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POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

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10
Dez16

VENHA VER AS CHAROLAS NA FREGUESIA DE SANTA BÁRBARA DE NEXE

António Garrochinho


As charolas constituem uma tradição associada à celebração do ano novo e dia dos Reis. Os grupos deslocavam-se de porta em porta, cantando e gritando “vivas” aos residentes. Actualmente os grupos de charolas reúnem-se em encontros organizados em palcos, associações culturais , cafés e restaurantes um pouco por toda a Freguesia e por todo o Concelho, com destaque para a freguesia de Santa Bárbara de Nexe, onde esta tradição assume uma importância particular.
As cantigas exprimem essencialmente os desejos de um bom ano, mas as “vivas” não deixam, por vezes, de compor referências sarcásticas a acontecimentos ou figuras conhecidas. É um espectáculo único que retrata bem as tradições enraizadas do concelho e que urge preservar.

10
Dez16

Portugueses e comunistas - Os cidadãos sabem, por experiência vivida,que se pode contar com os comunistas

António Garrochinho

Os cidadãos sabem, por experiência vivida,que se pode contar com os comunistas

Em Almada, “la nave va”. Vermelha. Bandeira de ganga e traço, gente feita de ânsia que só tem o limite do sonho. Gente de aço nos pulsos. Gente de palavra em punho, que não se mascara nem pede perdão. Patriotas na terra que treme.
Se a algum dos 90 delegados presentes no primeiro congresso do Partido Comunista, realizado em Lisboa em 1923, lhes dissessem que, 93 anos depois, gerações herdeiras do evento ali realizado iriam a participar em 2016 no xx congresso do partido, seguramente sorririam complacentes.
E sorrir não seria mau. Após o fim da I Guerra Mundial, viviam-se em Portugal tempos muito duros.
De modo diverso do que ocorrera na generalidade dos países europeus, o Partido Comunista Português não se formou a partir de uma cisão no Partido Socialista, mas ergueu-se essencialmente com militantes saídos das fileiras do sindicalismo revolucionário e do anarcossindicalismo.
A 6 de março de 1921, no 1º andar do número 225 da Rua da Madalena, na sede da Associação dos Empregados de Escritório, em Lisboa, realiza-se a assembleia que elege a direção do PCP. Estava fundado o Partido Comunista Português.
A 28 de maio de 1926, um golpe militar encabeçado pelo general Gomes da Costa impõe a ditadura. É dissolvido o parlamento e imposta a censura, são presos centenas de democratas e sindicalistas, a sede do PCP é encerrada. É o inicio de 48 anos de fascismo.
A história do PCP é uma história de dedicação de gerações e gerações de homens e mulheres de todas as condições sociais e formações que consagraram o melhor das suas vidas, das suas energias e capacidades à luta para pôr fim às desigualdades e injustiças sociais.
Por muito que custe a entender aos especialistas em cogitação ligeira e ressabiamento ancestral, ao longo de 95 anos, milhares de portugueses comunistas mostraram com o seu exemplo a força moral que ainda hoje projeta e escora a imagem e o ideal do PCP na opinião publica.
Numa autarquia ou sindicato, no local de trabalho ou em aliança política, a coragem na resistência ao fascismo transformou-se no testemunho da honestidade e competência em democracia. Com o PCP, palavra dada é compromisso de honra para cumprir, não existem surpresas ou dúvidas de percurso.
Os cidadãos sabem por experiência vivida que se pode contar com os comunistas e que, ao contrário dos grémios lobistas de barões, exploradores e especuladores, no PCP, os interesses de Portugal e dos portugueses são os que determinam a sua ação politica.
Isso foi particularmente evidente no apoio a Ramalho Eanes contra Soares Carneiro em 1980, e a Mário Soares em 1986 contra Freitas do Amaral. Se tal não tivesse acontecido, a história da nossa democracia teria sido muito diferente.
Um PCP presente, coerente, sempre na luta, a caminho de cumprir 100 anos a derrotar e a contrariar, de forma sistemática, os planos de exploradores e agiotas associados, é um fator de garantia na defesa da democracia e de esperança num futuro melhor.
Como percebo a angústia e o pesadelo insuportável que deve ser o não poder roubar sem travão, sem limite, ser dono disto tudo, sem que de imediato não lhes apareça um partido comunista português a impedir o saque.
Pois é, eu compreendo. É um aborrecimento! Aproveito as palavras de Jerónimo de Sousa no xx Congresso:
“Mas quem senão este Partido, que nunca teve uma vida fácil, que foi temperado em tantas e tantas lutas e que nunca desanimou perante recuos e derrotas, que nunca descansou face a avanços e vitórias, pode afirmar a sua confiança nos trabalhadores, no nosso povo, a sua confiança na nossa pátria soberana?
A concretização do fascinante projeto e objetivo por que lutamos, esse sonho milenar do ser humano de se libertar da exploração por outro homem, o projeto e ideal que nos trouxe a este Partido, possivelmente só será materializado para além das nossas vidas.
Mas este é o nosso tempo! Tempo de fazer, agir e lutar por esse projeto e ideal. Torná-lo mais próximo e possível.”
Nota: Este texto é dedicado às quatro seguintes categorias de personagens.
Ao que acumulou uma brilhante experiência comunista dos 12 aos 20 anos de idade e depois se mudou como especialista para o circo.
Aos que no fascismo foram presos e desabafaram aos senhores da PIDE tudo o que sabiam, inclusive delatando os seus camaradas, hoje são professores em PCP. Ao Milhazes, que era para ser missionário no Maranhão. E ao atormentado António Barreto, que quer ser missionário no Maranhão.

ionline.sapo.pt
10
Dez16

PCP pede relatório sobre políticas para erradicação da pobreza

António Garrochinho

O grupo parlamentar do PCP apresentou hoje um projecto de resolução em que pede ao Governo para elaborar, num prazo de três meses, um relatório de avaliação das políticas destinadas à erradicação da pobreza.
A proposta dos comunistas madeirenses surge a propósito do Dia Internacional dos Direitos Humanos, efeméride que se comemora hoje.
O PCP vê na pobreza uma forma de violação dos Direitos
Humanos na Região Autónoma da Madeira e pede também ao Governo que “elabore anualmente um relatório de avaliação do impacto das medidas decorrentes dos Orçamentos Regionais no aumento, no agravamento da pobreza nas suas múltiplas dimensões ou no sentido da sua erradicação.”
Em conferência de imprensa, esta manhã, na sede do partido, no Funchal, Edgar Silva lembrou que “na Cimeira do Milénio, os dirigentes mundiais aprovaram “Objectivos de Desenvolvimento do Milénio”. Até 2015, os 189 Estados-Membros das Nações Unidas comprometeram-se a “erradicar a pobreza e a fome”. No entanto, acrescenta que “estamos em 2016, e a pobreza está ainda mais longe da sua erradicação.”
“Em Portugal, cresceram as desigualdades sociais e aumentou a pobreza. Cresceram as desigualdades, a diferença entre muito ricos e muito pobres está a aumentar. Os números do Instituto Nacional de Estatística demonstram que a diferença de rendimentos entre os 10% mais ricos e os 10% mais pobres não pára de descer. Este alargamento do fosso entre os mais ricos e os mais pobres deve-se às reduções registadas em prestações sociais, a par da subida do desemprego”, disse ainda o líder do PCP na Madeira.


www.dnoticias.pt
10
Dez16

ERA BOM NÃO ERA ?

António Garrochinho


ERA BOM QUE O 13 º MÊS NÃO FOSSE PAGO EM DUODÉCIMOS NÃO ERA ?

ERA BOM QUE ESTE GOVERNO NÃO PAGASSE 30.000 EUROS AO MACEDO DA GGD E SE PREOCUPASSE COM O SALÁRIO MÍNIMO NÃO ERA ?

ERA BOM QUE O GOVERNO CRIASSE MAIS POSTOS DE TRABALHO, ACABASSE COM O TRABALHO PRECÁRIO E AJUDASSE AS PEQUENAS EMPRESAS 
NÃO ERA ?

ERA BOM QUE O GOVERNO, A JUSTIÇA TOMASSE MEDIDAS CONCRETAS E PUSESSE ATRÁS DAS GRADES OS CORRUPTOS NÃO ERA ?

10
Dez16

11 incríveis coincidências que vão surpreende-lo(a)

António Garrochinho

A vida às vezes nos surpreende com coincidências incríveis, e algumas são simplesmente impossíveis de explicar, como as que você confere logo abaixo:


1. Reencarnação?

O fundador Enzo Ferrari, fundador da empresa automobilística mais famosa do mundo, morreu em 1988. Um mês depois, nascia o jogador de futebol Mesut Özil. Nessa foto, eles parece irmãos gêmeos.
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2. Titanic previsto?

Em 1898, 14 anos antes do naufrágio do Titanic, Morgan Robertson escreveu o livro Futility (Inutilidade), que falava sobre o naufrágio de um cruzeiro chamado “Titan”. Além da coincidência com o nome, ambos os barcos eram considerados impossíveis de naufragar, além de possuir características técnicas parecidas. Durante a história, bem como no Titanic, durante o naufrágio se descobria que não haviam botes salva-vidas suficientes, e ambos se chocaram contra um Iceberg no Atlântico Norte.
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3. Vizinhos com uma diferença de dois séculos

O compositor Georg Friedrich Händel era vizinho do famoso guitarrista Jimi Hendrix, mas com uma diferença de 200 anos. Händel vivia em Londes, Brook Street, 25. Na casa ao lado, Brook Street, 23, viveu Jimi Hendrix. Ambos foram músicos geniais, que influenciaram a evolução da música.
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4. Tragédia da Represa Hoover

Durante a construção da Represa Hoover, nos Estados Unidos, aproximadamente 112 pessoas morreram. A primeira foi George Tierney, em 20 de dezembro de 1922. O último foi Patrick Tierney, filho de George.
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5. Os automóveis ‘exclusivos’ que se encontraram

Em 1895, em Ohio-EUA, a indústria automobilística estava apenas começando a de desenvolver. Portanto, haviam apenas dois automóveis no estado. O curioso disso tudo? Os dois carros se chocaram em um acidente de trânsito. Isso, pelo menos, é o que se conta no estado até hoje. No entanto, não existe nenhum dado oficial sobre o ocorrido, já que na época não se registravam acidentes automobilísticos.
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6. Coincidências entre Abraham Lincoln e John Kennedy

Existem muitas coincidências entre dois ex-presidentes dos EUA: Abraham Lincoln e John Kennedy. Aqui está uma pequena parte delas:
– Ambos foram assassinados com um tiro na nuca em uma sexta-feira antecedente a um dia festivo. Lincoln na véspera da páscoa; Kennedy na vésepra do Dia de Ação de Graças.
– Os dois presidentes tiveram quatro filhos.
– Ambos tiveram um amigo chamado Billy Graham.
– Kennedy tinha um secretária que possuía Lincoln em seu nome; Lincoln tinha um secretário chamado John.
– Os sucessores de ambos foram seus vice-presidentes de sobrenome Johnson, ambos eram democratas.
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7. O primeiro e o último soldado

Os túmulos do primeiro soldado britânico falecido na Primeira Guerra Mundial e do último estão localizadas a uma distância de 6 metros entre si. Além disso as lápidas estão voltadas uma para a outra. Tudo isso foi feito de forma ocasional, sem ninguém planejar nada.
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8. Edgar Allan Poe e sua máquina do tempo

Na obra de Edgar Allan Poe, “A Narrativa de Arthur Gordon Pym” falando sobre como quatro sobreviventes de um naufrágio marinheiros tiveram que comer (literalmente) um funcionário do navio, Richard Parker., o autor diz ter se baseado em fatos reais, mas na verdade não o fez.
No entanto, 46 anos depois que o livro saiu, de fato ocorreu um naufrágio e os membros sobreviventes da tripulação decidiram que a única saída para não morrerem de fome era comer um funcionário chamado Richard Parker. Esse fato levou a rumores de que Allan Poe tinha uma máquina do tempo.
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9. Coincidência entre irmãos

Em julho de 1975, Erskine Lawrence Ebbin, morador de Bermudas, tinha 17 anos e conduzia sua moto quando foi morto após se envolver em um acidente com um táxi. Quase um ano antes disso, também em julho, morreu seu irmão, que também tinha 17 anos. Ele viajava na mesma motocicleta, e da mesma forma que o irmão, se chocou com um táxi. O mais bizarro, acredite, é que se tratava do mesmo taxista, levando o mesmo passageiro.
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10. Anthony Hopkins e A Garota de Petrovka

Certo dia o ator Anthony Hopkins precisava urgentemente do livro ‘A garota de Petrovka’, do autor George Feifer, para estudar a respeito de um papel que estava prestes a encenar. Ele não encontrava o livro em nenhum lugar, até que por acidente encontro um exemplar da obra esquecido em uma estação de trem.
Quando conheceu Feifer, anos depois, o autor lhe disse que não possuía nenhum exemplar, e que o último havia sido emprestado a um amigo, que o perdeu em uma estação de trem.
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11. Nome especial para o Império Romano

Roma, a cidade onde começou a história do Império Romano, foi fundada por Rômulo e Remo, sendo o primeiro irmão o primeiro imperador do Roma. O último governante do Império Ocidental foi Rômulo Augusto – que havia nascido como Flávio Rômulo Augusto. De qualquer forma, o nome “Rômulo” começou e terminou a história de Roma.
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Fonte: Genial.Gur
bombou.net

10
Dez16

VEJA ESCONDERIJOS BIZARROS UTILIZADOS POR IMIGRANTES

António Garrochinho


Em 2006, agentes da imigração encontraram homem escondido no estofamento de um assento de van.  (Foto: Reprodução/BCP)Em 2006, agentes da imigração encontraram homem escondido no estofo de um assento de van. 
Em 2001, mulher foi encontrada escondida em painel de veículo. (Foto: Reprodução/BCP)Em 2001, mulher foi encontrada escondida em painel de veículo.
Em 2010, imagem divulgada pelo serviço de Alfândega e Proteção de Fronteiras mostrou duas pessoas escondidas no compartimento do motor de uma van. (Foto: Reprodução/BCP)Em 2010, imagem divulgada pelo serviço de Alfândega e Proteção de Fronteiras mostrou duas pessoas escondidas no compartimento do motor de uma van. 
Imigrante ilefal foi encontrado escondido atrás de banco de veículo. (Foto: Reprodução/BCP)Imigrante ilegal foi encontrado escondido atrás de banco de veículo. 
Homem se escondeu dentro do capô de veículo para entrar nos EUA. (Foto: ICE/AP) 
Em foto divulgada em fevereiro, homem foi encontrado escondido dentro do capô de veículo em tentativa de entrar ilegalmente nos EUA. 

Mulher é detida ao tentar entrar nos EUA escondida em mala

Agentes flagraram imigrante na fronteira do México com o Arizona.
Mulher estava coberta de roupas, dentro de mala fechada.


Na tentativa de cruzar a fronteira entre México e Estados Unidos, uma mulher foi flagrada pelos agentes tentando entrar no país dentro de uma mala.
Oficiais da fronteira dos EUA flagraram mulher tentando entrar no país escondida em mala (Foto: U.S. Customs and Border Protection/AP)Oficiais da fronteira dos EUA flagraram mulher tentando entrar no país escondida em mala (Foto: U.S. Customs and Border Protection/AP)

A imigrante de 48 anos foi descoberta quando os agentes inspecionaram uma carrinha que tentava entrar nos EUA pela cidade de Nogales, no estado do Arizona.
Ela estava escondida debaixo de roupas dentro de uma mala grande, em um veículo dirigido por um homem de 56 anos, morador da cidade de Phoenix, capital do estado.
10
Dez16

NUMA ATRAÇÃO TURÍSTICA EM PARIS EXISTEM OS RESTOS MORTAIS DE 6 MILHÕES DE PESSOAS

António Garrochinho

Quando alguém pensa em visitar Paris, é natural que pontos turísticos como a Torre Eiffel e a Catedral de Notre-Dame estejam nos planos, mas existe um lugar no subsolo que merece a sua atenção: as Catacumbas de Paris, um complexo de túneis com os restos mortais de cerca de 6 milhões de pessoas. É o maior ossuário do planeta e está ali, embaixo da capital francesa.

As paredes são enfeitadas com crânios, tíbias, úmeros e rádios. É bonito e macabro ao mesmo tempo. Se agora basta comprar um bilhete para desbravar as catacumbas, nem sempre foi assim. Mas, para entender a situação, você precisa antes conhecer a história desse inusitado lugar.

A superpopulação de mortos

Antes de ser Paris em sua forma atual, a cidade fazia parte do Império Romano e, durante esse período, muitas pessoas morreram, causando uma superlotação nos cemitérios locais. Sem muitos cuidados, esses lugares começaram a contaminar os reservatórios de água, fazendo com que mais pessoas morressem e o problema só aumentasse.
A solução encontrada foi escavar túneis ao redor de Paris. Porém, lá pelo século 17, esses locais foram caindo no esquecimento e ninguém mais sabia realmente o tamanho dos corredores subterrâneos.
Essa falta de conhecimento causou diversos acidentes, com muitos desabamentos graves. Irritado com a situação, o Rei Luís XVI criou uma comissão para investigar e reforçar a estrutura das áreas mais perigosas, organizando as galerias.
Em 1780, outro desabamento aconteceu e vitimou mais pessoas: o peso excessivo das sepulturas fez com que um dos muros do cemitério Cimetière des Innocents caísse. Assim, o Rei decidiu que todos os cemitérios da cidade deveriam ser fechados. Para “matar dois coelhos com uma cajadada só”, ele resolveu colocar os corpos que estavam nesses locais nas galerias que haviam sido reformadas.
Caso você já tenha ouvido a frase “os antepassados iluminam o caminho dos vivos”, saiba que ela teve sentido literal em Paris: com a superpopulação de cadáveres, eles resolveram tirar a gordura dos corpos e deixar apenas os ossos nas Catacumbas. Como “nada se perde, tudo se transforma”, a substância humana foi usada para criar velas e sabão.
Em 1789, aconteceu a famosa Revolução Francesa, o que significou muitos outros mortos, que foram enterrados diretamente nas galerias. Curiosamente, o dono da frase que eu usei logo acima (“nada se perde...”), o químico Lavoisier, está lá também.

Festas, esconderijo e ponto turístico

Só no século 19 foi que as Catacumbas começaram a ganhar ares de ponto turístico. Os ossos foram organizados e diversas pessoas passaram a alimentar o mito ao redor do local, como o escritor Victor Hugo que, em sua obra “Os Miseráveis”, disse que “Paris tem outra Paris debaixo dela”. Surpreendentemente, até mesmo o escritor Ernest Hemingway curtiu umas festinhas de arromba entre os mortos.
Além de festeiros e bêbados, os túneis serviram de abrigo para os membros da Resistência Francesa durante a Segunda Guerra Mundial. Porém, na década de 1960, a farra acabou: o governo proibiu a entrada na maior parte da galeria e quem descumpre tal regra pode tomar uma multa. Atualmente, turistas podem conhecer apenas 2 km das Catacumbas, o que é quase nada perto dos 300 km de galerias subterrâneas do local.

As pessoas que se perderam nas Catacumbas

Em 2011, três amigos se perderam no ponto turístico por dois dias e foi necessário o envolvimento da polícia no resgate. Porém, se essa história acabou bem, há quem acredite que pessoas morreram no local sem nunca encontrar a saída.
Fonte:Megacurioso
10
Dez16

UM DRAMA DE 2007 NA REPÚBLICA CHECA - Família adotou mulher de 35 anos achando que ela era uma garota de 13

António Garrochinho

O caso também é conhecido como “caso Mauerova” e é considerado “a pior situação de abuso infantil da história do país”.
Um casal adota Esther, uma garotinha de 9 anos, muito talentosa e simpática. Aparentemente, ela se encaixa muito bem na família, mas algumas situações estranhas começaram a acontecer envolvendo a menina. Desconfiada, Kate, a mãe adotiva, investiga o passado de Esther, descobrindo que, na verdade, ela é uma adulta de 33 anos, chamada Leena Klammer. Um distúrbio hormonal raro, chamado hipopituitarismo, fez com que ela não se desenvolvesse fisicamente, mantendo a aparência infantil.

A história que você vai conhecer agora envolve uma trama real macabro e com um final nada feliz. Ocorrido na cidade de Kurim, na República Checa em 2007, o caso também é conhecido como “caso Mauerova” e é considerado “a pior situação de abuso infantil da história do país”.
Assim como a personagem Esther, Barbora Skrlová, de 33 anos, possuía uma doença glandular que a deixava com aparência de uma adolescente. Mesmo estando em uma faculdade, Barbora, por vezes, usava o seu distúrbio para fingir ser uma adolescente.


Durante seus estudos, ela conheceu e ficou amiga da jovem Katerina Mauerova, que morava com a irmã Klara e com os dois filhos pequenos dela, Ondrej e Jakub. As irmãs, desde muito cedo, eram perturbadas, acreditando demasiadamente no misticismo e tendo certeza de que estavam designadas a cumprir uma missão de Deus.  

Katerina e Klara



Com um caráter violento e distúrbios psicológicos, Barbora passou muitos anos fazendo tratamento psicológico e chegou a fugir durante uma de suas internações. Ela conseguiu fortalecer sua amizade com as irmãs, indo morar com elas. A personalidade das duas, que já fugia do normal, acabou sendo aflorada por Barbora, que as influenciava negativamente. As três passaram a integrar o Movimento Graal, que acreditava que o homem poderia chegar ao paraíso fazendo coisas boas na Terra. Porém, o mesmo grupo entendia que seus integrantes estavam livres de confissões e tabus existentes na sociedade.

Klara e Barbora



Durante a convivência com as irmãs, Barbora exibia dupla personalidade: ora era uma mulher adulta, ora uma criança. Quando assumia seu lado infantil, ela demonstrava ciúmes da atenção que Klara dava aos seus filhos e começou, pouco a pouco, a manipular situações que os colocassem como culpados. Klara, acreditando que seus filhos estavam cada vez piores, ficou desesperada e pediu conselhos justamente a Barbora. Ela não hesitou em sugerir que as crianças deveriam ficar confinadas dentro de uma jaula de ferro.

Klara e os filhos Ondrej e Jakub

Em 2007, Klara, Katerina e Barbora colocaram Ondrej e Jakub dentro da jaula, alimentando-os pelas grades. As crianças ficaram sem roupas e não podiam sair dali nem para ir ao banheiro. Não satisfeita com a situação absurda que havia imposto, Barbora continuava dando ordens às irmãs, que passaram a torturar as crianças: queimaduras de cigarro nos braços e nas pernas, choques, espancamento e até sessões de afogamento. Um dia, Barbora e as irmãs foram até o local onde a jaula estava, e Klara pediu que Ondrej colocasse a perna para fora das grades. Com uma faca afiada, ela e Barbora começaram a cortar a perna do garoto, que gritava de dor. Após retirar vários pedaços, as três comeram a carne do garoto na frente das crianças. Pouco menos de um mês depois, foi a vez de Jakub ser vítima de canibalismo, quando sua mãe cortou partes de seus braços.
Para controlar ainda mais Jakub e Ondrej, Barbora teve a ideia: comprou uma câmera de vigilância sem fio, semelhante às babás eletrônicas. Assim, elas podiam acompanhar o que as crianças faziam e quando uma delas torturava os pequenos. Porém, algo totalmente inesperado aconteceu: uma família havia se mudado há pouco tempo para a casa ao lado e também instalou uma câmera semelhante para cuidar do bebê do casal. Qual não foi a surpresa de ambos quando, em vez de verem o filho nas imagens, se depararam com duas crianças presas em uma jaula?

Imagens registradas pela câmera de vigilância

Alguns dias se passaram até que o homem finalmente entendesse que o sinal que estava interceptando em sua TV era da casa ao lado. Ele logo fez uma denúncia à polícia, que, no dia 10 de maio de 2007, invadiu a residência, prendendo as irmãs Katerina e Klara. Assim que os policiais encontraram a área em que Jakub e Ondrej estavam presos, se assustaram com o forte cheiro de urina, fezes e sangue. Uma das crianças estava desmaiada e a outra em estado de choque, além de extremamente machucadas devido ao longo período de torturas e abusos.

Local estava sujo e pegajoso


Parada perto da jaula, uma menina segurava um bicho de pelúcia e, assim que se deparou com os agentes, correu em direção a eles pedindo socorro. Ela contou que se chamava Anika, tinha 12 anos e era filha adotiva de Klara. Ainda muito abalados com tudo que haviam encontrado na casa, os policiais tiraram a garota dali e voltaram suas atenções às crianças feridas, tentando abrir a jaula.
A garota era Barbora, que se aproveitou do momento de distração dos oficiais e fugiu do local. As crianças foram levadas ao hospital, enquanto Barbora fugiu para Noruega e assumiu outra identidade: desta vez ela era Adam, um garoto de 13 anos. Acreditando em sua triste história, uma família a adotou, e ela passou a frequentar a escola novamente.
Somente um ano depois do ocorrido é que a polícia encontrou o esconderijo de Barbora. Ao realizar a prisão, sua nova família adotiva ficou incrédula, sem entender o que um jovem de 13 anos poderia ter feito de tão errado para receber um tratamento daqueles dos policiais. Só então eles descobriramque haviam adotado uma criminosa de 35 anos.
Barbora foi extraditada para a República Checa, onde foi julgada com Klara e Katerina. As irmãs alegaram que Barbora havia feito uma lavagem cerebral nelas e que perderam a noção do que estavam fazendo.
Atualmente, os garotos estão vivendo com os avós maternos. 

novamais.com
10
Dez16

A MOURA DE FARO

António Garrochinho
Um dos túneis que a tradição popular dizem terem sido esconderijos dos mouros"



Estátua de Dom Afonso III em Faro

Arco da Senhora do Repouso



A conquista de Faro aos Mouros, por D. Afonso III, em 23 de Fevereiro de 1249 terminouuma importante fase na história da cidade e do Algarve. No entanto, a influência árabe continuou a sentir-se até aos nossos dias na cultura algarvia. Uma das expressões dessa presença são as chamadas lendas das mouras encantadas, transmitidas de pais para filhos durante séculos.

Uma destas lendas das mouras encantadas está intimamente associada ao Arco do Repouso, entrada medieval fortificada pelos árabes no séc. XI com duas torres albarrãs que visavam melhor defender Faro de possíveis ataques cristãos e de reinos muçulmanos rivais.

[…] Reza a lenda que:

Parte das forças que atacaram o castelo de Faro fora colocada no largo actualmente chamado de São Francisco, e estas forças eram comandadas por um brioso oficial, robusto e formoso rapaz, solteiro. Este oficial pôde ver em certa ocasião a formosa e gentil filha do governador mouro e dela ficou enamorado. A presença agradável e o aspecto belicoso do nosso oficial não passaram despercebidos à moura, e esta, em breve tempo, estava em relações amorosas com o valente oficial, por intermédio de um seu escravo, também mouro, e que conhecia perfeitamente as línguas portuguesa e sarracena.
Em certo dia conseguiu o oficial que a sua namorada o recebesse em
curto rendez-vous dentro do castelo, combinando-se que o mouro intermediário lhe abrisse, alta noite, a porta, hoje da Senhora do Repouso. Antes da noite dirigiu-se o oficial a algum dos seus camaradas e disse-lhes:

— Espero entrar esta noite dentro do castelo pela porta do nascente. Se não voltar, depois de pequena demora, é porque caí num laço bem urdido; e então peço-lhes que se o castelo for tomado e lhes venha às mãos a filha do governador a poupem e a não maltratem. Certamente ela não contribuiria para tal traição.

Prometeram-lhes os camaradas cumprir as suas ordens, depois que reconheceram a impossibilidade de o demover da sua empresa.

À hora marcada entrou o oficial no castelo e aí em doce colóquio se entreteve com a dama dos seus encantos. À hora de sair, acompanhou ela o seu querido namorado até à porta do castelo, levando consigo um irmão, criança de oito anos.
Quando se aproximaram da porta, disse-lhes o escravo, que da parte de fora estava muita gente, pois que mais de uma vez lhes chegavam aos ouvidos vozes abafadas. A gentil moura estremeceu.

— Não tenhas medo: respondo pelos que estão de fora, disse, o oficial à moura, dando-lhe o beijo da despedida.

Neste momento o criado destrancou a porta, fazendo pequeno ruído. Então foi a porta impelida de fora para dentro com muita força e um grupo de soldados cristãos, numa vozearia de estontear começou a gritar pelo seu oficial. A este impulso gigantesco, o oficial recuou um passo e susteve nos braços a sua gentil moura, colocando-a sobre os ombros e dizendo em voz alta:

— Para trás, para trás: estou aqui.

Já a este tempo soava por todo o castelo a voz de alarme. Armados até aos dentes afluíram os defensores à porta do nascente. O oficial, segurando nos braços a moura gentil, viu-se em iminente perigo. Avançou para fora com a moura e, quase ao transpor a porta, hoje conhecida pela Senhora do Repouso, notou que tinha nos braços não uma formosa jovem, mas apenas uns farrapos, que se desfaziam à mais pequena e leve aragem. Olhou para o lado pela criancinha e não a viu. Então teve a profunda e tristíssima compreensão da sua desgraça. Caiu no chão sem sentidos.

Passadas horas tornou a si o oficial e viu-se deitado na sua cama sob a barraca de campanha. Tinha a seu lado um camarada, de quem era amigo íntimo.

— Quem me trouxe para este lugar? perguntou.

— Não fales porque te faz mal. O físico proibiu que falasses.

— Eu estou bom, disse o oficial erguendo-se de um salto. Quem me conduziu para aqui?

— Eu e os nossos camaradas. Estavas caído entre a porta do castelo.
— E a filha do governador?

O amigo nada lhe soube dizer da filha do governador. Contou-lhe que, tendo esperado com alguns camaradas a sua saída do castelo, tinham resolvido entrar à força, supondo que o teriam morto, e que o governador ousado acudira com as suas numerosas forças e rechaçaram a pequena força portuguesa. Nesse momento acudiram as forças do Mestre e de D. João de Aboim e os mouros tinham sido forçados a entregar o castelo, mediante uma avença com o Rei D. Afonso.

O oficial saiu da barraca e pediu ao amigo que o deixasse. Dirigiu-se à porta do castelo. Ao entrar pelo Arco da Senhora do Repouso viu ao lado esquerdo a cabeça de uma criança que se assomava por um buraco.

— O que fazes aí, menino? perguntou o oficial, conhecendo o irmão da sua namorada.

— Estamos aqui encantados eu e a minha irmã.

— Quem vos encantou?

— O nosso pai soube por uma espia que levavas nos braços a minha irmã acompanhada por mim e, invocando Allah, encantou-nos aqui no momento em que transpunhas a porta. Por atraiçoarmos a santa causa do nosso Allah aqui ficaremos encantados e minha irmã, pela sua traição de filha, condenada a vaguear pelas muralhas da cidade…

— Por muito tempo?

— Enquanto o mundo for mundo e até ao dia em que um jovem cavaleiro a desencante com as palavras magicas…

O oficial, um valente, não pôde suster as lágrimas. Quis ainda perguntar à criança mais pela irmã mas a criança desaparecera.
Nunca mais ninguém viu o oficial rir. Terminado o cerco, pediu licença ao Rei e recolheu-se a um convento, onde professou adoptando outro nome.

A Moura ainda hoje ronda as Muralhas de Faro. Mas é preciso saber as mágicas palavras que a libertem de tão maldito encantamento. Só que nenhum jovem cavaleiro ainda até hoje descobriu essas palavras para desencantá-la.


toursandtales.pt
10
Dez16

OPERAÇÕES MILITARES SECRETAS DA HISTÓRIA

António Garrochinho


Muitos eventos na história foram mudados por causa de missões secretas levadas a cabo pelos militares ou por organizações secretas conduzidas pelo governo. Como resultado de tais atividades, foram feitas descobertas , conspirações divulgadas, injustiças feitas, pessoas mortas, e os governos mudaram como resultado de manter tudo escondido do conhecimento público.

 


Operação Paperclip

No rescaldo da II Guerra Mundial, a inteligência americana lançou a Operação Paperclip como uma tentativa encoberta de recrutar os cientistas da Alemanha nazista em matéria de emprego nos Estados Unidos. Ela acabou por ser muito bem sucedida.

Projeto MKUltra

O projeto MKUltra foi o nome de código de uma operação de investigação secreta experimentando na área de engenharia comportamental dos seres humanos (controle da mente), através da Divisão de Inteligência ciêntifica da CIA. Usando involuntários dos EUA e cidadãos canadenses como as suas cobaias a MKUltra envolveu a administração de drogas (especialmente LSD) e outros produtos químicos, hipnose, privação sensorial, isolamento, abuso verbal e sexual, bem como várias formas de tortura.

 Operação Anthropoid

Operação Anthropoid foi o nome de código para a tentativa de assassinato do oficial nazista Reinhard Heydrich. A operação foi realizada em Praga, em 27 maio de 1942, depois de ter sido preparada pelo Executivo de Operações Especiais inglês, com a aprovação do governo no exílio-checoslovaco. Embora apenas ferido no ataque, Heydrich morreu de seus ferimentos em 4 de junho de 1942. Sua morte levou a uma onda de represálias implacáveis ??pelas tropas alemãs, incluindo a destruição de aldeias e assassinato de civis.

 Invasão da Bay of Pigs

A Baía dos Porcos foi uma invasão militar mal sucedida de Cuba realizada pelo grupo paramilitar Brigada 2506 no dia 17 de Abril de 1961. Um militar contra-revolucionário treinado e financiado pela Agência do governo dos Estados Unidos Central de Inteligência (CIA), a força invasora foi derrotada pelas forças armadas cubanas, sob o comando do primeiro-ministro Fidel Castro em três dias.



 Operação Neptune Spear

Lançado como parte do programa de retaliação dos EUA contra o ataque terrorista de 11/9 envolvendo a Al Qaeda, a operação Neptune Spear foi uma operação de limpeza de captura de ou de morte de Osama Bin Laden . Depois de mais de uma década ela foi bem sucedida na realização dos seus objetivos.

 Operação Valquíria

A operação Valquíria foi um plano de emergência alemão da Segunda Guerra Mundial emitido para o exército de reserva para tomar o controle em caso de avaria civil. Oficiais do Exército alemão General Friedrich Olbricht, o major-general Henning von Tresckow, e o coronel Claus von Stauffenberg modificaram o plano com a intenção de usá-lo para assumir o controle de cidades alemãs, desarmar o SS, e prender a liderança nazista, uma vez que Hitler havia sido assassinado no 20 de julho . A morte de Hitler (em oposição a sua prisão) foi necessária para liberar os soldados alemães a partir de seu juramento de lealdade a ele. Após uma longa preparação, o enredo foi realizado em 1944, mas falhou.

 Operação CHAOS

A operação CHAOS foi o nome de código para um projeto de espionagem doméstica realizada pela Agência Central de Inteligência sob a presidência de Lyndon B. Johnson. O objetivo do programa era para desmascarar possíveis influências estrangeiras no movimento antiguerra dos alunos.

Projeto 404

O projeto 404 foi o nome de código para a missão consultiva secreta da Força Aérea dos EUA para Laos durante os últimos anos da Guerra do Vietnã. O objetivo do Projeto 404 era fornecer os técnicos da tripulação de linha necessários para apoiar e treinar a Força Aérea Real do Laos.

 Projeto Açoriano

O governo dos EUA gasta mais de US $ 800 milhões para completar o projeto açoriano, que envolveu a recuperação de K-129, um submarino soviético que afundou em 1968. A missão foi realizada em 1974 com a esperança de recuperar tudo no submarino, que incluía um míssil nuclear, documentos e equipamentos top secret. O Hugh Glomar Explorer, um navio específico de missão também foi criado para ser usado como navio principal para a missão.

 Gatinho Acústico

Gatinho Acústico foi um projeto da CIA lançado pela Direcção de Ciência e Tecnologia em 1960 tentando usar gatos em missões de espionagem para espionar o Kremlin e embaixadas soviéticas. Uma bateria e um microfone, foram implantadas num gato e uma antena na sua cauda. Isso permitiria que os gatos gravar inocuamente e transmitir o som em seu entorno. Devido a problemas com a distração, o senso de fome do gato teve que ser abordado em outra operação.

Caso Abu Omar

Em 17 de fevereiro de 2003, a CIA capturou o Imam de Milão, Abu Omar, e transferiu-o para o Egito. De acordo com algumas fontes o Imam foi torturado, como resultado de supostas conexões com os islâmicos. Depois da indignação pública, no entanto, os tribunais italianos processaram ??mais de 26 agentes da CIA e muitos outros pelos eventos de 17 de fevereiro.

 Projeto Fubelt

O governo dos EUA sob a presidência de Richard Nixon implantou os serviços e experiência da CIA para manipular o governo do Chile, impedindo a ascensão de Salvador Allende ao poder. O projeto Fubelt era para ser executado através da promoção de um golpe militar e, assim, solidificar a posição do Presidente Eduardo Frei Montalva.

 Operação Ouro

Na década de 1950, a CIA americana e os Serviço Secreto Britânicos se uniram a fim de romper as defesas do exército soviético tendo informação liberadadas suas cominicações utilizando isso como ferramenta para determinar o curso de ação. Isso foi possível com a Operação Ouro através da criação de um túnel por baixo da sede Soviética em Berlim e interceptando comunicações terrestres. No entanto, antes desta missão sequer ter começado, o toupeira George Blake descobriu o túnel e estragou a missão.

 Operação Merlin

O objetivo da missão era criar um projeto nuclear falso e imperfeito e tê-lo apresentado aos iranianos para atrasar a sua criação de armas nucleares. Enquanto tudo parecia estar a correr conforme o planejado, a missão falhou quando o cientista russo que apresentou o plano era inteligente de mais para seu próprio bem e equivocadamente apontou as falhas para o inimigo, acelerando, assim, ainda mais o programa.

Projeto MKNAOMI

MKNAOMI foi o nome de código para um programa conjunto de investigação do Departamento de Defesa da CIA na duração da década de 1950 até os anos de 1970. As informações não classificadas sobre o programa MKNAOMI e da Divisão de Operações Especiais relacionado é escasso. Geralmente é relatado como um sucessor para o projeto MKDELTA e concentraram-se em projetos, incluindo agentes biológicos-especificamente guerra biológica, para armazenar materiais que poderiam ou incapacitar ou matar uma cobaia e desenvolver dispositivos para a difusão de tais materiais.

 Operação Mockingbird

Operação Mockingbird foi uma campanha secreta da Agência Central de Inteligência para influenciar os mídia que começou na década de 1950.

Operação Kufire

Operação Kufire era um programa que buscou identificar e rastrear todos os membros do Partido Comunista que haviam se reunido em Guatemala durante o regime de Arbenz. Via Kufire, a CIA tinha a intenção de traçar seus movimentos. Esta operação introduziu a CIA a Ernesto "Che" Guevara.

 Operação MIAS

A CIA lançou a Operação MIAS (Desaparecido em Ação Stingers) a fim de comprar de volta os mísseis Stinger que foram dados aos mujahideen para que os afegãos podecem lutar contra as forças soviéticas. De certa forma, ele foi criado para limpar a confusão criada por uma outra missão, a Operação Ciclone, que financiou a guerra afegã-soviética para começar em primeiro lugar. No geral, além da necessidade de o governo a gastar mais de US $ 65 milhões para recuperar todos os mísseis, foi rotulado como um fracasso devido a questões de rastreamento.

 Operação Washtub

A CIA organizou a operação Washtub para enquadrar Guatemala como um aliado próximo de Moscou com a instalação de um falso esconderijo soviético de armas no Nicarágua, que se comprovado, poderia derrubar o presidente guatemalteco Jacobo Arbenz Guzmán. A missão secreta foi considerada um sucesso apesar de não atingir os seus objectivos originais. Em vez disso, agentes conseguiram enquadrar Guatemala usando um submarino soviético falso.

Programa Phoenix

A CIA, Forças especiais , Equipe de Treinamento do Exército australiano, e forças de segurança do Vietnã do Sul trabalharam juntos na execução e operação do Programa Phoenix, cujo objetivo era neutralizar as forças do Viet Cong. Mas, em vez de atacar os soldados, o programa focou-se em sequestrar civis e na coleta de informações a partir deles. A maioria dos civis, especialmente aqueles que eram suspeitos membros da VC, foram sequestrados, torturados e mortos.

Projecto MKOften

O Departamento de Defesa e a CIA EUA tinham se unido para realizar a missão de execução de MKOften testando várias drogas em seres humanos e animais, e verificando o impacto das drogas sobre as composições comportamentais e toxicológicos de suas vítimas.

 Projeto RESISTANCE

O projeto RESISTANCE foi uma operação de espionagem doméstica coordenada sob a Divisão de Operações Nacionais (DOD) da CIA. Seu objetivo era coletar informações básicas sobre grupos em todo os EUA que podem representar ameaças às instalações CIA e ao pessoal das mesmas.

Projeto Stargate

O Projeto Stargate foi o nome de código do "guarda-chuva" de um dos vários sub-projetos estabelecidos pelo Governo Federal dos EUA para investigar alegações de fenômenos psíquicos de potenciais aplicações militares e domésticas, particularmente "visão remota": a suposta capacidade de psiquicamente "ver" os eventos, locais, ou a informação a partir de uma grande distância.

 Operação Ivy Bells

Para ter vantagem na Guerra Fria, o Exército dos Estados Unidos, a Agência de Segurança Nacional, e a CIA trabalharam em conjunto para explorar as linhas de comunicação soviéticas, a fim de aprender novas informações sobre tecnologia de mísseis, inovação de submarinos, e outros planos secretos. O mar de Okhotsk tem linhas de comunicação de longa execução abaixo das suas ondas e quando se descobriu que eles conectam bases como Petropavlovsk e Vladivostok, a operação Ivy Bells foi posta em movimento.

www.relativamenteinteressante.com
10
Dez16

Biblioteca de Bin Laden mostra um terrorista ávido por leitura

António Garrochinho

Bin Laden em seu esconderijo no Paquistão | Abdel Bari Atwan / Attorney’s Office Southern District of New York

Bin Laden em seu esconderijo no Paquistão 


Líder da Al Qaeda tinha livros sobre história da França, Barack Obama, conspiração Illuminati e teorias sobre manipulação mental da CIA




A divulgação da biblioteca e de documentos pessoais de Osama bin Laden permite olhar para jihadista obcecado por matar infiéis, mas também para um francófilo com pretensões de erudito, um fã da pseudociência e um marido apaixonado.
A divulgação, pelo Escritório do Diretor de Inteligência dos Estados Unidos, de mais de uma centena de documentos encontrados pelas forças de elite americana no esconderijo de Bin Laden em Abbottabad, no Paquistão, revela as muitas facetas de um terrorista que, sobretudo, dispunha de muito tempo.
Entre seus 40 livros em inglês estavam dois títulos do linguista e referência da esquerda Noam Chomsky e “Obama’s War”, do jornalista Bob Woodward; além de tomos sobre conspirações como “Bloodlines of the Illuminati” e teorias sobre programas de manipulação mental da CIA.
Na biblioteca de Bin Laden, abatido a tiros pelos Navy Seal em maio de 2011, se destacavam títulos sobre o domínio geopolítico americano, da teoria das relações internacionais, história de guerra e direito internacional.
O líder da Al Qaeda, escondido ali desde 2006, teve tempo de amealhar uma grande coleção de consulta, incluída uma rara edição do ensaio de Charles R. Haines do século XIX sobre cristandade e islã na Espanha entre 756 e 1031.
Mas a maior paixão de Bin Laden parece que foram os estudos de história política e econômica francesa, sobre os quais acumulou mais de 20 publicações e documentos.
Até agora se desconhecia o afã francófilo do terrorista mais procurado da história, mas o saudita acumulava tratados sobre água, gestão de resíduos radioativos, censos territoriais e desigualdade social na França.
Inclusive encontrou o formulário necessário para enviar artigos à publicação acadêmica “French Culture, Politics, and Society Journal”, embora não se saiba se Bin Laden pretendia rebater ou compartilhar seu extenso conhecimento sobre a história da França com a comunidade acadêmica.
Mas o que aparentemente ocupava mais o tempo de Bin Laden era o dia a dia da Al Qaeda; o financiamento, as alianças internacionais, o recrutamento e os ataques contra interesses americanos.
Em um grande número de mensagens, Bin Laden fala de seu medo dos ataques com drones, de os Estados Unidos espionarem as comunicações por e-mail e a dificuldade de bater o mais moderno exército do mundo, e previa “uma longa batalha” com táticas terroristas e bombas suicidas.
Entre os documentos mais interessantes extraídos da moradia clandestina de Bin Laden se destaca um pedido cheio de formalidades para recrutar jihadistas e terroristas suicidas.
Para se somar à Al Qaeda era necessário preencher um formulário com letras “claras e legíveis”, incluir o endereço, quanto tempo pretendia estar “na terra da jihad” e se desejava “executar uma operação suicida”.
Por essa razão, não é raro que a última pergunta do formulário de ingresso fosse: “A quem deseja que contatemos caso se converta em mártir?”.
Entre os documentos revelados ontem, dias após a publicação de um artigo do conhecido jornalista Seymour Hersh que contradizia a história oficial da morte de Bin Laden, também há uma carta do líder terrorista a uma de suas três esposas em que expressa sua última vontade, datada de 15 de agosto de 2008.
“À luz dos meus olhos, a coisa mais preciosa deste mundo, que enche de amor meu coração, peço que case nossas filhas com mujahedins e, se isso não for possível, com boa gente”, escreveu o terrorista.
Para seu filho Osama ele determinou que, quando alcançar a maioridade seja enviado à batalha pela jihad, revelando o lado privado e familiar do cérebro dos atentados de 11 de setembro de 2001, o maior ataque terrorista da história americana.


www.gazetadopovo.com.br
10
Dez16

Este gajo é super bem pago para enrolar “canhões” todos os dias!

António Garrochinho




Se não sabes muito bem o que fazer da tua vida, talvez devas considerar isto!

Tony Greenhand tem 26 anos e é um enrolador profissional de canhões. O americano, natural de Oregon, disse que era considerado um dos melhores do mundo na arte de enrolar e é muito bem pago. No último trabalho que fez, recebeu cerca de 6 mil euros para fazer algumas ganzas que se parecessem com armas. Até uma AK-47 ele conseguiu fazer, dá para acreditar?
“Basicamente levanto-me da cama e começo a enrolar brocas”, disse ele. Aparentemente a primeira que ele enrolou na vida foi humilhante, porque estava mesmo muito má! Agora tem uma conta no Instagram com mais de 100 mil seguidores onde mostra toda a sua criatividade nesta arte. Incrível!

VÍDEO

10
Dez16

E o senhor Subir Lall não diz nada?

António Garrochinho



(Nicolau Santos, in Expresso Diário
nicolau
Com regularidade trimestral, o senhor Subir Lall desembarca no aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, à frente da comissão que vem avaliar o andamento das contas públicas e da economia portuguesa. Com a mesma regularidade, o senhor Subir Lall fala à comunicação social portuguesa, ditando sentenças sobre o que devemos fazer e quão longe estamos de chegar ao paraíso económico que ele imagina para nós. E assim em Maio deste ano, o senhor Subir Lall veio a Portugal e disse ao Expresso as palavras que fizeram a manchete do caderno de economia: “FMI dá como perdido o défice de 2016”. Acrescentava o senhor Subir Lall que o défice este ano ficaria nos 3% e que o melhor era começar a tomar decisões para 2017, porque quaisquer medidas em 2016 nada resolveriam.

Pois bem, a última avaliação a Portugal feita pelo FMI, conduzida como sempre pelo senhor Subir Lall, aponta para que o défice em 2016 fique em 2,6% e o de 2017 em 2,1% (quando a previsão do FMI em Setembro era de 3% para os dois anos). Aponta também para um crescimento da economia de 1,3% em 2016 (contra 1% em Setembro e acima da própria previsão do Governo que é de 1,2%) e para o mesmo valor em 2017 (quando antes apontava para 1,1%). A avaliação do FMI revê igualmente em baixa os valores para o desemprego: estimava 11,8% para este ano e 11,3% para o ano, agora prevê 11% em 2016 e 10,6% em 2017

Também nas exportações, o FMI está agora mais otimista: crescimento de 3,5% este ano (contra uma previsão em setembro de 2,9%) e de 3,6% em 2017, mais duas décimas que a previsão de há três meses. As estimativas para pior são as relativas ao investimento, que deve cair 1,4% em vez da queda de 1,2% prevista em Setembro, e à dívida pública (que deve estar pior este ano e no próximo (130,8% e 129,9% do PIB agora contra 128,5% do PIB e 128,2% do PIB em Setembro).

Mas será que o FMI se retrata e que o senhor Subir Lall vem admitir que estava errado? É o retratas! O que o FMI faz é arranjar justificações para a assinalável mudança nas suas previsões em apenas 90 dias. Ou é a aceleração das exportações entre Julho e Setembro (que, pelos vistos, os técnicos do Fundo não conseguiram prever), ou é o mercado de trabalho que evoluiu de uma forma não expectável, ou foi a contenção dos consumos intermédios e do investimento público por parte do Governo que mitigaram a evolução das receitas abaixo do previsto – tudo o que, pelos vistos, a folhinha de Excel e o modelo econométrico não conseguiram captar.
Quanto ao senhor Subir Lall, aguarda-se agora com expectativa a sua próxima entrevista a um jornal ou televisão portugueses para nos revelar, de forma pesadamente circunspecta, que não temos salvação se não aplicarmos a receita que ele trimestralmente nos recomenda. Desta vez as coisas correram melhor mas é seguro que vão correr pior. Subir Lall dixit – tão certo como dois e dois serem quatro.
Com efeito, apesar da revisão significativa das suas previsões para a economia portuguesa em apenas três meses – e quase todas em sentido positivo – o Fundo e o senhor Subir Lall o que vem sublinhar é a possibilidade de derrapagens futuras na economia e no orçamento, se o Governo não aplicar as medidas que recomenda desde 2011 (mais contenção orçamental, mais cortes estruturais na despesa pública, mais reformas). E o documento conclui com uma frase própria do senhor de La Palisse: “para concluir que estamos perante uma mudança sustentada para uma recuperação mais rápida, é preciso que se assista a uma continuação do crescimento forte”. As sentenças do FMI são verdadeiras pérolas de sabedoria.


10
Dez16

Quando a gatuna é de boas famílias, não rouba mas dá descaminho

António Garrochinho


RETRATO-ROBÔ Maria Carlota Cardoso Moniz Castelo Branco Bacelar

Desta vez, quem foi presa era “uma senhora”. E o caso foi segredo durante mais de um mês. Mesmo quando se soube que o espólio de alguém importante, um conselheiro que morrera, tinha sido “desviado”, os nomes da vítima e da suposta criminosa demoraram a ser divulgados. 









“Roubo importante - Prisão de uma senhora”, titularam os jornais quando a polícia deteve a governanta, talvez amante ou só dama de companhia de um conselheiro. “Senhora” não indicava alcunha nem ironia, como se verificava quando noticiavam a prisão de "uma criada modelo", por exemplo. Desta vez, a gatuna era anónima e, à partida, insuspeita... pertencia a boas famílias, tinha 64 anos e "não fez mais do que ficar com aquilo que era seu por direito, por ter aturado tantos anos o general".
A “sra. D.” Maria Carlota — logo pelo nome próprio se nota que a origem desta mulher difere da das criminosas que vão polvilhando os jornais entre o século XIX e o início do XX —, vivia no terceiro andar do n.º 354, da rua de São Bento, em Lisboa, há seis ou sete anos com o general de divisão Francisco António Álvares Pereira, diretor e docente do Instituto de Agronomia e Veterinária e presidente do conselho fiscal da Companhia Geral de Crédito Predial Português, homem com fortuna e ainda influente nestes últimos anos do reinado de dom Carlos.
Maria Carlota cuidava do quotidiano, geria o pagamento das contas de mercearia, do alfaiate e outras, supervisionada pelo general que, ela própria o dirá, “possuía o hábito de escriturar minuciosamente toda a sua receita e despesa”, registo que guardava no cofre e que irá desaparecer. Viviam, portanto, desde o final dos anos de 1890, sem quaisquer problemas, a não ser, como se fará notar, um certo descontentamento dos familiares do general.



O início da reviravolta deu-se a 1 de agosto de 1904, sem ninguém ainda suspeitar. Neste dia, Álvares Pereira, que teria cerca de 70 anos de idade e ostentava o título de conselheiro, atendendo aos relevantes serviços prestados ao reino, sentindo-se indisposto, resolveu mudar de ares e ir para a sua casa de Aveiras de Baixo, na companhia de Maria Carlota e de Ana da Assunção Linhares Pereira, a quem “dava casa de graça" no seu prédio, provavelmente desde que esta enviuvara, "estimando-o [ela] muito por isso”.
Todos rumaram de comboio à Quinta do Pilar, que em 1987 se tornou a coudelaria de Henrique Abecassis, onde se criam cavalos de puro sangue lusitano e se oferece turismo equestre. Mas a indisposição do general agravou-se, morrendo pelas 15h30, do dia 6 de agosto, cinco dias depois de ter chegado àquela terra do concelho da Azambuja, situada a cerca de sessenta quilómetros de Lisboa. Ninguém estaria à espera deste desfecho, mas nunca chegou a ser colocada a hipótese de envenenamento.
"Aconselhada" por alguns dos convidados que se encontravam na quinta, Maria Carlota deslocou-se a Lisboa, acompanhada por um amigo vizinho, Francisco Vitorino, e por Ana da Assunção, para ir buscar a farda do militar e o dinheiro necessário às despesas do funeral, já que esvaziara a carteira do conselheiro para pagar a féria ao feitor da quinta. Assim, explicará a razão da ida e volta, quando interrogada a primeira vez, a 11 de agosto, um dia depois de ser surpreendia com a entrada em casa do juiz de paz do distrito de Santa Isabel para selar o quarto do falecido.
No dia 8, estava a fazer de novo a viagem de duas horas e meia de comboio (hoje, demoraria menos uma hora), de Aveiras de Baixo à estação do Rossio, para acompanhar o corpo do conselheiro “encerrado numa rica urna de pau santo com incrustações douradas”. Pelas 17h, o cortejo saiu da "gare da Avenida". À frente, seguiam cerca de três dezenas de trens com os convidados, depois o carro funerário, preto de colunas, puxado por dois cavalos, e um esquadrão de lanceiros 2, sinais da importância do morto.
No cemitério dos Prazeres, esperava-os uma brigada composta por regimento de infantaria 5, batalhão de caçadores 2, um grupo de baterias de artilharia 1 e um esquadrão de cavalaria 4. “O grupo de baterias de artilharia, apesar de chegar cedo não alinhou! Cada peça estava a sua direção. Caçadores 2 deu bem a primeira descarga; infantaria 5 foi figurar de regimento levando 94 praças!”, contaria o jornal republicano "A Vanguarda".

A primeira notícia, discreta, sobre o "descaminho" do espólio do conselheiro Álvares Pereira, no jornal "O Século"
A primeira notícia, discreta, sobre o "descaminho" do espólio do conselheiro Álvares Pereira, no jornal "O Século"


Terminadas as exéquias, no dia seguinte já os sobrinhos se interrogavam sobre os bens a herdar. Faltavam muitos mil réis, faltavam roupas, que à época valiam dinheiro, tendo em conta a quantidade de ladrões que as roubavam para empenhar. Faltavam joias, objetos de prata, de ouro… A criada lá de casa, Maria Luísa Martins, terá sido a fonte de informação, assim como a antiga governanta do general que morava ali perto, na praça de São Bento, e apesar de há dez anos o deixar de o ser, ajudara a fazer as malas. Ambas, dirão o mesmo à polícia, daí que Maria Carlota seja chamada no dia 11 de agosto para explicar que quando foi a casa, vinda de Aveiras, tinha encontrado apenas 20 mil réis, facto que não seria de estranhar, uma vez que o conselheiro depositava "todos os seus rendimentos no Montepio Geral, como podia provar com a respetiva caderneta".
“E como supunha que o sr. Álvares Pereira tivesse deixado testamento, visto ter-lhe ouvido falar nisso tantas vezes, também o procurou, não o encontrando, aparecendo-lhe apenas algumas ações de diversas companhias”, acrescentou. Se ocultara da família a escrituração do general, “fora porque supunha pertencer-lhe tudo quanto ali se encontrava por o extinto assim lho haver dito”, quando em 1900 pusera a casa no nome dela, explicou ainda, antes de voltar a São Bento, livre de qualquer acusação formal.

E ONDE ESTARIA O BAÚ RECHEADO?

Adelaide Dardalhont dirá à sobrinha, mais tarde à polícia, que o tio possuía, além de uma avultada quantia em dinheiro, objetos de ouro e prata, "muitos", um par de botões com brilhantes, anéis, corrente, uma salva e colheres de prata, tudo guardado num cofre, onde se encontravam também alguns papéis de crédito, com inscrições de assentamento e cupões — numa caixa de folha, dentro de uma gaveta de um toucador e nos escaninhos da secretária, além de roupa nova de linho e de algodão. Quando ela era a governanta, viu algumas vezes o conselheiro receber elevadas quantias, das mãos do sr. Bandeira de Melo, e guardá-las “numa gaveta de segredo que tinha na secretária. Ultimamente, porém, costumava pô-lo num grande baú que tinha cheio de roupa”.
A sobrinha insiste na culpa de Maria Carlota, vê cúmplices nas amizades desta e nas moradoras de outros andares do prédio do general. A filha da irmã de Álvares Pereira interroga-se sobre o que será feito do soldo de general de divisão, pago no início de agosto, entre dia 1 e 6, no valor de 200 mil réis, e os vencimentos de diretor do Instituto de Agronomia e Veterinária, e da Companhia do Crédito Predial Português. E os sessenta mil réis em notas, na carteira, e os quatro mil em prata numa bolsa? Seu filho que com ela falara, recebera a carteira vazia, só com o bilhete de identidade. Deu mesmo 64 mil réis ao feitor para pagar salários atrasados? E onde estaria o baú recheado?
Um mês depois, no dia 24 de setembro, "O Século" noticiava: "No juízo de instrução criminal encontra-se detida e incomunicável uma senhora de certa posição social, por causa de um roubo importante”. E logo se soube que o encarregado da investigação era o chefe Albino Sarmento, o mesmo que, no início desse mês de 1904, andava atrás da Pencuda, de seu nome Amélia Marques e tolerada de profissão, envolvida numa cena de facada por querer dar uma lição ao ex-namorado, suspeita de "saber mais do que dizia" de três assassínios, pelo menos.
Mas sobre "a senhora" não há pormenores: "Por enquanto a polícia guarda o máximo de segredo sobre o assunto", informava o diário. "O Século" tem fontes privilegiadas neste caso, é o único a dar a notícia. Os nomes são omitidos, mas há de saber-se que a sobrinha do general Eugénia Casassa Álvares Pereira da Cunha Belém reforçou a queixa, também em nome do irmão Eduardo, herdeiros do conselheiro por este não ter filhos, todavia nada consta do livro de registos desse ano, depositado na Torre do Tombo. E que, entretanto, Maria Carlota Cardoso Moniz Castelo Branco Bacelar, solteira, descendente de uma família de magistrados, parente próxima do juiz que sessenta anos atrás prendera os assassinos Diogo Alves e Matos Lobo, voltava a ser interrogada, desta feita já constituída arguida.

A primeira notícia, discreta, sobre o "descaminho" do espólio do conselheiro Álvares Pereira, no jornal "O Século"
A primeira notícia, discreta, sobre o "descaminho" do espólio do conselheiro Álvares Pereira, no jornal "O Século"


No dia seguinte, 25 de setembro, o jornal adianta pormenores continuando sem revelar a identidade da suspeita ou da vítima. Se fosse outra detida qualquer, daquelas que fugiam com o roubo debaixo do sovaco, como as "artistas" Maria Alves, a Canastra, e Maria Amélia, a Caixeira, ou enganavam incautos em suas próprias casas, como a célebre Maria Rosa, a Giraldinha, ou mesmo a criada inocente acusada pelos patrões, casos bastante frequentes, já o nome, alcunha e morada estavam repetidos sem pejo pelas páginas de todos periódicos.
Não está em causa apenas a proteção da acusada, há que ter em conta o envolvimento do nome de um cidadão agraciado pelo rei com um título e o da família deste, gente da alta sociedade, presença assídua na coluna “High-Life” do “Diário Ilustrado”, em especial Eugénia que ganhou outro apelido ao casar com César Alberto, filho do muito badalado coronel médico, político, escritor e polemista António Manuel da Cunha Belém.
Desta vez trata-se de "uma senhora viúva, que ultimamente vivia em companhia de um titular", portanto, todo cuidado é pouco, nada de nomear quem ainda é só suspeito o que, convenhamos, deve ter levantado ainda mais curiosidade, levando a sociedade lisboeta ao rubro, na prática do seu desporto preferido, a maledicência, isto acreditando no juízo do escritor coevo Alberto Pimentel que, nascido no Porto, viveu a maior parte da vida em Lisboa, e era professor de português, na Escola Normal Masculina, quando César da Cunha Belém ali ministrava a disciplina de Aritmética, Geometria e Escrituração e a de Moral e doutrina cristã, direitos e deveres.
"Continua presa e incomunicável no juízo de instrução criminal a senhora a quem temos aludido e que é acusada de ter dado descaminho a objetos de valor pertencentes ao espólio de um indivíduo que vivera em sua companhia", prosseguia "O Século" no dia 26, adiantando que durante os vários interrogatórios a que fora sujeita, a arguida se mantivera sempre "na mais absoluta negativa".

I

Conforme os agentes formavam a sua convicção quanto à culpa, os pormenores vão saindo para a rua, ou seja, para o diário "O Século", já que as diligências da polícia continuavam "envoltas no maior mistério, dando esse facto ensejo a que sobre o caso surjam as mais desencontradas versões". Só no dia 27, se ficará a saber que a vítima era o general Álvares Pereira, cuja fortuna "valia 300 contos" e que "tinha em sua companhia, há já bastantes anos, uma senhora viúva", a qual continuava a negar ter tirado o que quer que fosse do espólio do falecido.
E no dia 28, a seguir à habitual frase "continua presa e incomunicável...", é dada nota de que irá ser feita uma busca a casa da senhora e que esta, tendo em conta insistir na inocência, será acareada com os dois herdeiros e com as testemunhas para apurar se "efetivamente lhe cabem quaisquer responsabilidades no desaparecimento das joias". As acareações não se puderam realizar conforme o previsto, mas a busca sim.
Para a rua de São Bento, seguiu o agente Murtinheira mais três guardas, acompanhados por Maria Carlota, João da Cunha Belém, a ex-governanta Adelaide Dardalhont, a criada Luísa Martins e por Ana da Assunção. Revolveram o terceiro andar e apreenderam, em "território" da dona da casa, entre outros bens que suspeitaram pertencer ao extinto, um par de botões com pedras preciosas, 39 mil réis em dinheiro, três toalhas com as iniciais A.P., umas calças à militar, duas chaves… De seguida, foram ao terceiro piso, e aí encontraram o baú desaparecido. Aparecem testemunhas de que Maria Carlota lhe dera descaminho.

O VALOR COMEÇA A DIMINUIR CONFORME SE VAI SABENDO DE QUEM SE TRATA

A 29 de setembro, começa a “constar” que os objetos desaparecidos não atingem a importância que se dizia, e que "toda a fortuna do extinto militar era constituída por propriedades cuja avaliação não excede os 65 contos de réis". No dia seguinte, dá-se nota de que o chefe Sarmento não consegue progredir com os interrogatórios. Os métodos não deverão ser os mesmos utilizados para com suspeitos sem títulos… “as investigações prosseguem e o processo já está bastante volumoso por causa das testemunhas”.
Mas Maria Carlota Cardoso Moniz Castelo Branco Bacelar acabará por assumir a culpa. Acusada de "dar descaminho a uma parte do espólio do general" no valor de 500 mil réis, responderá em tribunal no dia 5 de outubro de 1904. Nesta data, "O Século" (assim como "A Vanguarda") conta tudo com um argumento que não era utilizado para casos de cidadãos comuns: "Hoje, que as diligências policiais terminaram, nada nos impede de narrarmos os factos, tal como se passaram".
Maria Carlota foi interrogada pelo juiz Vicente Dias Ferreira - irmão do conselheiro de Estado José Dias Ferreira, antigo primeiro-ministro e bisavô da ex-ministra social-democrata Manuela Ferreira Leite. Disse que a casa estava em seu nome e que o general manifestara muitas vezes, diante dos seus amigos, que "tudo quanto havia portas a dentro ficasse pertencendo a quem o aturara durante tantos anos e que, se ocultara algumas pratas e outros objetos de valor, o fizera com receio de que os herdeiros quisessem tirar-lhos", negando haver subtraído mais coisas.

O general António Pimentel Maldonado, pagante da fiança de Maria Carlota, aqui numa fotografia de quando foi comandante da Escola Prática de Artilharia, entre 1889 e 1890
O general António Pimentel Maldonado, pagante da fiança de Maria Carlota, aqui numa fotografia de quando foi comandante da Escola Prática de Artilharia, entre 1889 e 1890


Dias Ferreira considerou-a culpada e foi um outro general quem a salvou de ir passar uma temporada ao Aljube, onde se encontravam presas oitenta mulheres pelos mais diversos crimes, na sua maioria furtos. António Pimentel Maldonado, ex-comandante da escola prática de artilharia, pagou a fiança de três contos de réis. E não se consegue saber mais nada. O processo, por azar, não se encontra acessível na Torre do Tombo, nem este nem qualquer um outro deste ano e de 1903. Os jornais não voltaram a falar no assunto, mas o "Século", a 6 de outubro, quando noticia que "a sra. D. Maria Carlota Bacellar" já prestara fiança no tribunal, rematará dizendo: “Devemos dizer que Laura Cartuxeira, em cuja casa se afirma estar uma parte dos obesos subtraídos do espólio do falecido general, mora na Rua Nova da Piedade, 35, à praça das Flores”.
No ano seguinte, o mesmo juiz tratará de outro caso sensível que envolveu um criado de um “titular muito conhecido em Lisboa”. Em audiência secreta, responderá Joaquim Filipe dos Reis, por ter enganado, “com falsos protestos”, um rapariga de 16 anos e recusar-se a casar com ela”, por isso, será condenado a três anos de prisão maior celular, com alternativa de cinco anos de degredo. Mas só quem nessa altura habitava em Lisboa terá sabido de quem se tratava.



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10
Dez16

Isabel quis matar o marido com um clister de água-forte, Tomás salvou-se e ela morreu

António Garrochinho
ISABEL XAVIER CLESSE. Retrato-robô

Tomás Luís Goilão, piloto de naus, sobreviveu à cruel injeção por via retal que lhe foi ministrada. A esposa “temperara” a “mezinha inofensiva” receitada pelo médico, mas falhou - Isabel, uma mulher bonita de 27 anos, tinha um amante e tentou matar o marido “por suja maneira”. Há 23 sonetos, duas elegias, duas glosas, uma carta, uma ode, um poema em décimas heptassilábicas, um romance heroico e uma silva escritos sobre este acontecimento. A série “Crime à Segunda” está de volta, com uma nova temporada sobre criminosas portuguesas. Este é o segundo caso



Acordou-o no inicio do sono, em alvoroço, com um lenço na mão sujo de excrementos iguais aos que repousavam na almofada e convenceu-o de ter tido um volvo. Chamado o médico, este receitou o remédio caseiro que Isabel sugerira, com a ideia de dar ao marido um clister mortal. Isto ajuizaram os magistrados que a condenaram à morte. Ela negou a intenção, ele salvou-se, mas os juízes não lhe perdoaram o facto de “viver publica e escandalosamente amancebada” enquanto o esposo andava na carreira da Índia.
Tomás Luís Goilão regressara a Lisboa há um mês, após ter passado meio ano no mar, pelo menos. Chegara no principio de abril de 1771 e, desta vez, capitaneara a Nossa Senhora da Ajuda — é sabido pelo registo da visita do desembargador à nau, no dia 7, para verificação do mapa de carga. Isabel Xavier Clesse, porém, já dera o coração a outro. Encantara-se, ao que dizem os escritos da época, assim como a sentença, por um porta-bandeira do Regimento de Infantaria do Conde do Prado, que há de mudar a designação, em 1806, para infantaria nº 4.
Isabel é uma mulher bonita de 27 anos. Mora desde sempre na Calçada da Estrela. Vive “em sociedade conjugal” com o marido e nascera na freguesia das Mercês, a 20 de julho de 1743. Na sentença apenas surge o nome do pai, Eugénio Pedro, mas no registo de nascimento a mãe é Teresa Clerez. No registo de casamento dos pais, em outubro de 1739, o apelido de Teresa é Clerici, como o de seu pai João Baptista Clerici; atendendo ao som e que, até ao século XVIII, se mudam nomes e grafias a bel-prazer, justifica-se o Clesse que consta no processo de Isabel.
O porta-bandeira Januário Rebelo será mais novo do que ela e também do marido, este já talvez perto dos 40 anos, e um assíduo da calçada, uma vez que o regimento comandado pelo coronel Lourenço de Lancastre e Noronha, conde do Prado por casamento com a herdeira de 15 anos, se encontrava perto, aquartelado em Campo de Ourique. Isabel confessará que a relação era amadrinhada por uma sua tia, na residência de quem se encontravam, e que o amante “saía com toda a liberdade, de dia, e de noite” de sua casa, “dormindo nela”. E que se continuaram a ver mesmo depois da chegada do marido.
Certidão. Inscrição do batismo de Isabel, nascida a 20 de julho de 1743, nos registos paroquiais da freguesia das Mercês, Concelho de Lisboa
Certidão. Inscrição do batismo de Isabel, nascida a 20 de julho de 1743, nos registos paroquiais da freguesia das Mercês, Concelho de Lisboa
Naquela noite de 3 de maio de 1771, Tomás Luís dirá quando depuser no inquérito que se deitou em paz e sossego, “sem se queixar ou conhecer moléstia alguma em seu corpo” e que “a sentiu ao pé de si, chamando por ele com desacordo, para que visse o seu estado, e o que lançava da sua mesma boca, mostrando-lha untada de excrementos, e parte do mesmo em um lenço, e travesseiro da mesma cama, persuadindo-o que tinha sido um volvo, e que logo mandasse chamar o cirurgião para o curar”.
José Cardim, após ouvir Isabel, decide-se por aplicar “uma mezinha de água de malvas, açúcar branco e óleo de amêndoas doces sem fogo, a qual ela mesma foi temperar”. O "tempero” foi de água-forte, ou seja, ácido nítrico que pode matar se bebido e ainda mais rapidamente se se tratar de uma lavagem, outro nome dado à época ao clister. Como escreveria Camilo Castelo Branco, quase cem anos depois (é uma história a que nunca conseguiria resistir, dados os ingredientes), Isabel “tentou matá-lo por suja maneira, senhores meus, matá-lo com uma mezinha ministrada por meio de uma seringa. É onde pode chegar a imaginação depravada!”.
Tomás Luís não seria o primeiro, nem o último, provavelmente, a morrer neste século XVIII com um clister de água-forte. Isabel e Januário, que a “voz pública” dizia ter sido seu cúmplice, desconheciam um caso célebre, que Jeanne Louise Henriette Campan contará nas suas “Memórias”, publicadas no século seguinte: a dama da rainha Maria Antonieta, nascida no ano anterior ao atentado a Luís XV por Damien, diz que esse episódio lhe marcou a infância e que soube que o mesmo que feriu o rei francês com uma faca, em 1757, confessou ter assassinado, quatro anos antes o conde La Bourdonnaye, de quem fora criado, dando-lhe um “lavement d’eau-forte”.
Sentença. O tribunal francês e o réu Damien, que atentou contra a vida do rei Luís XV e terá assassinado um antigo patrão, conde, com um clister de água-forte, numa gravura da época
Sentença. O tribunal francês e o réu Damien, que atentou contra a vida do rei Luís XV e terá assassinado um antigo patrão, conde, com um clister de água-forte, numa gravura da época
FOTO ESCOLA FRANCESA, (SÉCULO XVIII) - BIBLIOTECA NACIONAL DE FRANÇA
É por estas e por outras, dirá a letrada madame Campan, que todo o cuidado é pouco com os estranhos que se metem em casa na hora da seleção. Por outro lado, depois desta revelação (Voltaire atribuíra ao escorbuto a morte do governador-geral das Mascarenhas, depois de ter passado cinco anos na cadeia por falsa acusação), La Bourdonnaye e o clister mortal começaram a ser usados como exemplo pelos autores dos textos de medicina e da arte do envenenamento. Damien não foi sentenciado à morte por este crime, mas pelo atentado ao rei, com um suplício indescritível, que os juízes portugueses quase copiaram para castigar os Távoras e os eventuais cúmplices, em 1759, quando o marquês de Pombal os acusou de quererem matar D. José I dois anos antes.
Tomás Luís começou a gritar que o matavam, mal o cirurgião lhe “lançou uma pequena porção” do clister. Cardim, que no inquérito demorará a admitir ter ministrado veneno, observando o “estrago, alteração e revolução que lhe fizera”, decidiu "sangrá-lo imediatamente” e “dar-lhe remédios refrigerantes, retirando-se de manhã do dia quatro, e deixando dito que mandassem chamar médicos, para melhor ser curado o enfermo”.
Os médicos — por estes anos, o cirurgião é quem trata e o médico quem diagnostica e receita — concluíram, dirão mais tarde, tratarem-se de sintomas de envenenamento. É dos livros. No início do século, o médico João Curvo Semedo, conhecido por inovações nos tratamentos, já publicara em 1707 as suas “Observações Médicas Doutrinais de Cem Casos Gravíssimos”, nas quais descreve um caso de envenenamento por água-forte que, por ter sido atacado a tempo, conseguiu resolver com grande quantidade de óleo de amêndoas doces sem fogo, leite de vaca e duas oitavas das suas pílulas antifebris, as quais dava aos pobres e vendia aos ricos, só em sua sua casa, para combater as falsificações feitas em seu nome nas boticas.
O óleo de amêndoas doces cru foi o que logo mandaram dar os médicos ao marido de Isabel. Segundo Semedo, “este tem duas propriedades essencialmente necessárias, e proveitosas para semelhantes casos: a primeira é rebater com a sua oleosidade toda a acrimónia [acidez] e malícia corrosiva da água-forte, e a segunda é expelir por vómito a matéria acre, venéfica [venenosa] e deletéria [insalubre], que a dita água tem para que não rompa os intestinos”.
O “tempero” com água-forte foi em dose diminuta, senão a vítima teria morrido, mesmo que o seu organismo tivesse adquirido defesas face às infeções que costumavam dizimar os tripulantes das naus, já que as condições de higiene pouco se alteraram desde o início, na centúria de quinhentos, até esta altura. Foi pensando nesta possibilidade que Isabel baseara a sua defesa, mas os juízes não se convenceram: “Ainda que as tivesse padecido, e se lhe pudessem originar muito graves, das que se experimentaram na Nau, em que tinha chegado da Carreira da Índia, tudo se desvanece pelo prova de fingimento, de que a mesma Ré usou, untando-lhe a sua boca com o dito excremento e afirmando que tinha sido um volvo”.
“Não se matou o inimigo, mas ficou arruinado inteiramente, porque as tripas sentiram na alma a guerra feita nos Países Baixos”, escreveria, antes de sair a sentença, o pintor coevo Francisco Xavier Lobo, com o humor e malandrice que lhe é peculiar, numa carta ao amigo Lourenço Xavier, que, por costume, lhe pedia “notícias suas e de caminho as da corte”. Na verdade, a ruína não foi completa: o marinheiro recuperou bem e quando a mulher foi condenada à morte, a 28 de março de 1772, já se preparava para embarcar de novo, mas como primeiro piloto, e, no ano seguinte, movia uma ação contra o capitão da nau por salários em atraso.
Isabel não negará que mandou o criado comprar água-forte e justifica o pedido com a calosidade que a atormentavam. Durante a devassa, que é como quem diz a investigação, João António dissera isso mesmo, que fora “duas vezes a uma Botica, comprando por uma sessenta reis, e por outra cinquenta; movendo-o a dizer-lhe que era para curar uns calos”. Mas o criado acrescentará que, na manhã de 4 de maio, estava o patrão em agonia, viu as mãos de Isabel amareladas, o que indica o manuseamento do ácido, vulgo água-forte.
O criado, todavia, acrescentará mais: não só comprara o ácido, como “fora mandado da dita a uma botica com uma carta, em que pedia séneca para matar ratos”. O arsénico terá sido misturado nos tratamentos da manhã seguinte, nas unturas receitadas pelos médicos, das quais “resultaram varias nódoas e chagas”. E “sendo-lhe aplicados uns leites, neles lançara veneno, de que lhe foram achados dois papéis”.

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10
Dez16

HISTÓRIA MILITAR (2) - OS TÚNEIS CHINESES/O SISTEMA MILITAR HOLANDÊS DO SÉCULO XVII

António Garrochinho

OS TÚNEIS CHINESES



Em 1937, ao começarem as hostilidades entre China e o Japão, por ocasião da Guerra Sino-Japonesa, os aldeões chineses escavaram covas a fim de evitar a perseguição dos japoneses e construíram porões sob suas casas. Os soldados japoneses logo descobriram tais esconderijos. Os chineses ajustaram-se à nova situação e conectaram entre si os porões das casas vizinhas, estabelecendo uma intrincada rede de túneis.

Padioleiros do exército chinês transportando um ferido em um dos túneis

Também estes foram descobertos pelos japoneses, que os bloquearam e inundaram, obrigando, assim, os chineses a abandoná-los. Mas a paciência e a engenhosidade do povo chinês não tinham limites.

Seu próximo passo foi conectar os túneis de uma aldeia a outra. Dessa maneira, foi construído um sistema de comunicações subterrâneas, estendendo-se ao longo de quilômetros. E ali, além do abrigo, encontraram os chineses meios de eliminar centenas de soldados japoneses. Com efeito, depois de permitir a entrada dos inimigos, os chineses fechavam as entradas e inundavam as galerias. Também, em alguns trechos, deixavam armadilhas que se fechavam a retaguarda das colunas japonesas que se aventuravam nas profundidades. Além disso, nas entradas faziam fogueiras, enchendo de fumaça as passagens e matavam os japoneses.

Em seguida, construíram túneis paralelos aos anteriores, com maior profundidade, onde alojavam centenas de aldeões. Depois, fizeram túneis paralelos e distanciados. Restava então só a tarefa de reconhecer também ao longe, o inimigo do amigo. Tal expediente foi simples, bastava ver os pés. Um pé descalço ou calçado de sandália era um aldeão. Um pé calçado com bota significava soldado inimigo.

Entrada de um túnel

Em contrapartida, os japoneses idealizaram diversos ardis para aniquilar os chineses ocultos nos túneis. Uma delas constituía em amarrar num porco um tubo de gás letal, molhando-o com combustível e deitando-lhe fogo. O porco, aterrorizado, corria pelo túnel. Os aldeões, porém, sanaram este perigo construindo fossas cheias de água, onde os porcos caíam.

A luta subterrânea foi terrível. Milhares de aldeões foram vítimas e milhares de japoneses os seguiram pelos caminhos da morte.

O uso de túneis mostraria sua eficiência vinte anos depois, durante a Guerra do Vietname.

O SISTEMA MILITAR HOLANDÊS DO SÉCULO XVII





A revolta holandesa (1565-1609) produziu o que é geralmente considerada pela historiografia militar como o primeiro sistema militar moderno. A luta entre holandeses e seus senhores espanhóis durou cerca de meio século e não oficialmente concluída, na medida em que os espanhóis tentaram resistir à rebelião até 1648. O poder militar e a riqueza dos Habsburgos espanhóis acabaram por ser vencidos pelas forças holandesas, mas foi somente na última década do século XVI que Maurício de Nassau - filho do príncipe-regente assassinado Guilherme de Orange, o Taciturno - recebeu o comando do esforço de guerra holandês. Maurício trabalhou incansavelmente para a reforma do sistema militar, a fim de tirar vantagem da crescente disponibilidade e eficácia das armas de fogo. Seus adversários Alba e Parma, que eram vassalos do rei da Espanha, eram muitas vezes desfalcados em função da guerra na França e muitos dos primeiros sucessos holandeses ocorreram devido à ausência do Exército Espanhol de Flandres e de seus generais mais experientes. Quando Alba e Parma voltaram à Holanda, os espanhóis inverteram a situação, vencendo a maioria dos embates com os holandeses.

Justus Lipsius influenciou profundamente Maurício. O calvinismo e a filosofia neo-estóica de Lipsius, forneceram ao príncipe de Nassau as bases para reformar o exército holandês, cujas inovações se estenderam muito além dos Países Baixos. Diversos soldados e oficiais a serviço da Holanda eram alemães, ingleses, escoceses e huguenotes provenientes de outros países da Europa protestante, ao passo que a rainha Elizabeth contribuiu com grandes somas em dinheiro e tropas para a causa holandesa. Com as reformas de Nassau, o sistema militar holandês tornou-se a escola para os exércitos protestantes do século XVII.

Nassau atribuiu grande importância à hierarquia e à disciplina e determinou a formação de um corpo de oficiais profissionais, baseando-se nos ensinamentos de Lipsius e nas lições de Flávio Vegécio. Os oficiais superiores eram selecionadas entre os nobres holandeses ou nomeados pelo príncipe-regente, enquanto que, nos níveis mais baixos, os oficiais procediam da classe média, cuja riqueza privada lhes permitia subsidiar o custo de manter uma companhia. Apesar da diferença na origem, todos estavam sujeitos à mesma disciplina e recebiam o mesmo treinamento militar, e eram obrigados a incutir o mesmo em suas tropas.

Príncipe Maurício de Nassau


Cada companhia holandesa, comandada por um capitão, possuía tenentes e alferes, juntamente com cinco sargentos. A proporção de oficiais em relação aos soldados era maior nessas formações, permitindo uma melhor disciplina e maior controle durante o combate. Nassau não se limitava a aplicar este sistema nos regimentos holandeses, mas exigia de seus aliados a mesma organização. As companhias estrangeiras e seus capitães, em serviço junto aos holandeses, após liberadas ao final das campanhas, levavam toda essa experiência de serviço militar para seus países de origem.

O sistema militar holandês foi incorporado pelos exércitos sueco e inglês, no início do século XVII. Gustavo Adolfo II, rei da Suécia, empregou oficiais formados segundo o modelo holandês para treinar e liderar seus regimentos, e usou as idéias holandesas para desenvolver seu próprio sistema, utilizando as formações mais compactas e atribuindo maior ênfase ao poder de fogo. Em comparação com o exército holandês, as companhias suecas possuíam uma quantidade semelhante de oficiais, mas o número de sargentos era ligeiramente maior. O sistema de Gustavo Adolfo também foi muito bem sucedido, conforme foi demonstrado durante a Batalha de Breitenfeld (1631), quando os suecos venceram o exército do Sacro-Império Germânico que, embora poderoso, era organizado com base em um sistema militar mais antigo.

O sistema militar holandês também influenciou o Novo Exército inglês de Oliver Cromwell, na medida em que grande parte das tropas de Nassau eram de origem inglesa.



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10
Dez16

HISTÓRIA MILITAR (1) - A LIBERTAÇÃO DA CRIMEIA

António Garrochinho


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Em abril de 1944 começou a operação ofensiva para libertar a Crimeia dos exércitos da Alemanha e de seus aliados. A singularidade dessa operação consistia na garantia de saída do Exército Vermelho para a região dos Balcãs.

Por Aleksêi Timofeitchev


A operação que durou de abril a maio de 1944 é um dos chamados 10 golpes de Stálin – ofensivas vitoriosas do Exército Vermelho realizadas naquele ano. O agrupamento romeno-alemão ficou completamente destruído, e a URSS retomou o controle da região estrategicamente importante.


Trabalho titânico

Durante uma mesa-redonda recente, o historiador militar Boris Bojedomov relatou os esforços realizados pelos integrantes do Exército Vermelho para tomar Sivash, uma baía rasa que separa o norte da Crimeia da parte continental onde se encontravam as tropas soviéticas. Pontes com mais de 1,5 quilômetros de comprimento foram construídas para a travessia através da baía.

Vento, neve, chuva, lama. Imersos até a cintura na água gelada, soldados construíam pontes. Depois, tinham que reformá-las, pois elas eram danificadas pelas tempestades. Isso tudo acontecia sob disparos e bombardeios que partiam do inimigo. Um trabalho titânico”, descreveu Bojedomov, que é colaborador do Instituto de Pesquisa Científica da Academia Militar.

Segundo os historiadores presentes no encontro, os alemães se agarravam desesperadamente à Crimeia. Apesar de o agrupamento de tropas alemão ter sido bloqueado por terra em 1943, Hitler se recusou a evacuar seus soldados e membros dos exércitos aliados.

Mikhail Miagkov, diretor científico da Sociedade Histórico-Militar da Rússia, ressalta que os dirigentes soviéticos também tinham consciência da indiscutível importância estratégica dessa operação.


Concentração secreta

Na véspera da operação, o Exército Vermelho apresentava vantagem em termos de recursos humanos e equipamentos. O agrupamento soviético consistia de cerca de 470 mil homens contra 200 mil soldados alemães e romenos.

Mas, para tirar proveito dessa vantagem, era necessário concentrar as tropas secretamente em duas direções de ataque – pelo lado do istmo de Perekop, que liga o norte da Crimeia ao continente, e da cidade portuária de Kertch, no sudeste da península, utilizando as posições provisórias previamente tomadas do inimigo.

No entanto, como salienta Bojedomov, “o inimigo estava ciente de que na impossibilidade de efetuar um desembarque de tropas em grande escala”.

Tropas do Exército Vermelho desembarcam na Crimeia


Duplo ataque

O ataque principal foi dado pelo lado de Perekop. O segundo, na direção da cidade de Kertch, que foi tomada dias depois. Pouco a pouco, as forças soviéticas romperam as defesas alemãs em ambas as frentes, e o inimigo começou a recuar. Em meados de abril, as forças soviéticas se aproximaram de Sevastopol. Duas tentativas de romper de imediato as defesas do inimigo falharam e, então, tiveram início os preparativos para um ataque em grande escala – que começou em 5 de maio e durou quatro dias.

As tropas romeno-alemãs perderam 140 mil homens na operação, cerca de metade deles foram feitos prisioneiros. As baixas das tropas soviéticas totalizaram 17 mil homens.

Marinheiro russo captura soldados alemães na Crimeia


A operação da Crimeia tornou-se a quinta-essência da experiência de combate que o Exército Vermelho havia acumulado naquela época. Foi uma ‘operação limite’ seguida por uma sucessão ininterrupta de vitórias”, diz Serguêi Tchennik, editor-chefe da revista “Crimeia Militar”.

A própria geografia da península torna a operação para libertar a Crimeia única: comparável a uma inacessível fortaleza medieval, rodeada por fossos com água de todos os lados. Além de operação ter aberto acesso do Exército Vermelho aos Balcãs, as baixas entre as tropas romenas incentivaram mais tarde o país a abandonar a aliança com a Alemanha e juntar-se à coalizão anti-Hitler.

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10
Dez16

Peditórios para cura de menina pagavam luxo dos pais

António Garrochinho

O pai de Nadia, uma menina espanhola com uma doença rara, está, desde esta sexta-feira, em prisão preventiva por suspeita de fraude com os peditórios que fazia, desde 2009, para pagar tratamentos da filha. Família terá gastado 600 mil euros em objetos ou serviços de luxo.


O último capítulo desta longa história ocorreu esta quinta-feira com a prisão preventiva decretada a Fernando Blanco, pai de uma menina catalã com tricotiodistrofia, uma doença genética rara que pode provocar problemas de desenvolvimento físico e mental, envelhecimento prematuro, entre outros sintomas graves.


Mas o caso de Nadia é conhecido do grande público espanhol há muito. Em 2012, por exemplo, comoveu o país com um vídeo onde se pedia ajuda no pagamento de um tratamento em Houston, nos EUA.


"Se não a operarmos, deixará de andar e deixará de comer", dizia o pai numa declaração emocionada a 18 de dezembro. O país comoveu-se, artistas juntaram-se para cantar uma versão de All You Need is Love, dos Beatles e, a 26 de dezembro, o objetivo de 47 mil euros estava alcançado. Nadia tinha sete anos.




Os anos passaram-se e, esporadicamente, o caso de Nadia voltava a surgir nos média, com mais um pedido de ajuda para um novo tratamento. Alegadamente, a menina foi sendo submetida a vários procedimentos em Houston e era necessário continuar a angariar dinheiro.

No final de novembro deste ano, a história de Fernando Blanco começa desmoronar-se. No dia 26, Fernando revela que tem cancro, mas que recusa tratar-se por não poder estar um dia sem angariar dinheiro para a filha, revela o jornal eletrónico espanhol "20 Minutos". Em quatro dias, angariou 153 mil euros. Mas duas investigações jornalísticas levantam as primeiras suspeitas sobre o caso.


A 2 de dezembro, o "El Pais" publica uma grande investigação que põe em causa as várias afirmações da família.









"Segundo seu relato, viajou com Nadia a países como a Guatemala, Índia, Panamá, Rússia, Brasil, Argentina, Finlândia, Cuba e Chile" para encontrar "um grupo secreto" de cientistas, entre eles militares, revela o diário espanhol, salientando que até ao Afeganistão a família teria ido, para consultar um dos maiores especialistas na doença que estaria escondido num gruta. Mas o jornal conclui que tudo não passa de mentira e revela que o homem já tinha sido condenado em 2001 por desvio de 120 mil euros da empresa em que trabalhava.


Os relatos na imprensa começaram a fazer com que alguns vizinhos da família viessem a público falar sobre as suas suspeitas. Afirmavam que a família vivia numa casa luxuosa, com carros caros e um nível geral de vida superior ao expectável para alguém que vive da caridade pública.


Da investigação jornalística à judicial foi um passo curto e, a cinco de dezembro, um juiz espanhol congelou as contas da família. Nesse mesmo dia, Blanco confessa na televisão que há "partes exageradas" na história que contou da filha, por ter medo de a perder. Não houve viagens a Houston, procurou apenas curandeiros para ajudar Nadia, mas teria estado no Afeganistão. O pormenor da gruta seria falso.





Na última quarta-feira, os Mossos d'Esquadra (a polícia catalã) detiveram Fernando Blanco e a mulher, Marga Garau, quando tentavam fugir à Polícia. Tinham consigo 1450 euros em dinheiro, dois relógios, vários aparelhos eletrónicos de gama alta e uma arma. Na casa que as autoridades revistaram, foram encontrados 1845 euros em dinheiro, 32 relógios avaliados em 50 mil euros e material eletrónico de gama alta.

Esta sexta-feira, o pai de Nadia - que agora tem 11 anos - ficou em prisão preventiva e mãe em liberdade, tendo o casal ficado sem a custódia da filha. No total, revelou a polícia, o casal terá angariado 918 mil euros e gasto 600 mil euros em produtos ou serviços que não estavam relacionados com os tratamentos.


Segundo o jornal "ABC", a Justiça irá também clarificar qual o verdadeiro estado de saúde da menina.



VÍDEOS








http://www.jn.pt/
10
Dez16

Esquerda pressiona PS para mudar mapa autárquico antes das eleições

António Garrochinho


Bloco de Esquerda (Catarina Martins) e PCP (Jerónimo de Sousa) em convergência para 'apertar' o PS  |

António Costa já disse que o mapa das freguesias só mudará em 2018 mas nem o PCP nem o Bloco baixam os braços. Têm projetos no Parlamento e querem agendá-los

A área prioritária de pressão do BE e do PCP sobre o Governo no início de 2017 será a da legislação laboral, mas a agenda da esquerda não se resumirá a um samba de uma nota só em torno deste tema. Outros temas estão na calha do PCP e do BE - e um deles é da revogação (parcial ou total) do novo mapa de freguesias aprovado na legislatura 2011-2015 pela maioria PSD-CDS (em 2011 existiam 4259 freguesias e hoje são menos 1167, ou seja, totalizam agora 3092).

No programa de Governo, António Costa prometeu "avaliar a reorganização territorial das freguesias, estabelecendo critérios objetivos que permitam às próprias autarquias aferir os resultados da fusão/agregação e corrigir os casos mal resolvidos". Só que o fez sem um compromisso de data.

Se dúvidas houvesse, elas desapareceram totalmente no último debate quinzenal com o primeiro-ministro no Parlamento, quarta-feira. Primeiro disse - num discurso totalmente virado para a questão da descentralização - que "as freguesias terão também o seu papel reforçado, com a consolidação como competências próprias de matérias que já atualmente desempenham com base em acordos de delegação de competências e sempre que a nível local se entenda a mais-valia da proximidade de decisão". E depois acrescentou: "Uma escala e recursos financeiros adequados são condições indispensáveis para um novo papel das freguesias no quadro da reavaliação do modelo territorial a efetuar [e aqui está o que interessa] em 2018". Ou seja: depois das próximas eleições autárquicas (setembro/outubro de 2017).

Bloco e PCP, porém, não baixam os braços. Fontes das direções parlamentares de ambos os partidos confirmaram ao DN que a sua intenção sempre foi retomarem o antigo mapa administrativo a tempo de as próximas eleições para o poder local. E vão esforçar-se para que isso aconteça fazendo agendar projetos-lei que há muito entregaram no Parlamento.

O dos comunistas, entregue em 9 de maio passado, propõe que se reverta "a efetiva extinção de freguesias operada pela "reorganização" em todos os casos em que não tenha existido consenso nos órgãos deliberativos chamados a pronunciar-se e não haja oposição expressa pelos atuais órgãos" e que, nos outros casos, de freguesias agregadas sem oposição, se abram processos de consulta local para verificar se estão bem ou querem voltar atrás.

Já o do Bloco, de 24 de junho, pede também às assembleias municipais dos concelhos com freguesias agregadas e às próprias assembleias de freguesia que se pronunciem sobre se querem ficar como estão ou voltar ao mapa original. E depois, nas que quiserem outra vez separar-se, remete-se o processo para o Parlamento, que o consolidará em decisões legislativas caso a caso.

Ambos os diplomas estão na comissão parlamentar de Ambiente e Ordenamento do Território e já foram ouvidas a ANMP (Associação Nacional de Municípios Portugueses) e a Anafre (Associação Nacional de Freguesias). Estas duas entidades, aliás, integram um grupo técnico criado pelo Governo para "definição de critérios para a avaliação da reorganização territorial das freguesias", têm um documento sobre o assunto para entregar ao ministro com a tutela do poder local (Eduardo Cabrita) e pediram para só o entregar no próximo dia 20.

Embora tendo adiado para 2018 a reforma do mapa administrativo - e preparando-se também para deixar cair a ideia de eleição direta pelos eleitores dos "parlamentos" das áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto - António Costa continua a dizer - fê-lo no debate parlamentar de anteontem - que "2017 será o ano da verdadeira aposta na valorização do território".

Porém, só depois das próximas eleições é que avançarão outras reformas, como a da descentralização para as autarquias de mais competências na educação e formação, saúde, ação social, transportes, património, cultura, proteção civil e na gestão das frentes ribeirinhas e marítimas.



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António Garrochinho

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