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POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

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21
Dez16

Com pétalas e folhas caídas no chão, artista cria linda e efémera arte

António Garrochinho

A artista Flora Forager coleta sua matéria-prima em bosques e prados em sua vizinhança

Obra de arte
Conhecida como Flora Forager, a artista estadunidense Bridget Beth Collins produz um tipo de arte que é tão bonito quanto efêmero. Ela utiliza como matéria-prima materiais orgânicos, como pétalas de flores, folhas, pequenos frutos e musgo, entre outros, para criar figuras de animais, em uma espécie de "quebra-cabeça natural".
"Eu coleto quase tudo para as minhas criações a partir de folhagens e folhas que caem em calçadas, bosques e prados na minha vizinhança", diz a autora em seu site oficial.
Na seleção das obras abaixo, é possível ver como Collins é habilidosa em "dar vida" a animais a partir de material orgânico. Após montar as obras, a artista tira fotos em alta resolução e as vende via internet.

Obra de arte
Obra de arte
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Obra de arte
Obra de arte
Obra de arte
www.ecycle.com.br

21
Dez16

"Estado não deve pagar regabofe de banqueiros", diz Jerónimo

António Garrochinho


O líder comunista declarou hoje que "o Estado não deve, de forma generalizada, pagar os erros e o regabofe por parte da banca e dos banqueiros", comentando o acordo anunciado para compensar os lesados do BES/GES.


"Em síntese, a nossa posição é a de que dinheiros públicos não deveriam ser enviados para resolver o problema. Se for encarada essa proposta, que vise apenas resolver os problemas dos pequenos investidores que viram o trabalho de uma vida ser perdido", defendeu Jerónimo de Sousa, em declarações à Lusa, após um encontro com dirigentes da CGTP, em Lisboa 

De acordo com fontes envolvidas nas negociações, os clientes lesados que aceitem a solução têm garantido que receberão 75% do valor investido, num máximo de 250 mil euros, nas aplicações até 500 mil euros, e 50% para as aplicações acima dos 500 mil, valor que será pago até 2019.
"Os lesados disponibilizaram-se a abdicar de grande parte do que reclamam (199 milhões de euros). Os créditos ascendem a 485 milhões de euros [incluindo juros] e estão dispostos a receber 286 milhões de euros", afirmou na segunda-feira o advogado e amigo do primeiro-ministro, Diogo Lacerda Machado, que mediou as negociações entre Associação de Indignados e Enganados do Papel Comercial, Banco de Portugal, CMVM e 'banco mau' BES.

www.noticiasaominuto.com
21
Dez16

Obras de pavimentação e melhoramento de caminhos decorrem em Santa Bárbara de Nexe

António Garrochinho




A Travessa do Albardeiro, no sítio da Igreja, e os caminhos rurais da Casinha e Silveira, no sítio da Aldeia estão a ser pavimentados, ao passo que os caminhos rurais do Cavalinho e Cristianos, no sítio da Falfosa, e da Remexida, no sítio da Aldeia, em Santa Bárbara de Nexe, estão a ser alvo de melhoramentos.
Esta empreitada tem o custo de 35 mil euros e está a ser levada a cabo pela Junta de Freguesia de Santa Bárbara de Nexe.
Sérgio Martins, presidente da junta de freguesia local, considera que o investimento «é mais um passo na melhoria das acessibilidades na freguesia».
«Entre 2014 e 2016, além destes que estão a ser agora pavimentados, já pavimentámos os caminhos: Cruzes (Canal / Igreja), Ladeira (Ladeira), Encosta (Canal), sem nome (Poço Mouro), sem nome (Charneca), Eira da Tenda (Bordeira), Panasqueira (Bordeira) e Ribeiro das Netas (Bordeira)», conclui Sérgio Martins.


www.sulinformacao.pt
21
Dez16

A impressionante arte em pontilhismo e realismo do artista brasileiro Will Barcellos.

António Garrochinho

De ponto em ponto, Will Barcellos espalha sua arte pelo mundo. Confira entrevista com o artista brasileiro!
Existem por aí grandes sábios afirmando que não há necessidade em descobrir qual o dom de cada um, ou com que propósito se veio ao mundo, ou mesmo, quais talentos as pessoas guardam adormecidos dentro de si mesmas. Tudo pode ser aprendido e, com muita técnica e prática, belezas fascinantes podem ser criadas, chegando a um nível de perplexidade semelhante a de um fabuloso artista famoso.
No entanto, há pessoas que carregam uma voz autoral muito forte e expressam isso desde cedo, crianças que deixam rastros de um dom singular logo no início de suas vidas. Umas são estimuladas a desenvolverem suas particularidades, outras, precisam encarar a vida de outra forma, sobrevivendo em outros ares que não os do coração. Ainda há os que acreditam que tudo o que pertence a nós chegará um dia, independente das reviravoltas, no tempo certo e da maneira perfeita.
Will Barcellos, artista carioca de 40 anos, trilhou esses caminhos até conseguir colocar para fora toda a arte, inspiração e beleza que pulsavam dentro de sua alma: “Acho que o universo me deu esse dom para trazer um pouco mais de alegria e beleza à vida, e me sinto sempre muito honrado por ter essa missão. Meus familiares e amigos valorizam muito o meu trabalho e isso me deixa radiante de felicidade”, afirma Barcellos. Apaixonado pelo pontilhismo, ele circula entre luzes e sombraspontos e aquarelas, geometrias e formas humanas.


Nascido no subúrbio do Rio de Janeiro, onde vive atualmente, Barcellos vem de uma família muito simples, e cresceu sem ter contato algum com a arte. Desde criança, instintivamente, rabiscava praticamente tudo o que via pela frente, criava brinquedos com colagens feitas de papel e fazia decorações com desenhos. Somente aos 15 anos, quando conheceu um amigo de sua tia, um professor de arte, ele se aventurou na SBBA do Rio de Janeiro (Sociedade Brasileira de Belas Artes) ao ganhar uma bolsa de estudos.

Lá, ele conheceu e se identificou com diversas técnicas de desenho a carvão, lápis e bico de pena (trabalhos executados a nanquim). Durante todo o tempo em que Barcellos se descobriu diante de um universo artístico encantador, repleto de técnicas variadas, o artista teve a oportunidade de vivenciar momentos deliciosos e observar trabalhos e exposições que ocorriam na SBBA. Em um desses momentos, seus olhos brilharam e o coração bateu mais forte. Foi quando ele finalmente se deparou com uma obra produzida através do pontilhismo.
Barcellos contou, de maneira descontraída e gentil, um pouco sobre sua história nesta entrevista exclusiva para o FTC. Confira!


FTC: Com suas palavras, fale um pouco sobre você e como chegou até o pontilhismo.
Barcellos: Quando cheguei diante de um quadro que estava em exposição e percebi que aquela imagem linda, de uma mulher nua deitada numa pedra, havia sido feita com pequenos pontos, não acreditei. Achei algo humanamente impossível de ser executado, e passei semanas indo olhar o mesmo quadro. Na época não percebi, mas aquelas foram minhas primeiras trocas de olhares com minha paixão, o pontilhismo.
Alguns anos depois tive que cair no mercado de trabalho. Era uma época em que não se tinha a visibilidade de hoje através da internet, e acabei criando uma carreira em um ramo que não tem nada a ver com a arte. Com o tempo, fui ficando cada vez mais distante. Em 2013 comprei meu apartamento e decidi fazer meus próprios quadros para decorá-lo, e então um gigante acordou dentro de mim. Entrei numa catarse louca e desde então não passo mais um dia sem pintar.

VÍDEO

FTC: Há quanto tempo cria seus trabalhos e quais materiais utiliza?
Barcellos: Voltei com tudo pra arte em 2013. Fiquei 15 anos sem produzir, foi meu ócio criativo, e agora vivo a minha catarse. Utilizo papeis resistentes já que a maior parte do meu trabalho é muito encharcado, para pintar eu vou de aguadas variadas, café, nanquim… qualquer líquido que tenha cor e dê vontade de jogar no papel (risos).
Comecei postando para os amigos, fui convidado para um concurso internacional que acabei ganhando, fiz exposições e agora fui convidado pra dois centro culturais na Alemanha.


“O pontilhismo me faz passar para as pessoas o mesmo que vivi diante daquele quadro, gosto de assustá-las com quadros grandes feitos com essa técnica, gosto de surpreender e gosto de me arriscar, fazer trabalhos com combinações das técnicas, juntar a aquarela, as aguadas de nanquim e o pontilhismo numa mesma obra. Também gosto de brincar com o realismo, surrealismo e algumas combinações geométricas e psicodélicas. De fluir entre delicadeza, agressividade e realidade de movimentos e expressões quando pinto meus modelos, quase sempre em perspectivas fortes.”
Esses modelos em sua maioria são amigos e familiares, e quando pinto um deles é incrível como a minha alma se fixa a deles, sempre fico mais apaixonado por quem estou pintando, é uma energia louca. Pintei 4 dos meus 5 sobrinhos e todos viraram obras extremamente encantadoras. A arte me aproxima dessas pessoas, me faz mais humano, mais presente na vida dos meus.
FTC: Qual a influência das cores nos seus trabalhos?

Barcellos: Pergunta difícil. Eu definitivamente não fui o cara das cores até hoje, mas como a obra de um artista se transforma o tempo todo, hoje me vejo mais feliz em utilizar cores. Nos últimos trabalhos tenho brincado mais com isso, deixo a tinta colorida escorrer, se fundir, e depois como um servo obediente, desenho nas áreas delimitadas pela tinta, ela manda.




FTC: Está desenvolvendo algum projeto específico atualmente?
Barcellos: Estou sempre criando material pra uma exposição, mesmo antes de ela existir, portanto tenho vários projetos futuros. Ainda não expus no meu estado (RJ). Até agora só fiz exposições em outros estados e outro país. Com isso meus amigos e familiares estão quase sempre de fora, isso me entristece um pouco, mas sei que já já rola uma por aqui.



FTC: O que é arte para você, e como definiria a sua arte? 
Barcellos: Existe uma frase que eu amo do Ferreira Gullar: “A arte existe porque a vida não basta”. Para mim é bem assim, não existe um dia feliz ou uma época interessante se eu não estiver pintando uma determinada obra. A arte faz parte da minha rotina, tornou-se involuntária e não tenho nenhum controle. Se eu tiver um evento ou festinha e bater uma inspiração forte, eu simplesmente não vou, porque não consigo controlar minhas mãos, é sentar e produzir.
Por isso defino minha arte sempre como um assombro, eu não faço uso dela, ela que me usa como instrumento de criação. Não consigo trabalhar com uma pré definição dos meus trabalhos, eles mudam e se transformam durante a execução.

FTC: Com o que você se inspira? 
Barcellos: Qualquer coisa, qualquer lugar, qualquer pessoa me inspira. Corpos, gestos, música, uma planta… eu posso estar conversando com você e olhar paras suas mãos repousadas sobre seu colo e ver aquilo emoldurado, me vejo desenhando a curva da sua unha, a sombra de um dedo sobre o outro, a perspectiva da ponta do dedo até o punho, são viagens loucas de um universo paralelo em que vivo, faço umas 60 viagens inspiratórias dessas por dia.


FTC: 6 coisas que não consegue viver sem.
-“Os meus” (amigos, família, conhecidos – gosto de me relacionar com as pessoas);
-Arte: não consigo respirar sem ela, seja a minha, seja a dos meus ídolos ou da galera que acabo conhecendo a cada dia, adoro pesquisar os trabalhos de outros artistas;
-Música: não faço nada sem música;
-Isolamento: embora eu ame estar rodeado de pessoas, preciso do meu canto, do meu momento de solidão, fico muito bem sozinho, a solidão me inspira;
-Internet;
-Açúcar.












followthecolours.com.br

21
Dez16

A NATUREZA ABSOLUTA NAS ESCULTURAS DE Alberto Giacometti

António Garrochinho

"Alberto não se preocupava com o quadro como uma obra isolada, objetiva, a ser apreciada como tal. Isso só interessava a mim. Ele só olhava o quadro como um subproduto, por assim dizer, de sua luta sem fim para retratar não simplesmente um indivíduo, mas a realidade."
James Lord
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    A arte do suíço Alberto Giacometti pode ser analisada em diversas frentes. Todas profícuas e fomentadoras de discussões. Do cubismo – ambiente este contemporâneo ao seu próprio nascimento – na comunidade de Stampa em 1901 – Ao primitivismo. Este discutido e praticado por inúmeros artistas ao redor do mundo. Desde conceitos primitivistas debatidos nos séculos anteriores à própria noção de africanismo e retorno às artes mais genuínas na outra ponta. Após o estudo na faculdade de Belas artes de Genebra - o filho do pintor pós-impressionista Giovanni Giacometti - começa as viagens que o levaria à estruturação de sua identidade.
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    Na Itália, no início dos anos 20, o contato com a obra ímpar do veneziano Jacopo Robusti (Tintoretto) – apenas para ficar nestes – e intensas viagens pelo país vão moldando o olhar de Giacometti pela renascença. Posteriormente a estas experiências - o jovem pintor e escultor suíço - desembarca em Paris, mais precisamente no bairro de Montparnasse para estudar na fantástica escola de arte La Grande Chaumière sob os cuidados do mestre francês Émile-Antoine Bourdelle.
    ‘La Grande Chaumière’ foi um importantíssimo polo de jovens artistas – de vários países – no início do século XX. Fundado pela suíça Martha Stettler, teve em Antoine Bourdelle um dos seus mais nobres lecionadores. Este, um dos expoentes da chamada Belle Époque e um dos maiores pintores francesas da primeira metade daquele século. Ensinou na lendária academia de artes francesa até 1929.
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    Ainda na França, os anos 20 foram de profusão para a criação e as revoluções estéticas impregnadas naquele século. André Breton já havia publicado o manifesto surrealista (1924) e Alberto Giacometti começaria a ter contato com a atmosfera efervescente daqueles anos e os pensamentos oníricos de gente como Max Ernst e Joan Miro. Além do contato com o icônico Pablo Picasso.
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    Deste intenso contato nascem algumas exposições onde são apresentadas algumas das primeiras obras primas de Giacometti. Le Couple e Boule Sospendue às colaborações com o próprio Breton. Neste período, incapaz – segundo ele mesmo – de esculpir com fidelidade a natureza humana, mergulha suas experimentações no imaginário surrealista. Estas incursões vão até a morte do pai no início da década de 30.
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    O artista rompe com as frentes surrealistas e continua a trabalhar em seu ateliê em Paris. Intermeio em que trava uma busca por uma identidade artística – em sua obra – que captasse, como um escultor-retratista, uma essência – talvez – absoluta do homem. Nestes instantes começava a fecundar o estilo mais alongado da arte do mestre. A fragilidade solitária do humano e os anos também de reclusão, a segunda grande guerra, as idas e vindas à Suíça, sua mãe e sua identidade.
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    Já nos anos 40 - Annette Arm - que Giacometti conheceu na Suíça - torna-se uma grande inspiração e sua mulher até o fim da vida. Outro modelo para Giacometti foi seu irmão Diego. Neste, o artista trabalhou mais ainda sua investigação essencialista. Pinturas, desenhos e formas que ganhariam uma de suas primeiras exposições na Galeria Pierre Matisse com direito a ensaios do grande filósofo francês e do pensamento existencialista, Jean Paul Sartre.
    Esta exposição realizada em 1948 trouxe dois entusiasmados ensaios de Sartre – impregnado sobre a obra de Giacometti – e ciente de sua identificação como uma arte que dialogava com as construções existenciais de “O ser e o Nada” lançado do Sartre cinco anos antes.
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    Os ensaios ‘A busca do absoluto’ e ‘As pinturas de Giacometti’ tratam de uma análise sobre o imaginário criador de Alberto. No primeiro, Sartre escreveu sobre e evolução histórica da escultura. Os antigos cadáveres – alguns sem vida – eram agora, na obra Giacometti, segundo Sartre - o encontro do absoluto. Não a eternidade física e sim - como toda a humanidade - sua temporalidade. O efêmero sopro de vida paralelo à atemporalidade da arte.
    No ensaio ‘As pinturas de Giacometti’, Sartre versa sobre o vazio na obra de Giacometti. A distância entre nós e a escultura como ponto ideal de visualização dimensional da própria razão filosófica desta arte. Ao passo que, a aproximação com uma possível real dimensão de uma estética intrínseca a nós como expectadores de um objeto estático no tempo, não menos, intemporal.
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    Os anos cinquenta trouxeram de volta às evidências da arte de Alberto Giacometti para o grande público. Particularmente as Bienais de Veneza foram importantes para esta constatação. Neste período também surge os trabalhos Femme de Venise com barro e gesso e o apoio assistencial do irmão Diego. Que continuava sendo seu modelo, além de Yanaihara Isaku (1918-1989), um amigo, filósofo japonês e também modelo durante anos de Giacometti. É dele um dos mais importantes livros sobre o escultor suíço. Um livro de memórias sobre aquela época, Yanaihara Isaku, Avec Giacometti, pela editora Allia. Outras obras importantes sobre o artista são ‘L'Atelier d'Alberto Giacometti’ de Jean Genet (éd. L'Arbalète, 1958) e ‘Un Portrait par Giacometti’ de James Lord (éd. Gallimard , 1991).
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    A arte de Alberto Giacometti lhe rendeu grandes exposições, prêmios diversos e foi de grande inspiração para a escultura do século XX. Considerado o maior escultor surrealista da história - na verdade - Giacometti foi muito mais além. Alguns estudiosos viram na sua arte um passo à frente na então estética escultural clássica.
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    As estruturas tênues, alongadas, os braços finos - homens isolados em petrificações paradoxalmente cheia de vida – mesmo que esta - fosse em muitos casos, vazia existencialmente e distante - não da realidade e sim da própria realidade da escultura. Um sobre salto mágico e filosófico. Entretanto, adequada às nossas profundas questões filosóficas. Nossos dilemas pessoais e nosso dialogo com o tempo-espaço.
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    Alberto Giacometti faleceu em 11 de janeiro de 1966, em Chur e foi enterrado ao lado de seus pais em Borgonovo-Stampa. Em 1986 a viúva Annette Giacometti começou a trabalhar na criação de uma fundação. Assim nasceu anos depois a Alberto et Annette Giacometti que desde 2003 - oficialmente - passou a fazer parte do ministério da cultura da França. Estava mais do que Reconhecido a utilidade pública da Instituição e mais, o legado cultural e imprescindível de toda a obra do mestre Giacometti.

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    21
    Dez16

    Obras de arte feitas na natureza

    António Garrochinho



    A intenção não é demarcar o território ou criar uma simples — e, muitas vezes, bela — marca na paisagem, mas trabalhar o instinto do próprio terreno e revelar a delicadeza que existe no ambiente externo. Essa é a ideia por trás do conceito de Land Art, modalidade de criação artística que é feita na natureza a partir de materiais orgânicos nela encontrados pelos autores. Selecionamos abaixo dez artistas conhecidos por suas intervenções, que vivem do seu, digamos, talento natural.
    top10_land_art (Foto: Jim Denevan / Peter Hinson)
    1. Jim Denevan
    Com um simples pedaço de madeira, o artista desenha sozinho enormes padrões geométricos nas areias da praia, na terra e na neve e deixa suas obras à mercê da fúria do mar e do vento.

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    top10_land_art (Foto: reprodução)
    2. Nils-Udo
    No flerte entre utopia e movimento, o bávaro montou um ninho de 80 toneladas com arbustos, pedras, galhos, terra e grama ainda em 1978, na cidade de Lüneburg Heat, na Alemanha.
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    top10_land_art (Foto: divulgação)
    3. Robert Smithson
    Lama, pedras e cristais de sal formam um espiral de 460 m de comprimento e 4,5 m de altura no lago de água salgada de Utah, nos Estados Unidos. Construída em 1970, a intervenção do americano resiste ao tempo e pode ser vista nos dias de hoje durante o período de baixa da lagoa.
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    top10_land_art (Foto: divulgação)
    4. Simon Beck
    Quando os alpes franceses ficam cobertos de neve, Beck calça seus sapatos para desenhar padrões matemáticos nas montanhas — que, agrupados em uma escala monumental, viram flocos de neves tridimensionais.
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    top10_land_art (Foto: reprodução)
    5. Walter Masson
    As estações inspiram as telas e as formas: no outono, o alemão desenha com as pontas vermelhas das folhas; no inverno, ele reconstrói a neve em novos formatos; e, na primavera, preenche os bosques com arcos de flores.
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    top10_land_art (Foto: divulgação)
    6. Cornelia Konrads
    alemã começou a trabalhar com Land Art em 1998, depois de completar 40 anos. O diploma em cultura e filosofia parece inspirar suas esculturas vivas, que questionam o efêmero com cordas de aço – a obra Moment of Decision foi feita num parque público sueco com neve, corda de aço e linha de pescar.
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    top10_land_art (Foto: reprodução)
    7. Andrew Goldsworthy
    O artista e ambientalista britânico cria suas esculturas apenas com materiais do próprio terreno, como este portal feito de galhos secos, que se confunde em meio à profundidade das árvores. A intenção de Goldsworthy é manipular a percepção do rústico e intocável que as pessoas têm da natureza.
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    top10_land_art (Foto: divulgação)
    8. Andrew Rogers
    O escultor montou o maior projeto de Land Art do mundo com a exibição de Rhythms of Life, um projeto com 48 obras de pedra maciça que envolveu mais de 6.700 pessoas em 13 países diferentes. O animal acima, de 80 m de comprimento e 3 m de altura, foi erguido no meio do deserto do Atacama, no Chile, em 2004.
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    top10_land_art (Foto: divulgação)
    9. Mikael Hansen
    Em atividade desde a década de 1980, o dinamarquês monta instalações naturais em várias partes do mundo, como Alemanha, Coreia do Sul, Itália e Japão. Mas as mais famosas estão no seu país, como a Organic Highway, que empilha troncos no meio da floresta.
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    top10_land_art (Foto: reprodução)
    10. Sylvain Meyer
    O trabalho desta francesa é tão cuidadoso que a intervenção parece brotar junto da árvore — as raízes trançadas, feitas com cascas velhas de árvores, projetam leveza e ritmo ao tronco.



    casavogue.globo.com
    21
    Dez16

    O APARTAMENTO SECRETO NA TORRE EIFEL

    António Garrochinho
    A Torre Eiffel faz parte dos monumentos projetados para a Exposição Universal – evento público mundial, também conhecido simplesmente como Expo, de proporções magnânimas – que se tornaram símbolos dos países que sediaram o evento. Entre eles estão o Atomium, em Bruxelas, construído para a Expo 58, e o Skyneedle, na Austrália, na Expo 88.

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    O evento de 1889 celebrava o centenário da Revolução Francesa e, apesar da torre ter sido criticada pelos artistas e intelectuais da época, acabou tornando-se uma das estruturas mais conhecidas no mundo e um dos maiores símbolos da França. Mal sabiam os críticos que, além dos 324 metros de altura, eles também tinham outros motivos para invejar seu criador, Gustave Eiffel: ele criou para si mesmo um apartamento no topo de sua colossal construção.

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    O engenheiro instalou, a 300 metros de altura, um apartamento para o qual só ele tinha acesso. Pequeno e decorado de forma simples, o espaço era repleto de armários e mesas de madeira. Com papel de parede elegante, a poltrona de veludo, um piano e pinturas a óleo eram suas únicas extravagâncias.
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    O escritor Henri Girdard contou, em seu livro dedicado à história da construção, La Tour Eiffel de Trois Cent Métres (1891), sobre “o incontável número de pessoas que enviaram cartas ao engenheiro para alugar seu pied-à-terre“. Apesar disso, todas as propostas foram recusadas. Quem trocaria a vista de Paris durante o dia, o olhar abrangente das estrelas durante a noite e, claro, a distância de todo o barulho da cidade durante todo o tempo?

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    As motivações do engenheiro para a construção não são claras. Mas como criador de torres, pontes e outras grandes estruturas, a localização era uma oportunidade para estudar o vento e os princípios da resistência do ferro. Entre os estudiosos e inventores que já passaram pelo espaço, estão Thomas Edison, que presenteou o amigo com um de seus fonógrafos. Os móveis continuam os mesmos até hoje, e manequins foram inseridos para receber os exclusivos visitantes que podem conhecer o espaço. 

    (Fonte: Casa Vogue)

    blog.lojasbeagle.com.br
    21
    Dez16

    "Pintar um bonito sorriso a Maria"

    António Garrochinho




    As pegas de ambos os sacos vincavam-lhe os dedos, deixando-lhes as pontas arroxeadas e um ligeiro formigueiro, sintoma de que lhe iam ficar dormentes. Ignorava isso. Se ligasse, seria mais penoso chegar com aquele peso vencendo a ainda longa distância até chegar a casa. O frio, também fazia por não o sentir e quando este a venceu, sorrio por não haver Natal sem esse frio que vence sempre quem tão pouca roupa trás. “Mais um pouco e o esforço afastá-lo-á”, ia pensando à medida que o rosto se lhe afogueava e o corpo, um pouco, já transpirava.


    Tanto peso…: Uma garrafa de azeite, pequena; umas batatas; duas postas de bacalhau; latas de conserva; arroz; cenouras; um pequeno olho de couve… Ia mentalmente fazendo desfilar a carga, não para inventariar ou conferir  se alguma coisa estaria em falta, - pois o dinheiro não tinha sobrado – mas para ir ocupando o espírito com alguma coisa que não fossem as últimas palavras do marido, na chamada que há pouco fizera e que fora interrompida por o pré-pago se ter esgotado.

    Parou para mudar de mão os sacos e encher o peito daquele ar frio que agora até lhe dava alento. Foi o suficiente para deixar que o livre pensamento, que até ali rejeitara, lhe invadisse a memória: “Sabes? Eu não receio… Eles pagam sempre, só que demoram a pagar. Logo que tenha algum dinheiro…” As chamadas para Luanda, de um telemóvel, são caras e o saldo insuficiente para ouvir o que, afinal, foi fácil adivinhar que teria dito o marido. “Qualquer dia o miúdo nem o conhece nem ele conhece o menino”, ia pensado enquanto chegava. Procurou as chaves e ia delineando o discurso, escolhendo as palavras, para explicar como é que um presépio o é com apenas um menino, uma vaquinha e um moinho. Seria directa dizendo que o dinheiro não chegara para todas as figuras. Resoluta, meteu a chave à porta.

    O filho tinha percebido que chegara e desceu uns lances de escada ao seu encontro para a ajudar. Ele, com um sorriso, pegou num saco, quase do seu tamanho e, torto e trôpego, subiu a custo quatro degraus. Pousou o saco para de seguida o levantar com duas mãos, com esse esforço estampado no rosto. Enfim chegados. A mãe pediu para ele guardar cada coisa em seu lugar enquanto lhe aproveitava essa distracção para esconder o pequeno presente que lhe tinha comprado. Esperaria a meia-noite do dia seguinte, não para outra coisa que não fosse cumprir a tradição. Mostrou então, ao filho, as peças para o presépio. O Menino, a vaquinha e o moinho. “Pão e leite, não faltarão a Jesus”, disse a mãe sem se aperceber o sentido exacto do que acabara de dizer, afastando Maria e José, daquele nascimento. Caiu nela. Como podia? E teve a ideia de procurar cartão, lápis de cor, aguarelas, lã de cor de cabelo e farrapos de tecido. Contou-lhe o propósito vencendo a incerteza da qualidade final de tão santa obra.

    Ela e o filho ficaram horas a fio, recortando e pintando todas as figuras que era costume figurarem. O tempo deixou de contar. O filho olhava mais as mãos ágeis da mãe que os olhos fixos e mal desenhados de São José. Ele gostava das mãos da mãe. Tanto… A certa altura quebrou aquele silêncio sem outras luzes que não fossem as que por dentro iluminava ambos e perguntou: “mãezinha, tu acreditas no menino Jesus?” Ela hesita na resposta. Pára no recorte da bossa do camelo de Belchior e diz séria: “Sabes meu filho, nós temos que ter força para acreditar em qualquer coisa”. E o menino voltou ao que estava fazendo, desenhando no rosto de Maria, um sorriso bonito como era o de sua mãe. Com um sorriso assim, estava certo que seria menor o esforço de sua mãe para continuar a acreditar, ainda que ele próprio duvidasse...

    E ficaram ambos por ali, ele olhando o rosto de Maria, ela acertando pormenores no rio feito de prata e na ponte improvisada. Riram ambos do anjo que caíra e perdera a asa mal pregada. Estavam felizes e ela nem contristada por lhe ter mentido quanto à fé que depositava no menino. 
    Rogério Pereira
    Conto de Natal reeditado,
     
    21
    Dez16

    VÍDEO - DOIS ESCULTORES ESCULPEM-SE UM AO OUTRO EM TEMPO RECORDE E O RESULTADO É ESPECTACULAR

    António Garrochinho

    No mundo dos concursos há centenas de opções. Há de comida, de pintura, nataçâo, inclusive de canto ou fantasias, mas seguramente você nunca viu um concurso de esculturas ao vivo. Coisas tão singulares como estas nos alegram e nos deixam maravilhados sobre o que ocorre ao longo e largo do mundo. O duelo destes dois homens por retratar o outro em um tempo recorde é tão original que atrai uma plateia atento a seus talentos originais.

    Pouco a pouco duas massas enormes de argila vão tomando forma. Só com os dedos de suas mãos vão transformando a matéria prima em bustos reais deles mesmos. Criar do nada a cara de seu adversário para ganhar o duelo. Se você pensava que fazer coisas com barro era algo aborrecido ou solitário já vê que não tem porquê ser assim. Sobretudo se tiver tanta destreza como a destes dois homens.

    VÍDEO
    www.mdig.com.br

    21
    Dez16

    OS PRIMEIROS DIAS DOS PORTUGUESES NA PRAIA

    António Garrochinho

    A praia começou por ser um drama. O escritor Gervásio Lobato, tio tetravô do humorista Nuno Markl, não conseguiu esquecer os dias negros que viveu aos 5 anos, em Setembro de 1855, quando a família o arrastava para o areal que então existia em frente à Torre de Belém, em Lisboa. "Eu tremia como varas verdes, chorava, gritava, rebolava-me pela areia, fingia doenças, mas era tudo em vão. Vinha o Roque, um banheiro muito alto, muito forte, muito vermelho de cabelos ruivos, pegava em mim e zás! Água te valha. Lembro-me ainda desse tempo com terror. O mês de Setembro era para mim um mês de suplício. Não tinha um minuto de felicidade nos 43.200 minutos desse negregado mês", escreveu na Ilustração Portuguesa em 1885, numa crónica citada por Maria Graça Briz na sua tese de doutoramento, A Vilegiatura Balnear Marítima em Portugal, 1870-1970.















    Copiou-se assim um hábito iniciado em Inglaterra e em França a meio do século XVIII. Ao longo de praticamente todo o século XIX, e até aos loucos anos 1920 – quando começou a moda de apanhar sol para bronzear a pele –, ia-se à praia apenas para tomar banhos de mar, com o objectivo de curar doenças como a anemia, a depressão e o raquitismo infantil. Funcionava como se fosse uma receita: os médicos definiam a duração da estadia junto ao mar e chegavam nalguns casos ao extremo de indicar o número de mergulhos por cada banho, consoante a idade, o sexo e as condições do doente – mulheres e crianças em Julho e Agosto, para não se sujeitarem a um estímulo tão forte; homens saudáveis no tempo mais frio para robustecer o organismo.

    Chegava-se à praia pelas 8h. Os homens levavam fato e gravata e as mulheres vestido comprido. Dentro de uma "barraca de banhos", com a ajuda do banheiro e da sua família, os cavalheiros vestiam uma camisola e calções de lã; as senhoras um vestido de cauda que tinham de arrastar pela areia até ao mar e depois no penoso regresso à barraca. Não se ficava de fato-de-banho fora do mar nem se apanhavam banhos de sol.

















    A receita do médico era entregue ao banheiro, que conduzia os banhistas mar adentro e os ajudava em várias modalidades possíveis de banho. Podia segurar as pessoas com uma corda; puxá-las pelo braço para as obrigar a mergulhar quando vinham as ondas; despejar água em cima dos banhistas com ajuda de uma gamela; e, mais radical, o banho de "choque", assim descrito numa investigação de Luís Paula Saldanha Martins: "Os banhistas eram transportados em cadeirinha por dois banheiros que, de forma concertada, quando as ‘vítimas’ menos esperavam, os mergulhavam e devolviam ao areal com prontidão."

    Não ia toda a gente ao mesmo tempo, nem o banheiro teria capacidade para isso. Algumas pessoas passeavam à beira-mar ou ficavam a aguardar a vez sentadas em bancos de madeira junto às barracas, enquanto assistiam aos banhos dos outros. "Antes de entrar na água era conveniente um pequeno passeio para que o corpo ganhasse algum calor, de forma a aumentar a impressão causada pela água fria. Pela mesma razão, a imersão tinha de ser rápida e total. O banhista tinha de dar vários mergulhos e não podia manter-se quieto, devendo debater-se ou praticar exercícios de natação", contextualiza a historiadora Joana Gaspar de Freitas, na sua tese de doutoramento sobre o litoral português na época contemporânea. A ideia era mesmo provocar uma reacção brusca no corpo, para estimular a circulação e aumentar a vitalidade de todos os órgãos.















    No guia que escreveu em 1876 sobre as praias de Portugal, Ramalho Ortigão dava um conselho às banhistas que não tivessem touca, para preservarem a higiene: "Não lhes convém mergulhar a cabeça. Basta-lhes refrescar repetidamente a fronte e o alto do crânio com a mão molhada durante o tempo que estiverem na água. Molhados os cabelos no mar por qualquer incidente, convirá às senhoras lavá--los em seguida em água doce com um bom sabonete."

    Quanto à duração do banho, o escritor recomendava 10 minutos para as pessoas fracas e 20 ou 30 para as bem constituídas e as crianças. Mas havia uma forma de identificar o momento exacto de saída, segundo o autor de As Praias de Portugal: "Ao penetrar na água sente-se um estremecimento, um calafrio geral. (...) Se o banho se prolonga demasiadamente, o primeiro calafrio repete-se. É o sinal intimativo para sair imediatamente". 

    No livro Nazaré, Memórias de uma Praia de Banhos, agora editado pelo Museu Dr. Joaquim Manso, relata-se que eram muitas vezes as filhas ou mulheres dos banheiros que iam levar toalhas aos banhistas quando os viam sair do mar, seguravam as jóias durante os mergulhos e lavavam e secavam os fatos-de-banho, que até podiam ser alugados.

    Após o mergulho no mar, o corpo devia ser "friccionado com um lençol áspero até dar à pele uma cor rosada", recomendou Ramalho Ortigão. Os banhistas refugiavam-se então na barraca, ainda embrulhados na toalha, e colocavam os pés numa gamela com água doce, para tirar o sal e a areia. Logo a seguir vestiam as roupas secas e saíam da praia, normalmente antes das 11h, para voltarem apenas no dia seguinte.

    O mergulho da princesa
    Cruzando as várias referências a este assunto em livros e trabalhos académicos consultados pela SÁBADO, a primeira notícia de um banho de mar em Portugal foi publicada no dia 18 de Julho de 1783 – faz este ano 232 anos. A Gazeta de Lisboa revelou as idas à praia de Caxias da filha mais nova do Rei D. José, na altura com 36 anos, e do seu marido, que era também seu sobrinho – o príncipe D. José, 15 anos mais novo: "A Senhora D. Maria Francisca Benedicta, Princesa do Brasil, vem há alguns dias de Queluz ao sítio de Caxias tomar aí banhos do mar: o Príncipe seu Augusto Esposo principiou anteontem os mesmos banhos."

    Outro sobrinho da princesa que também tomaria banho de mar foi o futuro Rei D. João VI, que se retirou com a corte portuguesa para o Brasil para fugir às Invasões Francesas. Em 1810, foi aconselhado pelo médico a ir ao mar para curar uma infecção numa perna. Mas tinha tanto medo dos caranguejos que exigiu entrar na água dentro de um barril com um pequeno buraco por onde a água passava, molhando-lhe apenas as pernas, segundo um artigo publicado na revista brasileira Aventuras na História. Este banho real realizou-se na praia do Caju, no Rio de Janeiro, cujo areal era um depósito de lixo e barris cheios de excrementos, retirados das casas da cidade e transportados por escravos até à praia.

    Mais de seis séculos antes, o primeiro Rei de Portugal ter-se-á banhado na Figueira da Foz. Uma crónica de Frei Bernardo de Brito relata que D. Afonso Henriques andava em Coimbra "tão carregado de triunfos como de más disposições" e um médico sugeriu-lhe um passeio ao longo do Mondego até à foz, que terá produzido melhoras: "Chegou ao mar quase são."

    Apesar da saga dos Descobrimentos, os portugueses olharam sempre para o mar com receio. "Os perigos que dali provinham, fossem eles reais ou imaginários – monstros e seres fantásticos, tempestades, piratas, naufrágios, epidemias –, alimentavam a tradição de repulsa pela beira-mar", explica a historiadora Joana Gaspar de Freitas na sua tese.













    Já no início do século XIX, graças a uma breve referência nos Anais da Vila da Ericeira em 1803, percebe-se que aquela praia era frequentada pelo bispo de Coimbra e conde de Arganil, D. Francisco Pereira Coutinho. É nesses anos que o hábito de ir ao mar se começa a generalizar entre a aristocracia, como demonstram as Memórias do Marquês de Fronteira e d’Alorna: "No Verão de 1806 tomou a minha família a casa do conde de Lumiares, a S. José de Ribamar [Algés], para irmos aos banhos de mar. (...) Foram contínuos os divertimentos e festas. Todas as tardes íamos merendar ao forte, e os bailes, concertos, ceias, pescas ao candeio e passeios no rio, nas tardes serenas, com bandas de música militar, eram a ocupação dominante dos habitantes daquele sítio."

    A partir de 1830, há registo de que algumas famílias ilustres começaram a passar "a estação", entre Agosto e Setembro, nas praias de Espinho, Figueira da Foz e Costa Nova (Aveiro). Na década seguinte, começou a de-senvolver-se o comércio de refrigerantes e de gelados, e depois o de cerveja, todos ligados ao calor e à praia.

    Apesar de continuar essencialmente reservada à aristocracia e às elites, a moda dos banhos ia conquistando cada vez mais adeptos, como se comprova pela criação, em 1845, de um serviço de socorros a náufragos no Hospital de S. José, em Lisboa. No livro À Beira-Mar, escrito por Eduardo Sequeira em 1889, numa altura em que toda a gente ainda mergulhava vestida, quem visse alguém em apuros no mar era incentivado a despir-se para evitar que a vítima se agarrasse às suas roupas. E para contrariar o desespero de quem se estava a afogar, o salvador era aconselhado a dar-lhe "murros, pontapés, e mesmo procurando atordoá-lo".

    Depois desta cena bizarra, se o banhista conseguisse levar o náufrago a terra, caso este se mostrasse pálido, de olhos desmaiados e lábios descorados, era sinal de que estava com um problema cardíaco. Os primeiros socorros consistiriam então em deitar o afogado na areia com a cabeça mais elevada que o corpo, abrir-lhe a boca e obrigá-lo a beber vinho do Porto, fazê-lo respirar amoníaco e, se isto não o reavivasse, "queimar a pele sobre a região do coração por meio de um ferro de engomar". Em 1876, Ramalho Ortigão recomendava que estas indicações "fossem expostas ao público em cartaz, ensinadas nas escolas e lidas pelos padres à hora da missa, em todas as povoações de pesca e banhos".














    O grande impulso à procura das praias deu-se a partir da década de 70 do século XIX. O Rei D. Luís começou a mudar-se para a Cidadela de Cascais durante o Verão, o que foi amplamente publicitado na época e levaria muitas famílias a procurar seguir-lhe o exemplo.

    Até à inauguração do caminho de ferro e das 11 estações entre Pedrouços e Cascais, em 1889, a viagem só podia ser feita num barco dos Vapores Lisbonenses, com salão de fumo e cadeiras estofadas, ou num carrão que transportava 36 pessoas – em qualquer dos casos, o percurso demorava quatro horas para cada lado. Além de tornarem as viagens cinco vezes mais rápidas, os caminhos-de-ferro estimularam a descoberta das praias, com a criação de "bilhetes de temporada de banhos de mar e águas minerais", válidos por 60 dias entre Julho e Outubro.

    Apesar do impacto decisivo do comboio no aumento do número de banhistas, não havia misturas de classes. À medida que a burguesia foi enchendo as praias da Linha a seguir à Torre de Belém, a aristocracia aproximou-se da família real e concentrou-se em Cascais.

    No Porto houve um movimento parecido. Eram precisas cinco a seis horas para ir à Foz tomar banho e voltar até que, em 1872, um transporte sobre carris da Companhia Carril Americano do Porto passou a levar os banhistas em 25 minutos. A alta sociedade nortenha procurou então refúgios mais tranquilos. A Granja, por exemplo, que fica 25 km a sul do Porto, transformou-se literalmente num clube fechado, cuja assembleia de sócios chegou a ser presidida pelo conde de Burnay, o português mais rico na viragem para o século XX.

    "Os banhistas da Granja conhecem-se todos, apertam-se todos a mão, frequentam as casas uns dos outros, vivem finalmente em família. É tão agradável isto que custa às vezes a suportar", ironizou Ramalho Ortigão, que classificou a Granja como "a mais graciosa, a mais fresca, a mais asseada das estações de recreio em Portugal".



























    As famílias muito ricas mandavam construir moradias em frente à praia. Quem não tinha assim tanto dinheiro ficava alojado em hotéis ou alugava uma casa mobilada. Na Foz, por exemplo, entre Junho e Agosto era mais barato. Em Setembro e Outubro a afluência aumentava e os preços subiam. Com ligeiras variações, sucedia o mesmo nas outras praias mais importantes: Póvoa de Varzim, Espinho, Vila do Conde, Leça (frequentada sobretudo pelos ingleses), Figueira da Foz, Nazaré e Ericeira.

    As casas de praia eram muitas vezes espaços sem condições comparáveis às residências de Inverno, como notou Tomás de Mello Breyner. O conde de Mafra, bisavô de Miguel Sousa Tavares, criticou nas suas memórias o "snobismo" de quem se sujeitava a passar o Verão em "pardieiros alugados numa viela fedorenta de uma vila à beira-mar, cheia de tripas de peixe e portanto de moscas. E dentro dessas casas sem despejos, com uma cozinha imunda, com loiça desirmanada e rachada, com seis copos para oito pessoas e xícaras sem asas, viviam durante três ou quatro meses do ano famílias habitando no Inverno palácios sumptuosos".

    Na Nazaré, construíram-se entre Janeiro e Abril de 1875 mais de 20 prédios para acolher turistas, que tanto chegavam de comboio como de camioneta, e eram esperados pelos banheiros, que ajudavam a transportar as bagagens cheias de roupa e alimentos para toda a estação. Nalguns casos, os visitantes ficavam em casa dos próprios banheiros e estes, para ganharem mais dinheiro, mudavam-se durante o Verão para pequenas cabanas sem condições.

    Outra fonte de rendimento nesta vila de pescadores passaram a ser os "banhos quentes": em 1891, foram instalados junto à praia dois estabelecimentos que seriam uma espécie de versão pré-histórica dos modernos spas. A água do mar era puxada através de um cano por cima da areia, durante a maré-cheia, com a ajuda de uma bomba. Segundo o livro Nazaré, Memória de uma Praia de Banhos, ficava num depósito onde era aquecida por uma caldeira, e permitia assim aos pacientes tomar banhos de imersão ou duches, cumprindo a receita do médico, para combater doenças como o reumatismo. Os homens eram auxiliados por um funcionário masculino e as senhoras, evidentemente, tinham a ajuda de uma funcionária.

    Os banhos de mar tornaram-se pretexto para uma agitada vida social nas muitas horas livres que restavam aos veraneantes, fora da praia, depois do mergulho matinal.

    À tarde, a seguir à sesta, enquanto as senhoras faziam croché, os homens liam o jornal ou passeavam, no passeio público, ao longo do areal ou ainda pelos arredores. Assistir a uma corrida de cavalos (em Matosinhos para os banhistas do Norte), fazer um piquenique ou partir para uma caçada eram outras alternativas para ocupar a tarde.































    À noite, podia haver soirées musicais ou dançantes, teatro ou simplesmente encontros no Club, onde os banhistas exibiam os seus fatos e penteados aprumados.

    A qualquer hora, jogava-se bilhar, cartas e roleta, que se tornaria um enorme vício, como descreveu Eduardo Sequeira no seu livro publicado em 1889, no capítulo sobre a Póvoa de Varzim: "O jogo, esse, tenta-nos por toda a parte. Nos cafés, nas pequenas lojas, em cada rua, em cada casa, está estabelecida uma roleta, há o monte e todos os conhecidos jogos de azar. De modo que é raro o banhista que não sai dali espoliado, com as finanças perdidas por longos meses, quando não completamente arruinadas."

    Os flirts com as espanholas
    Outro fenómeno que despontou nessa altura em várias praias foi a atracção dos jovens portugueses pelas mulheres espanholas, que chegavam a Portugal de comboio, sobretudo de Salamanca e Madrid. Ouvia-se espanhol com frequência nas praias mais cosmopolitas de Espinho, Figueira da Foz e Póvoa de Varzim. Em Paço d’Arcos, quando as espanholas iam ao baile, o clube enchia-se de rapazes portugueses. "A valsa toma nessas noites mais velocidade, mais ímpeto, mais arranque", entusiasmava-se Ramalho Ortigão.

    Esta fantasia persistia ainda em 1930, quando a revista Terras de Portugal publicou um artigo com este excerto, citado no livro A Construção Social da Praia, da socióloga Helena Machado: "Novos de Portugal, vós todos que tendes 20, 25 anos, lembrais-vos daquele flârte [sic] que tivestes, uma vez, na Figueira, com uma espanhola deliciosa?... Pois todos vós deveis ter, em vosso arquivo, um flârte, na Figueira, com uma espanhola deliciosa... Foi assim, ia jurá-lo, que a maior parte de vós começou conhecendo a Espanha... Uma festa, um beijo, um abraço..."

    Também no Jornal da Mulher e do Lar, em 1929, se traçava um filme semelhante, num texto sobre a "jovial e franca camaradagem" entre espanholas "de olhar penetrante" e portugueses com "o ar lânguido dos românticos de olhos sonhadores"...

    Pouco antes de 1900, foi de Espanha, sobretudo de Aiamonte, que apareceram os primeiros turistas a frequentar as praias do Algarve, juntamente com algumas famílias algarvias e alentejanas. Mas tratou-se de um desenvolvimento tardio e que incidiu essencialmente na praia da Rocha e em Monte Gordo – eram as únicas duas praias do Algarve na lista das 22 mais frequentadas do País em 1926. 


























    No guia da Sociedade Propaganda de Portugal, de 1918, a praia da Rocha era descrita como "magnífica", com um "clima dulcíssimo" e "paisagens lindas". Previa-se por isso um "futuro promissor" em matéria de turismo, assim que se tornasse mais rápido percorrer a distância que a separava do resto do País. Os portugueses demoraram mais de 100 anos a descobrir as praias do Algarve, mas depois foram muito rápidos a mudar a paisagem.



    www.sabado.pt
    21
    Dez16

    PICASSO

    António Garrochinho




    A vida de Pablo Picasso (1881–1973), o maior pintor do século 20, é repleta de mitos, histórias dramáticas e pitadas de causos fantásticos.
    O próprio Picasso tratou de romancear sua vida, recontando com menos verdade e mais exagero certos episódios da infância, juventude e vida adulta.
    Também não faltaram momentos incríveis e improváveis que aconteceram tais como foram contados ao passar das décadas.
    O mito do artista também se mescla com problemas prosaicos envolvendo mulheres, filhos, amigos e familiares. Não há nenhum deus em Picasso, apenas um homem cheio de paixões e temores.
    A seguir, confira 15 curiosidades sobre a vida do pintor e escultor espanhol, que deixou para sempre sua marca na história da arte.
    1. Superando o mestre — O pai de Picasso, José, também era pintor, mas nunca teve o talento que seu filho mostraria tão precocemente. Foi ele quem iniciou Pablo na arte e foi também seu primeiro professor. Mas logo o aluno superou o mestre. Novamente em um provável exagero de Picasso, ele conta que o pai, ao ver a sua pintura “Mendigo com boné”, percebeu que nada mais poderia fazer ou ensinar: entregou-lhe pincéis e paleta e disse que jamais pintaria novamente.
    2. Morte da irmã — Quando Picasso tinha treze anos, sua irmã menor, Conchita, morreu de difteria. O pintor ficou muito abalado com a morte da jovem irmã. Durante a doença, chegou a fazer uma promessa para sacrificar sua grande paixão: jamais pintaria novamente caso ela se salvasse.
    3. Quase morte — Picasso quase morreu em 1899, quando viajou com seu amigo Manuel Pallarés para El Maestrat, em Valencia. Ao subirem um morro por uma trilha, onde pretendiam passar alguns dias pintando, Picasso quase caiu de um penhasco, mas foi segurado na última hora pelo amigo.
    4. Inspirações africanas — No segundo encontro entre Henri Matisse e Picasso, orquestrado pelos irmãos Leo e Gertrude Stein, Matisse levou uma figura africana do Congo que tinha acabado de comprar na Rue de Rennes. A figura, de rosto distorcido, fascinou o pintor espanhol. Mas o poeta e pintor Max Jacob conta outra história: que ele levara para jantar na casa de Matisse o poeta Guillaume Apollinaire, o escritor André Salmon e Picasso. Lá, o anfitrião teria lhes mostrado uma figura africana sentada, prestes a devorar uma fruta e cujos olhos eram representados por duas pequenas conchas. A imagem teria inspirado Picasso de modo crucial.
    5. Filho adotivo — Por pouco tempo, em 1907, o primeiro filho de Picasso foi um filho adotivo. Sua amante na época, Fernande, insistia em formar uma família. O pintor só tinha olhos para sua criação em processo, “Les Deimoselles d’Avignon”. Sozinha, Fernande decidiu ir até um orfanato. Trouxe uma menina de dez anos, Raymonde. Picasso chegou a desenhá-la um pouco, mas ela não encontrou no atêlie uma família. Dois meses depois, Max Jacob foi encarregado de devolvê-la ao orfanato.

    “Quis penetrar sempre mais fundo no conhecimento do mundo e dos homens, a fim de que esse conhecimento nos liberte cada dia mais”

    6. Ópio — Picasso, em seus primeiros anos em Paris, quando trabalhava no ateliê da Bateau-Lavoir, foi um grande usuário de ópio, fumado em grandes cachimbos. A droga era muito comum nas festas promovidas entre a comunidade artística. Contudo, quando um artista alemão local, Wiegels, morreu pelo uso da substância, todos decidiram que era hora de acabar com a prática.
    7. Amor — Picasso podia ser insistente quando se tratava de amor e mulheres. Uma das paixões de sua vida — posterior inspiração para inúmeros quadros — foi Marie-Thérèse Walter. Ela conta que se conheceram em Paris, em 8 de janeiro de 1927, quando saía do metrô em direção à Galeries Lafayette e Picasso passava pelo Boulevard Haussmann. Ele teria ficado tão encantado que a puxou pelo braço, disse que queria fazer um retrato seu e que, juntos, “fariam grandes coisas”. Outra versão do encontro narra que Marie-Thérèse estava com sua irmã no passeio. Elas estavam na Gare Saint-Lazare para pegar o trem depois de sair da galeria e Picasso as seguiu até lá, espiando por um buraco no jornal. Quando finalmente abordou sua musa, disse que passaria a ir lá todos os dias às dezoito horas para encontrá-la.
    8. Acidente — Às vésperas da Segunda Guerra, Picasso sofreu um acidente de carro em Cannes e fraturou suas vértebras. O pintor sentiria dores por um bom tempo. Ele estava no carro de Roland Penrose, que viria a ser seu primeiro biógrafo, quando um outro carro os atingiu violentamente.
    9. Museu do Prado — Em 1936, durante a Guerra Civil Espanhola, Picasso foi nomeado diretor do Museu do Prado, lar de obras de grandes mestres como Goya e Velázquez e onde o jovem pintor encontrara inspirações no começo de sua jornada, em suas primeiras visitas à Madri. Mas o museu, naquele momento, estava vazio: as obras tinham sido retiradas e protegidas, já que a capital sofria com bombardeios. E Picasso, como diretor, nunca de fato exerceu alguma atividade no cargo. Seria apenas uma grande honra para incluir na biografia.
    10. Quatro mulheres — Por um bom tempo, Picasso teve nada menos que quatro mulheres “ao mesmo tempo”. Olga, sua esposa oficial (já que não tinha conseguido se separar oficialmente por questões judiciais), embora eles não convivessem mais; a jovem Marie-Thérèse; Dora Maar; e a bela que recém conquistara o coração do pintor e que teria dois de seus filhos na década seguinte, Françoise Gilot. Todas sabiam da existência umas das outras. Picasso manejava a esposa e amantes de acordo com suas conveniências. Mas Françoise é quem ocuparia lugar de destaque em sua vida a partir daquele momento. No fim da vida, ainda viriam Geneviève Laporte e Jacqueline Roque.
    11. Dramaturgo — Depois de se aventurar na poesia, marcadamente surrealista, Picasso se aventurou no teatro. Em janeiro de 1941, escreveu a peça “O desejo pego pelo rabo” (no original, “Le désir attrapé par la queue”). Em março, o etnólogo Michel Leiris promoveria em sua casa uma leitura dramática despretensiosa que reuniu um elenco provavelmente imbatível: Albert Camus, Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir, Jacques Lacan, Brassaï e Georges Braque, entre outros.
    12. Biografia — Em 1965, Françoise Gilot — agora sua ex-amante e mãe de seus filhos Claude e Paloma — lançou uma biografia, “Vivre avec Picasso” (“Viver com Picasso”), expondo muito de sua vida íntima. O pintor ficou furioso. Parou de ver os filhos e participou de protestos com diversos escritores que o apoiavam na proibição da obra. Mas ele não conseguiu impedir a publicação.

    “A pintura é mais forte que eu, ela me faz fazer o que ela quer”


    13. Filhos e netos — A relação com seus filhos e netos era muito conturbada. Durante sua vida, Picasso teve relações frias com alguns deles e relações mais próximas com outros. Mas a sua única filha legítima, dona de sua total atenção, era a arte. Filhas como Paloma e Maya receberam mais amor. Mesmo assim, passavam longos períodos sem ver o pai. Já seu primeiro filho, Paulo, foi alvo de desprezo. Fracassado e dependente do dinheiro do pai durante toda a vida, Picasso nunca o admirou. Tal desprezo foi transmitido para seus netos, filhos de Paulo. Um deles, Pablo, foi impedido de ir ao funeral do avô e acabou se suicidando pouco depois. Já Claude chegou a processar o pai para que fosse reconhecido legalmente como filho dele — já que Picasso nunca se casou com Françoise ou outra mulher que não Olga.
    14. Barcelona — Em 1963, foi inaugurado o Museu Picasso de Barcelona, após o artista decidir doar seus arquivos. Ele não foi à inauguração. Em 1970, quando Picasso doou uma nova coleção imensa de seus quadros ao museu, antes em posse de familiares, uma grande festa estava prevista. Mas o governo de Franco acabara de condenar à morte seis autonomistas bascos. Foi a deixa para o pintor protestar e cancelar qualquer cerimônia ou festa.
    15. Louvre — Picasso foi o único artista vivo a receber uma mostra no Louvre e a entrar para seu acervo. Em seu aniversário de 90 anos, oito telas adquiridas pela governo francês foram expostas com grande festa no Grande Salão do Louvre, com a presença do presidente Georges Pompidou. Era uma despedida.


    arteref.com
    21
    Dez16

    NENHUM ÓRGÃO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL IRÁ NOTICIAR ISTO.

    António Garrochinho




    Num discurso na Conferência de Herzliya, o chefe da inteligência militar de Israel, o major-general Herzi Halevy, tomou a posição de longa data de Israel que "prefere o estado islâmico" a um governo sírio, declarando abertamente que Israel não quer ver o estado Islâmico derrotado na guerra . 

    Citado no site do NRG de língua hebraica, ligado
    ao Maariv, o Major General Halevy expressou preocupação com as recentes ofensivas contra território controlado pelo Estado Islâmico, dizendo que nos últimos três meses, o grupo islâmico tem enfrentado a fase mais difícil desde a criação e declaração do califado.

    Os oficiais israelitas têm regularmente expressado algum conforto sobre a hipótese do estado Islâmico conquistar todo o território Sirio, dizendo que acham que é preferível que um governo alidado do Irão a sobreviver à guerra.
    Ao mesmo tempo, eles nunca foram tão abertamente favorável à ISIS e sua sobrevivência.

    O Major General. Halevy expressou preocupação sobre a derrota do estado islâmico pode significar que "superpotências", ao deixar a Síria, pode colocar Israel "em uma posição difícil" após Israel se opôr à sobrevivência do governo Sírio.

    O General dos serviços de inteligência militar de Israel disse ainda que tudo irão fazer para que Israel não fique nessa posição.
    sugerindo assim a hipótese de um apoio directo ao estado islâmico como uma questão de política, e não apenas retórica.

    Fonte: http://www.ronpaulinstitute.org/archives/peace-and-prosperity/2016/june/22/israeli-intel-chief-we-don-t-want-isis-defeated-in-syria/
    21
    Dez16

    EMBORA EU NÃO SEJA CRENTE NA BRUXARIA, OCULTISMO E NO ESOTÉRICO AQUI PUBLICO UM APANHADO - Grandes Magos e Bruxos da historia da humanidade.

    António Garrochinho

    1. Agrippa

    Heinrich Cornelius Agripa, foi um mago que viveu na Renascença. Nascido perto de Colônia, Alemanha, em 1486, ele adaptou o nome de Agripa em homenagem ao fundador de sua cidade natal. Trabalhou como médico, advogado, astrólogo e com curas através da fé. Mas fez tantos inimigos quanto amigos e foi acusado de feitiçaria. Em 1529, publicou um livro chamado Sobre a Filosofia Oculta,valendo-se de textos hebraicos e Gregos para argumentar que a melhor maneira de chegar a conhecer a Deus era por meio da magia. A Igreja declarou-o um herético e o prendeu. Morreu em 1535. Agripa foi uma das inspirações de Wolfgang Goethe para escrever a peça Fausto, na qual um homem de ciência faz um pacto com o diabo.Cornelius Agrippa foi o autor do livro mais abrangente e mais conhecido sobre magia e todas as artes ocultas: De occulta philosophia libri tres / Três Livros de Filosofia Oculta. Mais para o fim da sua vida voltou-se contra as curiosidades e práticas esotéricas, mas também contra as mais respeitáveis e estabelecidas formas de conhecimento científico: De incertitudine et scientiarum vanitate et Artium, atque Excellentia Verbi Dei, declamatio invectiva. Uma declamação invectiva sobre a incerteza e vanglória das ciências, 1526. Proclamou-se a favor do cepticismo e da simples devoção fideísta. Em 1529 escreve: De Nobilitate e Praecellentia Foeminei Sexus, onde argumenta que o sexo feminino é superior e não meramente igual ao masculino.


    2.  Alex Sanders  















    Alex Sanders, nasceu a 6 de Junho de 1926 e faleceu a 30 de Abril de 1988. Sanders foi proclamado pelos seus seguidores como o «Rei das Bruxas».Alex Sanders nasceu em Inglaterra, e reza a lenda que ele foi iniciado nas artes da bruxaria pela sua avó. Diz-se que o episodio sucedeu quando Alex, ainda em criança,encontrou acidentalmente a sua avo no centro de um circulo mágico, nua e praticando as suas artes esotéricas. Há quem diga que foi nesse momento que a avó de Alex, apercebendo-se da sua presença, o acolheu no ritual e assim o iniciou nas artes da bruxaria.

    Alex Sanders estudou e trabalhou como analista químico num laboratório em Manchester, onde conheceu Doreen Valiente, uma colega de trabalho com quem viria a casar aos 21 anos. O casamento durou apenas 5 anos, e dele resultaram 2 filhos.Depois do divorcio, Alex Sanders começa a estudar e a praticar Magia através do Caminho da Mão Esquerda,havendo lido os trabalho de Abramelim, o Mago.Nessa fase da sua vida, consta que Alex Sanders teve vários relacionamentos sexuais, tanto com homens como com mulheres. De alguma forma dizia-se que
    Alex Sanders tinha uma forma inexplicável de atrair irresistivelmente pessoas que o sustentassem financeiramente. Ao longo dos seus estudos e no decorrer dos anos 60, Sanders chega a fundar direta ou indiretamente mais de 1.000 convéns de bruxos e bruxas que seguiam fiel e atentamente o seu trabalho místico. Por tudo isso, ele foi eleito pelos seus pares como o «Rei das Bruxas».Em 1967 Sanders casa-se com Maxine. Sanders conhecera Maxine no decorrer da década de 60 e iniciou-a na bruxaria.Depois de casar, ambos dedicaram-se ao ensino da bruxaria.


    3. Fernando Pessoa

    Fernando António Nogueira Pessoa, comumente reconhecido como brilhante poeta Português, contudo grande astrólogo e ocultista, do qual se diz ter previsto a data e hora da sua própria morte com infalível exatidão, tão infalível quanto a mesma previsão se veio a verificar.
    Há quem também defenda que todos os seus heterônimos foram criados com fundamento em ensinamentos cabalísticos, sendo que outros defendem que os mesmos heterônimos foram criados com base em processos espiritistas, sendo que na verdade os heterônimos de Fernando Pessoa eram pessoas que existiram de verdade e que eram espíritos consultados pelo poeta e sobre os quais Fernando Pessoa escreveu.
    Tanto uma como outra versão, defendem em uníssono que as personagens heterônimas de Fernando Pessoa possuíam um fundamento tão realista devido a serem espíritos que, na realidade, existiram mesmo e foram consultados pelo poeta. Fernando Pessoa possuía ligações com o ocultismo e o misticismo, salientando-se a Maçonaria e a Rosa-Cruz (embora não se conheça qualquer filiação concreta em Loja ou Fraternidade destas escolas de pensamento), havendo inclusive defendido publicamente as organizações iniciáticas, no Diário de Lisboa, de 4 de Fevereiro de 1935, contra ataques por parte da ditadura do Estado Novo. O seu poema hermético mais conhecido e apreciado entre os estudantes de esoterismo intitula-se "No Túmulo de Christian Rosenkreutz".Conheceu o famoso ocultista Aleister Crowley, assim como a maga alemã Miss Jaeger que passou a escrever cartas a Fernando assinando com um pseudônimo ocultista.


    4. Merlim

    É considerado um dos mais sábios magos que já existiram, um bruxo-mestre. Era um mago, profeta, conselheiro e grão-druida. Merlim herdou a beleza da mãe e a inteligência do pai. Merlim, primeiramente, foi confundido com um louco chamado Myrddin, que se refugiou nas terras escocesas e lá fez muitas previsões para o futuro. O mago Merlim conhecia mistérios do céu e da terra, da vida e da morte, dos homens e dos deuses. Alguns o chamavam de feiticeiro, outros achavam que ele era um santo. Todos, porém, o reconheciam como um dos homens mais sábios desde tempos imemoriais. Dizem que foi conselheiro dos reis britânicos Vortigern, Uther Pendragon e Artur. Embora a lenda possa ter se baseado em alguém que tenha existido de fato, o Merlim que conhecemos é um personagem tirado da fantasia.
    Por exemplo,alguns dizem que foi ele quem colocou no lugar as pedras de Stonehenge. Outros dizem que ele possuía o dom da profecia porque vivia ao contrário, do futuro para o passado, e portanto já tinha visto o futuro. Merlim é mais conhecido como o mentor do rei Artur.




    5. São Cipriano

    A lenda de São Cipriano - O Feiticeiro - confunde-se com um outro célebre Cipriano imortalizado na Igreja Católica, conhecido como Papa Africano. Apesar do abismo histórico que os afasta, as lendas combinam-se e os Ciprianos, muitas vezes, tornam-se um só na cultura popular. É comum encontrarmos fatos e características pessoais atribuídas equivocadamente. Além dos mesmos nomes, os mártires coexistiram, mas em regiões distintas. Cipriano – O Feiticeiro - é celebrado no dia 2 de Outubro. Foi um homem que dedicou boa parte de sua vida ao estudo das ciências ocultas. Após deparar-se com a jovem (Santa) Justina, converteu-se ao catolicismo. Martirizado e canonizado, sua popularidade excedeu a fé cristã devido ao famoso Livro de São Cipriano, um compilado de rituais de magia. A fantástica trajetória do Feiticeiro e Santo da Antioquia, representa o elo entre Deus e o Diabo, entre o puro e o pecaminoso, entre a soberba e a humildade. São Cipriano é mais que um personagem da Igreja Católica ou um livro de magia; é um símbolo da dualidade da fé humana. Filho de pais pagãos e muito ricos, nasceu em 250 d.C. na Antioquia, região situada entre a Síria e a Arábia, pertencente ao governo da Fenícia. Desde a infância, Cipriano foi induzido aos estudos da feitiçaria e das ciências ocultas como a alquimia, astrologia, adivinhação e as diversas modalidades de magia. Após muito tempo viajando pelo Egito, Grécia e outros países aperfeiçoando seus conhecimentos, aos trinta anos de idade Cipriano chega à Babilônia a fim de conhecer a cultura ocultista dos Caldeus. Foi nesta época que encontrou a bruxa Évora, onde teve a oportunidade de intensificar seus estudos e aprimorar a técnica da premonição. Évora morreu em avançada idade, mas deixou seus manuscritos para Cipriano, dos quais foram de grande proveito. Assim, o feiticeiro dedicou-se arduamente, e logo se tornou conhecido, respeitado e temido por onde passava.


    6. Morgaine Le Fay 


    Morgaine Le Fay ou Morgana Le Fay, sendo conhecida na Grã-Bretanha como Morgana das Fadas, dentre outros nomes, aparece nas histórias do Rei Artur. O nome Morgaine tem origem celta e quer dizer mulher que veio do mar , Pode-se escrever Morgaine ou Morgan. Morgaine também é muito conhecida na Itália por um fenômeno chamado Fata Morgana, traduzindo Fada Morgana. As lendas baseadas nos contos do Rei Arthur acreditam que Morgana foi uma sacerdotisa da Ilha de Avalon, na Bretanha, meia-irmã de Arthur. É filha de Igraine , e Gorlois, Duque da Cornualha. Morgana é treinada por sua tia Viviane na Ilha de Avalon para se tornar a Senhora do Lago ou como também é chamada Dama do Lago ou Senhora de Avalon. Morgana teve um filho de Arthur depois de um ritual sagrado (Beltane). Essa criança se chamava Gwydion, que após ir para a corte de Arthur toma o nome de Mordred. Mais tarde este seria um dos inimigos de Arthur. Mordred e Arthur matam um ao outro em um duelo pelo direito de ser o Grande Rei.
    Morgana leva Arthur para Avalon, porém, ele morre ao avistar as praias da ilha sagrada. A lendária espada Excalibur é jogada no lago em algumas histórias, o Rei Arthur, ferido em combate, é levado para a Dama do Lago a uma Avalon mística do além, paralela a real, onde Artur permanece retirado do mundo e para sempre imortal. Depois a Ilha de Avalon se desliga quase por completo do mundo. E a Bretanha cai numa era negra nas mãos dos saxões. Nos livros "As Brumas de Avalon" de Marion Zimmer Bradley, que recontam a história do Rei Artur, Morgana é uma sacerdotisa sagrada da Grande Mãe. Apesar da história de Marion ser pouco realista, retoma laços importantes de Morgana com a cultura pagã atual. Colocar Morgana numa posição de poder e conhecimento confere às mulheres uma importante retomada de sua posição forte no culto à Deusa, base do Druidismo Matriarcal. Morgana das Fadas é um dos personagens mais fortes nas lendas Arthurianas. Como sua inimiga ou amiga, sua amante ou irmã, Morgana ou Morgaine encanta, aterroriza e engrandece essa antiga lenda que povoa nossa cultura há tanto tempo.


    7. Cliodhna

    Na mitologia irlandesa, Cliodhna é uma rainha das Banshees do Tuatha de Danann . Cleena de Carrigcleena é o banshee potente que governa como rainha sobre o sidheog (mulheres de fadas dos morros) of South Munster , ou Desmond . Ela é a principal deusa deste país.
    Em alguns mitos irlandeses Cliodhna é uma deusa do amor e da beleza. Ela disse ter três pássaros coloridos que comem maçãs de uma árvore do outro mundo e cuja doce canção cura os doentes. Ela deixa a ilha sobrenatural de Tir Tairngire ("terra da promessa") para estar com seu amante mortal, Ciabhán, mas é tomado por uma onda enquanto ela dorme, devido à música tocada por um menestrel de Manannan mac Lir em Glandore porto em County Cork : a maré não é conhecido como Tonn Chlíodhna, "Wave do Cliodhna" Se ela se afoga ou não depende da versão que está sendo dito, juntamente com muitos outros detalhes da história.
    Ela tinha seu palácio no coração de uma pilha de pedras, cinco quilômetros de Mallow , que ainda é vulgarmente conhecida pelo nome de Carrig-Cleena, e numerosas lendas sobre ela são contadas entre os camponeses Munster. Na qualidade de banshee, Cleena é mencionado pelo irlandês antiquário John O'Donovan . Escrita em 1849 a um amigo, O'Donovan diz:
    "Quando meu avô morreu em Leinster em 1798, Cleena veio todo o caminho a partir de Ton Cleena a lamentar-lo, mas ela não foi ouvido desde então lamentando qualquer da nossa raça, apesar de eu acreditar que ela ainda chora nas montanhas de Drumaleaque em seu próprio país , onde muitos de raça de Eoghan Mor estão morrendo de fome."
    O grande líder irlandês Michael Collins também tinha conhecimento de Cliodhna. Histórias disseram dela na escola Rosscarbery ele participou, e tomaram viagens domingo a rocha do Cliodhna. Aqui, de acordo com o amigo de Michael Piaras Béaslaí :

    "Michael ouvido muitos um conto maravilhoso de encantos do Cliodhna, de naufrágios e perigos, e afogamentos e tesouro."


    8.Gandalf

    Gandalf , por vezes Gandalf, o Cinzento ou Gandalf, o Branco é um personagem fictício das obras do autor e filólogo britânico J. R. R. Tolkien. Gandalf é um mago Istari, pertencente à raça dos Maia, espírito angelical do mundo tolkienano, e costumava andar com Nienna com quem aprendeu a paciência e a compaixão (Silmarillion), mas diz-se que era conselheiro de Irmo Lórien. Foi à Terra Média para ser um dos conselheiros dos homens e impedir que a escuridão voltasse. Durante a Terceira Era da Terra-Média, foi realizada uma reunião entre os Valar em Aman sobre o que fazer com relação a Terra-Média, pois os Valar ainda se preocupavam com o destino de Arda. A conclusão da reunião foi enviar seres de sua elevada ordem para combater na Terra-Média. Só que estes não poderiam se apresentar na sua forma de poder e esplendor que apresentam em Valinor, teriam que ir em corpos mortais. Foram então selecionados cinco Maiar para a viagem. Como líder foi escolhido Curunnír, conhecido por Saruman, sendo este o primeiro a desembarcar nos Portos Cinzentos. Além deste, outros dois "magos", Alatar e Pallando, ou Magos Azuis, também desembarcaram. Por Yavanna, foi enviado um que chamavam de Radagast, e Manwë escolheu Olórin, Mithrandir para os elfos e Gandalf para os homens, pois possuía muita estima por este. Gandalf foi o último a desembarcar, e Círdan, Senhor dos Portos, logo percebeu que ele deveria ser o mais importante e lhe entregou o Anel de Fogo, Narya para que Gandalf fosse seu novo guardião. O personagem aparece em todas as obras de Tolkien relacionadas ao mundo de Arda, incluindo O Hobbit (1937), The Fellowship of the Ring (1954), The Two Towers (1954), The Return of the King (1955), O Silmarillion (1977) e Contos Inacabados de Númenor e da Terra Média (1980).


    9.Eliphas Levi

    O maior ocultista do século XIX, como muitos o consideram, era filho de um modesto sapateiro. Tinha uma irmã, Paulina-Louise, quatro anos mais velha que este. Desde sua infância demonstrava um grande caráter de seu talento para o desenho, seus pais introduziram-no para o ensinamento religioso. Depois disso, aos dez anos de idade ingressou na comunidade do presbitério da Igreja de Saint-Louis em Lille, onde aprendeu o catecismo com o seu primeiro mestre, o abade Hubault, que fazia seleções dos garotos mais inteligentes. Eliphas Levi foi encaminhado por Hubault ao seminário de Saint-Nicolas Du Chardonnet, para concluir seus estudos preparatórios. A vida familiar para ele havia acabado neste momento. No seminário, teve a oportunidade de aprofundar-se nos estudos da filologia, e quando completara seus dezoito anos já era apto para ler a Bíblia no seu contexto original. No ano de 1830, foi transferido para o seminário de Issy para estudar filosofia. Dois anos depois, ingressou em Saint-Sulpice para estudar teologia. Foi nesse tempo que esteve em Issy que escreveu seu primeiro drama bíblico, Nimrod. No seminário de Saint-Sulpice criou seus primeiros poemas religiosos, considerados de demasiada beleza. Eliphas Levi foi ordenado diácono em 19 de dezembro de 1835. Em maio de 1836, teria sido ordenado sacerdote, se não tivesse confessado ao seu superior o amor por Adelle Allenbach , cuja primeira comunhão com ele havia realizado. Suas convicções receberam um choque tão grande , que Levi sentiu-se jogado fora da carreira eclesiástica.
    Por resultado de uma publicação de uns escritos de sua Bíblia da liberdade foi posto preso durante oito meses, incluindo 300 francos de multa, acusado de profanar o santuário da religião, de atentar contras as bases que sustentam a sociedade, de espalhar ódio e a insubordinação. Depois de tanto constrangimento e de tantos parênteses na sua vida , enquanto esteve preso , teve contato com os estudos de Swedenborg. Segundo Eliphas mesmo afirmava , que , tais escritos não contêm toda a verdade, mas conduzem os neófitos com segurança em uma suposta senda esotérica.


    10. Henrich Arnold Krumm-Heller

    Foi um médico, ocultista e Rosa-Cruz de origem alemã, mas que viveu muitos anos no México. Ele fundou a Fraternitas Rosicruciana Antiqua (FRA), uma tradicional Ordem hermética que atua nos países de fala hispânica e no Brasil. Krumm-Hellernasceu em 15 de abril de 1876 e morreu em  Marburg , Alemanha, em 1949. Ele veio para a América do Sul ainda jovem, e foi médico do exército mexicano durante muitos anos. Logo iniciou a estudar ocultismo e tornou-se maçom e Rosa-Cruz. Filiou-se a Ordo Templi Orientis (O.T.O.). Foi contemporâneo também de Theodor Reuss (fundador da O.T.O.) e Spencer Lewis ( Imperator da A.'.M.'.O.'.R.'.C ). Quando esteve no Peru assumiu o nome de Mestre Huiracocha, como passou a ser conhecido nos meios esotéricos.






    11. Papus

    Papus era o pseudônimo de Dr. Gerard Encausse (1865-1916), um discípulo de Joseph Saint-Yves d’Alveydre (1842-1910), um iniciado da Igreja Gnóstica e freqüente investigador de muitos grupos ocultos de seu tempo. Um dos mais famosos ocultistas da virada do século, ele foi o fundador da Escola Hermética em Paris, que atraiu muitos estudantes russos e dirigiu revista francesa de ocultismo, L’Initiation. Papus também foi o cabeça de duas sociedades esotéricas, a L’Ordre du Martinisme e a L’Ordre Kabbalistique de la Rose-Croix.

    Papus, juntamente com Oswald Wirth e Stanilas de Guaita, sonharam em unir os ocultistas de todo lugar numa fraternidade Rosacruniana reavivadade, uma ordem oculta internacional em que eles esperavam que o Império Russo desempenharia um papel de líder como ponte entre o Leste e o Oeste.







    12. Madame Blavatsky

    Helena Petrovna Blavatsky mais conhecida como Helena Blavatsky ou Madame Blavatsky, foi uma prolífica escritora, filósofa e teóloga da Rússia, responsável pela sistematização da moderna Teosofia e co-fundadora da Sociedade Teosófica.

    Seria impossível abordar aqui toda a produção literária de Helena Blavatsky, pois ela é demasiado vasta, sua obra completa publicada abrange dezenas de volumes entre livros, artigos, ensaios e correspondência. A seguir são analisadas apenas suas peças mais célebres e significativas, sem que isso represente uma omissão de informações importantes, já que em suma o principal de sua carreira foi voltado para a divulgação de um único tema, a Teosofia. O Glossário Teosófico foi publicado pela primeira vez postumamente, em 1892, com o objetivo de auxiliar no estudo dos temas do ocultismo, uma vez que em seus escritos Blavatsky utilizou uma terminologia técnica em larga medida desconhecida no ocidente, com muitas expressões em línguas orientais como o sânscrito e o páli. Também clarificou uma série de termos empregados nas tradições do Cristianismo esotérico, da Gnose, da Cabala e do Hermetismo, e de várias mitologias do mundo. A autora só pôde verificar as provas impressas das primeiras trinta e duas páginas. Mais do que um simples dicionário, a obra tem um caráter de enciclopédia, com inúmeros verbetes trabalhados ao modo de pequenos artigos. A primeira edição foi depois de sua morte significativamente ampliada pelo trabalho de seus colaboradores.
    Helena Blavatsky foi descrita por seus contemporâneos em extremos de admiração e de desprezo, embora fosse uma figura fascinante para todos, pelo menos no que diz respeito ao seu carisma, inteligência e vivacidade pessoal, onde não estava ausente um grande senso de humor, que se expressava da maneira mais cômica quando falava mal de si mesma e levava às gargalhadas seus amigos. Seu comportamento nada tinha de previsível ou polido, estava longe das convenções sociais, era dramática, impulsiva e propensa a dar escândalos, a opinião alheia lhe era indiferente, mas não era esnobe. Não demonstrava ter uma natureza sensual mas falava abertamente sobre sexo. Era muito obesa, adorava comidas gordurosas e vestia-se de modo confuso, preferindo largas túnicas exóticas e vestidos soltos que tornavam seu perfil volumoso ainda mais indistinto; gostava de usar uma profusão de anéis. Era barulhenta, falava incessantemente exceto quando escrevia.


    13. Rei Salomão

    Como sabemos Salomão foi um homem muito sábio mas por conta de suas abominações com as mulheres de terras estranhas ele abandonou a D'us. Mas antes D'us lhe deu o entendimento de construções, então ele ordenou a construção de um magnífico Templo, conhecido como "O Templo de Salomão".
    O único, além de Salomão, que sabia decifrar as escrituras do Templo do Rei Salomão, era Hiram Abiff, este era Arquiteto e foi enviado por Hirão o Rei de Tiro, aliado do Rei Salomão. Hiram Abiff com um caráter e um grau de sabedoria bem elevado conquistou o Rei Salomão e o Rei deu a ele o conhecimento de decifrar os códigos para a construção do Templo que Salomão construiria para D'us. ( 1 Reis cap 7:13).
    A Lenda de Hiram Abiff, se dá como tendo sido assassinado por três maus companheiros. Lenda é um relato fantasioso que parte de um fato verídico , Hiram o arquiteto existiu , a História dos Hebreus o refere , e ele foi assassinado por três construtores porque ele era o único que sabia decifrar as escrituras do templo de Salomão , as quais alguns tinham cobiça. Alguns autores dizem que a Lenda teria sido criada para dar sustento político à casa real dos Stuart. Nesta Lenda, surgem três "Assassinos", que feriram de morte o Mestre , através de golpes com instrumentos de trabalho, a régua, o esquadro e o maço. Todos os golpes contribuíram para essa morte e todos os produziram com excessivo dolo. Logo após a construção do templo, Salomão despreza o concerto que fez com D'us, quando passa a buscar e adorar aos deuses de suas mulheres, assim D'us se aparta de Salomão. Então o Rei usa a sua sabedoria e segundo os mestres em sabedoria, monges etc... Salomão aprisionou 72 espíritos e fez um livro chamado "goética". Esse livro ele mostra como pactuar com eles e invoca-los, através do deus Baphomet. Todas as técnicas, foram guardadas em pergaminhos, e segundo historiadores se perderam com as destruições dos templos, em 587 a.c e em 68 d.c. Porém em plena idade média, na época das cruzadas, um grupo chamado de Cavaleiros do Templo resolveram guardar os caminhos dos cristãos que iam a terra santa em peregrinação.


    14. Francis Bacon

    Francis Bacon, 1°. Visconde de Alban, também referido como Bacon de Verulâm foi um político, filósofo e ensaísta inglês, barão de Verulam (ou Verulamo ou ainda Verulâmio), visconde de Saint Alban. É considerado como o fundador da ciência moderna.
    Desde cedo, sua educação orientou-o para a vida política, na qual exerceu posições elevadas. Em 1584 foi eleito para a câmara dos comuns.

    Sucessivamente, durante o reinado de Jaime I, desempenhou as funções de procurador-geral (1607), fiscal-geral (1613), guarda do selo (1617) e grande chanceler (1618). Neste mesmo ano, foi nomeado barão de Verulam e em 1621, barão de Saint Alban. Também em 1621, Bacon foi acusado de corrupção. Condenado ao pagamento de pesada multa, foi também proibido de exercer cargos públicos.








    15. Aleister Crowley

    Nascido na Inglaterra em 1875, Aleister Crowley foi uma das maiores autoridades esotéricas de nosso tempo. Menino prodígio, Crowley lia a Bíblia em voz alta aos quatro anos. Incansável estudioso das denominadas ciências ocultas, deixou uma vasta obra teórica, onde tenta mostrar como desenvolver e entrar em contato com a energia interior, e usá-la produtivamente para modificar por completo a vida. Crowley afirmava que essa energia que durante muito tempo procurou desenvolver através de ritos sexuais seria totalmente liberada com a chegada da Nova Era, período em que as leis sociais seriam definitivamente rompidas para que todos pudessem finalmente viver em plenitude. Crowley, que se auto-intitulava a Grande Besta 666, para desvincular-se totalmente de preconceitos religiosos, esforçou-se durante toda a sua vida para popularizar o esoterismo, e mais de uma vez revelou segredos de seitas fechadas, afirmando que : “o conhecimento é livre, e assim deve permanecer”. A principal obra de Aleister Crowley foi o Livro da Lei, no início do Novo Aeon*. Ele foi o principal desenvolvedor da Lei de Thelema, o qual seu principal lema é: “Faz o que tu queres e há de ser tudo da Lei”, “O amor é a Lei, mas amor sobre a vontade” e “Todo o homem e toda mulher é uma estrela”. Aeon é um período de cerca de 2000 anos que caracteriza a duração de um determinado ciclo regido por determinados conceitos mágicos na filosofia thelêmica. O Aeon atual é o de Hórus, iniciado em 1904, também nome de um deus gnóstico.
    Crowley esteve presente nas principais ordem mágicas do século XX, como a O.T.O. (Ordem dos Templários Orientais), e era um exímio ocultista, talvez o maior de todos os tempos, se dizendo o maior amigo da humanidade. Aleister Crowley se dedicou de corpo e alma em desvendar os seus mistérios e segredos, indo a fundo na sua busca, não se limitando por nada, derrubando todas as barreiras, experimentando todas as facetas da alma humana, de todas as formas.

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    21
    Dez16

    VÍDEO - A Libertação 1945 (Documentário Completo Dublado) Segunda Guerra Mundial

    António Garrochinho

    Esta é a dramática história de duas diferentes frentes de batalha durante a Segunda
    Guerra Mundial  


    Tentando sempre minimizar o papel decisivo da União soviética a campanha de libertação da Europa .

    Libertação 1945 recria a violenta atmosfera da Europa emergindo da dominação
    Nazista e um rigoroso contraste dos dias finais da Solução Final. Aqui foram usados
    diversos arquivos de rádios e relatos pessoais. Libertação 1945 é o melhor documentário já feito sobre o assunto! O poder deste compreensível filme ressoará com você por vários anos. Porém, o maior de tudo: este extraordinário registo nos serve como testemunha para todos aqueles que perdemos.


    vídeo


    21
    Dez16

    cozido de grão uma receita que me enviou o meu amigo R.R.

    António Garrochinho



    Cozido de grão

    1. Na véspera põe o grão de molho (24 horas) e salga as carnes (12 horas), chispe, toucinho, entremeada e entrecosto.
    2. Com o grão demolhado esfrega-o com sal numa cortiça para retirar a pele.
    3. Num tacho com água, coloca o grão, os enchidos (chouriço de carne e chouriço preto) e as carnes passadas por água para retirar o excesso de sal, junta uma cebola descascada inteira, louro, pimenta e deixa cozer.
    4. Vai retirando as carnes à medida que estas estiverem cozidas retira a cebola (lixo) e reserva.
    5. Junta a cenoura às rodelas, as batatas e a abóbora e deixa cozer.
    6. Com o grão e os legumes cozidos junta umas massinhas de cotovelo.
    7. Serve o grão e os legumes numa tijela com muito caldo (tipo de sopa) com uns raminhos de hortelã e as carnes numa travessa à parte.
    Acompanhe com um bom tinto

    21
    Dez16

    O "desenvolturasedesacatos" deseja a todos os seus leitore(a)s BOAS FESTAS e BOM ANO NOVO

    António Garrochinho


    Depois de mais um ano  em que o "desenvolturasedesacatos" ultrapassou o MILHÃO E MEIO DE VISITANTES com altos e baixos em alguns dias que tiveram origem em problemas do foro técnico do Bloguer no HTLM e que anulou dezenas de publicações e continua sem qualquer justificação a apagar imagens  2016 está chegando ao seu fim.
    Não tenho os meios técnicos necessários que estão fora das minhas possibilidades económicas mas em trabalho de pesquisa tento obter sempre o melhor, o mais confiável, e em imagem e organização de texto esforço-me para que haja qualidade naquilo que publico.
    Ainda que na vida pessoal as coisas não tenham mudado muita coisa para mim neste ano findo , o ano foi gratificante pois eu gosto do que faço e  2016 foi um ano de muito trabalho a informar, a proporcionar cultura e entretenimento, procurando sempre ser o mais rigoroso possível na qualidade das publicações que ofereço aos meus amigo(a)s e camaradas. 

    Todos os leitore(a)s podem continuar  visitando todos os dias o "desenvolturasedesacatos" pois irão sempre encontrar novidades. 
    Para todos os que gostam das minhas publicações BOAS FESTAS E BOM ANO !

    António Garrochinho

    21
    Dez16

    OS NETINHOS DO MORGADO

    António Garrochinho


    Já que o coito - diz Morgado -
    tem como fim cristalino,
    preciso e imaculado
    fazer menina ou menino;
    de cada vez que o varão
    sexual petisco manduca,
    temos na procriação
    prova de que houve truca-truca.
    Sendo pai só de um rebento,
    lógica é a conclusão
    de que o viril instrumento
    só usou - parca ração! -
    uma vez. E se a função
    faz o órgão - diz o ditado -
    consumada essa excepção,
    ficou capado o Morgado.

    Natália Correia

    (Intervenção na Assembleia da República, a 3 de abril de 1982, em resposta ao deputado do CDS, João Morgado)


    aditaeobalde.blogspot.pt

    21
    Dez16

    OS NETINHOS DO MORGADO

    António Garrochinho


    Já que o coito - diz Morgado -
    tem como fim cristalino,
    preciso e imaculado
    fazer menina ou menino;
    de cada vez que o varão
    sexual petisco manduca,
    temos na procriação
    prova de que houve truca-truca.
    Sendo pai só de um rebento,
    lógica é a conclusão
    de que o viril instrumento
    só usou - parca ração! -
    uma vez. E se a função
    faz o órgão - diz o ditado -
    consumada essa excepção,
    ficou capado o Morgado.

    Natália Correia

    (Intervenção na Assembleia da República, a 3 de abril de 1982, em resposta ao deputado do CDS, João Morgado)


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    21
    Dez16

    21 de Dezembro de 1925: Estreia de "O Couraçado Potemkin" em Moscovo

    António Garrochinho


    O júri internacional de cinema da Exposição Mundial de Bruxelas, em 1958, considerou -o unanimemente "o melhor filme de todos os tempos". No entanto, O Couraçado Potemkin fez pouco sucesso, quando estreou no Teatro Bolshoi de Moscovo, em 21 de Dezembro de 1925.

    Encomendado pelo Estado soviético, o filme de Serguei Mikhailovich Eisenstein (1898–1948) celebrava oficialmente os 20 anos da revolução de 1905, que tinha instaurado a democracia popular no país dos czares.

    Eisenstein, que actuou primeiro durante alguns anos no teatro, como cenógrafo e figurinista, compartilhava as ideias da vanguarda russa, que rejeitava a concepção artística da burguesia e pretendia intervir no quotidiano através de uma nova arte. O cinema, com as suas novas possibilidades de montagem, pareceu-lhe então o campo de acção ideal.

    O sucesso da  sua  primeira longa-metragem, A Greve (1924), levou o governo soviético a contratá-lo para escrever o guião e realizar o filme que comemoraria o jubileu da revolução de 1905.

    Durante as filmagens em Odessa, o realizador acabou por descartar as cenas já rodadas e reformulou completamente o guião. A revolta dos marinheiros do navio de guerra Potemkin, da frota russa no Mar Negro, deveria ser apenas um episódio, mas tornou-se tema da película, simbolizando o levantamento popular contra o regime czarista.

    Eisenstein não quis, contudo, fazer uma crónica dos acontecimentos históricos, apostando antes na enorme força sugestiva que as imagens adquiriram graças à sua inovadora técnica de montagem.

    As sequências mais marcantes do filme tornaram-se verdadeiramente antológicas, como a do avanço dos soldados em passos marciais contra a população e a do carrinho de bebe descendo pelos degraus da escadaria de Odessa.

    Na União Soviética, o filme só cativou as massas depois de começaram a chegar as notícias do sucesso, mas também das proibições e das intervenções da censura na Europa e nos Estados Unidos.

    Fontes: DW
    wikipedia (imagens)

    Vintage Potemkin.jpg

    Cartazes do Filme


    VÍDEO

    21
    Dez16

    21 de Dezembro de 1805: Morre o poeta português Manuel Maria Barbosa du Bocage

    António Garrochinho


    Considerado por muitos autores como o mais completo poeta do nosso século XVIII, Manuel Maria Barbosa du Bocage, filho de um advogado e de uma senhora francesa de quem herdou o último apelido, nasceu a 15 de setembro de 1765, em Setúbal, e morreu a 21 de dezembro de 1805, em Lisboa. Aos 16 anos assentou praça na Infantaria de Setúbal, mas em 1783 alistou-se na Academia Real da Marinha. Em Lisboa, participou na vida boémia e literária e começou a ganhar fama devido à sua veia de poeta satírico. Em 1786 embarcou para a Índia, chegando a ser promovido a tenente; em 1789 aventurou-se a ir a Macau e logo no ano seguinte regressou a Portugal. Em Lisboa encontrou a amada Gestrudes (em poesia Gestúria) casada com o seu irmão. Infeliz no amor, sem carreira e com dificuldades financeiras, dedicou-se à vida boémia e à poesia, tendo publicado, em 1791, o primeiro volume de Rimas . Aderiu então à Nova Arcádia (ou Academia de Belas Letras) onde recebeu o nome de Elmano Sadino. No entanto, Bocage, pela sua instabilidade e irreverência, não se adaptou ao convencionalismo arcádico e abriu conflitos com os seus confrades, sendo expulso em 1794. Três anos depois foi acusado de "herético perigoso e dissoluto de costumes" e, como era conhecida a sua simpatia pela Revolução Francesa, foi preso e condenado pela Inquisição. Quando saiu da reclusão, conformista e gasto, viu-se obrigado a viver da escrita (sobretudo de traduções). Apesar de ter recebido o auxílio de alguns amigos, acabaria por morrer doente e na miséria.

    Se formalmente a poesia bocagiana ainda é neoclássica, se nalgum vocabulário e nos processos de natureza alegórica ainda se sente a herança clássica, concretamente a camoniana, pelo temperamento, por grande parte dos temas (como o ciúme, a noite, a morte, o egotismo, a liberdade, o amor - muitas vezes manifestado por uma expressão erotizante) e pela insistência nalgumas imagens e verbos que denunciam uma vivência limite, pode bem dizer-se que uma parte significativa da produção poética de Bocage é já marcadamente pré-romântica, anunciando assim a nova época que se aproxima. Apesar de a sua poesia ser contraditória, irregular, e de os seus versos revelarem concessões artisticamente duvidosas, Bocage é considerado, com justeza, um dos maiores sonetistas portugueses.

    As obras de Bocage encontram-se editadas atualmente nas antologias: Opera Omnia, Poesias (antologia que inclui a lírica, a sátira e a erótica) e Poesias de Bocage.


    Bocage. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2011.
    wikipedia (Imagens)
    Auto - retrato
    Magro, de olhos azuis, carão moreno,
    Bem servido de pés, meão na altura,
    Triste de facha, o mesmo de figura,
    Nariz alto no meio, e não pequeno;
    Incapaz de assistir num só terreno,
    Mais propenso ao furor do que à ternura;
    Bebendo em níveas mãos, por taça escura,
    De zelos infernais letal veneno;
    Devoto incensador de mil deidades
    (Digo, de moças mil) num só momento,
    E somente no altar amando os frades,
    Eis Bocage, em quem luz algum talento;
    Saíram dele mesmo estas verdades,
    Num dia em que se achou mais pachorrento.


    Ficheiro:Manuel Maria Barbosa du Bocage.jpg

    Ficheiro:SOUSA Barbosa.jpg
    21
    Dez16

    INVERNO

    António Garrochinho

    O inverno começou esta quarta-feira, às 10:44,11.99, hora de Lisboa, e vai prolongar-se, no hemisfério norte, até 20 de março, data em que se inicia a primavera.
    O solstício de inverno, que marca o início do inverno, a estação mais fria do ano, produz o dia mais curto: em Lisboa, por exemplo, o dia terá a duração de nove horas, 27 minutos e quatro segundos, explica o portal do Observatório Astronómico de Lisboa.
    A estação do inverno vai manter-se até ao próximo equinócio, que ocorrerá a 20 de março, às 10:29 (hora de Lisboa), assinalando o começo da primavera.
    Ao mesmo tempo que começa o inverno nos países do hemisfério norte, inicia-se o verão nos países do hemisfério sul. Os solstícios são pontos em que a declinação do Sol atinge extremos: máxima, no verão, e mínima, no inverno.
    Os equinócios, que marcam o começo da primavera, em março, e do outono, em setembro, correspondem aos instantes em que o Sol cruza o equador celeste.
    Ao contrário dos solstícios, em que os dias não têm a mesma duração do que as noites, nos equinócios, o dia e a noite duram o mesmo tempo.
    Foto de António Garrochinho.

    21
    Dez16

    PS rejeita acordo entre ministra da Justiça e Ministério Público

    António Garrochinho


    A ministra da Justiça esteve esta terça-feira na tomada de posse do presidente do Supremo, Vítor Manuel Gonçalves Gomes


    Proposta de lei previa que um magistrado do Ministério Público só poderia ser transferido mediante "concordância"

    Afinal, a hierarquia do Ministério Público (MP) vai poder transferir procuradores entre comarcas sem necessitar do seu consentimento, ao contrário do que previa a proposta do ministério da Justiça de alteração à Lei da Organização do Sistema Judiciário. Na versão do gabinete de Francisca Van Dunem, a reafetação de magistrados do MP só era possível mediante a "concordância" daqueles. Porém, o PSD propôs e no dia 7 de dezembro o PS votou a favor da substituição da condição de assentimento pela mera "audição" do magistrado. O CDS/PP accompanhou esse sentido de voto e os restantes partidos votaram contra. Perante este cenário, ao DN, o presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP), António Ventinhas, admitiu pedir a fiscalização sucessiva da constitucionalidade do diploma, aprovado na sexta-feira em votação final global.

    "É estranho como é o próprio PS, ao votar ao lado do PSD, que altera uma proposta do próprio Ministério da Justiça", disse António Ventinhas, acrescentando que este foi um dos "pontos essenciais" da negociação entre o sindicato dos magistrados do MP e Francisca Van Dunem durante os trabalhos preparatórios da alteração à Lei, diploma que vai permitir a reabertura de 20 tribunais a 4 de janeiro. O sindicato, aliás, já tinha alertado para a situação num parecer de junho de 2016 à proposta de lei do governo: "Sendo o Ministério Público uma magistratura, a gestão dos seus agentes - também eles dotados de autonomia - não pode servir para qualquer forma de controlo concreto de processos".

    "O que está em causa é o princípio da estabilidade dos magistrados, isto é, evitar que algum colega que tome uma decisão inconveniente num determinado processo seja transferido de forma arbitrária", concretizou o presidente do SMMP.

    O DN enviou um conjunto de questões ao gabinete da ministra da Justiça, para saber se, como procuradora de carreira, Francisca Van Dunem considerava como "essencial" a questão da "concordância". Telegraficamente, o gabinete da ministra respondeu: "Foi uma decisão do parlamento, não cabe ao ministério comentar".

    O assunto chegou a ser discutido no Conselho Superior do Ministério Público (CSMP), que a 22 de novembro deste ano discutiu e votou um parecer do gabinete da Procuradora-geral da República (PGR), Joana Marques Vidal, à proposta de lei do governo. Para tentar conciliar a autonomia dos procuradores e a hierarquia interna, o gabinete da PGR propôs que na nova Lei de Organização do Sistema Judiciário ficasse consignado que um magistrado do MP só poderia ser transferido de comarca com a sua "concordância", "salvo no caso de excecional conveniência de serviço". Segundo o documento, a que o DN teve acesso, a titular da investigação criminal defende que "como princípio geral, não discordamos da necessidade do acordo de magistrado quanto à sua reafetação, o que tem sido regra geral nos casos até hoje tratados pelo Conselho Superior do Ministério Público". A reafetação - defende Joana Marques Vidal - " é sem dúvida medida excecional e de última ratio - e apenas visa resolver um problema de ausência absoluta de um magistrado ou reequilibrar uma distribuição de serviço anterior que deu origem - por vários motivos possíveis, desde pessoais, à natureza dos processos ou a episódios conjunturais da realidade social - a um desequilíbrio de carga processual de vários magistrados, em prejuízo da harmonia na capacidade de resposta judiciária aos cidadãos", pode ler-se no documento. Pelo exposto, conclui Joana Marques Vidal, "é crucial que se preveja a possibilidade, excecional, de prescindir do acordo do magistrado - sem prejuízo da sua audição - em casos de manifesta conveniência de serviço, nomeadamente por não ser possível recorrer a outras medidas de gestão de recursos".

    Numa declaração de voto, o advogado António Barradas Leitão, membro do CSMP eleito pela Assembleia da República, manifestou-se contra a inclusão na lei do assentimento dos magistrados para a transferências, considerando que, caso esta condição fosse aprovada, "corre-se o risco de , em alguns casos, o Conselho Superior e a hierarquia do MP ficarem impossibilitados de dar resposta às necessidades de serviço, com gravíssimos inconvenientes".

    Em sentido contrário, pronunciou-se João Palma, ex-presidente do SMMP e membro do CSMP eleito pelos pares. Invocando a Constituição e o Estatuto dos Magistrados do MP, o procurador declarou que, caso a nova lei não estabelecesse a necessidade de assentimento dos procuradores nas transferências, seria "abrir a porta a critérios variáveis e subjetivos", assim como abrirá uma segunda porta, para "o arbítrio, pouco consentâneo com o conceito de magistratura que a Constituição e a lei consagram para o Ministério Público".Contactado pelo DN, o deputado Carlos Abreu Amorim defende que a conclusão desta alteração passa por "não se poder estabelecer um paralelo entre a magistratura judicial e a do Ministério Público", explica o social democrata. "Porque uma é dotada de independência e outra de autonomia, o que faz a diferença e por isso essa autorização poria em causa essa hierarquia do Ministério Público que existe".

    Na passada sexta-feira, a ministra da Justiça afirmou que os tribunais serão mesmo reabertos no dia 4 de janeiro, depois do parlamento ter aprovado na especialidade a proposta de lei da organização judiciária. "Está tudo pronto para reiniciar a atividade". A governante explicou ainda que o funcionamento desses tribunais será garantido com a deslocação de magistrados, visto que o que está em causa são estruturas que antes já "funcionavam num regime de agregação". No caso de família as mudanças serão aplicadas numa segunda fase.



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