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orouxinoldaresistencia

POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

orouxinoldaresistencia

20
Dez16

VÍDEO - ESTE CISNE MECÂNICO É DE PRATA ASSIM COMO OS PEIXES, A ÁGUA É DE VIDRO, TODA ESTA TECNOLOGIA FOI INVENTADA HÁ 250 ANOS

António Garrochinho



Este cisne de prata tem 250 anos de idade ... E você nunca vai acreditar no que ele pode fazer!

Num mundo moderno que é dominado pela tecnologia, como imaginar esta máquina inventada antes da eletricidade. No entanto, quando você realmente olhar para ele, a sua complexidade e criatividade é impressionante.
Tomemos, por exemplo, as obras de John Joseph Merlin, um inventor em 1700 que vieram de Bélgica. Suas peças, como o seu famoso "Silver Swan"...
John Joseph Merlin foi um inventor belga no século 18 que fez "autómatos", ou objetos estátua que se moviam e faziam barulho usando um relógio.
Este Swan prata é anos e você vai nunca acreditam que ela pode fazer 0

VÍDEO

20
Dez16

CONFIRMADA IDENTIDADE DO HOMEM QUE FERIU TRÊS PESSOAS NO CENTRO DE ORAÇÃO EM ZURIQUE

António Garrochinho






Confirmada identidade do atirador do centro islâmico de Zurique





O homem que feriu três pessoas num centro de oração islâmico de Zurique, na segunda-feira, antes de alegadamente se suicidar era um suiço de 24 anos.
Tinha origens ganenses, era apaixonado por magia negra.
Os investigadores anunciaram que o alegado agressor já era suspeito de ter assassinado um homem com uma arma branca no domingo.
A polícia determinou a autoria com recurso ao ADN encontrado no local do crime, comparado com o que constava no cadastro, criado por há sete anos por causa do roubo de uma bicicleta.
Na segunda-feira um homem disparou para o interior do centro islâmico de forma indiscriminada.
Três pessoas entre os 30 e os 56 anos ficaram feridas, o mais novo com gravidade.
Pouco depois da agressão, foi encontrado o corpo do suspeito com uma arma numa ponte no centro da cidade.


VÍDEO





pt.euronews.com

20
Dez16

GOLPE EM ANDAMENTO

António Garrochinho
Foto de Guilherme Antunes.
Guilherme Antunes(facebook)
GOLPE EM ANDAMENTO
(por Paul Graig Roberts)
Responsáveis anónimos da CIA inseriram em todos os media “presstitutos” estórias não confirmadas de que a vitória eleitoral de Donald Trump resultou de intervenção russa. Esta afirmação absurda foi agora elevada àquela ainda mais absurda de que o próprio Putin supervisionou e mesmo dirigiu a manipulação da eleição presidencial dos EUA.
Nenhuma evidência foi apresentada para estas espantosas afirmações. Os “presstitutos” estão a informar acusações selvagens não confirmadas que anunciam tanto uma crise constitucional nos EUA como uma crise com a Rússia. Sabemos que os “presstitutos” mentem. Os “prestitutos” mentiram quando informaram, contrariando os inspectores de armas no Iraque, que Saddam Hussein tinha armas de destruição em massa. Eles mentiram acerca da falsa evidência de pó de urânio (yellowcake) e tubos de alumínio.
Eles mentiram acerca das conexões de Saddam Hussein à al-Qaeda. Eles mentiram acerca de ogivas nucleares iranianas apesar da informação unânime de todas as agências de inteligência dos EUA de que o Irão havia abandonado seu interesse por armas nucleares anos atrás. Os “presstitutos” mentiram acerca de Assad utilizar armas químicas contra o povo sírio. Eles mentiram acerca de Kadafi. Eles mentiram acerca da invasão russa da Ucrânia. Eles mentiram acerca da causa do conflito russo-georgiano. Eles mentiram acerca das Olimpíadas de Sochi. Agora os “presstitutos” estão a afirmar que a interferência russa determinou o resultado da eleição presidencial dos EUA e o voto pelo Brexit.
Em consequência das mentiras dos “presstitutos”, milhões de pessoas foram mortas e deslocadas. Este sangue está todo sobre as cabeças dos media norte-americanos. Assim, sabemos como um facto provado que os media dos EUA não têm integridade e nem consciência.
Agora os “presstitutos” ultrapassaram o seu nível anterior de criminalidade. Eles são parte inseparável da instigação de um golpe contra o presidente eleito e de lançar o país numa crise de proporções desconhecidas. (…)
(…) O presidente Obama pôs em movimento uma arma para impedir a posse de Trump com a sua ordem à CIA para produzir antes de 20 de Janeiro um relatório sobre a intromissão russa. Este relatório poderia ser utilizado para adiar a posse ou incutir no público norte-americano e nos povos do exterior tantas dúvidas que a eficácia de Trump como líder mundial ficaria minada.
E, naturalmente, os constantes assaltos a Trump podem resultar no seu assassinato por um patriota "maluco solitário" irado por ter no gabinete um presidente que o New York Times declarou ser um lacaio de Putin e idiota útil para os russos. Esta é a caracterização do jornal do presidente escolhido pelo povo norte-mericano. (…)
20
Dez16

Juntas de freguesia ao serviço dos CTT?

António Garrochinho




Os Correios pertencem ao imaginário (pelo menos) daqueles que, como eu, andam pelos cinquentas. As cartas e os postais eram meios de comunicação que permitiam afinar a letra, apurar a prosa, contar infindáveis histórias, expressar sentimentos, manifestar paixões... Os marcos do correio, que até tinham uma espécie de relógio onde se indicava o horário da próxima recolha, e os carteiros eram "figuras" que faziam parte das nossas vidas. Lá no prédio, o carteiro era o sr. Adolfo que, todos os dias, aparecia a meio da manhã, com um grande saco de couro castanho, de onde tirava as cartas (e impressionava-me, sempre, como elas já vinham organizadas...). Que, em dias de boa disposição, aproveitava para dar um chuto na bola com que nos entretínhamos no pátio. E que, na altura do Natal, nos pedia para falarmos com os nossos pais para que estes lhe dessem "a consoada", que mais não era do que a gorjeta pelos serviços prestados ao longo do ano (e que, creio, compensariam o baixo salário no tempo em que o subsídio de Natal era uma utopia!...).
Naturalmente que os tempos mudaram e que, hoje, os meios de comunicação são radicalmente distintos. Mas todos fomos assistindo, no final do século passado, às artimanhas que os Correios utilizaram para degradar o serviço e encarecer o preço dos serviços postais. Um correio que funcionava bem (bem sei que o correio internacional durava uma eternidade que nos fazia regressar antes dos postais remetidos de qualquer cidade estrangeira...), onde, internamente, as cartas chegavam rapidamente. Os Correios inventaram, então, o "correio azul", fazendo com que pagássemos o dobro para garantir o que antes estava quase sempre garantido: entregar a carta no dia seguinte. E, depois, o "correio verde" e outros sucedâneos, impondo a regra de que se queremos ser "bem" servidos temos de pagar mais por isso...
Na década passada, os Correios fecharam serviços. Preparando a privatização da empresa, os seus gestores, só na cidade do Porto, encerraram dezenas de postos e desativaram mais de uma centena de marcos de correios. Face a esta situação, e numa cidade em que mais de 20% da população tem mais de 65 anos de idade e cujas reformas chegam pela via postal, diversas juntas de freguesia, voluntariosa mas erradamente, decidiram estabelecer protocolos com os Correios, disponibilizando instalações e funcionários para assegurarem serviços de correio aos seus fregueses, a troco de pequena contrapartida pecuniária. Como hoje se vê, esses protocolos são deficitários para as juntas de freguesia. O que significa que somos nós, cidadãos, que estamos a pagar a uma empresa privada para que as nossas juntas de freguesia assegurem um serviço que essa mesma empresa deveria assegurar - empresa essa que, só nos primeiros 9 meses de 2016, teve um lucro de 46 milhões de euros! Esta vergonha não pode continuar. Sob pena de qualquer dia termos as juntas de freguesia a angariarem clientes para o Banco CTT...

*ENGENHEIRO


 http://www.jn.pt
20
Dez16

TUDO PREPARADO

António Garrochinho

O COVARDE QUE ASSASSINOU COM 11 TIROS PELAS COSTAS O EMBAIXADOR DA RÚSSIA ERA UM POLÍCIA ANTI MOTIM TURCO QUE NA VÉSPERA SE HOSPEDOU NUM HOTEL PERTO DA GALERIA ONDE NO DIA SEGUINTE IRIA DECORRER A EXPOSIÇÃO.
NESSA TARDE VISITOU A SALA E ESTUDOU OS PORMENORES, DEPOIS TELEFONOU PARA OS SEUS CHEFES DA POLÍCIA E PEDIU BAIXA MÉDICA.
CONSUMOU O ASSASSINATO MAS TALVEZ NÃO CONTASSE COM A SUA PRÓPRIA ELIMINAÇÃO COMO É CONVENIENTE NESTES CASOS.
ESTA É A VERSÃO OFICIAL DO GOVERNO TURCO ! DARÁ PARA ACREDITAR NO FACÍNORA ERDOGAN QUE SIMULOU UM GOLPE DE ESTADO, MANDOU ASSASSINAR, PRENDER, DESPEDIR, AFASTAR MILHARES DE PESSOAS DE CARGOS QUE OCUPAVAM ?
AG
20
Dez16

Quem são os rebeldes de Alepo?

António Garrochinho


Este artigo contém muita informação interessante, e isso é tanto mais de registar quanto a sua fonte é o insuspeito “El País” (o que o próprio artigo não deixa também de revelar, em qualquer caso). Só o mais cavernícola e desonesto jornalismo é ainda capaz de ocultar que os “rebeldes sírios” são um bando de facínoras, capazes de todos os crimes. E que, como as últimas informações vêm confirmando, em boa parte são tudo menos sírios.



O frágil pacto, alcançado a contra-relógio e negociado entre potências internacionais, Moscovo-Ancara, esteve a ponto de descarrilar esta quarta-feira quando se deparou com as exigências particulares dos actores locais que desde há mais de um lustro combatem na frente: insurrectos e Exército sírio. Longe de compor uma frente homogénea e comum, o bando rebelde de Alepo conta com mais de 40 facções armadas de entre 100 a 1.500 combatentes cada uma. Pressionados pela necessidade bélica em Alepo, estas facções agruparam-se em duas coligações principais: Jeish el Fatá (Exército da Conquista) e Fatá Haleb (Conquista de Alepo). Em ambas impõe-se a ala conservadora salafista. Varias delas têm sido acusadas de cometer crimes de guerra durante os quatro anos que controlaram o hemisfério ocidental da cidade.
O número tanto de civis como de combatentes em Alepo é objecto de controvérsia. Os cálculos iniciais da ONU quantificaram em 250.000 o número de civis, 80.000 dos quais teriam saído na última semana, e em 8.000 o de combatentes rebeldes. Entretanto, a televisão estatal síria quantificou esta quinta-feira em 9.000 o remanescente de moradores em el Alepo oriental e em 4.000 o de opositores armados.
Segundo o cálculo do enviado especial da ONU para Síria, Staffan de Mistura, uns 12% dos insurrectos seriam jihadistas de Fatá al Sham. Esta antiga filial de Al Qaeda que, apesar de mudar de rótulo, continua presente na lista de grupos terroristas da Europa e Estados Unidos. Duas organizações chapéu-de-chuva, Jeish el Fatá e Fatá Haleb, aglutinam estas facções em Alepo este, e contariam com entre 4.000 e 8.000 combatentes.


Frente Fatá al Sham: Os expertos estimam que este grupo jihadista conta com uns 1.000 homens em Alepo, que respondem ao líder Abu Mohamed el Jolani. Entre 10.000 e 20.000 combatem em toda a Síria, 30% dos quais estrangeiros. A Al Qaeda na Síria mudou de nome, primeiro para Frente Al Nusra, para mais tarde passar a chamar-se Fatá al Sham numa tentativa de limpar a sua imagem. Em Maio de 2012, a filial terrorista levou a cabo os primeiros atentados suicidas na Síria, nos quais matou 55 pessoas e feriu outras 400 na capital. Inicialmente fortes no nordeste do país, em 2014 perderam Raqa para o Estado Islâmico (ISIS, na sigla em inglês), cisão da Al Qaeda e competidor ideológico.


Ahrar al Sham: Coligação de vários grupos de perfil islamista e salafista lideradas por Abu Ammar al Omar e uma das principais forças armadas insurrectas em Idlib. Entre 10.000 e 20.000 milicianos lutam nas suas fileiras, entre 800 e 1.000 em Alepo em aliança com Al Qaeda.


Fatá Haleb (Conquista de Alepo) é a segunda coligação, com uma trintena de grupos armados que inclui moderados do Exército Livre Sírio (ELS) como a Divisão de Infantaría 101, mas onde predomina a liderança armada de islamistas e salafistas como Nour al Din al Zinki, a Frente al Shamia, ou Jeish el Islam (Exército do Islão).


Divisão de Infantaría 101: facção que pertence ao Exército Livre Sírio, nascido no principio da contenda quando vários generais desertaram do Exército regular. Contaria com escassas centenas de homens em Alepo. Composto por sírios, pertence ao espectro mais moderado da oposição, embora mantenha relações com facções radicais com as quais combate contra as tropas regulares em Alepo.


Nour al Din al Zinki: contam com entre 1.000 e 1.200 homens em Alepo, onde o grupo surgiu em finais de 2011 sob a liderança do xeque Taufik Shahabudín. Facção de perfil islamista, estaria financiada por Ancara e composta por locais sírios.


Jeish el Islam: contaria com uns 500 homens em Alepo. É o agrupamento guarda-chuva de vários grupos de perfil islamista e salafista. Constitui a principal força de oposição na periferia de Damasco. Após o assassínio de seu líder, Zahran Alloush, este foi substituído por Mohamed Alloush. Têm entre 20.000 e 25.000 combatentes. Entre os seus bastiões estão Duma e Guta Oriental, na periferia de Damasco.


Frente Shamia: surge em finais de 2014 em Alepo, onde contaria com uns 800 homens. Trata-se de uma aliança de vários grupos de perfil salafista sob as ordens de Abu Amer, nome de guerra. Combatem contra as tropas regulares sírias e contra as milícias curdas em Alepo.


Financiamento de actores regionais
A “Turquia apoia Nour al Dine Zinki e Ahrar al Sham. Ambos dispõem de misseis antitanques BGM-71 TOW teleguiados e de fabrico estado-unidense, o que induz a que também tenham recebido apoio dos norte-americanos”, explica em correio electrónico o analista militar sírio Mohammed S. Alftayeh. “Enquanto ninguém se reclama de apoiar a Fatá al Sham, a maioria dos analistas estão de acordo em que o seu principal apoiante é o Qatar, o mesmo que os animou a desvincular-se da marca Al Qaeda”, acrescenta. Segundo Alftayeh, Jeish al Islam, o grupo mais importante na periferia de Damasco embora residual em Alepo, recebe apoio de Riad. Quanto à presença de rebeldes moderados do ELS, o perito sírio assegura que “é muito reduzida e limitada em Alepo”.
A radiografia actual do bando opositor em Alepo corresponde à progressiva absorção dos combatentes do ELS, que viram esvaziar-se as fileiras dos antigos moderados, hoje procurando por um lado vingar-se dos bombardeamentos indiscriminados sobre civis da aviação síria e russa e, por outro lado, atraídos pelo fluxo de recursos oriundos das monarquias do Golfo e da Turquia. Recursos limitados que provocaram também confrontos armados entre as diferentes facções, como os que em Novembro passado enfrentaram milicianos do grupo Fastaqin, filiado no ELS, contra os mais conservadores de Nour al Din al Zinki.
Entre o puzzle insurrecto, uns 130.000 a 250.000 civis, conforme as fontes, permaneceram cercados pelas tropas regulares sírias durante mais de quatro meses. Um cerco em que os grupos rebeldes mais radicais participaram proibindo a fuga a civis, que usaram como escudos humanos. Testemunhos confirmados por vários dos 80.000 moradores que conseguiram fugir para a zona sob controlo do Governo na última semana, e também como denuncia a ONU, que os acusou de abrir fogo contra famílias que tentavam escapar dos combates. E ainda assim, parte da população civil apoia os que consideram como seus “irmãos sírios que lutam por uma Síria melhor e pela queda de El Assad”. Em contrapartida, centenas de activistas, trabalhadores sociales, equipas de resgate e pessoal médico que configuraram a magra espinha dorsal de uma população desprovida de tudo, temem hoje ser encarcerados, ou executados, se atravessam os controles do Exército sírio.


N.S- BEIRUT
Após quase seis anos a guerra síria custou ja mais de 312.000 vidas, cerca de metade das quais civis, segundo dados proporcionados pelo Observatório Sírio para os Direitos Humanos. A resolução 2139 adoptada pelo Conselho de Segurança da ONU em 22 de Fevereiro de 2014 insta todas as partes do conflito sírio a respeitar as leis humanitárias internacionais e por consequência a protecção dos civis que não participam nas hostilidades.
Partida em dois desde 2012, a população de Alepo oriental ficou sob as leis, nem sempre unânimes, dos diferentes grupos opositores. A Amnistia Internacional denunciou num relatório do passado mês de Julho os crimes de guerra cometidos por varias facções rebeldes. “Hoje, em Alepo e Idlib, os grupos armados têm carta-branca para cometer com impunidade crimes de guerra e outras violações da lei humanitária internacional. Surpreendentemente, temos documentado o uso por parte de grupos armados dos mesmos métodos e torturas que são habitualmente empregados pelo Governo sírio”, reza o relatório.
Os testemunhos de vítimas denunciam facções como Nour al Din al Zinki, Frente al Shamia, Divisão 16, Fatá al Sham e Ahrar al Sham. Para além de execuções por adultério ou ataques a homossexuais, encontram-se outros casos mais mediatizados como o do jovem Abdulá Issa. Com apenas 12 anos, o menor foi acusado de espião e publicamente decapitado por milicianos de Nour al Din al Zinki. Às execuções dentro do perímetro rebelde soma-se a chuva de morteiros que no último mês matou mais de 140 civis nos bairros residenciais da Alepo ocidental sob controlo do regime.


www.odiario.info

20
Dez16

Salário Mínimo Nacional: Governo cede às pressões dos patrões

António Garrochinho


CPCS56Realizou-se no dia 19 de Dezembro uma reunião da CPCS para discutir o aumento do Salário Mínimo Nacional (SMN). Uma leitura atenta da proposta do Governo confirma que estamos perante um documento desequilibrado e de cedência inequívoca às chantagens das confederações patronais.
Daqui decorre que os valores apresentados para a actualização do SMN são insuficientes; o patronato continua a ser financiado pelos impostos pagos pelos trabalhadores, reformados e pensionistas; a contratação colectiva e a precariedade do emprego são tratadas de forma genérica e sem compromissos objectivos, nomeadamente no que respeita à revogação da norma da caducidade e à reintrodução plena do princípio do tratamento mais favorável; os patrões são contemplados com um novo e chorudo pacote financeiro.
Neste quadro, importa destacar:
1. O Governo propõe 557€ a partir do dia 1 de Janeiro de 2017, mas acrescenta que para 2018 e 2019 a actualização será semestral com o objectivo de se atingir os 600€ durante o ano de 2019. Esta é uma proposta que visa diluir no tempo a actualização do SMN com manifesto prejuízo para os trabalhadores, considerando que há uma diferença significativa entre receber os 600€ em Janeiro de 2019 ou num outro mês qualquer do ano. Acresce que a posição agora apresentada contraria o que está consagrado no programa do Governo;
2. A tentativa de, a partir de 2020, se passar a adoptar um modelo semestral de actualização que “expressamente” garanta a manutenção do poder de compra … É por demais que há uma clara intenção de inverter o rumo de aumento do SMN acima da inflação;
3. A redução de 1 p.p. (até agora era 0,75%) das contribuições do patronato para a Segurança Social. Esta verba é suportada pelo Orçamento do Estado. Ou seja, pelos impostos pagos pelos trabalhadores e pensionistas. Uma situação inadmissível num quadro em que o Governo diz não ter dinheiro para aumentar os salários dos trabalhadores da Administração Pública e as pensões dos reformados, mas tem disponibilidade para entregar de mão beijada ao patronato verbas significativas do Orçamento do Estado. E que, inclusivamente, contraria o Programa do Governo quando este se compromete, nomeadamente, a reforçar a sustentabilidade da segurança social e a reavaliar as isenções e reduções da taxa contributiva;
4. Esta intenção de redução da TSU é, além disso, contraditória com o acordo de concertação social de Janeiro de 2016 quando estabelece que as medidas não devem penalizar a segurança social;
5. A ausência de um compromisso sério da parte do Governo para pôr termo à caducidade das convenções colectivas. A proposta de “não denúncia de convenções colectivas de trabalho durante um período de 18 meses”, não só não responde ao problema de fundo, como visa dar sequência a uma estratégia de manutenção da caducidade na lei. Não é admissível que um Governo que prometeu “mudança de políticas”, mantenha uma norma que “coloca os sindicatos em estado de necessidade” (expressão utilizada pelo Ministro Vieira da Silva, em 2005) e que é responsável pelos bloqueios da negociação da contratação colectiva e a acentuação da exploração, das desigualdades e do empobrecimento dos trabalhadores e das suas famílias;
6. A atitude discriminatória do Governo relativamente à protecção no desemprego. Não se questionando a preocupação com o “desemprego de trabalhadores independentes com actividade empresarial”, é lamentável que não se tomem as medidas, há muito defendidas e reclamadas pela CGTP-IN, para assegurar o subsídio social de desemprego a mais de metade dos desempregados que não têm qualquer protecção social. Também aqui não pode haver dois pesos e duas medidas;
7. A atitude magnânima do Governo relativamente às reclamações patronais. No essencial basta ler o documento das confederações patronais para verificar que a esmagadora maioria das suas reivindicações foram contempladas. É de salientar neste contexto a contradição entre a satisfação destas reivindicações patronais e o conteúdo dos Relatórios sobre o salário mínimo nacional elaborados pelo Governo que mostram não haver impactos negativos para a economia e o emprego decorrentes do aumento do salário mínimo;
8. O valor reivindicado (600€) pela CGTP-IN, para 2017, faz todo o sentido. Com efeito, se tivermos presente a evolução da inflação e da produtividade ao longo dos anos, o valor do SMN no próximo ano deveria ser de 902€.
9. Ao contrário do que o patronato invoca, os encargos com os salários e os encargos com a Segurança Social, no total dos custos das empresas, são pouco significativos. Os últimos dados do Banco de Portugal referentes a 2015, são elucidativos.
2015
Todas as empresas
13,60%
Todos os sectoresGrandes empresas
11,10%
Médias empresas
14,60%
Pequenas empresas
16,40%
Micro empresas
15,50%
Todas as dimensõesAgriculturafloresta e pesca
14,10%
Indústrias transformadoras
13,70%
Construção
20,10%
Comércio
8,00%
Alojamento e restauração
25,40%
10. Ao assumir a redução de 1 p.p. dos patrões para a Segurança Social, o Governo está a incentivar as empresas a apostar na contratação de trabalhadores com o SMN e a contribuir para o bloqueamento da contratação colectiva e a estagnação e/ou absorção das restantes grelhas salariais. Tal facto, é comprovado pelo crescente número de trabalhadores (21%) abrangido pelo SMN. Por outro lado, esta é uma medida que põe em causa o anúncio da importância da dinamização da contratação colectiva e do combate ao modelo de baixos salários e de precariedade.
11. A CGTP-IN continuará empenhada em contribuir para encontrar soluções justas que respondam aos problemas dos trabalhadores. Mas não será contemplativa nem colaboracionista com propostas que, a pretexto da negociação do SMN, sirvam para acentuar as desigualdades entre o trabalho e o capital. Neste contexto, independentemente do que resultar das reuniões da CPCS, a CGTP-IN exorta todos os trabalhadores a lutarem nos seus locais de trabalho pelo aumento do SMN para 600€ em 2017 e pelo aumento geral dos salários!
Via: Entrada – CGTP-IN http://bit.ly/2hQNQu8
20
Dez16

A HISTÓRIA DOS CADILHOS OU FRANJA

António Garrochinho
A maioria das pessoas pensam que a Moda é algo fútil. O que a maioria não sabe é que por trás de cada tendencia tem algo histórico e com as Franjas, tendencia do inverno 2016, não poderia ser diferente! Venha conhecer a origem histórica dessa tendencia e saber como usar em cada estilo que também tem história!!!

A primeira Franja mencionada na história!

O primeiro registro conhecido que fala sobre franjas em roupas é na Bíblia, sim no relato do livro de Números 15:39: ‘Vocês devem ter essas franjas nas suas roupas para que, ao vê-las, se lembrem de todos os mandamentos de Jeová e lhes obedeçam...” (Tradução do Novo Mundo da Biblia Sagrada -Revisão 2015 – Online). Deus ordenou aos israelitas, através de Moisés, que fizessem franjas nas abas das suas vestes, com um cordel azul por cima da franja. Isto parece ter sido uma peculiaridade da vestimenta dos israelitas hebreus e fornecia um lembrete visual de que deviam obedecer aos mandamentos de Deus.

O uso das Franjas!

As tribos indígenas americanas das planícies e em outros lugares há muito criou roupas com franjas, que serviu como uma espécie de calha que escoava, por assim dizer, a água da chuva das roupas. As franjas eram colocadas nas laterais ou bordas das roupas em forma de arrestas, fios pendurados, cordoes ou tiras em vestimentas que eram feitas de couro ou camurça.
Além dos índios, os homens que viviam em montanhas, que eram ótimos caçadores, faziam grande uso de roupas de camurça com franjas pois além de ajudar a aquecer e drenar a água da chuva , também serviam para prender ou ajustar alguma coisa em uma emergência. Esse tipo de vestimenta eles adotaram dos índios nativos americanos visto que tinham bastante contato entre si, muitos homens da montanha chegavam a se casar com mulheres indígenas.

A Franja na Moda!

A primeira vez que as franjas apareceram no cenário da moda como enfeite decorativo foi nos Estados Unidos juntamente com o Charleston na década de 20. Na época Coco Chanel, na França, influenciada pelo movimento da Boemia que caracterizava a despreocupação com relação a bens materiais e às normas, lançava a moda dos vestidos mais leves, sem cintura marcada livrando as mulheres assim dos apertadíssimos corsets e das longas e armadas anáguas ou saiotes. De repente, as saias levantou-se acima do joelho, pela primeira vez na história ocidental, e a franja foi usado para adicionar um pouco de comprimento para os estilos ousados.
Quando  a dança charleston começou a fazer sucesso, os vestidos de franjas eram os ideais para este tipo de dança muito movimentada pois ajudava a dar movimento aos passos e logo os vestidos de franjas caiu nas graças principalmente das dançarinas de charleston que dançavam em cabarés até as grandes damas que dançavam em seus luxuosos clubes noturnos.
Dada a natureza do Charleston, era essencial que a dançarina tivesse
as pernas tão livres quanto possível. 
 As melindrosas começaram a usar
vestidos muito mais curtos com saias franjadas ou em flâmulas, que davam
a ilusão de comprimento, e o elegante estilo tubular, que Se movia com a dançarina. Outra dança, shimmy, introduziu vestidos com
camadas de franjas que tremiam com elas.”
( livro História da Moda)
Moda das franjas e a dança
Foto de 1920 de dançarinos de Charleston

Nessa mesma época o corte de cabelo usado era aquele usado pela Coco Chanel, o “la garçonne“, que hoje conhecemos como corte Chanel. Nessa época também, através de Coco Chanel, surgiram os chapéis Cloche.



As Franjas e os Cowboys!

Ao fazer uma longa pesquisa sobre a história das franjasem roupas de cowboy descobri que na verdade elas não existiam, o que as vezes usavam com franjas mas não era comum era uma peça em couro por cima da calça que protegia a calça da chuva e também contra picada de cobras ou outros insetos peçonhentos. Os cowboys ou vaqueiros, usavam roupas velhas usadas na guerra e a peça mais popular era o jeans que foi desenvolvido exclusivamente para a guerra visto que era durável. Eles usavam também capas de chuva de lona usados na guerra e em ocasiões especiais usavam um casaco de couro de pele.  A maioria serviram o exercito mesmo sendo apenas rancheiros ou fazendeiros e quando voltavam para casa usavam aquilo que possuíam.
1280px-The_Cow_Boy_1888
Foto de 1888 mostrando um tipico cowboy.

Mas de onde surgiram então roupas de cowboy com franjas??? Bem, quem lançou essa moda foram os filmes de Faroeste de Hollywood como Buffalo Bill, onde mostrava caçadores de índios usando roupa com franjas ou os faroeste dirigidos na fronteira com o México os cowboys usavam ponchos com franjas. Em outros tipos de Faroeste é possível ver cowboys, pistoleiros e xerifes que usavam a vestimenta própria, sem franjas.

As Franjas e o movimento hippie!

Em 1960 o uso de franja nativo americano era uma conseqüência do movimento hippie, um movimento de juventude que salientou a rejeição dos valores tradicionais e uma flexibilização das normas de moralidade e conduta pessoal. O movimento teve um enorme impacto na sociedade. Os jovens americanos da época eram muito interessados em direitos civis. Os ganhos políticos assumidos pelos afro-americanos no início da década havia estimulado o interesse no sofrimento dos outros grupos minoritários oprimidos, incluindo os nativos americanos . Vestir peças com franjas tornou-se uma forma de mostrar simpatia pela causa indígena!


O-Movimento-Hippie_
Festival de Woodstock, 1969.
O uso de franjas no estilo hippie
Atores do filme Hair

Em 1969, o filme Easy Rider-Sem Destino  ajudou a popularizar a franja como uma declaração de moda. O conto de dois andarilhos que “desistiu” da sociedade, e viviam uma vida influenciada pelo movimento hippie e eram a favor dos direitos civis. Vestiam de maneira simples e tendo como peça principal a jaqueta de camurça com franjas, o que causava um grande efeito de movimento quando andavam de moto. Os atores protagonistas do filme eram Peter Fonda e Dennis Hopper.
easyrider
Denis Hopper em Easy Rider – Sem Destino, 1969.
mulherversusmoda.com

20
Dez16

Dian Fossey | Mulheres que você deveria conhecer

António Garrochinho


A história de quem viveu e morreu pelo seu ideal e ensinou o mundo a amar e respeitar os animais

Imagine fazer a viagem da sua vida e nela descobrir seu verdadeiro propósito, sua real vocação. E a partir daí começar a dedicar-se a realização e preservação deste ideal. Legal, né não?
Pois Dian Fossey viveu essa história em nome da preservação dos Gorilas-da-Montanha, na África.


Nascida em 1932, em São Francisco, Califórnia, a chamada ‘mulher gorila’, com doutorado em Zoologia pela Universidade de Cambridge, formou-se primeiro em Terapia Ocupacional no ano de 1954 e trabalhou em diversos hospitais infantis da Califórnia e em Louisville, no Kentucky. Chegou a cursar Veterinária na Universidade da Califórnia, mas não concluiu o curso.

Uma primeira viagem: África

A história de Dian Fossey começa em 1963 quando, aos 31 anos, juntou todas as suas economias e, com a ajuda de um empréstimo bancário, decidiu que era hora de realizar um antigo sonho: viajar para a África sozinha.
Visitou o Quênia, a Tanzânia (que era Tanganyika), o Congo (que era o Zaire), e o Zimbabwe (que era a Rodésia). Com o famoso caçador britânico J.A. Hunter como guia, visitou Tsavo, o maior parque nacional da África; o lago salino de Manyara, famoso por atrair rebanhos gigantes de flamingos; e a Cratera de Ngorongoro, conhecida pela sua abundante vida selvagem.
O momento crucial da visita foi seu encontro com Louis Leakey, famoso pelo estudo da evolução humana a partir de fósseis encontrados na Garganta do Olduvai, região conhecida como O Berço da Humanidade – um dos mais importantes sítios arqueológicos do mundo. Além disso, Leakey também era reconhecido pelo trabalho pioneiro na promoção da pesquisa de campo de primatas em seus habitats naturais, que ele entendia como chave para desvendar os mistérios da evolução humana.
Foi neste encontro que Dian conheceu o trabalho de Jane Goodall com os chimpanzés na Tanzânia, patrocinado por Leakey, que dividiu sua crença na compreensão do comportamento dos primatas para entender as origens dos seres humanos.

Dian Fossey em 1963, em sua primeira visita ao continente africano

Junto do casal de fotógrafos da vida selvagem no Quênia, Joan e Alan Root, que procuravam gorilas nas montanhas de Virunga, Dian pode pela primeira vez observar um animal daqueles durante uma caminhada por uma trilha em Uganda. A imponência ameaçadora do maior dos primatas deu lugar a beleza cativante do convívio familiar praticado por grupos destes animais.
Tamanha foi a emoção que Dian sentiu por estar tão próxima daqueles bichos – um misto de medo e paz, perigo e segurança – que acabou por escrever um livro, Na Montanha dos Gorilas, em 1983.
“Foi neste momento que a semente foi plantada no meu coração. Mesmo que inconscientemente eu sabia que um dia iria voltar para a África para ver de novo os Gorilas-das-Montanhas."
- Na Montanha dos Gorilas

Quando há que ser, acontece

Quando voltou para casa, no Kentucky, ela retomou seu trabalho com a terapia ocupacional – afinal, precisava pagar o empréstimo que havia feito para custear sua viagem – sonhando com o dia que voltaria para a África.
Três anos depois, em 1966, uma turnê de palestras sobre paleontologia e ciência trouxe para o Kentucky ninguém mais, ninguém menos que Louis Leakey – aquele mesmo pesquisador encontrado escavando fósseis na Garganta do Olduvai. Dian, que foi assistir às palestras do doutor, aproveitou para falar dos artigos que havia publicado sobre sua viagem ao continente africano, e foi nesse encontro que Leakey falou sobre seu interesse em financiar um projeto de campo de longo prazo para observar e estudar os Gorilas-das-Montanhas.
Ele precisava de alguém com o perfil de Dian, que já tivera algum contato com aqueles animais e com coragem o suficiente para encarar as Montanhas Virunga. E antes de convidá-la, ela já havia dito “sim”.
Naquele instante Dian passou a ser, junto de Jane Goodall, membro da chamada Trimates, ou Anjos de Leakey, que mais tarde receberia também Birute Galdikas e seu trabalho com os orangotangos na região de Sarawak, na Indonésia.

Jane Goodall, Diane Fossey e Birute Galdikas, o #teamLeakey

A vida junto dos Gorilas

Em 1967, Dian Fossey já tinha um acampamento nas Montanhas Virunga e se preparava para o estudo desses animais. Nesta época, os gorilas eram vistos como uma espécie agressiva e perigosa e foi Fossey quem desmascarou esse mito, provando que eles eram animais pacíficos, que só se mostram raivosos e resistentes quando estão protegendo seus filhotes e seu território.
Era conhecida pelos nativos como “Nyiramachabelli”: a mulher que vive na montanha, e não se limitava a simplesmente sentar e observar. A cada dia chegava mais perto, permitindo-se ser vista pelos gorilas. Passou um longo período mimetizando seus hábitos alimentares, higiene e vocalização dos animais, a fim de ganhar a confiança do grupo. Mastigava aipo e caminhava com os punhos no chão. Foi essa paixão e profunda empatia por esses animais que a tornaram tão eficaz como especialista no comportamento animal.
Dian aprendeu a enxergar os gorilas como pares e identificou personalidades individuais em cada um – razão pela qual nomeava cada gorila que observava, ao invés de simplesmente numerá-los.
Além disso, durante sua pesquisa, Fossey descobriu que os gorilas possuíam uma vasta gama de emoções, tais como nós humanos, e que podiam construir ferramentas como os chimpanzés.


Os anos de dedicação e observação paciente permitiram os gorilas confiarem nela e lhe concederem o privilégio de estar entre os seus. Dian passou então a caminhar junto dos gorilas e até brincar com os mais jovens. Ajudou esses animais a superarem a sua natureza tímida e o medo natural que tinham dos seres humanos. Encontrou ali a plenitude entre homem e natureza. Desfrutou da magia que é ser aceito e respeitado por um animal e aprendeu a amá-los como irmãos.
Em 1968, a National Geographic Society enviou o fotógrafo Bob Campbell para fotografar seu trabalho, e se inicialmente Dian viu a presença do fotógrafo como uma intrusão ao seu convívio com os animais, ao final, ambos acabariam por se tornarem grandes amigos.
As fotografias de Fossey entre os Gorilas-da-Montanha tornaram-na uma celebridade instantânea, mudando para sempre a imagem dos gorilas como bestas perigosas para seres delicados e gentis, e chamando a atenção para a matança destes animais por grupos de caçadores.


A luta pela preservação dos Gorilas

Algumas guerras, rebeliões e conflitos civis a obrigaram afastar-se dos gorilas por algum tempo, período no qual fundou, em Ruanda, o Centro de Pesquisa Karisoke.
Fossey chegou a passar meses inteiros sozinha nas montanhas lidando ela mesma com caçadores e criadores de gado que cruzavam seu acampamento. Em seu livro, relata um episódio no qual, durante a noite, percebeu um grupo furtivo de caçadores próximos da comunidade de gorilas que ela observava. Foi com uma máscara artesanal que ela conseguiu assustar os intrusos.
Por quase 20 anos, viveu entre os Gorilas-da-Montanha e logo se apegou a um gorila macho que chamou de Digit. Ele passou a ser seu melhor amigo. Conviveu com Digit por sete anos, até que ele foi morto por caçadores, em 1977, que deceparam a sua cabeça e arrancaram as mãos para que fossem transformadas em cinzeiros.

Digit morto

Foi neste período que Fossey criou o Fundo Digit, para arrecadar recursos que deveriam ser utilizados nas pesquisas com os Gorilas-das-montanhas – mais tarde rebatizado de Dian Fossey Gorilla Fund International – e começou sua campanha contra a atividade de caçadores de gorilas, tornando-a inimiga declarada destes grupos, e até de soldados corruptos do exército de Ruanda que favoreciam ilegalmente a captura de filhotes nas montanhas.
Fossey temia que os Gorilas-da-Montanha pudessem estar extintos até o fim do século XX caso nenhuma medida fosse tomada, e acreditava que apenas métodos drásticos poderiam salvar a espécie, considerando inúteis quaisquer metas de preservação de longo prazo. Então, passou a peregrinar pela montanha a fim de destruir armadilhas dentro da floresta.
O próprio portal na internet do Fundo Fossey admite que seus métodos eram “pouco ortodoxos”. Dian chegou a mutilar o gado de criadores locais para se afastarem das montanhas; incendiou acampamentos de caçadores; e até mesmo invadiu e assaltou casas de nativos suspeitos de colaborar com o tráfico de gorilas. Além disso, criticava duramente as autoridades locais pelas falhas na proteção das reservas florestais onde viviam os animais, ganhando a antipatia destes.
Em dezembro de 1985 Dian Fossey foi encontrada morta em seu acampamento, aos 53 anos, atingida duas vezes na cabeça e no rosto com golpes de facão. Muitas foram as teorias sobre o assassinato de Dian Fossey e até hoje ninguém foi responsabilizado.
Seu corpo foi enterrado atrás Centro de Pesquisa Karisoke, ao lado do gorila Digit. O local dos túmulos é um ponto de peregrinação de naturalistas e fãs da ambientalista.


O Legado

As visões a respeito de Dian são controversas. Em 2002, o jornalista Tunku Varadarajan, em um artigo para o jornal The Wall Street Journal, definiu a primatóloga como “uma alcoólatra racista que via os ‘seus’ gorilas como melhores que os africanos que viviam perto deles".
Para Erika Archibald, no entanto, do Fundo Fossey, a pesquisadora americana merece o crédito por "fazer com que gente de todo o mundo se tornasse receptiva às necessidades desses animais".
Quando a luta de Dian Fossey começou, restavam menos de 250 Gorilas-das-Montanhas em Virunga, na fronteira da República Democrática do Congo (então Zaire) com Ruanda e Uganda. Hoje, a população de Gorilas-da-Montanha conta com 880 em todo o mundo, dos quais um quarto vive em Virunga.
Recentemente, o documentário “Virunga”, da Netflix, denunciou as ações da multinacional britânica Soco na exploração de petróleo no território das montanhas Virunga pertencentes ao Congo. Mesmo trinta anos após a morte de Fossey, a espécie ainda luta contra a extinção.
“Aqui é a casa dos Gorilas-das-Montanhas e homem nenhum tem o direito de invadi-la. Deixe-os viverem. Deixe-os viverem em paz.”
- Dian Fossey


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20
Dez16

Descubra a história antiga e costumes das tribos das montanhas da Tailândia

António Garrochinho


Tribos da montanha ou povos da montanha, são termos usados na Tailândia para todos os diversos povos indígenas que habitam as altas regiões montanhosas do norte e oeste da Tailândia, incluindo ambos os lados das fronteiras remotas entre o Norte da Tailândia, Laos e Birmânia. Essas áreas são conhecidas por suas densas florestas e terreno montanhoso em que as tribos são capazes de caçar e viver em relativo isolamento.
Aqui está uma explicação mais detalhada de três das principais tribos encontradas no norte da Tailândia.
O povo Akha
Os Akhas estão intimamente ligados com os Hani da província de Yunnan, na China. Os Akhas são uma das influências culturais dominantes na área. Existem cerca de dois a três milhões de Akhas e Akha-Hanis no total, 70 mil dos quais vivem na Tailândia. Os Akhas falam uma língua do ramo Lolo / Yi do grupo de língua Tibeto-Birmânico, mas não tem forma escrita. Akha é uma língua tribal na qual cada palavra termina com som de uma vogal. É completamente diferente do tailandês, chinês e outros idiomas asiáticos tradicionais.
Cantar é uma parte fundamental da vida Akha. Homens cantam quando saem da aldeia para caçar e o povo Akha canta quando estão sozinhos no campo para se sentirem confortados. Eles também têm muitos instrumentos musicais, incluindo flautas de cana, flautas, tambores, chifres de búfalo e batedores de bambu. 
Os Akhas são um grupo xamânico que compartilha o antigo arquétipo universal de que a Deusa gira um universo onde a natureza não se distingue da humanidade. Eles incorporam a essência de sua consciência em um continuum holístico onde não há dicotomia entre eles e o mundo natural. O Caminho Akha, um estilo de vida prescrito derivado de cânticos religiosos, combina o animismo, o culto aos antepassados, xamanismo e um relacionamento profundo com a terra. O Caminho Akha enfatiza rituais na vida cotidiana e salienta fortes laços familiares e do hino da criação; todos os homens Akha podem recontar de volta sua genealogia por mais de cinquenta gerações até o primeiro Akha.
O povo Karen
O Bwa G'Naw, conhecido por muitos como Karen são uma das maiores tribos do sudeste da Ásia. A população total do povo Karen é desconhecida, uma vez que eles estão espalhados por toda a Birmânia, Laos e Tailândia. A estimativa da população varia de 7.5 a 14 milhões de pessoas aproximadamente o equivalente à população de Portugal. Os 300.000 Karen na Tailândia constituem metade da população total das tribos das montanhas do país.
As línguas Karen são difíceis de categorizar como uma família linguística. Eles diferem de outros idiomas Tibeto-Birmânicos, mas eles não parecem coincidir com quaisquer outros tipos. Alguns linguistas agora se referem a eles como o grupo Karenico da família Tibeto-Birmânica. Elas são monossilábicas e utilizam até seis tons de sons para derivar o significado.
O povo Karen é conhecido por seu amor pela paz, tranquilidade e isolamento. Vivendo nas montanhas e florestas baixas, eles plantam de acordo com as estações do ano e as condições do solo da área. A comida que produzem e os animais que criam são para consumo pessoal, e não para venda.
Sua crença significa que eles tentam ganhar o favor dos espíritos que os cercam. Uma vez que eles acreditam em muitos tipos diferentes de espíritos ou "deuses", eles sempre têm que fazer sacrifícios a eles. Eles também tentam buscar conselho dessas forças sobrenaturais, antes de começar uma atividade importante, como uma jornada, uma viagem de caça, a compra de animais, ou fazer negócios.
Na Tailândia, a maior concentração de Karens vive na província de Chiang Mai. Os Karen se diferenciam de outras tribos por viverem em aldeias permanentes em altitudes mais baixas e têm desenvolvido campos de arroz ambientalmente sustentáveis. Estes fatores permitiram que os Karen se integrassem melhor na sociedade tailandesa e sofressem menos discriminação.
Os Hmong
Acredita-se que os Hmong foram os habitantes originais da Vale do Rio Amarelo, na China antiga. A expansão do povo chinês no norte do território Hmong causou um rompimento na cultura Hmong e obrigou-os a migrar para o sul para escapar da opressão e perseguição.
Da China, eles fizeram o seu caminho para os territórios das colônias européias que mais tarde ganharam independência e ficaram conhecidas como Laos, Vietnã e Myanmar. Hoje, as pessoas de Hmong na Tailândia criaram aldeias nas montanhas e terras baixas, em torno de Chiang Rai, Chiang Mai e em outros lugares no país. A vila de Hmong é composta de grupos distintos; cada uma com 7-8 casas em um círculo, com a casa tribal do líder do grupo localizada no centro. 
Existem três tribos Hmong, cada uma com sua própria língua. Nenhuma delas têm um alfabeto mas elas são perto o bastante para que eles consigam entender a fala um do outro. Memória e recitação têm sido a única forma para preservar e transmitir os contos Hmong sobre sua história e cultura através das gerações, mas saiba que eles são capazes de usar caracteres latinos para fazer documentos escritos de sua cultura. Entre as tribos das montanhas, os Hmong estão se tornando os mais integrados na sociedade tailandesa, bem como ficar entre os mais bem sucedidos.

E é o vestido tradicional do Hmong que inspirou nossos designers a fazer calças tailandesas.
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20
Dez16

A História do Tour de France (Parte 2)

António Garrochinho

Após a Segunda Guerra Mundial, além de avançar até os dias de hoje, com oportunas paradas para falar de Eddy Merckx e dos diversos escândalos de doping.

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A Segunda Guerra Mundial e o fim do L’Auto

Após herdar a responsabilidade de ser o editor do L’Auto e o organizador do Tour de France com a morte de Henri Desgrange, Jacques Goddot se recusou a organizar a competição durante a ocupação germânica da França. Embora expressa-se publicamente acreditar que os membros do governo fantoche que comandava o país sob ordens alemãs fazia seu melhor para evitar que a situação se complicasse, Goddot resistiu bravamente à pressão dos nazistas, que faziam tanta questão da realização da prova. Àquela altura, o Tour já estava tão interligado ao povo francês que a sua não realização ia contra a política de “normalização” dos países invadidos pregada pelos invasores.
Ainda assim, Goddot e o L’Auto foram vistos como apoiadores do regime invasor quando da libertação da França. A acusação era de que o editor e o jornal haviam continuado a trabalhar com uma relativa tranquilidade, sem perseguição, o que podia indicar um apoio oculto aos alemães. Por isso o novo governo tomou a decisão de expropriar o direito à realização da prova e fechar as portas do L’Auto
Goddot não se abalou, entretanto. Encontrou lugar num prédio cruzando a rua de onde antes de localizava o L’Auto e fundou o L’Equipe, um novo jornal esportivo. O governo resolveu abrir uma concorrência e pela oportunidade de organizar o Tour, e Goddot e seu novo jornal entraram na competição em um consórcio com o Le Parisien Libéré. Eles organizaram uma das duas provas que concorreram ao direito de ganhar o status de Tour de France, a La Course du Tour de France, competindo contra a Ronde de France, organizada pelos jornais Sports e Miroir Sprint. Goddot e seus aliados venceram pela experiência.
Assim, em 1947 o prêmio voltou a ser organizado pela mesma “linhagem” que o criara. Naquele ano o prêmio foi oportunamente vencido por um membro do time francês, Jean Robic.
Tour de France 1952 Alpe d'Huez
É importante ressaltar que Robic era de fato francês, uma vez que pelas dificuldades do pós-guerra diversas nações, como Holanda e Suíça tiveram de incluir competidores de outras nações para completar suas equipes. O próximo francês a vencer o Tour seria apenas Louison Bobet, em seu impressionante tricampeonato consecutivo de 1953 a 1955.
O Tour faz 50 anos

Em 1953, em comemoração aos cinquenta anos da primeira competição, o Tour introduziu uma nova competição interna: a Camisa Verde. A ideia era retornar os pontos, como uma segunda competição a ser disputada. Enquanto a competição principal leva em conta o tempo entre cada competidor, a camisa verde levaria em conta apenas a ordem de chegada. Portanto, não adiantaria a um interessado na camisa verde realizar uma “fuga”, se desgastando imensamente apenas por uma pequena diferença de pontos.
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O resultado foi que as provas passaram a ter como um possível final um “sprint” à beira da chegada, com os competidores explodindo em direção à vitória numa emocionante disputa. Isso só contribuiu para o aumento da popularidade da competição. Com os anos, as etapas planas passaram a valer mais pontos na competição e as montanhosas menos. Além disso, a camisa verde veio a absorver as funções da vermelha (que durou de 1984 a 1989), uma camisa premiada aos competidores que passassem por determinados pontos no meio do trajeto de cada prova antes dos demais. Assim, a competição da camisa verde hoje leva em conta tanto sprints no final das etapas como as metas-volantes no seu intermédio.
Os Dominadores

Os anos seguintes foram caracterizados por períodos de dominação preponderante por parte de um ciclista. Tudo começou com o tricampeonato do já citado Louison Bobet, mas isso viria a ser um simples brilho pálido perto do que outros fariam a seguir.
Primeiro, veio Jacques Anquetil. Esse francês era apenas um jovem de 23 anos em 1957, mas era tão temido por Bobet que esse não o queria na equipe francesa competindo pelo título. Entretanto, o veterano se viu mentalmente exausto ao final do Giro D’Itália daquele ano e não conseguiu impedir por meio de seu prestígio a inclusão do jovem na equipe. Anquetil venceu aquele ano, mas não as intrigas dentro da equipe francesa. Em 1959, foi acusado de jogar para que o espanhol vencesse a competição ao invés do compatriota Henry Anglade. Entre outras atitudes, isso criou uma situação complicada com os fãs do esporte, que passaram a vê-lo como um vilão.
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Em 1960, Anquetil preferiu se ausentar do Tour, voltando em 1961 para iniciar sua predominância absurda pelo próximos anos, vencendo todas as competições até 1964. Em 1963, um ano depois do retorno dos times comerciais, ele fingiu um problema mecânico no topo de uma montanha para que o diretor de sua equipe pudesse dar a ele uma bicicleta melhor para a descida.  O plano deu certo e Anquetil conseguiu superar Bahamontes na etapa, lhe roubando o primeiro lugar da classificação.
Demorou até 1969 para que surgisse outra máquina de vitória: Eddy Merckx, para alguns o melhor ciclista de todos os tempos. Merckx competiu no Tour de 1969 apesar dos pedidos de seu cardiologista para não fazê-lo, uma vez que o médico havia encontrado problemas no seu ritmo cardíaco. Eddy não o escutou, foi para a competição e não venceu apenas a classificação geral, como se tornou o primeiro e até hoje único ciclista a terminar a competição com a camisa amarela, a verde e a branca de bolinhas. Sua dominância foi tamanha que ele estabeleceu na disputa pela camisa amarela uma vantagem de mais de 17 minutos, um absurdo.
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Merckx estendeu seu reinado pelos próximos anos, até ser momentaneamente destronado pelo espanhol Lucas Oscaña em 1973 ao se ausentar do Tour daquele ano por interesses de seu patrocinador. Mas como quem é rei nunca (ou pelo menos dificilmente) perde a majestade, Eddy venceu novamente o Tour em 1974. Este último ano, aliás, foi o único em que ele venceu apenas a classificação geral, tendo vencido o prêmio de Rei da Montanha em 1969 e 1970 e a classificação por pontos em 1969, 1971 e 1972.
Após o belga Merckx, tivemos mais um francês dominante: Bernard Hinault, vencedor de 1978, 1979, 1981, 1982 e 1985. Se não superou o antecessor em dominação da competição, Hinault pode se gabar de sua competitividade, tendo sido também segunda colocado em 1984 e 1985. Se levarmos em conta que ele não pode completar o Tour de 1980 e se ausentou em 1983, nota-se que Bernard é o único competidor a jamais ter terminado em primeiro ou segundo lugar em todos os Tours que completou. Além disso, Hinault foi o primeiro destes multicampeões a ter o privilégio de encerrar o Tour na hoje tradicional etapa do Champs-Élysées, nas também hoje tradicionais voltas regadas a champagne. Embora em 1987 tenha havido uma disputa pelo título na etapa, desde então se estabeleceu um acordo de cavalheiros para que esta seja uma celebração para o vencedor da classificação geral, restando alguma competição apenas na disputa por pontos.
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E por fim, para fechar a lista dos grandes dominadores do Tour, de seus saudosos pentacampeões, temos Miguel Indurain, o espanhol que é o único vencedor de cinco competições seguidas da classificação geral (ao menos, o único que retém os títulos). Indurain, o único espanhol dentre estes campeões, é curiosamente o único deles a não ter vencido na carreira todas as três grandes voltas ciclísticas, faltando-lhe, justamente, a Vuelta a España. Conhecido pelo seu excelente desempenho nas provas de contrarrelógio, o espanhol mostrou àqueles que viriam posteriormente uma forma inteiramente segura de vencer o Tour: fazer uso dessas provas individuais para assumir o controle, e mantê-lo através do trabalho em equipe. Esta fórmula tem sido explorada à exaustão em tempos recentes.
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Com o último título de Indurain em 1995, se encerra uma era de glórias do Tour de France e começa uma era de inseguranças. Mas olhando para o passado e enxergando Anquetil, Merckx, Hinault e Indurain, os quatro homens que junto seguram um quinto de todos os títulos da competição, não há como não se apaixonar por essa prova.
A era das trevas? (Ou será do doping?)
Embora o Tour tenha convivido com constantes escândalos de doping, nada se assemelha o que se passou em 1998, conhecido como “O Tour da Vergonha”. Naquele ano Willy Voet, um assistente (soigneur) da equipe Festina, foi preso portanto EPO, hormônios de crescimento, testosterona e anfetamina. A polícia se mobilizou numa busca pelos hotéis das equipes, e encontrou mais produtos de melhoria de performance na posse da equipe TVM. Os corredores se organizaram numa greve, e a mediação da organização fez com que a polícia diminuísse as buscas. As provas continuaram, mas muitos ciclistas abandonaram a competição daquele ano.
O caso do Tour de 1998 foi uma cartada importante para a criação de uma agência internacional antidoping, ligada ao Comitê Olímpico Internacional, a WADA (World Anti-Doping Agency). Ainda assim, o doping era uma constante na competição, só que os ciclistas e suas equipes se mostravam cada vez mais difíceis de serem pegos.
Enquanto isso, um americano fazia uma recuperação assombrosa. Lance Armstrong já era considerado um grande ciclista quando mais jovem, até que em 1996 um câncer de testículo o tirou do circuito. Em 1998 ele voltou a competir e o primeiro título veio em 1999. Até 2005, ele fez o impensável: venceu sete edições seguidas, passou a ser considerado sem qualquer dúvida o melhor de todos os tempos e se aposentou no auge. Isso não durou muito. Vamos apenas citar que em 2006 dois dos grandes favoritos, Ian Ulrich e Ivan Basso, foram retirados da competição por suas equipes por acusações de doping e que Armstrong tentou um retorno entre 2009 e 2011, tendo sido o Tour de 2010 sua despedida da competição que o consagrou – e apesar da idade ele conseguiu começar bem a competição, antes que diversos problemas aquém da sua capacidade física o jogassem para baixo na competição.
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Tendo de conviver constantemente com acusações de doping por toda sua carreira, não foi de estranhar que outra surgisse contra Armstrong em 2010. A acusação dessa vez veio, porém, de uma fonte mais próxima: o ex-colega Floyd Landis, que vencera o Tour de 2006 apenas para ser desclassificado posteriormente por testar positivo para testosterona depois da 17ª etapa. Landis documentou publicamente todo o esquema da sua antiga equipe, a US Postal (posteriormente Discovery) para o doping. Uma investigação se iniciou e as conclusões foram de que Armstrong estava comprometido com o caso. Como resultado, seus títulos a partir de 1996 foram cassados e ele foi permanentemente banido do esporte.
Armstrong foi à televisão dar uma entrevista para a apresentadora Oprah Winfrey em que admitiu o uso de drogas para melhorar a performance. Desde então, diversos ciclistas vieram a público admitir o uso desse tipo de ajuda. A WADA e a União Ciclística Internacional (UCI) apertaram o cerco e, desde então, pouquíssimos casos de doping têm sido constatados. De uma forma ou de outra, Armstrong mudou o esporte permanentemente, pena que não como esperava.
Epílogo

Desde a aposentadoria de Armstrong, estabeleceu-se um domínio espanhol da prova, com vitória de Óscar Pereiro (herdando o título do “excomungado” Floyd Landis em 2006), Alberto Contador (2007 e 2009) e Carlos Sastre (2008). Então tivemos o luxemburguense Andy Schleck se sagrando campeão de 2010 retroativamente em 2012, após a descoberta de que Alberto Contador, o então campeão, havia estado dopado na ocasião. Em 2011, vimos o australiano Cadel Evans levar o título, seguido pelos britânicos Bradley Wiggins e Chris Froome.
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Em geral, a história do Tour nos ensina que após um longo domínio como foi o de Lance Armstrong vemos uma série de competidores se alternarem no pódio, até a ascensão de um grande dominador. Armstrong foi esse dominador, ainda que com auxílio de drogas – um reflexo de seu tempo.


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20
Dez16

A História do Tour de France (Parte 1)

António Garrochinho


Nesta primeira parte, acompanharemos a história do Tour desde sua concepção até a Segunda Guerra Mundial, quando a invasão alemã na França quase acabou com a competição para sempre.
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L’Auto

O começo dessa história não é tão bonito como poderia se imaginar. A raiz da questão está no Caso Dreyfus, uma questão política que dividiu a França no final do século XIX e começo do XX. Alfred Dreyfus era um soldado francês de ascendência judia preso em 1894 sob a acusação de traição ao passar segredos militares franceses para a embaixada alemã em Paris. Dreyfus foi condenado naquele ano.
O caso esquentou mesmo com revelações em 1896 de que outro oficial do exército poderia ser o verdadeiro responsável. A França então se dividiu entre aqueles que acreditavam na inocência de Alfred e aqueles que o acusavam, além de traição, de uma série de crimes através de documentos falsos. Entre os crentes em sua inocência se encontrava o editor do primeiro jornal esportivo da França, Pierre Giffard e o seu Le Vélo. Em resposta ao apoio de Giffard a Dreyfus, um dono de montadora chamado Jules-Albert de Dion se decidiu por criar um novo periódico esportivo para competir com o Le Vélo, um que tivesse a força para derrubar o jornal pioneiro como os então concorrentes não tinham. Ele chamou sua publicação de L’Auto.
O L’Auto começou sob a batuta de Henri Desgrange, um conhecido ciclista e dono de um velódromo de ciclismo em Paris. Mas o sucesso não foi repentino e, em 1902, o jornal fez uma reunião de crise para discutir o que fazer para evitar o fracasso definitivo. Dentre os presentes à reunião estava o jovem Géo Lefèvre, um jornalista que ocupava o cargo de chefe do setor de ciclismo e ex-trabalhador do Le Vélo. Ele deu como ideia que o jornal organizasse uma volta ciclística de seis dias ao redor da França. Voltas como essa eram comuns na época para propagandear jornais esportivos, mas Lefèvre propunha uma de extensão nunca antes vista. Desgrange, embora inicialmente descrente, aceitou a sugestão. E assim começaram as preparações para fazer o primeiro Tour de France em 1903.
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O Começo

O plano para o primeiro Tour de France era uma corrida em cinco etapas, saindo em Paris e parando em quatro cidades: Lyon, Marseille, Bourdeux e Nantes. A última etapa seria um retorno para Paris. Toulouse foi depois acrescentada ao circuito. As provas começariam durante a noite e se estenderiam até a tarde seguinte, com dias de descanso. Entretanto, isso se provou muito desgastante tanto física quanto financeiramente para a maioria dos ciclistas e apenas 15 se inscreveram. Desgrange então decidiu alterar levemente o formato, melhorar as premiações e oferecer uma ajuda de custo a todos os concorrentes que completassem em média 20 quilômetros em cada etapa. Com a premiação monstruosa oferecida, mais de 60 competidores, entre “profissionais” e pessoas comuns, participaram da primeira competição, onde Maurice Garin demonstrou uma grande dominância.
Diante da grande comoção causada pela primeira edição diante do público e dos competidores, Desgrange se mostrava decidido a fazer da edição seguinte, em 1904, a última. Esse medo se mostrou um tanto real diante de diversas trapaças por parte dos competidores e do fato do público chegar ao extremo de bater nos rivais de seus ciclistas favoritos durante as etapas. O campeão Garin chegou a ser desclassificado depois da conquista do bicampeonato e Desgrange anunciou que faria daquele o último Tour.
O medo de Desgrange, porém, não durou. Ele passou a planejar a competição do ano seguinte e se decidiu por onze etapas, todas acontecendo inteiramente durante o dia para tornar qualquer tipo de trapaça mais óbvia. Naquele ano, ao invés de usar o tempo de cada etapa para determinar o vencedor, a organização se decidiu por um sistema de pontos de forma a torna a competição mais simples. O favorito a vencer era René Pottier, um competidor famoso pela sua capacidade de escalada (ou seja, excelente nos momentos de montanha), mas ele saiu após a terceira etapa com uma tendinite. Outro grande favorito era Hyppolite Aucouturier, constante nos anos anteriores e que já havia vencido diversas etapas anteriormente. Ele, entretanto, terminou em segundo, perdendo para Louis Trousselier. Pottier retornaria no ano seguinte para ganhar a competição, essencialmente vencendo as etapas de montanha.
As duas etapas seguintes consagraram como campeão Lucien Petit-Breton, embora em 1907 ele só tenha superado Émile Georget pois este fez uma mudança ilegal de bicicletas que lhe custou uma punição que o jogou para o terceiro lugar. Em 1908, ele fez uso de seu conhecimento em mecânica para vencer, uma vez que os competidores tinham que realizar seus próprios reparos. Em 1909 o Tour viu seu primeiro vencedor estrangeiro: François Faber, de Luxemburgo.
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Os anos de ouro

Nos anos seguintes, o Tour passou por alterações que foram construindo o formato que foi copiado posteriormente pelas demais grandes competições do ciclismo. Em 1910, foi incluída a primeira etapa numa grande montanha, em Tourmalet, nos Pirineus. Desgrange novamente estava descrente da possibilidade, mas foi convencido por Alphonse Stèines após esse último fazer um reconhecimento da região. Stèines, convicto de que a etapa aumentaria a popularidade da competição, mentiu no telegrama ao responder a Desgrange que as estradas eram satisfatórias e sem problemas, uma vez que ele mesmo havia se perdido na montanha após ter problemas com seu carro. Além de Tourmalet, mais três montanhas foram incluídas, todas juntas na décima etapa: Aspin, Peyrosourde e Aubisque.
A partir de 1913, a competição voltou a ser calculada pelo tempo em cada etapa, valorizando o esforço a longo prazo. Esse formato se sustenta até hoje, dando o grande prêmio da competição até os tempos atuais. Naquele ano o Tour viu Philippe Thys vencer o primeiro de seus três títulos. Ele voltou a se sagrar campeão em 1914, e era um dos favoritos a vencer no ano seguinte, mas o início da Primeira Guerra Mundial colocou o Tour em hiato durante cinco anos.
montanha

O entreguerras

O Tour voltou em 1919 com o término da guerra. O ano é visto com o o de nascimento da tradição da camisa amarela, acreditando-se que Eugène Christophe foi o primeiro a envergá-la, na décima etapa. O ano foi vencido por Firmin Lambot. Philippe Thys participou daquele Tour em péssimas condições físicas, mas voltou a treinar forte e conquistou seu terceiro título no ano seguinte, se sagrando o primeiro tricampeão da competição.
O período viu uma grande dominância de estrangeiros até 1930, com o italiano Ottavio Bottechia vencendo em 1924 e 1925 e o luxemburguês Nicolas Frantz em 1927 e 1928. Um único francês venceu o Tour nessa época: Henri Pélissier em 1923. A ausência de franceses entre os campeões durante tanto tempo gerou em Desgrange um medo de uma queda de interesse na competição, mas o efeito foi o contrário: O Tour ganhou uma monumental importância para as outras nações e centenas de fãs vinham de outros países para acompanhar a prova. Logo o Tour já era considerada a principal competição do ciclismo europeu.
Nos anos 30, os franceses voltaram ao topo do pódio com André Leducq e ali permaneceram por cinco anos seguidos, para o alívio de Desgrange. Naquele ano, o editor chefe do L’Auto e organizador da competição fez uma grande mudança no formato, proibindo as equipes comerciais e organizando os competidores em times nacionais e regionais. A grande mudança foi motivada pelo trabalho do então tradicional time Alcyon para fazer Maurice de Waele, competidor que adoeceu no meio da competição e chegou ao ponto de não conseguir ingerir nada sólido, vencer a competição através de um grande esforço coletivo. Desgrange abominava a ideia de um ciclista vencer sua competição dessa forma, ainda mais ao constatar a incapacidade física em que de Waele se apresentava. As equipes comerciais só voltariam ao Tour na década de 60. Desgrange criou ainda neste ano a Caravana de Publicidade, em que empresas podiam assinar um contrato para seguir o Tour com caminhões e carros com seus logos, fazendo propaganda de seus produtos.
Em 1933, foi integrada à competição o título de Rei da Montanha, conhecido pela camisa branca de bolinhas. Desgrange resolveu introduzir o prêmio para consagrar Vicente Trueba, um ciclista que era sempre o primeiro a alcançar o topo das montanhas da competição mas que não conseguia se dar bem na classificação gerada.
trueba
Em 1934, foi introduzida uma etapa contrarrelógio, em que cada competidor corre por conta própria, saindo com espaço de tempo entre cada largada. A ideia era introduzir um formato de etapa que diferisse das corridas comuns e permitisse que os competidores mais individualistas melhorassem sua classificação.
O Tour seguiu com esse formato até 1940, ano de mudanças gigantescas. Desgrange morreu por problemas de saúde naquele ano e o segundo em comando à época, Jacques Goddet, assumiu o posto de organizador da prova.
Mas eis que a Segunda Guerra Mundial estourou e logo a ocupação alemã da França começou. Durante a ocupação, os chefes da propaganda nazista expressavam a vontade do retorno da competição, ao que se depararam com a recusa de Goddet. O organizador viu então uma perseguição dos alemães ao L’Auto, que foi fechado. Na sequência, Goddet conseguiu através da justiça o direito de iniciar um novo jornal, o L’Équipe, mas não podia organizar o Tour uma vez que o direito para tanto fora retido pelo governo. O Tour só voltaria em 1947 para se consagrar cada vez mais como principal competição mundial de ciclismo – e o restante dessa história você acompanha amanhã aqui no 

SportBucks.

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Dez16

Conheça a história do homem que salvou a raça Akita da extinção

António Garrochinho





A história do homem que salvou a raça Akita da extinção


No Japão, os akitas são chamados de ikken isshu, ou seja, cães de uma só pessoa, em razão da sua lealdade e devoção ao seu dono. Dizem que a raça foi trazida à Honshu, principal ilha no Japão, pelas primeiras tribos de caçadores nômades cerca de 2.000 anos atrás.

Viviam nas florestas primitivas e eram tidos como companheiros e cães de caça. Também participavam de competições nas aldeias ao norte do Japão e dizem que a classe guerreira samurai, se inspirava na lealdade, coragem e espírito de combate dos cães Akita.

Morie Sawataishi nas montanhas Kurikoma com Shiro 
Mas você sabia que a raça Akita esteve à beira da extinção durante a Segunda Guerra Mundial? Muitos cães foram abandonados à própria sorte, morrendo de frio ou fome; outros eram sacrificados para matar a fome da população e seu macio e farto pelo era usado na confecção de casacos para os soldados.
Para se ter uma ideia, até a rendição do Japão em 1945, havia apenas 16 Akitas no país. É aí que entra Morie Sawataishi, um homem que movido por sua paixão pela raça Akita, lutou com todas as forças para que a raça não desaparecesse no Japão. Porém, quando era criança, não gostava de cães.
Seu pai tinha um canil em Gojomai-machi, uma pequena aldeia ao lado do Lago Hachiro e apesar de conviver com os cães, Morie se sentia acuado pelos latidos e por sentir que os cães não gostavam de crianças. Porém, sua opinião mudou depois de conhecer um médico que morava na aldeia vizinha.
Casa de Morie e Kitako no Monte Kurikoma em 1975 
Esse médico protegia alguns Akitas para que não fossem sacrificados durante a guerra. Ele contou, que várias pessoas estavam desesperadas por dinheiro e estavam vendendo as peles dos cães para os militares. Além disso, a polícia vinha apreendendo os cães em algumas aldeias da região.
Se continuasse assim, os cães seriam extintos em breve. Morie, com 30 anos na época, se sentiu abalado após ouvir esse relato. Ele lembrou de Hachiko, famoso cão que durante a década de 20 esperou seu dono em frente à estação de Shibuya por quase uma década sem saber que esse havia morrido.
Quando Hachiko morreu, um funeral foi realizado na presença de um padre e de centenas de pessoas que choravam, comovidos com sua obediência e lealdade. Morie Sawataishi tinha 11 anos em 1927, quando viu no jornal que uma estátua de bronze em homenagem à Hachiko havia sido erguida em Tóquio.
Ele soube também que o governo japonês estava utilizando a história de Hachiko como propaganda para promover a lealdade ao imperador e isso o incomodava muito. Sem contar que logo depois a estátua foi derretida para que o metal pudesse ser usado na fabricação de armas de guerra.
Hachiko 
Depois da conversa com o médico, Morie teve uma ideia, enquanto caminhava para sua casa. Compraria os Akitas que encontrasse em seu caminho e tentaria protegê-los até que a guerra acabasse. Foi quando soube de uma Akita, neta de um premiado cão chamado Chiharu, que estava sendo vendida.
A intenção à princípio não era comprar, pois sabia que o preço poderia ser maior do que poderia pagar. Além disso, sua esposa, Kitako, poderia não gostar da ideia pois na situação difícil em que viviam por causa da guerra e ainda com dois filhos para sustentar, como poderiam alimentar um cão?
Mas quando Morie viu a pequena filhote de Akita, se encantou com seus olhos negros e doces. Seu pelo tinha manchas marrons, pretas e cinzas. Morie resolveu negociar o preço com o comerciante, reduzindo para 300 ienes. O salário de Morie na época era de apenas 50 ienes por mês.
Morie Sawataishi nas montanhas no norte de Honshu com um de seus akitas 
A caminho de casa, com a filhote escondida em uma cesta na parte de trás da carroça, Morie se achava um tolo, mas ao mesmo tempo estava se sentindo muito feliz. Mas o que ele diria à Kitako? Ele resolveu contar sobre o seu sentimento de proteger esse filhote até que as coisas melhorassem.
Como era de se esperar, Kitako não recebeu bem a notícia e ficou mais de uma semana sem falar com o marido por causa disso. Eles escondiam o cão em um pequeno galpão atrás da casa e Morie passeava com ela pela floresta todos os dias, no início da manhã e também antes de anoitecer.
Ela era uma cadela muito graciosa e não latia muito – parecia saber que estava escondida. Com o passar do tempo, Kitako acabou se afeiçoando à cachorrinha e ajudava a cuidar dela. Nos próximos anos, Kitako nomearia todos os cães de Morie, mas esta primeira não tinha nome. Era chamada simplesmente de “Inu”.
A guerra continuava e as coisas pioravam a cada dia. Tóquio foi bombardeada e os sogros de Morie se refugiaram em sua casa, em busca de comida e abrigo. Estavam em 17 pessoas vivendo sob o mesmo teto. Morie se orgulhava de conseguir proteger os cães mesmo com todas as dificuldades.
Ele começou a projetar um canil maior e mais confortável para ela. O novo canil parecia uma cabana de madeira. Havia uma área coberta na parte da frente e na parte de trás, além de um pátio ao ar livre onde a neta de Chiharu poderia tomar sol tranquila, sem o perigo de alguém perturbar seu descanso.
Morie e Kitako no dia do seu casamento em 1940 e Morie com Shiro  
Quando o Japão se rendeu no verão de 1945, havia apenas 16 akitas no país e Morie era dono de dois deles. No ano seguinte, com uma ninhada de akitas a caminho, Morie sediou a 1° exposição de cães do pós-guerra, uma reunião informal com aqueles que também haviam escondido cães durante a guerra.
A vontade de livrar a raça Akita da extinção foi fator decisivo na vida de Morie. Ele criou quatro filhos com Kitako e trabalhou para Mitsubishi nas usinas de energia até se aposentar aos 63 anos, mas nos momentos livres, Morie se dedicava totalmente aos seus cães, que a esta altura já eram muitos.
Com o passar do tempo, a pureza da raça akita começou a se estabilizar e Morie Sawataishi foi um dos grandes responsáveis para que isso acontecesse. Para Morie, a pureza da raça akita simbolizava o kisho, um espírito de luta, energia, lealdade, sagacidade, inteligência e coragem.
Muitas pessoas vinham à sua porta para comprar um de seus akitas, mas nada conseguiam. Por mais de 60 anos, Morie Sawataishi se recusou a vendê-los. Ao invés disso, Morie preferia doá-los, pois segundo ele nenhum dinheiro no mundo poderia pagar a devoção e o amor que sentia por estes animais.
Vivendo nas montanhas, Morie criava seus cães livremente e lá eles podiam correr pelas florestas durante horas, brincar na neve e caçar animais. Segundo Morie, os cães seguiam seus instintos, diferente dos cães de estimação de hoje em dia que são criados apenas para receber afeto e agradar seu dono.
Mamoru, filho de Morie Sawataishi e Samurai Tiger, campeão de 1968 
Ao longo de todo tempo, Morie cuidou e treinou mais de 100 akitas – muitos deles tornaram-se campeões em competições, além de excelentes caçadores. E segundo Morie, os cães que pareciam ser os mais problemáticos foram os mais leais e dedicados mais tarde e os que mais trouxeram-lhe alegria.
Princesa Vitória, uma de suas cadelas foi um exemplo. Foi deixada em sua porta, suja e ferida. Parecia ter o pelo marrom, mas depois de um banho, Morie se impressionou com sua pelagem branca. Depois de curada, Princesa Vitória, teve muitas ninhadas e tornou-se uma de suas melhores caçadoras.
Em 1970, Morie tinha experiência suficiente para saber quais eram os limites da resistência e coragem da raça Akita. Ele foi o treinador do Samurai Tiger, um akita preto e branco, campeão nacional em competições e o melhor caçador de sua prole. Infelizmente, o cão veio a falecer em 1979, após lutar com um urso.
Morie disse que existe apenas uma chance na vida de ter um cão como Samurai Tiger. “Ele me inspirou e recompensou todos os meus esforços nesses longos anos. Para mim, ele tinha tudo o que eu queria em um cão e tinha todas as qualidades que eu esperava ter em mim mesmo algum dia“.
E não importa quantos cães você tenha, quando você perde um, o sentimento da perda é sempre terrível“. Shiro, foi outro cão Akita que marcou a vida de Morie. Morreu com aos 15 anos, uma idade considerada avançada para um akita e sua morte fez Morie se perguntar se não era hora dele partir também.
Ele planejou um grande funeral para o seu grande campeão branco, com a presença de um sacerdote xintoísta e de dezenas de pessoas. Morie Sawataishi ainda tinha dois jovens akitas para ocupar seu coração, mas por causa da idade, já não tinha tanta energia e disposição para levá-los para caçar.
Morie Sawataishi caçando com seus cães em 1970 
Em junho de 2008, um forte terremoto acometeu o Japão e o epicentro foi em Kurikoma, não muito longe da casa da família Sawataishi. Morie e Kitako, assim como os cães, foram forçados a se mudarem para os subúrbios de Tóquio, onde morava sua filha Ryoko, professora universitária de medicina veterinária.
Para Morie, a mudança não foi nada fácil, pois estava acostumado a viver nas montanhas, perto da natureza e com espaço de sobra e agora teria que se adaptar a um centro urbano lotado de gente. Após o terremoto, a região onde morava foi declarada inabitável devido ao perigo de deslizamentos.
Talvez esse fato tenha contribuído para que a saúde de Morie fosse duramente afetada. Ele foi levado ao hospital por causa da pressão arterial elevada e outras complicações, mas teimosamente recusou remédios e tratamentos. Em 22 de Outubro de 2008, aos 92 anos, ele morreu com Kitako ao seu lado.
Morie e Kitako no Akita Dog Show, em Odate, em 2005 
Morie Sawataishi faleceu mas deixou sua marca na história dessa lendária raça, que por muito pouco não desapareceu do Japão. Morie protegeu-os na hora mais oportuna e ajudou a restaurar as características genéticas da raça original, ameaçada por causa de cruzamentos com outras raças.
Sua esposa Kitako vive agora na cidade de Oyama, perto de sua filha Ryoko Ando, ??professora universitária e diretora de um pequeno hospital veterinário. Seu filho, Mamoru Sawataishi mora atualmente em Nova Iorque (EUA).
A história de Morie Sawataishi ficou conhecida através da obra “Dog Man: An Uncommon Life on a Faraway Mountain” (Dog Man: Uma Vida Incomum em uma montanha Distante), publicado em 2008 pela escritora Martha Sherrill. Infelizmente, o livro ainda não tem uma versão lançada em português.
Realmente trata-se de uma história incrível sobre a obstinação de um homem em resgatar uma das raças caninas mais antigas e nobres do Japão. Graças à ele, a raça Akita hoje é valorizada não só no Japão como no mundo inteiro e por esta razão, um akita pode chegar a custar alguns milhões de ienes.

 Dog Man: An Uncommon Life
on a Faraway Mountain

Autores: Martha Sherrill
e Laural Merlington
Idioma: Inglês
Editora: Tantor Media
Ano de Edição: 2008
Informações Adicionais
www.japaoemfoco.com
20
Dez16

A história da Montanha-russa

António Garrochinho


Radicais e assustadoras: a história esquecida da Montanha-russa

Sim, como seria óbvio supor pelo nome, a "Montanha-russa" teve mesmo sua origem na Rússia, por volta dos anos 1400. Naquela época era feita em montanhas de verdade que formavam grandes rampas de neve.


Porém, a primeira montanha-russa realmente patenteada como tal, e que se parece bastante com as que temos hoje, surgiu em 1885, pelas mãos de La Marcus Adna Thompson.
Montanha russa antiga

Nos primórdios da história das montanhas-russas, as pessoas subiam até o alto para deslizar ladeira abaixo sentado sobre blocos de gelo cobertos de palha. Freio não existia: jogava-se areia para frear os "carrinhos" feitos de blocos de gelo! Depois vieram as versões que se pareciam mais com escorregadores, e também eram cobertas com neve pra imitar as montanhas.
Montanha Russa na Rússia

O próximo passo veio apenas séculos mais tarde, ao substituírem os blocos de gelo por trenós, que chegavam a velocidades bem maiores. Já por volta de 1784, ainda na Rússia, foi construído o primeiro trenzinho que já se parecia um pouco com as montanhas-russas que temos hoje.
Mauch Chunk Railroad
Em 1827, os Estados Unidos entrou na brincadeira e inaugurou a sua primeira montanha-russa, a Mauch Chunk Railroad, que na verdade foi feita nos trilhos de uma mina de carvão. O passeio durava mais de duas horas (!), e o freio podia ser acionado pelos passageiros. Como podemos imaginar os mais medrosos nunca deixavam a velocidade aumentar muito, e o carrinho geralmente ia muito devagar... Daí veio a ideia da "Montanha Encantada", do "Túnel do Amor" e do "Trem Fantasma", que acabaram se tornaram marcas registadas dos parques de diversões do mundo inteiro.
Montanha russa looping antigo

Só em 1846, o looping (aquele trecho que os passageiros ficam de cabeça para baixo) foi inventado pelos franceses. Mas ainda levaria muitas décadas, até 1959, quando surgiu nos Estados Unidos, o modelo em tubos de aço. Aí sim a brincadeira ficou bem mais assustadora.
Montanha-russa moderna

Depois disso a coisa descambou de vez e as Montanhas-russas se espalharam pelo mundo, ficando cada vez mais radicais até chegarem ao que conhecemos hoje!

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20
Dez16

COMO É TRABALHAR NA PECUÁRIA DE RENAS NO ÁRTICO NA RÚSSIA

António Garrochinho
Quando a maioria das pessoas pensa em renas, elas pensam nas criaturas voadoras, mágicas, ocasionalmente de nariz vermelho que puxam o trenó mítico do Papai Noel. Mas nas ricas regiões árticas da Rússia, as renas são uma parte muito real do dia-a-dia e são uma das principais fontes de sustento da população. Na impossibilidade de adaptação do gado bovino na região, durante séculos, os russos vêm ganhando a vida criando esses animais como fonte de alimento.

Como é trabalhar em uma fazenda de renas da vida real na Rússia do Ártico, onde as temperaturas atingem -40 graus
O fotógrafo Sergei Karpukhin viajou para o Distrito Autônomo de Nenets do país para ver mais perto como é a vida desses pastores extremos. Aqui mostramos como é trabalhar em um dos lugares mais bonitos, remotos e doidamente frio do mundo.
Um pastor e suas renas param para descansar.
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Via: Sergei Karpukhin
O Distrito Autônomo de Nenets da Rússia é o lar de não muitos seres humanos.
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Via: Sergei Karpukhin
Mas a população de renas é outra história.
Como é trabalhar em uma fazenda de renas da vida real na Rússia do Ártico, onde as temperaturas atingem -40 graus 03
Via: Sergei Karpukhin
Pastores dizem que a região é o lar de cerca de 15.000 a 17.000 renas.
Como é trabalhar em uma fazenda de renas da vida real na Rússia do Ártico, onde as temperaturas atingem -40 graus 04
Via: Sergei Karpukhin
O trabalho não é fácil considerando as condições climáticas.
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Aqui, as temperaturas caem tão baixo quanto -40 graus Celsius.
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Via: Sergei Karpukhin
Mas as renas são adaptadas ao frio extremo.
Como é trabalhar em uma fazenda de renas da vida real na Rússia do Ártico, onde as temperaturas atingem -40 graus 07
Via: Sergei Karpukhin
Elas têm pelagens muito mais espessas do que cervos normais, e seus cascos largos ajudam a andar na neve e no gelo sem escorregar ou quebrar.
Como é trabalhar em uma fazenda de renas da vida real na Rússia do Ártico, onde as temperaturas atingem -40 graus 08
Via: Sergei Karpukhin
Além disso elas são a única espécie de cervo em que tanto machos quanto as fêmeas têm chifres.
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Via: Sergei Karpukhin
Eles também logo se acostumam a ser pastoreadas por humanos: as renas foram domesticadas há cerca de 2.000 anos.
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De fato, algumas fontes dizem que poderiam ter sido o primeiro animal domesticado da humanidade.
Como é trabalhar em uma fazenda de renas da vida real na Rússia do Ártico, onde as temperaturas atingem -40 graus 11
Via: Sergei Karpukhin
Em outras partes do mundo, os pastores de renas ganham dinheiro alugando os animais para os eventos de Natal durante a temporada de férias.
Como é trabalhar em uma fazenda de renas da vida real na Rússia do Ártico, onde as temperaturas atingem -40 graus 12
Via: Sergei Karpukhin
Mas aqui, os pastores usam a rena para transporte e como fonte alimentícia. Os animais ajudam os seres humanos a sobreviver em alguns dos lugares mais inóspitos do mundo.
Como é trabalhar em uma fazenda de renas da vida real na Rússia do Ártico, onde as temperaturas atingem -40 graus 13
Via: Sergei Karpukhin
Aqui está um acampamento pertencente a alguns dos pastores da área.
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Via: Sergei Karpukhin
Dentro das barracas, eles conseguem se mater aquecidos e cozinham suas refeições.
Como é trabalhar em uma fazenda de renas da vida real na Rússia do Ártico, onde as temperaturas atingem -40 graus 15
E lá fora, eles estão expostos à beleza remota do ártico.
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Pastores de renas em todo o mundo estão enfrentando desafios: mudanças climáticas, caça furtiva, economias pobres e predadores ameaçam os pastores e os animais.
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Mas entre o Nenets, o número de renas aumentou exponencialmente nos últimos 10 anos.
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É um sinal de que os pastores e sua cultura ainda estão prosperando.
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20
Dez16

Los falsos 'niños de Alepo': Detienen en Egipto a un fotógrafo por hacer montajes

António Garrochinho



El detenido admitió que iba a publicar tales fotografías en redes sociales como "imágenes de Alepo".

La policía egipcia detuvo este lunes a un hombre por hacer fotos de supuestos 'niños heridos', las cuales planeaba utilizar en redes sociales para reportar falsamente imágenes de destrucción y heridos en Alepo, Siria.

La sesión fotográfica se produjo en las ruinas de un edificio demolido en la provincia egipcia de Puerto Saíd, en donde una menor de edad que se encontraba de pie en un vestido blanco cubierto de 'sangre' llamó inmediatamente la atención de un oficial de policía que pasaba por el lugar.

Luego se determinó que la sangre sobre la niña, que también sujetaba un oso de peluche y tenía un vendaje falso, resultó ser pintura.

Según se reporta, el fotógrafo admitió que iba a publicar tales fotografías en redes sociales como imágenes de Alepo.

"El equipo de filmación, que incluía a los asistentes del fotógrafo y los padres de los niños, fue detenido", según comunicó este lunes el Ministerio de Interior egipcio en su página oficial de Facebook.

Según trascendió, el fotógrafo permanece detenido mientras se llevan a cabo las investigaciones correspondientes. El resto de participantes adultos fue puesto en libertad bajo fianza.


Actualidad RT
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20
Dez16

Suspeito de "atentado terrorista" em Berlim nega acusações

António Garrochinho




O suspeito nascido a 1 de janeiro de 1993, revela o "Die Welt", terá sido detido a cerca de dois quilómetros do local do ataque, depois de ter sido perseguido por uma testemunha. O homem entrou na Alemanha como requerente de asilo, em fevereiro deste ano, revela ainda o jornal alemão.
No entanto, o suspeito negou qualquer ligação ao ataque, revelou o ministro alemão do Interior, numa conferência de imprensa esta manhã, onde confirmou que o detido é originário do Paquistão e que chegou à Alemanha a 31 de dezembro de 2015. Instalou-se em Paris em fevereiro.

Camião roubado

Segundo as primeiras investigações policiais, Naved terá roubado o camião a um condutor polacoque será a vítima mortal encontrada dentro do veículo após o ataque. O homem terá sido morto a tiro pelo autor do atentado.

Um primo do condutor polaco do camião afirma que este estaria a transportar vigas metálicas a partir de Itália e que teria de fazer uma pausa na viagem em Berlim, mas que não teve notícias dele desde segunda-feira de manhã.
Durante a noite, revela a BBC, as forças especiais alemãs terão invadido instalações no aeroporto de Tempelhof, onde o suspeito terá vivido enquanto refugiado. 

Não foram feitas detenções nesta operação.
Ministro do Interior alemão classifica ataque como "atentado"

O ministro do Interior (Administração Interna) alemão classificou como "atentado" o ataque de segunda-feira contra um mercado de Natal em Berlim.
"Pouco importa o que vamos ficar a saber sobre as motivações e o móbil do atacante, não devemos deixar que sequestrem o nosso modo de vida, baseado na liberdade", declarou Thomas de Maizière em comunicado, acrescentando que "os mercados de Natal e as concentrações de pessoas devem continuar (...) com medidas de segurança adequadas".


www.jn.pt
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Dez16

CDS recusa apoio do PSD em Lisboa deixando cair Moreira

António Garrochinho


Ângelo Correia (PSD) diz que a margem de manobra para Passos não apoiar Assunção Cristas é "limitada". A líder centrista não negoceia Lisboa por troca com o Porto


O apoio do CDS à recandidatura ao Porto do independente Rui Moreira está dado e oficializado. E não vale a pena ninguém no PSD pensar que pode convencer os centristas a dar o dito por não dito em troca do apoio do PSD à candidatura da líder do CDS, Assunção Cristas, à Câmara Municipal de Lisboa.

"O assunto do Porto está decidido e está anunciado desde março, quando no congresso do partido anunciei o apoio a Rui Moreira", disse ontem ao DN a presidente do CDS, Assunção Cristas.

No domingo, na SIC, Luís Marques Mendes disse que o PSD só apoiará a candidatura de Assunção Cristas a Lisboa se o CDS desistir de apoiar Rui Moreira no Porto. Mas também acrescentou logo que muito dificilmente o CDS aceitaria este negócio.

Ontem, falando com jornalistas após uma visita ao centro paroquial de São Vicente de Paulo, no bairro da Serafina, em Lisboa, a líder centrista reiterou a disponibilidade do CDS para conversar com o PSD sobre um apoio dos sociais-democratas à sua candidatura autárquica. "O CDS tem o seu caminho definido há muito tempo, disse desde a primeira hora que não dependia de ter ou não ter o apoio do PSD, também disse desde a primeira hora que se o PSD entender que aqui há um projeto mobilizador, ganhador para a cidade, e quiser trabalhar em conjunto, certamente que nós estamos disponíveis", disse a líder centrista. "Temos bons contactos, bons diálogos sempre com o PSD em relação a muitas partes do país. Quanto a questões específicas de Lisboa, o tempo dirá como é que as coisas correm. Da nossa parte, estamos com tranquilidade a fazer o nosso trabalho", acrescentou.

Em declarações ao DN, o "senador" laranja Ângelo Correia - que empregou Passos Coelho antes de este se tornar líder do PSD - admitiu que o seu partido já não tem muitas alternativas senão apoiar a candidatura de Cristas a Lisboa: "Não sei se o PSD tem muitas alternativas aceitáveis. Exibiu durante demasiado tempo a dificuldade de ter ausência de candidatos."

Segundo acrescentou, "o tempo não tem jogado a favor das opções que o PSD tenha" e "começa a escassear" pelo que "o grau de manobra é limitado". "Há questões em que é tão importante a substância quanto o tempo. Já é tarde." E assim o PSD "tem uma margem de manobra muito limitada", ou seja, "está quase reconduzido a alimentar o exército de eleitores de Assunção Cristas". Passos Coelho, ele próprio, não é, para Ângelo Correia, hipótese como candidato a Lisboa ("era uma jogada de demasiado risco, o que teria a ganhar era muito mas o que tem a perder é muito mais") e a única hipótese para o PSD ter uma solução autónoma em Lisboa é "ter um bom candidato". Mas aqui também há um problema: "Onde é que ele está?"

Quanto ao Porto, Ângelo Correia também não vê como pode o CDS agora recuar e deixar de apoiar a recandidatura do presidente independente da câmara, Rui Moreira. Este "já tem o apoio formal do CDS e do PS e até de personalidades do PSD, o bloco social que cimenta a sua força é demasiado recente, existe e tem sido consolidado" e assim "destruí-lo é uma situação tática de grande dificuldade".

O precedente Abecasis...

A confirmar-se o apoio do PSD a Cristas não seria a primeira vez que um candidato do CDS em Lisboa lideraria uma aliança com os sociais-democratas. Aconteceu em 1979, sendo a lista encabeçada pelo centrista Krus Abecasis (que aliás venceu). Só que nessa altura o CDS era maior do que o PSD no poder autárquico em Lisboa. Nas primeiras autárquicas da democracia, em 1976, o PS venceu em Lisboa com 35,5%, e o CDS ficou em segundo lugar, com 18,9%. O PSD foi a quarta força (15,2%), atrás da FEPU (coligação antecedente da atual CDU), que obteve 16,2%. Foi partindo desta base eleitoral, com o CDS maior do que o PSD, que os dois partidos se entenderam em torno da candidatura liderada por Krus Abecasis.

... e o da coligação PS+PCP

A haver um precedente que possa justificar o apoio de uma força maior a uma candidatura encabeçada por alguém de uma força mais pequena ele pode, na verdade, radicar-se à esquerda, na candidatura (vencedora) à CML protagonizada em 1989 pelo então líder do PS Jorge Sampaio em coligação com o PCP, o MDP e o PEV.
Sampaio foi o candidato a presidente mas na verdade nessa altura o PS era mais pequeno autarquicamente em Lisboa do que o PCP. Nas autárquicas anteriores, em 1985, a coligação liderada pelos comunistas (APU) ficara, com 27,5%, em segundo lugar, atrás do PSD, e quase dez pontos percentuais à frente da candidatura do PS (17,9%). O facto de o PS ter apresentado o seu próprio líder levou o PCP a aceitar uma posição secundária (encabeçou a lista à Assembleia Municipal).



www.dn.pt
20
Dez16

Preços dos transportes públicos vão subir 1,5% em 2017

António Garrochinho



O secretário de Estado Adjunto e do Ambiente ao Negócios admitiu que haverá um aumento de 1,5% nos transportes para 2017, mas realça que as famílias irão pagar menos através de deduções fiscais.



As famílias vão poder deduzir à coleta do IRS um montante equivalente a 100% do IVA suportado na aquisição de passes mensais, que é de 6%

Os preços dos transportes públicos vão ter uma atualização de 1,5% em 2017, disse o secretário de Estado Adjunto e do Ambiente ao Negócios, assegurando porém que “as famílias portuguesas vão pagar menos” através de deduções fiscais. José Mendes garantiu que o Governo avançará com um conjunto de medidas que “esmagam” o aumento.

As famílias vão poder deduzir à coleta do IRS um montante equivalente a 100% do IVA suportado na aquisição de passes mensais, que é de 6%, avança.

Ao Jornal de Negócios, o secretário de Estado dá o exemplo de uma família com três elementos que tenham o passe Navegante, que custa 35 euros mensais, que passarão a poder ter uma dedução anual à coleta do IRS de 75 euros, sem que haja necessidade de sujeição a condição de recursos.

Os estudantes universitários até aos 23 anos vão, a partir de do ano letivo 2017/2018, poder aceder a um desconto de 25% do valor do passe mensal. A título de exemplo, José Mendes disse que, num ano, esse estudante universitário vai ter um desconto de 105 euros, justificando esse desconto com a intenção de tentar “trazê-los para o sistema de transporte público”.

“Para uma família com três elementos, a atualização tarifária dos passes Navegante resulta num aumento de apenas 18,9 euros, quando ao mesmo tempo a dedução à coleta vai significar um benefício de 75 euros. E se for um aluno universitário acrescem mais cerca de 100 euros”, explica.

José Mendes defendeu a necessidade de “olhar para estas medidas no conjunto”, sublinhando que o governo “não pensou apenas num aumento da tarifa de 1,5% sem pensar noutras medidas para tornar mais acessível o transporte público”.

Em 2015 e 2016 não houve aumentos dos transportes públicos.

Este ano, o aumento de 1,5% – a previsão para a inflação – “corresponde a um acompanhar do aumento dos custos de produção”, refere ainda o secretário de Estado ao Negócios.

O Negócios avança ainda que o Governo pretende que o processo de atualização tarifária nos transportes públicos passe a ser feito “com base num mecanismo automático ou semiautomático”.

José Mendes adiantou ao jornal que o governo já tem “estudos avançados” nesse sentido, argumentando que esse processo “criaria transparência e retiraria a arbitrariedade do Estado na decisão de atualização das tarifas”.



observador.pt
20
Dez16

Governo obriga hospitais a comprar plasma ao Instituto do Sangue

António Garrochinho


O Ministério da Saúde tem a intenção de regulamentar, por despacho, o negócio do plasma. Medida surge como consequência às detenções da Polícia Judiciária na semana passada


Em breve, para adquirir plasmas e derivados do sangue, os hospitais públicos vão ser obrigados a recorrer ao Instituto Português de Sangue e Transplantação (IPST), avança o “Público” esta terça-feira. O Ministério da Saúde tem a intenção de regulamentar, por despacho, o negócio, que em Portugal ainda é dominado pela multinacional Octapharma, que neste momento está a ser investigada no âmbito da operação “O negativo”.
O Governo vai criar ainda esta semana uma comissão de acompanhamento, que terá representantes do IPST e de associações de doentes e de dadores, apurou o matutino. Porém, vai ser necessário um período de transição para que o IPST seja dotado de condições para fazer o tratamento de todo o plasma dos dadores portugueses.
Esta medida surge como consequência às detenções da Polícia Judiciária na semana passada. Luís Cunha Ribeiro, ex-presidente do INEM e ex-responsável da Administração Regional de Saúde e Vale do Tejo, foi detido, juntamente com mais três arguidos, por suspeitas de corrupção.
Cunha Ribeiro terá recebido de Paulo Lalanda de Castro, ex-administrador da Octapharma, dois apartamentos, em troca do seu voto na atribuição da distribuição do plasma para os hospitais públicos à empresa que dirigia; o ex-presidente do INEM é também suspeito de ter beneficiado algumas empresas de equipamentos informáticos.
Segundo números do “Público”, o negócio do plasma e derivados do sangue é muito rentável: só entre 2009 e setembro deste ano, a Octapharma ganhou mais de 250 milhões de euros com a venda a hospitais públicos, de acordo com os dados do Infarmed.


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António Garrochinho

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