Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

orouxinoldaresistencia

POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

orouxinoldaresistencia

28
Dez16

BARAK OBAMA

António Garrochinho

FORAM MUITAS AS EXPECTATIVAS NO MUNDO QUANDO DA ELEIÇÃO DE BARAK OBAMA. TODAS SE GORARAM E OBAMA FOI MAIS UM BLUF E UMA MENTIRA.
SÓ QUEM NÃO CONHECE A POLÍTICA IMPERIALISTA E FASCISTA DOS EUA PODERÁ ACALENTAR ESPERANÇAS DE QUE ALGO MUDE NO PAÍS ONDE SE FALA DE DEMOCRACIA MAS ONDE EXISTEM OS MAIORES ATROPELOS À LIBERDADE TANTO INTERNA COMO EXTERNA.
NA AMÉRICA HÁ RACISMO, PERSEGUIÇÃO E ASSASSINATOS POLÍTICOS, PENA DE MORTE, FOME E MISÉRIA, SÓ QUE TUDO É HABILMENTE DISFARÇADO E CAMUFLADO PARA QUE NO MUNDO NADA SE SAIBA E ATÉ OS PRÓPRIOS AMERICANOS SÃO ENGANADOS E CENSURADOS.
UM PAÍS QUE NÃO HESITA EM OMBREAR COM TERRORISTAS/NAZIS, COM ASSASSINOS, COM DITADORES FEROZES E ONDE AO LONGO DA SUA HISTÓRIA TEM DERRUBADO E ASSASSINADO LÍDERES DE OUTROS PAÍSES DEMOCRÁTICOS E PRÓSPEROS.
AFINAL OBAMA O "PRÉMIO NOBEL DA PAZ" MESMO NOS ÚLTIMOS DIAS DE PRESIDÊNCIA CONTINUA A SUA POLÍTICA BELICISTA E DE AFRONTA A TUDO E A TODOS OS QUE SE QUEREM LIBERTAR DO JUGO DO TIO SAM.
AMÉRICA UM PAÍS ONDE O CAPITALISMO ORDENA E ELIMINA SEJA QUEM FOR, UM PAÍS ONDE AS PRÓPRIAS POLÍCIAS SE TEMEM E SE DIGLADIAM CASO CIA E FBI.
USA UM PAÍS QUE OCUPA O 1º LUGAR NO TERRORISMO POLÍTICO MUNDIAL COM ALIADOS NÃO MENOS TERRORISTAS COMO A ARÁBIA SAUDITA E ISRAEL.
AG

28
Dez16

OS HOMENS MAIS FORTES DO MUNDO

António Garrochinho
Durante os séculos XIX e XX, a fortaleza dos homens não era demonstrada unicamente carregando coisas pesadas, também participavam em lutas e trabalhavam em espetáculos circenses. Sua condição física e seus corpos musculosos levaram-nos a ser eleitos como os homens mais fortes do mundo. Aqui uma compilação de lutadores e atletas que destacaram durante os últimos 200 anos.

Homens mais fortes do mundo
Stanislaw Zbyszko Cyganiewicz. É recordado por ser um dos melhores gladiadores europeus do século XX. Sua força foi posta a prova em repetidas ocasiões. Em 1900 enfrentou um lutador profissional em um circo local, conseguindo derrotá-lo sem muito esforço. Chegou a luta profissional onde fez combates épicos, entre eles, um que durou mais de três horas. Morreu no ano de 1967.
Homens mais fortes do mundo
Georg Hackenschmidt. Conhecido como "O leão russo", foi o primeiro peso pesado da luta livre. Muitos o consideram o autor da chave o "abraço do urso". Nasceu na Estônia no ano de 1878 e se popularizou graças a sua capacidade de carregar pesos. Escreveu vários livros de fisiculturismo e inclusive, é o inventor do supino.
Homens mais fortes do mundo
Eugen Sandow. Assombrou o público estadunidense em 1893 quando mostrou sua musculatura na Columbian Exposition em Chicago. É considerado o pai do fisiculturismo moderno. Sua força ajudava-o a realizar diferentes tipos de apresentações, como romper correntes metálicas. Personagens como Arnold Schwarzenegger se inspiraram em algum momento na imagem deste personagem.
Homens mais fortes do mundo
O "Grande" Antonio. Seu apelido era evidente. O homem media 1,95 metros e pesava 210 quilos. Exibia-se em vários lugares comendo até 25 frangos em um dia. O Livro Guinness dos Recordes reconheceu sua força quando puxou um trem cujo peso aproximado era de 433 toneladas. Morreu em 2003, quando começava a fazer um filme de sua vida.
Homens mais fortes do mundo
André "O gigante". Considerado uma lenda dentro da luta livre profissional, a "oitava maravilha do mundo", como era conhecido, media 2,24 metros; atingiu esta altura graças a uma doença. Faz parte do hall da fama da WWE e é recordado por ter feito grandes combates em diferentes locais do mundo como Japão e Estados Unidos. Faleceu no ano de 1993.
Homens mais fortes do mundo
Louis Cyr. Viveu no Canadá durante os últimos anos do século XIX. è com certeza um dos homens mais fortes que habitou esta zona do planeta, pois demonstrava sua fortaleza carregando pesos sem nenhum tipo de problema. Durante um tempo trabalhou como policial, mas decidiu-se pelo boxe e luta livre. Entre seus feitos podemos citar o arraste de quatro cavalos; bem como de um vagão de trem.
Homens mais fortes do mundo
O "Grande" Gama. Entrou no seu primeiro torneio com apenas 10 anos, lutou contra mais de 100 lutadores, e chegou ao 15º lugar. É o único lutador que em sua etapa adulta permaneceu invicto até sua morte em 1953.
Homens mais fortes do mundo
Joe Greenstein. Sua baixa estatura não lhe impediu de ser considerado em meados do século XX como um dos homens mais fortes do mundo. Gostava de dobrar barras de aço, puxar aviões com seu cabelo, morder moedas e deitar-se em camas de pregos com vários homens sobre seu corpo. Por sua habilidade recebeu o apelido de "Poderoso Átomo". Morreu no ano de 1977, deixando um legado difícil de superar.
Homens mais fortes do mundo
Zishe Breitbart. Podia quebrar ferraduras com suas mãos e destroçar vários objetos metálicos. Trabalhou durante muito tempo em um circo, onde mostrava sua fortaleza. Uma de suas façanhas mais recordada foi a de ter parado uma carroça em movimento sem realizar praticamente nenhum esforço.
Homens mais fortes do mundo
Angus MacAskill. Com seus 2,36 metros ganhou o título dos "homens mais alto e forte da história". Era conhecido por suas demonstrações públicas de força, entre as mais descomunais encontram-se levantar uma âncora de 1.270 kg até a altura do peito e a capacidade de carregar barris de 135 quilos por vários metros. Levantava pesos de 50kg com dois dedos bocejando.


www.mdig.com.br
28
Dez16

CANÇÕES DE RESISTÊNCIA E INTERVENÇÃO

António Garrochinho


A revolta que o sofrimento trouxe aos povos colonizados, a organização dos intelectuais africanos em Portugal e nas colónias e o apoio das forças progressistas em Portugal foram elementos que criaram condições para o começo das guerras de libertação em 1961.
Com a ratificação da Carta das Nações Unidas em 1945, que inseriu o direito de autodeterminação no âmbito do direito internacional e diplomático, ficaram criadas melhores condições para que das lutas dos povos colonizados resultasse o advento da independência. Foi o que aconteceu logo em 1945 com o Vietnam e o Cambodja na Ásia, assim como o Egipto e outros três estados no continente africano. Para o colonialismo português a independência do Paquistão e principalmente da India em 1947 trouxe consequências decisivas, desde logo com a tomada em 1954 de Dadrá e Nagar-Haveli, o mesmo acontecendo em 1961 com Goa e os outros estados da chamada India Portuguesa. Curiosa é a novela vivida por um dos fados mais conhecidos de Amália Rodrigues, BARCO NEGRO, com letra de David Mourão Ferreira.
Este fado começou por ter sido gravado por Maria da Conceição em 1954, com o título de MÃE NEGRA, escrito originalmente por "Piratini" (António Amabile) em 1943, onde se descreve o drama pungente de uma ama negra no tempo da escravatura, com música composta por "Caco Velho" (Matheus Nunes)

VÍDEO
Enquanto a chibata
Batia em seu amor
Mãe preta embalava
O filho branco do sinhô

Esta versão portuguesa foi um êxito colossal, que as rádios tocavam sem cessar e as pessoas cantarolavam e assobiavam por todo o lado. Até que, de repente, a Mãe Preta deixou de se ouvir nas rádios. Consta que terá existido pressão do governador de Goa por temer que viesse a agravar a tensão que então se vivia por aquelas paragens...
Em 1956 Amália retoma o êxito, agora com David Mourão Ferreira a substituir o sofrimento negro pelo da companheira do pescador
Eu sei, meu amor,
que nem chegaste a partir,
pois tudo em meu redor
me diz que estás sempre comigo
Sem dúvida que a vida de Amália se deixava muitas vezes levar pelos ditames do coração. Ainda em 1953 cantava, com letra de Reinaldo Ferreira, filho do célebre jornalista Reporter X
No conforto pobrezinho do meu lar, há fartura de carinho.e a cortina da janela é o luar, mais o sol que bate nela...
Em 1961, também com letra de David Mourão Ferreira, cantava Abandono, mais conhecido pelo Fado de Peniche, onde se lembravam lutadores pela liberdade encerrados junto ao mar, ano em que Álvaro Cunhal e outros onze dirigentes comunistas fugiram do Forte de Peniche

vídeo

Por teu livre pensamento
Foram-te longe encerrar.
Tão longe que o meu lamento
Não te consegue alcançar.
E apenas ouves o vento
E apenas ouves o mar.
Levaram-te, a meio da noite:
A treva tudo cobria.
Foi de noite, numa noite
De todas a mais sombria.
....
Como já referimos, durante os finais dos anos 40 e até finais de 50 começaram a chegar à "Metrópole" intelectuais africanos que ao conhecerem movimentos como a Negritude cimentaram posições ideológicas que vieram a dar origem às lutas de libertação. Esses estudantes juntavam-se em residências universitárias onde os ideais nacionalistas eram aprofundados, sendo disso exemplos em Lisboa a já referida CEI e em Coimbra a República dos Mil-Y-onários, onde "nos deleitava-mos com poemas de intelectuais angolanos, cabo-verdianos e de outras paragens e embalávamo-nos ao som de músicas de resistência como MUXIMA, SEIS ONE NA TARRAFAL, FIDJO MAGOADO, MINDJER DI PANO PRETO, BIRIM-BIRIM e outros temas de Liceu Vieira Dias que denunciavam a repressão colonial... a nossa proximidade com a República Kimbo dos Sobas, onde viveu Agostinho Neto quando estudou em Coimbra, fundamentalmente constituída por angolanos não era meramente física - pois escassos metros nos separavam -, mas, essencialmente política.", nas palavras do Presidente de Cabo Verde Jorge Carlos Fonseca em visita a Luanda no ano de 2013.
Estes intelectuais africanos cantavam a revolta dos negros explorados, exprimindo nos seus poemas ou canções a dor da "Mãe África" e a necessidade de libertação. Porém, nem sempre as palavras denunciavam claramente injustiças ou apelavam à luta, pois simples músicas tradicionais africanas, como MUXIMA, podiam transformar-se em empolgantes hinos de resistência, quando as circunstancias para isso contribuíam ou impeliam.
vídeo

Bem sabemos como canções que apenas cantam a paz se tornam revolucionárias quando cantadas em tempos de guerra injusta ( se a guerra for de libertação já o apelar à paz terá significado bem diferente...)!
Começámos estas linhas referindo que a balada MENINO DO BAIRRO NEGRO, composta e interpretada em 1963 por José Afonso e onde se retratava a pobreza num bairro do Porto, pode ser considerado o primeiro tema a denunciar a exploração do negro depois do inicio da guerra da guerra colonial. Todavia, nesse mesmo ano, Adriano Correia de Oliveira grava Menina dos Olhos Tristes, com poema que o já mencionado Reinaldo Ferreira terá escrito tendo por horizonte a 2.ª Guerra Mundial mas que exercia o mesmo efeito mobilizador. Surge então pela primeira vez canção onde o tema da guerra - e portanto, no contexto português da altura, sobre da guerra colonial - é mencionado, embora indirectamente
vídeo


VÍDEO
Menina dos Olhos Tristes, O que tanto a faz chorar? -O soldadinho não volta
Do outro lado do mar


Mesmo uma composição puramente instrumental pode ser "de intervenção" quando acompanhado de texto introdutório que concretiza a intenção da obra. Em 1963 Fernando Lopes Graça compôs a suite de 21 peças COSMORAME, autentico memorial à fraternidade dos povos onde Portugal e Moçambique são colocados em pé de igualdade, como povos fraternos, e onde inscreve na partitura a citação do Telémaco de Fénélon, escritor francês do séc. XVII: "Tout le genre humain n’est qu’une famille dispersée sur la face de toute la terre. Tous les peuples sont frères, et doivent s’aimer comme tels. Malheur à ces impies qui cherchent une gloire cruelle dans le sang de leurs frères, qui est leur propre sang". Eis uma posição diametralmente oposta à do compositor Joly Braga Santos, que, ao integrar elementos músicais dos marimbeiros de Zavala, colhidos em Moçambique como se existe respeito pela cultura local, na sua Sinfonia n.º 5, VIRTUS LUSITANIAE (1966) – uma obra encomendada pelo Estado Novo, também em plena guerra colonial –, acolheu o ponto de vista oficial do regime, mascarando o caracter invasor da presença portuguesa.
Referindo Lopes Graça torna-se indispensável lembrar as suas CANÇÕES HERÓICAS/ CANÇÕES REGIONAIS PORTUGUESAS, cuja primeira versão surgiu em em 1946. São canções politicamente empenhadas que respeitando as tradições culturais populares contribuíram para exaltar a liberdade e dar força a todos aqueles que lutavam contra o antigo regime. Acabaram por ser apreendidas pela Censura o que impossibilitou que os poemas continuassem a ser ouvidos e interpretados em espectáculos ou sessões públicas, designadamente no âmbito do Movimento de Unidade Democrática (MUD), não impedindo contudo que continuassem a ser cantadas em encontros clandestinos ou em países onde os resistentes se encontravam exilados.
Quantas vezes este tradicional do Douro Litoral não terá mobilizado antifascistas na denuncia do regime colonial!

VÍDEO

Os homens que vão para a guerra Vão para a guerra, vão morrer; Diz adeus a pai e mãe. Que vos não torno a ver. Os homens que vão para a guerra, Vão para nunca mais voltar; Diz adeus a pai e mãe. Que vos não torno a abraçar."
Mas foi com Luis Cilia, estudante nascido em Angola e que na Casa dos Estudantes do Império contactou com intelectuais africanos como Daniel Filipe, que em 1964 surgiram os primeiros temas claramente contra a guerra colonial, em álbum editado em França com o título 1964: PORTUGAL-ANGOLA: CHANTS DE LUTTE (editado pela Le Chant Du Monde), evidentemente sem edição em Portugal antes do 25 d Abril. Curiosamente, Luis Cilia viria mais tarde a ser também autor dos Hinos do PCP AVANTE! e da CGTP - Intersindical, neste caso ao recuperar uma canção do séc. XIX alentejana cpor ocasião das lutas civis da Patuleia e Maria da Fonte que depois a Intersindical pegou "com letra adaptada por Mario Vieira de Carvalho.
A BOLA
Soldados
Jogam
Futebol
Com a bola
Que pula
Sangrando
No chão
De Angola.
......
No solo
A cabeça
De um negro
Sangrando
Que rola
No chão
De Angola
VÍDEO

Este poema de uma crueza chocante e quase excessiva do poeta açoreano Jonas Negalha define bem o conteúdo do álbum, denunciando os tormentos da guerra, focando horrores que mais tarde António Lobo Antunes voltaria a pegar em diversos dos seus livros.
Com palavras de Daniel Filipe, Manuel Alegre, Rui Namorado, António Borges Coelho, Geraldo B. Victor, José Gomes Ferreira (que parece não ter ficado muito agradado com o produto final) e do próprio Luis Cilia, também autor de todas as músicas, as canções deste álbum vão-se sucedendo no retrato da guerra que lá longe matava ou estropiava jovens portugueses e africanos!
CANTO DO DESERTOR
Diz, oh mar, à minha mãe,
Que matar não me apraz
No fundo quem vai à guerra
É aquele que a não faz.
Vou cantar a Liberdade,
Para a minha Pátria amada,
E para a Mãe negra e triste
Que vive acorrentada.
(Luis Cilia)

Ainda em 1964 Adriano Correia de Oliveira grava Canção com lágrimas, com poema de Manuel Alegre, um dos primeiros dos muitos temas sobre a guerra colonial que a colaboração entre os dois iria possibilitar
Porque tu me disseste quem em dera em Lisboa ?Quem me dera me Maio depois morreste ?Com Lisboa tão longe ó meu irmão tão breve ?Que nunca mais acenderás no meu o teu cigarro
VÍDEO

Em 1968 Marcelo Caetano sobe ao poder mas a ilusória "primavera marcelista" poucos resultados produz. Assiste-se a uma aparente liberalização do regime, que algumas editoras discográficas como a Orfeu, perante o sucesso de vendas que alguns cantadores vinha conseguindo, aproveitam para arriscar um pouco mais nas letras que lhes são propostas. Será o caso de AVENIDA DE ANGOLA que José Afonso inclui no álbum TRAZ OUTRO AMIGO de 1970 onde se denunciava, por imagens que fugiam à censura, a exploração sexual de mulheres e crianças no Sul de Moçambique, onde os brancos sul-africanos pagavam para ter sexo com mulheres negras, pois tal era proibido na África do Sul.


Mas a verdade é que a repressão sobre os defensores da liberdade até terá aumentado, existindo depoimentos e estudos que comprovam que, por exemplo, a tortura dos presos políticos se tornou mais violenta durante o Governo de Marcelo Caetano. Também neste casos a música ajudou a resistir, sendo conhecido, entre muitos outros, o caso da RONDA DOS SOLDADINHOS, gravada em França em 1969 por José Mario Branco, que ao soar repetidamente na cabeça dos presos, hipnóticamente
Um e dois e três
Era uma vez um soldadinho
De chumbo não era

VÍDEO

ajudava a resistir aos interrogatórios que se prolongavam por dias e semanas, com torturas do sono, da estátua, espancamentos e tantos outros martírios. Cantavam calados e assim iam ganhando forças para não denunciar companheiros ou divulgar informações sobre as formações políticas a que pertenciam:
Os senhores da guerra
Não matam
Mandam matar
Os senhores da guerra
Não morrem
Mandam morrer
Mas o soldadinho?percebeu?que esses senhores?mandam a guerra?contra os seus?irmãos de cor.
Até ao dia 25 de Abril muitas seriam as composições que contribuíram para abalar o regime ditatorial e colonial, desde grupos pop como o Quarteto 1111 de José Cid com LENDA DE NAMBUANGONGO e PIGMENTAÇÃO, O Conjunto de João Paulo que pela voz de Sérgio Borges, a cumprir serviço militar em Mafra, levemente sugeria existir entre a juventude medo da guerra e vontade de desertar (álbum O SALTO), passando pelo angolano Ruy Mingas e o seu Birim-Birim que já mobilizara estudantes africanos em Coimbra, como referimos. José Niza, mobilizado em Angola, compõe diversos temas com poesia de António Gedeão, entre eles a conhecida Lágrima de Preta
......
Nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
E cloreto de sódio.

VÍDEO

.......
Caso que merece alguma referência, pela curiosidade que representa, é o da canção MARCOLINO incluída por Fausto no seu álbum PRÓ QUE DER E VIER de 1974, onde parte das músicas foi gravadas a 17 de Abril em Madrid e as restantes, onde se inclui MARCOLINO, em Lisboa em Outubro do mesmo ano.
Que Fausto era um admirador dos Beatles desde o seu tempo dos Rebeldes em Angola, não será novidade, mas que essa admiração pudesse chegar a que o nosso MARCOLINO não passasse de uma colagem, com uma ou outra alteração, da faixa UNCLE ALBERT/ADMIRAL HALSEY que Paul Mccartney incluiu no seu álbum RAM de 1971 talvez poucos tenham notado. O tema de Mccartney evoca o fim dos Beatles, juntando diversas composições suas dispersas e não gravadas. Vale a pena ouvir e comparar, a estrutura é praticamente a mesma, houve uma pura transposição das ideias de um para o outro.
Contam-se as aventuras e desventuras da nação portuguesa......

VÍDEO

Ô Marcolino, das longas viagens. Diz Marcolino se outra vida tiveste. O que fizeste, o que te fez mudar?
"Já fui camponês, soldado. E a vida foi sempre igual. Insultei patrões, oficiais. E nunca me senti mal. Ganhava pouco, fome de cão. E enchia a pança aos canibais e ainda encho. Fui sempre indisciplinado, pois claro. Que outra coisa posso ser então?"
.......

VÍDEO
Aproveitamos esta pequena rábula para lembrar que Paul Mccartney, que não foi propriamente um cantor de intervenção, grave um tema que chegou a ser proibido na Grã-Bretanha, GIVE IRELAND BACK TO THE IRISH: "it was the first time people questioned what we were doing in Ireland. It was so shocking. I wrote 'Give Ireland Back to the Irish', we recorded it and I was promptly 'phoned by the Chairman of EMI, Sir Joseph Lockwood, explaining that they wouldn't release it. He thought it was too inflammatory. I told him that I felt strongly about it and they had to release it. He said, 'Well it'll be banned', and of course it was". O mesmo Mccartney também escreveu o hino anti racista IBONY AND IVORY e denunciou o machismo em MISTRESS AND MAID, bem como a composição SILLY LOVE SONGS onde pergunta "What´s wrong with that?". A verdade é que se apenas tivesse gravado silly love songs, e talvez não tenham sido assim tão poucas, nada estaria a contribuir para para melhorar a sociedade...
Gradualmente a consciencialização da necessidade do fim do fascismo e da guerra foi aumentando, designadamente no interior das forças armadas, e para isso muito contribuiu o papel mobilizador das músicas com conteúdo progressista, chegando mesmo a servir de sinal para "reunir tropas": lembramos que uma das senhas para a operação militar do dia 25 de Abril foi a GRÂNDOLA VILA MORENA, escolhida, segundo alguns testemunhos, durante o I Encontro da Canção Portuguesa no Coliseu dos Recreios em Março de 1974.
VÍDEO

Bem representativo desta evolução revolucionária entre os militares foram os chamados cancioneiros militares, como o de Mueda ou o mais conhecido CANCIONEIRO DO NIASSA, surgidos em Moçambique em finais da década de 60. São versões de canções então em voga em Portugal, onde os militares portugueses encaixam letras adaptadas à realidade local, dos VAMPIROS de José Afonso ao ZÉ CACILHEIRO de José Viana, passando pela JULIA FLORISTA de Max e muitos outros.
VÍDEO

Veja-se este FADO DO TURRA, versão dum qualquer Fado Corrido, onde o soldado português se coloca no lado do "inimigo" e comenta o exército agresso
Se, de mim, nada consegues, Não sei porque me persegues, constantemente, no mato. Sabes bem que eu sou ladino, Que tenho um andar muito fino E que escapo como um rato.
Lá porque és branco e pedante, (Pretendes) Não podes ser arrogante, Por capricho e altivez. Eu, que tenho sido pobre, Mas que tenho a alma nobre, Talvez te lixe, de vez.
Como ando sempre ALERTA, Tua arma não me acerta, Nem me deixa atrapalhado; E assim, num breve instante, Por mais que andes vigilante, Tu serás, sempre, emboscado.
Por isso toma cuidado E não me venhas com teu fado, Dizer que “branco é melhor”; Eu, já muito codilhado, Estou sempre desconfiado. Irás desta, p’ra melhor.

O Canto de Intervenção portuguesas antes, durante e as ex-colónias e depois da guerra colonial


2.  A música como forma de intervenção em Portugal até ao início da guerra colonial
O Canto de Intervenção e as ex-colónias portuguesas antes, durante e depois da guerra colonial
Adriano Correia de Oliveira e Rui Mingas

Como já referimos, a denuncia da condição do negro explorado foi um dos primeiros alvos do Canto de Intervenção, mas evidentemente que este e outros conteúdos denunciadores de injustiças desde sempre foram cantados pelo povo: a arte a cumpre o seu papel quando emana do povo ou se identifica com as suas aspirações.
  Desde a conquista de Ceuta em 1415 até "à perda" do Brasil em 1822 que se foi criando em Portugal uma certa ideologia imperialista que a libertação do domínio espanhol em 1640 consolidou nesse imaginário. A independência do Brasil e o fim do efémero Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves fez retomar África como um "renascer das cinzas", incrementando o protagonismo de missionários e viajantes-exploradores, sendo consequência a fundação em 1875 da Sociedade de Geografia de Lisboa.
Quando em 1890 a Grã Bretanha apresenta o Ultimatum a Portugal, concretizando tensões que considerava existir nos territórios africanos sob a sua protecção, exigindo a Portugal a retirada das forças militares chefiadas pelo major Serpa Pinto do território compreendido entre as colónias de Moçambique e Angola, surgiram protestos que correntes progressistas portuguesas aproveitaram para criticar a monarquia. Guerra Junqueiro, cujas poesias muito ajudaram na criação do ambiente que conduziu à República, escrevia na ODE À INGLATERRA
Ó cínica Inglaterra, ó bêbeda impudente, ?Que tens levado, tu, ao negro e à escravidão? ?Chitas e hipocrisia, evangelho e aguardente, ?Repartindo por todo o escuro continente ?A mortalha de Cristo em tangas d'algodão.
Estes versos, que embora insuflados de patriotismo já anunciam uma visão anti-colonialista, eram cantados na rua enquanto os populares cobriam a estátua de Camões com fitas pretas em sinal de luto. A esta humilhação juntavam-se a pobreza e dor trazidas pelas invasões napoleónicas, tendo surgido um profundo movimento de descontentamento social que implicava directamente a família reinante e que se foi reflectindo no conteúdo das operetas e teatro de revista, nas modinhas de influencia brasileira, nos diversos tipos de marchas e outras composições populares, surgindo casos muito interessantes e significativos como o Fado Operário.
Entretanto, já desde inícios do sé. XIX se tentava pacificar a revolta indígena contra a ocupação estrangeira, em certa medida o verdadeiro começo das lutas de libertação, com as chamadas "campanhas de pacificação", que se tornaram mais evidentes com a necessidade de afirmação da soberania. Neste ambiente tenso e militarista surgem canções de protesto onde se critica a intervenção militar e a intenção de "civilizar os pretos".
A partir de um mote nacionalista escrito pelo poeta Jorge Silvestre que glorificava a vitória de Alves Roçadas sobre a revolta dos Cuamatos em Angola em 1907
A bandeira portugueza
Triunfou mais uma vez
Mostrando assim quanto vale
O soldado portuguez
Avelino de Souza, tipógrafo, poeta popular e uma das figuras fundamentais na defesa e legitimação do fado nas primeiras décadas do século XX, inclui na sua colectânea A Minha Guitarra o poema DESFAZENDO, onde "é relevante sublinhar a forma como esta denúncia se fundamenta, como é característico de todas as ideologias revolucionárias na entrada do séc. XX, na crença inabalável no principio do progresso histórico contínuo e impagável" conforme se lê em Fados para a República de Rui Vieira Nery
Estas e outras bravatas
Impingem os patriotas
Ao ref´rirem ás derrotas
Sofridas p´los cuamatas
Os auctor´s de tal crueza...
Mas eu digon, com tristeza.
-- Pois, patriota não sou --
Mais uma vez se manchou
A bandeira portugueza
......
E dizem eles, "que vão
Os pretos civilizar"!
Só se matar e roubar
É que é Civilização!
No sec´lo da evolução,
Que é da Sciencia o fanal,
Tal victoria é imoral
Triunfo do morticinio...
É o legal assassínio
Mostrando assim quanto vale
O preto não é julgado
Um homem igual a nós!
Quando o branco é que é f´roz
Selvagem auctorisado
.....
Cabe também aqui referir que um dos primeiros registos de fado de que há conhecimento foi O SOLDADO PORTUGUÊS, gravado em 1902 no Brasil por Baiano ( Manuel Pedro dos Santos) e acompanhado apenas de um violão, onde se descreve a vida no quartel
Não há fado mais cruel
Nem viver mais desgraçado
Do que a que passa no quartel
O infeliz do soldado
Sublinhe-se que a primeira gravação feita em Portugal é CANTOS DO MINHO, pertencente à Banda da Guarda Municipal do Porto, datada de Outubro ou Novembro de 1900 e descoberta "por acaso" por José Moças, investigador e director da Editora Tradisom, que muito tem contribuído para a divulgação e preservação do registo de música tradicional portuguesa.
Este e muitos outros exemplos de "fados de intervenção" pertencem ao que se designou por "Fado Operário", que entre finais do séc. XIX e a década de 30 do séc. seguinte representou uma das formas mais populares de critica política, económica e social. É matéria muito interessante, que não cabe aqui aprofundar, mas onde princípios ideológicos progressistas como o anarquismo e o socialismo e mesmo mais tarde o comunismo, eram claramente manifestados. Daremos apenas mais alguns exemplos, sublinhando a ligação do fado e de alguns fadistas às estruturas partidárias que mais cedo se apresentaram consequentemente anticolonialistas.
Lembremos que até ao início da guerra em Fevereiro de 1961 não era evidente o apoio da maior parte das forças democráticas à independência das colónias. Tomemos o exemplo do republicano Ramada Curto, que mesmo depois de ter aderido ao Partido Socialista Português (não confundir com o Partido Socialista de Portugal, surgido em 1973) continuava claramente a apoiar a presença colonialista, apesar de escrever em 1927 quadras marcadamente progressistas como estas do FADO SOCIALISTA em 1927, que veio evidentemente a ser proibido
Gente rica e bem vestida
P´ra quem a vida é fagueira
Olhem qu´existe outra vida
N´Alfama e na Cascalheira
Mas um dia hão-de descer
Os lobos ao povoado...
Vai ser bonito de ver
Não verá quem não viver
Era também o caso de Norton de Matos, que na sua candidatura à Presidência da Republica em 1949 mobilizou toda a oposição ao regime totalitário e que também era defensor da política colonialista.
Mesmo oposicionistas como Mario Soares, Francisco Salgado Zenha, Fernando Piteira Santos e outros, no Programa para a Democratização da República que elaboraram em 1961, não vão mais longe que meras reivindicações para desenvolver política, social e economicamente o Ultramar: "Parte-se da afirmação de princípio de que o esquema das relações Metrópole - Ultramar, repudiando qualquer manifestação de imperialismo colonialista, subordinar-se-á ao objectivo de assegurar os direitos fundamentais dos povos no plano político, económico, social e cultural. Por consequência, um tal esquema visará a imediata institucionalização da vida democrática, sem discriminação racial ou política, para todos os territórios e todos os povos, tirando da autenticidade do funcionamento das instituições democráticas todas as consequências morais, económicas e políticas. (...)"
A força progressista que mais consequentemente evoluiu na compreensão da realidade colonialista foi o Partido Comunista Português, que em 1957 no seu V Congresso assumiu assumiu claramente "o reconhecimento incondicional do direito dos povos das colónias de África dominadas por Portugal à imediata e completa independência". Para esta clara tomada de posição muito contribuiu o contacto com intelectuais africanos que estudavam em Portugal, como Lucio Lara, Agostinho Neto, Viriato Cruz e muitos outros.
Repare-se que logo em Novembro de 1923, no Programa de Acção apresentado ao I Congresso, se defendia uma política mais consequente com a realidade, ao afirmar: "O PCP dará todo o apoio às ligas, associações, partidos, etc., que tenham por fim a defesa da população das colónias portuguesas contra todas as extorsões capitalistas e estatistas. Defenderá as reivindicações de ordem política ou económica das colónias, combatendo as formas ainda existentes de escravidão mascarada". Neste congresso os guitarristas Armandinho e Georgino de Sousa, bem como Martinho d´Assunção (pai), o chamado poeta vermelho e um dos fundadores do PCP e que terá sido autor do FADO LENINE e colaborador em várias publicações jornalísticas no universo da Música Popular e publicações do movimento operário, como 'Canção de Portugal' e 'Guitarra de Portugal', 'Revolta', 'Bandeira Vermelha' ou 'Voz do Operário', executaram variações de fado num jantar de homenagem ao representante da Internacional Socialista. Não se estranha portanto que em artigo do jornal Avante! de 1937 se faça a apologia do "Fado quando é feito por operários e que encerra as suas aspirações ou conta os seus sofrimentos, enquanto que o regime o defende quando ele se converte no intento de defesa e propaganda do fascismo". E continua: "Ontem, era apenas descritivo da sua miséria fatalista, como cego a quem falta um guia. Hoje é mais forte, mais violento, com mais acentuado cunho social".
No mesmo sentido vem o chamado Fado Operário do Alentejo onde em 1954 o viúvo de Catarina Eufémia cantava, "numa taberna lá do fundo", o canto "EU VI PARTIR DE ABALADA", escrito em 1944, explicando que "nessa altura na URSS vivia-se bem, agora está mais complicado, mas então era bom"
Eu vi partir de abalada
Um amigo que era aquele
...
Tive a semana passada
Uma linda carta dele
E na qual me dizia assim
Amigo segué feliz
Onde estou eu não te esqueço
Cheguei a este país
Onde a vida nos parece
Muito mais que paraíso
Aqui há pão há trabalho
.....
retirado de O Fado Operário do Alentejo" de Paulo Lima, editado pela Tradisom em 2004.
Mas, como referimos, nem sempre a mensagem que se transmite é progressista, o papel social da arte depende dos valores que integram o seu conteúdo. Continuando a pegar no exemplo do Fado e voltando às chamadas "campanhas de pacificação", veja-se o Fado do Gungunhana, de Esculápio, onde se canta a vinda para Lisboa do Régulo Gungunhana, depois de ter sido preso em 1896 em Moçambique
.....
Em casa nu e sem parra
a esfrangalhar n´uma cana
durante toda a semana
se ouvirão os meus cantares
Hei-de levar ao Tavares
As pretas do Gungunhana
......
Mais a negra crafaria
A dançar na Mouraria
O Lundim com dois pretos
A vender alconomia
Reparemos agora neste exemplo retirado do Cancioneiro Minhoto de Gonçalo Sampaio, publicado postumamente em 1940, onde de novo se retrata Gungunhana de forma jocosa
.....
O rei preto Gungunhana
É parente de Jacó
Homem de sete mulheres
Agora nem uma só
Estes são dois casos onde se transmite a ideologia oficial, apresentando Gungunhana e os negros em geral como alcoólicos e mulherengos, assim demonstrando a sua incapacidade para "se civilizarem" sem a ajuda dos brancos. A imprensa operária afasta-se desta utilização pelo regime do que talvez possa ser considerado um dos marcos pré-guerra coloniais mais nítidos na luta pela libertação de Moçambique.
Esta ridicularização do negro (bem como dos ciganos, mouros e judeus) já se podia encontrar em Gil Vicente, que apesar de ter tido diversas peças censuradas, era bem recebido na corte tendo chegado a organizar festas no palácio. Para melhor descrever as suas personagens trouxe para o seu teatro música de índole popular, bem como música mais do agrado da corte, utilizando repertório corrente na Península Ibérica nos finais do séc. XV e primeira metade do XVI, criticando apenas aspectos sociais menores e apoiando no essencial a ideologia dominante, o que faz lembrar certos comentadores actuais...
Exemplo disso encontra-se na peça A FRÁGUA D´AMOR, onde encena o discurso que foi criado para o africano: a imagem do folgazão e namoradeiro que por mais que tente não consegue fugir ao estatuto de inferior ao homem branco
Já mão minha branco estai,
E aqui perna branco he,
Mas a mi fala guiné:
Se a mi negro falai,
A mi branco para que?
Se fala meu he negreçado,
E não fala Portugas,
Para que mi martelado?

vídeo



jornalcultura.sapo.ao
28
Dez16

Tonicha

António Garrochinho




Antónia de Jesus Montes Tonicha nasceu em Beja no dia 8 de Março de 1946. Ao longo da sua carreira, gravou canções de intervenção, temas de música ligeira e folclore. A artista interpretou autores como José Carlos Ary dos Santos, António Gedeão, José Cid ou Joaquim Pessoa. Começou na Sociedade de Cultura e Recreio Capricho. A música era uma paixão familiar: a sua prima Elizete Tonicher, irmã de Francisco Naia, era cantora e o resto da familia do lado do pai estavam ligados à música mas como amadores. Aos 16 anos vai passar férias para casa de familiares da zona do Barreiro. Com a irreverência da sua juventude decide procurar Corina Freire para ter aulas de canto. Participa no concurso de admissão à Emissora Nacional, onde mentiu dizendo que tinha 18 anos, tendo sido apurada. Iniciou a sua preparação artística com Nóbrega e Sousa tendo integrado os elencos de vários programas da estação. Depois estreia-se também na televisão. Assina com a editora RCA Victor. O disco de estreia, "Luar Para Esta Noite", é editado em 1964. Em 1966 obtém o primeiro Prémio no Festival da Canção da Figueira da Foz com "Boca de Amora". Participa também no filme "Sarilho de Fraldas", de Constantino Esteves, com Nicolau Breyner, António Calvário e Madalena Iglésias. Com "A Tua Canção Avózinha" ganha o 7º Festival da Canção da Figueira da Foz. No ano de 1967 recebeu o Microfone de Ouro do Rádio Clube Português e foi eleita "Mulher Portuguesa do Ano", pelo Clube das Donas de Casa. Vence ainda o Prémio de Imprensa do ano de 1967. Em 1968 fica em 2º no Festival RTP da Canção com "Fui Ter Com a Madrugada". O tema "Calendário" fica em 7º lugar. Grava um EP com temas de José Cid ("La Mansarde" e "Emporte-Moi Loin d'Ici"). Em 1969 é editado um novo EP, ainda com a colaboração de Cid, com os temas "Caminheiro, Donde Vens?", "Terra Sonhada", "Amanhã" e "Canção Para um Regresso". A ideia de Tonicha gravar folclore português partiu do seu marido, o etnólogo João Viegas. Ao "Vira do Malmequer", canção recolhida na zona de Santarém, seguiu-se "Resineiro" um tema gravado por indicação de José Afonso que o tinha gravado anteriormente. Estes dois discos, editados pela RCA Victor/Telectra, venderam mais de 80.000 cópias. Conhece Ary dos Santos através do compositor Nuno Nazareth Fernandes. Os dois serão os autores de "Menina do Alto da Serra" que venceu o Festival RTP da Canção de 1971. O tema fiica em 9º lugar no Festival da Eurovisão, em Dublin, o melhor resultado obtido até essa altura pelo nosso País. A cantora participa com sucesso em vários festivais internacionais. "Poema Pena" fica em 4º nas Olimpíadas da Canção de Atenas, na Grécia, onde Tonicha obteve o 2º prémio de interpretação e Augusto Algueró conseguiu o 1º prémio ex-aequo de orquestração. Fica também em 3º no Festival de Brasov (Roménia) e no Brasil, com "Manhã Clara", ganhou o Prémio da Crítica no VI Festival do Rio de Janeiro. Com "Rosa de Barro" venceu o 1º Prémio de Interpretação no Festival de Split (ex-Jugoslávia). Por iniciativa de José Niza participa, em 1972, no disco "Fala do Homem Nascido", uma opereta gravada para disco, com poemas de António Gedeão. Os cantores são Duarte Mendes, Carlos Mendes, Samuel e Tonicha. O seu primeiro LP é editado em 1972. Ainda nesse ano consegue o 5º lugar no I Festival da OTI com "Glória, Glória Aleluia" de José Cid. Foi ainda uma das presenças na 14ª edição da Taça da Europa de Cantares de Knokke conjuntamente com Paulo de Carvalho, Teresa Silva Carvalho e Thilo Krassman (director musical). Em 1972 grava versões portuguesas de canções de Patxi Andión. O tema "A Rapariga e o Poeta" fica em penúltimo lugar no Festival RTP da Canção de 1973. Após o 25 de Abril, Tonicha funda a editora Discófilo que duraria pouco tempo. Com João Perry grava "Parole, Parole", versão portuguesa de Ary dos Santos, e "Simplesmente Maria". São lançados os discos "Canções de Abril" (conjunto e coros) e "Cantaremos/Lutaremos" (conjunto e coros-2). Participa na revista "Uma no Cravo, outra na Ditadura", com textos do José Carlos Ary dos Santos e música do Fernando Tordo. É editado o single "Portugal Ressuscitado/Canção Combate" dos InClave com Tonicha e Fernando Tordo. A cantora grava ainda um single com os temas "Obrigado Soldadinho" e "Já chegou a Liberdade". Regressa ao folclore com uma nova série de discos dedicados às cantigas do nosso País. O álbum "Cantigas Populares" (Arnaldo Trindade e Ca/Orfeu), com arranjos e direcção musical de Jorge Palma, é editado em 1976. Muda de editora para a Polygram. Grava discos como o "O Menino", "Marcha da Mouraria" e "Tu És o Zé Que Fumas/Cana Verde". Participa no Festival RTP da Canção de 1978 com os temas "Canção da Amizade" (4º), "Pela Vida Fora" (9º), "Um Dia, Uma Flor" (8º) e "Quem Te Quer Bem, Meu Bem" (12º). Ainda em 1978 é editado o single "Zumba Na Caneca", um dos seus maiores sucessos populares. Em 1979 grava um single com os temas "Ao Gaiteiro Português" e "Sericotalho, Bacalhau. Azeite e Alho". Logo a seguir é editado "O Chico Pinguinhas". Grava o álbum "Ela por Ela", em 1980, com canções de Carlos Mendes e Joaquim Pessoa. Em 1987 foi editado o disco "Fátima, Altar do Mundo" constituído por temas religiosos. Está afastada alguns anos dos palcos e da ribalta. Volta em 1993, com o CD "Regresso". Em 1995, volta a gravar temas do cancioneiro no CD "Terras d'Aquém e d'Além-Tejo" Em 1997, volta a gravar canções de amor de grandes compositores e grandes poetas no CD "Mulher". Na Páscoa de 2003 participou num programa do Herman José onde interpretou a "Ave Maria" de Schubert. Em 2005, a Movieplay lançou a compilação "Antologia 1971-1977". Em 2007, a Universal lançou a compilação "Antologia 77-97". Em 2008, a Universal lançou a compilação "Cancões para os meus netos... de qualquer idade". Em 2008, a Farol lançou a compilação "Cantos da Vida", com três inéditos de Jorge Palma, Paulo de Carvalho/José Fanha e Gonçalves Crespo/José Marinho.
VÍDEOS







28
Dez16

SOM AUDIO - DIA DE NATAL - POEMA DE ANTÓNIO GEDEÃO

António Garrochinho


SOM AUDIO


Poema de António Gedeão (in "Máquina de Fogo", Coimbra, 1961; "Poemas Escolhidos: Antologia Organizada pelo Autor", Lisboa: Edições João Sá da Costa, 1997 – p. 43-47)
Recitado por Afonso Dias* (in CD "Cantando Espalharey", vol. II, Edere, 2002)



Hoje é dia de ser bom.
É dia de passar a mão pelo rosto das crianças,
de falar e de ouvir com mavioso tom,
de abraçar toda a gente e de oferecer lembranças.

É dia de pensar nos outros — coitadinhos — nos que padecem,
de lhes darmos coragem para poderem continuar a aceitar a sua miséria,
de perdoar aos nossos inimigos, mesmo aos que não merecem,
de meditar sobre a nossa existência, tão efémera e tão séria.

Comove tanta fraternidade universal.
É só abrir o rádio e logo um coro de anjos,
como se de anjos fosse,
numa toada doce,
de violas e banjos,
entoa gravemente um hino ao Criador.
E mal se extinguem os clamores plangentes,
a voz do locutor
anuncia o melhor dos detergentes.

De novo a melopeia inunda a Terra e o Céu
e as vozes crescem num fervor patético.
(Vossa Excelência verificou a hora exacta em que o Menino Jesus nasceu?
Não seja estúpido! Compre imediatamente um relógio de pulso antimagnético.)
Torna-se difícil caminhar nas preciosas ruas.
Toda a gente se acotovela, se multiplica em gestos, esfuziante.
Todos participam nas alegrias dos outros como se fossem suas
e fazem adeuses enluvados aos bons amigos que passam mais distante.

Nas lojas, na luxúria das montras e dos escaparates,
com subtis requintes de bom gosto e de engenhosa dinâmica,
cintilam, sob o intenso fluxo de milhares de quilovates,
as belas coisas inúteis de plástico, de metal, de vidro e de cerâmica.

Os olhos acorrem, num alvoroço liquefeito,
ao chamamento voluptuoso dos brilhos e das cores.
É como se tudo aquilo nos dissesse directamente respeito,
como se o Céu olhasse para nós e nos cobrisse de bênçãos e favores.

A Oratória de Bach embruxa a atmosfera do arruamento.
Adivinha-se uma roupagem diáfana a desembrulhar-se no ar.
E a gente, mesmo sem querer, entra no estabelecimento
e compra — louvado seja o Senhor! — o que nunca tinha pensado comprar.

Mas a maior felicidade é a da gente pequena.
Naquela véspera santa
a sua comoção é tanta, tanta, tanta,
que nem dorme serena.

Cada menino
abre um olhinho
na noite incerta
para ver se a aurora
já está desperta.
De manhãzinha,
salta da cama,
corre à cozinha
mesmo em pijama.

Ah!!!!!!!!!!

Na branda macieza
da matutina luz
aguarda-o a surpresa
do Menino Jesus.

Jesus
o doce Jesus,
o mesmo que nasceu na manjedoura,
veio pôr no sapatinho
do Pedrinho
uma metralhadora.

Que alegria
reinou naquela casa em todo o santo dia!
O Pedrinho, estrategicamente escondido atrás das portas,
fuzilava tudo com devastadoras rajadas
e obrigava as criadas
a caírem no chão como se fossem mortas:
tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá.

Já está!
E fazia-as erguer para de novo matá-las.
E até mesmo a mamã e o sisudo papá
fingiam
que caíam
crivados de balas.

Dia de Confraternização Universal,
dia de Amor, de Paz, de Felicidade,
de Sonhos e Venturas.
É dia de Natal.
Paz na Terra aos Homens de Boa Vontade.
Glória a Deus nas Alturas.



* Pesquisa e produção — Afonso Dias e André Dias
Gravado no Estúdio InforArte, Chinicato - Lagos
Técnicos de som — Fernando Guerreiro e Joaquim Guerreiro
URL: https://pt-pt.facebook.com/afonso.dias.31
http://pt.wikipedia.org/wiki/Afonso_Dias
https://www.youtube.com/channel/UCBxa3Hbv4cYrrnTO-QvwXrw/videos


nossaradio.blogspot.pt

28
Dez16

Os Camaradas - Quem trabalha é que deve mandar

António Garrochinho


Quando há poucas semanas atrás publicámos no Bairro do Vinil um texto sobre o músico Tino Flores, tínhamos já em mente colocar imediatamente a seguir uma mensagem sobre um desconhecido e misterioso agrupamento musical denominado de "Os Camaradas", tendo por única referência um disco que adquirimos juntamente com o disco de Tino Flores e com outros discos de intervenção. Curiosamente, os comentários que emergiram após a publicação daquele texto precipitaram a publicação desta mensagem em cumprimento de uma espécie de dever e de compromisso para com os leitores, levantando um pouco do véu sobre esse misterioso agrupamento, do qual pouca ou nenhuma informação se sabe.
De facto, sobre "Os Camaradas" não conseguimos recolher qualquer informação, pelo menos até ao momento. Desde logo, a própria componente editorial do disco (à semelhança dos discos de Tino Flores) remete-nos igualmente para a ideia de tratar-se de edição de autor. Inclinámo-nos para esta tese, após observarmos com atenção o label do disco, no qual apenas constam o nome das músicas e a referência "OSC 2", sem qualquer referência a editoras ou "patrocinadores" do disco. Supomos também tratar-se do segundo disco deste agrupamento.
Por outro lado, o disco que adquirimos não tem qualquer informação na contracapa e embora a sua capa seja coloridamente apelativa (com cores vermelhas, pois claro) nenhuma informação dele podermos retirar. No entanto, desde logo ficámos com a ideia de que o disco dos Camaradas teria sido lançado em simultâneo ou então num período temporal muito próximo do disco de Tino Flores anteriormente apresentado pelo facto de os labels dos discos serem exactamente iguais, com o mesmo grafismo e igualmente editados em França. Tal constatação, remete-nos imediatamente para o campo das suposições, acreditando que o próprio Tino Flores poderá ter participado, de alguma forma, na produção deste disco. Na verdade podemos até ouvir numa das canções uma harmónica, à semelhança do disco de Tino Flores, onde também podemos encontrar igualmente a mesma sonoridade em algumas canções.
Facto que demos por assente à primeira audição é que não é Tino Flores que canta neste disco, pelo menos enquanto solista. Com efeito, as vozes dos intérpretes dos dois discos são manifestamente distintas. A identidade do vocalista dos Camaradas permanecerá um mistério que pretendemos desvendar com ajuda de todos aqueles que lerem este texto. Da composição do grupo, temos apenas a informação de que o músicoAdão Gonçalves integrou-o em 1973, segundo informação colocada no Bairro do Vinil por um comentador geralmente muito bem informado.

Capa do E.P. "Os Camaradas" OSC 2

Confessamos que a nossa maior dificuldade prendou-se com o facto de permanecerem (mesmo após várias audições dos 4 temas que compõem este disco) algumas dúvidas sobre se o disco terá tido edição pré ou pós 25 de Abril. Sobre este aspecto, à primeira vista tudo indicaria tratar-se de um disco pré-25 de Abril, atendendo ao facto de o label do disco, conforme já referimos, ser igual ao do disco do Tino Flores e daí podermos eventualmente retirar a conclusão de ter sido editado em 1972 ou em 1973 (tendo por referência o período em que Adão Gonçalves integrou o grupo). É que as letras das canções, embora se tratem igualmente de músicas de conteúdo directo e sem floreados, têm um carácter dúbio ao ponto de poderem ser facilmente inseridas em qualquer um dos períodos acima referidos, isto tanto antes tanto depois do 25 de Abril. No entanto, arriscamos tratar-se de um disco já editado no pós 25 de Abril. Na verdade, através dele conseguimos vislumbrar algumas reminiscências do período conturbado dos primeiros meses imediatamente após a revolução dos cravos. Referências pontuais a pequenas liberdades, à repetição da palavra democracia inserida no contexto de governos pós salazaristas e nenhuma referência a qualquer primavera Marcelista colocam-nos numa quase certeza de tratar-se já de um disco editado em finais de 1974 ou inícios de 1975. O primeiro tema do E.P. "Quem trabalha é que deve mandar", a nosso ver desfaz qualquer dúvida. Contudo, sobre esta matéria, iremos deixar o espaço aos leitores para darem as suas opiniões para, daqui a umas semanas, refazermos o texto de hoje com informação já actualizada.

 (EXCERTOS AUDIO)

 bairrodovinil.blogspot.pt
28
Dez16

Fernando Lopes-Graça

António Garrochinho

"A música é a arte que utiliza como material o som produzido pelos instrumentos e pela voz humana. O som é, assim, a realidade primeira e a condição básica de toda e qualquer manifestação musical. A maneira de o manipular ou tratar varia com as condições de lugar e de tempo, com as possibilidades materiais e estádio social de cada época, com a personalidade dos indivíduos que criam a obra de arte musical e dos que a interpretam, e é a fonte das múltiplas escolas e estilos musicais observados através da história.
O som é a sensação recebida no cérebro, através do ar e do aparelho auditivo, provocada pelas vibrações especiais de um agente externo. ou corpo sonoro, que sofreu um impulso ou estímulo físico".
Fernando Lopes Graça, opúsculos (1

VÍDEO

 "Jornada", uma das canções heroicas, poema de José Gomes Ferreira e música de Lopes-Graça, cantada por Luisa Basto



somusicapontopete.blogs.sapo.pt
28
Dez16

28 de Dezembro de 1937: Morre o compositor francês Maurice Ravel

António Garrochinho


Morre em Paris aos 62 anos, no dia 28 de Dezembro de 1937 o célebre compositor Maurice Ravel que se havia tornado um grande expoente do impressionismo na música. Ao lado de Claude Debussy, com quem tinha afinidade de estilo, afastou a música clássica francesa do romantismo wagneriano. Compôs música fluida e altamente original dentro dos marcos das formas clássicas. Ravel brilhou nas composições para piano, orquestrando com frequência as suas próprias composições e de outros autores. 


Joseph-Maurice Ravel nasceu nos Pirenéus franceses, perto da fronteira com a Espanha em 7 de Março de 1875. Obrigações profissionais do pai levaram a família para Paris, onde o jovem Ravel ingressa no Conservatório Musical aos 14 anos. Matriculou-se como pianista, mas mudou para composição sob orientação de Gabriel Fauré. 


Ravel era menos radical como compositor que Debussy, mas rebelde ao seu jeito. Debussy podia compor peças para agradar aos mestres do Conservatório e ganhar o Prémio de Roma. Ravel, no entanto, recusou-se a submeter-se às regras de composição da escola. Deixar de ganhar prémios subestimou-o aos olhos dos seus professores ainda que, desde cedo, escrevesse peças de sucesso como a Sonata para Violino (1897) e Sheherazade (1898). Devido ao êxito dessas composições, ter deixado de ganhar o Prémio de Roma de 1905 provocou um escândalo público e a mudança na direcção do Conservatório. 


Logo após esse episódio, Ravel entrou num período de grande criação, produzindo obras como L'Heure Espagñole e Rapsodie Espagñole (1907), Valses Nobles et Sentimentales (1911), importantes peças para piano e o ballet Daphnis et Chloé para o Ballet Russo de Sergei Diaghilev em 1912. Nessa essa época encontrou-se com Igor Stravinsky, formando um grupo de compositores radicais conhecido como Les Apaches. Em 1906, começou mas não concluiu uma homenagem orquestral a Johann Strauss a que chamou Viena, que viria com La Valse 14 anos mais tarde. 


Quando eclodiu a Primeira Guerra Mundial deixou de compor. Tentou alistar-se mas foi rejeitado por razões físicas e terminou como motorista militar. Em 1916 afectado por uma disenteria volta a Paris. Pouco depois morre a sua mãe que era seu contacto humano mais próximo, pois Ravel nunca se casou. Deprimido, passou por uma longa inactividade musical. Desta época pode-se destacar apenas Poemes de Mallarmé  (1915), Trois Chansons (1916), e Le Tombeau de Couperin (1917). 


Após a guerra conclui Wien  (Viena), considerando-a um ‘poema coreográfico’, mudando o título para La Valse. Após La Valse veio L'Enfant et les Sortilèges  (1925), uma turné pelos Estados Unidos em 1928, e no mesmo ano, Bolero, certamente a sua obra mais famosa. O Concerto para Piano em Sol maior e o Concerto para Piano para a Mão Esquerda vieram à luz em 1930 e 1931. Os últimos anos de Ravel foram afectados pela Doença de Pick, mal que se reflecte em distúrbios de linguagem, personalidade e comportamento e é um tipo de demência fronto-temporal. Uma cirurgia ao cérebro em 1937 não foi bem-sucedida e Maurice Ravel morre alguns meses depois. 


De 1900 até à sua morte, Debussy foi considerado o maior compositor francês, tendo depois Ravel assumido o título. Ravel e Debussy são amiúde comparados, no entanto eram compositores distintos. Ravel empregou técnicas impressionistas em trabalhos como Daphnis et Chloé, Ma Mère l'Oye, e La Valse, mas ele era na realidade um clássico. Fantástico orquestrador, Ravel utilizava toda a gama de instrumentos, mas colocava cada nota, corda ou instrumento como um joalheiro lapida suas joias. A sua orquestração de Quadros de uma Exposição de Mussorgsky é um de seus mais famosos trabalhos orquestrais. 

Fontes: Opera Mundi
wikipedia (imagens)
Maurice Ravel em 1925
Ravel ao piano acompanhado pela cantora  Éva Gauthier (1928)


VÍDEO



28
Dez16

28 de Dezembro de 1895: Prisão de Gungunhana, em Chaimite, Moçambique.

António Garrochinho


Ngungunhane, N'gungunhana, Gungunhana ou Reinaldo Frederico Gungunhana (Gaza, c. 1850 — Angra do Heroísmo, 23 de Dezembro de 1906) foi o último imperador do Império de Gaza, no território que actualmente é Moçambique, e o último monarca da dinastia Jamine. Cognominado o Leão de Gaza, o seu reinado estendeu-se de 1884 a 28 de Dezembro de 1895, dia em que foi feito prisioneiro por Joaquim Mouzinho de Albuquerque na aldeia fortificada de Chaimite. Já conhecido da imprensa europeia, a administração colonial portuguesa decidiu condená-lo ao exílio em vez de o mandar fuzilar, como fizera a outros. Foi transportado para Lisboa, acompanhado por um filho de nome Godide e por outros dignitários. Após uma breve permanência naquela cidade, foi desterrado para os Açores, onde viria a falecer onze anos mais tarde.

O seu reinado teve início em 1884.Colocado perante a colonização europeia, Gungunhana pretendia prestar vassalagem a Portugal, mas a tirania que usava na relação com o seu povo levou a que o governo português pusesse fim às suas actividades cruéis. Travados vários combates, entre os quais os de Marracuene, Mongul e Coolela, Gungunhana foi derrotado pelas forças de Eduardo Galhardo e aprisionado em Chaimite pelo capitão Joaquim Mouzinho de Albuquerque, corria então o ano de 1895.Trazido para Lisboa, Gungunhana não mais voltaria a território de Moçambique. Foi primeiramente encarcerado em Monsanto, de onde mais tarde, a 23 de Junho de 1896, foi transferido para Angra do Heroísmo. Aí aprendeu a ler e a escrever e foi convertido à força ao cristianismo e baptizado com o nome de Reynaldo Frederico Gugunhana. A 23 de Dezembro de 1906, Gungunhana morreu, no hospital militar de Angra do Heroísmo, vítima de hemorragia cerebral.

A 15 de Junho de 1985, por ocasião do décimo aniversário da independência de Moçambique, os PresidentesRamalho Eanes e Samora Machel aceitaram a transladação dos restos mortais do resistente colonial,Gungunhana (ou Ngungunhane), para a Fortaleza de Maputo.


Gungunhana. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2014. 
wikipedia(imagens)

Ficheiro:Ngungunhane Gungunhana.jpg
O imperador Ngungunhane com a sua coroa de cera e bastão (gravura de Francisco Pastor, 1895)
Ficheiro:Gungunhana esposas lisboa 1896.jpg

 Ngungunhane e as suas sete esposas (no Forte de Monsanto, Lisboa, em Março de 1896

28
Dez16

CONHEÇA DOIS ANIMAIS MUITO INTERESSANTES: O MUSARANHO E O ORNITORRINCO

António Garrochinho

 O Frenético, voraz e insaciável Musaranho




Uma criatura que vive nos limites, com uma fome insaciável e devora tudo em seu caminho.

Os musaranhos fazem parte da ordem da Soricomorpha, animais de pequeno porte e possuem hábitos insetívoros. Medem cerca de 10 cm [alguns ultrapassam 2,5 cm] e pesam cerca de 15 gramas. Se especializaram em vários habitats: uns habitam vegetações densas, outros são trepadores, alguns vivem debaixo da neve e outros ainda caçam na água.


Musaranho Elefante [Macroscelides proboscideus]
Musaranho Fingui
Para entender melhor sobre esse animal surpreendente, assista ao vídeo abaixo:


Ao nascer, pelado e de olhos fechados, o musaranho é menor que uma abelha e pesa pouco mais de dois gramas. Vive, em média, de um a dois anos. Quando é atacado por um inimigo, solta um odor igual ao dos gambás. Suas glândulas salivares contêm um veneno tão forte quanto o das serpentes. Suas principais presas são insetos como as baratas, larvas e também caramujos, mas conseguem enfrentar animais maiores e perigosos como escorpiões e cobras.

São invulgares entre os mamíferos pois são dos poucos a possuírem veneno e, tal como os morcegos e os cetáceos, algumas espécies usam ecolocalização. São também dos poucos a nascerem com dentes permanentes e a não terem osso zigomático.




O musaranho vive no Norte da África, Oeste da Ásia, Europa e América do Norte e como visto, é conhecido por seus hábitos estranhos e por ser totalmente exagerado em tudo o que faz.

Sua vida é alvo de cientistas que estudam a evolução das espécies, pois é o animal que mais se assemelha aos primeiros mamíferos verdadeiros descendentes dos répteis mamaliformes, como o Melanodon, que viveu na América do Norte há 160 milhões de anos. Por isso, é considerado o mais primitivo dos primatas atuais.

Melanodon
Quando um musaranho encontra um inimigo, solta uma secreção de odor repugnante. Por isso, seus principais predadores são os gaviões e as corujas, bons de visão, mas ruins de olfato. Se tiver que lutar, o musaranho usa um artifício comum nos répteis: o veneno. As glândulas salivares contêm substâncias que produzem efeitos semelhantes aos de picada de cobra venenosa, e ele as utiliza para imobilizar ou matar as presas e até inimigos. 
VÍDEO



E antes de terminar fica aí a pergunta: 

- Um musaranho é capaz de matar um ser humano? 
Em humanos o veneno do musaranho causa inchaços no local atingido, e em poucos segundos causa sensações de queimadura, inchaço e dores agudas, queda da pressão sanguínea, diminuição do ritmo cardíaco e inibição respiratória. Uma mordida, porém, não é suficiente para matar uma pessoa. Essa substância tóxica geralmente não é utilizada como mecanismo de defesa, mas sim para ataque. 




O fantástico e estranho Ornitorrinco



Conheça o ornitorrinco, esse animal silencioso, curioso e incrível, que parece mais ser uma mistura de ave, mamífero e réptil.


É um mamífero semiaquático natural da Austrália e Tasmânia. Juntamente com as equidnas, formam o grupo dos monotremados, os únicos mamíferos ovíparos [que botam ovos] existentes. A espécie é monotípica, ou seja, não tem subespécies ou variedades reconhecidas.



Possui hábitos noturnos e alimenta-se principalmente de insetos e invertebrados, tais como moluscos, crustáceos, vermes, insetos, pequenos peixes ou girinos. Ocasionalmente também come algumas plantas. Após capturar seu alimento debaixo da água [geralmente em riachos], o ornitorrinco armazena-o dentro de bolsas, tal como fazem por exemplo os hamsters. Assim que regressa a terra firme, mastiga e engole os alimentos. Uma vez que não possui dentes, o ornitorrinco usa as placas córneas das maxilas para conseguir mastigar.

É um animal ovíparo, cuja fêmea põe cerca de dois ovos, que incuba por aproximadamente dez dias num ninho especialmente construído. Os monotremados recém-eclodidos apresentam um dente similar ao das aves (um carúnculo), utilizado na abertura da casca. A fêmea não possui mamas, e o leite é diretamente lambido dos poros e sulcos abdominais. Os machos têm esporões venenosos nas patas, que são utilizados principalmente para defesa territorial e contra predadores. Possui uma cauda similar a de um castor.


Para saber mais sobre o ornitorrinco, assista ao documentário abaixo do Discovery Channel.

VÍDEO


O ornitorrinco é endêmico da Austrália, onde é encontrado no leste de Queensland e Nova Gales do Sul no leste, centro e sudoeste de Vitória, Tasmânia, e ilha King. Foi introduzido no extremo oeste da ilha Kangaroo, entre 1926 e 1949, onde ainda mantém uma população estável. A espécie está extinta na Austrália Meridional, onde era encontrada nas Colinas de Adelaide e na Cordilheira do Monte Lofty.

Distribuição atual em vermelho, área em amarelo corresponde a introdução.
A espécie é dependente de rios, córregos, lagoas e lagos, podendo também ser encontrada em represas e diques para irrigação. A distribuição geográfica mostra considerável flexibilidade tanto na escolha do habitat quanto na adaptabilidade a uma variação de temperatura. O ornitorrinco é capaz de enfrentar tanto as altas temperaturas das florestas tropicais de Queensland, como áreas montanhosas cobertas por neve em Nova Gales do Sul. A distribuição atual desse animal mudou muito pouco desde a colonização da Austrália, e continua a ocupar grande parte de sua distribuição histórica.

Características: 


O ornitorrinco possui cabeça arredondada e uma espécie de bico que se assemelha ao do pato. Seu corpo e sua cauda são cobertos por um pelo muito fino, embora denso para que o mantenha aquecido. A cauda é achatada, como a de um castor e entre seus dedos possui membranas adaptadas para nadar.

Os machos são ligeiramente maiores que as fêmeas, medindo cerca de 60 centímetros de comprimento e pesando até 2,5 kd. Um ornitorrinco vive em média cerca de 12 anos, podendo chegar aos 15.

É um excelente nadador e existem relatos de ornitorrincos que conseguiram ficar submersos até cerca de 10 minutos. Ao mergulhar seus olhos, ouvidos e narinas ficam protegidas por membranas de pele que os deixam cegos e surdos debaixo da água.

Para se guiar e localizar alimentos nesse estado o ornitorrinco se utiliza das terminações nervosas sensíveis contidas no seu bico, o chamado sentido de eletrorrecepção, ou seja, a capacidade de encontrar suas presas ao detectar os campos elétricos gerados pelas contrações musculares de suas presas [tal como fazem os tubarões]. Ele ainda consegue determinar a direção e a distância da prese sempre que esta desloca-se e faz isso com grande precisão.


Veneno:


Uma das peculiaridades do ornitorrinco é ser um mamífero venenoso, embora seja uma característica exclusiva dos machos e que só seja produzido durante a época do acasalamento. Os cientistas suspeitam ser uma arma de defesa de território de modo a afastar machos rivais.
VÍDEO


Observe mais de perto onde fica o exporão:


Ainda não acredita que o veneno do ornitorrinco é possante e perigoso? Veja o relato abaixo, de pessoas que foram "picadas" por um ornitorrinco e esclareça suas dúvidas:



Reprodução:

Quando as crias dos ornitorrincos estão dentro de um ovo, tem um dente na ponta do bico chamado dente do ovo. Este destina-se a perfurar a casca do ovo. Pouco tempo depois do nascimento este dente cai.

A sua reprodução não ocorre até o ornitorrinco completar dois anos. Isto é, em parte, devido ao fato do macho ser incapaz de produzir o esperma até essa altura e de a fêmea não estar receptiva em todas as estações. Para que a reprodução possa ocorrer, os órgãos reprodutivos da fêmea e os do macho terão de aumentar de tamanho.


Alcançam o seu tamanho máximo entre Julho e Agosto, altura em que a cópula ocorre. Durante todo esse tempo o corpo da fêmea adapta-se de modo a produzir o leite para as suas crias, a partir de dois mamilos (glândulas sudoríparas modificadas) localizados no seu abdômen, cercados por pelo. Acredita-se que os jovens obtêm esse leite pressionando estas duas áreas que fazem com que o leite seja jorrado em direção às suas bocas.

Pouco se sabe acerca do ritual de acasalamento do ornitorrinco, mas as observações de animais em cativeiro, forneceram algumas pistas relativamente a este processo. Começará, então, com um processo natatório em que o macho e a fêmea se vão aproximando, para que no final se possa realizar o contato. Este comportamento é iniciado a maior parte das vezes pela fêmea.

Curiosidades interessantes:

- As características atípicas do ornitorrinco fizeram com que o primeiro espécime empalhado levado para a Inglaterra fosse classificado pela comunidade científica como um embuste [isto é, algo falso, acreditavam naquela época que fizeram um empalhamento com vários animais diferentes que já existiam, e que isso era uma montagem].

- Atualmente é o ícone nacional da Austrália, aparecendo como mascote em competições e eventos e em uma das faces da moeda de vinte centavos de dólar australiano. É uma espécie pouco ameaçada de extinção.


tudorocha.blogspot.pt
28
Dez16

Cavalo de corrida

António Garrochinho


Em bom português Marcelo vai a todas, representa uma espécie de presidente hiperactivo, nada, nenhum acontecimento, nenhuma homenagem, nenhuma morte em Portugal ou no estrangeiro, nada escapa ao nosso Marcelo. O George morre e o Marcelo manda condolências, o Passos fala e o Marcelo responde, a Maria Luís abre a boca e o Marcelo dá-lhe na cabeça.

Ligamos a RTP e Marcelo está de visita ao Hospital da Cruz Vermelha, passamos pela TVI e Marcelo está nas urgência do São José, fazemos zapping para a SIC e Marcelo está emborcando uma ginjinha e mais meia porque pode ter o azar de ir ao balão, ainda em que ninguém ouviu senão alguém se ofereceria para o levar de balão do Barreiro para Belém.

Vamos ao site da Presidência da República e quase ficamos cansados só de ver o que o Presidente fez, só no dia 27 promulgou um decreto, ofereceu um concerto aos responsáveis pelas misericórdias, visitou os cuidados paliativos do Hospital da Luz, mandou condolência às famílias de José Pracana e de José Silva Marques. Um dia antes tinha ido à festa de Natal do Re-Food.

Em três ou quatro dias Marcelo criou uma página de obituário nacional e internacional, entre visitas privadas e públicas foi a tantos hospitais que até parece que além de um problema hipocondria tem várias doenças graves, esteve em duas cerimónias com o pessoal das Santas Casas, bebeu umas ginjinhas e ainda teve tempo para acender uma vela. Passos Coelho até teve sorte pois numa semana menos natalícia e sem o Rui Rio a rondar, ainda teria tempo para lhe dar meia dúzia de bordoadas.

O problema é que entre unidades de cuidados paliativos, santas casas, hospitais, urgências e almas caridosas o Presidente não vai ter mãos a medir. Ir ver todos os velhinhos, beber todas as aguardentes e ginginhas tugas, visitar todas as misericórdias, manter um obituário nacional e internacional, tomar conta do Passos Coelho e da Maria Luís não é para qualquer um.

Como diria o Augusto Santos Silva vai ser um verdadeiro cavalo de corrida!


jumento.blogspot.pt
28
Dez16

BMW 315, o mais antigo de Portugal

António Garrochinho


Umas imagens de Rui Viana, alertaram me para um automóvel exposto durante o MotorClássico, incluído nas comemorações do Centenário da BMW
Era um belo e raro BMW 315 de 1934, um contemporâneo do de Manoel de Oliveira, então segundo classificado na categoria Sport ocorrida em 1937 no Circuito Internacional de Vila Real.
12920382_10207354771401871_7460626384401883656_n.j

Segundo o seu proprietário,Pedro Barreto foi " Adquirido novo em 1934, veio para Portugal em 1936, ano a que corresponde a actual matrícula,".
12966801_10207377254403932_685906767_n.jpg
12968610_10207377253203902_655265977_n.jpg
12980590_10207377255003947_905924954_n.jpg
motos sabrosa.jpg

Actualmente  este belo e raro exemplar pode ser visto e admirado no Museu do Caramulo integrado na exposição 100 anos da marca " BMW -100 Anos em movimento”,

Também em exposição encontra se o BMW 635 CSI de Manuel Fernandes, conhecido piloto de Vila-realense, por diversas vezes campeão em várias categorias das provas do Campeonato Nacional de Velocidade.



 manueldinis.blogs.sapo.pt
28
Dez16

IMAGENS DE PORTUGAL ANTIGO

António Garrochinho


1006194_535582363167977_490269055_n
Bruno Barbey, 1979
Bruno Barbey, 1979
Cristina Garcia Rodero, Portugal Católico
Cristina Garcia Rodero, Portugal Católico
Gérard Castello-Lopes Cascais, 58
Gérard Castello-Lopes Cascais, 58
Carel Blazer, Nazaré 1958
Carel Blazer, Nazaré 1958
Gordon W. Gahan, Nazaré, 67
Gordon W. Gahan, Nazaré, 67
Henry Cartier Bresson
Henry Cartier Bresson
Winston Vargas, Portuguese Seaman, 1969
Winston Vargas, Portuguese Seaman, 1969

eumeswill.wordpress.com



10309181_698647756861436_4029540218580409950_n
Fotografia de Rui Morais de Sousa

10272531_698648146861397_50935206127332547_o
Fotografia de Rui Morais de Sousa
10171124_695482107178001_7292991167012912133_n
Fotografia de Eduardo Gageiro
1975191_681278858598326_2002972772_n
Fotografia de Édouard Boubat
969884_683194575073421_623521947_n
Fotografia de Eduardo Gageiro
10150732_686716651387880_347800511_n
Fotografia de Jorge Henriques
10154084_686714184721460_210952259_n
Fotografia de Eduardo Gageiro
10167952_686713808054831_1582401873_n
Fotografia de Harry Weber

aldeia-de-gralhas.typepad.fr
28
Dez16

A HISTÓRIA DO BLUES

António Garrochinho

A história do Blues

 
O Blues no início representava a expressão cultural através da música de uma minoria. Sua origem está essencialmente ligada a população negra americana. 
Com simplicidade, sensualidade, poesia, humor e ironia, o Blues pode ser visto como um reflexo das qualidades e as atitudes dos negros Americanos por mais de um século. A definição e o mais importante  sobre o Blues é seu significado além da música, que é uma referência a um estado de espírito. Mas a expressão "O Blues" (The Blues) não  se popularizou antes do término da Guerra Civil Americana, quando sua essência passou a ser vista como um meio de descrever o estado de espírito da população afro-americana. Costumava-se dizer que os negros cantavam este tipo de música para tentar se verem livres da tristeza (blues).Muitos sabem que o Blues teve como berço o Delta do Mississipi, no entanto, a grande maioria pensa que foi nas vizinhanças de Nova Orleans. Errado: este foi o berço do jazz. O Delta que os bluesmen se referem, como uma espécie de país místico, é o delta lamacento do rio Yazoo, que junta sua águas às do rio Mississipi nas proximidades de Vicksburg, região de inundações onde camadas de lama vão se depositando a cada primavera.        
                                                                                                                     
Esta região possuía terras ricas para o plantio de algodão, e por isso, ali vivia uma densa população afro-americana, que servia como mão-de-obra escrava das lavouras.Para aliviar o sofrimento e amenizar o trabalho nos campos, os escravos desenvolveram os cantos de trabalho (work songs) que se tratavam de lamentos em forma de gritos melancólicos ritmados pela enxada, martelos e machados. Como não podiam tocar nenhum instrumento, pois os brancos receavam que fosse usado como códigos, incitando à rebelião, a voz se tornou o principal – senão o único – instrumento musical dos negros.

Com a abolição da escravatura, prevaleceu o regime de semi-escravidão, sendo os meeiros vilmente explorados pelos brancos proprietários. No entanto, a pouca liberdade concedida foi suficiente para o contato com a música e o surgimento das juke joints, também conhecidas como barrelhouses, que eram casas noturnas onde se vendiam bebidas clandestinas e tinham um palco tosco para apresentação dos músicos locais.
A partir de então, o blues começou a tomar forma e se popularizar. Foi quando surgiram grandes nomes e artistas como Robert Jonhson, considerado por muitos o verdadeiro rei do blues do Delta.

O estilo veio de uma região na parte sul do Mississippi, romanticamente denominada "O lugar onde o blues nasceu". Foi o primeiro estilo que pôde contar com a gravação de suas músicas por parte de indústrias fonográficas. Embora muitos artistas do Delta tocassem com uma banda, poucos gravaram desta maneira. A maioria das gravações entre 1920 e 1930 consiste em trabalhos solo, com acompanhamento apenas de violão.

Iniciada com a quebra da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929, a crise econômica norte-americana se transformou na Grande Depressão nos anos 30, afetando toda a economia mundial.
Com isto, as lavouras de algodão do Delta do Mississipi também entraram em uma forte crise, o que ocasionou uma verdadeira fuga dos negros dos campos, numa migração em massa rumo às grandes cidades do Norte. Chicago se tornou a terra prometida pela necessidade de mão-de-obra nas fábricas e pelas favoráveis condições ao blues.

A Highway 51 e a 61 foram as principais rotas adotadas pela migração. Os trens e trilhos corriam como sangue nas veias do blues. A ferrovia não era um mero meio de transporte, era quase um veículo mágico que leva o negro a transcender a sua condição. Viagem, união e separação: o trem adquiriu no blues uma dimensão mitológica, sendo imitado por vários músicos, principalmente pelos gaitistas da época.

Nos anos quarenta, o coração do Blues mudou-se para a região sul de Chicago. Lá surgiram grandes nomes como Elmore James, Willie Mabon, Jimmy Rogers, Sonny Boy Williamson, Otis Spann, Willie Dixon, Muddy Waters e Howlin’ Wolf. Entre as canções mais representativas deste período podem ser destacadas Hoochie Coochie Man, Mannish Boy, Sloppy Drunk e Don’t Start Me Talkin.

Foi criado por volta de 1940/1950, amplificando o Delta Blues. Adicionou-se bateria, contra-baixo e piano (às vezes saxofone), criando o que conhecemos hoje como "blues band" (banda de blues). O estilo deu origem às batidas de rock e ao ritmo do funky music nos anos 80 e 90.

Alguns Artistas Importantes: Buddy Guy, Willie Dixon, Little Walter, Elmore James, B. B. King, Sonny Boy Williamson II, Junior Wells, Muddy Waters, Howlin' Wolf, Jimmy Rogers, Magic Sam, Otis Rush.

Com o surgimento de fábricas e empregos em outros lugares do país atraíram os negros e que levaram consigo o Blues, difundindo o estilo pelo resto dos EUA. O Blues começava a se espalhar por toda a América do Norte e dois estados específicos, fizeram um bom dever de casa: Texas e Califórnia. Os blues-man nascidos nestes estados geralmente são famosos (exemplo Stevie Ray Vaughan do Texas), e as músicas, bem conhecidas.

 O Texas Blues nasceu na metade dos anos 20, possuía as tradições do Country Blues, porém  o violão mais do que mero acompanhamento, era uma extensão do vocal. Outro estágio do Texas Blues veio depois da Segunda Guerra Mundial, trazendo um estilo totalmente elétrico.

            O apesar de ser mais influenciado pelo Blues do Texas, a costa oeste, onde surgiu o Blues da Califórnia, incorporou uma grande variedade de estilos. Pessoas quem vinham do Texas, Oklahoma, Louisiana, e Arkansas, para trabalharem nos campos e nas fábricas, durante e após a Segunda Guerra Mundial, trouxeram consigo o blues da região que viviam. E, nesta mistura de raízes diferentes, dentro do mesmo estilo, formou-se o Blues da Califórnia.
Este bloco é dedicado então aos estilos de Blues do Texas que tem como principais representantes: Bobby "Blue" Band, Albert Collins, Lightnin' Hopkins, Blind Willie Johnson, Stevie Ray Vaughan, Lowell Fuson, Freddie King, T-Bone Walker, Clarence Gatemouth Brown e Blind Lemon Jefferson.  E dedicado também ao blues da Califórnia, que é fortemente representado por: The Ford Blues Band, Rod Piazza, Andy Just, entre outros.

Blues Contemporâneo

            O blues moderno carrega consigo a tradição do blues antigo misturado ao som da guitarra elétrica. Muitas bandas em meados dos anos 60 começaram a adotar este estilo, principalmente bandas inglesas como John Mayall & The Bluesbreakers e The Cream.

            O Blues elétrico é o mais conhecido dentre todos os outros estilos, pois conta com um plantel de artistas renomados e músicas bastante conhecidas. Bandas com Led Zeppelin, Janis Joplin, Jimi Hendrix, Rolling Stones, Yardbirds, Allman Brothers e até Pink Floyd tiveram suas raízes bem bluseiras, imortalizando a influência do Blues para variados estilos musicais.

O destaque para uso da guitarra elétrica agressiva e distorcida baseada em raízes bluseiras vai para o imortal Jimi Hendrix, um dos mais famosos ícones do instrumento.

Surgiram então guitarristas junto com Hendrix, que se tornaram verdadeiros “reis” da guitarra, como Eric Clapton, Jimi Page e Jeff Beck, o trio de guitarras mais conhecido no mundo e que inclusive já gravaram juntos no grupo sessentista “Yardbirds”.

Alguns Artitas (e Bandas) Importantes: Albert Collins, Little Milton, B.B.King, Stevie Ray Vauhghan, Roy Rogers, Jimi Hendrix, Johnny Winter, Robert Cray, Clarence Gatemouth Brown, Freddie King, John Mayall, James Cotton, Luther Allison, Canned Heat, Taj Mahal, ZZ Top, Rolling Stones, Yardbirds, Derek & The Dominos, Jeff Beck Group.



Sugestão de filmes: 


  •  “A Encruzilhada”, que é um belo tributo às raízes do blues. Direção de Walter Hill;
  •  documentário "Martin Scorsese Presents the Blues: A Musical Journey", Com Martin Scorsese como mentor e produtor executivo;
  • Cadillac Records (2008, dirigido por Darnell Martin);
  • garanhunshistoria.blogspot.pt

UMA BREVE HISTÓRIA SOBRE O BLUES



O blues nasceu no sul dos Estados Unidos quando os escravos transformaram a sua dor em música e verso. É puramente americano e apesar de receber alguma influência da cultura européia e africana, não existem vínculos diretos, sendo fruto da mistura de ambas as culturas. Algo especial e completamente diferente de qualquer tradição que possa ser encontrada nesses continentes, embora o pesquisador americano Alan Lomax (1915 – 2002) tenha encontrado alguns exemplos de canções bem parecidas no Noroeste de África, particularmente entre o Wolof e Watusi. A palavra “blue” foi associada à idéia de melancolia ou depressão desde a era da rainha Elizabeth. O termo "blues", como está agora definido, foi creditado ao escritor americano, Washington Irving, em 1807.

A história da tradição musical do blues é narrada oralmente e quase que unicamente por negros, desde os 1860s. A música africana e européia se fundiram para criar o que eventualmente se tornou o primeiro blues, quando os escravos começaram cantar canções cujas palavras contavam o extremo sofrimento e privação em que viviam. Era o "field holler" (grito do campo), uma forma de resposta para aquele ambiente opressivo. O "field holler" deu origem ao espiritual e ao blues. Alan Lomax define assim este momento: "celebridade entre todas as obras de arte humanas para o desespero profundo... Eles deram voz ao sentimento de alienação, sem regras e normas, que prevalecia nos acampamentos de construção do Sul". Isto se deu no *Delta de Mississipi, onde freqüentemente os negros eram recrutados à força para trabalharem no campo sob maus tratos até serem descartados por invalidez ou morte.

Lomax declara que o blues, tradicionalmente, era considerado uma disciplina masculina. Apesar de alguns dos primeiros blues ouvidos por brancos serem cantados por "ladies blues singers" (cantoras) como o Mamie Smith e Bessie Smith, não se encontravam muitas mulheres negras cantando blues nos juke-joints (também conhecidas como barrelhouses, que eram casas noturnas onde se vendiam bebidas clandestinas e tinham um palco tosco para apresentação dos músicos locais.). As prisões Sulistas também contribuíram consideravelmente para a tradição do blues com canções que falavam do trabalho, da fila da morte, assassinato, prostitutas, o diretor, o sol quente, e centenas de outras privações. Entre os presidiários que trabalhavam nas estradas e os grupos de trabalhadores rurais encontraram-se muitos bluesmen, com suas canções, onde muitos outros negros simplesmente ficaram familiarizados com as mesmas canções.

Seguindo a guerra civil como uma pedra rolante, o blues surgia como um destilado da música africana trazida por escravos. Field hollers, baladas, música de igreja e melodias de dança rítmicas chamadas de jump-ups evoluíram em uma música repentista de um cantor e seu violão. Ele cantava uma linha, e o violão respondia em seguida. Convém lembrar que o violão não desfrutou popularidade difundida com músicos de blues até a virada para o século XX. Até então, o banjo era o instrumento do blues primário. Antes dos 1890s o blues fora cantado em muitas das áreas rurais do Sul. E por volta de 1910, a palavra “blues” como é aplicado à tradição musical, estava em uso e já era bastante comum.

Alguns “blueslogistas” reivindicam (duvidosamente), que o primeiro blues publicado foi “Dallas Blues”, em 1912, escrito por Hart Wand, um violinista branco da cidade de Oklahoma. Mas o formato do blues foi primeiramente popularizado por volta de 1911 - 14 pelo compositor negro W. C. Handy (William Christopher Handy 1873-1958). Porém, a forma poética e musical do blues se cristalizou inicialmente ao redor 1910 e ganhou popularidade pela publicação de “Memphis Blues” (1912) e “St. Louis Blues” (1914), ambas de autoria de Handy. Blues instrumentais tinham sido registrados já em 1913. Mamie Smith gravou a primeira canção de blues vocal, “Crazy Blues” em 1920.




Durante a Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918) esse tipo de música foi segregado dentro das tropas americanas através de soldados sulistas que tinham sido expostos a ela. E já nos anos vinte, o blues se tornou uma moda nacional. Foi quando surgiram as primeiras gravações que imortalizaram artistas como Robert Jonhson, Charley Patton e Blind Lemmon Jéferson, Mas por uma ironia do destino, dentro de um meio predominantemente masculino, quem fez sucesso mesmo foram as "ladies blues singers". Os discos gravados por divas como Bessie Smith e, pouco depois, Billie Holiday venderam aos milhões. Ainda neste período, o blues ganhou uma popularidade maior também entre os músicos de jazz.



Na passagem das décadas de 30 e 40 ele se esparramou em direção ao norte com a migração de negros sulistas e acabou sendo introduzido no repertório das big bands. Foi por aí que começou também a eletrificação do blues com a introdução da guitarra elétrica. Em algumas cidades do norte como em Chicago e Detroit, ao final dos anos 40 e início dos 50, guitarristas como Muddy Waters, Willie Dixon (este era baixista), John Lee Hooker, Howlin' Wolf, Elmore James e outros tantos cantavam o que ficou conhecido como Mississippi Delta Blues, acompanhados por baixo, bateria, piano e, ocasionalmente gaita, começando a emplacar hits nacionais com canções de blues. Ao mesmo tempo T-Bone Walker, em Houston, e B.B. King, em Memphis, eram os pioneiros de um estilo de tocar guitarra que combinava as técnicas do jazz com as tonalidades do blues em seus repertórios.

No início da década de 60 o bluesmen urbano foi “descoberto” por jovens músicos brancos americanos e europeus. Muitas dessas bandas baseadas em blues como Paul Butterfield Blues Band, The Rolling Stones, The Yardbirds, John Mayall's Bluesbreakers, Cream, Canned Heat, and Fleetwood Mac levaram esse som para uma audiência de jovens brancos, coisa que os artistas negros de blues não puderam fazer na América, a não ser através de covers dos ritmos negros furtados pelos brancos. Desde aquela época até hoje, o rock tem assistido a vários revivals. Alguns dos grandes guitarristas de rock como Eric Clapton, Jimmy Page, Jimi Hendrix, e Eddie Van Halen usaram o blues como base no aperfeiçoamento de seus estilos.
Tradução do texto original de Robert M. Baker encontrado no site The Blue Highway








Agora eu gostaria de acrescentar aqui algo que Robert Baker tentou dizer, mas não conseguiu com muita propriedade: é que essa apropriação branca da música negra acabou sendo de certa forma benéfica aos negros que depois acabaram ganhando o crédito devido. Não sou nenhum Dr. ou Prof., mas acompanhei bem os anos sessenta, sou bom observador e na minha impressão, o preconceito americano foi uma forte barreira para que a música negra chegasse aos brancos, em especial ao público jovem. No entanto, na Europa, embora também houvesse o preconceito racial, isso não foi empecilho para que Chuck Berry, Robert Johnson, Leadbelly, Sonny Boy Williamson e tantos outros fossem reconhecidos como grandes talentos e influenciassem músicos como Eric Burdon, Rory Gallagher, Brian Jones, Ian Anderson, Alvin Lee, Ritchie Blamoore e outros nomes aqui citados. A bem da verdade, o blues precisou cruzar o Atlântico para revolucionar a música, tornando-se popular entre o público branco e só então, retornou consagrado aos Estados Unidos, para desta vez, ter reconhecido seus verdadeiros heróis!


*Muitos sabem que o Blues teve como berço o Delta do Mississipi, no entanto, a grande maioria pensa que foi nas vizinhanças de Nova Orleans. Errado: este foi o berço do jazz. O Delta que os bluesmen se referem, como uma espécie de país místico, é o delta lamacento do rio Yazoo, que junta sua águas às do rio Mississipi nas proximidades de Vicksburg, região de inundações aonde camadas de lama vão se depositando a cada primavera. Esta região possuía terras ricas para o plantio de algodão, e por isso, ali vivia uma densa população afro-americana, que servia como mão-de-obra escrava das lavouras. (Fred Cardoso e Lucas Scarascia - 
boogiewoody.blogspot.pt


VÍDEOS BLUE





UMA HORA DE BLUES
28
Dez16

Antigamente debaixo das saias

António Garrochinho


Você já parou para pensar em tudo o que as pobres mulheres do passado eram obrigadas a usar para que elas pudessem ficar com cinturinhas minúsculas enquanto desfilavam com aqueles vestidões enormes? Elas tinham uma verdadeira parafernalha em baixo das saias.
E não eram apenas espartilhos e saiotes que a mulherada usava debaixo das saias não! Antes do desenvolvimento de calcinhas e sutiãs, que só começaram a surgir em meados do século 15, boa parte das peças usadas sob as roupas tinha como principal objetivo proteger as pessoas do frio. Depois disso, como você poderá conferir a seguir, alguns itens bem curiosos começaram a aparecer — ou se esconder! — sob os vestidos.

1 – Pantalets

As peças da imagem acima eram tipicamente usadas por mulheres e crianças e fizeram parte dos guarda-roupas até meados do século 19. Até então, as roupas de baixo femininas não contavam com fechamento, pois, além de na época as pessoas acharem que era mais saudável deixar as “intimidades” bem arejadas, imagine a dificuldade de baixar calcinhas ou abrir fundilhos na hora de ir ao banheiro com todo aquele pano dos vestidos! E mais: imagine o malabarismo durante uma balada da época, algo como um baile formal regado a bebidinhas! Segundo Therese, os pantalets começaram se tornar démodé depois de essas peças passarem a serem equipadas com botões, dando às mulheres a opção de proteger suas partes íntimas, se quisessem.

2 – Bolso portátil

Embora pareça um avental estilizado, o acessório acima era uma espécie de bolso portátil usado pelas mulheres antes de as bolsas de mão começarem a entrar em circulação — lá pelo século 19. Afinal, mesmo no passado a mulherada sentia necessidade de carregar uma porção de coisas com elas, então nada melhor do que um bolsão que podia ser escondido discretamente entre as dobras dos vestidos.
Esses bolsos eram feitos de algodão e normalmente ficavam ocultos sob o volume das roupas. Eles provavelmente eram acessados através de uma abertura nas saias, e, segundo Therese, não demorou muito até as mulheres se darem conta de que podiam costurar um pedaço de tecido diretamente na abertura de seus vestidos, dando origem aos bolsos internos.

3 – Pannier

Você já deve ter visto imagens de Maria Antonieta — Rainha Consorte da França e Navarra que perdeu a cabeça em 1793 — usando vestidos superarmados, não é mesmo? Pois essa moda surgiu na corte espanhola no século 17 e acabou chegando à França; de lá, se espalhou para o resto da Europa.

De acordo com Therese, a estrutura ficava presa à cintura e era praticamente uma obra de engenharia manter as saias dos vestidos armadas e o mais volumosas possível. Aliás, o tamanho das vestimentas era um indicativo da riqueza das damas, e o ideal é que as saias fossem amplas o suficiente para dificultar a passagem das mulheres pelas portas.

4 – Crinolina

Bem, como você deve imaginar, além de muito caros e absurdos, não devia ser muito prático usar vestidões largos como os que descrevemos no item anterior. Assim, no século 19 as mulheres resolveram adotar uma moda mais simples, passando a usar vestidos menos volumosos. Bem, ao menos ao que diz respeito ao volume nas laterais!
Apesar de os vestidos terem se tornado mais modestos, eles continuavam sendo feitos com uma enorme quantidade de tecido. E nada como uma bela armação para que as mulheres tivessem mais liberdade de movimento e não se enroscassem nas próprias saias.
Assim surgiu a crinolina — composta por uma série de aros de metal mantidos no lugar através de tiras de tecido —, que, além de oferecer certo suporte aos vestidos, permitia que o peso das roupas fosse melhor distribuído.

5 – Polisson

Como você sabe, não é de hoje que moda das cinturas fininhas e bumbuns avantajados está por aí! Segundo Therese, o uso da crinolina começou a decair no final do século 19, e, para conseguir ressaltar as curvas femininas, a mulherada passou a espremer o torso e cintura dentro de espartilhos apertados, enquanto destacava os traseiros — que, convenhamos, ficavam escondidos debaixo de tanto pano — com os polissons.
Na verdade, os polissons nada mais eram do que armações em miniatura que ficavam presas à cintura e, ao aumentar o volume do traseiro, criavam a impressão de que as cinturas eram ainda mais finas. Essas estruturas estavam disponíveis em diversas opções — como uma série de babados, almofadinhas e até aros de metal — e eram muito mais confortáveis do que as crinolinas ou panniers.


Fonte:Megacurioso
28
Dez16

Esta casa tem mais de 300 anos mas.....

António Garrochinho

Esta casa muito antiga já tem mais do que 300 anos, foi construída em 1680, mas quando vires o seu interior, não vais querer acreditar no que estás a ver.


Esta casa nas margens da Cornualha (Reino Unido) foi construída no distante ano de 1680. Do lado de fora, parece pequena, escura e desconfortável: com telhado baixo, janelas pequenas e paredes de pedra muito grossas.

No entanto, um jovem casal transformou-a num lar acolhedor, onde há tudo o que precisa.

A casa


Por fora é casa antiga comum. Assim eram construídas as casas na Cornualha há 300 anos.

A entrada


Uma pessoa alta teria até de se inclinar para entrar.

A sala


O interior da casa foi projetado em estilo «retro»: uma sala com um sofá acolhedor e macio, uma televisão, uma lareira e um lugar para ler. Um baú antigo no meio do ambiente serve de mesa.

A lareira


A lareira na sala de estar é a mesma há séculos. No entanto, para aumentar a segurança, foi instalada uma estrutura com grade para materiais à prova de fogo, mas ainda serve para acender a chama.

O quarto


O quarto tem uma cama enorme em estilo colonial e umas mesinhas de madeira de cada lado. As paredes em toda a casa são pintadas de branco para que os ambientes pareçam mais espaçosos e iluminados.

O quarto infantil


Ao lado do quarto principal fica o quarto da criança, que tem tudo o que um bebé precisa.

A casa de banho


A casa de banho tem algumas lâmpadas antigas, que fazem com que pareça mais espaçoso e convidativo. Além disso, todos os objetos estão ao alcance da sua mão.

A cozinha


A cozinha moderna está equipada com tudo o necessário para a preparação de alimentos e é muito limpa, confortável e organizada.

Canto para as refeições


Pode tomar o café da manhã na mesinha especial que se encontra na cozinha.

Pátio interno


O pátio interno possui uma cerca alta de modo a que ninguém invada a privacidade das pessoas que habitam a casa. Em caso de chuva, o local também dispõe de um espaço exterior coberto.

www.worldnoticias.com
28
Dez16

OS QUE FAZEM A HISTÓRIA

António Garrochinho


Uma dezena de polícias das forças especiais, bem equipados e melhor robotizados, detêm uma mulher desarmada cujo crime seria o de se manifestar na pátria de Neruda pela liberdade da líder espiritual mapuche Francisca Linconao. (manifestações em várias cidades do Chile)
Há os que se escusam de nada contestar, alegando por cobardia ou estrutural submissão, velhos slogans, tais como ‘contra a força não há resistência’, não se revendo nestas imagens; as coisas são como são, dizem, quem vier atrás que feche a porta. E acontece que por vezes quando se querem escapar, encontram a porta fechada e não têm a força necessária para sozinhos a abrir.

Via: as palavras são armas http://bit.ly/2hlrexI


abrildenovomagazine.wordpress.com
28
Dez16

NOTÍCIA OU NÃO NOTÍCIA…

António Garrochinho


(Por José Gabriel, in Facebook, 28/12/2016)
exercito_verm
Muitos amigos expressam aqui, justamente, a sua perplexidade e indignação por a “comunicação social” ignorar quase totalmente a tragédia da queda do avião russo de que resultaram 92 mortos, nos quais se inclui a quase totalidade do Coro do Exército Vermelho e outros artistas – músicos, bailarinos -, bem como jornalistas que acompanhavam comitiva.
Lembram ainda que os sítios oficiais da presidência da República e governo ignoram – pelo menos até agora – o acontecimento o que, além do mais, é de uma grosseria inqualificável em termos diplomáticos. Claro que as mentes pequenas poderão ser levadas pelo facto de este coro e orquestra terem sido criados na antiga União Soviética pelo maestro Alexandre Alexandrov e, por isso, serem conotáveis com a revolução russa e a sua natureza política. Que o regime mostrou inegável interesse pelo desenvolvimento das artes, é sabido, independentemente do que se pense sobre ele. Mas pensar que a obra de Alexandrov – além de fundador do Coro foi compositor de mérito e autor do hino da União, peça tão poderosa que nem a malta do Putim se atreveu a mudar – era um puro instrumento político, é de uma grosseira ignorância. Tal como é idiota questionar as orquestras Sinfónica de Berlim e a Filarmónica de Viena por terem tido sucesso durante o nazismo e alguns dos seus excelentes maestros – sim, até esse em que estão apesar – serem figuras nacionais de relevo. Mas, infelizmente, não é só isso. A verdade triste é que, se alguma destas instituições tivesse a infelicidade – longe vá o agouro – de uma tragédia como a que aconteceu aos artistas russos, as notícias sobre o ocorrido jamais teriam a dimensão de uma lesão de um jogador do Benfica, do último crime de faca e alguidar ocorrido em qualquer recanto do pacífico jardim à beira-mar, das filas de pré-adolescentes tentado ver a última estrela pop em ascensão, da última trica política rasca dos corredores de S. Bento, do último twitt insano do Trump. Além de todos os preconceitos políticos, além do óbvio facto de o Império, dilacerado em contradições internas, estar interessado em construir um novo povo-inimigo, um vilão cósmico que distraia os cidadãos dos dramas com que o capitalismo devora a democracia, a verdade mais prosaica é que a comunicação social portuguesa chafurda alegremente na sua própria indigência, vende aquilo que pensa ser o produto que o mercado espera, expulsa de si própria os seus melhores e, cada vez mais reduzida a lixo, alardeia as suas próprias imbecilidade e inconsciência com a patética convicção daquela galinha que cacareja na razão inversa dos ovos que põe.

estatuadesal.com
28
Dez16

Empréstimo do Estado aos bancos rendeu 1280 milhões

António Garrochinho


BCP, liderado por Nuno Amado, amortizou o valor mínimo de CoCos. É o único ainda preso ao empréstimo
Obrigações chegaram com a troika. BCP amortizou agora mais 50 milhões de euros, mas ainda tem 700 milhões no balanço

As obrigações de capital contingente subscritos pelo Estado para capitalizar o setor bancário renderam só em juros 1280 milhões de euros aos cofres públicos entre 2012 e 2016. O cálculo inclui já a totalidade de juros que BCP e Caixa Geral de Depósitos pagam neste ano.

As obrigações de conversão contingente (CoCos) chegaram a Portugal com a troika, em 2011, surgindo como mecanismo de financiamento público para salvar a banca descapitalizada, a precisar de reestruturar-se e sem capacidade de atrair privados. Foram constituídas no início de 2012 mas com um preço elevado: as obrigações foram lançadas com uma taxa de juro efetiva anual inicial de 8,5%, acrescida de 25 pontos--base a cada ano e 50 pontos no quarto ano, condições que visavam forçar a sua amortização acelerada.

Contudo, e como a crise na banca persistiu, as instituições continuam com problemas em atrair capital privado e apenas um banco conseguiu pagar as CoCos de forma acelerada, evitando o acumular de juros: o BPI.
No total, foram quatro os bancos que recorreram a CoCos: o BCP pediu 3000 milhões, o BPI 1500 milhões, CGD recorreu a 900 milhões e, por fim, o Banif pediu 400 milhões. Tudo somado, os contribuintes subscreveram 5800 milhões de euros nestas obrigações.

Deste total, apenas os 900 milhões entregues à CGD não vieram do cheque de 12 mil milhões posto de lado para o setor financeiro no empréstimo de 78 mil milhões da troika. Contudo, do cheque posto de lado para a banca, apenas metade foi utilizada nos apoios ao bancos, algo que leva o PSD a assumir hoje que estes apoios deviam ter sido de maior dimensão (ver texto ao lado).

BCP paga metade

Tendo recorrido ao dobro do valor a que o BPI recorreu, o segundo banco que mais precisou de CoCos, o BCP foi (é) naturalmente o banco que mais receitas deu ao Estado com os juros associados a estas obrigações, respondendo por mais de metade dos 1280 milhões agora calculados.
De acordo com os relatórios e contas anuais do BCP, de 2012 a setembro último, o banco incorreu em 698 milhões de euros em juros com estas obrigações. Já no trimestre em curso, o BCP terá pago mais cerca de 16,5 milhões em juros, devendo ter superado por isso a fasquia de 700 milhões só em juros.

Curiosamente, 700 milhões é também o valor de obrigações que o banco ainda tem de pagar. Dos três mil milhões a que o BCP recorreu, 2,25 mil milhões foram pagos em 2014, tendo saldado agora mais 50 milhões de euros, indicação confirmada ontem pelo banco ao DN/Dinheiro Vivo, afirmando que "reembolsou, até ao final de dezembro de 2016, 2,3 mil milhões de euros"euro das CoCos - mais 50 milhões do que o último valor conhecido.
O BCP comprometeu-se ainda a saldar os 700 milhões de CoCos remanescentes até março de 2017 - um dos frutos do recente aumento de capital subscrito pela Fosun.

Depois da fatura do BCP, a segunda mais elevada coube à CGD, ainda que tenha recorrido a menos CoCos do que o BPI. No caso do banco público, estes juros vieram no fundo "substituir" o pagamento de dividendos ao acionista Estado por pagamentos de juros. De 2012 a junho deste ano, a CGD pagou 313,5 milhões em juros pelas CoCos, segundo valores do Tribunal de Contas e do próprio banco. A este total devemos juntar a fatia de juros pendente no segundo semestre de 2016, que deve elevar até perto dos 354 milhões a fatura enfrentada pela CGD desde 2012.

Já o BPI, apesar de ter recorrido a mais CoCos do que a CGD, pagou apenas 167,5 milhões em juros. Foi o único banco que conseguiu avançar para a amortização acelerada, iniciando a mesma logo em 2012 e libertando-se das CoCos em 2014. No caso do Banif, o banco ainda saldou 52 milhões em juros, mas acabou por colapsar com 125 milhões de CoCos por devolver.

Agora, e com a conversão em capital das CoCos da CGD e a intenção do BCP em saldar o valor remanescente destas obrigações no primeiro trimestre de 2017, as contas às receitas obtidas pelo Estado com as CoCos podem considerar-se praticamente fechadas. Mas apesar do encaixe de 1280 milhões, este valor não deve ser visto como um ganho para os contribuintes, uma vez que também pagaram juros pelo dinheiro com que subscreveram as CoCos.


www.dn.pt
28
Dez16

Estado salda pela primeira vez todas as dívidas com os advogados

António Garrochinho


A ainda bastonária dos advogados, Elina Fraga
Lei de Acesso ao Direito foi criada em 2008 com o socialista Alberto Costa mas dívida chegou a atingir os 30 milhões. Paula Teixeira da Cruz melhorou o cenário, mas só este mês o Estado deixou de dever a advogados oficiosos
Pela primeira vez na história do atual sistema de apoio judiciário (criado em 2008) não há qualquer dívida a advogados oficiosos por parte do Estado. Segundo a ainda bastonária Elina Fraga, a dívida acaba de ser saldada e, ontem, os advogados receberam nas suas contas bancárias os cerca de seis milhões de euros (ver números em baixo) que faltavam pagar. No mês anterior tinham sido pagos 5,4 milhões de euros.
"Foi recebida comunicação relativa ao processamento dos honorários e despesas devidos aos advogados inscritos no Sistema do Acesso ao Direito e aos Tribunais, correspondentes aos pedidos de pagamento confirmados no mês de novembro, no montante global de 6,3 milhões e que serão creditados nas contas bancárias", explicou Elina Fraga na página oficial da OA. O DN tentou ter mais explicações da bastonária , mas tal não foi possível até ao fecho da edição.
"Quando o sistema começou, em 2008, era mau. Pagavam de ano a ano ou de seis em seis meses e essa situação manteve-se praticamente inalterada até 2011, até a anterior ministra Paula Teixeira da Cruz assumir a pasta", explica ao DN a advogada Lara Roque Figueiredo que exerce advocacia em Coimbra e que faz a média de uma escala de oficiosas por mês. E se é certo que no mandato da anterior ministra essa mesma dívida chegou aos 20 milhões (em março de 2015), a verdade é que também foi com ela que os pagamentos começaram a ser agilizados após a auditoria feita aos oficiosos. "Após essas auditorias, o MJ começou a pagar com mais frequência. Houve momentos em que os pagamentos eram mensais, mas o problema estava no tempo que demoravam as confirmações dos pedidos de pagamento". Sendo que só quando é feita essa confirmação e o pagamento não ocorre nos 30 dias subsequentes é que é considerado valor em atraso. "Neste momento os pagamentos estão todos atualizados", explica a advogada de 37 anos. "Os pagamentos tornaram-se mensais e praticamente sem dívida. Tinha apenas um mês de atraso que eliminou agora com o pagamento dos pedidos confirmados em outubro e novembro".


Dívida chegou a ser de 30 milhões

Recuemos uns anos. Corria o ano de 2008 e Alberto Costa, o ministro da Justiça no primeiro mandato de José Sócrates, criava a Lei do Acesso ao Direito. Com essa lei, as defesas oficiosas (serviços prestados por advogados a quem não dispõe capacidade económica para pagar do seu próprio bolso), ganhavam "autonomia". Até então eram confirmadas pelos magistrados judiciais responsáveis pelo processo e desde essa data que essa mesma confirmação passou a ser feita por um funcionário judicial, o que aceleraria o processo. Supostamente.
A verdade é que, ironicamente, foi precisamente com o ministro que criou este sistema que as dívidas do Ministério da Justiça (MJ) aos advogados oficiosos ascendeu a um dos valores mais elevados de sempre: 30 milhões de euros. O cenário assim se manteve com o ministro também do PS, Alberto Martins, já no segundo mandato de Sócrates. Para 2017, o apoio judiciário terá um reforço orçamental de 17,4 milhões de euros. Este ano, até 31 de outubro, foram pagos 40,9 milhões de euros pelas 109.696 defesas oficiosas realizadas. Em 2015 foram feitas mais de 146 mil oficiosas e o Estado gastou 55 milhões de euros. Em 2014, ainda com Paula Teixeira da Cruz, foram confirmadas 172 mil oficiosas no valor de 63,8 milhões.


www.dn.pt
28
Dez16

Reitores contratam professores para dar aulas sem receber

António Garrochinho


Tutela confirma 176 casos nas universidades públicas, sindicato diz que são mais. U. Porto contratou, só este ano, 40 professores sem remuneração. Nova de Lisboa tem voluntários a dar aulas

Há docentes e investigadores a trabalharem de graça em universidades. Só a Universidade do Porto contratou este ano 40 docentes sem remuneração. Em 2014, eram 176 a nível nacional, segundo a tutela. O Sindicato Nacional do Ensino Superior (Snesup) considera este recrutamento "ilegal", as instituições discordam.
A Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto (FMDUP) aprovou numa reunião do conselho científico, a 12 de outubro, a contratação sem remuneração de três assistentes convidados para lecionarem unidades curriculares do mestrado integrado. Em resposta ao JN, a Universidade do Porto (U. Porto) confirma, aliás, que os outros 37 professores contratados sem remuneração, este ano, pertencem a categorias superiores.

Autonomia "onde tudo é possível"

Não é caso único no sistema universitário, assegura ao JN o presidente do Snesup. Gonçalo Velho garante tratarem-se de contratações "ilegais" e lamenta que a autonomia universitária esteja a tornar-se "uma espécie de Estado dentro do Estado, onde tudo é possível".
António Pinhão Ferreira, ex-diretor da FMDUP, votou contra a contratação dos três docentes e, "escandalizado", enviou uma carta ao reitor contra o regulamento que, considera, "agrava a precariedade" da docência. "É difícil consentir a existência de contratos de trabalho sem remuneração", defende, considerando que se trata de contratações ilegais e "inconstitucionais".
Na carta a Sebastião Feyo de Azevedo, António Pinhão Ferreira questionou se será contado o tempo de serviço cumprido ao abrigo destes contratos, se a U. Porto irá fazer descontos à Segurança Social e Caixa Geral de Aposentações, se esses docentes terão direito ao subsídio de desemprego e se, num futuro concurso, serão beneficiados por este contrato. O reitor respondeu-lhe que iria "rever a situação", mas não voltou a dar informações.

Investigadores "voluntários"

Na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) da Universidade Nova de Lisboa (UNL), não há contratos sem remuneração assinados, mas os centros de investigação são incentivados a participar no ensino. Os investigadores que aceitam dar aulas ao abrigo desta colaboração podem ser bolseiros de doutoramento, pós-doutoramento ou estar afetos a centros. Não são remunerados pelas aulas. Este ano, 39 unidades curriculares da FCSH, de licenciaturas a programas doutorais, são asseguradas por "voluntários". A faculdade garante que as unidades curriculares são aprovadas "sempre a pedido dos investigadores".
"Os centros oferecem ou disponibilizam os investigadores. A faculdade não se responsabiliza por eles, nem pela sua remuneração, mas as unidades são aprovadas pelo conselho científico como parte dos currículos dos cursos", explica José Neves. Essas unidades são, aliás, entregues a docentes de carreira, que lhes "dão o nome" sem dar as aulas. Ou seja, frisa o professor de História, os investigadores que aceitam dar essas aulas nem sequer podem pôr essa experiência no currículo.
Tanto José Neves como António Pinhão Ferreira acreditam que a expectativa de quem se sujeita a trabalhar de graça é um dia ingressar na carreira. "É um mecanismo de ilusão que cria um ciclo vicioso: a faculdade não precisa de criar lugares de quadro quando tem pessoas que asseguram essas aulas/funções de graça", defende José Neves, que diz contestar há cinco anos a situação. "É uma plataforma giratória de trabalho não remunerado. Dão uma ou duas unidades durante um ou dois anos, depois vêm outros. O que contesto é um direito básico laboral, não as unidades ou os docentes."

www.jn.pt
28
Dez16

Mais férias? "Não está no programa do governo"

António Garrochinho


Vieira da Silva sublinha que o instrumento apropriado para que se proceda a esta alteração é a negociação coletiva


"Não estava no programa eleitoral do PS e não está no programa do Governo". É assim que o ministro do Trabalho e da Segurança Social, em declarações na iniciativa Eco Talks, fecha a porta a um aumento do número de dias de férias, como pretendem o PCP e o Bloco de Esquerda.
"Essa é uma das áreas em que o instrumento apropriado é a negociação coletiva. A negociação coletiva já aumentou o número de dias de férias, em alguns setores", afirmou Vieira da Silva, para quem as férias não devem estar ligadas ao absentismo. "Não foi um passo feliz. São matérias diferentes, que têm de ser tratadas em sede de negociação coletiva", disse, citado pelo site de informação económica ECO.
O regime de férias nos setores público e privado e a possibilidade de o dia de Carnaval ser feriado serão alguns dos temas a debater pelos deputados no regresso aos trabalhos parlamentares depois da pausa do Natal, a partir de dia 5.
Para 18 de janeiro está prevista a discussão, entre outros, de um projeto de lei do PCP sobre o regime de férias do setor público e do setor privado e de um outro do Bloco de Esquerda. Para 11 de janeiro, entre outros assuntos, será discutido o projeto de lei do PEV que propõe que a terça-feira de Carnaval seja feriado.


www.dn.pt
28
Dez16

Artista cego cria gifs hipnóticos surpreendentes; confira!

António Garrochinho



George Redhawk
 criou uma série de gifs hipnóticos incríveis, daqueles que prendem a sua atenção e não deixam você desviar o olhar. A proposta do artista já é curiosa, até você descobrir que ele é cego.
Redhawk, mais conhecido na internet como Dark Angel One, usou softwares especiais para pessoas com deficiência visual para concluir esse trabalho, que une fotografia, manipulação de imagem e sensações que ele gostaria de transmitir para as pessoas que sempre o questionam sobre sua condição . Com os gifs, George quer que as pessoas vejam como ele “enxerga” a vida apesar da deficiência visual.
O trabalho usa como base fotos já tiradas por grandes fotógrafos. Daí o artista só cria as animações em cima delas. Confira as melhores:


capricho.abril.com.br
28
Dez16

feira de gado

António Garrochinho

fim do ano promete e aquece
ser rico na peixarada
centro, laranjas e ps
andam ao coice e à marrada
o ministro tosco demais
deveria ter mais cuidado
não tratrar os parceiros sociais
como qualquer feira de gado
depois fica enjoado
quando o Zé povinho reclama
poderia ser embolado
pois o culpado é quem chama
AG

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

António Garrochinho

Links

  •