A agenda das consciências assinala hoje o Dia Internacional de Combate à Corrupção. Contrariamente ao que é habitual com outras datas esta passa despercebida, como se sabe a corrupção é discreta.
Recordo os dados de 2015 do Barómetro Global da Corrupção, da responsabilidade da Transparency International, a rede global de Organizações Não-Governamentais que em Portugal é representada pela Transparência e Integridade, Associação Cívica (TIAC). O Barómetro considera 42 países da Europa e Ásia Central e os indicadores para Portugal continuam preocupantes. Mais de 80% dos inquiridos entende que o Estado é influenciado pelos cidadãos com maior poder económico. O Parlamento, as autarquias e o mundo empresarial são as áreas percebidas como mais vulneráveis à corrupção.
Imediatamente depois da economia e emprego e saúde, a corrupção é considerado o problema que requer mais atenção.
48% dos inquiridos entende que os níveis de corrupção pioraram no último ano e 39% não encontra melhorias nos índices de corrupção em Portugal.
É ainda relevante que o Parlamento é a instituição mais negativamente percebida, considerando 34% dos inquiridos que todos ou a maioria dos deputados estão envolvidos em corrupção.
Na sequência de relatórios anteriores os dados são devastadores. Sabe-se que na grande maioria dos casos registados e investigados não resultam condenação, são frequentes as referências à falta de meios e recursos humanos no sistema judicial mas a coisa não se altera significativamente.
Recordo que em Fevereiro a Comissão Europeia afirmava num relatório que em Portugal “não existe uma estratégia nacional de luta contra a corrupção em vigor”.
No entanto, está sempre presente nos discursos partidários, sobretudo à entrada de cada novo governo, a retórica que sustenta o fingimento da luta contra a corrupção e a promoção da transparência na vida política portuguesa e, regularmente, emergem umas tímidas propostas que mascaram essa retórica, entram na agenda e rapidamente desaparecem até ao próximo fingimento.
Do meu ponto de vista, nenhum dos partidos do chamado “arco do poder”, está verdadeiramente interessado na alteração da situação actual, o que, aliás, pode ser comprovado pelas práticas desenvolvidas enquanto poder. A questão, do meu ponto de vista, é mais grave. Os partidos, insisto no plural, mais do que NÃO QUERER mexer seriamente na questão da corrupção e do seu financiamento, NÃO PODEM e vejamos porque não podem.
Nas últimas décadas, temos vindo a assistir à emergência de lideranças políticas que, salvo honrosas excepções, são de uma mediocridade notável. Temos uma partidocracia instalada que determina um jogo de influências e uma gestão cuidada dos aparelhos partidários donde são, quase que exclusivamente, recrutados os dirigentes da enorme máquina da administração pública e instituições e entidades sob tutela do estado. Esta teia associa-se à intervenção privada sobretudo nos domínios, e são muitos, em que existem interesses em ligação com o estado, a banca e as obras públicas são apenas exemplos. Os últimos anos foram particularmente estimulantes nesta matéria.
A manutenção deste quadro, que nenhum partido está evidentemente interessado em alterar, exige um quadro legislativo adequadamente preparado no parlamento e uma actividade reguladora e fiscalizadora pouco eficaz ou, utilizando um eufemismo, “flexível”. Assim, a sobrevivência dos partidos, tal como estão, exige a manutenção da situação existente pelo que, de facto, não podem alterá-la. Quando muito e para nos convencer de que estão interessados, introduzem algumas mudanças irrelevantes e acessórias sem, obviamente, mexer no essencial. Seria um suicídio para muita da nossa classe política e para os milhares de boys de diferentes cores que se têm alimentado, e alimentam do sistema.
O combate à corrupção, parece, assim, um problema complicado. De quem faz parte do problema, não podemos esperar a solução.
Era uma vez um rapaz chamado Escondido. Tinha aí uns catorze ou quinze anos que, como se lembram, é uma idade em que muitos de nós, ou nos mostramos em demasia, gostamos de ter as pessoas, sobretudo os amigos, a olhar para nós, ou, pelo contrário, nos escondemos demasiado com medo que os outros reparem naquilo que achamos não ser ou não ter.
Pois o Escondido era dos que não gostava que olhassem para ele. Desde que acordava, o Escondido passava o tempo a tentar esconder-se.
Como era um tipo esperto arranjava muitas maneiras de o conseguir. Escondia-se atrás de um boné a cair para os olhos. Também gostava de usar blusões com carapuço que punha sobre a cabeça e os olhos no chão. Ninguém o “via”. Também não dispensava o telemóvel com os phones nas orelhas não o interpelavam e ele, claro, continuava Escondido.
Na escola, escondia-se na última fila, atrás de um livro aberto que não lia e de um ar ausente de quem estava a viajar bem longe dali. Aos intervalos, o Escondido deslizava para um qualquer canto da escola onde se arrumava, discretamente, a jogar no telemóvel.
Escondia-se de tal maneira o Escondido, que nem olhava o espelho tal era com medo de se descobrir a ele próprio.
Existem miúdos assim, escondidos, com medo, desesperados por serem encontrados.
De profissão “meretriz tolerada”, Amélia Marques, mais conhecida por “Pencuda”, foi protagonista de muitas notícias pelo trabalho que no início do século passado deu à polícia de Lisboa. Normalmente, metia-se em desordens que terminavam à facada, mas também esteve envolvida em alguns assassínios... Este é o quarto capítulo da segunda temporada da série “Crime à Segunda”
Amélia Marques constava, com a sua alcunha “Pencuda”, no livro especial guardado na repartição privativa da polícia. Era uma “tolerada”, da classe das que viviam “em comum debaixo da direção de uma dona de casa”, como estipulava o Regulamento Policial das Meretrizes da Cidade de Lisboa. E, além de escolher mal os amantes, tinha uma atração especial por sarilhos: cada vez que havia facada no bairro, o seu nome vinha à baila e quase sempre valia-lhe mais uma linha no “largo cadastro”.
O seu raio de ação restringia-se à área entre a calçada do Combro e a 24 de Julho, dantes rua, hoje avenida. O primeiro andar onde vivia e ganhava a vida teria as janelas de modo a que o interior “não fosse devassado”, guarnecidas de tabuinhas ou tapadas de outra maneira qualquer. Na certa, a dona, de seu nome Maria Ferreira, não quereria ir contra as normas e perder o alvará de licença tão ostensivamente, já que quanto às condições sanitárias... lá conseguia que os inspetores fossem fechando os olhos.
Situava-se a “casa tolerada” no n.º 92 da avenida D. Carlos, uma das artérias mais elegantes e movimentadas de Lisboa, no princípio do século passado, caminho obrigatório para o edifício das cortes, ou seja, o Parlamento. Destoavam na paisagem esse prédio e mais uns outros, velhos, deteriorados, mal disfarçados da rua por um muro, com cerca de um metro de altura, na zona quase no fim da avenida, a qual terminava pouco depois do largo da Esperança.
“É um meio infeto, onde a desgraça e a degradação se juntam, concorrendo assim para mais fazer avultar as paixões que em regra dominam os indivíduos que ali vivem, sem energias que os reabilitem da senda criminosa que vão trilhando”, explicava o jornal “O Século” em setembro de 1904, quando deu notícia da “sanguinolenta tragédia” motivada por Amélia Marques e que ultrapassou todas as anteriores desordens, “mais ou menos graves e violentas, com as quais, por vezes, os moradores das casas que lhe ficam nas imediações são despertados, ouvindo então toda a casta de impropérios e obscenidades”.
Não pertencendo à outra classe de meretrizes prevista no regulamento, a das que viviam “isoladamente em domicilio próprio”, sendo as suas residências classificadas “casas de passe”, Amélia dividia o espaço com “outras desgraçadas”, assim como a obrigação de pagar à patroa, que residia no segundo andar, uma certa quantia pela sua atividade diária. Era uma profissional de um ofício muito criticado, mas considerado “um mal necessário”, como dizia o médico e professor Ângelo Fonseca no seu estudo detalhado sobre a prostituição, no qual apresenta estatísticas que até à data de publicação, em 1902, ninguém reunira em 58 anos de “tolerância legal”.
Devido a essa dissertação de concurso a uma das cadeiras vagas da faculdade de Medicina, fica a saber-se que Amélia Marques é uma das mais de mil toleradas em exercício na cidade de Lisboa. Em 1901, encontram-se registadas 1.197 mulheres que “habitualmente se entregam à prostituição e estão inscritas no registo policial”, para uma população de 176.359 homens. Nestas contas não entram, claro, as “clandestinas” que, segundo o professor, se apelidam, na sua maioria, “costureiras”. “Com um salário exíguo e pouco dado às exigências das circunstâncias em que vivem, é fácil compreender como resvalam para a prostituição, depois de esgotados todos os expedientes que costumam adotar.”
“A costureira, gozando quase sempre desde criança uma certa liberdade, permite-se sair dos ateliês mal acompanhada. Com a idade vem a preocupação do luxo, a necessidade de satisfazer uma multiplicidade de caprichos dispendiosos, o desejo de uma vida ociosa em contraposição do trabalho mal remunerado. Além d’isso, a vida nos ateliês é sempre perigosa porque importa um convívio suspeito em que as mais novas começam a educar-se. É difícil reagir a um meio tão livre como aquele, demais quando é certo influenciar raparigas mal saídas da adolescência”, escreveu Ângelo Rodrigues da Fonseca em “Da prostituição em Portugal”.
Não é o caso de Amélia Marques. Esta terá sido registada “à força”, que era o que acontecia às mulheres que se entregassem à prostituição clandestina e fossem apanhadas pelos polícias. Primeiro davam-lhes 24 horas para se matricularem - se não o fizessem, na segunda vez que as prendessem por ofensas à moral pública não se livravam do registo — , o que incluía nome, filiação, naturalidade, idade, estado, sinais característicos, residência e outros esclarecimentos que se julgassem necessários para certificar a identidade. Depois ganhavam um livrete com a sua matrícula e o regulamento e tinham de apresentá-lo sempre que fosse solicitado pela polícia ou quando se ia à inspeção sanitária que, em princípio, deveria ser de oito em oito dias.
UMA DESORDEM AQUI, OUTRA ALI, MAIS UMAS FACADAS, MORTES...
A Pencuda, como a ela se referiam polícia, jornais e gentes do bairro, terá pouco mais de 20 anos. Conhecida principalmente como tolerada, ladra e desordeira, já tinha o nome ligado a alguns casos de homicídio antes de ter resolvido vingar-se de “o Varino”. Há uns tempos, envolvera-se no assassínio do carroceiro Reis, acontecimento que “sobressaltou a população de Lisboa, enchendo-a de pavor pela perversidade com que foi cometido” — uma cena horrível, passada numa marcha noturna de archotes, e o assassino foi um homem de apelido Amaral, na altura seu amante e por ela instigado a praticar o crime, segundo se provou. Por volta de 1902, dois anos antes do acontecimento sangrento em sua própria casa, originado por uma vontade de vingança de que foi acometida e que lhe valeu mais umas cicatrizes e uma série de notícias em quase todos os jornais da época, metera-se noutra confusão. No Cais do Tojo, também ali próximo da sua casa, onde já não se faziam enforcamentos de condenados desde 1842, protagonizou uma cena de facada que lhe ficou marcada no rosto para sempre.
Como se vê, Amélia estava habituada a uma vida difícil, dura, miserável, mas, em setembro de 1904, começou a fartar-se do amante, um cliente a quem se afeiçoara após o seu anterior “parceiro” ter sido preso, em junho, por suspeita de envolvimento num duplo assassínio no Boqueirão Duro e a ter arrastado consigo para os calabouços da polícia, embora por poucos dias. De início, o amante, António Joaquim Dias Pereira, homem com cara de poucos amigos que gostava de resolver as questões à “marrada” e à facada, era para com ela cordial e pacífico, mas agora tratava-a mal, muito mal.
O Varino, assim conhecido talvez por ser de Ovar ou por vender peixe, batia-lhe “por dá cá aquela palha”, chegando mesmo a esfaqueá-la e, por isso, já fora preso e condenado no Tribunal da Boa Hora. “Para as odaliscas dos bordéis modernos tanto se lhes importa que o amigo toque e cante bem o fado ou não, Cocheiros e marujos é gente que já não lhes quadra”, comenta Fernando Schwalbach. No seu livro “O Vício em Lisboa antigo e moderno”, de 1912, o jornalista e escritor diz que o amante preferido das prostitutas do início do século XX e “disputado às vezes à ponta da chinela é aquele que maiores melenas tem, que maior número de prisões conta e que melhor sabe dar uma picada ou ‘marear’ um ‘gajo’ desta para a melhor, como eles dizem no seu calão baixo de faquista porco”.
ARTIGO. O jornal republicano “A Vanguarda” também dedicou algum espaço à “desordem grave” na casa da Pencuda
Os amantes de Amélia encaixam-se neste retrato na perfeição - os gatunos e os artistas da navalha também eram “o seu mais que tudo”. A dada altura, começou a substituir o Varino pelo Viana, rapaz ainda com ar imberbe, “tido e havido como faquista ‘enragé’”, isto é, enraivecido e radical. Desde criança que armava confusão na rua da Esperança, onde sempre morou e sobressaía entre o grupo de desordeiros; de noite, ao verem-no sair de boina, a vizinhança previa desde logo que alguma desordem se ia produzir. “Era seu costume, quando tinha de ajustar contas com algum da sua igualha, trazer uma boina para poder dar cabeçadas — marradas, como dizem os fadistas —, processo rápido e seguro para pôr um adversário fora de combate. Uma cabeçada dada a tempo no nariz ou no estômago de um antagonista assegura a vitoria a quem dá”, segundo explicou o “Diário de Notícias”.
A VINGANÇA CONTRA O VARINO É O CASO DE QUE FALAMOS
Ora, foi com Francisco Viana que Amélia combinou dar uma lição ao Varino, deixá-lo fora de serviço durante uns tempos ou... No dia 4 de setembro de 1904, convidou-o para pernoitar consigo. Mal este entrou na casa, pouco antes das duas horas da madrugada, deixou-o com a sua colega Maria Cascalheira e saiu a correr, a pretexto de ir comprar carapaus e vinho para ambos cearem. Mas em vez de se dirigir a uma taberna, das muitas que por ali havia e que estaria prestes a fechar, rumou ao encontro do Viana, que a esperava já com mais o seu irmão José Viana, mais Artur dos Santos, o Sota da rua da Silva, e Lúcio de Oliveira Graça, da travessa do Poço dos Negros.
O grupo subiu ao primeiro andar como se nada fosse, mas começou logo a crivar o ex-amante de Amélia de frases injuriosas, que, de início, ele ignorou, “fingindo não lhe ligar importância, atendendo à superioridade do número de inimigos”, como refere “O Século”. Só que, a dada altura, as ofensas subiram de nível e António Dias Pereira começou a responder no mesmo tom. “Foi como que o rastilho da desordem em que imediatamente todos se envolveram”, conta o diário, que assim descreve a cena seguinte: “Atirando-se às cegas uns sobre os outros e servindo-se de todos os objetos ao seu alcance, na intenção de alvejarem o Varino, fizeram com que viesse a terra o candeeiro que pendia do teto da sala, continuando a luta no meio das trevas, à mistura com uma tempestade de gritos, de queixas e de gemidos em que nenhum se entendia e cada qual procurava apenas dar largas à fúria de que estava possuído”.
A confusão foi tal que o Viana, pensando tratar-se do pescoço do Varino, deu seis facadas no Sota, cortando-lhe artérias e tendões, e acabou por ferir numa mão a Pencuda, embora sem gravidade. O barulho do mobiliário transformado em balas e dos gritos atraíram inúmeros curiosos e a polícia, que teve bastante dificuldade em pôr cobro ao conflito, mas tratou logo de “lançar mão aos desordeiros, incluindo a Amélia Pencuda e a Maria Cascalheira, que assistira ao caso e nele também tomara parte ativa”.
Apesar dos esforços, dois deles conseguiram fugir, o Lúcio dos Poço dos Negros e o próprio António Dias Pereira. O primeiro seria cercado em casa e preso ao nascer do sol, o segundo só dias depois seria apanhado. Os feridos foram levados ao Hospital Militar da Estrela e os restantes envolvidos ao juízo de instrução, onde ficaram detidos e onde se juntaram mais tarde Amélia Marques e Artur Santos, o Sota.
NOTÍCIA Recorte de "O Século" sobre o crime da rua de Vale de Santo António
Seriam, então, todos levados à Boa Hora, tribunal onde quase apenas se julgavam infrações aos regulamentos policiais e eram “proferidas sentenças anódinas do alto da cadeira judicial: doze dias de prisão remíveis a tostão por dia”, como opinou o escritor Alberto Pimenta, constatando que o lisboeta “não pratica heroísmos, mas também não comete grandes crimes”.
E... perdeu-se o rasto a Amélia que, provavelmente, foi libertada depois de cumprir uma curta pena ou mais cedo se a patroa se resolveu a pagar-lhe a fiança, e voltou ao seu dia-a-dia habitual, continuando na mira do chefe Sarmento, polícia convencido da culpabilidade da rapariga e do seu amante do momento, o “Pai Pina”, no caso do Boqueirão Duro. Os jornais ficaram muito mais preocupados em seguir o caso da rua do Vale de Santo António, uma “horrível cena de sangue da qual foi protagonista um marido devorado pelo mais atroz ciúme e vítima sua mulher, uma esbelta rapariga ainda no verdor da idade, querida e estimada por toda a gente que a conhecia”, ele sapateiro e ela trabalhadora da fábrica do tabaco, casados há três anos.
“Toda a população desta bela cidade esquece facilmente: as tempestades da política, os incidentes do parlamento, os escândalos da sociedade. Cada facto notável que vai acontecendo preocupa-a dois dias — apenas. Um crime, por mais monstruoso que seja, obriga-a a gastar um vintém, somente. Durante dois dias consecutivos toda a gente compra um jornal, devora sofregamente quatro colunas de pormenores, e uma gravura. Mas ao terceiro dia, Lisboa sobe ao céu da sua frivolidade, manda ao diabo a reportagem, como um preguiçoso que, para dormir melhor, se volta para o outro lado e torna a pegar no sono”, escreveu o escritor Alberto Pimentel quando, em 1900, retratou a cidade em “Vida de Lisboa” “Os garotos podem gritar na rua pregões atroares, as esquinas podem estar cheias de cartazes e de reclamos a quaisquer publicações alusivas ao facto. Lisboa não ouve os garotos, Lisboa não lê os cartazes, Lisboa não compra os opúsculos, ainda que esses opúsculos sejam panfletos. O que Lisboa quer, cansada já de um acontecimento que fez ruído dois dias, é — outro acontecimento”, completava o escritor nascido no Porto e que aos 26 anos se mudou para a capital.
Quando a vida dera uma volta, para si a melhor, e Rita de Melo passara de prostituta a falsificadora de moeda, com o seu amante João Batata, apareceu a polícia na rua das Atafonas... Ele confessará tudo e entregará a quadrilha que ambos chefiavam. Ela chorará de amor, resignada. Este é o sétimo capítulo da segunda temporada da série Crime à Segunda
Rita andava encantada da vida. E não por o reino ser desde há seis meses uma República. Deixara a rua, vivia com o seu amor, podia comprar roupa e libras de ouro de que tanto gostava. A indústria que criaram ia de vento em pompa, até já exportavam para Espanha, e dava-lhes tempo para gastar em pândegas, teatro, bailes e bailaricos. Mas tudo tem um fim. “Foi por gostar muito dele que me desgracei. Paciência”, desabafou no dia em que foi presa por fabricar moeda.
“Feita 'cocotte', das que passeiam os 'trottoirs' da baixa e habitam a travessa da Palha, vestindo elegantemente, de chapéu, vestidos caros, joias, muito ouro ao pescoço, sempre finamente enluvada e calçada, e tendo uma numerosa roda de admiradores”, assim era Rita de Melo, ainda em tempos de monarquia, no dizer do jornalista de “O Século”, quando descreveu a prisão dos fabricantes de moeda falsa da rua das Atafonas, no dia 30 de janeiro de 1911, baseado no que o amante dela (hoje dir-se-ia companheiro) relatou à polícia e no juízo de instrução criminal.
‘Cocotte’ é apenas mais um nome usado pelos literatos coevos para evitar a curta palavrinha que designa as praticantes da chamada “mais velha profissão do mundo”. O escritor Fialho de Almeida, que morre em março de 1911, apelidava-as de “mulheres de leito”, ‘hetairas’, ‘huris’... e trouxe do francês o termo “horizontalismo”, do suavizado “horizontal”, para a meretriz fina, “importado do ‘argot des boulevards’ para servir o paladar requintado dos janelinhas da alta”, como elucida, em 1913, Óscar Pratt em “Notas à margem ao novo dicionário”, sobre o eufemismo usado pela primeira vez por Giorgio Casanova, o “Dom Juan” do século XVIII.
Quando Rita conheceu João, de alcunha o Batata, rapaz simpático e jeitoso nascido na Covilhã, era uma tolerada, ou seja, prostituta com registo legal e casa para desenvolver a atividade. Com o dinheiro que ganhava e o que ele lhe proporcionava, tornou-se uma ‘cocotte’ da baixa da capital, das que exibiam o amante na travessa da Palha, como conta o fado de Gabriel Oliveira, com o nome antigo da Rua dos Correeiros, que será consagrado em 1958, pela voz de Lucília do Carmo, mãe do fadista Carlos do Carmo.
“Foi na travessa da Palha/que o meu amante, um canalha,/fez sangrar meu coração;/ trazendo ao lado outra amante/vinha a gingar petulante/ em ar de provocação”, versejou o “poeta Marujo”, como ficou conhecido Gabriel Oliveira que, na altura em que Rita andava para trás e diante, no “trottoir”, teria uns 19 anos e tirava o curso de artilheiro na Marinha Portuguesa. Talvez a tenha visto por ali, feita prostituta de nível intermédio até ao último trimestre de 1910.
As “prostitutas de 2ª ordem” preferiam as ruas dos Correeiros (travessa da Palha), dos Sapateiros (do Arco da Bandeira), dos Canos e das Gáveas, e “entre todas estas a travessa da Palha, que tinha então 56 prostituas”, enquanto as “da 3ª ordem” gostavam mais da travessa dos Fiéis de Deus, da rua das Atafonas, e da das Madres. Isto já afirmava o médico Francisco Santos Cruz, autor do primeiro estudo aprofundado sobre o assunto, publicado em 1841, sob o título “Da Prostituição na Cidade de Lisboa ou considerações históricas, higiénicas e administrativas em geral sobre as prostitutas, e em especial na referida cidade; com a exposição da legislação portuguesa a seu respeito e proposta de medidas regulamentares necessárias para a manutenção da saúde pública e da moral”.
Na verdade, Rita de Melo tinha um companheiro à maneira, o pior foi quando soube que o seu querido Batata partilhava os amores com “uma velha rica” da rua da Palma, “um conhecimento” feito quando ele regressara a Lisboa, vindo de Angola, onde cumprira pena por se de dedicar à gatunagem. Até à condenação ao degredo, em 1901, João de Oliveira ou João de Oliveira Rocha ou de Oliveira Rocha Bronze, que terá à volta de trinta anos de idade, já contava 12 prisões por vadiagem e furto.
“Depois de um doloroso cativeiro em terras africanas, o conhecimento com semelhante criatura foi um maná, que mais se acentuou depois que se fizeram amantes e ela consentiu em trazê-lo sem trabalhar, com os bolsos bem recheados, vivendo à larga, como príncipe. Como quer, porém, que os carinhos da velha fossem algo serôdios e a liberdade concedida ao Batata lhe permitisse a conquista de novos amores, não foi difícil a este enrodilhar nos seus galanteios a atual amante”, conta o “O Século”.
RITA “DESENTRANHAVA-SE EM RODEÁ-LO DE FAVORES, PARA O TRAZER SEMPRE UM PRIMOR"
A rapariga, de cerca de 30 anos, olhos negros rasgados, “roliça, um tanto formosa, pele branca…” não agarrou o amante com um duelo de fado com “a outra qualquer”, porém, tal como nos versos do poeta marujo, no final foi ela quem voltou para casa com o João. Rita convenceu-o com os vários chinfrins que foi fazer à rua da Palma, à porta da senhora Luzia “até que esta, farta de insultos e de vergonhas, deliberou pôr com dono o Batata”.
A partir dessa altura, Rita fez tudo para o trazer satisfeito. Trabalhar não era com ele, mas ela não se importava, “desentranhava-se em rodeá-lo de favores, para o trazer sempre um primor, bem trajado, com dinheiro, e frequentando teatros, bailes e salsifrés”. O problema é que as despesas eram muitas e só um corpo se dava ao manifesto, e aí o "seu amante" começou a pensar como poderia arranjar dinheiro por outras vias.
João Batata, cuja alcunha talvez viesse do feitio do nariz, gostava de viver à custa de mulheres, mas tinha um carinho especial pela Rita, queria tirá-la da rua, “tê-la por sua conta, viver com ela na mesma casa”… A ideia da “moeda falsa” surgiu-lhe numa conversa com “vários amigos”, dias depois de um grupo de republicanos derrubar o rei Manuel II, a 5 de outubro de 1910. É o que dirá à polícia para justificar ter-se metido num negócio fora do seu ramo de atividade.
Na antiga cadeia do Limoeiro, na Graça, funciona agora o Centro de Estudos Judiciários
Como nada percebia de falsificação, foi ao Limoeiro pedir conselhos a José Maria da Silva, homem que passara a maior parte dos seus 63 anos na cadeia. O Caramelo, como era conhecido (não por ser doce, já que de ladrão passou a assassino) fora um moedeiro digno de nota, aprendera com o melhor, com Alfredo Alves Mendes, o Pera de Santanás, funileiro, uma “lenda” do crime já desaparecido em 1911.
Quando Alfredo e José Maria foram julgados em 1882, o tribunal ficou à pinha e muitos espectadores nem conseguiram lugar na sala de audiências. A atração era o Pera de Satanás que ganhara fama por injuriar e bater em juízes e jurados; preso a primeira vez, em 1869, tinha 28 anos, por fabricar moedas com uma receita própria, não a queria dar a mais ninguém, tanto que conseguiu, durante o interrogatório, roubar a folha do processo onde constava o modo como combinava certos metais.
O Batata tomou nota da sabedoria do Caramelo, percebendo que sozinho não conseguiria produto apurado. E procurou outro ilustre moedeiro de apenas 21 anos, preso pela primeira vez aos 16, de nome Fernando Matos Gomes, membro de uma quadrilha que dera muito que falar. Os dois recrutaram um auxiliar, gatuno de profissão, Joaquim Ferreira Bondade, e dois outros colegas de largo cadastro para passarem o artigo feito, sendo eles Luís Ferreira e Abel Andrade, mais conhecidos por Pechuga (peito de frango em espanhol) e Rosita.
Alugado um quarto na rua da Bica de Duarte Belo, onde circula desde 1892 o elevador, começaram então o fabrico a que se juntou Rita de Melo, mal soube do caso, “começando desde logo a trabalhar como um homem”, segundo disse João Batata durante a instrução do processo, quando confessou a história toda, denunciando a sua trupe e ouros com quem fizera negócio.
Ao principio, fabricavam 12 mil réis, em moedas de 500, depois passaram para 20 mil por dia, fazendo moedas com o dobro do valor. Dividiam-nas em igual quantidade por todos, com exceção do Batata e do Bondade, encarregados da compra do material. Com a produção a aumentar, começando a fazer negócio com outras quadrilhas e a exportar para Espanha, o Fernandinho trouxe mais dois "trabalhadores", um seu ex-companheiro de quadrilha e de prisão, filho de uma atriz famosa na altura, José Ribeiro de Avelar, e Carlos Constantino Neto, o Simoni, gatuno “cuja crónica é das mais dignas de registo”.
Em menos de seis meses, a indústria cresceu e o casal passou do quarto para uma casa na rua das Atafonas, no sopé do castelo, agora parte da praça Martim Moniz. O negócio rendia: cada moeda, "pronta a sair para o mercado", custava em material 80 réis. No fabrico, usavam formas de gesso, colheres de alumínio e cianeto de potássio para as pratear. O estanho em barra utilizado, o Britannia, embora estivesse em decadência, era o último grito nas falsificações; no fim faziam a serrilha com uma lima que foi enviada a tribunal.
Depois era só fazer compras que implicassem grande troco ou, apenas, pedir para trocar moedas. Contas feitas por baixo, quando presos, já seriam responsáveis por cerca de mais de um conto de réis falso a circular, à data, quantia superior ao segundo prémio da lotaria. "As moedas fabricadas e passadas pela quadrilha são admiravelmente bem feitas e acabadas, com o toque igual às verdadeiras e diferindo apenas destas no peso, pois que são um pouco mais leves”, diz "O Século", com base na apreciação de dois peritos da Casa da Moeda.
Moedas de 1000 e de 500 réis, provavelmente semelhantes às falsificadas pelo casal, num lote leiloado este ano por 175 euros (com mais uma de 200 réis)
O Governo da República não lhes perturbou a faina. A reforma do sistema monetário só surgirá pelo decreto de 26 de maio de 1911. As moedas de prata de 500 e de mil réis passaram a ser de um escudo e de 50 centavos, respetivamente, e ostentavam no anverso “uma composição ou figura simbólica com a legenda República Portuguesa”, todavia, ainda haveria um período de tolerância até que se extinguissem os réis em prol da nova unidade monetária, o Escudo.
“Feito o rateio e divididos os lucros, à noite, havia, então, pândega rasgada, passeio de trem, idas ao teatro, compras de vestuário, ceias, homenagens à Rita, que cada vez aumentava mais o guarda-roupa e comprava libras, moedas muito da sua predileção, tanto que costumava adornar-se com elas, no cordão que trazia ao pescoço, nos anéis, nas pulseiras, etc”, narra “O Século”.
E andavam nisto, quando João Batata e Rita de Melo resolveram ir passar moeda para fora de Lisboa, na companhia de Avelar e de uns tais José Barbeiro e Chico Marujo. Depois de deitarem ao Tejo duas formas de gesso (eram usadas três vezes para as moedas não saírem defeituosas) e antes de apanharam o barco rumo a Cascais, compraram um cachecol na Rua do Ouro com uma das suas de mil réis — mais barato do que os da Loja das Meias, onde “cache-cols de lã, artigos de novidade vindos dos Pirenéus", custavam entre 1200 e 1800 réis.
Embarcaram no sábado dia 28 de janeiro, quando dois dos seus passadores, o Fernandinho e o Pechuga, esperavam presos a apresentação em juízo para serem indiciados por “um furto importante de roupa em casa de uma espanhola” e um outro cometido mais recentemente. E à espera que fossem do Governo Civil para a Boa-Hora, estavam Rita da Silva e a sua colega Amena, prontas a pagar a fiança dos amantes. Mas a primeira teve azar. Foi reconhecida pelo guarda Cunha como sendo a ex-Rita do João Batata…
EX-AMANTE QUE JOÃO BATATA MALTRATOU DURANTE TRÊS MESES LEVA A POLÍCIA À FÁBRICA
A Judiciária já tinha conseguido apurar o nome do moedeiro que, há meses, perturbava o mercado com a introdução de dinheiro falso e enchia a polícia de queixas, mas desconhecia o seu paradeiro. Cunha levou Rita da Silva ao agente Martinheira, cuja parceria com o colega Figueiredo ganhara fama nos jornais, e este arrancou-lhe a morada que faltava. Não terá sido muito difícil, encerrada no calabouço da esquadra do Bairro Alto e lembrando-se bem dos três meses em que o Batata a explorou, espancou, deixando-lhe tudo na casa de penhores...
Na segunda-feira, dia 30 de janeiro, pelas três da tarde, a polícia entrava na fábrica de moeda no 3º andar do número 10 da rua das Atafonas surpreendendo o casal. Prendeu o Batata e a Rita, sua "poderosa, se não a sua principal auxiliar no rendoso negócio", e uma modista que logo libertou por se provar ser inocente. E apreendeu vários frascos com ingredientes, um cesto, um carimbo-sinete, duas formas de gesso e dez moedas falsas de 500 réis, dentro de um tacho de barro, num banho químico da invenção do fabricante. Além de documentos que provavam "entendimentos com moedeiros do país vizinho", como referiram todos os jornais diários.
Perante os factos e o desconforto — o Batata mandou pedir à sua ex-Rita um cobertor “para se agasalhar no calabouço” —, o casal confessou tudo no dia 1 de fevereiro. Segundo o “Diário de Notícias”, João até dirá, num dos cartórios onde se instruíam os processos para o tribunal Boa-Hora, “estranhar bastante que tendo indicado à policia onde poderiam encontrar os seus cúmplices que são vistos todos os dias pelas rias de Lisboa, só ele e a sua amante fossem enviados a juízo, enquanto os outros andavam em liberdade”.
Mas foi apenas uma questão de dias até os restantes membros da rede (e da quadrilha do Emílio Mora e Vidal Barroso, e outros, mais de uma dezena) serem apanhados, apesar de alguns deles beneficiarem, de facto, de alguma proteção por “amizades” e por serem considerados informadores pelo comandante da Judiciária, capitão Câmara Pestana. Entre estes, foi incluída como passadora Rita da Silva, denunciada pelo Batata que a acusou de o perseguir por vingança, e uma colega desta, Elvira Rodrigues de Meneses da mesma “casa de má nota” da Amélia Chinesa.
Todos, em grande alarido, se disseram inocentes do crime punido com prisão maior celular de dois a oito anos — o Pechuga, “vitrinário”, designação dada aos ladrões de vitrinas, o Rosita, o Bondade e o marinheiro Francisco Querido, o Chico Marujo. O Rosita, danado, disse aos jornalistas que assim a polícia não ficaria a saber de mais sete fábricas de moeda falsa de Lisboa. O Bondade, um “garotelho de fraca figura”, prometeu fazer "revelações importantes" à imprensa e “afirmou que só sairia do calabouço para o hospital, pois havia de agarrar-se ao bigode do polícia que dele se aproximasse”, conta o “Diário de Notícias” de 5 de fevereiro.
Antes de João Oliveira seguir para o Limoeiro e Rita de Melo para o Aljube, mais precisamente entre a ida do Governo Civil para a Boa-Hora, ambos foram sujeitos a uma prática que se tornara comum. Em cima do acontecimento, o vespertino “A Capital” contou: “O Batata, que veste, com toda a elegância, fato de caxemira, bota de polimento e 'pardessus' [sobretudo] claro, ao ser conduzido à rua Ivens, a fim de ser fotografado, escondeu o rosto dos fotógrafos de jornais que estavam na rua, mas, no regresso, disse galhofeiramente: ‘Vá lá. Se não mo tiram aqui, vão pedi-lo lá fora e por isso poupo-lhes o trabalho’”.
Para o mesmo efeito de registo policial, Rita de Melo foi conduzida ao ateliê do “conhecido e apreciado” Júlio Novais, com loja aberta na zona do Chiado desde 1897. Vestindo elegantemente, saia de seda preta, xaile felpudo e lenço de seda, ao ser fotografada, chorou: “Foi por gostar muito dele que me desgracei. Paciência”.
Perante este caso, o Banco de Portugal e a Tesouraria da Alfândega de Lisboa resolveram começar a cortar ao meio as moedas falsas que eram apresentadas.
ESTRADAS ARRUINADAS Assembleia Municipal de Faro – 5 Dezembro 2016
Sérgio Martins, Presidente da Junta de Freguesia de Santa Bárbara de Nexe, interveio:
“Preocupa-me o estado das estradas e a demora das obras. As Estradas dos Gorjões e do Estádio e a Rua Joaquim Rosa Pinto estão arruinadas.
Precisamos acelerar para que as obras comecem o mais rápido possível em 2017.
Entretanto precisamos de ajuda da equipa tapa buracos da Câmara para irem à nossa freguesia tapar buracos nas estradas arruinadas porque sozinhos não temos capacidade para acudir a tanto buraco.
Não é difícil pensar em comidas natalinas. Quando se fala em Natal, além dos bons sentimentos que a tradição nos lega, trazemos à mente os saborosos pratos do nosso país. Mas e as comidas típicas de Natal pelo mundo? Você as conhece? Sabe de algum prato que é comido em países que não falam a língua portuguesa? Vamos conhecer alguns aqui. O Natal é celebrado no mundo todo, e de várias formas. Se você já leu nossa postagem sobre os pratos típicos natalinos do Brasil viu que no cristianismo é comum a incorporação de elementos locais dentro da tradição. E com o Natal, que é uma das datas mais importantes do Ocidente, não foi diferente. Sendo assim, cada país possui sabores únicos, que colaboram para a tradição universal que antecede o nascimento do Deus Menino. Vamos conhecer um pouco dessas delícias?
Alemanha
Assim como em muitos países, a festa de Natal alemã começa no dia 6 de dezembro. Inicia-se a preparação com a confecção de presentes, lembranças, decorações e a feitura de doces saborosos. As crianças escrevem cartinhas para Christkind, um anjo que traz presentes. As árvores levam grinaldas para esperar o Papai Noel.
Früchtebrot
É o "panetone" dos alemães. Assim como o pão italiano, esse prato é doce e recheado com frutas. Ele é apreciado fresco na manhã de Natal,e possui um sabor de mel.
Pfeffernüsse
Essa bolachinha é uma tradição em toda a Alemanha. À primeira vista lembra o pão de mel brasileiro, que é coberto com glacê. Mas diferente deste, o cookie Pfeffernüsse é coberto com açúcar refinado e leva especiarias saborosas na preparação.
Glühwein
Trata-se de uma bebida, uma espécie de vinho especial que pode ser comprado nos mercados da Alemanha no período de Natal. Feito com cravo, limão e canela, o Glühwein é apreciado quente.
Austrália
Assim como no Brasil, na Austrália o Natal chega em uma das épocas mais quentes do ano. Os australianos comem churrascos ao ar livre e frutos do mar locais no almoço de Natal. As famílias penduram enfeites natalinos nas casas, mas passam a maior parte do tempo fora comemorando.
Pavlova Merengue com frutas
A receita pode levar quiuí, framboesas, banana e maracujá. Seu exterior é crocante, e o interior é macio. Os sabores dessas frutas de verão combinam muito com o Natal australiano.
Sugar Plum Pudding with Anise e Cajeta
A tradução é "pudim de açúcar e ameixa com anis e cajeta". Feito com caramelo, esse é um dos pratos que não faltam na mesa de Natal australiana.
Christmas Mince Pies
Herdado da Grã-Bretanha, essas pequenas tortinhas de frutas são ótimas opções para a pré-ceia de Natal. Na Austrália não há quem resista a elas.
Canadá
O Canadá incorpora culturas distintas em tudo o que fazem, como já vimos aqui no blog. No Natal não é diferente. Algumas famílias comemoram no estilo inglês, outras à maneira francesa e outras de acordo com a tradição alemã. Mas o fato é que, independentemente da herança praticada, sempre a quantidade de comidas consumidas é muita.
Cookies Shortbread
É um dos cookies favoritos dos canadenses. De preparado muito rápido, essa receita faz a alegria das crianças no Natal.
Nanaimo Bars
Uma espécie de bolo - em barra - com três camadas. A primeira base possui uma parte crocante e doce, no meio há um creme saboroso, e a cobertura possui a quantia ideal de chocolate para qualquer amante do doce.
França
O Natal na França começa no dia 6 de dezembro. Lá é chamado de Noel e, por ser uma data muito especial, há 12 dias de férias antes da celebração. Os franceses fazem reuniões familiares, muitas festas e um jantar, que, seguindo a tradição latina, pode começar antes ou depois da Missa do Galo. Isto é, no início do Natal ou na Véspera dele.
Bûche de Noël
É um tipo de bolo em forma de tronco, ou toras, de madeira. É um clássico do país, e, além de ser saboroso, é uma ótima decoração para a mesa de Natal. O prato típico também simboliza a temporada de férias.
Punitions
São espécies de bolachinhas doces muito fáceis de fazer, e que as crianças adoram. Na hora da preparação, o cheiro se espalha pela casa, que traz à memória dos australianos as lembranças natalinas da infância.
Grécia
Assim como na maioria dos países, o Natal grego é uma data para celebrar com a família. A religião é ainda mais importante na data grega. Como no Brasil, as famílias vão à missa da meia-noite antes da Ceia. Para manter os maus espíritos afastados - os Killantzaroi -, os gregos penduram raminhos de manjericão nas casas.
Kourabiedes
Esses pãezinhos muito saborosos levam extrato de amêndoa que lhes caracteriza. São revestidos com muito açúcar refinado, que deixa o sabor ainda melhor. Uma das suas grandes qualidades é a massa, que derrete na boca.
Christopsomo
Um pão doce muito parecido com o Panetone, que é conhecido como "Pão de Cristo". Ele é feito na noite de Natal com os melhores ingredientes. Por isso, antes mesmo da Ceia, ele já desaparece da mesa.
Baklava
Trata-se de um prato clássico da Grécia, que no Natal ganha uma importância ainda maior. Ele capta o espírito de férias no país e do Natal com seus sabores doces.
Itália
O clima natalino já começa em festas anteriores, dedicadas a santos importantes para os italianos. A família é foco nesse período. Crianças de muitos países enviam cartas para o Papai Noel, na Itália elas escrevem para seus próprios pais.
Amaretti
Esse prato é simples de se fazer e por isso está sempre presente na mesa de Natal. O ingrediente principal é a amêndoa, que dá a esses biscoitos um sabor leve. Eles combinam perfeitamente com essa época do ano.
Panettone
O pão doce com frutas cristalizadas é um velho conhecido dos brasileiros. Parecido com um muffin, possui um sabor único. Há, hoje, muitas variações no mercado, como com chocolate trufado e com recheio de doce de leite.
Struffoli
São bolinhas de massa fritas que levam raspa de limão e avelã. Podem ser comidas com outras delícias. O fato é que, no Natal, todos comem muito Struffoli.
México
A data do Natal é diferente no México. Ela começa no dia 12 de dezembro e vai até 6 de janeiro. As crianças realizam performances, chamadas Posadas, que contam a história de José e Maria.Elas só recebem seu presente no último dia, quando é comemorado El Día de los Reyes. Nessa data a alimentação é o ponto mais importante.
Bacalao
Um prato um tanto diferente dos demais consumidos no mundo no Natal. É feito com bacalhau salgado e leva especiarias e vegetais que são a cara do México.
Tamales
Não podia faltar sabores picantes no Natal, que são a marca registrada do país. É um prato clássico que dá um pouco de trabalho, mas que, como vale a pena, os mexicanos jamais dispensam.
Bolas de nieve
Parecem uma versão de cookie de manteiga, mas o sabor é diferente de qualquer outro. Levam nozes e gotas de chocolate cozido.
Polônia
O Natal inicia com o Advento, e é uma época para refletir, de modo simples, o significado do feriado. Os poloneses mantêm jejum na véspera até quando a primeira estrela aponta no céu. Fazem então um grande banquete para amigos e famílias, que é chamado de Wigilia.
Chrusciki
São bolinhos fritos em forma de laços, muito parecido como o famoso "cueca virada" brasileiro. A preparação leva laranja, creme azedo e um pouquinho de uísque. Depois, acrescentam açúcar para deixá-lo ainda mais saboroso.
Makowiec
É um bolo recheado com sementes de papoula. É úmido e bastante doce, e é comido como uma sobremesa para as férias.
Rússia
Os russos também comemoram o Natal no dia 25 de dezembro, mas, como eles seguem o calendário juliano, a data cai no dia 7 de janeiro dos países católicos romanos. A celebração se inicia no nosso dia 31 de dezembro, e vai até o dia 10. Assim como na Polônia, um jejum acontece até a primeira estrela surgir no céu. Em seguida, a família se alimenta em uma tigela única, como simbolo da unidade.
Bolinhos do chá do russos
Feitos com manteiga e nozes, são açucarados e lembram o pão de mel brasileiro.
Russian Korolevsky (Bolo de Reis)
Esse bolo, que as crianças adoram, possui três camadas. São utilizadas sementes de papoula para agregar uma textura distinta a esse saboroso doce.
Suécia
Antes mesmo do Natal chegar, os suecos comemoram uma das grandes celebrações de férias, o Dia de Santa Lúcia, no dia 13 de dezembro. Na véspera do nascimento do Menino Jesus, há celebração, festa e troca de presentes. Há muita diversão, canto e júbilo. As crianças vestem-se de branco e carregam velas para celebrar o dia.
Swedish Meatballs
À primeira vista, o prato é apenas o "bolo de carne sueco". Mas ele traz um sabor diferente, e por isso é um excelente complemento para o Natal. Para ter um gosto único, a receita leva de cebola a café expresso.
Risgrynsgröt
É uma espécie de arroz doce, mas com uma consistência mais próxima do pudim. Na finalização, também usam especiarias como canela.
Lussekatter
Esse bolinho é comido todos os anos no Dia de Santa Lúcia. Ele é úmido, macio e muito saboroso. Por isso, é difícil para os suecos aguardarem o ano para comê-los.
Alguma vez você já parou para pensar em qual seria a maior semente existente no mundo?
Ela é realmente enorme e só existe em duas ilhas do Arquipélago de Seychelles e vem de uma árvore que pode produzir frutos de 30 quilos, sendo que a semente recordista chegou a pesar 42 kg. Saiba mais sobre essa semente tão interessante.
Essa semente provém da Palmeira Coqueiro-do-Mar [Lodoicea maldivica]. A maior semente do mundo pode medir até 48 centímetros de comprimento e pesar mais de 22 kg. Além de seu tamanho notável, a história por trás do surgimento da planta é construída sobre antigas lendas.
Um coqueiro-do-mar maduro, repleto de frutos, na reserva Valée de Mai, em Praslin.
A fama do coqueiro-do-mar vem de vários séculos e a semente da Lodoicea Maldivica é, de fato, a maior do reino vegetal, podendo um côco inteiro pesar de 15 a 30 kg. As árvores possuem mais de 30 metros de altura e possuem folhas enormes de até 4,5 metros de largura e 10 de comprimento.
Seus frutos, que são comestíveis, possuem um sabor muito semelhante ao do coco-da-bahia [espécie Cocos nucifera]. Contudo, comê-los hoje é uma tarefa difícil, já que a planta está em risco de extinção e seus frutos, quando encontrados, são vendidos por cerca de U$ 1.500,00 [em outras palavras, incríveis R$ 5.097,00 na cotação atual].
Seu ciclo de vida é muito lento: a palmeira leva 25 anos para atingir a maturidade e render frutos. Estes só estarão prontos para reproduzir novas mudas sete anos mais tarde. E um côco no chão só germinará depois de dois ou três anos.
Considerando que uma árvore poderá gerar um descendente apenas aos 35 anos de idade, é compreensível que a espécie seja hoje considerada “ameaçada de extinção” pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).
Devido a seu tamanho e forma exuberante – quase sempre comparada às nádegas humanas – a semente sempre foi muita valorizada e procurada por colecionadores durante os últimos séculos. Qualquer semente caída naturalmente no chão da floresta era imediatamente recolhida para ser vendida.
As folhas do coqueiro-do-mar são imensas, podendo chegar a 4,5 metros de largura por 10 metros de cumprimento.
Para piorar a situação, o coco-do-mar só existe em algumas ilhas do arquipélago de Seychelles, no meio do oceano Índico. Pesquisadores apontam que, das cinco ilhas onde a palmeira vivia inicialmente, apenas duas possuem hoje a palmeira em seu estado natural, as ilhas Praslin e Curieuse. Em uma terceira ilha, Silhouette, algumas mudas foram introduzidas e as árvores estão crescendo.
Antes da descoberta das Ilhas Seychelles, na África Oriental, em 1743, acreditava-se que essas sementes eram na verdade frutos de uma árvore gigante que crescia no fundo do mar, por isso a planta recebeu o nome de coqueiro-do-mar.
Eventualmente, durante certo tempo, também se acreditou que os côcos eram originários das Maldivas, o que explica o nome científico da espécie [Lodoicea maldivica]. Outra teoria sugeria que seus frutos eram provenientes da Árvore do Conhecimento, presente no Jardim do Éden, e considerados afrodisíacos. Logo, as mulheres o consumiam com o ideal de se tornarem “irresistíveis”.
Um coco-do-mar normal pode pesar entre 15 e 30 quilos.
As flores masculinas e femininas do coqueiro-do-mar nascem em duas árvores diferentes. Na árvore macho, uma inflorescência de mais de um metro de cumprimento (foto) produz flores que irão polinizar flores na árvore fêmea.
Além de proteger uma população saudável do coqueiro-do-mar, a reserva Valée de Mai também abriga outras cinco palmeiras endémicas às ilhas Seicheles, uma delas ameaçada de extinção. Já o número de aves que visita a reserva é bem maior. Segundo as listas de observadores de pássaros existem em Praslin 152 espécies, sendo que 11 seriam endémicas do arquipélago.
A 26.ª edição da Escalada ao Cerro de S. Miguel, em atletismo, disputa-se este domingo com partida junto à sede da Casa do Povo do Concelho de Olhão, em Moncarapacho, às 11h00.
Os atletas terão que percorrer 7 quilómetros até à meta, que estará instalada no cimo do Cerro de S. Miguel.
Podem participar atletas federados nacionais, estrangeiros, e atletas não federados. Haverá provas para os escalões etários de juniores, seniores e veteranos e cada equipa poderá inscrever um número ilimitado de atletas.
A organização, a cargo da Casa do Povo do Concelho de Olhão, espera a presença de cerca de cinco centenas de atletas.
DO PARTIDO XUXA TÊM APARECIDO AS MAIS VARIADAS POSIÇÕES O QUE ME LEVA A PENSAR QUE SOBRE A DÍVIDA ELES PENSAM PRECISAMENTE NÃO FAZER NADA.
CONFORME AS SITUAÇÕES FAVORÁVEIS OU DESFAVORÁVEIS SOBRE A SUA GOVERNAÇÃO ASSIM ELES VÃO ALINHAVANDO MENTIROSAS SOLUÇÕES PARA ILUDIR O ZÉ POVINHO.
O PS E OS OUTROS NEO LIBERAIS QUE TÊM GOVERNADO NAS ÚLTIMAS QUATRO DÉCADAS O PAÍS É QUE SÃO A VERDADEIRA DÍVIDA QUE OS PORTUGUESES POR NÃO ACORDAREM ESTÃO CONDENADOS A PAGAR.
A Grécia enfrenta nos últimos anos uma crise humanitária, com altos níveis de desemprego e de pobreza. O número de pessoas que vivem na rua tem aumentado.
Atualmente, nos dois andares deste apartamento, uma equipa de voluntários acolhe centenas de pessoas em necessidade. Um deste voluntários é Kostas Darmis:
“Estou aqui há cinco anos, vim pela primeira vez para comer, e agora faço todas as tarefas. Vivo numa habitação social do município de Atenas. Perdi os meus pais. Venho ajudar aqui e gosto muito do que faço.”
Sofia e o marido começaram por distribuir refeições na rua. Hoje, como no início, para estas pessoas conta a ajuda material mas também a teimosia deste casal em manter acesa a esperança:
“Procuramos sempre dizer-lhes que há sempre esperança, a esperança é a última a morrer. Eles chegam aqui a dizer que não há esperança, mas não é verdade”, disse à nossa reportagem Kostas Vitalakis.
O abrigo não tira as pessoas da rua, mas dá-lhe a possibilidade de encontrar um acolhimento digno. Aqui podem ter consultas com um médico, um dentista ou um psicólogo, ou muito simplesmente lavar a roupa e tomar um duche.
“O mais importante para as pessoas que vêm aqui é que, pelo menos durante umas horas têm uma casa. E dizem que encontram aqui esperança. Mas depois das 8 da noite o abrigo fecha e recomeça a aventura deles na rua”, lembra a nossa correspondente em Atenas, Fay Doulgkeri.
O Saara é conhecido popularmente como o maior e mais quente deserto do planeta. Oficialmente é considerado o 2º maior deserto da Terra, perdendo apenas para a Antártida [que também é um deserto].
Acompanhe a viagem da Repórter Glória Maria e sua equipe [do Programa Globo Repórter] nesse deslumbrante e escaldante paraíso desértico!
Localizado no Norte da África, o Saara possui uma área total de 9.065.000 km², sendo sua área equiparável a Europa [10.400.000 km²] e a área dos Estados Unidos, é maior que a área de muitos países continentais tais como Brasil, Austrália e Índia.
O nome Saara é uma transliteração da palavra árabe صحراء, que por sua vez é a tradução da palavra tuaregue tenere[deserto]. O deserto do Saara compreende parte dos seguintes países e territórios: Argélia, Chade, Egito, Líbia, Mali, Mauritânia, Marrocos, Níger, Saara Ocidental, Sudão e Tunísia. Atualmente vivem cerca de 2,5 milhões de pessoas na região do Saara.
Agora que já sabemos um pouco sobre o nome e a origem da palavra Saara, veja a matéria do Globo Repórter, especial Deserto do Saara:
VÍDEO
E para fechar, descubra mais algumas curiosidades interessantes sobre esse enigmático e curioso deserto:
- É um dos desertos mais quentes do mundo. As temperaturas podem chegar a insuportáveis 50º Celsius durante o dia, caindo drasticamente durante a noite, quando chega a 0º;
- O clima do Saara nem sempre foi desértico. Cientistas têm provas de que ele já abrigou uma densa floresta tropical e que o rio Nilo corria em direção ao oceano Atlântico;
- As tempestades de areia do Saara atingem grande parte do oceano Atlântico e carregam grãos de poeira até os confins da floresta amazônica;
- A maior parte da população do Saara é falante da língua árabe, além de seguidora da religião islâmica;
- O deserto é habitado sobretudo por tribos como os beduínos e os tuaregues. Detalhe interessante: os beduínos são tribos de origem árabe e que falam o idioma originário da península arábica; Já os tuaregues são tribos nômades que falam línguas berberes e possuem escrita própria;
- As evidências da ocupação humana no deserto datam de 9500 antes de Cristo. Para surpresa dos arqueólogos, essas inscrições rupestres mostram uma natureza exuberante, com girafas, elefantes, leões, hipopótamos e crocodilos. E não é só. Troncos fossilizados encontrados em alguns pontos do Saara indicam que ele foi uma imensa floresta há 70 milhões de anos;
- O Saara está longe de ser um local hostil para a vida. Já foram registradas na região central do deserto cerca de 70 espécies de mamíferos, 90 de pássaros residentes [excluindo os migratórios] e 100 de répteis;
- Um dos animais mais comuns do deserto é o dromedário [não confunda com os camelos]. Adaptado ao clima seco, ele é capaz de ficar 17 dias sem comer, nem beber. O curioso é que quando encontra água, bebe em torno de 100 litros em apenas 10 minutos;
- O principal rio do Saara é o Nilo. Segundo rio mais extenso do mundo, o Nilo nasce em Ruanda, na África, e deságua no mar Mediterrâneo. Atravessa as regiões desérticas de países como Etiópia, Sudão e Egito. Foi em suas margens que floresceu a civilização egípcia; - O Saara não é um deserto fixo. Ele tende a aumentar e diminuir ao longo dos séculos. O problema é que os cientistas verificaram um crescimento preocupante durante a década de 1990. Durante aquele período, ele cresceu nada menos que 636 mil quilômetros quadrados [uma área superior ao estado de Minas Gerais];
O Saara tem como vizinho o deserto da Arábia. Considerado a segunda maior área de deserto do planeta, com 2,3 milhões de quilômetros quadrados. Ele ocupa a península arábica e partes da Palestina, Síria e Iraque.
O deserto mais árido do mundo fica na América do Sul. Alguns estudiosos afirmam que uma área do deserto do Atacama, no Chile, passou incríveis 571 anos sem registar uma única gota d’água.
Um deputado dinamarquês sugeriu o recurso a “tiros de advertência” para dissuadir os migrantes que tentam chegar de barco à Europa pelo Mediterrâneo, suscitando uma viva polémica no país. Kenneth Kristensen Berth é membro do Partido Popular Dinamarquês, anti-imigração e segunda maior formação do país, aliada do governo. VÍDEO
Iniciador do Romantismo, refundador do teatro português, criador do lirismo moderno, criador da prosa moderna, jornalista, político, legislador, Garrett é um exemplo de aliança inseparável entre o homem político e o escritor, o cidadão e o poeta. É considerado, por muitos autores, como o escritor português mais completo de todo o século XIX, porquanto nos deixou obras-primas na poesia, no teatro e na prosa, inovando a escrita e a composição em cada um destes géneros literários.
João Batista da Silva Leitão de Almeida Garrett nasceu a 4 de Fevereiro de 1799 no Porto, no seio de uma família burguesa, que se refugia em 1809 na ilha Terceira, a fim de escapar à segunda invasão francesa. Nos Açores, recebe uma educação clássica e iluminista (Voltaire e Rousseau, que lhe ensinam o valor da Liberdade), orientada pelo tio, Frei Alexandre da Conceição, Bispo de Angra, ele próprio escritor. Em 1817, vai estudar Leis para Coimbra, foco de fermentação das ideias liberais. Em 1820, finalista em Coimbra, recebe com entusiasmo e otpimismo a notícia da revolução liberal. Em 1821, representa o Catão e publica em Coimbra O Retrato de Vénus, obras marcadas ainda por um estilo arcádico. Arcádicos são igualmente os poemas que escreve durante este período e que serão insertos, em 1829, na Lírica de João Mínimo. Em 1822, é nomeado funcionário do Ministério do Reino, casa com Luísa Midosi e funda o jornal para senhoras O Toucador. Em 1823, com a reacção miguelista da Vila-Francada, é obrigado a exilar-se em Inglaterra, onde inicia o estudo do Romantismo (inglês), e depois em França, onde se torna correspondente de uma filial da casa Lafitte. Contacta então com a literatura romântica (Byron, Lamartine, Vítor Hugo, Schlegel, Walter Scott, Mme de Staël), redescobre Shakespeare e, influenciado pelas recolhas de cancioneiros populares, começa a preparar o Romanceiro. Em 1825 e 1826, publica em Paris os poemas Camões e Dona Branca, primeiras obras portuguesas de cunho romântico, fruto da metamorfose estética em si operada pelas novas leituras. Em 1826, publica também o Bosquejo da História da Poesia e Língua Portuguesa, como introdução à antologia de poesia portuguesa Parnaso Lusitano. Em 1826, durante um período de tréguas, regressa a Portugal e mostra-se confiante na Carta Constitucional acordada entre D. Pedro e D. Miguel, mais moderada que o programa vintista. Dedica-se ao jornalismo político nos jornais O Português e O Cronista. Em 1828, depois da retoma do poder absoluto por parte de D. Miguel, exila-se novamente em Inglaterra. Em 1829, publica em Londres a Lírica de João Mínimo e o tratado Da Educação. Em 1830, publica o tratado político Portugal na Balança da Europa, onde analisa a história da crise portuguesa e exorta à unidade e à moderação. Em 1832, parte para a ilha Terceira, incorpora-se no exército liberal, e participa no desembarque em Mindelo. Escreve, durante o cerco do Porto, o romance histórico O Arco de Santana e colabora com Mouzinho da Silveira nas reformas administrativas. Em 1834, é nomeado cônsul-geral em Bruxelas, numa espécie de terceiro exílio motivado pelo cada vez maior desencanto em relação à política portuguesa (a divisão dos liberais, a corrida aos cargos públicos), onde contacta com a língua e a literatura alemãs (Herder, Schiller e Goethe). Também exerceu funções diplomáticas em Londres e em Paris. Em 1836, regressa a Lisboa, separa-se de Luísa Midosi e funda o jornal O Português Constitucional. No mesmo ano, após a Revolução de Setembro, é incumbido pelo governo setembrista de Passos Manuel da organização do Teatro Nacional. Nesse âmbito, desenvolverá uma acção notável, dirigindo a Inspecção Geral dos Teatros e o Conservatório de Arte Dramática, intervindo no projecto do futuro Teatro Nacional de D. Maria II e escrevendo ao longo dos anos seguintes todo um repertório dramático nacional: Um Auto de Gil Vicente (1838), Dona Filipa de Vilhena (1840), O Alfageme de Santarém (1842), Frei Luís de Sousa (1843). É por esta altura que inicia um romance com Adelaide Deville, que morrerá em 1841, deixando-lhe uma filha (episódio que inspirará o Frei Luís de Sousa). Em 1838, torna-se deputado da Assembleia Constituinte e membro da comissão de reforma do Código Administrativo. No ano de 1843 publica o 1.º volume do Romanceiro, uma recolha de poesias de tradição popular. Em 1845, lança o livro de poesias líricasFlores sem Fruto e o 1.º volume do romance histórico O Arco de Sant'Ana. Em 1846, sai em volume o "inclassificável" livro das Viagens na Minha Terra, publicado um ano antes em folhetim na Revista Universal Lisbonense. Com este livro, a crítica considera iniciada a prosa moderna em Portugal. Em 1851, depois de um período de distanciamento face à vida política, regressa com a Regeneração, movimento que prometia conciliação e progresso. Nesse ano, funda o jornal A Regeneração, aceita o título de visconde e reassume o seu papel de deputado, colaborando na proposta de revisão da Carta. Em 1852, torna-se, por pouco tempo, ministro dos Negócios Estrangeiros. Em 1853, publica o livro de poesias líricas Folhas Caídas, recebido com algum escândalo: o poeta era, na época, uma figura pública respeitável (deputado, ministro, visconde), que se atrevia a cantar o amor desafiando todas as convenções, e muitos souberam ver na obra ecos da paixão do autor pela viscondessa da Luz, Rosa de Montufar. Em 1854, morre em Lisboa, aos cinquenta e cinco anos.
Em 1999 comemorou-se o Bicentenário do nascimento de Almeida Garrett, com a realização de conferências, publicações das suas obras, espetáculos, actividades escolares, exposições, entre outros eventos.
Almeida Garrett. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013.
wikipedia(Imagens)
Litografia de Almeida Garrett por Pedro Augusto Guglielmi (Biblioteca Nacional de Portugal)
Passos Manuel, Almeida Garrett, Alexandre Herculano e José Estêvão de Magalhães nos Passos Perdidos, Assembleia da República Portuguesa
Almeida Garret, enquanto voluntário do Batalhão Académico, de sentinela ao Convento dos Grilos durante o Cerco do Porto.
No dia 9 de Dezembro de 1905 estreava em Dresden, na Alemanha, a ópera "Salomé", de Richard Strauss. Baseada num drama de Oscar Wilde, a peça desencadeou protestos por causa do erotismo da encenação.
Apesar do frio de Inverno que fazia nas ruas de Dresden em Dezembro de 1905, o público que compareceu à ópera da cidade deve ter sentido até calor, com tudo o que viu e ouviu assim que as cortinas se abriram para a encenação da nova peça de Richard Strauss.
O cenário mostrava um palácio real oriental dos tempos de Jesus Cristo. João Baptista, um dos personagens, era prisioneiro do rei Herodes num lúgubre cárcere subterrâneo. Salomé, filha adoptiva de Herodes, apaixona-se por João, mas sendo por ele bruscamente repelida.
No meio da peça de um acto único de 90 minutos, o público assiste à cena decisiva: Herodes força a sua filha adoptiva – pela qual ele sente uma enorme atracção – a dançar para ele, prometendo, em troca, satisfazer todas as suas vontades. Salomé dança então a "dança dos sete véus" e, ao deixar cair o último dos véus, provoca em Herodes um entusiasmo sem precedentes. O poderoso rei pergunta então a ela qual das suas vontades deve ser satisfeita: "O que queres, Salomé?" – "Quero a cabeça de João Baptista", responde ela.
Até Herodes se sentiu chocado com o desejo de Salomé. Ele temia mandar matar um homem santo e insistiu para que a filha adoptiva mencionasse outro desejo. Salomé, no entanto, não desistiu: "Eu exijo a cabeça de João Baptista".
No final, o rei acabou por ceder e o público de Dresden presenciou uma das cenas mais horrendas já representadas numa ópera até então: Salomé trava com a cabeça decepada do seu amado um longo, louco e desesperado "diálogo". Ela troça de João Baptista morto. Ao mesmo tempo, implora pelo seu olhar, a sua atenção e termina beijando os lábios ensanguentados daquele que veio preparar a vinda de Cristo. Repugnado, Herodes ordena que matem também Salomé.
O público, entusiasmado, aplaudiu freneticamente o espectáculo, fazendo com que os cantores e actores voltassem 36 vezes ao palco. Escândalo, decadência e perversão eram exactamente os temas cultuados naquele fin de siècle, capaz de agradar a uma plateia que dá valor a encenações de vanguarda.
Freud acabara de publicar em Viena as suas teorias sobre a sexualidade como impulso propulsor do comportamento humano. Ao mesmo tempo, escritores como Arthur Schnitzler e Oscar Wilde – cuja peça Salomé inspirou Strauss ao compor a sua ópera – tornaram-se famosos ou mal-afamados em parte devido à conotação livre ou até libertina dos seus textos.
Os críticos conservadores ficaram horrorizados com o espectáculo e até mesmo alguns artistas da Ópera de Dresden recusaram inicialmente a Salomé de Strauss. A soprano Marie Wittich recusou o papel, alegando ser uma "mulher honrada". Não apenas a abordagem franca da sexualidade chocava o público da época. Em termos musicais, Strauss tinha-se afastado bastante do convencional.
Para ressaltar as emoções e os acontecimentos, o compositor desrespeitou as regras da harmonia, fazendo com que a ópera fosse cantada em diversas tonalidades ao mesmo tempo. Isso entusiasmou Gustav Mahler, que na época trabalhava na Ópera da Corte de Viena: "Uma obra forte e genial, que definitivamente está entre as mais significativas que a nossa época criou".
Mahler tentou conseguir os direitos para que Salomé estreasse em Viena, mas teve que desistir, diante do veto da censura. O Imperador Guilherme II só a permitiu na Prússia depois de assegurar-se de que, no final sombrio da peça, despontaria no horizonte do cenário a estrela de Belém, como sinal de que a babel dos pecados não ficaria com a última palavra.
O aspecto mais curioso das notícias sobre a evasão fiscal de alguns futebolistas portugueses que estão sendo investigados em Espanha é qe nenhuma voz questionou sobre o que se poderá estar a passar em Portugal. Compreende-se, por estas bandas e mesmo depois de uma crise financeira aquele que não cumpre com as suas obrigações fiscais inda é visto c om admiração por muita gente.
Um dos negócios mais interessantes do nosso mundo futebolístico foi precisamente a renovação do contrato de Fernando Santos. Fernando Santos trabalha para a Federação mas não tem vínculo laboral com a Federação. Ele, tal como os seus adjuntos, são empregados de uma empresa dele próprio. Isto é, o valor considerado para efeitos de IRS e de contribuições sociais não é o que a Federação paga mas sim o que ele entender combinar consigo próprio.
É óbvio que Fernando Santos e a sua equipa têm muito a ganhar com este esquema, só suportam contribuições sociais e IRS sobre o que combinam receber a título de remuneração e podem lançar na empresa muitas despesas a títulos de custos, poupando nos impostos sobre o rendimento, IRS e IRC. De caminho, não é difícil de imaginar que esta mesma empresa fará os negócios publicitários, os chamados direitos de imagem.
Se todos os portugueses que trabalham em Portugal pudessem combinar com os patrões, Estado ou empresas privadas, que em vez de terem contratos de trabalho passassem a ser empresas prestadoras de serviços o país declararia bancarrota a título definitivo, nessa hora deixaria de haver pensões ou qualquer réstia de Estado social.
Esta criatividade fiscal ocorre no mundo do futebol e começa a generalizar-se a muitas profissões, com o próprio Estado a promover este tipo de precariedade oportunista, onde as relações laborais de disfarçam de contratos empresariais.
Seria interessante ver como é que os nossos heróis nacionais se comportam em relação às suas obrigações fiscais, receio que metam mais golos no fisco do que nas balizas dos adversários.
As leis israelenses permitem que os pedófilos judeus ao redor do muno fujam da justiça e vivam em territórios ocupados, afirma um relatório. Segundo afirmou nesta quarta-feira o jornal britânico The Independent, citando ativistas e organizações não governamentais israelenses, as leis de tal regime permite aos pedófilos condenados em outros países escaparem da lei, viajando para territórios ocupados palestinos.
O Jewish Community Watch, organização que se dedica a prevenir o abuso sexual infantil, adverte que as leis israelenses e em especial a Lei do Retorno (norma que concede residência em territórios ocupados aos judeus do mundo todo), facilita a fuga de pedófilos aos territórios ocupados dos países onde estavam sendo julgados ou onde haviam sido condenados.
"Israel está tornando-se em um refúgio seguro para os pedófilos devido a única oportunidade disponível a todo os judeus de todo o mundo para emigrarem para Israel", disse Manny Waks, fundador da organização Kol V´Oz.
Na verdade, o Jewish Community Watch garante que nos últimos anos, pelo menos 32 pedófilos ao redor do mundo escaparam da justiça e se refugiaram nos territórios ocupados.
Waks lembra que o regime de Tel Aviv realiza verificação de antecedentes dos judeus que desejam "voltar" a Israel, mas garante que talvez estas verificações sejam executadas de forma rápida e sem muito ênfase em prevenir a entrada de condenados ou acusados de abusos infantis,
Além disso, garantiu que além da Lei do Retorno, os pedófilos poderiam aproveitar-se de uma lei que permite a estadia definitiva de turistas judeus, podendo assim, ficam em territórios ocupados palestinos quanto tempo quiserem e assim fugir da justiça.
Da mesma forma, ele advertiu que é possível que o número de pedófilos que fugiram para os territórios ocupados seja muito maior, já que é possível que as organizações não governamentais não tenham identificados alguns deles.
Resta-nos não parar de denunciar sempre o canal televisivo neo-fascista da Sic, do assassino global da quadrilha de Bilderberg, o Balsemão.
Uma puta de uma “lálá” que geria o noticiário das 22,30h convidou os dois enviados da estação ao funeral de Fidel. Um rastejante pornográfico que dá pelo nome de béu-béu Pedro Benevides, sem dúvida o mais repelente “lélé” das televisões nacionais de hoje em dia, esteve durante 10 minutos em compita com a “lálá” a falar de tudo menos do que registaram da dor imensa de um povo pelo desaparecimento de um (seu) gigante da Humanidade.
Disseram que foram presos e não foram, garantiram que andou sempre gente estranha (polícia secreta) a tentar escutar-lhes as conversas (não fosse aquele pederasta imbecilóide fazer implodir o sistema férreo de Cuba). Havia centenas de jornalistas de todo o mundo, mas a polícia cubana estaria muito atenta aos três gajos portugueses (foi também uma gaja do “Expresso”). Não souberam dizer se houve alguém que não gostasse de Fidel ou da Revolução, mas sempre adiantaram que não o disseram mas que o podem pensar em silêncio. Um mimo de fina inteligência.
Fez-se insinuações miseráveis durante os 10 minutos que durou o “espectáculo” indecoroso daquele nicho fascista. Valeu toda a mentira, não houve o mais elementar respeito por quem os recebeu com a decência que não mereciam. Bestializados e estupidamente anti-comunistas, face à sobriedade que o governo cubano impôs durante o período de recolhimento cívico, o referido amontoado humano reconhecido como Benevides, deu conta de algumas vozes(?) que discordaram da “lei seca” (assim lhe chamou o béu-béu). O argumento do réptil é que Fidel gostava de beber…e bem, e gostava de música. Repare-se que até se proibiram as festas de aniversários das crianças, disse o pequeno bandalho a quem o Balsemão vai ao cu.
No fim da exibição, o operador de câmera, que foi mais comedido, fez alarde da contradição a cair com estrondo. Tendo a equipa feito o percurso da “Caravana da Liberdade” (inversamente) pelos 900 km que o compõe, disse que o impressionou não ter havido nenhum espaço desse território onde não estivesse o povo, mesmo quando em pleno campo.
900 quilómetros repletos de revolucionários honrando o seu Comandante em Chefe!
O primeiro ano de governação do Executivo de António Costa foi assinalado na generalidade dos órgãos de comunicação social com um muito mal disfarçado, quando não mesmo assumido, amargo de boca. Forçados a reconhecer, embora a contragosto, que as eleições legislativas se destinam a eleger deputados e não o primeiro-ministro, e que a formação do Governo depende da correlação de forças existente na Assembleia da República, os fazedores da opinião publicada passaram a dedicar-se a uma espécie de jogo da glória em que o vencedor seria quem primeiro adivinhasse não se mas quando é que o PCP, BE e Partido Ecologista «Os Verdes», rotulados de esquerda radical, «tirariam o tapete» ao Governo PS e/ou quando é que as medidas de reposição de direitos e rendimentos que entretanto foram sendo implementadas provocariam as mais tenebrosas catástrofes. Na primeira linha deste jogo de futurologia macabra perfilou-se desde a primeira hora Passos Coelho, como é público e notório, mais uns quantos crentes na vinda do diabo. Como ao fim de um ano as previsões não se confirmaram e Passos está cada vez mais sozinho a pregar no deserto, o discurso, mas não o fel, foi mudando nos media, a pontos de haver agora quem rotule de «habilidades» as medidas que até há pouco tempo eram apresentadas como susceptíveis de provocar abalos telúricos na confiança dos investidores e tsumanis na economia nacional. Reposição de feriados? Um truque fácil que agrada a todos e sem consequências de maior. Aumento das pensões a milhões de reformados? São trocos, senhores, são trocos a pensar nas eleições autárquicas. Eliminação da sobretaxa do IRS? Mais uns trocados para enganar papalvos, que é como são escritas as histórias de sucesso. O desprezo pelas condições de vida de milhões de portugueses subjacente nas palavras de quem assim escreve roça o abjecto. Porque não é por ignorância que se fala de feriados como de uma «folga», omitindo que o que estava em causa era trabalhar sem receber, tal como não é por ignorância que se chama «trocos» ao que, sendo pouco, tanta falta faz a quem pouco tem, ou se reduz a uma caricatura o muito que já foi revertido das políticas de espoliação levadas a cabo pelo governo PSD/CDS. É mesmo ódio de classe de quem, olhando de cima, tem medo, muito medo, dos que não se resignam a estar em baixo.
Marine Le Pen visitou ontem ao final da manhã o mercado de Natal dos Campos Elísios, em Paris | REUTERS/BENOIT TESSIER PUB
A líder da Frente Nacional garante que a solidariedade nacional tem de ter como prioridade os franceses e garante que se chegar ao poder "acabou-se a festa" para os estrangeiros. No preâmbulo de 27 de outubro de 1946, a Constituição francesa garante que "a organização do ensino público gratuito e laico é um dever do Estado", acrescentando desde 1959 que a escolaridade é obrigatória para todas as crianças - "francesas ou estrangeiras" - entre os 6 e os 16 anos. Uma determinação legal que não impediu esta quinta-feira Marine Le Pen, a líder da Frente Nacional que todas as sondagens colocam na segunda volta das presidenciais do próximo ano, de defender o fim do acesso gratuito à educação para os filhos de imigrantes ilegais em França, referindo ainda que os filhos de estrangeiros (sem especificar se excluía cidadãos da União Europeia) cujos pais estejam no desemprego terão de pagar "uma contribuição" para ir à escola. "Considero que a solidariedade nacional deve ter como prioridade os franceses. Não tenho nada contra estrangeiros, mas digo-lhes: "Se vêm para o nosso país não estejam à espera que tomemos conta de vocês, da vossa saúde, que os vossos filhos sejam educados gratuitamente, isso acabou, acabou-se a festa!", garantiu Le Pen no pequeno-almoço Pop 2017, organizado pelo instituto de sondagens BVA com os candidatos às presidenciais do próximo ano. A líder da extrema-direita explicou a sua posição com o facto de a escola ter de "absorver uma imigração cada vez maior". Com ela no Eliseu, garantiu à AFP, "acabou-se a escolarização dos clandestinos. E os estrangeiros terão de contribuir para o sistema escolar, a não ser que façam os descontos de forma legal". Segundo dados do Ministério da Educação, a França gasta em média 6917 euros por ano por cada aluno do primeiro ciclo, o que a coloca como o país da União Europeia que mais gasta por aluno, só atrás da Alemanha (Portugal gasta em média 6200 euros por aluno por ano). Mal foi anunciada por Le Pen, esta proposta gerou críticas dos restantes partidos. A começar pelo Partido Socialista, cuja porta-voz, Corinne Narassiguin, denunciou uma "enorme provocação" por parte da líder da extrema-direita, que revela "o verdadeiro rosto da Frente Nacional". Esta proposta avançada agora pela candidata da Frente Nacional não constava do programa apresentado pelo partido em 2012. E levanta questões quanto à sua constitucionalidade. Para as presidenciais, Le Pen só deverá apresentar as suas propostas finais em janeiro, mas no verão passado já levantou o véu sobre o seu programa económico. Uma das prioridades da extrema-direita continua a ser a saída do euro e uma inflação de 4%. Também com a limitação da entrada de imigrantes legais a dez mil por ano, a FN espera poupar cerca de 40 mil milhões de euros ao longo dos cinco anos de mandato. Neste momento, a França recebe 200 mil imigrantes por ano, vindos de fora da União Europeia. A este objetivo soma-se o de reduzir as despesas públicas em 60 mil milhões. Se chegar ao poder, Marine Le Pen pretende ainda flexibilizar a lei das 35 horas, permitindo acordos setoriais com os trabalhadores para contratos de 39 horas semanais. Do lado da receita, todos os franceses teriam de pagar IRS, mesmo de forma "simbólica", com a FN a querer alargar o número de particulares e empresas tributáveis. Pôr a França em ordem
Numa entrevista à televisão TF1, na quarta-feira à noite, Marine Le Pen garantiu que quer "pôr a França em ordem em cinco anos", libertando o país das "exigências da União Europeia". A líder da Frente Nacional prometeu ainda "pôr a laicidade em ordem", "pôr a justiça em ordem" e avisou que "o crescimento do fundamentalismo islâmico no nosso país é um perigo muito grande para as mulheres". Quanto aos adversários para as presidenciais, Le Pen foi muito dura: "Porque há primárias à direita e à esquerda? Porque não têm um líder. É uma prova de fraqueza." Enquanto a líder da Frente Nacional prossegue a campanha - ao final da manhã esteve no mercado de Natal dos Campos Elísios -, na esquerda Emmanuel Macron reafirmou que não tenciona participar nas primárias, rejeitando um pedido do primeiro-secretário do PS, Jean-Christophe Cambadélis. Depois de o presidente François Hollande ter anunciado que não era candidato a um segundo mandato, na segunda-feira o primeiro-ministro Manuel Valls avançou, deixando a chefia do governo. Apesar das promessas de união da esquerda, Valls continua a surgir atrás de Macron nas sondagens. Le Pen, essa, surge taco-a-taco com o vencedor das primárias da direita, François Fillon. Mas este venceria facilmente na segunda volta.
Programa que auxiliou 400 mil portugueses em 2015 não foi posto em marcha em 2016 O Fundo Europeu de Auxílio às Pessoas Mais Carenciadas não foi executado pelos governos nos últimos três anos, disse ao JN o secretário-geral da Federação Portuguesa de Bancos Alimentares, alertando que "a fome não espera". "Parece inacreditável que em três anos não tenhamos conseguido executar o programa", lamentou, em declarações ao Jornal de Notícias (JN), Manuel Paisana, secretário-geral da Federação Portuguesa de Bancos Alimentares. Segundo o JN, o atual Governo perdeu 28 milhões de euros em alimentos do Fundo Europeu de Auxílio às Pessoas Mais Carenciadas (FEAC), em 2016, porque não pôs em funcionamento o programa, que foi implementado há dois anos e que em 2015 ajudou cerca de 400 mil portugueses. O FEAC substitui o anterior Programa Comunitário de Ajuda Alimentar a Carenciados e visa apoiar instituições de solidariedade na distribuição de alimentos através do Banco Alimentar e da AMI-Assistência Médica Internacional. "Em 2014, e porque era um ano de transição, Portugal conseguiu recorrer ao FEAC e o Governo ainda distribuiu dez milhões de euros em alimentos. No ano seguinte, voltou a usar-se o facto de estarmos em transição; mas, em 2016, já nada foi distribuído. Será difícil justificar perante a Europa que é mais um ano de transição", disse Paisana. Uma fonte do Ministério da Solidariedade e Segurança Social disse ao JN que "vai iniciar-se a distribuição alimentar ao abrigo do FEAC em 2017, tendo o ano de 2016 servido para tomar as diligências necessárias a fim de garantir este início". A notícia do JN refere que o assunto foi abordado há dois meses na reunião entre a tutela e a Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares. Na quarta-feira, a presidente do CDS-PP questionou o primeiro-ministro no parlamento sobre o assunto mas António Costa não respondeu, refere o jornal. O JN recorda também que, em novembro, António Nobre, presidente da Assistência Médica Internacional, afirmou que, no ano passado, a AMI recebeu "uma pequena remessa" mas que em 2016 "não se vislumbra coisa nenhuma".