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POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

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24
Fev17

PCP propõe mais uma medida de apoios às pequenas empresas:«Proteger os clientes bancários da atitude abusiva das instituições de crédito»

António Garrochinho
PCP propõe mais uma medida de apoios às pequenas empresas: protege os comerciantes que usam os terminais de pagamento automático da atitude abusiva das instituições de crédito, garantindo que o encargo com o imposto de selo devido nas operações de pagamento baseadas em cartões recai sobre estas instituições e não sobre os comerciantes.





VÍDEO


24
Fev17

VÍDEO - PARA QUEM GOSTA DE IRON MAIDEN - Música | A balada da velha Donzela

António Garrochinho

Para os que não conhecem, ou que apenas já ouviram “The Number of The Beast”, Iron Maiden é comumente chamado de “gritaria”, “música do capeta” e outros adjetivos carinhosos.


Iron Maiden…gostando ou não de heavy metal você já ouviu falar, ou certamente já viu uma camiseta de caveiras por aí. Principal expoente do movimento “NWOBHM” (New Wave Of British Heavy Metal), a Donzela de Ferro sem dúvidas nenhuma ainda se mantém como uma das maiores bandas de rock do planeta, lotando estádios ao redor do mundo, lançando discos, vendendo diversos produtos licenciados como: cervejas, camisetas, games, bonecos, sempre apoiada pela legião fanática de fãs que os acompanham.
Para os que não conhecem, ou que apenas já ouviram “The Number of The Beast”Iron Maiden é comumente chamado de “gritaria”, “música do capeta” e outros adjetivos carinhosos.  Ledo engano de quem pensa assim.
Uma das coisas de que mais admiro na banda são os temas e a qualidade das letras, muitas delas são baseadas em figuras ou acontecimentos históricos, mas uma em especial baseada em um poema inglês é a que irei destacar hoje…

O poema

“The Rime of Ancient Mariner” foi escrito por um dos pais do Romantismo inglês, Samuel Taylor Coleridge (1772/1834),  o poema se caracteriza pelo tom místico e sobrenatural, contemplando a natureza e seus mistérios.
Vale muito a pena ser lido, recomendo a versão bilíngue de Weimar de Carvalho (DISAL Editora), onde a cada página é possível ver o texto original em inglês e o texto traduzido. Não entendo nada de traduções, mas imagino que poemas devam ser um dos tipos de textos mais complexos de se traduzirem,  pois precisam manter a essência e o sentido original, o resultado desta edição é formidável.

Samuel Taylor Coleridge




A música

Lançada com o mesmo nome do poema no álbum de 1984 “Powerslave”, “The Rime of The Ancient Mariner” narra de forma resumida a história abordada no poema, apesar dos seus quase 14 minutos de duração. Vamos a ela:
No primeiro arco da música somos apresentados ao Marinheiro abordando um convidado de um casamento,  para ele então começa a relatar sua história.
Diz que em uma de suas viagens sua embarcação se perdeu no pólo-sul, e ao meio da tempestade e nevoeiro um Albatroz aparece no céu e começa a guiar a embarcação de volta ao seu rumo. Porém mesmo assim o Marinheiro atira e mata o pássaro, inicialmente seus companheiros se revoltam, mas ao perceber que o nevoeiro se dissepara o perdoam, então todos se tornam parceiros no crime.
Chegamos ao primeiro refrão, afinal o que é uma boa música sem um refrão pegajoso?

“Sailing on and on and north across the sea…
Sailing on and on and north ‘til all is calm “

“Navegando e navegando para o norte através do mar…
Navegando e navegando para o norte até que tudo está calmo”

Seguimos o ritmo das “galopadas” conduzidas pelo baixo de Steve Harris, porém agora o Albatroz incia sua vingança, o vento que os guiava se extingue e a tripulação se encontra numa situação de “calmaria”, a maldição da sede assola a tripulação, e todos culpam o Marinheiro  pela má sorte, penduram então o pássaro morto em seu pescoço. Chegamos a uma nova versão do refrão, trocando o primeiro entusiasmo por uma agonia sem fim…

“And the curse goes on and on and on at sea…
And the thirst goes on and on for them and me “

“E a maldição continua, continua e continua no mar…
E a sede continua e continua para eles e para mim “

Neste ato o drama da história aumenta, a música acompanha tanto em sua melodia,  letra e execução, em vários pontos o tom aumenta, demonstrando a dramaticidade da situação.

“Water, water, everywhere, not any drop to drink!”
“Água, água por todo lado, e nem uma gota para beber!”

Uma esperança surge no horizonte, uma outra embarcação (apesar de causar estranheza pela movimentação sem vento), a música acelera.  Ao se aproximar primeiramente acham que a embarcação está vazia, depois notam que nela estão  “A morte” e “A vida na Morte”, jogando nos dados a sorte da tripulação.

“A Morte” e  “A vida na Morte”


“A vida na morte”, ganha a vida do Marinheiro, os demais 200 tripulantes caem mortos. O “prêmio” dado ao Marinheiro na verdade é uma punição por ter matado o Albatroz, uma vida pior que a própria morte. A música segue então acelerada por alguns instantes até diminuir e cessar abruptamente….

O Marinheiro e seu calvário


 
Após um breve silêncio, dedilhos de baixo começam acompanhados por uma lenta melodia de guitarra, é possível escutar o ranger das madeiras da fúnebre embarcação. Surge então uma narração fantasmagórica de Bruce Dickinson assumindo o papel do Marinheiro, neste trecho é citado partes do poema original onde o mesmo observa seus companheiros morrerem…

“One after one, by the star dogged moon
Too quick for groan or sigh
Each turned his face, with a ghastly pang
And cursed me with his eye
Four times fifty living men
And I heard nor sigh nor groan
With heavy thump, a lifeless lump
They dropped down, one by one”

“Um a um, sobre a lua rodeada de estrelas
Rápido demais para gemer ou suspirar
Cada um virou seu rosto atormentado
E me amaldiçoou com seu olhar
Quatro vezes cinquenta homens
E eu não ouvi suspiro ou gemido
Pesadamente, um vulto sem vida
Eles caíram, um por um”

Por um tempo ainda ouvimos a lenta melodia, o ranger e a agonia…

 

Então os dedilhados aceleram e a música começa a crescer novamente, Bruce Dickinson rasga o silêncio e começa a narrar a redenção do Marinheiro, ele desejara ter morrido, porém estava vivo, então a luz da lua ele reza para seu futuro horrível e abençoa as criaturas de Deus.
A melodia segue num ritmo crescente, a maldição do Marinheiro se quebra, o Albatroz cai de seu pescoço e afunda no mar, Dickinson fazendo jus ao apelido de “sirene” urra para nos avisar que a chuva chegou, a música explode! Chegam a hora dos solos de guitarra….
No arco final, a música retoma seu ritmo inicial, possuídos por bons espíritos os corpos da embarcação se levantam e guiam o barco para casa novamente, mas como pouca desgraça é bobagem a embarcação afunda, porém o Marinheiro é salvo por um Ermitão e seu filho, que o perdoa por todos os seus pecados.

 

Como punição o Marinheiro é destinado a andar pelo mundo e contar a sua história, a música retorna ao casamento, onde temos um convidado mais triste porém mais sábio.
E a história continua, continua e continua….
Escutar essa música atentando para as nuances da melodia e letra é realmente uma experiência incrível, não a toa sempre figura facilmente nas listagens de preferidas dos fãs, e como quem sabe faz ao vivo….

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igeneration.com.br
24
Fev17

A emocionante história da música “Hey Jude”

António Garrochinho


dedo
Quando Cynthia Lennon chegou de viagem e encontrou John e Yoko juntos na casa onde ela vivia com ele, a separação realmente começou. Um acordo provisório foi estabelecido para que Cynthia e Julian, completamente abalados com a atitude de John, pudessem ficar em Kenwood, casa em que John morava com Cynthia, enquanto John e Yoko firmavam residência em um apartamento em Montagu Square, no centro de Londres.
tres
Paul McCartney e Julian Lennon – filho de John e Cynthia que, na época da separação, tinha 5 anos – sempre tiveram uma relação muito próxima. Paul foi o único do círculo de amizade dos Beatles que foi até Kenwood demonstrar apoio por tudo o que havia acontecido. Ele foi dirigindo de sua casa em St. John’s Wood até Weybridge levando uma única rosa vermelha. Paul tinha o costume de usar o tempo que passava no carro para trabalhar em músicas novas e, nesse dia, preocupado com o futuro de Julian, ele começou a cantarolar “Hey Julian” e improvisar uma letra sobre o tema do conforto e da segurança. Em certo momento da viagem de uma hora, “Hey Julian” se tornou “Hey Jules”, e Paul criou o trecho “Hey Jules, don’t make it bad, take a sad song and make it better”. Foi só na hora de desenvolver a letra, algum tempo depois, que ele transformou Jules em Jude, por achar que soava mais forte e musical. 
choro
Paul chegou a Kenwood em uma tarde ensolarada, entregou a rosa vermelha e disse “Eu sinto muito, Cyn, eu não sei o que deu nele. Isso não está certo”. Paul ficou algum tempo. Disse que John estava levando Yoko para as sessões de gravação, o que ele, George e Ringo detestavam. Paul havia terminado seu relacionamento com Jane Asher algumas semanas antes. Jane havia voltado para casa, depois da turnê de uma peça de teatro, com alguns dias de antecedência e o surpreendera na casa deles com outra garota. Ela o deixou e, diferente de John, Paul se culpava e estava com o coração partido. Depois de tantos problemas Paul brincou: “Nós podemos nos casar, o que você acha, Cyn?”. Paul não se importou com o que John pensaria disso e foi o único a desafiá-lo. Ele partiu prometendo manter contato, mas um ou dois meses depois o relacionamento de Paul com a fotógrafa americana Linda Eastman teve início e sua vida entrou em uma nova fase. 
essa foto
A música foi se tornando menos específica e John achou que o tema era dedicado a ele, encorajando-o a sair dos Beatles e ir viver com Yoko (“You were made to go out and get her”). Um verso em particular – “the movement you need is on your shoulder” – deveria ser apenas um tapa-buraco. Quando Paul tocou a música para John, comentou que aquela parte precisava ser substituída e que ele parecia estar cantando sobre seu papagaio. “Esse provavelmente é o melhor verso da música”, disse John. “Deixe aí. Eu sei o que significa”. Paul afirmaria mais tarde que, até hoje, lembra de John quando canta essa frase em seus shows.
pianinho
Julian Lennon cresceu conhecendo a história por trás de “Hey Jude”, mas só em 1987 ouviu os fatos diretamente de Paul, quando o encontrou em Nova York. “Foi a primeira vez que nós sentamos e conversamos. Ele me contou que vinha pensando na minha situação todos aqueles anos atrás, no que eu estava passando e pelo que eu ainda teria de passar no futuro. Paul e eu passávamos bastante tempo juntos – mais do que meu pai e eu. Talvez Paul gostasse mais de crianças na época. Tivemos uma grande amizade, e parece haver muito mais fotos daqueles tempos em que estou brincando com Paul do que com meu pai”, conta Julian. “Eu nunca quis saber realmente a verdade sobre como meu pai era e como ele era comigo”, ele admite. “Mantive minha boca fechada. Muita coisa negativa foi dita sobre mim, como quando ele disse que eu tinha saído de uma garrafa de uísque em um sábado à noite. Coisas assim. É muito difícil lidar com isso. Eu pensava ‘cadê o amor nisso tudo?’. Foi muito prejudicial psicologicamente, e por anos isso me afetou. Eu costumava pensar ‘como ele pôde dizer isso sobre o próprio filho?'”.
passar
Julian não se limita à letra de “Hey Jude” já há algum tempo, mas acha difícil fugir dela. Ele está em um restaurante e a música toca, ou ela surge no carro quando está dirigindo. “Ela me supreende toda vez que a escuto. É muito estranho pensar que alguém escreveu uma música sobre você. Ainda me emociona”, ele diz.

VÍDEO
“Hey Jude” foi o single de maior sucesso de toda a carreira dos Beatles. Chegou ao topo das paradas no mundo todo e, antes do fim de 1967, mais de 5 milhões de cópias tinham sido vendidas. A letra original escrita por Paul foi comprada por Julian Lennon em um leilão, décadas depois.

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beatlescollege.wordpress.com
24
Fev17

A História de Asa Branca

António Garrochinho



Asa Branca

Aqui uma matéria sobre o grande clássico do Rei do Baião. A música, composta há mais de 67 anos (gravada em 1947, em parceria com Humberto Teixeira), conta com mais de 500 interpretações no Brasil e no mundo, sendo uma das canções que recebeu maior número de gravações.

Há 67 anos, Luiz Gonzaga entrava no estúdio da RCA para gravar uma toada chamada Asa Branca, a primeira parceria sua com o cearense Humberto Teixeira, o maior clássico da música nordestina em todos os tempos, com mais de 500 regravações no Brasil e mundo afora. Teixeira, que estava no estúdio na noite da gravação, relembrou aquela sessão histórica, anos mais tarde, em Fortaleza, ao pesquisador Miguel Ângelo de Azevedo, o Nirez: “...No dia em que gravamos, com o conjunto de Canhoto, ele disse assim: ‘Mas puxa, vocês depois de um negócio desses, de sucessos, vêm cantar moda de igreja. Que troço horrível’! Aí então, eles com um pires na mão, saíam pedindo, brincando, uma esmola pro Luiz e pra mim, dentro do estúdio. Mal sabiam eles que nós estávamos gravando ali uma das páginas mais maravilhosas da música brasileira”.Na terra de Luiz Gonzaga, os 60 anos de Asa branca, o hino não oficial do Nordeste, não terá comemorações. Em São Paulo, porém, hoje, às 10h, anuncia-se um “pelotão de choque cultural contra a mesmice e a burrice nacionais”, que invadirá a Praça da Sé, no Centro da cidade, para lembrar a efeméride, e cantar sucessos de Luiz Gonzaga. O evento foi idealizado pelo radialista e escritor paraibano Assis Ângelo, que arrebanhou repentistas, coquistas, emboladores e forrozeiros para prestar homenagem a Gonzagão e ao parceiro Humberto Teixeira. Entre os artistas que participam deste arrastão da Asa Branca estão os pernambucanos Caju & Castanha, Anastácia e João Silva, este último o parceiro com a maior quantidade de composições com o Rei do Baião.

Em 1945, Luiz Gonzaga foi levado pelo compositor Lauro Maia, ao escritório de advocacia de Humberto Teixeira, na avenida Calógeras, no Centro do Rio. Gonzagão andava há algum tempo à procura de um compositor com quem pudesse retrabalhar os ritmos do Nordeste, que conhecia tão bem dos forrobodós freqüentados com o pai Januário, sanfoneiro conceituado no sertão do Araripe. Sertanejo de Iguatu, Humberto Teixeira já era compositor de relativa fama e simpatizou com o pernambucano, que conhecia de músicas como Moda da mula preta e Vira e mexe. os dois se reuniram, das quatro da tarde à meia-noite, para formatar uma música nordestina, que tivesse apelo popular para tocar no rádio: “Nesse mesmo dia nós fizemos os primeiros versos, discutimos as primeiras idéias em torno de Asa branca, que só dois anos depois foi gravada”, contou Humberto Teixeira, esquecendo de acrescentar que Asa branca não foi uma composição inédita da dupla. “'Asa Branca' é uma música do meu pai Januário, mas não tinha este nome, era chamada de 'Catingueira do Sertão' (a catingueira é uma árvore comum no semi-árido). Quem gravou com a letra original foi meu irmão Zé Gonzaga”, lembra a cantora Chiquinha Gonzaga, 81, irmã de Luiz Gonzaga. Ela só consegue lembrar dos versos iniciais da música que o pai dela tocava: “catingueira do sertão/fulorou, botou no chão/catingueira miudinha... Não recordo mais, lembro de outras coisas que meu pai tocava. Quem sabia todas aquelas músicas era Antônio da Pata que cantava no conjunto do meu pai”, desculpa-se Chiquinha.

O velho Januário nunca escondeu de ninguém que Asa Branca era uma música sua. Dominguinhos conta que um dia estava em Exu, na casa de Januário: “Enquanto seu Luiz tocava "Asa Branca" na sanfona, Januário comentou comigo: ‘Esta música aí foi esse negro safado que roubou de mim’, claro que em tom de brincadeira. Januário também havia se apropriado da música, que fazia parte do repertório de dos sanfoneiros da região, como também dos cegos que tocavam nas feiras em troca de dinheiro. Além do mais "Juazeiro""Meu Pé de Serra""Vira e Mexe", sucessos inaugurais de Luiz Gonzaga também eram temas musicais correntes no Sertão, e foram levado por ele em seu matolão, quando deixou o povoado do Araripe, Exu, em 1930.
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Fonte: Jornal do Commercio. Recife-PE: 03/03/07

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sintoniahp.blogspot.pt
24
Fev17

INDIANA NOMMA - SUA HISTÓRIA E SUA MÚSICA

António Garrochinho
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INDIANA NOMMA

Nascida em Honduras, filha de pai baiano e mãe gaúcha, Indiana Nomma cresceu no México, Portugal, Nicarágua, Alemanha Oriental e Brasília. Aos 8 anos, começou a estudar canto erudito e aos 13, piano. Já no Brasil, explorou o teatro e o canto coral o que a possibilitou de cantar em tournês por Costa rica e em Nova Yorque, no Carnegie Hall.

Após 17 anos consolidando sua carreira em Brasília, em meados de 2010 passou a atuar também no Rio de Janeiro onde é reconhecida como revelação do brasilian jazz. 

Atualmente realizando shows pelo Brasil, Nomma recebe reconhecimento da crítica da mídia por ter se apresentado ao lado de artistas como as cantoras Daniela Mercury (Brasil), Alma Thomas (EUA), o cantor, compositor e produtor musical Beat Kaestli (Suiça), o pianista Osmar Milito (referência da Bossa Nova), os guitarristas Mark Lambert & Orquestra Radio Swing (EUA), entre outros.  

Em 2012, arrancou aplausos do público de 2500 pessoas na abertura do show do cantor Ney Matogrosso durante o 1° FESTIARTE – Festival Internacional de Artes de Brasília, com um repertório de samba-jazz em 10 canções inéditas. 

Em 2011 foi atração da Rio +20, em jantar para a ministra do Meio-Ambiente, dos 5º Jogos Mundiais Militares do CISM, participou dos festivais DUETOS ao lado do baixista inglês Bruce Henri e A INFLUÊNCIA DO JAZZ, promovidos pela Sala Baden Powell (RJ), e 1º Festival de Inverno do Terraço Shopping (Brasília). Apresentou-se no Circuito Rio Show de Gastronomia 2010 do jornal O GLOBO e conquistou matéria de página inteira no mesmo jornal carioca. Em entrevista para o programa Starte da Globonews, foi considerada Cantora Revelação do novo jazz, participando na mesma emissora, do programa Estúdio i, onde recebeu mais elogios generosos da apresentadora Maria Beltrão.

Em 15 anos de carreira, abriu shows de Gloria Gaynor, Billy Paul entre outros e participou de festivais como Porão do Rock, Festival de Jazz e Blues de Brasília, Feira de Música Independente - FMI, Chivas Jazz Festival – edição Brasília, Festival da Mulher Afro-latinoamericana, República Blues Festival e Brasília 50 anos – ao lado de Daniela Mercury e Festival de Inverno de Brasília. Também apresentou-se em inúmeros shows da capital do Brasil e região, sendo considerada uma das cantoras mais atuantes do Distrito Federal.

Conhecida pela voz grave e versatilidade em vários estilos, Indiana faz a síntese de suas preferências musicais, através de projetos como: Indiana Nomma Jazz Trio, Tributo a Tim Maia, Tributo a Mercedes Sosa, e tantos outros.

VÍDEOS 



Além disso, Nomma apresentou o programa de jazz, blues e soul music: Anjos da Noite, veiculado através da Rádio Cultura FM 100,9 - Brasília, transmitido também pelo www.culturafmdf.com.br, todas as terças-feiras, das 22h à 0h, por 4 anos consecutivos.

Atualmente a cantora vem sendo reconhecida como representante do jazz mundial através de seu talento. Bebops, improvisos, a voz grave e trompete de boca fazem do show uma atração hipnotizante.


Participação de Indiana Nomma direto do Hotel Novo mundo para o Programa Berenice e Você no Rio de Janeiro

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Participação de Indiana Nomma no estúdio do Programa Berenice e Você no Rio de Janeiro

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Indiana Nomma canta Insensatez (Vinícius de Moraes e Tom Jobim)
Indiana Nomma (voz) / Oswaldo Amorim(baixo) / Daniel Baker (teclados)
Programa Talentos produzido pela TvCâmara 

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acaocameraluz.blogspot.pt
24
Fev17

MÚSICA COUNTRY

António Garrochinho

OUTLAW COUNTRY

O Outlaw Movement surgiu após muitos artistas da música Country reivindicarem o seu direito por suas músicas, ele foi uma reação contra o que ocorria em Nashville. No final dos anos 60, a musica Country não passava pelo seu melhor momento. Os movimentos Nashville Sound/Countrypolitan estavam dominando o mercado, os artistas que não estavam mais felizes com aquele aspecto requintado e a mesmice nos estúdios de produção, passaram a se tornar "desviados" daquela cultura onde a música Country fazia união com a musica Pop da época.

Hank Williams
O som dominante da música Country durante a década de 40 e início dos anos 50 foi o Honky-Tonk, popularizado por Ernest Tubb, Hank Williams, Lefty Frizzell, Webb Pierce e Faron Young, logo, para o meio da década de 50, o Honky Tonk abriu espaço para o Rockabilly, que contava com astros como Elvis Presley, Johnny Cash, Carl Perkins e Jerry Lee Lewis. O Honky-Tonk se originou no Texas e no estado do Oklahoma, enquanto o Rockabilly veio de Memphis, no Tennessee. No entanto, foi em Nashville, também no Estado do Tennessee, que a música Country deu um grande passo, principalmente por suas transmissões pelos palcos/rádios do país. No final dos anos 50, uma nova produção estava se desenvolvendo em Nashville, e foi rapidamente batizada por "Nashville Sound". O Nashville Sound fez com que a cidade de Nashville tivesse ainda mais os holofotes da música Country virados para ela.
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Em resumo, o Nashville Sound nasceu com o intuito de extinguir o Rockabilly e embelezar o Honky-Tonk, como já pudemos ver na historia desse movimento, o que eles acrescentaram de novo e removeram de sua musicalidade. O objetivo do Nashville Sound foi emplacar por todo país e por todo mundo, funcionou. Com a vinda do movimento Countrypolitan, Nashville era conhecida até mesmo nas telas de Hollywood.

Outro subgênero surgiu com a chegada do final dos anos 50, o Bakersfield Sound. Esse foi a música Country feita na cidade de Bakersfield, na Califórnia. Um dos seus principais pioneiros, Buck Owens, trouxe o Western Swing, dos anos 30, e deu ao Honky Tonk um toque rústico, respeitando muito ao Honky Tonk de Ernest Tubb e Hank Williams, nos anos 40, Owens exagerou no pedal steel e nos solos de guitarra. Buck Owens e Merle Haggard estavam entre as maiores estrelas da época, "cara a cara" com Nashville. O Bakersfield Sound influenciou muitos artistas, isso inclui até a cena Neo-tradicional, dos anos 80 e principalmente, o Country Rock/Neofolk/Southern Rock, estrelas como: The Flying Burrito Brothers, Creedence Clearwater Revival, Poco, e Eagles, foram um desses nomes. Conheça mais sua história aqui: A história do Bakersfield Sound.

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Enquanto a música que saia de Nashville, tornava-se cada vez mais "elegante", os tradicionalistas, artistas e fãs da musica Country, procurou a autenticidade da música Country dos velhos tempos, o Bluegrass, Folk e o Honky Tonk. Com o Honky-Tonk sendo um dos estilos mais comuns e mais conhecidos, foi esse estilo que passou a ser recuperado pelo "Outlaw Movement" no início dos anos 70, mas claro, com uma diferença, afinal, estamos falado sobre os "renegados", ao contrário da música tradicional Country, em que o baixo normalmente levava a música, no "Outlaw Country" tornou-se comum o uso de bateria, assim como ocorreu com suas guitarras amplificadas. Além disso, o conteúdo em suas canções era retratadas de modo livre, eles falavam sobre o uso excessivo de drogas e álcool, o trabalho pesado, e relações sexuais com várias mulheres ou prostitutas. Inquestionavelmente, esse subgênero da música Country também tinha uma certa concorrência com o Rock n' Roll. O Coração do Outlaw Movement e de muitos artistas, veio do Texas e não de Nashville... Assim como a maioria de seus sucessos foram gravadas lá.

No ano de 1976, a RCA Victor lançou um álbum que daria início a mudança de curso na música Country. O álbum inteiro consistia de 11 faixas, que já haviam sido lançadas anteriormente. O álbum não era uma simples compilação de criadas em base de um certo "greatest hits". Muito diferente disso, o álbum definiu o movimento que estava em crescimento. Ele contava com quatro artistas que foram então, considerados os "criadores" de um novo subgênero: Waylon Jennings, Willie Nelson, Jessi Colter e Tompall Glaser. O disco foi intitulado por "Wanted! The Outlaws". O disco chegou em primeiro lugar nas paradas, e foi o primeiro disco do subgênero a alcançar 1 milhão de cópias.

Hank Williams Jr.
Se reconhecia um "Outlaw" pela sua aparência, por mais que muitos ainda lutassem contra o estereótipo taxado. Os astros do Outlaw Movement, no ápice dos anos 70, viraram bons usuários de simples calças jeans, o chapéu de cowboy encharcado de suor, quando usado, era uma marca registrada. As barbas sempre cheias, botas velhas, camisas do dia-a-dia-, sempre de mangas arregaçadas e botões abertos e colete de couro. O traje deles remetiam ao de simples trabalhadores, que cansados, passavam no bar no resto da noite para tomar uma cerveja e fumar um cigarro... Esse jamais seria um traje fino, como o de antes, onde homens estavam sempre de rostos lisos, cabelo impecável com super pomadas fixadoras, sapatos limpos e novos e ternos. A grande influencia na moda dos anos 70, ficaram a cargo de grandes subculturas que surgiram na época, variavam entre motociclistas à hippies... Logo, esse jamais seria um traje para ser visto nos palcos do Opry. (Não iremos ignorar a dupla "The Country Cavaleers", cabelos longos, música tradicional na ponta da língua, letras "leves", afinal, o seu fudador foi um artistas que fez Pop, Country e Gospel. Há uma de que eles estão no Outlaw Country do bem, o Outlaw Country "anti-drogas". De todo modo, não deixamos eles de lado, como prometido).


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O nome "Outlaw Movement", como muitos imaginam, não foi dado quando as primeiras estrelas do movimento nasceram, muitas pessoas falaram ser o responsável por nomear o tal movimento como "Outlaw Movement". Porém, se foi usado o termo "Outlaw" no final dos anos 60 e começo dos anos 70, não foi a ponto de que um dia o movimento teria esse nome. Pois o que consta é, o nome "Outlaw Movement" foi derivado nada mais nada menos que da canção "Ladies Love Outlaws", de Lee Clayton, que logo viria a ser a canção titulo do álbum de Waylon Jennings, lançado em 1972. Jennings foi a figura chave para o movimento. Quando Jennings viu a sua carreira afundar em Nashville, por ele simplesmente buscar ser dono de suas canções, contextualizando elas da maneira que ele bem queria fazer, entrando inclusive com um processo contra sua gravadora da época, para que ele pudesse estar livre de Nashville, Jennings foi praticamente um dos primeiros a abrirem a porta do movimento para os outros que também sentiam o peso de Nashville. O Outlaw Movement foi muito além do que apenas um Honky Tonk de letras afogadas em whisky e a vida de um "fora-da-lei", o Outlaw Movement veio para principalmente dar ao artista os seus reais direitos sobre as suas criações. Junto aos renegados, estava também o "criador de tendências" outlaw, Tompall Glaser, que juntamente a Jennings lutou contra a indústria de música em Nashville.

Além de Jennings e Willie Nelson, outras figuras importantes do Outlaw Movement foram: Jerry Jeff Walker, Billy Joe Shaver, Guy Clark, David Allan Coe, Michael Martin Murphey, Hank Williams Jr., Emmylou Harris, Tom T. Hall, Bobby Bare e Jessi Colter, não é que esquecemos de Townes Van Zandt, como muitos sabem, o mesmo foi um das peças fundamentais para o movimento, porém, Van Zandt cresceu mais no cenário Folk. O período principal da popularidade para o Outlaw Country foi em meados dos anos 70 e 80, embora algumas estrelas continuaram no estilo nas décadas seguintes. Vários outros artistas da música Country, principalmente Johnny Cash, Merle Haggard, Kris Kristofferson e Johnny Paycheck, fizeram parte de grandes movimentos dentro do cenário Country, mas se chegaram ao Outlaw Country bem no seu ápice, esses artistas foram bem recebidos pelos membros e fãs.

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Emmylou Harris
Embora os homens dominassem o Outlaw Country, algumas mulheres, como citadas acima, ganharam direitos de serem chamadas de "outlaws". Além da mais conhecida, Jessi Colter, vieram também Tanya Tucker, Sammi Smith e Emmylou Harris. Elas soavam como os pioneiros do movimento, elas foram ao limite usando seu charme e seus dotes líricos, sempre acompanhadas de belo instrumental, sem soar nada clichê.

O Outlaw Country, no entanto, abriu as portas para a definição de que é dar um grande passo dentro da música Country. O movimento "Neo-tradicionalista", que começou em meados dos anos 80, teve uma grande influência do que havia sido feito nos anos 70, eles levaram o Honky-Tonk de volta para a vanguarda, baseando-se no cenário de Nashville, porém, com novas caras e talvez, fracasso na certa. Embora a música Country continuasse com seus flertes com a música Pop, o Honky-Tonk continuava sendo sua principal assinatura em suas canções Country. Talvez um dos maiores legados dos outlaws, foi de fato ajudando o Honky Tonk a reconquistar o seu lugar dentro da música Country.

Cody Jinks
Após a chegada do novo milênio, a música Country já havia passado por várias mudanças, inclusive um novo subgênero havia surgindo, o Alt-Country. Hoje em dia, é muito corriqueiro alguns fãs intitularem seus artistas preferidos de Outlaw Country, mesmo eles apresentando Alt-Country ou Americana, por exemplo. Com a vinda desse novo subgênero e a fração de como esses artistas tornaram-se conhecidos graças a internet, uma certa confusão existe para o fã. Com o avanço da internet, o crescimento dos fãs e novos artistas, colocar o termo "Outlaw Country" em artistas que nem mesmo faz Honky-Tonk, é um erro? Bom. Hank Williams III, neto de Hank Williams, toca Honky-Tonk, traz influências do Metal (Gênero) e não descarta as "Strings" de sua música, ele é um artista Alternativo, porém, intitulado por "Outlaw". Muitos outros astros existem nesse meio e os mesmos usam o subgênero "Outlaw Country", mesmo sendo artistas de Roots (Americana). Não é que seja confuso entender o movimento Outlaw Country, mas se estamos falando do resgate do Honky Tonk em tempos modernos e a forte influência do Outlaw Country feito por Waylon Jennings, Willie Nelson, Hank Williams Jr., David Allan Coe e uma "porrada" de artistas daquela época, podemos dizer que nos tempos de hoje nos tempos os "fieis" ao estilo, são esses: Whitey Morgan and the 78's, Sturgill Simpson, Cody Jinks, Jackson Taylor & The Sinners, Nikki Lane (Sim, Nikki Lane!), Whey Jennings e Wayne Mills Band.

Nos tempos de hoje, definir tudo o que não envolve ao Country Pop, é taxado por Outlaw Country. A música Country tem vários subgêneros, Outlaw e Pop não são os únicos dela. Quando o "Outlaw Movement" aconteceu por meio dos anos 70, a razão era clara. Hoje em dia, estamos apenas nas sombras do que esse grande movimento foi, porém, muitos artistas resgatam com suas almas toda a época onde a música Country era respeitada e lutaram pelo seu direito de permancer aplicando seu estilo próprio em suas canções, assim como fizeram nos anos 80, nos anos 90 e consequentemente, agora. Outlaw não se trata apenas de artistas renegados por grandes indústrias e nem cantar sobre beber e praticar desordem, Outlaw Country significa manter viva a chama da REAL música Country.



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24
Fev17

A MÚSICA E SUA HISTÓRIA

António Garrochinho



Mundo das Artes
A Música e sua história
A sua história
A História da música é o estudo das origens e evolução da música ao longo do tempo. Como disciplina histórica insere-se na história da arte e no estudo da evolução cultural dos povos. Como disciplina musical, normalmente é uma divisão da musicologia e da teoria musical. Seu estudo, como qualquer área da história é trabalho dos historiadores, porém também é frequentemente realizado pelos musicólogos.

Este termo está popularmente associado à história da música erudita ocidental e frequentemente afirma-se que a história da música se origina na música da Grécia antiga e se desenvolve através de movimentos artísticos associados às grandes eras artísticas de tradição europeia (como a era medieval, renascimento, barroco, classicismo, etc.).
Este conceito, no entanto é equivocado, pois essa é apenas a história da música no ocidente. A disciplina, no entanto, estuda o desenvolvimento da música em todas as épocas e civilizações, pois a música é um fenômeno que perpassa toda a humanidade, em todo o globo, desde a pré-história.
Em 1957 Marius Schneider escreveu: “Até poucas décadas atrás o termo ‘história da música’ significava meramente a história da música erudita europeia. Foi apenas gradualmente que o escopo da música foi estendido para incluir a fundação indispensável da música não europeia e finalmente da música pré-histórica".

Há, portanto, tantas histórias da música quanto há culturas no mundo e todas as suas vertentes têm desdobramentos e subdivisões. Podemos assim falar da história da música do ocidente, mas também podemos desdobrá-la na história da música erudita do ocidente, história da música popular do ocidente, história da música do Brasil, história do samba, e assim sucessivamente.
A Música na Pré história
Somente através do estudo de sítios arqueológicos podemos ter uma ideia do desenvolvimento da música nos primeiros grupos humanos. A arte rupestre encontrada em cavernas dá uma vaga ideia desse desenvolvimento ao apresentar figuras que parecem cantar, dançar ou tocar instrumentos.

Fragmentos do que parecem ser instrumentos musicais oferecem novas pistas para completar esse cenário. No entanto, toda a cronologia do desenvolvimento musical não pode ser definida com precisão. 
é impossível, por exemplo, precisar se a música vocal surgiu antes ou depois das batidas com bastões ou percussões corporais. Mas podemos especular, a partir dos desenvolvimentos cognitivos ou da habilidade de manipular materiais, sobre algumas das possíveis evoluções na música.
Na sua "História Universal da música", Roland de Candé nos propõe a seguinte sequência aproximada de eventos:

1. Antropóides do terciário - Batidas com bastões, percussão corporal e objetos entrechocados.

2. Hominídeos do paleolítico inferior - Gritos e imitação de sons da natureza.

3. Paleolítico Médio - Desenvolvimento do controle da altura, intensidade e timbre da voz à medida que as demais funções cognitivas se desenvolviam, culminando com o surgimento do Homo sapiens por volta de 70.000 a 50.000 anos atrás.

4. Cerca de 40.000 anos atrás - Criação dos primeiros instrumentos musicais para imitar os sons da natureza. Desenvolvimento da linguagem falada e do canto.

5. Entre 40.000 anos a aproximadamente 9.000 a.C - Criação de instrumentos mais controláveis, feitos de pedra, madeira e ossos: xilofones, litofones, tambores de tronco e flautas. Um dos primeiros testemunhos da arte musical foi encontrado na gruta de Trois Frères, em Ariège, França. Ela mostra um tocador de flauta ou arco musical. A pintura foi datada como tendo sido produzida em cerca de 10.000 a.C.

6. Neolítico (a partir de cerca de 9.000 a.C) - Criação de membranofones e cordofones, após o desenvolvimento de ferramentas. Primeiros instrumentos afináveis.

7. Cerca de 5.000 a.C - Desenvolvimento da metalurgia. Criação de instrumentos de cobre e bronze permitem a execução mais sofisticada. O estabelecimento de aldeias e o desenvolvimento de técnicas agrícolas mais produtivas e de uma economia baseada na divisão do trabalho permitem que uma parcela da população possa se desligar da atividade de produzir alimentos. Isso leva ao surgimento das primeiras civilizações musicais com sistemas próprios (escalas e harmonia)


A Idade Antiga

As primeiras civilizações musicais se estabeleceram principalmente nas regiões férteis ao longo das margens de rios na ásia central, como as aldeias no vale do Jordão, na Mesopotâmia, índia (vale do Indo atualmente no paquistão), Egito (Nilo) e China (Huang-ho).
A iconografia dessas regiões é rica em representações de instrumentos musicais e de práticas relacionadas à música. Os primeiros textos destes grupos apresentam a música como atividade ligada à magia, à saúde, à metafísica e até à política destas civilizações, tendo papel frequente em rituais religiosos, festas e guerras.

As cosmogonias de várias destas civilizações possuem eventos musicais relacionados à criação do mundo e suas mitologias frequentemente apresentam divindades ligadas à música.
Medieval e Renascimento

Período extenso e marcado pela diversidade. No século VII, surge a monodia (uma única linha melódica) do canto gregoriano - monodia que, sob uma forma profana, também será usada pelos trovadores. No século XII, com a Escola de Notre Dame (Paris) aparecem formas polifônicas (entrelaçamento de mais de uma melodia) nas quais Pérotin foi mestre.
O aperfeiçoamento dos instrumentos, as exigências litúrgicas e o surgimento de um "mercado" formado pela nobreza feudal e pela burguesia mercantil das cidades determinaram a expansão da polifonia, com importantes contribuições de Machaut, Du Fay e Palestrina.
Barroco

Nenhuma escola musical possui analogias tão nítidas com as artes plásticas como o barroco: há o culto do ornamento, do arabesco - notas que "enfeitam" a melodia. De Monteverdi a Johann Sebastian Bach, a música descobre a profusão dos sons simultâneos como meio de alcançar o belo.
Como pano de fundo dos instrumentos que se revezam na narração melódica, surge o baixo contínuo (em geral o cravo). A linguagem tonal se firma como sustentáculo da polifonia. Emergem novos gêneros musicais: oratório, cantata, concertos, sonata para teclado
Rococó

Na transição entre o barroco e o classicismo, entre 1740 e 1770, a música rococó ou galante é representada sobretudo pelas obras de Carl Philip Emanuel Bach.
Favorecida pelo ambiente da corte de Luís XV, seu ideal é a expressão artística da graça, frivolidade e elegância. O resultado, cuja artificialidade foi criticada posteriormente, captava as atitudes hedonistas e discretamente sentimentais da época.
Clássico

O classicismo surge em meados do século XVIII. Haydn passa a usar formas mais econômicas de expressão. Carl Philip Emanuel Bach (filho de Johann Sebastian) depura a sinfonia do maneirismo. Gluck impõe o primado da música orquestral sobre as improvisações vocais da ópera napolitana.
Essas inovações serviram de base ao mais genial compositor do período, Mozart. Coube a ele levar a nova linguagem ao extremo. A exemplo de Bach com o barroco, Mozart foi ao mesmo tempo, para o classicismo, o mais representativo e o grande coveiro: para não repeti-lo, era preciso inventar outra coisa. Beethoven foi um dos que entenderam o recado.
Romantis

As regras clássicas de composição eram rígidas, e o compositor deveria obedecer a elas. Os compositores românticos abandonaram essas fórmulas, pois queriam transportar para a música suas paixões e aflições, mas também seu nacionalismo e suas aspirações políticas.

O romantismo criou uma profusão de novas formas de expressão: o moderno sinfonismo que começa com Beethoven, o lied (canção) que se consolida com Schubert. A música torna-se uma mercadoria. No lugar dos pequenos conjuntos a serviço de igrejas ou aristocratas, surgem as orquestras e as companhias de ópera financiadas com a venda de ingressos ao público.
O compositor polonês Chopin inspirou-se em danças populares, despertando, com sua música, o amor patriótico e o sentimentalismo. Uma das preocupações do músico alemão Beethoven foi tentar aproximar sua música do gosto popular, já que o seu público se ampliava.

Outros nomes importantes da música romântica são Liszt e Wagner. Este último destacou-se sobretudo pelas óperas que compôs. Algumas de suas obras expressam um estranho fascínio pela morte, é dele a frase: “... mesmo quando a vida nos sorri, estamos a ponto de morrer".

Nacionalismo, sentimentalismo e pessimismo são, pois, características do Romantismo na música.



Pós-romantismo

 
        A música erudita brasileira nasceu nas igrejas, com o barroco mineiro e baiano. Prosseguiu como banda sinfônica e música de salão no século XIX. Seu grande compositor do período, Carlos Gomes, foi em verdade um dos elos da evolução da ópera na Itália. Leopoldo Miguez tinha fortes vínculos com a estética “wagneriana”. O nacionalismo só se esboça com Alberto Nepomuceno e ganha força com Heitor Villa Lobos, o mais representativo do modernismo. 
 

Para seu conhecimento:
A música é feita de sons, tradicionalmente descritos segundo quatro parâmetros: Altura - frequência definida de um som é o que diferencia um som de um ruído. Não confundir com volume (intensidade).

 Ritmo - distribuição inteligível dos sons (e silêncio) no tempo.

 Intensidade - a força relativa de um som em relação a outros.

Timbre - qualidade dos sons. Diferencia a mesma altura tocada em dois instrumentos diferentes.
Conjuntos Musicais

Conjuntos de Câmara - pequenos grupos musicais (duo, trios, quartetos e assim por diante) até as orquestras de câmara que podem chegar a 30 ou 40 músicos.

Tudo o que se conhece como música "antiga" (anterior ao século 18) poderia ser enquadrado como música de câmara; na linguagem cotidiana, porém, o nome fica mais restrito à música dos períodos clássicos, romântico e moderno.

Orquestra - grandes conjuntos de instrumentos, abrangendo cordas, madeiras, metais e percussão.O número de instrumentistas numa orquestra varia de aproximadamente 70 até 120 músicos ou mais.

A orquestra tem sua origem nos conjuntos instrumentais que acompanhavam espetáculos de ópera e balé no século XVII. Pouco a pouco, esses conjuntos foram ganhando mais instrumentos. A evolução das formas composicionais no século XVIII leva ao desenvolvimento e consolidação da orquestra moderna, que é um conjunto especialmente apto para a execução de sinfonias e concertos.

   Não houve um pós-romantismo como há hoje um pós-modernismo. A designação engloba uma reação estética que procurou dar uma eloquência menos subjetivista à música, colocá-la num patamar superior de racionalidade, por meio de achados harmônicos mais ousados e de formas mais despojadas.Em lugar de Bruckner, a orquestra sinfônica fala a linguagem de Debussy e Ravel. A música perde em pretensão, mas ganha em simplicidade.

Moderno

 
            Há pelo menos três correntes que nascem com o século. De um lado, a Escola de Viena, que decreta o fim da linguagem tonal e reivindica uma organização revolucionária dos sons. De outro, Bartok, Chostakovitch e Stravinsky praticam uma amplificação das fronteiras do tonalismo e combinações instrumentais menos ortodoxas.Há, por fim, um neoclassicismo em que Prokofiev e Stravinsky prenunciam modos de apropriação que se tornariam típicos na pós-modernidade.
Contemporâneo

Olivier Messiaen tornou-se em 1942 professor de harmonia do Conservatório de Paris. Ainda nos anos 40 teria como alunos Boulez, Stockhausen e Berio.
Era preciso dar novos passos na lógica de organização dos sons. Surgiu uma vanguarda que forneceu à música um caráter permanentemente experimental. Chancelou a música eletroacústica e expandiu os limites da expressão.
Cantata
 
Gêneros Musicais

Cantata - Originariamente uma peça cantada, na qual uma pessoa recitava um drama em verso acompanhado por um único instrumento. No século XVIII, as cantatas passaram a ser escritas para coros com diversos solistas.

Concerto - qualquer performance pública de música- peça musical, de grande escala, que opõe um ou mais instrumentos solistas à orquestra. A ideia moderna do concerto deriva, em boa parcela, das árias e cenas operística, com papel dramático e musical do cantor assumido pelo instrumento solista.

Oratório - gênero musical dramático, de tema religioso, com coro e orquestra.

Prelúdio - No barroco, era a peça instrumental que antecedia uma "fuga"; depois, tornou-se uma peça de estilo livre.

Fuga -  forma complexa de composição polifônica com base em um tema, que é apresentado sob várias formas.

Rapsódia - composição musical sobre temas de melodias folclóricas.

Réquiem - música sacra destinada às missas pelas almas dos mortos.

A música erudita brasileira nasceu nas igrejas, com o barroco mineiro e baiano. Prosseguiu como banda sinfônica e música de salão no século XIX. Seu grande compositor do período, Carlos Gomes, foi em verdade um dos elos da evolução da ópera na Itália. Leopoldo Miguez tinha fortes vínculos com a estética “wagneriana”. O nacionalismo só se esboça com Alberto Nepomuceno e ganha força com Heitor Villa Lobos, o mais representativo do modernismo. 
 

Para seu conhecimento:
A música é feita de sons, tradicionalmente descritos segundo quatro parâmetros: Altura - frequência definida de um som é o que diferencia um som de um ruído. Não confundir com volume (intensidade).

 Ritmo - distribuição inteligível dos sons (e silêncio) no tempo.

 Intensidade - a força relativa de um som em relação a outros.

Timbre - qualidade dos sons. Diferencia a mesma altura tocada em dois instrumentos diferentes.
Conjuntos Musicais

Conjuntos de Câmara - pequenos grupos musicais (duo, trios, quartetos e assim por diante) até as orquestras de câmara que podem chegar a 30 ou 40 músicos.

Tudo o que se conhece como música "antiga" (anterior ao século 18) poderia ser enquadrado como música de câmara; na linguagem cotidiana, porém, o nome fica mais restrito à música dos períodos clássicos, romântico e moderno.

Orquestra - grandes conjuntos de instrumentos, abrangendo cordas, madeiras, metais e percussão.O número de instrumentistas numa orquestra varia de aproximadamente 70 até 120 músicos ou mais.

A orquestra tem sua origem nos conjuntos instrumentais que acompanhavam espetáculos de ópera e balé no século XVII. Pouco a pouco, esses conjuntos foram ganhando mais instrumentos.

A evolução das formas composicionais no século XVIII leva ao desenvolvimento e consolidação da orquestra moderna, que é um conjunto especialmente apto para a execução de sinfonias e concertos.

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Fev17

Tarrafal «Campo da Morte Lenta

António Garrochinho

A MARÉ NEGRA DO FASCISMO CHEGA A PORTUGAL

Nos anos 20 do século passado vivia-se em toda Europa um período de grande crise social e política. Os grupos financeiros  e as classes dominantes queriam reconstituir e reforçar o seu poder, abalado com a I Grande Guerra, de 1914-18. As camadas populares, com os trabalhadores na primeira linha, procuravam o reconhecimento dos seus direitos sociais e económicos, com um ânimo em grande parte estimulado pelo avanço desses direitos na Rússia, após a revolução soviética de 1917. E o anticomunismo foi a bandeira que as forças políticas mais reaccionárias ergueram  para fundamento da sua expressão mais agressiva que então  começava crescendo no mundo: o nazi-fascismo.
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Na Alemanha, os grandes grupos financeiros e industriais do aço, da energia, do armamento, promoveram a tomada do poder pelo partido nazi de Hitler. Na Itália, o partido fascista de Mussolini tomara o poder. A maré negra do nazi-fascismo começou alastrando pela Europa e levou ao desencadeamento da II Guerra Mundial.
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Da esquerda para a direita, de cima para baixo:
Prisão do Aljube, Lisboa; Prisão de Caxias; Prisão de Peniche; Prisão da PIDE no Porto


Em 1926, a maré reaccionária que alastrava na Europa chegou a Portugal. A 28 de Maio um golpe de Estado militar instaura a ditadura. Começou, para o povo português, um período negro de repressão, obscurantismo, miséria e opressão, que se prolongou por quase meio século. 

O golpe de Estado de 28 de Maio de 1926 fez Portugal um país sob ocupação militar e policial, num regime de opressão, repressão e exploração - a que chamaram «Estado Novo» e que encontrou em Salazar o seu mentor.Salazar tomou como modelo as ditaduras fascistas de Mussolini e de Hitler. Foi incondicional aliado de Franco na Guerra Civil espanhola (1936-39) para a instauração da ditadura em Espanha. Apoiou as ditaduras nazi-fascistas de Hitler e Mussolini, na II Guerra Mundial, até à sua derrota militar.
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TARRAFAL “CAMPO DA MORTE LENTA”


A mais brutal expressão da violência repressiva da ditadura, nesta época, foi a abertura do Campo de Concentração do Tarrafal, na ilha de Santiago, em Cabo Verde, a milhares de quilómetros de Portugal. 
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Fragata atacada pela forças do regime fascista contra os marinheiros em Setembro de 1936


O campo do Tarrafal, inaugurado em Outubro de 1936, foi inspirado nos campos de concentração nazis, que Hitler nessa altura começava a montar na Alemanha e depois estendeu, como campos de extermínio, por todos os países ocupados pelo exército nazi.
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Prisão dos Marinheiros da Revolta de Setembro de 1936
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Grupo de presos do Campo do Tarrafal
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Cemitério do Campo do Tarrafal
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No Tarrafal não havia câmaras de gás, como nos campos de concentração nazis, mas os presos eram submetidos a um regime de morte lenta - por isso ficou conhecido como o «Campo da Morte Lenta». Os maus tratos e a má alimentação, as doenças sem tratamento e o clima, numa das mais insalubres regiões de Cabo Verde, mataram 32 dos portugueses que para lá foram deportados. Nas primeiras levas de prisioneiros enviados para o Tarrafal encontravam-se muitos dos participantes nas greves do 18 de Janeiro de 1934 e da revolta dos marinheiros de Setembro de 1936, na sua grande maioria comunistas, mas também outros antifascistas, sindicalistas e anarquistas. Entre os presos políticos enviados para o Tarrafal encontrava-se o Secretário-Geral do PCP, Bento Gonçalves, onde viria a ser assassinado.
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Foto Bento Gonçalves
BENTO GONÇALVES
Jovem operário do Arsenal, activista e dirigente sindical, Bento Gonçalves teve um
papel decisivo na reorganização de 1929: no combate às concepções anarquistas,
na ligação do Partido à classe operária, na sua transformação num partido leninista.
Afirmando-se, como operário, por uma rara competência técnica e por um sólido
espírito de classe e de camaradagem, Bento Gonçalves granjeou a estima e a
admiração dos seus camaradas e companheiros de luta. Os que com ele privaram
nas prisões e na luta clandestina consideravam-no um homem «exemplar no trato,
sóbrio e leal.»
Em 1927, por ocasião do 10º aniversário da revolução de Outubro, efectuou uma viagem à União Soviética, à frente de uma delegação de operários arsenalistas após o que aderiu ao Partido Comunista Português.
Na qualidade de secretário-geral do PCP, participou no VII Congresso da Internacional Comunista, em 1935, tendo apresentado um relatório sobre a situação em Portugal e as tarefas dos comunistas.
Foi preso em 11 de Novembro desse ano, condenado pelo Tribunal especial Militar e enviado para a Fortaleza de Angra do Heroísmo. Daí, em Outubro de 1936, foi transferido para o Campo de Concentração do Tarrafal, onde morreu em 11 de Setembro de 1942. 



TESTEMUNHOS
NA ACHADA GRANDE DO TARRAFAL

«Na Achada Grande do Tarrafal montou o governo fascista o campo de concentração. Na Achada Grande há pântanos, mosquitos e paludismo. A Achada Grande era a zona mais temida pela gente de Cabo Verde.Na ilha que o mar guardava melhor que o arame farpado e as armas dos carcereiros, o mosquito seria um executor discreto.
Sem possibilidade de ferver a água inquinada, sem mosquiteiros, sem medicamentos, com má alimentação, trabalhos forçados, espancamentos, semanas na «frigideira», todas as resistências orgânicas se desmoronavam abrindo caminho fácil ao paludismo e às biliosas.»
«As mortes dos antifascistas no Tarrafal foram premeditadas. Tão claro era  objectivo que o director do Campo não o escondeu. Afirmou-o para que todos os presos soubessem a que estavam destinados.

“Quem vem para o Tarrafal vem para morrer!”

E muitos morreram e lá ficaram no cemitério que tão perto estava do Campo»

«A baía do Tarrafal, entre Julho e Novembro, quando o nordeste não sopra,  é zona de paludismo. O mosquito anófele alimenta-se com sangue e é nos glóbulos vermelhos que se reproduz e se completa o ciclo evolutivo do plasmódio, causa do paludismo. O mosquito é o transmissor.Ali morreram dezenas de antifascistas, e muitos outros morreram prematuramente já depois de libertados, em consequência directa das violências e maus tratos lá sofridos.»
MAIS DE DOIS MIL ANOS DE PRISÃO
No Campo do Tarrafal, muitos dos presos não tinham sido julgados ou de há muito haviam cumprido a sua pena.
O tempo de prisão dos 340 presos que passaram pelo Tarrafal somou dois mil anos, cinco meses e onze dias.
Dois mil anos de vida sacrificados num campo de paludismo e morte!
PARA ALÉM DO TARRAFAL
«O Tarrafal, perante o desenvolvimento da luta do povo português pela liberdade e pela democracia, não chegava para albergar todos os que se levantavam contra o regime. A ditadura criou toda uma rede carcerária por onde passaram, antes e depois do Tarrafal, milhares de presos políticos: a Fortaleza de S. João Baptista, nos Açores, a cadeia do Aljube em Lisboa e o Forte de Caxias, o Forte de Peniche, as cadeias da Rua do Heroísmo, junto à sede da PIDE no Porto - para além da sede da PIDE da Rua António Maria Cardoso, em Lisboa, onde a maioria dos presos eram submetidos a dias seguidos de interrogatórios e tortura e onde alguns foram mesmo torturados até à morte.»

«O regime prisional em todas estas prisões salazaristas era de vigilância constante, alimentação deficiente, privação de exercício físico. Os castigos e torturas faziam parte do regular arsenal repressivo fascista.
Os contactos com as famílias faziam-se em «parlatórios» com os presos por detrás das janelas de um corredor pelo qual passeava um guarda, para ouvir as conversas.
Prisioneiros houve que passaram na prisão cinco, dez, quinze, vinte e mais anos.»

 A FRIGIDEIRA
«A frigideira era uma caixa de cimento, construída perto do aquartelamento dos soldados angolanos. Tinha uma forma rectangular. O tecto era uma espessa placa de betão. Uma parede dividia-a interiormente em duas celas quase quadradas. Tinha cada uma delas a sua porta de ferro, perfurada em baixo com cinco orifícios onde mal se podia enfiar um dedo. Por cima, junto ao tecto, havia um postigo gradeado em forma de meia lua com menos de cinquenta centímetros de largura por uns trinta de altura. Estava exposta ao sol de manhã à noite. Lá dentro era um forno. Aquela prisão merecia o nome que os presos lhe davam: a frigideira.»

«O sol batia na porta de ferro e o calor ia-se tornando sempre mais difícil de suportar. Íamos tirando a roupa, mas o suor corria incessantemente. A frigideira teria capacidade para dois ou três presos por cela. Chegámos a ser doze numa área de nove metros quadrados.
A luz e o ar entravam com muita dificuldade pelos buracos na porta e em cima pela abertura junto ao tecto. Quatro passos era o percurso de uma parede a outra. Dentro havia uma constante penumbra.»

 O POÇO DO CHAMBÃO
«No Campo do Tarrafal, a água que nos estava destinada vinha de um poço, situado a uns setecentos metros. Ali se juntavam mulheres e crianças. Vinham de bem longe com as suas vasilhas. Carregavam-nas à cabeça e seguiam para suas casas.
Era esta a água que bebíamos. Estava contaminada com excrementos de cabras e burros lazarentos que ali iam beber todos os dias. Pelo tempo das chuvas, raras mas torrenciais, as enxurradas que desabavam das montanhas arrastavam consigo burros, cães, aves mortas. O poço ficava no caminho das torrentes e com a sua água bebíamos também a outra, a das chuvadas que corriam para
o oceano.
Ficava o poço a uns duzentos metros do mar que se infiltrava e tornava integralmente salobra a água que bebíamos. Pelas marés vivas mais salgada era ainda»

 A BILIOSA
EXECUTOR SILENCIOSO

«A biliosa aparecia de repente. Não era pressentida. E a todos nós assustava e nos fazia vigiar ansiosamente a urina. Porque quando se urinava sangue, quando a urina trazia um tom de café, era a biliosa»


«Havia sempre paludismo, mas pela época das chuvas era o seu período. Tal como durante todo o ano se podiam dar «biliosas», embora no final de Outubro fossem mais frequentes.
A biliosa era a fase final do paludismo crónico. Aparecia sempre naqueles que anteriormente já tinham sido vítimas do paludismo.»
«Naquela manhã entrou o Joaquim Amaro que nos gritou a má nova:
 O Bento está com uma biliosa!
Corremos à caserna. Bento Gonçalves estava já a ser levado para a enfermaria.
E com aquele seu ar meio despreocupado, meio sorridente, disse-nos:
Mais um, camaradas! Preparem outra mesa!
E, na verdade, tudo parecia que teríamos de fazer mais um caixão. Não tardou a cair em coma, com uma cor arroxeada e uma respiração difícil. Bento Gonçalves adoecera com a forma mais grave da biliosa, aquela a que chamamos perniciosa e para a qual não havia esperança. A 11 de Setembro de 1942, o doutor Moreira verificou o óbito.
A morte de Bento Gonçalves era uma grande perda para nós.
- Mais um que mataram!  Dizíamos.»

PRESOS POLÍTICOS
QUE MORRERAM NO TARRAFAL


FRANCISCO JOSÉ PEREIRA
-MORREU EM 20.09.1937

PEDRO DE MATOS FILIPE
-MORREU EM 20.09.1937       

FRANCISCO DOMINGOS QUINTAS
-MORREU EM 22.09.1937        
                                                
RAFAEL TOBIAS
-MORREU EM 22.09.1937                     

AUGUSTO DA COSTA
-MORREU EM 22.09.1937              

CANDIDO ALVES BARJA
-MORREU EM 24.09.1937          

ABILIO AUGUSTO BELCHIOR
-MORREU EM 29.10.1937

FRANCISCO ESTEVES
-MORREU EM 29.01.1938                     

ARNALDO SIMÕES JANUÁRIO
-MORREU EM 27.03.1938         

ALFREDO CALDEIRA
-MORREU EM 01.12.1938                       
           
FERNANDO ALCOBIA
-MORREU EM 19.12.1939                     
         
JAIME DE SOUSA
-MORREU EM 07.07.1940                            
          
ALBINO COELHO
-MORREU EM 11.08.1940                           
          
MÁRIO  DOS SANTOS CASTELHANO
-MORREU EM 12.10.1940                   
         
JACINTO  FARIA VILAÇA
-MORREU EM 03.01.1941                 
        
CASIMIRO FERREIRA
-MORREU EM 24.09.1941                      
         
ALBINO ANTÓNIO CARVALHO
-MORREU EM 23.10.1941          
       
ANTÓNIO OLIVEIRA E SILVA
-MORREU EM 03.11.1941       

ERNESTO JOSÉ RIBEIRO
-MORREU EM 08.12.1941            

JOÃO DINIS
-MORREU EM 12.12.1941                                     

HENRIQUE VALE DOMINGUES
-MORREU EM 07.07.1942             

BENTO ANTÓNIO GONÇALVES
-MORREU EM 11.09.1942                   

DAMÁSIO  MARTINS PEREIRA
-MORREU EM 11.11.1942                    

ANTÓNIO JESUS BRANCO
-MORREU EM 28.12.1942

PAULO JOSÉ DIAS
-MORREU EM 13.01.1943        

JOAQUIM MONTES
-MORREU EM 14.02.1943                    

MANUEL ALVES DOS REIS
-MORREU EM 11.06.1943     

FRANCISCO NASCIMENTO GOMES
-MORREU EM 15.11.1943    

EDMUNDO GONÇALVES
-MORREU EM 13.06.1944         

MANUEL DA COSTA
-MORREU EM 03.06.1945               

JOAQUIM  MARREIROS
-MORREU EM 03.11.1948         

ANTÓNIO GUERRA
-MORREU EM 28.12.1948

EXTINÇÃO DO TARRAFAL
GRANDE REIVINDICAÇÃO NACIONAL

8 e 9 de Maio de 1945 
O povo português festejou nas Jornadas da Vitória a derrota do nazi-fascismo.
Em Lisboa, Margem Sul, Porto, Coimbra,
Viana do Castelo, Marinha Grande, Alentejo
e muitas outras regiões do País o povo vem
para a rua, em grandiosas manifestações,
festejando o fim da guerra e a derrota do nazismo,
reclamando eleições livres e a libertação
dos presos políticos.
A extinção do Tarrafal aparece, em todas
as manifestações, como uma das principais
reclamações do povo português.

Outubro-Dezembro de 1945
Mobilização de milhares de trabalhadores 
para as eleições nos sindicatos fascistas,
com  vitórias das listas democráticas unitária
em mais de 50 sindicatos.
Desenvolve-se por todo o país
um grande movimento nacional
reclamando o imediato encerramento
do Campo de Concentração do Tarrafal
e a libertação dos antifascistas
aí condenados à morte lenta.

Outubro/Novembro de 1945

Poderosas manifestações e comícios da
0posição Democrática marcam a campanha eleitoral
que Salazar é forçado a conceder, sob a pressão
da opinião pública nacional e internacional.
«Amnistia» e «Extinção do Tarrafal
- duas das principais reclamações
apresentadas na campanha.

26 de Janeiro de 1946
Embarcam com destino a Portugal
os presos «amnistiados» do Campo
de Concentração do Tarrafal.
Ficam ainda no Tarrafal 52 presos políticos.

12de Novembro de 1948 
Termina em Lisboa o «julgamento dos 108»
com a condenação de cerca de uma centena,
de antifascistas,entre os quais Francisco Miguel.
Francisco Miguel é enviado de novo para o Tarrafal.

Janeiro de 1949
Desenvolvem-se grandiosas manifestações
populares de apoio à candidatura
do general Norton de Matos, apresentada pela
Oposição Democrática nas eleições para
a Presidência da República.
A extinção do Tarrafal é uma das
reclamações apresentadas na campanha
que recebe maior apoio popular.

1952-1953
A luta pela amnistia ganha grande adesão
e torna-se uma das importantes frentes
de acção e unidade das forças
democráticas portuguesas.

31 de Janeiro de 1953

Francisco Miguel, o último preso político
português no Tarrafal, é transferido
para a cadeia do Forte de Caxias.

26 de Janeiro de 1954
Encerramento do Campo de Concentração
do Tarrafal.

1962
O Campo de Concentração do Tarrafal
foi reaberto, desta vez destinado
aos patriotas dos movimentos de libertação
das colónias portuguesas.


 Foto:francisco-miguelFRANCISCO MIGUEL

Foi o último preso político português a sair do Tarrafal, em 31 de Janeiro de 1953.  
Membro do Partido Comunista Português desde 1932, foi preso quatro vezes e julgado três. Passou nas prisões fascistas 21 anos e 2 meses. No Tarrafal esteve duas vezes, 5 ano e meio quando da deportação, e 3 anos da segunda. Foi o último preso a ser libertado do Campo de Concentração. Depois de transferido do Tarrafal para a cadeia de Caxias ainda foi de novo julgado e condenado. 
Evadiu-se quatro vezes das prisões fascistas e viveu muitos anos na clandestinidade. 
Membro do Comité Central do PCP desde 1939, foi deputado à Assembleia Constituinte pelo distrito de Beja. Foi promotor e porta-voz da Comissão que promoveu a transladação para 
Portugal dos prisioneiros mortos no Tarrafal.

«É necessário ver o Tarrafal como ele realmente foi, em todas as suas facetas e como uma parte da grande prisão que era Portugal dominado pelo fascismo. Sem essa apreciação correcta do que foi o Tarrafal não poderíamos compreender toda a enorme responsabilidade dos governantes que o criaram e o mantiveram durante 19 anos»

Francisco Miguel, no livro «Testemunhos»

Foto:sergio-vilarigues
SÉRGIO VILARIGUES“
Para a ditadura, Tarrafal queria dizer morrer longe”

Sérgio Vilarigues, actualmente com 91 anos, é um dos poucos sobreviventes do campo de concentração do Tarrafal. Integrou o grupo dos primeiros presos enviados para o Tarrafal em 1936. Tinha sido preso em Lisboa, no mês de Setembro de 1934. Julgado e condenado por pertencer às Juventudes Comunistas e ao PCP, cumpriu integralmente a sua pena no presídio de Angra do Heroísmo, mas, em vez de ser restituído à liberdade, foi obrigado a embarcar para o novo cativeiro do Tarrafal, de onde só viria a sair em 1940, a título «condicional».
Sérgio Vilarigues, dirigente histórico do nosso Partido, que durante muitos anos integrou os seus organismos executivos, deu recentemente uma entrevista ao “O Militante”, cujo número acaba de sair, e na qual dá uma ideia do que representou, no quadro da repressão fascista, a criação do campo de concentração do Tarrafal, tendo salientado que «o campo se destinava a liquidar, em condições menos expostas, uma parte dos elementos firmes da luta contra o fascismo».
Imagem
Foto do topo: Tarrafal – trasladação dos corpos, dos presos políticos portugueses, mortos no Campo do Tarrafal, em Fevereiro de 1978, com a presença de Francisco Miguel antigo preso do Campo e as autoridades de Cabo Verde, militares e povo.
Foto do meio:
 Lisboa – Velório quando da trasladação dos mortos em Fev. 1978, com a presença da Direcção do PCP
Foto de baixo: Lisboa – Velório quando da trasladação dos mortos em Fev. 1978, com os antigos presos sobreviventes do Campo do Tarrafal
Foto - Lisboa – Funeral da trasladação dos mortos em Fev. 1978, da SNBA para o Memorial no Cemitério do Alto de S.João
Foto - Lisboa – Funeral da trasladação dos mortos em Fev. 1978, da SNBA para o Memorial no Cemitério do Alto de S.João

 Foto: Lisboa – 1º aniversário da trasladação dos corpos  dos mortos no campo,  com João Faria Borda, antigo preso a falar à multidão presente, no Memorial aos mortos no Campo do Tarrafal, erguido no Cemitério do Alto de S.João.
Foto Lisboa – 1º aniversário da trasladação dos corpos  dos mortos no campo,  com João Faria Borda, antigo preso a falar à multidão presente, no Memorial aos mortos no Campo do Tarrafal, erguido no Cemitério do Alto de S.João.

No cemitério do Tarrafal ficaram os corpos de 32 dos prisioneiros que ali morreram vítimas dos maus tratos sofridos.Só depois do 25 de Abril de 1974, foi possível trazer de regresso os seus corpos
para  terra portuguesa.
Em 1978, numa grande homenagem nacional, promovida pelos sobreviventes do Tarrafal, e na qual participaram dezenas de milhar de pessoas, os corpos dos prisioneiros que ali morreram foram transladados para um Mausoléu Memorial no cemitério do Alto de S. João, erigido por subscrição pública e no qual estão inscritos os nomes daqueles que o fascismo salazarista matou no Campo de Concentração do Tarrafal.

OS CRIMES DO FASCISMO NÃO PODEM SER ESQUECIDOS
Corre o mundo, e regista-se também em Portugal, uma campanha insidiosa que visa o branqueamento
do fascismo, dos crimes cometidos pelos regimes fascistas, e das raízes, interesses e forças sociais a quem os regimes fascistas serviram. É uma campanha que visa abrir terreno à ofensiva das forças mais reacionárias do capitalismo e do imperialisno contra aos direitos, liberdades e garantias alcançadas pelos povos com as grandes lutas e vitórias revolucionárias do Século XX, e que o 25 de Abril fez também
chegar a Portugal.
O fascismo português teve os seus traços próprios determinados pela natureza sócio-económica de Portugal e porque nunca encontrou apoios e simpatia da parte do povo português. Não foi tão abertamente brutal, racista e arrogante como os regimes de Mussolini e de Hitler. Mas a sua actuação teve as mesmas raízes, serviu os mesmos interesses, usou métodos idênticos. Foi uma ditadura que usou a repressão para impor no país um ambiente de terror. Esses métodos não resultavam duma crueldade gratuita. Tinham como objectivo principal permitir a aplicação de uma política que atingia cruelmente a esmagadora maioria do povo português, e só pelo terror podia ser imposta.
Não esquecer o que foi o fascismo, os seus métodos e os seus crimes é dever de todos os que não querem que volte a haver em Portugal e no mundo sombras negras como as que a política do fascismo lançou na História do Século XX.


www.pcp.pt
24
Fev17

Lisboa, antigo viveiro de ambições

António Garrochinho


No século XV, a capital portuguesa e seu porto atraíam exploradores e produtos exóticos de muitas partes do mundo. Mais parecia uma torre de Babel, ainda que jamais tenha perdido o ar provinciano. As marcas desse passado estão à disposição do visitante

Anne Le Cam

A Torre de Belém hoje, construção de 1520 que se tornou Patrimônio Cultural da Humanidade





















Um irônico embaixador da França em Lisboa, no século XVI, usou uma metáfora para defi nir a cidade: “Sua Majestade mora em cima de sua quitanda”. De fato, o Paço da Ribeira, palácio real hoje desaparecido, dava diretamente nos cais do estuário do rio Tejo, um porto natural no qual se alinhavam até 3 mil navios vindos da África e da Ásia.
Veneza, nas franjas do Oriente bizantino, mantivera até o século XV o monopólio do comércio terrestre com a Ásia. De lá as riquezas seguiam em navios rumo a Flandres ou à Inglaterra, com escala em Lisboa. Por isso, a cidade estava familiarizada com os carregamentos exóticos: no pátio do Paço da Ribeira, amontoavam-se os fardos de algodão e as cargas de seda, especiarias e cauris (conchas usadas como moeda na África e na Ásia) e eram negociados pedras preciosas e corais.
Portugal tomou a dianteira das expedições no Atlântico por muitas razões. O país não tinha ouro nem trigo. Não tinha terras abundantes nem braços para a lavoura. O futuro de Portugal pertencia aos oceanos. O progresso da navegação e a audácia dos portugueses já os tinham levado à costa africana. Quanto mais avançavam nas expedições à África, maior era a diversidade dos produtos desembarcados em Lisboa. O mais próspero dos comércios, contudo, era o de escravos.
A febre de riqueza negligenciou a produção alimentar, pois os lucros dos mares permitiam a Lisboa importar grãos. O êxodo rural inchou a cidade, que já no século XVI era uma espécie de monstro demográfico, com cerca de 100 mil habitantes em 1551.
Em 1488, Bartolomeu Dias dobrou o cabo da Boa Esperança. Aberta a rota marítima da Ásia via o contorno da África, Lisboa suplantou Veneza e os árabes. Em 1500, Cabral chegou ao Brasil. O cultivo da cana começou em 1532, assim como a maciça deportação de negros para a América. E Lisboa cresceu ainda mais.
Mas o comércio em Portugal não era negócio de burguês, e sim dos nobres e do clero. E essa elite despendia toda a riqueza em suas terras e castelos, ao contrário da burguesia de outros Estados, que, poupadora, reinvestia o que ganhava em novas empresas.

Portugal sentiu que tinha um futuro quando olhou para o oceano; a torre era a fortificação que protegia seu maior patrimônio, um imenso porto
natural Litografia, Vicente Urrabieta y Ortiz, c. 1850
Assim, Portugal não se desenvolveu, mas cobriu-se de ricos edifícios e obras de arte. E, em memória desse tempo áureo, os portugueses ergueram mais tarde outros marcos, que fazem o turista viajar pelo país dos séculos anteriores.
PATRIMÓNIOS
O imenso terreiro do Paço, hoje praça do Comércio, situado na Baixa de Lisboa, foi reconstruído pelo marquês de Pombal. Reúne um conjunto arquitetônico do século XVIII que se abre para o Tejo. Tudo ali se destaca: é a porta de entrada da cidade.
O bairro de Belém conserva as duas obras do estilo manuelino que se tornaram Patrimônio Cultural da Humanidade. A Torre de Belém, concluída em 1520 e várias vezes reformada, foi residência dos capitães do porto e até presídio político ao longo dos séculos. Já a construção do monastério dos Jerônimos começou em 1501 e terminou um século depois. Mescla o estilo manuelino a elementos da arte moura e do gótico espanhol.
O antigo bairro da Alfama foi relativamente poupado do grande terremoto de 1755 e tem ruas pitorescas, que abrigam a igreja de São Miguel, com trabalhos em madeira do século XVIII. Do lado externo do monastério de São Vicente de Fora, há o mausoléu da última dinastia portuguesa, os Braganças.
Dois museus merecem ser conhecidos para penetrar na alma profunda dos lusitanos. O Museu dos Azulejos, no convento Madre de Deus, mostra a moda, posterior à era dos descobrimentos, de cobrir edifícios civis e religiosos de cerâmicas. E o Museu da Marinha, construído na praia da qual partiu Vasco da Gama, permite desvendar o caso de amor dos lusitanos com o oceano.


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24
Fev17

Revolução Americana e Francesa - O Liberalismo

António Garrochinho


   Devido aos novos ideais iluministas, começaram a surgir revoluções populares aos regimes absolutistas existentes na altura. As colónias queriam independência para poderem fazer o seu próprio destino longe das suas cidades mães. O Terceiro Estado, por influência da burguesia, queria ter algum poder e opinião na gestão do seu país. Com as teorias da igualdade da classes sociais o povo revoltasse.

A Revolução Americana de 1776
   














A primeira revolução liberal aconteceu nos Estados Unidos em 1776. Sendo uma colónia inglesa, influenciada pelas ideias filosóficas, revolta-se perante as duras condições às quais estava a ser sujeita: sendo ma colónia, devia sempre obedecer à cidade mãe sendo sempre postos de parte os seus interesses, também o comércio só era permitido ser feito com a Inglaterra, devendo-se contentar com os preços estabelecidos pela mesma e tendo aumentado os impostos sobre os produtos e suportando os gastos do exército inglês, e claro, pelo mau trato da população americana por parte dos ingleses e não permissão da participação dos americanos na vida política de Inglaterra.
  
   Os colono começaram a recusar os pagamentos injustos dos impostos e passando a várias revoltas contra os ingleses. Em 1774, os colonos americanos fecharam os portos à Inglaterra como forma de protesto. Em 1775 foi criado o exército americano contra os ingleses e foi pedida ajuda aos outros países europeus na luta contra Inglaterra à qual aderiu a França por ter relações negativas conta o inimigo comum. Em 1776 foi criada a Declaração de Independência na qual estava escrito que todos os homens são iguais e têm direito à vida, à liberdade e à felicidade e que o governo deverá apoiar os direito do Homem e será residido no povo. Assim começou a guerra entre Inglaterra e os EUA na qual venceu a América do Norte, ficando assim, independente. Mas a paz dentro do país só foi possível com a Constituição de 1787 com um regime liberal.


A Revolução Francesa de 1789
   A revolução francesa deu-se a seguir, em 1789, influenciada pela revolução americana. A ideia da revolução surgiu quando a França começou a ajudar os americanos na sua revolução, trazendo da América experiências e contando-as aos franceses. Também influenciou o facto de o Estado francês ter gasto muito dinheiro na ajuda à revolução americana (para além dos gastos habituais excessivos da corte francesa) e o aumento dos impostos para a corte poder continuar a sua vida com o mesmo nível de antes. Para além dos gastos da revolução americana, França sofria, desde 1770 grandes crises agrícolas, manofactureiras e comerciais que agravaram a situação económica do país, tendo assim uma balança comercial desfavorável. 
  
   Não suportando mais a situação de pobreza, o povo começava a revoltar-se fazendo pequenas revoltas populares. Como o povo continuava a ser ignorado e as classes privilegiadas recusavam-se a ajudar a país pois não queriam perder os seus privilégios, o Terceiro Estado, dirigido pela burguesia fez uma revolução definitiva. Primeiramente, atacou a Bastilha da qual pretendia soltar todos aqueles que foram presos por não respeitar a vontade régia e de seguida dirigiram-se ao palácio de Versalhes no qual residia toda a corte e a família real e mataram-os, acabando assim com o poder absolutista.

   A seguir à revolução, foi criada a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão em 1789, inspirada nos ideais iluministas na Declaração dos Direitos americana. Nessa Declaração falava-se dos direitos da igualdade e da liberdade do Homem, de que deveria ser julgado de igual forma independentemente da classe social a que pertencia, poderia votar nos seus representantes no Estado (não tendo um rei absoluto), deveria ser livre de manifestar a sua opinião desde que não prejudique os outros, deveria ser tolerante com os outros, os impostos deveriam ser pagos por todos, deveriam ter direito à propriedade...

   A seguir foi feita a Constituição de 1791, sendo esta mais moderna. Esta estabeleceu a monarquia constitucional, com um rei hereditário e uma Assembleia Legislativa eleita pelo povo, contudo, nas eleições só podiam participar homens maiores de idade que soubessem ler e escrever e com um pagamento de uma certa quantia, o censo, o que impossibilitava muitas pessoas de votar. A Constituição também acabou com a sociedade de ordens, sendo essas (teoricamente) iguais e tendo a possibilidade de obter diversos cargos.

   Mesmo com a Constituição de 1791, continuava a haver várias revoltas entre revolucionários e contra-revolucionários. Assim, em 1792 foi instituído o governo da Convenção, com uma nova Constituição (de 1793), um período conhecido de Terror. Foi assim, instaurada uma república popular. Começou uma presseguição terrível aos contra-revolucionários; foram aumentados impostos aos mais ricos; a alimentação foi reduzida.

   Em 1795 deu-se novamente um golpe ao estado devido às mesmas razões e a Convenção foi substituída pelo Directório com uma nova Constituição de 1795. Tendo um regime republicano e um estado laico (tolerância religiosa) a população continuava descontente.
O último golpe ao Estado foi o de 1799 que originou o Consulado, gerido pelo Napoleão Bonaparte. Conseguindo o agrado populacional, Napoleão foi proclamado imperador hereditário (monarquia imperial).

França deu origem à várias revoluções liberais por toda a Europa e também em várias colónias, espalhando a filosofia da Liberdade Igualdade e Fraternidade gerando conflitos dentro desses países devido ao descontentamento populacional sobre os regimes autoritários e as suas vidas miseráveis.


alina-omeublogdehistoria.blogspot.pt
24
Fev17

PORTUGAL ANTIGO

António Garrochinho

PÓVOA DO VARZIM

"Maria do Alívio vs Sophia Loren"
Fotografia de Agnès Varda 1953
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NAZARÉ

Velho Pescador
Guy Le Querrec 1967
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RIA DE AVEIRO

Josef Koudelka 1976
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Miúdo da Nazaré

Sabine Weiss 1954
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Miúdos na Escola Primária em Portugal

Bernard Hoffman 1940 para a revista "Life"
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Estoril por Gordon Parks talvez anos 50.
Fotografia para a revista "Life Magazine"
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Trás-os-Montes 1964 por Thomas Hoepker
 
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AMÁLIA

Fotografia de Eduardo Gageiro 1971
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ALFAMA

Rua Medieval em Alfama (Lisboa) por Toni Frissel 1946
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Les Amants du Tage" de Henri Verneuil
Fotografia do filme por Roger Hubert 1955

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aldeia-de-gralhas.typepad.fr
24
Fev17

MAIS UM CÃO RAIVOSO ! - Ferraz da Costa: “Tenho pena que a troika tenha ido embora”

António Garrochinho


O empresário e presidente do Fórum para a Competitividade, Pedro Ferraz da Costa, considerou que a saída da troika de Portugal deixou o país sem um programa definido, esta quinta-feira, durante a Conferência “Moldar o Futuro”, organizada pelo CIP em Lisboa, noticia o Jornal de Negócios.

“Desde que fizemos a saída limpa deixou de haver programa [para seguir] e agora continua a não haver”, disse Ferraz da Costa, citado pelo Jornal de Negócios. “Tenho pena que a troika tenha ido embora”.

Em declarações ao Jornal de Negócios, o presidente do Fórum para a Competitividade, salientou que “há coisas em Portugal que infelizmente só se fazem quando há pressão externa para mudar”, uma vez que o programa da troila em Portugal permitiu aplicar uma série de medidas.
O empresário considerou, contudo, que o valor do resgate ao país excluiu sectores como a banca e os transportes, uma vez que “a dimensão financeira do envelope da troika era insuficiente”.
A legislação laboral não ficou fora das críticas de Ferraz da Costa durante a conferência, considerando que “a legislação do trabalho é das áreas em que estamos pior, portanto, dizer-se que se cristaliza a situação atual, não me parece que seja algum progresso. É desistir de mudanças indispensáveis em áreas em que é preciso mudar”, disse citado pela TSF.


24
Fev17

PSD-CDS: é preciso ter uma grande lata!

António Garrochinho


Opinião

Queremos saber das tricas da oposição, quando as vidas de todos os portugueses estão a mudar para melhor?
Se há coisa que me enerva solenemente é a hipocrisia política, especialmente quando a mesma se manifesta despudoradamente entre ciclos políticos, como se os mesmos não fossem a continuidade uns dos outros e se de peças avulsas de teatro se tratasse. Desce o pano! Novos papéis, nova comédia, nova tragédia, novos papéis, os mesmos atores e atrizes.
Convém e urge não esquecermos as sucessivas inconstitucionalidades do Governo PSD-CDS, apoiadas subliminarmente pelo nosso ex-Presidente da República. Vivemos, àquela época não longínqua, tempos de autêntica delapidação do país, do tecido económico, das famílias, do futuro dos nossos jovens, da dignidade dos nossos reformados, enfim, dos portugueses e de Portugal. Fomos trucidados enquanto país e feridos na nossa dignidade e soberania.
De tudo fizeram, em prol da manutenção dos privilégios e mordomias dos grandes grupos económicos. Houve fome, houve doença, houve desemprego, famílias sem teto por terem de entregar as suas casas à banca, houve famílias que não suportaram os aumentos das rendas e foram obrigadas a abandonar os seus lares, houve crianças a ir para as escolas sem pequeno-almoço e cuja única refeição quente que comiam era a da escola, houve jovens a deixarem de estudar, houve jovens e famílias a emigrar, houve reformados a enganar o estômago com torradas e água para poderem ter “uns trocos” para comprar medicamentos, houve desespero, houve aumento da violência. Houve insensibilidade social!
Os portugueses, durante quatro anos, fizeram a travessia do deserto sem água, apenas na companhia de si próprios e das instituições de proximidade local que, contra toda a austeridade, se mantiveram firmes e de tudo fizeram para atenuar a decadência total da malha social dos seus territórios. Um país inteiro, obrigado pelo então Governo e então Presidente da República, a chocar de frente e de forma violenta com a Constituição de Abril.Todos fomos roubados, todos fomos atacados nos nossos rendimentos, todos fomos vítimas das inconstitucionalidades e do desrespeito pelas decisões dos tribunais, todos fomos jogados à nossa boa sorte, apenas porque tivemos durante demasiado tempo um Presidente, uma maioria e um Governo com um projeto político concertado e subserviente de destruição do nosso país. Mas tudo isto é passado, felizmente!
Portugal está a erguer-se, Portugal e os portugueses tomaram um novo rumo. António Costa e o seu Governo, com apoio da esquerda parlamentar, encetaram um caminho de reversão das medidas impostas pela anterior maioria de direita, devolvendo sucessivamente aos portugueses, na generalidade, a dignidade que merecem, nomeadamente ao nível da função pública, das pensões e Segurança Social, do trabalho e do aumento do salário mínimo, dos impostos e dos transportes.

Parece, então, que, afinal, a geringonça funciona, sem que nenhum dos quadrantes políticos que a compõem perca a sua identidade partidária e ideológica. E isto é uma grande, aborrecida e inevitável chatice para a direita neoliberal que, no desespero, despertou agora para as questões da responsabilidade social.
PSD e CDS, perdidos na inquietude e no desassossego político face à velocidade de cruzeiro e bom êxito da geringonça, balançam-se nervosamente entre os caminhos da gincana e trica política, ora gritando contra as medidas que dignificam a vida dos portugueses, ora protestando em murmúrios sobre o tema CGD e Mário Centeno, com a clara intenção de fragilizar o Governo, querendo manter vivo um assunto que está morto e enterrado.
Por fim, pergunto: queremos lá nós, portugueses, saber das tricas da oposição, dos mexericos do PSD e do CDS, quando, efetivamente, as vidas de todos os portugueses e de Portugal estão a mudar para melhor? Disponham-se por favor e definitivamente de responsabilidade política e aprofundem temas, propostas e contributos políticos que a todos façam esquecer a desgraça nacional a que nos votaram durante quatro anos. Saiam do alpendre, é de um país que se fala, o nosso.


www.publico.pt
24
Fev17

Se fosse em Portugal era condecorado ! .- Antigo diretor do FMI Rodrigo Rato condenado a 4,5 anos de prisão

António Garrochinho


O ex-diretor-geral do FMI foi condenado a quatro anos e meio de prisão por se ter apropriado de património de dois bancos dos quais era presidente 
antigo diretor-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI) Rodrigo Rato foi hoje condenado a quatro anos e meio de prisão por se ter apropriado indevidamente de património de dois bancos espanhóis dos quais era presidente. A Audiência Nacional, tribunal nacional espanhol que julga casos de corrupção e crimes financeiros, anunciou que considerou Rodrigo Rato culpado pelo crime de peculato quando este era presidente da Caja Madrid e do Bankia e numa altura em que as duas entidades estavam em dificuldades. Rodrigo Rato de 67 anos foi diretor-geral do FMI entre 07 de junho de 2004 e junho de 2007.  

https://www.dinheirovivo.pt
24
Fev17

O balanço da austeridade, agora em números

António Garrochinho


(Marco Capitão Ferreira, in Expresso Diário, 22/02/2017)
capitaoferreira

Durante anos, muitos foram os que avisaram que a chamada política de austeridade era incapaz de cumprir o seu objectivo declarado (equilibrar as contas públicas e controlar a dívida pública), e que teria efeitos sociais devastadores, desde logo ao colapsar a Economia enquanto transferia riqueza dos mais pobres para os mais ricos.
No que respeita àquele último aspecto, os dados sobre evolução da pobreza e repartição do PIB entre capital e trabalho são esclarecedores.
Vale a pena relembrar que, como escrevemos aqui no final do ano passado: “É absolutamente atípico, por um lado, que a remuneração do capital (o excedente bruto de produção) aumente em anos de crise e, por outro lado, os dados em causa demonstram de forma cabal o colapso da renumeração do trabalho, que caí a partir de 2010 de forma abrupta quase 10 mil milhões de Euros. Estes dados são corroborados por uma análise qualitativa e quantitativa da receita fiscal.”.
Na altura lembrámos também que: “O que seja, em bom rigor, austeridade, é desde logo discutível. O conceito tem pouca ou nenhuma base científica, tem sido usado, e abusado, no contexto político para defender ou atacar as mais variadas políticas, e nunca foi objecto de uma avaliação rigorosa que permita um mínimo consenso quanto aos seus resultados.”.
Essa avaliação científica está a começar. Esta semana foi publicado um interessante estudo em que o sucesso ou insucesso da austeridade foi avaliado para o conjunto da a União Europeia (“Austerity in the Aftermath of the Great Recession” por Christopher House, Linda Tesar e Christïan Proebsting, da Universidade de Michigan).
É uma leitura ao mesmo tempo recomendada e imprópria para os estômagos mais fracos.
Primeiro aspecto, a dívida devia ter descido mas subiu.
Para espanto dos cavaleiros do Excel, cortar de forma cega, abrupta e injusta a despesa pública e fazer o mesmo do lado do aumento de impostos gera um efeito perverso em que a contracção da Economia arrasta o ratio da dívida pública na direcção oposta à pretendida.
Em vez de descer, sobe. Em média, a dívida pública para os Países do Sul (mais Irlanda) subiu o dobro do que teria subido sem as políticas de austeridade focadas no défice de curto prazo a todo o custo. O dobro. Isso enquanto a Economia afundava.
Essa contração da Economia é calculada por House, Tesar e Proebsting, para os mesmos países num total de 18% do PIB entre 2010 e 2014.
Quase um quinto da Economia pura e simplesmente desapareceu. Não admira que o desemprego tenha explodido. Tirando situações de Guerra ou catástrofes naturais é difícil encontrar paralelo na história para um tal descalabro.
Os mesmos autores salientam que essa queda poderia ter sido de apenas 7% se estes países pudessem ter acompanhado a política de austeridade com uma política monetária adequada mas, mais, que se além disso não tivessem aplicado políticas de austeridade, essa queda poderia ter sido de apenas 1%.
Ficam comprovados dois pontos: a arquitectura do Euro não consegue lidar com recessões sem as agravar, factor muito associado a opções políticas erradas e há uma óbvia “self fulfulling prophecy” que diz que se um país não pode desvalorizar a sua moeda isso aumenta o seu risco de incumprimento o que por sua vez gera juros mais altos que mais agravam o risco de incumprimento e assim sucessivamente.
A austeridade não é apenas uma má ideia, cujos fundamentos básicos são destituídos de lógica e cujos efeitos são contrários aos pretendidos, é uma ideia perigosa que agrava desigualdades, cria pobreza e transforma crises financeiras em crises económicas e estas em crises políticas.
Como ainda não resolvemos nenhuma delas em definitivo, teremos de lidar agora com as três ao mesmo tempo. Tem tudo para correr bem.



estatuadesal.com
24
Fev17

PICASSO - PORQUE SOU COMUNISTA

António Garrochinho




A minha adesão ao partido comunista é a evolução lógica de toda a minha vida, de toda a minha obra. Porque, e estou orgulhoso de o dizer, nunca considerei a pintura como uma arte de simples prazer, de distracção; quis, através do desenho e da cor, pois estas eram as minhas armas, ir sempre mais avante no conhecimento dos homens e do mundo, para que esse conhecimento nos liberte um pouco mais todos os dias; tentei dizer, à minha maneira, o que considerava mais verdadeiro, mais justo, melhor, e isso era, naturalmente, sempre o mais belo – os maiores artistas sabem-no bem.
Sim, tenho consciência de ter sempre lutado pela minha pintura como um verdadeiro revolucionário. Mas agora percebi que isso não basta; estes anos de terrível opressão mostraram-me que eu devia não apenas combater com a minha arte, mas também todo eu 
Então fui ao encontro do partido comunista sem a menor hesitação, pois no fundo estive sempre com ele. Aragon, Éluard, Cassou, Fougeron, todos os meus amigos o sabem bem; e se ainda não tinha aderido oficialmente era de certo modo por  “inocência”, porque  acreditava que a minha obra e a minha adesão de coração eram suficientes, mas era já o meu partido. Não é ele que mais trabalha para conhecer e construir o mundo, para tornar os homens de hoje e de amanhã mais lúcidos, mais livres, mais felizes? Não foram os comunistas os mais corajosos tanto em França como na URSS ou na minha Espanha? Como poderia hesitar? Medo de me comprometer? Mas nunca eu me senti tão livre, pelo contrário, senti-me mais completo! E além disso, eu tinha tanta pressa de encontrar uma pátria: sempre fui um exilado, agora já não o sou; à espera que a Espanha possa enfim acolher-me, o partido comunista francês abriu-me os braços, e aí encontrei todos aqueles que mais estimo, os maiores sábios, os maiores poetas e todos aqueles rostos de insurrectos parisienses tão belos, que vi durante os dias de Agosto. Estou de novo entre os meus irmãos.
 
L’Humanité, 29-30 Outubro 1944


cris-sheandbobbymcgee.blogspot.pt
24
Fev17

Oliveira milenar de Mouriscas vai para Londres

António Garrochinho

A Oliveira de Mouriscas (Abrantes), conhecida como a árvore mais antiga de Portugal, com 3.350 anos – há outras naquela região igualmente milenares –, vai ser transferida para uma praça de Londres, por sugestão do vereador português nesta cidade inglesa, Guilherme Rosa, que tem raízes em Tomar. Esta oliveira vai ostentar a frase “A Árvore da Aliança”, numa evocação ao tratado que desde 1373 une 


Portugal a Inglaterra e que é dos mais antigos do mundo. A Oliveira do Mouchão está plantada em Cascalhos, na localidades de Mouriscas. Tem um perímetro de 11,2 metros na base e a cerca de 1,5m de altura chega  a ter 6,5 metros de largura. Do tronco aos primeiros ramos vão mais de 3 metros.



www.oribatejo.pt
24
Fev17

24 de Fevereiro de1843: Nasce Teófilo Braga, escritor, filólogo e político português, foi o 2.º Presidente da República.

António Garrochinho


Político, professor e escritor português, Joaquim Fernandes Braga nasceu a 24 de fevereiro de 1843, em Ponta Delgada, e morreu a 28 de janeiro de 1924, em Lisboa. Foi um dos principais representantes da Geração de 70 e um dos mais prolíficos autores da segunda metade do século XIX e inícios do século XX, a quem Ramalho Ortigão se referiu como "o trabalho de uma geração inteira empreendido no cérebro de um só homem", tendo deixado uma obra monumental nos domínios da poesia, da história literária, da teoria da literatura, da ficção e da tradução.

Órfão de mãe, senhora da aristocracia açoriana, aos três anos de idade, ganhou, aos cinco, uma madrasta ríspida, que o iria hostilizar. Foi aos dez anos, ao matricular-se na instrução primária, que adotou o nome Teófilo. Tentando ser independente, tornou-se aprendiz de tipógrafo e, em 1859, publicou o seu livro de estreia, Folhas Verdes, apadrinhado por Francisco Maria Supico. Em 1861, partiu para Coimbra para cursar Direito. Na universidade, relacionou-se com alguns dos membros da futura Geração de 70, entre os quais Antero de Quental, envolvendo-se nas manifestações de crítica ao academismo e colaborando em revistas como O Instituto, Revista de Coimbra, Revista Contemporânea de Portugal e Brasil e A Grinalda. Em 1864, publicou os livros de poemas Visão dos Tempos e Tempestades Sonoras, muito influenciados por Vítor Hugo, ambos acompanhados de textos teóricos onde expõe a sua conceção de uma poesia filosófica, que descreva as fases ideais da história da humanidade. 

No ano seguinte, tomou parte na célebre Questão Coimbrã com o opúsculo As Teocracias Literárias, onde se insurge diretamente contra Castilho, censurando a sua prática poética "palavrosa, nula de ideias" e o seu magistério literário. Ainda em 1865, estreou-se na ficção com a coletânea Contos Fantásticos e publicou o ensaio Poesia do Direito. Em 1866, prosseguiu a sua explicação filosófica da história da Humanidade com o volume de poesias A Ondina do Lago e concluiu o curso de Direito. Ainda em Coimbra, e até à conclusão do seu doutoramento, em 1868, traduziu Chateaubriand e iniciou o seu estudo das origens da literatura portuguesa, influenciado pelas leituras de Hegel, Schlegel e Grimm, que daria origem, numa primeira fase, a Cancioneiro Popular e Romanceiro Geral (1867), História da Poesia Popular Portuguesa (1867), Floresta de Vários Romances (1868) e Cantos Populares do Arquipélago Açoriano (1869), e, numa segunda fase, a Contos Tradicionais Portugueses (1883). Em 1868, casou e ficou a viver no Porto, onde aprofundou as suas leituras do positivismo de Comte, de que seria um dos principais divulgadores em Portugal (devendo-se-lhe, entre outras obras, os Traços Gerais de Filosofia Positiva, de 1877, e o Sistema de Sociologia, de 1884) e que tentaria mais tarde aplicar a todos os domínios do saber, nomeadamente à história literária. Em 1869, quando perdeu o seu primeiro filho, publicou História da Poesia Moderna em Portugal e o volume de poesias Torrentes. Durante a década de 70, orientou o seu trabalho no sentido da criação de uma ambiciosa História da Literatura Portuguesa, a que se refere, em carta a F. M. Supico, como "o mealheiro de todas as [suas] ideias, a monomania, a ambição única que [tinha]". Em 1872, já depois de publicadas a História da Literatura Portuguesa. Introdução (1870), a História do Teatro Português (1870-1871) e a Teoria da História da Literatura Portuguesa (1872), ganhou o concurso para professor de Literaturas Modernas no Curso Superior de Letras. Refletindo a sua experiência de ensino, publicou o Manual da História da Literatura Portuguesa (1875), a Antologia Portuguesa (1876) e o Parnaso Português Moderno (1876). Na década de 80, enquanto participava na revista literária A Renascença e dirigia as revistas de divulgação das doutrinas positivistas O Positivismo (fundada com Júlio de Matos em 1878), A Era Nova e a Revista de Estudos Livres (fundadas com Teixeira Bastos, respetivamente em 1880 e 1883), orientou os seus estudos literários para a literatura contemporânea, publicando a História do Romantismo em Portugal (1880) e As Modernas Ideias na Literatura Portuguesa (1892). Em 1884, publicou o último volume de poesias, Miragens Seculares, que viria a concluir o ciclo encetado com a Visão dos Tempos. Entre 1886 e 1887, no espaço de poucos meses, perdeu os dois filhos que lhe restavam; esta enorme tragédia pessoal despertou a simpatia de muitos dos seus adversários, incluindo Camilo, que lhe dedicaram o volume de elegias A Maior Dor Humana. Em 1891, redigiu o manifesto e o programa do partido republicano. Logo após a proclamação da República, em 1910, foi escolhido para presidente do Governo provisório. Em 1915, exerceu as funções de Presidente da República interino. 

Entretanto, publicaria uma nova versão da História de Literatura Portuguesa (1909-1918). No âmbito estritamente literário, e numa tentativa de alcançar uma visão de conjunto sobre a obra de Teófilo Braga, cuja amplitude e diversidade são ainda aumentadas pelas constantes reedições, refundições e recapitulações, num esforço permanente de coerência e atualização, podemos notar três orientações: 1. A elaboração poética de uma história filosófica da Humanidade, nos cinco volumes de Visão dos Tempos, Tempestades Sonoras, A Ondina do Lago, Torrentes e Miragens Seculares; 2. A vocação folclorista, de inspiração garrettiana, manifesta na recolha e na análise de poesias, lendas, mitos e contos populares e tradicionais; 3. A conceção de uma história da literatura portuguesa, explanada nas dezenas de volumes, propriamente teóricos ou também didáticos, onde estudou os elementos autóctones e os factos importados, debruçando-se especialmente sobre a poesia popular e a literatura do século XIX, e onde procurou conciliar o princípio estático da raça colhido nas leituras de Schlegel (com a exaltação da raça nacional de origem moçárabe) com o princípio dinâmico do progresso bebido nas doutrinas positivistas.

Fontes: Infopédia
wikipedia (imagens)
Teófilo Braga em 1882
 
 
Teófilo Braga discursando (c. 1900)
 
 
24
Fev17

Estados Unidos: A Potência criminosa e os impossíveis sonhos de paz mundial

António Garrochinho




“Há muitos assassinos, acha o nosso país inocente?” - Pato Donald Trump Presidente dos Estados Unidos, de Hollywood-Washington

Eles chegam com véus sagraciais, as cabeças cobertas com turbantes, com barba muito bem tratada por histórico tradicional, uma cultura milenar esplendente; têm um historial de mais de seis mil anos e com vezo muito mais ético-humanitário e mais nobre de fundamentos do que a ideia contemporânea judaico-cristã-católico-luterana, e são tachados de fundamentalistas, terroristas, homens-bombas, perigosos, etc. e tal…

Mas ELES, os outros, chegam armados até as tripas, com metralhadoras potentes, granadas, bombas, alta tecnologia bélica; depois de extinguirem milhões de nativos de nações indígenas, e de explorarem negros na escravidão de sua guerra civil, e até como bucha de canhão usaram afrodescendentes em amorais guerras insanas que bancaram ditaduras inumanas, e são classificados de DEMOCRATAS, e de um país de homens livres? Democratas?

-Eles, os “inimigos”, são invadidos a troco de uma bomba que não há, são tachados de terroristas cidadãos locais que são meros residentes-resistentes e que defendem seu clã e seu território invadido, e quando se descobre que milhões foram mortos, velhos, mulheres, crianças (e uma nação destruída) – inocentes – e não havendo perigo nenhum, nem bomba alguma, erro cirúrgico de suspeita espionagem falha, e então eles COBRAM altos preços para reconstruir o que destruíram a bel prazer, como parasitas do lucro, por mero engano ou jogo politico-eleitoreiro? Que democracia é essa? E o Tribunal de Haia? Ah, e ainda assim em nome de uma paz fake que nunca há, mesmo depois da chamada Guerra Fria, os bandidos mandatários com alta patentes por trás e uma anticristã indústria bélica a reboque, ainda são suspeitamente indicados ou recebem o prêmio Nobel da Paz? Paz, onde? Como? Por quê? América Cloaca das Treze Colônias de Estrelas de Sangue?

-E se deixassem o planeta terra em paz? E se cuidassem mesmo de seus vários e graves problemas internos, de violências, de vícios, de sexismos; racismo, miséria, armamentos clandestinos, negros vitimados, pobres a míngua, gente morando na rua (milhões), furacões, tornados, falha de Santa Andrea, injustiças sociais, crimes impunes, presidentes, políticos e artistas mortos suspeitamente, mais riquezas injustas, riquezas impunes, propriedades roubos, cartéis, máfias e quadrilhas; meritocracia uma piada, lei de oferta e procura uma máfia; e fizessem algo melhor contra a fome no mundo, a guerra suja, a diarreia que mata milhões de crianças, não o seu núcleo sujo de peitos de peru arrotando santidade tipo o papo furado de pátria escolhida por Deus ou de xerifes do mundo?

Sim, e se eles BOMBARDEASSEM os pobres, carentes, e sofridos territórios terceiro-mundista, periférico, em vez de usarem armas atômicas como em Nagasaki e Hiroshima, ou no Canal do Panamá, e em vez de armamentos, helicópteros, torpedeiros, navios-escolas, que milhares de seus paraquedas teleguiados soltassem nesses países carentes o melhor do tal estilo de vida americano? Em vez de gastarem trilhões com armamentos de alta tecnologia destrutiva em países fracos, e mandassem geladeiras, jipes, computadores, satélites, sucrilhos, cereais, toddy, coca cola, freezers, televisores, fogões, trailers, tudo do bem e melhor. Seria tudo muito mais barato do que gastos hediondos com armas; e os povos que recebessem essas cargas do céu, de qualidade, tecnologia e tantas máquinas possantes se sentiriam atraídos, queriam esse padrão de vida também. Não morreriam, seriam consumidores em potencial, simpatizantes, sem mortes, sem resistência, sem medo, sem sangue por óleo, sem perdas de vidas, sem terrorismo de defesa, daí todo país distante, porem, carente, talvez então quisesse finalmente ser uma estrela da américa rica, mas sem derramamento de sangue, e sem bombas, sem invasões, sem impunes derrubadas de presidentes, nem financiamento de torpes ditaduras, sem soldados estuprando crianças; isso não seria muito mais ético, humanitário, transparente, verdadeiramente Cristão? Quem poderia contestar isso? Quem poderia ser terrorista contra isso? Quem iria resistir a isso?


Há ELES & “Eles”. Potências criminosas… e sonhos de uma paz limpa.

Um pouquinho de conhecimento ajuda. Um pouquinho de história escora, reforça ideia. Estudar profundamente também. Opinião sem estudo, sem pesquisa, sem bagagem inteligente de conhecimento, leva ao descrédito da criticazinha sem pé nem cabeça… Pensar pode. Fanáticos mulçumanos? E os fanáticos das Klux-Klux-Klan, o próprio radical e ultraconservador Tea Party, e seus asseclas da fascista direita da América dos cornos; do crime organizado como sua politica externa suja, violenta, vingando podres poderes no exterior, verdadeiro banditismo por baixo de uma podre diplomacia de embuste?

Mas, já pensou, sonhar pode – Evoé John Lennon – nos cafundós adonde o judas perdeu o all-star, países pobres, rançosos, tristes, atrasados, criticando o águia-abutre e sua imunidade no foro internacional de terrorismo do estado norte-americano, e de uma hora pra outra, com medo do grande irmão que de bobo não tem nada, e em vez dos fuzileiros navais, da CIA, do FBI, dos navios-cidades, das naves, satélites, porta-aviões, contratorpedeiros, caçadores de minas, e drones espiões, começar a chover hambúrgueres, salsichas, tvs de ultima geração, notebooks, a produtos tops de linha…

Só não pode chover quadrupedes do Texas. Nem chacais sem alma como Kissinger. Nem antagônicas hienas desbotadas como Hillary. Muito menos bombas teleguiadas, nem operações sigilosas de sujeiras clandestinas, nem mercenários sórdidos, homens bombas com políticas de enganação e fraude, piratas de intimidação e de sangue por óleo. Nem Pateta, João-Bafo-de-Onça; nem empresariado leviano tipo Irmãos Metralhas, nem puteiros como fizeram na antiga ditatorial Cuba, bordel de Frank Sinatra e da máfia italiana.

O New York Time noticiaria em manchetes chaves com letras garrafais:

USA da Paz bombardeia Nigéria, Somália, Afeganistão, Coreia do Norte, Vietnam do Norte e Haiti com toneladas de hambúrgueres, sucos de laranja, maçã, celulares de ponta, computadores de última geração, pendrives, chips free, feito um sonho, um filme.

Um sonho? Imagine… nem fronteiras, nem bandeiras, nem exércitos…

Mas talvez tudo isso não compactuasse com o sentido humanista dos orientais mais unidos e simplistas e agregados, nem cativasse a resistência da nova Rússia de novo poderosa e forte, nem interessasse a China futura potência imbatível, nem a comunidade africana mais solidária e ética, devotos de todos por um, um por todos, não fãs bobos do estilo e modus operandi dos USA de cada um por si e danem-se todos, herança anglo-saxônica da América e seus lucros de operações tenebrosas, doa o que doer, custe o que custar, haja o que houver.

Na paz está a nossa confiança, deveria ser o lema de todos os povos e credos.

De todos livres, sem exploração pelo comercio, pelo narcocontrabando informal, ou pelo cínico estado mínimo, redes podres, cartéis, infovias efêmeras, o Tatcheriano neoliberalismo câncer do próprio capitalhordismo americanalhado.

A quarta guerra mundial que Einstein disse que seria de paus e pedras, poderia ser na verdade uma nova modalidade pacifica de terceira guerra por assim dizer de humanização do planeta, isso se os países carentes fossem providos, de água e de remédio, de comida e roupas, de suprimentos e energia, de tecnologia e humanismo ético-comunitário. Ah se a funesta igreja católica vendesse todo seu ouro sujo e doasse aos pobres da África. E se a poderosa USA devolvesse sua parte roubada do México, de Cuba, de Porto Rico, do Haiti, da França, do Canadá, do Alasca; e devolvesse o que predou aos índios restantes de dez milhões vitimados. E indenizasse todos os descendentes de negros explorados… e se a NASA beneficiasse todas as nações emergentes com suas informações, qualidades técnicas e tecnologia de ponta, e também se a rica América libertasse a sua maior população prisional do mundo, em torno de dois milhões e meio de pessoas, mais, ajudasse – pelo amor de Deus – as dezesseis milhões de crianças que o pais-potência tem na linha da miséria, e assim também indenizasse os mais de 150 países que bombardeou, e explicasse porque 60 % do povo norte-americano acredita no diabo, e não em Deus que ELES dizem que seguem. Por que se sentem em casa?

Mas em paz não se faz potência. A guerra dá lucro.

Há Eles e ha “ELES”, curto e grosso, nosotros, os famélicos da terra, e “outroseles”, os EUA, os xerifes do mundo, potência decadente.

De que lado você está?

Deus puna a América!

-0-

Silas Correa Leite*
* Silas Correa Leite, blogueiro e ciberpoeta premiado. Conselheiro Diplomado em Direitos Humanos e Democracia
24
Fev17

Os peõs de brega: Cristas, Guedes e Montenegro

António Garrochinho


trogloditas
A direita portuguesa anda histérica. Depois do diabo ter metido férias, o déficit ter atingido o valor mais baixo de sempre, a economia estar a ganhar fôlego, os rendimentos de muitos portugueses terem aumentado e as cassandras internacionais, FMI, Comissão Europeia, OCDE, terem engolido em seco perante os resultados económicos de 2016, a direita coleccionou derrotas em toda a linha e ficou com a agenda reduzida a um programa político de 160 caracteres ao nível dos SMS do Domingues.
Com tanta irritação e falta de comprimidos para o mau humor, resolveram atacar tudo e todos. Atacam o Centeno porque dizem que mentiu, atacam o Costa porque o protegeu, atacam o Marcelo porque protegeu o Costa, e atacam agora o Presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, porque não os deixa atacar, como eles querem, o Centeno, o governo, e especialmente a CGD.
Falam já de “asfixia democrática e parlamentar”, coitados, eles que tem toda a comunicação social a conspirar a seu favor, e onde o espaço de análise e comentário lhes é escandalosamente favorável, e por isso altamente enviesado. Basta ver as parangonas dadas à polémica dos SMS do Domingues em contraponto com o relevo que está a ser dado à recente notícia da saída dos dez mil milhões de euros para offshores no tempo do governo anterior, sem que a Autoridade Tributária os tenha controlado cabalmente. É uma desproporção de tal calibre, a qual é inversamente proporcional à gravidade e ao impacto financeiro dos dois assuntos, que é de bradar aos céus. Mas eles é que estão asfixiados. Ria-se até ao choro.
Assim, a Dona Cristas vai amanhã ao Marcelo apresentar queixa, pelo facto de as esquerdas, como ela gosta de dizer, lhe estarem a apertar o gasganete. Como se o Marcelo pudesse fazer fosse o que fosse e meter-se no assunto, tendo em conta a independência dos orgãos de soberania, constitucionalmente consagrada. Mas, claro que para a Dona Cristas, a Constituição é como uma revista de moda chique que se pode ler de pernas para o ar porque, o que verdadeiramente interessa, são as gravuras. Já estou a imaginar a Dona Cristas a dizer ao Marcelo: – Ó sr. Presidente, estou com uma falta de ar enorme. E o Marcelo, que é hipocondríaco e de remédios sabe tudo, a responder na passada: – Ai sim? Olhe, tome lá um frasco de Onsudil que é excelente para a dispneia. Não me diga que não conhecia e que nunca tomou?!
Para ajudar à festa, o deputado do PSD Marques Guedes fala mesmo de totalitarismo, perigosas derivas e atropelos aos regulamentos da Assembleia da República, tudo com a conivência activa do seu presidente. (Ver aqui). Tudo porque insistem em querer colocar a coscuvilhice ao serviço da sua política ressabiada já que nada mais tem para oferecer ao país que não a sua quezilência de personagens menores.
Mas o mais acutilante ponta de lança da direita é mesmo o deputado Montenegro que vem à baila com mais uma doença do foro mental: a claustrofobia democrática (Ver aqui). Ora, diz o dicionário Priberam que a claustrofobia é o “Medopatológico da clausura ou dos pequenos espaços” (Ver aqui). O que quererá o Montenegro dizer? Que tem medo do Parlamento? Que o Parlamento encolheu e ficou reduzido a um T0? Que o PSD já não cabe no Parlamento? Foi então por já não caber na sala que o deputado do PSD Matos Correia abandonou a presidência da Comissão Parlamentar de Inquérito à CGD? Ria-se de novo.
Mas, a prova máxima da histeria, e o mais grave ainda, foi ver hoje o Montenegro a chamar “soez” ao primeiro-ministro, em declaração às televisões. Anda a usar palavras caras, o Montenegro. Lá tive que ir de novo ao Priberam para ver o que era, ainda que intuísse que não devia ser coisa boa. Soez é o mesmo que “Vil, torpe, reles”, adjectivos nada bonitos para designar um primeiro ministro.
Para quem anda tão asfixiado, não está nada mal a liberdade com que praticas o insulto ó Montenegro. E se eu te disser que não passas de um peão de brega, um bandarilheiro falhado desse teu incompetente e quadrilheiro chefe que é o Passos Coelho? Gostas do troco?
Em suma. A corja está em pânico. Sempre valeu tudo mas agora vale o mais que tudo e já nem sequer se esforçam por manter o verniz da civilidade e da boa educação. A verdade, como diz o povo, é como o azeite e vem sempre ao cima. E quem é troglodita nunca deixa de o ser. Por muita fazenda e água de colónia que ponha em cima da sua pele de cavernícola.

24
Fev17

Da Amnésia da JSD Lisboa

António Garrochinho


Comecemos por fazer uma citação: “Quando um país enfrenta um nível elevado de desemprego, a medida mais sensata que se pode tomar [sobre a subida do Salário Mínimo Nacional] é exactamente a oposta” – Pedro Passos Coelho, 6 de Março de 2013. Sim, esse mesmo Pedro Passos Coelho. O líder do partido que está no canto inferior direito do cartaz que se queixa… dos baixos salários. O governante que, nos últimos anos, mais atacou os salários dos portugueses, mais agravou os impostos sobre os rendimentos do trabalho, mais desprezou a situação social dos jovens do país, que mais os insultou e apoucou convidando-os a emigrar ou a aproveitar as “oportunidades” do desemprego!
Esqueceu-se a própria JSD de quando vinha a público defender a tese peregrina – e completamente idiota! – de que os prolongamentos dos contratos a prazo poderiam salvar 1100 empregos por dia?
A lata da JSD Lisboa parece, de facto, proporcional ao grau de nervosismo evidente na liderança do partido. Se não for, porém, uma questão de ter ou não ter lata, maior ou menor vergonha na cara, pergunta-se: será esquecimento? Não se recordam os jotas laranjinhas de o que foi a anterior governação PSD/CDS em matéria de salários, pensões e impostos? Não se lembram que foi o PSD quem propôs contratos a termo sem limite de renovações? Não se recordam da maravilhosa medida de “estímulo” do governo PSD/CDS em 2014 que promovia oito horas de trabalho diário em troca de um valor abaixo do salário mínimo nacional? Esqueceram-se dos chumbos sucessivos às propostas de aumento do valor de salário mínimo que esteve sempre na cauda da União Europeia? Esqueceu-se a própria JSD de quando vinha a público defender a tese peregrina – e completamente idiota! – de que os prolongamentos dos contratos a prazo poderiam salvar 1100 empregos por dia? Esqueceu-se a JSD de quando partilhava artigos de jornais que diziam e, passo a citar, que “a flexibilidade laboral é a janela de oportunidade para mais jovens entrarem no mercado de trabalho”?
Que se passa na mente dos laranjinhas deste país? Já lá vigora a mesma desorientação e desespero dos correligionários mais crescidos? Estamos perante a assunção clara do desnorte do PSD, de alto a baixo? A resposta talvez seja, porém, mais fácil. Esta gente toma, de facto, o povo português por parvo. E fá-lo desde muito cedo, como se vê. Foram responsáveis directos por uma política desastrosa… e queixam-se da “situação”. Não é uma questão de ter ou não ter lata. Já é só pura e dura perversão.
Este artigo encontra-se em: Manifesto 74 http://bit.ly/2ldQJDX
24
Fev17

Suécia "revoltada" com Portugal por isentar pensionistas suecos

António Garrochinho



A ministra sueca das Finanças manifestou o seu desacordo a Mário Centeno em relação ao regime que isenta de tributação as reformas de estrangeiros a residir em Portugal.

Numa entrevista ao jornal sueco "Expressen", a governante sueca indica que teve "uma conversa séria" com Mário Centeno sobre este assunto na última reunião do Ecofin em Bruxelas e que esta preocupação foi recebida pelo ministro português com "alguma compreensão".
"Tive de ter uma conversa séria com o meu colega português sobre este assunto, na última noite, em que lhe descrevi a revolta que há na Suécia sobre como funciona" o regime criado em Portugal para atrair reformados estrangeiros com pensões elevadas, concedendo-lhes uma isenção da tributação destes rendimentos, afirmou Magdalena Andersson.
Para a ministra sueca, o que está em causa é uma situação em que "os suecos tiram as suas reformas [da Suécia], muitas vezes de grande quantia, completamente livres de impostos [quando vivem em Portugal]".
Também à televisão SVT, Magdalena Andersson defendeu que as razões que eventualmente levam os suecos a irem viver para Portugal não devem ser fiscais.
"Se se mudam para Portugal porque gostam de fado ou vinho verde ou porque adoram o clima, então devem poder fazê-lo. Mas se se mudam só para evitar o pagamento de impostos, então acho que devem olhar ao espelho e pensar sobre se querem mesmo tomar essa decisão", afirmou, acrescentando que "as pessoas devem pagar impostos ou em Portugal ou na Suécia" e que "é inaceitável que o sistema português não cobre impostos" a estes reformados.
Em setembro de 2009, o Governo aprovou o Código Fiscal do Investimento em que criou um regime fiscal para os residentes não habituais em sede de Imposto sobre o Rendimento de pessoas Singulares (IRS).
O objetivo era atrair para Portugal profissionais não residentes qualificados em atividades consideradas de elevado valor acrescentado ou da propriedade intelectual, industrial ou "know-how" (por exemplo arquitetos, médicos e professores universitários), mas também beneficiários de pensões obtidas no estrangeiro.
A convenção para evitar a dupla tributação entre Portugal e a Suécia, que segue a convenção-modelo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e que foi publicada em "Diário da República" em março de 2003, estabelece que "as pensões e outras remunerações similares pagas a um residente de um Estado contratante em consequência de um emprego anterior só podem ser tributadas nesse Estado".
Isto quer dizer que é o Estado de residência (neste caso, Portugal) que tem o direito de tributar as pensões dos cidadãos suecos considerados residentes não habituais no território português.
No entanto, com o regime de 2009, Portugal decidiu optar pelo método da isenção, o que, na prática, faz com que estes rendimentos não sejam tributados nem em Portugal nem na Suécia.
De acordo com este regime, um cidadão que seja considerado residente não habitual pode ser tributado como tal (beneficiando do método da isenção) durante 10 anos consecutivos a partir do ano da sua inscrição como residente em território português, desde que seja aí considerado residente em cada um desses anos.
A Lusa questionou o Ministério das Finanças sobre esta matéria, nomeadamente sobre qual a posição assumida por Mário Centeno junto da sua homóloga sueca, mas até ao momento ainda não obteve resposta.

24
Fev17

Pais pagam para ter mais vigilantes nas escolas

António Garrochinho


Falta de auxiliares motiva reunião entre Ministério e sindicato, que admite organizar mais protestos se a realidade não mudar.

Os pais dos alunos do pré-escolar e do 1.º ciclo estão a cotizar-se para terem mais vigilantes nas escolas, do Norte ao Sul do país. A denúncia é feita pelos diretores e pelas associações, a propósito da falta de auxiliares, que motiva esta sexta-feira uma reunião entre o Ministério da Educação (ME) e o sindicato, que adianta equacionar mais medidas de protesto, incluindo outra greve, "caso o encontro não surta efeito".


24
Fev17

Afinal, o Zeca não nos deixou!

António Garrochinho



Não se separa um homem inteiro,
das partes e facetas que lhe dão a dimensão.
Não se separa o andarilho, dos trilhos percorridos.
Não se separa o professor,
dos seres a quem deu saberes.
Não se separa o cantor, dos seus cantos.
Não se separa o poeta, dos poemas que nós dizemos.
Não se separa o criador, da obra criada.
Não se separa o resistente, da luta travada.
Não se separa o sonhador, da utopia sonhada.
Não se separa a razão, da alma.
E quando o homem parte,
fica-nos a memória de um homem digno,
de um homem inteiro.
E sempre vivo.
(texto reeditado, revisto)
Este artigo encontra-se em: CONVERSA AVINAGRADA http://bit.ly/2lwHnFY
24
Fev17

Louçã: a "voz fora da ortodoxia" no Banco de Portugal

António Garrochinho


Francisco Louçã descarta critérios políticos na sua escolha pelo governo para o conselho consultivo do BdP

Francisco Louçã nega que tenham existido critérios políticos ou partidários na sua escolha pelo governo para integrar o conselho consultivo do Banco de Portugal (BdP). Mas o ex-coordenador do BE admitiu ao DN que "pode ser interessante ter opiniões fora da ortodoxia monetária que beneficiem da teoria económica".
O nome do economista e professor universitário para estas funções não remuneradas foi ontem conhecido. Por proposta do ministro das Finanças, Mário Centeno, foram aprovados em Conselho de Ministros também os nomes de Murteira Nabo, ex-ministro do XII Governo Constitucional ex-presidente da Galp e da PT, João Talone, ex-presidente executivo da EDP, e Luís Nazaré, ex-presidente dos CTT e da Plataforma de Meios Privados.
"As questões políticas ou partidárias não têm qualquer relevância. É um conselho consultivo não remunerado, que emite um parecer, por isso admito que tenham sido relevantes as questões técnicas e académicas", sublinhou Francisco Louçã ao DN, quando questionado se sentiu que na sua escolha tinham tido peso as suas qualidades técnicas mas também políticas.
Em resposta à mesma questão, o gabinete do primeiro-ministro afasta a preponderância de critérios políticos nesta opção, remetendo para o comunicado do Conselho de Ministros sobre o assunto, no qual está expressa a fundamentação da escolha dos quatro economistas e gestores: "Pela reconhecida competência em matérias económico-financeiras e empresariais."
Na mesma linha segue o BE. "A nomeação de Francisco Louçã para o conselho consultivo do BdP é uma decisão da exclusiva responsabilidade do governo. Consideramos que as suas reconhecidas competências constituem um contributo para o trabalho deste órgão, que deve ter um acompanhamento empenhado na gestão dos sistemas monetário e financeiro", salientou fonte oficial da direção.
Murteira Nabo, João Talone e Luís Nazaré são figuras do chamado "centrão" político e Francisco Louçã está ideologicamente na extrema esquerda. Poderá ser entendida esta escolha do governo como uma tentativa de dotar, pela primeira vez, este conselho consultivo de uma visão ideológica mais alargada? Francisco Louçã acredita que "a ideologia não tem relevância" neste caso. No entanto, crê que "pode ser interessante ter opiniões fora da ortodoxia monetária e que beneficiem a teoria económica". Os elementos deste conselho consultivo pronunciam-se, não vinculativamente, sobre o relatório anual do banco e sobre a atuação deste, bem como sobre outros assuntos submetidos pelo governador ou pelo conselho de administração.

24
Fev17

ALGARVE - RIA FORMOSA - Tensão e revolta dominam reta final de expropriações na ilha do Farol

António Garrochinho


A maior parte dos edifícios expropriados são construções precárias, algumas já em ruínas, mas há quem garanta precisar delas por não ter para onde ir


Gritos, buzinadelas, apupos e algum choro marcaram hoje a reta final do processo de expropriação de habitações na ilha do Farol, num ambiente dominado por sentimentos de revolta e injustiça.
Durante uma hora, dezenas de proprietários acompanharam o percurso dos técnicos da Polis pelos areais da ilha, cercados por um forte contingente policial, erguendo cruzes negras e protestando fortemente contra a comitiva que expropriou 18 construções.
Vítor é um pescador que construiu a sua casa em 1978 e hoje, mesmo tendo interposto uma providência cautelar, viu a Polis tomar posse da pequena habitação, mas com a promessa de que o caso vai ser reavaliado pelo ministério.
"Devia ser uma das situações de exceção e por isso vamos pedir a reavaliação do caso ao ministro do Ambiente", garantiu-lhe o presidente da Associação da Ilha do Farol de Santa Maria, Feliciano Júlio, tranquilizando o idoso.
"Não esperava por esta atitude, devíamos ser todos tratados por igual e isso não está a ser equacionado", reclama Vítor, lembrando que a zona onde hoje incidiram as expropriações é a mais antiga da ilha e local onde se fizeram as primeiras demolições, em 1986.
Mais à frente, passa-se à casa número 196 que, dizem os moradores, é a mais antiga da ilha, mas como o proprietário já morreu, a família não conseguiu recorrer com o argumento de se tratar de uma casa de pescadores.
"Foi a primeira casa a ser construída com a autorização da mesma Polícia Marítima que agora está a acompanhar as tomadas de posse", conta Vanessa Morgado, da associação SOS Ria Formosa, sublinhando que faz parte "do tal núcleo histórico reconhecido" no Parlamento.
Também José Lezinho, presidente da Associação de Moradores dos Hangares, noutro lado da ilha, onde as expropriações avançam na próxima semana, considera existir uma "desigualdade de direitos entre os pobres e as outras classes".
A maior parte dos edifícios hoje expropriados são construções precárias, algumas já em ruínas, mas mesmo assim há quem garanta precisar delas por não ter para onde ir.
Com 23 anos, Américo Pires diz que não vai voltar a dormir nas ruas de Olhão, como fez entre os 15 e os 17 anos, quando foi obrigado a sair de casa, pois é ali na ilha do Farol que tem o seu único teto.
"Eu sou sozinho, a minha família não se interessa por mim, vou à maré e vivo da ajuda das pessoas", conta, acrescentando que o dono da casa lhe deu autorização para ali habitar há cinco anos.
A última casa a ser expropriada é a que melhor se avista a partir do mar, para quem chega ao Farol, por ter pintadas nas paredes exteriores as cores da bandeira portuguesa. Em torno há vários cartazes, um deles visando António Costa: "Somos portugueses, senhor primeiro-ministro, palavra dada não está a ser honrada".
No pátio da casa, à espera da Polis, estão várias pessoas, que se vão avolumando para formar um cordão, dificultando a colocação do edital pelos técnicos, que depois acabam por arrancar.
"Há mais de 40 anos que a casa está na família, o meu avô era pescador, mas morreu afogado no mar", conta a neta do proprietário, uma jovem mãe com um bebé ao colo, lamentando não ter conseguido recorrer para que a casa integrasse o regime de exceção.
É que para além das casas de primeira habitação, também as casas de pescadores no ativo, ou reformados, podem ser salvas.
Os núcleos do Farol e dos Hangares fazem parte da ilha da Culatra, pertencente ao concelho de Faro.











24
Fev17

Portugal é o segundo país da Europa com mais emigrantes

António Garrochinho


2,3 milhões de portugueses vivem no estrangeiro, ou seja, 22% da população. Logo a seguir a Malta, Portugal é o país da Europa com mais emigrantes


O último relatório do Observatório da Emigração mostra que se manteve em 2015 o mesmo número de saídas de Portugal para o estrangeiro registadas no pico atingido em 2013: acima das 110 mil por ano, refere a edição do jornal Público de hoje, que teve acesso ao documento.
Em 2015, segundo dados da ONU presentes no relatório, 2,3 milhões de portugueses vivem no estrangeiro, ou seja, 22% da população. Acima de Portugal no topo dos países europeus com mais emigrantes só está a república de Malta, no Mediterrâneo, que tem 24,7% da sua população emigrada.
Em terceiro lugar consta a Croácia, nos Balcãs, com 20,6% da população a viver no estrangeiro.
Relativamente à emigração lusa, o principal destino é o Reino Unido, onde entraram em 2015 32.301 portugueses, logo seguido da França, onde entraram 18.480, e da Suíça onde se registou a entrada de 12.325 portugueses em 2015. Seguem-se a Alemanha, com 9195 e Angola com 6715. Apenas a título de curiosidade, o país que menos interessa aos emigrantes portugueses é a longínqua Austrália, onde foi registada a entrada de apenas 103 emigrantes em 2015.
Mas a presença da emigração portuguesa é ainda expressiva em Espanha, Bélgica, Moçambique, Luxemburgo, Holanda, Brasil, Dinamarca, Estados Unidos, Canadá, Áustria, Noruega, Itália, Suécia, Irlanda e Macau.

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António Garrochinho

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