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POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

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06
Ago17

MARIA TIFÓIDE, A MULHER MAIS PERIGOSA DA AMÉRICA - Mary Mallon, também conhecida como Maria Tifóide, nasceu na Irlanda do Norte em 1869 e emigrou sozinha para os Estados Unidos em 1883, foi o primeiro caso de pessoa aparentemente saudável a ser ident

António Garrochinho

Mary Mallon, também conhecida como Maria Tifóide, nasceu na Irlanda do Norte em 1869 e emigrou sozinha para os Estados Unidos em 1883, foi o primeiro caso de pessoa aparentemente saudável a ser identificada como portadora de febre tifóide nos Estados Unidos. Seu organismo conseguiu deter os efeitos nocivos da bactéria que causa a doença, mas continuou capaz de transmitir a doença para outras pessoas.

Maria Tifóide - A mulher mais perigosa da América
Maria se tornou famosa por sua obstinação em negar que ela era a causadora da aparição da enfemidade, negando-se a deixar de trabalhar e com isto continuou a propagar as bactérias mortais.Maria Tifóide - A mulher mais perigosa da AméricaNa falta de qualificações profissionais, trabalhou como empregada doméstica nas vizinhanças de Nova Iorque, exercendo a função de cozinheira entre 1900 e 1907, período em que contaminou dezenas de pessoas. Quando sua situação foi constatada pelas autoridades sanitárias, prontamente foi isolada por um período de 3 anos em um hospital. (Maria é a primeira mulher na cama na foto abaixo.)

Para Maria ser liberada impuseram como condição de que não voltasse a manipular alimentos. Entretanto, em 1915 trocou de nome para Mari Brown e voltou a trabalhar como cozinheira em um hospital, reiniciando a difusão da doença. Deixou 25 infectados e dois mortos. Por conta disso, Mary foi confinada numa "quarentena" que durou o resto de sua vida.

Ainda assim Maria conseguiu emprego no hospital onde estava recolhida, primeiro como assistente e logo depois como técnica de laboratório. Converteu-se em celebridade, em diversas ocasiões era entrevistada por jornalistas que eram orientados a não aceitar nada que viesse das mãos dela.

Faleceu aos 68 anos, vítima de pneumonia. A autópsia revelou que ela continuava uma potencial irradiadora da febre tifóide.

À época, a atitude do poder público e da sociedade em relação a Mary foi tida como uma manifestação do preconceito contra os imigrantes, especialmente os irlandeses. No entanto, o desenrolar dos fatos comprovou que ela era, sim, responsável por contaminar outras pessoas, mesmo que não intencionalmente.

Desde então, "Maria Tifóide" (em inglês, Typhoid Mary) é um termo usado para designar aquele que, aparentemente saudável, é capaz de transmitir doenças aos demais, especialmente quando se recusa a fazer exames ou a tomar uma atitudea para minimizar o risco de propagação de doenças graves. Exemplo atual deste comportamento pode ser verificado na propagação da AIDS. A pessoa portadora do vírus não desenvolve a doença, mas pode matar outra pessoa ao infectá-la.
Caricatura de Mary de 21 de fevereiro de 1910 no New York Times

Maria Tifóide - A mulher mais perigosa da América
06
Ago17

PERGUNTAS DE UM TRABALHADOR QUE LÊ

António Garrochinho



Quem construiu a Tebas de sete portas?
Nos livros estão nomes de reis:
Arrastaram eles os blocos de pedra?

E a Babilônia várias vezes destruída
Quem a reconstruiu tantas vezes?

Em que casas da Lima dourada moravam os construtores?
Para onde foram os pedreiros, na noite em que a Muralha da China ficou pronta?

A grande Roma está cheia de arcos do triunfo:
Quem os ergueu?
Sobre quem triunfaram os Césares?

A decantada Bizâncio
Tinha somente palácios para os seus habitantes?

Mesmo na lendária Atlântida
Os que se afogavam
gritaram por seus escravos
Na noite em que o mar a tragou?

O jovem Alexandre conquistou a Índia.
Sozinho?

César bateu os gauleses.
Não levava sequer um cozinheiro?

Filipe da Espanha chorou,
quando sua Armada naufragou.
Ninguém mais chorou?

Frederico II venceu a Guerra dos Sete Anos.
Quem venceu além dele?
Cada página uma vitória.

Quem cozinhava o banquete?

A cada dez anos um grande Homem.
Quem pagava a conta?
Tantas histórias.
Tantas questões. 






Bertolt Brecht (Augsburg, 10 de Fevereiro de 1898 — Berlim, 14 de Agosto de 1956) foi um influente dramaturgo, poeta e encenador alemão do século XX.
Nascido Eugen Berthold Friedrich Brecht, na Baviera, Brecht estudou Medicina e trabalhou como ordenança num hospital em Munique, durante a Primeira Guerra Mundial
. Filho da burguesia, sofreu, como todos no seu país, a sensação de encarar um país completamente destruído pela guerra.
Depois desta mudou-se para Berlim
, onde o influente crítico Herbert Ihering lhe chamou a atenção para a apetência do público pelo teatro moderno.
Já em Munique, as suas primeiras peças (Baal Trommeln in der Nacht) foram levadas ao palco e Brecht conheceu Erich Engel, com quem veio a trabalhar até ao fim da sua vida. Em Berlim, a peça Im Dickicht der Städte tornou-se no seu primeiro sucesso.
O totalitarismo 
afirmava-se como a força renovadora que não só iria reerguer o país, como se outorgava a missão de reviver o SacroImpério Romano-Germânico. Mas, ao mesmo tempo, chegavam à Alemanha influências da recém formada União Soviética, com sua bem-sucedida implantação de um regime socialista, o que significava esperança para um povo sofredor como o da Alemanha, naquele período.
É a este último grupo que Brecht se vai unir, na ânsia de debelar o seu desespero existencial. No entanto, depois de Hitler, eleito em 1933, Brecht não estava totalmente seguro na Alemanha Nazi, exilando-se na Áustria, Suíça, Dinamarca, Finlândia, Suécia, Inglaterra, Rússia e, finalmente, nos Estados Unidos.
Recebeu o Prémio Lenine da Paz, em 1954.

06
Ago17

Augusto Boal: o exílio em cartas

António Garrochinho




Em junho de 1976, o teatrólogo brasileiro Augusto Boal desembarcou em Lisboa com a mulher e os dois filhos. A mãe, Albertina, recebeu um dos cartões-postais que ele enviou da capital portuguesa no dia 10 de junho: «Mamãe, cá estou eu na Santa  terrinha. Vou ficar mais tempo do que pensava. Logo torno a escrever dando endereço certo. Um beijo». A viagem não seria apenas uma visita ao país de origem de sua família, mas se estenderia por cerca de dois anos, tempo que duraria o exílio em solo lusitano. Fugia de um regime totalitário que se instalava na Argentina, onde, por sua vez, se refugiara da ditadura militar instaurada no Brasil desde 1964.

«Não volte nunca!»

Em 1971, Augusto Boal já era um consagrado dramaturgo e diretor teatral por sua atuação no Teatro de Arena, companhia paulista que teve papel fundamental na  renovação e nacionalização do teatro brasileiro. O reconhecimento o tornou um dos artistas mais visados após o golpe de Estado que obrigou a companhia a reorientar seus planos e repertório a fim de responder à nova situação política e driblar a censura. Naquele ano, foi preso e torturado, acusado de ser o portador de uma carta cubana, na qual se descreviam armamentos, supostamente entregue ao líder de uma organização comunista no Brasil. “Queriam provar que minha prisão era justa: queriam me transformar em guerrilheiro perigoso, atribuir-me ações que jamais pensei fazer”, conta na autobiografia Hamlet e o filho do padeiro: memórias imaginadas.



A prisão causou comoção internacional, e a pressão foi intensa. Na época, um prisioneiro podia ficar encarcerado dois anos sem ser acusado; três ou quatro, sem julgamento. Ou morrer antes disso. Mas Boal foi chamado a depor. Questionado se admitia ter entregado a carta ao líder da organização, negou. Não percebeu,  entretanto, que, no texto do depoimento, admitia não ter sido ao líder que entregara a carta. Confessava, então, tê-la trazido – assim registrara o ardiloso escrivão. Assinou sem ler, e o juiz decretou que deveria ser ouvido em tribunal.

No dia do julgamento, os delatores deram versões diferentes das que contaram sob tortura. Antes da sentença final, foi-lhe concedido o direito de viajar para o Festival de Teatro de Nancy, onde o elenco da peça Arena conta Bolívar o aguardava. O convite havia sido feito antes da prisão. “Assinei documento prometendo voltar terminado o festival e estar presente no tribunal na hora da sentença. O funcionário que me fez assinar a promessa de retorno avisou: ‘Não prendemos ninguém segunda vez: matamos! Não volte nunca. Nesta linha: assine! Prometa voltar’”. Não voltou: juntou-se a centenas de exilados.



Buenos Aires foi a primeira cidade que o recebeu, terra natal da mulher, Cecilia Thumim Boal. Aí viveram por cerca de cinco anos com o filho de Cecilia, Fabian, e Julian, que nasceria alguns anos depois. Durante esse período, Boal deu aulas, concebeu o Teatro Invisível, dirigiu Torquemada, peça escrita quando esteve preso, e Revolução na América do Sul, também de sua autoria. Mas não conseguiu se integrar plenamente em uma cultura que não era a sua: “Exílio é meia morte, como a prisão é meia vida!”, escreveu na autobiografia, onde também registrou a importância das cartas nessa fase da vida: “Nunca joguei fora uma carta. Se não chegavam novas, relia as que tinha”. Antes usada para incriminá-lo, a carta agora estabelecia pontes transatlânticas, aproximava parentes e amigos, como o cantor e compositor Chico Buarque e o poeta Ferreira Gullar.

Em sua casa de Buenos Aires aconteceu a primeira leitura do Poema sujo, de Gullar; e foi a ele que Chico Buarque dedicou a canção Meu caro amigo, com parceria de Francis Hime. Em 14 de outubro de 1976, Boal viveu a «tremenda emoção», como diria mais tarde, causada pela fita cassete que a mãe levou para Lisboa em sua única visita: «Chico, oi, já ouvi a tua fita exatamente 8.795 vezes! Fiquei tão contente que você nem imagina». Três meses depois, repercutia o sucesso da música, lançada naquele ano, pelo compositor, no disco Meus caros amigos: «Meu caro amigo, tanta gente tem me badalado por causa do Meu caro amigo e das Mulheres de Atenas(1) que ultimamente quando eu me olho no espelho eu tenho a impressão de que estou ficando com os olhos verdes…».



Chico Buarque foi um dos mais importantes interlocutores do dramaturgo durante o exílio. A amizade e as parcerias o levaram a escolhê-lo como destinatário de outro postal que remeteu no dia 10 de junho de 1976. Assim como fizera no da mãe, também neste acusava sua chegada a Lisboa, mas através de uma referência à música Tanto mar, homenagem de Chico à Revolução dos Cravos: «Chico, aqui ainda encontrei muito alecrim e muito cravo vermelho. Vou ficar mais tempo do que precisava. Logo te escrevo. Um abraço». O movimento que pôs fim à ditadura salazarista motivara o crítico Carlos Porto a convidá-lo para uma temporada lusitana. Desejoso de sair da Argentina, onde a militarização e a repressão cresciam cada dia, e com promessa de contrato pelo governo português, Boal mudou-se para Portugal levando esperanças.

O trabalho prometido, no entanto, só se concretizou com a pressão da classe teatral e foi reduzido a seis meses. Ao fim de dois, artistas se revoltaram contra medidas do Ministério. Solidário, teve o contrato rescindido. Tornou-se, então, professor do Conservatório Nacional, ao lado de Carlos Porto. Convidados, com outros professores, a reformular o conservatório, levaram seis meses para chegar ao programa que consideravam perfeito. Foram exonerados.

«Exílio é duro, Cica querida»

Se as coisas não correram como esperava, esse segundo destino foi, sem dúvida, o mais familiar. Quando viveu em Portugal, o dramaturgo visitou Justes, terra dos seus pais, em Vila Real, e a visita rendeu uma carta à mãe na qual comenta a «semana de emoções enormes», e ainda uma bonita passagem em Hamlet…: «Valeu a viagem: visitei a janela de onde minha mãe olhava meu pai. Bendita janela! Caminhei pela rua em que se deram as mãos pela primeira vez. Imaginei o riso, arrepios».
Além disso, em Lisboa, concluiu o texto de Murro em ponta de faca, iniciado em  Buenos Aires, sobre a vida dos exilados políticos; assumiu a direção artística d’A Barraca, convidado por Maria do Céu Guerra e Hélder Costa, diretores do grupo; encenou Zumbi, A Barraca conta Tiradentes, Zé do Telhado, de Hélder com música de Zeca Afonso, e a Feira Portuguesa de Opinião, de dezenas de artistas, no Museu de Arte Moderna, com o título de Ao qu’isto chegou!. Apesar de não ter feito nada novo em relação ao Teatro do Oprimido, dirigiu um espetáculo de Teatro Fórum no Porto,
na rua onde um torturador do serviço secreto havia sido capturado e, depois de assembleia popular, libertado; livre, matou um revolucionário. Para ele, o fato de a encenação acontecer anos depois no mesmo lugar da ação real intensificava o debate, exaltava.




A situação política em Portugal, porém, inspirava receios e apontava a necessidade de nova mudança. É o que revela em 20 de janeiro de 1977 na carta à atriz e amiga Cecilia Thompson: «No mais, ganhamos bem, mas mesmo assim Portugal dá uma insegurança danada: fecham-se faculdades, exterminam-se organismos de cultura popular. Resumo: este meu segundo exílio vai ser brevemente substituído por um terceiro. Onde? Sei lá». Uma semana depois, Boal escreve: «Exílio é duro, Cecilia, Cica querida. E olha que pra mim até que as coisas vão bem. Imagina pra quem não foi eleito presidente do conselho de gestão do Festival de Nancy».

O convite para trabalhar no mesmo festival de teatro que, em 1971, lhe possibilitou sair do Brasil – e salvar-se – foi feito, em 1977, por Jack Lang (em 1984, o  ministro da cultura francesa também o condecoraria com a Ordem das Artes e das Letras). Boal, que já havia dirigido diversas oficinas no país, incluindo uma no Aquarium da Cartoucherie de Vincennes, em Paris, recebeu outros dois convites decisivos: de Émile Copfermann para publicar, nas Edições Maspero, o Théâtre de l’Ópprimé; e de Bernard Dort, para ocupar uma cadeira na Sorbonne-Nouvelle, Paris III. Estava delineado o terceiro e último exílio.

O regresso do exílio

Em 1978, a família foi viver em Paris, onde permaneceu por quase dez anos. Émile Copfermann propôs a criação de um Centro que difundiria a metodologia do Teatro do Oprimido e as ideias que o embasavam. Em janeiro de 1979, para além de toda a expectativa, trezentas pessoas se inscreveram. Houve quatro oficinas de quarenta estagiários cada, e quatro equipes de cinco aspirantes a Coringas. No mês seguinte, repetiram o processo e, em março, fundaram o Centre d’Étude et Diffusion des Techniques Actives d’Expression (Ceditade). No mesmo ano, no Brasil, foi promulgada a Anistia. O retorno temporário permitiu-lhe velar o corpo da mãe, que morrera quinze dias antes do seu regresso.




O país natal vivia o lento e gradual processo de reabertura política, no qual foi significativo o movimento das Diretas Já. A expectativa dos brasileiros em relação à Emenda Constitucional que estabelecia eleições diretas foi transmitida pela atriz Fernanda Montenegro em carta de 25 de abril de 1984, dia da votação: «Hoje, no Brasil, vivemos uma noite especial, pois estão sendo votadas as Diretas no Congresso e tudo pode acontecer. Multidões estão de plantão em todo o país. A votação vai pela noite». Embora tenha sido rejeitada naquela ocasião, já não havia mais como impedir a redemocratização iniciada pelos próprios militares e a devolução do poder aos civis, ocorrida em 1985. Em 1988, foi aprovada nova Constituição Federal e, no ano seguinte, realizaram-se eleições diretas para Presidente da República. A essa altura, Boal já estava novamente no Brasil com a família. Retornara em 1986, pondo fim a cerca de quinze anos de exílio.
As cartas mencionadas, além de outras correspondências e documentos, podem ser vistas na exposição Meus caros amigos – Augusto Boal – cartas do exílio, com curadoria de Eucanaã Ferraz, no Museu do Aljube, de 25 de abril a setembro de 2017.
(1) A música foi composta por Chico e Boal para a peça Mulheres de Atenas, inicialmente intitulada Lisa, a mulher libertadora, adaptação de Lisístrata, de Aristófanes, feita por Boal. A peça nunca foi encenada.


Este artigo foi publicado ao abrigo da nossa parceria com a Fundação José Saramago. Foi publicado originalmente na Revista Blimunda de Abril de 2017.

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06
Ago17

As lutas do movimento hippie

António Garrochinho

Os hippies posicionaram-se politicamente sobre várias questões de sua época

Na década de 1960, o movimento hippie apareceu disposto a oferecer uma visão de mundo inovadora e distante dos vigentes ditames da sociedade capitalista. Em sua maioria jovens, os hippies abandonavam suas famílias e o conforto de seu lar para se entregarem a uma vida regada por sons, drogas alucinógenas e a busca por outros padrões de comportamento. Ao longo do tempo, ficariam conhecidos como a geração da “paz e amor”.

Quem se toma por essa rasa descrição dos hippies, esquece de que muitos deles não se portavam simplesmente como um bando de hedonistas, drogados e alheios ao que acontecia ao seu redor. Ao longo da década de 1960, junto do movimento negro, os integrantes dessa geração discutiram questões políticas de grande relevância e se organizaram para levar a público uma opinião sobre diversos acontecimentos contemporâneos.
Conseguindo mobilizar uma enorme quantidade de pessoas, os hippies lutaram pela ampliação dos direitos civis e o fim das guerras que aconteciam naquele momento. Em várias situações, a influência das autoridades sob os meios de comunicação acobertavam a discussão que se desenvolvia, para assim reforçar os comportamentos marginais dos hippies. Não raro, a força policial era acionada para que esses “desordeiros” fossem retirados do espaço público.
Entre os grandes confrontos do movimento hippie, podemos destacar a mobilização feita na Convenção Nacional Democrata, ocorrida entre os dias 26 e 29 de agosto de 1968, na cidade de Chicago. Sob a liderança de Abbie Hoffman e Jerry Rubin, a chamada “Festa da Vida” contou com vários episódios em que o cenário político norte-americano era criticado. Entre tantas outras ações de deboche, os hippies lançaram um porco (chamado de “Pigasus”) como candidato a presidente dos EUA.
O clima de tensão entre os policiais e os manifestantes logo esquentou, e a pancadaria tomou conta do lugar. Vale lembrar que, um pouco antes do acontecido, as mortes de Martin Luther King e Bob Kennedy já esquentava o clima de tensão entre os conservadores e liberais. E isso foi só o começo, já que a insatisfação pioraria com a eleição de Richard Nixon (1969 - 1974), um presidente de clara orientação conservadora.
No dia 4 de maio de 1969, outra grande luta aconteceu na Universidade de Kent State, em Ohio. Dessa vez, os hippies e outros estudantes mobilizaram-se para protestar contra a manutenção dos Estados Unidos na Guerra do Vietname e a recente invasão norte-americana ao Camboja. Nesse protesto, a fúria das autoridades governamentais foi ampliada com a convocação da Guarda Nacional para conter o evento. Ao fim da luta, ocorreu a morte de quatro pessoas e outras nove ficaram feridas.
Mediante esses acontecimentos, podemos ver que a contestação do movimento hippie não se colocava de forma isolada ao mundo presente. Apesar de projetarem outra sociedade e buscarem novas formas de percepção, os hippies se colocavam como uma voz ativa contra algumas ações políticas da época. Sem dúvida, a inventividade deles ainda serve de exemplo para muitas pessoas que se preocupam com as questões de seu tempo e a garantia de seus direitos.

historiadomundo.uol.com.br
06
Ago17

OS SANTOS AMIGOS DO POVO

António Garrochinho

O Padre de Pedrogão, devia ter vergonha na tromba, garoto, e agora, informo, aqui : Sabem que ele levou dinheiro pelas missas de corpo presente, nas cerimónias fúnebres?
A missa de sexta feira dia dia 4 de Agosto, serviu para te ver a careca, mas o Bispo se nada disser está a pactuar com este merdas, que se diz, que fala em nome de Deus.
Já fiz chegar o que aconteceu, a Sua Santidade o Papa Francisco.
Jorge de Sousa
Foto de António Garrochinho.

06
Ago17

A História e a Evolução da Musculação

António Garrochinho

Acredito que conhecimento é poder e também é a chave para seu sucesso em tudo, por este motivo acho importante que todos que vão começar a praticar musculação, terem uma noção de como tudo começou, e como se deu a evolução deste esporte.

O Início

Algumas histórias se misturam as lendas com respeito à Musculação. Provavelmente o homem pré-histórico já fazia exercícios medindo força levantando e arremessando pedras pesadas, mas isto, talvez não passe de especulação.
A verdade é que, não existe uma data precisa de quando surgiram as primeiras manifestações de levantamento de pesos. A história da musculação é muito antiga existindo relatos que datam do início dos tempos afirmando a prática de exercícios com pesos.
Dados mais precisos, foram encontrados em escavações na cidade de Olímpia onde encontraram pedras com entalhes para as mãos permitindo aos historiadores intuir a utilização destas em treinamentos com pesos. Há registros de jogos de arremessos de pedras através de gravuras em paredes de capelas funerárias do Egito antigo mostrando que há mais de 4.500 anos os homens já levantavam pesos (sacos de areia ou pedras) como forma de exercício físico.
Existem textos chineses de 3000 a.C. que descrevem os soldados levantando objetos pesados como um teste para a sua entrada no serviço militar.
As esculturas da Grécia Antiga ilustram o levantamento de pesos. Em Olympia foi encontrada uma pedra, datada de 600 a. C. com uma inscrição dizendo que esta havia sido levantada por uma atleta chamado Bybon.

A inscrição declara que o atleta Bybon levantou esta pedra (143,5 Kg) acima de sua cabeça com uma mão. Encontrada em uma escavação em Olympia a pedra é datada do ano 600 a.C.
Existem gravuras de jogos de arremessos de pedras datam de 1896 a.C. E ainda existem esculturas datadas de 400 anos antes de Cristo que relatam formas harmoniosas de mulheres, e homens mostrando preocupação estética já naquela época.
Registros mais detalhados sobre musculação, vem de documentos datados por volta de 600 a.C. na Grécia, mais precisamente falam de um atleta olímpico e discípulo do matemático Pitágoras, chamado Milon de Croton e seus feitos, ele foi o mais famoso dos atletas gregos na antiguidade viveu entre 500 à 580 a.C. e nasceu na colônia grega de Croton, no sul da Itália. Ele foi por 6 vezes campeão nas olimpíadas (na 60ª olimpíada, e nas 62ª, 63ª, 64ª, 65ª e 66ª). Manteve-se competindo e na 67ª olimpíada já tinha mais de 40 anos. Ele também competiu em alguns Jogos Pythian.

Milon de Croton
Estes registros ilustram um dos métodos de treinamento mais antigos da humanidade, cujo princípio fundamental e utilizado até hoje, isto é, a teoria da adaptação fisiológica com um treinamento lento, gradual e progressivo. Segundo os registros, Milon, simplesmente começou a levantar um bezerrinho e à medida que este ia crescendo a sua força também ia aumentando. Quando o bezerro virou touro, Milon não só o levantava como também o carregava de um lado para o outro.
Os registros também mostram que Milon foi um dos primeiros a se preocupar com a suplementação alimentar. Relatos afirmam que ele comia por dia 9 kg de carne, 9 kg de pão e 10 litros de vinho – gerando um total de 57 mil kcal. Também era capaz de matar um boi com as mãos e comê-lo sozinho. O nome da cidade de Milão é em sua homenagem.

Estátua Milo de Croton (1671-82) localizada no Museu do Louvre, Paris
Reza a lenda que Milon estava cortando uma gigantesca árvore para um marceneiro que ao final do dia voltaria trazendo comida pra ele. O marceneiro nunca voltou e a árvore caiu prendendo a mão de Milon que não conseguiu se soltar e acabou morrendo devorado por lobos, outros dizem que foi ele foi devorado por um leão. Enfim nunca saberemos.

"O Físico mais fabuloso do Mundo" - Primeiro Campeonato Oficial de Musculação realizado em Londres em 1901
A musculação como forma de competição onde se exibia os músculos, tem como dado oficial o registro da primeira competição em 1901 em Londres. Possivelmente tenham existido muitos outros campeonatos, mas este é o que parece que deu início oficial ao esporte. Esta competição foi intitulada: “O Físico mais Fabuloso do Mundo” e foi idealizada e realizado por Eugene Sandow e contou com 156 atletas. O vencedor foi Willian Murray, que mais tarde se tornou ator, cantor e músico, tendo criado números artísticos com atletas que imitavam gladiadores, junto com estes eventos criou campeonatos de Musculação na Inglaterra.

O Surgimento do CULTURISMO (modelagem)


Professor Louis Attila (1887). Mestre de uma Lenda
A história mostra que a partir do final do século XIX o chamado “culturismo”, juntamente com o “halterofilismo”, tinha suas atenções voltadas para as companhias circenses e teatros, onde eram apresentados “os homens mais fortes do mundo”. Nomes expressivos daquela época tais como Louis Attila, Eugen Sandow e Charles Samson participavam de exibições e confrontos, disputando este título. Attila, em 1887, na Europa, durante o jubileu da Rainha Vitória, recebeu do Príncipe de Gales uma pequena estátua com a figura de Hércules cravejada com 36 diamantes, o que o tornou famoso. Como consequência disto, pessoas do mundo inteiro viram no desenvolvimento dos seus músculos uma forma de enriquecer. Ginásios foram abertos por toda a Europa, que na época era o berço dos homens fortes.

Um dos ginásios do Prof. Attila em 1898
Attila fundou o seu ginásio em Bruxelas onde e recebia alunos da Universidade de Leyden, gerando grandes nomes como Frederick Muller. Este, num confronto com Charles Samson, venceu-o, e tempo depois foi vencido por Sandow, denominado na época como “Aristocrata dos Culturistas”.
Eugen Sandow nascido na Alemanha em 1867 se converteu em um ídolo do esporte e por 30 anos foi considerado o melhor físico do mundo. Aos 16 anos já aparentava um físico bem desenvolvido, que mostrava que tinha um potencial genético favorável. Trabalhou em circo com a intenção de correr o mundo, e com isso adquiriu ali a base para um grande desenvolvimento muscular. Porém o circo em que trabalhava foi à falência em Bruxelas e ele se viu sem emprego. Conheceu ali o professor Attila que viu em Sandow um grande potencial de atleta. Attila o tomou como pupilo e o ensinou a treinar com pesos e a posar. Passaram então a fazer exibições em várias cidades com demonstrações de força.

Eugen Sandow (aos 19 anos) em 1886
Em 1889 se separaram e Sandow foi rodar a Europa, sem destino certo terminando em Veneza. Em Veneza um artista americano chamado Aubrey Hunt surpreendeu Sandow banhando-se em um lago, que resolveu pintá-lo em um lenço. Esta peça hoje se encontra na coleção particular de Joe Weider.
Sandow então passou a ser desafiado para provas de força. Retornando à Londres resolveu encarar um desafio que era lançado por dois homens fortes da época e que pagavam 500 libras esterlinas quem conseguisse superá-los. Até Sandow aparecer ninguém tinha conseguido, ele então facilmente venceu o desafio e a partir daí começaram exibições por toda Inglaterra. Por quatro anos Sandow percorreu a Inglaterra com exibições de força e poses. Até que em 1893 um empresário americano o convenceu que fosse para os EUA.

Eugen Sandow em Nova York 1893
Nos EUA ele não se deu muito bem. Mas em uma exibição na Alemanha, conheceu o mais célebre empresário de espetáculos de todos os tempos, Ziegfeld, que percebeu que Sandow, era uma figura muito admirada pelas mulheres. Ele o levou para a Exposição Mundial Comemorativa do Descobrimento da América, em Chicago. Alugou um teatro e preparou uma aparição diferente do habitual que eram apresentações de musculosos com peles de leopardo. Quando todos menos esperavam entra Eugene Sandow com uma simples sunga. As mulheres foram à loucura.


Eugen Sandow em 1894
O êxito foi fantástico e com isso rodaram Canadá e EUA. Em São Francisco, Sandow lutou e venceu um leão (previamente drogado e desdentado). Fazia shows particulares para mulheres, e incontáveis shows de levantamento de pesos que até hoje não foram superados, porém depois de alguns anos fazendo isso sem descanso entrou em colapso nervoso. Regressou a Inglaterra onde se casou com uma garota muito bela chamada Blanche Brookes. Recuperou-se física e mentalmente, e a partir daí se dedicou a abrir ginásios de cultura física e reformular os hábitos alimentares das pessoas. Abriu com êxito escolas de cultura física por toda Inglaterra.

Iniciou uma revista em 1898 chamada – “Sandow Magazine”, publicou vários livros inclusive uma obra que deu nome ao esporte internacionalmente: “Bodybuilding, or Man in the Making”. Inventou aparelhos e criou cursos de ginástica por correspondência que foram verdadeiros marcos na cultura física, foi um dos primeiros defensores do ensino da educação física em colégios e escolas, desenvolveu exercícios para reduzir as dores do parto, pediu aos empresários que deixassem que os assalariados fizessem um pouco de ginástica por dia, o que talvez sugere que ele seja também o criador da ginástica laboral. Foi talvez o primeiro personal trainer da história, pois era professor particular dos reis Eduardo VII e George V, da Inglaterra. Foi um benfeitor da humanidade no que tange o aspecto do treinamento com pesos, da cultura física, do exercício, da educação física. Não era santo, sentia uma fraqueza por mulheres que também o assediavam. Isso causou muitos problemas ao seu casamento.

Um dos equipamentos criados por Sandow

Morreu em 1925 tentando tirar o seu carro que caiu em um buraco após ter derrapado na estrada. Com o esforço teve uma hemorragia cerebral, provavelmente não só do esforço, mas também da queda e batida do carro. Foi enterrado como indigente, devido a problemas com a mulher, no cemitério londrino de Putney Vale.
Eugen Sandow, o  homem que foi intitulado pelo rei George I da Inglaterra como: “Professor da Ciência da Cultura Física de sua Majestade”, hoje está imortalizado pela homenagem de Joe Weider que escolheu sua imagem (segurando uma barra com pesos de bola) para o troféu de premiação para o maior evento do mundo de musculação que é o Mr. Olympia. Neste sentido, Eugen Sandow (1867-1925) deve ser respeitado e perpetuado um dos grandes homens de todos os tempos na Musculação.

Desde 1977 Todos os Mr Olympia recebem este troféu, feito em homenagem à Eugen Sandow
O Culturismo propriamente dito, surgiu do halterofilismo competitivo na década de 1940 através do halterofilista canadense Josef (Joe) Weider, cuja iniciação no culturismo aconteceu em 1939, quando ele por acaso teve acesso a uma revista de halterofilismo. Joe decidiu então construir e modelar seu corpo com o propósito de afugentar e se proteger dos tipos brigões que assolavam a vizinhança onde morava em Montreal.

Joe Weider aos 17 anos
Weider foi a um ferro-velho onde forjou duas barras com anilhas a partir de rodas e eixos de automóveis e começou a treinar em casa. Quando começou a notar o aparecimento dos resultados de seu treinamento, convenceu-se de que, como ele, outras pessoas gostariam também de se beneficiar do treinamento com pesos.
Com os $7,00 que tinha, Joe iniciou a publicação de um informativo chamado “Your Physique”. Um ano depois, definiu seu esporte como algo diferente do halterofilismo de competição, o que implicava num tipo de treinamento que utilizava especificamente movimentos compostos, cujo único propósito era desenvolver tamanho muscular em uma proporção equilibrada, dentro de determinados padrões que seguiam determinadas regras.

Your Phisique Vol.1 No 1 (Agosto de 1940)
Seus métodos eram empíricos, já que observava, estudava e mesclava técnicas de halterofilistas uma vez que a ciência do treinamento desportivo e a fisiologia de exercício ainda estavam em seu início. Logo descobriu que o êxito para este novo esporte se baseava antes de tudo em velocidade, técnica e, sobretudo, potência, porque ajuda o desenvolvimento físico.

Joe Weider nos anos 50
Preocupado também com a alimentação dos atletas, Joe pesquisou fontes de nutrição que acreditava ser alimentação saudável, como, por exemplo, uma taça de aveia com fruta cortada em pedaços, acompanhada de suplementos.
O treinamento com pesos e a dieta adequada seriam a medicina preventiva do século 21. Atualmente, os treinamentos com pesos (ou treinamento resistido) são requisitos prévios para melhorar o rendimento em todos os esportes. Uma dieta baixa em gordura, rica em proteínas de alta qualidade e carboidratos complexos complementaria a parte nutricional dos atletas que desejam aumentar a sua massa muscular.

Mr. Olympia 2009 ''Jay Cutler'' recebendo o troféu "The Sandow" das mãos de "Joe Weider"



06
Ago17

Casos mais chocantes de canibalismo coletivo na história

António Garrochinho


Na realidade, muitas poucas espécies comerão outros de sua espécie. Algumas exceções existem, mas para a maior parte, este é um tabu de natureza versus um criado pelos homens.

Ainda, a prática existe ao longo dos anos. Nos últimos 20 anos, houve casos de assassinos em série matando pessoas e então comendo as mesmas. E até indivíduos fazendo uma refeição de seus vizinhos.
Na maioria dos casos, estes indivíduos terminam ficando loucos e pedem ajuda. Mas, o que acontece quando uma comunidade inteira, ou cultura, se envolve no hábito de comer outros seres humanos… a dúvida é o que causa isto.
Para descobrir, após pesquisa, há 2 principais razões, de grupos de pessoas que comeram outras pessoas: a cultura e a necessidade. O interessante é que estas 2 razões não existem isoladas uma da outra.

Povo Asmat de Nova Guiné

asmat de nova guine entre os mais chocantes casos de canibalismo coletivo
O pesquisador Michael Rockefeller desapareceu em 1961 quando visitou o povo Asmat, localizado em uma região remota da província de Papua da Indonésia, um lugar desolado fronteira com manguezais, pântanos e florestas de várzea.
Em outras palavras, estas pessoas vivem no meio do nada, com poucas fontes de comida. Por causa deste isolamento, o povo Asmat segue suas práticas tradicionais de canibalismo sem interferência, embora a maioria se abstenha disso atualmente.

Povo Maori

povo maori entre os mais chocantes casos de canibalismo coletivo
Estas pessoas foram os primeiros colonos da Nova Zelândia. Durante a guerra, esta tribo praticaria canibalismo. Em 1809, um grupo grande de guerreiros embarcou em um navio europeu em retribuição ao tratamento recebido por um filho de cacique.
A maioria das 66 pessoas a bordo do navio foram mortas e levadas de volta para costa para serem comidas pelo membro da tribo. 

Cerco de Maarat, ou Ma’ arra

Siege of Maarat ou Ma arra entre os mais chocantes casos de canibalismo coletivo
A Primeira Cruzada no século 11 foi uma marcha muito longa para Síria. Usando o Antigo Testamento como um guia, os europeus usaram canibalismo como uma forma de intimidar seus inimigos. Alguns livros de história indicaram tropas recorrendo para prática porque tinham nada para comer na época em que chegaram à Terra Santa.


Partido Donner

partido Donner entre os mais chocantes casos de canibalismo coletivo
Em 1846, um partido de 37 pessoas de Illinois, conhecido como Partido Donner, decidiu ir para oeste para Califórnia em busca de suas fortunas. Um novo caminho através das montanhas tinha sido descoberto que cortaria o tempo considerável da viagem.
No entanto, uma vez que eles começaram a caminhada através das montanhas, eles rapidamente aprenderam que seu atalho era intransitável. E encalhado nas montanhas por meses, o partido rapidamente ficou sem comida e recorreram ao canibalismo para sobreviver.

Time de Rúgbi Stella

time stella de rugby entre os mais chocantes casos de canibalismo coletivo
Em 1973, um avião gêmeo da Força Aérea Uruguaia, fretado pelo Time Ruby Stella de Montevidéu, Uruguai, caiu na Cordilheira dos Andes, no Chile. Os sobreviventes estavam enfrentando temperaturas extremamente baixas e pouca comida.
Depois que 8 pessoas adicionais foram mortas em uma avalanche, as restantes 16 pessoas de 45 passageiros originais, tiveram que canibalizar os passageiros mortos para sobreviver. E todos foram resgatados 72 dias mais tarde.

Senhor Jonathan Franklin

senhor jonathan franklin entre os mais chocantes casos de canibalismo coletivo
Em 1845, o capitão Sir John Franklin deixou a Inglaterra para encontrar a última seção sem navegação da passagem Noroeste, tendo ao norte através do ártico. Franklin era uma celebridade na Inglaterra por causa das expedições anteriores de sucesso.
Após alguns dias difíceis no início, os dois navios ficaram presos no gelo, incapazes de se mover. O complemento inteiro de homens, 126, estava perdido. Anos mais tarde, em 1981, uma equipe de cientistas escavou os locais de acampamento onde os marinheiros estavam encalhados.
Os ossos humanos com marcas de dentes foram encontrados nas sepulturas, levando muitos a especular que os homens foram forçados ao canibalismo para sobreviver.

Tribos Indianas do Oeste do Caribe

Tribos Indianas de Carib Oeste entre os mais chocantes casos de canibalismo coletivo
Assim como os outros povos indígenas descritos nesta seleção, essa tribo era conhecida por praticar canibalismo como uma vitória de guerra. Há relatos de Colombo ter visto tais atos ocorrendo e não estava compreendendo totalmente o que ele estava vendo. Porém, alguns historiadores dizem que todas as reclamações canibais são falsas, uma dramatização criada pelos primeiros exploradores.


top10mais.org

06
Ago17

10 obras arquitetónicas extraordinárias

António Garrochinho


O site da Lonely Planet reuniu 10 das mais variadas obras arquitetônicas do mundo. A lista, que mostra vários de tipos de belezas arquitetônicas, inclui até mesmo o Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba.

Museu Guggenheim, Espanha

Alguns críticos dirão que o Museu Guggenheim de Frank Gehry, ao norte da cidade espanhola de Bilbao, inaugurado em 1997, é uma das mais influentes e impactantes obras da arquitetura moderna. Com suas folhas de titânio e seu complexo de blocos interligados, o museu dá um aceno ao industrialismo de Bilbao, mas, também, às curvas do Guggenheim de Frank Lloyd Salomon, em Nova York.

Potala Palace, Tibete

No alto da cidade de Lhasa está a antiga sede do governo Tibetano e antiga casa de inverno de Dalai Lama. Mais notável agora por sua imponente presença do que por seus moradores, essa enorme construção de 13 andares de altura contém milhares de cômodos e possui o estilo de um tradicional templo budista, talvez mais elaborado. Acredita-se que mais de 7000 trabalhadores estiveram envolvidos nessa construção durante o século VII a.C. Agora, o Potala Palace é um museu estatal da China e ocupa um lugar na lista de Patrimônios da Humanidade da Unesco.

Bibliotheca Alexandrina, Egito

Com suas velhas pirâmides e sua Bibliotheca Alexandrina, o Egito agora tem o melhor do novo e do antigo. Como um enorme disco inclinado ou um interruptor gigante, a atual biblioteca de Alexandria, à beira-mar, é, sem dúvida, o primeiro grande projeto do novo milênio. Concluída em 2002, é inspirada na Biblioteca de Alexandria original, fundada no século 3 a.C. e aclamada como a maior de todas as instituições clássicas. A construção inclinada representa um segundo sol nascendo no Mediterrâneo. O vasto espaço da rotunda pode abrigar oito milhões de livros.

Sagrada Família, Espanha

Sem dúvidas, é a mais extraordinária igreja do mundo, projetada pela mente de um dos arquitetos mais excêntricos da história: Antoni Gaudí. Com as suas torres afiladas como braços endireitados de um polvo, a construção da Sagrada Família começou em 1882, e a visão de Gaudí era tão complexa que a igreja ainda está inacabada. Quando estiver totalmente finalizada, a igreja contará com três fachadas e 18 torres, a mais alta delas (170m) representando Jesus Cristo. Os planos visam concluir o ícone de Barcelona em 2026, ano em que se completa o 100º aniversário da morte de Gaudí, embora agora seja até uma pena vê-la concluída.

Taj Mahal, Índia

Seria essa a construção arquitetônica mais famosa e mais romântica (exceto pela cidade industrial à sua volta, e seus montes de riquixás e camelôs) do mundo? Descrita pelo poeta indiano Rabindranath Tagore como uma lágrima no rosto da eternidade, o Taj Mahal, em Agra, foi construído pelo Imperador Shah Jahan como um memorial para a sua segunda esposa, Mumtaz Mahal, que morreu dando à luz ao seu 14º filho em 1631. Ele é um extravagante monumento de mármore branco ao amor, o que explica todos os jovens casais que o contemplam maravilhados.

Mesquita Imam, Irã

Figurando ao lado de uma das maiores praças do mundo, a mesquita de Imam, em Isfahan, é uma maravilha ladrilhada completamente coberta por dentro e por fora com ladrilhos azuis e amarelos (marca registrada de Isfahan). A mesquita é uma estonteante construção do século XVII, e seus ladrilhos parecem mudar de cor dependendo das condições de luz. Sua cúpula principal tem 54m de altura e é rebuscadamente ornamentada com um mosaico floral estilizado, enquanto seu portal de 30m de altura é um exemplo supremo dos estilos arquitetônicos do período safávida (1502-1772). A mesquita fica inclinada para a praça cerca de 45 graus, de modo que se volte para Meca.

Palácio de Inverno, Rússia

Mais conhecido como invólucro exterior para o notório Museu Hermitage, essa joia cor de pistache às margens do Rio Neva, em São Petersburgo, foi projetada por Francesco Bartolomeo Rastrelli como a residência de inverno dos czares russos. Ocupando um quarteirão inteiro, ele guarda todo o primor e ornamentação do período barroco; estátuas ficam nos cantos do telhado como mergulhadores a lançarem-se sobre o rio Neva. Não é de se admirar que esta seja a obra-prima de uma cidade construída especialmente para que a Rússia pudesse competir com a beleza arquitetônica da Europa.

Krak dos Cavaleiros, Síria

Descrito por TE Lawrence como o mais refinado castelo no mundo, esse forte cruzado no topo da montanha pode ter 800 anos, mas, como se tivesse passado por um tratamento de botox, mantém-se firme e forte contra o desgaste do tempo. É um clássico modelo de castelo medieval, com suas grossas paredes exteriores separadas da estrutura interna por um fosso escavado na rocha. Dentro, é uma mini-cidade completa, com uma capela, banheiros, uma sala grande e uma loggia gótica. O sinal mais visível do envelhecimento é a vegetação que cresce em suas paredes – nada que uma boa aparada não corrija.

Museu Oscar Niemeyer, Brasil

Projetado por Oscar Niemeyer, o renomado arquiteto da capital brasileira, Brasília, o Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, testará seu senso estético. Como todas as grandes obras arquitetônicas – provavelmente ainda mais – a aparência do museu possui um elemento que uns amam e outros odeiam, tendo sua principal galeria na forma de um olho de vidro reflexivo apoiado em uma coluna amarela rodeada por rampas curvas sobre uma piscina d’água. Ao entrar no “Museu do Olho”, você verá que cada aspecto do projeto parece reunir beleza e capricho.

Aya Sofia, Turquia

A Basílica de Aya Sofia é o grande marco arquitetônico do coração de Istambul, com seus quatro minaretes parecidos com foguetes prontos para partir rumo à lua. Construída no século VI d.C. como uma igreja ortodoxa, ela se tornou mais tarde uma mesquita e, desde 1935, é um museu. Sua enorme estrutura foi construída em apenas cinco anos, e suas paredes cor de almíscar são rematadas por uma imponente cúpula de 31m de largura por 56m de altura. A base da cúpula é rodeada por janelas, para que, de dentro da estrutura, a cúpula pareça quase pairar acima do edifício.
 E aí? 

Crédito de Imagens:
Aya Sofia – David Stanley
Museu Oscar Niemeyer – oddsock
Krak dos Cavaleiros – Rainer Lott / Steffi Esch
Palácio de Inverno – Michael Bravo
Taj Mahal – ndj5
Mesquita Imam – fulvio
Sagrada Família – Volkanikz
Bibliotheca Alexandrina – Mitch. A !
Potala Palace – Bernt Rostad
Museu Guggenheim – cocoate.com

06
Ago17

AGOSTO, O MÊS DO CACHORRO LOUCO - CRENÇAS E ACONTECIMENTOS HISTÓRICOS

António Garrochinho
Com certeza você já ouviu falar que o mês de agosto é chamado de “Mês do Cachorro Louco”, não é mesmo? Mas você sabe o motivo para esse apelido tão carinhoso para este mês?
Existem diversas crenças e também variados acontecimentos históricos que podem nos levar a diferentes explicações. Por exemplo, a Primeira Guerra Mundial começou no dia 1º de agosto de 1914 e as cidades de Hiroshima e Nagasaki foram atacadas pelos norte-americanos com bombas atômicas nos dias 6 e 9 de agosto de 1945, o que resultou na morte de mais de 200 mil pessoas no fim da 2ª Guerra Mundial. Sem falar que em 2 de agosto de 1934 Adolf Hitler se torna o führer (Líder ou Chefe de Estado) da Alemanha.






Agora, outra interpretação que faz muito sentido é que no mês de agosto a concentração de cadelas no cio aumenta bastante devido às condições climáticas. E quando as cadelas estão no período fértil, os cachorros ficam loucos (mesmo!) e brigam para conquistar a fêmea.
Essa luta feroz entre os machos em busca da fêmea faz com que a raiva, doença transmitida pela saliva bicho, se espalhe mais. Os animais que estão infectados pela raiva babam muito e ficam com aparência de “loucos”, daí a expressão “Cachorro Louco”.
Há quem diga ainda que o mês de agosto é dotado de muita energia negativa, e por isso é o mês do desgosto e do azar. Um mês carregado de superstição e magia. Podemos lembrar mais alguns fatos históricos que podem comprovar essa crendice, como o suicídio cometido por Getúlio Vargas no dia 24 de agosto de 1954, a construção do Muro de Berlim, que dividiu a Alemanha em duas partes, começou no dia 13 de agosto de 1961, no dia 12 de agosto de 1968 os católicos e protestantes da Irlanda do Nortecomeçaram a se matar, mas “tudo em nome de Deus” e também a morte de Juscelino Kubitscheck em um acidente de carro no dia 22 de agosto de 1976.
Além dessas curiosidades negativas, existem outras interessantes e bem bacanas de se saber.  O nome do mês, agosto (do latim, Augustus), foi uma homenagem que o imperador César Augusto fez a si mesmo, modesto ele, não?
Enquanto no mês de agosto as mulheres portuguesas evitavam se casar porque essa era a época em que os navios de expedição saíam para explorar novas terras, e junto com eles os maridos das moças, na Alemanha ele é considerado o mês das noivas!
Para finalizar, uma superstição dos  argentinos. Na Argentina existe uma crendice popular que diz que lavar a cabeça no mês de agosto não é aconselhável, e a pessoa que lava os cabelos durante mês está atraindo a morte!



virgula.uol.com.br

06
Ago17

Michel Foucault e a Loucura Normal

António Garrochinho


Michel Foucault vem de uma família tradicional de médicos cirurgiões, mas como criticava a psiquiatria e a psicanálise moderna, decidiu tomar outro rumo em sua vida, tornou-se filósofo pela Universidade de Sobornne e sua tese de doutorado foi a obra História da Loucura em 1961. Embora já tivesse publicado o livro Doença Mental e Psicologia, foi com sua tese que se tornou conhecido.
Foucault era um jovem curioso e angustiado por sua existência, e isso fez com que tentasse suicídio por diversas vezes. Em 1951, quando assumiu aulas de psicologia na Escola Normal Superior na França, teve uma grande experiência no hospital psiquiátrico Saint-Anna, onde ficou internado por tentativa de suicídio. O autor escreve diversas obras em que julga as instituições como forma de dominação burguesa, pois elas estabelecem padrões para a dominação do comportamento humano.
Ele morre vítima da AIDS em 1984, deixando inacabado o terceiro volume de sua obra: “História da Sexualidade”, obra que o autor coloca o prazer sexual como forma de dominação.
Segundo Michel Foucault, em sua obra História da Loucura (2006), o louco era qualquer indivíduo da sociedade, alguns com uma loucura em um grau a mais que o outro, alguns sendo nomeados loucos pelo meio social em que viviam. A loucura para Foucault se torna algo natural, algo que nasce com o ser humano, e as instituições (estado, igreja, família e escola) são quem nomeia um mais louco que o outro, ou até que ponto sua loucura é considera normal.
Durante a Idade Média, poderiam ser considerados loucos aqueles que sorrissem fora da Igreja ou sem motivo católico, pois acreditava-se que Jesus era o único que poderia dar alegria aos indivíduos; eram loucos aqueles que dissessem a verdade; aquelas mulheres que por um deslize olhassem para outro homem que não fosse o seu marido; eram loucos aqueles que fugiam de casa por não concordar com as regras impostas por sua família e quisessem ganhar a vida de outra maneira; eram loucos aqueles que fugiam dos padrões impostos pelas instituição Estado/Igreja, que durante a Idade Média ainda eram uma só. Assim, ser louco está dentro de cada um, mas alguns com graus de normalidade e outros não.
A seguir, mostro-lhes um trecho da obra, onde resumidamente Foucault nos mostra o que é ser louco: “Os homens são tão necessariamente loucos que não ser louco significaria ser louco de um outro tipo de loucura.” (FOUCAULT; 2006, p. 36).
Aqui podemos perceber o quão natural Foucault considera a loucura, pois considera a loucura um fenômeno existente em qualquer ser humano e a sociedade em geral é que irá nominar as representações de loucura.
Podemos ainda, fazer uma análise histórica da representação da loucura em seus diferentes contextos, considerando o que é normal e anormal no decorrer da história. Era normal na Idade Antiga, por exemplo, ver a devoção dos indivíduos com seus supostos deuses, suas aparições ou a sua possível demonstração de que existe. Durante esse período, as pessoas consideravam fenômenos físicos e naturais como forma dos deuses provarem sua existência.
Esse comportamento seria considerado nos dias de hoje, como um tipo de loucura. Mas, analisando o contexto histórico da época, não podemos julgar as pessoas loucas, pois ainda não tinham a concepção do que é normal ou anormal. Fazendo um paralelo com esse fato, vemos hoje em algumas sociedades africanas, que são consideradas “anormais”, aqueles sujeitos que se dizem nunca ter sido possuído por demônio, e normais aquele que acreditam terem sido possuído por um demônio pelo menos uma vez na vida.
Percebemos nesse exemplo que a concepção de normal ou anormal muda em cada sociedade, pois, se esse fato africano ocorresse no Brasil, as pessoas logo considerariam loucos aqueles que acreditam ser possuídos por demônios, já que na sociedade brasileira, essas manifestações são consideradas anormais.
Já na Idade Média podemos ver o pensamento social referente à representação da loucura mudar de rumo. Pessoas que dissessem que tinham visões ou que professassem algum tipo de acontecimento eram julgadas como loucas, pois o Papa era a figura maior e ninguém poderia saber mais que ele. Como foi o caso da Inquisição Católica, em que queimaram as mulheres consideradas bruxas por praticarem outro tipo de profecia a não ser a católica. Ou seja, podemos fazer a relação em que aqueles que não seguissem as profecias católicas e dissessem ter visões que não fossem relevantes para a Igreja Católica, seriam considerados como loucos ou como bruxas e, assim, consequentemente seriam retirados do meio social em que viviam.
Vemos ainda na obra de Michel Foucault, no período da Idade Média, a loucura como algo criminalizado, banalizado e vulgarizado. Os considerados “normais” temiam aos loucos, não sabiam cientificamente o que acontecia com eles, então davam explicações religiosas, colocando-os a margem da sociedade, ou até mesmo, como o autor cita no primeiro capítulo de seu livro, dizendo que os loucos, sem família, deixados à margem da sociedade, eram colocados em navios e jogados no meio do oceano, vistos que estes não teriam contribuição nenhuma para a sociedade, a não ser a vergonha de encontrá-los nas ruas necessitando de ajuda e cuidados. Um ato desumano para nossa época, mas que para eles, era o correto a se fazer, já que a Igreja tinha o poder centralizado e era ela quem ditava as regras.
Após esse fato, criam-se instituições de caridade com o mesmo objetivo, fazer uma higienização social, ou seja, pegar todas as pessoas em situação de rua e colocá-las nestes abrigos, estas sendo loucos ou não, criminosos, hereges ou não. Estes indivíduos eram colocados nesse abrigo e tratados da mesma maneira.
Posteriormente, há uma divisão do doente e não doente, sendo classificados como loucos e como criminosos. O direito e a psiquiatria começam a trabalhar juntos, com o objetivo de caracterizá-los como tal e tentar tornar o sistema mais humanista, dividindo estes abrigos em alas de criminosos e insanos. Causou-se assim mais uma exclusão, tornando estes sujeitos – novamente – alvo de discriminação social.
No pensamento moderno, com o surgimento dos princípios capitalistas, industriais e modernos o conceito de loucura foi se cientificizando e começando a tornar-se uma patologia. Philippe Pinel que era médico atuante e apaixonado pela psiquiatria e ao ver a forma de tratamento das pessoas com transtornos mentais, um tratamento que era a base da discriminação e da dor, ficou descontente com a situação e passou a considerar essas pessoas como seres doentes e, assim, dizia que elas deveriam ser tratadas como doentes, e não a base de violência como à Igreja católica previa.
Ao analisar a história da loucura podemos perceber que o conceito de loucura se torna uma metamorfose, que se modifica dependendo do contexto social e histórico que está inserido. E esse conceito irá implicar nas formas de tratamento que as pessoas com transtorno mental teriam. Vemos na obra do Foucault, os loucos na Idade Clássica sendo tratados de forma degradante, sendo vítimas de torturas físicas e psicológicas. A Igreja católica previa que as pessoas com transtornos mentais eram também portadoras de grandes pecados e que quanto mais eles sofressem, mais fácil seria de alcançarem a salvação após a morte.
Estes eram princípios católicos fortes na época, o que a Igreja considerava certo pelo contexto histórico em que estes fatos estavam inseridos. Seria um grave anacronismo julgar essa forma de tratamento como errada, pois até mesmo os tratamentos dos dias atuais podem ser considerados incorretos futuramente, ainda não se sabe a etiologia dos transtornos mentais. Logo, também não saberemos a maneira correta de tratar essas pessoas.
Durante da Idade Média, não havia divisão de Estado e Igreja, ambos eram uma só instituição. Sendo assim, a Igreja obtinha o poder centralizado, sendo capaz de controlar a forma de vida, comportamento e pensamento das pessoas. Portando, loucura também estava relacionada ao confronto das ideias impostas pelo poder religioso, ou seja, aqueles que não obedecessem a doutrina católica eram considerados loucos e consequentemente jogados a margem da sociedade.
Essa ideia ocorre ainda hoje, mas com as instituições de poder (escola, Igreja, estado e família), que padronizam o comportamento humano, ou seja, aqueles que não forem a escola, não terem um trabalho, não terem uma religião ou não constituírem uma família, serão denominados loucos, por enfrentarem o padrão imposto e quererem viver como quiser.

http://encenasaudemental.net
06
Ago17

Conheça a história do Holocausto brasileiro

António Garrochinho
Todo mundo estuda sobre as milhares de mortes de judeus, durante o Nazismo alemão, mas pouca gente conhece um dos episódios negros na história brasileira. Esse capítulo obscuro de nossa trajetória, aliás, aconteceu em Barbacena, em Minas Gerais, no início do século 20.
Tudo teve início quando a cidade recebeu um manicômio de grandes proporções, em 1903, que ficou conhecido como Colônia. Segundo contam, o lugar levou este nome por ter abrigado atos de crueldade parecidos com os que aconteceram na Alemanha nazista, durante a Segunda Guerra Mundial. Há registros de que, pelo menos, 60 mil pessoas morreram nesse “hospital”.
Isso porque seus “pacientes” eram largados no pátio do hospício, sem roupas, sem água potável e com comida escassa. Á noite, devido a superlotação – que chegou a abrigar 5 mil pessoas de uma só vez, enquanto sua capacidade original era para 200 pacientes -, os internos eram reunidos às centenas, em quartos onde praticamente não existiam camas ou cobertores.


De acordo com o livro-reportagem de Daniela Arbex – recentemente lançado sob o título “Holocausto Brasileiro – Vida, Genocídio e 60 Mil Mortes no Maior Hospício do Brasil” -, o desespero nesse lugar era tamanho, que as pessoas se alimentavam com o que achavam, incluindo ratos e pombas vivas. Além disso, era comum o consumo de esgoto e da própria urina, devido à sede com a qual as pessoas eram obrigadas a conviver. Também não havia nenhuma privacidade e as necessidades fisiológicas eram feitas entre os demais, no meio do pátio, pelo menos até 1979.
Em média, 16 pessoas morriam todos os dias nesse lugar. Aliás, os administradores do hospício lucravam com a morte. Há indícios de que os corpos dos pacientes eram vendidos por até 600 mil reais para as universidades. Conforme a autora do livro, entre 1969 e 1980, em médi, 1853 corpos foram comercializados.
Além disso, eram comuns torturas e abusos (sexuais) aos internos. Camisas de força e choques elétricos também faziam parte da rotina, sem qualquer prescrição médica. Mas o pior de tudo é que nem sempre as pessoas que iam para o manicômio de Barbacena haviam realmente perdido a consciência. Registros mostram que adolescentes grávidas, pessoas perseguidas pelas autoridades da época e uma série de outros casos “indesejáveis” socialmente eram enviados ao hospital, onde quase todos acabaram sendo esquecidos até a morte.
A situação do lugar só foi descoberta em 1961, quando uma reportagem da extinta Revista Cruzeiro denunciou o hospício. Mas, na época, nada foi feito para mudar os costumes do lugar. Somente com a reforma psiquiátrica, já na década de 70, que as práticas do hospital foram sendo alteradas e humanizadas. Hoje ele continua aberto, mas em nada se parece com o lugar que um dia foi responsável pelo holocausto de milhares de brasileiros inocentes.
Veja, na galeria, algumas imagens que choraram na década de 60, quando o fotógrafo Luiz Alfredo, da Revista Cruzeiro, registrou a realidade do manicômio:

Você pode conhecer um pouco mais sobre essa triste história no documentário abaixo:

VÍDEO





www.fatosdesconhecidos.com.br
06
Ago17

EUA lançam bombas de fósforo (proibidas) em hospital de Al Raqa

António Garrochinho


Resultado imagem de bombas de fósforo Aviões da coligação liderada pelos Estados Unidos lançaram bombas de fósforo no Hospital Nacional de Al Raqa,  disse a televisão citando a síria Dina Asaad, vice-diretora da filial local do Crescente Vermelho. 
Segundo esta fonte, o bombardeio ocorreu em 03 de agosto à noite e foram lançados mais de 20 mísseis em ambulâncias, equipamentos de geração de energia elétrica e algumas seções do hospital.
A assistente principal, que reside em Al Raqa disse que o hospital presta assistência a mais de 100.000 habitantes da cidade
O fósforo branco é uma substância proibida pela Convenção de Armas Químicas, de 13 de Janeiro de 1993.
EUA lideram uma COLIGAÇÃO de mais de 70 nações desde o segundo semestre de 2014 realizando ataques aéreos contra as posições de grupos terroristas na Síria e no Iraque.
As operações em território sírio no entanto não tem a autorização de Damasco.
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Há mais de meia década, que a Síria vive recheada de grupos armados e terroristas, apoiados pela NATO, para tentar derrubar o  governo sírio.
De acordo com o enviado especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Síria,  este conflito já deixou 400 000 mortos.


periodicodigitalwebguerrillero.blogspot.pt
06
Ago17

A “DEMOCRACIA” NA ARÁBIA SAUDITA - AMIGOS DOS EUA, DA UE E DOS SEUS ESBIRROS

António Garrochinho



















GOVERNO PORTUGUÊS E MÍDIA SÓ “TÊM OLHOS” PARA A VENEZUELA?


Mário Motta, Lisboa

Os democratas da treta manifestam-se e declaram críticas e sanções políticas e económicas contra a Venezuela, à cabeça são os EUA a fazer o mal e a caramunha. Ou seja, são os EUA a desestabilizar a Venezuela e a tomar medidas pseudo-democratas pelos “horrores da ditadura de Maduro”, a UE cola-se aos EUA e os esbirros dos governos dos países da UE aplaudem e aderem a essa colagem. No caso de Portugal temos o democrata de pacotilha Augusto Santos Silva, António Costa, e o restante governo de Portugal a alegarem que é aviltante e anti-democrático “o regime de Maduro” e os venezuelanos aprovarem a Constituinte. Que é ilegal, dizem. Só não declaram frontalmente é que é legal os EUA insistirem há mais de uma década em desestabilizarem a Venezuela. Tais operações ianques já vêm do tempo de Hugo Chávez, que indubitavelmente foi sempre eleito democraticamente pelos venezuelanos, tal como esta recente Constituinte. Pese embora que aqueles que se dispuseram a fazer parte da oposição vendida aos EUA e seus interesses discordem da Constituinte. São oposição em sintonia com as ordens do Tio Sam.

Espantosamente – olhem que não - os pseudo-democratas do chamado “mundo-livre”, EUA, UE, países e políticos esbirros, já nada têm a dizer em defesa da democracia e dos direitos humanos relativamente aos criminosos do reino da Arábia Saudita. Relevo para o dito rei. Esse, um aliado dos EUA e dos países da UE, não é alvo de sanções nem de críticas e governa ditatorialmente o país. Condena à morte quem se atreva a criticar e a manifestar-se contra o governo. É assim que foram mandados executar 14 desses manifestantes. Muitos outros já tiveram o mesmo destino, a morte por assassínio. Mas o quê?! Para os EUA, para a “democrática” UE e respetivos esbirros (governo português incluído), para o ilusoriamente chamado “mundo livre e democrático”, nem o rei nem as políticas ditatoriais impostas no país merecem críticas, muito menos sanções.

Sobre a notícia que nos mostra o que acontece na Arábia Saudita e a matança de contestatários ao regime não temos memória que exista por via da mídia em Portugal. Recorremos à mídia de Espanha. Notícia que nos fizeram chegar mostra a sanha ditatorial e assassina do reino amigo da “democracia ocidental”. E agora comparemos o que diz sobre a Venezuela Augusto Santos Silva, e o que decide o governo de Portugal, com o que nem por sombras aborda relativamente ao denominado aliado do ocidente, a Arábia Saudita.

Esclarecendo os que se interessam dispomos a seguir notícia do jornal espanhol Publico. É que por Portugal, em português, não temos memória de ver tal notícia. Porque será? Mas sobre a Venezuela é um fartum de notícias… Porque será? Umas merecem trato de brutal destaque e outras nem por isso… Silêncio. Pois.



Arabia Saudí se prepara para ejecutar a 14 personas por manifestarse contra el Gobierno

Al menos 66 personas han sido ejecutadas en Arabia Saudí en lo que va de 2017, según denuncia Amnistía Internacional.

La Corte Suprema de Arabia Saudí ratificó hoy la ejecución de catorce personas, entre ellas, un efectivo de las fuerzas de seguridad saudíes, acusados de "más de cincuenta ataques armados" en las manifestaciones contra el Gobierno.

Entre los sentenciados, que había sido condenados en primera instancia en junio del año pasado, hay personas incluidas en una lista de 24 disidentes perseguidos por las autoridades de Arabia Saudí,  emitida en 2012 en 2012.

Los condenados fueron sometidos a torturas por parte de las autoridades saudíes para conseguir, de esta forma, una confesión forzada, tal y cómo denuncia la ONG Amnistía Internacional.

La ONG ha condenado la sentencia judicial y ha acusado al Gobierno saudí de "demostrar su despiadado compromiso con el uso de la pena de muerte como arma para aplastar la disidencia y neutralizar a los opositores políticos".

Según Amnistía Internacional, al menos 66 personas han sido ejecutadas en Arabia Saudí en lo que va de 2017. Cerca de 26 sólo en las últimas tres semanas, lo que supone más de una ejecución al día.

Foto: El rey de Arabia Saudí, Salman bin Abdelaziz. - AFP


paginaglobal.blogspot.pt
06
Ago17

Comunicação social dominante ao serviço de quem ?

António Garrochinho

Ler sem preconceitos


Contra a corrente . Jorge Cordeiro

Aqui estamos contra a corrente. Sabendo que nos há-de cair o Carmo e a Trindade em cima. Tendo por certo que entre a acusação de atávico a antidemocrático com que se será brindado há-de caber um rol imenso de impropérios, que por decoro e respeito pelo jornal e pelos leitores não antecipo. Sabendo que ainda a prosa não estará meia lida e já estarão a "mandar-nos para a Sibéria". Antevendo isso, e tudo o mais, ainda assim não se deixará de dizer o que tem de ser dito. Não se sucumbirá à chantagem ou à rasoura da opinião dominante nem se desertará do confronto de ideias. Quando se perdem princípios e valores perde-se a credibilidade e o direito a merecer o respeito de outros, mesmo quando de nós discordam.


E sobretudo não nos deixaremos arrastar para o redil da grelha da leitura e da formatação de opinião que é construída sobre os acontecimentos e a situação internacionais. Vamos a exemplos. Ainda que, tal como na teoria da intersecção de conjuntos, há elementos que simultaneamente pertencem a dois ou mais conjuntos. Cada manobra de desestabilização de países soberanos (seja a Venezuela ou Angola), cada processo de remoção de governos legítimos (seja a Líbia ou o Brasil), cada opção soberana de Estados que não convirja com a submissão aos interesses dos EUA e dos seus aliados (seja o Irão ou Cuba), cada acção intervencionista ou acto de guerra dos EUA e seus aliados (seja na Síria ou no Iraque) é meticulosamente elaborada.



A visão dos acontecimentos que nos impõem é, sistematicamente, não a que corresponde aos factos, mas aquela que a artilharia de condicionamento ideológico dos centros de difusão do imperialismo decretam que seja fabricada. Cada uma das intervenções é suportada na intoxicação da opinião pública, repetindo os argumentos que apesar de falsos hão-de ser de tantas vezes repetidos, tidos como bons, dando como verdade o que sabem ser mentira para justificar os actos a perpetrar. Feita verdade a mais descarada mentira - seja a das armas de destruição massiva de Saddam ou a do genocídio atribuído a Kadhafi em Bengazi - aplanado fica o terreno não só para os verdadeiros criminosos agirem, como para criminalizar os que ousem questionar, duvidar ou demonstrar a falsidade em que assentam. Uma máquina imparável de condicionamento de consciências e de amputação do direito a discordar é posta em marcha. Os que ousem interrogar - seja a catalogação de "regimes" ou "rebeldes", a existência de armas químicas, os critérios que conduzam à arrumação na categoria de "ditadores" ou de "corruptos", seja as proclamadas intenções "libertadoras e humanitárias", a nobreza de "revoluções coloridas" ou a fabricação de "dissidentes" -, ou saem da frente ou arriscam-se a ser trucidados. Para já em palavras, ainda que as palavras de alguns como as que por cá se lêem revelam que pudessem eles e ganhariam a forma do cano de uma espingarda.


Evitando amálgamas, seguramente injustas, distingamos posicionamentos. Um primeiro, que no essencial se remete a repetir e ruminar tudo o que lhes é fornecido para reproduzir. Seja por razões de preguiça, falta de sentido profissional ou temor, fazem-no sem cuidar de apurar factos ou confrontar fontes. Um segundo, que agrupa os engajados no objectivo e sintonizados com os centros ideológicos, reproduz e amplia o que ali é elaborado. Sabem ao que estão, não se coíbem de repetir as mentiras confiantes que a "máxima" de Gobbels comprove que uma mentira tantas vezes repetida há-de ganhar a cor da verdade. Hoje em torno de qualquer cabala como décadas atrás com a provocação do incêndio do Reichstag. Um terceiro, os que tendo como único critério o que lhes pareça render popularidade, aí os vemos alimentando-se do que bordeja a opinião pública, desprezando o apuramento da verdade, chutando para onde estão virados desde que haja quem os aplauda. Sempre com aquele brilhozinho nos olhos de quem, na crista mediática, faz o "dois em um": vazam o preconceito anticomunista que os povoa desde pequeninos ao mesmo tempo que farejam o reconhecimento fácil que valha uns quantos votos e elogios.


Aí os temos, por junto, embevecidos com a farsa plebiscitária na Venezuela mas silenciando o boicote terrorista da votação da Constituinte; aí os temos ciosos da intocabilidade da liberdade de imprensa mas mudos e quedos aquando da destruição pela NATO da estação de televisão jugoslava; aí os temos clamando pelo carácter sagrado dos Parlamentos mas revivendo com gáudio o bombardeamento do Parlamento Russo em 1993; aí os vimos exultando com a Primavera Árabe para justificarem a destruição do Estado Líbio. Todos iludindo os interesses de classe, objectivos socioeconómicos e estratégias de dominação em presença no plano internacional. Por mais que se disfarcem há sempre uma pontinha do rabo que os denuncia. Sem que nunca lhes pese na consciência nem ninguém os responsabilize pelo que, do Chile em 1973 à actual tragédia dos refugiados, é obra directa da conspiração e agressões do imperialismo.

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06
Ago17

Macron, Líbia , Rothschild

António Garrochinho




Tradução de artigo já publicado em francês:

Macron-Líbia: a conexão Rotschild 




Manlio Dinucci Μάνλιο Ντινούτσι مانليو دينوتشي 
Traduzido por Coletivo de tradutores Vila Vudu 

"O que se passa hoje na Líbia é de algum modo o cerne de um processo de desestabilização que tem várias caras" – declarou o presidente Macron, ao comemorar no Eliseu o acordo que "traça o mapa do caminho para a paz e a reconciliação
nacional 
 


Macron com os líderes inimigos líbios 

Fayez al-Sarraj (esq.) e Khalifa Haftar Macron atribui a situação caótica do país exclusivamente aos movimentos terroristas, que "visam a lucrar com a desestabilização política e a prosperar com a bonança económica e financeira que pode haver na Líbia". Por isso – concluiu Macron –, a França ajuda a Líbia a bloquear os terroristas. Não. Macron inverte os fatos.

A França é, exatamente, quem urdiu a desestabilização da Líbia, com EUA, OTAN e as monarquias do Golfo.

Em 2010, segundo documento do Banco Mundial, a Líbia registava os mais altos índices de desenvolvimento humano na África, com renda per capita acima da média, acesso universal à educação primária e secundária e com 46% da população com formação universitária. Cerca de 2 milhões de imigrados africanos encontravam trabalho na Líbia. O governo líbio favorecia, com seus investimentos, a formação de organismos económicos da União Africana, independentes das organizações 'ocidentais'.

EUA e França – como fica provado em e-mails de Hillary Clinton – trabalharam em dupla para interromper o plano de Muanmar Gaddafi de criar uma moeda africana, alternativa ao dólar e ao franco Cfa (moeda que a França impõe a 14 de suas ex-colônias na África). Foi Clinton – o New York Times noticiou – quem induziu o presidente Obama a assinar "um documento que autorizava uma operação secreta na Líbia e o fornecimento de armas a rebeldes", dentre os quais se incluíam grupos até então classificados como terroristas.

Pouco depois, em 2011, a OTAN, por ordens dos EUA, demoliu o estado líbio, em guerra (promovida pela França) na qual o interior do país foi atacado também por forças especiais. Daí o desastre social que faria mais vítimas que a própria guerra, sobretudo entre os migrantes.
Essa história Macron conhece bem: de 2008 a 2012 ele fazia fulgurante (embora muito suspeita) carreira no Banco Rothschild, o império financeiro que controla os bancos centrais de quase todos os países do mundo. O Banco Rothschild desembarcou na Líbia em 2011, com a guerra ainda em curso. Ao mesmo tempo, os grandes bancos dos EUA e da Europa fazem o maior ataque de rapina do século, e confiscam 150 biliões de dólares dos fundos soberanos líbios. 

Nos seus quatro anos de formação chez Rothschild, Macron foi introduzido no Gotha da finança mundial, dos que decidem as grandes operações como a demolição do estado líbio. Dali passou à política, onde tem carreira tão fulgurante quanto suspeita, começando como vice-secretário geral do Eliseu, depois ministro da economia. Em 2016, em poucos meses, Macron criou seu partido, En Marche!, partido do tipo 'faça-você-mesmo', mantido e pago por poderosos grupos multinacionais, midiáticos e financeiros, que lhe abrem o caminho para a presidência. Por trás do protagonismo de Macron, não há portanto só interesses nacionais franceses. O botim roubado à Líbia é imenso: as maiores reservas de petróleo do continente africano e grandes reservas de gás natural; a gigantesca reserva de água do Aquífero do Arenito Núbio – ouro branco que em futuro próximo valerá muito mais que o ouro negro; além do próprio território líbio, de altíssimo valor geoestratégico, na intersecção entre o Mediterrâneo, a África e o Oriente Médio.

Há "risco de que a França imponha forte hegemonia sobre nossa ex-colônia" – alerta o site Analisi Difesa, destacando a importância de uma iminente operação naval italiana para a Líbia. É apelo ao "orgulho nacional", de uma Itália que exige sua parte na divisão neocolonial de sua ex-colónia.

Fonte Il Manifesto
foicebook.blogspot.pt

06
Ago17

Portugal | O VALOR DO TRABALHO DETURPADO

António Garrochinho



Manuel Carvalho da Silva* | Jornal de Notícias | opinião



















A insistência na ideia, continuamente propagada na opinião pública, de que a sociedade portuguesa se pode desenvolver desvalorizando o trabalho significa a persistência numa mentira e é uma idiotice.

A propósito de um pré-acordo entre a Administração da Autoeuropa e a respetiva Comissão de Trabalhadores (CT) - rejeitado pela esmagadora maioria dos trabalhadores - surgiu, num dos principais canais de televisão, uma notícia exemplar quanto à forma míope como são abordadas as questões do trabalho. Em rodapé, aparecia uma percentagem de votantes na rejeição superior àquela que a pivot do noticiário ia transmitindo oralmente. Esta foi desenvolvendo o tema e a determinada altura acrescentou que a proposta da Administração significava que o "valor proposto pela Administração", no que diz respeito ao trabalho suplementar aos sábados, corresponde ao pagamento daquele trabalho "150 euros acima do valor estabelecido na lei". Não se percebeu qual o período temporal tido em conta para determinar esse valor.

Na notícia não foi dito quanto é reduzido, pela proposta da Administração, o valor até agora praticado, foi ignorado que a contratação/negociação coletiva realizada entre as partes tem força de lei e sustenta as condições de trabalho e salários ali praticados, não se identificou o conjunto de matérias do pré-acordo, mas foi sendo insinuado que os trabalhadores podem estar a pôr em risco aquele importante exportador da economia portuguesa. Nenhum comentário foi feito sobre a grande capacidade negocial que as partes envolvidas têm tido ao longo do tempo (esta não foi a primeira vez que os trabalhadores rejeitaram um pré-acordo), sobre as condições laborais dentro da empresa e o valor aí criado, sobre como a Autoeuropa se tem posicionado dentro do grupo e da competição internacional e quais os seus planos estratégicos. Naquela notícia o sucesso da empresa foi resumido à compressão salarial. Tudo o que está acima de mínimos estabelecidos na lei foi considerado, de forma absurda e/ou ignorante, como privilégio dos trabalhadores.

Este discurso, sistematicamente repetido a propósito de condições de trabalho e revindicações de profissionais da Administração Pública e de trabalhadores de muitas empresas e setores privados onde há mais alguma coisa que os mínimos inscritos no Código de Trabalho ou na lei, nega o desenvolvimento do país.

A Autoeuropa é inegavelmente uma das empresas mais importantes a laborar em Portugal, pelo que significa de produção e criação de emprego diretos, e pela miríade de empresas que desenvolvem as suas operações tendo esta empresa como principal, senão único, cliente. É pois natural o interesse público sobre a vida da empresa, que se reclame esforço negocial das partes e que estas tenham rigor nas informações e cuidado nos pronunciamentos, que se exija atenção redobrada do Governo. Entretanto, é um absurdo perspetivar o futuro da Autoeuropa associado a uma estratégia de trabalho desvalorizado.

Como o setor automóvel bem ilustra, as determinantes de investimento e produção são muito variadas e dizem respeito, nomeadamente, à qualificação de trabalhadores, à boa organização e bom ambiente de trabalho, à qualidade dos serviços públicos (infraestruturas, energia, justiça, saúde), à capacidade de inovação, à proximidade de mercados. Por outro lado, o trabalho não é apenas um custo. Ele é e será primordial fonte de rendimento, ancoradouro de vidas dignas e de condições de socialização para a esmagadora maioria dos cidadãos.

A existência de leis do trabalho determinando mínimos - que não devem ser violados - foi difícil mas uma grande conquista democrática. A sua existência e a promoção da livre negociação entre as organizações dos trabalhadores (sindicatos, CT) e as empresas ou confederações patronais estiveram na base do desenvolvimento das sociedades modernas.

A cartilha neoliberal choca com o progresso e tolhe o futuro do trabalho. Em Portugal, é preciso derrotar a dinâmica que tenta impor o salário mínimo nacional como o "salário nacional", e os direitos e condições de trabalho restringidos a mínimos inscritos nas leis e à vontade unilateral dos patrões.

* Investigador e professor universitário

paginaglobal.blogspot.pt
06
Ago17

MORTE AO FASCISMO E AOS QUE O BRANQUEIAM

António Garrochinho

Matem a fome a esta "senhora" que vive num dos bairros mais luxuosos da Venezuela.

VÍDEO






Deixem-se de tretas ò fascistas de merda ! se há falta de bens essenciais na Venezuela para quê o boicote ?
Todas as eleições na Venezuela desde Chaves até Maduro são livres ò seus estúpidos e vocês seus cães que nem sequer cuidam do povo ao qual pertencem mas traem, querem agora decidir pelos outros.
Vocês seus pedaços de merda fazendo coro com os interesses dos EUA têm contribuído para a vida difícil de resistência ao fascismo mercenário de Caprilles e outros terroristas a soldo do capitalismo
A SIC os neo liberais, o BE (bloco eleitoralista) que espumam de raiva contra o povo venezulano, contra o povo de Angola, contra os povos que enfrentam e combatem os ianques fascistas/imperialistas em todo o mundo são coniventes nos banhos de sangue e nas vítimas que os terroristas fazem diariamente.
Estes câes, estes putos mimados, estes aldrabões, a voz do dono, não merecem a água que bebem ! quem trai a luta de um povo, trai a da sua própria gente !
A HISTÓRIA OS JULGARÁ !


António Garrochinho
06
Ago17

Pesquisa de petróleo passa a estar sujeita a consulta prévia aos municípios

António Garrochinho


O Presidente da República promulgou ontem o diploma que torna obrigatória a consulta prévia aos municípios da área abrangida pela prospeção, pesquisa e exploração de petróleo. O presidente da Câmara de Aljezur já considerou a promulgação como «uma grande, grande notícia».
Em declarações ao Sul Informação, José Amarelinho, autarca socialista que sempre esteve na linha da frente da luta contra a prospeção de hidrocarbonetos no Algarve, sublinhou que, com a entrada em vigor da nova lei, «os municípios têm que ser ouvido previamente» sobre qualquer intenção das petrolíferas.
O projeto de lei, que tinha sido submetido ao parlamento pelo PS, prevê a «obrigatoriedade de consulta prévia aos municípios nos procedimentos administrativos relativos à prospeção e pesquisa, exploração experimental e exploração de hidrocarbonetos».
Em Março passado, o Governo já tinha determinado à Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) que «seja auscultado, por escrito, o presidente(s) do(s) município(s) territorialmente competente em função da localização da área, relativamente ao pedido formulado, devendo para o efeito a posição da autarquia acompanhar a proposta que for apresentada para decisão e despacho final».
O diploma agora promulgado pretende reforçar o despacho do secretário de Estado da Energia Jorge Seguro Sanches, que surgiu no seguimento de protestos de autarcas, sobretudo no Algarve, em relação aos contratos de pesquisa de petróleo.
José Amarelinho comentou que a promulgação deste diploma pelo Presidente da República prova que «em todo e qualquer domínio da nossa vida, privada ou pública, vale sempre a pena lutar por aquilo em que acreditamos, independentemente das cores políticas». «Os municípios passam a ter uma palavra ativa no processo, têm de ser obrigatoriamente ouvidos».


«Agora percebe-se porque é que o presidente da GALP, nos últimos dias, se andava a multiplicar em declarações, a dizer que vai começar a furar ao largo de Aljezur em 2018», acrescentou o autarca socialista. No entanto, disse Amarelinho, «com a nova legislação as coisas não serão assim tão simples».
Carlos Gomes da Silva, presidente da Galp Energia, anunciou que a petrolífera tem agendado furos exploratórios para extração de petróleo na costa vicentina para a Primavera de 2018.
«Temos projetado para 2018 o poço de avaliação», disse o presidente da Galp, referindo que «tem tudo preparado» para furar no mar 46 quilómetros ao largo de Aljezur e a 80 quilómetros de Sines.
Entretanto, depois de outras recentes iniciativas dos movimentos cívicos anti exploração de petróleo, segundo o site Esquerda.net, o movimento Standing Rock, liderado pelo ativista e artista americano John Quigley, tem marcada uma ação na praia de Odeceixe.
A manifestação integra os coletivos ASMA (Associação de Surf e Atividades Marítimas do Algarve), ALA (Alentejo Litoral pelo Ambiente), Climáximo e os municípios de Aljezur e Odemira que se juntam ao encontro internacional “Defend the Sacred: Imagina uma Alternativa Planetária”,  na quinta da Tamera.


www.sulinformacao.pt
06
Ago17

Crescimento do turismo contrasta com situação dos trabalhadores

António Garrochinho

Trabalhadores concentrados junto ao Ministério da Economia, 6 de Julho


Trabalhadores concentrados junto ao Ministério da Economia, 6 de JulhoCréditos / Fesaht

Segundo as Estatísticas do Turismo, divulgadas ontem pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), «o sector de alojamento turístico (hotelaria, turismo no espaço rural e de habitação, e ainda o alojamento local), totalizou 21,3 milhões de hóspedes e 59,4 milhões de dormidas, correspondendo a aumentos de 11,1% e 11,6%».
Em 2015, o número de hóspedes tinha aumentado 10,9% e as dormidas 9,1%, recorda o INE.
No ano passado, «os proveitos totais e os de aposento do sector de alojamento turístico ascenderam, respetivamente, a 3,1 mil milhões de euros e 2,3 mil milhões de euros», com «assinaláveis crescimentos» de 18,1% e 19,2%, salienta o instituto.
A publicação Estatísticas do Turismo refere ainda que «as dormidas dos residentes atingiram 14,2 milhões, refletindo um crescimento de 6,3%, quando em 2015 tinham subido 5,7%», acrescentando que as dormidas de estrangeiros (37,2 milhões) aumentaram 12,1%, uma aceleração relativamente à subida de 7,5% registada no ano anterior.

Salário mínimo e precariedade marcam o sector

Com um sucessivo crescimento desde 2013, o sucesso do sector da hotelaria e turismo contrasta com a situação dos seus trabalhadores, que têm realizado sucessivos protestos, como é exemplo o protesto promovido pela Federação dos Sindicatos de Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal (Fesaht/CGTP-IN), no dia 6 de Julho, que trouxe a Lisboa trabalhadores de vários locais do País que se concentraram nos ministérios do Trabalho e da Economia.
Os trabalhadores do sector defendem a reintrodução no Código do Trabalho do princípio de tratamento mais favorável e da renovação automática da contratação colectiva até ser substituída por outra, assim como a revogação das normas gravosas do Código do Trabalho, incluindo aquelas que discriminam os trabalhadores da hotelaria, turismo, restauração e similares.
É ainda exigido pelos trabalhadores o desbloqueamento da contratação colectiva e a sua dinamização, sendo que as estruturas sindicais têm dado vários exemplos de associações patronais que recusam a negociação durante anos, requerem a caducidade de contratos colectivos de trabalho ou não aplicam a contratação colectiva.
Entre as reivindicações que têm sido apresentadas está também a valorização do pagamento em dia de feriado e o combate aos horários desregulados, às jornadas diárias de 10 e 12 horas, aos bancos de horas, adaptabilidades, horários concentrados e ao trabalho suplementar não remunerado.
Os protestos têm também enfatizado o combate efectivo ao trabalho ilegal e clandestino, e ao trabalho não declarado, e o combate à precariedade, tendo em conta que o sector da hotelaria e turismo é dos mais afectados.
Os trabalhadores deste sector defendem ainda aumentos salariais, tendo em conta que muitos recebem o salário mínimo nacional.



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06
Ago17

Passe a publicidade - Dando uma lição a um anticomunista frouxo

António Garrochinho


Na sua crónica de hoje no Público, que tem o sem dúvida saboroso título «PCP: um partido dois sistemas», o sempre fulgurante João Miguel Tavares proclama que o PCP «é umpartido que quer tanto impor o comunismo lá fora(…)» mas «parece tão pouco interessado  em impô-lo cá dentro (…).».
E, entre outras palermices, invoca como sustentação para a sua tese que foi ao sítio do PCP e, na sua versão em inglês, encontrou que «o PCP celebra a Revolução de Outubro e anuncia em grande plano :”Socialism necessary today and for the future», enquanto na versão em português o que encontrou foi «a promoção da Festa do Avante!, em modo 100% capitalista:”Entrada Permanente à venda – 23 euros até 31 de Agosto – Compra já» e que quando se clica no «compra já»,horror dos horrores, também se vai para Ticketline».
Assim sendo, o que venho aqui dizer com todas as letras é que JMT se revela um  anticomunista frouxo, insípido e afinal timorato.
Com efeito, com alguma autoridade e conhecimento de causa que JMT não tem, o que venho denunciar corajosamente é que, qual Ticketline qual carapuça,  o PCP trabalha com bancos privados, abastece o seu refeitório na Soeiro com produtos comprados na Makro, compra computadores, esferográficas. e papel de fotocópias em empresas privadas e, quanto à Festa, tem contratos com a Delta, a Pepsi e a 
Superbock.
 
Não fosse sábado e não fosse não ter encontrado o chefe de contabilidade do PCP e os leitores teria aqui uma infinita e vibrante lista de negócios do PCP que são uma ultrajante traição aos seus ideais socialistas.

É certo que, em relação à Festa do Avante! e às comparações com Paredes de Coura, algum comunista mais matreiro que aquela bandeira vermelha no ponto mais alto da Festa fala como um livro aberto sobre um projecto, uma ideologia e um caminho quase centenário de lutas, sonhos e esperanças.
Mas não liguem. Isso é mais uma invenção dos comunistas porque se trata sim de um trapo benfiquista que o vento trouxe na 1ª edição na Atalaia e, depois disso, nunca mais ninguém conseguiu subir lá acima.



Este artigo encontra-se em: o tempo das cerejas 2 http://bit.ly/2ueciN6

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