Se Portugal fechasse já as portas à imigração, se contasse apenas com as suas taxas de fecundidade e de mortalidade, e nada fizesse para controlar o ritmo da emigração, iria encolher até 2060. Passaria dos actuais 10,4 milhões para 7,8 milhões de habitantes.
Não teria quadros qualificados suficientes a ocupar os lugares necessários para o avanço da economia. Nem teria pessoas para trabalhar em empregos como na construção civil ou no cuidado a idosos. O número de gente em idade activa iria diminuir e o de idosos aumentar. É um cenário hipotético, que as entradas de mais gente e as saídas de menos pessoas poderiam reequilibrar. Porém, mesmo que o país tenha um saldo migratório positivo — ou seja, mais imigrantes a entrar no país e menos pessoas a sair para o estrangeiro —, o processo de envelhecimento de Portugal é irreversível. Quaisquer que sejam as migrações com saldo positivo, esse processo será “apenas atenuado”.
Estas são algumas das conclusões do estudo Migrações e Sustentabilidade Demográfica, perspectivas de evolução da sociedade e economia portuguesas, com coordenação do sociólogo João Peixoto, do Instituto Superior de Economia e Gestão, e com a contribuição de doze autores. Organizado pelo coordenador, e por Daniela Craveiro, Jorge Malheiros e Isabel Tiago de Oliveira, o estudo editado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos coloca a ênfase na necessidade de Portugal ser aberto à imigração e controlar a emigração.
Num exercício prospectivo de 45 anos, que vai de 2015 a 2060, o estudo concluiu “que, à medida que o tempo passa, Portugal vai precisar cada vez mais de pessoas que não tem”, explica ao PÚBLICO João Peixoto. A manter-se este nível demográfico, corre-se o risco de “comprometer totalmente o futuro”. Ou seja, “seremos uma periferia pouco qualificada da Europa, com pouco crescimento”, acrescenta.
Economia precisa mais da demografia
O nosso sistema demográfico, económico e de segurança social (especificamente nas pensões de velhice) tem sustentabilidade até 2060? Esta foi uma pergunta de partida da análise, norteada pelo conceito de “migrações de substituição”, usado em 2000 pelas Nações Unidas num relatório sobre este tema, explica, por seu turno, o geógrafo Jorge Malheiros.
Migração de substituição define-se “como o volume de migrantes necessário para compensar o decréscimo do saldo natural da população (diferença entre nascimentos e óbitos) e evitar a progressão do declínio e envelhecimento populacional”, escrevem os autores do documento português. Os cálculos permitem chegar ao volume de migrações necessárias “para assegurar a manutenção futura de parâmetros como a dimensão da população total, a dimensão da população em idade activa (15-64 anos) e o rácio entre população em idade activa e população idosa (índice de sustentabilidade potencial)”.
Partindo deste conceito, a análise que acaba de ser publicada baseia-se ainda em “dois ensaios paralelos”, completa Peixoto: num, desenham-se as projecções de demografia, como é que a população vai crescer ou diminuir; noutro, fazem-se ensaios sobre como a economia deverá evoluir. “Quando comparamos os dois percebemos que a demografia não está a alimentar a economia”, diz.
Assim, para Portugal manter a população de 10,4 milhões seria preciso um saldo migratório positivo de 2,2 milhões até 2060, o que significa que seriam necessários entrar, por ano, mais 47 mil imigrantes do que os emigrantes que saem para o estrangeiro.
Se focarmos a análise apenas nas pessoas em idade activa, então a necessidade de entradas sobe para 3,4 milhões até 2060: anualmente, precisaríamos de mais 75 mil pessoas a entrar. Só que este último é um número improvável. “A realidade portuguesa nunca atingiu esse número [de saldo migratório positivo], tirando o período da descolonização, que foi excepcional”, lembra o geógrafo da Universidade de Lisboa, Jorge Malheiros.
Já se Portugal quiser manter o coeficiente entre a população em idade activa e a população idosa, os dados disparavam: seriam necessários mais 27 milhões de entradas do que saídas, “um valor impossível de alcançar”, comenta João Peixoto. As perspectivas não são animadoras. Nem com um cenário de crescimento económico mais baixo - com menos oferta de empregos - Portugal teria os recursos humanos suficientes, explica o sociólogo. “Se quisermos alimentar o cenário de inovação alto precisamos urgentemente de recursos humanos.”
País precisará de mais trabalhadores
No geral, o estudo conclui que Portugal irá precisar de mais trabalhadores do que aqueles que terá de facto. Quantos? Num cenário de alto crescimento, o número estimado, acumulado até 2060, seria de 2,6 milhões. O valor acumulado até 2060 é especialmente alto em relação aos empregos altamente qualificados: seria necessário entrar mais 1,4 milhão de pessoas, no melhor cenário económico, e 739 mil na pior das previsões. Já em relação aos empregos de baixas qualificações, o número de entradas de trabalhadores desejado seria de 718 mil, no melhor cenário económico. Nas qualificações médias, comparando com as outras, a economia teria mais ou menos as suas necessidades satisfeitas.
Sem entrar em grandes detalhes sobre todo o sistema da Segurança Social, o estudo coloca algumas hipóteses em relação ao subsistema das pensões de velhice e aí desenha previsões conservadores para perceber qual seria a influência das migrações. “A boa notícia é que mais entradas do que saídas favorecem o sistema”, diz João Peixoto. Ou seja, a entrada de imigrantes melhoraria o saldo de despesas e receitas em pensões de velhice.
Concluindo, João Peixoto lembra que “o envelhecimento da população não é um problema”. “O problema é o modelo societal e de economia que seguimos”, completa. “Temos que nos adaptar para a mudança. As migrações são benéficas porque permitem desacelerar o ritmo de envelhecimento, mas por si só não chegam.” Malheiros concorda. “O facto de vivermos mais tempo é bom, mas é um desafio que nos obriga a mudar a sociedade e o mercado de trabalho”.
Que soluções para que o país não definhe
De modo a não agravar o problema demográfico do país, seriam necessárias medidas para conseguir atrair imigrantes e não deixar escapar emigrantes. Como? Em termos de políticas públicas, além de tentar inverter a baixa fecundidade Portugal deveria ter uma atitude “prudente” a nível da emigração e manter a abertura desenvolvendo uma política atractiva para a imigração, responde João Peixoto. Outra medida: criar expectativas de que há condições para viver em Portugal, para não perdermos os recursos humanos, acrescenta o sociólogo. Atrair portugueses de volta, pessoas que estudam e trabalham no estrangeiro, manter uma política de entrada que tem em conta a qualificação das pessoas são recomendações do sociólogo.
Jorge Malheiros defende que se podem combinar estratégias que permitam ao país manter-se sustentável apesar do envelhecimento, “aumentando a produtividade” ou “repensando os períodos de vida activa e a transição para a reforma”, pois “não se pode pedir que as pessoas trabalhem do mesmo modo aos 60 ou 70 do que aos 40 anos”.
Em relação à política de atracção de imigrantes deveríamos desenvolver um primeiro aspecto, que já está em curso, que é a aposta nos estudantes estrangeiros do ensino superior, defende. “O passo seguinte é fazer com que esta população imigrante continue cá com o objectivo de participar no nosso sistema de produção”. Outras medidas: atrair imigrantes qualificados, inclusivamente no quadro da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), através da negociação de acordos de migração, introduzindo mecanismos como o visto para procura de trabalho para imigrantes fora da União Europeia. O ideal seria explorar “várias vias de entrada”, defende.
Se nada disto funcionar, corre-se o risco de ter menos população em Portugal. E isso traz problemas? Por que é que é melhor ter mais população? “Do ponto de vista simbólico é melhor ter mais gente”, afirma Jorge Malheiros. “Um país pequeno tem menos relevância à escala internacional e menos peso em arenas como a União Europeia. Não há nenhuma razão para dizer que devemos passar para 11 milhões. Até podemos ter menos população, desde que estejam assegurados os equílibrios. O essencial é que a evolução seja controlada e possa fazer os ajustes com a economia e a segurança social. Mas o número mágico não existe.”
Um conceito não consensual
O conceito de “migração de substituição” usado pelo estudo não é consensual. A socióloga Maria Margarida Marques, que estará a debater este estudo na sua apresentação dia 22, na reitoria da Universidade de Lisboa, lembra que implica falar “de uma massa de indivíduos imigrantes todos iguais” e de “sociedades de acolhimento homogéneas”, quando na verdade as migrações e as sociedades que recebem são heterogéneas. Portugal tem na lei de estrangeiros um artigo que facilita as entradas de mão de obra qualificada e de investidores, mas a socióloga critica a diferenciação entre tipo de imigrantes. Os estudos mostram que a maior parte da imigração que chega a Portugal tem baixas qualificações, afirma. “Mesmo quando chegam com altas qualificações, o mercado português muitas vezes não está preparado para os acolher”, ressalva.
Na prática afirma-se que há determinados segmentos migratórios que interessam e outros não. “Mas estamos muitas vezes a falar de pessoas que têm determinadas características a quem algumas pessoas e partidos xenófobos na Europa, por exemplo, atribuem determinadas características negativas. Por isso não podemos ficar apenas pela dimensão demográfica das migrações”, avisa, “porque o argumento demográfico no sentido de as migrações serem úteis pode suscitar reacções inesperadas”.
O condutor do veículo foi detido pelas autoridades, que procuram agora apurar o que se passou e porquê. Caso não está a ser tratado como acto terroristaU
Em conferência de imprensa, cerca de uma hora e meia depois do incidente, o chefe da polícia de Nova Iorque, James O'Neill, confirmou que há um morto e 22 feridos.
A vítima mortal é uma jovem mulher, segundo as autoridades. Há ainda quatro pessoas em estado crítico, mas graças à rapidez com que foram assistidos por pessoal médico, não correm, por enquanto, perigo de vida. Dos outros feridos três são graves, mas não críticos e há ainda 15 que têm apenas ferimentos ligeiros.
Na mesma conferência de imprensa o presidente da câmara, Andrew Cuomo, sublinhou que o caso não está a ser tratado como tendo motivações terroristas.
O condutor do veículo chama-se Richard Rojas, tem 26 anos e é residente do Bronx. Rojas é cidadão americano e serviu nas forças armadas, segundo Cuomo.
Times Square é uma das principais praças em Nova Iorque, e um dos locais mais visitados por turistas. À hora do incidente, cerca das 11h, estava muita gente no local.
Realizou-se hoje (na foto) um plenário de trabalhadores da CarrisBus, que marcou uma nova jornada de luta para o dia 5 de Junho. Os trabalhadores exigem da Câmara Municipal de Lisboa a assinatura de um Contrato Colectivo na empresa comos direitos e remunerações em vigor na Carris, e repudiam a proposta de Acordo de segunda que a CML lhes apresentou. O PCP considera lamentável que a CMLisboa resista a implementar na CarrisBus o trabalho com direitos e justas remunerações, e expressa a sua total e activa solidariedade com os trabalhadores em luta.
Uma investigação realizada pelo jornal «Público»revela que uma parcela de 1621 metros quadrados dos 2400 que a empresa de Rui Moreira adquiriu em 2001 pertence afinal à Câmara do Porto. A informação terá ficado em segredo desde Dezembro passado.
O documento que esteve seis meses sujeito a circulação reservada põe em causa a legitimidade dos interesses da empresa de Rui MoreiraCréditos
O Público revela que um técnico superior da autarquia estudou os direitos de propriedade dos terrenos onde a Selminho, empresa da família do presidente da Câmara da Invicta, quer construir o empreendimento Calçada da Arrábida e chegou à conclusão que uma parcela de 1621 metros quadrados que integra a área apresentada para construção é, afinal, municipal.
Na peça publicada hoje acrescenta-se que durante os seis meses que passaram desde a produção deste documento, a Câmara do Porto manteve reservada ao gabinete da Presidência e aos serviços jurídicos a informação que põe em causa a legitimidade da pretensão da Selminho. A autarquia já contestou esta informação em comunicado e informa que vai entregar no Ministério Público uma queixa-crime contra o jornal.
O documento data de 16 de Dezembro e, revela o Público, «deixaclaro que a análise dos registosprediaisexistentes não admite a atribuição de direitos de construção à Selminho. Porque, na sua conclusão, essesterrenos são do domíniopúblico».
Contactado pelo diário, Manuel Correia Fernandes, que assumiu a pasta do Urbanismo até esta terça-feira, disse desconhecer a existência do documento. Rui Moreira terá remetido todas as respostas para o departamento jurídico da autarquia e os advogados justificaram que «opré-anúncio de acçõesjudiciais é contraproducente aos interessesjurídicos do município, razãopelaqualestetipo de informações só deve ser tornado públicoapós a sua efectivação».
Denuncia-se ainda o facto de esta informação não ter sido incluída no dossier sobre o diferendo entre a Selminho e a Câmara do Porto, que a autarquia abriu à consulta dos vereadores e restantes eleitos municipais. Recorde-se que notícias divulgadas em Julho do ano passado revelaram que a própria transacção judicial subscrita pelo município e pela empresa Selminho, relativa a um terreno situado na escarpa da Arrábida, nunca tinha sido levada a reunião de Câmara.
De acordo com o Público, a informação dos serviços «sugere a possibilidade de a autarquia pedir a nulidade de todos os actos administrativos que conduziram estes terrenos à posse da Selminho. Principalmente a da escritura por usucapião que serviu de base ao registo dos terrenos em nome de particulares». Mas não terá sido essa a opção do município.
A fim de esclarecer a «existência ou inexistência de direitos de propriedadeconflituantessobre o mesmoimóvel», a Câmara do Porto terá pedido um parecerexterno, que ficouconcluído em Fevereiro, no qual se recomendava que a autarquia intentasse no tribunal uma acção de simples apreciação para «dirimir o conflito entre direitos de propriedade exclusivos». Segundo o jornal, a Câmara terá aceitado este parecer.
Especialistas contactados pelo Público são peremptórios. «Os bens do domínio público nunca podem ser adquiridos por uso usucapião. Tratando-se de um terreno do domínio público, não pode, em circunstância nenhuma. É um bem que está fora do comércio jurídico», frisa o antigo professor da Faculdade de Direito de Coimbra, Marques Carvalho.
Indemnização para compensar expectativas goradas
Em causa está a construção num terreno adquirido em 2001 pela empresa participada por Rui Moreira. A Selminho defende que o local dispunha de capacidade construtiva mas a Câmara do Porto, durante a presidência de Rui Rio, classificou-o como rústico e sem capacidade para nele se construir pelo facto de integrar uma zona de protecção natural.
A empresa persistiu no objectivo e, em 2012, pediu a reclassificação do local, que haveria de ser novamente rejeitada pela Direcção Municipal do Urbanismo e Planeamento. Mantendo-se a impossibilidade, a Selminho colocou a Câmara do Porto em tribunal e reclamou uma indemnização para compensar as expectativas goradas.
Rui Moreira tomou posse do novo executivo em Dezembro de 2013 e, em Julho do ano seguinte, foi homologado o acordo entre a autarquia e a empresa participada pelo presidente.
Entre as coisas que não podemos materializar, apenas sentir, uma delas é a sensação proporcionada pela dança. O que são esses movimentos, em um instante aéreos e fluídos desafiando a gravidade, em outro marcantes e agarrados ao chão, que desafiam os limites do corpo e acabam por equilibrar força, leveza e sensualidade? Só um bailarino deve saber o quanto seu corpo sofre e é colocado a prova em ensaios exaustivos até chegar a perfeição. Mas a consciência e o domínio do próprio corpo em movimento, permite ao mesmo tempo esquecer-se dele e entrar em comunhão com o espaço e a música ao seu redor.
Na antiguidade foi uma das três principais artes cênicas ao lado do teatro e da música, e no antigo Egito já se realizavam danças em homenagem a Osíris. A dança é uma celebração da vida desde sua origem, manifestação dos sentimentos através do corpo, e fora do mundo da dança, no nosso dia a dia, até esquecemos que temos um corpo vivo, capaz de se expressar, perdemos essa consciência, e por vezes parece que carregamos uma carcaça pesada e inexpressiva de músculos e ossos. Para quem olha, só resta se colocar no lugar do bailarino e imaginar como aqueles movimentos devem ser libertadores.
Isadora Duncan foi pioneira da dança moderna e revolucionou a dança no século XX, causando polêmica ao ignorar todas as técnicas do balé clássico. Foi a primeira que ousou tirar as sapatilhas e dançar com os pés descalços usando túnicas vaporosas, com os cabelos meio soltos, em cenários simples composto apenas por uma cortina. Ela se inspirava em figuras das dançarinas nos vasos gregos encontrados em museus como o Louvre de Paris, e sua proposta era completamente diferente das regras do balé clássico, com movimentos improvisados, inspirados nos movimentos da natureza como o vento, plantas e animais. Corria pelo palco como uma bacante da mitologia grega evocando o espírito dionisíaco. Outro ponto forte na sua dança é que Isadora utilizava músicas até então apreciadas apenas pela audição, dançando ao som de Chopin, Beethoven e Wagner.Foi a terceira filha dos quatro tidos pelo casal Dora Gray Duncan, pianista e professora de música e Joseph Charles, poeta.
Isadora Duncan era o pseudônimo artístico de Dora Ângela Duncanon, nascida em 27 de de maio de 1877 em São Francisco nos EUA. Isadora tinha personalidade forte e não se curvava às tradições. Não era afeita ao casamento, tendo casado três vezes e só o fazendo porque tinha a possibilidade de separar-se, caso necessário. Seus pais eram divorciados, e embora tenha tido uma infância humilde, sua mãe fazia questão de uma boa educação para os filhos, que era complementada com aulas particulares de literatura, poesia, música e artes plásticas. Isadora começou a ter aulas de balé clássico por volta dos 4 anos e aos 11 já tinha um estilo pessoal próprio de desenvolver sua dança com movimentos espontâneos. Em 1899 partiu para a Europa buscando firmar-se como dançarina, e alcançou grande sucesso em Paris em 1902, ao apresentar-se no Teatro Sarah Bernhardt, quando passou então a ter grande notabilidade mundial. Duncan foi duramente criticada nos Estados Unidos, sua terra natal, quando resolveu partir em turnê pela Rússia, tendo seu trabalho muito bem recebido naquele país, e estabelecido boas ligações com intelectuais russos. Ela deixou a América em 1909 e nunca viveu lá novamente, tendo retornado apenas para passeios. Em 1920 casa-se com o poeta soviético Serguei Iessienin - poeta que teria inspirado Mayakóvski - de quem se separa dois anos depois. Serguei se mata em 1925, é quando Isadora vai para a França e passa seus últimos anos em Nice.
Em agosto de 1916, aos 38 anos, Duncan se apresentou no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Dizem que durante sua estada no Brasil, teria havido um affair entre ela e Oswald de Andrade que além da literatura e da pintura, era fascinado por dança. Oswald a teria conhecido num jantar no Rio e recebido um convite para que fosse vê-la em São Paulo. Ele relembra no volume biográfico Um Homem Sem Profissão: “Quem era eu, o menino que vivia das sopas de Cerqueira César, para afrontar de perto, sozinho e a horas mortas, o gênio andejo da mulher despida que levara o escândalo de seu espírito e o fascínio de sua carne às cinco partes do mundo?”. Apesar da insegurança, ele teria subido até o quarto no hotel onde a bailarina estava hospedada em São Paulo e se deparado com uma mesa posta para dois com um balde de champanhe no centro. Oswald conta poeticamente, em suas memórias, que os dois passeavam pela cidade de São Paulo e, “num pôr de sol entre árvores, ela dançou para mim, quase nua”.
O desastre que causou a morte de seus dois filhos por afogamento em 1913 e o suicídio de seu ex-marido em 1925, a atormentaram até o fim de sua vida. Isadora teve ela mesma uma morte trágica em 1927 na cidade de Nice em Paris, logo depois de publicar seu livro autobiográfico “My Life”, quando em um passeio em seu carro conversível, morreu asfixiada pela sua longa echarpe que prendeu-se às rodas do veículo. Isadora partiu cedo, mas deixou seu estilo, seguido até hoje por muitas bailarinas em todo o mundo.
Em 1979 em Nova Iorque, foi criada em sua homenagem a Isadora Duncan Dance Foundation, que tem entre suas missões, desenvolver projetos educacionais de alcance para as futuras gerações de bailarinos, através da implementação em diversas comunidades carentes, para que se desenvolva a valorização cultural, a confiança e o incentivo a auto expressão.
Você já foi selvagem aqui uma vez. Não deixe que eles lhe domem. Isadora Duncan
Até finais do século XIX, a ideia de que as crianças tivessem algum tipo de direitos era praticamente inexistente. Uma das primeiras manifestações, neste sentido, foi a realizada por Kate Wiggin em "Children's Rights" em 1892, mas os pequenos tiveram que esperar até 1948, ano no qual a Organização das Nações Unidas aprovou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, onde estes direitos foram reconhecidos de maneira detalhada e implícita.
Mas devemos viajar a 1959, quando começaram a preparar uma nova declaração de direitos, específicos para as crianças, assinado em 1989 na Convenção sobre os Direitos das Crianças na ONU.
A maioria das crianças mostradas nestas fotos, salvo fossem filhos de pais abastados, trabalhavam em serviços gerais durante quatro horas, a cada dia, antes de ir à escola. Nos sábados seu horário de trabalho começava as 4 da manhã e prosseguia sem interrupção até o meio dia. No domingo, como ninguém é de ferro, descansavam.
Hoje, crianças mimadas exigem tênis e roupas de marca que custam os olhos da cara. Naquela época, a maioria pisava o chão e vestia roupas feitas de sacos. Muitas crianças andavam o dia todo descalço, sobretudo nas áreas rurais. Muitos foram conhecer o primeiro calçado quando já abandonavam a adolescência para entrar na idade adulta. Nas regiões de neve, as crianças tinham apenas um sapato que devia durar o ano todo.
Também não era incomum ver crianças fumando, principalmente os jornaleiros que eram viciados e tinham o costume de ficar fumando em frente da porta da sucursal do jornal que distribuíam.
As opções de lazer eram poucas e quando existiam acabavam invadidas por adultos também ávidos em se divertir. Sorvete? Picolé? Nem pensar, nas épocas de calor os pequenos lambiam grandes blocos de gelo.
Alguns trabalhos eram muito duros e faziam mal a saúde e ao corpo. Era comum chegarem ao fim do dia com cortes nas mãos e dedos lacerados. Tudo isso para chegar ao fim do dia e receber al em torno de 60 centavos de dólar ao dia. Os donos de minas não pagavam um salários que permitisse às famílias viver acima do nível de pobreza.
O incrível é que com toda esta dureza, as crianças ainda guardavam candura alegria e disposição para brincar e correr atrás de uma bola.
O aspecto bacana de vermos fotos com conteúdo histórico como este é refletir que, apesar de alguns percalços e transtornos que tenhamos passado uma e oura vez em nossa infância, em comparação com estes garotos vivemos um paraíso.
Ruin’Arte deambula entre fotografias, jornalismo e ruínas. Tal como Gastão Brito e Silva (GBS), que por vezes era fotógrafo, por outras repórter, mas que acabou por juntar essas duas facetas. Uma conversão que resulta num terceiro elemento, intitulado pelo próprio de “ruinólogo”.
Este projeto vive em prole da imortalização das ruínas, e de alguns momentos ruinosos da vida. Uma panóplia de fotografias que conjuga tristeza e decrepitude com nostalgia – imagens que, tal como uma ruína, se prendem à emoção invocada por uma memória, seja ela angustiante ou gloriosa.
Ch: Quando, e em que circunstâncias, é que a fotografia se cruzou no seu caminho?
GBS: Desde sempre admirei a arte fotográfica, por isso desde que trabalho que me tenho dedicado à fotografia. Comecei por ser fotógrafo amador ainda no liceu, mais tarde em 88, trabalhei na Kodak, onde travei conhecimento e amizades com uma boa parte dos fotógrafos de Lisboa e arredores, acabando por ser seduzido pela fotografia de estúdio e pela iluminação. A fotografia de arquitectura foi também uma forma de partilhar o “gozo dos arquitectos” pelas linhas e ambientes, sem ter que me formar em Belas Artes. Pelo gosto destas componentes da minha área da fotografia, e juntando o gosto pela história, acabou por mais tarde nascer o Ruin’Arte. Com a invenção da fotografia digital, todo o processo logístico e fotográfico se agilizou, pelo que voltei a ser “fotógrafo de fim-de-semana” e a dedicar-me a projectos pessoais. A captação e o processamento das imagens tornou-se “barato” e acessível por não haver despesas de laboratório e de material sensível, o que me permitiu voltar a ser amador e a explorar outro género fotográfico… no final, acabei por me tornar “ruinólogo” e esquecer-me que afinal sou fotógrafo.
Ch: Mais do que um blog de reportagem fotográfica, o que é o Ruin’Arte?
GBS: O Ruin’Arte pretende ser mais do que uma reportagem fotográfica que imortaliza alguns ruinosos momentos da vida de edifícios decrépitos, ou um acervo sobre o património degradado… Também é nossa preocupação registar a história de cada ruína, pois nem sempre esta foi registada ou bem contada, e há sempre qualquer coisa a acrescentar. O Ruin’Arte tomou como sua missão delatar e sensibilizar consciências para esta hecatombe… e acabou por ser a voz destes desafortunados edifícios. Por isso, meu objectivo (sonho) é dar a volta a Portugal e dar a conhecer os seus imensos tesouros desconhecidos e preservar as suas memórias. Acaba por ser uma espécie de legado e uma forma de conhecer melhor a vida e as pessoas, é emocionalmente gratificante passar por estas aventuras, coleccionar histórias e partilhá-las, contribuindo para melhorar toda a sociedade. É o que dá sentido a todo este trabalho, saber que está a agitar águas e a fazer algumas ondas, avaliando o crescente interesse que este tema tem levantado e pelo público cada vez maior, além das repercussões que já teve.
Ch: Quando é que as ruínas, também são beleza?
GBS: Todas as ruínas além de nos transmitirem uma boa dose de tristeza, decrepitude, angústia, entre outras emoções, podem-nos também estimular o imaginário pela nostalgia dos ambientes, levando-nos a idealizar alguns dos seus gloriosos momentos. Creio que a sua beleza começa aí; na nossa imaginação. Também todas as ruínas, por serem uma obra de arquitectura, são compostas por linhas geométricas cujo equilíbrio pode ser captado com harmonia pela beleza natural de cada espaço e, com a preciosa ajuda do S. Pedro, a LUZ faz o resto. Em termos gráficos, uma ruína consegue por vezes ser mais bela do que um edifício novo; as texturas, madeiras e traves, vidros partidos, cores ténues de tintas estaladas e gastas, paredes erodidas pelo tempo e pelas intempéries, são de uma fotogenia ímpar… e dão muita adrenalina.
Ch: O que podem os potenciais fãs encontrar no seu livro “Portugal em Ruínas”?
GBS: Além de um excelente texto exemplarmente escrito no nosso melhor português (e livre do AO 92), da autoria do Prof. Dr. Victor Veríssimo Serrão, uma selecção de fotografias transversal a todo o País e a todas as tipologias de edifícios, são perto de sessenta imagens que testemunham o pior do melhor…
Ch: A destruição também comunica?
GBS: Sem dúvida que as pedras comunicam, e com uma grande eloquência! Contam-nos além da sua cronologia, muitas histórias rocambolescas que nos dão ensinamentos de vida. Todas as estórias têm uma moral, e é a interpretação dessa moral que nos poderá dar um exemplo a não seguir… são muitas vezes estórias de ganância, laxismo, luxúria, opulência, intriga, inércia, especulação… que conduzem as propriedades à ruína, todas estas estórias acabaram mal e são valiosas lições com que muito podemos aprender, e ainda mais nos ensinam quando são reabilitadas com um bom projecto… dão-nos uma lição de empreendedorismo, perseverança, bom gosto e inteligência.
charivari.pt
Ch: Depois de tantas viagens ‘ruinosas’ nacionais, acabou por ir ter a Constantine, uma cidade argelina. As ruínas internacionais também fazem parte dos planos?
GBS: Foi uma das maiores honras que me concederam, representar o meu país numa selecção de fotógrafos internacionais. O convite partiu da União Europeia e do Governo da Argélia com uma recomendação do Instituto Camões. Por Constantine ser a terceira maior cidade argelina, irá ser em 2015 Capital Árabe da Cultura, e para fazer um livro e uma exposição, foram convidados vinte fotógrafos para fotografar o seu património… e já que as ruínas são lá uma constante (em Constantine), acabei por ser uma escolha natural uma vez que tenho um extenso trabalho nessa área… e tudo fiz para “dignificar” a camisola que vesti, no que resultou mais uma ruinosa aventura, e desta vez “fora de portas”… no entanto, é o património nacional que me preocupa, além de ser o que tenho mais à mão, por isso, ir-me-ei manter em território português e dar continuidade a este projecto, que é de todos nós.
Ch: Na sua fantasia de ‘jantar perfeito’, quem são as 4 ‘celebridades’ sentadas à sua mesa?
GBS: Não seria certamente com as “celebridades” mais celebrizadas dos media, poderia ter uma indigestão… mas muito gostaria de me juntar em jantar tertúlia, e alegre cavaqueira,. Com Marcelo Rebelo de Sousa, pelos seus conhecimentos, visão, sentido cívico e simpatia. A Maria João com a sua fabulosa voz e boa disposição. Com José Vilhena pelo seu contributo à literatura e aos bons momentos de humor, e certamente como “cereja no topo do bolo”, com o Ricardo Araújo Pereira, pelo seu sentido de humor, inteligência, sarcasmo e capacidade crítica … um jantar bem regado e carregado, com majoretes e artistas de circo a animar a festa.
Sabia que Viriato não era um humilde pastor? Que D. Afonso Henriques nunca bateu na mãe? E que D. Sancho II era frouxo na cama? São histórias rocambolescas publicadas hoje pela Esfera dos Livros. João Ferreira é o autor.
Como escreve Ferreira Fernandes no prefácio de "Histórias Rocambolescas da História de Portugal", o autor João Ferreira "tem formação de historiador e prática de jornalista". No livro contam-se e desmistificam-se "histórias misteriosas e fantásticas de Portugal", como a do filho que afinal não bateu na mãe - ou seja, D. Afonso Henriques. Mas também a vida de Viriato, o pastor salteador e general que não nasceu na serra da Estrela, mas algures entre o Alentejo, a Extremadura espanhola e a Andaluzia. E muito mais: sexo, mentiras e violência, de Afonso Henriques à actualidade, incluindo Salazar, o 25 de Abril e o PREC. O i escolheu sete episódios dos muitos que pode ler nesta obra publicada pela Esfera dos Livros.
Viriato Pastor, salteador, general, quem foi afinal o chefe dos lusitanos que desafiou o poder de Roma? Viriato não nasceu nos montes Hermínios (serra da Estrela) nem era um humilde pastor. Na verdade, vivia bem mais para sul, entre os actuais Alentejo, Extremadura espanhola e Andaluzia. Seria filho de um chefe tribal (Comínio) e casou com a bela Tongina (ou Tangina), filha de um rico proprietário da Bética (Andaluzia) chamado Astolpas - cujas ofertas, por altura do casamento, recusou. O nome Viriatus é de origem celta e significa aquele que usa viria (pulseiras ou braçadeiras de metal) nos braços. Como não era o primogénito, não herdou os bens do pai: optou por ser salteador como modo de vida, o que lhe permitiu ganhar experiência guerreira. Foi por isso que os historiadores greco-romanos - Apiano de Alexandria, Floro, Possidónio, Dião Cássio - lhe chamaram dux latronorum (chefe de ladrões), sempre elogiando, no entanto, a sua bravura, lealdade e capacidade de liderança: de pastor a guerrilheiro e a general. Em 139 a.C. o senado romano rompeu as tréguas e enviou à Hispânia Ulterior o general Quinto Servílio Cipião, que após uma ofensiva vitoriosa obrigou Viriato a negociar a paz. O chefe lusitano enviou três emissários - Audaz, Ditalco e Minuro -, que foram aliciados por Cipião e acabaram por assassiná-lo. Os três amigos desleais pediram a Cipião a recompensa prometida, mas terão ouvido a resposta: "Roma não paga a traidores."
D. Afonso Henriques, afinal o filho não bateu na mãe
Um dos mais conhecidos episódios da História de Portugal relaciona-se com o facto de D. Afonso Henriques ter batido na mãe, D. Teresa. Contudo ficou provado que a origem de tal mito deverá ser atribuída à historiografia portuguesa, através da IV Crónica Breve de Santa Cruz de Coimbra. Estaria tudo certo - se a "maldição" não tivesse sido posta na boca de D. Teresa muitos anos depois da batalha de S. Mamede e do desastre de Badajoz. Na verdade, a derrota da mãe saldou-se por uma retirada com toda a segurança para as terras dos Trava, em Límia, na Galiza, onde D. Teresa acabou por morrer em 1130. Nem o filho bateu na mãe nem ficou zangado com o padrasto galego.
D. Sancho II, frouxo no trono e na cama Se o pai, D. Afonso II, passou à história como "gafo" (leproso), as mazelas de Sancho teriam sido do corpo e da alma. Embora ninguém pudesse contestar a sua valentia como chefe militar - aumentou o território nacional através da conquista de um número significativo de castelos e cidades aos mouros -, ganhou a triste fama de mau rei, governante incapaz, marido impotente e enganado pela mulher. (...) O mal-estar geral aumentou quando o rei se casou, já na década de 1240, com uma nobre espanhola, D. Mécia Lopes de Haro (1210-1270 ou 1271), de quem ainda era primo. A nova rainha era filha do poderoso senhor da Biscaia, Lopo Dias de Haro, por alcunha "o Cabeça Brava", e de D. Urraca, filha bastarda do rei Afonso IX de Leão e meia-irmã de Fernando III de Castela. D. Mécia já tinha sido casada, mas ficara viúva muito jovem. D. Sancho, encantado com a beleza da sua rainha, encheu-a de riquezas, fazendo-a senhora de Torres Vedras, Sintra, Ourém, Abrantes, Penela, Lanhoso, Aguiar de Sousa, Celorico de Basto, Linhares, Vila Nova de Cerveira e Vermoim. O povo, que vivia na miséria, passou a odiar a rainha - estrangeira, bela e rica. O casamento entre parentes próximos era frequente nas cortes ibéricas da Reconquista: bastava obter do Papa a "dispensa de consanguinidade". Mas os nobres e bispos aproveitaram para dar novo fôlego à conspiração contra o rei. Escreveram ao Papa a denunciar a situação e em Fevereiro de 1245 Inocêncio IV declarou nulo o casamento e ordenou que o casal "empeçado" (ilegítimo) se separasse. Mal soube que D. Mécia fora levada para o castelo de Ourém, D. Sancho reuniu um pequeno exército para ir libertá-la. A vila foi cercada e o rei preparava-se para recuperar a mulher - quando ela se recusou a voltar para ele, assumindo a adesão ao partido de D. Afonso. O escândalo foi tremendo. D. Mécia foi acusada de ter anuído ao rapto, em conluio com o cunhado D. Afonso. Pior: a recusa em voltar para o marido, associada ao facto de não haver filhos do casamento, deu origem ao rumor de que D. Sancho era impotente.
D. Afonso V, matou o sogro e tio D. Pedro
O exército real pôs-se a caminho de Coimbra e parou em Santarém. D. Pedro juntou as suas tropas e, a 5 de Maio, partiu de Coimbra. Apesar de saber que o rei estava em Santarém, dirigiu-se a Lisboa. Informado da marcha do tio e sogro, D. Afonso V também se encaminhou para a capital. Os dois exércitos encontraram-se junto à ribeira de Alfarrobeira, nas cercanias de Alverca, no dia 20 de Maio. As tropas do rei, muito superiores, esmagaram os partidários de D. Pedro, que morreu em combate, aos 56 anos. Com ele tombou o seu amigo D. Álvaro Vaz de Almada, conde de Avranches, que, perante o ataque inimigo, teve um desabafo que passou à história: "Fartar, vilanagem!" A crueldade adolescente de D. Afonso V, à data com 17 anos, foi ao ponto de recusar sepultura ao corpo do tio e sogro. Os familiares e partidários de D. Pedro foram perseguidos e espoliados. Só devido à pressão do duque de Borgonha, casado com D. Isabel de Portugal (irmã de D. Pedro e tia do rei) é que os filhos do ex-regente puderam sair do país em segurança. Um viria a ser cardeal (D. Jaime), outro conde de Barcelona (D. Pedro) e outro ainda rei de Chipre (D. João). D. João V, um rei viciado em sexo no convento
Obcecado por freiras e viciado em afrodisíacos, D. João V reconheceu ser o pai dos "Meninos de Palhavã". Entre as suas inúmeras amantes, uma ficou especialmente conhecida nos anais da nossa História: madre Paula, uma freira do convento de Odivelas que viu a sua simples cela ser transformada nos aposentos dignos de uma rainha. "D. João V perdia a cabeça por todas as mulheres", escreveu o historiador Oliveira Martins, "mas a sua verdadeira paixão estava em Odivelas, no ninho da madre Paula". D. João V, que ficou para a história como "o Magnânimo", teve o cuidado de sublinhar naquela declaração que os seus filhos eram de "mulheres limpas de todo o sangue infecto" - isto é, as amantes reais não eram judias nem mouras nem negras. O mais velho era filho de D. Luísa Inês Antónia Machado Monteiro, o do meio de Madalena Máxima de Miranda e o mais novo de Paula Teresa da Silva, a célebre madre Paula do convento de Odivelas. Os dois últimos foram resultado de uma moda espalhada pela Europa ocidental nos séculos XVII e XVIII: os amores ilícitos entre nobres e freiras. O rei ia a Odivelas quase todas as noites - mas não era para rezar. D. Francisco de Mascarenhas, conde de Cucolim, teve um desabafo perante essa fraqueza do monarca: "Ali perde a vergonha."
D. Maria I, Rainha louca para um país de doidos Maria I (1734-1816), a primeira mulher que governou Portugal, ficou conhecida como a rainha louca. Se D. Maria, que tinha 42 anos quando subiu ao trono, não era propriamente uma mulher bela, o rei consorte, esse então era considerado ainda mais feio do que Carlos III de Espanha - e este era conhecido como um dos homens mais feios da Europa do seu tempo. À falta de atractivos físicos aliava D. Pedro III a pouca inteligência. Na corte puseram- -lhe a alcunha do "capacidónio": era uma das suas palavras preferidas e com ela se referia às pessoas a quem tencionava atribuir um cargo, depois de ter apanhado de ouvido que alguém era "capaz e idóneo" para determinado emprego... As notícias da revolução francesa foram encontrar D. Maria I num estado de grande fragilidade. Acabou por perder completamente o juízo. No princípio de 1792, a rainha foi sangrada e levada a banhos mas, no dia 10 de Fevereiro, os mais prestigiados médicos do reino assinaram um boletim confirmando que "a saúde de Sua Majestade no estado em que se acha" não lhe permitia ocupar-se dos assuntos de Estado. Tinha 57 anos e estava oficialmente louca.
Oliveira Salazar, o ditador que caiu da cadeira Passava das quatro da madrugada de 7 de Setembro de 1968 quando a equipa médica chefiada pelo neurocirurgião Vasconcelos Marques começou a trepanar o crânio do presidente do Conselho Oliveira Salazar, o doente do quarto n.º 68 da Casa de Saúde da Cruz Vermelha, em Lisboa. "Aberta a meninge, logo jorrou sangue: tratava-se em verdade de um hematoma intracraniano subdural crónico, situado no hemisfério esquerdo", conta o biógrafo de Salazar, Franco Nogueira, ao tempo ministro dos Negócios Estrangeiros. A operação correu bem. Drenado o hematoma, o doente iniciou uma lenta recuperação, perante a expectativa do país. Só nesse dia os portugueses souberam que o homem que os governara com mão de ferro nos últimos 40 anos (Salazar tinha tomado posse como ministro das Finanças em 1928) estava doente. Um mês antes, a 3 de Agosto, Salazar, então com 79 anos, dera uma queda no Forte de Santo António do Estoril, onde passava o Verão. Distraído a ler o "Diário de Notícias", deixou-se cair pesadamente numa cadeira de lona, que se desconjuntou. A cabeça do chefe do governo bateu, desamparada, no chão de pedra. Levantou-se quase de imediato, ajudado pelo calista Augusto Hilário, perante a surpresa da governanta Maria de Jesus Freire. A célebre D. Maria quis chamar logo o médico, mas Salazar proibiu-a e ordenou a Hilário que não contasse a ninguém o que acontecera.
Portugal está numa das muitas encruzilhadas políticas, esta que me parece ser, a da paz podre !
Toda a bandalheira destas quatro décadas é passada à limpo nas redes sociais com as soluções das mais variadas desde as conservadores às mais radicais.
A ameaça de uma crise de governabilidade só cabe agora no discurso da espalhafatosa Cristas e do Coelhone que ainda pensa ser primeiro ministro.
António Costa um hábil vendedor de concórdias vai atamacando a vida do dia a dia e dando corda à GERINGONÇA esperando ansiosamente pelas autarquicas e logo a seguir as legislativas na esperança de uma maioria absoluta para que possa sacudir a "bichesa " que o mantém no poder mas que não durará sempre, e no futuro lhe será incómoda.
Andamos nos pântanos do mal menor, do logo veremos se é possível, do temos que ir devagar para lá chegar, e apesar de muita propaganda os avanços são na verdade uma pequena parte das expectativas que os trabalhadores tinham quando do apoio do PCP e do BE ao actual executivo.
Os portugueses viram-se livres dos coveiros do PSD/CDS/CAVACO e esqueceram-se do não menos enterrador que foi o PS que continua a não dar passos concretos para merecer o nome que tem.
A acalmia, a bonança, não sei quanto tempo durará, mas que reina no ar uma atmosfera de paz podre, de desconfiança isso é conhecido e sente-se.
Eu sou dos que me interrogo e continuo a pensar como irá a verdadeira esquerda reagir quando as alianças já não forem desejadas , como explicarão o acreditar no que já ninguém acredita.
Istambul é uma cidade que ainda conta com pouquíssimos espaços verdes. Graças a isso, seus habitantes ainda não têm o hábito de frequentar parques, como ocorre em outras cidades. O desafio do estúdioDRORfoi justamente criar um parque tão interessante que estimulasse as pessoas a desvendar o espaço. E eleslevaram o conceito de parque urbano a outro nível.
O vídeo abaixo mostra mais da estrutura prevista para o parque. Dá o play:
Parkorman from Dror on Vimeo. No projeto do parque florestal Parkorman, os visitantes são convidados a criar seus próprios percursos, interagir com diferentes espaços e têm a oportunidade de caminhar sobre a copa das árvores. Toda a estrutura do local está dividido em cinco zonas diferentes, cada uma com suas próprias (e peculiares!) características.
A área chamada de “The Plaza” trata-se de um espaço de convivência em meio à natureza. No “The Loop“, os visitantes podem encontrar balanços e redes que flutuam sobre o chão da floresta. O “The Pool” é composto por poços de bolas inspirados em um mercado turco. A possibilidade de subir na copa das árvores através de uma trilha está disponível no “The Chords“, onde também é possível saltar de trampolins gigantes localizados lá no alto. Por último, o “The Groove” oferece uma trilha de esculturas de diferentes artistas.
“Nosso plano para o Parkorman é uma teia de possibilidades; um sistema vivo de lugares para que os visitantes explorem. Ao invés de ditar o caminho através do parque, são os visitantes que escrevem sua própria experiência. Vários caminhos não lineares, como a caligrafia, são tecidos através da floresta, surpreendendo as pessoas com descobertas inesperadas ao longo do caminho“, define o site do projeto.
Pensa-se que a origem da alheira remonta aos fins do século XV e princípios do século XVI estando associada à presença dos judeus em Trás-os-Montes. Por estes não comerem carne de porco não faziam nem fumavam os habituais enchidos então usavam outros tipos de carnes e envolviam-nas numa massa de pão para criar a alheira. Segundo o Abade de Baçal, Francisco Manuel Alves, esta necessidade surgiu devido à perseguição que Inquisição fazia aos Judeus: “…não podendo estes comer carne de porco por imposição da sua fé, imaginaram um enchido, que, embora semelhante aos enchidos que por essa época eram o prato forte das gentes, não levasse a carne proibida.” O Abade de Baçal chegou a designar a alheira como o “chouriço judeu“. A alheira também chegou a ser chamada de “chouriça da resistência“, devido a este produto ter sido criado através da necessidade de judeus fingirem consumir um enchido, mas sem carne de porco.
A receita acabou por se popularizar entre os cristãos que, por fim, lhe acrescentaram a carne de porco. A suposta ligação da alheira com os judeus talvez não passe de uma ideia romântica popular, e não há factos concludentes que a suportem. Outros defendem que o aparecimento da alheira esteja ligado ao próprio ciclo de produção de fumeiros caseiros, ou simplesmente à necessidade de conservação das carnes dos diversos animais criados e para consumo próprio.
Mais tarde, o espírito empreendedor das gentes de Mirandela levou a que o seu fabrico e comercialização se desenvolvesse em torno da sua cidade, tendo atingidos níveis de genuinidade muito apreciados hoje em dia. Pensa-se que talvez tenha sido este motivo que fez com que a alheira ficasse historicamente ligada à cidade de Mirandela.
Receita de Alheira de Mirandela
Ingredientes:
2 alheiras de Mirandela
6 batatas grandes
1 molho de grelos de nabiças
2 ovos
azeite
alho a gosto
sal q.b.
raminho de tomilho
Comece por cozer as batatas com a pele e os grelos, em água com sal e com o raminho de tomilho. Dê um golpe nas alheiras pela parte de trás. Numa frigideira coloque o azeite e frite as alheiras. Assim que a pele começar a encorrilhar de um dos lados, vire-as e frite-as do outro lado. Depois estrele os ovos no restante azeite onde fritou as alheiras. Neste mesmo azeite saltei-e os alhos esmagados, as batatas cozidas com a pele (cortadas às rodelas). Retire as batatas e os alhos. Coloque num prato os ovos estrelados por cima das alheiras (que devem estar inteiras) e sirva juntamente com as batatas salteadas e os grelos cozidos.
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Por estes não comerem carne de porco não faziam nem fumavam os habituais enchidos então usavam outros tipos de carnes e envolviam-nas numa massa de pão para criar a alheira.</span></span><br /><span style="background-color: white;"><span style="font-size: large;">Segundo o Abade de Baçal, Francisco Manuel Alves, esta necessidade surgiu devido à perseguição que Inquisição fazia aos Judeus: “…não podendo estes comer carne de porco por imposição da sua fé, imaginaram um enchido, que, embora semelhante aos enchidos que por essa época eram o prato forte das gentes, não levasse a carne proibida.”</span></span><br /><span style="background-color: white;"><span style="font-size: large;">O Abade de Baçal chegou a designar a alheira como o “<em>chouriço judeu</em>“. A alheira também chegou a ser chamada de “<em>chouriça da resistência</em>“, devido a este produto ter sido criado através da necessidade de judeus fingirem consumir um enchido, mas sem carne de porco.</span></span><br /><br /><a href="http://asenhoradomonte.com/wp-content/uploads/2016/02/confeccao-das-alheiras-de-mirandela.jpg" style="background-color: white; text-decoration-line: none; word-wrap: break-word;" rel="noopener"><span style="color: black; font-size: large;"><img alt="Confecção das alheiras de Mirandela" class="aligncenter size-full wp-image-3905 flex-width blockImage lazyload-item" src="" style="break-inside: avoid; clear: both; display: block; float: none; margin: 1.5em auto; max-width: 100%;" width="400" data-src="http://asenhoradomonte.com/wp-content/uploads/2016/02/confeccao-das-alheiras-de-mirandela.jpg" /></span></a><br /><span style="background-color: white;"><span style="font-size: large;">A receita acabou por se popularizar entre os cristãos que, por fim, lhe acrescentaram a carne de porco.</span></span><br /><span style="background-color: white;"><span style="font-size: large;">A suposta ligação da alheira com os judeus talvez não passe de uma ideia romântica popular, e não há factos concludentes que a suportem.</span></span><br /><span style="background-color: white;"><span style="font-size: large;">Outros defendem que o aparecimento da alheira esteja ligado ao próprio ciclo de produção de fumeiros caseiros, ou simplesmente à necessidade de conservação das carnes dos diversos animais criados e para consumo próprio.</span></span><br /><br /><a href="http://asenhoradomonte.com/wp-content/uploads/2016/02/Mirandela.jpg" style="background-color: white; text-decoration-line: none; word-wrap: break-word;" rel="noopener"><span style="color: black; font-size: large;"><img alt="Mirandela" class="aligncenter size-full wp-image-3903 flex-width blockImage lazyload-item" src="" style="break-inside: avoid; clear: both; display: block; float: none; margin: 1.5em auto; max-width: 100%;" width="400" data-src="http://asenhoradomonte.com/wp-content/uploads/2016/02/Mirandela.jpg" /></span></a><div class="ezAdsense adsense adsense-midtext"><ins class="adsbygoogle" data-ad-client="ca-pub-4079912314845078" data-ad-format="rectangle" data-ad-slot="2697025748" data-adsbygoogle-status="done"><ins id="aswift_1_expand" style="background-color: white;"><span style="font-size: large;"><ins id="aswift_1_anchor"></ins></span></ins></ins></div><br /><span style="background-color: white;"><span style="font-size: large;">Mais tarde, o espírito empreendedor das gentes de Mirandela levou a que o seu fabrico e comercialização se desenvolvesse em torno da sua cidade, tendo atingidos níveis de genuinidade muito apreciados hoje em dia.</span></span><br /><span style="background-color: white;"><span style="font-size: large;">Pensa-se que talvez tenha sido este motivo que fez com que a alheira ficasse historicamente ligada à cidade de Mirandela.</span></span><br /><br /><strong style="background-color: white;"><span style="font-size: large;">Receita de Alheira de Mirandela</span></strong><br /><br /><a href="http://asenhoradomonte.com/wp-content/uploads/2016/02/receita-de-alheira-de-mirandela.jpg" style="background-color: white; text-decoration-line: none; word-wrap: break-word;" rel="noopener"><span style="color: black; font-size: large;"><img alt="Receita de alheira de Mirandela" class="aligncenter size-full wp-image-3902 flex-width blockImage lazyload-item" src="" style="break-inside: avoid; clear: both; display: block; float: none; margin: 1.5em auto; max-width: 100%;" width="400" data-src="http://asenhoradomonte.com/wp-content/uploads/2016/02/receita-de-alheira-de-mirandela.jpg" /></span></a><br /><span style="background-color: white;"><span style="font-size: large;">Ingredientes:</span></span><br /><ul style="list-style-position: outside !important; margin: 1em 0px 1em 1em; padding: 0px 1em;"><li style="margin: 0.5em 0px;"><span style="background-color: white;"><span style="font-size: large;">2 alheiras de Mirandela</span></span></li><li style="margin: 0.5em 0px;"><span style="background-color: white;"><span style="font-size: large;">6 batatas grandes</span></span></li><li style="margin: 0.5em 0px;"><span style="background-color: white;"><span style="font-size: large;">1 molho de grelos de nabiças</span></span></li><li style="margin: 0.5em 0px;"><span style="background-color: white;"><span style="font-size: large;">2 ovos</span></span></li><li style="margin: 0.5em 0px;"><span style="background-color: white;"><span style="font-size: large;">azeite</span></span></li><li style="margin: 0.5em 0px;"><span style="background-color: white;"><span style="font-size: large;">alho a gosto</span></span></li><li style="margin: 0.5em 0px;"><span style="background-color: white;"><span style="font-size: large;">sal q.b.</span></span></li><li style="margin: 0.5em 0px;"><span style="background-color: white;"><span style="font-size: large;">raminho de tomilho</span></span></li></ul><span style="background-color: white;"><span style="font-size: large;">Comece por cozer as batatas com a pele e os grelos, em água com sal e com o raminho de tomilho.</span></span><br /><span style="background-color: white;"><span style="font-size: large;">Dê um golpe nas alheiras pela parte de trás. Numa frigideira coloque o azeite e frite as alheiras. Assim que a pele começar a encorrilhar de um dos lados, vire-as e frite-as do outro lado.</span></span><br /><span style="background-color: white;"><span style="font-size: large;">Depois estrele os ovos no restante azeite onde fritou as alheiras.</span></span><br /><span style="background-color: white;"><span style="font-size: large;">Neste mesmo azeite saltei-e os alhos esmagados, as batatas cozidas com a pele (cortadas às rodelas).<br />Retire as batatas e os alhos.</span></span><br /><span style="background-color: white;"><span style="font-size: large;">Coloque num prato os ovos estrelados por cima das alheiras (que devem estar inteiras) e sirva juntamente com as batatas salteadas e os grelos cozidos.</span></span><br /><div class="ezAdsense adsense adsense-leadout" style="background-color: white; color: #080000; font-size: 14px;"><div adsbygoogle.js="" js="" pagead2.googlesyndication.com="" pagead=""><ins class="adsbygoogle" data-ad-client="ca-pub-4079912314845078" data-ad-format="rectangle" data-ad-slot="1639094944" data-adsbygoogle-status="done"><ins id="aswift_2_expand"><ins id="aswift_2_anchor"></ins></ins></ins></div></div><div class="shareaholic-canvas shareaholic-ui shareaholic-resolved-canvas ng-scope" data-app-id="22016673" data-app="share_buttons" data-link="http://asenhoradomonte.com/2016/02/05/historia-e-receita-das-alheiras-de-mirandela/" data-summary="" data-title="História e receita das alheiras de Mirandela" id="shr_canvas2" style="background-color: white; color: #080000; font-size: 14px;"><div class="ng-scope" ng-class="containerClasses" ng-controller="AppCtrl as appCtrl" ng-show="ready" shr-auto-size-min-size="44" shr-auto-size-mobile="config.isMobile" shr-auto-size-target=".shareaholic-share-button .share-button-sizing, .shareaholic-total-count" shr-auto-size-trigger="3" shr-auto-size="" shr-overflow-child=".shareaholic-share-button, .shareaholic-total-count" shr-overflow-enabled="" shr-overflow-last="true" shr-overflow-limit="3" shr-overflow-wiggle="5"><div class="shareaholic-share-buttons-container shareaholic-ui rectangle center-align" ng-class="canvasClasses" ng-style="config.verticalOffset ? {top: config.verticalOffset} : {}"><div class="shareaholic-share-buttons-wrapper shareaholic-ui animate" ng-mouseenter="onHover=true" ng-mouseleave="onHover=false"><ul class="shareaholic-share-buttons" style="list-style-position: outside !important; margin: 1em 0px 1em 1em; padding: 0px 1em;"><li class="shareaholic-share-button ng-scope shareholic-item-enter-left-animation" data-service="twitter" ng-class="{'has-shares': sb.shares, 'shareholic-item-quit-left-animation': containerHidden && config.isLeftAligment, 'shareholic-item-enter-left-animation': !containerHidden && config.isLeftAligment, 'shareholic-item-quit-right-animation': containerHidden && !config.isLeftAligment, 'shareholic-item-enter-right-animation': !containerHidden && !config.isLeftAligment, }" ng-repeat="sb in sharebuttons" style="margin: 0.5em 0px;" title="Twitter"><div class="shareaholic-share-button-container" ng-click="sb.click()"><div class="share-button-sizing" ng-style="config.customColorsEnabled && config.appName === 'floated_share_buttons' ? config.customColors : {}"><i class="shareaholic-service-icon service-twitter" ng-style="config.customColorsEnabled ? config.customColors : {}"></i><br /></div></div></li></ul></div></div></div></div></section></div></div>
Os pobres não o são por opção e a caridade não é solução Combater as causas da pobreza Acontece sempre por altura do Natal. Repete-se quando são divulgados estudos que dão conta do aumento das desigualdades e da pobreza em consequência do aumento da exploração. Aconteceu de novo, a propósito da visita do Papa. A hipocrisia voltou a andar à solta.
As lágrimas de crocodilo aumentaram o caudal dos rios. Os pobres, os mais desfavorecidos e os mais azarados na vida, «voltaram a estar» no primeiro plano das «preocupações» caridosas da direita, de jornalistas, comentadores e outros que tais. Terminada a festa voltam à defesa da política de direita, ela sim a causa principal das desigualdades e da existência de cerca de dois milhões e 500 mil portugueses a viver abaixo do limiar da pobreza, e destes a grande maioria assalariados, reformados e pensionistas. No lar de mais de 500 mil a fome ou já se sentou à mesa ou anda a rondar-lhes a casa. Os pobres não o são por opção e a solução para erradicar a pobreza não é a caridade, mas sim o combate às suas causas. Aqui deixamos algumas das soluções propostas pelo PCP, para o caso de quererem, de forma séria, pensar no assunto: 1) Não vejam no aumento do poder de compra do povo um inimigo do desenvolvimento económico, mas sim um aliado e criem condições para um aumento geral de salários, a começar pelo salário mínimo nacional para 600 euros, e de pensões e de reformas; 2) Aprovem a proposta para que, com 40 anos de desconto para a Segurança Social e 60 anos de idade, todos tenham direito à reforma sem qualquer penalização; 3) Vejam as funções sociais do Estado – saúde, educação, Segurança Social, entre outras – não como um privilégio mas sim como um direito de quem produz riqueza, paga os seus impostos directos e indirectos e cumpre os seus deveres perante o País; 4) Dinamizem um projecto nacional de desenvolvimento económico que coloque Portugal a produzir, com a industrialização do País, potenciando os diversos projectos agro-industriais e reforçando o investimento público voltado para a indústria, a agricultura e as pescas. Assim seriam criados centenas de milhares de postos de trabalho e seria de facto reduzida a pobreza. Aumentariam as receitas da Segurança Social, dos impostos e, de forma significativa, a produção nacional e a riqueza do País; 5) Ganhem a coragem política para entender que existem três condições sem as quais não é possível concretizar de forma segura e consequente este projecto de grande alcance para o presente e o futuro do País. Três condições Primeiro, a banca tem de estar sob controle público para ser o motor principal deste projecto, fornecendo crédito às micro, pequenas e médias empresas, nomeadamente para investirem em sectores que o Estado considere como prioritários para o aumento da produção nacional. Segundo, renegociar a dívida para que os 20 milhões de euros que todos os dias damos aos banqueiros e a outras instituições da mesma família dos parasitas sejam, em grande parte, colocados ao serviço da produção nacional, alargando o investimento público de forma significativa. Terceiro, libertar o País da submissão ao euro. Todos os dias, empresas e empresários não conseguem vender e exportar os seus produtos porque o pagamento tem de ser feito em euros, o que torna o preço muito elevado comparado com os de outros países que têm a sua própria moeda, pagando assim muito menos. Os prejuízos para as nossas exportações são claros e as consequências para o emprego e para a produção nacional são profundamente negativas. O crescimento médio da nossa economia desde que aderimos ao euro – 0,5 por cento ao ano – prova-o de forma clara. Estas são propostas da política patriótica e de esquerda que propomos ao nosso povo e todo o Partido deve estar empenhado na sua divulgação, ao mesmo tempo que damos mais força à luta dos trabalhadores e do povo, em crescimento, que acabará por impor a ruptura com a política de direita e a concretização de um novo rumo para o País. A jornada nacional de luta convocada pela CGTP-IN para o dia 3 de Junho será um momento alto desta luta que continua. Armindo Miranda Membro da Comissão Política
Alguém me explica porque mandou a TVI, o antro dos padrécos, bispos cardeais, o Goucha, que não acredita no milagre de Fátima ser um dos repórteres principais !?
Depois do que tenho lido na RESSACA do circo mediático cheguei à conclusão que foi só o NEGÓCIO !
Claro que o Goucha, a Cristina e outros que tais, vendem bem a pimbalhice e são sapato que se molda bem aos interesses do dinheiro mesmo que seja suja e altamente tóxica a verborreia com que presenteiam os telespectadores e leitores.
A TVI e o seu grupo assim como o cromo apresentador mesmo afirmando que não acredita esvai-se e reparte-se em declarações vendendo e lucrando com as aparivisões
ISTO DA FÉ E DA RELIGIOSIDADE DÁ PARA FAZER DINHEIRO COM DEUS E COM O DIABO !
E QUASE QUE DIGO QUE PARA LÁ DA IGNORÂNCIA HERDADA DO FASCISMO E DA MENTIRA ALIENANTE DA IGREJA, POUCOS SÃO OS QUE ACREDITAM NO "GRANDE EMBUSTE PASTORIL" !
O QUE ACONTECE É QUE OS QUE ENTRAM NO CARNEIRISMO POLÍTICO E RELIGIOSO SÃO COVARDES E TÊM MEDO DE ROMPER COM OS POLÍTICOS, OS PRIORES DA TERRA, OS PATRÕES QUE SE SERVEM DA TRETA ALIENANTE PARA MANTER O REBANHO DENTRO DO CURRAL.
Tres infiltrados pusieron en peligro sus vidas y utilizaron celulares para filmar un distrito colmado de proclamas terroristas y objeto de un férreo control.
Pintadas afines a grupos terroristas, críticas a Occidente, banderas, férreos controles, destrucción… Todo esto y mucho más es lo que se vive a diario en la provincia siria de Idlib, en el noroeste del país, dominada por Al Qaeda y Al Nusra, tal y como han tenido ocasión de comprobar tres personas encubiertas que pusieron en riesgo su vida para filmar todo lo que hallaron a su alrededor.
“Hasta ahora el mundo hablaba de Idlib, pero mi historia llega desde Idlib. Incluye videos increíbles que muestran la realidad del lugar”, cuenta Jenan Moussa, periodista del canal árabe Al Aan TV, que emitió las imágenes. “Envié tres fuentes encubiertas a Idlib, zona controlada por Al Qaeda”, relata Moussa al presentar el documental ‘Encubierto en Idlib’ que —recalca— muestra “imágenes únicas sin censura“.
Sometidos al riesgo constante de ser descubiertos, registrados o asesinados, los tres informantes lograron tomar imágenes de grupos aliados de Al Qaeda, así como de “una unidad uzbeka en acción en el campo de batalla”, de “banderas de Al Qaeda” y de algunas de las muchas pintadas que cubren las paredes con “eslóganes extremistas” de Al Nusra, para demostrar “quién tiene el poder”, y en contra de Occidente. Incluso en Kafrenbel, considerado un lugar dominado por moderados, los mensajes a favor de Al Qaeda destacan en la mayoría de los muros.
Los infiltrados solo encontraron alguna manifestación de repudio a los terroristas en la ciudad de Maarat an-Numan y en las paredes de otros distritos.
@akhbar 4/ If u don't speak Arabic, here some slogans on Idlib walls: 1- Democracy is religion of West 2- Shia enemies of Islam 3- Zawahiri quote pic.twitter.com/azB3tNcmCv
Contactos internos también permitieron a los infiltrados acceder a videos de los miembros de Al Nusra en situaciones comunes, como cuando se reúnen a comer y a beber rodeados de restos humanos, así como de otros momentos de ‘trabajo’, como cuando trasladan a los detenidos comunes.
Mientras tanto, los presos políticos son alojados en una cárcel subterránea conocida como Al-Oqab, dirigida por un joven de 17 años, donde la tortura es moneda corriente.
“Como periodistas es casi imposible entrar en Idlib. Allí los periodistas son secuestrados, asesinados o ambas cosas. Incluso los activistas de la oposición viven en peligro y están bajo constante amenaza por los grupos extremistas armados”, explica Moussa. Según la periodista, sus fuentes, que son “pro opositores”, se mostraron de acuerdo en protagonizar “este viaje misterioso” que se extendió por espacio de tres meses por varias ciudades de la provincia.
Aunque las imágenes “están movidas”, permitirán obtener una “cuadro real de la situación”, comenta. “El riesgo era enorme”, porque si los hubieran descubierto filmando en secreto con el celular “los habrían asesinado”, continúa la descripción.
Cada acción representaba para los tres enviados un gran peligro, por lo que cada vez que filmaban algo se acercaban a la frontera turca para enviar las imágenes a Moussa.
Así se logró realizar este documental que muestra el día a día de una provincia bajo estricto control de los terroristas.
A Tragédia de Khodynka foi uma histeria colectiva que ocorreu no dia 18 de Maio de 1896 no campo de Khodynka, em Moscovo, durante as festividades que se seguiram à coroação do último czar da Rússia, Nicolau II. Fez 1389 vítimas.
Nicolau II foi coroado czar da Rússia em 14 de Maio de 1896. Quatro dias depois, seria oferecido um banquete para o povo no campo de Khodynka. Na noite de 17 de Maio, milhares de pessoas que ouviram rumores sobre ricos presentes do czar - os presentes eram na verdade um pão francês, um pedaço de salsicha, nozes, uvas passas, figos secos, biscoito e uma caneca em metal esmaltado, sobre o qual estavam gravadas as iniciais de Nicolau II e sua esposa, Alexandra Feodorovna.
O campo de Khodynka era um terreno rodeado de cabanas de madeira. No centro várias fontes vertiam bebidas diversas. O terreno estava em estado deplorável, cheio de buracos não cobertos pelos organizadores. Ao lado das cabanas havia uma profunda ravina da qual se extraia a areia para conservar as ruas de Moscovo. Atrás dessa ravina, havia dois poços, escavados em 1891, por ocasião da Exposição Francesa. Grossas tábuas foram fincadas para tapar os poços.
As festividades deveriam ser seguidas de peças de teatro. Cada convidado poderia apresentar-se diante das fontes munido da caneca e beber gratuitamente.
Na véspera, a multidão atraída pela gratuitidade das diversas actividades começou a dirigir-se ao campo. À meia-noite, 200 mil pessoas já se aglomeravam no mesmo. Por volta das 4h00, a quantidade de pessoas aproximava-se de 400 mil, a maioria procurava um cantinho para se deitar.
Às 10h00 estava programada a abertura do local reservado para as atracções. No entanto, logo cedo a multidão exigiu entrar. As pessoas encarregadas da distribuição das canecas ficaram apavoradas e gritavam para acalmar o público. Rapidamente, a multidão penetrou em massa no campo de Khodynka, invadindo as casas de madeira.
Empurrados, mulheres, crianças e homens caíram na ravina onde se amontoaram gritando de terror. Outros empurrados para a ravina esmagaram os que já se estendiam pelo chão. Os tapumes que cercavam os poços cederam ao peso da multidão e os corpos caíam nas profundezas dos poços. No meio de um caos indescritível a multidão continuou a dirigir-se às cabanas.
Logo alertados, os bombeiros e soldados do Exército formaram com dificuldade uma equipa de salvamento e o macabro recolhimento de cadáveres. Três a quatro mil corpos sem vida foram retirados dos poços e da ravina. As vítimas eram transportadas em carroças, mas a coberta de lona mal arrumada deixava entrever braços e pernas já enrijecidos pela morte.
O que poderia ser uma grande festa transformou-se num verdadeiro pesadelo. O restante da jornada foi dedicada a transportar cadáveres para um depósito e feridos para os hospitais.
No final da manhã 300 mil pessoas ainda se encontravam no campo de Khodynka. Devido à imensidão do terreno, muitos ignoravam toda a tragédia que acabara de acontecer. Sentados às mesas, bebiam e comiam, assistiam a espetáculos apresentados por comediantes ambulantes.
O povo russo ficou horrorizado com a tragédia, que afectou igualmente a família imperial. Era necessário sancionar os responsáveis. Um grande dilema colocou-se diante de Nicolau II. A responsabilidade da organização das festividades de Khodynka havia sido confiada ao conde Vorontsov-Dachkov e ao grão-duque Serge, governador-geral de Moscovo e tio do imperador. As investigações policiais fizeram emergir a culpabilidade do Grão-duque e de pessoas sob a sua responsabilidade. Os demais grão-duques opuseram-se à acusação e invocaram o descrédito que traria a um príncipe da monarquia se ele fosse sancionado. Os irmãos do grão-duque Serge, os grão-duques Alexis, Vladimir e Paul, advertiram o czar da decisão de renunciar em caso de sanção.
Nicolau II acabou por ceder diante das vivas contestações de membros da família imperial. Algumas pessoas de escalões inferiores acabaram por ficar com a culpa da tragédia. O povo russo não se deixou enganar. O responsável dessa tragédia era o grão-duque Serge Alexandrovitch e logo o povo apelidou-o de “o príncipe de Khodynka”.
À noite, cartazes proclamando a culpa do grão-duque foram afixados nos muros. A polícia retirou-os, mas no dia seguinte outros cartazes foram colados.
O senhor nunca há-de ver esta carta, nem eu a hei-de ver segunda vez porque estou tuberculosa, mas eu quero escrever-lhe ainda que o senhor o não saiba, porque se não escrevo abafo. O senhor não sabe quem eu sou, isto é, sabe mas não sabe a valer. Tem-me visto à janela quando o senhor passa para a oficina e eu olho para si, porque o espero a chegar, e sei a hora que o senhor chega. Deve sempre ter pensado sem importância na corcunda do primeiro andar da casa amarela, mas eu não penso senão em si. Sei que o senhor tem uma amante, que é aquela rapariga loura alta e bonita; eu tenho inveja dela mas não tenho ciúmes de si porque não tenho direito a ter nada, nem mesmo ciúmes. Eu gosto de si porque gosto de si, e tenho pena de não ser outra mulher, com outro corpo e outro feitio, e poder ir à rua e falar consigo ainda que o senhor me não desse razão de nada, mas eu estimava conhecê-lo de falar. O senhor é tudo quanto me tem valido na minha doença e eu estou-lhe agradecida sem que o senhor o saiba. Eu nunca poderia ter ninguém que gostasse de mim como se gosta das pessoas que têm o corpo de que se pode gostar, mas eu tenho o direito de gostar sem que gostem de mim, e também tenho o direito de chorar, que não se negue a ninguém. Eu gostava de morrer depois de lhe falar a primeira vez mas nunca terei coragem nem maneiras de lhe falar. Gostava que o senhor soubesse que eu gostava muito de si, mas tenho medo que se o senhor soubesse não se importasse nada, e eu tenho pena já de saber que isso é absolutamente certo antes de saber qualquer coisa, que eu mesmo não vou procurar saber. Eu sou corcunda desde a nascença e sempre riram de mim. Dizem que todas as corcundas são más, mas eu nunca quis mal a ninguém. Alem disso sou doente, e nunca tive alma, por causa da doença, para ter grandes raivas. Tenho dezanove anos e nunca sei para que é que cheguei a ter tanta idade, e doente, e sem ninguém que tivesse pena de mim a não ser por eu ser corcunda, que é o menos, porque é a alma que me dói, e não o corpo, pois a corcunda não faz dor. Eu até gostava de saber como é a sua vida com a sua amiga, porque como é uma vida que eu nunca posso ter - e agora menos que nem vida tenho - gostava de saber tudo. Desculpe escrever-lhe tanto sem o conhecer, mas o senhor não vai ler isto, e mesmo que lesse nem sabia que era consigo e não ligava importância em qualquer caso, mas gostaria que pensasse que é triste ser marreca e viver sempre só à janela, e ter mãe e irmãs que gostam da gente mas sem ninguém que goste de nós, porque tudo isso é natural e é a família, e o que faltava é que nem isso houvesse para uma boneca com os ossos às avessas como eu sou, como eu já ouvi dizer. Houve um dia que o senhor vinha para a oficina e um gato se pegou à pancada com um cão aqui defronte da janela, e todos estivemos a ver, e o senhor parou, ao pé do Manuel das Barbas, na esquina do barbeiro, e depois olhou para mim para a janela, e viu-me a rir e riu também para mim, e essa foi a única vez que o senhor esteve a sós comigo, por assim dizer, que isso nunca poderia eu esperar. Tantas vezes, o senhor não imagina, andei à espera que houvesse outra coisa qualquer na rua quando o senhor passasse e eu pudesse outra vez ver o senhor a ver e talvez olhasse para mim e eu pudesse olhar para si e ver os seus olhos a direito para os meus. Mas eu não consigo nada do que quero, nasci já assim, e até tenho que estar em cima de um estrado para poder estar à altura da janela. Passo todo o dia a ver ilustrações e revistas de modas que emprestam à minha mãe, e estou sempre a pensar noutra coisa, tanto que quando me perguntam como era aquela saia ou quem é que estava no retrato onde está a Rainha de Inglaterra, eu às vezes me envergonha de não saber, porque estive a ver coisas que não podem ser e que eu não posso deixar que me entrem na cabeça e me dêem alegria para eu depois ainda por cima ter vontade de chorar. Depois todos me desculpam, e acham que sou tonta, mas não me julgam parva, porque ninguém julga isso, e eu chego a não ter pena da desculpa, porque assim não tenho que explicar porque é que estive distraída. Ainda me lembro daquele dia que o senhor passou aqui ao Domingo com o fato azul claro. Não era azul claro, mas era uma sarja muito clara para o azul escuro que costuma ser. O senhor ia que parecia o próprio dia que estava lindo e eu nunca tive tanta inveja de toda a gente como nesse dia. Mas não tive inveja da sua amiga, a não ser que o senhor não fosse ter com ela mas com outra qualquer, porque eu não pensei senão em si, e foi por isso que invejei toda a gente, o que não percebo mas o certo é que é verdade. Não é por ser corcunda que estou aqui sempre à janela, mas é que ainda por cima tenho uma espécie de reumatismo nas pernas e não me posso mexer, e assim estou como se fosse paralítica, o que é uma maçada para todos cá em casa e eu sinto ter que ser toda a gente a aturar-me e a ter que me aceitar que o senhor não imagina. Eu às vezes dá-me um desespero como se me pudesse atirar da janela abaixo, mas eu que figura teria a cair da janela? Até quem me visse cair ria e a janela é tão baixa que eu nem morreria, mas era ainda mais maçada para os outros, e estou a ver-me na rua como uma macaca, com as pernas à vela e a corcunda a sair pela blusa e toda a gente a querer ter pena mas a ter nojo ao mesmo tempo ou a rir se calhasse, porque a gente é como é não como tinha vontade de ser.
O senhor que anda de um lado para o outro não sabe qual é o peso de a gente não ser ninguém. Eu estou à janela todo o dia e vejo toda a gente passar de um lado para o outro e ter um modo de vida e gozar e falar a esta e àquela, e parece que sou um vaso com uma planta murcha que ficou aqui à janela por tirar de lá. O senhor não pode imaginar, porque é bonito e tem saúde o que é a gente ter nascido e não ser gente, e ver nos jornais o que as pessoas fazem, e uns são ministros e andam de um lado para o outro a visitar todas as terras, e outros estão na vida da sociedade e casam e têm baptizados e estão doentes e fazem-lhe operações os mesmos médicos, e outros partem para as suas casas aqui e ali, e outros roubam e outros queixam-se, e uns fazem grandes crimes e há artigos assinados por outros e retratos e anúncios com os nomes dos homens que vão comprar as modas ao estrangeiro, e tudo isto o senhor não imagina o que é para quem é um trapo como eu que ficou no parapeito da janela de limpar o sinal redondo dos vasos quando a pintura é fresca por causa da água. Se o senhor soubesse isto tudo era capaz de vez em quando me dizer adeus da rua, e eu gostava de se lhe poder pedir isso, porque o senhor não imagina, eu talvez não vivesse mais, que pouco é o que tenho de viver, mas eu ia mais feliz lá para onde se vai se soubesse que o senhor me dava os bons dias por acaso. A Margarida costureira diz que lhe falou uma vez, que lhe falou torto porque o senhor se meteu com ela na rua aqui ao lado, e essa vez é que eu senti inveja a valer, eu confesso porque não lhe quero mentir, senti inveja porque meter-se alguém connosco é a gente ser mulher, e eu não sou mulher nem homem, porque ninguém acha que eu sou nada a não ser uma espécie de gente que está para aqui a encher o vão da janela e a aborrecer tudo que me vê, valha-me Deus. O António (é o mesmo nome que o seu, mas que diferença!) o António da oficina de automóveis disse uma vez a meu pai que toda a gente deve produzir qualquer coisa, que sem isso não há direito a viver, que quem não trabalha não come e não há direito a haver quem não trabalhe. E eu pensei que faço eu no mundo, que não faço nada senão estar à janela com toda a gente a mexer-se de um lado para o outro, sem ser paralítica, e tendo maneira de encontrar as pessoas de quem gosta, e depois poderia produzir à vontade o que fosse preciso porque tinha gosto para isso. Adeus senhor António, eu não tenho senão dias de vida e escrevo esta carta só para a guardar no peito como se fosse uma carta que o senhor me escrevesse em vez de eu a escrever a si. Eu desejo que o senhor tenha todas as felicidades que possa desejar e que nunca saiba de mim para não rir porque eu sei que não posso esperar mais. Eu amo o senhor com toda a minha alma e toda a minha vida. Aí tem e estou a chorar.
Maria José
Nota: texto posterior a 1929
Fernando Pessoa, in Obra Essencial de Fernando Pessoa, Prosa Íntima e de Autoconhecimento. Edição Richard Zenith, Assírio & Alvim, Abril 2007
A apresentação de (mais) candidatos da CDU aos órgãos autárquicos de Silves realiza-se este sábado, dia 20 de Maio, às 20h00, no Castelo daquela cidade, e contará com a presença de Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP.
Esta iniciativa marcará o arranque da campanha da CDU no concelho.
Para o concelho de Silves a CDU espera «não só reforçar a maioria na Câmara Municipal que há quatro anos recuperou, mas também progredir em número de votos e mandatos, consolidando as maiorias que tem nas freguesias de Silves e São Bartolomeu de Messines e progredindo noutras freguesias».
(Mário Capitão Ferreira, in Expresso Diário, 17/05/2017)
Mário Centeno corre um risco importante: o de se tornar o Ministro das Finanças com melhores resultados da década, ou mesmo deste século mesmo antes de atingir os dois anos de mandato. O problema é esse.
Ao presidir ao défice mais baixo da Democracia, ao maior crescimento homólogo do PIB em 10 anos, à mais rápida redução de desemprego de que tenho memória, tudo isto enquanto repõe salários e pensões anteriormente cortados e restabelece um módico de rede de segurança social, com modestos incrementos nas prestações sociais, o perigo é só um. São dois, aliás. Primeiro, que Mário Centeno se ache um homem providencial. Segundo, que alguém ache que ele o é.
Não é. Julgo que o saberá. Espero que o saiba. E espero que saiba que tem um mundo de problemas pela frente, o menor dos quais não será saber o que fazer com a (desejável) recuperação da Economia e que se entenda com o Primeiro-Ministro sobre isso. Em Portugal, erramos mais em tempos de crescimento do que em tempos de crise.
E é aqui que o Governo pode entrar em dificuldades. Desde logo, porque o Governo não foi feito para isto. Foi, antes, concebido para ser um Governo puramente anti-austeridade.
Concluída a fase crítica da reversão da austeridade (ainda assim, longe de estar terminada) o Governo pode estar à beira da mais grave crise desde a sua incepção. Ficar sem propósito. É fatal em política.
Então o que fica a faltar? O propósito. Uma ideia, um objetivo, um rumo, que cole a ação governativa, que o eleitorado compreenda e que a maioria de suporte parlamentar possa subscrever. Um objetivo e um caminho para o atingir.
Até essa definição, há que ir atendendo ao que é urgente. Primeiro passo? Mais emprego, menos pobres, menos desigualdade. Com metas e estratégias claras. Dá pano para mangas. Os fenómenos são, obviamente interdependentes. Por exemplo, o risco de pobreza é quatro vezes maior para os desempegados que para os empregados, segundo dados de ontem do INE (resultantes do Inquérito às Condições de Vida e Rendimento 2015).
Países com mais emprego têm menos pobreza e, não menos importante, empregos com salários justos reduzem a desigualdade. Países menos desiguais, por sua vez, crescem mais, e mais depressa. Isso cria, pois, todos sabemos, mais emprego. É um ciclo virtuoso emprego-combate à pobreza-atenuação das desigualdades.
Por onde começar? Temos de chegar aos mais pobres primeiro. E depressa. Ao contrário de tudo quanto nos foi dito (e mentido) foram eles que sofreram, desproporcionalmente, o custo dos erros dos últimos anos (dados do INE, idem).
Também é ali, portanto, que qualquer ajuda produzirá mais frutos. Faz sentido do ponto de vista económico, mas devemos ir para além desse tipo de consideração. É o que devemos àqueles de nós que menos podiam e mais pagaram. Estamos a falar de uma população que tem um rendimento médio (rendimento mediano, na realidade, mas não compliquemos) de 3.865 euros por ano. Por ano. Pensemos nisto por um instante.
O emprego poderá ajudar, e muito, uma parte do milhão e seiscentos mil portugueses em risco de pobreza que estão em idade ativa. Contudo, não chega. Há mais um milhão de portugueses com menos de 18 anos ou mais de 65, em risco de pobreza, para quem a Sociedade tem de ter uma resposta, e mal faria que o Estado não assumisse a liderança na construção dessa resposta. São os nossos filhos e os nossos pais (ou avós).
Mais simples é difícil. Também é certo, contudo, que é mais fácil dizê-lo do que fazê-lo.