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POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

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12
Fev17

ARRANJAI-O SENÃO...MERDA !

António Garrochinho

CANÇÃO DA FUNDAÇÃO DO NATIONAL DEPOSIT BANK
Pois não é?: Fundar um banco
É bom para preto e branco.
Se o dinheiro se não herda
Arranjai-o; senão-merda!
Boas são pra isso acções;
Melhores que facas, canhões.
Só uma coisa é fatal –
Capital inicial.
Mas, quando o dinheiro falta,
Donde vem, se não se assalta?
Ai! não nos vamos zangar!:
Donde outros o vão tirar.
De algum lado ele viria
E a alguém se tiraria.


Bertolt Brecht
(tradução de Paulo Quintela)
12
Fev17

O preconceito contra o deficiente ao longo da história

António Garrochinho



Resumo
          O preconceito contra pessoas com deficiência é um comportamento ainda bastante aparente na sociedade contemporânea. Mesmo com o número crescente de campanhas e movimentos sociais, ainda é possível se observar gestos e atitudes que como resultado final fazem com que o portador de deficiência seja um indivíduo excluído da sociedade. Por outro lado, o senso comum indica que esse contexto é algo que sempre esteve presente na história humana, legitimando este comportamento de várias formas. Porém, alguns estudos mostram de forma cada vez mais contundente que esta prática exclusivista foi construída historicamente com o passar dos anos.
          Unitermos: Deficiente. Preconceito. Discriminação social. Eugenia.



Introdução
   

A condição das pessoas com deficiência é um terreno fértil para o preconceito em razão de um distanciamento em relação aos padrões físicos e/ou intelectuais que se definem em função do que se considera ausência, falta ou impossibilidade, sendo baseada apenas em um aspecto ou atributo da pessoa, tornando a diferença uma exceção (SILVA, 2006). O indivíduo que apresenta alguma deficiência é em muitos casos exposto a situações de agressão e violência, geradas basicamente pelo preconceito. Neste contexto, persiste a idéia de que estas pessoas seriam “anormais” ou “limitadas”, fato que inclusive faz com que o deficiente tenha dificuldades para se inserir no mercado de trabalho (CRISTINA & RESENDE, 2006). Além disso, existem relatos mostrando na escola a existência de práticas discriminatórias, como o bullying (BOZI et al, 2008).
    A relação da sociedade com a pessoa com de deficiência varia de cultura para cultura e refletem crenças, valores e ideologias que, materializadas em práticas sociais, estabelecem modos diferenciados de relacionamentos entre esta e outras pessoas, com ou sem deficiências (FRANCO & DIAS, 2005). Muitas vezes o termo utilizado para descrever um indivíduo com deficiência é negligenciado e em muitos casos o termo mais usado é portadores de deficiência. Ao realizar uma pesquisa na base de dados Scielo, foram encontrados 6 artigos publicados entre 2001 e 2011, que utilizaram o termo “portador” de deficiência. A partir de 1981, foi introduzida a expressão pessoa deficiente, porém este termo foi abandonado, já que sugeria que a pessoa inteira é deficiente. Em seguida surgiu o termo pessoa portadora de deficiência, freqüentemente reduzida para portadores de deficiência, palavra que logo sofreu críticas, pois de acordo com o movimento pelos direitos das pessoas com deficiência, as pessoas não portam uma deficiência como portam um sapato ou uma bolsa (RODRIGUES & SELEM, 2006). Por volta da metade da década de 90, entrou em uso a expressão pessoas com deficiência, que valoriza o cidadão e mostra com dignidade a realidade da deficiência, termo este que permanece até os dias atuais (SASSAKI, 2003). 
    Cabe destacar que estes comportamentos são também influenciados por diversos fatores, incluindo questões culturais e sociais ao longo da história. Registros históricos mostram que no período que compreende os anos de 1200 até 1940, pessoas com deficiência eram submetidas a diversos procedimentos que em muitos casos levavam à morte como pode ser observado na Tabela 1 (adaptada de ADAMS, 2007).

Tabela 1. Descrição dos métodos adotados para tratar portadores de deficiência nos períodos entre 1200 e 1940
   


O antropólogo Francis Galton (1822-1911), publicou em 1901 um manuscrito onde aplicava a Teoria da Evolução de Charles Darwin, na sociedade humana. Neste texto ele afirmava que existem pessoas com mais “valor cívico” do que outras e que tal patamar poderia ser alcançado, por meio do acasalamento seletivo tal como é feito com bois e cachorros (GALTON, 1901). Nesta época, se considerava que ao impedir a procriação dos indivíduos de menor valor, através da esterilização, se impedia que sua “fraqueza” fosse perpetuada para a próxima geração melhorando o estoque do material humano. No entanto esse conceito foi remodelado, incluindo também o extermínio baseado no argumento de não era necessário para a sociedade se importar com pessoas “mentalmente ou intelectualmente mortas” quando o Estado sacrificou gerações de vidas saudáveis e jovens no campo de batalha. Sendo assim, no final da Primeira Guerra Mundial, teve início na Alemanha nazista um programa de eutanásia para crianças deficientes (Figura 1), chamado programa T4, que também tinha como objetivo se expandir para adultos (HUDSON, 2011). Baseado na lógica nazista esse projeto foi amplamente divulgado por meio de cartazes e tinha o seguinte lema: “... porque Deus não quer que o doente se reproduza”.
Figura 1. Criança com deficiência intelectual na Alemanha nazista que provavelmente foi morta durante o Projeto T4. Fonte: http://goo.gl/Z0P2w
   


A visão Eugenista da sociedade é anterior a esse período, onde podem ser observados registros de tais práticas em diferentes regiões do mundo. No Império Bizantino, a Igreja Católica em conjunto com o Estado, levava pessoas com deficiência para mosteiros (SCHEWINSKY, 2004), enquanto que na Idade Média, a deficiência era vista como atuação de maus espíritos e do demônio, sob o comando das bruxas, e também resultado da ira celeste e castigo de Deus (ADAMS, 2007).


Práticas discriminatórias anteriores à Idade Média
   

Em Esparta essa ideologia pode ser observada de forma bem clara. Por volta de 480 a.C., crianças recém-nascidas frágeis ou com alguma deficiência eram jogadas do alto do monte Taigeto a mais de 2.400 metros de altura por não estarem dentro do padrão físico adequado (SULLIVAN, 2001). A civilização romana, por sua vez, preconizava a perfeição e estética corporal, a deficiência era tida como monstruosidade fato que legitimava atos seletivos tal como descreve SILVA (1987) o famoso discurso de Sêneca (4-65 d.C) que justifica o infanticídio:
    ..."Não se sente ira contra um membro gangrenado que se manda amputar; não o cortamos por ressentimento, pois, trata-se de um rigor salutar. Matam-se cães quando estão com raiva; exterminam-se touros bravios; cortam-se as cabeças das ovelhas enfermas para que as demais não sejam contaminadas; matamos os fetos e os recém-nascidos monstruosos; se nascerem defeituosos e monstruosos afogamo-los; não devido ao ódio, mas à razão, para distinguirmos as coisas inúteis das saudáveis”. (p.46).
    Nesta época, indivíduos portadores de deficiência eram apresentados como monstros para o público, inclusive de forma artificial através de manipulações cirúrgicas (DASEN, 1988). Estudos indicam que a cultura grega, pode ter sido de fato um ponto de transição na forma como o deficiente era tratado pela sociedade. Portadores de deficiência na Grécia eram descritos por palavras como “fraco”, “incompleto” ou “imperfeito”. As evidências disponíveis indicam que a sociedade é que determinava se uma pessoa era ou não deficiente. Se um indivíduo com uma determinada limitação era capaz de se sustentar ou tivesse alguém que lhe desse auxílio, ele se mantinha integrado na sociedade e não era considerado clinicamente deficiente (BAKER, 2006). Portadores de nanismo recebiam uma avaliação social positiva, devido a uma semelhança com os sátiros1 e com o mundo dionisíaco (DASEN, 1988). Por outro lado, paradoxalmente a deformidade era tratada com certo horror e, além disso, a perfeição física era tida como pré-requisito determinante da qualidade da alma (SULLIVAN, 2001). Na mitologia grega temos o exemplo de Hefesto, o deus do metal e do fogo, que era manco e por isso considerado disforme aos olhos dos antigos gregos, sendo posteriormente expulso do Olimpo por sua própria mãe a deusa Hera (EBENSTEIN, 2006).


A visão egípcia sobre o deficiente
   

O Egito era anteriormente conhecido como a “Terra dos Cegos”, tal era a quantidade de pessoas acometidas por doenças oftalmológicas como conjuntivite, catarata e glaucoma. Tais informações puderam ser confirmadas após a descoberta do famoso “Papiro de Ebers”, nome dado em homenagem ao seu descobridor, o egiptólogo Georg Ebers (Figura 1). Neste documento que data de 1.500 a.C, encontram-se fórmulas mágicas e tratamentos para diversos males, incluindo doenças oftalmológicas, além de uma descrição relativamente precisa do sistema circulatório (FINGER, 1994).
Figura 2. Parte do famoso “Papiro de Ebers”, mostrando uma receita para a cura da asma que consistia 
em misturar ervas juntamente com tijolo aquecido e inalar seus vapores. Fonte: http://goo.gl/cdoSP
   

Outro fato bastante interessante pode ser observado no monumento da XIX Dinastia, produzido há mais de 1.300 anos antes de Cristo. Nessa peça está apresentado um homem identificado como “Roma”, juntamente com sua esposa e filho durante um ritual religioso. Ele exercia um cargo de grande responsabilidade na época que era o de porteiro do templo de um dos deuses egípcios. Roma era portador de uma deficiência física bastante evidente em sua perna esquerda, cujas características (pé equino e musculatura atrofiada) sugerem ser poliomielite. Além disso, ele devia apresentar dificuldades de locomoção uma vez que ele carrega em sua mão esquerda um longo bastão de apoio (Figura 2).
Figura 3. Monumento representando um deficiente físico que ocupava um cargo
de grande responsabilidade no Egito Antigo. Fonte: http://goo.gl/cdoSP
   


Existem outras indicações de que no Egito Antigo os portadores de deficiência não eram necessariamente isolados da sociedade, sugerindo que a pessoa com deficiência se integrava em diferentes classes sociais, inclusive constituindo família. Relatos adicionais mostram também que eles exerciam funções de relativa importância social como pode ser observado em diferentes achados arqueológicos (KOZMA, 2006).
    Outra deficiência física relativamente comum no antigo Egito era a acondroplasia, que é a forma mais comum de nanismo rizomélico2. Esta doença altera o crescimento afetando a ossificação endocondral, sendo caracterizada como um distúrbio autossômico dominante, porém cerca de 80 a 90% dos casos são representados por novas mutações. Dessa forma, na maioria dos casos os pais de filhos acondroplásicos não apresentam a mutação gênica (LOPES et al, 2008). Estes achados foram confirmados por meio da análise de esqueletos e também são abundantemente encontrados em pinturas e registros deixados pelos egípcios. Interessantemente, existem relatos de que em alguns casos foram encontrados registros mostrando que havia anões bem posicionados socialmente que também constituíram famílias, inclusive com pessoas que não apresentavam esta doença. Na figura abaixo é possível perceber a estreita semelhança entre a representação de um anão no Egito antigo e um indivíduo portador de acondroplasia nos dias de hoje (Figura 4).
Figura 4. Paciente portador de acondroplasia (A); Tumba de um anão contendo sua representação física (B). 
Os hieróglifos indicam que ele prestava serviços a pessoas da alta hierarquia egípcia. Fonte: http://goo.gl/4GjTj
   

Também foram encontrados diversos registros de anões que exerciam funções especializadas como: pescadores, domadores de animais, dançarinos, enfermeiros, entre outros (HAMADA & RIDA, 1972). De maneira geral os anões tinham uma representação muito positiva no Egito Antigo, pois se acreditava que seu aspecto representava alguma significância mágica, existindo inclusive preces específicas para proteção em situações de perigo. Outro aspecto bastante interessante reside no fato de que alguns deuses eram anões e tinham culto próprio (Figura 5). Uma dessas divindades era o deus anão Bes, que era cultuado como o Deus do Amor, da Fertilidade e da Sexualidade (KOZMA, 2006).
    O povo Egípcio buscava o desenvolvimento espiritual através da tradição de ensinamentos. Neste sentido, existia um documento chamado “Instruções de Amenemope”, que era tido como um código de conduta moral egípcio e que determinava que anões e deficientes em geral fossem respeitados, sendo este um dever moral (KOZMA, 2006; KOZMA et al, 2011). Esse manuscrito se encontra preservado quase em sua totalidade no Museu Britânico e um de seus trechos diz:
    Não faça gozações de um homem cego nem caçoe de um anão, nem interfira com a condição de um aleijado. Não insulte um homem que está na mão de Deus, nem desaprove se ele erra.” (KOZMA et al, 2011).
Figura 5. Escultura representando o deus Bes, que tinha como uma de suas principais funções 
repelir o Mal (358-341 a.C), 30ª Dinastia reinado de Nectanebo II. Fonte: http://goo.gl/BoiY6
   


Filler et al (2007) encontrou indícios históricos do que se considera ser o procedimento de neurocirurgia mais antigo registrado no mundo (3.000 a.C). O processo se refere a uma manobra de tração que foi utilizada de forma eficaz em um caso de lesão da medula cervical. Interessantemente, existem relatos no “Papiro de Ani” (Livro dos Mortos), mostrando que Osíris após ser esquartejado por Seth, recobrou a força e o controle de suas pernas, após tratar de sua coluna vertebral. A conexão entre uma coluna vertebral íntegra e a habilidade de locomoção, era reconhecida nessa época e aparece como metáfora para representar a vida e a morte em inúmeros sarcófagos egípcios, sendo normalmente representada pela “Coluna de Djed” (Figura 6).
Figura 6. Imagem que mostra a “Coluna de Djed”, mecanismo que ao ser colocado nas costelas e na coluna 
vertebral do Deus Osíris promoveu sua cura e lhe devolveu sua capacidade de caminhar. Fonte: http://goo.gl/CCZjD
   

Com o avanço tecnológico na pesquisa, novos estudos puderam ser realizados com a utilização de técnicas mais modernas. O trabalho de Hawass et al (2010), mostrou a partir de abordagens Paleogenômicas, que o rei Tutancâmon, o jovem faraó do Egito, era frágil, deficiente físico e sofria de “desordens múltiplas” quando morreu aos 19 anos de idade, em cerca 1234 a.C. Os pesquisadores diagnosticaram na múmia de Tutancâmon e de alguns de seus familiares, diversas desordens ortopédicas Ao que tudo indica, Tutâncamon sofria de uma rara desordem óssea conhecida como Doença de Köhler II, que afeta principalmente o osso navicular do pé afetando o suprimento vascular, gerando dor, edema e finalmente necrose. Além disso, existem indícios de que ele também apresentava pé equinovaro, também conhecido como pé torto congênito (Figura 7). Estas informações são corroboradas pela grande quantidade de bengalas e medicamentos encontrados em sua tumba. Porém estas condições por si só não teriam condição de provocar a morte do faraó. Os pesquisadores também encontraram DNA de Plasmodium falciparum, parasita responsável por causar malária. A descoberta levou a equipe de cientistas a concluir que a combinação desse quadro pode ter sido a responsável por sua morte precoce.
Figura 7. (A) Tomografia computadorizada mostrando uma vista sagital dos pés de Tutancâmon, onde se é possível perceber um diferença no ângulo 
de Rocher (valores normais são iguais a 126º); (B) Alteração estrutural no pé esquerdo característica de pé equinovaro. Fonte: http://goo.gl/V1IdG


Achados arqueológicos primitivos
   

A pesquisa realizada por Buquet-Marcon et al (2009), relatou o que se acredita ser o registro mais antigo de uma amputação bem sucedida realizada de forma intencional e com relativa precisam. O procedimento foi realizado há aproximadamente 7.000 anos atrás na região que hoje compreende a França. Diferentemente do que se possa imaginar, após uma inspeção do material os pesquisadores não encontraram sinais de contaminação, sugerindo que o processo foi realizado em condições relativamente assépticas. As informações disponíveis também indicam que o paciente conseguiu viver após a amputação sem maiores problemas. Além disso, o dado mais interessante é que as roupas e a forma como o corpo foi sepultado, sugerem que esse era um indivíduo que ocupava um importante lugar na sociedade da época (Figura 8). Os autores concluem que nesse local existia um conhecimento médico relativamente avançado com complexas regras sociais, que parecem ter influenciado a maneira como pessoas nesta condição eram tratadas.
Figura 8. Esqueleto encontrado na escavação, com a ferramenta utilizada na amputação ao lado esquerdo do crânio (A); Ampliação do 
úmero amputado (B); Reconstrução computadorizada da peça óssea e sinais de cicatrização (setas brancas) (BUQUET-MARCON et al (2009)
   


Registros ainda mais antigos, referentes ao período Paleolítico Superior (40.000 anos atrás), mostram indícios bastante detalhados sobre o tratamento dado aos indivíduos portadores de deficiências. Formicola & Buzhilova (2004) descrevem um enterro de duas crianças, um menino (12-13 anos) e uma menina (9-10 anos), no sito arqueológico de Sunghir, localizado na Rússia. Os resultados encontrados sugerem que as duas crianças possuíam uma anomalia chamada de curvatura congenital dos ossos longos. O extremo cuidado na realização do funeral (decoração e posicionamento dos corpos) sugere a existência de um complexo sistema de crenças e simbolismo envolvendo o portador de deficiência. Análises macroscópicas do esqueleto da menina também sugerem que sua deformidade não a impediu de ser fisicamente ativa.
    Outro achado bastante interessante foi o enterro duplo de uma mulher e de um adolescente, encontrados em Romito, Itália. Análises realizadas no esqueleto mostram que o rapaz sofria de nanismo acromesomélico3 (HUNTER & FORMICOLA, 2008). Geralmente uma pessoa com esta condição possui inteligência normal, sem apresentar complicações médicas graves. Porém, ocorre uma severa deficiência de crescimento, com mobilidade articular limitada nos braços. Estas limitações físicas provavelmente interferiram com sua subsistência, principalmente se considerarmos uma sociedade nômade de caçadores-coletores. No entanto, o posicionamento dos esqueletos, que parecem se abraçar (HOLT & FORMICOLA, 2007), assim como a forma como o enterro foi realizado, sugerem tolerância e cuidados para um indivíduo com severas deformidades nesta época do Paleolítico Superior, como podemos observar na Figura 9 (FRAYER, 1987).
Figura 9. O enterro de uma mulher e de um adolescente anão
na caverna de Romito, Itália (FORMICOLA, 2007)
   


O arqueólogo Ralph Solecki, encontrou na caverna de Shanidar, Iraque um esqueleto masculino de um Neandertal, com cerca de 50 anos que apresentava severos ferimentos na cabeça e nos braços, que foram adquiridos em idade muito anterior. Os indícios apontam que este homem foi cuidado por outros membros do grupo, fato inclusive que indica algum grau de capacidade cognitiva (SOLECKI, 1971).

Discussão
   

Embora possamos ter a priori, um contexto onde pessoas com deficiência eram eliminadas da sociedade por serem incapazes, algumas pesquisas vem mostrando que essa concepção não ocorreu em todos os períodos históricos. De acordo com as evidências disponíveis, os egípcios parecem ter sido um dos povos antigos que mais manifestaram formas de inclusão social e de estratégias terapêuticas em casos de deficiência. Cabe ressaltar que estes comportamentos também puderam ser observados mesmo em épocas mais antigas, (FRAYER, 1987; BUQUET-MARCON et al, 2009). Da mesma forma, este comportamento parece ter sido resgatado somente a partir do Humanismo, no século XV, onde a concepção de Homem se modificou, iniciando-se a diferenciação no tratamento de portadores de deficiência e da população pobre em geral (SCHEWINSKY, 2004).
    No que se refere às intervenções ortopédicas, existem diversos registros de procedimentos para inúmeras situações, que eram realizados no Egito, na Grécia e em Roma (BRORSON, 2009). Com relação ao nanismo, interessantemente não foram encontrados registros sobre o nanismo nos papiros egípcios, indicando que esta condição não era considerada uma deficiência e nem uma condição médica (KOZMA, 2006).
    O culto ao corpo útil e aparentemente saudável pela sociedade contemporânea entra em rota de colisão com aqueles que portam uma deficiência, pois estes lembram a fragilidade que se busca negar. Sendo assim, a condição das pessoas com deficiência é um terreno fértil para o preconceito em razão de um distanciamento em relação aos padrões físicos e/ou intelectuais que se definem em função do que se considera ausência, falta ou impossibilidade. Fixa-se apenas num aspecto ou atributo da pessoa, tornando a diferença uma exceção (SILVA, 2006). Por outro lado, o corpo marcado pela deficiência, por ser disforme ou fora dos padrões, lembra a imperfeição humana (FRANCO & DIAS, 2005).
    Em conclusão, podemos observar que os registros que datam de aproximadamente 40.000 anos atrás sugerem que o cuidado direcionado ao deficiente já existia em períodos primitivos da Humanidade. De maneira geral o deficiente participava ativamente da vida social, desde que sua condição não fosse limitante para tal. Já no Egito Antigo, a ausência de documentação médica mostra que capacidade de autonomia do indivíduo era determinante para se definir alguém como deficiente. A inclusão social do deficiente era incluída entre o código de conduta moral da época, sendo este um dos primeiros registros sobre o tema. A exclusão social do deficiente foi construída historicamente em um processo de transição que parece ter ocorrido na Grécia Antiga por volta de 480 a.C. que se concretizou após a queda do Império Egípcio pelos romanos (SULLIVAN, 2001). A expansão do Império Romano na Europa pode explicar, ao menos em parte, a modificação na forma como o deficiente passou a ser encarado pela sociedade, persistindo até os dias de hoje. Entender este processo pode ajudar a compreender algumas das bases onde se sustentam certos pré-julgamentos e comportamentos discriminatórios contra o deficiente. O fato mais interessante recai na forte possibilidade de que diferente do que o senso comum nos indica a exclusão social do deficiente ao longo da história não é uma norma. Infelizmente os estudos que mostram essas nuances foram realizados fora do Brasil dificultando o acesso a tais informações, que precisam ser divulgadas para que novas discussões sobre o tema possam ser estimuladas.

Notas
  1. Entidade mitológica que vivia nos campos e bosques, com o corpo metade humano e metade bode.
  2. Relativo à articulação coxo-femoral ou à do ombro; que se relaciona com a raiz de um membro.
  3. Crescimento desproporcional do esqueleto que afeta principalmente os antebraços, mãos e pés. 
Referências
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12
Fev17

Por de trás das fotografias de Sebastião Salgado

António Garrochinho

O doutor em economia Sebastião Salgado somente assumiu a fotografia quando tinha uns 30 anos, mas a atividade tornou-se uma obsessão. Seus projetos de anos de duração capturam lindamente o lado humano de uma história global que muitas vezes envolve morte, destruição e ruína. Aqui, ele conta uma história profundamente pessoal da arte que quase o matou, e apresenta imagens espetaculares de seu trabalho mais recente, "Gênesis", que documenta um mundo de pessoas e lugares esquecidos.

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    Sebastião Ribeiro Salgado Júnior é um famoso fotógrafo brasileiro. Foi internacionalmente reconhecido e recebeu praticamente todos os principais prêmios de fotografia do mundo como reconhecimento por seu trabalho. Fundou em 1994 a sua própria agência de notícias, "As Imagens da Amazônia", que representa o fotógrafo e seu trabalho. Salgado e sua esposa Lélia Wanick Salgado, autora do projeto gráfico da maioria de seus livros, vivem atualmente em Paris. O casal tem dois filhos.
    Mais de 1,7 milhão de árvores foram plantadas para reflorestar parte da Mata Atlântica entre Espírito Santo e Minas Gerais. Por essa iniciativa, o fotografo Sebastião Salgado e sua esposa, Lélia Wanick, receberam o Prêmio-E na categoria Educação na Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) Rio+20, no Rio de Janeiro.
    Abaixo segue o vídeo e a fala do famoso fotógrafo Sebastião Salgado se apresentando no TED. TED é uma organização sem fins lucrativos dedicada à difusão de idéias, geralmente sob a forma de palestras.
    Aqui, ele conta uma história profundamente pessoal da arte que quase o matou, e apresenta imagens espetaculares de seu trabalho fotográfico mais recente, Gênesis, que documenta um mundo de pessoas e lugares esquecidos.
    "Não tenho certeza se todas as pessoas aqui conhecem minhas fotografias. Quero começar a mostrar-lhes algumas fotos, depois falarei", disse o fotógrafo Sebastião Salgado no TED.
    Confira o vídeo:


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    CLIQUE NA RODINHA DENTADA NO CANTO INFERIOR DO VÍDEO E CLIQUE DEPOIS ONDE DIZ LEGENDAS DESACTIVADAS DEPOIS ENCONTRARÁ OS IDIOMAS E CLIQUE NO PORTUGUÊS.
    ABAIXO TAMBÉM ESTÁ A TRANSCRIÇÃO PARA A NOSSA LÍNGUA


    Transcrição do vídeo para português:
    Devo contar-lhes um pouquinho de minha história, porque estaremos falando disso durante minha palestra aqui. Nasci em 1944, no Brasil, numa época em que o Brasil não era ainda uma economia de mercado. Nasci em uma fazenda, uma fazenda que era mais de 50 por cento floresta tropical [ainda]. Um local maravilhoso. Vivi com pássaros incríveis, animais incríveis, nadei em pequenos rios com jacarés. Aproximadamente 35 famílias viviam nessa fazenda, e tudo que era produzido nessa fazenda, nós consumíamos. Muito poucas coisas iam para o mercado. Uma vez por ano, a única coisa que ia para o mercado era o gado produzido, e fazíamos viagens de mais ou menos 45 dias para chegar ao abatedouro, trazendo milhares de cabeças de gado, e cerca de 20 dias de viagem para voltar à nossa fazenda novamente.
    Quando eu tinha 15 anos, foi necessário que eu deixasse esse lugar e fosse para uma cidade um pouco maior — muito maior — onde fiz a segunda parte da escola secundária. Lá aprendi coisas diferentes. O Brasil estava começando a se organizar, a se industrializar, e eu conheci a política. Tornei-me um pouco radical, era membro de partidos de esquerda, e transformei-me em um ativista. Fui à universidade para ser um economista. Fiz um mestrado em economia.
    E a coisa mais importante em minha vida também aconteceu nessa época. Encontrei uma garota incrível que se tornou minha melhor amiga pela vida, minha sócia em tudo que fiz até agora, minha esposa, Lélia Wanick Salgado.
    O Brasil radicalizou-se muito fortemente. Lutamos duramente contra a ditadura, num certo momento foi necessário para todos nós: ir para um local clandestino com as armas em nossas mãos ou deixar o Brasil. Éramos muito jovens, e nossa organização achou que era melhor para nós sair, e fomos para a França, onde fiz um doutorado em economia, Lélia tornou-se arquiteta. Trabalhei depois para um banco de investimento. Fizemos muitas viagens, desenvolvimento financiado, projetos econômicos na África com o Banco Mundial.
    E um dia a fotografia fez uma invasão total na minha vida. Tornei-me um fotógrafo, abandonei tudo e tornei-me um fotógrafo, e comecei a fazer a fotografia que era importante para mim. Muitas pessoas me dizem: você é um fotojornalista, você é um fotógrafo antropologista, você é um fotógrafo ativista. Mas fiz muito mais que isso. Coloquei a fotografia como minha vida. Vivi completamente dentro da fotografia, realizando projetos de longo prazo, e quero mostrar-lhe algumas fotos de — novamente, vocês verão dentro dos projetos sociais, que prossegui, publiquei muitos livros sobre essas fotografias, mas mostrarei apenas algumas agora.
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    Nos anos 90, de 1994 a 2000, fotografei uma história chamada Migrações. Tornou-se um livro. Tornou-se um show.
    E tomei a decisão de parar. Estava realmente transtornado com a fotografia, com tudo no mundo, e tomei a decisão de voltar para onde nasci. Foi uma grande coincidência. Era o momento em que meus pais se tornaram muito velhos. Tenho sete irmãs. Sou o único homem na minha família, e eles, juntos, decidiram transferir aquela terra para Lélia e para mim. Quando recebemos essa terra, a terra estava tão morta quanto eu. Quando eu era criança, havia mais de 50 por cento de floresta tropical. Quando recebemos a terra, havia menos que meio por cento de floresta tropical, como em toda minha região. Para construir o desenvolvimento, o desenvolvimento brasileiro, destruímos muito de nossa floresta. Como vocês fizeram aqui, nos Estados Unidos, ou fizeram na Índia, em todos os lugares neste planeta. Para construir nosso desenvolvimento, chegamos a uma enorme contradição em que destruímos tudo a nosso redor. Essa fazenda que tinha milhares de cabeças de gado tinha apenas algumas centenas, e não sabíamos como lidar com isso. E Lélia surgiu com uma ideia incrível, uma ideia louca.
    Ela disse: por que você não repõe a floresta tropical que havia aqui antes? Você diz que nasceu no paraíso. Vamos construir o paraíso novamente.
    E fui ver um bom amigo, que era engenheiro florestal, para preparar um projeto para nós, e começamos. Começamos a plantar, e no primeiro ano perdemos muitas árvores, no segundo, menos, e lentamente, vagarosamente essa terra morta começou a nascer novamente. Começamos a plantar centenas de milhares de árvores, somente espécies do local, somente espécies nativas, com que construímos um ecossistema idêntico àquele que fora destruído, e a vida começou a voltar de uma forma incrível. Foi necessário transformar nossa terra em um parque nacional. Transformamos. Devolvemos essa terra à natureza. Ela tornou-se um parque nacional. Criamos uma instituição chamada Instituto Terra, e construímos um enorme projeto ambiental para levantar dinheiro em todos os lugares. Aqui em Los Angeles, na Bay Area em São Francisco, tornou-se dedutível dos impostos nos Estados Unidos. Levantamos dinheiro na Espanha, na Itália, muito no Brasil. Trabalhamos com muitas empresas no Brasil que colocaram dinheiro neste projeto, o governo. E a vida começou a vir, e tive um grande desejo de voltar para a fotografia, de fotografar novamente. Nessa época, meu desejo era não mais fotografar apenas um animal que eu tinha fotografado toda minha vida: nós. Queria fotografar os outros animais, fotografar as paisagens, fotografar a nós, mas nós no começo, no tempo em que vivíamos em equilíbrio com a natureza. E prossegui. Comecei no início de 2004 e terminei no final de 2011. Criamos uma quantia incrível de fotos, e o resultado — Lélia fez o ‘design’ de todos meus livros, o ‘design’ de todos meus shows. Ela é a criadora de meus shows. E o que queremos com essas fotos é criar uma discussão sobre o que temos que é primordial no planeta e que devemos manter neste planeta, se queremos viver, para ter equilíbio em nossa vida. E eu queria ver a nós quando usávamos, sim, nossos instrumentos de pedra. Nós existimos ainda. Semana passada, estive na Fundação Nacional do Índio, e apenas no Amazonas temos mais ou menos 110 grupos de índios que não foram contatados ainda. Temos que proteger a floresta nesse sentido. E com essas fotos, espero que possamos criar informação, um sistema de informação. Tentamos fazer uma nova apresentação do planeta, e quero mostrar-lhes agora algumas fotos desse projeto, por favor.
    Bem, isto — (Aplausos) — Obrigado. Muito obrigado.
    Isto é aquilo por que devemos lutar fortemente para manter como está agora. Mas há uma outra parte que devemos reconstruir juntos, construir nossas sociedades, nossa família moderna de sociedades, estamos em um ponto em que não podemos voltar. Mas criamos uma contradição incrível. Para construir tudo isso, nós destruímos muito. Nossa floresta, no Brasil, aquela floresta antiga que era do tamanho da Califórnia, está 93 por cento destruída hoje. Aqui, na Costa Oeste, vocês destruíram sua floresta. Aqui em redor, não? As florestas vermelhas se foram. Foram muito rápido, despareceram. Outro dia, vindo de Atlanta, aqui, dois dias atrás, eu voava sobre desertos que nós fizemos, nós causamos com nossas próprias mãos. A Índia não tem mais árvores. A Espanha não tem mais árvores.
    E devemos reconstruir essas florestas. Isso é o sentido de nossa vida, essas florestas. Precisamos respirar. A única fábrica capaz de transformar CO2 em oxigênio são as florestas. A única máquina capaz de capturar o carbono que estamos produzindo, sempre, mesmo se reduzirmos, para tudo que fazemos, produzimos CO2, são as árvores. Coloco a questão — três ou quatro semanas atrás, vimos nos jornais milhões de peixes que morreram na Noruega. Falta de oxigênio na água. Coloquei para mim mesmo a questão, se por um momento, não teremos falta de oxigênio para todas as espécies animais, inclusive a nossa — isso seria muito complicado para nós.
    Para o sistema de águas, as árvores são essenciais. Vou dar-lhes um pequeno exemplo que entenderão facilmente. Vocês, pessoas felizes que têm muito cabelo na cabeça, se tomam um banho, leva duas ou três horas para o cabelo secar, se não usam um secador. Para mim, um minuto, está seco. O mesmo acontece com as árvores. As árvores são os cabelos de nosso planeta. Quando chove em um lugar que não tem árvores, em poucos minutos, a água chega à correnteza, traz solo, destrói nossa fonte de água, destrói os rios, e não há umidade para reter. Quando temos árvores, o sistema de raízes segura a água. Todos os galhos das árvores, as folhas que caem criam uma área úmida, e leva meses e meses para que a água vá para os rios, e mantém nossa fonte, mantém nossos rios. Esta é a coisa mais importante, quando pensamos que necessitamos de água para toda atividade na vida.
    Quero mostrar-lhes agora, para encerrar, algumas fotos que para mim são muito importantes nesse sentido. Lembram-se de que contei a vocês, quando recebi a fazenda de meus pais que era meu paraíso, que era a fazenda. Terra completamente destruída, erosão, a terra tinha secado. Mas podem ver nesta foto, estávamos começando a construir um centro educacional que se tornou um centro ambiental muito grande no Brasil. Vocês veem muitos pontos úmidos nesta foto. Em cada um desses pontos, plantamos uma árvore. Há milhares de árvores. Agora vou mostrar-lhes as fotos feitas exatamente no mesmo local, dois meses atrás.
    (Aplausos)
    Disse-lhes no começo que era necessário plantar aproximadamente 2.5 milhões de árvores de cerca de 200 espécies diferentes para reconstruir o ecossistema. E vou mostrar a última foto. Estamos com dois mihões de árvores no chão agora. Estamos fazendo a retirada de mais ou menos 100.000 toneladas de carbono com essas árvores.
    Meu amigos, é muito fácil de fazer, Fizemos isso, não? Por um acidente que aconteceu comigo, voltamos, construímos um ecossistema. Nós aqui nesta sala, acredito que tenhamos a mesma preocupação, e o modelo que criamos no Brasil, podemos transplantá-lo aqui. Podemos usá-lo em todos os lugares no mundo, não? E acredito que podemos fazer isso juntos.
    Muito obrigado. (Aplausos)
    Algumas fotos de Sebastião Salgado:
    Obs.: O motivo das fotografias de Sebastião serem em preto e branco remete a uma técnica importante. Observa-se que todo o trabalho de Salgado é realizado em preto e branco. A ausência de cor significa ausência de informação, isto é, o foco está na clareza da situação retratada. O autor da foto deseja que aquele que a observa concentre-se na situação em si, e não em um ou mais elementos da mesma, o que interessa é o contexto, o impacto do momento retratado.
    “Nada no mundo é em branco e preto. Mas o fato de eu transformar toda essa gama de cores em gamas de cinza me permitiam fazer uma abstração total da cor e me concentrar no ponto de interesse que eu tenho na fotografia. A partir desse momento, eu comecei a ver as coisas realmente em branco e preto”, afirma o fotógrafo Sebastião Salgado.
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    12
    Fev17

    10 obsessões bizarras de filósofos famosos

    António Garrochinho
    Muitos argumentam que é preciso ter uma Personalidade muito distinta para fazer uma reflexão rigorosa de temas como: O que é real? Qual é a natureza do homem? O que é bom? É por isso que os filósofos são muitas vezes vistos como um grupo eclético.
    Mas há uma outra razão para essa avaliação: um bom número de filósofos realmente tem um comportamento estranho. Confira algumas das mais bizarras obsessões de pensadores famosos, que provavelmente emprestaram credibilidade ao estereótipo:

    10. René Descartes e sua paixão por mulheres vesgas

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    Pai da Filosofia Moderna, René Descartes (1596-1650) manteve uma estreita amizade com mulheres poderosas e ricas, como a rainha Cristina da Suécia e a exilada princesa Elizabeth da Inglaterra. As mulheres de sua vida pessoal eram uma história diferente. Descartes nunca se casou e só teve uma filha ilegítima, com uma das suas serventes.
    Até a idade adulta, a maior paixão de Descartes foi reservada para mulheres vesgas. Em uma carta à rainha Cristina, Descartes explica que refletiu sobre sua atração única por vesgas, percebendo que resultou de uma queda que ele teve por uma menina vesga em sua juventude. Na carta, ele conta que amou uma menina da sua idade que era ligeiramente estrábica, e acreditava que a impressão causada no seu cérebro quando olhou para seus olhos vagantes foi tão forte que o fez ser mais inclinado a amar mulheres vesgas simplesmente porque elas tinham esse defeito, muito tempo depois de sua paixão mudar. O filósofo concluiu que essa paixão inicial havia deixado uma marca em seu cérebro e, portanto, não era uma atração fundamentada. Pelo contrário, era seu subconsciente criando esses sentimentos. Fiel à forma filosófica, Descartes usou seu livre arbítrio para se livrar da atração irracional.

    9. Albert Camus e o medo irracional da morte jovem

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    O filósofo Albert Camus (1913-1960) cresceu em uma família pobre, sem água corrente ou eletricidade. Sua avó usava um chicote para manter todos em linha. Mesmo com este começo difícil, Camus conseguiu ganhar uma bolsa de estudos que lhe permitiu frequentar o ensino médio. Na idade de 17, ele sobreviveu por pouco a um ataque de tuberculose e foi obrigado a tirar um ano da escola para se recuperar. Mais uma vez, Camus perseverou, voltou a estudar e tornou-se um autor publicado mesmo antes de entrar na Universidade de Algiers (Argélia). Apesar de sua capacidade de sobreviver e seus primeiros sucessos na vida, Camus era obcecado com a ideia de que morreria cedo.
    Ele disse uma vez a uma namorada que “sentia o mal flutuando no ar”. Para Camus, este medo criou uma obsessão com a morte em geral. O filósofo, que carregava uma carta de suicídio escrita por um amigo de Leon Trotsky no bolso, era cheio de pessimismo e alimentado por temor. Por isso, estava determinado a completar seus escritos antes de morrer. Até ganhar o Prêmio Nobel foi considerado um mau presságio por ele, que acreditava que o prêmio era um selo sobre o fim da carreira de uma pessoa. A pressão que sentia para completar a sua obra-prima se intensificou e continuou a persegui-lo até a sua morte, quando seus medos se tornaram realidade. Em 4 de janeiro de 1960, Camus morreu em um acidente de carro na idade relativamente jovem de 46. 

    Immanuel Kant e sua rotina rígida
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    Immanuel Kant (1724-1804) é frequentemente lembrado por sua hipocondria, mas ele tinha uma obsessão ainda mais intensa – com a sua rotina diária. Em 1783, logo após a compra de uma casa, Kant decidiu que era necessário estruturar sua programação diária. Assim começou a rígida rotina que Kant seguiu até a sua morte, em 1804.
    Cronometrado precisamente, ele despertava um pouco antes das 5:00, bebia uma xícara de chá e fumava exatamente um cachimbo. Então, trabalhava em suas palestras e escritos até aquelas começarem, às 7:00. Depois que suas palestras terminavam, às 11:00, Kant trabalhava em seus escritos novamente até 13:00, hora do almoço. Após o almoço, chovesse ou fizesse sol, Kant fazia sua lendária caminhada de uma hora no centro de Konigsberg. A caminhada era tão consistente que é dito que seus vizinhos podiam arrumar os seus relógios através dela. O caminho que Kant percorria mais tarde foi nomeado de “Philosophengang” (em português, algo como “a caminhada do filósofo”). Depois disso, Kant às vezes socializava com um amigo ou dois, e então ia para casa para trabalhar e ler até as 22:00, momento em que ia para a cama.

    7. Søren Kierkegaard e uma maldição familiar

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    Antes de Kierkegaard (1813-1855) atingir a idade de 25 anos, cinco de seus irmãos e ambos os pais tinham morrido. Apenas alguns anos antes, o seu avô tinha confessado a seu pai que ele estava destinado a assistir a todos os seus filhos, incluindo Kierkegaard, a morrer antes dele, porque tinha trazido a ira de Deus sobre a família quando amaldiçoou o mesmo ainda menino.
    Kierkegaard aceitou totalmente a conclusão de seu pai sobre sua má sorte e aceitou a ideia de que enfrentaria uma morte precoce. Embora seu pai tenha morrido primeiro, em 1838, Kierkegaard ainda acreditava que estava amaldiçoado e que Deus iria tirar sua vida em uma idade precoce. Este conhecimento fez dele um escritor prolífico, em uma tentativa de dizer tudo antes de seu inevitável fim. Como Camus, os medos de Kierkegaard tornaram-se realidade quando ele morreu em 1855, com apenas 42 anos de idade.

    6. Karl Marx e uma vida de caos

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    Karl Marx (1818-1883) foi o coautor da obra seminal O Manifesto Comunista. Embora seja considerado um dos teóricos mais influentes do século 20, sua vida pessoal era cheia de caos e desordem. Parcialmente por causa de sua terrível situação financeira, que resultou em grande parte da expulsão de sua família da França por causa de seus escritos políticos, e parcialmente por causa de sua personalidade, Marx trabalhava intensamente, mas apenas em rajadas de produtividade que eram muitas vezes seguidas por crises de exaustão, doenças e prazos não cumpridos.
    Marx muitas vezes iniciava um trabalho apenas para largá-lo na metade quando queria começar outra coisa. O caos interior do filósofo, no entanto, é melhor exemplificado pela maneira compulsiva com que ele gerava ideias para suas obras filosóficas. Marx colocava uma ideia no papel e, em seguida, se levantava e começava a caminhar ao redor de sua mesa freneticamente. Quando outra ideia eventualmente o atingia, ele se sentava rapidamente, a escrevia, e então começava o processo novamente. Não é de se admirar que Marx costumava entrar em colapso por exaustão.

    5. Friedrich Nietzsche e sua obsessão por frutas

    Nietzsche
    Na tenra idade de 24, Friedrich Nietzsche (1844-1900) foi nomeado chefe de Filologia Clássica na Universidade de Basel. O filósofo respeitado e produtivo, apesar de todos os seus sucessos, era atormentado por uma grande lista de problemas médicos. A fim de aliviar o sofrimento de dores de cabeça crônicas, vômitos persistentes e um distúrbio digestivo doloroso, Nietzsche tentou diversos medicamentos, bem como uma variedade de dietas.
    Ironicamente, é muito provável que a obsessão de Nietzsche por frutas tenha sido responsável por piorar o seu desconforto digestivo. De acordo com a gerente do hotel Alpine Rose, onde Nietzsche ficou por um tempo prolongado em 1884, a ingestão diária de alimentos do pensador consistentemente incluía um bife no café da manhã e frutas pelo resto do dia. Não só Nietzsche comprava frutas da pousada e de fornecedores italianos locais, como recebia cestas enviadas por seus amigos também. Em mais de uma ocasião, Nietzsche comeu quase três quilos de frutas em um único dia.

    4. Voltaire e sua mania de café

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    Como um dos mais famosos filósofos do Iluminismo, Voltaire (1694-1778) é exaltado por sua sagacidade e sátira. É possível, porém, que ele não teria sido tão espirituoso ou satírico sem a enorme quantidade de café que ingeria diariamente. Fosse em casa ou com os amigos no Café de Procope em Paris, Voltaire bebia 20 a 40 xícaras de café todos os dias. Ele gostava tanto da bebida que voluntariamente ignorou o conselho de seu médico, Theodore Tronchin, para abandonar o vício. Até regularmente pagava taxas exorbitantes para tomar cafés de luxo importados.
    Deve-se notar que uma citação muitas vezes atribuída a Voltaire não é dele. Provavelmente, foi Bernard Le Bovier de Fontenelle quem disse que “Eu acho que [o café] deve ser [um veneno lento], porque eu tenho o tomado por 85 anos e não estou morto ainda”. Esta é a citação correta, que às vezes aparece com a idade mudada (65 anos), referindo-se erroneamente a Voltaire, que morreu com 84 anos, enquanto Fontenelle viveu até quase os 100.

    3. Friedrich Hegel e a camisola por cima da roupa

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    Exceto pela morte de sua mãe, quando tinha 13 anos, Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831), que se tornaria um dos proponentes do idealismo alemão, teve uma infância tranquila e cheia de literatura. Antes dos 45, Hegel tinha um casamento bem-sucedido, uma família e um bom trabalho como editor de uma revista literária muito renomada. Mas até mesmo os filósofos mais aparentemente normais tinham peculiaridades interessantes. Para Hegel, era sua camisola e boina preta.
    Enquanto trabalhava em casa, Hegel consistentemente usava sua camisola sobre suas roupas de dia, e vestia uma boina preta enorme na cabeça. Em um incidente, quando o amigo de Hegel Eduard Gans apareceu sem avisar, encontrou o filósofo vestido dessa maneira junto a uma montanha de papéis desorganizados. Esse fato lhe deu alguma notoriedade quando um litógrafo, Julius L. Sebbers, retratou Hegel em sua mesa de trabalho vestindo a camisola e a boina preta. O alemão não gostava da imagem, e sua esposa dizia que era porque se assemelhava a ele um pouco demais.

    2. Jean-Paul Sartre e um medo de criaturas do mar

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    Jean-Paul Sartre (1905-1980) foi um escritor prolífico e ativista político que, durante o curso de sua vida, defendeu figuras notáveis como Karl Marx, Fidel Castro e Che Guevara. Como Camus, Sartre ganhou o Prêmio Nobel e não ficou nada satisfeito com isso. O francês recusou o prêmio juntamente com seu dinheiro, em um ato profundamente filosófico: segundo ele, instituições feitas pelo homem como o Nobel só pioram as condições dos homens, os quais são “condenados a ser livres”.
    Apesar de toda a sua confiança intelectual, porém, Sartre tinha uma fraqueza: crustáceos. Quando criança, ele ficou marcado por uma pintura de uma garra que saía do mar e tentava agarrar uma pessoa. Depois disso, o filósofo ficou com um medo obsessivo de crustáceos e outras criaturas do mar. Seu medo era tão intenso que ele teve um ataque de pânico depois de entrar no mar com o seu amor de longa data, Simone de Beauvoir. Ele acreditava que um polvo gigante subiria da profundidade escura da água e o arrastaria para sua morte. Em outra ocasião, depois de consumir uma droga que alterou sua mente, Sartre teve visões de lagostas o seguindo para onde quer que fosse.

    1. Arthur Schopenhauer e seus poodles

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    Mesmo que a família de Arthur Schopenhauer (1788-1860) tivesse boa condição financeira, falta de moradia tornou-se o tema de sua vida. Um vagabundo intelectual, Schopenhauer tinha a perspectiva de que não pertencia a nenhum lugar e nenhuma pessoa. Mesmo sua terra natal, Danzig, na Alemanha, não significava nada para ele, uma vez que sua família teve de abandonar rapidamente a sua casa quando a Prússia anexou o município. Schopenhauer tinha apenas cinco anos de idade na época.
    Nenhuma cidade depois conseguiu capturar a lealdade do filósofo. Da mesma forma, após a perda de seu pai conforme ele entrava na idade adulta, Schopenhauer não conseguir ter muita afeição por outras pessoas, incluindo sua própria mãe. Expressões desta desconexão da humanidade podem ser vistas em sua filosofia pessimista, mas isso também o levou a preencher sua necessidade de companheirismo com poodles de estimação. De seus tempos de escola até a sua morte, Schopenhauer manteve um fluxo de poodles que tinham o mesmo nome, Atma, e o mesmo apelido, Butz. A singularidade de chamar todos os seus poodles com o mesmo nome foi concebida como um elogio, porque a palavra em sânscrito “Atma” é um conceito hindu desenvolvido no Bhagavad Gita que significa “eu interior” ou “alma transcendente”. Para Schopenhauer, cada um de seus animais de estimação, ao invés de ser um bicho com sua própria personalidade, expressava a realidade mais alta e mais fundamental de um “poodle”. 

    hypescience.com

    12
    Fev17

    A SACERDOTIZA DO SANGUE

    António Garrochinho
    Magdalena Solis foi uma serial killer e líder sectária mexicana, conhecida como "A Grande Sacerdotisa de Sangue". Ela foi responsável por pelo menos oito assassinatos, mas de acordo com algumas fontes o número real de vítimas ascendeu a quinze pessoas. Esses atos foram cometidos na pequena comunidade de "Yerba Buena", perto da cidade de Monterrey, no estado mexicano de Nuevo Leon.
    É um dos poucos casos documentados de assassinos em séries que tiveram uma motivação carnal clara. Era uma assassina organizada, visionária, sedentária, predatora erótica e que assassinava em grupo. Pouco depois de entrar na seita, Magdalena assumiu o comando. Depois disto, 2 adeptos das práticas malignas, cansados dos abusos, quiseram deixar a seita. A condenação de Solis foi clara: pena de morte.

    Magdalena era oriunda de uma família pobre e, muito provavelmente, disfuncional. Aparentemente, ela começou a praticar a profissão mais antiga do mundo em idade precoce, ocupação na qual permaneceu até a sua união, junto com seu irmão Eleazar Solis, na seita de Santos e Cayetano Hernández em 1963. Depois de sua admissão na seita, Magdalena Solis desenvolveu uma grave psicose teológica. Ela passou a ser uma fanática religiosa que sofria delírios religiosos e de grandeza.
    Isso se expressava com o consumo de sangue de suas vítimas e o terrível sadismo com que realizava seus crimes. Há uma banda de rock belga que possui o nome desta assassina.

    www.paraoscuriosos.com
    12
    Fev17

    a praxe NAZI universitária - Braga

    António Garrochinho



    Acontece em Braga, Curso de Biologia Aplicada da Universidade do Minho. Os meninos e as meninas com a braçadeira vermelha e os simbolos nazis. A mesma ignorãncia e desfaçatez. 
    Ninguém lhes falou de Eichmann,  dos fornos crematórios, da "raça ariana"? Os professores andam a fazer o quê?

    CR
    cris-sheandbobbymcgee.blogspot.p
    12
    Fev17

    Sete mulheres que transformaram a história do jazz

    António Garrochinho

    Ella Fitzgerald, Billie Holiday, Nina Simone… Conheça as trajetórias das cantoras, pianistas e compositoras que passaram por cima do racismo e sexismo e popularizaram o gênero mundo afora

    Com o nascimento do jazz na Nova Orleans do início do século 20, a música norte-americana se transformou para sempre. Enquanto os músicos do jazz frequentemente enfrentavam o racismo, as mulheres que tentavam se firmar no gênero precisavam vencer também o sexismo. Ainda assim, ocuparam a linha de frente no desenvolvimento de um dos estilos musicais mais difundidos no mundo, desempenhando diversas funções – cantavam, tocavam todos os instrumentos e compunham. Confia as trajetórias de sete mulheres que tiveram papel fundamental na história do jazz.

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    Blanche Calloway
    (Reprodução)
    (Reprodução)
    Blanche Calloway foi cantora, compositora e bandleader de jazz durante os anos de 1920 e 1930, além de ter sido a primeira mulher a liderar uma banda totalmente masculina – o Blanche Calloway and Her Joy Boys. Quando criança, sua mãe a desencorajou a seguir a carreira musical, pois acreditava que esta não era uma profissão “respeitável” para uma mulher, mas Calloway era uma artista nata e não desistiu de seu sonho. Seu irmão caçula, Cab Calloway, talvez seja mais conhecido do que ela, porém Blanche se tornou bandleader antes de Cab iniciar sua carreira e o incetivou a não abandonar a música, influenciando-no com seu estilo vibrante e o ensinando tudo que sabia. Além da música, Calloway era ativista pelos direitos civis, integrante da Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor (NAACP – National Association for the Advancement of Colored People) e do Congresso para Igualdade Racial (CORE, na sigla em inglês). Também é conhecida como a primeira mulher negra a votar no estado da Flórida, em 1958.

    Lena Horne
    (Reprodução)
    (Reprodução)
    Lena Horne foi uma cantora, dançarina e atriz que se destacou na Broadway e no jazz. Iniciou sua trajetória artística no começo da década de 1930 no Cotton Club, um bar no bairro nova-iorquino do Harlem onde só era permitida a entrada de brancos. Participou de várias turnês, transformando-se na primeira artista negra a assinar um contrato longo com um grande estúdio de Hollywood. Atuou em inúmeros filmes, mas logo se desiludiu com o racismo de Hollywood – ela nunca conseguiu um papel de protagonista, e suas cenas era frequentemente editadas antes de serem exibidas em alguns estados. Sua carreira foi alavancada no período pós-guerra, e ela se tornou a primeira mulher negra a ser indicada para o Tony, a premiação máxima do teatro norte-americano, como “melhor atriz de musical”. Horne também apareceu em incontáveis programas de TV e séries. Além de ter conquistado muitos prêmios durante sua carreira – incluindo Grammys, Tonys e um Emmy –, era uma ativista pelos direitos civis e esteve presente na “Marcha sobre Washington”, liderada por Martin Luther King em 1963. Horne se recusou a se apresentar para tropas segregadas durante a Segunda Guerra Mundial, o que a deixava com poucas opções, já que as Forças Armadas dos EUA não permitiam a integração entre brancos e negros. Em vez disso, apresentou-se para grupos de prisioneiros de guerra alemães (que estavam sentados na frente) e de recrutas negros norte-americanos, caminhando entre as fileiras do fundo, onde os recrutas eram forçados a ficar.
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    Nina Simone 
    (Reprodução)
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    Pianista, cantora e letrista, Nina Simone sonhava, quando criança, em ser a primeira pianista clássica dos EUA, mas foi forçada a mudar de planos após ter uma bolsa de estudos recusada por conta da cor de sua pele. Passou a se apresentar em bares e boates para pagar as aulas de música, e conseguiu um contrato nesse processo. Gravou mais de 40 álbuns ao longo da carreira e trabalhou com diversos gêneros musicais, como jazz, gospel, R&B, clássico e pop. Em meados dos anos 1960, passou a utilizar sua música como protesto político, abordando a questão racial em inúmeras canções. Mississippi Goddam é uma das mais famosas, cantada por ela no encerramento das Marchas de Selma a Montgomery, em 1965.
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    Mary Lou Williams
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    Mary Lou Williams foi uma pianista, compositora e arranjadora que não apenas começou a tocar quando criança, como era autodidata. Já ganhava dinheiro se apresentando em festas aos seis anos, e se profissionalizou ainda no início da adolescência. Em 1923, aos 15, passou a tocar com Duke Ellington e sua banda, The Washingtonians, e logo em seguida se juntou a Andy Kirk e o grupo Twelve Clouds of Joy. Williams atingiu projeção nacional após gravar os solos de piano Drag ‘Em e Night Life. Em meados dos anos 1940, apresentou um programa semanal de rádio chamado Mary Lou Williams’s Piano Workshop e orientou músicos jovens, como Dizzy Gillespie e Thelonious Monk. Sua carreira também teve importante aspecto filantrópico. Williams trabalhou com corais de adolescentes, criou uma organização de caridade, abriu brechós no Harlem para auxiliar músicos que passavam necessidade, atuou em parceria com a Fundação Bel Canto para ajudar artistas viciados em drogas e doou 10% de seus ganhos a músicos pobres. Também criou sua própria gravadora e fundou o Pittsburgh Jazz Festival.

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    Sarah Vaughan
    Sarah-Vaughan
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    Sarah Vaughan, conhecida por sua maravilhosa voz, é considerada uma das melhores cantoras de jazz da história, com um talento que Frank Sinatra descreveu certa vez como “tão bom que quando a ouço quero cortar meus pulsos com uma navalha”. Depois de frequentar ilegalmente boates quando adolescente, começou a carreira ganhando o concurso Apollo Theater Amateur Night com a canção Body and Soul. Abriu o show de Ella Fitzgerald, chamou a atenção de Earl “Fatha” Hines e começou a cantar em sua banda em 1943, apresentando-se ao lado de lendas como Dizzy Gillespie e Charlie Parker. Teve uma carreira solo bem-sucedida, que incluiu a conquista de um Grammy e de um National Endowment for the Arts Jazz Masters Award. Apesar dos prêmios, Vaughan não se considerava uma cantora de jazz: “Não sei porque as pessoas me chamam de cantora de jazz, imagino que me associem ao gênero porque fui criada em meio a ele. Não estou desprezando o jazz, mas não sou uma cantora de jazz… Gravei todos os tipos de música.”
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    Ella Fitzgerald
    (Reprodução)
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    O mundo provavelmente nunca teria a chance de amar a lendária cantora de jazz Ella Fitzgerald se não fosse por suas inseguranças quando adolescente. Sua trajetória na música teve início em meados dos anos 1930, época em que começou a cantar semanalmente no Apollo Theater, no Harlem, e conquistou a oportunidade de participar de uma de suas famosas Amateur Nights. A princípio, ela pensava em se tornar dançarina, mas intimidada pela dupla Edwards Sisters, mudou de planos e passou a cantar. Temos sorte pela escolha que fez, afinal, ela se tornaria uma das mais conhecidas e icônicas artistas da história, cativando o mundo com suas habilidades de improvisação e voz pura e ganhando incontáveis premiações e honrarias durante seus 60 anos de carreira.

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    Billie Holiday
    (Reprodução)
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    O ícone do jazz Billie Holiday teve um início de vida difícil: filha de uma jovem mãe solteira, foi forçada a trabalhar em um prostíbulo ainda na adolescência. Começou cantando em pequenas casas de show, e posteriormente conseguiu um contrato para se apresentar junto a Teddy Wilson. Eles eram estimulados e improvisar em cima do palco, e as habilidades de Holiday se destacaram. Depois de um breve período cantando com a banda de Count Basie, foi contratada por Artie Shaw e se tornou a primeira mulher negra a trabalhar com uma banda formada exclusivamente por brancos. O grupo viajou pelo sul dos EUA e Holiday sofreu racismo ao ser vaiada pelo público e proibida de sentar no coreto com os demais cantores. No final dos anos 1930, passou a lançar canções em carreira solo, como Summertime, Strange Fruit e God Bless the Child, entrando para a história como uma das mais populares cantoras de jazz e blues de todos os tempos

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    www.revistaforum.com.br
    12
    Fev17

    Dançarinas antigas e famosas da dança do ventre

    António Garrochinho






    Shafiqah al-Qutubiah (ou el Koptiyva),

     nasceu em 1851, no subúrbio de Shobra, no Cairo. Sua família era respeitável, conservadora e modesta e ficou escandalizada quando ela começou a pensar em dançar. Aos 19 anos de idade, foi descoberta por Shooq e fugia para aprender a dançar, enquanto sua família pensava que ela estava na igreja. Era estudante da primeira dança oriental egípcia de Shooq. Seus pais morreram quando ela ainda era jovem. Depois que se casou, ela viveu sob circunstâncias pobres e tentando melhorar dançando nos clubes. Com a morte de Shooq, Shafiqa se tornou desde a maior bailarina até a mais rica e famosa do Egito.Shafiqa Al-Qibtiyya já era uma lenda na era de 1920. Era extremamente bela e inteligente e ganhou fama por dançar na boite "El Dorado". Shafie'a Qebtiyya ficou conhecida pelas suas inovações, como dançar com candelabros na sua cabeça ou equilibrar uma bandeja de bebidas no seu corpo. Entre seus admiradores havia muitos ministros e outras pessoas influentes. Este período marcou o começo da era de bailarinas famosas no Egito. Bailarinas de sucesso como Shafiqa Al-Qibtiyya começaram a abrir seu próprio salah (clubes). Shafiqa era proprietária do "Alf Leya" ou "1001 Noites" clube. Tornou-se extremamente rica e dançou com sapatos de ouro, mas seu sucesso não só trouxe seu dinheiro, como ela gastava muito, tornou-se viciada em cocaína e morreu desamparada em 1926.O traje de dança de Shafiqa não era como o das bailarinas mais famosas que 30 anos mais tarde aparecem em cena.

    Badia masabni


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    Nascida em 1893, Badia é considerada a avó da dança oriental, nasceu no Líbano e estabeleceu-se no Egito. Abriu o primeiro lugar de música egípcia tornando-se proprietária do "Cassino Ópera", em 1926. Este era o nome oficial do cassino, mas também era conhecido como "Cassino da Badía" ou "Cabaré da Madame Badía". O cassino incluía comediantes, cantores e bailarinas. Ela apresentava suas danças e lá estiveram atuando grandes estrelas, entre elas Taheya Carioca, Nayma Akef e Samia Gamal. Trabalhava com uma equipe completa composta de músicos, tais como Farid El Atrashe e Mohamed Abdul Wahab. Este cassino foi freqüentado por intelectuais egípcios e pela aristocracia nacional e estrangeira da época. Badía mudou o cenário da dança egípcia, criando um novo estilo de dança, usando coreógrafos ocidentais e sendo chamada agora de Raqs El Sharqi. Ela também introduziu um coral de 30 bailarinas. Adorava fazer relações públicas. Certa noite, Badía vendeu o cassino, obteve um passaporte falso e foi para sua terra natal, Líbano.Devia impostos ao governo egípcio. Morreu em Beirute em 1975 e o Egito todo a recorda com carinho. Com Badía formou-se toda a geração de bailarinas egípcias, como Sâmia Gamal e Tahia Carioca. Ambas treinadas por Badía, se tornariam as mais extraordinárias e famosas bailarinas da metade do século XX.

    Taheya Karioka
    Dançarina egípcia, Tahia Carioca dançou na maioria dos estados árabes e participou de alguns filmes egípcios com estrelas de filmes árabes como, o cantor e compositor Mohamed Ahdel Wahab e Farid Al Atrache. Tahia Carioca tornou-se uma das lendas da dança oriental. Mohamed Karim, seu pai, exerceu sobre ela duas influências: seu amor pela arte e em segundo seus vários casamentos. Seu pai casou 7 vezes e mais tarde, Tahia oficialmente dobrou o número de seu pai, casando-se 14 vezes. Ela foi chamada Carioca na ligação que teve com o samba brasileiro, na qual ela desenvolveu seu estilo no início da década de 30 quando se apresentou no casino de Badia Massabni. Ela se tornou fascinada pelo ritmo brasileiro e pediu ao seu músico que tocasse algo similar. Tahia trouxe para os seus shows os rítmos latinos. A concorrência no Cabaret de Badia era dura, especialmente contra Samia Gamal que também dançava lá no início de sua carreira. Foi uma das melhores bailarinas do Egito, extremamente audaz, recusou-se a dançar para o ditador turco Kamal Ataturk, o qual a proibiu de entrar na Turquia, também recusou-se a dançar para Nazli, rei do Egito. Durante a ultima guerra mundial, exerceu um importante papel, foi responsável por grandes ajudas e donativos. Na maioria das vezes, as apresentações de Carioca eram de 20 a 25 minutos. Mas a fama de Tahia foi rápida, entre 1930 e 1940, desta maneira, se estendeu até o Rei do Egito, Farouk, que a convidou para dançar no seu aniversário. Seu estilo era totalmente diferente de sua rival, Samia Gamal. O primeiro filme que Tahia fez foi "La Femme et le Pantin", lançado em 1935 e depois participou de mais de 120 filmes, como também, de teatro e novelas. Tahia era uma mulher determinada. Ela era uma grande dançarina! Ninguém conseguiu alcançar sua virtuosidade, seu jogo de palavras, gestos e seu jeito irônico de flertar. Ela deixou sua família em Ismaila depois de uma discussão com seu pai e aos 12 anos partiu de trem para o Cairo. Aos 31 anos já era considerada uma lenda da dança oriental! Tahia provou ser uma fonte de inspiração para toda uma nova geração de dançarinas. Quando abandonou a dança, fundou um grupo teatral, a primeira obra que apresentou foi a vida de Shafiqa La Copta, peça de teatro de quatro partes que obteve um grande êxito. Tahia faleceu no dia 20 de setembro de 1999, aos 79 anos de ataque cardíaco.

    samia gamal

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    Declarado pelo rei Farouk como: "A dançarina nacional do Egito" em 1949, Samia Gamal é uma das mais famosas dançarinas do mundo. Nasceu em 1924 na pequena cidade egípcia de Wana, mudou-se para o Cairo depois de alguns meses nascida. Seu nome verdadeiro, Zainab, foi alterado por Badía Massabni, que a convidou para se juntar à sua companhia da dança. Como solista Samia desenvolveu um estilo improvisado que incorporou técnicas do ballet e danças latinas. Seu romance com o ator e cantor Farid al Atrache alegrou seus fãs, que viram o casal junto em filmes, como "I Love You" em 1949 e "Afrita Hanem" em 1950. Dançou até quase o fim de sua vida. Ela tinha 60 anos e ainda se apresentava em nightclubs parando completamente em 1984. Mais uma vez retornou aos palcos ouvindo os conselhos de um velho amigo, Samir Sabri. As pessoas eram maldosas com ela em cena e soltavam comentários ferinos enquanto ela se apresentava mas nada detinha aquela mulher. Tentavam atingi-la em sua auto-estima e ela continuava dançando.
    "Dança, dança, nada além da dança. 
    Eu dançarei até morrer!"


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     Nagwa Fouad


    Nascida em 1942, foi a bailarina mais famosa na 2a metade deste século. Seu começo artístico foi como secretária em uma empresa de organizações de festas e daí passou para o teatro e dança. Afastada de sua casa em Alexandria, sonhava em dançar no Cairo. Participou de muitos filmes com um êxito sem precedentes. Sua fama ultrapassou o mundo árabe e passou a representar o Egito em muitos festivais turísticos. Dentro de seus espetáculos, foi a pioneira a incorporar elementos originais e sofisticados, dando a Dança Oriental um teor muito mais adaptável no mundo Ocidental. Desta forma, viajou inúmeras vezes para a Europa, América do Norte e Ásia, onde participou dos grandes festivais. Nos Estados Unidos realizou várias apresentações dedicadas especialmente aos habitantes de origem árabe e fundou uma escola de dança oriental em New York. Seu grupo de dança reconheceu diversos elementos de origem folclórica tanto egípcios quanto de outros paises árabes. Em 1976, o compositor Mohammad Abdel Wahab escreveu uma música especialmente para ela, de nome Arba'tashar. Nesta dança, Nagwa diz ter podido combinar a dramaticidade de Tahía Carioca e as acrobacias de Naima Akef. Este foi seu primeiro grande sucesso responsável por seu reconhecimento. Após ele, foi obrigada a criar novas coreografias a cada três meses. Nagwa com seus movimentos de braços e sinuosidades do quadril reserva sempre um momento do show especial para a Camanja (violino). Foi também cantora e artista de cinema e teatro; e em 1922 quis interromper definitivamente sua carreira de dança, para consagrar-se no cinema, mas não conseguiu devido a inúmeros pedidos, alegando ser insubstituível. Cativou numerosos políticos, entre eles o estadista Richard Nixon, o egípcio Anwar el Sadat e também o presidente Carter e Henry Kissinger.



    Fifi Abdo

    Com seus quase 60 anos, é atualmente a bailarina de maior sucesso no Egito, juntamente com Dina e a que paga um dos mais altos impostos. Dotada de um quadril incrivelmente potente, sua dança é forte e impressionante. Foi empregada doméstica de um músico que descobriu seu talento e iniciou sua carreira. A Rainha da Dança do Ventre diz não ter rivais, pois para ela, uma moça que balança os quadris não significa que é uma dançarina. Mas todos sabem que, assim como Tahia Carioca era rival de Samya Gamal e Nagwa Fouad era rival de Souhair Zaki, Fifi Abdo tinha Lucy como sua rival da época. Fifi faz doações para aproximadamente 30 famílias carentes, mas os islâmicos dizem que seu dinheiro é sujo e ilegal, que não deve servir de alimento para ninguém. Ela contesta que seu dinheiro é bonito, porque e ganho graças a seu árduo trabalho. Que no meio do inverno, ela dança descalça, sobre um chão frio, enquanto mulheres de alta sociedade, vestidas em pele, assistem-na na platéia. Sua personalidade é rebelde. Fifi Abdo, sem dúvidas, causa inveja a qualquer dançarina com seu estonteante shimmie (tremor dos quadris). Em sua orquestra, o alaúde toma frente, para atuar em combinação com seus shimmes.

    Azza Sharif 

    Esta bailarina iniciou seus estudos em dança ainda na infância, e aos 18 anos já era bailarina profissional nos Hotéis egípcios Sahara City e Hilton Al Nile, com ajuda de sua amiga, a bailarina Nahid Sabry. Mas ela não podia dançar no Egito, sua terra natal, porque para dançar profissionalmente a idade mínima permitida era 20 anos. Então ela viajou para dançar emvários países, como Alemanha, Inglaterra e para Beirute, Líbano, até completar 20 anos, quando retornou ao Egito fechando contrato com Mena House e dançando emeventos com Abdel Halim Hafez, Yousry Wahbi. Om Kaltoum falou sobre Azza: “Seu corpoé perfeito para a Dança Oriental.” Ela é uma das dançarinas mais amadas no Egito. Foi na década de 70 que Azza começou a dançar no cinema, tendo feito cerca de 21 filmes. Antes da guerra civil no Líbano, dançou em várias casas em Beirute. Casou-se em 1970 com o cantor Katcout El Amir, conhecido como Cat, mas atualmente, estão divorciados.

    Nádia Gamal

    Nasceu em Alexandria, em 1937.. Responsável pelo surgimento da primeira escola de Dança do Ventre em Beirute. Sua dança era sofisticada e parecia reunir muitos estilos que forneciam a força de sua identidade. Nadia possui uma dramaticidade, que combinava perfeitamente com performances de dança com teatro. Chegou a trabalhar durante muito tempo com o tablista Setrak, formando uma dupla de coesão explicita. Por duas vezes esteve nos Estados Unidos, ministrando cursos. Sempre será símbolo da perfeita interpretação da música. Faleceu em 1990 de câncer.


    Farida Fahmy

    Farida é uma bailarina egícpia que, ao lado de Mahmoud Reda, mudou a imagem da dança egípcia  até então  ligada o estilo de dança do ventre de Hollywood. Em uma entrevista em 1995, Farida declarou que o amor da vida dela era e é “raks chaabi, a dança folclórica”.Raks chaabi voltou às raízes egípcias, a cultura popular e folclórica.  Co-fundadora e principal bailarina do Reda Troupe, criada pelo coreógrafo Mahmoud Reda que dirigia suas forças para a renovação da dança egípcia, tornando-se ele próprio um compositor, coreógrafo e dançarino ao mesmo tempo. A Companhia de Mahmoud Reda é financiada pelo governo Egípcio na medida em que é encarada como representante do folclore egipcio. O grupo viaja por todo o Egito investigando e analizado as danças folclóricas e depois organiza tournées mundiais para promover essas danças como uma forma de Arte, digna de respeito. O trabalho do Reda influenciou e moldou o que hoje é conhecido por Dança Oriental e muitos dos grandes nomes ligados à dança oriental, tais como Raqia Hassan, Momo Kadous, Mo Geddawi and Yosry Sherif. Atualmente, Farida viaja o mundo todo ministrando workshops e ensinando ao mundo a mais autêntica dança egipcia. Farida dançou aos 17 anos no musical “Ya Leil Ya Ein”, patrocinado pelo estado egípcio. Zakaria Abdul Rahaman Al-Heggawi fora o autor da opereta, primeiramente apresentada no palco da Casa de Óperas. “Ya Leil Ya Ein” é considerada a primeira peça folclórica que destacou a trupe de Reda para o público geral. Suas irmãs mais velhas eram casadas com Mahmoud Reda.
    Nayma Akef

    Nasceu em Tanta, no Egito, no dia 7 de outubro de 1932. Sua família era circense e possuía o Circo Akef. Eles viajavam muito fazendo turnês especialmente na Rússia. Em 1957 Naima apresentou sua dança num festival juvenil e ganhou primeiro lugar. No Teatro Bolshoi, há uma foto em sua homenagem. Naima foi descoberta primeiro pelo diretor Abbas Fawzy que lhe apresentou seu irmão Hessein Fawzy. Ele percebeu o talento dela e lhe deu papel principal na primeira vez em que Naima aparecia num filme. Ela teve muito sucesso como atriz, era consciente do seu peso, sua forma física, não poupava esforços nos ensaio. Dotada de grande técnica e estilo, suas coreografias encantaram o cinema egípcio com sua arte de canto, atuação e dança. Atuou em aproximadamente 30 filmes. Sua expressiva dança, teve origem nas atuações acrobáticas sobre cavalos. Foi seu pai quem percebeu seus dons, incentivou e reconheceu seus talentos. Freqüentemente criava suas coreografias mas ficou muito famosa por ser disciplinada e obediente aos seus treinadores. Raramente dançava em casas noturnas. Ela se apresentou algumas vezes no Cassino da Madame Badia Masabni. Após ter se separado de Hessein, ela se casou com seu contador e com ele teve um filho que começou mais tarde a trabalhar com música. Naima morreu de câncer em 23 de abril em 1996 com apenas 64 anos, após uma angustiante batalha. Sua musicalidade e interpretação dramática são imortais.

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    12
    Fev17

    ATAQUES QUÍMICOS

    António Garrochinho


     O Exército norte-americano no Vietname. Durante a guerra, no período de 1962 até 1971, as Forças Armadas dos EUA despejaram cerca de 20 milhões de galões – 88,1 milhões de litros aproximadamente – de armamento químico no país asiático. O governo vietnamita estima que mais de 400 mil pessoas morreram vítimas dos ataques; 500 mil crianças nasceram com alguma deficiência física em função de complicações provocadas pelos gases tóxicos. E o dado mais alarmante: mais de um milhão de pessoas têm atualmente algum tipo de deficiência ou problema de saúde em decorrência do Agente Laranja – poderosa arma química disparada durante o conflito.
     Israel ataca população palestina com Fósforo Branco. Segundo grupos ligados aos direitos humanos – como Anistia Internacional e Human Rights – o material altamente venenoso foi disparado em 2009 contra civis de origem palestina em território israelense. O Exército negou na época o uso de armas químicas. No entanto, alguns membros das Forças Armadas admitiram os disparos. 
    Aviões norte-americanos sobrevoando território do Vietnã (Foto: @pollcymic)
     Washington atacou iraquianos com Fósforo Branco em 2004. Jornalistas que participaram da cobertura da Guerra do Iraque reportaram que o Exército norte-americano utilizou armas químicas na cidade de Fallujah. Inicialmente, os militares se justificaram dizendo que o material serviu apenas para “iluminar o local ou criar cortinas de fumaça”. No entanto, o documentário “Fallujah, o massacre encoberto”, do diretor Sigfrido Ranucci, apresenta evidências do ataque com depoimentos com membros das Forças Armadas dos EUA admitindo o episódio. Crianças e mulheres foram as principais vítimas.
    Ação militar no Iraque em 2004 (Foto: @pollcymic)

     EUA realizaram testes químicos em bairro pobre e negro de St Louis. No começo da década de 50, o Exército norte-americano organizou um teste de militar em alguns bairros populares de St. Louis – caracterizados por ter maioria negra. O governo disse aos moradores que realizaria um experimento com fumaças de iluminação “contra ameaças russas”. No entanto, a substância atirada na atmosfera continha gases sufocantes. Após os testes, um número grande de pessoas da região desenvolveu câncer. Não há informações oficiais do número de pessoas vítimas do ataque químico.
    Imagem histórica de inspetores de Washington preparando o teste químico em bairro de St. Louis (Foto: @pollcymic)
     Exército norte-americano bombardeou tropas iraquianas com armas químicas em 2003.  A cruzada de Washington à procura de armas nucleares teve episódios de disparos químicos contra os militares iraquianos, que acabaram atingindo civis. Durante 2007 e 2010, centenas de crianças nasceram com deficiências. “As armas utilizadas no confronto no Iraque destruíram a integridade genética da população iraquiana”, afirmou na ocasião Cristopher Busby, o secretário do comitê europeu de Riscos de Material Radioativo.
    Japoneses são massacrados com Napalm entre 1944-1945. Em 1980, a ONU (Organização das Nações Unidas) declarou que a utilização do Napalm (um tipo de álcool gelatinoso de alto grau de combustão) seria a partir de então considerada crime de guerra dado o efeito absolutamente devastador da substância. Durante a Segunda Guerra Mundial, o Exército norte-americano derrubou sobre os japoneses o suficiente para queimar 100 mil pessoas, deixar mais um milhão feridas e destruir milhares de residências.

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    12
    Fev17

    Ar-condicionado: o frio encaixotado

    António Garrochinho


    Quanto mais as temperaturas aumentam em todo 

    o planeta, mais se percebe a importância do 

    aparelho que o americano 

    Willis Carrier inventou em 1902

    Após a Segunda Guerra Mundial, o aparelho foi adotado em massa e arquitetos passaram a projetar prédios já planejando o seu uso
    Por Mauro Trindade

    Há estátuas para tudo que é tipo de gente. Desde carniceiros e punguistas que terminaram conhecidos como heróis até homens – e algumas mulheres – cujo único grande feito na vida foi ter nascido em uma família abastada o sufi ciente para pagar o bronze e o espaço público. Bustos e nulidades equestres enfeiam praças, enquanto muita gente que criou obras-primas para a humanidade permanece nas sombras da história. Um desses esquecidos chama-se Willis Haviland Carrier, engenheiro americano nascido em 26 de novembro de 1876 e que refresca a vida de milhões e milhões de pessoas. Literalmente. Carrier foi o inventor do ar-condicionado, essa proeza tecnológica que permite transformar o mais insuportável dos verões num jardim das delícias terrenas.

    O ar-condicionado não foi inventado para humanos, mas para a indústria. Diversas fábricas tinham problemas com seus produtos, porque umidade de mais ou de menos alterava os padrões da qualidade durante a produção, como era o caso da indústria do tabaco, têxtil e farmacêutica, entre outras. No tórrido verão de 1902, em Nova York, apenas um ano após sua formatura, Carrier foi procurado por uma gráfica do Brooklyn, em Nova York, que penava com o calor e a umidade que alteravam o tamanho do papel e borravam a impressão. O próprio Carrier contou que, ao voltar de trem para casa numa noite coberta de neblina, descobriu como solucionar variações de temperatura, umidade e condensação com uma única máquina. Ele patenteou o seu invento com o nome de “aparato pra tratamento de ar”.

    O processo de resfriamento que ele utilizava já era conhecido desde a década de 1870 – o  esfriamento artificial de dutos, por onde o engenheiro fez o ar circular–, mas foi Carrier que desenvolveu a máquina capaz de fornecer ar fresco em grande volume e de forma contínua. O termo “ar-condicionado” veio depois, com Stuart Cramer, que em 1906 criou o seu próprio aparelho.

    A invenção demorou a se popularizar porque, em um primeiro momento, seus inventores ainda não tinham percebido o potencial daquelas máquinas de ar frio. Mas, em 1919, o cinema Riviera, em Chicago, convidava os espectadores para sua “fábrica de congelamento”. Quatro anos depois, uma loja de departamento, em Detroit instalou três condicionadores de ar que atraíram multidões de consumidores. Em Nova York, o cinema Tivoli, aberto desde 1921, ganhou em 1924 um ar-condicionado que o tornou famoso. As pessoas faziam fila na porta, menos para ver os filmes e mais para aproveitar o geladinho do cinema da Oitava Avenida. Eles chegaram aos escritórios ainda naquela década.

    Em 1928, a empresa de Carrier já vendia um modelo caseiro, mas a Depressão esfriou os negócios. Somente depois da Segunda Guerra Mundial o ar-condicionado doméstico foi adotado em massa. Arquitetos e engenheiros começaram a prever seu uso, e teatros, bares e escritórios passaram a ser planejados como ambientes fechados. Na Flórida, hotéis foram erguidos com janelas pequenas, pé-direito baixo e condicionadores ligados na potência máxima. Todos os grandes museus e bibliotecas do mundo possuem hoje sistemas de controle de umidade e temperatura.

    Pesquisadores americanos acreditam que o invento chegou a influir no adensamento demográfico, ao refrigerar grandes fábricas e escritórios e concentrar trabalhadores nas metrópoles. Morto em 1950, Carrier ainda ajudou o homem a chegar à Lua: dentro de cada um dos trajes espaciais havia um pequeno e eficiente ar-condicionado de sua empresa.
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    12
    Fev17

    CABO VERDE - A CIDADE VELHA

    António Garrochinho

    Cidade Velha: E foi assim que tudo começou


    Cidade Velha: E foi assim que tudo começou
    “A Cidade Velha é um diamante em bruto”, diz-me Jair Fernandes, curador da Cidade Velha Património da Humanidade. Muito em bruto, acrescento. Isso quer dizer que não vale a pena lá ir? Muito pelo contrário. Só um jantar no restaurante Pelourinho ou uma estadia no Hotel Limeira já justificam a viagem. Mas, a Cidade Velha é muito mais do que isso. É um marco histórico e cheio de histórias. É esse o contexto que valoriza a primeira cidade europeia fundada a Sul do Trópico de Câncer e que funcionou como centro socioeconómico, administrativo, militar e religioso.

    A Ribeira Grande de Santiago, Cidade Velha, é o primeiro estabelecimento humano no arquipélago de Cabo Verde, após a descoberta da ilha de Santiago, por volta de 1460, pelos navegadores de Portugal – o genovês António da Noli e Diogo Gomes. É considerada o berço da cabo-verdianidade e da mestiçagem e desempenhou um papel preponderante no apoio à expansão portuguesa, no desenvolvimento do comércio internacional e da navegação de longo curso entre os quatro cantos do mundo. Pode-se mesmo afirmar, sem grandes excessos, que a globalização actual começou na Cidade Velha.
    “O local escolhido para o povoamento da vila era um vale profundo e verdejante que era rasgado por duas ribeiras que desaguavam no mar, formando uma enseada com boas condições para a instalação de um porto que facilitasse as ligações com o exterior”, como escreve Fernando Pires, em Da Cidade da Ribeira Grande à Cidade Velha de Cabo Verde.
    É esse mesmo vale que ainda hoje se abre ao fundo da estrada que liga Praia à Cidade Velha. 15 quilómetros que se fazem em vinte minutos porque, apesar do asfalto novo, a via não convida a grandes acelerações. É um oásis de tranquilidade, como me descreveu um operador turístico local. E tem razão. Quando se chega ao centro da cidade, vindo da capital cabo-verdiana, há algo que no início se estranha e só depois se compreende porquê: há silêncio.
    Quando a Cidade Velha foi classificada pela UNESCO como Património Mundial da Humanidade, a 26 de Junho de 2009, previu-se a chegada em massa de turistas ávidos por conhecerem este pedacinho de história – a verdade é que eles até vieram, de 3 mil visitantes em 2006 passou-se para os 70 mil em 2013. Mas são turistas de um dia só e não deixam muito dinheiro na localidade. As autoridades estão cientes do desafio, mas disso falaremos mais tarde.
    As autoridades sabem igualmente que a grande aposta deve ir para o património imaterial. E nisso têm razão. Porque ir à Cidade Velha é penetrar num espaço mágico, como disse um dos residentes, mais sensorial do que real. Quem quiser ver apenas os monumentos pode ver. Eles estão lá, quietinhos, à espera. Mas, o que vale mesmo são as histórias por trás das pedras.
    Logo após a sua fundação, a Cidade Velha tornou-se num dos principais portos de escala obrigatória nas rotas atlânticas e permitiu a expansão colonial em direcção à África, América e Índias. Pelo seu porto passaram Vasco da Gama, na ida e no regresso das Índias, Cristóvão Colombo por ocasião das suas viagens às Índias Ocidentais e Fernão Magalhães, durante a primeira, e definitiva, viagem de navegação à volta do mundo. A Ribeira Grande contribuiu para a transformação do Atlântico numa rede de distribuição de mercadorias, plantas, animais e homens. Com o descobrimento das Américas em 1492 e do Brasil em 1500, a vila da Ribeira Grande ganha importância e conhece um dinamismo sem precedente. Uma primeira igreja, a de Nossa Senhora da Conceição foi construída em 1462, seguida da criação da Câmara Municipal em 1497. Em 1533 foi elevada à categoria de cidade, sob o nome de Cidade de Santiago de Cabo Verde, data em que se fundou a diocese de Cabo Verde e dos Rios da Guiné, tornando-se assim a sede do Bispado, o centro do poder civil e militar das colónias portuguesas da África Ocidental. Transformou-se numa cidade próspera. Tinha propriedades privadas de ricos senhores e homens de negócios, instituições ligadas à execução do poder (Câmara Municipal, Tribunais, Fortes, Fortaleza, Prisão, Alfândega, etc.), estruturas religiosas (Catedral, Igrejas, Capelas, Hospital, Residência Episcopal, etc.), tudo isso num espaço extremamente reduzido. E chamou a atenção da rapaziada que fazia do corso um estilo de vida.
    Como conta o jornalista Nuno Rebocho, na história da Cidade Velha, registam-se pelo menos 18 ataques de corsários (ou piratas) de diferentes nacionalidades: franceses, ingleses, holandeses, turcos, mas também castelhanos (espanhóis) e portugueses. Entre eles, os célebres Francis Drake (inglês) e Jacques Cassard (francês). Durantes essas acções de pilhagem, a cidade foi arrasada pelo menos duas vezes, apresaram-se e afundaram-se navios, roubou-se mercadoria e escravos e deitou-se fogo ao que não conseguiam levar.
    Ir à Cidade Velha é reviver esses tempos. Na baía, quando o mar adquire aquela cor cinza aço e as nuvens estão mais baixas, consegue-se regressar ao dia 17 de Novembro de 1585. E não é difícil imaginar a silhueta do Pelican, o navio almirante de Francis Drake, armado com os seus 18 canhões e acompanhado por uma frota de mais 28 navios.
    Se o vento está de feição conseguem-se ouvir as pragas dos piratas ingleses, os remos a baterem no mar, cada vez mais rápido, enquanto os imediatos os encorajam. Podemos até adivinhar o desembarque: homens rudes, crestados pelo sol, barbas cobertas de sal, o sabre de abordagem na mão direita e a pistola ainda fumegante na mão esquerda, duas mechas acesas sob os chapéus (os piratas tinham essa mania). E se olharmos para trás, sabemos que a população já correu pela rua Banana para se esconder destes sicários ao serviço das coroas europeias inimigas de Portugal.
    Drake gostou tanto do clima de Cabo Verde que regressou mais duas vezes. A terceira não lhe correu tão bem, já existia a fortaleza real de São Filipe, terminada de construir em 1593. Estando lá, não nos custa ver aqueles passadiços vibrantes de movimentação, africanos e europeus, lado a lado, a levarem as balas de canhão aos artilheiros italianos. É provável mesmo que algum bombardeiro lombardo, com um humor mais retorcido, tenha escrito ‘saluti da re Filipe a tutti inglese’, antes de meter o projéctil no canhão. Sim, porque na altura não era exactamente com a morabeza que recebíamos os visitantes estrangeiros.
    Também por causa destas sucessivas incursões corsárias, a riqueza e a importância da Ribeira Grande foram diminuindo. Em 1712, o corsário francês Cassard deu-lhe o golpe de misericórdia. Apoiado por Louis XIV, que o incumbiu da missão de cometer “todos os actos de hostilidades possíveis nas colónias inglesas, portuguesas e holandesas”, incendiou e arrasou a Cidade Velha. As ruínas da Sé estão lá para o provar, e é perfeitamente possível imaginar Jacques Cassard a acender o cachimbo, pé direito apoiado numa das pedras encarvoadas da Catedral, a apreciar o lindo serviço que os seus esbirros acabaram de fazer.
    O mais incrível é que todas estas histórias, e outras que tomam a dimensão de lendas, estão ainda enraizadas na população da Cidade Velha cinco séculos depois. Se pedirem a três pessoas para contar a história do sino de ouro ouvem três versões diferentes: que foi roubado pelos piratas e está ainda hoje em Inglaterra, que foi roubado mas o barco afundou ao largo, que o barco afundou sim senhor mas o sino foi recuperado e levado para a Europa. Até há quem conte a história da (impossível) invasão da Cidade Velha pelos exércitos de Carlos Magno (rei dos francos entre 768 e 814, muito antes, portanto, da descoberta de Cabo Verde).
    Drake, Cassard, Gama, Colombo, Magalhães. Mas, não é só de navegadores que se constrói o património imaterial da Cidade Velha. Charles Darwin também passou por lá e a teoria mais revolucionária da história da humanidade – o evolucionismo –, pode-se afirmar, começou aqui, neste cantinho no meio do Atlântico. Mas há mais. A crioulização mundial começou na Cidade Velha, o carnaval brasileiro tem a sua raiz na Tabanka de Santiago, o conhecimento da manufactura do rum da cana-de-açúcar foi repassado de Cabo Verde para o continente americano. O saber fazer, a música e a dança e são aspectos que ainda se mantêm vivos na Cidade Velha, são os factores intangíveis que o turista procura.
    Por outro lado, a oferta local não é ainda muito diversificada e ainda deixa muito a desejar, o artesanato está subaproveitado e os serviços de guias são ainda deficientes. As autoridades, como foi dito, conhecem bem estes constrangimentos e estão a preparar algumas iniciativas para incrementar e diversificar a oferta turística no sítio histórico. Um deles, é o projecto Cidade Velha Cultura em prol do Desenvolvimento Socioeconómico, financiado pela União Europeia para ensinar às famílias locais a utilizar a cultura para a criação de rendimento e para diversificar as actividades culturais no município, como a realização de mais feiras de artesanato, de gastronomia, etc.
    No quadro deste projecto está a ser finalizado um centro de artesanato (na rua Banana) e de exposições. “Servirá para acolher as iniciativas em matérias de artesanato e artes e ofícios das pessoas do município, e não só, que queiram vir mostrar e vender as suas artes”, explica-me Alcides de Pina, vice-presidente da Câmara da Ribeira Grande. “Também pode vir a ser um centro onde o turista pode interagir directamente com os artesãos. E vai ter outras vertentes, como uma biblioteca temática sobre a Cidade Velha e um museu virtual”.
    Nos planos está também a criação do primeiro museu de arte sacra da Cidade Velha e do museu da escravatura. Já começou também o melhoramento das fachadas e das coberturas das casas, porque um dos objectivos futuros é a criação de vários miradouros. Na forja estão ainda projectos para reabilitar toda a orla marítima e a criação de piscinas naturais junto ao mar.
    Mas, para tudo isso é preciso dinheiro. Jair Fernandes, o curador da Cidade Velha Património da Humanidade, afirma mesmo que a Ribeira Grande de Santiago tem de ser uma questão de Estado. “A Cidade Velha deve ter um orçamento diferenciado. Se a Praia reclama o estatuto especial, a Cidade Velha também o merece para fazer justiça para com a história. Em termos de planificação a curto prazo queremos o museu da arte sacra e da escravatura, queremos tornar a Cidade Velha num centro de pesquisas arqueológicas e de património imaterial no contexto atlântico, trabalhar com o público e o privado para dinamizar o turismo. São estes os grandes desafios, desde que as condições sejam criadas para o efeito. Caso contrário, estamos a brincar ao património mundial”.
    A Cidade Velha é um dos 948 sítios considerados património da humanidade que existem em todo o planeta. E é um dos dois que existe na África Ocidental. Por outras palavras, o valor universal da Cidade Velha é reconhecido, agora é a vez dos cabo-verdianos comprovarem esta mais-valia.
     


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    12
    Fev17

    Os maiores medalhistas da história da natação mundial

    António Garrochinho

    Ryan Lochte fez história em Doha. Além de manter e se distanciar ainda mais, o maior nadador dos Mundiais de Curta, agora com 38 medalhas, repetiu o feito do Mundial de Istambul em 2012 conquistando oito medalhas, o maior número de conquistas em uma edição da competição. Mas o maior feito, foi ultrapassar Michael Phelps e se tornar no maior medalhista da natação mundial, agora somando 85 medalhas em competições de primeira linha.
    10th FINA World Swimming Championships (25m) - Day Three
    Lochte e Phelps estavam empatados com 77 medalhas e as oito conquistas também lhe fizeram passar a mulher mais medalhada da natação mundial, a também americana Jenny Thompson que se aposentou com 81 medalhas internacionais.
    A soma das medalhas inclui apenas as conquistas de Jogos Olímpicos, Campeonatos Mundiais de Piscina Longa e Curta, os Pan Pacíficos e Jogos Pan Americanos. Lochte, Thompson e Phelps, pela ordem são os maiores medalhistas internacionais da história de nosso desporto.

    Lochte foi ouro no 4x100 medley no Mundial de Manchester, em 2008.
    Lochte foi ouro no 4×100 medley no Mundial de Manchester, em 2008.

    Aos 30 anos, Ryan Lochte ainda não fala em aposentadoria, e mesmo vencendo oito medalhas no Mundial de Doha, suas performances foram abaixo das participações anteriores. Desta vez, apenas uma dourada no revezamento 4×200 livre. Com 38 medalhas em Mundiais de Curta se configura no maior nadador que esta competição já teve, afinal o mais próximo concorrente o australiano Michael Klim se aposentou com 15 medalhas. Entre os que estão na ativa, César Cielo tem apenas 10 medalhas, Chad Le Clos sete.

    Jenny Thompson recebe homenagem do então presidente da FINA, Mustapha Larfaoui, no Mundial de Indianapolis, em 2004.
    Jenny Thompson recebe homenagem do então presidente da FINA, Mustapha Larfaoui, no Mundial de Indianapolis, em 2004.

    Num comparativo entre Ryan Lochte, Jenny Thompson e Michael Phelps, Phelps se destaca pela performance olímpica. São 22 medalhas, o dobro de Ryan Lochte (11) e quase o dobro de Jenny Thompson (12). Para abrilhantar isso ainda mais, das 22 medalhas do maior nadador olímpico da história, 18 são de ouro contra oito de Thompson e cinco de Lochte.
    Phelps também é o mais medalhado nos Mundiais de Longa com 33 medalhas. Lochte tem 23, Thompson 14. A vantagem nos ouros também é expressiva, são 26 douradas contra 15 de Lochte e 7 de Thompson.

    VÍDEO
    Jenny Thompson leva vantagem no Pan Pacífico e nos Jogos Pan Americanos contra Phelps e Lochte. No Pan Pacífico, soma 34 medalhas sendo 25 douradas enquanto Phelps tem 21 e Lochte 12. Nos Jogos Pan Americanos, Thompson só nadou a edição de 1987 e ganhou três medalhas, sendo duas de ouro. Ryan Lochte foi ao Pan de 2003, sua primeira participação pela Seleção Principal americana e integrou o revezamento de ouro do 4×200 livre, sua única medalha na competição. Phelps jamais disputou um Pan Americano.
    Se contarmos apenas as medalhas de ouro, Michael Phelps está na frente desta lista com 61 medalhas douradas. Jenny Thompson tem 53 e Ryan Lochte 50.

    Jenny Thompson fecha o revezamento 4x200m livre na Olimpíada de Sydney, em 2000.
    Jenny Thompson fecha o revezamento 4x200m livre na Olimpíada de Sydney, em 2000.

    Os revezamentos fazem muita diferença na natação americana. Todos os três têm muitas medalhas vindas das provas de revezamento. Thompson tem 42 das suas 81 medalhas vindas dos revezamentos. Lochte tem 33 das 85, e Phelps 32 das 77.
    Confira a tabela dos maiores medalhistas da história da natação mundial
    COMPETIÇÕESJENNY THOMPSONRYAN LOCHTEMICHAEL PHELPS
    Jogos Olímpicos

    12

    11

    22

    Mundiais de Longa

    14

    23

    33

    Mundiais de Curta

    18

    38

    1

    Pan Pacífico

    34

    12

    21

    Jogos Pan Americanos

    3

    1

    0

    Total

    81

    85

    77


    12
    Fev17

    História do Banho - O banho tem uma historicidade distinta para cada civilização do planeta

    António Garrochinho

    Atualmente, o desenvolvimento tecnológico e medicinal nos passa uma falsa impressão de que o hábito de tomar banhos, assim como outros cuidados com a higiene pessoal, se aprimorou com o passar do tempo. Um dos mais famosos casos que refutam essa afirmação se encontra na própria história do Brasil, quando os portugueses se intrigavam com o hábito dos nativos de se banharem por diversas vezes ao dia. Contudo, as peculiaridades sobre o banho não para por aí...
    Entre os antigos egípcios é onde encontramos os mais antigos relatos sobre o hábito de se tomar banho. Segundo documentos de mais de 3000 anos, o ato de tomar banho era sagrado e parecia ser uma forma de purificar o espírito do indivíduo. Não por acaso, eles tomavam cerca de três banhos em um só dia. Para muitos especialistas, o ritual acabou afugentando essa civilização de várias epidemias e pragas comuns à Antiguidade.
    Na lendária civilização cretense, os banhos faziam parte dos intervalos que ordenavam a realização de banquetes. Sendo um dos povos que participaram da formação da civilização grega, os cretenses tiveram essa tradição mantida pelos povos que habitaram a Hélade. Para os gregos, o contato com a água integrava o processo de educação de seus jovens. De acordo com as várias representações da época, o indivíduo bem ensinado tanto dominava a leitura, assim como praticava a natação.



    No decorrer da Antiguidade, os romanos, visivelmente influenciados pela cultura grega, ampliaram a recorrência do hábito realizando a construção das famosas termas. Uma terma consistia em um edifício repleto de vários salões que contavam com vestiários, saunas e diversas piscinas. Ligeiramente semelhantes aos resorts do mundo contemporâneo, algumas dessas construções romanas também contavam com bibliotecas, jardins e restaurantes.
    Se no Império Romano as pessoas não tinham o menor pudor de se banharem nesses locais públicos, na Idade Média a coisa mudou bastante de figura. O papa Gregório I foi um dos mais importantes precursores do repúdio ao banho ao dizer que o contato com o corpo era via mais próxima do pecado. Dessa forma, o tomar banho se transformou em uma atividade anual e acontecia em um simples barril de água. Fora disso, os asseios diários eram feitos pelo uso de panos úmidos.
    Se no Ocidente a moda do banho estava em baixa, os povos orientais trataram de manter o hábito bem ativo entre os seus comuns. Nos países de origem turco-árabe temos ainda hoje as hamans, luxuosas casas de banho onde os muçulmanos tomam banho, depilam, passam por sessões de massagem, branqueiam os dentes e se maquiam. Com o advento das Cruzadas, entre os séculos XI e XIII, o hábito de tomar banho ganhou algum espaço nos fins da Idade Média.






    Nos séculos XVI e XVII, as noções de saúde e doença mais uma vez se tornou uma afronta ao hábito de se tomar banho regularmente. Nessa época, os médicos acreditavam que as doenças consistiam em manifestações malignas que tomavam o corpo do indivíduo por meio de suas vias de entrada. A partir dessa premissa, a classe médica concluiu que o banho em excesso alargava os poros da pele e, com isso, deixava o sujeito suscetível a uma doença.
    Somente no século seguinte, com a ascensão da ciência iluminista, que o banho foi redimido como um meio de se cuidar da saúde. Contudo, as várias décadas de uma cultura avessa ao contato do corpo com a água conseguiu manter certa resistência ao banho. Em vários relatos do século XIX, temos a descrição de doentes que foram obrigados a tomar banho à força.
    A popularização do banho só aconteceu de fato no Ocidente a partir da década de 1930. Nessa época, a lavagem do corpo era realizada aos sábados, mesmo dia em que as peças íntimas das crianças eram trocadas. Após a Segunda Guerra Mundial, o processo de reconstrução de várias casas permitiu que os chuveiros fossem disseminados por toda a Europa. Atualmente, nosso banho deixou de ser um ato público, mas ainda é premissa fundamental para que os outros tenham uma boa impressão de nós mesmos.

    historiadomundo.uol.com.br
    12
    Fev17

    EUA APOSENTAM PRIMEIRO PORTA-AVIÕES NUCLEAR DA HISTÓRIA

    António Garrochinho

    Com 342 metros de comprimento, o USS Enterprise ainda era o maior porta-aviões do mundo (US Navy)

    Com 342 metros de comprimento, o USS Enterprise ainda era o maior porta-aviões do mundo (US Navy)

    No mar desde 1961 e veterano de diversos combates, USS Enterprise será desmontado




    A Marinha dos Estados Unidos aposentou (ou “descomissionou”, para quem prefere o termo naval) o primeiro porta-aviões com propulsão nuclear da história, o USS Enterprise (CVN-65). Também conhecido pelo apelido “The Big E”, a embarcação de 94.781 toneladas foi ao mar em 1961 e esteve presente nos principais conflitos nos quais as forças armadas norte-americanas participaram desde então, como a Guerra do Vietnã e intervenções do Afeganistão e Iraque.
    A cerimônia de desativação do porta-aviões foi realizada na última sexta-feira (3) em Newport, Califórnia, no mesmo estaleiro onde a embarcação foi construída, entre 1958 e 1961. O USS Enterprise também é o primeiro navio desse tipo desativado no mundo – somente as marinhas dos EUA e França possuem porta-aviões de propulsão nuclear.Segundo a marinha dos EUA, o USS Enterprise navegou por mais de 1 milhão de milhas náuticas (1.852.000 km) com propulsão nuclear em quase 55 anos de carreira. A embarcação era impulsionada por oito reatores nucleares de urânio e quatro turbinas a vapor, que combinados geravam 280.000 cavalos de potência (ou 210 MW) – o equivalente a 1/3 da força gerada pela usina nuclear Angra 1, em Angra dos Reis (RJ).
    Com os reatores abastecidos, o Enterprise podia navegar por 25 anos sem precisar parar. Ainda assim, a carga de urânio da “usina de força” foi reposta em três ocasiões.
    A embarcação tinha capacidade para receber até 90 aeronaves. O primeiro avião que pousou no navio foi um caça Vought F-8 Crusader, em 17 de janeiro de 1962. Ao longo dessas cinco décadas de atividades, o USS Enterprise recebeu diferentes gerações de aviões navais, sendo o mais célebre deles o caça F-14 Tomcat. Já o modelo mais recente recebido pelo antigo porta-aviões foi o caça-bombardeiro F/A-18 Super Hornet.

    O caça F-8 Crusader foi o primeiro avião que pousou no USS Enterprise, em 1962 (US Navy) O caça F-8 Crusader foi o primeiro avião que pousou no USS Enterprise, em 1962 (US Navy)
    Apesar da idade, o Enterprise ainda era o maior porta-aviões em atividade do mundo, com 342 metros de comprimento – mas não o mais pesado, como é o caso dos modelos da classe Nimitz da marinha dos EUA, com até 97.000 toneladas. O navio contava com espaço para receber 5.828 tripulantes, sendo 3.000 marinheiros e mais de 1.800 especialistas da divisão aérea, entre pilotos e mecânicos de aeronaves.
    O espaço deixado pelo USS Enterprise será ocupado pelo novo porta-aviões USS Gerald R. Ford, também de propulsão nuclear. Previsto para entrar em serviço neste ano, a nova embarcação será a maior e mais potente desse tipo já construída, com 100 mil toneladas e 600 MW.




    Nota
      o USS Enterprise não navegava desde 2012, mas ainda era considerado ativo.

    airway.uol.com.br
    12
    Fev17

    Aeroporto de Hamburgo evacuado. Passageiros com dificuldades respiratórias

    António Garrochinho






    Cerca de 50 passageiros queixaram-se de odores estranhos e de terem dificuldade em respirar, tosse e olhos a arder

    O aeroporto de Hamburgo, na Alemanha, foi evacuado depois de cerca de meia centena de passageiros ter apresentado sintomas de uma reação alérgica. Queixavam-se de dificuldade em respirar, de tosse e de terem os olhos a arder.
    De acordo com o Bild, 53 pessoas tiveram os sintomas de irritação alérgica, tendo seis delas sido levadas para o hospital.
      Todos os voos foram cancelados ou adiados entre as 12:32 e as 13:45 (hora local), segundo o Bild. As estradas de acesso ao aeroporto foram encerradas.

      vídeo


        Há relatos, não confirmados, de que tenha sido lançado um gás através das condutas do ar condicionado.
        Os queixosos foram assistidos pelas equipas de emergência que se deslocaram para o local. Centenas de passageiros tiveram de aguardar no exterior, debaixo de temperaturas negativas.
        Um dos afetados pelo incidente foi o presidente do Uruguai.
        O aeroporto de Hamburgo é o quinto maior da Alemanha, transportando cerca de 16 milhões de passageiros por ano.

        12
        Fev17

        12 de Fevereiro de 1809: Nasce o Naturalista e Biólogo inglês Charles Darwin, autor de "A Origem das Espécies"

        António Garrochinho


        Naturalista e biólogo inglês, Charles Robert Darwin nasceu a 12 de Fevereiro de 1809, em Shrewsbury, e morreu a 19 de Abril de 1882, em Dawn, Kent.
        Neto de Erasmus Darwin, um médico e poeta conhecido, e filho de um médico, perdeu a mãe com apenas oito anos e, desde então, a sua educação ficou a cargo das irmãs mais velhas. Ingressou na Universidade de Edimburgo em 1825 para estudar Medicina mas, não se sentindo identificado com o curso, mudou para a Universidade de Cambridge com o intuito de se tornar pastor da Igreja. Apesar das suas intenções, Darwin conheceu os professores John Henslow, de biologia, e Adam Sedgwickint, de geologia, que lhe despertaram o interesse pelo estudo da História Natural, área a que se veio a dedicar no percurso da sua vida. Findos os estudos universitários, em 1831, participou como naturalista na viagem do navio inglês Beagle. Esta viagem a várias partes do globo proporcionou-lhe o estudo e desenvolvimento aprofundado dos seus conhecimentos, assim como novos dados de investigação sobre a evolução da Terra, desde as variações geológicas à descoberta de fósseis que se assemelhavam a animais que ainda habitavam na mesma região. De regresso a Inglaterra, em 1836, Darwin deu início ao estudo científico baseado nas suas experiências e descobertas e lançou uma publicação científica com o nome Journal of Researches , em 1839. Ainda nesse ano, casou com Emma Wedgwood, com quem viria a ter 10 filhos, e mudou-se para Down House, em Kent.
        Mais tarde, em 1859, publicou a célebre obra em que expôs a sua teoria, The Origin of Species by Means of Natural Selection (A Origem das Espécies pela Seleção Natural). Apesar de reconhecer que os seus conhecimentos sobre hereditariedade eram limitados, representou em forma de árvore a relação entre os animais e plantas da actualidade com outros já extintos, seus ancestrais. The Origin of Species by Means of Natural Selection foi alvo de várias críticas por parte de outros cientistas que alegavam falta de provas e explicações para fundamentar as teorias apresentadas.
        Em 1871 Darwin aplicou a sua teoria ao estudo da origem do homem, dando importância ao factor sexual na selecção natural, na obra The Descent of Man and Selection in Relation to Sex (A Ascendência do Homem e a Selecção em Relação com o Sexo ).
        Cerca de 1880, realizou, juntamente com o seu filho Francis, uma série de experiências através das quais, utilizando sementes de gramíneas, sobretudo de aveia, tentou descobrir as razões que levavam a que algumas plantas se inclinassem para a luz. Após várias horas de observações, concluiu que as plantas produzem substâncias - fito-hormonas - que influenciam o seu comportamento assim como o seu crescimento. Os resultados destas experiências foram relatados mais tarde no livro The Power of Movement in Plants (1881). Nas duas últimas décadas da sua vida, Darwin escreveu, aliás, vários livros sobre botânica, nos quais descreveu pormenorizadamente todas as observações e experiências que realizou com plantas. O trabalho de investigação sobre a importância das hormonas no crescimento das plantas continuaria a ser desenvolvido, mais tarde, por Peter Boysen-Jensen (1913), Arpad Paal (1918) e Frits Went (1926).
        A doutrina proposta por Darwin, segundo a qual a luta pela vida e a selecção natural são mecanismos da evolução dos seres vivos, é conhecida por darwinismo.
        As suas teorias foram postas em causa, principalmente por membros da Igreja, até inícios do século XX.
        Foi membro da Royal Society e membro honorário de várias academias de ciências.
        Os restos mortais de Charles Darwin encontram-se na Abadia de Westminster.


        Charles Darwin. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013. 
        wikipedia (Imagens)
        Ficheiro:Charles Robert Darwin by John Collier.jpg
        Retrato de Charles Darwin - John Collier

        Ficheiro:Voyage of the Beagle-en.svg

        O percurso da viagem do HMS Beagle
        Ficheiro:Origin of Species.jpg


        Capa do livro A Origem  das Espécies, de 1859
        12
        Fev17

        Não, não é pintura. Descubra o que esta artista usa para fazer estas obras fantásticas

        António Garrochinho

        Yulia Brodskaya produz trabalhos de arte sensacionais, que retratam a experiência agregada na vida de pessoas idosas e, à primeira vista, essa arte parece ter sido feita com tinta à óleo.  Porém, quando você chega perto, poderá notar que cada detalhe que trouxe o retrato à vida foi feito de papel dobrado.
        Brodskaya homenageia a arte do envelhecimento.
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        Yulia Brodskaya

        Embora, uma vez ela descreveu seu processo artístico como sendo ‘desenhar com papel’, sua nova técnica traz a impressão de que tudo é pintado a óleo.
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        Yulia Brodskaya

        Esta abordagem ajudou Brodskaya a atrair a atenção de alguns impressionantes clientes, tais como Neiman Marcus, Hermes e Starbucks.
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        Yulia Brodskaya
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        Yulia Brodskaya
        Há algo revelador sobre seu trabalho, que atrai os espectadores a verem coisas familiares com olhos renovados.  Não é de se admirar que os nomes citados acima querem associar suas marcas com a estampa única de criatividade trazida por Brodskaya.
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        Yulia Brodskaya
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        Yulia Brodskaya
        Para ter uma ideia de como o processo artístico é feito, assista o vídeo abaixo.
        Se quiser saber mais sobre a artista, acesse sua página web, ou a do facebook.
        eak

        otimundo.com
        12
        Fev17

        VÍDEO - Como as escolas públicas norte-americanas mantêm crianças na pobreza

        António Garrochinho


        post-feature-image
        Por que uma boa educação deveria ser exclusividade de crianças ricas? Escolas em bairros de baixa renda nos EUA, especificamente em comunidades negras, são escassas de recursos que são comuns em escolas mais ricas - instrumentos musicais, livros novos, alimentação saudável e campos de futebol - e isso tem um verdadeiro impacto no potencial dos alunos. Kandice Sumner presencia essa discrepância todo dia na sua sala de aula em Boston. Nesta palestra inspiradora, ela nos convida a encarar os fatos - e a transformá-los.



        Eu gostaria de falar com vocês sobre meus filhos. Sei que todo mundo acha que o seu filho é a criança mais incrível, a criança mais linda que já existiu. Mas os meus realmente são.

        VÍDEO



        (Risos)

        Eu tenho 696 filhos, e eles são as crianças mais inteligentes, criativas, originais, brilhantes e poderosas que vocês poderiam conhecer.

        Qualquer aluno a quem tive a honra de ensinar na minha classe é um filho meu. Mas, como seus "verdadeiros" pais não são ricos e, digo mais, como a maioria deles é de cor, eles, muito dificilmente, conseguirão ver em si mesmos a grandiosidade que eu vejo neles. Porque o que eu vejo neles sou eu mesma, ou o que eu teria sido.

        Sou filha de pais que trabalhavam duro, afro-americanos com formação universitária que escolheram carreiras para servir aos outros: meu pai, pastor; minha mãe, educadora. A riqueza nunca foi nossa principal ambição. Por não termos riqueza, nós vivíamos num bairro simples, com um sistema educacional simples. Felizmente, tivemos a sorte de ter uma boa educação através dum programa voluntário de integração que levava crianças de bairros pobres — negras e pardas — para escolas do subúrbio — ricas e brancas.

        Aos cinco anos de idade, eu viajava uma hora de ônibus para um lugar distante para obter uma educação melhor. Aos cinco anos de idade, eu pensava que todos tinham uma vida igual a minha. Eu achava que todo mundo ia para escola e que nós éramos os únicos que usavam lápis de cera marrom para colorir a própria família, enquanto os outros usavam lápis cor de pêssego. Aos cinco anos de idade, eu achava que todo mundo era igual a mim. Mas, quando fiquei mais velha, comecei a perceber coisas como: "Por que meu amigo de bairro não precisa se levantar às cinco horas da manhã, para ir para uma escola que fica a uma hora de distância?" "Por que estou aprendendo a tocar violino enquanto meus amigos de bairro não têm sequer aula de música?" "Por que meus amigos de bairro estavam aprendendo e lendo conteúdos que eu já tinha estudado dois ou três anos antes?"

        Quando fiquei mais velha, comecei a ter um sentimento de ilegalidade, como se estivesse fazendo algo que não era pra eu fazer; pegando algo que não era meu, recebendo um presente que era destinado a outra pessoa. Todas aquelas coisas maravilhosas que me eram apresentadas e que eu experimentava, sentia que eu realmente não deveria ter aquilo. Eu não deveria ter acesso a biblioteca, complexos esportivos bem equipados ou campos seguros para jogar. Eu não deveria ter acesso a departamentos de teatro com temporadas de peças e shows: artes cênicas, digitais e visuais. Eu não deveria ter laboratórios de biologia ou química bem equipados, ônibus escolares que me buscavam e me traziam em casa, almoço na escola preparado na hora, ou até mesmo ar-condicionado. São coisas que meus filhos não têm.

        Como podem ver, quando fiquei mais velha, embora eu fosse grata pela maravilhosa oportunidade que me foi oferecida, havia aquela constante pontada de: "Mas e os outros? Existem milhares de crianças como eu, que merecem isso também. Por que todos não têm isso? Por que uma educação de alta qualidade é exclusividade dos ricos?"

        Era como se eu tivesse uma espécie de remorso de sobrevivente. Todos os meus amigos do bairro viajavam no trem do desastre educacional do qual eu fui salva por viajar de ônibus. Eu me sentia como um Moisés da educação gritando: "Deixai meu povo ir ... para escolas de qualidade!"

        (Risos)

        Eu tinha visto em primeira mão como a outra metade era tratada e educada. Eu tinha visto a terra prometida da educação, e nada em mim conseguia justificar aquela disparidade.

        Hoje, eu ensino no mesmíssimo sistema educacional do qual fui resgatada. Conheço em primeira mão as ferramentas que me deram como estudante, e hoje, como professora, não tenho como oferecer essas mesmas ferramentas aos meus alunos. Chorei incontáveis noites de frustração, raiva e tristeza, por não poder ensinar minhas crianças do jeito que eu fui ensinada, por não ter acesso aos mesmos recursos ou ferramentas que foram usados para me ensinar. Minhas crianças merecem algo muito melhor.

        Sentamos e continuamos a bater nossa cabeça contra esta expressão: "Defasagem escolar, defasagem escolar!" É realmente difícil de entender por que estas crianças se saem bem, e estas não? Eu realmente acho que não. Acho que nós entendemos tudo errado. Acho que nós, como diz Gloria Ladson-Billings, deveríamos inverter nossos paradigmas e nossa língua e chamar isso pelo verdadeiro nome. Não é uma defasagem escolar. É uma dívida educacional, por todos os recursos escolares que nunca foram investidos na educação de crianças negras e pardas ao longo do tempo.

        Um segredo pouco conhecido na história americana é que a única instituição americana criada especificamente para pessoas de cor foi o sistema americano de tráfico de escravos, e alguns diriam que foi o sistema carcerário, mas isso é assunto para uma outra palestra TED.

        (Risos)

        O sistema escolar público deste país foi construído, comprado e pago com dinheiro gerado pelo tráfico de escravos e pelo trabalho escravo. Enquanto afro-americanos eram escravizados e proibidos de serem escolarizados, o trabalho deles estabelecia a própria instituição da qual eles eram excluídos. Desde então, cada processo judicial, política educacional, reforma, tem sido mais uma tentativa de modernizar o projeto, em vez de simplesmente parar e reconhecer: "Nós fizemos tudo errado desde o começo".

        Um excesso de simplificação da história educacional americana. Ok, tenham paciência comigo. Os negros ficaram de fora — claro, com toda essa coisa da escravidão. Com a ajuda de pessoas brancas filantrópicas, eles construíram suas próprias escolas. Separados, porém iguais, ok! Mas todos nós sabemos que as coisas realmente estavam separadas; de maneira nenhuma eram iguais. Caso Brown versus Conselho Educacional de Topeka, Kansas em 1954; separação legal de raças passa a ser ilegal. Mas muito poucas pessoas prestam atenção a todos os casos jurídicos desde então que arruinaram a terra prometida da educação pra toda criança que o caso Brown versus Conselho tinha em mente. Alguns afirmam que nossas escolas estão mais segregadas hoje do que eram antes de tentarmos pôr fim à segregação pela primeira vez.

        Ensinar minhas crianças sobre o fim da segregação, o the Little Rock Nine, o Movimento pelos Direitos Civis, é um momento bem embaraçoso na aula, quando eu tenho que ouvir a voz de um aluno perguntar: "Se a segregação nas escolas terminou em 1954, por que não tem nenhuma criança branca aqui?"

        (Risos)

        Essas crianças não são idiotas. Elas sabem exatamente o que está acontecendo, e o que não está. Sabem que, quando se trata de educação, a vida dos negros não importa e nunca importou.

        Por anos, tentei desesperadamente cultivar nas minhas crianças o gosto pela leitura. Montei uma modesta biblioteca na sala com livros que eu havia conseguido de lojas de segunda mão, sebos, depósitos. Mas sempre que eu dizia aquelas terríveis palavrinhas: "Escolham um livro pra ler", parecia que eu tinha declarado uma guerra. Era uma tortura. Um dia, depois de ouvir falar de um site chamado DonorsChoose, onde professores criam listas de desejos de itens que precisam para suas salas, e doadores anônimos atendem esses pedidos, decidi arriscar e fazer uma lista de desejo: a biblioteca dos sonhos de um adolescente. Uns 200 livros novinhos em folha foram enviados pra minha sala, um por um. Todo dia chegavam mais, e minhas crianças gritavam de alegria: "Parece até Natal!"

        (Risos)

        Daí eles diziam: "Professora, de onde vieram esses livros?"

        E eu respondia: "Pessoas de todo o país queriam que eles fossem de vocês".

        E eles diziam, meio que desconfiados: "Mas eles são novinhos em folha".

        (Risos)

        Ao que eu respondia: "Vocês merecem livros novos em folha".

        Toda essa experiência fez sentido pra mim quando uma das minhas meninas, enquanto abria a embalagem de um livro, disse: "Professora, sabe, eu acho que foi a senhora que comprou esses livros, porque vocês professores estão sempre comprando coisas. Mas saber que um estranho, alguém que eu nem conheço, se importa assim comigo é bem legal."

        Saber que estranhos cuidarão de você é um privilégio que minhas crianças não têm.

        Desde a doação, várias crianças têm solicitado livros pra ler em casa, e depois os devolvem, dizendo: "Este livro é muito bom".

        (Risos)

        Agora, quando eu digo: "Escolham um livro pra ler", as crianças vão correndo para minha biblioteca. Não é que eles não quisessem ler, elas teriam lido com o maior prazer, se tivessem os recursos necessários.

        Insitucionalmente falando, nosso sistema público de educação nunca funcionou bem com crianças negras e pardas. Nós continuamos focados nos resultados finais, ou resultados de avaliações e ficando frustrados. Vivemos uma catástrofe e nos questionamos: "Como foi ficar assim tão ruim? Como viemos parar aqui?" Sério? Se você negligencia uma criança por muito tempo, você não tem mais o direito de ficar surpreso quando as coisas não saem bem.

        Parem de ficar perplexos ou confusos ou desorientados com a desigualdade de resultados, desigualdade de renda, taxas de detenção, ou com qualquer disparidade socioeconômica que esteja "na moda" do momento. Os problemas que temos como país são os problemas que criamos como país. A qualidade de nossa educação é diretamente proporcional ao acesso às universidades, ao acesso aos empregos, ao acesso ao futuro.

        Até vivermos num mundo onde toda criança poderá ter uma educação de alta qualidade, sem importar onde viva ou a cor de sua pele, existem coisas que podemos fazer numa escala macroeconômica. Financiamento escolar não deveria ser decidido por impostos de propriedade ou por alguma equação econômica ruim, onde crianças ricas continuam a se beneficiar da ajuda do estado, enquanto crianças pobres continuam a ter comidas e recursos tirados de suas bocas. Governadores, senadores, prefeitos, vereadores, se queremos chamar a educação pública de educação pública, então é isso que ela deve ser. Do contrário, deveríamos chamá-la pelo que ela realmente é: seguro-pobreza. "Educação pública: mantendo crianças pobres na pobreza desde 1954."

        (Risos)

        Se, como país, realmente acreditamos que a educação é o "grande equalizador", então é isso que ela deve ser: igual e equitativa. Até lá, não haverá democracia em nossa "educação democrática".

        Numa escala intermediária: historicamente falando, a educação de crianças pretas e pardas sempre dependeu da filantropia alheia. E, infelizmente, depende até hoje. Se seu filho, filha, sobrinho, sobrinha, vizinho ou qualquer Joãozinho da rua, for para uma escola nobre, desafie seu comitê escolar a adotar uma escola menos favorecida ou uma sala de aula menos favorecida. Elimine a desigualdade por participar em conversas e relacionamentos que importam. Quando se compartilham recursos, eles não se dividem, eles se multiplicam.

        Numa microescala: se você é um ser humano, doe. Tempo, dinheiro, recursos, oportunidades, o que tiver no seu coração. Existem sites como o DonorsChoose que reconhecem a disparidade e realmente querem fazer alguma coisa em relação a isso.

        O que é um carpinteiro sem ferramentas? O que é uma atriz sem palco? O que é um cientista sem laboratório? O que é um médico sem equipamento? Eu vou lhes dizer. São minhas crianças. Elas não deveriam ser suas também?

        Obrigada.

        (Aplausos) (Vivas)
        blog.brasilacademico.com
        12
        Fev17

        Com legalização, número de abortos cai 10% em Portugal; país completa 5 anos sem mortes de mulheres em decorrência da prática

        António Garrochinho


        Entre 2001 e 2007, números levantados pelo jornal Expresso indicam que houve 14 mortes em decorrência de procedimentos irregulares e que colocavam em risco a vida das mães

        Dados divulgados nesta semana pela Direção Geral de Saúde (DGS) de Portugal, por conta do aniversário de dez anos do referendo que votou a favor da legalização do aborto no país, mostram que, desde que a prática foi descriminalizada, o número de mulheres que morreram em decorrência do procedimento caiu – e está em zero desde 2012 – e o total de interrupções da gravidez em 2015 é 10% menor do que o de 2008, primeiro ano de vigência da lei.

        Além disso, o número de mulheres que usam métodos contraceptivos tem aumentado nos últimos anos.
        Entre 2001 e 2007, números levantados pelo jornal Expresso indicam que houve 14 mortes maternas em decorrência de procedimentos irregulares e que colocavam em risco a vida das mães. Entre 2008 e 2012, nos quatro primeiros anos de vigência da IVG (Interrupção Voluntária da Gravidez), uma mulher morreu em um procedimento legal e, outra, em um ilegal. Desde então, não foi registrada nenhuma outra morte.

        O total de IVGs também vem caindo, apesar de um pico em 2011, ano em que Portugal foi mais atingido pela crise econômica. No primeiro ano de vigência da regulação, 18.607 mulheres interromperam a gravidez; em 2011, 19.921; em 2014, 16.180; em 2015, 15.873. Ou seja: entre 2008 e 2015, houve uma queda de 10% nos procedimentos em todo o país.




        Cartaz de 2007 pedindo legalização do aborto: votação em referendo naquele ano mostrou posição favorável da população

        Estimativas apontam que, antes da legalização, ocorriam, em média, 20 mil interrupções por ano.
        A legalização da IVG também fez aumentar o uso de métodos contraceptivos. Após realizarem o procedimento, 95,7% das mulheres em 2015 passaram a usá-los, contra 95,4% em 2014 e 94% em 2013.

        Segundo a DGS, a maior parte (mais de sete em cada dez) interrupções de gravidez foram realizadas no serviço público de saúde. De acordo com o órgão, se verificou "redução significativa tanto do número total de complicações como do número de complicações graves a partir de 2008".

        O referendo foi realizado em 11 de fevereiro de 2007, e o sim venceu com 59,25% dos votos. No entanto, como não houve participação suficiente para tornar lei o resultado, o governo do país apresentou ao Congresso um projeto em termos semelhantes, que foi aprovado e entrou em vigor no mesmo ano.  É possível fazer uma IVG até a 10ª semana de gestação em Portugal - em outros países da Europa, o prazo vai até a 14ª semana.

        12
        Fev17

        O país de Marcelo mudou muito e muito de repente

        António Garrochinho


        l11/02/2017
         Blog O Jumento, 11/02/2017)


        Desde que Marcelo Rebelo de Sousa chegou à presidência que o país mudou, não o país de todos nós pois esse não mudou, a não ser, um pouco para melhor, porque qualquer país onde Passos Coelho deixe de governar fica logo melhor. O país que mudou, muito e para pior, é o país do Marcelo.
        marcelo_salgadoDantes o país do Marcelo era o dos almoços em ambiente chique, não como o famoso falso almoço com Vichyssoise, mas sim os almoços nas residências dos banqueiros, no Pabe, no Gigi, em ambiente requintados de administrações bancárias. Agora o país de Marcelo é outro, come-se empadão de atum com o sem-abrigo que voltou a ter casa e, coincidência das coincidência, mergulhou com ele no Yangtze de Lisboa, no meio de todos aqueles cagalhotos.marcelo_sem_abrigo
        Cavaco chegou à Presidência da República e fez o roteiro da exclusão. Curiosamente o seu roteiro começou por alguém que ele tinha excluído de uma pensão, que preferiu dar a um Pide, mas, enfim, essa é uma medalha de caca que o senhor da Coelha vai levar consigo para a cova.
        Mas não parece ser com Cavaco que Marcelo concorre, para destronar Cavaco do pódio dos mais preocupados com a pobreza bastaria ir à feira do relógio comer uma sandes de courato e emborcar uma lambreta, desde que no meio da copofonia não se enganasse e bebesse o Lambretas do CDS.
        Os seguidores do Padre Vítor Melícias têm esta tendência para o franciscanismo público e Marcelo parece querer apear a Rainha Santa Isabel no seu amor aos pobres. É por isso que Marcelo não para desde que chegou à presidência. Quando muitos esperavam ver Marcelo usufruir dos prazeres palacianos, desta vez oficiais, surpreende-nos. De manhã toma o pequeno almoço com uns velhotes que têm de usar chapéu de chuva dentro de casa, mais logo almoça com o sem-abrigo que voltou a ter abrigo, à noite vai à sopa dos pobres e a ceia é com os sem-abrigo de Santa Apolónio. O capitão de mar e Guerra que o segue, já quase sem fôlego, está tramado, vai passar o mandato presidencial, sem usar os talheres de prata da Messe dos Oficiais.
        Mas não seria má ideia alguém lembrar a Marcelo que há mais país, que há mais portugueses, nem todos são sem-abrigo ou vivem em casas degradadas, uns são remediados, outros vivem um pouco melhor, alguns são gente com sucesso e até sorte, outros, poucos, até são ricos. E são todos portugueses, todos fazem parte de Portugal. Compreendo essa vocação cristã de Marcelo e até prefiro esta versão à das missas e procissões dos Passos, mas convinha que o presidente não transformasse o país numa imensa Santa Casa.
        12
        Fev17

        Trabalhadores fazem oito horas diárias, mas o Jumbo só quer pagar seis

        António Garrochinho


        O episódio começou com a entrega dos mapas com os horários do mês de Dezembro, em que eram atribuídas dez horas de trabalho diárias a alguns trabalhadores, apesar de o horário normal de trabalho estar fixado nas oito horas.
        Os trabalhadores recusaram a intenção da empresa, que, em retaliação, cortou duas horas por dia aos seus salários de Janeiro, uma situação que o Sindicato do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP) denuncia.

        «A multinacional Auchan [dona da cadeia de hipermercados Jumbo] ou recebe trabalho de borla ou fica com parte do salário dos trabalhadores que recusam o abuso», refere o comunicado da estrutural sindical aos trabalhadores da unidade comercial de Almada.

        A Auchan pagou os salários de Janeiro a estes trabalhadores como se tivessem trabalhado apenas seis horas diárias e 30 semanais, «forçando os trabalhadores a ficar horas em casa para compensar as horas a mais que, sabiam, não tinham sido feitas em Dezembro», refere o CESP.

        Apesar do pré-aviso de greve emitido pelo CESP para precaver a situação destes trabalhadores face à pressão patronal, todos cumpriram um horário normal, de oito horas diárias e 40 semanais, refere o sindicato.

        O grupo Auchan, que detém 33 hipermercados em Portugal, registou um resultado de exploração (antes de impactos financeiros e impostos) de 228 milhões de euros, no primeiro semestre de 2016. De acordo com as últimas informações financeiras disponíveis, a sua rede de hipermercados no nosso país está avaliada em 178 milhões de euros.


        abrilabril.p
        12
        Fev17

        BLOGUER - Não só me roubam links, como me espiam a escrita…

        António Garrochinho



        «Rogério, quando falas de “sr. Blogger”, falas dos critérios – humanos critérios, claro… – aplicados – ou aplicáveis – a um blogger, ou a uma situação perfeitamente aleatória?»
         A questão foi posta pela Maria João a partir da minha denúncia de links roubados. É uma pergunta ingénua, própria de um Poeta. Respondi-lhe que a “coisa” pia mais fino, e vou surpreende-la. Começo pela imagem acima, torres enormes de refrigeração da água usada para arrefecer um enorme cérebro, a parte “pensante” do Sr. Google, sempre em actividade. Aí, nesse cérebro, residem várias localizações 
        cerebrais. Uma delas, tem autonomia de ligações sinápticas entre  dezenas de milhões de neurónios e eu chamo-lhe Sr. Blogger. Cada neurónio, para existir requer procedimentos de criação e dá origem a um blogue que, cada um que o tem, o considera seu.

        Uma vez criado, pode acontecer de tudo. Ser roubado, ser metralhado ou, pior, ser seguido a ver se se porta com juízo. O gráfico ao lado situa uma intrusão. Eu editei, no dia 7 de Janeiro, algo que era suspeito e… pimba, não escapei, num só momento quase trezentas visitas!

        Investiguei e dei com um “visitante” que nunca antes houvera visto ou convidado. Vampirestat, é seu nome. O que é? Sei lá, só sei que não é humano!
        Se depois disto tudo me sinto seguro? Claro que não, mas se pensam que deserto por medo, “tirem o cavalinho da chuva”… Escrevo até que me doa o dedo!
        NOTA: Aqui pode ver mais imagens dos servidores do Google
        Este artigo encontra-se em: CONVERSA AVINAGRADA http://bit.ly/2kfous5
        12
        Fev17

        AS PRIMEIRAS MOEDAS PORTUGUESAS

        António Garrochinho
        As primeiras moedas portuguesas terão sido mandadas cunhar ainda por D. Afonso Henriques.

        Eram pequenos exemplares metálicos produzidos a partir de uma liga de cobre e prata e que exibiam a cruz de Cristo.

        Foi durante o reinado de D. Sancho I que apareceu a primeira moeda portuguesa de ouro, o morabitino, que valia 180 dinheiros.



        morabitino.jpg

        morabitino




        O dinheiro, enquanto unidade monetária, desaparece no final da primeira dinastia e é substituído pelo real. O primeiro rei da Segunda dinastia, D.João I, manda cunhar as primeiras moedas portuguesas de cobre, os reais pretos.

        É durante a governação filipina e a restauração que à cunhagem da moeda por martelo se substituem os métodos mecânicos e que surge a primeira forma de papel moeda, durante o reinado de D.Pedro II.
        A Casa da Moeda passava um recibo a todos os que lhe entregassem moedas de ouro e prata que tivessem sido cerceadas, ou seja, limadas e diminuídas da sua quantidade de metal precioso e, consequentemente, de valor afectivo.

        Em 1821 é criado o primeiro banco emissor no Continente, Banco de Lisboa, antecessor do Banco de Portugal que passa a emitir notas regularmente.

        O Banco de Portugal surge em 1846 e, em 1887, torna-se no único Banco emissor.

        Com a implantação da República, a 5 de Outubro de 1910, o sistema monetário é alterado e o real substituído pelo escudo.
        Todavia, as primeiras notas de escudo só começam a circular em 1914.










        portugaldeantigamente.blogs.sapo.pt
        12
        Fev17

        Chuva provoca várias inundações em Vila Real de Santo António

        António Garrochinho




        A chuva forte que caiu hoje na região do Algarve provocou várias inundações no concelho de Vila Real de Santo António

        De acordo fonte do Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Faro, devido a um pico de chuva cerca das 18:30, registaram-se várias inundações nas "zonas mais baixas" do concelho de Vila Real de Santo António, nomeadamente na cidade com o mesmo nome e em Monte Gordo, na via pública, em habitações e em estabelecimentos comerciais.
        Devido a estas inundações, duas pessoas foram "deslocadas provisoriamente para casa de familiares".
          O Instituto Português do Mar e da Atmosfera colocou hoje a região do Algarve sob aviso amarelo (o terceiro numa escala de quatro) devido à previsão de períodos de chuva, por vezes forte e persistente, bem como de agitação marítima, com ondas com 2,5 a 3,5 metros, e de vento forte.
          Algumas pessoas partilharam no Twitter as fotos das inundações e do mau tempo em Vila Real de Santo António e Monte Gordo


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          Vila Real de Santo António, 18:57. VOU BUSCAR O BARCO 🚣🏻



              dn.pt/
              12
              Fev17

              Marcelo. "Coligação das esquerdas superou as expectativas"

              António Garrochinho


              Presidente da República esteve em Madrid para participar na XI Cimeira COTEC Europa.
              Presidente da República diz ao diário espanhol El País que "tinha que mostrar uma posição de apoio ao governo"

              O Presidente da República considera que a coligação entre o PS, BE, PCP e PEV "superou as expectativas". 

              A afirmação de Marcelo Rebelo de Sousa foi feita ao El País

              Em entrevista ao diário espanhol o Presidente da República diz também que "tinha que mostrar uma posição de apoio ao governo" - "Não um apoio incondicional, mas com condições claras: o controlo do défice, o respeito pelos compromissos europeus e da NATO e também a condição de uma distensão política".

              "Portugal vive uma experiência inédita", diz Marcelo, sublinhando que ninguém sabia como se desenvolveria o compromisso "em torno de um programa de esquerda moderada do PS com partidos que, em teoria, têm dúvidas sobre a NATO, sobre o euro, sobre as políticas económicas de Bruxelas". 

              "Nos círculos financeiros internacionais diziam-me, no início desta experiência, que eram cépticos sobre os compromissos europeus de Portugal. Mas depois de dois trimestres difíceis, com um crescimento do PIB quase nulo, o governo mostrou que o défice está controlado, que há um crescimento do emprego e um maior crescimento do PIB. Porquê? Porque o governo decidiu nas negociações do orçamento [do Estado] de 2016 aceitar o essencial do compromisso europeu com Bruxelas", refere o Presidente da República.

              Já sobre a banca, o chefe do Estado sublinha que o governo enfrentou uma questão complexa, com muitos problemas simultâneos, mas que foram dados vários passos para a sua resolução: "Foram encaminhados vários assuntos, em dez ou onze meses". E como é que foi possível gerir toda esta situação com um governo minoritário com o apoio parlamentar de uma esquerda considerada radical e anti-sistema?, pergunta o próprio Marcelo. E responde: "Fizeram-no e superaram as expectativas iniciais, e para Portugal isso foi positivo. Agora há que ir mais além no crescimento e nas reformas estruturais na Administração".

              Questionado sobre a cooperação entre instituições, Marcelo fala então do apoio ao governo. E, admitindo "algumas iniciativas discutíveis" diz que "nas questões mais sensíveis houve a preocupação em convergir no essencial", apontando um "ambiente distendido, não tão crispado" e uma "boa cooperação entre presidente, governo e parlamento".

              O Presidente da República mostra-se ainda confiante na resolução do problema entre Portugal e Espanha em torno da central nuclear de Almaraz: "Não há nenhuma família em que os irmãos, ou os cônjuges, não tenham um ponto, dois pontos de divergência. Não é um drama. Como é que se resolve? Dialogando".

              Marcelo fala também dos populismos que alastram na Europa defendendo que "tudo o que seja fechar horizontes é uma visão condenada. Hoje, para muitos, é atrativa. Mas é errada a médio e longo prazo".

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