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POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

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20
Mar17

Lagos: mergulhar na história e no azul do mar

António Garrochinho


Por cá, andamos a redescobrir os segredos do Algarve. Por isso, hoje programamos o nosso GPS com destino a Lagos, uma das mais belas cidades desta região.

A origem de Lagos remonta à Antiguidade. Terá sido Lacóbriga, uma povoação que hoje se pensa corresponder aos vestígios arqueológicos identificados no sítio do Monte Molião, localizado sobre a colina que domina o estuário da ribeira de Bensafrim. Mas nós vamos diretos ao seu centro histórico para iniciar um passeio que nos conduz até ao século XV, época de ouro da cidade, quando se tornou porto de partida e de chegada das naus que participaram nos descobrimentos da costa africana.

Segredos históricos

Passamos pela rua da Barroca, que, ligando a urbe ao mar, era, à época, a única rua direita até ao interior da cidade. O seu empedrado foi substituído por uma típica calçada portuguesa que apresenta originais motivos marinhos. Daí seguimos até à praça do Infante, passando junto ao emblemático edifício conhecido como “Mercado de Escravos” por a ele se associarem as primeiras vendas de escravos resultantes do tráfico negreiro do período dos Descobrimentos. O espaço alberga uma exposição alusiva ao tema.
 
Da rua da Barroca à praça do Infante

Na praça com o seu nome, ergue-se uma das mais conhecidas representações do Infante Dom Henrique. A estátua, da autoria de Leopoldo de Almeida e inaugurada em 1960, está replicada em cerca de 15 locais por todo o mundo. A praça corresponde à antiga Ribeira dos Touros, designação relacionada com o uso de gado bovino para puxar barcos e redes para terra. A poucos metros, junto ao Castelo dos Governadores, estão os vestígios do antigo cais de onde partiam as caravelas para a epopeia dos Descobrimentos Portugueses.

Desde o cais das Descobertas, olhando para a muralha, observamos uma janela de gosto manuelino, a partir da qual, reza a história, terá D. Sebastião assistido, em 1579, a uma última missa antes de partir para a batalha de Alcácer-Quibir.

Do cais das Descobertas ao Castelo dos Governadores

Prosseguimos o nosso passeio junto às muralhas para nos determos alguns instantes junto ao Brazão de Armas que integra as armas do Infante Dom Henrique. Uns passos adiante e encontramo-nos junto ao monumento que homenageia o lacobrigense Gil Eanes, o primeiro a dobrar o cabo Bojador em 1434.

A história da cidade através da sua evolução urbana é o que ficamos a conhecer no Armazém do Espingardeiro, um edifício militar de 1665, hoje transformado em centro de interpretação.

Armazém do Espingardeiro


Segredos artísticos

De lá seguimos para o Museu Municipal Dr. José Formosinho, anexo à igreja de Santo António que deslumbra pela profusão de talha dourada do altar-mor e das paredes laterais e que visitamos em simultâneo. Para além da arte sacra, o museu alberga um vasto acervo arqueológico e etnográfico.

Museu Municipal Dr. José Formosinho e Igreja de Santo António


E nós que andamos à caça de “segredos”, encontramos, justamente na ala dedicada à etnografia, os “Segredo do Algarve”. É assim que se designa um ponto de crochet que podemos observar em delicadas amostras de renda antiga.



Antes de sair do museu, ainda temos a oportunidade de admirar, no seu pátio interior, o pelourinho manuelino de Lagos que ali foi reconstituído, nos anos 30 do século XX, a partir de fragmentos do original que terá ruído no terramoto de 1755.

Testemunhos da presença judaica em Lagos

Na arquitetura do centro histórico de Lagos deparamo-nos também com as marcas da presença judaica. A cidade albergou, no século XV, a segunda maior judiaria do Algarve e a janela manuelina, na rua Henrique Correia da Silva, bem como várias portas em que encontramos as características cantarias chanfradas e decorações de base nas ombreiras, são testemunhos disso.

Segredos de azul e outras cores

A costa de Lagos é conhecida como “costa d’oiro”, certamente por causa dos magníficos recortes naturais das suas falésias rochosas de cor ocre, que contrastam com o imenso azul do mar. Neste nosso passeio de redescoberta de segredos do Algarve não poderíamos passar ao lado da beleza natural de Lagos e das suas paisagens com vistas de cortar o fôlego.


Uma dessas vistas associa-se ao verde do premiado campo de golfe Onyria Palmares. É no seu Club-house que vamos almoçar, com vista sobre a baía da Meia-praia e sobre a ria de Alvor. Diz-se que os olhos também comem e neste caso não falamos só do que vemos nos pratos. O olhar espraia-se até ao mar e deslumbra-se com os vastos horizontes.
 
Ponta da Piedade

Neste passeio, uma visita à ponta da Piedade é absolutamente incontornável. Trata-se de uma formação rochosa de grandes dimensões considerada como um dos mais belos locais do mundo, onde se pode aceder de barco a grutas e furnas marinhas artisticamente esculpidas pela natureza. Contentamo-nos, para já, com a vista e seguimos para uma última paragem na praia da Luz.
 
Emoldurada pela falésia onde sobressai uma rocha negra de origem vulcânica e pelo branco casario da antiga aldeia piscatória, a praia de areia fina e macia também se caracteriza por uma extensa plataforma rochosa de cores quentes, muito esculpida pelo mar e com fósseis marinhos.

Praia da Luz


A fortaleza seiscentista, sobre a falésia, é hoje um restaurante com vista privilegiada e é na sua esplanada que nos despedimos de Lagos, tomando uma bebida e mergulhando uma última vez o olhar no azul do horizonte.

blog.turismodoalgarve.pt
20
Mar17

Há um outro Algarve por descobrir

António Garrochinho


Domingos-Vaz
“É geralmente sinónimo de praia e calor, mas também um lugar de história, tradições, gastronomia e paisagens serranas de tirar o fôlego. Rumámos a Sul para encontrar outro(s) Algarve(s).”
“Agora que as temperaturas já não convidam a banhos de sol e dias infinitos de praia, fomos até ao Algarve descobrir que outros segredos esconde a região veraneante por excelência. Do artesanato à gastronomia, passando pelo vinho e actividades ao ar livre, encontrámos diferentes projectos que procuram mostrar que o Algarve é muito mais que sol e mar.”
“Razões suficientes para voltar a descer até ao sul do país e explorar a serra, as localidades do interior ou o rio Guadiana.”
Artes e ofícios
“Vamos abri-la para tentarmos ripar, cortar as barrigas e depois entrelaçá-la.” Estamos em Loulé e Odete Rocha vai-nos pacientemente explicando o que fazer com a folha de palma que temos entre as mãos. Há que ter sempre quatro tiras de um lado e cinco do outro e continuamente enlaçá-las numa trança até o tamanho ser suficiente para criar um cesto, uma mala ou um tapete.”
“Odete nasceu em Benafim, uma pequena povoação no interior do concelho, e foi lá que aos nove anos se interessou pelo artesanato ao “ver os trabalhos que uma vizinha fazia”. Hoje, a artesã de 59 anos vende as peças feitas de palma e esparto em exposições, lojas e feiras. E dá formação a quantos queiram aprender: “É importante que as pessoas conheçam o que havia antigamente e que é obrigatório nós usarmos agora porque a palma é saudável e tem origem no campo, ao contrário do plástico”, defende.”
“A empreita é uma das técnicas de artesanato que descobrimos numa tarde dedicada às artes e ofícios típicos da região. Pouco depois, metemos as mãos na argila algarvia com o oleiro Armando Martins e iniciamos um cesto de cana e uma rústica espingarda de brincar com Domingos Vaz. Entre conversas animadas recheadas de histórias de outros tempos, cada artesão vai explicando como tratar e trabalhar a matéria-prima.”
“Os mini-ateliers fazem parte da segunda fase do projecto TASA (Técnicas Ancestrais, Soluções Actuais), que reúne artesãos e designers com o objectivo de utilizar os métodos tradicionais em novos produtos, úteis, inovadores e “vendáveis”. Além de 15 novas peças (há um cesto de piquenique, por exemplo, inspirado nas técnicas de fabrico de pandeiretas e tambores), o projecto tem agora um programa de workshops (um dia, meio dia ou fim-de-semana) onde os interessados são convidados a ir a casa de cada artesão aprender as fases do ofício, desde a recolha e tratamento da matéria-prima ao trabalho da peça.”

Das mãos de um mestre cesteiro das Furnazinhas

Cesta do pão - nocícias
Cesta do pão
Esta cesta para guardar pão, que recorre à arte da cestaria em cana algarvia, apresenta uma inovadora forma oval que não é habitual ver-se nos cestos tradicionais. Incorpora uma tampa no topo para resguardar e conservar o pão e duas pegas laterais de madeira que a tornam muito prática de transportar. É decorada com entrelaçados que formam um padrão geométrico inspirado nas platibandas e mosaicos algarvios. O seu interior é revestido a pano cru, que se retira e lava com facilidade. De dimensão generosa, convida a guardar os saborosos pães algarvios de tamanho familiar.
Artesão: António Gomes
Design: Proactivetur_ Joana Cabrita Martins  & Ana Rita Aguiar
O mestre cesteiro, do monte das Furnazinhas
O monte das Furnazinhas é berço de cesteiros formados pela necessidade e o engenho de gerações de antepassados. As lides rurais, a abundância de cana e a atividade piscatória exercida nas proximidades, criaram o costume entre os homens de aproveitar os tempos de descanso para fazer cestos e canastras.
António Gomes não foi exceção. Começou aos 7 anos a fazer cestos com o junco “que é mais fácil de trabalhar”. Mais tarde, atreveu-se com os companheiros a “enlear” (entrelaçar) a cana. Ele e os amigos viam os gestos repetidos dos mais velhos, e quando iam com os porcos aos barrancos, aproveitavam para rachar cana, fazendo e desmanchando até que tomavam o jeito, “porque isto não se aprende num dia, vai-se aprendendo”.
Mais velho começou a fazer o seu “pé de meia” à conta das canastras que vendia a “10 tostões” aos pescadores. “Cheguei a fazer 24 numa noite, eu e um companheiro, à luz do candeeiro de petróleo”. Foi assim que levou 300 escudos para Moçambique onde fez o serviço militar. Retornado, foi marceneiro, mecânico e manobrador de máquinas “de arrasto” no campo.
Quando os plásticos invadiram a nossa vida, os cestos em cana tornaram-se apenas uma entretenha e uma teima de quem não perde o gosto à arte.
No final dos anos 80, António Gomes foi formador num curso em Castro Marim onde ensinou um grupo de jovens mulheres. Foi uma experiência inesquecível, mas a única que teve na área do ensino. Atualmente o seu envolvimento com o artesanato, limita-se aos “mercados do Castelo” de Castro Marim, onde por vezes apenas vende um cesto.
Quando a Joana Cabrita e a Ana Rita Aguiar apareceram no “monte” das Furnazinhas, foi uma revolução. O mestre Gomes readquiriu o entusiasmo do desafio de fazer algo diferente e de voltar a relacionar-se com a “malta mais jovem”. Mas não foi só ele. Sempre que elas chegam, a vizinhança entra na oficina do cesteiro para observar os avanços e opinar sobre os resultados. Aproveitam para contar histórias dos outros tempos e comprovar na emoção com que falam, a magia deste lugar tão singular.
Esta cesta do pão tem a mão do mestre Gomes em tudo. Fez e desmanchou as voltas da cana as vezes que foram precisas para que o cesto ficasse com a forma atipicamente oval, o tamanho certo, a reprodução exata do desenho. Reportando aos seus saberes de marceneiro construiu as asas da madeira. Com a sapiência da ruralidade, enrolou a fibra de pita para fazer a corda que prende a tampa.
A expressão do mestre cesteiro ao olhar para a sua obra é de visível alegria. “Gosto de fazer estes inventos, e de saber que esta cesta que estou a fazer vai para o Porto”, afirma com orgulho e humildade. E também é isto que nos dá alento para continuar com este projeto. Um bem haja ao monte das Furnazinhas e à sua extraordinária gente.

Designers e artesão da cortiça num rodopio

 O nosso escritório é onde quisermos. Candeeiro Pião
Um candeeiro de secretária inspirado nos inesquecíveis piões de madeira.  O candeeiro pousa diretamente na superfície da mesa ou do chão dando aso a múltiplas e práticas formas de direcionar a sua luz. É feito artesanalmente a partir de aglomerado de cortiça, um material ecológico português extraído do sobreiro, classificado como a Árvore Nacional de Portugal. Tanto a base de madeira como o fio elétrico apresentam-se nas cores azul, amarelo, vermelho, rosa e laranja. A cortiça pode ser aproveitada para afixar lembretes com pioneses.
ARTESÃO: António Luz 
DESIGN: Proactivetur_ Joana Cabrita Martins & Ana Rita Aguiar
António Luz, o artesão da cortiça
Primeiro marceneiro, agora artesão da cortiça, António Luz tem mãos hábeis e ideias sabidas. “Não gosto que me deem palpites quando não sabem do que falam, mas gosto de aceitar ideias novas”, remata. É esse equilíbrio entre a teima do saber e a paixão pelo desafio, que constitui a imagem de marca deste artesão, com quem o Projecto TASA não prescinde de trabalhar desde o início, em 2010.
Há todo um processo de negociação que tem de ser conduzido entre designers e artesão para que se chegue a consenso sobre o produto final. “A peça tem de ter jeito, para além de ser bonita, tenho de ver que é viável, se não, não a faço”, explica. “O que vale é que reajo sempre bem às ideias delas [designers Joana Martins e Ana Rita Aguiar] pois as peças que elas trazem no desenho são engraçadas e quase sempre viáveis”, atira com o seu riso brincalhão, que é meio caminho andado para angariar a nossa incondicional simpatia.
Domina a técnica de trabalhar a cortiça a tal ponto que quando um designer lhe apresenta as ideias, consegue fazer mentalmente o percurso inteiro do processo de trabalho, antecipando os erros que podem acontecer pelo caminho. “Normalmente faço as peças todas na minha cabeça à noite e quando me levanto já tenho parte do trabalho adiantado”, confessa.
É com os fundamentos da experiência que discute com as designers todas as soluções que podem levar, por exemplo, a diminuir o desperdício de material. Porém, sabe reconhecer a vantagem de introduzir sugestões que aperfeiçoem e inovem o resultado final, ainda que encareçam a peça.
Nestes meses intensos de trabalho com as designers diz ter aprendido a ter mais paciência para ouvir os outros e a imaginar novos produtos para o seu artesanato (está sempre com a cabeça no objeto que vem a seguir).
Defensor da inovação do artesanato, afirma que essa é a melhor forma de lhe dar continuidade, mas pede que haja o devido reconhecimento do valor associado a essas peças “mais sofisticadas”. E justifica: “demoram mais tempo a fazer, exigem mais paciência, fazer e refazer com todo o cuidado, e se as pessoas não reconhecerem não as podemos vender, nem trazer trabalho para o artesão”.
Mas uma luz acende-se. O artesão verifica que os mais jovens sabem ler a dedicação que está por detrás desse tipo de peças, inovadoras e úteis, como as do TASA. “Dá-me esperança no futuro do artesanato”, conclui com aquele sorriso do tamanho do mundo.

Histórias vivas na memória de Alcoutim, para inspirar

Alcoutim, tal como outros concelhos, é um repertório vivo de memórias associadas às artes e ofícios. As pequenas povoações deste vasto concelho nordeste algarvio, são testemunhas de um passado ainda muito recente, em que as comunidades se provinham dos artefactos necessários às lides rurais, recorrendo aos recursos naturais mais abundantes, ou àqueles oriundos da atividade mercantil que por ali se fazia. Ambos, lugares e habitantes, estão povoados de objetos carregados de histórias e de histórias guardadas na memória dos seus atores.
As principais artes tradicionais que marcaram a produção artesanal desta região no século passado foram a olaria, as artes do metal, a tecelagem e a cestaria. Tal se deve aos recursos disponíveis e também às necessidades associadas à atividade rural e à época.
A tradição oleira era estimulada pela presença de terrenos ricos em argila. Martinlongo, importante freguesia do concelho, foi um dos principais centros oleiros até à década de sessenta do século XX, chegando a haver doze fábricas de louça de barro e cerca de trinta oleiros. Hoje, resta apenas uma olaria praticamente pronta a funcionar à espera de quem queira retomar esta atividade
Fazendo parte do quotidiano rural, o metal servia como matéria-prima para inúmeros artefactos, sobretudo, alfaias, ferraduras, e utensílios domésticos.
Fernando Colaco (2)
A latoaria, dedicava-se à elaboração ou reparação de objetos produzidos em chapas de estanho ou zinco. Pelo que referiu um antigo latoeiro de Martinlongo, produziam-se alguidares, tachos para cozer tremoços, almotolias, regadores, potes de azeite, candeias, cataventos, moldes para fazer filhós, cântaros e caldeirões para a água e funis. Não faltou trabalho, até surgir o plástico.
Na memória dos alcoutenejos, regista-se a presença fortemente marcada de artífices do ferro, representadas nos ofícios do ferreiro e do ferrador. O ferreiro forjava ferro para fazer variados objetos, na maioria alfaias, balanças e ferraduras. Faziam ainda objetos úteis do quotidiano como camas, lavatórios ferrolhos e trempes. O ferrador dominava a arte de ferrar, ou seja colocar ferraduras no casco de animais (profissionais esses que nem sempre as forjavam). Por vezes, estes dois ofícios eram acumulados por uma só pessoa. No Pereiro é possível visitar “A Casa do ferreiro”, um interessante Pólo Museológico “onde é possível conhecer esta tradição. Nesta aldeia ainda habita o último ferreiro que trabalhou nesta oficina e que alimenta o desejo de partilhar a sua arte com quem a queria conhecer.
A cestaria é praticada nesta região sobretudo com cana e esse ofício competia (e compete ainda) aos homens. Os abundantes canaviais nas margens do Guadiana e seus afluentes, ou junto aos barrancos, providenciavam a matéria prima para criação de canastras, cestos, cestas e cestinhos, tão úteis nas lides agrícolas, piscatórias e domésticas. Conhecem-se ainda três mestres cesteiros a laborar.
Antonio Ramos (2)
A lã e o linho eram os materiais utilizados na tecelagem artesanal que se fazia em grande número em meados do século passado em várias freguesias do concelho de Alcoutim. Esta região conheceu muitas tecedeiras a trabalhar nos teares feitos artesanalmente em pinho. Neles se teciam as curiosas “Colchas de carapulo” (também conhecidas por “mantas de albardarura” ou “mantas de aparelho”) que serviam para utilizar nos animais como enfeite em dias festivos, festas pagãs ou religiosas. O “carapulo” é uma técnica em que se repuxa o fio de maneira a formar figuras, na maior parte das vezes geométricas que se repetem harmoniosamente. A linha branca da teia contrasta com o azul anil ou preto da lã tingida nessas cores. Das muitas tecedeiras, restam agora menos que as que se possam contar pelos dedos de uma mão.
Mas a criação de artefactos em Alcoutim não se limita àqueles transmitidos de geração em geração ao longo dos séculos. O engenho humano joga mão de outros recursos capazes de mobilizar, como a criatividade. Há perto de 30 anos que Martinlongo é conhecido pelas suas características bonecas de juta, miniaturas que retratam profissões típicas da região e atividades tradicionais. Começaram a ser produzidas na sequência de um curso de formação profissional que originou a criação da “Flor d’Agulha”. Esta pequena unidade artesanal, especializada em produção de miniaturas em juta, laborou até há poucos anos atrás. Duas artesãs ainda trabalham nesta arte.
Outras vezes, nunca se chega de facto a saber a história de algumas artes nascidas da propensão humana para a criatividade. É o caso das cestas de palhinha do “Fernandilho”, uma pequena povoação recolhida na lonjura, a 40 km da sede de concelho. É lá que vive uma artesã que aprendeu com o seu tio a aproveitar uma erva fina, a que chama palhinha, para fazer cestas e chapéus. Dessa erva aproveita os caules, que junta em feixes, e cose em forma de espiral. Não é muito diferente da técnica de cestaria oriunda do Norte de África que em Portugal se chama de “breza”, mas ninguém sabe explicar como é que ela foi parar ao Fernandilho.
Cestaria em palhinha (5)
O Projecto TASA está em Alcoutim a inspirar-se nestas histórias, as contadas pela memória coletiva de criar a partir das práticas ancestrais, e também estas outras que falam de novas formas de criar a partir do que a terra dá.
Brevemente, irão nascer os resultados desta inspiração.
Nota: O Projecto TASA está a colaborar com o município de Alcoutim em ações de dinamização das artes e ofícios que passam, além de outros aspetos, pela criação de produtos feitos com artesãos do concelho.
20
Mar17

APRENDER A LER - OS VÁRIOS ALFABETOS, LÍNGUA GESTUAL, BRAILLE, ALFABETO MANUAL

António Garrochinho

Aprender ... a LER

Sei muito pouco sobre os vários tipos de linguagem que abaixo apresento, mas soube ler a mensagem que me foi entregue no dia da mãe:
Texto de : www.mãe.pt
Imagem de: www.filha.adorada.pt

Elementos da comunicação

  • Emissor - emite, codifica a mensagem;

  • Receptor - recebe, decodifica a mensagem;

  • Mensagem - conteúdo transmitido pelo emissor;

  • Código - conjunto de signos usado na transmissão e recepção da mensagem;

  • Referente - contexto relacionado a emissor e receptor;

  • Canal - meio pelo qual circula a mensagem.

Linguagem é qualquer e todo sistema de signos que serve de meio de comunicação de idéias ou sentimentos através de signos convencionais, sonoros, gráficos, gestuais etc., podendo ser percebida pelos diversos órgãos dos sentidos, o que leva a distinguirem-se várias espécies de linguagem: visualauditivatátil, etc., ou, ainda, outras mais complexas, constituídas, ao mesmo tempo, de elementos diversos.

Os elementos constitutivos da linguagem são, pois, gestossinaissonssímbolos ou palavras, usados para representar conceitos de comunicação, idéias, significados e pensamentos.

Línguas construídas
Uma das muitas línguas planejadas que existem, o esperanto, foi criada por L. L. Zamenhof. O Esperanto é uma compilação de vários elementos de diferentes línguas humanas cuja intenção é de ser uma língua de fácil aprendizagem, de forma a proporcionar a toda a população humana uma forma mais fácil e democrática de se comunicar.
Hoje é possível encontrar recursos didáticos - gratuitos ou não - na rede mundial para aprendê-la; é uma língua viva em ascensão. É empregado em viagens, correspondência, intercâmbio cultural, convenções, literatura, ensino de línguas, televisão e transmissões de rádio. Alguns sistemas estatais de educação oferecem cursos opcionais de esperanto, e há evidências de que auxilia no aprendizado dos demais idiomas.
O número de línguas artificiais, geralmente chamadas conlangs (palavra que vem do inglês constructed language, "língua construída") tem vindo a aumentar a cada dia. Há vários sites na Internet que aprofundam o tema, contendo listas e breves introduções a centenas ou mesmo milhares de línguas artificiais. A maioria das pessoas que se dedica ao fenómeno, os chamados conlangers, fazem parte de uma lista de distribuição de emails: a CONLIST.

Língua Gestual


A expressão "língua gestual" refere-se à língua materna de uma comunidade de surdos. Essa língua é produzida por movimentos das mãos, do corpo e por expressões faciais e a sua recepção é visual. Tem um vocabulário e gramática próprios.



Língua Gestual Portuguesa (LGP) é a língua gestual (no Brasillíngua de sinais) através da qual grande parte da comunidade surda, em Portugal, comunica entre si. É processada através de gestos, como o nome indica e a sua captação é visual. Cada país tem a sua própria língua gestual. Por exemplo, no Brasil existe a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS).



Língua ou linguagem?


Uma língua é um sistema de comunicação específico e exclusivo do ser humano, sendo gerido por regras particulares.



Assim sendo, a LGP possui características que fazem dela uma língua:

  • é composta, maioritariamente por símbolos arbitrários;

  • é um sistema linguístico;

  • é partilhada por uma comunidade de pessoas que a utilizam como sua forma de expressão mais natural;

  • possui propriedades como a criatividade e a recursividade;

  • possui aspectos contrastivos;

  • é um sistema em constante renovação e evolução: apresenta o fenómeno da dinâmica linguística;

  • a sua aprendizagem/ aquisição faz-se de modo natural num ambiente propício.

Para acrescentar, como qualquer língua oral, a LGP possui variantes dentro do seu próprio país (idioma), alterando, relativamente, de região para região e dependendo do grau de alfabetização e das profissões dos surdos em cada uma das regiões.

O código Braille



Louis Braille nasceu em 4 de Janeiro de 1809 em Coupvray, na França, a cerca de 40 quilómetros de Paris.

Quando tinha apenas três anos de idade, Louis sofreu um grave acidente quando manejava uma das ferramentas da oficina de seu pai. Por fim, o jovem Braille acabou perdendo a visão dos dois olhos.

Em 1821, quando Louis Braille tinha somente 12 anos, Charles Barbier, capitão reformado da artilharia francesa, visitou o instituto onde apresentou um sistema de comunicação chamado de escrita nocturna, também conhecido por Serre e que mais tarde veio a ser chamado de sonografia.

Tratava-se de um método de comunicação táctil que usava pontos em relevo dispostos num rectângulo com seis pontos de altura por dois de largura e que tinha aplicações práticas no campo de batalha, quando era necessário ler mensagens sem usar a luz que poderia revelar posições. Assim, era possível trocar ordens e informações de forma silenciosa. Usava-se uma sovela para marcar pontinhos em relevo em papelão, que então podiam ser sentidos no escuro pelos soldados.

A escrita nocturna baseava-se numa tabela de trinta e seis quadrados, cada quadrado representando um som básico da linguagem humana. Duas fileiras com até seis pontos cada uma eram gravadas em relevo no papel. O número de pontos na primeira fileira indicava em que linha horizontal da tabela de sons vocálicos se encontrava o som desejado, e o número de pontos na segunda fileira designava o som correto naquela linha. Esta ideia de usar um código para representar palavras em forma fonética foi introduzido no Instituto. Louis Braille dedicou-se de forma entusiástica ao método e passou a efectuar algumas melhorias.

Assim, nos dois anos seguintes, Braille esforçou-se em simplificar o código. Por fim desenvolveu um método eficiente e elegante que se baseava numa célula de apenas três pontos de altura por dois de largura. O sistema apresentado por Barbier, era baseado em 12 pontos, ao passo que o sistema desenvolvido por Braille é mais simples, com apenas 6 pontos.
Braille, em seguida, melhorou o seu próprio sistema, incluindo a notação numérica e musical. Em 1824, com apenas 15 anos, Louis Braille terminou o seu sistema de células com seis pontos. Pouco depois, ele mesmo começou a ensinar no instituto e, em 1829, publicou o seu método exclusivo de comunicação que hoje tem o seu nome. Excepto algumas pequenas melhorias, o sistema permanece basicamente o mesmo até hoje.

Apesar de tudo, levou tempo até essa inovação ser aceita. As pessoas com visão não entendiam quão útil o sistema inventado por Braille podia ser, e um dos professores principais da escola chegou a proibir seu uso pelas crianças. Felizmente, tal decisão teve efeito contrário ao desejado, encorajando as crianças a usar o método e a aprendê-lo em segredo. Com o tempo, mesmo as pessoas com visão acabaram por perceber os benefícios do novo sistema. No instituto, o novo código só foi adotado oficialmente em 1854, dois anos após a morte de Braille, provocada pela tuberculose em 6 de Janeiro de 1852, com apenas 43 anos.

Hoje, o método simples e engenhoso elaborado por Braille torna a palavra escrita disponível a milhões de deficientes visuais, graças aos esforços decididos daquele rapaz há quase 200 anos.

braille é lido da esquerda para a direita, com uma ou ambas as mãos. Cada célula braille permite 63 combinações de pontos. Assim, podem-se designar combinações de pontos para todas as letras e para a pontuação da maioria dos alfabetos.

Vários idiomas usam uma forma abreviada de braille, na qual certas células são usadas no lugar de combinações de letras ou de palavras freqüentemente usadas. Algumas pessoas ganharam tanta prática em ler braille que conseguem ler até 200 palavras por minuto.
"Se os meus olhos não me deixam obter informações sobre homens e eventos, sobre ideias e doutrinas, terei de encontrar uma outra forma."

(Louis Braille)




 http://foto-historia-cristina.blogspot.com
20
Mar17

ALGARVE - VÍDEO - A última Armação do Atum - Arraial Ferreira Neto, em Tavira

António Garrochinho


As grandes armações do atum desapareceram do Algarve há quarenta e três anos anos, sendo que a última foi lançada em 1972, cujo resultado se saldou na captura de um único atum. Nunca mais se voltaria a armar essa grande e prodigiosa estrutura de pesca, que desde a colonização islâmica por aqui se designou por «Almadrava». A última campanha da pesca do atum, efectuada em 1968 pelo Arraial Ferreira Neto, em Tavira, foi seguida a par e passo pelo realizador Hélder Mendes, então ao serviço da RTP. Aqui deixamos o filme produzido com tanto sacrifico e dedicação, que é hoje um incontornável peça da 7.ª arte e um valioso testemunho da nossa etnografia marítima. Lembramos que Hélder Mendes filmou tudo quase sempre sozinho, apenas com uma pequena máquina de filmar "Bolex-Paillard", quase artesanal que funcionava dando-se-lhe corda manualmente, após filmar vinte e quatro segundos de imagens de cada vez. Por falta de meios financeiros da RTP a fita foi gravada a preto e branco, o que foi pena, pois podia ter-se guardado para a posteridade, com mais realismo e exactidão, um dos grandes momentos da História das Pescarias do Algarve. Impõe-se salientar o grande profissionalismo e sentido artístico de Hélder Mendes, que acompanhou durante cinco meses o sacrifício quotidiano dos marítimos algarvios, que se dedicavam à chamada «pesca rica», ou seja à captura do atum, que é hoje uma faina praticamente extinta. Acresce dizer que o documentário produzido e realizado por Hélder Mendes foi retransmitido na RTP, no programa «Bombordo», a 9-3-2002. É, como se pode aqui constatar, um pedaço da História do Algarve.

VÍDEO


20
Mar17

Sociedade do Teatro Harmonia, de Faro, em 1827 - História do Teatro no Algarve

António Garrochinho



Ninguém sabe, ao certo, quando e onde se manifestou, publicamente e pela primeira vez, no Algarve a popular Arte de Talma. Suspeitamos que as artes cénicas, herdadas da colonização islâmica nunca se extinguiram no Algarve-Andaluz. E pelo menos desde o séc. XV subsistem inequívocas referências a certas representações jubilosas de carácter teatral, em honra de visitações régias ou de comitivas militares, que tinham por destino a conquista e manutenção das praças do Norte de África.
O assunto da primazia e ancestralidade do teatro no Algarve já mereceu a minha atenção em trabalho da especialidade (História do Teatro Lethes). Mas o que agora me traz a terreiro é dar a conhecer a existência em 1827 de uma casa de Teatro em Faro, com uma companhia residente denominada «Sociedade do Teatro Harmonia». As provas encontrei-as, há anos, no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, na secção da Intendência Geral da Polícia, onde me deparei com um ofício do Sargento-mor das Ordenanças de Faro, o conhecido João Carlos de Mello Lobo Freire Pantoja, no qual informa que no teatro da cidade de Faro se representou a 30 de Dezembro de 1827 pela «Sociedade do Teatro Armonia (sic) um Entremez intitulado O Alardo na Aldêa» no qual se fazia «o mais manifesto e decidido escarneo da Coorporação de Ordenanças ou 3ª Linha do Exercito».
Convém explicar, que um Entremez é uma pequena composição dramática, de carácter jocoso e burlesco, mas de recorte moral, cujos actores encarnam figuras locais em flagrantes da vida real, que o público assistente conhece da sua vivência quotidiana. Em boa verdade é aquilo que antigamente se designava por farsa, cujas origens entroncam no teatro vicentino. O único senão é que o Entremez tem um alcance localista, desprovido de expressão nacional, sendo por isso considerado em teatro como uma peça menor. Representava-se nas grandes salas nacionais para entretenimento do público, antes das grandes peças ou no intervalo das mesmas.

Por outro lado, extrai-se deste ofício um pormenor muito importante, que é o da existência em 1827 de uma sala de espectáculos em Faro, com artistas locais, denominada «Sociedade do Teatro Harmonia». Por conseguinte existia na cidade, talvez desde o princípio da centúria, um equipamento vocacionado para a cultura, certamente para acolher representações cénicas e musicais. Em reforço dessa hipótese, impõe-se lembrar que em 1808, quando o Algarve se libertou do jugo napoleónico, publicou-se no ano seguinte uma peça de teatro intitulada «Restauração dos Algarves, ou Heroes de Faro e Olhão, Drama Historico em Tres Actos», da autoria de Luís de Sequeira Oliva, que foi certamente levada à cena em Faro. 
Curioso é também o facto do sargento-mor, Freire Pantoja, acrescentar no seu ofício, que o texto original do citado Entremez não refere o ano em que foi publicado, nem a tipografia em que foi impresso, o que o levava a suspeitar tratar-se de uma publicação clandestina. E se assim fosse tornava-se num caso de averiguação policial. Mas o que mais lhe desagradava era o facto de “serem os Theatros estabelecidos para servirem de Escholla onde os Povos aprendão as máximas bases da politica, da moral, do amor da Patria, do valor do zello e da fidelidade com que devem servir os Soberanos”.[1]
Este ofício é muito curioso e demonstra a importância e consideração em que se tinham as ordenanças de Faro. O Intendente Geral da Polícia despachou que, embora o sargento-mor tivesse razão, não dava quaisquer providências porque a peça já não estava em representação.
Todavia, encontrei um outro ofício do mesmo sargento-mor, Freire Pantoja, no qual refere que na noite de 18 de Fevereiro de 1828 voltou à cena o referido Entremez, solicitando que desta vez fossem tomadas medidas enérgicas. Face à reincidência o Intendente despachou que se mandassem proibir as representações.[2]
Suponho que o que mais preocupava o sargento-mor, Freire Pantoja, era o facto desta peça cómico-satírica, intitulada «Alardo na Aldeia», revelar uma inspiração contra-revolucionária de apoio às pretensões absolutistas propaladas pelo partido miguelista, que clandestinamente movia todas as sua influências, internas e externas, para voltar ao poder, como efectivamente aconteceria em 1828. Também o título do próprio Entremez, continha uma implícita crítica política e social às tropas de 3ª linha, as chamadas Ordenanças, pois que «Alardo» significava por um lado a revista anual das tropas, mas por outro lado, Alarde traduzia uma forma de gabarolice ou de fanfarrice, própria de quem se vangloria sem razão que o justifique. E esse era o espírito popular das Ordenanças, constituídas por antigos soldados em idade avançada, cuja missão consistia na defesa das populações locais, não só em caso de agressão militar, como ainda perante uma calamidade pública, nomeadamente cheias, terramotos, incêndios, surtos epidémicos, etc. Mas, na verdade, o seu valor militar era quase nulo, pois todos sabiam que não estavam preparados, nem equipados, para em caso de ataque enfrentarem as tropas inimigas.


[1] ANTT, Intendência Geral da Polícia, Correspondência dos Corregedores do Algarve e Juízes de Fora do Algarve, 1828, Maço 244, doc. nº 9.
[2] Idem, idem, doc. nº 53.

José Carlos Vilhena Mesquita
algarvehistoriacultura.blogspot.pt
20
Mar17

Forte de Cacela e de Santo António de Tavira, extintos em 1794

António Garrochinho



retrato do Conde Schaumburg-Lippe















Talvez poucos historiadores algarvios saibam deste pormenor. Quando o Conde Schaumburg-Lippe (1724-1777) fez a notável inspecção, em 1764, ao equipamento defensivo da linha costeira do Algarve, em cujo inspecção aparece a célebre frase em que considera o Algarve "hum pedaço do Paraizo Terrestre", aconselhou o Marquês de Pombal a proceder à reconstrução de vários fortes, fortalezas e revelins, que asseguravam a defesa militar da costa algarvia. Pelo pormenor, mas também pela eloquência desse relatório (inspecção), merece uma leitura atenta por quem estuda o Algarve no séc. XVIII, mas também mereceria uma publicação, em futura «Monumenta Historica Algarbiensis», uma quimera que ilustres historiadores, como António Baião [que tinha sangue algarvio] e Alberto Iria, sustentaram durante anos sem qualquer sucesso. Eu já a li na «Colecção Pombalina» (contém 756 códices manuscritos) da BNP, e posso dizer que é uma fonte de primeira grandeza. Curiosamente, tinha anotações talvez de Pedro de Azevedo, embora desconfie que por lá andou também o escritor Júlio Dantas, que foi um grande divulgador da nossa história.
Retomando o fio à meada, o Marquês de Pombal ciente dos escassos recursos do Tesouro Público (actual Ministério das Finanças) mandou arquivar o relatório do Conde Lippe, para posterior reapreciação. No reinado seguinte, de D. Maria I, período designado por "Viradeira" visto ser marcado pela política retrógrada do absolutismo, uma das soluções usadas para evitar o aumento da despesa pública, por via da restauração dos fortes militares da linha costeira, foi o encerramento de alguns desses equipamentos militares. Entre eles, figuram os Fortes de Cacela e de Santo António do Rio, em Tavira, a que o vulgo chamava Forte do Rato, cuja decadência só viria a ser travada quase dois séculos depois, para servirem de aquartelamento às forças de vigilância e de inspecção fiscal.
Forte de Cacela



Quando o capitão-de-mar-e-guerra Lourenço Germach Possolo passou pela costa algarvia, no último cartel do século XIX, considerou que a maioria das fortalezas algarvias, nomeadamente a de Sagres, estavam na triste condição de "pardieiros". O abandono dos monumentos históricos no nosso país era endémico, vinha de longa data, e contrastava lamentavelmente com o que ocorria noutros países, nomeadamente em Itália, onde o espírito romântico da época e o crescente fervor nacionalista lançara uma onda de recuperação e restauro dos monumentos e edifícios históricos.
Para os possíveis interessados aqui deixo a referência bibliográfica do edital publicado em 1794, que pode ser consultado nas bibliotecas da Academia das Ciências, da Ajuda, da BNP e outras:
Forte de Santo António, vulgo Forte do Rato, em Tavira

Edital.- "Sua Magestade foi servida ordenar por Aviso do Secretario de Estado Luiz Pinto de Sousa, de sinco do corrente mez de Março, se faça público, que os Governos das Fortalezas de Cassella, e Santo Antonio do Rio, da Cidade de Tavira, Reino do Algarve, se achão extinctos, e abolidos para já mais se poderem pertender. Lisboa treze de Março de mil setecentos noventa e quatro- Francisco Xavier Telles de Mello (Lisboa): Na Officina de Antonio Rodrigues Galhardo, 1794.-1 folha; 29cm.-B.
J.C. Vilhena Mesquita

algarvehistoriacultura.blogspot.pt
20
Mar17

Cronologia política de um naufrágio - A tempestade

António Garrochinho




Era uma vez um pai que com os seus três filhos e um barco viviam da faina do mar. Pescadores generosos vendiam quanto pescavam a preço justo às gentes da sua amada vila, o que muito inquietava os armadores ricos e açambarcadores.

Sabendo que esta seria a última viagem sob o mando do velho pai, ficaram os filhos na expectativa de quem iria assumir o lugar de futuro mestre.
Enquanto o mais novo, hábil pescador, se dedicava impávido à faina das redes, um dos irmãos mais velhos resolveu avariar o leme para depois o reparar, caindo assim nas boas graças do pai. Com o mesmo fito, o outro irmão avariou a máquina para também depois a aprontar, constando assim que só graças a ele poderiam regressar sãos e salvos ao porto.
Mas as forças da natureza são imprevisíveis, levantando-se uma tempestade medonha que não deu oportunidade a que cada um dos dois irmãos conseguisse reparar o mal feito, acabando o barco por se afundar.
Do pai e dos dois irmãos manobreiros consta terem-se salvo, dando à ilha do esquecimento onde se diz ainda permanecerem.
O irmão mais novo, recorrendo de todas as forças, chegou ao porto, exausto, mas salvo.
Triste com a perda, está agora a construir uma nova embarcação para mais tarde regressar ao mar e continuar a pescar para as suas gentes.
Contentes ficaram os armadores oportunistas, agora donos e senhores da pesca, podendo em conluio vender o peixe ao preço que quiserem a quem dele não pode prescindir.


Texto de Eduardo Ferreira
20
Mar17

SEM PAPAS NA LÍNGUA

António Garrochinho

A DIFERENÇA É SÓ NO ALTERNE DA GOVERNAÇÃO (AGORA).

ONDE O PSD GANHA O PS TAMBÉM

TACHOS EM INSTITUIÇÕES,BANCA, ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS, UE, ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA, GABINETES DE ADVOGADOS, MORDOMIAS POLÍTICAS NO ACTIVO E FORA DELE.

ESTÃO PODRES DE RICOS, EMPATAM, OMBREIAM, EM PROCESSOS JUDICIAIS NA GOVERNAÇÃO, NAS AUTARQUIAS, EM CORRUPÇÃO.

ESTÁ TUDO BEM DELINEADO PARA QUE AS FALCATRUAS PRESCREVAM, PARA QUE NUNCA SEJAM CONDENADOS, ESTÁ TUDO BEM REPARTIDO, BEM ESTUDADO E POR ISSO SE PROTEGEM UNS AOS OUTROS EMBORA ARREGANHEM O DENTE POR MAIS DINHEIRO E PODER E DE VEZ EM QUANDO SE DIGLADIEM.

O CDS TAMBÉM MAMA QUE SE FARTA.
AG
20
Mar17

Todos os arguidos da Operação Marquês

António Garrochinho



20
Mar17

Henrique Granadeiro não quer revelar contas na Suíça

António Garrochinho


Henrique Granadeiro não quer que o Ministério público tenha acesso às suas contas bancárias na Suíça e contestou o pedido de levantamento do sigilo bancário feito pelos procuradores responsáveis pelo inquérito nos tribunais suíços, avança hoje o Correio da Manhã.
Esta é uma das razões apontadas pelos procuradores para o pedido de adiamento da conclusão do inquérito, concedida pela procuradora-geral da República, Joana Marques Vidal, na passada sexta-feira.  
Os investigadores ainda não receberam qualquer resposta às cartas rogatórias enviadas para Angola e para a Suíça.
Henrique Granadeiro, que foi constituído arguido juntamente com outro ex-presidente da PT, Zeinal Bava, no passado dia 24 de Fevereiro, é suspeito de ter recebido mais de 20 milhões de euros do Grupo Espírito Santo.  
O processo, que investiga crimes de corrupção, fraude fiscal e branqueamento de capitais, foi aberto em 2013 e indiciou 28 arguidos, entre eles o ex-primeiro-ministro José Sócrates e o ex-presidente do BES, Ricardo Salgado.
O inquérito envolve 91 volumes e 452 apensos, mais de 13,5 milhões de ficheiros informáticos e 3.000 documentos em papel. 



www.sabado.pt

20
Mar17

Polónia confirma homem de 98 anos a viver no Minnesota foi comandante nazi e pede extradição

António Garrochinho

A Polónia vai pedir a prisão e extradição de um homem de Minnesota exposto pela Associated Press como ex-comandante em uma unidade liderada por SS que queimou aldeias polacas e matou civis na Segunda Guerra Mundial, disseram os promotores na segunda-feira.

O promotor Robert Janicki disse que as provas recolhidas ao longo de anos de investigação sobre o cidadão americano Michael K. confirmaram "100 por cento" que ele era comandante de uma unidade da Legião de Autodefesa ucraniana liderada pelas SS.

Ele não divulgou o sobrenome, de acordo com as leis de privacidade da Polônia, mas o AP identificou o homem como Michael Karkoc, de 98 anos, de Minneapolis.

"Todas as peças de evidência entrelaçadas juntas nos permitem dizer que a pessoa que mora nos EUA é Michael K., que comandou a Legião Ucraniana de Autodefesa que realizou a pacificação das aldeias polonesas na região de Lublin", disse Janicki.




A decisão na Polônia ocorre quatro anos após a AP publicar uma história que estabelece que Michael Karkoc comandou a unidade, com base em documentos de tempo de guerra, testemunhos de outros membros da unidade e memórias da Ucrânia própria língua-Karkoc.

A família de Karkoc negou repetidamente estar envolvido em qualquer crime de guerra e seu filho questionou a validade das provas contra ele depois do anúncio da Polônia, chamando as acusações de "calúnias escandalosas e infundadas".

"Não há nada no registro histórico que indique que meu pai teve qualquer papel em qualquer tipo de atividade de crime de guerra", disse Andriy Karkoc.
Ele questionou a investigação polonesa, dizendo que "a identidade de meu pai nunca esteve em questão nem nunca foi escondida".

Na Polônia, o promotor Andrzej Pozorski disse que Karkoc ter uma oportunidade completa para contar sua história.
"Essa pessoa não foi questionada na capacidade de um suspeito, por isso é difícil reagir às suas explicações, porque não como conhecemos", disse Pozorski, que chefia uma equipe investigativa em um instituto estadual.


Procuradores do Instituto Nacional da Memória, que investiga crimes nazistas e comunistas contra os poloneses, pediram um tribunal em Lublin que emitem um mandado de prisão contra Karkoc. Se for concedido, a Polónia pedirá a sua extradição, uma vez que a Polónia não permite o julgamento em ausência, disse Janicki.

Ele não foi um obstáculo para tentar trazer-lo a justiça.
- Ele é nosso suspeito de hoje - disse Janicki.
Se condenado por ordenar ou assassinato de civis em 1944, Karkoc podia enfrentar uma vida na prisão.
O escritório do procurador dos EUA em Minnesota se recusou um comentar o caso.

Efraim Zuroff, principal caçador nazista do Centro Simon Wiesenthal, aplaudiu uma decisão como um importante sinal abaixo da fase tardia.

"Qualquer medida legal tomada por pessoas que são muito importantes", disse ele por telefone de Jerusalém. "Ele envia uma mensagem muito poderosa, e esses tipos de coisas não são abandonados apenas por causa da idade de um suspeito."
Pozorski, em Varsóvia, compartilhou esse ponto de vista.


"Este exemplo mostra que há uma possibilidade, uma chance de levar os responsáveis ??perante um tribunal e eu acho que nunca devemos desistir da chance de exercer justiça".

Os promotores na Alemanha arquivaram a sua própria investigação de Karkoc em 2015 depois de dizer que receberam a "documentação médica abrangente" dos médicos do hospital geriátrico nos Estados Unidos onde um tratado foi concluído e que não foi apto para julgamento.
A família de Karkoc diz que ele sofre da doença de Alzheimer .

Foi reavaliado por médicos independentes.
"É uma ocorrência muito comum que os indivíduos idosos que enfrentam a acusação para crimes de segunda guerra mundial façam exame de cada esforço de olhar como e enfermidade possível", disse ele.

As investigações na Alemanha e Polônia começaram após a história de AP em junho de 2013, que estabeleceu Karkoc era um comandante da unidade e, em seguida, mentiu para funcionários de imigração americanos para entrar nos Estados Unidos alguns anos após a guerra.

Um segundo relatório revelou evidências de que o próprio Karkoc ordenou a seus homens em 1944 que atacassem uma aldeia polonesa na qual dezenas de civis foram mortos, contradizendo declarações de sua família de que ele nunca esteve na cena.

"A Associated Press se baseia em suas histórias, que foram bem documentadas e bem informadas", disse Lauren Easton, diretora de relações com a mídia da AP, na segunda-feira.


O Ministério Público alemão especial que investiga crimes nazistas concluiu que existiam provas suficientes para perseguir acusações de assassinato contra Karkoc.
A investigação inicial da AP descobriu que Karkoc entrou nos EUA em 1949 ao não revelar às autoridades americanas seu papel como comandante na Legião de Autodefesa ucraniana liderada pelas SS. A investigação descobriu que Karkoc estava na área dos massacres, mas não descobriu evidências que o ligassem diretamente a atrocidades.
A segunda história, baseada em um arquivo investigativo originalmente do arquivo da agência de inteligência ucraniana, revelou que um soldado sob o comando de Karkoc testemunhou em 1968 que Karkoc ordenou um assalto à aldeia de Chlaniow em retaliação pelo assassinato do major SS que liderou a Legião , Em que Karkoc era um comandante de companhia.

Uma lista alemã da unidade confirmou que Pvt. Ivan Sharko, um ucraniano, serviu sob o comando de Karkoc na época.
Outros relatos de testemunhas oculares, tanto de moradores como de membros da unidade de Karkoc, corroboraram o testemunho de que a empresa incendiou e matou mais de 40 homens, mulheres e crianças.

Outros soldados que serviram sob Karkoc apoiaram o testemunho de Sharko sobre assassinatos civis.
Pvt. Vasyl Malazhenski, por exemplo, disse aos investigadores soviéticos que, em 1944, essa unidade foi direcionada para "liquidar todos os moradores" de Chlaniow - embora não tenha dito quem deu a ordem.
Sharko também testemunhou nos documentos de investigação que a empresa de Karkoc estava diretamente envolvida em uma "missão punitiva" contra os poloneses perto da vila de Sagryn em 1944.
Associated Press


http://www.latimes.com
20
Mar17

Jornalista da CNN diz que a cadeia recebe pagamento por publicar notícias falsas

António Garrochinho

O que publicamos hoje é estritamente noticioso, sobre um tema frequentemente abordado em odiario.info: o papel dos grande media na estratégia do imperialismo e na cumplicidade com os regimes que o imperialismo protege, por mais sanguinárias ditaduras que sejam. A particularidade consiste em esta denúncia partir do interior da própria CNN.



A jornalista Amber Lyon converteu-se em importante “whistleblower” (alertadora), ao revelar como os governos pagam aos media para que falsifiquem noticias, publica esta quinta-feira a Venezolana de Televisión (VTV).
Lyon demitiu-se da cadeia estado-unidense CNN depois da sua reportagem ‘Revolution’, onde mostrava as atrocidades do regime de Bahrein, não ser retransmitida na CNN Internacional devido a pressões do Governo daquele país.
A jornalista veio depois a saber que este país pagava elevadas quantias à CNN para ser apresentado de forma favorável. Apesar do elevado custo do documentário em comparação com a maioria das reportagens jornalísticas - mais de 100 mil dólares - não foi transmitido.
Tendo vivido na própria carne o que ocorria neste país do própria Médio Oriente, Lyon verificou claramente que a cobertura que a CNN transmitia quotidianamente era completamente falsa.

Lyon crê que países como o Bahrein e outros pagam milhões de dólares para mostrar um conteúdo que é supostamente objectivo. Isto é algo que ocorre regularmente: infomerciais para ditadores. Mas também para promover as novas movimentações naa estratégia geopolítica dos EUA, denuncia Lyon.
Num vídeo de 2015 de RT em inglês (https://youtu.be/CFDC7zmJgQg) podia já ver-se como a CNN edita os acontecimentos políticos para fazer avançar uma propaganda bélica. Vemos a diferença na forma como cobrem os discursos do primeiro-ministro do regime de Israel, Benyamin Netanyahu, e do ex-presidente de Irão Mahmud Ahmadineyad na Organização das Nações Unidas (ONU), com um claro desvio a favor do dirigente israelita.
“Preocupa-me que se encaminhem os cidadãos para um novo conflito através de coberturas selectivas… 

Ahmadineyad estava na realidade a dizer que havia caminhos para a paz, mas isso foi omitido pela CNN. Ao mesmo tempo reforça-se a mensagem prefabricada com filmes como ‘Argo’, que criam uma propaganda bélica a favor de certos interesses”… Trata-se de uma retórica “que conduz à guerra, tal como ocorreu com o discurso das ‘armas de destruição massiva’”, que foi utilizado para lançar a guerra contra o Iraque, sublinha Lyon.

Os factos que Lyon ha observou na CNN são a norma e não a excepção, especialmente em países como México, onde o presidente tem fortes laços com a mais importante emissora de televisão do país.


www.odiario.info

20
Mar17

Trabalhadores do Dia/Minipreço exigem fim do assédio e melhores salários

António Garrochinho


O CESP/CGTP-IN convocou uma greve para dia 13 de Abril nos supermercados Dia/Minipreço, tendo em conta que «todas as reivindicações exigidas» pelos trabalhadores «foram ignoradas ou relativizadas pela empresa».
Trabalhadores do Dia/Minipreço exigem que se ponha cobro às discriminações salariais e às situações de assédio moral
Trabalhadores do Dia/Minipreço exigem que se ponha cobro às discriminações salariais e às situações de assédio moralCréditos
O Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP) denuncia a atitude «prepotente e arrogante» da empresa, especificando que esta impôs «limitações ao livre exercício da actividade sindical» no local de trabalho e que «continua a não querer resolver as questões de discriminação salarial e de assédio moral» que diariamente ocorrem, lê-se no comunicado que esclarece os motivos que conduziram à marcação da greve.
O aumento dos salários (no valor de 40 euros, para todos os trabalhadores), o fim do assédio, das pressões e da repressão exercidos sobre os trabalhadores, e o livre exercício da actividade dos delegados sindicais são precisamente algumas das razões apontadas para a greve que os trabalhadores dos supermercados Dia/Minipreço vão realizar a 13 de Abril.
Exigem ainda: subsídio de alimentação de seis euros; horários regulados e que respeitem a conciliação com a vida pessoal e familiar; e a correcção da injustiça na carreira profissional dos operadores de armazém.
«O desrespeito pela vida pessoal e familiar dos trabalhadores, patente nos horários de trabalho, é também um grave problema de assédio moral» e «deve ser resolvido urgentemente», sublinha o sindicato, que acusa ainda a empresa de incentivar «os responsáveis de loja a atribuir uma má avaliação aos operadores, chegando ao ponto de ordenarem a reavaliação quando a consideram muito boa».

Trabalhadores do Auchan exigem aumentos salariais

O CESP informa, numa nota, que tanto os trabalhadores do grupo Auchan como a organização sindical continuam a exigir o aumento dos salários (no valor mínimo de 40 euros, para todos os trabalhadores), bem como o cumprimento das regras da organização dos horários de acordo com o contrato colectivo de trabalho (CCT) em vigor.
Os trabalhadores também reivindicam 25 dias úteis de férias e o subsídio de alimentação no valor de 5,60 euros. Tendo a conta a recusa da empresa em aumentar o subsídio de alimentação e os salários, que são baixos – 580 euros para trabalhadores com cinco, oito e mais anos de casa, e 632 euros em topo de carreira –, o sindicato denuncia que os lucros da Auchan são obtidos «à custa das exploração dos trabalhadores».
No que respeita aos horários de trabalho, o incumprimento, por parte da Auchan, «das normas para a organização dos horários de trabalho está a fazer a vida dos trabalhadores um autêntico inferno», pelo que o CESP exige que a questão seja resolvida de acordo com as normas estabelecidas no CCT.


www.abrilabril.pt
20
Mar17

ALELUIAS

António Garrochinho

QUE LINDA QUE É A PRIMAVERA EM PORTUGAL
NA METEOROLOGIA DA GERINGONÇA NÃO HÁ IGUAL
COMEÇAM A FLORIR AS CEREJEIRAS
ATÉ OS "PASSARINHOS" EM VEZ DE CANTAR SE CALAM DESLUMBRADOS
E BATEM AS ASAS QUERENDO VOAR
CAEM PENAS DO ESFORÇO QUE FAZEM NO CHÃO COLADOS
TESOS, PRECÁRIOS, DESEMPREGADOS
INCAPAZES REMEXEM NOS FUNDOS DAS ALGIBEIRAS

SÓ NAS MISSAS AOS ANJINHOS É PERMITIDO TEREM ASAS
NA PÁSCOA SANTA QUE SE APROXIMA E QUE INVADIRÁ AS CASAS
OUVIR-SE-ÃO TROMBETAS NA VISITA PAPAL
E ENTÃO A PRIMAVERA ENCHERÁ OS COFRES DE PÓLEN DOURADO
E TRIUNFARÃO FELIZES, OS EUNUCOS, OS BANQUEIROS
OS AGIOTAS, PROFETAS FALSOS, MILAGREIROS
FÁTIMA, FUTEBOL, OFFSHORES E FADO
NA PRIMAVERA GERINÇONÇA DE PORTUGAL

António Garrochinho
20
Mar17

Semanada – Coitado do fiscal de Braga

António Garrochinho

(In Blog O Jumento, 19/03/2017)

FISCAL

Os banqueiros já tinham inventado a dívida perpétua e a CGD até se prepara para vender parte da sua dívida para a eternidade, o próprio José Sócrates já defendeu muitas vezes que a dívida soberana é para ir mantendo.
Agora foi a Procuradora-Geral, rapariga que tem ar de ser muito afoita nessa coisa das leis, que inventou o inquérito perpétuo, inspirou-se no Caso Madoff e decidiu que a partir de agora não há prazos para que o Guerra, o Rosário e o fiscal de Braga formulem uma acusação a Sócrates e mais todos os que se cruzaram com ele no caminho. A partir de agora e porque é a senhora Procuradora que em Portugal decide tudo sobre leis, só há pontos de situação.
Cada vez que a Procuradora deu mais um prazo o Caso Marquês desembocou em mais um negócio duvidoso, da última vez foi o empreendimento de Vale de Lobo, agora, o que resultou em mais uns milhões de ficheiros para o coitado do fiscal de Braga analisar, foi o BES. É certo e sabido que em Abril serão feitas mais buscas num qualquer outro negócio.
Este foi o terceiro fim de semana seguido em que Passos Coelho se reuniu num jantar com mulheres social-democratas, sinal de que Passos Coelho está convencido de que o seu charme vai conseguir o que o mafarrico não conseguiu, chegar ao poder que os eleitores lhe recusaram. Mas, o mais curioso no seu último jantar no feminino foi o seu empenho em discutir a CGD; dantes não incomodava os seus ministros com debates sobre bancos, mas agora já anda armado em gestor das instalações da CGD.
Finalmente o PSD conseguiu encontrar um candidato que esteja disposto a imolar-se nas eleições pela autarquia de Lisboa. Depois de Santana se ter recusado a arriscar o tacho na Santa Casa, parece que Passos optou por transformar a eleições autárquicas num duelo feminino da direita. Entretanto, foi o Pedro Santana Lopes que voltou aos velhos tempos da fidalguia e desafiou Sampaio para um duelo, na sequência das ofensas que o ex-presidente lhe terá feito num livro. Desafiou-o para um duelo e escolheu como arma o debate televisivo, como se fosse uma acareação destinada a apurar a verdade.

20
Mar17

Zeca – Maior que o Pensamento pelo TAL no Cine-Teatro Louletano

António Garrochinho


O Cine-Teatro Louletano registou lotação esgotada domingo á tarde para a peça Zeca – Maior que o Pensamento pelo TAL – Teatro Análise de Loulé, inserido no Cenários – XII Mostra de Teatro de Loulé.
Se há vozes que crescem no interior da terra com tal força telúrica, não admitindo impedimentos e, em liberdade, percorrem os vastos céus rumo ao infinito, perpetuando-se no espaço e no tempo, entre elas, destaca-se certamente a do “menino de oiro” – José Afonso, ou mais na intimidade “Zeca Afonso” que, cantando, profetizava a liberdade, “não há luz que não resista / à noite cega.”
Esta produção teatral é um texto original, uma história possível do Zeca, dentro da nossa História, com muitos outros personagens, do escritor e amigo José Sequeira Gonçalvez.
Pelo palco passaram os mais diversos personagens da História de Portugal, tais como: D. Afonso Henriques; D. Dinis; Padeira de Aljubarrota; Luís Vaz de Camões; D. Sebastião; Marquês de Pombal; Afonso Costa; Salazar; Catarina Eufémia; Gen. Humberto Delgado; Henrique Galvão; Soldado Português; Inspetores da PIDE; Karl Marx; Jesus Cristo; José Afonso e o seu irmão, entre outros.
O espetáculo terminou com todos os atores em palco a cantarem em coro com o público “Grândola Vila Morena”, de José Afonso.
Ator é aquele que faz acontecer e leva as palavras aos atos. Por isso, no Teatro há sempre verdade. No desenrolar dos papéis, ator e espetador são ao mesmo tempo partícipes da história comum e reaprendem ambos, independentemente dos credos, origens culturais ou politicas, porque lhes veste as personagens, as épocas e o processo histórico e cultural.
É isso que acontece na produção de um espetáculo como este. É também uma homenagem da Casa da Cultura de Loulé ao Zeca e ao seu legado de participação associativa, cívica e cultural porque sempre se disponibilizou, de forma voluntária, para ajudar as mais diversas associações culturais, associações de moradores, pequenos clubes recreativos, agremiações, cooperativas, etc.
Assim, TAL como somos e estamos, dizemos passados 30 anos da sua partida: VIVA JOSÉ AFONSO – A VOZ DA LIBERDADE!
Encenação: José Teiga / Casa da Cultura Loulé
Produção: Casa da Cultura de Loulé
Realização: Câmara Municipal de Loulé / Cine-Teatro Louletano























































planetalgarve.com
20
Mar17

Pobre Dr. Mexia

António Garrochinho

(Soares Novais, in Blog A Viagem dos Argonautas, 19/03/2017)

mexia3

1 – António Mexia, o todo-poderoso manda-chuva da Energia de Portugal (EDP), ganhou, em 2016, menos 140 mil euros do que em 2015. Mas tenham calma e não desatem a fazer já uma subscrição para ajudar a tapar tal rombo nas finanças caseiras do chamado senhor EDP. O Dr. Mexia meteu ao bolso 2,026 milhões de euros. Isto é: 5 587 euros por dia.

É o que diz o relatório de contas da EDP publicado na Comissão de Mercados de Valores Mobiliários (CMVM). Os 140 mil euros que Mexia não recebeu representam uma redução de 6,44% face a 2015 e deve-se, segundo o Jornal de Negócios, às “alterações na componente variável da renuneração.”

Esclareça-se que a renumeração fixa do assalariado dos chineses a quem o Dr. Passos entregou a EDP, “aumentou 25% acima da registada em 2015.”

Mais: o Dr. Mexia ganha quase 400 mil euros por via da renumeração variável de 2015, sendo que os mais de 600 mil euros que “restam foram pagos através da renumeração variável plurianual relativa a 2013.” Ainda segundo o mesmo periódico.

Mexia tem como salário fixo “a quantia de 983 908 euros” e recebeu um bónus extra da Comissão de Vencimentos “respeitante aos anos de 2012-2014, em virtude das qualidades de liderança e visão estratégica reveladas durante esse período pelo presidente do conselho de administração executivo.”  O conselho de administração custou à EDP 10,87 milhões de euros em 2016.

Percebe-se, assim, a razão pela qual o Dr. Mexia, tal como o Dr. Catroga, não está nada interessado em voltar a vestir a camisola de ministro. A da EDP é bem mais aconchegante…

É para isso que pagamos a electricidade mais cara da Europa. Para os patrões chineses serem uns mãos largas para com os seus funcionários. Os do topo. Obviamente.

2 – O país tem menos um desempregado: o Dr. Domingues ex-Caixa Ceral de Depósitos (CGD). Domingues regressou à Administração da “NÓS” para ser “vogal” da dita.

O Dr. Domingues reencontra-se, assim, com o seu amigo Lobo Xavier, o conselheiro-mandarete que levou ao presidente Marcelo as “sms” trocadas com o ministro Centeno.

É bem provável que o Dr. Domingues não ganhe o super-vencimento que auferiu como CEO da Caixa. Mas para adiar a sua ansiada reforma, como fez questão de afirmar quando aceitou presidir à CGD, o vencimento deve ser suficientemente generoso.

Além de mais, sendo apenas mais um “vogal” da administração da “NÓS”, o Dr. Domingues deve ter tempo suficientemente livre para dar corpo à sua propalada paixão pela vela.

Acresce outra vantagem: como se trata de uma empresa privada, o Dr. Domingues, ou “Pinta” como lhe chamava o seu avô de Arcos de Valdevez e que na sua juventude foi um fervoroso militante anti-capitalista-maoista, pode manter privado o seu património. Os juizes do Tribunal Constitucional não podem meter prego nem estopa…


estatuadesal.com
20
Mar17

Autoridades querem sistema antidrones para visita do Papa

António Garrochinho


As autoridades estão a avaliar a utilização de um sistema antidrones durante a visita do Papa Francisco a Portugal, para presidir às cerimónias do centenário dos acontecimentos de Fátima, soube o DN. Os riscos para a segurança do Papa - e de outras altas entidades que visitem o país - associados ao uso de drones está na base dessa avaliação em curso. Esse risco pode vir da utilização por particulares de drones, mas também do seu uso por operadores de televisão ou de elementos com motivações terroristas.
Estando em aberto se o Estado pode alugar ou comprar o equipamento antidrones, da ordem das muitas centenas de milhares de euros, desconhece-se ainda qual a entidade - GNR, PSP, Autoridade Aeronáutica Nacional (AAN) - que irá ficar com a gestão e operação, segundo disseram ao DN diferentes fontes com conhecimento do dossiê.
"A utilização de drones está proibida, como decorre da legislação em vigor", limitou-se a dizer ao DN o major Bruno Marques, porta-voz da GNR. Esta força de segurança tem a seu cargo a responsabilidade de toda a área de Monte Real - em cuja base aérea vai aterrar o avião papal - e de Fátima, mas escusou-se a adiantar pormenores sobre o que está em análise nessa matéria.
No caso dos drones, o que está em causa é a possibilidade de se utilizarem meios para empastelar o sinal dos equipamentos com que os operadores daqueles aparelhos os controlam e guiam, explicou uma das fontes.
O Papa Francisco chega a Portugal na tarde do dia 12 de maio, para uma estada de dois dias que o Vaticano entende ser de natureza pastoral, mas a que Portugal pretende dar um tom político de visita oficial - o que, admitiram diferentes fontes ao DN, justifica a incerteza sobre vários aspetos ainda em negociação: o avião da Alitalia será acompanhado por dois caças F-16 da Força Aérea dentro do espaço aéreo português? Quem irá receber o Papa junto ao avião? Que tipo de honras militares serão prestadas dentro da base ao Sumo Pontífice? Haverá revista às tropas em parada? Que altas individualidades ali estarão para o cumprimentar?
Note-se que deverá haver reserva de espaço aéreo em Lisboa, no dia 12, para garantir que o avião papal ali possa aterrar em alternativa caso o mau tempo inviabilize Monte Real.
Ainda sem decisões tomadas, num processo coordenado a nível político pelo ministro adjunto, Eduardo Cabrita, é dado como certo que o Presidente da República irá ter um encontro com o Papa dentro da base - em cuja capela já estiveram João Paulo II e Bento XVI. Certo é que caberá à GNR vistoriar, dentro da base de Monte Real, as sete dezenas de pessoas - na maioria jornalistas - que acompanham a comitiva papal, bem como as respetivas malas e material. Para o efeito serão instaladas naquela unidade militar máquinas e pórticos a ceder pela ANA, que são comuns nos aeroportos civis. Um ponto que também está por decidir, segundo as fontes do DN, reside no uso de helicópteros particulares por uma ou mais estações televisivas. Existe a possibilidade de ser utilizado um aparelho da Força Aérea equipado com câmaras, admitiu uma das fontes.
A GNR terá também a seu cargo as escoltas e a segurança dos percursos, nomeadamente durante o regresso do Papa a Monte Real, no dia 13, pois a viagem a partir da Cova da Iria será feita por estrada.
A nível militar, como é norma, está a circular uma proposta de diretiva do Estado-Maior-General das Forças Armadas, que depois de aprovada dará origem a diretivas dos ramos envolvidos e respetivas ordens de operações. A Força Aérea será o ramo militar mais diretamente envolvido, cabendo-lhe enviar a Itália uma aeronave C-130 para transportar o papamóvel e um pequeno carro elétrico. Será ainda num helicóptero EH101 que o Papa Francisco irá de Monte Real para Fátima, onde aterrará num campo de futebol.
Protocolo das visitas de Estado
O Vaticano entende ser de natureza pastoral a presença de Francisco em Fátima, o que faz diferença relativamente ao procedimentos a tomar pelo Estado. Nas visitas oficiais e de Estado a Portugal o protocolo começa no aeroporto de Lisboa, com a prestação de honras militares. Segue-se a deposição de uma coroa de flores junto ao túmulo de Camões, no Mosteiro dos Jerónimos, e a ida ao Palácio de Belém, onde tocam os hinos, trocam-se presentes e é assinado o livro de honra. O banquete no Palácio da Ajuda é outro momento tradicional.


20
Mar17

Despedimentos coletivos diminuíram 22% em 2016

António Garrochinho


Dos 421 processos de despedimento coletivos realizados em 2016, quase todos foram desencadeados por micro e pequenas empresas

Desde 2008 que o mecanismo de despedimento coletivo não era tão pouco utilizado por empresas portuguesas. No ano passado, 421 empresas fizeram despedimentos coletivos para dispensar 4712 trabalhadores. Por comparação com números de 2015, o número de despedimentos coletivos caiu 22%, conta o “Diário de Notícias” esta segunda-feira.
Dos 421 processos de despedimento coletivos realizados em 2016, a grande maioria foi desencadeada por micro e pequenas empresas – uma tendência recorrente nos últimos anos.
Segundo os dados da Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho, 2016 foi o ano em que a diferença entre o universo de trabalhadores sinalizados para serem despedidos e aqueles que efetivamente o foram mais se acentuou. Nos últimos anos, os despedidos equivaliam a cerca de 93% dos sinalizados, mas em 2016 foram 84%.

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