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orouxinoldaresistencia

POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

orouxinoldaresistencia

01
Set17

B€, TROTSKISMO & BURGUESIA

António Garrochinho


Por diversas vezes o grande Lenine “fotografou” a construção político-ideológica do Trotsky, o falso materialista-dialéctico 

O grande revolucionário descreveu assim esta funesta criatura: «Em 1903 foi menchevique; abandonou o menchevismo em 1904; voltou ao menchevismo em 1905, fazendo alarde de uma fraseologia ultra-revolucionária; em 1906 separou-se de novo; em fins de 1906 defendeu os acordos eleitorais com os kadetes (isto é, esteve outra vez com os mencheviques); na Primavera de 1907 disse que divergia de Rosa Luxemburgo em matizes individuais. Trotsky plagia hoje a bagagem ideológica de uma fracção, amanhã de outra e, como consequência, proclama-se situado por cima de ambas as fracções. Em teoria, Trotsky não está de acordo em nenhum ponto com os liquidacionistas e os otsovistas, mas na prática está totalmente com os Golos (liquidacionistas) e os deVperiodo (otsovistas) (V. I. Lenine, Obras Completas, vol. XVI, p. 392).

Passada quase uma década, Vladimir Ilyich mantinha a seguinte caracterização do velho trânsfuga e assinalava: «Com Trotsky não se pode discutir a fundo, porque não tem opinião alguma. Pode-se e deve-se discutir com os liquidacionistas e os otsovistas convictos, porém, com um homem cujo jogo é encobrir os erros de ambas as tendências não se discute: desmascara-se como... a um diplomata do mais baixo jaez» (A Diplomacia de Trotsky e Certa Plataforma, V. I. Lenine).

Guilherme Antunes in facebook
01
Set17

Só há um partido que defende os trabalhadores

António Garrochinho


por Amato

Se há uma coisa que fica cabalmente demonstrada com esta greve da Autoeuropa, é que apenas existe um partido na sociedade portuguesa que defende intransigentemente os direitos dos trabalhadores e que se posiciona sempre do lado destes. Esse partido é o Partido Comunista Português.

Não há qualquer novidade no conteúdo das declarações dos dirigentes da direita, PS incluído. Estes, colocam os lucros da multinacional Volkswagen à frente de toda e qualquer norma laboral, de todo e qualquer direito dos trabalhadores e de todo e qualquer conceito mínimo que diga respeito à sua saúde e bem-estar. Inclusivamente, hoje acordei a ouvir Assunção Cristas, histérica, a pedir ao governo que não mexa na lei laboral. Este é o maior medo da direita: que não se dê nem mais um cêntimo para o proletariado! Por oposição, este deveria ser o mais forte e inabalável desígnio da esquerda: implodir este código de trabalho neoliberal e refazer um código de trabalho de matriz socialista.

Reforço o que tenho escrito ao longo destes dias: o papel a que se presta a comunicação social portuguesa tem sido verdadeiramente ordinário. Há não tantos anos quanto isso, estariam, estes mesmos, a defender a escravatura para benefício da viabilidade das fábricas e dos latifúndios agrícolas. É uma vergonha que esta sociedade imponha este pensamento único e esta máxima de os fins justificarem os meios. É o auge da desumanização das sociedades.

Onde há novidade neste processo é na atitude do Bloco de Esquerda enchendo a boca com a importância da Autoeuropa para o país, cavalgando a onda do anticomunismo e procurando fazer desta luta séria dos trabalhadores que defendem o seu direito ao descanso numa luta partidária.

Termino como comecei: só há um partido que defende os trabalhadores. O resto é conversa fiada. Mais: isto que escrevo é absolutamente transparente para quem quer ver.


portodeamato.blogs.sapo.pt
01
Set17

TEMOS UMA CULTURA DIFERENTE

António Garrochinho

Na tradicional Festa do Pontal, Passos Coelho, deputado e líder do maior partido da direita nacional e ex-primeiro-ministro dos XIX e XX Governos Constitucionais da República Portuguesa, proferiu as seguintes reflexões no final do seu discurso de ontem:
Vejam as alterações recentes que foram feitas recentemente à lei de estrangeiros. E que na prática permite que qualquer pessoa possa ter autorização de residência em Portugal desde que arranje uma promessa, uma promessa! Reparem bem, de poder ter um contrato de trabalho. E já que o Estado deixará de ter condições para simplesmente expulsar alguém que possa, sendo imigrante, ter cometido crimes graves contra a própria sociedade portuguesa. Este foi o governo que aprovou estas alterações. Porque é que não discutem na sociedade portuguesa as implicações que para a segurança do país, a médio e longo prazo, isto pode trazer?
Discutamos:
• As alterações a que podemos especular a que se refere são de facto “recentes”, dado que estão contidas num diploma aprovado na sua fase final pelo Plenário da Assembleia da República há cerca de dois meses (e não pelo Governo, como o presidente do PSD afirma), a 23 de Junho (Passos Coelho estava lá), com os votos contra dos deputados do PSD e CDS-PP e aprovação dos restantes deputados do PS, BE, PCP, PEV e PAN.
•  “Na prática”, uma promessa de contrato de trabalho não é uma coisa leviana, como saberão a maior parte dos portugueses trabalhadores por conta de outrém por experiência própria. Passos não é jurista (consta que é economista), mas deduzo que tem assessores com capacidades de lhe explicar o conceito. Caso não tenha, pode sempre consultar o insuspeito-de-simpatias-com-esta-casa jornal SOL, que falou com especialistas na matéria que lhe podem fazer um desenho: “O diploma tem origem na transcrição de diretivas europeias que visam facilitar a entrada de trabalhadores temporários no espaço europeu: apanha de fruta, essas coisas”, aponta um deles. “É também importante clarificar que a ‘promessa de um contrato de trabalho’ não é uma coisa verbal; é um contrato que promete um contrato de trabalho, por assim dizer, e já é vinculativo”, aponta outro, que fornece mais exemplos: “É natural que uma empresa queira conhecer a pessoa antes de oferecer um contrato definitivo; que queira entrevistar ou fazer um período de estágio. Este diploma vem facilitar isso. Não é uma coisa negativa. Traz mais mobilidade”.
• O Estado não “deixará de ter condições para simplesmente expulsar alguém que possa, sendo imigrante, ter cometido crimes graves contra a própria sociedade portuguesa” e é grave que Passos Coelho não saiba o que o PSD votou, abusando assim da sua estulta ignorância para desinformar os militantes do PSD e os cidadãos que possam eventualmente ver nele uma alternativa à atual maioria parlamentar. O que a nova lei clarifica, na alteração que faz ao artigo 135º, é o seguinte:
Não podem ser afastados coercivamente ou expulsos do País os cidadãos estrangeiros que:
a) Tenham nascido em território português e aqui residam;
b) Tenham efetivamente a seu cargo filhos menores de nacionalidade portuguesa a residir em Portugal;
c) Tenham filhos menores, nacionais de Estado terceiro, residentes em território português, relativamente aos quais assumam efetivamente responsabilidades parentais e a quem assegurem o sustento e a educação;
d) Se encontrem em Portugal desde idade inferior a 10 anos e aqui residam.
2 – O disposto no número anterior não é aplicável em caso de suspeita fundada da prática de crimes de terrorismo, sabotagem ou atentado à segurança nacional ou de condenação pela prática de tais crimes.
A lei não impede por exemplo a expulsão de um cidadão estrangeiro que cruze o Guadiana em Alcoutim, mate uma ou mais pessoas, e depois decida estabelecer residência num monte alentejano; a lei aliás não mexe no artigo 134º, “Fundamentos da decisão de afastamento coercivo ou de expulsão”, que estabelece que “sem prejuízo das disposições constantes de convenções internacionais de que Portugal seja Parte ou a que se vincule, é afastado coercivamente ou expulso judicialmente do território português, o cidadão estrangeiro: 
a) Que entre ou permaneça ilegalmente no território português; 
b) Que atente contra a segurança nacional ou a ordem pública; 
c) Cuja presença ou atividades no País constituam ameaça aos interesses ou à dignidade do Estado Português ou dos seus nacionais; 
d) Que interfira de forma abusiva no exercício de direitos de participação política reservados aos cidadãos nacionais; 
e) Que tenha praticado atos que, se fossem conhecidos pelas autoridades portuguesas, teriam obstado à sua entrada no País; 
f) Em relação ao qual existam sérias razões para crer que cometeu atos criminosos graves ou que tenciona cometer atos dessa natureza, designadamente no território da União Europeia; 
g) Que seja detentor de um título de residência válido, ou de outro título que lhe confira direito de permanência em outro Estado membro e não cumpra a obrigação de se dirigir, imediatamente, para esse Estado membro; 
h) O disposto no número anterior não prejudica a responsabilidade criminal em que o estrangeiro haja incorrido;
A lei não toca nestes motivos, mas deixa de ser cega à condição social do cidadão visado, à sua ligação ao nosso país e aos cidadãos menores (portugueses ou não) que poderiam ser afectados por uma expulsão, como era a anterior versão, proposta pelo PSD e CDS-PP. Parafraseando o PCP, o proponente original da alteração legal em questão, não faz sentido que um cidadão nascido em Portugal ou que tenha tido em Portugal a sua formação desde criança, ou que tenha filhos menores em Portugal, e que até possam ser cidadãos portugueses e que cá permaneçam, possa ser expulso para países com os quais não tem qualquer ligação, que não tem qualquer responsabilidade por eventuais crimes que tenham sido cometidos, podendo deixar em Portugal filhos menores que serão assim injustamente penalizados, fazendo recair sobre estes uma penalização que não tem qualquer justificação. Os cidadãos que têm em Portugal todas as suas raízes familiares devem ser julgados e punidos em Portugal pelos crimes que cometam. Não faz qualquer sentido que, com a invocação discricionária de razões securitárias, o Estado Português se arrogue o direito de expulsar cidadãos que fazem parte do nossa sociedade para países com que estes não terão qualquer outra relação que não seja um vínculo formal de nacionalidade que não corresponde à realidade da vida.
E por fim, por proposta do PS, foi introduzida uma cláusula que trava possíveis abusos legais desta proteção, deixando claro que estas exceções não podem ser invocadas “em caso de suspeita fundada da prática de crimes de terrorismo, sabotagem ou atentado à segurança nacional ou de condenação pela prática de tais crimes“, de forma a garantir a segurança de todos os cidadãos, portugueses ou não.
Tenhamos também em conta a janela temporal destas declarações: Pedro Passos Coelho aproveitou a rentrée política do ano legislativo 2017/2018 para atacar propostas relativas a projetos de lei que deram entrada no parlamento na Primavera de 2016; que foram debatidos em Plenário em Outubro de 2016 (com uma curta intervenção crítica do PSD, pelo ex-ministro da Justiça Fernando Negrão, que todavia reconhecia “mérito” nas iniciativas e sublinhava o “espírito humanista” do debate); que estiveram 8 meses a ser discutidos na Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, com audiências e vários pareceres de entidades externas, como a Ordem dos Advogados, o Conselho Superior de Magistratura, o Conselho Superior do Ministério Público ou o Conselho das Migrações (com opiniões escritas da parte da Confederação Empresarial de Portugal, Confederação de Comércio e Serviços de Portugal, Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, União Geral dos Trabalhadores, Autoridade para as Condições do Trabalho, Fundação Calouste Gulbenkian, Direção Geral dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas, entre outras entidades públicas e privadas); que, sob a forma de texto de substituição, foram a votos em sede de comissão na Primavera deste ano, onde as intenções do BE e PCP (autores dos projetos originais) e do PS (autor da já referida alteração na especialidade) foram consagradas num só texto – sessão onde nenhum deputado do PSD propôs qualquer alteração aos artigos votados; cujo texto de substituição foi em Junho passado ao Plenário para votação final global, onde nenhum dos 89 deputados do PSD fez qualquer declaração oral ou escrita; que foi promulgado por Marcelo Rebelo de Sousa, sem qualquer análise crítica, e publicado como Lei em Diário da República no mês passado, sem que nenhum parlamentar do PSD tenha vindo a público apelar ao veto ou exigido uma fiscalização da constitucionalidade, tendo em vista uma alegada violação do direito à segurança ameaçada pela presença no país de “qualquer um”.
E como tal, 15 meses após o início do processo legislativo e quase 1 mês depois da promulgação pelo Presidente da República, e 24 horas depois de um atentado terrorista de extrema-direita neo-nazi e na véspera dumas autárquicas em que o PSD patrocina um candidato racista num dos concelhos mais populosos do país, é suposto o PSD esperar que o resto da sociedade ache normal e natural que Passos Coelho se indigne agora com uma putativa possibilidade de “qualquer um viver em Portugal”, alegadamente preocupado com a segurança nacional?
Ainda neste tema, Passos Coelho destacou no Pontal esta sua visão de Portugal:
 “O que vai acontecer ao país seguro que temos sido se esta nova forma de ver a possibilidade de qualquer um residir em Portugal se mantiver? É por isso que o PSD se mantém como um partido que não cede à facilidade, que não cede à demagogia, que não cede ao radicalismo. É por isso que temos uma cultura diferente da Geringonça.
Num ato que deve preocupar qualquer democrata em Portugal e envergonhar ‘qualquer um’ que se identifique legitimamente com o seu passado político, o PSD está a ceder a olhos vistos a um discurso que vai contra a sua matriz fundadora, contra os seus princípios basilares, contra a sua cultura de defesa dos valores liberais.
Numa cultura, de facto, radicalmente diferente.

geringonca.com
01
Set17

A TAL PESTE GRISALHA QUE NUNCA SE PREOCUPOU COM O AMBIENTE

António Garrochinho

NA FILA DO SUPERMERCADO, o caixa diz a uma senhora idosa: 


- A senhora deveria trazer seus próprios sacos para as compras, uma vez que sacos de plástico não são amigos do ambiente. 
- Eu peço desculpa disse a senhora – mas não havia essa onda verde no meu tempo. 
- Esse é exatamente o nosso problema hoje, minha senhora – respondeu o empregado – a sua geração não se preocupou o suficiente com o nosso ambiente.
- Você está certo - reconheceu a velha senhora – a nossa geração não se preocupou adequadamente com o ambiente. Mas… repare:
1 - Naquela época, as garrafas de leite, garrafas de refrigerante e cerveja eram devolvidos à loja. A loja mandava de volta para a fábrica, onde eram lavadas e esterilizadas antes de cada reuso e, eles, os fabricantes de bebidas, usavam as garrafas, vezes sem conta. Realmente não nos preocupámos com o ambiente no nosso tempo.
2 - Subíamos as escadas, porque não havia escadas rolantes nas lojas e nos escritórios. Caminhávamos até ao comércio, ao invés de usar o nosso carro de 300 cavalos de potência a cada vez que precisamos ir a dois quarteirões. Nós não nos preocupávamos com o ambiente.
3 - As fraldas de bebés eram lavadas, porque não havia fraldas descartáveis.
4 - A secagem de roupa era feita por nós mesmos, não nestas máquinas bamboleantes de 220 volts. A energia solar e eólica é que realmente secavam nossas roupas.
5 - Os meninos pequenos usavam as roupas que tinham sido de seus irmãos mais velhos, e não roupas sempre novas. Mas é verdade: não havia preocupação com o ambiente, naqueles tempos.
6 - Naquela época tínhamos somente uma TV ou rádio em casa, e não uma TV em cada quarto. E a TV tinha uma tela do tamanho de um lenço, não um telão do tamanho de um estádio; que depois será descartado como?
7 - Na cozinha, tínhamos que bater tudo com as mãos porque não havia máquinas elétricas, que fazem tudo por nós.
8 - Quando embalávamos algo um pouco frágil para o correio, usamos jornal amassado para protegê-lo, não plástico bolha ou pellets de plástico que duram cinco séculos para começar a degradar.
9 - Naqueles tempos não se usava um motor a gasolina apenas para cortar a grama… era utilizado um cortador de grama que exigia músculos. O exercício era extraordinário, e não precisava ir a uma academia e usar esteiras que também funcionam a eletricidade. Mas você tem razão: não havia naquela época preocupação com o ambiente.
10 - Bebíamos diretamente da fonte, quando estávamos com sede, em vez de usar copos plásticos e garrafas pet que agora enchem os oceanos.
11 - As canetas, recarregávamos com tinta tantas vezes quanto necessário, ao invés de comprar outra.
12 - Amolávamos as navalhas, ao invés de jogar fora todos os aparelhos 'descartáveis' e poluentes só porque a lâmina ficou sem corte. Na verdade, tivemos uma onda verde naquela época.
13 - Naqueles tempos, as pessoas tomavam o autocarro e os meninos iam nas suas bicicletas ou a pé para a escola, ao invés de usar a mãe como um serviço de táxi 24 horas.
14 - Tínhamos uma só tomada em cada quarto e não um quadro de tomadas em cada parede para alimentar uma dúzia de aparelhos.
15 - Nós não precisávamos de um GPS para receber sinais de satélites a milhas de distância no espaço, só para encontrar a pizzaria mais próxima.

Então, não acha engraçado que a actual geração fale tanto em "meio ambiente", mas não queira abrir mão de nada nem pensa em viver um pouco como na minha época?

NOTA:
Agora que você já leu o desabafo, envie para os seus amigos que têm mais de 50 anos de idade e, para os merdas que tudo têm nas mãos e nada fazem… só sabem criticar os mais velhos.


01
Set17

O HOMEM É INDEPENDENTE DO CDS, O DOM MOREIRA NÃO PRECISA DEBATER, QUER É GOVERNAR -Rui Moreira faltou a debate das autárquicas na TV para ver a seleção

António Garrochinho





Rui Moreira esteve presente, à hora para que estava marcado o debate, no Estádio do Bessa, para assistir ao Portugal-Ilhas Faroé, que Portugal venceu por 5-1

Na quinta-feira à noite, Rui Moreira tinha um debate televisivo marcado, na “TVI24”, com os candidatos às eleições autárquicas para o município que lidera desde 2013, mas não compareceu.
Segundo o “Diário de Notícias” esta sexta-feira, o autarca terá alegado “questões de agenda” para rejeitar o convite do canal televisivo.
Contudo, o presidente e candidato a novo mandato na liderança da cidade do Porto esteve presente, à hora para que estava marcado o debate, no Estádio do Bessa, para assistir ao Portugal-Ilhas Faroé, que Portugal venceu por 5-1.
Manuel Pizarro (PS), Álvaro Almeida (PSD), João Teixeira Lopes (BE) e Ilda FIgueiredo (CDU) marcaram presença no debate, que realizou-se na Fundação Serralves, mas a ausência do atual autarca da cidade foi notória e motivo de desconforto.

expresso.sapo.pt
01
Set17

Cultura de guerra

António Garrochinho

Cultura de guerra


Nunca como hoje os ensaios reais de guerra em que se transformaram os exercícios militares foram tão abundantes e tiveram a envergadura inquietante e provocatória que os caracteriza.
Exercícios militares conjuntos entre os EUA e a Coreia do Sul, em Goyang, Coreia do Sul
Exercícios militares conjuntos entre os EUA e a Coreia do Sul, em Goyang, Coreia do SulCréditos
Como um fluido anestésico, a cultura de guerra instalou-se nas nossas vidas. Injectada gradualmente através de pretextos falsos, cínicos e oportunistas engendrados por dirigentes políticos inconscientes e desumanos, distribuída pela teia venenosa universal de meios de comunicação irresponsáveis e contaminados pelo vírus da manipulação e da propaganda, afirma-se agora como a primeira e última solução das contendas internacionais que proliferam como uma peste.
As hipóteses de soluções negociadas dos conflitos quase desapareceram dos horizontes de conhecimento de qualquer um de nós, mesmo quando existem. Por exemplo, as precárias conversações que decorrem sobre a Síria tornaram-se um tabu, do mesmo modo que são ocultados os massacres de civis que a «coligação internacional», um heterónimo de NATO, vem praticando nas regiões envolventes de Raqqa para evitar a restauração da integridade territorial síria, a pretexto do combate ao Daesh, falso como o pacifismo de Trump ou as promessas de Obama.
E quando alguém como o secretário-geral da ONU evoca um dos únicos «processos de paz» ainda citados, por sinal o mais desacreditado, o israelo-palestiniano, manifestando-se crente de que dele sairá um acordo, melhor seria que se mantivesse em silêncio. Porque a ONU deste dirigente geminado do seu antecessor, o patético Ban Ki-moon, ocupa-se preferencialmente de impôr sanções contra o povo da Venezuela enquanto permite que o Estado de Israel prossiga a colonização ilegal que humilha o povo palestiniano, assim invalidando qualquer «processo de paz» e impedindo, na prática, que sobeje território onde possa nascer o prometido Estado Palestiniano, compromisso tão enganador como o da «libertação» da Líbia.
Tudo isto é parte da cultura de guerra como solução única e final para os conflitos.
Nunca como hoje os ensaios reais de guerra em que se transformaram os exercícios militares foram tão abundantes e tiveram a envergadura inquietante e provocatória que os caracteriza.
Estados Unidos e Coreia do Sul manobram em conjunto, com armas letais, contra a Coreia do Norte, que responde através de exercícios e testes de engenhos evoluídos, pelo menos a crer na propaganda que deles fazem os seus inimigos.
Ao anúncio do presidente norte-americano de que vai reactivar a guerra do Afeganistão através do envio de mais tropas da NATO, uma operação que se estende em forma de ameaça contra o Paquistão, a China respondeu com exercícios militares caracterizados por um conteúdo operacional nunca experimentado, dizem analistas. Estas movimentações traduzem um embate ao mesmo tempo estratégico e económico entre os interesses chineses e norte-americanos.
Pequim tem investido fortemente na reconstrução dos dois países, seus vizinhos, um dizimado e outro fortemente condicionado pelas agressões da NATO, entrando assim directamente em competição com um dos principais objectivos norte-americanos manifestado em todas as guerras de agressão promovidas pelo Pentágono: lucrar com a reconstrução depois de ter amealhado com a guerra de destruição
Além disso, existe um confronto múltiplo de interesses económicos, na Eurásia como em todo o mundo, através de uma renovada caça às matérias primas, um dos sinais da profunda crise de contradições e de insuficiência de resultados produzidos pelos habituais métodos rapina, problemas com que se debate o capitalismo.
O maior exemplo da cultura de guerra com impacto universal, sobrepondo-se até, potencialmente, aos efeitos dramáticos das situações no Médio Oriente e na Eurásia – embora as interligações sejam evidentes – está patente no centro e leste da Europa através do cerco à Federação Russa, cada vez mais apertado e sufocante. Todos os dias acontecem factos ignorados ou banalizados pela comunicação social, susceptíveis de provocar um conflito com dimensões inenarráveis e potencialidades destruidoras ultrapassando os mais assustadores pesadelos.
«A ONU deste dirigente geminado do seu antecessor, o patético Ban Ki-moon, ocupa-se preferencialmente de impôr sanções contra o povo da Venezuela enquanto permite que o Estado de Israel prossiga a colonização ilegal que humilha o povo palestiniano.»
O argumento brandido hoje em dia por Washington para justificar a parafernália de guerra agressiva montada nos antigos países do Tratado de Varsóvia anexados pela NATO é o da realização de manobras militares como exemplo acabado da sempiterna «ameaça russa».
A exploração propagandística da pretensa capacidade agressiva dos exercícios praticados por um país sitiado pretende esconder o verdadeiro significado das simulações de guerra que a NATO realiza, permanentemente, em regiões que vão dos Balcãs – onde acaba de transformar o Montenegro num protectorado – ao Báltico, região na qual o patrulhamento dos espaços aéreos da Estónia, da Letónia e da Lituânia, confinando com o da Rússia, passou agora a ser uma tarefa da força aérea dos Estados Unidos da América. Basta uma provocação do tipo da que aconteceu há meses na fronteira aérea sírio-turca e teremos as duas maiores potências dos ares em conflito directo, um cenário aterrador.
Acresce que os Estados Unidos e a NATO instalaram na República Checa, Roménia, Bulgária, Polónia e nos três Estados do Báltico uma impressionante e moderníssima força militar em prontidão, apoiada por mecanismos de deslocação rápida que poderão multiplicar o seu poder de morte e destruição em poucas horas. Sem contar com o controlo militar, político e económico da Ucrânia decorrente do golpe de Estado «libertador».
A propósito das novas realidades cuja instauração foi uma das consequências do derrube do muro de Berlim, o tenente-coronel checo Ivan Kratchovil explica, com as seguintes palavras, como se implanta a cultura de guerra na República Checa, considerada necessária para que o novo enquadramento político-militar seja assimilado pela classe política dominante - e num cenário de apatia social: «A NATO, assim como a elite política checa, estão a tentar transformar a opinião pública, a 'reeducar-nos', para aceitarmos como algo normal o facto de o nosso exército ser actualmente controlado pela Bundeswher» (forças armadas alemãs).
Isto acontece num país onde ainda estão bem vivas as memórias das atrocidades sanguinárias em tempos ali cometidas pelas hordas da Bundeswher, embora sob outro comando. Coisa de somenos para a NATO, uma vez que tem vindo a enquadrar, e até a encorajar através do treino de efectivos, o regresso ao passado nazi na Ucrânia e também na Polónia, embora aqui o processo seja mais lento e enviesado.
Entretanto, na sua recente visita de conforto e apoio aos saudosos de Hitler que governam a Ucrânia, o secretário da Defesa de Donald Trump, James Mattis, prometeu mais milhões de financiamento e a entrega das primeiras armas qualificadas como letais ao regime de Kiev. Armas «defensivas», garantiu Mattis repetindo a velha ladainha de qualquer burocrata da NATO; porque «só pode considerá-las ofensivas quem tem espírito de agressor», acrescentou.
Sem ser exaustivo na enumeração de ambientes conflituosas no mundo, e recordando apenas que o ambiente na América Latina se caracteriza pelos mesmos traços belicistas e golpistas dos tempos de vigência plena do conceito de «quintal das traseiras», reforçados agora pelos movimentos vigilantes da reactivada IV Esquadra norte-americana, percebe-se como escasseia o espaço para criar situações de diálogo e dinamizar a procura negociada de entendimentos quando deflagram choques de direitos ou de interesses.
O caminho tornou-se directo: contra esses conflitos emergem em primeira mão os choques militares, antes de a diplomacia, agora sempre a reboque dos generais, tentar representar o papel que se supõe ainda desempenhar. É assim a cultura internacional dominante: dispara-se ou invade-se primeiro e fala-se depois, se houver ainda quem se atreva.
Houve tempos em que se fabricavam «factos políticos» para tirar proveito de manobras institucionais. Agora, na arena internacional, criam-se logo factos militares, impondo a guerra quando o desnível flagrante da relação de forças garante o triunfo e a imunidade ao agressor; ou cultivando as estratégias mútuas de ameaça, agidas através de ensaios militares cada vez mais provocatórios, em situações nas quais as partes antagónicas se temem.
A cultura de guerra é, ao mesmo tempo, uma outra demonstração de como o capitalismo no seu estado supremo, a selvática anarquia económico-financeira, não consegue libertar-se da crise sistémica enraizada. Os casinos financeiros e a brutal concentração económica sem pátria tardam em funcionar com a ligeireza ambicionada e perante horizontes desanuviados. As soluções políticas autoritárias, impostas e multiplicadas à escala planetária, não funcionam em pleno por si e carecem de um suporte militar permanente que ignore países e direitos humanos, ocupando-se apenas de servir os interesses materiais que o sustentam.
As guerras para redesenhar mapas tanto no Médio Oriente como na Eurásia, acções como a do golpista Temer de mandar destruir parte do tesouro natural da Amazónia para reabrir a caça ao ouro, os múltiplos exemplos de golpes e guerras que se ligam à apropriação de riquezas naturais alheias como o petróleo, o lítio, o urânio, o cobre, o ouro, os diamantes, explicam-nos que o capitalismo, minado pela inquietação resultante do arrastamento da crise, reorienta prioridades económicas para a caça, sem lei, às matérias primas.
Sem surpresa, agudizam-se as contradições no todo-poderoso mundo económico-financeiro, cada vez menos disposto a perder tempo com o intermezzo político. A opção militar directa, além de alimentar um dos mais lucrativos ramos de negócio, permite avaliar as relações de poder de uma maneira mais crua.
As contradições agravaram-se de tal maneira que passam agora pelo meio do establishment norte-americano. Não entre as duas famílias do partido único, como alguns pretendem interpretar, mas sim entre grandes e poderosos interesses entrados em conflito, designadamente devido aos caprichos da crise.
Trump, sem dúvida um homem do establishment, surgiu com promessas de reactivação da economia interna e repôs as velhas fontes energéticas no topo das prioridades. Num ápice comprou duas guerras: uma com o inultrapassável lobby da guerra, inconformado com uma hipotética desactivação de frentes militares externas; e outra com os ascendentes sectores das energias renováveis.
Noutro ápice, ao aperceber-se do alto preço a pagar por esses desgastantes conflitos internos, o magnata-presidente inverteu o rumo, virou-se para as guerras externas de modo a satisfazer os falcões e os negociantes da morte; e enveredou pela garimpagem mundial de matérias-primas, ao mesmo tempo que se descartava – e continua a fazê-lo – dos conselheiros e colaboradores que foram as suas primeiras e segundas escolhas de estratégias que nasceram ilusórias e logo se tornaram perigosas.
Ainda assim, a «guerra civil» continua, enredando sectores sociais e populares bem intencionados que não passam de carne para canhão porque nesse confronto apenas se dirimem grandes interesses que em nada lhes dizem respeito, a não ser para os subjugar.
Profundas contradições capitalistas e uma cultura de guerra instalada criaram o ambiente do qual surgiu a terrível Primeira Guerra Mundial. Hoje, porém, o estado de desenvolvimento das forças capitalistas, o seu desprezo pelas fronteiras e as capacidades letais dos aparelhos de guerra multiplicam exponencialmente os riscos de há cem anos.
No cenário actual de cultura de guerra não é possível detectar um único bom prenúncio.



www.abrilabril.pt
01
Set17

"Tenho seguido com algum interesse as notícias sobre a "greve histórica", como lhe chamam os jornais, que decorre ali por Palmela, nos portões da Autoeuropa.

António Garrochinho

"Tenho seguido com algum interesse as notícias sobre a "greve histórica", como lhe chamam os jornais, que decorre ali por Palmela, nos portões da Autoeuropa. Por ter vestido a camisola (literalmente) no início do século e por ter sido o meu único empregador em Portugal, sigo com alguma atenção o que por aqueles lados acontece desde 2006, altura em que bati a asa.
Importa-me pouco discutir a justiça ou não da greve ou sequer os seus contornos. A comunicação social encheu algumas páginas nestes dias com o tema pelo que teria pouco de factual para acrescentar.
Interessa-me mais abordar o linchamento público dos funcionários da autoeuropa e como a ignorância nos prejudica enquanto povo.
Compreendo que a informação que circula não vem carregada de detalhes e para a opinião pública passa a parangona de que os funcionários não querem mais dinheiro para trabalhar aos sábados. São uns calões e ganham balúrdios. Ponto final. É isto que chove nas redes. Não sei porque insisto em ler comentários de notícias mas vou assumir, para me sentir melhor, que é uma espécie de guilty pleasure da azeitonice.
Li coisas como: "não querem trabalhar aos sábados? Então devíamos fechar os hospitais ao fim-de-semana para os gajos da autoeuropa!" ou "mas quando querem pão fresco ao sábado o padeiro não diz que não, seus chulos!". Entre outras pérolas dignas de qualquer boca numa taberna da Madragoa, como se bens alimentares ou cuidados de saúde se pudessem escolher no calendário. Ou como se uma fábrica fosse um serviço aberto ao público e dependente de horários melhores para visita.
Compreendo que exista míngua de emprego no nosso país e que muitas pessoas se esfolem para aguentar cada mês, mas isso não nos pode retirar a lucidez de entendermos o que é a luta dos trabalhadores pelos seus direitos. Se os funcionários da AE cederem sempre a pressões, naquela que é a empresa modelo do país, o que acontecerá a cada um de vocês que trabalha em micro-empresas onde os trabalhadores nem piam?
A conversa de "se não aceitarem a produção do modelo X vai para a fábrica Y" é mais velha que o obrar de cócoras e é usada desde sempre. Ouvi isso há 12 anos na altura do modelo EOS e depois com o Scirocco. Agora ouvem com o T-roc ou lá como se chama a lata nova.
Em cada negociação lá se trocava trabalho extra por férias ou dias por aumentos congelados e por aí fora. As greves foram sempre evitadas e a produção sempre a crescer com novos modelos. Mas até quando? Até quando se dá asas à imaginação para aceitar mais trabalho sem dinheiro que se veja?
Quem agora chama nomes aos funcionários da AE já trabalhou numa linha de montagem? Já teve duas pausas de 7 minutos por dia para mijar? Já passou 20 anos todo dobrado a fazer os mesmos movimentos? Se acham que é tudo fácil e maravilhoso, porque não vão para lá? Entre 2000 ou 3000 que lá trabalham deve haver espaço para os génios do comentário no FB.
O que é que acham que um operador de linha, um técnico ou um engenheiro ganham na AE? Eu respondo: uma merda. Ganham uma merda. Ganham aquilo que alemão algum aceita na casa mãe, com condições que sindicato nenhum permite no desterro de Wolfsburgo.
O governo português deu incentivos por mais de uma década para a VW ter a fábrica ali. Depois tiveram mais uma década de salários baixos, aumentos miseráveis e down days. Em 4,5 anos a trabalhar ali, o meu salário aumentou 15 eur líquidos. Um operador de linha trazia 800 eur para casa, um técnico um pouco mais, um engenheiro cerca de 1100. Depois criaram uma empresa de trabalho externo (autovision) para reduzirem ainda mais os custos com os contratados e terem menos responsabilidades sociais.
Portanto...se 10 anos volvidos a técnica é a mesma e continuam a querer apertar quem trabalha, eu acho muito bem que não aceitem sábados obrigatórios e muito menos se não forem pagos como trabalho extraordinário.
Se os alemães querem explorar e manter o superávit do país, pois que o façam à custa do seu próprio povo.
É uma questão de defesa da dignidade e do tempo familiar de cada trabalhador. Exactamente os bens mais preciosos no país que criou a marca. Não compreender isto e insultar quem tem a coragem de dizer "não", é não entender o que o domínio económico alemão na europa está a fazer aos países periféricos.
Força camaradas!"
de Tiago Franco

01
Set17

Em defesa de um populismo

António Garrochinho


Deixo o meu artigo no Público de hoje, aproveitando para fazer ligações aos trabalhos aí referidos:

Em 1990, o historiador Eric Hobsbawm assinalava: “o capitalismo e os ricos deixaram, até ver, de estar amedrontados”. Tinha sido em parte o medo do socialismo a alimentar a reforma social e democrática do capitalismo a seguir à Segunda Guerra Mundial. Sem este medo, o capitalismo, de novo sem freios e contrapesos sistémicos, tenderia para um padrão economicamente financeirizado, socialmente oligárquico, ambientalmente insustentável e politicamente esvaziador da democracia.

Mais de um quarto de século depois, é preciso assinalar a presciência desta análise histórica e perguntar: o que é que pode hoje meter medo à elite económica e política dominante, que beneficiou de uma globalização entretanto acelerada também pelas instituições supranacionais, de recorte historicamente imperialista, incluindo a União Europeia? A resposta passa por um populismo que tenha uma declinação eurocéptica nas causticadas periferias europeias.

Parece que já ouço o mantra de uma certa elite euro-liberal dita de esquerda, dominante neste e noutros jornais: perante Trump e Le Pen, valha-nos Merkel e Macron, já que Clinton não nos pôde valer. É a mesma elite intelectual que, tendo abandonado o terreno da economia política, fala de populismo e de nacionalismo, cada um no singular, reduzindo-os a perversos discursos étnicos e culturais, sem razões ou ancoragens materiais.

Na realidade, populismos, tal como nacionalismos, houve, há e haverá sempre muitos, antagónicos nas suas justificações e nas suas consequências. Em contracorrente com uma literatura que confunde análise com amálgama insultuosa, o ensaísta John B. Judis, em A Explosão do Populismo, livro recentemente editado entre nós, começa sensatamente por distinguir entre populismo das direitas, “triádico”, e populismo das esquerdas, “diádico”. O populismo dito triádico, de Trump a Le Pen, alimenta uma clivagem, sobretudo cultural e política, entre povo e elite, sendo que esta última é acusada de proteger um terceiro grupo, minoritário, que serve então de bode expiatório para problemas reais. O populismo diádico, de Bernie Sanders a Jean-Luc Mélenchon, expõe uma clivagem material, bem real, entre povo e elite, resultado de décadas de regras neoliberais que transferem recursos de baixo para cima, decisivamente favorecidas pela globalização.


A força dos populismos é totalmente incompreensível sem as crises recorrentes da globalização em sociedades cada vez mais desiguais e fragmentadas, onde a polarização impõe politicamente uma clivagem entre um “nós” e um “eles”. Como o teórico político Ernesto Laclau nos ensinou, tal clivagem é, em última instância, indissociável de sociedades onde as massas muito dificilmente podem ser arredadas da política, apesar de todos os esforços elitistas. Se atentarmos na análise do economista político Dani Rodrik, o populismo das direitas seria favorecido neste contexto pela saliência política dos fluxos migratórios, enquanto que o das esquerdas seria favorecido pela saliência política dos fluxos comerciais e financeiros internacionais. Fluxos há muitos e desglobalizações potencialmente também.

Diria que o populismo das direitas, como Trump ilustra, não mete grande medo às elites do poder, porque deixa intacto o sistema socioeconómico, canalizando a justificada raiva e angustia populares para os que estão ainda mais em baixo. Para lá de ser um útil contrafogo ao populismo das direitas, a promessa que o populismo das esquerdas encerra para a gente comum é a de colocar o enfoque numa redistribuição modificada por transformações na economia política: o medo deve poder fluir de baixo para cima e os recursos de cima para baixo. Para tal, é necessário limitar a política de fronteiras abertas que alimenta toda a chantagem do capital mais móvel. Sem algum grau de fronteira económica, sem algum controlo político democrático sobre os capitais e sobre os fluxos comerciais ao nível dos Estados, não há responsabilidade política democrática que nos valha; nem segurança da que vale a pena, a social, a que é garantida pela provisão pública de recursos essenciais. A política popular passou sempre pela disputa ideológica da fronteira e da segurança a garantir, como a esquerda que conhece a sua história tem a obrigação de saber.

Entretanto, e isto vale ainda mais para as periferias do que para o centro europeu, o discurso populista das esquerdas não pode cingir-se à redistribuição, já que tem de colocar o problema do desenvolvimento das capacidades socioeconómicas nacionais; ou seja, o populismo tem de ser desenvolvimentista, cuidando neste processo de uma distribuição primária do rendimento mais equilibrada, produto de relações de poder mais favoráveis à grande massa dos trabalhadores É também por isto que o populismo tem de ser civicamente nacionalista e logo eurocéptico. Porque nunca houve, e nunca haverá, desenvolvimento conduzido a partir de fora da comunidade política mais relevante; nunca houve e nunca haverá desenvolvimento sem o controlo nacional de instrumentos de política pública que garantam alguma margem de manobra aos Estados para modificarem as instituições nacionais, tornando-as mais inclusivas.

Já vai sendo tempo de atentar na resiliência do vínculo nacional, tanto mais forte quanto mais pulverizadas são outras identidades, e nos custos em termos de desenvolvimento que se pagam quando o controlo estrangeiro dos recursos passa um certo limiar, em Portugal franqueado desde a passagem do milénio.

É por apostarem na obtenção de ganhos para os de baixo, sem deixarem de denunciar a ingerência externa europeia que hoje os continua a limitar, que as esquerdas anti-liberais mostram, cada uma à sua maneira, a vitalidade de projectos de construção de uma vontade colectiva nacional e popular. O facto de jamais serem elogiadas por estas práticas na generalidade da comunicação social pode ser interpretado como um sinal de que estão no bom caminho. Apesar de todos os esforços intelectuais, partindo das margens para o centro, o espectro populista não se esconjura facilmente. Há boas razões materiais para tal. Em democracia, o medo não pode estar concentrado em baixo por muito tempo.

ladroesdebicicletas.blogspot.pt

01
Set17

Não há Festa como esta

António Garrochinho







É hoje. Pelas seis da tarde abrem-se aos visitantes as portas de mais uma edição da Festa do Avante!. Uma realização -- por muitos reconhecida como a maior iniciativa político-cultural realizada no país -- que marca um momento importante na acção do partido que a edifica, o Partido Comunista Português. Nesse sentido mais literal que o franquear de portas significa enquanto condição de acesso ao aprazível espaço da Atalaia, ampliado desde o ano passado à Quinta do Cabo, se pode falar de entrada. Entrada na dimensão física do termo e não reentrada política, as muito faladas rentrées, que por via daquele toque parisiense do termo lhe dá uma dimensão de modernidade e finura que, assentando sempre bem, muitos preferem usar. Não tendo nada contra o termo, gramaticalmente examinado, a verdade é que no caso presente ele não só não se aplica como parte de pressuposto errado. Em rigor, e no respeito pelo que o vocábulo traduz, o acto de reentrada tem como condição prévia o de saída. Não questionando o direito ao uso do termo ou à identificação de quem quer que seja com o conceito, preferimos não o adoptar. Respeitado o inalienável direito a férias de milhares dos seus membros, a actividade do partido a que pertenço não conheceu intermitência. 

Cá estivemos e muitos nos encontraram na diversificada actividade que neste período mais recente desenvolvemos. Mas sobretudo, prova das provas dessa continuada intervenção, o trabalho de construção da festa pelas mãos de milhares de homens e mulheres, jovens e menos jovens, membros do PCP, simpatizantes ou mesmo outras pessoas que sentem e vivem a festa como sua. Uma construção que faz desta realização obra colectiva, baseada numa acção militante, simultaneamente generosa e convicta, dos que a todo o momento tomam nas suas mãos o que delas depende, sabendo que cada pedaço da sua contribuição individual, do seu tempo e do seu saber faz parte de um caudal mais vasto que é património de todos e parte da luta que travam por um Portugal com futuro. Uma construção que tomam como sua em chão que contribuíram para adquirir.

Bem-vindos pois à festa. Cá nos encontraremos neste espaço aberto a todos. Espaço de convívio e tranquilidade por mais que alguns se esforcem em não querer aceitar. Uma festa simultaneamente tomada como sua pela juventude e pelos milhares de famílias que entrelaçando gerações dela usufruem. Espaço marcado pelo respeito mútuo vivido por muitos, todos bem acolhidos, de diversos posicionamentos políticos, culturas ou credos. Um espaço marcado pela solidariedade humana, pela dimensão internacionalista e pela multiculturalidade que, dos espectáculos ao pavilhão da imigração, marca presença.

Uma festa que é expressão da dimensão cultural associada ao projecto do partido que a promove. Do teatro ao cinema, das artes plásticas (com a 20.ª Bienal de Artes Plásticas) à ciência, do desporto à literatura, da gastronomia ao artesanato, lá se encontrarão os pontos de interesse que preencherão os diferentes gostos dos visitantes da festa. E um programa de espectáculos, mais de duas centenas em múltiplos palcos, capaz de atrair públicos tão diversificados que, do jazz ou da música popular, do fado à música tradicional, lá encontrarão resposta. Ah!, e a não perder, a exemplo de todas as noites do primeiro dia da festa, a força comunicativa e contagiante da música clássica pela Orquestra Sinfonietta de Lisboa e do Coro Lisboa Cantat, sob a direcção dos maestros Vasco Pearce de Azevedo e Jorge Alves.

E também assumidamente um programa político. Presente na atmosfera em que a festa é vivida, na afirmação do projecto, do programa e das soluções para dar resposta aos problemas dos trabalhadores, do povo e do país: na multiplicidade dos debates, nas exposições, na evocação do centenário da revolução socialista de Outubro com a sua actualidade, na afirmação da Coligação Democrática Unitária e no seu percurso de trabalho, honestidade e competência ao serviço das populações, na afirmação da política patriótica e de esquerda de que o país necessita. E naturalmente no acto de abertura e no comício de encerramento.

Aos que se preparem para "aqui del-rei" não há direito de usar este espaço para fazer propaganda apenas se acrescentará que, por mais que isso os incomode, a Festa do Avante! é talvez um dos momentos em que de modo mais evidente se desfazem preconceitos e permitem dar a conhecer o que propõe e move a acção dos comunistas em Portugal. Certo de que todos os outros, a grande imensidão dos que lêem e os que dirigem este jornal, saberão ler neste texto não um manifesto de propaganda mas tão-só a expressão de uma realização associada a uma força com uma intervenção política indissociável da concepção de democracia cultural que assume no seu projecto de sociedade.

Jorge Cordeiro


www,.dn.pt
01
Set17

Café Aliança de Faro é imagem de emissão de selos hoje lançada pelos CTT

António Garrochinho


O Café Aliança, em Faro, é um dos seis que figuram na emissão filatélica “Cafés Históricos”, que relembra alguns dos cafés portugueses mais emblemáticos do País, hoje lançada pelos CTT.
Esta emissão é composta por cinco selos e um bloco representativos de seis cafés, nomeadamente: o Café Aliança, em Faro, o Café A Brasileira, em Braga, a Pastelaria Manuel Natário, em Viana do Castelo, o Café Milenário, em Guimarães, o Café Piolho (Âncora D’Ouro), no Porto, e a Pastelaria Versailles, em Lisboa.
Segundo os CTT, «todos os cafés representados nesta emissão filatélica marcam de vários modos a identidade local e nacional associada à vivência urbana. “Tomar um café” continua a ser um dos mais distintivos hábitos do carácter português. Esta expressão há muito que representa muito mais do que o ato de apreciar esta bebida quente. A frase passou a traduzir um compromisso de uma conversa, de um encontro entre amigos, de um ponto de encontro».
«A era dourada dos cafés em Portugal ficou para trás, num período compreendido entre meados do século XIX e o final da primeira metade do século XX. Nessa época, o café como lugar de convivialidade conhecia uma forte afirmação entre a burguesia urbana. Algo que se viria a confirmar nas décadas seguintes, com a abertura de estabelecimentos cada vez maiores e sofisticados na decoração e no serviço. Um bom exemplo pode ser encontra do na elegante A Brasileira de Braga, aberta em 1907 e incluída nesta série», acrescenta a empresa responsável pela emissão dos selos.
Os cafés mais antigos e carregados de história «não têm só um património material rico, mas também um património imaterial grandioso».
Esta emissão faz parte do 2º grupo de selos da série filatélica “Cafés Históricos”, tendo a primeira sido apresentada em Outubro do ano passado. Os CTT voltam assim a mostrar que «procuram, através da filatelia e de acordo com a sua tradição, divulgar motivos de elevado interesse nacional enaltecendo neste caso a história e arquitetura portuguesas».
Esta emissão é composta por cinco selos com o valor facial de 0,50€ cada e uma tiragem de 125 000 exemplares cada; o bloco com um selo tem o valor de 1,40€ e uma tiragem de 45 000 exemplares. Os selos têm um formato de 30,6 X 40 mm e o bloco de 95X125mm.
As obliterações de primeiro dia serão feitas nas lojas dos Restauradores, em Lisboa, Município, no Porto, Zarco,  no Funchal , Antero de Quental,  em Ponta Delgada, Avenida, em Braga, Loja CTT de Faro, Loja CTT Guimarães e Loja CTT Viana do Castelo.


www.sulinformacao.pt
01
Set17

Agora não dizem nada!

António Garrochinho



" O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos advertiu nesta quinta-feira (31) que nos últimos meses centenas de civis foram mortos na cidade síria de Raqqa, durante bombardeios realizados pela coligação liderada pelos EUA.Entre os casos citados estão os bombardeios de 21 de agosto que atingiram as áreas residenciais de Al-Skhani e Al-Badu, matando 53 civis, incluindo 17 mulheres e 10 crianças."
Os nossos "missionários " dos direitos humanos que tão preocupados estiveram com os bombardeamentos russos não têm nada a dizer agora ? 
"De acordo com a entidade com sede em Genebra, esses ataques aéreos, feitos supostamente para aniquilar o Estado islâmico (EI), que ocupou a localidade do norte da Síria em 2013, aumentaram drasticamente em agosto, chegando a 1.094 ataques, quase o dobro dos registrados em julho (645).
O Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Zeid Ra’ad al-Hussein, declarou que a luta contra o terrorismo não pode ser realizada à custa da vida de pessoas inocentes"


foicebook.blogspot.pt
01
Set17

10 segredos sobre os parques da Disney que quase ninguém sabe

António Garrochinho


Praticamente todas as crianças do mundo já sonharam em visitar os parques da Disney ao menos uma vez em sua vida.


No entanto, todo espetáculo possui bastidores e quem está acostumado a ver as engrenagens por trás dos efeitos sensacionais sabe que toda magia envolve truques e esforços bem maiores do que a maioria das pessoas sequer poderiam imaginar.

Por isso resolvemos trazer 10 segredos desse parque que até o momento eram desconhecidos por você.

Sem mais delongas, assista ao vídeo abaixo, do canal Fatos Insanos:



tudorocha.blogspot.pt

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