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orouxinoldaresistencia

POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

orouxinoldaresistencia

15
Abr17

GUERRA

António Garrochinho
HÁ POR AQUI NA NET, NAS REDES SOCIAIS, TWITTER, FACEBOOK UMA PANÓPLIA DE GENERAIS E ESTRATEGAS MILITARES A PRECONIZAR GUERRAS E MAIS GUERRAS QUE POR VEZES ATÉ SE SENTE O CHEIRO DA PÓLVORA COM O QUE ESTAS CRIATURAS SE DELICIAM E PARECE TEREM PRAZER.
NA VOLTA, SE ALGUM VIZINHO SE PEIDA LÁ TERÁ O 112 QUE VIR COM O TINONIM DESENFREADO !
JÁ NÃO BASTA O FUNDAMENTALISMO FUTEBOLÍSTICO !
AG
15
Abr17

1940 - UM RETRATO DE PORTUGAL

António Garrochinho



Bernard Hoffman foi um fotógrafo americano que trabalhou cerca de 18 anos para a revista americana Life. Bernard Hoffman é mais conhecido como o primeiro fotógrafo americano a pisar Hiroshima e Nagasaki depois da bomba atómica ter sido lançada em 1945. Esteve também em Portugal em 1940 e deixou-nos este retrato humildeda sociedade portuguesa na época.
Campino
Padre
Movimento
Funeral
Camponês
Escola
Fado
Infantário

lavaduramental.wordpress.com
15
Abr17

Estas são as mortes mais misteriosas de Hollywood

António Garrochinho


OUT960696A história de Hollywood está repleta de mortes não esclarecidas. Acidentes em circunstâncias estranhas acabaram com a vida de algumas das maiores estrelas da época. Crime? Suicídio? Conspiração? Na verdade, creio que nunca saberemos.

Entre a morte mais misteriosa da história de Hollywood temos a de Marilyn Monroe. A eterna diva do cinema morreu em Los Angeles em 5 de agosto de 1962. Quando a encontraram, estava deitada na cama depois de ter sofrido uma parada cardíaca. A autopsia determinou que a morte foi causada por overdose de medicamentos.
Marilyn Monroe 1Segundo investigação da polícia de Los Angeles , tratou-se de um possível suicídio já que não foram encontradas provas. Entretanto, devido a sua ligação com o poder, sua morte tornou-se um terreno fértil para o florescimento de teorias conspiratórias que alimentam o enigma: assassinato por sua ligação com o preseidente John F. Kennedy ou até ajuste de contas pela máfia.
Natalie Wood 1A atriz Natalie Wood morreu afogada ao cair de seu iate “The Splendor” no meio da noite. Ela estava como o seu marido Robert Wagner e o ator Christopher Walken. Entretanto, as circunstâncias nunca ficaram claras. O capitão do iate disse que houve uma forte discussão entre a atriz e seu marido, motivada por ciúmes da relação da a atriz com Walken. Também há especulação sobre o excesso do uso de bebida e droga.
Grace Kelly 1O motivo da norte da princesa de Mônaco Grace Kelly ficou ainda não está claro. Um acidente automobilístico acabou com a vida da musa de Hitchcock. Entretanto, uma dúvida persiste até hoje: quem dirigia o carro? Segundo informações oficiais era Grace, Mas, segundo uma testemunha que socorreu a princesa, quem estava no volante era a sua filha Stephanie. Entretanto, persiste ainda um véu de mistério sobre o acidente, pois há até quem diga que se tratou de um atentado.
Anna Nicole Smith 1A atriz, modelo e coelhinha da Playboy Anna Nicole Smith foi encontrado morta no Hotel Hard Rock Cafe Casino em 8 de fevereiro de 2007. Inicialmente, a morte foi atribuída a uma ingestão excessiva de várias drogas legais (antidepressivos, soníferos, antibióticos e comprimidos para emagrecer), receitados pela psiquiatra e amiga da atriz Khristine Eroshevich e comprados e administrados por Howard K. Stern, ex-namorado de Smith. A psiquiatra acabou sendo condenada por prescrição excessiva de medicamentos, embora nunca se soube o que se pretendeu como isso.
Brittany Murphy 1No primeiro momento, a morte da atriz Brittany Murphy foi atribuída a uma overdose de cocaína. Ela teve um ataque cardíaco em sua casa e chegou morta no hospital. Depois uma autópsia determinou que Murphy morreu de pneumonia. No entanto, o mistério foi agravado quando, 5 meses depois, o marido da atriz, Simon Monjack, também morreu na mesma casa. O inquérito revelou que as 2 mortes foram produzidas por um fungo tóxico presente na casa. Tudo muito misterioso.
Brandon Lee 1O ator Brandon Lee, filho de Bruce Lee, morreu de forma muito estranha aos 28 anos. Ele se encontrava no set de rodagem do filme “O Corvo” quando foi baleado por uma arma municiada com uma bala que não era de festim. Até hoje se desconhece o autor dessa troca.

clavedosul.blogspot.com.br
15
Abr17

15 de Abril de 1945: Tropas britânicas libertam o campo de concentração de Bergen-Belsen

António Garrochinho


Cerca de 125.000 pessoas estiveram detidas entre 1940 e 1945 no campo de concentração de Bergen Belsen, onde perto de 70.000 morreram. Aqui encontrou a morte a adolescente alemã Anne Frank, detida pelos nazis em Amesterdão onde vivia com a sua família.

A 15 de Abril de 1945, as tropas britânicas libertaram o campo de Bergen-Belsen, onde encontraram 60.000 sobreviventes, dos quais muitos morreram nos meses seguintes de esgotamento e outras doenças, nomeadamente de tifo.

Antiga zona de treino militar, o campo de Bergen-Belsen, situado a 60 quilómetros a noroeste de Hanover, foi transformado a partir de 1940 para receber os primeiros comboios de prisioneiros franceses e belgas.

Em Julho de 1941, os primeiros prisioneiros de guerra da União Soviética foram colocados em Bergen-Belsen, que contava então com 21.000 detidos.

Em Abril de 1943, o local transformou-se num campo de concentração, designado pelos nazis "campo de residência", onde foram encarcerados judeus "privilegiados" que os nazis tencionavam trocar por prisioneiros alemães.

Dos milhares de judeus deportados para Bergen-Belsen, somente 358 foram efectivamente trocados, tendo os restantes sido assassinados em massa.

No início de 1945, Bergen-Belsen tornou-se num centro de reagrupamento para os prisioneiros retirados dos campos nazis mais próximos, à medida que os Aliados iam avançando.

Depois da libertação, entre 18 de Abril e 28 de Abril, os mortos foram enterrados. A princípio, os guardas SS foram obrigados a apanhar e enterrar os corpos, mas por fim, os Britânicos tiveram de recorrer a bulldozers para empurrar os milhares de corpos para as valas comuns. A evacuação do campo começou a 21 de Abril. Depois de terem sido desparasitados, os prisioneiros foram transferidos para o Campo nº 2,  de Bergen-Belsen, que fora convertido temporariamente num hospital e num campo de reabilitação. À medida que cada barraca era evacuada, era queimada para combater a propagação do tifo. A 19 de Maio, a evacuação estava terminada e dois dias mais tarde a queima cerimonial das últimas barracas representaram o fim do primeiro estágio das operações de socorro. Em Julho, 6 mil ex-prisioneiros foram levados pela Cruz Vermelha para a Suécia para convalescença, enquanto os restantes ficaram no campo recém-edificado Displaced Person (DP) [pessoas deslocadas] à espera de repatriação ou emigração.

Fontes: RTP
wikipedia (imagens)
File:The Liberation of Bergen-belsen Concentration Camp, May 1945 BU6674.jpg
Multidão assiste à destruição das últimas barracas do campo, Maio de 1945File:Bergen-belsen.jpg
Memorial em homenagem às vítimas  Bergen-Belsen
15
Abr17

15 de Abril de 1452: Nasce Leonardo da Vinci, génio da Renascença

António Garrochinho


Leonardo da Vinci, génio da Renascença,  nasceu no dia 15 de Abril de 1452. Teve uma enorme influência sobre a história da arte. O seu estilo e as suas contribuições no que à iconografia diz respeito, marcaram uma viragem na pintura devido à sua técnica do sfumato – técnica em que sucessivas camadas de cor são misturadas de forma a passar ao olho humano a sensação de profundidade, forma e volume.

Génio de múltiplos talentos – desenho, pintura, escultura, arquitectura e urbanismo – o autor de A Última Ceia e Mona Lisa, pressentiu igualmente diversas invenções, como o avião, o paraquedas ou o submarino, e interessou-se pela concepção de máquinas de guerra, a botânica, a geologia, a anatomia e a hidráulica.

Filho ilegítimo de um notário e de uma jovem camponesa, Leonardo veio à luz no dia em 15 de Abril de 1452 em Vinci, uma pequena cidade a 30 km de Florença. Aprende com o mestre Verrocchio, a partir de 1470, o desenho, a pintura, a matemática, a perspectiva, a escultura, a arquitectura.

Em 1472, torna-se membro da corporação dos pintores de Florença. Pinta o seu primeiro quadro, A Madona com Cravo em 1476, último ano que passa no atelier de Verrocchio.

Inicia a sua carreira a solo pintando retratos e cenas religiosas a pedido de nobres e mosteiros da região. Pinta, em 1481, A Adoração dos Magos para Lourenço de Médicis, o Magnífico. Da Vinci busca então um mecenas para fazer face aos seus gastos. Soube que o Duque de Milão, Ludovico Sforza, desejava erigir uma estátua equestre em homenagem ao seu pai. Parte para lá em 1482 e dedica-se à criação dessa obra durante 16 anos. Construiu um modelo, mas, por falta de bronze, não pôde concretizá-la. 

Já designado “Mestre das Artes” pelo duque, pinta A Última Ceia sobre a parede do refeitório do convento Santa Maria das Graças. O Retrato de Cecília Gallerani, a amante do duque, A Dama com  Arminho e A Virgem aos Rochedos, são as obras do final do seu período milanês. A queda de Sforza leva Da Vinci a deixar Milão. Viaja para Veneza e depois para Mântua, onde pinta o perfil da Duquesa Isabel d’Este. É nessa época que realiza a sua obra mais célebre: o retrato de Mona Lisa ou A Gioconda.

Em 1503, é-lhe confiada, ao lado do seu rival Miguel Ângelo, a decoração da sala do Conselho do Palazzo Vecchio de Florença. Leonardo deveria tratar do tema da Batalha de Anghiari, vitória dos florentinos sobre os milaneses. No entanto, abandona o fresco em 1506, viaja para Milão e fica ao serviço do rei de França.

Da Vinci muda-se para Roma em 1513 antes de partir para a França três anos mais tarde. Francisco I instala o grande mestre no castelo de Cloux, perto de Amboise e  nomeia-o"primeiro pintor, engenheiro e arquitecto do rei". Após a sua morte, é enterrado na capela Santo Humberto, na muralha do Castelo de Amboise. Artista em permanente ebulição, deixou numerosas obras inacabadas. Sobre a pintura, costumava dizer: “O bom pintor tem essencialmente duas coisas a representar: a personagem e o seu estado de alma”. 

Fontes: Opera Mundi
wikipedia (imagens)
Ficheiro:Leonardo self.jpg
Provável autorretrato de Leonardo da Vinci, cerca de 1512 a 1515
Arquivo:. Leonardo da Vinci (1452-1519) - A Última Ceia (1495-1498) Jpg
A Última Ceia - Leonardo Da Vinci
Ficheiro:IngresDeathOfDaVinci.jpg
A Morte de Leonardo Da Vinci - Jean -Auguste Dominique IngresFicheiro:Mona Lisa, by Leonardo da Vinci, from C2RMF retouched.jpg
Análise da obra Mona Lisa

File:Dama z gronostajem.jpg


File:Leonardo da Vinci, Ginevra de' Benci, 1474-78.png
O Retrato de Ginevra de' Benci - Leonardo Da Vinci

15
Abr17

Há um gigante no Tejo. Pode pesar 100 quilos e ter mais de dois metros

António Garrochinho


O siluro, que pode dizimar outras espécies, foi detectado pela primeira vez no rio Tejo em 2014. Os Investigadores do Mare — Centro de Ciência do Mar e Ambiente da Universidade de Lisboa já capturaram 12.
Fotogaleria





Se por estes dia vir, junto ao Tejo, um peixe com uma boca enorme, com, pelo menos, mais de um metro e meio de comprimento e com 50 ou mais quilos de peso a galgar a margem e engolir um pombo ou um pato saiba que acabou de ver um siluro a caçar. Este peixe, vulgarmente conhecido como peixe-gato europeu, é uma das 57 espécies exóticas a viverem no Tejo e uma das mais recentes a ser detectada. Pode vir a revelar-se uma ameaça para as espécies naturais do rio.
O Siluro (Silurus glanis) é uma espécie originária da Europa Central e pode atingir mais de 2,5 metros de comprimento e mais de 100 quilos de peso. Foi detectado pela primeira vez na Península Ibérica no Rio Ebro, em Espanha, em 1974. Na parte espanhola do Tejo a primeira identificação data de 1998 e na parte portuguesa apenas foi observado em 2014, embora se julgue que tenha chegado em 2006.Na última semana, investigadores do Mare - Centro de Ciência do Mar e Ambiente da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, que estudam as espécies não naturais nos rios portugueses, principalmente no Tejo, capturaram 12 Siluros nas regiões de Abrantes, Vila Franca e Castelo Branco. O maior tem 1,7 metros de comprimento e pesa 31 quilos.

Peixe com 58 quilos em Santarém

O maior siluro apanhado em Portugal foi capturado em Santarém por um pescador há cerca de um mês. Media dois metros e pesava 58 quilos. Já o maior espécime apanhado na Europa foi encontrado em 2015, no rio Ródano, em França: tinha 2,73 metros e pesava 130 quilos.
A espécie é classificada como oportunista e necrófaga, por se alimentar de outros peixes mortos no fundo dos rios, embora coma outros peixes e até aves ou outros animais que estejam junto às margens. “Basicamente come tudo o que lhe caiba na sua enorme boca”, explicou ao PÚBLICO Filipe Ribeiro, um dos investigadores do Mare que coordena parte da investigação às espécies não naturais dos rios portugueses.
O trabalho da equipa visa detectar as rotas de invasão das espécies exóticas, elaborar um mapa de risco tendo em conta a pressão da pesca desportiva, monitorizar o movimento dos peixes e detectar alguma forma de controlar a sua expansão. Os investigadores também divulgam junto de pescadores e da população em geral os perigos ambientais que algumas espécies não naturais de Portugal podem representar.
No que respeita ao siluro, o principal perigo é poder dizimar as espécies naturais do Tejo, como enguias, lampreias e sáveis, entre outras, pelo facto de praticamente “comer tudo o que mexe” e também por poder transmitir doenças “às quais as restantes espécies autóctones não sejam imunes”, como explicou Filipe Ribeiro.
Os perigos ambientais que esta espécie representa, levaram a que o Tribunal Supremo espanhol tenha decidido em Julho do ano passado que todos os siluros capturados não serão devolvidos aos rios.

Carne mole mas comestível

Uma das perguntas mais frequentes sobre este peixe é se a sua carne é comestível. Sim, é comestível, embora a sua carne seja bastante mole. Nos países da Europa Central, situados longe do mar, o seu consumo é mesmo muito frequente. Nos pratos portugueses ainda são pouco presentes, até porque o seu aspecto causa alguma repulsa. Mas já é por cá, porém, um troféu de pesca desportiva muito procurado, tal como acontece em muitos outros países.
Nos ecossistemas aquáticos da bacia hidrográfica do Tejo estão identificadas 57 espécies exóticas. As plantas, algas e peixes, com 16 espécies cada, são as mais numerosas.
No mês passado realizou-se o primeiro o 1.º Encontro Sobre Espécies Exóticas Aquáticas no Tejo, que envolveu diversos investigadores. Pretendeu alertar o público em geral para esta problemática e dar mais um passo para o avanço na gestão e priorização do controlo das espécies exóticas nos ecossistemas aquáticos.
Há muito tempo que investigadores do Mare e de outros institutos colaboram para monitorizar estas espécies de modo a avaliar os efeitos na biodiversidade e o impacto económico (negativo ou positivo) destas espécies.

Não deite o seu peixinho ao rio

As águas de lastro que os navios despejam, a incrustação em cascos de barcos e a pesca desportiva são, segundos os investigadores, as principais causas para a chegada aos nossos rios de espécies não naturais.
O siluro, por exemplo, terá chegado à Península Ibérica na sequência de uma introdução propositada desta espécie por pescadores alemães que a queriam pescar no Tejo.
Há ainda outra razão para a chegada de espécies exóticas: a aquariofilia. Por isso, se não quer ter mais um aquário em casa, se entende que os peixes devem viver livres nos rios e mares ou se simplesmente se fartou dos seus peixes há uma regra muito importante: não os lance aos rios, pode estar a introduzir mais uma espécie exótica. Os investigadores detectaram a existência de 259 peixes não indígenas à venda em lojas especializadas em aquariofilia só na zona de Lisboa.
Actualmente, a taxa de detecção de espécies exóticas aquáticas no rio Tejo é de cerca de duas novas espécies por ano.

www.publico.pt

15
Abr17

NIPÓNICOS

António Garrochinho
SIM ! OS JAPONESES SEMPRE TIVERAM DIFICULDADE DE VISÃO.
DE VISÃO E MUITAS COISAS MAIS !
PRINCIPALMENTE DE VERGONHA NA CARA !
SABEM FAZER UMAS MERDAS EM TECNOLOGIA, TRABALHAM MUITO, FAZEM POUCO SEXO, VESTEM-SE DE MANEIRA EXCÊNTRICA, ADORAM BUJIGANGAS E COISAS ESQUISITAS, COMEM COM DOIS PAUZINHOS, BICHOS E TODO O TIPO DE IGUARIAS E SÃO ESPECIALISTAS EM DOBRAR AS ILHARGAS E DIZER 100 VEZES ARIGATOU POR QUALQUER ATENÇÃO QUE LHES DEÊM.
100 VEZES E MAIS UMA !
JÁ QUE AGORA TAMBÉM DIZEM ARIGATOU AO TRUMP E SE JUNTAM A ELE NA HISTERIA BÉLICA, ESQUECENDO PORCAMENTE A "OFERTA" DOS 140.000 MORTOS QUE OS FASCISTAS LHES FIZERAM EM HIROSHINMMA E NAGASAKI.
António Garrochinho




15
Abr17

VÍDEOS - PROCISSÕES DA SEMANA SANTA ACIDENTADAS

António Garrochinho

Devagar com o andor, que o santo é de barro! Os espanhóis devem desconhecer este ditado português, porque suas procissões clássicas de Semana Santa são marcadas por acidentes e atropelos, devido a algumas tradições estranhas de ficar sacudindo o santo ou correndo pelas ruas como se estivessem participando de uma corrida (parece que é realmente isso). E os incidentes acabam provocando vários feridos, como um que aconteceu em 2014 em Motril, na procissão da Sexta-feira Santa que feriu cinco pessoas.





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15
Abr17

PROFISSÕES ANTIGAS - OS LIMPA CUS DA MONARQUIA

António Garrochinho

A insólita história dos homens que deviam ver os reis cagando
Teve um tempo onde algumas pessoas próximas aos reis deviam ir junto a sua majestade a qualquer aposento. Esses homens tinham o sugestivo título de Groom of the Stool, e que basicamente tinham a mordomia de atender as suas majestades enquanto estes se encontravam em seu troninho real. Muitos falam que esse foi o "pior emprego do mundo", mas obviamente há muitíssimos piores. Não resta dúvida de que ser o “limpa-cu” (sua tradução direta viria a ser o "moço do cocô") oficial da coroa não era boa coisa, mas ainda assim era um cargo cobiçado.

A insólita história dos homens que deviam ver os reis cagando
William III e seu trono
A partir de 1500 a latrina do Rei da Inglaterra era um autêntico luxo. Tratava-se de um assento acolchoado de veludo, um elemento portátil embaixo do qual tinha uma bacia de cerâmica encerrada em uma caixa de madeira.

O curioso nesta parte da história é que o rei, que devia cagar como o resto dos mortais, não o fazia só. Desde 1500 até 1700 os reis da coroa britânica nomearam uma série de nobres com a estranhamente prestigiosa oportunidade de acompanhá-los na tarefa mais privada de suas majestades: fazer cocô.

Obviamente falamos de uma parte da história dos reis afastada do glamour de uma corte, mas todo um acontecimento naqueles dias. De fato, ainda que não fosse o trabalho glamouroso que normalmente imaginamos em um palácio, ser um limpa-cu era em realidade uma posição muito cobiçada na casa real.

Pensemos na seguinte situação. A cada dia, enquanto o rei sentava em seu tamborete acolchoado e coberto de veludo, o homem revelava segredos. E a quem ele pedia conselho? A estes intrépidos que tinham rompido qualquer princípio de desconforto e privacidade com sua majestade. Os reis se sentiam tão livres para falar dos problemas pessoais e políticos com seus assistentes pessoais, e em última instância acabavam até pedindo conselhos.
A insólita história dos homens que deviam ver os reis cagando
Henry Rich, Groom of the Stool de Charles I
Segundo explica Tracy Borman em "The Private Lives of the Tudors", os primeiros Groom of the Stool não tinham muito prestigio. Mais tarde e durante o reinado de Henrique VIII a coisa mudou. Então os homens da corte mais próximos ao rei receberam o título em grupo. Cavaleiros e nobres de prestígio ficavam com o monarca em seu quarto particular, atuando tanto como seus secretários pessoais e dando toda a atenção do mundo quando sua majestade se sentava no tamborete.

Com os anos o que era um grupo passou a ser a tarefa de uma pessoa. Uma que viajaria com o rei em seu cagador portátil se este se ausentasse. Por verdade, os únicos que não desfrutavam desta mordomia eram os monarcas no exílio, a quem foi negado o assistente confidente.

Os limpa-cus eram responsáveis por todas as atividades e assuntos do dormitório do rei, além de fazer a devida limpeza do cu real com uma flanela quando sua majestade tinha terminado de defecar, também eram os encarregados de chamar um criado para que esvaziasse e limpasse o utensílio.

Esses assistentes deviam se assegurar de que o rei estava bem vestido e banhado, que sua cama estava arrumadinha e que suas finanças pessoais estavam em ordem. Tracy diz que em ocasiões os assistentes tinham controle para gastar dinheiro em numerário sem pedir ao rei.
A insólita história dos homens que deviam ver os reis cagando
Com a passagem dos anos estas figuras chegaram a ser temidas por outros membros da corte. Eles tinham um conhecimento como nenhum outro sobre os assuntos políticos e pessoais do rei, e ademais e o que é mais importante: a confiança do monarca. Inclusive aconteceram casos como o de Sir Henry Norris, que exerceu a função limpando o avantajado traseiro de Henrique VIII. Tão implicado e compenetrado que estava nas intrigas do palácio, acabou sendo acusado de adultério com Ana Bolena e por isso foi decapitado.

Finalmente, em meados de 1700 este símbolo de status na corte começou a decair. Pensa-se que Sir Michael Stanhope foi o último em ostentar o posto para Eduardo VIII. Ele foi o último homem a limpar o cu de um rei olhando o resto do mundo acima do ombro.


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15
Abr17

Albufeira: Comunidade cigana saiu da Orada para ir para «incubadora de competências»

António Garrochinho


Ficaram para trás os ratos, as cobras, a chuva no interior das barracas. A comunidade cigana, que estava instalada na Orada, em Albufeira, tem, desde esta quinta-feira, casas no sítio do Escarpão.
Não são casas luxuosas. São, na verdade, pré-fabricados, mas têm as condições que, durante 24 anos, a família de José Reis, patriarca da comunidade, não teve. Água quente, casa de banho, isolamento do exterior são “luxos” aos quais os oito agregados familiares, que receberam esta quinta-feira as chaves das suas novas habitações, não estavam habituados.
São 33 pessoas, entre elas 18 crianças, que chegaram àquele local com um objetivo: sair dele o mais depressa possível, porque a ideia é que a Aldeia do Sanacai sirva de «incubadora de competências», conforme explicou Patrícia Seromenho, provedora da Santa Casa da Misericórdia de Albufeira, responsável pelo projeto.
Na cerimónia de entrega das chaves, a provedora, dirigindo-se à comunidade, explicou que a ocupação destas casas é um princípio e não um fim: «hoje é o primeiro dia de 36 meses. O objetivo é que, ao longo destes meses, consigam estar integrados no mercado de trabalho. Que os adultos adquiram competências, para que o possam integrar, e que os meninos sejam alunos de sucesso. O objetivo é que, através da vossa autonomia e rendimentos, pelo vosso trabalho, consigam ter o direito a uma habitação e que consigam sair daqui».

Em declarações ao Sul Informação, com a voz trémula, porque a manhã foi de emoções fortes, a governante elogiou o projeto, que considerou um exemplo.Catarina Marcelino, secretária de Estado para Cidadania e Igualdade, acompanhou a inauguração. Aqui e ali, aproveitava para aconselhar as famílias, para fazer perguntas e até para brincar com as crianças, entusiasmadas com as novas habitações.
«É um excelente projeto porque não tem só em conta a habitação, mas a integração. A comunidade vai ser acompanhada, para que as crianças tenham aproveitamento escolar, para que as pessoas saibam cuidar das habitações, para que façam formações, para que possam ter o próprio emprego. O objetivo é autonomizar as famílias, para que possam sair daqui e integrarem-se na comunidade maioritária», disse Catarina Marcelino.
Integração foi uma das palavras mais repetidas durante a manhã, mas a verdade é que a Aldeia do Sanacai fica no Escarpão, longe das sedes de freguesias e paredes-meias com uma sucata.
A secretária de Estado assumiu que «a localização é distante e isolada e não posso considerar que isso é positivo, mas tenho a consciência que foi o que foi possível e, às vezes, temos que fazer o que é possível, e a Câmara e a Misericórdia trabalharam fortemente para fazer deste projeto uma realidade».
Carlos Silva e Sousa, presidente da Câmara de Albufeira, comemorou neste dia o seu 60º aniversário e disse ao Sul Informação que a inauguração da Aldeia do Sanacai «é um presente para mim», porque é a «realização do sonho de integrar estas famílias».
O autarca concorda com a secretária de Estado em relação à localização, «que gostava que estivesse mais perto», mas «este foi o local possível, era o terreno de que dispúnhamos para este projeto, não tínhamos mais nenhum».
Ainda assim, apesar da distância, Carlos Silva e Sousa diz que esta «é uma forma de os aproximar de todos nós. À distância estavam eles, porque, estando perto, estavam muito longe, vivendo em barracas sem condições».

Agora, diz José Reis, «acredito que é verdade, porque estou a ver as casas». E o patriarca vê também um futuro melhor para as filhas e netos que constituem a comunidade.«Foram 24 anos a viver na miséria», lembrou, ao Sul Informação, o patriarca José Reis, que agradece à provedora da Santa Casa de Albufeira, que «bastante lutou para que melhorássemos a vida e, enquanto não melhorámos, não descansou. É verdade que às vezes chateávamo-nos com ela e ela connosco, mas era assim, nós já não acreditávamos em nada».
«As casas estão bonitas e estão boas. O sítio faz um bocado de diferença, porque é desviado e lojas perto não há, mas eles dizem que trazem transporte para os meninos irem para a escola e isso é o principal. Que os meninos vão para a escola com condições, com roupa lavada, com banho, tudo em ordem. É muito melhor, a vida é outra, a situação é outra», conclui o patriarca.
Haverá «um melhor dia amanhã», porque esse, segundo explicou Patrícia Seromenho, é o significado de Sanacai.


























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15
Abr17

Tojos: arbustos espinhosos com uma história evolutiva surpreendente

António Garrochinho


Detalhe de uma flor de Stauracanthus genistoides – Fotografia de Sergio Chozas
Um estudo agora publicado na revista Annals of Botany conclui que a distribuição geográfica atual dos tojos do género Stauracanthus – arbustos espinhosos que ocorrem nas dunas interiores das praias portuguesas – se deve a acontecimentos geológicos de grande escala ocorridos no Mar Mediterrâneo há cerca de cinco milhões de anos.


Da próxima vez que for à praia, olhe com atenção para as dunas mais interiores. É provável que lá encontre alguns dos protagonistas desta história – os tojos: arbustos espinhosos do género Stauracanthus, que habitam as zonas áridas próximas do mar no sudoeste da Península Ibérica e no Norte de África.
As três espécies que integram este género ocorrem em diferentes tipos de solo: S. boivinii (tojo-gatum) prefere áreas com areias grossas; enquanto S. genistoides (tojo-manso), que suporta Verões mais secos, e S. spectabilis (tojo-chamusco), adaptada a Verões mais suaves, crescem sobre dunas de areias finas.
As razões por detrás da distribuição geográfica destas espécies, e a forma como elas surgiram e evoluíram, eram até agora pouco conhecidas. O estudo agora publicado revela que a origem pode estar em acontecimentos geológicos de grande escala ocorridos no Mar Mediterrâneo há mais de cinco milhões de anos.
Os investigadores utilizaram modelos computacionais para melhor determinar a distribuição geográfica das espécies na Península Ibérica, e estudaram análises genéticas de populações das três espécies para estudar como ocorreu o processo de especiação – ou seja, como surgiram e evoluíram estas espécies.
Sergio Chozas, investigador do cE3c – Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais e primeiro autor do estudo, explica: “Ao longo de milhares de anos, diferentes indivíduos de uma população foram-se adaptando a diferentes condições climáticas e solos, isolando-se reprodutivamente até, finalmente, constituírem as três espécies que conhecemos hoje”.


Comunidade de Stauracanthus genistoides nas falésias da Paisagem Protegida da Arriba Fóssil da Costa da Caparica – Fotografia de Sergio Chozas

Foi no âmbito das complexas flutuações ambientais e geológicas que ocorreram no Mediterrâneo ocidental entre o Mioceno e o Pleistoceno (há entre 20 milhões de anos e 100 000 anos) que o processo de especiação se desenvolveu.
“Há cerca de cinco milhões de anos grande parte do Mar Mediterrâneo secou, naquilo a que se chama Crise de Salinidade Messiniana, o que aumentou a aridez nesta região e reduziu e fragmentou a área de distribuição dos ancestrais destas espécies. A posterior abertura do Estreito de Gibraltar, no fim do Mioceno, suavizou as condições climáticas e permitiu a recolonização da região, já como espécies diferenciadas”, explica Sergio Chozas.
Estes tojos têm um papel fundamental nos habitats onde ocorrem: além de fixarem o azoto atmosférico no solo e a areia nas dunas, ao promoverem o aumento de matéria orgânica no solo permitem também o desenvolvimento de comunidades mais complexas.
A espécie S. spectabilis, adaptada a Verões mais suaves e com uma menor área geográfica de distribuição, é a que apresenta um maior perigo de extinção face aos efeitos das alterações climáticas. “Se as previsões relativas às alterações climáticas para Portugal se confirmarem – aumento das temperaturas e diminuição drástica das precipitações de Primavera e Verão – é previsível que no futuro a área de ocorrência de S. genistoides aumente significativamente, enquanto a de S. spectabilis fique limitada as áreas mais atlântica do sudoeste alentejano”, refere Sergio Chozas.
“Futuramente, gostaríamos de alargar o nosso estudo genético às populações de S. genistoides que ocorrem ao Norte do rio Tejo e ao longo da sua vazia até quase a fronteira com Espanha, por forma de perceber a origem e dispersão destas populações”, conclui o investigador.

Referência do artigo:
S. Chozas, R.M. Chefaoui, O. Correia, R. Bonal y J. Hortal (2017) Annals of Botany Environmental niche divergence among three dune shrub sister species with parapatric distributions. DOI: 10.1093/aob/mcx004

Autora: Marta Daniela Santos – Gabinete de Comunicação do cE3c – Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais

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15
Abr17

Povo Afar da Etiópia

António Garrochinho


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Os afares vivem em uma área do continente africano chamado Triângulo de Afar, no Djibouti e na Etiópia do Nordeste. Em meados de 1988, existiam cerca de 543.000 afares, que diziam ser descendentes dos árabes, apesar de falarem a língua cuchítica (também cuchítica). Sua cultura provém de crenças antigas, com influências do islamismo moderno.
São também conhecidos como Danakil, nome usado especificamente para se referir aos afares do norte, enquanto os afares do sul são conhecidos como Adel (ou Adal), de maneira análoga ao antigo Sultanato de Adal.A língua afar, que faz parte do ramo cushítico da família linguística afro-asiática, é falada por todo o território habitado pelo grupo étnico; como os afares são, no entanto, tradicionalmente pastores nômades, seu idioma também está presente em outras regiões.Os afares se converteram ao islamismo no século X, após estabelecerem contato com mercadores árabes vindos da península Arábica.

HISTÓRIA

A menção mais antiga registrada aos afares foi feita no século XIII, pelo escritor árabe ibn Sa’id, que relatou que eles habitavam a área em torno do porto de Suakin, estendendo-se a sul, até Mandeb, perto de Zeila.Foram também mencionados com frequência, nos registros etíopes, primeiro por ter ajudado o imperador Amda Seyon numa campanha no território depois do rio Awash, e um século depois, quando auxiliaram o imperador Baeda Maryam em sua campanha contra um povo vizinho, os dobe’a. No fim do século XVII surgiu o Sultanato de Aussa, dominando por um primus inter pares dos soberanos afares.
Em 1975 a Frente de Liberação Afar iniciou uma revolta, sem muito sucesso, liderada por um antigo sultão afar. O Derg estabeleceu a Região Autônoma de Assab (atual Aseb, na Eritreia), embora ainda assim alguns focos de insurreição tenham continuado a existir até o início da década de 1990. No Djibuti um movimento similar foi iniciado ao longo da década de 1980, culminando na Insurgência Afar de 1991.
Africa: Afar girl, EthiopiaSome say the Afar of Ethiopia and Eritrea are descendants of ancient Egyptian . They share many physical traits: hawk-nosed features, hair style, shawls draped loosely over their shoulders, words of their language, and use they symbols reminiscent of hieroglyphics to mark their camels.:

CULTURA E ESTILO DE VIDA

Embora alguns afares tenham migrado para cidades e adotado um estilo de vida urbano, a maioria permaneceu como pastores nômades, criando gado bovino, ovino e caprino no deserto. Durante a estação das secas, a maioria acampa nas margens do rio Awash. Camelos são usados como meio de transporte pelos afares, enquanto migram de uma fonte de água a outra. Com a chegada da estação das chuvas, em novembro, a maior parte dos afares volta então para territórios mais altos, evitando as enchentes e os mosquitos.
Uma casa típica afar consiste de uma espécie de tenda, conhecida como ari, feita com varas de madeira cobertas por tapetes; camas feitas com os mesmos tapetes e madeiras também são usadas. Cada burra, “acampamento”, consiste de dois ou mais ari, e é de responsabilidade das mulheres. Os afares complementam sua dieta de leite e carne com produtos que obtêm vendendo o sal que escavam do deserto, além de leite e peles de animais, nos mercados de Senbete e Bati.
Politicamente, a sociedade afar se organiza em sultanatos, formados por sua vez por diversas aldeias, chefiadas por um dardar. Tradicionalmente a sociedade se divide em famílias (clãs), e em classes: os asaimara, “vermelhos”, formam a classe dominante, enquanto os adoimara, “brancos”, são a classe trabalhadora.
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A circuncisão é praticada tanto em garotos quanto garotas. Um jovem é julgado por sua bravura ao suportar a dor do ato, e após ser circuncisado por escolher a garota que desejar como sua esposa (geralmente alguém de seu próprio círculo étnico).
Os afares possuem uma relação forte com o seu meio ambiente e a vida selvagem da região, partilhando a terra e seus recursos com os animais e tentando não lhes fazer mal. Este comportamento teria sido responsável pela preservação de animais em sério risco de extinção, como o burro selvagem africano (Equus africanus), que se tornou extinto em ecossistemas mais vulneráveis.
A cultura afar apresenta alguns hábitos exclusivos em termos de vestimenta:
  • Mulheres casadas tradicionalmente vestem um lenço negro chamado de shash ou mushal.
  • O principal item do vestuário de homens e mulheres é o sanafil, uma pano vestido na cintura. As mulheres o tingem de marrom (embora hoje em dia utilizem de diversas cores), enquanto os homens não pintam os seus.
Os Afar dizem ser descendentes de Cam, filho de Noé. Os Afar que vivem no deserto habitam uma das regiões mais resistente do mundo, conhecida como a planície de Afar ou deserto de Danakil. A maioria dos Afar são nômades que pastoreiam ovelhas, cabras, gado e camelos. A riqueza de um homem é medida pelo tamanho de seus rebanhos. Os Afar rurais vivem em campos cercados por barreiras de espinho, para protege-los dos ataques de animais selvagens ou tribos inimigas. Eles são muçulmanos, mas muitos ainda vivem os costumes de crenças pré-islâmicas. Eles acreditam que algumas árvores e bosques tem poderes sagrados. Acreditam que espíritos dos mortos sejam muito poderosos.
Afar man with butter in his hair, Ethiopia:
Obstáculos ao Ministério
Seguir a Jesus entre os Afar é correr o risco de perder status na comunidade, bem como, eventualmente, perder a família e amigos. Estes são prejuízos graves

CRENÇA RELIGIOSA

Devido a influência muçulmana, a maioria dos afares são sunitas, embora essa religião (o sunismo) também possua influências de uma crença antiga, pré-islâmica, de adoração a um deus do céu chamado Wak. Apesar dessas influências antigas, os afares não comem carne suína, bebem pequenas porções de álcool e, aqueles que possuem condições, fazem peregrinações à Meca.
 

CIRCUNCISÃO

Os afares fazem a circuncisão de ambos mulheres e homens. No caso das mulheres, a vagina é costurada, o que também é feito por alguns grupos de bantos e outros cuchitas. Os homens são circuncidados quando atingem a maturidade.
 Afar Tribe Girl, Assaita, Afar Regional State, Ethiopia:

PATRILINEARIDADE

A sociedade dos afares é baseada na divisão dos clãs, os quais são divididos por classe. Enquanto que é simples observar que os homens herdarão as características físicas e espirituais da mãe, é compreensível o fato de que muitos deles desenvolvem sua personalidade baseada na figura do pai. Em razão disso, os homens são nomeados líderes e as mulheres executam o serviço doméstico.
 

NÔMADES

Os afares são nômades e o rebanho é composto por ovelhas, camelos e cabras. Porém, também existem os pescadores, e também possuem vacas quando existe terreno propício para elas. Por esse motivo, sua alimentação é composta em grande parte por carnes e derivados do leite.
 

AS DUAS CLASSES

Tradicionalmente, existem duas classes dentro da sociedade afar, os Asaimaras e os Adoimaras. Os Asaimaras, também chamados de vermelhos, são considerados os nobres, enquanto que os Adoimaras, os brancos, são os plebeus.

CASAMENTO

As mulheres são eleitas ao casamento quando atingem os 10 anos de idade, enquanto os homens podem se casar depois de matarem alguém em batalha, pela tradição. Os casamentos dos afares são monogâmicos, apesar do islamismo permitir o homem ter até quatro cônjuges, e quando os parceiros são escolhidos, dá-se preferência aos primos.
Foco Escritura
“O sétimo anjo tocou a trombeta, e houve no céu grandes vozes, dizendo: O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos.” Apocalipse 11.15 (via)
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Afar woman Los Afar llevan una vida dura. Su habitat es uno de los más duros del laneta. El punto más caluroso de la tierra; el abrasador Desierto del Danakil. ETIOPIA:
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Etheopian Tribe
Para quem quiser pesquisar mais sobre as tribos africanas, aqui vão os nomes de algumas: Afar, Éwés, Amhara, Árabes, Ashantis, Bacongos, Bambaras, Bembas, Berberes, Bobo, Bubis, Bosquímanos, Chewas, Dogons, Fangs, Fons, Fulas, Hútus, Ibos, Iorubás, Kykuyus, Masais, Mandingos, Pigmeus, Samburus, Senufos, Tuaregues, Tútsis, Wolofes e Zulus.

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15
Abr17

Porquê os ruivos foram perseguidos ao longo da história?

António Garrochinho


Embora a associação do cabelo vermelho à ideia de perigo tenha ocorrido já no Egito antigo, a coisa ficou feia entre a Baixa Idade Média e o século 17

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Em geral, por preconceito ou implicância. Embora a associação do cabelo vermelho à ideia de perigo tenha ocorrido já no Egito antigo, a coisa ficou feia entre a Baixa Idade Média (a partir do século 11) e o século 17. Nessa época, a retratação de Judas como ruivo em pinturas ajudou a espalhar o preconceito. Além disso, a partir do século 15, mulheres com “cabelos de fogo” passaram a ser caçadas pela Inquisição e o preconceito virou terror. Outra possível razão para a perseguição é a raridade: estima-se que entre apenas 1 e 2% da população mundial seja ruiva (o “gene ruivo”, chamado de melanocortina-1, tem cinco variações, mas é raro por ser recessivo). A maioria deles se concentra na Europa, principalmente na Escócia, onde são 13% da população.
INVASÃO VERMELHA
Relembre os principais casos de discriminação contra os sardentos
Seth
DIVINA DESGRAÇA
Seth, deus do Egito antigo, não era originalmente maligno: ele passou a ser retratado assim após a invasão de povos como os persas. Foi então associado ao deserto vermelho, às tempestades e à destruição – coisas que os egípcios temiam. Por consequência, homens ruivos como ele passaram a ser odiados e sacrificados – muitos morreram como oferenda na Tumba de Osíris.O preconceito contra ruivos no Egito era tanto que eles eram complexados a ponto de ter vergonha de puxar conversa com os outros
vampiros
(NÃO OUÇA) O QUE A RAPOSA DIZ
Os gregos achavam que um monte de gente podia virar vampiro: suicidas, excomungados, pessoas que comiam a carne de uma ovelha morta por um lobo e, claro, ruivos. Por isso, o cabelo nesse tom era visto com desconfiança. O filósofo Aristóteles chegou a dizer que, enquanto loiros eram bravos como os leões, ruivos eram de mau caráter como as raposas
fogueira
MANDA PRA FOGUEIRA!
Durante a Inquisição, nos séculos 15, 16 e 17, as ruivas passaram um mau bocado. A cor, associada ao mal, levou a Igreja Católica a persegui-las e condená-las como bruxas. Muitas foram à fogueira. Também acreditava-se que a gordura dos ruivos era um ingrediente potente para fazer veneno – prática citada em peças como The Witch, de Thomas Middleton
Judas
TEMPERAMENTAIS E TRAIDORES
Na Idade Média, o poema Ruodlieb, que tem autor desconhecido e surgiu por volta do ano 1000, dizia: “Não se deve confiar em nenhum ruivo, pois eles são pessoas más e donas de um péssimo temperamento”. Foi uma época de forte discriminação: a partir de 1300, obras de arte começaram a retratar Judas Iscariotes como ruivo, e o diabo com cabelos vermelhos e pontudos. Mas vale dizer: alguns historiadores defendem que a ideia de retratar Judas ruivo, originalmente, era apenas para dar destaque a ele nas pinturas
Lilith
A ORIGEM DO MAL
Lilith é uma deusa presente em várias crenças: para os sumérios e mesopotâmios, por exemplo, representava a fertilidade. Na mitologia judaico-cristã, porém, ela perde esse caráter divino, tornando-se um súcubo, espécie de demônio, e passa a ser retratada ruiva. Segundo a Cabala, Lilith é a serpente que ofereceu a Adão a maçã do pecado.Além de Lilith e Judas, outras figuras bíblicas retratadas como ruivas foram Caim (que matou o irmão Abel) e Maria Madalena
india
ASSIM FICA DIFÍCIL
Na Índia, entre 1500 e 500 a.C., os homens eram estritamente proibidos de casar com mulheres ruivas. Não era a única restrição: também estavam vetadas moças com membros deformados, as que falavam muito, as que tinham “olhos inflamados” e as que possuíam nomes de constelações, rios, nações bárbaras, criaturas aladas ou qualquer outra coisa que suscitasse uma “imagem de terror”
romanos-ruivos
COR DA CRIADAGEM
Depois que os romanos invadiram e conquistaram os citas, um antigo povo da Trácia, passaram a considerar os trácios como escravos. Como estes eram ruivos, o cabelo vermelho virou uma característica inferiorizada, coisa de gente preguiçosa. Atores romanos usavam peruca nesse tom para interpretá-los em peças e representar sua servidão
Elizabeth I
RAINHA REDENTORA
Até Shakespeare falou mal: na peça Como Gostais, o ruivo é apontado como a “cor da dissimulação” e do cabelo de Judas. Mas foi nessa época que, após séculos associado ao mal, o vermelho conseguiu finalmente melhorar sua imagem. No século 17, a ruivíssima rainha Elizabeth I assumiu o trono inglês e ganhou a simpatia do povo – seus longos cabelos avermelhados viraram moda
TdF sugeriu – Gustavo Birolini
FONTES Livros Encyclopedia of Hair: A Cultural History, de Victoria Sherrow, The Invention of Greek Ethnography: From Homer to Herodotu, de Joseph E. Skinner, Racism: A Global Reader, vários autores, Encyclopedia of Superstitions, Folklore, and the Occult Sciences of the World, de Cora Linn Daniels e C. M. Stevans, Gods and Myths of Ancient Egypt, de Robert A. Armour, Dracula in the Dark: The Dracula Film Adaptations, de James Craig Holte, The History of India from the Earliest Ages, de James Talboys Wheeler, Lucifer: The Devil in the Middle Ages, de Jeffrey Burton Russell, e sites The Independent e Everything for Redheads

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15
Abr17

Alexandra Kollontai, uma mulher do século XXV

António Garrochinho
Alexandra Kollontai, uma mulher do século 25
[Wevergton Brito] No dia 19 de março (pelo calendário juliano vigente na Rússia de então, hoje 31 de março) comemorou-se os 145 anos de nascimento de Alexandra Kollontai, feminista, militante bolchevique e dirigente soviética.
Afirmar que Alexandra Kollontai era uma mulher à frente do seu tempo não é incorreto, mas é uma definição até acanhada diante do que representaram suas ideias acerca de temas como libertação feminina, sexualidade, casamento, família...
Em 1907 Frida Kahlo nascia e Simone de Beauvoir nasceu um ano depois. Pois em 1907, quando estes dois ícones do feminismo ainda nem engatinhavam, Kollontai já denunciava o casamento e a família burguesas como grilhões que oprimiam a mulher: “Para se tornar verdadeiramente livre, a mulher deve desatar as correntes que a aprisionam sobre a forma atual, antiquada e opressiva da família (...) as formas atuais, estabelecidas pela lei e o costume, da estrutura familiar faz com que a mulher esteja oprimida não só como pessoa, mas também como uma esposa e mãe (...) E onde acaba a escravatura familiar oficial, legalizada, começa a ‘opinião pública’ para exercer os seus direitos sobre as mulheres” (1).
Kollontai denuncia de forma implacável a “hipócrita dupla moral”, que julga de forma severa a conduta de uma mulher que vive livremente sua sexualidade enquanto ao homem tudo é permitido: “A mulher está privada do direito de um cidadão de levantar a voz para defender seus interesses pisoteados, e (a sociedade) tem a grande bondade de oferecer esta alternativa: ou o jugo conjugal ou a prostituição, que abertamente é desprezada e condenada, mas secretamente, apoiada e sustentada” (2).
Para Alexandra Kollontai, era tarefa da classe trabalhadora lutar contra a opressão sexual vivida pelas mulheres: “Entre as múltiplas ideias fundamentais que a classe trabalhadora deve levar em conta em sua luta para a conquista da sociedade futura, deve estar, necessariamente, o estabelecimento de relações sexuais mais sadias e que, portanto, tornem a humanidade mais feliz. É imperdoável nossa atitude de indiferença diante de uma das tarefas essenciais da classe trabalhadora. É inexplicável e injustificável que o vital problema sexual seja relegado, hipocritamente, ao arquivo das questões puramente privadas” (3).
Era preciso, segundo ela, uma nova relação entre os sexos, baseada “em dois princípios novos: liberdade absoluta, por um lado, e igualdade e verdadeira solidariedade entre companheiros, por outro” (4).
Para ela, a nova sociedade socialista teria, inevitavelmente que ter uma nova moral: “Toda classe ascendente, nascida como consequência de uma cultura material distinta daquela que a antecedeu no grau anterior da evolução econômica, enriquece toda a humanidade com uma nova ideologia que lhe é característica” (5).
“Mulher comunista, sexualmente emancipada”
Em 1926, Kollontai, então com 54 anos, escreveu uma pequena autobiografia, intitulada “Autobiografia de uma mulher comunista sexualmente emancipada”. Nela, congratula-se por ter sido “bem-sucedida em estruturar minha vida de acordo com meus próprios padrões e não faço mais segredo das minhas experiências amorosas do que um homem faz das suas. Mas, acima de qualquer outra coisa, eu nunca deixei meus sentimentos, a alegria ou a dor do amor, tomarem o primeiro lugar em minha vida, ao passo que criatividade, ação e luta sempre ocuparam o primeiro plano”.
De fato, o feminismo de Kollontai era politicamente engajado e eminentemente classista, embora ela se recusasse a deixar que a questão da opressão feminina fosse adiada até a conquista do socialismo, “as mulheres só podem se tornar verdadeiramente livres e iguais apenas em um mundo organizado por novas linhas sociais e de produção. No entanto, isso não significa que a melhora parcial na vida das mulheres no âmbito do atual sistema não é possível” (6).
Alexandra nasceu em uma família abastada, com o nome de Alexandra Mikhaylovna Domontovich. O pai, ucraniano, era general do exército russo e a mãe vinha da aristocracia rural finlandesa. Aos 20 anos casa-se com Vladimir Mikhaylovich Kollontai, um jovem oficial do exército, com quem teve um filho, Misha. Vem deste casamento o sobrenome com o qual ficou famosa e que conservou até o fim da vida.
Considerada por muitos contemporâneos a mulher “mais bela da Rússia” (7), a “bolchevique enamorada” (título de um dos seus romances) teve contato com a literatura revolucionária graças a uma amiga, Lelia Stassova. Segundo suas próprias palavras “Cada vez mais minhas simpatias, meus interesses se voltaram para a classe trabalhadora revolucionária da Rússia. Eu lia vorazmente. Zelosamente estudava todas as questões sociais, frequentava palestras, e trabalhava em sociedades semilegais para o esclarecimento do povo” (8).
Em 1898 abandona o marido e o filho e inicia “uma jornada a Zurique com o objetivo de estudar economia política com o professor Heinrich Herkne” (9). Segundo Alexandra “Com isso teve início minha vida consciente em defesa dos objetivos revolucionários da classe trabalhadora” (10). Em 1899 filia-se ao Partido Operário Social Democrata Russo (POSDR), organização que reunia os marxistas revolucionários da Rússia.
Militante revolucionária
Participa da revolução russa de 1905, tem intensa atividade, mas se queixa de “quão pouco nosso partido se preocupava com a sorte das mulheres da classe trabalhadora e quão pequeno era o seu interesse na libertação feminina” (11).
Pouco a pouco vai vencendo resistências e atraindo aliadas: “Não obstante, nos anos de 1906-1908 eu conquistei um pequeno grupo de mulheres camaradas do partido para os meus planos” (12).
Os artigos de Alexandra sobre os direitos da mulher, o casamento e a família a tornam cada vez mais popular, inclusive internacionalmente, e além do mais ela revela grande talento como oradora.
A jovem revolucionária vivia plenamente sua sexualidade, enfrentando toda sorte de tabus e preconceitos, que partia inclusive de camaradas revolucionários, “Eu agora posso confessar abertamente que no partido russo eu era, de forma deliberada, mantida relativamente à distância do centro dirigente” (13).
Com o POSDR dividido entre bolcheviques e mencheviques, Alexandra junta-se aos mencheviques, tendo como um dos motivos principais a postura quanto à Duma de Estado (parlamento sem poderes efetivos criado pelo Czar Nicolau II em 1906). Os bolcheviques pregavam o boicote ativo à Duma e os mencheviques defendiam a participação (14): “eu compartilhava o ponto de vista de que mesmo um pseudoparlamento deveria ser utilizado como uma tribuna para o nosso partido e que as eleições para a Duma deveriam ser utilizadas como um ponto de congregação para a classe trabalhadora” (15).
Mas a luta principal de Kollontai dentro do Partido era para conjugar a emancipação das mulheres com a revolução proletária: “tentei influenciar camaradas do partido e as próprias mulheres trabalhadoras. Naturalmente, sempre fiz isso de um modo que exigia do partido que ele abraçasse a causa da libertação feminina. Isso nem sempre foi uma tarefa fácil. Muita resistência passiva, pouca compreensão, e ainda menor interesse para esse objetivo se apresentavam, reiteradamente, como obstáculos no caminho. Foi somente em 1914, um pouco antes do início da I Guerra Mundial, que finalmente ambas as frações – os mencheviques e os bolcheviques – passaram a levar a questão de uma maneira séria e prática, um fato que teve para mim um efeito semelhante a uma condecoração pessoal” (16).
Obrigada a se exilar pela perseguição da Okrana (a polícia secreta czarista) Kollontai, de 1908 a 1917, peregrina entre Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Estados Unidos, França, Inglaterra, Itália, Noruega e Suíça. Para alguns destes países ela levou o filho, Misha. Sobre o filho, ela diz, em sua autobiografia, que “embora eu o tenha pessoalmente educado com grande cuidado, a maternidade nunca foi o centro da minha existência”.
Na Alemanha fica amiga de Karl Liebknecht, Rosa Luxemburgo, Karl Kautsky e também da veterana revolucionária e feminista Clara Zetkin, a quem ela atribui “uma grande influência na minha atividade de definir os princípios do movimento das mulheres trabalhadoras na Rússia” (17).
Na França, torna-se amante do operário russo exilado Chliapnikov. Ela tinha então 39 anos e ele 26. Chliapnikov era um quadro profissional dos bolcheviques, ligado diretamente a Lênin, que nesta época também estava em Paris. Lênin, informado por Chliapnikov sobre a relação – o operário diz estar “apaixonadíssimo” por Kollontai (18) – sugere que Chliapnikov atraia a valiosa militante para os bolcheviques.
Não tarda e Kollontai escreve uma carta para Zoia Chadurskaia, a sua melhor amiga, onde diz: “Ele (Chliapnikov) abriu-me os olhos para muitas coisas; transformou-me” (19).
Alexandra Kollontai filia-se oficialmente aos bolcheviques em junho de 1915 e passa a manter uma correspondência frequente com Lênin.
Embora não seja artificial supor a influência de Chliapnikov sobre a decisão de Kollontai de juntar-se aos bolcheviques, em sua “autobiografia” ela faz questão de assinalar que “nenhum dos homens que estiveram próximos de mim chegou a ter alguma influência no sentido de dar direção às minhas tendências, lutas ou visão de mundo. Ao contrário, na maior parte do tempo eu era o espírito que liderava”.
No fogo da revolução de outubro
Em fevereiro de 1917, quando cai o Czar, Alexandra é uma das primeiras bolcheviques a retornar à Rússia. Vale a pena ler seu relato sobre a sua chegada:
“Um trenó levou-me através do rio que delimita a fronteira. Em solo russo postava-se um soldado. Uma fita vermelha brilhante vibrou em seu peito. ‘Seus papéis de identidade, por favor, cidadã’. ‘Eu não tenho nenhum. Eu sou uma refugiada política’. ‘Seu nome?’ Eu identifiquei-me. Um jovem oficial foi chamado. Sim, meu nome estava na lista dos refugiados políticos que deviam ser admitidos livremente no país por ordem do Soviet dos Trabalhadores e dos Soldados. O jovem oficial ajudou-me a descer do trenó e beijou minha mão, quase como uma reverência. Eu estava pisando o solo republicano da Rússia liberta! Essa foi uma das horas mais felizes de toda a minha vida (20).”
Por ironia, este mesmo educado jovem oficial prende Kollontai, como uma “perigosa bolchevique”, apenas quatro meses depois, por ordem do governo de Kerenski.
Antes desta prisão, Alexandra Kollontai participou da comitiva que recebeu Lênin na Estação Finlândia, quando chegou a vez de o líder bolchevique retornar do exílio. Aderiu de corpo e alma às “Teses de Abril” (obra de Lênin que prepara o partido para a insurreição).
Cada vez melhor como oradora, combatente fervorosa do governo provisório, enfrentou cerrada campanha dos jornais burgueses que redobravam seu ódio contra a “louca bolchevique”, indubitavelmente por conta também do preconceito machista: “Com frequência, tinha que pular dos bondes antes que as pessoas me reconhecessem, já que tinha me transformado no assunto do momento e frequentemente testemunhava pessoalmente os maiores abusos e mentiras dirigidos contra mim (...) Naquele tempo, os jornais hostis a mim já escreviam sobre ‘os vestidos de festa de Kollontai’ o que, particularmente nesses tempos, era risível, porque meu baú tinha sido perdido a caminho a Rússia, assim eu vestia sempre o mesmo e único vestido. Havia até mesmo uma pequena balada nas ruas que comentava sobre Lênin e mim em verso (21)“.
Um bom exemplo da capacidade oratória de Kollontai foi o episódio de seu discurso aos marinheiros da armada fundeada em Helsinque e Kronstadt, no dia 28 de abril de 1917. Os bolcheviques já haviam tentado por diversas vezes conseguir a adesão da esquadra do Báltico para os planos revolucionários, mas sem sucesso. Lênin então envia Kollontai. Em um discurso brilhante, a dirigente bolchevique conquista os marinheiros que mais tarde desempenham na revolução de outubro um papel fundamental (22).
Presa por ordem do governo provisório de Kerenski, Kollontai foi solta junto com outros bolcheviques por ordem do Soviete de Soldados e Operários e colocada em prisão domiciliar.
Fica completamente livre um mês antes da revolução de outubro: “Naquele período, eu era membro do organismo mais elevado do partido, o Comitê Central, e votei a favor da política de levante armado (...) Vieram então os grandes dias da Revolução de Outubro. O Instituto Smolny tornou-se histórico. As noites sem dormir, as sessões permanentes” (23).
O famoso Instituto Smolny, citado por Kollontai, era o local onde se reunia a Comissão Militar eleita pelo CC bolchevique e responsável por preparar a insurreição.
Comissária do Povo
Com a revolução de outubro de 1917 vitoriosa, Kollontai é eleita para compor o escalão superior do primeiro governo soviético, ocupando a pasta no Soviete Supremo de Comissária do Povo para o Bem-Estar Social, cargo equivalente ao de Ministro. Era a primeira vez na história que uma mulher era escolhida para um cargo governamental deste nível. Para se ter uma ideia do que isso significa, na França a mulher só conquista o direito de voto em 1945.
O trabalho de Kollontai é colossal, enfrentando a sabotagem da velha burocracia, que ainda estava presente em boa parte do aparelho estatal do recém-nascido Estado Soviético, surpreende a ousadia do que foi feito.
Todas as leis que discriminavam a mulher foram abolidas, o divórcio é instituído. O aborto, embora não fosse incentivado (quem cobrasse para fazer aborto era punido), passou a ser livremente feito em hospitais e maternidades públicas. Mas isso era apenas parte do trabalho. Alexandra cita alguns dos principais desafios e iniciativas, muitos deles ainda plenamente atuais e urgentes em diversos países:
“reorganizar os antigos orfanatos (...) estabelecer as primeiras hospedarias para os necessitados e os moradores de rua, reunir um comitê, composto somente de médicos, que seria encarregado de elaborar o sistema público gratuito de saúde para o país inteiro. Em minha opinião, a mais importante realização do Comissariado do Povo, entretanto, foi a fundação legal de um Escritório Central ao Bem-Estar Materno e Infantil. O esboço do projeto de lei relacionado a este escritório central foi assinado por mim em janeiro de 1918. Um segundo decreto seguiu-se transformando todas as maternidades em Casas de Atendimento à Maternidade e à Infância gratuitas, buscando, desse modo, estabelecer as bases para um sistema governamental abrangente de cuidado pré-natal. (24)”
O objetivo, segundo Kollontai, era efetivar “direitos iguais para mulheres como unidade de trabalho na economia nacional e como cidadã na esfera política e, é claro, com uma ressalva especial: a maternidade devia ser considerada uma função social e, conseqüentemente, ser protegida e garantida pelo Estado. Sob a orientação do Dr. Lebedevo, os institutos estatais para o cuidado pré-natal também floresceram nessa época. Ao mesmo tempo, escritórios centrais foram estabelecidos no país inteiro para tratar das questões e das tarefas relacionadas com a libertação das mulheres e para inseri-las no trabalho dos sovietes” (25).
Tudo isso, por óbvio, não foi feito sem despertar forte reação da direita. Alexandra foi excomungada em um ato público convocado pela igreja ortodoxa e a imprensa reacionária redobrou os ataques.
Pacientemente, a dirigente buscava esclarecer o povo: “A república operária não toma as crianças dos braços de suas mães à força, como versam os relatos fictícios dos países burgueses sobre os horrores do ‘regime bolchevique’; pelo contrário, a república operária procura criar instituições que permitam que todas as mulheres, e não apenas as mulheres ricas, tenham a oportunidade de criar seus filhos em um ambiente saudável e feliz. Em vez de levar mães angustiadas a largarem seus filhos sob os cuidados de uma babá contratada, a Rússia soviética deseja que a operária e a camponesa possam trabalhar tranquilamente, sabendo que seu filho estará seguro nas mãos hábeis de uma creche, de um jardim de infância ou de um lar de crianças. (26)”
Combatia, com argumentos didáticos, o preconceito contra as mudanças. A citação é longa, mas vale conhecer como a dirigente soviética buscava escrever visando atingir os operários e camponeses:
“Não há nenhuma razão para nos enganarmos: a família normal dos tempos passados na qual o homem era tudo e a mulher era nada – posto que não tinha vontade própria, nem tempo do qual dispor livremente -, este tipo de família sofre modificações dia a dia, e atualmente é quase uma coisa do passado, o qual não deve nos assustar. Seja por erro ou ignorância, estamos dispostos a crer que tudo o que nos rodeia deve permanecer imutável, enquanto tudo o mais muda. ‘Sempre foi assim e sempre será’. Esta afirmação é um erro profundo. A moral a serviço do homem atual o autoriza exigir das jovens a virgindade até seu casamento legítimo. Porém, não obstante, há tribos em que ocorre o contrário: a mulher tem orgulho de ter tido muitos amantes e enfeita braços e pernas com braceletes que indicam o número... Diversos costumes, que a nós nos surpreendem, hábitos que podemos, inclusive, qualificar de imorais, outros povos o praticam, com a sanção divina, enquanto que, por sua parte, qualificam de ‘pecaminosos’ muitos de nossos costumes e leis. Portanto, não há nenhuma razão para que nos aterrorizemos diante do fato de que a família sofra uma mudança, porque gradualmente se descartem vestígios do passado vividos até agora, nem porque se implantam novas relações entre o homem e a mulher. Sobre as ruínas da velha vida familiar, veremos ressurgir uma nova forma de família que suporá relações completamente diferentes entre o homem e a mulher, baseadas em uma união de afetos e camaradagem, em uma união de pessoas iguais na sociedade comunista, as duas livres, as duas independentes, as duas operárias. Não mais ‘servidão’ doméstica para a mulher! Não mais desigualdade no seio da família! O matrimônio ficará purificado de todos seus elementos materiais, de todos os cálculos de dinheiros que constituem a repugnante mancha da vida familiar de nosso tempo. O matrimônio se transformará de agora em diante na união sublime de duas almas que se amam, que se professem fé mútua” (27).
Kollontai não se deixava intimidar pelos ataques, mas tampouco se inebriava pelas conquistas iniciais. Em discurso às operárias, ela fala do avanço e dos limites do que se tinha alcançado (ouça abaixo o áudio deste discurso completo e com legendas em português): “A Revolução de Outubro emancipou a mulher: hoje as camponesas têm os mesmos direitos que os camponeses, e as operárias, os mesmos que os operários. Em todo lugar a mulher pode votar, ser membro dos sovietes ou comissária, e até comissária do povo. A lei equipara a mulher em direitos, mas a realidade ainda não a libertou: as operárias e camponesas continuam subjugadas ao trabalho doméstico, como escravas dentro da própria família. Numa sociedade comunista mulher e homem devem ter direitos iguais! Sem essa igualdade, não há comunismo” (28).
A pobreza de uma nação devastada pela guerra e ainda em guerra civil também é um obstáculo:
“Nós não precisamos nos valer de métodos de agitação para convencer as mulheres a utilizarem os lares de gestantes. O nosso problema é a limitação dos recursos materiais da Rússia; nós somos pobres, o que torna difícil ampliar a nossa rede, a fim de cobrir toda a área da Rússia operária com tais ‘postos de atendimento’ para operárias e camponesas (...) Ao longo de 1921, foram inauguradas 689 creches desse tipo, atendendo a 32.180 crianças. Para as mães que trabalham em fábricas e escritórios, foram abertas creches nas fábricas e nas instituições, além daquelas disponíveis a nível distrital e municipal. Não creio ser necessário enfatizar a enorme importância dessas creches para as mães. O problema é que nós não temos creches suficientes e não podemos atender a um décimo da demanda” (29).
Contudo, apesar de todos estes limites o trabalho alcançava notável avanço, o que Kollontai atribuía ao caráter da Revolução Soviética:
“É óbvio que somente um país do futuro, como a União Soviética, pode ousar confrontar a mulher sem nenhum preconceito, para considerá-la somente do ponto de vista de suas habilidades e talentos e, consequentemente, incumbi-la de tarefas de responsabilidade. Somente as frescas tempestades revolucionárias foram fortes o bastante para varrer velhos preconceitos contra a mulher” (30).
Em fins de 1918 Kollontai renuncia a seu cargo de comissária do povo por discordar das negociações que redundaram no tratado de paz de Brest-Litovski, entre o governo bolchevique e os países do bloco alemão (Alemanha, Áustria-Hungria, Bulgária e Turquia). Ela, que havia optado pelos mencheviques em 1906, em um típico desvio de direita, desta vez incorre em um desvio de esquerda e adere em 1919 à Oposição Operária, liderada por Chliapnikov (aquele mesmo operário bolchevique que ela conheceu na França e do qual foi amante durante certo período), Medvedlev, entre outros.
Na verdade, Kollontai tinha arestas com diversos dirigentes do Partido, que secretamente censuravam seu estilo de vida. Trotski e Zinoviev a detestavam. Stálin, por outro lado, a admirava, embora considerasse seu feminismo “exacerbado” (31).
Mais tarde Kollontai, assim como boa parte da “Oposição Operária”, faz autocrítica de sua posição anterior e se realinha com o Comitê Central do Partido.
Importante carreira diplomática
Em 1922, Alexandra Kollontai é nomeada para uma missão diplomática na Noruega. Logo assume o posto de embaixadora: “Em agosto de 1924, fui designada ‘ministra plenipotenciária’ e entreguei minhas credenciais ao rei da Noruega com o cerimonial usual” (32). Mais uma vez Kollontai enfrentava o arraigado preconceito: “Isto, é claro, deu à imprensa conservadora de todos os países uma outra ocasião para vomitar suas mentiras sobre mim. Afinal de contas, nunca antes em toda a História uma mulher tinha sido aceita como embaixadora com a pompa e cerimônia habituais (...) A imprensa conservadora, especialmente a imprensa ‘branca’ russa sentiu-se ultrajada e tentou fazer de mim um verdadeiro monstro de imoralidade e um espectro sangrento. Particularmente agora, foi escrita uma profusão de artigos sobre minhas ‘ideias horríveis’ em relação ao casamento e ao amor” (33).
Kollontai dá grande importância ao seu posto e ao que ele representa para a luta das mulheres:
“A diplomacia é uma casta que, mais do que qualquer outra, mantém seus antigos costumes, tradições e, acima de tudo, seus rígidos rituais cerimoniosos. O fato de que uma mulher, uma mulher ‘livre’, uma mulher solteira, tenha sido reconhecida neste posto sem oposição mostra que chegou o tempo em que todos os seres humanos serão igualmente avaliados de acordo com sua atividade e sua mais alta dignidade humana. Quando eu fui nomeada para o trabalho da diplomacia russa em Oslo, percebi que dessa forma tinha conquistado uma vitória que não era somente minha, mas das mulheres em geral, e de fato, uma vitória sobre seu pior inimigo, qual seja, sobre a moral convencional e sobre conceitos conservadores acerca do casamento (...) eu sempre penso comigo mesma que em última análise a principal vitória no que diz respeito à libertação feminina não reside apenas nesse fato. Mas antes, o que tem todo um significado especial é que uma mulher, como eu, que acertou as contas com a dupla moral e que nunca ocultou isso, tenha sido aceita em uma casta que ainda hoje se apega firmemente à tradição e à pseudomoral. (34)”
O desempenho de Kollontai como embaixadora teve total êxito. O Governo norueguês reconheceu oficialmente a URSS e Alexandra conseguiu ainda normalizar as relações comerciais entre os dois países no final de 1925.
Depois Kollontai serviu como embaixadora no México, de novo na Noruega e posteriormente, durante a guerra, na Suécia, onde levou adiante com a competência de sempre a delicada tarefa de ser a representante de um país em guerra em uma nação neutra.
Em 1945, com 73 anos, se aposenta e retorna a Rússia. Recebeu de Stálin a mais alta comenda do Estado Soviético, a Ordem de Lênin.
Morreu aos 79 anos, em 1952.
Quando escreveu sua autobiografia, terminou dizendo: “está perfeitamente claro para mim que a libertação completa da mulher trabalhadora e a criação das bases de uma nova moral sexual manter-se-ão para sempre como o alvo mais elevado de minha atividade, e de minha vida” (35).
Ela acalentava a convicção de que “inevitavelmente chegará o tempo em que uma mulher será julgada pelos mesmos padrões morais utilizados para os homens” (36).
Sem dúvida muito se avançou, graças as ideias e as lutas de Alexandra Kollontai, das feministas que vieram antes dela e das que a sucederam na batalha.
Mas também é forçoso reconhecer que ao estudar a produção teórica e a trajetória de Kollontai temos a sensação que mesmo hoje em dia ela seria incompreendida e atacada por defender – de forma consequente – valores de emancipação feminina e igualdade social.
É incrível constatar que em 2017, já findando a primeira década do século XXI, tenhamos ainda pensamentos como o do presidente brasileiro Michel Temer, que em recente discurso na cerimônia do 8 de março disse que a mulher tem grande importância como fiscal de preços no supermercado.
Felizmente existirão sempre novas Alexandras Kollontais, para enfrentar e derrotar os czares e os guardas brancos do nosso tempo, poderosos sem dúvida, mas cada vez mais arrogantes, com a arrogância típica de quem pressente que seu tempo histórico acabou e que o século 25, quem sabe, está logo ali.
*Wevergton Brito Lima é Jornalista, membro da Comissão de Política e Relações Internacionais do PCdoB
Notas:
1, 2, 6 – Os Fundamentos Sociais da Questão Feminina (Extratos,) Alexandra Kollontai, 1907
3, 4, 5 – As Relações entre os Sexos e a Luta de Classes, Alexandra Kollontai, 1911
7, 18, 19, 31 – Alexandra Kollontai, uma mulher à frente do seu tempo, Miguel Urbano Rodrigues, 2016
8, 9, 10, 11, 12, 13, 15, 16, 17, 20, 21, 22, 24, 25, 30, 32, 33, 34, 35, 36 – Autobiografia de uma mulher comunista sexualmente emancipada, Alexandra Kollontai, 1926
14 – A criação da Duma, com funções apenas de “aconselhamento” ao Czar, foi uma tentativa da reação de frear o ascenso revolucionário das massas que explodiu em 1905 em violentos protestos contra o czarismo. Lênin e os bolcheviques interpretaram corretamente os fatos e adotaram uma tática consequente de boicote ativo à Duma, que trouxe grande prestígio ao Partido. Em 1910, quando a maré revolucionária havia refluído, Lênin, diante do novo cenário, propôs a revisão do “boicote a Duna” e os bolcheviques passaram a participar das eleições.
26, 29 – O Trabalho Feminino no Desenvolvimento da Economia, Alexandra Kollontai, 1921
27 – O Comunismo e a Família, Alexandra Kollontai, 1920
28 – Às Trabalhadoras, Alexandra Kollontai, 1918


gz.diarioliberdade.org
15
Abr17

Teste: o quanto você sabe de História Geral?

António Garrochinho


História é uma matéria difícil. É preciso ter em mente muitas datas e acontecimentos. Mas conhecê-la é necessário. Ao olhar para o passado, enxergamos experiências que nos serve no futuro, e aprendemos a analisar criticamente o que acontece ao nosso redor aqui e agora.

Incrível.club lhe convida a fazer este teste, que irá mostrar o quanto você lembra de momentos importantes da História mundial.

15
Abr17

REVOLTA DA MADEIRA - 4 DE ABRIL DE 1931

António Garrochinho


A PRIMEIRA REBELIÃO CONTRA A DITADURA 
O descontentamento face ao novo regime cerealífero imposto pela ditadura de Salazar, a falência das casas bancárias de Henrique Figueira da Silva e Sardinha, o desemprego e a crise económica originaram, no início da década de 30, um clima propício à revolta popular que acabou por deflagrar nos primeiros dias de Abril de 1931.
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De 4 de Abril a 2 de Maio de 1931 (faz, hoje, 86 anos), o movimento revolucionário colocou a Madeira na ribalta da política portuguesa e fez despertar as atenções da Europa sobre a ilha. Da periferia Atlântica, o Governo da Ditadura era duramente contestado.
Nesse espaço de tempo, o Comando Militar da Madeira tomou algumas decisões que correspondiam às aspirações dos madeirenses, nomeadamente sobre as Casas Bancárias em situação de falência, o desassoreamento do cais do Funchal e a indústria de bordados.
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A superioridade das forças governamentais face às precárias condições de resistência dos conspiraodres, bem como a convicção conscienciosa da necessidade de evitar um inútil banho de sangue, ditaram fatalmente a rendição. A esta não deve ser alheia a posição do governo britânico, ainda não devidamente estudada, mas que tudo indicia como favorável a Lisboa.
Para os madeirenses, que vibraram com promessas de liberdade e resolução de questões graves e antigas, a capitulação decidida pelo general Sousa dias e o coronel Fernando Freiria foi desilusão e simultaneamente fim de um sonho ou pesadelo.
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Foi na Madeira que se deu a primeira revolta contra a ditadura do Estado Novo, liderado por Salazar.
NB: In “A Revolta da Madeira: 1931”, Nelson Veríssimo, Maria Elisa de França Brazão e Maria Manuela Abreu.

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15
Abr17

ORQUÍDEAS COM HISTÓRIA A maior colecção da Europa está na estufa fria em Lisboa

António Garrochinho


Em consonância com a Primavera - a estação das flores por excelência, é interessante recordar e conhecer uma importante colecção de orquídeas, criada no século XIX pelo então rei D. Luís I (1838-1889). Luís não era para ser rei, pela sua condição de segundo filho de Maria II e Fernando II. O seu irmão Pedro, o infante primogénito, reinou como Pedro V, até morrer, sem deixar descendência. E foi assim que, no ano de 1861, Luís, que além de príncipe era um homem de cultura, pintor, músico, oceanógrafo, botânico e coleccionador, se tornou rei de Portugal.
Durante o seu reinado foi abolida a pena de morte para os crimes civis e a escravatura no reino de Portugal e foi publicado o primeiro Código Civil. No que se refere a obras e monumentos, o monarca deixou como legado o alargamento da rede de estradas e caminhos de ferro, o inicio das obras nos portos de Lisboa e de Leixões, o Palácio de Cristal no Porto e uma pequena estufa no Jardim Botânico da Ajuda.
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Esta estufa foi um expoente da tecnologia do século XIX, com cobertura de vidros, sistema de aquecimento, ventilação e em parte construída abaixo do solo para prevenir as amplitudes térmicas do dia e da noite. Era nesta estufa que o rei mantinha uma das mais completas e importantes coleções de orquídeas do mundo, com um longo inventário de espécies que muito dificilmente se encontrariam noutro país da Europa.
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Passaram-se muitos anos até que um jovem de 15 anos, na Finlândia, Pekka de seu nome, começou a interessar-se por orquídeas, pelas sua raridade de cores e de textura que fotografa com a máquina que a mãe lhe oferecera. Várias décadas passadas e mais de 10 mil flores plantadas, o jovem, hoje com 72 anos, tem a segunda maior coleção de orquídeas da Europa que está na estufa do Rei Luís I, onde instala o seu “reino”.
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As orquídeas foram transportadas por via terrestre. Foram precisas várias viagens para trazer as orquídeas da Finlândia, primeiro para Viana do Castelo, depois Coimbra e por fim para a Estufa Real na Ajuda. É o que se chama uma grande paixão pela natureza e por flores raras, "cheias de encanto e beleza", como diz a canção sobre a cidade de Lisboa.
NB: A maior produção de orquídeas em Portugal está na Madeira, com significativa exportação para o mercado europeu. Veja-se alguns exemplos de entre as dezenas de qualidades diferentes.
A tradicional FESTA DA FLOR na Madeira, realiza-se de 4 a 21 de Maio/2017.
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Video 



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15
Abr17

A mudança do padrão de beleza feminino ao longo da história

António Garrochinho


Não é difícil ao ver as fotos antigas das nossas mães e avós pensar:  Mas que cabelo é este???”! 
Mas elas juram que “arrasavam” na época e era super tendência. 
A questão é que o padrão de beleza feminino mudou, aliás, está em constante mudança e nunca mudou tão rápido como agora!
O que era maravilhoso ontem, hoje é feio e talvez amanhã seja lindo outra vez. 

O interessante é pensarmos no quanto somos reféns de um padrão tão inconstante e se o que fazemos hoje com nossos corpos e rostos – nunca houve tanta cirurgia plástica na história!
Há alguns anos um peito turbinado era mais do que necessário e muita gente aderiu ao silicone, hoje o bumbum é que está em alta 
VÍDEO
Egito antigo (1292 a.C. a 1069 a.C.)
As mulheres deveriam ter cabelos longos, rosto simétrico e um corpo magro e alto com cintura e ombros estreitos.
Grécia antiga (500 a.C. a 300 a.C.)
Pele branca, seios fartos, coxas grossas e cintura larga configuravam o padrão da época.
Dinastia Han – China (206 a.C. a 220 d.C.)
A sociedade esperava que as mulheres tivessem olhos grandes, pés pequenos, cintura fina, cabelo longo e bem escuro, dentes brancos e pele pálida.
Renascença italiana (1400 a 1700)
Um corpo arredondado, com quadris largos e seios grandes, era sinônimo de beleza. O padrão ainda impunha pele branca, cabelo loiro e testa grande.
Era vitoriana (1837 a 1901)
sociedade obrigava as mulheres a vestirem corsets apertados para afinar a cintura o máximo possível. Elas também usavam o cabelo longo como símbolo de feminilidade.
Anos Loucos (década de 1920)
O visual mais desejado era andrógino: sem curvas, com seios pequenos e cabelo curto.
Era do Ouro de Hollywood (1930 – 1950)
Estrelas como Marylin Monroe, com corpo curvilíneo e cintura fininha, eram objeto de desejo.
Década de 1960
O jogo se inverte e a modelo Twiggy passa a ser o padrão da vez: magra, alta, sem curvas e com aparência adolescente.
Era das supermodelos (1980)
A top Cindy Crawford era a representação da beleza daquele tempo com seu corpo alto, magro, atlético e torneado.
Década de 1990
O corpo extremamente magro e quase andrógino de Kate Moss era o que as mulheres desejavam.
Século XXI
Corpo magro, mas saudável, seios e bumbum grandes, mas barriga chapada. Este é o padrão regente.


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15
Abr17

O DIABO, MAIS UM MITO INVENTADO

António Garrochinho

PixabayDireito de imagem
Image captionDiabo, Satanás, Lúcifer e, às vezes, Leviatã ou Mefistófeles: varios nomes, várias faces, vários papéis
Se alguém te pedisse para imaginar o diabo, provavelmente viria à mente um demónio com um tridente nas mãos. No entanto, por centenas de anos, o diabo cristão não foi retratado pela arte religiosa e, quando finalmente surgiu, era azul e não tinha chifres ou cascos.
A imagem mais familiar para nós surgiu pelas mãos de gerações de artistas e escritores que pegaram o pouco que é dito pela Bíblia sobre Satanás e o reinventaram ao longo do tempo.
A Bíblia diz que Satanás era o maior adversário de Deus. Na Bíblia judaica, o diabo é apenas outro agente subordinado a Deus, um anjo do mal, uma alegoria que simbolizava a inclinação maligna dos homens e mulheres. Esse personagem foi desenvolvido pelos cristãos até transformá-lo em uma representação da maldade suprema.
Tries Riches Heures Du Duc De Berry Por Limbourg BrothersDireito de imagem
Image captionNa obra dos irmãos Linbourg (1385–1416), Lúcifer tortura e é torturado
A doutrina cristã diz que Satanás assumiu a forma de uma serpente e tentou Eva no Jardim do Éden, mas não há nenhuma menção ao diabo no livro Genesis. Foi só mais tarde que os cristãos interpretaram a serpente como uma encarnação de Satanás.
Também se acreditava que Satanás foi expulso do céu após desafiar a autoridade de Deus. Porém, na Bíblia, um personagem misterioso é expulso após rebelar-se contra Deus. A caracterização de Satanás como um anjo caído deriva dessa tradição.
A imagem de um Satanás que governa o inferno e inflige tortura e castigo aos pecadores também não encontra correspondência no texto sagrado. O livro das Revelações profetiza que Satanás será enviado ao inferno, mas sem qualquer estatus especial e sofrendo as mesmas torturas que os demais pecadores.

As faces do diabo

SPLDireito de imagemSCIENCE PHOTO LIBRARY
Image captionUm anjo a ponto de abrir as portas do inferno nesta imagem feita entre 1121 e 1161
Nos primeiros séculos do Cristianismo, não havia muita necessidade de representar o mal na arte religiosa. Os cristãos acreditavam que os deuses pagãos rivais, como o egípcio Bes e o grego Pan, eram demónios responsáveis por guerras, doenças e desastres naturais.
Cem anos depois, quando o diabo apareceu na arte ocidental, algumas representações incorporaram os atributos físicos destes deuses, como o pêlo facial de Bes e as patas de cabra de Pan.

Anos 1260 ~ O diabo medieval

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Image captionCom barba, cascos, chifres e rabo, o diabo aparece assustado em um jardim da erva que supostamente repele demônios
Na idade média, surgiu o retrato de Satanás mais reconhecível. Foi uma época de muito sofrimento, que ficou ainda pior com o surto de peste negra, a epidemia mais devastadora da história humana, com milhões de mortos na Europa.

Como a Igreja não podia proteger os fiéis da doença, as representações de Satanás centraram-se nos horrores do inferno, refletindo o ânimo do momento e lembrando por que não se devia pecar.
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Image captionNa Bíblia de Alba, traduzida do hebraico para o castelhano medieval em 1430, o arcanjo Miguel luta contra Satanás

Anos 1530 ~ Propaganda endiabrada

Há uma longa tradição de associar o diabo aos inimigos do Cristianismo dentro e fora da Igreja.
Quando ela se dividiu durante a Reforma, católicos e protestantes se acusaram mutuamente de estarem sob a influência do diabo com propagandas jocosas e grotescas sobre esta corrupção.
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Image captionO diabo faz parte de uma linguagem de caricaturas

Anos 1500-1600 ~ Feitiços e sedução

No início do período moderno, pessoas eram acusadas de fazer pactos com o diabo e praticar bruxaria. Satanás era frequentemente representado como um sedutor e se achava que as mulheres eram especialmente vulneráveis a seus encantos.
Imagens mostravam mulheres em atos sexuais com o diabo, por elas serem consideradas o sexo frágil e mais propensas a caírem em pecado por serem incapazes de dominar seus desejos carnais.

Se Satanás conseguia corromper o corpo femino, era uma ameaça à segurança familiar, à santidade e até mesmo à fertilidade da comunidade.
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Image captionDetalhe da la obra 'Ações dos diabos", publicada na Espanha no final do século 14

Anos 1600-1800 ~ Um diabo iluminado

Os escritores e pensadores iluministas reinterpretaram a história do diabo para que se ajustasse às preocupações políticas da época. John Milton descreveu um Lúcifer psicologicamente complexo no poema Paraíso Perdido, que conta a queda em degraça de Satanás.

Enquanto os textos religiosos anteriores haviam examinado a motivação de Satanás para condená-lo, o Lúcifer de Milton é um personagem atraente e solidário que encarna os sentimentos de rebeldia do republicanismo do século 17.
Para alguns artistas românticos e iluministas, Satanás era um nobre rebelde que travava uma batalha contra a autoridade tirânica de Deus.
Image caption"Lúcifer", de Franz von Stuck (1863-1928), dá a sensacão do diabo estar mais próximo de nós

Anos 1900-2000 ~ Animal político

Quando a ciência conseguiu explicar a morte, as doenças e os desastres naturais, a figura do diabo ficou ameaçada. Havia lugar no mundo laico para Satanás?
Foi quando um diabo urbano e sofisticado entrou em cena. Seguindo uma tradição de identificá-lo com inimigos políticos e religiosos, o diabo foi usado para ilustrar a oposição política por meio de caricaturas e sátiras.
Além disso, Satanás encontrou seu lugar no mundo comercial, tornando-se sinônimo de excessos pecaminosos, aparecendo em propagandas para vender desde chocolate e champagne até carros de luxo.


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15
Abr17

folar - poesia

António Garrochinho
VAI UMA TALHADA DE FOLAR
TRADIÇÃO POPULAR
DE OVOS RECHEADO
UM ANIZ ESCARCHADO, UM MEDRONHO
O QUE TENHO, É O QUE NA MESA PONHO
SEM DISTINGUIR QUALQUER CONVIDADO
PARA ABRIL, MAIO, COMEMORAR
NO CULTO MONTANHEIRO DO CAMPO FLORIDO E RISONHO
António Garrochinho


15
Abr17

SEM PAPAS NA LÍNGUA

António Garrochinho

QUANTOS HOMENS, MULHERES, AO LONGO DOS SÉCULOS FORAM DECEPADOS, ASSASSINADOS BARBARAMENTE SÓ PORQUE QUERIAM A 
LIBERDADE ?

QUANTOS AINDA O SÃO ?

QUANTOS HOMENS,MULHERES, GENTE REAL, DE CARNE E OSSO, COM SANGUE LATENTE CORRENDO NAS VEIAS FORAM DECISIVOS PARA QUE NOS DIAS DE HOJE A VIDA TIVESSE MAIS DIGNIDADE E JUSTIÇA ?

É PRECISO REFLECTIR !

QUANTAS VIDAS SE PERDERAM SÓ POR RECLAMAR O PÃO, UM POSTO DE TRABALHO, O DIREITO A UM TECTO, ALIMENTO PARA OS FILHOS ?

QUANTOS SOFRERAM A TORTURA, A MORTE, O DEGREDO E A HUMILHAÇÃO E VIRAM AS SUAS VIDAS DESTRUÍDAS SÓ PORQUE RECLAMAVAM IGUALDADE DE DIREITOS PARA TODOS ?

PÁSCOA ? O QUE ISSO ? UM AMONTOADO DE INTERESSES MERCANTILISTAS, RECHEADA DE COISAS SUPÉRFLUAS ONDE DETERMINADA SEITA ENCHE OS COFRES ESPALHANDO MENTIRAS E SACANDO O POUCO DINHEIRO QUE O QUE TRABALHA E CONSTRÓI CONSEGUE TER AINDA NO FUNDO DAS ALGIBEIRAS.

NADA MAIS !

COMEMORE-SE A VIDA FRATERNA, TRANSPARENTE, ALTRUÍSTA, A HONESTIDADE, A SAÚDE, A EDUCAÇÃO, A SOLIDARIEDADE ENTRE AS GENTES DE BEM E AÍ SENTIREMOS DENTRO DE NÓS A VERDADEIRA FELICIDADE.
A DE SERMOS IRMÃOS EMBORA DE OUTRAS CULTURAS, OUTRA COR DE PELE, OUTROS PAÍSES.

A PÁSCOA, ESTA DATA INVENTADA, PARA TORNAR FELIZES UNS E INFELIZES OUTROS, PARA ENCHER A BARRIGA DE UNS COM O QUE SE ROUBA A OUTROS, PARA PERPETUAR A MAIOR E TRI MILENÁRIA MENTIRA NADA ME DIZ.

António Garrochinho
15
Abr17

FRANÇA: A ESQUERDA VIVE, QUANDO NÃO SE RENDE

António Garrochinho




















Jean-Luc Mélénchon sacode as eleições presidenciais e está a um passo de segundo turno. Segredo: fustigar regressão neoliberal e propor reformas democráticas radicais


Um avanço dramático, de 7 pontos percentuais nas pesquisas, paraece levar inesperadamente o candidato de esquerda, Jean-Luc Mélenchon para uma disputa entre quatro candidatos, que decidirão o primeiro turno das eleições presidenciais francesas.

A dez dias das votações, em 23 de abril, o candidato de centro, Emmanuel Macron, e a líder direitista Marine Le Pen, ambos com 23-24% de intenção de votos, ainda são os favoritos para seguirem adiante no segundo turno. [Uma nova pesquisa, divulgada nesta sexta-feira, por Le Monde, indica que a diferença caiu para apenas dois pontos. Macron e Le Pen tem 22% dos eleitores; Mélenchon subiu dois pontos e tem agora 20%. (nota de Outras Palavras)]

A ascensão do Mélechon — um político ácido, com uma plataforma radical sobre impostos e gastoús pblicos — ocorre num momento em que  que mais de um terço dos eleitores estão indecisos. Não há duas pesquisas totalmente iguais, por isso é impossível dizer com certeza quem seguirá para o segundo turno.


A extrema imprevisibilidade da disputa está sacudindo tanto o mercado financeiro quando os observadores. A campanha “cheira mal”, disse o presidente que deixa o posto, François Hollande, aos amigos, segundo informou Le Monde. Temendo o que alguns analistas chamam de onda destrutiva entre os eleitores, Hollande também alertou os perigos da “simplificação e falsificação” numa eleição marcada por raiva anti-estabilishment.

Muitos analistas estão agora contemplando o inimaginável confronto entre Mélenchon e Le Pen, um confronto entre extrema-esquerda e extrema-direita que poderia representar um abalo sísmico na política francesa e europeia.

Mélenchon, de 65 anos, saiu do Partido Socialista — de centro- esquerda e ao qual está ligado o preesidente Hollande — em 2008. Formou e passou a liderar um movimento de base, A França Insubmissa [La France Insoumisse]. Aos poucos, atraiu os votos do candidato socialista oficial, Benoît Hamon.

Ajudado pela sua retórica casuística, performances fortes nos debates pela TV e uma ágil campanha, que inclui manifestações com holograma e Fiscal Combat – um jogo para “caçar os ricos” — sua aprovação pessoal saltou de 22 pontos para 68 em um mês, fazendo dele o político mais popular da França.

“Ele inventou o stand-up político — disse um aliado ex-aliado do Partido Socialista, Julien Dray — ele tornou-se um showman”. O próprio Mélenchon afirma que se tornou uma figura “tranquilizadora” e “menos cabeça quente”.

As políticas de Mélechon incluem redução das jornadas semanais de trabalho de 35 para 32 horas; redução da idade mínima para aposentadoria para 60 anos; aumento do salário mínimo e benefícios de segurança social — além de uma vasta reforma tributária, que inclui alíquotas de 100% sobre qualquer rendimento que ultrapasse 33 mil euros por mês (R$ 110 mil).

Ele também quer deixar de usar energia nuclear, que hoje responde por cerca de 75% da geração elétrica da França, e reformar radicalmente a Constituição francesa, abolindo o regime presidencial da Quinta República. Embora sua posição sobre a imigração seja oposta à de Le Pen, Mélenchon não está tão distante da líder da Frente Nacional na política exterior, ao defender um “novo papel” para a França na UE, sua retirada da OTAN e laços mais calorosos com a Rússia.

Seus planos incluem ampliar os gastos públicos em 173 bilhões de euros em cinco anos e retirar a França dos tratados da União Europeia, se Bruxelas não concordar com reformas fundamentais. É o que mais irritou os conservadores e investidores. “Mélenchon: o programa louco do Chávez francês”, dizia a manchete de capa do diário conservador Le Figaro de quarta-feira, comparando o candidato apoiado pelos comunistas ao ex-líder venezuelano.

Pierre Gattaz, líder do principal grupo empresarial francês — o Medef — disse esta semana que um segundo turno entre Mélenchon e Le Pen seria “uma catástrofe” para a França, ao forçar os eleitores a escolher entre “o desastre econômico e o caos econômico”.

Pesquisas recentes sobre modelos hipotéticos de segundo turno preveem que Macron – um ex-ministro da economia e banqueiro de investimentos que nunca ocupou um cargo eletivo, mas diz que deseja transcender a divisão tradicional entre esquerda e direita e governar “de maneira justa e eficiente” — derrotaria Le Pen, Fillon e Mélenchon.


Fillon, um ex-primeiro ministro conservador que nega as alegações de que pagou à sua mulher centenas de milhares de euros de dinheiro público por um trabalhinho como assistente parlamentar, venceria Le Pen, mas perderia para qualquer um dos outros dois, enquanto Mélenchon venceria Le Pen e Fillon, mas perderia para Macron.

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António Garrochinho

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