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POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

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23
Abr17

NA SIC NOTÍCIAS

António Garrochinho

Rapaz, francês, formado em direito, 23 anos, entrevistado:
- É francês?
- Sim, a minha mãe é emigrante portuguesa e aqui em França conheceu o meu pai, um emigrante espanhol, eu já nasci cá.
- Em quem vai votar?
- Na Marine Le Pen.
- Porquê?
- porque ela é contra a emigração e eu acho muito bem, porque nós não queremos cá emigrantes.
23
Abr17

OS HIPPIES

António Garrochinho

Uma mulher em topless que aprecia a música de Led Zeppelin no festival de Knebworth no Reino Unido em 1979.

uma mulher em topless  aprecia a música de Led Zeppelin no festival de Knebworth no Reino Unido em 1979.

Esquerda: Os fãs esperam pelos Rolling Stones para se apresentarem no Hyde Park de Londres em julho de 1969. À direita: Uma jovem que usa flores frescas, pintura corporal e cores vivas.
Esquerda: Os fãs esperam pelos Rolling Stones para se apresentarem no Hyde Park de Londres em julho de 1969. À direita: Uma jovem que usa flores frescas, pintura corporal e cores vivas.
Os povos no elogio da multidão enquanto os atos musicais executam no festival livre do estrada de Altamont o 6 de dezembro de 1969, em Livermore, Califórnia.
Robert Altman / Getty Images
Os povos no elogio da multidão enquanto os atos musicais executam no festival livre do estrada de Altamont o 6 de dezembro de 1969, em Livermore, Califórnia.
Esquerda: Um jovem hippie senta-se de pernas cruzadas num parque da cidade de Nova Iorque em 1969. À direita: Um casal aguarda o início do Monterey Pop Festival na Califórnia em 1967.
Esquerda: Um jovem hippie senta-se de pernas cruzadas num parque da cidade de Nova Iorque em 1969. À direita: Um casal aguarda o início do Monterey Pop Festival na Califórnia em 1967.
Um homem dorme esticado através dos troncos de dois carros estacionados na feira de artes e de artes de Woodstock em Bethel, New York, em 1969.
Bill Eppridge / Getty Images
Um homem dorme esticado através dos troncos de dois carros estacionados na feira de artes e de artes de Woodstock em Bethel, New York, em 1969.
Um par com pintura de corpo de harmonização da flor anda junto durante a ilha do festival do Wight no Reino Unido em 1970.
Mirrorpix / Getty Images
Um par com pintura de corpo de harmonização da flor anda junto durante a ilha do festival do Wight no Reino Unido em 1970.
Um grupo de hippies assistir como vários outros dançar durante a Ilha de Wight Festival em 1969.
Keystone / Getty Images
Um grupo de hippies assistir como vários outros dançar durante a Ilha de Wight Festival em 1969.
Esquerda: Um jovem casal é apanhado fazendo amor dentro de sua barraca no Festival de Isle of Wight em 1969. Direita: Uma mulher nua está diante de uma multidão em um concerto em Hyde Park, em 1970.
Getty Images
Esquerda: Um jovem casal é apanhado fazendo amor dentro de sua barraca no Festival de Isle of Wight em 1969. Direita: Uma mulher nua está diante de uma multidão em um concerto em Hyde Park, em 1970.
Um grupo de hippies pega um passeio a Woodstock em 1969.
Bill Eppridge / Getty Images
Um grupo de hippies pega um passeio a Woodstock em 1969.
Um par que atende à música de Woodstock e ao sorriso justo das artes ao estar fora do abrigo que construíram.
Ralph Ackerman / Getty Images
Um par que atende à música de Woodstock e ao sorriso justo das artes ao estar fora do abrigo que construíram.
Uma multidão frolics em um lago não identificado em 1970.
Getty Images
Uma multidão frolics em um lago não identificado em 1970.
Um grupo de salão nu dos hippies na praia durante a ilha do festival do Wight em 1969.
David Redfern / Redferns
Um grupo de salão nu dos hippies na praia durante a ilha do festival do Wight em 1969.
Uma mãe e sua criança nadam no lago durante a conferência alternativa dos meios na faculdade de Goddard em 1970 em Vermont.
Robert Altman / Getty Images
Uma mãe e sua criança nadam no lago durante a conferência alternativa dos meios na faculdade de Goddard em 1970 em Vermont.
Esquerda: George Harrison toca uma guitarra emprestada entre uma multidão de hippies locais passeando pelo Golden Gate Park de San Francisco em 1967. Direito: Demonstrativos marcham em apoio à legalização das drogas no Hyde Park, em Londres, em 1967.
Getty Images
Esquerda: George Harrison toca uma guitarra emprestada entre uma multidão de hippies locais passeando pelo Golden Gate Park de San Francisco em 1967. Direito: Demonstrativos marcham em apoio à legalização das drogas no Hyde Park, em Londres, em 1967.
Uma jovem posse de Piccadilly é despejada pela polícia de Londres em 1969.
P. Floyd / Getty Images
Uma jovem posse de Piccadilly é despejada pela polícia de Londres em 1969.
Hippies se reúnem em Stonehenge no Reino Unido para marcar o solstício de verão em 1972.
Roger Hutchings / Getty Images
Hippies se reúnem em Stonehenge no Reino Unido para marcar o solstício de verão em 1972.
Esquerda: Um casal coloca-se juntos durante a Woodstock Music and Arts Fair em 1969. À direita: Um grupo de pessoas frolic em uma pilha de espuma na Ilha de Wight Festival.
Esquerda: Um casal coloca-se juntos durante a Woodstock Music and Arts Fair em 1969. À direita: Um grupo de pessoas frolic em uma pilha de espuma na Ilha de Wight Festival.
Um homem que conduz um besouro de Volkswagen faz sua maneira à música de Woodstock e à feira das artes enquanto ilumina um sinal da paz através do sunroof em 1969.
Ralph Ackerman / Getty Images
Um homem que conduz um besouro de Volkswagen faz sua maneira à música de Woodstock e à feira das artes enquanto ilumina um sinal da paz através do sunroof em

 1969.
23
Abr17

LIXO

António Garrochinho

«Os coletes identificam-nos como peregrinos a caminho de Fátima. Pararam junto ao supermercado onde fui, abasteceram-se lá para o almoço e sentaram-se a comer numas mesas em madeira junto ao parque de estacionamento. Quando acabaram, levantaram-se e seguiram caminho. Os despojos do almoço, sacos, garrafas, cascas de fruta, guardanapos e outro lixo ficaram em cima da mesa. Gente que percorre centenas de quilómetros em nome da fé e que não caminha 3 metros até à papeleira mais próxima, deixando o seu lixo para que outros o apanhem. Tenho dificuldade em entender.»
......Alice Coutinho


23
Abr17

POLUIÇÃO

António Garrochinho

CAROLINE UMA FRANCESA A VIVER EM PORTUGAL HÁ MAIS DE VINTE ANOS FOI VOTAR NA EMBAIXADA FRANCESA EM LISBOA.

COMO A FILA SEGUNDO O JORNAL NOTICIA ERA GRANDE, A JORNALISTA PERGUNTOU SE ESPERAVA TANTA AFLUÊNCIA AO QUE A FRANCESA RESPONDEU.

- PARECE A RÚSSIA NO TEMPO DA FALTA DE COMIDA !


SENDO UM FACTO QUE DURANTE AS GUERRAS MUNDIAIS SE FORMARAM BICHAS EM TODO OS PAÍSES PELA FALTA DE ALIMENTOS E OUTROS PRODUTOS ESSENCIAIS PORQUE SERÁ QUE A FRANCESA NÃO ALUDIU AS BICHAS QUE SE FORMARAM NA FRANÇA QUANDO DA OCUPAÇÃO NAZI ?

PROVAVELMENTE A FRANCESA NÃO CONHECEU A OCUPAÇÃO NAZI EM FRANÇA E CLARO MUITO MENOS AS BICHAS PELO PÃO NA RÚSSIA OU EM PORTUGAL, MAS A SUA EXCLAMAÇÃO PARECE-ME UMA FORMATAÇÃO MENTAL DE QUE MUITA GENTE É VÍTIMA..

EMFIM :       O MUNDO NÃO ESTÁ SÓ CHEIO DO CARBONO E OURAS PESTES LANÇADAS PARA A ATMOSFERA. TAMBÉM A CABEÇA DAS PESSOAS ESTÁ ELA INFECTADA PELO LIXO QUE A TODO O SEGUNDO É LANÇADO PELOS PROFISSIONAIS DA TELEVISÃO, JORNAIS, JUNTANDO-SE À LIXEIRA DA GOVERNANÇA QUE HOJE MANDA NO MUNDO.
O MUNDO TRESANDA !

António Garrochinho
23
Abr17

AS "CLAQUES"

António Garrochinho

NÃO ME SURPREENDE NADA EXISTIR O QUE EXISTE DENTRO DAS CHAMADAS CLAQUES DO FUTEBOL OU HOOLIGANS JÁ QUE O VERDADEIRO DESPORTO DESSA GENTE É O ARRANJAR CONFLITOS E GERAR VIOLÊNCIA.

TODOS SABEMOS BEM O QUE SÃO OS HOOLIGANS E COMO ELES AGEM !

ANDAM PELA EUROPA E PELO MUNDO ESPALHANDO SANGUE QUE NÃO É SÓ ENTRE ELES.

NO MEIO DA VIOLÊNCIA QUE GERAM, SÃO ATINGIDAS PESSOAS INOCENTES E POR ISSO HÁ QUE CADA VEZ MENOS GENTE A IR AO FUTEBOL POR CAUSA DESTES MARGINAIS .

OS ACONTECIMENTOS EM LISBOA SÃO UMA PINGA DE ÁGUA NO OCEANO NAQUILO QUE JÁ ACONTECEU E ACONTECE COM OS HOOLIGANS NESSE MUNDO DE CRIME, DE DROGA, DE VIOLÊNCIA QUE TAMBÉM É NEGÓCIO.

A VÍTIMA ITALIANA QUE MORREU NOS CONFRONTOS ENTRE OS MARGINAIS JÁ TINHA ESTADO DETIDA EM ITÁLIA E TINHA CADASTRO POR PRÁTICAS DE VIOLÊNCIA..

TAMBÉM LAMENTO NOS COMENTÁRIOS QUE TENHO LIDO O CONSTATAR QUE POR FORA DAS CHAMADAS CLAQUES ORGANIZADAS EXISTEM POTENCIAIS LOUCOS E ADEPTOS DA PORRADA, DA FACADA, DO TIRO E DO ATROPELAMENTO. BASTA LÊ-LOS AQUI NA NET.

SOU POR CLAQUES ALEGRES,FOLGAZONAS, CRIATIVAS  E RIVAIS ONDE O FUTEBOL É UMA FESTA E NÃO UM CAMPO DE BATALHA DE CÃES RAIVOSOS E MEDIEVAIS.

António Garrochinho
23
Abr17

BURLA E VIGARICE NAS RUAS DE LISBOA EM NOME DA CARIDADE E ANIMAIS ABANDONADOS - VEJA VÍDEO

António Garrochinho

A ver: Sexta às 9 interceptou negócio de caridade em flagrante delito

A Associação Adeptos dos Sonhos faturava cerca de 2600 euros por dia, alegadamente para ajudar crianças carenciadas e famílias com animais abandonados, mas 90% do dinheiro que recebia nas ruas de Lisboa ia para uma empresa privada do namorado da presidente.

Confrontada com os fortes indicios de crime captados pelo Sexta às 9, a ministra Constança Urbano de Sousa revogou de imediato a licença que tinha emitido sem verificar a idoneidada da associação e enviou o caso para o Ministério 

VÍDEO




www.rtp.pt
23
Abr17

A principal questão nas eleições presidenciais francesas: a soberania nacional e o futuro da França

António Garrochinho

(Por Diana Johnstone, in GlobalResearch, 21/04/2017, Tradução Estátua de Sal)

éections-France-2017
As eleições presidenciais francesas de 2017 marcam uma profunda mudança nos alinhamentos políticos europeus. Há uma transferência significativa da tradicional dicotomia esquerda-direita para a oposição entre a globalização, sob a forma da União Europeia (UE) e a soberania nacional.

O tratamento dos média mainstream baseia-se no dualismo simples, esquerda-direita: a rejeição “racista” dos imigrantes é a questão principal e o que mais importa é “parar Marine Le Pen!”.
A partir daí é como ver através do espelho da Alice no País das Maravilhas. Tudo fica virado ao contrário.
Do lado de cá do espelho, a esquerda virou à direita e parte da direita está a virar à esquerda.
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Há cinquenta anos, era “a esquerda” que mais apaixonada e ardentemente apoiava a causa das lutas de libertação nacional do Terceiro Mundo. Os heróis da esquerda eram Ahmed Ben Bella, Sukarno, Amílcar Cabral, Patrice Lumumba e acima de tudo Ho Chi Minh. Pelo que é que esses líderes lutavam? Eles lutavam para libertar os seus países do jugo do imperialismo ocidental. Eles lutavam pela independência, pelo direito à autodeterminação do seu próprio modo de vida, preservar os seus próprios costumes, decidir o seu próprio futuro. Lutavam pela soberania nacional, e a esquerda apoiou essa luta.
Hoje, tudo mudou. “Soberania” tornou-se uma palavra malfadada para a esquerda tradicional.
A soberania nacional é um conceito essencialmente defensivo. Trata-se de ficar em casa e tratar entre portas dos seus próprios negócios. É o oposto do nacionalismo agressivo que inspirou a Itália fascista e a Alemanha nazi a conquistar outros países, privando-os de sua soberania nacional.
A confusão é devida ao fato de que a maior parte do que se chama “a esquerda”, no Ocidente, ter sido totalmente arregimentada para a forma atual do imperialismo – a saber, a “globalização”. É um imperialismo de um novo tipo, centrado no uso da força militar e do poder “macio” para permitir que o financiamento transnacional penetre em todos os cantos da terra e, assim, remodelar todas as sociedades na busca interminável do retorno rentável dos investimentos do capital. A esquerda foi conquistada para este novo imperialismo porque ele avança debaixo da bandeira dos “direitos humanos” e do “antirracismo” – abstrações em que toda uma geração foi doutrinada para as considerar como sendo as questões políticas centrais, senão as únicas, do nosso tempo.
O fato de o “soberanismo” estar a crescer na Europa é interpretado pela média globalista como prova de que “a Europa se está a deslocar para a direita” – sem dúvida porque os europeus são “racistas”. Esta interpretação é tendenciosa e perigosa. As pessoas, num número cada vez maior de nações europeias, estão a exigir a soberania nacional precisamente porque a perderam. Foi perdida em prol da União Europeia, e as gentes querem recuperá-la.
Foi por isso que os britânicos votaram para sair da União Europeia. Não porque sejam “racistas”, mas principalmente porque valorizam a sua tradição histórica de autogoverno.
 O naufrágio do Partido Socialista
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Tendo a sua presidência de cinco anos chegado ao seu fim ignominioso, François Hollande foi obrigado, devido à sua drástica impopularidade, a deixar que o Partido Socialista (PSF) escolhesse o seu candidato presidencial para 2017, através de eleições primárias. Num volte-face surpreendente, o candidato natural do governo socialista, o primeiro-ministro Manuel Valls, perdeu as primárias para Benoit Hamon, um membro obscuro da ala esquerda PS que se recusou a votar nas impopulares leis de reforma do mercado de trabalho, leis contra os trabalhadores, neoliberais, personalizadas e propostas pelo assessor económico de Hollande, Emmanuel Macron.
Para se afastar da impopularidade do PS, Macron formou o seu próprio movimento, “En Marche!”. Um após outro, Valls, Hollande e outros líderes proeminentes do PS vão-se afastando em bicos de pés, deixando Hamon ao leme do navio que se vai afundando. E enquanto Hamon protesta, com razão, contra a traição, os figurões do partido vão prometendo o seu apoio a Emmanuel Macron.
Macron hesita ostensivamente em dar boas-vindas a estes convertidos de última hora, pela sua entrada no redil, temendo que a sua conversão torne demasiado óbvio que seu “En Marche!” é apenas um clone da ala direita do PS, em vias de se transformar numa subsidiária francesa do Partido Democrata americano, na sua forma Clintoniana. Macron proclama que não é nem de esquerda nem de direita, pelo que políticos desacreditados, quer de esquerda quer de direita saltam para a sua carruagem, para seu embaraço.
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O próprio Hamon parece ignorar que a causa fundamental do naufrágio do Partido Socialista é a sua devoção incompatível a dois princípios contrários: a social-democracia tradicional e a União Europeia (UE). Macron, Hollande e os seus companheiros vira-casacas pelo menos fizeram a sua escolha: a União Europeia.
O Crepúsculo da Direita Tradicional
francois-fillon-campagne-300x192A grande vantagem do candidato republicano François Fillon é que as suas políticas são claras. Ao contrário de Hollande, que tentou disfarçar as suas políticas neoliberais apresentando-as como sendo algo diferente, e baseou as suas pretensões de ser de esquerda em questões “societárias” (casamento gay), Fillon é um conservador descarado. As suas políticas estão projetadas para reduzir a enorme dívida nacional.  Considerando que os governos anteriores (incluindo o seu próprio, quando era primeiro-ministro do presidente Sarkozy) tergiversaram no tema da dívida, Fillon ganhou a nomeação republicana por ter um programa de cortes acentuados nos gastos do governo.
Fillon alega que tais medidas de austeridade levarão os capitalistas franceses a investir na França e, assim, a salvar a economia do país de ser completamente tomada de assalto pelas corporações estrangeiras, pelos fundos de pensões americanos e pelo Qatar. Isto é altamente duvidoso, uma vez que não há nada, de acordo com as regras da UE, que possa incentivar os investidores franceses a investir na França, e não noutro país qualquer.
Contudo, Fillon afasta-se da ortodoxia da UE propondo uma política externa mais independente, nomeadamente através do fim das sanções “absurdas” contra a Rússia. Também está mais preocupado com a sorte dos cristãos do Médio Oriente do que em derrubar Assad.
O resultado é que a política pró-capitalista coerente de Fillon não é exatamente a que é preferida pela elite globalizante dominante. O “centro-esquerda” é a sua clara escolha política desde que Tony Blair e Bill Clinton reformularam as agendas dos seus respetivos partidos. A ênfase dada aos direitos humanos pelo centro-esquerda, (especialmente em países distantes alvos ??de futuras mudança de regime) bem como à diversidade étnica entre portas, encaixa-se nos objetivos globais de longo prazo de eliminar as fronteiras nacionais, para permitir a livre circulação de capitais sem quaisquer restrições. O tradicional conservadorismo patriótico, representado por Fillon, não corresponde ao aventureirismo internacional da globalização.
A esquerda esquizofrénica
Durante uma geração, a esquerda francesa fez da “construção da Europa” o centro de sua visão de mundo. No início de 1980, perante a oposição daquilo que era então a Comunidade Europeia, o presidente francês François Mitterrand abandonou o programa de socialização com o qual tinha sido eleito. Mitterrand nutria a esperança de que a França dominasse politicamente uma Europa unida, mas a unificação da Alemanha alterou tudo. Da mesma forma, a expansão da UE para as nações do centro do leste europeu, dentro da esfera de influência alemã. A política económica é agora feita a partir da Alemanha.
Assim o tradicional objetivo da esquerda da igualdade econômica foi abandonado, e foi substituído pela fidelidade enfática aos “direitos humanos”, que agora é ensinada na escola como uma verdadeira religião. A vaga noção de direitos humanos está, de algum modo, associada à “livre circulação” de tudo e de todos. De facto, o dogma oficial da UE é a proteção da “livre circulação”: livre circulação de bens, pessoas, mão-de-obra e, (último mas certamente não menos importante), do capital. Essas “quatro liberdades”, na prática, transformam as nações de sociedades políticas num grande mercado financeiro, um manancial de oportunidades de investimento, administrado por uma burocracia de supostos especialistas. Desta forma, a União Europeia tornou-se a experiência de vanguarda da transformação do mundo num único mercado capitalista.
A esquerda francesa adotou fortemente este ideário, em parte porque ele ressoa enganosamente ao velho ideal esquerdista do “internacionalismo” (apesar de o capital sempre ter sido incomparavelmente mais “internacional” do que os trabalhadores), e em parte devido à ideia simplista de que o “nacionalismo” é a única causa das guerras. As causas mais fundamentais e complexas da guerra são ignoradas.
Continuadamente, a esquerda tem-se queixado da perda de empregos, do declínio dos padrões de vida, da deslocalização ou do encerramento de indústrias rentáveis, sem reconhecer que esses resultados impopulares são causados ??por exigências da UE. As diretivas e a regulamentações da UE enfraquecem cada vez mais o modelo francês de redistribuição, através dos serviços públicos, e agora ameaçam eliminá-los – quer porque “o governo está em falência”, quer porque as regras da concorrência da UE proíbem os países de tomar medidas que defendam as suas indústrias-chave ou mesmo a sua própria agricultura. Mas, ao invés de enfrentar a realidade, a reação da esquerda tem sido principalmente repetir a sua já estafada exigência de uma impossível “Europa Social”.
No entanto, o sonho da “Europa social” recebeu um golpe fatal há dez anos. Em 2005, foi convocado e realizado um referendo para permitir que os franceses aprovassem uma Constituição para a Europa unida. Tal conduziu a uma discussão popular extraordinária, com reuniões incontáveis ??dos cidadãos que examinaram cada aspeto desse original e longo documento. Ao contrário das constituições normais, este documento espartilhava os Estados membros numa única política económica monetarista, sem possibilidade de mudança.
Em 29 de maio de 2005, os eleitores franceses rejeitaram o tratado, 55% contra e 45% a favor.
O que parecia ser uma grande vitória para a democracia responsável transformou-se no seu grande fracasso. Essencialmente, o mesmo documento, renomeado Tratado de Lisboa, foi ratificado em Dezembro de 2007, sem referendo. E a governança Global colocou de novo as pessoas no seu lugar. Isso produziu uma desilusão generalizada com a política, quando milhões de cidadãos concluíram que seus votos de nada valiam, e que os políticos não ligavam nenhuma à vontade do povo.
Mesmo assim, os políticos socialistas continuaram a prometer lealdade eterna à UE, sempre com a perspetiva de que a “Europa Social” fosse de alguma forma possível.
Entretanto, tornou-se cada vez mais óbvio que a política monetarista da UE baseada na moeda comum, o Euro, não cria nem o crescimento nem o emprego como prometido, mas destrói ambos. Incapaz de controlar a sua própria moeda, obrigada a contrair empréstimos junto da banca privada e a pagar-lhes juros, a França está cada vez mais endividada, a indústria está a desaparecer e os agricultores estão a suicidar-se, ao ritmo médio de um suicídio em cada dia que passa. A esquerda acabou numa posição impossível: inabalavelmente leal à UE, ao mesmo tempo em que apelava por políticas que são impossíveis sob as regras da UE que regem a concorrência, a livre circulação, a desregulamentação, as restrições orçamentais e inúmeras outras regulamentações produzidas por uma burocracia opaca e ratificadas por um Parlamento Europeu virtualmente Impotente, todos sob a influência de um exército de lobistas.
Benoit Hamon permanece firmemente preso nos cornos do dilema fatal da esquerda: determinação em ser “socialista”, ou melhor social-democrata e ao mesmo tempo apaixonado pela “Europa”. Enquanto insiste em políticas sociais, que não podem ser levadas a cabo com o Euro como moeda e de acordo com as regras da UE, Hamon ao mesmo tempo proclama lealdade à “Europa”. Papagueia a política externa da UE desenhada e determinada por Washington, exigindo que “Assad deve ir” e vocifera contra Putin e contra a Rússia.
Jean-Luc Mélenchon dá um murro na mesa
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Não só o monótono e conformista Hamon está a ser abandonado pelos pesos-pesados do seu partido, mas ele também está a ser totalmente eclipsado à esquerda pelo flamejante Jean-Luc Mélenchon, um dissidente pronto a quebrar as regras. Durante muitos como leal ao PS, Mélenchon afastou-se em 2005 opondo-se ao Tratado Constitucional, e ganhando grande proeminência pública devido aos seus dotes de orador ardente. Em 2007, deixou o Partido Socialista e fundou o Partido de Esquerda. Em aliança com o muito debilitado Partido Comunista, conseguiu o quarto lugar na primeira rodada das eleições presidenciais de 2012, com 11% dos votos. Desta vez, candidata-se a presidente com seu próprio movimento, La França Insoumise, designação que pode ser traduzida de várias formas, incluindo “a França que não se submete”.
Submeter a quê? Principalmente, ao euro e às políticas antissociais e neoliberais da União Europeia que estão a arruinar a França.
A bandeira francesa e a Marselhesa substituíram a Internacional nos comícios de Mélenchon. “A Europa dos nossos sonhos está morta”, reconhece, jurando “acabar com o pesadelo da ditadura imposta pelos bancos e pela finança”.
Mélenchon apela à desobediência absoluta e à violação dos tratados da UE que são prejudiciais à França. Esse é o Plano A. O se Plano B é deixar a UE, caso o Plano A não convença a Alemanha (a atual líder) e os outros a concordar em mudar os tratados.
Mas, na melhor das hipóteses, o Plano B é uma ameaça em aberto para fortalecer a sua força em hipotéticas negociações. A França é um membro tão crucial da UE, sustenta ele, que a ameaça francesa de abandonar a UE deve ser suficiente para forçar mudanças.
A ameaça de sair da UE é apenas parte do vasto e complicado programa de Mélenchon, que inclui a convocação de uma convenção nacional para elaborar uma Constituição para a “sexta República” da França, bem como uma grande inovação ecológica. Alterar completamente a França e a União Europeia, ao mesmo tempo, exigiria que a nação estivesse em plena efervescência revolucionária que, de modo algum, é hoje visível. Exigiria também uma unanimidade entre os 28 Estados-Membros da UE o que é simplesmente impossível.
Mas Mélenchon é suficientemente esperto para reconhecer o problema básico: o inimigo do emprego, da prosperidade e dos serviços públicos é a União Europeia. Mélenchon é de longe o candidato que gera mais entusiasmo. Rapidamente superou Hamon e atrai grandes multidões entusiasmadas nos seus comícios. A sua progressão nas sondagens mudou a forma da corrida eleitoral: neste momento, ele tornou-se um dos quatro líderes que podem passar da primeira volta em 23 de abril para a final de 7 de maio: Le Pen, Macron, Fillon e ele mesmo.
Os opostos são (quase) os mesmos
Uma característica notável desta campanha é a grande semelhança entre os dois candidatos que se diz representarem os extremos, Mélenchon, “a extrema-esquerda”, e Marine Le Pen “a extrema-direita”. Ambos falam em sair do Euro. Ambos prometem negociar com a UE para obter melhores condições nos tratados para a França. Ambos defendem políticas sociais para beneficiar os trabalhadores e as pessoas de mais baixos rendimentos. Ambos querem normalizar as relações com a Rússia. Ambos querem deixar a NATO, ou pelo menos o seu comando militar. Ambos defendem a soberania nacional, e podem assim ser descritos como “soberanistas”.
A única grande diferença entre eles é sobre a imigração, uma questão que desperta tanta emoção que é difícil discutir com sensatez. Aqueles que se opõem à imigração são acusados ??de “fascismo”, e os que favorecem a imigração são acusados ??de querer destruir a identidade da nação inundando-a com estrangeiros não assimiláveis.
Num país assolado pelo desemprego, sem empregos ou infraestruturas para acomodar a imigração em massa, e sob a ameaça contínua de ataques terroristas islâmicos, a questão não pode ser razoavelmente reduzida ao “racismo” – a menos que os terroristas islâmicos constituam uma “raça”, o que está longe de ser evidente. Le Pen afirma e repete que todos os cidadãos franceses merecem tratamento igual, independentemente da sua origem, raça ou religião. Ela certamente terá um apoio considerável de imigrantes recentemente naturalizados, assim como agora já tem a maioria dos votos da classe trabalhadora. Se isso é “fascismo”, então o conceito de fascismo mudou muito nos últimos setenta anos.
O que é significativo é que, apesar de suas diferenças, os dois candidatos mais carismáticos falam em restabelecer a soberania nacional. Ambos invocam a possibilidade de deixar a União Europeia, embora em termos bastante incertos.
Os média globalistas já se estão a preparar para atribuir as culpas de uma eventual vitória eleitoral de um candidato “soberanista” a Vladimir Putin. A opinião pública no Ocidente já está a ser preparada para protestos maciços para romper com um vencedor indesejado, e os militantes “antiFN” estão prontos para lançar o caos nas ruas. Algumas das pessoas que gostam de Marine Le Pen estão até com medo de votar nela, temendo que mais uma “revolução colorida” seja montada contra ela. Mélenchon, e até mesmo Fillon, podem também eles vir a enfrentar problemas semelhantes.
Levantando um pouco o véu do que pode vir a acontecer, em 20 de abril, o jornal digital, EUObserver, publicou um artigo intitulado “notícias falsas com origem na Rússia inundam as redes sociais francesas”.
Baseado em algo chamado Bakamo, um dos recém-criados “fact-checker”, um disfarce para algo que se destina a manter os leitores afastados da opinião não oficial, o artigo acusou os sites de influência russa de favorecer Marine Le Pen, Jean-Luc Mélenchon, François Fillon, François Asselineau, e Philippe Poutou. (esqueceram-se de mencionar um dos candidatos mais “soberanistas”, Nicolas Dupont-Aignan, atualmente em sexto lugar.)
Tendo em conta que uma grande maioria dos onze candidatos, incluindo três dos quatro mais destacados, são fortemente críticos da UE e da NATO e querem melhorar as relações com a Rússia, parece que Putin não terá que fazer um grande esforço para ter um governo francês mais amigável na próxima vez. Por outro lado, o artigo do EUObserver é apenas uma pequena amostra da flagrante “interferência nas eleições francesas” por parte dos globalistas em nome de seu favorito, Emmanuel Macron, o mais entusiasmado Eurófilo.
O Futuro da França
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No elenco dos candidatos referidos acima, como sendo supostamente favoritos dos russos, François Asselineau é, de longe, o mais profundo crítico da União Europeia. Sistematicamente ignorado pelos meios de comunicação social desde que fundou o seu partido anti-UE, a União Populaire Républicain (UPR), há dez anos, François Asselineau tem milhares de fãs ardentes que tem difundido o seu cartaz em todo o país. Os seus incansáveis ??discursos didáticos, reproduzidos na internet, levaram a casa das pessoas vários pontos-chave:
– Não há forma de melhorar a UE a partir de dentro, porque qualquer mudança exigiria unanimidade entre 27 Estados-Membros que discordam sobre questões-chave.
– A única solução para a França é utilizar o artigo 50.º do Tratado da UE para se retirar totalmente, como o fez atualmente o Reino Unido.
– Só se sair da UE é que a França poderá salvar os seus serviços públicos, os seus benefícios sociais, a sua economia, e a sua democracia.
– Só através do restabelecimento da soberania nacional é que uma verdadeira vida democrática, confrontada com uma verdadeira “esquerda” e “direita”, pode ser possível.
– Deixando a UE, a França, que tem mais de 6.000 tratados com outros países, não ficaria isolada, mas estaria a juntar-se a um mundo maior.
Asselineau é o único candidato-problema. Ele promete que, logo que eleito, invocaria o Artigo 50 para deixar a UE e solicitaria imediatamente a Washington a saída da França da NATO. Ele enfatiza que nenhum dos outros críticos da UE propõe uma saída tão clara e dentro das regras.
Outros candidatos, incluindo os mais carismáticos, como Mélenchon e Le Pen, usam alguns argumentos semelhantes aos de Asselineau. Mas não estão dispostos a defender uma rutura clara e imediata com a UE, mesmo porque se dão conta de que a população francesa, embora cada vez mais crítica do Euro e alienada pelo “sonho europeu”, ainda teme uma saída, devido aos terríveis avisos de desastre dos propalados pelos europeístas.
A campanha da primeira volta foi uma oportunidade para Asselineau apresentar as suas ideias a um público mais amplo, preparando a opinião pública para uma política mais coerente de “Frexit”. De longe, a questão emergente mais fundamental desta campanha é o conflito entre a União Europeia e a soberania nacional. Provavelmente não será resolvida nestas eleições, mas não desaparecerá.
Esta é a grande questão do futuro, porque determinará se é possível (o não) a existência de qualquer vida política genuinamente democrática.



23
Abr17

A asfixia de Passos Coelho

António Garrochinho


(In Blog O Jumento, 22/04/2017)
MONTENEGRO (1)
“Está na hora do meu partido, que nunca foi um partido instalado nem com dirigentes dependentes da vida política para viver, encarar este debate sobre as primárias” [Miguel Relvas]

A última vez que Miguel Relvas teve uma intervenção em público foi quando se demitiu do governo, fez uma intervenção enigmática em que em vez de falar dele falou de Passos Coelho, mais do que um testamento Relvas fez uma certidão de nascimento do primeiro-ministro Passos Coelho, ficando óbvio que estava declarando a paternidade da criatura política. Agora volta a intervir para declarar abertas as cerimónias fúnebres do mesmo político, um morto-vivo da política que anda com a bandeirinha na lapela armado em alma penada.
Quando Miguel Relvas lança o debate em torno da escolha do líder do PSD através de diretas, numa entrevista publicada um dia depois de ter ressuscitado politicamente numa cerimónia de lançamento da candidatura de Montenegro à liderança do PSD, é óbvio que o progenitor da triste criatura que nos governou está dizendo que rejeita a paternidade de Passos para adotar o Montenegro. Quando se propõem diretas está-se questionando a capacidade do aparelho do PSD escolher o melhor líder. Acontece que no último congresso Passos teve mais votos do que o Kim da Coreia do Norte.
Mais do que o toca e foge de Rui Rio, um político pouco corajoso, incoerente e de parcos recursos, o discurso de Montenegro, apesar de ridículo e desastroso, foi uma candidatura à liderança do PSD. A verdade é que um dia depois o país esqueceu a sua proposta ridícula de eleger 50 deputados sem votos e o tema das notícias são as intervenções de Relvas e a sua proposta de diretas para a escolha do líder do PSD.
Isto significa que a oposição interna não só não vai esperar pelas eleições autárquicas para tirar o tapete a Passos Coelho. Os que se opõem à liderança de Passos Coelho não esperam pelos resultados nas eleições autárquicas, dizem aos eleitores que ao votarem nas listas do PSD estão votando num partido cuja liderança não merece a confiança do partido e que por não ter sido escolhida por diretas tem uma legitimidade questionável. Por outras palavras, a oposição interna do PSD deseja uma derrota expressiva de Passos nas autárquicas.
Não deixa de ter a sua graça ver um Montenegro que há poucas semanas se queixava de asfixia democrática, ser agora a cara de um movimento que pretende asfixiar Passos Coelho ainda antes das autárquicas, não hesitando em lançar um debate que apenas tem como consequência imediata uma derrota ainda mais expressiva do PSD nas eleições autárquicas.
Sendo Montenegro o líder parlamentar do PSD, escolhido por Passos Coelho de entre os que lhe mereciam mais confiança, é caso para dizer que a escolha do próximo líder do PSD não começa da forma mais digna.


23
Abr17

O “EXPRESSO” impresso!

António Garrochinho


(Joaquim Vassalo Abreu, 23/04/2017)


expresso3




Uma vez o Chico Buarque proferiu uma frase, que eu penso que já aqui citei, em que ele, a propósito das “mudanças”, diz que “não receia as mudanças e que só teme que elas não aconteçam”. Qualquer coisa assim…
Eu estou e sempre estive como ele: a favor da mudança, das mudanças, de quaisquer mudanças e, talvez por isso, ao longo da minha vida, por vontade própria ou não, tantas vezes tenha mudado de casa! Claro que isto é figurativo, mas há certamente coisas da vida que, sendo bem educadas, bem criadas e bem ensinadas, não mudam. Ou melhor, não devem mudar : os princípios, os valores…e tudo isso. O que não impede que eu seja, nós sejamos, a favor das mudanças, claro! De tudo, que não dos princípios civilizacionais que nos regem…
Naquela célebre canção imortalizada pela Mercedes Sosa (“Cambia, Todo Cambia”), o seu autor, Júlio Numhauser, um dos fundadores dos Quillapayun, exilado na Suécia depois do malfadado golpe de 1973 que depôs Allende, diz: “E assim como tudo muda, que eu mude não é estranho…”. Tal como o mundo, está claro!
Mas os avanços e as mudanças que existiram, existem e poderão vir a suceder, não querem significar que, pelo simples facto de serem mudanças, vão todas no sentido que eu e nós desejaríamos. Se todas elas em vez de, como se constata, apesar da democratização e livre acesso de muitos a muitas coisas novas, se dirigirem ao uso de uma elite que as aproveita para acumular riqueza e a concomitante miséria dos outros, tivessem como objectivo a consolidação da igualdade, da liberdade, da paz, do multiculturalismo e da não segregação, todos facilmente as aceitaríamos. Mas o facto é que, apesar das nossas cada vez mais passivas resistências, elas têm tido o efeito de fazer dos fortes cada vez mais fortes e fazer da maior parte de nós seres que apenas almejam a sobrevivência.
E esta quase irracional imposição conduz-nos ao estabelecimento de prioridades e ir, no fundo e passivamente, como disse, aceitando essas malévolas mudanças. Como que demonstrativas, tanto  da nossa inépcia , como também da nossa impotência em combater forças tão fortes e tão superiores.
E a pusilanimidade, minha e de quase todos, foi-se instalando. O termos baixado os braços é uma realidade que ninguém pode negar.
Mas perguntar-me-ão, e com toda a legitimidade, que é que tem o título deste texto a ver com tudo o que narrei? Tem porque, para mim, o “Expresso” impresso, perdoem-me a redundância, é um espelho fiel e a expressão inequívoca de tudo isso. Tal como as Televisões, de resto. E isto vem a propósito de uma das tais mudanças fundamentais, o aparecimento de novas ferramentas tecnológicas de comunicação às quais os Jornais não se conseguiram adaptar. E a tentativa de, qual náufrago, se salvarem, tem mostrado à saciedade até onde se pode chegar para unicamente se conseguir, não nadar, mas apenas boiar e, desesperadamente, sobreviver.
Que os jornais perderam relevância é um facto tão nítido que, eu próprio, já há tempos que deixei de os ler, quanto mais comprar… E é um facto que eu mudei pois, depois de mais de quarenta anos, deixei de comprar e de ler o Expresso! E, como de qualquer diário ou semanário, apenas leio, e de relance, as primeiras páginas no “Sapo”.
E, hoje de manhã, li a capa do Expresso deste fim de semana e rapidamente concluí: Ao que estes “tipos” chegaram! Qual a notícia mais importante, a chamariz, a de letras mais gordas e de primeira página? Que Relvas regressa para desafiar Passos para Primárias! E que “está na hora”, acrescenta ele, assim como quem diz: Acorda, porra, ou melhor, já é tarde para acordares! Mas o Expresso acrescenta que Rio já as defendia desde 2014! Claro que tudo o resto ficou para segundo plano e vem em letra miudinha, excepto as eleições Francesas que merecem fotografias!
De modo que eu, que sou “bué” de célere e quase repentista nas minhas conclusões, disse logo para comigo: eu, ser ainda fosse leitor, já não comprava! É que tão inopinada, tão idiota e tão surreal notícia, em vez da reflexão e curiosidade convoca precisamente ao contrário: à desistência. Pelo menos das pessoas com alguma sanidade ainda…
Pois então vejamos: Primárias? Que novidade quando é certo e seguro que aquilo não ata nem desata e que Passos continua em estado de sonambulismo! Isto em primeiro lugar. Em segundo: Relvas? Relvas a propor, a tirar o tapete, a abjurar e a promover seja quem for será sempre um verdadeiro “hara kiri”! Pois, penso eu de que, quem desafia deve ser quem se propõe, como fez Costa em relação a Seguro, quem vai disputar ou, como se diz em estrangeiro, será o “challenger”! O Relvas? O Relvas é assim como que o regresso de um Dillinger, de um Dr. Strangelove, ou de um qualquer anti-herói como aqueles pistoleiros do Far West, das bandas desenhadas ou das sagas Star Wars ou seja lá o que for! Eles até poderão querer regressar, quiçá até dar luta, mas nós, quer dizer todos ou quase, o que queremos é vê-los o mais longe possível, não é assim?
Pelo que, não sendo ele, só restará uma hipótese, já que, pelos vistos, se quer desfazer do afilhado: O Rio! O Rio? Eu não sei porque não li o miolo da notícia mas, a julgar pela “parangona”, se não houve repercussões é porque se tratava mesmo de pólvora seca, assim tipo “CM”.
E então eu, finalmente e para não os apoquentar mais, concluo: continuem assim, continuem, sem medos, com notícias assim, com os vossos oráculos do costume, os Ricardos, os Bernardos e os Monteiros, mais aqueles estagiários todos que por lá pululam que, qualquer dia, já nem estes vos leem…e a malta agradece!
PS- Que quer significar: para solução! Montenegro?  Vão-me deixar rir? Então eu Rio…

23
Abr17

57% dos desempregados não recebem qualquer subsídio de desemprego

António Garrochinho


Rosário Borges perdeu o emprego há quase oito anos, mas a idade impede-a de entrar na reforma antecipada
Há um ano a taxa de cobertura do subsídio de desemprego era ainda mais baixa (40%). Nova prestação para desempregados de longa duração chega a cerca de 3 mil pessoas

Rosário Borges ficou sem trabalho quando a crise estava a dar os seus primeiros sinais e nunca mais conseguiu arranjar emprego. O subsídio de desemprego há muito que acabou, fazendo que integre o numeroso grupo dos que não têm emprego e não reúnem condições para ter acesso àquela prestação. O cruzamento dos dados do Instituto Nacional de Estatísticas com os da Segurança Social demonstra que mais de metade dos desempregados estão nesta situação, sendo 57% (cerca de 292 mil) os que não recebem qualquer tipo de subsídio de desemprego.
Em fevereiro, o INE dava conta da existência de 510,6 mil desempregados - dados ainda provisórios, uma vez que os definitivos apenas serão conhecidos a 28 de abril, com a divulgação da estimativa do desemprego de março. Naquele mês, a Segurança Social pagava subsídio de desemprego a 218 182 pessoas (43% do universo assinalado pelo INE).
Aquele número inclui o subsídio de desemprego (atribuído a quem tem registo de pagamento de descontos) e as variantes do subsídio social de desemprego (inicial, subsequente e prolongamento), sujeitas a prova de condições de recurso. Para aquele total contribui ainda a medida extraordinária de apoio aos desempregados de longa duração, criada no ano passado pelo atual governo, precisamente com o objetivo de dar resposta à frágil situação das pessoas que já esgotaram todas as prestações de desemprego, mas que continuam sem conseguir encontrar um emprego e não reúnem ainda as condições para aceder à reforma.
Esta medida extraordinária será, de resto, uma das explicações para que a taxa de cobertura das prestações de desemprego tenha avançado de 40% em fevereiro do ano passado para os atuais 43%. Sem ela, estariam sem qualquer apoio mais cerca de 3 mil pessoas.
Os dados divulgados ontem pela Segurança Social mostram que, em março, o número de beneficiários com prestações de desemprego voltou a baixar, acompanhando a tendência que tem, também, vindo a observar-se na taxa de desemprego. No mês passado, entre as várias tipologias de subsídios existentes, contavam-se 211 259 beneficiários, o que traduz uma queda de 3,2% face ao mês anterior e de 15,8% em termos homólogos.
Há vários fatores que contribuíram para esta evolução: parte das saídas é porque as pessoas esgotaram todos os prazos de atribuição do subsídio, e parte devida a regressos ao mercado de trabalho. A descida ocorreu no subsídio de desemprego, nos três segmentos de subsídio social e também entre os que estão abrangidos pelo apoio extraordinário a desempregados de longa duração: eram 3037 em fevereiro e 2983 em março. Esta nova prestação destina-se a quem perdeu o subsídio de desemprego há 360 dias (um ano), sendo atribuída durante um máximo de seis meses. O seu valor é equivalente a 80% do montante do último subsídio social (336,8 euros).
Os dados ontem disponibilizados mostram ainda que o valor médio de subsídio pago rondava em março os 459,48 euros, o que, comparando com estes últimos meses, evidencia alguma estabilidade. Este montante médio deverá registar um ligeiro aumento nos próximos tempos na sequência da decisão do governo em acabar com o corte de 10% que era aplicado ao subsídio de desemprego após os primeiros seis meses de atribuição. Este travão impede que o valor fique abaixo dos 421 euros do Indexante de Apoios Sociais. O valor do subsídio é calculado com base na remuneração do trabalhador, mas com limites já que no máximo uma pessoa não pode ficar a receber mais de 1052 euros.
Porto e Lisboa são os distritos que ostentam o maior número de desempregados beneficiários de prestações de desemprego (com 42,5 mil e 42,4 mil, respetivamente). Seguem-se Setúbal e Faro, nesta lista, o que também reflete as zonas mais afetadas pelo desemprego.


23
Abr17

INOVAR=INSISTO NOVAMENTE NA ARTE DE ROUBAR - Isaltino Morais concorre a Oeiras pelo movimento INOVAR

António Garrochinho




O atual presidente da autarquia, Paulo Vistas, volta a ir a votos pelo IOMAF, trocando a palavra "Isaltino" por "Independentes"

O ex-presidente da Câmara de Oeiras Isaltino Morais vai recandidatar-se ao município pelo movimento INOVAR - Oeiras de Volta, depois de o atual presidente da autarquia, Paulo Vistas, ter anunciado que estaria novamente na corrida pelo IOMAF.
Isaltino Morais enviou este sábado à imprensa o convite da apresentação, na próxima quarta-feira, da sua candidatura às autárquicas de 1 de outubro, no qual consta já o nome do novo movimento.
Depois de ter liderado o município de Oeiras, no distrito de Lisboa, pelo PSD, Isaltino Morais foi eleito presidente pelo IOMAF - Isaltino Oeiras Mais à Frente em 2005 e 2009.
Em 2013, quando foi detido para cumprir uma pena de prisão por fraude fiscal e branqueamento de capitais, foi substituído pelo seu número dois, Paulo Vistas, vice-presidente do executivo.
Meses depois, nas autárquicas, Paulo Vistas foi eleito presidente pelo IOMAF, uma candidatura que repete este ano, mas com uma alteração na definição do nome do movimento, agora apresentado como Independentes Oeiras Mais À Frente.
"O 'i' é de independente e não de Isaltino, porque foi ele que quis sair do projeto, que, contudo, vai continuar", afirmou à Lusa em março.
Isaltino Morais considerou a situação "incompreensível e absurda", referindo que se trata de uma tentativa de confundir os eleitores e que o projeto do seu sucessor "não pode ser o mesmo" do IOMAF por si criado, até porque "os protagonistas são diferentes".
Já este mês, depois de o PSD divulgar o nome do seu candidato, Isaltino Morais -- que saiu em liberdade condicional em 2014 para cumprir o resto da pena em casa - anunciou que estava na corrida autárquica.
"Sou candidato à Câmara de Oeiras nas próximas eleições autárquicas e tomei esta decisão porque o povo de Oeiras, os eleitores, os cidadãos de Oeiras praticamente exigiram que eu fosse candidato", disse.
Eleito pela primeira vez em 1985, pelo PSD, IsaltinoMorais conseguiu renovar os mandatos de 1989 até 2009, apenas com uma interrupção de três anos. Durante parte deste período, foi ministro das Cidades, Ordenamento do Território e Ambiente.
Foi candidato pelo PSD pela última vez em 2001, quando venceu as autárquicas com 55% dos votos. Enquanto líder do IOMAF - depois da rutura com o partido -, foi eleito com cerca de 34% da votação em 2005 (quando era arguido num processo judicial, acusado de corrupção passiva, branqueamento de capitais, abuso de poder e fraude fiscal) e com 41,52% em 2009, já condenado a sete anos de prisão.
Após vários recursos, viu a pena ser reduzida para dois anos pelos crimes de branqueamento de capitais e fraude fiscal.
O caso teve origem em contas bancárias na Suíça e na Bélgica não declaradas ao fisco e ao Tribunal Constitucional. A acusação alegava que o autarca aproveitava as contas de uma ex-secretária e de um sobrinho na Suíça, taxista, para ocultar avultadas quantias.
Na corrida por Oeiras foram já anunciados, além de Paulo Vistas e Isaltino Morais, os candidatos Ângelo Pereira (líder do PSD/Oeiras e vereador), Pedro Perestrello (Partido Nacional Renovador) e Heloísa Apolónia (deputada de "Os Verdes" que concorre pela CDU).

23
Abr17

AÍ ANDA ELE COMO SEMPRE FOI, UM INÚTIL A USUFRUIR DE BENESSES E A NÃO DIZER NADA - Jorge Sampaio defende debate com políticos populistas

António Garrochinho


Realizou-se esta tarde a conferência Lesgislators Dialogue na Flad com a presença do antigo Presidente da República Jorge Sampaio e Paulo Portas . Paulo Portas; Devin Nunes; Jorge Sampaio
O antigo Presidente português Jorge Sampaio defendeu hoje a necessidade de debater com políticos populistas e de "levar a sério" as questões que eles levantam, num encontro com legisladores luso-americanos, em Lisboa.

"Os populistas são criticados por aquilo que eles são - um perigo real para a democracia. Mas isso não significa que não devamos envolver-nos com eles num debate político", sustentou Jorge Sampaio, numa intervenção no início do jantar de encerramento do "Luso-American Legislators' Dialogue", uma iniciativa da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), que decorreu na sexta-feira e sábado em Lisboa.
"A minha posição é que falar com populistas não é o mesmo que falar como populistas. Podemos levar a sério o problema que eles suscitam sem aceitar a forma como enquadram esses problemas", disse o antigo Presidente da República.
Para Sampaio, "um dos problemas mais perturbadores das atuais tendências populistas é que os populistas são antipluralistas, já que reclamam que eles e só eles representam o povo" e, por isso, consideram que "todos os outros adversários políticos são, basicamente, ilegítimos e quem não os apoia não é propriamente parte do povo".
Isto é muito perturbador e exige mais reflexão
    Jorge Sampaio sustentou que "o diálogo e a cooperação devem ser encorajados, apoiados e enaltecidos por todos os meios e em todos os níveis -- bilateral, multilateral, mas também localmente, regionalmente e acima de diferenças políticas".
    Durante dois dias, o encontro, que decorreu pela terceira vez, reuniu em Lisboa cerca de duas dezenas de eleitos luso-americanos, incluindo os congressistas Devin Nunes e Jim Costa, com políticos e empresários portugueses para debater as oportunidades e os desafios que se colocam ao relacionamento entre Portugal e os EUA.
    No encontro, participaram o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, o ministro da Cultura, Luís Filipe de Castro Mendes, o ministro Adjunto, Eduardo Cabrita, e o líder do PSD, Pedro Passos Coelho.
    No jantar de encerramento marcaram presença o antigo líder do CDS-PP Paulo Portas e a ministra das Finanças do anterior Governo, Maria Luís Albuquerque.
    Também Robert Sherman, embaixador norte-americano em Lisboa até janeiro deste ano, participou no encontro.


    23
    Abr17

    PCP avisa PS e Governo: referendo à regionalização é “constitucionalmente obrigatório”

    António Garrochinho


    Os comunistas formalizaram esta sexta-feira a entrega no Parlamento de um projecto de resolução que defende a consulta popular para a criação de regiões administrativas

    Tal como prometido nas jornadas parlamentares que decorreram há uma semana em Coimbra, o PCP acaba de entregar na Assembleia da República o projecto de resolução a defender um novo referendo à regionalização.
    A bancada comunista, para já, avança sózinha à espera de um consenso no Parlamento, assumindo que nas reuniões bilaterais com o PS e com o governo, de quem é parceiro, o assunto ainda não foi abordado.
    O deputado António Filipe reconhece mesmo que “ainda não o fizemos, achámos que devíamos apresentar primeiro o projecto de resolução e agora, naturalmente que desencadearemos esse processo de diálogo”.
    Confrontado pelo facto de o PS não ter o referendo à regionalização no programa eleitoral com que se candidatou às legislativas de 2015, António Filipe responde que a consulta popular sobre as regiões administrativas “consta da Constituição e, portanto, a criação de regiões administrativas é uma imposição constitucional”.
    O deputado comunista reforça dizendo que “a forma como se chega lá a Constituição também a regula”, ou seja “através da aprovação de uma lei-quadro das regiões e através de um referendo obrigatório”, rematando que “o que a nós nos preocupa é dar cumprimento a esse imperativo constitucional e encontrarmos a melhor forma de o conseguir”.
    O governo tem insistido que a descentralização é a base da reforma do Estado – é, de resto, a formulação usada frequentemente pelo Primeiro-Ministro e que, de resto, consta do programa eleitoral do PS - evitando sempre tocar no tema da regionalização.
    Ora, para os comunistas “o processo de descentralização e o da regionalização não se excluem, complementam-se”, com António Filipe a acrescentar que “ a regionalização é indispensável, há áreas de decisão e de intervenção, independentemente do resultado a que se chegue relativamente à transferência de competências do governo para os municípios, que são necessariamente supra-municipais”.
    Assim, para o PCP “essas decisões não deveriam ser tomadas nem pelo governo central, só por si, nem por estruturas desconcentradas como são as CCDR, e portanto deveriam ser tomadas por uma autarquia que a Cosntituição prevê, mas que ainda não foi criada, que é a região administrativa”, resume António Filipe.
    O PCP propõe com o projecto de resolução agora entregue no Parlamento que “se estabeleça um calendário que permita que em 2019 esteja concluída a criação e constituição das regiões administrativas”, lê-se no texto.


    23
    Abr17

    Memorial a Zeca Afonso inaugurado a 25 de abril em Lisboa

    António Garrochinho


    Um memorial dedicado ao músico Zeca Afonso vai ser inaugurado no dia 25 de abril no Jardim das Francesinhas, junto à Assembleia da República, em Lisboa, numa cerimónia que vai contar com o presidente da Câmara Municipal, Fernando Medina.
    O Memorial a José Afonso, a inaugurar às 12h00 de terça-feira, “nasce de uma proposta de Orçamento Participativo e foi desenvolvida em parceria com a Associação José Afonso – AJA", referiu hoje em comunicado a Câmara Municipal de Lisboa, informando que também vai estar presente na cerimónia a vereadora da Cultura, Catarina Vaz Pinto.
    "Este memorial reúne um conjunto de elementos biográficos patentes na sua construção e na sua localização: o jardim encontra-se junto ao poder político da Assembleia da República, do Ensino e da Juventude (aqui corporizado pelo ISEG) e da própria AJA, entidade que promove o conhecimento e a valorização da vida e obra do cantautor", destacou a autarquia.
    O município acrescentou que "a esta simbologia acresce o facto de o memorial, propriamente dito, ter sido concebido como parte do trabalho de curso dos alunos de Escultura da Faculdade de Belas-Artes, sob orientação do professor Sérgio Vicente, e a placa em bronze concebida por Luísa Barros Amaral".
    Segundo a Câmara, o Memorial a José Afonso, recuado no espaço do jardim, pretende, no futuro, ser ponto de encontro para leituras de poesia e outros momentos de celebração cultural dinamizados pela AJA.
    José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos nasceu a 2 de agosto de 1929, em Aveiro. Estudou em Coimbra, no curso de Ciências Histórico-Filosóficas da Faculdade de Letras, foi professor em vários pontos do país e também viveu em Moçambique.
    Ao longo da sua carreira como cantor e músico interpretou o fado de Coimbra, mas ficou mais conhecido pelas suas canções de intervenção, contra o regime ditatorial. Morreu, aos 57 anos, a 23 de fevereiro de 1987, tendo o seu funeral reunido milhares de pessoas, em Setúbal.
    Paralelamente à inauguração do memorial, a autarquia vai abrir as portas dos Paços do Concelho no 25 de Abril.
    "A Câmara Municipal de Lisboa saúda os que lutaram pela liberdade e convida os lisboetas a visitarem esta casa que é de todos. A entrada é gratuita e será possível visitar as principais salas da sede da autarquia, incluindo o gabinete do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, entre as 10h00 e as 20h00", informou.
    O município anunciou também que vai decorrer uma exposição com fotografias de Alfredo Cunha, Carlos Gil e Mário Varela Gomes, evocando os momentos que se viveram na Praça do Município e no Terreiro do Paço na manhã da Revolução de 1974.


    23
    Abr17

    Portugueses de França mais divididos do que nunca

    António Garrochinho



    As presidenciais francesas dividem os portugueses de França em duas grandes partes: a “elite” apoia Mélenchon, Macron, Hamon ou Fillon. A “base” vira-se mais para le Pen. A votação começou às sete da manhã de Portugal

    Nas eleições francesas poderão votar algumas centenas de milhar de franceses de origem portuguesa ou com dupla nacionalidade. Mas os que não têm direito de voto por serem apenas portugueses (cerca de 600 mil), também se apaixonaram por estas eleições com resultado mais incerto do que nunca porque quatro candidatos têm hipóteses de passar à segunda volta de sete de maio.
    Basta uma “viagem” pelas redes sociais em endereços que dão a palavra aos emigrantes portugueses para se perceber que estão muito ativos e empenhados na disputa eleitoral. Os comentários a favor de Marine le Pen são muitos e os que a contestam também. A polémica é enorme e, nessas páginas da internet, os próprios jornalistas portugueses são duramente criticados por militantes da esquerda por relatarem a forte adesão de uma boa parte da chamada “base social” à candidata nacionalista e populista. Muitos dos comentários a favor de Marine le Pen são marcados pelo racismo antiárabe.
    Mas é verdade, como sublinham alguns, que é errado escrever que “os emigrantes portugueses apoiam Marine le Pen” e seria mais correto dizer “uma boa parte”. Aqueles títulos irritam sobretudo os apoiantes de Benoît Hamon e de Jean-Luc Mélenchon, como a conselheira das comunidades portuguesas e socialista, Luísa Semedo, ou as militantes de esquerda, Cristina Semblano e Cristina Branco, todas residentes na região parisiense. Também jornalistas como Marco Martins ou Carlos Pereira, têm sensivelmente a mesma posição contra a chamada “generalização”. No fundo, todos reclamam: “Eu não voto Marine le Pen, à minha volta, não conheço ninguém que vote nela e é redutor dizer que os portugueses são todos lepenistas”.
    Nas “elites portuguesas” de França não se encontra, de facto, quem dê a cara por le Pen. O conhecido comentador e economista, Pascal de Lima, apoia François Fillon e o mesmo acontece com Paulo Marques, autarca em Aulnay-sous-Bois, na periferia de Paris. Já Hermano Sanches Ruivo, igualmente autarca, mas na capital, defendeu durante toda a campanha a candidatura de Benoît Hamon. Muitos dos que têm trabalhos como funcionários públicos ou na banca preferem Emmanuel Macron.
    Todos os que apoiam estes três dizem que a comunidade de origem portuguesa de França, ou os que têm a dupla nacionalidade, vai comportar-se, durante a votação, exatamente como os franceses. Ou seja, defendem que os portugueses estão tão divididos e confusos como eles. Mas é bem verdade que a polémica entre os portugueses, a propósito do apoio de muitos a Marine le Pen, tem sido muito forte.

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