Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

orouxinoldaresistencia

POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

orouxinoldaresistencia

17
Abr17

DIA DO SOL - O MAIOR FERIADO DA COREIA DO NORTE CELEBROU-SE ESTE SÁBADO

António Garrochinho
O maior feriado nacional da Coreia do Norte celebrou-se este sábado, motivo pelo qual as ruas de Pyongyang se encheram de militares fardados, numa marcha aparentemente cronometrada ao segundo e que serviu como demonstração do poderio militar do país comunista, numa altura em que aumentam as tensões com os EUA.
Veja na fotogaleria acima as melhores imagens das celebrações.





























17
Abr17

Queda de avioneta em Tires causa quatro mortos

António Garrochinho


Tudo indica que ocorreu uma explosão no ar. Vítimas são o piloto e os três ocupantes da aeronave. Marcelo já está no local
A queda de uma aeronave em Tires provocou hoje a morte dos quatro ocupantes, disse à Lusa fonte oficial do GPIAAF - Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários.
Segundo esta fonte, a aeronave descolou do aeródromo de Tires, tendo-se despenhado cerca de dois mil metros depois da descolagem, caindo perto de uma superfície comercial.
O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, deslocou-se ao local, onde chegou pelas 13:00 para se inteirar da situação. Foi recebido pelo presidente da Câmara de Cascais, que também ali se deslocou.
Ao DN, fonte do Comando Distrital de Operações de Socorro de Lisboa (CDOS) confirmou que a aeronave caiu junto de um supermercado Lidl. A SIC adianta que o local do impacto no solo foi uma área de armazenamento do supermercado, onde o avião terá atingido um camião.
    As vítimas são o piloto e os três ocupantes da aeronave, que tinha matrícula suíça, acrescentou a mesma fonte. Todos terão nacionalidade suíça e teriam chegado na sexta-feira a Portugal, vindos de Marselha, França.
    De acordo com a página da Internet da Proteção Civil, encontram-se no local 50 bombeiros, apoiados por 18 viaturas.
    Segundo o CDOS, o alerta foi dado às 12:05. "Tudo indica que ocorreu uma explosão no ar", referiu à Lusa fonte da Autoridade Nacional de Proteção Civil, acrescentando que o incêndio que deflagrou após o impacto da aeronave já está dominado.
    A Proteção Civil está ainda a verificar se há vítimas além dos ocupantes da aeronave.

    VÍDEO



    17
    Abr17

    17 de Abril de 1492: Cristóvão Colombo assina contrato com os Reis Católicos para a constituição de uma armada que permita a chegada à Índia, por mar, seguindo para Ocidente

    António Garrochinho


    Navegador do século XV, terá nascido em 1451, em Génova (?), cidade da costa italiana. Pirata no Mediterrâneo,desde cedo se dedicou à vida do mar e, em 1476, terá mesmo naufragado ao largo da costa portuguesa. Em 1478 casou Colombo com uma dama portuguesa, instalando-se de seguida em Porto Santo. Daí teria oportunidade de viajar para sul até à capitania de S. Jorge da Mina, na costa africana. Entretanto, ia refinando o seu plano de alcançar a Ásia navegando para ocidente. Propôs a D. João II essa empresa em 1484, mas o soberano português rejeitou patrociná-la. Colombo resolveu então tentar a sua sorte em Espanha, junto de Fernando e Isabel.Foi com dificuldade que conseguiu os seus intentos. As negociações entre Cristóvão Colombo e a Coroa foram feitas por meio do funcionário da Coroa de Aragão, Juan de Coloma , e Fray Juan Perez , representando Colombo. O resultado das negociações foi o Capitulations de Santa Fé, de 17 de abril de 1492 . Fernando e Isabel prometeram corresponder, em caso de sucesso, às  ambições de Colombo: fazê-lo Almirante do Mar Oceano e Vice-Rei das Índias (isto é, das Américas ou Índias Ocidentais) e dar-lhe dez por cento do valor do comércio efetuado nos novos domínios. Assim, Colombo partiu, nesse mesmo ano, com uma pequena frota de três navios (Santa Maria,Pinta e Niña). Após uma curta escala nas Canárias, atravessou o Atlântico e descobriu São Salvador. A terra foi avistada às duas horas da manhã de 12 de outubro de 1492, por um marinheiro chamado Rodrigo de Triana (também conhecido como Juan Rodríguez Bermejo) a bordo de Pinta. Colombo designou a ilha (agora Bahamas) San Salvador, enquanto os nativos a chamavam Guanahani. Aportou depois a outras ilhas,como Cuba e o Haiti. Em janeiro de 1493, deixando no Novo Mundo trinta e oito dos seus homens (que pouco tempo depois seriam vítimas dos indígenas), regressou à Europa, sendo recebido em glória na corte dos Reis Católicos.Em setembro de 1493 encetou Colombo uma segunda viagem rumo aos novos territórios, descobrindo então as ilhas de Porto Rico e Jamaica. De regresso ao Velho Continente, partiria noutra expedição em 1498.Entretanto, a sua posição era contestada na corte, não sendo vista com bons olhos a excessiva autonomia da sua ação nas Américas. De facto, a administração de Colombo falhara rotundamente, pois nunca conseguira impor uma ordem estável nas possessões do Novo Mundo, em que os tumultos violentos se sucediam; além disso, ele usava com frequência de uma incompreensível severidade para com os colonos. Deste modo, foi afastado por um enviado dos monarcas, preso e embarcado para Espanha em 1500. Faria uma quarta viagem a além-Atlântico dois anos depois, mas, desprovido de títulos e de honras, morreria em Valladolid em 1506.Até ao fim dos seus dias, Colombo permaneceu convicto de que atingira a Ásia, pensando que Cuba, o território mais extenso que descobrira até então, era o continente asiático. O seu lugar na História, porém, é ainda maior do que esse, pois associa-se à descoberta da América pela Europa moderna.

    Cristóvão Colombo. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013.
    wikipedia (Imagens)

    File:Christopher Columbus7.jpg

    Cristóvão Colombo perante os Reis Católicos
    Ficheiro:Christopher Columbus Face.jpg
    Provável retrato de Colombo em pormenor de "Virgen de los Navegantes" pintado por Alejo Fernández entre 1500 e 1536, actualmente na "Sala de los Almirantes", no Reales Alcázares de Sevilla

    File:Christopher Columbus.PNG
    Cristóvão Colombo - Óleo sobre tela de Sebastiano del Piombo, 1519




    17
    Abr17

    17 de Abril de 1961: Forças opositoras ao regime cubano de Fidel Castro tentam a invasão de Cuba pela Baía dos Porcos, a partir do sul dos EUA.

    António Garrochinho


    No dia 17 de Abril de 1961, a agência de notícias UPI divulgou ter recebido uma nota do embaixador argentino em Cuba, Julio Amoedo, sobre uma força invasora que havia desembarcado no sul da ilha de Fidel Castro.

    De acordo com um relatório divulgado em Washington, em 22 de Fevereiro de 1998, pelo Arquivo Nacional de Segurança dos EUA, a operação militar havia começado a ser planeada pela Agência Central de Inteligência (CIA) em Agosto de 1959, por ordem do presidente Dwight Eisenhower. A ideia inicial era preparar exilados cubanos para se infiltrarem em Cuba e organizarem uma dissidência anticastrista. Para tanto, a CIA lançou, em Março de 1960, O seu Programa de Acção Encoberta Contra o Regime de Castro, com um orçamento previsto de 4,4 milhões de dólares.

    O documento de 150 páginas – escrito em finais de 1960 pelo almirante Lyman Kirkpatrick – revela que, em Setembro de 1960, passou a dominar a ideia de um ataque armado. A CIA estava convencida de que poderia derrubar Fidel Castro, da mesma forma como havia deposto o governo reformista de Jacobo Arbenz, na Guatemala, em 1954. A agência de espionagem garantia que o povo cubano, farto de entrar em filas, esperava um sinal de rebelião. O objectivo estratégico dos EUA, no entanto, era conter um alastramento do comunismo na América Latina.

    Para executar a invasão, exilados cubanos e herdeiros das empresas norte-americanas nacionalizadas pelo governo de Fidel Castro formaram o Exército Cubano de Libertação, com armamento norte-americanos e bases de treino no Panamá e na Guatemala. Para simular uma rebelião interna do exército cubano, os aviões dos EUA envolvidos na invasão foram camuflados com a estrela da força aérea de Cuba.

    Atrás da chuva de panfletos e dos bombardeios, cerca de 1.400 homens invadiram os pântanos da Praia Girón, conhecida como Baía dos Porcos, no dia 17 de Abril de 1961. Três dias depois, eles estavam derrotados. Segundo o governo cubano, 176 pessoas morreram nos combates, mais de 300 ficaram feridas e 50 incapacitadas para toda a vida.

    Em 1998, o governo norte-americano admitiu que a operação Baía dos Porcos estivesse condenada ao fracasso desde o começo. A tentativa de derrubar Fidel Castro teria sido "ridícula, trágica ou ambas as coisas". A principal causa do fracasso teria sido a sua má execução e não o facto de o presidente John Kennedy não ter autorizado o apoio da Força Aérea dos EUA aos invasores, como afirmaram durante anos os exilados cubanos e os adversários políticos de Kennedy.



     Fontes: DW
     Wikipedia (imagens)

    Ficheiro:Cuba Bahia de Cochinos-pt.svgMapa da localização da Baía dos Porcos
    File:CheyFidel.jpg
    Fidel Castro e Ernesto Che Guevara, fotografados por Alberto Korda em 1961
    17
    Abr17

    SOARES PIOR QUE RAMIRO

    António Garrochinho

    SOARES PIOR QUE RAMIRO.

    O bombista Ramiro Moreira, autor de dezenas de atentados contra o PCP, assassino confesso de portugueses inocentes, foi indultado por Mário Soares, então presidente de Portugal.

    O miserável entrava e saía de Portugal a seu bel-prazer, como um vulgar cidadão. Conseguiu depois um emprego prestigiante na Petrogal. 

    O P”S” andou sempre de mão dada com o terrorismo bombista, liderando o seu processo político/ideológico e delegando dinheirama nos bolsos dos psicopatas do morticínio militante.

    O P”S” perdoou, compreensivamente, aos pides que torturaram especialmente os comunistas e os matava, perdoou aos grandes capitalistas pelo atraso selvagem de Portugal, recauchutando-os, instituiu a mentira do 25 de Novembro como parte fundamental da construção anti-democrática que dura há mais de 40 anos.

    Guilherme Antunes (facebook)


    17
    Abr17

    ASSUNÇÃO, A SANTINHA DO CALDAS

    António Garrochinho

    (Soares Novais, in A Viagem dos Argonautas, 16/04/2017)

    santinha

    Foi numa destas noites. Estava eu a fugir à metralha dos “doutores da bola” quando passei a correr por aquele canal que a todas as horas nos enche o dia de sangue e de histórias que fazem chorar as pedras da calçada. Ouvi: “A santa do Povo”. Voltei atrás, ao dito.  E logo me saltou à vista a Maria da Assunção, mais conhecida por Cristas. A que rendeu o Portas. Pensei para os meus botões: os tipos estão a chamar santa à Maria da Assunção?!

    Perante tão angustiante dúvida fiquei pelo “tal canal”. Além de mais, entre ver e ouvir os “doutores da bola” e confirmar ou não a santidade da Assunção a diferença era nenhuma. Explico: os “doutores da bola” apresentam-se como castos e santos defensores dos clubes que representam, imunes a cartilhas e ordens papais; e a Cristas do PP avançou para a conquista de Lisboa ao infiel Medina sem pedir a benção do bispo da São Caetano, à Lapa. Não foi preciso esperar muito para desfazer tão angustiante dúvida, como já aqui disse: a Assunção, apesar da sua condição de católica e de liderar um partido dito democrata-cristão, não é a “Santa do Povo”. A “Santa do Povo” é Lúcia, a pastorinha de Fátima, cuja canonização o Papa Francisco, anunciou em Março, e de quem o “tal canal” vai transmitir uma “entrevista inédita”.

    Por ora, a Maria da Assunção é apenas comentadora do canal que jorra sangue e conta histórias que fazem chorar as pedras da calçada. Ou se se quiser a “santinha do Caldas”. Do largo e da casa que já teve como pároco Portas. O Paulinho das Feiras, hoje avençado de uma petrolífera mexicana e do comendador Mota, que é aquele senhor de Amarante especialista em dar emprego a ex-governantes…

    Portas escolheu-a para continuar a sua missão. A missão de benzer os saudosos do santinho de Santa Comba Dão e do cónego Melo de Braga; os feirantes de todas as feiras do país; os retornados do outrora Ultramar português; e o padre que expulsou o maestro gay da igreja de Castanheira de Pêra. E fez bem, ao que parece.

    A Assunção tem-se mostrado à altura da missão. É uma crente devota, gosta de dar beijinhos às velhinhas e aos velhinhos, às meninas e aos meninos, assume-se como “católica praticante” e os dedos das duas mãos não chegam para demonstrar a sua bondade.

    Que o diga Maria Luís! Bastou-lhe enviar um “email” para que Cristas, mãe zelosa de quatro filhos em férias, concordasse com o desmantelamento do BES/GES. A colega, que saiu da austera e idolátrica Braga para cair nos braços das altas esferas terrenas, como o senhor Schäuble, por exemplo, agradeceu-lhe a confiança e resolveu o assunto, De uma penada. Tal como Assunção fez em recentes declarações ao Público:

    “Como pode imaginar, de férias e à distância e sem conhecer os dossiês, a única coisa que podemos fazer é confiar e ser solidários, isso é para fazer, damos o OK…”

    Ou seja: a Maria da Assunção deu o “OK” e o BES/GES ficou “KO”. E nós, os contribuintes, lá tivemos que dar mais uns “milhares” para a caixinha de esmolas que, dizem, ter salvo o “sistema financeiro” de cair no mais profundo dos “infernos”. Mesmo aqueles a quem a oratória  do santo e pecador Portas nunca convenceu…

    Cristas acredita em tudo o que lhe dizem.  É uma crente, pois. E quando lhe interessa diz desconhecer. Como aconteceu, esta semana, quando foi interrogada sobre uma acusação feita ao Ministério Público (MP) que tem como alvo Portas e em que este é acusado de ter favorecido um dos seus actuais patrões, a Mota-Engil: “Não tenho nenhuma informação sobre isso.” Para logo acrescentar: “Nem sei de que questão estão a falar.” Isto é, a Assunção do Caldas só lê a cartilha que lhe interessa. Por isso não leu que a construtora Tecnorém se queixou ao MP de “um claro favorecimento da Mota-Engil” no concurso para a construção da Escola da Nato, em Oeiras. Portas era vice-primeiro-ministro e o director-geral de Recursos da Defesa Nacional, Alberto Coelho. Foi ele que lançou o concurso e é ele que preside ao Conselho de Fiscalização da seita que, entre outros, tem como um dos seus membros mais destacados o diácono Telmo Correia.

    Mera coincidência, já se vê. Como aquela que se verificou quando foi feita a compra dos “indispensáveis” submarinos. Ou como aquela que daqui a um mês bem pode juntar Maria da Assunção e a convertida Zita aos pés da Virgem, em Fátima. Unidas pelo “amor ao próximo” e por ambas acreditarem, apenas, na justiça divina…

    17
    Abr17

    Populismos

    António Garrochinho



    populismo
    Populismo entrou no léxico da política e da comunicação social. É usado a torto e a direito, nem sempre a direito e muitas vezes bem torto. Um rótulo em que, intencionalmente e com cinismo, se baralha populismo com lutas populares para as desvalorizar. Às políticas do governo PS, apoiado parlamentarmente pelo PCP, BE e PEV, que visam, de forma magra e tímida, repor rendimentos e direitos atirados para o lixo pelas políticas ditas de ajustamento, é inúmeras vezes colado esse rótulo pelos partidos de direita e pelos media ao seu serviço. Procuram e encontram formulações perjorativas, geringoça é das de maior êxito, para fazer chicana. Com a mesma intencionalidade e cinismo não o usam quando o deveriam usar. Exemplo recente são as declarações de Jeroen Dijsselbloem, presidente do Eurogrupo, uma estrutura clandestina que a UE legalizou dando peso institucional, expressão de um populismo pós-colonial, corrente nos países do norte da Europa Connosco. A variante suave e actualizada do pensamento das potências coloniais que justificavam as suas inauditas violências com a missão civilizadora de iluminarem as bestas com os seus valores, exterminando sempre que necessário os que se oponham a receber essa luz. Agora as bestas são mais brunidas, entregam-se aos copos e às mulheres, é preciso metê-las na ordem.
    Na raiz do populismo está sempre presente a batalha entre as elites que se dizem esclarecidas e a ignara populaça. Um conceito que surge originalmente dos choques entre Cultura e cultura. As batalhas entre os que alinhavam pelo gosto popular contra o gosto das elites. Entre os defensores do canone e os que se entricheiravam nas veredas das vulgaridades. Em linguagem chã e no rectângulo nacional, guerras entre os devotos de António Lobo Antunes e Herberto Helder e os embasbacados com Teresa Guilherme e Manuel Goucha. As portas dos gabinetes académicos foram arrombadas pela política real, as batalhas já não são entre simples definições culturais, entraram nos territórios da política.
    O populismo está no ordem do dia. Os avanços da direita mais extrema nos EUA e na Europa fazem soar as sirenes de alarme que tocam insistentemente e bem alto para apagar os sons de quem andou a alimentar os populismos de Trump, Le Pen, Farage, Geert Wilders, Frauke Petry e todos os outros que aparecem como cogumelos na terra pútrida adubada pelos partidos políticos, da direita à esquerda, que com grande e fecundo populismo andaram e andam a angariar votos vendendo promessas que assim que alcançam o poder rasgam com grande despudor. Exemplos não faltam de Hollande a Renzi, de Tsipras a Obama. Por cá é só folhear os programas eleitorais desde que há eleições. Um espesso rol de ilusões vendidas a pataco que desacredita política e políticos, alimenta o populismo rasca de os políticos serem todos iguais, mudam as moscas a merda é a mesma e demais axiomas em que se afunda a democracia. Mete-se tudo no mesmo saco para fazer o caminho a uma qualquer variante fascista ou proto-fascistaAnular políticos e políticas de esquerda que, quando são mesmo de esquerda, são destratados por uma comunicação social mercenária.
    Utiliza-se o fantasma do populismo – não é um fantasma é um real perigo – para fazer triunfar políticas de direita. Seria rísivel se não fosse assustador ouvir o vento provocado pelos grandes suspiros de alívio que correu pelos areópagos europeus com os resultados eleitorais holandeses, ganhos em cima da meta por escasssos segundos por um bom populista a um populista mau. Espera-se o vendaval de suspiros de alívio que se prepara quando se souberem os resultados eleitorais em França, com idênticos resultados.
    Desde que o populismo entrou no léxico da política há populismos para todos os gostos. De alta densidade como Perón e Getúlio Vargas, num continente fértil na emergência de caudilhos populistas, aos de baixa intensidade como Berlusconi ou, com outro estilo e derivas, Pablo Iglésias. Não têm uma ideologia concreta. Apresentam-se como uma forma diferente de fazer política que ultrapasse os impasses da política representativa em que os partidos políticos defraudam com contumácia as esperanças dos que lhes confiam o voto iludidos com as promessas de lhes darem um bem-estar que negam assim que se sentam nas cadeiras do poder.
    O populismo alimenta-se com essas fraudes por as pessoas se sentirem abandonadas pela política e pelos políticos, por um crescente sentimento de injustiça que os torna receptáculos de outros meios de exercício da política, onde se sintam com voz. Nesse contexto não devia surpreender ninguém que os populistas tenham êxito, ganhem votos populares, ascendam ao poder. Foi isso que deu a vitória a Trump e na Europa os clones de Trump estejam a ter o impacto que têm. Em Portugal ainda não apareceu uma ou um Le Pen, mas lendo muitos das notícias dos media, ouvindo e lendo muitos dos comentadores encartados que por lá estacionam, lendo os comentários a essas notícias não será extraordinário que acabe por surgir, espere-se mas não se confie numa manhã de nevoeiro, uma qualquer imitação salazarenta de Trump.
    Para esse sucesso, um insucesso do Portugal de Abril tão maltratado em quarenta anos de governos com políticas de direita, muito contribuem a propaganda mascarada de informação que deliberada e perversamente confunde populismo com lutas populares.
    As justas reinvindações dos trabalhadores e pensionistas, as lutas por direitos sociais económicos e políticos, as organizações sindicais e políticas que as assumem e encabeçam são classificadas, directa e indirectamente, como populistas por irem contra o pensamento dominante e a sua expressão mais acabada o TINA (There Is No Alternative) com o objectivo último de ser impossível pensar que é sequer possível pensar que há uma outra política, uma outra sociedade.
    Elencar o que todos os dias se repete com obstinação para desacreditar as lutas contra essas políticas é uma árdua e sempre incompleta tarefa. É de lembrar as barreiras de propaganda disfarçadas de notícias e comentários, com bem ou mal amanhado argumentário, que durante os quatro anos de governo PSD-CDS faziam ruído contra as manifestações e greves desencadeadas pela CGTP e pelos sindicatos contra a barbárie de uma legislação do trabalho que queria reduzir a cisco direitos conquistados palmo a palmo em árduas lutas. Contra todas as outras lutas que durante esses malfados anos foram realizadas. Sem essa resistência, no meio de enormes e violentas dificuldades, os desmandos do governo Passos Coelho/Paulo Portas teriam uma dimensão muito maior, até mais durável. Eram classificados de irrealistas por estarem contra a realidade construída com zelo pela troika e seus mandatários aborígenes. Colavam-lhes o selo de populistas por proporem políticas que defendem as classes sociais mais desfavorecidas, no limite por defenderem medidas que estavam contra o “progresso” do país que não podia viver acima das suas possibilidades, como se o progresso do país fosse o que eles propugnavam e continuam a propugnar e as classes privilegiadas não continuassem a rapinar a riqueza produzida.
    Há que distinguir claramente lutas populares de populismo. Os populistas, os duros de Trump a Le Pen, e os moles, de Merkel a Cristas, estão sempre do lado das classes privilegiadas. Aos mais desmunidos reservam um assistencialismo rasteiro que lhes branqueia consciências. Os outros são mão de obra, quanto mais barata e sem direitos melhor, e sobras de vidas que sobreviveram a anos de trabalho. As lutas por melhores condições de vida, de denúncia pelos males do estado de coisas, pela redenção dessas sociedades é-lhes estranha, vai contra a realidade que os alimenta e que querem perpetuar. Nenhum vício lógico os trava. Do outro lado, contra populistas e populismos, está o povo, os partidos políticos, os sindicatos, as organizações populares que os defendem e lhes respondem com as lutas populares.


    publicado em AbrilAbril

    Mais sobre mim

    foto do autor

    Subscrever por e-mail

    A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

    António Garrochinho

    Links

  •