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orouxinoldaresistencia

POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

orouxinoldaresistencia

30
Abr17

Matou-se um homem a quem o Estado tudo tirou

António Garrochinho


“O Victor Alexandre (ex-trabalhador de Fábricas Mendes Godinho - Rações Sol) decidiu, consigo próprio, que hoje (dia 27 de abril) era o dia do encontro com a morte. 

Nestes últimos tempos, a vida não lhe era fácil de aceitar. Com uma carreira longa de descontos para a Segurança Social (42 anos ) não tinha forma ( idade)de obter reforma.
O Victor vivia de facto uma situação de grande (in)justiça social. Depois de décadas de descontos no ordenado, sentia uma revolta enorme por já não ter direito a nada, a não ser ao estatuto de desempregado com subsídio esgotado. 
Aqui fica a minha sentida homenagem a um homem que nada ficou a dever ao Estado, mas a quem o Estado tudo tirou, até a VIDA. O Vitor descansa agora em paz. E a segurança social poupa na pensão dele.”
                                               Alice Marques

O texto que acima publicamos foi partilhado por Alice Marques no facebook. Aqui o reproduzimos pela acutilância da mensagem e pelo murro no estômago que todos sentimos perante situações dramáticas e injustas como esta.
Victor Manuel Pereira Alexandre pôs termo à vida no dia 27 pelo método de enforcamento. Deixa mulher e dois filhos.
Depois de dois dias à espera de autópsia, o corpo está agora em câmara ardente na casa mortuária de S. Pedro. O funeral realiza-se neste domingo, dia 30, depois da missa na igreja de S. Pedro pelas 11 horas, para o cemitério da freguesia.
À família enlutada apresentamos sentidas condolências.


tomarnarede.blogspot.pt

30
Abr17

GLOBALISMO OU PROTECIONISMO

António Garrochinho


GLOBALISMO OU PROTECIONISMO


Ambos favorecem a via da fome!
As formas de tortura que o fascismo globalizador inculca nas massas, através de um chip repetitivo, inculto, estupidificante e…distraído, chega-nos desta vez de França, em plena Europa do açambarcamento mental dos povos.
A alternativa que os cidadãos gauleses encontraram para seu futuro representante(?) é entre uma gaja de extrema-direita e um gajo de direita extrema. São diferentes como se constata. As políticas essenciais, elitistas, que suporta a ideia de cada um deles, para a governação da França, baseia-se na exploração da mão-de-obra, no crescimento dos guetos e na intensificação protectora do capital sobre o trabalho.
Da mesma razão que eu não teria votado em nenhum dos dois trambolhos estadunidenses que foram há pouco propostos ao povo, também neste caso, fora eu francês (hipótese bem mais agradável que a anterior), e convictamente votaria em branco.
Sendo exacto que o palhaço-rico Ricardo Araújo Pereira mais parece o espirro de uma punheta política, ainda assim, papagueia (entre outros) a bondade do voto, em púlpito semanal, num puto de 39 anos e com, apenas, 3 míseros anos de experiência política e sem partido até há uns meses atrás.
Estamos em presença de mais um truque vampiresco, que continue a sugar o sangue da manada, como o Zeca musicou e cantou desde 1963.

Guilherme Antunes (facebook)

30
Abr17

VERMELHO SERIA MELHOR ! (digo eu) - Rosa ou roxo: quem é aqui o daltónico?

António Garrochinho


estrelaserrano@gmail.com
Teve grande mediatização a aula do Presidente Marcelo no colégio Moderno, onde o Presidente quis evidenciar algumas discordâncias com o primeiro-ministro fazendo  uma metáfora com as cores rosa e roxo:
“Eu às vezes digo: não, o senhor primeiro-ministro irrita-me um bocadinho, porque é evidente que há problema e está a tentar explicar-me que não há esse problema, e não me entra na cabeça. (…) não me venha dizer que roxo não é roxo, é um violeta sei lá o quê”.
“Como é que se chama a cor do PS? Rosa. É um violeta-rosa, é mais rosa do que roxo”, prosseguiu, simulando um diálogo com o primeiro-ministro: “Não, é roxo. Não, é rosa”
A metáfora do Presidente é interessante e talvez não seja ingénua. O rosa e o roxo são cores próximas e facilmente  uma evolui para a outra. Mesmo quem não é daltónico pode confundi-las….
Ouvindo o próprio Presidente a elogiar as  “vitórias” nas finanças e economia, dir-se-ia que o Presidente está mais rosa do que roxo mas preferiu fingir que é daltónico talvez para não espantar os laranjas….


vaievem.wordpress.com
30
Abr17

O Inferno, diz-vos algo? - Este Inverno quase não choveu no Alentejo e choveu pouco no resto do país.

António Garrochinho

António Guerreiro, in Público, 28/04/2017)


Autor
    António Guerreiro
O texto que se segue, ao contrário do que parece, não foi escrito com a intenção de dar a esta coluna a legítima função que se espera do seu nome. Mas, por hoje, ela será literalmente um posto de observação meteorológica.
Este Inverno quase não choveu no Alentejo e choveu pouco no resto do país. Não há memória de o céu permanecer azul durante tanto tempo e de se manterem temperaturas de Verão em Março e em todo o mês de Abril. No Alentejo, já se ouve dizer: “Isto é o Inferno”. Nunca ninguém tinha imaginado que o Inferno pudesse ser de um azul tão transparente. Num dia em que viajei de avião, vi que o azul límpido e seco se estendia sem interrupções até Paris, onde já se podia antecipar, nalguns dias desta Primavera, a abertura das Paris plages nas margens do Sena. A inteligência meteorológica das árvores é mais apurada do que a do homem urbano do nosso tempo, mas, ainda assim, nem sempre consegue decifrar as novas máscaras do clima: a verdade e a mentira, o azul do céu e o azul do inferno. Por isso é que as laranjeiras, no Alentejo, começaram a dar flor logo em Fevereiro. Foram imprudentes: vieram a seguir algumas noites frias e a floração foi perdida. Podemos descobrir na análise do pequeno momento singular do aparecimento temporão da flor da laranjeira o cristal de um acontecimento fatal, de uma calamidade. Ao falarem da calamidade, dos pastos já quase secos ou que nem chegaram a crescer, do Verão longuíssimo que já começou e vai ser longo para atravessar, as pessoas dizem que “isto é o inferno”. A maior parte nunca ouviu falar da palavra do século, “Antropoceno”, nem de economia fóssil, nem de emissões de CO2, nem de perturbações de biosfera. São palavras de uma ainda incerta ciência para a qual há cada vez mais dados e verificações. Certo é que o mês de Julho de 2016 foi, segundo a NASA, o mês mais quente que alguma vez foi registado à superfície da terra. Neste domínio, têm-se registado records sucessivos, todos os anos, quase todos os meses. O clima acelerou-se contra a história.
O inferno de uns é o paraíso dos outros. Para os que procuram o paraíso do sol e do céu azul, sem constrangimentos, este clima é o “bom tempo”, como dizem os mensageiros desta monotonia meteorológica. O “bom tempo” serve na perfeição a economia actual, o turismo, a indústria do lazer.
O homem da cidade vive numa ficção climática para crianças e já não sabe quando e quanto deve chover. Ele acha, aliás, que nunca devia chover nem fazer frio. E que o céu devia ser azul para sempre. Ao serviço do homem da cidade, da sua ignorância e irresponsabilidade nesta matéria, estão os jornais, a televisão, a rádio, a publicidade, toda a informação, os poderes públicos, o poder político.
Todas estas vozes — unânimes — o persuadiram de que um mundo feliz é aquele em que nem uma gota de água cai do céu e nem uma nuvem o escurece para vir perturbar os momentos de lazer ou dificultar a chegada ao emprego. Por isso, ninguém atende às vozes minoritárias, anacrónicas e sem acesso ao espaço público, que gritam “isto é o inferno”. Se as mudanças climáticas representam uma nova forma de apocalipse, então este não é universal. Como acontece nos naufrágios, há os privilegiados que têm à sua disposição as boias e os barcos salva-vidas. Mas estes recursos não duram sempre, a água que falta hoje nos campos faltará também daqui a algum tempo nas torneiras. E a todos será dado saber que não é apenas a história, mas também o clima, que é uma constelação de perigos. No momento da rememoração, serão lembradas as advertências de Isaías sobre a terra “profanada pelos seus habitantes”.

estatuadesal.com

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