Autárquicas
Por MANUEL RUAPor iniciativa da TVI24 realizou-se, esta segunda-feira, à noite, o primeiro debate entre candidatos à Câmara Municipal de Cascais nas próximas eleições Autárquicas de 1 de outubro.
Apesar de serem seis os partidos que validaram as suas candidaturas junto do Tribunal, a TVI apenas convidou três: a CDU, o PS e a coligação PSD/CDS. Ignoramos as razões que levaram à exclusão da participação do BE, do PAN e do Movimento “Também és Cascais”, que igual direito tinham em estar presentes e de se apresentarem publicamente ao eleitorado cascalense.
![]() |
Clemente Alves, da CDU |
Pela CDU, esteve o candidato Clemente Alves, experiente vereador pela Coligação Democrática Unitária, que se provou muito bem informado, seguro de si e firme em disciplinar o comportamento de Carlos Carreiras que, repetidamente, lhe tentou interromper o discurso. Chegou ao ponto em que Clemente Alves teve que se dirigir a ele, olhos nos olhos, para dizer: “senhor Carreias, o senhor aqui é não é o presidente da câmara e não tem poderes para mandar calar os vereadores da oposição … o senhor, aqui, não manda calar ninguém … o senhor aqui é um candidato tal como eu e, portanto, não autorizo a que me interrompa!”.
Esteve bem nas criticas que fez relativamente à rede de mobilidade no Concelho, que considera “a pior da Área Metropolitana de Lisboa”, exemplificando com o caso de uma trabalhadora que mora a 15km do emprego e demora mais de 4 horas por dia no trajecto de ida e volta que tem que efectuar. Referiu, também, as enormes deficiências do sistema de saneamento básico que há anos se arrastam e estão longe de se concluírem, tendo lembrado o recente caso das chuvas da semana passada que inundaram a praia de Carcavelos com águas provenientes de vários esgotos, e promoveram a sua séria poluição. Criticou, ainda, a gigantesca máquina de propaganda eleitoral custeada com dinheiros do erário público, nas festas e romarias que a Câmara promove por todo o concelho, lembrando que, depois, falta o dinheiro para custear a verdadeiras necessidades básicas. Entre muitas das críticas mais graves, lembrou os controversos critérios de aplicação e cobrança de impostos e taxas municipais, insurgiu-se contra o secretismo e a ausência de informações relativamente aos negócios participados pela autarquia, criticando severamente a arbitrariedade e a falta e transparência como são tomadas as decisões na Câmara".
Pelo PS, esteve a ex-ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas, que surpreendeu pela excelente preparação e profundo conhecimento das realidades e das questões que preocupam os habitantes do concelho, tendo ao mesmo tempo revelado uma sensibilidade apurada e alertada para decidir as correcções que se devem implementar.
Uma das suas principais preocupações é a questão da "profunda assimetria que divide o concelho de Cascais em duas realidades dramaticamente diferentes, separadas pela A5".
Prometeu que uma das suas prioridades imediatas seria "corrigir essa situação promovendo o desenvolvimento do interior do conselho com investimento apropriado que vai criar novas e importantes centralidades no interior".
![]() |
Gabriela Canavilhas, do PS |
Criticou severamente a "preocupante falta de transparência" com que Carlos Carreiras tem tratado os negócios da Câmara, nomeadamente os que se relacionam com "investimentos importantes que carecem de formalidades transparentes". Revelou uma enorme competência no conhecimento das questões financeiras associadas à gestão da autarquia nas criticas que fez à gestão de Carlos Carreiras, nomeadamente pelo facto de "Cascais ter um orçamento que revela a carga fiscal mais elevada: 22% de impostos directos, 83% de impostos indirectos e 133% de taxas, multas e outros recebimentos".
Cascais desceu para o lugar 76 no ranking oficial de transparência municipal !!!
Tal como Clemente Alves, Gabriela Canavilhas concorda que Carlos Carreiras "mente descaradamente", e que a realidade virtual que apresenta aos eleitores, assenta num “desenvolvimento de fachada” suportado por uma "gigantesca máquina de propaganda que consome, irremediavelmente, os recursos do município".
Também Gabriel Canavilhas teve que meter o Carreiras na ordem dadas as repetidas interrupções que tentou, a fim de lhe cortar a palavra: "O senhor não me interrompe e vai ouvir-me com respeit0", exigiu a candidata do PS.
Por seu lado, Carlos Carreiras, esteve manifestamente nervoso e inferiorizado.
![]() |
Carlos Carreiras, da coligação PSD/CDS-PP |
Quando Judite de Sousa começou a entrevista e lhe perguntou “o que estava por fazer em Cascais”, o edil fechou-se em evasivas e intenções, mencionando vagamente o seu interesse na saúde, na educação e na segurança, e nos planos que tinha de atender a essas áreas, mas nunca conseguiu mencionar um só investimento já iniciado. Prometeu 5.000 postos de trabalho … mas não disse como os acondicionaria. Falou num programa de mobilidade mas não deu elementos que confirmassem os seus resultados … Tentou confrontar Gabriela Canavilhas sobre a acusação da falta de transparência no Município e calou logo que a Candidata Socialista começou a enumerar os casos mais prementes.
Interrogações
1
![]() |
Judite de Sousa, que moderou o debate |
A disposição dos candidatos em estúdio: Porque razão estava Carlos Carreiras sentado numa mesa sozinho e noutra mesa sentaram Gabriela Canavilhas e Clemente Alves?
. Que diferença havia entre candidatos que concorrem exactamente ao mesmo cargo autárquico, para justificar esta distinção?
Porque é que a palavra foi dada a Carlos Carreiras logo de início … e lhe foi concedida, também, a última intervenção?
Porque é que Judite de Sousa terminou o debate de repente não dando a palavra a Clemente Alves que tinha utilizado menos tempo que os outros?
Porque é que o debate teve mais intervenções de Carlos Carreiras do que qualquer dos outros candidatos?
Porque é que Judite de Sousa nunca mandou calar Carlos Carreiras sempre que este, em sucessivas e frequentes manifestações de falta de educação, interrompia e falava em cima do discurso dos outros candidatos?
Ou será que à Judite de Sousa não lhe apeteceu cumprir o código deontológico?