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POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

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06
Abr17

06 de Abril de 1896: Início dos primeiros Jogos Olímpicos da era moderna

António Garrochinho


Jogos Olímpicos de Verão de 1896, oficialmente conhecidos como Jogos da I Olimpíada, foram os primeiros Jogos Olímpicos da era moderna, realizados em Atenas, Grécia, berço dos Jogos da Antiguidade, entre os dias 6 e 15 de abril de 1896, com a participação de 241 atletas masculinos, representantes de catorze países. O evento realizou-se graças ao empenho do francês Pierre de Frédy, o Barão de Coubertin, idealizador do renascimento dos Jogos existentes na Grécia Antiga, mentor do movimento olímpico e fundador do Comitê Olímpico Internacional.
Sem qualquer experiência na organização de semelhante evento, os organizadores dos primeiros Jogos quase arruinaram a própria competição graças a uma diversidade de datas, pois os gregos utilizavam o antigo calendário juliano na época, paralelo ao convencional usado pela civilização ocidental, fazendo com que ocorresse uma diferença de doze dias entre ambos, o que atrapalhou a inauguração dos Jogos e a chegada dos atletas dos diversos pontos do planeta. Nos registros onde foi utilizado o calendário juliano os Jogos realizaram-se entre 25 de março e 3 de abril de 1896.
A cerimônia de inauguração acabou acontecendo numa segunda-feira de Páscoa, com o discurso de abertura proferido diante de cem mil espectadores pelo próprio rei da Grécia, Jorge I, após a inauguração de uma estátua – que existe até os dias de hoje – em homenagem ao rico financista ateniense George Averoff na entrada do Estádio Panathinaiko, principal palco das competições e uma maravilha arquitetônica toda em mármore. Averof foi o responsável pela restauração e modernização do estádio e financiador da organização do evento, e que impediu seu cancelamento antes mesmo de iniciado, devido às penosas condições do cenário real grego.
Nove modalidades esportivas foram disputadas: atletismo, ciclismo, esgrima, ginástica, halterofilismo, luta, natação, tênis e tiro. ra maratona disputada na história.

Abertura dos I Jogos Olímpicos no Estádio Panathinaiko, em 1896Atenas.

 O Barão Pierre de Coubertin.
Spiridon Louis, ex-pastor de ovelhas e carteiro grego, herói nacional ao vencer a primeira maratona disputada na história



06
Abr17

É A AL-NUSRA, ESTÚPIDOS

António Garrochinho




Sendo óbvio que o massacre com o suposto gás sarin, ocorrido na Síria, não seria de autoria russa, não era crível, sequer, que tivesse sido perpetrado pelo exército regular da Síria.
Se os arautos do fascismo europeu e estadunidense reagiram como uma mola, justo seria colocarmos a nossa atenção numa autoria do terrorismo islâmico. Do mesmo modo abominável o sionismo ladrava ao mesmo tempo que a Amnistia Internacional zurrava ao som das trombetas do “grande irmão”.
De facto, rapidamente se pôde observar contradições graves pelas imagens passadas em todo o mundo.
Um ataque desta natureza demora poucos segundos a atingir todo o sistema nervoso, os músculos, provoca vómitos e esvazia a bexiga e os intestinos. Ora acontece que todos vimos a segurança tranquila e não apetrechada dos “capacetes brancos” na ajuda que prestaram às vítimas. Conclusão elementar a tirar (indiscutivelmente) é que o gás mortífero era cloro e não sarin.
Numa situação, apesar de tudo, de caos e de grande operacionalidade médica, foi um miminho ter sido possível ver, no hospital, a disponibilidade de um médico para registar num vídeo a culpabilidade do “regime de Bashar al-Assad”.
Em virtude das derrotas contundentes dos nazis islâmicos na Síria, o ataque desvairado tem a assinatura da “Al-Nusra”.

Guilherme Antunes
06
Abr17

A história da milionária que foi sepultada dentro do Ferrari

António Garrochinho
As tradições relacionadas com velórios e enterros humanos existem provavelmente desde que o homem ancestral sentiu a primeira dor da perda de um ente querido. Basta olhar para os egípcios antigos se você precisa de um exemplo de uma cultura que costumava honrar seus mortos de uma forma muito séria. Ainda hoje, não é incomum que algumas pessoas façam pedidos específicos no caso de sua morte. Pode ser uma cremação simples sem nenhuma cerimônia, ou um enterro completo com uma cerimônia elaborada e muitos amigos no velório.

Outros fazem pedidos para seus enterros que são um pouco fora do comum. Quando a socialite Sandra West morreu, seu pedido era tão estranho que fez ondas em todo o país!
Sandra Ilene Hara West, conhecida por seus amigos apenas como Ilene, era uma socialite milionária de San Antonio, Texas, nos EUA. Juntamente com seu marido, o magnata do petróleo Ike West Jr, Ilene passou todos os minutos de sua vida adulta desfrutando de todas as coisas mais refinadas que o dinheiro e o privilégio podiam comprar.
A história da socialite que foi enterrada dentro de uma de suas Ferraris 01
Quando o marido de Ilene, Ike faleceu em 1968, sua paixão pelas coisas mais delicadas da vida se transformou em uma obsessão que algumas pessoas chamariam de extremismo excêntrico. Ela era conhecida por todo mundo por seu desejo de ser enterrada em seu carro favorito quando morreu.
A história da socialite que foi enterrada dentro de uma de suas Ferraris 02
Os sogros de Ilene tinham raízes no Texas, ela nasceu e cresceu em Beverly Hills, onde viver extravagantemente não era nenhuma novidade. Ainda assim, ser enterrado em seu carro foi bastante extremo, mesmo no mundo de Hollywood onde quase tudo pode!
A história da socialite que foi enterrada dentro de uma de suas Ferraris 03
No entanto, ninguém pensava que o pedido de Ilene fosse sério, mas era. De acordo com um documento manuscrito ela queria ser enterrada em sua Ferrari 330 azul-calcinha 1964, usando uma camisola de renda com o assento reclinado em um ângulo confortável.
A história da socialite que foi enterrada dentro de uma de suas Ferraris 04
Quando enfim não resistiu a uma overdose de drogas prescritas em 1977, sua vontade final e testemunho foram entregues a seu cunhado Sol West. Quando Sol descobriu o que Ilene queria, ficou surpreso.
A história da socialite que foi enterrada dentro de uma de suas Ferraris 05
Sol não queria que Ilene fosse enterrada dessa maneira, mas ela havia se assegurado de antemão que conseguiria o enterro que desejava. Ela deixou lavrado em seu testamento que se Sol não honrasse seu pedido, ele não receberia nada de sua propriedade.
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Sol não podia acreditar que uma vontade manuscrita com tal pedido ridículo poderia possivelmente ser validado por um tribunal, então decidiu consultar um juiz, que não perdeu tempo para chegar a uma decisão: a vontade era vinculativa.
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Depois de um enterro temporário, enquanto planejavam os detalhes legais, Ilene finalmente conseguiu realizar seu último desejo. Ela foi enterrada, sentada no banco da frente de seu carro, no Cemitério de Alamo Masonic Lodge, em San Antonio, com uma multidão de curiosos assistindo a coisa toda.
A história da socialite que foi enterrada dentro de uma de suas Ferraris 08
Uma vez que a caixa contendo seu cadáver e seu carro foram baixados no buraco, uma equipe de homens cobriu toda a sepultura com concreto. Roubo de sepulturas não era comum em San Antonio, mas estavam enterrando um valioso carro colacionável.
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O concreto pode soar como uma medida extrema, mas quando você considera que hoje este carro vale mais de um milhão e mio de reais, dá para entender porque a família tomou tal medida.
A história da socialite que foi enterrada dentro de uma de suas Ferraris 10
A multidão que se reunia no cemitério naquele dia esperava ter um vislumbre da própria Ilene, vestida com seu mais fina camisola de renda sentada ao volante do carro, mas eles tiveram uma decepção muito grande.
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Ainda que outros fãs de carros tenham sido enterrados juntos com seu carro diretamente no chão depois de suas mortes, Sol West não queria transformar a morte de sua cunhada em um espetáculo.
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Sol colocou Ilene de camisola e seu carro precioso dentro de uma caixa hermeticamente selada. Isso não apenas mantê-la distante de olhares curiosos, mas também para preservar os restos e o carro.
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Ilene foi muito criticada como "dondoca mimada", mas a verdade é que, apesar das excentricidades, ela era uma esposa devotada ao marido que nunca realmente se recuperou da sua morte nove anos antes.
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É por isso que, em vez de ser enterrada em Beverly Hills, sua casa na época, ela pediu para ser enterrada ao lado de seu marido no lote da família em San Antonio.
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Durante seu auge, Ilene era uma grande celebridade. Ela saiu com o mulherengo Frank Sinatra, o conquistador Elvis Presley e até com Conrad Hilton, avô da patricinha Paris e que teve um caso com sua madrasta Zsa Zsa Gabor. Mas ela sossegou o facho de vez quando conheceu Ike West, o amor de sua vida.
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Os prazeres pela vida conduziram à morte adiantada de Ike, e mais tarde seria a causa de Ilene também. Inspirada pelos faraós do Egito, ela viu seu enterro como um último grande gesto antes de ir encontrar com seu marido no além.
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Embora Sandra Ilene West seja principalmente lembrada pela maneira como partiu deste mundo, parece que a forma intensa e apaixonada como viveu foi ainda mais interessante.
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06
Abr17

Cuidado com a praia, avisa a Autoridade Marítima Nacional

António Garrochinho


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Em comunicado Autoridade Marítima Nacional explica que a previsão meteorológica para o atual período das férias escolares da Páscoa aponta para condições favoráveis à prática balnear, pelo que aconselha todos aqueles que frequentem as praias nesta altura, a adotarem uma cultura de segurança ativa, redobrando os cuidados junto à linha de água.
Assim, a Autoridade aconselha as pessoas a não virar as costas ao mar, nem caminhar na areia molhada.
É também aconselhado à população que mantenha as crianças sob permanente vigilância, sem as deixar brincar na zona de areia molhada nem junto à linha de água.
A Autoridade lembra que a temperatura da água do mar é ainda muito baixa, pelo que potencia o choque térmico.
O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) prevê para os próximos dias temperaturas que podem chegar aos 26 graus Celsius em vários distritos do país.


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06
Abr17

BRASIL - Operação Carne Fraca”, se transformou em mais dos vários escândalos da política, da corrupção

António Garrochinho
A recente operação deflagrada pela Polícia Federal a partir do dia 17 de março, a “Operação Carne Fraca”, se transformou em mais dos vários “escândalos da política”, da “corrupção”, que são transformados em algo semelhante a novos capítulos da mesma novela, onde o que se preocupa é muito mais fazer diversos alardes e escândalos em detrimento de esclarecer a situação real do processo, o que de fato se está passando.

A Operação Carne Fraca foi deflagrada com o intuito de se investigar esquemas de corrupção envolvendo fiscais responsáveis por verificar a qualidade das carnes fornecidas por frigoríficos. Segundo as investigações levadas a cabo pela PF, grandes frigoríficos subornavam fiscais e também políticos para que permitissem a venda e processamento de carne estragada, parte expressiva da qual era destinada para a exportação. É evidente que tal investigação de corrupção exposta como escândalo novelizado por parte da grande imprensa repercutiu imediatamente no exterior, principalmente entre os principais mercados consumidores que importam a carne brasileira. Tais países exigiram imediatamente esclarecimentos por parte das autoridades brasileiras que, evidentemente, não foram suficientes para tais países evitarem de impor barreiras para a importação da carne brasileira. Os movimentos seguintes às manchetes sobre a “Operação Carne Fraca” logo foram também vistos no exterior: Até então, a União Europeia, Japão, México, Jamaica, China, Hong Kong, Coreia do Sul e vários outros passaram oficialmente a impor barreiras sobre a carne brasileira, ou suspender completamente a importação desta por tempo indeterminado. Apenas este último país, que suspendera temporariamente a importação da carne brasileira, voltou atrás na última terça-feira (21), ao menos no que diz respeito à importação da carne de frango.

Evidentemente, devido à grande falta de informações e à confusão que já reina generalizada no movimento popular independentemente da repercussão da Operação Carne Fraca, os últimos dias foram marcados por uma série palavras de ordem erradas e direitistas, por devaneios e análises que se deslocam completamente da realidade, para além do próprio erro político. Embora ainda sejam escassas as informações mais detalhadas acerca da Operação Carne Fraca e de quais impactos esta terá sobre a economia nacional, vamos procurar dar nossas opiniões acerca dos fatos, bem como as devidas conclusões políticas decorrentes, baseados nas informações que, ainda que poucas, já se encontram em mãos do público brasileiro. Deve-se compreender o problema sob os diferentes aspectos através dos quais o mesmo se apresenta.

Comércio mundial sob o imperialismo e degradação dos termos de troca
O comércio mundial sob o sistema capitalista, evidentemente, se dá sob uma forma profundamente desigual, apóia-se em trocas desiguais. Neste comércio baseado nas trocas desiguais, os países industriais (exportadores de produtos manufaturados acabados) ganham, enquanto os países agrários, exportadores de matérias-primas e produtos agrícolas, perdem. Por qual motivo? As matérias-primas e produtos agrícolas, além de serem em geral produtos de baixo valor agregado, têm seus respectivos preços constantemente rebaixados no mercado internacional, enquanto que os produtos manufaturados apenas aumentam ou mantêm estagnados seus preços relativamente àqueles das matérias-primas e produtos agrícolas. Sendo assim, com a depreciação dos preços dos produtos exportados pelos países agrários, estes devem exportar quantidades cada vez maiores de seus produtos para importarem o mesmo volume de produtos manufaturados acabados que importavam anteriormente. A esta situação em que o poder de compra dos produtos exportados por um país periférico se depreciam, se conhece no “economês” como “degradação dos termos de troca”. Num país como o nosso, onde apenas seis produtos constituem mais de metade da pauta de exportações – minério de ferro, petróleo, soja, café, açúcar e carnes –, o comércio exterior brasileiro não poderia deixar de ser vítima desta “degradação dos termos de troca”. Com efeito, de 2014 a 2017, os preços destes produtos se depreciaram de forma veemente, a ponto de fazerem despencar as exportações. Em 2013, o Brasil exportava um valor de 242 bilhões de dólares, caindo para 225 bilhões de dólares em 2014, 191 bilhões de dólares em 2015, e 185 bilhões de dólares no ano de 2016, uma queda acumulada de 23% desde o início de 2014.

Pode-se observar que a degradação dos termos de troca é um dos principais meios econômicos dos países imperialistas para pilharem os países exportadores de matérias-primas. Aqueles conseguem destes um volume extraordinariamente maior de matérias-primas e produtos agrícolas “de graça”, via redução dos preços destas no mercado internacional, e se mantêm vendendo seus produtos manufaturados por maiores preços. Se é verdade que tal processo de redução relativa dos preços das matérias-primas e produtos agrícolas em relação aos produtos industriais é algo inerente à economia capitalista, sob o imperialismo tal fato acontece cada vez mais de forma deliberada. É constante na economia capitalista mundial que os países imperialistas, apoiados em suas semicolônias, de preferência as mais avançadas, mantenham estoques especulativos de matérias-primas e produtos agrícolas (que mantêm estocados ou desaguam no mercado internacional conforme os “vais e vens” dos interesses políticos e comerciais), que forcem países produtores de matérias-primas a acelerarem investimentos e aumentarem a produção para forçar para baixo os preços destas, etc.

A Operação Carne Fraca, desta maneira, enquanto movimento político, entra em total ressonância com os interesses comerciais do imperialismo e dos países capitalistas desenvolvidos: proibindo-se a importação da carne brasileira, bem como impondo-se todo tipo de barreiras sanitárias e não-sanitárias para a sua importação, reduzir-se-á a demanda sobre a mesma, aviltando seu preço. Neste sentido, pode-se considerar que a carne brasileira, no comércio exterior, será mais um dos produtos responsáveis pela deterioração dos termos de troca do Brasil no comércio exterior.

Atualmente, as exportações agrícolas do país geram uma receita anual de aproximadamente 90 bilhões de dólares. Destes, a pecuária contribui com o valor de cerca de 14 bilhões de dólares, segundo números do ano de 2016.Ainda existem controvérsias acerca de qual seria o real impacto da suspensão da importação de carne, ou da imposição de barreiras sobre a mesma, por parte dos mercados consumidores estrangeiros. José Augusto Castro, presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), especulou em declaração recente que as receitas externas geradas pela pecuária cairiam este ano em cerca de 2,7 bilhões de dólares (19,5% das receitas da pecuária) apenas por conta das restrições sobre a carne brasileira. A senadora Kátia Abreu, em discurso realizado no último dia 21, especulou que caso as restrições se mantivessem tal como estão, a pecuária amargaria a perda de 5 bilhões de dólares, ou aproximadamente 36% da receita. Entre 20% ou 36%, independentemente já se pode considerar que as perdas das receitas externas serão grandes.

Perdendo-se mercados no exterior, os monopólios que comercializam a carne brasileira serão obrigados a escoá-la no mercado interno, o que por sua vez levaria a uma queda abrupta dos preços internos e à perda de rentabilidade da pecuária, levando consequentemente à queda no preço da terra.

Fazendo tais constatações, deve-se proceder no sentido de estudar como as diferentes classes e grupos sociais envolvidos na pecuária (seja na produção, na comercialização, etc.) comportar-se-ão diante dos efeitos da Operação Carne Fraca.

Quem ganha, quem perde, e quem continua ganhando com as consequências da Operação Carne Fraca
Passemos ao primeiro ponto: quem ganha com os efeitos econômicos da Operação Carne Fraca? Pode-se afirmar sem dúvidas que os imperialistas e comerciantes estrangeiros ganharão muito com a perda da competitividade da carne brasileira no mercado internacional. A União Europeia e os Estados Unidos são grandes importadores da carne, e poderão agora se utilizar das justificativas apresentadas pela Operação Carne Fraca como forma de importa-la a preços aviltados, embora tanto a União Europeia e os Estados Unidos não deixem por isso de vender no mercado interno brasileiro seus produtos a elevados preços de monopólio, extraindo deste mercado fabulosos superlucros que, quando alçados, são imediatamente remetidos para suas matrizes no exterior, tornando ainda mais apertada a situação estrutural e crônica do déficit nas transações correntes com o exterior que nosso país galga. Neste sentido, as consequências econômicas da Operação Carne Fraca constituirão um fator de aumento da desigualdade entre as metrópoles imperialistas e a semicolônia Brasil.

Quem perderá com a Operação Carne Fraca? Examinemos a questão do campesinato. Muito embora a pecuária bovina de corte seja produzida principalmente em grandes latifúndios (ainda assim, os camponeses fornecem uma parcela expressiva da produção de carne bovina, em torno de um terço), a pecuária suína e a avicultura são de produção principalmente camponesa, concentrando-se basicamente nos estados do sul do Brasil, no Paraná e em Santa Catarina. Estes camponeses produtores de frango e porco mantêm com as indústrias os ditos “contratos de integração”, nos quais as indústrias fornecem para os camponeses parte dos insumos necessários para levar a cabo a produção (remédios, ração, etc.) e em seguida compram destes os frangos e porcos, descontando do preço, claro, os gastos com insumos fornecidos pelas empresas. Conforme denunciado pela ONG Repórter Brasil no documentário Corda no Pescoço, chega-se a uma situação tal em que, muitas vezes, as empresas chegam a pagar ao lavrador o preço ínfimo de apenas 17 centavos pelo quilo do frango. Com os camponeses da suinocultura, a situação é a mesma. E como as próprias empresas não fornecem para os lavradores a totalidade dos meios de produção necessários para viabilizar a avicultura e a suinocultura, aqueles devem tomar empréstimos nos bancos a taxas de juros altíssimas para construir, por exemplo, os aviários e chiqueiros, para comprar lenha, etc. Devido aos baixos preços impostos sobre os lavradores devido ao monopólio da comercialização praticado pelos grandes frigoríficos, a mão-de-obra do camponês acaba se tornando terrivelmente barata, mantendo-se explorado por métodos pré-capitalistas (pelo atravessamento e a agiotagem) por parte das grandes indústrias e dos bancos. Como parte expressiva da produção de frango e porco – senão a maior parte – é orientada pelas indústrias para a exportação, a imposição de barreiras comerciais e sanitárias ou mesmo a proibição completa da importação por parte dos principais mercados consumidores fará com que a demanda dos grandes frigoríficos pela aquisição de porcos e frangos despenque veemente, num nível em que a situação do camponês da suinocultura e da avicultura, que já é terrivelmente penosa, regrida para a situação de pauperismo completo, dado que os preços já miseráveis pagos pelas empresas pela produção camponesa diminuirá ainda mais. Sendo assim, caso perdurem os efeitos econômicos da Operação Carne Fraca, os lavradores enfrentarão um processo deplorável de pauperização, ruína e descapitalização. Os camponeses, assim, perdem com a Operação Carne Fraca.

E quanto à classe operária? 

Observemos primeiramente a classe operária das linhas de produção dos frigoríficos e também a classe operária que se forma nas atividades subsidiárias aos frigoríficos. Os operários da cadeia produtiva dos frigoríficos são barbaramente explorados. Os salários são baixos e é frequente as denúncias de mortes e acidentes causadas pelos excessos de trabalho impostos pelos grandes capitalistas. Não raro, as principais empresas que dominam o setor (Brasil Foods e JBS) são obrigadas a pagar indenizações por conta de operários que têm seus dedos arrancados durante o trabalho, ou que morrem pela exposição excessiva ao frio dos frigoríficos. No ano de 2007, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) realizou, no Mato Grosso do Sul, uma grande manifestação pela morte do indígena Marcos Antônio Pedro – operário de um frigorífico pertencente à transnacional imperialista Cargill –, que morreu ao cair num tanque de resfriamento de frangos, em um frigorífico do município de Sidrolândia. Sem quaisquer sombras de dúvida, o operariado empregado nas linhas de produção e nas atividades subsidiárias testemunhará uma piora ainda maior em suas condições de vida. Os grandes capitalistas que controlam os frigoríficos utilizarão as perdas no exterior como pretexto para levar a cabo uma onda de demissões dos operários dos frigoríficos e para explorar ainda mais os operários que permanecerem empregados, reduzindo os salários destes e intensificando os ritmos já extremamente elevados de trabalho. Numa época em que as classes dominantes levam a cabo sua ofensiva contra os direitos elementares das massas trabalhadoras (através de “reformas trabalhistas” e “reformas da previdência”) e em que nosso país já testemunha aproximadamente 14 milhões de operários e camponeses completamente desempregados, a classe operária será sim duramente atingida pelas consequências econômicas da Operação Carne Fraca. E quanto aos vaqueiros, assalariados rurais e semi-escravos das grandes fazendas de gado? Estes já amarguram uma existência penosa sob a exploração da classe latifundiária. Recebem baixíssimas remunerações – com os latifundiários se aproveitando da ainda baixa presença da legislação trabalhista no campo – e são ainda rampantes as formas de exploração que pouco se diferenciam da servidão, como as práticas de prender os vaqueiros nas fazendas por meio do endividamento, saqueá-los por meio de multas e cobranças abusivas pela comida, pelos “alugueis”, etc. Os vaqueiros – diante agora dos efeitos econômicos da Operação Carne Fraca, da enorme taxa de desemprego e dos ataques aos direitos das massas por meio da Reforma da Previdência ou da Reforma Trabalhista – testemunharão um agravamento de suas já sofridas condições de existência, e terão de se sujeitar cada vez mais a uma generalização maior das formas pré-capitalistas de exploração nas fazendas de gado, que crescerão motivadas principalmente pela descapitalização das fazendas e pela pobreza no campo e na cidade, num quadro de verdadeira “regressão feudal” semelhante àquele verificado a partir do final da década de 1980 nos latifúndios cacaueiros no litoral sul do estado da Bahia [1]. Sendo assim, a classe operária empregada na cadeia de produção da pecuária será também uma das classes de nosso país que perderão com os efeitos econômicos da “Carne Fraca”.

A classe operária e a população trabalhadora no geral, que não estão diretamente vinculadas à cadeia produtiva pecuarista e se assalariam em outros ramos da produção e da circulação, certamente terão também muito a perder com os efeito da operação Carne Fraca, pois a queda nas receitas externas levarão a uma piora da recessão pela qual atualmente passa a economia nacional brasileira, levando consequentemente à piora do desemprego e à ampliação dos cortes orçamentários sobre os serviços públicos que interessam diretamente à população trabalhadora (educação, saúde, transporte, assistência social, cultura, etc.) e ao aumento de impostos diretos e indiretos para aumentar a arrecadação do governo com o suposto pretexto de recompensar as quedas de receitas motivadas pela imposição de barreiras sobre a carne brasileira no estrangeiro.

E quem continuará ganhando mesmo após os efeitos econômicos e políticos da Operação Carne Fraca? Neste estrato se situam certamente os monopólios capitalistas que controlam a comercialização, o corte e o empacotamento das carnes dos fornecedores. Neste campo se situam também os grandes latifundiários, proprietários de gigantescos latifúndios para a criação extensiva de gado. Poder-se-ia imaginar que estes setores tenderiam a perder, é verdade, por conta nas quedas nos faturamentos motivadas pelas perdas de mercados no estrangeiro e pela maior imposição de barreiras sanitárias sobre a carne brasileira nos mercados consumidores. De fato, o faturamento dos monopólios e latifundiários agroexportadores já vem caindo consideravelmente há cerca de três anos, por conta da enorme queda das cotações das commodities no mercado internacional. Porém, se com uma mão os grandes capitalistas e latifundiários perdem devido à queda dos preços internacionais das matérias-primas e produtos agrícolas, com outra mão recebem do Estado as bilionárias indenizações dos lucros perdidos, que tenderão a utilizar muito mais no consumo de luxo e parasitário e na compra de mais terras, do que na melhoria nos métodos de produção, no aumento dos salários dos operários (ao contrário, mesmo após as pesadas indenizações aos latifundiários e grandes capitalistas, os operários tenderão a ter seus rendimentos depreciados) e no desenvolvimento das forças produtivas. Já tem sido corrente que os grandes capitalistas e latifundiários se utilizem de outra arma para manter seus lucros elevados, que é a questão da manipulação do câmbio, no sentido de desvalorizar o real diante do dólar, e aumentando a rentabilidade das exportações por conta da moeda desvalorizada. Durante a década de 1930, por exemplo, quando a crise econômica capitalista mundial fez decair a preços quase nulos as matérias-primas e produtos agrícolas, as oligarquias cafeeiras se utilizaram largamente das mesmas armas que utilizam agora os latifundiários para não irem à bancarrota: manipulação do câmbio e cobrança de obesas indenizações do Estado, somadas também ao método de incendiar as milhões de toneladas de café que não conseguiam saída no exterior com o fim de manter os preços. Sendo assim, atualmente, junto à queda nos rendimentos das massas trabalhadoras motivadas pela ação dos imperialistas no estrangeiro, as massas trabalhadoras passam a sofrer também a partir da ação dos latifundiários e monopólios internamente, no intuito de saquear os cofres públicos e manter o monopólio da terra. Os latifundiários e monopólios capitalistas internos se situam, então, no campo daqueles que manter-se-ão ganhando imensos montantes, a despeito da crise econômica, da perda dos mercados e da crise econômica.


Indústria nacional ou burguesia compradora-latifundiária?
É evidente que, embora ainda não tenhamos provas suficientes para colocar a Operação Carne Fraca como um movimento político orquestrado diretamente pelo imperialismo, pudemos concluir sim que a operação entre em ressonância com os interesses comerciais do imperialismo no sentido de aviltar os preços dos produtos pecuários exportados pelo Brasil. Uma parcela do movimento popular, porém – de preferência entre os partidos oportunistas de direita e mais abertamente reacionários, como o “Partido Comunista do Brasil” (PCdoB) e o “Partido dos Trabalhadores” –, foi além disso e passou a considerar a Operação Carne Fraca como uma operação de caráter político da Polícia Federal com o fim deliberado de destruir a “indústria nacional” representada na cadeia produtiva da pecuária. Segundo esta posição, haveria um intento do imperialismo em destruir a indústria nacional – semelhante ao que ocorrera por meio da Operação Lava-Jato com a cadeia produtiva do petróleo, a indústria naval, e as empreiteiras – por conta da concorrência que a carne brasileira estaria fazendo a carne norte-americana e dos países europeus no exterior. Cabe agora elucidar se os grandes frigoríficos fazem ou não parte da burguesia nacional – se são ou não a indústria nacional –, ou se, ao contrário, constituem uma extensão da dominação imperialista em nosso país, ou mesmo se não são nem um nem outro. É importante ressaltar também que a muito a Policia Federal da provas de seu envolvimento direito com as organizações de inteligência do governo norte-americano, com o próprio presidente da Federação Nacional de Policiais Federais (Fenapef) Francisco Garisto confirmando que “a Polícia Federal recebe dinheiro do serviço secreto americano (CIA) e de outras instituições de combate ao narcotráfico – DEA – e do Federal Bureau ofInvestigation”, organizações que financiam golpes e “revoluções coloridas” no mundo, além de terem envolvimento com o próprio narcotráfico internacional de drogas.

As empresas Brasil Foods e JBS são as principais empresas do setor comercial e industrial ligadas à cadeia produtiva da pecuária em nosso país. Como grandes empresas capitalistas, estas assumem um controle monopolista sobre o setor e, por conta desse caráter monopolista, se explicita também o parasitismo de ambas as empresas, que se manifestam através da relação destas com o Estado reacionário brasileiro; na imposição de baixos preços sobre os fornecedores – principalmente sobre os camponeses – devido à situação monopolista; no pagamento de propinas a uma enorme quantidade de altos funcionários do Estado brasileiro para manterem seus altos lucros, etc. Por conta disto, é completamente descartada a hipótese de tais empresas fazerem parte de uma média burguesia, mais ligada à burguesia nacional. Além disso, a atividade produtiva da pecuária em sua etapa industrial, nos frigoríficos, é também em parte controlada pelo capital estrangeiro através de suas empresas agrícolas monopolistas, tais como Cargill, Bunge, etc. Embora não tenhamos dados que nos permitam confirmar de fato qual o peso relativo do capital estrangeiro sobre os frigoríficos, podemos afirmar todavia que este controle é real, dado que há empresas estrangeiras atuando no setor. Além disso, se buscamos dados relativos ao comércio exterior de um país como os Estados Unidos, observaremos que estes se caracterizam principalmente como importadores de produtos de origem animal, e não como exportadores destes. É uma mentira considerar que o imperialismo norte-americano em conjunto com seus aliados europeus e japoneses são avessos à importação da carne brasileira, pois sabem muito bem que estes produtos constituem parte dos quais o Brasil deve exportar para ter divisas para importar seus produtos manufaturados acabados vendidos a preços de monopólio. O que é possível considerar que o imperialismo de fato quer é não a suspensão de da importação da carne brasileira, mas que sua importação se dê a preços aviltados, que levem nosso país a ter que exportar quantidades crescentes de carne para receber uma receita igual. Também não é verdade que os imperialistas almejem a destruição completa da cadeia produtiva da pecuária, mas sim que esta não evolua no sentido de fazer da carne brasileira um produto de maior valor agregado, produzido sob maior sofisticação tecnológica, e sim que seja exportado preferencialmente de forma crua, com pouco ou nenhum beneficiamento ou incrementos técnico-produtivos. A JBS não pode de nenhuma forma ser chamada de empresa de capital nacional, até por que é uma sociedade empresária de caráter anônima, ou seja, uma sociedade por ações, por isso a sigla “S.A.” após o nome, os acionistas não se conhecem na maioria das situações por isso leva o nome de anônima. A empresa societária encarregada de todas as operações internacionais da JBS S.A. é a JBS Foods Internacional, que tem a totalidade de suas ações negociadas na bolsa de Nova York, onde 25% destas ações estão em circulação, e o restante é negociado entre os donos das ações da JBS S.A. com fins de especulação. As ações da JBS Foods Internacional, por sua vez, correspondem à aproximadamente 65% das ações da JBS S.A., a maior parte das suas ações. Tudo isto denota o caráter comprador da burguesia burocrática nativa em relação ao imperialismo, sobretudo norte-americano, em que a maior parte dos superlucros e dividendos acionários acabam ficando nas mãos do imperialismo, pelo fato de ser uma empresa de capital aberto, com caráter de desnacionalização. Com a Operação Carne Fraca as ações despencaram em 10% na Ibovespa e 11% na Bolsa de Nova York o que acarretará em uma maior monopolização por parte do imperialismo norte-americano.

É relevante observarmos também que tipos de relações estas empresas mantêm com as massas trabalhadoras e o Estado reacionário brasileiro. A JBS, por exemplo, é a segunda maior devedora individual de contribuições à Previdência Social, com uma dívida que atualmente acumulada atinge a impressionante cifra de quase 2 bilhões de reais. É bastante curioso que ainda que deva tanto para um fundo dedicado ao bem-estar das massas trabalhadoras, a empresa permaneça operando no mercado interno. JBS e Brasil Foods, junto à classe latifundiária, são parte constitutiva da dita “bancada ruralista” que atualmente faz no governo brasileiro um poderoso lobby visando a aprovação de uma lei das mais entreguistas, como não existe em qualquer canto deste mundo, que liberará a venda de terras para pessoas e empresas estrangeiras, permitindo a estas adquirirem individualmente até 100 mil hectares de terras e arrendarem mais outros 100 mil hectares. Não há quaisquer dúvidas que a perda das receitas externas com a pecuária será utilizada pelos monopolistas e pelos latifundiários para intensificar ainda mais o lobby pela liberação da venda de terras para estrangeiros, sob um suposto pretexto de compensar tais perdas e fazer afluir para o país uma enorme quantidade de divisas externas. As pressões pela liberalização completa da economia – conforme defendida apaixonadamente por Blairo Maggi, latifundiário e Ministro da Agricultura – também tenderão a se intensificar.

Portanto, ainda que possam haver contradições entre os monopólios e o imperialismo estrangeiro, não é de forma alguma prudente caracterizá-los como parte da indústria nacional, da burguesia nacional, não apenas por conta de sua configuração econômica como também por seus posicionamentos políticos. É mais acertado caracterizá-los como sendo, assim, uma grande burguesia compradora-latifundiária.

As necessárias conclusões políticas
Concluindo nossas reflexões, é de grande necessidade que os simpatizantes da página NOVACULTURA.info e da União Reconstrução Comunista denunciem as consequências econômicas e políticas da Operação Carne Fraca como parte constitutiva de uma ofensiva imperialista-latifundiária contra as amplas massas populares, levadas a cabo sob o slogan moralista da “luta contra a corrupção”. Deve-se rejeitar os slogans direitistas, de conciliação e defesa aberta dos inimigos fundamentais do povo brasileiro, que se manifestam através de palavras de ordem demagógicas como “defesa do agronegócio nacional”, que fazem vista grossa e encobertam toda laia entreguista, antinacional e vende-pátria da reacionária classe latifundiária. Por outro lado, deve-se também rejeitar a opinião errônea – ainda que na maioria das vezes posta por pessoas bem intencionadas e que realmente desejam melhores condições de vida para o operariado e o campesinato – segundo a qual esta operação da Polícia Federal nada teria a ver com os interesses do imperialismo, que suas intenções reais são de fato investigar a corrupção e garantir que o povo brasileiro não estará sujeito a ter em sua mesa uma carne estragada, ou que a exploração das multinacionais imperialistas sobre o setor da pecuária não teria quaisquer diferenças com a exploração da burguesia compradora autóctone, ainda que sob condições de monopólio. Estas são ilusões perigosas e que escondem o caráter real da exploração direta do imperialismo sobre os setores econômicos internos. Aos operários, caberá realizarem protestos, greves e mobilizações contra os direitos que lhes retirarão os grandes capitalistas e a classe latifundiária. Aos camponeses, caberá prosseguir nas mobilizações e protestos pela garantia de melhores preços para a produção, pela redução das taxas de juros, conquista de subsídios, e principalmente pela conquista da propriedade sobre a terra.

Notas:
[1] Quanto à questão da “regressão feudal” nas fazendas do cacau no sul da Bahia, é de grande importância que o leitor leia a dissertação apresentada por Emiliano Ferreira Dantas num trabalho de pós-graduação na Universidade Federal de Pernambuco, chamada Os Meeiros do Cacau no Sul da Bahia: trabalho, corpo e documentação, disponível no link http://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/12015. Neste trabalho, se constata claramente que, após a descapitalização da atividade cacaueira motivada principalmente pelo fungo da “vassoura de bruxa” em fins da década de 1980, a forma predominante de exploração nesta forma de latifúndio deixou de ser o assalariamento por empreita para se tornar a exploração por meio da “meia” e do arrendamento.



www.novacultura.info

Escrito por P. Fernandes e A. Rosendo

06
Abr17

ESPIRITO SANTO MOVIMENTA MAIS DE 1.500 PROCESSOS EM TRIBUNAL

António Garrochinho

























Só ações para impugnar a medida de resolução são 50. Juízes e advogados admitem falta de capacidade de resposta do sistema judicial

"Isso é brutal." Foi esta a reação de um juiz aos números revelados pela comissão liquidatária do Banco Espírito Santo no processo de falência: há mais de 1500 ações nos tribunais nas quais o banco é demandado. Destas, 50 pretendem a anulação da medida de resolução tomada pelo Banco de Portugal, em 2015, 1225 são ações cíveis, maioritariamente pedidos de indemnização a antigos administradores e ao banco e reclamação de créditos. A estes números há que somar os sete inquéritos-crime relacionados com a gestão do BES, que correm no DCIAP e DIAP de Lisboa, os quais têm atreladas cerca de 200 queixas particulares.

Os números podem tornar-se ainda mais complicados, uma vez que, como decorre da lei, muitas das ações declarativas, sobretudo aquelas que pedem indemnizações ao banco, terão de ser declaradas extintas e os pedidos passarem para o processo de insolvência, que corre no Tribunal do Comércio de Lisboa. Processo este que, ainda de acordo com os dados da Comissão Liquidatária, conta com 17 mil requerimentos de 19 mil pessoas e empresas a reclamar créditos. "Se no Tribunal do Comércio o toner das impressoras tem de estar de manhã num juízo e à tarde noutro, como é que pode ter capacidade para despachar um processo destes?", comentou ao DN o advogado António Pragal Colaço, manifestando pouca fé com um desfecho a médio prazo favorável aos credores. "Tendo em conta a dimensão do processo, muito provavelmente o Conselho Superior da Magistratura terá de tomar medidas de gestão do processo", explicou ao DN João Paulo Raposo, secretário--geral da Associação Sindical dos Juízes. Estas medidas podem passar por colocar juízes da bolsa como adjuntos do juiz titular do processo. Só que aqueles não terão poder decisório, dado o princípio do juiz natural.

Foi este cenário de enorme litigância, como admitiu ao DN Ricardo Ângelo, presidente da Associação dos Lesados do Papel Comercial, que levou ao acordo celebrado, em dezembro do ano passado, entre os lesados, o Banco de Portugal e o governo. "Pessoas com altas responsabilidades neste país alertaram-nos logo para o problema da justiça e de uma decisão num prazo razoável", declarou ao DN Ricardo Ângelo, explicando que, após o acordo, os lesados que avançaram com queixas vão transmitir os direitos jurídicos das mesmas para o Fundo de Resolução, que irá litigar nos tribunais. Até 500 mil euros aplicados no BES, recorde-se, os clientes podem recuperar até 75% do valor, com um teto máximo de 250 mil euros.

"A média de idades dos nossos associados são 60 anos. Se estivéssemos à espera de uma decisão dos tribunais, como nos disse o anterior primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, muitas dessas pessoas já teriam morrido", acrescentou o presidente da Associação de Lesados do Papel Comercial. A própria comissão liquidatária informou o tribunal que também avançou com processo contra sociedades ligadas ao antigo Grupo Espírito Santo, reclamando créditos na ordem dos 300 milhões de euros. Só à Rioforte foram reclamados 198 milhões.

Sete inquéritos-crime

Se no comércio, cível e administrativo o cenário é aterrador, no crime não muda muito de figura. Há sete inquéritos a correr no Ministério Público relacionados com a suspeita de crimes durante a gestão de Ricardo Salgado e outros administradores. Seis estão no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), um está no Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa (DIAP). Este último diz respeito a clientes do Banco Privée Espírito Santo do Luxemburgo e conta com 51 queixas apensadas.

No que diz respeito ao chamado processo principal do BES, uma última decisão do juiz Carlos Alexandre prolongou o segredo de justiça até setembro de 2018. De acordo com o pedido do Ministério Público, a investigação a este caso desenvolve-se em três frentes: Portugal, Suíça e Luxemburgo, tendo sido criada uma equipa conjunta devido à complexidade do caso.

De forma a harmonizar os prazos de três jurisdições diferentes, os procuradores do DCIAP consideraram que, para não prejudicar a investigação em nenhum dos países, o segredo (que, no fundo, impede o acesso à totalidade do processo por parte dos arguidos) deveria ser prolongado mais do que um ano. Ainda de acordo com o pedido do MP, as autoridades helvéticas já colocaram à disposição do MP português três milhões de documentos para análise. O problema é que, segundo o procurador, estão em língua estrangeira, carecendo, por isso, da respetiva tradução. Ao mesmo tempo, os autos contêm 15 milhões de documentos para análise, aos quais foram acrescentados 5 terabytes de informação que chegaram recentemente ao processo vindo de outro caso.

Carlos Rodrigues Lima – Diário de Notícias






paginaglobal.blogspot.pt



06
Abr17

Seis construções da antiguidade pouco conhecidas

António Garrochinho

Exemplos de criatividade, arquitetura funcional, durabilidade. Lugares construídos há mais de 1000 anos que não são muito conhecidos, mas que perduram apesar da passagem dos tempos.
Aqui, seis exemplos de construções da antiguidade que são pouco conhecidas.

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1 – Aqui a cidade subterrânea de Derinkuyu, na Capadócia (Turquia), foi criada há milhares de anos (arqueólogos divergem entre 4.000 a.C. e 9.000 a.C) com sofisticados sistemas de ventilação e manutenção da temperatura. Embora rudimentar, a escavação feita em rochas vulcânicas revela também ser eficiente contra a entrada de intrusos

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2 – Classificadas como Patrimônio da Humanidade pela Unesco, as Grutas de Ellora foram construídas na Índia entre os séculos 5 e 10, e formam um sitio arqueológico de 34 cavernas de pedra com templos budistas (12), hinduístas (17) e jainista (cinco).

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3 – As Grutas de Ajanta, na Índia, foram cavernas com temática budista feitas entre os séculos 2 e 7 e hoje são consideradas Patrimônio da Humanidade pela Unesco.

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4 – Entre os séculos 2 e 3, da época em que o Líbano foi dominado pelo Império Romano, construiu-se no leste de Beirute o gigante Templo de Baco, que dá à milenar cidade de Baalbek um aspecto greco-romano.

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5 – A misteriosa tumba de Newrange, no Conjunto Arqueológico do Vale do Boyne, na Irlanda, estima-se que foi construída por volta de 3.200 a.C, portanto é mais velha que as pirâmides do Egito. Só não se sabe quem no período Neolítico foi capaz de executar essa obra, que é Patrimônio da Humanidade da Unesco.

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6 – Localizado no Oceano Pacífico, o arquipélago de ilhas artificiais de Nan Madol, nos Estados Federados da Micronésia, foi misteriosamente criado para ser a capital cerimonial e política da dinastia Saudeleu. As construções de túneis submersos para guardar riquezas e esculturas com pedras de basalto de mais de 10 toneladas até hoje não foram explicadas.

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www.claudiacomparin.com.br
06
Abr17

Estes 5 livros já foram os mais perigosos da historia da humanidade e foram proibidos durante séculos

António Garrochinho



Hoje em dia, o habito da leitura é incentivado em todo o mundo. Houve um tempo, no entanto, em que a leitura – e a escrita também – era considerada algo perigoso demais para ser aprendido por qualquer pessoas e, muito livros – considerados perversos – foram destruídos em todo o mundo, a fim de que o conteúdo de suas páginas fosse conhecido pelo menor número possível de indivíduos.




Algumas dessas publicações – ou melhor dizendo, desses manuscritos – você vai conhecer hoje. Eles tratavam sobre segredos devastadores, que ensinavam a manter civilizações inteiras sob o comando de uma só pessoa; davam receitas de venenos poderosos, tratavam sobre pactos e ritos demoníacos, experiências pós-morte e assim por diante. 

Conheça, abaixo, 5 dos livros mais bizarros da história, que precisaram ser escondidos ou destruídos, para evitar o pior:




1. Livro que mata seus leitores

Livro de Thoth foi escrito e queimado durante o império egípcio. Apesar disso, seu conteúdo, cheio de ensinamentos perigosos, não desapareceu por completo. Isso porque seu autor, segundo diz a lenda, foi o próprio Thoth, um ser mitológico tido pelos antigos egípcios como o “Senhor da escrita e do conhecimento”. Conforme pesquisadores do assunto, foram as informações desse antigo livro as responsáveis pela influência que os faraós tinham sobre seus povos e que perdurou durante séculos.

Documentos da época afirmam que a leitura desse livro – encontrado em meados do século 17 – confere poder sobre a terra, o oceano e os corpos celestes, além de desenvolver a faculdade de interpretar a linguagem dos animais, de ressuscitar os mortos e de fazer trabalhos à distância. Mas a publicação não daria tudo isso “de mãos beijadas”. Há um mito em torno desse livro que afirma que os leitores desse livro foram assassinados ou sofreram acidentes graves.

2. O primeiro livro do mundo


Chamado o “Livro de Dzyan”, acredita-se que os autores do primeiro da história autores foram seres que habitaram o planeta milhões de anos antes da existência do homem. Estudiosos afirmam que o manuscrito é composto por símbolos, imagens e segredos que somente pessoas escolhidas são capazes de interpretar. Outro assunto polêmico tratado no livro é a existência de seres inteligentes, que habitaram a Terra há 18 milhões de anos, além do afundamento de Atlântida.

Há quem diga que uma cópia do livro original está escondida em um monastério do Tibete, mas ninguém ainda conseguiu comprovar sua existência. Sobre as poucas pessoas que o leram, dizem que enlouqueceram e morreram, vítimas de terríveis pesadelos.

3. O manuscrito indecifrável


“O Livro de Voynich” foi escrito em uma língua ainda desconhecida e, há mais de um século, é está sendo estudado por historiadores, linguistas, matemáticos, engenheiros, astrônomos e botânicos de prestígio. Dizem que até a NSA tentou decifrar seu conteúdo por três décadas e não conseguiu resultados melhores.

Como não dá para saber sobre o que, realmente, o livro trata, há apostas – baseadas nas ilustrações da publicação – de que ele possa esconder receitas de venenos poderosos e também princípios básicos de energia nuclear. Isso porque o manuscrito é composto por estranhas ilustrações cosmológicas e plantas quiméricas que ninguém ainda conseguiu identificar de forma esclarecedora.

4. Necronomicon: o livro das leis dos mortos

Originalmente chamado “Al Azif”, o livro foi escrito no ano de 739, por Abdul Alhazred. Esse homem, aliás, era apelidado de o “poeta louco” e, segundo contam os mais crédulos, ele morreu devorado por um demônio invisível, em plena luz do dia. Sobre o manuscrito, o próprio autor adverte – nos textos iniciais – que sua leitura pode levar à loucura, gerar pesadelos e visões horríveis.

Toda essa loucura a respeito da publicação é explicada pelos conteúdos que, supostamente, tratariam suas páginas. Conforme pesquisadores, o livro reúne conhecimentos sobre um antigo culto, com invocações, ritos e arcanos supostamente perdidos.

Apesar de ser considerado um saber sinistro, que precisava ser destruído, várias cópias foram feitas do livro no século 12. Hoje em dia essas versões do livro estão na Universidade de Buenos Aires e a Biblioteca de Wiedener e em algumas outras instituições.

5. Excalibur, uma porta para o manicómio


Este livro, escrito na década de 40, teve como autor o fundador da cientologia (doutrina religiosa que prega a imortalidade humana e a impossibilidade de nos recordarmos de nossa verdadeira natureza), L. Ron Hubbard, que afirmava ter escrito o livro durante os oito minutos em que esteve clinicamente morto, durante uma operação. Há quem diga que, em suas páginas, há respostas a todos os enigmas que, historicamente, acompanharam o homem, como nossa origem, a existência de Deus, a criação do universo e assim por diante. Hubbard dizia que ele continha um saber absoluto e poderoso e as chaves da existência humana.

As primeiras cópias feitas circularam entre seus amigos mais íntimos, mas depois que leram a publicação, todos começaram a sofrer alterações mentais. Muitos dos que conheceram o livro, inclusive, chegaram a ser internados em diferentes clínicas psiquiátricas. Foi assim que o próprio autor decidiu suspender sua publicação. Apesar disso, há quem diga que algumas cópias desse livro ainda circulam entre as pessoas que se iniciam na cientologia.


Fonte: History




www.semprequestione.com
06
Abr17

ADULTOS - A ARTE ERÓTICA SATÂNICA DO SÉCULO XIX

António Garrochinho

erotismo_diabo
A cultura pop tem a tendência de se fixar coletivamente em um único fenômeno sobrenatural por um período, obcecada por vampiros, zumbis ou feiticeiros até que perdem relevância e abrem caminho para uma nova mania paranormal. Hoje em dia, são as bruxas.
Especificamente, praticantes fictícios de bruxaria que frequentemente celebram e empoderam o feminino. A atual mania das bruxas ganha intenso destaque nas mídias sociais, bem como em filmes, arte e moda contemporâneas.
Rebobinando alguns séculos, no entanto, demônios diabólicos estavam na moda — pequenos demônios que eram tão excitantes quanto repulsivos. “Endiabrados, hipersexuais, grotescos, brincalhões; um tipo de antítese do que um cidadão respeitável da época deveria ser”, explicou Robert Stewart ao Huffington Post.
endiabrados_hipersexuais
Stewart é o autoproclamado webmaster do Delta of Venus, um compêndio on-line de erotismo vintage, incluindo desde filmes de cinema mudo pornográficos até desenhos do século 16 retratando atos sexuais.
Uma seção específica do site é dedicada ao que ele chama de “diabólicas, bizarras e explícitas representações de senhoras tendo relações com várias formas demoníacas.
Em uma imagem, um diabo baixinho e gordinho balança um falo de seu pescoço como um babador carnudo. Em outra, um desfile de contadores de piadas demoníacos emerge festivamente de uma grande vagina.
O webmaster descobriu as imagens anos atrás, quando comprou um álbum de fotos antigas que continham algumas ilustrações diabólicas no meio delas.
“Além do estilo visual único, adorei como essas peças eram lúdicas, alegremente obscenas”, Steward lembra. “Elas capturam a malícia da luxúria de uma forma que ainda ressoa hoje. Um lembrete para não levar o sexo a sério o tempo todo.”
Um aspecto marcante das ilustrações sobre o diabo, destaca Stewart, é que as senhoras respeitáveis e afetadas retratadas nas imagens parecem ser participantes que consentem nos atos sexuais que estão ocorrendo e, frequentemente, experimentam prazer.
“Para mim, parece ser um comentário sobre como as expectativas de castidade e decoro no século 19 — e, por consequência, a sociedade dominada por homens que as criou— eram extremamente tristes e especialmente repressivas para o gênero feminino. As mulheres estão se voltando para as entidades sobrenaturais por prazer e diversão.”
prazer e diversão
As ilustrações de Stewart são reproduções de segunda e terceira mão de artistas anônimos, embora, segundo ele, seja possível encontrar algumas litografias originais à venda on-line.
Segundo o curador, o primeiro artista original a “mexer” com o diabo foi um francês, Eugene le Poittevin (se você já ouviu esse nome e não é uma aficionado por diabruras, pode estar familiarizado com as paisagens e obras com temas marítimos de Poittevin — muito mais apropriadas para o ambiente de trabalho).
temas maritimos
Em 1832, le Poittevin publicou uma coleção de histórias eróticas com temática diabólica intitulada Les Diableries Érotiques, cheias de conteúdo lúdico e obsceno que causaram um frenesi na Paris do século19. Depois de seu controverso sucesso, logo ele criou mais livros retratando a temática de sexo com o diabo.
“Na verdade, não há nenhuma ‘Maldade’ com ‘M’ maiúsculo em ação”, explicou Stewart. Pelo contrário, esse diabo tem mais a ver com a imagem mitológica grega do sátiro exalando uma exuberância lasciva.
“Parece que estamos vendo arquétipos clássicos filtrados através de uma lente judaico-cristã. Dionísio, Baco, Príapo, todos por intermédio de Satanás e seus asseclas.”
As ideias de sexualidade feminina e amantes caprichosas de Le Poittevin têm raízes nas tradições libertinas, como as expressadas no trabalho de Marquês de Sade e na corte hedonista de Charles II.
Mas sua arte vinculou o desejo insatisfeito ao próprio diabo pela primeira vez. Outros artistas seguiram o exemplo, como Achille Devéria. “Poderíamos apelidá-lo de imitador, mas as imagens são tecnicamente competentes e divertidas por seu próprio mérito”, disse Stewart.
Com o passar do tempo, como a maioria das fases culturais, o fogo demoníaco se apagou. Stewart cita o advento do daguerreótipo, em 1839, o primeiro processo fotográfico que mudou radicalmente a maneira pela qual as imagens eram feitas e vistas. Em 1860, diz, a demanda por daguerreótipos tinha efetivamente ofuscado o interesse por ilustrações. Em pouco tempo, as fotos seriam o principal modo de exibição de recursos visuais explícitos.
Felizmente, o erotismo infernal das “diabruras” ainda está vivo, graças a indivíduos como Stewart, que estão dispostos a compartilhar suas esquisitices ilustradas on-line.
Para aqueles em busca de um pouco de indulgência retrô, confira nossa cobertura anterior sobre o Delta of Venus aqui. Para saber um pouco mais sobre o momento estranho e satânico na história erótica, acompanhe as ilustrações abaixo:
  • Achille Deveria via Delta of Venus
  • Achille Deveria via Delta of Venus
  • Achille Deveria via Delta of Venus
  • Achille Deveria via Delta of Venus
  • Achille Deveria via Delta of Venus
  • Achille Deveria via Delta of Venus
  • Achille Deveria via Delta of Venus
  • Achille Deveria via Delta of Venus
  • Achille Deveria via Delta of Venus

www.huffpostbrasil.com

06
Abr17

Vinho de mel, a bebida mais antiga do mundo

António Garrochinho


vivimel2 A fabricação e o consumo de bebidas alcoólicas a base de mel têm uma história quase tão velha quanto o homem. Muito antes de existir o vinho, já existia o “hydromel”, um fermentado de mel com água aperfeiçoado no decorrer de muitos milênios por diversas e sucessivas civilizações. Ele é tratado como “hidromel” ou “vinho de mel”. Alguns o chamam de “ambrósia”, outros de “néctar dos deuses”. Seja qual for seu nome, nenhuma bebida envolve mais misticismo e folclore - e nenhuma bebida é menos entendida pelo público – do que este romântico e resplandecente elixir. Graças à ocorrência de abelhas pelo mundo inteiro e, conseqüentemente, do mel você encontrará bebidas semelhantes ao hidromel em praticamente todos os cantos do mundo.
Não é de admirar que historiadores reconhecem-no como uma das bebidas mais antigas feitas pelo homem. Comumente, aqueles que conhecem o hidromel imediatamente se lembram dos vikings. Mas, ao contrário do que muitos pensam, eles não foram os criadores, nem os principais consumidores desta bebida. Acredita-se que o hidromel tenha sido fabricado inicialmente nas savanas africanas, de forma acidental, quando colméias eram inundadas e a fermentação acontecia naturalmente. Com a constante migração de pessoas indo da África para outros continentes, o conhecimento sobre o hidromel se espalhou pelo mundo. Mas o processo de fermentação não veio a ser entendido até o século XIX. Por causa disto, este processo tomou qualidades místicas e religiosas, aumentadas pelos efeitos do álcool.
Os gregos antigos chamavam o hidromel de Ambrosia ou Nectar. Eles acreditavam que esta era a bebida dos deuses, que caía dos céus como orvalho e era recolhida pelas abelhas. O hidromel teria propriedades mágicas e prolongaria a vida, além de conferir saúde, força, virilidade, poderes recreativos, humor e poesia a quem bebesse. Os celtas acreditavam que um rio de hidromel atravessava o paraíso, enquanto os anglo-saxões consideravam o hidromel como a bebida que daria imortalidade, poesia e conhecimento. Dizem as lendas que o t’ej, hidromel típico da região da Etiópia, teria sido a bebida preferida da rainha Sheba e do rei Salomão. O Enuma Elish, um mito de criação babilônico, menciona o hidromel como sendo a bebida dos deuses. Os mouros serviam hidromel em casamentos, e acreditavam que a bebida fosse um “estimulante de amor”. Os maias fabricavam um tipo de hidromel chamado balache, de flores de campainha e casca da árvore balache. Dizia-se que quem bebia deste hidromel recebia poderes dos deuses que lhes permitiam ter visões.
Mas são os povos escandinavos que possuem mais histórias sobre o hidromel. A bebida é mencionada diversas vezes no clássico Beowulf, além de estar associada à cultura viking. É dito que Odin não consumia nada além de hidromel, que para ele seria comida e bebida. Em Valhalla, o paraíso nórdico, os heróis teriam um banquete de carne de javali que se renovaria toda noite, e receberiam um suprimento abundante de hidromel de Heidrum. A mitologia nórdica também fala de Kvasir, um sábio morto por dois anões, que ao misturarem seu sangue ao mel criaram o hidromel da poesia. Este hidromel daria sabedoria e a habilidade poética a quem o bebesse.
Os vikings e os teutões , por volta de 200 AC. faziam hidromel e bebiam-no durante os 30 dias seguintes ao casamento, donde se originou a expressão ‘lua-de-mel’. A origem deste termo está na tradição antiga de dar aos recém casados hidromel o suficiente para durar uma lua, equivalente a um mês, que era o período em que iriam se recolher presumidamente para criar um herdeiro de seu nome. O pagamento do fabricante de hidromel costumava até mesmo ser mais alto, dependendo da rapidez com que a mulher engravidava.
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Dois fatores contribuíram para o declínio na produção do hidromel. O primeiro foi a descoberta da fermentação da uva, mais fácil e barata. Assim, o vinho tomou o lugar do hidromel em todos os lugares onde esta fruta podia ser facilmente cultivada. O segundo foi a urbanização, que fez com que o preço do mel subisse. Com a introdução da cana como um meio mais barato de conseguir açúcar, a produção de mel caiu drasticamente. A fabricação do hidromel foi mantida principalmente em monastérios, que precisavam das abelhas por causa de sua cera, usada para a fabricação de velas. O mel que sobrava era fermentado, e a bebida era aproveitada pelos monges nos seus momentos mais seculares.
O “vinho de mel” do Apiario Florin é feito através da fermentação do mel. A porcentagem de álcool (até 14%) e o sabor específico é de acordo com a origem floral do mel. Junto com o álcool são produzidas outras substâncias importantes para a caracterização do vinho, tais como os compostos aromáticos. O processo de fermentação completa em cerca três meses. Terminada a fermentação o vinho e transferido para outro tanque, onde sofre um processo de maturação (8 à 12 meses) e filtração para remover impurezas e outros sólidos em suspensão. Depois disso o vinho é engarrafado.
De acordo com as condições de preparação, pode-se obter diferentes tipos de hidromel. As qualidades variarão em função:
da concentração de mel durante a preparação do mosto, o que permitirá obter hidroméis secos, doces ou licorosos,
do tipo dos méis utilizados;
do tipo e qualidade dos fermentos introduzidos para provocar a fermentação;
dos produtos adicionados: frutas ou especiarias diversas;
das condições de fermentação e conservação.
Cada um tendo suas próprias qualidades. Como vimos, os hidroméis podem ser muito diversificados, muito diferentes uns dos outros. As possibilidades são muito grandes e as variedades praticamente infinitas. O hidromel é uma bebida completa, com seu sabor, suas qualidades e suas particularidades. Para isto, ele não pode imitar o vinho. São produzidos pelo Apiário Florin um vinho seco e um vinho suave.


Receita de Hidromel, a bebida dos Deuses!

 o hidromel, também conhecido como mead. Para os que não sabem, eu explico. O hidromel é uma bebida fermentada a base de mel e água, obtida pela transformação dos açúcares do mel em álcool. Segundo a história, a sua fabricação é anterior à do vinho e a da cerveja, e é constantemente descrito como a bebida favorita dos Deuses nórdicos.
O hidromel é citado em vários filmes como A Lenda de Beowulf, Harry Potter, Robin Hood (é a bebida que o Frei Tuck fabrica), e também em vários livros de autores famosos: Tolkien, George R. R. Martin, Bernard Cornwell (adoooooooro!), entre outros.
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De acordo com a história, celtas, saxões, vikings e até os romanos consumiam a bebida. Existem registros de que uma bebida similar ao hidromel era consumida pelos maias. Os gregos a chamavam de melikraton, e os romanos de agua mulsum, apesar desta ser uma variação feita com vinho de uva adocicado. Segundo Plínio, cientista e historiador romano, foi Aristeu quem criou a primeira fórmula do hidromel. Valeu, Aristeu!
Fabricar hidromel é fácil e você pode fazer na sua casa (no final do post eu dou a receita). O mel maduro, aquele que é colhido diretamente do favo quando este é totalmente operculado pelas abelhas, possui mais ou menos 20% de umidade, dificultando o processo de fermentação do mel. Mas quando essa umidade sobe 2%, os fermentos presentes no ar, no pólen e no próprio mel (cogumelos microscópicos da espécie saccharomyces cerevisiae - o mesmo da cerveja) começam a se multiplicar e transformam os açúcares em álcool. Para uma fermentação completa e que alcance o desejável teor alcoólico de 12%, basta fazer o hidromel na proporção 80% água/20% mel.


Vamos à receita

Ingredientes: 
4l de água
1l de mel
5g de fermento
Suco de um limão
Suco de uma laranja
Saquinho de chá preto

Passo a Passo:

Ferva a água para tirar os resíduos de cloro
Tire metade da água (2l) e deixa em fogo alto, a outra parte tire do fogo e deixe reservado.
Na metade que está no fogo, você adiciona todo mel, os sucos e o saquinho de chá, fique mexendo até quando perceber que irá ferver; abaixe o fogo e deixe lá por mais 1 hora, mexa nos primeiros 30 minutos e depois deixe lá o resto do tempo para formar uma camada na superfície
Passada 1 hora, retire essa camada que se formou e joge fora, tire o saquinho e tudo que puder tirar
Acrescente a metade de água que estava reservada e mistura.
Adicione o fermento e guarde em um recipiente que possa ser fechado com uma tampa (um ótimo meio de guardar o hidromel é em um garrafão de vinho de 4,6l); ponha um air-lock no lugar da tampa (Air-Lock é um sistema que permite que o ar saia, mas não entre)
Deixe fermentando de uma a duas semanas em lugar escuro
Após o período de fermentação, côe o liquido, tirando tudo que tiver no fundo, engarrafe em garrafas que lhe for mais conveniente, e deixe na geladeira por no mínimo 3 meses, se você quiser pode degustar sua obra nesse período



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06
Abr17

Elixires

António Garrochinho




Ao longo de séculos e  milénios se tem sonhado com variados elixires: Época de Ouro (passado), o Santo Graal, a alquimia do ouro,  a juventude eterna, o amor eterno – porventura o menos insensato de todos -, etc.
Não existe uma História Universal dos Sonhos, que nos dê conta do seu registo, apenas estão presentes na memória colectiva dos povos.
Nas últimas décadas conseguimos uma imitação tosca da juventude eterna, prolongado a velhice por mais uns anos. Melhor seria que a medicina tivesse realizado este milagre prolongando a idade da juventude, mas temos de ter paciência e esperar sentados: pode ser que aconteça. Omitindo o elevado custo psicológico de prolongar a velhice, fica uma montanha de problemas para resolver, nomeadamente a conta da farmácia e dos hospitais.

Para não nos embriagarmos excessivamente com o prolongamento da velhice convém fazer algumas contas simples: as células da pele  renovam-se em poucos dias mas não há cosmético que consiga combater o seu envelhecimento, as células do fígado renovam-se em ano e meio, as células do cérebro renovam-se em cerca de 100 anos (algumas morrem sem envelhecer).

O prolongamento da velhice é o oposto ao elixir da eterna juventude: em lugar de corpos esbeltos e muita alegria, temos corpos decadentes e solidão.

Apesar de ter levado milhões de anos a evoluir, o corpo humano não deixa de ser um «amontoado» de peças mal montadas. Imaginar que se renova harmoniosamente, não passa de mais uma utopia.

Nos dias de hoje, o elixir da juventude encontra-se difundido numa cultura – e num negócio prospero – de parecer jovem, ser jovem de qualquer forma e maneira, exibir juventude quando todos estão a ver que por detrás das sucessivas operações plásticas esta uma pessoa mais velha. Uma fauna especial diz respeito aos que se consideram jovens de espírito mesmo que já estejam decadentes.

Existem especulações acerca do limite para a duração do Homem e sobre a suposta capacidade de o cérebro aumentar, alguns especialistas afirmam que esse limite vai até aos 115 anos.

Não existe qualquer prova objectiva de que isto possa ser verdade, algumas pessoas, poucas, aproximam-se até esta idade e têm capacidades limitadas.  

Ao contrário dos mitos, velhice é uma coisa chata e pouco romântica, há imenso tédio e isolamento na velhice.



pimentaeouro.blogs.sapo.pt
06
Abr17

Marxismo - A importância do socialismo para a humanidade

António Garrochinho
 






Quando o capitalismo surgiu no século XVIII, não era nem um pouco democrático. O voto era censitário, ou seja, apenas quem pagava impostos e possuia propriedades é que podia votar. E apenas os homens podiam votar. Estavam excluidos portanto, os trabalhadores e as mulheres. Os trabalhadores viviam em estado de semi-escravidão, com jornada de trabalho de até 16 horas diárias, com baixos salários que mal garantiam o mínimo para sobreviver, e pessimas condições de trabalho. Não havia férias, aposentadoria, ou qualquer direito trabalhista. O trabalho infantil era comum e a questão social considerada caso de policia. Havia uma verdadeira "ditadura da burguesia".

Foi diante essa realidade que os filósofos e revolucionários alemães Karl Marx e Friedrich Engels escreveram o "Manifesto do Partido Comunista", em dezembro de 1847, e publicado dois meses depois. Afirmando que a luta de classes é o motor que move a história, Marx e Engels defendem a tomada do poder pelos trabalhadores, destruindo o capitalismo e construindo o socialismo.

Se o capitalismo se "democratizou" a partir da segunda metade do século XIX, com os trabalhadores conquistando o direito de greve e a legalização dos sindicatos, assim como a redução da jornada de trabalho para 10 horas diárias, com melhores condições de trabalho e salário, e com a conquista de direitos trabalhistas como férias remuneradas, aposentadoria e salário mínimo, assim como o estabelecimento do voto universal para todos os homens adultos alfabetizados, e a legalização dos partidos operários, com toda certeza foi graças a luta do movimento socialista organizado pelos comunistas e também pelos anarquistas.

E a luta do movimento socialista ao longo do século XX, permitiu uma maior "democratização do capitalismo", com a redução da jornada de trabalho para 8 horas diárias, a conquista do voto feminino, a criminalização do trabalho infantil e uma efetiva participação popular na política. Se hoje vivemos em uma sociedade democrática, foi graças a luta de comunistas e anarquistas contra a exploração capitalista. Esses fatos já demonstram a importância do socialismo para a humanidade.

Na antiga URSS um país agrário semi-feudal, como era a Rússia dos czares, a revolução transformou-a  numa superpotência industrial e militar que ameaçou a hegemonia mundial dos EUA, inclusive promovendo o início da exploração espacial ao lançar o primeiro satélite(Sputnik), em 1957, e colocar o primeiro homem no espaço(Yuri Gagarin), em 1961.

75mns.blogspot.pt
06
Abr17

Humanidade já influencia mudanças climáticas há 8 mil anos

António Garrochinho

Se você culpa a Revolução Industrial (nascida na Inglaterra em 1750 e desenvolvida em sua forma moderna cem anos depois), com suas consequências nos séculos seguintes, por todos os males causados ao meio ambiente, talvez seja hora de rever esse conceito. Uma pesquisa publicada no último dia 25 sugere que o ser humano prejudica a natureza há mais de 8 mil anos.
O estudo foi feito por uma instituição científica em Lausanne, na Suíça. Eles partiram do princípio que a humanidade tem o hábito de limpar terrenos e arrancar árvores desde a Pré-História (calculada, neste caso, como tendo começado seis mil anos antes de Cristo). Um cálculo simples foi baseado no fato de que toda árvore arrancada deixou de absorver uma quantidade de Carbono. Assim, cada árvore retirada foi computada como Carbono a mais que o homem lança na atmosfera.
O resultado obtido é que foram libertados 350 biliões de toneladas  de Carbono até 1850, quase sómente pelo desmatamento vegetal. De lá para cá, “apenas” 440 biliões de toneladas foram adicionadas. Isso significa a quantidade de carbono libertada em oito mil anos de desmatamento representa 80% do que nos últimos 150 anos de queima de combustíveis fósseis e outras agressões à limpeza do ar.
O líder da pesquisa, Jed Kaplan, afirma que isso serve para “combater a ideia de que o planeta Terra era virgem e intocado até a Revolução Industrial”. Ele cita que no começo das civilizações organizadas, que dependiam das cheias de rios (no chamado crescente fértil), já existia o hábito de limpar terrenos de sua cobertura vegetal original.
O grande catalisador das emissões de Carbono, antes de 1850, aconteceu com o aumento populacional da Terra. Proporcionalmente, mais áreas tiveram que ser desmatadas com o passar dos séculos, até que as técnicas modernas de agricultura (como irrigação mais eficiente, fertilizantes, etc.) revertessem esse quadro. Como resultado dessa pesquisa, os pesquisadroes produziram um vídeo onde se pode ver quanto a Terra foi desmatada desde o início da ocupação humana. O cálculo de 350 bilhões de toneladas de Carbono é proveniente das estimativas desse vídeo. 

06
Abr17

o sol - poesia António Garrochinho

António Garrochinho

de corpo mole
observando
absorvendo o sol
aquecendo a pele
grátis, ainda ele
na praia
na areia escaldante
na espuma cambraia
que vai e vem
o pensamento viajante
leva-me tão longe como a estrela maior
ser feliz
é tê-lo
bebê-lo
em qualquer parte
seja onde for


António Garrochinho

06
Abr17

VÍDEO - O HOMEM QUE PLANTAVA ÁRVORES

António Garrochinho
O homem que plantava árvores ( "L'homme qui plantait des arbres", de 1987), vencedor do Oscar de Melhor Animação de 1988. Baseado em um conto do romancista francês Jean Giono, de 1953, e dirigido por Fréderic Back, o desenho conta a história de Elzéard Bouffier, um pastor de ovelhas silencioso e persistente.

Bouffier trabalha e vive em silêncio. Sabe o que tem que fazer e faz, sem aguardar recompensa, sem nenhuma publicidade. O seu público é unicamente o testemunho do viajante narrador que, mesmo assim, troca apenas umas poucas palavras com ele durante suas visitas.

Bouffier dedicou sua vida ao plantio de milhões de árvores, durante mais de 30 anos, em uma grande área dos Alpes franceses, na região de Provença. Seu trabalho silencioso não só deu origem a matas e florestas onde havia um deserto, como modificou toda a paisagem humana da região, trazendo paz e alegria onde antes havia dor, rancor e sofrimento.


VÍDEO




06
Abr17

MILHÕES E MILHÕES QUE MORRERAM AO LONGO DA HISTÓRIA DA HUMANIDADE

António Garrochinho



Ao longo da história da humanidade, aconteceram muitos eventos que causaram uma infinidade de mortes horríveis e devastação generalizada. Nesta lista, não incluímos catástrofes naturais, apenas eventos provocados pelos homens – e que não tinham a menor necessidade de acontecer. Confira abaixo 10 acontecimentos de nossa história com terríveis mortes:

 Comércio atlântico de escravos. Estimativa de mortes horríveis: 15 milhões


O comércio atlântico de escravos começou aproximadamente no século 16, atingindo o seu auge no século 17. Só foi abolido no século 19. A principal força motriz por trás deste comércio foi a necessidade de impérios europeus de se estabelecerem no Novo Mundo (sim, os mesmos europeus que hoje são contra movimentos imigratórios).

Colonizadores europeus e norte-americanos, portanto, começaram a usar principalmente os escravos do Oeste Africano para preencher as vastas necessidades de trabalho nas plantações. As estimativas variam na quantidade de pessoas que morreram, mas diz-se que, para cada dez escravos em um navio, quatro pereciam de causas relacionadas a maus-tratos.

Guerra Yuan e transição para a Dinastia Ming. Estimativa de mortes horríveis: 30 milhões


A dinastia Yuan foi fundada por Kublai Khan, neto de Gêngis Khan, por volta de 1260. Yuan literalmente se traduz como “Grande é o Celestial e Primal”, embora não mostre nenhuma destas qualidades.

A dinastia acabou sendo um dos mais curtos períodos da história da China, cobrindo apenas um século até sua queda, em 1368. O caos reinou nesse tempo, e as terras foram marcadas por tribos hostis, foragidos, luta política, fome e amargura entre a população. De fato, a noite é mais escura antes do amanhecer.

Depois de toda essa carnificina, a dinastia Ming assumiu o controle. Seu reinado é descrito por alguns como “uma das maiores eras de governo em ordem e estabilidade social na história humana”.

3- Rebelião Lushan. Estimativa de mortes horríveis: 36 milhões


Cerca de 500 anos antes de Yuan, a dinastia Tang estava no controle da China. Um Lushan – um general no norte da China – tentou dar um golpe e se declarou imperador (criando a dinastia Yan).

A rebelião de Lushan durou entre 755 até 763, quando a dinastia Yan foi finalmente derrotada pelo império Tang. Guerras medievais, como você sabe, sempre são um ato sangrento, e essa rebelião não foi exceção. Milhões morreram e a dinastia Tang nunca se recuperou totalmente.

Rebelião Taiping. Estimativa de mortes horríveis: 40 milhões

Os chineses com alguma ajuda dos franceses, ingleses e alguns mercenários americanos.

Em 1850, a dinastia Qing estava no comando da China. Ela sofreu alguns problemas importantes antes da rebelião, como catástrofes naturais e econômicas e os europeus trazendo a dependência do ópio para a China.

Nesse contexto, surge Hong Xiuquan que, entre outras coisas, afirmou ser o irmão mais novo de Jesus Cristo. Hong estabeleceu o Reino Celestial Taiping, e a carnificina começou. A Rebelião Taiping aconteceu mais ou menos ao mesmo tempo que a guerra civil americana, embora este último conflito tenha sido muito menos sangrento.



 Conquistas mongóis. Estimativa de mortes horríveis: 60 milhões


Se há um homem que poderia ter mais sangue em suas mãos do que qualquer outro na história, esse homem é Genghis Khan. Sob a liderança de Khan (e os sucessores após a sua morte), o império Mongol se transformou no maior império terrestre que o mundo já viu. Em seu auge, dominou 16% da Terra.

O exército mongol varreu a Ásia, matando seus rivais com grande ferocidade por quase dois séculos. O número de mortos teria sido certamente muito maior se os mongóis tivessem continuado a progredir para oeste na Europa.

Apesar de toda a matança, o domínio Mongol não foi de todo ruim. Ele também foi marcado pela tolerância religiosa, bem como incentivos fiscais para os pobres.

 Primeira Guerra Mundial. Estimativa de mortes horríveis: 65 milhões


Embora outras guerras tenham chegado muito perto, esta foi a primeira guerra verdadeiramente global. As causas da “grande guerra” são variadas e bastante complicadas, mas basta dizer que, em 1914, quando os diversos impérios europeus começaram a ficar grandes demais uns para os outros, eles decidiram formar duas grandes alianças e lutar até o fim pelo domínio total.

A Europa, então, ficou dividida, e arrastou o resto do mundo para esse sumidouro de ganância e destruição. As táticas de guerra usadas em combate eram absurdamente ultrapassadas. Os jovens soldados muitas vezes eram condenados a andar muito lentamente em direção a tiros de metralhadora do adversário.

Quando a guerra terminou, em 1918, a Europa e o mundo começaram a contar o custo de muitas vidas perdidas. A maioria concordou que essa loucura nunca poderia acontecer de novo. Até que…

 Segunda Guerra Mundial. Estimativa de mortes horríveis: 72 milhões


Depois de darmos uma pausa de lutar por alguns anos, a “guerra total” eclodiu novamente em 1939. As duas frentes estavam divididas novamente em vastas forças, e se chamavam “Aliados” e “Eixo”. Durante a curta pausa antes da guerra, cada país tinha decidido construir algumas novas máquinas de matar que cobririam o céu e para o mar.

Também tivemos o desenvolvimento de veículos mais eficientes em terra, bem como armas automáticas. E como se isso não bastasse, um determinado país (chamado Estados Unidos) decidiu construir uma grande bomba atômica.

Os Aliados, eventualmente, “ganharam” a guerra, apesar de 85% do número de mortos ter sido do seu lado, com a União Soviética e a China tendo o maior número de vítimas. Um esmagador número de mortes também veio do lado de fora da zona de combate, e pode, portanto, ser atribuída a crimes de guerra.

A colonização europeia das Américas. Estimativa de mortes horríveis: 100 milhões


Quando Cristóvão Colombo, John Cabot e outros exploradores no século 15 descobriram um novo continente, aquelas novas terras (a nossa, inclusive) sorriam para eles com o que parecia ser a aurora de uma nova era. Ali estava um paraíso que os europeus aventureiros poderiam chamar de seu novo lar.

Havia, porém, um problema: esta terra já tinha uma população.

Os índios, que eram os donos das nossas terras, sofreram um verdadeiro massacre ao longo dos séculos seguintes. Os exploradores europeus trouxeram, além de doenças e pragas, seus exércitos bem armados para aniquilar nossos ancestrais.

Embora a guerra e a invasão possam ser responsáveis por uma boa parcela destas vítimas, foi a falta de imunidade a doenças europeias que causou a maioria das mortes dos nativos. Algumas estimativas indicam que 80% da população nativa americana morreu como resultado do contato com os europeus.

Fonte: Hype Science

noitesinistra.blogspot.pt
06
Abr17

AS PROSTITUTAS NA HISTÓRIA - De deusas à escória da humanidade

António Garrochinho


A prostituição já foi uma ocupação respeitada e associada a poderes sagrados. Mas, com o surgimento da sociedade patriarcal, a independência sexual e econômica das mulheres restringiu-se e as meretrizes passaram a ser mal-vistas


Toulousse-Lautrec foi um dos pintores que melhor retratou as mulheres e os bordéis franceses do fi nal do século XIX. Na imagem, uma cena do salão da rue des Moulins, em Paris (1894)


Que a prostituição é popularmente conhecida como a profissão "mais antiga do mundo", todos sabem. E, desde que o mundo é dito civilizado, sempre houve prostitutas pobres e prostitutas de elite. O lado desconhecido dessa história é que a imagem a respeito delas nem sempre foi a que temos atualmente. As meretrizes já foram admiradas pela inteligência e cultura, e também já foram associadas a deusas - manter relações sexuais com elas era necessário para conseguir poder e respeito. As "mulheres da vida" sempre tiveram um lugar na História, mas, ao longo dos anos, seu status passou de respeitável à condenável.
Maria Regina Cândido, professora de graduação e de pós-graduação em História, e coordenadora do Núcleo de Estudos da Antiguidade (NEA), da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), explica que a conotação de ser ou não bem-vista pela sociedade é um olhar de nosso tempo sobre as prostitutas. "Na antiguidade, elas tinham seu lugar social bem definido. Era uma sociedade que determinava a posição de cada um, que precisava cumprir bem o seu papel em seu espaço e não migrar de função", diz Maria Regina.
Lá atrás, no período da pré-história, a mulher era associada à Grande Deusa, criadora da força da vida, e estava no centro das atividades sociais, explica Nickie Roberts, no livro As Prostitutas na História. Com tal poder, ela controlava sua sexualidade. Nessas sociedades pré-históricas, cultura, religião e sexualidade estavam interligadas, tendo como fonte a Grande Deusa, conhecida inicialmente como Inanna e mais tarde como Ishtar. Os homens, ignorantes de seu papel na procriação, não eram obsessivos pela paternidade. Foi essa preocupação com a prole que, mais tarde, levou ao surgimento das sociedades patriarcais, com a submissão da mulher.
Por volta de 3.000 a.C., tribos nômadas passaram a criar gado e tornaram-se conscientes do papel masculino na reprodução. As sociedades matriarcais da deusa começaram a ser subjugadas. As primeiras civilizações da era histórica desenvolveram-se na Mesopotâmia e no Egito, e nasceram desse levante. Novas formas de casamento foram introduzidas, especificamente destinadas a controlar a sexualidade das mulheres, afirma a escritora. "Foi nesse momento da história humana, em torno do segundo milênio a.C., que a instituição da prostituição sagrada tornouse visível e foi registrada pela primeira vez na escrita", explica Nickie.
Acima, a vaidade feminina é retratada pelo fotógrafo E.J. Bellocq, que possui uma série de fotografias das prostitutas de Nova Orleans (1918). Abaixo, cena explícita de sexo no Egito Antigo: o ato sexual e o prazer sempre foram documentados ao longo da História

AS PRIMEIRAS PROSTITUTAS DA HISTÓRIA


As grandes cidades da Mesopotâmia e do Egito continuaram centralizadas nos templos da Grande Deusa. As sacerdotisas dos templos, que participavam de rituais sexuais religiosos, ao mesmo tempo mulheres sagradas e meretrizes, foram as primeiras prostitutas da História, conta Nickie Roberts. O status dessas mulheres era elevado. Os reis precisavam buscar a benção da deusa, por meio do sexo ritual com as sacerdotisas, para legitimar seu poder. "Nessa época, as prostitutas do mais alto escalão do templo eram, por direito nato, agentes poderosas e prestigiadas; não eram as meras vítimas oprimidas dos homens, tão protegidas pelas feministas modernas", escreve Nickie Roberts.

"AS CORTESÃS, nós as temos para o prazer; AS CONCUBINAS, para os cuidados de todos os dias; AS ESPOSAS, para ter uma descendência legítima e uma fiel guardiã do lar."


DEMÓSTENES
Na Grécia antiga, as mulheres viviam em um confinamento físico e mental. Mas aquelas que se tornavam meretrizes desfrutavam de liberdade sexual e econômica. O diálogo a seguir, entre a viúva ateniense Crobil e sua filha, a virgem Corina, narrado pelo escritor clássico Luciano de Samósata (125 d.C. - 181 d.C.), mostra que a prostituição era vista como uma maneira de conquistar a independência:

CROBIL: Tudo o que você tem de fazer é sair com os rapazes, beber com eles e dormir com eles por dinheiro.
CORINA: Do jeito que faz Lira, filha de Dafne!
CROBIL: Exatamente!
CORINA: Mas ela é uma prostituta!
CROBIL: Bem, e isso é uma coisa assim tão terrível? Significa que você será rica como ela é, e terá muitos amantes. Por que você está chorando, Corina? Não vê quantos homens vão atrás das prostitutas, e mesmo assim há tantas delas? E como elas ficam ricas! Olhe, eu posso me lembrar de quando Dafne estava na penúria. Agora, olhe a sua classe! Ela tem montes de ouro, roupas maravilhosas e quatro criados.
Vaso da Grécia Antiga mostra cortesã se despindo para um cliente durante um banquete


Foi nesse período, quando os homens começaram a tomar o poder, que também surgiu a hierarquia entre as mulheres do templo, com um escalão de prostitutas de classe alta, que mantiveram seus antigos poderes e privilégios. As harimtu, que trabalhavam fora dos templos, foram as primeiras prostitutas de rua. Ainda assim, a conexão entre sexo e religião persistia, pois as meretrizes da rua continuavam a ser vistas como sagradas, protegidas de Ishtar.
A divisão das mulheres em prostitutas e esposas vem desse início da história patriarcal. Foi na antiga Suméria, por volta de 2.000 a.C., que surgiram as primeiras leis segregando as duas. "Nessa época, já começava a ampliar a lacuna entre as 'boas'- dóceis e obedientes - esposas e as 'más' - sexualmente autônomas - prostitutas", diz Nickie.
A autora explica que a forma patriarcal de casamento, em que o marido literalmente é dono da esposa e dos filhos, aprofundou mais ainda o abismo entre a esposa e a prostituta, na medida em que as instituições religiosas e políticas masculinas foram crescendo. "Ao mesmo tempo, as leis que cercavam as prostitutas e o seu trabalho tornaram- se mais opressivas", conta Nickie. Segundo ela, durante toda a história da Mesopotâmia e do Egito, o sexo era ainda considerado sagrado e, apesar das leis, não havia uma moralidade puritana a estigmatizar as mulheres que se sustentavam vendendo sexo.

A Suméria criou a segregação feminina ao colocar em lados opostos a esposa obediente e a prostituta má
Julio Gralha, professor do NEA/UERJ, lembra que a visão sobre as prostitutas da época é pouco documentada de forma escrita, mas pode ser inferida pelas imagens das iconografias. "Pela análise da iconografia, a prostituta existia no Egito e atuava de forma remunerada. Há contos iconográficos, cômicos, em que a prostituta é vista como poderosa, o homem não agüenta. Como aparecem o colar e outros símbolos ligados à deusa, elas são vistas como protegidas. A prostituição não era algo repulsivo ou condenado pela religião", diz Gralha.
O pintor Lambert Sustris retratou sua Vênus e o amor (1550). Na Roma Antiga, a deusa era símbolo de adoração e religiosidade, sendo considerada a protetora das prostitutas


UM NEGÓCIO ORGANIZADO NA GRÉCIA
Com o passar do tempo, a independência sexual e econômica da prostituta tornou-se uma ameaça à autoridade patriarcal. Por isso, a religião da deusa foi combatida pelos sacerdotes hebreus e, aos poucos, suprimida. Os rituais sexuais viraram pecados graves e as sacerdotisas, pecadoras. "As principais religiões patriarcais que se seguiram - o cristianismo e o islamismo - reconheceram o impacto devastador do estigma da prostituta na divisão e regulamentação das mulheres", explica Nickie Roberts.
A Grécia antiga foi uma típica sociedade patriarcal. As mulheres não podiam participar da vida política e social. No entanto, como aconteceu a todas as sociedades antigas, os primeiros habitantes da Grécia foram povos adoradores da deusa, afirma Nickie. Os deuses masculinos só vieram mais tarde, por volta de 2.000 a.C., com os invasores indo-europeus. As duas culturas fundiram-se e produziram o híbrido que chegou até nós. Basta lembrar que Zeus, divindade suprema indo-européia, casou-se com Hera, poderosa deusa sobrevivente do culto anterior.
A negação total do poder da mulher na sociedade grega é decorrente do governo de uma série de ditadores homens. Sólon, que governou Atenas na virada do século VI a. C., foi o principal deles, tendo institucionalizado os papéis das mulheres na sociedade grega. Passaram a existir as "boas mulheres", submissas, e as outras.


SÍMBOLO ÀS AVESSAS
Segurando duvidosamente um crucifixo, o quadro Madalena penitente, de Francesco Hayez (1825), mostra Maria Madalena fugindo da morte e culpada, por intermédio da religião

Maria Madalena, famosa prostituta arrependida da Galiléia, representa que, para ser salva, a mulher precisa abandonar a profissão
Conhecida como a ex-prostituta da Galiléia, Maria Madalena foi uma das mais fiéis seguidoras de Jesus Cristo. De acordo com a Bíblia, ela estava presente em sua crucificação e em seu funeral. Foi ela quem encontrou vazio o túmulo de Jesus, ouviu de um anjo que ele havia ressuscitado e foi dar a notícia aos apóstolos.
Prostituta com papel de destaque na história de Cristo - foi, inclusive, canonizada pela igreja católica -, Maria Madalena poderia ter se tornado um símbolo na luta pela aceitação da atividade. Mas o que ocorreu foi o contrário: como personificou o estereótipo de "prostituta arrependida", acabou por disseminar uma imagem negativa sobre a prostituição, ao reforçar a idéia de que é preciso abandonar a atividade para redimir-se dos pecados e ser perdoada por Deus.
Durante a Idade Média, as prostitutas atuantes eram excomungadas da igreja católica. Mas as que se arrependiam eram perdoadas e aceitas pela sociedade. Houve até um movimento de conversão, em que a igreja estimulou fiéis a "recuperar" prostitutas e casar-se com elas. Também surgiram comunidades monásticas de ex-prostitutas convertidas, que receberam o nome de "Lares de Madalena". Elas proliferaram pela Europa, tendo sido financiadas, em sua maioria, pelo clero. Além de Maria Madalena, a igreja enalteceu diversas outras prostitutas que salvaram suas almas pelo arrependimento, como Santa Pelágia, Santa Maria Egipcíaca, Santa Afra e outras.
O curioso é que nenhuma passagem na Bíblia afirma que Maria Madalena foi prostituta. Os textos sagrados a mencionam como pecadora, de quem Jesus expulsou sete demônios, mas não especificam qual seria seu passado. Provavelmente, o que a levou a ser vista como prostituta foi a identifi- cação com um relato de Lucas (7:36-50) sobre uma pecadora anônima, descrita de forma a sugerir ser uma prostituta, que em certa passagem unge os pés de Cristo. O relato de Lucas, a respeito de tal mulher arrependida, antecede a citação nominal de Maria Madalena. No Ocidente cristão, a versão de que Maria Madalena seria essa mulher foi a mais difundida. No Oriente, a mulher anônima e Maria Madalena são vistas como pessoas diferentes.
Foi também Sólon quem, percebendo os lucros obtidos pelas prostitutas - tanto as comerciais quanto as sagradas -, organizou o negócio, criando bordéis oficiais, administrados pelo Estado. Neles, havia grande exploração das mulheres, que eram praticamente escravas. Junto com os bordéis oficiais, muitas meretrizes independentes exerciam o seu comércio, apesar da legislação de Sólon. "Pela primeira vez na História, as mulheres estavam sendo cafetinadas - oficialmente. (...) Assim, de mãos dadas, nasceram a cafetinagem estatal e privada", afirma Nickie.
Maria Regina Cândido, historiadora da UERJ, lembra que foi a pressão sobre a terra, com o grande aumento da população grega, que levou Sólon a criar os primeiros bordéis. Isso porque ele trouxe para a região estrangeiros ceramistas, com o intuito de ensinar à população excedente uma nova atividade, já que a agricultura não absorvia mais a todos. "Para que os estrangeiros não molestassem as esposas e filhas de cidadãos gregos, ele criou um espaço de prostituição oficial na periferia da cidade, os bordéis", explica a coordenadora do NEA. Segundo Maria Regina, as prostitutas ficavam em frente ao cemitério, na região do cerâmico, onde estavam instaladas as oficinas dos ceramistas, e também na região do Porto do Pireu, onde eram chamadas de pornes, daí vem a palavra pornografia.
As prostitutas dos bordéis eram estrangeiras, trazidas para a Grécia exclusivamente para cumprir esse papel. Mas muitas mulheres gregas, depois de casamentos desfeitos por suspeita de traição ou outros desvios de comportamento, não viam outro caminho a não ser prostituir-se. Essas, estigmatizadas, juntavam-se às estrangeiras nos bordéis oficiais.

As prostitutas do templo de Afrodite deixaram de ser vistas como sacerdotisas e viraram escravas
Muitas prostitutas eram cultas e instruídas, e cumpriam o papel de entreter os líderes daquela sociedade. Cobravam alto preço por sua companhia e podiam ou não ceder aos desejos sexuais do cliente. São as hetairae, amantes e musas dos maiores poetas, artistas e estadistas gregos, explica Maria Regina. "As hetairae conduziam seus negócios abertamente em Atenas, trabalhando independentemente tanto dos bordéis do Estado quanto dos templos", diz Nickie.
A prostituição sagrada também sobreviveu, embora timidamente, durante o período da Grécia clássica. Havia templos em toda a Grécia, especialmente em Corinto - dedicado à deusa Afrodite. As prostitutas do templo não mais eram vistas como sacerdotisas, eram tecnicamente escravas. Mas, por serem consideradas criadas da deusa, mantinham a aura de sacralidade e eram homenageadas pelos clientes. "Demóstenes pagava caro por essas prostitutas. Ele ia de Atenas até Corinto só para ter relações sexuais com elas", diz Maria Regina.
Sob os olhos de dezenas de homens e escondendo o rosto, mulher grega é julgada, talvez por traição: motivo que estigmatizava esposas infiéis, que optavam viver como prostitutas. Tela de Jean-Léon Gérome (1861)


LIVRES NO IMPÉRIO ROMANO
frei São Tomás de Aquino, por Fra Angélico: em sua vasta obra filosófica e moral do século XIII, ele defendeu a existência da prostituição, argumentado esse ser um "mal necessário"

Roma foi diferente da Grécia. Até o início da República, a prostituição não era tão disseminada no território romano. "Roma ainda era muito provinciana, fechada", explica Ronald Wilson Marques Rosa, historiador e pesquisador do NEA/UERJ. A prostituição apenas se difundiu com a expansão militar do império romano e a conquista de escravos. Antes desta expansão, há indícios de que entre os primeiros romanos, que eram povos agrícolas, existia a antiga religião da deusa, diz Nickie Roberts. Ela também afirma que, em tempos posteriores, a prostituição religiosa estava ligada à adoração da deusa Vênus, que era considerada protetora das prostitutas.
Após a expansão militar e territorial, "os escravos eram os prostitutos, tanto homens quanto mulheres. E não havia estigmatização, não era algo mal-visto. Era normal o uso comercial do escravo para a prostituição. E, muitas vezes, eles usavam esse dinheiro para conseguir a liberdade", diz Ronald Rosa.
De acordo com Nickie, Roma foi uma sociedade sexualmente muito permissiva. "Eles escarneciam de qualquer noção de convenção moral ou sexual e desviavam-se de toda norma que houvesse sido inventada até então", afirma. A grande expansão urbana favoreceu o crescimento da prostituição. A vida era barata, e o sexo, mais barato ainda, diz a autora. Prostituição, adultério e incesto permearam a vida de muitos imperadores romanos.
"Falando de modo geral, a prostituição na antiga Roma era uma profissão natural, aceita, sem nenhuma vergonha associada a essas mulheres trabalhadoras", comenta Nickie. A vida permissiva levava mulheres a rejeitar o casamento, a ponto de o imperador Augusto estabelecer multas para as moças solteiras da aristocracia em idade casadoira. Muitas se registraram como prostitutas para escapar da obrigação. O sucessor de Augusto, Tibério, proibiu as mulheres da classe dominante de trabalhar como prostitutas.
Diferente da Grécia, os romanos não possuíam e nem operavam bordéis estatais, mas foram os primeiros a criar um sistema de registro estatal das prostitutas de classe baixa. Isso resultou na divisão das prostitutas em duas classes, explica Nickie: as meretrices, registradas, e as prostibulae (fonte da palavra prostituta), não registradas. A maior parte não se registrava, preferia correr o risco de ser pega pela fiscalização, que era escassa.

"Suprimir a prostituição e a luxúria caprichosa VAI ACABAR COM A SOCIEDADE. "


SANTO AGOSTINHO
Na imagem à esquerda, o pintor alemão Nicolaus Knupfer retrata soldados embriagados e rendidos aos prazeres mundanos como a bebida, a música e o sexo em um bordel

Grupo de prostitutas de elite, em Yokohama, no Japão do início do século XX: a sobriedade da imagem esconde a devassidão permitida entre quatro paredes
CONDENADAS NA IDADE MÉDIA
Com o declínio do Império Romano, começou a Idade Média. Os invasores, guerreiros bárbaros, organizam a vida não mais em grandes cidades e sim em aldeias agrícolas, que não favoreciam a prostituição como a vida urbana. "As artes civilizadas do amor, do prazer e do conhecimento - o erótico e os demais - desapareceram durante a Idade das Trevas. (...) a antiga tradição de uma sensualidade feminina orgulhosa e exaltadora desapareceu para sempre", afirma Nickie Roberts. A igreja cristã perpetua-se e reprimi a sexualidade feminina, ao censurar a prostituição.
Apesar de condenada, a prostituição foi tolerada pela igreja, que a considerou "uma espécie de dreno, existindo para eliminar o efluente sexual que impedia os homens de elevar-se ao patamar do seu Deus", explica Nickie. A igreja condenava todo relacionamento sexual, mas aceitava a existência da prostituição como um mal necessário. De acordo com Jacques Rossiaud, autor de A Prostituição na Idade Média, "pode-se afirmar, sem receio de erro, que não existia cidade de certa importância sem bordel".
Nas duas imagens, a mulher é tratada de maneira diferente ao olhar e ao julgamento masculino. À esquerda, a tela holandesa do século XVIII mostra mulheres sendo transportadas para fora da cidade. Ao lado, o pintor Vermeer mostra, no século XVII, uma mulher que satisfaz aos desejos de homens em troca de dinheiro


Havia bordéis públicos, pequenos bordéis privados e também casas de tolerância - os banhos públicos. Além disso, continuavam a existir as prostitutas que trabalhavam nas ruas. Em tese, o acesso aos prostíbulos públicos era proibido para homens casados e padres, mas eles encontravam meios de burlar a legislação. Rossiaud escreve que as prostitutas não eram marginais na cidade, mas desempenhavam uma função. Nem eram objeto de repulsão social, podendo, inclusive, ser aceitas na sociedade e casar-se depois que deixassem a vida de prostituta.
A liberdade sexual só era tolerada para os homens. As mulheres casadas e suas filhas, de boa família, deviam temer a desonra. Mas, de acordo com Rossiaud, essa liberdade masculina não sobreviveu à "crise do Renascimento". Houve uma progressiva rejeição da prostituição, que revelava nas comunidades urbanas a precariedade da condição feminina. "Lentamente, a mulher conquistou uma parte do espaço cívico, adquiriu uma identidade própria, tornou-se menos vulnerável", explica Rossiaud. E houve uma revalorização do casal.
Prostituição e violência aparecem pela primeira vez associadas, devido a brigas, disputas e assassinatos nos locais públicos. Autoridades municipais, apoiadas pela igreja, passaram a coibir a prostituição que, a partir de então, "aparecia como um flagelo social gerador de problemas e de punições divinas", afirma Rossiaud. Um após outro, os bordéis públicos foram desaparecendo. "A prostituição não desapareceu com eles, mas tornou-se mais cara, mais perigosa, urdida de relações vergonhosas", diz Rossiaud. Para o autor, foi o "duplo espelho deformante do absolutismo monárquico e da Contra-Reforma" que fizeram parecer "decadência escandalosa o que era apenas uma dimensão fundamental da sociedade medieval."

"A PROSTITUIÇÃO NAS CIDADES É COMO A FOSSA NO PALÁCIO: tire a fossa e o palácio vai se tornar um lugar sujo e malcheiroso."

SÃO TOMÁS DE AQUINO

Prostituta de Nova Orleans é fotografada, no início do século XX, pelo fotógrafo E.J. Belloq

UMA PATOLOGIA PARA A MODERNIDADE

Na modernidade, segundo Margareth Rago, professora titular do departamento de História da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e autora de Os Prazeres da Noite, a prostituição ganhou feições diferenciadas. Isso porque as mulheres conquistam maior visibilidade e atuação na sociedade. Surgiram novas formas de sociabilidade e de relações de gênero, com a criação de fábricas, escolas e locais de lazer e consumo. "Foram outros modos de vida, nos quais a mulher vai ter maior participação", diz Margareth.

Apesar da modernização dos costumes, a sociedade ainda é conservadora em relação às prostitutas
Nesse contexto, nasceu o feminismo e a mulher reivindicou o direito de trabalhar e de estudar. O discurso sobre a prostituição ficou forte nesse período e virou debate médico e jurista. "Há um uso, não consciente, da prostituição para dizer que mulher direita não fuma, não sai de casa sozinha, não assobia na rua, não goza. O médico vai dizer que a mulher não tem muito prazer sexual, ela tem desejo de ser mãe. Já o homem tem e, por isso, precisa da prostituta", afirma Margareth.
De acordo com Margareth, é nessa época que as prostitutas passam a ser condenadas como anormais, patológicas, sem-vergonhas; uma sub-raça incapaz de cidadania. E a justificativa vai vir de teorias médico-científicas. "O que acontece é que a medicina do século XVIII usa os argumentos misógenos de Santo Agostinho e de São Paulo, e fundamenta cientificamente o preconceito contra a prostituta", explica Margareth. "Diz que a prostituta é um esgoto seminal, uma mulher que não evoluiu suficientemente. São pessoas que têm o cérebro um pouco diferente, o quadril mais largo, os dedos mais curtos. Criam toda uma tipologia", diz Margareth.
Para a autora de Os Prazeres da Noite, podemos diferenciar a imagem que se construiu da prostituta na modernidade para a visão que temos dela hoje em dia: "Nos últimos 40 anos, mudou muito. O sexo está deixando de ser patológico, de estigmatizar o que pode e o que não pode. Não sei se acontecem mais coisas na cama de casados ou de uma prostituta. A revolução sexual transformou os costumes. Mas a sociedade ainda é conservadora e há forte preconceito contra essas mulheres", diz Margareth.

REFERÊNCIAS

ROSSIAUD, Jacques. A Prostituição na Idade Média. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1991. 224 pág.
RAGO, Margareth. Os Prazeres da Noite: prostituição e códigos da sexualidade feminina em São Paulo (1890-1930). São Paulo: Paz e Terra, 2008. 360 pág.


Revista Leituras da Historia


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06
Abr17

6 teorias “científicas” que atrasaram o progresso da humanidade

António Garrochinho

Teorias como a eugenia ou aquelas que discriminam com base no sexo, raça ou orientação sexual são extremamente prejudiciais para a sociedade. Eles criam divisões entre nós, geralmente por razões “científicas” falsas ou ignorantes.
Enquanto algumas das idéias nesta lista têm sido amplamente desacreditadas, ainda existem adeptos dessas teorias em todo o mundo, com alguns desses tópicos sendo amplamente creditados pela maioria da população.
Conheça algumas teorias que atrasaram o progresso da humanidade:

Homens gays e doação de sangue

Prevalente em alguns países, incluindo os Estados Unidos, França e Alemanha, a proibição de doadores de sangue homossexuais masculinos são muitas vezes baseadas em medos infundados ou homofobia declarada. Desde a década de 1980, quando a AIDS começou a ser vista como uma ameaça pública, leis como proibição de doações de sangue por gays foram impostas.
Eles estão colocados em uma categoria de alto risco, no mesmo patamar de usuários de drogas injetáveis. Na época, parecia ser a única maneira de combater a AIDS, considerando que a maioria dos infectados eram homens homossexuais. Além disso, em 1985, um grande número de pessoas contraía o vírus HIV a partir de transfusões de sangue, justificando essa abordagem cautelosa.
No entanto, homens heterossexuais que se envolvem em situações sexuais de risco ou que tenham contraído DST’s e receberam tratamento, podem doar quantas vezes quiser. Atualmente existem testes que podem detectar com 99,9 por cento de precisão se o sangue está contaminado com HIV, fazendo dessa proibição vitalícia, irracional.

Medicina Tradicional Chinesa

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Medicina tradicional chinesa, tem origem no século 28 a.C, com um homem chamado Shennong. Ele catalogou cerca de 400 espécies de plantas medicinais. Ao longo dos séculos esse catálogo se expandiu para incluir cerca de 1.000 diferentes plantas e 36 animais diferentes.
A ameaça da Medicina Tradicional Chinesa vem de seu dano real a um número de animais ameaçadas de extinção, incluindo tigres, rinocerontes e cavalos-marinhos, que faz com que isso seja parte da causa do que os cientistas chamam de “sexta extinção em massa da Terra”.
Muitos dos supostos benefícios para a saúde relacionados com partes de animais (chifre de rinoceronte reduz a pressão arterial, carne de jacaré previne o câncer, etc.) têm sido provados falsos por vários estudos científicos.

Teoria do puro sangue na Coreia

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A ideia coreana de “sangue puro” deriva da crença de que as pessoas do país descendem de um só homem, Dangun, que se diz ter fundado o primeiro reino coreano. Por causa disso, o país é “teoricamente” tem uma única linhagem, que deveria unir as pessoas, mesmo quando reis ou dinastias caíssem.
Alguns historiadores afirmam que isso surgiu devido a subjugação japonesa e é resultante da tentativa de assimilação da cultura do Japão. Além disso, esta teoria do “puro sangue” afeta todo o relacionamento de um coreano com um não coreano. As pessoas que se relacionam com pessoas de uma etnia diferente podem ser insultadas e até mesmo agredidas. Na Coréia do Sul, uma pesquisa de 2008 revelou que 42 por cento da população nunca tinha visto pessoalmente alguém que não era coreano.

Feitiçaria

Old woman on bonfire
As pessoas podem pensar em feitiçaria e associar a Idade Média ou as bruxas de Salém, concluindo que tudo isso está no passado. No entanto, a crença em feitiçaria ainda vive e prejudica seus seguidores. Acusações de feitiçaria, tendo como alvo mulheres, ainda acontecem devido as crenças religiosas extremistas.
A maioria dos “julgamentos” contra bruxas confiam em testemunhas oculares ou falsas confissões geralmente provocada por tortura. Por exemplo, em 2013, na Papua Nova Guiné, uma mulher foi queimada viva por ser um “sanguma”, um de bruxa. Muitos outros países, incluindo Arábia Saudita, ainda punem as pessoas por feitiçaria, com penas que vão de prisão a até execução.

Determinismo biológico

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Determinismo biológico é a crença pseudocientífica que o nosso comportamento é determinado por nossa composição genética. Embora esta “teoria” levante questões sobre nossas próprias escolhas, ela é principalmente usada para justificar o comportamento racista, sexista ou homofóbico, sob o pretexto de superioridade por parte do abusador.
A ciência moderna tende a concordar que nossas ações são uma combinação de nossas tendências biológicas e nosso meio ambiente, tornando-os um fenótipo. Casos de racismo declarado são extremamente comuns quando se trata de determinismo biológico.

Frenologia

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A frenologia é uma pseudociência intimamente relacionada ao determinismo biológico. Ela faz estudos sobre a forma do crânio e sua influência na capacidade mental de uma pessoa, bem como no caráter de uma pessoa. Desenvolvida pela primeira vez no final do século 18 por um médico vienense chamado Franz-Joseph Gall, a frenologia era imensamente popular até no século 20.
Donos de escravos se beneficiaram dessa “ciência” e usaram as informações para justificar a escravidão, alegando que africanos não eram inteligentes o suficiente para serem livres. Em uma reviravolta estranha, frenologia também foi usada por abolicionistas, que argumentavam que a timidez dos escravos significava que eles não iriam se tornar violentos se todos fossem libertados, medo de muitos proprietários de escravos.


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06
Abr17

DEPRESSÃO - UM MAL DE HÁ SÉCULOS

António Garrochinho



A depressão é uma doença que se caracteriza por um estado de humor persistentemente rebaixado, apresentando-se como tristeza, angústia ou sensação de vazio, e pela redução na capacidade de sentir satisfação ou vivenciar prazer. Apresenta causas múltiplas, como fatores genéticos, neuroquímicos, ambientais, sociais e pesicológicos.
Estima-se que cerca de 120 milhões de pessoas no mundo sofrem desse quadro de desordem psiquiátrica, que se encontra em quarto lugar entre as doenças no último relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), com perspectivas de alcançar o segundo lugar em 2020.
Embora seja tratada por muitos como o mal do século, a depressão não é uma doença exclusivamente pós-moderna, sendo abordada, inclusive, por inúmeros filósofos ao longo da história da humanidade

Na Antiguidade, já havia entre os gregos a ideia moderna de que as doenças da mente se conectam a disfunções corporais. A melancolia - denominação primeira do que hoje se entende por depressão - era diagnosticada por observação clínica, em detrimento de explicações mitológicas. Hipócrates, no século V a.C., definia a melancolia como uma afecção sem febre, na qual o espírito triste permanece sem razão fixado em uma mesma ideia, constantemente abatido, definição que se assemelha à dos quadros depressivos actuais. Para Aristóteles, os melancólicos eram pessoas que tinham mais espírito que as demais.
Na Idade Média, a ascenção do Cristianismo promoveu uma alteração na perspectiva das doenças mentais, agora associadas ao sobrenatural, à superstição e ao misticismo. Segundo Santo Agostinho, o homem é um ser diferente dos demais, pois dotado de razão. A perda dessa razão é um desfavor de Deus, a punição para uma alma pecadora. Portanto, a melancolia era um afastamento de tudo que era sagrado, sendo considerada até mesmo um pecado punido pela Inquisição.
Na Idade Moderna, a melancolia era definida principalmente pela presença de ideias delirantes. Nessa época, vários foram os contrastes entre os pensadores europeus, sendo até mesmo considerada por alguns como uma doença e uma qualidade da personalidade que indicava profundidade. Na Itália, Marcilio Ficino foi o filósofo que mais discutiu a depressão, definindo a melancolia como um fenómeno presente em todos os homens, em razão do seu anseio pelo grande e o eterno. Dizia que todo génio é um melancólico. No século XVII, René Descartes inaugura o racionalismos moderno, segundo o qual o universo é explicado de forma mecânica e matemática. Nesse contexto, surge a convicção de que a razão humana é capaz de conhecer a origem, as causas e os efeitos das paixões e das emoções, governadas e dominadas pela vontade orientada pelo intelecto. O dualismo cartesiano - dicotomia entre corpo e mente - promoveu uma mudança na perspectiva da depressão: a doença é aspecto físico; a mente, distinta do cérebro, apresenta dúvidas e inconsistências, mas não a doença. Novos sintomas passam a ser considerados, como a tristeza, amargor, gosto pela solidão e imobilidade.
Ainda na Idade Moderna, o século XVIII caracterizou-se pelo advento do Iluminismo, movimento de acelerado desenvolvimento da ciência e fé no poder da razão humana, que seria capaz de promover um progresso sem limites. Nesse contexto, surgem as primeiras teorias que fundamentam os pensamentos actuais, como as concepções de que as doenças mentais são hereditárias e de que a melancolia constitui uma alteração da função nervosa e não dos humores. O Romantismo, movimento de reacção à razão apregoada pelo Iluminismo, promove a defesa do sentimento, imaginação e da mente voltada para o sublime, magnífico e comovedor. A depressão novamente se torna desejada. Para Immanuel Kant, o sublime sempre fora acompanhado por algum terror ou melancolia; na visão de Arthur Schopenhauer, o depressivo vive simplesmente porque tem um instinto básico e o trabalho constitui uma forma de distração dos homens de sua depressão essencial. Soren Kierkegard - precursor do Existencialismo - encarava a humanidade como melancólica.
No século XIX (marcado por descobertas na biologia, física, química, anatomia, neurologia e bioquímica), as doenças mentais - inclusive a depressão - foram relacionadas com patologia orgânica do cérebro e passaram a ser medicadas. Para Foucault, essa medicação constitui parte de um plano de controle social; para Friedrich Nietzche, Deus está morto e nós que o matamos.
Finalmente, Na Idade Contemporânea, ocorreram progressos científicos em torno da compreensão e tratamento das enfermidades mentais, acarretando a consolidação da psiquiatria e modificações na forma de atendimento e assistência ao paciente psiquiátrico. Sigmund Freud definiu a melancolia como uma forma de luto que surge de uma sensação de perda da libido, tornando o ego pobre e vazio. Em 1950 houve a descoberta dos antidepressivos, a partir de pesquisas, ainda não conclusivas, acerca dos neurotransmissores que regulam as emoções.
Actualmente, a depressão, salvo excepções, é uma doença mental segundo a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde e de acordo com o Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais, recebendo hoje abordagens científicas, como a médica, a psicanalítica e a cognitivista, além das visões filosóficas e religiosas que ao longo da história da humanidade sempre permearam a questão.

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06
Abr17

Centro Histórico de Angra do heroísmo - Património da Humanidade

António Garrochinho





Angra do Heroísmo fica situada a sul da Ilha Terceira numa pequena e lindíssima baía, no arquipélago dos Açores. Deve o seu nome a D. Maria II, que assim designou a cidade devido ao heroísmo demonstrado pela sua população durante as lutas liberais no princípio do século XIX.


Esta ilha portuária e antigo forte do século XVI foram de importância estratégica para mercadores e comerciantes portugueses e espanhóis, ao longo dos séculos, que usavam o porto abrigado da ilha como ponto de paragem entre África, Europa e as Índias Ocidentais e Américas.

A cidade foi o refúgio do escritor, orador e político João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett, durante a Guerra Peninsular.
As suas bonitas e típicas ruas são o reflexo de anos de história e influência dos vários habitantes vindos de variadas regiões.


A Praça Velha constitui o centro da cidade por excelência, constituindo-se no núcleo a partir do qual se desenvolveram as principais artérias da malha urbana. Ao longo da sua história conheceu diferentes funções: mercado de galinhas e gado aos domingos, palco de corridas de toiros, palco de enforcamentos durante as lutas entre liberais e absolutistas.

Chamada de cidade monumento, pelo seu rico património de grande valor artístico, como o provam o seu legado de esculturas, talha dourada, azulejaria e mobiliário de madeiras exóticas que recheiam os seus solares, igrejas e monumentos.

O Centro Histórico de Angra do Heroísmo foi classificado como património mundial pela UNESCO, atestando assim o seu grande valor arquitectónico, histórico e cultural. Palácios, conventos, fortificações, edifícios, ermidas, capelas, igrejas, onde se destaca a Sé Catedral, formam no seu todo, uma cidade de aspecto único e de grande beleza


Angra do Heroísmo orgulha-se também pelos seus espaços verdes, como o central Jardim Duque de Terceira, o Parque Municipal do Relvão, ou o Parque Arqueológico Subaquático da Baía de Angra do Heroísmo.




Museu de Angra do Heroísmo
O Museu localiza-se no Centro Histórico de Angra do Heroísmo, o seu espólio é vasto e diversificado, abrangendo a história regional e as suas relações com o mundo. Destacam-se as suas colecções de etnografia, armaria e militaria, pintura, escultura, mobiliário, traje, transporte, cerâmica, instrumentos musicais. No tocante a Artes Plásticas contemporâneas, destaca-se a colecção António Dacosta, artista natural de Angra do Heroísmo, reconhecido internacionalmente.


Palácio Bettencou
Casa solarenga, edificado entre os séculos XVII e XVIII. Neste local encontra-se a Biblioteca Pública e Arquivo de Angra do Heroísmo.



Sé Catedral
A Igreja do Santíssimo Salvador da Sé, ou simplesmente a Sé Catedral, localiza-se, no centro histórico da cidade. Remonta a uma primitiva igreja paroquial, iniciada por Álvaro Martins Homem em 1461. Sob a invocação de São Salvador, deve ter sido concluída em 1496, data da nomeação do seu primeiro vigário. Teve de ser reconstruída após o sismo de 1980 e de um incêndio poucos anos depois.


Convento e Igreja de São Gonçalo
O Convento localiza-se no centro histórico. É considerado o maior e mais antigo convento da cidade e o maior do arquipélago, tendo chegado a abrigar mais de cem religiosas. Constituiu-se em reputado centro de educação e de belas-artes, chegando a reunir duas centenas de educandas, que aqui tinham aulas de música, canto, desenho, pintura e humanidades.


Igreja da Misericórdia
Está implantada no local onde foi fundado o primeiro hospital do arquipélago, por compromisso da Confraria do Santo Espírito, datado de 15 de Março de 1492. O actual templo data do século XVIII.




Castelo ou Fortaleza de São João Baptista
Foi mandado construir por Filipe I sobre o istmo do Monte Brasil e constitui a maior fortaleza erigida em Portugal durante o domínio espanhol.



Monte Brasil
Lá do alto a vista é fantástica sobre a cidade, a sua baía e marina, o Porto Judeu, a Ribeirinha, os Ilhéus e, para Poente, desde a baía do Faial, passando pela baía de Villa Maria até à freguesia São Mateus da Calheta.


Castelo ou Forte de São Sebastião
Edificado no reinado de D. Sebastião (século XVI), localiza-se no porto de Pipas. Construído numa pequena colina, em pleno centro histórico da cidade, foi a primeira grande fortificação marítima na cidade.



Alto da Memória
Localiza-se no cimo do Jardim Duque da Terceira, no centro histórico da cidade. Foi erigido no século XIX em honra de D. Pedro IV. De evidente simbologia maçónica, teve a sua pedra fundamental lançada a 3 de Março de 1845, estando concluído em 1856. Do seu miradouro tem-se uma panorâmica sobre a cidade, avistando-se também o Forte de São Sebastião, a Fortaleza de São João Baptista bem como o Monte Brasil.



Impérios
Os Impérios, são capelas populares dedicadas ao Divino Espírito Santo. Estes pequenos monumentos de cores fortes e de diferentes formas encontram-se ao longo de toda a ilha. 


Igreja de Nossa Senhora da Conceição
Localiza-se no centro histórico da cidade, de estilo barroco, foi construída no séc. XVI.

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06
Abr17

Uma pergunta do PCP ao Governo sobre o financiamento das atividades do Centro de Experimentação Agrária de Tavira.

António Garrochinho

Notícia no jornal Barlavento sobre uma pergunta do PCP ao Governo sobre o financiamento das atividades do Centro de Experimentação Agrária de Tavira.
No passado dia 27 de março, uma delegação do PCP, integrando o deputado Paulo Sá eleito pelo Algarve, visitou o Posto Agrário de Tavira, tendo reunido…
BARLAVENTO.PT

06
Abr17

É inútil chorar – António Mendes Cardoso

António Garrochinho

É inútil chorar
É inútil chorar:
«Se choramos aceitamos. É preciso não aceitar.»
Por todos os que tombam pela verdade
Ou que julgam tombar.
O importante neles é já sentir a vontade
De lutar por ela,
Por isso é inútil chorar.
Ao menos se as lágrimas
Dessem pão,
Já não haveria fome.
Ao menos se o desespero vazio
Das nossas vidas
Desse campos de trigo.
Mas o que importa
É não chorar:
«Se choramos aceitamos. É preciso não aceitar.»
Mesmo quando já não se sinta calor
É bom pensar que há fogueiras
E que a dor também ilumina.
Que cada um de nós
Lance a lenha que tiver,
Mas que não chore
Embora tenha frio:
«Se choramos aceitamos. É preciso não aceitar.»
“Poemas de circunstâncias”
(1949-1960). Luanda:
Editorial Nzila, Luanda, 2003.

Este artigo encontra-se em: voar fora da asa http://bit.ly/2oCvvo3
06
Abr17

OLHÓ AVANTE ! - « O DIA DAS MENTIRAS »

António Garrochinho


Antes do 25 de Abril, no combate ao fascismo, havia consciência da falsidade da generalidade das notícias da comunicação social do grande capital e dos latifundiários, apoiada no «exame prévio» da sua ditadura terrorista.

A experiência dizia que se o fascismo ditava, representava, publicava, ou escrevia o que quer que fosse, a verdade era o contrário do que afirmava. E sabíamos disso ainda antes de chegar clandestinamente o número mais recente do Avante!, ou até os indícios da realidade que na resistência antifascista – na luta, na cultura, no jornalismo –, gritavam a verdade contra a mordaça.

Vem isto a propósito de na madrugada deste 1 de Abril ter passado num canal de TV por cabo o filme «Guernica», em que o massacre hediondo pela força aérea nazi, em 1937, daquela cidade basca é manipulado e subvertido pelo guião de um romance patético, entre o inevitável herói norte-americano e a bela ingénua, vítima do KGB. Resulta um execrável vómito anticomunista.

Daqui nasceu a urgência de apurar, além dos enlatados de Hollywood, o que constaria da comunicação social dominante nesse «dia das mentiras». E eis que se confirmou, sem surpresa, que, por caminhos mais sofisticados e tecnológicos e de formas menos terroristas, os meios audiovisuais de comunicação destilam hoje, não as mesmas, mas tantas mistificações e falsidades como no fascismo.

Em dia de Congresso da JCP, os «jornais de referência» decidem que esse facto não existe e as televisões passam quanto podem ao lado da imagem – que não pode existir, porque não encaixa na ideologia mediática autorizada – de centenas de jovens que assumem o ideal e projecto comunista.

Esta ocultação brutal, para censurar o PCP, não hesita em usar o que possa servir, sendo o BE, para este efeito, o biombo mais óbvio, útil e disponível.

É preciso avisar toda a gente. A comunicação social dominante é um instrumento do anticomunismo e da dominação política e ideológica do grande capital, em permanente «dia das mentiras».


Carlos Gonçalves 
06
Abr17

Seis anos depois

António Garrochinho



No dia 5 de Abril de 2011, em conferência de imprensa convocada para o efeito, o Secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa propunha que o Estado Português iniciasse de imediato a renegociação da nossa dívida pública, com a reavaliação dos prazos, juros e dos montantes a pagar, no sentido de aliviar o Estado do peso e do esforço do serviço da dívida que então suportava, canalizando recursos para a promoção do investimento produtivo, a criação de emprego e outras necessidades do país.
Quase que caiu o Carmo e a Trindade com esta proposta do PCP, com o PS, PSD e CDS, a considerarem-na irresponsável e irrealista e a dizerem mesmo que ela conduziria ao afundamento da nossa economia e ao empobrecimento do país.
Nessa altura o valor da nossa dívida pública atingia os 160 mil milhões de euros (94% do PIB) e custava ao país cerca de 5 mil milhões de euros anuais, hoje passados seis anos, entre os quais três anos de intervenção da Troika (CEE/BCE/FMI) coincidentes com os quatro anos e meio de governo de direita PSD/CDS, a divida pública atinge os 243,5 mil milhões de euros (130,4% do PIB) e custa ao país anualmente cerca de 8 mil milhões de euros de juros.
Não é de mais reafirmarmos que este valor equivale ao Orçamento do Ministério da Saúde e representou quase o triplo do investimento público em 2016.
Àqueles que afirmavam que a renegociação da dívida afundaria a nossa economia e levaria o país ao empobrecimento podemos dizer que o pacto de agressão que nos impuseram, esse sim, fez o país entrar numa profunda recessão em que ainda se encontra – o PIB caiu 3,1% nos últimos 6 anos, o investimento caiu 25,3%, foram destruídos 373 mil postos de trabalho, mais de meio milhão de portugueses foram forçados a emigrar e mais cerca de 200 mil portugueses caíram nas malhas da pobreza -.
Esses que invocaram o caos se a renegociação da dívida avançasse desempenharam um papel inestimável na salvação dos grandes bancos europeus e mundiais, dos seus accionistas e credores, responsáveis pela crise financeira mundial de 2007/2008, sacrificando em contrapartida as condições de vida do povo português, através de um pacto de agressão que impôs um nível de destruição de direitos laborais e sociais, nunca antes visto desde o 25 de Abril de 1974.
Vale a pena lembrar e citando Philippe Legrain, conselheiro económico do Presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso que no fim do primeiro trimestre de 2010, os bancos franceses tinham uma exposição de 780,4 mil milhões de euros relativamente à Grécia, Irlanda, Itália, Portugal e Espanha; os bancos alemães de 557,8 mil milhões, os bancos espanhóis de 134,5 mil milhões, primariamente a Portugal; os bancos italianos de 66,3 mil milhões e outros bancos da zona euros de 396,2 mil milhões, os bancos fora da zona Euro tinham igualmente grandes exposições ao nível de 387,4 mil milhões no caso dos bancos britânicos, predominantemente na Irlanda, e de 493,8 mil milhões no caso dos bancos americanos. A estratégia oficial seguida visou fundamentalmente salvar os bancos, recapitalizando-os e transferindo as suas exposições de risco em última análise, à custa das finanças públicas e dos trabalhadores e do povo. Assim, em Março de 2013, a exposição dos bancos alemães face a bancos espanhóis, irlandeses, portugueses e gregos estava reduzida a 48,3 mil milhões de euros a partir de 127,6 mil milhões três anos antes; a dos bancos franceses estava em 31,5 mil milhões a partir de 75,7 mil milhões, a de bancos britânicos de 32,2 mil milhões a partir de 58,4 mil milhões; a de bancos americanos de 23 mil milhões a partir de 43,3 mil milhões.  
Percebe-se muito bem porque razão tão facilmente, altas figuras do Banco de Portugal e dos Governos PS, PSD e CDS transitam para instituições internacionais de relevo, quer falemos do BCE, FMI, OCDE, BM, CE, do fundo abutre Arrow Global ou da Goldman Sachs, o maior fundo de investimentos mundial.
A opção pelo recurso ao Programa de Assistência Económica e Financeira no valor de 78 mil milhões de euros entre Junho de 2011 e Junho de 2014, em vez de se avançar para o processo de renegociação da dívida acompanhado pela diversificação das suas fontes de financiamento, serviu tão só para permitir que muita da nossa dívida pública nas mãos da Banca e outros investidores internacionais pudesse ser substituída pela dívida agora nas mãos dos chamados investidores institucionais, como são o BCE, EU e FMI e nas mãos da Banca Nacional. Basta para tanto verificar que em 2010 o sector financeiro internacional detinha 63,2% da nossa dívida pública, cerca de 109 mil milhões de euros, enquanto em 2016 detém apenas 27,6% dessa mesma dívida, enquanto a Troika detém agora 29,4%.
Desta forma a renegociação da dívida pública, que passado 6 anos muitos que antes a criticavam agora acham indispensável, ter-se-á que fazer num quadro bem mais complexo, não apenas pela sua enorme dimensão, mas também porque cerca de 1/3 está nas mãos da Troika e 10% nas mãos de particulares.
Adiar a renegociação da nossa dívida pública nos seus prazos, juros e montantes é impedir o país de ter recursos financeiros indispensáveis ao seu crescimento económico sustentável e constitui um crime contra a nossa soberania de que as futuras gerações nos julgarão.
É nosso dever denunciar os seus responsáveis, os sucessivos governos de direita PSD/CDS e os Governos PS, que prosseguiram ao longo dos anos políticas de direita e que hoje não tem a coragem de enfrentar os grandes interesses financeiros europeus, que o BCE e o Eurogrupo bem corporizam.   
Nota :Nessa a situação era muito mais favorável . Hoje até o Presidente da CIP defende a renegociação .


Este artigo encontra-se em: FOICEBOOK http://bit.ly/2p1NEs3



abrildenovomagazine.wordpress.com
06
Abr17

Empresário de Braga escondeu milhões ao Fisco

António Garrochinho


O empresário do ramo imobiliário José Veloso de Azevedo vai ser julgado no Tribunal de Braga por fraude fiscal qualificada.

Não declarou ao Fisco juros ganhos com depósitos num offshore do BPN, que chegaram a cerca de 103 milhões de euros, e não pagou ao Estado os 3,739 milhões de euros de impostos devidos. Foi pronunciado pelo Tribunal de Instrução, que confirmou a acusação do Ministério Público (MP).


www.jn.pt
06
Abr17

ARGENTINA - Da Ditadura genocida à concentração e miserabilização actual

António Garrochinho




Há 41 anos, um golpe militar instaurou na Argentina a ditadura mais sangrenta da sua história. Mas os interesses que esses militares defenderam através da mais bárbara repressão e de um violentíssimo terrorismo de Estado tiveram e têm continuidade no quadro constitucional posterior a 1983. São os interesses do grande capital, contra os interesses e direitos e contra a acção organizada dos trabalhadores e do povo.




A 41 anos do golpe genocida de 24 de Março de 1976 há que fazer memoria e recuperar os objectivos então propostos pelas classes dominantes para considerar quanto alcançaram e como o aprofundam na actualidade.
Com o terror de Estado exerceu-se a “necessária” violência para reestruturar a economia, o estado e a sociedade, e por isso a cultura do medo, mediante a repressão explícita, para obter uma férrea disciplina social. Por isso não deve surpreender a argumentação ideológica no presente contra a mobilização social em defesa dos direitos dos de baixo. É a cultura repressora da dominação que defende o direito a circular juntamente com os de propriedade, contra os dos trabalhadores, seus salários e condições de emprego.
Sim, há matizes em 41 anos, não é o mesmo a ditadura e os governos constitucionais, não necessariamente “democráticos”; mas existem algumas regularidades institucionais que atravessam todo o período.


A mais importante é a ofensiva do capital sobre o trabalho, e a flexibilização e precariedade laboral constituem uma constante em todo o período. A irregularidade atinge um terço do emprego, é menor que o máximo de 2001/02, mas reflecte a voracidade da impunidade empresarial que deteriora direitos e condições de vida dos trabalhadores.
Em consequência da ofensiva capitalista mudou a relação quotidiana entre trabalhadores e seus empregadores, com a clara intencionalidade de restringir a capacidade de protesto e organização sindical, que não é maior em resultado do bloqueamento de uma cultura social e sindical na Argentina, com tradição histórica em diferentes identidades político ideológicas anti capitalistas.


Os instrumentos da ofensiva capitalista foram variados, não só para transformar a relação laboral, mas também o tipo e função do Estado, daí as privatizações e o incentivo à iniciativa privada. Uma lógica que é hoje reiterada com a pretensão de normalizar a educação privada, enquanto na escola pública se “cai” por não haver alternativa para os mais empobrecidos.

O quotidiano organiza-se com a mercantilização capitalista na saúde e a educação, na habitação, na cultura, na segurança ou na justiça; mas não deve esquecer-se que esse propósito formulado em tempos ditatoriais se materializou com governos constitucionais e persiste.
A dívida pública é um mecanismo na origem do que se potenciou em tempos e turnos constitucionais, com uma não alterada “lei de entidades financeiras” em vigor desde 1977 cujo objectivo de concentrar a banca se concretizou ainda mais do que o esperado, juntamente com a sua estrangeirização.

Não pode pensar-se no modelo produtivo actual, readequado nestas décadas, sem ter em conta o propósito explicitado pelo Plano de Martínez de Hoz em Abril de 1976, cujo eixo guia foi impulsionado sob a orientação de Cavallo com presidentes peronistas e radicais.
Os objectivos da ditadura não se materializaram apenas sob condição de golpe de Estado, mas também com legislação aprovada pelo Parlamento, sejam as leis da impunidade ou a lei antiterrorista, antecedente de qualquer protocolo de repressão contemporâneo.

É este trajecto que permite explicar os 33% de pobreza e a concentração em poucos multimilionários do petróleo, da construção ou das finanças. Refiro-me a Alejandro Bulgheroni, Eduardo Eurnekian, Alberto Roemmers, Gregorio Pérez Companc, Jorge Horacio Brito, Eduardo Costantini, ou Marcos Galperin. A Argentina replica o que se passa no mundo, onde 8 fortunas individuais detêm a mesma riqueza que 50% da população mundial.
É de interesse recuperar a memória, sim, mas também considerar as continuidades essenciais em tempos constitucionais para tornar a Argentina funcional para a ordem capitalista mundial, agora – no quadro da crise - desafiada ao seu próprio reordenamento. Este manifesta-se nas críticas à globalização capitalista a partir das suas próprias classes dominantes, caso do BREXIT ou do triunfo de Trump, ou da expansão visível das direitas mundiais que se oferecem para reformar em seu benefício o capitalismo actual.

São reformas para relançar a lógica do lucro, da acumulação e da dominação. Por isso há que pensar em termos alternativos, o que supõe a crítica aos processos de mudança que se processaram ou processam na nossa região e discutir a necessária transição da ordem actual para formas sociais de organização da produção e da vida quotidiana colocando em primeiro lugar os direitos humanos e os da natureza.

A gigantesca manifestação de recuperação do acontecimento que o genocídio representou pode servir para construir subjectividade e propostas programáticas para uma crítica do passado e do presente, juntamente com debate sobre o próximo futuro de emancipação social.
Buenos Aires, 23 de Março de 2017


www.odiario.info

06
Abr17

Diz o DN - Greve na função pública a 26 de maio divide sindicatos

António Garrochinho


A greve deverá deixar muitos serviços de Saúde às moscas e obrigar algumas escolas a fechar as portas
Aumentos salariais e 35 horas levam Frente Comum a marcar greve - a terceira que este executivo terá de enfrentar. Os outros sindicatos, Fesap e STE, não rejeitam convocar paralisação mas não se vinculam, para já, a esta data

A Federação Nacional dos Trabalhadores da Função Pública marcou uma greve geral para 26 de maio. Será a primeira deste ano e a terceira que o governo liderado por António Costa enfrenta na função pública, todas com a marca desta estrutura sindical que integra a Frente Comum, afeta à CGTP. Mas Fesap e STE, as outras duas estruturas sindicais da administração pública, não estão convencidas - o recurso à greve é uma das formas de pressão que têm em cima da mesa para tentar desbloquear negociações que estão a "resvalar à semanas" mas, para já, não querem vincular-se à iniciativa.

A greve convocada pela estrutura sindical liderada por Ana Avoila visa exigir o horário semanal das 35 horas para todos os trabalhadores da função pública. O regime das 35 horas foi reposto em julho de 2016, deixando de fora os funcionários com contrato individual de trabalho, sobretudo os que prestam serviço nos hospitais EPE.

À questão das 35 horas, junta uma outra reivindicação: aumentos salariais. "Os trabalhadores não podem ver a sua vida parada à espera que o governo cumpra o seu programa", precisou ontem Ana Avoila, acrescentando não poder aceitar que a redução do défice continue a ser feito à custa dos funcionários públicos.

No seu caderno reivindicativo para 2017, a Frente Comum tinha exigido aumentos salariais de 4%, com um mínimo de 50 euros, e o descongelamento das carreiras e progressões. O Orçamento do Estado para 2017 acautelou um aumento faseado (de 50 cêntimos no total) do subsídio de alimentação dos funcionários públicos e apontou para 2018 o início do descongelamento das progressões.

Ana Avoila justifica a necessidade de avançar já para a luta. Como o Orçamento para 2018 já está a ser preparado, não faz sentido que os trabalhadores vão para a luta "em julho, agosto ou setembro". Até porque há dinheiro "para resolver já alguns problemas".

A Federação dos Sindicatos da Administração Pública (Fesap) e o Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE) também têm dado mostras do seu descontentamento. José Abraão, secretário-geral da Fesap, sublinha que está na mão do governo evitar que esta estrutura sindical endureça a luta e avance para uma greve geral da função pública - cenário contemplado na moção aprovada no XIII Congresso da UGT. "Esperamos que nestes próximos dias o governo dê uma resposta à nossa proposta de compromisso negocial, que permita calendarizar a discussão e resolver as situações de precariedade na administração pública e proceder ao descongelamento das progressões e as promoções na carreira", precisou ao DN/Dinheiro Vivo .
Se essa resposta não chegar ou não tiver o acordo da Fesap, a realização de uma greve "é uma possibilidade real", afirma José Abraão, referindo não se sentir vinculado com a data já sinalizada pela Frente Comum. "Se será antes de dia 26, nesse dia ou depois, se verá."

Também o STE não se vincula a qualquer data. "Não rejeitamos endurecer as formas de luta, vamos ouvir os nossos associados, uma vez que no topo das nossas prioridades estão as progressões nas carreiras remuneratórias e a regularização dos trabalhadores precários", precisou Helena Rodrigues.

Afinal, há concursos

O descongelamento das carreiras e das progressões remuneratórias na função pública dominou ontem a audição à equipa de Mário Centeno, ministro das Finanças, na Comissão Parlamentar de Trabalho e Segurança Social. Carolina Ferra, secretária de Estado da Administração Pública, garantiu que os trabalhadores que não foram avaliados (e que por isso não viram ser--lhes atribuídos os pontos que asseguram uma progressão) "por razões que não lhe são imputáveis, não podem ser prejudicados" neste processo de descongelamento. Referiu ainda desconhecer que haja serviços a pedir aos funcionários não avaliados para simularem a sua avaliação (situação denunciada pelo STE e pela Fesap), mas acentuou que a existir, este procedimento é ilegal. Mas admitiu alguma "derrapagem de semanas" nas negociações, que justificou com o facto de as questões em cima da mesa serem "muito complexas".
Mário Centeno, por seu lado, assegurou que não estão em cima da mesa mudanças no procedimento que permite aos funcionários progredir quando juntam dez pontos (na sequência da avaliação de desempenho), nem reestruturações de carreiras. A regularização dos precários será feita por concurso quando aplicável, mas o ministro lembrou que este processo tem de lidar com uma multiplicidade de vínculos e de situações laborais. Certo e seguro é que "estamos cá para cumprir [as regras] que se coloca em termos constitucionais e legais".


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06
Abr17

"PROTEGIDOS" PELA CONSTITUIÇÃO MAS SÓ NO PAPEL - Metade dos candidatos ao Porta 65 excluídos por falta de verba

António Garrochinho
Os jovens estão especialmente protegidos no acesso à habitação pela Constituição da República PortuguesaCréditos




O valor orçamentado para o programa de apoio ao arrendamento jovem Porta 65, criado em 2007 pelo governo do PS, tem vindo a sofrer cortes sucessivos, o que resulta num número crescente de potenciais beneficiários que são excluídos apenas porque a verba que lhe está destinada não chega, noticia hoje o Jornal de Notícias.



Desde 2013, o número de excluídos por falta de financiamento tem vindo a crescer, de 17% para os 53%, no ano passado. Uma situação que resulta da conjugação do aumento do número de candidaturas conformes com as condições para ter acesso ao Porta 65 e da diminuição da verba afecta ao programa. Em 2016, mais de 8 mil candidaturas ficaram de fora por essa razão.

A Assembleia da República discute hoje várias propostas de alteração ao programa que substituiu o Incentivo ao Arrendamento Jovem (IAJ), da iniciativa do PSD, do BE, do CDS-PP e do PCP. Em comum, todas contemplam o alargamento da idade limite para beneficiar do apoio para os 35 anos, em vez dos actuais 30, uma alteração que deverá ser aprovada.

O PSD propõe ainda um aumento de 50% da dotação orçamental para o Porta 65 em 2018, uma medida que se revela insuficiente face aos dados de 2016, já que a verba afectada neste ano é igual à do ano passado, que deixou de fora 53% dos candidatos em condições de receber o apoio.
As iniciativas dos restantes partidos introduzem ainda a possibilidade de o apoio anual ser renovado sucessivamente durante cinco anos, quando actualmente o limite de renovações está nos três anos.

No caso dos comunistas, são ainda propostas alterações à forma como é calculado o rendimento mensal de referência mais vantajosas para os jovens, assim como o fim do concurso e a dotação de meios financeiros para que todos os candidatos em condições de receberem o apoio sejam abrangidos pelo programa.

A criação do Porta 65 foi muito contestada por introduzir condições mais restritivas do que o IAJ, até então em vigor. Já em 2002, o governo do PSD e do CDS-PP terminou com o regime de crédito bonificado, que contemplava condições mais favoráveis para os jovens que comprassem habitação.


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06
Abr17

PCP solicita à UTAO estudo sobre custo do empréstimo ao Fundo de Resolução

António Garrochinho




O Partido Comunista Português (PCP) vai propor que a Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) faça as contas ao custo da revisão feita às condições associadas ao empréstimo dos contribuintes ao Fundo de Resolução, de 3,9 mil milhões de euros e concedido aquando do colapso do BES.

O requerimento do PCP surge já depois de a manhã ter ficado marcada por novo desentendimento entre os grupos parlamentares, depois dos deputados da Comissão e Orçamento e Finanças terem, primeiro, aprovado um pedido semelhante do PSD e, depois, os partidos mais à esquerda terem dito ser antes preferível avançar apenas o pedido dos comunistas – alegando que este é mais completo. Já o PSD pretendia que a UTAO realizasse duas análises, sem que uma estivesse dependente de outra, embora pudessem ser feitas em simultâneo, conforme explicou a “Lusa”.
O requerimento proposto agora pelo grupo parlamentar do PCP defende o “profundo escrutínio” do empréstimo dos contribuintes ao Fundo de Resolução, pedindo por isso “que, ao abrigo das disposições regimentais e constitucionais aplicáveis”, que a COFMA solicite à UTAO que calcule e compare os custos do empréstimo nas suas condições atuais e as condições antes existentes. O PCP deseja igualmente que a UTAO avalie “a viabilidade do pagamento” deste empréstimo por parte do setor financeiro.
O requerimento do PCP já tinha sido anunciado ao longo da já citada reunião da COFMA realizada esta quarta-feira de manhã, depois da aprovação de requerimento similar por parte do PSD, com votos favoráveis de CDS-PP, PCP e BE e abstenção do PS.
Perante duas propostas similares, os deputados do PS e PCP solicitaram uma retificação às votações, chumbando a iniciativa do PSD. Como estes últimos acabaram por abandonar a COFMA em protesto, o pedido à UTAO do PCP apenas será votado na próxima reunião da COFMA.


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06
Abr17

MARCELO VAI FACTURANDO NA POPULARIDADE MAS HÁ QUE RECORDAR QUE SÃO NECESSÁRIAS SOLUÇÕES E NÃO MERA PROPAGANDA NUM PROBLEMA DE QUE URGE SOLUÇÕES GOVERNATIVAS - Marcelo distribui refeições a sem-abrigo para manter "os pés na terra"

António Garrochinho








Presidente realça importância de sair à rua e ir vendo vários tipos de problemas como eles são

O Presidente da República esteve na quarta-feira à noite a distribuir refeições a sem-abrigo, em Lisboa, defendendo que é seu dever manter "os pés na terra" e olhar para "fatias da sociedade que estão a ficar para trás".

"O Presidente não pode nunca deixar de ter os pés na terra, nunca! E ter os pés na terra é, permanentemente, ir vendo vários tipos de problemas como eles são, não é como os relatórios dizem que eles são", declarou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, na Praça da Alegria.

Este foi o terceiro ponto de Lisboa em que o chefe de Estado esteve na quarta-feira à noite, com voluntários do Centro de Apoio aos Sem Abrigo (CASA), a distribuir refeições empacotadas, com carne ou vegetarianas, bolos e laranjas.
A presença do Presidente da República nem sempre foi notada de imediato. Um homem, natural da Guiné-Bissau, só o reconheceu já depois de ter recebido a comida das suas mãos e exclamou, surpreendido: "Ah, senhor Presidente!".
"O senhor Presidente é que é o Presidente de todos os portugueses, sinceramente", afirmou, em seguida.

Enquanto entregava uma refeição a outro homem, com um colete amarelo da associação CASA vestido, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu-lhe: "Faz-se um esforço, faz-se um esforço".

O chefe de Estado juntou-se aos voluntários da CASA no Saldanha, pelas 22:00, atrasado, vindo de um debate com jovens no Campo Grande, e só esteve ali cerca de dez minutos. A maioria dos sem-abrigo já tinha ido embora nessa altura.

À chegada, foi abordado por um homem que lhe perguntou por que motivo, existindo tantas associações de apoio aos sem-abrigo, não há "um refeitório condigno para eles, com pratos de louça condignos", em vez da distribuição de refeições na rua.

Mais tarde, o Presidente da República disse aos jornalistas que a preocupação de "encontrar locais onde as pessoas possam ir comer, que não na rua", foi um dos pontos debatidos na reunião que teve na terça-feira com seis instituições de apoio a sem-abrigo, e "corresponde a uma preocupação das instituições".

Do Saldanha, Marcelo Rebelo de Sousa seguiu na carrinha amarela da associação CASA até à rua Mouzinho da Silveira, perto do Marquês de Pombal, onde conversou à parte com algumas pessoas que ali foram buscar comida e com duas idosas que se afastaram envergonhadas.
Marcelo correu atrás delas e abraçou-as, já na rua Alexandre Herculano, mas nenhuma delas assumiu uma situação de carência.

O Presidente da República salientou este caso e considerou que os idosos que sozinhos estão em casa numa "pobreza envergonhada" e os sem-abrigo fazem parte de "zonas da sociedade que estão a ficar assim num gueto, metidas num beco sem saída", para as quais é preciso olhar.
"Num momento em que o desemprego começa a cair, felizmente, já está abaixo de 10% e as previsões apontam que pode ir até mais abaixo, e em que pouco a pouco começam a resolver-se alguns problemas, há fatias da sociedade que estão a ficar para trás", realçou.

Antes de deixar a Praça da Alegria e seguir ainda para outros pontos de distribuição de refeições, Marcelo Rebelo de Sousa despediu-se do sem-abrigo guineense, que lhe contou que é natural de Catió, na zona sul do país.
O Presidente da República observou: "Eu já estive várias vezes na Guiné-Bissau, mas nunca estive na zona sul".
"Ah, aquilo não tem estrada, só tem caminho de cabra", retorquiu o homem, a rir, acrescentando: "Mas devagar, devagarinho, vamos construindo aquilo".

O chefe de Estado gostou da imagem: "Isso é a minha teoria também em relação ao país. Exatamente".


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06
Abr17

TEM QUE HAVER UMA EXPLICAÇÃO

António Garrochinho

ABORRECE-ME A CONSTANTE COMPARAÇÃO FEITA PELA CLASSE POLÍTICA E POR "CATEQUIZAÇÃO" IMPOSTA DA MESMA, TAMBÉM JÁ UM VÍCIO, QUE SE INSTALOU NO SEIO DO POVO, QUE SÃO AS GASTAS E ESFARRAPADAS FRASE(S) DE QUE NÓS ESTAMOS PIORES OU MELHORES DO QUE NOS PAÍSES DO NORTE E POR AÍ ADIANTE.

O QUE SEI, É QUE TEMOS UM MAR GRANDE, UM TEMPO DE SOL ESPECTACULAR, NÃO TEMOS GUERRA (EMBORA CERTOS TRASTES A QUEIRAM FOMENTAR) NÃO TEMOS O INFERNO DA POLUIÇÃO QUE MUITOS OUTROS PAÍSES TÊM, EMBORA HAJA TAMBÉM QUEM QUEIRA INSTALAR AQUI A EXPLORAÇÃO DO PETRÓLEO NOMEADAMENTE NO ALGARVE E NA COSTA VICENTINA, NÃO TEMOS A FRIEZA DE MUITOS POVOS NAS RELAÇÕES HUMANAS, SOMOS AFÁVEIS (OU FOMOS), RECEBEMOS BEM OS FORASTEIROS, OS ESTRANGEIROS ETC ETC.
SOMOS UM POVO "TOLERANTE", DE BRANDOS COSTUMES ATÉ DE MAIS COM OS QUE NOS ROUBAM E GOVERNAM COM POLÍTICAS DE ESCRAVIDÃO E SAQUE.

ENTÃO PORQUE VIVEMOS (A MAIORIA) NA MERDA ?

SÓ HÁ DUAS EXPLICAÇÕES ! UMA DELAS A CLASSE POLÍTICA QUE NOS GOVERNA, NOS MENTE, NOS EMPOBRECE E NOS COLOCA TODO O TIPO DE CANGAS, NÃO PRESTA.

É UMA CLASSE QUE ELEGEMOS MAS QUE NÃO MERECE QUALQUER CONFIANÇA E ESTÁ ISENTA DE INTELIGÊNCIA E RESPONSABILIDADE GOVERNATIVA E QUER ENRIQUECER DEPRESSA DESTRUINDO A NOSSA VIDA.

A OUTRA EXPLICAÇÃO É PORQUE MANIPULADOS E DESINTERESSADOS DA POLÍTICA, ADMITIMOS TUDO COMO UM REBANHO CARNEIRISTA QUE NÃO EXIGE E NÃO LUTA PELOS DIREITOS COMO DEVERIA LUTAR, E PERDEMOS TEMPO DEMASIADO COM RETÓRICAS OCAS E INÚTEIS.

DIGLADIAMO-NOS COM MERDICES E ALIENAÇÕES SUPÉRFLUAS, QUE NÃO SÃO NUCLEARES PARA A NOSSA FELICIDADE.

VENDERAM O PAÍS A RETALHOS, DESTRUÍRAM AS EMPRESAS, ACABARAM COM A FROTA PESQUEIRA, A AGRICULTURA E OUTROS SECTORES PRODUTIVOS, NÃO SE PRODUZ, NÃO SE CRIA EMPREGO E DEPOIS ANDAMOS COM COMPARAÇÕES ESTÚPIDAS COM OUTROS PAÍSES QUE NEM SEQUER TÊM OS RECURSOS QUE NÓS TEMOS OS QUAIS NÃO SÃO APROVEITADOS E QUE PARA CLASSE POLÍTICA NEO LIBERAL QUE HÁ DÉCADAS NOS (DES)GOVERNA NÃO MERECE ATENÇÃO PORQUE NÃO SABEM E PORQUE NÃO QUEREM.


António Garrochinho
06
Abr17

Parquímetros retirados pela população de Carnide

António Garrochinho

Em declarações à Lusa, o presidente da Junta de Freguesia de Carnide, Fábio Sousa, disse que esta «acção popular» nasceu de forma espontânea entre os moradores da zona, que se sentem injustiçados com a colocação dos parquímetros por parte da EMEL – Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa, «sem uma consulta pública».



Para esta tarefa de remoção, os moradores revelaram estar «munidos das próprias mãos» e de «uma enorme vontade de remover uma injustiça» que lhe foi imposta pela EMEL.
Esta madrugada, o presidente da Junta de Carnide garantiu que os parquímetros não foram danificados nem vandalizados, já que estes cidadãos em protesto apenas querem fazer valer os seus direitos nas decisões para a zona onde habitam.
Os parquimetros da EMEL removidos ficaram guardados na esquadra da PSP durante a noite e serão entregues ao final da tarde na Câmara Municipal de Lisboa.
A informação foi avançada à Lusa já de madrugada por Fábio Sousa, que disse ainda que os sete parquímetros serão levados para os Paços do Concelho «sob a guarda da população e da junta» e que pretendem entregá-los pessoalmente ao presidente da autarquia, Fernando Medina, numa acção marcada para as 18h.
A intenção de guardar os parquímetros na esquadra da PSP, que acorreu ao local de onde foram retirados, pretende proteger estes equipamentos e evitar que sejam vandalizados, disse Fábio Sousa.
A EMEL activou os parquímetros na última sexta-feira, apesar de o parque de estacionamento com capacidade para 200 lugares, na Azinhaga das Carmelitas, prometido pela Câmara Municipal, ainda não ter sido construído. Tal como estão por concretizar dois projectos de intervenção no espaço público, com verbas garantidas através dos orçamentos participativos municipais de 2014 e 2015, afirmou o presidente da Junta de Freguesia de Carnide a O Corvo, no início de Março.
Já em meados de Fevereiro, uma petição lançada por moradores e comerciadas da zona histórica de Carnide, «indignados com a tentativa de entrada abrupta da EMEL em Carnide Centro sem que sejam resolvidos os problemas de estacionamento de forma integrada e sem que sejam requalificadas as ruas conforme prometido», reuniu cerca de 2500 assinaturas.


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