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POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

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24
Abr17

Açores. PORTUGAL É UMA NAÇÃO SOBERANA OU UMA COLÓNIA DOS EUA?

António Garrochinho



















Os EUA é que são os verdadeiros donos disto tudo, exceto umas sobras para a UE. Os Açores também são pertença dos EUA, principalmente as Lajes. 

O congressista do Império Maldito de Trump chegou e tornou bem claro que assim é. Arrogantemente diz que “estrangeiros nas Lajes é inaceitável”, o tal congressita, Devin Nunes. Em troca de aquirirem os direitos de propriedade pagam uma mijaria. Querem, podem e mandam. Ainda há pouco tempo decidiram despedimentos de funcionários portugueses na base que detêm nas Lajes. Decidiram cortes e deram a entender que a base não interessava porque iam centrar-se no Pacífico, Mar da China etc. Por aí. Tudo por causa da China, uma potência emergente. E então eis que a China mostra interesse nos Açores para fins que não são militares… Que não querem assim, dizem os EUA. Não querem... Então que se vão embora dos Açores, ou paguem a peso de ouro a exclusividade. Olha que esta! Afinal Portugal é uma nação soberana ou uma colónia dos EUA?

Eles entendem que é uma colónia, dito por um Nunes - decerto de raízes descendentes dos Açores, de Portugal. Um Nunes que vende a alma ao diabo ianque e se está nas tintas para a soberania de Portugal. Afinal um congressista do Império Maldito de Trump, como o foi de George W. Bush, de outros e das políticas terroristas dos EUA.

Também é nestas claras atitudes de Nunes e similares que se percebe a arrogância dos EUA relativamente aos outros países. É isso e atitudes terroristas praticadas por todo o mundo que vão levar à queda do império que se percebe tão bem que já está decadente e a estrebuchar. Aos EUA resta o radicalismo para se afirmar. Infelizmente possui o nuclear e, se necessário, vai usar a máxima do “se não é para mim também não será para outros”. Bum! Outra coisa não se pode esperar. Se não, que provem o contrário. Isso era muito positivo para toda a humanidade, incluindo para os cidadãos norte-americanos.

A seguir a notícia do dito pelo tal Nunes

"Presença de estrangeiros perto da Base das Lajes é inaceitável"

O congressista norte-americano Devin Nunes disse hoje que a presença de entidades estrangeiras perto da Base das Lajes, nos Açores, é inaceitável, e vincou que a base açoriana "é um dos locais mais estratégicos no mundo".

"Qualquer estrangeiro perto dessa base não é boa ideia. É um local estratégico e não precisamos de ter ninguém por perto", vincou o republicano em entrevista à Lusa, no âmbito de uma visita às instalações de defesa naval portuguesa, que se segue à participação num encontro de legisladores luso-americanos, no fim de semana.

"Há 70 anos que as Lajes têm sido um local estratégico, não só para projetar as forças de segurança norte-americanas, mas também para proteger os Estados Unidos, e esse continua a ser o caso, e será sempre o caso, a não ser que as ilhas desapareçam por qualquer razão", acrescentou o membro do Partido Republicano dos EUA.

A resposta de Devin Nunes sobre os estrangeiros perto das Lajes surge na sequência de declarações críticas da expansão da China a nível económico em várias partes do mundo, nomeadamente nas ilhas açorianas.

Em outubro, durante uma visita oficial à China, o primeiro-ministro português, António Costa, disse que "a base nos Açores é muito importante em termos militares, mas também em termos de logística e tecnologia e pesquisa nas águas profundas e de alterações climáticas".

Perante a insistência do jornalista da agência financeira Bloomberg, que o entrevistava em Macau, sobre a utilização da base aérea pela China, Costa admitiu: "Claro que é uma boa oportunidade para criar uma plataforma de pesquisa científica e estamos abertos a cooperação com todos os parceiros, incluindo a China".

António Costa vincou, no entanto, que "o uso militar da base não está em cima da mesa, o que está em cima da mesa é reutilizar a infraestrutura para fins de pesquisa" e concluiu: "Seria uma enorme pena não usar a infraestrutura, e se não para fins militares, porque não para pesquisa científica", questionou.

"Estou muito preocupado sobre qualquer envolvimento externo não só nessa base, mas em qualquer outra do mundo", disse hoje Devin Nunes, criticando a política norte-americana sobre este tema nos últimos oito anos.

"Muitas vezes isto fica confuso nos media", admitiu, explicando depois que não tem qualquer problema "com a Força Aérea e o número de pessoas que tem para fazer a missão".

"O problema é que nos últimos oito anos, no processo de consolidação e 'downsizing' [redução], acabamos com as pessoas colocadas nos locais mais caros da Europa, quando as Lajes podem claramente albergar 2 ou 3 mil pessoas".

Para Devin Nunes, "isto não faz sentido financeiramente para o contribuinte norte-americano, e colocar em perigo essa localização estratégica é totalmente inaceitável".

Os próximos passos, enquanto as autoridades norte-americanas estudam um plano geral de mobilização de recursos na Europa, passam por "trabalhar com o Governo português para manter essa localização estratégica e encontrar um plano para esse problema", disse.

paginaglobal.blogspot.pt
24
Abr17

E A PALESTINA ? Milhares de jovens participam na tradicional marcha dos vivos no antigo campo de extermínio de Auschwitz.

António Garrochinho


Milhares de jovens participam na tradicional marcha dos vivos no antigo campo de extermínio de Auschwitz. Pessoas de vários países juntaram-se a, aproximadamente, 10 mil jovens judeus e polacos na marcha, que começou no final da manhã e percorreu um caminho de 3 km até ao local das câmaras de gás.
Israel parou nesta segunda-feira, quando uma sirene tocou durante dois minutos para assinalar o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto e os seis milhões de vítimas do genocídio.
Foi realizada uma cerimónia no memorial do Holocausto de Yad Vashem, com a presença de líderes israelitas e sobreviventes. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e outros altos responsáveis recitaram publicamente nomes das vítimas.

VÍDEO



pt.euronews.com
24
Abr17

OS ORFÃOS LOUCOS DO CANADÁ

António Garrochinho



Em Montreal (Quebec – Canadá), nas décadas de 1940 a 1960, mães solteiras eram obrigadas a deixarem seus filhos em orfanatos, geralmente gerenciados pela Igreja Católica Romana, sendo freiras as responsáveis por cuidarem das crianças. O problema é que esses orfanatos viviam de caridades e ajuda financeira do governo. Para cada criança eram dados 75 centavos. Em um total de 3 mil.
Caso uma criança fosse enviada para instituições de saúde mental, isso significaria mudança de diagnóstico, fazendo com que o governo pagasse o dobro para o “auxílio” à criança. Como podem imaginar, essas crianças mal viam os efeitos desse dinheiro. Nesse período, Maurice Duplessis, então primeiro ministro canadense, elaborou um acordo com a Igreja Católica. Acordo esse que afetaria significativamente – de maneira negativa – a vida dessas crianças.
O acordo consistia em considerar todas as crianças deficientes mentais. Para isso, foi preciso que entrasse em acordo, também, com o colégio médico da região. Uma vez que estavam nos hospitais, as crianças eram submetidas a choques elétricos, lobotomias, esterilização química, injeções com drogas (como LSD), camisas de força. Sendo que, alguns também foram abusados sexualmente.
Sylvio Albert Day foi um desses órfãos criados nos hospitais. Quando adolescente fora enviado ao St. Jean de Dieu Hospital, para trabalhar no necrotério. Esse era um dos hospitais pertencentes à Igreja Católica, no qual experimentos eram realizados. Por ser um dos sobreviventes, anos mais tarde testemunhou sobre a vida nesses hospitais.
Descreveu um período de 3 meses, época em que transportou 67 corpos, entre meninos e meninas, que seriam vendidos às Universidade de Montreal e para a Universidade McGill. Em 1990, mais de 3 mil sobreviventes entraram com ação judicial, no intuito de fazer com que o mundo soubesse do ocorrido, além disso, alguns órfãos conseguiram recuperar seus registros médicos que haviam sido falsificados.
Em março de 1999, o governo do Quebec, que inicialmente não queria reconhecer os fatos, decidiu fazer uma oferta de mil dólares como compensação para cada uma das vítimas. Oferta que foi recusada e fortemente criticada pelo público.
Em 2001, os reclamantes receberam um pagamento fixo de 10 mil dólares, por pessoa, do governo, mais mil dólares para cada ano de detenção ilícita em uma instituição mental. Somando mais de 15 mil dólares por cada um. Porém, esse pagamento se limitou a 1.100 órfãos, que haviam sido rotulados como deficientes mentais.
Os outros, que sofreram abusos sexuais ou outros tipos, receberam nada. Ainda hoje existem campanhas pela exumação dos corpos das crianças mortas.



nerdices.com.br

24
Abr17

ANALISEM

António Garrochinho

Não ! não sejam maldosos. preguiçosos, leiam, analisem, vejam os vídeos aqui no facebook e depois façam comparações justas e não me ofendam.

Os burros existem eu, os de quadro patas, e os levantados de pé, os erectos, os também conhecidos por homens.

ATÉ NO ZURRAR HÁ DIFERENÇA, NAS MENTIRAS QUE DIZEM, NAS FALSAS PROMESSAS E NA MANEIRA COMO TRATAM A NATUREZA E OS SERES VIVOS, OS RACIONAIS SIMILARES E OS CHAMADOS IRRACIONAIS.

Os de pé, os de duas patas, não são da minha árvore genealógica !


AG

24
Abr17

O MAL MENOR ou.... SE O PÃO QUE COMES TE SABE A MERDA, O QUE FAZ FALTA !

António Garrochinho

esqueçam a marilu dos swaps 
o passos coelho
esse aldrabão
apostem no montenegro
no rio
esse ainda não conhecido
não experimentado
apregoam os laranjas
analisando o vento, o povo, de que lado
ou então num trocadilho histórico, humorado
levem, Goa e Dio e deixem-me Damão
dizia o botas salazarento
avarento
doentiamente ao poder
agarrado
mais vale um côdea dura de pão
do que não existir pra comer em todo o lado
que o povo, esse
com sobras, com pouco
com merda
se dá por contentado.



António Garrochinho
24
Abr17

Olhão e o Cubismo

António Garrochinho


 Olhão, vila única
Não se perde na noite dos tempos a origem de Olhão. Se na pequena península, orlada de praia, em que foi surgindo e por onde foi alastrando a vila, entre o largo e longo esteiro a levante (onde agora está projectada a doca) e a reentrância a poente (hoje aterrada - o largo das Prainhas, servindo de campo às feiras anuais) teriam estacionado ou abordado, a abastecer-se no grande olho de água - no olhão - que deu nome ao sítio, muitos de quantos povos, desde a pré-história mais recuada vieram a passar por diante da costa algarvia - ninguém o sabe, mas ninguém o poderia negar.
Todavia, um aglomerado fixo de população, parte dispersa pelo campo, parte concentrada na praia, só nos aparece aqui desde o século XVI, vagamente, podendo dizer-se que a gente do campo, autóctone, ali vivera sempre, como a de hoje (em Marim, nos Cavacos, etc.), do campo e do mar, e que somente a gente fixada na praia, em dois núcleos, um a poente (que deu o bairro da Barreta) outro ao nascente (que deu o da Banda de Levante) foi adventícia, em data incerta, talvez a pouco e pouco ou sobretudo por multiplicação in loco, oriunda alguma ao que se julga, porventura, de Ovar ou de Ílhavo...
Claro que a esse tempo, como antes, aqui no campo deste sítio do Olhão, como ainda hoje nos outros sítios cujo campo chega até ao mar - praia ou rocha - também o homem do campo (o montanheiro, como aqui se lhe chama) se tem feito pescador ou exclusivamente, por diferenciação económico-social, ou cumulativamente, pescador e cultivador, ele próprio ou o clã doméstico, a mulher, sobretudo, quando ele vai pescar, ou vice-versa, tanto mais que o mar não dá só peixe, mas da areia e lama do mar se extraem os mariscos vários, e ainda as algas, a morraça e a seba para os animais ou para o estrume... Da água do mar se extrai o sal, e as salinas foram sempre uma das grandes fontes de receita na economia olhanense. Mais: a água do mar entrando numa orla recortada presta-se a ser repesada. E não foram poucos os moinhos de água na orla de Olhão. Pelas ruínas e pelas notícias, ainda se dá conta de, de poente a nascente: os dois do Grelha, o dos Caliços, o da Barreta, o do Sobrado, o moinho pequeno (dentro do esteiro), o do Inglês, o de Marim, o do Peixe-Rei... Além do que, acima das dunas, na maré-baixa, se leva o gado a pastar...
Lenda pura porém me parece a dessa origem poveira, e de resto incoadunável com as formas dos barcos e a maneira de remar, à moira, perante a verdade irrefragável do documento oficial: em 1765, uma alusão do fidelíssimo rei D. José à declaração dos próprios mareantes do lugar de Olhão "o seu princípio fundado com poucos pescadores" da cidade de Faro, - o que condiz com a tradição local que reza terem vindo pescadores desta cidade "fazer caldeirada" aqui, por ser excelente a água do olhão - o grande olho de água do sítio -, quando em Faro era péssima; e assim haveriam acabado por assentar arraiais na praia olhanense.
De duas classes de gente se compôs, portanto, inicialmente o povo do sítio de Olhão: da gente do campo, os montanheiros, e os marítimos.
Se os adventícios olhanenses seriam no geral pobres pescadores e mareantes tendo os seus barcos, em que moravam, mesmo, antes de se estabelecerem na praia em cabanas de junco, os homens do mar preexistentes no sítio de Olhão, tendo os seus barcos, pequenos ou grandes, para as suas pescas na ria ou mesmo fora da barra, viveriam nas suas casas de pedra e cal -, porque no campo, aqui, em cabanas, só vivem os animais. Depois, os montanheiros do sítio de Olhão, seriam, uns, pobres, mas outros ricos, por certo, de pequenas ou médias propriedades rurais - quintas, fazendas, hortas, cercas, - algumas com casas espaçosas e até de 1.° piso; e, precisamente o terreno por onde a vila actual se expandiu, era o de pequenas ou médias propriedades, destas cujos prédios típicos ficaram assim englobados e ainda são perfeitamente reconhecíveis na massa geral das construções, a exemplo: os prédios do Sr. João Lúcio, do Sr. Trigoso, do Sr. Dr. Aires, a casa senhorial do Sr. Miguel Mendonça (actual Clube Recreativo Olhanense), o prédio do Sr. Barrote (actual Sociedade Recreativa Olhanense, em cujo vasto quintal está a Esplanada Avenida), o prédio do Dr. Estêvão Afonso, etc. - todas, casas de certo estilo, pre-pombalino ou pombalino embora provinciano um pouco...
Vê-se claramente, assim, como destes proprietários rurais abastados se poderiam ter engendrado armadores, tendo embarcações no mar, mas não indo ao mar, exploradores do mar em grande, quanto à pesca e à navegação de comércio, como ainda quanto à extracção do sal, com a construção de salinas (as do Sr. Domingos Afincão foram construídas pelo Capitão Estêvão, pai do Dr. Estêvão Afonso) e a construção de moinhos, os oito ou dez de que Olhão se achou circundado. Na economia local é óbvia a importância que sempre teve a gente do campo, não só com a sua actividade de carácter rural, no cultivo, colheita, exportação e tratamento industrial do figo, da uva, da amêndoa, da azeitona, do trigo, do milho, dos frutos vários, mas com estoutra actividade tendo por campo o mar. Todas as modalidades de capitalismo e comparticipação se observariam. Tanto mais que tradicionalmente com Marrocos o tráfico se mantivera mesmo depois de expulsos os moiros, e é sabido que em começos do século XV a fruta do Algarve, na sua exportação para Marrocos, era um dos pilares da finança nacional para a obtenção do oiro amoedado dos principais centros marroquinos.
O sítio de Olhão abrangia a dita península até pouco acima do poço que se construíra a aproveitar o grande olho de água - donde a vila ainda se abastece.
Marítimos do sítio propriamente, ou marítimos propriamente da praia de Olhão, confundidos uns e outros pelo comum destino, pescadores ou mareantes, homens que vão ao mar ou homens que têm barcos no mar, enfim, gente que vive do mar, viva ou não também de outra coisa, pobres ou ricos, os homens do mar de Olhão pertenciam já em grande número, antes de 1614, à Confraria do Corpo Santo, assente na freguesia de S. Pedro em Faro. (E deles, tendo-se multiplicado uns e outros, fariam os Reis viveiro para serviço nos escaleres da Ribeira das Naus, indo para lá "todos os anos quase 400 homens que se rendem em levas", - tanta a sua habilidade no mister, como no-lo conta e faz notar o próprio pároco de Olhão, escrevendo mais tarde, em 1758.)
Desanexada a freguesia de Quelfes da de S. Pedro, em 1614, o sítio de Olhão ficou englobado em Quelfes, mas os marítimos olhanenses continuaram encapsulados no Corpo Santo de Faro...
Dois movimentos de independência se iriam naturalmente observar, dado o incremento do povo de Olhão.
O povo de Olhão avultava na freguesia de Quelfes com umas mil almas, vivendo em 200 a 300 fogos, em 1614 precisamente. Calcula-se a importância relativa dos marítimos da praia, se se considerar que pelos anos de 1680 as suas poucas cabanas não excederiam a 30, o que daria uma população de 100 a 200 pessoas. No centro do povoado, havia uma ermida ou capela, sob a invocação da Senhora do Rosário, divindade da devoção marítima, onde os marítimos ouviam missa de um seu capelão, que, pagavam, aos domingos e dias santos. Mas na ermida existiam outros altares com oragos nitidamente da devoção rústica: Sta. Clara, S. Sebastião, Sta. Luzia... Ali acudiria toda a gente do sítio, de Olhão, como se sabe positivamente que por devoção acudiam outros de fora... Nesta ermida introduziram ainda os marítimos um monumental "Senhor dos Passos", de sua festa e devoção.
As cabanas na praia deviam, porém, ter crescido em número, além do natural aumento da população geral, tanto que em 1695, reinando D. Pedro II, é solicitada a criação de Olhão como nova freguesia desmembrada de Quelfes; ao que deu provisão o bispo do Algarve, D. Simão da Gama, em Julho de 1695 impondo a construção de um novo templo com o fim de nele "caberem todos os moradores nas ocasiões de ouvir missa e de assistir às festas e ofícios divinos".
Posta a primeira pedra em 4 (ou 16) de Junho de 1698, (conforme se lê na verga da porta principal) veio a ficar concluída a obra em 1715, transferindo-se para lá a imagem da Senhora do Rosário sob cuja invocação a nova igreja ficou, colocando-se na antiga ermida a imagem da Senhora da Soledade (donde lhe veio o nome que hoje tem). Não deixou a prosápia da classe marítima de incluir no cunhal, sob a torre, a lápide onde se pode ler a seguinte inscrição: " A custa dos homens do mar deste povo se faz este templo novo no tempo que só havião umas palhotas em que vivião. Primeiro fundamento 1698". A verdade será, porém, que nem só os homens do mar que viviam nas palhotas haveriam contribuído, mas também os homens do mar, ricos proprietários, vivendo em casas de pedra e cal, capitalistas tendo barcos no mar, pois uns e outros, e decerto os segundos mais preponderantemente que os primeiros, teriam ficado gerindo a "fábrica" da nova igreja... Depois, se em 1698 ainda os "homens do mar" só viveriam em cabanas, meio-século mais tarde já muitas dessas cabanas se haviam convertido em casas, cujo número, adicionado ao das outras casas da povoação, excedia, quase no dobro, o das cabanas subsistentes mas em via de desaparecerem. Tal é o que resulta, com efeito, da informação do pároco de Olhão em 1758, quando diz que Olhão contava 2440 pessoas de sacramento, todas ali moradoras, em 787 fogos, sendo o lugar de Olhão à data "uma das maiores povoações do Algarve em que se contavam para cima de 500 moradas de casas e mais de 300 cabanas que cada dia vão diminuindo e pondo-se em seu lugar casas1.
Independente já como freguesia, Olhão tentara separar-se de Faro quanto ao Compromisso da Confraria do Corpo Santo. E por isso, talvez que ainda a D. Pedro II, mas com certeza a D. José, antes do terramoto de Lisboa, dirigiram os mareantes de Olhão requerimento no sentido de desejarem erigir a Confraria do Corpo Santo na sua freguesia, visto Olhão ficar a uma légua de Faro e os mareantes de Ferragudo, menos distantes de Portimão, terem obtido semelhante desanexação. Com a pressão burocrática dos interesses de Faro, que impugnara a pretensão, protelara-se o caso, até que, dez anos depois, em 1765, renovado o pedido, agora directamente à especial graça do rei, este, tendo resultado inúteis as duas consultas feitas sobre o processo, por os papéis "naturalmente terem ardido no incêndio" consecutivo ao terramoto, e passando por cima de formalidades e obstrucionismos movidos ou alimentados pelas autoridades de Faro, acabou por conceder a referida separação, "estabelecendo os suplicantes uma nova Confraria na Paroquial Igreja de N. Senhora do Rosário", com os privilégios, isenções, indultos e regalias, concedidos aos de Faro. E, assim, se criou o Compromisso Marítimo de Olhão, associação que veio a ser das mais importantes do seu género (hoje convertida em Casa de Pescadores). Ao real alvará de 6 de Julho de 1765 fez seguir o bispo do Algarve dois anos depois a provisão concedendo à nova confraria, na Igreja, um altar dos que estivessem vagos para se colocarem as imagens respectivas, como tinham na Igreja de S. Pedro em Faro. Data de 1771 o edifício do Compromisso, fronteiro à Igreja Matriz.
A população de Olhão fora sempre em aumento: no requerimento de 1765 ao rei, consignava-se que o lugar de Olhão estava "no tempo presente tão aumentado que tinha 850 fogos, e mais de 2000 pessoas" e que os mareantes "formavam duas campanhas de mar e uma de terra".
Não é pois lícito continuar repetindo com Silva Lopes2, mal informado por certo, que foi com os lucros avultados conseguidos por ocasião do cerco de Gibraltar, de 1778 a 1782, levando refrescos aos sitiantes e sitiados, que os marítimos de Olhão haviam convertido as suas cabanas em casas, facto que estaria consumado em 1790. O natural é que com o lucro da pesca e de toda a espécie de actividade por mar, a conversão se tivesse ido efectuando, como vimos, progressivamente, e que então se tornasse apenas mais intensa, dado o lucro maior.
Os pescadores ou marítimos ricos nunca terão porventura morado em cabanas; e os mais pobres, que nunca conseguiram, como os companheiros mais, remediados, melhorar as suas condições de vida, a começar pela habitação, terão sido daqueles que nunca deixaram de morar em cabanas, como essas que, ainda há um século, existiam incrustadas na povoação.
Em todo o caso, em 1790, poucas seriam já as cabanas, entre os 1133 fogos comportando 2947 pessoas maiores, 465 menores e 800 que andavam ausentes - 4212 habitantes ao todo. Crescendo sempre o número de habitantes elevava-se em 1802 a 4846, em 1202 fogos; e em 1813, ascenderia a 5000. As guerras de 33/34 vêm abrir brecha, bem como o cólera-morbus: em 1835 o número está reduzido a 3202, em 1081 fogos. Porém, meio-século passado, em 1884/1885, eis que o número de fogos tem subido a 2013 com os seus 6 a 7000 habitantes provavelmente. O censo de 1900 dava já 9993 (sendo 4726 masculinos e 5267 femininos). Num recente apuramento a vila evidenciou uma população humana de 18 000 bocas...
Quando a freguesia de Olhão se separara de Quelfes, a sua área, constituída pela península referida, não chegava pelo norte até à estrada de Faro a Tavira. E, dentro dos seus apertados limites, o campo era quase tudo e a praia quase nada, estreita orla ao sul, destinada a ser absorvida progressivamente. Há um século a linha da praia vinha ainda pelo fundo da actual praça Patrão Joaquim Lopes, onde o peixe se vendia sobre a areia, prolongando-se até aos dois bairros extremos - o da barreta com a sua típica travessa dos abraços, e da banda de levante com o emaranhado típico da rua dos 7 cotovelos - e mais ao longe, como duas sentinelas, os dois moinhos, com as reentrâncias aproveitadas nas respectivas caldeiras: o da Barreta, (cuja poética ruína se quis deixar, após a terraplanagem à volta), o moinho do Sobrado, a levante, cuja casa ainda subsiste (actualmente adaptada a Clube Naval). Assim tudo o que, pela rua do Gaibéu, (em cujo extremo poente era a Alfândega primitiva, casa térrea, pequena), e pela rua Alexandre Herculano, e seus prolongamentos tortuosos até aos dois emaranhados bairros das cabanas-casas, se foi edificando, foi-o sobre a praia; e, por último, as duas praças de abastecimento, com seus cais, com maior conquista ainda ao próprio mar.
A actividade da gente de Olhão nunca foi, como se deixa ver e se deve sublinhar, unicamente piscatória, embora marítima fosse; mas nem exclusivamente marítima foi nunca. A cultura da terra, o comércio e mesmo o tratamento industrial de certos dos seus produtos representaram sempre um papel vital para os olhanenses: em Olhão existiram lagares, destilações e fumeiros de figo, negócio de amêndoas e de alfarrobas antes de haver fábricas de conservas; e houve moinhos de água, antes de haver armações de sardinha; e há salinas ainda...
De par com a actividade derivada da presença do campo, a ligada à presença do mar repartiu-se sempre pelo comércio e pela pescaria. Os barcos de Olhão iam pela estrada marítima a toda a parte da costa do País, levando e trazendo produtos, entre eles os da própria pesca que faziam; mas nem só percorriam a costa portuguesa: aventuravam-se à costa espanhola, às costas marroquina e argelina, e houve até quem fosse uma vez a Odessa buscar trigo!
(Nas suas aventuras marítimas, contam os olhanenses as viagens à África, tendo sido dos primeiros colonizadores do sul de Angola. E, coroa de glória da vila da Restauração foi, após a expulsão dos franceses em 1808, a viagem célebre ao Brasil, indo levar a notícia a D. João VI, no caíque que lá ficou, em relíquia veneranda, construído, como de resto os barcos de Olhão, nos seus estaleiros, pelos mestres locais cuja tradição se continua.)
A pescaria local, essa, ou alimentava a população ou era exportada para várias províncias do País, ou para Espanha. Antigamente eram a pescada, o goraz, o cachucho e outros peixes do mar alto, a cavala, a sarda, o sarrajão, etc. pescados, entre outros sítios, no mar de Larache (Marrocos), as grandes pescas; e também a dos peixes de coiro, de cujas peles se fazia a lixa, de cujos fígados o azeite-queime (que a gente do campo consumia) e cuja carne constituía o pexelim. Decaíram estas grandes pescas; e a dos peixes de coiro pode considerar-se mesmo extinta. Os peixes, grados ou miúdos, se não consumidos em fresco, implicavam a salga. Os processos de salga, em recipientes próprios, pouco terão progredido. Os da extracção dos óleos e fabricação de guano têm, porém, merecido atenção especial, dada a importância enorme que tais produtos adquiriram.
Com a escassez da sardinha nas costas da Bretanha francesa e o consequente estabelecimento em Olhão das primeiras fábricas de frito (da quais vingou, florescente, a Fábrica Delory), desde há uns setenta anos, adquiriu a sardinha importância primacial; e a sua pesca, por meio de armações fixas, à valenciana, absorveu, pode dizer-se, por largo prazo as outras pescas. Claro que com os mestres e contramestres franceses foram aprendendo os mais espertos dos soldadores (montanheiros) olhanenses toda a técnica da fabricação e da indústria. E daqui, um pouco à toa, sob várias formas de associação de capitais, foram surgindo, sem licença ou com licença (que a ninguém preocupava) e progredindo, dentro da melhor ou pior fabricação e comércio - a escola da vida - as fábricas de conservas de sardinha, chicharro, cavala e outros peixes, em azeite, óleo ou molhos vários, que em Olhão, instaladas ad hoc, disseminadas pela vila, chegaram a passar de oitenta, e hoje se encontram corporativamente agremiadas, limitadas e fiscalizadas.
Um pouco depois dos franceses, vieram os italianos, em busca do biqueirão, para a salga em barris que tanoeiros seus, trazidos da Sicília, aqui fabricavam... E, claro, com os italianos aprenderam também os trabalhadores (montanheiros) olhanenses todo o segredo do processo... E começaram as estivas, enxertadas nas fábricas, ou independentes delas, e por último, descoberto o destino da estiva bruta, a febre actual da fina e elegante filetagem que o Instituto respectivo fiscaliza.
O desenvolvimento da conserva trouxe a adopção de nova modalidade de pesca, mais intensiva: a dos cercos americanos, pesca livre, organizações de avultados capitais e fortes encargos...
As armações desapareceram completamente; mas uma modalidade modesta ressurgiu, a das sacadas3, com sorte precária todavia; e ultimamente, intermediárias aos cercos e às sacadas, as traineiras em via de afortunado futuro.
Toda a restante pesca e comércio marítimo de Olhão estão, hoje, em face do desenvolvimento da indústria da pesca subsidiária da conserva, reduzidas quase à insignificância.
Olhão tem enriquecido, sem dúvida. Mas o incremento da indústria tem determinado grave crise de braços: para os serviços domésticos e agrícolas. Todas as moças querem ir trabalhar para as fábricas - e não bastam, vindo brigadas delas de Quarteira, que parece um viveiro -; todos os montanheiros querem vir para as fábricas ou para os cercos ou traineiras...

***

O que será Olhão no futuro, ninguém, nem nenhum plano de urbanização o poderá visionar. Não é impossível, porém, que a incompreensão teimosa e pretensiosa dos homens pouco esclarecidos lhe venha dar um carácter irreconhecível: através dum plano sistematizar para a urbanizar banalmente, internacionalmente, descaracterizando-a.
Ora, o aspecto panorâmico de Olhão é único no País - e poder-se-ia dizer - único em toda a Europa, mesmo em todo o Mundo - aspecto derivado da estrutura especial das suas casas, pequenas ou grandes, estrutura que em menor ou em maior grau se conserva ainda. E deve conservar-se.
Porque, se ao transformarem-se as primitivas cabanas em casas tivessem estas terminado simplesmente por terraço-soteia, total ou apenas parcialmente, não estaríamos ainda num aglomerado de casas diferente do que se encontraria no campo em redor. Rareando os telhados cada vez mais, aproximar-nos-íamos do aspecto de Tânger, de Muley-Idriss, de Rabate, de Tunis. Se os terraços ou soteias fossem horizontais, sem parapeito algum, estaríamos como na Síria ou outro Oriente qualquer. Açoteias (ou soteias, como aqui se usa dizer com mais arábica propriedade) há-as por todo o Algarve ou pelo menos por todo o campo do Sotavento algarvio, - como pelo Sul da Espanha e por todo o Norte de África desde Marrocos à Líbia... Há-as na Síria e na Pérsia onde o cubismo das casas chega a ser perfeito, não tendo os terraços rebordo algum...

Em Marrocos, porém, em especial, costuma existir um rebordo ou parapeito, mas muito baixo; e se a razão estará em a soteia não ser utilizada senão acidentalmente, encostando-se-lhe então uma escada de madeira para tal fim, (escalier de fortune) – (pois as mulheres estão pelo Corão proibidas de se exibirem sobre os terraços - segundo me disse aqui mesmo, o ilustre Prof. Lévy-Provençal), em Olhão, o caso muda completamente de figura; porque a soteia é utilizada como uma dependência ou extensão, ou ampliação do espaço livre da habitação e é assim aproveitada para todos os mais diversos fins de utilidade ou recreio, (nunca, porém, como um malavisado professor universitário de geografia fantasiou: para recolher as águas da chuva para cisternas (!) - que em Olhão nunca existiram, sendo o solo do sítio do olhão, riquíssimo em poços, de água doce e salobra, de vários lençóis subterrâneos.
Olhão não é pois apenas um "mar de açoteias" (como a próxima aldeia da Fuzeta).
Em Olhão, o panorama surpreendente inclui outra coisa: soteias sempre com parapeito alto, sobre as quais, quando se não sobe a elas por escada de pedra e cal vinda do quintal (nunca da rua, mas de dentro da própria casa, rompendo-se então forçosamente o plano da soteia), o problema foi resolvido não por meio dum alçapão (como no Sul da Itália e na Suíça, por exemplo) mas por meio de uma espécie de guarita: um pangaio, com um tecto inclinado, e uma porta no topo ou no lado livre, ficando o pangaio sempre num canto da soteia. Ora este tecto que começou sendo um tabuleiro coberto de telha mourisca, tornou-se, com o tempo, de linha quebrada, sempre coberto de telha; e mais tarde a sua parte terminal passou a ser horizontal, servindo de tecto ao patamar quadrado, enquanto a parte inclinada servia de tecto à escada. Desde então o revestimento de telha desapareceu, substituído pelo de ladrilhos. Muitas vezes a chaminé cúbica e simples (nunca, em Olhão, com ajuramento arrendado, como é típico para o interior do Algarve) fica incorporada no pangaio ou coalescente com ele.

 
Soteia de casa alta com pangaio e degraus para o mirante
Mas não bastaram aos olhanenses as soteias de parapeito alto com pangaio. Em Olhão nasceu a ideia de pôr uns degraus sobre a parte inclinada do pangaio e de por eles subir, como por escada, ao pequeno terraço quadrado que então se circundou de parapeito mais ou menos alto, à laia de púlpito. E eis surgido o embrionário mirante. Mas não se parou aqui, neste rudimento: considere-se alargado o pequeno patamar de entrada na soteia, ou construída sobre esta (sempre a um canto ou a um dos lados, nunca ao centro da soteia) uma autêntica casa. E agora, para tecto desta casa, em vez de um telhado que sistematicamente se repudiou (apenas esporadicamente um ou outro caso se nota, antigos todos), eis uma nova soteia, ladrilhada como a primeira, e circundada de parapeito alto, um mirante, de seu nome próprio, ao qual se sobe por escada exterior, de alvenaria, (não de madeira ou ferro...), sobre um, dois ou três arcos assentes em pilares finos ou em cachorros de pedra, metidos de través. O mirante fica assim naturalmente de superfície menor do que a soteia sobre a qual se eleva, em geral a um canto, ou, se a meio, encostado a um lado da soteia (nunca no meio da soteia a cobrir lanternim de pátio interior, como se observa por vezes na Andaluzia), visto que cobre a casa de cima da soteia (assim se lhe chama) e não um pátio interior que em Olhão se não conhece...
Por vezes, em Olhão, a soteia fica reduzida a um pequeno quintal no 1.° andar, sobrepondo-se-lhe então uma 2.a soteia a cobrir todo o 1.° andar, soteia que pelas suas dimensões extensas não merece o nome de mirante, mas o de soteia do prédio, propriamente. E sobre esta soteia extensa eleva-se então o verdadeiro mirante. (Vê-se assim que o nome de soteia se aplica ao primeiro e mais extenso dos terraços sobrepostos e o de mirante ao 2.° e naturalmente menor).
Sobre o mirante eleva-se às vezes um outro mirante, similar, ocupando, de lado a lado, metade aproximadamente do terraço do primeiro; ou então, num canto deste, apenas uma espécie de púlpito ou torre de vigia, a que se dá o nome de contra-mirante

Soteia de casa térrea com 1º e 2º mirantes.
De qualquer maneira porém: três terraços sobrepostos, em pirâmide. Por esta ligeira análise, já o turista poderá orientar-se, contemplando agora as gravuras aqui documentadas, onde essas e outras realidades especificamente olhanenses se patenteiam.
Até agora não se tem passado, em Olhão, desta sobreposição até três terraços; mas compreende-se que um urbanismo consciente desta especificidade cuja origem continua misteriosa, sendo, ao que comprovadamente parece, única em todo o Algarve, em todo o Portugal, em todo o Mundo mesmo, leve mais alto a espécie de pirâmide de terraços... É que, por acaso, a pirâmide apresenta-se por vezes mais ampla e mais numerosa... Sim: pela coalescência de casas que ulteriormente se puseram comunicantes por forma a constituírem um mesmo prédio, acontece que mais três terraços se encontram a diferentes alturas... Tal é, por exemplo, o prédio em que habito, na Rua Vasco da Gama, n.° 20, que apresenta nada menos de quatro, e do alto do qual os turistas curiosos ou os estudiosos arquitectos... do Universo, podem verificar, como inegáveis realidades, exemplares que se metem aqui pelos olhos adentro, estas e outras novidades e originalidades da estranha e misteriosa arquitectura local olhanense, genuína, inerudita...

Soteia de casa térrea com mirante e contra-mirante

 F. X. Ataíde de Oliveira, Monografia do Concelho de Olhão, 1906, p. 55.
 2J. B. da Silva LopesCorographia ou memória económica... do Reino do Algarve Lisboa, 1841
3 Cf. as caçadas
Olhão, 7-VIII-1945
Francisco Fernandes Lopes


24
Abr17

ÁPODOS LOCAIS

António Garrochinho




“DITADOS TÓPICOS” foi a designação que José Leite de Vasconcelos inventou para designar aquelas expressões, de tipo adesivante, que servem para caracterizar certas pessoas, ou determinadas populações, que ficaram presas a factos do passado, que por bem ou por mal, abonam o seu carácter e as suas características de vida. Sem querer discordar do nosso último sábio, prefiro a designação de “ÁPODOS LOCAIS” para referenciar certos adágios ou ditos com repercussão regional.Alguns são simples e de imediata compreensão, quase não constituindo insulto para quem os profere, nem suscitando melindre para quem os ouve e acata. Estão neste âmbito chamar “serrenhos” aos habitantes da serra algarvia, que parece de somenos agressividade insultuosa do que “montanheiro”, designação que os citadinos usam para definir os arcaicos, ignaros e desconfiados habitantes das aldeias serranas.Do mesmo modo, parece tolerável chamar “carecas” aos de Faro, ou “melos” e “melinhos” aos de Olhão. Tem tudo a ver com o Barão de Faro (família Ortigão) que era careca, e com o Barão de Olhão, que era de apelido Melo. Tudo simples, compreensível e até tolerável. Já não se pode dizer o mesmo quando se classificam os louletanos de “caceteiros”, os sambrasenses de “cachamorreiros” ou se designa depreciativamente os de Monchique como “monchiqueiros, dando a entender que a salutar e verdejante vila termal não passava de uma alfurja.Menos admissíveis e convenientes eram, porém, certas designações ou expressões que, funcionando linguisticamente como ápodos, feriam a susceptibilidade das populações locais. Incluem-se, neste caso, a designação de “linguareiros” para os habitantes de Lagoa, e de “casmurros” para os da freguesia de Budens, no concelho de Lagos. Aos do Alvor chamam-lhe “os que roubaram o Senhor”, por causa de uma lenda popular muito deturpada e pior interpretada. Maldosa e pessimamente narrada tem sido, ao longo de muitos anos, a historieta dos de Tavira (e também dos de Lagos), que por ganância, egoísmo ou temor de partilha, se diz que “comem na gaveta”. O mesmo acontece quando em Faro se fala do “agulheiro”, uma falsa lenda que por não ter pés nem cabeça caiu no olvido e no perdão dos farenses. Já a mesma tolerância e perdão não poderá esperar quem tiver a ousadia de afirmar que “quando zurra um burro é meio-dia em Porches”. Aquela tão velha quanto bela aldeia de Porches, cujos pescadores desafiavam os mares mais longínquos, nunca perdoariam tamanha insolência. Em Porches já não há burros…Os de Armação de Pera dão uma casca tremenda quando se lhes diz: “larga o prego”, os de Estoi quando se lhes fala no “garrocho”, e os de Olhão desencadeiam um arraial de trolha quando lhes falam nos “canudos do órgão”. Igualmente insultados se sentem os de Lagos quando se lhes fala na história do Maio, ou do “quanto mais longe mais luze”. É certo e sabido que o “tresluze” do Maio desencadeia no ânimo lacobrigense uma valente bofetada ou um soco nos dentes do engraçadinho que proferir tão insultuosa expressão. Pior do que tudo isso é proferir em Monte Gordo, sobretudo junto dos pescadores a que chamam “Cuícos”, a frase “moce agarra o pato”. Arreia-se o tresmalho e vai tudo pelos ares, a soco, pontapé e naifada… 

Aos de Vila Real de Santo António não se deve falar no poço velho e muito menos se deve perguntar se bebem “água do povo novo”. A resposta vem de imediato, de cima para baixo e com o punho fechado. Já vi um incauto, a instâncias de falsos amigos, pedir à mesa do café “água do povo novo”, saindo pela porta fora quase a toque de caixa. Isto sim são ápodos locais, por serem maldosos, insidiosos e estigmatizantes.Logicamente não vou contar nenhuma dessas histórias, visto serem demasiado escabrosas e inconvenientes para serem agora desenterradas. Certamente era isso que os meus leitores queriam, mas reservo-me por razões de respeito para uma ocasião mais aprazada, e mais segura…




desenvolturasedesacatos.blogspot.pt
24
Abr17

ESTÓRIAS DO ALGARVE - Joaquim Ignez, um herói popular de Loulé

António Garrochinho


Uma aura de lenda e de heroísmo popular envolve a figura, hoje absolutamente ignorada, de Joaquim Ignez, um pobre e ignaro pastor, nascido e criado na aldeia de Salir, concelho de Loulé. Pouco ou nada se conhece sobre as suas origens familiares, sabendo-se apenas que manejava uma funda com insuperável pontaria e conduzia um rebanho de cabras, com tanta humanidade e carinho que as amestrara na arte de comunicarem, respondendo aos seus comandos e chamamentos.
Panorâmica da vila de Loulé, no último quartel do séc. XIX
Residia no sítio dos Palmeiros, não longe de Salir, e vivia do produto do seu rebanho. Ganhava o sustento com honestidade, sacrifício e trabalho. Tornou-se conhecido, respeitado e admirado pelos louletanos, pela seriedade com que vendia o proveito do seu rebanho, mas também o produto da caça silvestre, mercê da destreza com que manejava a funda. Acima de tudo fruía do prestígio da sua valentia e da coragem com que defendia o seu rebanho ao calcorrear as brenhas da serra algarvia.
Nos tempos do “foge-foge” andava o povo no Algarve esbaforido com a opressão dos exércitos estrangeiros, primeiro foram os franceses e depois os ingleses. Não havia sossego, e no chamado “ano do barulho”, em 1833, ocorreu o desembarque da esquadra liberal nas praias de Altura/Cacela, de que resultou a invasão do Algarve pelas tropas do Duque da Terceira. Entre 24 de Junho e 20 de Julho de 1833, esteve todo o Reino do Algarve submetido aos desígnios dos novos ocupantes, cujo efectivo militar era sobretudo constituído por mercenários franceses, belgas, suíços, ingleses, etc.
O governador do Algarve, general Mollelos, fervoroso servidor do Trono e do Altar, fiel súbdito de D. Miguel e do absolutismo, receando o confronto com o exército invasor, desconfiando da motivação dos seus soldados e da eficácia do seu armamento, decidiu retirar-se do Algarve e reagrupar forças em Beja. Foi uma decisão desastrosa para a sobrevivência da causa miguelista. Na verdade, constituiu o princípio do fim do absolutismo e a afirmação do liberalismo em Portugal.
Ponte, supostamente romana, sobre a ribeira da Tôr
Mas, nos primeiros dias da ocupação do Algarve pelas tropas do Duque da Terceira, houve que distribuir a força militar pelas principais cidades e vilas da região, a fim de impor aos seus habitantes as novas autoridades, inventariar recursos e requisitar meios para a sobrevivência dos novos senhores.
Para a vila de Loulé destacaram um batalhão de mercenários belgas, que à imagem do que já haviam feito os seus camaradas franceses em Faro e Olhão, cometeram certos abusos e exerceram arbitrariedades que os louletanos não esperavam, nem podiam tolerar. Parece que os soldados estrangeiros, na visita de inspecção que fizeram à freguesia de Salir, desrespeitaram a fé católica. Diz-se que foram à igreja local na procura de valores que não encontrarem, e por represália tiraram as imagens dos santos e depuseram-nas no átrio, cometendo gestos impúdicos e proferindo palavras que vexaram a fé católica e ofenderam a honra dos salirenses. O povo empertigou-se e os mercenários belgas responderam com prepotência e impetuosidade, causando alarme e escândalo entre o povo da serra algarvia.
A humilde Igreja da Tôr, palco das diatribes belgas
Consta que a notícia da agressão belga chegou aos ouvidos do Joaquim Ignez que preparou a vingança com a paciência e o método de um verdadeiro guerrilheiro. Conhecedor dos meandros e recônditos da serra, Joaquim Ignez esperou que o batalhão belga retirasse da sua aldeia natal em direcção a Loulé, para numa das passagens da ribeira de Salir, a mais favorável e frequentada pelos almocreves, surpreender os soldados com a destreza e perícia da sua funda, atacando à pedrada os soldados, ferindo vários e matando três. A confusão que se instalou entre os belgas foi enorme, mas depois que se recompuseram do susto empreenderam uma impiedosa caça ao homem, com batidas pelos montes e disparos atrabiliários, sem qualquer critério ou justificação. O pobre do Joaquim Ignez conseguiu escapar-se graças à colaboração do seu rebanho que encobria a sua presença e apagava os trilhos da sua peugada.
A partir de então a fama do pastor de Salir correu célere entre os montes da serra algarvia, tornando-se numa figura quase mítica, num herói popular que defendeu a honra dos seus humildes conterrâneos contra a injustiça e opressão dos ocupantes estrangeiros. A cabeça do humilde pastor foi posta a prémio. Lavraram-se autos de culpa e iniciaram-se os processos de captura, que decorreram durante anos sem efectivo resultado. O povo serviu-lhe de escudo, protegendo-o com o seu silêncio e auxílio material, frustrando a perseguição movida pelas autoridades liberais. Diz-se que o Joaquim Ignez homiziado na serra algarvia, chegou a acompanhar os homens do Remexido, preferido manejar a sua silenciosa e certeira funda em vez do cobarde e estrondoso fuzil.

promontoriodamemoria.blogspot.pt
24
Abr17

LIRA/IRA

António Garrochinho
MAIS DO QUE A "LIRA" JÁ FALECIDA NÃO PODEMOS ADORMECER EM ROMANTISMOS EXAGERADOS EM MILAGRES RELIGIOSOS EM SOLUÇÕES DO TIPO GÉNIO DE ALADIM.

A "IRA" EMBORA COM UM NOME MAIS PESADO NÃO PODE ESTAR AUSENTE DE QUEM SOFRE, É EXPLORADO E VIVE UMA VIDA DE ESCRAVO EM PLENO SÉCULO XXI.

A REVOLTA EMBORA POR VEZES SEJA DOLOROSA É A ÚNICA SOLUÇÃO DO HOMEM PARA QUE NÃO VIVA MISERAVELMENTE E DE RASTOS.

António Garrochinho
24
Abr17

Ò MANÉL ALEGRE ! TÁ CALADO !

António Garrochinho


O Manél, poeta xuxa do "eu seja céguinho se sou comunista" vem agora tecer considerações sobre as eleições francesas e diz que Hollande é culpado no descalabro dos xuxas franceses.
claro Manél ! quem hoje não sabe isso ? claro que é culpado ! o descalabro dos partidos xuxas está em verdadeira ascensão derivado às sua políticas de mentira, as que têm vindo a ser praticadas pelos falsos socialistas como no caso da Grécia, Espanha e que em Portugal têm andado sempre por maus caminhos.
Sei lá Manél ! não sei se são as políticas que te preocupam ! acho que o que te chateia é o poder. O poder de estar, tu e os teus amigos, nas poltronas de veludo com a rabiosque acomodado mandando papaias e soletrando poesia daquela que já não sentes (há muito tempo).
António Garrochinho
24
Abr17

SOLUÇÕES

António Garrochinho
AS SOLUÇÕES RESULTAM QUASE SEMPRE QUANDO HÁ UNIDADE NO COLECTIVO.
O COLECTIVO RESULTA QUANDO OUVE, ANALISA E RESPEITA CADA INDIVÍDUO, CADA CIDADÃO, QUE SIGA A ESTRADA DA LIBERDADE, DA JUSTIÇA, DA SOLIDARIEDADE.

OS VALORES HUMANOS SERÃO SEMPRE TRANSPARENTES E VÁLIDOS QUANDO A DIGNIDADE, A HONESTIDADE, A INTEGRIDADE FOREM PILARES NUCLEARES DE CADA CIDADÃO, DE CADA HOMEM E MULHER.

AG
24
Abr17

ATÃO NÃ SABES !

António Garrochinho

OS QUE VOTAM, OS QUE TÊM CONSCIÊNCIA POLÍTICA E RESISTEM, OS QUE VOTAM DEFENDENDO OS SEUS INTERESSES, OS TRANSPARENTES, OS MAIS OBSCUROS, OS TEMPORÁRIOS.

OS QUE NÃO VOTAM DELEGANDO NA MÃO DE OUTROS A SUA VIDA E A DE OUTROS, OS QUE NÃO VOTAM PORQUE NÃO PRECISAM DE VOTAR E SE ESTÃO "CAGANDO" PARA AS LEIS, OS DECRETOS, AS MEDIDAS TOMADAS PELOS POLÍTICOS QUE NUNCA RESOLVERAM O PROBLEMA DOS EXPLORADOS. 
OS QUE NÃO VOTAM PORQUE NÃO PRECISAM DE VOTAR E SÃO ELES QUE MANDAM NO CARROUCEL DA VIGARICE E COMANDAM O MUNDO A SEU BELO PRAZER.
OS COVARDES, OS DE DUAS CARAS, QUE QUEREM VIVER BEM COM OS ALGOZES E INFILTRADOS NA CLASSE A QUE PERTENCEM, MAS LAMBENDO O CU AOS QUE MAIS PODER ECONÓMICO TÊM.

A DEMOCRACIA BURGUESA REPRESENTATIVA QUE SERVE QUE NEM UMA LUVA À CLASSE POLÍTICA POPULISTA, DEMAGÓGICA E COMO TAL FALSA.
O BOLETIM, O APALPAR DESTA SOCIEDADE DE CACA ONDE JÁ NADA NOS SURPREENDE PELO POSITIVO.


António Garrochinho
24
Abr17

HÁ UMA COISA QUE NÃO PODEMOS NEGAR !

António Garrochinho
HÁ UMA COISA QUE NÃO PODEMOS NEGAR !
HOJE (NÃO GENERALIZANDO) SOMOS UNS PAUS MANDADOS, FALSOS, FAZENDO O TEATRO DA MENTIRA QUE CULMINA NO TRAIR, NA TRAIÇÃO DE NÓS PRÓPRIOS.
NÃO TEMOS A DIMENSIDADE PURA DA FRATERNIDADE, DA SOLIDARIEDADE, DO AMOR.
SOMOS MENTIROSOS !
PARA CÚMULO, MENTIMOS A NÓS PRÓPRIOS, QUEM SABE DOENTIOS, POR DÓ E MÁGOA DE SERMOS ASSIM, E NÃO TERMOS A CORAGEM, A FRONTALIDADE, A FORÇA DE MUITOS DOS NOSSOS ANTEPASSADOS.


António Garrochinho
24
Abr17

IMPORT/EXPORT

António Garrochinho

CÁ NO BURGO PORTUGUÊS NÃO PRECISAMOS DE LE PEN, NEM DESSAS POLÍTICAS NEO NAZIS TÃO APREGOADAS NA TELEVISÃO E JORNAIS.
SOMOS UNS PAÍS DE EMIGRANTES, UNS PIEGAS, UNS GABAROLAS, ADVERSOS A OUTROS QUE PROCURAM GANHAR O PÃO COMO NÓS FIZEMOS E AINDA HOJE FAZEMOS EMIGRANDO PARA GOVERNAR A VIDA MAS VENDO EM CADA REFUGIADO UM POTENCIAL TERRORISTA UM SER PERIGOSO, UM INIMIGO.

NÃO PRECISAMOS DA MARIE LE PEN, NEM DOS AUSTRÍACOS, HÚNGAROS, UCRANIANOS, HOLANDESES, FRANCESES , ESPANHÓIS E OS NOVOS NAZIS ALEMÃES COM ESSAS IDEIAS (PROPAGANDA) PATRIÓTICA, NACIONALISTA E TODA ESSA MERDA DESNECESSÁRIA ETC ETC.

TEMOS ISSO TUDO ! TODA ESSA BANHA DA COBRA QUE NOS ENTRA PELA CABEÇA DENTRO PARA NOS CONFUNDIR E ROUBAR.
ONDE ?
NO PS NO PSD, NO CDS E ATÉ NOS MARGINAIS DO PNR VERDADEIROS HERDEIROS DA REDE BOMBISTA PAGA POR QUEM ?
PELO CAPITAL, QUE MUITOS ACHAM INOCENTE E BONZINHO QUE NOS TROUXE ATÉ AQUI, A UM MUNDO INSTÁVEL, VIOLENTO, SEM VALORES.


AG
24
Abr17

ACREDITAR

António Garrochinho
COMO PODEREMOS ACREDITAR NOS JORNAIS, OS PASQUINS COMO O PÚBLICO, O OBSERVADOR, O CORREIO DA MANHÃ E OUTROS, QUE HÁ DÉCADAS VOMITAM A VERBORREIA FASCISTA E O ANTI COMUNISMO CRIMINOSO E PRIMÁRIO ?

QUANDO A EXTREMA DIREITA, A DOENÇA DAS POLÍTICAS NAZIS, NEO LIBERAIS E FASCISTAS AVANÇAM, ELES OS DONOS DA INFORMAÇÃO QUE HOJE MOLDA O MUNDO, ELES BEBEM CHAMPANHE E COMEMORAM VITÓRIAS SOBRE OS IGNORANTES!

CLARO QUE O DISCURSO, O QUE SE ESCREVE, NESSES PASQUINS, REVISTAS, TELEVISÃO É PURA ARMADILHA PARA CONFUNDIR OS QUE AINDA LEÊM JORNAIS DESSA ESTIRPE ALDRABONA E MENTIROSA.

A EXTREMA DIREITA, É A DIREITA ! NADA MAIS !
CAPITALISMO, OU CAPITALISMO SELVAGEM COMO MUITOS DIZEM É UMA TRETA !
CAPITALISMO SÓ HÁ UM ! O QUE ESCRAVIZA, O QUE ASSASSINA OU MANDA ASSASSINAR.

TENTAM MOLDAR.-TE O CÉREBRO PURAMENTE DESTA MANEIRA : NÃO VOTES NA EXTREMA DIREITA, VOTA NA DIREITA E SERÁS "FELIZ".
SE TE DISSESSEM AO CONTRÁRIO; NÃO VOTES NA DIREITA, VOTA NA EXTREMA DIREITA QUE É MAIS NACIONALISTA, O QUE MUDAVA ? NADA ! GANHAM SEMPRE OS MESMOS QUE RECEBEM O VOTO DE QUEM NÃO PENSA OU DE QUEM NÃO QUER UM MUNDO MELHOR E POR IGNORÂNCIA OU MÁ FÉ SERVE OS INTERESSES DOS TUBARÕES DO MUNDO.


António Garrochinho
24
Abr17

tradicionais

António Garrochinho
OS PARTIDOS TRADICIONAIS ?
OU OS GAJOS E GAJAS QUE À CUSTA DA POLÍTICA (DO VOTO DE TODOS NÓS) SÃO UNS PUROS ANIMAIS ?

OS PARTIDOS TRADICIONAIS ?
OU OS GAJOS E AS GAJAS RACIONAIS QUE NOS EXPLORAM E MANIPULAM A SEU BELO PRAZER E QUE VIVEM NO LUXO, NA OPULÊNCIA, NA LUXÚRIA E DEBOCHE, RODEADOS DE GUARDAS COSTAS MAS EM PARAÍSOS ONDE NÃO LHES FALTA NADA ?

OS PARTIDOS TRADICIONAIS, OS QUE TRAEM DE MANEIRA CONSCIENTE E NOS TRATAM COMO IRRACIONAIS.

OS PARTIDOS TRADICIONAIS, ESSAS BESTAS ANORMAIS, PROTAGONISTAS DA BESTIALIDADE, DO CRIME, DO DESPREZO PELA MAIORIA OBEDIENTE DA HUMANIDADE QUE VIVE, VEGETA, AO SABOR DAS SUAS LEIS E DO DITAME DO DINHEIRO.


AG
24
Abr17

METAM NO BURAQUINHO

António Garrochinho

NÃO ME VENHAM COM LAMENTAÇÕES, EXPLICAÇÕES FALSAMENTE BEM INTENCIONADAS DIZENDO QUE QUEREM UM MUNDO ,MAIS JUSTO, MELHOR, UM MUNDO ONDE TODOS TENHAM OPORTUNIDADES.

NÃO ME "RECEITEM" SEMPRE AS MESMAS DROGAS, AS MESMAS MÉSINHAS, AS MESMAS CARAS, AS MESMAS POLÍTICAS DISFARÇADAS EM MEDICAMENTOS ONLINE, GENÉRICOS VAZIOS DE QUALQUER CURA, PÓ DE GESSO NA HEROÍNA, PÓ DE TALCO DAS VIRILHAS, NA COCAÍNA ADULTERADA, ALCATRÃO NUM CHARRO COMEMORATIVO.

NÃO ME ENCHAM MAIS DE METADONAS E ME CONDENEM À DEPENDÊNCIA DA MENTIRA E À RUÍNA.
NÃO MOSTREM FINGIDAMENTE, NÃO MANIFESTEM, A VOSSA FALSA PREOCUPAÇÃO DE QUE SE PREOCUPAM COMIGO.

EU É QUE ESTOU VERDADEIRAMENTE PREOCUPADO COM VOCÊS ! POR VOCÊS EXISTIREM E TRANSFORMAREM O MUNDO NESTE CONTENTOR DE LIXO, DE AUSÊNCIA DE SOLIDARIEDADE, HUMANISMO E DESAMOR .


António Garrochinho
24
Abr17

Macron e Le Pen: os filhos desavindos da mesma França

António Garrochinho


A primeira volta foi uma espécie de cemitério dos partidos políticos tradicionais. Macron “o dissidente” e Le Pen “a extremista” são filhos dos mesmos fracassos. São filhos da mesma França.
A primeira volta das eleições francesas deste domingo replicou, até certo ponto, um padrão que vimos na Grã-Bretanha, nos Estados Unidos e, mais recentemente, na Turquia: uma sociedade dividida socialmente em duas metades quase iguais (o que se reflete em empates técnicos nas sondagens), o crescimento do populismo mais ou menos extremista, mas com um êxito eleitoral sem precedentes, assim como um profundo descontentamento com as elites políticas, vistas pelas populações como moralmente corruptas e incapazes de assegurar o crescimento económico, a segurança interna, nem melhorar os problemas da guetização e radicalização das minorias nas periferias das grandes cidades. Isto já sem falar da incapacidade de resolver a crise europeia dos refugiados.
Tenho afirmado muitas vezes que estas características comuns a eleições recentes no Ocidente têm semelhanças entre si, mas importantes especificidades contextuais. A França não foge à regra.
Por um lado, os vencedores desta primeira volta: Emmanuel Macron, o jovem banqueiro mais dissidente que independente, que se apresentou a eleições como um outsider. Macron, dizendo que não é de esquerda nem de direita, mas é de esquerda e de direita, (quase) inventou uma nova figura institucional: o centro. Ora, em política, por muitas voltas que se dê, não há centro exato, o que transforma Macron numa incógnita ideológica (vem do Partido Socialista, mas tem um programa eleitoral mais perto da direita) e institucional.
Macron é apoiado por um movimento quase inexistente, mas traz consigo uma narrativa pró-europeia e de apoio à economia de mercado, à abertura francesa ao exterior. Propõe uma espécie de resgate da grandeza francesa através da União Europeia, à maneira dos líderes republicanos da V República (lembram-se do eixo franco-alemão do princípio dos anos 2000? Agora não há Grã-Bretanha na União Europeia para o contrabalançar). Vem, por isso, com duas enormes fragilidades: tem pouquíssima experiência política e não tem qualquer estrutura partidária. Como se faz um governo sem o apoio de um partido? Como se organiza um partido em dois meses para concorrer às legislativas? Como será a relação deste presidente solitário com a Assembleia Nacional, que vai ser eleita em junho? Quem prefere que Macron ganhe a segunda volta – e eu prefiro sem qualquer hesitação – deve estar consciente que a França pode passar por uma forte crise institucional.
Do outro lado do espectro político, está, claro, Marine Le Pen. Não me parece que seja útil repetir o que os meios de comunicação social andam a dizer há semanas sobre as características da Frente Nacional. Interessa-me, sim, lembrar aos leitores um elemento central: a FN é o mais antigo partido político da extrema-direita europeia, fundado em 1972 por Jean-Marie Le Pen. Por isso, leva grande avanço em relação aos outros, cerca de vinte anos mais novos, nestas andanças políticas. Resultado: Marine Le Pen, transformou os temas tradicionais do seu partido em preocupações do cidadão comum. Transformou o tema da xenofobia e do racismo no tema da insegurança nacional, assim como transformou o protecionismo e o nacionalismo na solução para a crise económica. Finalmente, transformou o sentido da anti-imigração, de longuíssima linhagem no seu partido, na causa do problema do desemprego, da falência do estado providência e da exclusão social.
Sob este pano de fundo, está a velha ideia de grandeza imperial francesa, tornada no tema mais prosaico da recuperação do orgulho nacional. Um tema que os franceses, com o seu sentido de excecionalismo histórico, continuam a aceitar. Assim, Marine Le Pen transvestiu as suas soluções radicais e extremistas com uma roupagem democráticas. E tornou-se, com um empurrãozinha da conjuntura atual, numa candidata respeitável (aos olhos de mais de 20 por cento dos franceses) e elegível.
Estas características dos candidatos e os resultados das eleições levam-nos a três conclusões – nenhuma delas particularmente animadora.
Primeiro, os vencedores da primeira volta são outsiders com projetos políticos diametralmente opostos. Mas, mais importante, são estes que passam ao palco central da cena política francesa. Ou seja, a primeira volta das eleições francesas tornou-se uma espécie de cemitério dos partidos políticos tradicionais. Republicanos e socialistas procuraram evitar temas fraturantes, mas urgentes – e hoje estão a pagar a pesada fatura. Macron “o dissidente” e Le Pen “a extremista” são filhos dos mesmos fracassos. São filhos da mesma França.
Segundo, se a isto juntarmos o resultado eleitoral positivo de Jean-Luc Mélenchon, posicionado na extrema-esquerda, estes resultados abalam profundamente as caixinhas políticas da direita e da esquerda em que nos ancoramos para estruturar o nosso pensamento político, consciente ou inconscientemente, pelo menos desde o final do século XVIII. Agora, na França, há o centro moderado (que, como já foi dito acima, quer dizer tudo e não quer dizer nada) e os extremos (mais de 40 por cento dos franceses votaram nos partidos de extrema direita e extrema esquerda). Se Paris constituir a vanguarda, como já aconteceu no passado, seremos obrigados a rever as nossas referências, ainda sem outras novas em que nos ancorar.
Terceiro, independentemente de quem ganhe a segunda volta (as hipóteses de Macron são bem maiores depois do apoio de Fillon e Hamon, mas já nos habituámos a que em duas semanas tudo pode mudar), a França vai sofrer profundas alterações. Se for Macron, Paris terá que se adaptar a este presidente sem partido, o que implica alterações ainda que informais na política francesa – ou a paralisia. Se for Le Pen, a França sofrerá uma profunda alteração de valores (sem falar do triste destino da União Europeia), a democracia treme e o liberalismo sofre um duríssimo golpe. A versão moderna da extrema-direita vai fazer muitos estragos.
Nenhum dos cenários é positivo, ainda que o primeiro, de vitória de Macron, seja bem melhor que o segundo. Certo é que, aconteça o que acontecer, hoje a França, tal como a conhecíamos, acabou.
Investigadora do IPRI


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António Garrochinho

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