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POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

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17
Set17

17 de Setembro de 1850: Nasce o escritor e diplomata português Guerra Junqueiro, em Freixo de Espada-à-Cinta

António Garrochinho


Poeta e político português, nascido em 1850, em Freixo de Espada à Cinta (Trás-os-Montes), e falecido em 1923,em Lisboa, Guerra Junqueiro é entre nós o mais vivo representante de um romantismo social panfletário,influenciado por Vítor Hugo e Voltaire. Oriundo de uma família de lavradores abastados, tradicionalista e clerical, é destinado à vida eclesiástica, chegando a frequentar o curso de Teologia entre 1866 e 1868. Licenciou-se em Direito em Coimbra, em 1873, durante um período que coincidiu com o movimento de agitação ideológica em que eclodiu a Questão Coimbrã. Nessa cidade convive de perto com o poeta João Penha, em cuja revista literária, A Folha, faz a sua estreia literária. Durante a sua vida, combina as carreiras administrativa (exercendo a função de secretário dos governos civis de Angra do Heroísmo e de Viana do Castelo) e política (sendo eleito por mais deu ma vez deputado pelo partido progressista) com a lavoura nas suas terras de Barca de Alva, no Douro. Nos anos oitenta, participa nas reuniões dos Vencidos da Vida, juntamente com Oliveira Martins, Ramalho Ortigão, Eça de Queirós e António Cândido, entre outros. Reage ao Ultimato inglês de 1890, com o livro de poesias Finis Patriae,altura em que se afasta ideologicamente de Oliveira Martins, confiando na República como solução para os males da sociedade portuguesa. Entre 1911 e 1914, assume o cargo de Ministro de Portugal na Suíça. Na fase final da sua vida, retira-se para a sua propriedade no Douro, assinalando-se então uma viragem na sua orientação poética,que se volta para a terra e para "os simples", como atestam as suas últimas obras: Pátria (1896), ainda satírica,mas já de inspiração saudosista e panteísta; Os Simples (1892) - um hino de louvor à terra, de uma poesia que evoca a sua infância, impregnada de saudosismo, de recordações calmas e consoladoras e onde se sente uma grande ternura pela correspondente paisagem social; Oração ao Pão (1903) e Oração à Luz (1904), estas enveredando por trilhos metafísicos.

O anticlericalismo, que em vida lhe granjeou o escândalo e a fama, o estilo arrebatado, vibrante, apoiado na formulação épica do verso alexandrino de influência huguana, contribuíram para a apreciação do crítico Moniz Barreto: "Quando se procura a fórmula do espírito de Guerra Junqueiro acha-se que ele é muito mais orador quepoeta e que tem muito mais eloquência que imaginação."

Poeta panfletário, confidencial, satírico e também religioso, o seu valor foi contestado na década de 20. No entanto, os seus defensores nunca deixaram de acreditar na sua genialidade como satírico e como lírico.


Fontes: Guerra Junqueiro. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2014. 
BNP
wikipedia (imagens)


Ficheiro:Guerra junqueiro (1) cropped.jpg
Guerra Junqueiro
Grupo do Cenáculo Eça de Queiroz, Oliveira Martins, Antero de Quental, Ramalho Ortigão, Guerra Junqueiro
Grupo dos Cinco, Porto, Phot. União, 1884
Eça de Queiroz, Oliveira Martins, Antero de Quental, Ramalho Ortigão, Guerra Junqueiro



Recordam-se Vocês do Bom Tempo d'Outrora
(Dedicatória de introdução a «A Musa em Férias») 

Recordam-se vocês do bom tempo d'outrora, 
Dum tempo que passou e que não volta mais, 
Quando íamos a rir pela existência fora 
Alegres como em Junho os bandos dos pardais? 
C'roava-nos a fronte um diadema d'aurora, 
E o nosso coração vestido de esplendor 
Era um divino Abril radiante, onde as abelhas 
Vinham sugar o mel na balsâmina em flor. 
Que doiradas canções nossas bocas vermelhas 
Não lançaram então perdidas pelo ar!... 
Mil quimeras de glória e mil sonhos dispersos, 
       Canções feitas sem versos, 
E que nós nunca mais havemos de cantar! 
Nunca mais! nunca mais! Os sonhos e as esp'ranças 
São áureos colibris das regiões da alvorada, 
Que buscam para ninho os peitos das crianças. 
E quando a neve cai já sobre a nossa estrada, 
E quando o Inverno chega à nossa alma,então 
Os pobres colibris, coitados, sentem frio, 
E deixam-nos a nós o coração vazio, 
Para fazer o ninho em outro coração. 
Meus amigos, a vida é um Sol que chega ao cúmulo 
Quando cantam em nós essas canções celestes; 
A sua aurora é o berço, e o seu ocaso é o túmulo 
Ergue-se entre os rosais e expira entre os ciprestes. 
Por isso, quando o Sol da vida já declina, 
Mostrando-nos ao longe as sombras do poente, 
É-nos doce parar na encosta da colina 
E volver para trás o nosso olhar plangente, 
Para trás, para trás, para os tempos remotos 
Tão cheios de canções, tão cheios de embriaguez, 
Porque, ai! a juventude é como a flor do lótus, 
Que em cem anos floresce apenas uma vez. 

E como o noivo triste a quem morreu a amante, 
E que ao sepulcro vai com suas mãos piedosas 
Sobre um amor eterno — o amor dum só instante — 
Deixar uma saudade e uma c'roa de rosas; 
Assim, amigos meus, eu vou sobre um tesouro, 
Sobre o estreito caixão, pequenino, infantil, 
Da nossa mocidade, — a cotovia d'ouro 
Que nasceu e morreu numa manhã d'Abril! — 
Desprender, desfolhar estas canções sem nexo, 
Estas pobres canções, tão simples, tão banais, 
Mas onde existe ainda um pálido reflexo 
Do tempo que passou, e que não volta mais. 

Guerra Junqueiro, in 'A Musa em Férias'



17
Set17

CONHECER A HISTÓRIA - O FASCISMO ITALIANO

António Garrochinho




Fasci sobre a bandeira italiana
O Fascismo foi um sistema político autoritário de carácter totalitário e repressivo instaurado por Benito Mussolini, na Itália, em 1922. Defendia o Nacionalismo, Culto do Chefe, o Militarismo, Censura e o Imperialismo. Foi, até certo ponto, o produto de uma geral ansiedade e medo entre a classe média da Itália no pós-guerra. Este medo surgiu de uma convergência de pressões económicas, políticas e culturais inter-relacionadas. Debaixo de uma ideologia autoritária e nacionalista, Mussolini consegui explorar os medos de sobrevivência do capitalismo num tempo em que a depressão do pós-guerra, a ascensão de uma esquerda militante e um sentimento de vergonha nacional e humilhação devido à “vitória mutilada” da Itália na Primeira Guerra Mundial. Aspirações nacionalistas mancharam a reputação do liberalismo e constitucionalismo dentre vários sectores da população italiana. Cumpria o seu papel como se fossem necessárias qualidades sobre-humanas para ser Chefe. O Fascismo Apresenta várias características em comum com outros regimes fascistas como o Nazismo, na Alemanha, e o Estado Novo, em Portugal.


Um pouco acerca de Benito Mussolini

Benito Amilcare Andrea Mussolini, nascido a 29 de Julho de 1883 e morto a 28 de Aril de 1945 foi o 40º Primeiro-ministro da Itália.
Filho de um ferreiro, que deu o nome ao seu filho como homenagem ao revolucionário mexicano do século XIX Benito Juarez, Benito Mussolini era um rapaz inteligente, tocador de violino e ávido leitor nos seus dias de juventude. Foi afectado pela pobreza, o que causou uma certa inveja aos ricos, quando mais jovem. Foi editor de um jornal do Partido Socialista. Foi enviado para a frente de batalha da Primeira Guerra Mundial em Fevereiro de 1917. Seis meses depois, lesionou-se num treino de granadeiro, o que causou a sua hospitalização. Culpou o desfecho italiano da Guerra no governo parlamentar vigente na altura.
Foi executado e o seu corpo foi exposto na praça pública no dia seguinte, onde, juntamente com outros apoiantes seus, foi pendurado de cabeça para o ar onde foi apedrejado por civis de modo a desencorajar quaisquer tipos de esforços Fascistas.


                Contexto que precede o surgimento do Fascismo


Nas primeiras décadas do século XX, a Europa foi palco de grandes tumultos e mudanças, sendo que o evento que teve maior impacto nesta altura foi a Primeira Guerra Mundial, iniciada em 1914 e terminada a 1918. No final da Guerra a Europa encontrava-se em crise económica, financeira e política. As estruturas produtivas encontravam-se debilitadas, ou seja, havia uma baixa produção quer agrícola quer industrial. Isto levava à escassez de produtos que, em virtude do aumento da procura, levou a uma crescente inflação dos preços. Nos países que foram palco de guerra, como Alemanha e França, os campos de cultivo e as fábricas foram destruídas devido a bombardeamentos, o passar de tropas e veículos militares, nomeadamente. Além disso, o Tratado de Versalhes – fruto das Conferências de Paz levadas a cabo em 1919 – colocava imensa tensão na Alemanha que, além de ser obrigada a pagar indemnizações aos países vencedores da Guerra, também retirava da Alemanha as regiões de Alsácia Lorena as minas do Ruhr e Sarre, necessárias para o desenvolvimento económico do país devido à existência de matérias-primas e minérios, o que levou a um agravamento da crise já então sentida.
O apoio para a crise veio dos Estados Unidos que, em 1924 concederam grandes empréstimos à Alemanha como apoio de pagar as indemnizações e aos outros países como forma de se reconstruírem. No caso italiano, a Itália esperava ganhar algo com a Guerra, tendo passado para o lado da Entente em 1915 com a assinatura do Tratado de Londres onde lhe foram feitas promessas territoriais por parte da Entente. No entanto, o governo não foi capaz de defender os interesses da Nação.
Simultaneamente, no extremo Este do continente, na Rússia, vivia-se um clima de revolução. Duas Revoluções internas em 1917 (Revolução de Fevereiro e Revolução de Outubro) tinham feito com que esta tivesse saído mais cedo da Guerra. Estas revoluções – nomeadamente a de Outubro, conhecida por Revolução Bolchevista, liderada por Lenine, recém-chegado do seu exílio – derrubaram o regime autoritário czarista (em Fevereiro) vivido na Rússia até então, substituindo-o por um regime comunista que dava o poder ao povo, aos trabalhadores que se sentiam explorados e que ansiavam por melhores condições de vida e por um governo que fosse de encontro aos seus desejos. Os trabalhadores tinham finalmente as suas necessidades satisfeitas e em 1919 deu-se a Internacional Comunista, cujo objectivo era unir os proletários por todo o mundo e difundir os ideais do Comunismo. O sucesso da Revolução Bolchevista de Outubro 1917 e a Internacional Comunista de 1919, juntamente com o fracasso dos países de regimes demoliberais de resolver a situação de crise levou a uma crescente aceitação deste tipo de ideais comunistas.
Pode dizer-se, então, que houve uma regressão do Demoliberalismo: Por um lado vemos o crescente apoio dos ideais comunistas – com o aumento do número de greves, das tentativas de revolução comunista, da instabilidade social pelo proletariado que desejava que as suas necessidades fossem tidas em conta – e, por outro, temos a reacção das classes mais altas da sociedade (a burguesia possidente) – já que a essas classes da população não convinham os ideais comunistas como o fim da propriedade privada, a instalação de uma sociedade sem classes e o domínio operário dos meios de produção. Neste sentido, vão apoiar governos fortes que sejam capazes de encontrar uma solução para a crise e, ao mesmo tempo, assegurar as suas riquezas – das ditaduras de extrema-direita.
É neste contexto que surgem o Fascismo na Itália, em 1922, chefiado por Benito Mussolini.


                Como foi instaurado o Fascismo

Em 1919, Benito Mussolini, ex-socialista italiano, fundou um movimento revolucionário – Fasci Italiani di Combattimento. Inicialmente, o movimento tinha um programa de cariz republicano, democrático e socialista. No entanto, a simpatia dos industriais, de grandes proprietários e da burguesia, para além de desenvolver o movimento, também lhe impôs um cariz mais totalitário e conversador. Neste contexto, os fascistas entram para o Parlamento na ala conservadora, se bem que com pouca expressão política – Partido Nacional Fascista (PNF). Os Fascistas, empenhados em demonstrar a fraqueza do Governo Liberal levaram a cabo expedições punitivas contra socialistas, comunistas e sindicalistas e, em 1922, de 27 a 30 de Outubro, o PNF organizou uma greve geral e a Marcha sobre Roma, na qual participaram cerca de trinta mil fascistas, liderados por Mussolini intitulado o Duce (Guia), acompanhado pelos seus Camisas Negras, forças de choque, levando o Rei Vítor Emanuel III a convidar Mussolini a formar governo. Porém, insatisfeitos com uma coligação com o governo, os partidários do PNF lutam pelo poder absoluto. Neste sentido, alteram a lei eleitoral em 1924 de modo a assegurar a maioria parlamentar. Simultaneamente continuam com o terror e purgas internas e externas, assassinando o líder socialista Giacomo Matteoti nesse mesmo ano.

Benito Mussolini e os partidários do PNF, Marcha de Roma, 1922

                Princípios Ideológicos do Fascismo

Anti-Democrático, Anti-Parlamentar, Anti-Multipartidarismo e Anti-Liberal
O Fascismo rejeita qualquer tipo de sistema em que seja a população a tomar as decisões ao passo que o governante segue apenas as instruções da população. É, por isso, anti-democrático. Rejeita ainda os regimes parlamentares, através dos quais não se solucionam os problemas do Estado – é anti-parlamentar. Opõe-se, ainda, ao multipartidarismo, ou seja, à divisão dos poderes, defendendo que isso resulta num enfraquecimento da Nação. Por oposição, defende o poder soberano na pessoa do Chefe de Estado. Além disso, o Fascismo era anti-liberal - intolerante. Tudo o que estivesse fora do Estado seria inaceitável e rapidamente corrigido. Além disso, vai contra os ideais da igualdade segundo os quais os homens são iguais perante a lei. O que sucede no Fascismo é que a humanidade era dividida em dois grupos: as elites e as massas. As elites tinham como função governar sobre as massas. Seria a selecção natural a nomear estes dois grupos. Os Fascistas consideravam-se a si mesmos como pertencentes às elites, sendo que o Chefe seria o mais superior de todos.

                Anti-Comunista e Anti-Socialista
O Fascismo rejeita o movimento sindical de luta por melhores condições de trabalho por parte dos trabalhadores – através de manifestações e greves, nomeadamente. Todos os grupos sociais têm os seus interesses submetidos ao Estado na medida em que o Estado defende o interesse comum que a todos diz respeito.

                Nacionalismo
O Fascismo defende os valores da Nação acima de tudo. O Estado (que se identificava com a Nação) está acima de todos, e todos lhe devem respeito e obediência. Existia, portanto, um culto à obediência e, por conseguinte, um culto à personalidade ou culto de chefe, uma vez que o regime estava personificado no Chefe, Il Duce, Benito Mussolini, a quem todos deviam obedecer. Identifica-se também o Nacionalismo Económico, que consiste na fomentação da produção e consumo internos – política de autarcia – como modo de garantir ao Estado uma auto-suficiência económica que o tornasse impermeável às crises do capitalismo. Neste sentido, levaram-se a cabo campanhas para aumentar a produção nacional (e também garantir emprego mais pessoas, uma vez que grande parte da população – em muitos casos, imobilizados graças à Guerra – se encontravam desempregadas.), como foi o caso da Batalha do Trigo, em 1925.

                Totalitarismo
O Fascismo rejeita os direitos do indivíduo e qualquer tipo de organização que defendesse o interesse de grupos ou de trabalho, sendo que o único interesse que importa é o do Estado. O Estado estava no controlo de praticamente todos os aspectos da vida do país – quer os aspectos políticos, quer os sociais e culturais dos cidadãos, quer os económicos (com a autarcia como modelo económico). O Estado pretende que a população seja politicamente activa e apoiante da sua ideologia. Neste sentido, até os tempos livres das populações eram controlados, como mais adiante será referido.

                Imperialismo
Imperialismo, ou Expansionismo consiste na tendência da ocupação económica e política das Nações inferiores. Este expansionismo justificava-se pela necessidade de um “espaço vital” a que o país tinha direito para seu próprio crescimento e prosperidade. Isto é visível na invasão à Etiópia por Mussolini em 3 de Outubro de 1935.

                Militarismo e Anti-Pacifismo
O Fascismo caracteriza-se também pelo exercício do poder baseado na força e na violência. A autoridade era imposta pelas milícias armadas – Os Camisas Negras. Defendia, ainda, o anti-pacifismo, justificado pela crença de que só a guerra desenvolve ao máximo as capacidades humanas.

                A Mobilização da População
O Fascismo contava com o apoio e obediência cega das massas mobilizadas em torno do regime. Os membros da sociedade deviam ser activos na vida política do país, dentro dos seus limites de aceitação acrítica face ao Estado. O Fascismo defendia a existência de uma alma colectiva que assegurasse uma forte união nacional centrada no Chefe. Qualquer que se afastasse dos moldes do Estado seria rapidamente silenciado e afastado do resto da população, a fim de não causar distúrbios.
A fim de alcançar essa alma colectiva, o Fascismo utiliza estratégias como o recurso à propaganda juntamente com a encenação da força, a arregimentação das massas em organizações do Estado e a repressão policial e a censura intelectual.



                A Propaganda juntamente com a Encenação da Força

Apresentação de Mussolini, destacado com pose ensaiada












O Fascismo utiliza de forma hábil a propaganda que abrangia todos os aspectos da vida da população como forma de dilatar a noção de um Estado forte e ordenado, e como forma de divulgar os ideais do Chefe a quem prestavam culto. Alguns exemplos do uso da propaganda reflectem-se nos grandes comícios, nos jornais, na rádio, nos espectáculos e mesmo no desporto, onde a população testemunhava e ouvia o Chefe discursar de forma entusiástica e poderosa.
Mussolini apresentava-se frequentemente com farda militar como forma de transmitir a ordem, obediência e força. As suas aparições eram cuidadosamente planeadas e encenadas, como se de uma peça teatral se tratasse, em que Mussolini aparecia em locais elevados, numa pose imperiosa, que inspirava o respeito ao chefe e mostrava a sua omnipotência perante todos.
Eram levadas a cabo paradas militares pelas milícias armadas que visavam o apoio das massas e, como encenação de força, o medo entre os opositores do Fascismo.



                Arregimentação das Massas em Organizações do Estado

Organização Paramilitar - Os Balilas
 De modo a ter-se uma Nação plenamente submissa, não bastam apenas demonstrações de força e uma propaganda exercitada. É também necessário o enquadramento da população em organizações que desde cedo lhe inculque a ideologia oficial de modo a ser mais facilmente controlada. Para isso tomaram-se medidas como afiliação no partido único - cuja inscrição era, muitas vezes, obrigatória para trabalhar (como o caso dos funcionários públicos que eram recrutados no Partido, o que fazia com que o cartão de partidários fosse essencial para fazerem a sua vida, praticamente) -, a inscrição obrigatória nos sindicatos fascistas – sindicatos dirigidos por funcionários nomeados pelo Estado que substituíam os sindicatos livres; tinham como objectivo conjugar os interesses dos trabalhadores com os do patronato e, acima de todos, os do Estado; deixa-se a luta de classes passando a haver colaboração entre elas tendo como objectivo os interesses do Estado, que passava a controlar os trabalhadores –, a ocupação de tempos livres dos trabalhadores por parte do Estado – consistia no enquadramento da população em organizações que geriam o tempo de lazer com festas, actividades desportivas, viagens, servindo-se desses momentos para fazer propaganda do regime: o Dopolaboro –, as organizações da juventude – prestava-se grande atenção à juventude uma vez que, se treinada e se lhe fossem inculcados a ideologia do regime desde cedo, seria absolutamente fiel ao Chefe; para esse fim, os jovens eram enquadrados em organizações paramilitares onde lhes eram ensinados os valores Fascistas, como a obediência (tratavam-se dosFilhos da Loba, dos 4 aos 8 anos, dos Balilas, dos 8 aos 14 anos, Vanguardistas, dos 14 aos 18 anos, da Juventude Fascista, a partir dos 18 anos e dos Grupos Universitários Fascistas) – e, por fim, a escola fascista – o complemento final de toda a educação Fascista, na qual todos os professores eram nomeados pelo próprio Estado com recurso a livros próprios e seleccionados pelo Estado, onde estavam bem presentes os ideais do regime.

                A Repressão Policial e a Censura Intelectual
A força encenada nas paradas militares era também usada, não só como forma de inspirar o medo e entusiasmo, como também para vigiar a população em todos os locais que frequentasse. A Polícia Política era responsável pela vigilância e por eliminar toda a oposição, enviando-a para campos de concentração. Recorreu-se à Polícia Política – a O.V.R.A (Organização de Vigilância e Repressão do Anti-Fascismo) –, às Milícias Armadas – Os Camisas Negras do Partido Nacional Fascista – e à censura intelectual – que impõe literatura e arte que exalta o Fascismo sobre as restantes, ao proibir peças artísticas que não estivessem conforme os moldes do Estado; neste efeito, queimaram-se jornais, livros seleccionados pelo Estado como anti-fascistas.

Resultado de imagem para Milícias Armadas - Os Camisas Negras do PNF


Milícias Armadas - Os Camisas Negras do PNF



                A Particularidade do Fascismo – O Corporativismo
O Fascismo criou uma forma de controlar as relações entre o patronato e os trabalhadores. As profissões são organizadas por corporações, e a cada uma é atribuído um sindicato patronal e um sindicato operário. Existem ainda os sindicatos mistas, as corporações mistas, que pertencem tanto ao patronato como ao operariado. Qualquer tipo de contestação seria fútil e castigada, pelo que era obviamente proibida. Aos trabalhadores foi retirado o direito da greve, enquanto que ao patronato foi proibido o lock out.
De acordo com o Regime, os interesses individuais e profissionais seriam produtores de tumultos e discórdia, pelo que se deviam ter em conta única e exclusivamente os interesses do Estado. Os sindicatos Fascistas tinham como dirigentes funcionários nomeados pelo PNF, com o objectivo de assegurar esses interesses. O objectivo derradeiro destes sindicatos era travar o movimento comunista de luta de classes. No caso de dissidência ou desvio dos moldes do Regime, o Estado encarregar-se-ia de tomar acção para que não houvesse réplicas. Assim alcança-se disciplina laboral, aumento de produção e, claro, um firmamento do poder e autoridade do Estado como Estado Totalitário.
Itália passa, então, a ser um Estado Corporativo – a economia está toda colocada debaixo da mão de Mussolini, de acordo com o modelo económico da autarcia, ou seja, a auto-suficiência económica que isola o país dos restantes. Para integrar as corporações, cria-se um quadro legal a partir do qual emanaram o Ministério das Corporações e a Câmara dos Fasci e corporações cuja função era controlar todas estas instituições de modo a fazer os interesses do Estado prevalecer sobre os demais.


                O Símbolo do Fascismo – O Fascio
Utilizado por Magistrados na Roma antiga, o Fascio tornou-se o símbolo do Fascismo Italiano, representando os princípios do Fascismo. É um machado composto por um agregado de ramos de madeira que, separados, são facilmente partidos, ao passo que, quando juntos e bem seguros se tornam virtualmente inquebráveis. Representam a alma colectiva desejada por Mussolini. A lâmina do Fascio representa a força necessária, para instalar a ordem, com fim a atingir a união da Nação.



Bibliografia:
O Tempo da História, 1ª parte, Porto Editora,
Wikipedia (1, 23)

conhecerahistoria12.blogspot.pt
17
Set17

8 curiosidades e tradições de Lisboa

António Garrochinho


Será que conhece tudo sobre Lisboa? Quer saber mais sobre a história da cidade? Reunimos vários factos curiosos e as tradições mais importantes da nossa capital.

8 curiosidades e tradições de Lisboa

A cidade das sete colinas esconde muitos segredosComo qualquer capital e cidade grande, Lisboa foi adquirindo hábitos e tradições desde tempos remotos, muitas vezes trazidos por quem rumava à cidade em busca de uma vida melhor. Muitas das curiosidades e tradições de Lisboa nasceram desta influência.De facto, os lisboetas têm nos seus ascendentes, pessoas oriundas dos mais variados pontos de país, nomeadamente Alentejo e Trás-os-Montes, regiões onde era difícil encontrar oportunidades de estudo e trabalho. Mas não só: Lisboa também soube, desde sempre, acolher outras nacionalidades e culturas.
Hoje, a cidade exibe orgulhosamente o resultado desta mescla, sendo uma cidade fervilhante, onde a modernidade e a inovação andam de braço dado com uma atmosfera pitoresca.

AS SETE COLINAS

sete colinas
Por certo já ouviu dizer que Lisboa é a “cidade das sete colinas”. Tal deve-se às suas características geográficas, como que em cascata em direção ao rio. Conta uma lenda que, no tempo em que ainda não existia a cidade, o território era dominado por uma rainha-serpente que se apaixonou por Ulisses quando este aqui atracou uma vez. Ulisses acabou por se ir embora e a rainha-serpente, com o desgosto, lançou-se ao rio.
A sua cauda fez com que tivesse de rastejar e serpentear até chegar à agua, deixando para trás as sete elevações, como prova do seu esforço. O nome das colinas vem referido pela primeira vez num livro do Século XVII: São Jorge, São Vicente, São Roque, Santa Catarina, Chagas e Sant’Ana.

O CORVO

o corvo
O símbolo da cidade de Lisboa é um corvo. Sabe por quê? Reza a lenda que, no tempo da ocupação muçulmana da Península Ibérica, os cristãos de Valência quiseram levar o corpo de São Vicente, martirizado pelos mouros, para as Astúrias, na altura o único reduto cristão seguro da Península.
No entanto, não conseguiram passar além do Algarve, tendo aí sepultado o mártir e criado a aldeia de São Vicente. Anos mais tarde, D. Afonso Henriques conquista o Algarve, mas nos confrontos a aldeia é destruída. Não se sabia onde São Vicente estava enterrado.
É então avistado um bando de corvos a sobrevoar de forma insistente um local e são encontrados aí os restos mortais do santo. Em 1176, D. Afonso Henriques ordena que rumem a Lisboa, sendo que durante a viagem o barco é sempre acompanhado e protegido por dois corvos. É por isso que ainda hoje o corvo é considerado o guardião da cidade.

O TERMO “ALFACINHA”

alfacinhas
Ouvimos muitas vezes chamar “alfacinhas” aos lisboetas, mas sabe a origem do termo? Ainda que não haja certezas absolutas, julga-se que se deve ao facto da alface sere cultivada de forma abundante em Lisboa, presumindo-se que tal já acontecia no tempo dos mouros, devido à palavra ‘alface’ ser de origem árabe.
No romance Viagens na minha Terra, de Almeida Garret, publicado pela primeira vez em 1846, pode ler-se: “Pois ficareis alfacinhas para sempre, cuidando que todas as praças deste mundo são como a do Terreiro do Paço…”.

O HÁBITO DO CAFÉ

café
Todo o português – ou quase todo! – gosta de café e “beber um café” é um ritual que não dispensa diariamente e até mais do que uma vez por dia, seja na rua ou no local de trabalho. Aliás, Portugal é um dos países de referência para os amantes do bom café e Lisboa ajuda a esta fama. Mas na hora de pedir um café, há muitas variantes possíveis, cujos nomes podem ser diferentes dos usados noutros pontos de país:
  • Bica – café expresso ‘normal’. Reza a história que o nome é o acrónimo da recomendação “Beba Isto Com Açúcar” que A Brasileira, o famoso estabelecimento, fazia aos seus clientes.
  • Garoto – café com um pouco de leite (“pingo” no norte do país)
  • Café curto – o mesmo que “italiana”; café com pouca água.
  • Café cheio – um café em que se deixa sair mais água da máquina, ainda que a forma correta de o fazer seja colocar água quente na chávena e de seguida tirar um café normal.
  • Carioca – segundo café tirado com o mesmo pó.
  • Abatanado – não é consensual, mas o mais comum é ser um café ao qual se acrescenta um pouco de água.

O FADO

fado
É a música nacional e tem em Lisboa o seu berço. Acredita-se que teve a sua origem nos cantos nostálgicos árabes, que mesmo após a reconquista cristã, continuavam a ouvir-se no bairro da Mouraria.
As primeiras referências ao fado tal como hoje o conhecemos, remontam a 1840. Não faltam na capital bares e restaurantes onde se pode ouvir tocar e cantar bom fado, estilo musical que desde 2011 está classificado como Património Oral e Imaterial da UNESCO. Há também vários concertos e festivais de fado ao longo do ano.

SANTO ANTÓNIO

santo antónio
É o Santo Padroeiro da cidade de Lisboa. Apesar de estar sepultado em Pádua, Itália, onde morreu a 13 de junho de 1231, nasceu em Lisboa algures entre 1191 e 1195. As festas de Santo António são o principal evento popular da cidade e o seu ponto alto acontece na véspera do dia 13 de junho, sendo este o feriado municipal.
Marchas populares, bailaricos e sardinhadas levam os lisboetas para a rua pela noite dentro. As noivas de Santo António são outra tradição associada a estas celebrações.

NOIVAS DE SANTO ANTÓNIO

casamento
Há várias histórias que tentam validar a tese de que Santo António era especialmente amigo das mulheres solteiras, ajudando-as a encontrar a sua cara-metade e a casarem-se com ela. Uma das lendas diz que, numa certa ocasião, Santo António, sensibilizado pelo pedido de uma rapariga cuja família não tinha dinheiro para o dote, em vez de distribuir o dinheiro dos donativos que tinha recolhido, o fez chegar, de forma anónima, à rapariga.
Outra história conta que uma jovem, desesperada por não ter ninguém, atirou a imagem de Santo António pela janela. Esta acertou num soldado que ia a passar e a quem a rapariga acabou por socorrer, ficando apaixonados um pelo outro.
Lendas à parte, o que é facto é que ainda hoje a Câmara Municipal de Lisboa organiza os Casamentos de Santo António, oferecendo o enlace (vestido, fato do noivo, serviços de cabeleireiro, etc.) a pares de namorados carenciados, num evento que costuma ser transmitido pela TV. Os primeiros Casamentos de Santo António realizaram-se em 1958.

OS PRATOS TÍPICOS

ameijoa
Como já dissemos, Lisboa é uma cidade multicultural, que foi criando a sua essência a partir dos mais diversos contributos. Mas se hoje é possível provar comida típica das mais variadas regiões do país e dos mais distantes países do mundo, também é verdade que há pratos de culinária que fazem parte da cozinha tradicional Portuguesa e que se acredita terem nascido aqui. Destaque para:
  • Bacalhau à Brás
  • Ameijoas à Bulhão Pato
  • Pataniscas de Bacalhau
  • Meia-desfeita (bacalhau cozido com grão de bico)
  • Peixinhos da horta
  • Bolo-rei
  • Broas castelar
  • Farturas
  • Pastéis de Belém

www.e-konomista.pt
17
Set17

A tradição do Magusto no verão de São Martinho

António Garrochinho















Uma lenda, uma tradição e eis que chegamos São Martinho e à tradição do Magusto, um costume antigo que se perde nas brumas do tempo.

A lenda de São Martinho





Conta a lenda que um cavaleiro romano, pertencente às legiões do imperador Juliano, fazia a ronda num dia de enorme temporal e viu um velho mendigo cheio de fome e frio, que se encontrava semi-nu. O mendigo dirigiu-se ao cavaleiro e pediu-lhe uma esmola.
Compadecido com a miséria do velho, Martinho, o nome do soldado, terá dado a sua capa a este, ou segundo outras versões, tê-la-á cortado ao meio.
Após este acto, as nuvens esconderam-se e o Sol brilhou. Diz-se que foi um milagre e desde esse dia começaram a chamar o Verão de S. Martinho ao sol que aparece nos primeiros dias de Novembro.
O Verão de São Martinho também é conhecido por Verão dos Marmelos, devido à sazonalidade destes frutos nesta época, o mesmo acontecendo com as castanhas.
Aliás, São Martinho é considerado como o santo dos bons bebedores, já que é nesta atura do ano que se faz a prova do vinho novo acompanhado das respectivas castanhas.

Os adágios populares não deixam dúvidas: “Em dia de S. Martinho/Faz magusto e prova o vinho; Em dia de S. Martinho/Lume, castanhas e vinho.”
É tradicionalmente no dia de São Martinho que se ‘inaugura’ o vinho novo, que se fazem as provas e se atestam as pipas.
De acordo com a velha legislação municipal, era mesmo proibido, em muitas partes, vender o vinho novo antes do São Martinho, sob pena de multa. E como este se trata de um vinho especial que deve ser bebido antes do Verão, devido às suas características de fermentação, os mais bebedores não se fazem rogados.
Aliado aos festejos do dia de São Martinho está o tradicional magusto, tradição ainda mais antiga que a data consagrada a este santo.

A tradição do Magusto

Os magustos começavam no dia 28 de Outubro, dedicado a S. Simão e duravam até ao S. Martinho.
Nesse dia, decorria o magusto familiar em que se reuniam os familiares na casa de um deles, assavam-se as castanhas, porque se costumava dizer que castanhas cruas faziam piolhos, e na lareira era pendurada uma panela furada, o assador, e metiam lá as castanhas.
Depois destas assadas, jogava-se ao ‘par ou pernäo’ e diziam-se os seguintes versos: ‘Dia de São Simão, Só não assa castanhas, Quem não é cristão.’
Em tempos idos a festa de rua era orientada por uma ‘Confraria de São Martinho’ cujos elementos eram escolhidos entre os mais bebedores da aldeia, tinha como mordomo o melhor deles todos.
Durante a noite era formada a ‘confraria’ que, com tachas de palha, acesas, andavam pelas ruas da freguesia a cantar e a tocar harmonio, guitarra, zabumba e ferrinhos, já tocados pela bebida e chamando a atenção das moças, passando pelas várias adegas ou tabernas.

A tradição do Magusto por todo o país

Nas Beiras os rapazes, no dia de S. Martinho, andam em fila pela aldeia a ‘furar as adegas’, para provarem o vinho novo e também aí se conhecem as procissões dos bêbados. No concelho de Foz Côa, em Pocinho, conhece-se o costume de, na noite de 11 de Novembro, os rapazes percorrerem todas as ruas da povoação com campainhas e chocalhos das cabras e ovelhas, acordando toda a gente com o barulho que fazem.
Os ‘magustos’ aparecem em todo o Minho, em casa ou nos campos, em Trás-os-Montes, nas Beiras e no Douro e na região e da própria cidade do Porto. Por exemplo em Vila do Conde, as castanhas comem-se com roscas de pão de trigo e nozes.
Em Fafe, eles começam à tarde e duram até à noite, as castanhas assam-se em fogueiras que se acendem no meio da rua, e o vinho circula em cântaro. Nessa noite, geralmente, joga-se ao pau.
No sul a tradição do magusto não apresenta este carácter de generalidade, mas assinala-se em várias partes. Em muitas regiões rurais do país, nomeadamente no noroeste, a festa anda associada à matança do porco. No Minho o dia situa-se na época das primeiras matanças e nas provas do vinho novo.
No entanto, nem todas as terras portuguesas cumprem estas datas para os tradicionais magustos. Em Vila Viçosa, o ‘Magusto da Velha’ tem lugar no dia 26 de Dezembro.
O magusto da Velha decorre em Vila Viçosa desde 1698. Para cumprir a tradição, dois homens da aldeia sobem ao alto da torre da Igreja para atirar ao resto do povo, que aguarda no largo da igreja, bastantes quilos de castanhas que depois de assadas são ‘regadas’ com vinho tinto, especialmente guardado para o efeito.
Este costume está ligado a uma obrigação contraída pela Igreja de Vila do Porco, nome antigo da actual Aldeia Viçosa. Reza a história, que uma velha abastada terá feito uma doação à Igreja comprometendo-se o clero em rezar à Velha um ‘Padre Nosso’, um dia todos os anos, dia em que o povo pudesse beber vinho e comer castanhas.
A vontade foi feita e a tradição viria a perpetuar-se durante séculos e, até aos nossos dias, não houve geração que não a cumprisse, embora não inteiramente, uma vez que o dia de celebração a pedido da velha senhora seria o 1º de Janeiro.
Mas cuidado se quer seguir esta tradição do magusto em Vila Viçosa, porque aqueles que se baixam para apanhar as castanhas estão ainda sujeitos a apanhar com as ‘cavaladas’, brincadeira instigada por uns copos a mais e que consiste em alguns homens saltarem para o dorso dos outros, batendo-lhes em partes mais sensíveis.
Se não pode acompanhar estes festejos, então não se esqueça de comer pelo menos algumas castanhas assadas, acompanhadas pela água-pé, para aquecer nas noites mais frias que se avizinham.


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17
Set17

TEATRO DE MARIONETAS

António Garrochinho

A grande tradição portuguesa do teatro de marionetas possui um carácter essencialmente popular: o conhecimento era transmitido oralmente, de pais para filhos, ao longo de gerações, e a sua história foi sendo esquecida e ignorada pela maior parte dos historiadores das artes teatrais.
Quando pensamos em bonecreiros populares vem-nos à memória a imagem romântica da típica barraca de fantoches, montada em praias ou jardins, mas a realidade portuguesa era muito mais rica: verdadeiros empresários de teatro atravessavam o país de norte a sul com os seus pavilhões ambulantes, onde apresentavam espectáculos de marionetas de luva e de fios.
Era o caso de Manuel Rosado, dono e promotor de um teatro ambulante, o Pavilhão Mexicano, em actividade ainda nos anos setenta do século XX.

cito: Museu da Marioneta






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17
Set17

TOMAR | FESTIVAL DE ESTÁTUAS VIVAS REGRESSA COM LENDAS E TRADIÇÕES DE PORTUGAL

António Garrochinho


Após um interregno de três anos, Tomar volta a acolher nos dias 15, 16 e 17 de setembro, de sexta-feira a domingo, o Festival de Estátuas Vivas, sendo que esta edição vai ser dedicada às Lendas e Tradições de Portugal. O evento, uma parceria da Câmara de Tomar com o Agrupamento de Escolas Nuno de Santa Maria e que vai na sua quinta edição, realiza-se sem qualquer apoio comunitário, representando um investimento de 50 mil euros por parte da autarquia.


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17
Set17

Os Usos e Costumes e Tradições dos Nossos Antepassados

António Garrochinho



                                
Como Viviam os Nossos Antepassados                                          

                                                        
As atividades
 As principais atividades das pessoas de antigamente era o trabalho no campo e quais eram essas atividades? Era a agricultura e a criação do gado. Muitos camponeses trabalhavam em terras que não lhes pertenciam, existindo também pequenos ou grandes proprietários. As longas tarefas que se sucediam ao longo do ano eram: a sementeira, a ceifa, a vindima, a extracção da cortiça, a apanha da azeitona.
                                                                    Alimentação
A alimentação das pessoas do campo era muito simples e era confeccionada à base de produtos que cultivavam; Era constituída por; Pão, sardinhas, azeitonas, carne de porco, sopa de legumes, o arroz e a batata que eram produzidos em maior quantidade; Em dias festivos se comiam doces, carne de vaca ou de aves.

                                                                 Vestuário

O vestuário dos camponeses era simples e sem luxos. Variava de acordo com as diferentes regiões do país, e adaptava-se às atividades das pessoas e ao clima. A camponesa costumava usar uma saia rodada, abaixo do joelho, um corpete por cima de uma camisa larga, um lenço colorido, um chapéu e tamancos. O camponês usava calças, colete, uma jaqueta e um barrete ou um chapéu. Os melhores trajes eram guardados para domingo, para ir à missa, às festas ou ao médico. Os mais ricos vestiam trajes mais trabalhados, feitos com bons tecidos e enfeitados com cordões de ouro.

                                                                             

                                                      Casas dos Camponeses 

As casas variam conforme a riqueza dos seus proprietários e também de acordo com a região do país em que se situavam. No Norte, as casas eram de granito, com paredes grossas e sempre com uma grande lareira na cozinha. No Centro, menos frio, as casas eram construídas em tijolo ou calcário. No Sul, as casas eram baixas e caiadas, para serem mais frescas. Os interiores eram simples, com poucos móveis e sem grande conforto.

    Divertimentos No Norte, no Centro e no Sul
Os divertimentos estavam relacionados com as festas religiosas e com os trabalhos agrícolas (vindimas, ceifas, desfolhadas) que eram muitas vezes, acompanhados por cantares ao desafio. Durante as festas do santo padroeiro de cada povoação faziam-se procissões, romarias, feiras e o povo divertia-se com bailes e jogos típicos da sua região. As crianças divertiam-se com brinquedos que elas próprias construíam.




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17
Set17

Património da Cultura Popular Maltratado

António Garrochinho



Há uma certa ilusão que vem do Estado Novo, muito pela divisão regionalista, de que há características que diferem de uma aldeia para a outra. Recordo que as pessoas sempre tiveram migrações de trabalho na época do tempo da ditadura e levavam as músicas de um lado para o outro. Mas é verdade que há registos que, sabemos, são característicos de determinadas regiões: sabemos que temos gaitas galegas no Minho, gaitas mirandesas em Trás-os-Montes, os adufes na Beira Baixa, as violas de campaniças no Alentejo e amarantinas no Alto Douro, as braguesas no Minho, as violas da terra nos Açores ou as violas de arame na Madeira. Contudo, a riqueza é imensa porque o país também tem esta grande multiculturalidade e tão rico nestas tradições.

É importante que as pessoas e fundamental que não se esqueçam da tradição, do património imaterial e de todas as memórias relacionadas com a tradição oral portuguesa. Começo por dizer que, por exemplo, quando vamos ver o «Povo que Canta», de Michel Giacometti, filmado nos anos de 1970, vemos pessoas novas a cantar, mas hoje ainda há uma certa camada da população que tem a noção que só os velhos que é cantam esses cantares e que ainda mantém estas tradições, mas não é verdade porque podemos comprovar que cada vez mais os jovens estão presentes quer em grupos ou em ranchos de folclore e é ai como toda a gente sabe que esses grupos são os fiéis representantes desses tempos ancestrais 

Se o património material está a cair, o imaterial está pior ainda, tem sido muito maltratado. Portugal não tem auto-estima e não é só na música. A música portuguesa não gosta dela própria, tal como a cultura não gosta dela própria, certas pessoas não vêem essas riquezas. Continuamos sem um programa de televisão, por exemplo, que fale sobre as nossas tradições e as memórias musicais. Isto, de certa forma, tem a ver com um certo preconceito rural que ainda existe em Portugal. 
As pessoas acham que tudo o que vem do mundo rural é sinónimo de ultrapassado. E isso é triste. É fundamental mostrar estas riquezas porque um dia vão morrer sem a maioria da população as conhecer. Já basta a crise económica, não podemos alimentar mais uma crise identitária que, como sabemos, não é de agora. As pessoas acham que tudo o que vem do mundo rural é sinónimo de ultrapassado. 

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17
Set17

UM POUCO DE PORTUGAL

António Garrochinho


As tradições de Portugal são uma herança de bens, costumes e tradições do País com séculos de história.
Civilizações que povoaram o território, dos fenícios aos romanos, dos mouros às novas gerações, do oceano que nos alimenta e nos conduziu aos descobrimentos e ao intercâmbio com culturas de todo o mundo, do solo fértil ao clima ameno que nos tempera, a tradição portuguesa é um património para o mundo.
Estas são algumas das principais tradições de Portugal que lhe damos o devido destaque.

1) Bacalhau
O bacalhau faz parte da gastronomia portuguesa pelo menos desde o século XIV, quando a pesca do bacalhau pelos portugueses foi objecto de um acordo entre este país e Inglaterra. Em Portugal é confecionado de 1001 receitas.
Tradições de Portugal
Bacalhau

2) Vinho do Porto
O vinho do Porto é um dos grandes vinhos clássicos europeus sendo a sua história tão longa como fascinante.
O vinho do Porto é um vinho fortificado. Os vinhos fortificados são feitos mediante a adição de uma porção de aguardente vínica a determinada altura do seu processo de produção. O vinho do Porto é, sem sombra de dúvida, o maior de todos os vinhos fortificados sendo a sua expressão suprema o Porto Vintage, o qual ocupa um lugar de destaque como um dos grandes vinhos icónicos do mundo ao lado dos melhores produtos das grandes regiões vinícolas europeias. No caso do vinho do Porto, a adição da aguardente vínica ocorre antes do vinho ter terminado a sua fermentação. Isto significa que o vinho irá reter a doçura natural da uva, tornando-se rico, redondo e macio na boca.
Cave de vinho do Porto

3) Pastéis de Belém
Os pastéis de nata ou pastéis de belém são uma das mais populares especialidades da doçaria portuguesa. Embora se possam saborear pastéis de nata em muitos cafés e pastelarias, a receita original é um segredo exclusivo da Fábrica dos Pastéis de Belém, em Lisboa. Aí, tradicionalmente, os pastéis de Belém comem-se ainda quentes, polvilhados de canela e açúcar em pó.
O Pastel de Belém foi eleito em 2011 uma das 7 Maravilhas da Gastronomia de Portugal.
Casa dos pastéis de Belém

4) Cortiça
Retirada a cada nove anos, sem que nenhuma árvore seja cortada durante este processo, a cortiça dá origem a uma infinidade de produtos, desde os tradicionais, aos mais inovadores e inesperados. O principal é a rolha, mas nem toda a cortiça possui os requisitos necessários para se transformar nesse nobre objecto.  Utilizada nos mais diversas áreas, desde  os pavimentos e produtos para a construção, a moda ou o design.
Cortiça

5) Presunto (Porco Preto Alentejano)
Presunto é um produto alimentar do ramo da charcutaria, formado pela perna inteira do porco, que é curada, por vezes apenas com sal, outras vezes temperada com condimentos  e até fumada. Dependendo do tipo de cura, do grau de secagem e das condições de armazenagem, o presunto pode manter-se durante períodos longos e ser consumido, tanto fatiado em sanduíches ou como aperitivo de uma refeição, ou ainda fazendo parte de outra preparação culinária.
Porco Preto Alentejano

6) Santos Populares
As principais são as Festas de Lisboa, de 12 para 13 de junho, dia de Santo António, e as do Porto, na noite de 23 para 24 de junho, quando se celebra o S. João.
A 29 de junho comemora-se ainda o São Pedro, também com festas populares em várias localidades do país, como Sintra ou Évora.
São festas de grande animação, em que o povo vem para a rua comer, beber e divertir-se pelas ruas dos bairros populares, balões coloridos, cheiros de manjerico e da bela sardinha assada.
Marchas Populares- Festa de Santo António em Lisboa

7) Fado
fado é um estilo musical português  geralmente cantado por uma só pessoa (fadista) e acompanhado por guitarra clássica (nos meios fadistas denominada viola) e guitarra portuguesa.
O fado foi elevado à categoria de Património Oral e Imaterial da Humanidade pela UNESCO em 2011.
Amália Rodrigues (1920-1999) foi o maior nome, considerada a rainha do Fado. Actualmente nomes como: João Braga, Maria da Fé, Carlos do Carmo, Camané, Mísia, Mariza ou Ricardo Ribeiro são alguns dos principais nomes.
Em Lisboa poderá escutar Fado em diversos restaurantes do Bairro Alto ou Alfama.
Mais a norte (em Coimbra) poderá conhecer o famoso Fado de Coimbra.
Casa de Fados em Alfama- Lisboa

8) Mar
Os portugueses sempre foram um povo ligado ao mar. Basta passear pelo litoral e ver a influência que tem na cultura, gastronomia e o quotidiano.
Portugal dispõe de um mar que é fonte de poder nacional. A necessidade de atuação no mar, para garantir o seu uso adequado, é particularmente relevante num país cujos espaços marítimos têm uma dimensão extraordinária.
Mar

9) Azeite
A produção de azeite em Portugal é uma tradição ancestral, cujos vestígios da cultura da oliveira datam de 506 d.C.
O seu nome vem do árabe (az-zait) e significa “sumo de azeitona”. Um produto cem por cento natural, extraído por processos mecânicos.
Tem um papel importante na economia do país, sendo um sector no qual se tem investido bastante em novas plantações, modernização das plantações mais antigas e melhoria contínua dos processos de colheita e extracção.
Tem diversos benefícios para a saúde, com acções antioxidante, anti-inflamatório ou antimicrobial. Contribui para melhorar o sistema imunológico e digestivo.
Curiosidade: Para fazer 1 litro de azeite são  necessárias 1375 azeitonas (5-6 kg de azeitonas).
Azeite português

10) Futebol
O futebol em Portugal é uma das principais tradições no país.
Destaca-se pela selecção nacional e pelos principais clubes como o Sport Lisboa e Benfica, o Futebol Clube do Porto e o Sporting Clube de Portugal. Actualmente tem Cristiano Ronaldo como principal jogador e melhor do mundo e José Mourinho como um dos melhores treinadores do mundo.


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