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POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

orouxinoldaresistencia

11
Jan17

JURAM ?

António Garrochinho


JURAM?!!!
Foi mesmo isso o que CADA PORTUGUÊS gastou?!!!
Não tenho nem pretensão, nem legitimidade, nem mandato para tomar por minhas as dores dos desempregados que já nem subsídio de desemprego têm, nem dos pensionistas pobres, nem dos pobres em geral, nem dos milhares de “sem-abrigo”… mas se há coisa que me tira do sério, são estas estatísticas IMBECIS.
Samuel Quedas
11
Jan17

O ilusionista francês Lindzee Poi dá mostras de seu grande talento e habilidades malabarísticas

António Garrochinho
O ilusionista francês Lindzee Poi dá mostras de seu grande talento e habilidades malabarísticas neste número que permite desfrutar de uma ilusão ótica chamada Amelymel. O efeito dos anéis que se movem, mas não, é muito bem feito. Eu tentei descobrir do que se trata esta tal de ilusão "amelymel" e toda informação na rede remete a este vídeo. De modo que provavelmente é uma ilusão criada por ele.

Atentos para o fato de que não há nenhuma edição: ele cria a ilusão somente manipulando os quatro anéis brancos. Para o meu olho destreinado, é difícil acreditar que ele esteja fazendo tal arte enquanto suas mãos e pulsos parecem se mover tão pouco durante a apresentação. Mas acho que é isso que o torna tão bom.

VÍDEO

Se você gostou do malabarismo de Lindzee Poi, te convido a ver Gustavo Ollitta manipulando um par de buugengs, objetos em forma de 'S' que são girados e manipulados usando uma série de técnicas para criar uma ilusão de óptica conhecida como "caleidoscópio visual".

VÍDEO




www.mdig.com.br
11
Jan17

MANIFESTO ANTI-LEITURA

António Garrochinho



José Fanha nasceu em Lisboa e licenciou-se em arquitectura. Porém, é muito mais conhecido como inspirado poeta e declamador, animador cultural por excelência, criativo por vocação, interventivo até dizer basta. É autor de contos e de poesias para crianças, dramaturgo e actor. Foi professor do ensino secundário, é mestre em  Educação e Leitura e doutorando na área da História da Educação e da Cultura Escrita.
Tendo como modelo e inspiração o Manifesto Anti-Dantas, célebre texto de Almada Negreiros onde, pela mordaz ironia, este zurze o academismo e o tradicionalismo instalados, sobretudo na pessoa e na obra do escritor Júlio Dantas, José Fanha construiu o Manifesto Anti-Leitura, igualmente corrosivo e irreverente, sobretudo nestes tempos em que a crise serve de desculpa para oficialmente a cultura ser posta em causa.
Este texto foi publicamente apresentado sob o patrocínio da Rede de Bibliotecas Municipais de Lisboa, durante a II Arruada da Leitura, que teve lugar no dia 21 de Abril de 2012. Na tarde desse dia, ao fundo da Rua do Carmo, em Lisboa, o actor Manuel Coelho, do Teatro Nacional D. Maria II, declamou o Manifesto Anti-Leitura.
Pelo seu óbvio interesse e oportunidade, e com a justa e devida vénia para com o seu autor, aqui se partilha esta magnífica criação de José Fanha.
11
Jan17

Direitos Humanos em Cuba e nos EUA (2)

António Garrochinho


Cuba é constantemente estigmatizada sobre a questão dos direitos humanos, porém uma comparação dos relatos da Amnistia Internacional pulveriza a narrativa dos media..


A população prisional atinge nos EUA 2, 2 milhões de pessoas, mais de 80.000 mantidos em condições de privação física e exclusão social, segundo a AI. Em 2015 foram executadas 28 pessoas, incluindo um homem de 74 anos e uma mulher; 3 000 pessoas "estavam em situação de condenadas à  morte." Um deficiente mental, Warren Hill, foi também executado – o que torna a sua execução anticonstitucional.


Em Cuba a AI não relata, designadamente, casos de violação dos direitos dos refugiados e migrantes (França, EUA), tratamento desumano (França, EUA), atos de violência e maus-tratos cometidos por forças de segurança (França, EUA), discriminação contra minorias (França, EUA), discriminação contra transgéneros (França, EUA) impunidade para autoridades responsáveis por crimes (EUA), desaparecimento forçado (Estados Unidos), tortura e outros maus-tratos cruéis, desumanos e degradantes (EUA), brutalidade policial (EUA), homicídios cometidos pelas forças da ordem (EUA), pessoas privadas de alimentos, água potável e assistência médica (EUA) violação repetida dos direitos das mulheres de minorias e privação de serviços básicos (EUA), ataques contra o direito das mulheres de dispor livremente do seu corpo (EUA), prisioneiros em condições de privação física e exclusão social, (EUA).


À luz desta comparação, é difícil para os EUA (ou a França, diz Serge Lamrani) atuarem como promotores de justiça sobre questões de direitos humanos em Cuba. A comparação dos diferentes relatórios da AI mostra que Cuba tem um currículo bem melhor que o seu principal detrator, os EUA. Nem a França, nem os Estados Unidos, têm autoridade moral para se erigirem em juízes.


É importante lembrar que os relatórios da AI não abordam questões econômicas e sociais, direitos humanos fundamentais - tais como o acesso à comida, habitação, segurança, educação, saúde, cultura, desporto, lazer, áreas em que Cuba se destaca em todas as organizações das Nações Unidas relativamente ao seu sistema de proteção social, como o exemplo a seguir. Por exemplo, de acordo com a UNICEF, Cuba é o único país da América Latina e do Terceiro Mundo que conseguiu erradicar a desnutrição infantil. Isto apesar do criminoso boicote e sanções de que é vítima.


Os relatórios da AI contradizem o discurso ocidental sobre Cuba, que fornecem informação parcial, tendenciosa e sem qualquer perspetiva da situação cubana com o resto do mundo, os media ao invés de informar o público, induzem em erro, através da construção de uma imagem de Cuba que não coincide com a realidade.



Nota: Como dissemos na primeira parte: “Este texto é dedicado ao BE grande defensor dos direitos humanos – mas só nos países (os “regimes”) visados pela NATO, CIA e congéneres…”



foicebook.blogspot.pt
11
Jan17

11 de Janeiro de 1890: A Inglaterra apresenta o ultimato a Portugal sobre os direitos territoriais do Mapa Cor-de-rosa, área entre Angola e Moçambique.

António Garrochinho


O Ultimato consistiu num telegrama enviado ao governo português pelo governo inglês, chefiado pelo primeiro ministro, Lord Salisbury, entregue  a 11 de janeiro de 1890. A missiva exigia a retirada imediata das forças militares portuguesas mobilizadas nos territórios entre Angola e Moçambique. Esses territórios correspondem aos atuais Zimbabwe e Malawi. Caso a exigência não fosse acarretada por Portugal, a Inglaterra avançaria com uma intervenção militar.Na segunda metade do século XIX, a Europa conheceu um elevado crescimento económico.Esta situação exigiria novos mercados e novas fontes de matéria-prima. Daí o forte expansionismo europeu em África durante este período. A Conferência de Berlim (1884-85) criara um novo ordenamento jurídico baseado na ocupação efetiva; ou seja, as pretensões portuguesas baseadas no direito histórico só se tornariam válidas se Portugal se apoiasse numa autoridade que fizesse respeitar os direitos adquiridos e a liberdade de comércio e trânsito.Para Portugal, as colónias africanas tinham, sob o ponto de vista económico, um papel quase irrelevante.Porém, convinha salvaguardar os direitos históricos de Portugal. Portugal tinha pretensões a criar um novo Brasil,um autêntico império colonial africano, e esta era a sua última oportunidade para o conseguir. Multiplicam-se então as expedições científicas ao continente africano e redobram-se os esforços diplomáticos.Assim, em 1886,Portugal dá a conhecer as suas pretensões coloniais sob a forma do "Mapa cor-de-rosa"; tratava-se de um projeto de ligação da costa angolana à costa moçambicana. O governo português dá início a várias tentativas de ocupação efetiva, numa disputa colonial com a Inglaterra, nomeadamente com o plano de Cecil Rhodes, que pretendia ligar o Cabo ao Cairo, sempre por solo britânico.A uma dessas tentativas a Inglaterra responde com o Ultimato. A notícia do mesmo e o posterior acatamento por parte das autoridades portuguesas provocariam em todo o reino uma gigantesca onda de indignação popular. Este sentimento é habilmente explorado pelas hostes republicanas; prova disso é a tentativa de derrube da monarquia e instauração da república um ano depois, no Porto, na revolta de 31 de janeiro de 1891.Em termos estritamente coloniais, o ultimato não teve consequências muito negativas, pois, se é um facto que Portugal foi obrigado a desistir do "Mapa cor-de-rosa", não é menos verdade que o tratado assinado em 1891 confere a Portugal a soberania sobre extensos territórios, alguns dos quais até então nunca haviam sido reivindicados.


Fontes: Ultimato inglês. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2014. 
Cores da História
wikipedia (imagens)
 



Caricaturas de Rafael Bordalo Pinheiro
Mapa mostrando o controlo britânico quase completo da rota do Cabo ao Cairo, 1914
11
Jan17

11 de Janeiro de 1896: Morre o poeta João de Deus, autor de "Campo de Flores" e criador do método de leitura "Cartilha Maternal".

António Garrochinho


Poeta e pedagogo, João de Deus de Nogueira Ramos nasceu a 8 de março de 1830, no Algarve, e morreu a 11 de janeiro de 1896, em Lisboa.

Depois de ter frequentado, durante dez anos, o curso de Direito em Coimbra (onde foi uma das figuras mais destacadas da boémia estudantil da época e se relacionou com alguns elementos da Geração de 70, sobretudo Antero de Quental e Teófilo Braga), de ter dirigido em Beja, entre 1862 e 1864, o jornal O Bejense (onde publicou muitas das suas primeiras poesias), e de ter iniciado a prática de jurisconsulto, foi eleito deputado, em 1868, por Sines. Mudou-se para Lisboa, onde continuou a frequentar ambientes de boémia literária. Colaborou em vários jornais e revistas, como O Académico, Anátema, O Ateneu, Ciências, Artes e Letras, O Fósforo, Gazeta de Portugal, A Grinalda, Herculano, Prelúdios Literários e Revista de Coimbra. Por volta de 1868-1869, coligiu as suas poesias no volume Flores do Campo, a que se seguiram Ramo de Flores (1869), Folhas Soltas (1876), Despedidas do verão (1880) e Campo de Flores (1893). No seguimento da sua nomeação para o cargo de comissário-geral do ensino da leitura, viria a desempenhar um papel social e cultural da maior distinção, revelando-se decisivos os seus esforços para a alfabetização de camadas cada vez mais alargadas da população portuguesa. A publicação, em 1876, da célebre Cartilha Maternal, método de ensino da leitura verdadeiramente revolucionário no panorama pedagógico nacional, constituiu um marco importante desse processo. Devido, em parte, à sua ação de pedagogo, em 1895 foi agraciado com várias homenagens à escala nacional, entre as quais a de sócio-honorário da Academia Real das Ciências e do Instituto de Coimbra.

Como poeta, João de Deus situou-se num momento em que a via ultrarromântica estava já a esgotar-se, mas, apesar do apreço que lhe manifestavam autores como Antero de Quental, não se identificou com as preocupações filosóficas e sociais da Geração de 70. De facto, a temática dominante da sua obra poética afastou-o da nova corrente. O seu lirismo intimista versa constantemente sobre o amor, e por vezes perpassa um sentido de plácida religiosidade, exprimindo-se sempre num estilo simples. A sua obra abrange vários géneros, da ode à elegia, do epigrama à fábula, passando pelo soneto. João de Deus, que Antero considerava, já em 1860, "o poeta mais original do seu tempo", defendeu e praticou um lirismo depurado, inspirado, a exemplo de Garrett, na lírica tradicional portuguesa e na obra camoniana, de onde recuperaria o soneto como um dos seus géneros de eleição.

Fontes: Infopédia
wikipedia (imagens)

Cartilha Maternal

11
Jan17

Imprensa ocidental mente descaradamente sobre Trump e Putin

António Garrochinho


 


Os canais de televisão e grandes jornais brasileiros, a exemplo da mídia ocidental, traz hoje matéria sobre a posse, pela Rússia, de documentos comprometedores de Donald Trump, incluindo gravações de festas e orgias. 

A imprensa ocidental, dominada pelo Pentágono que abastece as agências de notícias norte-americanas, transformou o jornalismo em lixo, em propaganda abusiva a serviço da mentira descarada. E é por este e outros motivos que a grande imprensa - jornais e tvs - perdem espaço diariamente para a internet, porque as pessoas estão cansadas de manipulação.

Hoje em dia existe uma campanha aberta contra o presidente Donald Trump nos EUA, que ameaça levar o país a uma nova guerra civil. A elite que domina o governo dos EUA - banqueiros, imprensa, indústrias bélica e armamentista - não aceita o resultado da eleição nos EUA porque a candidata do estableshment era Hillary Clinton. 

O festival de mentiras e acusações infundadas contra o presidente Trump fazem parte de uma estratégia de uma elite perversa e parasitária através da grande imprensa venal e corrupta.

As recentes informações de que a Rússia alegadamente possui dados comprometedores sobre o presidente eleito Donald Trump e a ex-presidenciável democrata Hillary Clinton são absolutamente absurdas, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, nesta quarta-feira.

"Sem dúvida, é uma farsa absoluta, falsificação absoluta e disparates absolutos", disse o porta-voz do presidente russo.

Além disso, Peskov afirmou que o Kremlin não tem informação comprometedora sobre Trump, é uma história inventada.

Respondendo à questão concreta se o Kremlin tem dados comprometedores sobre Clinton, Peskov declarou que o Kremlin não recolhe dados comprometedores. Ao invés disso, o Kremlin desenvolve relações com parceiros estrangeiros nos interesses da Rússia, da "paz global, estabilidade e segurança", afirmou. "É mais uma tentativa de prejudicar as nossas relações bilaterais. A qualidade da parte pública do relatório precedente e esta farsa são semelhantes. Em inglês isso chama-se de pulp fiction. Sem dúvida, parece que é preciso reagir a isso com humor", disse Peskov aos jornalistas.



Redação com Sputniknews
www.marchaverde.com.br
11
Jan17

CONFISSÕES DE UM TAXISTA ...

António Garrochinho





Arregaçou a manga da camisa e sentou-se. Soltou dois bafos nas lentes dos óculos graduados, que depois limpou com o lenço castanho que tirou do bolso das calças, trabalho meticuloso. De seguida, estendeu o braço esquerdo e fez um ar grave. Como quem oferecia o membro superior inerte, em holocausto, a uma qualquer Divindade Azeteca. Mentira. Ela, de bata branca, carregou no botão do pequeno aparelho de aspeto simpático, que vai medindo as batidas do coração … tac … tac … tac ... txxxx. O garrote aliviou - se no braço, esvaziando-se como um balão furado.

A farmacêutica debruçou - se então sobre o mostrador do medidor de pressão arterial e abanou com a cabeça, numa negativa que tinha pouco de entusiasmante. Ele - o paciente - remexeu-se na cadeira nervosamente e perguntou acabrunhado:

- Será que vou desta, Senhora Doutora ?

Ela, a pressão arterial, andava zangada com os excessos do dono de um coração prazenteiro. Mas é sempre assim. Não fosse o Henrique, taxista.

Vive numa maratona de correrias a levar clientes da zona do pinhal para a cidade. E vice - versa. É assim que a Vida lhe desenhou o Destino. A fazer curvas e contra - curvas, o carro cheio de clientes, que pagam a corrida  entre todos, que a vida não está para brincadeiras. 

O rádio do carro, vai tocando em altos berros, como a querer amaciar os quilómetros da jornada. E no espelho retrovisor, pendurado, um Rosário – de - Contas Brancas, que vai dançando ao sabor dos caprichos do alcatrão - a Proteção Divina.

- Será que vou desta, Senhora Doutora ?

- Não, não vai. Mas tem que dosear o esforço e ter cuidado com a alimentação, Senhor Henrique, diz a farmacêutica abanando a cabeça como sério aviso …

Boa conversa da treta. Quando se juntam no táxi os que trabalham na Câmara da cidade e vão para a aldeia, é sempre um sufoco. Basta olhar para as panças deles, que mais parecem os bombos de Almaceda,  até têm dificuldade em entrar no carro. E depois querem parar em todas as tascas, antes de chegar ao destino - uma inquietação. E ele, o Henrique - o Henrique taxista - a alinhar com aquela brigada de elite de alcoólicas e bagaceiras…

- Será que vou desta, Senhora Doutora ?

- Não vai. Mas tenha cuidado …

Não paga o serviço que lhe foi prestado. É de graça, exclama o homem da farmacêutica, que diz tratar-se de uma promoção, género supermercados do Azevedo. Também Belmiro de seu nome …

Sai porta fora e dirige-se para o taxi. Vou- lhe dizendo que tenha cuidado com o vinho e as aguardentes, os enchidos, o arroz de maranhos, o bacalhau à Zé do Pipo, o cabrito estonado, o polvo à lagareiro, a cabidela de galo, o ensopado de borrego, o grão de bico com mão de vaca, as enguias fritas, as costeletas de porco, os achigãs de cebolada, as feijoadas de lebre, os douradinhos da Iglo, as latas de atum, as sardinhas com pimentos e os petiscos ...

Agradece, com um sorriso, o meu cuidado. Mas lembra-me que há muito que vive só, porque a sua mulher se finou - uma saudade. Mas lá na aldeia, tem em seu redor mais de trinta viúvas, que o olham e tratam com carinho e desvelo.

- Mas como é que eu não hei de andar com o coração num alvoroço, com tanto mulherio à minha volta ?

Realmente … vou pensando eu cá para com os meus botões …
 

Quito Pereira
encontrogeracoesbnm.blogspot.pt
11
Jan17

A necessidade de nacionalizar o Novo Banco

António Garrochinho









galamba











Dois anos passados desde a resolução do BES, a nacionalização do Novo Banco parece ser mesmo a opção que menos penaliza os contribuintes e, sobretudo, é a única que permite criar o espaço necessário para resolver os problemas de rentabilidade e sustentabilidade do sistema financeiro português. Não se nacionaliza para adiar uma perda e adiar o reconhecimento do problema. Nacionaliza-se com o objetivo de criar as condições para, no futuro, poder atrair capital privado de qualidade para investir no sector financeiro português.
Antes do mais, importa perceber como aqui chegámos. Todos nos recordamos do que foi sendo dito sobre a resolução do BES: tratava-se de uma operação sem custos para os contribuintes e era a que melhor preservava a estabilidade do sector; e o BES tinha sido dividido em dois, sendo o Novo Banco um banco limpo de todos os ativos tóxicos, plenamente capitalizado e com elevado valor, o que facilitava a venda futura. Nada disto era verdade.
Os 4.9 mil milhões de euros em capital injetados pelo Fundo de Resolução representam cerca do dobro da capitalização bolsista de todo o sistema bancário nacional. Se este montante fosse imediatamente assumido pelo sector financeiro português, dificilmente os bancos sobreviveriam. Por essa razão, a injeção de capital por parte do Fundo de Resolução, apesar de teoricamente assegurada pelo próprio sector financeiro, teve de ser feita quase inteiramente pelo Estado. Isto aconteceu porque o fundo não estava capitalizado e, sobretudo, porque nunca poderia ser devidamente capitalizado pelo sistema financeiro, a não ser a longuíssimo prazo. Na prática, para o bem e para o mal, o Novo Banco já foi nacionalizado, porque é um banco de transição que é responsabilidade pública desde 3 de agosto de 2014.
Por outro lado, importa dizer que a resolução foi mal feita, porque, ao contrário do que foi várias vezes afirmado, o Novo Banco não se tornou num banco limpo e rentável, pronto a ser vendido. Saíram os ativos relacionados com o GES, mas ficaram todos os outros, sobretudo os NPLs, (non-performing loans ou ativos não-performantes) que penalizam fortemente a rentabilidade do banco, restringem a capacidade de concessão de crédito (em quantidade e em preço) e consomem capital, que já é escasso. Ser o banco das PMEs e das empresas portuguesas é simultaneamente um dos maiores problemas do balanço do Novo Banco – porque os problemas financeiros das empresas portuguesas são, também, problemas financeiros dos bancos – e um dos seus maiores e mais valiosos ativos.
Em 2015, pouco antes das eleições legislativas, a discussão era se o Novo Banco valia 3 ou 4 mil milhões de euros, havendo até quem, como Marques Mendes, assegurasse que valia bem mais do que isso e que a venda seria um estrondoso sucesso. Mais do que limpa, seria uma saída imaculada. Poucos meses depois, mais concretamente a 30 de dezembro de 2015, o Novo Banco, em vez de ser vendido, foi recapitalizado em cerca de 2 mil milhões de euros, via bail-in de credores seniores. A resolução imaculada revelava-se, afinal, um logro e representou uma pesada fatura para a dívida pública portuguesa e para a capacidade de financiamento do país. Os juros da dívida pública dispararam após essa operação, o spread face à restante periferia agravou-se fortemente e, até ver, de forma permanente.
Passados cerca de dois anos e meio, e 6.9 mil milhões de euros de capital depois, a venda imediata do Novo Banco parece a pior de todas as opções, porque não foram criadas as condições para que haja uma venda sem ser fortemente subsidiada pelo Estado. A melhor oferta implica que o Estado pague cerca de 1750 milhões de euros para que um fundo de private equity fique com o terceiro maior banco do país. Esta operação, para além de implicar custos imediatos para os contribuintes, que iriam integralmente ao défice, teria graves custos económicos, porque um fundo de private equity não tem como uma das suas prioridades a gestão de um banco e a valorização das suas relações com as empresas portuguesas; antes compra barato e tenta recuperar o capital investido rapidamente, provavelmente desmantelando o banco e tentando maximizar a utilização da garantia pública, cuja probabilidade de execução, no caso da venda se concretizar, rondaria os 100%.
A nacionalização tem dois grandes benefícios. O primeiro é que permite normalizar a situação do banco, retirando-lhe estatuto de banco de transição. Um banco com um prazo para ser vendido não é bem um banco, nem nunca poderá ser bem vendido sem enormes subsídios por parte do vendedor. O segundo, muito mais importante, é que permite olhar o verdadeiro problema do sistema bancário nacional – a qualidade dos seus ativos, a sua rentabilidade e a viabilidade do seu modelo de negócio – e procurar uma solução sistémica, bem menos custosa, e muito mais eficaz, do que uma solução banco a banco. A falta de qualidade de todas as ofertas de compra conhecidas é, aliás, a maior demonstração que o problema está a ser colocado pela ordem inversa: primeiro é necessário resolver problema do mal parado, qualidade do balanço e rentabilidade do banco, e só depois vender.
As propostas existentes para a venda imediata do Novo Banco mostram que os riscos que muitos dizem estar associados à nacionalização do banco já são uma realidade hoje, e já são dos contribuintes. A nacionalização, face aos custos de uma venda com garantia pública, não cria novos custos, limita-se a assumir plenamente os custos que já existem, e existirão sempre, e permite ganhar tempo para criar as condições para reestruturar o balanço e rentabilizar o banco.
Em vez de subsidiar uma venda a todos os títulos ruinosa, procure-se uma solução que tenha como objetivo limpar o sistema de NPLs que põem em causa rentabilidade do sector e a sua viabilidade. Sem isto acontecer previamente, é muito difícil atrair capital de qualidade para investir no sistema financeiro português, incluindo, como é óbvio no Novo Banco. E os mercados, os tais que se poderiam assustar com a nacionalização, são os primeiros a saber que assim é.



estatuadesal.com
11
Jan17

A IMPLOSÃO DA MENTIRA – AFFONSO ROMANO SANT’ANNA

António Garrochinho



A Implosão da Mentira
ou
o Episódio do Riocentro
Fragmento 1

               
Mentiram-me. Mentiram-me ontem
               e hoje mentem novamente. Mentem
               de corpo e alma, completamente.
               E mentem de maneira tão pungente
               que acho que mentem sinceramente.

               Mentem, sobretudo, impune/mente.
               Não mentem tristes. Alegremente
               mentem. Mentem tão nacional/mente
               que acham que mentindo história afora
               vão enganar a morte eterna/mente.

               Mentem. Mentem e calam. Mas suas frases
               falam. E desfilam de tal modo nuas
               que mesmo um cego pode ver
               a verdade em trapos pelas ruas.

               Sei que a verdade é difícil
               e para alguns é cara e escura.
               Mas não se chega à verdade
               pela mentira, nem à democracia
               pela ditadura.

Fragmento 2

               Evidente/mente a crer
               nos que me mentem
               uma flor nasceu em Hiroshima
               e em Auschwitz havia um circo
               permanente.

               Mentem. Mentem caricatural-
               mente.
               Mentem como a careca
               mente ao pente,
               mentem como a dentadura
               mente ao dente,
               mentem como a carroça
               à besta em frente,
               mentem como a doença
               ao doente,
               mentem clara/mente
               como o espelho transparente.
               Mentem deslavadamente,
               como nenhuma lavadeira mente
               ao ver a nódoa sobre o linho. Mentem
               com a cara limpa e nas mãos
               o sangue quente. Mentem
               ardente/mente como um doente
               em seus instantes de febre. Mentem
               fabulosa/mente como o caçador que quer passar
               gato por lebre. E nessa trilha de mentiras
               a caça é que caça o caçador
               com a armadilha.
               E assim cada qual
               mente industrial?mente,
               mente partidária?mente,
               mente incivil?mente,
               mente tropical?mente,
               mente incontinente?mente,
               mente hereditária?mente,
               mente, mente, mente.
               E de tanto mentir tão brava/mente
               constroem um país
               de mentira
                                       —diária/mente.

Fragmento 3

               Mentem no passado. E no presente
               passam a mentira a limpo. E no futuro
               mentem novamente.
               Mentem fazendo o sol girar
               em torno à terra medieval/mente.
               Por isto, desta vez, não é Galileu
               quem mente.
               mas o tribunal que o julga
               herege/mente.
               Mentem como se Colombo partindo
                do Ocidente para o Oriente
               pudesse descobrir de mentira
               um continente.

               Mentem desde Cabral, em calmaria,
               viajando pelo avesso, iludindo a corrente
               em curso, transformando a história do país
               num acidente de percurso.

Fragmento 4

               Tanta mentira assim industriada
               me faz partir para o deserto
               penitente/mente, ou me exilar
               com Mozart musical/mente em harpas
               e oboés, como um solista vegetal
               que absorve a vida indiferente.

               Penso nos animais que nunca mentem.
               mesmo se têm um caçador à sua frente.
               Penso nos pássaros
               cuja verdade do canto nos toca
               matinalmente.
               Penso nas flores
               cuja verdade das cores escorre no mel
               silvestremente.

               Penso no sol que morre diariamente
               jorrando luz, embora
               tenha a noite pela frente.

Fragmento 5

               Página branca onde escrevo. Único espaço
               de verdade que me resta. Onde transcrevo
               o arroubo, a esperança, e onde tarde
               ou cedo deposito meu espanto e medo.
               Para tanta mentira só mesmo um poema
               explosivo-conotativo
               onde o advérbio e o adjetivo não mentem
               ao substantivo
               e a rima rebenta a frase
               numa explosão da verdade.

               E a mentira repulsiva
               se não explode pra fora
               pra dentro explode
implosiva.


Affonso Romano Sant’Anna
Publicado no livro Política e paixão (1984)
Via: voar fora da asa http://bit.ly/2iYyTob
11
Jan17

ESTA GENTE NÃO TEM QUALQUER AUTORIDADE MORAL NA TEMÁTICA SOCIAL/SEXUAL DAS FAMÍLIAS -Bispos querem aborto fora das aulas do 5.º ano

António Garrochinho

D. Manuel Clemente é o atual presidente da Conferência Episcopal Portuguesa
Conferência Episcopal esteve reunida em Fátima. Visita do Papa foi falada, mas sem detalhes. O assunto principal foi mesmo o tratamento da IVG nos programas escolares.


Os bispos portugueses não querem que o tema da interrupção voluntária da gravidez seja tratado nas aulas dos 5.º e 6.º anos. A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) reuniu-se ontem, em Fátima, e voltou a sublinhar a oposição da Igreja a este tema, por considerar que "a educação sexual deve ser integrante na educação para a personalidade". No encontro dos bispos foi ainda abordada a viagem do Papa Francisco a Portugal, mas "foi uma abordagem ligeira, ainda não há programa, logo não se falou de detalhes", explicou ao DN o porta-voz da CEP, Manuel Barbosa.
A principal conclusão da reunião dos bispos foi mesmo a de manifestação de oposição à inclusão da interrupção voluntária da gravidez nos programas dos 5.º e 6.º anos. Medida que faz parte do Referencial de Educação para a Saúde, da Direção-Geral de Educação (DGE), e que esteve em consulta pública em dezembro. "A Conferência segue com preocupação esta iniciativa do Estado e reafirma o direito dos pais à educação dos filhos", referiu o padre Manuel Barbosa.
O porta-voz do órgão que reúne os bispos portugueses sublinhou ainda que estes estão solidários com uma petição online que quer impedir que o aborto seja incluído no programa do 5.º ano e que conta já com mais de nove mil assinaturas. Além do aborto, estão em discussão pública outros temas de educação sexual que devem ser falados aos alunos de 11 e 12 anos.
Os cidadãos que promovem esta petição vão contar com o apoio da comissão episcopal da educação cristã, cujo secretariado está a preparar uma posição pública para entregar à DGE e divulgar à sociedade civil, indicou Manuel Barbosa. "Uma educação sexual deve ser integrante na educação global, na educação para a personalidade no sentido integral e não apenas assumir isso como questões éticas de saúde", defendeu Manuel Barbosa. Criticando ainda que "a própria educação sexual, como é assumida [no documento], é quase como, não digo um aparte, mas uma questão técnica de saúde, quando tem de ser assumida como educação integral no crescimento da personalidade da pessoa".
Certo é que os bispos não concordam com esta medida, "porque não tem em conta este direito dos pais à educação dos filhos". E elogiam a atitude dos que a contestam através da petição. No texto disponibilizado no site Citizen Go, os peticionários questionam "a necessidade educativa subjacente à apresentação do conceito de aborto e das técnicas abortivas a crianças de tenra idade?" e defende que o Estado "não pode tomar o lugar dos educadores".


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António Garrochinho

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