de John e Bob Kennedy, e do líder negro pacifista Martin Luther King, o crescimento da sociedade industrial de consumo e o ascendente fenómeno da juventude como nova força, incluindo a política. 
Muitos Power surgiram como o Black Power, o Gay Power, o Wamens Lib.
Os anos 60 foram, sobretudo, de uma nova juventude, que também transviada, substituiu James Dean e Elvis Presley pela rebeldia política de Che Guevara e a moral sinalizada por Jimi Hendrix e toda uma constelação de pop-stars que morreu vítima da overdose de drogas.
Tribos Urbanas   Saiba tudo sobre o Movimento Hippie: História, roupas, personagens (Parte 1/4)
Jimi Hendrix
Novos posters na parede, novas idéias na cabeça – estranho apresentar um líder da revolução cubana, morto em combate nas selvas bolivianas, ao lado do revolucionário guitarrista de Woodstock, morto em 1970, em Londres por uma intoxicação de barbitúricos.
Representaram as duas faces da mesma moeda da década, duas maneiras de viver, sonhar e morrer; ou se vivia, ou se sonhava, ou se morria com eles, ou tudo isso junto. O que importava era a revolução, desde que em benefício do homem, em nome da liberdade. Assim, se chamava para agir sobre o seu tempo, gente como o Zaratustra do rock, Jim Morrison e sua melancólica banda The Doors.
Dois ideais corriam paralelos, de um lado a revolução política, de outro, a cultural, propondo chacoalhar as bases da cultura oficial, propondo transformações comportamentais. Uns adaptados à disciplina militar partidária, outros, inadaptados a tudo que não fosse o próprio desejo. Os primeiros atuavam por meio de partidos e grupos políticos, os segundos, pelas formas alternativas dos grandes encontros comunitários, happenings e concertos de rock. O que para uns era o ponto de partida para outros era o ponto de chegada, fazer a revolução coletiva partindo da individual ou a individual pela coletiva.
Acreditava-se que apenas numa sociedade livre da exploração capitalista do homem pelo homem é que o indivíduo podia gozar de liberdade, de autonomia. Os que faziam o caminho inverso, da parte para o todo, afirmavam que apenas o homem consciente da sua individualidade poderia libertar a sociedade de toda a milenar carga opressiva. A equação pode assim ser resumida: é preciso ser livre, para libertar a sociedade, ou, só se é livre em uma sociedade livre.
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Sobre esses jovens Eric Hobsbawm (1995) em A Era dos Extremos, fala que pregavam “que sem revolução não há tesão, e sem tesão não há revolução”. Isto levou a que, enquanto alguns jovens levantavam a bandeira socialista, outros erguiam o pensamento existencialista. Os mais afinados com os acordes de Hendrix defendiam que a maior contribuição se dava, sem dúvida, no plano comportamental que materializava uma nova cultura, a contracultura.
Para o time de Che, os anos 60 significaram a prisão, exílio ou a tortura. Habitavam apartamentos clandestinos ou viviam na selva em guerrilhas, num momento de tensão e participação. Para os de Hendrix, em comunidades espalhadas pelo mundo sem fronteiras, habitando barracas e colchonetes ao ar livre, num momento de alegria e descompromisso, assistindo a festivais de rock, curtindo o corpo nu, o poder das flores e a distância dos males da civilização. Jovens da baioneta e da guitarra. No slogan “sexo drogas rock’n roll” e política, no fundo buscavam apenas o direito de o homem ser livre e feliz longe das guerras através da oposição à cultura dominante que os convocava para morrer numa guerra sem pátria.
O movimento de contracultura foi à guerra dos ideais contra a guerra da idéia de dominação da cultura capitalista ocidental norte-americana contra a cultura comunista russa e asiática que tentava avançar pelo resto do planeta.
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A cultura oficial se assentava sobre os valores que exaltavam o trabalho, a especialização da mão-de-obra, o elogio à máquina, à razão, à objetividade, etc. A cultura underground, marginal se opunha a tudo isso, propondo um retorno hedonista à natureza, onde o novo homem deveria estar de acordo com seus instintos, diferentes dos que são artificialmente instituídos pela indústria cultural.
Para a contracultura, há coisas mais importantes do que ficar lustrando carros e contando notas verdes, acumulando eletrodomésticos; havia chegado a hora do poder da flor se opor ao das armas e das máquinas. A filosofia do flower and power era drop out, saltar o muro e cair fora do sistema desacreditado. Sexo, drogas e rock’roll: a imaginação, um poder novo, dentro de um submarino amarelo.
Tribos Urbanas   Saiba tudo sobre o Movimento Hippie: História, roupas, personagens (Parte 1/4)
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03
Dez16

LACK POWER: INSTRUMENTO DE RESISTÊNCIA E CULTURA

António Garrochinho


 
Erykah Badu, que tem fortes ligações com o continente africano (Foto – Reprodução)


“Cabelo, cabeleira, cabeludo, descabelado…” Considerado por muitos apenas um instrumento estético, o cabelo vai muito além disso. Uma simples opção por um corte ou penteado diz bastante sobre a personalidade de uma pessoa. Para os negros especialmente, que desde a década de 1950 desfilam com seus black power imponentes, ele transcende o campo da beleza e significa um encontro com a identidade e, por quê não, uma ferramenta de afirmação.



 
Ativista dos direitos civis dos negros nos anos 60, Angela Davis não abriu mão do black power. (Foto – Reprodução)


A trajetória do black power tem início ainda nos anos 20, quando Marcus Garvey, tido como o precursor do ativismo negro na Jamaica, insistia na necessidade de romper com padrões de beleza eurocêntricos e a partir disso promover o encontro dos negros com suas raízes africanas. Décadas depois, nos Estados Unidos, o afro também começou a ganhar espaço e se tornou um dos protagonistas na luta pelos direitos civis nos anos 60. No entanto, foram as mulheres as grandes protagonistas dessa história. Condicionadas desde o tempo da escravidão a alisar o cabelo, elas bateram o pé e decidiram andar pelas ruas ao natural, o que causou espanto e resistência da comunidade branca.


Entre muitos, o nome de Angela Davis surge como um dos principais marcos nesta luta. Ativista desde os primeiros anos de sua juventude, a norte-americana fez parte do Partido Comunista e também do movimento Panteras Negras. Em pouco tempo Angela havia se tornado uma das principais referências na luta pelos direitos dos negros e muito deste respeito vinha de seu afro, que de tão imponente, se tornava mais uma maneira de intimidar opressores.



 
Esperanza Spalding também adotou o afro como estilo. (Foto – Reprodução)


Mesmo durante os tempos de opressão, os negros sempre estiveram presentes no campo das artes, estilos consagrados como jazz e blues, o último precursor do rock, são exemplos desta presença. Além de brindar o público com seu talento, estes artistas foram responsáveis por um braço da afirmação da estética afro nos quatro cantos do mundo. Jimi Hendrix, revolucionando com sua guitarra, criou tendência ao deixar seus esvoaçados cabelos crespos crescerem ao natural.


Ainda no rock, o tecladista Billy Preston, famoso por ter tocado com os Beatles, também aderiu ao movimento e passou boa parte dos anos 70 excursionando com um black power de dar inveja. Por fim pinçamos o nome da sul-africana Miriam Makeba, carinhosamente chamada de Mama Africa, que durante seu exílio nos Estados Unidos, adotou o black power. Ainda em 1970, o fenômeno da disco music ganhou espaço e liderado pelos negros, surgiu com força total e logo caiu nas graças do público, tendo sido o black power um dos principais ícones do movimento, destacado na cabeça de membros de grupos como o Earth Wind and Fire.



 
Billy Preston durante os anos 70 (Foto: Reprodução)


Apesar de sair de moda nos anos 80, o afro voltou com força total no começo do século 21, mais uma vez amplamente difundido na música. A partir de 2000, Lauryn Hill e Lenny Kravitz e um pouco antes, a cantora Erykah Badu repescaram o fluxo da estética como mensagem de afirmação. Com o avanço dos anos, o estilou ganhou ainda mais força, e nomes como a baixista Esperanza Spalding e a cantora brasileira Anelis Assumpção foram exemplos da preferência aos cabelos naturais.


São quase 70 anos na luta da afirmação de estética como identidade na diáspora, em que o cabelo e sua naturalidade sobressaem aos padrões de beleza ocidentais para se afirmar como instrumento de resistência e cultura. Nesse contexto, seja na política ou nas artes, o black power foi e é um símbolo que transcende as fronteiras da beleza e significa para o negro o resultado da luta de seus antepassados e também a determinação em manter viva a identidade de quem lutou pelos seus direitos. Na busca de direitos, cabelo é identidade e é também um símbolo de respeito.


www.afreaka.com.br
03
Dez16

MULHERES MUÇULMANAS NOS ANOS 60/70/

António Garrochinho

AFEGANISTÃO

“Enquanto criança, lembro-me da minha mãe usar mini-saia e de nos levar ao cinemaA minha tia andou na Universidade de Cabul.” - Horia

As mulheres afegãs começaram a votar em 1919 - um ano depois das mulheres no Reino Unido e um ano antes das mulheres nos EUA.
Cabul, Afeganistão, 1972
Cabul, Afeganistão, anos 60
Cabul, anos 60
Aula de Biologia na Universidade de Cabul
Escola
Sala de aula
Aeroporto de Cabul
Loja de música, Cabul, anos 60
Coro vocal afegão
Estudantes da Universidade de Cabul, anos 60
Estilista Safia Tarzi no seu estúdio, Cabul, 1969
O Afeganistão na Vogue de dezembro de 1969
Fotografia da Vogue de 1969
IRÃO
Mulheres protestam contra o uso forçado do hijab, Irão, março 1979
Mulheres iranianas protestam contra a lei do Hijab, em Teerão, 1979 | Fotógrafa: Hengameh Golestan
IRAQUE
Em 1933, matriculou-se a primeira mulher iraquiana em Medicina.

Um grupo de alunos da Universidade, em Bagdade, em 1950
Um grupo de alunas da Faculdade de Medicina da Universidade de Bagdade, 1969
Estudantes em Bagdade, em 1939
Enfermeiras iraquianas
Aula de desenho, Bagdade anos 50
Concorrente do Iraque a Miss Universo, 1972


EGITO
Universidade do Cairo, Egito
Praia, anos 50
Mulher polícia, anos 60

Fontes: The Guardian, Amnesty International UK, Diario Norte, Feminist Pics, Dorar Aliraq, Egyptian
 Streets


novamente_geografando.blogs.sapo.pt
03
Dez16

Sim é o Estado Novo e o povo – Fernando Pessoa

António Garrochinho






Sim é o Estado Novo e o povo
Sim, é o Estado Novo, e o povo
Ouviu, leu e assentiu.
Sim, isto é um Estado Novo
Pois é um estado de coisas
Que nunca antes se viu.
Em tudo paira a alegria
E, de tão íntima que é,
Como Deus na Teologia
Ela existe em toda a parte
E em parte alguma se vê.
Há estradas, e a grande Estrada
Que a tradição ao porvir
Liga, branca e orçamentada,
E vai de onde ninguém parte
Para onde ninguém quer ir.
Há portos, e o porto-maca
Onde vem doente o cais,
Sim, mas nunca ali atraca
O Paquete Portugal
Pois tem calado de mais.
Há esquadra… Só um tolo o cala
Que a inteligência, propícia
A achar, sabe que, se fala,
Desde logo encontra a esquadra:
É uma esquadra de polícia.
Visão grande! Ódio à minúscula!
Nem para prová-la tal
Tem alguém que ficar triste:
União Nacional existe
Mas não união nacional,
E o Império? Vasto caminho
Onde os que o poder despeja
Conduzirão com carinho
A civilização cristã,
Que ninguém sabe o que seja.
Com directrizes à arte.
Reata-se a tradição,
E juntam-se Apolo e Marte
No Teatro Nacional
Que é, onde era a Inquisição.
E a fé dos nossos maiores?
Forma-a impoluta o consórcio
Entre os padres e os doutores.
Casados o Erro e a Fraude
Já não pode haver divórcio.
Que a fé seja sempre viva.
Porque a esperança não é vã!
A fome corporativa
E derrotismo. Alegria!
Hoje o almoço é amanhã.
 
Via: voar fora da asa http://bit.ly/2fThDT0
03
Dez16

João Ferreira: "O Estado português não tem que pedir a ninguém para capitalizar um banco que é seu"

António Garrochinho


Na abertura do XX Congresso do PCP, o discurso de Jerónimo de Sousa ficou marcado pela luta contra a submissão à União Europeia. Em entrevista ao SAPO24, o eurodeputado João Ferreira fala das propostas para uma nova UE e do que divide comunistas e socialistas. Sobre a solução que se segue à chamada "geringonça" deixa o aviso: "ninguém pense que ela se pode fazer sem o PCP e muito menos contra o PCP".



João Ferreira é eurodeputado pelo Partido Comunista e uma das vozes críticas à atual construção da União Europeia. Em fevereiro deste ano, foi notícia a sua intervenção no hemiciclo de Estrasburgo na presença do presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.  “Sabe de uma coisa, senhor Juncker? A Constituição da República Portuguesa diz que é da exclusiva responsabilidade da Assembleia da República organizar, elaborar e aprovar os orçamentos de Estado. Acalme lá por isso os seus burocratas (...)”, referiu.
O desconforto com a União Europeia foi um dos temas chave no discurso de abertura de Jerónimo de Sousa e é também uma das principais áreas de fricção entre comunistas e socialistas. Em entrevista ao SAPO24, João Ferreira fala da necessidade de derrotar o atual processo de integração europeia para depois construir um outro projeto europeu, centrado nas pessoas e não nos negócios.
Crítico do euro - "não é possível o país continuar a viver com uma moeda profundamente desajustada das necessidades nacionais", - João Ferreira contesta a submissão às políticas europeias, incluindo as que dizem respeita à banca. A discussão para a Caixa geral de Depósitos é, na sua opinião, um tema nacional que não devia carecer de aprovações externas e o nome de Paulo Macedo, frisa, é uma escolha socialista já que a CGD não deve ser gerida como os bancos privados, "cujos resultados estão hoje à vista".
Sobre o futuro da coligação parlamentar que apoia o Governo, deixa o aviso: que ninguém pense que uma alternativa "se pode fazer sem o PCP e muito menos contra o PCP".
Jerónimo de Sousa no seu discurso de abertura disse que a matriz da União Europeia não era uma matriz democrática. Subscreve?
A realidade tem confirmando essa ideia. Mas Jerónimo de Sousa não disse só isso. Sendo essa matriz o que é, e não sendo alterável, derrotando este processo de integração poder-se-á construir um outro projeto de cooperação solidária entre Estados soberanos iguais em direitos.
Como seria esse projeto?
Em muitos aspetos situaria-se nos antípodas daquilo que é a União Europeia. Como alguns dizem, a nossa alternativa não pretende um regresso a nacionalismos ou a defende isolacionismos.
Onde se quer chegar então?
Aquilo que é necessário contrapor à União Europeia é outro projeto solidário de cooperação genuína entre Estados baseado no progresso, no desenvolvimento social, e não no benefício de uns à conta do prejuízo de outros.
Acha que esta UE está carregada com demasiados vícios para que possa ser reformulada?
A UE é um processo de integração capitalista. É essa a sua matriz, é esse o seu DNA inscrito nos tratados, com a prevalência da livre concorrência no mercado único sobre quaisquer tipos de direitos sociais ou laborais.
Há então a necessidade de criar algo novo?
Só derrotando este processo de integração e construindo sobre essa derrota um outro projeto que não sirva os interesses das multinacionais, mas os interesses dos trabalhadores e dos povos; uma Europa que se funde não numa imposição antidemocrática; uma Europa fundada em elementares princípios democráticos, respeitadora da soberania dos Estados.
A Grécia foi também citada por Jerónimo de Sousa. É o exemplo mais concreto das consequências dessa "matriz capitalista"?
É um exemplo acabado. É inconciliável prosseguir um caminho de desenvolvimento social, de progresso, de recuperação de uma crise social e económica profunda, e, ao mesmo tempo respeitar regras e imposições que a UE faz aos Estados.
AQUILO QUE EXISTE É UM GOVERNO MINORITÁRIO DO PARTIDO SOCIALISTA, O PCP CRIOU AS CONDIÇÕES PARA QUE ESSE GOVERNO INICIASSE FUNÇÕES COM BASE NO PROGRAMA DO PARTIDO SOCIALISTA.
O PCP chega a este Congresso num momento histórico, pela primeira vez no arco da governação.
Essa foi uma expressão que o PCP sempre rejeitou. E aquilo que Jerónimo de Sousa disse na sua intervenção é que o PCP não faz parte do Governo, nem considera que este seja um governo de esquerda. Nem sequer apoia a ação do Governo por via de um qualquer apoio de incidência parlamentar.
Então o que lhe podemos chamar?
Aquilo que existe é um governo minoritário do partido socialista, o PCP criou as condições para que esse Governo iniciasse funções com base no programa do partido socialista.
Com todas as divergências a que essa diferença de programa tem direito...
Isso tem que ver com posições dos dois partidos que são conhecidas.
Diria que a UE foi um dos maiores muros entre socialistas e comunistas?
É conhecido o impacto profundo negativo que teve, e tem, a submissão do país às imposições da UE que se revelaram profundamente contrárias ao interesse nacional e é conhecido também o papel que o Partido Socialista teve na aceitação dessas imposições. O PCP, pelo contrário, sempre alertou para os riscos e sempre combateu essa submissão.
Se o PCP chegasse ao Governo, isso significaria um Portugal fora UE? Essa era uma das respostas imediatas a essa “política de submissão”?
Não encontra nem no programa do PCP, nem na resolução política que aqui está a ser discutida neste Congresso a defesa dessa solução. Aquilo que encontra é a afirmação muito nítida de que o interesse nacional deve prevalecer sobre quaisquer imposições ou constrangimentos externos, venham eles de onde vierem.
Como por exemplo, o Euro?
Não é possível o país continuar a viver com uma moeda profundamente desajustada das necessidades nacionais e das características da nossa economia. Portugal, durante uma década e meia de Euro estagnou do ponto de vista do crescimento económico, recuou do ponto de vista da produção agrícola e industrial... Tornou-se mais dependente do exterior. Viu a sua dívida disparar!
Considera que parte dessa soberania tem vindo a ser recuperada desde que este Governo do PS inicou funções?
Não creio que se possa dizer isso. Aliás esse é um dos nossos grandes constrangimentos.
Mas não concorda que o PS se mostrou mais combativo e menos submisso em relação à UE?
O Partido Socialista tem uma posição conhecida. Aceita e defende essas imposições, aliás, contribuiu para elas no momento em que elas foram definidas.
Por onde passa a solução?
Se queremos resolver os problemas com que estamos confrontados não podemos submetermo-nos às políticas que criaram esses problemas. Pelo contrário, temos que romper com elas.
A situação da recapitalização da CGD é outra marca de submissão à Europa?
O PCP sempre considerou que um banco público, como é a Caixa Geral de Depósitos, em que o accionista do banco é o Estado português não tem que pedir a ninguém para capitalizar um banco que é seu.
Na sexta-feira foi conhecido o nome de Paulo Macedo.
Isso é da competência do PS.
E o que acha do nome?
A CGD é um banco público. Não deve ser tido nem gerido como os bancos privados, cujos resultados estão hoje à vista.
Ou seja...
Os sinais dados pelo Partido Socialista, tanto na escolha da anterior administração, como agora, não vão no sentido de reconhecer esta importante diferença.
ABRIR CAMINHO À ALTERNATIVA POLÍTICA QUE DEFENDEMOS, UMA ALTERNATIVA PATRIÓTICA, UMA ALTERNATIVA DE ESQUERDA QUE NÃO SE FARÁ SÓ COM O PCP, ISSO É CLARO. MAS NINGUÉM PENSE QUE ELA SE PODE FAZER SEM O PCP E MUITO MENOS CONTRA O PCP
São várias as divergências. E é impossível não perguntar: Acha que há possibilidade, daqui a quatro anos, de a posição conjunta se voltar a repetir? Ou ficará para a história como algo de exceção?
Esta posição conjunta resulta de uma correlação de forças muito particular, indissociável de anos de grandes lutas em Portugal e isso foi essencial para isolar e derrotar, finalmente, o PSD e CDS.
E agora, onde fica o PCP?
Como dizia Jerónimo de Sousa na sua intervenção de abertura: devemos rejeitar o falso dilema de que a solução é isto ou andar para trás. A opção deve ser entre isto ou andar para a frente.
Qual é o passo em frente?
Abrir caminho à alternativa política que defendemos, uma alternativa patriótica, uma alternativa de esquerda que não se fará só com o PCP, isso é claro. Mas ninguém pense que ela se pode fazer sem o PCP e muito contra o PCP

24.sapo.pt

03
Dez16

Dívida deve ser paga em escudos, defende Carvalhas

António Garrochinho

Ex-líder defende renegociação da dívida pública “impagável”. E ironiza: “são os matemáticos” que o “demonstram” que “deverão ter a culpa”.


A dívida pública portuguesa deve ser transferida para o “direito português” de modo a que “seja paga não em euros mas em escudos”, defendeu Carlos Carvalhas ao intervir este sábado no XX Congresso do PCP, em Almada. Uma posição que pressupõe uma outra premissa do discurso do PCP sobre a política financeira, a preparação da saída do euro, aspecto que não foi referido pelo ex-secretário-geral. Mas Carvalhas deu um passo em frente na assunção explícita de que Portugal deve abandonar a moeda única, como forma de recuperar a sua "soberania monetária".


Centrando-se na abordagem da posição do PCP sobre a renegociação da dívida, Carlos Carvalhas perguntou: “Quantos mais anos serão necessários para se retirar as devidas ilações?” Isto depois de ter defendido que Portugal vive uma “soberania limitada” e uma “asfixia” económica pela imposição do “garrote da dívida”. E sustentou que, “tendo perdido a soberania monetária”, Portugal está “nas mãos do BCE”.

Carvalhas analisou as razões do crescimento da dívida pública portuguesa afirmando que “o que mais pesou” nessa dívida “foi a irresponsabilidade do BCE”. Outro factor apontado foi a “drenagem dos dinheiros públicos” para a banca. Neste domínio referiu: “Os sucessivos e estrondosos escândalos na banca, cuja factura pagámos e continuamos a pagar”.


De seguida, lembrou que ao longo dos últimos anos Portugal pagou 82 mil milhões de juros, ao ritmo anual de oito mil milhões. E frisando que o PCP há muito defende a renegociação da dívida, disse: “Foi-nos dito pelas luminárias do PSD que não era altura.”

“Temos sido atacados por defender que a dívida é impagável”, afirmou o ex-líder do PCP, recorrendo à ironia. E citando nomes como Pitágoras e Pascal, atirou: “São os matemáticos que demonstram que a dívida é impagável que deverão ter a culpa.” 









www.publico.pt
03
Dez16

Europeus ocidentais descendem de habitantes das estepes russas

António Garrochinho


Segundo investigação publicada pela revista Nature, os atuais habitantes da Europa central e ocidental descendem de um grupo de antepassados que entre o Mesolítico e o Neolítico (e depois na Idade do Bronze) emigraram do sul da Rússia atual.
A equipe internacional de pesquisadores liderados por David Reich, do Harvard Medical School, de Boston, se baseiam em dados de análises genéticas de 94 homens pré-históricos que viveram entre 3 e 8 mil anos atrás, principalmente na atual Alemanha, mas também na Hungria, Suécia, Espanha e Rússia.
Yamna03
“Temos desenvolvido uma nova técnica que nos permite isolar uma parte do genoma que contem maiores informações sobre a história da humanidade, e temos sequenciado somente essa parte”, assinala Reich em um comunicado a Sociedade Max Planck, que também participa da investigação.
Os investigadores se baseiam principalmente nos resultados de duas grandes ondas migratórias. Assim, os caçadores-coletores da Europa central e ocidental foram deslocados parcialmente há 7.500 anos pela chegada dos primeiros agricultores, em cujas sociedades se integraram.
Do ponto de vista genético, estes primeiros migrantes são surpreendentemente similares, afirmam os especialistas. “Os primeiros agricultores da Espanha, Alemanha e Hungria são quase idênticos geneticamente, o que indica uma origem comum no leste”, assinala Wolfgang Haak, da Universidade de Adelaide, na Austrália.
Ao contrário do que se pensava até a gora, a investigação aponta que as línguas indo-europeias não chegaram com esta grande onda migratória, e sim com a seguinte, que teve lugar há 4.500 anos. Os migrantes procediam da cultura yamna, de uma região no atual sul da Rússia (Cáucaso).
Cultura Yamna

Além do mais, os caçadores-coletores originais e primeiros agricultores, estes criadores das estepes eurasiáticas, constituem o terceiro grupo identificado pelos investigadores. “Este terceiro componente aparece em todos os indivíduos com menos de 4.500 anos e nenhuma dessas épocas anteriores é nativa da Europa central, afirma o coautor Iosif Lazaridis, do Harvard Medical School.
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“Na Alemanha, este terceiro componente genético aparece nos artesanatos de cerâmica cordada, da transição entre o Neolítico e a Idade do Bronze”, assinala Haak.  No atual estado alemão da Saxônia-Anhalt a coincidência genética com a cultura yamna é de 75%, algo surpreendente tendo em conta que ambos os territórios distanciam 2.600 quilômetros entre si, analisa Lazaridis.
“Os resultados sugerem que os artesanatos de cerâmica cordada não só estavam geneticamente muito vinculados aos pastores das estepes, como tinham uma língua similar”, disse o pesquisador. Não obstante, Reich frisou com precaução que os resultados de seu estudo somente “questionam a teoria da expansão do idioma vinculado a migração dos primeiros agricultores”.
A família de línguas indo-europeias é maior do mundo em número de falantes; a ela pertencem as línguas românicas, a germânicas e as indo-iranianas.
Fonte: NatureTexto: Stefan Parsch/DPATradução e adaptação: Rodrigo Trespach

www.rodrigotrespach.com
03
Dez16

INTERVENÇÃO DE ANTÓNIO FILIPE, MEMBRO DO COMITÉ CENTRAL DO PCP, XX CONGRESSO DO PCP Sobre a situação na Justiça

António Garrochinho


Camaradas e amigos,
A crise económica e social que o nosso país enfrenta há longos anos em resultado das políticas de direita, reflecte-se na situação da Justiça. A garantia que a Constituição consagra do acesso de todos ao direito e aos tribunais para defesa dos seus direitos e interesses legalmente protegidos está muito longe de ser uma realidade.
A maioria da população não tem meios económicos para suportar os custos e a demora de um processo judicial. A Justiça no nosso país não é célere, não é acessível, não é igual para todos, e assim sendo, não é Justiça.
Faltam no nosso país funcionários e magistrados em número suficiente para um funcionamento eficiente dos tribunais. Falta um sistema de acesso ao direito e aos tribunais que garanta o acesso à Justiça a quem a vê negada por falta de recursos económicos. Faltam meios de combate à corrupção e à criminalidade económica e financeira.
O colapso do sistema informático dos tribunais e um mapa judiciário que determinou o encerramento de 20 tribunais e a transformação de mais 27 em secções de proximidade foram imagens marcantes do desastre que foi a política de Justiça do governo PSD/CDS.
Acresce a tudo isso, a falta de investimento nos meios humanos, materiais e periciais da Polícia Judiciária, com graves consequências sobretudo na investigação da criminalidade económica e financeira, cuja impunidade continua a ser um escândalo nacional; a falta de investimento no sistema prisional a funcionar em condições indignas; o recurso aos mecanismos de mediação, de arbitragem e de privatização da administração da Justiça, acentuando as desigualdades perante a lei; os ataques à independência do poder judicial e à autonomia do Ministério Público.
No último ano, com uma contribuição decisiva do PCP, foi decidida a reabertura dos tribunais encerrados. 47 Municípios que tinham ficado sem tribunais voltam a ter julgamentos no seu território. Foram abertas perspectivas de desbloqueamento das carreiras de funcionários judiciais e dos registos e notariado. No Orçamento do Estado para 2017, por proposta do PCP, foi travado o aumento das custas judiciais.
Mas, camaradas, estes são pequenos passos do muito que é preciso caminhar para enfrentar os problemas estruturais da Justiça.
O caminho que está por fazer far-se-á com a luta do povo português, com o PCP, pela garantia do acesso de todos ao direito e aos tribunais; pelo investimento necessário nos meios humanos e materiais afectos à aplicação da Justiça; por estatutos dignos das carreiras dos juízes, dos magistrados do Ministério Público, dos funcionários judiciais, do pessoal dos registos e notariado, da Polícia Judiciária, da reinserção e serviços prisionais; pela criminalização do enriquecimento injustificado, dando combate à corrupção, ao crime económico, à promiscuidade entre o poder político e o poder económico, cuja impunidade é um sério factor de descrédito na Justiça. A luta continua, pela Justiça, pela igualdade, pela dignificação do Estado de Direito Democrático.


www.pcp.pt

03
Dez16

Criogenia Humana: Você sabe o que é?

António Garrochinho



 O que é?
 A Criogenia Humana é a técnica de congelamento de cadáveres, ou células, para que sejam ressuscitados no futuro. Nos dias atuais isso já se realiza com embriões: óvulos fecundados podem ficar no frigorifico com boas hipóteses de sobreviver a um descongelamento (60%).
Com base nisto, muitas pessoas acreditam que esta técnica possa funcionar com seres humanos inteiros. Atualmente cerca de 177 pessoas e cerca de 60 animais já foram congelados depois de morrerem.
 Como é realizada?
 Após a morte do individuo, os médicos colocam-no num tanque de nitrogénio líquido, guardado a -196ºC (temperatura em que não há decomposição das células do corpo). Os cientistas acreditam que daqui a 500 anos irão descobrir uma maneira de combater a doença que causou a morte do individuo e o irão descongelar.
 Como funciona a criogenia?


I. Quando o paciente é declarado morto, os médicos tentam evitar a deteriorização do corpo injetando medicamentos e usando máquinas para que se mantenha a circulação do corpo e a oxigenação, evitando a morte de partes singulares.
II. O corpo é envolvido numa espécie de manta, que o ajuda a mantê-lo frio, e é então transportado até uma clínica em temperaturas baixas, que fazem o cérebro exigir menos oxigénio para manter os tecidos vivos por mais tempo.
III. Na clínica, o sangue do paciente é retirado, enquanto por outro tubo, é inserido um líquido crioprotetor (substância química a base de glicerina). Este líquido substitui outros compostos intracelulares, evitando assim que se formem cristais de gelo dentro das células.
IV. Depois da injeção das substâncias, o corpo fica numa cabine com gás nitrogénio circulante por cerca de três horas. Este processo assegura que todas as partes do corpo fiquem congeladas por igual. No final desta etapa, o paciente estará completamente vitrificado.
V. Em seguida, o corpo é colocado num saco de plástico protetor e imerso num cilindro de nitrogénio liquido, onde é monitorizado. Nesta fase, há riscos que ocorram fraturas no corpo, principalmente nas áreas que são submetidas à vitrificação(o próprio líquido criogénico pode endurecer e partir).
VI. Por fim o corpo é colocado num tubo de nitrogénio com mais três corpos e duas cabeças. Os corpos podem ficar ali por centenas de anos até que a ciência descubra um modo de os resuscitar.

Onde é realizado?
 Hoje o processo só é realizado por duas empresas: a Alcor e a Cryonics Institute. A criogenização não é fácil e muito menos barata.
 Alcor
 A Alcor Life Extension Foundation é o líder mundial em criogenia, a pesquisa cryonics e tecnologia cryonics. Alcor é uma organização sem fins lucrativos localizada em Scottsdale, Arizona, fundada em 1972.
 . Corpo inteiro: R$ 352 mil
   . Só a cabeça: R$ 146 mil

 Cryonics Institute
 Em 1976 foi formado o Instituto Cryonics, para oferecer serviços de Criogenia com o objetivo de criar uma preparação cuidadosa, resfriamento e tratamento do paciente a longo prazo em nitrogénio líquido.
Total de membros: 940
Membros financiado com contratos: 460
Os pacientes humanos : 107
Amostras de tecido humano / ADN: 179
Animais de estimação: 82
Amostras de tecido animal / ADN: 51

 . Corpo inteiro: R$ 82 mil
 . Animal de estimação: R$ 17 mil
 Algumas outras dúvidas têm cunho religioso.
Na maioria das religiões, acredita-se que o ser humano é formado de matéria e espírito e que após a morte, a alma encontra seu descanso eterno. Portanto, como seria possível, do ponto de vista religioso, que uma pessoa voltasse após a morte?




Criogenia: a imortalidade dos poderosos.
"INTRÓITO"

Porque fiz este tópico. Vamos supor que de agora em diante, todo este processo do "admirável mundo novo", poderia ser viável e se tornaria numa prática corrente. Embora caríssima, e demasiado dispendiosa para o comum dos mortais como nós, ela seria uma forma de manter a esperança de retorno dos poderosos senhores do mundo. Imagine-se termos de novo entre nós um Hitler, um Bush, um Estalin, um Pinochet, um Pol-Pot, um Idi Amin Dada, etc etc...
Para além de estarmos a contrariar uma lei natural, "Eles" os poderosos da NOM, poderiam cair na tentação de retornar, apesar da sua grande derrota ideológica que penso eu estará para breve. Pelo menos luto por isso. Que acham vocês? Ficção ou realidade? Possível ou mera maneira de firmas como a (Alcor Life Extension Foundation) no Arizona e o (Cryonics Institute) em Michigan, têm de ganhar dinheiro que depois é direccionado para outras áreas do seu interesse? Gostava de saber a vossa opinião. Obrigado a todos pela atenção e boa leitura e reflexão.


criogenia (*) e criobiologia (**)

[Imagem: cryonics_800x600.jpg]

O absurdo parece estar na mente de quem não tem que fazer ao dinheiro ou, quer a toda a força não abandonar este mundo. Não podemos começar sem pensar que a ser verdade, este procedimento poderia trazer de volta os senhores do poder, (pois são eles que têm o dinheiro) e o poder de decidir quando e como o aplicar. Algumas pessoas pagam verdadeiras fortunas para terem seus corpos congelados após a morte, acreditando que no futuro, a tecnologia e a medicina estarão tão avançadas que poderão Ver seus corpos ressuscitados. Realmente só poderão ver, pois a realidade aqui ultrapassa a ficção.

A criogenia, (embora polémica e com fins diferentes), já é utilizada em células-tronco do cordão umbilical e em células-tronco embrionárias há alguns anos, mas isso só é possível, porque foram criadas substâncias químicas que impedem que o líquido existente dentro dessas células congele e cause sua ruptura. Como todos sabem o interior celular é na sua maioria água. Ao congelar há um aumento do volume intracelular que se não for controlado, rebenta a parede celulare e consequentemente induz a morte da célula. Já existem no entanto algumas soluções que contornam o problema, embora a relação preço beneficio seja duvidosa. Agora imaginem este problema aplicado a um um humano. Um sistema diversificado de órgãos, tecidos, aparelhos e uma variedade celular infinita. Ainda não foram inventadas substâncias químicas que protejam toda a diversidade de líquidos existentes nas células. Por tudo isto, julgo que qualquer solução para se manter num estado de hibernação esperando o milagre do retorno à vida não passa de pura especulação e só está acessível para poderosos pois é absolutamente caro.

VÍDEO




Como funciona a criogenia?

Quando o paciente é declarado morto, penso que até não deverá estar bem morto para tudo se tornar mais viável, mas quando o coração parar de bater e for declarada a morte , uma equipe técnica entrar em acção. A equipe instala um tratamento de suporte para manter o corpo vivo, fornecendo o oxigénio suficiente para preservar uma função mínima até que possa ser transportado para a instalação de suspensão. O corpo é embalado em gelo e é injectada uma solução de heparina (um anticoagulante) para impedir que o sangue coagule. Uma equipe médica aguarda a chegada de corpo à instalação de preservação criogênica. Aqui, os técnicos sabem dos processos da morte celular e, como uma célula em estado normal é composta principalmente de água, após o congelamento a tendência é que essa água se agrupe formando cristais de gelo (que ao se expandirem espremem e danificam os diferentes organelos célulares). Então, se dá inicio a um processo chamado vitrificação, que faz com que a água se mova cada vez mais devagar – o corpo e as suas células entram assim no chamado estado de animação suspensa.

Etapas seguintes.

1-
Na clínica, o sangue do “paciente” é retirado, enquanto por outro tubo, é injectado um líquido crioprotector, substância química a base de glicerina. Este líquido substitui os compostos intra-celulares, evitando assim que se formem cristais de gelo dentro das células.

2-
Depois da injecção da substância, o corpo fica em um cilindro com azoto liquido circulante aproximadamente três horas. Este processo assegura que todas as partes do corpo fiquem congeladas uniformemente. No final desta etapa, o corpo estará completamente vitrificado.

3-
Em seguida, o corpo é colocado num saco plástico protector e imerso em num tubo cilíndrico cheio de nitrogénio liquido, onde é permanentemente monitorizado. Nesta fase, há riscos de ocorrerem fracturas no corpo, principalmente nas áreas que são submetidas à vitrificação – já que, o próprio líquido criogénico pode endurecer demasiado e levar à quebra das estruturas mais fixas.


Questões morais e legais.

Na maioria das religiões, isto porque o homem é tendencialmente afecto a uma qualquer religião, acredita-se que o ser humano é formado de uma parte material (corpo) e uma componente não física (espírito ou alma). Após a morte, a alma encontra ou se encaminha para um descanso eterno. Portanto, como seria possível, do ponto de vista religioso, que essa parte não física voltasse após a morte?
De acordo com a lei, apenas os declarados legalmente mortos, podem ser congelados, mas de acordo com os últimos conhecimentos científicos, isso não significa que a pessoa esteja totalmente morta. Esta parte é importante p+ara o processo da criogenização. A morte total é definida quando as funções cerebrais cessam. Pelo menos até à data. Já a morte legal, ocorre quando o coração para de bater, no entanto o corpo ainda apresenta algumas funções cerebrais. Então, será que apenas pessoas nessas condições poderiam retornar à vida? E se ainda em morte legal fosse possível trazer a pessoa de volta com procedimentos médicos tão vulgarmente utilizados? Quem decidiria quanto à morte legal?


(*) A criogenia é um ramo da físico-química que estuda tecnologias para a produção de temperaturas muito baixas (abaixo de −150°C, de −238°F ou de 123 K), principalmente até à temperatura de ebulição do nitrogénio líquido ou ainda mais baixas, e o comportamento dos elementos e materiais nessas temperaturas sendo que a tecnologia usada explora os efeitos de transferência térmica entre um agente e o meio. Esse ramo da ciência que é constantemente associado com seu principal ramo, a criobiologia, que é o estudo de baixas temperaturas em organismos.

(**A Criobiologia é um ramo da biologia, que estuda os efeitos de baixas temperaturas em células, tecidos e organismos vivos. A palavra criobiologia vem do grego cryo = frio, bios = vida, e logos = ciência.
Na prática, a criobiologia estuda compostos ou sistemas biológicos a temperaturas abaixo das temperaturas normais.
Os compostos ou sistemas podem incluir proteínas, células, tecidos, órgãos, ou todo um organismo. As temperaturas podem variar de condições hipotérmicas moderadas até temperaturas criogénicas.

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03
Dez16

VIDAS - Charlie Chaplin, Chris Gardner, Harry Houdini, Ella Fitzgerald.

António Garrochinho

Da pobreza ao auge da fama, a história de vida: Charlie Chaplin, Chris Gardner, Harry Houdini, Ella Fitzgerald.


Na nossa matéria de hoje, vamos abordar breves partes das vidas de alguns ícones que se superaram, com muito trabalho duro e determinação, conseguiram dar a volta por cima, as vidas a qual deveriam ser aplaudidas de pé. Separei alguns, pois existem muitos actores e pessoas famosas que tiveram seus passados nas ruas e conseguiram credibilidade por algum acto feito, chegando ao auge da fama. 

Charlie Chaplin Resumo Breve da sua Vida

Chaplin foi um dos actores mais famosos da era do cinema mudo, notabilizado pelo uso de mímica e da comédia pastelão. É considerado por alguns críticos o maior artista cinematográfico de todos os tempos, e um dos "pais do cinema", junto com os Irmãos Lumière, Georges Méliès e D.W. Griffith.
Charlie Chaplin atuou em alguns filmes dirigidos por outros diretores mas atuou, dirigiu, escreveu, produziu e financiou a maioria dos seus próprios filmes, sendo fortemente influenciado por um antecessor, o comediante francês Max Linder, a quem dedicou um de seus filmes.
Foi também um talentoso jogador de xadrez e chegou a enfrentar o campeão estadunidense Samuel Reshevsky.
Por sua inigualável contribuição ao desenvolvimento da sétima arte, Chaplin é o mais homenageado cineasta de todos os tempos, sendo ainda em vida condecorado pelos governos britânico (Cavaleiro do Império Britânico) e francês (Légion d 'Honneur), pela Universidade de Oxford (Doutor Honoris Causa) e pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos (Oscar especial pelo conjunto da obra, em 1972).
Nasceu no dia 16 de abril de 1889, na East Street, Walworth, Londres, Inglaterra. Seus pais eram artistas de music-hall; seu pai, Charles Spencer Chaplin Sr., era vocalista e ator, e sua mãe, Hannah Chaplin era cantora e atriz. Chaplin aprendeu a cantar com seus pais, os quais se separaram antes dele completar três anos de idade. Após a separação, Chaplin foi deixado aos cuidados de sua mãe, que estava cada vez mais instável emocionalmente. Charlie também morava com seu meio-irmão mais velho Sydney na Barlow Street, Walworth.
Um problema de laringe acabou com a carreira de cantora da mãe de Chaplin. A primeira crise de Hannah ocorreu em 1894 quando ela estava cantando no "The Canteen", um teatro em Aldershot, geralmente frequentado por manifestantes e soldados. Além de ser vaiada, Hannah foi gravemente ferida pelos objetos atirados pela platéia. Nos bastidores, ela chorava e argumentava com o seu gerente. Enquanto isso, com apenas cinco anos de idade, o pequeno Chaplin subiu sozinho ao palco e cantou uma música popular da época, "Jack Jones".
O pai de Chaplin, Charles Chaplin Sr., era alcoólatra e tinha pouco contato com seu filho, apesar de Chaplin e seu meio-irmão morarem durante um curto período de tempo com seu pai e sua amante, Louise, na 287 Kennington Road, onde atualmente há uma placa em homenagem ao fato.
Após a mãe de Chaplin ter sido novamente admitida no Asilo Cane Hill, seu filho foi deixado em uma casa de trabalho em Lambeth, no sul de Londres, mudando-se após várias semanas para o Central London District School, uma escola para pobres em Hanwell. Os jovens irmãos Chaplin começaram um íntimo relacionamento, a fim de sobreviverem. Ainda jovens, foram atraídos para o music hall, e ambos provaram ter grande talento. A mãe de Chaplin morreu em 1928, em Hollywood, sete anos após ter sido levada para os Estados Unidos por seus filhos.
A primeira turnee de Chaplin aos Estados Unidos com o trupe de Fred Karno ocorreu durante 1910 até 1912. Após cinco meses de volta na Inglaterra, ele retorna aos EUA em uma segunda turnê com o trupe de Karno, chegando novamente na América em 2 de outubro de 1912. A atuação de Chaplin foi eventualmente vista por Mack Sennett, Mabel Normand, Minta Durfee e Fatty Arbuckle. Sennett o contratou para seu estúdio, a Keystone Film Company, pois precisavam de um substituto para Ford Sterling. Inicialmente, Chaplin teve grande dificuldade em se adaptar ao estilo de atuação cinematográfica da Keystone.
 Após a estréia de Chaplin no cinema, no filme Making a Living, Sennett sentiu que cometera um grande erro. Muitos alegam que foi Normand quem o convenceu a dar a Chaplin uma segunda chance.Entre esse meio tempo, houve outros grandes trabalhos de Chaplin, mas as últimas aparições no mundo do cinema foram: produzidos em Londres: A King in New York (1957) no qual ele atuou, escreveu, dirigiu e produziu; e A Countess from Hong Kong (1967), que ele dirigiu, produziu e escreveu.
(Albert Einstein e Charlie Chaplin)
(Charles e Gandhi)
12 famosos que passaram de indigentes a milionários
O último filme foi estrelado por Sophia Loren e Marlon Brando, e Chaplin fez uma pequena ponta no papel de mordomo, sendo esta a sua última aparição nas telinhas.
De 1969 até 1976, juntamente com James Eric, Chaplin compôs músicas originais para seus filmes mudos e depois os relançou. O último trabalho de Chaplin foi a trilha sonora para o filme A Woman of Paris (1923), concluída em 1976, época em que Chaplin estava extremamente frágil, encontrando até mesmo dificuldades de comunicação.
A saúde de Chaplin começou a declinar lentamente no final da década de 1960, após a conclusão do filme A Countess from Hong Kong, e mais rapidamente após receber seu Oscar Honorário em 1972. Por volta de 1977, já tinha dificuldade para falar, e começou a usar uma cadeira de rodas. Chaplin morreu dormindo aos 88 anos de idade em consequência de um derrame cerebral, no Dia de Natal de 1977 em Corsier-sur-Vevey, Vaud, Suíça, e foi enterrado no cemitério comunal.
Seus Filhos: Norman Spencer Chaplin, Charles Spencer Chaplin Jr, Sydney Earle Chaplin, Geraldine Leigh Chaplin, Michael John Chaplin, Josephine Hannah Chaplin, Victoria Chaplin, Eugene Anthony Chaplin, Jane Cecil Chaplin, Annette Emily Chaplin, Christopher James Chaplin.

Chris Gardner Resumo Breve da sua Vida
12 famosos que passaram de indigentes a milionários
Um pai solteiro que não tinha dinheiro nem para alugar uma casa, chegando a ser despejado diversas vezes, vivendo em albergues para desabrigados, e tendo dormido até em banheiro de estação de metrô com o seu filho. Chris Gardner foi largado pela esposa, que não aguentava tanta dívida. Certo dia, com apenas $ 21,39 no bolso, um scanner portátil para ossos para vender, e na total miséria, viu um homem estacionar sua Ferrari, e perguntou ao mesmo: O que faz? E como faz? O homem respondeu que era um corretor da bolsa de valores.
A partir dali Chris colocou na cabeça que seria um corretor e que um dia teria uma Ferrari. Só que a corretora empregava apenas um num total de vinte candidatos que ali estavam para o emprego, e isso era feito a cada seis meses.
Naquele momento começava a história da busca pela felicidade de Chris, o corretor que virou mito na Wall Street. O quase mendigo que comprou a Ferrari de Michael Jordan, montou sua própria empresa, e em 20 anos transformou 21 dólares e 39 cents em uma fortuna avaliada em torno de $ 600 milhões de dólares. Hoje, Chris Gardner já tem sua história contada em livro e filme, ambos denominados À Procura da felicidade, sendo o último estrelado por Will Smith. 


Harry Houdini Resumo Breve da sua Vida

 12 famosos que passaram de indigentes a milionários
Harry Houdini, nome artístico de Ehrich Weiss (Budapeste, 24 de Março de 1874 — Detroit, 31 de Outubro de 1926), foi um dos mais famosos escapistas e ilusionistas da História.

Sua família emigrou para os Estados Unidos, quando Houdini tinha quatro anos, em 3 de julho de 1878, a bordo do navio SS Fresia. Teve uma infância muito pobre, o que o obrigou a trabalhar desde cedo. Foi perfurador de poços, fotógrafo, contorcionista, trapezista. Foi também ferreiro e nesse ofício ele aprendeu os truques que mais tarde o transformariam no maior mágico ilusionista do mundo.
(Houdini pronto para uma apresentação em 1899.)
 
Certa vez, seu chefe encarregou-lhe de abrir um par de algemas cuja chave um policial perdera. Após inúmeras tentativas usando serras, Houdini teve a idéia de pinçar a fechadura para abri-la. Ele conseguiu e a maneira como o fez serviu de base para abrir todas as algemas que empregava em seus truques.
Desde então passou a se apresentar como mágico, fazendo números nos quais se libertava não só de algemas, mas também de correntes e cadeados, dentro de caixas, dentro de tanques fechados; dentro e fora d'água, de todo o jeito. Fez um sucesso enorme e ninguém até hoje conseguiu desvendar seus truques por completo, mesmo depois dele ter escrito boa parte dos segredos em livro.

Houdini tinha habilidades impressionantes. Era capaz, por exemplo, de ficar vários minutos dentro de água sem respirar. E foi numa destas demonstrações de suas habilidades - a "incrível resistência torácica" - que ele morreu. Após apresentar o número para uma platéia de estudantes em Montreal, no Canadá, enquanto ele ainda exibia o "super" tórax, um dos estudantes, boxeador amador, invadiu os bastidores e sem dar tempo para que Houdini preparasse os músculos, golpeou-lhe o abdômen com dois socos. Os violentos golpes romperam-lhe o apêndice, e quase uma semana depois ele morreu, num hospital de Detroit. Era o fim de Harry Houdini, considerado até hoje o maior mágico que já existiu.

Houdini também atuou como um desenganador, ou seja, desmascarando pessoas que alegavam possuir poderes sobrenaturais tais como médiuns.

MORTE
Harry Houdini morreu de peritonite secundária, devido ao apêndice rompido, ocasionado por traumas abdominais múltiplos, provocados por um estudante da Universidade McGill em Montreal.

As testemunhas oculares foram os estudantes Jacques e Sam Smilovitz. De acordo com a descrição dos eventos, Houdini estava reclinando em sua poltrona após um número, tendo um estudante de Artes o confrontado. Quando o estudante Whitehead adentrou e perguntou se era verdade que Houdini suportava pancadas de todo o tipo no estômago, esse respondeu-lhe afirmativamente. O ilusionista foi batido três vezes, antes que pudesse se preparar para tal. Whitehead continuou lhe golpeando diversas vezes mais tarde, segundo rumores. Houdini manifestou dores. Embora com sérias dores, Houdini inobstante continuou a viajar sem procurar ajuda médica. Sofrendo de uma provável apendicite por dias e tendo recusado o tratamento médico, seu apêndice provavelmente estouraria por si, mesmo sem o trauma.

SEU ULTIMO DIA E FUNERAL

Quando Houdini chegou ao Teatro Garrick em Detroit, Michigan, em 24 de outubro de 1926, para o que seria sua última performance pública, estava com febre de 40º C. Mesmo com diagnóstico de apendicite aguda, Houdini fez um teste do palco. Mais tarde, levado ao Grace Hospital de Detroit, Houdini morreu por hemorragia do apêndice em 31 de outubro do mesmo ano, aos 52 anos de idade.

Após terem sido feitos exames de corpo delito e post mortem, a companhia de seguro de Houdini concluiu que a morte se deu devido ao incidente com o estudante e seu seguro de vida foi pago em dobro.
O funeral de Houdini realizou-se em 4 de novembro de 1926 em Nova Iorque, com mais de 2.000 pessoas presentes. Membros da sociedade de mágicos americanos compareceram a seu enterro no Cemitério Machpelah no bairro do Queens. Em sua lápide foi afixada a insígnia da sociedade dos mágicos. No dia do aniversário de Houdini, essa sociedade mágica realiza a Cerimônia da Varinha Mágica Quebrada, em sua lembrança. A esposa de Houdini, Bess, morreu em 1943 e não pôde ser enterrada com ele por não ser de origem judaica.


Ella Fitzgerald Resumo Breve da sua Vida
Ella Fitzgerald também conhecida como "Rainha do Jazz" teve uma infância difícil, pois quando sua mãe morreu, sofreu abusos do padrasto. Nasceu em 25 de abril de 1917 em Newport News, Virginia. Vivendo dentro de uma família pobre, Fitzgerald foi uma sem-teto durante algum tempo, posteriormente trabalhou para a máfia mas foi logo pega pela políciae que a levou a pra um reformatório para meninas, mas escapou e ficou sem lar até se lançar na carreira profissional em 1934, com sua vitória numa competição amadora no Apolo Theater.
Contratada pelo baterista e líder de banda Chick Webb (que a descobriu nas ruas), Fitzgerald se tornou a parte mais importante da orquestra de Webb com a magnífica interpretação de "A-Tisket, A-Tasket" entre outros sucessos. Quando Webb morreu em 1939 Fitzgerald assumiu liderança da sua banda durante os próximos dois anos.
Em 1941 ela começou uma carreira de solo, ao mesmo tempo em que se tornava uma das vocalistas mais populares dos anos quarenta graças a uma série de standards lançados pela gravadora Decca.
No final dos anos 40 Fitzgerald começou a deixar o swing e o popular para voltar às raízes do jazz adotando o bop, muito em voga na época. Ela começou a utilizar o scat singing, estilo de canto popularizado por Louis Armstrong, o que aumentou sua credibilidade no cenário de jazz.
No final de 50 Fitzgerald começou a gravar Para a Verve várias séries de álbuns dedicados às canções de artistas como George Gershwin, Cole Porter, Jerome Kern e Duke Ellington. Fitzgerald entava em seu período "clássico", sendo melhor conhecida do que já era. Para o fim da década de 60 ela adotou material popular mais contemporâneo, seguindo para a Pablo de Norman Granz onde ela se voltaria mais uma vez para o jazz.
(As populares Ella Fitzgerald e Marilyn Monroe)
Na década de 80 Fitzgerald estava sofrendo de problemas de saúde e com declínio vocal ela deixou de gravar em 1989, vindo a falecer em 14 de junho de 1996.
Ganhadora de 13 prêmios Grammy, além de receber medalhas do presidente Reagan e George H.W. Bush.


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03
Dez16

O enredo de um amor platónico doentio... O Caso de uma paixão entre um homem e um cadáver.

António Garrochinho



"O amor ideal de Platão, o filósofo grego da Antiguidade, que concebera o Amor como algo essencialmente puro e desprovido de paixões, ao passo que estas são essencialmente cegas, materiais, efêmeras e falsas. O Amor, no ideal platônico, não se fundamenta num interesse (mesmo o sexual), mas na virtude."
Esta é a história de um homem e sua persistência incontrolável, de tentar fazer um retorno de uma alma que já se foi retorna a vida, no entanto sua ideologia para suprir um amor platônico do mesmo, não se importava com a vida ou não da moça, pois, nem a morte iria separar Carl von Cosel do seu desejo de ter Maria Elena Milagro de Hoyos como esposa.
Mas antes de vocês chamarem ele de maluco... É uma história até, de uma forma, bonita. Mesmo que ultrapasse os limites de aceitação conhecido por nós.
O desejo de ter o que não se pode por hipótese alguma, o de abraçar mas não senti a presença da pessoa, o poder da fertilidade imaginária e os atos feitos, de se fazer o que queira, de transforma algo simples em complicado, se baseia basicamente nos momentos entre Carl e o cadáver de Elena.
 
(Carl von Cosel)
O personagem principal desta história de amor peculiar é Karl Tanzler. Em 1927, com 50 anos, Karl abandonou a família, sua mulher e os filhos e sua cidade natal, Dresden (Alemanha), e emigrou para Key West, Flórida.
Karl era um homem com uma inteligência muito invejada, um homem instruído,  disposto a começar uma nova vida. Na Flórida, Karl Tanzler mudou para um novo nome, Carl Von Cosel, e começou a trabalhar em um hospital especializado no tratamento de pacientes com tuberculose.
A razão para Tanzler alteração a este nome porque ele alegou que, durante sua infância, ele teve a visão do indivíduo apaixonado a raiz ancestral da Condessa Anna Constantina Von Cosel. Isso implicitamente diz o sonho de Tanzler que o verdadeiro amor de sua vida é uma bela mulher com cabelos grisalhos.
Se ilusória ou sonho ou não, certo ou errado, ninguém sabe.
Em seu tempo livre, ele construiu uma oficina em sua casa onde projetava seus delírios transformados em estranhos aparelhos elétricos, órgãos musicais e inclusive, com tempo, chegou a reconstruir um imponente avião utilizando ferro-velho e material militar reciclado que batizou com o nome de “Condessa Elaine”.
Em abril de 1930 uma nova paciente necessitou do atendimento de Carl Von Cosel, era Elena Hoyos. Elena necessitava de tratamento, pois sofria gravimente da Tuberculose. Todos os pacientes e médicos do hospital ficaram chocados com o charme, a pureza de Elena Hoyos e Dr. Carl Von Cosel foi um dos que mais se apaixonaram, vamos dizer que no limite extremo a um certo tipo de paixão profunda o Dr. Carl foi o único.
(Elena Hoyos em 1926)
Elena Milagro de Hoyos era uma bela e jovem modelo cubana filha de um comerciante de fumo, e estabelecida na Flórida com seus pais e duas irmãs. Na primavera de 1930 Elena foi tomada pela tuberculose que já havia dizimado tantas famílias. O pai aproveitou a amizade a base de subornos com um médico do exército para desfrutar de um vasto exame médico no melhor hospital do condado.
A primeira vez que se viram vivos, Carl registrou a imagem que lhe perseguiria o resto de sua vida:
“… vestia um vestido colorido de primavera cuidadosamente passado. Ao redor de seu pescoço um colar de pérolas artificiais. Tinha pernas esbeltas, um cabelo negro liso e longo que balançava sobre seus suaves e bronzeados ombros. Ele evitou seus olhos, mas não seus seios que insistiam em pular nervosamente no decote por culpa da maldita tosse.“
A partir deste momento Von Cosel traçou uma obsessão. Convencido de que tinha sonhado com ela durante décadas e que estava destinada a ser sua esposa, focou sua existência a cultivar inteligentemente o apreço e a estima de Elena. No caminho da sedução perdeu sua lucidez em troca de estranhos inventos e poções mágicas que buscavam a milagrosa cura de sua amada. Gastou uma pequena fortuna em uma bobina de Tesla com o objetivo de induzir descargas curativas na amada Elena.
Carl estava determinado a usar todos os meios para curar a doença de sua amada, apesar do trabalho imenso que iria tomar todo o seu "tempo de respirar um pouco". Tratamentos não ortodoxos como ervas, o tratamento de raios-X e outros tipos de tratamento incluem o uso de equipamentos elétricos foram usados por Carl na tentaiva de salvar Elena. Mas um dos tratamentos mais bizarras é uma solução contendo pó de ouro, bem como não exclui a terapia de choque elétrico.
Por seu verdadeiro amor, Carl Von Cosel se deu de alma, pele e coração a fazer tudo para agradar a Elena, fazendo-a se sentir feliz. Comprava presentes extravagantes para ela, apesar da sinceridade de Carl, Elena ainda não mostrava qualquer atitude de amor ao mesmo. No entanto, o médico esperava que, se ele pudesse curar a doença de Elena, ela o amaria.
(Retrato de Elena Hoyos, a mulher que sussurrou e roubo o coração e o tempo de Carl Von Cosel.)
Em 25 de Outubro de 1931, pouco antes das férias Ma Lo (Dia das Bruxas), apesar dos esforços de Carl Von Cosel, gastando muito para fazer a cura de Elena Hoyos. Sua saúde não correspondeu, simplesmente ela encontrou em Carl o último ombro onde se apoiar antes do presumível desenlace. Mas estava em seu coração.
Ela faleceu na casa de seus pais aos 22 anos. Carl permaneceu junto ao seu leito até o último minuto enchendo-a de vãos cuidados e atenções:
- “…quero ser teu enfermeiro, teu amo, teu amante, teu marido… quero cuidar de ti para sempre ou voar contigo às estrelas!”

O AMOR DE CARL APÓS A MORTE DE ELENA

O abalo de Carl não podendo ajudar, curar sua amada em vida desencadeou sua loucura com a morte. Convenceu à família para pagar o enterro e construir um enorme mausoléu de mármore desenhado pelo próprio Carl. O caixão metálico tinha alguns dutos para fornecer formol e outras substâncias que conservassem o corpo do cadáver. Noite após noite, von Cosel sentava-se junto a seu sarcófago e começava a se comunicar com Elena. Até que um dia, segundo ele, ela suplicou que fosse tirada daquela “prisão” para que pudessem estar juntos novamente.
Elena morreu e foi enterrado em um túmulo acima do solo, a pedido do Dr. Carl Von Cosel, porque ele pensou que a água subterrânea poderia contaminar seu corpo.
A família de Elena sempre confiou em Carl, eles pensavam que entre ele e a pessoa deitada no túmulo há uma certa conclusão espiritual. Mas eles não imaginariam que Carl estava tramando algo que ninguém pudia imaginar.
Em 1933, Carl Von Cosel roubou o corpo de Elena Hoyos de seu túmulo e trouxe para sua casa. Carl estava usando uma grande quantidade de conservantes, isto é difícil porque Elena morreu há dois anos, tentando evitar o cheiro de corpo em decomposição. Nas primeiras noites Carl aproximava um espelho da boca de Elena esperando que o fôlego embaçasse o vidro.
(Os restos de Elena na produção feito por Carl.)

Durante os seguintes sete anos, Von Cosel fez tudo de humanamente possível para manter a sua amada próxima dele; em corpo e alma. Amarrou os ossos com cordas de piano, preencheu seus órgãos desidratados com trapos empapados em líquido embalsamador e canela chinesa. Parte por parte, foi fortalecendo sua pele com trechos de cera e seda, construindo uma máscara de sua face que lhe servia de molde nas manutenções.
Tratava regularmente sua pele com loções, poções e eletro-terapia mediante a bobina de Tesla. Substituiu sua podridão com olhos de vidro, e fabricou uma peruca com os cabelos que perdeu durante tanto tempo. Vestiu-a com um traje de casamento, véu de renda branco, tiara e alianças e , depois de perfumá-la com azeites, ninava-a em sua cama com as melodias que tocava no órgão de fabricação caseira. Elena está lentamente a perder o aspecto natural.
Passaram se os anos e os rumores e a crescente introversão de von Cosel levantaram as suspeitas de seus vizinhos. Nana, a irmã de Elena, odiada por Carl por ser uma “cópia em carrara” da irmã e que sempre foi hostil com ele, se propôs a pesquisar as fofocas dos vizinhos. Uma certa noite espiou Carl através de sua janela observando o ritual diário de tanatopraxia; assustada saiu correndo para denunciar o falso cunhado para as autoridades.
Von Cosel foi detido por profanação e assim aguardou à espera de julgamento. Mas isso não o impedia de pensar que Elena apesar de tudo, sempre estaria com ele.
Os acontecimentos provocaram frenesi nos meios de comunicação da época. A funerária virou um ponto turístico, exibindo o corpo de Elena durante três dias. Mais de 6000 pessoas foram até lá para ver seus restos.
Muitos simpatizaram com o radiologista, achando que o que ele tinha feito era maravilhosamente romântico. Os fãs levaram presentes, apoio e consolo a sua cela; inclusive um grupo de prostitutas cubanas ofereceu seus serviços de forma gratuita. Dois admiradores pagaram a fiança de 1.000 dólares e von Cosel foi para casa esperar a data do julgamento.
Infelizmente para Nana, o delito de Carl tinha prescrito. Carl depois de posto em liberdade foi ironicamente declarado sensato sem pena alguma.
Em 3 de julho de 1952 Carl foi encontrado morto abraçado a uma efígie de cera de tamanho natural de sua amada. Os médicos descobriram através do processo de uma autópsia que Carl criou um tubo em forma de vagina de mulheres, para ter certeza Carl tinha "sexo" com o cadáver de Elena! Um dos médicos havia realizado uma autópsia tinha chocado ao perceber algo. Exclamou:
"Eu testei o corpo na funerária Úbere. No cadáver a vagina, vi um tubo grande o suficiente para conduzir o sexo. A parte inferior do tubo é de algodão, na camada de algodão durante os testes descobri esperma. Eu caí para trás quando vi que estrava lidando com um homem amando corpos, desvios sexuais."
O amor de Carl por Elena foi interminável e assim permaneceu. Todos os dias, Carl conversava com Elena quando seu corpo estava deitado em uma cama grande e ela envolvida por panos. Estas duas pessoas estão juntas, ao ver de Carl.

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03
Dez16

INTERVENÇÃO DE MÁRIO NOGUEIRA, MEMBRO DO SECTOR INTELECTUAL DA ORGANIZAÇÃO REGIONAL DE COIMBRA DO PCP, XX CONGRESSO DO PCP A defesa da escola pública

António Garrochinho


Nos últimos anos acentuou-se o combate ideológico na Educação, em torno da Escola Pública.
Os que defendem a Escola Pública Democrática, ou seja, de qualidade, para todos, inclusiva e gratuita, sabem que esse é factor essencial à consolidação da democracia nos seus mais diversos planos e que só com esta matriz a igualdade de oportunidades pode existir no acesso ao conhecimento e na construção de competências, incluindo de cidadania.
Do lado da Escola Democrática está a maioria dos portugueses, sendo que nós, comunistas, nas frentes em que intervimos – sindicatos, parlamento, autarquias, movimento associativo de pais ou estudantes e também no local de trabalho, exercendo com dignidade e competência a nossa actividade – demos o rosto a essa luta, que temos como prioritária.
Sendo esta Escola Pública um pilar da democracia, tem contra ela os que a querem como escola dos pobrezinhos, promovida por municípios, frequentada por quem não terá acesso ao conhecimento mais elevado, sendo o sucesso obtido à custa de baixas qualificações. Uma escola financiada por fundos comunitários ou entidades privadas, ambos interessados em formar os próximos contingentes de trabalhadores a usar como mão-de-obra barata e descartável.
Tal projecto foi derrotado em 2015, pois a maioria PSD/CDS preparava-se para impor a sua reforma do Estado, que consistia em destruir as funções sociais, tal como a Constituição as consagra e os serviços públicos as corporizam. Contra esse golpe constitucional, opuseram-se os portugueses e a maioria de deputados que fez cair a direita golpista. Foram, então, criadas condições para consolidar a Escola Pública Democrática. Tarda, agora, o governo PS, em múltiplos aspectos, em passar das palavras aos actos e, sobretudo, tem pecado por omissões.
A Escola Pública não se defende apenas com boas intenções. Necessita de investimento, de mais trabalhadores docentes e não docentes, de melhores condições para quem nela trabalha ou estuda, de menos alunos por turma e de apoios adequados às suas especificidades; de horários de trabalho que não sufoquem alunos e professores, de rejuvenescimento dos profissionais cujos direitos devem ser respeitados, incluindo os de carreira.
Necessita de currículos que garantam diversidade e qualidade, sem disciplinas e vias nobres e outras pobres, de tempos livres que deixem de ser ocupados com escola em cima da escola, que acabem os mega-agrupamentos, essa aberração pedagógica, e que se defina uma estratégia de descentralização democrática. Democracia, a Escola Pública necessita dela, não podendo continuar sujeita a uma gestão em que tudo gira em torno do director, pois uma escola que não se organiza democraticamente é incapaz de formar cidadãos para a democracia.
No último ano deram-se passos positivos, sendo que os principais contaram com a acção do nosso Partido. Por exemplo, a gratuitidade dos manuais no 1.º Ciclo, o fim dos exames de 4.º e 6.º ano, o fim da requalificação de trabalhadores, o corte de financiamento a colégios que se alimentavam com dinheiros públicos, o fim da PACC e da contratação de escola que tanto atrasava o início das aulas, a reposição integral dos salários. A acção do PCP foi decisiva para estas medidas e se dúvidas existissem, bastava comparar os avanços de agora com o que fez o PS com maioria absoluta.
Longe da rotura e da mudança por que lutamos estamos, porém, perante medidas positivas para a Escola Pública que resultam de lutas de muitos anos. Ora, como todos sabemos, os resultados da luta potencializam a própria luta, pois reforçam a confiança de quem a trava.
Termino, falando de futuro. Se, no último ano, surgiram sinais interessantes, sejamos mais exigentes com o futuro, para que os sinais dêem lugar a mudanças profundas na Educação. Pela Escola Pública lutámos contra políticas que visavam reduzi-la a escombros, por ela lutaremos defendendo políticas que lhe darão a grandeza que a Constituição lhe reconhece e os Portugueses necessitam e merecem.


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03
Dez16

Comité Central do PCP rejuvenesce 20 anos com novos membros

António Garrochinho



Mais operários, mais mulheres e menos funcionários do partido integram o órgão máximo do partido. Carlos Carvalhas é o mais velho, Cláudia Varandas a mais nova.

Cláudia Varandas, 21 anos, é a mais nova recruta do Comité Central do PCP. Contribuiu para o equilíbrio da média etária deste órgão máximo da direção dos comunistas. O mais velho é Carlos Carvalhas, com 75 anos, ex-secretário geral. Com Cláudia entraram outros 21 novos membros, cuja média de idades está na casa dos 37 anos - menos 20 que a média dos 25 que saíram do Comité Central e que é de 57. Com este rejuvenescimento dos novos membros, o PCP consegue manter os 47 anos da média de idades do total do Comité Central, atingida no último congresso de há quatro anos.

O rejuvenescimento dos quadros do partido tem sido uma preocupação prioritária dos comunistas. Neste momento, de acordo com o balanço da proposta de resolução política que vai ser debatida no XX Congresso do PCP, que decorre até amanhã em Almada, 44% dos militantes têm mais de 64 anos. No entanto é salientado que, dos 5300 novos militantes que aderiram ao PCP desde 2012 (data do último congresso), 69,2% têm menos de 50 anos. O novo Comité Central tem 155 membros, menos três que o anterior. Tem mais operários (46%), mais mulheres (25,3%) e menos funcionários do partido (62,3%) que os membros do anterior.

Cláudia Varandas e Carlos Carvalhas não se conheciam. Juntaram-se para falar ao DN e não houve timidez nem protocolo. Carvalhas sublinhou não querer "ser paternalista", recusando dar "conselhos" a Cláudia, mas quando ela falava, o seu sorriso deixava implícito o orgulho na nova geração comunista. "As experiências da Cláudia são diferentes das minhas, são de uma época diferente. Estamos os dois no mesmo partido, partilhamos os mesmos ideais e as mesmas convicções e é com as várias frentes de luta que construímos a nova sociedade", salientou.

Cláudia, que é apresentada nos documentos oficiais como militante do partido desde apenas 2015, com ativismo partidário como estudante do ensino secundário, olha Carvalhas com respeito mas sem reverência especial. "Todos os camaradas têm o mesmo valor, independentemente de estarem no comité central ou num centro de trabalho a fazer contactos", responde, quando questionada como sentia o "peso" do ex-secretário-geral ao seu lado no Comité Central. "Sinto-me bastante bem ao lado dele. É um camarada que deixa a juventude sempre à vontade", assinala.

A jovem não hesita nas respostas, tem o discurso bem preparado, apesar de algum nervosismo. Não tem na família ninguém do PCP, nem com atividade política em nenhum outro partido. "Essa ideia de que um jovem comunista tem de ter um pai ou um avô do PCP para ser do partido, é um mito. O que me trouxe para o PCP foi a vida, a minha experiência e aquilo que passei. Quando decidi que queria fazer alguma coisa de positivo por mim e pelos outros que passavam o mesmo, aderi ao partido. A juventude adere ao partido quando sente que é este partido que a defende, que constrói aquilo que desejam para a sua vida e para a sociedade", afiança Cláudia.

No seu longo discurso de abertura - de uma hora e 20 - Jerónimo de Sousa recusou que o PCP se tenha deixado domesticar pelo PS ou que, pelo contrário, leve a reboque os socialistas. Nem uma, nem outra existem, afirmou o líder comunista, apesar do que têm dito desde há um ano "setores da direita mais retrógrada e reacionária". "A sua pureza ideológica" está garantida, afirmou.

Cláudia Varandas e Carlos Carvalhas estarão totalmente de acordo. Como afirma a jovem, "a partir do momento em que os jovens, sentindo as dificuldades que sentem, seja na escola, seja nos locais de trabalho, seja na sua vida quotidiana, constatam que o partido tem políticas que defendem a juventude, isso chama mais jovens". Para a nova membro do Comité Central, os militantes tentam "sempre trazer para o partido" a sua realidade. "Seja das escolas, como é o meu caso, seja das empresas. É preciso ter consciência que quando o partido fala na Assembleia da República e propõe o que propõe, não o faz porque sim." E Carvalhas sorri.




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03
Dez16

INTERVENÇÃO DE AGOSTINHO LOPES, MEMBRO DO COMITÉ CENTRAL DO PCP, XX CONGRESSO DO PCP A Crise do Capitalismo e os Comunistas

António Garrochinho


Afinal a história não se finou em 1989! 
Aí está a crise profunda, global, densa, sistémica do capitalismo. A provar que a sua natureza, exploradora, opressora, agressiva, predadora não resultava da competição com a URSS e o mundo socialista. Era, é, intrínseca ao sistema. A sua localização no centro do capitalismo não é um acaso. As causas dos problemas dos trabalhadores e dos povos são inerentes ao sistema, vivem dentro do sistema. E a responsabilidade da social-democracia, dos conservadores e outras forças de direita, resulta da sua indefectível assumpção do sistema capitalista.
A crise arrasta com fragor na sua torrente espectaculares falhanços económicos – caso do euro – falências monstruosas, bolhas especulativas – o sistema rebenta pelas costuras inchado de liquidez e lixo tóxico. Afunda países e regiões, desvenda paraísos fiscais que são o inferno dos povos e o céu e a lavandaria do grande capital, dos traficantes de armas, droga e órgãos. Produz a estagnação e a recessão.
As consequências sociais são dramáticas. As consequências políticas não são de menor monta.
A principal construção do capitalismo na Europa, a União Europeia, mete água por todos os lados.
E a guerra – sempre uma solução do capitalismo e do imperialismo para as suas crises – aí está, devorando “vidas e fazendas”.
A dimensão da crise mede-se pelo retorno em força das velhas soluções para responder à queda tendencial da taxa de lucro. A redução dos salários e o prolongamento da jornada de trabalho pela desregulamentação e liberalização do mercado da força de trabalho e a imposições políticas.
A explosão da financeirização, desvia elevadas massas monetárias do investimento produtivo, travando assim a solução clássica - aumento da composição técnica do capital - para travar o declínio das taxas de lucro.
Aprofunda-se a crise de realização de mais valia. E elevados volumes de capital transmutam-se em capital fictício e lixo financeiro tóxico.
O sector financeiro que desencadeia o pico da crise em 2007, despeja em cima dos Estados biliões de euros e dólares das suas privadas dívidas, somando novos problemas, a fragilização financeira e estrutural dos Estados e brutais restrições orçamentais.
A ideologia dominante, do capital, tem de continuar a dizer que tudo correu bem, salvo alguns pequenos defeitos... a corrigir. É a negação da crise. Vai insistir enfaticamente, que não há alternativa. Vão proclamar que não há salvação fora do capitalismo.
Com duas linhas vermelhas: a recusa de ver o capitalismo como causa dos problemas presentes dos povos; a ocultação e silenciamento de que a crise pôs em causa as bases «teóricas» do capitalismo e a sua sustentação apologética e propagandística. Recordo: após a queda da URSS, decretaram o capitalismo como último estádio do desenvolvimento da humanidade, «o fim da história»...e logo a eliminação de qualquer possível alternativa ao capitalismo.
É importante ver claro na escuridão das explicações da direita e social-democracia. Mesmo se elas são incapazes de resolver o que quer que seja. Porque mais não fazem que ocultarem a raiz capitalista da crise, promoverem o confusionismo ideológico e político e tentarem a diversão das massas da organização e luta.
Inventam, «bodes expiatórios» para explicar o que não podia ter falhado – o «funcionamento» do capitalismo. Indiciam razões da ordem da ética, da «crise dos valores, cívicos, morais». A crise das «elites», é a justificação repetida para a crise da União Europeia, sem líderes à altura do (mito) dos «pais fundadores».
Ou ainda a ganância dos gestores e titulares do capital. E a resposta é a Responsabilidade Social da Empresa. Contra a ganância a empresa ética, e o gestor com consciência social.
Cabem aqui os bancos alimentares, a sua versão financeira, o microcrédito, as ONG “humanitárias” e a exploração do «voluntariado».
Mas o centro da resposta à crise estrutural do capitalismo passa pela revolução das forças produtivas. Responder à queda tendencial da taxa de lucro, pelo aumento da produtividade, assegurando vantagens concorrenciais. (Há no entanto um pequeno problema descoberto por Marx: a substituição de trabalho vivo (trabalhadores) por trabalho morto (máquinas, sejam elas computadores), reduz a produção de mais valia e logo a prazo reduz a taxa de lucro, e lá voltamos à cegarrega…)
O capitalismo não vive sem revolucionar permanentemente as forças produtivas. As novas tecnologias são apresentadas como prova do sucesso do sistema. E faz jeito na justificação do desemprego: não é o capital que desemprega, é a nova tecnologia.
Agora chegou o Capitalismo 4.0: a robotização, a “fusão da tecnologia digital e internet com a indústria convencional”. A anunciada 4ª Revolução Industrial, anuncia o desaparecimento de empregos, substituindo trabalho por máquinas, agora dotadas de “inteligência”. O capital quer concretizar um velho sonho: lucros sem trabalhadores.
De facto, o que a nova revolução tecnológica, prenuncia é a caducidade do trabalho submetido à relação social capitalista de opressão e exploração.
Qual é a versão da crise do capitalismo em Portugal? Versões que têm sempre por base a justificação, a defesa e absolvição, de 40 anos de política de recuperação capitalista, latifundista e imperialista.
A primeira é uma «nacionalização» da crise, reduzindo-a a um exclusivo problema «interno» de Portugal. Por vezes mesmo da responsabilidade de todo o povo porque elegeu gente responsável pelas desgraças. Como se não houvesse integração capitalista europeia, o seu mercado único e o euro. Como se não existisse a globalização capitalista, a livre circulação de capitais e tratados de livre comércio.
Depois é a corrupção, a promiscuidade e o roubo de bens públicos assacando-lhe a responsabilidade da Dívida Pública, enquanto se absolve a política de direita. É também a tese da «falência moral do capitalismo», constatando-se «a degradação do capitalismo como livre empresa balizada por regras morais e códigos de conduta auto-regrados».
E é a «ideologia» (de esquerda) meter-se, sem ser chamada, nas decisões políticas, sem ter em conta a «realidade/racionalidade económicas». Teses onde a “realidade” uma segunda natureza, regida pela «ciência» económica de Cavaco Silva e Teodora Cardoso.
Mas as mais interessantes são as teorizações da idiossincrasia do capitalismo português. Em particular de um «capitalismo sem capital» e da «má qualidade dos capitalistas portugueses». O problema não é do capitalismo, é da sua versão portuguesa! Daí os apelos dramáticos ao capital e capitalistas estrangeiros.
O capital anda à rasca! Os teóricos do capitalismo, os seus ideólogos, os seus políticos, a oligarquia financeira andam preocupados com a crise...
Então isto não estava resolvido de uma vez por todas desde a queda do muro? E uma «obscura inquietação, uma confusa consciência de que o sistema poderá estar em causa, talvez ameaçado», turva o seu ser.
Mas a “democracia” não funciona como eles queriam. Há resultados surpreendentes e são eleitas estranhas personagens. Os referendos não decidem, conforme a vontade dos oligarcas. É a ingratidão, quando não ignorância, dos povos, os populismos, radicalismos e extremismos.
É por isso que o anticomunismo regurgita como sempre fétido, grosso e fraudulento. É por isso que muitos são os mercenários escrevinhadores a reescrever a história. É por isso que vivemos um tempo de muitas palavras, muitas imagens, muitos factos sobre o real para melhor esconder a realidade. Um tempo de pós verdade, pós política, fora das ideologias. De algaraviadas e amálgamas discursivas sobre os extremos que se tocam ou de que no “meio” está a virtude, para ocultar as responsabilidades políticas desse “meio”, para negar alternativas fora do capital!
É um sistema a implodir de novas e velhas contradições. Pela incapacidade e impotência de as resolver, das oligarquias dominantes, a não ser com mais exploração e opressão.
Confirmado está o amadurecimento das condições objectivas para a superação revolucionária do capitalismo. Mas não vai morrer de morte natural por mais crises e guerras que possa parir. Nada está decidido.
São as lutas de massas, as lutas dos povos que o vão decidir. E é essa a nossa batalha, desenvolver a organização e a luta. Sem nos rendermos ao capitalismo.
A nossa intervenção tem de assegurar:
O combate ao capitalismo, às suas lógicas, mecanismos e objectivos, responsáveis pela crise;
A luta pelo socialismo, como única alternativa real.
Com uma grande confiança pela validade teórica e prática das teses dos construtores do movimento operário e socialista. Os progressos sociais e civilizacionais abertos pela Revolução de Outubro. Pesem derrotas históricas, a humanidade avançou.
Confiança pela longa história de luta do PCP, pelo seu povo, por Portugal. E é o Partido que fomos, somos e vamos continuar a ser, o tempo e o espaço onde enraizámos esta força de determinação, de transformação, de revolução.


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03
Dez16

Rita Rato: "A reposição de direitos não é uma oferta de nenhum governo"

António Garrochinho




















Neste primeiro dia do XX Congresso do 

Partido Comunista, o SAPO24 foi conversar com a 

deputada Rita Rato, um dos rostos do rejuvenescimento 

do partido. 

A deputada da bancada comunista fez um balanço do 

primeiro ano da Posição Conjunta, que tem comprovado 

"que valeu e vale a pena lutar".





Passou pouco mais de um ano desde que o Partido Comunista Português (PCP) assinou a Posição Conjunta com o Partido Socialista. Que balanço faz?
Foi determinante a decisão do PCP em interromper um caminho do Governo PSD/CDS. Depois do resultado eleitoral, constituíram-se possibilidades de travagem de um caminho que era inaceitável e que significou um grande retrocesso na vida das pessoas. O PCP foi determinante.
Jerónimo de Sousa falou em algumas limitações. Não foram tão ouvidos quanto queriam?
Limitações relativamente às imposições da União Europeia, às próprias imposições a que o PS se obriga. Nunca a imposições nossas. Há limitações que resultam desses condicionalismos, mas que da parte do PCP devem ser ultrapassadas.
A renegociação da dívida foi um desses condicionalismos.
A questão da dívida e da renegociação é uma questão determinante para o desenvolvimento do país. O PS, neste ponto, não tem a mesma abordagem que nós, mas nós temos sempre esta visão independentemente daquilo que o PS possa achar.
Essa dictomia fica bem assente quando se fala, por exemplo, da União Europeia (UE).
A UE impõe constrangimentos ao desenvolvimento do país. Pela sua posição de ingerência na política nacional, pelo que significa a imposição do tratado orçamental, pelo que significa a limitação ao investimento público em áreas fundamentais do serviço público. É, de facto, pela sua natureza, um obstáculo. 
Jerónimo de Sousa disse que este não é um Governo de esquerda. Não é?
Este é um governo do PS e de iniciativa do PS, não é um governo de esquerda.
Ainda assim, tem permitido pequenas conquistas por parte do PCP.
É um ponto de partida, mas não pode ser ainda um ponto de chegada para a recuperação de direitos e de rendimentos.
O entendimento atual permite esperar que a Posição Conjunta se mantenha durante os 4 anos?
Nós entendemos que é preciso concretizar na integra a Posição Conjunta, com aspectos que podem e devem ser aprofundados. Na Posição Conjunta havia uma matéria relativamente ao descongelamento das pensões e ao aumento do valor real das pensões. Foi a nossa posição que em 2015 nos permitiu estar em 2016 a defender o aumento do valor real e não apenas um descongelamento.
Neste Orçamento essa foi uma das conquista. Até onde quer ir o PCP?
O PCP teve sempre uma posição muito importante em todos os Orçamentos de Estado. Houve Orçamentos em que discutimos alternativas a um caminho de retrocesso. Neste, assim como no de 2016, discutimos a possibilidade de integrar propostas concretas na vida das pessoas, em contribuir com soluções para a vida das pessoas.
Neste continuamos a fazer isso, no combate à precariedade, na estratégia que ficou definida de vinculação de trabalhadores precários na administração pública, no aumento do abono de família, no aumento do número de crianças abrangidas pelo abono, pelo aumento do valor real das pensões… Isto prova que vale a pena lutar.
Considera que este Governo está a provar que havia um caminho alternativo ao reivindicado pela direita?
Volto a dizer: o que a atual situação política permite comprovar é que valeu e vale a pena lutar. E se hoje há outra correlação de forças na Assembleia da República é porque os trabalhadores e o povo português, ao longo de 4 anos, fizeram por isso. A reposição de direitos não é uma oferta de nenhum governo, é o resultado da luta de 4 anos duríssima que povo português travou.
Há pouco tempo foi divulgada uma sondagem na qual o PS se aproxima da maioria absoluta e o PCP desce 1% nas intenções de voto.
Nós dormimos descansados com as sondagens. Esse não é o nosso critério. O que nos preocupa é o nosso compromisso de todos os dias com os trabalhadores e com o povo.
Este era para ser o Congresso da sucessão. Com a Posição Conjunta parece que, mais uma vez foi adiada. 2020 será o ano em que Jerónimo de Sousa abandona a liderança do partido?
Eu não faço essa ligação entre Posição Conjunta e sucessão. É normal na vida do PCP existir uma prática de encontrar soluções diferentes. Jerónimo de Sousa tem todas as condições para continuar como secretário-geral do PCP e acho que está perfeitamente à altura; como tem estado ao longo dos últimos anos para desenvolver esse trabalho.
A Rita Rato é uma das caras da nova geração do PCP. Acha que há nomes suficientemente fortes para dar continuidade à linha marcada por Jerónimo de Sousa?
Há sobretudo um grande coletivo partidário. Um partido muito unido e muito coeso para enfrentar os desafios que temos pela frente, ao contrário dos outros partidos, o PCP não se constitui só com o seu grupo parlamentar ou com meia dúzia de militantes.
Que PCP vai sair daqui no domingo?
Um PCP com muita ligação aos problemas dos portugueses e dos trabalhadores. Com muita reflexão acerca das medidas que temos que enfrentar como prioridade de valorização do trabalho e dos trabalhadores. A importância da renegociação da dívida e de ter uma política patriótica e de esquerda, que cumpra a Constituição de Abril. Estamos em melhores condições para as tarefas e decisões do momento histórico em que vivemos.
É um momento histórico. Pela primeira vez o PCP está no arco da governação.
O PCP está pela primeira vez a contribuir para um alteração da correlação de forças na Assembleia da República para as propostas de sempre terem hoje possibilidade de serem discutidas com a importância que isso tem na vida das pessoas. E é de facto importante que muitos portugueses percebam que se hoje estamos a defender e a discutir medidas de reposição de direitos é porque o PCP tem lutado por isso. Este é um novo momento da vida do partido.
Acha que o PCP depois deste ano de Posição Conjunta não perdeu a sua identidade?
Pelo contrário, mais uma vez digo que o que provou este processo é que valeu e vale a pena lutar. É a reposição de direitos e de conquistas. Hoje estamos em condições de ter um pequeno papel decisivo na reposição desses direitos.
O PCP no Governo em 2019 é uma possibilidade?
Depende da vontade dos portugueses. Se houver vontade de certeza que o PCP estará à altura de todas as responsabilidades.


24.sapo.pt
03
Dez16

INTERVENÇÃO DE CARLOS GONÇALVES, MEMBRO DA COMISSÃO POLÍTICA DO COMITÉ CENTRAL DO PCP, XX CONGRESSO DO PCP A informação, propaganda e comunicações electrónicas

António Garrochinho



Camaradas
O mundo vive uma acentuada agudização da luta de classes. No plano ideológico e comunicacional a ofensiva imperialista, apoiada na rede de multinacionais da comunicação, assume enorme dimensão, com o objectivo de mistificar a natureza exploradora e opressora do capitalismo e ocultar o ideal e o projecto comunista.
No nosso País, o controlo pelo capital monopolista dos principais meios de comunicação, que se impõe denunciar e combater, fez deles um poderoso instrumento de dominação ideológica.
Na nova fase da vida política nacional, apesar das limitações do Governo PS, intensificou-se a ofensiva para reverter o processo em curso de defesa, recuperação e conquista de direitos dos trabalhadores e do povo, e para tentar impedir que se criem condições para a política patriótica e de esquerda de que o país precisa e para o reforço do Partido.
Do arsenal dessa ofensiva ideológica releva o anticomunismo e a promoção desmedida dos cucos que visam tapar o PCP e sua intervenção.
A sistemática ocultação, discriminação, deturpação e caricatura do Partido na comunicação social dominante, num coro afinado e comandado de longe, tem impacto negativo na consciência política dos trabalhadores e do povo.
A pregação mediática da mentira organizada, das inevitabilidades e da resignação, a promoção de conteúdos e protagonistas ao serviço do grande capital impõem o esclarecimento, a denúncia e o protesto.
E exigem ao Partido uma intervenção junto da comunicação social, persistente, cuidada e dirigida, no plano político e ideológico, repondo a verdade e afirmando as nossas posições, propostas e iniciativas.
Camaradas
Relativamente a outras forças políticas, a informação e propaganda do Partido assume os elementos destintivos da nossa base teórica, identidade e projecto e da nossa experiência revolucionária.
O PCP tem critérios de rigor e verdade e procura que, no conteúdo e na forma - escrita, fixa, audiovisual ou electrónica - a acção de informação e propaganda seja clara, impressiva, oportuna e eficaz, uma ferramenta de esclarecimento e ligação às massas e à sua luta, de intervenção e reforço do Partido.
E deve ser uma tarefa de todo o Partido, dos organismos responsáveis, centrais e regionais, e de todos os militantes, uma tarefa que tem avançado, mas que é necessário melhorar, potenciando recursos, forças e saberes, e articulando com os avanços da organização.
Neste quadro de mistificação ideológica e discriminação informativa, é ainda mais decisivo que a mensagem do Partido seja concretizada em tempo útil, para esclarecer as atoardas do grande capital e dos seus instrumentos.
As acções e campanhas nacionais de propaganda têm grande importância na unificação da intervenção do Partido, mas é também muito importante a informação das células e organizações de base aos trabalhadores e às populações, intervindo nos problemas concretos.
Por exemplo, na campanha «mais direitos, mais futuro, não à precariedade», é necessário ir ainda mais fundo na denúncia das iniquidades em tantas empresas, com efeitos positivos na luta, na vida dos trabalhadores e no prestígio do Partido.
E é uma questão central, de defesa de direitos constitucionais e dos interesses dos trabalhadores, prosseguir o combate às discriminações, ilegalidades e tentativas de impedir a liberdade de acção e expressão do Partido e a sua propaganda.
Camaradas
As comunicações electrónicas via Internet, são controladas por transnacionais, o que tem de ser desmascarado e combatido, mas ainda assim, são um meio de intervenção importante na comunicação, informação e propaganda do Partido.
Esta é uma direcção de trabalho que não pode ser ignorada nem absolutizada e que coloca exigências específicas, que vamos continuar a aprofundar e estruturar.
O sítio do PCP na Internet e outras páginas na rede têm de alargar o seu papel na divulgação da intervenção do Partido. Importa potenciar o que existe, avaliar capacidades e experiências nas redes sociais, envolver o colectivo e continuar a avançar.
É necessário formar quadros, avançar na informação para grupos específicos, garantir a coerência da mensagem e articular a presença do PCP na internet com a intervenção dos comunistas nas redes sociais, assumindo as posições do Partido e alargando a sua influência.
Para que se concretize em Portugal uma política patriótica e de esquerda, no rumo da democracia avançada e do socialismo.
Viva o Partido Comunista Português!
03
Dez16

O "MARIDO PADRE" - Marquês de Sade

António Garrochinho

«O Marido Padre», por Marquês de Sade.



Entre a cidade de Menerbe, no condado de Avinhão, e a de Apt, em Provença, há um pequeno convento de carmelitas isolado, denominado Saint-Hilaire, assentado no cimo de uma montanha onde até mesmo às cabras é difícil o pasto; esse pequeno sítio é aproximadamente como a cloaca de todas as comunidades vizinhas aos carmelitas; ali, cada uma delas relega o que a desonra, de onde não é difícil inferir quão puro deve ser o grupo de pessoas que frequenta essa casa. Bêbados, devassos, sodomitas, jogadores; são esses, mais ou menos, os nobres integrantes desse grupo, reclusos que, nesse asilo escandaloso, o quanto podem ofertam a Deus almas que o mundo rejeita. Perto dali, um ou dois castelos e o burgo de Menerbe, o qual se acha apenas a uma légua de Saint-Hilaire - eis todo o mundo desses bons religiosos que, malgrado sua batina e condição, estão, entretanto, longe de encontrar abertas todas as portas de quantos estão à sua volta. 

Havia muito o padre Gabriel, um dos santos desse eremitério, cobiçava certa mulher de Menerbe, cujo marido, um rematado corno, chamava-se Rodin. A mulher dele era uma moreninha, de vinte e oito anos, olhar leviano e nádegas roliças, a qual parecia constituir em todos os aspectos lauto banquete para um monge. No que tange ao sr. Rodin, este era homem bom, aumentando o seu património sem dizer nada a ninguém: havia sido negociante de panos, magistrado, e era, pois, o que se poderia chamar um burguês honesto; contudo, não muito seguro das virtudes de sua carametade, era ele sagaz o bastante para saber que o verdadeiro modo de se opor às enormes protuberâncias que ornam a cabeça de um marido é dar mostras de não desconfiar de os estar usando; estudara para tornar-se padre, falava latim como Cícero, e jogava bem amiúde o jogo de damas com o padre Gabriel que, cortejador astuto e amável, sabia que é preciso adular um pouco o marido de cuja mulher se deseja possuir. Era um verdadeiro modelo dos filhos de Elias, esse padre Gabriel: dir-se-ia que toda a raça humana podia tranquilamente contar com ele para multiplicar-se; um legítimo fazedor de filhos, espadaúdo, cintura de uma alna, rosto perverso e trigueiro, sobrancelhas como as de Júpiter, tendo seis pés de altura e aquilo que é a característica principal de um carmelita, feito, conforme se diz, segundo os moldes dos mais belos jumentos da província. A que mulher um libertino assim não haveria de agradar soberbamente? Desse modo, esse homem se prestava de maneira extraordinária aos propósitos da sra. Rodin, que estava muito longe de encontrar tão sublimes qualidades no bom senhor que os pais lhe haviam dado por esposo. Conforme já dissemos, o sr. Rodin parecia fazer vistas grossas a tudo, sem ser, por isso, menos ciumento, nada dizendo, mas ficando por ali, e fazendo isso nas diversas vezes em que o queriam bem longe. Entretanto, a ocasião era boa. A ingénua Rodin simplesmente havia dito a seu amante que apenas aguardava o momento para corresponder aos desejos que lhe pareciam fortes demais para que continuasse a opor-lhes resistência, e padre Gabriel, por seu turno, fizera com que a sra. Rodin percebesse que ele estava pronto a satisfazê-la... Além disso, num breve momento em que Rodin fora obrigado a sair , Gabriel mostrara à sua encantadora amante uma dessas coisas que fazem com que uma mulher se decida, por mais que hesite... só faltava, portanto, a ocasião. 

Num dia em que Rodin saiu para almoçar com seu amigo de Saint-Hilaire, com a ideia de o convidar para uma caçada, e depois de ter esvaziado algumas garrafas de vinho de Lanerte, Gabriel imaginou encontrar na circunstância o instante propício à realização dos seus desejos. 

– Oh, por Deus, senhor magistrado, - diz o monge ao amigo - como estou contente de vos ver hoje! Não poderíeis ter vindo num momento mais oportuno do que este; ando às voltas com um caso da maior importância, no qual haveríeis de ser a mim de serventia sem par. 

– Do que se trata, padre? 

– Conheceis Renoult, de nossa cidade. – Renoult, o chapeleiro. 

– Precisamente. – E então? 

– Pois bem, esse patife me deve cem écus, e acabo de saber que ele se acha às portas da falência; talvez agora, enquanto vos falo, ele já tenha abandonado o Condado... preciso muitíssimo correr até lá, mas não posso fazê-lo. 

– O que vos impede? 

– Minha missa, por Deus! A missa que devo celebrar; antes a missa fosse para o diabo, e os cem écus voltassem para o meu bolso. 

– Não compreendo: não vos podem fazer um favor? 

– Oh, na verdade sim, um favor! Somos três aqui; se não celebrarmos todos os dias três missas, o superior, que nunca as celebra, nos denunciaria à Roma; mas existe um meio de me ajudardes, meu caro; vede se podeis fazê-lo; só depende de vós. 

– Por Deus! De bom grado! Do que se trata? 

– Estou sozinho aqui com o sacristão; as duas primeiras missas foram celebradas, nossos monges já saíram, ninguém suspeitará do ardil; os fiéis serão poucos, alguns camponeses, e quando muito, talvez, essa senhorazinha tão devota que mora no castelo de... a meia légua daqui; criatura angélica que, à força da austeridade, julga poder reparar todas as estroinices do marido; creio que me dissestes que estudastes para ser padre. 

– Certamente. 

– Pois bem, deveis ter aprendido a rezar a missa. 

– Faço-o como um arcebispo. 

– Ó meu caro e bom amigo! - prossegue Gabriel lançando-se ao pescoço de Rodin – são dez horas agora; por Deus, vesti meu hábito, esperai soar a décima primeira hora; então celebrai a missa, suplico-vos; nosso irmão sacristão é um bom diabo, e nunca nos trairá; àqueles que julgarem não me reconhecer, dir-lhes-emos que é um novo monge, quanto aos outros, os deixaremos em erro; correrei ao encontro de Renoult, esse velhaco, darei cabo dele ou recuperarei meu dinheiro, estando de volta em duas horas. O senhor me aguardará, ordenará que grelhem os linguados, preparem os ovos e busquem o vinho; na volta, almoçaremos, e a caça... sim, meu amigo, a caça creio que há de ser boa dessa vez: segundo se disse, viu-se pelas redondezas um animal de chifres, por Deus! Quero que o agarremos, ainda que tenhamos de nos defender de vinte processos do senhor da região!

– Vosso plano é bom - diz Rodin - e, para vos fazer um favor, não há, decerto, nada que eu não faça; contudo, não haveria pecado nisso? 

– Quanto a pecados, meu amigo, nada direi; haveria algum, talvez, em executar-se mal a coisa; porém, ao fazer isso sem que se esteja investido de poderes para tanto, tudo o que dissestes e nada são a mesma coisa. Acreditai em mim; sou casuísta, não há em tal conduta o que se possa chamar pecado venial. 

– Mas seria preciso repetir a liturgia? 

– E como não? Essas palavras são virtuosas apenas em nossa boca, mas também esta é virtuosa em nós... reparai, meu amigo, que se eu pronunciasse tais palavras deitado em cima de vossa mulher, ainda assim eu havia de metamorfosear em deus o templo onde sacrificais... Não, não, meu caro; só nós possuímos a virtude da transubstanciação; pronunciaríeis vinte mil vezes as palavras, e nunca faríeis descer algo dos céus; ademais, bem amiúde connosco a cerimónia fracassa por completo; e, aqui, é a fé que faz tudo; com um pouco de fé transportaríamos montanhas, vós sabeis, Jesus Cristo o disse, mas quem não tem fé nada faz... eu, por exemplo, se nas vezes em que realizo a cerimónia penso mais nas moças ou nas mulheres da assembleia do que no diabo dessa folha de pão que revolvo em meus dedos, acreditais que faço algo acontecer? Seria mais fácil eu crer no Alcorão que enfiar isso na minha cabeça. Vossa missa será, portanto, quase tão boa quanto a minha; assim, meu caro, agi sem escrúpulo, e, sobretudo, tende coragem. 

– Pelos céus, - diz Rodin - é que tenho uma fome devoradora! Ainda faltam duas horas para o almoço! 

– E o que vos impede de comer um pouco? Aqui tendes alguma coisa. 

– E a tal missa que é preciso celebrar? 

– Por Deus! O que há de mal nisso? Acreditais que Deus se há de macular mais caindo numa barriga cheia em vez de numa vazia? O diabo me carregue se não é a mesma coisa a comida estar em cima ou embaixo! Meu caro, se eu dissesse em Roma todas as vezes que almoço antes de celebrar minha missa, passaria minha vida na estrada. Além disso, não sois padre, nossas regras não vos podem constranger; ireis tão-somente dar certa imagem da missa, não ireis celebrá-Ia; consequentemente, podereis fazer tudo o que quiserdes antes ou depois, inclusive beijar vossa mulher, caso ela aqui estivesse; não se trata de agir como eu; não é celebrar, nem consumar o sacrifício. 

– Prossigamos - diz Rodin - hei de fazê-lo, podeis ficar tranquilo. 

– Bem - diz Gabriel, dando uma escapadela, depois de fazer boas recomendações do amigo ao sacristão... – contai comigo, meu caro; antes de duas horas estarei aqui – e, satisfeito, o monge vai embora. Não é difícil imaginar que ele chega apressado à casa da mulher do magistrado; que ela se admira de vê-lo, julgando-o em companhia de seu marido; que ela lhe pergunta a razão de visita tão imprevista. 

– Apressemos-nos, minha cara - diz o monge, esbaforido – apressemos-nos! Temos para nós apenas um instante... um copo de vinho, e mãos à obra! 

– Mas, e quanto a meu marido? 

– Ele celebra a missa. 

– Celebra a missa? 

– Pelo sangue de Cristo, sim, mimosa – responde o carmelita, atirando a sra. Rodin ao leito – sim, alma pura, fiz de seu marido um padre, e, enquanto o farsante celebra um mistério divino, apressemo-nos a levar a cabo um profano... O monge era vigoroso; a uma mulher, era difícil opor-se-lhe quando ele a agarrava: suas razões, por sinal, eram tão convincentes... ele se põe a persuadir a sra. Rodin, e, não se cansando de fazê-lo a uma jovem lasciva de vinte e oito anos, com um temperamento típico da gente de Provença, repete algumas vezes suas demonstrações. 

– Mas, meu anjo – diz, enfim, a beldade, perfeitamente persuadida – sabeis que se esgota o tempo... devemos nos separar: se nossos prazeres devem durar apenas o tempo de uma missa, talvez ele já esteja há muito no ite missa est. 

– Não, não, minha querida – diz o carmelita, apresentando outro argumento à sra. Rodin –, deixai estar, meu coração, temos todo o tempo do mundo! Uma vez mais, minha cara amiga, uma vez mais! Esses noviços não vão tão rápido quanto nós... uma vez mais, vos peço! Apostaria que o corno ainda não ergueu a hóstia consagrada. Todavia, mistério foi que se despedissem, não sem promessas de se reverem; tracejaram novos ardis, e Gabriel foi encontrar-se com Rodin; este havia celebrado a missa tão bem quanto um bispo. 

– Apenas o quod aures – diz ele – embaraçou-me um pouco; eu queria comer em vez de beber, mas o sacristão fez com que eu me recompusesse; e quanto aos cem écus, padre? 

– Recuperei-os, meu filho; o patife quis resistir, peguei de um forcado, dei-lhe umas pauladas, juro-vos, na cabeça e noutras partes. Entretanto, a diversão termina; nossos dois amigos vão à caça e, ao regressar, Rodin conta à sua mulher o favor que prestou a Gabriel. 

– Celebrei a missa – dizia o grande tolo, rindo com todas as forças – sim, pelo corpo de Cristo! Eu celebrava a missa como um verdadeiro vigário, enquanto nosso amigo media as espáduas de Renoult com um forcado... Ele dava com a vara; que dizeis disso, minha vida? Colocava galhos na fronte; ah! boa e querida mãezinha! como essa história é engraçada, e como os cornos me fazem rir! E vós, minha amiga, o que fazíeis enquanto eu celebrava a missa? 

– Ah! meu amigo – responde a mulher – parecia inspiração dos céus! Observai de que modo nos ocupavam de todo, a um e a outro, as coisas do céu, sem que disso suspeitássemos; enquanto celebráveis a missa, eu entoava essa bela oração que a Virgem dirige a Gabriel quando este fora anunciar-lhe que ela ficaria grávida pela intervenção do Espírito Santo. Assim seja, meu amigo! Seremos salvos, com toda certeza, enquanto acções tão boas nos ocuparem a ambos ao mesmo tempo.

Marquês de Sade

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03
Dez16

03 de Dezembro de 1886: O Teatro Folies Bergère estreia um novo tipo de espetáculo na noite parisiense

António Garrochinho


Anteriormente um teatro para operetas, pantomima, reuniões políticas e vaudeville, a Folies Bergère estreia em Paris em 3 de Dezembro de 1886 um espetáculo de revista (género popular de teatro musical) bem elaborado apresentando mulheres com figurinos sensacionais. A moda, a partir de 1830, era baptizar as salas de espetáculo com o nome de “Folies” (loucuras) seguido do nome do quarteirão ou de uma rua próxima de onde se localizavam.


O "Folies" foi o primeiro local de entretenimento nocturno de Paris. O teatro não se preocupava com as despesas, levando ao palco revistas que apresentavam por vezes mais de 40 quadros, mil figurinos, empregando nos bastidores cerca de 200 pessoas.


Na verdade o Folies Bergère datava de 1869, quando abriu as portas como o primeiro grande “music hall” de Paris. Produzia óperas ligeiras e pantomimas com cantores desconhecidos que pouco depois experimentaram rotundo fracasso.


O maior sucesso veio em 1870 quando o Folies Bergère levou à cena espetáculos de vaudeville. Entre outros números, os primeiros shows de vaudeville apresentavam acrobatas, encantadores de serpente, um canguru boxeador, elefantes amestrados, o homem mais alto do mundo, além de um príncipe grego com o seu corpo totalmente coberto por tatuagens supostamente como punição por ter tentado seduzir a filha do xá da Pérsia.


Era permitido que o público bebesse e se encontrasse nos jardins internos e áreas de passeio do teatro. O Folies Bergère tornou-se sinónimo das tentações eróticas da capital francesa. Famosos pintores como Édouard Manet e Henri de Toulouse-Lautrec tinham lugar cativo no Folies.


Em 1886, o Folies Bergère passou a ter uma nova direcção e, em 3 de Dezembro levaram à cena a primeira revista musical. O quadro "Place aux Jeunes," apresentando lindas coristas com trajes sumários, conquistou um tremendo sucesso. As mulheres do Folies apresentavam-se cada vez com menos roupa, à medida que se aproximava o século XX. Os figurinos e os sketches tornaram-se mais e mais audaciosos. Entre os artistas que marcaram o início das suas carreiras no Folies pode-se mencionar Yvette Guilbert, Maurice Chevalier e Mistinguett.


O Folies Bergère permaneceu envolto em sucesso internacional até meados do século XX iniciando um leve porém persistente declínio. No entanto, pode até hoje ser visitado em Paris, apesar de ser local cedido também para shows e concertos de outros artistas e empresários.

Todavia, o Folies Bergère mantém uma tradição que remonta há mais de um século: o título do espetáculo contém sempre treze letras e deve incluir a palavra “Folie”.


Fontes: Opera Mundi
wikipedia (imagens)



Bar no Folies Bergere por Edouard Manet 

O Arco-íris - Jules Cheret



03
Dez16

03 de Dezembro de 1919: Morre o pintor francês, Pierre - Auguste Renoir

António Garrochinho

Pintor francês, Renoir nasceu a 25 de Fevereiro de 1841, em Limoges, e morreu a 3 de Dezembro de 1919, em Cagnes.

Desde o princípio a  sua obra foi influenciada pelo sensualismo e pela elegância do rococó, embora não faltasse um pouco da delicadeza do seu ofício anterior como decorador de porcelana. O seu principal objectivo, como ele próprio afirmava, era conseguir realizar uma obra agradável aos olhos. Apesar da sua técnica ser essencialmente impressionista, Renoir nunca deixou de dar importância à forma - de facto, teve um período de rebeldia diante das obras dos seus amigos, no qual se voltou para uma pintura mais figurativa, evidente na longa série Banhistas. Mais tarde retomaria a plenitude da cor e recuperaria a sua pincelada enérgica e ligeira, com motivos que lembram o mestre Ingres, pela sua beleza e sensualidade.

 Em 1862 Renoir conseguiu entrar na Escola de Belas-Artes de Paris, desenvolvendo a admiração por Boucher, Fragonard e Watteau. Talvez por isso o público sempre tenha considerado o seu estilo mais "aceitável" do que o dos restantes companheiros impressionistas. Em 1867, o trabalho Lise resulta da análise da luz e da cor,realizada inteiramente ao ar livre, segundo as conceções impressionistas. Tanto se debruçava sobre paisagens campestres como sobre temas citadinos. O Balouço e Le Moulin de la Galette foram pintados em 1876. Na Normandia continuou os estudos de luz e de água e durante uma viagem pela Itália interessou-se por Rafael e pelos frescos romanos de Pompeia. A procura da espontaneidade impressionista já não o satisfazia e para Les Grandes Baigneuses (1884-87) procura um contorno mais penetrante, inspirando-se num relevo setecentista. Esta obra reconciliou-o com o público e passou a expor frequentemente. Os tons eram quentes, o estilo ganhara vigor.O corpo da mulher tornou-se o centro do seu universo pictural. A partir de 1900 instalou-se no Sul de França.  

Pierre-Auguste Renoir. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013.      
wikipedia (Imagens)  


Pierre Auguste Renoir c. 1910
File:Renoir, Pierre-Auguste, by Dornac, BNF Gallica.jpg
Análise da obra: O Baile no Moulin de La Galette - Pierre Auguste Renoir




File:Pierre-Auguste Renoir, Le Moulin de la Galette.jpg


Arquivo: Auguste Renoir - Almoço do partido Boating 1880-1881.jpg
Análise da obra O Almoço dos Remadores de Pierre-Auguste Renoir

Análise da obra: As Meninas Cahen d'Anvers - Rosa e Azul - Pierre -Auguste Renoir



VÍDEO



03
Dez16

NA IGREJA NADA MUDA !

António Garrochinho

OS NOVOS (POUCOS) PADRÉCOS QUE VÃO SENDO (ORDENHADOS) PELO SANTO OFÍCIO SUPERAM EM REACCIONARICE OS TEMPOS DO CEREJEIRA.

NA BÍBLICA FÉ ESOTÉRICA FAZEM O VERDADEIRO CULTO AO (BOI DE OURO) O DINHEIRO.

A GRANDE MINA É O POVO ONDE SE COMETEM AS MAIORES ARBITRARIEDADES EM CUSTOS DE MISSAS, CASAMENTOS, BAPTIZOS, FUNERAIS, E OUTROS SERVIÇOS QUE A GRANDE EMPRESA DO VATICANO DOMINA.

TAMBÉM NO CAMPO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL RECOLHEM COMO SÃO CONSTANTEMENTE NOTICIADOS CHORUDOS LUCROS QUE USAM A SEU BELO PRAZER .
António Garrochinho
03
Dez16

John, o homem temido pela máquina do futebol

António Garrochinho


(Artigo in Expresso


O senhor Football Leaks é português e vive incógnito, algures na Europa. O início desta fuga de informação começou na Alemanha.

No meio dos adeptos do modesto clube alemão Hamburgo SV, que assistem nas bancadas a mais uma derrota da sua equipa, John passa quase despercebido. A multidão canta em coro “Segunda divisão! Aí vai o Hamburgo!”, enquanto o português vai bebendo mais um gole do quinto copo de cerveja. Ainda se entusiasma com um jogo de futebol, apesar dos negócios escuros que têm vindo a manchar o desporto, e que ele começou a desvendar no final de 2015.

John, nome pelo qual ele prefere ser identificado, é o senhor Football Leaks e tem em mãos uma plataforma online que contém 18,6 milhões de documentos, com 1,9 terabytes de informação – equivalente a 500 mil Bíblias ou a oito disco rígidos portáteis – com documentação de negócios do futebol. Por outras palavras, é a maior fuga de informação da História do desporto.

O português, que é fluente em cinco línguas e vive incógnito algures na Europa, encontrou-se em Hamburgo, na primavera, com os jornalistas da revista alemã “Der Spiegel” para que avaliassem a veracidade da base de dados. Não pediu dinheiro em troca, apesar de alegar que vários agentes de jogadores lhe ofereceram 650 mil euros por ela. De onde vieram estes dados? Ele não responde.

Depois de uma análise exaustiva, a equipa de investigação da revista alemã confirmou que se tratava de informação verdadeira: contratos de jogadores, acordos de transferências secretos, esquemas com indícios de fuga ao fisco em offshores e todo o tipo de negócios menos claros entre agentes, intermediários e presidentes de clubes de futebol… E algumas das maiores estrelas mundiais, como Cristiano Ronaldo, José Mourinho e Mesut Ozil, estão lá mencionados.

Numa “sala segura” criada de propósito para este projeto, na redação da revista alemã, John veste umas calças de ganga rotas e tem os sapatos sujos. Não parece preocupar-se muito com a aparência. Está mais atento ao ecrã do computador a verificar os fluxos de dinheiro numa empresa fantasma de Malta.

Há computadores sem ligações à Internet e só é permitida a comunicação encriptada. As preocupações com a segurança têm razão de ser. Na base de dados é possível encontrar, por exemplo, ligações entre as máfias do Cazaquistão, da Turquia ou da Rússia ou com ditadores africanos.

John diz ter uma missão: limpar o futebol das suas impurezas

Um dos maiores inimigos de John é a Doyen, empresa de marketing desportivo gerida pelo empresário português Nélio Lucas, que apresentou uma queixa-crime contra o Football Leaks. E não terá ficado por aqui. Também terá contratado empresas para chegar até ao gestor da base de dados: de especialistas em tecnologias de informação até importantes escritórios de advogados e detetives privados.John diz ter uma missão: limpar o futebol das suas impurezas, corrupção e ilegalidades. Existe no entanto um lado negro no Football Leaks, que começou a 3 de outubro de 2015, cinco dias depois de as primeiras informações que constam na base de dados online terem sido tornadas públicas. Nesse dia, Nélio Lucas recebeu um email enviado por alguém que se apelidava Artem Lobuzov e dizia ter documentos comprometedores para a Doyen, incluindo fotografias, mensagens de chats e email: “Tudo isto e muito mais pode aparecer na Internet, e mais tarde na imprensa europeia. Não quer que isso aconteça, pois não? Mas podemos falar…”.

Encriptado

O jovem empresário é uma figura influente no mundo do futebol, principalmente depois de fechar negócios com estrelas como o brasileiro Neymar, o campeão espanhol Xavi e o avançado colombiano Radamel Falcao. Percebeu logo o que a Doyen enfrentava e, sentindo-se pressionado, arriscou e tentou fazer um acordo com Lobuzov.

O mensageiro anónimo pareceu recetivo e respondeu dois dias depois, insinuando que um valor entre 500 mil euros e um milhão de euros significaria que a informação “poderia ser eliminada”. E propôs: “Podemos resolver isto facilmente no maior segredo, preferencialmente entre advogados”.

No final desse mês, numa estação de serviço em Oeiras (arredores de Lisboa), dá-se um encontro entre três homens: Nélio Lucas, o seu advogado e Aníbal Pinto, advogado contactado por Lobuzov para intermediá-lo num possível acordo.

Um dirigente da Doeyen garante que Nélio Lucas terá avançado com uma quantia concreta – 300 mil euros – para que Lobuzov não publicasse nada sobre ele e a empresa.

A Doyen reagiu intempestivamente às perguntas enviadas pelo “Der Spiegel” sobre o encontro em Oeiras. Um porta voz da empresa garante que “a informação é completamente falsa e manipulada”, ameaçando uma ação legal contra a revista no caso de publicar qualquer tipo de notícia sobre o caso. Mas não especificou que tipo de informações eram falsas.

A reunião em Oeiras teve sequelas. “Soube posteriormente que a conversa foi gravada pela Polícia Judiciária”

O advogado Aníbal Pinto garante que não ajudou Lobuzov a fazer chantagem sobre Nélio Lucas e que apenas foi contactado “para intermediar, como advogado, com um colega advogado, um acordo”, sobre o qual não pode comentar por estar sujeito a segredo profissional. Mas decidiu abortar essa negociação. “Logo que me apercebi que o acordo, ou mesmo a tentativa desse acordo, poderia consubstanciar um crime, nomeadamente de extorsão, abandonei as conversações, dando nota disso ao meu colega e aconselhei o meu cliente, como sempre faço, a não prosseguir com qualquer atividade que possa ser considerada ilícita”, explica.

A reunião em Oeiras teve sequelas. “Soube posteriormente que a conversa foi gravada pela Polícia Judiciária”, acusa Aníbal Pinto, que diz ter recebido vários emails, que considera difamatórios “e com ameaças da parte de Nélio Lucas”, tendo apresentado queixa-crime contra o empresário no Ministério Público. “Porque considero, também, que o meu colega foi desleal e violou os mais elementares princípios deontológicos, participei disciplinarmente à Ordem dos Advogados, que abriu um processo disciplinar que está a correr”.

Depois do episódio na estação de serviço, Aníbal Pinto nunca mais foi contactado por Lobuzov, que não respondeu às perguntas enviadas por email.

Algumas das pessoas e empresas mencionadas no Football Leaks que foram contactadas pelo “Der Spiegel” garantem que muitos dos seus documentos foram alvo de hacking. A exemplo da Doyen, uma firma de advogados espanhola fez uma queixa-crime contra os autores do Football Leaks. Mas até ao momento não está provado que algum dos documentos que se encontram na base de dados tenha sido alvo de manipulação ou falsificação.

Quem é afinal Lobuzov? Trabalha em conjunto com John? Ou serão eles a mesma pessoa? É John um hacker? E se John é Lobuzov, quão credível é ele como fonte? “Nós nunca fizemos hacking a ninguém e, como sempre o dissemos, não somos hackers. Temos sim uma boa rede de fontes”, responde John, que se recusa a fazer mais comentários sobre o assunto.

Uma coisa parece certa: o facto de a chantagem por parte de Artem Lobuzov – o anónimo que acenou com documentos considerados desconfortáveis para Nélio Lucas – não ter sido bem-sucedida foi mais um argumento para a equipa de jornalistas avançar com a publicação deste material.

As conversas entre Lobuzov e Nélio Lucas terminaram num tom ainda mais azedo do que tinham começado: “Fica com o teu dinheiro, vais precisar dele”, escreveu o primeiro. Nélio Lucas reagiu: “Bandidos da tecnologia! Não te estou a ameaçar com pancada, que é o que tu merecias, mas nós não somos bandidos. Somos pessoas de princípios e carácter. A tua lição será outra e irá doer mais!!!”.

*European Investigative Collaborations



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