Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

orouxinoldaresistencia

POESIA E MÚSICA DA RESISTÊNCIA

orouxinoldaresistencia

15
Nov17

O TRATADO DE ZAMORA - A Formação do Estado Português *

António Garrochinho



Quais os antecedentes do nascimento do Reino de Portugal? (1)
1.pngComo recompensa pelos serviços prestados na reconquista cristã por D. Henrique de Borgonha (2), sobrinho da Rainha D. Constança, D. Afonso VI deu-lhe a mão de D. Teresa em casamento e, pelas núpcias, concedeu a ambos (3), entre outras honras, o condado de Portucale e Coimbra, por direito hereditário (4).

Os direitos transmitidos pela concessão eram amplos: conceder forais, fazer doações, dar cartas de couto dispondo dos direitos reais, confirmar actos, proferir sentenças, outorgar préstamos e convocar os senhores do Condado para auxiliar ou aconselhar os condes na sua cúria mas sobretudo vir, com as suas hostes, prestar o serviço militar.

Os condes exerciam poderes que, na origem, eram delegados pelo rei de Leão mas com o tempo vão reivindicá-los como próprios, uma vez que eram hereditários, passando por morte a seus filhos e netos, sem qualquer necessidade de confirmação ou renovação por parte do suserano – o rei de Leão.
2.jpgQuando os territórios concedidos pertenciam a membros da família real, podiam ser governados por um rei - rex. Foi com este sentimento que D. Teresa, a partir de 1117, assumiu o título de rainha – regina – reivindicando assim os direitos que lhe cabiam por ser filha de Afonso VI, entre os quais, o de governar como soberana uma parte dos territórios herdados (5).

E por isso D. Afonso Henriques se chamou infante, isto é, filho de Rei ou Rainha, com direito a ser Rei e também, por isso, no domingo de Pentecostes de 1125, ele se armou a si próprio cavaleiro na catedral de Zamora, o que era privilégio real «sicut moris est regibus facere» (como costumam fazer os reis), como é referido na Chronica Gothorum.

O Conde D. Henrique de Borgonha morre prematuramente em Astorga, provavelmente a 14-IV-1112 - outros autores dizem em 1-XI-1112 (6) - e a Rainha D. Teresa passa a governar o condado durante a menoridade de seu filho D. Afonso Henriques, continuando uma clara política de autonomia iniciada por seu marido para se libertar dos deveres de vassalagem a Leão e prosseguindo, para sul, as conquistas aos mouros.

Já viúva, manteve uma ligação sentimental com Fernão Peres de Trava (7) o qual, a partir de 1121, passa a desempenhar importantes funções em Portugal fixando-se, por necessidades militares de impedir as incursões almorávidas, junto da zona de fronteira do Mondego, e tomando conta dos castelos mais avançados de Seia, Soure e Santa Eulália de Montemor-o-Velho. Era filho segundo de Pedro Froilaz, Conde de Trava e de Trastámara, aio do Imperador Afonso VII e praticamente senhor de toda a Galiza e de D. Urraca Froilaz (8).

A velha nobreza de entre Douro e Minho passou a hostilizar D. Teresa por pensar, atenta a mentalidade feudal da maioria dos barões, que ela usurpava os direitos do jovem Príncipe e temer que, pela sua união com Fernão Peres, um «estrangeiro», essa usurpação fosse definitiva e não por a rainha defender mal os interesses de Portugal. Por essas razões estavam prontos a intervir para salvaguardar os direitos do seu senhor, o infante D. Afonso Henriques, apesar de, para uma minoria, D. Teresa ter toda a legitimidade, uma vez que havia sido por seu intermédio que o Conde D. Henrique recebera, das mãos do Rei de Leão, o Condado Portucalense.
3.jpgEntre 1120 e 1127 mãe e filho foram colaborando e os documentos de D. Teresa são geralmente confirmados por D. Afonso Henriques, que assina antes de Fernão Peres - como sucede no foral de Ponte de Lima.

A partir deste período acentuam-se as divergências entre mãe e filho (9) que os levou a dividir o Condado Portucalense pelo Douro: ao norte com a capital em Guimarães, imperava D. Afonso Henriques; ao sul a Rainha D. Teresa e Fernão Peres estabeleceram a sua Corte em Coimbra. Ressurgiam assim os antigos condados de Portucale e de Coimbra, que estavam unidos há mais de um século, e como D. Afonso Henriques aparecia à frente do de Portucale, Afonso VII de Leão exigiu do novo Conde (10) acto de vassalagem, devido pelo direito feudal, o que o nosso infante se demorou a fazer pelo que aquele veio, à frente das suas hostes, exigi-lo a Guimarães.
Regularizada esta situação, D. Afonso Henriques quis recuperar o “condado de Coimbra”, satisfazendo assim os anseios dos barões que, por lhe serem dedicados e o reconhecerem como legítimo herdeiro, iam sendo afastados por D. Teresa e não porque o monarca estivesse contra os fidalgos galegos pois ele não só nunca manifestou qualquer aversão àqueles - apenas a seu padrasto Fernão Peres - como cobriu de mercês os que o serviram fielmente.

E D. Teresa, apesar de ter algumas terras galegas em seu benefício, como as tenências de Astorga, Zamora, Orense, Límia, etc., nunca revelou o desejo de unificação Galiza-Portugal - o que, aliás, equivaleria à sua submissão ao seu sobrinho Afonso Raimundes, rei da Galiza - pese embora soubesse que com divisão do condado acordada com seu filho - nos termos da qual lhe ficaram a pertencer as terras a sul – perdia o contacto com a Galiza e a possibilidade de um eventual auxílio das tropas galegas.
4.jpgSalvo uma oposição de projectos políticos quanto às vias para a independência e por força do complexo xadrez político medieval que exigia alianças efémeras entre uns e outros – a rainha D. Urraca, o arcebispo de Santiago de Compostela Diego Gelmirez, o Conde Pedro Froilaz, o arcebispo de Braga Paio Mendes da Maia – D. Teresa e seu filho nunca se encontraram em conflito pessoal. Com a batalha de S. Mamede, travada a 24 de Junho de 1128 entre as tropas de D. Afonso Henriques e os partidários de D. Teresa, assiste-se ao golpe final no partido da Rainha, e não numa pretensa hegemonia galega, como pensam alguns historiógrafos, imbuídos de um exacerbado espírito nacionalista.

Após a Batalha de S. Mamede, o governo do Condado Portucalense passa para as mãos do Infante D. Afonso.
E é a partir desta altura que Frei António Brandão (11), fixa o início deste novo reino.

Refira-se que D. Afonso Henriques reclama o governo do território português pelas armas, não pedindo a Afonso VII que destituísse D. Teresa e o investisse a ele. Reclama Portugal como coisa sua, por direito de herança e Afonso VII não refuta esse direito de D. Afonso Henriques, pois apenas pretende o reconhecimento de uma mera suserania e não da sua soberania.

Sobre o estatuto de Portugal face a Leão, Carl Erdmann (12) refere: «Em que relação jurídica se encontrava então Portugal com o reino vizinho castelhano-Ieonês, mal se pode definir. Certo é apenas que existia qualquer forma de dependência, sem que no entanto D. Afonso VII de Castela, “Imperador da Espanha”, se atrevesse a denominar-se expressamente Senhor de Portugal.»

O novo Infante D. Afonso presta particular atenção aos territórios localizados a norte do Condado, que não raras vezes eram “invadidos” quer por Galegos quer por Leoneses, atacando sempre que tal se proporcionasse, para além de tentar manter as posições a sul do território do condado, de forma a conter eventuais investidas da mourama.

De 1128 a 1137 D. Afonso Henriques esteve em quase permanente rebelião contra o primo Afonso VII. Em 1130 O jovem príncipe invade a Galiza numa tentativa de expandir o território além Minho e reivindica a posse de Tui e outras localidades, que pelo Tratado de 1121, pertenciam a D. Teresa. No entanto, não logrou atingir o seu objectivo, pois Afonso VII de Leão intervém rapidamente, retirando-se o infante para os territórios do condado.
5.jpgNo período de 1135 e 1136, D. Afonso Henriques concede forais, doa terras e cuida da administração do território, sem descurar a preparação militar, refazendo as suas hostes no sentido de retomar a sua política de expansão do território a norte do condado, para o que aproveita a subida ao trono do novo rei de Aragão e Navarra, Garcia, que se recusou a prestar vassalagem a Afonso VII, com quem celebra uma aliança (luso-aragonesa), e que leva a que D. Afonso de Portugal, invada de novo a Galiza e conquiste Tui, vencendo os leoneses em Cerneja. No entanto os muçulmanos atacam Leiria e D. Afonso quer resolver a situação rapidamente mas nesta altura, Afonso VII não esquecendo a ocupação de Tui e de outros territórios, ataca a fronteira Norte do Condado, levando a que Afonso Henriques assine a Paz de Tui, em 4 de Julho de 1137, comprometendo-se a guardar obediência ao Imperador, situação que lhe permitia salvaguardar e manter intactas as fronteiras do Condado, embora adiando uma vez mais os propósitos autonomistas de Portucale. 

Esta paz com Leão permite a D. Afonso Henriques ocupar-se de novo dos territórios mais a sul, cujo objectivo era a expansão do Condado, para o que, a 25 de Julho de 1139, invadindo terras Mouras das regiões transtaganas trava em Ourique uma decisiva e histórica batalha.
6.pngIndependentemente do local onde efectivamente as duas forças se confrontaram e se existiu ou não um confronto entre dois verdadeiros exércitos ou se apenas se tratou de um “fossado” ou de um ataque surpresa, poder-se-á considerar que esta batalha foi o efectivo ponto de partida para a consolidação do novo reino e a tradição afirma que o triunfo fora anunciado na véspera da batalha a D. Afonso Henriques por Jesus Cristo que lhe apareceu rodeado de anjos, garantindo-lhe a vitória em combate, no dia consagrado a Santiago.

A projecção política da vitória obtida na batalha por D. Afonso Henriques traduziu-se numa efectiva realeza do Infante D. Afonso e num ininterrupto desejo de assinalar uma verdadeira autonomia face a Leão, à qual Afonso VII já não se conseguiria opor, e que termina em 1143 no encontro de Zamora.

Também nas “Pequenas Crónicas de Santa Cruz de Coimbra”, se refere que D. Afonso Henriques foi aclamado rei em Ourique, em pleno campo de batalha, pelos seus companheiros de armas, passando a partir desta data a usar o título de rei, tendo a sua chancelaria, a partir de 1140, começado a expedir documentos com o título de portugalensium rex (Rei dos Portucalenses ou Rei dos Portugueses).

Moralizado pela vitória obtida em Ourique, Afonso Henriques invade a Galiza, violando assim o acordo de paz anteriormente celebrado em Tui com Afonso VII de Leão, o que leva a que em resposta, este entrasse em terras portuguesas, arrasando castelos à sua passagem.
7.jpgPara evitar uma batalha que se podia traduzir num elevado números de mortos, foram escolhidos os melhores cavaleiros de D. Afonso Henriques e os melhores cavaleiros de Afonso VII que se enfrentaram num torneio ou justa, que ficou conhecido como Torneio de Valdevez ou Recontro de Valdevez. Ganharam os representantes de D. Afonso Henriques, e os derrotados apelam à intervenção do arcebispo de Braga, no sentido de se estabelecerem as pazes entre as partes, o que veio a acontecer em Setembro de 1141. O Recontro de Valdevez foi um acontecimento decisivo e, muito provavelmente, a última etapa para o nascimento de Portugal como reino independente, antecedendo a celebração do Tratado de Zamora.

Como era o Território do Condado à data do Tratado de Zamora?
8.pngTal como sucede hoje, a fronteira norte era constituída pelo Rio Minho, desde a foz até Melgaço, seguindo depois a direcção norte-sudoeste até Lindoso, em muito semelhante à actual. Rodeava depois Chaves e ia para nordeste, para a região onde, mais tarde viria a edificar-se Bragança. Dali a fronteira seguia para região onde o Douro entra em Portugal.
Na região de Entre-Douro e Minho situavam-se os grandes centros do Condado: o religioso, em Braga; o político, em Guimarães; o marítimo, em Portucale.

Entre o Douro e o Mondego destacavam-se Coimbra - que, em 1143, constituía o limite sul do novo Reino -, Viseu e Lamego.

O limite oriental da Beira ficava entre os rios Douro e Águeda, tendo como fortalezas avançadas Numão, Longroiva, Marialva e Trancoso.
Depois a fronteira acompanhava o rio Zêzere, sem chegar ao Tejo.

Ao sul do Mondego, a defesa o Condado baseava-se em castelos isolados como Penalva, Soure, Arouca, Miranda do Corvo, Penela e Ladeia.
A zona de Leiria era um limite oscilante, de onde se podia partir em busca de novos territórios.

O Tratado de Zamora
9.pngNa sequência de Ourique e Valdevez Portugal passa a ser uma unidade política autónoma relativamente ao reino de Leão.
O arcebispo de Braga, D. João Peculiar, principal condutor da política externa do príncipe português na fundação do novo reino, procurou conciliar Afonso VII de Leão e Afonso Henriques, conseguindo que eles se encontrassem em Zamora nos dias 4 e 5 de Outubro de 1143 na presença do Cardeal Guido de Vico, delegado do Papa Inocêncio II, o que por sua vez liga a Cúria Romana ao acordo celebrado.

É que a D. Afonso Henriques, para além de interessar o reconhecimento político da existência de um novo reino, interessava-lhe a paz com Castela e Leão, de forma a permitir a realização de novas campanhas contra os mouros.
10.jpgApesar de serem escassas as informações sobre a conferência de Zamora, sabe-se que a chancelaria leonesa passou a referir Afonso Henriques como rei, logo após a sua realização.
Menendez Pidal (13) reproduz a fórmula de vários documentos expedidos em Zamora nos dias 4 e 5 de Outubro por D. Afonso VII, fazendo menção ao encontro dos dois primos e do reconhecimento do título de rei a D. Afonso Henriques: «Facta carta Zamorae tempore quo Guido, Romanae Ecclesiae Cardinalis, consilium in Valleoleti celebravit et ad colloquium Regis Portugalie cum Imperatore venit.» (que numa tradução livre significa: Carta feita em Zamora no tempo em que Guido, Cardeal da Igreja Romana, veio ao Concílio celebrado em Valhadolid e à conferência com o Rei de Portugal e o Imperador). E comenta adiante: «Assim Portugal, nas suas tardias origens, pelo premente cuidado de garantir sua absoluta independência, nascia desligado de toda a tradição imperial que pesava sobre os reinos antigos; nascia permitindo a visão da nova época histórica que vai surgir, e já se mostrava firme no que depois foi: mais afastado do grande núcleo de Espanha que os dois reinos antigos de Navarra e Aragão.»
Sobre o assunto escreveu Alexandre Herculano: «A separação era, enfim, um facto materialmente consumado e completo, fosse qual fosse a dependência nominal em que o seu príncipe ficasse do imperador» (14).
11.pngO encontro de Zamora culminou com o reconhecimento De iure de Portugal como Estado independente e do reconhecimento por parte de Afonso VII do título de Rei a Afonso Henriques, (título que já era por ele usado) e que via na realeza deste um reforço simbólico do seu título imperial, já que se afirmava como “rei de reis”, encobrindo ao mesmo tempo o falhanço da sua ineptidão para o subordinar, concedendo-lhe o senhorio de Astorga, o que fazia com que Afonso Henriques, à luz do direito da época, fosse considerado seu vassalo em virtude desta dependência nominal. Todavia, como este senhorio (de Astorga) se encontrava fora dos limites do reino, não afectava a independência política de Portugal, até porque D. Afonso Henriques nunca prestou vassalagem a Afonso VII, sendo caso único de entre todos os reis existentes na península Ibérica.

Ratificado o acordo político entre os dois primos, o Delegado do Papa recebe a obediência do novo reino, passando D. Afonso Henriques a considerar-se como vassalo da Santa Sé. Facto que só por si, não garantiu de imediato o reconhecimento pela Santa Sé do título de Rei. Como diz Fortunado de Almeida (15) até ao Papa Alexandre III, D. Afonso Henriques era apenas tratado por «Dux portucalensis».
Para o Prof. Soarez Martinez (16) «… naquela cidade leonesa de Zamora, onde, em 1125, D. Afonso Henriques se armara a si próprio cavaleiro, segundo o costume dos reis, foi ele reconhecido como soberano pelo rei de Leão, de quem dependia até aí o Condado Portucalense. A separação política de Portugal operou-se por esse reconhecimento».

Sob o ponto de vista das relações externas, a história de Portugal começa em 1143 quando surge com entidade própria, como sujeito de Direito Internacional, embora ainda sem o essencial reconhecimento da Santa Sé.

O reconhecimento pontifício do Novo Reino
12.jpgO uso do título de Rei por D. Afonso Henriques e o seu reconhecimento na Península Ibérica era indispensável para que Portugal fosse aceite na comunidade internacional como Estado independente. Para se compreender tal facto, é preciso conhecer a organização da sociedade internacional da época medieval.

As relações entre os Estados formou-se sob a influência do cristianismo, através da subordinação de todos os príncipes cristãos ao Papa, já que era o Sumo Pontífice que governava toda a Cristandade nos assuntos espirituais e conduzia os governantes a alcançarem os objectivos da Igreja, como entidade promotora da salvação dos homens.

É a Respublica Christiana que formava uma verdadeira comunidade subordinada no domínio espiritual à autoridade do Papa e no domínio temporal à autoridade do Imperador.
De acordo com o Prof. Silva Cunha, “Sob a égide do Pontífice, a Respublica Christiana, face ao mundo dos infiéis e dos pagãos, aparecia como um corpo organizado, com um Direito regulador das relações entre os seus membros e dotada de uma força de expansão que resultava do imperativo de cumprir o preceito evangélico de dilatar a fé Cristã” (17).

Para que um novo Estado entre na sociedade internacional é necessário que seja reconhecido como Estado idóneo, e no século XII o Sumo Pontífice arrogava o poder de fazer esse reconhecimento relativamente ao ingresso na Cristandade.
Nessa medida o reconhecimento pela Santa Sé do novo reino de Portugal, era muito importante, uma vez que garantia a sua independência face a qualquer tentativa de absorção por parte de Leão.

Por isso, a 13 de Dezembro de 1143, Afonso Henriques dirigiu uma carta “Claves Regni Celorum” ao Papa Inocêncio II, de que foi portador para Roma o arcebispo de Braga, D. João Peculiar, declarando que tinha feito homenagem à Sé Apostólica nas mãos do Cardeal Guido de Vico como cavaleiro de São Pedro “miles sancti petri”. E que se obrigava a pagar à Santa Sé o censo anual de quatro onças de ouro (o que respondia aos apelos da mesma), sob a condição de o Papa defender a sua honra e a dignidade da sua «terra», que se enquadra no espírito da época de subordinar o poder político à autoridade pontifícia. À época, as obrigações de vassalagem à Santa Sé eram as de pagar um censo anual, proteger a Igreja e dilatar a fé cristã, devendo naturalmente auxílio e conselho ao Pontífice sempre que este os solicitasse.
No mesmo documento D. Afonso Henriques afirmava que não reconhecia a autoridade de nenhum outro poder eclesiástico ou secular, a não ser o do Papa, o que significava que o nosso rei deixava de estar vinculado ao rei de Leão e passava apenas a ser vassalo do Papa.

Não se conhece nenhuma reacção de Afonso VII até 1148, altura em que protestou junto do Papa Eugénio III, pelo facto da Santa Sé ter aceite a vassalagem de Portugal.
Esta Carta trouxe vantagens consideráveis a D. Afonso Henriques, pois no caso da violação por parte de Afonso VII das cláusulas estabelecidas em Zamora, permitia-lhe recorrer à medição papal. Além disso, possibilitava a criação de bispados no território sem qualquer interferência do monarca leonês, como aconteceu de facto em 1146, com a nomeação de novos bispos para as dioceses de Viseu e Lamego.

Igualmente a pretensão de Braga ao primado constitui um factor importantíssimo no processo de autonomia política de Portugal, no qual muito influiu o nacionalismo do seu clero, avesso à influência tanto de Toledo como de Santiago de Compostela já que, como observa o Prof. Suárez Fernandez, «una monarquia se define en el siglo XII como la forma política de una determinada comunidad cristianas (18). Contudo, a oposição dos arcebispos de Toledo ao primado dos arcebispos de Braga, contribui para a demora no reconhecimento do título de rei a D. Afonso Henriques.
A resposta do Papado às pretensões de D. Afonso Henriques não foi a esperada e Lúcio II, que respondeu a D. Afonso Henriques na sua carta Devotionem tuam, de 1 de Maio de 1144, limitando-se a louvar o procedimento de D. Afonso Henriques, prometendo-lhe protecção espiritual e material, para ele e seus sucessores, contra o ataque dos «inimigos visíveis e invisíveis», tratando-o por dux portugalensis e designava por «terras» os seus domínios, quando na carta de vassalagem D. Afonso Henriques se intitulava «rei».

As negociações duraram desde 1143, data do primeiro juramento de vassalagem e da carta de enfeudamento do rei português (Claves regni coelorum) até 1179, ano em que o papa Alexandre III, pela bula Manifestis probatum est, de 23 de Maio, toma sob a protecção da Santa Sé o Reino de Portugal «cum integritate honoris regni et dignitate que ad reges pertinent» (com inteiras honras de reino e a dignidade que aos reis pertence). Nesta Bula, o Papa louvou os serviços prestados à Igreja por Portugal e, em troca de um censo anual de dois marcos de ouro, concede a D. Afonso Henriques, as terras que este conquistou aos mouros. Efetivamente, a Sé Apostólica via no combate que D. Afonso Henriques travava com a mourama um espírito de cruzada contra o infiel que servia, na perfeição, os ideais do cristianismo e, à medida que D. Afonso Henriques ia fortalecendo a sua autoridade e que o Reino aumentava as suas fronteiras, Roma foi obrigada ao inevitável: o reconhecimento da realeza Afonsina e da existência de um novo reino.

José Aníbal Marinho Gomes

NOTAS:
(1) Gomes, José Aníbal Marinho. D. Teresa e a Vila de Ponte-Alguns subsídios biográficos e históricos. Separata da revista "O Anunciador das Feiras Novas" Ano XIX, 2002, Ponte de Lima.
(2) Ao outro genro, o conde D. Raimundo de Borgonha (a), deu Afonso VI a Galiza e a mão de sua filha Urraca.
(a) D. Raimundo e D. Henrique não eram primos como diz a historiografia tradicional, mas apenas membros de duas famílias diferentes unidas pelo casamento), José Mattoso in História de Portugal, 2.º Vol., pág. 24, Ed. Círculo de Leitores, 1993.
(3) Na chancelaria condal, os documentos são sempre expedidos em nome dos dois: «Ego comite domno Henrico uno pariter cum uxore mea infante dona Tharasia...» (Eu Conde D. Henrique por mim e igualmente com a Infanta D. Teresa...), Marcello Caetano, História do Direito Português, Ed. Verbo, 1981, Vol. I, pág. 138/139.
(4) Num diploma de 27-VI-1100 D. Henrique é dito tenente de Portugal - território fronteira do reino até aqui administrado por seu cunhado D. Raimundo de Borgonha - pro sua hereditas (in Luiz de Mello Vaz de São Payo, A Ascendência de D. Afonso Henriques, in Raízes & Memórias, Ed. da Associação Portuguesa de Genealogia, Vol. VIII, pág. 34, 1992).
(5) Mattoso, José. Op. cit. 2.º Vol., pág. 49.
(6) São Payo, Luís de Mello Vaz de. Op. cit. Vol. VIII, pág. 35.
(7) Os livros de linhagens atribuem a D. Teresa um segundo casamento com Bermudo Peres de Trava e teria sido esta união ou tentativa que impediu, depois, um verdadeiro matrimónio com Fernão Peres de Trava – irmão daquele – já que, segundo o direito canónico, uma união anterior seria um impedimento a um casamento posterior com um consanguíneo próximo. José Mattoso, op. cit. pág. 48.
(8) Crespo, José Santiago. Blasones Y Linages de Galicia, Tomo I, pág. 355-356, Ed. Boreal, 1997, A Coruña.
(9) Mattoso, José. Op. cit. pág. 54.
(10) Em virtude do título de D. Teresa (de condessa) ser anterior ao do seu filho.
(11) Crónica do Conde D. Henrique, D. Teresa e Infante D. Afonso, nova ed., Livraria Civilização, Porto, 1944, pág. 209.
(12) Erdmann, Carl. O Papado e Portugal no primeiro século da História Portuguesa, Coimbra, 1935, Publicações do Instituto alemão da Universidade de Coimbra, pág. 35.
(13) Menendez Pidal. España y su Historia, I, pág. 601.
(14) Alexandre Herculano. Hist. de Portugal, 1.º ed., Vol. I, pág. 342.
(15) Fortunado de Almeida. História de Portugal, ed. do autor, Coimbra, 1922, Vol. I, pág. 174.
(16) Martinez, Pedro Soares. História Diplomática de Portugal, Editorial Verbo, 1986, pág. 25.
(17) Silva Cunha. História das Instituições. Lições Policopiadas, Ed. Dep. Pedagógico da Universidade Livre do Porto, Ano lectivo de 1980/81, Vol. I, pág. 191.
(18) Suárez Fernandez. Historia de España Antigua y Media, Tomo I, Madrid, 1976, p. 572.


* Comunicação apresentada no dia 5 de Outubro de 2016, no Salão Nobre da Universidade do Minho em Braga, no II Colóquio sobre o Tratado de Zamora, organizado pela Real Associação de Braga e co-organização do CINE.UM – Cineclube da Universidade do Minho, no qual participaram o Prof. Dr. José Augusto Sottomayor Pizarro, o Prof. Dr. Luís Carlos Ferreira do Amaral, ambos professores da Faculdade de Letras da Universidade do Porto; Mestre Dr. Artur Barros Moreira, investigador do CECS – Universidade do Minho.
O Prof. Sottomayor Pizarro debruçou-se sobre “A relação do Rei com a nobreza”, enquanto o Prof. Luís Ferreira do Amaral abordou “A relação de D. Afonso Henriques com o Clero”; o Mestre Barros Moreira escolheu para tema o “Tratado de Zamora - Perspectiva diplomática”.

risco-continuo.blogs.sapo.pt
15
Nov17

Quando e como é que o povo judeu foi inventado - o povo judeu foi inventado - o povo judeu nunca existiu como um «povo-raça» partilhando uma origem comum

António Garrochinho



O historiador Shlomo Sand (à esquerda) afirma que a existência das diásporas do Mediterrâneo e da Europa Central é o resultado de antigas conversões ao judaísmo. Para ele, o exílio do povo judeu é um mito, nascido de uma reconstrução a posteriori sem fundamento histórico.

Shlomo Sand nasceu em 1946 em Linz (Áustria) e viveu os dois primeiros anos da sua vida em campos de refugiados judeus na Alemanha. Em 1948 os seus pais emigram para Israel, onde cresceu. Cursou História, tendo começado na Universidade de Telavive e terminado na Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris. Desde 1985 lecciona História Contemporânea na Universidade de Telavive. Publicou em francês «L'Illusion du politique. Georges Sorel et le débat intellectuel 1900 » (La Découverte, 1984), «Georges Sorel en son temps», com J. Julliard (Seuil, 1985), «Le XXe siècle à l'écran» (Seuil, 2004) e «Les mots et la terre. Les intellectuels en Israël» (Fayard, 2006).


Jornal Israelita Haaretz - 21/03/2008



Demolindo uma "Mitologia nacional"



Artigo de Ofri Ilani

Tradução por Atrida
Entre a profusão de heróis nacionais que o povo de Israel produziu ao longo de gerações, a sorte não sorriu a Dahia Al-Kahina que chefiou os Berberes de Aures, na África do Norte. Embora tendo sido uma judia indomável, poucos israelitas ouviram alguma vez o nome desta rainha guerreira que, no século VII da era cristã, unificou várias tribos berberes e chegou mesmo a repelir o exército muçulmano que invadiu o norte de África. A razão poderá estar no facto de Dahia Al-Kahina ter nascido numa tribo berbere convertida (ao judaísmo), ao que parece várias gerações antes do seu nascimento, por volta do século VI.

Segundo o historiador Shlomo Sand, autor do livro «Quando e como é que o povo judeu foi inventado» [Quand et comment le peuple juif a-t-il été inventé?] (aux éditions Resling - em hebraico), a tribo da rainha Dahia Al-Kahina assim como outras tribos do Norte de África convertidas ao judaísmo são a principal origem a partir da qual se desenvolveu o judaísmo sefardita. Esta afirmação, referente às origens dos judeus do Norte de África a partir de tribos locais que foram convertidas – e não a partir de exilados de Jerusalém – é apenas uma componente de uma ampla tese desenvolvida na nova obra de Sand, professor do departamento de História da Universidade de Telavive.


Neste livro, Sand tenta demonstrar que os judeus que vivem hoje em Israel e noutros locais do mundo, não são de forma nenhuma os descendentes do antigo povo que vivia no reino de Judeia na época do primeiro e segundo templo. Eles devem a sua origem, segundo ele, a povos diversos que se converteram ao longo da história em diversos locais da bacia do Mediterrâneo e regiões vizinhas. Não apenas os judeus da África do Norte descenderiam na sua maior parte de pagãos convertidos, mas também os judeus iemenitas (vestígios do reino Himiarita, no sul na península arábica, que se convertera ao judaísmo no século IV), e os judeus Asquenazes da Europa de Leste (refugiados do reino Khazar convertido ao judaísmo no século VIII).

Ao contrário de outros «novos historiadores» que procuraram abalar as convenções da historiografia sionista, Shlomo Sand não se contenta em regressar a 1948 ou aos princípios do sionismo, mas remonta a milhares de anos atrás. Shlomo tenta provar que o povo judeu nunca existiu como um «povo-raça» partilhando uma origem comum, mas que é uma multitude variada de grupos humanos que, em momentos diferentes da história, adoptaram a religião judaica. Segundo Shlomo, para alguns pensadores sionistas, esta concepção mítica dos judeus como um povo antigo conduz a um pensamento verdadeiramente racista: «Existiram na Europa períodos onde, se alguém tivesse declarado que todos os judeus pertenciam a um povo de origem não judia, essa pessoa seria julgada imediatamente como anti-semita. Hoje, se alguém ousa sugerir que aqueles que são considerados judeus no mundo (…) nunca constituíram e não constituem nem um povo nem uma nação, seria imediatamente denunciado como uma pessoa que odeia Israel.»

De acordo com Shlomo Sand, a descrição dos judeus como um povo de exilados, errante e mantendo-se à parte, que «vagueando sobre mares e terras, chegaram ao fim do mundo e que, finalmente, com a chegada do sionismo, fazem meia-volta para retornar em massa à sua terra órfã», esta descrição é necessária a uma «mitologia nacional». Tanto como outros movimentos nacionais na Europa, que revisitaram uma sumptuosa idade de ouro para em seguida, graças a ela, fabricar o seu passado heróico – por exemplo, a Grécia clássica ou as tribos teutónicas – a fim de provar que eles existiam há muito, «tal como, os primeiros brotos do nacionalismo judeu se viraram para essa luz intensa cuja fonte era o reino mitológico de David.»


Mas então, quando é que o povo judeu foi realmente inventado, segundo a tese de Sand? «Na Alemanha do século dezanove, num determinado momento, os intelectuais de origem judaica, influenciados pelo carácter 'volkiste' do nacionalismo alemão, atribuíram-se a missão de fabricar um povo "retrospectivamente", com o desejo de criar uma nação judaica moderna. A partir do historiador Heinrich Graetz, os intelectuais judeus começam a delinear a história do judaísmo como a história de um povo que tinha um carácter nacional, que se tornou um povo errante e que finalmente fez meia-volta para regressar à sua pátria.»


Entrevista a Shlomo Sand conduzida por Ofri Ilani

Ofri: De facto, o essencial do seu livro não trata da invenção do povo judeu pelo nacionalismo moderno mas da questão de saber de onde vêm os judeus.

ShlomoO meu projecto inicial consistia na análise de uma categoria específica de materiais historiográficos modernos e examinar como foi inventada a ficção do povo judeu. Mas assim que comecei a confrontar as fontes históricas deparei-me com contradições. E foi isso que me impeliu: embrenhei-me no trabalho sem saber a que conclusões chegaria. Analisei documentos originais de modo a examinar a atitude de autores antigos - aquilo que haviam escrito a propósito da conversão.

Shlomo Sand, historiador do século XX, tinha até agora estudado a história intelectual da França moderna (no seu livro “L'intellectuel, la vérité et le pouvoir“ [O intelectual, a verdade e o poder], Am Oved ed. , 2000 - em hebraico), e a relação entre o cinema e a história política («Le cinéma comme Histoire» ["O cinema como História] Am Oved, 2002 – em hebraico). De forma pouco comum para historiadores de profissão, ele debruça-se, no seu novo livro, sobre os períodos que ele nunca tinha estudado - geralmente apoiando-se em pesquisadores anteriores que têm avançado com posições não ortodoxas sobre as origens dos judeus.


Ofri: Especialistas da história do povo judeu afirmam que você se ocupa de temas que não compreende e que se baseia em autores que não consegue ler no texto original.

ShlomoÉ um facto que sou um historiador da França e da Europa, e não da Antiguidade. Sabia que assim que me ocupasse de períodos antigos como esses, ficaria exposto a críticas assassinas vindas de historiadores especializados nesses campos de estudo. Mas disse a mim próprio que não me poderia apoiar apenas em material historiográfico moderno sem examinar os factos que esse material descreve. Se não o tivesse feito eu próprio, teria sido necessário esperar o tempo de uma geração. Se tivesse continuado a trabalhar sobre França, talvez tivesse obtido uma cátedra na universidade e uma glória provincial. Mas tinha decidido renunciar à glória.

«Após o povo ter sido exilado à força da sua própria terra, permaneceu-lhe fiel em todos os países da sua dispersão e não cessou de orar e esperar o seu regresso à terra para aí restaurar a sua liberdade política»: eis o que afirma o preâmbulo da Declaração de Independência [de Israel]. É também a citação que abre o terceiro capítulo do livro de Shlomo Sand "A Invenção da Diáspora". De acordo com Sand, o exílio do povo judeu da sua própria terra nunca teve lugar.


«O paradigma supremo do exílio era necessário para que se construísse uma memória de longo prazo na qual um povo-raça imaginário e exilado é colocado na continuação directa do "Povo do Livro" que o antecedeu», Sand explica. Sob a influência de outros historiadores que se debruçaram nos últimos tempos sobre esta questão, ele afirma que o exílio do povo judeu é, na origem, um mito cristão, que descreve o exílio como uma punição divina castigando os judeus pelo pecado de terem rejeitado o evangelho cristão.

ShlomoComecei a procurar livros sobre o exílio – um acontecimento fundador na História Judaica - quase como o genocídio; mas, para meu grande espanto, descobri que não existia literatura sobre o tema. O motivo é que ninguém exilou um povo desta terra. Os Romanos não deportaram povos e não o poderiam ter feito mesmo que o pretendessem. Não tinham nem comboios nem camiões para poder deportar populações inteiras. Uma logística dessas não existiu antes do século XX. Foi, de facto, a partir daí que surgiu o meu livro: da compreensão que a sociedade judaica não tinha sido dispersa nem exilada.


Ofri: Se o povo não foi exilado, está na realidade a afirmar que os verdadeiros descendentes dos habitantes do reino da Judeia são os Palestinianos.

ShlomoNenhuma população se mantém pura ao longo de um período de milhares de anos. Mas a possibilidade de que os Palestinianos sejam os descendentes do antigo povo da Judeia são bastante maiores que a possibilidade que você ou eu [ambos judeus] o sejamos. Os primeiros sionistas, até à insurreição árabe [1936-1939], sabiam que não existira nenhum exílio e que os Palestinianos eram os descendentes dos habitantes da região. Eles sabiam que os camponeses não partem de um local a não ser que sejam expulsos. Até Yitzhak Ben Zvi, o segundo presidente do Estado de Israel, escreveu em 1929 que "a grande maioria dos fellahs (camponeses árabes) não são originários dos invasores árabes mas, muito antes disso, dos fellahs judeus que constituíam a maioria da região".


Ofri: E como é que milhões de judeus apareceram à volta do Mediterrâneo?

ShlomoO povo não se disseminou, foi a religião judaica que se propagou. O judaísmo era uma religião prosélita (que convertia outras pessoas à sua religião). Contrariamente ao que se pensa, no judaísmo antigo exista uma vontade muito forte de converter. Os Hasmoneanos foram os primeiros a começar a criar grande número de judeus por meio de conversões massivas, sob a influência do helenismo. São estas conversões, desde a revolta dos Hasmoneanos até à de Bar Kochba, que prepararam o terreno para a posterior difusão massiva do Cristianismo. Após o triunfo do Cristianismo, no século IV, o movimento de conversão ao judaísmo foi travado no mundo cristão e houve uma diminuição brutal do número de judeus. Pode-se supor que muitos judeus convertidos na zona mediterrânica se tenham tornado cristãos. Então, o judaísmo começa a difundir-se noutras regiões pagãs - por exemplo, no Iémen e no norte de África. Se isto não tivesse sucedido - se o judaísmo não se tivesse continuado a converter no mundo pagão – teria ficado uma religião completamente marginal, se é que não teria mesmo desaparecido.


Ofri: Como é que chegou à conclusão que os judeus do Norte de África são descendentes de Berberes convertidos?

ShlomoInterroguei-me por que razão comunidades judaicas tão importantes podiam ter surgido em Espanha. Reparei então que Tariq Ibn-Ziyad, comandante supremo dos muçulmanos que invadiram a Espanha, era berbere e que a maioria dos seus soldados eram também berberes. O reino berbere judeu de Dahia Al-Kahina fora vencido apenas 15 anos antes. E a verdade é que há diversas fontes cristãs que declaram que muitos de entre os invasores de Espanha eram convertidos ao judaísmo. A origem da grande comunidade judaica de Espanha eram estes soldados berberes convertidos ao judaísmo.

Segundo Sand, o contributo demográfico mais decisivo para a população judaica no mundo deu-se na sequência da conversão do reino khazar - o vasto império estabelecido na Idade Média nas estepes circundantes do rio Volga e que, no auge do seu poder, dominava desde a actual Geórgia até Kiev. No século VIII os reis khazares adoptaram a religião judaica e fizeram do hebreu a língua escrita do reino. A partir do século X o reino estava já enfraquecido e no século XIII foi derrotado em toda a linha pelos invasores mongóis e o destino da sua população judaica perde-se então nas brumas.

Shlomo Sand revisita a hipótese, já avançada por historiadores dos séculos XIX e XX, segundo a qual os khazares convertidos ao judaísmo seriam a principal origem das comunidades judaicas da Europa de Leste: «No início do século XX há uma grande concentração de judeus na Europa de Leste; só na Polónia são três milhões», afirma. «A historiografia sionista pretende que a sua origem provém da comunidade judaica mais antiga da Alemanha, mas essa historiografia não explica por que motivo o reduzido número de judeus originários da Europa Ocidental - de Mainz e Worms - pôde fundar o povo yiddish da Europa de Leste; na verdade, os judeus da Europa de Leste são uma mistura de khazares e eslavos rechaçados para Ocidente


Ofri: Se os judeus da Europa de Leste não são originários da Alemanha porque é que falavam yiddish, que é uma língua germânica?

ShlomoOs judeus, a leste, formavam um grupo que dependia da burguesia alemã e foi dessa forma que adoptaram palavras alemãs. Aqui, apoio-me nas investigações do linguista Paul Wechsler, da Universidade de Telavive, que demonstrou que não existe ligação etimológica entre a língua judaica alemã da Idade Média e o yiddish. O Rabi Yitzhak Bar Levinson, já em 1928, dizia que a antiga língua dos judeus não era o yiddish. Até Ben Tzion Dinour, pai da historiografia israelita, não tinha problemas em apontar os khazares como a origem dos judeus da Europa de Leste, descrevendo a Khazaria como a "mãe das comunidades de exílio" na Europa de Leste. No entanto, desde 1967 que qualquer pessoa que fale dos khazares como sendo os antepassados dos judeus da Europa de Leste é encarado como bizarro e delirante.


Ofri: Na sua opinião, porque é que a ideia de uma origem khazar é tão ameaçadora?

ShlomoÉ evidente que o receio se prende com a contestação do direito histórico sobre esta terra [Israel]. Revelar que os judeus não vieram da Judeia parece reduzir a legitimidade da nossa presença aqui. Desde o início do período de descolonização, os colonos não podem vir simplesmente dizer: «viemos, vencemos e agora somos daqui» - como também afirmaram os americanos, os brancos da África do Sul e os australianos. Existe um receio profundo que seja posta em causa o nosso direito à existência.


Ofri: E esse receio não tem fundamento?

ShlomoNão. Não creio que o mito histórico do exílio e da errância seja a origem da minha legitimidade em estar aqui [em Israel]. Para mim é indiferente saber que sou de origem khazar. Não receio este abalar da nossa existência pois penso que a natureza do Estado de Israel ameaça de forma bem mais grave a sua existência. O que pode fundar a nossa existência aqui não são direitos históricos mitológicos mas o facto de virmos a estabelecer aqui uma sociedade aberta, uma sociedade do conjunto de todos os cidadãos israelitas.


Ofri: No fundo, afirma que não existe um povo judeu.

ShlomoNão reconheço um povo judeu internacional. Reconheço um "povo yiddich" que existia na Europa de Leste, que não é uma nação mas onde é possível ver uma civilização yiddish com uma cultura popular moderna. Penso que o nacionalismo judeu se desenvolveu a partir desta base yiddish. Reconheço igualmente a existência de uma nação israelita e não contesto o seu direito à soberania. Mas o sionismo, tal como o nacionalismo árabe ao longo dos anos, não estão preparados para o reconhecer.



Do ponto de vista do sionismo, este Estado não pertence aos seus cidadãos, mas sim ao povo judeu. Reconheço uma definição de Nação: um grupo humano que pretende viver de forma soberana. Mas a maioria dos judeus em todo o mundo não quer viver no Estado de Israel, apesar de nada os impedir a que o façam. Assim, não se pode ver neles uma nação.



Ofri: O que é que existe de perigoso no facto de os judeus imaginarem que pertencem a um só povo? Por que razão isso seria errado?


ShlomoNo discurso israelita sobre as suas raízes existe uma dose de perversão. É um discurso etnocêntrico, biológico, genético. Mas Israel não tem existência como estado judaico: se Israel não se desenvolve e se transforma numa sociedade aberta e multicultural, teremos um Kosovo na Galileia. A consciência de um direito sobre este local deve ser mais flexível e variada e se eu contribuí com este livro para que eu próprio e os meus filhos possamos viver aqui com os outros, neste Estado, numa situação mais igualitária, terei feito a minha parte.



Devemos começar a trabalhar duramente para transformar este local que é o nosso numa república israelita, onde nem a origem étnica nem a crença serão pertinentes à luz da lei. Quem conhece as jovens elites entre os árabes de Israel pode constatar que eles não concordam em viver num Estado que proclama que não é o seu. Se fosse palestiniano rebelar-me-ia contra um tal Estado, mas é também como israelita que me rebelo contra este Estado.



Ofri: A questão que se põe é saber se, para chegar a tais conclusões, seria necessário ir até ao reino dos Khazars e ao Reino Himiarita.


ShlomoNão escondo que sinto um grande incómodo em viver numa sociedade em que os princípios nacionais que a dirigem são perigosos e que esse incómodo serviu de motor para a minha pesquisa. Sou cidadão deste país mas também sou historiador e, enquanto historiador, tenho obrigação de escrever a História e de examinar os textos. Foi isso que fiz.


Ofri: Se o mito do sionismo é o mito do povo judeu que retornou do exílio a esta terra, qual será o mito do Estado que imagina?

ShlomoUm mito de futuro é, a meu ver, preferível a mitologias do passado e de se fechar em si próprio. Para os americanos, e também para os europeus de hoje, o que justifica a existência de uma Nação é a promessa de uma sociedade aberta, avançada e opulenta. Os condimentos israelitas existem mas há que lhes acrescentar, por exemplo, festas que reúnam todos os israelitas. Reduzir um pouco os dias comemorativos e acrescentar dias consagrados ao futuro. E também, por exemplo, acrescentar uma hora para comemorar a Nakba (literalmente, a "catástrofe" – o termo palestiniano para aquilo que aconteceu quando Israel foi fundado], entre o Dia do Senhor e o Dia da Independência.


citadino.blogspot.pt
15
Nov17

romeirinha

António Garrochinho



Não era bem um xaile. Antes uma pequena capa em malha que cobria as costas e o peito e terminava mais ou menos à altura do cotovelo. Em 1914 o catálogo do Grandella (quem me dera ter um) anunciava-as, feitas à mão em malha de lã, como coisa adequada a uma senhora elegante.
Elvas - Raparigas do Campo
Elvas - Grupo ou Rancho de raparigas do campo
Grupo ou Rancho de raparigas do campo em Elvas. Arquivo Foto Beleza, 1937. Imagens do Espólio Fotográfico Português.
1937, no Alto Alentejo. Curtas, em tricot e em crochet, aconchegam os ombros e o pescoço mas pouco mais, ou não dariam para usar durante as mondas e outros trabalhos do campo. Ficavam a matar com as flores no chapéu, as rendas do avental e os laçarotes das ligas.
Fast forward para o início dos anos 80: agasalho em malha 100% sintética, tricotado no concelho de Ourique para uma criança pequena. Recuperado quase quarenta anos depois e posto a uso para as brincadeiras no quintal, achei graça ao feitio e à construção em carreiras incompletas com borbotos. Resolvi tricotar uma versão em  (claro) e perceber se continua a fazer sentido. Parece que sim.
O modelo está disponível no Ravelry.

aervilhacorderosa.com
15
Nov17

«Bliblioteca Futura»: 100 manuscritos de 100 autores serão publicados em 100 anos com papel de um futuro bosque

António Garrochinho

Estão plantando um bosque na Noruega para que em 100 anos transforme-se em 100 livros de 100 importantes autores que entregarão um manuscrito a cada ano, para dar vida a uma biblioteca do futuro. Os livros serão encapsulados em uma câmera até 2114. Future Library é o projeto da artista Katie Paterson, que envia uma mensagem de otimismo ao futuro: em 100 anos, espera, terá leitores e terá um bosque e papel para imprimir livros como fazemos agora.

A primeira autora em entregar um livro foi Margaret Atwood, em 2014; o segundo foi David Mitchell e o terceiro, o islandês Sjón. Margaret disse que é como um conto de fadas, como o da Bela Adormecida, que repousou 100 anos em um bosque.

Em 2114, os textos serão publicados. Evidentemente que Katie não estará mais a frente da publicação, a menos de que ela mesma, como estes livros, seja congelada no tempo ou algo assim. A fundação da Future Library cumprirá com esse compromisso, esperando que não ocorra um cataclismo e construirá uma biblioteca para albergar o projeto.

O projeto gera grande curiosidade justamente pelo silêncio, pelo fato de que as obras serão para a posteridade; os autores não terão nenhuma retroalimentação do público. Por outro lado, é uma forma de garantir essa mesma posteridade que alguns autores buscam tanto.

Katie já imagina que as mudas das árvores estão se transformado em silentes capítulos, em vozes encapsuladas que acordarão em 100 anos. No seguinte vídeo é possível ver os detalhes do projeto, e inclusive o ritual de "enterro" dos manuscritos.

VÍDEO


www.mdig.com.br
15
Nov17

"Em vez de ajudarem, 'jotas' captam aqueles que querem copiar vícios"

António Garrochinho


Miguel Tiago, deputado do Partido Comunista Português, é o entrevistado de hoje do Vozes ao Minuto.

"Em vez de ajudarem, 'jotas' captam aqueles que querem copiar vícios"


Miguel Tiago tem 38 anos, é deputado pelo Partido Comunista Português (PCP) desde 2005, mas as ligações à política começaram bem mais cedo, quando o entusiasmo com as causas estudantis o arrastaram para vários movimentos, seguindo-se, mais tarde, a Juventude Comunista Portuguesa (JCP)até porque, garante, os jovens comunistas eram, e ainda são, "radicalmente diferentes".
Em entrevista ao Notícias ao Minuto, o comunista recorda a sua juventude e fala sobre a ligação com o partido, as 'jotas', Jerónimo de Sousa e a necessidade de inserir na política os jovens que dela fogem devido aos 'carreiristas'. 
Sobre a atualidade, Miguel Tiago abordou as principais questões da 'Geringonça', a maneira como o PCP é imperial para a solução à Esquerda, a 'relação' com o Bloco, os alegados favorecimentos ao partido de Catarina Martins, deixando ainda críticas a Marcelo Rebelo de Sousa e pedindo que haja uma reflexão sobre o Presidente da República. 
Hoje em dia, Miguel Tiago é um dos nomes mais falados no seio do PCP. Desde quando está a política na sua vida?
A política entrou na minha vida não foi só de uma maneira, mas aquilo que foi mais marcante foi o início, ainda com 14 anos, com a minha participação no movimento estudantil. Na altura, lembro-me, tinha ficado um bocado impressionado com a luta dos estudantes contra a PGA (Prova Geral de Acesso), aquilo tinha mexido comigo, não era ainda uma coisa para a minha idade. Eu estava no 8.º ano, a PGA ainda estava distante, mas aquilo foi impactante, foram manifestações brutais, a minha escola mobilizou centenas, senão milhares, de estudantes, aquilo mexeu comigo e, no ano a seguir, comecei também a participar.
Depois, lembro-me de começar a perceber que aquilo era muito mais do que uma coisa espontânea, e que era preciso trabalhar, organizar, consciencializar e fazer um trabalho que estava por trás, principalmente relacionado com as associações de estudantes. Aproximei-me da Juventude Comunista Portuguesa (JCP), fui sempre participando. Percebi que as manifestações eram importantes politicamente e que havia um conjunto de pessoas que estavam a fazer mais do que estar presentes, estavam a ajudar, a dinamizar, a dirigir. De certa forma identifiquei-me com isso e fui-me aproximando. Tive tarefas nas associações de estudantes no Ensino Secundário e no Ensino Superior e foi, na prática, por aí que me aproximei da JCP, onde militei muitos anos.
Nunca me passou pela cabeça ir para outra juventude partidária 
Quando percebeu que a JCP era a escolha mais acertada?
Isso terá certamente a ver com a educação que tive. A minha mãe e o meu pai tinham sido militantes do partido, estavam afastados na altura em que eu me aproximei - agora estão novamente próximos -, mas aquela foi uma altura complicada. Os anos noventa, a queda do muro, as derrocadas a leste, as pessoas desanimaram. Mas a educação que me deram antes, de certa forma, os livros que me estimularam a ler, os valores que me passaram, estavam muito alinhados com o humanismo e o comunismo. Portanto, desde miúdo que tinha muito contacto com isso.
A minha mãe desencorajou-me muito a entrar na política mas, ao mesmo tempo, formou-me a sensibilidade por este quadrante.
Ora, quando entro no movimento estudantil, rapidamente percebo que há quem esteja a tentar fazer uma carreira política desde miúdo, e refiro-me claramente à JS e à JSD, em que se sente logo que desde miúdos estão a tentar fazer uma carreira política, em que a principal preocupação é a sua prestação perante os seus chefes para serem bem vistos.
E, depois, havia uma organização que era a JCP em que, não só as pessoas eram radicalmente diferentes, e ainda hoje são distintas, como eram os jovens que se organizavam para dinamizar a luta e para entregar o que de melhor tinham de si, muitas vezes com prejuízo próprio e nunca com benefício próprio.
Quando comecei a perceber nas associações de estudantes como é que se comportavam as forças políticas e depois via como é que se comportava a JCP e a forma como se destacava da JS e da JSD, cada dia que passava tinha mais a certeza de que estava na juventude partidária certa, nem nunca me passou pela cabeça ir para outra.
Nunca esteve sequer em cima da mesa?
Nunca, na minha cabeça nunca.
Seria errado dizer que, em todos os momentos, achei que tomámos a melhor estratégia ou tática, mas isso faz parte de um partido que funciona como este em que, felizmente, o coletivo decideEm alguma fase da vida se sentiu desiludido com o partido?
Claro que o que marca o meu percurso de militante é a confiança renovada a cada dia que passa, porque acho que devemos ponderar como é que as coisas estão, se alguma coisa está mal, questionar. E o facto de cá continuarmos significa que a nossa confiança se vai renovando. O que não quer dizer que, a determinadas alturas, não tenhamos a ideia de que alguma coisa podia ser melhor ou que podia ter sido mais bem feito, ou que tomámos uma posição menos acertada. Todos temos falhas. Agora, desilusão política do ponto de vista de 'o partido falhou perante os trabalhadores, ou seja, falhou perante os seus compromissos', não.
Uma coisa é um pequeno acerto de opinião, eu achava que devia ter sido assim e o partido fez de outra maneira e eu penso 'talvez tivesse sido melhor', isso é uma coisa, mas outra coisa é falhar com os seus valores. Nós estamos aqui porque entendemos que o PCP tem um compromisso inquebrável com os trabalhadores e o povo português e este compromisso estando firme é um pouco difícil desiludirmo-nos. Claro que em pequenas coisas podemos ter cada um de nós o seu entendimento mas, no essencial, este partido não me desilude e acho que não desilude as pessoas que votam nele, desde que saibam que é este o compromisso que o partido tem.
Mas claro que seria errado dizer que, em todos os momentos, achei que tomámos a melhor estratégia ou tática, mas isso faz parte de um partido que funciona como este em que, felizmente, o coletivo decide. Para o coletivo decidir significa que podemos nem todos estar de acordo sempre, mas isso não é uma desilusão, porque é uma regra. Estranho seria começar a satisfazer-se as minorias, ou o meu capricho, isso seria uma desilusão maior do que o partido fazer alguma coisa em relação à qual, em determinado momento, não estou de acordo.
 Hoje em dia olhamos para os chefes de Estado dos países e os líderes de governo e parecem todos saídos da mesma forma, do mesmo molde, o mesmo fato, a mesma gravata, a mesma forma de estarFala-se muito da necessidade de inserir jovens na política. Acha que o 'sangue novo' do PCP é suficiente?
Não é suficiente para o PCP e não é suficiente para a política nacional como um todo. Nós temos o grupo parlamentar mais jovem, mas é evidente que ainda temos muitas pessoas mais velhas, é um partido com 90 anos e é sinal de que elas ficaram cá e não foram embora. Mas o partido tem de rejuvenescer os seus quadros, tem de alargar a sua influência junto da juventude. Mas não é suficiente hoje e eu arriscaria dizer que dificilmente um comunista dirá que é suficiente porque vamos querer sempre ter mais influência.
No quadro da política geral, nós damos um contributo com a renovação dos nossos quadros, mas não ignoramos que o sistema dominante, o capitalismo, que verificamos no tempo de hoje traz para a política, muitas vezes, o pior da juventude e não o melhor.
A juventude tem características próprias, uma forma própria de se organizar, preocupações próprias, gostos próprios e não quer dizer que sejam todos os mesmos, mas são distintos da restante parte da população, o que é fácil de explicar porque a esmagadora maioria da juventude não é ainda totalmente independente e não vive exclusivamente do seu trabalho e, portanto, estas características acabam por fazer com que a juventude seja um grupo destacado dos outros.
O problema com que estamos confrontados é que esta hegemonia, esta cultura do egoísmo, da competição, do salve-se quem puder, a promoção do político de carreira, que provavelmente já vem, em Portugal, desde o Cavaco Silva e que está a contaminar o mundo todo. Hoje em dia olhamos para os chefes de Estado dos países e os líderes de governo e parecem todos saídos da mesma forma, do mesmo molde, o mesmo fato, a mesma gravata, a mesma forma de estar. E, na política, estamos a puxar por essa cultura. Infelizmente, muitos dos jovens que se aproximam da política, e estou a falar das juventudes partidárias, são jovens que querem seguir esse caminho e têm uma perspetiva de carreira.
Notícias ao Minuto
Chegam já às juventudes partidárias com o intuito de construir carreira?
Em vez de as juventudes partidárias ajudarem a desconstruir os vícios e as insuficiências da política, estão a captar aqueles que querem copiar esses vícios, os que já estão a pensar fazer carreira e a comportar-se dessa maneira. O que é normal porque a juventude, sendo uma camada à parte, não deixa de ser contaminada pela cultura dominante.
E acho que a JCP dá um contributo tremendo para combater isso. Sou suspeito para dizer isto, mas acho que quem conhecer os jovens da JCP dificilmente diz 'lá está mais um carreirista que quer subir na vida'. Acho que a JCP e o PCP combatem isso. Bem, na verdade, se alguém quiser fazer carreira política e dinheiro não é, com certeza, no PCP que se quer inscrever.
Falta ainda trazer a juventude que não se revê nesta política e que quer romper com esta política. Há muitos jovens assim e são esses que temos de trazer para a política porque são esses que se estão a afastar e a deixar que venham apenas os que se querem aproveitar e servir da política. E os que acham que isso é condenável são os mesmos que se estão a afastar, são os mesmos que estão desiludidos. Esses afastam-se e não percebem que esse afastamento está a permitir que os outros tenham o caminho mais facilitado.
Num partido comunista, principalmente como o PCP, o secretário-geral não é definido em função de critérios mediáticos e eleitoraisO líder do PCP tem 70 anos, o mais velho de todos os líderes partidários em Portugal. Isso diz alguma coisa sobre o partido?
Ser secretário-geral não é uma recompensa, significa que o coletivo partidário entende que aquele camarada tem as condições para desempenhar um conjunto de tarefas que estão associadas à tarefa da secretário-geral e a avaliação que o coletivo faz é que tem todas as características necessárias para desempenhar aquela função.
Num partido comunista, principalmente como o PCP, o secretário-geral não é definido em função de critérios mediáticos e eleitorais, mas sim de critérios que têm a ver com a nossa organização. Quais são as capacidades e as condições que aquele camarada tem para desempenhar um conjunto de tarefas, nomeadamente do ponto de vista ideológico, qual é a sua capacidade de mobilização junto dos militantes, a sua reflexão própria, o seu contributo individual para o partido, as características pessoais. Ou seja, o PCP não escolhe o líder em função daquele que achamos que vai ter melhores resultados eleitorais, que é um bocado o que se faz nos outros partidos.
O PCP tem uma perspetiva de intervenção política que vai muito além dos resultados eleitorais, é um partido que não vive para as eleições, as eleições são uma parte da nossa luta, tal como contribuir para o sucesso de uma greve, agitar as populações contra as políticas de direita, organizar os trabalhadores contra a sua exploração no local de trabalho.
Lembramo-nos bem das tentativas que fizeram de dizer que o Jerónimo era um cepo, que era um homem sem sensibilidade, que era um ortodoxo, que era um brutoMas manter um secretário-geral como Jerónimo de Sousa diz alguma coisa sobre o partido?
Acho que sim, que é um partido que não se deixa influenciar por pressões externas, decide qual é o seu secretário-geral independentemente das pressões que houve antes, porque lembramo-nos bem das tentativas que fizeram de dizer que o Jerónimo era um cepo, que era um homem sem sensibilidade, que era um ortodoxo, que era um bruto, na prática.
O PCP não se deixou pressionar por isso, elegeu o seu secretário-geral e a comunicação social, passado duas ou três semanas estava a dizer que. afinal. o homem era um doce, carismático, dá-se bem com as pessoas.
O Jerónimo, independentemente da idade, e até podia ser mais velho, mantém todas as condições para ser secretário-geral do PCP e julgo que tem demonstrado isso, assim como toda a direção.


www.noticiasaominuto.com
15
Nov17

É FARTAR VILANAGEM !

António Garrochinho

HÁ MESES CALADA, AMUADA POR PERDER AS PRESIDENCIAIS E COM UM HISTORIAL POLÍTICO DE TACHOS INVEJAVEL AÍ ESTÁ ELA OUTRA VEZ
Governo recupera Maria de Belém para rever Lei de Bases da Saúde

15
Nov17

O verdadeiro velho oeste Leis rígidas. Menos armas do que hoje e cowboys ruins de tiro. Conheça a real história do oeste - e veja por que ela não tem nada a ver com a dos filmes

António Garrochinho






Leis rígidas. Menos armas do que hoje e caubóis ruins de tiro. Conheça a real história do oeste - e veja por que ela não tem nada a ver com a dos filmes





“Se você quer atingir o coração do seu oponente, mire na virilha”. Essa era a dica que William “Bat” Masterson, um dos xerifes mais famosos do velho oeste americano, dava a quem fosse se meter num duelo. Ele dizia isso porque, na média, os caubóis eram bem ruins de tiro. Nada a ver com o que aparece nos filmes de faroeste, que criaram uma série de lendas e noções que não correspondem à realidade. Uma terra sem lei, onde todo mundo resolvia as coisas na bala? O paraíso dos ladrões, que viviam saqueando agências bancárias? Um lugar cheio de mulheres sexualmente liberadas e homens heroicos, capazes de grandes feitos em suas eternas batalhas contra os índios? Na verdade, o velho oeste não era nada disso.
Até a metade do século 19, as únicas terras ocupadas pelos americanos ficavam na costa leste do país, espremidas entre o litoral e o rio Mississipi – uma faixa equivalente a menos de um quarto do território atual dos EUA. As áreas onde hoje ficam Califórnia, Nevada, Utah, Texas, Arizona e Novo México pertenciam ao México. O primeiro impulso para além do Mississipi veio com a descoberta de ouro na Califórnia, em 1848. 

Anos depois, em 1862, Abraham Lincoln baixou o Homestead Act, uma lei que dava terras no oeste a quem se dispusesse a ocupá-las por pelo menos cinco anos. Foi aí que o oeste americano começou a ser povoado para valer.
No começo, as cidades não tinham tribunais, exército, delegacias de polícia nem qualquer sinal de segurança oficial. É daí que brotam as histórias de atiradores rápidos e baderna generalizada. “Ter fama de bom pistoleiro era uma maneira de ser respeitado e conquistar autoridade”, diz Arthur Avila, historiador da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Mas é errado pensar no oeste como uma terra sem lei. 
Os assentamentos eram rigidamente controlados pelo governo. Quando se estabeleciam, os pioneiros tinham de enviar documentos ao Congresso pleiteando o reconhecimento de seus domínios. Feito isso, criava-se um conjunto de regras locais e se institucionalizavam os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
Pronto: o condado já podia eleger prefeito, juiz e xerife. Frederick Nolan, autor de The Wild West: History, Myth and the Making of America (“O oeste selvagem: história, mito e a formação da América”, não lançado no Brasil), conta que os xerifes tinham seus assistentes, conhecidos como deputies, e se submetiam à autoridade dos marshals – agentes da lei que representavam o governo federal. Ou seja: havia governo, sim.

Billy the Kid



Bufalo Bill
E as armas? Em muitas cidades do velho oeste, o controle delas era mais rigoroso do que é nos EUA de hoje. Tombstone, Deadwood e Dodge City eram as mais restritivas. Em 1870, quem chegava a Wichita, no Kansas, via placas com avisos do tipo “Deixe seu revólver na delegacia e faça um registro” ou “Você é bem-vindo, suas armas não”. 

Há imagens que mostram a entrada de Dodge City, em 1879,com um outdoor onde se lê: “O porte de armas de fogo é estritamente proibido”. Compare isso com a situação atual, em que 49 dos 50 Estados americanos permitem que os cidadãos tenham armas e andem com elas na rua. Surpreendentemente, o velho oeste era mais responsável com as armas de fogo.
Por isso, os homicídios eram raros. Em média, as cidades da fronteira registravam menos de dois por ano. Mesmo nas cidades grandes, a violência não era corriqueira. As cinco maiores cattle towns, vilas formadas em torno da criação de gado, contabilizaram apenas 45 homicídios entre 1870 e 1885. Em Abilene, uma das mais violentas, ninguém foi morto entre 1869 e 1870. Ellsworth e Dodge City foram as únicas a superar cinco homicídios por ano.
Os assaltos a banco eram igualmente incomuns. Os banqueiros construíam prédios suntuosos e muito protegidos, porque queriam transmitir a noção de prosperidade e segurança a seus clientes. O historiador Larry Schweikart, da Universidade de Dayton (no Estado de Ohio), identificou apenas “três ou quatro” ocorrências desse tipo em 15 Estados do oeste entre 1859 e 1900. “Isso sem contar dois grandes assaltos, ambos feitos por Butch Cassidy e Sundance Kid, no final dos anos 1890. Mas hoje, em apenas um ano, há mais assaltos a banco em Dayton do que em toda uma década de velho oeste”, escreve Schweikart. A vida não chegava a ser pacífica, mas também não se resumia a brigas, roubos e tiroteios.
Os duelos eram raros. Quando aconteciam, eram travados longe das cidades, com hora marcada e observando um catatau de regras: era obrigatório ter testemunha, sacar as armas ao mesmo tempo, não atirar pelas costas nem mais de uma vez. Mesmo assim, quem se metia em duelos podia ser preso – porque eles eram ilegais. Um dos poucos confrontos documentados aconteceu em Springfield, Missouri, e foi relatado em 1867 pela revista Harper’s. O protagonista foi Wild Bill Hickok,que, depois de um desentendimento num jogo de cartas, desafiou o caubói Davis Tutt (e o matou) na rua central da cidade.
Além dos duelos, havia tiroteios: confrontos desregrados e rápidos, que envolviam gangues em disputas de gado, ouro ou comércio local. O mais famoso aconteceu em 1881, na cidade de Tombstone, e entrou no folclore popular como a grande batalha de OK Corral. De um lado, Wyatt Earp e três aliados; de outro, os temidos irmãos Clanton. Mas também não foi o que se imagina. O grande confronto, na verdade, não passou de uma rápida troca de tiros. Durou cerca de 30 segundos e só 30 disparos foram ouvidos, com saldo final de três mortos e três feridos. Wyatt Earp, supostamente um herói, foi o único que saiu ileso. “Ele ficou parado durante toda a luta”, diz Nolan. Apesar disso, Earp ficou com fama de durão, e na virada do século 19 para o 20 trabalhou como consultor de filmes de bangue-bangue. Em Hollywood, ele manteve contato com John Ford, o mais famoso diretor de westerns da história. As conversas inspiraram Ford a dirigir o filme Paixão dos Fortes, que retrata os poucos segundos de embate em OK Corral como um episódio longo e sangrento.







No filme Django Livre, os atores Christoph Waltz e Jamie Foxx interpretam uma dupla de caçadores de recompensas. Mas na vida real poucos homens tinham autorização para perseguir e capturar bandidos – e ainda receber dinheiro por isso. Na maioria dos casos, os caçadores de recompensas eram sujeitos que já tinham ligação com a máquina do governo, atuando como marshals, rangers (patrulheiros) ou xerifes. “O governo terceirizava a busca de criminosos oferecendo recompensas”, diz Arthur Avila.

Campo de concentração

Nos filmes de faroeste, os índios costumam ser retratados como inimigos temíveis. Mas não era assim. Na verdade, eles foram dominados e oprimidos pelos brancos. Já nos primeiros anos do século 19, o presidente Thomas Jefferson não escondia a ideia de criar uma zona de “colonização indígena” – um eufemismo para o que seria, na verdade, um grande campo de concentração. A ideia tomou forma em 1830, quando o presidente Andrew Jackson assinou um decreto autorizando o governo a remover os índios para além do meridiano 95, onde hoje ficam os Estados de Kansas e de Oklahoma. Dolorosa, polêmica e violenta, a remoção abriu uma grande ferida na história dos nativos, que até hoje se referem ao êxodo como uma “Trilha de Lágrimas”. 

Só entre os Cherokees, mais de 17 mil índios foram retirados de seus lares. Um episódio conhecido como “Black Hawk War” ilustra bem o clima de tensão: liderados pelo chefe Black Hawk, cerca de mil índios das tribos Sauk e Fox entraram em confronto com uma milícia de pioneiros formada por quatro mil homens. 

Mais de 80% dos índios morreram. Mas o campo de concentração indígena acabou tendo vida curta. Em pouco tempo, os índios começaram a se integrar à economia local, à agricultura e à criação de gado. O território segregado perdeu a razão de existir em 1907, quando Oklahoma foi oficializado como o 47º Estado do país.
Com índios relativamente sob controle e uma rotina sem muitas novidades, restava se divertir nos saloons (bares) e bordéis da época. As prostitutas eram moças pobres e maltrapilhas que andavam pouco vestidas. 
Mas elas destoavam: ao contrário do que costuma aparecer em filmes de faroeste, as mulheres em geral eram extremamente pudicas – e usavam roupas bem conservadoras. 
A bebida preferida dos homens era o moonshine. 
Um uísque rudimentar, feito à base de milho, com graduação alcoólica que chegava a 80%. Quem produzia tinha de lidar com a má vontade das autoridades, que muitas vezes impunham tributos pesados para coibir a venda. 
Em 1865, durante a Guerra Civil, o Congresso americano decidiu cobrar US$ 7 de imposto por litro de uísque – 12 vezes mais do que o custo de fabricação da bebida. 
O objetivo era torná-la cara demais, e fazer as pessoas pararem de beber. Não deu certo, pois ela começou a ser produzida clandestinamente. Vem daí o nome moonshine: na maioria das vezes, os galões de uísque eram transportados na calada da noite, sob o brilho da lua.
Os mitos do velho oeste começaram a ficar conhecidos antes do surgimento do cinema. 

A partir da década de 1880, caravanas de circo atravessavam o país encenando batalhas, grandes duelos, pistoleiros e cowboys. Um dos mais famosos espetáculos era o Buffalo Bill´s Wild West Show, criado em 1883 pelo próprio Buffalo Bill, um ex-soldado que era famoso por sua habilidade de derrubar búfalos com um único tiro. 
Arthur Ávila, da UFRGS, diz que os shows eram estrelados por caubóis e pistoleiros veteranos, que atraíam mais audiência. Personagens ilustres como o xerife Wild Bill Hickok, a pistoleira Calamity Jane e o líder indígena Touro Sentado integraram a trupe de Buffalo Bill. “Era uma representação simplista, com aquela coisa do bem contra o mal e certa fantasia em cima de tudo isso. 
Foram os precursores dos filmes western”, afirma Ávila. De tão conhecido, o show de Buffalo Bill cruzou o oceano e fez apresentações na Inglaterra, tendo como convidada de honra ninguém menos do que a rainha Vitória. Nasciam, assim, muitas das lendas populares que tornaram o velho oeste bem mais cinematográfico do que ele realmente foi.
PARA SABER MAIS
The Wild West: History, Myth and the Making of America
Frederick Nolan, Book Sales, 2004.
Famous Sheriffs and Western Outlaws
Willian MacLeod Raine Skyhorse Publishing, 2012.
Legends and Lies – Great mysteries of the American west
Dale L. Walker, Forge Books, 1998
https://super.abril.com.br/

Toda ficção ambientada no Velho Oeste tem como protagonista o cowboy, que em geral é retratado como indivíduo de origem europeia. Alguns pesquisadores, no entanto, acreditam que os verdadeiros cowboys – vaqueiros que conduziam as boiadas no interior dos Estados Unidos – eram negros, índios e mestiços.
A expansão da fronteira dos Estados Unidos para a costa do Oceano Pacifico foi considerada como uma oportunidade de riqueza e progresso entre os anos 1860 e 1890. Foi neste período que surgiu o termo Velho Oeste (old west), chamado ainda de Oeste Selgavem (wild west) ou faroeste (far west – oeste distante ).
15
Nov17

SEXO CRIME E MORTE COM AS MULHERES DA MÁFIA

António Garrochinho

kiki0




No mundo falocêntrico de mafiosos e gângsters americanos da primeira metade do século XX, as mulheres dividiam-se basicamente em duas espécies: as prostitutas ou amantes -- que deviam dispor-se apenas a favores ou serviços sexuais -- e as esposas, que deviam ficar em casa cuidando da próxima geração da famiglia.
Porém, nesse habitat patriarcal, algumas mulheres tentaram abrir caminho na direção de uma terceira possibilidade, distante desses dois estereótipos: são as mob molls.
 
O texto a seguir foi inspirado em uma rápida matéria fotográfica do NY Daily News, mas tivemos a pretensão de ir mais a fundo na pesquisa das histórias por trás das imagens.
É difícil traduzir a palavra moll, pois, em sua origem remota, significa “rameira” ou “prostituta”, e não é disso que se trata. As "molls" eram as companheiras dos gângsters e mafiosos que se envolviam em suas atividades criminosas, em maior ou menor grau de cumplicidade. Completando o termo, "mob" era um dos jeitos de chamar a máfia.
É impossível contar a história do crime organizado americano sem falar delas.
mob001
Mas não nos iludamos quanto à independência das mob molls. Elas ainda precisavam se submeter a seus homens. A mulher na foto acima, de 1931, é a atriz Alice Granville, esposa de Pete Donahue, um dos assassinos profissionais que prestava serviços ao famoso gângster Dutch Schultz (ele será figurinha constante nessa narrativa).
Na imagem, Alice Granville está no Rossevelt Hospital, e mostra dois buracos de bala em seu braço, feitos por seu marido durante uma festa em uma boate. Em seu depoimento, ela afirmou que foi a forma de seu marido provar que a amava.
Enfrentar essa lógica misógina e lidar com o submundo do crime exigia coragem e força das mob molls. Ilustrativa é a imagem a seguir. Observem o olhar da mob moll Smitty White, pois ele é eloquente.
Ela foi detida em 1942, após seu namorado Ralph Prisco ter sido alvo de disparos de policiais numa tentativa fracassada de assalto a mão armada.
mob002
Quando essa foto foi feita, ela prestava depoimento sobre seu envolvimento no crime e Ralph já estava morto. Vê-se algum sinal de tristeza em seus olhos? Percebe-se algum indício de fraqueza na mulher?
Observe que a senhorita Smitty segura na mão esquerda a estátua de um Buda. Por algum motivo, é difícil crer que ela o faça por razões religiosas.
Mas isso é especulação.
E quando falamos de mob molls não podemos nos esquecer de Virginia Hill. Na foto abaixo, ela está depondo em 1951, diante de uma comissão destinada a investigar o crime organizado.
virginia-hill
A trajetória de Virginia Hill no submundo do crime parece a de uma personagem criada Hollywood. Bom, na verdade, ela foi uma personagem pois, em 1991, o diretor Barry Levinson (o mesmo de Rain Man e Bom dia, Vietnã) lançou o filme Bugsy, contando a tórrida relação entre Virginia e o chefão Bugsy Siegel.
Virginia Hill nasceu tão pobre que dizia ter ganho seu primeiro par de sapatos apenas aos 17 anos. Ainda jovem, atraiu atenção de Joseph Epstein, um bookmaker e jogador profissional, graças ao qual ela teve acesso ao submundo de Chicago, tornando-se mensageira entre famílias mafiosas e grupos de gângsters, por conta de sua aparência insuspeita, que não atraia a atenção da polícia.
Não demorou para Virginia envolver-se com Joe Adonis, mafioso fundador da Cosa Nostra nos Estados Unidos. Devido a influência de seu amante, ela logo se tornou conhecida como a “rainha dos gangsters”. Virginia Hill chegou até mesmo a ter seus próprios esquemas dentro do crime organizado, explorando ela própria a prostituição masculina na então pouco recomendada Brodway Avenue.
Nos anos seguintes, Virginia tentou ocultar a origem de sua riqueza fingindo-se de rica herdeira do sul dos Estados Unidos, mas não conseguiu convencer a alta sociedade de Chicago com essa lorota.
Um curioso incidente ocorreu quando Virginia teve uma viagem de São Franscisco, Califórnia, para El Paso, no Texas, interrompida por investigadores da polícia e da promotoria que desejavam interrogá-la sobre suas atividades criminosas no aeroporto. Irritada com as perguntas do Promotor Distrital Lawrence Stone, ela deu um soco na cara do sujeito, o que lhe rendeu algumas horas detida na delegacia.
A imagem abaixo flagra o momento em que ela estava sendo conduzida por Lawrence para ser autuada por desacato. Mais tarde, ao chegar em El Paso, Virginia se irritou com o assédio dos jornalistas e acertou a cabeça em um deles com seu sapato.
virginia-hill2
O grande amor de Virginia foi Bugsy Siegel, mafioso conhecido, entre outras coisas, por ter fundado a Murder, Incorporated (eles próprios criavam esses nomes ou contratavam publicitários?), organização que servia de braço armado para a máfia da costa leste dos Estados Unidos.
O êxito de Bugsy levou-o a cruzar o país e ter relações com grandes celebridades do cinema, como Clark Gable (de ... E o Vento levou) e Carry Grant (Intriga Internacional), e poderosos produtores de Hollywood. Virginia, frustradas em suas tentativas de ser aceita pela alta sociedade de Chicago, acompanhou seu amante.
E foi na mansão de Virginia em Berverly Hills que Bugsy morreu, assassinado por um desconhecido no caso que permaneceu um mistério até hoje. Quatro dias depois seu assassinato, Virginia repentinamente partiu para Paris em um voo não programado. Retornou aos Estados Unidos apenas para abandonar o país em 1954, quando foi acusada pelo crime de sonegação tributária.
Virginia Hill morreu em sua residência, na Áustria, no ano de 1966, por suposta overdose de calmantes, em um caso considerado até hoje como de suicídio, embora os biógrafos de Bugsy levantem dúvidas sobre se sua morte não teria sido uma engenhosa queima de arquivo.
Mas nem todos os casais de criminosos daquela época tinham o mesmo glamour de Virginia e Bugsy. Nesta foto de 1944, uma xará da rainha dos gângsters, Virginia Ornmark, com 19 anos, e seu namoradinho Fred Schmidt, de 24, olham nada sorridentes para a câmera, após serem acusados pelo homicídio de um comerciante de lingerie.
virginia-ornmark
E também nem todas as mob molls eram amantes. Algumas eram noivas e esposas. Na imagem abaixo, Lottie Kreisberger oculta seu rosto durante o julgamento de seu noivo, Vicent Coll (ao seu lado, à direita), em 1930.
Ele estava sendo acusado de ter matado uma criança por acidente, durante uma emboscada armada para apagar o mafioso Joseph Rao.
lottie-coll
Lottie era uma estilista em Nova Iorque quando conheceu Vincent e se apaixonou pelos olhos azuis do simpático filho de irlandeses que cresceu como órfão no bairro do Bronx, em Nova Iorque. O problema é que seu namorado era conhecido no submundo como "Mad Dog" ("cachorro louco", em tradução livre), assassino profissional a serviço de Dutch Schultz,  um gângster de sangue alemão e judeu, durante a época das vacas gordas propiciadas pela Lei Seca.
Eles casaram logo após Vicent ser absolvido do homicídio de um menino de 5 anos de idade. Porém, a alegria do casal durou pouco, pois o marido de Lottie havia queimado seu filme com o poderoso Dutch Schultz ao trocar de lado e aceitar um trabalho encomendado pelo chefe da Cosa Nostra, Salvatore Maranzano.
Schultz não só colocou sua cabeça a prêmio: dizem que ele foi até uma delegacia do Bronx e ofereceu uma casa no Condado de Westchester para o policial que conseguisse matar Vincent.
Em 1932, cinco homens invadiram o apartamento do casal e mataram três membros do grupo de Coll, que escapou ileso apenas para ser assassinado durante sua fuga. Ele estava em uma farmácia fazendo um telefonema para extorquir dinheiro de outro gangster, ameaçando sequestrar seu cunhado, quando dois homens entraram no estabelecimento e um deles tirou uma submetralhadora Thompson que mantinha oculta em seu sobretudo.
Logo depois desses fatos, Lottie foi detida pela polícia por porte ilegal de arma e condenada a seis meses de prisão. Mas quando recebeu a condicional, ela recusou-se a sair, alegando que preferia ficar na penitenciária feminina por temer que os assassinos de seu marido estivessem esperando a oportunidade de também lhe matar.
Aqui temos três fotos de Janice Drake que são o resumo da trajetória das mob molls. A primeira é de 1940.
janice-drake
Antes de se envolver com o crime organizado, ela foi Miss Nova Jersey e casou-se com o comediante Alan Drake, que devia favores para a máfia. Acontece que Janice e o marido tinham um casamento estranho, “aberto” demais para os padrões da época.
Em pouco tempo, ela começou a ir a boates e festas frequentadas também por membros de organizações criminosas. Os dados são incertos, pois a polícia começou a montar o quadro após ela aparecer morta ao lado de Anthony Carfano, um caporegime (espécie de capitão) da Família Luciano.
janice-drake2
O que os investigadores descobriram após o crime é que Janice parecia não trazer sorte para seus amantes, pois por duas vezes ela jantou com criminosos na véspera de suas mortes. Janice foi a um restaurante com o mafioso Albert Anastasia na noite anterior àquela que ele foi brutalmente assassinado por dois homens em uma barbearia, enquanto cortava o cabelo. Curiosamente, também jantou com o chefão Nat Nelson um dia antes de ele morrer.
Na foto acima, ela foi flagrada em 1952, quando saia de uma delegacia após prestar depoimento sobre sua relação com Nat Nelson.
Se a morte estava aproximando-se de Janice Drake em círculos, não demoraria para fechar o cerco. Como dito, em 1959 o Cadillac de Anthony Carfano foi encontrado estacionado em um local ermo. O mafioso e Janice Drake estavam mortos, ela um tiro na cabeça. O caso permaneceu sem solução até que, anos mais tarde, Anthony ‘Tony’ Mirra confessou o assassinato, encomendado pelos capos da Família Bonanno.
janice-drake31
Mas deixemos de falar de morte e voltemos nossa atenção para as curvas Kiki Roberts, abaixo.
Kiki era uma dançarina famosa por suas pernas e pelo envolvimento com gângsters. Em 1920, ela era a principal atração de um show burlesco intitulado Crazy Kilt. Foi quando conheceu Jack Diamond, vulgo “Legs” (“pernas”), apelido que o sujeito ganhou após conseguir escapar da polícia durante uma tentativa de roubo de um caminhão de entregas.
kiki0
Quando conheceu Kiki, Jack Diamond estava no ápice de sua carreira no submundo novaiorquino, após construir uma sólida reputação como contrabandista, sequestrador, ladrão e traficante. Habilidoso atirador, Diamond tinha outro apelido “Clay Pigeon“, por ser alvo frequente de disparos, sem que jamais conseguissem acertá-lo.
Kiki também era uma estrela em ascensão, mas no show business. A atração foi mútua e automática, e a famosa dançarina não parecia se importar exibir à imprensa sensacionalista da época as fotos de Diamond que decoravam seu apartamento, embora ele fosse um criminoso procurado pela polícia e apesar de ele ter casado em 1920 com Alice Diamond. Um dos retratos, estrategicamente colocado no apoio de sua lareira, tinha a inscrição “Meu Herói”.
kiki1
Coincidência pura, no final daquela década Diamond adquiriu a propriedade de uma famosa casa noturna de Nova Iorque, a Hotsy Totsy Club. Àquela altura, ele já era um dos maiores controladores do mercado negro de álcool e narcóticos na cidade. O problema é que sua carreira meteórica colocou-o em rota de colisão com o chefão Dutch Schultz (sim, ele mesmo!), e esse último decidiu colocar a cabeça do rival a prêmio.
A guerra de chefões colocou Kiki no fogo cruzado. Ela estava jantanto com Diamond no Hotel Monticello, em outubro de 1930, quando dois homens de Schultz entraram atirando. Diamond foi ferido cinco vezes, mas sobreviveu. Kiki não foi atingida.
Em abril de 1931, Diamond foi atacado e novamente atingido por balas, mas também sobreviveu. Alguém por favor pode acertar esse cara de um jeito que ele não se levante de novo?, teria desabafado Schultz.
E o pedido de um chefão é uma ordem. Em dezembro daquele mesmo ano, ao sair do apartamento de Kiki Roberts de madrugada, Diamond foi atingido por cinco tiros nas escadarias do prédio, desferidos por três homens a serviço de Schultz. Quando a polícia chegou, encontrou Diamond morto.
O fim da vida de Diamond foi o fim da carreira de Kiki Roberts. Tendo utilizado sua associação com um poderoso gângster para promover-se, sua imagem estava tão vinculada a dele que não demorou para sua estrela perder todo o brilho para a imprensa. Kiki Robert foi gradualmente sumindo do show business.
Ela chegou a trocar de nome e, mais tarde, tentou retornar aos palcos, sem sucesso. A imagem abaixo é uma das últimas de Kiki, de 1935. Em algum momento após essa matéria, ela desapareceu completamente, e começaram a circular boatos de que Kiki teria se tornado uma sem-teto. Esses boatos inspiraram uma personagem de Ironweed, romance de William Kennedy que por sua vez serviu de base para o comovente filme de Héctor Babenco, na qual foi Kiki foi interpretada por Meryl Streep. A cena de suas últimas horas de vida é memorável.
kiki2
Para os fãs de seriados, literatura e filmes sobre gângsters e mafiosos americanos do século XX, fica a impressão de que a figura das mob molls ainda não foi devidamente explorada. A maior parte dos filmes e seriados que tentam desenhar o submundo do crime nos Estados Unidos retratam as mulheres ou como amantes e esposas submissas (ainda que às vezes raivosas e ensaiando frustrados passos de autonomia) ou como vítimas.


papodehomem.com.br
15
Nov17

A HISTÓRIA DE FRANK LUCAS

António Garrochinho

Nascido em La Grange, na Carolina do Norte. Frank Lucas tinha tudo para ser mais um garoto negro no sul americano, que trabalharia em empregos humildes para sustentar a sua família. Tinha tudo, mas não foi. Frank com seis anos, viu cruéis membros da Ku Klux Klan matar seu primo de doze anos com uma espingarda na boca, e tudo isso por supostamente ter olhado para uma garota branca. Essa imagem marcaria para sempre a personalidade e vida de Lucas, dando outro rumo à vida do garoto.

Como homem da casa, ele passou a cometer pequenos delitos para tentar sustentar a família. Frank roubava bêbados que ficavam em bordéis. Aos 12, segundo ele, Frank estava cumprindo pena por trabalho forçado no Tennessee por ter roubado uma loja. Aos 14, ele contrabandeava bebidas. E tempo depois começou a trabalhar com um homem branco, dono de uma empresa de tubulações. Frank dirigia camiões. O rapaz se envolveu com a filha de seu chefe, e certo dia, os dois foram flagrados por ele. Frank acertou  em Bill, na cabeça e fugiu com 400 dólares. O mesmo disse ao livro "O Gângster Americano" de Mark Jacobson, que queimou a fábrica.

Depois disso Frank foi para o norte graças a conselho de sua mãe, foi parar em Nova York, mais precisamente no Harlem. Bairro onde na época, só negros viviam. E lá, Frank continuou seus delitos. Começou a ser perseguido por muitos, desde policiais e outros criminosos, até que um dia ganhou o respeito de ninguém mais do que Ellsworth Raymond "Bumpy" Johnson - tido como o dono do Harlem, e que mantinha relações estritas com a família Genovese. Bumpy foi duas vezes preso e mandado para a notória prisão de Alcatraz. A partir daquele dia, Lucas passou a andar com Bumpy, ganhou respeito de todos. E ficou como o braço direito do notório criminoso. Bumpy passou a comprar roupas para Lucas, deu moradia e tudo mais. Certa vez, os dois foram a Cuba visitar ninguém mais do que Lucky Luciano. Bumpy morreu em um restaurante, nos braços de Lucas, e a partir daí o reinado no Harlem foi passado para ele.

Frank passou a dominar o Harlem com tremenda descrição que quando estava no seu ápice fazendo milhões por dia, ninguém o conhecia. Mas para ser tão bem sucedido traficante Frank teve uma ideia digna de génio. 


Ao ver matérias sobre soldados americanos tendo overdoses enquanto estavam na guerra do Vietname, viu que o poder da droga de tal lugar, era grande. E assim, resolveu ir ao Vietnã buscar heroína. Frank retratou o lugar como horrível, quase perdeu toda a sua droga para bandidos do lugar, mas o negócio valeu a pena. 

A heroína era quase 100% pura quando saía dos campos de papoulas. E foi assim, que o garoto que saiu da minúscula La Grange, começou a dominar o Harlem. Os "Country Boys" - formado por familiares e habitantes da cidadezinha - era a 'gangue' de Frank. Ele só confiava na família, esse era um traço   de Frank. 

Apesar de ter pessoas nas ruas que não eram ligadas a ele no sangue. Sua droga era 'batizada' por mulheres usando máscaras cirúrgicas e segundo fontes, totalmente nuas. Lá ela perdia sua pureza graças a produtores químicos que eram misturados com a heroína vinda do Sudeste Asiático. Mesmo assim, a "Blue Magic" era a 'top' nas ruas. Tinha 10% de pureza, quando as melhores drogas do mercado tinham apenas cinco, e as normais tinham três. A "Blue Magic" marcou seu nome nas ruas, e levou Frank Lucas à riqueza, e isso sem aparecer nos holofotes. 

A influência de Frank Lucas

Frank Lucas frequentava os melhores clubes da cidade. Neles, encontravam-se grandes jogadores de basquete como o mestre Wilt Chamberlain e pugilista como Sugar Ray Robinson. Frank era amigo de todos. Uma das maiores amizades de Frank Lucas era com o já falecido lutador de boxe, Joe Louis. Quando Frank conheceu Louis, ele já tinha parado de lutar, mas ainda era tido como um campeão e muito querido no Harlem. Frank uma vez pagou uma dívida de Louis que era de 50 mil dólares. Quando o pugilista morreu, Frank ficou bastante triste, pois levava Joe Louis como um pai.

Certa vez Lucas conheceu Howard Hughes. Na época, Hughes era um dos homens mais ricos do mundo, e exercia várias 'profissões'. Aviador, engenheiro aeronáutico, industrial, produtor de cinema, diretor cinematográfico. Como engenheiro aeronáutico, ele criou o H-4 Hércules. Como diretor de cinema, ele dirigiu obras como a versão original de Scarface, de 1932. Mas o encontro dos dois foi só em uma noite.

O estilo e a personalidade do notório traficante  

Familiar mas frio. Assim era Frank Lucas. Ele não hesitava em matar, bater em alguém. Certo dia, matou um traficante chamado Tango em frente de muitas pessoas no Harlem. Testemunhas dizem que ele não tinha hesitado em matar Tango, e hoje, Frank se lembra da história como se fosse um feito de se ter orgulho. Frank chegou a dar risadas quando relatava o fato ao livro de Mark Jacobson. Frank era muito frio para uma pessoa que era simpática com todos, e que parecia querer fazer amizades com as pessoas. Richie Roberts, um dos policiais que prendeu Lucas e que futuramente foi advogado de defesa do mesmo, disse que por mais que ele saiba dos horrendos feitos do traficante, ele não consegue não gostar dele, fazendo que isso fosse uma tarefa difícil. Mas nunca iremos saber, a não ser que falássemos com o próprio Frank.

Ele nunca queria atrair atenção para ele - tanto que passou tempos fora dos holofotes -, mas em certo dia do ano de 1971 sua esposa o deu um casaco de chinchila, bastante chamativo. No mesmo dia, ele e sua esposa foram à luta de Joe Frazier Vs. Muhammad Ali, e foi ali que supostamente os policiais começaram a 'notar' Lucas, e investigar o traficante. Richie diz que não foi o casaco que o entregou, apesar de Lucas dizer que sim. Fatos contam que os policiais ao verem Frank Lucas com tal casaco que era caríssimo e sentado nos melhores lugares - inclusive a frente de grandes mafiosos - deu a impressão que 'aquele cara tinha algo a ser investigado'. Frank ainda fazia contatos com outros notórios bandidos da época enquanto assistia a luta.

A prisão

O império de Frank Lucas começou a cair em 1975. Em Janeiro daquele ano, uma força tarefa contando com dez agentes do "Group 22" da Narcóticos (DEA) e dez policiais de Nova York invadiram a casa de Frank Lucas. Eles acharam U$584,683 em dinheiro vivo. Frank foi preso, e indiciado a setenta anos de prisão. Ele saiu em condicional em 1981, mas em 1984 voltou para a cadeia por negociar uma troca de 28.35 gramas de heroína +US$13.000.00 por um quilo de cocaína. Saiu só em 1991. O curioso de tudo foi que seu advogado de defesa, foi Richie Roberts, um dos policiais que lutaram para colocar Frank atrás das grandes. Richie chegou a pagar escola para um filho de Frank, e hoje, os dois são amigos.

American Gangster, o Frank Lucas de Denzel Washington e a influência no Hip-Hop



American Gangster (2007)
Baseado na super matéria de Mark Jacobson para a NY Magazine, foi anunciado o filme American Gangster. O filme dirigido por Ridley Scott, contaria a vida de Frank Lucas após a morte de Bumpy Johnson. Sendo que Bumpy morre logo nos primeiros minutos. Para interpretar Frank, ninguém mais do que Denzel Washington, que fez um dos melhores papéis de sua carreira. O filme foi indicado a dois Oscars, um por melhor direção de arte, e outro pela melhor atriz secundária (Ruby Dee). American Gangster ainda conta com Russell Crowe como Richie Roberts, Cuba Gooding Jr. como o traficante Nick Barnes, Josh Brolin como o corrupto policial Reno Trupo e Ted Levine, famoso pela série Monk, como o Capitão Lou Toback. O filme é de 2007. O filme muda algumas coisas, e exagera no papel de Richie Roberts. Botando o policial como principal peça da prisão de Lucas, quando segundo o próprio Richie, não foi bem assim. Mas mesmo assim, é um ótimo filme.

Já no filme, sentimos uma presença muito grande do Hip-Hop. Temos Common, T.I. e RZA como personagens que aparecem frequentemente no filme. Os dois primeiros como familiares de Frank, e RZA como um dos policiais da operação de Richie Roberts. Fora do filme, temos Jay-Z. O rapper lançou o disco baseado no filme no mesmo ano e buscou trazer um pouco do 'feeling' da história de Frank para o disco. O conceito de American Gangster é o de uma história de um gângste, Jay-Z passa pelo crescimento do gangster, o sucesso, e a queda. Em várias partes do disco, o filme é sampleado, como na faixa Blue Magic e Success com o rapper Nas. Uma curiosidade é que apesar de ter muita influência no mundo do Rap, Frank Lucas não gosta nenhum um pouco do estilo. Ele prefere "muito mais um soul" de cantores como James Brown, Chuck Jackson e Dennis Edwards - cantores que ele conheceu pessoalmente.

E assim termino aqui um pouco da história do traficante Frank Lucas. História que renderia muito mais se eu entrasse em mais detalhes. Abaixo deixarei alguns links interessantes sobre o notório traficante. 



http://migre.me/csngD - Comparações entre os acontecimentos reais da vida de Frank Lucas e o filme. No link, tiramos várias dúvidas que pairaram após vermos a película de Ridley Scott.

http://migre.me/csnpz - Matéria "The Return of Superfly" de Mark Jacobson. Foi desse link que toda a inspiração para o filme surgiu, a matéria é do ano 2000. Fica como recomendação também o livro "O Gângster Americano e outras histórias de Nova York" do próprio Mark, que fala boa parte de Lucas e conta outras histórias das ruas de NYC.

fuckyeahjoe.blogspot.pt

15
Nov17

ATÉ HOJE AS 7 Máfias Mais Poderosas do Mundo

António Garrochinho

O crime organizado tem dado muito o que falar, não só porque conta fascinantes histórias entre mito e realidade, mas também porque é um negócio ultra milionário, que tem colocado seus mais proeminentes “Capos” entre as pessoas mais ricas do mundo.
As Máfias elencadas abaixo, são transnacionais e controlam o submundo de vários países, compram favores em ambientes poderosos, e graças as suas inteligências secretas, rivalizam com o governo de muitos países. 

Algumas dessas detém o poder militar de pequenos países, outras possui tanto dinheiro que poderia pagar o saldo devedor de uma nação inteira. Estas são as 7 Máfias mais Poderosas do Mundo.

7) Mara Salvatrucha

mara salvatrucha tatoo
Ano de fundação: 1980 – Capo: Ninguno – Ganho: 1 Bilhão de dólares
“Vivo por mi madre e muero por mi bairro” é o seu lema!
Conhecida como a gangue mais violenta do planeta, a Mara Salvatrucha, também chamada de MS-13, é uma organização de gangues criminosas transnacionais e associadas entre elas. O MS-13 nasceu nos anos 80 na Califórnia por imigrantes salvadorenhos, a fim de defender seus compatriotas das gangues africano-americanas e mexicanas.
Sucessivamente se internacionalizou no México, na América Central (Guatemala, El Salvador, Honduras), no Canada e na Espanha, tornando-se em um verdadeiro sindicato internacional do crime organizado, ganhando uma colocação entre as organizações criminais mais influentes de todo mundo.
Em constantes negócios com os principais cartéis de droga do México, se estima que a Mara Salvatrucha tem cerca de 70.000 membros ativo, a maioria deles em Honduras e nos Estados Unidos. Prostituição, tráfico de drogas, extorsão e imigração ilegal, são seus principais negócios.

6) Sun Yee On – Máfia Chinesa

Sun Yee On - Máfia Chinesa
Ano de fundação: 1918 – Capo: desconhecido – Ganhou: 3 bilhões de dólares
Apresentamos para você a tríade chinesa mais grande e poderosa: a Sun Yee On, que controla uma imensa porção do submundo criminal de Hong Kong, China, Reino Unido, Bélgica, França, Holanda, Tailândia, Canada, Austrália e parte dos Estados Unidos.
Com mais de 50.000 membros entre suas filas, é considerada uma das máfias mais inteligente e secreta, como demonstra o seguinte dato: atualmente não se sabe quem a dirige. Tráfico humano, tráfico de droga, imigração ilegal e extorsão são seus principais negócios.
Apesar de sua abundante quantidade de membros, a Sun Yee On opera com famílias pequenas e reservadas, o que dificulta a policia de se infiltrar. Graças a sua grandeza, sucesso contra as autoridades e sua vitória sobre as outras tríades mafiosas chinesas rivais, como os 14K, os Big Circle Boys, e os Zhu Lien Bang, a colocam nesta lista.

5) Cartel de Sinaloa

Cartel de Sinaloa el chapo guzman Loera
Anos de fundação: 1989 – Capo: El Chapo Guzman – Ganho: 3,5 bilhões de dólares
Há vários e poderosos sindicados do crime no México, Los Zetas, a Família Michoacana, los Templarios e aquele do Cartel do Gulfo, porem entre todos eles, há uma máfia que se destaca e se posiciona claramente em primeiro lugar.
Graças a seus fortes contatos com políticos poderosos, tanto no México quanto nos Estados Unidos, a máfia que menos golpes há recebido, que há ganhado claramente as guerras contra as outras organizações criminosas mexicanas, em fim, aquela que mais se caraterizou para agir em maneira inteligente, é o Cartel de Sinaloa.
Chamado também de Cartel do Pacifico, o Cartel de Sinaloa não só é temido e respeitado, mas também bem conhecido por corromper figuras em todos os estratos da lei.
Seu principal negocio é o tráfico de droga nacional e internacional, também a extorsão, sequestro, lavagem de dinheiro, tráfico de armas e assassinato.
A facção Los Negros e o Grupo Beltran juntos, são unidos em uma força narco-militar formadas pelo cartel, com o objectivo de combater as operações dos rivais cartéis do Golfo: os Los Zetas. Ele se avale de grupos criminosos como La EME (sigla para a máfia mexicana) e MS-13 para realizar assassinatos e outras atividades ilegais.
Atualmente há uma luta contínua por parte dos Los Negros, na região de Nuevo Laredo, pelo controle da rotas do tráfico de drogas. O cartel opera em mais de 50 países, ocupando a quinta posição dentre as maiores organizações criminosas do mundo

4) Yamaguchi-gumi

Yamaguchi-gumi-Yakuza
Ano de fundação: 1915 – Capo: “Kumicho” Shinobu Tsukasa– Ganho: 15 bilhões de dólares
Lembramos que a Yakuza não é uma organizações criminal como tal, mas é o nome japonês para indicar todas as organizações em geral, é como dizer Máfia ou Cartel. É importante especificá-lo, porque há muitas pessoas que pensam que a Yakuza japonesa é uma máfia só.
Entre os sindicados do crime japonês, a organização Yamaguchi-gumi é a máfia mais poderosa e grande no pais do sol nascente e também umas das mais respeitada do mundo.
Com nada menos que 63 mil membros, o Clã Yamaguchi-gumi, movimenta 15 bilhões de dólares anuais. Trabalha como uma industria e nada tem que invejar a as principais corporações japonesas.
Os principais negócios da máfia japonesa são, tráfico de drogas, prostituição, extorsão, chantagem, lavagem de dinheiro e fraude em grande escala. A Yamaguchi-gumi controla mais do que o 50% do submundo do crime no Japão, são tão poderosos que atuam com impunidade e se deram o luxo de publicar sua própria revista, onde o Kumicho, ou seja o padrinho supremo, decide sua linha editorial. Uma loucura difícil de acreditar, mais esta é a realidade.
Este é o grupo criminal mais poderoso do Japão e um poderoso contendente entre as máfias mais poderosas do planeta.

3) O Cartel de Medellín

Pablo-Esccobar-cartel de medelin
Anos de fundação: 1976 – Capo: Pablo Escobar Gaviria – Ganho: 30 Bilhões de dólares
O cartel de Medellin não existe mais. Embora, ganha esta posição em nossa lista, porque não só foi percursor nos negócios das drogas, mas também serviu de inspiração para muitas outras organizações criminosa moderna.
Pioneira no trafico de cocaína tal como o se conhece hoje, durante 17 anos de reinado, teve como seu capo um dos gangster mais ricos de todos os tempos. “El Magico” Pablo Emilio Escobar Gaviria.
Com base na cidade de Medellín, operava nos anos 70 e 80 na Colômbia, na Bolívia, no Peru, na América Central, Estados Unidos, Canada e na Europa.
O Cartel de Medellín foi fundado e dirigido pelos irmãos Ochoa Vázquez, Jorge Luis, Juan David, e Fabio, juntamente com Pablo Escobar. O Cartel era responsável pela maior parte das exportações de drogas no México, Porto Rico e na Republica Dominicana. Outras figuras notáveis envolvidas ou conectadas ao cartel incluem a família Ochoa, Carlos Lehder e George Jung.

2) A Bratva – Máfia Russa

Bratva-Mafia Russa
Anos de fundação: 1700 – Capo: Semion Mogilevic – Ganho: 70 Bilhão de dólares
Solncevskaja Bratva o Fratellanza Solncevskaja, é uma potente organização criminal Russa com origem em Mosca.
A Máfia Russa sobreviveu a policia mais opressiva e autoritária do mundo. Está entre as organizações criminosas mais perigosas do planeta.
Embora seja considerada uma das organizações mais poderosas entre os grupos criminosos da máfia Russa, é difícil estabelecer uma ordem na qual estabelecer quanto ela seja forte e influente, uma vez que alguns criminosos declaram-se serem membros pertencentes a “Solncevskaja“, para assustar e serem respeitado.
Em 2000, estimava-se cerca de 5000 membros/capos, que operavam em 32 países, incluindo os países da Europa, América do Norte, Israel e África do Sul.
Pioneira do crime cibernético, seus principais negócios são o tráfico de droga, de armas, prostituição, tráfico humano e assassinato. A Bratva controla parte do produto interno bruto da Rússia.
Com 300.000 soldados e cerca de 2 milhões de afiliados em todo mundo, hoje a Máfia Russa gerencia uma economia tão vasta, que é como se fosse um pequeno e bem-sucedido pais invisível.

1) A ‘Ndrangheta – Mafia Calabresa

ndrangheta mafia calabresa
Ano de fundação: 1861 – Capo: Giuseppe Morabito – Ganho: 60 Bilhões de dólares
Quando falamos do crime organizado na Itália, nos enfrentamos um grande paradoxo. Há 3 grandes máfias neste pais, duas delas são a Camorra e a Cosa Nostra, esta última a máfia siciliana é também a mais famosa, graças as inumeráveis películas sobre ela.
Mais isto não quer dizer nada, porque pouca gente sabe que a máfia mais poderosa da Itália e do mundo é a poderosa “Ndrangeheta, o seja, a Mafia Calabresa.
Tanto a Camorra quanto a Cosa Nostra aprenderam a não se meter contra a ‘Ndrangheta!
Com um volume de negócios de 60 bilhões de euro por ano, e controlando o 80% do mercado das drogas na Europa, a ‘Ndrangheta é apontada para muitos criminólogos como a Máfias numero 1. Seus negócios vão do tráfico de droga, até a extorsão, passando pelo tráfico de armas, prostituição e lucro derivado de contratos públicos.
Com uma força de mais de 50.000 soldados, 380 famílias em sete áreas continentais, a máfia calabresa tem ramo na Argentina, Austrália, Bélgica, Canada, Colômbia, Alemanha, México e Estados Unidos. É uma máfia que se expande por toda parte.


www.estilogangster.com.br
15
Nov17

TOP - OS 10 GANGS CRIMINOSOS MOTARDS MAIS PERIGOSOS

António Garrochinho



O que diferencia um clube de motos ou empresa de um grupo de foras da lei fatais? Segundo o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, as Gangues de Motociclistas Fora da Lei ou, na sigla em Inglês, OMG (para Outlaw Motorcycle Gangs) “…são organizações cujos membros utilizam seus clubes de motocicletas como ‘conduítes’, canais para empreendimentos criminosos. As OMGs são organizações criminosas altamente estruturadas cujos membros são engajados em atividades criminais tais como crimes violentos, tráfico de armas e de drogas.”
Após pesquisar extensivamente a mais notável e perigosa destas OMGs, a gente se pega gritando “Oh my God !!” um pouco mais do que o usual. Assim como franquias de sucesso como Os Sopranos – que pareciam romantizar e humanizar um pouco líderes e membros de máfia – o mesmo ocorreu nas Outlaw Motorcycle Gangs. A série “hit” da FX, Sons of Anarchy, revolucionou linhas históricas em torno de membros e famílias de uma gangue de motociclistas. Apesar de os componentes básicos de SOA não serem nada estranhos como: assassinatos, drogas e outros crimes que tornam membros de gangues motociclistas “foras da lei”, os anti-heróis da série, juntamente com as esposas, namoradas e outros membros da família que eram regulares em cada episódio fizeram da ideia de gangues algo um tanto convincente e simpático. Ao invés de recuarem com medo ao assistirem esses gângsteres pularem sobre seus “porcos” em SOA, as audiências da série sentiram simpatia e conexão com todos os personagens, que são tão devidamente interpretados pelos atores sensacionais que compõem o elenco.
Isso é tudo muito bom dentro dos limites do entretenimento, mas precisamos lembrar dessa palavrinha-chave: entretenimento. A realidade das Gangues de Motociclistas Fora da lei é uma escuridão que não abre espaço para a simpatia, exceto para um banco de dados repleto de vítimas que foram mortas por líderes e membros de gangues – e aos jovens ingênuos que são investigados e recrutados nestas gangues, apenas para acabarem ficando entrincheirados em uma vida de violência, crime (quando não são mortos primeiro ano) ou em sentenças de prisão perpétua.
A história dos bandos de motociclistas remonta lá na década de 1930; e vários capítulos, dos mais notórios e perigosos ainda são itens regulares nas manchetes – ao passo que membros e líderes continuam a perpetuar heranças das gangues criminais, como violência e drogas. Abaixo estão as dez gangues de motocicletas mais perigosas que já existiram. A maioria destas são listadas como OMGs pelo departamento de justiça dos EUA (salvo os Warlocks). No entanto, sua ausência no Departamento de Justiça dos EUA não exclui o perigo que essa gangue representa para a sociedade. A frequente aparição de membros de gangues em manchetes de homicídio e drogas é uma evidência de quanto esse grupo continua a lograr êxito e a disseminar uma linhagem envolvida em atividades criminosas.
Com efeito, vamos desenvolver algo sobre este fato agora – de que forma Os Warlocks ficam com o 10º lócus da nossa lista.

10) The Warlocks

The Warlocks - Gangues de Motociclistas
O clube de motocicletas dos Warlocks foi fundado em 1967 e segue como uma das mais temidas e proeminentes gangues de motocicletas da América. Exclusiva para homens brancos, a gangue tem uma reputação de extrema violência e brutalidade. Também são conhecidos pela perpetuação da cultura das drogas na América, com vários membros tendo sido flagrados transportando coisas como metanfetamina comum e cristalina.
O grupo continua a fazer manchetes, hoje. No que foi uma surpresa para muitos, o ex-membro Warlock, Paul Smith, recebeu recentemente um veredito de “não culpado” para um tiroteio de 2012, porém continuou tendo sessões em tribunal marcadas porvir por acusações de porte/uso de drogas. Isso sem contar que vários outros membros também fazem  parte de manchetes por estares envolvidos em incidentes relacionados ao tráfico de drogas, homicídios culposos e assassinatos ou tentativas de assassinato.

9) The Highwaymen

Highwaymen - Gangues de Motociclistas
Os Highwaymen são um grupo baseado em Detroit, Michigan, com aproximadamente 200 membros e estabelecido em 1954. Sua insígnia figura um esqueleto vestindo uma jaqueta de couro, boné de motociclista e com asas – o que não é de todo aterrorizante e sim, essa última declaração está respingando de sarcasmo.
O grupo, com pessoas mais velhas, experimentou sua maior notoriedade em 2007, quando uma “…incursão resultou na prisão de quarenta caras da Highway sob acusações tão diversas como fraude hipotecária, tráfico de cocaína e assassinato de aluguel.”
Os Highwaymen, no entanto, não permaneceram tão proeminentes nas manchetes como outras gangues de motocicletas ainda ativas hoje. Talvez seja porque, com tantos anos tendo notoriedade, prisões e liderança envelhecendo a gangue tenha sido levada a superar a sua proverbial data de validade.

8) The Bandidos

Bandidos-Gangues de Motociclistas
Os Bandidos estão concentrados principalmente no Texas, mas têm uma influência generalizada para com mais de 2.000 membros e uma presença que tem sido sentida em 16 estados e 14 países. Fundado em 1966 , o cartazinho da gangue mostra um desenho de alguém vestindo um sombrero (eles contrabandeiam drogas através da fronteira EUA–México como se fosse a ocupação da gangue… bem, aparentemente é, mesmo…) e segurando tanto uma pistola como um facão, porque claramente uma arma nunca é o suficiente.
Estarrecedor…
Ainda em março de 2015, a polícia prendeu dois membros desta gangue vitriólica por um ataque a bordel. De acordo com a ABC Austrália, “[Os membros] Blair John Kelly e Daniel William Rugg entraram em um bordel na rua Hunter, na manhã de domingo e, alegadamente, agrediram ao proprietário (do sexo masculino de 61 anos) e o ameaçaram com uma faca. O nariz do dono estava quebrado, e ele foi levado a um hospital.
Em janeiro de 2015, oito membros (oito!) foram acusados de traficarem drogas nos limites do metrô de Denver. Segundo Fox 31 Denver, “Os oficiais chegaram a capturar um quilo de metanfetamina que, nas ruas, vale US$ 40.000,00 – segundo um parecer do escritório do Procurador Geral.”
O relatório nomeava Philip Duran como um dos líderes dos Bandidos e atuante especializado na aliança do tráfico de drogas. Ele permanecia em liberdade no momento do relatório da Fox 31, mas um relatório subsequente da ABC 7 forneceu uma atualização em 28 de janeiro subsequente de que Duran havia sido de fato preso.
Se Breaking Bad não lhe ensinou a lição sobre os perigos e prejuízos da metanfetamina cristalina, esperançosamente, este texto adiciona um conto preventivo. Linha de rodapé: não usem drogas, crianças! Ah, e não as vendam, também.

7) O Clube de Motocicletas The Pagan ou The Pagans

Pagans - Gangues de Motociclistas
The Pagan’s Motorcycle Club iniciou como um clube não-violento quando foi fundado, por Lou Dobbin, em 1959. Apenas quando John Marron, vulgo “Satã,” assumiu, na década de 1970, que o grupo de Motociclistas caiu nas mesmas fileiras que outros violentos com uma tendência para o tráfico de drogas e outras formas de crime organizado.
Segundo a Complex(.com), “O FBI vê Pagan como uma organização incrivelmente perigosa, em grande parte devido às suas ligações com gangues como a Irmandade Ariana e com a Máfia italiana. Os membros do Pagan estão regularmente ligados a incêndios criminosos, bombas e assassinatos, e um dos hobbies favoritos da gangue é a estocagem de metralhadoras.”
Em se tratando das manchetes recentes, um relatório de janeiro de 2015 da TribLive salientou que um dos ex-líderes do grupo, Dennis Katona vulgo “Galo”, tem buscado ter uma condenação revogada em que “a polícia investigou sua casa e, lá, encontrou cocaína e metanfetamina; tudo avaliado em cerca de US$ 20.000,00…” Katona alega que a busca em sua casa foi “ilegal”. Ele cumpre pena de 80 meses de prisão pelas acusações.

6) The Black Pistons

Black Pistons - Gangues de Motociclistas
Os Black Pistons são na verdade uma “gangue de suporte”, o que significa que eles trabalham para apoiar gangues mais notórias, como a Outlaws (que será apresentado adiante). De acordo com Complex, os “Black Pistons traficam drogas e aniquilam inimigos a favor dos Outlaws”.
Os Black Pistons têm um alcance amplo,tendo membros ativos em todo os Estados Unidos. A impiedade e violência dos membros dos Black Pistons ficou evidente com um ataque por parte deles a Kristopher Stone, em novembro de 2014. O ataque foi captado por imagens de câmeras de vigilância de um restaurante de Jacksonville, na Flórida, e resultou no “homicídio justificável” de um Membro por Stone – que foi atacado sem qualquer provocação e recebeu vários disparos de balas, após temer por sua própria vida.
A história completa sobre a decisão jurídica acerca do incidente (e subsequente “homicídio justificável”) pode ser encontrada neste link, em Inglês. De acordo com o relatório, Stone era um filiado ou cliente de um outro clube de motocicletas, conhecido como a Ordem de Ferro. Ao defender-se, Stone atirou e matou o membro dos Black Pistons Zachary  Tipton (vulgo Nas T),  que foi abandonado por outros membros dos Pistons.
“[Stone] estava temendo por sua vida. Ele até disse às autoridades que pensou que tinha esvaziado ou atirado usando todo o seu tambor porque ele estava atemorizado por sua vida,” disse a procuradora estadual Angela Corey. “Acho que o verdadeiro caráter dos [membros dos Black Pistons] veio à superfície, neste incidente, quando deixaram seu amigo lá para morrer”.

 5) The Vagos Motorcycle Club

Vagos - Gangues de Motociclistas
De todas as gangues de motociclistas nesta lista até agora, a Vagos Motorcyle Club tem o website mais extenso. Não estou inteiramente convencido de por que alguém iria querer um site público na rede estando envolvido com o mundo do crime organizado – mas cada um com seu cada um, e certamente não vai ser eu que vou expor qualquer um quando sei que têm uma litania de crime violento e condenações de assassinato dentro de seu Desktop card Rolodex.
De qualquer forma, ao entrar no site deste clube, você verá uma imagem animada de um desenho exposto numa representação diabólica do Deus nórdico Loki, que também pode ser visto andando de moto nos solos verdes e vermelhos da quadrilha. Há uma amostra de slides com imagens de membros e líderes de décadas passadas (que parecem inócuos o suficiente) e, em seguida, uma história do grupo. De acordo com o site oficial, “No início dos anos sessenta, treze amigos começaram um clube de moto no Sul da Califórnia. Durante anos, muitos passaram versões da histórias às redondezas, mas esta é a história real de como o Vagos Motorcycle Club foi originado de um dos últimos dos 13 primeiros membros e fundadores. Esta é a história dele sobre o nascimento do nosso clube. É importante passar esta história do nosso clube para todos os nossos irmãos, para manter sua história viva.”
A história passa a narrar que as ramificações mexicanas da quadrilha foram iniciadas “por acidente”, mas não parece haver tristeza alguma expressa sobre a existência e notoriedade contínua da gangue. Além disso, não há qualquer menção de rivalidades ou o fato de que os membros dessas gangues são acusados de cometer crimes e ir para a cadeia com frequência, embora, convenhamos: não é a coisa mais apetitosa a se escrever sobre sua organização na world wide web.
De acordo com Complex, a gangue tem uma longa história de “operações de contrabando de drogas com seus ramos mexicanos”, tendo sido acusada de “burlar carros de polícia” com armadilhas, bem como tendo um histórico notável e violento para com a gangue rival, Hell’s Angel.

4) Sons of Silence

Sons of Silence - Gangues de Motociclistas
O Sons of Silence Motorcycle Club foi fundado em 1966 e tem base principal em Colorado. Com apenas 300 membros, são uma rede menor de motociclistas, mas não deixe a escassez numérica lhe enganar –são uma das gangues de moto mais mortíferas e tenazes existentes.
Devido a uma litania de guerras territoriais, os Filhos do Silêncio construíram um arsenal pesado de armas mortais como metralhadoras, granadas e bombas tubuladas. Este arsenal foi descoberto em 1999, quando o grupo foi invadido, resultando na prisão de 37 membros por tráfico de drogas e acusações de porte de armas ilegais.
Mais recentemente, três agrupamentos ocultos da quadrilha vieram à tona. De acordo com um relatório do Denver Post, “Mais de 250 agentes policiais” desmantelaram “três ‘ramos’ locais da gangue de motociclistas Sons of Silence [em outubro de 2014], prendendo 39 membros e apreendendo dezenas de armas… Começando logo após a quinta-feira à noite, equipes da SWAT, formadas por agentes federais e locais, se espalharam por entre 25 localidades de Colorado Springs, Commerce City e Fort Collins… Dois agentes federais se infiltraram no bando de motociclistas e ficaram dois anos documentando transações ilegais de drogas e armas que culminaram com as invasões federais. Agentes apreenderam 48 armas, incluindo 24 metralhadoras totalmente automáticas, quatro granadas de mão, quatro bombas tubuladas e granadas artesanais; US$ 25.000,00 em espécie, 4kg e meio de metanfetamina, um silenciador, oito motocicletas Harley-Davidson e as duas boates de shows pertencentes à gangue – em 941 S. Conejos St. em Colorado Springs e também em 8241 Brighton Road, Commerce City.”
Em um quadrinho de mensagens, alguém, alegando estar anteriormente envolvido com a Sons of Silence, falou dos perigos de se associar com a gangue, escrevendo: “Sou costumado a andar de moto e ia a ralis onde esses caras da Sons of Silence também estavam, e o que aprendi: Não sacaneiem esses caras. Os caras te jogam num rio qualquer, sem sequer pensar duas vezes. Não tenho visto nenhum deles no sudeste Missouri já há algum tempo, mas, estes caras não brincam em serviço.”

3) The Mongols

Mongols - Gangues de Motociclistas
Assim como os Vagos, os Mongols têm uma longa rivalidade com a Hell’s Angel, gangue está que já já detalharemos mais sobre. À modo de visão geral, Complex observa que a rivalidade fora originalmente resultado de uma maioria dos membros ser hispânica ou nativo-americana, e que, “O clube foi fundado após um número de motociclistas latinos ter tido sua entrada na Hell’s Angels recusada, devido à sua raça.”
Em seu site oficial, os Mongols não são tímidos com relação a mostrar exatamente quem são e até mesmo intimar algumas de suas várias frentes de oposição com a lei e tentativa de desmantelamento da gangue (por parte de policiais) nesta anedota:
“Irmandade e Motociclismo por mais de 40 anos. Nós somos o MONGOLS MC, os Melhores dos Melhores! Os mais ruins do 1% de Clubes de Motocicletas conhecidos mundialmente. The Mongols M.C. gostaria de agradecer por visitar nosso site oficial. Agradecemos todo o amor e apoio. O Clube tem tomado alguns golpes bem fortes, recentemente, e tem perseverado através destes tempos difíceis. Estamos de volta MAIORES, MELHORES, e MAIS FORTES.
QUANDO FAZEMOS O QUE É CERTO NINGUÉM LEMBRA, QUANDO FAZEMOS ALGO RUIM NINGUÉM ESQUECE … Viva Mongol, Morra Mongol!”
Ok, então…
Eles também têm uma seção no site chamada “Brothers Behind Bars” (Ou Irmãos Atrás das Grades), em que pedem apoio dos membros que admitiram a culpa dos crimes de que foram acusados, e também para aqueles que os administradores do site alegam “…não serem culpados, mas estarem condenados pelo brasão que eles usam na roupa.”

2) Clube de Motocicletas The Outlaws

Outlow-Gangues-de-Motociclistas
O Clube de Motocicletas Outlaws foi estabelecido em 1936, o que faz dele o mais antigo clube de moto ainda em existência atualmente. Eles são ativos em todo os Estados Unidos e outros países, incluindo Austrália, Ásia, Europa e América do Norte e do Sul. Seu site oficial detalha a história completa do clube no que diz respeito ao desenvolvimento de suas ramificações, mas, é claro, parece ignorar o fato de que os fora-da-lei têm estado fortemente envolvidos no tráfico de drogas, guerras territoriais entre outras gangues (particularmente, Hell’s Angels) e a perda de incontáveis vidas através do assassinato.
Uma das queixas mais recentes envolvendo membros do clube, é concernente à exigência de fevereiro de 2015 para que fossem retornados os crachás e coletes que haviam sido confiscados em uma briga de bar, em Illinois, que remonta a 2012. De acordo com o Chicago Tribune, “… um advogado do Outlaws Motorcycle Club gostaria que os tribunais devolvessem os coletes de couro e crachás do clube que foram confiscados dos supostos agressores, durante a investigação. Os promotores dizem que os distintivos não devem ser devolvidos porque são emblemas de uma gangue notória – tradicionalmente considerada rival principal da Hell’s Angel – cujos membros estiveram envolvidos em outras atividades criminosas. Autoridades do condado de McHenry chamaram um especialista em crimes de quadrilha para o palanque, na sexta-feira, que disse que o ataque no Lizard Lounge na parte externa do Lago Wonder (o qual foi capturado em parte em vídeo e mostrado em tribunal) tinha a intenção de mostrar o domínio do grupo sobre o bar.”
O relatório seguiu salientando que o advogado dos membros do clube Outlaws argumentou que o clube de motocicletas não era “uma gangue,” mas, sim, “…um clube de organização cívica.”
Dito isso, não houve nada de civil sobre o terror infligido aos donos do bar, onde os oficiais foram chamados e, mais tarde, confiscaram peças de vestuário do Outlaws. De acordo com o relatório, “Cerca de meia dúzia de pessoas que estava no bar naquela noite testemunhou… que todo mundo estava se divertindo, cantando karaokê e dançando até que vários homens trajando coletes de couro com emblemas entraram e, disse um homem, o humor mudou ‘drasticamente’. Testemunhas disseram que os caras atacaram quatro pessoas, sem sequer provocação. Dois homens testificaram que acabaram no chão, sendo socados e chutados pelos motociclistas. Um deles disse que foi atacado quando tentou intervir – após os motociclistas terem cercado sua irmã. A irmã testemunhou que uma mulher que usava um colete de couro cuspiu cerveja no rosto e lançou-a ao ar, pelo bar. Outra mulher assumiu a tribuna para dizer que os motociclistas levaram seu namorado para trás do bar e o espancaram severamente.”
Sim, isso soa muito familiar ao comportamento de gangues, em geral.

1) Hells Angels

Hells Angels - Gangues de Motociclistas
Hells Angels são uma gangue de motocicletas que tem estado na ativa por mais tempo do que a maioria, e é considerada por muitos como a mais notória existente. De acordo com seu website, a organização foi fundada em 17 de março de 1948, “…na região de Fontana/San Bernardino, nos Estados Unidos da América.” Hoje, a Hells Angels é proeminentes na área da Califórnia, assim como na do Canadá e, de acordo com Complex, “…na última contagem, o MC tinha 2.500 membros em seis continentes.
Hells Angels são um grupo vicioso e violento que tem sido nomeado como sindicato do crime organizado (juntamente com outras gangues mencionadas nesta lista) pelo Departamento de Justiça dos EUA. Além do contrabando e do tráfico de drogas, os Hells Angels são conhecidos por repetidas rixas com gangues rivais e até têm sido objeto de lutas internas entre si e entre vários postos de controle diversos.
Essa gangue continua sendo objeto proeminente das manchetes do crime. Em um recente relatório do Courier Mail, esforços recentes de membros do Hells Angels em recuperar territórios na Costa Dourada foram anulados por policiais.
De acordo com o relatório, “Oficiais da Força Tarefa Maxima realizaram uma incursão numa propriedade de Harley Drive, Burleigh, recentemente, encontrando lá dentro uma elaborada instalação de clube de shows, e quantidades de gelo e ecstasy com valor de rua avaliado em cerca de US$ 15.000,00. Em outro mandado de busca realizado em Great Hall Drive, Mermaid Beach, a polícia apreendeu esteroides. A polícia alega que o endereço de Burleigh foi o clube de uma ramificação da Costa Dourada dos Hells Angels, disfarçada de negócio.”

Conclusão

Não se deve ter preconceito com motociclistas – muitas grupos são só grupos. Grupos estes que têm como grande prazer nessa vida estarem à roda de um pub ou bar, com suas “motocas” frenéticas, já se preparando para viajar pelos estados, comparar motos e fazer novas amizades ou relacionamentos. Porém se estiver num lugar desses e vir um desses dez emblemas nos distintivos dos caras, é bom manter distância 



www.estilogangster.com.br
15
Nov17

A LEI SECA NA AMÉRICA DO NORTE. O CONTRABANDO DO ALCÓOL ATÉ AOS DIAS DE HOJE

António Garrochinho

Bootleggers: O Contrabando na América do Norte

Contrabandistas – os famosos bootleggers. Entre janeiro de 1920 e abril de 1933, a Lei Nacional de Proibição, também conhecida como Lei de Volstead, entrou em vigor na América. Proibia a manufatura ou venda de quaisquer bebidas com conteúdo alcoólico maior que 0.5%. Isso não casou bem com o público e sua opinião, em geral. Contrabandistas canadenses, traficantes de rum e, eventualmente, mafiosos ganhavam renda dessa droga. As vendas ilegais de bebidas alcoólicas era negócio grande. As pessoas eram sedentas. Contrabandistas e traficantes de rum estavam na parada pra satisfazer essas necessidades.

Como tudo começou

A Proibição tinha estado nas mentes daqueles envolvidos no movimento de temperança (autocontrole ou abstinência total de bebidas alcoólicas). Bem antigamente, em aproximadamente 1700, houveram esforços organizados para controlar o consumo de álcool nos Estados Unidos. De primeira, a maior parte dos grupos de temperança advogava a favor da moderação ao invés da abstinência de beber bebidas alcoólicas. Iniciando em 1825, Protestantes evangélicos avançaram com a cruzada de temperança, defendendo que a abstinência era o único caminho para deter a embriaguez. Muitas mulheres se envolveram no movimento e participaram fundamentalmente na promulgação da Proibição de 1920. Foi assim porque eram vítimas frequentes de abuso advindo do álcool, o qual seus maridos ingeriam e eram estimulados à violência doméstica.
A Proibição na década de 1920 começou com uma medida de reforma da qual os Progressivos foram os pioneiros. Tanto o Partido Democrata como o Partido Republicano alegavam possuir uma porção considerável de Progressivos, naquela época. Aquilo que buscavam era soluções governamentais para problemas sociais. A meta principal da Proibição de 1929 foi controlar os hábitos de embriaguez de trabalhadores. A comunidade de negócios, claro, anuiu. Eles queriam homens sóbrios hard working, para incrementar na produção.
A coisa toda acabou por ser um falhanço. A ação legal da déc. de 1920 sobre a Proibição era um pesadelo.Elementos criminosos viram lucros enormes no contrabando. A força ativa policial, em geral, era vista de modo desfavorável por um bom punhado da população, sem contar que acreditava-se que as organizações do crime organizado tinham muitos policiais em suas folhas de pagamento.

A Linguagem

contrabando 1920
BOOTLEGGING – Bootlegging (ou contrabando) era considerado o transporte e distribuição ilegais de licor, comumente advindo do Canadá ou de outros países estrangeiros. O termo vem da prática de esconder frascos de licor ilícitos em botas sob pernas de calça. O contrabando se tornou uma indústria lucrativa na América, particularmente para os sindicatos do crime organizado.
RUM RUNNERS [os traficantes de rum] – Um rum runner era um contrabandista [bootlegger], porém o termo se refere, mais especificamente, ao barco ou indivíduo engajado em levar o licor proibido através da fronteira ou da praia para a terra firme. Os traficantes de rum eram grandes marinheiros e difíceis de se pegar. Quando a guarda costeira se aproximava bem, os traficantes simplesmente se encaminhavam por outras rotas. Eles geralmente conseguiam ficar um passo à frente da lei.
MOONSHINE – Moonshine é licor destilado feito numa destilaria não licenciada. O nome foi dado devido a contrabandistas e destiladores Apalaches de outrora, os quais produziam secretamente e distribuíam uísque à luz do luar. Também chamado de licor alcoólico [hooch], orvalho montês ou relâmpago branco, o moonshine foi grande negócio, durante a Proibição. Agentes que encontravam e destruíam destilarias durante a década de 1920 eram chamados de “revenuers” [“recém-chegados”], já que, inicialmente, faziam parte do IRS – Serviço Interno de Recém-Chegados [sigla em Inglês].
SPEAKEASIES – Speakeasies [algo como “fala-mansas”] eram estabelecimentos ilegais que serviam cervejas, vinhos e álcool durante a Proibição. Para que um freguês sedento entrasse em um, uma palavra-passe secreta, um aperto de mão especial ou uma certa batida na porta era exigido. Dentro dos fala-mansas uma nova cultura brotou. Mulheres deixavam seus espartilhos caírem, fumavam cigarros e bebiam. Aqui, também, a “era do jazz” aflorou. Era a era de Louis Armstrong, Ethel Waters, Duke Ellington e Hoagy Carmichael. A força tarefa de lei federal tinha trabalho em tempo integral na busca e fechamento de fala-mansas, mas nunca conseguiram lhes abolir.

A Política

Era chamada de “Experimentação Nobre”. Consistia numa tentativa do governo em fazer as pessoas pararem de beber. O experimento não funcionou e apenas propeliu o crime organizado na riqueza, fornecendo ao público sedento licor forte ilegal. Tudo isso começou quando, sob pressão vinda de grupos de temperança e organizações religiosas, o Senado dos Estados Unidos propôs a Emenda 18ª. Isso se deu em 18 de dezembro de 1917. Foi ratificada em 16 de janeiro de 1919 e entrou em vigor em 16 de janeiro de 1920. A Lei Nacional de Proibição, conhecida como a Lei Volstead, passou pelo Congresso em 28 de outubro de 1919. O presidente Woodrow Wilson a vetou, mas passou assim mesmo. O governo dificilmente conseguiu a cumprir. Por volta de 1925, havia mais de 50.000 speakeasies só em New York City. Em 5 de dezembro de 1933, sob a tutela do presidente Franklin Roosevelt, a Emenda 18ª foi revogada.

Contrabandistas famosos

Al Capone em julgamento por evasão fiscal e violar a Lei Volstead de 1931
Al Capone em julgamento por evasão fiscal e violação da Lei Volstead em 1931
WILLIAM MCCOY – William McCoy foi o traficante de rum mais famoso da Proibição. Um abstêmio de álcool por completo, o Capitão McCoy era orgulhoso do fato de que nunca pagara um centavo para políticos, para o crime organizado ou para a polícia, por proteção. McCoy era um talentoso capitão marujo que tinha fama de ser “o infrator honesto”. Era conhecido por vender apenas álcool limpo e sem desvio. O capitão McCoy foi capturado em 23 de novembro de 1923 pela Guarda Costeira dos Estados Unidos.
JOE KENNEDY – Embora jamais tenha sido provado que Joe Kennedy fez algum ato ilegal, ele foi uma vez tido por “Contrabandista Batista”. Homem de negócios e pai do presidente dos EUA John F. Kennedy, Jeseph Kennedy fez muito dinheiro durante a Proibição. Era cliente de Rocco Perri, que, junto de sua esposa, administrava boa parte da atividade de contrabando a partir do Canadá. No dia em que a Proibição terminou, Kennedy vendeu todo seu estoque legalmente e fez milhões de dólares de lucro.
AL CAPONE – Al Capone foi o mais notável dos contrabandistas. Prosperou com vendas de álcool contrabandeado, bem como com prostituição, desvios de dinheiro, apostas ilegais e outras atividades ilegais. Como mafioso de Chicago, Capone construiu um império de contrabando. Ele se especializou e uísque escocês advindo do Canadá e simplesmente comprava qualquer um que se metesse em seu caminho.
JAY GATSBY – Jay Gatsby é um personagem fictício em O Grande Gatsby de F. Scott Fitzgerald, porém ele representa o estilo de vida alcançado por contrabandistas proeminentes durante a Proibição. Nenhum dos outros personagens no romance questiona seu passado sombrio, mas absorvem a sociedade decadente, aonde riqueza e status imperam. A vida de Jay Gatsby é uma alegoria de um tempo superficial, no qual a pessoa pode ficar rica de forma bem rápida mesmo – contrabandeando bebida alcoólica.

The Bootlegger’s Lament (O Lamento do Contrabandista)

I was going down the river to my little cabin home
The revenue man was waiting there for me
I was coming up the hill when they caught me with the still.
Now I’ll see you when the roses bloom again.
They took me to the courthouse. The old judge was there.
He didn’t show me any sympathy
Said “you were feeling very frisky when they caught you with the whiskey”,
Now I’ll see you when the roses bloom again.
They took me to the jailhouse to serve my ninety days
And now I’m on the county rolls to stay.
I was feeling very fine when they caught me with my wine.
Now I’ll see you when the roses bloom again.
When the roses bloom again beside the river,
And the revenue men all have gone to rest,
Then I know I’ll soon have wine, so be patient, pal of mine,
And I’ll see you when the roses bloom again.
When the roses bloom again beside the river,
And the robin redbreast sings his melody,
Then my heart will fill with cheer for I know I’ll soon have beer,
And I’ll see you when the roses bloom again.
(Tradução livre):
Estava indo rio abaixo para minha casinha de barco
O cara “recém-chegado” estava esperando por mim lá
Eu estava subindo a colina quando eles me pegaram com os destilados
Agora só vou te ver quando as rosas florescerem novamente.
Eles me levaram para o tribunal. O velho juiz estava lá.
Ele não me mostrou simpatia alguma
Disse “você estava bastante serelepe quando eles pegaram você com o uísque”,
Agora só vou te ver quando as rosas florescerem novamente.
Eles me levaram para a prisão para cumprir os meus noventões
E agora estou contando meus dias de vez.
Eu estava me sentindo muito bem quando eles me pegaram com meu vinho.
Agora só vou te ver quando as rosas florescerem novamente.
Quando as rosas florescem novamente ao lado do rio,
E todos os homens “recém-chegados” forem descansar,
Então eu sei que logo terei vinho, então seja paciente, meu chapa,
E eu te verei quando as rosas florescerem novamente.
Quando as rosas florescem novamente ao lado do rio,
E o pisco de peito vermelho cantar sua melodia,
Então meu coração se encherá de alegria porque eu sei que em breve terei cerveja,
E eu te verei quando as rosas florescerem novamente.

O contrabando de álcool hoje

Por várias razões (incluindo a evasão de impostos e preços mínimos para compra), o contrabando de álcool ainda é uma preocupação de nível mundial.
Nos Estados Unidos, o contrabando de álcool não terminou com a revogação da Proibição. Nos Estados Unidos Apalaches, por exemplo, embora a demanda por licor moonshine fosse deveras alta por um bom tempo, na década de 1920, uma era de contrabando desenfreado em áreas secas continuou nos anos ’70. Embora os contrabandistas bem conhecidos da ordem do dia não pudessem estar mais com negócios ativos, o contrabando ainda existe, mesmo que numa escala menor. O estado de Virgínia tem relatado que perde cerca de até 20 U$D milhões devido ao contrabando ilegal de uísque.
O Governo do Reino Unido falha em coletar uma soma estimada em 900£ milhões em impostos devido a atividades de contrabando de álcool. Absinto era contrabandeado nos Estados Unidos até que foi legalizado em 2007. O rum cubano é também, às vezes, contrabandeado para os Estados Unidos, contornando o embargo existente desde 1960.

www.estilogangster.com.br
15
Nov17

GANGSTERS RICOS E FAMOSOS

António Garrochinho


Estes Senhores eram donos de mansões, iates, jóias, carros de luxo, e até mesmo ilhas. Eles tinham roupas de grife, mulheres bonitas e um suprimento infinito de entretenimento. Porém, com o tipo de trabalho, eles tiveram que ser extremamente cuidadosos; guarda-costas, veículos blindados, identidades alternativas, também fazem parte do estilo de vida gangster.

5 – Frank Lucas: $52 Milhões

Frank Lucas
Frank Lucas nasceu em 1930, em La Grange na Carolina do Norte, mas em 1946 mudou-se para Harlem em Nova York. Lucas criou o seu plano criminoso depois de ver o potencial do negócio de heroína, que cresceu muito principalmente durante os anos da guerra do Vietnã. Depois de ter viajado para o sudeste asiático e criado os contatos e ligações ali, ele foi capaz de introduzir  toneladas de heroína nos Estados Unidos.
Nos anos 70, Lucas assumiu o controle do tráfico de heroína em Nova York e Nova Jersey. Durante o auge, Frank Lucas estava fazendo cerca de um milhão de dólares por dia e seu patrimônio líquido foi estimado em 52 milhões de dólares, tornado-se o quinto na lista dos gangsters mais bem sucedidos. Em 2007, sua vida foi retratada no filme American Gangster, estrelado por Denzel Washington .

4 – Joseph Kennedy: $300 Milhões

Joseph Kennedy
Joseph Kennedy nasceu no dia 6 de Setembro de 1888, em Boston, Massachusetts. Joseph fez o seu primeiro milhão antes dos 30 anos de idade. Já presente nos negócios de licor legalmente, Kennedy teve que tomar medidas extremas quando, em  Janeiro de 1920 entrou em vigor a Lei Seca nos Estados Unidos.
A partir daquele momento contatou os mafiosos de Nova York e Chicago e tornou-se um contrabandista bem sucedido. Mesmo depois que o álcool foi legalizado novamente, Joseph Kennedy manteve esses laços com as principais famílias mafiosas da época.  De acordo com a revista Fortune, em seu auge, Kennedy tinha um patrimônio líquido de mais de US $ 300 milhões
Como pai de um Presidente dos Estados Unidos, um advogado de distrito e um senador, você pode levantar uma sobrancelha ao vê-lo em nossa lista, mas por causa das suas associações com os mafiosos Frank Costello e Sam Giancana, ele ocupa o quarto lugar na lista.

3 – Meyer Lansky: $600 Milhões

Meyer Lansky
Meyer Lansky, originalmente Maier Suchowljansky, nasceu no dia 04 de julho de 1902.  Lansky foi um dos gangsters mais conhecidos de seu tempo. Judeu nascido na Rússia, ele imigrou para os EUA com seus pais em 1911 e passou a morar na Lower East Side de Nova York. Meyer Lansky se juntou a Lucky Luciano entre os anos de 1932 e 1934, formando o sindicato do crime organizado e se tornou um dos banqueiros chefes da operação.
Seu sucesso continuou através de operações no mundo do jogo em Cuba, Flórida e Las Vegas, incluindo tráfico de droga, prostituição, pornografia, extorsão, lavagem de dinheiro, etc. Em seu auge, Forbes nomeou-o como uma das 400 pessoas mais ricas dos EUA com um patrimônio líquido de US $ 600 milhões, que faz dele o terceiro gangster bem mais sucedido da nossa lista.

2 – Al Capone: $1.3 Bilhões

al capone
Alphonse Capone nasceu em 17 de janeiro de 1899, no Brooklyn, em Nova York. Mesmo sendo uma pessoa muito inteligente, ele foi expulso da escola católica quando tinha 14 anos por insultar a professora. Ele conheceu o Gangster Johnny Torrio e foi seduzido pelo seu estilo de vida. Al se mudou para Chicago em 1909, onde em pouco tempo tornou-se o chefe da máfia de  Chicago, controlando grande parte da prostituição, do jogos de azar e do contrabando.
Al Capone fez a maior parte do dinheiro durante o período da proibição nos ano 20 e 30. O volume dos negócios chegava a $ 60 milhões mensais somente com tráfico de álcool ilegal. Sua fortuna teria sido avaliada aproximadamente em $ 1,3 bilhões, sendo assim o segundo da nossa lista.

1 – Pablo Escobar: $30 Bilhões

Pablo Escobar
Pablo Escobar “El Magico” era o maior entre os gangsters mais ricos de todo os tempos. Nasceu no dia 1º de Dezembro de 1949 em Antioquia, na Colômbia e foi ele que fundou o Cartel de Medellin, um dos mais fortes cartéis de drogas na história da Colômbia. Com a sua grande ambição, conseguiu o controle de mais de 80% do tráfico de cocaína mundial.
De acordo com as revistas Fortune e Forbes , ele entrou como número sete na sua lista das dez pessoas mais ricas do planeta.Sua fortuna foi estimada em mais de 30.000 bilhões dólares o que lhe valeu o primeiro lugar na nossa lista.


www.estilogangster.com.br
15
Nov17

25 fotos de Led Zeppelin, Stones, Bowie, Queen e outros flagrados como turistas no Japão

António Garrochinho



Famoso pelas calorosas recepções, pela juventude descolada e por um bom número de cidades grandes, somado a um profundo e constante interesse por música, o Japão é hoje uma parada fundamental para qualquer grande banda em uma turnê.
Mas nem sempre foi assim: algumas décadas atrás, o país era ainda uma misteriosa e intrigante ilha no oriente, que aos poucos, a partir da metade da década de 1960, demonstrou intenso interesse pela música ocidental – em especial pelo rock.
Foi quando os maiores artistas do gênero começaram a frequentar a terra do sol nascente – e sempre que um grande nome do rock passava pelo Japão, o fotógrafo japonês Koh Hasebe estava por lá, para registrar.















U2 em Tóquio – 1983 

Os pioneiros, ao menos entre os grandes nomes, foram provavelmente os Beatles, em 1966. A partir de então, porém, artistas de peso como Led Zeppelin, David Bowie, Queen, Kiss, Rolling Stones, Police e U2, entre tantos outros, se apresentaram no país ao longo das décadas de 1970 e 1980, fomentando o caminho que hoje tornou-se essencial para grandes bandas ocidentais – ser famoso no mundo inteiro é também ser famoso no Japão.


Steven Tyler, do Aerosmith, em Kyoto – 1977

Van Halen em Osaka – 1979


Talking Heads em Tóquio – 1981
A carreira de Koh Hasebe começou em 1965, quando ele ainda era fotógrafo de cinema, e foi chamado para registrar, em Londres, os Beatles. Depois de tal oportunidade, Hasebe se tornou um fotógrafo de rock – o maior do Japão. “Foi quando os artistas ocidentais começaram a visitar o Japão, e de alguma forma eu me tornei o cara escolhido para documentar essas turnês”, ele diz, hoje com 85 anos. Nomes como Mick Jagger, Robert Plant, Sting, Bono e Freddie Mercury, passaram a posar naturalmente para suas lentes, quando de passagem pelo Japão.



Carlos Santana em Kamakura – 1974


Carlos Santana em Dazaifu Tenmangu – 1973



Robert Plant, do Led Zeppelin, em Hiroshima – 1971
“O rock não era algo que as pessoas ‘decentes’ ouviam, mas para uma juventude anti-establishment, foi como um farol. Eu já era um pouco mais velho, então fui capaz de ver o rock com mais calma. Hoje podemos ver a forma gradual porém grandiosa com que o rock transformou a sociedade japonesa”, afirma Hasebe.



Ron Wood, Ian McLagan e Rod Stewart, do The Faces, em Tóquio – 1974



Queen e Misa Watanabe em Tóquio – 1981


Queen em Tóquio – 1976



Queen em Tóquio – 1975
Os principais personagens dessa transformação foram devidamente registrados por ele, como meros turistas, passeando pelo Japão – e o impacto de culturas tão diversas e ao mesmo tempo tão complementares, pode ser visto em cada uma de suas fotos.

Queen em Tóquio – 1975



The Police em Kurashiki – 1981



Led Zeppelin em Hiroshima – 1971


Led Zeppelin em Hiroshima – 1971


Kiss em Tóquio – 1977

Kiss em Tóquio – 1978


Kate Bush em Tóquio – 1978


John Fogerty, do Creedence Clearwater Revival, em Tóquio – 1972


John Lydon, do Sex Pistols e do PIL, em Tóquio – 1983



John Fogerty em Tóquio – 1972


David Bowie em Tóquio – 1973


Andy Summers, do The Police, em Tóquio – 1981



www.hypeness.com.br


15
Nov17

A GRANDE REVOADA DE GANSOS - VÍDEO

António Garrochinho
Uma grande revoada de gansos-da-neve (Anser caerulescens) foi registrada no lago Massawippi, em Quebec, Canadá, bem no momento quando as aves alçavam vôo quase ao mesmo tempo. O grande número de aves é bastante impressionante, assim como os sons que emitem, e a dinâmica do bando é fascinante. Estes gansos, no boreal, alimentam-se de grãos restantes dos campos agrícolas. Migram em grandes bandos, com frequência visitando habitats de escala tradicionais em quantidades espectaculares.


VÍDEO


15
Nov17

As bicicletas com som alto tomam as ruas de Palermo, na Itália

António Garrochinho
Há uma frase popular bem estendida na Internet que diz que "Meus vizinhos ouvem música boa, queiram ou não!" Evidentemente a frase deixa de ter graça quando você é o vizinho. Não há nada mais chato que um vizinho (ou um carro) com som alto tocando o tipo de canção que você não gosta em volume incômodo. Se você também pensa o mesmo talvez a cidade de Palermo, na Sicília italiana, não seja um bom local para visitar. Lá alguém, encontrou uma maneira de adaptar os sistemas de potência de áudio automotivos nas bikes e a disputa para ver quem faz mais barulho é grande.

As bicicletas de Palermo ganharam acessórios de áudio completos, com alto-falantes, subwoofers, amplificadores e até mesmo baterias de carros, permitindo-lhes tocar até 1250W de som enquanto cruzam as ruas da cidade.
As bicicletas com som alto tomam as ruas de Palermo, na Itália 01
 O tuning de bicicletas tornou-se uma tendência entre os ciclistas adolescentes de Palermo.
As bicicletas com som alto tomam as ruas de Palermo, na Itália 02
 Eles gastam entre 200 e 1.200 euros (800 e 50 mil reais) para que suas bikes se tornem poderosos sistemas de som em duas rodas.
As bicicletas com som alto tomam as ruas de Palermo, na Itália 03
 A configuração típica de uma bicicleta como esta consiste em um player adaptado no guidão, alto-falantes e tweeters no meio do quadro da bicicleta, e amplificadores, subwoofers e baterias na parte de trás.
As bicicletas com som alto tomam as ruas de Palermo, na Itália 04
 A maioria doas jovens faz toda a instalação, comprando os acessórios necessários e fazendo as caixas em fibra de vidro para os alto-falantes, até a instalação da fiação.
As bicicletas com som alto tomam as ruas de Palermo, na Itália 05
 Eles têm seus próprios fóruns e grupos do Facebook onde trocam dicas e conselhos, e se reúnem em torno de Palermo quase todos os dias para mostrar suas bicicletas tunadas e competir em batalhas sonoras.
As bicicletas com som alto tomam as ruas de Palermo, na Itália 06
 Curiosamente este não é um costume recente da cidade de Palermo, há mais de meia década os jovens se dedicam a incrementar suas bikes.
As bicicletas com som alto tomam as ruas de Palermo, na Itália 07
 Mas recentemente se tornaram um incômodo para os habitantes locais, à medida que o número de entusiastas da bicicleta sonora aumentou.
As bicicletas com som alto tomam as ruas de Palermo, na Itália 08
 Hoje em dia, não é incomum ver um grupo de ciclistas sintonizados cruzando a cidade com todo o volume.
As bicicletas com som alto tomam as ruas de Palermo, na Itália 09
 De acordo com uma reportagem do Guardian, algumas destas bicicletas tem o som tão potente que agitam as janelas de edifícios e carros que passam.
As bicicletas com som alto tomam as ruas de Palermo, na Itália 10
 A polícia é frequentemente chamada a dispersar encontros de sintonizadores de som bicicletivo, pois o barulho que eles produzem é considerado simplesmente insuportável.
As bicicletas com som alto tomam as ruas de Palermo, na Itália 11
 A grande maioria dos entusiastas da bicicleta sonora é menor de idade, de modo que a polícia não pode detê-los.
As bicicletas com som alto tomam as ruas de Palermo, na Itália 12
 A polícia ameaça confiscar os equipamentos de áudio, mas quase nunca fazem isso, e pedem que se dispersem.
As bicicletas com som alto tomam as ruas de Palermo, na Itália 13
 Depois de discutir com os policiais, os adolescentes pedalam para outro lugar para novamente ligar seus sistemas em uma parte diferente da cidade minutos depois. É uma dança de gato e rato que os jovens e a polícia se acostumaram.
As bicicletas com som alto tomam as ruas de Palermo, na Itália 14
 O jornal italiano La Republica recentemente se encontrou com um grupo de jovens de Palermo e perguntou por que gastam centenas ou milhares de reais neste passatempo.


VÍDEOS

 A maioria respondeu que era por sua paixão pela música, e porque isso faz com que eles se sintam livres.

 Entretanto, alguém tinha um bom ponto de vista: colocar tempo e dinheiro para ajustar suas bikes musicais significava que não gastava seu dinheiro em cigarros e drogas e não se envolvia em atividades criminosas.




www.mdig.com.br

15
Nov17

15.000 cientistas alertam que a Terra será imprópria para os humanos se não tomarmos medidas imediatamente

António Garrochinho


No final de 1992, 1.700 cientistas assinaram uma carta intitulada "Alerta à Humanidade" em que avisavam que estamos levando a natureza a limites que logo cedo seriam irreversíveis. Passaram 25 anos desde então e já não são 1.700 os que nos avisam de que vamos rumo ao apocalipse. São 15.365. A lista de pragas alertadas nesta nova carta têm pouca coisa de vaticínios bíblicos. Trata-se de problemas muito reais que não só fizeram piorar em 25 anos que passaram desde a publicação do primeiro alerta.

15.000 cientistas alertam que a Terra será imprópria para os humanos se não tomarmos medidas imediatamente
Desflorestamento, extinção em massa de espécies animais e vegetais, contaminação da água, dano à camada de ozônio, perda de solo fértil e de recursos pesqueiros pela sobre-exploração, aquecimento global e um grande e triste etcétera.

Todos estes problemas não só não foram solucionados, senão que muitos deles pioraram ainda mais, e os assinantes da carta temem que, se seguirmos deste modo, o dano à biosfera de nosso planeta seja tão grave que não será possível consertar e nosso planeta, a única casa que temos, se torne inabitável para a vida tal e como conhecemos.
15.000 cientistas alertam que a Terra será imprópria para os humanos se não tomarmos medidas imediatamente
O problema com a camada de ozônio foi revertido de certo modo, mas as emissões de dióxido de carbono responsáveis pelo aquecimento global avançam a um ritmo galopante. O desflorestamento e o esgotamento dos recursos naturais são os dois problemas de maior envergadura depois das emissões. A carta cita:
"Fracassamos em limitar o crescimento da população e redirigir uma economia baseada no crescimento. Falhado em reduzir as emissões de gases que provocam o efeito estufa, em incentivar o uso de energias renováveis, e em proteger ou restaurar os ecossistemas. Não conseguimos frear a poluição nem deter o avanço de espécies invasoras.

A humanidade não está dando os passos necessários para salvaguardar nossa biosfera em perigo. Falhamos miseravelmente em fazer os progressos necessários para resolver estes problemas do meio ambiente, e o mais alarmante é que muitos deles pioraram. Logo será muito tarde para mudar de direção e evitar a trajetória para o abismo."
15.000 cientistas alertam que a Terra será imprópria para os humanos se não tomarmos medidas imediatamente
As medidas a tomar para frear este curso que nos leva à extinção não são simples. Em sua carta, os 15.365 cientistas citam um pacote de medidas em que todos, governos, empresas e indivíduos, devem tomar parte. Entre as medidas está reduzir o desperdício de alimentos, promover mudanças na dieta para aumentar o consumo de vegetais e reduzir o de carnes, reduzir as taxas de fecundidade da população e equilibrar os recursos para melhorar as condições de vida nas regiões mais desfavorecidas. O documento completo pode ser lido no seguinte endereço: "World Scientists’ Warning to Humanity: A Second Notice".

Talvez dentro de 25 anos já seja muito tarde para pôr em marcha estas medidas e independente de Nibiru, Planeta X, augúrios maias, a própria raça humana começará a escrever o seu epitáfio apocalíptico que nem o mais conpiranóico dos homens gostaria de acreditar. Está na hora de abrirmos os olhos de verdade para a realidade que estamos construindo: o nosso próprio fim.
Fonte: Quartz.


www.mdig.com.br
15
Nov17

NOVO DISCURSO

António Garrochinho


Sem saber muito bem como reagir à perda do poder, fortemente condicionada pela pantominice do primeiro-ministro no exílio que se recusava a fazer propostas, com dois candidatos à liderança do PSD que fundidos não dariam um candidato de jeito, os partidos da direita continuam desorientados. Em vez de apresentarem um programa alternativo, ainda não deixaram de ser PAF e de estar em campanha, como se o programa da coligação para as últimas legislativas fosse válido para duas legislaturas.

A primeira consequência deste vazio de ideias está na incoerência do discurso, muito óbvia em temas, como, a título de exemplo, a reposição dos rendimentos. Prometida no programa do PAF e mais do que decidida pelo Tribunal Constitucional, a reposição da legalidade em matéria de vencimentos e de pensões começou por ser tratada como a reversão de uma grande reforma, quando dá jeito lembra-se que o PAF iria repor tudo, mas de forma mais gradual.

Rui Rio andou anos a zurzir contra Passos, agora diz que o ainda líder do PSD é um herói nacional e presta vassalagem a Maria Luís Albuquerque, criticando o governo por falta de capacidade reformista. Isto é, acusa-se o seu partido ter deixado de ser social-democrata, mas para conseguir os votos dos militantes do PSD próximos de Passos defendem-se as supostas reformas que levaram o partido para a extrema-direita. Santana é mais claro, defende Passos e todas as suas políticas.

Primeiro era o plano B e a vinda do diabo, como as coisas correram bem o diabo vinha no ano seguinte e se não veio em 2016 foi porque o plano B foi adotado. Alguém reparou nas cativações, o oportunismo circunstancial do BE validou a tese e a partir daí todos os males resultaram da ausência do Estado, tudo culpa das cativações. 

Até no caso da legionella a primeira reação da direita foi invocar a ausência do Estado em consequência das cativações, mas como alguém recordou que o governo de Passos tinha alterado as regras de controlo da qualidade para fazer poupanças, depressa se esqueceram das cativações e desta vez ninguém foi dar abraços e beijinho aos familiares das vítimas, o CDS não exigiu que fossem atribuídas indemnizações. Em Portugal tem direito a indemnizações quem dá mais votos.

A jantarada da Santa Engrácia veio dar a uma direita um novo discurso, um dos mais apagadinhos governantes do governo anterior, uma segunda escolha no cargo, atacou Costa dizendo que este governo culpa o anterior de tudo. Isto dias depois da direita se calar com a legionella, veio mesmo a calhar. Agora desde o mastodonte do Amorim ao Bernardo Serrão da SIC não param de matraquear, este governo culpa o antecessor de tudo.

Este é um argumento que vem mesmo a calhar, daria muito jeito esquecer o que fizeram e continuar a culpar o antecessor de Passos de tudo o que de mal sucede.


jumento.blogspot.pt
15
Nov17

“Pasta e Basta” à moda algarvia cozinha interculturalidade em Aljezur e Monchique

António Garrochinho

Pasta italiana, com kamoka (uma farinha de Cabo Verde), queijo paneer, muito usado na Índia, Tailândia ou Bangladesh, batata-doce e enchidos. Esta verdadeira açorda de culturas começa a ser servida já esta quinta-feira, 16 de Novembro, às 19h30, com o primeiro “Pasta e Basta – Um Mambo Italiano”, à moda algarvia, na sede do Rancho do Rogil (Aljezur). 

O conceito é simples: 60 ou 70 pessoas vão-se juntar à volta de uma mesa para aprender a fazer massa fresca. À chegada, o público será dividido para «juntar pessoas que não se conhecem», explicou, ao Sul Informação, Giacomo Scalisi, um dos responsáveis pelo projeto “Lavrar o Mar”, um dos eventos ancôra do “365Algarve”, de que faz parte o “Pasta Basta”.

«A partir daí é um fazer por conhecer as pessoas que estão ao nosso lado, algo que já acontece muito pouco», acrescentou.

No meio vão estar Giacomo e André Amálio, tanto a ensinar a cozinhar, como a interpretar uma história, escrita por Afonso Cruz para o “Pasta e Basta”, um espetáculo que já passou por outras cidades portuguesas, como Lisboa e Aveiro.

«A história não é fácil, mas é linda. Fala deste tema da interculturalidade de uma maneira muito forte», revela Giacomo Scalisi. Esta narrativa vai sendo revelada, em momentos em que é preciso esperar. Por exemplo: quando a massa está a cozer.
O protagonista da ficção é um prisioneiro, condenado à morte, que decide escrever a sua última carta à filha que não viu crescer. O último desejo deste homem era comer os três melhores pratos que a sua amante cozinhava e que continham dentro todo o mundo. A metáfora parece evidente…


“Pasta e Basta” – Créditos: João Tuna
Para contar a história, Giacomo vai falar italiano e André Amálio português. Já as outras duas pessoas que vão participar neste “Pasta e Basta” (uma do Oriente, outra de África) vão falar hindi e crioulo.

Com este espetáculo, um dos grandes objetivos é «falar de interculturalidade», de uma maneira metafórica. Ou seja: «criando pratos que são um verdadeiro equilíbrio entre culturas».

«A ideia é que possamos viver na nossa sociedade, com culturas diferentes, mas misturando-as com os nossos hábitos», explicou Giacomo Scalisi.

As expetativas são as melhores. «A adesão do público tem sido ótima. Temos muitos bilhetes vendidos. A nossa experiência é que as pessoas saem com um sorriso na boca». O facto de se «fazer comida com as próprias mãos, de conviver com outras pessoas» ajuda nesta equação.

O “Pasta e Basta”, que integra a programação do “365Algarve”, tem exibições marcadas para dia 19 de Novembro, às 19h30, na sede do Rancho do Rogil, mas também para Monchique, dias 30 de Novembro, 1, 2 e 3 de Dezembro, às 19h30, no Parque da Mina.

No final, «vamos entregar a história para as pessoas poderem ler, em casa, com calma», revelou.
E também os mais novos vão ter um espetáculo que lhes é especialmente dedicado. A massa será colorida e a história será «outra, especificamente para crianças», contou  Giacomo. O objetivo é juntar pais e filhos e até se vai «cozinhar uma criança», mais uma vez, em sentido metafórico.



“Pasta e Basta” – Créditos: João Tuna
No dia 19, às 11h30, no Rogil, há a versão para os mais novos, repetindo-se a 3 de Dezembro, à mesma hora, mas em Monchique. Os bilhetes para ambas as sessões já estão esgotados.

Segundo a Câmara de Aljezur, os dois responsáveis pelo “Lavrar o Mar”, Giacomo Scalissi e Madalena Victorino «desassossegam mentes e desafiam, em projetos arrojados, que merecem toda a dedicação desta Câmara».

A autarquia realça, ainda, o facto de o projeto «envolver a comunidade local», o «que se traduziu na participação do Rancho Folclórico do Rogil, que aceitou o desafio lançado de receber, em sua casa, o primeiro espetáculo “Pasta Basta”».

Para comprar bilhetes clique aqui.





www.sulinformacao.pt

15
Nov17

UM DOCUMENTÁRIO (em francês) VÍDEO DE QUALIDADE -Lobos selvagens, esses grandes viajantes

António Garrochinho

Comecei por ter dos lobos a pior ideia possível. Nas histórias infantis eram capazes de comerem a avó do Capuchinho Vermelho ou pregarem um susto de morte ao Pedro, que gostara de brincar com os vizinhos sobre ataques inexistentes. Cresci a ler romances e contos em que aldeãos isolados viam-se acossados por tais animais em noites escuras e invernais
Em adulto, sempre que nos aventurávamos na natureza, fosse no Puy-de-Dôme coberto de neves, fosse nos estivais Pirinéus, temi sempre que alcateias andassem por perto. E, no entanto, como não achar lindíssimos os animais, que vozes avisadas nos iam dando conta de desmerecerem de tão injusta má fama?






















Nos últimos anos, com a utilização de coleiras GPS, tem-se comprovado o que já se sabia - a capacidade dos lobos jovens em percorrerem longas distâncias para se fixarem em novos territórios e aí fundarem tribos próprias com concupiscentes fémeas encontradas pelo caminho.
Num documentário de longa-metragem de Volker Schmidt-Sondermann - «Lobos selvagens à solta» - seguem-se os percursos de três animais jovens, que chegam a percorrer centenas de quilómetros por toda a Europa Central até se fixarem muito longe donde haviam nascido. Nessa odisseia atravessam autoestradas movimentadas e rios caudalosos, contornando cidades e homens ou enfrentando outras alcateias dispostas a não tolerarem intrusos.
O italiano Ligabue vai da região de Parma até aos Alpes marítimos franceses, Alan começa no nordeste da Alemanha até perder-se algures na Bielorrússia e o esloveno Slavko atravessa toda a Áustria e a Itália até encontrar-se com Giulia nos arredores de Verona, que viera de direção geográfica oposta.
Para gáudio dos biólogos e irritação dos pastores e criadores de gado, as populações de lobos estão a expandir-se por toda a Europa depois de quase dela terem sido erradicados no século passado. E é tendência para se acelerar, porque as megaconcentrações populacionais em torno das cidades modernas, tendem a despovoar grandes áreas logo recapturadas pelas espécies selvagens. O lobo é só um exemplo lapidar de como a Natureza reivindica os seus direitos, quando o predador humano se ausenta..
VÍDEO

temposinteressantes.blogspot.pt
15
Nov17

(DIM) Coisas a ver (I): Primeira Guerra Mundial e perturbadores endócrinos

António Garrochinho


1. Em 2012 uma equipa de arqueólogos investigou os vestígios de uma grande batalha ocorrida em Messines, na Bélgica, entre 1914 e 1917. Recorrendo ás cartas militares da época andaram a escavar na terra lamacenta durante oito meses, sempre na expetativa de poderem detonar alguma das bombas aí soterradas e de que se calcula restarem 30% por explodir.
É esse o tema do documentário britânico «A Grande Guerra, os Túneis e a Morte» de John Hayes Fischer (2012), rodado com o apoio científico de uma equipa de antigos militares especializados em operações de desminagem com recurso a escavadoras blindadas.




Como corolário de tal trabalho descobriram-se trincheiras da Primeira Grande Guerra bastante bem conservadas e, como tal, preciosas, para os historiadores dedicados a essa época.
Na segunda parte aborda-se a guerra subterrânea entre britânicos e alemães nesses campos de Messines, quando nem uns, nem outros, conseguiam romper as defesas inimigas. A alternativa era a colocação de minas tão próximas quanto possível do outro lado das trincheiras, depois de as escavar arduamente nessa direção. Foi num desses corredores, que os Aliados causaram uma enorme explosão em 7 de junho de 1917, que se saldou por dez mil vitimas do lado alemão. O desiderato da Guerra começou então a pender definitivamente para o lado dos seus efetivos vencedores.
2. Oito anos depois de «Machos em Perigo», que denunciava o impacto dos perturbadores endócrinos na fertilidade humana, Sylvie Gilman et Thierry de Lestrade voltam a fazer soar os alarmes relativamente aos efeitos nocivos dos agentes poluentes na nossa inteligência e saúde mental. Em «Amanhã seremos todos cretinos?» dão a palavra a cientistas de renome, como Barbara Demeneix, especialista na tiroide, ou Arlene Bloom que, desde aos anos 70, combate o recurso a retardadores de ignição utilizados profusamente na indústria dos plásticos, dos têxteis e dos equipamentos elétricos ou eletrónicos para os tornarem menos inflamáveis. Neste caso específico ela tem-se confrontado com a oposição dos lobbies, que não querem a divulgação da dimensão efetiva do problema.
Os riscos apontados no documentário são os de dar razão à distopia criada em 2006 por Mike Judge em «Idiocracy», em que se imaginava a progressiva imbecilidade da espécie humana. De facto, remonta há vinte anos a constatação científica da diminuição das capacidades humanas a nível da inteligência com um abaixamento do QI em vários países ocidentais. A esses dados acrescenta-se o aumento dos casos de autismo e de perturbações comportamentais.
Estão em causa os perturbadores endócrinos, que são moléculas químicas, que afetam o funcionamento da tiroide, órgão fundamental no desenvolvimento cerebral do cérebro. Nos pesticidas, nos cosméticos ou nos plásticos essas partículas estão omnipresentes à nossa volta: movimentamo-nos numa autêntica sopa química. Daí a urgência em encontrar soluções para que se preservem os cérebros das gerações futuras.
Barbara Demeneix, uma das cientistas aqui ouvidas, confirma que obteve resultados laboratoriais  inquietantes quanto à dimensão da alteração de alguns desses compostos químicos no funcionamento da tiroide. Por isso alerta para os perigos de grávidas no início da gestação se sujeitarem a ambientes em que tiverem sido utilizados pesticidas, porque as crianças em causa poderão a ter sintomas autistas ou outras dificuldades de concentração. Mas mesmo nos adultos, essas perturbações hormonais poderão incrementar os casos de depressão, perdas de memória ou doenças neurodegenerativas.
Entre os comportamentos recomendados pelos cientistas estão a preferência pelos produtos biológicos, a rejeição do uso de recipientes de plástico no micro-ondas ou consumir sal iodado, que é indispensável para fabricar hormonas tiroidianas.  Mas exigem sobretudo regulamentação europeia, que proteja a saúde pública e a biodiversidade. Nesta altura está a decorrer um importante debate sobre o assunto na Comissão Europeia.



 temposinteressantes.blogspot.pt
15
Nov17

Porque querem tantos gastos públicos os que exigiam um Estado mínimo?

António Garrochinho


Tem sido constante a crítica dos partidos da direita quanto aos gastos insuficientes com as funções fundamentais do Estado. Por isso mesmo têm feito das cativações o seu cavalo de batalha, como se pudessem servir de exemplo para o que têm sido os gastos assumidos por este governo, seja na Saúde, na Educação e noutros setores fundamentais para o bem coletivo.

Há quem o venha lembrando, mas nunca é demais acentuar o que é a nossa memória dos anos da mais recente desgovernação das direitas: a palavra de ordem era reduzir o Estado ao mínimo, substituindo essas funções fundamentais por politicas assistencialistas aos mais pobres. Ciente de que reduzir a dimensão do universo do funcionalismo público seria a estratégia mais expedita para quebrar a espinha aos sindicatos, e muito particularmente à CGTP, tudo deveria ser privatizado, a começar pelos transportes públicos. Ou encolhido como seria o caso da Educação com as escolas privadas a colherem um número significativamente maior de contratos com o Estado, ou como o da Saúde com o empurrão progressivo da grande maioria dos que tivessem posses para a pagar a privados e assim lhes garantissem o negócio dos hospitais e clínicas concorrentes do Serviço Nacional previsto pela Constituição.

Mesmo para os tais pobres, cobertos pelas instituições de Solidariedade Social, quase todas comandadas pela Igreja Católica, seriam muitas as pressões para que colhessem, humildemente agradecidos os «favores» prodigalizados e votassem sempre de acordo com as orientações dos curas e bispos. Brincar-se-ia à caridadezinha e ainda se arregimentariam os miseráveis como sua eficaz carne para canhão.





















Se o governo de Passos Coelho e Paulo Portas tivesse conseguido prorrogar o prazo de validade para este quadriénio conseguiria construir uma sólida realidade ideológica, que, com a ajuda dos meios de comunicação social devidamente instrumentalizados para esse objetivo (ainda o estão, mesmo que órfãos de quem lhes aproveite a contínua manipulação!), eliminariam do acesso aos órgãos executivos do Estado os partidos de esquerda.

É por isso mesmo que não se compreende como estes insistem em ser tão inábeis na forma como deveriam estar a construir uma sólida alternativa a esse projeto neoliberal em vez de se digladiarem na retórica e na prática com que enjeitaram coligações pós-eleitorais nas autarquias onde teriam mais do que condições para marginalizarem as direitas.

O que divide as esquerdas das direitas nos anos vindouros é essa atitude face ao Estado: há os que querem que ele cumpra o que a Constituição prevê e ganhe maior espaço no cumprimento das suas funções fundamentais e os que pretendem regressar ao tempo em que interesses privados se sobreponham ao interesse público. Custa muito criar uma plataforma de entendimento, que perenize a atual maioria parlamentar muito para além de 2019?

Na maioria dos que contacto ou leio parece evidente que, socialmente, existe um grande consenso em torno da vontade de consolidação da convergência das esquerdas como única alternativa às direitas, que continuam a  ter forças comprometidas no esforço de porem fim a esta experiência política. E isso vale não só para os diretores dos jornais, rádios e televisões, mas também para o ministério público, para o selfieman de Belém e para os senhores da CIP, da CAP e outras confederações patronais, impacientes por se verem novamente brindados com orçamentos e políticas, que os livrem de pagar os impostos e as contribuições sociais devidas.


ventossemeados.blogspot.pt

15
Nov17

Oficiais exigem «reposição da justiça em matéria de valorizações remuneratórias»

António Garrochinho


A Associação de Oficiais das Forças Armadas contesta a interpretação do Governo sobre «valorizações remuneratórias», constante  da proposta do Orçamento do Estado. Em comunicado, sublinha a declaração do Secretário de Estado da Defesa, segundo a qual «o tempo congelado não conta para progressões, ou seja, em 2018 serão reposicionados nos escalões, mas sem contar o tempo de congelamento».
Os ministros da Defesa Nacional, Azeredo Lopes, e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, durante a Comissão de Defesa Nacional, no Parlamento, 10 de Novembro de 2017
Os ministros da Defesa Nacional, Azeredo Lopes, e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, durante a Comissão de Defesa Nacional, no Parlamento, 10 de Novembro de 2017Créditos
A Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA), no comunicado hoje divulgado, dá como exemplo «quem à data do congelamento faltavam 3 meses para "saltar" de escalão, completará esses 3 meses em falta e será reposicionado. O tempo passado não contará para nada…».
A AOFA considera que o Governo não defende «os Militares nos seus direitos mais elementares, onde se inscreve em primeiro lugar o de serem tratados nos termos da Lei como quaisquer outros cidadãos – na sua igualdade perante a Lei» e acusa o Executivo de aprovar normas e fazer «interpretações normativas que visam apenas prejudicar os Militares», e de ter «uma noção contrária aos ditames do Direito e da Constituição no que aos Direitos, Liberdades e Garantias dos Militares diz respeito».
A Associação de Oficiais responsabiliza o ministro da Defesa por não reconhecer aos militares «os direitos que lhes assistem, a eles e aos restantes profissionais que este Governo quer deixar de fora do reconhecimento deste elementar direito que é o do reconhecimento dos tempos vencidos para as progressões nos escalões».
Entretanto, o PCP fez hoje uma declaração «sobre o problema que está colocado acerca da contagem de tempo para progressão na carreira – que diz respeito aos professores e aos militares, aos profissionais das forças e serviços de segurança, aos profissionais de saúde, da justiça, entre outros», deixando clara a sua posição: «todo o tempo de serviço deve ser contabilizado para efeitos de progressão e o Governo deve encontrar com os sindicatos ou associações profissionais a forma e o calendário para concretizar a expressão remuneratória desse tempo que esteve congelado».


www.abrilabril.pt
15
Nov17

"O PCP não apoia o Governo. Viabiliza-o porque não o deita abaixo"

António Garrochinho


Miguel Tiago, deputado do Partido Comunista Português, é o entrevistado de hoje do Vozes ao Minuto.

"O PCP não apoia o Governo. Viabiliza-o porque não o deita abaixo"

No Parlamento há cerca de 12 anos, Miguel Tiago tornou-se um dos nomes mais conhecidos no seio do PCP.  Os primeiros anos da sua juventude aproximaram-no de causas estudantis e, daí até à Juventude Comunista Portuguesa, foi um passo pequeno, tendo em conta a educação que teve.


O deputado, de 38 anos, cedeu uma entrevista ao Notícias ao Minuto onde falou sobre o início da sua vida enquanto militante do PCP, da atualidade, da 'Geringonça', do Bloco de Esquerda e do Presidente da República. 
Miguel Tiago recorda que a solução governativa à Esquerda, à qual não chamaria maioria parlamentar, surgiu num momento em que a Esquerda sentiu que tinha de 'travar' as políticas de Direita. 
Para que tal continue a ser possível, o deputado enfatiza que o PCP é essencial. E, embora os comunistas queiram fazer mais, não deixam de dar valor ao caminho de reposição que está a ser seguido.
Apesar disso, a ideia de 'juntos somos mais fortes' é contrariada por Miguel Tiago, convicto de que se a Esquerda estivesse, de facto, junta em apenas um partido, chegaria a menos franjas da sociedade. O Bloco de Esquerda merece-lhe ainda alguns comentários, por acreditar que tem muito mais atenção mediática do que o PCP.
Quanto ao Presidente da República, o deputado acusa a comunicação social de fazer de Marcelo Rebelo de Sousa uma figura religiosa, frisando que a busca por popularidade é um dos maiores objetivos do chefe de Estado.
Nem se pode dizer que o PCP apoia o Governo, o PCP viabiliza o Governo porque não o deita abaixoO Partido Comunista faz parte da maioria parlamentar à Esquerda que apoia o Governo. Alguma vez lhe passou pela cabeça uma 'Geringonça'?
Tenho dificuldade em falar de 'maioria parlamentar'. Há uma maioria de deputados na Assembleia da República que tem viabilizado o funcionamento do Governo. Nem se pode dizer que o PCP apoia o Governo, o PCP viabiliza o Governo porque não o deita abaixo. Este não é um programa que nós aplicaríamos em Portugal. Esta situação é complexa e tem a ver com as situações concretas em que nos encontramos, em que tínhamos uma Direita que estava pronta a destruir ainda do que já tinha destruído, pronta a cilindrar os direitos dos portugueses e a continuar aquele rumo.
Foi uma necessidade de travar aquilo que estava a acontecer?
Foi uma necessidade de travar aquilo que estava a acontecer. O PCP percebeu que poderia não apenas viabilizar um governo do PS mas também, de certa forma, condicionar um governo do PS normal que tivesse uma maioria absoluta, por exemplo. Num governo de maioria absoluta do PS o PCP não teria nada a dizer, ou a negociar, porque sabemos que quando isso acontece o PS faz a política igual à de Direita.
Mas o PCP entendeu que neste quadro era preciso travar o PSD e o CDS  e alguém teria de ir para o Governo. Perante a nomeação do António Costa, o que o PCP fez foi não apresentar uma moção de rejeição, ou seja, permitiu que o Governo entrasse em funções.
Foi assinado um acordo por exigência do Cavaco Silva que não queria, nem por nada, cumprir a ConstituiçãoMas foi assinado um acordo entre o PCP e o Governo PS...
Foi assinado um acordo por exigência do Cavaco Silva que não queria, nem por nada, cumprir a Constituição. O PCP disse 'a nossa palavra é tão válida como qualquer papel que assinemos' e Cavaco Silva pressionou para viabilizar aquele governo porque não queria, estava ressabiado e revoltado contra o próprio povo porque não tinha sido dada maioria a quem ele queria. Fez de tudo para combater a possibilidade de outro governo ser constituído e o PCP identificou um conjunto de elementos a que se pode chamar de posição comum entre dois partidos. Identificámos o que era possível construir com base no cruzamento entre os dois programas, é uma coisa simples, não implica que o PCP desista de nada do seu programa, nem que o PS desista.
O povo português também tem nas mãos a grande tarefa de ir avaliando até que ponto é que este Governo PS vai embater no muroNo fundo, qual é a posição do PCP nesta solução?
A posição do PCP é exatamente essa: garantir que enquanto a situação política o permitir, todos os direitos dos trabalhadores que possam ser recuperados, o sejam. O compromisso que o PCP assumiu foi de aproveitar todas as oportunidades para melhorar a vida dos portugueses.
Nós sabemos que se o PS continuar no Governo e, ainda mais, se reforçar a sua maioria, mais cedo ou mais tarde estagnamos porque o país não está a resolver os seus problemas estruturais, ou seja, o país precisa de produzir mais, de valorizar o trabalho, as pensões, de diminuir a dívida, de se endividar menos, do controlo público da banca, de sair do euro. Portanto, há elementos que nós identificamos como absolutamente fundamentais que não estão a ser percorridos, o que não significa que, neste espaço que está criado, não haja alguns avanços, reposição de salários, de feriados, revogação da lei do aborto, um conjunto de elementos que percebemos que com esta configuração podemos resolver já.
As outras coisas que o PCP considera absolutamente fundamentais continuará a dizer que são necessárias. O PS não as quer fazer e, portanto, o povo português também tem nas mãos a grande tarefa de ir avaliando até que ponto é que este Governo PS pode continuar a seguir um caminho de progresso ou até que ponto é que vai embater no muro.
Esse muro é o euro, a dívida, a União Europeia, e o PCP o que propõe é demolir esse muro e ultrapassá-lo. Enfim, está nas mãos dos portugueses se querem reforçar aqueles que defendem partir o muro ou aqueles que preferem continuar a caminhar de cabeça baixa ao lado do muro e não avançar.
Parece-me que há uma certa satisfação com esta solução política. Aqueles que a partirem vão ser hostilizadosA maioria parlamentar só é conseguida em conjunto. Isso representa uma pressão social para que tudo corra bem, pelo menos até às próximas eleições?
Eventualmente haverá uma certa pressão popular, social e mediática, até, para que ninguém parta esta solução. Porquê? Na minha opinião, parece-me que há uma certa satisfação com esta solução política porque está a melhorar a vida das pessoas e que, portanto, há e houve sempre o mito de que era preciso unir a Esquerda. Afinal de contas, o PCP sempre disse que se os resultados eleitorais permitirem, a Esquerda entende-se, não é preciso haver só um partido. Aliás, se houvesse só um partido de Esquerda, provavelmente não teríamos conseguido este resultado. É precisamente porque há um conjunto de partidos que se dizem de Esquerda que apanham franjas muito diferentes da população e se tentássemos juntar estes partidos num só reduziríamos muito.
A questão é sempre esta: 'em torno do que é que nos vamos unir?'. Havendo as condições, a Esquerda consegue pontos de encontro, não há uma união, mas é uma concertação para levar a cabo um programa.
Essa pressão social parece-me que vem de uma certa satisfação e, portanto, aqueles que partirem a solução vão ser hostilizados e culpados por terem partido uma solução que até estava a funcionar.
Na minha opinião, eventualmente existe essa pressão, mas o PCP agirá sempre de acordo com os seus princípios e de acordo com o balanço que o seu coletivo fizer. O PCP quebrará ou não com este programa na medida da sua própria avaliação e não de qualquer pressão. Enquanto participamos nesta solução política é porque fazemos o balanço de que é isto que é acertado fazer.
Mas também há pressões no sentido contrário, de algumas franjas da sociedade que dizem 'agora estão feitos com o PS'.
Notícias ao MinutoMiguel Tiago, deputado do PCP© Blas Manuel
Olhando para o que tem sido conseguido e com os olhos postos no futuro, o PCP alguma vez ponderaria ir coligado com os restantes partidos a eleições?
Como disse anteriormente, acho que se houvesse a criação de uma só força política, nós perderíamos muito. Por exemplo, eu jamais votaria no Bloco de Esquerda, por isso, se o Bloco e o PCP se unissem, eu ficaria numa situação delicada, eu e se calhar muitos outros que são do Bloco e nunca votariam no PCP, não se identificam, é legítimo. Às vezes unir não soma, subtrai.
Neste caso, separados são mais fortes?
Julgo que quanto mais forte for a capacidade de cada uma das forças da Esquerda, quanto mais sólido for o seu projeto próprio, mais forte será qualquer solução deste tipo, acho que é uma solução irrepetível, que foi uma solução para responder a um caso muito concreto, para combater a ascensão de um governo PSD/CDS que iria continuar um programa que já tínhamos visto o que era.
Na minha opinião, coligar não é uma questão que não está minimamente em cima da mesa e julgo que não faria sentido como desenvolvimento da política atual.
Se houvesse uma identificação do PCP com o programa do Governo, até se podia dizer que o PCP e o PS podiam ir coligados, mas não há. O PCP continua a dizer que este programa não satisfaz as necessidades do país.
Independentemente de achar que o PCP não está nada colado ao PS, admito que possa haver quem pense issoNa leitura das autárquicas, houve quem dissesse que os maus resultados do PCP se deveram a uma descaracterização do partido pela colagem ao Governo. Que interpretação é que isso lhe merece?
O PCP fez a sua avaliação do resultado das autárquicas, eu não nego que não possa haver essa perceção, ou seja, que não possa haver pessoas que identificando o PCP com situação atual, com o Governo atual, e fazendo um bom balanço do que se está a passar, acabem por votar na força que está no Governo. Não nego que isso possa ter acontecido, mas seria errado dizer que foi essa a questão decisiva, porque não há uma questão decisiva, há várias e cada uma na sua realidade concreta. Estamos a falar de 10 câmaras municipais em que, em cada uma delas, há razões diferentes.
Diria que, independentemente de achar que o PCP não está nada colado ao PS, admito que possa haver quem pense isso. Uma coisa é a reflexão interna que o PCP faz, outra coisa é a opinião publicada e a opinião dos fazedores de opinião que mastigam a opinião antes de as pessoas pensarem, como os herdeiros do Marcelo Rebelo de Sousa que estão pôr toda a televisão e jornais a dizer a mesma coisa. Não há um comunista nos comentadores. Há do PSD, do PS, do Bloco, do CDS, mas não há um comunista e eles dizem todos a mesma coisa.
Às vezes as pessoas dizem que quem pensa por nós é o comité central, mas nós recusamo-nos a que a televisão pense por nós, pensamos por nós, com o nosso coletivo. O comité central desempenha um papel nisso, mas foi eleito por nós, é a quem damos o nosso voto, as televisões e os comentadores não foram eleitos por ninguém e pensam por nós todos.
Notícias ao Minuto
Como olha para a Câmara de Almada, por exemplo, em que o PS vence ao fim de mais de 40 anos de liderança comunista?
Sou de Setúbal, felizmente no meu concelho nós reforçámos a votação, e sinceramente não consigo avaliar quais terão sido os problemas de Almada. Perdemos por 230 votos e nesse caso admito que possa ter havido várias justificações e critérios nas populações. O Bloco assumiu que tinha como objetivo tirar a maioria absoluta à CDU, o PS quase assumiu que foi surpreendido com o resultado. Poderá ter havido um conjunto de condições que levaram àquele resultado.
Aquilo que sei é que a CDU em Almada tem um património de intervenção absolutamente fantástico, um modelo.
Como é que havendo esse património, o PS escolhe o PSD para falar em coligação?
O PS, pelo que me apercebi, quis dar ao PCP pelouros que não tinham grande relevo político e o PCP tem quatro vereadores, como o PS, e o que seria justo e adequado aos resultados seria uma presidência da Câmara cabendo ao partido mais votado, mas uma divisão das áreas políticas de relevo entre as duas forças que, na prática, tiveram resultados iguais, porque 230 votos... Não houve esse entendimento, a presidente é que faz a proposta da divisão dos pelouros e o PCP entendeu que não havia condições para garantir que o mandato iria correr da melhor forma.
 O termo pode ser do século passado, mas dizer que não existe burguesia hoje é um disparate  Há uns dias, num artigo de opinião no blog Manifesto 74, disse que "a matriz do BE é próxima da matriz do PS, com as diferenças naturais entre dois partidos sociais-democratas, de organização e método burgueses mas com composições e enraizamentos diferentes". Que ideia quis passar com esta frase?
Acho que isso é uma constatação. Estamos a falar de dois partidos que funcionam à luz de partidos da burguesia e para isso é preciso compreender o que é que os comunistas entendem por partidos operários e burgueses. Há um conjunto de critérios que nós entendemos que devem ser cumpridos para que um partido seja considerado comunista, um deles é a forma de organização que passa pela aplicação do centralismo democrático, pela organização com base no local de trabalho e não no de residência, elementos que entendemos que marcam a diferença não só nas posições, mas na organização.
Por exemplo, no PCP não nos organizamos por listas para disputar o comité central, nem as direções. Nós propomos os nomes e as pessoas ou aceitam a tarefa ou não aceitam a tarefa. Votamos uma proposta feita por todos nós. Não se apresenta uma lista contra ninguém, duas pessoas falam e chegam a um consenso, tendo em conta o que é melhor para o partido. Isto faz toda a diferença, faz com que não haja disputas internas eleitorais, com que não haja distorção, porque depois em todas as organizações há uns mais famosos do que os outros.
Para ser um partido comunista tem de haver unidade na direção e na ação. Coisa que o Bloco assumidamente não tem, o próprio Bloco não se identifica como partido comunista.
As pessoas acham que usar o termo burguesia é do século passado. O termo pode ser do século passado, mas dizer que não existe burguesia hoje é um disparate. A burguesia está aí e está a dominar o planeta, podemos chamar-lhe grandes capitalistas, cooperações, o que quiser, mas o que são na verdade é a grande burguesia, porque a definição de burguesia é aqueles que detêm os meios de produção.
O Bloco, nos últimos anos, tem-se afirmado com bons resultados eleitorais. Há uma 'competição' entre Bloco e PCP?
O Bloco tem aumentado e o PCP também e isso demonstra que o Bloco não está a crescer à custa do PCP, para isso era preciso o PCP diminuir, e isso só aconteceu nestas autárquicas e não sabemos se os nossos votos foram para o Bloco. Aliás, não foram de certeza, porque o PCP perdeu mais votos do que aqueles que o Bloco ganhou. Provavelmente os votos que saíram do PCP ou não foram à urna ou foram para o PS.
Não sei se há uma competição. Acho que o facto de o PCP ser uma âncora nas suas posições faz com que o Bloco também tenha de se chegar à Esquerda.
Se olharmos para as condições que a Catarina Martins impôs na noite eleitoral ao Costa para viabilizar um governo eram só três. A Catarina Martins dava de barato o governo do Costa, e depois o PCP fez um conjunto de condições e, a seguir, o Bloco também veio fazer um conjunto de condições. Portanto, foi o facto de o PCP fazer muito mais condições que levou o Bloco a pedir mais. O Bloco só queria coisas banalíssimas e o PCP foi muito além disso.
Todos os partidos foram mais para a Direita e o PCP foi a tal âncora, ficou onde estava, por isso é que nos acusaram de vivermos no passadoMas há uma competição saudável que faz crescer ambos?
Não lhe chamaria competição. A política também é feita de referenciais e havendo um partido que fixa o referencial muito no socialismo, na rutura com o capitalismo, é natural que outros partidos se cheguem à Esquerda e que à Direita aconteça o contrário.
Em Portugal, nos últimos anos, vimos uma deslocação para a Direita de todos os partidos políticos. Todos os partidos foram mais para a Direita e julgo que o PCP foi a tal âncora, ficou onde estava, por isso é que nos acusaram sempre de vivermos no passado, porque não nos deslocarmos para a Direita. Agora, estamos numa outra conjuntura nacional, e os partidos que se dizem de Esquerda estão todos a ver quais é que são mais de Esquerda e isso obriga-os a aproximarem-se daquele que nunca saiu da Esquerda.
O PCP é um referencial de Esquerda em Portugal e ajuda a construir, em seu torno, posições de outros partidos e que puxa o Bloco e o PS.
O Bloco tem uma característica que até agora ainda não venceu completamente que é uma grande dependência da conjuntura, do mediatismo, se está a ser bem ou maltratado na comunicação social e, portanto, os seus resultados são muito flutuantes em relação à atenção que lhes é dada.
O Bloco depende muito da atenção que lhe é dada, quando lhe cortam o gás, não tem meios para combaterPor que razão diz isso?
Na campanha eleitoral, o Bloco, sem autarquia nenhuma, teve muito mais atenção mediática e minutos de televisão do que o PCP que tinha 34 autarquias. Foi dada ao Bloco mais importância que ao PCP com este número de autarquias.
Em Lisboa, nenhuma sondagem nas últimas eleições dizia que o PCP ficaria à frente do Bloco. Há quatro anos o PCP elegeu dois vereadores e o Bloco nenhum, agora o PCP dois e o Bloco um. 
O Bloco depende muito da atenção que lhe é dada, quando lhe cortam o gás, não tem meios para combater, ainda não tem uma presença na vida nacional tão forte quanto isso. E toda a atenção que tem, arrisco dizer, é, de certa forma, dada pela comunicação social. O Bloco não precisa de existir e aparece em todo o lado na mesma, o PCP está em todo o lado e não existe. É o oposto um do outro.
Notícias ao Minuto
E no que toca à 'Geringonça', tem havido mais cedências ao Bloco de Esquerda do ao PCP?
O que eu acho é que o Bloco, no seu afã de querer fazer desta solução governativa uma conquista sua e uma coisa espetacular e muito boa para o país, uma solução de gala e 'finalmente, as Esquerdas unidas é que é' - que é diferente do PCP que não diz ao país que esta solução é a melhor coisa de sempre, mas sim que foi a solução possível -, acaba por às vezes perder o norte.
Bloco quer fazer desta solução governativa uma coisa espetacular, de gala, e acaba por perder o norte
O Bloco está na moda?
Não sei se o Bloco está na moda, mas fazem com que o Bloco esteja na moda. Se as pessoas tentassem ir um pouco além dos jornais e tentassem olhar para o trabalho dos grupos parlamentares, por exemplo, provavelmente se lhes pusessem os grupos parlamentares do Bloco e do PCP à frente, as pessoas não saberiam dizer qual era o do Bloco com tantas cabeças brancas, porque o que passa lá para fora é exatamente o contrário.
Eu não sei se o Bloco está na moda ou se a imagem que se passa do Bloco está a ser promovida e as pessoas, tendo em conta o papel da comunicação social, acabam por ser 'contaminadas' por isso.
No que toca ao Orçamento do Estado, e caso o PCP não fizesse parte desta maioria, que propostas teriam ficado de fora?
Por alto, não estaria o IVA reduzido para os instrumentos musicais, a poupança dos trabalhadores no IRS, porque toda a gente vai pagar menos IRS neste ano de 2018 e da parte do Governo só estava estabelecido o desaparecimento da sobretaxa, que só ia atingir uma parte da população, e o PCP introduziu mais critérios, nomeadamente o aumento do mínimo de existência que é o valor abaixo do qual as pessoas não pagam IRS. As progressões nas carreiras decididas apenas em dois momentos, estava previsto ser em dois anos e em quatro fases.
Ainda estamos na especialidade onde iremos propor muito mais coisas. O PCP tem feito uma força tremenda para que a verba do apoio às artes suba, não só para o Orçamento da Cultura, mas sim a parte de apoio às artes que fará com que os teatros e companhias continuem a produzir.
Acredita que a reposição dos rendimentos e pensões está a ser mais lenta do que era possível ou concorda com o Governo quando diz que não pode ser feito tudo de uma vez?
Cumprindo as imposições da União Europeia, se calhar era difícil fazer melhor. Mas mesmo assim seria possível porque o Governo está a jogar para um défice abaixo do que podia, portanto, significa que podíamos ter usado aquele dinheiro e não usámos por opção. O Governo não quis usar dinheiro que podia usar, portanto, talvez não desse para tudo mas podia ter sido libertado mais algum.
Não se ganha muito com isso, não investir o que se pode investir não é bom. Em última análise poderiam dizer que défice zero seria bom, mas isso corresponde a praticamente tudo a zeros, era não gastar nada do Estado. Muito provavelmente isso significaria as pessoas na miséria. O Governo optou por ter um défice abaixo daquele que podia, se fosse até ao limite permitido talvez pudesse ir um bocadinho mais longe mas, ainda assim, nunca iria tão longe quanto necessário.
Estamos muito longe de fazer aquilo que seria digno e justo mas, ainda assim, não seria correto não reconhecer que os passos que estão a ser dados estão no sentido correto de repor e não de retirar mais.
A União Europeia é o maior 'travão' aos objetivos da maioria de Esquerda?
O maior travão é o PS, porque o PS é que escolhe obedecer à União Europeia, é uma escolha nossa. O país tem todos os instrumentos para decidir o seu próprio destinos se quiser. Enquanto os partidos do Governo continuarem a achar que têm de ser mais papistas do que o Papa, mais unionistas do que a União Europeia, enquanto países como a França e a Alemanha se estão marimbando para as regras da UE, enquanto os governos acharem que devem prestar vassalagem à UE e os portugueses continuarem a votar nesses governos, diria que o principal obstáculo são os partidos em Portugal que decidem cumprir as regras da UE em vez de lhes fazerem frente e em vez de afirmarem o bem-estar dos portugueses como questão fundamental.
Dizem-se muito europeístas e não percebem que o futuro está na democracia e não no federalismoIsso significa que o Governo mudou mas que o querer ser 'bom aluno' permanece?
Sim, sim, sim. Acho que sim. Até porque o PS faz gala de estar a conseguir inverter a política sem quebrar nenhuma regra da União Europeia, aliás dizem que cumprem mais as regras do que o anterior governo.
O problema é que, enquanto andamos com a conversa de que somos muito europeus, que gostamos muito da União Europeia porque é moderna e tal, ninguém faz as contas de quanto é que estamos a perder por dia para ter euro, quanto é que perdemos nos últimos 20 anos para poder estar no mercado comum, são milhões de euros por dia que saem do país para o estrangeiro.
O custo não justifica esta ilusão de modernidade. E estes partidos como o PSD, o PS, o CDS e o BE dizem-se europeístas e não percebem que o futuro está na democracia e não no federalismo.
Algumas vozes têm falado de uma vassalagem de Bloco e PCP ao Governo, o que responde a estas pessoas?
O PCP não tem interesse absolutamente nenhum, de ponto de vista algum, em prestar qualquer tipo de vassalagem, pelo contrário. O PCP, até do ponto de vista eleitoral, tem o interesse exatamente oposto, que é estar na solução mas continuar a puxar e a pedir mais, dizendo que o PS não é suficiente.
À exceção de Marcelo, nunca ninguém teve 12 anos de campanha eleitoral e foi pago para a fazerNoutra perspetiva, o país foi assolado por milhares de incêndios este verão. O Governo foi muito criticado devido à tragédia de Pedrógão mas, principalmente, por não ter havido mudanças até aos incêndios de 15 de outubro. As criticas são justas?
Essas críticas têm uma dimensão de justeza porque o Governo não tomou as medidas necessárias para manter a vigilância e os níveis de alerta. Haverá opções que podem e devem ser questionadas, mas o que importa mais do que isso é atender ao conjunto de opções políticas deste Governo e de anteriores que permitiram que a situação chegasse aqui.
A depauperação dos meios de combate a incêndios, a inexistência de uma política florestal e de ordenamento florestal, a proliferação do eucalipto, matas, até públicas, sem limpeza, o desmembramento dos guardas florestais e dos vigilantes da natureza... Um conjunto de opções que foram do PSD, do PS, do CDS, deste e de outros governos que não contribuíram em nada e que agravaram o problema.
Isto conjugado com a seca e com aquelas temperaturas criou a situação perfeita para que o fogo criminoso e não criminoso ocorressem. Eu acho que o fogo é todo criminoso porque aconteceu porque alguém criou as condições para que acontecesse, mesmo que ninguém tenha ido colocar fogo.
Notícias ao Minuto
Os incêndios vieram enaltecer, ainda mais, o 'Presidente dos afetos', como é conhecido Marcelo Rebelo de Sousa. O povo está rendido?
Não consigo responder a isso. Marcelo Rebelo de Sousa conta com uma campanha eleitoral de décadas, financiada, e é muito difícil o estar daquela figura na política portuguesa. Não há comparação com nada, nunca ninguém teve 12 anos de campanha eleitoral e foi pago para a fazer. Qualquer perceção que tenhamos está contaminada por esta promoção absolutamente desproporcionada em relação a outras pessoas, e uma opção da comunicação social quase religiosa. É intocável, é extraordinário e ninguém pode dizer o contrário ou duvidar e se duvidas és invejoso.
O que é que se sabe de Marcelo Rebelo de Sousa? Sei que era amigo de Ricardo Salgado, que é namorado de uma administradora do BES na altura em que o BES fez as maiores trafulhices possíveis, que passava férias à borla, que ganhava milhares de euros para comentar umas coisas na TVI, tentou ser líder do PSD e falhou. Não me lembro de andar a correr o país e a dar a mão às pessoas que precisavam.
No seu Facebook, escreveu uma publicação sobre o Presidente da República, referindo que "o verdadeiro carácter e a verdadeira natureza de um presidente da República veem-se, não apenas no momento em que ocupa o cargo, mas no que fez antes e no que fará depois". Há um Marcelo antes e depois?
Esse é um desafio que eu faço a mim próprio que é avaliarmo-nos independentemente do cargo. Avaliar o nosso caráter em função de uma determinada tarefa não me parece adequado. Se eu só me preocupo com as pessoas agora que sou deputado mas passei a minha vida toda a marimbar-me, não há qualquer coisa errada?
Marcelo Rebelo de Sousa falou de umas agressões que houve à porta de uma discoteca, mas não me lembro de se pronunciar sobre as agressões a trabalhadores, a cidadãos da Cova da Moura pela polícia, de ir mostrar solidariedade para com trabalhadores que têm salários em atraso.
Marcelo tinha sido considerado um apoio do Governo até aos incêndios, altura em mostrou estar contra a forma como o assunto estava a ser tratado. Acha que foi o início de um 'virar de costas' ou não pode ser visto dessa forma?
O que me parece é que Marcelo é um protagonista da política portuguesa que foi pintado como apartidário, mas nós sabemos muito bem de onde vem, foi líder do PSD, e é muito inteligente do ponto de vista tático e na forma de se comportar na política. Sabe exatamente o que tem de dizer em cada momento para garantir uma certa popularidade, que é um dos objetivos dele enquanto Presidente.
Não deve ser visto como um 'amigo' do Governo?
Não. Julgo que Marcelo Rebelo de Sousa percebe que, neste momento, falar contra a solução de Governo tirar-lhe-ia popularidade. O que não significa que ele não esteja à espera do momento certo para falar contra. 
Tenho dúvidas da solidez e firmeza política de Marcelo e não me refiro enquanto Presidente, mas sobretudo ao que vimos ao longo da sua história.


www.noticiasaominuto.com
15
Nov17

DESABAFO

António Garrochinho

E OS CAMEDLÓIDES, OS TRASTES QUE POPULAM PELOS GOVERNOS DA EUROPA E DO MUNDO APLAUDEM SHOFIA "A BONECA ROBOT" QUE FOI A PRIMEIRA GERINÇONÇA A TER DIREITOS HUMANOS NUM PAÍS ONDE NÃO OS HÁ PARA O HOMEM E A MULHER A NÃO SER PARA OS MONARCAS SANGUINÁRIOS E TERRORISTAS QUE COMANDAM A ARÁBIA SAUDITA

SE ISTO NÃO É GOZAR COM A HUMANIDADE ENTÃO ESPEREM AÍ QUE EU VOU ALI E JÁ VOLTO.


António Garrochinho
15
Nov17

O grande especialista

António Garrochinho



A avaliar pelas suas crónicas no Expresso , Sousa Tavares deve ser o único especialista português  sobre o" Défice Estrutural"- défice a médio prazo perto do equilíbrio -e  sobre o PIB potencial , coisas tão objectivas que O FMI, a OCE  e a Comissão Europeia chegam a resultados diferentes .
Numa nota interna  Moscovici afirmava " que ninguém sabe o que é o PIB potencial "!
Para se calcular o défice estrutural tem que se calcular o PIB potencial e para se calcular o PIB potencial tem que se estimar . a produtividade , as horas trabalhadas , a população activa ...o que permite a Bruxelas a discricionariedade para , por exemplo , em relação ao governo Italiano  pró - europeu , fechar os olhos ao défice deste ano com o argumento de que o défice estrutural está em linha... No caso de governos a abater a posição é, como se tem visto,  a contrária..

Significado de Discricionariedade para a Comissão Europeia :


É uma pequena liberdade concedida aos administradores públicos, para agirem de acordo com o que julgam conveniente e oportuno diante de determinada situação

 

 http://foicebook.blogspot.pt/

 

15
Nov17

Exército do Zimbabwe anuncia detenção do Presidente Mugabe

António Garrochinho


Mugabe escoltado por soldados em 2008, quando tomou posse como Presidente do Zimbábue pela sexta vez consecutiva

Aparente golpe militar marca primeiro conflito entre as chefias militares e Robert Mugabe desde a sua chegada ao poder em 1980

O Exército do Zimbábue anunciou na madrugada desta quarta-feira que capturou o Presidente do país, Robert Mugabe, um dos mais velhos chefes de Estado do mundo e o homem que está há mais tempo no poder num país de África.

No que parece ser o primeiro golpe militar no país desde a chegada de Mugabe ao poder – primeiro em 1980 como primeiro-ministro, desde 1987 enquanto Presidente –, o Exército tomou a televisão estatal, ZBC, depois de uma madrugada em que a capital do país foi abalada por três explosões.

A partir da redação, dois soldados em uniforme anunciaram ao início desta quarta-feira que "a situação no país avançou para outro nível". Rejeitando que haja um golpe militar em curso, os representantes das forças armadas garantiram que Mugabe e a sua família "estão a salvo" e que "a sua segurança está garantida".

"Só estamos à procura de criminosos que rodeiam [o Presidente] e que estão a causar grande sofrimento económico e social ao país, queremos que sejam julgados", declarou o principal locutor, identificado como o chefe do Estado-Maior do Exército, o major general S. B. Moyo.

Pouco conhecido do público em geral mas considerado um dos chefes militares mais próximos do general Constantine Chiwenga, o comandante máximo das tropas do Zimbabwe, Moyo, avisou ainda que "qualquer provocação resultará numa resposta apropriada". No início da semana, Chiwenga tinha exigido ao Presidente que pusesse fim à "purga" de ministros no seu governo.

Pelas 6h da manhã locais (menos duas horas em Lisboa), a vida na capital, Harare, parecia estar a decorrer com normalidade. Os correspondentes do "New York Times" na cidade dizem que alguns soldados continuam a ser avistados nas principais estradas que ligam à capital, mas que nenhum veículo está a ser parado.

Para já, não se sabe para onde Mugabe foi levado. 
A tensão entre as forças armadas e o Presidente, no poder desde a independência do país há 37 anos, acontece uma semana depois de o vice-presidente Emmerson Mnangagwa ter sido forçado a demitir-se – alegadamente para abrir caminho à primeira-dama, Grace Mugabe, para que venha a substituir o marido de 93 anos.

O general Chiwenga é amigo próximo de Mnangagwa, que a par de ter sido expulso do governo foi igualmente afastado do partido de Mugabe, o ZANU-PF. Ao "New York Times", o ministro da Informação, Simon Khaya Moyo, disse esta manhã numa curta entrevista telefónica que "não sabe" se está em curso um golpe militar. 

"O que é que posso dizer? Não sei nada sobre isso."


expresso.sapo.pt
15
Nov17

O DREAM AMERICANO ESTÁ ENSANGUENTADO

António Garrochinho
NO DREAM AMERICANO, NA PÁTRIA DA "LIBERDADE E DA CIVILIZAÇÃO" AS MORTES ENTRE ELES MESMOS, OS YANKEES, SÃO AO MINUTO.
MAIS CINCO MORTOS ENTRE ELES DUAS CRIANÇAS E VÁRIOS FERIDOS EM TIROTEIO NUMA ESCOLA PRIMÁRIA DA CALIFÓRNIA .
AG
Foto de António Garrochinho.

15
Nov17

Golpe militar no Zimbabué: Robert Mugabe detido pelo exército

António Garrochinho


Robert Mugabe
Robert Mugabe. 


O presidente do Zimbabué foi detido pelo exército no seguimento do golpe militar em curso no país.


Explosões ouvidas na capital do Zimbabué e militares nas ruasTensão está elevada depois de o chefe militar do país ter ameaçado fazer intervir as forças armadas para acalmar o conflito político e de o partido governamental o ter acusado de "conduta traiçoeira"


Veículos militares à saída de Harare, Zimbabué 14 de novembro de 2017
Veículos militares à saída de Harare, Zimbabué 14 de novembro de 2017. 
Três explosões fortes foram ouvidas esta terça-feira à noite na capital do Zimbabué, sendo visíveis veículos militares nas ruas de Harare.

Antes, durante o dia, o partido do Presidente do Zimbabué, Robert Mugabe, acusou o chefe das Forças Armadas de “conduta de traição”, depois de este lhe ter dirigido na segunda-feira um aviso sem precedentes.
Esta é a primeira vez que o Zimbabué assiste a um conflito aberto entre os militares e o presidente Robert Mugabe, de 93 anos.

Em comunicado, o partido presidencial, Zanu-PF, afirma que as críticas do chefe das Forças Armadas, o general Constantino Chiwenga, eram “claramente destinadas a perturbar a paz nacional (…) e demonstram uma conduta de traição da sua parte, já que foram feitas para incitar à sublevação”.

Na terça-feira, foram vistos vários tanques em movimento perto da capital, Harare, fazendo aumentar o clima de tensão e a preocupação dos habitantes, um dia após a advertência sem precedentes feita pelo chefe das Forças Armadas a Robert Mugabe.
A razão da presença dessa coluna militar não ficou imediatamente esclarecida, não estando o porta-voz do exército contactável, segundo a agência noticiosa francesa AFP.

Na segunda-feira, o general Chiwenga condenou a expulsão do vice-presidente do país, Emmerson Mnangagwa, na semana passada, e avisou que o exército poderia “intervir” se não acabasse a “purga” dentro da Zanu-PF, no poder desde a independência, em 1980.

Mnangagwa, de 75 anos, há muito considerado o delfim do Presidente, foi humilhado e demitido das suas funções na semana passada e fugiu do país, após um braço-de-ferro com a primeira-dama, Grace Mugabe, de 52 anos.
O antigo vice-Presidente era visto como um dos mais fiéis discípulos de Mugabe, tendo trabalhado ao seu lado durante mais de 40 anos, e tinha ligações estreitas com os militares.
Grace Mugabe, figura controversa, conhecida pelos seus ataques de cólera e dirigente do braço feminino do partido do marido, tem muitos opositores no partido e no Governo.

As declarações do chefe das Forças Armadas parecem visar os esforços cada vez mais ostensivos de Grace Mugabe para se aproximar do poder e criticar publicamente os seus opositores, entre os quais Mnangagwa.
Com o afastamento deste, ela fica na posição ideal para suceder ao marido, de 93 anos, que, apesar da idade avançada e da saúde frágil, foi nomeado pela Zanu-PF como candidato às eleições presidenciais de 2018.

Embaixada dos EUA em Harare anuncia que vai estar fechada 

A embaixada dos EUA no Zimbabué informou que vai estar fechada ao público esta quarta-feira devido à “incerteza persistente” na capital do país.
A embaixada anunciou o encerramento através da sua conta na rede social Twitter ao início do dia, pouco depois de terem sido ouvidas pelo menos três fortes explosões em Harare, onde foram vistos veículos militares nas ruas.
A embaixada adiantou que a presença de membros do ‘staff’ iria ser reduzido ao mínimo durante o dia.


www.tvi24.iol.pt

15
Nov17

Bombeiros criam Federação. Jaime Marta Soares fala em "assalto" à Liga

António Garrochinho
7
Associações de bombeiros voluntários e profissionais juntaram-se para criar Federação dos Bombeiros Portugueses. Jaime Marta Soares diz que querem "invadir o espaço" da Liga dos Bombeiros.

Chama-se Federação Nacional dos Bombeiros Portugueses e quer juntar bombeiros profissionais e voluntários. O novo organismo foi apresentado esta terça-feira, em Lisboa, e baseia-se na vontade de representar todos os bombeiros do país.
A iniciativa partir da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais (ANBP) e da Associação Portuguesa de Bombeiros Voluntários (APBV), que se propõem a "clarificar a representação dos bombeiros portugueses". O objetivo é que a nova federação venha "ocupar o espaço que legitimamente é dos bombeiros", defendem.
Em declarações à TSF, o presidente da APBV, Rui Moreira da Silva, considera que a representação dos bombeiros não deve ficar nas mãos da Liga dos Bombeiros Portugueses.


SOM AUDIO



"O setor precisa, neste momento, de ter uma voz que os represente, que seja portadora do estado de alma que nos últimos tempos se instalou nos bombeiros, sejam eles profissionais ou voluntários", afirmou Rui Moreira da Silva.
Os criadores desta nova federação consideram que a Liga dos Bombeiros representa "as unidades detentoras dos corpos de bombeiros e não os homens e mulheres que prestam serviço 365 dias por ano".
A Federação dos Bombeiros servirá para tratar de questões como as carreiras e a profissionalização dos bombeiros ou dos seguros, "que são uma autêntica vergonha nacional, no caso dos bombeiros voluntários", acrescentou o dirigente.

SOM AUDIO







Jaime Marta Soares diz que federação quer "assaltar" a Liga dos Bombeiros

Ouvido pela TSF, o presidente da Liga Portuguesa dos Bombeiros nega que a instituição represente apenas as unidades detentoras dos corpos de bombeiros, como afirmam os responsáveis pela recém-criada federação.
"É uma mentira vergonhosa", afirmou Jaime Marta Soares. "A Liga dos Bombeiros Portugueses representa as associações e os corpos de bombeiros. Ora, os corpos de bombeiros são constituídos por todos os seus elementos do corpo ativo", disse o presidente da Liga.
Jaime Marta Soares acusou os criadores da Federação Nacional dos Bombeiros Portugueses de quererem "assaltar" a Liga, e "invadir um espaço" que já está ocupado. 
O presidente da Liga dos Bombeiros considera que a nova federação é um "casamento mal alinhavado" entre a ANBP e a APBV e "que não tem representatividade" nem demonstra "qualquer futuro".


www.tsf.pt

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

António Garrochinho

Links

  •