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orouxinoldaresistencia

POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

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29
Jan17

Teses conspiratórias ainda rondam atentados às Torres Gémeas em NY

António Garrochinho

Teses conspiratórias ainda rondar as torres gémeas

Na manhã de 11 de Setembro de 2001, Nona Ellis, vice-presidente na Lehman Brothers, estava sentada em sua mesa no edifício Three World Financial Center, quando foi informada de que uma explosão havia ocorrido na Torre Norte do Word Trade Center, praticamente do outro lado da rua, e que era preciso deixar o prédio.
"O nosso edifício não foi atingido, mas aquela foi a última vez que eu estive naquele escritório no 12º andar", relembrou Nona Ellis em conversa com a Folha em Nova York, cidade em que vive desde agosto de 1980.
Os acontecimentos daquele dia podem ser considerados tão bizarros e sem precedentes que apenas os formuladores das chamadas teorias conspiratórias se atrevem a perguntar abertamente: "Será que tudo aquilo é possível?".

Homem se joga em meio ao incêndio provocado pela colisão dos aviões no World Trade Center, em NY
Homem se joga em meio ao incêndio provocado pela colisão dos aviões no World Trade Center, em NY

Em vídeos caseiros postados no YouTube, em sites com apresentação tosca e argumentos pouco fundamentados ou em documentários respeitados como "Loose Change", de Dylan Avery, há dezenas de perguntas que, de tão pertinentes, simplesmente não querem calar.
Há dúvidas sobre a veracidade das ligações telefônicas reveladas pelas investigações do governo, que teriam sido gravadas durante os voos, em pleno ar —acontece que, em 2001, a tecnologia disponível permitia que as tais ligações de celulares fossem feitas em terra, apenas, não da altitude em que os aviões estavam voando. Da mesma forma, ligações de 27 minutos como a da aeromoça Betty Ong seriam improváveis.
As teorias e conspirações são muitas. No entanto, se pelo menos uma delas é possível ou plausível, por que toda a trama ainda não foi revelada após 15 anos?
De acordo com uma pesquisa realizada pelo New York Times e pela CBS News em outubro de 2006, apenas 16% dos americanos achavam que o governo estivesse falando a verdade sobre os ataques de 11 de Setembro.
"Uma significativa parte da população americana e de outros países rejeita a explicação oficial sobre o 11 de Setembro. O que falta é o reconhecimento público nos principais jornais e redes de TV", diz à Folha, por e-mail, David Ray Griffin.
Griffin escreveu mais de dez livros sobre o tema 11 de Setembro, incluindo "The New Pearl Harbor", em que afirma ter encontrado evidências de que os ataques de 11 de Setembro foram orquestrados pleo governo de George W. Bush como um pretexto para levar adiante seus objetivos imperialistas.
"A maior parte dos americanos está no estado de ignorância em que eu estive nos primeiros dois anos. Eles não entendem, por exemplo, por que as Torres Gêmeas e o WTC 7 não poderiam colapsar por causa do fogo, mesmo que estes prédios fossem atingidos por aviões", afirma Griffin.
INVESTIGAÇÃO
Perguntas tais quais "como dois aviões podem derrubar três prédios?" —contando o vizinho WTC 7, onde ficavam escritórios do Pentágono e da CIA, e que não foi diretamente atingido pelas aeronaves— e "onde foram parar os demais quatro prédios que formavam o complexo?" tornaram-se foco de investigação científica para a cientista Judy Wood desde 11 de setembro de 2001.
Com graduações em engenharia civil, de mecânica e ciência de engenharia de materiais, Wood responde a essas e outras perguntas em seu livro "Where Did The Towers Go" (Para onde foram as torres), de 2010.
Conclusões chocantes, mas supostamente baseadas em evidências, estão presentes no livro em afirmações como "as Torres Gêmeas não queimaram"; "os detritos das torres não se chocaram contra o chão"; "as Torres Gêmeas se transformaram em pó, no meio do ar, enquanto caíam" —algo muito semelhante ao relatado por Nona Ellis ao descrever os "pequenos pedacinhos de prédio que choviam sobre Manhattan".
Steh McAllister -11.set.2001/AFP
Momento em que o segundo avião atirado contra o WTC atinge a torre sul durante o 11 de Setembro
Momento em que o segundo avião atirado contra o WTC atinge a torre sul durante o 11 de Setembro

De acordo com organização Architects and Engineers for 9/11 Truth (Arquitetos e Engenheiros pela Verdade do 11 de Setembro), todas as evidências mostram que a queda do WTC 7 foi uma demolição controlada clássica, quase tão metódica quanto as quedas livres e simétricas das Torres Gêmeas.
O livro Beyond Misinformation, (Além da Desinformação), lançado há um ano para marcar o 14º aniversário dos atentados, faz uma análise de todos os edifícios que sofreram colapsos causado por fogo (incluindo o edifício Joelma, em São Paulo, em 1974), e nenhum deles sofreu colapso total, apenas parcial.
Em 2005, o edifício de 29 andares Windsor Tower, em Madri, queimou por quase 24 horas antes de sofrer um colapso parcial —as Torres Gêmeas, em contrapartida, queimaram por apenas pouco mais de uma hora antes de colapsarem (ou serem destruídas, como afirma o livro).
"Além disso, se o motivo foi o fogo, "como a torre que foi atingida por último foi a primeira a cair?", questiona Ted Walter, membro da AE911Truth e autor principal do livro.
'FICÇÃO'
Morgan Reynolds, professor emérito de economia na Texas A&M University, não teve receio de afirmar abertamente à Folha que o 11 de Setembro foi "um evento encenado para a TV, feito para as duas horas de limiar de atenção do americano".
Em setembro de 2006, Reynolds, que foi economista-chefe do Departamento de Trabalho americano em 2001 e 2002, chamou a atenção do país em entrevista na Fox News, por ser o primeiro proeminente funcionário do governo Bush a declarar publicamente que os ataques de 11 de Setembro foram uma operação interna.
"É ficção. A comissão do 11 de setembro nunca tentou provar nada, porque é impossível provar uma mentira, este é o problema. Aconselho a todos que assistam ao vídeo com a penetração da Torre Sul, quadro por quadro, e o que você vai ver é uma apresentação de desenho animado, falso, porque um avião não pode atravessar direto um prédio como de aço e concreto como a Torre Sul como se ela fosse ar fino. Como um avião, feito em sua maior parte de alumínio, pode ser completamente absorvido por um prédio de concreto e aço? Onde está o impacto? Para onde foram os detritos?", questionou.
Steh McAllister -11.set.2001/AFP
Avião da United Airlines é atirado contra segunda torre do WTC, enquanto a primeira já se incendiava
Avião da United Airlines é atirado contra segunda torre do WTC, enquanto a primeira já se incendiava

Ex-capitão de diferentes companhias aéreas que pilotou mais de 160 tipos de avião em mais de 50 países, John Lear, filho do desenvolvedor do jato LearJet e retém diversos recordes mundiais de velocidade.
Assim como Morgan Reynolds, ele é um dos defensores da "No Planes Theory", hipótese segundo a qual nenhum avião Boeing-767 atingiu as torres. Lear trata das supostas velocidades dos aviões ao atingirem as torres —aproximadamente 795 km/h e 943km/h—, algo que seria impossível para tais aeronaves.
"E, mesmo que tal velocidade fosse possível, o piloto perderia o controle da aeronave, que provavelmente rodaria em círculos."
Nona Ellis relata que viu o contorno do avião na fachada da Torre Norte. "Você olha para a imagem como se fosse uma daquelas coisas hipnotizantes, porque você nunca viu algo assim antes", descreve.
No entanto, de acordo com a explicação de Lear, quando o nariz de um avião entra em contato com um prédio com colunas de aço, é impossível que os mastros das asas cortem as colunas do prédio. "Elas se espatifariam no chão, por causa da colisão", afirma.
Já o formato de avião impresso nas fachadas das torres chocou o mundo, mas é chamado por esses especialistas de "Efeito Papaléguas" (ou Roadrunner Effect), novamente numa referência ao personagem dos desenhos que atravessa portas ou paredes deixando a exata marca de sua silhueta. "Isso simplesmente não acontece" diz Reynolds.
RELATÓRIO
O relatório oficial do governo, "The 9/11 Commission Report", formalmente chamado de "Relatório Final da Comissão Nacional sobre os Ataques Terroristas contra os Estados Unidos", que teve as investigações conduzidas pelo NIST (National Institute of Standards and Technology), foi publicado em julho de 2004, a partir de um pedido de Bush e do Congresso americano para que os ataques fossem investigados.
Em março de 2007, Judy Wood, Morgan Reynolds e John Lear, representados pelo advogado Jerry Leaphart, entraram na Justiça com um Pedido de Correção (Request for Correction) do documento. Mesmo com a admissão do NIST no relatório de que não foram feitas buscas por explosivos, as alegações do trio foram rejeitadas.
Em 2010, o apelo feito por Leaphart à Suprema Corte também foi rejeitado, e o caso, encerrado. "Nós sabíamos que a possibilidade de perder o caso existia, o que também aconteceu com todos os demais processos, mas o que nós queríamos mesmo era fazer com que essas informações passassem a ser parte de arquivos públicos", afirma Leaphart.
Para o advogado, quando se é associado a teorias conspiratórias, a tendência é que não se seja levado a sério. "Por isso decidimos focar nas evidências que demonstram o aconteceu, em vez de tentar provar o porquê e como."
Apesar de todos os esforços legais já tomados, não há ainda uma explicação científica publicamente aceita que desvende o mistério dos dois aviões que "desaparecerem" dentro das Torres Gêmeas, além de tantos outros acontecimentos ocorridos há 15 anos. Em caso de dúvidas, que são muitas, os especialistas, não os conspiradores, advertem: "É só olhar as evidências".

 www1.folha.uol.com.br
29
Jan17

Ekranoplan: o enorme avião russo

António Garrochinho

Levada por um espião aos EUA, a primeira foto do Ekranoplan, um enorme avião russo, deixou os governantes e engenheiros estadunidenses preocupados. Para eles seria difícil um avião aquático daquele tamanho levantar voo, e caso levantasse, não daria muito certo. Porém, o “Monstro do Mar Cáspio” era algo entre um barco e um navio destinado a voar apenas a alguns pés do chão, sendo duas vezes maior que o Boeing 747 e com oito motores.

historia-zzz
Devido ao grande investimento soviético e a proporção do projecto, tudo isso foi mantido em silêncio. Toda essa estrutura era capaz de carregar centenas de tropas e tanques, em uma velocidade de quase 400 quilómetros por hora.


tepegopelahistoria.wordpress.com
29
Jan17

Sobre Génios e Loucos

António Garrochinho

Munch, Van Gogh, Picasso - De muitos artistas sempre se disse que não batiam lá muito bem da cabeça. Pois agora aumentam as evidências científicas de que criatividade e doença mental andam de fato muito próximas


Edgar Allan Poe






Muitas pessoas já me caracterizaram como louco", escreveu certa vez Edgar Allan Poe (1809-1849). "Resta saber se a loucura não representa, talvez, a forma mais elevada de inteligência." Nessa sua suspeita de que genialidade e loucura talvez estejam intimamente entrelaçadas, o escritor americano não estava sozinho. Muito antes, Platão mostrara acreditar em uma espécie de "loucura divina" como base fundamental de toda criatividade.
Uma lista interminável de artistas célebres, parte deles portadores de graves transtornos psíquicos, parece confirmar o ponto de vista do filósofo grego. Vincent van Gogh, Paul Gauguin, Lord Byron, Liev Tolstói, Serguei Rachmaninov, Piotr Ilitch Tchaikóvski, Robert Schumann - o célebre poder criativo de todos eles caminhava lado a lado com uma instabilidade psíquica claramente dotada de traços patológicos. Variações extremas de humor, manias, fixações, dependência de álcool ou drogas ainda hoje atormentam a vida de muitas mentes criativas.

SERÁ MERA COINCIDÊNCIA?

No início do século XX, a busca pelas raízes da genialidade era um dos temas mais palpitantes da investigação psicológica. Cientistas de ponta tinham poucas dúvidas de que certos males psíquicos davam asas à imaginação. "Quando um intelecto superior se une a um temperamento psicopático, criam-se as melhores condições para o surgimento daquele tipo de genialidade efetiva que entra para os livros de história", sentenciava o filósofo e psicólogo americano William James (1842-1910). Pessoas assim perseguiriam obsessivamente suas idéias e seus pensamentos - para seu próprio bem ou mal -, e isso as distinguiria de todas as outras.
Sigmund Freud também se interessou pelo assunto. Convicto de que encontraria "algumas verdades psicológicas universais", analisou vida e obra de artistas e escritores famosos, buscando pistas de transtornos mentais. Mas foi somente a partir dos anos 70 que Nancy Andreasen, psiquiatra da Universidade de Iowa, começou a investigar de forma sistemática a suposta ligação entre genialidade e loucura. Participaram de sua experiência 30 escritores cujo talento criativo havia sido posto à prova na renomada oficina de autores da universidade.
Andreasen examinou essas personalidades à procura de distúrbios psíquicos e comparou os dados obtidos aos daqueles grupos de um grupo de controle: 80% dos escritores relataram perturbações regulares do humor, ante 30% no grupo de controle. Quarenta e três por cento dos artistas satisfaziam os critérios para o diagnóstico de uma ou outra forma de patologia maníaco-depressiva, o que, no grupo de controle, só se verificou em uma a cada dez pessoas. Durante o estudo, dois escritores cometeram suicídio - dado que, segundo Andreasen, não seria estatisticamente significativo. A psiquiatra comprovou pela primeira vez e com métodos científicos que, por trás da suposta conexão entre criatividade elevada e psique enferma, haveria algo mais que o mero e surrado lugar-comum.
Em 1983, Kay Redfield Jamison conduziu um estudo em que obteve resultados claros e semelhantes. Psicóloga da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, ela contatou 47 pintores e poetas britânicos renomados. Seguindo os critérios do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), examinou a presença de transtornos de humor caracterizados por fases depressivas.
Segundo o Manual, esses transtornos são marcados por estados depressivos que duram de duas a quatro semanas e prejudicam sensivelmente o cotidiano dos pacientes, que não conseguem animar-se para nada, sofrem perturbações da concentração e do sono e têm pensamentos negativos beirando o desespero total. A presença desses sintomas aponta para o chamado transtorno depressivo maior. Mas, além desse, há também os transtornos bipolares, nos quais fases depressivas são alternadas com picos de euforia - os episódios maníacos. Nesse caso, os pacientes quase não dormem, estão sempre ocupados com alguma coisa, seus pensamentos saltam de um tema a outro e eles atribuem a suas idéias - e, em geral, também a si próprios - grandeza absoluta.
Tais males psíquicos, caracterizados como depressões maníacas, estão entre os transtornos de humor pelos quais Jamison procurava em seu estudo. Ela constatou que quase 40% dos artistas examinados haviam requerido ajuda médica alguma vez na vida - taxa 30 vezes mais alta que a verificada entre a média da população. A corporação dos escritores revelou ser a que sofria dos problemas psíquicos mais severos. Um a cada dois poetas já havia recorrido a tratamento psiquiátrico em virtude de depressão ou episódios maníacos.
Na década de 80, Hagop Aksikal entrevistou outros 20 artistas europeus, tendo por base os critérios do DSM. Dois terços deles sofriam de episódios depressivos recorrentes, muitas vezes combinados com os chamados estados hipomaníacos - forma menos pronunciada da mania. Como constatou esse psicólogo da Universidade da Califórnia, em San Diego, metade dos artistas tinha enfrentado depressão em algum momento da vida. Tendência semelhante, aliás, Aksikal já havia observado entre músicos de blues nos Estados Unidos.
Com base nessas pesquisas, Jamison concluiu que o grande número de artistas com diagnóstico de depressão ou de transtornos bipolares já não podia ser atribuído ao acaso. A pesquisadora admitia deficiências metodológicas também em seu próprio estudo - por exemplo, o número demasiadamente reduzido da amostra -, mas a conexão entre instabilidade psíquica e potencial criativo era evidente.
Ruth L. Richards e colegas da Harvard Medical School, em Boston, tentaram abordar a questão de outro ponto de vista. Em vez de saírem em busca de males psíquicos em artistas reconhecidos, inverteram a pergunta: portadores de enfermidades psíquicas seriam particularmente criativos? Eles examinaram a criatividade de 17 pacientes com depressão maníaca manifesta e de 16 ciclotímicos - a forma mais amena do transtorno bipolar -, com base na chamada Lifetime -Creativity Scale.
Nessa escala de criatividade influenciam não apenas os testes relacionados ao pensamento inovador e original, mas também o desempenho criativo nas esferas pessoal e profissional. Os pacientes saíram-se melhor que o grupo de pessoas utilizado para comparação, composto de indivíduos sem qualquer histórico psiquiátrico.
O tipo de transtorno desempenhou aí papel bastante decisivo. Os participantes ciclotímicos revelaram-se muito mais criativos. Além disso, ficaram atrás de seus familiares sem distúrbios psíquicos evidentes, também avaliados. A hipótese aventada pelos pesquisadores foi, portanto, a de que os parentes dos pacientes talvez tendessem à instabilidade psíquica, cuja manifestação neles se daria de forma tão amena que não lhes causaria problemas. "É possível que pessoas com tendência reduzida, talvez até imperceptível, à instabilidade bipolar sejam mais criativas", concluíram os pesquisadores.
Nesse meio tempo, o pensamento aguçado, de criatividade incomum, e a produtividade elevada passaram até mesmo a serem considerados indícios no diagnóstico de fases maníacas. Mas como uma enfermidade tão perturbadora e destrutiva pode incrementar nosso poder criativo? Afinal, normalmente reina o caos entre os maníaco-depressivos, tanto no aspecto profissional quanto no pessoal. Em meio a episódios maníacos, endividam-se, mergulham em relacionamentos duvidosos e aventuras sexuais sem medir as conseqüências. Agressões e até mesmo alucinações integram o quadro. Então, a esse apogeu temporário segue-se sempre o mergulho em depressão profunda.
O psicólogo americano Joy Paul Guilford (1897-1987) definiu criatividade como a capacidade de, diante de um problema, "encontrar respostas incomuns, de associação longínqua". Para chegar a uma idéia original, abandonam caminhos já trilhados e pensam de modo diferente. O intelecto, então, não se aferra à busca de uma única solução correta, mas move-se em diversas direções. Quanto mais fluentes e livres jorrarem os pensamentos, melhor.
São precisamente esses talentos que os portadores de transtornos bipolares exibem em abundância na fase maníaca. Seu cérebro trabalha à toda, despejando idéias nada convencionais. Essa imensa produção está longe de resultar apenas em coisas sensatas, mas pouco importa: a massa de idéias que brota da mente maníaca eleva a probabilidade de que haja entre elas alguns lampejos mentais "genuínos".
O psicólogo Eugen Bleuler, contemporâneo de Freud, via aí o elo procurado entre genialidade e doença mental. "Mesmo que apenas os casos amenos produzam algo de valor, o fato de neles as idéias fluírem com mais rapidez e, sobretudo, de as inibições desaparecerem estimula as capacidades artísticas."
Também para Jamison, o segredo está no pensamento rápido e flexível, bem como no dom de unir coisas que, à primeira vista, não possuem qualquer conexão entre si. O que Bleuler, no passado, só podia supor hoje é confirmado por estudos científicos. Assim, pacientes de hipomania mostram superioridade em testes de associação de palavras: num espaço de tempo delimitado e com uma palavra dada, são capazes de associar quantidade bem maior de conceitos que pessoas em perfeitas condições psíquicas. Dão menos respostas estatisticamente "normais" que as do grupo de controle, mas encontram soluções heterodoxas em número três vezes maior.
Hipomaníacos chamam a atenção também por seu modo de falar. Tendem a fazer uso de rimas e empregam com freqüência associações sonoras, tais como as aliterações. Além disso, seu vocabulário compreende em média três vezes mais neologismos que o de uma pessoa saudável. E mais: nos pacientes em fase maníaca, a rapidez do processo de pensamento traduz-se numa elevação do quociente de inteligência.
Maníaco-depressivos exibem também certas qualidades não cognitivas muito úteis aos artistas. Robert DeLong, psicólogo da Harvard Medical School, pediu a um grupo de crianças, todas com sinais precoces de transtorno bipolar, que fizesse desenhos sobre um tema.
Na comparação com o grupo de controle, não apenas seu nítido e transbordante poder de imaginação chamou atenção. DeLong ficou ainda mais impressionado com a extraordinária capacidade de concentração dessas crianças, que se dedicaram durante horas à tarefa, sem se deixar distrair por coisa alguma. Como resultado, seu brilhantismo revelou-se tanto no desempenho espantoso da memória quanto nos desenhos detalhados.
Energia fabulosa e concentração total caracterizam também as fases criadoras de muitos pintores, escultores, escritores e poetas. Muitos deles varam noites escrevendo ou passam horas sem fim no ateliê, sem dormir.

LIMIAR DA LOUCURA

Nancy Andreasen acrescenta outra explicação: "o sistema nervoso, afinadíssimo", simplesmente perceberia mais informações sensoriais, transformando-as em idéias criativas. Embora sem comprovação definitiva, a psicóloga supõe que a causa seja "um defeito nos processos cognitivos que filtram esses estímulos".
No final de 2003, Shelley Carson, da Universidade de Harvard, e Jordan Peterson, da Universidade de Toronto, descobriram que Andreasen estava certa. Eles recrutaram 25 estudantes que haviam se destacado por seu desempenho criativo extraordinário e, com auxílio de um teste, puderam determinar a chamada inibição latente em cada um deles - mecanismo cognitivo que exclui do fluxo contínuo de dados sensoriais aqueles que a experiência já demonstrou serem de pouca valia. Nos colegas não criativos, esse processo de filtragem inconsciente se revelou nitidamente mais pronunciado.
Em decorrência da menor inibição latente, pessoas criativas acolhem mais impressões de seu entorno. Mas há também o outro lado dessa moeda. "Quando uma pessoa tem 50 idéias diferentes, o provável é que só duas ou três sejam boas de fato", explica Peterson. "É necessário saber diferenciar essas idéias para não submergir em meio a tantas delas. Daí a importância da inteligência e da memória operacional para evitar que as mentes criativas se afoguem numa torrente de informações", conclui.
Será que os pacientes de transtorno bipolar ultrapassam o limiar da loucura por quase sufocar sob a massa enorme de idéias e pensamentos? Para Carson e Peterson, isso é precisamente o que sua experiência deixa claro: "Um grau reduzido de inibição latente associado a uma extraordinária flexibilidade de pensamento pode, sob certas circunstâncias, predispor o indivíduo às doenças mentais ou, sob outras circunstâncias, a façanhas criativas".
Nessa questão, Jamison - que também sofre de depressões maníacas - defende uma tese interessante. Ela acredita que o mergulho recorrente na depressão evita que portadores de transtorno bipolar se percam em pensamentos e idéias obscuras. Indivíduos depressivos - atormentados por dúvidas, insegurança e hesitação - teriam um juízo mais realista das coisas. Seu "mecanismo interno de edição", como Jamison o denomina, operaria com a correspondente sensibilidade, ou seja, verificaria a utilidade das idéias produzidas pela mente hiperativa e excluiria as cores berrantes do excesso. Sendo assim, todas as idéias que, na fase maníaca, se revelam grandiosas, seriam submetidas ao crivo de um extremo rigor crítico.
Já o pioneiro Guilford via o segredo- do pensamento criativo na capacidade de estabelecer um vínculo entre o racional e o irracional, o conhecido e o desconhecido, o convencional e o não convencional. Se, porém, a criatividade brota dessas oposições, espíritos criativos arriscam-se continuamente a ir longe demais com suas idéias e seus pensamentos, ultrapassando as fronteiras do inteligível.

ARTE COMO TERAPIA

Uma rápida visita aos livros de história nos mostra como é tênue a linha que separa a genialidade da loucura. Seja a visão heliocêntrica do mundo de Copérnico ou a teoria da evolução de Darwin, muitos lampejos geniais foram a princípio recriminados como produto de um cérebro doentio. Hoje, porém, ninguém mais duvida da saúde psíquica de tais personalidades.
Mas não são poucos os psicólogos que sustentam que portadores de doenças psíquicas com freqüência trabalham em áreas criativas apenas porque a atividade artística os ajuda a proteger a própria mente da destruição. "A literatura me pegou pela mão e me salvou da loucura", ponderava a poeta americana Anne Sexton (1928-1974), que, em virtude de uma grave psicose, vivia sendo internada em clínicas psiquiátricas.
Criatividade como saída para a crise? Residiria aí o famigerado vínculo entre poder de criação e sofrimento psíquico? O fato de tantos pacientes psiquiátricos se beneficiarem de terapias envolvendo a pintura, a dança ou a música parece confirmar essa hipótese. Contudo, dois fatos não devem ser esquecidos: a maioria dos doentes não demonstra possuir fantasia extraordinária nem criatividade especial; tampouco a maioria dos escritores, poetas, músicos, designers, escultores ou pintores reconhecidos revela-se portadora de algum distúrbio mental.
A imagem excessivamente utilizada e romantizada do gênio maluco desacredita em certa medida o trabalho, o caráter e o estado mental dos que lidam com arte. E o fato de muitos artistas com enfermidades psíquicas terem recusado tratamento, no passado, talvez tenha contribuído para essa visão distorcida. O pintor norueguês Edvard Munch (1862-1944), por exemplo, que era maníaco-depressivo, temia que uma terapia pudesse extinguir seu poder criativo. "Prefiro continuar sofrendo desses males, porque são parte de mim e de minha arte", declarou. Sem ajuda médica, porém, corre-se o risco de que depressões e transtornos bipolares se acentuem com o tempo. 


Munch teve sorte: estava relativamente bem nos últimos anos de vida. Uma declaração da escritora americana Sylvia Plath nos diz um pouco sobre o sofrimento de artistas vítimas de distúrbios psíquicos: "Quando se tem uma doença mental, ser um doente mental é tudo que se faz, o tempo todo [...] Quando eu era louca, isso era tudo que eu era". Em casa, na manhã de 11 de fevereiro de 1963, essa poeta de extremo talento, vítima de depressão grave, abriu a torneira do gás. Tinha 30 anos.
- Tradução de Sergio Tellaroli

Vincent van Gogh - histórico de uma doença



Concluída a escola, o jovem Vincent van Gogh vai trabalhar na compra e venda de objetos de arte, primeiro em Haia, depois em Londres. A infelicidade no amor o lança na primeira depressão grave. Seus pensamentos voltam-se para a religião. Passa quatro anos na Bélgica trabalhando como pastor. Ali, ajuda no que pode e luta pelos direitos das pessoas. Contudo, isso desagrada a Igreja, da qual é expulso, fazendo-o mergulhar em nova crise. "Minha única angústia é descobrir como posso ser útil ao mundo", escreve ao irmão Theo, seu mais íntimo confidente.
Somente aos 27 anos, Vincent decide ser pintor. Lança-se ao trabalho com enorme intensidade. Em 1886, vai viver com Theo em Paris, onde sua saúde piora. Começa a sofrer de cãibras na mão esquerda. Passados os acessos, fica perturbado e a memória falha por breves períodos - primeiro indício da epilepsia diagnosticada mais tarde. O gosto do pintor pelo absinto contribui para o agravamento de seu estado. Sabe-se hoje que a bebida contém uma substância que favorece ataques epilépticos e psicoses. Seu temperamento explosivo e as oscilações de humor o tornam persona non grata para vários de seus conhecidos. "É como se fossem duas pessoas: uma delas, de grande talento, culta e sensível; a outra, egoísta e fria de sentimentos", descreve Theo.
No início de 1888, Vincent vai para o Sul da França, "cansado e desesperado", como ele próprio diz. Ali, sintomas de um grave transtorno psíquico manifestam-se com crescente nitidez. Períodos de atividade febril alternam-se com apatia e esgotamento total - sinais típicos de depressão maníaca. Sentindo-se só, pede ao amigo Paul Gauguin que se junte a ele. Juntos, os dois pintores fundam o "Estúdio do Sul". Mas este relacionamento deteriora, culminando numa catástrofe: em dezembro de 1888, van Gogh o ameaça com uma navalha e termina por amputar a própria orelha.
No hospital, o primeiro diagnóstico: psicose grave. O médico Felix Rey também suspeita de epilepsia larvada, em que os acessos convulsivos têm forma bastante amena. Em compensação, imperam outras ocorrências psíquicas e o paciente oscila entre euforia extrema e depressão profunda, acompanhadas de angústia e insônia. Alucinações e mania de perseguição integram o quadro dos sintomas, bem como pronunciada emotividade, que, com freqüência, culmina em solicitude exagerada ou religiosidade extrema.
A epilepsia de lobo temporal é tida como a explicação mais provável para o perturbado estado mental de van Gogh. Rey o trata com brometo de potássio. Passados alguns dias, o artista se recupera. Embora o médico chame sua atenção para os perigos do absinto, o pintor o ignora. Essa é uma das razões para as várias recaídas, que requerem repetidas internações. Seu estado psíquico é tão instável que, em maio de 1889, interna-se espontaneamente no sanatório de Saint Rémy.
O médico da instituição confirma a epilepsia, mas suspende o tratamento com brometo de potássio. Apesar dos episódios de uma grave psicose, van Gogh produz no ano seguinte mais de 300 obras. Depois, muda-se para Auvers-sur-Oise, nas proximidades de Paris. Nos campos ao redor de Auvers, pinta algumas de suas grandiosas paisagens. Em carta a Theo, menciona que gostaria de aumentar sua paleta de cores e pede apoio ao irmão. Três dias depois, o grande artista se mata com um tiro no peito.



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29
Jan17

SABE DE QUEM É ESTE ROSTO ?

António Garrochinho

Este rosto esculpido na pedra em Dakota do Sul é do Chefe índio "cavalo louco" que derrotou as tropas do General Custer dizimando todo seu exército e o próprio general.
Custer era um brilhante estrategista, até mesmo considerado invencível. Porém, o destino se voltou contra ele na batalha de Little Big Horn, ocorrida em 1876, quando Cavalo Louco e seus ferozes guerreiros surpreenderam as suas tropas pertencentes à Sétima Cavalaria, encurraladas pelos flancos devido a uma manobra desastrada e a um erro de avaliação de Custer, além da covardia de um dos seus próprios oficiais que deveria vir em reforço, simplesmente batendo em retirada com seus homens quando viu a situação desfavorável. O desfecho foi então inevitável, sendo depois Custer e seus comandados totalmente massacrados pelos índios. Um sangrento combate que durou menos de uma hora, sem um único sobrevivente, e que veio a custar a própria vida do brilhante General americano.

Por trás de tudo, esteve a cobiça pelas terras dos índios, a maioria das tribos obrigada através da força a ser confinada em reservas, assim pouco a pouco perdendo a sua identidade, sendo fatalmente fadadas a se extinguirem.
Porém, Cavalo Louco foi o único que recusou esta humilhação.
Famoso por ter derrotado e liquidado Custer (o que, aliás, foi considerado como uma heresia e uma humilhação para o Exército Americano, além da pior derrota militar dos EUA), junto a uns poucos seguidores Sioux e Cheyennes, tornou-se pela sua rebeldia e coragem uma 'pedra no sapato" e como tal em 1877 logo arquitectaram um sórdido plano para eliminá-lo.
Atraído para uma "conferência" entre militares e alguns índios (traidores) em uma reserva indígena, tentaram aprisioná-lo.
Mas Cavalo Louco jamais se sujeitaria a isso: escapou por uma porta mas um soldado já no exterior, traiçoeiramente e pelas costas, cravou-lhe profundamente a baioneta no corpo. Muito convenientemente, deixaram o bravo guerreiro sem qualquer socorro médico, esvaindo-se em sangue, até que após várias horas de dolorosa agonia o bravo chefe Sioux veio finalmente a falecer.

29
Jan17

Génios loucos: as 10 histórias mais estranhas sobre cientistas famosos

António Garrochinho


Os cientistas são um grupo notoriamente diferente. Afinal, ser um pouco diferente ajuda a perseguir ideias que outros não acreditam, e isso fez com que muitos tivessem personalidades excêntricas, ou fossem complexos demais para níveis intelectuais mais limitados. E um bom número deles passou a extremos em sua busca por conhecimento, com resultados às vezes terríveis, às vezes hilários.


Aqui estão 10 dos mais estranhos fatos sobre cientistas e matemáticos dos mais famosos do mundo:

10. Não aos feijões!

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Você pode agradecer ao matemático grego Pitágoras pela contribuição à geometria básica, o teorema de Pitágoras. Mas algumas de suas ideias não resistiram ao teste do tempo. Por exemplo, Pitágoras defendia uma filosofia vegetariana, mas um dos seus princípios era uma proibição completa de tocar ou comer feijão. Diz a lenda que feijões eram parcialmente culpados pela morte de Pitágoras. Depois de ser expulso de sua casa por invasores, ele se deparou com um campo de feijão, onde supostamente decidiu que preferia morrer do que entrar no campo – e assim os invasores cortaram sua garganta. (Os registros históricos não mostram uma razão clara para os ataques).

9. Quando você tem que ir, mas não vai…

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O astrônomo dinamarquês Tycho Brahe, do século 16, foi um nobre conhecido por sua vida e morte excêntricas. Ele perdeu o nariz em um duelo na faculdade e usava uma prótese de metal permanente. Adorava festas: teve sua própria ilha, e convidou amigos para ir a seu castelo e depois partir em aventuras selvagens. Ele fez com que os hóspedes vissem um alce que ele tinha domesticado e um anão chamado Jepp que manteve como um “bobo da corte”, fazendo-o se sentar permanentemente debaixo da mesa, onde Brahe ocasionalmente lhe dava restos de comida. Mas a sua paixão por postura política pode ter sido inadvertidamente a causa de sua morte. Em um banquete em Praga, Brahe insistiu em ficar na mesa quando precisava muito ir ao banheiro, porque deixá-la seria uma violação de regras de etiqueta. Isso foi uma má jogada; Brahe desenvolveu uma infecção renal e sua bexiga estourou 11 dias mais tarde, em 1601.

8. O herói desconhecido

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Nikola Tesla foi um dos heróis desconhecidos da ciência. Ele chegou nos EUA vindo da Sérvia em 1884 e rapidamente passou a trabalhar para Thomas Edison, fazendo avanços importantes em rádio, robótica e eletricidade, alguns dos quais Edison tomou o crédito por. Mas Tesla não era obcecado apenas em sua busca científica. Ele provavelmente tinha transtorno obsessivo compulsivo (TOC), recusando-se a tocar em qualquer coisa suja, mesmo que apenas um pouquinho. Também não tocava em cabelos, brincos de pérola ou qualquer coisa redonda. Além disso, ele se tornou obcecado com o número 3. E em cada refeição, ele usava exatamente 18 guardanapos para polir os utensílios até que brilhassem.

7. Professor distraído

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Werner Heisenberg pode ser um brilhante físico teórico, mas com a cabeça nas nuvens. Em 1927, o físico alemão desenvolveu as famosas equações de incerteza envolvidas na mecânica quântica, regras que explicam o comportamento em pequenas escalas de minúsculas partículas subatômicas. No entanto, ele quase não conseguiu seu doutorado, porque não sabia quase nada sobre as técnicas experimentais. Quando um professor particularmente cético em sua banca examinadora perguntou-lhe como uma bateria funcionava, ele não tinha nem ideia.

6. Prolífico polímata

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O físico Robert Oppenheimer era um polímata (aquele com conhecimento muito amplo em mais de uma área), fluente em oito idiomas e interessado em uma ampla gama de assuntos, incluindo poesia, linguística e filosofia. Como resultado, Oppenheimer às vezes tinha dificuldade para entender as limitações das outras pessoas. Por exemplo, em 1931 ele pediu a seu colega da Universidade da Califórnia em Berkeley, Leo Nedelsky, para preparar uma palestra para ele, observando que seria fácil, porque tudo estava em um livro que Oppenheimer indicou. Mais tarde, o colega voltou confuso porque o livro estava inteiramente em holandês. Eis a resposta de Oppenheimer: “Mas holandês é tão fácil!”.

5. Documentado até a morte

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O arquiteto e cientista Buckminster Fuller é mais famoso por criar a cúpula geodésica, visões sci-fi de cidades futuristas e um carro chamado Dymaxion em 1930. Mas Fuller também foi um pouco excêntrico. Ele usava três relógios que mostravam o tempo em vários fusos horários quando voava por todo o mundo, e passou anos a dormir apenas duas horas por noite, atitude que ele apelidou de sono Dymaxion (ele finalmente cedeu porque os seus colegas não podiam fazer o mesmo, ou seja, manter-se sem dormir). Mas o gênio também passou muito tempo narrando sua vida. De 1915 a 1983, quando ele morreu, Fuller manteve um diário detalhado que ele atualizava religiosamente em intervalos de 15 minutos. O registro resultante está em pilhas de 82 metros de altura e está alojado na Universidade de Stanford.

4. Matemático sem-teto

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Paul Erdös era um teórico matemático húngaro tão dedicado ao seu trabalho que nunca se casou. Vivia apenas com uma mala. Muitas vezes, aparecia na porta de seus colegas sem aviso prévio, dizendo: “Minha mente está aberta”, e divagava sobre problemáticas numéricas nas quais iria trabalhar a seguir. Em seus últimos anos, ele bebia café e tomava pílulas de cafeína e anfetaminas para ficar acordado, trabalhando de 19 a 20 horas por dia. Erdős usava o termo “partir” para pessoas que tinham morrido, e o termo “morrer” para pessoas que tinham parado de fazer matemática. Seu foco único parece ter valido a pena: o matemático publicou cerca de 1.500 documentos importantes, recebeu vários prêmios e a comunidade de matemáticos que trabalhou com ele criou em sua honra o Número de Erdős.

3. O físico brincalhão

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Richard Feynman foi um dos físicos mais prolíficos e famosos do século 20, envolvido no Projeto Manhattan, o esforço americano ultrassecreto para construir uma bomba atômica. Mas o físico também foi um grande brincalhão. Se entediado do Projeto Manhattan, em Los Alamos, Feynman supostamente passava seu tempo livre abrindo fechaduras e cofres para mostrar a facilidade com que os sistemas podiam ser quebrados. No caminho para o desenvolvimento de sua teoria vencedora do Prêmio Nobel em Eletrodinâmica Quântica, ele saiu com showgirls de Las Vegas, tornou-se um especialista na língua maia, aprendeu canto gutural tuvano (Tuva é um Estado da Rússia) e explicou como anéis de borracha levaram a explosão da nave espacial Challenger, em 1986.

2. Móveis pesados ??

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O matemático e engenheiro eletricista britânico Oliver Heaviside desenvolveu técnicas matemáticas complexas para analisar circuitos elétricos e resolver equações diferenciais. Mas o gênio autodidata foi chamado de “esquisito de primeira linha” por um de seus amigos. O engenheiro mobiliou sua casa com blocos de granito gigantes, pintava suas unhas com cor rosa brilhante, passava dias bebendo apenas leite e pode ter sofrido de hipergrafia, uma condição que causa no cérebro um impulso irresistível de escrever.

1. A guerra dos ossos

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Durante a grande corrida de dinossauros dos anos 1800 e início de 1900, dois homens usaram uma série de táticas cada vez mais sombrias para superar um ao outro em busca de fósseis. Othniel Charles Marsh, um paleontólogo do Museu Peabody, da Universidade de Yale, e Edward Drinker Cope, que trabalhava na Academia de Ciências Naturais da Filadélfia, Pensilvânia, começaram de forma amigável o suficiente, mas logo tornaram-se inimigos. Em uma viagem de “caça aos fósseis”, Marsh subornou os guardas do sítio arqueológico para desviar qualquer descoberta potencial do caminho do rival. Em outra expedição, Marsh enviou espiões ao longo de uma das viagens de Cope. Corriam rumores de que eles dinamitaram camas um do outro para evitar suas descobertas. Eles passaram anos publicamente humilhando um ao outro em artigos acadêmicos e acusando-se mutuamente de crimes financeiros e inaptidão nos jornais. Ainda assim, os dois pesquisadores fizeram grandes contribuições para o campo da paleontologia: dinossauros emblemáticos como os estegossauros, tricerátopos, diplódocos e apatossauros foram todos descobertos graças aos seus esforços. 





hypescience.com
29
Jan17

VOCÊ SABE QUEM É RUTE MALOSSO ?

António Garrochinho


A jovem estrela no arranque do seu percurso.
A jovem estrela no arranque do seu percurso.

Já se contaram inúmeras histórias e episódios em redor do Grande Eusébio.
Mas não esta pequena história, que aqui elenco, em singela homenagem ao superlativo atleta de Moçambique, que inspirou e maravilhou gerações de amantes do futebol em todo o mundo, entre eles o meu Pai, que, vindo dos Açores e de Macau, decidiu ir viver para Lourenço Marques em 1958, e que assistiu ao vivo a todo o percurso de Eusébio, que em nossa casa sempre foi visto como um grande valor moçambicano.

Como é conhecido, o nome de código de Eusébio usado nas negociações que culminaram quando ele viajou de Lourenço Marques para ingressar no Benfica em Lisboa, onde chegou na noite de 16 de Dezembro de 1960, era Rute (ou Ruth) Malosso.

Mas Rute Malosso não era apenas um nome de código.
Havia de facto uma Rute Malosso em Lourenço Marques em 1960.

Rute Malosso era na altura uma jovem filha de Conceição Malosso, casada com Albertino do Vale Malosso, único irmão de Arlindo do Vale Malosso, que vivia em Moçambique desde os anos 20.

O irmão de Albertino, Arlindo do Vale Malosso, era um português mas que tinha cidadania norte-americana. Trabalhava como comissário de bordo de um navio que fazia carreira entre Cuba e os Estados Unidos. O seu pai era italiano (o apelido Malosso origina no Norte da península italiana) e foi chefe dos rebitadores que trabalharam na construção da Torre Eiffel em Paris, inaugurada aquando da realização da Exposição Universal naquela cidade em 1889 (e em que o use dos rebites foi uma inovação tecnológica importante). Mais tarde trabalhou na Ponte Dom Luiz na Cidade do Porto.

Em Portugal, o Pai de Arlindo casou com uma senhora portuguesa, de Tomar, de apelido Vale.
Anos mais tarde, numa viagem em redor de África, no início dos anos 1920, o navio onde Arlindo se encontrava a trabalhar teve uma avaria grave e teve que parar em Lourenço Marques para reparações durante algum tempo. Arlindo era cortador de carnes e arranjou logo emprego num talho de Manuel Cretikos, pai de Jorge Cretikos, uma família de origem grega que tinha vários negócios em Lourenço Marques. Eventualmente, Malosso radicou-se em Moçambique e envolveu-se em vários negócios, entre eles uma rede de talhos em Lourenço Marques.

Pouco depois da sua chegada a Moçambique, Arlindo mandou vir a sua mulher de Portugal e também convidou o seu irmão Albertino (pai de Rute Malosso) que vivia em Portugal, para se juntar a ele em Lourenço Marques, como talhante.

Qual a ligação entre Rute Malosso e a saga do mais famoso desportista moçambicano de todos os tempos?
Quem usou o nome de Rute Malosso aquando da transferência de Eusébio do Sporting de Lourenço Marques para o Benfica em Lisboa foi Mário Tavares de Melo, que conhecia Rute e era amigo de Albertino Malosso, pois ambos eram talhantes (cortavam carne num talho em Lourenço Marques, situado no Bazar de Lourenço Marques) e eram adeptos ferrenhos do Benfica na capital da então província portuguesa, onde o jovem Eusébio nascera, filho de um angolano branco de Lubango, Angola, e de uma bonita jovem moçambicana de Xipamanine, Elisa. O pai morreu antes de Eusébio completar sete anos de idade.

No final dos anos 50, o talento do jovem moçambicano, que vinha na senda de enormes talentos futebolísticos já surgidos do futebol moçambicano (Mário Coluna era o pilar do Benfica na altura, por exemplo) já despontara o interesse e pouco antes do seu ingresso no Benfica Bella Gutman, o lendário e mercurial treinador do clube português, voou até Lourenço Marques para observar o jovem talento. Gutman ficou impressionado.

Mário Tavares de Melo foi um dos elementos chave no complexo processo negocial em que Eusébio, que na altura era jogador do Sporting de Lourenço Marques, e que era menor (logo não tinha capacidade jurídica para assinar contratos), acaba, essencialmente por decisão da sua Mãe Elisa, por assinar um compromisso com o Benfica, compromisso esse consubstanciado com o seu registo, dias mais tarde, na Federação Portuguesa de Futebol, como jogador desse clube.

Nas negociações, que envolveram telegramas e telefonemas entre a capital moçambicana e a capital portuguesa, feitos em “aberto” (ou seja, podiam ser escutados e lidos pelos operadores da companhia telefónica em Lourenço Marques e em Lisboa) Mário usava o nome de Rute Malosso para se referir a Eusébio.

Rute Malosso ainda é viva (e saudável), está reformada e hoje reside em Queluz de Baixo, Portugal. Tem dois filhos e uma filha. Apesar de, como era costume na altura, as mulheres tipicamente adoptarem os nomes dos maridos quando se casavam, Rute, que casou com Joaquim Oliveira, manteve até hoje o seu apelido de nascimento – Malosso. Durante muitos anos, trabalhou para o Grupo Pestana.
Não tenho registo de alguma vez Rute Malosso e Eusébio se terem conhecido.


delagoabay.wordpress.com
29
Jan17

OS LOUCOS, OS NORMAIS E O ESTADO

António Garrochinho

Os loucos, os normais e o Estado

por Eliana Brum ( texto retirado da revista Época)

 

Antônio Gomes da Silva soltou a voz ao empolgar-se com a Banda da Polícia Militar. Ao seu lado, o funcionário levou um susto:

– Por que você nunca disse que falava?

E Antônio:

– Uai, mas ninguém nunca perguntou.


Ele tinha passado 21 anos como mudo na instituição batizada de“Colônia”, considerada o maior hospício do Brasil, no pequeno município mineiro de Barbacena. Em 21 anos, nenhum médico ou funcionário tinha lhe perguntado nada. Aos 68 anos, Antônio ainda não sabe por que passou 34 anos da vida num hospício, para onde foi despachado por um delegado de polícia. “Cada um diz uma coisa”, conta. Ao deixar o cárcere para morar numa residência terapêutica, em 2003, Antônio se abismou de que era possível acender e apagar a luz, um poder que não sabia que alguém poderia ter. Fora dos muros do manicômio, ele ainda sonha que está amarrado à cama, submetido a eletrochoques, e acorda suando. A quem escuta a sua voz, ele diz: “Se existe um inferno, a Colônia é esse lugar”.  

Antônio ganhou nome, identidade e história em uma série excepcional de reportagens. Publicado na Tribuna de Minas, de Juiz de Fora (MG), o trabalho venceu o prêmio Esso de 2012 e foi ampliado para virar um livro que chega às livrarias nesta semana. Na obra, a jornalista mineira Daniela Arbex ilumina o que chamou de “holocausto brasileiro”: a morte de cerca de 60 mil pessoas entre os muros da Colônia ao longo do século XX. Convidada por Daniela para fazer o prefácio de seu livro, abri uma exceção e aceitei, pela mesma razão que me move a escrever esta coluna: a importância do tema para compreender nossa época.


Em Holocausto Brasileiro (Geração Editorial), Daniela Arbex devolve aos corpos sem história, que eram os corpos dos “loucos”, uma história que fala deles, mas fala mais de nós, os ditos “normais”. Durante décadas, as pessoas eram enfiadas – em geral compulsoriamente – dentro de um vagão de trem que as descarregava na Colônia. Lá suas roupas eram arrancadas, seus cabelos raspados e, seus nomes, apagados. Nus no corpo e na identidade, a humanidade sequestrada, homens, mulheres e até mesmo crianças viravam "Ignorados de Tal".Qual é a história dos corpos sem história? Esta é a questão que Daniela se propõe a responder pelo caminho da investigação jornalística. Eram Antônio Gomes da Silva, o mudo que falava, Maria de Jesus, encarcerada porque se sentia triste, Antônio da Silva, porque era epilético. A estimativa é de que sete em cada dez pessoas internadas no hospício não tinham diagnóstico de doença mental.



Quem eram eles, para além dos nomes apagados? Epiléticos, alcoolistas, homossexuais, prostitutas, mendigos, militantes políticos, gente que se rebelava, gente que se tornara incômoda para alguém com mais poder. Eram meninas grávidas, violentadas por seus patrões, eram esposas confinadas para que o marido pudesse morar com a amante, eram filhas de fazendeiros que perderam a virgindade antes do casamento. Eram homens e mulheres que haviam extraviado seus documentos. Alguns deles eram apenas tímidos. Cerca de 30 eram crianças. 


Qual era o destino de quem o Estado determinava que não podia viver em sociedade, que era preciso encarcerar, ainda que não tivesse cometido nenhum crime? Homens, mulheres e crianças às vezes comiam ratos, bebiam esgoto ou urina, dormiam sobre capim, eram espancados e violados. Nas noites geladas da Serra da Mantiqueira, eram atirados ao relento, nus ou cobertos apenas por trapos. Instintivamente faziam um círculo compacto, alternando os que ficavam no lado de fora e no de dentro, na tentativa de não morrer. Faziam o que fazem os pinguins imperadores para sobreviver ao inverno na Antártica e chocar seus ovos, como se viu num documentário que comoveu milhões anos atrás. Os humanos da Colônia não comoviam ninguém, já que sequer eram reconhecidos – nem como humanos nem como nada. Alguns não alcançavam as manhãs.


Os pacientes da Colônia morriam de frio, de fome, de doença. Morriam também de choque. Em alguns dias os eletrochoques eram tantos e tão fortes que a sobrecarga derrubava a rede do município. Francisca Moreira dos Reis, funcionária da cozinha, conta no livro sobre o dia em que disputou uma vaga para atendente de enfermagem, em 1979. Ela e outras 20 mulheres foram sorteadas para realizar uma sessão de eletrochoques nos pacientes masculinos do Pavilhão Afonso Pena, escolhidos aleatoriamente para o “exercício”. As candidatas à promoção cortavam um pedaço de cobertor e enchiam com ele a boca da cobaia, amarrada à cama. Molhavam a testa, aproximavam os eletrodos das têmporas e ligavam a engenhoca na voltagem de 110. Contavam até três e aumentavam a carga para 120. A primeira vítima teve parada cardíaca e morreu na hora. A segunda, um garoto apavorado aparentando menos de 20 anos, teve o mesmo destino. Francisca, cuja vez de praticar ainda não tinha chegado, saiu correndo.


Nos períodos de maior lotação, 16 pessoas morriam a cada dia. Morriam de tudo – e também de invisibilidade. Ao morrer, davam lucro. Entre 1969 e 1980, mais de 1.800 corpos de pacientes do manicômio foram vendidos para 17 faculdades de medicina do país, sem que ninguém questionasse. Quando houve excesso de cadáveres e o mercado encolheu, os corpos passaram a ser decompostos em ácido, no pátio da Colônia, na frente dos pacientes ainda vivos, para que as ossadas pudessem ser comercializadas. Dos homens e mulheres do hospício, encarcerados pelo Estado e oficialmente sob sua proteção, até os ossos se aproveitava. 

Daniela Arbex salvou do esquecimento um capítulo que muitos gostariam que seguisse nas sombras, até o total apagamento, no qual parte dos protagonistas ainda está viva para refletir tanto sobre seus atos quanto sobre suas omissões. Entrevistou mais de 100 pessoas, muitas delas nunca tinham contado a sua história. Além de sobreviventes do holocausto manicomial, Daniela escutou o testemunho de funcionários e de médicos. Um deles, Ronaldo Simões Coelho, ligou para ela meses atrás: “Meu tempo de validade está acabando. Não quero morrer sem ler seu livro”. No final dos anos 70, o psiquiatra havia denunciado a Colônia e reivindicado sua extinção: “O que acontece na Colônia é a desumanidade, a crueldade planejada. No hospício, tira-se o caráter humano de uma pessoa, e ela deixa de ser gente. É permitido andar nu e comer bosta, mas é proibido o protesto, qualquer que seja a sua forma”. Perdeu o emprego. 


Em 1979, o psiquiatra italiano Franco Basaglia, pioneiro da luta pelo fim dos manicômios, esteve no Brasil e conheceu a Colônia. Em seguida, chamou uma coletiva de imprensa, na qual afirmou: “Estive hoje num campo de concentração nazista. Em lugar nenhum do mundo, presenciei uma tragédia como essa”. Hoje, restam menos de 200 sobreviventes da Colônia. Parte deles deverá ficar internada até a morte: são aqueles que foram tão torturados por uma vida dentro do hospício que já não conseguem mais viver fora. Parte foi transferida para residências terapêuticas para reaprender a tomar posse de si mesma. Sônia Maria da Costa está entre os que conseguiram dar o passo para além do cárcere. Às vezes ela coloca dois vestidos para compensar a nudez de quase uma vida inteira.

Ao empreender uma investigação jornalística para escrever este livro, Daniela leva adiante pelo menos três trabalhos fundamentais de documentação contemporânea: as 300 fotos feitas pelo fotógrafo Luiz Alfredo, para a revista O Cruzeiro, a primeira a denunciar a Colônia, em 1961(duas fotografias deste acervo são publicadas nesta coluna); a reportagem transformada no livro Nos porões da loucura (Pasquim), do jornalista Hiram Firmino; e o documentário Em nome da razão, de Helvécio Ratton, filmado em 1979, que se tornou o símbolo da luta antimanicomial.


Ao ler Holocausto Brasileiro – vida, genocídio e 60 mil mortes no maior hospício do Brasil, é prioritário resistir à tentação de acreditar que essa história acabou. Não acabou. Ainda existem no Brasil instituições que mantêm situações semelhantes às da Colônia, como algumas reportagens têm denunciado – ainda que não de forma maciça como no passado muito, muito recente, e com nomes mais palatáveis do que “hospício” ou “manicômio”. As conquistas produzidas pela luta antimanicomial, que botou fim às situações mais bárbaras, estão hoje sob ameaça de retrocesso. É nesse momento que entramos nós, a sociedade.


Se não quisermos continuar sendo cúmplices da barbárie descrita por Daniela Arbex neste livro, é preciso refletir sobre o nosso papel. É bastante óbvio perceber que fábricas de loucura como a Colônia só persistiram por um século porque podiam contar com a cumplicidade da sociedade. Mesmo quando o holocausto foi denunciado na revista de maior sucesso da época, O Cruzeiro, no início dos anos 60, passaram-se décadas até que a realidade do hospício começou – muito lentamente – a mudar. E outras gerações foram aniquiladas entre seus muros. Como é possível? É possível porque a sociedade prefere que seus indesejados sejam tirados da frente de seus olhos. Não enxergar, para muitos, ainda é solução. E esta é uma das razões pelas quais a tese do encarceramento sempre encontra ampla ressonância – e tem sido largamente manipulada por políticos ao longo da história do Brasil, e inclusive hoje.


Tivesse a sociedade disposta a enxergar o que estava estampado na revista preferida das famílias brasileiras, em 1961, e muitas tragédias teriam sido impedidas. Como a de Débora Aparecida Soares. Ela foi um dos cerca de 30 bebês roubados de suas mães. As mulheres trancafiadas na Colônia conseguiam proteger sua gravidez passando fezes sobre a barriga, para não serem tocadas. Mas, logo depois do parto, os bebês eram tirados de seus braços e doados. Débora nasceu em 23 de agosto de 1984. Dez dias depois, foi adotada por uma funcionária do hospício. A cada aniversário, sua mãe, Sueli Aparecida Resende, epilética, perguntava a médicos e funcionários pela menina. E repetia: “Uma mãe nunca se esquece da filha”.


Em 2005, aos 21 anos, Débora nada sabia sobre a sua origem, mas não conseguia pertencer de fato à família de adoção. Tentou o suicídio. Como os comprimidos demoravam a fazer efeito, dirigiu-se à estrada de ferro, a mesma onde décadas antes havia passado o trem que levara sua mãe ao inferno. Foi salva por uma amiga, que a carregou para o hospital no qual mais uma coincidência seria descoberta tarde demais. Dois anos depois, Débora iniciou uma jornada em busca da mãe. O que alcançou foi a insanidade da engrenagem que mastigou suas vidas. Sua busca pela mãe é um dos momentos mais trágicos e reveladores do livro, ao unir passado, presente e futuro no corpo em movimento desta filha.


Há uma tendência no senso comum de considerar que categorias como “loucos” são determinadas, imutáveis, indiscutíveis e, principalmente, isentas dos humores do processo histórico. Não são. Cada sociedade cria seus proscritos – uma construção cultural que varia conforme o momento e as necessidades de quem detém o poder a cada época. Há um livro essencial sobre este tema: Os infames da história – pobres, escravos e deficientes no Brasil (Faperj/Lamparina). Na apresentação, a autora, a psicóloga Lilia Ferreira Lobo, que escreve sob a inspiração de Michel Foucault, faz uma descrição primorosa:


“Existências infames: sem notoriedade, obscuras como milhões de outras que desapareceram e desaparecerão no tempo sem deixar rastro – nenhuma nota de fama, nenhum feito de glória, nenhuma marca de nascimento, apenas o infortúnio de vidas cinzentas para a história e que se desvanecem nos registros porque ninguém as considera relevantes para serem trazidas à luz. Nunca tiveram importância nos acontecimentos históricos, nunca nenhuma transformação perpetrou-se por sua colaboração direta. Apenas algumas vidas em meio a uma multidão de outras, igualmente infelizes, sem nenhum valor. Porém, sua desventura, sua vilania, suas paixões, alvos ou não da violência instituída, sua obstinação e sua resistência encontraram em algum momento quem as vigiasse, quem as punisse, quem lhes ouvisse os gritos de horror, as canções de lamento ou as manifestações de alegria.”


Aqueles que foram encarcerados dentro da Colônia e de outros hospícios do Brasil, em algum momento perturbaram alguém ou a ordem instituída com a sua voz – ou apenas com a sua mera existência. Em vez de serem escutados no que tinham a dizer sobre a sociedade da qual faziam parte, foram arrancados dela e trancafiados para morrer – primeiro pelo apagamento simbólico, depois pela falência do corpo torturado. A pergunta que vale a pena fazer neste momento, diante da história documentada pelo Holocausto Brasileiro, de Daniela Arbex, é: quem são os proscritos de nossa época?


Vale a pena repetir que, na Colônia, sete em cada dez não tinham diagnóstico de doença mental. O diagnóstico, além de não representar nenhuma verdade absoluta sobre alguém, perde qualquer possível valor num lugar como o hospício descrito. Sua única utilidade seria como justificativa oficial para retirar pessoas incômodas do espaço público, aquelas cujo sofrimento não poderia existir, violando neste ato seus direitos mais básicos. Mas o fato de 70% dos internos não ter nem sequer um diagnóstico é um dado importante para perceber com que desenvoltura os manicômios serviram – e ainda servem – a um propósito não dito, mas largamente exercido pelo Estado: o de ampliar as categorias das pessoas que não devem ser escutadas, calando todos aqueles que dizem não apenas de si, mas de toda a sociedade.



Vivemos um momento histórico muito delicado,em que está sendo determinado quais são os novos infames da história – e qual deverá ser o seu destino. E também em que medida o Estado tem poder sobre os corpos. Me arrisco a dizer que, se ontem os proscritos eram os epiléticos, as prostitutas, os homossexuais, as meninas pobres e grávidas, as esposas insubmissas, hoje os proscritos que se desenham no horizonte histórico são os drogados – e especificamente os “craqueiros”. E o destino apresentado como solução tem sido, de novo, a internação. Inclusive a compulsória. A tarja de dependência química funciona como um silenciamento, já que não teriam nada a dizer nem sobre a sociedade em que vivem, nem sobre sua própria vida. São apenas um corpo sujeitado ao Estado para ser “curado”. E, para a maioria, nada melhor do que tirá-los da frente – às vezes literalmente.


É bom aprender com a história. Holocausto Brasileiro é um excelente começo para uma reflexão não apenas sobre o passado, mas sobre o presente. Como afirma Daniela Arbex: “O descaso diante da realidade nos transforma em prisioneiros dela. Ao ignorá-la, nos tornamos cúmplices dos crimes que se repetem diariamente diante de nossos olhos. Enquanto o silêncio acobertar a indiferença, a sociedade continuará avançando em direção ao passado de barbárie. É tempo de escrever uma nova história e de mudar o final”.

Texto e fotos  retirados da revista Época disponível no endereço: http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/eliane-brum/noticia/2013/06/os-loucos-os-normais-e-o-estado.html

baudaloucura.blogspot.pt
29
Jan17

A Moda e o Tempo: Os anos 1920

António Garrochinho


Uma segunda revolução na moda ver na publicação abaixo aconteceu durante e logo após a I Guerra Mundial, quando a Europa e a América introduziram o que seria chamado de "mundo moderno". Mais uma vez a juventude ficou na moda. As mulheres entraram na década de 1920 com corpos ampulheta e saíram com uma silhueta que lembrava um tapete enrolado, os espartilhos da época achatavam o corpo e as mulheres faziam regimes de fome.
Mesmo antes da Guerra, a silhueta Eduardiana começou a declinar e por volta de 1914, as roupas femininas já seguiam uma linha mais natural. Durante os anos de guerra, a moda foi conservadora, mas as saias se ergueram para acima dos tornozelos para facilitar a vida de mulheres que agora trabalhavam fora de casa ou eram enfermeiras. Quando a guerra acabou, as bainhas subiram e a cintura alargou. Os vestidos eram como retângulos curtos, decotados e muitas vezes sem mangas. Os chapéus encolheram e tomaram forma de sinos. O admirável agora não eram curvas e sim, uma silhueta achatada na frente e atrás e com pernas longas e finas.

Historiadores de moda sugerem várias explicações para este fenômeno. Alguns dizem que para compensar a perda de vidas na I Guerra, a moda feminina tinha de ser sexualmente provocadora para impulsionar o índice de natalidade, o que gerou uma maior liberdade sexual. A maneira de se vestir da época, mesmo com a supressão de características sexuais secundárias em suas roupas "tubo", ainda assim, era mais provocante que a da geração anterior. Outros historiadores sugerem que as mulheres estavam afirmando seus direitos recém conquistados de se vestirem como os homens, ou que estavam tentando substituir os homens jovens que haviam morrido na guerra.


 
 
Possivelmente, os dois motivos acima estavam operando, mas se olharmos as fotos e filmes da época, vemos que as mulheres de 1920 não se pareciam com garotos, mas sim com crianças. Assim como na revolução romântica na moda, o tempo andou para trás. Na revolução romântica a mulher era ideal era uma menina boa e inocente e agora era uma moleca ousada e travessa.
melindrosa era alegre, namoradora e imprudente em busca de diversão e emoções. Embora tivesse uma aparência adolescente, seu rosto era de uma criança pequena: redondo, nariz arrebitado, olhos grandes e a boca um beicinho; o cabelo era reto na altura do queixo.
 

Os vestidos soltos parecidos com batas ou sacos, terminavam no joelho, não tinham a cintura marcada ou eram "acinturados" na altura do quadril. Os tecidos finos, as cores pálidas como bege, creme, branco - eram as preferidas. Depois de quase um século com espartilhos e vestidos colados ao corpo, as roupas agora pareciam grandes, como se uma menininha vestisse as roupas da mãe. Flores artificiais de seda e veludo e pesados fios de contas, davam a ilusão delas parecerem menores em estatura, contribuindo pro efeito infantil.
Estilos populares nos anos 20 foram as golas peter pan (personagem famoso por se recusar a crescer); blusas e saias de marinheiro - usadas também por mulheres adultas e os sapatos modelo "mary jane", antes tradicional para meninas, agora tinha o salto cubano.

Os homens também perderam a magnitude e a autoridade eduardiana. Eles emagreceram e rejuvenesceram gradativamente. Com os ombros mais estreitos e caídos e o queixo menor e nenhum pelo no rosto. No começo da década, ele era um menino de boa aparência ao invés de um homem de meia idade. Era atlético, audacioso, romântico e moderno. Na literatura, figuras paternas fortes, silenciosas, confiantes pareciam antiquadas e foram substituídas pela figura dos filhos, como os heróis dos romances de James Joyce e Fitzgerald: suscetíveis, impulsivos e ocasionalmente fracos e psicologicamente instáveis.


 
A moda fazia o homem parecer menos poderoso. As roupas eram feitas com material mais leve e com cores pálidas como branco, castanho, cinza claro, creme. O colarinho alto e formal estava desaparecendo; os paletós eram mais curtos e os ombros menos acolchoados. As calças tinham a cintura alta, sugerindo juventude ou uma figura pré-adolescente.  
Charles Chaplin
 
As roupas esportivas de todos os tipos se tornaram populares e mesmo quando não pretendiam jogar golfe ou tênis, os homens usavam pulôveres,calções presos na altura do joelhos e boinas como as de sua infância.


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A Moda e o Tempo: A Revolução Romântica na Moda

modahistorica.blogspot.pt


Vocês já devem ter lido o post "A Lei de Laver - A Moda e o Tempo" que falava como fatores econômicos e sociais influenciam o gosto e as escolhas de moda dos indivíduos. Nesta postagem volto a abordar a relação entre Moda e Tempo, mas sob outro ângulo.
Embora os indivíduos tenham sido censurados por se vestirem como jovens ou velhos demais, às vezes a própria moda cometeu o mesmo crime. Em determinados períodos da historia, toda uma geração de carneiros - sem mencionar alguns lobos - usou roupas de cordeiro. Em algumas épocas, os estilos que prevaleceram para homens e mulheres sugeriam maturidade avançada, dando aos jovens uma aparência de meia-idade. 
Essas mudanças na moda não são arbitrárias e extravagantes e sim, o sinal externo e visível de profundas alterações sociais e culturais. A adoção de estilos juvenis nunca envolve a roupa isolada. Invenção, experimentação, novidade e acima de tudo juventude, entram na moda e a própria moda começa a imitar as roupas de crianças. Às vezes os estilos copiados são contemporâneos, com frequência são aqueles que a última geração de adultos usou quando era jovem. Ao vestir estes estilos, os indivíduos comunicam graficamente que se recusam a se colocar no lugar de seus pais ou a se parecer com eles de alguma maneira.


  

A Revolução Romântica na Moda 

No século XVIII as roupas eram - e foram durante muito tempo - extremamente formais, rígidas e elaboradas. As pessoas ricas dos dois sexos vestiam trajes com enchimentos, barbatanas, fitas, enfeites e bordados. Os pés eram apertados em sapatos de salto e bico fino. As cabeças dos homens recebiam o peso das perucas e cacheadas; as das mulheres, construções complicadas de cabelo verdadeiro e falso que podiam levar horas para serem realizadas e às vezes atingiam alturas surpreendentes (são vistas nos retratos de Maria Antônieta e das mulheres de sua corte). 

A moda extravagante feminina tinha trajes com armação lateral nas saias, enfeites e penteados elaborados. Os homens, igualmente enfeitados com babados, bordados e grandes perucas.


Alguns homens foram longe, com o estilo "macaroni", originado por volta de 1770 por jovens ingleses que viajavam para a Italia. Em suas cabeças um penteado pompadour extravagante.



1880: traje feminino mais simples

A mudança para estilos mais infantis e simples ocorreu na época das revoluções francesa e americana, e foi uma manifestação da mudança politica, social e cultural. Mesmo antes de 1776, o movimento romântico, com ênfase no simples e natural, começou a se refletir no modo de se vestir.

Foi especialmente evidente na Inglaterra, onde franzidos e rendados para homens e enormes armações laterais de saias para as mulheres começaram a desaparecer na década de 1770. A moda americana obedeceu a inglesa embora à certa distância como acontece nas províncias. 

Na França, a extravagância e o excesso de adornos continuaram até a véspera da Revolução quando o Terceiro Estado aboliu a distinção de classes na maneira de vestir* e aristocratas aterrorizados abandonaram suas armações e jóias. Em uma crise, as pessoas tem menos tempo de comprar ou desenhar novas roupas. Uma vez passada a crise, foram introduzidos estilos mais simples, primeiro imitando os já existentes na Inglaterra, depois levados ao extremo.

Por volta de 1800, mulheres e homens usavam o tipo de roupa que deviam ter vestido em crianças: vestidos de musselina branca, decotados, de cintura alta para as mulheres; casacos simples, sem adornos, calças brancas e marrom claras para os homens. As perucas e penteados elaborados cederam lugar a um cabelo mais curto, de aparência mais natural. As saias ergueram-se do chão, revelando tornozelos cobertos por meias brancas infantis e sapatilhas sem salto para os dois sexos. Os poemas de Blake Wordsworth proclamavam a virtude e a nobreza naturais da infância. Estes trajes tinham a energia, espontaneidade e sensibilidade romântica infantil daqueles que os vestiam (continua...).

De fins do século XVIII a começo do século XIX, os homens abandoram os adornos por um estilo mais simples, inclusive nos cabelos: 


As mulheres passaram a usar roupas com aparência infantil: longos vestidos de musselina com a cintura alta e sem os corsets que delimitavam a cintura (meninas crianças ainda não tem cintura), o que dava à elas uma aparência juvenil, pareciam ser mais jovens que suas idades verdadeiras.

* Diferente de hoje que temos uma moda mais democrática e acessível, antigamente as roupas diferenciavam claramente as classes sociais.


O texto foi escrito pela autora do blog de acordo pesquisas em livros de Moda lançados no Brasil e no exterior. Se forem usar para trabalhos ou sites, citem o blog como fonte. Leiam livros de Moda para mais informações e detalhes.
Fonte: livro A Linguagem das Roupas 
*Originalmente postado em meu outro blog, o Moda de Subculturas.





29
Jan17

Na passada quinta-feira, o Presidente da Câmara Municipal de Loures inaugurou um centro empresarial para atrair novas empresas do sector agro-alimentar e de logística para o concelho, o Loures

António Garrochinho


Na passada quinta-feira, o Presidente da Câmara Municipal de Loures inaugurou um centro empresarial para atrair novas empresas do sector agro-alimentar e de logística para o concelho, o Loures Inova.
Integrado no MARL - Mercado Abastecedor de Lisboa -, resultou de uma parceria entre estas duas entidades e a Associação Parque de Ciência e Tecnologia Almada/Setúbal (Madan-Parque).
O presidente da Câmara de Loures, Bernardino Soares (CDU),salientou que o objectivo é "criar um centro de negócios e de capacitação empresarial dos sectores agro-alimentar e de logística", de forma a "desenvolver tecnicamente as empresas já existentes e a fomentar a fixação de novos negócios" no concelho.
Nesta inauguração, referiu ainda que o Loures Inova visa essencialmente "trabalhar activamente nesses dois sectores, que são muito importantes no nosso concelho, para garantir que há não só maiores capacidades de investimento como incorporação de inovação tecnológica e, com isso, criar mais riqueza" e explicou que, em termos práticos, o novo centro empresarial do MARL irá ter um importante papel de charneira no gerir e apoiar projectos de empresas e ligá-los a fundos comunitários e, ainda, facilitar a ligação entre as universidades e as suas investigações científicas e tecnológicas e a sua aplicação na produção e nas empresas.
Segundo Bernardino Soares isso potencia maior “capacidade para chegar a apoios, fundos comunitários e viabilizar novas empresas e novos projectos das empresas que já cá temos"
António Abreu
29
Jan17

Ò ESTÚPIDOS, A MADONA QUER É PUBLICIDADE, DINHEIRO, PUTAS E LINGUÍÇA ! - Emissora do Texas Proíbe as Músicas da Madonna "Por Serem Anti-Americanas" após seu Protesto contra Trump

António Garrochinho


Após o controverso discurso da cantora Madonna durante a Marcha das Mulheres em Washington, uma rádio do Texas proibiu suas músicas por serem "anti-americanas".


A estação de rádio HITS 105, que transmite sua programação em Texarkana, no estado do Texas EUA), proibiu as músicas da Madonna, após seu discurso na Marcha das Mulheres, que foi celebrada no dia 21 de janeiro em Washington D.C. em apoio aos direitos das mulheres e que veio acompanhada com lemas contra o novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Durante a Marcha, Madonna interviu em um discurso contra Trump, no qual afirmou que quis "explodir a Casa Branca" quando soube da vitória do multimilionário.

A cantora também publicou um tweet no qual insultava a Trump e os serviços secretos dos Estados Unidos.

O grupo de motoqueiros Bikers 4 Liberty, exigiu a prisão de Madonna por sua declaração durante a Marcha.

A emissora HITS 105, publicou um post em sua página do Facebook, onde explica a decisão de proibir as músicas da diva do pop.

"A proibição de todas as músicas da Madonna na HITS 105 não é uma questão de política, mas sim uma questão de patriotismo. Somente achamos que é equivocado colocar as músicas da Madonna e pagar-lhe direitos quando a cantora tem demonstrado sentimentos anti-americanos".

"Se todas as estações de rádio que colocam as músicas da Madonna seguissem nosso exemplo, isso mandaria uma mensagem econômica poderosa à Madonna".

A cantora recorreu ao Instagram para defender suas informações enfatizando que em seu discurso, também disse que opta pelo amor.


Leia mais: http://www.anovaordemmundial.com
29
Jan17

Novo foco de tensão na “geringonça”? PCP pode chumbar “municipalização” da Carris

António Garrochinho

Após o chumbo da TSU, a decisão dos comunistas pode despoletar mais um foco de tensão na "geringonça" com uma minoria negativa a minar a decisão do executivo.

Cristina Bernardo
O PCP pediu, na sexta-feira, uma apreciação parlamentar do decreto-lei que transferiu a gestão da Carris para a Câmara de Lisboa, sem aviso prévio ao governo e ao Partido Socialista. O pedido entregue na Assembleia da República apanhou desprevenido o Primeiro-Ministro António Costa e o presidente da autarquia lisboeta Fernando Medina, avança o Público.
Após o chumbo da TSU, a decisão dos comunistas pode despoletar mais um foco de tensão na “geringonça”, com uma minoria negativa a minar a decisão do executivo.
“É uma política que consta do Programa de Governo, era uma área onde o PCP tinha grande convergência estratégica, apesar dessa divergência pontual”, criticou um dirigente socialista em declarações ao Público.
A transferência da Carris para a Câmara de Lisboa foi decidida a 22 de dezembro e entra em vigor esta quarta-feira, dia 1.
A votação do PSD continua incógnita, uma vez que votou contra no executivo municipal e a favor na assembleia municipal. Contudo, o CDS já se tinha declarado contra a medida e prometido questionar o Governo sobre o que identificou ser uma discrepância de cinco milhões de euros entre o plano de investimento e o valor do fundo que irá financiar a Carris. Se o PSD optar por votar contra, a soma dos votos dos sociais-democratas com o CDS e o PCP obrigará a que a medida seja revertida.
Na quarta-feira há conferência de líderes e pode ser marcada a data da apreciação parlamentar solicitada pelo PCP. Não existe informação, ainda, se os comunistas irão pedir urgência no agendamento e solicitar a cessação da vigência do decreto-lei ou se irá apresentar propostas de alteração.
O partido comunista sustenta posição contra a “municipalização” do serviço público de transporte lisboeta por três razões: considera que “é o Estado Central que tem a capacidade e a responsabilidade de assegurar o financiamento deste serviço público”; defende que “nas áreas metropolitanas os transportes devem ter uma resposta metropolitana” e não municipal; e considera que os direitos dos trabalhadores da Carris estão melhor garantidos no Sector Empresarial do Estado.


www.jornaleconomico.sapo.pt
29
Jan17

CHINESES CRIAM UM CAMIÃO ESPECIAL PARA TRANSPORTAR AS ENORMES PÁS DE TURBINAS EÓLICAS

António Garrochinho


e você já cruzou alguma vez ou viu um vídeo com um transporte das hélices gigantescas de um aerogerador, deve ter se dado conta de suas dimensões descomunais e do problema que supõe levá-las de um lado para outro com um treminhão ou rodotrem ou ainda duas ou mais carretas motorizadas. Na região chinesa de Baoding, a 140 km da capital, esbarraram no problema acrescentado de ter que levar as hélices por uma zona montanhosa e cheia de pequenas aldeias. A solução encontrada envergonha tudo o que vimos até agora neste tipo de transporte.


Depois de muita cabeçada e ideias e esquemas que foram parar no lixo, os tipos que você vai ver no vídeo chegaram a um projeto de um caminhão especial em que a hélice não vai simplesmente rebocada, senão que fixada de forma anterior a uma base móvel, similar a da turbina, no caminhão. Vê-los em ação é todo um espetáculo:

VÍDEO

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29
Jan17

Nestes vídeos, a muito talentosa figurinista Chrystumes usa incríveis fantasias de cabeça realistas de animais criadas por ela mesma

António Garrochinho


Nestes vídeos, a muito talentosa figurinista Chrystumes usa incríveis fantasias de cabeça realistas de animais criadas por ela mesma, imitando alguns do movimentos muito deliberados feitos pelos mesmos. Ela diz que gosta de criar estas máscaras que estão dentro das suas possibilidades usando materiais simples e técnicas diversas para chegar a um resultado tão realístico quanto possível. Entre sua vasta criação de criaturas tem papagaio, águia, raposa, guaxinim, coiote e um gato preto.









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29
Jan17

INAUGURAM UM RESTAURANTE NUM PÁTIO DUM PRESÍDIO COLOMBIANO

António Garrochinho
Em Cartagena, Colômbia, criaram um projeto inovador de um restaurante, chamado "Interno, no interior de um presídio localizado em pleno centro histórico da cidade. O restaurante é atendido pelas próprias reclusas, que fizeram cursos de culinária, decoração, atendimento ao cliente, empreendedorismo e confeitaria, e que ademais cuidam de uma horta orgânica no interior da prisão onde cultivam vários dos ingredientes, entre eles beringela, pepino, couve, alface e pimentão, utilizados no restaurante.

Inauguram um restaurante no pátio de um presídio feminino colombiano
O diretor do centro, Ramiro Quadro García, decidiu dar luz verde a este projeto para ajudar à reinserção social das presas. O restaurante é ideia de uma atriz chamada Johana Bahamón (a loira das fotos), que ficou sabendo tempos atrás de um presídio em Milão, Itália, em que funcionava um restaurante aberto ao público. Curiosa, visitou o local e se inteirou como manejavam a logística e os temas de segurança.
Inauguram um restaurante no pátio de um presídio feminino colombiano
Ela gostou tanto que voltou a seu pais com da ideia de replicar na prisão de San Diego, em Cartagena, que é famoso pelos gritos da presas com seus maridos que param na rua bem em frente para vê-las. Johana convenceu o diretor Ramiro das vantagens de fazê-lo e começou a buscar patrocínios da sociedade privada e da Prefeitura de Cartagena para abrir o restaurante.
Inauguram um restaurante no pátio de um presídio feminino colombiano
As mesas onde os comensais podem desfrutar as refeições estão situadas no próprio pátio do cárcere. Muitos dos visitantes são turistas que chegam ao particular restaurante para saborear uma boa comida e fazer selfies com as reclusas que servem as refeições preparadas por elas.
Inauguram um restaurante no pátio de um presídio feminino colombiano
As internas oferecem um menu, elaborado por chefs reconhecidos mundialmente, composto por três entradas, três pratos principais, três sobremesas e duas classes de vinho, que custa em torno de 80 reais por pessoa.
Inauguram um restaurante no pátio de um presídio feminino colombiano
Há mais de quatro anos Johana impulsiona o desenvolvimento pessoal de mais de 4.000 presos em 25 prisões do país. Seu objetivo é conseguir um contato direto entre a comunidade prisional com a população civil seja no teatro, concertos ou agora na cozinha, porque, segundo ela, é aí onde começa a verdadeira ressocialização.
Fonte: JetSet.

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29
Jan17

VÍDEOS - Não há nada mais fascinante na cozinha asiática que o desenvolvimento de técnicas ao longo dos séculos para realizar tarefas sem a necessidade de utensílios nem máquinas se valendo só da habilidade manual do cozinheiro.

António Garrochinho


Não há nada mais fascinante na cozinha asiática que o desenvolvimento de técnicas ao longo dos séculos para realizar tarefas sem a necessidade de utensílios nem máquinas se valendo só da habilidade manual do cozinheiro. A técnica que exemplifica isto com perfeição são os talharins mian (esticados), uma maneira de criar milhares de fios de macarrão da mesma espessura em poucos minutos utilizando só as mãos. Os passos são simples: torcer, esticar, cobrir, dobrar, repetir e repetir. Cada repetição dobrará o número de talharins e reduzirá à metade sua espessura.

Aperfeiçoar a técnica, não obstante, requer de meses e até anos de prática. Sendo famosos os cozinheiros capazes de criar este macarrão bem fininho, conhecido como cabelo-de-anjo, com um metro e meio de comprimento. No seguinte vídeo o chef Kin Jing Mark realiza 12 repetições para criar 4.096 fios (212), que quando são cortados em 3 seções dão um total de 12.288 fios de macarrão.
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O macarrão é uma parte fundamental da dieta Chinesa e do restante do sudeste asiático, e uma tradição que remonta a milhares de anos no passado. De fato, em 2000 um grupo de arqueólogos trabalhando nas escavações do sítio arqueológico de Laija, na província de Qinghai, encontrou um vaso de sopa com macarrões solidificados. O interessante é que estes eram feitos de milho e não de farinha de trigo, o ingrediente mais comum no presente e que é usado, segundo sabemos, desde ao menos a Dinastia Han, faz uns 2.200 anos aproximadamente.
VÍDEO

O suomian, o mais famoso macarrão esticado, no entanto, é feito nas casas de algumas aldeias da província de Zhejiang, com destaque para a vila Nanshan, onde sabem como ninguém fazer este macarrão, cujo processo pode ser bem complicado, porque eles devem acrescentar diferentes quantidades de sal e farinha de acordo às estações do ano e devem ter o sentido muito aguçado quando escolhem os dias para secar o macarrão.

O suomian é servido como talharim da longevidade nos aniversários, porque são longos e contínuos na forma, simbolizando boa saúde e longevidade. Hipoteticamente, hoje existem menos de 300 pessoas no mundo todo que sabem como fazer este macarrão, entre eles o simpático Lin Fagan, um mestre artesão que fala da sua arte de fazer macarrão, por mais de 30 anos, de uma forma tão ardorosa e faceira que a gente chega a ficar com vontade de experimentar.

A técnica usada por Lin é diferente das mostradas anteriormente, mas é tão fascinante quanto. Ele é muito respeitado pelo trabalho que só anos e mais anos de experiência podem ensinar.

VÍDEO
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29
Jan17

NÃO SÃO FOTOS, SÃO PINTURAS !

António Garrochinho

Algumas fotografias são tão bem elaboradas que dá até dó deixá-las esquecidas na memória do celular ou do computador, sem um lugar especial na parede de casa. Apesar de quadros e pinturas terem um pouco mais de reconhecimento, fotos são incrivelmente mais nítidas, não há como negar.
E se a arte da pintura e da fotografia fossem combinadas em uma única obra? Esse é o trabalho do pintor israelense Yigal Ozeri, capaz de dar um verdadeiro nó na sua cabeça e nos seus ideias de arte, estética e imagem.
Com precisão, firmeza e muito riqueza de detalhes, Yigal pinta quadros quase tão perfeitos como as fotografias atuais. Precisamos olhar duas vezes para reconhecer os traços de tinta nas imagens, tamanha perfeição.
O foco do artista é criar obras com mulheres em meio a paisagens estonteantes, carregados de luz e cor.


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29
Jan17

Mais de 50 mil estudantes no Estado da Califórnia não têm domicílio fixo e muitos passam fome

António Garrochinho
Mais de 50 mil estudantes no Estado da Califórnia não têm domicílio fixo e muitos passam fome, segundo um estudo da rede universitária Cal State, que está a ser objeto de discussão pública esta semana.
Segundo a rede pública de universidades Cal State, a maior do país, o problema é nacional e muito subestimado.
Mais de 50 mil estudantes no Estado da Califórnia não têm domicílio fixo e muitos passam fome, segundo um estudo da rede universitária Cal State, que está a ser objeto de discussão pública esta sem…
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29
Jan17

29 de Janeiro de 1841: Uma frota inglesa ocupa a ilha de Hong Kong

António Garrochinho


Uma poderosa frota inglesa ocupa a ilha de Hong Kong em 29 de Janeiro de 1841. O objectivo era o de impor à China a importação do ópio proveniente da Índia, lucrativo comércio nas mãos da Companhia das Índias Orientais inglesa. A partir daí, uma verdadeira guerra do ópio estabeleceu-se entre os dois países a partir de 1839, ocasião em que o governo chinês decidiu erradicar o flagelo. O governo da Inglaterra resolve então dispor das suas forças armadas para sustentar interesses privados no comércio da droga. 

Ainda não tendo completado o segundo ano do seu reinado, a rainha Vitória, em 1839, recebeu uma extraordinária carta vinda da China. A missiva tinha como remetente Lin Zexu, o comissário imperial de Cantão, encarregado de combater o contrabando do ópio nas costas chinesas. Lin apelou para que o trono britânico interviesse junto aos seus súbditos que comerciavam com o oriente no sentido de coibir o tráfico que intensificava o vício entre os súbditos do imperador. 

Ele queria evitar que a China fosse tomada pelo"fumo bárbaro", efeito do ópio que os ingleses traziam nos seus barcos das suas plantações na Índia para vender nos portos do Império Celestial. 

Em resposta, a rainha Vitória argumentou que pouco poderia fazer, pois o seu reino defendia o livre-comércio. Além disso, o ópio era consumido pelos ingleses como láudano e os seus efeitos não eram tão devastadores. 

O Império Britânico, já no século XVIII, estendia a sua presença nos quatro cantos do planeta. A Companhia das Índias Orientais recebeu do governo inglês em 1773 a exclusividade na venda de ópio e, em 1793, a de fabrico. A comercialização desse produto no interior da Inglaterra era proibida e os infractores punidos severamente. Contudo, no estrangeiro a venda era permitida. 

Eram evidentes os prejuízos económicos e morais do consumo de ópio pelos chineses. Um ditado popular à época advertia que “a continuar o ópio, chegará o tempo em que na China não haverá um soldado capaz de enfrentar um inimigo. Nem dinheiro para manter um exército". 

O crescimento sem limite do uso da droga levou o governo imperial chinês a proibir o narcotráfico. Os ingleses não respeitaram a proibição. No início do século XIX  os narcotraficantes ingleses já contrabandeavam para a China cerca de quatro mil caixas de ópio por ano, número que subiu para mais de 40 mil entre os anos de 1821 a 1851. A partir de 1820, passaram a usar como porto seguro dos seus desembarques as condições naturais excepcionais da baía de Hong Kong. 


Em 1839 o governo chinês da Dinastia Qing ordenou a queima do ópio encontrado em Guangzhou, onde se situa Hong Kong. O ópio queimado publicamente na praia de Humen consumiu 20 mil caixas. A represália inglesa não demorou. Era a primeira Guerra do Ópio contra a China, desencadeada para garantir o tráfico do ópio. 

A superioridade bélica permitiu que tropas britânicas ocupassem em 1841 parte da ilha de Hong Kong, de onde se expandiram, ameaçando inclusive Nanquim. Em 24 de Agosto de 1842 a dinastia Qing foi obrigada a assinar o Tratado de Nanquim, concedendo à Inglaterra o domínio da ilha de Hong Kong. 

Na história chinesa este é considerado o “primeiro tratado desigual” que tiveram de assinar com a Inglaterra. O sentimento nacional foi ferido e o episódio, jamais esquecido. Os livros tratam-no como “uma ferida no coração do povo chinês”. 

A Guerra do Ópio (1839-1841) constituiu-se numa das mais infames guerras da história moderna. Os chineses não somente foram obrigados a aceitar a importação do ópio como também a suspender a legislação que afectasse o consumo. Durante quase um século, inalar o "veneno infiltrado", como disse Lin Zexu, passou a ser uma espécie de segunda natureza do povo chinês, quase inteiramente drogado pelo colonialismo. 

Nada disso, porém, maculou a imagem da rainha Vitória, admirada pelo alto padrão moral que exigia da corte, a ponto de vitorianismo confundir-se, ao longo do século XIX, com o moralismo e o puritanismo. 

Fontes: Opera Mundi
wikipedia (imagens)

Vista da Ilha de Hong Kong a partir de Kowloon em 1840.
Juncosob bom.jpg
Juncos chineses sob forte bombardeio inglês durante a malfadada Guerra do Ópio, Litografia britânica de 1843.
O consumo de ópio pelos chineses
29
Jan17

GRECIA - Aurora Dourada fascinado com as políticas de Trump

António Garrochinho


A manifestação foi convocada para assinalar o vigésimo primeiro aniversário da crise militar e política entre a Grécia e a Turquia em torno da disputa sobre a soberania dos ilhéus desabitados de Imia, no mar Egeu, mas os protestos voltaram-se para a questão dos mais de 62 mil imigrantes ilegais que estão bloqueados no país.
“Não vemos traços do acordo entre a Turquia e a União Europeia sobre os refugiados. O que vemos são dezenas de milhares de imigrantes ilegais no nosso país e outras centenas e milhares que chegaram há mais anos. A Grécia é um campo aberto, pode entrar quem quiser e quando lhe apetecer. Gostaríamos de ter uma política como a que Donald Trump está a impor nos Estados Unidos”, disse o deputado do Aurora Dourada, Ilias Panagiotaros.


Χιλιάδες Έλληνες τίμησαν τους τρεις Έλληνες Ήρωες που θυσιάστηκαν στα Ίμια - ΠΡΩΤΕΣ ΕΙΚΟΝΕΣ http://dlvr.it/NDTyYM 
A manifestação do Aurora Dourada foi separada por forças policiais de uma contra-manifestação na qual participaram cerca de duas centenas de pessoas.
O Aurora Dourada, que defende um regime autoritário e políticas anti-imigração, elegeu 21 deputados nas eleições legislativas de Maio de 2012.

pt.euronews.com


VÍDEO

29
Jan17

O Trump está entre nós

António Garrochinho


É raro o dia que não recebo um e-mail com posições neo-fascistas, com anedotas anti-semitas, racistas ou anti-muçulmanas. Quem ainda não recebeu e-mails indignados ou vídeos sobre as famosas mesquitas da Suíça, ou imagens de muçulmanos a rezar em Moscovo?

Fomos todos nós que elegemos o Trump, foram cidadãos comuns que elegeram Trump, muitos dos que o escolheram vão ao médico graças ao Obamacare, são mexicanos ou descendentes de mexicanos, são filhos de sírios ou de iranianos, são afro-americanos. Os homens brancos racistas não conseguiriam eleger nenhum presidente americanos, da mesma forma que Hitler não chegou ao poder apenas com o voto dos fanáticos nazis.

Quantos políticos democratas escapam a e-mails maldosos? Nem um, são todos corruptos, são todos uns inúteis, nenhum teria forma de vida se não fosse a política. Político em democracia significa corrupto, gandulo, oportunista. As virtudes estão sempre do lado dos gestores, dos que por ganharem muito mais e correrem menos riscos não estão dispostos a servir o país em cargos públicos.

Ligo as televisões e só vejo gente a destruir a democracia, se ligo para a SIC Notícias tenho um Jorge Ferreira que não estudou uma cadeira de economia, escrevendo livros a dizer como se salvaria a economia portuguesa e a desancar permanentemente nos políticos, principalmente se não forem muito à direita. Ligo para a TVI e temos uma sessão semanal de difamação da democracia e dos políticos conduzida por um Medina, filho de um colonialista que desencadeou a guerra na Guiné, mas que não se cansa de exibir a meia dúzia de meses que em má hora foi ministro das Finanças. Tal como o Jorge Ferreira estudou tanto política económica como eu me especializei em lagares de azeite.

Em Portugal fica bem na fotografia quem fala mal da democracia e dos políticos democráticos, têm sucesso o discurso político do Medina, do Jorge Ferreira, do Marinho pinto e de outros, não pelo valor do que dizem, não pelo exemplo que dão nos cargos, unicamente porque atacam os políticos.

Não vale a pena falar mal da democracia e do Trump à tarde, ser anti-muçulmano em privado e à tarde mandar e-mails com fotografias de muçulmanos a rezar em Moscovo, afirmar valores de igualdade em público e contar anedotas de gays à tarde. Somo o país em que o PSD de Santana Lopes produziu cartazes com insinuações sobre a vida privada do adversário, o mesmo país onde um ministro de Cavaco se divertia contando anedotas com judeus e cinzeiros. Temos muitos que são democratas em público e trumpetes em privado.

jumento.blogspot.pt
29
Jan17

O Padeiro e o Banqueiro

António Garrochinho


O Padeiro e o Banqueiro

O dono da padaria portuguesa diz que vive em concorrência, não pode pagar muito mais do que o salário mínimo, e quer os trabalhadores disponíveis a qualquer hora para ele, se não a empresa fecha e os trabalhadores perdem o emprego. O dono da padaria portuguesa tem que pagar o lucro do proprietário de terra que faz trigo; o lucro da empresa de transportes que o transporta para a cidade; o lucro da Galp onde a empresa mete gasóleo; o lucro da EDP; o lucro da Bosh que lhe vendeu o forno e os frigoríficos; o lucro dos accionistas bancários que vivem da dívida pública via impostos ao Estado que paga o dono da Padaria; o lucro do banqueiro que lhe emprestou dinheiro. Cansados? Ele ainda tem que pagar pelo menos o lucro a mais 100 empresas (fruta, leite, sumos, vidros, janelas, pinturas, alumínio, limpeza…). E todo este lucro vem do meio de uma relação entre um pão e o consumidor. Chama-se capitalismo, fazer dinheiro com serviços básicos e elementares, ou, na versão ideológica não científica «o sistema económico» – assim, o «sistema», até parece cientifico e eterno, estilo lei da gravidade. O corajoso empreendedor vive aterrorizado com medo de ser esmagado pela concorrência e ficar endividado ao banco a quem pediu dinheiro, com juros, para intermediar o consumo de pão e sumos. O banqueiro também tem medo porque pediu ao outro banqueiro mais dinheiro, a juros também. O dono da padaria quer ter menos medo, o banqueiro não gosta de sustos, flexibilidade é bom mas só se for para os outros, para nós segurança, máxima! E qual é o selo de emprego para a vida do dono da padaria? Os 500 euros que paga aos seus trabalhadores. O dos banqueiros já sabemos, somos nós os contribuintes. Emprego para a vida está-lhes garantido pelo Estado, que lhes protege as dívidas. Não se vá dar o famoso «risco sistémico». Mais seguro ainda, explicaram, é se os trabalhadores da Padaria Portuguesa ficarem lá até às 11 da noite – nem com o padeiro dormem as mulheres! Amor, isso é?! Deixa-me pensar…Vida própria? Família, lazer, pieguices… Pagam 400 euros de casa, 100 de passe social e vão mendigar o cabaz social e a tarifa social da electricidade e a isenção das taxas moderadoras ao Estado, dobrando-se na frente da assistente social, que lhes vasculha a vida, humilhando-se – a isto chama muita gente, defendendo a assistência social, «dignidade», ou seja trabalhar e não conseguir sequer comer e pedir ao Estado comida, no século XIX. Perdão, queria dizer XXI.
Marcelo Rebelo de Sousa tira selfies. Dá abraços e pede paz social.


raquelcardeiravarela.wordpress.com
29
Jan17

A aberração toma conta dos salões ou a etnografia da cena quotidiana? - Um texto que aborda a situação no Brasil com as armas da ironia. Infelizmente para o povo brasileiro, essa ironia só pode ser muito amarga.

António Garrochinho


Um texto que aborda a situação no Brasil com as armas da ironia. Infelizmente para o povo brasileiro, essa ironia só pode ser muito amarga.

O Brasil talvez seja um dos lugares mais inóspitos do mundo para se viver nesse momento tão complexo, quando os interesses das classes dominantes estão pautando a vida social através da mídia, no comportamento celerado do congresso nacional, no judiciário, nas ações da polícia e até nas ruas.
Não pretendo debater nesse pequeno texto o caráter da conjuntura política. Não entrarei no mérito dos desenlaces premeditados pelo lumpesinato da política no balcão do congresso nacional. Não está no escopo deste artigo examinar as artimanhas das frações da burguesia, e a suas ações, na fermentação de PECs e MPs para proteger os interesses do rentismo e de outros setores no consórcio que saqueiam o fundo público.

Não quero discorrer sobre a relação do governo usurpador, e seu mordomo ilegítimo, com a formação de quadrilha que opera a divisão do erário público identificado pelas delações premiadas…. Não debaterei a sanha “ética” e “moral” desses segmentos médios da população brasileira, que em desespero político, brada em defesa de um golpe militar, esquecendo o que foi a corrupção e os serviços públicos durante o período burgo-militar de 1964-1985… Não, não vou analisar o papel dos comerciantes da fé que fizeram do templo um balcão de negócios. Por fim, embora muito importante, não examinarei o combate aberto que setores relevantes dos trabalhadores e da juventude estudantil realizam nas ruas, nas escolas e universidades ocupadas, nas fábricas e no campo.

Contudo, depois de muitos não, quero dizer que temos alguns sins para examinar sem muitas pretensões uma determinada forma de contaminação nacional: sim, temos a manifestação de bizarrices que tem tomado conta dos salões… Sim, temos a construção acelerada do obscurantismo… Sim, o reacionarismo contaminou o pragmatismo de setores médios da sociedade… Sim, está sendo construído um profundo ódio contra os pobres em nosso país… Sim, a ignorância e a farsa têm sido o prato diário dessa manada média da população nacional… Sim, eu acuso, a burguesia retrógrada e a classe média pragmática - a partir dos seus extratos superiores - alimentam com farto combustível o fascismo cotidiano.

Mas a forma como se apresenta essa ópera bufa, de triste e refutável qualidade, no espaço social do Brasil colonizado, tem um perfil estético que se manifesta como guerra de posição no cenário da vida cotidiana. Será que poderíamos discorrer sobre esse levante estético bizarro para tentar compreender a manada que toma conta dos salões?
Creio que, sem nenhum preconceito, mas apenas por interesse antropológico, podemos entrar no campo da etnografia para descrever a manifestação do lixo “social” que infecta com a sua presença viral os espaços públicos.

Ao adentrarmos o espaço comum dos aeroportos encontramos sempre a galinhada verde em animado papo sobre o Brasil. Trata-se da sua náusea em morar entre nós e a manifestação da preferência por Miami, sempre de forma comparativa.
De repente um jovem mental, mais velho do que a noção de que a mulher tem que casar virgem, invade sua página nas redes de contágio e diz – muito irritado – que o PT é comunista e que o escroque do Olavo de Carvalho está certo.

Nos defrontamos com moças e senhoras, daqueles extratos superiores da manada média, com enormes relógios dourados, cordões e pulseiras de igual coloração, envolvida por roupas e bolsas de tecido de oncinha e adornado de lantejoulas. Sem falar nos famosos óculos, estilo “mulher” de prefeito do interior, que em situação de comicidade deveria ser usado para evitar tempestades de areia em algum deserto… Em situação de bizarria similar, senhores e playboys demonstram os mesmos habitus. É a presença indefectível da cafonice e da ostentação que invade o convívio social e vulgariza a estética.

Agora, em proporção trágica, para essa turma obsoleta – com prazo de validade vencido - encontra-se a manifestação do comunismo em tudo: até na bandeira do Japão… Manifestação mais que segura da obtusidade que anima a interpretação política daqueles que são, e ficarão, conhecidos na história do tempo presente como coxinhas.
Sempre podemos ter algo mais “complexo” para identificar a desrrazão. Vejamos, tem algumas manifestações da forma estética, sem conhecimento do conteúdo, que ficam apenas na apresentação do invólucro: usa barba de árabe, mas é islamofóbico. Veste-se como a juventude questionadora dos anos 1980, mas seu sonho não passa da tentativa de ser gerente de alguma ‘firma” e para tal o perfil mais adequado é o rapaz vazio do trivago. O perfil ecológico dessa escória se resume à estética do hippie de boutique, ou coxinha sustentável, que prefere hospital para cachorro do que recurso para o SUS. Todos são iguaizinhos, pensando que são únicos e diferentes.

Outra cena bizarra que invade o cotidiano é ver manadas de coxinhas manifestando-se por diversos salões do Brasil contra a corrupção vestidos com a camisas da CBF, entidade de caráter “feudal” com largo histórico de corrupção. Será aberração ou decomposição do caráter dessa gente, em seus extratos superiores?

Mas, eis que de repente, surge algo curioso. O pobre, mesmo impactado pela indigência, mostra-se ágil na interpretação do cotidiano. Ele tem suas táticas de sobrevivência: observo na Avenida Paulista – onde a aberração tomou conta do salão – a manifestação dessas estratégias inovadoras. O mendigo já efetivou a companhia de um cachorrinho para solicitar a esmola: “contribua para que possa comprar a ração do cachorro e, se possível, uma marmitex para mim”. Para além da genialidade do pobre, podemos identificar a desumanidade da “classe” média.
Outras alegorias que podem nos ajudar a entender essa visão do inferno, como instrumento para explicar essa pretensa etnografia das aberrações, pode ser a bizarria que se aproxima do bar intergaláctico do filme Blade Runner, de Ridley Scott, quando pessoas de extratos inferiores na pirâmide da manada média participam de manifestações, com nítido caráter de colonizado, e que essas pessoas por sua “cor”, classe social, condição socioeconômica sempre sofreram a ação violenta dos opressores. E elas manifestam-se, vindo da zona leste de São Paulo, defendendo a candidatura de Donald Trump no salão da Paulista; quando candidatos negros e homossexuais, nas últimas eleições posicionaram-se contra as políticas de reparação e combate as opressões; ou quando esteticamente se agrupam na polarização das camisas, usando a marca tommy hilfiger, cujo dono afirmou que no Brasil sua marca tem que ser cara para impedir que pobres a usassem.

Essa quadra histórica, quando tudo pode se transformar no seu contrário, é perturbadora para a ideia de progresso social e civilizatório. O governo do ilegítimo Michel Temer, a partir da ampliação das balizas da autocracia burguesa, está criando um Estado de Exceção, alimentando com seu (des) governo a tragédia social.

Não iria muito longe do ponto de vista ideológico para sugerir uma resposta política dos de baixo neste momento histórico, afinal, como afirmava um pensador social alemão, a humanidade só se propõe aquilo que ela possa realizar. Portanto, ficaria apenas em um bom debate feito sobre a introdução de um determinado artigo na atual constituição italiana que nos remete a um clássico direito social: “Quando os poderes públicos violam as liberdades fundamentais e os direitos garantidos pela Constituição, a resistência à opressão é um direito e um dever do cidadão”. Portanto, é mais que imperioso entendermos que “a tradição dos oprimidos nos ensina que o estado de exceção em que vivemos é na verdade regra geral. Precisamos construir um conceito de história que corresponda a essa verdade. Nesse momento, perceberemos que nossa tarefa é criar um verdadeiro estado de emergência” (Walter Benjamin).
Trabalhadores, às barricadas!

*Milton Pinheiro é cientista político e pesquisador da área de história política. Professor do Programa de Pós-graduação em História, cultura e práticas sociais da Universidade do Estado da Bahia (Uneb). Tem vários livros publicados, entre eles, «Ditadura: o que resta da transição» (Boitempo, São Paulo, 2014).



www.odiario.info
29
Jan17

JERÓNIMO DE SOUSA HOJE

António Garrochinho



«(…) O projecto que apontamos e apresentamos ao nosso povo para concretizar em Portugal é produto do pensamento próprio do Partido e responde às especificidades nacionais, e leva também em conta as lições das experiências, positivas e negativas dos países socialistas.
Foi a partir da realidade portuguesa e da experiência revolucionária portuguesa, mas assimilando criticamente a experiência revolucionária mundial que definimos no nosso Programa de Partido uma concepção de socialismo e as características que deve assumir. Nele se expressam como objectivos fundamentais da revolução socialista, “a abolição da exploração do homem pelo homem, a criação de uma sociedade sem classes antagónicas, a democracia nas diversas vertentes, a intervenção permanente e criadora das massas populares, a elevação constante do bem-estar material e espiritual dos trabalhadores e do povo em geral, o desaparecimento das discriminações, desigualdades, injustiças e flagelos sociais, a concretização de uma vida de igualdade de direitos do homem e da mulher e a inserção da juventude na vida do País, como força social dinâmica e criativa”.
O poder dos trabalhadores, a garantia do exercício das liberdades democráticas, incluindo a liberdade de imprensa e de formação de partidos políticos, o respeito pelas opiniões políticas e crenças religiosas, a realização regular de eleições democráticas, contam-se entre as características do sistema político.
A propriedade social sobre os principais meios de produção, incluindo a banca, uma direcção planificada da economia no quadro de formações económicas diversificadas (organização estatal, cooperativas autogeridas, individuais e familiares, com empresas privadas de diversa dimensão) e da sua directa intervenção e iniciativa, e tendo em conta o papel do mercado; a realização completa da reforma agrária, com inteiro respeito pela vontade dos trabalhadores e agricultores, contam-se entre as características da organização económica.
A libertação dos trabalhadores de todas as formas de exploração e opressão, o pleno emprego, a retribuição a cada um segundo o seu trabalho, o respeito pela propriedade individual, resultante do trabalho próprio, a solução dos graves problemas da habitação, saúde, ensino e meio ambiente, contam-se entre as características no plano social da nova sociedade.
A transformação da cultura em património, instrumento e actividade de todo o povo, o pleno acesso ao ensino, o progresso da ciência, da técnica e da arte, o estímulo à iniciativa individual e colectiva, são as suas características no plano da cultura.
A formação de uma consciência social e individual conforme os ideais de liberdade, dos deveres cívicos, do respeito pela pessoa humana e pela natureza, da solidariedade, da amizade e da paz, contam-se entre as características no plano ético da sociedade socialista que queremos construir no futuro.
Este é na sua essência o projecto de construção do socialismo que o PCP apresenta ao nosso povo, sabedores que a vida, sempre dinâmica, tal como as condições da sua realização, nos confrontarão com novos problemas que exigirão novas e imprevistas respostas e soluções.(…)»


Via: o tempo das cerejas 2 http://bit.ly/2jCWUTJ
29
Jan17

Perdeu a vergonha de vez

António Garrochinho


coelho_salario_minimo
Como se suspeitava o problema dele não era mesmo a TSU. Era o salário mínimo, contra a subida do qual se opõe agora, e também às metas de subida que o Governo quer concretizar até 2019. (Ver a notícia aqui)
Até aqui andou a esconder e a dar a volta ao texto. Agora, perdeu a vergonha de vez. Antes assim, para que os portugueses saibam quem ele é e o chutem de uma vez por todas para o canto mais longe.
Sempre contra quem trabalha, talvez porque nunca trabalhou e não sabe o que é. Sempre contra os mais carentes porque sempre só soube viver a lamber as botas dos poderosos.
Este gabirú não passa de uma amiba que se julga um grilo falante. Nada diz porque a sua fala é a fala da desumanidade e do desprezo pelos outros. Um pequeno verme, perigoso, ainda assim.
Enquanto este pulha não sair dos écrans das televisões e das capas dos jornais o país não estará nunca suficientemente limpo e higienizado. É preciso varrê-lo de vez. A ele a todos os que lhe dão espaço público e tempo de antena.
Só nesse dia poderemos respirar fundo sem receio de contaminação por germes letais e por aragens pouco salubres.

29
Jan17

10 pinturas murais da Sardenha

António Garrochinho


murais

A Sardenha é uma terra que tem alguns dos murais mais belos do mundo. Uma forma de arte nasce de movimentos de protesto, como expressão criativa livre da população contra o poder, que na ilha tem encontrado muito espaço para o seu valor não só estético, mas também social. Alguns países da Sardenha são conhecidos pelas suas magníficas pinturas murais 

Orgosolo

murais na rocha - Orgosolo - inseridos 30-Dez-07

Serramanna (foto http://www.aserramanna.it )

matteotti quadrado

San Sperate

Mural em San Sperate

Orgosolo (foto Meliz)

FONNI

murais Fonni

Tinnura

San Gavino

murais St. gavino

Montresta

SUNI (foto Pina Monne)

Palau (foto Giuseppe Sanna)

Palau - Murais

 -   sardegnaremix.com

29
Jan17

CONTORNAR OS OBSTÁCULOS

António Garrochinho
SIM ! A ESTRATÉGIA DE CONTORNAR OS OBSTÁCULOS REFERINDO O EXEMPLO DA ÁGUA QUE OS RODEIA PARA SEGUIR O SEU CAMINHO É AGRADÁVEL DE DIZER E ESTOU CERTO DE QUE FUNCIONA MUITAS VEZES. MAS NA MINHA OPINIÃO TAMBÉM TEM ALGO DE "ROMÂNTICO" E NÃO É TUDO O QUE O HOMEM, A MULHER, POSSA FAZER PARA ULTRAPASSAR AS INJUSTIÇAS, O GRANDE ABISMO QUE EXISTE ENTRE AS CLASSES.

NÃO BASTA CONTORNÁ-LOS ! É PRECISO DESTRUÍ-LOS !

AS FRASES FEITAS, OS SLOGANS, SÃO "ENGRAÇADOS" MAS NÃO BASTA GRITÁ-LOS AO VENTO.

SOCORRO-ME DO VELHO DITADO "FIA-TE NA VIRGEM E NÃO CORRAS".

NÃO AJAS, NÃO LUTES, NÃO AFRONTES, NÃO DESOBEDEÇAS, NÃO COMBATAS, NÃO DENUNCIES, E ENTÃO TUDO ESTARÁ BEM PIOR OU PERDIDO.

CONTORNAR É AGIR NO CONCRETO, CONTORNAR QUASE SEMPRE É DIFÍCIL POIS OS OPRESSORES NÃO BRINCAM EM SERVIÇO E NUNCA CEDERÃO DE MÃO BEIJADA DOS SEUS LUCROS, DOS SEUS PRIVILÉGIOS E DAS CORRENTES COM QUE ALGEMAM OS OPRIMIDOS.

SÓ A LUTA SEM TRÉGUAS FARÁ COM QUE POSSAMOS VENCER QUEM NOS ROUBA E EXPLORA.
António Garrochinho

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