Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

orouxinoldaresistencia

POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

orouxinoldaresistencia

30
Jun17

NOTA DO GABINETE DE IMPRENSA DO PCP - Acerca do roubo de material militar em Tancos

António Garrochinho


O PCP não pode deixar de considerar o assalto a um paiol militar em Tancos como um caso de extrema gravidade a necessitar de todo o apuramento, incluindo a retirada de consequências.
A existência de um sistema de vídeo vigilância inoperacional há dois anos, segundo notícias vindas a público, é revelador do estado de degradação a que as opções políticas de sucessivos Governos, e de forma mais violenta do anterior Governo PSD/CDS-PP, conduziram as Forças Armadas. Uma degradação nos planos de material, pessoal e dos direitos dos militares.
Ilustrativo da retirada de direitos dos militares é a situação que envolve o apoio aos familiares de militares, como seja a do militar recentemente falecido no Mali, resultante da alteração à lei, por parte do Governo PSD/CDS-PP, que fez com que os beneficiários deixassem de receber o equivalente a seis vezes o salário bruto do funcionário público falecido, e passassem a receber três vezes o indexante de apoio social, que está agora fixado em 421,32 euros, restando ainda perceber exactamente como está tudo o que diz respeito a seguros e apoio aos militares nas denominadas forças nacionais destacadas.

www.pcp.pt
30
Jun17

Pedro e o abutre

António Garrochinho


(João Quadros, in Jornal de Negócios, 30/06/2017)
quadros
De repente, abriu-se uma nesga. Uma nesga na couraça de sorte e resultados positivos de António Costa. Passos Coelho vislumbrou um calcanhar de Ulisses na geringonça e atacou. Podemos dizer que o resultado foi uma espécie de burro de Tróia.

Baseado numa informação falsa, dada pelo responsável pela Santa Casa de Pedrógão Grande, o líder da oposição acusou o Governo, e a ausência de apoio psicológico aos familiares das vítimas, de serem responsáveis por suicídios ocorridos após o incêndio. Tudo isto é muito difícil de explicar, a não ser que Santana Lopes ainda aspire ao cargo de líder do PSD. Com tantos factos relacionados com o que falhou em Pedrogão Grande, Passos vai além do ocorrido e resolve inventar e usar o que não lembraria ao diabo.
Passos Coelho é o SIRESP de António Costa. Sempre que se vislumbra algum perigo, ele aparece e, com as suas acções, salva a geringonça. Mais uma vez com o seu discurso de tragédia, Passos fez de maluquinho da aldeia: “Vem lá o segundo resgaste! Vem lá o diabo! Há gente a suicidar-se por desespero!”. Dá a sensação de que está na altura de alguém pagar um copo ao Passos.
Vinte e quatro horas depois, Passos Coelho veio pedir desculpa por não ter havido suicidas e de ter sido mal informado. Não chega. Passos não percebe que pior do que ter usado informação errada foi o que fez com ela. Passos Coelho pode ter lido a “Fenomenologia do Ser”, de Sartre, mas ainda não entendeu a moral da história do Pedro e o Lobo.
E aproveito e recordo que o FMI considerou que “não anteviu a magnitude dos riscos” que Portugal, Grécia e Irlanda enfrentaram durante a crise, e que os programas português e grego “incorporaram projecções de crescimento demasiado optimistas” – ou seja, já não é a primeira vez que Passos confia em informações erradas e se dá mal. Vá lá que desta vez foi só ele.
Não é preciso inventar fantasmas, há muitas perguntas sobre a realidade que têm de ser feitas e respondidas. Não me interessa se, segundo o Relatório do SIRESP, o SIRESP foi absolutamente espectacular. O SIRESP pode funcionar muito mal, mas tem uma grande auto-estima. Conheço tanta gente assim. Se o SIRESP custou o que custou, deve achar que é muita bom.
Este é um daqueles momentos em que faz falta um bom líder da oposição. Se Passos Coelho não está capaz, se José Gomes Ferreira não tem tempo, e se Cristas é a mãe de todos os eucaliptos, está na altura de pensar em reformular a floresta e o deserto que é a oposição.

 estatuadesal.com
30
Jun17

Jerónimo de Sousa participa num comício da CDU em Faro

António Garrochinho

Jerónimo de Sousa, secretário geral do PCP, participa, na próxima quinta-feira, 6 de Junho, às 21h30, num comício da CDU, a realizar-se no Jardim Manuel Bívar, em Faro.

Esta ação contará com a presença de candidatos às autarquias locais do concelho, numa iniciativa integrada na preparação das eleições autárquicas de Outubro.
Até porque o objetivo da CDU nesse ato eleitoral é aumentar «o número de votos e de eleitos em toda a região do Algarve».

Em Faro, com os primeiros candidatos da CDU à Câmara e Assembleia Municipal e Assembleias de Freguesia apresentados, e estando a decorrer as apresentações nas diversas freguesias, «a realização deste comício constituirá uma oportunidade para apresentar contas do mandato que está a terminar e divulgar as principais propostas da CDU para o concelho», segundo o PCP.
António Mendonça, vereador da CDU e candidato à Câmara Municipal de Faro, também intervirá nesta iniciativa.
«Num concelho que há muito é governado ora pelo PS, ora pelo PSD, a CDU apresenta-se com o seu projeto alternativo, como a única força verdadeiramente de esquerda no poder local, como a grande força de oposição às opções da actual maioria PSD, e como a voz das aspirações dos trabalhadores e populações do concelho», conclui o PCP.

www.sulinformacao.pt
30
Jun17

FARO - MONTENEGRO - Carros do Aeroporto invadem Montenegro, mas solução não descola

António Garrochinho








A situação não é nova e parece não ter solução à vista: o estacionamento na freguesia do Montenegro, que vive paredes meias com o Aeroporto de Faro, é um pesadelo. Os moradores e comerciantes “lutam” com os prestadores de serviços de empresas que operam na aerogare, com as rent-a-car e com as empresas de transferes, por um lugar para deixar o seu automóvel.

A Junta de Freguesia de Montenegro, em Abril, manifestou a sua preocupação sobre este problema, mas, desde então, e com a chegada do Verão e o aumento do número de utilizadores do Aeroporto, pouco mudou.
Steven Piedade, presidente da Junta de Freguesia de Montenegro, disse ao Sul Informação que conversou com Alberto Mota Borges, diretor do Aeroporto de Faro, pedindo «para criar um parque para prestadores de serviços das empresas que operam na aerogare, nos terrenos pertencentes à ANA que estão desocupados, cobrando uma taxa de 25 euros mensais, mas ele não mostrou grande vontade disso».

O autarca defende uma solução em que «os trabalhadores das prestadoras de serviços paguem um euro por dia. Já tenho falado com muitos deles e, atualmente, pagam cerca de 60 euros por mês. Com os ordenados baixos que muitos têm, querem poupar ao máximo».
Ao Sul Informação, Alberto Mota Borges disse que, «neste momento, disponibilizamos um parque de longa duração [custa 5 euros por dia] e um parque dedicado ao staff, mais afastado do parque em frente do terminal».
Segundo o responsável, um novo parque só «será avaliado se e quando a procura justificar o investimento».
Sem grande abertura da parte do Aeroporto, Steven Piedade diz que «temos tentado criar condições para utilizar todos os terrenos de cedência que existem por ocupar, para que os residentes estacionem lá».
Além disso, «temos conversado com o Município, vamos tentar marcar o estacionamento, ordenar, mas, com isso, aumentamos cinco ou seis lugares. Vamos também fazer uma obra de melhoria, ao pé da escola antiga, vamos criar mais 11 estacionamentos, mas são pequenas coisas, quando o problema é tão global».

Steven Piedade explica que «há vários problemas» que complicam o estacionamento dos residentes de Montenegro. «Quando a freguesia cresceu, a legislação não obrigava a estacionamento incluído no edifício. Depois, há danos colaterais do Aeroporto, ao nível do estacionamento: há os turistas que não querem pagar e deixam no espaço público, há as empresas de transferes e há as rent-a-car, para as quais há legislação: devem ter parque próprio e, em 24 horas, após a receção do carro, a viatura deve estacionada nesse espaço».
Mas isso também nem sempre acontece e até há relatos de carros a ser entregues aos clientes que os alugam, na via pública, em pequenas empresas que têm sede em Montenegro.
Steven Piedade diz que há mesmo uma empresa de rent-a-car que, «no Google Maps, está identificada como tendo a sua sede no estacionamento público. Já dei conhecimento disso à GNR. As outras têm sítio para colocar as viaturas, mas há tanta rent-a-car pequena, sobre as quais não temos informação, com 20, 30 viaturas, que, com a nova taxa, fugiram do aeroporto».

Armando Santana, presidente da ARA – Associação de Empresas de Rent a Car do Algarve, diz que já viu «fotografias que ilustram os problemas de estacionamento no Montenegro e não havia nenhum carro que fosse de rent-a-car. São muitos deles de clientes que têm de pagar preços exorbitantes para estacionar no aeroporto e de funcionários de empresas que operam na aerogare…».
No entanto, prossegue, «não quero com isto dizer que não existam situações momentâneas de estacionamento na via pública».
O representante das rent-a-car algarvias diz que, ao nível do estacionamento dos veículos deste tipo de empresas na via pública, «tem havido uma evolução muito positiva, porque as empresas estão obrigadas a ter parque. Não posso dizer que todos cumprem, há sempre os bons e os maus da fita nestas situações, mas não são as rent-a-car que constituem o principal problema».
Armando Santana considera que «há várias atividades envolvidas e com culpas no cartório, os parques do aeroporto têm 1/3 de ocupação, depois há também empresas de transferes, sediadas no Montenegro, que também estacionam. É necessária uma reflexão».

O problema do estacionamento das viaturas de empresas de transferes é realçado por Steven Piedade. «Não há qualquer tipo de legislação para essas empresas, que podem estar a ocupar espaço público. Só uma que temos no Montenegro, a maior do país, tem cerca de 400 viaturas que operam em todo o Algarve. É outro problema que temos ali. Dá emprego a algumas pessoas, é certo, mas cria estes constrangimentos».
Segundo o autarca, o problema não é específico de uma rua, ou de uma zona, e alastra-se «a toda a envolvente do aeroporto num raio de 600 a 800 metros. Em todo o lado, serve para deixar viaturas, na estrada para a praia, na Arábia, nas rotundas…».
Por isso, Steven Piedade diz que vai apelar à ministra da Administração Interna, «porque há o problema de a GNR não ter meios para fiscalizar todas estas situações, o efetivo é reduzido. Tem de haver uma ação concertada. Não passa só pela Junta de Freguesia, tem de ser global, porque o problema é enorme».

O problema é «enorme» e os principais prejudicados são os moradores e os comerciantes, que inundam as redes sociais com queixas sobre a falta de estacionamento. E houve quem já tenha passado das palavras aos atos, porque, diz Steven Piedade, «já tive conhecimento de alguns “ecos” de situações de vandalismo para com carros estacionados. Houve viaturas vandalizadas no Vale das Almas, mas, de momento, não tenho conhecimento que continuem essas situações».
Fonte do Comando Distrital da GNR, que não comenta a alegada falta de meios para fiscalizar o estacionamento indevido, também confirma, ao nosso jornal, a versão de que, este ano, «desde Janeiro, ainda não houve qualquer queixa relacionada com carros vandalizados na freguesia de Montenegro».
Sul Informação foi para a rua e constatou que existem carros estacionados – e bloqueados – em rotundas, bermas ou descampados, além de estacionamentos públicos ocupados por empresas de transferes. O problema está à vista de todos, a solução é que ainda não.

www.sulinformacao.pt
30
Jun17

Fotos lembram o amor do casal que há 50 anos abriu caminho para os casamentos inter-raciais nos EUA

António Garrochinho
1967. Depois de nove anos proibidos de pisar em seu próprio estado, a Virgínia, por serem um branco e uma negra formando um casal, finalmente Richard e Mildred Loving viram a Suprema Corte dos Estados Unidos reverter a decisão e definir que casamentos inter-raciais não poderiam ser proibidos em nenhum lugar do país.


A confusão jurídica começou em 1958, quando os dois viajaram até Washington para se casar, já que a cerimônia não seria permitida na Virgínia (nem em outros 15 estados do sul dos EUA). Pouco tempo depois de voltar para casa, eles foram surpreendidos pela polícia, que invadiu a residência graças à denúncia de um vizinho.
A certidão de casamento foi considerada inválida e os dois se declararam culpados por “coabitar como marido e mulher, contrariando a paz e a dignidade social”. Foram condenados a um ano de prisão, sentença anulada contanto que os dois deixassem a Virgínia e não retornassem por 25 anos.

Em 1964, advogados da União Americana pelas Liberdades Civis entraram com uma ação para que a pena fosse anulada. Eles apelaram até que a decisão fosse levada à Suprema Corte, que reverteu a sentença de forma unânime em 12 de junho de 1967.
O dia ficou conhecido como Loving Day, em memória do casal que lutou pelo fim da proibição de relacionamentos inter-raciais. O caso judicial ficou conhecido como Loving vs Virgínia, num trocadilho em que o estado se colocava tanto contra o casal Loving quanto contra o amor, e inspirou um filme lançado em 2016.

Em 1965, Grey Villet, fotojornalista da revista Life, documentou o dia a dia de Richard e Mildred, além de seus amigos e familiares, enquanto eles travavam a batalha na justiça. Para comemorar os 50 anos da decisão, o ensaio de Villet foi publicado em livro no começo de 2017, e são essas as fotos que ilustram a matéria.







Todas as fotos © Grey Villet


www.hypeness.com.br
30
Jun17

Nunca o inimigo do ser humano esteve tão definido

António Garrochinho

O neoliberalismo tende, assim, a regressar às remotas origens políticas, cada vez mais ciente de que o poder absoluto do mercado e os lucros plenos não se alcançam com democracias.
«O
«O "En Marche" macroniano é o paradigma da direitização actual»CréditosAlain Jocard/POOL / Agência Lusa
Muito mais que um simples problema de lateralidade, o actual exercício político dominante é um método acabado de distorção, engendrado pelos mesmos que sentenciaram a extinção da esquerda e da direita para sobrevivência do capitalismo selvagem à custa do sacrifício da democracia.
Como já devem ter reparado, por esse mundo afora, com evidência especial na Europa, o centro político desvia-se aceleradamente para a direita, enquanto aquilo a que chamam oficialmente a «esquerda», quando ainda existe, e com algumas excepções, lhe segue as pisadas.
A esquerda consequente foi encafuada na «extrema-esquerda» pelo discurso oficial dominante, onde fecha o modernizado circuito político encostada à extrema-direita, como o seu reflexo num espelho. Imutável e virtuosa, só a direita permanece no seu lugar, «moderada» e «democrática», aguardando que todas as correntes se lhe juntem, convertidas, enfim, à única e verdadeira ideologia: a ideologia única, disfarçada de extinção das ideologias, vitimadas pela inutilidade.
Reordenadas assim as coisas, o mercado reinará sem sobressaltos, os partidos rodarão inofensivamente em órbita de um sistema tutelar como um Sol protector e dinamizador de uma sociedade perfeita, guiada pela convergência de todos na maximização dos lucros de cada vez menos.
Enquanto o cenário ideal não se concretiza, a direita assume o papel maternal de acolher os que andavam transviados, ou apenas fingiam, repudiando os inconvertidos, tratados como escória cuja única utilidade é a de comporem uma democracia de faz-de-conta até que a palavra e o conceito se dissolvam no anacronismo.
Como está mesmo a antever-se, um esquema assim tão logicamente elaborado será vítima da própria perfeição, que não é compatível com as coisas humanas. O que não desencoraja os seus mentores, que dele extrairão as vantagens possíveis e enquanto for tempo.
Por isso, até no meio da casta amestrada dos politólogos começam a ouvir-se considerações sobre a «direitização da política», tão evidente ela é. Na verdade, a deturpação ideológica subjacente a este fenómeno pouco ou nada tem de novo. O que agora se torna significativo é a transformação das ideias propagandísticas e manipuladoras em factos consumados no ordenamento político-partidário através da Europa.
Isto é, durante décadas e décadas do século XX, a tendência dominante entre as associações políticas reclamando-se da social-democracia ou do «socialismo democrático» foi a de estarem mais perto dos interesses patronais do que dos trabalhadores, o que se reflectiu no funcionamento em alianças políticas com a direita, como ainda hoje se observa, às escâncaras, no Parlamento Europeu.
Para tornar mais fácil e eficaz a articulação com essa denominada «esquerda», e assim consolidar a institucionalização do «arco da governação», a direita «moderada» benevolamente tratada como «conservadora» procurou evitar associações evidentes com a extrema-direita e o fascismo, beneficiada pelo facto de esses sectores terem sido residuais durante bastante tempo.
Exceptuam-se destas considerações as longas colaborações entre os «arcos de governação» das democracias representativas e regimes fascistas como o português, o espanhol ou o grego, muito bem tolerados como sistemas autoritários úteis na geoestratégia da guerra fria, mesmo que os sacrificados fossem – como sempre – a democracia e os direitos humanos.
A assimilação, cultivada pela propaganda oficial, entre as esquerda consequente e a extrema-direita como correntes marginais, é uma réplica nada inovadora da recorrente teoria manipuladora que considera o fascismo igual ao comunismo, definido como social-fascismo, de que cuja divulgação até à exaustão os estrategos ultramontanos da CIA encarregaram os agentes «maoístas» de modo a iludirem, arrastarem e desviarem massas de jovens motivados pelos ideais revolucionários. O tempo acalmou a clarificou as águas, mas nem assim os novos ideólogos abandonam as velhas receitas.
As alterações em curso não aparecem subitamente do nada. Como se prova através das semelhanças com práticas anteriores, fazem parte de um processo em andamento que encontra um momento significativo, por exemplo, na transformação thatcherista do Partido Conservador britânico em organização de extrema-direita – não assumida, é certo – viragem confirmada agora com o desplante que é a coligação com o fascismo colonialista dos unionistas dominantes no norte da Irlanda.
Bastou aos tories juntar a componente nacionalista subjacente ao Brexit com as práticas de extrema-direita para esvaziar o UKIP como organização fascista, racista e xenófoba.
«En Marche macroniano é o paradigma da direitização actual: um ministro socialista funda um partido pessoal subsidiado por grandes banqueiros, candidata-se à presidência representando o "centro" e assume plenamente um poder absoluto, em estado de excepção, para impor as "reformas" neoliberais»
Permanecendo nas ilhas, recordo que Tony Blair aplicou a solução final de Thatcher ao Partido Trabalhista, através da famosa «terceira via»; demonstrando, contudo, a imperfeição das perfeitas esquematizações traçadas nos laboratórios neoliberais, Corbyn veio baralhar as contas através de uma coragem e de uma persistência que ninguém pode negar-lhe.
O golpe dado em Itália através da liquidação dos Partidos Comunista e Socialista, para dela emergir uma nova entidade tecnocrática e mercantilista designada Partido Democrático (os agentes ciáticos baptistas foram pouco imaginativos), apresentada como a «nova esquerda», foi outro passo para a «direitização». Correspondeu, porém, a circunstâncias temporais próprias ditadas pela queda do muro de Berlim e ao facto de a Itália estar sempre na linha da frente das práticas testadas pela NATO e as agências intervencionistas norte-americanas.
As transformações actuais, contudo, têm outra amplitude. São muito mais abrangentes e consolidadas, com as características de um salto qualitativo. Como se a persistência da crise – ainda agora confessada em Sintra pelo presidente do Banco Central Europeu – a lamentada «lentidão» da privatização dos Estados e das «reformas estruturais», isto é, a liquidação dos direitos sociais, laborais e humanos, suscitassem uma maior impaciência dos impérios económicos e dos sínodos financeiros.
Nos palcos políticos são muito claros os sinais de que existe uma vontade de colher apressadamente os frutos – podres – das múltiplas gestões sociais-democratas exercidas de leste a oeste da Europa.
Os partidos responsáveis por tais práticas, com excepção dos que decidiram manter-se dentro do respeito estrito pela democracia representativa, desaparecem e transformam-se tal como sucedeu aos Partidos Socialista e Comunista italianos. Os exemplos sucedem-se: Letónia, Estónia, Hungria, Polónia, Bulgária e Roménia, Grécia, Croácia e Eslovénia, Holanda, Bélgica (flamengo), Finlândia, Suécia, Dinamarca, Holanda… Sem escalpelizar, por ora, o mimetismo das mil e uma faces submissas da social-social democracia, fenómeno triste em exibição directa e ao vivo na Grécia.
E, claro, Espanha, Alemanha e França. Por suicídio, por descrédito, por pulverização suscitada pelo desnorte ideológico total, exposto em guerras pessoais e de clãs, ou ainda pela subserviência à direita institucionalizada na gestão daquilo a que chamam «União Europeia», a hecatombe social-democrata tornou-se uma epidemia.
Alguns insistem na designação original e cada vez mais enganadora depois de terem abraçado irremediavelmente a «terceira via».
Outros, cujo exemplo mais relevante é o caso francês, assumem a ruptura com o passado. O En Marche macroniano é o paradigma da direitização actual: um ministro socialista funda um partido pessoal subsidiado por grandes banqueiros, candidata-se à presidência representando o «centro» e assume plenamente um poder absoluto, em estado de excepção, para impor as «reformas» neoliberais; de caminho convida Donald Trump, que diz criticar, como primeira figura do primeiro 14 de Julho do seu consulado presidencial.
Para completar o cenário falta lembrar que Emmanuel Macron foi eleito com o patrocínio do staff da senhora Clinton e do senhor Obama, os maiores fazedores de guerras desta década, seguidores dos mais eficazes falcões entre os republicanos.
Entretanto, o senhor Manuel Valls, ex-primeiro ministro e um dos primeiros dirigentes a defender uma mudança de nome do PS, anunciou que abandona os escombros do partido que ajudou a destruir; o ex-presidente François Hollande segue o mesmo trilho, mesmo que não o proclame, ele que há dois anos profetizou que o PS deveria «suicidar-se» para dar espaço a um «Partido do Progresso», talvez en marche.
As generalizações podem ser abusivas; a identificação de tendências, ou mesmo de mudanças qualitativas, é um exercício de base factual. Ao fim de décadas a fazer trabalhos sujos da direita ao serviço da rapina neoliberal – enquanto a direita se encostava à extrema-direita, «para lhe retirar espaço» – a social-democracia arruinou-se e está a engrossar o espaço ocupado pela direita extremada e antissocial. Assim como a emergência de Trump não é um «engano» do establishment, a direitização do cenário político europeu é a continuação de uma mudança que, assim consolidada, facilmente se tornará global.
A direita devorou a sua «esquerda» oficial, o partido único com duas faces de uma moeda tende a unificar-se mesmo. A extrema-direita, que resiste a ser assimilada pela grande direita, torna-se maldita, como exemplificou a campanha mediática contra a senhora Le Pen, e vai fazer companhia no índex à «extrema-esquerda», prova de que o novo-velho autoritarismo é tolerante, pois permite a sobrevivência de marginais, desde que silenciados e inoperantes.
Os modos como se processa a instauração deste cenário permitem, porém, importantes clarificações. A mais relevante, no momento, é o descrédito absoluto da história da Carochinha segundo a qual o fascismo político e o neoliberalismo económico-financeiro são sistemas incompatíveis. Como se os nacionalismos atrapalhassem o sistema de exploração generalizada e de opressão dos sectores sociais verdadeiramente produtivos.
Nessa já nem os mais ingénuos caem. A ligação dos conservadores britânicos ao fascismo unionista dominante no norte da Irlanda perturbará a liberalização económica total, sempre em curso no Reino Unido? Quem acredita nisso? Do mesmo modo que a primeira experiência neoliberal no terreno executada pelos Chicago Boys, no Chile, a partir de 1973, necessitou da cobertura fascista e sangrenta da ditadura de Pinochet.
Foi assim que começou a era política e económica actual, não o esqueçamos. O neoliberalismo tende, assim, a regressar às remotas origens políticas, cada vez mais ciente de que o poder absoluto do mercado e os lucros plenos não se alcançam com democracias.
Neoliberalismo económico-financeiro e fascismo político são talhados um para o outro e, pelos exemplos ao nosso dispor, constituem mesmo a única solução em perspectiva para a sobrevivência do capitalismo no seu estado supremo de exploração humana.
Nunca, como agora, o inimigo do combate pela liberdade e pela democracia, o inimigo do ser humano, esteve tão definido no nosso horizonte.
José Goulão

www.abrilabril.pt
30
Jun17

RECADO AO PEDRO

António Garrochinho


Eu vou-te avivar a memória, já que não te lembras daquilo que fizeste quando eras Primeiro Ministro.
A primeira medida que tomaste foi o aumento do IVA, recordas?
Dessa medida resultou a falência de milhares de PMEs e o desemprego de milhares de trabalhadores.
Milhares de pequenos empresários ficaram sem meio de vida, cheios de dívidas viram-se obrigados a entregar casas aos bancos e a pedir esmola.
Conheci vários que se mataram dentro das empresas em desespero porque como eram empresários nem direito tinham a um subsídio de desemprego.
O desemprego disparou para níveis nunca vistos neste país.
As IPSSs, a Cáritas e outras organizações de Solidariedade Social não tinham mãos a medir para atender pedidos de ajuda de famílias inteiras que sem apoios da Segurança Social estavam a passar fome e desesperadas sem conseguirem fazer face ás despesas básicas.
Milhares de famílias foram atiradas para a rua, despejadas das suas casas pela Banca, por senhorios e pelas Finanças através de penhoras por dívidas ao Estado, quando muitas dessas dívidas eram de valor inferior ao valor real das habitações.
Depois vieram os cortes nas pensões de reforma, no complemento solidário para idosos, nas pensões de viuvez, nos abonos de família e nas pensões não contributivas como por exemplo no RSI que cortaste a torto e a direito sem olhar a quem e sem apelo nem agravo.
Aumentaste o IMI, começaste a cobrar IUC sobre veículos independentemente de estarem ou não em circulação, chegando ao ponto de cobrares esse imposto a quem nem carro tinha ou sobre veículos já abatidos há anos.
Aumentaste impostos na gasolina, no gasóleo, no tabaco, nas bebidas alcoólicas, aumentaste as portagens e todos esses aumentos foram reflectir-se no aumento do custo de vida que como é óbvio foi mais sentido pelas classes sociais mais frágeis e carenciadas.
Criaste as taxas moderadoras e com essa medida muitos idosos deixaram de ir ao médico ou aos hospitais.
Fechaste Centros de Saúde, Maternidades e Hospitais e muitos idosos morreram por falta de assistência médica, mas também jovens e parturientes morreram por falta de cuidados médicos.
Doentes oncológicos viram as suas cirurgias adiadas e sem cuidados continuados.
Doentes crónicos ficaram sem médicos de família e sem comparticipação em medicamentos imprescindíveis ao tratamento das suas doenças.
Lembras-te dos doentes com Hepatite C a quem negaste um medicamento que podia salvar vidas e mesmo curar?
Deu até azo a manifestações populares na AR que a tua amiga Assunção Esteves reprimiu e mandou deter alguns doentes que se manifestavam indignados e com razão!
Não eram suicidas mas tu querias bem lá no fundo que fossem para poupares algum. Fazia-te jeito para ficares bem visto perante a Troika e a tua amiga Merkele.
Fechaste escolas e fizeste dos professores e das suas vidas gato sapato, obrigando-os a andar em Bolandas sem saberem o que fazer e onde ir!
Mudaste Freguesias, alteraste comarcas, encerraste Tribunais e deste com os juízes e advogados em doidos com a porcaria do sistema Citius todo baralhado.
Esqueceste essa cena?
Eu lembro-te.
Dessa confusão resultaram prejuízos para empresas, para cidadãos e para todo o país que nunca mais se vai recuperar!
Pais que perderam a guarda dos filhos conheci 19, 5 mataram-se.
Fora os que não conheço e olha que não conheço muita gente.
Mães que se viram sem as pensões de alimentos por culpa da baralhada com o Citius foram milhares.
Uma era professora e o filho era deficiente.
Atirou-se da varanda de um hotel.
Mas também houve mães que envenenaram os filhos e a seguir mataram-se porque não tinham nem emprego nem apoios e nem ajuda de psicólogos.
Sabes Pedro, moro em Almada.
Fui obrigada a vir morar para aqui.
Não, não foi culpa tua.
As coisas neste país já não estão bem há muitos anos.
Realmente apanhaste o país num grande caos económico, mas mesmo assim se fosses honesto e um bom gestor terias evitado cortar onde mais doeu!
Os cortes atingiram os mais fracos e para recuperar um país começa-se por por ordem nas finanças públicas cobrando impostos aos que não pagam.
Mas para o fazeres, para cobrares aos que sempre fugiram aos impostos terias de começar por ti, não é assim?
E depois os teus amigos e financiadores não iriam gostar nada de terem de alargar os cordões à bolsa.
Mas como te dizia, vim viver para Almada há uns anos e sabes, aqui temos uma Ponte onde todos os dias durante o teu governo assistimos a muitos suicídios.
E também temos o Metro que não é subterrâneo, é como um eléctrico sabes?
Pois volta e meia para não dizer uma a duas vezes por semana, lá se tinha de chamar o INEM por causa de um velhote ou velhota que "escorregava" e caía à linha!
E quantos eu vi a chorar de vergonha por serem apanhados no supermercado a guardar uma lata de salsichas ou de atum na mala ou num bolso do casaco!!
E outros a sairem da farmácia sem aviar a receita porque a reforma tinha encolhido e os filhos tinham-se mudado lá para casa e estavam desempregados e sem subsídios de desemprego!
Sabes Pedro, sabes qual é o teu mal?
Teres tido um pai fantástico e uma mãe que tudo te desculpou.
Os anos de cabulice, as más notas no liceu, as noitadas na vadiagem, a vida boémia, as drogas, a pouca ou nenhuma vontade de estudar ou trabalhar e a falta de respeito por toda a gente.
Tu não tens noção da quantidade de vidas que deste cabo ao longo da tua vida, não só nos quatro anos em que te tivemos de aturar como Primeiro Ministro, mas desde que te conheci quando vivias na Rua República da Bolívia.
Tenho pena de não ter adivinhado naqueles anos naquilo em que tu te irias transformar!
A sério Pedro.
Naquele dia em que chamei a PSP de Benfica e evitei que a malta do Bairro do Charquinho te desse um arraial de porrada, se eu tivesse adivinhado no que te irias transformar, eu tinha fechado os olhos e fingido que te tinhas atirado da varanda do quinto andar.
Teria evitado tanta coisa, até ouvir as alarvidades que continuas a atirar pela boca fora.
Tantos anos depois e continuas a ser o mesmo chulo que conheci na nossa adolescência e juventude.
Olha Pedro, queres um conselho?
Reforma-te da política e mete uma rolha na boca ou um dia destes apareces suicidado nalguma esquina da vida.
É que nem todos os que te conhecem bem são tão pacíficos e compreensivos como eu e como a malta que te aparou as pancas lá em Benfica, tu sabes bem na casa de quem.
Espero que a Laura recupere depressa da maldita doença.
Ela não merece tanto sofrimento!
E se um dia nos voltarmos a cruzar nalguma rua de Lisboa vira o rosto, para que eu não me sinta tentada a sujar as minhas mãos na tua cara.
É que eu tentei duas vezes o suicídio por tua causa quando me vi atirada para a rua sem qualquer apoio e a lutar contra o cancro e sem ajuda psiquiátrica.
Não acertei na dosagem.
Não tinha de ser.
Quem sabe o que a vida me reserva?
Talvez me reserve a felicidade de te ver a ti Pedro e aos teus amiguinhos (tu sabes a quem me refiro) atrás das grades e a pagares pelos milhares de vidas dos que se suicidaram ou tentaram em desespero por vossa causa!
Assino o nick com que me conhecias: Nini Nilo
30
Jun17

QUANDO FOR GRANDE QUERO SER GENERAL

António Garrochinho

A vídeo-vigilância não funciona nas forças armadas há 2 anos. Dois paióis militares foram assaltados em Tancos, onde há vigilância 24 sobre 24 horas. Parece ser, aliás, uma moda roubar material de guerra neste Burkina Faso… do norte de África.
Sai mais um inquérito para a mesa do canto. Demorado, inócuo, desculpabilizador, simplório e irresponsável. Os generais continuarão a engordar a pança da sua incompetência, os coronéis fecundarão os subordinados com protocolos a que ninguém liga, os majores e os capitães prosseguirão o seu aturado trabalho nos bares de oficiais.
Espero, sinceramente, que não deixem de castigar severamente o furriel-de-dia. Ah, e não permitam que o “Apache” (nome imaginário do cão do regimento) se mantenha em liberdade condicional. Acorrentem-no.
Guilherme Antunes
Foto de António Garrochinho.


30
Jun17

E É ISTO. CAMBADA...

António Garrochinho

Carlos do Carmo garante que Portugal é do 1º mundo, ainda que fale, o azougado cantor, da miséria desse mesmo povo “primo-mundializado”. Seguem-se tonitruantes guinchos de “lálás” inter-canais, que juram que jamais se viu tamanha solidariedade em Portugal. Fazem apelos esquematizados e medíocres que apelam à lágrima que garantem escorrer pela face de toda a plateia. Vários pintelhos femininos e masculinos dizem que estamos a viver um momento “histórico”. Histórico? “Bocêses” disseram histórico? Assim como quê? Como 1383/5? Como na Restauração em que recuperámos a independência? Semelhante ao 25 de Abril de 1974 em que mandámos o fascismo levar no cu? Guincham os filibusteiros do regime plastificado, que não há nada melhor que os portugueses quando engalanam como nenhuns outros.
Não há pateta, feminino ou masculino, que não diga que sente um orgulho enorme em ser português neste momento. Parece que somos bestiais, maravilhosos, até. O que a gente consegue toda unida, deuses meus, em especial aqueles do sub-mundo (os deuses).
É claro que tudo muda para estes cancros burgueses quando se trata de lutar para repor os direitos do SNS. Atiram-se-nos às canelas quando preconizamos a escolaridade gratuita para todos. Guincham com os ânus doridos só de pensarem nas propostas patrióticas do PCP pela nacionalização da banca, não obstante, serem conhecidas de todos as operações bancárias do BES, do BCP, do banco de Portugal, etc.
Reflexão após 10 minutos (bastou-me) do espectáculo da solidariedade bonitinha, bem apalavrada, vazia de sentido, é verdade, mas quem é que repara nisso?
Aleluia, aleluia, a diva Carminho até conhece bombeiros, ela assegura que até é amiga de alguns. Uau, uau, uau. Fátima Lopes relincha de contentamento face ás “performance” das classes “eliticas”.
Foto de António Garrochinho.
30
Jun17

Fim da sobretaxa do IRS para quem ganha entre 20 e 40 mil euros por ano

António Garrochinho


É mais um passo a caminho do fim total da sobretaxa do IRS. A consultora EY fez para a TSF algumas simulações que permitem perceber quanto é que isso vai trazer a mais para os bolsos dos portugueses.

A sobretaxa está a ser devolvida aos trabalhadores de forma faseada. A partir de 1 de julho, quem ganha entre 20.261 e 40.522 euros deixa de suportar a parcela de IRS criada nos tempos da troika.
Um casal em que cada elemento ganhe 3000 euros brutos mensais e tenha a cargo dois dependentes vai receber no mês que vem, cada um dos elementos, mais 22 euros.
Simulação consultora EY, com base nos seguintes pressupostos: Sector privado; Mês sem subsídios; Mês apenas com salário base (e.g., sem subsídio de refeição, etc)© Direitos Reservados
É o que prevê a simulação da consultora EY, que nas projeções que fez para a TSF teve em conta quem trabalha no setor privado e apenas o vencimento bruto, sem subsídios de qualquer espécie.
Simulação consultora EY, com base nos seguintes pressupostos: Sector privado; Mês sem subsídios; Mês apenas com salário base (e.g., sem subsídio de refeição, etc)© Direitos Reservados
Já um trabalhador que todos os meses leve para casa 2000 euros brutos, solteiro e sem dependentes em julho vai receber mais 13 euros.
Simulação consultora EY com base nos seguintes pressupostos Sector privado Mês sem subsídios Mês apenas com salário base (e.g. sem subsídio de refeição etc) Direitos Reservados
Este é o resultado da eliminação faseada da sobretaxa que agora desaparece para quem ganha entre cerca de 20 mil e perto de 40500 euros anuais.
A parcela de imposto criada nos anos da troika está a ser devolvida aos trabalhadores, de forma faseada.
Desde o inicio do ano que, quem ganha menos de 20 mil euros anuais, já não paga sobretaxa.
No final de setembro, será a vez de quem ganha entre 40.522 e 80.640 euros anuais. Acima deste valor, o fim da taxa adicional de IRS está marcado para o final de novembro.


www.tsf.pt

30
Jun17

AS MULHERES E AS SUAS INVENÇÕES

António Garrochinho

Estas invenções mudaram o mundo e foram todas criadas por mulheres

Até pouco tempo atrás era comum pensar o mundo das grandes invenções, da superação e das conquistas humanas como um mundo masculino. Naturalmente que o próprio machismo atávico, sempre presente pautando não só os espaços de trabalho e estudo (e, consequentemente, das criações e desenvolvimentos humanos) criou historicamente um sem fim de barreiras para que fosse permitido que mulheres disputassem e se destacassem em tais contextos, como que as conquistas femininas fossem sequer reconhecidas – vale lembrar que até meados do século XIX na maior parte do mundo não era sequer permitido que mulheres patenteassem invenções.
Pois, apesar do funcionamento desigual das estruturas sociais e profissionais do mundo, diversas mulheres conseguiram superar tais barreiras e alterar de forma determinante o curso da civilização com suas invenções. Não é por acaso, contudo, que poucas sejam reconhecidas, mas isso não altera a importâncias de suas criações e a substancial contribuição que grande inventoras mulheres, mesmo sob a dura égide do machismo, para o desenvolvimento direto de nossas tecnologias, hábitos e de nossa vida como um todo.
Assim, separamos aqui 10 grandes inventoras de uma lista muito maior de mulheres que expandiram o mundo com suas invenções.

1. Ada Lovelace – Primeiro programa de computador (1843)

ADA LOVELACE 2
Única filha legitima do poeta inglês Lord Byron, a escritora e matemática Ada Lovelace (1815-1852) foi a primeira pessoa a reconhecer, em 1843, que as máquinas e computadores poderiam exercer funções mais amplas do que simplesmente cálculos matemáticos. Com isso, Lovelace desenvolveu o primeiro algoritmo pensado para ser executado por uma máquina, tornando-se a primeira programadora de computação da história – além da primeira pessoa a reconhecer um potencial amplo em tais máquinas, antevendo em mais de um século a revolução que vivemos hoje.

2. Maria Beasley – Bote salva-vidas (1882)

EDIT_Maria-Beasley-life-raft-inventor
Em meados do século XIX, um bote salva-vidas não era muito mais do que uma placa de madeira com remos para se escapar de um navio afundando. Foi Maria Beasley, uma inventora e empreendedora americana quem inventou o bote salva-vidas moderno, compacto, à prova de fogo, de fácil e eficiente uso, com placas de metal capazes de boiar e navegar por longas distâncias de forma realmente segura. A eficácia de sua invenção foi comprovada de forma extrema quando do desastre do Titanic, no qual seu bote evitou centenas de mortes.

3. Josephine Cochrane – Lava-louças (1886)

EDIT_Josephine
De um mero desejo de não precisar mais lavar suas louças chinesas (e nem quebra-las durante o processo manual de lavagem depois do uso), a americana Josephine Cochrane acabou por participar do início de um processo fundamental em nossas modernização: a substituição do esforço humano por máquinas em tarefas gerais.
Josephine inventou uma máquina que utilizava jatos de água quente e sabão no lugar do esfregar de mãos contra a louça. Para efetuar um processo realmente seguro, ela incluiu a estrutura onde se encaixam as louças (até hoje utilizada), e patenteou sua máquina de lavar louças em 1886, com uma adição revolucionária: um motor. Dessa forma, não era preciso do esforço humano nem mesmo para girar manivelas. O futuro começava a chegar, portanto, dentro de nossas vidas e casas.

4. Anna Connelly – Saída de incêndio (1887)

EDIT_Anna Connelly
Parece simples, mas a invenção da saída de incêndio em edifícios mudou a maneira com que o mundo podia lidar com tais tragédias. A invenção de Anna Connelly não era exatamente uma escada, como até hoje se usa, mas sim uma ponte retrátil de metal, que ligava um prédio ao edifício vizinho. Com isso, se antes, diante de um incêndio, a única possibilidade de fuga era para o alto do edifício (dificultando tremendamente a fuga), com sua “ponte” as pessoas podiam ir até o prédio ao lado, e sair de forma segura (a distância necessária entre os prédios para a aplicação das pontes também ajudavam no combate para que o fogo não se alastrasse).
Sem a ponte de Connelly, não haveria escadas modernas – e muito mais vidas teriam sido perdidas em tragédias.

5. Sarah Boone – Tábua de passar (1892)

EDIT_Boone
A invenção de utensílios domésticos, em uma época em que somente as mulheres cuidavam das tarefas da casa e do dia-a-dia, ao oferecerem mais autonomia, tempo livre e menos trabalho braçal, ajudaram em muito à libertação feminina. Assim, como na invenção da máquina de lavar-louças, a tábua de passar – criada pela afro-americana Sarah Boonne em 1892 – não só trouxe uma qualidade muito maior no resultado das roupas passadas, como facilitou a vida das mulheres que, dinate das desiguais circunstâncias, tinham de se dedicar a tais tarefas – abrindo espaço, dentro de casa, para uma maior autonomia feminina.

6. Florence Parpart – Geladeira elétrica (1914)

EDIT_Florence-Parpart
Imagine a vida moderna sem a geladeira – e, logo, sem sua bebida favorita sempre gelada, e sem a transformadora capacidade de armazenar alimentos por muito mais tempo (diminuindo o desperdício de comidas radicalmente, além de melhorar intensamente a própria higiene de nossas cozinhas e hábitos alimentares).
Pois foi em 1914 que Florence Parpart apresentou ao mundo a primeira geladeira elétrica, tornando instantaneamente obsoletas as caixas de gelo de então. Florence foi também uma grande empreendedora, capaz de popularizar seu invento por todo o mundo – e o mundo até hoje agradece.

7. Hedy Lamarr – Wi-Fi e tecnologias celulares (1942)

EDIT_Lamarr_Tortillaflatb_promo
A austríaca Hedy Lamarr já era uma reconhecida atriz de Hollywood quando, no início da Segunda Guerra Mundial, inventou um sistema de comunicação, por ondas de rádio, capaz de alterar a rota e despistar os torpedos inimigos. A patente foi alcançada em 1942, mas pouco utilizada na guerra, por seu alto custo e pela dificuldade de desenvolvimento.
Décadas depois, porém, a invenção de Lamarr (levantada junto com o compositor George Antheli) tornou-se base direta para o desenvolvimento da telefonia celular, e das tecnologias de transmissão de dados Wi-Fi e Bluetooth. Em 2014, por sua vasta contribuição, Lamarr foi incluída no Hall da Fama dos Inventores, nos EUA.

8. Virginia Apgar – Teste de Apgar (1953)

EDIT_Virginia_Apgar
A obstetra e anestesista americana Virginia Apgar já era uma liderança pioneira em suas áreas quando, em 1953, desenvolveu o primeiro teste para determinar a saúde do bebê recém-nascido. O teste (ou Escala de Apgar) é aplicado nos primeiros minutos de vida, levantando a avaliação de 5 sinais objetivos do bebê, no primeiro e no quinto minuto de vida (e seu sobrenome tornou-se uma espécie de sigla e acróstico para o apontamento desse sinais): Aparência, Pulso, Gesticulação, Atividade, Respiração.
Através dessas avalições dentro da escala, é possível determinar com especial eficiência a saúde dos primeiros momentos de vida do neném – possibilitando, assim, o que boa parte das invenções aqui listadas permite: salvar vidas.

9. Escorredor de arroz – Therezinha Beatriz Alves de Andrade (1959)

EDIT_Thereza
O invento da brasileira Therezinha Beatriz Alves de Andrade não só entra na categorias das invenções que ajudaram a emancipação feminina, como provoca um forte impacto no desperdício de comida – pauta cada vez mais fundamental no mundo de hoje.
Ela inventou nada menos que o escorredor de arroz, com uma bacia acoplada a uma peneira em um só objeto. Assim, não só a tarefa doméstica de lavar e preparar o arroz para ser cozido tornava-se mais ágil, como uma boa quantidade de alimento deixava de ser desperdiçada diariamente nas pias de todo o mundo.

10. Stephanie Kwolek – Fibra Kevlar (1965)

EDIT_Kwolek
A química americana Stephanie Kwolek havia dedicava-se apaixonadamente à ciência quando incumbiu-se de uma tarefa que ninguém na época pareceu interessado: desenvolver uma fibra mais resistente do que as até então existentes, mas que fosse também mais leve. Seu propósito original era usa-la para reverter pneus.
Sua criação, a fibra Kevlar, é cinco vezes mais resistente que o aço, e consideravelmente mais leve do que outras fibras – e é hoje utilizada não só em coletes à prova de bala, como em aviões e turbinas.
© fotos: reprodução,fonte

vivimetaliun.wordpress.com
30
Jun17

A LONGA BATALHA PELA EURÁSIA.

António Garrochinho





A LONGA BATALHA PELA EURÁSIA.
1- A Organização de Cooperação de Xangai (OCX), teve sua reunião anual em Astana, capital do Cazaquistão, dando seguimento aos projectos anteriores, que visam a integração económica de todos os seus componentes, privilegiando as possibilidades de “ganha-ganha” e colocando num “puzzle” só possível no século XXI, o cimento indispensável com vista à consolidação.
De entre os projectos, realça-se a admissão formal da Índia e do Paquistão, assim como a evolução no sentido da admissão do Irão (que é com a Mongólia e o Afeganistão, um estado observador), uma das peças-chave para a consolidação do conjunto de geoestratégias no âmbito daquela organização, que têm tido até agora a China e a Rússia como seus principais impulsionadores.
Neste momento a OCX integra 8 estados que possuem a maior área e a maior quantidade de população entre as organizações existentes à escala global, sendo 4 dos seus membros potências nucleares (China, Rússia, Índia e Paquistão).
A entrada da Índia e do Paquistão reforçam o flanco sul da OCX, mas também contribuem para isolar cada vez mais os focos de desestabilização disseminados por todo o Médio Oriente, do Iémen à Síria, do Iraque ao Afeganistão e Paquistão.
2- As políticas de caos, terrorismo e desagregação, de que a coligação de interesses avassalados aos Estados Unidos se tem empenhado de modo a que seja Israel a tirar o melhor proveito na região, sendo políticas de geometria variável e alimentando no seu interior uma multiplicidade de contradições, possuem cada vez mais fragilidades internas e nem o poderio militar está a demonstrar estar à altura das iniciativas da OCX, que além do mais fazem fluir projectos como o das rotas da estrada da seda, ou o da utilização da moeda chinesa para os negócios energéticos, ou ainda a concentração das potencialidades de investimento em Bancos como o Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura, (BAII), o Novo Banco de Desenvolvimento, (NBD) e o Fundo Chinês da Rota da Seda.
O fim do Estados Islâmico e dos grupos ligados à Al Qaeda na Síria e no Iraque avizinha-se, mas os investimentos que os suportam e suportam as suas conexões de inteligência, estão apostados em fazer revitalizar seus projectos de caos, terrorismo e desagregação utilizando a plataforma do Afeganistão, para onde começam a trasladar parte dos seus efectivos e meios.
Os Estados Unidos e seus vassalos vão manter sintomaticamente suas forças militares no Afeganistão, alimentando as mesmas linhas contraditórias que advêm da administração republicana de George W. Bush.
Tacitamente onde há caos, terrorismo e desagregação, regista-se a presença militar dos estados que compoem a coligação liderada pelos Estados Unidos.
O impulso à presença do Estado Islâmico e de grupos da Al Qaeda no Afeganistão, entra em consideração pouco a pouco com os talibãs, o eu vai fazer mecher as peças no cmplexo xadrez euroasiático, aproximando os talibãs dosinteresses geoestratégicos da OCX.
Do lado do campo do caos, terrorismo e desagregação liderado pelos Estados Unidos, o incremento da presença do Estado Islâmico e da Al Qaeda no Afeganistão, abre novas linhas de ruptura em direcção ao Cáucaso (Rússia), países da Ásia Central (Casaquistão, Uzbequistão, Quirguistão e Tadjiquistão), assim como ao ocidente da China e Paquistão, na espectativa que isso também venha a neutralizar (ou no mínimo retardar) os projectos de integração do âmbito da OCX.
3- A longa batalha pelo domínio do continente euroasiático está em curso e ganha novos contornos que obrigam a novas reavaliações, todavia é a emergência multipolar que está a avançar, reforçando-se e a hegemonia unipolar que está em decadência, obrigando-se a consumir em guerras de carácter, intensidade e geometria variáveis, sem melhores alternativas.
Uma parte substancial das 800 bases dos Estados Unidos espalhadas pelo mundo estão no continente Euroasiático, ou à sua volta, mas o crescimeno da OCX é uma contrariedade por que inibe as capacidades militares de cerco em relação à Rússia e à China, cada vez menos isoladas e cada vez mais adequadas a projectos comuns em termos energéticos.
A “plataforma” que se oferece ao incremento da presença do caos, do terrorismo e da desagregção no Afeganistão vai no sentido duma nova escalada de acções por parte da hegemonia unipolar que se assemelha a mais uma desesperada tentativa de reverter a evolução da situação a seu favor.
A IIIª Guerra Mundial vai portanto em breve ter novos contornos e acontecimentos bruscos, entre eles a possibilidade do “blietzkrieg” da Arábia Saudita contra o Qatar, onde estão além do mais em jogo os acessos a um dos maiores campos de gaz do globo e o domínio sobre eles.
Na Síria, a confrontação contra a coligação por parte do estado sírio pode também vir a acontecer, pois se os Estados Unidos e seus vassalos falharam na disseminação do caos e do terrorismo naquele país, ainda não perderam o pé em relação à sua possível desagregação.
O poder assimétrico e errático da actual administração republicana de Donald Trump nos Estados Unidos é por si uma autêntica “caixinha de surprezas”, pois nunca se sabe de onde partirão as iniciativas (se do Presidente, se do Departamento de Estado, se do Pentágono, se dos múltiplos braços dos serviços de inteligência onde pontifica a CIA)…
Se há dificuldades na percepção das linhas tácticas operacionais que se distendem a partir dessa administração, a sua geoestratégia no enorme continente Euroasiático está cada vez mais evidente à frente da parte bárbara do “front”, em conformidade com a “civilização judaico-cristã ocidental” e unindo por vezes da forma mais contraditória as peças fundamentalistas que vão desde as tendências nazis (na Ucrânia, na Polóna, e nos países do leste da União Europeia), até à implicação tácita do Califado e de organizações como a Al Qaeda, sem os quais não haveria justificação para a sua presença no “ultramar”.
A possível entrada do Irão na OCX, que está no horizonte, poderá ser mais um factor de reforço à emergência multipolar e, se tal acontecer, mais um sinal de que a hegemonia unipolar está sem recursos (para além dos militares) no grande jogo Euroasiático.
Martinho Júnior.

30
Jun17

VÍDEO - ESTA ARANHA É CAPAZ DE DISPARAR A SUA TEIA A 25 METROS

António Garrochinho

Como pode uma aranha do tamanho de uma unha cruzar um rio? Se trata da aranha-da-casca-de-darwin (Caerostris darwini) e o truque é simples. Só tem que disparar sua seda, a mais resistente que se conhece, até o outro lado. Depois já é possível se cria ou não uma rede de 2,8 m de diâmetro. Ainda que para os mais aracnofóbicos a ideia de uma teia de aranha dessa dimensões produzir calafrios, a verdade é que esta aranha é uma pequena maravilha de valor incalculável para a ciência.

Sua seda é o material de origem biológica mais tenaz conhecido -em ciência de materiais, a tenacidade é a energia de deformação total que é capaz de absorver ou acumular uma substância antes de atingir o rompimento em condições de impacto-. De fato, sua tenacidade é 10 vezes superior à do kevlar.

Que faz a Caerostris darwini com esta teia? Literalmente, o que faz é estender pontes sobre rios e grandes massas de água. Em sua ilha nativa de Madagascar, a aranha ocupa um nicho único no ecossistema. A resistência de sua seda permite-a tecer teias de aranha sobre lagos ou rios, um lugar onde nenhuma outra aranha pode chegar, e que está cheio de insetos voadores como moscas, mosquitos ou pequenas libélulas.

VÍDEO

Para poder enviar sua teia tão longe, a aranha não tem que fazer muita força. As fibras de sua seda abrem-se um pouco ao avançar, criando algo parecido a uma pipa que flutua nas correntes de ar. A aranha-da-casca-de-darwin é inofensiva para o ser humano. Os machos raramente superam os 6 mm de diâmetro e as fêmeas os 18 mm. Seu nome deve-se ao aspecto de casca de sua carapaça.

www.mdig.com.br
30
Jun17

MERCADOR AMBULANTE VENDENDO MÚMIAS NO EGIPTO EM 1865

António Garrochinho
Durante a era vitoriana de 1800, a conquista do Egito por Napoleão abriu as portas da história do Egito para os europeus. Naquela época, as múmias não receberam o respeito que mereciam das elites europeias e, de fato, as múmias podiam ser compradas dos vendedores ambulantes -como mostrado na foto- para serem usadas como o principal evento para festas e encontros sociais que ocorreram no século XVIII.

Mercador ambulante vendendo múmias no Egito, em 1865
As elites da era muitas vezes faziam "Festas de desempacotamento", que, como o nome sugere, era tipo um "unboxing" cujo tema principal sria uma Múmia que seria desembrulhada na frente de uma plateia turbulenta, torcendo e aplaudindo ao mesmo tempo.

Durante esse período, os restos bem conservados dos antigos egípcios foram rotineiramente moídos em pó e consumidos como remédio medicinal. Na verdade, tão popular se tornou a múmia pulverizada que até instigou um mercado negro para atender a demanda, em que a carne dos mendigos era vendida como a dos antigos egípcios mumificados.

À medida que a Revolução Industrial progrediu, as múmias egípcias foram exploradas para fins mais utilitários: um grande número de múmias humanas e animais foram destruídas e enviadas para a Grã-Bretanha e Alemanha para uso como fertilizante. Outras foram usadas ??para criar pigmento marrom múmia ou foram despojados de seus invólucros, que foram posteriormente exportados para os EUA para uso na indústria de fabricação de papel.

À medida que o século XIX avançava, as múmias tornaram-se objetos de exibição apreciados e um grande número delas foi comprada pelos ricos colecionadores privados europeus e americanos como lembranças turísticas. Para aqueles que não podiam pagar uma múmia inteira, os restos desarticulados, como uma cabeça, mão ou pé, podiam ser comprados no mercado negro e contrabandeados.

Tão rápido foi o comércio de múmias na Europa que, mesmo depois de saquear túmulos e catacumbas, simplesmente não havia suficientes corpos egípcios antigos para atender a demanda. E assim falsas múmias foram fabricadas dos cadáveres de criminosos executados, idosos, pobres e dos que morreram de doenças horríveis, enterrando-os na areia ou enchendo-os de betume e expondo-os ao sol.

www.mdig.com.br
30
Jun17

30 de Junho de 1487: É publicado o primeiro livro impresso em Portugal, o "Pentateuco"

António Garrochinho


O “Pentateuco” é considerado o primeiro livro impresso em Portugal. O único exemplar original conhecido  encontra-se na Biblioteca Bodleiana, na Universidade de Oxford. Trata-se do primeiro livro da Bíblia, uma narrativa desde a criação do Mundo, até à fixação do povo hebreu no Egipto, tendo sido, nesta primeira versão em Portugal, impressa em 110 fólios, com composição de 30 – 32 linhas. 

Foi concluído em 30 de Junho de 1487, na oficina de Samuel Gacon, editor judeu, que vivia em Faro, conhecido também por Samuel Porteiro, detentor de uma das primeiras oficinas tipográficas instaladas em Portugal. Desta obra religiosa, o único exemplar conhecido está guardado na British Library em Londres. Foi roubado em Portugal, aquando do saque à cidade de Faro, pelos ingleses, em 1596. (De recordar que, nessa data, Portugal fazia parte de Espanha).

Para a edição desta obra em hebraico, teria existido já o recurso a caracteres metálicos móveis. Estes caracteres hebraicos eram quadrados e elegantes, de dois tamanhos, sendo o maior usado no texto e o outro, mais largo, nas rúbricas. 

A tipografia hebraica portuguesa teve as suas origens na Itália, de onde os judeus a teriam trazido para Portugal. Há a notícia de que outros incunábulos foram possivelmente impressos em Portugal antes de 1487, mas cujo desaparecimento tornou impossível, até hoje, a confirmação de que são anteriores àquela data



Estão neste caso as chamadas "Obras de D.Pedro" a "Imitação de Cristo" e a "Cartilha" de D. Diogo Ortiz.

 

30
Jun17

30 de Junho de 1934: "Noite das facas longas", na Alemanha nazi. Adolf Hitler, Goering e Himmler ordenam a morte dos dirigentes da tropa de choque SA

António Garrochinho


A partir de 24 de março de 1933, o "Reichstag" (Parlamento alemão) aprova a chamada "lei dos plenos poderes", dando a Adolph Hitler uma autoridade ditatorial. Estes primeiros anos no poder serão cruciais para o ditador estabelecer a sua autoridade e rodear-se de colaboradores leais. Em todas as províncias são instalados governadores do Reich e são drasticamente limitadas as liberdades democráticas. A nível social, a influência nazi começa igualmente a estender-se; não há, a partir de então, associação, profissão, emprego oficial, jornal ou empresa que não estejam integrados na linha omnipotente do partido. Ocorrem, também, os célebres pogromscontra os judeus. Simultaneamente, a atenção de Hitler vira-se para as forças militarizadas. Com Heinrich Himmler cria-se a Gestapo (Polícia Secreta do Estado) e o serviço de segurança (SD). Para os adversários (políticos, religiosos ou "racistas") criam-se campos de concentração (KZ) por detrás de pântanos ou florestas, rodeados de arame farpado e de fileiras de postos de vigilância. Pouca gente do povo se apercebe verdadeiramente do que se passa. Quem se apercebe está, de alguma forma, dentro do sistema. Alguns comandos da Reichwehr (o exército) opõem-se a esta evolução, não se deixando manobrar pelo sistema. O presidente do Reich continua a ser o seu presidente supremo e o corpo de oficiais está em grande parte cheio de desconfiança e de aversão por Hitler e os seus métodos. Quando o chefe das SA, Ernst Rohm, apoiado pelo seu gigantesco exército, pretende organizar um corpo paramilitar eficaz e autónomo, o ditador reage de forma drástica. Manda "limpar" todos os setores militares, eliminando todos quantos se lhe poderiam opor. E tudo numa única noite, que ficará conhecida como "A Noite das Facas Longas". Rohm foi preso na madrugada de 30 de junho de 1934 por Hitler num hotel nos arredores de Munique e, resistindo à prisão, foi levado à força ao cárcere de Stadelhein. Em 2 de julho de 1934, em Stadelhein,seguindo ordens diretas de Hitler,Theodor Eicke (construtor do Campo de Concentração de Dachau) e um oficial da SS  foram à sua cela, entregando-lhe uma pistola com uma bala e 10 minutos para se matar, se não fizesse eles mesmos o executariam .Röhm  recusou-se,dizendo: "Se vou ser morto, deixe o Sr. Hitler fazer isso"..Eicke e o oficial  retiraram-se, retornando após 10 minutos. Encontraram Röhm de pé e totalmente nu .Sem entender o motivo para isso, mas obedecendo às ordens recebidas,  executaram Röhm à queima-roupa.

Na noite de 30 de junho de 1934, foram assassinados dezenas de adversários, pessoas informadas que, conhecendo Hitler, poderiam "falar de mais" a seu respeito; trata-se, por isso, de uma das mais célebres e dramáticas depurações do Partido Nacional Socialista.

A Noite das Facas Longas (30 de junho 1934). In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2011.
wikipedia (imagens)

~
Kurt Daluege, Heinrich Himmler e Ernst Röhm em  Agosto de  1933

Franz von Papen, vice-chanceler alemão, foi preso após discursar contra os nazis

30
Jun17

30 de Junho de 1793 : Inauguração do Teatro S. Carlos

António Garrochinho


O projeto do Teatro de S. Carlos encomendado ao arquiteto José da Costa e Silva surge encabeçado por um grupo de capitalistas de Lisboa, que contaram com o apoio do Intendente Diogo Pina Manique. Pretendia-se dotar a capital de um teatro lírico portador dum novo espírito, diferente do antigo teatro de corte, com entrada por convite,na medida em que quem pagava bilhete tinha automaticamente lugar assegurado.Este teatro, homenagem a D.Carlota Joaquina, foi construído em apenas sete meses, sendo solenemente inaugurado a 30 de junho de 1793,durante a governação de D. João VI, filho de D. Maria I.A nível planimétrico inspira-se no Teatro de S. Carlos de Nápoles, obra de Medrano datada de 1737 - destruído por um incêndio -, embora a fachada se baseie no Scalla deMilão, de Piermanini (discípulo de Vanvitelli), construído entre 1776 e 1778. Este erguia-se sobre um enbasamento em silharia de junta fendida e apresentava um corpo central, não muito saliente. Na fachada recorria à utilização de vários ressaltos para valorizar o corpo central. O ático de balaústres e urnas era coroado por frontão triangular.

O nosso teatro possui embasamento em silharia de junta fendida, mas o corpo central apresenta um avanço muito maior, de pórtico em ressalto para passagem das carruagens, formando uma varanda na parte superior, muito elegante, com grinaldas. O corpo superior dá a impressão de ter sido um acrescento posterior e é coroado por uma urna com as armas reais portuguesas. Este edifício, que possuía apenas a fachada principal trabalhada, sendo as restantes lisas, nem por isso deixa de plasmar um estilo que aqui adquire a maturidade.

No interior trabalharam artistas importantes, como Cyrillo Volkmar Machado (autor das pinturas do teto da entrada e do pano da boca, entretanto desaparecidos), Manuel da Costa (pintou o teto da sala, que também não subsistiu)ou Appiani, autor da tribuna real.


A sala possui cinco ordens de camarotes animados pelo brilho da talha dourada que, a par com as escadarias de largas proporções, os mármores da tribuna ou a decoração do Salão Nobre, concorrem para a criação duma atmosfera mais próxima do barroco. No andar térreo, junto às escadarias, situam-se o botequim e a bilheteira.Neste piso, a decoração é contida.O primeiro empresário do Real Teatro de S. Carlos foi o italiano Francesco Lodie na ópera inaugural cantou-se "La Ballerina Amante", de Cimarosa.

Teatro de S. Carlos. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013.
wikipedia (Imagens)

Arquivo: TeatroSCarlos-IPPAR.jpg
Fachada principal do Teatro
Ficheiro:TeatroSCarlos-IPPAR1.jpg


Interior do Teatro

Lisboa. Teatro de S. Carlos (vista interior) - último quartel do séc. XIXTheatro de S. Carlos. Aspecto da sala por occasião do sarau em benefício dos Albergues Nocturnos
30
Jun17

Quem tem medo compra um cão

António Garrochinho


lobo3
Estive a ver a Quadratura do Círculo e fiquei um pouco perplexo. Foram todos atrás do Lobo (o Xavier) – talvez por o assunto ser o fogo de Pedrogão e é normal ser nas florestas que se perseguem os lobos -, e só o Jorge Coelho conseguiu, em parte, deixar de morder o isco.
Xavier, está muito preocupado. Diz que a gestão da crise pelo governo de António Costa é deplorável, e a sua preocupação e a grande questão que lançou para o debate, para provar a ineficácia do governo foi esta: Podem as pessoas estar seguras daqui para a frente? Sentem-se as pessoas seguras, em função da actuação do governo?
Ora, esta pergunta é um malabarismo de publicitário rasca, mas todos os intervenientes lhe deram corda. Vejamos.
Onde é que existe um governo que possa dar segurança aos cidadãos perante um terramoto, um tsunami, um incêndio ou uma outra catástrofe natural de grandes dimensões?! Esta análise parte do princípio que a Natureza é perfeitamente domesticável pelas acções da governação e pretende passar a ideia de que os malefícios decorrentes das catástrofes são todos imputáveis à acção humana, nomeadamente à acção (ou inacção) dos governantes. Se a PAF fosse governo, o Xavier diria que a Natureza é inclemente, onde se viu um governo conseguir domesticar furacões, que com o vento não se brinca, e que fogos a somar a ventos em fortes rajadas são ainda muito menos domáveis e controláveis.
O senso comum sabe isso. Que perante um acidente grave, uma intempérie, não pode estar à espera que seja o governo a servir-lhe de para-raios. Logo, nesse sentido, ninguém se pode sentir seguro e, por isso, a pergunta do Xavier, não tem qualquer cabimento nem utilidade.
A não ser a utilidade que a direita retira de tentar semear a intranquilidade tirando benefícios políticos da tragédia, quais hienas prontas a refastelar-se num festim à custa dos cadáveres das vítimas.  De tal forma que, para Xavier, a actuação de Passos Coelho, usando a notícia de suicídios como forma de combate político, é perfeitamente aceitável, só pecando por a notícia ser falsa. Conclusão: foi execrável Passos, mas ficámos a saber que Xavier não lhe fica atrás.
Deveria usar um adjectivo mais forte para qualificar tais actos, mas limito-me a qualificar este “folhetim” do Xavier como ridículo. Tão ridículo que ele deve julgar que os cidadãos quando acordam de manhã, a primeira pergunta que fazem a si próprios é : Vejamos, sinto-me seguro? Sinto-me mais seguro hoje do que ontem?
E nós já sabemos qual a resposta que o cidadão Xavier dá a si próprio. Desde que o PS é governo com o apoio da esquerda, sente-se muito mais inseguro. Mas de certeza que não é por receio que António Costa não saiba apagar fogos. Deve ser mais por sentir a falta na governação da protecção da mão amiga do seu correlegionário, Pires de Lima, o ministro Super Bock.

estatuadesal.com
30
Jun17

Precários que recusem vaga criada pelo Estado serão obrigados a sair

António Garrochinho

Uma vez validada a solicitação dos precários para integrar os quadros do Estado, caso recusem a vaga entretanto criada, serão obrigados a sair, explicou o ministro.

No final da reunião do Conselho de Ministros desta quinta-feira, que aprovou a proposta de lei sobre o Programa de Regularização Extraordinária dos Vínculos Precários da Administração Pública (PREVPAP), o ministro do Trabalho, da Solidariedade e da Segurança Social, Vieira da Silva, afirmou que "serão obrigatoriamente cessadas" as relações laborais de todos aqueles que recusem as vagas criadas para a integração nos quadros.
"Naturalmente, se é identificada uma situação ilegítima ou mesmo ilegal, se é disponibilizada a forma de a superar e ela não é concretizada por parte do trabalhador, então a relação ilegítima de trabalho que existe não pode continuar. Isso seria tornar todo este exercício num exercício pouco responsável", afirmou o governante.
De acordo com Vieira da Silva, "seria completamente incongruente" que, "depois de todo este processo complexo e exigente, tudo ficasse na mesma e as pessoas pudessem ficar com o mesmo tipo de vínculo", pelo que essas relações laborais com o Estado "serão obrigatoriamente cessadas".
No entanto, o ministro do Trabalho acredita que este é "um problema teórico": "Estamos convencidos que a vontade da generalidade - para não dizer da totalidade - desses trabalhadores é ver reconhecido o seu direito a um vínculo legítimo com a administração pública", acrescentou.
Relativamente aos postos de trabalho considerados como necessidades permanentes que tenham sido ocupados por mais do que um trabalhador precário ao longo do tempo, tipicamente os contratos emprego-inserção e emprego-inserção+ (CEI e CEI+), dirigidos aos desempregados, haverá "um concurso onde possam ser opositores várias pessoas que trabalharam naquela vaga".
Nesse caso, "como há uma vaga que foi preenchida durante anos por três pessoas, por exemplo, terá de ser escolhida uma", disse Vieira da Silva, explicando que a proposta de lei vai indicar quais os critérios que vão presidir a essa escolha, os quais deverão incluir a experiência no cargo e as competências demonstradas, entre outros.

www.jn.pt

30
Jun17

ESTA NOTÍCIA TEM VERDADE E TEM MENTIRA ! - Eleitores não castigam autarcas corruptos

António Garrochinho
Os portugueses têm tendência para amnistiar os políticos e tolerar o fenómeno da corrupção, optando por não fazer punição eleitoral, sobretudo a nível local, asseguram investigadores.

Esse padrão de comportamento poderá ajudar a explicar por que razão 25 antigos autarcas voltam, este ano, a recandidatar-se às eleições de 1 de outubro, depois de vários estudos terem demonstrado que "a longevidade com que grande parte dos presidentes permaneceu no cargo potenciou casos de clientelismo, falta de transparência e corrupção" e em "nada beneficiou o exercício democrático".

www.jn.pt
30
Jun17

Projeto de Resolução do PCP "Recomenda ao Governo a revisão dos instrumentos de gestão territorial do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina,

António Garrochinho
Notícia no Sul Informação sobre a aprovação do Projeto de Resolução do PCP "Recomenda ao Governo a revisão dos instrumentos de gestão territorial do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, compatibilizando a proteção da natureza e a salvaguarda dos valores naturais com o desenvolvimento económico e o bem-estar das populações"

30
Jun17

APREENDIDO LEITE CRU COM ÁGUA OXIGENADA PARA DISFARÇAR MÁ QUALIDADE

António Garrochinho



Foram apreendidos 830 litros de leite, que seria utilizado no fabrico de queijo, durante operação de fiscalização

A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) apreendeu 830 litros de leite cru e 40 litros de água oxigenada numa operação de fiscalização que durou dois meses. A água oxigenada era adicionada ao leite "para ocultar a má qualidade higiénica" do produto, que depois era utilizado no fabrico de queijo.
Num comunicado no site, a ASAE explica que as investigações "iniciaram-se com a deteção de uma viatura para transporte do leite sem qualquer sistema de refrigeração". Análises ao leite transportado revelavam a "a adição de peróxido de hidrogénio, vulgo, água oxigenada".
A ASAE fiscalizou várias explorações pecuárias nos últimos meses com o objetivo de verificar as condições de armazenamento e transporte de leite cru e apreendeu leite e água oxigenada no valor de cerca de 800 euros.


Foi ainda instaurado um "processo por suspeita de crime contra a genuinidade, qualidade ou composição de géneros alimentícios, em concurso com infrações de natureza contraordenacional, nomeadamente o incumprimento dos requisitos de temperatura durante o processo de produção, recolha e transporte de leite cru e a falta de requisitos de higiene do leite".
O leite cruz é aquele que ainda não foi submetido aos processos de homogeneização e térmico (pasteurização ou UHT).

www.dn.pt

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

António Garrochinho

Links

  •