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POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

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12
Ago17

AS PESSOAS COM ESQUIZOFRENIA NÃO CONSEGUEM VER ESTA ILUSÃO ÓTICA

António Garrochinho
Eu já pincei sobre o assunto no artigo "Ilusão da máscara poderá ser utilizada para diagnosticar esquizofrenia", que agora retorna com uma nova amostra da ilusão conhecida como cara oca e explora uma das propriedades mais conhecidas de nosso cérebro: completar aquilo que vê em função do que está habituado a ver.

A ilusão consiste basicamente de uma máscara pintada com um rosto no seu lado convexo (o que sobressai) e outro pelo côncavo (o interior). Quando vemos a imagem, e ainda que saibamos onde está o truque, não podemos evitar que a parte oca da máscara nos pareça uma cara que sobressai. É um truque muito potente, só vendo o vídeo para entender:

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Há alguns anos os neurocientistas comprovaram que determinado tipo de pacientes, que padecem esquizofrenia, são incapazes de ver o truque. De alguma maneira, seus processos cerebrais diferem do resto e não caem no engano que ilude todos os demais, até ao ponto de que em alguns casos tenham utilizado esta ilusão óptica para reforçar um diagnóstico.

Para comprová-lo, a equipe de Danai Dima, da Universidade Médica de Hannover, e Jonathan Roiser, do Colégio Universitário de Londres, realizaram um estudo que foi publicado na revista Neuroimage e que consistiu de recrutar 13 pacientes com esquizofrenia e 16 voluntários de controle sem nenhuma doença mental e medir sua atividade cerebral enquanto mostravam imagens em três dimensões de rosto côncavas e convexos. E como esperavam, os 13 pacientes com esquizofrenia reportaram ver as faces côncavas e não percebiam as com relevo, como os demais.

Utilizando uma técnica de neuroimagem, os cientistas puderam ver como diferentes regiões cerebrais dos voluntários interagiam durante o teste, e o que viram foi que nos pacientes sadios as conexões entre o área frontoparietal do cérebro e as áreas visuais que recebem informação dos olhos eram reforçadas, enquanto nas pessoas com esquizofrenia isto não acontecia. De alguma forma, os pacientes com a doença mental não ativam este circuito de baixo para cima e não vêem o que seu cérebro espera ver, senão o que há, algo parecido ao que acontece com as pessoas que beberam ou usaram algum tipo de droga, que também não são vítimas da ilusão.

Ainda que o estudo não seja concludente -não estabeleceram qual é a origem desta diferença no comportamento do cérebro- os cientistas acham que pode ser uma boa pista para conhecer melhor como funciona a esquizofrenia e por que o cérebro parece se comportar de maneira especial nestes pacientes.

Lógico está, se por qualquer motivo você não for capaz de ver a ilusão óptica, não se assuste. Ver um vídeo na internet não é indicativo de nada nem motivo de diagnóstico de nenhuma doença. Para qualquer dúvida sempre procure seu médico.
VÍDEO
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12
Ago17

O COMBATE DO SÉCULO - GANSO CONTRA ELEFANTE

António Garrochinho

Os anatídeos da subfamília penissone tem uma das maiores expectativas de vida entre as aves domésticas. Com forte senso de territorialismo, muitas vezes são utilizados como animais de guarda em fazendas sítios e até presídios. Eles também desconhecem seu tamanho e não arredam pé para animal nenhum, como podemos ver neste vídeo gravado por um visitante de um zoológico dos EUA, que mostra o momento em que um elefante fica irado com a chegada em sua piscina de um convidado não desejado: um ganso que, sem ter em conta a diferença de tamanho, desafia o pequeno paquiderme.

VÍDEO


As imagens foram gravadas no Zoo Hogle, de Salt Lake City, em Utah. E Zuri, o elefante africano, faz o seu melhor para afugentar o pássaro valentão. Assista outro pequeno vídeo do encontro, abaixo.

VÍDEO
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12
Ago17

A mais intrincada apresentação da guarda de honra de uma banda marcial

António Garrochinho
Até o século XIX, mas também como parte da Primeira Guerra Mundial, a importância da aparência estética de um exército era quase maníaca, de fato, este expediente era um meio funcional de inculcar medo no inimigo. Hoje, isso certamente não é um aspecto importante como era, mas ainda é uma tradição nacional em muitos países, para demonstrar a preparação militar de uma nação por meio de desfiles militares de alta qualidade. Neste vídeo, podemos confirmar que a Guarda de Honra do Exército arménio também ultrapassa os limites da excelência e da perfeição!

VÍDEO


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12
Ago17

ESTA PAVOROSA CABEÇA DE ABRAHAM LINCOLN É O ROBOT ANIMATRONIC MAIS PERFEITO CRIADO PELO HOMEM

António Garrochinho


O seguinte vídeo mostra a última figura robótica criada pela companhia Garner Holt Productions, a mesma que atualmente esta fazendo toda a classe de animatronics da Disney. Tal e como qual explicam, a figura em questão -uma versão muito expressiva do ex presidente dos Estados Unidos, Abraham Lincoln- é muito especial. Em primeiro lugar, empregaram um tipo de máscara de pele de silicone patenteada por eles mesmos. O resultado final, segundo a companhia, é a "cabeça robótica humanóide mais avançada jamais criada". Segundo explica Garner Holt, fundador da companhia:

- "Trata-se de uma figura que estamos desenvolvendo há anos. A que vemos no vídeo em realidade é a versão da fase II do conceito final, que apresenta uma expressão facial realista proporcionada por mais de 40 movimentos únicos. Quando mostramos ao público pela primeira vez a resposta foi absolutamente impressionante."

VÍDEO
Holt também diz que a "pele" empregada é a verdadeira estrela da figura. Ao que parece, é tão maleável que pode produzir rugas ao redor dos olhos, no nariz quando a move ou inclusive uma grande variedade de dobras realistas que aparecem e desaparecem à medida que a cara se move entre expressões:

- "É realmente incrível. Ademais, realizamos teste de durabilidade para demonstrar que é extremamente duradoura, por exemplo para o uso em um parque temático."

Por último, ele também explicou que a figura de Lincoln é a primeira de uma série de cabeças históricas que serão comercializadas a parques temáticos, museus e centros culturais interessados.


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12
Ago17

AS ESPECTACULARES SALINAS DE MARAS NOS PENHASCOS PERUANOS

António Garrochinho
As Salinas de Maras estão situadas a um quilômetro da pequena cidade de Maras, localizada a 3.300 metros acima do do nível do mar, sobre uma planície que no passado foi uma meseta onde era possível ver diferentes montanhas nevadas. O povoado está a mais ou menos a 40 quilômetros ao norte de Cuzco, no Peru. Caminhando para o noroeste deste povoado por uma trilha de chão batido encontramos as famosas Salinas de Maras encravadas em um penhasco, que são formadas por uns 3.000 pequenos poços que decantam sal desde tempos imemoriais.

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As belas Salinas de Maras encravadas nos penhascos peruanos 01
Via: K Tao
Como assim, salinas a 3.300 metros de altura? Pois é... acima dos poços construídos pelos Incas há um manancial de água subterrânea densamente salgada devido ao seu cruzamento por uma área de rocha sedimentar química. Na temporada das chuvas, o fluxo de água salobra brota em um pequeno córrego e é direcionado para um complexo sistema de pequenos canais construídos de maneira que a água corra penhasco abaixo gradualmente para as várias centenas de pequenas lagoas em forma de terraços.

Cada uma das lagoas tem em média de 4 a 6 m de área, e nenhuma ultrapassa trinta centímetros de profundidade. Todas são moldadas em formas poligonais e com um sistema de fluxo capilar de água cuidadosamente controlado pelos salineiros. O volume dos tanques aumenta lentamente, de maneira que a água pode fluir através dos canais de abastecimento de água e ser introduzida lentamente através de um entalhe em uma parede lateral de cada tanque.

Depois que os tanques estão cheios, no meio da temporada da seca, o fluxo de água salgada cessa e a água começa a evaporar aquecida pelo sol e torna-se supersaturada, quando alcança o grau 25 de salinidade e se acumula no fundo. Após alguns dias de sol intenso, o sal se cristaliza, quando então é raspado, recolhido em sacos de ráfia e enviados ao mercados da região.

Devido ao método de extração e por provir de águas de montanhas consideradas sagradas, este sal não é muito barato. Na atualidade o sal deve ser iodado por normas sanitárias estatais, mas além do cloreto de sódio, tem outros minerais como cálcio, ferro, magnésio, zinco e cobre.

A comunidade que vive ao redor das lagoas salgadas de Maras por tantas centenas de anos é chamada de Kachi. Não deve ser uma surpresa descobrir que isso se traduz em sal na língua local.

As Salinas de Maras funcionam em uma espécie de cooperativa e qualquer cidadão do povoado pode ter sue tanque para produzir sal. O efeito dá luz solar refletida pelo labirinto das lagoas, no terreno inclinado, dá região uma forma de paisagem ao mesmo tempo impressionante e surrealista.
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As belas Salinas de Maras encravadas nos penhascos peruanos 02
Via: Pullante
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As belas Salinas de Maras encravadas nos penhascos peruanos 03
Via: Anlopelope
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As belas Salinas de Maras encravadas nos penhascos peruanos 04
Via: FabulousFabs
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Via: McGmatt
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Via: Zuma63
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As belas Salinas de Maras encravadas nos penhascos peruanos 07
Via: Seallyb
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As belas Salinas de Maras encravadas nos penhascos peruanos 08
Via: Zuma63
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As belas Salinas de Maras encravadas nos penhascos peruanos 09
Via: fabulousfabs
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As belas Salinas de Maras encravadas nos penhascos peruanos 10
Via: Banco Etc
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As belas Salinas de Maras encravadas nos penhascos peruanos 11

Via: Dachalan
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Via: Pululante
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Via: Zuma63
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As belas Salinas de Maras encravadas nos penhascos peruanos 14
Via: Pirotek
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As belas Salinas de Maras encravadas nos penhascos peruanos 15
Via: Pirotek
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As belas Salinas de Maras encravadas nos penhascos peruanos 16

Via: Pirotek
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As belas Salinas de Maras encravadas nos penhascos peruanos 17
Via: Dachalan
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As belas Salinas de Maras encravadas nos penhascos peruanos 18
Via: Epsilon31
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As belas Salinas de Maras encravadas nos penhascos peruanos 19
Via: Pirotek
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Via: Desconhecido
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As belas Salinas de Maras encravadas nos penhascos peruanos 21
Via: Desconhecido
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As belas Salinas de Maras encravadas nos penhascos peruanos 22
Via: Genevawerth

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12
Ago17

HÁ QUEM ESTEJA A PAGAR 100 MIL DÓLARES POR UM REFÚGIO ANTI NUCLEAR

António Garrochinho


Algumas pessoas estão até 100.000 dólares por um refúgio nuclear por medo de uma guerra com Coreia do Norte
À medida que a tensão entre Coreia do Norte e Estados Unidos cresce, também o medo das pessoas de todo mundo. Muitos perguntam-se se estaremos ante o início de uma guerra nuclear, e por isso alguns estão se preparando para comprar seus próprios abrigos anti bombas nucleares por até 100.000 dólares (uns 320 mil reais), uma bagatela, por assim dizer.

O negócio dos refúgios nucleares está em alta, tanto que durante as últimas semanas algumas companhias que se dedicam a construí-los receberam dezenas de ordens de compra de todo o mundo. Pessoas nos Estados Unidos, Japão e Europa estão-se preparando para o fim dos tempos.

Segundo Rum Hubbard, presidente da companhia Atlas Survival Shelters, assegura estar passando um dos melhores meses de sua história:

- "É uma loucura, nunca tinha visto algo assim. Vendemos bunkers em todo o país, incluindo Carolina do Norte, Tennessee, Texas, Oklahoma, Louisiana, Washington, Oregon, Arizona e muitos na Califórnia."

Os preços destes refúgios vão desde os 10.000 dólares até os 100.000, dependendo da capacidade de pessoas e outras comodidades. A ideia é que os compradores se enterrem no refúgio a uns 6 metros de profundidade, o que lhes permitirá sobreviver até um ano ali, tempo suficiente para que passe o efeito radioativo de uma explosão nuclear e para que as baratas "morfem" até ficarem do tamanho de um cão... fila brasileiro.
Algumas pessoas estão até 100.000 dólares por um refúgio nuclear por medo de uma guerra com Coreia do Norte
Outras companhias preferido criar complexos residenciais antinucleares em que alugam apartamentos por um preço de 25.000 dólares na Europa e Estados Unidos. No Japão, muitos também estão comprando seus refúgios à espera do pior.

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12
Ago17

Não, não é na Venezuela! - Não pagar salário deixa de ser crime na Grécia

António Garrochinho


Este mês, o Supremo Tribunal decidiu sobre o direito das empresas não pagarem aos seus trabalhadores. Não pagar salário deixa de ser crime na Gréciaconhecem-se casos de trabalhadores que não recebem há vários meses e até, nos casos mais dramáticos, alguns anos. (aqui)
O Syryza, o PS, o Bloco e a UE que escraviza o povo grego, não reconhecem a Constituinte democraticamente eleita na Venezuela.
Alexis Tsipras foi o farol do Bloco em bloco, mais tarde vaiado por alguns, e o pai da democraCIA foi uma referência para o Syryza ao ponto de o colocar como cartaz da sua campanha eleitoral e o Bloco fez comício pela esquerda-radical, e tal.
 
O Alexis Tsipras é o que se vê, e os seus comparsas o que todos sabemos.

Na Grécia do Tsipras a taxa de desemprego ronda os 22%, e como os cidadãos receiam não encontrar um outro trabalho e, esperançosos de poder vir a receber os salários em atraso, não deixam os empregos em que não são remunerados, até porque assim têm direito aos cuidados de saúde (na Grécia é necessário ter seguro, a alternativa é pagar por inteiro os cuidados de saúde).

Novos impostos foram incluídos nas contas da eletricidade, o que leva muitas pessoas a ficarem sem energia elétrica por não terem posses para pagar os impostos

O estado demora meses ou anos a pagar as reformas. Os últimos dados revelam que mais de 294 mil pensões foram adiadas, e há casos de tempos de espera que chegam aos três anos e meio.

De acordo com as últimas alterações legislativas, as viúvas perdem o direito de receber a pensão do marido se tiverem menos de 55 anos.
"Um paciente com cancro em estado terminal pediu ao médico para o deixar na máquina de suporte vital durante mais cinco dias até a sua esposa completar 55 anos". (aqui)

aspalavrassaoarmas.blogspot.pt

12
Ago17

Defendendo a Carris pública - Estruturas sindicais criticam veto do Presidente da República

António Garrochinho



A Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans) considera que o veto de Marcelo Rebelo de Sousa sobre as alterações ao Decreto-lei da municipalização da Carris que impede a sua privatização «é de poucos afectos com a opção de defender o direito público de transporte».


Estruturas sindicais defendem o carácter público da Carris


A estrutura sindical lembra num comunicado que o motivo do veto «não se centra em qualquer análise de inconstitucionalidade», mas sim na impossibilidade de a Câmara Municipal de Lisboa «poder vir a entregar a Carris e suas empresas a privados», demonstrando que o Presidente da República «tem uma opção política com a qual a Fectrans não concorda».
O comunicado afirma ainda que a Fectrans e o Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos de Portugal (STRUP) tudo farão para que a Assembleia da República volte a confirmar o conteúdo da lei, garantindo, dessa forma, que a opção de municipalização da Carris, que consideraram errada, «seja melhorada» e garanta o controlo público da empresa, prestando assim «um verdadeiro serviço público».
Na nota em que explica o veto, divulgada na quarta-feira, o Presidente da República considera que «vedar taxativamente» uma concessão futura «representa uma politicamente excessiva intervenção da Assembleia da República num espaço de decisão concreta da Administração Pública – em particular do poder local».
«Mesmo que essa indesejável intervenção legislativa possa não ser qualificada de inconstitucional – e, por isso, não suscitar a correspondente fiscalização –, pode ser politicamente contraproducente, e, por isso, excessiva e censurável», refere ainda o Presidente da República.
O diploma vetado teve origem numa apreciação parlamentar pedida pelo PCP, que introduzia alterações ao decreto que levou à municipalização da Carris e impedia a privatização da empresa.


www.abrilabril.pt
12
Ago17

Olhar para o euro sem paixão

António Garrochinho


No auge da crise, quando a taxa de desemprego atingiu o seu máximo, 42% dos portugueses estavam contra o euro, de acordo com o Eurobarómetro (um inquérito de opinião regular realizado pela Comissão Europeia). Hoje a taxa de aprovação da UE entre os portugueses é a mais alta desde que existe moeda única na Europa, conforme constata o jornalista Luís Reis Ribeiro num artigo publicado no Dinheiro Vivo.



O nível de eurocepticismo em Portugal tem uma relação directa com a taxa de desemprego, o que faz algum sentido, já que o euro nos retirou instrumentos fundamentais para combater o desemprego sem os substituir por outros (note-se que a taxa de desemprego ainda é hoje o dobro do que era no início do século). No entanto, esta tendência que os portugueses parecem ter para avaliar o euro com base na situação económica do país em cada momento tem dois problemas fundamentais.

Primeiro, sugere que tudo o que acontece de bom ou de mau à economia portuguesa depende da nossa presença no euro, o que não é verdade (pense-se no preço do petróleo ou da evolução do comércio mundial, que influenciam fortemente o que por cá se passa).

Segundo - o que é pior, mas não surpreendente - sugere que grande parte dos portugueses não avalia a participação de Portugal no euro em função dos seus impactos estruturais na economia nacional, mas apenas em função da situação conjuntural. Isto é um problema, pois é aí que reside o principal busílis da questão. 

ladroesdebicicletas.blogspot.pt

ver artigo abaixo

EUROBARÓMETRO O amor está no ar. 



 Relação entre os portugueses e a moeda única está no melhor momento de sempre. 

Pior altura foi quando país teve de pedir resgate e desemprego disparou 

 A taxa de aprovação dos portugueses em relação à União Económica e Monetária e ao euro propriamente dito é a mais elevada desde que a moeda única entrou em circulação, em 2002. 74% dos portugueses inquiridos para o estudo da Comissão Europeia conduzido no final de maio disseram ser “a favor” da UEM e da moeda que une 19 países. 

O número repete o máximo do outono de 2016. E a percentagem de portugueses que dizem ser “contra” o projeto europeu caiu para 21%, o valor mais baixo da série, de acordo com os dados do Eurobarómetro da primavera 2017, publicados esta semana. 

Os portugueses parecem ter acolhido com indiferença os comentários hostis do presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, em março, contra os países do sul da Europa que gastam o dinheiro emprestado “em álcool e mulheres”. Ou a menção do ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schäuble, em maio, que chamou “Ronaldo do Ecofin” ao colega português, Mário Centeno. Fizeram as pazes com o euro e gostam até mais da UEM do que a média dos europeus da zona euro, onde a aprovação ronda 73%. Ricardo Paes Mamede e Filipe Garcia, dois economistas, concordaram que as condições da economia interna são determinantes para esta opinião otimista. 

Quando o ambiente está mais distendido, a aprovação tende a subir. “Os índices de confiança estão atualmente em máximos. Penso que não é por haver euforia, é porque as pessoas sentem um enorme alívio, em primeiro lugar porque só agora é que se tornou evidente que o desemprego está a baixar de forma consistente e isso reflete-se”, diz Paes Mamede, que é professor de Economia no ISCTE. “Desde o início do euro, em 2002, que a história foi marcada pela subida do desemprego em Portugal”, “só recentemente é que as coisas mudaram para melhor no mercado de trabalho”. “Há um aspeto estrutural/demográfico que será relevante. Já temos esta moeda há 15 anos, as pessoas que hoje são inquiridas conhecem o euro há bastante tempo. 

Eventualmente, alguns nem se lembram do escudo ou nunca o usaram”, refere Filipe Garcia, da consultora IMF. “Apesar dos altos e baixos que teve, o euro é um projeto genericamente bem conseguido, veio trazer estabilidade, aumentou o poder de compra e a abertura ao exterior. Se as coisas agora estão melhor, as pessoas tendem a aprovar o que têm. É natural.” Hoje há amor no ar, mas nem sempre foi assim. A relação dos portugueses com a moeda única já teve dias maus. 

O ponto mais baixo aconteceu, sem surpresa, na primavera de 2011, onde menos de metade dos inquiridos (49%) aprovava a UEM e o euro. Foi na altura em que Portugal declarou bancarrota e foi obrigado a chamar a troika que emprestou dinheiro ao país e aplicou um duro programa de ajustamento que durou, formalmente, até meados de 2014. “Na altura, o discurso europeu era muito duro para os portugueses, como foi para a Grécia, um discurso cheio de repressão e retaliação”, lembra Paes Mamede. Em 2012, o ministro Vítor Gaspar anunciou, em nome do euro e do Pacto de Estabilidade, “o enorme aumento de impostos”. 

A austeridade propagou-se: houve cortes diretos de salários e pensões. No início de 2013, o desemprego já ia em quase 18%, um recorde histórico. “Claro que isso desanimou as pessoas”, concorda Filipe Garcia. No outono desse ano, a taxa de repúdio em relação ao euro atingiu o maior valor de sempre: 42% dos inquiridos portugueses estavam contra a UEM. “Espero que as elites europeias tenham aprendido com esses erros, com o que fizeram cá e na Grécia” e “que se continue a demonstrar, como acontece hoje em Portugal, que é possível fazer uma política diferente, menos obcecada com o défice, e continuar dentro do euro”, diz o professor do ISCTE. Filipe Garcia recorda ainda que “em 2013 toda a gente dizia agora é que é, a Grécia tem de sair do euro, e muitos cá em Portugal, sobretudo os partidos e economistas à esquerda diziam que Portugal também devia sair porque o euro era o principal culpado pelo afundanço do país”. “A opinião é moldada por estas ideias falsas ou erradas, também.” 

Os inquéritos do Eurobarómetro são semestrais. Este decorreu entre 20 e 29 de maio deste ano, tendo sido ouvidos 1089 cidadãos em Portugal com 15 anos ou mais. A nível da União Europeia (UE, 28 países) foram recolhidas as opiniões de 28.007 pessoas, segundo as informações da Comissão Europeia. Fonte: Comissão Europeia



12
Ago17

O IMPÉRIO NA ERA DOS ESCOMBROS

António Garrochinho




Às voltas com sua própria decadência, EUA agem para inviabilizar outros países. Depois do Oriente Médio, Coreia e Irã estão na mira. Que revela esta obsessão pela ruína?

Tom Engelhardt | 

Você se lembra. Era para ser guerra do século 21, estilo norte-americano: precisa além da imaginação; bombas inteligentes; drones capazes de eliminar um ser humano cuidadosamente identificado e rastreado praticamente em qualquer lugar da Terra; incursões de operações especiais tão exatamente precisas que representariam um triunfo da ciência militar moderna. Tudo “em rede”. Era para ser um sonho glorioso de destruição limitada combinada com poder e sucesso ilimitado. Na realidade, provou ser um pesadelo de primeira ordem.

Se você quer resumir numa só palavra o que as guerra dos Estados Unidos produziram nesta última década e meia, eu sugeriria escombros. É um termo dolorosamente adequado desde 11 de setembro de 2001. Além disso, para entender a essência de tal guerra neste século, duas novas palavras podem ser usadas: arruinar e arruinamento. Vou explicar a seguir.

Nas últimas semanas, outra grande cidade do Iraque foi oficialmente “liberada” (quase) de militantes do Estado Islâmico. Contudo, os resultados da campanha militar iraquiana apoiada pelos EUA para retomar Mosul, segunda maior cidade do país, não cabem em nenhuma definição comum de triunfo ou vitória. Começou em outubro de 2016 e, com mais de nove meses, foi mais longa do que a batalha de Stalingrado, da Segunda Guerra Mundial. Semana após semana, numa luta de rua em rua, com os bombardeios aéreos dos EUA repetidamente executados em bairros ainda cheios de habitantes aterrorizados, matou um número de civis desconhecido mas potencialmente assombroso. Mais de um milhão de pessoas – sim, você leu corretamente – foram arrancadas de suas casas. Grande parte da metade ocidental da cidade, incluindo suas áreas históricas milenares, transformaram-se em escombros.

Isso deveria ser a definição de vitória como derrota, sucesso como desastre. É também um padrão. Tem sido a história essencial da guerra norte-americana ao terror desde que, no mês pós ataques de 11 de Setembro, o presidente George W. Bush autorizou o uso de fogo aéreo no Afeganistão. Aquele primeira campanha aérea deu início ao que passou cada vez mais a assemelhar-se com o destroçamento em larga escala de partes significativas do Grande Oriente Médio.

Ao não perseguir, simplesmente, o grupo que cometeu esses ataques, mas decidir derrubar os Talibãs, ocupar o Afeganistão e, em 2003, invadir o Iraque, o governo d Bush abriu a notória fonte de problemas naquela vasta região. Uma compulsão imperial para derrubar o governante do Iraque, Saddam Hussein, que já havia sido o homem de Washington no Oriente Médio somente para tornar-se seu inimigo mortal (e de qualquer modo não tinha nada a ver com o 11 de Setembro), revelou-se um dos erros fatais de cálculo da era imperial.

Assim foi a fantasia profundamente enraizada dos oficiais do governo Bush, de que controlavam um poder militar de precisão e alta tecnologia jamais possuído por nenhuma outra nação do planeta ou da história; um poder militar que seria, nas palavras do presidente, “a maior força para a liberação humana que o mundo já conheceu”. Com o Iraque ocupado e militarizado (estilo Coreia) pelas gerações seguintes, os altos oficiais dos EUA presumiram que iriam derrubar o Irã fundamentalista (soa familiar?) e outros regimes hostis na região, criando ali a Pax Americana. (Daí a ironia particular da presente ascendência iraniana sobre o Iraque.) Ao perseguir tais fantasias de poder global, o governo Bush armou, de fato, um rombo devastador no centro nevrálgico do petróleo do Oriente Médio. Na imagem pungente de Abu Mussa, chefe da Liga Árabe na época, os Estados Unidos escolheram entrar direto “nos portões do inferno”.

Transformando o Grande Oriente Médio em escombros

Nos pouco mais de quinze anos desde o 11 de Setembro, partes de uma faixa crescente do planeta – das fronteiras do Paquistão no Sul da Ásia até a Líbia no Norte da África – foram desestabilizadas de forma catastrófica. Pequenos grupos de terroristas islâmicos multiplicaram-se exponencialmente em organizações tanto locais quanto transnacionais, espalhando-se pela região com a ajuda da guerra de “precisão” norte-americana e da ira que ela provocou entre as populações civis indefesas. Estados começaram a cambalear ou cair. Países entraram em colapso, essencialmente, criando uma onde de refugiados no mundo, à medida em que ano após ano ano os militares norte-americanos, suas forças de Operações Especiais e a CIA foram sendo posicionadas, de um modo ou de outro, em um país após o outro.

Embora os resultados fossem sempre evidentemente desastrosos, os três governos em Washington pós 11/9 pareciam — como tantos adictos — incapazes de tirar as óbvias conclusões. Ao contrário, continuaram a fazer mais do mesmo (com modestos ajustes de um ou outro tipo). Os resultados, evidentemente, foram igualmente desapontadores ou destrosos.

A despeito das dúvidas sobre essa forma de guerra global que o então candidato Donald Trump suscitou, durante a campanha eleitoral de 2016, o processo entrou em escalada nos primeiros meses de sua presidência. Washington, parece, não consegue conter seu ímpeto de perseguir essa versão de guerra em toda sua sinistra imprecisão até suas conclusõs cada vez mais imprecisas porém previsivelmente destrutivas. Ainda pior, se as principais figuras militares e políticas em Washington tiverem espaço, nada disso deve acabar em nosso tempo de vida. (Nos últimos anos, por exemplo, o Pentágono e aqueles que canalizam seus pensamentos começaram a falar de uma “abordagem geracional” ou “luta geracional” no Afeganistão). Tantos anos depois de desencadeada, a guerra ao terror mostra todos os sinais de continuar se expandindo e escombros são, cada vez mais, o nome do jogo. Aqui está um registro muito parcial sobre o assunto:

Além de Mosul, várias outras grandes cidades e povoados do Iraque – incluindo Ramadi e Falluja – foram também reduzidas a ruinas. Ao longo da fronteira na Síria, onde uma guerra civil brutal desenvolve-se há seis anos, numerosas cidades e vilas, de Homs a partes de Aleppo, foram essencialmente destruidas. Raqqa, a “capital” do autoproclamado Estado Islâmico, está agora sob estado de sítio. (As forças das Operações Especiais Americanas já estão supostamente ativas dentro de seus muros violados, trabalhando com forças rebeldes aliadas curdas e sírias). A cidade também será “libertada” mais cedo ou mais tarde – o que significa dizer destruída.

Assim como em Mosul, Faluja e Ramadi, aviões norte-americanos vêm atacando posições do ISIS no coração urbano de Raqqa e matando civis, evidentemente em número considerável, enquando transformam em escombros partes da cidade. E tais atividades não pararam de se espalhar nos últimos anos. Na distante Líbia, por exemplo, a cidade de Sirte está em ruínas depois de uma luta semelhante envolvendo forças locais, poder aéreo norte-americano e militantes do ISIS. No Iêmen, nos últimos dois anos, os sauditas vêm conduzindo uma campanha aérea sem fim (com apoio norte-americano), voltada de forma significativa contra a população civil. Estão destroçando aquele país, enquando pavimentam o caminho para uma fome devastadora e uma epidemia de cólera que não pode ser constatada, dadas as condições daquela terra sitiada e empobrecida.

Só recentemente esse tipo de destruição espalhou-se, pela primeira vez, para além do Grande Oriente Médio e partes da África. No fim de maio, na ilha de Mindanao, no sul das Filipinas, rebeldes muçulmanos identificados com o ISIS tomaram a cidade de Marawi. Desde que mudaram para lá, a maioria de sua população de 200 mil pessoas foi desalojada. Quase dois meses depois, eles ainda mantêm partes da cidade, enquanto se engajam na guerra urbana estilo Mosul contra os militares filipinos (apoiados por conselheiros das Operações Especiais dos EUA). No processo, a área foi reduzida, segundo relatos, a escombros no estilo Mosul.

Na maioria dessas cidades arruinadas e regiões em torno delas, mesmo quando é declarada “vitória”, o pior ainda está para ser visto. No Iraque, por exemplo, com o “califado” de Abu Bakr al-Baghdadi agora sendo desmantelado, o ISIS continua a ser uma força guerrilheira verdadeiramente ameaçadora. As comunidades sunita e xiita (incluindo as milícias xiitas armadas) mostram poucos sinais de somar forças, e no norte do país os curdos ameaçam declarar um Estado independente. Lutas de vários tipos estão essencialmente asseguradas e a possibilidade de o Iraque tornar-se um estado falido em larga escala ou vários miniestados devastados continua a ser real, mesmo que o governo Trump esteja supostamente pressionando o Congresso para permitir a construção e ocupação de novas bases militares “temporárias” e outros equipamentos no país (e na vizinha Síria).

Pior: em todo o Grande Oriente Médio, “reconstrução” não é ainda sequer um conceito. Simplesmente não há dinheiro para isso. Os preços do petróleo continuam profundamente deprimidos e, da Líbia e Iêmen ao Iraque e Síria, os países são ou muito pobres ou muito divididos para começar a reconstrução de qualquer coisa. Nem – e isso é um dado – os EUA de Donald Trump lançarão algo equivalente a um Plano Marshall para a região. E mesmo que o fizessem, os anos pós 11 de Setembro já mostram que a versão altamente militarizada da “reconstrução” ou “construção da nação” norte-americana via “corporações guerreiras” foi uma das grandes mentiras do nosso tempo.

É claro que, como mostra a guerra civil da Síria, Washington não pode ser responsabilizada por toda a destruição da região. O próprio ISIS tem sido uma máquina mortífera excepcionalmente brutal e destrutiva, com seu próprio recorde impressionante  de devastação urbana. Mas a maior destruição foi ao menos provocada pelos sonhos e planos militarizados do governo Bush e por sua resposta ao 11 de Setembro (a qual acabou convertendo-se em algo como o cenário de sonho de Osama bin Laden). Não esquecer que o predecessor do ISIS, a al-Qaeda no Iraque, foi uma criatura da invasão e ocupação norte-americana naquele país e que o próprio ISIS foi essencialmente formado numa prisão de campo militar norte-americana naquele país, onde seu futuro califa estava confinado.

E se você julga que alguma lição foi aprendida de tudo isso, pense de novo. Nos primeiros meses do governo Trump, os EUA essencialmente decidiram promover uma nova expansão  de tropas e forças aéreas no Afeganistão; posicionaram pela primeira vez a maior arma não-nuclear em seu arsenal lá; prometeram aos sauditas mais apoio em sua guerra no Iêmen; aumentaram seus ataques e atividades de operações especiais na Somália; estão se preparando para uma nova presença militar na Líbia; aumentaram as forças e afrouxaram as regras para ataques aéreos em áreas civis do Iraque e em outros lugares; e enviaram operadores especiais e outros contingentes, em número crescente, a ambos países, Iraque e Síria.

Qualquer que seja o presidente, a aposta parece apenas subir quando se trata da “guerra ao terror”, uma guerra de imprecisão que ajudou a desalojar números recordes de pessoas no planeta, com os resultados usuais previsíveis: o avanço da disseminação dos grupos terroristas, a maior desestabilização de estruturas estatais, o que ampliou os números de civis deslocados e mortos, e a transformação em escombros de crescentes partes do planeta.

Embora ninguém negasse o potencial destrutivo de grandes poderes imperiais, historicamente o império norte-americano pode ser único. Da altura de sua força militar nesses anos, ele tem sido absolutamente incapaz de traduzir essa vantagem de poder em algo além de destruição.

Vivendo em meio a escombros: uma pequena história do século 21

Deixem-me falar pessoalmente aqui, já que vivo no pacífico e incrivelmente protegido coração daquele império da destruição e na cidade mesma onde tudo começou. O que me intriga eternamente é a impossibilidade daqueles que governam esse maquinário imperial de absorver o que de fato aconteceu desde 11 de Setembro e tirar dali qualquer conclusão razoáveis. Afinal, muito do que venho descrevendo parece, a essa altura, tristemente previsível.

No mínimo, a natureza “geracional” da guerra ao terror e o modo como ela tornou-se uma guerra permanente de terror deveria a essa altura parecer óbvia demais para discussões. E mais, seja o que for que tenha dito na campanha, Trump designou prontamente para posições chave os próprios generais que estão há tempos mergulhados em fazer a guerra norte=americana pelo Grande Oriente Médio e estão claramente prontos para fazer mais do mesmo. Por que ninguém no mundo, mesmo aqueles generais, imaginaria que tal abordagem pudesse resultar em algo “bem sucedido” está além da minha compreensão.

De muitas maneiras, a destruição situou-se no coração de todo esse processo, a começar com o momento 11 de Setembro. Afinal, a maior intenção desses ataques era transformar em escombros os símbolos do poder norte-americano – o Pentágono (poder militar); o World Trade Center (poder financeiro); e o Capitólio ou alguns outros edifícios de Washington (poder político, já que o avião sequestrado que caiu num campo na Pensilvânia estava sem dúvida dirigindo-se para lá). No processo, milhares de civis inocentes foram massacrados.

De certa forma, muito da transformação do Grande Oriente Médio em escombros, nos últimos, anos poderia ser pensado, embora inconscientemente, como uma campanha de vingança pelo horror e insulto dos ataques aéreos naquela manhã de setembro em 2001, que pulverizaram as torres mais altas de minha cidade natal. Desde então, a guerra americana vem empenhando-se, em certo sentido, em dar a Osama bin Laden o troco em espécie, porém numa escala assombrosa. No Afeganistão, Iraque e outros lugares, um momento chocante mas passageiro para os norte-americanos converteu-se na vida cotidiana de populações inteiras — e inocentes morreram em números que somariam muitos World Trade Centers empilhados um sobre o outro.

As origens de TomDispatch, o site que dirijo, também estão nos escombros. Estava em Nova York naquele dia. Vivi o choque dos ataques e senti o cheiro daqueles edifícios queimando. Um amigo viu um avião sequestrado chocando-se com uma das torres e eu fui ao local dos ataques com minha filha nos dias seguintes. Vaguei pelas ruas próximas, construindo visões a partir dos cacos gigantes daqueles edifícios destruídos.

Na frase daquele momento, no imediato pós 11 de Setembro, tudo “mudou”. Num certo sentido, foi assim mesmo. Senti isso — e quem não? Notei o sentimento de medo crescendo nacionalmente e as repetidas cerimônias pelo país nas quais os norte-americanos aclamavam-se como as mais excepcionais vítimas, sobreviventes do planeta e (no futuro) vitoriosos. Naquelas semanas pós 11 de Setembro, tornei-me cada vez mais consciente de como um crescente sentido de choque e um desejo de vingança entre a população estava liberando os funcionários do governo Bush (que vinham há anos sonhando tornar o “superpoder único” onipotente de uma maneira sem precedentes na história) a agir mais ou menos como queriam.

Eu estava dominado por um senso de que o período a seguir poderia ser o pior da minha vida, muito pior do que a era Vietnã (a última vez em que estive de fato mobilizado politicamente). E de uma coisa eu estava certo: as coisas não iam ficar bem. Tinha urgência em fazer algo, embora não tivesse ideia do quê.

No início de outubro de 2011, o governo Bush lançou sua força aérea sobre o Afeganistão, uma campanha que, num certo sentido, nunca acabaria mas simplesmente espalhou-se por todo o Grande Oriente Médio. (A essa altura, os EUA já lançaram repetidos ataques aéreos em pelo menos sete países na região.) Naquele momento, alguém me enviou um artigo de Tamim Ansary, um afegão que havia estado nos EUA por anos mas continuava a acompanhar os acontecimentos em seu país natal.

Seu artigo, que foi publicado no site Counterpunch, se mostraria de fato profético, especialmente porque foi escrito em meados de setembro, apenas alguns dias depois do 11 de Setembro. Naquele momento, notou Ansary, os americanos já estavam ameaçando – numa frase adotada na era da guerra do Vietnã – bombardear o Afeganistão até reduzi-lo “de volta à Idade da Pedra”. A que propósito, ele questionava, poderia servir tal campanha, uma vez que, como disse, “novas bombas poderiam apenas sacudir aos escombros das bombas anteriores”? Como ele ressaltou, o Afeganistão, então em grande parte governado pelo sinistro Talibã, havia sido basicamente reduzido a escombros anos antes na guerra por procuração travada ali por soviéticos e americanos até o Exército Vermelho regressar para casa, mancando e derrotado, em 1989. Os escombros que já eram o Afeganistão iriam apenas aumentar na guerra civil brutal que se seguiu. E nos anos anteriores a 2001, pouco foi reconstruido. Então, como Ansery deixou claro, os EUA estavam para lançar sua força aérea pela primeira vez no século 21 contra um país que não tinha nada, um país de ruinas e em ruinas.

A partir desse ato, ele previu desastre. Assim seria. Naquele tempo, aquela imagem de bombardeios aéreos sobre escombros me assombrou, em parte porque era ao mesmo tempo aterrorizante e verdadeira. Por um lado, parecia um sinal nefasto do que poderia nos esperar no futuro; por outro, nada semelhante podia ser então encontrado nas notícias mainstream ou em qualquer tipo de debate sobre como responder ao 11 de Setembro.

Impulsivamente, enviei o artigo com uma nota minha a amigos e familiares — algo que nunca havia feito antes. Seria o início do que se tornou um grupo de discussão e, pouco mais de um ano depois, do TomDispatch.

Uma plutocracia emerge dos escombros?

Por isso, a primeira palavra a capturar inteiramente minha atenção e me colocar em movimento na era pós 11 de Setembro, foi “escombro”. É triste que, quase 16 anos depois, os norte-americanos ainda temam obssessivamente por si mesmos — um medo que ajudou a fundar e construir um estado de segurança nacional de dimensões espantosas. Por outro lado, muito poucos de nós têm qualquer senso das intermináveis experiências estilo 11 de Setembro que nossos militares têm, de forma tão imprecisa, praticado no mundo. As bombas podem ser inteligentes, mas os atos não poderiam ser mais estúpidos.

Neste país, não há basicamente nenhum senso de responsabilidade pela propagação do terrorismo, o desmoronamento de Estados, a destruição de vidas e de maneiras de ganhar a vida, o fluxo corrente de refugiados e a transformação em escombros de algumas das grandes cidades do planeta. Não há avaliação razoável da verdadeira natureza e efeitos da guerra americana no exterior: sua imprecisão, sua idiotice, sua destrutividade. Nesta terra pacífica, é difícil imaginar o verdadeiro impacto da imprecisão da guerra, estilo americano. Dada a forma como as coisas estão indo, é bem fácil, contudo, imaginar o cenário de Tamim Ansari nos anos Trump e naqueles que se seguirão: norte-americanos bombardeando os escombros que criaram por todo o Grande Oriente Médio.

E ainda que distantes, as guerras imperiais encontram caminhos de voltar para casa. Não só na forma de novas técnicas de vigilância, com drones voando sobre o próprio país ou a militarização geral das forças policiais. Sem essas guerras desastrosas e infindáveis, suspeito que a eleição de Donald Trump teria sido improvável. E embora ele não vá perder essa guerra de “precisão” na própria pátria, seu projeto (e dos parlamentares republicanos) – da saúde ao meio ambiente – é visivelmente dirigido a transformar em escombros a sociedade norte-americana. Se ele fosse capaz, certamente criaria uma plutocracia dos escombros em um mundo onde as ruínas são, cada vez mais, a norma.

paginaglobal.blogspot.pt
12
Ago17

VÍDEO - 24 Horas Selvagens na Austrália

António Garrochinho



A Austrália é um país único e que apesar de ser formado por uma grande área desértica, ainda assim é o habitat de milhares de espécies de animais, sendo que algumas delas só existem nesse continente.

Confira agora, num espaço de 24 horas, a busca pela sobrevivência que irá levar os animais selvagem da Austrália ao limite. E o pior, nem todos vão sair vivos dessa jornada.

Sem mais delongas, assista ao vídeo abaixo, upado pelo canal Natureza Selvagem:

tudorocha.blogspot.pt
12
Ago17

12 de Agosto de 1907: Nasce o escritor português Miguel Torga, pseudónimo do médico Adolfo Rocha, autor de "Contos da Montanha" e "A Criação do Mundo".

António Garrochinho


Pseudónimo de Adolfo Coelho da Rocha e autor de uma produção literária vasta e variada, nasceu em S. Martinho de Anta, Vila Real, a 12 de agosto de 1907, e morreu em Coimbra, a 17 de janeiro de 1995.
Depois de ter trabalhado no Brasil, entre os 13 e os 18 anos (experiência que viria ser evocada na série de romances de inspiração autobiográfica Criação do Mundo), Adolfo Correia da Rocha regressou a Portugal, vindo a licenciar-se em Medicina. Durante os estudos universitários, em Coimbra, travou conhecimento com o grupo de escritores que viriam a fundar a Presença, chegando a publicar nas edições da revista o seu segundo volume de poesia, Rampa. Em 1930, depois de assinar, com Edmundo de Bettencourt e Branquinho da Fonseca, uma carta de dissensão enviada à direção da publicação coimbrã, co-funda as efémeras revistas Sinal e Manifesto. Não obstante a passagem pelo grupo presencista, no momento da suas primícias literárias, Miguel Torga assumirá, ao longo dos cerca de cinquenta títulos que publicou - frequentemente em edições de autor e à margem de políticas editoriais - uma postura de independência relativamente a qualquer movimento literário. Os seus textos poéticos,numa primeira fase, abordaram temas bucólicos, a angústia da morte, a revolta, temas sociais como a justiça e a liberdade, o amor, e deixaram transparecer uma aliança íntima e permanente entre o homem e a terra.
Na poesia, depois de algumas coletâneas ainda imbuídas de certo dramatismo retórico editadas no início dos anos trinta, a publicação dos volumes onde ostenta já o pseudónimo Miguel Torga - segundo Pilar Vásquez Cuesta (cf.Revista de Ocidente, agosto de 1968), esta invenção pseudonímica simboliza, pela analogia com a urze, a obrigação de constância, firmeza e beleza que o artista deve manter, por mais adversas que sejam as estruturas pessoais e históricas em que se move, ao mesmo tempo que "a escolha do nome Miguel responde ao propósito de acrescentar um novo elo lusitano a toda uma cadeia espanhola (Miguel de Molinos, Miguel de Cervantes, Miguelde Unamuno) de pensamento combativo e rebelde" - como Lamentação (1934), O Outro Livro de Job (1936),Libertação (1944), Odes (1946), Nihil Sibi (1948), Cântico do Homem (1950), Penas do Purgatório (1954), OrfeuRebelde (1958), Câmara Ardente (1962) ou Poemas Ibéricos (1965), firmam uma poesia que é "fundamentalmente a busca da fidelidade no Terrestre, a busca da aliança sem mácula do homem com o Terrestre; a busca da inteireza do homem no Terrestre" (ANDERSEN, Sophia de Mello Breyner, cit. in Boletim Cultural do Serviço de Bibliotecas Itinerantes e Fixas da Fundação Calouste Gulbenkian, n.º 10, dedicado a Miguel Torga, maio de 1988,p. 72). Ancorada no húmus natal, essa poesia dá também conta de uma "ambição de absoluto" que, para Torga,deve "permanecer como simples acicate, pura aspiração, porque o homem tem de realizar-se no relativo, a sua felicidade possível está no relativo, logo na contradição, na luta, numa esperança desesperada", não renegando"essa condição dramática de homem, besta e espírito, egoísmo e entrega generosa" (COELHO, Jacinto do Prado,cit. ibi., p. 72). Na prosa, obras como Bichos, Contos da Montanha e Novos Contos da Montanha marcaram, até aos nossos dias, sucessivas gerações de leitores que aí se deslumbraram com uma fusão entre o homem, o mundo animal e o mundo natural, vazada numa prosa "a um tempo sortílega e enxuta, despegada do efémero,agarrada ao concreto" (cf. MOURÃO-FERREIRA, David - "Miguel Torga e a Respiração do Mundo, ibi., p. 8). 
No domínio narrativo, a sua bibliografia contém ainda os seis volumes da ficção de inspiração autobiográfica Criação do Mundo e os dezasseis volumes do Diário, onde compaginam textos de vários géneros, desde os poemas e da reflexão cultural e ideológica, ao testemunho subjetivo de acontecimentos históricos, a notas tomadas nas inúmeras digressões pelo país. A sua bibliografia conta ainda com algumas páginas de intervenção cívica ou de ensaísmo como Fogo Preso ou Traço de União, bem como quatro títulos de teatro. Prevalecendo em qualquer dos géneros que cultivou "uma obsessão metafísica da liberdade" (a expressão é de Jesús Herrero, em Miguel Torga, Poeta Ibérico (cit. Ibi., p. 73), atestada biograficamente, durante a longa ditadura salazarista, por uma rebeldia que lhe valeu a apreensão e interdição de várias obras, bem como a proibição de saída do país e o levantamento de obstáculos ao exercício da sua atividade profissional, para David Mourão-Ferreira (Saudação a Miguel Torga, cit. ibi, p. 75), "O que há [...] de absolutamente invulgar, porventura único, no caso de Miguel Torga é a circunstância de ele ser, cumulativamente, quer como poeta, quer como prosador, um indivíduo inconfundível,um telúrico padrão e um cívico expoente da própria Pátria, um artístico paradigma da língua em que se exprime,um predestinado legatário de valores culturais em permanente abalo sísmico, um atento recetor e um sensível transmissor dos inúmeros problemas - quantos deles talvez indissolúveis - do Homem de todos os quadrantes, ora considerado na moldura dos condicionalismos que o cerceiam, ora ainda mais frequentemente entendido sb specieaeternitatis". É nesta medida que Fernão de Magalhães Gonçalves (Ser e Ler Torga, cit. ibi., p. 76) considera o modo como a obra de Miguel Torga "é progressivamente estruturada por três discursos ou níveis de sentido que evoluem através de fenómenos de divergência e de convergência numa suscitação dialética que põe a nu o movimento das elementares componentes dramáticas da natureza humana: o apelo da transcendência (discurso teológico), o fascínio telúrico (discurso cósmico) e o imperativo da liberdade (discurso sociológico)". Naquele que ainda é um dos mais profundos estudos sobre Miguel Torga, Eduardo Lourenço refere-se, percorrendo os vários níveis da sua matéria poética (incidindo particularmente na relação com o presencismo, na problemática religiosa e no sentimento telúrico que a percorre), a um "desespero humanista" que, partindo da "espécie de indecisão e luta que nela se trava entre um conteúdo que devia fazer explodir a forma e todavia se consegue moldar nela", "É humanista por ser filho da intenção mil vezes expressa na obra de Miguel Torga de confinar a realidade humana unicamente no Homem e na sua aventura cósmica, embora a presença mesma desse desespero testemunhe que essa intenção não encontra no espírito total do poeta uma estrada luminosa e larga. Como a todos os lugares reais ou ideais em que o homem busca a salvação, conduz a este humanismo [...] a porta estreita de uma agonia pessoal" (LOURENÇO, Eduardo - "O Desespero Humanista em Miguel Torga", in Tempo e Poesia, Porto, editora Inova, 1974, p. 123). Proposto por duas vezes para Nobel da Literatura (1960 e 1978), a sua obra e a sua personalidade constituíram um referente cultural a nível nacional e internacional, tendo recebido, em vida, os Prémios Montaigne (1981), Camões (1989), Vida Literária (da Associação Portuguesa de Escritores, em 1992), o Prémio de Literatura Écureuil (do Salão do Livro de Bordéus, em 1991) e o Prémio da Associação Internacional de Críticos Literários, em 1994.
Miguel Torga. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2012. 
wikipedia (Imagem)

Ficheiro:Miguel Torga.jpg
Miguel Torga, por Bottelho


Aos Poetas

Somos nós 
As humanas cigarras. 
Nós, 
Desde o tempo de Esopo conhecidos... 
Nós, 
Preguiçosos insectos perseguidos. 

Somos nós os ridículos comparsas 
Da fábula burguesa da formiga. 
Nós, a tribo faminta de ciganos 
Que se abriga 
Ao luar. 
Nós, que nunca passamos, 
A passar... 

Somos nós, e só nós podemos ter 
Asas sonoras. 
Asas que em certas horas 
Palpitam. 
Asas que morrem, mas que ressuscitam 
Da sepultura. 
E que da planura 
Da seara 
Erguem a um campo de maior altura 
A mão que só altura semeara. 

Por isso a vós, Poetas, eu levanto 
A taça fraternal deste meu canto, 
E bebo em vossa honra o doce vinho 
Da amizade e da paz. 
Vinho que não é meu, 
Mas sim do mosto que a beleza traz. 

E vos digo e conjuro que canteis. 
Que sejais menestréis 
Duma 
gesta de amor universal. 

Duma epopeia que não tenha reis, 
Mas homens de tamanho natural. 



Homens de toda a terra sem fronteiras. 
De todos os feitios e maneiras, 
Da cor que o sol lhes deu à flor da pele. 
Crias de Adão e Eva verdadeiras. 
Homens da torre de Babel. 



Homens do dia-a-dia 
Que levantem paredes de ilusão. 
Homens de pés no chão, 
Que se calcem de sonho e de poesia 
Pela graça infantil da vossa mão. 



Miguel Torga, in 'Odes'


12
Ago17

O problema do Comunismo

António Garrochinho



O problema do Comunismo é defender que somos todos iguais, nem mais nem menos que os outros, com acesso a educação, saúde, paz, pão, habitação, emprego e um futuro, sem nada em troca. Ora, isto não é apenas impensável nos dias de hoje, é errado, para não dizer perigoso. Afinal, o que seria deste mundo se todo um povo se decidisse a ter acesso às premissas básicas da vida, ao sonho e à capacidade de sonhar, desejar, almejar e conquistar?

O problema do Comunismo é este desejo de alfabetizar, educar, ensinar, cuidar, cultivar, desmistificar, esclarecer mitos, patranhas, medos e mentiras, insistindo e teimando na necessidade de cada um pensar por si e não em nome de um todo chamado capital, julgando e condenando pares e iguais em função dos números de uma conta bancária.

O problema do Comunismo é a defesa do livre arbítrio, uma conquista da Humanidade e uma grande dor de cabeça para meia dúzia de indíviduos e famílias, os quais acabam por dedicar grande parte do seu tempo e energias a combater direitos, liberdades e garantias em detrimento dos seus próprios negócios. E isto é, também, uma grande chatice.

Até porque o problema do Comunismo é, igualmente, a defesa do fim da propriedade privada, lá está, pelo bem comum, o que é meu é teu e vice-versa, se hoje és tu quem precisa, amanhã somos nós, e o mundo seria um lugar tão bom se todos concordássemos em partilhar esta Terra onde um dia nascemos e de onde, pragmaticamente, haveremos de partir.

E isto independentemente da quantidade estúpida de dinheiro que possas ter quando a morte está bem morta, desde sempre, livre de todos os bens materiais e, no entanto, tão ávida de ti.

Até porque o problema do Comunismo é defender cegamente a não existência de um Deus ou, pelo menos, a não existência de um Deus que se possa comprar, e digam-me lá qual a importância do dinheiro quando se pode criar vida, planetas, universos inteiros na ponta dos dedos enquanto se caminha numa praia cujos grãos de areia somos nós?

O problema do Comunismo é a malta ainda não se ter esquecido de quando teve de emigrar para o Brasil depois de tudo feito ao longo de 48 anos de ditadura por um povo injustamente ingrato.

Mas continuemos, para quem ainda não percebeu, o Comunismo tem muitos problemas, sendo um deles a ausência de chefias, líderes ou responsáveis máximos quando todos somos responsáveis, não tendo ninguém para culpar a não ser nós mesmos sempre que tudo corre mal e tudo corre bem. E isto não só é uma grande chatice, é também difícil de compreender.

E o problema do Comunismo é votar de mão no ar e não secretamente, respeitando opiniões contrárias, procurando saber, debater, aprender ao sabor dos tempos para assim viver, sem morrer, século XXI adentro.

O maior problema do Comunismo é ainda estar por acontecer, sendo um ideal para o qual se trabalha e luta para que nunca, mas mesmo nunca, o Homem volte a explorar o Homem. E, apesar de não existir, saber todo o mal que se fez em seu nome para que hoje tantos lutem ferozmente sempre que um trabalhador se levanta a exigir que é seu por direito.

Mas se não existe, há-de existir, e o problema dos comunistas é saberem ser a razão da História, de pouco importando a celebração deste dia por vir quando se trabalha em prol das gerações futuras e se vive esta alegria. O problema da Venezuela não é ser de esquerda, radical ou comunista.

O problema da Venezuela é ter petróleo e, quiçá, “nucular weapons” no sentido de uma mais que provável intervenção estrangeira. Não tivesse petróleo e, estou certo, os venezuelanos poderiam ser livres e o mundo inteiro não deixaria de girar por isso.

Texto de João André Costa
12
Ago17

12 de Agosto de 1939: Estreia do filme: "O Feiticeiro de Oz", nos EUA

António Garrochinho


"O Feiticeiro de Oz”, filme protagonizado por Judy Garland e realizado por Victor Fleming, teve a sua estreia  no Wisconsin, Estados Unidos, no dia 12 de Agosto de 1939. 

No filme, Dorothy, uma menina camponesa do Kansas que vivia numa fazenda com os seus tios, é levada com o seu cão por um tornado e vai parar à Terra de Oz. No impacto, Dorothy cai em cima da Bruxa Má do Leste e acaba matando-a. Após o acidente, Dorothy é vista como uma heroína, mas o que ela quer é voltar para o Kansas. Para isso, precisará da ajuda do Poderoso Mágico de Oz que mora na Cidade das Esmeraldas. No caminho, ela é ameaçada pela Bruxa Má do Oeste, que culpa Dorothy pela morte da sua irmã, e encontrará três companheiros: um Espantalho que quer ter um cérebro, um Homem de Lata que anseia por um coração e um Leão cobarde que precisa de coragem.

Publicado originalmente em 1900, “O Feiticeiro de Oz”, do escritor Frank Baum, foi adaptado inúmeras vezes para o teatro e cinema, servindo como tema musical antes ainda de 1939. Contudo, foi a adaptação feita na película rodada naquele ano que deu à obra de Baum a um lugar permanente não somente na história do cinema como também na história da música.

O autor das letras das canções do filme, Yip Harburg e o compositor Harold Arlen eram ambos experientes profissionais antes de se juntarem em 1938 para compor as canções originais de “O Feiticeiro  de Oz”. A canção “Over the Rainbow”, brilhantemente interpretada por Judy Garland, fez com que Arlen e Hamburg conquistassem o Oscar de Melhor Canção de 1940. “Over the Rainbow" foi posteriormente reconhecida como uma das mais importantes obras musicais populares, incluída na lista “As Canções do Século”, compilada em 2001 pela Recording Industry Association of America e pela National Endowment for the Arts.

As canções de Arlen e Harburg atingiram a meta principal com brilho excepcional, conduzindo e aprofundando o impacto emocional da história contada no filme.  

Fontes: Opera Mundi
wikipedia (imagens)

Dorothy e seus três companheiros de jornada


12
Ago17

12 de Agosto de 1955: Morre o escritor alemão Thomas Mann, Prémio Nobel da Literatura em 1929.

António Garrochinho


Escritor de língua alemã, Thomas Mann nasceu em Lübeck, a 6 de Junho de 1875, numa família burguesa opulenta, domiciliada naquela cidade do Schleswig-Holstein. Era irmão do notável escritor Heinrich Mann e pai do historiador Golo Mann.

Os desejos de liberdade plena cedo o levaram a manifestar-se em favor do regime republicano e da democracia,dando provas claras desse seu liberalismo no romance Os Buddenbrook, uma análise psico-realista da burguesia decadente, que publicou em 1901, quando tinha apenas vinte e cinco anos, e que lhe conferiu considerável notoriedade no mundo da literatura. Neste romance aflora já claramente o jogo das antíteses, traço característico das suas análises psicológicas e psico sociais, como burguês e artista, vida e espírito, doença e génio, coletivo e individual, que vieram a tornar-se evidentes nos romances Tristão (1903), Tónio Kröger (1903) e Morte em Veneza(1912).

Tendo sofrido influência da filosofia de Nietzsche (1844-1900) e de Schopenhauer (1788-1860), Thomas Mann revela-se, de modo especial, como romancista de caracteres doentios e decadentes, e passa a ser considerado como mestre do romance psicológico e da novela psicológica.

No romance Montanha Mágica (1924) faz uma análise exaustiva do tempo que precedeu a 1.a Grande Guerra,numa Europa doente.

No romance Doutor Fausto (1947) volta-se para o tema da discórdia entre o espírito e a vida e leva a ação a desembocar na catástrofe do herói, em paralelo com a calamidade que pouco antes se abatera sobre o povo alemão.

Nas Confissões do Intrujão Félix Krull (1954) Thomas Mann expõe a sua velha dúvida relativamente à arte e revela a existência de traços comuns à arte e à intrujice.

Thomas Mann viveu em Munique, com pequenas interrupções de 1893 a 1933; saiu da Alemanha para a Suíça após a subida ao poder de Adolfo Hitler (1889-1945) e transferiu-se da Suíça para os Estados Unidos da América em 1938, passando, em 1944, a ter nacionalidade americana.

Recebeu o Prémio Nobel da Literatura em 1929 e o Prémio Goethe em 1949.

Morreu em Kilchberg (Zurique) a 12 de agosto de 1955, aos oitenta anos.

Thomas Mann é autor de uma obra literária vasta e rica, da qual fazem parte, além das já citadas, as seguintes obras:

O Pequeno Senhor Friedemann (1898); Florença (1906); Alteza Real (1909); Senhor e Cão (1919); Mário e oFeiticeiro (1930); Da Próxima Vitória da Democracia (1938); Carlota em Weimar (1939); Esta Guerra (1940); A Alemanha e os Alemães (1947); O Eleito (1951); A Simplória (1953), entre outras.




Thomas Mann. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2012. 

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Thomas Mann em 1937
12
Ago17

DECREPITUDE

António Garrochinho
DECREPITUDE
O novo secretário de Estado António Mendonça Mendes é irmão da deputada e dirigente máxima socialista Ana Catarina Mendes. Esta, por sua vez, é casada com o antigo ministro Paulo Pedroso.
Uma ligação excepcional na política portuguesa? Infelizmente, não. Este absurdo é o corolário lógico dum sistema político dominado por laços familiares.
No governo, Parlamento e na alta administração pública, estamos cheios de casados, primos e cunhados. O ministro Eduardo Cabrita é casado com Ana Paula Vitorino, que também integra o governo.
Já a secretária de Estado adjunta de António Costa, Mariana Vieira da Silva, é filha de outro Vieira da Silva, o ministro da Segurança Social. A titular da Justiça, Van Dunem, é casada com o ex-administrador da Caixa Geral de Depósitos, Eduardo Paz Ferreira.
A ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, é filha de Alfredo José de Sousa, ex-provedor de Justiça. Ainda no actual Executivo, temos o secretário de Estado Waldemar de Oliveira Martins que é filho de Guilherme Oliveira Martins, ex-presidente do Tribunal de Contas e actual presidente do Conselho Fiscal da Caixa; este, por sua vez, é cunhado de Margarida Salema, que preside à Entidade das Contas e Financiamentos Políticos; esta é irmã da deputada Helena Roseta, casada com o ex-ministro Pedro Roseta, que é cunhado do também ex-ministro António Capucho. Elisa Ferreira, administradora do Banco de Portugal, é casada com Freire de Sousa que preside à Comissão de Coordenação do Norte.
No Parlamento, também os cargos políticos se congeminam no lar. O exemplo familiar mais exótico nos dias de hoje é constituído pelas gémeas Mariana e Joana Mortágua; o mais romântico será constituído pelo casal de deputados Teresa Anjinho e Ricardo Leite.
Na Assembleia da República, cruzaram-se, ao longo dos últimos anos, mais familiares do que numa ceia de natal: Luís Menezes, filho de Luís Filipe Menezes, Nuno Encarnação, filho do ex-ministro Carlos Encarnação, todos do PSD; e os deputados Candal, pai Carlos e filho Afonso, ambos do PS; a que se juntam Paulo Mota Pinto, filho do anterior 1º ministro Mota Pinto e da ex-provedora da Santa Casa da Misericórdia, Fernanda Mota Pinto; Clara Marques Mendes, deputada, é filha e irmã de dois outros Marques Mendes, António e Luís. António foi euro-deputado, Luís ministro e líder parlamentar; Teresa Alegre Portugal era deputada na mesma bancada do seu irmão, o histórico dirigente socialista Manuel Alegre.
A consanguinidade reina no... reino político. Paulo Portas, ex-ministro e líder do CDS, é primo do todo-poderoso socialista Jorge Coelho.
O ex-secretário de Estado de Passos Coelho, João Taborda da Gama, é filho do socialista Jaime Gama, antigo presidente do Parlamento. António Campos, ex-ministro, é pai de Paulo Campos, deputado.
O ex-ministro das Finanças Vítor Gaspar é primo do Conselheiro de Estado Francisco Louçã. E este é cunhado de Correia de Campos, presidente do Conselho Económico e Social e ex-ministro da Saúde.
A histórica presidente do Partido Socialista e ex-ministra dos governos de Guterres, Maria de Belém Roseira, é tia de Luísa Roseira, membro da Entidade Reguladora para a Comunicação Social.
Esta é uma lista interminável que se inscreve numa tradição que transitou do antigo regime. E que se manteve, transpondo - e suplantando até - a Revolução de Abril. O ex-ministro da Cultura Manuel Maria Carrilho é filho de um governador civil de Viseu, nomeado pelo governo de Salazar.
O presidente de Assembleia Constituinte da jovem democracia de Abril, Henrique de Barros, era cunhado do último chefe do governo do velho fascismo, Marcelo Caetano. Em sua homenagem, o actual presidente da República herdou-lhe o nome. Marcelo Rebelo de Sousa é, ele próprio, filho de um ministro do Ultramar de Caetano.
E é neste quadro de sucessão dinástica que Portugal, uma arruinada República, mantém uma corte decrépita, dominada por poucas dezenas de famílias que estão agarradas ao poder público e às benesses que este proporciona.
Para aceder ao poder, não será necessária grande consistência política ou ideológica ou, sequer, sentido de interesse público. Em primeiro lugar, o que prevalece, são os laços de sangue.
PS: Mário Soares fica para outra oportunidade, por falta de espaço.

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António Garrochinho

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