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POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

orouxinoldaresistencia

21
Mai17

ODIAR PELOS DOIS

António Garrochinho

O QUE EU TENHO LIDO E OUVIDO À ESQUERDA E À DIREITA SOBRE A VITÓRIA DE SALVADOR SOBRAL NA EUROVISÃO É PIOR QUE TOUCINHO PARA MAOMÉ.

PORRA QUE HÁ GENTE QUE FAZENDO AS CONTAS DAS PESSOAS QUE ADMIRAM E CONSIDERAM NÃO TERÃO ASSIM MUITOS "AMIGOS" E BOM GOSTO! OU ENTÃO ENGOLEM SAPOS, FAZEM QUE GOSTAM OU QUE NÃO GOSTAM E NÃO SÃO REALMENTE SINCERAS

SERÁ QUE O SECTARISMO BACOCO E DESMESURADO JÁ FAZ VÍTIMAS NA MÚSICA ? .

QUE QUEREM QUE O RAPAZ FAÇA ? QUE FUJA ? 
SALVADOR SOBRAL QUE É UMA FIGURA SIMPÁTICA, INTELIGENTE, PERCEBE DE MÚSICA E ATÉ É DE ESQUERDA E DIGNIFICOU COMO OUTROS A NOSSA LÍNGUA E A NOSSA MÚSICA MERECE QUE O RESPEITEM.

A QUESTÃO DO FESTIVAL DA CANÇÃO NACIONAL E EUROVISÃO SEREM ORGANIZADOS DENTRO DOS INTERESSES DAS EDITORAS, DAS POLÍTICAS, E RECHEADOS DE MUITA PIMBALHADA, É UMA COISA !

O VALOR DAS CANÇÕES QUE LÁ VÃO É OUTRA ! SEMPRE FOI ASSIM

QUEM NÃO GOSTOU DO RAPAZ, QUEM NÃO GOSTOU DA CANÇÃO DEVERIA SER MAIS COMEDIDO NOS ADJECTIVOS COM QUE O ROTULA JÁ QUE POR LÁ PASSARAM MUITOS PORTUGUESES, UNS BONS, OUTROS ASSIM ASSIM, OUTROS QUE NEM...


António Garrochinho
21
Mai17

Vento forte causa estragos e "encerra" Festival Islâmico de Mértola

António Garrochinho


Milhares de pessoas foram retiradas do Festival Islâmico de Mértola, que decorria no centro histórico daquela vila, devido a um vendaval que causou estragos também noutras localidades.





Um vento forte e persistente causou estragos em várias tendas e numa habitação, atingida por um candeeiro, este domingo, em Mértola.
"É um vento muito forte que já causou estragos em várias estruturas", disse ao JN o comandante dos Bombeiros de Mértola, José Palma, referindo a presença de milhares de pessoas no festival.
"Não há feridos", disse José Palma. Temendo que o vendaval pudesse causar mais estragos e até danos pessoais, a organização deu o festival por encerrado, cerca das 15.30 horas deste domingo.
Bombeiros, GNR e funcionários municipais ajudaram a evacuar o centro histórico de Mértola, onde decorria a 9.ª edição do Festival Islâmico.
Ironicamente, o barco que faz passeios no Guadiana, batizado de "Vendaval", ficou em terra, impossibilitado de navegar nas águas agitadas do rio, devido ao forte vendaval que se faz sentir em Mértola e noutros locais do distrito.

Queda de árvores em Beja e fogo em Serpa
Em Beja, o vento forte também causou estragos. Segundo apurou o JN, há relatos de árvores caídas junto ao Seminário e ao Mercado Municipal. Não há registo de feridos.
Em Cruz da Cigana, na Serra de Serpa, o vento forte derrubou linhas de alta tensão, que causaram um incêndio.
O fogo foi combatido pelos Bombeiros de Mértola e de Serpa, tendo sido rapidamente dominado.


www.jn.pt
21
Mai17

VESTI-ME DE PRETO

António Garrochinho


Durante a sua primeira conferência de imprensa realizada no passado dia 17, em Escambron, Oscar López Rivera explicou por que se vestiu de preto no dia em que oficialmente foi libertado depois de 35 anos e 8 meses de prisão nos Estados Unidos.
Perguntado por que se vestia de negro e o dia da libertação, disse que durante os anos em que esteve na prisão, nunca pode usar luto quando entes queridos morreram.
Referiu que no dia da sua libertação se comemorou o Dia Internacional Contra a Homofobia e a Transfobia, e expressou a sua solidariedade para com essa comunidade.
Expressou ainda solidariedade com o Black Lives Matter (BLM) movimento internacional, oriundo da comunidade afro-americana, que luta contra a violência e o racismo sistémico contra os negros. O BLM realiza regularmente protestos contra a matança policial de pessoas negras e questões mais amplas de perfil racial, brutalidade policial e desigualdade racial no sistema de justiça criminal dos Estados Unidos.
Salientou que a sua mensagem era, e será de amor, não de ódio ou de medo.
Expressou solidariedade para com os presos políticos nas prisões dos EUA e a Ana Belén Montes, portorriquenha, que trabalhava nos serviços de informação dos EUA, que foi presa em 2001 e condenada no ano seguinte a 25 anos de prisão e mais 5 de liberdade vigiada por espionagem a favor de Cuba.
Enviou ainda a sua solidariedade aos estudantes da Universidade de Puerto Rico.
E concluiu:” Viva a luta por um mundo melhor e mais justo!”
No início de Fevereiro a administração norte-americana, por se aproximar a data da sua libertação, transferiu-o para uma cadeia no Porto Rico.
Mas a questão da independência desta colónia dos EUA marca passo na ONU há muito. Face a isto, em 2011, a Frente Socialista de Porto Rico denunciou “a criação de um grupo especial do FBI para perseguir e deter os lutadores políticos, classificando-os numa nova categoria de terroristas domésticos, a qual permite às agências repressivas federais dos Estados Unidos violarem os nossos direitos e utilizar todos os recursos para perseguir os independentistas”.
O Comité da ONU discutiu um projeto de resolução, apresentado pela Bolívia, Equador, Nicarágua e Venezuela. O projeto salientava a urgência em o governo norte-americano assumir a sua responsabilidade de propiciar um processo que permita aos porto-riquenhos exercer o seu direito inalienável à autodeterminação.
Porto Rico esteve sob colonização espanhola durante cerca de 400 anos. Em 1898, o exército dos EUA invadiu a ilha durante a chamada Guerra Hispano-Cubano-Americana e o território passou a ser colónia norte-americana. Desde então, os porto-riquenhos têm nacionalidade norte-americana. Desde 1952, Porto Rico tem o estatuto de Estado Livre Associado. Até aos dias de hoje, a sua população luta pela total desvinculação dos Estados Unidos, mesmo sofrendo a intimidação e a repressão.
O líder independentista foi preso e condenado pelo delito de sedição, pois era membro das Forças Armadas de Libertação Nacional (FALN). Também foi acusado pelo ataque à bombas ao famoso restaurante Fraunces Tavern, em Nova York. Porém Rivera negou sua participação nesse atentado e tem garantido que não tem sangue nas mãos. As penas a que foi condenado somavam 70 anos.
21
Mai17

Ministério Público considera legal a gravação com Temer

António Garrochinho

O juiz do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato, considerou no sábado que a gravação que alegadamente compromete o Presidente Michel Temer é legal, depois de uma avaliação técnica feita pela Procuradoria-Geral da República.

De acordo com órgãos de comunicação social brasileiros, o Ministério Público Federal divulgou no sábado um comunicado no qual informou que o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, enviou ao Supremo Tribunal Federal uma nota na qual defende a continuidade do inquérito aberto para investigar o Presidente Michel Temer.
Na mesma nota, a PGR informou que foi feita uma avaliação técnica à gravação, que concluiu que o registo é "audível, inteligível e apresenta uma sequência lógica e coerente, com características iniciais de confiabilidade".
O procurador acrescentou que "a referida gravação é harmónica e consentânea com o relato da colaboração de pelo menos quatro colaboradores, a saber Joesley Batista, Wesley Batista, Ricardo Saud e Florisvaldo Caetano de Oliveira", segundo a nota da PGR.
A investigação foi autorizada pelo juiz do Supremo Tribunal Federal, Luiz Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato, a pedido da PGR, com base nas delações dos empresários Joesley e Wesley Batista, donos da JBS, e do director da J&F Ricardo Saud.

Defesa analisada quarta-feira

O Presidente questionou no sábado, num discurso ao país, a autenticidade da gravação depois de a imprensa brasileira ter noticiado que as autoridades verificaram que houve “edição no áudio” da conversa que foi incluída nos autos.
No entanto, segundo o jornal Folha de São Paulo, a parte mais controversa do diálogo, em que alegadamente Temer dá aval a Batista para comprar o silêncio de Cunha, não sofreu modificações. Segundo o jornal O Globo, Edson Fachin decidiu levar ao plenário do Supremo a petição de defesa de Michel Temer, que pede a suspensão do inquérito aberto por suspeitas de corrupção, obstrução à justiça e organização criminosa. A defesa de Temer será analisada quarta-feira, 24 de Maio.
Em causa está uma gravação de uma conversa entre o empresário Joesley Batista, da empresa JBS, e o Presidente sobre o alegado pagamento de uma mesada [suborno mensal] ao ex-deputado Eduardo Cunha, condenado a 15 anos de prisão.
Nessa conversa, segundo os áudios divulgados, o Presidente terá recomendado ao empresário “manter” o pagamento de uma verba regular àquele dirigente do seu partido, que está acusado de vários crimes de corrupção.
Para o chefe de Estado, que assumiu o poder depois da destituição de Dilma Rousseff, a gravação “foi manipulada e adulterada com objectivos claramente subterrâneos” e foi “incluída no inquérito [judicial] sem a devida e adequada investigação”.
O Brasil está mergulhado há mais de dois anos numa crise política acentuada pelas contínuas suspeitas de corrupção que pendem sobre vários políticos, investigadas no quadro da Operação Lava Jato.
Pagamentos ilegais por parte de empresas como a JBS, a construtora Odebrecht ou a petrolífera Petrobras levaram ao afastamento de dezenas de políticos, atingindo, entre outros, o ex-presidente do Congresso (parlamento) Eduardo Cunha e o candidato presidencial derrotado Aécio Neves (direita).
O caso chegou esta semana à Presidência com a abertura de um processo no STF ao Presidente brasileiro e o pedido de novas eleições (directas ou via parlamento) está a ser subscrito agora por dirigentes da base aliada de Michel Temer. 


www.publico.pt
21
Mai17

MAIO 68

António Garrochinho
reaction0003-755421Até hoje, não se sabe direito o que causou os protestos de maio de 68 em Paris, nem quem começou o que. Quando perguntaram aos estudantes o que eles queriam, estes responderam: “TUDO!”. Então, podemos dizer apenas o que não era: não era um tomada do poder, não era um movimento de luta de classes, não era uma revolução. Talvez uma revolução poética… isso fica claro pelos várias pichações nos muros da Sorbonne (veja algumas frases aqui). Dentre elas, uma famosa, “Sejam realistas, exijam o impossível”.
No ano de 68, as coisas corriam bem na França, não havia uma crise real, nem desemprego, a economia andava em seu curso também. Ainda assim, estudantes e operários uniram-se para manifestarem-se, e isto tomou proporções alarmantes. Sob o governo do general De Gaule, havia um certo descontentamento no ar, eles recusavam algo, mas não havia palavras ainda para descrever esse mal-estar. Havia uma crítica radical ao modo de vida capitalista/consumista, uma demanda por algo maior que universidade/emprego/produtos/consumo/caixão. Eles começavam a pensar se não havia uma possibilidade de ir além, ser mais. O movimento questionou a total fusão do indivíduo com a sociedade, a perda da subjetividade (transformada em comercial de refrigerante). O homem havia se tornado “unidimensional”, vivia para trabalhar e trabalhava para comprar.
No dia 22 de março, os alunos de Nanterre, prima pobre da Sorbonne localizada nos arredores de Paris, tomaram a universidade em um ato de protesto. O começo da revolta estudantil pode ser dada nesta hora e neste local. Os alunos tinham suas críticas (que sempre eram menores que o movimento como um todo, porque a pontualidade mata o espírito geral), o atraso dos ensinos na universidade, a educação, crítica ao modelo de ensino autoritário, formação alienada. Os alunos tinham dormitórios separados em femininos e masculinos, o que para eles, em pleno séc. XX, era um absurdo do conservadorismo.
De Nanterre, o protesto passou para a Sorbonne. Quando o reitor chama a polícia para proteger a universidade (algo que nunca acontecia), ocorre então o confronto no arredores da Sorbonne, Quartier Latin. No dia 5 de maio, 10 mil estudantes entram em conflito com a polícia. Mas em 10 de maio a revolta se intensificou, o Quartier Latin é tomado por barricadas, carros queimados, paus e pedras pelo chão. Vinte mil estudantes entram em um conflito sério com as autoridades, a violência é grande e muitos saem feridos. Balas de borracha, granadas e gás lacrimogêneo. Enquanto os policiais vinham com cassetetes, os estudantes respondiam arrancando as pedras das calçadas e jogando como resposta. Esta foi o maior conflito e ficou conhecido como “noite das barricadas”. A polícia ocupou a Sorbonne por uma semana, enquanto isso, as manifestações continuavam
Os operários, até então em um movimento separado, convocam uma greve de um dia por todo o país. O espírito trabalhista estava forte depois de uma manifestação ao 1º de maio, dia do trabalhador, e eles exigiam melhores condições trabalhistas, melhores salários e menor tempo de trabalho. No dia 13 de maio a Sorbonne é reaberta e ocupada pelos estudantes. A opinião pública não consegue entender como um movimento tão grande pode acontecer sem líderes responsáveis pelos acontecimentos. Da mesma forma, trabalhadores em todo o país começam a ocupar as fábricas. Acontece uma greve geral. Estudantes e trabalhadores começam a fazer contato, conversando e declarando apoio mútuo.
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No dia 20, a crise atinge seu auge. O país está paralisado. Não há metrô nem ônibus, as linhas de telefone não funcionam, assim como outros serviços elétricos; as indústrias estão paralisadas, ocupadas pelos trabalhadores. São ao todo 6 milhões de grevistas ocupando 300 fábricas. Outros também tomam o porto de Marselha.
Na Sorbonne ocupada pelos estudantes reina uma anarquia harmoniosa, como uma colmeia ou formigueiro sem líderes mas em pleno funcionamento organizado. Através da representação direta, milhares de estudantes se encontram em galerias e teatros para discutir os mais variados assuntos: a ocupação, sexualidade, educação, política, trabalho, meios de comunicação. A auto-gestão é colocada em prática, e comprova-se válida. Não há um espírito de liderança, mas todos querem fazer algo, muitos aprenderam em uma semana mais do que a vida toda. A espontaneidade, a criatividade e a ação se sobrepõe ao desencantado modelo representativo; parte desta nova organização se reflete nas próprias paredes da universidades onde são escritas frases artísticas e provocadoras: anárquicas, poéticas, críticas e criativas. Não se trata de um modelo de esquerda ou de direita, o que os estudantes buscavam era um novo formato. Um questionamento constante à autoridade, a intenção era dissolver a instituição vertical, construir de baixo para cima, colocar para fora o poder.
Aos poucos o movimento começa a ceder. A CGT (Confederação Geral do Trabalho) consegue fechar acordos com o governo e o patronato para melhores condições trabalhistas, isto diminui os ânimos no movimento operário. Neste ponto, os sindicatos de esquerda agiram claramente contra a revolta. No dia 30 de maio, o general De Gaule dissolve a assembleia nacional e convoca eleições ao mesmo tempo que movimentos pró-gaulistas (muitos provavelmente assustados com os acontecimentos) começam a manifestar-se. No dia 16 de julho a polícia retoma a Sorbonne e expulsa estudantes estrangeiros envolvidos no ato. O movimento perde força até que finalmente cede em 21 de junho. As eleições antecipadas deram larga vitória aos gaulistas.
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21
Mai17

Os insubmissos

António Garrochinho
LUTAS ESTUDANTIS. A Universidade do Porto mostra documentos das lutas dos estudantes entre 1968 e 1974. Na imagem, manifestação estudantil atual.


Passam em bandos, e não parecem pardais. Andam à solta, e não respiram liberdade. Gritam a plenos pulmões, e as vozes parecem agrilhoadas. Passeiam-se vestidos de negro, e a negritude dos olhares e das atitudes deixam manchas pela cidade. Por estes dias, o mais difícil é não tropeçar naquelas ruidosas hordas de jovens arregimentados para a chamada praxe universitária, esse exercício público de humilhação, de culto da hierarquia, de negação de qualquer noção de liberdade e igualdade, de ausência de fraternidade, de glorificação dos mais reacionários dos valores de uma sociedade, materializados na ideia da moca em madeira a encabeçar muitas destas peregrinações.
Os jovens caloiros, conscientes ou não desse facto, protagonizam a submissão consentida. Na adaptação de uma pergunta colocada em tempos pelo sociólogo e filósofo francês Pierre Bourdieu – “O que faz os dominados obedecerem?” - seria interessante perceber as razões mais profundas desta sujeição cega, mas simbolicamente representativa do estado de desistência e acomodação a que chegaram importantes setores da sociedade portuguesa.
A circunstância de as praxes, tal como são praticadas, terem encontrado terreno fértil à propagação, é um sintoma. Tal como o era, em sentido contrário, a absoluta rejeição por parte do movimento estudantil nos anos de 1960 e 1970, de um conjunto de práticas que em si mesmas constituem a negação da democracia.
É paradoxal constatar como entre importantes núcleos de estudantes universitários criados e a viverem numa sociedade democrática, vigora uma inquietante ausência de cultura e valores democráticos, por outro lado muito presentes nos gestos, nas atitudes, no posicionamento dos estudantes que, não obstante – ou por isso mesmo – viverem em ditadura, reclamavam para o seu dia a dia e para as relações interpessoais, todo um conjunto de pressupostos assentes no respeito pela democracia e pela dignidade humana.
Nas praxes, os caloiros protagonizam a submissão consentida
Nas praxes, os caloiros protagonizam a submissão consentida

Basta passar pelo Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto – Polo das Indústrias Criativas, à Praça Coronel Pacheco, para perceber esta abissal diferença de mundos. A exposição documental “Movimento Estudantil na Universidade do Porto 1968-1974” constitui um retrato das preocupações, dos anseios, das lutas, da coragem, da entrega dos estudantes a causas. Poderiam ser radicadas em questões estudantis, poderiam ter inspiração política num sentido mais lato, poderiam decorrer de preocupações sociais. Mas eram causas. Eram dinâmicas de grupo assentes da consciência do papel e da importância dos estudantes na sociedade. Mesmo se, naquele tempo, a Universidade era frequentada por uma elite que estava longe de representar as camadas mais desfavorecidas da população.
A mostra, no essencial construída a partir do arquivo pessoal “Ephemera”, de José Pacheco Pereira, ao mostrar os panfletos, os cartazes, os comunicados, os jornais então distribuídos clandestinamente, revela como, num primeiro momento, a luta estudantil se centrava na legalização das Associações de Estudantes, no reconhecimento do Dia do Estudante e contra a repressão.
Quem tenha vivido aqueles tempos não pode deixar de recordar os memoráveis plenários e assembleias realizados nas escadarias do antigo edifício da Faculdade de Ciências, atual Reitoria da Universidade, quase sempre abruptamente concluídos com a chegada da polícia e as perseguições e cargas policiais na zona da Praça dos Leões. Era uma repressão continuada, que se agravou à medida que se aproximava o fim do regime.
Embora à entrada da exposição ganhe protagonismo um cartaz não assinado, mas com impressão digital deixada pela frase que o preenche – “Por um ensino ao serviço do Povo” – o acompanhamento cronológico das movimentações estudantis permite perceber que, no plano político, e numa primeira fase, só o PCP conseguia ter estruturas a trabalhar nas universidades o enquadramento dos estudantes. Pode mesmo ver-se o primeiro comunicado da União dos Estudantes Comunistas, através do qual a UEC, surgida de uma reorganização dos movimentos juvenis ligados ao PCP, faz a sua apresentação.
O célebre “peço a palavra” de Alberto Martins em Coimbra, frente a Américo Tomás, desencadeou a crise de 1969, com reflexos em toda a academia protuguesa
O célebre “peço a palavra” de Alberto Martins em Coimbra, frente a Américo Tomás, desencadeou a crise de 1969, com reflexos em toda a academia portuguesa

“Por um ensino ao serviço do Povo” é a expressão mais tardia de algo que entretanto acontecera nas universidades portuguesas, e em particular no Porto, em resultado do terramoto político e social desencadeado pelo maio de 1968 em França. Os temas centrais da luta são já a guerra colonial, a democracia, o projeto de sociedade (socialista, comunista), a qualidade e a forma do ensino, e o combate contra a ditadura.
O lema daquele cartaz reflete a intensa divisão em grupos e tendências ocorrida no movimento estudantil. A UEC e a sua proposta de unidade passa a ter a concorrência da UEC (ML), organização estudantil do PCP (ML), que centra a sua atividade à volta daquela sigla, mas também “O Grito do Povo”, mais tarde OCMLP, onde pontificavam Pacheco Pereira e Pedro Baptista, ou ainda pequenos núcleos de anarquistas e trotsquistas sem grande expressão, tal como o MRPP, uma quase inexistência no Porto, ao contrário do que sucedia na academia de Lisboa.
Dividiam-se, discutiam entre eles, às vezes por meios pouco pacíficos, acusavam-se mutuamente das maiores enormidades, mas como pano de fundo estava sempre algo inquestionável: resistiam, combatiam todas as atividades inspiradas pela ditadura, incluindo a praxe, sem qualquer tradição no Porto, não desistiam, questionavam a ordem estabelecida. Não vergavam. Não caminhavam de cabeça baixa. Não se deixavam arrebanhar de forma acrítica. Não se deixavam domar por supostas autoridades hierárquicas. Estudantis ou não. Eram os insubmissos.

expresso.sapo.pt
21
Mai17

Estórias de bandidos

António Garrochinho


Em toda a história, o mundo pôde testemunhar a ação de criminosos cruéis, que matavam, roubavam e destruíam sem qualquer pudor. Apesar da vida fora da lei e da fama de vilão que esses caras sempre tiveram, muitos deles conseguiram se destacar graças a uma certa simpatia que conseguiram frente às pessoas mais humildes de suas épocas. Aliás, muitos foram os bandidos que tiveram suas histórias contadas em livros e mesmo transformadas em tramas do cinema.
Conheça, na lista que preparamos, alguns desses contraventores que ficaram mundialmente conhecidos devido aos seus crimes e que acabaram marcando seus nomes na história:

Barrabás


2
Todo o mundo sabe que esse foi o ladrão liberado da crucificação para dar lugar a Jesus. Acontece, no entanto, que a história desse criminoso, antes dessa passagem bíblica, é conhecida por pouca gente. Para começar, seu nome, em aramaico, quer dizer “filho do pai” ou “filho do professor”. Há quem acredite que o pai de Barrabás era um líder judeu.
Alguns estudioso acreditam que sua condenação, na época de Jesus, aconteceu por ter participado de um assassinato durante uma revolta contra o domínio romano em Israel. Conforme essa versão da história, o homem seria, na verdade, um revolucionário e não um bandido. Mas, tudo o que se sabe sobre Barrabás termina por aí, uma vez que ninguém sabe o que acontece com ele depois de ter escapado da crucificação.

Butch Cassidy & Sundance Kid

4
Apesar da versão quase romântica contada no cinema (1969), esses bandidos formaram a dupla de assaltantes mais popular do Velho Oeste, no final do século 19. Mesmo diante dos inúmeros crimes que cometiam, a verdade era que Butch e Sundance eram adorados pela população menos abastada dessa parte dos Estados Unidos.
Depois de muitos assaltos a bancos, fazendas e trens, eles acabaram fugiram para a América do Sul, onde continuaram a “carreira” no crime. Ninguém sabe ao certo como a dupla morreu, mas a versão oficial diz que eles foram surpreendidos pela polícia e acabaram sendo fuzilados num vilarejo da Bolívia, em 1909.

Lampião

5
Virgulino Ferreira da Silva, ou simplesmente o Rei do Cangaço, foi – durante seu tempo de atuação – o maior inimigo da polícia nordestina. Ele começou a virar notícia em 1920, quando deu início em sua “carreira” fora da lei para vingar a morte do pai. A partir de então ele foi o terror daquela parte do Brasil, roubando, cobrando tributos de latifundiários e assassinando por encomenda ou vingança. O homem chegou até a ser anunciado, por Padre Cícero (outra figura icônica no Nordeste), como “enviado de Deus”.
Mas a vida de Lampião não foi poupada pela fama de abençoado. Isso porque, em 1938, depois de 18 anos no crime, ele e sua trupe caíram em uma emboscada na Grota do Angico, interior de Sergipe. Eles tiveram as cabeças decepadas e expostas em praça pública.

Al Capone

1

Alphonse Capone (1899-1947) foi o mais famoso gângster americano e dominou o crime organizado na cidade de Chicago por muito tempo. Ele atuava na época da Lei Seca e era o grande responsável pelo mercado negro de bebidas, ramo que o fez encomendar o assassinato de muita gente.
Aliás, o cara já não indicava ser muito confiável desde a sexta série, quando largou a escola no Brooklyn para se juntar aos delinquentes do bairro. Nessa época, aliás, foi quando ele conseguiu sua famosa marca no rosto, em uma briga de rua. Foi essa cicatriz que lhe rendeu o apelido de Scarface (Cara de Cicatriz).
Depois que sua trajetória no crime estava consagrada, Al Capone ainda se envolveu com jogo e prostituição, o que rendeu a ele – aos 28 anos – uma fortuna calculada em 100 milhões de dólares. Mas um agente federal, chamado Eliott Ness, pôs fim à carreira de Al, que acabou preso por evasão fiscal.

Madame Satã

6
João Francisco dos Santos era um pernambucano destemido, apelidado de Madame Satã, até porque era uma homossexual assumido. Ele foi um dos mais célebres bandidos que o Rio de Janeiro já conheceu, além de um perito na navalha. O cara, aliás, adorava bater em policiais. Talvez seja por isso que ele passou 27 anos de sua existência mofando na cadeia.
Apesar de ter sido um bandido de carteirinha, ele era considerado um sedutor, característica que o tronou amigo de gente famosa, como os cantores Noel Rosa e Francisco Alves. Mesmo com tanta popularidade entre os famosos da época, Madame Satã se vangloriava de ter matado, com uma rasteira, um dos maiores sambistas brasileiros, Geraldo Pereira.


www.fatosdesconhecidos.com.br
21
Mai17

BLANCA CANALES

António Garrochinho

SABIA QUE.....
Blanca Canales (1906 - 1996) foi uma guerrilheira nacionalista de Puerto Rico que ajudou a organizar as "Filhas da Liberdade", ramo do Partido Nacionalista porto-riquenho das mulheres.
Ela foi uma das poucas mulheres na história quer liderou uma revolta contra os Estados Unidos conhecida como a Revolta de Jayuya.
Em 1948, ela liderou uma revolta contra um projeto de lei conhecido como o Gag Bill, ou Lei 53, que foi introduzido e que tornava crime imprimir, publicar, vender ou exibir qualquer material destinado a paralisar ou destruir o governo insular”
Foto de António Garrochinho.


21
Mai17

AS REVOLTAS CONTRA A DITADURA e as PREPOTÊNCIAS DEMOCRÁTICAS ACTUAIS

António Garrochinho


A campanha eleitoral do general Humberto Delgado



Ao contrário do que muitos pensam, durante a Ditadura lutou-se muito mais do que actualmente nesta Democracia que conduziu o País à ruína é à bancarrota. Apesar da violência empregue  pelas forças da ordem de Salazar e Caetano e das dezenas de mortos caídos pela causa da Liberdade, a população militar e civil esteve sempre activa com o objectivo de derrubar o regime. Revoluções, intentonas, pronunciamentos, manifestações e greves gerais saíram inúmeras vezes à rua a morder os calcanhares ao regime autocrático. Sem medo. Os portugueses nunca foram, como escreveu o mundano Eça de Paris, Londres e Viena que mal conheceu o seu País e viveu amargurado por ser filho bastardo, um povo com cangas ao pescoço. Só no século passado, a população agitou-se contra a opressão em condições particularmente difíceis por dezenas de ocasiões. 
Deixo aqui uma breve resenha de apenas algumas (há muitas mais) das iniciativas revolucionárias desde 1928 para desfazer esse mito urbano que os portugueses são dóceis e manipuláveis. Nada disso. Nas alturas próprias eles marcharam até contra os próprios canhões. 
E agora por que não sai esse mesmo Povo à rua, a não ser em "marchas" devidamente autorizadas pelas autarquias e vigiados e enquadrados pela Polícia? Eu sei qual é a razão mas fica para outra oportunidade...
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Prisões de 5 de Junho de 1928: Polícia política detecta e desarticula nova revolta do reviralho. Várias prisões; Revolução do Castelo (20 a 27 de Julho de 1928 ); 
Revolta do batalhão de Caçadores 7 do Castelo se S. Jorge em Lisboa, sob o comando do capitão João Augusto Gonçalves, apoiado por Jacinto Simões e Agatão Lança. O comando pertence ainda ao reviralho, visando repor a situação derrubada pelo 28 de Maio de 1926, sendo activa na conspiração a chamada Liga de Paris. O inspirador parece ter sido o antigo ministro da guerra, coronel José de Mascarenhas. Jugula a revolta o coronel Farinha Beirão, em Lisboa, e o major Lopes Mateus em Viseu. Há também levantamentos conjugados em Pinhel, Setúbal, Castelo Branco, Guarda, Entroncamento e Barreiro. Estava para ser lançada uma proclamação assinada por José Mascarenhas, Filémon de Almeida e Sarmento Beires. Outros implicados são Maia Pinto, Aquilino Ribeiro, Neves Anacleto, António Gomes Mota, Amâncio Alpoim e o capitão Carlos Vilhena. 7 mortos, 20 feridos e 240 prisões. Governo emite Decreto nº 15 790, em 27 de Julho, sancionando os implicados. Em 31 de Julho cria uma Intendência Geral de Segurança Pública, integrando a GNR, a Polícia de Segurança Pública, a polícia internacional e a polícia de informações. Para o comando é nomeado em 22 de Agosto o coronel Fernando Mouzinho de Albuquerque;
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Intentona de Outubro de 1929: Em notas oficiosas de 4 e 11 de Outubro, o governo anuncia a prisão de vários militares e civis que estariam implicados em mais uma movimentação revoltosa de cariz reviralhista; 
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Intentona de 21 de Junho de 1930: Vaga de prisões a 17 de Junho: Sá Cardoso, Helder Ribeiro, Augusto Casimiro, Rego Chaves, Ribeiro de Carvalho, Carlos Vilhena, Maia Pinto, Correia de Matos, Pinto Garcia, João Soares, Moura Pinto, Tavares de Carvalho, Carneiro Franco, Raúl Madeira e Francisco Cunha Leal. Estava prevista movimentação revoltosa a 21 de Junho. Várias deportações para os Açores de alguns dos implicados no processo.
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Manifestações de Fevereiro de 1931: A chamada revolta da farinha, dado que o governo decidira suspender a importação de farinha, aumentando o preço do pão, o que serviu de pretexto para uma revolta que dura de 5 a 11 de Fevereiro de 1931. Estruturas anarco-sindicalistas e comunistas organizam greves e manifestações em 25 de Fevereiro de 1931 em várias localidades. Exigem liberdade sindical e medidas de combate ao desemprego.
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Revolta da Madeira  (1931): Nova revolta comandada  pelo General Sousa Dias, desencadeada no Funchal na madrugada de 4 de Abril de 1931. Estava para se seguida no Continente, mas apenas se estendeu aos Açores e á Guiné. Apoiam-no o coronéis Fernando Freiria e José Mendes dos Reis, bem como o tenente Manuel Ferreira Camões. O chefe civil é o antigo ministro Pestana Júnior. Outros revoltosos são Carlos Vilhena, Sílvio Pélico. Defende-se um governo republicano que restaure as liberdades públicas e regresse à ordem constitucional. Encontravam-se na ilha vários deportados políticos, nomeadamente os líderes do 7 de Fevereiro de 1927. Segue-se a adesão de várias ilhas dos Açores ao movimento desencadeado na Madeira. Liderada pelo comandante Maia Rebelo, com o capitão de mar e guerra João Manuel de Carvalho, do sidonista Lobo Pimental e do major Armando Pires Falcão, pai de Vera Lagoa. Ingleses, norte--americanos e brasileiros decidem criar uma zona neutral nalguns hotéis do Funchal. Os oposicionistas no exílio, sob a liderança da chamada Liga de Paris, chegam a falar na constituição de uma República da Atlântida. O governo da Ditadura Nacional envia uma expedição que começa por controlar os revoltosos açorianos. O ministro da marinha Magalhães Correia comanda a expedição à Madeira e desembarca no Caniçal. Segue-se a conquista do Machico por uma força comandada pelo capitão Jaime Botelho Moniz, isolando-se o Funchal. O levantamento chega ao fim em 2 de Maio.  Em 19 de Maio a polícia encerra o Grémio Lusitano, sede do Grande Oriente Lusitano.
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Revolta dos aviadores de Alverca  26 DE aGOSTO DE 1931: Revolta militar em Lisboa que dura cerca de 9 horas. A partir dos Caçadores 7.  Quatro dezenas de mortos. Entre os líderes da revolta o tenente-coronel Utra Machado, o major-aviador Sarmento Beires, Dias Antunes, Helder Ribeiro e Agatão Lança. Participam vários aviadores. Revolta jugulada pelo governador militar de Lisboa, brigadeiro Daniel de Sousa, logo promovido a general, sendo relevante a acção do general Farinha Beirão da GNR. Em defesa do regime, destacam-se David Neto, Mário Pessoa Costa e Jorge Botelho Moniz. Os chefes da revolta são deportados para Timor. A revolta estava para ser desencadeada ao mesmo tempo que a da Madeira. Ligações ao Grupo de Buda e à Liga de Paris, com algumas relações com socialistas espanhóis.
Revolta de Bragança  - 27 para 28 de Outubro de 1933: Amotinação militar ocorrida em Bragança. Preparada outra para 20-21 de Novembro, sendo detido Sarmento Beires.
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Greve Geral  18 de Janeiro de 1934: Greve geral contra a criação de sindicatos nacionais, que teve especial incidência na Marinha Grande, mas que se manifestou também em Almada, Barreiro e Silves. No Poço do Bispo em Lisboa, há rebentamento de bombas. Há corte de circulação de comboios em Xabregas. A central eléctrica de Coimbra é ocupada. Conjugada com uma insurreição militar, organizada por um comité revolucionário político, liderado por Sarmento Beires. Instala-se na Marinha Grande um soviete que poucas horas dura. Os líderes da revolta são conduzidos para um campo de concentração criado na foz do Cunene, no sul de Angola, logo no dia 20. A revolta marca o fim da influência dominante do anarco-sindicalismo nas movimentações operárias portuguesas que, a partir de então passa a receber a coordenação revolucionária do PCP.  Com efeito, o remanescente aparelho da CGT vai ser desmantelado pela polícia política do Estado Novo, constituindo o movimento o último estertor do ancien régime sindical.
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Revolta dos generais do 28 de Maio (Abril de 1934): O ministro da guerra Luís Alberto de Oliveira, juntamente com Farinha Beirão, então comandante da GNR, João de Almeida, Vicente de Freitas e Schiappa de Azevedo pressionam Carmona no sentido da demissão de Salazar. O ministro da guerra, no dia 15 de Abril, numa festa realizada no Regimento dos Caçadores 5, discursa perante Carmona, declarando que o presidente era a única fonte do poder e somente com ele o Exército iria para bem da nação. No dia seguinte, Salazar pressiona-o no sentido da demissão, que apresente ao presidente da república. Este que cobrira o discurso como solidariedade passiva, ao não demitir Salazar, fica dele dependente.
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Atentado anarquista contra Salazar  4 de Julho de 1937
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Conspiração da Shell (1942): Organização secreta de inspiração britânica que pretendia a criação de um rede de anglófilos, ligada a quadros da companhia Shell e aos serviços ingleses de propaganda. Visava enfrentar uma eventual invasão alemã. Entre os detidos, Cândido dos Reis, fundador de A Bola, e o médico oposicionista de Coimbra, Ferreira da Costa, que estiveram no Tarrafal. A conspiração foi desmantelada pela polícia política em finais de Março de 1942 e Salazar protestou junto do embaixador britânico que considerou a estrutura limitada e modesta. A embaixada alemã espalhou o boato da mesma visar derrubar Salazar facilitando o desembarque dos aliados nos Açores.
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Manifestação pró-aliados em Lisboa-8 de Maio de 1945: No dia da capitulação da Alemanha, com discurso de Salazar na Assembleia Nacional, grande manifestação em Lisboa pela vitória dos Aliados, de que aproveitaram os oposicionistas. Uma greve estudantila acompanha o processo das manifestações. No dia 19, há uma manifestação de apoio a Salazar e a Carmona no Terreiro do Paço.
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Revolta abortada de Norton de Matos em Agosto de 1945: Conspiração a ser liderada por Norton de Matos, com João Soares, o brigadeiro Miguel dos Santos, Teófilo Carvalho Santos e José António Cardoso Vilhena.
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Revolta da Mealhada - 11 de Outubro de 1946: Revolta organizada por um grupo de oficiais milicianos a partir do Porto. A coluna marcha até à Mealhada onde é detida. Comanda a revolta o tenente Fernando Queiroga, participando, entre outros, Fernando Pacheco de Amorim. Descrição do processo em Fernando Queiroga, Portugal Oprimido, Rio de Janeiro, germinal, 1958. O julgamento ocorre em Março de 1947, sendo defensores dos revoltosos Ramada Curto, Vasco da Gama Fernandes, Adelino da Palma Carlos e Abranches Ferrão. A revolta estaria para ser acompanhada por um levantamento em Tomar e teria a coordenação de Mendes Cabeçadas.
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Revolta da Junta de Libertação Nacional 1947: Movimento encabeçado por Mendes Cabeçadas, com a participação de João Soares. Participam o general Marques Godinho e Palma Inácio. A revolta foi duramente reprimida por Santos Costa. Dão-lhe o nome de Abrilada. Visa-se a criação de uma Junta Militar de Libertação Nacional, presidida por Mendes Cabeçadas, ao que parece com o apoio de Carmona. O secretário-geral da Junta é Celestino Soares. Estão também implicados os brigadeiros Corregedor Martins, Vasco de Carvalho e António Maia, os coronéis Celso de Magalhães, Carlos Afonso Santosm Luís Gonzaga Tadeu, bem como os civis Ernesto Carneiro Franco, Duarte Furtado Castanheira Lobo e Francisco Correia Santos. No decorrer do processo Palma Inácio sabota aviões na base de Sintra. Em 14 de Junho, nota oficiosa do governo revela que no anterior conselho de ministros do dia 1 foram demitidos vários oficiais e professores universitários, por estarem implicados no movimento revolucionário abortado. Entretanto em 24 de Dezembro morre no hospital da Estrela o general Godinho, detido na Trafaria. O advogado da viúva, Adriano Moreira, depois de apresentar uma queixa na Polícia Judiciária contra Santos Costa acaba também por ser detido.
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Campanha eleitoral de Norton de Matos 1949: Realizam-se dois grandes comícios. No dia 23 de Janeiro de 1949 no Porto, com cerca de 100 000 pessoas. Em 10 de Fevereiro em Lisboa.
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Morte de Militão Ribeiro 2 de Janeiro de 1950: Depois de preso em Março de 1949, Militão Ribeiro morre em 2 de Janeiro de 1950 na Penitenciária de Lisboa, depois de fazer uma greve da fome. Nesse mês morrem também na cadeia outros militantes comunistas como José Martins e José Moreira. Em 4 de Junho será morto em Alpiarça o comunista Alfredo Dias Lima que organizava uma greve.
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Explosão de Braço de Prata 1953 - Em 24 de Novembro de 1953, deu-se uma explosão na fábrica de material de guerra em Braço de Prata, com 12 mortos e duzentos feridos.
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Morte de Catarina Eufémia: Em 19 de Maio de 1954, morte da militante comunista Catarina Eufémia no Baleizão pela GNR.
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Incidentes em Lisboa - 5 de Outubro de 1958 - Incidentes em Lisboa junto à estátua de António José de Almeida. Polícia ataca manifestantes com gás lacrimogéneo.
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Revolta da Sé 1959  - Para 11 de Março de 1959 estava prevista uma revolta contra o regime salazarista, liderada por Manuel Serra e pelo major Calafate, em torno de um Movimento Militar Independente, onde também terá participado o capitão Vasco Gonçalves, sob a protecção de Delgado. Outro dos conspiradores foi o crónico capitão Carlos Vilhena. Participariam também o major Pastor Fernandes e o capitão Almeida Santos, oficial de ligação a Craveiro Lopes. A revolta foi planeada em 18 de Dezembro de 1958 e estava para deflagrar logo em 28 de Dezembro. Será a primeira vez que sectores católicos actuam numa conspiração. Manuel Serra será a partir de então qualificado como o Manecas das intentas. Com efeito, a revolta abortada deu origem a uma série de intentonas. As reuniões conspiratórias ocorriam na Sé de Lisboa, com a condecendência do pároco, o padre Perestrelo de Vasconcelos. Depois de julgados e presos, os implicados são repartidos por Caxias, Aljube, Trafaria e Elvas. Desta última prisão acabam por evadir-se o capitão Almeida Santos e o médico miliciano Jean-Jacques Valente, com o apoio do cabo Gil da guarda nacional republicana. As circunstâncias da fuga levarão ao assassinato de Almeida Santos, dando origem ao romance de José Cardoso Pires, A Balada da Praia dos Cães, donde foi extraído um célebre filme.
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Greve de Aljustrel. 1960 - Em Abril de 1960 assinala-se uma greve em Aljustrel com ocupação das minas e da sede do sindicato. Cerca de uma centena de detidos.
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Desvio de avião da TAP - O oposicionista Palma Inácio desvia um avião da TAP que fazia a carreira Casablanca-Lisboa, em 10 de Novembro de 1961. Sobrevoando a capital portuguesa, lança panfletos assinados por Galvão e Delgado em nome da DRIL.
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Morte de José Dias Coelho (1961) - O militante comunista José Dias Coelho é morto por agentes da PIDE em Alcântara, no dia 16 de Novembro de 1961. Segundo a versão dos comunistas trata-se de um assassínio. Segundo a polícia política, mero acidente.
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Assalto ao quartel de Beja  1 de Janeiro de 1962 - Na noite da passagem do ano foi assaltado o quartel de Infantaria 3 em Beja. A revolta foi comandada pelo capitão Varela Gomes. Morto, durante os acontecimentos o tenente-coronel Jaime Filipe da Fonseca, então sub-secretário de Estado do exército. Outro dos organizadores foi o civil Manuel Serra, participando o major Francisco Vasconcelos Pestana, filho do antigo ministro da I República, Pestana Júnior, o capitão Pedroso Marques e o tenente Brissos de Carvalho, bem como o civil Fernando Piteira Santos. Depois de um tiroteio com o major Calapez, comandante do quartel que consegue evadir-se e avisar as autoridades, Varela Gomes é gravemente ferido. Entretanto, Humberto Delgado entra clandestinamente em Portugal, chega a dormir em Lisboa numa pensão, e vai para Beja na companhia de Adolfo Ayala, verifica o fracasso e volta ao exílio, onde denuncia a ineficácia da polícia política face aos disfarces que apresentou.
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Revolta estudantil  1962 - Em 6 de Abril de 1962 começa uma greve estudantil em Lisboa. Os incidentes desenrolam-se ao longo de todo o ano, insurgindo-se contra o ministro da educação Lopes de Almeida. Logo em 9 de Março realiza-se em Coimbra o I Encontro Nacional de Estudantes, apesar de proibido, criando-se o Secretariado Nacional dos Estudantes Portugueses. O Dia do Estudante, marcado para 24 de Março, é proibido no dia 21 pelo ministro da educação. O processo estende-se a Coimbra. Com efeito, face à proibição as Academias de Lisboa e de Coimbra decretam luto académico. As autoridades, tentando a conciliação, autorizam que o dia do estudante se comemore nos dias 7 e 8 de Abril, mas no dia 5 surge nova proibição da comemoração, levando à demissão do próprio reitor da Universidade de Lisboa, Marcello Caetano. Era o mais importante movimento de subversão estudantil depois das greves de 1927 e de 1930. Seguem-se incidentes no 1º de Maio e greves no Ribatejo e no Alentejo. Em 10 e 11 de Maio a polícia assalta a sede da Associação Académica de Coimbra, seguindo-se novo luto académico, decretando-se a greve aos exames. Por seu lado, em Lisboa, estudantes, acompanhados por alguns professores, decidem ocupar as instalações da cantina universitária, com nova intervenção policial. Há uma concentração insurreccional no Instituto Superior Técnico em 25 de Novembro, contra do decreto nº 44 632 de 15 de Outubro que condiciona a eleição das associações de estudantes. Entre os líderes da revolta, destaca-se o estudante de direito, Jorge Sampaio, futuro presidente da República, bem como Medeiros Ferreira, secretário-geral da Reunião Inter-Associações e Eurico Figueiredo, líder do Secretariado Nacional dos Estudantes Portugueses. 47 professores de Lisboa apoiam formalmente os estudantes em carta ao Presidente da República. Marcello Caetano, então reitor da Universidade de Lisboa, demite-se. Magalhães Godinho é então demitido de professor do ISCSPU pelo governo. Lopes de Almeida é substituído por Inocêncio Galvão Teles e Paulo Cunha sucede a Marcello Caetano. Os líderes estudantis de então decidem pela criação de um Movimento de Acção Revolucionária, onde dominam socialistas e católicos progressistas.
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Incidentes em Aljustrel 1962 - Em 30 de Abril de 1962, incidentes em Aljustrel: dois mortos e quatro feridos.
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Incidentes na Baixa de Lisboa 1962 - Em 8 de Maio de 1962, incidentes na Baixa de Lisboa. Um morto e quatro feridos. No final do mês, bombas no ministério das corporações e no Secretariado Nacional de Informação.
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Incidentes em Maio de 1963 - Incidentes em Lisboa no dia 1 de Maio de 1963. Um morto.
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Assassinato de Humberto Delgado (1965) - Brigada da PIDE assassina Humberto Delgado em 13 de Fevereiro de 1965. O tiro fatal foi disparado pelo agente Casimiro Monteiro. A brigada era chefiada por Rosa Casaco. Henrique Cerqueira, em Rabat, dá alarme àcerca do desaparecimento do general. Os cadáveres do general e da secretária apenas são descobertos no dia 24 de Abril.
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Bombas da FAP (1965) - GAPs (Grupos de Acção Popular), ligados à FAP lançam bomba contra instalações da Polícia. Em 26 de Novembro a FAP assassina num pinhal em Belas um tal Mateus considerado como um agente infiltrado. No mês de Outubro a PIDE havia prendido Pulido Valente.
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Assalto ao Banco de Portugal (1967) - Uma brigada oposicionista, em 17 de Maio de 1967, liderada por Palma Inácio assalta a agência do Banco de Portugal na Figueira da Foz, desviando 29 mil contos. A partir destes fundos será criada a LUAR.
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Revolta estudantil de Coimbra (1969) - Incidentes desencadeados a partir de 17 de Abril de 1969. Marcello Caetano está ausente do país. Américo Tomás, acompanhado pelo ministro da educação José Hermano Saraiva vão a Coimbra inaugurar o novo edifício universitário das Matemáticas. A recém eleita direcção da Associação Académica de Coimbra, através dos seu presidente, pede para falar na cerimónia, Tomás recusa. Foi o rastilho para o movimento acirrado pelas prisões feitas pela polícia dos dirigentes estudantis. Até Outubro a cidade de Coimbra vai viver em estado generalizado de desobediência cívica, não sendo suficientes as medidas repressivas, dado que estas serviram para reforçar a unidadeestudantil e do domínio da esquerda. No dia 2 de Junho começa a greve aos exames, apenas desmobilizada em Setembro. Cerca de 49 estudantes são compulsivamente integrados no serviço militar, não se concedendo o adiamento da incorporação. Em 11 de Abril de 1970, tudo parece terminar quando uma comissão de estudantes, com Alberto Martins à frente vem a Lisboa pedir benevolência a Américo Tomás, na presença do ministro da justiça, Mário Júlio de Almeida Costa, com discursos do reitor, Gouveia Monteiro, e de Teixeira Ribeiro, numa manobra que contou com a ajuda de Sebastião Cruz e Mota Pinto.
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Bomba no navio Cunene - Em 30 de Outubro de 1970, a primeira acção armada da ARA, braço armado do PCP. Nova acção ocorre em 25 de Novembro. Bomba em Tancos em 7 de Março de 1971.
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Ocupação da Capela do Rato 30 de Dezembro de 1972 - Grupo de cristãos progressistas ocupa a Capela do Rato, organizando uma vigília contra a guerra colonial. Visa-se o Dia Mundial da Paz e invoca-se o lema A Paz é Possível. Na acção destacam-se Luís Moita e Nuno Teotónio Pereira.

PS-Alguns excertos da autoria do professor José Adelino Maltês



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21
Mai17

GUERRA CIVIL PORTUGUESA - A REVOLTA DA MARIA DA FONTE

António Garrochinho
Guerra Civil Portuguesa-A revolta da Maria da Fonte
Autores: Ana Oliveira
Escola: [Escola não identificada]
Data de Publicação: 06/09/2013
Resumo: Trabalho sobre da guerra civil portuguesa, a revolta da "Maria da Fonte" datada de 1846 a 1847

Introdução

O presente projecto realizado no âmbito da disciplina de História A tem como tema a «Guerra Civil Portuguesa de 1846 – 1847: a Revolta da “Maria da Fonte”».
Com este trabalho, proponho-me a abordar este assunto de uma forma aprofundada, de modo a melhor elucidar os meus conhecimentos referentes ao mesmo, tratando, de uma forma pormenorizada, a rebelião das mulheres do Norte. Portanto, penso que é importante referir as causas da mesma, em que circunstâncias se desenrolou e como foi combatida. Através de documentos, tentarei “dar um rosto” às personagens que caracterizaram esta fase da nossa história, para tornar o trabalho menos monótono.
A metodologia utilizada na realização deste trabalho foi, essencialmente, a pesquisa bibliográfica, com utilização de suporte digital online.

Contextualização

A partir de 1842 foi instaurado em Portugal o regime Cabralista. Um regime despótico, liderado por António Bernardo da Costa Cabral [Doc.1] (apoiado pelo seu irmão José Bernardo da Silva Cabral – daí a alcunha popular de governo dos Cabrais ou Cabralismo).
Costa Cabral impulsionou reformas revolucionárias, na tentativa de tornar o Estado mais moderno. Assim, com objectivos modernistas, promoveu leis que desfavoreciam os privilegiados e que alteraram hábitos anacrónicos. E, sobretudo, porque era necessária uma reorganização fiscal e os impostos aumentavam, Costa Cabral foi obrigado a promover medidas de alteração da estrutura fiscal, com a introdução da contribuição predial. Contra estas medidas insurgiram-se, espontânea e violentamente, a população rural.
Este governo reformista não era, de todo, do agrado dos miguelistas, inimigos da implantação do liberalismo. O descontentamento cresceu rapidamente, despertando nos absolutistas os sentimentos das guerras liberais passadas.
Os absolutistas, com a ajuda dos seus partidários, alimentaram e beneficiaram do descontentamento popular, com vista à restauração do absolutismo régio. Nas zonas rurais mais distantes e sujeitas a maior consciência religiosa, sobretudo no Alto Minho e em Trás-os-Montes, o povo era influenciado por agentes antiliberais. Na verdade, a guerra civil entre liberais e miguelistas, apesar de oficialmente terminada a 26 de Maio de 1834, com a assinatura da Convenção de Évora-Monte, continuava a dividir os portugueses.
Vivendo-se assim um ambiente de contestação, o aparecimento de novas exigências fiscais, o recenseamento da propriedade e a criação de matrizes prediais, significativamente chamadas pelo povo de as papeletas da ladroeira, para apuramento do imposto e um maior rigor no recrutamento militar levaram à saturação da população.
No entanto, a última gota de água para gerar a tempestade foi, aparentemente, uma questão de pouca importância: um decreto (Lei da Saúde Pública) de 28 de Setembro de 1844, proibia os enterros nas igrejas e impõe o depósito dos restos mortais dos falecidos, depois de registo do óbito e obtida licença sanitária, em cemitérios construídos em campo aberto.
Por via da nova regulamentação dos serviços de saúde, o povo teria de alterar a tradição multissecular de enterrar os defuntos nas igrejas, esperar o certificado de óbito e, ainda, pagar as despesas do funeral.
Inicialmente, a lei não foi cumprida, pois existiam muito poucos cemitérios (apesar da lei das taxas e da construção de cemitérios datar de 21 de Setembro de 1835, nunca fora cumprida dada a pobreza em que se vivia na época, agravada pela crise económica resultante da guerra civil e pela praga da batata e a seca que tinham assolado o país durante boa parte da década anterior). Contudo, quando as autoridades decidiram impor as novas regras de enterramento, o povo, empolgado pelo ressentimento acumulado, insurgiu-se violentamente contra o que considerava ser uma prepotência dos políticos liberais.
O próprio Clero, mais conservador, falava da lei da proibição dos enterros nas igrejas como antirreligiosa e como sendo obra do diabo e da Maçonaria.
Para complicar a situação, a rainha D. Maria II [Doc.2], que a 8 de Setembro de 1845 tinha concedido o título de conde de Tomar a Costa Cabral, era vista como demasiado próxima dos Cabrais, não mantendo um distanciamento que permitisse resguardar a monarquia do descontentamento popular.
Doc. 1 – Costa Cabral e D. Maria II

Maria da Fonte

Doc 2 – Excerto da obra “Traços de História Contemporânea”, de António Teixeira de Macedo, referente à revolta da Maria da Fonte.

Maria da Fonte é o nome por que ficou conhecida a rebelião que, em Abril de 1846, deflagrou no termo de Vieira do Minho e a que teria dado origem uma rebelião de camponesas rudes e analfabetas, chefiadas por uma moça conhecida por Maria da Fonte [Doc.4], por ser natural da freguesia de Fonte Arcada, do concelho da Póvoa de Lanhoso.
É de crer que alguém sentisse interesse em impulsionar as gentes das aldeias a protestar contra tal disposição legal, sabido como os camponeses e os serranos são de grande credulidade e em tudo o que não se coadune com os velhos hábitos veem «pecado».
Espontaneamente, ou não, o facto é que as mulheres minhotas alvoroçaram-se pela primeira vez em 19 de Março, na aldeia de Santo André de Frades, concelho da Póvoa de Lanhoso, e, armadas de chuços e foices roçadouras, obrigaram o pároco a sepultar na igreja paroquial uma mulher morta pouco antes. Durante esse mês, repetiram-se estes casos, o que levou o administrador da Póvoa de Lanhoso a prender três mulheres da Fonte de Arcada, as quais forma depois soltas no caminho por outras que entretanto apareceram e puseram em fuga os cabos de ordens.
Doc  3 – A Maria da Fonte (1846), aguarela de Roque Gameiro


Até meados de Abril, repetiram-se estes actos de protesto, mas então eles voltam-se contra os funcionários da Fazenda, que andavam a proceder a inquéritos quanto aos bens que cada um devia manifestar para efeitos do lançamento de impostos. Em Vieira, levantou-se uma revolta: as mulheres assaltaram a administração, destruindo arquivos (que rasgaram ou incendiaram), tomando o tumulto já o aspecto de rebelião, que, breve, alastrou por toda a província e passou a Trás-os-Montes. De Braga partiu uma força de infantaria n.º 8 para restabelecer a ordem, passando então o movimento a ser dirigido, da parte dos amotinados, por guerrilhas que se foram organizando, um pouco ao acaso, em volta de homens que mais se distinguiram no ataque aos soldados e no ímpeto conta as autoridades. É assim que surge o célebre Padre Casimiro José Vieira que depois se enfeitou com o título “Defensor das Cinco Chagas e General Comandante da forças populares do Minho e Trás-os-Montes”, o Padre João do Carmo, o Padre Manuel da Agra, o Padre José da Laje e mais outros, que passam a dar ao movimento de carácter nítido de tentativa restauracionista da realeza decaída de D. Miguel I, aproveitando o momento que se lhes afigurava benéfico.
A ditadura férrea de Costa Cabral vinha tornando-se feroz desde 1844, depois que em Torres Novas se revoltou o coronel César de Vasconcelos, mandando o ministro depois proceder às célebres eleições de 1845, durante as quais se praticaram as maiores prepotências para impedir a Oposição de ir à Câmara dos Deputados em número que inquietasse o Governo.
O liberalismo enxertado artificialmente num país analfabeto e atrasadíssimo, quase sem indústria e sem comércio e de agricultura rudimentar e rotineira, não conseguia vingar senão na sua forma bastarda de favorecer a classe nova a que ele dera origem: os “varões” da alta burguesia, que, apoderando-se do Poder em seu proveito, só queriam fazer esquecer a humildade da origem da maior parte deles. Costa Cabral foi o seu vassalo, que desempenhou em Portugal papel muito semelhante ao de Guizot em França, nesta mesma época. Inicialmente, por isso, a oposição ao ministro omnipotente partiu da pequena burguesia setembrista a que se aliaram alguns cartistas dissidentes, irritados com os actos ditatoriais de Costa Cabral. O povo, como sempre, permanecia inerte, por indiferente à questão que decorria de que nada percebia nem podia perceber.
Quando, porém, começou a sentir que o governo lhe mexia com as crenças antigas, com as Leis da Saúde e com o bolso, por causa dos impostos, deu-se a explosão, que foi breve e desconexa, logo aproveitada pelos setembristas, por um lado, e pelos miguelistas, pelo outro, que deram feição nitidamente política a um simples protesto.
Quando o Governo teve conhecimento do que se passava no Minho, Costa Cabral comunicou às Câmaras aquilo a que, com desprezo, chamou a “revolução do saco ao ombro e da roçadoura na mão”, pedindo poderes extraordinários para reestabelecer a ordem: suspensão de garantias em todo o país e aplicação da lei marcial a todos os que fossem réus do crime de sedição, o que não foi difícil conseguir, pois colocou os deputados diante do fantasma do miguelismo (que os padres guerrilheiros pregavam) aliado aos setembristas “pés-frescos”, que constituíam a extrema esquerda do liberalismo.

Na Câmara dos Pares, porém, Sá da Bandeira denunciou em termos veementes o que havia de anticonstitucional na lei proposta, apoiado calorosamente e violentamente pelos setembristas, o que não evitou que a lei fosse votada. Então, Costa Cabral, nomeia seu irmão, José, ao tempo Ministro da Justiça, comissário do Governo com “poderes extraordinários sobre todas as autoridades civis e militares da província do Minho, e nas outras terras do Norte, em que possa rebentar a revolta, para as exonerar de seus cargos e substituir como julgasse conveniente”.
Doc 4 – Sá da Bandeira
 Verdadeiro procônsul do irmão omnipotente, o Rei do Norte (como logo lhe chamou a oposição), dirige-se ao Porto, onde estabelece o seu quartel-general, substituindo todas as autoridades débeis ou francamente hostis por homens a sua inteira confiança, o que causou forte reacção, particularmente no Alto Douro, tendo surgido a primeira Junta Provisional em Vila Real, presidida pelo ilustre Morgado de Mateus, daí se originando outras que começaram a aparecer por todo o Norte e, em breve, na Beira e na Estremadura.
Os estudantes da Universidade sublevaram-se, apoiados pela população, tendo organizado um batalhão, que foi à Figueira da Foz, de cujo Forte de Santa Catarina desalojou a guarnição.
Doc 5 – Manuel Passos
Em Santarém, organizou-se uma Junta, com Manuel Passos a presidir, que publicou um manifesto ao distrito, incitando os habitantes a entrarem, antes de ninguém “na capital do reino, ajudando a libertá-lo dos seus cruentos opressores”, para exporem depois à sua “adorada rainha as grandes lástimas do seu povo”. Braga aderiu frouxamente à revolta, tendo também criado a sua Junta, presidida pelo Visconde de Valongo, comandante da 4.ª divisão militar, mas em breve tudo ali voltou à normalidade por rivalidades surgidas no seio da própria junta.
Aos actos de violência de José Cabral, respondia o país proclamando o seu direito à liberdade, enquanto o Rei do Norte mandava prender, confiscar, fuzilar, a revolta ia alastrando pela província. O Visconde de Vinhais, que comandava a divisão militar de trás os montes, e em quem José Cabral punha as suas esperanças, bandeia-se com os revoltosos, negando-se a atacar o povo, pelo que o procônsul regressa a Lisboa, enquanto no Porto se constituía uma junta.
Então, por entre aplausos da oposição, ergue-se no Parlamento a voz de Garrett para verberar o ministro “pelos erros da sua administração, pelos abusos do poder supremo, pela desorganização sistemática em que tem o país, pela inalterável pertinácia com que tem fomentado e exacerbado as rivalidades, os ódios, e o espírito exclusivo e perseguidor dos seus fautores contra os que não são afetos às pessoas dos ministros”, pelo que impunha a sua demissão.
Doc.6 – Almeida Garrett
Perante tão veemente ataque e com a consciência de ter o país em peso contra o ministro, o Duque da Terceira], presidente do Ministério, convocou uma reunião do Gabinete presidida pela própria rainha (protetora de Costa Cabral), ali declarando “que não tinha força suficiente para debelar a revolta, e que o único meio de a fazer acabar era a pronta demissão do Ministério – acrescentando que tomava a responsabilidade dum tal conselho dado a Sua Majestade”.
Doc 7 – Duque da Terceira
A rainha, certa da impossibilidade de lutar contra todo o país, concordou, mas Costa Cabral exigiu que se lavrasse uma acta pela qual o Ministério assumisse a responsabilidade de tudo quanto ali se passara, que foi depois assinado pelo duque e pelos ministros (17 de Maio de 1846).
Os irmãos Cabral emigraram para Espanha, de onde, dez dias depois lançaram um manifesto ao país, publicado num jornal de Cádis a explicar a sua atitude. Finalmente, acabara a ditadura de Cabral, o que deu origem a uma enorme explosão de alegria, que varreu o país de norte a sul. Todavia, as maquinações dos Cabrais exilados vão, dentro de poucos meses, atirar o país para guerra civil, conhecida na história pelo nome de Patuleia.
Doc 8 – Tropas dirigidas por José Cabral aplicam vergastadas a um popular durante a Patuleia



Viva a Maria da Fonte
Com a sua foice na mão
Para dar cabo dos Cabrais
Que são falsos à Nação
O Cabral fugiu para Espanha
Com uma carga de sardinha
Com a pressa que levava
Não disse adeus à Rainha
Cantava-se nas ruas e nos salões. Aquele era o grito da libertação. O povo mais ingénuo, a aristocracia mais calculista, todos celebravam a queda de um regime autoritário.
Doc 9 – Representação da Maria da Fonte

Conclusão

Após finalizar este trabalho sobre o tema da “Maria da Fonte”, concluo que este movimento de mulheres do povo descalças e de foices não mão; mulheres simples e rudes, mas que apesar das dificuldades prevaleceram e atingiram os seus objectivos (ainda que tendo uma voz fraca e aliadas aos miguelistas e setembristas) foi deveras importante para a queda do regime despótico existente na época – o Cabralismo.
No entanto, julgo que é relevante referir que, as medidas tomadas por Costa Cabral (referentemente às Leis de Saúde Pública), contribuiriam, certamente, para o bem da sociedade, mas é difícil eliminar hábitos enraizados em populações de mente tão fechada como eram os provincianos e serranos do século XIX.
Acho que deste tipo de projectos retém-se, não só o valor cultural e o conhecimento histórico, mas também valores morais que enriquecem-nos e nos levam reflectir. Neste caso concreto, a maior lição moral a retirar é que «a união faz a força», ainda que sobrepujada pelo poder político. É também importante reter que quem ignora a História, tende a repeti-la, deste modo, o ser humano deve sempre interessar-se em conhecer o seu passado histórico, para que os erros dos “nossos avós” sirvam de exemplo para grandes acções futuras.

Bibliografia

COUTO, C e ROSAS, M – O Tempo Da História, 2.ª Parte, História A 11.º ano. 1.ª edição. Porto: Porto Editora. 2012. ISBN 978-972-0-41249-2. Páginas 118 – 119;
História De Portugal, Dos Tempos Pré-Históricos Aos Nossos Dias, Volume II – A Monarquia Constitucional. Lisboa: Ediclube. Páginas 11 – 12;
História De Portugal, Volume III. Edição n.º 3286. Lisboa: Editorial Verbo. 2007. Páginas 44 – 45;
PROENÇA, M – História De Portugal – A Monarquia Constitucional (séculos XIX – XX). Edição n.º 6799. Lisboa: Círculo de Leitores. ISBN 978-972-42-4527-0. Páginas 50 – 53;
SARAIVA, J e GUERRA, M – Diário Da História de Portugal – Monarquia Liberal E República. Lisboa: Difusão Cultural. 1998. ISBN 972-709-274-8. Páginas 54 – 60;
CIDADE, H – História De Portugal – Implantação Do Regime Liberal, Da Revolução De 1820 À Queda Da Monarquia, Volume III. Matosinhos: QuidNovi. 2004. ISBN 989-554-112-0. Página 48.
SERRÃO, J – Dicionário Da História De Portugal, Volume II: E – Ma. Lisboa: Iniciativas Editoriais. Páginas 932 – 933.

Webgrafia

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www.notapositiva.com
21
Mai17

História de Arte em risco nos cursos de… arte

António Garrochinho


Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa

Depois de ter sido quase varrida do Ensino Secundário – é uma disciplina opcional mesmo no Curso de Artes Visuais – a cadeira poderá deixar de ser ministrada em algumas licenciaturas de... Belas Artes

Nos últimos dias, o tema tem sido uma constante nos corredores do antigo Convento de São Francisco da Cidade, construído no topo do Monte Fragoso que hoje conhecemos como Largo da Academia Nacional de Belas Artes. Não admira porque está neste momento em curso mais uma revisão curricular na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. “Pode ser que ainda se vá a tempo de travar esse disparate”, diz uma professora, que pede para não ser identificada.
Ninguém acredita que a História de Arte deixe de ser lecionada em Pintura, Escultura, Desenho ou Ciências da Arte e do Património, mas corre o rumor de que a cadeira estará em risco nas licenciaturas de Arte Multimédia, Design de Comunicação ou Design de Equipamento. E essa hipótese deixa muito boa gente arrepiada.
“No centenário da Fountain de Marcel Duchamp, estas notícias chocam-me”, confessa Leonor Veiga de Oliveira, doutoranda em História de Arte na Universidade de Leiden, na Holanda. “Isto é um ataque à cultura.”
A discussão já saltou para as redes sociais, com docentes, alunos e artistas a defenderem a importância da cadeira na formação em Artes Visuais. “A História de Arte não é uma coisa com teias de aranha”, lembra um outro professor da FBAUL, que também pede para não ser identificado para não ferir as suscetibilidades dos colegas. “Ela vai da Pré-História até aquilo que os artistas estão a fazer hoje nos seus ateliês. A sua importância é tão óbvia que fico perplexo que haja alguém que não o perceba. É como ir a um médico que não estudou anatomia”, compara.
Para este professor universitário, o desaparecimento da História de Arte na licenciatura onde dá aulas ditará o fim da sua carreira. “Se isso for para a frente, vou-me embora”, admite. “A minha inflexibilidade deriva do facto de saber que a maioria dos meus alunos não teve qualquer formação na área antes de chegar à faculdade.”
No Ensino Secundário, a História de Arte é uma disciplina opcional, como fica bem claro no currículo do Curso de Artes Visuais que pode ser consultado no site da Direção-Geral da Educação. Do 10.º ano ao 12.º ano, além das disciplinas obrigatórias que fazem parte da formação geral – Português, Língua Estrangeira I, II ou III, Filosofia (apenas 10.º e 11.º anos) e Educação Física – e do Desenho A, específica deste curso, os alunos podem escolher duas disciplinas bienais entre Geometria A, Matemática B e História da Cultura e das Artes.

visao.sapo.pt
21
Mai17

PROBLEM

António Garrochinho

JÁ NÃO SE FABRICAM CALÇAS COMO ANTIGAMENTE. AGORA O CU FICA SEMPRE MAIS ABAIXO, OS BOLSOS SÃO FEITOS DE TAL MANEIRA JUSTOS QUE É NECESSÁRIO UM ALICATE DE PINÇAS PARA RETIRAR ALGO QUE LÁ SE TENHA POSTO E ROMPEM-SE COM TANTA FACILIDADE QUE OS CÊNTIMOS ACABAM SEMPRE DENTRO DOS SAPATOS OU ESPALHADOS NA CALÇADA E PARA PIORAR A SITUAÇÃO DE TÃO AFUNILADAS QUE SÃO NOS ORTÊLHOS TENHO QUE COMEÇAR A DESPI-LAS, VESTI-LAS, UM DIA ANTES PARA AS PODER USAR NO DIA QUE ESCOLHI.


AG
21
Mai17

JÁ LÁ SE FOI O TEMPO

António Garrochinho
JÁ LÁ SE FOI O TEMPO EM QUE SE DISCUTIAM AS POLÍTICAS NA SUA VERTENTE IDEOLÓGICA.
HOJE, ELES, NÃO RESISTEM AO MAIS DESCARADO, MEDIATISMO, À PASSAGEM DE MODELOS, À MAQUILHAGEM, AO PHOTOSHOP, AO CULTO DA PERSONALIDADE
O PIOR É QUE A GRANDE MAIORIA NÃO TEM PERSONALIDADE ALGUMA !

António Garrochinho
21
Mai17

O Governo chinês eliminou, alegadamente, cerca de duas dezenas de agentes ou fontes da CIA na China, entre 2010 e 2012.

António Garrochinho

De acordo com o jornal The New York Times, o objetivo de Pequim era desestabilizar a rede de serviços secretos dos Estados Unidos da América.
Citando antigos funcionários do Governo norte-americano, o periódico revelou que entre 18 ou 20 fontes foram assassinadas ou detidas, naquela que descrevem como uma das piores violações de informação das últimas décadas.
De acordo com os funcionários, que preferiram manter-se anónimos, alguns destes informantes eram cidadãos chineses que a CIA considerava “desiludidos com a corrupção” do Governo.
O “The New York Times” contou que as agências de serviços secretos dos Estados Unidos tentaram conter a fuga de informação, no entanto falharam em descobrir a fonte.

Alguns dos investigadores acreditam que havia um informante no seio da CIA, outros suspeitam que Pequim conseguiu penetrar no sistema secreto com o qual a agência comunicava com os agentes do exterior.
CIA negou-se a comentar as informações divulgadas pelo jornal.

VÍDEO

pt.euronews.com
21
Mai17

Passageiro colado à cadeira depois de ter tentado entrar no cockpit

António Garrochinho




Avião da American Airlines aterrou em Honolulu escoltado por caças

Um passageiro de 25 anos de nacionalidade turca acabou o voo rumo a Honolulu, Havai, colado à cadeira com fita-cola depois de ter tentado entrar no cockpit do avião. Foram outros passageiros e os tripulantes que detiveram o jovem, identificado pela polícia como Anil Uskanli, quando este mostrou um comportamento estranho.
Mesmo antes de ter embarcado no voo da American Airlines, o jovem já tinha sido abordado pela polícia do aeroporto internacional de Los Angeles depois de um trabalhador alegadamente o ter visto a caminhar para uma porta de segurança do terminal com acesso à pista durante a madrugada da passada sexta-feira, quando tudo aconteceu, conta o Washington Post. Acabou por ser libertado após ter sido acusado de um delito menor. As autoridades adiantaram que o rapaz estava a beber, mas não estava alcoolizado.
Mais tarde embarcou no voo da American Airlines com destino a Honolulu, mostrando sempre um comportamento estranho. Tentou sentar-se na zona da primeira classe, na parte da frente do avião, onde teria deixado o seu portátil num dos assentos. Foi encaminhado por uma hospedeira para o seu lugar, mas a meio do voo voltou a aparecer na parte da frente do avião com uma toalha enrolada na cabeça e dirigindo-se ao cockpit.
Alguns passageiros referiram à imprensa que Anil Uskanli estava mover-se de forma muito lenta. Foi travado por uma hospedeira que colocou um carrinho de bebidas no meio do caminho. Ele quis empurrar o carrinho e foi agarrado por vários passageiros, que com a ajuda de fita-cola, o atacaram à cadeira.
    A situação foi comunicada às autoridades e o avião terminou a viagem escoltado por dois caças raptor F-22, seguindo os procedimentos de segurança. Quando o avião aterrou o FBI prendeu o rapaz e fez uma inspeção ao aparelho à procura de possíveis explosivos. Nada de irregular foi detetado.

    VÍDEO





    First look of suspect, 25-year-old Anil Uskanil being escorted off American Airlines flight #31 by the FBI. #honolulu
      O jovem foi levado para avaliação médica e enfrenta uma possível acusação de distúrbio de voo e interferência com a tripulação. O FBI não adiantou mais informação.



      www.dn.pt
      21
      Mai17

      O PS Tem de compreender que a concentração de riqueza não produz crescimento

      António Garrochinho


      Orçamento

      Taxar os mais ricos, aliviar o IRS da maioria dos contribuintes, aumentar os salários e as pensões. Os partidos à esquerda do PS querem que isto se concretize . A melhoria na distribuição do Rendimento Nacional é um factor de justiça social e de estímulo ao crescimento económico .
      IRC
       O primeiro-ministro mostrou-se aberto à proposta do secretário-geral do PCP, apresentada a 10 de maio, de aumentar a taxa de derrama estadual (atualmente de 7%) sobre as empresas com lucros de 35 milhões de euros ou mais. A coordenadora do BE defende também, este sábado, em Setúbal, o aumento da derrama estadual., tal como estava previsto num acordo do anterior governo com o PS. “No acordo que fizeram, diziam – um pouco para disfarçar, talvez, o assalto inenarrável que fizeram ao país – que por cada ponto que a taxa de IRC descesse, ia subir a taxa de derrama estadual do IRC, que é um imposto que é pago só por empresas que têm muitos lucros.  No fundo a baixa do IRS poderia ser compensada por uma subida do IRC para as maiores empresas. 
      Função Pública Após vários anos de congelamento, as progressões nas carreiras irão regressar, ainda que de forma gradual, a partir de 2018. Em termos brutos, o governo estima que esta medida resulte num aumento de despesa anual da ordem dos 248 milhões de euros ao longo do horizonte da projeção (2018-2021). O problema é que o BE e o PCP não querem que esta medida seja faseada, mas há convergência total com o PS sobre a essência e sentido da medida. 
       Pensões O acréscimo de despesa com pensões rondará os 148 milhões de euros em 2018. Este valor já deverá acomodar a alteração ao regime das reformas antecipadas para longas carreiras contributivas. “Houve um primeiro aumento em janeiro deste ano, haverá um aumento extraordinário em agosto. É preciso consolidar essa perspetiva de aumento das pensões de reforma em 2018. Esperamos que se consolide essa trajetória, que resultou da insistência do PCP, quando muitos a davam por perdida”, lembrou João Oliveira do PCP. O BE, que fez grande pressão para os aumentos de 2017 e despenalização nas pensões atribuídas a trabalhadores com carreiras longas, também irá pressionar para aumentos reais das reformas no próximo ano, nomeadamente por via do IRS. 
      Salário mínimo 
      O salário mínimo vai chegar aos 600 euros até ao final desta legislatura? “Isso é para nós claro”, afirmou, em abril, o secretário de Estado, Pedro Nuno Santos, em entrevista à Antena 1. Ao contrário do que aconteceu nos primeiros dois anos deste Governo — quando os aumentos para 530 euros e 557 euros entraram em vigor logo em janeiro de 2016 e 2017, respetivamente — as próximas atualizações, para 580 euros em 2018 e para 600 euros em 2019, poderão ocorrer de forma faseada nos próximos dois anos. O BE não quer ouvir falar nessa hipótese. Em comunicado emitido a 15 de maio, o PCP referia o “aumento insuficiente do salário mínimo” 
      IRS
      O PCP defende que o número de escalões do IRS deve aumentar de cinco para 10 e mudança na forma de tributação de mais-valias e dividendos. “As taxas liberatórias que são pagas pelos dividendos de ações, por exemplo. Se acabarmos com elas e sujeitarmos esse tipo de rendimentos ao englobamento, vamos arrecadar mais receita”, explicou João Oliveira, líder parlamentar do PCP, em entrevista à SIC.


      Este artigo encontra-se em: FOICEBOOK http://bit.ly/2pY1cKd
      21
      Mai17

      A Revolta da Batata

      António Garrochinho


      Em 1917, Portugal era um país em erupção.

      O racionamento de alimentos por causa da I Guerra Mundial provocou a revolta popular.

      O país afundava numa profunda crise económica.

      Era cada vez mais difícil sobreviver, sobretudo nas zonas urbanas.
      De acordo com o Anuário Estatístico de Portugal, o custo de vida subiu 192,7% entre 1914 e 1918.
      Um litro de leite custava o equivalente a 18% do salário de um operário e uma dúzia de ovos correspondia a 60%.

      Paralelamente, o desemprego alastrava.


      Nesta altura Portugal era um país rural.
      A grande maioria da população era analfabeta e os que vinham do campo à procura de emprego nas cidades, quando lá chegavam, viviam em condições sub-humanas.
      Precisavam de apoio social para sobreviver, como a Sopa para os Pobres, criada pelo jornal O Século, com a ajuda das paróquias, em Abril de 1917.
      Os fundos eram angariados através da organização de espectáculos de beneficência.

      Os ânimos aqueceram ainda mais quando houve um aumento súbito do preço da batata, um produto muito consumido pelas classes mais desfavorecidas, devido à falta de pão.
      A isso juntava-se a escassez de carne, peixe, leite e açúcar.

      A população estava faminta e a 19 de Maio de 1917 começaram os assaltos em massa a mercearias, padarias, restaurantes.


      A situação, nos dias seguintes, ficou descontrolada.

      Os violentos confrontos dos populares com as forças da autoridade entre 19 e 21 de Maio provocaram cerca de 40 mortos.
      Houve centenas de pessoas que foram presas.
      No Rossio, a enfrentar a guarda, estiveram mais de 4 mil pessoas.
      O governo, liderado por Afonso Costa, declarou o estado de sítio e suspendeu as garantias constitucionais.
      A capital passou a ser patrulhada pela infantaria e pela cavalaria.
      No Porto também houve confrontos com a GNR e a polícia de que resultaram cerca de 20 mortos e vários feridos.




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      Esta explosão social ficou conhecida como “A Revolta da Batata”.














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