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orouxinoldaresistencia

POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

orouxinoldaresistencia

26
Out17

O CAPITAL ESTÁ CONVOSCO

António Garrochinho

ESTE NEO LIBERALISMO, O MODERNO FASCISMO DE LUVAS DE SEDA PARIU BUROCRATAS DE OURO E DE PRATA COM CRUCIFIXOS CATÓLICOS E ESTRELAS DE DAVID ADORNADOS DE CONTAS BANCÁRIAS EM OFFSHORES POR TODO O MUNDO.

TODOS OS DIAS SE REZAM MISSAS ONDE OS PADRECOS, OS BISPOS E O PADRECO MOR FALAM NOS POBREZINHOS DO PAÍS MAS A SUA FÉ ESTÁ COM OS SALGADOS, COM OS BELMIROS E TODOS OS BOYS QUE MAMAM NA TETA PÚBLICA.

AG
26
Out17

NOTA DO GABINETE DE IMPRENSA DOS DEPUTADOS DO PCP AO PE - Sobre a atribuição do Prémio Sakharov

António Garrochinho


Sobre a atribuição pelo Parlamento Europeu do prémio Sakharov à denominada “oposição democrática na Venezuela”, os deputados do PCP no Parlamento Europeu consideram que:
- esta atribuição inscreve-se na longa lista de actos de ingerência contra a República Bolivariana da Venezuela e o povo venezuelano, sendo um gesto tanto mais grave quando procura enaltecer pessoas que foram responsáveis pela promoção de crimes e brutais actos de violência e acção terrorista de que resultaram dezenas de vítimas entre o povo venezuelano.
A melhor resposta a esta inaceitável intromissão da maioria do Parlamento Europeu deu-a o povo venezuelano na eleição da Assembleia Nacional Constituinte e nas recentes eleições regionais que se realizaram na Venezuela, rejeitando a violência golpista dos grupos terroristas, a acção de boicote económico e as ameaças levadas a cabo pela Administração norte-americana.
Os deputados do PCP no Parlamento Europeu, solidários com o povo venezuelano e tendo presente o bem estar da comunidade portuguesa residente na Venezuela, reafirmam que a defesa dos interesses desta passa pela clara rejeição das acções desestabilizadoras, terroristas e golpistas, incluindo as posturas que as promovem, como a que foi agora protagonizada pela maioria do Parlamento Europeu.


www.pcp.pt
26
Out17

10 imagens impressionantes da Primeira Guerra Mundial

António Garrochinho


Muitas vezes, guerras são lembradas como atos gloriosos, patrióticos, movidos por motivos belos como a liberdade. As 10 fotos abaixo discordam. Elas representam a verdadeira imagem da guerra, que é de tragédia e derramamento de sangue. Confira:

10. Cratera da Batalha de Messines

Westfront
Esta fotografia foi feita durante a Batalha de Messines, que ocorreu em Flandres, na França, no início de junho de 1917. A batalha durou uma semana, com mais de 25.000 mortos confirmados e 10.000 desaparecidos. A cratera colossal foi criada no primeiro dia da batalha pelo Segundo Exército Britânico, que detonou 19 minas em 19 segundos, além de usar artilharia pesada. Cinco outras minas permaneceram sem detonar, e uma sexta foi detonada durante uma tempestade em 1955. Mais de 10.000 soldados alemães morreram na explosão, que se diz ter sido ouvida de Londres a Dublin. O ataque foi a maior explosão planejada da história militar na época, e criou um território muito perigoso mesmo para os britânicos – a superlotação na borda do grande buraco resultou na morte de cerca de 7.000 de seus soldados. Muitas das crateras criadas durante a Batalha de Messines ainda podem ser vistas em fazendas francesas, e algumas foram transformadas em piscinas.

9. A loja de próteses para soldados

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21 milhões de homens ficaram feridos durante a Primeira Guerra Mundial, e muitos voltaram com lesões faciais incapacitantes. Embora a cirurgia plástica estivesse avançando mais rápido do que nunca na época, muitos soldados passaram a usar rostos protéticos para esconder as cicatrizes que não puderam ser removidas. Depois de trabalhar com soldados feridos na Cruz Vermelha, Anna Coleman Ladd, nascida em Boston (EUA), montou uma loja em Paris, que se tornou incrivelmente popular. Ela vendia próteses feitas à mão a partir de cobre e aplicadas ao rosto do paciente de maneira que se misturassem com a pele tão perfeitamente quanto possível. Anna produziu mais de 220 máscaras protéticas até 1918. O espaço da loja era o mais alegre possível para combater o trauma que os pacientes já haviam passado na guerra, com um jardim coberto de hera e decorado com estátuas, quartos cheios de flores e bandeiras por todos os lados. Os soldados recebiam chocolates, vinho e dominó para passar o tempo enquanto estavam na loja. Anna estabeleceu padrões revolucionários de cuidados para os feridos, diferente de tudo que eles já tinham visto antes.

8. Tenente Norman Eric Wallace

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Tenente Norman Eric Wallace era um observador canadense durante a Primeira Guerra Mundial. Alistou-se em 1915, e foi imediatamente enviado para a Europa. Dois anos depois, o avião de Wallace caiu, e ele sofreu ferimentos faciais terríveis devido a queimaduras. A cirurgia plástica feita para reconstruir o rosto de Wallace foi revolucionária para a época. Enxertos de pele retirados de suas nádegas foram usados para reparar cicatrizes, e pele do seu pescoço e queixo foi deslocada para cobri-las. Os médicos também usaram pele de seu ombro para cobrir suas bochechas e lábio superior. Ainda assim, Wallace usou um rosto protético. Apesar de todos os problemas que passou, o soldado se apaixonou durante sua permanência no hospital e se casou em 1920. Tragicamente, sua esposa morreu de câncer apenas alguns dias antes de seu primeiro aniversário de casamento. Wallace continuou sua carreira militar e acabou promovido a major. Ele viveu até o final de 1974, quando sucumbiu ao câncer de pulmão. Passou a maior parte de sua vida sozinho em hotéis e chalés em Llangammarch Wells, uma aldeia isolada no País de Gales, onde era muito querido pelos moradores.

7. Destruição da Batalha de Verdun

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A Batalha de Verdun, que ocorreu perto da cidade de mesmo nome, durou pouco menos de 11 meses. A imagem mostra o efeito do bombardeio militar na cidade, que foi abandonada. A destruição foi causada por táticas questionáveis de guerra usadas por ambos os lados, com a intenção de acabar com o maior número de recursos e matar tantas pessoas quanto possível, para desgastar o inimigo. Estima-se que mais de um milhão de homens morreram durante a Batalha de Verdun, mas esta imagem mostra claramente o efeito que ela teve sobre as vidas dos civis apanhados no conflito. O ataque representou um golpe duro para os franceses, já que Verdun tinha sido um próspero centro comercial de importância histórica para eles.

6. Munição de um dia de guerra

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A forma de luta utilizada na Grande Guerra nunca tinha sido vista em uma escala tão grande. Um exemplo é a Batalha de Verdun, mencionada acima. Apenas no primeiro dia da batalha, forças alemãs usaram 1.200 armas de artilharia, 2,5 milhões projéteis, e 1.300 trens de munição para atacar seus inimigos. O fornecimento diário de todo esse aparato pesava até 25.000 toneladas. No geral, 14 milhões de projéteis foram disparados em toda a batalha. A imagem mostra uma pilha de cápsulas, os invólucros dos projéteis, utilizados durante o curso de um único dia na guerra. Isso ilustra quantos homens foram mortos e feridos durante o conflito. Uma das razões para tantas baixas foi o uso da técnica de barragem, tática idealizada por Sir Henry Horne pela primeira vez na Batalha de Somme, em 1916. Esta estratégia envolvia disparar fogo lentamente em frente ao avanço das tropas. Era uma tática perigosa, porque se o disparo ocorresse em um momento errado, poderia facilmente matar os próprios soldados em vez do inimigo.

5. Renas usadas pela Rússia

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Em 1914, a Rússia era uma força aliada, que ajudava os britânicos a combater a Alemanha. Esta fotografia de um soldado britânico puxando um trenó de abastecimento com uma rena ilustra como, apesar de avanços maciços em tecnologia, muitas das táticas usadas na Primeira Guerra Mundial ainda eram arcaicas e, provavelmente, resultaram em mais mortes do que impediram. A Rússia não foi o único país que usou métodos ultrapassados; mesmo os revolucionários industriais britânicos usaram por um bom tempo cavalos, que não ajudavam em nada contra as metralhadoras da Alemanha. Pelo contrário, só aumentavam o número de mortos, em todas as espécies. A aparição da cavalaria dos britânicos foi durante a Batalha do Somme, em 1916, dois anos após a guerra começar. A introdução do tanque no final daquele ano finalmente acabou com a exploração dos pobres animais.

4. As chocantes imagens de Walter Kleinfeldt

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Esta imagem é uma das fotografias mais marcantes da Primeira Guerra. Ela foi feita com uma câmera Contessa por Walter Kleinfeldt, na época com 16 anos, que havia se juntado à guerra um ano antes. Quando voltou para a Alemanha, Walter abriu uma loja para exibir suas fotos, mas esta, tirada durante a Batalha do Somme, não foi descoberta até quase 100 anos mais tarde, pelo filho do fotógrafo. O contraste entre o soldado morto e o crucifixo é impressionante. Em um documentário da BBC sobre a coleção a partir da qual a imagem vem, o filho de Walter argumenta que a fotografia é “uma acusação contra a guerra”. Outras fotos de Walter incluem uma de corpos espalhados e uma de um médico alemão consolando um soldado em seus últimos momentos. Kleinfeldt também captou o cotidiano dos soldados quando eles estavam longe do campo de batalha, se lavando em rios ou vagando ao redor de cidades alemãs.

3. O mundial em Guerra Mundial

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Embora pareça óbvio, o fato de que o conflito foi uma verdadeira guerra a nível mundial é muitas vezes pouco lembrado. Esta fotografia impressionante feita por Albert Kahn, um banqueiro milionário que passou o início do século 20 capturando as culturas dos países em todo o mundo em notáveis imagens a cores para o seu livro “Os Arquivos do Planeta”, mostra um grupo de franceses da Cavalaria Colonial Francesa, do Quarto Regimento de Sipahis, provavelmente proveniente de Marrocos. O uso de tropas coloniais era particularmente forte na França, provavelmente devido à sua pequena população. No momento em que a guerra começou, a Europa tinha conquistado terras na maioria do resto do mundo. A Índia ofereceu o maior número de homens – 1,5 milhão de soldados – para a guerra, enquanto Nova Zelândia, Canadá, África do Sul e Austrália contribuíram com mais milhões para os militares britânicos. Os franceses contavam com o apoio dos africanos ocidentais, da Indochina e dos malgaxes. O resultado foi uma guerra que tocou mais cantos do mundo do que qualquer outra antes.

2. Campanha de Galípoli

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Esta fotografia comovente mostra um soldado australiano carregando um companheiro ferido em Suvla Bay, na tentativa de levá-lo a um médico. A Campanha de Galípoli foi uma das primeiras grandes perdas para o exército australiano. O principal objetivo da campanha era capturar Constantinopla do Império Otomano, mas falhou. É estimado que quase meio milhão de homens morreram na empreitada. A brutalidade da batalha é retratada em uma das músicas mais famosas da Austrália, “And the Band Played Waltzing Matilda”, de Eric Bogle. O significado da campanha para a história australiana é talvez melhor resumido pelo primeiro-ministro na época, William Hughes, que disse que o país “nasceu nas margens de Galípoli”. Ainda hoje, apesar do fato de que os australianos sofreram perdas piores na frente ocidental em um espaço de sete semanas do que fizeram ao longo de oito meses em Galípoli, a batalha ainda é lembrada com muito mais entusiasmo do que qualquer outra da Primeira Guerra Mundial no país.

1. Pirâmides da vitória (e da morte)

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A pirâmide nesta foto é uma de duas surpreendentes estruturas construídas em Nova York, nos EUA, elevando-se sobre ambas as extremidades do “Caminho da Vitória”, perto da Grand Central Station, em 1918. Cada pirâmide, composta de 12.000 capacetes alemães, representava milhares de soldados capturados ou mortos, bem como a derrota do inimigo. Supostamente, os capacetes seriam dados para aqueles que investiram na guerra, mas seu paradeiro hoje é desconhecido. Embora guardar “souvenirs” de batalhas possa parecer bizarro ou até mesmo errado para nós hoje, o ato era comum durante o século 20. Por exemplo, um australiano trouxe para casa a cabeça mumificada de um soldado turco que tinha matado em Galípoli. 


hypescience.com
26
Out17

Apedrejem-me... mas só depois de lerem o post até ao fim

António Garrochinho






Quando ouvi a notícia de uma actriz que se queixava de ter sido assediada sexualmente por Bush pai, pensei que a cena se tivesse passado na sala oval, durante a presidência do ambientalista céptico.
Qual não foi a minha surpresa quando soube que o ( presumível) apalpão do rabo aconteceu em 2013. Ou seja, quando Bush pai tinha 89 anos e já estava preso a uma cadeira de rodas.
Tenho um profundo desprezo por predadores sexuais mas, ao ver uma actriz queixar-se de ter sido assediada sexualmente por um velho com Parkinson , quatro anos depois da ocorrência, só me vem à cabeça uma palavra: OPORTUNISMO!
Há uma histeria generalizada nos EUA - que começa a estender-se à Europa- em relação ao assédio sexual. Não me refiro à idiotice de criminalizar o piropo. Estou a pensar em coisas mais corriqueiras como, no fim de um jantar, pegar afectuosamente na mão da companheira de ocasião e perguntar-lhe:
Vamos até lá casa tomar um copo?
Palpita-me que, pelos padrões vigentes, o assédio sexual seja um crime cometido por  ( pelo menos) 90% dos homens heterossexuais.
Parece-me muito civilizado combater o assédio sexual no local de trabalho e em situações dominantes mas, estender o conceito às relações quotidianas entre homens e mulheres, entra no domínio da histeria feminista. Uma versão queima de soutiens do século XXI.
Ao longo da vida fui alvo de assédio sexual e nunca me queixei. Excepto quando isso aconteceu numa relação laboral, episódio que já vos contei.
Eu não quero viver num mundo onde as mulheres sejam consideradas objectos sexuais e estejam sujeitas aos ímpetos animalescos do macho mas viver num mundo liofilizado, onde as relações entre homens e mulheres sejam pautadas por códigos, é igualmente desagradável.
Qualquer dia, por absurdo, chegaremos ao ponto em que as relações entre homem e  mulher serão reguladas por um código de conduta de tal forma hermético, que elimine a líbido e o próprio prazer sexual.
Como costuma dizer uma amiga, só as mulheres feias ou sem auto estima não gostam de ser assediadas. (Creio que o mesmo se passa com os homens, mas adiante...)
O problema - acrescentarei eu a partir de agora- é que algumas, apesar de gostarem, querem lucrar com isso, fazendo-se passar por vítimas anos depois de os factos terem ocorrido. Pior ainda, nenhuma mulher reconhece que propiciou essas condições para tentar obter vantagens profissionais ou monetárias. Quem me vier dizer que essas situações são excepcionais ou é ingénuo, ou anda de olhos vendados. Pessoalmente, poderia contar mais de uma dezena de casos em que percebi que a aproximação feminina tinha objectivos meramente "promocionais".
Por isso sugiro a Heather Lind - actriz que certamente por ignorância minha desconhecia- e a todas as mulheres (alegadamente) que tenham algum tento na língua antes de se proclamarem vítimas de assédio sexual. Façam-no na hora e não décadas depois.  E, sobretudo, não criem condições favoráveis à ocorrência de situações de assédio sexual. Como ontem sugeria George Clooney, o primeiro passo podia ser recusarem-se a ir a entrevistas em suites de hotel...
O segundo ( na minha modesta opinião) era preocuparem-se mais com as mulheres que vivem em países  onde a violação é tolerada ( ou mesmo incentivada) ou são tratadas como  escravas e objectos. Nem sempre apenas sexuais.

cronicasdorochedo.blogspot.pt
26
Out17

MEMÓRIAS - A PESCA DA BALEIA NO ALGARVE

António Garrochinho


 



A pesca da baleia no litoral algarvio foi, a par da pesca do coral, uma das primeiras a serem desactivadas, pertencendo por isso, e de há longa data, às chamadas “pescarias históricas”. Contudo, temos hoje plena certeza de que a sua efectividade nos mares do Algarve ascende a tempos muito remotos. 
Cerro da Vila, povoação piscatória romana, em Vilamoura
















Desde as colonizações fenícias, cartaginesas, grega, romana e árabe que existem provas arqueológicas, e até descrições narrativas, duma intensa actividade na captura de cetáceos para lá das portas de Hercules, ou seja, nas costas do Algarve-Andaluz. A sua importância económica foi, certamente, relevante. Por isso, a captura daquele cetáceo constitui um exemplo a reter na análise dos forais de Silves, Tavira, Faro e Loulé, visto que os citados monarcas reservavam para si os direitos da baleação.[1] Isto prova que a pesca da baleia continuava a processar-se com regularidade e, por certo, de forma bastante rendível, pois de contrário não teria sido alvo dos interesses da Coroa. Esta constatação serve também para evidenciar que, após a conquista do Algarve e a unificação do território nacional, continuou a incentivar-se a navegação de altura, cujo alcance se estendia pelo sudoeste atlântico, visto serem estes os domínios naturais da pesca da baleia.
Mas se aqueles forais dizem respeito às principais urbes do Algarve, poderia deduzir-se que este tipo de pesca se confinava aos centros mais populosos e habitados pelos antigos mareantes árabes, cuja experiência de alto mar justificaria o elevado rendimento do sector. Todavia, parece não ser assim. Os algarvios, do ponto de vista antropológico, são fruto da miscigenação de várias raças e culturas indo-europeias, que ao longo dos séculos se cruzaram na grande estrada mediterrâneo-atlântica. O seu legado foi muito vasto e a herança tecnológica ficou patente no aproveitamento dos recursos hidrológicos e na agricultura, na mineração e na metalurgia, nas indústrias da olaria e da cerâmica, na olivicultura, nos linifícios, nas cordoarias e espartos, na tecelagem e tinturaria, na vinicultura e alcoólase, nas artes decorativas, na música, na poesia, na arquitectura e em todas as circunstâncias dependentes do génio inventivo. Desta mesclagem genética resultou o espírito e o carácter do povo algarvio, inclinado para o desfrute e sabor da vida.
Não obstante a sua herança antropológica, o Algarve é essencialmente uma região marítima, com uma importância geo-estratégica incontornável. A sua configuração geográfica tornou-o, desde tempos imemoriais, num amplo cais de acostagem. Os algarvios são homens modelados pelo mar, pois que até nas pequenas povoações costeiras se desenvolveu desde sempre uma intensa actividade piscatória. E a baleia seria um dos seus alvos preferências. Repare-se nos forais de Castro Marim (tanto o de 1277 como o de 1282), 
Foral de Aljezur, pergaminho original














Aljezur (1280), Cacela (1283) e Porches (1286), todos eles relativos a pequenos concelhos do litoral, nos quais os “direitos da baleação” se continuavam a reservar para o monarca.[2] E não cremos que D. Dinis, ao exarar esta cláusula nos citados forais, estivesse apenas a copiar uma determinação dos antigos diplomas de seu pai outorgados por volta de 1266, pois que, duas décadas decorridas, deve ter sido informado de que a pesca da baleia constituía uma actividade comum a todo o litoral algarvio. Nesta experiência da faina de alto mar consubstanciavam-se algumas das razões que explicam a presença do Algarve no contexto dos Descobrimentos.[3]
Muito embora a pesca da baleia fosse, em número de capturas, progressivamente diminuindo ao longo dos anos, registaram-se, contudo, algumas tentativas régias para a sua protecção e incremento económico. Insere-se, neste caso, o diploma de D. Afonso IV, datado de 28-9-1340, através do qual se arrendaram ao mercador Afonso Domingues todas as baleações do reino pelo espaço de seis anos. Durante este período a coroa forneceria àquele rendeiro 60 moios de trigo de Beja ou de Serpa e 64 alqueires das salinas de Faro, que se destinavam à conserva da baleia, ficando as famílias dos pescadores sob a protecção real.[4] Suponho que terá sido este o primeiro arrendamento da baleação do reino.
No Algarve os baleeiros mantinham-se em laboração durante todo o ano e apenas sujeitos aos respectivos tributos foraleiros. A importância desta pesca no comércio algarvio do século XV deve ter sido bastante significativa, nomeadamente nos anos de escassez de trigo, pois da sua permuta por carne e óleo de baleia dependia a sustentabilidade de muitas comunidades piscatórias:
 «No reinado do Senhor D. Afonso IV, era hum objecto mui attendivel da nossa industria nacional a Pescaria da Balêa feita nas costas do Algarve, porque de huma Carta de desaggravo daquelle soberano dirigida ao concelho de Tavira no 1.º de Setembro de 1352 consta que em Porto Novo morrião Balêas, e que vinhão almocreves carregallas para fóra a troco de trigo».[5]
Esta situação – permutação de pescado por trigo – vai repetir-se constantemente, sendo, por isso, um exemplo de economia de mercado, visto que os excedentes produtivos do Algarve, pelo seu valor e procura, eram transaccionados por mercadorias de primeira necessidade. Por outro lado, também se demonstra que a produção cerealífera no Algarve era, e foi sempre, deficitária.
Por conseguinte, as pescarias algarvias contribuíam para o crescimento das transacções comerciais e para o abastecimento do seu mercado interno, com especial acuidade nas épocas de crise agrícola.
Selo pendente do Rei D. Dinis
A intensidade do movimento comercial marítimo nos portos algarvios era de tal forma cobiçada pelo corso marroquino que tanto D. Dinis como D. Afonso IV proveram a vigilância destas águas com:
 «huma Esquadra de guarda-costa de três Galés e cinco navios grandes para protecção do Commercio maritimo, que era então grande, principalmente em pescarias, tanto das Provincias do Norte de Portugal, como do Algarve, das quaes se provia o Reino todo, e se exportavão grandes quantidades deste genero para os Paizes estrangeiros, dentro e fóra do Mediterrâneo».[6]
Entre as pescarias, que sustentavam o comércio internacional e os interesses dos empresários estrangeiros, integrava-se a da baleia, embora se notasse já uma sensível decadência no índice das capturas.
Como reflexo do desenvolvimento das pescarias, e sobretudo do comércio externo, era franco e notório, pelo menos desde o século XIV, que o porto de Tavira se distinguia claramente dos restantes:
 «admitia navios de alto bordo, o seu comércio era florescente e avantajado e só para ele havia mais de setenta navios de alto bordo, propriedade de seus habitantes, e que navegavam para diversos portos, além de um crescido número de embarcações costeiras e de pesca».[7]
Gravura de 1577 representando a pesca da baleia





Certamente, muitos desses navios de “alto bordo” caçavam a baleia de parceria com os de Lagos, que na época eram os principais centros da navegação do alto. Na verdade, «onde se fazia a maior baleação era na praia da Senhora da Luz, perto de Lagos, e Porto Novo, pouco distante de Tavira, a qual sustentava 70 barcos, além de muitas embarcações de alto bordo».[8]
Deveria ser intensa a procura deste cetáceo nas águas algarvias, especialmente na costa de Lagos, a cujos baleeiros se concederam certos privilégios em reconhecimento da importância económica dessas pescarias. Demonstra-o a carta de confirmação de D. Pedro I, datada de 29-3-1359, sobre os antigos privilégios dos “maiorais da baleação”, cujos pormenores não discrimina e, por isso, os desconhecemos. [9]
A pesca da baleia prolongou-se pelo reinado de D. Fernando e exercia-se tanto na costa do Algarve como nas do Alentejo e Estremadura.[10] Data dessa época uma carta Regia, de 20-11-1367, na qual aquele monarca ordena:
 «os almoxarifes de Lagos e Tavira dessem ao Bispo e Cabido da Sé de Silves, a cada um, uma carga de besta cavalar – dez arrobas – metade gorda e metade magra, por cada baleia ou cavalasso que morresse nas costas do Algarve por conhecença, como já seu pai e avô tinham feito».[11]
Gravura antiga de Cachalote, espécie muito comum
 nas águas dos Açores
O último testemunho comprovativo da permanência no Algarve da pesca da baleia, ainda que de forma esporádica, remonta ao reinado de D. João I, que, a 15-5-1386, deu ao seu anadel-mor dos besteiros, Estevão Vasques Filipe, as rendas e direitos da baleação de Lagos, acrescentadas das dízimas das mercadorias estrangeiras alfandegadas naquela vila.[12]
Deste breve apontamento se pode concluir que até ao final do reinado do Mestre de Avis os baleeiros lacobrigenses mantiveram-se ainda activos nas perseguições daquele cetáceo. As notícias que temos sobre este tipo de pescaria – exercida desde longa data no Algarve – não ultrapassam o século XIV, sendo de presumir que por essa altura as baleias se tenham afastado desta costa, pelo menos no número e intensidade de outrora, desactivando-se a partir daquela centúria a sua captura.

algarvehistoriacultura.blogspot.pt


[1] Vide Alberto Iria, Descobrimentos Portugueses, 2 volumes, Lisboa, Instituto de Alta Cultura, 1956, Vol. II, Tomo I, p. 209.
[2] Idem, Idem, vol. II, Tomo I, p. 210.
[3] Cf. Idem, «A Tradição Marítima no Algarve anterior às navegações do século XV e depois ao serviço do Infante D. Henrique», in Las Ciencias, Madrid, Ano XI, n.º 3, p. 599 e ss.
[4] Idem, O Algarve e os Descobrimentos, vol. II, tomo I, pp. 214-215; Vide João Martins da Silva Marques, Descobrimentos Portugueses, vol. I, doc. 63, p. 64.
[5] Constantino Botelho de Lacerda Lobo, «Memoria sobre as Pescarias em Portugal», in Jornal de Coimbra, Lisboa, 1812, p. 82.
[6] Inácio da Costa Quintela, Annaes da Marinha Portugueza, tomo I, Lisboa, 1839, pp. 21-22.
[7] Damião Augusto de Brito Vasconcelos, Noticias Históricas de Tavira (1242-1840), Lisboa, Liv. Lusitana, 1937, p. 121.
[8] Idem, Idem, p. 139.
[9] ANTT, Chancelaria de D. Pedro I, Liv. 1.º, fl. 35 v.º; apud João Martins da Silva Marques, op. cit., vol. I, doc. 92, p. 110.
[10] Cf. Constantino Botelho de Lacerda Lobo, op. cit., p. 82.
[11] Damião A. B. Vasconcelos, op. cit., p. 139; Vide Alberto Iria, op. cit., vol. II, tomo I, p. 218.
[12] ANTT, Chancelaria de D. João I, Livro 2.º, fl. 27 v.º; vide J. M. Silva Marques, op. cit., Suplemento ao vol. I, doc. 49, p. 68.
26
Out17

Os 10 melhores zoos do mundo

António Garrochinho
Um grande zoológico trata os animais como residentes em vez de prisioneiros. Os suprimentos ideais para condições de vida dos animais, para fazer do cativeiro tão próximo ao habitat natural possível.
Um bom zoológico também executa um programa de conservação para tentar criar animais que lutam para sobreviver na selva. A diversidade de animais mantida pelo zoológico é outro elemento chave para seu sucesso. Nesta seleção estão em destaque os 10 melhores zoológicos do mundo. 

10°

Zoológico Melbourne – Austrália

Melbourne Zoo entre os melhores zoologicos do mundo
É o mais antigo zoológico na Austrália. Aberto em 1862, o parque possui atualmente mais de 320 espécies, as espécies nativas australianas e outros animais de todo o mundo. A exposição australiana inclui coalas, cangurus, entre outros.

Zoológico de Basel – Suíça

Zoo Basel entre os melhores zoologicos do mundo
Basel é um zoológico sem fins lucrativos, localizado no centro de Basel. E abriga cerca de 600 espécies diferentes, a incluir algumas espécies que não podem ser encontradas em qualquer outro zoológico do mundo. O programa de reprodução de espécies ameaçadas deste zoológico é conhecido no mundo como um dos programas de maior sucesso.
 

Zoológico de San Diego – Estados Unidos

San Diego Zoo entre os melhores zoologicos do mundo
Com o Zoológico de San Diego e San Diego SeaWorld, visitantes da cidade de San Diego podem ver grande quantidade de exposições da vida selvagem. O zoológico possui mais de 650 espécies e subespécies.
E foi primeiro a exibir os animais de uma forma menos presa usando obstáculos escondidos como fossos, recriando ao máximo os habitats naturais. O zoológico também possui um instituto de conservação e pesquisa.

Zoológico de Singapura – Singapura

Singapore Zoo entre os melhores zoologicos do mundo
Singapura é uma ilha pequena e densa, porém apresenta um parque urbano, um jardim botânico e um zoológico de muito orgulho. O zoológico abriu em 1973 e tem mais de 300 espécies, muitas das quais são espécies ameaçadas de extinção.
Este zoológico é considerado um dos melhores, principalmente por causa da maneira que os animais são mantidos e exibidos. Ao invés de assistir os animais através de gaiolas barradas, as barreiras entre os visitantes e os animais são tão visíveis quanto possíveis, usando trincheiras por exemplo.

Zoológico de Filadélfia – Estados Unidos

Philadelphia Zoo entre os melhores zoologicos do mundo
O zoológico de Filadélfia foi o primeiro público nos Estados Unidos. E o mesmo inclui uma das mais exclusivas espécie de primata do mundo, inclusive 10 espécies diferentes de primatas raros. O zoológico também foi amplamente elogiado por seu programa de sucesso de reprodução das raças raras.

Zoológico de Pequim – China

Beijing Zoo entre os melhores zoologicos do mundo
O zoológico de Pequim é espalhado por uma área enorme e possui uma coleção de 950 espécies. É também o lugar perfeito para ver uma grande quantidade de animais chineses raros que é improvável de observar em qualquer outro lugar do mundo.
A variedade de animais chineses inclui pandas gigantes, jacarés chineses, tigres do sul da China e salamandras grandes chinesas. O esboço do zoológico e estilo arquitetônico único que inclui belos jardins, piscinas de lótus e pavilhões chineses autênticos são também interessantes para ver.
 

Zoológico de Wellington – Nova Zelândia

Wellington Zoo entre os melhores zoologicos do mundo
Inaugurado em 1906, o zoológico é dedicado para preservar os animais nativos do país, como famoso pássaro nacional criticamente ameaçado, o Kiwi, bem como os animais da região mais ampla Ásia-Pacífico.
O zoológico tem sido muito prolífico no movimento “Liberte os Ursos”, que visa proteger os ursos do Sudeste da Ásia. O zoológico freqüentemente ganha elogios por seu uso de tecnologias verdes e recursos sustentáveis no manejo de animais.

Zoológico de Londres – Inglaterra

london zoo entre os melhores zoologicos do mundo
O zoológico de Londres foi aberto em 1828, é um dos mais antigos do mundo. E possui uma coleção de mais de 800 espécies. Seus animais são todos alojados em estado de cercos de arte.
E muitas das características vitorianas originais são ainda em exposição no parque, dando uma atmosfera britânica real. Algumas das áreas mais queridas do zoológico são o Aquário que abriu em 1853 e Reptile House que abriu em 1927.

Zoológico de Bronx – Nova York, Estados Unidos

bronx zoo entre os melhores zoologicos do mundo
O zoológico de Bronx é um dos maiores do mundo, atualmente abrigando em torno de 6.000 animais de 650 espécies diferentes. E desde a abertura 1899, foi amplamente elogiado pelos seus programas de educação pública da vida selvagem e suas tentativas de conservação da vida selvagem.

Zoológico de Berlim – Alemanha

berlin zoo entre os melhores zoologicos do mundo
O zoológico de Berlim e seu aquário associado abrigam mais de 17.000 animais individuais. Embora o zoológico tenha sido originalmente criado da coleção animal pessoal do Rei William IV da Prússia, a maioria da população animal foi destruída durante a Segunda Guerra Mundial.
A coleção animal atual foi criada através de um punhado de sobreviventes originais, animais que foram dados como presentes através de gestos diplomáticos e animais que o zoológico produziu como parte dos esforços de conservação. O zoológico é muitas vezes referido como uma das atrações principais de Berlim.


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26
Out17

A PERGUNTA

António Garrochinho

COMO É QUE OS JOVENS CHEIOS DE FORÇA FÍSICA, OS ALTAMENTE QUALIFICADOS, OS INTELIGENTES, OS QUE PRATICAM OS DESPORTOS MAIS RADICAIS, OS HERÓIS DA PORRADA NAS RUAS DOS BARES OS QUE PRATICAM TODO O TIPO DE LUTAS E ENCHEM GINÁSIOS GANHANDO MÚSCULOS SE DEIXARAM CAIR NOS BRAÇOS DOS COVARDES DOS MEDROSOS DOS TRAVESTIS POLÍTICOS QUE OS MANIETAM E DOBRAM A SEU BELO PRAZER ?

COMO FOI ?

HOJE SÓ QUASE OS MAIS VELHOS SE INSURGEM, SÓ OS MAIS VELHOS DESOBEDECEM E DÃO A CARA POR UM PAÍS QUE É DE TODOS E NÃO DE ALGUNS.

QUE ME DESCULPEM OS JOVENS QUE AINDA SÃO FORTES FISICA E MENTALMENTE.

António Garrochinho
26
Out17

Carlos Carvalhas critica "descaramento" do CDS com moção de censura (som audio)

António Garrochinho


No comentário semanal na TSF, o antigo secretário-geral do PCP defende que, no caso dos incêndios, "houve responsabilidade direta de quem esteve com as manetes na mão".

Carlos Carvalhas critica o CDS-PP por apresentar uma moção de censura ao governo. Para o antigo secretário-geral do PCP, "há algum descaramento daqueles que tiveram responsabilidade na pasta da Agricultura e que durante todo esse tempo não fizeram nenhuma operação de limpeza do pinhal de Leiria, que na gestão do património da floresta do Estado e das áreas protegidas fizeram cortes brutais".
Carlos Carvalhas lembra que, "entre 2011 e 2015, o orçamento para estas áreas protegidas e património florestal caiu 25%; passou de 82 milhões para 61" e também as equipas de sapadores florestais diminuíram.
O antigo secretário-geral do PCP defende que "houve responsabilidade direta de quem esteve com as manetes na mão". Para Carlos Carvalhas, "é o chamado fazer o mal e depois a caramunha".

SOM AUDIO





Ouça A Opinião de Carlos Carvalhas na TSF.
Todas as terças-feiras, depois das 9:00, Carlos Carvalhas comenta os assuntos económicos da atualidade.

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26
Out17

PEDRO TAL PEDRO OU PEDRO TAL MARCELO

António Garrochinho

Pedro, o Lopes, é uma mutação do Pedro, o Passos, ou uma tentativa de clone de Marcelo? Uma coisa é certa, Pedro, o Lopes, não quer ser o Pedro Santana Lopes, o tal que insinuava, mandava insinuar ou deixava insinuar que o rival era ma, não é o mesmo que durante quatro meses esteve à frente de um governo hilariante e que transformou a governação numa feira ambulante.
Pedro Lopes não tem 60, sofreu uma mutação ou mesmo uma mutação, foi-lhe extraído o enfant terrible, a irresponsabilidade foi lancetado, com a iade o vinho a martelo deu lugar ao vintage. Aparece agora como se fosse um hibrido entre Marcelo Rebelo de Sousa e Pedro passos Coelho. Candidata-se como um clone do primeiro onde foi injetado o ADN do segundo.

Pedro Lopes considera Passos Coelho o seu herói e os apoiantes do primeiro-ministro no exílio apoiam-no. Marcelo que tudo fez para ajudar a derrubar Passos Coelho parece querer agora ser o padrinho daquele que se assume com os valores do mesmo Passos. Fica-se com a impressão de que o que move Marcelo não são os valores ou a competência, tudo parece resumir-se a guerras pessoais.

Marcelo acha que representa a alma do país, Pedro diz ser a alma do PSD. Marcelo candidata-se para agradecer o que o país lhe deu e Pedro diz exatamente o mesmo. Santana faz a fusão entre Passos e Marcelo. Santana é o Passos que Marcelo gozaria de ter visto à frente do PSD, é a mais recente invenção do Presidente da República.

Marcelo está convencido de que consegue transformar Passos Coelho em Santana Lopes e deve estar também convencido de que consegue transformar Santana Lopes em alguém sério, responsável e competente. Ou estará a destruir definitivamente dois em um, qual é o jogo de um Marcelo que parece gostar de brincar com coisas sérias?



26
Out17

PÃO PÃO, QUEIJO QUEIJO

António Garrochinho

Acredito, sempre acreditei que a solução para derrotar o capitalismo passa necessariamente pelo despertar da consciência colectiva, e pela luta de massas sem tréguas

Hoje urge sair da letargia que nos é imposta pelos profetas da desgraça que há mais de 40 anos nos impõem a mentira, a política do dá pouco e tira muito abrindo desde então as portas a um fascismo moderno que embora apresentado em versão ligth (suave) é cada vez mais cruel .

Creio que todos os anti fascistas, todos os amigos e camaradas que assistem a esta INACREDITÁVEL escola de gatunice, crime e bandidagem deve contribuir para a desmistificação das mentiras históricas sobre a sociedade socialista/comunista e lutar férreamente por dias melhores para a nossa gente.

António Garrochinho
26
Out17

HISTÓRIA: Um crime capitalista, o linchamento de Jesse Washington

António Garrochinho



Capitalismo e racismo são duas faces da mesma moeda, já dizia Steve Biko, importante ativista da luta contra o regime do Apartheid na África do Sul, um regime nefasto e brutal, desumano e explorador comparável a apenas dois outros regimes, o do III Reich, surgido na Alemanha e espalhado para várias partes da Europa e o regime Jim Crow, uma das maiores aberrações já surgida no mundo capitalista, nos Estados Unidos da América.

Em 1916, quando Lenin e Stalin eram leões na escrita e no discurso contra a segregação racial, uma multidão de jovens enfurecidos, que "tinha certeza dos crimes de um adolescente chamado Jesse Washington", promoveu uma das maiores barbaridades já registradas pelos aparelhos fotográficos, o linchamento do afroamericano Jesse Washington.

Linchamento, um crime capitalista

Jesse Washington trabalhava  na fazenda do casal de imigrantes ingleses Fryer. Após a Sra. Lucy Frier aparecer morta com traumatismo craniano, o jovem Jesse, negro, foi o suspeito imediato. Jornais sensacionalistas trataram de alegar que Jesse não apenas matou a Sra. Lucy Frier, como também a estuprou. Investigações feitas em 2011 levaram a duas diferentes conclusões. Manfred Berg, investigador alemão, concluiu que Jesse matou Lucy Frier, mas não a estuprou. Julie Armstrong, da Universidade da Flórida do Sul, concluiu que Jesse nem matou nem estuprou a Sra. Lucy Frier. As investigações também revelaram que o jovem, como a maioria dos trabalhadores negros de fazendas, eram tratados de forma brutal.

Na época Jesse Washington foi preso, julgado e condenado, após uma confissão que, segundo investigadores, fora forjada pelos seus interrogadores, prática comum na justiça americana, onde indivíduos são presos, é prometida a sua soltura, caso confessem, mas são condenados e enviados a prisões ou até executados.

Após sair do tribunal, Jesse Washington era aguardado por uma multidão de populares enfurecidos que não apenas capturou Jesse, como também o amarrou, castrou o jovem e o pendurou em uma árvore sobre uma fogueira acesa. A multidão "cozinhou" Jesse Washington, queimando-o vivo. De acordo com a investigação de Manfred Berg, a multidão levantava Jesse e o colocava de volta na fogueira, de modo a maximizar o seu sofrimento. Todos os que participaram de seu linchamento sorriam e olhavam para as câmeras, certos de que não seriam sequer processados.

Após o crime bárbaro e brutal promovido pelos "homens de bem" americanos, pedaços de Jesse Washington foram cortados e vendidos como suvenir. O corpo de Jesse foi arrastado pela cidade. Apesar de que o linchamento era formalmente ilegal no Texas, o xerife da cidade que se encontrava no massacre nada fez para deter nem a multidão nem os policiais que a tudo assistiam. Diversas fotos do linchamento eram vendidas como suvenir na cidade de Waco, tida como "pacífica", apesar de ter tido efeito contrário para alguns visitantes que logo informaram ao restante do país sobre o caso, o que levou a diversas investigações que apontaram irregularidades no processo de Jesse Washington.

O linchamento só foi possível por que a imprensa local incitou os populares, demonizando Jesse sem qualquer certeza sobre a sua culpabilidade. Ele também se deu por que a multidão enfurecida "tinha certeza" da culpa de Jesse sem qualquer comprovação ou evidências de sua autoria. Ambos os recursos são usados ainda hoje utilizados por jornalistas como Rachel Sherezade e outros jornalistas de extrema-direita. Eles não apenas são usados contra pessoas cuja autoria do crime não é comprovada, como também são muito usadas para atacar o "comunismo malvado". Os extremistas de direita sempre "tem certeza" de que os comunistas "mataram, estupraram, defendem bandidos", dentre outras falsidades criadas com o intuito de promover o ódio.

Os países socialistas desconheceram qualquer linchamento, sendo que essa prática é inerente ao capitalismo, onde se promove o culto do ódio e o racismo. O extremista de direita não é alguém movido por sentimentos altruístas, ele é alguém que cultiva o ódio e nada cria, apenas destrói ou quer destruir. Ele reivindica o seu direito "sacrossanto" de ser racista e de linchar junto aos seus aquele que condena, seja ele culpado ou inocente, daí a sua histeria sempre que ouve falar de linchamento, prática que ultimamente tem ganho força no Brasil. O direitismo é um atraso de vida, é uma maldição que precisa ser exorcizada do nosso país, é dele que nascem regimes nefastos como o Jim Crow, III Reich, Apartheid ou o da Junta de Kiev. Aqueles que defendem a sua ideologia nefasta ou simplesmente com ela simpatizam são cúmplices morais de todos os seus crimes!




Por Cristiano Alves



apaginavermelha.blogspot.pt
26
Out17

COVA DA MOURA - UMA REPORTAGEM DE JULHO DE 2017 - Cova da Moura: ‘Tu estás sempre a colher algodão, só mudaram os campos’

António Garrochinho

Cova da Moura: ‘Tu estás sempre a colher algodão, só mudaram os campos’

A Cova da Moura não se vai livrar da má fama tão cedo. Os moradores continuam a ter de lidar com o racismo, com o medo e com a vergonha, mas, ainda assim, não trocam o bairro por nada.



  


Quem se limita a traçar paralelas ao bairro da Cova da Moura sem nunca se atrever a entrar, não imagina o labirinto que é o interior. As casas, visivelmente degradadas, formam entre si uma teia difícil de compreender para quem não conhece o sítio. O SOL passou um dia na Cova da Moura e tomou o pulso aos moradores que já se habituaram ao sobe e desce a que a colina obriga.
No Bairro do Alto da Cova da Moura, assim é o nome completo desta zona da Amadora entalada entre a estação de comboios de Santa Cruz-Damaia e o IC19, vivem cerca de 7 mil pessoas. A grande maioria, de origem cabo-verdiana, começou a instalar-se no bairro no início dos anos 70 e por aqui tem ficado. Na altura era «meia dúzia de barracas», como nos explicaram os moradores mais antigos. Agora são mais de 16 hectares.
A Cova da Moura está novamente nas notícias. Foram 18 os agentes da Polícia de Segurança Pública da esquadra de Alfragide, a um escasso quilómetro da Cova da Moura, que foram acusados pelo Ministério Público de tortura, sequestro, injúria e ofensa física agravada por discriminação racial depois de, em 2015, um grupo de jovens do bairro ter entrado na esquadra. Segundo a acusação, os agentes terão algemado e agredido violentamente os seis jovens com pontapés, socos, bofetadas e tiros de borracha.
Nas conversas com os moradores, as histórias de violência policial repetem-se. Durante a visita do SOL ao bairro, não se viu sequer um agente da autoridade.
São 9h da manhã e o bairro não podia estar mais calmo. Logo à entrada, ao subir a primeira rua, um senhor que desce cuidadosamente de muletas é o primeiro a dar-nos os bons dias, prática universal dentro do bairro.
À entrada juntam-se uma pequena banca de frutas e legumes e outra de peixe. «Bom dia», diz-nos logo o Sr. António. «Vivo aqui desde 1976. Isto agora está muito melhor, dantes nem havia estradas. Era difícil viver aqui», conta. Em relação à polícia, afirma, desconfiado, jamais ter tido problemas: «Nunca me encostaram à parede».
Já mais acima está Sampadjudo, a alcunha tem origem na denominação dada aos habitantes das ilhas do Barlavento do arquipélago de Cabo Verde. Sampadjudo brinca com o cão, Nero, enquanto fala sobre os vários episódios de violência da polícia para com os moradores: «Aqui o bairro é tranquilo, as pessoas vão trabalhar ainda de noite e só chegam quando já é noite outra vez. Tudo calmo. À exceção da polícia. Já vi os polícias darem um tiro com uma bala de borracha a uma mulher que tinha uma criança ao colo», conta. A cada esquina que passa, uma nova história de violência.
Carlos ‘Cash’ e Alexandre, dois jovens ativistas que dedicam grande parte do tempo a ajudar a comunidade, explicam a dinâmica do bairro. «O dia-a-dia não é muito diferente de outras zonas de Portugal. As pessoas vão trabalhar de manhã e mais à tarde é que a malta começa a reunir-se para beber um  copo», afirma Carlos, que mora na Cova da Moura desde miúdo. Nos últimos anos, as mudanças foram bastantes: «A estética do bairro melhorou muito, as ruas, a limpeza, as casas mais coloridas, mais condições, as escolas, associações», acrescenta, orgulhoso, enquanto aponta para os coloridos murais pintados nas fachadas das casas. «Gosto de morar aqui, não trocava isto por outro sítio. Mesmo que nos mudássemos para qualquer outro sítio, esta é a nossa casa. É aqui que nos sentimos bem», acrescenta Alexandre.
Os problemas do bairro são comuns a outras zonas: «a falta de emprego». Um problema que se agrava quando no currículo diz que se é da Cova da Moura: «No teu currículo entra o teu nome, os teus dados, mas quando chega à tua morada, esse é o fator dissuasor. Tens que meter a tua morada como se fosse Damaia ou Águas Livres para não seres associado à Cova da Moura e para não pensarem que és um perigo», explica Alexandre: «Muitos jovens estão parados mas têm escolaridade, são formados. As oportunidades existem, só que não nos são dadas», diz.
«As pessoas acham que isto aqui é o inferno; é a informação que passa, mas cá dentro as coisas são completamente diferentes. Há problemas? Há, como no centro de Lisboa ou em qualquer outro sítio do mundo», afirma Alexandre.
A conversa acaba por ir parar obviamente à ação da polícia no bairro. Carlos conta que já foi agredido duas vezes pela polícia: «Fui chamado de preto e ainda levei uma bela surra desde a noite até de manhã dentro da esquadra. No tribunal eu é que fui condenado por ofensa à integridade física», explica.
«Numa das vezes apareceu a carrinha e vinham lá uns nove polícias. Um deles foi ter comigo ao café e, por trás, mandou-me com a cabeça contra o balcão, espetou-me com a cara na carrinha, pontapé no cu e mandou-me lá para dentro. No tribunal, ficam todos a olhar para ti como se não fosse nada», revela. «Quando se diz que a sociedade portuguesa não é racista, isso dá vontade de rir.»
Maria da Graça, do café A Princesa da Buraca, que conta com a vantagem de não ser estigmatizada pela cor, por ser branca, concorda com o preconceito: «Às vezes dizemos que somos da Cova da Moura e as pessoas olham-nos de lado. Há discriminação para com quem é aqui do bairro».
À frente do pequeno café reúnem-se três amigos que vivem no bairro há 40 anos: o Canelas, o Francisco e o Sardeira. De copo de jeropiga na mão, Canelas não tem dúvidas: «Isto é um espetáculo morar aqui, nunca tive problemas com ninguém.» Sardeira concorda: «Já nos habituámos a isto, agora até estranhávamos se tivéssemos de sair».
Apesar de ainda haver poucos clientes, as toalhas já estão estendidas na rua, à porta do salão cabeleireiro Nuno. Nélson não é da Cova da Moura, mas é como se fosse, vem aqui desde pequenino e, desta vez, aproveitou para vir cortar o cabelo. Quais as principais diferenças no bairro de há uns anos para cá? «Só se for a polícia a bater mais na gente», responde. «Mas eu sei que não são todos assim. Há bófias bons e há bófias maus». Nélson, que ficou a meio do corte de cabelo para nos responder, confessa que sempre sentiu discriminação: «As pessoas veem um grupo de brancos e acham que vão estudar, se veem um grupo de pretos é porque vão assaltar». E a solução não é fácil. «Isso não vai mudar tão cedo, só quando meterem um Obama na Presidência é que isso é capaz de mudar», diz.
Do topo da Cova da Moura vê-se tudo. Há que espreitar por entre as casas, mas desta vista privilegiada percebe-se o verde do Monsanto e os blocos de prédios dos subúrbios de Lisboa. Acima de nós temos um emaranhado de fios elétricos que afunilam até aos postes de eletricidade misturados com as bandeiras que ainda sobram das festas do bairro. No ar há um aroma a café torrado.
O almoço é no Coqueiro com Carlos, que nos serviu de guia durante o tempo que estivemos no bairro. As questões raciais continuaram na ordem do dia. De Muhammad Ali a Barack Obama, passando pelas princesas da Disney que nunca são negras e aterrando nos campos de algodão dos Estados Unidos da América, onde milhares de negros foram escravizados. «Tu estás sempre a colher algodão, só mudaram os campos», diz Carlos, referindo-se às poucas oportunidades que são dadas aos negros hoje em dia no mundo da política e da finança, por exemplo.
Moinho da Juventude
Da parte da tarde o bairro ganha outra vida. Há mais gente nas ruas e aproveitam-se as sombras para fugir ao sol tórrido. Das janelas sai o som das mornas cabo-verdianas.
É pelas 15h que o espaço de cidadania participativa, que faz parte da Associação Cultural Moinho da Juventude, ganha vida. Quem nos recebe no espaço é o senhor Teodoro e a Luz. Aqui, o objetivo e tirar os idosos de dentro de casa, mantê-los ocupados e fazê-los sentirem-se úteis. Hoje trabalha-se a caligrafia. Luz é colaboradora do espaço e ensina sete idosos, maioritariamente mulheres, a escrever. «Só lhes dou trabalho, sou uma chata», brinca. Teodoro vai-nos explicando que o Moinho da Juventude trabalha com mais de 100 colaboradores e todos os dias serve para cima de 600 refeições.
Nascido na década de 80, quando o bairro se começou a desenvolver, o Moinho da Juventude é um projeto comunitário construído pelos próprios moradores, mais especificamente por um grupo de mulheres que reivindicavam melhores condições de vida, como saneamento básico e uma creche para as crianças. Cresceu daí e hoje dá apoio a todo o bairro.
Mimi é formador de informática, trabalha na associação há 12 anos e hoje é uma das vozes mais ativas da Cova da Moura. «As pessoas vêm o Moinho como uma espécie de governo do bairro. As pessoas fazem reivindicações e apontam o que está mal no bairro e, ao mesmo tempo, também esperam que o Moinho resolva tudo», explica Mimi.
Nascido em São Tomé, viveu depois em Angola antes de se mudar para Portugal, onde passa a maior parte do tempo com a comunidade cabo-verdiana da Cova da Moura. «Eu não sou só angolano ou são-tomense ou português. Eu quero ser todos eles», afirma.
«Não só ensino como aprendo aqui imenso. Há pessoas de 70 ou 80 anos que nunca tinham pegado num computador e agora me mandam mensagens a dizer ‘boa noite’ e isso é que me deixa satisfeito, isso é que é enriquecedor. E não são só ‘blacks’, são brancos», conta com orgulho.
A segurança no bairro é tema do qual todos querem falar e Mimi não é exceção. «Aqui há insegurança? O que é que é insegurança? Aqui na Cova da Moura não vês ninguém aos tiros, é muito raro. Mas quando acontece… É como aqueles casos em que os vizinhos se matam, mas se esses casos acontecessem aqui na Cova da Moura, qual seria a repercussão que teriam?», deixa no ar.
«Os bairros como a Cova da Moura são vistos como bairros problemáticos. Mas porquê? São pessoas com baixa escolaridade, falta de oportunidades, que vieram com a família e não tiveram tempo para estudar, são pessoas que estão no desemprego. Esses é que são os fatores que fazem com que o bairro seja mais problemático do que outros», explica.
Relativamente às acusações de ações violentas por parte da polícia, Mimi diz: «Quem é que não tem respeito pela polícia? Aqui as pessoas temem a polícia, como é que não hão de respeitar? As pessoas, quando desafiam a polícia, é porque já estão cansadas de levar. Se, respeitando ou não respeitando, levam porrada na mesma, o que é que as pessoas vão fazer? Têm de se defender». E compara: «O Sócrates quando foi preso no aeroporto, ninguém o espancou». O essencial é não generalizar: «Se dizemos que os políticos são todos bandidos já estamos a exagerar, se dizemos que os polícias são todos maus também estamos a exagerar.»
«Estes pretos que tanta gente diz que são maus e que fazem distúrbios são pretos portugueses, frutos desta sociedade. Estamos a atirar a responsabilidade para as pessoas por serem pretos e por viverem num gueto», atira. «Quem são os lisboetas? Quem são os portugueses? Somos cada vez mais diferentes e não podemos fugir dessa diversidade, não podemos querer só coisas positivas», sintetiza Mimi.
Para este formador de informática são-tomense, angolano, português, a Cova da Moura «não é uma pequena África que nasceu aqui, isto é Portugal. Até porque quando o Éder marcou o golo vibrámos todos...»


sol.sapo.pt
26
Out17

AS PONTES DE VENEZA - CONHEÇA A SUA HISTÓRIA

António Garrochinho



Veneza e seus intermináveis canais e gôndolas, e suas centenas de pontes, que não poderiam ser menos apaixonantes.Se pensar um pouco as pontes de Veneza são apenas para a locomoção, mas acabaram se tornando tão lindas e atraentes quanto à própria cidade.
São inúmeras as pontes, sejam grandes, pequenas, de madeira ou coberta, todas têm seu charme e melhor ainda, todas te proporcionam uma vista linda.

Para ter uma ideia melhor, Veneza é formada por cerca de 120 ilhas e 177 canais, por isso a construção de tantas pontes.

Hoje são 435 pontes conectando o território, fazendo parte da paisagem da cidade que ganhou o titulo de Patrimônio da Humanidade pela UNESCO em 1987.

Claro que algumas ganham mais destaque que outras, então vou mostrar aqui um pouco da historia das principais pontes de Veneza.

Ponte de Rialto

A Ponte de Rialto é a mais antiga ponte de arco da cidade, foi a primeira a ser construída para ligar as ilhas entre o Grande Canal de Veneza. Antes da atual ponte de pedra ela foi construída de madeira, primeiro uma flutuante em 1918 e depois uma em arco com o meio elevado para a passagem de grandes barcos. Nessa ponte se fixou uma fileira de lojas, tornando possível a cobrança de imposto para manutenção.

Por duas vezes ela pegou fogo e em outra ocasião caiu com o peso da população. Só depois disso foi construída em pedra pelo projeto de Antonio da Ponte e finalizada em 1591. Ainda hoje as lojas estão em um lado da ponte.

A vista de cima da Ponte de Rialto
A Ponte de Rialto hoje tem uma função ainda mais importante, é por baixo do seu piso que passam os cabos de energia, de gás e de água potável de um lado para o outro do canal.

Ponte Dell’ Accademia

Essa é também uma das 4 pontes que atravessam o Grande Canal, primeiramente construída em ferro. Em 1933 foi substituída por uma ponte de madeira e apesar de projetos criados para ela ser refeita em pedra continua sendo de madeira com várias intervenções em metal.

Ponte dos Suspiros

A Ponte dos Suspiros é um dos pontos turísticos mais icônicos de Veneza. Localizada próxima a Praça de São Marcos ela que liga dois prédios, o Palácio Ducal até a Nova Prisão.

Ela é toda branca, feita de rocha calcária em estilo barroco, erguida no inicio do século XVII
O sugestivo nome, dado por Lord Byron, não tem nada haver com suspiros apaixonados e sim por ser o último local por onde os prisioneiros podiam ver o mundo, seja atravessando ela para ir das salas de interrogatório até a prisão ou atravessando direto para sua execução. É possível passar por dentro dos dois lados da ponte visitando o Palácio Ducal. Leia aqui o post sobre o Palácio Ducal.

Passando por dentro da Ponte do Suspiro

A última vista e o último suspiro dos condenados era assim.

Ponte da Constituição

Essa Ponte é bem recente, inaugurada em 2008 ela se destaca por ser bem diferente das demais pontes de Veneza. Enquanto a maioria é feita de pedra essa é com as laterais em vidro, bem moderna.

Ela também atravessa o Grande Canal e fica bem próxima da Estação de Veneza Santa Lucia.

A vista de cima da Ponte da Constituição

Ponte dos Descalços

Outra das quatro pontes que atravessam o Grande Canal próxima da Estação Santa Lucia. Foi construída primeiramente em ferro e depois substituída por essa em pedra Ístria em 1934.


Ponte dos Três Arcos

A Ponte dos Três Arcos é super charmosa no melhor estilo Veneziano. Construída em pedra e dividida, o nome já diz, em três arcos, dois menores e o do meio maior.

Foto site: www.venicewiki.org
Antigamente várias pontes de Veneza tinham esse formato, mas hoje só restou esta. Ela atravessa o Canal Cannaregio.

Ponte Della Paglia

É dessa Ponte, próxima da Praça de São Marcos que se tem a famosa vista da Ponte dos Suspiro, por isso ela é disputadíssima. Passamos por ela duas vezes, na primeira vez realmente lotada de turistas até desanimamos em tirar fotos, mais próximo ao meio-dia voltamos e conseguimos ter a vista privilegiada.

A melhor vista da Ponte do Suspiro é da Ponte Della Paglia
Além disso no verão é um ótimo local para se ver o por do sol e a baia de São Marcos. Leia aqui o Post sobre a Praça São Marcos.

Vista de cima da Ponte Della Paglia
Além dessas grandes pontes você vai se deparar com inúmeras menores, não importa em que sentido você caminhe, lá vão estar elas.



Dicas para conhecer Veneza: Não procure por um lugar específico, caminhe com a intenção de se perder, assim você encontra muito mais do que procura.
www.aquelelugar.com.br
26
Out17

Vocês conhecem o Nautilus?

António Garrochinho


Um dos mais raros animais marinhos? Sim, ele realmente é raro, pois poucas pessoas já ouviram falar dele. Então venha conhecer agora, um dos animais marinhos mais raros do mundo.

Nautilus. Fonte da imagem: Monteray Aquarium.

VAMOS DESCOBRIR...

Os nautilóides (Nautilidae) são cefalópodes marinhos que foram muito abundantes no período Paleozóico, existindo ainda um gênero vivo — o náutilo — que vive no sudoeste do Oceano Pacífico.

Os nautilus são cefalópodes sem casca e primos distantes de lulas. Eles apareceram pela primeira vez 500 milhões de anos atrás, durante a explosão cambriana e são descritos como "fósseis vivos" porque eles têm-se mantido praticamente inalterada durante milhões de anos.

Nautilus. Fonte da imagem: China Daily.

Têm uma cabeça dotada de olhos bem desenvolvidos com braços preênseis. São nectônicos (nadadores ativos), tendo uma concha formada por uma série de câmaras separadas por tabiques; estas comunicam entre si por orifícios sifonais, os sifúnculos. O animal ocupa a última câmara e as outras, cheias de gás, que o fazem boiar nas águas.

Nautilus é um dos seres vivos que apresenta a razão áurea em seu corpo, desenvolvido em forma de espiral logarítmica.

Concha formada por uma série de câmaras separadas por tabiques. Espiral logarítmica. Fonte da imagem: The sea.

Recentemente Biólogos Marinhos descobriram pela primeira vez um raro nautilus em quase 30 anos.

A espécie redescoberta é a Allonautilus scrobiculatus, um dos mais raros animais marinhos no mundo. Estas fotos são as primeiras tomadas deste "fóssil vivo" em 31 anos.

Estes animais marinhos são predadores que se alimentam principalmente de peixes e crustáceospequenos, que são capturados usando seus tentáculos em movimento lento. Ocorrem nas águas tropicais dos oceanos Pacífico e Índico, perto da costa do Japão, Fiji, Nova Caledônia e Austrália.

As espécies nautilus em questão, o Nautilus com crosta (Allonautilus scrobiculatus), foi descoberto pela primeira vez em 1786 pelo naturalista Inglês John Lightfoot. Ele foi originalmente colocado no gênero Nautilus, mas, em 1997, foi reclassificado como seu próprio gênero, Allonautilus.

Esta criatura foi vista pela primeira vez vivo em 1984 pelo Dr. Bruce Saunders da Faculdade Bryn Mawr e Dr. Peter Ward, da Universidade de Washington nas águas ao largo da Ndrova Island, Papua Nova Guiné.

Um náutilo (Nautilus pompilius) nadando acima de um raro nautilus-com-crosta (Allonautilus scrobiculatus) ao largo da costa de Ndrova Island, Papua Nova Guiné. Crédito da imagem: Peter Ward / Universidade de Washington.

Além de outro breve avistamento pelo Dr. Saunders, em 1986, o nautilus-com-crosta desaparecido até 2015, quando o Dr. Ward voltou a Papua Nova Guiné para o levantamento populações de nautilus.

O Dr. Ward e seus colegas uraram iscas em uma vara, ficaram cada noite filmando a atividade em torno da isca para 12 horas.

"Começamos a usar esta abordagem em 2011. Este ano, havia cerca de 30 indivíduos envolvidos e cada dia que todos nós assistir os filmes da noite anterior à velocidade de 8x", explicou o Dr. Ward.

Uma noite de filmagens de um site fora do Ndrova Ilha mostrou uma abordagem nautilus-com-crosta com a isca depois de uma ausência de 31 anos da vida do Dr. Ward. Ele logo foi acompanhado por outro nautilus, e os dois lutaram para acesso à isca até um sunfish chegaram ao local.

Os cientistas também usaram armadilhas iscadas para capturar várias nautilus, incluindo nautilus com corsta, a uma profundidade de cerca de 183 metros.

Os nautilus não gostom do calor, a equipe trouxe-os para a superfície em água fria para obter o tecidos pequenos, concha e amostras de mucosas e medir as dimensões de cada indivíduo. Eles, então, transportaram as amostras de volta ao seu local de captura e lançaram eles de volta ao mar.

Os biólogos usaram então esta informação para determinar a idade e sexo de cada animal, assim como a diversidade de cada população de nautilus no Pacífico Sul.

nautilus-com-crosta (Allonautilus scrobiculatus) ao largo da costa de Ndrova Island, Papua Nova Guiné. Crédito da imagem: Peter Ward / Universidade de Washington.

Através desses estudos, a equipe aprendeu que a maioria das populações nautilus são isoladas uns dos outros, porque eles só podem habitar uma estreita faixa de profundidade do oceano.

"Eles nadam pouco acima do fundo de onde quer que estejam. Assim como submarinos, eles têm 'falhas', profundidades onde eles vão morrer se ir muito fundo, e as águas superficiais são tão quentes que eles normalmente não podem ir ate em cima. Água cerca de 793 metros de profundidade vai isolá-los ", disse o Dr. Ward.

Estas restrições sobre onde podem ir nautilus significa que as populações perto de uma ilha ou recife de coral podem diferir geneticamente ou ecologicamente daqueles em outro. As descobertas também representam um desafio para os conservacionistas.



Fonte: Sri-News.com

bio-orbis.blogspot.pt
26
Out17

O POLVO DE COCO (VÍDEO)

António Garrochinho




O protagonista bonito e charmoso deste vídeo é chamado polvo de coco, uma espécie que vive no Oceano Pacífico, conhecido por alguns dos seus hábitos particulares. Além de um tipo curioso de andar "sobre duas pernas", o animal recebe o nome pela prática de encontrar objetos no fundo do mar (muitas vezes, de fato, cascas de coco) para usar como esconderijo. Outro aspecto fascinante de animais do fundo do mar.


VÍDEO


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26
Out17

Aumentar o salário mínimo, um estímulo à economia

António Garrochinho



O aumento dos salários é uma das reivindicações mais presentes entre os trabalhadores do País

Os desenvolvimentos desta legislatura permitiram, no que diz respeito ao aumento do SMN, romper com as políticas dos anteriores governos, nomeadamente o do PSD e do CDS-PP, mas de forma insuficiente, num País cujo panorama continua marcado por baixos salários e pela dimensão significativa da pobreza.

Os baixos salários continuam a ser marca do País

Em Portugal, independentemente de alguns avanços nestes dois anos de legislatura que permitiram a recuperação de rendimentos, quase um terço dos portugueses em situação de pobreza são trabalhadores, com um rendimento mensal que não chega para as despesas mais básicas.
O SMN foi uma das conquistas do 25 de Abril de 1974, que na altura representou de forma evidente uma melhoria nas condições de vida da população. No entanto, por acção de sucessivos governos, o valor do salário mínimo não acompanhou o aumento do custo de vida, com actualizações abaixo do aumento dos rendimentos médios e do índice de preços ao consumidor, chegando mesmo a ser congelado entre 2011 e 2014.
902€
Valor que deveria ter hoje o SMN, considerando a inflação e o aumento da produtividade.
Este panorama foi contribuindo para gerar cada mais desigualdade na distribuição da riqueza. Actualmente, 1% da população detém cerca de 25% da riqueza nacional e 5% da população acumula quase 50% da riqueza nacional. Em 1975, fruto da valorização dos salários, 72,3% da riqueza nacional ia para salários e 27,7% do rendimento nacional eram distribuídos como rendimentos de capital. Em 2013, os salários apenas representavam 37,8% da riqueza nacional e os rendimentos de capital acumulavam 62,2% da riqueza nacional, num claro caminho de aprofundamento da concentração da riqueza.
Se o aumento do SMN tivesse acompanhado o índice de preços ao consumidor, teria atingido em 2005, não os 374,7 euros, mas os 500 euros. Se o salário mínimo tivesse sido actualizado todos os anos, considerando a inflação e o aumento da produtividade desde que foi instituído – em 1974, com o valor de 3300 escudos –, o seu valor seria hoje muito superior. A CGTP-IN chegou a afirmar que, à luz destes critérios, deveria estar actualmente nos 902 euros, e não nos 557 euros.

O salário mínimo nacional hoje

Ao longo dos últimos anos, uma das vincadas reivindicações dos trabalhadores foi o aumento do SMN. Esta luta contribuiu também para garantir na actual legislatura um aumento de 505 para 530 euros em 2016, e para 557 euros em 2017, o que mesmo assim não é suficiente para responder à necessidade de reposição do poder de compra perdido ao longo dos anos. Em Abril de 2016, mais de 600 mil trabalhadores auferiam esse valor, comprovando que os baixos salários continuavam a ser uma opção política e uma realidade predominante no nosso País. O número de trabalhadores a receber o SMN tem aumentado – em Março de 2017 já eram cerca de 730 mil, segundo dados a Segurança Social.
O PS e o BE assinaram, na sua posição conjunta no início da legislatura, um aumento de 5% no SMN para 2016 e 2017, com o objectivo de chegar aos 600 euros até 2019. Também no programa do Governo ficou inscrito o aumento para 557 euros em 2017. Já o PCP, nos dois anos desta legislatura, apresentou a proposta de aumento para os 600 euros, rejeitada pelo PS, PSD e CDS-PP.
Peso dos salários nos custos do trabalho (%)
 Todas as empresas13%
Todas as dimensõesGrandes empresas10%
Médias empresas15,6%
Pequenas empresas16% 
Micro-empresas15,2% 
Todos os sectoresIndústria Transformadora13%
Comércio a retalho e reparação de veículos7,8%
Alojamento e restauração25,99%
Fonte e notas: INE; variações homólogas trimestrais para PIB, emprego e remuneração por trabalhador; Desemprego de longa duração: % no total de desempregados; remuneração por trabalhador com base em remunerações médias mensais declaradas à segurança social.

Aumento do SMN – um peso para as empresas?

Os argumentos que foram sendo invocados, nomeadamente pelos representantes dos patrões, para não aumentar o SMN prendem-se com o peso das remunerações na estrutura de custos das empresas e com o seu suposto efeito negativo para a competitividade.
No entanto, vários estudos realizados, nomeadamente um estudo do Banco de Portugal de 2014, revelam que o peso dos salários nos custos do trabalho é extremamente reduzido – diz-nos que os encargos com os salários e as contribuições para a Segurança Social constituem, em termos médios, apenas 13% do total dos custos do trabalho suportados pelas empresas. Outros custos seriam bem mais elevados para as empresas, como a energia, combustíveis, créditos ou seguros.
Para além do aumento do SMN se justificar face à perda acumulada do poder de compra e pela necessidade de assegurar uma mais justa distribuição da riqueza, existem outros argumentos que demonstram as vantagens deste aumento, nomeadamente para as empresas.
Indicadores Económicos
Portugal2015201620162017
IIIIIIIVI
Evolução do PIB1,6%1,4%1,2%1%1,8%2,2%2,8%
Evolução do emprego (pontos percentuais)0,60,70,40,21,00,91,7
Taxa de desemprego12,4%11,6%12,4%10,8%10,5%10,5%10,1%
Fontes: INE, Contas Nacionais Trimestrais (22/05/2017); Índice de Preços do Consumidor base 2012 (22/05/2017); INE, Inquérito ao Emprego (22/05/2017).

Trata-se de um investimento com retorno, uma vez que o aumento dos rendimentos dos trabalhadores e famílias contribuem para uma mais justa distribuição da riqueza que permite o aumento do consumo, da produção e das vendas das empresas, a criação de mais emprego, o crescimento da economia, o reforço da sustentabilidade financeira da Segurança Social e o desenvolvimento económico e social do País.
Contas feitas, se o SMN tivesse subido para os 600 euros este ano, considerando os mais de 730 mil trabalhadores que auferem este valor, estaríamos a falar de uma receita adicional de cerca de 152 milhões de euros para a Segurança Social.


Impacto do baixo nível de poder de compra por sectores

Percentagem de empresas que referem como maior problema a insuficiência da procura

Indústria transformadora72,1%
Comércio55,8%
Serviços43,8%
Fonte: Inquérito às Empresas (terceiro trimestre de 2016) – Instituto Nacional de Estatística

O aumento do SMN nestes dois últimos anos não provocou uma contracção do emprego nem uma subida do desemprego. Pelo contrário, verificou-se uma diminuição do desemprego e um aumento do emprego, como se pode verificar no gráfico.
Também um inquérito às empresas, realizado pelo INE no terceiro trimestre de 2016, demonstrou que o seu maior problema está relacionado com a insuficiência da procura, ou seja, o baixo nível de poder de compra dos trabalhadores.
Aproxima-se o final do ano e com ele uma nova discussão na concertação social em torno do aumento do SMN. Entretanto, importa lembrar que, independentemente da discussão e das pressões exercidas, a fixação do valor do SMN é uma competência do Governo.


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26
Out17

UMA FIGURA DE LINGUAGEM

António Garrochinho

que vão à merda o(a)s refinado(a)s covardes que se lamentam do desemprego, do trabalho precário, dos incêndios, do ordenado mínimo, e acendem todos os dias as velinhas católicas da tolerância e da democracia mad in ps/psd/cds
AG
26
Out17

OLHÓ AVANTE ! - A cavalgar

António Garrochinho



Henrique Custódio 

A cavalgar

Este ano, a calamidade dos incêndios em Portugal foi tão extensa e grave que forçou o Governo de António Costa a avançar algumas medidas enérgicas a que o próprio Executivo se mostrava alheio, há alguns meses, como é o caso da intervenção pública no SIRESP (o sistema de comunicações alugado a privados e que falhou, mais uma vez, em toda a linha) ou a entrega do dispositivo de ataque aéreo aos fogos à responsabilidade da Força Aérea – isto dando apenas dois exemplos.

Para não variar, a oposição dedilhou as mesmas teclas que utiliza há largos meses.

O PSD, pela voz do deputado Carlos Abreu Amorim, esse homem fatal, reivindicou mais uma vez as medidas tomadas pelo Governo sobre os incêndios, no conselho de ministros extraordinário do passado sábado, acusando de caminho o Executivo pelas consequências do atraso em implementar essas medidas «já propostas» pelo PSD, escusando-se, como de costume, a identificá-las e a situá-las.

O CDS foi mais longe, aproveitando a falta de iniciativa política gerada pela busca de liderança no PSD. E não esteve com meias-medidas, propôs uma moção de censura ao Governo.

«Dar voz a quem não a tem» surgiu como expediente moral de Assunção Cristas e sus muchachos para a tal moção, pressupondo-se que o CDS da aguerrida senhora acha que o País necessita também de ficar sem Governo (que é para o que servem as moções de censura), nestes tempos de dor e de desespero em que já ficou sem tanta coisa.

Mas há um outro pormenor, nesta moção de censura de Assunção Cristas, a merecer atenção e destaque.

É que a senhora dirigente do CDS foi ministra da Agricultura durante todo o governo Passos/Portas, sendo a responsável directa de medidas legislativas para facilitar a plantação indiscriminada de eucaliptos ou da extinção de postos de sapadores florestais ou ainda a fragilização da vigilância florestal, para além de múltiplas medidas reduzindo capacidades e meios aos elementos e serviços de protecção civil, nomeadamente os bombeiros.

Em rigor, Assunção Cristas tem responsabilidades políticas directas na situação que desembocou nas tragédias dos incêndios no nosso País, ao cortar verbas e meios com a impunidade que se tem no exercício do poder. Responsabilidades que, além de conhecidas, são identificáveis e também quantificáveis.

É quase inacreditável que uma pessoa com este currículo surja agora como paladina impoluta de florestas e povoações rurais, utilizando um argumentário contra o actual Governo que podia (e devia) auto-infligi-lo em relação à miserável política florestal que ela própria conduziu e praticou, durante quatro anos e meio de ministra da Agricultura.

Há quem fale em cavalgar a onda.
Aqui, cavalga-se despudoradamente a desgraça.



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26
Out17

FESTA DAS PLANTAS - UMA ESTUFA EXPLODE NUM SHOW DE LUZES QUANDO VOCÊ TOCA EM QUALQUER PLANTA

António Garrochinho
Uma estufa iluminada preenche o espaço do jardim do Tóquio Midtown, incentivando os visitantes a tocar a variedade de vegetais que são cultivadas ali dentro. O abrigo funcional de plantas foi criado pelo estúdio de designParty para o evento Design Touch 2017 da cidade, um festival de um mês que se concentra nos elementos experienciais de um bom design.


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Festa das plantas: uma estufa explode em um show de luzes quando você toca as plantas 01
Cada planta na instalação de vegetais digitais é manipulada para desencadear uma sinfonia de luz e som quando tocada. Cada cor e ruído refletem um aspecto específico da planta, permitindo que o visitante se conecte à matéria orgânica com sentidos alheios ao gosto ou cheiro.

- "Sons de sementes. Sons de folhas secas. Sons de frutas", diz Ray Kunimoto, designer de som da Digital Vegetables.- "Gravei os sons criados com vegetais reais. Então, eu mixei com sons de instrumentos de orquestra no computadorpara fazer 7 melodias."

A técnica de Kunimoto garante que haja um som único para cada um. Quando os visitantes tocam um tomate ouvem, por exemplo, o som de um violino, as cenouras dispararão trombetas e as couves ativarão os sons profundos do oboé.

A mostra é gratuita e estará aberta para visitação pública até 5 de novembro de 2017. Você pode ver a estufa em ação em um pequeno vídeo no final deste post.
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26
Out17

Yang Kyoungjong, o único soldado conhecido que lutou em três lados na Segunda Guerra

António Garrochinho
Ele era coreano. Foi capturado pelos japoneses e pressionado para lutar contra os soviéticos. Capturado pelos soviéticos, foi pressionado para lutar contra os alemães. Capturado pelos alemães, foi pressionado a defender a Normandia, quando foi capturado pelos americanos na Utah Beach, em 1944. Esta é a história de Yang Kyoungjong, o único soldado conhecido a lutar em três lados da Segunda Guerra.

Yang Kyoungjong, o único soldado conhecido que lutou em três lados na Segunda Guerra
Yang Kyoungjong com uniforme da Wehrmacht. Via: Biblioteca do Congresso Americano
Pouco se sabe sobre a vida de Yang antes de seu serviço na Segunda Guerra Mundial além do fato de ser um coreano nativo que vivia na Manchúria, então controlada pelo Exército Imperial japonês no início da Segunda Guerra Mundial.

Devido a isso, Yang foi recrutado contra sua vontade em 1938 e forçado a servir no Exército Kwantung quando tinha apenas 18 anos. Durante as Batalhas de Khalkhin Gol, foi capturado pelo Exército Vermelho e enviado para um campo de trabalho. Por causa da escassez de mão-de-obra enfrentada pelos soviéticos em sua luta contra a Alemanha Nazista, em 1942 Yang foi novamente pressionado a combater no Exército Vermelho junto com milhares de outros prisioneiros.
Yang Kyoungjong, o único soldado conhecido que lutou em três lados na Segunda Guerra
Soldados turcomenistaneses do Exército Alemão. Via: Bilblioteca do Congresso Americano
O serviço de Yang com os soviéticos durou cerca de um ano. Como não era oriundo da Rússia, Yang era sempre mandado para a frente servindo como verdadeira bucha de canhão. Ele participou de várias missões ao longo da Frente Oriental, mais notavelmente a Terceira Batalha da Carcóvia. Foi nessa batalha que ele mais uma vez se tornou prisioneiro de guerra, desta vez foi capturado pelos alemães.
Yang Kyoungjong, o único soldado conhecido que lutou em três lados na Segunda Guerra
Fotograma do filme "My Way". Via: Youtube
Os alemães aparentemente não se preocuparam com o fato de que um coreano estava lutando na Ucrânia junto ao exército soviético e simplesmente deixou o prisioneiro junto com centenas de outros soldados. Novamente, a parte interessante sobre a história de Yang provavelmente terminaria aqui se os nazistas não tivessem o hábito de permitir que os prisioneiros "se voluntariassem" (fossem voluntariados, melhor dizendo) para servir com a Wehrmacht após sua captura.

Como resultado desta prática, Yang foi recrutado para lutar em um Ostbataillone alemão (literalmente: Batalhão Leste) na 709 Divisão de Infantaria da Wehrmacht. Ostbataillones eram pequenos batalhões de homens compostos por "voluntários" das numerosas regiões da Europa, controladas pela Alemanha Nazista. Estes grupos serviam como tropas de choque e apoio a batalhões maiores da Wehrmacht mais experientes.
Yang Kyoungjong, o único soldado conhecido que lutou em três lados na Segunda Guerra
Fotograma do filme "My Way". Via: Youtube
Depois de ser recrutado para lutar pelo Terceiro Reich, Yang foi enviado para ajudar a defender a península de Cotentin na França, pouco antes do Dia D. Quando o Dia D chegou e as tropas Aliadas atacaram as praias, Yang estava entre um punhado de soldados capturados pelo 506º Regimento de Infantaria de Paraquedistas dos EstadosUnidos.

Inicialmente, o tenente Robert Brewer informou que haviam capturado "quatro asiáticos com uniforme alemão". Embora isso fosse tecnicamente verdadeiro, o 506º acreditava erroneamente que os quatro homens (incluindo Yang) eram japoneses. Na realidade, três dos homens eram turcomenistaneses, e Yang, como já observamos, era coreano. Possivelmente a falta de comunicação, devido a ele não ser fluente em inglês ou alemão, Yang foi enviado para outro campo de prisioneiros de guerra, desta vez na Grã-Bretanha, onde permaneceu até o fim da guerra.
Yang Kyoungjong, o único soldado conhecido que lutou em três lados na Segunda Guerra
Fotograma do filme "My Way". Via: Youtube
Quando a segunda guerra mundial terminou, Yang escolheu não voltar para casa, imigrando para os Estados Unidos, onde mais uma vez sua história se tornou nebulosa. Somente muitos anos mais tarde souberam que ele se casou com uma americana, teve dois filhos e uma filha no Condado de Cook, Illinois, onde era um cidadão sumamente respeitado e que veio a falecer em 1992, com 81 anos.

Tudo isso teria praticamente passado em branco se em 2011 o diretor de cinema coreano Kang Je-gyu não tivesse se interessado pela história de Yang Kyoungjong, quando decidiu rodar o longa "Mai wei". Kang inseriu alguns contextos (fora de contexto) fantásticos no roteiro cinematográfico, mas o filme foi sim baseado na história inacreditável deste homem.
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26
Out17

Incêndios florestais Marcelo sabia de tudo. Governo ficou chocado com o Presidente

António Garrochinho


Primeiro-ministro informou Marcelo sobre os calendários para a apresentação de medidas e até para a saída da ministra da Administração Interna.
Foi com surpresa e até com choque que foi recebida pelo Governo a declaração do Presidente da República na terça-feira sobre a resposta a dar aos incêndios. Não só pelo tom da intervenção, mas porque o chefe de Estado estava a par de tudo o que estava a ser preparado, na reacção às tragédias deste Verão - e Marcelo nunca terá transmitido qualquer desacordo com esses passos e o calendário a seguir, garantiu ao PÚBLICO uma fonte do executivo. Não até àquela intervenção ao país, em que ficou registado o ultimato ao Governo.
"Estávamos à espera de um discurso duro, mas ficámos chocados", conta o mesmo responsável. No executivo, o sentimento é o de que o Presidente mudou a actuação entre as conversas que foi tendo ao longo dos dias com o primeiro-ministro e a reacção que teve em directo dos paços do concelho de Oliveira do Hospital. 
Em concreto, do lado de São Bento garante-se que Marcelo estava informado não só sobre as medidas que iriam ser tomadas no Conselho de Ministros extraordinário, algumas delas em preparação nos últimos meses e até com a colaboração activa do Presidente, como sobre o calendário que iria ser seguido. E Marcelo terá assentido: “As coisas estavam combinadas com o Presidente da República, nomeadamente o momento da saída da ministra Constança Urbano de Sousa".A demissão da ministra da Administração Interna era um assunto que estava em cima da mesa, mesmo antes da tragédia de 15 de Outubro – aliás, a própria contou na carta de demissão que já tinha pedido para sair por duas vezes. Apesar da forte pressão, Costa defendeu que a substituição da ministra só deveria acontecer depois do Conselho de Ministros, para que fosse Constança a apresentar as medidas que preparou. "Estava tudo acordado. O Presidente sabia da saída da ministra", reforçam ao PÚBLICO.
Contudo, Marcelo acelerou. O timing e o tom do Presidente, naquele discurso, deixaram o Governo "chocado". Na intervenção que marca a viragem na relação entre os dois, Marcelo disse a Costa que estaria atento e "exerceria todos os poderes", exigindo ao Governo um "novo ciclo". E que o Governo teria de "ponderar o quê, quem, como e quando serve este ciclo”. Além disso exigia que o Governo retirasse "todas, mas mesmo todas, as consequências da tragédia de Pedrógão Grande”.
O Presidente, para já, prefere chutar para canto. Ainda ontem, os jornalistas perguntaram a Marcelo se alguma coisa tinha mudado na relação como primeiro-ministro. A resposta foi seca: “Não vou comentar realidades que não interessam aos portugueses. O que interessa aos portugueses são medidas e a sua concretização”.
A concretização, sabia Marcelo, estava a ser preparada para apresentar no Conselho de Ministros no sábado seguinte. Mas Costa foi obrigado a mostrar parte delas logo no dia seguinte, no debate quinzenal (vistas ali como cedências ao discurso do chefe de Estado): desde o reforço de verbas no Orçamento para 2018, à demissão da ministra ou mesmo sobre as indemnizações às vítimas. Aliás, sobre as indeminizações, Marcelo pressionou o Governo a fazer uma avaliação "de forma rápida", de modo a indemnizar as vítimas de Pedrógão no dia antes dos incêndios de Outubro. Mas o tal mecanismo extrajudicial já vinha a ser preparado - com Belém informado - e estava agendada a reunião com a Associação de Familiares das Vítimas para quarta-feira, no dia em que foi apresentada esta medida. 
Certo é que a declaração do chefe de Estado marca uma viragem na relação com o Governo e isso terá consequências para o que falta dos mandatos de ambos. Marcelo não só descolou da atitude de António Costa, no tom e no conteúdo, como acabou por contribuir para fragilizar o Governo na pior altura - depois de uma tragédia. Isso mesmo foi notado esta semana pelo porta-voz do PS, João Galamba, que dizia que Marcelo "aproveitou o momento infeliz do Governo". Se Costa e Marcelo se conhecem há muitos anos e a relação se desenvolverá com base em algum pragmatismo, no Governo cresceu um sentimento de desconfiança.



www.publico.pt
26
Out17

Vai viajar para os EUA com a TAP? Prepare-se para a “entrevista de segurança”

António Garrochinho


É já a partir desta quinta-feira, dia 26 de outubro, que os passageiros com voo marcado com a TAP para os Estados Unidos vão passar a ser sujeitos a uma “entrevista de segurança”.

A medida obedece às novas regras de segurança para voos internacionais de longo curso, que foram anunciadas esta quarta-feira pelo Governo norte-americano.

“De forma a cumprir com as novas exigências de segurança das autoridades dos EUA, todos os passageiros que embarquem tendo como destino qualquer cidade dos EUA serão submetidos, a partir de amanhã, dia 26 de Outubro, a uma ‘entrevista de segurança’, realizada em conjunto com a PSP”, confirmou o Dinheiro Vivo junto da companhia aérea.
A companhia não especifica, porém, se será pedido aos passageiros que cheguem mais cedo ao aeroporto.

Ao início da tarde de hoje, o mesmo anúncio foi feito pela Air France, Cathay Pacific, EgyptAir, Emirates e Lufthansa.
Mais tarde, a porta-voz da Agência Norte-Americana para a Segurança nos Transportes confirmou que a medida se estende “a todos os voos”.

Lisa Farbstein informou que “as medidas de segurança vão afetar todos os indivíduos, quer sejam passageiros internacionais ou cidadãos norte-americanos, que viajem para os Estados Unidos desde um destino internacional”.

A mesma responsável explicou que a medida vai ser aplicada aos cerca de 2100 voos internacionais e mais de 325 mil passageiros que chegam diariamente aos Estados Unidos. No total, as entrevistas terão lugar em 280 aeroportos de 105 países, e em 180 companhias aéreas.



www.dinheirovivo.pt
26
Out17

PCP, DEPÓSITO MORAL DA POLÍTICA PORTUGUESA

António Garrochinho

PUBLICADO POR ANTÓNIO SANTOS


Um comunista, ao contrário de um membro do PS, do PSD ou do CDS-PP, vive sob um código moral que não precisa de ser escrito nem dito, mas que todos esperam que cumpra. Um comunista não lixa o colega de trabalho, sente, por instinto, repulsa pelo luxo e faz da humildade uma bandeira verdadeira. De um comunista até os membros de outros partidos todos esperam generosidade, seriedade e verdade. Se alguém do PS se cruza com uma injustiça e vira a cara para não ver, está no seu direito, não era nada com ele. Se um comunista fizesse o mesmo, alguém no café diria «é muito comunista, é muito comunista, mas pode ver um gajo na merda e está-se a cagar». E diria bem. Porque ser comunista não é só ser membro de um partido e lutar por um mundo novo: é aceitar voluntariamente o dever formidável de ser o exemplo vivo, militante, pessoal, diário e tangível da superioridade desse ideal. É por isso que já ninguém se surpreende quando um ministro do PS vai trabalhar para uma empresa que privatizou mas nos chocaríamos se um militante comunista exigisse ser tratado por «doutor». Os comunistas julgam-se por critérios superiores.

A superioridade moral dos comunistas não tem qualquer segredo nem os militantes do PCP são seres humanos diferentes dos outros. Mas num país em que todos os partidos abdicaram da ideologia (pelo menos abertamente), só o PCP defende um ideal nomeável com que se possa confrontar os seus militantes. Ninguém, em nenhuma circunstância, ao balcão de nenhum café, diria algo semelhante a «Já viste? Esse gajo, tanta conversa sobre a social-democracia... Transferiu a massa toda para um offshore nas Bahamas!» ou «Que vergonha! Uma gaja que se diz neo-liberal e tem os trabalhadores com salários em atraso!». Já os comunistas têm um ideal que até a direita associa a princípios elementares de justiça. 

É por esta razão que, não sendo diferentes dos outros seres humanos, é tão raro, e por isso surpreendente, conhecer militantes comunistas mentirosos, sobranceiros, corruptos, carreiristas ou oportunistas. No PCP não há empregos, confortáveis tachos nem altos voos políticos: só há trabalho militante e sacrifícios pessoais que, tão grandes que são, só os suporta quem lhes ama a razão e os consegue fazer com um sorriso. Sem esperar nada em troca, a não ser a alegria cheia de nos sabermos parte da luta pelo que é justo.


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26
Out17

Uma alemã pede desculpa por atos cometidos pelos nazis

António Garrochinho

80 anos depois de ter fugido da Alemanha nazi para os Estados Unidos, Peter Hirschmann é, subitamente, transportado para as dolorosas memórias do passado por uma carta. Um carta de pedido de desculpas de uma neta pelo comprtamento do avô em 1939.

“Assim que comecei a ler as lágrimas vieram-me aos olhos porque era uma carta muito pessoal. Eles tiraram-nos a casa e deram-na ao avô dela. Mesmo que ele tenha pago por ela, tenho a certeza que foi uma miséria”, conta Peter.

Foi após a morte do avô que Doris Schott-Neuse conheceu a origem da casa da família. Vasculhou o registo de propriedades da cidade de Nuremberga e descobriu a forma como os nazis se apropriaram da casa dos Hirschmann

“Na minha experiência, o passado não termina, mas vive também nas gerações seguintes e, portanto, era importante para mim escrever e também encontrar informações sobre o que exatamente aconteceu, mas quando escrevi a carta, senti a necessidade de expressar que lamento muito o que aconteceu naquela altura”, afirma.

O pai de Peter era um homem de negócios bem sucedido de raça judia, um dos muitos que, a partir de 1938, com a aplicação das Leis de Nuremberga, perderam tudo e foram deportados ou obrigados a fugir.

Com o passado agora bem presente Peter diz: “tenho aconselhado a minha mulher a não se sentir, no futuro, assombrada pelo passado”.

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26
Out17

26 de Outubro de 1933: Morre o pintor José Malhoa

António Garrochinho


Pintor português, nascido a 28 de Abril de 1855, nas Caldas da Rainha, José Malhoa frequentou a Academia de Belas Artes, sendo discípulo de Lupi e Anunciação. Assumiu integralmente a pintura em 1881, após o sucesso do quadro Seara Invadida.

Imprimiu uma certa crueza à tradição romântica de que fora herdeiro, pintando o quotidiano do homem do campo,impregnado de sentimentalismo cristão e de um pitoresco paganismo, ou ainda o meio popular dos fadistas. Os Bêbados (1907) e O Fado (1910) figuram entre as suas obras mais conhecidas. Por último, representou o outono(1918) com uma sensibilidade já impressionista.

Realizou inúmeras exposições, tanto em Portugal como no estrangeiro, designadamente em Madrid, Paris e Rio de Janeiro. Foi pioneiro do Naturalismo em Portugal, tendo integrado o Grupo do Leão.

O prestígio atingido ainda em vida valeu a José Malhoa numerosas consagrações e homenagens, assim como muitos discípulos e seguidores. Veio a falecer em Figueiró dos Vinhos em 26 de Outubro de 1933.

Na cidade de Caldas da Rainha situa-se o Museu José Malhoa. A 17 de Junho de 1933, um despacho ministerial confirma um parecer favorável do Conselho Superior de Belas Artes, autorizando a criação do “Museu José Malhoa”. O Museu seria, então, inaugurado a 28 de Abril de 1934, dia do aniversário de José Malhoa, que havia falecido a 26 de Outubro do ano anterior; o Museu foi, provisoriamente, instalado na “Casa dos Barcos”, no Parque D. Carlos I, um edifício cedido pelo Hospital Termal, abrindo anualmente ao público entre 28 de Abril e 26 de Outubro.


O projecto definitivo, dos arquitectos Paulino Montês  e Eugénio Correia, é concluído em 1937. A 11 de Agosto de 1940, dá-se a inauguração do edifício, no âmbito dos festejos provinciais dos Centenários da Fundação e da Restauração de Portugal.

José Malhoa. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013.wikipedia (Imagens)

José Malhoa
Ficheiro:Jose malhoa fado.jpg
O Fado - José Malhoa

Ficheiro:Jose malhoa bebados.jpg
Os Bebados ou Festejando o S. Martinho - José Malhoa
Ficheiro:Pq d carlos i museu de jose malhoa.JPG
Museu José Malhoa - Caldas da Rainha

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26
Out17

Sobre o mercado de trabalho atual: do século XXI ao século XIX, um retorno a Marx. 1 – A centralidade do trabalho vivo – Parte I/II

António Garrochinho





Sobre o mercado de trabalho atual: do século XXI ao século XIX, um retorno a Marx. 1 – A centralidade do trabalho vivo – Parte I


O  projeto liberal claramente parece querer atacar não apenas este Código do Trabalho, mas o próprio trabalho em si-mesmo. Em qualquer caso, as explicações apresentadas para justificar um projeto específico baseiam-se principalmente na ideia de que o trabalho teria perdido a sua “centralidade”, ou mesmo que nunca teria tido a centralidade que alguns lhe conferem e que os direitos que o envolviam se tornaram obsoletos.

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A centralidade do trabalho vivo – Parte I
                              O que é o trabalho vivo ?  A  Filosofia do trabalho vivo
(Por Jean-Marie Harribey, Setembro de 2017)
INTRODUÇÃO

No centro do arrebatamento dos media sobre o rendimento universal que acompanharam as eleições francesas de 2017 ou que se repetem em alguns círculos alternativos, há a questão do trabalho. [1] Por outro lado, os medos expressos em face das reformas do Código do Trabalho são ainda mais agudos porque o projeto liberal claramente parece querer atacar não apenas este Código, mas o próprio trabalho em si-mesmo. Em qualquer caso, as explicações apresentadas para justificar um projeto específico baseiam-se principalmente na ideia de que o trabalho teria perdido a sua “centralidade”, ou mesmo que nunca teria tido a centralidade que alguns lhe conferem e que os direitos que o envolviam se tornaram obsoletos. Não faltam grandes figuras da filosofia política para servir como uma referência à perda da centralidade do trabalho, alguns até sendo considerados como ícones do pensamento crítico contemporâneo, nomeadamente Arendt, Gorz ou Foucault. No entanto, se olharmos para Marx, o primeiro crítico da alienação do trabalho, ao assumir uma parte da herança hegeliana sobre o trabalho como a “essência” do homem ou do lado da psicopatologia, sociólogos do sofrimento no trabalho como Dejours, redescobrimos a importância do conceito de centralidade do trabalho. Consequentemente, a negação do conceito seria apenas o para-vento de negação do próprio facto, o trabalho. E negar o trabalho seria outra oportunidade para enterrar o seu relacionamento conflituoso com o capital.
Índice
  1. O que é o trabalho vivo
a) Filosofia do trabalho vivo
b) Psicossociologia do trabalho vivo
2. As implicações teóricas do trabalho vivo
a) Que evolução do trabalho e da produtividade?
b) O trabalho vivo e a criação do valor
c) Qual é o sentido do trabalho ?
3. As implicações metodológicas do trabalho vivo
a) Que crítica do trabalho?
b) Uma crítica epistemológica??
A primeira interrogação incide sobre o facto de saber de que trabalho se trata. Trata-se do trabalho assalariado empregado e explorado pelo capitalismo, ou seja a força de trabalho proletária? Ou do trabalho como atividade humana destinada a satisfazer necessidades? Do meio pelo qual o homem entra em relação com a natureza, seja para dela tomar posse , seja para se inserir num metabolismo com ela? Por outros termos, o trabalho é uma categoria histórica ou antropológica conforme se olham as formas que este reveste no espaço e o tempo ou conforme este esteja  ligado à condição humana de produzir os meios de existência? Duvida-se que as respostas a estas questões não sejam unívocas; assim, a hipótese que será estudada aqui é que uma vez que o trabalho é vivo então o trabalho é e permanece central.
  1. O que é o trabalho vivo ? A filosofia do trabalho vivo
Para refletir sobre esta hipótese, convirá definir o trabalho vivo, e seguidamente analisar quais são as implicações da sua centralidade, tanto sobre o plano teórico como no plano metodológico. O caminho levar-nos-á da crítica da economia política à antropologia.
O que é o trabalho vivo?
O trabalho vivo pode ser definido sobre o plano filosófico e sobre o plano psicossociológico. À primeira vista contraditórias, as diferentes definições não são talvez irreconciliáveis.
 Filosofia do trabalho vivo
Herdando da economia política de Smith e Ricardo, Marx encontra nesta a distinção estabelecido por Ricardo entre o trabalho indireto contido nos meios de produção e o trabalho direto utilizado na  transformação da matéria. Se se tratasse apenas de exprimir uma medida económica, por exemplo em tempo de trabalho necessário para a produção, Marx teria feito apenas de substituir a sua distinção entre trabalho morto e trabalho vivo à ideia de Ricardo, todas as duas, neste caso, equivalentes. Mas se Marx toma a precaução de efetuar esta substituição semântica, é que entende deslocar o problema. Ao nível económico, indica que o trabalho é vivo pelo facto que é ele que, por um lado, é ato de criação de um novo objeto material ou imaterial, e, por outro lado, é a causa de um valor acrescentado. E, ao nível filosófico, o trabalho é vivo de acordo com Marx porque é por ele que o homem se constrói a si mesmo. O trabalho é por conseguinte “vivo” porque é vital num duplo sentido: vital para produzir as condições concretas de existência, vital para se produzir ele próprio num coletivo social e cultural.
Pode-se considerar que esta ideia “de vitalidade” é contínua no pensamento de Marx. Na ideologia alemã, escreve com Engels: “Eles mesmos [os homens] começam a distinguir-se dos animais logo que se puserem a produzir os seus meios de existência: aí, eles deram  um passo que lhes foi  ditado pela sua organização física. Produzindo os seus meios de existência, os homens produzem indiretamente a sua vida material própria. ” [2] E, no Capital, “o trabalho é antes de mais nada um ato (ein Prozeß) que se passa entre o homem e a natureza, um ato no qual o homem harmoniza (vermittelt), regula e controla pela sua própria ação as suas trocas orgânicas (Stoffwechsel) com a natureza” [3]. Indubitavelmente, Marx adota aqui uma conceção antropológica de trabalho, que confirmará repetidamente,  distinguindo o processo de trabalho em geral (é deste que trata-se aqui) e o processo de trabalho capitalista. Assim, o trabalho vivo permite o movimento da vida e não pode ser reduzido a um simples ato de valorização do capital.
 “O processo de trabalho como nós acabámos de o analisar nos seus momentos simples e abstratos – a atividade que tem por  objetivo a produção de valores de uso, a apropriação dos objetos externos às necessidades – é a condição geral das trocas materiais entre o homem e a natureza, uma necessidade física da vida humana, independente por isso mesmo de todas as formas sociais, ou antes, igualmente comum à todas. ” [4] Se este processo for uma condição sine qua non da reprodução social, ou seja perpetuação da vida da sociedade, compreende-se que, mais tarde, Karl Polanyi sublinhará o risco para a sociedade se o trabalho, a terra e a moeda se transformassem em puras mercadorias. [5]
Mas, imediatamente, emerge uma segunda dimensão inscrita na distinção de Marx: se há um processo de trabalho capitalista, é que o trabalho deve também ser recolocado na divisão do trabalho e das relações sociais nos quais é posto em forma e organizado. Há por conseguinte em Marx uma dualidade: o trabalho como dimensão antropológica e o trabalho como construído social e historicamente. E é porque o capitalismo tende a fazer do trabalho um dado homogeneizado, não diferenciado, abstrato, que se pode ser conduzido a deixar de ver nele um conceito histórico ligado ao capitalismo. Neste último sentido, o trabalho é inseparável das relações de dominação para realizar o processo de valorização do capital, esta “coisa morta”, este “trabalho morto”. Daí vem para Marx a necessidade de forjar o conceito de força de trabalho – ausente nos clássicos Adam Smith e Ricardo – para designar a utilização do trabalho vivo pelo capital : “Sob este nome [potência de trabalho ou força de trabalho] é necessário compreender o conjunto das faculdades físicas e intelectuais que existem no corpo de um homem, na sua personalidade viva, e que este deve pôr em movimento para produzir coisas úteis. ” [6]
Para explicar a complexidade da questão do trabalho no capitalismo, Marx mostra que não pode ser dissociada a dominação pelo trabalho e no trabalho. [7] A primeiro corresponde ao processo de reprodução da relação social que leva a uma crescente proletarização de trabalhadores (cada vez mais a ser desapropriado dos meios de trabalho, eles são obrigados a tornarem‑se assalariados, vendendo a sua força de trabalho). A segunda forma de dominação tem a ver, de acordo com Marx, com a passagem histórica de uma dominação do trabalho (a dos tecelões no domicílio, sujeitos a uma relação de poder) a uma dominação no próprio trabalho (na grande fábrica, onde o processo de trabalho em si é completamente reformulado para acelerar a produção de mais-valia. [8] No capitalismo, o domínio do trabalho pelo capital corresponde ao que Marx designa como “uma submissão  formal”, enquanto que a dominação no trabalho corresponde à “submissão  real”.
Emmanuel Renault conclui que “é, portanto, fútil perguntar se Marx deve ser considerado como uma crítica de dominação no trabalho ou como um crítico de dominação pelo trabalho, uma vez que Marx estabelece que essas duas questões são inseparáveis”. Se isto é correto, e nós partilhamos essa análise, deixará de ser necessário escolher entre libertar o trabalho e libertar-se do trabalho. Esta é também a razão pela qual Michel Henry argumenta que Marx pensa a alienação como um processo de “desvitalização” de trabalho vivo. [9]
Pode-se então começar a reformular a questão da historicidade ou não do trabalho. Além da especificidade das formas de implementação da força de trabalho no capitalismo, Jean-Philippe Deranty mantém a hipótese que vamos encontrar mais à frente: mesmo se, de fato, o trabalho “puro e simples” é um produto do capitalismo, isso não significa que noutras épocas e noutras sociedades não se trabalhava ou que o trabalho não era já um vetor decisivo do desenvolvimento individual e de estruturação da vida social. Simplesmente, pode não ter sido enquanto tal nas representações que dele faziam os indivíduos e sociedades. “[10]

Notas
[1] Mateo Alaluf et Daniel Zamora (dir.), Seth Ackerman, Jean-Marie Harribey, Contre l’allocation universelle, Montréal, Lux, 2016. Les Économistes atterrés et la Fondation Copernic (Jean-Marie Harribey et Christiane Marty, coord.), Faut-il un revenu universel ?, Paris, Les Éditions de l’atelier, 2017. Attac, « Note sur le revenu d’existence universel », février 2017.
[2] Karl Marx, Friedrich Engels, L’idéologie allemande, 1845-1846, in Karl Marx, Œuvres, Paris, Gallimard, La Pléiade, 1982, tome III, p. 1055.
[3] Karl Marx, Le Capital, Livre I, 1867, Paris, Gallimard, La Pléiade, 1965, tome I, p. 727 et note p. 1648.
[4] Karl Marx, Le Capital, Livre I, op. cit., p. 735.
[5] Karl Polanyi, La grande transformation, Aux origines politiques et économiques de notre temps, 1944, Paris, Gallimard, 1983.
[6] Karl Marx, Le Capital, Livre I, op. cit., p. 715, souligné par nous.
[7] Para uma apresentação simples, veja-se Emmanuel Renault, « Comment Marx se réfère-t-il au travail et à la domination ? », Actuel Marx, n° 49, 1er semestre 2011, p. 16-31.
[8] Karl Marx, Le Capital, Livre I, chapitres XIII, XIV, XV,1867, in Œuvres, Paris, Gallimard, La Pléiade, tome I, 1965.
[9] Michel Henry, Marx, tome I, Une philosophie de la réalité, tome II, Une philosophie de l’économie, Paris, Gallimard, 1976.
[10] Jean-Philippe Deranty, « Cartographie critique des objections historicistes à la centralité du travail », Travailler, n° 30, 2013/2, p. 31.Notas:


Sobre o mercado de trabalho atual: do século XXI ao século XIX, um retorno a Marx. 1 – A centralidade do trabalho vivo – Parte II


O  projeto liberal claramente parece querer atacar não apenas este Código do Trabalho, mas o próprio trabalho em si-mesmo. Em qualquer caso, as explicações apresentadas para justificar um projeto específico baseiam-se principalmente na ideia de que o trabalho teria perdido a sua “centralidade”, ou mesmo que nunca teria tido a centralidade que alguns lhe conferem e que os direitos que o envolviam se tornaram obsoletos.

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A centralidade do trabalho vivo – Parte II
                    O que é o trabalho vivo ?  A  psico-sociologia do trabalho vivo
(Por Jean-Marie Harribey, Setembro de 2017)

É uma segunda abordagem possível para definir o trabalho vivo.  É o caso da psicodinâmica do trabalho, que considera que “o trabalho, enquanto trabalho vivo, é o termo que conceptualiza a ligação entre a subjetividade, a política e a cultura” [11]. Esta abordagem desenvolveu-se a partir das análises sobre o sofrimento no trabalho imposto  pela nova gestão neoliberal. Em particular, Christophe Dejours propôs uma síntese entre a pesquisa com base na psicanálise e as análises feitas pela psicodinâmica do trabalho: “ muito tardiamente foi possível estabelecer a coerência entre os dois campos: quando o paradoxo da dupla centralidade pode ser resolvido. Por paradoxo da dupla centralidade designa-se a centralidade do trabalho no que diz respeito à identidade, à autorrealização e mais amplamente à saúde mental, por um lado, a centralidade da sexualidade em relação ao que Freud designa pelo termo de Seelenleben (vida da alma), isto é, da vida subjetiva, por outro lado.
 Esta vida subjetiva também envolve a construção da identidade, da auto-realização e da saúde mental. Mas só há um centro! A resolução do paradoxo da centralidade passa, precisamente, pela teoria do corpo que se torna, portanto, um elemento crucial do programa teórico de manter juntos os dois polos tradicionais da teoria crítica desde os inícios da escola de Frankfurt: sexualidade e trabalho ou psicanálise e marxismo. “[12]
A integração do corpo na teoria crítica do trabalho renova os termos em que esta última é levantada, na medida em que já não se trata simplesmente de analisar o peso das estruturas sociais objetivas sobre os indivíduos no trabalho. Christophe Dejours escreve: a fenomenologia de Michel Henry realmente dá ao trabalho um lugar proeminente que tornou possível formular de forma precisa a relação entre o corpo e o real, ou seja, o que  se faz conhecer aquele que trabalha através da resistência do mundo ao seu controlo. Como resultado, é toda a inteligência no trabalho a nível individual que é reformulada graças ao conceito de “corpspropriation” do mundo. É então possível mostrar como é o corpo inteiro que está envolvido na familiaridade com o real, sem o qual a intuição das soluções para superar o real simplesmente não poderia ser formada. “[13]
No período entre-duas-guerras, Simone Weil tinha descrito a mina como “um mundo distante, separada do mundo dos vivos” onde “os homens só existem como trabalhadores” [14]. A mina tem regredido muito hoje, mas métodos néo taylorianos de “nova gestão” desenvolveram, como Danièle Linhart descreve: “despojar o empregado de sua experiência profissional, não é apenas estar a retirar-lhe a base de que ele precisa para não ser ultrapassado pelo seu trabalho, para sentir-se à altura, armado para o realizar e no direito de afirmar o seu ponto de vista. É também tirar-lhe uma parte da sua identidade, a que foi construída em torno desta experiência e graças a ela. Mudar o trabalho constantemente é igualmente afetar a constância da identidade dos trabalhadores. “[15]
Se o problema para o capital de despojar a identidade do trabalhador –e não apenas uma parte do valor económico que este acrescenta – é tão importante, é porque a experiência do trabalho é sempre uma experiência de atenção e do esforço para evitar erros, repetições e constrangimentos. Esta experiência   comporta sempre um  certo  sofrimento que pode ser compensado pela satisfação de exercitar faculdades corporais e intelectuais, pelo sucesso da transformação do trabalho prescrito no trabalho real, ou pelo reconhecimento de colegas ou da hierarquia. Mas esse sofrimento  nunca pode ser anulado  de modo que a atividade de trabalho é acompanhada por um trabalho psíquico de transformação da dureza no trabalho em satisfação cujo resultado nunca é garantido. “[16]

Da integração do corpo na teoria crítica do trabalho à integração no corpo, há aparentemente apenas um passo. Um passo que poderia aproximar o conceito de habituação definida esta por Pierre Bourdieu como a incorporação pelos indivíduos das formas de pensar, de sentir e de atuar, ao longo do processo de socialização [17]. Em todo o caso, há em Marx, na análise que ele faz da grande fábrica, a consciência da natureza ambivalente e contraditória do trabalho que não se pode compreender se separamos a sua dimensão “vital” da sua dimensão económica. Jacques Bidet di-lo da seguinte maneira : “o projeto de uma história social do corpo, conjuntamente biopolítica e económica, é anunciado no primeiro conceito da sua teoria, tradicionalmente referida como a do “ valor-trabalho “. Este nome é bastante impróprio. Isso não significa que o trabalho em si tenha um valor, mas que o valor será definido a partir do trabalho. Mais precisamente: do corpo para o trabalho. Se o valor das mercadorias for, em condições a definir, relativas à “despesa da força laboral” (“despesa produtiva do cérebro, músculos, nervos, mão humana”, diz Marx), o problema económico é imediatamente colocado em termos tangíveis. [18] (ver caixa “o valor” trabalho e o “valor-trabalho”).
O “valor” trabalho e o “valor-trabalho”

Há apenas uma palavra (valor) para designar duas realidades bem diferentes.
Num primeiro nível, quando se trata de “valor” trabalho, refere-se ao conteúdo ético, filosófico ou político que está ligado ao trabalho ou de outra forma que lhe é negado. Assim, o conceção que vem de Hegel faz do trabalho um valor em si-mesmo, dado que este se refere à essência humana. Pelo contrário, na tradição decorrente da Arendt muitas vezes retomada nas teorias favoráveis ao rendimento de subsistência, este valor associado ao trabalho é negado, ou “está em vias de extinção”. Os inquéritos sociológicas agora disponíveis desmentem esta ideia, mostrando que, em grande maioria, parte, os indivíduos querem-se encaixar no mundo do trabalho
O termo “valor” também é usado no campo económico e está associado com o trabalho em particular. E é aqui que as coisas se complicam. A economia política, que nasceu no final do século XVIII sob a mão de Smith e Ricardo, desenvolveu a teoria dita de valor-trabalho que faz com que o trabalho seja a base do valor da troca dos bens, o valor de uso sendo apenas a motivação de sua produção. Marx assumirá esta ideia de que só o trabalho produz valor mas muda a sua redação para explicar dois fenómenos. (1) o valor de uma mercadoria expressa a fração do trabalho coletivo que é socialmente validado nela. (2) O capitalista não compra o trabalho do assalariado, nem o seu produto, mas a sua força de trabalho,  de onde ele vai obter uma mais valia, dita o ganho de capital.
A polissemia do termo “valor”, em seguida, desdobra-se então de uma dificuldade adicional: falar de “valor do trabalho” presta-se à confusão porque, sem mais esclarecimentos, não se sabe se estamos a falar do “valor” trabalho no sentido filosófico, ou do valor recebido pelo trabalhador sob a forma de salários, ou, por fim, do valor produzido pelo trabalhador, muito maior do que o seu salário, a diferença correspondente ao lucro capitalista. Para colocá-lo sem rodeios, mas elegantemente, como Marx o fez: “o trabalho é a substância e a medida inerente dos valores, mas não tem valor em si mesmo.” 19]
D’après l’encadré de la « Note sur le revenu d’existence universel », Attac, février 2017, JMH


Notas
[11] Christophe Dejours, Travail vivant, tome II : Travail et émancipation, Paris, Payot, 2009, p. 177, cité par Alexis Cukier, « Introduction » à Alexis Cukier (dir.), Travail vivant et théorie critique. Affects, pouvoir et critique du travail, Paris, PUF, 2017, p. 7.
[12] Christophe Dejours, « Théorie du travail, théorie des pulsions et théorie critique : quelle articulation ? », in Alexis Cukier (dir.), Travail vivant et théorie critique. Affects, pouvoir et critique du travail, Paris, PUF, 2017, p. 131.
[13] Ibid., p. 133.
[14] Simone Weil, « Après la visite d’une mine », L’Effort, n° 229, 19 mars 1932, reproduit dans Geneviève Azam et Françoise Valon, Simone Weil ou l’expérience de la nécessité, Noisy-en-Campagne, Le Passager clandestin, 2016, p. 91-93.
[15] Danièle Linhart, « D’ou vient la souffrance des salariés du XXIe siècle ? Ruptures et continuités entre management moderne et logique taylorienne », dans ce numéro des Possibles.
[16] Emmanuel Renault, « Héritages et actualité de la critique immanente du travail », in Alexis Cukier (dir.), Travail vivant et théorie critique. Affects, pouvoir et critique du travail, Paris, PUF, 2017, p. 79.
[17] Pierre Bourdieu écrit dans Le sens pratique, Paris, Ed. de Minuit, 1980, p. 88 :  “De acordo com o programa sugerido por Marx nas Teses sobre Feuerbach, a noção de habitus visa a tornar possível uma teoria materialista do conhecimento que não abandone  ao idealismo a ideia que todo o  conhecimento, ingénuo ou douto, pressupõe um trabalho de construção (…). Todos os que utilizaram antes de mim este velho conceito (…) inspiravam-se (…)  de uma  intenção teórica vizinha do minha, ou seja da intenção de escapar ao mesmo tempo à filosofia do sujeito mas sem estar a sacrificar o agente, e à filosofia da estrutura, mas sem estar a renunciar  tomar em conta os efeitos que exerce sobre o agente e através dele. “
[18] Jacques Bidet, Marx et la Loi travail, Le corps biopolitique du Capital, Paris, Les Éditions sociales, 2016, p. 16.
[19] Karl Marx, Le Capital, Livre I, 1867, in Œuvres, Paris, Gallimard, La Pléiade, 1965, tome I, p. 1031.

 A terceira parte deste texto será publicada, amanhã, 26/10/2017, 22h





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