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POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

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13
Jan17

Democracia nas escolas

António Garrochinho



«Este ano comemoramos quarenta anos da aprovação da Constituição da República Portuguesa e trinta anos da Lei de Bases do Sistema Educativo, documentos estruturantes da nossa Democracia.
Com o 25 de Abril, em todo o território nacional, as escolas foram, com dinâmicas e especificidades várias, um dos espaços onde de forma mais expressiva e alargada se aprendeu e viveu a experiência da participação democrática. Esse caminho de aprendizagem envolveu todos os seus atores – docentes, alunos, pais e encarregados de educação, funcionários, cidadãs e cidadãos empenhados – e teve os seus momentos altos, oscilações e também desencantos.
Depois de uma inovadora e inédita experiência de autogestão, o modelo de gestão democrática das escolas foi adquirindo maturidade, designadamente através da eleição dos Conselhos Diretivos e do envolvimento dos diferentes atores educativos.
Apesar dos princípios consagrados na Lei de Bases dos Sistema Educativo, assistimos a uma crescente desvalorização da cultura democrática nas escolas e à anulação da participação coletiva dos professores, dos alunos e da comunidade educativa. Verifica-se, pelo contrário, uma tendência para a sobrevalorização da figura do(a) diretor(a) de escola ou de agrupamento de escolas, sendo, ao mesmo tempo, subalternizado o papel de todos os outros órgãos pedagógicos, e desencorajada a participação de outros elementos da comunidade escolar. Esta situação é igualmente reveladora da erosão da identidade de cada escola quando esmagada pelo peso da estrutura de direção unipessoal de governo dos agrupamentos.
Quatro décadas passadas, vale a pena continuar a lutar pela Escola Pública, enquanto lugar de aprendizagem para todas e todos e paradigma de construção de uma cidadania democrática. A Democracia é o pulmão do nosso Estado de Direito, não deve ser apenas ensinada pelos manuais, mas exercida e vivida em cada espaço coletivo, a começar pelo trabalho quotidiano das turmas de cada escola.
Quanto mais democrática, participativa e inclusiva for a Escola, melhor será o futuro da Democracia. Neste sentido, lançamos um apelo para um amplo debate por um modelo de direção e gestão alternativo, condição de uma Escola Pública com qualidade democrática, científica e pedagógica, capaz de compatibilizar os desafios da aprendizagem para todos e todas com práticas inovadoras de cidadania crítica e emancipatória

Os subscritores do Manifesto pela Democracia nas Escolas debatem amanhã, 14 de Janeiro, entre as 15h30 e as 18h00, modelos de gestão escolar. A sessão realiza-se no Auditório da Escola Secundária Rainha Dona Leonor, em Lisboa.

ladroesdebicicletas.blogspot.pt
13
Jan17

CURIOSIDADES- RECRUTAMENTO SEGUNDO O MÉTODO DO TIJOLO

António Garrochinho


HUMOR




Orientações para contratação de pessoal segundo o método do tijolo

  

O método consiste em:
 
1 - Colocar todos os candidatos num armazém
  
2 - Disponibilizar 200 tijolos para cada um.
  
3 - Não dar qualquer orientação alguma sobre o que devem fazer.
  
Após seis horas, verificar o que fizeram, e em função da análise dos resultados devem ser encaminhados para:
  
  
Os que contaram os tijolos - Contabilidade.
  
Os que contaram e em seguida recontaram os tijolos - Auditoria.
  
Aqueles que espalharam os tijolos serão excelentes engenheiros.
 
Os que abriram mais uns buracos nos tijolos pertencem à Arquitetura.
  
Quem tiver arrumado os tijolos de maneira muito  estranha, difícil de entender,coloque-os no Planeamento,  Projectos, Implantação e Controlo de Produção.
 

Os que estiverem a arremessar tijolos uns contra  outroscoloque-os em funções Operativas.
  
Os que estiverem a dormir, encaminhe-os para a Segurança.
  
Aqueles que picaram os tijolos em pedacinhos e estiverem a tentar monta-los novamente, devem ir diretos para a Tecnologia de Informação.
 
Os que estiverem sentados sem fazer nada ou em conversa fiadaingressam nos Recursos Humanos.
 
Todos os que disserem que fizeram de tudo para diminuir o  stock mas a concorrência está desleal e será preciso  pensar em maiores facilidadesdarão vendedores natos.
 

Quem já tiver saído, convide-os para administradores.
  
Os que estiverem a olhar pela janela com o olhar  perdido no infinitoserão responsáveis pelo Planeamento  Estratégico.
  
Aos que estiveram a conversar entre si com as mãos nos  bolsos demonstrando que nem sequer tocaram nos tijolos e  jamais fariam isso,
ofereça-lhes os lugares de direcção.
 
Os que levantaram um muro e se esconderam atrás delepertencem ao Marketing e Imagem.
  
Os que afirmarem não estar a ver tijolo algum no armazémserão otimos como juristas.
 
Os que reclamarem que os tijolos "estão uma porcaria, sem identificação, sem padronização e com  medidas erradas",coloque-os no Controlo de Qualidade.
  
Todos os que começarem a chamar os demais de "companheiros ou camaradas" elimine-os imediatamente antes que criem um sindicato.
 
  
 O Psicólogo Chefe 
EG

encontrogeracoesbnm.blogspot.pt

13
Jan17

JORNALISTA HÚNGARA QUE RASTEIROU REFUGIADOS VAI RECORRER DA SENTENÇA

António Garrochinho

A repórter de imagem que em setembro de 2015 foi filmada a rasteirar refugiados que fugiam da polícia perto da fronteira sul da Hungria com a Sérvia insiste que teve “um ataque de pânico” e que vai recorrer da sentença à qual foi condenada.
Esta quinta-feira, a húngara Petra László acompanhou por videoconferência o julgamento do qual saiu o veredito de três anos de pena suspensa com liberdade condicional.
O juiz rejeitou o argumento do advogado da ré que referia que a condenada atuou em autodefesa ao ver centenas de pessoas correr em direção a ela.
“O júri não teve dúvidas em determinar que a ré foi culpada por violar a paz, conforme descrito e punível ao abrigo do artigo 339 do Código Penal, parágrafo 1”, anunciou o juiz Illes Nanasi.
Vitima da rasteira de László, o sírio Osama Abdul Mohsen, que corria com uma criança nos braços, acabou por cair ao chão. A sorte sorriu-lhe quando o caso correu mundo. Acabou por ser convidado para rumar a Getafe, arredores de Madrid, e formar treinadores de futebol.
Mas nem tudo são rosas. Osama encontra-se agora sem trabalho.A empresa que o recrutou não renovou o contrato de trabalho devido a problemas de desempenho relacionados com a língua espanhola. Recebe quatro meses de subsídio de desemprego e se melhorar voltará ao ativo.
Petra László, que trabalhava para a estação de televisão húngara N1 TV, associada ao partido neonazi húngaro, Jobbik, foi despedida. László assinalou que desde o incidente recebeu várias ameaças de morte e que teme pela segurança.

VÍDEO




pt.euronews.com
13
Jan17

FUTEBOL - O primeiro clube feminino da história surgiu já lutando pelos direitos das mulheres

António Garrochinho
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Assim como acontece com todo o universo do futebol, a participação das mulheres na modalidade teve os seus ancestrais antes da criação das regras. Elas disputavam o jogo de bola durante a Dinastia Han da China Imperial, bem como na França medieval e na Escócia do século 18. No entanto, a partir da formalização do futebol em 1863, as mulheres demoraram a ganhar espaço nos estádios.
O primeiro amistoso internacional feminino ocorreu em 1881, entre Inglaterra e Escócia, em Edimburgo. Dias depois houve um reencontro em Glasgow, mas o duelo acabou cancelado depois que centenas de homens invadiram o campo, empurrando as jogadoras e as obrigando a fugir em carruagens. Já em 1892 veio a primeira partida referendada pela federação escocesa. Não sem a discriminação masculina, classificando o jogo no Scottish Sport como “o espetáculo mais degradante que testemunhamos em conexão com o futebol”.
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Entretanto, as grandes pioneiras do futebol feminino realmente surgiram em 1894. Eram anos de transformações. A expansão das universidades femininas, a partir de 1870, começou a dar forma aos movimentos pelos direitos das mulheres, enquanto o incentivo à educação física nos anos 1890 impulsionou o interesse pelos esportes. Várias modalidades foram adaptadas a garotas, como o ciclismo, o tênis, o hóquei e o críquete. Mas o futebol seguia proibido. Era um jogo considerado violento, que crescia na classe operária (em tempos nos quais a educação se limitava à classe média e alta) e que tornava a prática impossível com as vestimentas femininas da época. Objeções que também serviam de partida a quem queria mudanças nos direitos das mulheres. Cada vez mais popular, o futebol entrou naturalmente neste contexto.

Em 1894, as mulheres criaram o primeiro seu primeiro clube de futebol, em Londres. À frente delas estava Nettie Honeyball, a ativista feminista responsável pela formação do British Ladies Football Club. “Eu fundei a associação com o intuito de provar ao mundo que as mulheres não são criaturas ‘ornamentais e inúteis’ que os homens têm pintado. Devo confessar que, sobre todos os assuntos em que os sexos estão tão divididos, minhas convicções são pela emancipação. Espero pelo momento em que as mulheres se sentarão no Parlamento e terão voz nas negociações, especialmente nas principais”, disse, em entrevista ao Daily Sketch.
Porém, os historiadores afirmam que Honeyball nunca existiu de fato. Em tempos nos quais as mulheres tinham direitos mínimos, para não dizer nulos, ela optou por um pseudônimo. O mais aceito é que a “mãe do futebol” tenha sido Mary Hutson, capitã e secretária do time que adotou o nome falso. Independente de como se chamava, sua luta feminista naqueles anos representou muito. Era descrita como uma jovem de olhar duro e personalidade forte, vinda da classe média. Ao seu lado, a principal figura era Lady Florence Dixie, uma aristocrata escocesa que aceitou presidir e financiar o British Ladies. A marquesa era também uma notória feminista, além de ser reconhecida como jornalista e escritora.
A participação de Dixie, inclusive, foi decisiva para que o clube repercutisse na imprensa britânica. Ela era irmã do Marquês de Queensberry, personagem de um escândalo nacional em 1895. Oscar Wilde processou-o por difamação, após o nobre dizer que seu filho teve um caso homossexual com o escritor. Wilde perdeu na justiça. “Tudo que Lady Florence fizesse atrairia atenções, então a conexão dela com o futebol feminino deu um valor à imprensa que não teria normalmente”, afirmou o historiador Jean Williams, em entrevista à BBC em 2013.
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Depois que um anúncio no jornal Daily Graphic atraiu cerca de 30 jogadoras, os treinos do British Ladies começaram ainda em 1894, comandados por Bill Julian, veterano do Tottenham. Já o primeiro jogo aconteceu há 120 anos. Em 23 de março de 1895, duas equipes representando o norte e o sul de Londres se enfrentaram, diante de 10 mil espectadores. O publicou vaiou as atletas e boa parte das pessoas foi embora antes do apito final. Em geral, a imprensa também lançou críticas pesadas. “Os primeiros minutos foram suficientes para mostrar que o futebol feminino está totalmente fora de questão. Nenhuma das qualidades requeridas a um futebolista foi vista no sábado”, escreveu o The Sketch. Ainda assim, comercialmente o evento teve sucesso.

Apesar da resistência, o British Ladies saiu em turnê pelo Reino Unido, disputando mais de 100 amistosos pela ilha. Nos primeiros meses, chegaram a mobilizar as pessoas nas ruas de Belfast e a arrecadar fundos para a caridade.  Todavia, a campanha contrária nos meios de comunicação pesou e o público de curiosos diminuiu após o primeiro ano, diante de tanto preconceito. Honeyball deixou a equipe na primavera de 1895, desiludida pela maneira como ela tinha se tornado apenas uma maneira de fazer dinheiro a promotores.
Ainda assim, o clube empunhou a bandeira dos direitos da mulher através do país, além de promover o esporte feminino. A equipe ajudou a abrir a imprensa para vários debates em voga no final do século 19 sobre os ideais femininos e a sexualidade. Através de sua representatividade, o British Ladies subvertia os padrões da sociedade vitoriana, abolindo anáguas e espartilhos para vestir calças e blusas. “Futebol é o esporte para mulheres, que superará todos os outros, garantindo bem-estar e destruindo o monstro com cabeça de hidra: as atuais roupas femininas”, declarou Lady Dixie, em entrevista à Pall Mall Gazette.
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Infelizmente, a trajetória do British Ladies não passou de dois anos. Em setembro de 1896, o desgaste e a falta de dinheiro dissolveram a equipe. Após chegar em Exeter, o clube não tinha fundos para pagar o hotel ou seguir viagem. Sem ajuda do prefeito, as jogadoras precisaram ser resgatadas por amigos. Em 1902, a federação reiterou o veto a partidas amistosas com a participação de mulheres. A reabertura ao futebol feminino só aconteceu durante a Primeira Guerra Mundial, com a modalidade usada para entreter o povo e disciplinar as trabalhadoras. Contudo, o fim do conflito voltou a recrudescer o espaço às mulheres em campo. Entre várias iniciativas esparsas, o futebol feminino só ganhou forças na segunda metade do século, se tornando um evento global depois dos anos 1990, com a criação da Copa do Mundo.

Por mais que a experiência do British Ladies tenha durado pouco, ela possui a sua importância histórica. Acima da iniciativa primordial do futebol feminino, também representa uma época de mudanças nos direitos das mulheres. Para Lady Dixie e Nettie Honeyball, o esporte se tornou o caminho para rejeitar as diferenças impostas entre homens e mulheres. Uma prática social que confrontava as barreiras de gênero. E, mesmo que o futebol tenha sido atrapalhado pelos conservadorismos, a luta progrediu. A reforma no vestuário teve sucesso em um movimento amplo naqueles anos, enquanto o sufrágio feminino se iniciou ao redor do mundo na década de 1890, chegando ao Reino Unido em 1918.
Já nos dias atuais, Nettie Honeyball e Lady Dixie servem como exemplos. Idealistas em um debate que evoluiu, mas ainda tem muito a caminhar. As mulheres estão cada vez mais presentes em campo e nas arquibancadas, mas ainda sofrendo com a disparidade e o sexismo – algo que se repete em outras tantas áreas. Que o futebol, como há mais de um século, sirva de uma maneira mais ampla na sociedade em busca da igualdade de gênero. E que o Dia Internacional da Mulher não se ofusque em flores ou presentes. A data serve não para comemorar, mas para conscientizar sobre as opressões que ocorrem cotidianamente e para tentar mudar um quadro ainda longe do ideal às mulheres.




trivela.uol.com.br
13
Jan17

«Mulheres e Revolução»

António Garrochinho


«Elas fizeram greves de braços caídos. Elas brigaram em casa para ir ao sindicato e à junta. Elas gritaram à vizinha que era fascista. Elas souberam dizer salário igual e creches e cantinas. Elas vieram para a rua de encarnado. Elas foram pedir para ali uma estrada de alcatrão e canos de água. Elas gritaram muito. Elas encheram as ruas de cravos. Elas disseram à mãe e à sogra que isso era dantes. Elas trouxeram alento e sopa aos quartéis e à rua. Elas foram para as portas de armas com os filhos ao colo. Elas ouviram falar de uma grande mudança que ia entrar pelas casas. Elas choraram no cais agarradas aos filhos que vinham da guerra. Elas choraram de ver o pai a guerrear com o filho. Elas tiveram medo e foram e não foram. Elas aprenderam a mexer nos livros de contas e nas alfaias das herdades abandonadas. Elas dobraram em quatro um papel que levava dentro uma cruzinha laboriosa. Elas sentaram-se a falar à roda de uma mesa a ver como podia ser sem os patrões. Elas levantaram o braço nas grandes assembleias. Elas costuraram bandeiras e bordaram a fio amarelo pequenas foices e martelos. Elas disseram à mãe, segure-me aqui nos cachopos, senhora, que a gente vai de camioneta a Lisboa dizer-lhes como é. Elas vieram dos arrabaldes com o fogão à cabeça ocupar uma parte de casa fechada. Elas estenderam roupas a cantar, com as armas que temos na mão. Elas diziam tu às pessoas com estudos e aos outros homens. Elas iam e não sabiam para aonde, mas que iam. Elas acendem o lume. Elas cortam o pão e aquecem o café esfriado. São elas que acordam pela manhã as bestas, os homens e as crianças adormecidas.»

Maria de Fátima de Bivar Velho da Costa,

13
Jan17

ESCLARECI MENTES

António Garrochinho


Oferece-nos a comunicação social, alguma radiosa e não sei se radiante, que o salário mínimo acordado para vigorar a partir de Fevereiro estará posto em causa por duas razões
  • porque o PSD estaria disposto a opor-se, tal como desde o início o afirmaram o BE e o PCP, à descida da Taxa Social Única que faz parte do acordo, colocando o PS em minoria;
  • porque, sem essa descida da TSU, “o acordo não existe” porque os “patrões” dele se retirariam.
(respigado do Público de hoje)

Ora, para além do curioso do episódio e da afirmação de intenções, bem reveladoras do que é a “baixa política” e os seus golpes e conluios, importaria esclarecer que essa “coincidência” de intenções não anularia o salário mínimo e, sobretudo, a quem compete ele ser estabelecido.
Na minha velhinha cábula constitucional de não-constitucionalista 






lá está 

que é obrigação do Estado (art. 54º)



e, embora a edição seja a 1ª (a de 1976), apesar das 7 revisões continua a mesma redacção, embora actualmente no artigo 59º ponto 2. e com o corte da frase entre vírgulas bem como do salário máximo, que também era constitucional obrigação do Estado estabelecer e actualizar todos os anos. 
Que acordos sejam desejáveis não se nega. Mas, com certa gente, são eles possíveis?


Via: anónimo séc. xxi http://bit.ly/2ihds4C
13
Jan17

Denúncia é um ato de resistência política por Edward Snowden

António Garrochinho


por Edward Snowden [*]
Edward Snowden."Venho esperando por alguém como você há 40 anos". Essas foram as primeiras palavras de Daniel Ellsberg quando nos encontramos pela primeira vez no ano passado. Dan e eu sentimos uma afinidade imediata, já que conhecíamos a dimensão do risco em revelar fatos secretos e ter nossas vidas irreversivelmente afetadas por isso.

Um dos maiores desafios de umwhistleblower é aprender a conviver com a ideia de que há funcionários trabalhando em seus escritórios, assim como fizemos, espalhados por todas as unidades da agência de segurança, vendo o que você viu, conformados em silêncio, sem reagir ou reclamar. Eles aprendem a viver não apenas com inverdades, mas com inverdades desnecessárias, inverdades perigosas e inverdades nocivas. É uma tragédia dupla. Aquilo que começa como uma estratégia de sobrevivência acaba por prejudicar quem pretendia proteger e desvirtuar a mesma democracia que justificava tamanho sacrifício.

Mas, diferentemente de Dan Ellsberg, não tive que esperar 40 anos para que outras pessoas rompessem o silêncio através da revelação de mais documentos. Ellsberg entregou os Papéis do Pentágono para o New York Times e outros jornais em 1971; Chelsea Manning cedeu os registros das guerras do Iraque e do Afeganistão, bem como o material do Cablegate (telegramas diplomáticos dos Estados Unidos) para o WikiLeaks em 2010. Eu decidi fazer a minha parte 2013. E aqui estamos, em pleno 2016, e mais uma pessoa embuída de coragem e consciência disponibilizou um extraordinário conjunto de documentos que foram publicados em The Assassination Complex (O Complexo de Assassinato), um livro de Jeremy Scahill e da equipe do The Intercept. (Os documentos foram publicados originalmente em 15 de outubro de 2015 na reportagem The Drone Papers ).

Estamos começando a compreender este período em que políticas de Estado nocivas se escondem nas sombras, aquele interim em que atividades inconstitucionais podem ser levadas a cabo antes de serem expostas por atos de consciência. Essa compressão temporal é importante não só no âmbito das manchetes jornalísticas; ela permite que cidadãos tomem conhecimento de medidas importantes do governo, não como parte do registro histórico, mas de forma que possam manifestar suas opiniões diretamente através do voto. Em outras palavras, de forma a capacitar uma sociedade mais bem informada para defender a tal democracia que os "segredos de Estado" dizem proteger. Quando vejo indivíduos capazes de divulgar informações importantes, tenho esperança de que não vamos precisar questionar as atividades ilegais de nossos governos incessantemente, como uma necessidade constante, tentando erradicar irregularidades com a mesma frequência com que cortamos a grama. (O curioso é que algumas pessoas começaram a descrever as operações de assassinato por drones como "cortar a relva".)

Um ato isolado de um whistleblower não altera o fato de que há inúmeros setores do governo operando por debaixo dos panos, fora do alcance da fiscalização da sociedade. Essas atividades secretas vão continuar, apesar das reformas constitucionais. Porém, os responsáveis terão de conviver com o medo de serem legalmente responsabilizados caso se envolvam em atividades contrárias ao espírito democrático – basta que apenas um cidadão seja impelido a frear os mecanismos dessa injustiça. Essa igualdade perante a lei é o fio condutor que sustenta a boa governança, já que o único medo daquele que move essas engrenagens é acabar sendo vítima delas mesmas.

Mas há esperança em passarmos de revelações extraordinárias para uma cultura de responsabilização na comunidade de inteligência. Assim, teremos dado um importante passo para a solução de um problema que existe desde que governo é governo.
David Petraeus.Nem todos vazamentos são iguais, assim como seus responsáveis. O Gen. David Petraeus, por exemplo, forneceu à sua amante e biógrafa informações tão secretas que desafiam o próprio conceito de confidencialidade, incluindo os nomes de agentes secretos e as opiniões privadas do presidente sobre assuntos de interesse estratégico. Petraeus não foi acusado criminalmente, conforme o Departamento de Justiça recomendara inicialmente. Foi permitido que o general se declarasse culpado por uma simples contravenção penal. Se um soldado de baixa patente levasse diversos documentos confidenciais e os passasse à sua namorada para arrancar-lhe um sorriso, estaria sujeito a muitas décadas na prisão, e não a diversas referências de caráter de um quem é quem do Coração do Estado.

Há vazamentos autorizados, assim como há revelações admissíveis. É raro ver figuras do alto escalão pedindo explicitamente que um subordinado vaze o nome de um agente da CIA em retaliação a seu marido, como parece ter sido o caso de Valerie Plame. É igualmente raro que um mês inteiro se passe sem que uma figura do alto escalão revele informações confidenciais com interesses partidários, porém, evidentemente "nocivos à segurança nacional", de acordo com nossa legislação.

Esse tipo de dinâmica pode ser observada no caso da "conferência telefônica catastrófica" da al Qaeda, na qual agentes de inteligência, provavelmente tentando exagerar a dimensão da ameaça terrorista e evitar críticas à vigilância em massa, revelaram a um site neoconservador relatos detalhados de conversas específicas que haviam sido interceptadas, incluindo a localização das partes e o conteúdo exato das discussões. Se acreditarmos nas alegações dos agentes, pode-se concluir que eles perderam uma oportunidade extraordinária de descobrir os planos e intenções dos líderes terroristas em troca de uma vantagem política efêmera nos noticiários. Ninguém parece ter se tornado mais disciplinado após o resultado daquilo que nos custou a capacidade de ouvir o conteúdo da suposta linha direta da al Qaeda.

Se os danos causados e a autorização para divulgação não fazem diferença, qual a distinção entre uma revelação admissível e uma revelação inadmissível?

A resposta é o controle. Um vazamento é aceitável se não for visto como uma ameaça, como um questionamento às prerrogativas da instituição. Mas se todos os componentes distintos — não apenas a cabeça, mas suas mãos, pés e todas as partes do corpo — devem ser encarados como se tivessem o mesmo poder para discutir questões do interesse da instituição, há uma ameaça existencial ao monopólio do controle de informações no contexto político moderno, em especial quando falamos de revelações de irregularidades graves, atividades fraudulentas e ilegais. Se você não pode garantir que pode explorar sozinho o fluxo de informações controladas, então o conjunto de assuntos sigilosos de todo o mundo — incluindo os seus — representam mais um risco do que uma vantagem.
'.Revelações verdadeiramente proibidas são necessariamente um ato de resistência — isto é, se não tiverem a finalidade única de alimentar a imprensa e engrandecer a imagem ou reputação de uma instituição. Porém, isso não quer dizer que elas sempre virão dos mais baixos escalões. Em algumas ocasiões, aqueles que se manifestam estão próximos do topo da pirâmide do poder. Ellsberg pertencia ao alto escalão; ele se encontrava com o secretário de Defesa. Não se pode chegar mais alto do que isso a menos que você seja o próprio secretário de Defesa, mas não há por que um oficial do alto escalão se envolver em revelações de interesse público, visto que já possui a influência necessária para alterar políticas de Estado diretamente.

No outro extremo do espectro institucional, está Manning, um soldado raso, muito mais próximo da base da pirâmide hierárquica. Eu estava no meio da minha carreira profissional. Me reunia com o diretor-chefe de Informações da CIA, e estava orientando a ele e seu diretor-chefe de Tecnologia enquanto faziam declarações públicas como: "Tentamos coletar tudo e guardar para sempre", e todo mundo achava aquilo um lema bonitinho. Enquanto isso, eu desenvolvia sistemas que eles usariam para cumprir essa promessa. Eu não orientava a ala política, como o secretário de Defesa, mas orientava a ala de operações, como por exemplo o diretor tecnológico da Agência de Segurança Nacional. Irregularidades por parte de oficiais podem servir como catalisadoras para que funcionários de todos os níveis revelem informações, mesmo que isso os coloquem em risco, desde que estejam convencidos de que é necessário fazê-lo.

É um desafio dirigir-se a esses indivíduos e ajudá-los a entender que, como servidores públicos, sua aliança principal é com a sociedade em vez de com o governo em si. É uma mudança considerável na cultura de um funcionário do governo.

Já defendi que whistleblowers são escolhidos pelas circunstâncias. Não é uma virtude pessoal ou inerente às suas origens. Tem a ver com aquilo a que você se expõe, aquilo que você testemunha. Nesse momento, a pergunta passa a ser: "Você acredita sinceramente que tem a capacidade de remediar o problema e influenciar as políticas de Estado?". Eu não encorajaria ninguém a revelar informações, mesmo que elas sejam sobre irregularidades, se não acreditasse que possam gerar resultados, já que esse momento perfeito pode ser tão raro quanto a própria disposição a agir.

Essa é uma consideração estritamente pragmática e estratégica. Whistleblowers são exceções à regra e, se pretendem ser forças políticas efetivas, é fundamental que maximizem os bens sociais produzidos a partir de uma semente tão rara. Quando estava tomando minha decisão, entendi que uma ponderação estratégica, como esperar o mês de uma eleição nacional, poderia ser superada por outra, como a obrigação moral de conter uma tendência global que já tinha ido longe demais. Eu estava concentrado naquilo que observava e no insuportável sentimento de que governo, no qual acreditei por toda minha vida, estava envolvido em um ato de tamanha falsidade.

Mudanças vêm de baixo para cima. 

No centro dessa evolução, encontra-se o fato de que whistleblowing é um acontecimento radicalizador — quando digo "radical" não me refiro a "extremo", falo do sentido tradicional de radix, a raiz da palavra. De repente, você entende que não basta trocar algumas letras de lugar em uma página e torcer pelo melhor. Não basta mais informar seu supervisor a respeito do problema, como tentei fazer, porque é inevitável que supervisores fiquem temerosos. Eles consideram os riscos estruturais a suas carreiras. Têm medo de sacudir as estruturas e "acabar com fama". Não há incentivos para se produzir reformas significativas. Fundamentalmente, em uma sociedade democrática, as mudanças vêm de baixo para cima.

Quem trabalha no seio da comunidade de inteligência abdicou de muitas coisas para fazer esse trabalho. Aceitou restrições tirânicas sem ressalvas. Submete-se voluntariamente a testes de polígrafo e conta ao governo todos os detalhes sobre sua vida. Abre mão de vários direitos, porque acredita que o valor intrínseco de sua missão justifica sacrificar mesmo aquilo que é mais sagrado. É uma causa justa.

E, quando se vê frente a provas – não em um caso extremo ou peculiar, mas em consequência direta do programa – de que o governo está infringindo a Constituição e violando os ideais que você defende fervorosamente, você tem de tomar uma decisão. Quando você constata que um programa ou uma política é inconsistente com os compromissos e obrigações que jurou observar ante a sociedade e a você mesmo, torna-se impossível conciliar isso com o programa. Qual dos dois merece mais sua lealdade?

Um dos aspectos extraordinários sobre o ritmo crescente das revelações dos últimos anos é o fato de ocorrerem num contexto em que os Estados Unidos são vistos como uma "superpotência inquestionável". Temos incontestavelmente a maior máquina militar da história mundial, respaldada por um sistema político cada vez mais disposto a autorizar todo o tipo de uso de força militar em resposta a praticamente qualquer explicação. No contexto atual, essa justificativa é o terrorismo, mas não necessariamente porque nossos líderes estejam particularmente preocupados com esse fenômeno, nem porque acreditem que o terrorismo representa uma ameaça existencial para a sociedade. Eles reconhecem que o número de vítimas mortais em acidentes de carros e por doenças cardíacas continua sendo superior ao número de mortes se tivéssemos um ataque como o 11 de Setembro por ano, no entanto, não vemos o mesmo investimento de recursos em resposta a essas ameaças mais expressivas.

No fundo, tudo se resume à realidade política de termos uma classe política que se sente obrigada a se defender contra acusações de fraqueza. Nossos políticos têm mais medo da política em torno do terrorismo – de serem acusados de não levarem terrorismo a sério – do que do crime em si.

Por consequência, atingimos um poder inigualável, não restrito pela classe política. Ficamos dependentes do que apenas se destinava a funcionar como último recurso: os tribunais. No período após o 11 de Setembro, os juízes, conscientes de que suas decisões subitamente adquiriram uma importância política e impacto muito superiores ao que originalmente se previa, esforçaram-se para evitar rever as leis e as operações do Executivo no contexto da segurança nacional e definir precedentes restritivos que, mesmo se fossem perfeitamente adequados, imporiam limites à ação do governo por décadas ou, quem sabe, séculos. Isso significa que a instituição mais poderosa que a humanidade já testemunhou se transformou também na menos cerceada. Todavia, essa mesma instituição nunca fora concebida para funcionar dessa forma, tendo sido, muito pelo contrário, explicitamente fundada com base em princípios de regulação e equilíbrio. O nosso impulso fundador traduziu-se na afirmação: "Apesar de sermos poderosos, restringimos nossa força voluntariamente".

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O presidente Barack Obama caminhando com agentes do serviço secreto dos Estados Unidos para o Air Force One, no Aeroporto Internacional de Los Angeles, Califórnia, 8 de maio de 2014.
Foto: Pete Souza/Casa Branca

Em sua primeira visita oficial ao quartel-general da CIA, você ergue a mão e presta juramento, mas não à agência nem à confidencialidade. Você faz um juramento à Constituição. Por isso, há um conflito, como uma disputa entre os deveres e valores que o governo pede que você cumpra e as atividades reais nas quais exigem que você participe.

As revelações sobre o programa de assassinatos da administração Obama confirmam que existe um aspecto do caráter americano que se preocupa profundamente com o exercício ilimitado de poder sem supervisão. E não há exemplo mais claro de poder sem supervisão do que chamar para si a autoridade para executar um indivíduo fora do contexto de guerra e sem o envolvimento de qualquer tipo de processo judicial.

Tradicionalmente, no contexto militar, sempre foi do entendimento geral que a força letal em situação de guerra não poderia se sujeitar a restrições judiciais prévias. No campo de batalha, entre dois exércitos, não há espaço para um juiz. Mas agora o governo decidiu – sem a participação da sociedade, sem nosso conhecimento e consentimento – que o mundo todo é um campo de batalha. Por meio da subversão da linguagem, indivíduos que não representam uma ameaça iminente em nenhum sentido são ressignificados para que se encaixem nessa definição de ameaça.

Inevitavelmente, essa subversão conceitual atinge seu objetivo, juntamente com a tecnologia que permite que as autoridades promovam ilusões confortáveis sobre os assassinatos cirúrgicos e a vigilância não intrusiva. Vejam, por exemplo, o Santo Graal da constância dos drones, uma capacidade que os Estados Unidos há muito pretendem obter. O objetivo é implementar drones movidos a energia solar que possam voar por semanas sem necessidade de aterrissarem. Quando isso for possível – e acoplando um dispositivo de coleta de sinais na parte inferior do drone para monitorar sem limites os sinais de endereços de rede de todos os laptops, smartphones e iPods – será possível saber a localização de um determinado dispositivo em qualquer cidade, assim como o apartamento onde se encontra cada dispositivo, e todos os percursos e deslocamentos efetuados. Conhecendo o dispositivo, conhece-se também o seu dono. Quando esse procedimento for implementado em diversas cidades, será possível monitorar não somente os movimentos de indivíduos, como também de populações inteiras.

O poder sem limites pode ser muitas coisas, mas não é um traço americano. 

Aproveitando-se da necessidade moderna de estar permanentemente conectado, os governos conseguem reduzir nossa dignidade à dignidade de animais marcados, com a única diferença de que nós pagamos pelas marcas que carregamos em nossos bolsos. Tudo isso soa a uma fantasia paranoica, mas, em nível técnico, é muito fácil de ser implementado, por isso, não consigo imaginar um futuro em que isso não venha a acontecer. Inicialmente, será um procedimento limitado a cenários de guerra, em conformidade com nossos costumes, mas a verdade é que a tecnologia de vigilância tende a nos seguir até as nossas casas.

Aí reside a dupla faceta de nosso nacionalismo à moda exclusivamente americana. Somos criados com a crença do excepcionalismo, para pensar que somos a melhor das nações, com o destino manifesto de governar o mundo. O perigo é que há quem acredite piamente nessa ideia, e algumas pessoas esperam que a concretização de nossa identidade nacional, ou seja, nosso governo, se comporte e aja em conformidade com ela.

O poder sem limites pode ser muitas coisas, mas não é um traço americano. É nesse sentido que o whistleblowing se torna cada vez mais um ato de resistência política. Owhistleblower dá o alerta e ergue a tocha que lança luz sobre os fatos, perpetuando o legado de uma linhagem de americanos nascida com Paul Revere.

Os indivíduos responsáveis por essas revelações se sentem tão inflamados pelo que viram que se dispõem a arriscar suas vidas e sua liberdade. Eles sabem que nós, o povo, somos o mecanismo mais forte e confiável de controle do poder do governo. As fontes internas nos mais altos níveis do governo têm uma capacidade extraordinária, recursos extraordinários, amplo acesso à influência e ao monopólio da violência, no entanto, em última análise, há apenas uma figura que importa: o cidadão.

E estamos em maior número do que eles.
 


Ver também documentos dos Drone Papers: 
  • The assassination complex
  • A visual glossary
  • The kill chain
  • Find, fix, finish
  • Manhunting in the Hindu Kush
  • Firing blind
  • The life and death of "Objective Peckham"
  • Target Africa

  • The alphabet of assassination

    Retirado de The Assassination Complex: Inside the Government's Secret Drone Warfare Program (O Complexo de Assassinato: Dentro do Programa de Guerra Secreto de Drones), por Jeremy Scahill e a equipe do The Intercept, com prefácio de Edward Snowden e posfácio de Glenn Greenwald, publicado por Simon & Schuster .

    [*] https://twitter.com/@snowden

    O original encontra-se em theintercept.com/... e a versão em português em theintercept.com/...
    Tradução de Inacio Vieira. 


    Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
  • 13
    Jan17

    O QUE VÃO ELES FAZER PARA O MALI ? - Zaloznyi, o soldado que veio da Ucrânia para os Comandos

    António Garrochinho

    Material militar a ser carregado no Antonov estacionado quarta-feira no aeroporto de Lisboa
    Atirador especial integra a força de 160 militares portugueses que vai integrar missão da ONU na República Centro Africana.

    Vadym Zaloznyi é atirador especial dos Comandos e parte dia 17 para a República Centro Africana (RCA). A sua origem ucraniana, contudo, leva-o a iniciar funções em Lisboa como... tradutor.
    Naturalizado português, há oito anos em Portugal, o soldado tem estado no aeroporto de Lisboa para evitar eventuais problemas de comunicação entre os militares portugueses e a tripulação ucraniana do Antonov - a gigantesca aeronave que hoje realiza o quarto voo de transporte do material de guerra da nova Força Nacional Destacada (FND) portuguesa e que, dada a envergadura das asas, estaciona num canto do aeroporto de Lisboa por impossibilidade de entrar na área militar que está a abarrotar de jipes e camiões cheios de material.
    O 'Antonov' fretado pela ONU transporta até 75 toneladas de carga
      "Nos primeiros dias era útil, agora já não é necessário", diz ao DN o militar de 23 anos, que fala ucraniano e russo (línguas faladas pela tripulação), num canto do aeroporto de Lisboa. Há ano e meio nas fileiras, "primeiro militar da família" que o Exército não deixou fotografar, Zaloznyi ofereceu-se para os Comandos porque tinha vontade de "ir para as forças especiais".
      Vadym Zaloznyi é um dos 90 militares da 2.ª companhia de Comandos que vão atuar como força de reação rápida da ONU em toda a RCA, no âmbito da missão integrada de estabilização deste país africano (MINUSCA, sigla em inglês). A acompanhá-los, quatro controladores aéreos avançados da Força Aérea e 66 militares de outras unidades do Exército (responsáveis pelo apoio logístico e operacional).
      O contingente - 14 oficiais, 37 sargentos e 109 praças - tem apenas oito mulheres (5% do total). Com dois terços (66%) dos efetivos a cumprir a primeira missão no estrangeiro, esta FND está equipada e armada para executar operações de combate, patrulhas de segurança, vigilância e reconhecimento, proteção de entidades ou forças, infraestruturas e áreas sensíveis, escoltas de colunas, operações de cerco e busca, dirigir aeronaves em apoio aéreo e helicópteros de ataque.
      O tenente-coronel comando Musa Paulino vai comandar a força que parte dia 17 de Lisboa para a República Centro Africana
        Sob o comando do tenente-coronel Musa Paulino, que dia 30 cumpre oito anos no posto e já esteve em missões na Bósnia e Herzegovina e Angola, esta FND vai atuar "sem caveats" - leia-se restrições de emprego operacional - para além das impostas por falta de capacidade para cumprir determinada missão, explica o oficial superior.
        Enquanto um camião TIR com um contentor se aproxima da traseira da aeronave, em marcha-atrás, Musa Paulino adianta ao DN que a RCA "é um teatro de operações com alguma complexidade". Se "variáveis como a salubridade e o clima" são por si um desafio, os grupos rebeldes e o crime organizado constituem os principais riscos.
        Explosivos improvisados e atiradores solitários constituem "uma ameaça de baixo risco", pois a tipologia da missão "não é a mesma do Médio Oriente", continua Musa Paulino, enquanto um dos guindastes no teto do Antonov pousa no interior um contentor - que pode ser o da padaria de campanha, da cozinha, lavandaria, banhos, latrina ou um gerador elétrico.
          Lá dentro, colocadas pela rampa dianteira sob a cabina de pilotagem, já estão viaturas blindadas e não blindadas que os militares portugueses vão usar na RCA: Humvees (transporte de pessoal, ambulância) e jipes, autotanques de combustível e água, centro de comunicações, empilhador e pronto-socorro.
          A coordenar toda a operação está um funcionário australiano da ONU, em Lisboa há cerca de um mês porque a organização de Nova Iorque "é que assume o planeamento e execução da operação" - e os custos - para projetar a força, informa o coronel Paulo Ramos.
            Coordenador do aprontamento, treino e projeção da FND e do contacto com a MINUSCA, Paulo Ramos lembra que esta é a primeira missão ao serviço da ONU desde 2012, quando terminou a do Líbano. "Os procedimentos são novos", até para os responsáveis daquela missão que só agora vai ter uma força de reação rápida - e cuja "urgência" em a ter no terreno "levou à opção, mais cara", de a projetar por via aérea e não por via marítima como previsto, refere o coronel.




            www.dn.pt
            13
            Jan17

            PS E BLOCO ENFIAM O BARRETE

            António Garrochinho


            Ontem na Assembleia da Republica no debate sobre o “Novo Banco ” tanto o PSD como o CDS não só fugiram como bons camaleões a assumirem as suas responsabilidades pelo estado a que chegou o ex BES como , sabendo que a melhor defesa é o ataque , acusaram o PS e o Bloco de com a nacionalização irem repetir a desgraça do BPN.
             E sobre isto o PS e o Bloco ficaram calados , enfiaram o barrete não lhes perguntando qual foi a atitude e a votação do PSD e do CDS no caso BPN , se não foram eles os maiores defensores da nacionalização como se pode ler nas actas da A.R. e nos artigos de opinião publicados na época 
            Defenderam a nacionalização e votaram a favor. Quem esteve contra foi o PCP .
            Com esta habilidade , PSD e CDS sabendo que a nacionalização tem custos para o contribuinte , prepara-se para amanhã  imputar a responsabilidade desses custos , no caso da nacionalização se verificar  , ao PS , PCP e Bloco , como se todas as soluções não tivessem custos e como se eles não fossem os maiores responsáveis pela situação a que se chegou.
             Se o sistema de justiça não fosse uma justiça de classe   esses senhores e regulador estariam a contas com a justiça !
            Também curiosamente PSD e CDS não disseram se eram a favor da venda  ao fundo abutre tal como preconiza o Sérgio Monteiro , o ex- braço direito e esquerdo da Maria Luis para as privatizações


            Via: FOICEBOOK http://bit.ly/2jeL42c

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