Crianças refugiadas em trânsito no porto de Lisboa, a 19 de agosto de 1941, preparadas para embarcar no navio português 'SS Mouzinho'
Em 1940, comboio com centenas de judeus do Luxemburgo regressou a Espanha após incidente diplomático com agentes armados da Gestapo Quase três centenas de refugiados judeus saídos do Luxemburgo em novembro de 1940 ficaram 10 dias retidos na fronteira de Vilar Formoso e foram depois proibidos de entrar em Portugal, mas não existe documentação sobre o caso nos arquivos nacionais, disse ontem a historiadora Irene Pimentel ao DN. "Na imprensa portuguesa não há nada. Os elementos do governo luxemburguês que estiveram em Portugal foram ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, dirigiram-se a Salazar, à PVDE [Polícia de Vigilância e Defesa do Estado, antecessora da PIDE]. Tem de haver cartas, documentação escrita... não sabemos se foi perdida, destruída ou está fora do lugar", lamentou Irene Pimentel, coautora do recém-lançado livro "O Comboio do Luxemburgo" com a também historiadora Margarida Ramalho, sobre um episódio ocorrido na fronteira de Vilar Formoso em novembro de 1940. Pelo contrário, no Luxemburgo "encontrámos bastantes coisas. Já há uma historiografia luxemburguesa que trata o assunto" e as próprias autoridades locais deram apoio ao trabalho das duas investigadoras - o qual envolveu também a ida aos EUA, com a ajuda da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), assinalou Irene Pimentel. O caso evoca de imediato o drama das dezenas de milhares de refugiados que fogem das guerras e conflitos no Médio Oriente e África em direção à Europa, onde vários países - sob forte pressão das respetivas opiniões públicas e eleitorados - têm vindo a recusar a sua admissão e até a levantar barreiras para impedir a sua passagem em direção a outros destinos. "A História não se repete da mesma forma mas há aspetos" em que isso acontece, como ocorre agora na UE, em que as barreiras de arame farpado para impedir a passagem de refugiados evocam o tempo em que "a Europa fechou a porta" aos judeus fugidos da II Guerra Mundial, argumentou Irene Pimentel. "Nunca é da mesma forma mas há aspetos que se repetem porque o ser humano não mudou", acrescentou. Outro dos "aspetos idênticos" entre a situação atual e o ocorrido na guerra de 1939-1945, salientou Irene Pimentel, prende-se com o receio sobre a presença de terroristas do Estado Islâmico entre os refugiados. "Nos Estados Unidos não deixaram entrar judeus refugiados por temer que houvesse alemães infiltrados. Havia antissemitismo, xenofobia, racismo..." - o que não sucedia em Portugal e foi um aspeto a facilitar a entrada de muitos refugiados que fugiam da máquina de guerra nazi. Recorde-se que a fronteira de Vilar Formoso foi ponto de passagem para muitos desses fugitivos, estando em curso um projeto de construção do Museu "Vilar Formoso Fronteira da Paz - Memorial aos Refugiados e Cônsul Aristides de Sousa Mendes", junto à estação ferroviária daquela localidade. Margarida Ramalho foi a comissária científica desse futuro museu, que a autarquia prevê estar concluído no final deste ano. Agentes da Gestapo A ausência de registos escritos em Portugal sobre aquele comboio retido em Vilar Formoso, com 293 judeus que viajaram em oito autocarros entre o Luxemburgo e Espanha, explica-se por ser "um episódio que mancha a imagem" do país como espaço de acolhimento de refugiados. "A seguir ao final da II Guerra Mundial, o interesse que havia da parte de Salazar e do regime era sobreviver à derrota do nazi-fascismo, dizendo que Portugal tinha salvado refugiados e abriu as portas" a muita gente, contou Irene Pimentel. Porém, acrescentou a historiadora, "como qualquer país e até os democráticos, a ditadura portuguesa tinha até ao início da guerra uma política restritiva da entrada de refugiados. Salazar disse sempre que Portugal era um país de trânsito, em que tinha de se ter visto para um país de destino e permanecer apenas o tempo necessário para arranjar navio". O certo é que "o comboio trágico" de Vilar Formoso, como o classificou Irene Pimentel ao registar que meia centena desses refugiados "foram deportados e morreram no Holocausto", acabou por ser uma exceção face ao "conjunto de circunstâncias" que se verificaram naquele momento e conduziram àquele desfecho. É verdade que já tinham entrado em Portugal dois comboios com refugiados judeus oriundos do Luxemburgo, nos meses de agosto e outubro de 1940 - apesar das dificuldades que este último teve para passar a fronteira. E mesmo no de novembro houve negociações para acolher os passageiros - mas foi tudo por água abaixo devido à presença da Gestapo. "Desta vez os alemães decidiram acompanhar o grupo [de judeus] até território português. E foi aí que as coisas se complicaram. Além de ser um grupo extenso, de quase 300 judeus, (maioritariamente apátridas [a viverem no Luxemburgo após fugirem de países como Alemanha ou Polónia] e portadores de vistos duvidosos), vinha acompanhado por elementos fardados e armados pertencentes a um país beligerante, o que era totalmente contra os princípios da neutralidade", lê-se no livro. "As autoridades da fronteira portuguesa reagiriam e não deixariam sair ninguém do comboio enquanto não houvesse uma solução para os passageiros. Enquanto a polícia portuguesa encetava negociações [...], alguns soldados alemães que tinham entrado em território português recusaram-se a entregar as armas e foram detidos. Pouco depois, mais soldados alemães cruzaram a fronteira para ver o que se passava e acabaram também detidos", escrevem as autoras. "A situação só se resolveria depois da intervenção do embaixador alemão em Madrid. Este incidente diplomático terá, porventura, impedido uma solução mais tolerante para os passageiros do terceiro transporte", argumentam Irene Pimentel e Margarida Ramalho, que analisaram "documentos inéditos" e entrevistaram "sobreviventes e seus familiares". A obra cita também a carta de agradecimento que um dos sobreviventes, Henri Galler (então com cinco anos), enviou em 2013 aos responsáveis pelo futuro museu de Vilar Formoso: "Lembro-me de que não podíamos sair nunca do comboio [...]. Muitos anos mais tarde, a minha mãe explicou-me que foram os habitantes dessa terra que prestaram ajuda aos refugiados que estavam naquele comboio, trazendo-lhes água e comida."
O livro recentemente publicado, intitulado 'The Kissing Sailor', conta a história por trás do beijo icônico que simbolizou o fim da Segunda Guerra Mundial.
A foto indelével, do atrevido marinheiro beijando uma enfermeira no meio da Times Square, da comemoração do fim da Segunda Guerra Mundial, é considerada uma das imagens mais icônicas do século 20, mas aquele gesto foi romântico ou algo muito mais sinistro?
De acordo com uma blogueira feminista, a resposta é desconfortável.
A escritora londrina conhecida como 'Leopard' causou um alvoroço online, após publicar um post criticando o que ela considera a glorificação de uma agressão sexual.
A imagem capturada pelo fotógrafo da revista LIFE, Alfted Eisenstaedt, retrata um marinheiro americano beijando uma mulher vestida de branco, no dia 14 de agosto de 1945, no coração de Nova York, em um momento de júbilo pela rendição do Japão.
A identidade do casal, do famoso beijo no meio da multidão, ficou envolta em mistério, mas depois de décadas de especulação, George Mendonsa e Greta Zimmer Friedman revelaram serem os personagens eternizados na fotogafia de Eisenstaedt.
O casal por trás da imagem célebre que simbolizou o fim da guerra, Mendonsa e Zimmer, com 90 anos de idade, contou que eles não se conheciam no momento que a foto foi tirada.
O jovem marinheiro, aparentemente, pegou, ao acaso, a enfermeira bonita andando na rua e deu um beijo em seus lábios, tomado pela euforia.
Mendonsa, com 22 anos naquele momento, estava acompanhado por outra mulher, Rita Petry, que mais tarde se casaria com o homem que entrou para a história como o "Kissing Sailor".
Depois de anos de especulações, foi revelado recentemente que o marinheiro e a enfermeira fotografados por Eisenstaed estão, agora, com 90 anos de idade.
De acordo com a blogueira feminista, a imagem icônica denuncia que 'algo não está correto' naquela foto.
"Sabemos que George e Greta eram perfeitos estranhos, que George estava bêbado e Greta não tinha ideia de sua presença, até o momento que ela estava em seus braços, com os lábios dele nos dela. Parece bastante claro, então, que George tinha cometido uma agressão sexual."
O blog Feministing.com abraçou a premissa de agressão sexual, alegando que a imagem, em um olhar mais atento, corrobora as evidências do 'crime' que teve lugar em 1945, no meio da Times Square.
George Mendonsa e Greta Zimmer Friedman reunidos na Times Square, onde ocorreu o beijo famoso, em agosto de 2012.
As principais indicações que houve uma agressão são, de acordo com a blogueira, os sorrisos nos rostos dos outros marinheiros, em segundo plan,o e o aperto firme em torno da mulher - fisicamente, menor - nos braços de Mendonsa, impedindo-a de fugir, e a flagrante flacidez do corpo indefeso da mulher.
'Eu não consigo imaginar que há um símbolo melhor para representar a confusão das nossas concepções sobre sexo e romance", escreve a blogueira no Feministing.
Friedman lembrou que foi agarrada, de repente, pelo marinheiro e lembrou que não queria ser beijada por um desconhecido.
Leopard escreveu em seu blog: "Considerando-se a cultura do estupro em que vivemos, a falta de vontade de reconhecer um problema aqui não surpreende’.
'Não é fácil afirmar que o corpo de uma mulher é sempre seu e não deve ser utilizado para atender os caprichos de ninguém sem o seu consentimento. Mas, é muito mais fácil fechar os olhos para os sentimentos da mulher, alegando de ela possue empatia com o homem, que ela deve ser receptiva e ficar com ele."
Esta não é a primeira vez que alguém levantou indagações sobre o 'beijo do marinheiro'
Em 2005, o Projeto História dos Veteranos da Biblioteca do Congresso entrevistou Friedman sobre o famoso beijo.
'Não foi a minha escolha ser beijada. O cara simplesmente se aproximou e me pegou!', disse ela então.
Em uma entrevista mais recente Friedman lembrou: 'Aquele homem era muito forte. Eu não estava beijando ele. Ele estava me beijando', ela disse ao New York Post.
O 'casal do beijo' reuniu-se, várias vezes, ao longo dos anos.
Mais recentemente, em meados de agosto de 2012, os dois voltaram a ser reunidos para falar sobre a fotografia.
"Foi o momento... você volta do Pacífico, e, finalmente, a guerra termina...', disse Mendonsa à CBS.
Mendonsa admitiu que havia tomado bebidas, para comemorar o fim da guerra, quando viu uma bela jovem enfermeira e foi beijá-la.
Ele lembrou que estava se encontrando, pela primeira vez, com a sua futura esposa, Petry, em um show na Radio City Music Hall, em 14 de agosto, quando a notícia da rendição japonesa foi anunciada.
"Eles pararam o show e informaram: ‘A guerra acabou. Os japoneses se renderam’”, lembrou.
O marinheiro correu para um bar nas proximidades, onde admite ter tomado algumas bebidas.
Quando caminhava pela Times Square, Mendonsa viu uma mulher em um uniforme de enfermeira, deixou Petry e correu para agarrá-la.
'Foi a emoção sobre o fim da guerra, mas eu tinha tomado algumas bebidas. Então, quando eu vi a enfermeira, eu peguei e beijei’, disse Mendonsa a CBS.
Friedman, que acabou por ser uma enfermeira em uma clínica dentária da Áustria, disse:'Eu não o vi se aproximando e, antes de conhecê-lo, fui envolvida por ele.”
Enquanto estamos mais familiarizados com figuras históricas proeminentes, como o Rei Luís XV, Napoleão Bonaparte, e o Rei Charles II, pouco se sabe sobre as amantes que compartilharam suas camas e, por vezes, até foram mães de seus filhos.
Estas onze prostitutas famosas fizeram seus nomes para serem destaques em seus tempos. Entre elas, respeitadas modelos, artistas e atrizes.
Por trás da fama, suas vidas eram esbaldadas de mistério, intrigas e assassinatos ocasionais por uma tal asfixia erótica.
1. Phryne
Phryne é uma das poucas prostitutas cuja beleza pode ser admirada em museus de arte. Como cortesã na Grécia Antiga, Phryne era conhecida por sua boa aparência e por ter modelado para o pintor Apeles e para o escultor Praxiteles. Especula-se que, tanto a modelagem quanto a prostituição, deixaram Phryne tão rica que ela foi capaz de contribuir para a reconstrução das muralhas de Tebas, depois de, Alexandre, o Grande, destruí-las em 336 a.C..
Como muitas prostituas, Phryne foi objeto de ridículo público e foi levada a julgamento por motivos religiosos e reportada por exibir os seios ao júri. Phryne foi defendida pelo orador Hypereides, um de seus amantes, e foi libertada.
2. Veronica Franco
Veronica Franco foi uma mulher fascinante do período renascentista em Veneza. Além de ser prostituta, Veronica foi bem educada e publicou diversos volumes de poesia. Ela também fundou uma instituição de caridade que fornecia ajuda para cortesãs e seus filhos.
O cliente mais notável de Veronica Franco foi Henry III, Rei da França. Em 1565, ela foi listada como especialista em um popular guia veneziano de prostitutas. Em 1577, Veronica foi levada perante o tribunal sob acusação de bruxaria, mas foi salva com os apontamentos retirados. Estudiosos acreditam que ela morreu relativamente pobre, sem apoio social ou financeiro.
3. Jeanne Bécu
Jeanne Bécu, conhecida pela corte francesa de Luís XV como Madame du Barry, por ser, claro, amante oficial de Luís XV. Ela deu início à prostituição em Paris, onde adquiriu como clientes, aristocratas de grande escalão e, eventualmente, fazia seu caminho para o Palácio de Versailles, onde o depressivo e solitário Luís XV acabou por conhecê-la.
Jeanne casou-se com um nobre e, com isso, conseguia acesso à corte de Luís XV, o que gerou um mix de fatores que destruíram, na época, as relações exteriores da França. Após a morte de Luís XV, Jeanne Bécu foi enviada para um convento e, em 1793, morreu na guilhotina durante o tribunal revolucionário de Paris.
4. Sally Salisbury
Sally Salisbury, cujo nome de nascimento era Sarah Pridden, foi uma prostituta corajosa e extremamente popular em Londres, no século XVIII. Sally começou a se prostituir muito criança e, já aos 14 anos, trabalhava em um bordel de alta classe atraindo senhores e aristocratas.
Era conhecida por ser bela, engraçada e, paradoxalmente, mal-humorada. Sally envolveu-se em um escândalo público por ter esfaqueado John Finch, um patrono de bordel, por disputarem um par de ingressos de ópera. Sally Salisburry foi presa e, pouco depois, morreu de complicações geradas por sífilis.
5. Nell Gwyn
Nell Gwyn é famosa por ter sido amante do Rei Carlos II, da Inglaterra. Quando jovem, Nell tinha se encantado com o teatro inglês e se encaminhou para ser atriz. Embora analfabeta, ela estudou performance em uma escola de arte e, rumores se expandiram por ela ter tido casos com atores famosos como Charles Hart e John Lacy. Nell Gwyn persistiu no sonho de ser atriz e atou em várias peças de comédia.
Eventualmente presente na alta sociedade inglesa, conheceu o Rei Carlos II e se tornou uma de suas 13 amantes, teve dois filhos com o Rei e, mesmo não atribuindo nenhum título a si mesa, um de seus filhos recebeu o título de Duque de St. Albans.
6. Emma Elizabeth
Emma Elizabeth Crouch nasceu no século XIX, em Londres. Frequentou um bom colégio na França e teve a oportunidade de ser bem educada obtendo habilidades sociais na alta sociedade. Depois de um encontro com um homem que a estuprou e depois pagou-lhe, Emma começou a prostituir-se no The Argyll Rooms, notório bar e bordel de época em Londres.
Ao viajar para Paris, Emma adotou o nome de Cora Pearl e começou a fazer sua própria fama como uma cortesã de homens ricos. Cora tornou-se celebridade em Paris dormindo com muitos homens famosos, como Napoleão Bonaparte.
7. Catherine Walters
Catherine Walters foi um ícone da moda e cortesã inglasa que parecia, no século XIX, ter todos de Londres aos seus pés. Catherine tinha tudo: era bonita, educada, popular e tinha vários benfeitores ricos. Entre seus clientes, o Rei Edward VII e Napoleão III. Ao contrário das prostitutas de seu tempo, Catherine Walters viveu até os 80 anos de idade com muito dinheiro e um legado favorável.
8. Lulu White
Contos sobre New Orleans Storyville, o distrito da luz vermelha no início de 1900, seria incompleto sem uma menção à Lulu White, prostituta, madame de bordel e empresária. Era dona do Octoroon Parlou, que abrigava cerca de 40 mulheres. O bordel era um pub para amantes do jazz e senhores que estavam dispostos a explorar as cinco salas e os 15 quartos reservados para hóspedes especiais.
Em 1917, quando foi alvo de discriminação de gênero em Nova Orleans, Lulu White foi obrigada a fechar seu estabelecimento. Na cultura contemporânea Lulu ocupa um lugar especial ao ser citada na música “Mahogany Hall Stomp”, de Louis Armstrong, e por ter recebido de um clube de jazz de Boston, um bar com o seu nome: Lulu White.
9. Martha Canary Burke
Martha Canary Burke, conhecida também por Calamity Jane, ficou famosa por ter lutado contra nativos americanos ao lado de Wild Bill Hickok, e por ser prostituta no Fort Laramie Three-Mile Hog Ranch, em Wyoming. Apesar de sua reputação ríspida, Jane era linda! Tinha cabelos e olhos escuros.
Por ter escolhido uma profissão incomum às mulheres, Jane se vestia como homem, o que permitia-lhe mover-se livremente e conseguir empregos que nunca tinham sido concedidos à uma mulher, como trabalhar com bois, explorar minas e, também, como contadora de histórias no Buffalo Bill Wild West Show.
10. Sada Abe
Sada Abe era gueixa de baixo nível quando contraiu sífilis e não teve escolha: continuou a se prostituir no Tobita, famoso bordel de Osaka. Durante suas viagens à Tóquio, cruzou Kichizo Ishida, um de seus amantes, e, em maio de 1936, Abe foi presa por assassinar Ishida por asfixia. Abe era mentalmente perturbada e tinha sérios problemas de ciúmes.
Depois da morte de Kichio Ishida, Sada Abe cortou seu pênis, colocou em seu kimono, e escreveu o nome dele em seu braço. Os testículos de Ishida foram expostos, por um período curto de tempo, em praça pública, depois da Segunda Guerra Mundial.
11. Gabriela Leite
Gabriela Leite foi prostituta da Boca do Lixo em São Paulo, da zona boêmia em Belo Horizonte, e da Vila Mimosa no Rio de Janeir. Rejeitava o termo “ex-prostituta” em suas apresentações, era ativa no movimento de defesa dos direitos das prostitutas, tendo fundando, inclusive, uma ONG em 1992, a Davida.
Uma de suas principais conquistas foi a inclusão, em 2002, da ocupação “trabalhador do sexo” na Classificação Brasileira das Ocupações (CBO), permitindo que prostitutas possam se registrar no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), como autônomas, e garantir uma aposentadoria futura.
Autora do livro “Filha, mãe, avó e puta – A história de uma mulher que decidiu ser prostituta”, da editora Objetiva, Gabriela Leite lutava contra o câncer e morreu em outubro de 2013, deixando um legado digno de aplausos para esta profissão ainda discriminada no Brasil e no mundo.
As guerras que estão acontecendo atualmente contam com muitos aparatos tecnológicos e soldados extremamente especializados em abater seus inimigos. No entanto, por incrível que pareça, muitos cientistas políticos e analistas geopolíticos afirmam que a nossa era é a mais pacífica registrada na história.
No entanto, houve um tempo não tão distante em que a guerra generalizada foi considerada necessária e a destruição de diversas regiões do planeta foi uma consequência inevitável.
A seguinte lista inclui indivíduos do passado e das guerras atuais que provaram ser os humanos mais mortais que existiram em campos de guerra. Independentemente disso, todos os indivíduos nesta lista já ganhram o título de guerreiros mais mortais da história da humanidade.
Chris Kyle – O Sniper Americano
Foi um atirador de elite da Marinha de guerra dos Estados Unidos, considerado o mais letal atirador na história militar daquele país, com 160 mortes confirmadas. Kyle serviu quatro turnos na Guerra do Iraque e foi premiado com várias comendas por atos de heroísmo e serviços meritórios em combate.
Kyle foi dispensado da marinha americana em 2009, e escreveu uma autobiografia, intitulada American Sniper, publicada em janeiro de 2012. O livro foi um sucesso de crítica e vendas. Em 2 de fevereiro de 2013, ele foi baleado e morto em um campo de tiro perto de Chalk Mountain, Texas, junto com o amigo Chad Littlefield. O homem acusado de matá-los, o veterano fuzileiro naval Eddie Ray Routh, foi julgado por assassinato e condenado a prisão perpétua.
Gurkha Dipprasad Pun – Enfrentou 30 soldados sozinho
O sargento Gurkha Dipprasad Pun é considerado um dos mais bravos soldados do Reino Unido. Ele defendeu sozinho seu posto de controle contra um ataque do Talibã. Ele teve que enfrentar cerca de 30 homens simultaneamente. Durante o combate, ele disparou mais de 400 vezes contra os rebeldes, lançou 17 granadas e detonou uma mina com o objetivo de evitar o ataque do grupo terrorista.
Por sua bravura, Dipprasad Pun foi condecorado com a Conspicuous Gallantry Cross. Embora ele não tenha matado um grande número de soldados, sua bravura no combate “mano-a-mano” o levou a ser considerado um dos soldados mais mortais da história.
Miyamoto Musashi – Nunca perdeu um duelo de espadas
Miyamoto foi um famoso espadachim nascido onde hoje é o Japão moderno. Ele foi o criador do estilo de luta com duas espadas chamado Niten Ichi Ryu. heróis nacionais do Japão. Vivendo num período histórico de transição, em que os tradicionais métodos dos samurais eram aos poucos substituídos por armas de fogo, ele foi um dos últimos guerreiros japoneses que simbolizava o auge do “bushido” (caminho do guerreiro), no qual um homem com uma espada na mão representava o máximo da realização individual.
Ele nunca foi derrotado em combate, apesar de ter enfrentado mais de sessenta oponentes, algumas vezes mais de um simultaneamente. A história de sua vida tornou-se uma lenda e forte inspiração para o imaginário japonês, inspirando diversas gravuras, livros, filmes, séries de TV, mangás e videogames.
Carlos Norman Hathcock II – 93 mortes
Conhecido como “Gunny” pelos seus companheiros soldados, o sargento Carlos Norman Hathcock II tem mais de 93 mortes confirmadas durante a Guerra do Vietnãme. Atirador de elite, ele era extremamente hábil em antecipar o movimento do inimigo. Apesar das 93 mortes confirmadas, o número real é provavelmente muito maior. Especula-se que o número ultrapasse 300. Apelidado de “pena branca” pelos inimigos, ele tinha uma grande recompensa pela sua morte.
Klaudia Kalugina – A melhor sniper da Rússia
Durante a Segunda Guerra Mundial, a União Soviética estava à procura de snipers do sexo feminino. Klaudia foi uma das mulheres que se alistou para lutar pela Rússia contra as forças do Eixo. Ela tinha 17 anos. De todas as 2.000 snipers que a Rússia tinha, Klaudia foi uma das melhores.
Pouco depois de entrar para a guerra, sua melhor amiga Marusia Chikhvintseva foi morta por um franco-atirador alemão, que pode ter despertado em Klaudia o desejo de vingança. Foram 257 mortes relacionadas à Klaudia.
Simo Hayha
Apelidado de “Morte Branca”, ele foi um soldado finlandês e o mais eficiente franco-atirador da história. Trabalhando em temperaturas que iam dos -20ºC aos -40ºC e usando uma camuflagem totalmente branca, Hayha é creditado por mais de 700 mortes. Além das mortes que provocou como franco-atirador (aproximadamente 500), Simo Hayha foi creditado também por abater mais de duzentos soldados inimigos com uma submetralhadora Suomi M-31, elevando assim sua marca para 705 mortes.
Em 1998, ao ser perguntado sobre como conseguiu se tornar um atirador tão bom, ele respondeu: “prática”. Questionado se tinha remorsos por ter matado tantas pessoas, ele disse, “fiz o que me mandaram fazer, da melhor forma possível”.
Dillard Johnson
Em 2013, o sargento Dillard Johnson foi manchete em vários jornais ao afirmar que matou 2.746 inimigos em combate. Entretanto, esse número não é confirmado pelas forças armadas dos EUA. As mortes confirmadas e associadas à Johnson são 121 em ações no Oriente Médio.
Durante algumas épocas de antigamente, a pirataria era algum comum e os capitães que comandavam as frotas piratas eram verdadeiramente temidos. Saqueadores de primeira, os piratas se destacavam por sua perspicácia e ousadia, travando batalhas sangrentas e conquistando riquezas. Confira abaixo sete dos piratas mais famosos da História.
1 – William Kidd (Escocês, 1645-1701)
Wiiliam Kidd era um elegante escocês que já havia sido um cidadão líder em Nova York. Ele se envolveu ativamente na construção da Igreja da Trindade e depois começou sua carreira como um corsário, originalmente enviado para livrar os mares dos piratas. No entanto, ele acabou se tornando um, mas com certa relutância.
Ele foi eleito capitão pirata por sua tripulação e seu maior “feito” na área foi atacar uma embarcação da East India Company. Quando ele soube que estava sendo caçado por esse ato, ele enterrou um pouco de seu tesouro na Ilha Gardiner, antecipando a sua utilidade como instrumento de negociação.
Unmute
No entanto, ele foi capturado em Boston e enviado para a Inglaterra para julgamento. Ele foi condenado à morte e morreu depois de duas tentativas frustradas na forca. Nas primeiras vezes, a corda arrebentou. Seu corpo foi exposto e pendurado por correntes na beira do Rio Tâmisa.
2 – Edward Teach – o Barba Negra - (Inglês, 1680-1718)
Embora tenha havido piratas mais bem-sucedidos, o Barba Negra foi um dos mais conhecidos, além de ter sido amplamente temido no seu tempo. Ele comandou quatro navios e tinha um exército pirata de 300 pessoas no auge da sua carreira. Barba derrotou o famoso navio de guerra, o HMS "Scarborough", em uma batalha marítima.
Ele era conhecido por enfrentar as batalhas segurando duas espadas, tendo ainda várias facas e pistolas no cinto e em um tipo de colete. Ele capturou mais de quarenta navios mercantes no Caribe e sem vacilar matou muitos dos prisioneiros reféns.
Barba Negra também era conhecido por ser muito mulherengo, mas, embora ele tivesse muitas mulheres não oficiais, ele foi casado apenas com uma menina de 16 anos — diz a lenda que ele a ofereceu como um presente para sua equipe depois que ela tentou “corrigir” a seu jeito de ser. Barba foi morto decapitado após uma batalha com a Marinha Real, e sua cabeça foi levada como um aviso para outros piratas para ser exposta no Rio Hampton.
3 – Bartholomew Roberts "Black Bart" (Inglês, 1682-1722)
A tripulação de Roberts admirava a sua coragem aventureira — chamando-o de "à prova de pistola” —, embora ele tivesse entrado na pirataria de forma relutante, pois, quando mais jovem, foi vítima de piratas durante um ataque a um navio em que ele era oficial de bordo.
Roberts saqueou mais de quatrocentos navios, um registro grandioso, e capitaneou navios bem protegidos em cada jornada. Ele morreu em uma batalha vigorosa contra o capitão britânico Chaloner Ogle e deixou uma legião de admiradores.
4 – Henry Every – O Grande Ben (Inglês, 1653- ano de morte desconhecido)
Henry começou sua carreira naval da Marinha Real britânica. Ele atuou em vários navios antes de se juntar a uma missão conhecida como a Expedição espanhola em 1693. Ele tornou-se capitão pirata através de um motim, levando a sua fama como um dos mais temidos e bem-sucedidos do Mar Vermelho.
Apesar de ele não ter muitos navios, os dois que ele capturou estavam entre os melhores do Oceano Índico (sendo um deles um navio do tesouro, cheio de ouro e joias). Após conseguir uma grande riqueza, Henry Every se aposentou, mas ele continuou a ser caçado por toda parte e o seu verdadeiro paradeiro no momento da sua morte permanece desconhecido.
5 – Anne Bonny (Irlandesa, 1700-1782)
Quando viajou para o Novo Mundo com a sua família, Anne se apaixonou e se casou com um marinheiro pobre chamado James Bonny. No entanto, ela foi ficando decepcionada com a falta de coragem do marido e começou a procurar a companhia de homens valentes em Nassau.
Entre esses homens, estava "Calico Jack" Rackham, o capitão de um navio pirata. Ela se juntou a sua tripulação enquanto agia e se vestia como um homem. Assim, ela lutou sob seu comando, e junto com a sua amiga pirata Mary Read, ela persuadiu a tripulação para travar batalhas ainda mais sangrentas e se tornou uma verdadeira pirata.
No entanto, ela foi capturada com tripulação de Rackham e condenada à morte. Tanto Anne quanto Mary Read alegou gravidez na prisão enquanto aguardavam a sentença, e as suas penas de morte não foram executadas. Ninguém sabe ao certo como a famosa pirata morreu, embora haja especulações de que ela tenha voltado para casa com o marido ou com o pai.
6 – Sir Henry Morgan (Inglês, 1635-1688)
O capitão Morgan foi um dos piratas mais famosos que aterrorizaram as colônias do Caribe espanhol no final de 1600. Discretamente sancionado pela Inglaterra, Morgan tornou-se o chefe da frota jamaicana e com sucesso minou o domínio espanhol, prejudicando a normalidade nas Índias Ocidentais.
Ele pode ter saqueado mais de quatrocentos navios ao longo de sua carreira pirata. Sua maior conquista foi tomar a rica cidade do Panamá com trinta navios e 1,2 mil homens. Foi devido a essa incursão, que ele foi preso e levado de volta para a Inglaterra. Depois, ele conseguiu retornar ao Caribe e viveu na Jamaica até o resto da sua vida.
7 – Ching Shih (Chinês, 1785-1844)
Também conhecida como Cheng I Sao, Ching Shih não foi apenas a mais bem-sucedida de todas as piratas do sexo feminino, ela também foi a mais fascinante. Ching ganhou a igualdade com o marido e assumiu o seu posto após o seu falecimento.
Bonita e ex-prostituta, a pirata controlou mais de 1.500 navios com 80.000 homens, saqueando navios ao longo da costa do Mar do Sul da China, ao mesmo tempo em que impunha um rigoroso código de conduta sobre a sua tripulação.
Quando o governo chinês ofereceu-lhe amnistia pirata universal em troca de paz, ela aceitou. Seus piratas, por outro lado, foram capazes de manter suas riquezas e lhes foram dados empregos militares. Depois disso, ela viveu a sua vida no comando de um casino e um bordel.
Se existe uma lógica sob a qual os assaltantes mais ousados trabalham, ela diria que o importante é que a operação seja bem sucedida e a pessoa saia impune com o produto do roubo, certo? Alguns dos casos que não saíram exatamente como planejados, no entanto, acabaram se tornando os mais notórios da história. Confira uma compilação com os mais esquisitos “produtos” já surrupiados:
12 – DIRK, O PINGUIM
Começamos com um caso recente: em abril deste ano, três homens britânicos resolveram apimentar suas férias em Gold Coast, na Austrália, com uma pequena travessura. Alcoolizados, eles pularam o alambrado do parque aquático durante a noite e sequestraram o pobre Dirk, um pinguim que vive no local.
Foi apenas ao acordar de ressaca, no dia seguinte, que eles se deram conta que havia uma exótica ave aquática com eles no quarto. Sem saber o que fazer, abandonaram-no em um lago das proximidades, onde ele foi encontrado à noite. Nossos três herois alegaram, com sucesso, que não pretenderam em nenhum momento machucar o animal, mas levaram uma grande multa mesmo assim. Dirk, por sua vez, já se recuperou e passa bem.
11 – O TESOURO DO REI EDUARDO I
A famosa Abadia de Westminster, em Londres, foi construída no ano 1050. Naquela época, já havia credores judeus, bem como um grande número de desesperados devendo para eles. Um destes desafortunados, Richard Pudlicott, teve uma ideia luminosa para resolver seus problemas financeiros em 1303: assaltar o tesouro lendário do monarca Eduardo I, guardado a sete chaves no monumento.
O método de Puddlicot foi impressionante: ele foi desgastando, aos poucos e pelo lado de fora, a parede cujo interior dava para a sala onde estavam guardadas joias e moedas raras (tal informação privilegiada ele conseguiu com ajudantes paroquiais que se deixaram subornar por antecedência). Conforme desgastava a parede, Pudlicott ia plantando hera no lugar, para disfarçar.
Quando o buraco ficou grande o suficiente, ele se esgueirou para dentro do templo e saiu levando tudo o que foi capaz de carregar consigo. O valor de seu assalto equivalia a mais de um ano de impostos de todo o reino inglês da época.
A casa caiu para o ladrão britânico pouco tempo depois, quando algumas das moedas que ele afanou foram encontradas por emissários da nobreza em uma casa de penhores. Até que o verdadeiro culpado fosse localizado, muita gente foi interrogada e colocada contra a parede. No fim das contas, Richard acabou confessando o crime, foi enforcado, esfolado, e sua pele exposta na porta da Abadia para servir de exemplo.
10 – CARRO-FORTE DE LAS VEGAS
O norte-americano Roberto Solis saiu do anonimato em 1969 ao matar um segurança durante um assalto a banco. Depois de 23 anos na cadeia (onde tinha a poesia como seu maior passatempo), o homem foi solto. Pouco tempo depois, ele começou a namorar uma mulher de vinte anos chamada Heather Tallchief, que conseguiu trabalho em uma empresa de segurança que levava e trazia dinheiro para Las Vegas, capital mundial dos cassinos.
Durante uma das viagens, em outubro de 1993, a moça iludiu seus companheiros de trabalho e fugiu com o carro-forte, que carregava 2,5 milhões de dólares (o equivalente atual a R$ 5 milhões), encontrou Solis e os dois fugiram. Durante doze anos, o casal escapou das garras da polícia.
Até que um belo dia, em 2005, Solis saiu pelo mundo sozinho, com o dinheiro, e abandonou sua companheira com apenas mil dólares e um filho para criar. Ela acabou sendo localizada e está presa. Solis, no entanto, continua solto: é o homem mais procurado dos EUA.
9 – O ROUBO DO COLAR-BOMBA
O dia 28 de agosto de 2003 começou normal para o entregador de pizzas Brian wells, de Erie (Pensilvânia), nos Estados Unidos. Ao chegar a mais um endereço com a pizza quentinha, no entanto, o americano não foi recebido por consumidores com fome, mas sim por um homem e uma mulher armados.
Sob a mira de um revólver, Brian foi forçado a vestir um colar acoplado a um poderoso explosivo. Com este “adorno”, o pobre entregador recebeu as instruções de assaltar um banco e entregar o dinheiro em determinados lugares, cada etapa tendo que ser cumprida em um tempo-limite. Caso contrário, a bomba explodiria.
Um assaltante não se faz do dia para a noite. Armado, Brian entrou no banco, exigiu 250 mil dólares mas recebeu menos de 10 mil, e foi capturado pela polícia assim que deixou o recinto. Imediatamente, Brian tentou convencer os homens da lei de que era inocente e pedia para que chamassem o esquadrão de bombas imediatamente.
O tempo de hesitação da polícia custou a vida de Brian: o esquadrão só chegaria três minutos depois de a bomba explodir e abrir um rombo no peito do entregador de pizzas. Eventualmente, descobriu-se que a história das etapas era uma enganação: a bomba explodiria de qualquer maneira. Pouco tempo depois, o casal criminoso foi localizado e condenado.
8 – AS JOIAS DA COROA DO REI GEORGE
Assim como a Abadia de Westminster, a Torre de Londres também já foi alvo da cobiça de ladrões. O assaltante, neste caso, era o coronel Thomas Blood, ex-integrante das forças armadas do reino e já acusado de traição. As joias oficiais do monarca George II eram guardadas sob a tutela de um homem de 77 anos. Em 1671, o coronel se disfarçou de abade e visitou a Torre durante semanas, até ganhar a confiança do velho guardião.
Quando isso aconteceu, Blood convenceu o homem a mostrar as joias em privativo para ele e sua “família” (na verdade eram cúmplices do assaltante). Quando entraram na sala restrita onde se guardavam os valores, Blood acertou uma marretada na cabeça do velho, o derrubou, amarrou e amordaçou.
O coronel e seus cúmplices conseguiram deixar a torre com os bens, ainda que tivessem que cortar o Cetro Real em duas partes e amassar a coroa com outra marretada, para que coubessem no saco. Mas a alegria durou pouco: o guardião septuagenário acordou e conseguiu dar o alarme de roubo para que os criminosos fossem encontrados.
Apesar da audácia e do declarado descaso com as joias, o coronel Blood acabou anistiado pelo Rei George e ganhou um tranquilo exílio com terras garantidas na Irlanda. Especula-se que a benevolência do rei, na verdade, era medo de uma possível represália dos cúmplices caso ele fosse executado.
7 – O FRACASSO DOS ASSALTANTES HOMOSSEXUAIS
John Wojtowicz (27 anos) e Salvatore Naturile (18) eram dois companheiros nova-iorquinos que acordaram no dia 22 de agosto de 1972 dispostos a assaltar um banco. É provável que eles realmente só tenham decidido assaltar o banco no próprio dia, tão mal planejada foi a operação. Eles não usavam máscaras nem luvas para ocultar pistas comprometedoras e evitar testemunhas, chamavam um ao outro pelo primeiro nome e levaram mais de vinte minutos para roubar tudo o que pretendiam.
Dessa maneira, a polícia já estava toda preparada e cercava o prédio quando eles finalmente decidiram sair. Como não puderam, ficaram presos do lado de dentro do banco e fizeram os clientes de reféns. Exigiam um helicóptero para deixar o local em segurança, mas acabaram enganados pelos policiais e foram encurralados na agência.
O mais novinho, Salvatore, resistiu e acabou sendo morto com um tiro. John Wojtowicz, por sua vez, acabaria preso. O dinheiro que ele pretendia roubar, conforme se descobriu depois, era para que o namorado pudesse fazer uma cirurgia de mudança de sexo.
6 – TAÇA JULES RIMET
Desde 1930, quando foi realizada a primeira Copa do Mundo de futebol, a cobiçada taça Jules Rimet passou de um país campeão a outro a cada quatro anos, sempre guardada nas sedes das federações com a maior segurança possível. Em 1966, pouco antes da abertura da oitava Copa do Mundo, na Inglaterra, o troféu já estava exposto para visitação na Abadia de Westminster.
Em um pequeno descuido durante a troca de guarda, na hora do almoço, a taça de 35 centímetros de altura e 3,8 quilos desapareceu, misteriosamente e sem que nenhuma testemunha tivesse visto algo. No dia seguinte, uma voz identificada “Jackson” ligou para a Football Association (Federação de Futebol da Inglaterra), identificou-se como o ladrão e ameaçou derreter a taça caso chamassem a polícia. Chamaram mesmo assim, rastearam o telefonema e prenderam “Jackson”. Mas a taça não estava com ele.
Uma semana depois, com a polícia ainda tonta e sem saber por onde continuar as investigações, um homem chamado David Corbett andava com seu cachorro Pickles pelas ruas de Londres quando o animal farejou em meio ao lixo um saco, no qual havia algo enrolado em jornal.
Por um motivo ainda desconhecido, era a taça que estava lá, jogada. Ao devolver a relíquia, Corbett seria recompensado com mais de 6 mil libras (o equivalente atual a 19 mil reais), e o cãozinho Pickles acabou virando uma estrela de cinema e televisão.
5 – “O GRITO”, DE EDVARD MUNCH
Uma das telas mais famosas do expressionismo europeu do século XIX existe não em uma, mas em quatro versões originais, em diferentes tipos de tela. Uma delas, exposta na Galeria Nacional de Arte da Noruega, estava segura até a chegada das Olimpíadas de Inverno de Lillehammer, em 1994.
Devido aos eventos relativos aos Jogos, a tela acabou sendo colocada em um lugar menos seguro, próximo a uma janela, e deu chance para que ladrões roubassem a obra.
Eles acabariam capturados pouco tempo depois, mas o susto não serviu de lição. Dez anos mais tarde, em 2004, assaltantes roubaram outra versão, de outro museu norueguês, mas o roubo dessa vez foi mais bem sucedido.
Além de conseguirem escapar, eles roubaram não apenas “O Grito”, como também “Madonna”, ambos de Edvard Munch. O momento em que escaparam, colocando as telas no porta-mala do carro, foi registrado por um transeunte, mas eles se safaram mesmo assim. Apenas dois anos depois, em 2006, as obras seriam recuperadas.
4 – O ASSALTO DO PAPAI NOEL
Durante os anos 1920, quando a economia americana e mundial começava a dar sinais de colapso, a depressão batia fundo e muita gente sofreu com isso. Imagine o que Marshall Ratliff, um ex-presidiário, podia fazer quando foi solto, em 1927, sem dinheiro e em uma sociedade com índices astronômicos de desemprego: nada, exceto continuar a roubar bancos, sua antiga profissão.
O problema é que seu rosto já era muito conhecido em sua pequena cidade natal de Cisco, no Texas, que não o deixaria nem passar perto de uma agência bancária.
Graças a essa inconveniência, Ratliff pensou em uma solução genial: disfarçar-se de Papai Noel. O Natal se aproximava e o assalto foi programado para o dia 23 de dezembro, para que um homem gordo andando de casaco vermelho e um saco nas costas não fosse digno de suspeitas. Ratliff chamou três comparsas e tudo parecia que ia correr como o esperado, mas ele teve a infeliz ideia de percorrer a pé, sozinho, o caminho até o banco.
Antes que pudesse chegar, ele já estava sendo abordado por dezenas de crianças, que não largaram do seu pé nem mesmo quando ele já estava dentro do banco.
Na hora combinada, os três auxiliares de Ratliff entraram logo em cena, brandindo as armas e mandando todos deitarem no chão. Durante o assalto, no entanto, uma mulher entrou e pânico e saiu correndo e gritando porta afora, apesar das ameaças. A polícia logo ficou sabendo, e cercou o banco no encalço dos ladrões.
Teve início um tiroteio infernal, no qual dois policiais morreram baleados e o quarteto conseguiu escapar no carro levando mais de 150 mil dólares (cerca de R$ 300 mil). Um dos comparsas, no entanto, acabaria mortalmente ferido durante a fuga. Ratliff sobreviveu, apesar de levar seis tiros, e foi a julgamento depois de se recuperar. Quando a população soube que ele alegava loucura para escapar de uma pena mais longa, invadiram a penitenciária, lincharam-no, e ele faleceu ali mesmo.
3 – O CAVALO SHERGAR
No mundo do hipismo, alguns cavalos vencedores têm status de celebridades, tornando-se famosos e aparecendo em filmes. Nos anos 80, a maior estrela do mundo esportivo equino era o irlandês Shergar: aos cinco anos de idade, já havia ganho mais de 600 mil dólares (equivalente atual a cerca de 1 milhão e 200 mil reais) em prêmios nos páreos em que concorreu.
Em uma noite aparentemente comum em 1983, um carro acoplado a um trailer especial para transporte de cavalos estacionou próximo às estrebarias onde Shergar estava.
Uma quadrilha de homens mascarados desceu do carro, foram até a casa dos cuidadores de Shergar e tocaram a campainha. Quando o filho do caseiro atendeu, deram-lhe uma paulada na cabeça, que o nocauteou. Os ladrões entraram na casa, renderam a família e obrigaram o caseiro a levá-los até Sheregar.
Localizaram-no, puseram-no no carro e foram embora. Pouco tempo depois, os donos de Shergar receberam telefonemas dos sequestradores, que pretendiam pedir um resgate. Os donos, no entanto, se recusaram a negociar com a quadrilha, até que as ligações cessaram. Shergar jamais seria visto novamente.
2 – DORMINDO NA CENA DO CRIME
Parece inacreditável, mas no Brasil já houve assaltos que deram errado graças a um imprevisto inusitado: o ladrão dormiu no lugar que pretendia assaltar. Nos últimos anos, isso aconteceu mais de uma vez: em 2008, na cidade de Canoas (RS), um rapaz de 20 anos entrou em uma casa e assaltou-a. Fugiu com sucesso e gastou parte de seus lucros com uma pedra de crack. Consumida a droga, decidiu que poderia entrar na mesma casa e roubar mais objetos. Na segunda excursão, contudo, acabou dormindo no sofá e só foi acordado pela polícia na manhã seguinte.
Em 2010, um homem em São José dos Campos (SP) teve um infortúnio parecido, também em uma casa. Em outubro de 2011, na mesma São José dos Campos, um jovem pegou no sono no sofá de uma empresa que pretendia assaltar. Pouco mais de um mês depois, em Goiânia, um homem arrombou a sala da coordenação de uma escola e acabou dormindo na mesa da diretora.
1 – TAÇA JULES RIMET, VERSÃO BRASILEIRA
No item 6, você conheceu a história do roubo da taça Jules Rimet, entregue aos vencedores da Copa do Mundo de 1930 até 1970. Neste ano, na Copa do México, a seleção brasileira conquistou o tricampeonato e ficou com a taça em definitivo (em 1974, um novo troféu – o atual – foi inaugurado). A partir dali, ela foi guardada na sede da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Durante treze anos, a taça Jules Rimet permaneceu ali, segura. Em 1983, no entanto, homens encapuzados invadiram a sede da entidade e de lá surrupiaram o valioso troféu. Embora os responsáveis tenham sido detidos, este crime jamais foi totalmente solucionado. Acredita-se, contudo, que os ladrões tenham derretido a taça e vendido o ouro para fazer correntinhas. Hoje, o que existe na sede da CBF é apenas uma réplica. Uma pena.
Não é raro encontrarmos notícias nos jornais do mundo todo anunciando roubos de obras de arte nos principais museus do mundo. Um fato curioso sobre esses acontecimentos é que eles sempre acontecem devido a falhas na segurança ou até mesmo por descuidos, sendo levados por funcionários dos museus ou até mesmo por admiradores dos artistas, que fariam qualquer coisa somente para ter uma obra original em suas mãos.
No post de hoje reunimos algumas das histórias de quadros famosos que foram roubados nos últimos anos. Confira!
Agosto de 1911 – “Mona Lisa”
Esse talvez tenha sido um dos roubos mais famosos da história da arte: “Mona Lisa”, de Leonardo da Vinci, foi levada do Museu do Louvre, em Paris, por um funcionário que escondeu a obra debaixo de seu casaco. Felizmente o quadro foi recuperado cerca de dois anos após o furto, quando o ladrão tentou vender a obra para uma galeria em Florença.
Março de 1990 – Assalto ao Museu Isabella Stewart Gardner
Considerado um dos eventos de maior prejuízo da história da arte, o assalto ao Museu Isabella Stewart Gardner gerou um prejuízo de mais de US$ 500 milhões, quando ladrões vestidos de policiais conseguiram entrar no museu durante a noite, levando um total de treze obras de artistas famosos como Rembrandt, Édouard Manet e Edgar Degas, além do quadro “O Concerto”, de Johannes Vermeer, que sozinho vale cerca de US$ 150 milhões, sendo considerado um dos mais caros do mundo.
Abril de 1991 – Van Gogh
Outro assalto que gerou um imenso prejuízo ocorreu em 1991, quando vinte quadros foram levados do Museu Van Gogh, em Amsterdã. Felizmente, as obras avaliadas em cerca de US$ 500 milhões foram encontradas e recuperadas pouco tempo depois, em um carro abandonado.
Agosto de 2004 – Edvard Munch
Em uma ação ousada, três ladrões levaram em plena luz do dia os quadros “Madonna” e “O Grito”, de Edvard Munch, expostos no Museu Munch, em Oslo. O curioso é que outra versão de “O Grito” já havia sido roubada no mesmo museu em 1994. Felizmente as obras foram recuperadas no ano de 2006.
Maio de 2010 – “La Paloma Con Guisantes”
Também demonstrando grande ousadia, ladrões invadiram o Museu de Arte Moderna de Paris durante a noite, após a queda do sistema de segurança do prédio, levando a obra “La Paloma Con Guisantes”, de Pablo Picasso. Um fato curioso sobre o artista é que ele é o recordista em obras roubadas, com cerca de 572 quadros levados ao longo dos anos.
Além desses, muitos outros quadros importantes foram levados de museus, casas e galerias de arte em todo o mundo, deixando um prejuízo incalculável para o mundo da arte, já que ninguém mais poderá apreciá-las em exposições, pois grande parte das obras furtadas acabam em coleções particulares e nunca mais são vistas. Resta torcer para que os investimentos em segurança feitos pelos museus tenham efeito e que roubos como esses deixem de ser rotina nos noticiários, o que seria um grande alívio para os amantes da arte.
Você já imaginou se o mundo acabasse e sobrassem apenas 2 seres humanos: um homem e uma mulher?
Na sua opinião, o que você acha que aconteceria com esse casal? Seria possível repovoar o planeta até o ponto que estamos hoje a partir de apenas dois indivíduos? E outra coisa interessante que vale a pena pensar. Será esse casal viveria as mil maravilhas, em um conto de amor eterno, pois se teriam apenas 2 seres humanos com o mundo inteiro a sua disposição?
Na verdade não seria assim e a humanidade enfrentaria diversos problemas, a começar pela disparidade genética. Entenda melhor assistindo ao vídeo abaixo, do canal Curioso News:
Conto de natal de Ernst Theodor Amadeus Hoffmann, publicado em 1881, que deu origem a um bailado com música de Tchaikovski e coreografia de Marius Petipa e Lev Ivanov. A acção decorre no século XIX, na Europa Oriental, na casa de Jans Stahlbaum, que passa a noite de Natal com a família e os amigos. Estes são aguardados com grande expectativa por Clara, Louise e Fritz, filhos dos donos da casa, ansiosos por prendas.
Clara recebe do padrinho, Drosselmeyer, o grande animador da festa, um lindo quebra-nozes em forma de soldado. Os irmãos, com inveja, tiram-lhe o presente, acabando por danificá-lo. O padrinho para consolar a afilhada, que ficara triste com o sucedido, garante-lhe que tudo se resolverá.
Terminada a festa, vão todos dormir. Clara acorda e vê que o Quebra-Nozes ganha vida. Como, na sala, havia barulho de ratos, o soldadinho convoca os seus companheiros para lutar contra eles e o seu rei. Depois de matar este, Quebra-Nozes transforma-se num Príncipe e leva Clara a conhecer o Reino das Neves e o dos Doces. Neste último, a Fada Açucarada organiza uma festa, onde dançam todas as figuras do reino, em homenagem à menina. Por fim, Clara e o Príncipe regressam a casa.
Clara acorda, apercebendo-se de que tudo não passara de um sonho maravilhoso.
O Quebra-Nozes. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2012. Wikipedia(imagens)
Montagem do cenário por Konstantin Ivanov para a encenação original no Teatro Mariinsky (1º Acto)
Milhares de manifestantes concentraram-se este sábado no centro de Varsóvia para protestar contra as restrições que o partido governante pretende impôr no acesso dos jornalistas ao Parlamento da Polónia.
Com a crise política ao rubro, o presidente do Conselho Europeu – o polaco Donald Tusk – apelou à formação Lei e Justiça no poder no seu país para que respeite “a população, os princípios e os valores constitucionais”.
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A primeira-ministra polaca respondeu ontem ao movimento de contestação, afirmando que “a ação da oposição para alimentar emoções políticas extremas como as observadas [na sexta-feira], não tem nada a ver com a situação atual do país, mas é devida […] à frustração dos que perderam o poder”.
Na noite de sexta-feira, chefe do governo e outras duas centenas de deputados estiveram bloqueados várias horas no Parlamento, depois de grupos de manifestantes fecharem todas as saídas para denunciar a aprovação do Orçamento de 2017 fora do hemiciclo, o que a oposição classificou de “ilegal”.
A generalidade da imprensa portuguesa tem feito eco das noticias veiculadas pelas grandes agências e grandes centrais de informação anglosaxónicas e francófonas ao serviço das classes dominantes e do imperialismo Há dias uma jornalista do PÚBLICO no seu proselitismo afirmava que nos chamados rebeldes da Síria só haveria uns 16 % de Djadistas. Chegava - lhe ler esta semana o El Pais para ver que o excesso de desinformação mata a mentira mesmo a mais repetida . O Bloco procurando surfar a onda da comunicação social apresentou na A. R. um voto beato que objectivamente serve o imperialismo e que foi votado pelo CDS, PSD e PS. Uma vergonha de oportunismo destemperado. Já tinha feito o mesmo no Parlamento Europeu aquando a invasão da Líbia . Depois andou em campanha eleitoral a desdizer-se ... Quando o posicionamento de um partido é ditado pela agenda mediática e pela direcção do vento que nesta sopra , o oportunismo torna-se regra .
A ideia de construir um hotel na Fortaleza de Peniche reacendeu um debate antigo. A partir de Janeiro, um grupo de trabalho discute o que fazer com esta prisão da PIDE, cujo edifício urge reabilitar. A cidade não tem dinheiro para o fazer sozinha, nem quer ser a única guardiã desta memória.
São várias as vezes em que Rui Venâncio pede desculpa porque tem de experimentar muitas chaves até conseguir abrir a porta que está à nossa frente para termos acesso ao que normalmente não se pode ver nas visitas à Fortaleza de Peniche. Um dos lugares mais infames da história do Estado Novo — onde durante 40 anos do século XX foram presos os opositores ao regime ditatorial — está parcialmente abandonado há décadas e este técnico superior da autarquia que coordena a área da cultura tem dificuldade em identificar a chave certa para entrar nos andares superiores do Pavilhão B num chaveiro que chega aos 200 exemplares.
“A fortaleza sempre foi um espaço não apropriado pela comunidade de Peniche”, explica Rui Venâncio, recordando que desde o século XVII se aquartelaram aqui militares portugueses. Vieram depois as tropas francesas que invadiram Portugal no século XIX, seguidas das duas facções da guerra civil entre absolutistas e liberais (que estabeleceram prisões militares), dos refugiados “boers” vindos da África do Sul e finalmente dos prisioneiros austríacos e alemães durante a I Guerra Mundial.
Só em 1934, quatro anos antes de ser classificada monumento nacional, foi definitivamente abandonada a função militar da fortaleza para aqui se instalar o Depósito de Presos de Peniche, por onde passaram numerosos opositores ao regime do Estado Novo. “A prisão só veio reforçar que este não era um espaço da comunidade, com a agravante de ter passado a ser um espaço de sofrimento. As pessoas não gostam de relembrar essa memória. Durante muitos anos Peniche foi conhecido como o sítio onde havia a prisão política. Mas julgo que já se sentiram menos confortáveis; com o passar do tempo foram percebendo que não se deve esquecer esta memória e que o que aconteceu não é responsabilidade da população de Peniche mas consequência de uma dinâmica nacional.”
É pelo Pavilhão B que passa o muito polémico futuro da fortaleza. Um futuro que, no que diz respeito à ideia de adaptar parte do espaço a um hotel, é já um passado que recua até 1977 na cronologia feita para o plano estratégico de desenvolvimento desta autarquia, presidida por um independente eleito com o apoio da CDU.
A Fortaleza de Peniche começou a ser construída no seculo XVI/XVII e é um monumento nacional Daniel Rocha
No mapa incluído neste documento, a Magna Carta 2025, o Pavilhão B aparece como um dos edifícios a demolir da Cadeia do Forte de Peniche, a prisão política do Estado Novo e da PIDE, resultante das obras de modernização iniciadas em 1953 que ditaram a construção de três blocos prisionais, segundo o modelo norte-americano das prisões de alta segurança, explica Venâncio.
Destes três blocos, e no cenário da construção da pousada, apenas sobreviveria o Pavilhão C, onde hoje está instalado o museu municipal e onde se pode ver um núcleo dedicado à resistência antifascista que ilustra de uma forma bastante realista, por exemplo, a fuga de Álvaro Cunhal, o preso político que um ano depois da fuga, em 1961, se tornaria oficialmente secretário-geral do PCP. Nos andares inferiores há colecções de conchas, um núcleo dedicado ao arquitecto Paulino Montez que ocupa a antiga enfermaria da prisão, e ainda um espaço dedicado às artes da pesca.
Foi em Setembro deste ano que o Governo de António Costa anunciou a inclusão da adaptação da Fortaleza de Peniche a pousada no Programa Revive, que pretende concessionar cerca de 30 monumentos degradados a investidores privados durante períodos de 30 a 50 anos, tendo como contrapartida a sua reabilitação, num investimento previsto de 150 milhões de euros.
Depois do Natal, a 28 de Dezembro, a Câmara e a Assembleia Municipal de Peniche vão organizar uma reunião aberta ao público para fazer o ponto da situação e dar conta dos encontros tidos em Lisboa com deputados, o MC e a Secretaria de Estado do Turismo. Na autarquia ficaram “perplexos” com a saída da fortaleza do Programa Revive, como contou ao PÚBLICO o presidente da Câmara de Peniche, António José Correia, e ao contrário do que esperavam não chegou a ser dado o “sinal político” de inscrever no Orçamento do Estado (OE) uma verba para a recuperação da fortaleza (a proposta de OE já tinha seguido para a AR, disse o ministro da Cultura em resposta à proposta do grupo parlamentar do PCP). Mas pela primeira vez, sublinha o autarca, “há uma orientação do Estado, aprovada na AR, que vincula o Governo a fazer uma intervenção na Fortaleza de Peniche”. O Governo não ficou pela criação de um grupo de trabalho para reflectir sobre a futura função do monumento, que deve estar constituído até ao final do ano.
António José Correia, presidente da Câmara de Peniche: na autarquia ficaram “perplexos” com a saída da fortaleza do Programa Revive Daniel Rocha
Luís Farinha, director do Museu do Aljube – Resistência e Liberdade, em Lisboa, que também foi uma prisão da PIDE, não quer dizer se é contra ou a favor da construção de um hotel na antiga prisão da polícia política do Estado Novo para não introduzir ruído na discussão. “Com a criação de um grupo de trabalho vai com certeza surgir uma solução.”
O grupo de trabalho anunciado pelo MC será capaz de pôr a discussão num lugar menos inflamado. “A edilidade de Peniche quer uma coisa e o povo de Peniche quer, eventualmente, algo semelhante. Aquilo a que chamo os grupos promotores da memória, que têm um papel importante do ponto de vista cívico, querem outra. Há um conjunto vasto de entidades, incluindo o Governo, a conversar sobre o assunto.”
Pátio da Cisterna, que serviu de recreio aos presos, e ao fundo o Pavilhão C Daniel Rocha
Na sua opinião, estas questões devem ser discutidas por grupos multidisciplinares. “Autoridades municipais, arquitectos, designers, artistas plásticos, grupos detentores da memória, cidadãos. Devemos juntar as pessoas que tenham interesse em Peniche e encontrar uma solução que não seja prejudicial ao desenvolvimento local. Qual é? Isso não sei.”
Há muitas formas de tratar a memória, afirma. Como no Museu do Aljube, com conteúdos históricos, ou em sítios musealizados, animados pelas mais variadas formas de arte, como as casas da memória na América Latina. “A Argentina, o Chile, a Colômbia e o Peru têm sítios musealizados. Em qualquer um destes países que tiveram regimes ditatoriais, há dezenas de casas da memória.”
O Aljube – que também tem uma pequena parte patrimonial que sobreviveu, como os famosos “curros” (celas) – “é o primeiro museu com conteúdos históricos sobre o Estado Novo e a ditadura”. “A História evolui e as coisas sobre a memória evoluem. Algumas das casas da memória da América Latina não têm lá conteúdos históricos nenhuns. São grandes obras arquitectónicas, onde o que acontece são fundamentalmente actos performativos sobre a memória, teatro, arte, música.”
Uma aura intocada
O director do Museu do Aljube reconhece que Peniche, com que assinou um protocolo de colaboração em 2015, talvez seja a prisão política mais simbólica do Estado Novo. “Começou logo a funcionar com as primeiras gerações de republicanos e socialistas nos anos 30 e ficou assim até ao 25 de Abril. Há espaços que são particularmente simbólicos porque passaram por lá alguns dos mais destacados opositores.”
Segundo os números da câmara, a fortaleza recebe mais de 100 mil visitantes por ano, 35 mil dos quais vão ao museu. O Museu Municipal de Peniche abriu em 1984 e o plano estratégico prevê agora a criação do Museu da Fortaleza de Peniche. Mas se no Pavilhão C o edificado está mais ou menos conservado, nos Pavilhões A e B e em algumas zonas de serviços, como as cozinhas, os espaços estão bastante degradados ou mesmo quase em ruínas.
“A zona das celas nunca foi destruída, o gradeamento nunca foi retirado. Manteve a aura intocável. Sabe-se onde estiveram presos o Cunhal, o [António] Borges Coelho [historiador e também militante do PCP], conhece-se a topografia do espaço. No Aljube, que fechou em 1965, quase tudo foi apagado. Nas imagens de libertação dos presos políticos no 25 de Abril, o que vemos é Caxias e Peniche.”
Se formos por essa Europa fora, diz o director do Museu do Aljube, o que se procura fazer nos campos de concentração é aproximá-los o mais possível do que foram: “Nem que sejam ruínas e vestígios. Torná-los o mais próximos do que eram na altura, num sítio horrível, malcheiroso, destruído.”
Nos Pavilhões A e B e em algumas zonas de serviços, como as cozinhas, os espaços estão bastante degradados ou mesmo quase em ruínas Daniel Rocha
O que quer Peniche?
Sérgio Leandro, um biólogo marinho de 41 anos nascido em Peniche, diz que na cidade havia “uma grande unanimidade” em relação à inclusão da fortaleza no Programa Revive. “Todas as forças políticas deram o ‘ok’ à compatibilização da história daquele espaço com uma unidade hoteleira que certamente seria um agente de desenvolvimento económico.”
Se a associação à prisão política é imediata para os mais velhos, já para os mais novos Peniche é sinónimo de surf. O cognome da cidade é “Capital da Onda”, rivalizando com a Ericeira e a sua reserva mundial do surf.
Sérgio Leandro, que nos recebe nas instalações da Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar, situada ao pé do Farol do Cabo Carvoeiro e em frente às Berlengas, é um dos rostos científicos de Peniche como “Capital da Onda”. Esteve envolvido na candidatura da Reserva da Bioesfera das Berlengas a património da UNESCO, aprovada em 2011, e explica que o município explora uma dupla abordagem da onda: do ponto de vista do desporto e do da energia.
Durante o campeonato mundial de surf, estima um estudo feito pela Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar, passam por Peniche 120 mil pessoas, com um retorno directo de 10,6 milhões de euros. “O surf mudou muito a imagem do território e o impacto ao nível do turismo não é só naquela altura. Há novos hotéis, escolas de surf, uma adaptação dos empresários ao mercado do surf. Percebeu-se claramente que está ali um grande potencial.”
Neste momento discute-se com a câmara a possibilidade de construir na cidade um Parque de Ciência e Tecnologia para o Mar. “O objectivo é dar condições para a instalação de empresas ligadas ao mar para criarem novos produtos com base nos recursos naturais, como hambúrguer de peixe, pão de algas ou gelado com microalgas, desenvolvidos com investigação da escola e da unidade de investigação MARE-IPLeiria.”
O perfil tradicional da indústria em Peniche vai da conserveira ao congelamento do pescado. “Queremos uma alteração de paradigma.”
Sérgio Leandro, biólogo marinho, em frente instalações da Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar, situada ao pé do Farol do Cabo Carvoeiro e em frente às Berlengas Daniel Rocha
Coragem política significa dinheiro
A Sérgio Leandro perguntamos se a memória da prisão da PIDE é vista como importante, interessante ou mesmo confortável pela população local: “Faz parte da História... Também não podemos esquecer ou ter vergonha do nosso passado.” Não se pode dizer que os habitantes a sintam como um empecilho ao desenvolvimento, mas o biólogo marinho acha mais interessante pensar-se num futuro museu que aborde aquilo que foi o Estado Novo, que seria único em Portugal, do que num museu só à volta da PIDE: “A PIDE é um pouco redutora e é sempre aquela imagem negativa da opressão. O Estado Novo foi muito mais do que isso. Mas quer-se claramente manter a memória da luta contra o fascismo e não vejo que seja um fantasma que não se quer levantar.”
O biólogo, que é também deputado da Assembleia Municipal, outro independente eleito pela CDU, acha possível articular um espaço que evoca memórias dolorosas com um hotel. “É sempre possível transmitir aquilo que foi esse período negro num espaço que é de lazer, de contemplação e de descanso. Não é pôr os quartos nas celas, mas a fortaleza tem um espaço amplo: num dos lados pode estar a pousada e no outro um museu que apela à memória do que foi o Estado Novo. Os eleitos locais têm essa posição de compatibilização e eles é que são a voz da população.” E, acrescenta, “não estar no Programa Revive não significa a morte da pousada”.
O presidente da Câmara de Peniche confessa que tinha ficado muito entusiasmado com o anúncio do Programa Revive. “Nós na vida temos de ser coerentes. É uma tranquilidade que vem de já haver em 2005, quando cheguei à câmara, um protocolo com a Enatur [empresa que detinha as Pousadas de Portugal e cuja privatização foi ganha pelo Grupo Pestana].”
António José Correia pega num mapa com a planta da fortaleza e explica que, em 20 mil metros quadrados de área total, o que estava previsto para eventual concessão a privados eram perto de 6000 metros quadrados. “Todos os programas eleitorais falam da pousada na fortaleza.”
A pousada, concorda com Sérgio Leandro, não está morta: “E nada pode ou deve ser excluído à partida pelo grupo de trabalho. Nem a pousada. Não podemos ir para um debate, que já percebemos que vai ser muito complexo, fechando hipóteses que se podem vir a consolidar. Até porque há a necessidade de garantir a viabilidade financeira de qualquer projecto publicamente financiado. Isto são milhões de euros que estão aqui para recuperar.”
Fortaleza é mais do que a PIDE
Tem atrás de si uma equipa de filmagens russa que o segue até à fortaleza durante a nossa visita guiada. Juntos já tinham passado pela Praia da Consolação, a do desembarque inglês no início da ocupação espanhola: “É que há muito mais história na fortaleza para além da prisão política e há gente que não percebe isso. Há aqui várias dimensões. Desde os séculos XVI/XVII. O sistema defensivo de Portugal passou por aqui.”
O autarca reconhece que “a prisão política é aquilo que tem uma carga mais forte”, mas “passaram mais de 40 anos e Portugal não valorizou isso”. Quem tem tomado conta de tudo, sublinha, é a câmara. “É preciso coragem política para tomar decisões relativamente ao património e coragem significa dinheiro. Se para a geringonça isto é importante do ponto de vista político, então é preciso encontrar soluções. O problema é que até agora nunca foi encontrado um caminho.”
António José Correia diz que não há nenhuma rejeição da memória recente de Peniche em detrimento de um discurso escapista ligado à Capital da Onda. “Antes pelo contrário, porque se essa memória for bem comunicada e sustentada pode constituir um motivo de atractividade. Não podemos branquear o passado: o problema aqui é só onde está o dinheiro para o recuperar e quem é que o põe cá. A câmara municipal não tem esse dinheiro, não tem milhões para pôr aqui.”
A entrada da fortaleza faz-se pelo Campo da República Daniel Rocha
Na Cervejaria Tá-se Bem, mesmo em frente à fortaleza, no Campo da República, o dono Henrique Correia diz que uma pousada podia ser a solução, antes de saber que o projecto foi retirado do Programa Revive. “A cidade está muito morta e aquilo está velho e podre. A parte de trás, das solitárias, está muito degradada. Podem fazer o hotel e preservar algumas coisas do museu. Quem chega lá não percebe nada.”
Ao seu cunhado Ricardo Severino, 32 anos, que já foi pescador e construtor naval e está hoje desempregado, disseram que queriam fazer o hotel mesmo dentro da prisão. “Querem ir experimentar uma noite a uma prisão?”, ironiza.
Não está muito convencido do negócio, mas diz que falta em Peniche um hotel com dimensão no centro histórico. “O que sentem as pessoas de Peniche? Deixam andar... Dizemos que está bem, que está mal, mas não fazemos nada. Isso é o povo português. Agora é só o surf e a sardinha. Mas o que é que há mais além dos três meses de Verão?”
Os negócios que agora estão a dar, afirma Ricardo Severino, são surfcamps e hostels. “É só ter uma casa e tem o negócio feito. A meu ver, Peniche é muito mal aproveitado.”
Dentro da fortaleza, Roger Dias, um brasileiro que tem um negócio de import/export nas Caldas da Rainha e veio a Peniche como turista, sabe que está numa prisão política. “Eu observei na entrada. Para os brasileiros é uma história que chama muito a atenção, a mente não pára buscando coisas, ainda mais fazendo parte da história da ditadura de Salazar.”
Ricardo Severino e Henrique Correia, na Cervejaria Tá-se Bem Daniel Rocha
Estamos no Pavilhão B, no segundo andar, o tal de que procurávamos a chave no início desta reportagem. Está fechado desde o início dos anos 80, quando dali saíram os retornados das ex-colónias, cuja passagem deixou muitas marcas na prisão.
Rui Venâncio, o gestor cultural, diz que nos últimos 15 anos nunca se tinha falado na possibilidade de recuperar a zona dos pavilhões A e B. Na sua opinião, não fazia sentido quando o projecto que estava em cima da mesa era a construção de um hotel. “Pessoalmente julgo que ninguém quer dormir nas celas, têm quatro metros quadrados.”
Todos sabemos que a Itália tem seus encantos, seja em suas paisagens, em seus magníficos canais, na arquitetura ou no estilo de vida de seu povo.
E neste post conheceremos duas das cidades mais belas da Europa: Veneza e Florença, na Itália. Para isto, assista ao vídeo abaixo, do programa Viaja Brasil:
A jornalista que foi uma das grandes revelações da literatura portuguesa nos últimos anos denuncia nas redes sociais a forma degradante como foi afastada da revista "Visão"
Ana Margarida de Carvalho, uma das mais admiráveis escritoras a notabilizarem-se no panorama literário nacional, partilhou hoje na sua página pessoal do Facebook uma mensagem em que diz que se sentiu "destratada e desconsiderada e humilhada e coagida a assinar um contrato de rescisão, tudo menos amigável", terminando assim da forma mais inglória uma carreira de 24 anos no jornalismo.
Vencedora do Grande Prémio de Romance e Novela APE com o seu romance de estreia, "Que Importa a Fúria do Mar" (livro que tinha sido finalista do Prémio Leya), publicado em 2013, pela Teorema, já este ano publicou na mesma editora o romance "Não se Pode Morar nos Olhos de Um Gato". Além de, com apenas dois títulos, se ter firmado como um dos nomes mais seguros da ficção portuguesa, ao longo dos anos assinou reportagens que lhe valeram sete dos mais prestigiados prémios do jornalismo português, entre os quais o Prémio Gazeta Revelação do Clube de Jornalistas de Lisboa, do Clube de Jornalistas do Porto ou da Casa de Imprensa.
Filha do também escritor Mário de Carvalho, Ana Margarida exerceu a actividade jornalística noutras publicações como a revista "Ler", o "Jornal de Letras" ou a "Marie Claire", e colaborou ainda com a SIC.
Se este caso não é de todo incaracterístico, é bem ilustrativo da degradação da profissão, num processo em que os que mais lhe deram se vêem empurrados e substituídos por "seres anónimos e transitórios". Por outro lado, a mensagem da jornalista, mais do que um mero desabafo, pinta um retrato curioso da profissão, falando da inveja de que se viu alvo por parte de alguns colegas, e de como esta se mostrou "uma força mobilizadora". Revela ainda a sua estupefacção com o "talento desmesurado para a intriga" revelado por esses colegas sem especial talento para o jornalismo e que, se infere, terão feito os possíveis para castigar a jornalista que resolveu ser uma grande escritora.
filha do também escritor Mário de Carvalho. Tem exercido atividade como jornalista (na SIC, revista ‘Ler’, ‘Jornal de Letras’, ‘Marie Claire’ e ‘Visão’), quer como repórter quer como crítica de cinema.
filha do também escritor Mário de Carvalho. Tem exercido atividade como jornalista (na SIC, revista ‘Ler’, ‘Jornal de Letras’, ‘Marie Claire’ e ‘Visão’), quer como repórter quer como crítica de cinema.
Segue abaixo, na íntegra, a mensagem que a jornalista publicou no Facebook:
DEBITUÁRIO
Havia um autor famoso que dizia 'fala sobre o que quiseres, mas não escrevas sobre a vidinha'. Pois venho desobedecer-lhe, é justamente da vidinha que eu venho aqui tratar. Da minha. E quero, antes de tudo, agradecer a tantos e tantos amigos e colegas (alguns distantes) que se interessaram e quiseram saber e me telefonaram e mandaram mensagens. Nem imaginam como foi importante para mim. Não vou esquecer. Os que não me falaram, não se preocupem, eu já esqueci.
1º- Não deve haver nada mais inglório do que acabar uma carreira de 24 de jornalismo num gabinete de um director de recursos humanos.
2º- Não deve haver nada mais inglório do que ter de enfrentar sozinha um destes seres anónimos e transitórios, sem uma única palavra de explicação, de apoio e de solidariedade de quem devia e podia.
3º- Não deve haver nada mais inglório do que ser destratada e desconsiderada e humilhada e coagida a assinar um contrato de rescisão, tudo menos amigável.
4º- Este meu despedimento não foi a pior coisa que me aconteceu naquela redacção. Foi apenas a última.
5º- Não guardo qualquer ressentimento em relação a esta direcção. É tão má como qualquer outra anterior (sem contar obviamente com a do Carlos Cáceres Monteiro, o único director, grande-repórter, líder que conheci). Estes apenas fazem o que lhes mandam- e mal. São outros seres anónimos e transitórios. E estão assustados (no sentido brechtiano do termo)
6º- Cometi um erro: foi levar o jornalismo demasiado a sério, quando ele não queria ser levado a sério.
7º- Não, cometi, dois erros: o de a certa altura da minha vida ter colocado o jornalismo à frente de tudo. Da literatura, sim (comecei a escrever muito tarde), dos meus próprios filhos, quando eram pequenos - e isto dói. 8º- Terceiro erro (há sempre um terceiro): estava sempre tão atolada em trabalho, tão concentrada nas reportagens, nas entrevistas, numa correria, cheia de entusiasmos - o que não faz mal nenhum porque era muito nova, tinha muita energia, mas tinha muita ingenuidade também. Resultado: nunca dei conta, a tempo, de como a incompetência e falta de talento estão associadas, por sua vez, a um talento desmesurado para a intriga e para o 'mau coleguismo'. Palavra que não fazia ideia de que a inveja podia ser uma força tão mobilizadora.
9º- No jornalismo conheci as piores pessoas, as mais cobardes, as mais desleais, as mais mesquinhas, as mais medíocres, as mais desinteressantes, as mais incompetentes, as mais desonestas, algumas nem sabia que podiam existir (achava que era só nos livros, enfim)... Mas depois conheci pessoas maravilhosas que se tornaram amigas de infância. E isso vale tudo e apaga o resto.
10º- Por causa do jornalismo contactei de perto com personalidades admiráveis, fui a sítios onde jamais iria, conheci mundos outros. Nunca cometi nenhum erro grosseiro, nunca falhei um prazo, nunca me atrasei na entrega de algum trabalho... Devo-lhe muito, mas não farei as pazes com o jornalismo tão cedo. Talvez um dia. Porque o trabalho é um direito, não apenas um dever, a minha vontade é, juro, ir-me embora, sair do país, ir fazer voluntariado para um sítio longínquo e perigoso, onde não me considerem «dispensável». . Bom... depois do Natal logo vejo...
Ora aqui está a entrevista que a RTP passou há semanas e que põe alguma verdade naquilo que se está a passar em Alepo. A menos que haja alguém que desconfie que esta missionária foi “catequizada” Russia de Putin! VÍDEO abrildenovomagazine.wordpress.com
O que é malfeito, com estrutura frágil e funcionamento precário”
Dicionário Houaiss
Se “as palavras são armas”, e porque assim é, há que as saber manejar para que o tiro não saia pela culatra. É o que está acontecendo com “geringonça”.
“Geringonça” atingiu um estatuto de dignidade, passando de ‘linguagem vulgar, informal; calão ou gíria’, a vocábulo usado pelos media para definir mutações positivas na vida de todos os portugueses, nomeadamente dos trabalhadores.
“Geringonça” deixou de significar só “ o que é malfeito ou de estrutura frágil”para descrever situações de relevo na vida de todos nós.
“Geringonça” passou a palavra afetiva, que o vulgo pela sua conotação com a realidade, não a vê como mensageira de malefício, fragilidade ou incerteza.
“Geringonça” será recordada como bumerangue que feriu todos os fracos atiradores que a arremessaram sem pensar que a dignificavam. As palavras, como tudo na vida, estão em constante movimento. Eles não sabem.
Primeiro ano do governo de António Costa com cinco vezes menos greves. "Realidade mudou", diz CGTP
2016 é o ano desta década em que o país viveu menos greves, a avaliar pelos avisos prévios de paralisação entregues até 30 de novembro. É preciso recuar a 2009 para encontrar uma idêntica paz social, num ano de eleições legislativas em que o PS de José Sócrates perderia a sua maioria. De acordo com os dados da Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT), do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, até dia 30 de novembro tinham dado entrada 381 pré-avisos de greve, 111 deles no setor empresarial do Estado (SEE) e 267 fora do SEE (em 2009 foram 376 no total). Em 2012, o primeiro ano de governação da coligação PSD-CDS, esse número atingiu um pico de 1895 pré-avisos.
Nem todos estes acabaram em paralisações efetivas, mas esses dados só poderão ser contabilizados em março, quando o ministério de Vieira da Silva tratar os números dos pré-avisos e outros dados recolhidos junto das empresas. A paz social não é de agora: 2014 já tinha sido um ano mais calmo, com 90 greves e um total de 18 078 trabalhadores em greve, segundo dados do Gabinete de Estratégia e Planeamento, do mesmo ministério. Nos dois anos anteriores, nos tempos duros da troika, o conflito social estava ao rubro: 2012 foi o ano de todas as greves, com 127 paralisações e 92 324 trabalhadores em greve; em 2013, as 119 greves contabilizadas pelo ministério traduziram-se em 70 405 grevistas. Já 2015 voltaria a ser ainda menos dado a paralisações - verificaram-se 75 greves com 11 812 grevistas.
Os números mais reduzidos de trabalhadores em greve nos anos de 2014 e 2015 são explicados pelos próprios técnicos do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social pelo facto de não ter ocorrido "nenhuma grande greve de pluriempresa", "ao contrário do que sucedeu nos dois anos anteriores", em que o governo de Passos Coelho enfrentou uma greve geral em novembro de 2012, convocada pela CGTP, e outra ainda que juntou, apenas pela quarta vez desde o 25 de Abril, a Intersindical e a UGT, em junho de 2013.
O número de avisos prévios acompanha a conflitualidade social confirmada nos números de greves e de trabalhadores que paralisaram. Segundo os dados da DGERT, em 2010 e 2011 os avisos entregues quase se equivaleram (978 em 2010, 928 no ano seguinte), mas em 2012 - na prática, o primeiro ano de governação do executivo liderado por Pedro Passos Coelho, que tomou posse em meados de 2011, e que foi marcado pelas primeiras grandes manifestações contra a austeridade - este número duplicou: foram 1895 pré-avisos, que se traduziram no ano com mais greves nesta década, 421 dos quais no setor empresarial do Estado e 1474 fora deste âmbito. O número de pré-avisos decaiu em 2013 para 1534, depois para 619 em 2014, para voltar a recuperar um pouco em 2015 (com 811).
"A conflitualidade" que passou
Avaliando apenas os pré-avisos, 2016 será então o ano em que o governo vive um verdadeiro estado de graça social. O secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, reconheceu ao DN que havia uma "conflitualidade a que as pessoas estavam habituadas" e que resultava das políticas "dos últimos anos, durante o período da troika, mas também no período do governo socialista de José Sócrates".
Foram anos de rua, explicou. "Havia uma necessidade de uma resposta global e convergente, com expressão de rua da parte do movimento sindical, tendo presente a elaboração de legislação antilaboral e antissocial", justificou o líder da Intersindical. "A realidade é que mudou", apontou Arménio Carlos.
Esta realidade que mudou tem um nome: o governo socialista de António Costa, que é apoiado no Parlamento por BE, PCP e PEV, com base nas posições conjuntas assinadas por estes partidos com o PS. Ou como explicou o sindicalista: "Neste momento, há uma reposição de direitos e de rendimentos, logo, se há uma resposta às nossas reivindicações, se não for no todo, pelo menos em parte, não se justifica que a luta se faça pela luta."
Arménio Carlos notou que a ação da central sindical é outra. "Há uma outra estratégia que está a ser desenvolvida pela CGTP e pelos seus sindicatos. Em vez de fazermos grandes concentrações e grandes manifestações, estamos a privilegiar a mobilização dos trabalhadores a partir da exigência da resposta concreta nos seus locais de trabalho." "A conflitualidade mantém-se, só que neste momento ela é mais acentuada no setor privado, muito embora se continue a verificar alguma conflitualidade no setor público", defendeu.
O secretário-geral da CGTP recusou ainda a ideia de que os sindicatos abdicaram totalmente da sua luta. "Ainda recentemente fizemos um levantamento das lutas e ações que promovemos neste ano e até tivemos oportunidade de entregar esse mesmo documento quer ao presidente do PSD quer à presidente do CDS quando se reuniram connosco." Trata-se de um documento com 24 páginas em que se detalham greves, paralisações, concentrações e manifestações, ações de protesto e vigílias, entre outras. A luta continua, pois. Mas o governo continua com margem para respirar.
O PCP anunciou que vai realizar uma campanha sobre a saída do euro, entre janeiro e junho de 2017. Estas posições decididas em Comité Central foram comunicadas aos jornalistas pelo secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, em conferência de imprensa, na sede nacional deste partido, em Lisboa. O secretário-geral do PCP afirmou que "foi decidido realizar uma campanha em torno da libertação da submissão ao euro, entre janeiro e junho de 2017, em articulação com a exigência de renegociação da dívida e a recuperação do controlo público da banca". Quanto à saúde, Jerónimo de Sousa declarou que o PCP considera que existe "a imperiosa necessidade de tomada de medidas" no setor, "agora que se aproxima o pico das temperaturas baixas com o surto de gripe a elas associado". "A possibilidade de se repetirem situações de caos nas urgências hospitalares é real. É necessário impedir situações idênticas às verificadas nos últimos anos, com tempos de espera muito acima do que seria normal e com consequências dramáticas para alguns dos doentes que recorreram a esses serviços", defendeu. Segundo o PCP, devem ser tomadas "as inadiáveis medidas necessárias para a formação das equipas, que passam não pela aposta na contratação dos profissionais das empresas de aluguer de mão-de-obra, mas pela resolução dos constrangimentos que dificultam a constituição das equipas com profissionais dos respetivos hospitais e a disponibilização de mais camas de internamento", acrescentou. Na declaração que leu aos jornalistas, Jerónimo de Sousa alertou também para o que classificou de "grave situação existente no setor dos transportes públicos, em resultado da saída de trabalhadores e da persistente falta de manutenção das frotas, problemas que têm condicionado de forma preocupante a mobilidade das populações nos últimos anos". "O PCP defende a necessidade da tomada de medidas urgentes visando a solução dos problemas existentes, designadamente nos transportes fluviais e no metropolitano", disse. www.dn.pt
Na campanha de cinco semanas, que deverá designar o candidato de esquerda à eleição presidencial em 2017, participam sete candidatos – quatro representantes do Partido Socialista e três de outros partidos: Manuel Valls, Arnaud Montebourg, Benoît Hamon, Vincent Peillon, Sylvia Pinel, Jean-Luc Bennahmias e François de Rugy.
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Favorito nas sondagens para esta corrida interna, o ex-primeiro ministro Manuel Valls, que deixou o governo para disputar as primárias, aparece em terceiro lugar nas presidenciais, atrás de Marine Le Pen, da Frente Nacional, e de François Fillon, do partido Os Republicanos.
O vencedor destas primárias vai ter de enfrentar na corrida para as presidenciais outros candidatos de esquerda. Entre eles, está o ex-ministro da Economia Emannuel Macron, que lançou candidatura própria, e Jean-Luc Mélénchon, do movimento França Insubmissa.
As primárias de esquerda passam por três debates televisivos, nos dias 12,15 e 19 de janeiro, com a primeira e segunda voltas nos dias 22 e 29 de janeiro.