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POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

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22
Ago17

Acabou o mistério da jornalista desaparecida num submarino

António Garrochinho
1
Prosseguem as buscas pelo corpo da jornalista sueca Kim Wall



O dono do submarino, Peter Madsen, confessou que a jornalista sofreu um acidente dentro da embarcação e que deitou o cadáver ao mar
A jornalista sueca Kim Wall, desaparecida há 10 dias no mar Báltico, terá morrido num acidente dentro de um submarino de fabrico caseiro durante uma entrevista com o seu inventor, revelou esta segunda-feira a polícia dinamarquesa.
O dono do submarino, Peter Madsen, declarou ao tribunal que a jornalista sofreu um acidente dentro da embarcação e que deitou o cadáver ao mar.
O tribunal de primeira instância decidiu hoje pela prisão preventiva de Madsen, por suspeita de homicídio involuntário.


"O acusado explicou à polícia e ao tribunal que houve um acidente a bordo do submarino que provocou a morte de Kim Wall e logo depois lançou o cadáver ao mar num lugar não definido na baía de Koge (sudeste de Copenhaga)", referiu num comunicado a polícia.
A polícia informou que há pistas concretas sobre a rota do submarino nessa baía e no estreito de Sund (que separa a Dinamarca da Suécia), sendo que as Marinhas dos dois países continuam as buscas pelo cadáver, também contando com apoio aéreo.
O desaparecimento de Kim Wall, de 30 anos, foi sinalizado pelo seu namorado no dia 11 de agosto, depois de a jornalista ter subido a bordo do UC3 Nautilus -- um submarino de quase 18 metros de largura e 40 toneladas -- para entrevistar o seu inventor.








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22
Ago17

"Se calhar no PSD já ninguém liga muito a Passos Coelho" - Entrevista a Graça Fonseca, secretária de Estado da Modernização Administrativa

António Garrochinho





Entrevista a Graça Fonseca, secretária de Estado da Modernização Administrativa

Em julho, quando três colegas de governo apresentaram a demissão devido ao caso das viagens da Galp, citou o filósofo Daniel Innerarity no Facebook: "A política, especialmente quando queremos distingui-la de outras atividades, exige duas coisas: ter-se dado conta de que o seu terreno próprio é o da contingência; uma especial habilidade para conviver com a deceção."
Viver é aprender a lidar com a deceção; pela sua especial exposição e aceleração a política exigi-lo-á mais ainda. Será essa consciência, além do cabelo grisalho que lhe acrescenta anos aos 46 feitos a 13 de agosto, a dar da secretária de Estado da Modernização Administrativa uma impressão de serenidade?
Certo é que chegou relativamente tarde à política "ativa": não a atraiu na universidade nem a puxou para as juventudes partidárias - não tinha esse feeling, diz. Ativismo, até 2000, quando entrou no PS puxada pelo colega de faculdade João Tiago Silveira e por Ana Catarina Mendes, só nos direitos humanos: foi voluntária na APAV e na Amnistia Internacional. E, no Centro de Estudos Sociais da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, dirigido por Boaventura Sousa Santos, onde trabalhou de 1995 a 2000 (numa equipa da qual faziam parte o bloquista José Manuel Pureza e a atual ministra Maria Manuel Leitão Marques), interessou-se pela aplicação da justiça. Mais concretamente a justiça na justiça: a sua tese de doutoramento, apresentada em 2010, é sobre a discriminação dos estrangeiros, mais vezes sujeitos a prisão preventiva e condenados a penas mais pesadas.


Do CES e do estudo da Justiça passou à ação, no respetivo ministério, então - em 2000 - liderado por António Costa. Foi aí que o conheceu e desde então o atual PM levou-a consigo para todo o lado: para o Ministério da Administração Interna em 2006, para a Câmara de Lisboa em 2007, para a lista de deputados por Lisboa nas legislativas de 2015. E para o seu governo, claro.
17 anos com Costa fazem dela membro do núcleo duro. Mas a primeira coisa que se descobre ao preparar esta entrevista é que a entrevistada deu muito poucas: das "grandes", esta é a segunda. Será a tal noção da contingência, aversão à exposição, ou as duas? Não é, certamente, timidez ou falta do que dizer. Pelo contrário; Graça Maria Fonseca Caetano Gonçalves, filha de uma física e de um engenheiro, licenciada em Direito e doutorada em Sociologia, evidencia um olhar próprio - apetece dizer independente - sobre o mundo. E coragem, muita.
    Nesta semana, li um texto, escrito na sequência de Charlottesville, em que o ex-publicitário Pedro Bidarra diz que a esquerda está a perder para a direita porque esta usa as emoções enquanto a esquerda crê que as pessoas se conquistam com um discurso racional. Tem razão?
    Não. Acho que não há racional-esquerda e emoções-direita. Falando de Portugal, não acho que este governo tenha usado fundamentalmente a razão. Pelo contrário, acho que tentou bastante despertar sentimentos positivos das pessoas, inclusivamente na forma como se relacionam com os outros.
    Portugal está em contraciclo. A análise de Bidarra é mais global: tem a ver com a vitória de Trump, do brexit, com Le Pen. Aliás, a ressurgência da extrema-direita e dos movimentos nazis já a preocupava em fevereiro de 2015, falou dela numa entrevista ao Público. Como explicar racionalmente isso?
    Todos esses fenómenos dos quais já falava nessa entrevista têm a ver com a relação com o outro e uma insegurança ontológica muito forte que existe há muitos anos nas sociedades ocidentais. Desde o início deste século que as pessoas vivem em permanente insegurança. Económica, no emprego, na habitação, nas relações pessoais, etc. E isso faz que o confronto com o outro, que percecionam como diferente ou que alguém promove como diferente, desencadeie nelas um conjunto de reações que são muito fáceis de explorar por parte de determinados discursos populistas.
    Precisamente: o apelo ao medo, ao ódio.
    Mas há uma racionalidade por trás, que tem a ver com a vida. Com as circunstâncias. Claro que se trata de apelar à parte emocional através do medo, estimular o medo através do outro. Mas não vejo um confronto entre razão e sentimentos. O que releva é aproveitar uma insegurança para a explorar contra o outro, através da razão ou dos sentimentos. Para mim essa discussão não é importante; o que é importante é saber qual o discurso que tem de se ter, seja à esquerda ou à direita, para combater isso, essas ressurgências. E acho que nem a esquerda nem a direita querem um regresso ao passado.
    Isso não é contraditório com ter-se o líder do partido mais votado nas últimas legislativas, o PSD, a enveredar por um discurso xenófobo e a apoiar um candidato autárquico com um discurso racista?
    Sim, é um discurso xenófobo que não tem nenhum sentido. Mas aí há outra questão: será que esse é o pensamento do partido? Tenho dúvidas. É que apesar de tudo as organizações permanecem e os líderes e as pessoas passam. E portanto para aquilo que seja o futuro do funcionamento da democracia em Portugal interessa qual é a posição dominante de um partido.
    É ver o que sucedeu ao partido republicano nos EUA.
    Certo. Mas o partido republicano acabou de impedir que o Obamacare fosse deitado no lixo. Claro que não vai funcionar sempre. É mais importante o conjunto de valores que apesar de tudo continuam presentes numa determinada organização do que aquilo que muitas vezes os líderes pensam ou dizem. Sendo que naturalmente tudo o que um líder diz tem um impacto enorme. Mas os líderes são, felizmente, sempre transitórios. O discurso de Passos não faz sentido nenhum, mas acho que o PSD não é aquilo. E creio que em Portugal há uma convergência no sentido de ninguém querer explorar estes fenómenos. Não consigo associar isso ao PSD.
    Mas à exceção de Teresa Leal Coelho, candidata por Lisboa que se demarcou logo do discurso do candidato a Loures, e de Feliciano Barreiras Duarte no Expresso de sábado, não houve no PSD reações negativas em relação a esta nova linha do líder.
    Sim, é verdade. Mas se calhar porque no PSD já ninguém liga muito ao líder. E o meu otimismo leva-me a crer que mesmo que um líder do PSD, um partido fundamental na democracia portuguesa, faça um discurso claramente xenófobo como aquele foi, os partidos portugueses continuam a ser não xenófobos estruturalmente, do ponto de vista do seu DNA.
    Será? Olha-se para o Parlamento e que se vê?
    Por não haver pessoas não brancas?
    Por haver tão poucas. Há um deputado negro no CDS-PP, Helder Amaral.
    Sim, é verdade. Não sei explicar muito bem esse fenómeno. Nos anos em que estive a estudar para o mestrado e doutoramento passei muito pela questão da imigração e integração. E na verdade os vários países têm tido modelos diferentes de integração e socialização das várias comunidades. Em Portugal, desde pelo menos 1995 - quando foi criado o Alto Comissariado para as Migrações e Minorias Étnicas e creio que pela primeira vez um programa eleitoral de um partido (o PS) integrou um conjunto de temas dizendo respeito à questão de nacionalidade, integração, etc. -, a política de integração esteve sempre muito focada nas questões económico-sociais: a questão geracional, dos filhos, a integração em meio escolar, o acesso à saúde e a bens públicos essenciais... A participação política, que é uma das dimensões fundamentais na integração em qualquer Estado, nunca foi tão trabalhada - e mal.
    Mas há um estudo recente [de Cristina Roldão e Pedro Abrantes] sobre a forma como o sistema escolar discrimina os afrodescendentes.
    Os estudos que li na altura da minha tese de doutoramento - que é de 2010 - diziam uma coisa que fazia muito sentido. Cotejando um aluno descendente de um cabo-verdiano com um aluno branco, aquilo que mais relevava para o sucesso escolar eram as condições socioeconómicas. A variável económico-social era muito mais preditiva do abandono escolar, do insucesso, do que a racial.
    Havendo uma coincidência muito grande entre a cor da pele e um estatuto económico-social baixo, o estudo que cito despista isso e conclui que existe discriminação baseada na cor da pele. Mas é muito difícil estudar esta questão num país que não recolhe dados sobre cor de pele. Nem sequer sabemos quantos negros há em Portugal. É como se houvesse uma cegueira voluntária...
    Há anos que se discute essa questão, se se deve ou não recolher dados. Mas é óbvio que existe na base, para o grupo dos não brancos, um conjunto de dificuldades de acesso nos estudos, nas universidades, que depois se repercute ao longo de todo o percurso, no acesso a determinado tipo de cargos ou trabalhos. Não consigo dizer de forma séria, na perspetiva de que não tenho dados para isso, de que tipo de discriminação e de dificuldades de acesso estamos a falar, se se trata de discriminações de base socioeconómica ou de outras. Não sei.
    Mas podemos lá chegar por analogia.
    Sim. E o que consigo ver é que num outro grupo, o das mulheres, a evolução da participação na política e em determinadas empresas, etc., foi feita sempre muito por instrumentos regulatórios. Primeiro as quotas nas listas eleitorais, agora nas empresas, e também no acesso a determinado tipo de cargos. Porque apesar de as raparigas terem maiores taxas de sucesso escolar e muito maior participação no ensino superior isso não tem tradução no mercado de emprego do ponto de vista de cargos de liderança. Podemos chegar à questão da outra discriminação por analogia? Tenho sempre dificuldade com essas analogias, até pelas variáveis individuais, sociais, demográficas, que as tornam difíceis.
    Quando a sua tese de doutoramento conclui, com base em decisões entre 1995 e 2005, que o sistema judicial discrimina os estrangeiros, que retira daí?
    Não temos dados em Portugal que não sejam de nacionalidade. O que se pode portanto analisar é que força preditiva tem essa variável no conjunto dos resultados. Na altura a Associação Sindical de Juízes reagiu dizendo que se tinha de ver o resultado com atenção... Mas usei um modelo matemático que é uma questão de probabilidades, não tem nenhuma subjetividade minha. No caso da justiça, até chegarmos à fase judicial há vários níveis de seleção. As condições económicas em que se vive, a zona onde se vive, toda a parte policial, depois ainda o MP e depois os juízes. E o percurso que fiz foi o de perceber qual o nível de seletividade. E percebe-se que todos esses níveis em conjunto contribuem para que os estrangeiros tenham muito maior probabilidade de prisão preventiva - por ser utilizado o argumento do perigo de fuga, sendo que na maioria nunca tinham vivido noutro país - e quando se é sujeito a prisão preventiva a probabilidade de prisão efetiva é superior. Tem-se pois um conjunto de mecanismos, em cadeia, que têm como resultado penalizar estas pessoas.
    A maioria destes estrangeiros eram negros?
    Eram. Havia alguns hispânicos. Mas a maioria eram negros e muitos, se não a maioria, nunca tinham vivido noutro país.
    A conclusão não nos diz que o nosso sistema judicial é xenófobo?
    Não. Na altura a grande questão na sociedade portuguesa era o tráfico de droga. E a grande motivação do sistema judicial era punir o tráfico. O que significa que os crimes relacionados com droga sistematicamente davam origem a penas mais elevadas. Hoje provavelmente já não é assim. Não posso pois dizer que o sistema judicial seja xenófobo; o que se passa é que, como qualquer outra organização, é muito vulnerável a influências externas.
    Quem diz influências externas diz preconceitos.
    Tudo. Qualquer sistema vive num país em que há uma perceção social dominante, um sistema de valores. E tudo isso como é evidente condiciona-o. E as organizações são compostas por pessoas com preconceitos, determinado tipo de valores, posições. Ninguém é neutral. O erro das organizações é não perceberem que são vulneráveis a influências exteriores e as pessoas que estão nos sistemas e organizações não perceberem que não são neutrais, ninguém é. E é preciso ter consciência disso para exercer autovigilância. Tenho de ser imparcial, mas neutral não posso ser, porque sou um ser humano, não sou um robô.
    As pessoas não veem o outro que aparece na televisão como uma pessoa
    Como secretária de Estado da Modernização Administrativa, tem corrido o país todo por causa do Simplex e do orçamento participativo. Com que ideia fica de Portugal?
    Já fiz três voltas ao país. E fiquei com a ideia de que era bom que Lisboa percebesse que não é o país. Não falo do país dos lugares, mas do país das pessoas. E aquilo que para mim é muito extraordinário é a forma como as pessoas estão muito disponíveis e interessadas em que vão ter com elas. Claro que existe o afastamento das pessoas da política, etc. Isso existe e é muito presente em qualquer contacto com as pessoas, mas se sentirem que vais lá e estás disponível para as ouvir, isso muda muito a forma como elas se relacionam com o seu papel enquanto cidadãos. E pensam muito bem as regiões e o país.
    As pessoas quem?
    Aquelas com quem estive nos mais variados lugares, do Algarve a Alfândega da Fé. Há uma heterogeneidade forte na maneira como as pessoas olham para a cidade, para a região, para o país - percebe-se a diferença entre litoral e interior - e em termos de acesso a bens públicos, cultura, educação, isso muda de zona para zona e a forma como as pessoas percecionam os serviços públicos, o Estado, a democracia. Mas em geral são extremamente generosas e pensam muito bem o que querem. Em todos os sítios havia sempre pessoas com propostas e ideias que fazem todo o sentido - sobre a agricultura, sobre o que se foi perdendo ao longo dos anos e ali devia-se recuperar, sobre como se deve fixar pessoas, como recuperar artes e ofícios e transformar isso em mais-valia económica e emprego. A minha grande conclusão é de que as pessoas querem saber. Precisam é de sentir confiança de que o seu querer saber conta para alguma coisa. É a grande coisa que aprendi ao longo deste tempo.
    Sente Portugal como um país em evolução em termos de mentalidades?
    Não tenho grande grande termo de comparação, apesar de grande parte da minha infância ter sido passada em meios rurais. Nasci em Lisboa, mas parte dos meus avós era de Coimbra, outra da zona centro, de Ansião. Passava lá férias, numa microaldeia chamada Casalinho, e na Sintra rural. E acho que as mentalidades evoluíram. Há 25 anos, as pessoas e as comunidades eram muito mais fechadas do ponto de vista da diferença. Era um país muito fechado, muito católico... Católico na perspetiva mais de teoria que de prática. Embora, claro, continue a haver uma diferença entre o rural e o urbano.
    Mas com a internet essa cisão está muito atenuada, não?
    Claro, hoje não há fronteiras, há acesso a qualquer conteúdo no momento, coisa que não existia há 25 aos nem há 15. Está-se permanentemente a ser confrontado com uma realidade diferente da nossa. Na TV, na internet, em todo o lado. Isso tem de ter impacto na forma como as mentalidades evoluem.
    Mas ainda se pode dizer que Portugal é um país conservador?
    Nalguns aspetos sim. Conservador na perspetiva de que a mudança não é algo que vem fácil. Mudar algo é sempre um processo extraordinariamente difícil. Leva-se imenso tempo. Às vezes tem de se começar por algo que devia vir no fim, caso da legislação. Sempre se discutiu muito o que deve mudar primeiro: a mentalidade ou a lei? E não consigo dar uma resposta evidente. Porque, sem dúvida, que é importante mudar a lei para mudar a mentalidade, mas se mudares a lei e não mudares a mentalidade a lei irá ter muito pouco impacto.
    Será? Há leis - adoção por casais do mesmo sexo, o casamento - de que se tinha ideia de que "fraturavam", mas uma vez aprovadas a sociedade ficou pacificada e maioritariamente a favor. Sendo o que fez a diferença, parece, foi apenas falar-se do assunto - e aparecerem pessoas a dizer "eu sou homossexual".
    Sim. É óbvio que falar do assunto, o exemplo, é muito importante. Há pouco falávamos da questão das minorias, das mulheres. Eu não consigo dizer se em Portugal ter-se ido por etapas - primeiro união de facto para pessoas do mesmo sexo, em 2001, depois casamento em 2010 e adoção em 2015 - e trazer o tema para debate público, se isso de facto é o fator mais importante para se normalizar a existência de casais do mesmo sexo e da homossexualidade. Provavelmente tem um efeito importante, que é o de transmitir às pessoas que isso é algo valorizado do ponto de vista público. Agora as pessoas afirmarem publicamente que são homossexuais, não há muito quem o tenha feito. E acho que isso é importante. E há duas razões para eu achar importante dizê-lo.
    Que é homossexual?
    Sim. Primeiro porque, como há pouco dizia, a questão de haver poucos deputados ou membros do governo de um determinado grupo tem muito a ver com como é que olho para essas pessoas, como me relaciono com esse outro. E com que empatia. E acho que se as pessoas começarem a olhar para políticos, pessoas do cinema, desportistas, sabendo-os homossexuais, como é o meu caso, isso pode fazer que a próxima vez que sai uma notícia sobre pessoas serem mortas por serem homossexuais pensem em alguém por quem até têm simpatia. E se as pessoas perceberem que há um seu semelhante, que não odeiam, que é homossexual, isso pode fazer que a forma como olham para isso seja por um lado menos não querer saber se essas pessoas são perseguidas, por outro lado até defender que assim não seja. Mas mesmo que seja só deixar de não querer saber já é um ganho.
    Harvey Milk, o político americano dos anos 1970 que é uma referência do movimento pelos direitos dos homossexuais, disse, no início da luta, "a privacidade é a nossa pior inimiga". No sentido em que era preciso dizer "eu sou homossexual" como afirmação política.
    Esta minha afirmação é completamente política.
    Mas há um paradoxo: a luta pela igualdade é, a la limite, não querermos saber da orientação sexual das pessoas, deixar isso no reduto da sua privacidade.
    Para mim, a privacidade é absolutamente fundamental. A vida privada é sagrada. Aliás, estou na política há 17 anos e tenho-me mantido sempre com um nível de notoriedade relativamente baixo. Só dei uma entrevista de fundo até esta. Prezo muito a minha vida privada, é o meu espaço de liberdade. E quem tem vida pública precisa desesperadamente de vida privada. É o reduto de segurança, onde ninguém pode tocar.
    Ou não devia.
    Onde ninguém devia tocar. Porque isso não afeta em nada o que se faz. É indiferente se estou com um homem ou com uma mulher. Não altera em nada a forma como faço o Simplex, como faço o orçamento participativo. A questão que se põe então é porque é que é importante. E para mim não é. Mas para muitas pessoas é, e acho que é por razões absolutamente irracionais, porque na verdade não tem relevo nenhum. Porquê dizê-lo, então? Como é óbvio isto foi uma questão muito pensada. E na verdade não é uma questão da privacidade, é uma questão de identidade. Que é dizer "eu sou morena e tenho olhos verdes e sou isto". Aquilo que se faz com ser morena e de olhos verdes é que é uma questão da tua vida privada. E a partir do momento em que se percebe que há questões de identidade que ainda hoje são fundamento de ações violentas e discriminação, quando se pensa sobre o que fazer - vou abrir ligeiramente a porta porque pode ter um impacto positivo ou não vou abrir porque não é comigo - há um equilíbrio difícil. Mas como acho que as leis não bastam para mudar mentalidades, não bastam para mudar a forma como olho para o outro, que aquilo que muda a forma como olhamos para os fenómenos tem muito que ver com empatia...
    Voltamos à afirmação de Bidarra: a emoção é fundamental.
    Não é a questão da emoção. Ou também é. Empatia é a pessoa sentir-te como seu semelhante. Sentir que o outro é igual a ti. E isso pode ser tão importante como mudar as leis. E daí que a partir de certa altura possa ser importante ceder um bocadinho daquilo que achas que é uma parte da tua identidade que não tem de ser necessariamente pública porque achas que essa cedência pode ter um impacto positivo.
    Que impacto positivo espera? E negativo?
    As pessoas são muito rápidas a julgar quando não têm a dimensão humana à frente. Quando não conhecem as pessoas envolvidas, se têm filhos, mãe, pai, se vão ao cinema... Não veem esses outros que lhes aparecem na TV como pessoas. Se começarem a ver as pessoas que de vez em quando aparecem na TV ou vão lá à terra, como é o meu caso, se a virem como pessoa, como ser humano, isso pode de alguma maneira, nem que seja inconscientemente, mudar a forma como veem algum tipo de fenómeno. Isto é a perspetiva otimista, que é a única coisa que me leva a pensar que vale a pena. Perspetiva negativa? É evidentemente haver tentativa de exploração.
    Temos políticos homossexuais assumidos, mas tinham assumido antes de entrar na política, como o ex-deputado Miguel Vale de Almeida ou o atual deputado Alexandre Quintanilha. Sabe que é uma estreia nacional.
    Sei.
    Em 2015, a propósito de o governo do Syriza ter muito poucas mulheres, disse: "Não devemos defender a nossa capacidade de autodeterminação, de sermos diferentes, de irmos na linha daquilo que são os princípios da modernidade ocidental e depois não conseguirmos ter um governo com um mínimo de representação feminina." O governo Costa não chega a ter um terço de mulheres. Aplica-se o mesmo?
    O governo do Syriza tinha muito menos, mesmo assim. Acho que no que respeita à política há coisas que no caso das mulheres podem acrescentar à variável ser mulher ou ser homem, e sinto-o imenso ao longo dos anos. Assumo cargos políticos há 17. Nunca tinha tido antes grande feeling pela política, mas faço-o porque me motiva, gosto de fazer. Mas a verdade dos factos é que às vezes penso: porquê? Na perspetiva de ao longo dos anos ter-se ido degradando tanto a relação entre pessoas e política, de como determinados mecanismos da democracia começaram a funcionar, hoje é muito mais cómodo não estar na política, é melhor fazer outra coisa, e qualquer pessoa pode fazer outra coisa. Não estaria a dar esta entrevista e a assumir isto, ser homossexual, se não fosse política, porque era irrelevante. E por esse motivo não podemos olhar para a participação das mulheres só em função da variável homem/mulher, mas também para a forma como a política é percecionada. E conheço muitas mulheres que teriam imensa capacidade e jeito para a política, que desafiei para determinadas coisas, e me dizem não. Porque a exposição é muito penalizadora.
    Mais ainda para as mulheres. E agora está a acrescentar outro fator de penalização.
    Ou não. Não sou irritantemente otimista, mas sou militantemente otimista. O meu livro de toda a minha vida é o Cândido [de Voltaire]. Porque acho que, por mais dificuldades em que se esteja, vai acabar sempre bem.
    E pensa isso a olhar para o mundo? Bandeiras nazis por todo o lado e vai correr tudo bem?
    Vai. Porque mais uma vez acho que existe sempre algo muito para além de pessoas, de líderes, de dinâmicas. É obvio que queria muito que todas essas bandeiras nazis, que causam imenso sofrimento, não existissem, mas sou otimista na perspetiva de que acho que vai haver sempre pessoas e movimentos que vão conseguir transformar isso em algo melhor, ou ultrapassar. Portanto, se esta minha afirmação me vai fragilizar? Pode ser que sim ou que não. Há na Europa primeiros-ministros homossexuais, presidentes de câmara homossexuais. E eu sou só secretária de Estado. Isso modera as expectativas no sentido da fragilização.
    Agora que rompeu o dique, espera que outras pessoas façam o mesmo?
    Gostaria. Acho que era importante. Mas acho que ninguém tem essa obrigação. Acho que todas as pessoas, políticas ou outra coisa qualquer, têm o direito inalienável de decidir o que fazem com a sua identidade e a sua vida. O direito de serem o que querem ser sem que o mundo inteiro saiba. Mas, mais do que gostar que houvesse outras pessoas a fazer o mesmo, acho que seria importante.

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    22
    Ago17

    Governo rejeitou projetos para prevenir fogos por falta de verbas

    António Garrochinho
    7
    Imagem do incêndio que ontem lavrava em Terras do Bouro, distrito de Braga
    Candidaturas que visam a prevenção contra incêndios rejeitadas por "insuficiência orçamental". Situação lamentável, diz o Bloco.
    Centenas de candidaturas a fundos comunitários de projetos de defesa da floresta, nomeadamente de prevenção contra incêndios, foram rejeitados, em muitos casos com o argumento de falta de dotação orçamental. Uma situação "inacreditável" para o BE, que escreveu ao Ministério da Agricultura a pedir explicações. "É lamentável. Quando a intervenção florestal assume uma importância tão grande, quando há um esforço enorme para fazer frente a este problema... Não se compreende", critica o deputado do BE e presidente da comissão parlamentar de Ambiente, Pedro Soares.
    Em causa estão candidaturas feitas no âmbito do Programa de Desenvolvimento Rural 2014-2020 (PDR 2020), financiado por fundos europeus (mas com comparticipação nacional). E referentes a duas operações específicas - uma primeira que visa a "melhoria da resiliência e do valor ambiental das florestas"; e uma segunda que tem por objetivo a "prevenção da floresta contra agentes bióticos [pragas e doenças] e abióticos [fogos florestais e outras catástrofes]". "Estamos a falar da limpeza de matos e prevenção de incêndios florestais", diz Pedro Soares, acrescentando que o partido recebeu várias queixas de entidades que sujeitaram candidaturas e as viram recusadas com o argumento - escrito nos próprios ofícios de recusa - de falta de dotação orçamental. Uma justificação criticada pelos bloquistas, que questionam Capoulas Santos sobre as prioridades na atribuição de apoios, num contexto em que há uma dotação de nove milhões de euros "de apoio à plantação de eucaliptos", também no âmbito do PDR.
    Questionado pelo DN, o ministério da Agricultura afirmou que a Operação 8.1.5 - o nome técnico do item que visa a melhoria da resiliência das florestas - dispõe de uma dotação total "de 59,5 milhões de despesa pública". O primeiro concurso, que teve um orçamento de 21,5 milhões, teve uma "procura bastante superior à dotação colocada a concurso, tendo sido aprovadas 257 candidaturas", prossegue o ministério de Capoulas Santos, que admite o "reforço da operação 8.1.5, no quadro da reprogramação do PDR 2020 que deverá ter lugar no último trimestre de 2017".
    A entidade gestora do PDR abriu agora a transição para novos concursos "das candidaturas que não tenham sido aprovadas por razões de insuficiência orçamental" - uma informação publicada no site do PDR 2020 e que se refere precisamente às candidaturas relativas à floresta. Mas para isso os candidatos terão de reiniciar o processo e enquadrar os projetos nos novos concursos.
    "Tememos o pior"
    De acordo com dados disponibilizados no site do PDR 2020, o processo de candidaturas cujos resultados foram conhecidos no final do mês de julho deixou de fora 1346 projetos. O último a ser aceite teve uma avaliação de 16.5 na Valia Global da Operação (que faz a análise técnica das candidaturas), tendo outros 37 com a mesma pontuação ficado de fora (por critérios de desempate). Quase 800 das candidaturas recusadas tiveram uma Valia Global igual ou superior a 15.
    As candidaturas que viram a classificação final já publicada datam do final de 2015 e início de 2016. Mas há projetos submetidos antes que só agora foram decididos. Agostinho Neves, vice-presidente da Junta de Freguesia de Ventosa, em Vouzela, distrito de Viseu, aponta para finais de 2014/início de 2015 - a junta submeteu quatro candidaturas a concurso e viu os quatro rejeitados. "Estamos numa zona de perímetro florestal. Com as tragédias que tem havido de incêndios tememos o pior", diz ao DN. O autarca não esconde o desagrado: "Não se compreende que não financiem estes projetos e que a decisão demore três anos e tal, a caminho de quatro." No caso dos projetos mais antigos, são propostas que já transitaram do Proder, o antigo programa comunitário de fundos, mas que mesmo assim não encontraram financiamento no novo quadro de apoios.
    Na pergunta dirigida ao Ministério da Agricultura, o BE questiona também a recusa de projetos na área da prevenção da floresta contra agentes bióticos (pragas e doenças) e abióticos (fogos florestais e outras catástrofes), apontando entidades gestoras de zonas de intervenção florestal (ZIF) que viram recusados projetos "para intervenções silvícolas de controlo da vegetação, desbaste e correção de densidades" da vegetação. "Estiveram à espera de respostas desde 2014. Três anos a aguardar resposta a candidaturas de projetos de visam ações fundamentais para a prevenção de incêndios e que acabam por ser reprovadas por falta de dotação orçamental", apontam os bloquistas, questionando o governo sobre se "não deveriam ser prioritárias as operações de aumento da resiliência da floresta e de prevenção contra incêndios, em relação às de apoio à plantação de eucalipto, lançadas em junho com uma dotação de nove milhões de euros".
    O BE faz ainda eco de queixas de candidatos que apontam o facto de não estarem a ser tidas em conta as dificuldades de intervenção em zonas montanhosas, que tornam as candidaturas necessariamente mais dispendiosas, pelo que estas regiões - onde o combate aos incêndios é também mais difícil - acabam por ser penalizadas. Na resposta ao DN o governo admite a "possibilidade de equacionar o estabelecimento de uma diferenciação positiva das taxas de apoio para estas zonas".


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    22
    Ago17

    Petrogal esconde contributo dos trabalhadores para lucros

    António Garrochinho


    A Comissão Central de Trabalhadores da Petrogal acusa a administração de não reconhecer a importância dos trabalhadores para os resultados do Grupo Galp, que vão no sentido do crescimento, enquanto procura justificar a retirada de direitos.
    Trabalhadores da Petrogal têm realizado várias acções de protesto reivindicando os seus direitos
    Trabalhadores da Petrogal têm realizado várias acções de protesto reivindicando os seus direitosCréditos
    Segundo o comunicado dos representantes dos trabalhadores, na Petrogal, «as margens de refinação aumentaram no primeiro semestre de 2017» e os resultados apresentados pela administração confirmam «resultados extraordinários, na senda do que aconteceu em 2015 e 2016».
    A comissão de trabalhadores (CT) denuncia que, no comunicado em que administração divulga os resultados, é enfatizado que o «Brasil suporta o crescimento», remetendo para os resultados obtidos ao nível da Exploração e Produção, e não sendo praticamente feita qualquer referência à área da Refinação e Distribuição, que é «o maior contribuinte líquido para os resultados globais do Grupo». O crescimento nesta área deve-se «essencialmente ao desempenho dos trabalhadores, que, numa base diária, optimizam o funcionamento do aparelho refinador», conseguindo assim «margens mais elevadas que a bitola dos mercados».
    Para a estrutura dos trabalhadores, a administração «tenta esconder o mérito dos trabalhadores das refinarias» devido à luta que estes travam em defesa dos seus direitos. Para além disso, a administração fazia referência a um contexto difícil para justificar a retirada direitos aos trabalhadores, o que não é demonstrado pelos resultados líquidos acima dos 500 milhões de euros em 2015 e 2016, e com os lucros a atingirem 250 milhões de euros só neste primeiro semestre.
    Com estes resultados, «nunca houve razão nenhuma para os trabalhadores perderem algum direito», sendo necessário «avançar nas conquistas», refere o comunicado da CT.
    Os trabalhadores, que realizaram uma greve de 26 a 31 de Julho com elevada adesão e impacto, estão contra a eliminação de direitos do trabalho por turnos, a desregulação e o aumento dos horários, também por via do banco de horas, que, segundo denunciaram, «visa pôr os trabalhadores a trabalhar mais por menos salário». Exigem ainda que a administração deixe de atacar a contratação colectiva e os direitos sociais, e que a riqueza produzida seja distribuída pelos trabalhadores, para conseguirem assim melhores salários.



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    22
    Ago17

    Mais de 650 trabalhadores devem abandonar o banco público até ao final do ano Saídas na CGD em ritmo acelerado

    António Garrochinho


    A Caixa Geral de Depósitos tem garantidas mais de 650 saídas de trabalhadores até ao final do ano, cerca de metade do objectivo imposto por Bruxelas até 2020.
    Até 2020, a Comissão Europeia quer que a Caixa tenha menos 1460 trabalhadores e 160 agências em Portugal
    Até 2020, a Comissão Europeia quer que a Caixa tenha menos 1460 trabalhadores e 160 agências em PortugalCréditos
    De acordo com a edição de hoje do Jornal de Negócios, 536 trabalhadores devem sair dos quadros da Caixa até ao final do ano através de aposentações ou reformas antecipadas, um número confirmado ao jornal por fonte oficial do banco público. A estes somam-se os que aceitarem integrar o programa de «rescisões por mútuo acordo», um valor que deve ultrapassar os 120 – o número de bancários que já manifestaram vontade de sair, de acordo com fonte sindical.
    Com estas saídas, que ainda devem crescer até Dezembro, a administração liderada pelos ex-ministros Paulo Macedo (PSD/CDS-PP) e Rui Vilar (PS) consegue cumprir quase metade do objectivo de redução de efectivos a que a Comissão Europeia obrigou para aceitar o plano de reestruturação e a recapitalização pública da Caixa.
    De acordo com o Negócios, a Direcção-Geral da Concorrência (DGComp) de Bruxelas queria que metade do objectivo ficasse cumprido até ao final de 2018, mas, ao rimo previsto, isso deve acontecer muito antes do prazo fixado.
    Também ao nível dos balcões são previstas reduções muito significativas no território nacional, com o fecho de 160 agências até 2020 – a somar às 60 encerradas em Abril.



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    22
    Ago17

    Supremacistas blancos: “Mucha más gente va a morir”

    António Garrochinho

    Líderes neonazis de EEUU afirman públicamente que las “personas de raza negra siguen siendo salvajes cuyo cerebro no se desarrolló”, “Dios los maldijo para que sean servidores y esclavos”, “los gays deben morir” o “mucha más gente va a morir” después de los acontecimientos de Charlottesville.


    El fascismo en sus diversas expresiones (más ‘clásicas’ como los neonazis, neofascistas, neofranquistas, suprematistas… o variantes como los sionistas o los yihadistas) se caracteriza por una ideología extremadamente simple y destructiva: el totalitarismo estatal, la superioridad racial y/o religiosa, el exterminio de los disidentes, las ‘minorías’ o los ‘infieles’. Una ideología irracional y delirante que prende en sectores sociales marginados o desesperados en épocas de crisis del sistema y que, ante el peligro revolucionario, acabo siendo la apuesta de las clases dominantes para mantener su dominio (los ejemplos de Hitler, Mussolini o Franco son ejemplificadores).
    En los tiempos actuales el creciente auge del fascismo, en sus versiones más brutales o más ‘moderadas’ (ultraderecha electoral), es un claro síntoma de crisis del sistema, de tensión social… y de degradación intelectual y moral.  Valgan los ejemplos de dos de los líderes de la ultraderecha estadounidense (Chris Baker, del Ku Klux Klan, y Christopher Cantwelly, portavoz de ‘Unite The Right’ -Unir a los derechistas-, supremacistas blancos de Charlottesville) para hacerse una idea bastante cabal de la bárbara y paranoica concepción política y social de la ultraderecha, en este caso de EEUU, envalentonada con el acceso de Trump a la presidencia. Por eso es imposible luchar ‘pacíficamente’ contra el fascismo. Hoy como ayer sigue vigente el viejo lema: “al fascismo no se le discute, se le destruye”.









    ‘El cerebro de los negros no se desarrolló y los gays deben morir’: líder del KKK



    Chris Barker, líder de los Leales Caballeros Blancos del Ku Klux Klan (KKK) cuyo nombre salió a relucir esta semana luego de que amenazara con “quemar viva” a una periodista de Univisión, sigue causando polémica con sus declaraciones.
    En una entrevista con la emisora colombiana W Radio, se refirió al episodio con la periodista Ilia Calderón, de raza negra, y señaló que nunca dijo que iba a quemarla “dentro de su casa” y que cuando Calderón se sintió amenazada él estaba haciendo referencia a una cita bíblica.
    “Si hubiera querido matar a Ilia Calderón, no lo hubiera hecho en ese lugar (el de la entrevista). Pero a mi casa no pueden entrar negros”, comentó.






    Cuando se le preguntó sobre su postura ante la población negra, Barker aseguró que las “personas de raza negra siguen siendo salvajes cuyo cerebro no se desarrolló” y que “Dios los maldijo para que sean servidores y esclavos”.
    El integrante del grupo supremacista blanco del Ku Klux Klan dijo, sin embargo, que él no es “racista” sino un defensor de la “separación de las razas”.
    “No somos supremacistas blancos, solo abogamos por la separación racial. Si por defender este principio me tildan de racista, entonces estoy orgulloso de serlo”, afirmó.




    Barker señaló que espera que la “purga de las razas esté cerca”, pues la población negra y los inmigrantes están “invadiendo” a los países desarrollados.
    El líder de los Caballeros Blancos del KKK también se refirió a la población homosexual. “El homosexualismo no es una condición natural. Los gays deben morir y por eso Dios se inventó el sida”, dijo.
    Así mismo, señaló que el holocausto judío y los campos de concentración nazis en los que fallecieron seis millones de judíos fueron “falsos” y una “propaganda política”.
    Barker, quien dijo ser un trabajador de una empresa de construcción y quien vive en Yanceyville, Carolina del Norte, añadió que el Ku Klux Klan “es una organización pacífica que no ha matado a nadie”.

    Catalina Ruiz Parra



    Supremacista blanco critica a Trump por “entregar su hija a un judío” y predice más muertes
    Pese a la muerte de una mujer en la violencia de Charlottesville, Christopher Cantwell defiende que la manifestación “valió la pena” y considera una victoria el “hecho de que nadie de nuestro lado muriera”.


    Christopher Cantwell, portavoz de la manifestación ‘Unite The Right’ (Unir a los derechistas) de supremacistas blancos en la ciudad de Charlottesville (Virginia, EE.UU.), afirma que espera a un líder “mucho más racista” y más “capaz” de ejercer violencia que el presidente Donald Trump que pueda ayudar al movimiento a difundir sus ideales, informa ‘Daily Mail’. “Alguien como Donald Trump, pero que no entregue su hija a un judío”, precisó el ultraderechista.

    “No creo que puedas sentir lo que siento con respecto a la raza, y ver a ese bastardo de Kushner caminar con esa hermosa muchacha…”, agregó Cantwell en un documental de VICE News, en referencia a Ivanka Trump y su marido.

    “Mataremos si tenemos que hacerlo”



    El vocero de ‘Unite the Right’ expresó su creencia de que los blancos son menos dados a “meterse en problemas” que las personas de color, pero cuando se le recordó las múltiples atrocidades cometidas por criminales blancos, admitió que todo el mundo es capaz de ser violento.
    “Por supuesto que somos capaces”, añadió Cantwell, que estaba fuertemente armado con múltiples pistolas, rifles de asalto y un cuchillo en la manifestación. “Llevo una pistola, voy al gimnasio todo el tiempo”, relató el ultraderechista, explicando que está tratando de estar “más capacitado para la violencia”.
    Cantwell admitió abiertamente que utilizaría la violencia o incluso mataría a la oposición si fuera necesario. “No somos no violentos. Mataremos a estas personas si tenemos que hacerlo”, dijo.

    “Mucha más gente va a morir”

    Los violentos enfrentamientos que tuvieron lugar en Charlotesville se saldaron con la muerte de Heather Heyer, de 32 años, cuando un nacionalista blanco embistió con su vehículo a un grupo de contramanifestantes antifascistas este sábado.
    A pesar de ello, Cantwell no solo declaró que la manifestación “valió la pena”, sino que consideraba una victoria para su equipo el “hecho de que nadie de nuestro lado muriera” y que “ninguno de nosotros matara a nadie injustamente”. El supremacista blanco incluso lanzó una siniestra predicción: “mucha más gente va a morir antes de que terminemos aquí”.
    • El sábado pasado, la ciudad de Charlottesville (Virginia, Estados Unidos) acaparó la atención de los medios por los fuertes enfrentamientos entre ultraderechistas que protestaban contra la demolición de la estatua de Robert E. Lee, un monumento confederado, y los activistas que salieron a las calles para hacer frente a los supremacistas blancos. Debido a estos disturbios, las autoridades declararon el estado de emergencia.
    • El culmen de la violencia llegó cuando un auto conducido por un supremacista embistió a una multitud de manifestantes antifascitas. Como resultado del ataque, una mujer de 32 años murió y al menos 19 personas resultaron heridas.
    22
    Ago17

    22 de Agosto de 1862: Nasce o compositor francês Claude Debussy, autor de "La Mer" e de " Prélude à l'après-midi d'un Faune"

    António Garrochinho


    Compositor francês, Claude Debussy teve uma enorme influência na música do século XX. Nasceu a 22 de Agosto de 1862, em Saint-Germain-en-Lay, em França, e morreu a 25  de Março de 1918, em Paris, vítima de cancro.Ficou conhecido por ter quebrado a tradição do romantismo alemão, desenvolvendo um sistema original de harmonia e de estrutura musicais que expressa, em muitos  aspectos, os ideais aspirados pelos pintores impressionistas e pelos poetas simbolistas do seu tempo. As suas composições mais conhecidas são: Claire deLune (1890-1905), Prélude à l'aprés-midi d'un faune (1894), a ópera Pelléas et Mélisande (1902) e la Mer (1905).

    Aos nove anos, Debussy revelou as suas qualidades de pianista e, depois de ter sido acompanhado por Madame Mauté de Fleurville, ingressou no Conservatório de Paris. Entretanto, viveu momentos de grande turbulência.Enquanto viveu com os seus pais, nos subúrbios de Paris, numa situação de extrema pobreza, nunca esperou ficarsob a  protecção de Nadezhda Filaretovna, uma milionária russa, tocando duetos com ela e com os seus filhos.Nessa altura, viajou por toda a Europa, o que o inspirou a compor uma das suas peças mais conhecidas, Claire deLune. O título refere-se a uma música tradicional que acompanhava as cenas do amor de Pierrot na pantomina francesa. Mais tarde esse tema influenciou-o na composição do trabalho orquestral de Images (1912) e em Sonatafor Cello and Piano (1915).

    As maiores influências musicais no seu trabalho vieram de Richard Wagner, de Aleksandr Borodin e de Modest Mussorgski. Os seus primeiros trabalhos revelam uma certa afinidade com os pintores pré-rafaelistas ingleses,nomeadamente em La Demoiselle Élue (1888). Posteriormente, seguindo a  concepção artística da época, delibertação das respostas emocionais e da exteriorização dos sonhos escondidos, Debussy escreveu o poema sinfónico Prélude à l'aprés-midi d'un faune (1894). Em 1902 compôs a sua única ópera, Pelléas et Mélisande, que demonstrou como a técnica de Wagner pôde ser adaptada para retratar sujeitos como as figuras do pesadelo que,nessa ópera, foram condenadas à auto-destruição. Três anos mais tarde, inspirado no pintor inglês William Turnere no pintor francês Claude Monet, compôs La Mer. Nesse trabalho, Debussy revelou uma enorme ansiedade emreunir todas as regiões exploradas pela sua mente imaginativa. Em 1908 compôs Children's Corner, revelando uma natureza sensitiva, capaz de penetrar na mente das crianças.

    Nos seus últimos trabalhos, as peças para piano En blanc et noir (1915) e Douze Études, Debussy expandiu o estilo tradicional de composição que, posteriormente, foi desenvolvido por Stravinsky e por Béla Bartók. O grande papel de Debussy na história da música é o de ter revolucionado a harmonia através da criação de novos acordes.

    Claude Debussy. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013. 
    wikipedia (Imagens)

    Arquivo: Claude Debussy ca 1908, foto av Félix Nadar.jpg
    Claude Debussy ca 1908, por Felix Nadar
    File:Debussy 1893.jpg


    Claude Debussy ao piano

    VÍDEOS



    22
    Ago17

    Mulheres na História (XC ) Josefa de Óbidos

    António Garrochinho


    Nascida em Sevilha em 1630, Josefa de Ayala Figueira, veio para Portugal, país de onde era natural o seu pai, o pintor Baltazar Gomes Figueira, que fora trabalhar em Sevilha, onde casou com D. Catarina de Ayala Camacho Cabrera Romero, natural da Andaluzia. 

    Josefa foi conduzida para o noviciado em Coimbra onde executou a sua primeira obra de arte conhecida – a representação de Santa Catarina(1646).

    Não se adaptando à realidade do convento,  instalou-se em Óbidos e iniciou uma intensa actividade na área da pintura, primeiro colaborando com o seu pai e, depois, autonomamente, granjeando bastante fama nacional e internacional.

    Sendo uma rara excepção à regra, quebrou muitos dos cânones de uma sociedade predominantemente masculina, estabelecendo-se profissionalmente como pintora. Não sendo a única mulher praticando esta actividade, Josefa foi, contudo, um expoente, já que, de facto, a sua atitude perante a pintura não era a de uma mera curiosa ou artífice, mas sim de uma verdadeira artista, com capacidades criativas, um apurado sentido estético e um forte domínio técnico.

    O estudo da luz e dos contrastes que compõem a corrente proto-barroca de matriz peninsular, intimamente relacionada com a pintura sevilhana e madrilena, são marcas importantes no percurso e na definição artística de Josefa d’Óbidos, colhendo ensinamentos na observação de obras de grande vulto, ou directamente com os mestres, alguns deles ligados à sua própria família. Zurbarán, Francisco de Herrera, Valdez Leal, André Reinoso e o próprio pai, Baltazar Gomes Figueira, para além de mais remotamente Caravaggio, são nomes que se associam à sua aprendizagem artística. Contudo, se Josefa não supera alguns dos nomes mais importantes da pintura seiscentista peninsular, acrescenta-lhe seguramente uma nova tónica, onde o misticismo doloroso, algo violento e majestático dá lugar ao misticismo terno, tão bem representados nos Meninos Salvadores do Mundo, com as suas vestes translúcidas, rendadas e decoradas de pequenas jóias e flores, conferindo-lhe um carácter singelo; mas que também pode ser intimista no caso das telas que representam o Senhor da Cana Verde ou a Toalha de Verónica (na Misericórdia de Peniche). Esta ingenuidade aparente, que transforma as figuras sagradas em elementos algo irreais é, no entanto, contrariada em obras de grande qualidade técnica, surgindo naturezas-mortas e retratos de grande fidelidade. Note-se uma das maiores obras-primas da pintura portuguesa de Seiscentos, o Retrato do Beneficiado Faustino das Neves, actualmente patente no Museu Municipal.

    Morreu em Óbidos, no dia 22 de Julho de 1684, com uma vasta obra produzida e espalhada pelo país e estrangeiro. Muitas das suas obras desapareceram com o tempo, com a mudança dos gostos artísticos e com o terramoto de 1755. Hoje a sua obra encontra-se dispersa em organismos do Estado (museus, embaixadas, etc.), em fundações, igrejas e em casas particulares.

     
    Fontes:Catálogo do Museu Municipal de Óbidos
    Wikipédia (imagens)

    Adoração dos Pastores, 1669 

    O Menino Jesus Salvador do Mundo (Igreja Matriz de Cascais)

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