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POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

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06
Mar17

ASSOCIAÇÃO MAFIOSA

António Garrochinho

ASSOCIAÇÃO MAFIOSA
Para quem ainda alimentasse a ilusão de que a chamada União Europeia fosse uma “união europeia” e não uma associação mafiosa gerida por alguns dos maiores bandidos do capital internacional e os seus pindéricos lacaios locais, bastaria assistir a esta batalha pelas condições da saída do Reino Unido da UE.
De uma associação de gente normal e livre, sai-se normal e livremente, sem, ou quase sem problemas… e cada um vai à sua vida.
De uma organização criminosa de contornos mafiosos, como é esta UE, sai-se assim… com ameaças de parte a parte, chantagem, ataques, contra-ataques…
Garantia foi dada pelo ministro das Finanças britânico em entrevista à BBC

06
Mar17

EÇA DE QUEIROZ DISSE ISTO ONTEM OU HOJE !?

António Garrochinho

O Que Verdadeiramente Mata Portugal

O que verdadeiramente nos mata, o que torna esta conjuntura inquietadora, cheia de angústia, estrelada de luzes negras, quase lutuosa, é a desconfiança. O povo, simples e bom, não confia nos homens que hoje tão espectaculosamente estão meneando a púrpura de ministros; os ministros não confiam no parlamento, apesar de o trazerem amaciado, acalentado com todas as doces cantigas de empregos, rendosas conezias, pingues sinecuras; os eleitores não confiam nos seus mandatários, porque lhes bradam em vão: «Sede honrados», e vêem-nos apesar disso adormecidos no seio ministerial; os homens da oposição não confiam uns nos outros e vão para o ataque, deitando uns aos outros, combatentes amigos, um turvo olhar de ameaça. Esta desconfiança perpétua leva à confusão e à indiferença. O estado de expectativa e de demora cansa os espíritos. Não se pressentem soluções nem resultados definitivos: grandes torneios de palavras, discussões aparatosas e sonoras; o país, vendo os mesmos homens pisarem o solo político, os mesmos ameaços de fisco, a mesma gradativa decadência. A política, sem actos, sem factos, sem resultados, é estéril e adormecedora. 

Quando numa crise se protraem as discussões, as análises reflectidas, as lentas cogitações, o povo não tem garantias de melhoramento nem o país esperanças de salvação. Nós não somos impacientes. Sabemos que o nosso estado financeiro não se resolve em bem da pátria no espaço de quarenta horas. Sabemos que um deficit arreigado, inoculado, que é um vício nacional, que foi criado em muitos anos, só em muitos anos será destruído. 

O que nos magoa é ver que só há energia e actividade para aqueles actos que nos vão empobrecer e aniquilar; que só há repouso, moleza, sono beatífico, para aquelas medidas fecundas que podiam vir adoçar a aspereza do caminho. 
Trata-se de votar impostos? Todo o mundo se agita, os governos preparam relatórios longos, eruditos e de aprimorada forma; os seus áulicos afiam a lâmina reluzente da sua argumentação para cortar os obstáculos eriçados: as maiorias dispõem-se em concílios para jurar a uniformidade servil do voto. Trata-se dum projecto de reforma económica, duma despesa a eliminar, dum bom melhoramento a consolidar? Começam as discussões, crescendo em sonoridade e em lentidão, começam as argumentações arrastadas, frouxas, que se estendem por meses, que se prendem a todo o incidente e a toda a sorte de explicação frívola, e duram assim uma eternidade ministerial, imensas e diáfanas. 

O país, que tem visto mil vezes a repetição desta dolorosa comédia, está cansado: o poder anda num certo grupo de homens privilegiados, que investiram aquele sacerdócio e que a ninguém mais cedem as insígnias e o segredo dos oráculos. Repetimos as palavras que há pouco Ricasoli dizia no parlamento italiano: «A pátria está fatigada de discussões estéreis, da fraqueza dos governos, da perpétua mudança de pessoas e de programas novos.» 



Eça de Queirós, in 'Distrito de Évora' 

06
Mar17

GABRIEL PENSADOR - MENTIRAS DO BRASIL

António Garrochinho

Era uma vez duas criancinhas 
Um mundo do faz de conta era onde eles viviam 
Seus nomes eram José e Maria 
E verde e amarelo era a bandeira que vestiam 
Queriam viver com felicidade mas pra isso era preciso saber sempre a verdade 
Os adultos hipócritas provocavam sua ira 
Pois quem é puro não gosta de conviver com a mentira 
Mas Zezinho e Maria eram puros porém sabidos 
Deixavam tapados um dos lados de seus ouvidos 
Pra não entrar por aqui e sair por ali 
O que escutavam e achavam importante refletir 
E na TV as estórias que os adultos contavam 
Eles gostavam de ver 
Mas nem sempre acreditavam 
Se revoltavam vendo coisas que até cego já viu 
E resolveram fazer uma lista com...

As maiores mentiras do Brasil 
Vocês e suas mentiras vão pra... (primeiro de abril!) 
As maiores mentiras do Brasil 
Vocês e suas mentiras vão pra... (primeiro de abril!) 

E uma mentira absurda encabeçava o rol: 
Deus é brasileiro... (Só se for no futebol!) 
Certas frases conhecidas são mentiras e ninguém nega 
(por exemplo?) "A justiça é cega!" 
Quem prega isso é canalha (psh! Não espalha) 
Porque aqui a justiça tarda... E falha! 
E o Zezinho gargalha com outra mentira boçal 
(qual?) "O brasileiro é cordial" aha! 
Mas que gracinha, imagina se não fosse! 
Se o brasileiro é amável, Adolf Hitler é um doce 
Porque a lei de Gérson é o nosso evangelho 
Todos querem se dar bem e não se respeita nem os velhos 
Dizem também que o pobre é malandro 
Mas o povão tá só ralando e quem tá armando são os grandes empresários e empreiteiros 
Mas até hoje só prenderam o PC e os bicheiros 
No país da impunidade tudo é contraditório 
Deixam o resto em liberdade em troca de um simples bode expiatório 
Que situação patética 
É real ou ilusório o processo de restauração da ética? 
Será que é boato? Zezinho e Maria perguntavam 
E enquanto isso anotavam...

Refrão

Mentira tem perna curta e se desmente facilmente 
Zezinho estava em frente a uma loura linda e inteligente 
E tem gente que diz que toda mulher bonita é burra 
Quem acredita merece uma surra 
Dizem que o bebê vem da cegonha 
E que cresce pelo mão se bater uma bronha 
Mas o pequeno Zé não acreditava 
E se crescesse ele raspava 
A lista de mentiras aumentava: 
Comunista come criancinha, Aids é doença de gay
"Mentira!" (seu comunista, bota camisinha!) 
Mariazinha ficou mocinha e descobriu que era caô 
Que só existia sexo com amor 
Aprendeu a falar inglês e viu que não é só filme brasileiro que tem muito palavrão 
Pois foi no cinema e ouviu tudo o que eles cortam na legenda e na dublagem da televisão 
Queriam as verdades sem cortes 
Queria liberdade 
Queriam independência ou morte 
Perguntaram ao fantasma de Cabral a história real entre Brasil e Portugal: 
"Não foi sem querer que descobrimos vosso país 
Nós portugueses não somos burros como se diz!" 
Outra piada que não era nada séria era que a seca do Nordeste era a culpada da miséria 
Desculpa esfarrapada puro blá, blá, blá... 
Pois se os políticos quisessem eles faziam o sertão virar mar! 
Tem também a lenda eterna da falta de verbas 
As moscas mudam mas é sempre a mesma merda... 
E a lista continua sem parar
Com mentiras que o Pinóquio teria vergonha de contar

Refrão

Diziam que o Brasil é o país do futuro 
Mas eles viram que o melhor era viver o presente 
Zezinho e Maria decidiram mostrar pra todo mundo que é mentira que o Brasil não vai pra frente!
Eram crianças 
Tinham muita esperança 
Mas não queriam esperar pois quem espera nunca alcança 
Acharam nojento todo aquele fingimento 
E começaram a ficar violentos 
(O brasileiro tá cansado de ser enganado 
Daqui pra frente os mentirosos serão enforcados) 
E começaram assim uma revolução 
Controlaram todos os meios de comunicação 
E revelaram sua lista com as milhões de mentiras 
Que atrasavam a ordem e o progresso da nação 
Só tinham uma saída pro país 
Acabar com as mentiras pela raiz 
E como toda revolução deixa cicatriz 
O sangue jorrou feito um chafariz 
Foi uma vitória do povo e no final da conquista 
Zezinho e Maria puseram fogo na lista das...

Refrão

E ao voltarem pra casa encontraram seu pai emocionado por tudo que eles tinham aprontado
Uma nova era tinha começado e não era à toa que os olhos do coroa estavam encharcados 
Uma lágrima desceu e Zezinho percebeu que descobria mais uma mentira nessa hora... 
Homem também chora



VÍDEO


06
Mar17

Cinco deputados ganham cem mil euros além do vencimento do Parlamento

António Garrochinho


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Os cinco deputados, do PSD e do PS, receberam o ano passado quase cem mil euros extra por atividades no setor privado ou outros rendimentos. O Partido Comunista (PCP) defende que o montante pago pela secretaria-geral da Assembleia da República “não se justifica”, embora esteja previsto na lei para todos os deputados eleitos para entidades fiscalizadoras.
Segundo avança o ‘Diário de Notícias’, Filipe Neto Brandão, deputado socialista do Conselho de Fiscalização do Sistema de Informações da República Portuguesa (CFSIRP); Ricardo Leite, médico e deputado social-democrata, do Conselho de Fiscalização da Base de Dados de Perfis de ADN; António Gameiro, deputado socialista e membro do Conselho de Fiscalização do Sistema Integrado de Informação Criminal (CFSIIC) e os dois deputados da Entidade Fiscalizadora do Segredo de Estado (EFSE), Teresa Leal Coelho, do PSD, e João Soares, do PS, são os cinco deputados que em 2016 receberam 99.676,23 euros, além remuneração como membros do Parlamento.
O salário extra recebido pelos membros destas quatro entidades fiscalizadoras, eleitas pela Assembleia da República, é visto pelo PCP como “injustificável”. “Desde que a lei passou a prever estas remunerações que o partido é contra”, sublinha o deputado comunista António Filipe, ao DN. “Entendemos que não se justifica, tendo em conta que as pessoas têm outras fontes de rendimento, incluindo a de deputados, função pela qual foram eleitos para estes órgãos”.
A maior parte destas quatro entidades fiscalizadoras, eleitas pela Assembleia da República, está a funcionar de forma incipiente, mas, segundo João Soares, um dos deputados em questão, a “remuneração está prevista na lei” e é um “disparate total” dizer que tiveram mais ou menos serviço em 2016 do que em anos precedentes.

06
Mar17

Mais de 200 falsos recibos verdes na RTP

António Garrochinho


Foram identificados, em várias áreas da RTP, mais de duas centenas de falsos recibos verdes durante uma acção inspectiva da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT).
Edifício da RTP
Nos dias 1 e 2 de Março, 26 inspetores estiveram na sede da Rádio e Televisão de Portugal (RTP- Lisboa) e no Centro de Produção Norte (RTP - Monte da Virgem), onde identificou a situação de precariedade depois de ter inquirido dezenas de jornalistas durante a inspeção.
Numa nota pública, a situação é denunciada pelo Sindicato dos Jornalistas (SJ), que espera que o Conselho de Administração da RTP «promova, junto da tutela, uma solução que ponha termo a esta flagrante ilegalidade».
O SJ lembra que a precariedade no jornalismo, está longe de se confinar à RTP, «como ficou amplamente demonstrado no 4.º Congresso dos Jornalistas Portugueses, realizado em Janeiro». A estrutura sindical espera que a acção da ACT «se estenda urgentemente» a outros órgãos de comunicação social, públicos e privados. 


www.abrilabril.pt
06
Mar17

Lar de idosos de luxo

António Garrochinho


Portugal  é o paraíso dos reformados europeus. Compreende-se. Com este clima e o baixo custo de vida ( os salários já estão ao nível dos praticados na China), é normal que os reformados europeus escolham Portugal para passar os últimos anos da sua vida com desafogo financeiro.
Não me parece é que fosse necessário atraí-los, acenando-lhes com isenção de impostos. Essa medida pode contribuir para que Portugal se transforme no maior Lar de Idosos da Europa, mas é uma injustiça e um insulto para os muitos reformados portugueses, obrigados a fazer esforçada ginástica contabilística  para que a reforma dure os dias todos do mês.
Não havia necessidade!

cronicasdorochedo.blogspot.pt
06
Mar17

O ALGARVE NO PARLAMENTO: Com a oposição do PCP, o PS e o seu Governo avançam com demolições na Ria Formosa

António Garrochinho


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Na semana passada, a Sociedade Polis Ria Formosa começou a tomar posse administrativa de habitações no Farol e nos Hangares com vista à sua posterior demolição.
Não vale a pena atirar areia para os olhos das pessoas, como alguns tentam fazer, responsabilizando a Polis Ria Formosa pelas demolições. A ordem veio de cima – antes do Governo PSD/CDS, agora do Governo PS; a Polis Ria Formosa limitou-se a cumprir essa ordem. Confundir mandante com executante apenas contribui para que os defensores das demolições possam esconder as suas responsabilidades neste processo ou mesmo apresentar-se descaradamente em público como defensores dos ilhéus.
É uma evidência que o PS e o seu Governo poderiam, se o desejassem, pôr fim ao vergonhoso processo de demolições nas ilhas-barreira da Ria Formosa. Optaram, contudo, por dar continuidade a um processo iniciado pelo anterior Governo PSD/CDS. Um processo que visa – por mais que o neguem – expulsar as comunidades locais das ilhas-barreira da Ria Formosa para, mais à frente, entregar este valioso património aos grandes interesses ligados ao setor imobiliário e turístico para que estes o explorem em seu benefício.
Ao dar continuidade às demolições,o PS rompe com os compromissos assumidos com as populações antes das eleições legislativas de outubro de 2015. Bem pode agora o PS – seja pela voz do Primeiro-Ministro e do Ministro do Ambiente, seja por intermédio de deputados ou autarcas algarvios – tentar revirar as palavras proferidas antes das eleições, que não nos esquecemos da promessa “Parar as demolições” feita depois de uma visita dos seus candidatos à Ilha da Culatra, como não nos esquecemos de deputados e autarcas do PS a participarem em manifestações contra as demolições empunhando cartazes onde se dizia “O prometido é devido” e “Não às demolições”.
Mas o PS,ao dar continuidade às demolições, desrespeita também a Assembleia da República, a qual aprovou uma Resolução que recomenda ao Governo que reconheça os valores económico, social e cultural dos núcleos populacionais das ilhas-barreira da Ria Formosa, em particular dos núcleos históricos do Farol e dos Hangares, e que traduza esse reconhecimento nos diversos instrumentos legais de planeamento e ordenamento do território.
Importa lembrar que o ponto desta Resolução da Assembleia da República que recomenda explicitamente ao Governo o reconhecimento dos núcleos históricos do Farol e dos Hangares teve origem num Projeto de Resolução do PS. O mesmo PS que, volvidos quatro meses, mete na gaveta aquilo que propôs e avança para as demolições. É caso para dizer que com “amigos” destes, os ilhéus não precisam de inimigos!
No Algarve, não faltam autarcas e dirigentes regionais do PS a envergarem t-shirts com a inscrição “Je suis ilhéu” ou deputados à Assembleia da República a expressarem, de lágrima no canto do olho, a sua solidariedade aos moradores com casas em risco de serem demolidas. Tudo isto não passa da velha artimanha – bem conhecida dos algarvios – de dizer uma coisa no Algarve e fazer o seu oposto em Lisboa, para confundir as pessoas e tentar escapar entre os pingos da chuva.
No mesmo dia em que se iniciou a tomada de posse das habitações no Farol, o Secretário-Geral do PCP, Jerónimo de Sousa, confrontou na Assembleia da República o Primeiro-Ministro: expressou solidariedade às populações e reafirmou a posição do PCP de que o processo de demolições deve ser travado em definitivo, terminando com um apelo veemente para a reavaliação da situação por parte do Governo de forma a salvaguardar o direito das populações a viver e trabalhar na Ria Formosa.
O PCP continuará a honrar, inequivocamente e sem subterfúgios, os seus compromissos com as populações. Opomo-nos às demolições e defendemos queas verbas destinadas a esse fim devem ser usadas para a requalificação dos núcleos urbanos das ilhas-barreira, para a proteção e salvaguarda dos recursos e valores naturais e para o apoio às atividades económicas desenvolvidas na Ria Formosa. Na luta contra as demolições, pelo direito a viver e trabalhar na Ria Formosa, as populações sabem que podem contar com o PCP!
Paulo Sá
*(Deputado do PCP na Assembleia da República)


www.jornaldoalgarve.pt

06
Mar17

OLHÃO: A DESTRUIÇÃO DE HABITAT DO CAIMÃO!

António Garrochinho


 

Objectivo
Requalificação ambiental da frente ribeirinha de Olhão, no prolongamento da Av. 5 de Outubro no sentido poente dos mercados, criando novos espaços de fruição colectiva que permitam uma nova vivência da cidade e da sua relação com a Ria.

Localização
Olhão

Actividades a desenvolver
Projectos e Obras:
Criação do parque ribeirinho poente de Olhão. Este projecto deverá incluir: a requalificação e valorização do espaço público com adequado equipamento urbano e serviços de apoio, em articulação com a marginal de Olhão, ao qual se associaram percursos ribeirinhos e interpretativos em torno das salinas adjacentes.

Parque Ribeirinho de Olhão (Poente)

Adjudicatário: Traço Alternativo – Arquitectos Associados, Lda.
Valor do Projecto: 160 000,00€
Fase do Projecto: Em elaboração
Data de Conclusão: Novembro de 2011

Objectivos do projecto:
- Criar novos espaços de fruição colectiva junto às margens da Ria na cidade de Olhão;
- Prevê requalificar a zona poente da cidade, a oeste da marina, no prolongamento da avenida 5 de Outubro. A área de intervenção é de cerca de 9 hectares, em terrenos que incluem os actuais armazéns municipais, frente às salinas;
- Requalificação e valorização do espaço público com adequado equipamento urbano e serviços de apoio, em articulação com a marginal de Olhão bem como a criação de um espaço multiusos, devidamente infraestruturado, destinado à realização de feiras, exposições, concertos e outros eventos ao ar livre;
- Criação de percursos ribeirinhos e interpretativos, pedonais e cicláveis, em torno das salinas adjacentes.














Como amiúde somos acusados de boateiros, trazemos hoje, a transcrição da página da Sociedade Polis Litoral da Ria Formosa, onde se pode ver o projecto de intervenção para a Zona Poente de Olhão e com o qual Pina estava de acordo, tendo-o aprovado em 2011 e que custou a módica quantia de 160.000 euros, agora jogados fora com as novas ideias de construção de um novo resort naquele espaço.
Acontece que aquela área está classificada como Parque Natural e Rede Natura 2000 e aí em frente é possível observar o Caimão, símbolo do Parque Natural da Ria Formosa e uma espécie protegida.
Para quem fez tanta questão de lutar em defesa do camaleão e do ambiente é no mínimo curioso que agora pretenda destruir aquele habitat e que certamente contará com a nossa oposição.
Tudo isto ocorre num momento em que o governo da geringonça pretende entregar às autarquias a gestão das áreas protegidas como as Reservas Ecológica e Agrícolas Nacionais. E para completar a destruição total de áreas protegidas, tal medida faz-se acompanhar da entrega da direcção das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional, responsável pelo ambiente, aos mesmos patifes.
E não podemos nem devemos esquecer que a tais medidas se juntam a gestão dos Espaços Ribeirinhos, até há pouco nas mãos da Docapesca.
No momento Pina pretende assumir também a liderança do Parque Natural de Ria Formosa para depois fazer muito bem o que quer e entende das áreas protegidas, entregando-as de seguida à ganancia dos patos  bravos que já afiam os dentes com o euromilhões que lhes saiu em sorte (política).
Para que o futuro do nosso concelho não passe pela ocupação de caixotes de betão onde se deve salvaguardar a natureza como base da sustentabilidade dos recursos naturais muito maltratados pelas entidades pouco publicas e responsáveis pela situação calamitosa em que se encontram, torna-se necessário derrotar este Pina nas próximas eleições autárquicas, apesar de não vermos qualquer trabalho da dita oposição nesse sentido.
Fora com o Pina!
 

1 comentário:

Anónimo disse...
Parece que a máscara de defensor do camaleão de António PIna está a cair pela base pois já no julgamento do Camaleão o advogado pago por António Pina com o nosso dinheiro, foi colocada na Barra do Tribunal ao Sebastião Brás Teixeira quantos camalões mataram as máquinas de destruição maciça nos Ilhotes do Coco e das Ratas.???
Mas o que fez António Pina presidente da CMOlhão nesse caso de demolições nesses ilhotes que pertencem ao concelho de OLhão??? NADA afianço eu nem acodiu às pessoas que tinham como 1ª habitaçao as casas nesses ilhotes.
Mas quando chegou a hora de demolir as casas na Ilha do farol que pertencem a Faro António Pina armou-se em defensor do camaleão e pagou a um advogado para interpor uma providência cautelar na defesa do Camaleão.Será que estava preocupado com a defesa do camaleão ou estava preocupado com a casa do pai tão ilegal como as que vão agora abaixo na orla costeira da Ria Formosa, e que o Pina e os seus lambe cus aplaudem chamando radicais a quem está contra essas demolições.
Não bastando isso agora esse criminoso ambiental que todos os dias envenena as aguas da Ria Formosa com esgotos tóxicos não tratados, quer fazer hoteis de charme em Habitats da galinha de agua que é símbolo do Parque Natural da Ria Formosa?
Saberá essa figura sinistra que TODA essa Zona é Rede Natura 2000 e faz parte da Rede Nacional das Áreas Protegidas?
É essa figura sinistra que faz parte da Administração do Polis Ria Formosa, que é um programa de renaturalização da Ria Formosa e não de destruição das Ria Formosa?
É essa figura destruidor a do ambiente na Ria Formosa o candidato do PS às autárquicas deste ano?



olhaolivre.blogspot.pt
06
Mar17

O HOMEM QUE MATOU OS PAIS, O BARDAMERDA DO PRESIDENTE E O COSTA QUE É LAPA

António Garrochinho




Bom almoço, para os que almoçam. Entrada para o Expresso Curto que chega tardio porque sim. Para hoje há pouca prosa nesta abertura, estão convidados para ler o homem de hoje da cafeína expressa, Rui Gustavo, do burgo do tio Balsemão Bilderberg, o tal tipo Duracel.

Que o homem que matou os pais sai hoje da prisão, perdoado. Pois. Então está bem. Que sai renovado. Pois. Então está bem. Vamos ver, sem sofismas. Numa boa.

Mais puxado é o que vem a seguir: o bardamerda do presidente do Sporting tem dado que escrever e falar. Venceu as eleições e lá vai disto. Que já estava com os copos, dizem. Nã. Nã, nã. Aquilo é de família. O vestuto presidente da bardamerda é sobrinho neto do tal Pinheiro de Azevedo. Um calhau com dois olhos que era almirante. Pois.

Costas há muitos, seu palerma. O do Banco de Portugal é governador. Mau governador. Tanto que nem quer sair do poleiro até que acabe o mandato em 2020. Falhas Graves é a sua alcunha, porque as cometeu. Mas demitir-se é que não. Olha lá o meu tacho. Olha lá a minha incompetência a ser reconhecida por mim ao demitir-me. Qual incompetência? Até foi competente em retardar o serviço com o BES e o outro. E os outros. Sabemos lá sobre todos esses meandros de compadrios e outros avios. Se ele tivesse vergonha demitia-se. Fazia um grande favor ao país, mas aquele Costa não tem vergonha do que tem feito. Omessa! E os amigos banqueiros sem Costa no BdP… Este Costa julga-se insubstituível no cometimento de falhas graves. Pois. Então não está bem. Fora, senhor (des)governador!

Olhem, bardamerda para os “falhas graves” que não se querem demitir e vão lixando o país e as nossas vidas. Isso era o que diria o presidente do Sporting. Pois. Então está bem.

E lá vão ao Expresso Curto. Já são mais que horas. Está uma boa malha, sim senhor. - MM / PG
Bom dia, este é o seu Expresso Curto

Rui Gustavo – Expresso

Tojó, estás perdoado

Hoje é o último dia de prisão para António Jorge Santos. Em 1999, quando tinha 22 anos, Tojó, como era então conhecido, matou os pais à facada na casa da família, em Ílhavo. O pai, Jorge Machado, um médico respeitado e conhecido em toda a região foi atingido 33 vezes. Um dos golpes quase o decapitou. A mãe foi a primeira a morrer. Não havia um historial de violência doméstica ou desavenças graves e antes de morrer os pais só queriam saber: porquê? Tojó, que confessou o crime, era o vocalista e guitarrista dos Agonizing Terror, uma banda de black-metal, estilo de música brutal muitas vezes associado ao satanismo. Suspeitou-se de um crime ritual. Mas o móbil era bem mas vulgar: Tojó queria ficar com a casa e o seguro de vida do pai porque tinha casado com a baterista da banda, Sara e não tinham dinheiro. Um crime imperdoável. Não. Nós perdoamos. Nós, o povo, em nome de quem é feita a Justiça, acreditamos que todos se podem redimir. O que é notável porque países evoluídos como os Estados Unidos ou a Inglaterra ainda têm a pena de morte ou a prisão perpétua. Os castigos são para sempre. Amanhã, depois de cumprir 17 dos 25 anos de prisão a que foi condenado, Tojó vai sair da cadeia de Coimbra como um homem novo saído do inverno.

Moro numa aldeia no meio de Lisboa. Em frente à minha casa há uma ameixoeira que todos os invernos parece que vai morrer, sem folhas e com ramos escuros aparentemente podres. Este domingo, indiferentes à chuva e ao vento que podiam ter estragado o fim de semana de qualquer espécie animal diferente do pato (na outra casa onde eu morava, de cada vez que chovia uma família de patos saía da capoeira para fazer a festa nas poças e ajudava-me a por as coisas em perspectiva), uma florzinhas brancas anunciavam a primavera e ameixas vermelhas grátis. Assim é impossível ficar pessimista com a vida. E se Vítor Jorge, o mata-sete, conseguiu reconstruir a vida – na Córsega, é verdade, porque perdoar não é o mesmo que esquecer - porque é que um ex-satânico ainda jovem não há há de conseguir? Ou de pelo menos merecer uma segunda oportunidade? Justiça não é vingança. Até Angola parece disposta a engolir a ofensa de a justiça portuguesa ter acusado vice-presidente do país, Manuel Vicente, suspeito de ter corrompido um magistrado português. E afinal, vai desistir de desistir de convidar o primeiro-ministro-português, António Costa e o presiddente Marcelo para visitar Angola. A vida, como o clima em março, tende sempre a melhorar. E nós estamos a evoluir.

Há mais de quarenta anos, o primeiro-ministro Pinheiro de Azevedo saía da Assembleia da República debaixo de um coro de insultos de operários grevistas para os quais quem não era comunista era “fascista”. O primeiro-ministro que não tinha medo e fervia em pouca água disparou um clássico: ”Bardamerda para o fascista.” Ontem de madrugada, o sobrinho-neto do almirante foi reeleito presidente do Sporting com mais de 80 por cento dos votos e quis prestar uma homenagem à memória familiar: “Bardamerda para quem não é do Sporting Clube de Portugal”, rematou Bruno de Carvalho numa comovente demonstração de tolerância clubística. Deve ser só fumaça.

No resto do mundo do desporto a normalidade também imperou: o Benfica ganhou ao Feirense no Estádio Marcolino de Castro e os adeptos encarnados destruíram uma vedação, lançaram tochas para o relvado e uma cadeira que arrancaram da bancada contra o guarda-redes adversário, Vaná, que por sua vez falhou a cabeça de um bombeiro por pouco quando decidiu devolver o objeto. Um fotógrafo ficou ferido com gravidade, teve de ser internado no hospital e hoje diz ao jornal A Bola que não consegue “andar”. A boa notícia é que ninguém morreu.

O FC Porto goleou o Nacional da Madeira por 7-0 e está nos calcanhares do Benfica, a um ponto de distância. O Sporting voltou ao dia da marmota e empatou em casa com o Vitória, obrigando o novo presidente a um pedido sincero de desculpas às bancadas. Faltam dez finais para o fim do campeonato.

No desporto mais a sério, Nelson Évora ganhou a medalha de ouro no triplo salto dos europeus de atletismo de Belgrado e Patrícia Mamona a de prata na mesma disciplina. Não houve tochas e o presidente Marcelo Rebelo de Sousa já felicitou os atletas. Mas não deve chegar para a comenda.

OUTRAS NOTÍCIAS

Carlos Costa mantem-se como governador do Banco de Portugal resistente como uma ameixoeira à chuva de revelações da excelente reportagem da SIC, “Assalto ao Castelo”, que pode ver ou rever aqui. A conclusão é que o Banco de Portugal foi informado de várias irregularidades por funcionários da própria instituição e não tomou medidas atempadamente, levando a graves prejuízos de clientes e investidores do banco. Onde é que já ouvimos isto?

Prossegue o julgamento do caso Vistos Gold, que envolve, entre outros, o ex-diretor do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, Jarmela Palos; o ex-ministro Miguel Macedo e o ex-diretor dos Registos e Notariado, António Figueiredo. São acusados de montar um esquema de favorecimento na obtenção de vistos. Uma espécie de clube de amigos do ministro Macedo. A velha cunha já é crime. E é o próprio Estado que está em julgamento neste caso.

Cantinho do Trump: o presidente eleito dos Estados Unidos escreveu no Twiter que descobriu este fim de semana que o seu antecessor, Barack Obama, o pôs sob escuta durante a campanha eleitoral. Não apresentou provas ou indícios mas disse estar a ser vítima de um novo McCarthismo. Obama já negou tudo. O Congresso irá, a pedido do presidente, investigar o caso. Ou não.

François Fillon, candidato da direita às presidenciais em França, pediu ontem desculpa num comício por ter dado emprego à mulher e ao filho com dinheiro do Estado quando era deputado. Assumiu o “erro” mas disse estar a ser vítima de um atentado político e apelou a manifestações contra a justiça. As eleições são a 23 de abril e Marine Le Pen, da extrema-direita, também a braços com um caso judicial, segue na frente das sondagens.

Hoje, às 21h30, o cinema Nimas, em Lisboa, pelas 21h30, exibe uma versão em 35 mm da obra-prima de Luis Buñuel “A Bela de Dia”. A história de uma mulher rica e feliz que se prostitui porque não consegue realizar as fantasias eróticas com o marido de quem gosta, mas não ama.


paginaglobal.blogspot.pt
06
Mar17

O latifundismo hoje – posse e uso da terra no Alentejo*

António Garrochinho


O latifúndio, longe de estar erradicado, parece ganhar preponderância como sistema social dominante no Sul do País. A exclusão que impõe no acesso à terra por parte de camadas antimonopolistas da sociedade acaba por estar na base da evolução dual da agricultura alentejana, que determina um perigoso e generalizado subaproveitamento, quando não abandono, ao mesmo tempo que intensifica a produção em outras áreas, colocando em causa a sustentabilidade dos agro-ecossistemas sobreexplorados.


Se houvesse que resumir a evolução da agricultura no Alentejo nas últimas duas décadas, seria de destacar as seguintes tendências: aumento da concentração da posse da terra; aumento do abandono e subaproveitamento de extensas áreas de terra; intensificação e especialização produtiva; Alqueva destacando-se como o grande motor de desenvolvimento da região; aumento sensível do capitalismo agrário; precarização do trabalho agrícola por contra de outrem.

As causas desta evolução residirão no desenho e aplicação da PAC (Política Agrícola Comum) em Portugal, privilegiando uma abordagem meramente capitalista e mercantilista da agricultura – o agronegócio – menosprezando outras dimensões da função social da agricultura: soberania alimentar, criação de emprego, correcção de assimetrias territoriais e sociais, fixação de populações, criação e fixação de recursos e valores em mãos nacionais.
Esta poderia ser uma síntese das principais conclusões do Simpósio «Posse e Uso da Terra – Caracterização da Agricultura no Alentejo», realizado em Évora no passado dia 26 de Outubro de 2016, por iniciativa da APA – Associação Povo Alentejano. No entanto, essa síntese não ficaria completa sem se assinalar que ficou claro também que existem alternativas políticas e tecnológicas que conduziriam ao aumento da produção agrícola no Alentejo e ao reforço da sua importância económica e social no País.
O Simpósio constituiu-se como uma iniciativa de elevada importância para compreender a realidade e apontar soluções para a sua transformação. Saúda-se esta iniciativa da Associação Povo Alentejano, pois deu-se um passo nesse caminho de luta e transformação, merecendo toda a consideração de comunistas e outros democratas e patriotas.

Evolução recente da agricultura no Alentejo

É importante contextualizar a importância do Alentejo para a agricultura nacional. O Alentejo possuía, em 2013, cerca de 55 por cento da Superfície Agrícola Utilizada (SAU) do Continente português, embora produzisse apenas 36 por cento do valor total da produção agrícola. A participação da agricultura alentejana no valor bruto criado na agricultura do Continente tem vindo a aumentar, uma vez que em 1989 era de apenas 24 por cento. Contudo, este crescimento é apenas relativo, já que fica a dever-se à acentuada diminuição do valor bruto da produção criado no Continente nas últimas duas décadas e meia1.
Desenvolvendo as ideias centrais atrás sintetizadas, é possível aferir o aumento da concentração da posse da terra a partir de vários indicadores. Em primeiro, lugar, a SAU detida pelas explorações de maior área (maiores que 50 ha) aumentou entre 1989 e 2009, situando-se neste ano em 90 por cento da SAU total do Alentejo. Isto num quadro em que, para todas as restantes classes de dimensão fundiária, a SAU abrangida diminuiu. Este valor contrasta com a percentagem de SAU em explorações com mais de 50 ha no resto do Continente que, apesar de seguir idêntica tendência de crescimento, é de apenas 40 por cento. O crescimento da proporção de SAU abrangida pelas maiores explorações também se deve à drástica diminuição de SAU em explorações até 5 ha (na ordem de 50%), tornando a expressão destas pequenas explorações, no caso alentejano, meramente residual.
Mas esta análise não dá uma ideia suficientemente clara do grau de concentração da posse da terra, pois existem grandes diferenças nas explorações com mais de 50 ha. Basta referir que a área média destas explorações era de 269 ha em 2009. Olhando para os pagamentos do Regime de Pagamento Único (RPU) às explorações2 realizados em 2015, verifica-se que apenas 284 entidades de um total de cerca de 13 000 receberam 25 por cento das ajudas provenientes deste apoio às explorações, o que denota um grau de concentração da posse da terra bastante mais acentuado do que o medido no parágrafo anterior.
A principal questão relativa à evolução do aproveitamento da terra no Alentejo é a alteração profunda verificada entre 1989 e os nossos dias quanto às percentagens de SAU sob diferentes utilizações. Esta alteração manifesta-se na diminuição de 28 pontos percentuais na percentagem de SAU de terras aráveis (culturas temporárias e pousio), tendo passado de 69 por cento para 31 por cento da SAU. Em sentido inverso, a área de pastagens permanentes, na sua maioria pobres, aumentou de 21 por cento para 57 por cento no mesmo período entre 1989 e 2009.
Embora esta terra tenha uma utilização estatisticamente declarada, ela corresponde a um subaproveitamento da mesma, quando não abandono de facto, situação que foi repetidamente afirmada no decorrer do Simpósio. Registaram-se, entre 1989 e 2009, diminuições muito significativas na SAU com cereais, leguminosas, culturas industriais e hortícolas, culturas mais intensivas e de maior valor.
Uma outra tendência, de algum modo contraditória com a anterior, tem ganho espaço no Alentejo: a da especialização produtiva, ou seja, a do aumento do grau de especialização das explorações quanto ao seu tipo de produção principal. Esta especialização tem sido acompanhada pela intensificação da agricultura nas áreas remanescentes de culturas temporárias tradicionais e culturas permanentes. Esta intensificação pode ser medida pelo aumento das produções médias em várias culturas, e ainda pelo aumento dos consumos intermédios.3
Isto quer dizer que, apesar da diminuição drástica da área ocupada com culturas tradicionais, os consumos de adubos, fitofármacos e outros factores de produção têm crescido. Este crescimento está na base de outra grande contradição registada na agricultura do Alentejo: os consumos intermédios têm crescido a uma taxa superior à do valor bruto da produção, levando a que o valor acrescentado venha diminuindo perigosamente. A situação é tão mais inquietante quanto é possível demonstrar que, sem as ajudas atribuídas pela PAC, a situação global das contas económicas da agricultura no Alentejo seria deficitária.
O reforço do capitalismo agrário no Alentejo está também patente, não só no grande aumento do número de sociedades detentoras de explorações (de 1100 para 2400 entre 1989 e 2009), mas mais ainda na SAU detida por sociedades, que passou de 118 000 ha em 1989 (13,7% da SAU do Alentejo) para mais de 740 000 ha em 2009 (37,8% da SAU alentejana). Seria interessante poder conhecer e analisar o grau de penetração de capital oriundo do estrangeiro e de outros sectores da economia na estrutura de capital social dessas sociedades, pois é cada vez mais sensível a existência de grandes empreendimentos em mãos estrangeiras ou detidas por grandes grupos económicos consolidados fora da agricultura e indústria alimentar.
Neste caminho de aumento do abandono e subaproveitamento concomitante com a intensificação do capitalismo agrário não é de estranhar que se tenha verificado, entre 1989 e 2014, a diminuição do volume global de mão-de-obra agrícola (compreendendo as unidades de trabalho do trabalho familiar e assalariado), embora o volume de mão-de-obra assalariada se tenha mantido sem grandes alterações. Para além da dificuldade em gerar emprego, a grande preocupação da actualidade é a precarização do emprego agrícola. Esta, mesmo não abrangendo os casos de contratação ilegal e a sobreexploração que parecem multiplicar-se com particular incidência no Alentejo, não escapa às estatísticas: a mão-de-obra não contratada directamente pelo produtor cresceu 170 por cento entre 1989 e 2009.

Liquidar o latifúndio: uma opção política e um imperativo reforçado

O latifúndio, longe de estar erradicado, parece antes ganhar preponderância como sistema social dominante no Sul do País. A exclusão que impõe no acesso à terra por parte de camadas antimonopolistas da sociedade acaba por estar na base desta evolução dual da agricultura alentejana, que determina um perigoso e generalizado subaproveitamento, quando não abandono, apesar de estatisticamente não declarado, ao mesmo tempo que intensifica a produção em outras áreas, colocando em causa a sustentabilidade dos agro-ecossistemas sobreexplorados. Esta sobreexploração estará em grande medida ligada ao favorecimento, por via da PAC e da sua aplicação em Portugal, de grandes grupos económicos com grande penetração de capital estrangeiro, tenham base nacional ou não.
O latifundismo continua ainda a assentar, embora em menor escala do que nos tempos do fascismo em Portugal, na exploração de mão-de-obra agrícola assalariada, que vê degradados os seus vínculos e condições laborais. Some-se a isto a degradação do acesso a serviços públicos de saúde, educação, comunicações, etc., que devastou o interior nos últimos anos em resultado das opções antidemocráticas dos últimos governos, e ficam comprometidas, sob o latifúndio, as funções sociais da terra e da agricultura.
No entanto, existem opções políticas e tecnológicas disponíveis para inverter esta situação. No Simpósio, deu-se conta de como o complexo hidroagrícola de Alqueva se vem assumindo como o motor económico da região. Esta realidade responsabiliza todos quantos protelaram e foram coniventes com as décadas de espera pela construção de Alqueva, e dá razão à luta que foi sendo travada pela sua construção. Ficaram também evidentes potencialidades a explorar quanto à exploração de Alqueva, a par de riscos identificados ligados à sustentabilidade ambiental decorrentes dos sistemas produtivos implantados no regadio. Acrescente-se, riscos potenciados pelo modelo capitalista de exploração das terras regadas.
A estas potencialidades somam-se possibilidades tecnológicas de simples implementação, que permitiriam a recuperação e conservação dos solos, aumentando o seu potencial produtivo. Daqui resulta que o estado actual da produção agrícola no Alentejo é uma opção política que tem alternativas, sendo possível definir uma política de investimento e acesso à terra que promova o aumento da produção e do emprego, contribuindo para a soberania alimentar e a coesão territorial e social.
Esta conclusão dá força às ideias de que é preciso cumprir o desígnio constitucional de desmantelamento do latifúndio, e que tal objectivo só pode ser cumprido no quadro de uma política democrática avançada, ancorada nos valores de Abril e com a perspectiva da construção do socialismo. Dá força à proposta de uma nova Reforma Agrária para o Sul do País, conduzida no contexto dessa política democrática, articulada com transformações coerentes noutros sectores da vida política e económica do País.
Muitas das tendências gerais identificadas na agricultura do Alentejo verificam-se de modo ainda mais agudo no resto do Continente. A questão da produção e do acesso à terra, a questão da ocupação do território rural e da escala de exploração dos recursos disponíveis em proveito do bem-estar comum, assume hoje uma natureza diferente, e deve ser considerada de modo integrado. Contudo, o Alentejo continua a encerrar particularidades socioeconómicas e históricas que continuam a fazer desta vasta zona do País um território em que é urgente uma transformação do modelo social e produtivo.

1) Dados do INE – Instituto Nacional de Estatística) disponíveis em: https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_bdc_tree&contexto=bd&selTab=tab2
2) Dados do portal do IFAP – Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas (http://www.ifap.min-agricultura.pt/portal/page/portal/ifap_publico) sobre Pagamentos
3) Notas retiradas a partir das comunicações apresentadas no Simpósio «A Posse e Uso da Terra – Caracterização da Agricultura no Alentejo». Consultar: https://aposseeusodaterranoalentejo.wordpress.com
*Este artigo foi publicado no “Avante!” nº 2257, 2.03.2017


www.odiario.info

06
Mar17

Mães antes do tempo. Seis adolescentes dão à luz todos os dias em Portugal

António Garrochinho
Belany tem 16 anos e um filho de um ano. Vive na casa da Associação de Humanidades, em Lisboa, mas diz que sempre teve o apoio da família

"Quando descobri que estava grávida de dois meses tinha 16 anos. Falaram-me no aborto, mas isso nunca foi uma hipótese. Tive medo, claro, porque não sabia o que era ser mãe. Mas, por outro lado, também fiquei contente." Susana, de 18 anos, vive desde novembro de 2015 numa instituição que apoia mães adolescentes, na Maia. Depois do choque inicial, a mãe "acabou por aceitar a gravidez", mas "não tinha condições" para a criar, nem à neta. "Não havia outra hipótese a não ser uma instituição." Belany tem hoje 16 anos, um filho de 1 ano e uma história idêntica. Vive na casa de acolhimento para adolescentes da Associação Humanidades, em Lisboa. Chegou ali aos 15 anos, no início da gravidez, mas já vinha de uma outra instituição para jovens, onde viveu durante algum tempo. A família, apesar de não ter meios para a receber, sempre a apoiou, "não é uma família ausente". Tanto que agora já vai a casa passar alguns fins de semana. O bebé de Belany nasceu prematuramente, não foi fácil. Agora, está ótimo, a crescer normalmente, e ela voltou à escola, para completar a escolaridade obrigatória, que tinha interrompido.
Em Portugal, uma média de seis adolescentes dão à luz todos os dias. Segundo dados de 2015, os últimos disponíveis, nasceram 2295 bebés de mães entre os 11 e os 19 anos. De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), este número foi o mais baixo de sempre, desde o final da década dos anos de 1970. No início desta década, a média de adolescentes que davam à luz atingia as dez por dia. Em 2011, por exemplo, nasceram 3663 bebés na faixa etária mais jovem. Para Duarte Vilar, diretor executivo da Associação para o Planeamento da Família, a diminuição da maternidade na adolescência não pode ser analisada sem se ter em conta que "Portugal tem hoje menos adolescentes do que tinha". Mas essa não é a única explicação: "O acesso à informação é mais fácil e existe uma generalização da educação para a saúde nas escolas", afirma, destacando que tivemos "anos de crise, e há mais preocupação em não engravidar. Os adolescentes acabam por se informar mais".
    Elsa Mota, psicóloga da Divisão de Saúde Sexual Reprodutiva, Infantil e Juvenil da Direção-Geral da Saúde, confirma que esta diminuição está relacionada "com estratégias múltiplas da saúde e educação, como a disponibilização de métodos contracetivos no Serviço Nacional de Saúde, contraceção de emergência e com o acesso a consultas de planeamento familiar". Os números de gravidezes precoces, que coincidem quase sempre com o número de nascimentos, a não ser que haja um caso raro de gravidez gemelar, baixaram. Isto sem que tivesse aumentado o número de interrupções voluntárias da gravidez (IVG). Ainda de acordo com os dados do INE, em 2011 houve 2274 IVG em jovens entre os 15 e os 19 anos (11,1% do total em todas as mulheres). Em 2015, as IVG baixaram para os 1708 (10,38%).
    Na década de 1980, Portugal era dos países da Europa com uma das taxas mais elevadas de mães adolescentes (ver texto ao lado ). Os números provam: em 1980, houve 17 973 mães adolescentes que deram à luz. Duarte Vilar reconhece que os números "são hoje menos preocupantes", mas "uma mãe adolescente deve ser sempre um motivo de preocupação". Ainda há muitas situações em que "a maternidade na adolescência gera pobreza e abandono, até porque muitas jovens já são originárias de famílias carenciadas e vulneráveis". A psicóloga Elsa Mota diz: "Só em determinados meios é que uma gravidez aos 16 anos é bem enquadrada, a maioria dos pais não aceita. É mais um bebé para eles."
    Escolas e pais alinhados
    Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos de Escolas Públicas, diz que "as escolas estão muito sensibilizadas para fazer que a gravidez na adolescência diminua", tanto pela ação de "psicólogos como nas aulas de educação para a cidadania, onde professores, médicos e enfermeiros fazem um trabalho notável". Na opinião deste dirigente de escolas, "os pais também têm hoje um diálogo mais aberto e franco sobre esta temática com os filhos". Mas seria importante, sugere, que "os professores das diferentes disciplinas tivessem formação" para abordar os mesmos assuntos nas aulas. Dados do estudo Health Behaviour in School-Aged Children revelam que, na generalidade, os adolescentes de 15 anos que já tiveram relações sexuais são cada vez menos - passaram de 18,2% para 16,1% entre 2006 e 2014 -, mas os que são sexualmente ativos usam menos o preservativo (25% não usaram, em 2014), quando, em 2010, só 10% diziam não o fazer.
    A socióloga Margarida Gaspar de Matos, coordenadora nacional do estudo, diz que "o uso do preservativo baixou, o que é um risco para as infeções sexualmente transmissíveis". No entanto, sublinha, houve alterações que têm resultado na diminuição da gravidez na adolescência, como o uso de outros meios de contraceção, a pílula, disponibilizada nas consultas de planeamento nos centros de saúde.
    Uma gravidez precoce tem riscos biológicos, mas um impacto social mais alargado. "Os jovens "saltam passos" numa trajetória de desenvolvimento pessoal e social, com prejuízo da sua escolarização, do seu convívio entre pares e da vivência da sua própria adolescência", alerta a socióloga. Carla, 19 anos, entrou na Associação Humanidades, em Lisboa, aos 15 e recorda que quando ficou grávida achou que "nunca mais acabaria os estudos". Estava sozinha, sem o apoio do pai do bebé ou da família. "Ouvi comentários negativos, olhavam para mim de lado." Enquanto viveu na instituição conseguiu acabar o 12.º ano. Renata Cortiço, responsável pela residência que acolhe estas mães, não nota diminuição na maternidade entre as jovens, porque os seis quartos da unidade estão sempre cheios. Ali vão parar casos referenciados pelo tribunal ou pelas comissões de Proteção de Crianças e Jovens em Risco. "Muitas vezes, as coisas já não estavam a correr bem na vida destas jovens antes da gravidez. Normalmente, já havia o abandono escolar." E, em algumas situações, "há quem já esteja a viver em instituições, devido a casos de abuso sexual, violência ou de maus--tratos dentro da família".

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