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orouxinoldaresistencia

POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

orouxinoldaresistencia

26
Dez16

ARTISTA FAZ QUADROS SOMENTE COM RETALHOS DE JEANS

António Garrochinho




Ayrton Senna feito de retalhos de jeans
Ayrton Senna feito de retalhos de jeans, por Ian Berry.
À primeira vista, muitos acreditam que o trabalho de Ian Berry são fotos com tonalidade azulada ou pinturas a óleo de cor índigo.  E isto não ocorre somente quando sua arte é vista online ou impressa, quando muito do detalhe e profundidade se perde.  Mesmo à uma distância em que se pode tocar sua arte, muitas pessoas não percebem que estão olhando para muitas camadas e tonalidade de jeans.
Ao ver a arte de Ian de perto, você fica ciente da profundidade e da textura, e vê como cada pequeno retalho de jeans foi analisado e considerado antes de sua aplicação.
Ele cria cenas urbanas melancólicas, muitas vezes mostrando o lado solitário e menos glamoroso da vida na cidade. Ele diz que jeans agora é um tecido muito urbano, após ter suas origens na região rural. Assim, que melhor mídia para capturar a vida urbana do dia-a-dia?
É difícil acreditar que tudo isso começou por uma simples observação: olhando para uma pilha de velhos jeans e notando as tonalidades contrastantes de azul.
Seu sucesso captou a atenção de muitos e, embora seus trabalhos sejam extremamente meticulosos e demorados, ele conseguiu produzir alguns retratos comissionados: Debbie Harry, Jennifer Saunders, Giorgio Armani e Lapo Elkann, e da modelo Gisele Bündchen, entre outros. Contudo, seu trabalho mais conhecido foi o do brasileiro, Ayrton Senna, usando jeans de sua família em apoio à Instituição que carrega seu nome.
Veja abaixo o vídeo da entrega do quadro em jeans de Ayrton Senna para a família do herói brasileiro, seguido de outro vídeo de seu trabalho e mais fotos de sua arte:
VÍDEO

otimundo.com
26
Dez16

O mundo visto de cima: Dinamarca [Kalundborg até Skagen]

António Garrochinho


Desta vez conheceremos mais um país incrível, com paisagens realmente espectaculares: A Dinamarca.


Acompanhe o caminho de Kalundborg até Skagen, onde teremos vistas aéreas surpreendentes, cheias de casarões antigos, uma natureza belíssima e com castelos incríveis. Confira!

Para isso, assista ao documentário abaixo:

 

tudorocha.blogspot.pt

26
Dez16

informação minimalista

António Garrochinho



Desde 2004 que o salário real em Portugal não acompanha a variação da produtividade. Esta diferença aprofundou-se brutalmente a partir de 2010, em resultado da política de austeridade.

cris-sheandbobbymcgee.blogspot.pt
26
Dez16

HIPNOSE

António Garrochinho

PARECE QUE A SOCIAL DEMOCRACIA (ANTECÂMARA DO FASCISMO) ANDA POR AÍ A DEIXAR BABA DE CARACOL.

JÁ NÃO BASTAM AS PROPAGANDAS DOS PAÍSES NÓRDICOS A MERECEREM EXAGERADOS ELOGIOS MANÍACOS DE MODELOS SE SUPER SOCIEDADES (LÁ TODOS PAGAM IMPOSTOS) AGORA PARECE SURGIR NA CABEÇA DO ZÉ POVINHO QUE POR CÁ EXISTE ESSA HISTÓRIA DA SOCIAL DEMOCRACIA E QUE PODERIA FUNCIONAR.

NO PSD LOGO A SEGUIR AO 25 ABRIL (VEJAM REGISTOS VÍDEO AUTÊNTICOS) SÁ CARNEIRO FECHAVA O PUNHO E GRITAVA "RUMO AO SOCIALISMO" DEPOIS DEU NA MERDA QUE DEU.

A SEGUIR O PARTIDO XUXA AFIRMAVA-SE SOCIALISTA E HOJE ESTÁ RECHEADO DE BURGUESES E NEO LIBERAIS TIPO SÃO FRANCISCO DE ASSIS.

O BLOCO DE ESQUERDA, BLOCO ELEITORAL, TEM UMA POLÍTICA EXCLUSIVA. SÃO OS SEUS DIRIGENTES QUE DECIDEM QUEM É DE ESQUERDA OU DE DIREITA. PARA ELES A ANÁLISE QUE FAZEM PRINCIPALMENTE DA POLÍTICA EXTERNA DÃO VONTADE DE RIR E AGRADAM AO SISUDO CAVACO SILVA.

TODOS ESTES ENGANADORES SE BASEAVAM NA FALSA SOCIAL DEMOCRACIA E DAS CUECAS NEM O ELÁSTICO TINHAM ABRINDO AS SUAS POLITICAS À DIREITA, AO CAPITALISMO E AOS MONOPÓLIOS.

A PROPAGANDA DOS MEDIA E NÃO SÓ LEVANDO NO COLINHO QUEM LHES INTERESSA E O QUE LHES CONVÉM TEM FEITO OS SEUS ESTRAGOS.

A CONTINUAR ASSIM O POVO SE NÃO ABRIR A PESTANA PAGARÁ CARO ESTA EUFORIA DE QUE DEPOIS DE REPOSTO O QUE JÁ TINHA SIDO ROUBADO PORTUGAL SERÁ MELHOR E QUE OS QUE SEMPRE NOS ROUBARAM VÃO TORNAR-SE SANTINHOS E AMIGOS DO POVO.

QUEM NOS GARANTE QUE NÃO NOS VÃO ROUBAR
OUTRA VEZ ? ALGO MUDOU NOS PARTIDOS QUE SEMPRE FORAM OS PROTAGONISTAS DAS POLÍTICAS DE DIREITA QUE LEVARAM PORTUGAL À RUÍNA ?

HOJE DE MANEIRA DISSIMULADA ESTÃO A DISTRIBUIR-SE MIGALHAS AO POVO E COMO ANTIGAMENTE A ENTREGAR AOS PATRÕES O OURO E A PRATA.
António Garrochinho
26
Dez16

MULTAS - Multa de mil euros se não se der prioridade a grávidas e deficientes/Flores na escada podem dar multa de 370 euros

António Garrochinho


A partir de amanhã, grávidas, deficientes e idosos com evidente incapacidade são atendidos primeiro.

Não dar prioridade no atendimento a uma grávida, a portadores de deficiência ou de incapacidade física e a pessoas acompanhadas por uma criança até aos dois anos é ilegal, a partir de amanhã. Quem não respeitar a lei, arrisca-se a ver entrar a Polícia pelo estabelecimento e, ainda, a ter de pagar uma multa que vai dos 50 até ao mil euros. As regras da prioridade valem praticamente em todos os serviços e deixam de estar dependentes da boa formação ou educação de cada um.


Flores na escada podem dar multa de 370 euros


A colocação de vasos de flores ou outros objetos de decoração em áreas de circulação de um prédio é punível com uma coima entre os 370 e os 3700 euros (pessoas singulares).

É isso que estabelece o Regime Jurídico da Segurança Contra Incêndios em Edifícios, aprovado pelo Decreto Lei n.º 220/2008, mas a maioria das pessoas desconhece esta legislação.
"Não é uma situação do conhecimento geral, mas, efetivamente, a lei prevê esses valores para casos de flores nas escadas de prédios", confirma ao JN Sofia Lima, da Associação de Defesa do Consumidor (Deco). A advogada acrescenta que "cabe à administração do condomínio fazer a advertência e solicitar a retirada dos objetos. Caso não seja acatada, deve solicitar uma inspeção dos bombeiros".

www.jn.pt
26
Dez16

SEM PAPAS NA LÍNGUA

António Garrochinho

SE EM 2017 GANHARMOS NOVAMENTE O EUROPEU DE FUTEBOL, SE ELEGERMOS UM QUALQUER GUTERRES PARA LIDERAR UMA INSTITUIÇÃO A NÍVEL EUROPEU OU MUNDIAL, SE O PASSOS COELHO CONTINUAR À FRENTE DO PSD PARA QUE O MARCELO "CATAVENTO" ANDE AZEDO E E LHE "TRAVE" ALGUMAS MANOBRAS E MANIAS ENQUANTO PENSA QUE AINDA É PRIMEIRO MINISTRO E COM A AJUDA DO PAPA XICO A VISITAR FÁTIMA, PARA PORTUGAL E OS PORTUGUESES PERSPECTIVAM-SE TEMPOS CALMOS SEM AGITAÇÃO SOCIAL E REIVINDICATIVA E A VIDA VAI CORRER ÀS MIL MARAVILHAS.

O REBANHO É PACÍFICO E ORDEIRO E BASTAM UMAS FESTAROLAS E UMAS MANOBRAS DE DIVERSÃO E OUTRO ANO SE PASSARÁ COMO MANTEIGA DO ÚLTIMO TANGO SEM SOBRESSALTOS.

A TSU VENCEU, O SALÁRIO MÍNIMO PERDEU, O IMI ESTÁ COMO ESTÁ, A SAÚDE CONTINUA NAS MÃOS DA MÁFIA, A EDUCAÇÃO DEU MUITO QUE FALAR MAS MEXEU POUCO E PARA OS MAIS VELHOS, OS QUE AINDA BARAFUSTAM E LUTAM É MAIS UM ANO DE ESPERANÇAS A SOMAR AOS 42 JÁ PASSADOS DEPOIS DO 25 DE ABRIL.

TALVEZ O BRUNO DE CARVALHO COM SEU SPORTING SEJA O QUE CONTINUE A FAZER RUÍDO COM SEU XAVASCAL CASO O SEU CLUBE NÃO VENÇA O CAMPEONATO, O PINTO DA COSTA ENTRETIDO COM O SEU NOVO BRINQUEDO E A MATILHA DO JORNALIXO CONTINUARÁ A DIVIDIR-NOS E A CONFUNDIR UM PAÍS QUE NADA TEM,UM PAÍS ONDE NÃO HÁ TRABALHO, NÃO PRODUZ, E QUE PARA ALÉM DA MENTIRA E DA PROPAGANDA CONTINUARÁ AFOGADO NA CORRUPÇÃO E NAS MÃOS DOS SALGADO, DO BELMIRO, DO AMORIM E OUTROS VIGARISTAS.

SOMOS NÓS QUE COMPRAMOS O BILHETE E NÃO REFILAMOS PARA QUE O CARNAVAL CONTINUE ENQUANTO ANDAMOS EM PARVOS DESABAFOS FACEBOKIANOS E DE MESA DE CAFÉ.
António Garrochinho
26
Dez16

O (sub)mundo da mendicidade lisboeta e as histórias de quem nele habita

António Garrochinho


País Pobreza
Avenida do Brasil, 20 horas, pleno dezembro, a poucos dias do Natal. A noite ainda é uma criança mas o placard da rua já exibe uma temperatura que não chega aos dois dígitos (9ºC).

A imagem de Cristo dá-nos a certeza de que estamos a chegar ao edifício da Legião da Boa Vontade, instituição de cariz social que se dedica a ajudar pessoas carenciadas, das mais variadas formas. Na aventura desta noite, o foco dos voluntários incide nos sem-abrigo que se concentram na zona do Saldanha, Marquês de Pombal e, por fim, Santa Apolónia.
Rodrigo, engenheiro informático e voluntário há três anos, coordena a ronda, auxiliado por um grupo de quatro voluntários, do qual o Notícias ao Minuto faz esta noite parte. Rodrigo não perde tempo e começa de imediato a ‘orientar as tropas’ e a distribuir tarefas. “Quem dá a sopa fica do lado direito, uma dá as colheres de sopa, outro oferece o chá” e por aí em diante. “Muita atenção”: O uso de luvas é obrigatório, porque até nestas bandas a ASAE faz um controlo apertado.
Apesar de o panorama nas ruas ser triste, Rodrigo quer certificar-se de que os voluntários não vão acusar essa carga negativa durante a ronda. “Divirtam-se”, “conversem com eles”, aconselha-nos, momentos antes de carregarmos a carrinha com os reservatórios de sopa, chá e sacos de pão. Hoje, diz-nos com prontidão, a comida não é tanta como habitualmente para evitar desperdiçar. Nas últimas rondas sobrara comida e acertar na quantidade de pessoas que vai ‘aparecer’ é sempre um tiro no escuro.
Está na altura de pôr os ‘corações apertados’ de lado e ir ao encontro de quem por nós espera. Uma noite que se pressente ainda mais complicada - há apenas três cobertores para distribuir de entre centenas de pessoas que vamos encontrar. “Nem sei como é que vou fazer, não sei mesmo”, desabafa Rodrigo, que se vê forçado a escolher os ‘afortunados’ que os vão receber. Um dilema entre outros que hão de surgir.
De dia, são as zonas mais movimentadas e caras da cidade, de noite a realidade muda de cor
Primeira paragem, pleno Saldanha. Fazem fila mulheres, homens, novos e velhos. Uns sem casa, outros ‘apenas’ com rendimentos insuficientes para garantir a alimentação. “Olha a dona Tina, já a pedi em casamento, mas não aceita”, mete-se Rodrigo, introduzindo-nos os amigos da rua. Logo ali, o primeiro cobertor entregue. Um açoriano – com sotaque profundo, sem qualquer amparo familiar – vai direto ao assunto. Rodrigo leva-o, com discrição, para outro lado da carrinha e entrega-lhe, secretamente, o cobertor. Se assim não fosse, gerar-se-ia uma confusão entre as largas dezenas de sem-abrigo.
O primeiro reservatório de sopa esgota-se logo no Saldanha. Há quem repita a sopa mais do que duas vezes e há quem traga marmita para ainda levar para casa. Os que a têm. Faltam ainda duas paragens, mas a esperança de que a comida irá ser suficiente mantém-se. No caminho, Rodrigo conta-nos a história de um "antigo empresário que caiu na miséria depois de um divórcio complicado. "Por vergonha de pedir comeu arroz durante um mês". É um entre os muitos casos de quem tudo teve e nada tem. "A vida dá muitas voltas" é a frase que melhor resume a vida destas pessoas.
O frio começa a entranhar-se e os casacos já não chegam para aquecer o corpo. Paramos a carrinha perto do Marquês de Pombal. O pano de fundo altera-se face ao que havíamos encontrado no Saldanha. Aqui, a fila é composta apenas por homens, aparentemente mais velhos. Para muitos deles, a rua já é a sua casa há algum tempo.
‘Einstein’ é um exemplo disso. Fomos avisados de que era um“resmungão”, que reclamava sempre quando as coisas “não corriam à sua maneira”. Numa frase: “O mais antipático de todos”. Pede-nos sopa pela segunda vez. “Está boa não está?”, perguntamos-lhe. Mas a resposta é apenas um abanar de cabeça, qualquer coisa como ‘deixem-me em paz’. “Como se chama?”, insistimos. “Porquê? Quer namorar comigo?”, atira. Começara-se a gerar proximidade suficiente e, ao terceiro prato de sopa de feijão, acaba por dar-nos o nome: ‘Einstein’ afinal é Serafim. Dorme num alpendre, com roupas que o mantêm quente.
Perto de si, mais quatro ou cinco a dormir. Um dos quais, um jovem alemão de 29 anos. “Como vieste aqui parar?”. Partiu de “Düsseldorf até Espanha”, queria apenas viajar e “andar de bicicleta”. Recebeu depois uma proposta de trabalho para Portugal e não hesitou. “Estou aqui há um ano. Não tenho dinheiro. Não falo português”. Nos breves minutos em que decide confiar-nos a sua história, há momentos em que a sua expressão facial congela. Fica sem palavras. Perde o raciocínio. Mesmo a tremer de frio, com as calças rotas, recusa um dos cobertores que podíamos dar. “Eu tenho um saco de cama. Podem dar a outra pessoa que não precisa”. Poucos minutos depois deixa-nos. 
Entre os que dizem ser ‘mecânicos dos dentes’ e os que só já perguntam pelo bacalhau do dia de Natal, o ‘Homem do cabelo para trás’ destaca-se. Já conhece o coordenador. Quer pô-lo a par das novidades. “O filho autista, de 29 anos, passara lá por casa” depois de largos meses sem aparecer, começa por contar. A “casa” de que fala é na verdade um “barracão” numa fábrica abandonada, onde, por estes dias, entra demasiado frio. Mais um cobertor entregue.
Passa por “doutor”, assim como faz questão de dizer. O sobretudo e o cachecol axadrezado reforçam o rótulo. Com uns biscates aqui e acolá vai conseguindo sobreviver. Nesta noite, o sentimento de culpa por acontecimentos do passado reina. Sabe que “foi injusto para com a mulher”, mas, assegura,  ela fez com que “chegasse a um limite”. Depressa começa a falar de política, escravos e de literatura espanhola. “Encontro livros, leio os que gosto, os outros vendo-os”, confessa, demonstrando saber mais do que aquilo que se aprende em frente a um televisor.
E quando a comida acaba?
À medida que a ronda se aproxima do fim, a comida escasseia. Outra das regras é que todos podem repetir quantas vezes quiserem tanto o chá como a sopa. Se tal forma de procedimento é “injusta” para os últimos, Rodrigo confirma. É um “problema que todos já identificaram”, mas até ao momento ainda nada foi mudado.
Última paragem, Santa Apolónia. O relógio já marca as 23 horas e os 9ºC de há duas horas já lá vão. Sentimo-lo no corpo. Além das mãos, pés e nariz gelados, também o coração havia de sofrer um duro golpe de realidade. 'Piriquito', 'Dom Juan africano', entre tantos outros, engrossam a fila ao lado da carrinha. É Rodrigo quem tem de dar voz. "Pessoal, disse-vos que ia à CP ver o que tinham para nos dar hoje. Deram 'bola'. Temos só umas carcaças, que vamos dividir por todos, e chá".
A sopa acabara-se na zona do Marquês. A desilusão no rosto de quem recorre à Legião da Boa Vontade é tanta quanto a dos voluntários. "Pode ser um chá, então!", respondem alguns. "Pelo menos está quentinho", ouve-se. Dois ou três chás servidos e eis que se acaba também.
A alcunha de 'Piriquito' reflete na perfeição a figura de Francisco. Um 'idoso' de 66 anos mas que aparenta ja estar quase na casa dos 80. Cabelos brancos e corpo franzino, a sua fragilidade não escapa a ninguém. Quando se apercebe de que não há chá, as lágrimas são mais fortes do que tudo o resto. Não será só pelo chá em si. “Não posso nem beber um chá quentinho? Já não há isso sequer?”. Para todos os que assistem, este é o momento mais comovente da noite.
Conta-nos a sua história. A mulher, "mais nova do que eu, veja lá", teve dois AVC e está internada. Por isso, Francisco agora vive com as duas filhas mais novas. “Tenho saudades da minha mulher”, balbucia com a boca quase serrada, negando, ao mesmo tempo, estar com frio. O tremor constante das mãos é culpa "da doença" e o evelhecimento do corpo resultado "de uma vida de muito trabalho".
Sem mais comida para dar, a única que coisa que os voluntários podem dar é conversa. E carinho. Coisas sem preço mas de valor incalculável. Há quem reclame dos poucos apoios, da "maldade que há por aí". "Ja cheguei a estar três, quatro dias sem comer", queixa-se 'Dom Juan africano'. Indignado, continua: "Nós somos pessoas, não somos animais!".  Há quem, lamúrias à parte, apenas se limite a distribuir postais assinados por si. Diz ser pintor. Ou melhor, "artista".
Chegara a altura de partir.  Aos poucos, todos os que ali se concentram vão dispersando e aos voluntários nada resta a não ser tirar as luvas - sem nunca as atirar ao chão, assim mesmo, no sentido figurado. Entre o "lamentamos mas...", lágrimas e o silêncio ensurdecedor do momento, fica a promessa de lá retornar com tudo o que faltara naquela noite.

 www.noticiasaominuto.com

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