Quando a gente pensa em personagens de envergadura, homens magnânimos e geniais, um dos primeiros que vem à mente é o escrito Leon Tolstói. Este pensador russo não só foi autor de dois dos romances mais populares da história da literatura, senão que contribuiu inovadoras ideias à política, à religião e à ecologia -foi forte influência de Gandhi e de Luther King, entre outros- e em geral levou uma vida única, cheia de paixão e acontecimentos.
Aos 25 anos, em 1853, Tolstói já tinha escrito "Não encontrei ninguém moralmente tão bom quanto eu, ou disposto a sacrificar tudo por um ideal, como eu". A vontade e a prolixidade de Tolstói sem dúvida foram enormes, ao que parece não tanto sua modéstia. O prodígio é que Tolstói desenhou a si mesmo. Aos 18 anos enunciou uma série de regras que tinha de seguir para o cume da sua existência:
Acordar às 5 da manhã;
Dormir não mais tarde que 10 da noite;
Duas horas para tirar uma soneca durante o dia;
Comer moderadamente;
Evitar alimentos doces;
Caminhar uma hora por dia;
Ir no bordel só duas vezes ao mês;
Amar a quem posso ser útil;
Não levar em conta nenhuma opinião pública não baseada na razão;
Só fazer uma coisa ao mesmo tempo;
Não permitir voos da imaginação ao menos que sejam necessários.
A esta série de regras, Tolstói depois acrescentaria outras que podem ser considerado uma depuração de suas ideias. É de notar que hoje em dia sua regra de limitar sua ida a uma zona a só duas vezes ao mês poderia nos parecer escandalosa ou ao menos não algo que associaríamos com um homem genial, mas sem dúvida devemos notar que os tempos eram outros. Por outro lado é notável que Tolstói já à terna idade tivesse identificado o problema que hoje chamamos de multitarefa e a fragmentação da atenção. Tolstói acrescentou estes preceitos mais tarde:
Não demonstrar emoção;
Deixar de dar importância à opinião dos demais sobre mim;
Fazer coisas boas indistintamente;
Manter distância das mulheres;
Suprimir a luxúria trabalhando muito;
Ajudar todos aqueles menos afortunados.
Ao que parece com a idade Tolstói mudou sua ideia de ir duas vezes ao mês à zona, a simplesmente manter distância das mulheres -provavelmente das mulheres de um bordel-, já que ele se casou aos 34 anos e teve 13 filhos. Segundo alguns episódios foi um casamento com certas turbulências, mas majoritariamente feliz.
O mais significativo de tudo isto, no entanto, é a grande preocupação que Tolstói tinha de buscar fazer o bem e fazê-lo sem buscar a gratificação e a recompensa dos demais.
A Alemanha tornou-se um país republicano em 1918, com a fundação da República de Weimar. Até então, a história do Império e do período de divisão imposto pelo Congresso de Viena impedira o desenvolvimento das estruturas democráticas. Desde a fundação do II Reich, em 1871, a Alemanha conheceu um grande processo de desenvolvimento industrial, equiparando-se às grandes potências da época em vários sectores da produção. Mas desde logo sofreu uma ruptura profunda no seu interior, entre uma classe formada pela alta nobreza e pela alta burguesia e uma classe trabalhadora que exigia também a participação no poder, o que lhe era veementemente negado. A rendição militar e a profunda crise financeira abalaram profundamente as estruturas do país, possibilitando uma rápida polarização, que na prática fez com que a República nascesse destinada a morrer. Desde o final da Guerra a preocupação da maioria dos alemães foi encontrar um culpado para a derrota. A elite militar e empresarial, os meios de comunicação, radicalizaram seu discurso autoritário e preconceituoso, no sentido de propagar a ideia de não houve uma derrota militar, mas sim um ato de traição de grande parcela da sociedade, estimulada pelos partidos de esquerda e pelos agentes do capitalismo internacional, os judeus. Acusavam ainda a Paz de Versalhes pela situação de ruína do país, imposta pelas grandes potências e aceita pelos republicanos, apresentados então como os traidores da pátria. Os conservadores de direita defendiam a reorganização da monarquia e os mais radicais propunham uma ditadura; enquanto que os grupos de esquerda criticavam as reformas republicanas como insuficientes. Desde o início caracterizou-se uma profunda polarização ideológica, com forte efeito sobre os grupos de centro e a maioria da sociedade, situação reforçada pelo constante e rápido agravamento da crise económica.
ORIGEM DO PARTIDO NACIONAL SOCIALISTA
Desde o final da guerra, com a acentuada polarização entre forças de direita e esquerda, surgiram diversos agrupamentos políticos. Cerca de 70 desses grupos possuíam discurso fascista, culpavam os judeus, democratas, liberais e marxistas pela derrota na guerra.
Em 5 de janeiro de 1919 foi fundado o Partido do Trabalhador Alemão na Baviera, ao qual Hitler se associaria em setembro seguinte, tornando-se seu principal orador. Em 1920 o grupo adotou o nome Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (NSDAP) e definiu seu programa político, caracterizado pelo anti-semitismo, extremo nacionalismo e críticas ao capitalismo internacional. De um conjunto de 25 pontos do programa do partido, vários referem-se aos judeus, exigindo que sejam eliminados dos cargos públicos e da imprensa, exigindo uma legislação específica para os mesmos, que seriam comparados a estrangeiros. O discurso radical contra os judeus foi um dos factores de atração sobre outros partidos de extrema direita e grupos anti-semitas; outro factor foi a capacidade retórica de Hitler e toda a encenação montada para seus discursos, e ainda a incorporação de grupos paramilitares, devido a suas relações privilegiadas com o exército. No período de 3 anos o partido cresceu de forma significativa chegando a 55 mil filiados, sendo que parte significativa eram quadros da burocracia do governo, militares e elementos da alta burguesia que enxergavam o NSDAP como uma força significativa na luta contra os grupos de esquerda.
O PUTSCH DE MUNIQUE
Inspirado no movimento fascista de Mussolini na Itália, Hitler, em novembro de 1923, organizou um golpe a partir da cidade de Munique, tendo como pano de fundo a grave crise económica no país, onde em 3 anos os preços dos produtos haviam se multiplicado por 1000. Apesar do fracasso do movimento, projetou o partido e suas ideias em nível nacional. No julgamento realizado em 1 de abril de 24 ficou claro que os juizes simpatizavam com as idéias de Hitler, atestando "um esforço sério" e um "espírito puro e nacional" em seus objectivos. Condenado a 5 anos de prisão, ficou detido por apenas 8 meses. Durante esse período deu início a sua obra "Mein Kampf", definindo sua doutrina. O número de votos do partido diminuiu nas eleições seguintes e Hitler foi proibido de discursar em várias províncias alemãs. No entanto perceberemos que estas consequências negativas se expressarão por um curto período. A partir de então o partido considera que é necessário conquistar o poder pela via legal, apesar de não abrir mão do uso da força. A institucionalização do partido foi marcada por sua presença cada vez maior nas associações já existentes na sociedade civil e pelo desenvolvimento do culto à personalidade, tendo a figura do Führer como o centro das atenções. Percebe-se a importância do "líder" na própria organização interna: organiza-se a juventude Hitleriana e não a juventude nazista. Apesar de toda a propaganda exercida pelo partido, tanto dos conceitos anti-semitas, como da figura do líder, sua votação na década de 20 manteve-se constante. Até 1929, apesar da crise, sectores da economia apresentavam sinais de recuperação, fruto dos investimentos de grupos norte-americanos. Essa situação modificou-se completamente após a crise de 29. De setembro de 29 para setembro do ano seguinte o número de desempregados triplicou
OS EFEITOS DA CRISE DE 29
O processo eleitoral de 1930 foi fortemente influenciado pelos efeitos da crise económica. O Partido Nazista reforçou sua acção propagandística baseada no ataque aos "inimigos do povo alemão", numa referência principalmente aos judeus, ao mesmo tempo em que realizou acções concretas, como a doação de sopa aos pobres e manteve a violência de seu grupo paramilitar contra as associações e partidos de esquerda. Os nazistas procuravam reforçar a imagem de modernidade tecnológica, de decisão e de activismo jovem. Ao mesmo tempo as forças democráticas e republicanas entram em crise. Destaca-se cada vez mais a figura de Alfred Hugenberg, o magnata da imprensa alemã, representando a direita conservadora, responsável por forte oposição à república.
Nas eleições para a Assembleia Nacional, assim como nas eleições nas províncias, o partido de Hitler amplia sua votação, em detrimento dos partidos políticos de centro. O poder estava nas mãos do marechal Hindenburg, monarquista tradicional que, com uma política dúbia, evita a ascensão de Hitler, mas ao mesmo tempo abre caminho para que os grupos conservadores se consolidem no poder. Essa política fica clara com a nomeação de Franz von Papen como chanceler, que organiza um ministério formado por nobres, sem filiação partidária, porém anti-republicanos. As principais medidas do novo governo permitem perceber sua política: Deposição do governo social democrata liderado por Otto Braun na Prússia, permissão para a reorganização da SA; dissolução do Parlamento e eliminação das convenções colectivas de trabalho. Em 2 semanas ocorrem duas eleições para o Parlamento e von Papen não consegue maioria. A crise institucional mais uma vez beneficia Hitler e seu discurso antidemocrático. Em 30 de janeiro de 1933 o presidente Hindenburg entrega o poder a Hitler. Na prática essa foi a forma que os mais variados grupos conservadores, representando diversos sectores da elite encontraram para preservar seus privilégios, recuperar o poder e instaurar um Estado autoritário. Não só a elite apoiou a ascensão do Führer, grande parcela da sociedade o fez, reflectindo as incertezas da situação de miséria que se ampliava no país, como os efeitos da propaganda anti-semita, reforçada desde o final da Primeira Guerra www.historianet.com.br
Tuvalu parece um fundo de tela de computador. O arquipélago é afastado e tranquilo, com praias de águas calmas e cristalinas, areia fina, branca e salpicada de palmeiras, conjunto que forma uma visão de tirar o fôlego.
A economia de Tuvalu é tão pitoresca quanto as ilhas que a formam, baseada na exportação de copra (polpa de coco seca), pandano (espécie de planta tropical), na venda de bandeira tuvaluana e na emissão de selos para colecionadores.
Formado por um grupo de nove ilhas em forma de anéis (chamadas de atóis), sua capital é Funafuti, local com patrimônio histórico dos restos de um avião japonês que caiu ali durante a Segunda Guerra Mundial. A maior ilha é Fongafale (distrito de Funafuti), que possui quatro vilarejos e áreas de convivência comunitárias, ótimas para manter contato com outra cultura e passar um tempo em família. Outros atóis interessantes são Nanumea, que possui uma área de preservação que cobre aproximados dois quilômetros quadrados, e Vaitupu que é lar da segunda população mais vasta do país. As outras ilhas que compõem o paraíso terrestre são: Nui, Nukufetau, Nukulaelae, Nanumanga, Niulakita, Niutao.
A história do arquipélago com as águas é triste e curiosa. É do mar que as famílias tiram seu sustento, é no mar que, entre jogos e disputas de nado, crianças e adultos se divertem. E é do oceano que vem a maior preocupação. As nove ilhas paradisíacas podem ficar submersas em poucas décadas, vítimas de enchentes e de um mar cada vez mais agressivo. As águas avançam de maneira tão avassaladora que não restam dúvidas de que Tuvalu não viverá para conhecer o próximo século. As medições foram iniciadas nos anos 90 mas ninguém sabe ao certo o ritmo do avanço do Pacífico Sul sobre os atóis tuvaluanos.
Em 2011, o país declarou estado de emergência em razão da falta de água doce. Porém, a vizinha Fiji, outra nação pitoresca e isolada, amenizou parcialmente a agonia dos tuvaluanos enviando um milhão de litros de água potável. Deste país, aliás, pode vir a solução definitiva para as mazelas do arquipélago. É lá que os tuvaluanos podem se exilar se os eventos climáticos extremos continuarem testando as ilhas polinésias.
Tuvalu é um destino que promete relaxar e enriquecer espiritual e culturalmente. Devemos aproveitar suas praias e águas cristalinas antes que seja tarde demais e nossa “Atlântida Moderna” se torne o primeiro país a ser engolido pelo oceano.
A atiradora soviética Pavlichenko era tão temida que os alemães falavam com ela à distância, por meio de um megafone. A oficial adquiriu respeito com a experiência que teve desde jovem – aos 14 anos já trabalhava em uma fábrica de munição e não demorou muito para que logo aprendesse a atirar. Quando a guerra começou, ela se voluntariou a lutar para defender seu país.
No início, obviamente, o exército a aceitou apenas como enfermeira, ainda que ela tivesse mostrado seus certificados de boa atiradora. Depois de insistir, ela finalmente teve a chance de fazer um teste de tiro e, ao mostrar seu talento, foi imediatamente aprovada. Durante a Segunda Guerra Mundial, Pavlichenko matou 309 pessoas, sendo que, dessas, 36 eram atiradores alemães de alto escalão.
Apesar de ter sofrido vários ferimentos durante os combates, a atiradora só foi removida de suas atividades depois de ferir gravemente o rosto. Após isso, ela passou a se dedicar ao treinamento de novos atiradores. Apesar de tudo isso, quando deu algumas entrevistas nos EUA, em 1942, ouviu perguntas sobre o estilo de seu uniforme e seus hábitos de maquiagem.
De volta à Rússia, recebeu vários prêmios, incluindo a Medalha Estrela de Ouro e o título de “Heroína da União Soviética”. Depois, graduou-se na Universidade de Kiev e se tornou historiadora.
Reprodução: All That is Interesting.
2 – Nancy Wake
Conhecida como “rato branco” devido à sua habilidade de nunca ser capturada, Nancy Wake foi considerada pelos alemães, durante muito tempo, como a mulher mais procurada do país. Casada com um francês, Wake transportava documentos falsos e materiais contrabandeados – na única vez em que foi capturada e interrogada por muitos dias, nunca revelou nenhuma das informações secretas que sabia.
Em 1943, fugiu para a Grã-Bretanha, onde se juntou ao Serviço de Inteligência Britânico. Depois de um treinamento intenso de paraquedismo e manuseamento de armas, voltou à França como espiã oficial dos britânicos.
Chegou a comandar 7 mil tropas de guerrilha, explodiu construções nazistas e sabotou veículos – sem falar em quando matou um sentinela com as próprias mãos. Aos 89 anos disse, durante uma entrevista: “Alguém uma vez me perguntou: ‘Você já sentiu medo?’. Eu nunca senti medo em toda a minha vida!”.
Reprodução: All That is Interesting.
3 – Susan Travers
Única mulher presente na Legião Estrangeira Francesa, Susan Travers chegou a passar 15 dias dentro de um forte, ao lado de outros soldados, na tentativa de não ser alvo da artilharia pesada dos alemães. Então a comida acabou e, ao lado do marido, o General Marie-Pierre Kœnig, Travers saiu do forte para buscar alimento.
Em meio a uma perseguição ferrenha, Travers chegou a conduzir um caminhão pegando fogo e conseguiu chegar à fronteira, onde encontrou 2,5 mil soldados franceses cujas vidas havia ajudado a salvar. Ela só conseguiu se tornar um membro oficial da Legião ao não informar seu gênero no formulário.
Entre suas conquistas, Travers conseguiu ser membro de honra da Legião, recebeu a Medalha Militar Francesa e a Cruz de Guerra, ambos símbolos de alta honraria para o exército francês.
Reprodução: All That is Interesting.
4 – Hedy Lamarr
Conhecida como “a mulher mais bonita da Europa”, a atriz austríaca Hedy Lamarr e o compositor George Antheil criaram, durante o início da Segunda Guerra Mundial, um sistema de rádio que guiava o disparo de torpedos. A invenção de Lamarr impedia que houvesse interferência de frequência de rádio, o que deu início, em termos tecnológicos, à criação de sistemas de WiFi e Bluetooth.
O esquema desenvolvido por Lammar foi patenteado em 1941, mas só foi realmente usado em 1960, durante a crise dos mísseis de Cuba. Em 1997, Lammar foi homenageada por um dos prêmios mais importantes em termos de tecnologia, o EFF Pioneer Awards – foi como se ela tivesse recebido um “Oscar dos Inventores”. Em 2014, postumamente, a invenção de Lammar passou a fazer parte do National Inventors Hall of Fame.
Reprodução: All That is Interesting.
5 – Noor Inayat Khan
Descendente da realeza indiana, Inayat Khan treinou para ser enfermeira da Cruz Vermelha Francesa. Sempre interessada pelos ensinamentos pacifistas do pai, surpreendeu a todos quando decidiu participar da Força Aérea depois de fugir para a Inglaterra durante a ocupação alemã na França. Em território inglês, ela foi treinada a operar rádios sem fio.
Tempos depois, Inayat Khan foi recrutada para trabalhar como executiva de operações especiais em ocupações nazistas na França. Usando o codinome Madeleine, e apesar da dúvida de todos, Inayat Khan aproveitou o fato de ser fluente em francês para aceitar o trabalho de operadora de rádio para as redes de resistência.
Na França, ela continuava trabalhando clandestinamente, mandando mensagens a Londres até que, em 1943, foi traída, denunciada e presa. Acabou escapando depois de algumas horas, mas foi recapturada e mantida em uma solitária na Alemanha, onde permaneceu amarrada e foi torturada, sem nunca revelar qualquer informação secreta.
Da prisão alemã, a guerreira indiana foi enviada ao campo de concentração de Dachau, onde foi torturada e estuprada – mesmo assim, continuou sem revelar qualquer informação. Depois da tortura e da violência sexual, Inayat Khan foi morta com um tiro na parte de trás da cabeça, e sua última palavra foi “liberdade”.
Postumamente, recebeu a Cruz de Jorge, por sua bravura, e Cruz de Guerra do Exército Francês.
Shawn Cross é um artista conhecido por seus desenhos assustadores e angustiantes. Ele se tornou conhecido por ilustrar alguns transtornos mentais, e agora Shawn mostra de uma maneira bem chocante alguns tipos de fobias (medo exagerado). Confira mais sobre o trabalho do artista em seu Instagram.
1 – Tocofobia – Fobia do parto
2 – Cronofobia – Medo da passagem do tempo
3 – Nictofobia – Medo da noite ou da escuridão
4 – Aracnofobia – Medo de aranhas
5 – Tafofobia – Medo de ser enterrado vivo
6 – Claustrofobia – Medo de permanecer em lugares fechados ou apertados
7 – Filofobia – Medo de se apaixonar
8 – Atazagorafobia – Medo de ser esquecido ou ignorado
9 – Tripanofobia – Medo de injeções
10 – Agorafobia – Medo de lugares abertos, multidões e situações que possam causar pânico constrangimento
11 – Coulrofobia – Medo de palhaços
12 – Escopofobia – Medo de ser observado
13 – Automatonofobia – medo de coisas que imitem os seres vivos, como ventríloquos, estátuas de cera e criaturas animadas
14 – Eclesiofobia – Pavor de igrejas
15 – Cherofobia – Medo da felicidade
16 – Epistemofobia — medo do conhecimento
17 – Necrofobia – Pavor da morte e dos mortos
18 – Eisoptrofobia – Medo de espelhos ou de reflexos
19 – Quenofobia – pavor de espaços vazios ou distâncias
20 – Tripofobia – Medo do agrupamento de pequenos buracos, muitas formas geométricas juntas
Image captionArthur Balfour (de óculos escuros) foi recebido como um herói pela comunidade judaica em Jerusalém 1925
Cem anos atrás, 67 palavras escritas em uma folha de papel viraram o pontapé de um dos conflitos mais difíceis de resolver dos tempos modernos.
A Declaração de Balfour é o documento no qual o governo de uma potência da época - no caso, a Grã-Bretanha - respalda pela primeira vez "o estabelecimento de um lar nacional para o povo judeu na Palestina".
O mesmo documento simboliza a pedra fundamental de Israel como Estado para os judeus e, ao mesmo tempo, uma "grande traição" na visão dos palestinos.
No Reino Unido, Arthur Balfour mal aparece nos livros escolares, mas muitos alunos israelenses e palestinos saberiam o que dizer sobre ele.
Então ministro britânico das Relações Exteriores, Arthur Balfour assinou em 2 de novembro de 1917 a carta - entendida como o ponto inicial do conflito árabe-israelense.
VÍDEO
Declaração de Balfour: a carta que mudou o Oriente Médio
Nos territórios palestinos e em Israel, a carta é ensinada nas aulas de História e é vista como um capítulo chave em suas narrativas nacionais, que são bem diferentes.
A declaração do então ministro britânico de Relações Exteriores foi enviada a Walter Rothschild, um dos principais proponentes do Sionismo, movimento que defende a autodeterminação do povo judeu em sua "terra histórica" - que vai do Mediterrâneo até o lado oriental do Rio Jordão, uma área que passou a ser conhecida como Palestina.
Ela diz que o governo britânico apoia "o estabelecimento de um lar nacional para o povo judeu na Palestina".
Ao mesmo tempo, a carta diz que nada deveria "prejudicar os direitos civis e religiosos de comunidades não-judias que já estavam ali".
Os palestinos veem isso como uma grande traição, especialmente levando em conta uma promessa feita separadamente para garantir o apoio político e militar dos árabes - então sob jugo dos turcos otomanos - na Primeira Guerra Mundial.
As 67 palavras da carta de Balfour
Essa promessa sugeria que a Grã-Bretanha apoiaria a luta por independência dos árabes na maior parte das terras do Império Otomano - boa parte delas no Oriente Médio. Os árabes consideravam que isso incluía a Palestina, apesar de isso não ter sido especificado.
O governo britânico esperava que a Declaração de Balfour ajudaria a colocar os judeus, especialmente os que moravam nos Estados Unidos, a favor dos aliados durante a Primeira Guerra Mundial.
Com a derrota do Império Otomano no conflito, o texto foi respaldado pelos aliados e incluído em 1922 no Mandato Britânico sobre a Palestina pela Liga das Nações (a organização que antecedeu a ONU), encarregando formalmente o Reino Unido da administração desses territórios.
Em 29 de novembro de 1947, a Assembleia Geral da ONU adotou a resolução 181, através da qual aprovou o plano de divisão da Palestina, que estipulava a criação de um Estado árabe e outro judeu até no máximo 1º de outubro de 1948.
Só que os países árabes se negaram a assinar o plano da ONU e a tensão na região escalou, culminando com a Guerra Árabe-Israelense, que obrigou centenas de milhares de palestinos a fugir do recém-criado Estado de Israel.
Aulas muito diferentes
"Você acha que a Grã-Bretanha cometeu um crime contra o povo palestino?", pergunta uma professora durante uma aula em uma escola palestina na cidade de Ramallah, na Cisjordânia.
Os palestinos veem a declaração como uma injustiça histórica
Todos levantam a mão.
"Sim", responde uma menina de 15 anos. "Essa declaração foi ilegítima porque a Palestina ainda era parte do Império Otomano e a Grã-Bretanha não a controlava".
"A Grã-Bretanha considerava os árabes uma minoria enquanto eles eram mais de 90% da população."
'Enorme esperança'
Inevitavelmente, as crianças israelenses tendem a ver o envolvimento britânico de uma maneira mais positiva quando estudam a Declaração de Balfour.
Na cidade de Balfouria, no norte de Israel, Noga Yehezekeli, de 9 anos, já consegue recitar de cor - e com orgulho - a versão em hebreu do texto.
"No momento em que foi dada, a declaração deu uma enorme esperança e um grande impulso ao movimento sionista", diz Neve, seu pai.
"As pessoas viram que, se o governo britânico deu essa declaração, havia uma chance de que um dia a nação judia poderia ser estabelecida, o que realmente aconteceu mais tarde, em 1948" - o ano em que o Estado de Israel foi criado.
A declaração deu uma enorme esperança aos sionistas, diz Neve Yehezekeli (à direita)
Os moradores de Balfouria - incluindo o avô de Neve - faziam parte de uma comunidade judia em expansão na Palestina quando Balfour a visitou em 1925. Eles receberam Balfour como um herói.
Naquele período, a área era governada pelos britânicos. Na época, a Grã-Bretanha havia permitido ondas de imigração judia - 100 mil imigrantes judeus chegaram ao local nos primeiros anos após a Declaração Balfour.
No final da década de 1930, essa migração provocou uma reação negativa por parte da população árabe que já estava lá e se sentiu ameaçada. Os britânicos reagiram interrompendo a imigração de judeus justamente quando o líder nazista Adolf Hitler dava início ao Holocausto.
Depois da Segunda Guerra Mundial, um grupo sionista chamado Irgun planejou vários atentados extremistas, inclusive a explosão do hotel King David em Jerusalém em 22 de julho de 1946, matando 91 pessoas. O ataque acelerou o êxodo árabe da Palestina no período antecedente à criação de Israel.
Difícil de cumprir
Na Universidade Hebraica de Jerusalém, inaugurada por Balfour, a professora Ruth Lapidoth estudou o documento de 67 palavras.
Especialista em leis internacionais, Lapidoth afirma que foi uma declaração legalmente oficial, mas diz que a Grã-Bretanha achou difícil cumprir seu compromisso.
Boneco de Arthur Balfour assinando a declaração em um hotel em Belém
"A situação política era muito ruim quando os nazistas chegaram ao poder e quando a Inglaterra precisava da ajuda, da amizade dos países árabes", diz ela.
"Então eles tiveram que limitar a implementação da declaração, o que é uma pena".
Lapidoth deixou a Alemanha em 1938, um ano antes do começo da Segunda Guerra Mundial, então teve interesse pessoal no assunto.
"Eu ainda sou muito grata por isso", diz ela. "Realmente foi a origem do nosso direito de voltar à Palestina, inclusive o meu".
'Promessa de longa data'
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, descreve a Declaração de Balfour como um "marco central" no processo de estabelecimento de seu país.
O governo britânico o convidou para eventos em Londres que marcam o centenário do documento nesta quinta-feira.
A decisão, em um momento de poucas esperanças de um acordo de paz israelense-palestino, enfureceu palestinos, que planejaram um dia de protestos.
Eles querem que a Grã-Bretanha peça desculpas pela Declaração de Balfour.
"Eu acho que com o passar do tempo os britânicos estão esquecendo das lições da história", diz o ministro palestino de Educação Sabri Saidam.
Ele diz que os palestinos ainda buscam a criação de um Estado para eles - o que ao lado de Israel formaria a base para a chamada solução de dois Estados para o fim do conflito, uma fórmula apoiada pela comunidade internacional.
"Chegou a hora da Palestina ser independente e dessa promessa ser cumprida", diz ele.
A UNICEF foi criada em Dezembro de 1946 com o propósito de ajudar as crianças vítimas da II Guerra Mundial. Em 2016, a UNICEF está presente em 63 países e ajuda 76 milhões de pessoas.
A 10 de Dezembro, um dia antes da criação do Fundo Internacional de Emergência das Nações Unidas para as Crianças (UNICEF), Maurice Pate fez uma carta onde descreveu o fundo como "uma pequena notícia que pode crescer no futuro".
Maurice Pate aceitou liderar a UNICEF com uma condição: a de servir todas as crianças dos chamados "países ex-inimigos". Como primeiro director do Fundo Internacional de Emergência das Nações Unidas para as Crianças (UNICEF), afirmou que o fundo seria para "todas as crianças".
Em 2016, cerca de 124 milhões de crianças não têm condições para ir à escola. Cerca de 250 milhões vivem em países ou em zonas de conflito armado; 500 milhões vivem em zonas com risco de cheias e inundações; e 30 milhões de crianças foram forçadas a serem deslocadas.
Este ano, a UNICEF concluiu que, em 2030, 167 milhões de crianças vão viver em pobreza extrema, 60 milhões com idade para frequentar a escola primária vão estar privadas de educação e 69 milhões de crianças com cinco anos vão morrer entre 2016 e 2030.
Maurice Pate em Estocolmo, na Suécia, em 1950
Crianças comem cereais no Centro de Reabilitação e Apoio de Patras, na Grécia, em 1946, um ano depois do fim da II Guerra Mundial
Uma criança prepara a sua ração diária de leite, na República da Coreia, em 1950, ano em que começou a Guerra da Coreia
Em 1950, devido à necessidade de continuar a dar cuidados a crianças em risco, a Assembleia Geral das Nações Unidas estendeu o mandato da UNICEF.
Um funcionário da UNICEF de uma unidade móvel de saúde dá antibiótico a uma crianças com tracoma, uma doença oftalmológica provocada por uma bactéria, em Olobelibel, no Quénia
Em 1953, a UNICEF, até então um organismo temporário, passa a agência permanente das Nações Unidas. São criados projectos para melhorar as condições sanitárias e de acesso a água potável para prevenir doenças e mortalidade infantil. As campanhas para erradicar a bouba e a lepra mostram-se altamente eficazes.
O actor norte-americano Danny Kaye torna-se no primeiro embaixador da UNICEF. Na imagem, o actor visita uma escola em Brooklyn, Nova Iorque, para uma campanha de recolha de fundos
Escola primária em Atenas, em 1951
Equipa móvel de vacinação contra a tuberculose, Filipinas, 1956
Uma criança alimenta as galinhas da família. Tailândia, 1955
Testes da tuberculose a crianças de Nova Deli, na Índia
Dois rapazes cegos, devido à falta de vitamina A, aprendem Braille, em 1972
Escola temporária do campo de refugiados para afegãos em Peshawar, no Paquistão, em 1988, no final da Guerra do Afeganistão de 1979–1989
Henry Labouisse recebe o Prémio Nobel da Paz, atribuído à UNICEF, em 1965
Recém-nascidos em Ancara, na Turquia
Entre muita controvérsia relacionada com métodos contraceptivos, aborto e esterilização, a proposta para o planeamento familiar da UNICEF é aprovada com base na autonomia da mulher, igualdade de género no trabalho e melhoramento das conduções de saúde e educação das mulheres.
Bens essenciais são distribuídos a crianças e mulheres no recente país do Bangladesh, independente do Paquistão, em 1971
Rapazes recebem formação em Agronomia, a par do ensino tradicional, na antiga colónia francesa da República do Daomé, agora Benin
Durante a década de 60, a UNICEF instalou várias bombas de água em zonas de seca, na Índia. Devido ao uso intensivo, muitas bombas avariaram e 75% das bombas chegaram a estar desactivadas. Em 1980, a UNICEF desenvolveu uma bomba de água melhorada, a India Mark II. Ainda hoje, 50 mil bombas são instaladas por ano na Índia
Criança a ser vacinada na Turquia, em 1985
Vacinação de crianças em Hoc Man, no Vietname, em 1993
Escola temporária para crianças do Ruanda, refugiadas na República da Tanzânia, em 1994
"Quando as vidas e os direitos das crianças estão em risco, não devem haver testemunhas em silêncio." Carol Bellamy, directora executiva da UNICEF entre 1995 e 2005. Visita a uma escola na Somália, em 2000
Rapazes numa escola primária no Iémen, em 1998
Refugiados da Europa de Leste na fronteira da Albânia, em 1999
Dois rapazes usam a bomba de água India Mark II em Laghman, no Afeganistão, em 2000
Uma menina escreve no quadro de uma escola provisória em Jalalabad, no Afeganistão, em 2000
Uma criança de oito anos no local onde era a sua casa antes de um tsunami. Índia, 2005
Uma mãe recebe antibióticos numa tenda de apoio às vítimas do terramoto no Haiti, em 2010. 160 mil pessoas morreram e um milhão ficaram desalojadas
Castração, trabalhos forçados, castigos físicos e morte por decapitação, fogueira e forca foram algumas das penalidades impostas aos homossexuais, principalmente os masculinos, ao longo da história. A atração e o amor por pessoas do mesmo sexo foi tida, durante muito tempo, como algo pecaminoso, perverso, criminoso e até doentio. Apenas em 1990 a OMS (Organização Mundial da Saúde) retirou a homossexualidade do Manual de Diagnóstico e Estatística dos Distúrbios Mentais, que até então a classificava como desvio e perversão. O termo "homossexualismo" também foi abolido, já que o sufixo "ismo" implica um transtorno, algo a ser tratado.
Decapitação
No início do século 4, após se converter à fé cristã, o imperador romano Constantino decretou que a homossexualidade era antinatural, já que o sexo deveria ter por único objetivo a procriação. Ele ordenava a decapitação dos "infratores". Por volta de 390 d.C., sob o comando de Teodósio, o Grande, os culpados eram condenados e queimados publicamente.
Bodes expiatórios
A Peste Negra assolou a Europa na segunda metade do século 14, matando 25 milhões de pessoas. Hoje, se sabe que ela foi propagada por meio de pulgas e ratos infectados com o bacilo Yersinia Pestis, que, devido às condições de higiene da época, conviviam naturalmente com a população. No entanto, como ninguém sabia a causa da doença, o "pecado" em que viviam os homossexuais foi um dos motivos apontados para o surgimento da desgraça, que seria uma espécie de castigo divino cujas consequências todos, sem exceção, deveriam sofrer. Fomes, naufrágios e epidemias, de forma geral, eram problemas associados aos homossexuais.
Forca e trabalhos forçados
Na Inglaterra, a Lei de 1534 tornou a sodomia um crime. A palavra, que caiu em desuso e hoje só é usada por conservadores religiosos, vem do nome da cidade de Sodoma, citada na Bíblia, e era empregada para se referir ao sexo anal. Homens que mantinham relações com outros homens tinham os bens confiscados e eram condenados à forca até 1861. A pena de morte foi substituída por prisão e trabalhos forçados. Acusado de ser sodomita pelo pai de seu amante, o lorde Alfred Douglas, o escritor Oscar Wilde (1854-1900) passou dois anos definhando na cadeia e morreu pouco tempo depois de deixá-la.
Experiências nazistas
Na Alemanha nazista, poucos homossexuais (judeus ou não) escaparam dos campos de concentração. Lá, tinham uma estrela cor-de-rosa de tecido pregada nos uniformes como forma de humilhá-los e marcar sua condição. Vistos como doentes e pervertidos, até pelos outros prisioneiros, gays eram obrigados a transar com prostitutas. Muitos foram castrados e outros tantos serviram de cobaia para as experiências nazistas, como a aplicação de altas doses de hormônios masculinos. Estima-se que entre 5 mil e 15 mil homossexuais pereceram nos campos.
Castração química
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, americanos e britânicos forçaram os homossexuais a cumprir o restante da pena imposta pelos nazistas na cadeia. O renomado matemático Alan Turing (1912-1954), pioneiro da computação, foi forçado a se submeter à castração química como alternativa à prisão e acabou se suicidando.
Lobotomia
Criada em 1949 pelo neurocirurgião português António Egas Moniz, a lobotomia foi uma arma bastante usada para "dar um jeito" na homossexualidade, então tida como um "defeito genético". A técnica cirúrgica, que chegou a ganhar o prêmio Nobel de medicina, consistia em cortar um pedaço do cérebro (nervos do córtex pré-frontal) para tornar os pacientes mais dóceis e livres de erotização. Na Suécia, 3.000 homossexuais foram lobotomizados. Na Dinamarca, justamente o primeiro país a aprovar o casamento entre pessoas do mesmo sexo (em 1989), foram 3.500, sendo que a última operação ocorreu em 1981. Nos Estados Unidos, a soma ultrapassa 10 mil pacientes.
Internações em hospícios
Homens e mulheres que gostavam de pessoas do mesmo sexo foram trancafiados em hospitais psiquiátricos para serem "curados" --as internações aconteciam, em boa parte das vezes, sob ordens de parentes, que não queriam "aberrações" na família. No hospício brasileiro de Colônia, em Barbacena (MG), durante décadas, homossexuais internados sofreram maus tratos (entre os quais choques e estupros) e viveram em condições subumanas, comendo ratos e fezes e bebendo água de esgoto.
Acusação de criminalidade
Nos anos 1930, no Brasil, a homossexualidade era ligada à criminalidade. Por não constituírem uma família convencional, homossexuais não contribuíam para o desenvolvimento da sociedade. Essa opinião vinha de médicos renomados, o que só aumentava o preconceito e a repressão.
Terapia de aversão
Ao longo da história, tentativas médicas de alterar a homossexualidade incluem tratamentos como a vasectomia e a histerectomia, além de hipnose e medicação. Nas décadas de 1960 e 1970, pacientes levavam choques ou tomavam drogas indutoras de náuseas enquanto assistiam filmes homossexuais eróticos. A chamada terapia de aversão tinha como proposta levar as sensações desagradáveis à repulsa por um determinado tipo de comportamento. Um exemplo fictício seria o Tratamento Ludovico mostrada no filme "Laranja Mecânica" (1971).
Açoite e expulsão
Sob a rígida influência católica de Portugal, no Brasil colonial a prática homossexual era punida com morte na fogueira, degredo (desterro ou banimento da comunidade) e infâmia dos familiares, que ficavam estigmatizados publicamente pelo ato pecaminoso. Em 1592, em Salvador (Bahia), a portuguesa Felipa de Souza foi considerada a primeira lésbica a ser açoitada após condenação pela Inquisição Portuguesa do Santo Ofício. Ela foi atada ao pelourinho, castigada e expulsa da cidade, capitania na época. No Brasil colônia, o uso do açoite era frequente em várias cidades como forma de punir e humilhar os homossexuais.
Repressão policial
Nos Estados Unidos, batidas policias em bares que reuniam homossexuais eram comuns nos anos 1960. Em 28 de junho de 1969, policiais decidiram expulsar cerca de 200 clientes do Stonewall Inn, em Nova York. Ao saírem à rua, porém, foram recebidos por uma multidão revoltada com os abusos, munida por pedras e garrafas. Os protestos duraram dias e deram início aos primeiros movimentos organizados e marchas pelos direitos homossexuais. Em 2016, o então presidente dos EUA Barack Obama decretou o Stonewall como monumento nacional. Durante o período da Ditadura Militar (1964-1985) no Brasil, volta e meia a polícia detinha e prendia homossexuais de forma violenta, sob a explicação de que estavam praticando "vadiagem". Na cadeia, muitos foram torturados.
Esta “notícia” patética, começa logo por uma mentira descarada: a fanfarronice de Trump, que se gaba de ter dado ordens para a divulgação dos documentos sobre a morte de John Kennedy, uma MENTIRA em que os media colaboram, repetindo que ele deu ordens para… quando a desclassificação, abertura e divulgação desses documentos estava já agendada para exactamente agora, há vários anos. Depois, vem a fantasia de um “documento-mistério”, que não tem nada que ver com Kennedy, mas que, estranhamente, andava ali perdido entre os papeis… e onde o “marxista” Martin Luther King é acusado, na forma insinuada, sem quaisquer provas, de participar em “orgias de bêbados”, de “cometer aberrações sexuais” e ter ligações com o Partido Comunista. Provavelmente era tudo nas mesmas reuniões… que isto do comunismo é, como se sabe, uma grande pouca-vergonha! ;-) A cereja em cima do bolo da credibilidade da historieta, é o facto de estes “documentos” virem de um tempo em que campeava nos EUA o racismo mais abjecto e violento, a época áurea do KKK e a paranóia anti-comunista no seu estado mais demencial, no rescaldo do “Macartismo”… para além do pormenor delicioso de ser, nessa época, director do famoso FBI, uma figura sinistra de nome J. Edgar Hoover, que perseguia comunistas e dirigentes negros com a mesma fúria com que perseguia homossexuais. Se é verdade que nunca se descobriu que ele fosse, secretamente, comunista ou negro… não é menos verdade que o grande defensor da moral e dos bons costumes e besta negra dos homossexuais norte-americanos era, secretamente, homossexual, condição que toda a vida reprimiu, obrigando-se a casar com uma mulher e ter filhos… como em tantos outros casos que conhecemos. O enorme barulho homofóbico e as perseguições, serviam, como quase sempre servem ainda hoje, para esconder a homossexualidade não assumida do ruidoso perseguidor.
Sobre a tentativa de conspurcar o “pastor” King… estamos conversados.
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ADENDA: As minhas desculpas pela extensão do texto... mas teve que ser, mesmo sabendo que vivemos em tempos de correria e dispersão de atenção.
(Este artigo mostra que está tudo podre. Os negócios, e o capitalismo, precisam dos Estados para gerirem a ordem social e evitarem a organização e as manifestações de desconforto de quem trabalha. Mas quando se trata de pagar esses “serviços”, fogem a sete pés e os offshores são a sua predilecção.
Ninguém sai incólume, da direita à esquerda, de norte a sul, de este a oeste. Curiosamente, a exemplo do que se passou com os Panamá Papers, de Portugal nem rasto de denúncias de “peixe graúdo”. Ou os nossos milionários são uns tesos, ou são muito competentes na fuga aos impostos, ou estão muito bem “protegidos” pelos jornalistas da lusa imprensa, das três uma. Eu, não sei porquê – ou talvez saiba -, aposto que a última hipótese é a mais provável.
Estátua de Sal, 05/11/2017)
São mais de 13 milhões de ficheiros, numa nova fuga de informação global sobre paraísos fiscais investigada pela organização que lançou os Panama Papers. Revelações incluem os negócios do secretário do Comércio de Donald Trump com o círculo próximo de Vladimir Putin e os tentáculos offshore do principal angariador de fundos do primeiro-ministro do Canadá
Um manancial de 13,4 milhões de ficheiros expõe as ligações entre a Rússia e o secretário do Comércio dos Estados Unidos, os negócios secretos do responsável de angariação de fundos do primeiro-ministro canadiano Justin Trudeau, os interesses offshore da rainha de Inglaterra e de mais de 120 políticos no mundo inteiro.
Trata-se de um conjunto de novas fugas de informação que mostram a forma profunda como a indústria de offshores está enredada com um mundo feito de camadas sobrepostas onde se movem políticos, milionários e grandes multinacionais, incluindo a Apple, a Nike, a Uber e outras empresas de dimensões globais, que evitam pagar impostos recorrendo a esquemas de contabilidade cada vez mais criativos.
Wilbur Ross
O multimilionário Wilbur Ross, secretário do Comércio nomeado por Donald Trump, foi identificado como estando por detrás de uma teia de companhias offshore. Ross possui uma participação numa empresa de transporte marítimo que recebeu mais de 68 milhões de dólares desde 2014 de uma empresa de energia russa detida em parte pelo genro de Vladimir Putin.
Ao todo, estas fugas de informação contêm dados sobre ligações a offshores de mais de uma dúzia de financiadores, conselheiros e membros do governo de Trump.
Os ficheiros têm origem em duas operadoras de serviços offshore, uma delas com sede nas Bermudas e outra baseada em Singapura, bem como em 19 registos comerciais mantidos por governos de jurisdições que funcionam como apeadeiros numa economia global feita de sombras. As fugas de informação foram obtidas pelo jornal alemão “Süddeutsche Zeitung” e partilhadas com o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ) e uma rede de mais de 380 jornalistas em 67 países, incluindo Portugal.
Os paraísos fiscais vivem da promessa de manterem segredo sobre quem está por detrás das empresas – isso é garantido através de operadoras locais de serviços offshore que facilitam a criação de companhias difíceis de rastrear e que tornam impossível a descoberta sobre quem são os seus donos. Embora na maior parte dos casos não seja ilegal ter uma entidade offshore, o sigilo oferecido por essas operadoras atrai gente que quer lavar dinheiro, traficantes de drogas, cleptocratas e outros tipos de criminosos que desejam mover-se na sombra.
As companhias offshore, que na maioria das vezes são empresas-fantasma sem empregados nem instalações, também são usadas em complexas estruturas de evasão fiscal que desviam milhares de milhões de euros que era suposto serem canalizados para os cofres públicos.
A indústria de offshores torna “os pobres mais pobres” e está “a aprofundar a desigualdade na distribuição de riqueza”, diz Brooke Harrington, uma gestora de fortunas e professora na Copenhagen Business School, na Dinamarca, que é autora do livro “Capital without Borders: Wealth Managers and the One Percent” (que não foi editado em Portugal).
“Há este pequeno grupo de pessoas que não são afetadas pelas leis a que nós, todos os outros, estamos sujeitos, e isso funciona assim de propósito”, diz Harrington. Essas pessoas “vivem o sonho” de desfrutar “os benefícios da sociedade sem terem de se subjugar a nenhuma das suas restrições”.
Os novos ficheiros expandem de forma significativa as revelações trazidas pelos Panama Papers, a fuga de informação investigada em 2016 pelo ICIJ e pelos seus parceiros de media. Os documentos levantam o véu sobre um leque diferente de paraísos fiscais, incluindo alguns territórios com uma reputação mais respeitável e com serviços mais caros, como são os casos das Ilhas Caimão e das Bermudas.
O maior número de revelações tem origem nos registos acumulados ao longo de décadas no escritório de advogados Appleby e do provedor de serviços corporativos Estera, duas empresas que operavam em conjunto com a marca Appleby até a Estera se ter autonomizado em 2016.
Há pelo menos 31 mil clientes incluídos nos arquivos da Appleby, entre indivíduos e empresas, que são oriundos dos Estados Unidos. Mais do que de qualquer outro país.
No topo das maiores fontes de receitas da Appleby estão também clientes do Reino Unido, da China e do Canadá.
Quase sete milhões de documentos da Appleby e de empresas afiliadas deste escritório de advogados cobrem um período que vai de 1950 a 2016 e incluem emails, acordos de empréstimo de milhares de milhões de dólares e extratos bancários envolvendo pelo menos 25 mil entidades ligadas a pessoas em 180 países. A Appleby faz parte do “Offshore Magic Circle”, uma elite informal constituída pelos maiores operadores de offshore do planeta. A empresa foi fundada nas Bermudas mas também tem escritórios em Hong Kong, em Xangai, nas Ilhas Virgens Britânicas, nas Ilhas Caimão e noutros paraísos fiscais.
A Appleby tem conservado uma boa reputação ao longo de 100 anos, evitando que a sua imagem pública fosse beliscada, ao conjugar uma postura discreta com muito dinheiro gasto na monitorização dos seus clientes.
No entanto, em contraste com a imagem pública da Appleby, os ficheiros revelam uma empresa que ofereceu serviços a clientes de risco no Irão, na Rússia e na Líbia, chumbou em auditorias promovidas por governos, que identificaram lacunas nos seus procedimentos de prevenção de branqueamento de capitais, e foi multada em segredo pelo regulador financeiro das Bermudas. A Appleby não respondeu à lista exaustiva de perguntas do ICIJ, mas divulgou entretanto uma declaração pública em que afirma que investigou as questões colocadas pelo consórcio e está “convencida de que não há provas de que tenha cometido qualquer erro”.
A empresa diz que é sujeita a um controlo regulatório constante. “Estamos empenhados em cumprir os elevados padrões estabelecidos por nossos reguladores.”
As fugas de informação incluem mais de meio milhão de ficheiros da Asiaciti Trust, uma empresa familiar especializada na gestão de offshores que tem sede em Singapura e tem sucursais em Samoa, no Pacífico Sul, e em Nevis, nas Caraíbas.
Estão ainda incluídos os registos comerciais de alguns dos paraísos fiscais mais secretos do mundo, no Caribe, no Pacífico e na Europa – como Antígua e Barbuda, Ilhas Cook e Malta. Um quinto dos paraísos fiscais secretos mais movimentados do mundo estão representados nestas bases de dados.
Tomadas como um todo, estas fugas de informação revelam detalhes sobre o negócio de compra de aviões espiões pelos Emirados Árabes Unidos; sobre uma empresa de explosivos sediada nos Barbados e controlada por um engenheiro canadiano que tentou construir uma “superarma” para o ditador iraquiano Saddam Hussein; e sobre uma companhia nas Bermudas de Marcial Maciel Degollado, o influente padre e fundador mexicano (já falecido) da ordem religiosa católica Legionários de Cristo, cujo legado foi prejudicado por alegações de abuso sexual de crianças.
De acordo com os ficheiros da Appleby, a rainha Isabel II investiu milhões de dólares em empresas médicas e de crédito ao consumo. O ducado de Lancaster, que concentra os activos pessoais da rainha, forneceu publicamente alguns detalhes sobre os seus investimentos imobiliários no Reino Unido, como o facto de possuir edifícios comerciais espalhados pelo sul da Inglaterra, mas nunca revelou detalhes sobre os seus investimentos offshore.
Os registos mostram que, a partir de 2007, os gestores do património pessoal da rainha investiram num fundo das Ilhas Caimão que, por sua vez, canalizou dinheiro para uma empresa de capitais de investimento que controlava uma locadora no Reino Unido, a BrightHouse, especializada no crédito rent-to-own e criticada por especialistas de consumo e por deputados do parlamento britânico por vender eletrodomésticos e móveis a cidadãos pobres exigindo-lhes em troca planos de pagamento com taxas de juros capazes de atingir os 99,9%.
Henrique de Campos Meirelles, ministro das Finanças do Brasil
Na lista de figuras da realeza e da política com ligações a offshores estão também a rainha Noor da Jordânia, que foi identificada como sendo beneficiária de dois trusts na ilha de Jersey, incluindo um trust através da qual é dona de um vasto património no Reino Unido; Sam Kutesa, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Uganda e ex-presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas, que criou um trust no offshore das Seychelles para gerir a sua fortuna pessoal; o ministro das Finanças do Brasil, Henrique de Campos Meirelles, que criou uma fundação nas Bermudas “para fins caritativos”; e Antanas Guoga, um deputado lituano do Parlamento Europeu e jogador de póquer profissional, que deteve uma participação numa empresa da Ilha de Man, e cujos restantes acionistas incluíam um magnata da indústria do jogo que esteve envolvido num processo de fraude nos Estados Unidos.
Wesley Clark, um general de quatro estrelas do Exército dos EUA atualmente aposentado, que ocupou o cargo de comandante supremo da NATO na Europa e chegou a concorrer como candidato a presidente nas primárias norte-americanas, foi administrador de uma empresa de jogo online com subsidiárias offshore, de acordo com os ficheiros.
Um porta-voz da rainha Isabel II contou ao “The Guardian”, media parceiro do ICIJ, que o ducado tem dinheiro aplicado no fundo sediado na Ilhas Caimão e não estava ciente do investimento na BrightHouse. A rainha paga voluntariamente impostos sobre os rendimentos obtidos do ducado e dos seus investimentos, garantiu o porta-voz.
A rainha Noor disse ao ICIJ que todo o património que foi legado a ela e aos seus filhos pelo rei Hussein, entretanto falecido, “foram sempre geridos de acordo com os mais elevados padrões éticos, legais e regulatórios”. O ministro brasileiro Henrique Meirelles esclareceu que a fundação que ele criou não o beneficia pessoalmente e que serve para apoiar instituições de solidariedade na área da educação depois da sua morte. Guoga disse que declarou o investimento feito na empresa na Ilha de Man às autoridades e vendeu as suas últimas ações em 2014.
“Eu pensei que se poderia evitar – e não evadir –impostos, mas achei que isso não era prático”, disse Kutesa ao jornal “The Daily Monitor”, parceiro do ICIJ. O ministro ugandês garante que não fez nada com as empresas. “Eu disse à Appleby que fechasse isso há muitos anos.”
Wesley Clark não respondeu às perguntas que lhe foram enviadas.
Além das revelações sobre políticos e grandes empresas, os ficheiros expõem detalhes sobre a vida financeira dos ricos e famosos. Esses detalhes incluem o iate e os submarinos de Paul Allen, cofundador da Microsoft; o veículo de investimento que Pierre Omidyar, fundador do eBay, tem nas Ilhas Caimão; as ações da Madonna numa empresa de produtos médicos.
Bono
Bono, o cantor pop e ativista por uma maior justiça social, foi identificado, através do seu nome verdadeiro, Paul Hewson, com tendo tido ações numa empresa registada em Malta que investiu num shopping center na Lituânia. Outros clientes, menos famosos, registaram-se nos formulários de empresas offshore com profissões originais: tratador de cães, canalizador ou instrutor de wakeboard.
Madonna e Paul Allen não responderam aos perguntas que lhes foram enviadas. Pierre Omidyar, cuja Omidyar Network é um dos doadores do ICIJ, informou, através de uma porta-voz, que o seu investimento offshore é declarado ao Internal Revenue Service (IRS, a agência nos EUA responsável pela coleta de impostos). Bono era um “investidor passivo e minoritário” na empresa de Malta, que fechou em 2015, disse uma porta-voz.
Trudeau e Trump
Em todo o espectro político, da direita à esquerda, há pessoas ricas a usar a indústria de offshores.
Os ficheiros revelam que Stephen Bronfman, conselheiro e amigo próximo do primeiro-ministro canadiano Justin Trudeau, juntou-se com o ex-senador Leo Kolber, outro membro do Partido Liberal, e com o filho de Kolber, para transferir discretamente milhões de dólares para um trust nas Ilhas Caimão. Estas manobras poderão ter evitado o pagamento de impostos no Canadá, nos Estados Unidos e em Israel, de acordo com especialistas que analisaram alguns dos mais de três mil documentos relacionados com as actividades do trust.
À medida que estas fortunas offshore iam aumentando, os advogados de Bronfman, dos Kolbers e de outros milionários foram fazendo lóbi junto do Parlamento do Canadá para bloquear propostas legislativas que visavam tributar os rendimentos associados a empresas offshore.
Bronfman continua a ser um angariador de fundos fundamental para Trudeau, que defendeu maior transparência no governo e prometeu reprimir o desvio de impostos para offshores. Em setembro, Trudeau disse à Assembleia Geral da Nações Unidas: “Neste momento, temos um sistema que encoraja os canadianos ricos a usar empresas privadas para pagar taxas de imposto menores do que os canadianos de classe média. Não é uma situação justa e vamos mudar isso.”
Os advogados de Kolber disseram numa carta enviada à CBC, parceiro de media do ICIJ, que “nenhuma das transações ou entidades em questão foram efetuadas ou estabelecidas para a evasão ou sequer elisão fiscal”. Disseram ainda que os trusts identificados na fuga de informação “estiveram sempre em plena conformidade com todas as leis e requisitos aplicáveis”, acrescentando que Stephen Bronfman – para quem Kolber trabalha – não iria fazer nenhum outro comentário.
Nos Estados Unidos, os ficheiros revelam a existência de negócios e de fortunas pessoais fora do país por parte de pessoas próximas de Donald Trump e que estão encarregadas de o ajudar a colocar a “América em primeiro lugar” – “America First”.
Gennady Timchenko
Os documentos da Appleby mostram como Wilbur Ross, o secretário do Comércio de Trump, usou uma teia de entidades das Ilhas Caimão para manter uma participação financeira na Navigator Holdings, uma empresa de transporte marítimo cujos principais clientes incluem a empresa de energia Sibur, que tem ligações ao Kremlin. Entre os principais proprietários da Sibur estão Kirill Shamalov, genro do Presidente russo Vladimir Putin, e Gennady Timchenko, um bilionário sancionado pelo governo dos EUA desde 2014 por causa da sua proximidade a Putin. A Sibur é uma das principais clientes da Navigator, tendo-lhe pago mais de 23 milhões de dólares em 2016.
Quando se juntou à administração de Donald Trump, Ross alienou as posições que detinha em 80 empresas. Mas manteve as participações em nove empresas, incluindo as quatro que o associam à Navigator e aos seus clientes russos.
Estas revelações surgem num cenário em que são cada vez maiores as preocupações sobre o envolvimento russo na vida política dos EUA.
Sibur é “uma empresa com ligações promíscuas”, diz Daniel Fried, um especialista na Rússia que ocupou altos cargos no Departamento de Estado norte-americano quer em administrações republicanas, quer democratas. “Por que é um membro do governo dos Estados Unidos haveria de ter qualquer tipo de relação com alguém próximo de Putin?”
Um porta-voz de Wilbur Ross disse que o secretário de Comércio nunca conheceu o genro de Putin nem os outros donos da Sibur e que não fazia parte do conselho de administração da Navigator quando esta empresa iniciou a sua relação comercial com a Sibur.
Ross abstém-se de se pronunciar sobre assuntos relacionados com a navegação internacional, assegura o seu porta-voz, e “tem apoiado de modo global as sanções da administração” norte-americana contra entidades russas.
A fuga de informação levou a outras descobertas sobre negócios ocultos entre os Estados Unidos e a Rússia.
Um ficheiro encontrado na nova coleção de dados fez o ICIJ e os seus parceiros de media virarem-se para determinados documentos públicos e para o arquivo dos Panama Papers que trazem luz sobre a relação entre duas empresas financeiras controladas pelo Kremlin e grandes investimentos feitos no Twitter e no Facebook.
Em 2011, o fundo de investimento de Yuri Milner, um magnata da indústria tecnológica, recebeu 191 milhões de dólares de uma empresa estatal russa, o VTB Bank, e investiu discretamente esse dinheiro no Twitter. Os documentos mostram, além disso, que uma subsidiária da Gazprom, a gigante energética controlada pelo Kremlin, financiou uma empresa de fachada que investiu numa companhia afiliada de Milner, que, por sua vez, deteve mil milhões de dólares em ações do Facebook pouco antes da oferta pública inicial da rede social ter sido lançada em 2012.
Mais recentemente, Milner investiu 850 mil dólares numa empresa imobiliária, Cadre, cofundada por Jared Kushner, genro de Trump e atual conselheiro da Casa Branca.
Milner é um cidadão russo residente em Silicon Valley. As suas ligações ao Twitter, ao Facebook e à empresa de Kushner já tinham sido relevadas antes. Mas a sua associação a instituições financeiras do Kremlin não era ainda conhecida.
Um porta-voz do fundo de investimentos de Milner confirmou que o VTB Bank usou o fundo para fazer o seu investimento no Twitter. Numa entrevista, Milner assegurou que não sabia da participação da Gazprom em nenhum dos seus negócios e que nenhum dos seus investimentos estava relacionado com a política. Disse ainda que usou o seu próprio dinheiro no investimento feito com Kushner.
No outro lado do espectro político dos EUA, o antecessor de Wilbur Ross como secretário do Comércio, Penny Pritzker, comprometeu-se a vender os ativos para evitar conflitos de interesse depois de assumir o cargo no executivo do Presidente democrata Barack Obama. Os ficheiros mostram que, logo a seguir a ter visto o seu nome confirmado pelo senado em junho de 2013, Pritzker transferiu os ativos que tinha em duas empresas das Bermudas para uma outra companhia que usava para trocar correspondência a mesma morada que a sua empresa de investimentos privados em Chicago. Essa outra companhia era também “detida por trusts cujos beneficiários são os filhos de Penny Pritzker”, de acordo com os dados da Appleby. Estas transferências de ativos poderão não corresponder aos padrões de ética esperados ao nível federal nos Estados Unidos, de acordo com o especialista em ética Lawrence Noble.
Alguns financiadores das campanhas republicana e democrata nos Estados Unidos aparecem associados a companhias offshore, incluindo Randal Quarles, um doador próximo dos conservadores e que é o novo responsável por Wall Street na Reserva Federal. Quarles ocupou cargos formais em duas empresas das Ilhas Caimão, incluindo uma que estava envolvida num acordo de empréstimo com um banco das Bermudas, o N.T. Butterfield & Son. Até há pouco tempo, Randal Quarles detinha uma posição indireta no banco, que tem estado a ser investigado pelas autoridades dos Estados Unidos a propósito de alegados crimes de evasão fiscal por parte de clientes americanos detentores de contas.
Os fundos de investimento privado controlados pelo megadoador democrata George Soros, um bilionário que construiu a sua fortuna com base em hedge funds, usam a Appleby para ajudar a gerir uma rede de entidades offshore, incluindo um investimento numa empresa envolvida em resseguros – isto é, seguros para seguradoras. A organização não-governamental de Soros, o Open Society Foundations, é um doador do ICIJ.
Um porta-voz da Reserva Federal informou que Quarles alienou a sua participação indireta no banco das Bermudas depois de ter sido nomeado para o cargo pelo governo. Soros recusou-se a comentar o assunto e Pritzker não respondeu às perguntas que lhe foram enviadas.
Segredos da sala de reuniões
Quando a Appleby não está ocupada a servir os interesses de alguns dos indivíduos mais ricos do mundo, está a fornecer assistência legal às empresas que procuram reduzir os impostos a que estão sujeitas nos países onde têm os seus negócios. A Appleby não é uma agência de aconselhamento fiscal, mas esta sociedade de advogados desempenha um papel activo nos programas de planeamento fiscal usados ??por empresas em todo o mundo.
Além dos grandes bancos internacionais, como o Barclays, o Goldman Sachs e o BNP Paribas, a lista de clientes de elite da Appleby inclui o fundador de um dos maiores conglomerados de construção do Médio Oriente, o Grupo Saad, e a empresa japonesa responsável pela gestão operacional da central nuclear de Fukushima.
Os ficheiros revelam que a empresa mais lucrativa da América, a Apple, andou pela Europa e pelas Caraíbas à procura de um novo paraíso fiscal depois de um inquérito do Senado dos EUA ter descoberto que o gigante tecnológico havia evitado o pagamento de dezenas de milhares de milhões de dólares em impostos ao transferir os seus lucros para subsidiárias irlandesas.
Numa troca de emails, os advogados da Apple pediram à Appleby que confirmasse que uma possível mudança para um de seis paraísos fiscais offshore permitiria que uma subsidiária irlandesa “realizasse atos de gestão… sem se sujeitar à tributação de impostos nessas jurisdições”. A Apple não quis contestar os detalhes descobertos sobre a reorganização da sua estrutura societária, mas contou ao ICIJ que explicou os novos acordos que desenhou às autoridades e que essas mudanças não diminuíram o montante de impostos pagos.
Os ficheiros expõem também a forma como as grandes corporações reduziram os impostos criando empresas de fachada para deterem ativos intangíveis, como o design do logotipo da Nike (conhecido como swoosh) ou os direitos de propriedade intelectual de implantes mamários de silicone.
Um dos melhores clientes corporativos da Appleby foi a Glencore, a maior empresa comercial do mundo para uma série de produtos essenciais – como minério e petróleo, mas também produtos agrícolas. Os ficheiros abarcam décadas de negócios, emails e empréstimos de milhões de dólares canalizados para investimentos bancários na Rússia, na América Latina, em África e na Austrália.
A Glencore era um cliente tão importante que já tinha o seu próprio gabinete dentro dos escritórios da Appleby nas Bermudas.
Atas de conselhos de administração documentam como os representantes de Glencore se envolveram com Daniel Gertler, um empresário israelita com amigos de alto nível na República Democrática do Congo, para que os ajudasse a selar um acordo relacionado com uma valiosa mina de cobre. A Glencore emprestou milhões a uma empresa, que tudo indica ser de Daniel Gertler e que é descrita num inquérito-crime conduzido pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos como tendo canalizado pagamentos corruptos. Nem Gertler nem a Glencore foram alvo desse inquérito.
A Glencore informou que verificou os antecedentes de Gertler e que essas verificações foram “exaustivas e completas”. A investigação do Departamento de Justiça norte-americano “não reuniu quaisquer provas contra o Sr. Gertler”, informaram os advogados do empresário israelita, acrescentando que ele “rejeita em absoluto” quaisquer alegações sobre práticas incorrectas ou de crimes que pudessem ter sido cometidos por si. “Nenhum empréstimo foi usado indevidamente ou para fins inapropriados”, asseguraram os advogados de Gertler.
Operacionais do mundo offshore
A indústria de offshores é um labirinto mundial de contabilistas, banqueiros, gestores financeiros, advogados e intermediários que são pagos para servir os interesses dos ricos e bem relacionados.
A Appleby é mais um elo numa cadeia de protagonistas da indústria de offshores que tem ajudado estrelas do desporto, oligarcas russos e membros de governos a comprar aviões, iates e outros itens de luxo. Especialistas offshore ajudaram Arkady e Boris Rotenberg, dois irmãos bilionários russos e amigos de infância do Presidente Vladimir Putin, a comprar jatos privados no valor de mais de 20 milhões de dólares em 2013. As autoridades dos EUA colocaram os Rotenberg na sua lista negra em 2014 pelo apoio que deram aos “projetos ligados a Putin” e por terem financiado “contratos sobrevalorizados” atribuídos pelo governo russo. A Appleby cortou a sua relação com os Rotenberg, mas houve um caso em que recebeu uma aprovação do governo da Ilha de Man, quase dois anos após a imposição de sanções, para pagar a manutenção de uma das empresas dos dois irmãos no registro comercial. Os Rotenberg não responderam às perguntas enviadas pelo “Süddeutsche Zeitung”.
Os clientes apreciam a Appleby pela longa experiência que tem, os seus níveis de eficiência e a sua rede global de colaboradores. A empresa tem sido eleita várias vezes como o escritório de advogados do ano da indústria de offshores.
Mas os ficheiros acumulados ao longo de décadas também mostram como mesmo um das estrelas mais brilhantes da indústria de offshores pode esconder deficiências, ao aceitar clientes questionáveis ??e ao não monitorar fluxos de dinheiro de muitos milhões.
Os reguladores financeiros das Bermudas multaram a unidade da Appleby especializada em trusts por violar as regras de prevenção de branqueamento de capitais, segundo um acordo confidencial estabelecido em 2015. E já este ano a Appleby aceitou pagar 12,7 milhões de dólares num processo judicial no Canadá, no qual enfermeiros, bombeiros e polícias acusaram a empresa de, sem ter feito quaisquer perguntas, ter movimentado dinheiro em nome de um cliente que criou um suposto esquema de evasão de impostos. Nem a Appleby nem o cliente que esteve por detrás do suposto crime de fraude fiscal admitiram terem cometido qualquer acto incorrecto.
As apresentações em PowerPoint feitas internamente por um funcionário da Appleby e outros documentos descobertos na fuga de informação referem exemplos de pessoas pouco recomendáveis ??que entraram para a lista de clientes daquele escritório de advocacia, incluindo um membro corrupto do governo paquistanês, dois filhos do ditador indonésio Suharto e um alegado negociante de “diamante de sangue”.
Nalguns casos, a Appleby reportou de forma expedita as suas suspeitas sobre as atividades dos seus clientes às autoridades, conforme é exigido por lei. Noutros casos, clientes pouco recomendáveis estiveram anos sem serem sinalizados.
Singapura
Em Singapura, a empresa de formato familiar Asiaciti anuncia-se como ajudando os clientes a acumular e “a preservar as suas fortunas de riscos com processos judiciais”, perturbações políticas ou disputas familiares. A empresa tem atraído milionários chineses, membros da família de um governante do Cazaquistão condenado por corrupção e um vasto número de cidadãos americanos, incluindo médicos, jogadores de póquer e até um produtor de luzerna (uma leguminosa) no Colorado.
A fuga de informação da Asiaciti revela como a empresa criou trusts nas Ilhas Cook para Kevin Trudeau, um americano que vendeu milhões de livros de autoajuda, como “The Weight-Loss Cure ‘They’ Don’t You to Know About” (“A cura para o peso a mais que eles não querem que você conheça”. Em 2014, um juiz em Chicago condenou Trudeau a 10 anos de prisão pelas suas condutas consideradas criminosas. O tribunal classificou-o como um burlão sem vergonha, que chegou a usar o número de Segurança Social da sua mãe num dos seus esquemas de fraude.
A Appleby disse numa declaração que divulgou online que está empenhada em cumprir as regras impostas pelos reguladores, acrescentando que aconselha os clientes “de forma legítima, e dentro da lei, a conduzirem os seus negócios”, não tolerando comportamentos ilegais.
“É verdade que não somos infalíveis”, admitiu a Appleby. “Quando achamos que foram cometidos erros, agimos rapidamente para corrigir as coisas.”
A Asiaciti não respondeu às perguntas que lhe foram enviadas.
Adrian Alhassan, ex-gestor de compliance na sede da Appleby nas Bermudas, disse ao ICIJ que mesmo que alguém seja “inflexível” no que toca a infringir a lei, o que sobra é apenas o que uma operadora de serviços offshore pode fazer. “Isto não é o FBI”, disse ele. Se o escritório de advocacia passasse anos a fio a investigar a fundo os clientes, acabaria por “não fazer qualquer trabalho”.
“É como limpar uma praia”, explicou Alhassan numa entrevista por telefone. “Se você dizer que limpou a praia no final do dia, pode realmente afirmar que recolheu todos os pedaços de alga marinha?”
Agravando a desigualdade
As leis de sigilo em vigor nos paraísos fiscais atraem aqueles que desejam colocar as suas fortunas pessoais e os seus negócios fora do alcance dos reguladores, dos investigadores e dos cobradores de impostos.
Os documentos dos registos comerciais de 19 dessas jurisdições revelam nomes e detalhes de administradores e donos de empresas criadas em muitos dos esconderijos offshore mais procurados do mundo.
Os ficheiros têm origem nos bastiões do segredo financeiro mundial, como as Ilhas Marshall, o Líbano ou o território de São Cristóvão e Nevis, um país das Caraíbas recentemente atingido por furacões. Os registos de algumas destas jurisdições estão disponíveis ao público, mas não permitem pesquisas por nomes de pessoas. Outros, como o registo das Ilhas Caimão, cobram mais de 30 dólares por um documento de uma página com apenas informações básicas. Seis registos comerciais destas 19 jurisdições não disponibilizam informações online.
As fugas de informações contêm mais de mil registos de Antígua e Barbuda, um país das Caraíbas que não fornece informações corporativas online, e mais de 600 mil documentos do registo online de Barbados – não disponibiliza os nomes de acionistas e administradores das empresas.
Ao longo da última década, a União Europeia e outras organizações internacionais pressionaram os paraísos fiscais para alterarem as suas leis e exigirem que os clientes de serviços offshore sejam verificados de forma séria e exaustiva. Os especialistas no assunto dizem que progresso tem sido lento, não só por causa dos desafios colocados por uma mudança de práticas numa rede global de jurisdições, como também porque quem beneficia deste sistema offshore são os ricos e poderosos.
Eles – os ricos e poderosos – fazem isso à custa da maioria dos cidadãos, deslocando o ónus da tributação para os contribuintes que auferem rendimentos médios e favorecendo as multinacionais em detrimento das empresas mais pequenas. As consequências são mais graves nos países que lutam para dar o básico à população.
Na África Ocidental, os funcionários públicos do Burkina Faso que fiscalizam os pagamentos de impostos das maiores empresas do país trabalham em gabinetes apertados e com o ar condicionado avariado. O Burkina Faso está entre os países mais pobres do mundo. Em média, um cidadão ganha menos num ano do que o dono de uma empresa offshore nas Bermudas paga só de taxa de inscrição. As autoridades fiscais locais tentaram recuperar 29 milhões de dólares de impostos que ficaram por pagar pela Glenclore, a 16.ª maior empresa do mundo e uma grande cliente da Appleby. A Glencore contestou e acabou por pagar apenas 1,5 milhões de dólares.
Ajudar os ricos a ficarem mais ricos através de manobras offshore não é um “benefício benigno”, diz Brooke Harrington, professora da Copenhagen Business School. “Quando os ricos ficam mais ricos, os pobres ficam mais pobres, porque as pessoas ricas não estão a pagar aquilo que é a sua quota-parte justa de impostos.” E é por isso que, segundo ela, “estamos a alcançar níveis de desigualdade e de injustiça do tempo da Revolução Francesa”.
Este artigo foi preparado e escrito por: Will Fitzgibbon, Michael Hudson, Marina Walker Guevara, Scilla Alecci, Richard H.P. Sia, Gerard Ryle, Emilia Diaz-Struck, Martha Hamilton, Simon Bowers, Hamish Boland-Rudder, Sasha Chavkin, Spencer Woodman, Ryan Chittum, Mar Cabra, Rigoberto Carvajal, Matt Caruana-Galizia, Cecile Schilis-Gallego, Pierre Romera, Julien Martin, Dean Starkman, Tom Stites, Manuel Villa, Amy Wilson-Chapman, Miguel Fiandor Gutiérrez, Yacouba Ladji Bama, Delphine Reuter, Petra Blum, Harvey Cashore, Frederik Obermaier, Bastian Obermayer, Vanessa Wormer, Hilary Osborne, Frédéric Zalac, Oliver Zihlmann.
Esta peça retrata duas das 24 000 vítimas da maior e mais engenhosa burla ocorrida em Portugal. É uma ficção. Tal qual o império liderado pelo chamado “aristocrata da banca”. Razão tinha António Aleixo (1899/1949), o poeta popular, quando avisou: “Sei que pareço um ladrão…/mas há muitos que eu/conheço/que, não parecendo o que/são,/são aquilo que eu pareço.”
Personagens:
Guilhermino
Guida
Senhor da imobiliária
Senhora do banco
1º Acto
Guilhermino e Guida estão sentados nos sofãs da pequena sala do seu modesto apartamento nos arredores de Paris. Ele toda a vida trabalhou nas obras e ela em casa das “madames”. Criaram dois filhos e há custa de muito poupar fizeram uma “maison” no Alto Minho. Agora, Guilhermino só sonha com o regresso à sua Serra D’ Arga natal.
Guilhermino – Em breve vamos de vez para o nosso cantinho…
Guida ( pousa os óculos e fita-o, desafiadora) – Nem penses. Os filhos dos miúdos estão a crescer e temos de os ajudar a criar. Além de mais, o que é que vamos fazer para lá?! Os da nossa criação já morreram quase todos…
Guilhermino – Então fizemos a casa lá para quê?…
Guida – Olha, tu é que querias ir para lá nas férias…
Guilhermino – E tu não? Se assim era bem podias ter dito. Olha que enterrámos lá um bom dinheiro…. A casa está praticamente abandonada e os impostos são bem puxados.
Guida – Olha, vende-a. A casa é boa e não faltará quem a compre. Pegamos no dinheiro e metemo-lo no banco. Com esse e com o que lá temos, mais as nossas reformas, bem podemos ter uma boa vida e ajudar os miúdos…
Guilhermino – Pois, os miúdos! Olha que a nós ninguém nos ajudou…
Guida – Até parece que os nossos pais nos podiam ajudar!… Coitados, eles mal tinham dinheiro para uma malga de sopa.
2º Acto
O sr. Guilhermino passou a noite em branco. A matutar. Teria a sua Guida razão? De facto, os miúdos bem precisavam da ajuda deles. Um estudou, mas o mais velho não e o melhor que conseguiu foi um emprego como lavador de carros. O salário era pouco e o que lhe valiam eram as gorjetas, que dividia com mais dois colegas. Logo pela manhãzinha, Guilhermino saiu e foi ao agente que lhe arrendara o apartamento onde vivia. Também era português do Minho e um sobrinho ajudava-o nos negócios que fazia em Portugal.
Senhor da imobiliária (sorrindo) – Bom dia sr. Guilhermino. O que é que o trás por cá? Não me diga que vai deixar o apartamento da rua Gabriel Péri?
Guilhermino – Talvez, talvez. Mas isso só acontecerá se vender a minha casa lá na terra.
Senhor da imobiliária (admirado) – A que acabou de construir há meia dúzia de anos?…
Guilhermino – Sim, essa.
Senhor da imobiliária – Não me diga que já não quer voltar à nossa terra…
Guilhermino (com ar triste) – Eu querer queria. Mas a Guida é que quer ficar cá pela França. Sabe, ela está muito agarrada aos netos. E lá na terra já sobram poucos dos nossos…
Senhor da imobiliária – É verdade. Também se passa o mesmo comigo e com a minha mulher. Fomos obrigados a vir para cá e, agora, vamos acabar aqui… É a vida, sr. Guilhermino, é a vida. Então em que posso servi-lo, senhor Guilhermino?
Guilhermino – Bem, eu queria que tratasse da venda da “maison”…
Senhor da imobiliária – Sim, podemos tratar disso. Sabe, tenho lá o meu sobrinho Américo e ele tratará disso. Quanto quer pela casa?
Guilhermino (gaguejando) – Estava a pensar aí nuns 200 mil euros.
Senhor da imobiliária (torcendo o nariz) – É capaz de ser um pouco caro. Mas colocamo-la à venda por esse valor e logo se vê. Sabe qual é a área coberta e qual é área descoberta?
Guilhermino (prontamente) – A casa tem à volta de 500 metros quadrados e o terreno está muito próximo dos 1500. Mais coisa, menos coisa.
Senhor da imobiliária – A casa é grande e o terreno é bem jeitoso. Vou falar com o Américo, ele coloca o anúncio na internet e há-de aparecer alguém. Portugal está na moda e há muitos estrangeiros que querem ir viver para lá. Sobretudo, franceses, ingleses e …. chineses. Eles adoram o nosso país. Por ser quentinho e muitos até têm direito a “visto gold”.
Guilhermino (com cara de espanto) – “Visto gold”? O que é isso?
Senhor da imobiliária – Olhe, amigo Guilhermino, é uma benesse que o Portas inventou para os “estranjas” que invistam mais de 500 mil euros no nosso país. Ninguém os chateia e até pagam menos impostos.
Guilhermino – Eles ajudam sempre os ricos, porra.
Senhor da imobiliária – Sempre assim foi e sempre assim será, amigo Guilhermino.
(Os dois homens despedem-se com um aperto de mão e Guilhermino segue célere para o seu modesto apartamento em Saint-Denis. Está ansioso por comunicar a sua decisão a Guida.)
3º Acto
Guida está na cozinha. Prepara os cereais para o filho do filho Michel. Espanta-se com a chegada do marido, pois ele raramente arriba antes da sete da tarde.
Guida – Tão cedo?
Guilhermino (sorrindo) – Sim e olha que já tratei de uma coisa bem importante…
Guida (espanta-se) – Foste tratar de uma coisa importante?!
Guilhermino (sorrindo, de novo) – Sim, mulher.
Guida (senta-se e começa a dar os cereais ao miúdo) – Ora diz lá…
Guilhermino – Bom, não preguei olho durante a noite passada. A pensar no que me dissestes, que não querias sair da França. Acho que tens razão e por isso fui hoje ao senhor da imobiliária e pedi-lhe para colocar a casa à venda.
Guida (incrédula) – E ele acha que consegue vender a “maison”?
Guilhermino – Sim.
Guida – E vais vender por quanto?
Guilhermino – Eu pedi 200 mil euros, ele achou um valor um pouco alto, mas também me disse que há muitos estrangeiros que querem ir viver para lá. Alguns, disse-me ele, até têm direito a “visto gold”.
Guida – “Visto gold” o que é isso, homem?
Guilhermino – Olha, é uma maneira deles viveram lá sem chatices e de pagarem menos impostos.
Guida (prontamente) – Pois, o homem que venda e eles que paguem menos impostos. Nós ficamos aqui. Junto dos nossos filhos e netos e junto dos nosso amigos.
Guilhermino (deixa fugir uma lágrima pelo canto do olho e sorri) – Ó Guida o que mais quero é ver-te feliz.
(Guida levantou-se e deu um longo beijo a Guilhermino ao mesmo tempo que encostou a cabecita do filho do seu filho Michel à do avô.)
4º Acto
Algumas semanas mais tarde, logo pela manhãzinha o telefone toca. Insistentemente. Guida atende. Do outro lado do fio sai uma saudação cordial. “Bom dia, dona Guida.”
Guida – Quem fala?
Senhor da imobiliária – Sou o Antero da imobiliária. Como vai a senhora?
Guida – Bem. Desculpe, não reconheci a sua voz.
Senhor da imobiliária – Não faz mal. O senhor Guilhermino está?
Guida – Está sim. Mas ainda está deitado. Sabe, ele preguiçou desde que se reformou…
Senhor da imobiliária – É um direito que ele tem. Olhe que trabalhar na construção é muito duro…
Guida – Vou acordá-lo…
Senhor da imobiliária – Não faça isso. Eu ligo mais tarde ou então ele que me ligue.
Guida – Está combinado, senhor Antero.
(Mal desligou a chamada, Guida correu em direcção ao quarto do casal. Para o senhor Antero ligar tão cedo é porque era importante. Acordou Guilhermino e contou-lhe a conversa com o sr. Antero. Este levantou-se, tomou o mata-bicho da manhã, desfez a barba, vestiu-se e rumou à imobiliária.)
5º Acto
Quando Guilhermino transpôs a porta do escritório, o senhor Antero estava ao telefone e apontou-lhe uma das cadeiras que estavam colocadas à frente da sua secretária. Pouco tempo depois desligou e fez o anúncio: a casa estava vendida. Não por duzentos mil, mas por 150 mil euros. Caso quisesse, naturalmente. O comprador pagava em dinheiro vivo no acto da escritura.
Guilhermino – Tenho de pensar. Bom mesmo era que o comprador desse os 200 mil…
Senhor da imobiliária – Senhor Guilhermino olhe que é uma boa proposta. Afinal a casa, que é boa sim senhor, está entre os montes e não é qualquer um que vai viver para lá.
Guilhermino – Sim, concordo. Mas aqueles ares dão saúde…
Senhor da imobiliária – Isso é verdade. Mas olhe que os de lá não querem a casa nem dada…
Guilhermino – Está a dizer-me que é gente de fora…
Senhor da imobiliária (sorrindo) – Sim é gente de fora. E de muito longe…
Guilhermino – Não me diga que é gente do Porto ou de Lisboa.
Senhor da imobiliária – Não é gente de muito mais longe. São holandeses.
Guilhermino – Holandeses?
Senhor da imobiliária – Sim, holandeses. Sabe que agora com esta coisa da internet os anúncios correm mundo…
Guilhermino – Pois, é isso que os meus filhos dizem.
Senhor da imobiliária – São as novas tecnologias, senhor Guilhermino, as novas tecnologias. Quando foi o ataque ao Bataclan o mundo soube na hora…
Guilhermino (mudando de conversa) – Os holandeses são reformados?
Senhor da imobiliária – Não, segundo o Américo me disse são tipos na casa dos quarenta anos.
Guilhermino – E querem ir viver para o meio dos montes…
Senhor da imobiliária – O meu sobrinho disse-me que são artistas.
Guilhermino – Artistas?
Senhor da imobiliária – Pintores ou escultores ao que ele me disse.
Guilhermino – Ah, desses…
Senhor da imobiliária – Fale com a dona Guida e depois diga-me se aceitam ou não. Convém não demorar muito, pois estes tipos gostam de fazer as coisas rapidamente.
Guilhermino – E fazemos a escritura cá ou em Portugal?
Senhor da imobiliária – Em Portugal. O meu sobrinho trata de tudo com o notário, o senhor assina e trás logo a massa. Fale com a dona Guida e diga-me o que decidiram. Estamos combinados?
Guilhermino – Estamos combinados.
6º Acto
Guilhermino foi rápido a percorrer os três quarteirões que separam a imobilirária do seu apartamento na Rua Gabriel Péri. Guida não está e Guilhermino, nervoso, abre uma garrafa de cerveja. Onde terá ido ela? Resmunga ainda antes de saborear o primeiro gole. Guida acabará por chegar daí a pouco. Traz com ela Michel.
Guilhermino – Ó mulher caso estejas de acordo, a casa está vendida?
Guida (exuberante) – Isso é fixe, caramba.
Guilhermino – Mas os tipos só dão 150 mil…
Guida (franzindo a testa) – Parece-me pouco, parece-me pouco…
Guilhermino – Sim, é menos do que eu pedi. Mas o senhor Antero diz-me que é de aceitar.
Guida (determinada) – Pois, a casa não é dele…
Guilhermino – Ele diz que a casa é boa mas que está isolada, no meio dos montes, e que será muito dificil vendê-la pelo que pedimos.
Guida – Também é verdade. E quem é que dá os 150 mil por ela? É alguem de lá?
Guilhermino – Disse-me que são uns tipos holandeses.
Guida Holandeses?…
Guilhermino – Sim, uns artistas.
Guida – Uns artistas?
Guilhermino – Sim, daqueles que fazem estátuas.
Guida – Estátuas de mulheres nuas?
Guilhermino – Talvez e a verdade é que ali ninguém os incomoda. O que achas? Aceitamos as 150 mil notas?
Guida (depois de pensar um pouco) – Tu é que sabes, mas se calhar é de aceitar. Juntamos ao que temos no banco e já dá uma boa maquia. Ou compramos um apartamento maior…
Guilhermino – Não, isso não. Já que vamos continuar a viver aqui é aqui que continuamos. Nesta casa onde criamos os nossos filhos.
Guida – Tá bem, homem. Não te aborreças. Eu até gosto de viver em Saint-Denis. É o nosso bairro e todos nos tratam bem.
7º Acto
Guida e Guilhermino vestiram-se a preceito, tomaram um pequeno-almoço rápido no café do Carlos e logo entraram no velho “Laguna” cinzento. Rumo a Paris. A um dos mais requintados “boulevard” da cidade e não muito longe da imponente Avenida Foch. Guida não larga a mala por um minuto, mesmo quando se senta no enorme cadeirão verde e preateado do requintado gabinete onde ela e Guilhermino são recebidos.
Senhora do banco – Os netinhos estão bem?
Guida (de pronto) – Sim, estão muito bem. Quer ver as fotografias deles?
Senhora do banco (esboçando um sorriso, enquanto recebe de dona Guida as fotos dos pequerruchos) – São mesmo lindos, os meninos. E os senhores são avós babados…
Guilhermino (sorrindo de orelha-a-orelha) – Somos, pois.
Senhora do banco – Mas, digam, meus amigos, em que posso ser-lhes útil…
Guilhermino – Bom, decidimos continuar a viver cá. E vendemos a “maison” que tinhamos no nosso Portugal. Por isso temos um dinheirito para depositar…
Senhora do banco (toda ela simpatia) – Percebo-os bem. Afinal, os senhores jã têm mais anos da França do que de Portugal…
Guida – E assim continuamos junto dos miúdos e dos netinhos…
Senhora do banco – Claro, caso contrário morriam de saudade. E quanto é que querem depositar?
Guilhermino – Cento e cinquenta mil euros.
Senhora do banco (enquanto vê no computador a conta dos clientes) – Isso é quase aquilo que a vossa conta tem de saldo. Ou seja, a vossa conta passa a rondar os 300 mil euros. É um bom pecúlio, sim senhor.
Guilhermino – Uma maquia que nos custou muitas horas de trabalho e muito sacrifício…
Senhora do banco – Eu sei, eu sei…
Guida – Trabalhamos todos os dias mais de 30 anos. Eu nas senhoras e o Guilhermino na construção. Não havia sábados, domingos ou feriados. O Guilhermino além de trabalhar para o patrão, que Deus o tenha em eterno descanso, ainda fazia uns biscates. Uma vida dura, minha senhora, uma vida muito dura.
Senhora do banco – Eu sei, eu sei. Felizmente, as coisas mudaram e hoje os senhores podem encarar a velhice com tranquilidade.
Guida – E ajudar os nossos filhos.
Senhora do banco – Pois, os filhos são o nosso “ai Jesus”. Mas, ó senhor Guilhermino, tenho um negócio bom a propor-lhe, melhor do que aplicar o dinheiro na Conta-Poupança. Passamos o dinheiro para uma Conta-Plus e garanto-lhe um juro melhor. O que acha?
Guilhermino – A senhora sabe que eu sou pouco instruído nessas coisas de finanças…
Senhora do banco – Confie em mim senhor Guilhermino. Eu sei o que estou a fazer.
Guilhermino – Não é que eu não confie na senhora, sou é muito agarrado às coisas antigas…
Senhora do banco – Eu também. Mas temos de nos adaptar às novas propostas do mercado. E, claro, tirar o máximo rendimento do dinheiro que ganhamos com o nosso trabalho.
Guida – E essa tal conta dá um juro melhor do que a outra?
Senhora do banco – Sim, mais do dobro. Confie em mim.
Guilhermimo – A senhora veja lá no que nos vai meter. É que tenho ouvido tanta coisa por causa daquele banco que faliu lá no nosso Portugal.
Senhora do banco (em tom firme) – Senhor Guilhermino esse banco faliu por ter maus gestores. Não é o nosso caso. O nosso banco tem quase 150 anos e um grande gestor: o Dr. Ricardo. Não foi por acaso que o Dr. Mário Soares pediu ao Dr. Ricardo para regressar a Portugal e lhe deu o banco de volta.
Guilhermino – Sim, eu sei. Mas, sabe, quando a fartura é muita o pobre desconfia…
Senhora do banco (enquanto imprime várias folhas) – Confie no banco, confie em mim. Está a fazer um óptimo negócio.
Guida e Guilhermino assinaram as folhas que lhe foram entregues pela senhora do banco em quem confiavam. Menos de dois anos depois, estavam entre os milhares de burlados que percorriam as ruas de Lisboa e gritavam a plenos pulmões: “Ladrões, devolvam o nosso dinheiro.”
Nota: Esta peça está protegida pelos Direitos de Autor. Assim, só poderá ser levada à cena após formalização do pedido e respectiva autorização através do e-mail searadeletras@sapo.pt.
Escolhi da longa entrevista concedida ao Público por António Damásio, este final que me parece ilustrar o modo como o conselheiro de Estado se refere ao mundo onde também parece viver. O malabarismo da linguagem ilustra a conivência com o sistema.
É forçoso estar atento, até com os cientistas dos “afetos”.
«E há uma ideia que é consequente a essa e tem a ver com a educação, com o facto de que a única maneira de resolver o problema da nossa violência natural e de como naturalmente as pessoas querem estar com aqueles que são parecidos e não com os diferentes.Tem de haver um plano de educação extraordinário, uma espécie de super-plano de investimento global que não tem sido feito por razões que são também históricas e sociopolíticas.
O mundo é dividido, depois há uma crise económica, uma crise política que leva a migrações, essas migrações trazem dificuldades e há reacções contra e não há possibilidade de coordenar globalmente um plano educacional. Para mim não é uma ideia mítica, acho possível. Não é possível só com as Nações Unidas. Tem sido possível em certos períodos. Os Estados Unidos, com todos os seus problemas, tiveram uma acção extraordinária no pós-guerra. Há um período que não é de paz completa, em que houve um investimento em reconstruir países e permitir que houvesse um alargamento da educação e da maneira de compreender outros que são diferentes. É uma grande projecto que, em parte, funcionou, tem funcionado, mas que neste momento está a ser ameaçado. (…)Nos EUA é uma coisa mais orgânica. Sempre tiveram enormes divisões geográficas. Há uma narrativa histórica que conseguiu compensar e impor um bom funcionamento em conjunto à volta de certos mitos e neste momento há uma fragilidade das relações, há fenómenoseconómicos extraordinariamente importantes e há uma evolução de tempos diferentes em diversas comunidades. Mas veja a Europa, encontra exactamente os mesmos problemas – que na Europa são muito velhos e um pouco esquecidos. Isso está dentro do que são os seres humanos; os seres humanos a criarem um grupo, uma história com determinados hábitos, determinadas preferências e a forma como aceitam, ou não, que isso possa ser suplantando.»
O atirador que matou pelo menos 26 pessoas num atentado numa igreja batista de uma cidade dos subúrbios San António, no Texas foi identificado. Os media americanos avançam que o suspeito - que morreu no local - é Devin Patrick Kelley. Residente num subúrbio de San António serviu na Força Aérea dos EUA até 2014.
O jornal americano cita uma conta da rede social Linkedin que revela que Kelley, de 26 anos, deu aulas sobre a bíblia durante o verão.
As autoridades locais confirmaram pelas 23h30 deste domingo (hora portuguesa) a morte de pelo menos 26 pessoas e um número próximo dos 30 de feridos no tiroteio, que aconteceu na manhã deste domingo. O ataque teve lugar numa sala de culto da Primeira Igreja Batista, na cidade de Sutherland Springs, próxima de San António, no estado americano do Texas.
As vítimas têm entre 5 e 72 anos.
O diretor regional de Saúde Pública do Texas, Freeman Martin, informou em conferência e imprensa que 23 das vítimas foram encontradas mortas dentro do edifício da igreja batista, duas outras no exterior do edifício e uma pessoa foi levada pelos serviços médicos, mas acabou por sucumbir.
No mesmo encontro com os jornalistas, foi explicado que o autor do massacre parou o carro pelas 11h30 (17h30 em Lisboa) numa bomba de gasolina junto à igreja de Sutherland Springs, e entrou com uma arma de assalto. Começou a disparar e depois continuou o tiroteio no exterior.
Vestia de negro e tinha um colete à prova de bala.
Foram encontradas 23 vítimas já sem vida dentro da igreja. Outra duas foram mortas no exterior e uma terceira morreu numa unidade de saúde, depois de ter sido levada em estado crítico do local do massacre. Há ainda vários feridos em estado grave, pelo que o balanço do número de mortos poderá aumentar.
Segundo o relato das autoridades, o suspeito entrou depois no carro e saiu do local. Testemunhas contam que um vizinho disparou contra Devin, precipitando a sua fuga.
O suspeito ainda foi perseguido pelas autoridades, mas o carro que conduzia despistou-se a cerca de 15 km do local do tiroteio. Devin viria a ser encontrado morto, dentro do veículo, com marcas de ferimentos de bala. Ainda não é claro se se suicidou ou se foi alvejado.
Uma testemunha ouvida pela ABC, confirma que o atirador entrou na igreja, onde estavam cerca de 50 pessoas, e começou a abrir fogo.
Sutherland Springs é uma localidade com cerca de 400 habitantes, a cerca de 48 quilómetros da cidade de Santo António, informa a agência Associated Press.
O Presidente dos EUA, Donald Trump, já reagiu no Twitter. "Que Deus esteja com o povo de Sutherland Springs, Texas. Estou a monitorizar a situação do Japão", lê-se no tweet.
O governador do Texas, Gregg Abbott também já se manifestou nas redes sociais: "As nossas orações estão com todas as pessoas apanhadas por este ato terrível. Agradecemos às forças de segurança pela resposta".
O tiroteio deste domingo ocorreu no dia que marca o oitavo aniversário do massacre de 5 de novembro, de 2009, na base do Exército Fort Hood, no centro do Texas, em que 13 pessoas foram mortas.